jurací siqueira

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Sou um franco escrevedor que gosta de explorar todas as possibilidades da palavra. Daí a diversidade de meus escritos que oscilam entre o popular e o clássico, a poesia e a prosa, o líri co e o filosófico, o religio so e o pornô-humo rístico. Mas, ao contrário de Manuel Bandeira, não faço versos como quem morre, faço-os como quem brinca. Tampouco considero lutar com palavras a luta mais vã como nos ensina Drummond. Gosto mesmo é de jogar com elas, desafiá-las, brincar de esconde-esconde, pira-pora, boca-de-forno, perde-ganha...Quando acerto a mão e ganho, vibro sozinho, em silêncio. Quando perco, parto pra outra, sem mágoa, nem rancor. São minhas amigas fraternas e aliadas poderosas. Com elas fabrico, quixotescamente, meu escudo e minha lança para investir contra os moinhos da insensibilidade humana. Adoro prendê-las na pequenina gaiola da Trova para ouvi-las cantar nos dias de chuva. Essa é a única maneira que encontrei para semear meus rastros pelos canteiros do mundo, fazendo minhas as sábias palavras de Luiz Otávio, Príncipe perpétuo dos trovadores brasileiros ao dizer em quatro linhas: “Meus sentimentos diversos / prendo em poemas pequenos: / quem na vida deixa versos, / parece que morre menos...”   Antonio Juraci Siqueira 1

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Sou um franco escrevedor que gosta de explorar todas as possibilidades da palavra. Daía diversidade de meus escritos que oscilam entre o popular e o clássico, a poesia e a

prosa, o lírico e o filosófico, o religioso e o pornô-humorístico. Mas, ao contrário deManuel Bandeira, não faço versos como  quem morre, faço-os como quem brinca.Tampouco considero lutar com palavras a luta mais vã  como nos ensina Drummond.Gosto mesmo é de jogar com elas, desafiá-las, brincar de esconde-esconde, pira-pora,boca-de-forno, perde-ganha...Quando acerto a mão e ganho, vibro sozinho, em silêncio.Quando perco, parto pra outra, sem mágoa, nem rancor. São minhas amigas fraternas ealiadas poderosas. Com elas fabrico, quixotescamente, meu escudo e minha lança parainvestir contra os moinhos da insensibilidade humana. Adoro prendê-las na pequeninagaiola da Trova para ouvi-las cantar nos dias de chuva. Essa é a única maneira queencontrei para semear meus rastros pelos canteiros do mundo, fazendo minhas as sábiaspalavras de Luiz Otávio, Príncipe perpétuo dos trovadores brasileiros ao dizer em quatrolinhas: “Meus sentimentos diversos / prendo em poemas pequenos: / quem na vida deixaversos, / parece que morre menos...” 

   Antonio Juraci Siqueira

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Antonio Juraci Siqueira é marajoara de Cajary, município de Afuá, onde descobriu aliteratura nos folhetos de cordel. Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Pará ,pertence à várias entidades litero-culturais, entre as quais a União Brasileira de Trovadores,Centro Paraense de Estudos do Folclore, Malta de Poetas Folhas & Ervas e Cirandeiros daPalavra, além de atuar como professor de filosofia, oficineiro de literatura, performista e

contador de histórias. Possui mais de 80 títulos individuais publicados entre folhetos de cordel,livros de poesias, contos, crônicas, literatura infantil, histórias humorísticas e versos picantes.Colabora com jornais, revistas e boletins culturais de Belém e de outras localidades além decontar com mais de 200 premiações literárias em vários gêneros, em âmbito nacional e local.

Contatos: Passagem Felicidade, 100 – Condor / Cep : 66033-040 – Belém – ParáTelefone: (0xx91) 32720221 / 81310684 / 88574483 - E-mail: [email protected]://blogdobotojuraci.blogspot.com

AUTO-RETRATO

Nasci em 1948 no município de Afuá, às margens do Cajary, rio marajoara que nasce emmeu peito e desemboca na foz revolta do verbo. Rio por onde meus sonhos sobem em piracemapara a desova e a procriação. De suas margens um canoeiro partiu em busca da eternidade,deixando-me de herança o nome e o prazer de velejar entre as estrelas. De dona Esmeralda,muiraquitã que me pôs no mundo, guardo a humildade e a coragem de enfrentar a vida semmaldizer os espinhos nem endeusar as rosas.

