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  • 61Quem se elege prefeito no Brasil? Condicionantes do sucesso eleitoral em 2012

    ADRIANO CODATO

    EMERSON CERVI

    RENATO PERISSINOT TO

    Uma literatura cada vez maior tem se ocupado em determinar quais so os

    caminhos percorridos por aqueles indivduos que pleiteiam um lugar en-

    tre o diminuto grupo das elites polticas eletivas. Estudos sobre recrutamento

    poltico tm mostrado que so diversas as condies que afetam as chances de

    xito de candidatos e que nem sempre possvel isolar o fator preponderan-

    te. A origem social do postulante, o seu grau de escolaridade, a socializao

    poltica a que submetido, a estrutura de oportunidades que o sistema polti-

    co oferece, a competitividade do partido pelo qual concorre, a quantidade de

    recursos em dinheiro que ele consegue mobilizar e mesmo gnero so variveis

    que se combinam de maneiras muito distintas em pocas, situaes e espaos

    distintos1. Esse conjunto de condies sociais, polticas e motivacionais

    atuam, portanto, de maneira extremamente complexa na determinao das

    chances do sucesso poltico e eleitoral.

    No Brasil, alguns trabalhos recentes tm se preocupado em identificar as

    variveis que afetam as oportunidades daqueles que se lanam nas disputas

    eleitorais, especialmente para os cargos de deputados federais2 e senadores3.

    1 (Best and Cotta, 2000; Czudnowski, 1975; Freire, 2002; Gaxie, 1980; Marvick, 1968; Matthews, 1984; Norris, 1997; Sanbonmatsu, 2006).

    2 (C. Arajo 2005; Braga, Veiga, and Mirade, 2009; Coradini, 2007; Perissinotto and Bolognesi, 2010; Perissinotto and Mirade, 2009; Rodrigues, 2002, 2006; Santos, 2010; Silva Jnior and Figueiredo Filho, 2012).

    3 (P. M. Arajo, 2011; Costa, 2010; Lemos and Ranincheski, 2002; Marenco dos Santos, 2006; Neiva and Izumi 2012; Silva, 2010).

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    Esses estudos se perguntam sobre o impacto que fatores de tipos diversos tm

    sobre as possibilidades de um pretendente vir a ser eleito. Este artigo retoma

    essa discusso. Pretendemos contribuir para o entendimento do processo de re-

    crutamento poltico no Brasil analisando o perfil de todos os candidatos a pre-

    feito e, em especial, dos candidatos vitoriosos nas eleies municipais de 2012.

    Prefeitos no tm sido muito investigados dessa perspectiva. Em geral,

    estudos sobre eleies municipais esto focados ou em campanhas, ou em par-

    tidos ou em eleitores4. Nosso objetivo responder seguinte questo: quais so

    os fatores que mais afetaram as chances de sucesso eleitoral dos candidatos a prefeito

    nas disputas municipais de 2012 no Brasil? O artigo isola e mede o potencial

    explicativo de capital econmico, dos atributos sociais e profissionais e das

    estratgias e recursos polticos dos aspirantes funo municipal.

    Intuitivamente, poderamos afirmar que as oportunidades polticas para

    se eleger administrador municipal no Brasil aumentam na razo direta do

    volume de recursos econmicos mobilizados (Felisbino, Bernabel, e Kerbauy,

    2012) e que indivduos de origem social superior, homens, com alta escolari-

    dade, grande patrimnio e filiados a partidos no muito distantes do centro

    poltico convencional tendem a ter quase sempre condies melhores para

    disputar cargos eletivos com razovel chance de xito. Isso posto, testaremos

    neste estudo as seguintes hipteses: i) que o conjunto de variveis polticas tem

    maior impacto sobre a possibilidade de eleio de um candidato a prefeito do que

    variveis scio-demogrficas; ii) que recursos financeiros mobilizados na campa-

    nha importam decisivamente para a eleio dos executivos municipais; e iii) que a

    posio ideolgica do partido pelo qual se concorre no tem influncia significativa

    sobre a possibilidade de eleio do candidato.

    O artigo est dividido em quatro partes. Na primeira seo descrevemos

    o banco de dados utilizado e suas principais caractersticas. Na segunda se-

    o, apresentamos o conjunto de onze variveis que testaremos para explicar

    quem se elege prefeito no Brasil. A terceira seo testa essas onze variveis

    explicativas individualmente para estabelecer a fora da relao com a varivel

    dependente (ser/no ser eleito). Por fim, na quarta seo avaliamos os efeitos

    e a fora de todas as variveis explicativas em conjunto. Na concluso, suma-

    rizamos os achados do artigo e avanamos uma interpretao mais geral sobre

    o significado desses nossos dados para o entendimento das condies atuais de

    competio poltica na moderna democracia brasileira.

    4 (Avelar and Walter 2008; Felisbino et al. 2012; Fleischer 2002; Jardim 2004; Limongi and Cortez 2010; Limongi and Mesquita 2008; Moura and Kornin 2001; Veiga, Souza, and Cervi 2007; Villela 2005)

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    O BANCO DE DADOS

    Para as anlises realizadas aqui foram utilizados dois bancos de dados dis-

    ponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em seu repositrio

    eletrnico.

    O primeiro banco de dados apresenta informaes sobre caractersticas

    socioeconmicas, educacionais e polticas de todos os candidatos s prefeitu-

    ras em 2012 que conseguiram registro eleitoral. Constam nesse banco de da-

    dos 15.621 concorrentes s prefeituras brasileiras. Nem todos os postulantes

    tiveram registros deferidos ao final do processo. Alguns desistiram da campa-

    nha e outros faleceram. Para selecionar apenas os candidatos que chegaram ao

    final da disputa, foi utilizado um segundo banco de dados do TSE que apre-

    senta as votaes alcanadas pelos concorrentes no dia 7 de outubro de 2012.

    Com isso, foram excludos das anlises 491 candidatos com registro no TSE,

    mas que no tiveram votao no primeiro turno. Ainda de acordo com o TSE,

    aconteceram eleies para prefeito municipal, em 2012, em 5.567 municpios

    brasileiros. No constam informaes nos bancos de dados dos municpios de

    Braslia (DF) e Fernando de Noronha (PE) que no elegem prefeitos. Alm

    deles, o municpio de Bom Jesus de Gois (GO) teve todos os candidatos com

    registro indeferido e no h informao nesses bancos de dados sobre essa

    disputa nem sobre o eventual eleito. Esses so os nicos trs municpios, dos

    5.570, que no fazem parte das anlises desenvolvidas no artigo.

