claudio morais siqueira soroprevalÊncia de dengue

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO DISTRITO SANITÁRIO NORTE, GOIÂNIA, GOIÁS, 2015 Dissertação de Mestrado Goiânia 2016

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Page 1: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA

CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA

SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE EM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES NO DISTRITO SANITÁRIO NORTE, GOIÂNIA,

GOIÁS, 2015

Dissertação de Mestrado

Goiânia

2016

Page 2: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

i

TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR

AS TESES E DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade

Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), regulamentada

pela Resolução CEPEC nº 832/2007, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme

permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir

desta data.

1. Identificação do material bibliográfico: [ x] Dissertação [ ] Tese

2. Identificação da Tese ou Dissertação

Nome completo do autor: Claudio Morais Siqueira

Título do trabalho: SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE EM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES NO DISTRITO SANITÁRIO NORTE, GOIÂNIA, GOIÁS,

2015

3. Informações de acesso ao documento:

Concorda com a liberação total do documento [ x ] SIM [ ] NÃO1

Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF da tese ou

dissertação.

______________________________________ Data: 17 / 05 / 2016

Claudio Morais Siqueira

1 Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo

suscita justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o

período de embargo.

Page 3: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

ii

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA

CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA

SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE EM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES NO DISTRITO SANITÁRIO NORTE, EM

GOIÂNIA, GOIÁS, 2015

Orientador:

Professor Dr. João Bosco Siqueira Júnior

Goiânia

2016

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública da

Universidade Federal de Goiás para obtenção do Título de

Mestre em Medicina Tropical e Saúde Pública, linha de

pesquisa Epidemiologia e Vigilância das Doenças Infecciosas e

Parasitárias, área de concentração em Epidemiologia.

Page 4: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

iii

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

GPT/BC/UFG

Page 5: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

iv

Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública

da Universidade Federal de Goiás

Título: “Soroprevalência de dengue em crianças e adolescentes no Distrito Sanitário Norte,

Goiânia, Goiás, 2015”

BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Aluno: Claudio Morais Siqueira

Orientador: Dr. João Bosco Siqueira Júnior

Membros:

1. Prof. Dr. João Bosco Siqueira Júnior

2. Prof. Dr. Lenildo de Moura

3. Prof. Dr. Otaliba Libânio de Morais Neto

Data: _17/_05_/_2016_

Page 6: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

v

“A alegria de viver pede a luz do

conhecimento e as bênçãos do amor.”

Chico Xavier

Page 7: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

vi

Dedico este estudo aos companheiros de

jornada que colaboraram direta ou

indiretamente para que os objetivos nele

propostos fossem atingidos.

Page 8: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

vii

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Criador pela oportunidade de crescimento experienciada em cada instante

relacionado a este estudo.

À minha família, muito obrigado pelo apoio e compreensão.

Agradeço ao meu orientador Dr. João Bosco Siqueira Júnior pelo apoio que me

ofereceu nos momentos decisivos do processo de aprendizado, sem o qual não teria terminado

esta etapa em minha formação profissional.

Agradeço aos membros da banca de qualificação por suas importantes contribuições

neste trabalho.

Aos professores do Programa de Mestrado do Instituto de Patologia Tropical e Saúde

Pública da Universidade Federal de Goiás – UFG direciono meu reconhecimento por todos os

ensinamentos que me proporcionaram neste tempo de convívio.

Aos demais integrantes do Programa de Mestrado do Instituto de Patologia Tropical e

Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás – UFG, o reconhecimento da competência,

seriedade e discernimento com que exercem suas funções.

Agradeço ternamente às doutorandas do Programa de Mestrado do Instituto de

Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás – UFG Ana Laura de

Sene Amâncio Zara e Laura Branquinho do Nascimento, pelo auxílio incondicional de

sempre, esperando um dia poder retribuir de alguma forma os benefícios que delas recebi.

A todos os membros da equipe do projeto ainda em andamento, meu agradecimento

pela compreensão e paciência nos compromissos do dia-a-dia. Obrigado pelo respeito e

ternura que entre nós sempre preponderou.

Page 9: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

viii

SUMÁRIO

FIGURAS E TABELAS ........................................................................................................... x

SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................................................................ xi

RESUMO ................................................................................................................................ xiii

ABSTRACT ........................................................................................................................... xiv

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................. xv

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

1.1 Dengue .............................................................................................................................. 1

1.2 Vigilância epidemiológica da dengue no Brasil ............................................................. 19

1.3 Inquéritos de soroprevalência ......................................................................................... 21

1.4 Dengue na infância e adolescência: algumas especificidades ........................................ 22

2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 24

3. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 26

3.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 26

3.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 26

4. MÉTODOS .......................................................................................................................... 27

4.1 Delineamento e local do estudo ...................................................................................... 27

4.2 Período do estudo ........................................................................................................... 28

4.3 População do estudo ....................................................................................................... 28

4.4 Cálculo amostral ............................................................................................................. 29

4.5 Amostragem.................................................................................................................... 30

4.6 Coleta dos dados ............................................................................................................. 31

4.7 Variáveis de desfecho e preditivas ................................................................................. 32

4.8 Método diagnóstico laboratorial ..................................................................................... 32

4.9 Análise de dados ............................................................................................................. 32

4.10 Aspectos éticos ............................................................................................................. 33

5. RESULTADOS ................................................................................................................... 35

6. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 40

7. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 45

Page 10: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

ix

ANEXOS ................................................................................................................................. 57

Anexo A – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) .......................................... 57

APÊNDICES ........................................................................................................................... 58

Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ................................. 58

Apêndice B – Questionário................................................................................................... 63

Page 11: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

x

FIGURAS E TABELAS

Figura 1 – Carga global da dengue, 2014 ................................................................................. 14

Figura 2 - Casos prováveis e hospitalizações por dengue. Brasil, 1986-2016. ........................ 15

Figura 3 – Incidência de dengue por faixa etária e região de residência. Brasil, 2002–2015. . 16

Figura 4 – Distribuição anual dos óbitos por dengue e febre hemorrágica da dengue de acordo

com a idade. Brasil, 2000 a 2013*............................................................................................ 17

Figura 5 - Número de casos prováveis e número de internações por dengue. Goiânia, 2000 a

2015 .......................................................................................................................................... 19

Figura 6 – Distribuição espacial dos bairros de residência dos participantes do estudo. Goiânia,

Goiás, 2015. .............................................................................................................................. 28

Figura 7 - Prevalência global de infecção pelo vírus da dengue e de acordo com a faixa etária.

Goiânia-GO, 2015* .................................................................................................................. 37

Tabela 1 – Incidência acumulada em três anos por faixa etária. Goiânia, 2012-2014. ............ 29

Tabela 2 – Tamanho da amostra de acordo com as faixas etárias. Goiânia, 2015. .................. 30

Tabela 3 - Distribuição dos participantes por bairros. Distrito Sanitário Norte, Goiânia-GO,

2015 .......................................................................................................................................... 31

Tabela 4 - Características sociodemográficas dos participantes do estudo, Goiânia-GO, 2015.

.................................................................................................................................................. 36

Tabela 5 – Análise bivariada das características individuais e infecção pelo vírus da dengue.

Goiânia-GO, 2015. ................................................................................................................... 38

Tabela 6 – Regressão logística multivariada de soroprevalência considerando faixa etária,

história prévia de dengue e presença em escola/creche. Goiânia, 2015. .................................. 39

Tabela 7 - Valor preditivo positivo da história pregressa de infecção pelo vírus da dengue de

acordo com a faixa etária. Goiânia-GO, 2015. ......................................................................... 39

Anexo A – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) .............................................. 57

Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)..................................... 58

Apêndice B – Questionário ...................................................................................................... 63

Page 12: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

xi

SIGLAS E ABREVIATURAS

BA Bahia

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CV Coeficiente de Variação

DENV Vírus da dengue

DENV1 Sorotipo 1 do vírus da dengue

DENV2 Sorotipo 2 do vírus da dengue

DENV3 Sorotipo 3 do vírus da dengue

DENV4 Sorotipo 4 do vírus da dengue

DS Distrito Sanitário

ELISA Enzyme-linked Immunosorbent Assay

Fcγ Receptores Fc-gama

FHD Febre Hemorrágica da Dengue

FII Ficha Individual de Investigação

FIN Ficha Individual de Notificação

GO Goiás

IB Índice de Breteau

IC/CI Intervalo de Confiança/Confidence Interval

IFN-γ Interferon gama

IgG Imunoglobulina G

IgM Imunoglobulina M

IIP Índice de Infestação Predial

IPTSP Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública

ITR Índice por Tipo de Recipiente

LIRAa Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti

MAC-ELISA IgM Capture - Enzyme-linked Immunosorbent Assay

NS1 Antígeno da proteína NS1

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

Page 13: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

xii

OR Odds Ratio

RJ Rio de Janeiro

RNA Ácido Ribonucleico

RP Razão de Prevalência

RT-PCR Reação em Cadeia da Polimerase por Transcrição Reversa

SP São Paulo

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Th1 Células T helper 1

UBV Nebulização de Ultra Baixo Volume

UFG Universidade Federal de Goiás

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VPN Valor Preditivo Negativo

VPP Valor Preditivo Positivo

Page 14: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

xiii

RESUMO

Introdução: dengue é uma doença febril aguda viral considerada na atualidade a mais

importante arbovirose no mundo devido seus impactos na morbidade, mortalidade e economia

dos países. Inquéritos populacionais têm sido realizados no mundo e no Brasil para se adquirir

um melhor entendimento da dinâmica de transmissão da dengue. Esses estudos são também

úteis para quantificar as taxas de soroprevalência e compará-las às informações obtidas pela

vigilância epidemiológica de determinada localidade. Objetivo: descrever o perfil sorológico

da linha de base de uma coorte composta por uma população entre dois e 16 anos do

município de Goiânia, Goiás, em 2015. Métodos: um estudo transversal foi conduzido para

determinar a prevalência de dengue na população selecionada. Foi utilizado o teste

imunoenzimático para detecção de anticorpos IgG (ELISA IgG). Resultados: a prevalência

global de infecção pelo vírus da dengue (DENV) nas crianças/adolescentes de dois a 16 anos

foi de 38,3%. Houve um aumento significativo na soroprevalência de acordo com a idade,

variando entre 30,0% (IC95% 25,9-34,1) e 59,7% (IC95% 54,1-65,3) nos grupos de 5 a 9

anos e 14 a 16 anos respectivamente. No modelo multivariado, idade e relato de história

prévia de dengue apresentaram associação com infecção prévia de dengue. Houve também um

aumento no valor preditivo positivo (VPP) do relato de história prévia de dengue de acordo

com a idade. Conclusões: o aumento na soroprevalência de dengue de acordo com a idade

observado nesse estudo é esperado em cenários endêmicos de doenças infecciosas. O aumento

no VPP é também esperado, pois as infecções pelo DENV tendem a ser mais sintomáticas em

adolescentes e adultos do que em crianças. O entendimento da dinâmica de transmissão da

dengue é essencial para decisões baseadas em evidências. A realização de uma coorte

prospectiva em crianças e adolescentes na cidade de Goiânia associada aos resultados dessa

linha de base permitirá uma avaliação abrangente da incidência de infecções pelo DENV em

uma das áreas mais afetadas no Brasil.

Palavras-chave: Dengue; Inquéritos Epidemiológicos; Estudos Soroepidemiológicos;

Estudos Transversais.

Page 15: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

xiv

ABSTRACT

Introduction: dengue is a viral acute febrile disease, considered today the most important

arbovirus in the world due to their impact on morbidity, mortality and economy of the

countries. Population serosurveys have been conducted worldwide and in Brazil for a better

understanding of dengue transmission dynamics. These studies are also usefull to quantify

prevalence rates and compare them to the information obtained by epidemiological

surveillance of particular sites. Objective: determine the baseline serological profile for a

cohort of children/adolescents between 2 and 16 years of age in the city of Goiânia, Goiás, in

2015. Methods: a cross-sectional study was conducted to assess the prevalence of dengue in

the study group. We used the enzyme immunoassay for detection of IgG antibodies (ELISA

IgG). Results: the overall prevalence of dengue virus (DENV) infection in

children/adolescents was 38.3%. There was a significant increase in the seroprevalence

according to age, ranging from 30.0% (95%CI 25.9-34.1) and 59.7% (95%CI 54.1%-65.3) in

the groups between 5 to 9 and 14 to 16 years of age, respectively. In the multivariate model,

age and a reported history of dengue were associated with a previous dengue infection. There

was also an increase in the positive predictive value (PPV) of a reported history of dengue

according to age. Conclusions: the increase in seroprevalence according to age observed in

our study is expected in scenarios with endemic occurrence of infectious diseases. The

increase in PPV is also expected, since infection by DENV tends to be more symptomatic in

adolescents and adults compared to children. The understanding of dengue transmission

dynamics is essential for evidence-based decisions. The establishment of a prospective cohort

of children and adolescents in the city of Goiania associated with these baseline results will

allow a comprehensive evaluation of the incidence of DENV infections in one of the most

affected areas in Brazil.

Key words: Dengue; Health Surveys; Seroepidemiologic Studies; Cross-Sectional Studies.

Page 16: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

xv

APRESENTAÇÃO

O Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás

(UFG) desenvolve uma linha de pesquisa em dengue há aproximadamente 18 anos. Diversos

estudos foram realizados envolvendo epidemiologia, vigilância, aspectos clínicos,

laboratoriais, qualidade de vida dos pacientes e custos da doença.

Sob a coordenação dos professores Dr. Claudio Panutti, do Instituto de Medicina

Tropical da Universidade de São Paulo, e Dr. João Bosco Siqueira Júnior, do Instituto de

Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG, foi iniciado, em 2014, um projeto de

pesquisa intitulado “Estudo de Incidência de dengue no Brasil, em municípios de alta e média

endemicidade: Goiânia–GO e Araraquara-SP”. Esse é um estudo multicêntrico com o objetivo

geral de avaliar a dinâmica de transmissão da dengue na população de dois a 16 anos, antes da

potencial introdução de uma vacina contra a doença. Diante dos diferentes cenários

epidemiológicos de ocorrência da dengue no Brasil, esse estudo está sendo desenvolvido em

dois municípios que apresentam distintos padrões de transmissão da doença: Araraquara–SP

que apresenta um padrão de média endemicidade e Goiânia–GO, que apresenta um padrão de

alta endemicidade.

O contexto geral do estudo prevê o recrutamento de uma coorte de indivíduos entre

dois e 16 anos de idade em cada centro participante. O acompanhamento dessa coorte

permitirá uma maior compreensão do comportamento da doença em relação à magnitude de

sua transmissão em um cenário sem a introdução de uma vacina contra a dengue. Dessa forma,

os resultados produzidos pelo estudo poderão ser utilizados como a linha de base de

comparação para futuros estudos de efetividade e impacto da introdução de uma vacina na

transmissão da doença.

