clonagem e expressÃo de membros da famÍlia...

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CENTRO NACIONAL DE PESQUISA EM ENERGIA E MATERIAIS LABORATÓRIO NACIONAL DE BIOCIÊNCIAS LABORATÓRIO DE MICROARRANJO- LMA 20º PROGRAMA BOLSAS DE VERÃO CLONAGEM E EXPRESSÃO DE MEMBROS DA FAMÍLIA HUMANA DE NEKs CINASES ENVOLVIDAS NA REGULAÇÃO DO CICLO CELULAR CAROLLINE FERNANDA RODRIGUES ASCENÇÃO CAMPINAS - SP 2011

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CENTRO NACIONAL DE PESQUISA EM ENERGIA E MATERIAIS LABORATÓRIO NACIONAL DE BIOCIÊNCIAS

LABORATÓRIO DE MICROARRANJO- LMA 20º PROGRAMA BOLSAS DE VERÃO

CLONAGEM E EXPRESSÃO DE MEMBROS DA FAMÍLIA HUMANA DE NEKs CINASES

ENVOLVIDAS NA REGULAÇÃO DO CICLO CELULAR

CAROLLINE FERNANDA RODRIGUES ASCENÇÃO

CAMPINAS - SP 2011

ii

CENTRO NACIONAL DE PESQUISA EM ENERGIA E MATERIAIS LABORATÓRIO NACIONAL DE BIOCIÊNCIAS

LABORATÓRIO DE MICROARRANJO- LMA 20º PROGRAMA BOLSAS DE VERÃO

CLONAGEM E EXPRESSÃO DE MEMBROS DA FAMÍLIA HUMANA DE NEKs CINASES ENVOLVIDAS NA REGULAÇÃO

DO CICLO CELULAR

Relatório final das atividades realizadas durante o projeto desenvolvido no 20° Programa Bolsas de Verão de 05/01 a 25/02/11, elaborado por Carolline F. R. Ascenção, sob orientação do Dr. Jörg Kobarg e co-orientação do Dr. Diogo Ventura Lovato.

Dr. Jörg Kobarg - Orientador Dr. Diogo Ventura Lovato - Co-Orientador

CAMPINAS

2011

iii

“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram

conquistadas do que parecia impossível.” Charles Chaplin

iv

AGRADECIMENTOS

À Deus, por ter me proporcionado a oportunidade de cursar o

20° Programa Bolsas de Verão e por ter sido sempre meu guia amparo em todas as tempestades;

À minha mãe, Suely, minha grande incentivadora, por todo

cuidado, carinho e todas as sábias lições; Ao meu namorado Daniel por todo carinha, paciência e ajuda;

Ao 20° Programa Bolsas de Verão pela oportunidade de participação;

Ao Jörg pela escolha, confiança e orientação dada;

Ao Diogo pela orientação dada e pelos momentos científicos filosóficos que renderam sempre boas risadas;

A todo o grupo do LMA, especialmente ao Marcos, Eduardo, Daniel, Deivid, Priscila, Edmárcia, Gabi, Ângela, Ariane, Fernanda e Germana,

A técnica Maria Eugênia por toda disponibilidade de ajudar e boa vontade sempre;

Ao Laboratório Nacional de Biociências, pela estrutura cedida;

E a todos os colegas bolsistas, pelo companheirismo e pelos momentos de descontração.

v

Resumo

A divisão celular em mamíferos é impulsionada por um conjunto de proteínas

que constituem o sistema de controle, sendo este o responsável pela progressão correta

do ciclo celular. Essas proteínas são da classe de proteínas quinases (PKs), e agem

através de cascatas de fosforilação, orquestrando uma acurada sequência de eventos que

culminam com a regulação do tempo certo de entrada em mitose. Genes que codificam

para várias famílias de proteínas quinases são os mais comumente mutados em

situações que levam ao câncer em humanos. Proteínas cinases da família NIMA (Never

in Mitosis gene A) são um grupo da proteína cinases do tipo serina/treonina cinases

descritas pela primeira vez no fungo Aspergillus nidulans, no qual possui participação

no ciclo celular. Em humanos, os genes ortólogos a NIMA são chamados NEKs (NIMA

related Kinases) e compõem uma família gênica constituída por 11 membros que têm

domínios catalíticos altamente conservados, mas com regiões N e C-terminais variáveis.

NEKs têm sido descritas como tendo expressão aumentada em diferentes tipos de

câncer, entre eles podemos citar alguns tipos de câncer de mama e outras disfunções

orgânicas, como a doença policística do rim. Dentre os 11 membros da família de NEKs

cinase, NEK2 é melhor descrito estruturalmente até o momento. Contudo, muito pouco

se sabe sobre seus parceiros de interações proteína-proteína e seus substratos alvo em

estudos estruturais. Entre os outros membros da família de NEKs cinases, em particular,

NEK3 e NEK5 foram pouquíssimos estudados sendo que até o presente

momento,NEK5 não possui artigos publicados na literatura científica.Desta forma são

necessários estudos estruturais que elucidem sítios-chave de ligação a substrato e de

interações proteína-proteína que permitem o desenho racional de drogas.

Objetivando-se clonar os fragmentos gênicos codificantes para as NEKs cinases

2, 3 e 5 e os fragmentos gênicos codificantes para apenas os domínios de cinase das

NEKs 3 e 5, foi feita a amplificação via PCR de tais regiões gênicas. NEK2 foi

amplificada a partir de biblioteca de cDNA de HELA e NEK3 foi amplificada a partir

das bibliotecas de cDNAde leucócitos e cérebro fetal humano. Não foi obtido sucesso

nas tentativas de amplificação de NEK5 em nenhuma das bibliotecas de cDNA de

leucócitos humanos, cérebro fetal humano, medula óssea, mama e HELA. As regiões

vi

gênicas amplificadas de NEK2 e NEK3 foram clonadas em pGEM T easy e a

confirmação das clonagens foi feita por PCR de colônias e de sequenciamento. A partir

das sequências obtidas, foram feitas análises de similaridade em banco de dados

BLAST e encontrada similaridade com as NEKs 2 e 3 dispostas no banco de dados. A

construção pGEM T easy/NEK3 foi utilizada com DNA template para amplificar

apenas o domínio de cinase de NEK3, cuja amplificação foi obtida com êxito e tal

fragmento gênico foi clonado nos vetores de expressão pET 28a e pFastBacDual-eGFP.

Entretanto foram obtidas, após a transformação de E. coli DH 5α, colônias

transformantes e recombinantes apenas para a construção pET 28a/NEK3 kd e não para

a pFastBacDual-eGFP/NEK3 kd. Foi feita a transformação de E. coli BL 21 com a

construção pET 28a/NEK3 kd e a indução da expressão da proteína recombinante.

Todavia, foi observada, através de SDS-PAGE, uma banda protéica com o tamanho

esperado de 35 kDa tanto no lisado bacteriano transformado e induzido que continha a

construção pET 28a/NEK3 kd quanto no que continha apenas o vetor pET 28a vazio. O

DNA plasmidial da construção pGEM T easy/NEK2 foi utilizado, em várias

concentrações, para a transformação de uma quantidade variada de células da levedura

S. cerevisae L40, por choque térmico e por eletroporação. Entretanto, somente as

leveduras contendo os controles da transformação cresceram nas placas.

vii

ÍNDICE AGRADECIMENTOS ..................................................................................... iv

Resumo ............................................................................................................. v

1 - Introdução .................................................................................................... 1

2 - Objetivos .................................................................................................... 13

2.1- Objetivos Gerais ................................................................................... 13

2.2 - Objetivos específicos ........................................................................... 13

3 - Material e Métodos ..................................................................................... 15

3.1 Microrganismos utilizados ..................................................................... 15

3.2 - Plasmídeos utilizados ........................................................................... 15

3.2.1- pBTM 116 K (pLEXA) .................................................................. 15

3.2.2 - pET 28a ........................................................................................ 16

3.2.3 - pGEM T easy ................................................................................ 17

3.2.4 - pACT ............................................................................................ 17

3.2.5 – pFastBacDual ............................................................................... 18

3.3 - Desenho de oligonucleotídeos específicos para amplificar NEK3, NEK5,

NEK2, e para amplificar os domínios de cinases de NEK3 e NEK5......................... 19

NEK2 ....................................................................................................... 19

NEK3 ....................................................................................................... 20

Sequência do mRNA, disposta no GenBank (acesso: NM_2498.2). .......... 20

NEK5 ....................................................................................................... 22

viii

3.4 - Amplificação dos genes das NEKs 2, 3 e 5 e da região gênica

correspondente ao domínio de cinase das NEKs 3 e 5 via reação de PCR (Reação em

Cadeia de Polimerase) ............................................................................................. 23

3.4.1 - NEK2............................................................................................ 23

3.4.2 - NEK3............................................................................................ 23

3.4.3 - NEK5............................................................................................ 24

3.4.4 - Extração e purificação do DNA em gel de agarose ........................ 24

3.5 – Reações de clivagem ........................................................................... 24

3.5.1 - Clivagem de NEK2 e da região codificante para o domínio de cinase

de NEK3 ............................................................................................................. 24

3.5.2- Clivagem dos vetores pBTM 116 K e pET 28a e pFastBacDual ..... 25

3.6 – Reações de ligação .............................................................................. 25

3.6.1- Ligação dos fragmentos amplificados de NEK 2, 3 e 5 em pGEM T

easy vector .......................................................................................................... 25

3.6.2- Ligação dos fragmentos amplificados referente ao domínio de cinase

de NEK3 ao vetor pET 28a e ao vetor pFastBacDual e de NEK2 ao vetor pBTM

116 K .................................................................................................................. 25

3.7 – Transformação bacteriana ................................................................... 26

3.7.1 - Choque térmico ............................................................................. 26

3.7.2- Eletroporação ................................................................................. 26

3.8 - Seleção das colônias de E. coli transformantes e recombinantes ........... 27

3.9 - Sequenciamento de DNA e análise das sequências de nucleotídeos ...... 27

3.10 – Transformação da levedura Saccharyomyces cerevisae L40 .............. 27

ix

3.11 – Ensaio de mini-indução da expressão de pET 28a/NEK3 domínio de

cinase ...................................................................................................................... 29

4 – Resultados e Discussão .............................................................................. 31

4.1 - Amplificação dos genes das NEKs 2, 3 e 5 e da região gênica

correspondente ao domínio de cinase de NEK3 via reação de PCR (Reação em

Cadeia de Polimerase) ............................................................................................. 31

4.1.1- NEK2 ............................................................................................ 31

4.1.2 - NEK3............................................................................................ 33

4.1.3- NEK5 ............................................................................................ 36

4.2 – Clonagens, sequenciamentos e subclonagens ....................................... 39

4.3 – Ensaio de mini-indução da expressão de pET 28a/NEK3 domínio de

cinase ...................................................................................................................... 48

4.4 - Transformação da levedura Saccharyomyces cerevisae L40 ................. 50

5 – Conclusão .................................................................................................. 53

6 – Perspectivas ............................................................................................... 55

7 – Referências bibliográficas .......................................................................... 56

1

1 - Introdução

O câncer pode ser definido como um conjunto de centenas de doenças que têm

em comum o crescimento desordenado (maligno) de células do próprio organismo.

Essas células perdem a capacidade de limitar e controlar o seu próprio crescimento

passando, então, a multiplicarem-se muito rapidamente e sem nenhum controle. O

resultado desse processo desordenado de crescimento celular é uma produção em

excesso dos tecidos do corpo (que podem ser processos inflamatórios, infecciosos ou

mesmo os crescimentos celulares benignos), formando o que se conhece como tumor

(Alberts et al, 2002).

FIGURA 1 – Processo de metástase.

Em 2008, a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer das Nações

Unidas (IARC) divulgou que o número de mortes por câncer chegou a 7,6 milhões em

todo o mundo. A expectativa da referida agência, divulgada em junho de 2010, é a de

que até 2030, 13,2 milhões de pessoas morram de câncer. A tabela 1 indica a

expectativa de novos casos de câncer, feita pela IARC, para o ano de 2011.

2

TABELA 1 – Estimativa de novos casos de câncer para 2011.

Fonte: IARC (Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer das Nações

Unidas).

Chama-se ciclo celular o conjunto de processos que se passam

numa célula viva entre duas divisões celulares. O ciclo celular consiste na intérfase e na

fase mitótica, que inclui a mitose e a divisão celular (citocinese) (Alberts et al, 2002).

A intérfase é todo o período de vida de uma célula situado entre duas fases de

mitose consecutivas. O primeiro período da interfase é o G1 (do inglês gap, intervalo).