    O MODELO EXPLICATIVO: FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O SUCESSO ELEITORAL

    Nosso objetivo bsico identificar as variveis que ajudariam a explicar o

    perfil dos vitoriosos nas eleies para prefeito em 2012 e medir, assim,

    o impacto dessas variveis no sucesso eleitoral. Para tanto, utilizamos como

    varivel dependente a condio de eleito ou no eleito. Os mais de 15 mil

    candidatos distribudos pelos quase seis mil municpios brasileiros que com-

    pem o banco de dados foram classificados em uma varivel binria, onde 1

    representa pretendente eleito no primeiro ou no segundo turno e 0 repre-

    senta candidato derrotado no primeiro ou no segundo turno.

    As variveis explicativas inseridas no modelo de regresso logstica que

    apresentaremos mais adiante tambm so binrias e incluem caractersticas

    econmicas, sociais e polticas dos candidatos.

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    Pretende-se isolar o impacto de cada varivel independente sobre as chan-

    ces reais dos concorrentes. Os onze fatores explicativos inseridos no modelo

    so os que seguem, divididos em trs grupos:

    a Variveis econmicas:

    a.1 Patrimnio do candidato: esta varivel foi calculada a partir das in-

    formaes prestadas ao TSE5. Para evitar o impacto da heterogeneida-

    de dos valores, a varivel inserida no modelo uma transformao da

    unidade original, que est em Reais. Essa transformao faz com que

    a medida seja em termos de desvios da mdia. Assim, se o candidato

    tem patrimnio igual mdia de todos os concorrentes, o valor da

    varivel para ele ser 1 (um). Se o patrimnio estiver abaixo da mdia,

    o desvio ser negativo. Se acima, desvio positivo. Para transformar essa

    varivel em binria, optou-se por codificar todos os candidatos com

    desvio negativo com zero e todos com desvio positivo com um. Assim,

    o efeito testado de patrimnio acima da mdia (candidato rico)

    para sucesso eleitoral.

    a.2 Receitas de campanha: aqui so utilizadas as informaes da primeira

    prestao de contas dos candidatos, onde eles indicaram quanto j tinham

    recebido de doaes para suas campanhas. Essa informao parcial,

    pois desconsidera as doaes da reta final da disputa6. De qualquer ma-

    neira, sabendo que as diferenas se anulam, o fator serve como um indi-

    cador do impacto das (enormes) diferenas de recursos financeiros para

    as eleies. Assim como na varivel anterior, aqui tambm existe muita

    heterogeneidade de valores, o que impossibilitaria uma comparao di-

    reta entre candidatos7. Optou-se pelo mesmo mtodo de transformao

    para considerar os desvios em relao mdia. Assim, na varivel trans-

    formada o desvio negativo significa que o candidato apresentou receita

    abaixo da mdia. O contrrio vale para os desvios positivos. Como exis-

    te muita variao de riqueza e renda entre as regies do Brasil e entre

    5 O nmero de candidatos vlidos na base, descontando candidatos que ficaram sem receita declarada, o seguinte: candidatos com patrimnio declarado: 14.203; candidatos sem declarao de patrimnio: 1.418.

    6 Havia 12.551 candidatos com receita na primeira declarao e 3.070 candidatos sem de-clarao de receita na primeira parcial. Portanto, nossa anlise sobre os 12.551 concorrentes.

    7 Uma alternativa parecida a esta j tinha sido adotada por (Speck e Mancuso, 2012) e foi adaptada para este trabalho.

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  • 65municpios de diferentes tamanhos, optou-se por controlar os clculos

    por essas duas caractersticas: tamanho do municpio e regio do Pas8.

    Assim, foram computados os desvios em relao mdia das receitas

    informadas por candidatos de municpios com i) at 5 mil eleitores; ii)

    de 5 a 10 mil eleitores; iii) de 10 a 50 mil eleitores; iv) de 50 a 200 mil

    eleitores e v) acima de 200 mil eleitores. Em seguida foram calculados

    desvios em relao mdia para municpios de cada uma das mesorregi-

    es brasileiras: i) Norte; ii) Nordeste; iii) Sudeste; iv) Centro-oeste e v)

    Sul. A partir dessas duas mdias de receitas fez-se uma mdia aritmtica

    simples para calcular os desvios. Os valores negativos indicam nme-

    ros de desvios abaixo da mdia, ou seja, baixa receita. J os positivos

    mostram uma variao de receitas acima da mdia dos concorrentes

    a prefeito em municpios de mesmo tamanho e da mesma regio do

    candidato. Para transformar a receita em varivel binria, optou-se por

    codificar todos os desvios negativos com 0 (zero) e os resduos positivos

    com 1 (um). Assim, a varivel est medindo o impacto das receitas su-

    periores mdia na eleio para prefeito.

    b Variveis sociais:

    b.1 Idade: para verificar se a idade do candidato (ser mais jovem ou mais

    velho) tem algum impacto nas chances de eleio, dividiu-se a srie pela

    mediana das idades informadas pelos 15 mil candidatos, codificando

    os concorrentes com idade abaixo da mediana com 0 (zero) e acima da

    mediana com 1 (um). No Brasil, a idade mnima para ser prefeito de

    21 anos. Em 2012, a mediana das idades ficou em 47 anos, o que signi-

    fica que metade dos concorrentes tinha at essa idade e a outra metade

    estava com 48 ou mais anos.

    8 O controle pelas cinco mesorregies do Pas deve-se s desigualdades de riqueza regional. Assim, parte-se do pressuposto que em regies mais pobres economicamente necessrio um volume menor de recursos para financiar uma campanha eleitoral. Dito de outra forma, em municpios mais ricos o custo de uma campanha aumenta, portanto no possvel comparar em termos absolutos as doaes recebidas por concorrentes em contextos econ-micos to distintos. Outra diferenciao diz respeito ao tamanho do municpio, pois em distritos eleitorais menores, com maior possibilidade de contato pessoal, torna-se menos relevante a disponibilidade monetria para as campanhas. Assim, os municpios foram divi-didos em i) at 5 mil eleitores; ii) de 5 a 10 mil eleitores; iii) de 10 a 50 mil eleitores; iv) de 50 a 200 mil eleitores; e v) acima de 200 mil eleitores. Os quatro primeiros grupos so proporcionais distribuio dos municpios brasileiros e o quinto grupo foi destacado por se tratar dos municpios com segundo turno nas disputas para prefeitura.