Nesse sentido, o estudo previu a realização de um inquérito sorológico inicial para a

determinação da prevalência de infecção pelo vírus da dengue. Em seguida, teve início um

monitoramento de febre de forma semanal entre os participantes do estudo para identificação

de casos incidentes da doença nessa população. Essa rotina está prevista para ser realizada de

forma contínua durante os três anos de seguimento da coorte selecionada. Ao final de cada

ano de seguimento, um novo inquérito sorológico será realizado, permitindo a estimativa da

Page 17: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

xvi

quantidade de novas infecções entre os participantes, bem como a identificação da proporção

de casos sintomáticos entre essas infecções. Sendo assim, esses estudos permitirão aprimorar

o conhecimento de aspectos clínicos, virológicos e epidemiológicos desse agravo.

A presente dissertação é parte integrante da linha de pesquisa em dengue do

IPTSP/UFG e apresenta os resultados do inquérito sorológico realizado como linha de base

antes de se iniciar o seguimento da coorte no município de Goiânia.

Page 18: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

1

1. INTRODUÇÃO

1.1 Dengue

A dengue é uma doença febril aguda viral, de caráter endêmico-epidêmico,

considerada na atualidade a mais importante arbovirose no mundo devido seus impactos na

morbidade, mortalidade e economia dos países (SIMMONS et al., 2012).

Do ponto de vista histórico, o primeiro caso provável de dengue foi registrado em uma

enciclopédia médica chinesa da Dinastia Jim (séculos III ao V), em que a doença foi referida

como “doença da água” associada a insetos voadores. Posteriormente houve descrição de

epidemias no século XVII, mas relatos mais consistentes da doença ocorreram em 1779 e

1780, quando uma epidemia atingiu a Ásia, África e América do Norte. Em 1906, foi

confirmada a transmissão pelo mosquito da dengue e em 1907 houve a demonstração de que

era causada por um vírus (GUZMAN et al., 2010). Emergindo da África durante o tráfico de

escravos, ela se espalhou para a Ásia por meio de intercâmbios comerciais nos séculos XIX e

XX (GUZMAN et al., 2010; RODENHUIS-ZYBERT; WILSCHUT; SMIT, 2010). É possível

verificar nos últimos 50 anos um aumento na incidência da doença (30 vezes), com ampliação

das áreas com transmissão em países da Ásia, Américas, África e Mediterrâneo, caraterizando

um perfil pandêmico (WHO, 2012).

1.1.1. Etiologia e patogenia

A dengue é causada por um RNA vírus, arbovírus, do gênero Flavivírus, da família

Flaviviridae, que se divide genotipicamente em quatro sorotipos: DENV1, DENV2, DENV3

e DENV4, possuindo diferenças antigênicas entre genótipos de um mesmo sorotipo

(SIMMONS et al., 2012).

Existem cinco a seis genótipos reconhecidos para cada sorotipo do vírus da dengue

(DENV) (YAMASHITA et al., 2013). Para o sorotipo 1, são cinco genótipos (I-V), sendo que

o V é que circula no Brasil (GONÇALVEZ et al., 2002; CARNEIRO et al., 2012). Para o

sorotipo 2, seis genótipos estão descritos: asiático I, asiático II, asiático-americano,

cosmopolita, silvestre e americano, sendo o asiático-americano o que circula no Brasil

Page 19: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

2

(TWIDDY et al., 2002; AÑEZ; MORALES-BETOULLE; RIOS, 2011; BONA;

TWERDOCHLIB; NAVARRO-SILVA, 2012). Para o sorotipo 3, há cinco genótipos (I-V),

sendo o III o que circula no Brasil (LANCIOTTI et al., 1994; WITTKE et al., 2002; ARAÚJO

et al., 2012). Cinco genótipos (I, IIA, IIB, III e silvestre) existem para o sorotipo 4. Em 2010

foi identificado o genótipo II, e em 2012, o genótipo III circulando no Brasil (ABUBAKAR;

WONG; CHAN, 2002; TEMPORÃO et al., 2011; NUNES et al., 2012).

A suscetilidade ao vírus é universal. A infeccão por um dos sorotipos gera imunidade

permanente para este, além de induzir imunidade transitória de algumas semanas contra a

reinfecção aos demais (MARTINA; KORAKA; OSTERHAUS, 2009).

A fisiopatogenia da resposta imunológica ao quadro agudo de dengue pode ser

primária ou secundária. Nas pessoas não expostas ao vírus anteriormente acontece a resposta

primária, em que o título de anticorpos se eleva lentamente. O nível de anticorpos aumenta

rapidamente na resposta secundária, indicando infecção prévia por qualquer um dos sorotipos

virais (BRASIL, 2014).

Após a picada de um mosquito infectado, o vírus entra em contato com monócitos

circulantes e células dendríticas, replica-se nos linfonodos regionais e se dissemina por meio

dos sistemas linfático e sanguíneo para outros tecidos. Na viremia há estimulação da produção

de anticorpos específicos e resposta celular contra o patógeno. Todos os quatro sorotipos

evidenciam tropismo principalmente para monócitos, macrófagos e células dendríticas

(SENEVIRATNE; MALAVIGE; DE SILVA, 2006; VERHAGEN; GROOT, 2014).

Acredita-se que os monócitos e as células dendríticas infectadas produzam

quimiocinas e citocinas pró-inflamatórias que, juntamente com as células T ativadas, causem

disfunção endotelial com consequente aumento da permeabilidade vascular, favorecendo a

eclosão dos derrames cavitários. Anticorpos produzidos na primoinfecção podem não

neutralizar um sorotipo viral diferente e, além disso, podem paradoxalmente amplificar a

infecção, facilitando a entrada em macrófagos. Os vírus, para tanto, fazem uso dos receptores

de membrana Fcγ. O estímulo causado pela liberação de interferon gama (IFN-γ) por células

da resposta Th1 ativadas agrava este quadro porque eleva a exposição de IFN-y na membrana

dos macrófagos tornando-os mais susceptíveis ao vírus (LOBO et al., 2014). As citocinas e a

função citolítica das células T de memória estimuladas por peptídeos variantes representando

sorotipos heterólogos afetam a habilidade do hospedeiro infectado de controlar a replicação

viral (GUZMAN; HARRIS, 2015).

Page 20: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

3

Além disso, títulos de anticorpos específicos para o sorotipo do vírus que causou a

infecção primária aumentam substancialmente durante a infecção secundária. Estes anticorpos

sub-neutralizantes se ligam aos vírus da segunda infecção e aceleram a taxa de entrada e

infecção nas células hospedeiras. Este aumento de infectividade anticorpos-dependente

fornece uma possível explicação para o fato de que pacientes com infecção secundária

apresentam elevado risco de desenvolverem dengue grave (HALSTEAD, 1988; SIMMONS et

al., 2012).

Todavia, outros mecanismos para o desenvolvimento de dengue grave têm sido

propostos como: anticorpos contra o vírus ou complexos antígeno-anticorpo podem ativar a

cascata do complemento e esta ativação se relaciona temporariamente ao extravazamento

plasmático; alguns anticorpos específicos contra o vírus podem apresentar reação cruzada

com proteínas do hospedeiro, o que pode ativar a cascata da coagulação e alterar a função

endotelial; estudos de caso-controle de associação de genes evidenciaram uma predisposição

genética do hospedeiro para dengue grave; e árvores evolucionárias do DENV indicam que

genótipos virais específicos dentro de um sorotipo estão associados a maior ou menor

severidade da doença (VERHAGEN; GROOT, 2014).

1.1.2. Vetor, ciclo biológico e transmissão

A dengue está presente em países tropicais e subtropicais e é transmitida ao homem

por meio da picada de vetores hematófagos encontrados principalmente em áreas urbanas e

semi-urbanas (MEDRONHO, 2006), sendo o Aedes aegypti o mais eficiente na transmissão

da doença, apesar da recente ampliação da área geográfica de um vetor secundário (Aedes

albopticus) da Ásia para a África, Américas e Europa (WHO, 2009).

O Aedes aegypti tem cor escura, com patas e corpo rajados de branco e vive, em média,

30 a 35 dias. A fêmea deposita ovos em locais de água parada e preferencialmente limpa,

sendo que um ovo pode se manter viável por até 450 dias (SILVA; SILVA, 1999; TAUIL,

2002).

A transmissão do DENV acontece por meio da picada da fêmea do vetor no ciclo ser

humano – Aedes aegyti – ser humano, em que dois ciclos estão presentes: um que ocorre no

ser humano (intrínseco) e outro que ocorre no mosquito (extrínseco). Após um repasto de

sangue infectado, o vírus vai se localizar nas glândulas salivares da fêmea, podendo o

Page 21: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

4

mosquito transmiti-lo depois de oito a 12 dias de incubação (BESERRA; CASTRO JÚNIOR,

2008; RIVERA; RODRÍGUEZ, 2010).

O vetor tem um ciclo reprodutivo sensível às variações de temperatura, o que se

relaciona à influência sazonal da doença nos meses mais quentes e úmidos. Apesar da

incidência de casos diminuir quando a temperatura cai na segunda metade do ano, não há

interrupção da cadeia de transmissão (MEDEIROS et al., 2011).

O período de incubação da dengue varia de três a 15 dias (média de cinco a seis dias) e

o período de transmissibilidade intrínseco coincide com o período de viremia (um dia antes do

aparecimento da febre até o sexto dia da doença (BRASIL, 2014).

1.1.3. Características clínicas

O espectro clínico da doença varia de infecção assintomática ou oligossintomática até

dengue grave com risco de morte. Três fases clínicas podem ocorrer. A primeira é a fase febril.

Nesta, a febre tem início abrupto, é geralmente alta, com duração de dois a sete dias, podendo

ser acompanhada de cefaléia, dor retroorbitária, mialgias, artralgias, adinamia, náuseas,

vômitos, diarréia pastosa não volumosa e exantema maculo-papular, pruriginoso ou não,

presente em 50% dos casos (SIMMONS et al., 2012; BRASIL, 2016).

Grande parte dos pacientes recupera-se gradativamente com melhora do estado geral.

Alguns pacientes podem apresentar a segunda fase conhecida como crítica, entre o terceiro e

sétimo dia da doença, onde ocorrem a defervescência da febre e sinais de alarme resultantes

do aumento da permeabilidade vascular como dor abdominal intensa e contínua, vômitos

persistentes, acúmulo de líquidos (ascite, derrames pleural e/ou pericárdico), hipotensão

postural e/ou lipotímia, hepatomegalia, sangramento de mucosa, letargia e/ou irritabilidade e

aumento progressivo do hematócrito. Nesta fase pode ocorrer a dengue grave com:

desconforto respiratório por sindrome da angústia respiratória, pneumonites ou sobrecargas de

volume; sangramento grave (hemorragia maciça sem choque prolongado); ou sinais de

disfunção orgânica afetando o coração, os pulmões, os rins, o fígado e o sistema nervoso

central. O choque de rápida instalação e curta duração pode ocorrer em geral entre o quarto e

quinto dia da doença, sendo precedido pelos sinais de alarme citados (GUILARDE et al.,

2008; SIMMONS et al., 2012; BRASIL, 2016).

A terceira fase ou fase de recuperação se dá nos pacientes que passaram pela fase

crítica, havendo reabsorção gradual do conteúdo extravazado com progressiva melhora clínica.

Page 22: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

5

Há a normalização do débito urinário e rash cutâneo pruriginoso ou não pode ser detectado

(SIMMONS et al., 2012; BRASIL, 2016).

Sabe-se que os pacientes com evolução desfavorável apresentam uma síndrome de

extravazamento vascular sistêmica e transitória (24 a 72 horas) presente na fase de

defervescência, evidenciada por hemoconcentração, hipoproteinemia e derrames cavitários,

podendo apresentar, além de manifestações hemorrágicas, sinais de colapso vascular

periférico, choque e óbito. Tal possibilidade contribui para a elevada carga que a doença

acarreta aos sistemas de saúde dos países afetados (SIMMONS et al., 2012).

Enquanto a maior parte das infecções pelo DENV permanece assintomática, uma

pequena parcela de pacientes sintomáticos apresenta doença grave. Idade precoce, sexo

feminino, índice de massa corporal elevado, fatores da cepa viral, variantes genéticas

humanas e reinfecção por diferentes sorotipos foram considerados fatores de risco para

dengue grave em estudos epidemiológicos (BURKE et al., 1988; HALSTEAD, 1988; RICO-

HESSE et al., 1997; HUNG et al., 2005; ANDERS et al., 2011; KHOR et al., 2012).

Lactentes, pré-escolares e escolares com dengue grave apresentam letalidade mais elevada do

que adolescentes e adultos (HARRIS et al., 2000; GUZMÁN et al., 2002).

1.1.4. Investigação laboratorial

A investigação laboratorial ocorre por meio de exames inespecíficos e específicos.

Aumento do hematócrito, redução de plaquetas, elevação das transaminases e diminuição da

albumina são as alterações mais importantes a se pesquisar nos exames inespecíficos para

diagnóstico e acompanhamento dos pacientes suspeitos de dengue. Nos pacientes em que não

se detecta sinais de alarme, nem comorbidades, o hemograma pode ser solicitado a critério

médico. Naqueles com presença de sangramento espontâneo ou induzido pela prova do laço,

ou de condições clínicas especiais/comorbidades como menores de dois anos, gestantes,

maiores de 65 anos, doenças crônicas associadas, doença ácido peptica, hepatopatias e

doenças autoimunes, a solicitação do hemograma é obrigatória. Nos doentes que apresentarem

algum sinal de alarme ou sinais de choque, sangramento grave ou disfunção grave de órgãos,

o hemograma, as transaminases e a albumina sérica devem ser solicitadas o mais breve

possível (BRASIL, 2016).

O diagnóstico específico é feito por meio de: pesquisa de anticorpos IgM por testes

sorológicos (ELISA), que devem ser solicitados após o sexto dia do início dos sintomas,

Page 23: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

6

pesquisa de isolamento viral, pesquisa de antígeno NS1, pesquisa de genoma do vírus dengue

(RT-PCR) e estudo anatomopatológico seguido de pesquisa de antígenos virais por

imunohistoquímica. Estes quatro últimos devem ser solicitados até o quinto dia do início dos

sintomas (SIMMONS et al., 2012; BRASIL, 2014, 2016).

O anticorpo IgM anti-dengue desenvolve-se rapidamente, em geral a partir do quinto

dia do início dos sintomas, tanto nas infecções primárias, quanto nas secundárias, atingindo

níveis mais elevados por volta do sétimo ou oitavo dia (FIGUEIREDO, 1999; GUZMÁN;

KOURÍ, 2004; BRASIL, 2014, 2016).