3

Durante este período, a célula executa suas funções normais sem se ocupar com a

divisão celular. Ainda na intérfase, existe a fase S (do inglês synthesis), no qual ocorre a

replicação do DNA e duplicação do material genético. O último momento da intérfase é

dito G2. Nele, a célula certifica-se de que todo o DNA já foi duplicado e cresce um

pouco mais, se for necessário. Além disso, termina de duplicar os centríolos (ficando,

então, com dois pares), processo que iniciou no período S, e aparecem as proteínas que

formarão o fuso mitótico ou fuso acromático. Até o final da interfase, a célula tem pelo

menos dois pontos de checagem. O primeiro deles é no final do G1 no qual a célula

certifica-se se está grande o suficiente para se dividir, se o ambiente é propício a uma

divisão e se o DNA precisa ser reparado antes de iniciar o processo de replicação, típico

do período S. O outro ponto de checagem é no final do G2 no qual a célula volta a se

certificar se seu tamanho está apropriado e se todos os eventos que antecedem a mitose

foram realizados com precisão (De Robertis & De Robertis Jr., 1996). Em todos esses

pontos de checagem, observa-se em nível molecular, a atuação de proteínas, via de

regra, proteínas cinases, que por meio de cascatas de fosforilação, checam e sinalização

o momento correto de entrada em mitose. Tais proteínas, quando se apresentam

mutadas, podem ter comportamentos anormais de sinalização e checagem, culminando,

por exemplo, com a entrada precoce em mitose ou a incorreta sinalização de resposta ao

dano ao DNA antes que o material genético seja duplicado, levando a fenótipos que

podem ser caracterizados como câncer.

A mitose é a fase em que as células eucarióticas dividem seus cromossomos

entre duas células filhas. Este processo dura, em geral, de 90 a 120 minutos, e é dividido

em quatro etapas: prófase, metáfase, anáfase e telófase (Lodish et al, 2007) (Figura 2).

4

FIGURA 2 – Eventos do ciclo celular.

Assim como na intérfase, na mitose é necessária a presença de proteínas cinases

para controlar a correta passagem de uma de suas fases a outra, sendo imprescindível a

presença das referidas proteínas para que haja precisão na organização do fuso mitótico,

correta segregação dos cromossomos para as células filhas e inclusiva para que a célula

seja capaz de executar a citocinese. As PKs que participam da regulação do ciclo celular

são consideradas os mais promissores alvos terapêuticos contra diferentes tipos de

câncer. Os principais pontos de controle do ciclo celular (checkpoints) foram

identificados no final da fase G1 (ponto de restrição), na passagem de G2 para mitose e

dentro da própria mitose, na metáfase. As PKs que atuam nestes checkpoints incluem as

CDKs (cyclin dependent kinases), cinase Aurora, cinases tipo-Polo, ATR/ATM (para

revisão Malumbres & Barbacid, 2007 e Lapenna & Giordano, 2009) e as cinases do tipo

NEK. Perdas ou falhas nestes pontos de controle são associadas com o desenvolvimento

de células neoplásicas, uma vez que essas não obedecem mais ao ritmo de divisão

celular e acumulam mutações no DNA (para revisão Malumbres & Barbacid, 2007).

Entre as diversas famílias de PKs descritas, NEK-cinases são as menos estudadas e

menos caracterizadas funcionalmente. De acordo com Salem et al (2007), a proteína

5

cinase NEK7 (NIMA-related kinases) está diretamente envolvida em eventos de

citocinese, pois camundongos mutantes knockdown para a referida proteína apresentam

fibroblastos multinucleados e com retardo na citocinese. Sabe-se também que na

ausência de outra cinase da família NEK, o membro NEK9, ocorre incorreta segregação

dos cromossomos durante a mitose (Lynne et al, 2005). Todas estas disfunções

causadas pela atividade incorreta de proteínas cinases, ou ausência das mesmas, são

capazes de evoluir para fenótipos de câncer.

Em humanos, existem quatro principais famílias de proteínas serino/treonina

cinases envolvidas na correta progressão das fases da mitose, no ciclo celular, são elas:

as cinases dependentes de ciclinas, CDKs; as Polo-like cinases, PLKs; as Aurora

cinases e as NIMA- related kinases.

Cinases dependentes de ciclinas são proteínas que devem se associar a uma

ciclina para se tornarem cinases ativas. São reguladores chave do ciclo celular. Existem

hoje aproximadamente 12 CDKs descritas até o momento, sendo a CDK1 (ou cdc2)

considerada como a cinase que, provavelmente, é a responsável por todas as transições

do ciclo celular (Fisher & Nurse, 1996). Isso é verdade em leveduras onde a atividade

cinase de CDK1 é necessária para as transições G1/S e G2/M (Durkacz; Carr & Nurse,

1986). Em células de mamíferos, no entanto, a atividade CDK1 é necessária apenas para

a transição G2/M de transição (Draetta & Beach, 1988).

As Polo-Like cinases formam uma família de quatro proteínas diferentes que

regulam muitos aspectos da progressão do ciclo celular. Elas compartilham pequenos

domínios conservados nomeados pólo-box que são requeridos para a localização das

referidas proteínas. De todas as Plks, Plk1 é a mais estudada e foi verificado estar

envolvida em eventos de progressões das fases da mitose sendo um homólogo da polo-

cinase de Drosophila melanogaster (Nigg, 1996). Plk2, Plk3 Plk4 são mais prováveis de

estarem envolvidas somente em intérfase. Sabe-se também que a atividade Plk4 é

necessária para a duplicação de centríolos, um evento que deve ser obtido antes de

entrar em mitose e necessários para a montagem do fuso mitótico bipolar (Habedanck et

al, 2005).

Aurora cinases foram primeiramente identificadas na Saccharyomyces

cerevisae e Drosophila melanogaster (Chan & Botstein, 1993). As células de levedura

possuem apenas uma Aurora cinase, Drosophila melanogaster e Caenorhabditis

6

elegans possuem duas (A e Tipo B) e em mamíferos foram descritas, até o momento,

três, chamadas Aurora A, B e C (Nigg, 2001). Sabe-se que os tipos A e

B evoluíram de um ancestral comum, enquanto o tipo C evoluiu a partir de do tipo B

(Brown et al, 2004). Por conseguinte, Aurora A tem funções distintas, enquanto as

Aurora B e C possuem funções relacionadas, apesar de todas as três cinases estarem

envolvidas no controle de muitos processos necessários para a mitose.

NIMA-related kinases pertencem a uma família muito grande de proteínas

cinases, com 13 diferentes NEKs em humanos, de NEK1 a NEK11 (NEK2A e NEK2B

e NEK11L e NEK11S) (O´Connell et al, 2004). Os membros da família NEK são

definidos pela homologia com a cinase NIMA (Nerver in mitosis gene A),

primeiramente identificada em Aspergillus nidulans como uma cinase envolvida na

progressão das fases da mitose do ciclo celular. Entre as diversas famílias de PKs

descritas, os membros da família relacionados à NIMA são os menos estudados e menos

caracterizados funcionalmente. Tem sido demonstrado que algumas cinases da família

NIMA possuem um papel como regulador mitótico essencial, pois sua ativação se faz

necessária para a fosforilação mitótico-específica na serina 10 da histona H3. Se a

fosforilação mitótica de H3 é bloqueada, a condensação cromossômica não ocorre e a

célula fica impedida de entrar em mitose. Da mesma forma, se não ocorre a

desfosforilação de H3, os cromossomos permanecem condensados durante a mitose.

NIMA é capaz de fosforilar H3 in vitro, o que sugere fortemente que é a responsável

por fosforilar H3 in vivo. Todavia, isso ainda não foi verificado experimentalmente.

Mutantes NIMA sensíveis à temperatura, de A. nidulans (figura 6), apresentam atraso

em G2, com cromatina não condensada de forma que não ocorre a transição G2/mitose.

São necessários altos níveis de NIMA para que ocorra a transição G2/mitose. Sabe-se

que NIMA exibe uma localização nuclear, mais precisamente de ligação à cromatina

durante a fosforilação de H3, na intérfase, e durante a mitose, NIMA está localizada no

fuso. Isso sugere que NIMA é necessária e suficiente para permitir a fosforilação de H3

e posterior entrada em mitose (De Souza et al, 2000).

7

FIGURA 3 – Mutantes NIMA de A. nidulans, sensíveis a temperatura.

Genes que codificam proteínas cinases da família NIMA foram inicialmente

descritos em humanos recebendo a nomenclatura de família das NEKs (NIMA related

kinases) (Quarmby & Mahjoub, 2005). Essa família é formada por domínios catalíticos

de cinases altamente conservados, mas com regiões N e C-terminais variáveis, que em

alguns casos são muito importantes para regulação e especificidade de substratos

(Surpili et al, 2003). A superexpressão de NEKs em células de mamíferos resultou no

desencadeamento precoce de eventos relacionados à mitose, incluindo condensação de

cromatina e despolimerização dos microtúbulos (Lu & Hunter, 1995). Com o advento

do genoma humano, foram anotados onze genes codificantes de NEKs sendo 13

produtos gênicos, uma vez que existem as isoformas de NEK2, NEK2A e NEK2B, e de

NEK11, NEK11L e NEK11S.

NEK1 é um dos membros mais estudados da família protéica das NEK cinases.

Sabe-se que camundongos mutantes para NEK1 apresentam o desenvolvimento da

doença policística do rim, kat 1 e kat 2, resultando num fenótipo pleiotrópico recessivo

que inclui a progressiva formação de cistos renais, esterelidade em machos, nanismo,

anormalidades olfativas, dimorfismos faciais, cistos de hidrocefalia, anemia e uremia.

Embora tenha sido sugerido que NEK1 tenha papéis no controle do ciclo celular,

meiose, gametogênese e no sistema nervoso (Arama et al, 1998), a função celular de

NEK1 até o momento permanece obscura. De todas as NEKs, NEK1 apresenta a maior

8

estrutura protéica primária prevista (figura 4), com 1.203 aminoácidos e 42% de

identidade com as NIMA de A. nidulans.

FIGURA 4 – Estrutura primária de NEK1.

Foi proposto por Mark et al (2008) que NEK1 apresenta uma localização

centrossomal e nuclear, devido ao motivo estrutural coiled-coil, durante o ciclo celular,

indicando um importante papel desta cinase na organizaçãodo centrossomo.

NEK2 apresenta 445 aminoácidos em sua estrutura primária e estrutura

tridimensional resolvida do domínio catalítico. Entretanto, muito pouco se sabe sobre

quais são todos os seus parceiros de interação proteína-proteína. Esta proteína é um

dímero capaz de sofrer trans-auto-fosforilação, possuindo um domínio de cinase N-

terminal e um domínio C-terminal que inclui um zíper de leucina. É uma proteína que

possui duas isoformas, NEK2A e NEK2B, e é sabido que NEK2A é requerida para a

correta separação dos centrossomos na transição G2/mitose, mas muito pouco se sabe

sobre NEK2B (Lynne et al, 2005). É a NEK que apresenta maior porcentagem de

identidade aminoacídica, 48%, com as NIMA de A. nidulans. Apesar da similaridade

com NIMAs, knockouts de NEK2 entram em mitose sugerindo que existem diferenças

significativas na regulação do ciclo celular entre fungos e humanos (Fletcher et al,

2005).

Atribuiu-se para NEK2, até o presente momento, as funções celulares na

coordenação da estrutura e função dos centrossomos para a correta progressão das fases

da mitose, regulação do núcleo protéico do cinetócoro através da ativação de Hec1

(High expressed in cancer) e papel de ativação de NEK11, quando translocada para o

nucléolo durante a transição G1/S. A deleção de NEK2 pode ocasionar o atraso na

9

mitose uma vez que não ocorre a correta separação dos centrossomos e aumento de

apoptose.

Até o momento, muito pouco se sabe sobre as funções e os parceiros de

interação proteína-proteína de NEK3. Foi relatado entre tumores de mama e NEK3 a

qual parece desempenhar papel importante na sinalização do receptor de prolactina,

especificamente em uma via que contribui para a progressão e mobilidade desses tipos

de cânceres (Miller et al, 2005). Outra função descrita é a regulação da acetilação de

microtúbulos em neurônios (Chang et al, 2009). Este membro da família das NEKs

cinases apresenta 489 aminoácidos e 42% de identidade com as NIMA de A. nidulans.

NEK4 é um dos membros da famíla das NEKs cinases recentemente identificado

e pobremente caracterizado. Sabe-se que NEK4 apresenta funções ciliares e flagelares e

sugere-se papel na regulação do ciclo celular (Takeno et al, 2007). Com relação à

estrutura primária, NEK4 apresenta 841 resíduos de aminoácidos e 39% de identidade

com as NIMA de A. nudulans.

Apesar de todos os estudos pós-genômicos, até o presente momento, nenhum

trabalho foi publicado caracterizando funcional e estruturalmente as NEKs 5 e 10 e

apenas um para NEK10 (Moniz & Stambolic, 2011). Sabe-se que NEK10 está presente

em tumores de mama, mas muito pouco se sabe sobre sua real atuação neste tipo de

câncer (Odefrey et al, 2010).

As NEKs 6 e 7 apresentam-se envolvidas em cascatas mitóticas de sinalização.