Em 1965 troquei o rio Cajary pelo Amazonas, indo residir em Macapá, em cujo soloequatorial plantei árvores, gerei filhos, aprendi o ofício de açougueiro, profissão que exerci até1997, e escrevi as primeiras linhas dos livros que viriam depois.

Em 1976 é o rio Guamá que me acena, é Belém que me acolhe em seu regaço generoso.Aqui, edifiquei meu lar em plena “Felicidade”  onde cultivo versos para adoçar a vida e tornar

mais leve o fardo dos dias. Aqui, ao lado de minha mulher, vi meus filhos crescerem e tornei-meavô por várias vezes. No dia 13 de Fevereiro de 1980 publiquei meus primeiros versos no“Jornaleco”- órgão anárquico-construtivo editado no jornal A Província do Pará pelo jornalistaRaymundo Mário Sobral, amigo e incentivador, com quem passei a colaborar, no PQP – UmJornal Pra Quem Pode, onde, por mais de duas décadas, exercitei meu lado humorístico, etambém nas revistas “Chá-de-Cadeira”, “Carona” e “Morena”. Ainda em 1980 entrei,literalmente, no “Mundo da Trova”, coluna dominical publicada em A Província pelo acadêmico etrovador Pedro Tupinambá e conquistei meu primeiro prêmio literário no concurso “Um Poemapara Belém”, promovido pela Prefeitura. Em 1981 publiquei Verde Canto, meu primeiro livro depoemas e no ano seguinte conquistei meu primeiro prêmio nacional num concurso de trovas, emSão Paulo. Dois anos mais tarde graduei-me em Filosofia pela Universidade Federal do Pará. No

final de 1985 fui nomeado delegado da União Brasileira de Trovadores e já no dia 4 de Fevereirodo ano seguinte, com o apoio de outros trovadores, fundei e tornei-me presidente por sete anosconsecutivos da União Brasileira de Trovadores, seção de Belém, primeira e única seção daregião norte, tendo, ainda, participado ativamente da fundação da Associação Paraense deEscritores.

Assim, de maneira súbita e intensa, as coisas foram acontecendo em minha vida. Vieramos concursos literários nos quais conquistei mais de duas centenas de prêmios por todo o Brasile em várias modalidades, vieram os encontros, as viagens e os intercâmbios com poetas,trovadores e entidades culturais. Veio o Varal de Poesia com o qual enfeitei as praças de Beléme de outras cidades do Brasil. Vieram os livros, os folhetos e as participações em antologias,coletâneas, jornais, revistas e boletins culturais.

Jamais me omiti: participei de fóruns, congressos, gincanas, seminários, debates emanifestações populares. Ministrei oficinas, cursos e laboratórios de criações literárias. À frente

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da UBT-Belém promovi e coordenei concursos de trovas e participei de inúmeras comissões julgadoras. Marquei presença em vários projetos culturais, entre os quais os projetos: Arte naPraça, Por-do-som, Preamar, Praça Aberta, Seresta do Carmo, Canto Cabano, Mala do Livro,Contador de Histórias, O Escritor na Cidade, Feira Pan-Amazônica do Livro, Cultura, Escola eAlegria e tantos outros. Em meio a isso tudo vieram os amigos. E entre estes, verdadeiros

irmãos como os integrantes da Malta de Poetas “Folhas & Ervas”.Ao tempo confio a tarefa de julgar meus escritos. A mim basta a plena convicção de ter-medoado por inteiro à causa literária, expondo-me de corpo e alma à opinião pública. E se nãoagradei a gregos e cabanos, não foi por falta de esforço.

Hoje, sentindo nos ombros o fardo de Cronos, ando à procura de cúmplices para levaradiante a árdua tarefa de libertar a poesia dos livros, das gavetas e trazê-la à luz, misturá-la aopovo, fundi-la e confundi-la com a própria vida para que todos a tenham como obra dos homense não atributos de musas e deuses, para que possa ser vista não mais como um produto dedesocupados mas como um instrumento vital para a formação e transformação do homem e domundo.