Os anticorpos IgG específicos são observados a partir do quarto dia após o início dos

sintomas, em níveis baixos, elevam-se gradualmente, atingem níveis mais altos em duas

semanas e mantém-se detectáveis por vários anos, conferindo imunidade contra o tipo

infectante, provavelmente por toda a vida. Em infecções secundárias, os níveis de IgG se

elevam rapidamente já no início dos primeiros sintomas (FIGUEIREDO, 1999; GUZMÁN;

KOURÍ, 2004; BRASIL, 2014, 2016).

Os testes sorológicos, no Brasil, são o método de escolha para a confirmação

laboratorial na rotina, pois têm fácil reprodutibilidade, possuem especificidade e sensibilidade

razoáveis e o resultado pode ser obtido em poucas horas. Existem várias técnicas e dentre elas,

a captura de IgM por ELISA é o mais comumente usando, pois detecta infecções atuais ou

recentes, além de fornecer, sobretudo quando solicitado após o sexto dia após o início dos

sintomas, resultado presuntivo com uma única amostra de soro. É um ensaio baseado na

captura de anticorpos IgM humana em uma placa de microtitulação, usando esses anticorpos

seguido pela adição do antígeno viral específico (sorotipos 1 a 4) derivados da proteína do

invólucro do vírus. O ELISA IgG usado para a detecção de uma infecção pregressa de dengue

faz uso dos mesmos antígenos virais do ELISA IgM (GUZMÁN; KOURÍ, 1996; BHAT et al.,

2015; BRASIL, 2016; CDC, 2016).

A detecção da proteína não estrutural 1 (NS1) do genoma viral tem sido ferramenta

útil para o diagnóstico de infecções agudas de dengue (SHU et al., 2003). O antígeno NS1

pode ser detectado precocemente no soro dos pacientes infectados (um dia após o início dos

sintomas). Apresenta sensibilidade entre 70 e 90% e especificidade maior que 90% durante os

primeiros dias da febre, sendo encontrado tanto na infecção primária, quanto na secundária

(LIMA et al., 2010, 2011). Importante salientar que resultados negativos não afastam a

possibilidade de dengue. Está disponível em duas metodologias: NS1 teste rápido

(imunocromatográfico) e NS1 ELISA (GUZMAN et al., 2010; BHAT et al., 2015; BRASIL,

Page 24: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

7

2016). A sensibilidade do NS1 ELISA foi de 85,6 a 95,9%, enquanto a sensibilidade do NS1

teste rápido foi 71,9 a 79,1%, em estudo que utilizou amostras séricas retrospectivas de

pesquisas anteriores que abordaram as causas e a vigilância de doenças febris agudas no Peru,

Equador e Honduras. Ainda nesse estudo, a sensibilidade de ambos foi menor durante a

investigação de infecções secundárias (PAL et al., 2014).

O isolamento viral é o método mais específico (padrão ouro) e permite a identificação

do sorotipo responsável pela infecção utilizando-se a técnica de imunofluorescência indireta,

aplicando-se anticorpos monoclonais específico para cada sorotipo. Pode ser realizado em

amostras de sangue, líquor e fragmentos de vísceras. A amostra deve ser coletada durante o

período de viremia (HENCHAL et al., 1983; BRASIL, 2014, 2016; BHAT et al., 2015).

A detecção do genoma viral pelo método da transcrição reversa seguida da reação em

cadeia da polimerase (RT-PCR) não é usada na rotina diagnóstica, mas é importante para o

diagnóstico dos casos em que as técnicas de rotina não foram suficientes para a definição

diagnóstica, sobretudo nos casos que evoluíram para o óbito (SHU et al., 2003). O método

pode também ser realizado em amostras de sangue, líquor e fragmentos de vísceras, bem

como em lotes de mosquitos vetores. As elevadas sensibilidade e especificidade e a detecção

de quantidades mínimas de material genético em amostras de paciente o fazem um método

para diagnóstico precoce de infecção pelo DENV (BRASIL, 2014, 2016; BHAT et al., 2015).

Outro teste de biologia molecular que pode ser usado é o PCR em tempo real. Este método

permite, a partir da titulação do vírus, quantificar o RNA viral em aproximadamente uma hora

e 30 minutos, usando pares de primers e sondas que são específicas para cada sorotipo

(CHAO; DAVIS; CHANG, 2007).

O diagnóstico histopatológico seguido de pesquisa de antígenos virais por

imunohistoquímica é realizado em material (fígado, baço, coração, linfonodos, rins e cérebro)

obtido após o óbito do paciente. O diagnóstico é presuntivo. A imuno-histoquímica permite a

detecção de antígenos virais em cortes de tecidos fixados em formalina emblocados em

parafina, corados pela fosfatase alcalina ou peroxidase marcada com anticorpo específico.

Essa técnica é bastante sensível e específica, devendo ser utilizada após o diagnóstico

histológico presuntivo (GUZMÁN; KOURÍ, 2004; BRASIL, 2014, 2016; BHAT et al., 2015).

1.1.5. O diagnóstico diferencial

Tem-se sugerido que o diagnóstico diferencial da dengue seja feito por meio de

síndromes clínicas (VERHAGEN; GROOT, 2014; BRASIL, 2016).

Page 25: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

8

Na síndrome febril devem ser consideradas as enteroviroses, influenza e outras viroses

respiratórias, hepatites virais, malária, febre tifoide, chikungunya e zika (VERHAGEN;

GROOT, 2014; BRASIL, 2016).

Na síndrome exantemática febril, rubéola, sarampo, escarlatina, exantema súbito,

enteroviroses, mononucleose infecciosa, parvovirose, citomegalovirose, Mayaro,

farmacodermias, Kawasaki, doença de Henoch-Schonlein, chikungunya e zika devem ser

consideradas (VERHAGEN; GROOT, 2014; BRASIL, 2016).

Na síndrome hemorrágica febril, o diferencial deve ser feito com a hantavirose, febre

amarela, leptospirose, malária grave, riquetsioses e púrpuras (VERHAGEN; GROOT, 2014;

BRASIL, 2016).

Na síndrome dolorosa abdominal deve-se considerar a possibilidade de apendicite,

obstrução intestinal, abscesso hepático, pneumonia, infecção urinária e colecistite aguda

(VERHAGEN; GROOT, 2014; BRASIL, 2016).

Na síndrome do choque, meningococcemia, septicemia, meningite por influenza tipo

B, febre purpúrica brasileira, síndrome do choque tóxico e miocardites são os diferenciais a

serem pesquisados (VERHAGEN; GROOT, 2014; BRASIL, 2016).

Na síndrome meníngea, a meningite viral e bacteriana, e a encefalite podem ser

diferenciais a serem considerados (VERHAGEN; GROOT, 2014; BRASIL, 2016).

1.1.6. Tratamento / manejo clínico

O tratamento de dengue, na atualidade, deve levar em consideração a classificação de

risco que visa reduzir o tempo de espera no serviço de saúde. De acordo com os dados de

anamnese e de exame físico, os pacientes são divididos em quatro grupos em ordem crescente

de gravidade (A, B, C, D) (BRASIL, 2016).

No grupo A, não se detecta sinais de alarme, nem comorbidades, sendo a proposta

terapêutica o repouso, a analgesia, a hidratação oral em regime domicilar e retorno ao serviço

de saúde se aparecimento de sinais de alarme, ou no dia da melhora da febre, ou no quinto dia

da doença. É necessário notificar o caso (BRASIL, 2016).

O grupo B se caracteriza por presença de sangramento espontâneo ou induzido pela

prova do laço, ou de condições clínicas especiais/comorbidades como menores de 2 anos,

gestantes, maiores de 65 anos, doenças crônicas associadas, doença ácido peptica,

hepatopatias e doenças autoimunes. Deve-se notificar o caso, colher os exames inespecíficos e

Page 26: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

9

indicar hidratação oral e analgesia até a avaliação dos resultados dos mesmos. Se normais,

prescreve-se o tratamento ambulatorial com retornos diários para reavaliação e retorno

imediato se presença de sinais de alarme. Se anormais, o tratamento migra para as condutas

do Grupo C (BRASIL, 2016).

O grupo C se caracteriza pela presença de algum sinal de alarme. A conduta mais

importante é a reposição volêmica parenteral em leito de obervação até estabilização (mínimo

de 48 horas). Deve-se notificar o caso, prescrever analgesia, e após a alta, os critérios de

retorno serão os mesmos do grupo B (BRASIL, 2016).

No grupo D, os pacientes apresentam sinais de choque, sangramento grave ou

disfunção grave de órgãos. Deve-se realizar hidratação parenteral e reavaliação clínico-

laboratorial precoces, além de permanência em leito de unidade de terapia intensiva (UTI) até

a estabilização do quadro (mínimo 48 horas). Concentrados de hemácias podem ser usados se

hemorragia grave estiver presente, assim como plasma fresco, vitamina K e crioprecipitado

caso haja coagulopatias, e concentrado de plaquetas se sangramentos persistirem após a

correção dos fatores de coagulação e de choque. Notificação e exames de confirmação de

dengue são obrigatórios. Os critérios de retorno serão os mesmos do grupo B após a alta

hospitalar (SIMMONS et al., 2012; VERHAGEN; GROOT, 2014; BRASIL, 2016).

Na atualidade, nenhum tratamento com base em drogas anti-virais está disponível

(BHAT et al., 2015). Hidratação venosa meticulosa com reavaliações clínico-laboratorais

sequenciais é o padrão de cuidado estabelecido mais eficaz na atenuação das complicações

devidas a extravazamento capilar, choque e falência de órgãos (CHAN; OOI, 2015).

1.1.7. Medidas de prevenção: controle do vetor e vacinas

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou uma campanha de

erradicação do Aedes aegypti nas décadas de 1950 e 1960, sobrevindo importante êxito em

seu objetivo. O impacto inicial positivo desta campanha criou uma falsa impressão de que

qualquer estratégia de controle do vetor poderia resultar em êxito semelhante. O programa de

controle foi então encerrado no início da década de 1970 e no fim da mesma houve

reinfestação do Aedes em muitos locais. O vetor foi reintroduzido no Brasil desde 1976 a

partir da cidade de Salvador-BA (TAUIL, 2001).

Page 27: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

10

Atualmente, o controle de vetores continua sendo uma forma prioritária de prevenir a

transmissão, entretanto não existem medidas totalmente eficazes e sustentáveis neste setor

aptas a garantir a proteção das comunidades afetadas (ARAÚJO et al., 2015).

Em artigo de revisão, Baldacchino et al. (2015) descreveram os métodos de controle

de mosquitos já disponíveis e outros em desenvolvimento, que podem ser assim divididos:

a) Métodos ambientais: consistem principalmente na remoção ou inativação de

potenciais criadouros que incluem uma ampla gama de recipientes que armazenam

a água que favorecerá a multiplicação do vetor. As campanhas para a

conscientização e educação popular para ajudar os cidadãos a eliminar pequenos

recipientes de água em suas propriedades tornaram-se elementos básicos em

programas de controle em todo o mundo.

b) Métodos mecânicos: envolvem a captura das fêmeas grávidas dos mosquitos,

utilizando-se iscas de odor e a adição de larvicidas nos recipientes de multiplicação

dos vetores.

c) Métodos biológicos: consistem em infectar os vetores com micro-organismos

como fungos e bactérias, com objetivo de se reduzir a longevidade ou fecundidade

dos mesmos. Também se enquadra nesta categoria o uso de predadores de larvas

de mosquitos (exemplo: copépodes ciclopoides); e da Wolbachia pipientis, uma

bactéria endossimbiótica capaz de induzir incompatibilidade citoplasmática no

vetor.

d) Métodos químicos: relacionam-se ao uso de reguladores de crescimento de insetos

usados como larvicidas (exemplo: piriproxifeno) e de piretroides usados como

adulticidas.

e) Métodos genéticos: vinculam-se à Técnica do Inseto Estéril, que se baseia na

liberação de grande número de machos estéreis, após exposição à radiação ou

produtos químicos esterilizantes. Envolvem ainda a liberação de insetos carreando

um gene letal dominante e um método de interferência no RNA viral, em que a

resposta imune do inseto reconhece e degrada o RNA do vírus.

As abordagens tradicionais de prevenção e controle da dengue foram herdadas de

programas verticais que almejavam a eliminação de criadouros em habitats domésticos por

meio de larvicidas e aplicação de inseticidas por nebulização ultra baixo volume (UBV)

(ARAÚJO et al., 2015).

Page 28: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

11

A capacidade de controle do Aedes aegypti é limitada. A aplicação de larvicida

apresenta baixa cobertura nos criadouros (contêineres) e áreas de risco, o que afeta o controle

de longo prazo em virtude da: presença de um grande conjunto de criadouros em qualquer

ambiente urbano, da crescente relutância dos residentes em aceitar o uso do larvicida na água

potável, do seu custo, do aumento do uso de recipientes descartáveis para armazenamento de

água, e da frequência de domicílios fechados. O efeito da fumigação de inseticidas por UBV é

de curta duração em virtude de uma penetração eficaz limitada nos locais de repouso do vetor

e tem também uma curta duração com relação à mortalidade da fêmea adulta, uma vez que a

população adulta de mosquitos retorna aos níveis de pré-tratamento em duas semanas. Mesmo

com várias aplicações, o impacto sobre a incidência da doença é mínimo (GÓMEZ-DANTÉS;

WILLOQUET, 2009).

A incapacidade de reduzir de maneira eficiente a densidade do vetor levou ao

desenvolvimento de abordagens mais inovadoras e horizontais, como a participação da

comunidade, modificação de comportamento e promoção da saúde. No entanto, essas

abordagens tiveram também impacto limitado no controle sustentável do amplo espectro dos

criadouros em ambientes domésticos e peridomésticos de grandes áreas urbanas (GÓMEZ-

DANTÉS; WILLOQUET, 2009).

A dificuldade de controle do Aedes aegypti com os métodos tradicionais descritos

estimulou o desenvolvimento de novas estratégias. Outro método de controle do vetor foi

abordado por Hoffmann et al. (2011), que demonstraram que mosquitos portadores de

algumas cepas de Wolbachia, um endossimbionte encontrado em muitos insetos, que

posteriormente foram infectados pelo DENV, perderam sua capacidade de transmitir o

patógeno e concluíram que estratégias baseadas no uso dessa bactéria poderiam ser

implantadas como abordagem prática para o controle da dengue.