Possuem 87% de identidade entre seus próprios domínios de cinase. NEK6 apresenta

313 resíduos de aminoácidos em sua estrutura primária e NEK7 apresenta 302. Ao

contrário de NEK2, não dimerizam e nem sofrem trans-auto-fosforilação.Elas não

apresentam o domínio de cinase no N-terminal, mas sim no C-terminal (Takeno et al,

2007). Ambas são ativadas por NEK9 e já foi demonstrado que não apresentam

atividades e funções redundantes. A NEK6 humana parece ser requerida para a

progressão de eventos mitóticos, pois sua abundância e atividade de cinase são

aumentadas durante a mitose (Takeno et al, 2007). NEK6 não funcionais geram uma

parada na mitose. Se NEK7 possui um papel na mitose, isso é pouco claro. Sabe-se,

todavia, que NEK7 está diretamente envolvida em eventos de citocinese pois

camundongos mutantes knockdown, para a referida proteína, apresentam fibroblastos

multinucleados e com retardo na citocinese (Salem et al, 2010).

10

NEK9, além da função acima descrita de ativar NEK 6 e 7, parece estar

intimamente ligada com o correto alinhamento e a segregação dos cromossomos durante

mitose. Provavelmente, por afetar a organização do fuso. Sabe-se que esta cinase é

ativada pela auto-fosforilação da tirosina 210 no loop de ativação, e que apresenta-se

localizada nos centrossomos durante a mitose (Takeno et al, 2007). A deleção de NEK9

interfere com a formação do fuso bipolar, e células knockdown para NEK9 exibem

atrasada progressão G1/S (Takeno et al, 2007). Com relação à estrutura primária de

NEK9, sabe-se que esta apresenta 979 resíduos de aminoácidos, possuindo, ao contrário

das NEKs 6 e 7, o domínio catalítico na região N-terminal.

NEK8 é um membro da família das NEK cinases que, assim como NEK1, está

envolvida na doença policística do rim. Sabe-se que a superexpressão desta cinase, em

cultura de células, promove o aparecimento de células multinucleadas, sendo observado,

também, a redução do número de fibras de actina estressadas (Takeno et al, 2007). A

estrutura aminoacídica primária desta cinase mostra que a mesma possui 698

aminoácidos e domínio de cinase no N-terminal em concordância com a maioria dos

outros membros da família das NEKs cinases.

NEK11 apresenta-se em duas isoformas identificadas como NEK11L e NEK11S

(O’Connell et al, 2004). No entanto, muito pouco ainda se sabe sobre as modificações,

se pós-transcricionais ou pós-traducionais, que geram tais isoformas. Sua sequência

aminoacídica primária divide de 40% a 45% de identidade com as NIMA de A.

nudulans dentro de seu domínio catalítico N-terminal. Com relação às funções já

relatadas de NEK11, sabe-se que a mesma é ativada por NEK2 e translocada ao núcleo

onde está envolvida com a resposta ao dano ao DNA (O’Regan et al, 2007).

As quatro famílias de proteínas cinases descritas são intrinsecamente envolvidas

em acurados eventos de sinalização celular que culminam com uma organizada cascata

de ativação de proteínas e verificação de pontos–chave do ciclo celular (figura 6), para

que a célula possa iniciar eventos de divisão celular e saída de mitose somente se

realmente estiver “madura”, ou seja, se todos os eventos que antecedem cada uma das

etapas da intérfase ou da mitose estiverem completados com precisão.

11

FIGURA 6 – Cinases envolvidas na regulação da prófase, metáfase e citocinese.

Caso algum membro das quatro famílias protéicas descritas apresente-se mutado

ou ausente em determinados tipos de células, pode-se observar que os eventos celulares

que outrora ocorriam de maneira acurada podem apresentar-se falhos e ocorrer, por

exemplo, a entrada precoce em mitose e divisão celular além dos limites normais, atraso

ou ausência de citocinese com o consequente aparecimento de células multinucleadas e

poliplóides, incorreta segregação dos cromossomos, entre outras consequências. Esses

eventos anormais no ciclo celular podem levar ao aparecimento de inúmeros fenótipos

relacionados a doenças, dentre elas, o câncer, como está demonstrado na tabela 2.

12

TABELA 2: Cinases envolvidas em mitose e suas respectivas relações com o

desenvolvimento de câncer.

Fonte: Salaün et al, 2008.

13

2 - Objetivos

2.1- Objetivos Gerais

O presente trabalho apresentou como objetivos gerais a clonagem e expressão do

domínio catalítico de NEK3 e NEK5 em Escherichia coli BL 21, clonagem do domínio

catalítico de NEK3 em pFastBacDual e a identificação de parceiros de interação

proteína-proteína com NEK2 por sistema de seleção de Duplo-Híbrido em leveduras.

2.2 - Objetivos específicos

• Amplificação via PCR dos fragmentos gênicos correspondentes à região

de domínio catalítico de NEK3 (a partir de uma biblioteca de cDNA de

tecido de leucócitos) e NEK5 (a partir de uma biblioteca de cDNA de

cérebro humano fetal).

• Clonagem dos fragmentos amplificados de NEK3 e NEK5 em pGEM T

para sequenciamento e confirmação das frames.

• Subclonagem dos fragmentos gênicos referentes aos domínios de cinase

de NEK3 e NEK5 em vetor de expressão pET 28a, transformação de

Escherichia coli BL 21 e indução da expressão das proteínas

recombinantes.

• Subclonagem do fragmento gênico referente aos domínios de cinase de

NEK3 em pFastBacDual.

• Amplificação via PCR de NEK2 (a partir de uma biblioteca de cDNA de

HELA) e clonagem em vetor pGEM T para sequenciamento e

confirmação da frame.

• Subclonagem em vetor pBTM 116 K para realização de sistema de

Duplo-Híbrido em leveduras.

14

• Screenen das colônias de leveduras recombinantes para a identificação

dos parceiros de interação proteína-proteína de NEK2 com proteínas

vindas de uma biblioteca de cDNA de HELA.

15

3 - Material e métodos

3.1 Microrganismos utilizados

Os microrganismos utilizados neste trabalho foram Escherichia coli,

especificamente as estirpes DH 5α, BL 21 e JM109, e Saccharyomyces cerevisae em

que foi utilizada a cepa L40. Os respectivos genótipos estão descritos na tabela 3.

TABELA 3 – Linhagem e genótipo dos microrganismos utilizados neste projeto

3.2 - Plasmídeos utilizados

3.2.1- pBTM 116 K (pLEXA)

pBTM 116 (figura 7) é um plasmídeo comumente utilizado nos procedimentos

de realização de sistema de Duplo-Híbrido em leveduras. Apresenta, próximo ao sítio

múltiplo de clonagem, uma sequência codificante para o domínio protéico de ligação ao

DNA de LexA que é transcrito fusionado à proteína de interesse e sob o controle do

promotor de ADHI (Alcohol deydrogenase I). O plasmídeo apresenta 5.693 pb e contém

o gene TRP que confere prototrofia à cepas de leveduras que são mutantes auxotróficos

para triptofano, funcionando como um marcador de seleção. Outro marcador de seleção

é a ampicilina que, para o vetor utilizado neste trabalho, foi substituído por canamicina

(K).

Linhagem Genótipo

DH 5α endA1 recA1 hsdR17 supE44 gyrA96 thi-1 relA1 ∆lacU169

(φ80lacZ∆M15) Tetr ∆(mcrA)183 ∆(mcrCB-hsdSMR-mrr)173 BL 21 – CodonPlus DE3 E. coli B F– ompT hsdS(rB– mB–) dcm+ Tetr gal λ(DE3) endA

Hte [argU proL Camr] [argU ileY leuW Strep/Specr] L40 MAT a; his3-200; trp1-901; leu3-3,112; ade2; LYS::(4lexAop-

HIS3); URA3::(8lexAop-lacZ). JM109 F’ traD36 proA+B+ lacIq ∆(lacZ)M15/ ∆(lacproAB) glnV44 e

14- gyrA96 recA1 relA1 endA1 thi hsdR17)

16

FIGURA 7 - Mapa físico do vetor pBTM116.

3.2.2 - pET 28a

pET 28a (figura 8) é um vetor comumente usado para expressão heteróloga em

bactéria. Este vetor possui 5.369 pb, codificando para o marcador de seleção

canamicina, que foi substituído por ampicilina no vetor utilizado neste trabalho; uma

cauda de histidina que, sob o controle do promotor T7, é expressa fusionada ao N-

terminal da proteína de interesse que será inserida no sítio múltiplo de clonagem; e uma

sequência substrato para a ação de trombina que, no vetor utilizado neste trabalho foi

substituída por uma sequência substrato para a ação da protease TEV.

17

FIGURA 8 - Mapa físico do vetor pET 28a.

3.2.3 - pGEM T easy

pGEM T easy é um vetor largamente utilizado em clonagem. O plasmídeo

possui uma timina ligada a cada uma das extremidades 3’, o que impede a

recircularização do plasmídeo e melhora a eficiência de ligação de produtos de PCR,

pois algumas polimerases termoestáveis, como a Taq, adicionam uma adenina nas

extremidades 3’ do fragmento amplificado (figura 9) (Clark et al, 1988). Esse vetor

possui 3,0 kb e apresenta o gene de resistência a ampicilina como marca de seleção,

origem de replicação do fago F1 (ori), parte do gene lacZ que codifica o fragmento

amino terminal da enzima β-galactosidase, sítio múltiplo de clonagem e os promotores

T7 e SP6 flanqueando a região de clonagem.

FIGURA 9 – Mapa físico do vetor pGEM T easy.

3.2.4 - pACT

pACT (figura 10) é um plasmídeo utilizado em metodologias de sistema de

Duplo-Híbrido em leveduras, uma vez que permite a transcrição do ativador

transcricional em leveduras, GAL 4, fusionado a sequências codificantes de proteínas de

uma biblioteca de cDNA de interesse. Neste trabalho, foi usado o pACT que continha

sequências de proteínas vindas de uma biblioteca de cDNA de HELA. É um vetor que

contém 5.566 pb, o marcador de seleção ampicilina, e contém o gene LEU, que confere

prototrofia às cepas de leveduras que são mutantes auxotróficos para leucina.

18

FIGURA 10 – Mapa físico do plasmídeo pACT.

3.2.5 – pFastBacDual

pFastBacDual é um vetor de expressão comumente usado em metodologias de

expressão de proteínas recombinates em células de insetos por Baculovírs.Este

plasmídeo é capaz de expressar duas proteínas simultaneamente usando o Bac-to-Bac

Baculovirus Expression System. A expressão em células eucarióticas é acionada pelo

promotor de poliedrina (PH) ou pelo promotor P10. Neste vetor, existe um códon ATG

de iniciação que elimina a necessidade de clonagem em frame. pFastBacDual (figura

11) possui 5.238 pb, codifica o gene para resistência a ampicilina (para a clonagem em

bactérias), o gene de resistência a gentamicina e sequência sinal de poliadenilação. Para

uso, neste trabalho, o pFastBacDual já estava com o gene repórter eGFP (enhanced

Green fluorescent protein) clonado no polilinker que está sob o controle do promotor

P10, e foi inserido a sequência de NEK3 domínio de cinase no polilinker que está sob o

controle do promotor de poliedrina.

19

FIGURA 11 – Mapa físico do vetor pFastBacDual.

3.3 - Desenho de oligonucleotídeos específicos para amplificar NEK3,

NEK5, NEK2, e para amplificar os domínios de cinases de NEK3 e NEK5

Com o objetivo de amplificar, via PCR (Polymerase chain reaction), foi feito

inicialmente uma busca, no banco de dados GenBank, das sequências gênicas para as

NEKs 2, 3 e 5 e desenhados, manualmente, primers específicos para a amplificação e

posterior clonagem de toda a região codificante das referidas NEKs. Para as NEKs 3 e

5, foram também desenhados primers internos que amplificassem os seus respectivos

domínios de cinase. Esses primers foram posteriormente analisados em programas

OligoCalc (http://www.basic.northwestern.edu/biotools/oligocalc.html) para verificar as

características destes e possíveis problemas de anelamento interno inespecífico

(hairpin), entre outros. Seguem as sequências gênicas das NEKs 2, 3 e 5 que foram

usadas para o desenho dos primers específicos.

NEK2

Sequência do mRNA, disposta no GenBank (acesso: NM_002497.2).