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    b.2 Sexo: a segunda varivel social identifica se o candidato homem ou

    mulher. O objetivo aqui medir se as mulheres tm chances maiores

    ou menores de se elegerem dadas, formalmente, as mesmas condies

    de competio poltica. Sendo assim, a codificao da varivel binria

    1 (um) para mulher e 0 (zero) para homem.

    b.3 Escolaridade: pretendemos medir se existe algum impacto da maior

    ou menor educao formal sobre a eleio dos prefeitos. Para tanto,

    medimos se os concorrentes com escolaridade superior completa ou

    incompleta tm mais chances de se elegerem ou no. As informaes

    foram transformadas da seguinte forma: cdigo 1 (um) para quem

    informou ter escolaridade superior completa ou incompleta e cdigo 0

    (zero) para todos os demais nveis de escolaridade.

    b.4 Empresrio: para medir o impacto da ocupao profissional de ori-

    gem de todos os candidatos em 2012, as informaes sobre centenas

    de ocupaes declaradas pelos postulantes ao TSE foram agregadas em

    dez categorias: i) trabalhador; ii) magistrio; iii) pequeno comercian-

    te; iv) eclesistico; v) funcionrio pblico; vi) profisses com ensino

    superior; vii) poltico; viii) empresrio; ix) aposentado; e x) outras

    profisses. Nosso objetivo especfico testar o impacto da ocupao

    empresrio, tanto urbano quanto rural, para a eleio de prefeito no

    Brasil. Ento, a varivel agregada das ocupaes foi transformada em

    binria, com cdigo 1 (um) para empresrio e cdigo 0 (zero) para

    todas as demais ocupaes.

    c. Variveis polticas:

    c.1 Poltico profissional: aqui so agregadas as quatro categorias de pol-

    ticos profissionais que disputaram as eleies para as prefeituras vere-

    ador, prefeito, deputado e senador. O objetivo verificar se os polticos

    profissionais tm ou no mais chances de se eleger prefeito9. O cdigo

    1 (um) para as quatro categorias de polticos e o cdigo 0 (zero) para

    todas as demais ocupaes.

    9 A hiptese a ser testada aqui parte do pressuposto de que isoladas as demais variveis po-lticas e econmicas, candidatos que j so polticos profissionais, em especial os que concorrem reeleio, tm maiores chances de sucesso por conta da expertise desenvolvida em suas trajetrias respectivas e nas campanhas que j disputou. Aqui, so considerados polticos profissionais apenas aqueles que se autodeclararam, na ficha de registro de candidatu-ra ao TSE, como sendo vereador, prefeito, deputado ou senador no campo ocupao profis-sional. Esse grupo somou 2.782 candidatos s prefeituras, ou 17,8% do total.

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  • 67c.2 Candidato reeleio: dento da categoria poltico profissional, foram

    destacados os candidatos que indicaram j serem prefeitos. Assim, o

    objetivo medir o impacto da candidatura reeleio para o sucesso

    eleitoral no mbito municipal. A codificao dessa varivel ficou em 1

    (um) para polticos que indicam j ser prefeitos e 0 (zero) para vereador,

    deputado e senador. Dos 15,6 mil candidatos, 1.932 declararam j ser

    prefeito; portanto, foram aqui considerados concorrentes reeleio.

    Eles representaram 12,4% do total de antagonistas e 69,4% do total de

    polticos profissionais. Ou seja, dois em cada trs polticos profissionais

    disputando prefeituras em 2012 j eram prefeitos. Ao todo, 34,7% dos

    municpios brasileiros tiveram um candidato reeleio na disputa.

    c.3 Partido coligado: outra varivel a de interao poltica. Conside-

    ramos que candidatos em partidos coligados tm maior capilaridade

    eleitoral no municpio do que concorrentes que disputam em partidos

    avulsos. Para medir esse impacto, as candidaturas foram divididas em

    1 (um) candidato em partido coligado e 0 (zero) candidato em partido

    solteiro. Aqui no so feitas diferenciaes nem sobre o nmero de

    partidos na coligao, que variam de apenas dois at mais de 20, nem

    sobre a consistncia ideolgica ou programtica dos partidos que fa-

    zem parte da coligao. Estamos apenas separando os que fizeram dos

    que no fizeram coligaes partidrias em suas campanhas.

    c.4 Desempenho do partido: tambm utilizamos o grau de sucesso do

    partido a que pertence o candidato como efeito para eleio ou no. O

    sucesso foi medido levando-se em considerao a proporo de candi-

    datos eleitos por partido pela proporo de concorrentes apresentados

    s disputas. Com isso, tem-se um indicador que representa o quanto

    a mais ou a menos o partido conseguiu eleger em relao proporo

    de candidatos apresentados. Aqui, partidos com alto desempenho so

    aqueles que elegem uma proporo maior de concorrentes em relao

    aos apresentados para a disputa. Com isso evita-se a distoro causada

    pelas diferenas no nmero de candidaturas para a anlise do sucesso

    eleitoral de um partido (partidos que lanam muitos candidatos no

    necessariamente tm muito sucesso). Depois de feitos os clculos, os

    partidos foram agrupados em: i) alto desempenho: aqueles que tiveram

    diferenas de proporo entre zero e um; ii) mdio desempenho, para

    os que no tiveram diferenas; e iii) baixo desempenho, para os partidos

    com diferenas negativas, ou seja, que elegeram uma proporo menor

    de prefeitos em relao proporo de candidatos apresentados. Em

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    seguida, a varivel foi transformada em binria, onde 1 (um) partido

    de alto desempenho e 0 (zero) para os candidatos de todos os demais

    partidos. O que pretendemos avaliar aqui o impacto de se estar em

    um partido mais competitivo (com alto desempenho, na nossa classifi-

    cao) uma condio que afeta, ou no, a eleio do prefeito.

    c.5 Partido de centro: por fim, a ltima varivel poltica inserida no mo-

    delo a posio ideolgica do partido a que o candidato pertence. Foi

    testado o efeito da presena em partidos que se encontram no centro

    da distribuio do espectro ideolgico para a eleio de prefeito. Fo-

    ram considerados partidos de centro, seguindo a literatura da rea, o

    PMDB e o PSDB. Candidatos destas duas siglas foram codificados

    com 1 (um) na varivel binria. Todos os demais receberam cdigo 0

    (zero). Nesse caso, foram desconsideradas as coligaes e codificados

    os candidatos como sendo de centro ou no apenas a partir do partido

    do concorrente.