O interesse em Técnicas dos Insetos Estéreis tem aumentado nos últimos anos, sendo

as duas mais importantes a radiação e a transgenia, cujos objetivos são liberar vetores

irradiados ou transgênicos, que se tornam incapazes de procriar adequadamente ou produzir

descendentes férteis (FERNÁNDEZ-SALAS et al., 2015). O primeiro ensaio de campo

envolvendo uma linhagem transgênica do vetor foi em Grand Cayman, em 2009 e 2010. A

linhagem transgênica causou uma redução de 80% na população de Aedes aegypti selvagem

na área testada quando comparada à área de controle (HARRIS et al., 2012). Resultado

semelhante foi encontrado em ensaios de campo realizados no Brasil em 2011 (ARAÚJO et

al., 2015; CARVALHO et al., 2015). Estudo de modelagem sugere que estratégias

Page 29: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

12

combinadas usando Técnicas dos Insetos Estéreis associadas a Wolbachia podem ser mais

eficazes do que outras utilizadas isoladamente. Ensaios de campo de larga escala

demonstrarão a veracidade dessa informação ao longo do tempo (ARAÚJO et al., 2015).

Outro aspecto importante para facilitar a obtenção de informações que contribuam

para o controle da dengue foi o estímulo oferecido pela OMS e a OPAS para o uso de

métodos simplificados de amostragem. Neste sentido, o Brasil, a partir de 2002, passou a

realizar o Levantamento de Índice Rápido de Infestação do Aedes aegypti (LIRAa), que é um

método de amostragem para obtenção rápida de indicadores entomológicos (BRASIL, 2009).

Este método (LIRAa) usa três índices para avaliação da situação de risco de

transmissão de dengue:

a) O índice de infestação predial (IIP): percentual de prédios positivos em relação ao

número total de prédios examinados.

b) Índice de Breteau (IB): percentual de recipientes positivos em relação ao número

total de prédios examinados.

c) Índice por tipo de recipiente (ITR): percentual de tipo de recipiente positivo em

relação ao número de recipientes positivos pesquisados.

O IIP é considerado satisfatório quando menor que 1%, alarmante quando entre 1% e

3,9% e de risco se maior que 3,9% (BRASIL, 2009). Em Goiânia, no informe técnico semanal

de 11 de fevereiro de 2016, o IIP variou de 0,8% (Distrito Sanitário [DS] Oeste) e 2,8%

(Distrito Sanitário Leste) (GOIÂNIA, 2016).

Como o controle do vetor não trouxe resultados sustentáveis e abrangentes, a

vacinação oferece perspectivas de melhores oportunidades e resultados duradouros.

Entretanto, sua implantação em áreas endêmicas exige estratégias baseadas em evidências que

sejam práticas e viáveis para serem adotadas por programas de saúde local e nacional

(AMARASINGHE; MAHONEY, 2011).

Em dezembro de 2015, houve o registro regulatório de uma vacina tetravalente (Sanofi

Pasteur) contra a dengue pela Anvisa no Brasil, sendo também registrada no México, Paraguai,

El Salvador e Filipinas, o que traz novas expectativas para organizar uma estratégia mais

eficiente e sustentável de controle da patologia, principalmente nos ambientes urbanos em

crescimento. A vacina será aplicada na faixa etária entre nove e 45 anos (BRASIL, 2015).

Foi demonstrado o perfil consistente de eficácia e o perfil de segurança de longo prazo

em populações com idade entre nove e 16 anos. Em uma análise agrupada de eficácia nesse

grupo etário, a vacina demonstrou reduzir a dengue causada pelos quatro sorotipos em dois

Page 30: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

13

terços dos pacientes, além prevenir 93% dos casos de dengue grave e oito em cada dez

hospitalizações (HADINEGORO et al., 2015). Em ensaio clínico randomizado realizado em

2011-2012, em cinco países latino-americanos onde a dengue é endêmica, foi encontrada para

essa vacina eficácia de 50,3% para o DENV1, 42,3% para o DENV2, 74% para o DENV3 e

77,7% para o DENV4, além de eficácia de 80,3% contra a hospitalização devida à doença

(VILLAR et al., 2014).

Como a vacinação contra a dengue tende a modificar a distribuição do estado de

imunidade contra todos os sorotipos em diversas magnitudes em um grupo alvo específico, é

importante avaliar seu impacto sobre a dinâmica de transmissão dos grupos protegidos e

outros grupos não vacinados como irmãos, membros da família não vacinados, dentre outros,

uma vez que a vacina pode reduzir o contágio, as cargas virais e a gravidade da doença até

mesmo em grupos não vacinados pelo fato de não contribuir para a força da infecção em nível

populacional (CLAPHAM et al., 2015).

1.1.8. Aspectos epidemiológicos

Em se tratando dos aspectos epidemiológicos, a dengue é a doença viral transmitida

por mosquito que se espalha mais rapidamente no mundo (GUZMAN; HARRIS, 2015).

Fatores climáticos como o aquecimento global e os fenômenos el niño e la niña (WHO,

2004); inadequada infraestrutura básica urbana proveniente principalmente da migração rural-

urbana nas últimas décadas; e a rápida mobilidade de grupos populacionais são fatores que se

relacionam com a expansão geográfica e o aumento de casos, por facilitarem a permanência

do vetor primário, farorecerem a expansão e a circulação do vírus e dificultarem o controle

vetorial (MACIEL; SIQUEIRA-JR; MARTELLI, 2008).

A dengue é endêmica em mais de 100 países no Sudeste da Ásia, Américas, Pacífico

Ocidental, África e regiões do Mediterrâneo Oriental (GUZMAN; HARRIS, 2015). Estima-se

que em torno de duas bilhões e 500 milhões de pessoas vivam em países onde a dengue é

endêmica (STANAWAY et al., 2016) (Figura 1).

Acredita-se que há, por ano, em torno de 390 milhões de infecções, 96 milhões de

casos sintomáticos, com 500 mil hospitalizações e 20 mil óbitos (SHEPARD et al., 2004;

WHO, 2012; BHATT et al., 2013).

Page 31: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

14

Figura 1 – Carga global da dengue, 2014

Fonte: Guzmán & Harris (2015)

Estima-se também que, em 2013, a dengue tenha sido responsável por 576.900 anos

potenciais de vida perdidos devido a mortalidade precoce e 1,14 milhões de anos de vida

ajustados por incapacidade (STANAWAY et al., 2016).

Houve nos últimos 50 anos um acréscimo na incidência da doença, com aumento em

sua transmissão em países da África, Ásia, Américas e Europa, o que a tornou uma pandemia

(WHO, 2012; GUZMAN; HARRIS, 2015).

Os países das Américas, por suas características ambientais e socioeconomicas,

apresentam elevada vulnerabilidade para a trasnsmissão de dengue (GUBLER, 2011;

COELHO, 2012). Neles, a reemergência da doença ocorreu nas décadas de 1960 e 1970 e os

primeiros casos de Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) surgiram na década de 1980

(WILSON; CHEN, 2002; GUZMAN; KOURI, 2003). Houve tendência crescente na

incidência da doença nos últimos 30 anos, incluindo as formas graves e óbitos, sendo

notificados 343.771 casos graves e 57.665 óbitos, com pelo menos 80% deles ocorrendo nos

últimos dez anos. Apesar dos quadros severos ocorrerem na maior parte dos países da região,

pelo menos 90% aconteceram no México, Colômbia, Brasil, Venezuela e Honduras (SAN

MARTÍN et al., 2010; OPAS, 2013).

Durante aproximadamente 60 anos (1923 a 1980) não houve registros de casos de

dengue no território brasileiro (TAUIL, 2001). Em 1981/82, houve a primeira epidemia de

dengue documentada no Brasil (OSANAI, 1984). A doença passou a ocorrer de forma

endêmica desde 1986, com a introdução do DENV1. Os casos da doença, que inicialmente

foram observados em grandes centros urbanos, passaram a ser registrados em todas as regiões

ao longo das duas décadas seguintes, afetando municípios de todos os portes populacionais.

Page 32: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

15

Entre janeiro de 2000 e dezembro de 2015, foram registrados mais de 11 milhões de casos

prováveis da doença no país, com a ocorrência de picos de transmissão nos anos de 2002,

2008, 2010, 2013 e 2015 (Figura 1). Nesse período, também foram registrados 110 mil casos

graves e 4,8 mil óbitos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a, 2014b, 2015, 2016).

O padrão clínico inicial observado foi de ocorrência de casos de dengue clássica

afetando adultos jovens. Com a introdução do DENV2 em 1990, foram observados casos de

FHD, ainda em adultos, mas com uma frequência baixa de ocorrência durante toda essa

década (TEIXEIRA et al., 2013). Com a introdução do DENV3, em 2002, houve um aumento

no número de casos graves e hospitalização pela doença, sinalizando um novo cenário

epidemiológico da doença (Figura 2).

Figura 2 - Casos prováveis e hospitalizações por dengue. Brasil, 1986-2016.

Fonte: Sinan/SVS/MS e SIH/SUS/MS

*Dados atualizados em fevereiro 2016.

Essa tendência de aumento na transmissão e na ocorrência de casos graves se manteve

durante toda a década de 2000, com a migração de casos graves para crianças durante um

novo ciclo de transmissão do DENV2, entre os anos de 2007 e 2009. Em 2007,

aproximadamente 41% das hospitalizações relacionadas à doença ocorreram em crianças com

idade inferior a 15 anos (TEIXEIRA et al., 2013).

Page 33: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

16

A partir de 2010, um novo ciclo de transmissão do DENV1 foi observado, com um

aumento no número de casos graves entre a população com idade superior a 60 anos. Esse

padrão se manteve durante o ano de 2013, quando foi observada uma marcante epidemia de

dengue no país (DENV1/4), com mais de 1,4 milhão de casos prováveis (Figura 2). Em 2015,

houve aumento da incidência em todas as faixas etárias, no entanto, foi observado um maior

aumento do número de casos novos entre adolescentes e adultos jovens (Figura 3).

Figura 3 – Incidência de dengue por faixa etária e região de residência. Brasil, 2002–2015.

Fonte: Modificado de Coelho (2014).

A ocorrência de óbitos tem acompanhado esse cenário de mudanças na epidemiologia

da doença. Durante o período de 2007 a 2009, mais de 25% dos óbitos ocorreram em crianças,

com um aumento da mediana de idade desses óbitos a partir de então (Figura 4).

Page 34: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

17

Figura 4 – Distribuição anual dos óbitos por dengue e febre hemorrágica da dengue de acordo

com a idade. Brasil, 2000 a 2013*

Fonte: Sinan/SVS/MS

*Dados atualizados em outubro de 2013.

No estado de Goiás, a dengue foi registrada laboratorialmente em 1994 a partir da

introdução do DENV-1, quando ocorreu a primeira epidemia da doença na região. Houve

notificação de aproximadamente 3.500 casos de dengue clássico, sendo 98% dos casos

registrados em Goiânia (MACIEL, 1999). O DENV-1 permaneceu como o único sorotipo

detectado até 1997, ocasião em que foi isolado o DENV-2 (FERES et al., 2006). Casos de

dengue grave foram registrados a partir da introdução desse sorotipo, o que foi concordante

com os dados relatados no Brasil que associaram casos com maior gravidade à infecção por

este sorotipo quatro anos depois da primeira epidemia por DENV-1 (NOGUEIRA et al.,

1991; ZAGNE et al., 1994). A dengue tornou-se endêmica na região, com picos epidêmicos

nos meses de janeiro a março, estabelecendo um padrão de sazonalidade no período das

chuvas, tal como é observado em outras regiões do Brasil (SIQUEIRA et al., 2004). Em

janeiro de 2002, houve a introdução do DENV-3 em Goiás, durante a epidemia ocorrida em

Goiânia, apesar do DENV-1 haver predominado em 90,8% dos isolados. O DENV-3

dispersou-se rapidamente, sendo detectado simultaneamente em outros municípios do estado,

tornando-se predominante com 78,2% dos isolados no ano de 2003, em substituição ao

DENV-1 (FERES et al., 2006). No período de 2003 a 2007, observou-se a intensificação da

interiorização da dengue em Goiás associado ao aumento do número de casos notificados, de

15 anos

Page 35: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

18

casos graves e óbitos no estado (MACIEL; SIQUEIRA-JR; MARTELLI, 2008). Em 2008,

foram notificados em Goiás cerca de 70% do total de casos registrados no Centro-Oeste, mas

em 2009 observou-se uma redução de 2% das notificações de dengue neste estado

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Ao longo de 2009, houve nova mudança no sorotipo

predominante, com recirculação do DENV-1, existindo nova epidemia em 2010. No ano de

2011, ocorreram os primeiros casos de dengue pelo DENV-4 e em 2013 aconteceu uma

grande epidemia de dengue no estado com quase 164 mil casos notificados e 65 óbitos

confirmados (TEIXEIRA et al., 2013). Nos anos de 2010 a 2014, o estado registrou 472.186

casos suspeitos de dengue com 367 óbitos. Em 2015, foram notificados 189.421 casos em

Goiás, sendo a maior epidemia ocorrida no estado até então (SECRETARIA DE ESTADO

DA SAÚDE DE GOIÁS, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

A dengue surgiu em Goiânia em 1994, com uma epidemia causada pelo DENV1, com

aproximadamente 3,5 mil casos registrados. Em 1999, ocorreu a introdução do DENV2, em

circulação concomitante ao DENV1, e foi detectado um aumento dos casos mais graves e do

número de hospitalizações (SIQUEIRA et al., 2004). Em 2002, ocorreu a introdução do

DENV3, que circulou como o sorotipo predominante até 2007 (FERES et al., 2006).

A partir da década de 2000, foi observado um aumento da frequência da doença, com

a ocorrência de grandes epidemias nos anos de 2002, 2008, 2010, 2013 e 2015 refletindo a

alternância entre os sorotipos predominantes do DENV (GOIÂNIA, 2016). Em 2002, houve a

segunda epidemia em Goiânia, com aproximadamente 17 mil casos registrados e três óbitos.

Nesse ano, um inquérito soroepidemiológico em 3,5 mil indivíduos mostrou que a prevalência

global da dengue foi de 37,3%, onde mais de 350 mil pessoas foram infectadas (SIQUEIRA-

JUNIOR et al., 2008).

Em 2008, configurou-se nova epidemia em Goiânia, com circulação do DENV3 e

aumento considerável no número de casos graves. Foram notificados aproximadamente 23

mil casos suspeitos, 120 casos de FHD confirmados e 24 óbitos. Em 2009, houve epidemia

novamente, com quase 30 mil casos e 22 óbitos. Em 2010, o número de casos notificados

aumentou cerca de 50% em comparação a 2009, com registro de mais de 44 mil casos e 21

óbitos confirmados (GOIÂNIA, 2016).