GGTTAAACGGGGCCCAAGGCAGGGGTGGCGGGTCAGTGCTGCTCGGGGGCTTCTCCATCCAGGTCCCTGGAGTTCCTGGTC

CCTGGAGCTCCGCACTTGGCGGCGCAACCTGCGTGAGGCAGCGCGACTCTGGCGACTGGCCGGCCATGCCTTCCCGGGCTGAGGACTA

20

TGAAGTGTTGTACACCATTGGCACAGGCTCCTACGGCCGCTGCCAGAAGATCCGGAGGAAGAGTGATGGCAAGATATTAGTTTGGAAA

GAACTTGACTATGGCTCCATGACAGAAGCTGAGAAACAGATGCTTGTTTCTGAAGTGAATTTGCTTCGTGAACTGAAACATCCAAACA

TCGTTCGTTACTATGATCGGATTATTGACCGGACCAATACAACACTGTACATTGTAATGGAATATTGTGAAGGAGGGGATCTGGCTAG

TGTAATTACAAAGGGAACCAAGGAAAGGCAATACTTAGATGAAGAGTTTGTTCTTCGAGTGATGACTCAGTTGACTCTGGCCCTGAAG

GAATGCCACAGACGAAGTGATGGTGGTCATACCGTATTGCATCGGGATCTGAAACCAGCCAATGTTTTCCTGGATGGCAAGCAAAACG

TCAAGCTTGGAGACTTTGGGCTAGCTAGAATATTAAACCATGACACGAGTTTTGCAAAAACATTTGTTGGCACACCTTATTACATGTC

TCCTGAACAAATGAATCGCATGTCCTACAATGAGAAATCAGATATCTGGTCATTGGGCTGCTTGCTGTATGAGTTATGTGCATTAATG

CCTCCATTTACAGCTTTTAGCCAGAAAGAACTCGCTGGGAAAATCAGAGAAGGCAAATTCAGGCGAATTCCATACCGTTACTCTGATG

AATTGAATGAAATTATTACGAGGATGTTAAACTTAAAGGATTACCATCGACCTTCTGTTGAAGAAATTCTTGAGAACCCTTTAATAGC

AGATTTGGTTGCAGACGAGCAAAGAAGAAATCTTGAGAGAAGAGGGCGACAATTAGGAGAGCCAGAAAAATCGCAGGATTCCAGCCCT

GTATTGAGTGAGCTGAAACTGAAGGAAATTCAGTTACAGGAGCGAGAGCGAGCTCTCAAAGCAAGAGAAGAAAGATTGGAGCAGAAAG

AACAGGAGCTTTGTGTTCGTGAGAGACTAGCAGAGGACAAACTGGCTAGAGCAGAAAATCTGTTGAAGAACTACAGCTTGCTAAAGGA

ACGGAAGTTCCTGTCTCTGGCAAGTAATCCAGAACTTCTTAATCTTCCATCCTCAGTAATTAAGAAGAAAGTTCATTTCAGTGGGGAA

AGTAAAGAGAACATCATGAGGAGTGAGAATTCTGAGAGTCAGCTCACATCTAAGTCCAAGTGCAAGGACCTGAAGAAAAGGCTTCACG

CTGCCCAGCTGCGGGCTCAAGCCCTGTCAGATATTGAGAAAAATTACCAACTGAAAAGCAGACAGATCCTGGGCATGCGCTAGCCAGG

TAGAGAGACACAGAGCTGTGTACAGGATGTAATATTACCAACCTTTAAAGACTGATATTCAAATGCTGTAGTGTTGAATACTTGGTTC

CATGAGCCATGCCTTTCTGTATAGTACACATGATATTTCGGAATTGGTTTTACTGTTCTTCAGCAACTATTGTACAAAATGTTCACAT

TTAATTTTTCTTTCTTCTTTTAAGAACATATTATAAAAAGAATACTTTCTTGGTTGGGCTTTTAATCCTGTGTGTGATTACTAGTAGG

AACATGAGATGTGACATTCTAAATCTTGGGAGAAAAAATAATGTTAGGAAAAAAATATTTATGCAGGAAGAGTAGCACTCACTGAATA

GTTTTAAATGACTGAGTGGTATGCTTACAATTGTCATGTCTAGATTTAAATTTTAAGTCTGAGATTTTAAATGTTTTTGAGCTTAGAA

AACCCAGTTAGATGCAATTTGGTCATTAATACCATGACATCTTGCTTATAAATATTCCATTGCTCTGTAGTTCAAATCTGTTAGCTTT

GTGAAAATTCATCACTGTGATGTTTGTATTCTTTTTTTTTTTCTGTTTAACAGAATATGAGCTGTCTGTCATTTACCTACTTCTTTCC

CACTAAATAAAAGAATTCTTCAGTT

Foram desenhados um par de primers para amplificar a região codificante para

NEK2, presente nesta sequência de mRNA e que apresenta um tamanho 1.335 pb.

Foward: NEK2pbtm116BamHI: 5’ GGATCCGTATGCCTTCCCGGGCTGAG 3’

Reverse: NEK2pbtm116PstI: 5’ CTGCAGCTAGCGCATGCCCAGGATCTG3’

Tais primers foram desenhados contendo os sítios para as enzimas de restrição

(sequência sublinhada) BamHI (GGATCC) e PstI (CTGCAG), para que pudessem gerar

a amplificação de um fragmento que seria, subsequentemente, clivado pelas já citadas

enzimas de restrição, e ligado ao vetor pBTM 116 K, para posteriores ensaios de Duplo-

Híbrido em leveduras.

NEK3

Sequência do mRNA, disposta no GenBank (acesso: NM_2498.2).

CACATAGCTAGTAAGTTCTAGCTAGCACTGAGTGCTGTGCCCGTGAAATTTATCTACATAGGCTTTCACTTAACCTGCAGACAGAACT

CAGTTAGTCGGGGACAATTTCCCTCAATGTTAACAGCACTGTTCCACCGCAACGTGGAACAACAGCTTTAAAACGTGCTCTTCGTAGG

21

CCCGGCTACTCCAAGAACAGTGCCTCCCGCCAGACCCAGGCGGCTTCCTTCACCCGCAACCCGAGAGACGACCCGCCGGGCCCGCCCC

GCGGAAGCCGCCGGTTGCCAGGCCAAGGAGTGGACTAGGGTCGCCGGGGAAGCGGTTTGGGAGAGCCCATGGTGACTGCGTGAGTGGA

GCCCAGCTGTGTGGATGCCCCAGCATGGATGACTACATGGTCCTGAGAATGATTGGGGAGGGCTCCTTCGGCAGAGCTCTTTTGGTTC

AGCATGAAAGCAGTAATCAGATGTTTGCCATGAAAGAAATAAGGCTTCCCAAGTCTTTCTCTAATACACAGAATTCTAGGAAGGAGGC

TGTTCTTTTAGCCAAAATGAAACACCCTAATATTGTTGCCTTCAAAGAATCATTTGAAGCTGAAGGACACTTGTATATTGTGATGGAA

TACTGTGATGGAGGGGATCTAATGCAAAAGATTAAACAGCAGAAAGGAAAGTTATTTCCTGAAGACATGATACTTAATTGGTTTACCC

AAATGTGCCTTGGAGTAAATCACATTCACAAGAAACGTGTGCTACACAGAGATATCAAGTCCAAGAATATCTTCCTCACTCAGAATGG

AAAAGTGAAATTGGGAGACTTTGGATCTGCCCGTCTTCTCTCCAATCCGATGGCATTTGCTTGTACCTATGTGGGAACTCCTTATTAT

GTGCCTCCAGAAATTTGGGAAAACCTGCCTTATAACAATAAAAGTGACATCTGGTCCTTGGGTTGCATCCTGTATGAACTCTGTACCC

TTAAGCATCCATTTCAGGCAAATAGTTGGAAAAATCTTATCCTCAAAGTATGTCAAGGGTGCATCAGTCCACTGCCGTCTCATTACTC

CTATGAACTTCAGTTCCTAGTCAAGCAGATGTTTAAAAGGAATCCCTCACATCGCCCCTCGGCTACAACGCTTCTCTCTCGAGGCATC

GTAGCTCGGCTTGTCCAGAAGTGCTTACCCCCCGAGATCATCATGGAATATGGTGAGGAAGTATTAGAAGAAATAAAAAATTCGAAGC

ATAACACACCAAGAAAAAAAACAAACCCCAGCAGAATCAGGATAGCTTTGGGAAATGAAGCAAGCACAGTGCAAGAGGAAGAACAAGA

TAGAAAGGGTAGCCATACTGATTTGGAAAGCATTAATGAAAATTTAGTTGAAAGTGCATTGAGAAGAGTAAACAGAGAAGAAAAAGGT

AATAAGTCAGTCCATCTGAGGAAAGCCAGTTCACCAAATCTTCATAGACGACAGTGGGAGAAAAATGTACCCAATACAGCTCTTACAG

CTTTGGAAAATGCATCCATACTCACCTCCAGTTTAACAGCAGAGGACGATAGAGGTGGTTCTGTAATAAAGTACAGCAAAAATACTAC

TCGTAAGCAGTGGCTCAAAGAGACCCCTGACACTTTGTTGAACATCCTTAAGAATGCTGATCTCAGCTTGGCTTTTCAAACATACACA

ATATATAGACCAGGTTCAGAAGGGTTCTTGAAAGGCCCCCTGTCTGAAGAAACAGAAGCATCGGACAGTGTTGATGGAGGTCACGATT

CTGTCATTTTGGATCCAGAGCGACTTGAGCCTGGGCTAGATGAGGAGGACACGGACTTTGAGGAGGAAGATGACAACCCCGACTGGGT

GTCAGAGCTGAAGAAGCGAGCTGGATGGCAAGGCCTGTGCGACAGATAATGCCTGAGGAAATGTTCCTGAGTCACGCTGAGGAGAGGC

TTCACTCAGGAGTTCATGCTGAGATGATCATGAGTTCATGCGACGTATATTTTCCTTTGGAAACAGAATGAAGCAGAGGAAACTCTTA

ATACTTAAAATCGTTCTTGATTAGTATCGTGAGTTTGAAAAGTCTAGAACTCCTGTAAGTTTTTGAACTCAAGGGAGAAGGTATAGTG

GAATGAGTGTGAGCATCGGGCTTTGCAGTCCCATAGAACAGAAATGGGATGCTAGCGTGCCACTACCTACTTGTGTGATTGTGGGAAA

TTACTTAACCTCTTCAAGCCCCAATTTCCTCAACCATAAAATGAAGATAATAATGCCTACCTCAGAGGGATGCTGACCACAGACCTTT

ATAGCAGCCCGTATGATATTATTCACATTATGATATGTGTTTATTATTATGTGACTCTTTTTACATTTCCTAAAGGTTTGAGAATTAA

ATATATTTAATTATGATTTA

Foi desenhado um par de primers para amplificar a região codificante para

NEK3, presente na sequência de mRNA apresentada acima, e que contém 1.521 pb.

Foward: 5’ ATGGATGACTACATGGTCCTGAGAATGATTG 3’

Reverse: 5’ TTATCTGTCGCACAGGCCTTGCCATCCAGCTC 3’

Como também era de interesse clonar a região codificante para o domínio de

cinase de NEK3 no vetor de expressão pET 28a, foram desenhados pares de primers

para tal região, que também continham uma sequência de reconhecimento das enzimas

de restrição SalI (GTCGAC) e BamHI (GGATCC). Tais sequências de reconhecimento

se encontram sublinhadas nas sequências dos primers.

Foward: 5’ GGATCCATGGATGACTACATGGTCCTGAGAATGA 3’

Reverse 5’ GTCGACTTATACGATGCCTCGAGAGAGAAGCGTTGT 3’

22

NEK5

Sequência do mRNA, disposta no GenBank (acesso: NM_199289).