    Antes de realizar o teste de regresso binria so necessrias duas verifi-

    caes prvias. A primeira a medio do efeito individual de cada varivel

    explicativa sobre a varivel dependente. Aquelas que no apresentarem efeitos

    estatisticamente significativos sero excludas do modelo. Para tanto, utiliza-

    remos o teste de qui-quadrado para tabelas qudruplas e aproveitaremos para

    averiguar os efeitos individuais das relaes entre as categorias a partir dos

    resduos padronizados. Em seguida, ser feito o teste de tolerncia e de VIF10

    para conferir a existncia de colinearidade no modelo. Se houver variveis

    explicativas colineares, elas sero excludas para no inflacionar os resultados

    finais artificialmente.

    RECURSOS POLTICOS E CONDIES DE ACESSO AO MTIER DE PREFEITO

    Nesta seo sero apresentados sumariamente os resultados dos testes de

    qui-quadrado e de resduos padronizados para todas as onze variveis ex-

    plicativas em relaes individuais com a varivel dependente, que ter sido ou

    no eleito prefeito em 2012.

    10 VIF a sigla em ingls para o termo Fator de Inflao da Varincia e indica quanto a presena de uma varivel no modelo tem de impacto sobre as demais. Se o fator ficar abaixo de 10 significa que a varivel no est inflacionando artificialmente os resultados, portanto, pode ser mantida no modelo.

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  • 69O quadro 1 a seguir mostra que, em relaes individuais com a varivel

    dependente, quase todas as variveis explicativas mostraram-se significativas

    ao nvel de 5% de intervalo de confiana. Apenas a relao entre idade do

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    Quadro 1. Sumarizao de testes de resduos padronizados e qui-quadrado

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    Bens_DP_altono 1,4 -1,7

    Receitas_DP_positivano 4,5 -5,7

    sim -3,1 3,9 sim -9,1 11,6

    q2=29,424 (0,000) N = 14.203 q2=270,460 (0,000) N = 12.551

    Eleitos em 2012

    Eleitos em 2012

    no sim no sim

    Idade acima de 47 anos

    no -0,5 0,7 mulher

    no -1,0 1,3

    sim 0,5 -0,6 sim 2,6 -3,3

    q2=1,312 (0,252) N = 14.146 q2= 20,811 (0,000) N = 15.621

    Eleitos em 2012

    Eleitos em 2012

    no sim no sim

    Escolaridade superiorno -1,1 1,4

    empresriono 0,8 -1,0

    sim 1,0 -1,2 sim -1,9 2,4

    q2= 5,544 (0,019) N = 15.621 q2= 11,069 (0,001) N = 15.621

    Eleitos em 2012

    Eleitos em 2012

    no sim no sim

    poltico pro%ssionalno 0,8 -1,0

    prefeitono 7,6 -7,9

    Sim -1,9 2,4 sim -5,1 5,3

    q2= 11,069 (0,000) N = 15.621 q2=175,895 (0,000) N = 15.621

    Eleitos em 2012

    Eleitos em 2012

    no sim no sim

    Partido coligadono 18,3 -23,3 Partido com alto

    desempenho

    no 7,7 -9,8

    sim -7,3 9,2 sim -8,2 10,4

    q2= 1014,111 (0,000) N = 15.621 q2= 332,722 (0,000) N = 15.621

    Eleitos em 2012

    no sim

    Partido de centrono 3,7 -4,7

    sim -6,2 7,9

    q2= 136,909 (0,000) N = 15.621

    Fonte: Observatrio de elites polticas e sociais do Brasil UFPR

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    candidato e o fato de ter sido ou no eleito mostrou-se no significativa, com

    coeficiente do teste qui-quadrado de apenas 1,312 e sig. de 0,252. Todos os

    resduos individuais no cruzamento entre eleio e idade ficaram abaixo de

    1,96, o que refora a concluso sobre a independncia entre as duas variveis11.

    a Variveis econmicas: o lugar central da receita de campanha12

    Entre as variveis econmicas, a que apresentou maior coeficiente no teste

    de dependncia foi receita de campanha alta, com qui-quadrado de 270,460

    e todos os resduos acima do limite crtico, com sinais trocados (ver quadro

    1). Isso significa que candidatos com receita alta tendem a se concentrar entre

    os eleitos (resduo positivo de 11,6) e no estar entre os no eleitos (resduo

    negativo de -9,1). O contrrio acontece com os concorrentes de receita baixa,

    que no esto entre os eleitos (resduo de -5,7) e esto entre os no eleitos (re-

    sduo de 4,5). Em relao ao patrimnio pessoal declarado pelos concorrentes

    (varivel bem_alto), o coeficiente, embora significativo, ficou em 29,242,

    mostrando uma dependncia menor que a varivel anterior. Os resduos so

    significativos apenas para os que tm bens acima da mdia geral, com resduo

    negativo para no eleitos (-3,1) e positivo para os eleitos (3,9). Isso mostra que

    embora os pretendentes com patrimnio alto tendam a se eleger, o contrrio

    no se pode dizer daqueles com patrimnio baixo, pois eles esto distribudos

    tanto entre eleitos e no eleitos.

    b Variveis sociais: a poltica municipal como universo masculino

    Entre as variveis explicativas sociais com significncia estatstica, sexo

    do candidato foi a que apresentou maior relao com o fato de ter ou no ter

    sido eleito, com q2 de 20,811. Ser mulher13 apresenta resduo negativo (-3,3)

    11 Em todos os demais testes os nveis de significncia ficaram abaixo do limite crtico, com pelo menos um resduo padronizado do cruzamento entre as categorias acima de 1,96. Isso significa que no h independncia entre as duas variveis, portanto, a eleio do candidato apresenta algum grau de dependncia da presena ou no da caracterstica que est sendo testada.

    12 Para uma reviso da literatura sobre o financiamento de campanha e voto no Brasil ver (Mancuso, 2012); para uma anlise sobre o papel do financiamento das campanhas de candidatos s prefeituras de capitais brasileiras em 2008 ver (Cervi, 2010). Para uma anlise sobre o papel do financiamento como determinado de desempenho eleitoral, ver (Speck e Mancuso, 2012).

    13 Em 2012, de 15,6 mil candidatos a prefeito registrados pelo TSE, 1.998 eram mulheres, o que representa apenas 12,8% do total.

    KA Cadernos 2013.2 alta.indd 70 26/06/13 15:17

  • 71com o fato de ser eleito e positivo com no ser eleito (2,6). J os homens

    no apresentam resduos significativos. Portanto, eles esto distribudos igual-

    mente entre eleitos e no eleitos. Assim, ainda que se considere um nmero

    menor de candidatas, as mulheres elegeram-se proporcionalmente menos do

    que o esperado.