Entre 2003 e 2015, em Goiânia, foram registrados aproximadamente 335 mil casos

prováveis da doença (Figura 5). Em 2015, ocorreu a maior epidemia registrada e Goiânia

esteve entre os municípios brasileiros com maior número de registro de casos prováveis

(n=79.095), com incidência atingindo 5,6 mil casos para cada 100 mil habitantes, com a

Page 36: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

19

ocorrência de 34 óbitos. Nesse ano, houve circulação dos sorotipos DENV1 (80,9%), DENV4

(18,7%) e um caso de DENV2 (0,4%) (GOIÂNIA, 2016).

Figura 5 - Número de casos prováveis e número de internações por dengue. Goiânia, 2000 a

2015

Fonte: Sinan/SVS/MS

1.2 Vigilância epidemiológica da dengue no Brasil

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan foi implantado no Brasil

em 1990 e a partir de 1998 tornou-se obrigatória a alimentação regular da base de dados

nacional pelos municípios, estados e Distrito Federal. A coleta e o processamento dos casos

notificados ocorrem em todo o território nacional, desde o nível local, utilizando dois

formulários padronizados, a Ficha Individual de Notificação (FIN) e a Ficha Individual de

Investigação (FII) que são digitadas nesse sistema. A FIN é preenchida para cada paciente e

encaminhada pelas unidades assistenciais aos serviços responsáveis pela informação e/ou

vigilância epidemiológica. A FII é utilizada como roteiro de investigação e seu preenchimento

é feito pelos serviços municipais de vigilância ou unidades de saúde capacitadas para a

realização da investigação epidemiológica. A coleta dos dados do sistema de vigilância da

dengue é feita de forma passiva, com a notificação espontânea de dados ambulatoriais e

hospitalares. A Ficha de Investigação da dengue é o instrumento usado para se registrar os

casos no Sinan (BRASIL, 2014).

Page 37: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

20

Dentre os objetivos da vigilância da dengue no Brasil, dois se destacam: a detecção

precoce da ocorrência dos casos da doença e a redução da ocorrência de óbitos evitáveis

mediante a identificação dos seus possíveis determinantes e a definição de estratégias para

aprimoramento da assistência aos casos (BRASIL, 2014).

Por ser uma doença de notificação compulsória, todo caso suspeito e/ou confirmado de

dengue deve ser comunicado ao Serviço de Vigilância Epidemiológica o mais breve possível.

Esse serviço, por sua vez, aciona a equipe de controle vetorial local para a adoção de medidas

de combate ao vetor. O óbito suspeito por dengue é um evento de notificação imediata

(BRASIL, 2014).

A partir de 2014, o país vem usando nova classificação para a definição de casos de

dengue:

a) Caso suspeito é aquele em que a pessoa resida em área onde se registram casos de

dengue, ou que tenha viajado nos últimos 14 dias para área com ocorrência de transmissão de

dengue (ou presença do vetor). Deve apresentar febre, usualmente entre dois e sete dias, e

duas ou mais manifestações: náuseas/vômitos, exantema, mialgias/artralgia, cefaleia/dor retro-

orbital, petéquias, prova do laço positiva e leucopenia. Também pode ser considerado caso

suspeito toda criança proveniente de (ou residente em) área de transmissão de dengue, com

quadro febril agudo e sem foco de infecção aparente (WHO, 2009; BRASIL, 2014, 2016).

b) Caso suspeito com sinais de alarme é todo caso de dengue que, no período de

defervescência da febre, apresenta um ou mais dos seguintes sinais de alarme: dor abdominal

intensa e contínua, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos (ascite, derrames pleural e/ou

pericárdico), hipotensão postural e/ou lipotímia, hepatomegalia, sangramento de mucosa ou

outra hemorragia, letargia e/ou irritabilidade, queda abrupta de plaquetas e aumento

progressivo do hematócrito (WHO, 2009; BRASIL, 2014, 2016).

c) Caso suspeito de dengue grave é todo caso de dengue que apresenta um ou mais dos

seguintes critérios: choque, sangramento grave e comprometimento grave de órgãos (fígado,

sistema nervoso central, coração, dentre outros) (WHO, 2009; BRASIL, 2014, 2016).

d) Caso confirmado é todo caso de dengue confirmado laboratorialmente por meio dos

exames específicos (WHO, 2009; BRASIL, 2014, 2016).

e) Óbito é todo paciente que cumpra os critérios da definição de caso suspeito ou

confirmado que morreu como consequência de dengue (WHO, 2009; BRASIL, 2014, 2016).

f) Caso descartado é todo caso suspeito de dengue que possui um ou mais dos

seguintes critérios: diagnóstico laboratorial negativo (sorologia IgM), tenha diagnóstico

Page 38: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

21

laboratorial de outra entidade clínica, ou seja um caso sem exame laboratorial, cujas

investigações clínica e epidemiológica são compatíveis outras doenças (WHO, 2009;

BRASIL, 2014, 2016).

A vigilância epidemiológica da dengue no mundo e no Brasil é de fundamental

importância, pois é o monitoramento da dinâmica de transmissão que orienta a adoção das

medidas de controle e a organização da assistência com o intuito de reduzir a

morbimortalidade pela doença (COELHO, 2014). Todavia, mesmo sendo uma doença de

notificação compulsória em muitos países, a subnotificação de casos oculta a verdadeira

extensão da carga da doença (SARTI et al., 2016).

1.3 Inquéritos de soroprevalência

Para melhor entendimento da dinâmica de transmissão da dengue, inquéritos

populacionais têm sido realizados no mundo e no Brasil para determinar as taxas de

soroprevalência e compará-las às informações obtidas pela vigilância epidemiológica de

determinada localidade (país, estado, município e instituições como hospitais, escolas, dentre

outras) (IMAI et al., 2015).

As notificações nacionais de rotina dos casos de dengue frequentemente não refletem

o cenário real da doença devido à grande proporção de casos não notificados. Na fase III de

um ensaio clínico randomizado, conduzido entre junho de 2011 e abril de 2014, com objetivo

de avaliar a segurança e a eficácia de uma vacina tetravalente contra a dengue em crianças de

nove a 16 anos, em cinco países latino-americanos, as taxas de incidência da doença

observadas no grupo placebo foram comparadas com os dados notificados nos sistemas

nacionais de vigilância epidemiológica referentes a um grupo comparável de idade nas

mesmas áreas geográficas. O número de casos de dengue foi estimado como sendo 3,5 a 19

vezes maior do que o número de casos notificados (SARTI et al., 2016).

Inquéritos sorológicos, quando realizados periodicamente, podem ajudar a se

aproximar da verdadeira carga da dengue. Alguns exemplos podem ser citados: Malavige et

al. (2006) coletaram sangue de 313 crianças e adolescentes selecionadas aleatoriamente em

quatro escolas do distrito de Colombo, no Sri Lanka em 2005, e encontraram uma prevalência

global de dengue de 34,0%. Low et al. (2015) observaram, entre dezembro de 2009 e

fevereiro de 2010, uma prevalência de 50,8% da doença, em doadores de sangue de 16 a 60

anos em Singapura. Ang et al. (2015), em 2010, analisaram o soro estocado de quase 3.300

adultos entre 18 e 79 anos que participaram de um inquérito nacional de saúde de Singapura e

Page 39: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

22

encontraram uma soroprevalência global de 56,8%. Ab-Fatah et al. (2015) observaram, entre

novembro de 2010 a agosto de 2011, uma prevalência de 25,5% e 32,1% de DENV1 em dois

grandes hospitais em Selangor, na Malásia.

No Brasil, estudos abordaram a soroprevalência de dengue em algumas regiões. A

prevalência observada apresentou grandes variações entre diferentes momentos do tempo. No

Rio de janeiro, foram observadas prevalências de 24,9%, em 1986, e 44,5%, em 1987

(FIGUEIREDO; CAVALCANTE; SIMÕES, 1990). Foram encontradas prevalências de

44,0%, em Fortaleza em 1994 (VASCONCELOS et al., 1998), e 41,5%, em São Luís, no ano

de 1996 (VASCONCELOS et al., 1999) e 69,0% em Salvador, no ano de 1998 (TEIXEIRA;

NASCIMENTO, 2003). Em Belo Horizonte, no ano de 2000, a prevalência observada foi de

23,3% (CUNHA et al., 2008). E em Goiânia, no ano de 2001, a soroprevalência foi de 29,5%

(SIQUEIRA et al., 2004) e de 84,2% na cidade do Recife, em 2005-2006 (BRAGA et al.,

2010).

Como exemplo de inquérito de soroprevalência de dengue em instituições, Argolo et

al (2013) encontraram, num estudo transversal realizado em dois hospitais públicos de

Goiânia, entre 2009 e 2010, uma prevalência de aproximadamente 54,0%.

Inquéritos sorológicos podem ajudar a identificar casos de supernotificação em um

serviço de saúde como, por exemplo, em Ibupiara-BA, onde muitos casos febris devidos a

outras patologias infectocontagiosas foram notificados como dengue (VASCONCELOS et al.,

2000). E mais frequentemente podem ser instrumentos de detecção de casos de subnotificação

como em Fortaleza, quando em 1994 a dengue não era doença de notificação compulsória e

foram notificados 32 mil casos, sendo que o número de casos estimados pelo inquérito foi de

667.000 casos (VASCONCELOS et al., 1998). Subnotificação também foi encontrada em

Salvador, no ano de 1998, em que a soroprevalência foi de 69,0% contra menos de 30 mil

casos notificados (1,6%) (TEIXEIRA; NASCIMENTO, 2003) e, em Belo Horizonte, entre

1996 e 2000, sendo o número de casos notificados nos três distritos do estudo menos de 35

mil casos, contrastando com os 167 mil casos identificados na soroprevalência (CUNHA et

al., 2008).

1.4 Dengue na infância e adolescência: algumas especificidades

A dengue emergiu como um crescente problema de saúde pública nos últimos 50 anos,

particularmente no Sudeste Asiático, nas Américas Central e do Sul e na África (BRADY et

al., 2012). A grande maioria dos casos, quase 95%, aconteceram em pessoas com menos de

Page 40: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

23

15 anos (BHATTACHARYA et al., 2013). A doença é responsável por significativa morbi-

mortalidade em crianças que vivem ou visitam parentes ou amigos nestas regiões

(VERHAGEN; GROOT, 2014).

Em crianças, além de existir imunidade permanente após infecção por determinado

sorotipo, há uma imunidade heterotípica transitória pelos anticorpos maternos até sete a oito

meses após o nascimento (CARROLL; TOOVEY; VAN GOMPEL, 2007). Bebês nascidos de

mães com imunidade estabelecida para o DENV são um grupo especial de alto risco para a

dengue grave e hospitalização durante a infecção primária no primeiro ano de vida (HARRIS

et al., 1999; JESSIE et al., 2004). Assim como nos adultos, episódios de dengue grave na

infância são mais frequentes durante a infecção secundária (MARTINA; KORAKA;

OSTERHAUS, 2009).

A doença pode resultar da infecção por qualquer um dos quatro sorotipos e o quadro

clínico pode variar de uma síndrome febril clássica viral leve com sinais e sintomas

inespecíficos (adinamia, sonolência, hiporexia, vômitos e diarréia) à síndrome do choque da

dengue potencialmente fatal (BRASIL, 2016). Ainda que a febre alta frequentemente esteja

presente nas crianças com dengue, elas habitualmente são menos sintomáticas do que os

adultos na fase febril da doença (VERHAGEN; GROOT, 2014). O quadro grave nas crianças

pode ser identificado como a primeira manifestação clínica, sendo mais súbito do que nos

adultos, nos quais os sinais de alarme são mais facilmente observados (SIMMONS et al.,

2012; BRASIL, 2016). Extravazamento plasmático e choque são mais frequentes e graves na

infância, enquanto manifestações hemorrágicas e disfunção orgânica são mais frequentes em

adultos (VERHAGEN; GROOT, 2014). Hemorragia clinicamente significativa na fase crítica

da doença em crianças geralmente ocorre associada a choque profundo e prolongado

(SIMMONS et al., 2012).

O risco de dengue com sinais de alerta e dengue grave varia com a idade, sendo os

quadros graves mais frequentes em lactentes e pré-escolares/escolares quando comparados a

adolescentes e adultos. Além disso, sabe-se que a letalidade nas crianças mais jovens com

dengue grave é mais elevada do que nos adultos (HAMMOND et al., 2005).

Em crianças/adolescentes, a investigação laboratorial é realizada com os mesmos

exames dos adultos e o manejo clínico segue os mesmos princípios terapêuticos já descritos

para os doentes mais velhos (SIMMONS et al., 2012; VERHAGEN; GROOT, 2014; BRASIL,

2016).

Page 41: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

24

2. JUSTIFICATIVA

Desde a década de 2000, o número de casos de dengue registrados nas Américas vem

dobrando a cada década. No início do ano de 2015, o total de casos da década de 2010

superou o total da década anterior, acenando para que novamente esse registro de duas vezes

mais casos deve se repetir (WHO, 2012; GUZMAN; HARRIS, 2015). O Brasil segue esse

mesmo padrão de transmissão, com suas maiores epidemias sendo registradas nos anos de

2013 e 2015, com mais de um milhão e meio de casos prováveis (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2016). O cenário de crescente transmissão de dengue no Brasil e no mundo evidencia as

limitações das atuais estratégias de prevenção da doença.

Nesse cenário, novas tecnologias de prevenção vem sendo desenvolvidas, incluindo

novas técnicas de controle de vetor e vacinas contra o vírus da dengue (BALDACCHINO et

al., 2015). A primeira vacina contra a doença foi registrada no país, no final de 2015, devendo

ter sua comercialização iniciada no ano de 2016 (BRASIL, 2015). Entretanto, a Organização

Mundial da Saúde recomendou a adoção dessa primeira vacina em áreas com alta prevalência

da doença (WHO, 2016).

Frente à disponibilidade de novas tecnologias, torna-se necessária a condução de

estudos para avaliação de custo-efetividade e impacto da vacina. Estudos de soroprevalência

são importantes ferramentas para um melhor entendimento da magnitude de doenças na

população (IMAI et al., 2015). Além dessa compreensão, a condução de um estudo de

soroprevalência apresenta novos elementos para a tomada de decisões frente a recomendação

da OMS sobre a adoção da vacina em locais de prevalência alta.

Outros desafios existem para uma ampla compreensão da dinâmica de transmissão da

doença. A subnotificação dos casos de dengue tem sido atribuída a uma gama de fatores,

como a história natural da doença, que inclui uma elevada proporção de casos assintomáticos;

sintomas inespecíficos como febre, levando frequentemente a erros diagnósticos; a capacidade

limitada dos laboratórios para confirmar os casos suspeitos; e a má aplicação das definições

de caso preconizada pela OMS (TAPIA-CONYER; MENDEZ-GALVAN; BURCIAGA-

ZUNIGA, 2012). Como a subnotificação de casos ao sistema nacional de vigilância prejudica

os cálculos local, regional e global exatos da carga de dengue, ainda são necessários estudos

Page 42: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

25

de coorte para a identificação da proporção de casos sintomáticos entre as infecções pelo vírus.