CCCGGATCCTTCCGGGACGCTTCGTTGGCCCCGCGGAGCCGGCGGAGCAGTTATCTGTGGCCACAAGGAAAGTTATTTGTCTCTGTCT

TGGCAAGGCTGGGAGGAAAGTTTTAGCTAAGAACCTCAGCCCATTGGAGACCATGGATAAGTACGATGTGATTAAGGCCATCGGGCAA

GGTGCCTTCGGGAAAGCATACTTAGCTAAAGGGAAATCAGATAGCAAGCACTGTGTCATAAAAGAGATCAATTTTGAAAAGATGCCCA

TACAAGAAAAAGAAGCTTCAAAGAAAGAAGTGATTCTTCTGGAAAAGATGAAACATCCCAACATTGTAGCCTTCTTCAATTCATTTCA

AGAGAATGGCAGGCTGTTTATTGTAATGGAATATTGTGATGGAGGGGATCTCATGAAAAGGATCAATAGACAACGGGGTGTGTTATTT

AGTGAAGATCAGATCCTCGGTTGGTTTGTACAGATTTCTCTAGGACTAAAACATATTCATGACAGGAAGATATTACACAGGGACATAA

AAGCTCAGAACATTTTTCTTAGCAAGAACGGAATGGTGGCAAAGCTTGGGGACTTTGGTATAGCAAGAGTCCTGAATAATTCCATGGA

ACTTGCTCGAACTTGTATTGGAACACCTTACTACCTGTCCCCAGAGATCTGTCAGAATAAACCCTACAACAATAAAACGGATATTTGG

TCTCTTGGCTGTGTCTTATATGAGCTCTGCACACTTAAACATCCTTTTGAGGGTAACAACTTACAGCAGCTGGTTCTGAAGATTTGTC

AAGCACATTTTGCCCCAATATCTCCGGGGTTTTCTCGTGAGCTCCATTCCTTGATATCTCAGCTCTTTCAAGTATCTCCTCGAGACCG

ACCATCCATAAATTCCATTTTGAAAAGGCCCTTTTTAGAGAATCTTATTCCCAAATATTTGACTCCTGAGGTCATTCAGGAAGAATTC

AGTCACATGCTTATATGCAGAGCAGGAGCGCCAGCTTCTCGACATGCTGGGAAGGTGGTCCAGAAGTGTAAAATACAAAAAGTGAGAT

TCCAGGGAAAGTGCCCACCAAGATCAAGGATATCTGTGCCAATTAAAAGGAATGCTATATTGCATAGAAATGAATGGAGACCACCAGC

TGGAGCCCAGAAGGCCAGATCTATAAAAATGATAGAAAGACCCAAAATTGCTGCTGTCTGTGGACATTATGATTATTATTATGCTCAA

CTTGATATGCTGAGGAGGAGAGCCCACAAACCAAGTTATCACCCTATTCCTCAAGAAAATACTGGAGTTGAGGATTACGGTCAGGAAA

CGAGGCATGGTCCATCCCCAAGTCAATGGCCTGCTGAGTACCTTCAGAGAAAATTTGAAGCTCAACAATATAAGTTGAAAGTGGAGAA

GCAATTGGGTCTTCGTCCATCTTCTGCCGAGCCAAATTACAACCAGAGACAAGAGCTAAGAAGTAATGGAGAAGAGCCTAGATTCCAG

GAGCTGCCATTTAGGAAAAACGAAATGAAGGAACAGGAATATTGGAAGCAGTTAGAGGAAATACGCCAACAGTACCACAATGACATGA

AAGAAATTAGAAAGAAGATGGGGAGAGAACCAGAGGAGAACTCAAAAATAAGTCATAAAACCTATTTGGTGAAGAAGAGTAACCTGCC

TGTCCATCAAGATGCATCTGAGGGAGAAGCACCTGTGCAGATGGAATTTCGCTCTTGTTGCCCAGGCTGGAGTGCAATGGCACGATCT

TGGCTCACCGCAACCTCCGCCTCCCAGGACATTGAAAAAGACTTGAAACAAATGAGGCTTCAGAACACAAAGGAAAGTAAAAATCCAG

AACAGAAATATAAAGCTAAGAAGGGGGTAAAATTTGAAATTAATTTAGACAAATGTATTTCTGATGAAAACATCCTCCAAGAGGAAGA

GGCAATGGATATACCAAATGAAACTTTGACCTTTGAGGATGGCATGAAGTTTAAGGAATATGAATGTGTAAAGGAGCATGGAGATTAT

ACAGACAAAGCATTTGAAAAACTTCACTGCCCAGAAGCAGGGTTTTCCACGCAGACTGTAGCTGCTGTGGGAAACAGGAGGCAGTGGG

ATGGAGGAGCGCCTCAGACTCTGCTGCAGATGATGGCAGTGGCCGACATCACCTCCACCTGCCCCACGGGGCCTGACAGTGAGTCTGT

GCTTAGCGTCAGTCGTCAGGAAGGGAAGACCAAGGACCCGTACAGCCCAGTGCTCATCCTGATGTGATAGTCTACTTCTCACTATACA

CCCTATAGATCTTGTATCAGACACTTTCAAATATGTTGTTTTGATATCTCCCTATGCCTAAAGAGACTTGCCTGCTAATTATCCTGGA

CAAATGACCACTCTAGACATGCACATATAAAGGAGGAAAAATCCAGGATGCCACCTTCCTCAGAGTGAGGGAAAATGCGTGAGGAAGG

ACAGCTGACTTGATTTACCTTCCAAGGCCAGCTCAACAACTTTTTTTTCGATTTCATAGGGTCATTTTTTTTTTTTTAATTTTTATTT

TTTATTGATCATTCTTGGGTGTTTCTCGCAGAGGGGGATTTGGCAGGGTCATAGGACAATAGTGGAGGGAAGGTCAGCAGATAAACAA

GTGAACAAAGGTCTCTGGTTTTTCTAGGCAGAGGACCCAGTGGCCTTCCGCAGTGTTTGTGTCCCTGGGTACTTGAGATTAGGGAGTG

GTGATGATTCTTAACGAGCATGCTGCCTTCAAGCATCTGTTTAACAAAGCACATCTTGCACTGCCCTTAATCCATTCATCTCTGAGTG

GACACAGCACATGTTTCAGAGAGCACAGGGTTGGGGGTAAGGTCACCGATTAGCAGGATCCCAAGGCAGAAGAATTTTTCTTAGTACG

GAACAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Foram desenhados um par de primers para amplificar a região codificante para

NEK5, presente nesta sequência de mRNA e que apresenta um tamanho de 2.124 pb.

Foward: 5’ ATGGATAAGTACGATGTGATTAAGGCCATC 3’

23

Reverse: 5’ TCACATCAGGATGAGCACTGGGCTGTACGG 3’

Como também era de interesse clonar a região codificante para o domínio de

cinase de NEK5 no vetor de expressão pET 28a, foram desenhados pares de primers

para tal região, que também continham uma sequência de reconhecimento das enzimas

de restrição Eco RI e SalI. Tais sequências de reconhecimento se encontram sublinhadas

nas sequências dos primers a seguir:

Foward: 5’ GAATTCATGGATAAGTACGATGTGATTAAGGCC 3’

Reverse: 5’ GTCGACTCATAAAAAGGGCCTTTTCAAAATGG 3’

3.4 - Amplificação dos genes das NEKs 2, 3 e 5 e da região gênica

correspondente ao domínio de cinase das NEKs 3 e 5 via reação de PCR (Reação

em Cadeia de Polimerase)

3.4.1 - NEK2

Para cada reação de PCR foi utilizado uma mistura contendo aproximadamente

100,0 ng de cDNA vindo de uma biblioteca de cDNA de HELA, 2,5 µL de tampão PCR

10X (Roche, 100 mM de Tris, 500 mM de MgCl2 e 1% de Triton X - 100), 1,0 µL de

cada primer (5 µM), 0,5 µL de solução 2,5 mM de dNTP (Invitrogen) e 0,5 µL da

enzima Taq polimerase (Roche, 1 U/µL), sendo o volume completado para 25,0 µL com

água deionizada autoclavada. Essa reação de PCR foi desenvolvida em termociclador

onde, inicialmente, foi incubada a 94ºC por 5 min, seguida pela realização de 35 ciclos

de amplificação. Cada ciclo consistia nas etapas de separação das fitas a 94°C por 30

segundos, anelamento dos primers (descritos no item 4.2), em que foi testado, em

reações de PCR gradiente, as temperaturas compreendidas entre 50°C-60°C por 30

segundos, e alongamento da fita a 72°C por 1,5 min. Ao final, foi realizado um ciclo a

72°C por 7 min. Os produtos do PCR foram visualizados em gel de agarose 1,0% com

brometo de etídeo (10 µg/mL).

3.4.2 - NEK3

Com o objetivo de amplificar a região codificante para a proteína NEK3 e a

região codificante para apenas seu domínio de cinase, foram realizadas reações de PCR

24

semelhantes às descritas para NEK2 no item anterior, variando-se os pares de primers

(descritos no item 4.2) e o tempo de alongamento da fita. O tempo de alongamento para

amplificar toda a região codificante de NEK3 foi de 2 minutos, e para o domínio de

cinase foi de 1 minuto.

3.4.3 - NEK5

De maneira semelhante às NEKs 2 e 3, foram feitas reações de PCR para tentar

amplificar as regiões codificantes, correspondentes a toda a proteína NEK5 e a

correspondente ao seu domínio de cinase, utilizando-se os primers específicos para tais

regiões já descritos no item 4.2. e um tempo de extensão da polimerização a 72°C de 2,5

min para toda a proteína e 1 min para o domínio de cinase.

3.4.4 - Extração e purificação do DNA em gel de agarose

As bandas correspondentes aos tamanhos esperados para os produtos

amplificados de NEK2, NEK3 e NEK5, proteínas inteiras e domínio de cinase, foram

extraídas do gel de agarose e tiveram seu DNA extraído e purificado do gel pelo

QIAquick Gel Extraction Kit, conforme procedimento indicado pelo fabricante. Ao

final, o DNA purificado foi eluído em 30 µL de água desmineralizada e autoclavada.

3.5 – Reações de clivagem

3.5.1 - Clivagem de NEK2 e da região codificante para o domínio de cinase

de NEK3

As reações foram preparadas utilizando-se 300,0 ng de DNA purificado de

NEK2 e de NEK3 (domínio de cinase). Como descrito no item 4.5.1, NEK2 foi clivada

com Bam HI e PstI para ser inserida no vetor pBTM 116 K usando-se 0,5 µL da enzima

Bam HI (Promega, 10 U/µL), 1,0 µL da enzima PstI (Promega, 10U/µL), 2,0 µL de

tampão H 10X, sendo o volume completado para 20,0 µL com água deionizada

autoclavada. A região amplificada via PCR, codificante para o domínio de cinase de

NEK3, foi clivada com as enzimas de restrição Bam HI e SalI para ser inserida no vetor

pET 28a usando-se 1,0 µL de enzima Bam HI (Promega, 10 U/µL), 1,0 µL da enzima

SalI (Promega, 10 U/µL), 2,0 µL de tampão D 10X, sendo o volume completado para

25

20,0 µL com água deionizada autoclavada. As reações foram incubadas por toda a noite

a 37ºC.

3.5.2- Clivagem dos vetores pBTM 116 K e pET 28a e pFastBacDual

As reações foram preparadas utilizando-se 1,0 µg de DNA plasmidial. pBTM

116 K foi clivado com as enzimas de restrição BamHI (Promega, 10 U/µL) e PstI

(Promega, 10 U/µL) utilizando-se 1,0 µL de cada enzima, 2,0 µL de tampão H 10X,

sendo o volume completado para 20,0 µL com água deionizada autoclavada. pET 28a e

pFast Bac Dual foram clivados com as enzimas Bam HI (Promega, 10 U/µL) e SalI

(Promega, 10 U/µL), sendo utilizado 1,0 µL de cada enzima, 2,0 µL de tampão D 10X,

sendo o volume completado para 20,0 µL com água deionizada autoclavada. As reações

foram incubadas por toda a noite a 37ºC.

3.6 – Reações de ligação

3.6.1- Ligação dos fragmentos amplificados de NEK 2, 3 e 5 em pGEM T

easy vector

Os fragmentos gênicos amplificados, correspondentes às regiões codificantes de

NEK 2, 3 e 5, foram eluídos do gel de agarose, como descrito no item 4.4, quantificados

em nanodrop e ligados ao vetor pGEM T easy (Promega) de acordo com as

recomendações do fabricante. A reação foi incubada a 16°C por 14 horas.

3.6.2- Ligação dos fragmentos amplificados referente ao domínio de cinase

de NEK3 ao vetor pET 28a e ao vetor pFastBacDual e de NEK2 ao vetor pBTM

116 K

Os fragmentos amplificados, digeridos e purificados, de NEK2 foi ligado ao

vetor pBTM 116 K e da região codificante para o domínio catalítico de NEK3, foi

ligado aos vetores e pET 28a e a pFastBacDual, utilizando-se, 100 ng de DNA

plasmidial e 300 ng do gene de interesse a ser inserido, 1,0 µL de tampão de reação 10X

(Fermentas - Tris-HCl pH 7,6, MgCl2 10 mM, ATP 1 mM, DTT 1 mM e 25 de

polietileno glicol-8000) e 1,0 µL de T4 DNA ligase (Fermentas - 1,0 U/mL). As reações

foram incubadas a temperatura de 16°C por 14 horas. Como a ligação de NEK3

26

domínio de cinase ao vetor pEt 28a não funcionou na proporção de 1:3 (um de vetor

para três de inserto) ,foram tentadas várias outras proporções, como as de 1:2 e 1:5.

3.7 – Transformação bacteriana

3.7.1 - Choque térmico

A partir de cada reação de ligação, descritas no item 4.6, foi realizada a

transformação de células competentes de E. coli DH 5α e de BL 21. Após a

centrifugação da reação de ligação por um minuto a 14.000 × g em microcentrífuga

Eppendorff, foram adicionados 5 µL da solução em 100 µL de solução de células

competentes DH 5α. A mistura foi incubada em gelo por 20 minutos. Em seguida, foi

realizado um choque térmico nas células, a 42ºC por 90 segundos, retornando-as para o

gelo por mais 2 minutos, para que elas incorporassem o plasmídeo. Foram adicionados

800 µL de meio SOC às células, e feita a incubação por uma hora a 37ºC, sob agitação a

200 rpm. O material foi centrifugado e ressuspendido em 100 µL do mesmo meio. Ao

final, 100 µL da cultura de transformação foram plaqueados em placas contendo 20,0

g/L de LB (Luria-Bertaini) e 50 µg/mL de ampicilina. As placas foram incubadas a

37ºC, por um período de 12 horas. Para as transformações em que a reação de ligação

foi feita usando-se como vetor o pGEM T easy, foi adicionado às placas, X-gal 20

µg/mL. Este protocolo representa uma adaptação feita a partir de Sambrook et al

(1989).