    O segundo maior coeficiente de dependncia entre as variveis scio-

    -demogrficas foi ser empresrio, com q2 de 11,069 (0,001). A distribuio

    dos resduos parecida com a anterior, porm com sinal trocado. Ser empre-

    srio apresenta resduo positivo com ser eleito (2,4) e negativo com no ser

    eleito (-1,9). J entre os que no so empresrios, tanto os resduos de eleitos

    e no eleitos ficam abaixo de 1,96, no indicando dependncia entre as duas

    distribuies. Assim, ser empresrio est ligado ao crescimento de chances de

    ser eleito. Todavia, no ser empresrio no significa que o candidato ter ne-

    cessariamente maiores chances de ser derrotado na disputa municipal.

    c Variveis polticas: coligaes, desempenho partidrio,

    reeleio e moderao ideolgica

    De todas as variveis cruzadas individualmente com o fato do candidato

    ter vencido ou no seus adversrios em 2012, as que apresentaram maiores

    coeficientes de dependncia foram as de carter puramente poltico.

    Dentre as caractersticas polticas testadas, as maiores dependncias, com

    resduos padronizados significativos em todas as categorias, foram: a) concor-

    rer em uma coligao de partidos, b) estar em um partido de alto desempenho,

    c) ser prefeito e d) pertencer a um partido de centro. O menor coeficiente de

    q2 foi entre ser eleito e ser poltico profissional, com 11,069 (0,000)14. O res-

    duo positivo mais alto ficou entre ser poltico e ser eleito (2,4) e negativo entre

    ser poltico e no ser eleito (-1,9). J entre os no polticos, as distribuies

    ficaram abaixo do limite crtico, indicando que no existe dependncia entre

    as variveis. Assim, j ser poltico est relacionado ao fato de vencer a disputa,

    mas no ser poltico no est conectado com ser necessariamente derrotado.

    14 O resduo baixo para a relao entre ser poltico profissional e ser eleito prefeito explicado pelo fato dessa varivel reunir quatro categorias de polticos (vereador, prefeito, deputado e senador) cujos efeitos so distintos. Enquanto os vereadores apresentam resduos negativos com eleio para prefeito tm mais dificuldade para se eleger os prefeitos apresentam resduos positivos. Assim, o desempenho negativo dos vereadores acaba anulando parte do desempenho positivo dos prefeitos. Para comprovar isso, basta testar as categorias de poltico profissional separadamente.

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    O maior coeficiente individual entre todas as variveis testadas aqui

    disputar eleio em uma coligao de partidos, com q2 de 1.014,11 (0,000).

    Todos os resduos padronizados ficam acima do limite crtico e o maior deles,

    negativo, entre no estar coligado e ser eleito (-23,3), indicando que mais

    difcil se eleger quando o postulante se candidata em um partido solteiro.

    Quase na mesma proporo, aumentam as chances de derrota ao se candidatar

    sem coligao (18,3). Entre os candidatos que disputaram as prefeituras coli-

    gados a outros partidos, o resduo para no eleitos foi negativo (-7,3), indican-

    do menor chance de encontrar derrotados entre os que concorreram por uma

    coligao, e positivo (9,2) para os candidatos eleitos em partidos coligados.

    Pertencer a partido com alto desempenho outro fator diretamente co-

    nectado ao sucesso eleitoral. Com q2 da relao de 332,722 (0,000), concor-

    rentes em partidos com alto desempenho tendem a estar entre os vencedores

    (resduos de 10,4) e a no estar entre os vencidos (resduos de -8,2). J os que

    disputaram por partidos de baixo desempenho tendem a se concentrar entre

    os no eleitos (resduos de 7,7) e a no aparecer entre aqueles que foram eleitos

    (resduos de -9,8).

    Tornar-se ou no prefeito tambm apresenta dependncia estatstica com

    o fato do prefeito ser candidato reeleio. Com q2 de 175,895 (0,000), os

    resduos so positivos e altos para prefeito reeleito (5,3) e negativos para pre-

    feito derrotado (-5,1). Os resduos so mais fortes para os que no concorrem

    reeleio, com 7,6 de resduo para os que j so prefeitos e so derrotados, e

    -7,9 para os que ainda no so prefeitos e conseguem se eleger. Portanto, ser

    pretendente reeleio um fator que explica o sucesso eleitoral dos candida-

    tos vitoriosos s administraes municipais em 2012.

    Por fim, pertencer a um partido de centro outra varivel poltica que se

    mostra significativa para explicar o sucesso eleitoral dos que se tornaram pre-

    feitos. Com coeficiente q2 de 136,909 (0,000), os resduos positivos mostram

    que os candidatos em partidos de centro tendem a estar entre os eleitos (7,9)

    e no estar entre os derrotados (-6,2). J os concorrentes de direita e esquerda

    tendem a no estar entre os eleitos (-4,7) e a estar entre os derrotados (3,7).

    Assim, no caso das eleies municipais, candidatos de centro tm mais votos

    que os concorrentes de partidos das extremidades do espectro ideolgico.

    Os testes realizados no estudo entre pares de variveis binrias nos permi-

    tem j avanar algumas concluses iniciais.

    A principal delas que, para o caso estudado, variveis puramente polti-

    cas apresentam explicaes mais consistentes com sucesso eleitoral do que va-

    riveis econmicas, que por sua vez so mais fortes que as sociais. Porm, no

    KA Cadernos 2013.2 alta.indd 72 26/06/13 15:17

  • 73 suficiente para medir o efeito de um fator isol-lo dos demais. Explicaes

    a partir de relaes entre duas variveis so muito primrias, no permitindo

    uma visualizao dos efeitos conjuntos.

    Para melhorar a nossa explicao, o prximo passo da anlise ser a reali-

    zao de um teste de regresso logstica para verificar o conjunto dos impactos

    e os efeitos individuais de cada varivel na eleio de prefeito, isolando-se os

    efeitos das demais. Antes, porm, preciso testar a colinearidade das variveis

    independentes, pois a existncia de variaes colineares eleva artificialmente os

    resultados do teste, tornando-os artificiais ver explicao na nota 7.

    A tabela 1 mostra os resultados de dois testes de colinearidade para vari-

    veis independentes. A tolerncia deve estar acima de 0,100 para que no haja

    colinearidade, e o VIF deve estar abaixo de 10 para que o modelo seja conside-

    rado adequado. Foram testadas sem exceo todas as variveis independentes.