Nessa perspectiva, esse inquérito de soroprevalência contribui para um melhor entendimento

da carga dessa doença e de sua dinâmica de transmissão no município de Goiânia,

representando a linha de base de um estudo de coorte de crianças e adolescentes que terá

duração de três anos.

Page 43: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

26

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Descrever o perfil sorológico da linha de base de uma coorte composta por uma

população entre dois e 16 anos da região do Distrito Sanitário (DS) Norte do município de

Goiânia, Goiás, em 2015.

3.2 Objetivos específicos

Estimar a prevalência de infecção pelo DENV na população infantil e de

adolescentes.

Investigar possíveis fatores individuais e socioeconômicos associados à infecção

pelo DENV na população de estudo.

Page 44: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

27

4. MÉTODOS

4.1 Delineamento e local do estudo

Foi conduzido um estudo transversal para determinação da prevalência de dengue em

uma amostra de crianças e adolescentes de dois a 16 anos, residentes no DS Norte do

município de Goiânia, Goiás, em 2015.

Goiânia, capital do estado de Goiás, em 2015, possuía uma população estimada de 1,4

milhões de habitantes (IBGE, 2016). O município está dividido em sete DS, que são unidades

operacionais e administrativas mínimas, definidas com critérios geográficos, populacionais e

epidemiológicos, com o objetivo de integrarem a estrutura do sistema de saúde do município

para promoção e execução de políticas municipais de saúde nas regiões da cidade

(SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA, 2011). São eles: DS da Região de

Campinas, DS Região Norte, DS Região Sudoeste, DS Região Noroeste, DS Região Leste,

DS Região Sul e DS Região Sudoeste (Figura 6). A população do DS Região Norte de

Goiânia possui cerca de 142.300 habitantes (SOUZA, 2012).

Page 45: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

28

Figura 6 – Distribuição espacial dos bairros de residência dos participantes do estudo. Goiânia,

Goiás, 2015.

Fonte: Prefeitura de Goiânia. Disponível em: https://www.goiania.go.gov.br/shtml/estacaodigital/mapa.shtml e

Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Goi%C3%A2nia

4.2 Período do estudo

O estudo foi realizado no período de abril a dezembro de 2015.

4.3 População do estudo

A população do estudo foi constituída de crianças pré-escolares, escolares, e

adolescentes na faixa etária de 2 a 16 anos, residentes no DS Região Norte do município de

Goiânia (Figura 6), estratificada em 2 a 4 anos, 5 a 9 anos, 10 a 13 anos e 14 a 16 anos.

Page 46: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

29

4.4 Cálculo amostral

Sendo esse inquérito transversal a linha de base para um estudo de coorte, para a

seleção da amostra, foi utilizada a seguinte estratificação: 2 a 4 anos; 5 a 9 anos; 10 a 13 anos;

e 14 a 16 anos. Partindo-se dos casos confirmados registrados no Sinan, foi calculado o

tamanho da amostra, a partir da fórmula da variância da distribuição amostral (DIAZ, 2014),

considerando um coeficiente de variação (CV) da proporção de 20%:

222

])([)( pppCVp

pCV

2

2

])([ ppCV

Sn

s2 = p x q

q = 1 – p

Onde:

CV = coeficiente de variação

p = proporção de interesse

σ2

= variância da distribuição amostral de p (com a raiz quadrada: desvio padrão de p)

s2

= estimativa de σ2

( estimativa feita a partir de uma amostra)

n = tamanho da amostra

Foram consideradas as seguintes estimativas de incidência para o cálculo da amostra

(Tabela 1):

Tabela 1 – Incidência acumulada em três anos por faixa etária. Goiânia, 2012-2014.

Faixa etária

(em anos)

Incidência

acumulada (%)

2 a 4 3,31

5 a 9 6,49

10 a 13 8,91

14 a 16 8,17

Assim, o tamanho da amostra para cada estrato foi estimado conforme demonstrado na

Tabela 2.

Page 47: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

30

Tabela 2 – Tamanho da amostra de acordo com as faixas etárias. Goiânia, 2015.

Faixa etária (em anos) N

calculado

N real do

inquérito

2 a 4 730 555

5 a 9 360 474

10 a 13 256 388

14 a 16 281 295

Total (crianças/adolescentes) 1.627 1.712

Como a coorte está em andamento, pacientes da faixa etária de dois a quatro anos

ainda estão sendo convidados a participar do estudo até se atingir o número calculado para

esta faixa etária.

4.5 Amostragem

A área de abrangência do estudo foi indicada pela Secretaria Municipal de Saúde de

Goiânia, a partir da presença de equipes funcionantes da Estratégia Saúde da Família para a

divulgação do trabalho de campo.

Os bairros de residência dos participantes da pesquisa foram Vila Itatiaia, Residencial

Morada do Ipê, Residencial São Geraldo, Vila Jardim São Judas Tadeu, Vila Jardim Pompeia,

Residencial Alice Barbosa, Residencial Antonio Barbosa, Residencial Nossa Morada,

Residencial Morada dos Sonhos, Residencial Atalaia, Setor Goiânia II, Setor Shangri-lá,

Jardim Bom Jesus, Jardim Guanabara, Jardim Guanabara II, Jardim Guanabara III e Jardim

Guanabara IV (Tabela 3).

Page 48: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

31

Tabela 3 - Distribuição dos participantes por bairros. Distrito Sanitário

Norte, Goiânia-GO, 2015

Bairro n %

Vila Jardim Pompeia 482 28,1

Vila Jardim São Judas Tadeu 430 25,1

Residencial Morada do Ipê 137 8,0

Vila Itatiaia 135 7,9

Setor Shangri-lá 98 5,7

Jardim Guanabara 77 4,5

Residencial Atalaia 75 4,4

Residencial Alice Barbosa 58 3,4

Residencial São Geraldo 45 2,6

Setor Goiânia II 44 2,6

Residencial Nossa Morada 38 2,2

Residencial Antonio Barbosa 37 2,2

Jardim Guanabara II 19 1,1

Residencial Morada dos Sonhos 13 0,8

Jardim Guanabara III 13 0,8

Jardim Guanabara IV 7 0,4

Jardim Bom Jesus 4 0,2

Total 1.712 100,0

Após reuniões com as equipes de saúde da família, os agentes comunitários de saúde

indicaram os nomes e endereços das famílias que tiveram integrantes nas faixas etárias

propostas pelo estudo. A partir dessa lista previamente estabelecida foram realizadas visitas

domiciliares para confirmação dos dados e convite para a participação na pesquisa.

4.6 Coleta dos dados

Após consentimento do responsável legal e assinatura do Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice A), foi realizada uma entrevista, com preenchimento

do questionário (Apêndice B) pelos pesquisadores com informações sobre a criança e/ou

adolescente e seus familiares e coletada amostra de sangue para determinação do estado

sorológico de base da criança.

O questionário foi revisado pelo próprio entrevistador e pela supervisão de campo.

Quando necessário, foi feita outra visita para esclarecimento de possíveis dúvidas.

Posteriormente à realização da sorologia, o resultado foi incluído na ficha de cada

participante.

Page 49: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

32

4.7 Variáveis de desfecho e preditivas

A variável de desfecho considerada foi a evidência sorológica de infecção pregressa

pelo DENV, confirmada por sorologia. As variáveis preditivas foram faixa etária (2 a 4 anos,

5 a 9 anos, 10 a 13 anos e 14 a 16 anos), sexo, características da habitação (tipo de habitação,

número de moradores, número de cômodos); saneamento básico (abastecimento de água, rede

de esgotamento sanitário, coleta de lixo); condições socioeconômicas (escolaridade,

escolaridade do chefe/responsável pela família).

4.8 Método diagnóstico laboratorial

Para avaliação do estado sorológico da criança/adolescente, foi utilizado o teste

imunoenzimático para detecção de anticorpos IgG (Dengue Virus IgG DxSelect™ [EL1500G],

FOCUS Diagnostics, Inc., Cypress, California 90630 EUA), conforme instruções do

fabricante.

Os procedimentos para realização do exame sorológico foram realizados conforme

descritos a seguir:

Os tubos, com caneta de tinta indelével, foram identificados com o número exclusivo

do participante.

Em crianças menores, foi coletado o sangue com seringa de 5 mL em tubo sem

anticoagulante.

O tubo contendo as amostras foi encaminhado ao laboratório para a realização da

sorologia.

Após ser centrifugado, foi separada uma alíquota do soro para o teste sorológico.

O procedimento sorológico foi realizado no laboratório de pesquisa da Faculdade de

Farmácia da UFG, onde as amostras de soro foram estocadas a -20ºC.

4.9 Análise de dados

A entrada de dados foi realizada de forma dupla utilizando-se o aplicativo IBM®

Statistics SPSS®, versão 18.0, para a avaliação de potenciais erros de digitação.

Em seguida foi realizada a comparação das bases de dados e correção de eventuais

discordâncias com revisão manual das fichas.

Page 50: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

33

A partir da base de dados revisada, foi realizada inicialmente uma análise exploratória

descritiva das variáveis de identificação dos participantes.

Foi obtida a soroprevalência global na população estudada, considerando o número de

casos positivos entre todos os participantes.

Em seguida, a estimativa de prevalência e as razões de prevalência foram calculadas

considerando as variáveis: sexo, faixas etárias, escolaridade do chefe da família, tipo de

moradia, história prévia de dengue e frequência em escolas/creches.

As possíveis associações entre o desfecho do estudo e as variáveis independentes

foram testadas em análise bivariada, utilizando o teste de Qui-Quadrado, considerando o nível

de significância de 5%. As variáveis com p-valor < 0,20 na análise bivariada foram incluídas

em um modelo multivariado. Interações entre as variáveis do modelo final foram

examinadas. Foi realizada regressão logística multivariada pelo método stepwise da infecção

pregressa pelo vírus da dengue considerando as seguintes variáveis: faixa etária, relato de

história prévia de dengue e presença em escola/creche, considerando o nível de significância

de 5%.

O VPP foi calculado como a proporção de participantes que referiram história prévia

de dengue que apresentaram sorologia positiva, de forma global e para cada faixa etária.

O valor preditivo negativo (VPN) foi calculado a partir do número de soronegativos

dentre todos os participantes que negaram história prévia de dengue.

Foram utilizados os aplicativos Epi InfoTM

for Windows®, versão 7.5.1, IBM

®

Statistics SPSS®, versão 18.0, e Microsoft

® Excel

®, versão 2013, para a organização do banco

de dados e análise estatística.

4.10 Aspectos éticos

Foram tomados todos os cuidados para garantia da confidencialidade das informações

prestadas por cada um dos participantes do estudo. Os objetivos dos estudos, seus

procedimentos, os riscos e benefícios de participação foram apresentados a cada um dos

responsáveis legais pelos potenciais participantes.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo (Anexo A), sob o Nº 507/13, em 06 de janeiro de

2014, de acordo com as diretrizes da Resolução Conselho Nacional de Saúde Nº 466/2012.

Page 51: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

34

Em havendo interesse e confirmação da participação, seu representante legal foi

solicitado a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), em duas vias,

ficando uma delas em poder do voluntário ou de sua família.

Page 52: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

35

5. RESULTADOS

Participaram do inquérito soroepidemiológico 1.712 crianças ou adolescentes, sendo

51,5% (n=882) do sexo feminino.

A amostra foi constituída por 555 (32,4%) crianças entre 2 e 4 anos; 474 (27,7%) entre

5 e 9 anos; 388 (22,7%) entre 10 e 13 anos e 295 (17,2%) entre 14 e 16 anos.

De todos os participantes, 19,5% (n=333) não frequentavam creches ou escolas; 12,7%

(n=217) frequentavam creches; 11,1% (n=190) eram pré-escolares; 49,5% (n=848) cursavam

o ensino fundamental; e 7,2% (n=124) cursavam o ensino médio.

Sobre a escolaridade dos responsáveis, apenas 1,7% (n=29) não frequentaram a escola;

41,0% (n=701) estudaram até o ensino fundamental; 45,8% (n=784) cursaram até o ensino

médio; 10,3% (n=177) cursaram ensino superior; e somente 1,2% (n= 21) eram pós-

graduados.

A variável tipo de moradia foi dividida em três grupos: casa, apartamento e outro

(favela ou cortiço). Do total, 1.689 (98,7%) crianças/adolescentes moravam em casas, sendo

que na maioria delas (53,0%; n=907) havia até quatro moradores. 45,8% (n=784) das

residências tinham de cinco a nove moradores. Dez ou mais moradores por residência

somente foram observados em 1,2% (n=21) dos participantes.

A variável abastecimento de água foi dividida em: rede geral, poço ou nascente e

outras (carro pipa, rio ou riacho). Em 91,3% (n=1.563) das residências o abastecimento de

água ocorria pela rede geral e em 96,9% (n=1.658) das mesmas havia água encanada em pelo

menos um cômodo. A maioria dos responsáveis (85,3%; n=1.461) afirmou que a falta de água

é rara na região.

Em 76,2% (n=1.305) das residências havia provimento da rede pública de esgoto e em

23,5% (n=402) havia fossa como destino para as excreções.

Quase a totalidade (99,6%; n=1.705) tinha o lixo coletado por um serviço público de

limpeza urbana.

A maioria dos participantes (89,3%; n=1.528) não referiu história prévia de dengue

nas crianças e adolescentes no momento do inquérito (Tabela 4).

Page 53: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

36

Tabela 4 - Características sociodemográficas dos participantes do

estudo, Goiânia-GO, 2015.

Características n (%)

Sexo

Feminino 882 (51,5)

Faixa etária (em anos)

2 a 4 555 (32,4)

5 a 9 474 (27,7)

10 a 13 388 (22,7)

14 a 16 295 (17,2)

Escolaridade

Creches 217 (12,7)

Pré-escolar 190 (11,1)

Ensino fundamental 848 (49,5)

Ensino médio 124 (7,2)

Não frequenta 333 (19,5)

Escolaridade do responsável

Analfabeto 29 (1,7)

Ensino fundamental 701 (41,0)

Ensino médio 784 (45,8)

Ensino superior (graduação/técnico) 177 (10,3)

Pós-graduação (mestrado/doutorado) 21 (1,2)

Tipos de moradia

Casa 1.689 (98,7)

Apartamento 11 (0,6)

Outro 12 (0,7)

Pessoas por domicílio

<=4 907 (53,0)

5-9 784 (45,8)

>=10 21 (1,2)

Abastecimento de água

Rede geral 1.563 (91,3)

Poço ou nascente 147 (8,6)

Outras 2 (0,1)

Entrada de água

Encanada em pelo menos um cômodo 1.658 (96,9)

Encanada só na propriedade ou terreno 26 (1,5)

Não encanada 28 (1,6)

Frequência de falta de água

Pelo menos uma vez na semana 29 (1,7)

Pelo menos uma vez ao mês 60 (3,5)

Raramente 1.461 (85,3)

Nunca 162 (9,5)

Destino das fezes e urina

Rede pública de esgoto 1.305 (76,2)

Fossa 402 (23,5)

Céu aberto 5 (0,3)

Page 54: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

37

Tabela 4 - Características sociodemográficas dos participantes do

estudo, Goiânia-GO, 2015 (continuação).