3.7.2- Eletroporação

Uma vez que nem todas as transformações, via choque-térmico, funcionaram de

maneira eficiente, algumas reações de ligação foram adicionadas a alíquotas de células

eletrocompetentes das cepas JM109 e BL 21 de E. coli. Foram adicionados 5 µL da

reação de ligação a 100 µL de solução de células eletrocompetentes e a mistura foi

incubada no gelo por 15 minutos. Em seguida, a mistura reacional foi disposta em

cubeta para eletroporação, de 0,2 cm (Biorad) previamente resfriadas no gelo, e

submetidas á um pulso de 2,5 kV, 25 µF e 200 Ω em eletroporador (Biorad). Após o

pulso, foram adicionados 800 µL de meio SOC às células, e feita a incubação por uma

hora a 37ºC, sob agitação a 200 rpm. O material foi centrifugado e ressuspendido em

27

100 µL do mesmo meio. Ao final, 100 µL da cultura de transformação foram

plaqueados em placas contendo 20,0 g/L de LB (Luria-Bertaini) e 50 µg/mL de

ampicilina. As placas foram incubadas a 37ºC por um período de 12 horas. Para as

transformações em que a reação de ligação foi feita usando-se como vetor o pGEM T

easy, foi adicionado às placas X-gal 20 µg/mL (Sambrook et al, 1989).

3.8 - Seleção das colônias de E. coli transformantes e recombinantes

Após incubação das placas contendo as células transformadas, foi feita a seleção

de 25 colônias brancas por placa, das quais foi feita uma réplica de cada. A seleção das

colônias recombinantes e transformantes foi feita por meio de PCR de colônias usando

como molde, na PCR descrita no item 4.3, a colônia de interesse ao invés de DNA.

Cada colônia recombinante selecionada contendo o fragmento de interesse foi

crescida em um tubo com meio líquido, contendo 5,0 mL de LB (20 g/L) e 5,0 µL de

ampicilina (50 mg/mL) ou canamicina (10 mg/mL). Os tubos foram incubados a 37ºC

por 12 horas, sob agitação de 200 rpm.

A extração do DNA plasmidial contendo um dos fragmentos foi feita utilizando

o Spin Miniprep Kit (QIAGEN), conforme procedimento indicado pelo fabricante. Ao

final, o DNA foi eluído em 50 µL de água desmineralizada estéril.

3.9 - Sequenciamento de DNA e análise das sequências de nucleotídeos

Assim que foram obtidos todos os plasmídeos, estes foram submetidos a reações

de sequenciamento para a verificação da integridade das ORFs (Open Reading Frame),

permitindo prosseguir aos passos de subclonagem do domínio de cinase de NEK3 em

vetores de expressão pET 28a, para posterior transformação de E. coli BL 21, e de

NEK2 no vetor pBTM 116 K, para a realização da metodologia de Duplo-Híbrido em

leveduras.

3.10 – Transformação da levedura Saccharyomyces cerevisae L40

Com o objetivo de realizar o sistema de Duplo-Híbrido em leveduras para

encontrar possíveis parceiros de interação proteína-proteína de NEK2 e de transcritos de

uma biblioteca de cDNA de HELA, inicialmente foi feita a transformação de L40 com a

construção pBTM 116 K/NEK2.

28

Uma colônia grande e isolada de L40 foi inoculada em 50 µL de água

desmineralizada estéril, foi feito vórtex do inóculo por 20 segundos, e estes 50 µL foi

inoculado em 50 mL de meio YPD (1% de extrato de levedura, 2% de peptona e 2% de

glicose). O inóculo foi então submetido à rotação de 200 rpm, 30°C por 24 horas. Após

este período, foi feita uma alíquota de 1 mL deste inóculo para ser usada em cada

transformação, que foi centrifugada a 5.000 rpm por 3 minutos a temperatura ambiente.

O sobrenadante foi descartado e as células ressuspendidas em 200 µL de tampão de

transformação (1.340 µL de PEG 50%, 200 µL de acetato de lítio 2M, 200 µL de TE

10X e 200 µL de DTT 1M). As células foram submetidas ao vórtex e adicionado 5 µL

de DNA de esperma de salmão (DNA carreador) 10 mg/mL, previamente desnaturado a

95°C por 10 min. Foi acrescentado 1,0 µL da construção pBTM 116 K/NEK2 (1 µg/µL)

e como controles positivos da transformação, foi utilizado 1,0 µL do vetor pBTM 116 K

(1,3 1µg/µL) e 2,5 µL do vetor pACT (800 ng/µL), como controles positivos de auto-

ativação, foram usadas, numa mesma transformação, 2,0 µL das construções pBTM 116

K/FEZ (1-392) (1,0 µg/µL) e 2,5 do vetor pACT (800 ng/µL), e também foi feito um

controle negativo de transformação utilizando-se água ao invés de DNA e um controle

negativo de interação co-transformando as células com 1,0 µL do vetor pBTM 116 K

(1,3 1µg/µL) e 2,5 do vetor pACT (800 ng/ µL). Após a adição do DNA às células,

estas foram levadas ao banho-maria a 45°C por 40 min e submetidas a uma agitação

eventual. Após este período, as células foram centrifugadas a 3.000 rpm por 5 min a

temperatura ambiente, foram descartados 100 µL do sobrenadante e plaqueados em

meio seletivo SD-W (0,14% de YNB sem aminoácidos e sem sulfato de amônio, 0,5%

de (NH4)2SO4, 2% de glicose, 0,002% de adenina, 0,01% de leucina, 0,002% de

histidina e 1,8% de ágar bacteriológico) as que continham apenas o plasmídeo pBTM

116 K e em meio SD-WL (0,14% de YNB sem aminoácidos e com sulfato de amônio,

0,5% de (NH4)2SO4, 2% de glicose, 0,002% de adenina, 0,002% de histidina e 1,8% de

ágar bacteriológico) as que continham os plasmídeos pBTM 116 K e pACT. As placas

foram mantidas em estufa a 30°C por 3 a 4 dias.

Uma vez que o protocolo acima descrito não de mostrou eficiente para a

incorporação do plasmídeo pBTM116 K-NEK2, foi feita uma tentativa de produzir

células L40 eletrocompetentes e realizar a eletroporação das mesmas como descrito para

transformação de células de Pichia pastoris (Pichia Expression Kit- Invitrogen) .

29

Inicialmente uma colônia isolada de L40 foi inoculada em 200 mL de meio YPD em

erlenmeyer de 2L de capacidade e incubada a 30ºC por 24 h sob agitação de 200 rpm.

Após este período, foram feitas medidas espectrofotométricas, de D.O. 600, a fim de

verificar se as células estavam na fase estacionária (D.O.600 entre 1,3 e 1,5) para que se

pudesse iniciar o preparo das células eletrocompetentes. Posteriormente, as células

foram coletadas por centrifugação a 1.500 g por 5 min a 4ºC e ressuspensas em 250 mL

de água destilada estéril gelada. Seguidamente foram submetidas à centrifugação nas

mesmas condições anteriores e ressuspensas em 125 mL de água destilada estéril

gelada. As células foram centrifugadas e ressuspensas em 10 mL de sorbitol 1 M

gelado, posteriormente foram centrifugadas e ressuspensas em 1 mL de sorbitol 1 M

gelado para um volume final de aproximadamente 1,5 mL. As células competentes

foram utilizadas imediatamente na transformação, pois apesar das células poderem ser

congeladas, sua eficiência diminui significativamente. Para cada transformação, 80 µL

de células eletrocompetentes foram homogeneizadas com 1,0 µL da construção pBTM

116 K/NEK2 (1 µg/µL) e como controles positivos da transformação, foi utilizado 1,0

µL do vetor pBTM 116 K (1,3 1µg/µL) e 2,5 µL do vetor pACT (800 ng/µL), como

controles positivos de auto-ativação, foram usadas, numa mesma transformação, 2,0 µL

das construções pBTM 116 K/FEZ (1-392) (1,0 µg/µL) e 2,5 do vetor pACT (800

ng/µL), e também foi feito um controle negativo de transformação utilizando-se água ao

invés de DNA e um controle negativo de interação co-transformando as células com 1,0

µL do vetor pBTM 116 K (1,3 1µg/µL) e 2,5 do vetor pACT (800 ng/ µL). A mistura

foi transferida para uma cubeta de 0,2 cm (Biorad) e incubada em gelo por 5 min. As

células foram submetidas a eletroporação de acordo com os seguintes parâmetros: 1,5

kV, 25 µF e 400 Ω. Imediatamente foi adicionado 1 mL de sorbitol 1M gelado, e o

conteúdo da cubeta foi transferido para um tubo de microcentrífuga. Um volume de

200-600 µL foi semeado em placas de Petri contendo meio seletivo as placas foram

levadas a estufa a 30°C por 3-4 dias.

3.11 – Ensaio de mini-indução da expressão de pET 28a/NEK3 domínio de

cinase

Com o objetivo de verificar se havia expressão do domínio de cinase de NEK3

nos clones de E. coli BL 21 que continham a construção pET 28a/NEK3 domínio de

30

cinase, foi feito um teste de mini-indução de expressão. Inicialmente, foi inoculada uma

colônia de E. coli BL 21 em 5 mL de meio LB (Lauria-Bertani, 20g/L) e este inóculo foi

submetido à agitação de 200 rpm a 37°C até que atingisse a D.O. (densidade óptica)

A600nm entre 0,6 e 0,8. Atingida a D.O., o pré-inóculo foi dividido em dois para que uma

amostra pudesse ter a expressão da proteína recombinante induzida e a outra não, e

então foram adicionados ao pré-inóculo que seria induzido, 2,5 µL de IPTG 1M e

ambos os inóculos, com e sem IPTG, foram submetidos à agitação de 200 rpm por 37°C

por toda a noite. A separação das proteínas extraídas foi realizada por meio de SDS-

PAGE no tampão de corrida (Tris-HCl 25 mM; glicina 200 mM; EDTA 1 mM e SDS

3,5 mM), com voltagem constante de 50 V. A concentração de acrilamida e bis-

acrilamida utilizadas foram de 12,5% (p/v) (Laemmli et al, 1970). Após a eletroforese,

o gel foi revelado pela incubação em solução corante [metanol 45% (v/v), etanol 95%

(v/v) e Comassie Brilhant Blue R250 0,001% (p/v)], por 12 horas e, em seguida, com

uma solução descorante [metanol 25% (v/v) e ácido acético glacial 7,5% (v/v)].

31

4 – Resultados e discussão

4.1 - Amplificação dos genes das NEKs 2, 3 e 5 e da região gênica

correspondente ao domínio de cinase de NEK3 via reação de PCR (Reação em

Cadeia de Polimerase)

4.1.1- NEK2

Com o objetivo de amplificar, via PCR, a região gênica codificante para a

proteína NEK2, foram testadas reações de PCR em que foram usadas, como DNA

templates, bibliotecas de cDNA de leucócitos humanos, medula óssea, cérebro humano

fetal (figura 12) e HELA. Todas as PCRs foram feitas em diferentes temperaturas de

anelamento dos primers que variaram de 50°C a 65°C. Somente a partir de biblioteca de

cDNA de HELA, foi obtido um amplicon com o tamanho esperado para região gênica

codificante para a proteína NEK2, com tamanho de 1.335 pb (figura 13).

FIGURA 12 – Amplificações, via PCR de NEK2, variando-se a temperatura de

anelamento dos primers de 50°C a 65°C. MM- MarcadorMolecular, 1-5 PCR usando

como DNA template a biblioteca de cDNA de medula óssea, 6-12 PCR usando como

DNA template a biblioteca de cDNA de cérebro humano fetal, 13-19 PCR usando como

DNA template a biblioteca de cDNA de leucócitos humanos.

32

FIGURA 13 – Amplificações, via PCR de NEK2, variando-se a temperatura de

anelamento dos primers de 50°C a 65°C. M- MarcadorMolecular, 1-6 PCR usando

como DNA template a biblioteca de cDNA de HELA.

Visando clonar em pGEM T easy (Promega) os fragmentos gênicos de NEK2,

para avaliar a integridade de tal sequência amplificada, via sequenciamento, foram

feitas reações de PCR, em grande quantidade, nas condições de melhor amplificação (a

partir de biblioteca de cDNA de HELA e usando a temperatura de anelamento dos

primers de 55°C), e que foram aplicadas (figura 14) e extraídas de gel de agarose, como

descrito no item 3.4.4.

33

FIGURA 14 – 1- Amplificação, via PCR de NEK2, em grande quantidade, a

partir de biblioteca de cDNA de HELA e com temperatura de anelamento dos primers

de 55°C, MM- MarcadorMolecular.

4.1.2 - NEK3

Com o objetivo de amplificar, via PCR, a região gênica codificante para toda a

proteína NEK3, foram testadas reações de PCR em que foram usadas, como DNA

templates, bibliotecas de cDNA de leucócitos humanos (figura 15) e de cérebro humano

fetal (figura 16). Todas as PCRs foram feitas em diferentes temperaturas de anelamento

dos primers que variaram de 50°C a 65°C. Em todas as reações de PCR foi observado a

amplificação de um fragmento com o tamanho esperado de 1.521 pb.