    Tabela 1. Resultados dos testes de colinearidade para variveis

    explicativas do modelo

    Variveis explicativas binriasEstatsticas de colinearidade

    Tolerncia VIF

    Patrimnio alto 0,939 1,065

    Receitas positivas 0,939 1,065

    Idade acima de 47 anos 0,934 1,071

    Ser mulher 0,983 1,017

    Escolaridade superior 0,956 1,045

    Ser prefeito 0,921 1,085

    Partido coligado 0,970 1,030

    Partido com alto desempenho 0,646 1,549

    Partido de centro 0,656 1,525

    Varivel dependente: eleitos em 2012

    Fonte: Observatrio de elites polticas e sociais do Brasil UFPR.

    Duas variveis que apresentavam colinearidade com as demais foram ex-

    cludas do modelo. A ocupao do candidato est altamente relacionada a ter

    escolaridade superior, visto que uma das categorias de ocupao agrega todas

    as profisses com ensino superior. A outra a varivel poltico profissional,

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    que foi excluda em funo da alta colinearidade com a varivel (j) prefei-to, pois do total de polticos profissionais, cerca de 2/3 deles so prefeitos. As demais variveis independentes inseridas no modelo no apresentam colinea-ridade, pois a tolerncia de todas elas fica acima de 0,10 e os coeficientes VIF esto bem abaixo de dez em todos os casos.

    Assim, podemos dar continuidade e gerar o modelo explicativo de regres-so logstica para identificar os efeitos individuais das variveis independentes sobre a eleio para prefeitos brasileiros em 2012. A partir daqui o modelo contar com as nove variveis explicativas que no apresentaram colinearidade.

    COMPETIO ELEITORAL E O PAPEL DAS VARIVEIS PROPRIAMENTE POLTICAS

    A funo de uma regresso logstica indicar uma probabilidade de ocor-rncia de determinado fato, dada a mudana de uma caracterstica inde-

    pendente (Tranmer e Elliot, 2008). Aqui, o fato ser ou no eleito prefei-to municipal e as caractersticas so as variveis independentes listadas mais acima.

    Assim, os resultados de uma regresso logstica expressam a probabilidade de ocorrncia de valores preditos de uma varivel dicotmica (sim/no). No nosso caso, os valores so 0 = derrota ou 1 = vitria. Por exemplo, se conside-rarmos o efeito da varivel disputar a eleio por uma coligao de partidos sobre a varivel dependente (ser ou no bem sucedido na disputa), o resultado deve ser interpretado em termos de grau: o quanto aumentam ou diminuem as chances de eleio do candidato uma vez dada a disputa por uma coligao partidria. Como utilizaremos onze variveis independentes no modelo, trata--se de uma regresso logstica mltipla, onde os resultados da relao entre uma varivel independente e a varivel dependente j leva em considerao os efeitos das demais variveis independentes.

    Como o objetivo aqui verificar os efeitos de todas as variveis explica-tivas em conjunto, a idade do candidato foi mantida no modelo, embora seja um fator que pode, em princpio, ser desprezado. preciso considerar, contu-do, que seu efeito possa crescer quando comparado aos efeitos conjuntos das demais variveis. Como o nosso modelo inclui todos os casos todos os mais de 15 mil candidatos s prefeituras brasileiras em 2012 e no uma amostra ou um universo especfico (somente as capitais de estado, por exemplo), no daremos ateno para as estatsticas inferenciais, que seriam importantes caso tivssemos trabalhando com uma amostra e no com a populao de candi-

    KA Cadernos 2013.2 alta.indd 74 26/06/13 15:17

  • 75datos. Vamos concentrar nossa ateno na interpretao do ajustamento do

    modelo e nas estatsticas de efeitos individuais, ou seja, depois de isoladas as

    demais variveis, trata-se de saber qual o impacto de determinada caracters-

    tica na eleio ou no de um prefeito em 2012.

    O primeiro resultado apresentado aqui a estatstica global de ajusta-

    mento do modelo (overall statistics). Ela demonstra qual seria o efeito sobre o

    modelo caso uma dada varivel fosse excluda do teste. O overall statistics do

    modelo equivale a um coeficiente q2 para uma relao entre duas variveis.

    Ele mostra se os efeitos do conjunto de variveis so estatisticamente signifi-

    cativos. Principalmente em regresses onde o objetivo fazer predio, caso o

    sig. do overall statistics fique acima de 0,050, no se deve dar continuidade s

    anlises. No nosso caso, ele mostrou-se altamente consistente, com coeficiente

    de 208,320 e sig. de 0,000, permitindo-nos seguir o experimento.

    Tabela 2. Estatsticas individuais e globais para o ajustamento do modelo

    15Varivel excluda do modelo Score ROA Sig.

    Patrimnio alto 0,041 0,839

    Receitas positivas 6,379 0,012

    Idade acima dos 47 anos 0,722 0,396

    Ser mulher 1,924 0,165

    Escolaridade superior 0,326 0,568

    Ser prefeito 170,930 0,000

    Partido coligado 24,596 0,000

    Partido de alto desempenho 12,532 0,000

    Partido de centro 1,880 0,170

    Overall Statistics 208,320 0,000

    Fonte: Observatrio de elites polticas e sociais do Brasil UFPR.

    A tabela acima tambm mostra os efeitos para as variveis individuais

    (score ROA), caso elas fossem simplesmente retiradas do modelo.

    15 O score ROA uma medida de eficincia individual da relao entre a varivel explicativa e a varivel dependente. Quanto maior esse score, mais eficiente a caracterstica para o fato do candidato ter ou no sido eleito.

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    Pelos valores das significncias, percebemos que as variveis patrim-

    nio, idade, sexo, escolaridade e partido de centro no apresentariam

    efeitos significativos ROA caso estivessem ausentes do teste (sig. > 0,050). Por-

    tanto, so elas as de menor impacto para a explicao da eleio de prefeito no

    Brasil. J as variveis de carter poltico apresentaram os maiores coeficientes

    (scores ROA) e o fator ser candidato reeleio representou o maior valor de

    todos (170,930), seguido por estar em partido coligado (24,596), pertencer

    a partido com alto desempenho (12,532), seguida, mas bem atrs, pelo efei-

    to de uma varivel econmica, ter receita de campanha alta (6,379).

    A tabela 3 apresenta as estatsticas do modelo para as variveis indepen-

    dentes individuais. Os resultados gerais mostram uma relao de dependncia

    entre as variveis (-2 log likelihood = 2935,861), embora os coeficientes de

    determinao sejam baixos (Cox & Snell = 1,9% e Nagelkerke = 12,2%). Isso

    seria um problema caso nosso modelo pretendesse ser preditivo, ou seja, se ns

    estivssemos trabalhando com uma amostra para extrapolar os resultados para

    a populao global de postulantes. Como estamos trabalhando com o total de

    candidatos (tanto os eleitos como os no eleitos), esses baixos resultados de

    determinao podem ser desconsiderados.