Destino do lixo

Coleta por um serviço de limpeza urbana 1.705 (99,6)

Outro (caçamba de serviço de limpeza urbana,

queimado, descartado em terreno baldio) 7 (0,4)

História prévia de dengue

Sim 184 (10,7)

Não 1.528 (89,3)

Total 1.712 (100,0)

A prevalência global de infecção pelo DENV foi de 38,3%. Houve um aumento

significativo na soroprevalência de acordo com a idade, variando entre 30,0% (IC95%

25,87% - 34,13%) e 59,7% (IC95% 54,1% - 65,3%) nos grupos de 5 a 9 anos e 14 a 16 anos,

respectivamente (Figura 7).

Figura 7 - Prevalência global de infecção pelo vírus da dengue e de acordo com

a faixa etária. Goiânia-GO, 2015*

*Qui-quadrado de tendência linear: 68,3; p < 0,001

Page 55: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

38

Na análise bivariada, considerando as crianças de 2 a 4 anos como referência, a

prevalência de infecção foi 30% superior entre participantes de 10 a 13 anos (Razão de

Prevalência [RP]: 1,3; IC95%: 1,1–1,6; p<0,001). Já no grupo de 14 a 16 anos, a prevalência

foi 90% superior (RP: 1,9; IC95%: 1,6–2,2; p<0,001) (tabela 4). A soropositividade foi duas

vezes maior entre participantes que relataram história prévia de dengue (RP: 2,0; IC95% 1,8-

2,2; p<0,001). Participantes que frequentam escolas/creches apresentaram soropositividade

30% maior do que o grupo que não as frequentam (RP: 1,3; IC95% 1,1-1,6; p=0,046). Não

houve associação entre o desfecho e as variáveis sexo, escolaridade do chefe da família e tipo

de moradia (Tabela 5).

Tabela 5 – Análise bivariada das características individuais e infecção pelo vírus da dengue.

Goiânia-GO, 2015.

Característica

Sorologia Razão de

Prevalência

(IC95%)

p-valor* Positivo (%) Negativo (%)

Sexo

Masculino 319 (38,5) 510 (61,5) 1,0 (0,9-1,1) 0,908

Feminino 337 (38,2) 545 (61,8) 1

Faixa etária (anos)

2 a 4 172 (31,3) 378 (68,7) 1

5 a 9 142 (30,0) 332 (70,0) 0,9 (0,8–1,1) 0,649

10 a 13 165 (42,5) 223 (57,5) 1,3 (1,1–1,6) <0,001

14 a 16 176 (59,7) 119 (40,3) 1,9 (1,6–2,2) <0,001

Escolaridade do chefe da família

Analfabeto 13 (44,8) 16 (55,2) 0,8 (0,4–1,3) 0,567

Ensino fundamental 262 (37,4) 438 (62,6) 0,6 (0,4–0,9) 0,112

Ensino médio ou 2º grau 308 (39,3) 476 (60,7) 0,6 (0,4–1,0) 0,157

Ensino superior/graduação/técnico 61 (34,5) 116 (65,5) 0,6 (0,3-0,9) 0,076

Pós-graduação/mestrado/doutorado 12 (57,1) 9 (42,9) 1

Tipo moradia

Casa 645 (38,2) 1.043 (61,8) 0,8 (0,5–1,2) 0,464

Outro 11 (47,8) 12 (52,2) 1

História prévia de dengue

Sim 128 (69,6) 56 (30,4) 2,0 (1,8-2,2) <0,001

Não 527 (34,5) 999 (65,5) 1

Escola/creche

Sim 558 (32,5) 819 (47,9) 1,3 (1,1-1,6) <0,001

Não 99 (5,8) 236 (13,8) 1

*Teste Qui-Quadrado. P-valor com nível de significância <0,05.

Page 56: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

39

Após análise por meio da regressão logística multivariada, a variável escolaridade do

responsável permaneceu não associada à soropositividade para a infecção pelo DENV. Já a

variável relacionada à frequência das crianças/adolescentes em escolas/creches deixou de

estar associada à soroprevalência positiva para a infecção pelo DENV (Odds Ratio [OR]:

0,78; IC95% 0,57-1,07; p=0,135). A associação entre a soropositividade para DENV e as

variáveis faixa etária e história prévia de dengue se manteve (Tabela 6).

Tabela 6 – Regressão logística multivariada de soroprevalência considerando faixa etária,

história prévia de dengue e presença em escola/creche. Goiânia, 2015.

Características Odds Ratio Ajustado

(IC 95%) p-valor

Faixa etária anos

2 a 4 1

5 a 9 0,81 (0,60 – 1,10) 0,19

10 a 13 1,29 (0,94 – 1,76) 0,11

14 a 16 2,42 (1,73 - 3,38) < 0,001

História prévia de dengue

Sim 3,37 (2,39 - 4,75) < 0,001

Não 1

*Teste de Wald, p-valor com nível de significância <0,05.

O VPP e o VPN da informação do responsável sobre a história pregressa de dengue

foram respectivamente de 69,5 (IC95% 62,8-76,1) e 65,4 (IC95% 63,0-67,8). Observou-se

também um aumento no VPP do relato de história prévia de dengue de acordo com a idade

(Tabela 7).

Tabela 7 - Valor preditivo positivo da história pregressa de infecção pelo

vírus da dengue de acordo com a faixa etária. Goiânia-GO, 2015.

Faixa etária

(em anos)

Valor preditivo

positivo (%)

Intervalo de

confiança (95%)

2 a 4 55,0 33,2-76,8

5 a 9 58,8 42,3-75,3

10 a 13 66,1 54,0–78,2

14 a 16 81,7 72,8–90,7

Total 69,5 62,8-76,1

Page 57: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

40

6. DISCUSSÃO

O estudo evidenciou uma soroprevalência global de 38,3%, sendo que houve uma

tendência de aumento significativo da soropositividade para a infecção pelo DENV de acordo

com a faixa etária. Houve associação entre relato de história prévia de dengue e infecção pelo

DENV.

A dengue ocorre de forma endêmica no município de Goiânia desde 1994, com uma

tendência de aumento na intensidade da transmissão desde o início da década de 2000. Esse

período corresponde justamente ao período em que os participantes do estudo estiveram

expostos à infecção pelo DENV (GOIÂNIA, 2016).

Estudos de soroprevalência são importantes ferramentas para um melhor entendimento

da carga de dengue na população e quando realizados regularmente podem contribuir para a

avaliação dos programas de controle da doença, sendo possível ainda estimar a incidência da

doença ao longo do tempo (LOW et al., 2015).

O aumento de prevalência de acordo com a faixa etária observado nesse estudo é

esperado em cenários com a ocorrência endêmica de doenças transmissíveis (CLAPHAM et

al., 2015). Dessa forma, achados semelhantes foram observados já no primeiro inquérito

sorológico realizado no município de Goiânia em 2001 (SIQUEIRA et al., 2004). Esse estudo

mostrou prevalência de infecção pelo DENV de 27,6% em adultos com mais de 50 anos e

somente 4,0% em crianças/adolescentes de cinco a 14 anos. Posteriormente, em outro

inquérito realizado em Goiânia no ano de 2002, a prevalência em adultos maiores de 50 anos

foi de 27,3% e nas crianças/adolescentes de cinco a 14 anos somente de 4,7% (SIQUEIRA-

JUNIOR et al., 2008). É interessante observar também que no primeiro inquérito realizado em

Goiânia em 2001 (SIQUEIRA et al., 2004), o grupo que apresentou o maior coeficiente de

prevalência foi o de participantes com mais de 50 anos. Em nosso trabalho, o coeficiente de

prevalência observado no grupo de 14 anos a 16 anos foi duas vezes superior ao grupo de 50

anos ou mais de 2001. Esse achado reforça a observação da intensificação da transmissão do

DENV nos últimos 15 anos em Goiânia.

A prevalência da infecção também aumentou significativamente com a idade,

notadamente após os dez anos de idade em outros inquéritos de soroprevalência de dengue

realizados no país, como os municípios do Rio de Janeiro-RJ em 1995 (CUNHA et al., 1997),

Page 58: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

41

Salvador-BA em 1998 (TEIXEIRA; NASCIMENTO, 2003) e Recife/PE em 2005-2006

(BRAGA et al., 2010).

Na análise bivariada, frequentar escola/creche foi um fator associado à infecção pelo

DENV. Uma potencial explicação para esse achado seria um maior risco de infecção nesses

locais, onde as crianças permanecem durante o dia, coincidindo com a atividade do vetor

(SIMMONS et al., 2012). Entretanto, após a análise multivariada, essa associação deixou de

ser significativa, apesar da existência da plausibilidade dessa associação inicial.

Em estudo realizado com gestantes do município de Goiânia em 2009/2010, Argolo et

al. (2013) identificaram uma prevalência anterior de exposição ao DENV de 53% nessas

mulheres. Cerca de 98% das gestantes desse estudo estavam no grupo acima de 16 anos de

idade. Como a prevalência de infecção está associada a faixa etária, poderia se esperar que a

prevalência no estudo com gestantes fosse superior ao do grupo de adolescentes (14 a 16

anos) do presente estudo. Entretanto, foi observada uma prevalência estimada de 60% nessa

faixa etária, representando um incremento de quase 10 pontos percentuais em relação aos

resultados observados anteriormente nas gestantes. Duas hipóteses podem ser consideradas

para a compreensão dessa diferença. A partir do ano de 2010, o município de Goiânia

apresentou um aumento na transmissão de dengue, com as maiores epidemias já registradas

ocorrendo nos anos de 2013 e 2015 (GOIÂNIA, 2016). Dessa forma, a diferença na

prevalência observada entre esses estudos pode ser decorrente desse cenário epidemiológico

com maior intensidade de transmissão. Outra potencial explicação para a diferença observada

está na ocorrência de prevalências distintas em diferentes áreas da cidade como evidenciado

nos dois inquéritos de infecção pelo DENV realizados anteriormente no município de Goiânia.

Nesses estudos, foram observadas áreas de maior e menor prevalência e migração das áreas de

risco entre os anos analisados (SIQUEIRA et al., 2004; SIQUEIRA-JUNIOR et al., 2008).

No presente estudo, observou-se um aumento no VPP do relato de história prévia de

dengue de acordo com a idade. As infecções pelo DENV apresentam maior patogenicidade e

sintomas mais específicos nos adolescentes e adultos, quando comparado às crianças

(VERHAGEN; GROOT, 2014). Dessa forma, esse resultado era esperado, especialmente

associado a uma maior prevalência da doença nos grupos com idade de dez anos ou mais

neste estudo. O VPP do relato de história prévia de dengue na faixa etária de 14 a 16 anos em

nosso estudo foi de 81,7%. No estudo de Argolo et al. (2013) com as gestantes no município

de Goiânia, o VPP de história prévia de dengue foi de 88%, semelhante ao nosso estudo.

Além da maior patogenicidade em adolescentes/adultos, outros aspectos que podem

Page 59: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

42

influenciar o VPP são uma maior compreensão da população quanto aos sinais e sintomas da

dengue e uma maior capacidade diagnóstica da doença pelos serviços de saúde. Esse maior

reconhecimento associado a uma maior incidência do DENV são potencialmente as razões do

VPP da informação sobre episódio prévio de dengue ter sido de apenas 60% no primeiro

inquérito realizado em Goiânia em 2001, mesmo com a maioria participantes apresentarem

mais de 15 anos de idade (SIQUEIRA et al., 2004).

Medronho et al. (2009) realizaram uma investigação no estado do Rio de Janeiro-

Brasil em mais de 700 diferentes criadouros para se detectar a presença de larvas de Ae.

aegypti e a produtividade dos criadouros. A maior percentagem de recipientes positivos

mostrou-se em pneus, jarros, barris, cisternas, e tanques de água. A maioria das residências

localizadas no DS Norte de Goiânia são de piso único, sem a existência de edificações com

mais de dois pavimentos. Essa característica está refletida nesse estudo, com 98,7% dos

participantes residindo em casas. Em geral, essas habitações apresentam quintais que podem

favorecer a existência de criadouros do vetor (DOS SANTOS et al., 2014; FERDOUSI et al.,

2015). A utilização de telas em janelas e portas como forma de proteção contra a dengue é

rara nessa região. No LIRAa de 2015 realizado no DS Norte, os principais criadouros

observados foram ralos (17,5%), tambores (13,8%), vasos sanitários (11,3%), descartáveis

(7,5%), latas (7,5%) e baldes (5%). Esses reservatórios apresentam alta produtividade de Ae.

aegypti (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA, 2015). Áreas com essas

características são propensas à presença do vetor e consequentemente a transmissão de

dengue (QUINTERO et al., 2014).

O DS Norte de Goiânia apresenta uma população estimada de 146.677 o que

representa 11,3% da população do município de Goiânia, para o ano de 2010 (IBGE, 2010). O

processo de amostragem desse estudo não foi desenhado para a obtenção de uma amostra

representativa da população do DS Norte do município de Goiânia, mas para estabelecer uma

coorte a ser seguida durante três anos. A estimativa da população do DS Norte é de 40.818

habitantes na faixa etária de dois a 16 anos (NAKAMURA, 2010). O tamanho da amostra do

presente estudo representa 4,2% dessa população, variando entre 3,1% e 7,3% nos grupos de

14 a 16 anos e 2 a 4 anos, respectivamente.

Como limitações dos estudos de soroprevalência em geral, incluindo o atual estudo, os

métodos sorológicos rotineiros (ELISA IgG) não fazem diferenciação entre os quatro

sorotipos virais e podem ser afetados por reações cruzadas com outros flavivírus. ELISA IgG

também não são capazes de diferenciar infecções antigas, das recentes ou atuais (IMAI et al.,

Page 60: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

43

2015). A introdução do vírus Zika no Brasil, no ano de 2015, apresentou também um novo

desafio no diagnóstico de dengue. As doenças apresentam o mesmo vetor e quadros clínicos

semelhantes, além de uma maior possibilidade de reação cruzada entre os dois vírus nos testes

sorológicos atualmente disponíveis (GUBLER, 2016). Entretanto, de acordo com os dados da

Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, não existe registro de circulação do Zika vírus no

ano de 2015 (GOIÂNIA, 2016). Com o desenvolvimento de técnicas sorológicas com maior

especificidade para cada vírus, as amostras coletadas para esse estudo poderão ser retestadas

para o Zika vírus permitindo a validação dos dados da vigilância do município.