FIGURA 15 – MM- Marcador Molecular, 1-4 Amplificações, via PCR, da

região gênica codificante para toda a proteína NEK3 a partir de bibliotecas de cDNA de

cérebro humano fetal, variando-se a temperatura de anelamento dos primers de 50°C a

65°C. Sendo obtido, em todas as temperaturas,o amplicon no tamanho esperado de

1.521pb.

34

FIGURA 16 – 1-4 - Amplificações, via PCR, da região gênica codificante para

toda a proteína NEK3 a partir de bibliotecas de cDNA de leucócitos humanos, variando-

se a temperatura de anelamento dos primers de 50°C a 65°C. Sendo obtido, em todas as

temperaturas, o amplicon no tamanho esperado de 1.521pb, MM- Marcador Molecular.

A região gênica codificante para NEK3, amplificada via PCR, a partir de

biblioteca de cDNA de leucócitos humanos, foi extraída de gel de agarose, purificada e

ligada ao vetor de clonagem pGEM T easy. Como descrito no item 3.6.1, foram feitas as

transformações de E.coli DH 5α e a integridade das sequências de alguns clones foram

confirmadas por sequenciamento (item 4.2).

Como também era desejado amplificar apenas a região codificante para o

domínio de cinase de NEK3, foram feitas reações de PCR a partir da sequência

codificante para toda a proteína NEK3, clonada em pGEM T easy. E utilizando a

temperatura de anelamento dos primers de 55°C, foi obtido um amplicon com o

tamanho esperado de 770 pb.

35

FIGURA 17 – 1-6 Amplificações, via PCR, da região gênica codificante para o

domínio de cinase de NEK3 a partir da construção pGEM T easy/NEK3, e usando uma

temperatura de anelamento dos primers de 55° C.

Essa mesma reação de amplificação do domínio de cinase de NEK3 foi feita em

grande quantidade, com o objetivo de se extrair do gel de agarose (figura 18) e de se

purificar o fragmento gênico (item 3.4.4) para que o mesmo pudesse ser posteriormente

clivado, purificado e ligado aos vetores de expressão pET28a e pFastBacDual- eGFP

(item 4.2).

36

FIGURA 18 – Amplificação, via PCR, em grande quantidade, da região gênica

codificante para o domínio de cinase de NEK3, a partir da construção pGEM T

easy/NEK3, e usando uma temperatura de anelamento dos primers de 55°C.

4.1.3- NEK5

Com o objetivo de amplificar, via PCR, a região gênica codificante para toda a

proteína NEK5, foram testadas reações de PCR em que foram usadas, como DNA

templates, bibliotecas de cDNA de leucócitos humanos, cérebro humano fetal, medula

óssea, HELA e mama. As reações de PCR foram feitas em diferentes temperaturas de

anelamento dos primers, que variaram de 50°C a 65°C.

FIGURA 19 – Amplificação, via PCR da região gênica codificante para toda a

proteína NEK5 a partir de biblioteca de cDNA de 1- leucócitos humanos, 2- cérebro

fetal humano, 3- medula óssea, MM- Marcador Molecular. Todas as reações foram

feitas com temperatura de anelamento dos primers de 55°C.

As bandas que apresentavam tamanhos próximos ao esperado para a região

gênica que codifica toda a proteína NEK5, 2.124 pb, foram extraídas do gel de agarose,

purificadas (item 3.4.4) e clonadas em pGEM T easy. Como nos clones sequenciados

que continham os segmentos gênicos com tamanho próximo a 2.124 pb não foi

confirmada a presença de NEK5, foram feitas outras tentativas de clonar tal gene.

Inicialmente, foram feitas reações de PCR utilizando a biblioteca de cDNA de

leucócitos humanos, variando-se a temperatura de anelamento dos primers de 50°C a

65°C (figura 20).

37

FIGURA 20 – 1-5 Amplificação, via PCR de NEK5, a partir de biblioteca de

cDNA de leucócitos humanos, variando-se a temperatura de anelamento dos primers de

50°C a 65°C, MM- Marcador Molecular.

Os fragmentos amplificados com tamanho próximo a 2.124 pb foram novamente

extraídos do gel de agarose, purificados (item 3.4.4) e clonados em pGEM T easy. Estes

clones foram submetidos à reações de sequenciamento. Todavia, mais uma vez, o

fragmento clonado em pGEM T easy não correspondia à NEK5.

Foram testadas, também, reações de PCR para amplificar NEK5 utilizando-se

outras bibliotecas de cDNA como HELA e mama, variando-se, nestas PCRs, a

temperatura de anelamento dos primers de 50°C a 65°C (figuras 21 e 22). Entretanto,

nesses tecidos testados, NEK5 parece não ser expressa, uma vez que não foi

amplificado nenhum fragmento gênico com tamanho aproximado a 2.124 pb.

38

FIGURA 21 – 1-6 Amplificações, via PCR, de NEK5, a partir de biblioteca de

cDNA de HELA, variando-se a temperatura de anelamento dos primers de 50°C a 65°C,

MM- Marcador Molecular.

FIGURA 22 – MM- Marcador Molecular, 1-6 Amplificações, via PCR, de

NEK5 a partir de biblioteca de cDNA de mama, variando-se a temperatura de

anelamento dos primers de 50°C a 65°C.

39

4.2 – Clonagens, sequenciamentos e subclonagens

Como descrito dos itens 3.4 ao 3.9, as reações de PCR das NEKs 2, 3 e 5 foram

extraídas e purificadas, a partir do gel de agarose; ligadas ao vetor de clonagem pGEM

T easy; e as reações de ligação foram usadas para transformar cepas de clonagem de E.

coli (JM109 e DH 5α) por choque térmico e por eletroporação (em situações em que a

transformação, via choque térmico, não se mostrou eficiente). Foram feitas reações de

PCR de colônias para saber quais colônias eram transformantes e recombinantes para as

construções pGEM T easy/NEK2, pGEM T easy/NEK3 e pGEM T easy/NEK5 (figuras

23, 24, 25 e 26).

FIGURA 23 – 1-19 Reações de PCR de colônias de 19 clones de E. coli DH 5α

contendo a construção pGEM T easy/NEK2, MM – Marcador Molecular.

FIGURA 24 – 1-9 Reações de PCR de colônias de 9 clones de E. coli DH 5α

contendo a construção pGEM T easy/NEK3, MM – Marcador Molecular.

40

FIGURA 25 – 1-9 Reações de PCR de colônias de 9 clones de E. coli DH 5α

contendo a construção pGEM T easy/NEK5. Essa construção foi feita a partir de um

inserto cujo tamanho era 2.124 pb e que fora amplificado a partir de biblioteca de cDNA

de cérebro humano fetal; MM – Marcador Molecular.

FIGURA 26 - 1-9 Reações de PCR de colônias de 9 clones de E. coli DH 5α

contendo a construção pGEM T easy/NEK5. Essa construção foi feita a partir de um

inserto cujo tamanho era 2.124 pb e que fora amplificado a partir de biblioteca de cDNA

de leucócitos humanos; MM – Marcador Molecular.

41

Os clones 1-6 confirmados pela PCR de colônias, contendo a construção pGEM

T easy/NEK2, foram sequenciados utilizando-se o primer T7 promoter que possui

anelamento no vetor de clonagem pGEM T easy. A sequência obtida (figura 27) foi

alinhada contra o banco de dados do NCBI (National Center for Biotechnology

Information) utilizando programa BLAST (Basic Local Alignment Search Tool) para

que fosse verificada e confirmada sua integridade.

FIGURA 27 – Sequência obtida para o clone 1 contendo a construção pGEM T

easy/NEK2. Foi feito o sequenciamento apenas com o primer T7 promoter, sendo

obtida uma sequência cujo tamanho é 1.015 pb.

FIGURA 28 – Análise de similaridade da sequência obtida para NEK2 contra o

banco de dados BLAST.

42

FIGURA 29 - Alinhamento da sequência obtida para NEK2 com a sequência de

NEK2 disposta no banco de dados do NCBI utilizadondo BLAST. Existem algumas

regiões nas quais é possível observar GAPs; e outras regiões, nas quais é possível

43

observar que a base presente em uma sequência é diferente da outra, mas somente em

regiões de fim das reações de sequenciamento.

Os clones 1-6 confirmados pela PCR de colônias, contendo a construção pGEM

T easy/NEK3, foram sequenciados utilizando-se, da mesma forma que para a

construção pGEM T easy/NEK2, o primer T7 promoter que possui anelamento no vetor

de clonagem pGEM T easy. A sequência obtida (figura 30) foi alniada por BLAST

(Basic Local Alignment Search Tool) para que fosse verificada e confirmada sua

integridade.

FIGURA 30 – Sequência obtida para o clone 1 contendo a construção pGEM T

easy/NEK3. Foi feito o sequenciamento apenas com o primer T7 promoter, sendo

obtida uma sequência cujo tamanho é 1.097 pb.

FIGURA 31 – Análise de similaridade da sequência obtida para NEK3 contra o

banco de dados NCBI utilizando o programa BLAST.

44

FIGURA 32 - Alinhamento da sequência obtida para NEK3 com a sequência de

NEK3 disposta no banco de dados do NCBI (National Center for Biotechnology

Information) utilizando programa BLAST. Como evidenciado pela figura, a sequência

obtida é idêntica à do banco de dados BLAST.

Para NEK5, todas as sequências obtidas, dos sequenciamentos dos clones

contendo a contrução pGEM T easy/NEK5, não correspondiam à NEK5 humana

presente em banco de dados.

Uma vez que as sequências de NEK2 e NEK3 estavam com correta orientação

das frames, foram escolhidos os clones 1 das construções pGEM T easy/NEK2 e pGEM

T easy/NEK3 para se prosseguir com as subclonagens.

O DNA plasmidial contendo a construção pGEM T easy/NEK2 foi clivado com

as enzimas de restrição PstI (Promega) e BamHI (Promega), como descrito no item 3.5;

45

e o inserto liberado, correspondente a NEK2, foi extraído do gel de agarose, purificado,

quantificado e ligado ao vetor pBTM 116 K previamente digerido e purificado com PstI

e BamHI (itens 3.5 e 3.6). Foram feitas as transformações por eletroporação da cepa

JM109 de E. coli, e 6 colônias transformantes foram escolhidas para extrair o DNA

plasmidial e proceder aos testes de confirmação da subclonagem que, neste caso, foram

a digestão da construção pBTM 116 K/NEK2 com as enzimas de restrição BamHI

(Promega) e Hind III (Promega), já que estas possuíam tampões compatíveis (o tampão

de BamHI permite atividade de 100% de Hind III) de modo que fosse possível realizar a

digestão dupla, o que não era o caso de PstI e BamHI. Analisando o mapa físico do

vetor pBTM 116 K, é possível notar que se o vetor vazio for digerido com BamHI e

Hind III, liberará um fragmento de 859 pb e, caso NEK2 esteja clonada, o fragmento

liberado apresentará 2.159 pb. Foi verificado que, em todos os seis clones, era liberado,

após a digestão, um fragmento de DNA com tamanho aproximado de 2.159 pb, o que

confirma a clonagem de NEK2 em pBTM 116 K (figura 33).

FIGURA 33 – 1-6 Reações de clivagens das construções pBTM 116 K/NEK2

com BamHI e Hind III. MM- Marcador Molecular. As reações foram incubadas a 37°C

por 4 horas.

Outro teste foi feito para a confirmação da clonagem de NEK2 em pBTM 116 K,

em que o DNA plasmidial de 3 dos 6 clones foram submetidos à reações de PCR,

utilizando os primers específicos para amplificar NEK2. Como controle negativo das

reações de PCR, foi utilizado, em triplicata, o DNA plasmidial do vetor pBTM 116 K

vazio (figura 34).

46

FIGURA 34 – MM- Marcador Molecular, 1-3 PCR do DNA plasmidial de

pBTM 116 K/NEK2 dos clones 1, 2 e 3, respectivamente, 4-6 PCR, em triplicata, do

DNA plasmidial de pBTM 116 K vazio.

Foram extraídos os DNAs plasmidiais dos clones 1, 2 e 3, e estes foram

submetidos à reações de sequenciamento para a confirmação da clonagem de NEK2 em

pBTM 116 K. Todavia, tais reações de sequenciamento, utilizando-se os primers T7

promoter e os primers específicos para NEK2, não funcionaram.

O DNA plasmidial do clone 1 foi usado para as transformações, por choque

térmico e eletroporação da cepa L40 de S. cerevisae (item 3.10), para a realização do

Duplo-Híbrido.

O DNA plasmidial contendo a construção pGEM T easy/NEK3 foi utilizado

como DNA template para a amplificação, via PCR, do domínio de cinase de NEK3.