    O que nos interessa aqui so os efeitos individuais das variveis explica-

    tivas para a eleio de prefeito em 2012. Nesse caso, o primeiro coeficiente

    individual a ser analisado o Wald, que informa a partir de uma distribuio

    qui-quadrado se o coeficiente b da varivel independente difere significati-

    vamente de zero. Quanto mais distncia de zero, maior a contribuio dessa

    varivel para a mudana de categoria na varivel dependente (no nosso caso,

    maior a contribuio do fator considerado para a eleio de prefeito). Alm

    disso, o sinal do coeficiente Beta (`) indica a direo da relao, que pode ser efeito positivo ou negativo. A varivel que apresenta o maior Wald positivo

    j ser prefeito, ou seja, ser candidato reeleio (156,366). Tambm diferem

    de zero com efeito positivo sobre a eleio do candidato receita alta, fazer

    parte de coligao e estar em partido com alto desempenho. A nica que

    apresenta coeficiente Wald diferente de zero, mas com efeito negativo sobre a

    eleio de prefeito idade alta. J as variveis patrimnio alto, escolarida-

    de superior e estar em partido de centro contribuem muito pouco para o

    modelo por terem Wald prximo de zero.

    Dado que o modelo no preditivo, no analisaremos os nveis de signi-

    ficncia individualmente, passando direto para as razes de chance (oddsratio)

    de eleio do candidato, dada a presena de determinada caracterstica. As

    oddsratio so calculadas a partir da Exp (B) e esto apresentadas em percen-

    KA Cadernos 2013.2 alta.indd 76 26/06/13 15:17

  • 77tuais na ltima coluna da tabela a seguir. Em razo do sinal, elas indicam se

    existe maior ou menor possibilidade de eleio dada a caracterstica em anlise

    e de quanto a chance de vitria eleitoral no caso da ocorrncia da caracters-

    tica em questo.

    Tabela 3. Coeficientes da regresso logstica para ser ou no eleito

    prefeito no Brasil em 2012

    16Tipo Variveis no modelo B Wald Sig. Exp (B) Chance

    EconmicasPatrimnio alto -0,112 0,743 0,389 0,894 -10,6

    Receita positiva 0,330 10,502 0,001 1,391 39,1

    Sociais

    Idade acima de 47 -0,328 12,614 0,000 0,720 -28,0

    Ser mulher -0,240 3,154 0,076 0,786 -21,4

    Escolaridade superior 0,012 0,016 0,898 1,012 1,2

    Polticas

    Ser prefeito 1,290 156,366 0,000 3,632 263,2

    Partido coligado 0,887 9,365 0,002 2,429 142,9

    Partido alto desempenho 0,245 5,022 0,025 1,278 27,8

    Partido de centro -0,122 1,045 0,307 0,885 -11,5

    Constante -1,815 37,173 0,000 0,163 -83,7

    Cox & Snell r2 0,019

    Nagelkerke r2 0,122

    Fonte: Observatrio de elites polticas e sociais do Brasil UFPR

    As estatsticas mostram que, em relao s variveis econmicas, diminui

    em 10,6 vezes as chances de eleio de candidatos com patrimnio alto e

    aumentam em 39,1 vezes as chances de eleio daqueles que esto no grupo

    de candidatos com receitas altas. Isso significa que mesmo candidatos sem pa-

    trimnio pessoal significativo (ricos) conseguem se eleger; e que candidatos

    com maior volume de receitas de campanha tm mais chances de vitria.

    J entre as variveis sociais, ter idade superior a 47 anos diminuiu em 28

    vezes a chance de vitria assim como ser mulher reduziu em 21,4 vezes a possi-

    bilidade de sucesso eleitoral. J escolaridade alta apresentou efeito praticamen-

    16 Como explicado a partir da tabela 1, nos testes de colinearidade, foram excludas as vari-veis colineares ocupao e poltico profissional.

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    te nulo sobre o sucesso eleitoral, implicando em apenas 1,2 vezes mais chances

    de vitria. Assim como j indicado em outros trabalhos17, mulheres tm maior dificuldade de eleio que os homens. Porm, alm disso, o que constatamos aqui que pessoas acima da mediana de idade dos candidatos tambm tiveram maior dificuldade para eleio. possvel imaginar uma explicao para esse fato esteja ligada ao alto valor da mediana. A metade dos candidatos entre 21 e 47 anos consegue se eleger mais do que os que esto acima de 48 anos. Outra explicao pode ser a tendncia de que polticos mais jovens (possivelmente em incio de carreira) sejam eleitos para cargos majoritrios iniciais, enquanto os mais velhos optam por seguir carreira no legislativo estadual ou federal. Porm, isso precisa ser testado antes de qualquer afirmao categrica.

    As variveis polticas foram as que apresentaram os maiores efeitos para o sucesso eleitoral dos prefeitos vitoriosos em 2012.

    Ser candidato reeleio aumentou em 263,2 vezes as chances de vitria nas disputas majoritrias municipais. Fazer parte de uma coligao acresceu em 142,9 vezes as chances de vitria e pertencer a um partido de alto desem-penho elevou em 27,8 vezes as oportunidades de se eleger. A nica varivel poltica com impacto individual negativo foi pertencer a partido de centro, que diminuiu em 21,4 vezes as chances de sucesso. Os resultados positivos para candidato reeleio, partido com bom desempenho e em coligao j eram esperados. O surpreendente foi o tamanho do efeito de cada uma delas ao se isolar todas as demais. J o efeito negativo de partido de centro pode ser explicado pelo fato de que foram categorizados como partidos de centro ape-nas PMDB e PSDB. Com isso, o nmero total de candidatos e eleitos desse grupo ficou bem abaixo da soma dos demais partidos, o que fez com que o Odd ratio dessa varivel fosse artificialmente negativo.