A dengue continua como um problema crescente em saúde pública. Entretanto, novas

tecnologias vem sendo desenvolvidas para o controle da doença. Essas tecnologias estão

focadas tanto no controle do vetor, como no desenvolvimento de vacinas e terapêutica

específica. A efetividade e o impacto dessas de novas estratégias de controle da doença

precisam ser avaliadas quando se tornarem disponíveis para uso enquanto ferramenta de saúde

pública. Nesse contexto, os resultados aqui apresentados, associados aos resultados obtidos no

seguimento dessa coorte, permitirão a produção de evidências para futuros estudos com essas

características.

Page 61: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

44

7. CONCLUSÕES

O estabelecimento de coortes para a compreensão da dinâmica de transmissão de

dengue é fundamental para a tomada de decisões baseada em evidências. Nessa perspectiva,

na avaliação das características dos participantes dessa coorte na linha de base para o

seguimento anual, foram observados os seguintes resultados:

1. A prevalência global de infecção pelo DENV nas crianças/adolescentes de dois a 16

anos foi de 38,3%.

2. Houve associação significativa entre as variáveis: faixa etária e história prévia de

dengue e a prevalência da infecção.

3. Houve um aumento significativo na soroprevalência de acordo com a idade.

4. Houve um aumento no VPP do relato de história prévia de dengue de acordo com a

idade.

Page 62: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

45

REFERÊNCIAS

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Page 74: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

57

ANEXOS

Anexo A – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)

Page 75: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

58

APÊNDICES

Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

FACULDADE DE MEDICINA e INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E

SAÚDE PÚBLICA, UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL LEGAL

1. NOME: .:........................................................................ ...........................................

DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº :

........................................ SEXO : .M □ F □

DATA NASCIMENTO: ......../......

.. /.....

.

ENDEREÇO ........................................................................... Nº..........

APTO:

............

.

BAIRRO:.................................................

CIDADE

.............................................................

CEP:......................................... TELEFONE: DDD (.....

)

...............................................

....

2.RESPONSÁVEL LEGAL

.........................................................................................

NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.) .................................................

DOCUMENTO DE IDENTIDADE :.................................... SEXO: M □ F □

DATA NASCIMENTO.: ...... /....... /.....

.

ENDEREÇO:

........................................................................ Nº ................... APTO: .............................

BAIRRO:....................................................................

CIDADE:

......................................................................

CEP:...................................

TELEFONE:

DDD (............ )...............................................................

Page 76: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

59

DADOS SOBRE A PESQUISA

1. TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: Estudo de incidência de dengue no Brasil

em municípios de alta e média endemicidade: Goiânia – GO e Araraquara – SP.

PESQUISADOR : Dr. João Bosco Siqueira Jr.

CARGO/FUNÇÃO: professor

associado

INSCRIÇÃO CONSELHO REGIONAL GO:

7038..........

UNIDADE DA UFG: Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública

3. AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA

RISCO MÍNIMO X RISCO MÉDIO □ RISCO BAIXO □ RISCO MAIOR □

4.DURAÇÃO DA PESQUISA: 3 anos

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Convite para participação voluntária

O seu filho/filha está sendo convidado a participar de uma pesquisa sobre a transmissão de

dengue no Brasil. A pesquisa está sendo realizada em duas cidades do Brasil, Araraquara e

Goiânia, pois estes municípios passaram por grandes epidemias de dengue. O objetivo do

estudo é saber quantas pessoas da população de crianças e adolescentes de Araraquara e

Goiânia já tiveram dengue no passado e quantas vão ter dengue durante os próximos três

anos, e tentar descobrir porque alguns deles pegam dengue e outras não. Estas informações

poderão ajudar a evitar novos casos no futuro, e a planejar a vacinação contra dengue, quando

a vacina estiver disponível. Para isto, foram selecionadas cerca de 5.000 crianças e

adolescentes nas duas cidades

Procedimentos que serão realizados durante o estudo

Na casa de cada criança ou adolescente selecionado, será preenchido um questionário de

cerca de 15 minutos, a ser respondido pelos pais ou responsáveis pela criança ou adolescente,

e em seguida ele/ela será submetida à coleta de sangue da veia do braço (mais ou menos uma

colher de chá) com seringa e agulha. Esta amostra de sangue será utilizada para realização de

um exame de laboratório para saber se o seu filho/filha já teve dengue ou não. O resultado do

exame será informado ao Sr./Sra. tão logo esteja disponível.

Depois disto, durante os próximos três anos, toda vez que a criança ou adolescente tiver febre

e suspeita de dengue, será colhida uma nova amostra de sangue, com seringa e agulha, para

saber se aquela febre foi causada pela dengue ou não. Para saber se a criança ou adolescente

está com suspeita de dengue, nossa equipe entrará em contato com o Sr./Sra. e com a escola

onde o seu filho/filha estuda. Uma vez sabendo que a criança ou adolescente teve febre, será

Page 77: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

60

feita uma visita a sua casa para preencher um questionário sobre o problema de saúde que

levou à febre e, se houver suspeita de dengue, será colhida a amostra de sangue. Como às

vezes a infecção pelo vírus da dengue não causa febre ou outros sintomas, uma vez a cada ano

será marcada uma visita a sua casa, para uma coleta de sangue adicional.

Rubrica do responsável legal:__________________Rubrica do pesquisador_________

Desconfortos e riscos esperados

A participação do seu filho/filha não implicará em riscos, exceto um pequeno desconforto

ocasionado pela coleta de sangue. Por ocasião da coleta de sangue da veia, pode aparecer uma

mancha roxa e pequeno desconforto no local, sem maiores consequências e que desaparece

sozinho em poucos dias. A coleta de sangue será feita por auxiliar de enfermagem experiente,

que utilizará material descartável.

Benefícios para o participante

O Sr/Sra. ficará sabendo se o seu filho/filha já teve dengue no passado, e se terá dengue

durante os próximos três anos e estará contribuindo para aprofundar os conhecimentos sobre a

transmissão da dengue no Brasil. Os resultados dos exames serão repassados para o Sr / Sra.

tão logo estejam disponíveis para serem levados aos profissionais que estiverem cuidando de

seu filho(a). Os resultados dessa pesquisa serão importantes para o desenvolvimento de

medidas de prevenção e controle desta epidemia. A participação do seu filho/filha não

implicará em nenhuma despesa para o Sr./Sra., nem tampouco nenhuma compensação

financeira pela participação.

Garantia de confidencialidade e liberdade da retirada do consentimento para

participação no estudo.

As informações fornecidas pelo Sr./Sra. serão confidenciais. Os dados serão analisados sem a

identificação dos voluntários que participaram do estudo.

A participação do seu filho/filha é voluntária, e o Sr./Sra poderá decidir não autorizar a

participação dele/dela no estudo. Se o Sr./Sra. decidir não autorizar a participação do seu

filho/filha, isso não implicará em nenhum prejuízo ou penalidade, nem dificuldade de acesso a

qualquer unidade de saúde do SUS.

Autorização para guardar uma parte do sangue coletado para uso em futuras pesquisas

Depois de fazer os exames indicados na pesquisa vai sobrar material que poderia ser jogado

fora. Solicitamos sua autorização para guardar o sangue que sobrar, para fazer outros exames

Page 78: CLAUDIO MORAIS SIQUEIRA SOROPREVALÊNCIA DE DENGUE

61

no futuro. Estas amostras ficarão sob a responsabilidade do Prof. Dr. João Bosco Siqueira Jr.

Junto com as amostras conservaremos as informações clínicas do seu filho.

Rubrica do responsável legal:__________________Rubrica do pesquisador_________

É garantida a confidencialidade do participante da pesquisa, ou seja o nome do seu filho não

aparecerá quando os resultados dessa pesquisa forem divulgados em revistas ou eventos

científicos. Qualquer pesquisa futura que envolva os dados ou as amostras deverá ser

aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás e, quando for o

caso, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Embora as amostras de sangue

estejam armazenadas no Biorrepositório do Faculdade de Farmácia da UFG, elas pertencem

ao Sr. (a) podendo seu consentimento de guarda e utilização ser retirado a qualquer momento

e sem qualquer ônus ou prejuízo, valendo a desistência a partir da data em que esta solicitação

for feita.

Análise do estudo por um Comitê de Ética em Pesquisa

Este estudo foi analisado por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). O CEP é um órgão que

tem por objetivo proteger o bem-estar dos participantes de pesquisas. Esse Comitê é

responsável pela avaliação e acompanhamento dos aspectos éticos de todas as pesquisas

envolvendo seres humanos, visando assegurar a dignidade, os direitos, a segurança e o bem-

estar do sujeito da pesquisa. Se você tiver dúvidas e/ou perguntas sobre seus direitos como

participante deste estudo, ou se estiver insatisfeito com a maneira como o estudo está sendo

realizado, você pode entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com o Comitê de Ética em Pesquisa

(CEP) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, situado na Av. Dr. Arnaldo,

455, Cerqueira César - São Paulo – SP, CEP: 01246-903, Fone/Fax: 55+11+3061-8004, E-

mail: [email protected].

Instituições responsáveis pelo estudo

Este estudo está sendo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade

Federal de Goiás. O pesquisador responsável pelo estudo é o Prof. Cláudio Pannuti, do

Instituto de Medicina Tropical da USP. Em Goiânia, o pesquisador responsável é o Dr. João

Bosco Siqueira Júnior.

Para contatar os pesquisadores:

Prof. Dr. João Bosco Siqueira Jr. – Telefone: (62) 32027942 ou (62) 99131349

Email: [email protected]

Rubrica do responsável legal:__________________Rubrica do pesquisador_________

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Em qualquer momento o Sr./Sra. poderá entrar em contato com ele para esclarecimento

de qualquer dúvida em relação ao estudo.

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram

lidas para mim, descrevendo o “Estudo de incidência de dengue no Brasil em municípios

de alta e média endemicidade: Goiânia – GO e Araraquara – SP.”

Eu discuti com o representante do estudo sobre a minha decisão em autorizar a participação

do meu filho/filha. Ficaram claros para mim quais são os objetivos do estudo, os

procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de

confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro para mim também que a

participação do meu filho/filha é isenta de despesas. Concordo voluntariamente com a

participação dele/dela neste estudo, e poderei retirar o meu consentimento a qualquer

momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízos ou perda de qualquer

benefício que ele/ela possa ter adquirido.

Caso o Sr./Sra. concorde com a participação do seu filho, solicitamos que assine esse

termo, em duas vias, uma que será entregue ao Sr./Sra. e outra que ficará arquivada

pelo pesquisador.

Araraquara, ___/ ___/ ___

Goiânia, ___/ ___/ ____

Assinatura do representante legal do voluntário:

________________________________________________________________

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido

deste voluntário ou seu representante legal para a participação neste estudo.

Assinatura do representante do estudo pesquisador responsável:

________________________________________________________________

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Apêndice B – Questionário EESSTTUUDDOO DDEE SSOORROOPPRREEVVAALLÊÊNNCCIIAA EE IINNCCIIDDÊÊNNCCIIAA DDEE DDEENNGGUUEE EEMM GGOOIIÂÂNNIIAA

QUESTIONÁRIO IDENTIFICAÇÃO

1. Data da entrevista

2. Número de identificação (Colar etiqueta)

/ /

3. Nome da criança / adolescente

4. Data do seu nascimento: 5. Sexo

/ / Anos 1. Masculino 2. Feminino

6. Nome do Responsável 7. Parentesco

1. Pai/Mãe

2. Avô/Avó

3.Outro

8. Quem respondeu este questionário? 9. Parentesco

1. Pai/Mãe 2. Avô/Avó

3.Outro

10. Telefones para contato

Residencial:

Celular (Responsável):

Trabalho (Responsável):

Celular (2° Responsável): Nome: __________________

Trabalho (2° Responsável):

Outro Contato 1: Nome: __________________

Outro Contato 2: Nome: ___________________

Endereço de contato 1:

Endereço de contato 2:

11. Endereço Eletrônico do Responsável:

ENDEREÇO

12. Rua, Avenida, Travessa: 13.Número: 14.Apartamento:

15. Complemento 16. Bairro:

17. | Ponto de Referência

18. CEP: 19. Setor Censitário 20. Código do Bairro

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DADOS SÓCIO-ECONÔMICOS 21. Frequenta escola ou creche? 22. Nome da escola ou creche da criança:

1. Sim

2. Não

23. Escolaridade:

01 Creches

02. Pré-escolar

03. Ensino Fundamental ou 1º Grauo1º

04. Ensino médio ou 2º Grau

05. Ensino Superior /Graduação/Técnico

06. Pós-Graduação/Mestrado/Doutorado 99. Não se aplica

Criança:

Chefe de família:

CARACTERÍSTICAS DO DOMICÍLIO

24. Tipo de Moradia 25. Andar do apartamento 26.Total de pessoas que reside no domicílio:

1.Casa 4.Cortiço

2.Apartamento 5. Outro

3.Favela Especificar: ____________________________________

27.Quantidade de Cômodos na casa:

Sala Quarto Cozinha Banheiro Total:

28.Forma de abastecimento de água utilizada no domicílio onde mora (1. Sim 2. Não 8. Não informou):

Rede Geral Poço ou Nascente Carro Pipa Rio ou Riacho Outras

29. Por onde chega a água utilizada nesta casa?

1. Encanada em pelo menos um cômodo (peça) da casa

2. Encanada só na propriedade ou terreno

3. Não encanada

8. Não sabe

30. Com que frequência falta água na sua casa?

1. Pelo menos uma vez na semana

2. Pelo menos uma vez ao mês

3. Raramente

4. Nunca

31. Qual o destino das fezes e urina do banheiro da sua casa?

1. Rede pública de esgoto

2. Fossa

3. Céu aberto

4. Ribeirão, córrego, lago 32. Qual o destino do lixo de sua casa?

1. Coletado por serviço de limpeza urbana

2. É colocado em caçamba de serviço de limpeza urbana

3. É queimado (na propriedade) 4. É enterrado (na propriedade)

5. É jogado em terreno baldio ou logradouro

6. É jogado em rio, canal, riacho ou outro

7. Tem outro destino

ANTECEDENTES 33. Já teve dengue antes?

1. Sim ( ) Há quanto tempo __________________meses ( ) anos ( ) 2. Não ( )

34. Há quanto tempo mora em Goiânia? __________________________________anos

Entrevistador: Assinatura

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