Após a amplificação, o fragmento gênico correspondente ao domínio de cinase de

NEK3 (770 pb) foi extraído do gel de agarose, purificado (item 4.1.2) e clivado com as

enzimas de restrição Bam HI (Promega) e SalI (Promega), e depois, ligado aos vetores

de expressão pET 28a e pFastBacDual-eGFP, previamente digeridos com as mesmas

enzimas e purificados. Foram feitas as transformações por choque térmico da cepa DH

5α de E. coli com as construções pET 28a/NEK3 kd e pFastBacDual-eGFP/NEK3 kd.

47

Entretanto, só foram conseguidas colônias transformantes e recombinantes, confirmadas

via reações de PCR de colônias, para a construção pET28a/NEK3 kd (figura 35).

FIGURA 35 – MM- Marcador Molecular, 1-11 Reações de PCR de colônias das

colônias transformantes para confirmar quais clones continham a construção pET

28a/NEk3 kd.

Foram extraídos os DNAs plasmidiais dos clones 1, 2 e 5, e estes foram

submetidos à reações de sequenciamento para a confirmação da clonagem do domínio

de cinase de NEK3 no vetor de expressão pET 28a. Todavia, tais reações de

sequenciamento, utilizando-se os primers T7 promoter e os primers específicos para o

domínio de cinase de NEK3, não funcionaram. Para tentar confirmar tal clonagem, foi

feito, também, a digestão dos DNAs plasmidiais dos clones 1, 2 e 5 com as enzimas de

restrição Bam HI e XbaI (Promega), pois estas possuíam tampões compatíveis (o

tampão de BamHI permite atividade de 100% de XbaI) de modo que fosse possível

realizar a digestão dupla, o que não era o caso de SalI e BamHI. Analisando o mapa

físico do vetor pET 28a, é possível notar que se o vetor vazio for digerido com BamHI e

XbaI, o vetor será apenas linearizado, pois ambas as enzimas estão no sítio polilinker; e

caso o domínio de cinase de NEK3 esteja clonado, o fragmento liberado apresentará em

torno de 770 pb. Foi verificado que nos clones 1 e 2 era liberado, após a digestão, um

fragmento de DNA com tamanho aproximado de 770 pb (figura 36).

48

FIGURA 36 – 1, 2 e 5 Reações de clivagens das construções pET 28a/NEK3 kd

com BamHI e XbaI. MM- Marcador Molecular. As reações foram incubadas a 37°C por

4 horas.

Foram feitas transformações de E. coli BL 21 DE 3 por choque térmico e

eletroporação com os DNAs plasmidiais do vetor pET 28a vazio e dos clones 1 e 2, para

que fossem feitos ensaios de mini-indução da expressão (item 3.11).

4.3 – Ensaio de mini-indução da expressão de pET 28a/NEK3 domínio de

cinase

As colônias transformantes de E. coli BL 21 DE 3, contendo as construções pET

28a/NEK3 e contendo apenas o pET 28a vazio, foram inoculadas em LB até D.O de 0,6

e, logo após as frações, foram divididas em dois tubos cada, em que, em um deles, a

expressão da proteína recombinante foi induzida pela adição de IPTG e no outro não.

Ambos os tubos foram incubados a 37°C por 200 rpm por toda a noite. No dia seguinte,

a separação das proteínas do lisado bacteriano foi feita por SDS-PAGE (item 3.11)

(figura 37).

49

FIGURA 37 – 1 - Lisado bacteriano contendo o vetor pET 28a vazio não

induzido com IPTG; 2 - Lisado bacteriano contendo o vetor pET 28a vazio induzido

com IPTG, MM– Marcador Molecular em kDa; 3 - Lisado bacteriano contendo a

construção pET 28a/NEK3 kd (clone 1) não induzido com IPTG; 4 - Lisado bacteriano

contendo a construção pET 28a/NEK3 kd (clone 1) induzido com IPTG; 5 - Lisado

bacteriano contendo a construção pET 28a/NEK3 kd (clone 2) não induzido com IPTG;

e 6 - Lisado bacteriano contendo a construção pET 28a/NEK3 kd (clone 2) não induzido

com IPTG.

O peso molecular do domínio de cinase de NEK3 é de 30 kDa, e a cauda de

histidina que é expressa fusionada à proteína recombinante, uma vez que foi usado o

vetor de expressão pET 28a, adiciona a esta proteína 5 kDa no seu peso molecular,

sendo, portanto, esperado um tamanho de 35 kDa para o lisado bacteriano contendo a

construção pET 28a/NEK3 kd induzido com IPTG. É possível observar tal banda

protéica no gel de SDS- PAGE para os clones 1 e 2, todavia, uma banda protéica com

50

tamanho igual também aparece no lisado bacteriano contendo o vetor pET 28a vazio,

induzido e não induzido com IPTG. Tais resultados, somados ao fato de que não foi

possível confirmar a integridade da sequência do domínio de cinase de NEK3 clonada

em pET 28a, sugerem fortemente que tal banda protéica poderia não ser o domínio de

cinase de NEK3.

Em virtude disso, foi tentada, novamente, a clonagem do domínio de cinase de

NEK3 em um outro vetor pET 28a, em diferentes proporções inserto: vetor nas reação

de ligação e tentando-se realizar a transformação de estirpes de E. coli DH 5α e JM109

por choque térmico e eletroporação, respectivamente. Entretanto, por falta de tempo,

não foi possível fazer as confirmações dessas clonagens.

4.4 - Transformação da levedura Saccharyomyces cerevisae L40

Com o objetivo de realizar o sistema de Duplo-Híbrido em leveduras para

encontrar possíveis parceiros de interação proteína-proteína de NEK2 e de transcritos de

uma biblioteca de cDNA de HELA, inicialmente foi feita a transformação de L40 com a

construção pBTM 116 K/NEK2 vinda do clone 1.

Foram testadas diferentes condições de transformação em três tentativas de

transformação, nas quais variou-se a concentração de DNA plasmidial (construção

pBTM 116 K/NEK2) de 0,1 µg a 3,0 µg, a quantidade de células de L40 e o método de

transformação (choque térmico e eletroporação). Em todas as transformações, houve

crescimento satisfatório dos controles positivos utilizados (descritos no item 3.10) e não

houve crescimento do controle negativo da transformação.

Na primeira tentativa de transformação, foram utilizadas células de L40 com

D.O de 0,8 e quantidades do DNA plasmidial pBTM 116 K/NEK2 que variaram de 100

ng a 1 µg; as concentrações dos DNAs plasmidiais das construções que foram usadas

como controle foram sempre de 1 µg. Como só cresceram leveduras nas placas dos

controles positivos, foi feita uma segunda tentativa em que foi usada uma quantidade

maior de células de L40 com D.O de 1,6, e a quantidade de DNA plasmidial pBTM 116

K/NEK2 variou de 0,5 a 3 µg; os controles foram usados nas mesmas condições que na

primeira transformação. Novamente, só os controles positivos cresceram e foi testado

um protocolo alternativo de transformação em que foram preparadas células

eletrocompetentes de L40, e feita a transformação por eletroporação como descrito no

51

item 3.10. As leveduras transformadas foram plaqueadas em meio seletivo (SD-W ou

SD-WL) e deixadas em estufa a 30°C de 3 a 6 dias (figura 38).

FIGURA 38 – 1 - L40 transformada, por choque térmico, com o controle

positivo pBTM 116 K vazio na primeira transformação; 2 - L40 transformada, por

choque térmico, com o controle positivo pBTM 116 K /Fez(1-392) na primeira

transformação; 3 - L40 transformada, por choque térmico, com o controle positivo

pBTM 116 K /Fez(1-392) + pACT vazio, na primeira transformação; 4 - L40

transformada, por choque térmico, com água (controle negativo); 5 - L40 transformada,

por choque térmico, com a construção pBTM 11 K/NEK2 usando 0,3 e 0,5 ug de DNA

plasmidial; 6 - L40 transformada, por choque térmico, com a construção pBTM 11

K/NEK2 usando 1,0 e 2,0 ug de DNA plasmidial; 7 - L40 transformada, por choque

térmico, com a construção pBTM11K/NEK2 usando 3,0 ug de DNA plasmidial; 8 - L40

transformada, por eletroporação, com o controle positivo pBTM 116 K/Fez(1-392) e; 9

52

- L40 transformada, por eletroporação, usando 1,0 ug de DNA plasmidial da construção

pBTM 116 K/NEK2.

Em nenhuma das tentativas de transformação de L40 foi conseguido obter

leveduras transformadas com a construção pBTM 116 K /NEK2. Houveram alguns

trabalhos publicados em que foi feito o sistema de Duplo-Híbrido em leveduras usando

a NEK2 como isca, dentre os quais foi observado que nenhum deles havia utilizado

cepa L40 de S. cerevisae. Fry et al (1999) utilizou a cepa Y190 de S. cerevisae para

transformar a levedura com a construção que continha a NEK2; nesta cepa, utiliza-se,

ao invés do vetor pBTM116 K, o vetor pAS-2. Chen et al (2002) utilizou uma série de

cepas diferentes de S. cerevisae, dentre elas, pode-se citar YPH 499, WHL 101 e

WHL6502. Em nenhum artigo foi encontrado o uso de sistema de Duplo-Híbrido em

leveduras usando a NEK2 como isca e transformação da cepa L40. Como não foi

alcançado fazer a transformação da cepa L40, pode-se supor que, talvez, a proteína

NEK2, quando expressa em L40, torna-se tóxica às células, ou impeça, de alguma

forma, a transcrição da enzima necessária à biossíntese de triptofano. Como L40 é um

mutante auxotrófico para triptofano, sem a biossíntese de tal enzima, as células são

incapazes de sobreviver em meio SD-W. Uma última suposição seria a de que a

construção pBTM 116 K/NEK2 simplesmente não foi capaz de ser introduzida em L40

por nenhuma das concentrações do DNA plasmidial utilizado, e em nenhum dos dois

métodos de transformação que foram testados.

53

5 – Conclusão

Com o objetivo de clonar os fragmentos gênicos codificantes para as NEKs

cinases 2, 3 e 5, e os fragmentos gênicos codificantes para apenas os domínios de cinase

das NEKs 3 e 5, foi feita a amplificação via PCR de tais regiões gênicas. NEK2 foi

amplificada a partir de biblioteca de cDNA de HELA e NEK3 foi amplificada a partir

das bibliotecas de cDNA de leucócitos e cérebro fetal humano. Não foi obtido sucesso

nas tentativas de amplificação de NEK5 em nenhuma das bibliotecas de cDNA de

leucócitos humanos, cérebro fetal humano, medula óssea, mama e HELA. As regiões

gênicas amplificadas de NEK2 e NEK3 foram clonadas em pGEM T easy e a

confirmação das clonagens foi feita por PCR de colônias e de sequenciamento. A partir

das sequências obtidas, foram feitas análises de similaridade em banco de dados

BLAST e encontrada similaridade com as NEKs 2 e 3 dispostas no banco de dados. Foi

feita, também, uma análise da integridade das sequências e verificado que não havia

mutações ou deleções nas sequências obtidas, e que as mesmas estavam na fase de

leitura correta.

A construção pGEM T easy/NEK3 foi utilizada com DNA template em reações

de PCR em que se objetivava amplificar apenas o domínio de cinase de NEK3. A

amplificação do domínio de cinase de NEK3 foi obtida com êxito e tal fragmento

gênico foi clonado nos vetores de expressão pET 28a e pFastBacDual-eGFP. Entretanto,

foram obtidas, após a transformação de E. coli DH 5α, colônias transformantes e

recombinantes apenas para a construção pET 28a/NEK3 kd e não para a pFastBacDual-

eGFP/NEK3 kd. Foi feita a transformação de E. coli BL 21 com a construção pET

28a/NEK3 kd e a indução da expressão da proteína recombinante. Todavia, foi

observada, através de SDS-PAGE, uma banda protéica com o tamanho esperado de 35

kDa tanto no lisado bacteriano transformado e induzido que continha a construção pET

28a/NEK3 kd, quanto no que continha apenas o vetor pET 28a vazio. Novas reações de

ligação e transformações foram feitas, porém, em virtude do limite de tempo, não foi

possível obter as confirmações dos clones.

54

O DNA plasmidial da construção pGEM T easy/NEK2 foi utilizado, em várias

concentrações, para a transformação de uma quantidade variada de células da levedura

S. cerevisae L40, por choque térmico e por eletroporação. Entretanto, somente as

leveduras contendo os controles da transformação cresceram nas placas.

55

6 – Perspectivas

Os resultados do presente trabalho abrem como perspectivas futuras:

• Otimização da transformação de S. cerevisae L40 com a construção

pBTM 116 K/NEK2.

• Clonagem de NEK2 em vetor pAS- 2 para a transformação da cepa Y190

de S. cerevisae.

• Nova clonagem do domínio de cinase de NEK3 em pET 28a e em

pFastBacDual-eGFP e posterior expressão da proteína recombinante.

• Amplificação de NEK5 e de seu domínio de cinase a partir de bibliotecas

de cDNA de outros órgãos e tecidos como útero, linfonodo, fígado, rim

entre outros.

56

7 – Referências bibliográficas

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