    CONCLUSES: ESTRUTURA E LGICA DO CAMPO POLTICO NO BRASIL

    As variveis utilizadas aqui na tentativa de explicar os resultados das eleies para as quase seis mil prefeituras brasileiras em 2012 mostraram que h

    efeitos desiguais quando se considera o peso explicativo de fatores diferen-tes. Assim, no correto supor, de sada, que o acmulo de capitais em domnios distintos capital cultural ou escolar, capital econmico, prestgio

    17 (C. Arajo, 2009; Bohn, 2007; Miguel, 2008)

    KA Cadernos 2013.2 alta.indd 78 26/06/13 15:17

  • 79social (status), etc. implique a possibilidade de traduzi-lo automaticamente

    em capital poltico e, da, em sucesso eleitoral, como parece sustentar Gaxie

    (Gaxie 1980). As variveis que se mostraram mais importantes para explicar

    o sucesso eleitoral foram, como se demonstrou, as de natureza poltica. Logo,

    parece que cada vez mais o acmulo de capital propriamente poltico qualifica

    o indivduo para enfrentar, com razovel chance de vitria, a competio por

    posies polticas.

    Como vimos, ser candidato reeleio, fazer parte de uma coligao par-

    tidria e estar na disputa em um partido com alto desempenho so as princi-

    pais explicaes para a aquisio do mandato municipal. A estas se segue a va-

    rivel que mede a disponibilidade de recursos nas campanhas. Quanto maior

    a receita do candidato, mais chance ele tem de ser eleito. J as variveis de

    carter social tiveram menor poder explicativo, na eleio de 2012. Registre-se

    tambm que mulheres e candidatos mais velhos, independentemente do sexo,

    tiveram menos chances de vitria.

    Apesar de estimulantes para a compreenso da disputa poltica, esses resul-

    tados no podem ser tomados como o padro daqueles que vencem certames

    eleitorais municipais no Brasil. Ainda que se tenha confirmado as hipteses

    enunciadas no incio deste artigo, foroso lembrar que se trata do desem-

    penho de candidatos em uma nica disputa, a de 2012. Alm disso, a varie-

    dade de municpios, a diversidade de caractersticas regionais e as diferenas

    socioculturais do Pas permitem dizer que os grandes nmeros aqui expressos

    representam apenas uma primeira aproximao do perfil de carreira das elites

    polticas municipais brasileiras. Por outro lado, no se pode minimizar os nos-

    sos achados, principalmente os que dizem respeito relao estatisticamente

    muito significativa entre gnero, profissionalismo poltico, disponibilidade de

    recursos e maiores chances de vitria municipal.

    Mas o que esses dados podem nos dizer de mais geral? Por que alguns

    tipos de recursos contam to mais que outros?

    Uma das explicaes possveis a especializao progressiva e cada vez

    maior do universo poltico no Brasil. A institucionalizao das regras e dos

    aparelhos polticos da democracia representativa partidos, parlamentos, elei-

    es tende a impor um conjunto de exigncias que s podem ser atendidas

    por aqueles que se ocupam profissionalmente da poltica, e no por candidatos

    eventuais por mais bens de fortuna que possuam, por maior que seja seu

    status social ou por mais vistosas sejam suas qualificaes escolares. Essa carac-

    terstica especializada do recrutamento poltico tende a produzir um universo

    cada vez mais autnomo em relao a outros domnios da vida social. Ainda

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    que o mundo da poltica no seja, obviamente, impermevel a outros campos (econmico, por exemplo), ele pode funcionar a partir de uma lgica espec-fica que valoriza em primeiro lugar, ainda que no exclusivamente recur-sos obtidos dentro do prprio campo poltico. Essa lgica favorece sobretudo o sucesso e a permanncia daqueles que desempenharam atividades prvias em burocracias pblicas, cargos eletivos ou nas mquinas dos partidos polticos. No caso do legislativo federal j havamos constatado a mesma tendncia: a profissionalizao dos profissionais da representao poltica (Costa e Codato, 2012; Perissinotto e Bolognesi, 2010; Perissinotto e Mirade, 2009).

    A constituio e o desenvolvimento, no Brasil, de uma classe poltica cada vez mais fechada a adventcios, heterognea socialmente, mas semelhante quanto aos mecanismos de constituio e recrutamento, tipo e perfis de car-reira, estratgias polticas e eleitorais , a partir desses dados, uma hiptese a ser mais bem explorada.

    Certamente h categorias diferentes de capital poltico e eles orientam ou determinam carreiras bem distintas quando se est, por exemplo, em partidos de direita ou de esquerda, no Executivo ou no Legislativo. Na sua origem, esse capital pode ser familiar, pessoal ou institucional (derivado do partido, do sindicato, de associaes civis) e pode ter sido acumulado de diferentes modos. Como Dahl caracterizou, h diferentes espcies de empreendedores polticos (Dahl, 1972).

    No caso aqui estudado, os testes revelaram que uma categoria em especial de polticos profissionais, a dos prefeitos candidatos reeleio, produz um im-pacto positivo e significativo para o sucesso eleitoral; enquanto que outra, de vereadores, apresenta um impacto significativo, porm negativo. Esse achado indica que no basta simplesmente ser poltico profissional para tornar-se prefeito. necessrio encontrar-se em determinado estgio da carreira poltica e ocupar um tipo especfico de posio institucional. No caso especfico de prefeito, ao que tudo indica, j ser prefeito o trunfo essencial.

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  • 81Adriano Codato Doutor em Cincia Poltica pela UNICAMP e Professor de Cincia Poltica e de Sociologia Poltica na Universidade Federal do Para-n (UFPR). tambm editor da Revista de Sociologia e Poltica (www.scielo.br/rsocp) e um dos coordenadores do Ncleo de Pesquisa em Sociologia Poltica Brasileira da UFPR. Atualmente, dedica-se ao estudo dos processos de recruta-mento da classe poltica brasileira e coordena o Observatrio de elites polticas e sociais do Brasil (http://observatory-elites.org/).

    Emerson Cervi Doutor em Cincia Poltica pelo IUPERJ. professor adjun-to do Departamento de Cincias Sociais da Universidade Federal do Paran (UFPR). Atua em pesquisas nas reas de comunicao poltica, poltica pblica, eleies, sistemas partidrios, sistemas eleitorais e metodologia da pesquisa em cincias sociais. autor de Opinio pblica e comportamento poltico (Curitiba: Editora Ibpex, 2010).

    Renato Perissinotto concluiu o doutorado em Cincias Sociais pela Universida-de Estadual de Campinas. Atualmente professor da Universidade Federal do Paran. coeditor da Revista de Sociologia e Poltica e coordenador do Ncleo de Pesquisa em Sociologia Poltica Brasileira da UFPR. Pesquisa e publica funda-mentalmente na rea de sociologia poltica das elites (recrutamento poltico--partidirio, perfil das elites polticas e estatais, relao entre elites e deciso po-ltica). Fez o seu ps-doutorado no Latin American Centre, na Oxford University.

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