Opiniões, comentários e homenagens sobre o autor e sua obra

(Trechos de cartas enviadas ao autor, prefácios e artigos publicados em jornais, revistas e boletinsculturais de Belém e de outras localidades.)

Seus poemas são de ótima qualidade, documentam a realidade amazônica; estrutura fortee lírica de poeta experimentado na vivência das coisas de sua terra e de sua gente.

Seu “Piracema de Sonhos” surpreende.Poesia amadurecida, como nos parece ser o próprio autor, onde não conseguimos

vislumbrar o adolescente, mas o homem, o adulto marcado de sol, de selva, de infinitos deternura e, principalmente, conscientizado dos problemas do povo que também é e será sempre.

Enfim, uma revelação. Primeiro lugar , sem dúvida alguma.”

  (Trecho do Parecer da Comissão Julgadora do I Concurso Literário de Temática Regional, promovido pela Secretaria de Cultura,Desportos e Turismo – SECDET, em 1985, integrada pelos poetas Alonso Rocha, José Ildone e Annamaria Barbosa Rodrigues )

“Antonio Juraci Siqueira não é apenas um poeta regional, no sentido amesquinhado dotermo. Ao beber da água pura e cristalina que brota do fundo dos tempos e das tradiçõesamazônicas, o artesão de sonhos Antonio Juraci Siqueira - o boto de nossas letras - utiliza-se docódigo universal da poesia, seduzindo corações e mentes do mundo inteiro.”

Nicodemos Sena - São Paulo

“Recebi o Piracema de Sonhos, panhados numa rede belamente tecida, malha de fios deAriadne, ou melhor, cabelos de Iara... que você canta o que é nosso, nosso chão e nossascoisas, nossas ânsias e abundâncias. Quisera pegar uma cambada em cada mão, empunhar proalto e mostrar pra essa malta de arrivistas semicultos, que maltratam essa terra, que a peixeirado caboclo é tão firme e tão poderosa como a lança guerreira de Dom Quixote. E enfrentarnumerosíssimos e poderosíssimos exércitos com uma cambada em cada mão, recitando, porexemplo, estes versos:

Eu tenho mil irmãos e todos elesconhecem o corpo e a alma deste chão.” 

Vicente Salles - Brasília - DF 

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Antonio Juraci Siqueira alcança – posso afirmar sem receio de incorrer em erro – oregionalismo numa linguagem universal, livre das pieguices próprias da maioria dos queimaginam fácil escrever poesia repetindo fórmulas já por diversas vezes tentadas sem sucesso.”

 Sebastião Godinho - Belém / PA

.  “Seu Piracema é um primor de poesia, de beleza estranhamente lírica, quenos comove intensamente

Antológico o seu Aqui Estou. Aliás, todos os poemas (e trovas) são um sonho, umsamburá cheio das mais ricas flores dessa formidável Amazônia, que mais uma vez despertapoeticamente, pela voz de um poeta que conhece e ama sua terra.”

  Luiz Rabelo - Natal / RN 

(...) É o mesmo Juraci. Acontece que mais cheio de verdes, que ele gapuiou sabe Deusem que brenhas existenciais. Os seus versos agora têm lonjuras amazônicas, se multiplicam em

reinos mágicos, em terra molhada, em lianas gotejantes.  “Piracema de Sonhos” não é apenas um reencontro – livro úmido, ecossistemático,cromático, vivo como um peixe ovado que sobe o rio – é o milagre de me fazer um pouquinhomenos só e um p ouco mais poeta.”

   Alcy Araújo - Macapá / AP

“Recebi o seu Brasão de Barro como um régio presente de Natal. Encantei-me, umavez mais, com sua poesia. Seus poemas amazônicos são magníficos: - exuberantes como afloresta; caudalosos como as águas; densos, fortes, misteriosos e belos como as lendas quecantam e decantam.”

  Waldir Neves - Rio de Janeiro / RJ 

“Piracema de Sonhos já indica a característica regional da poética aí registrada. Centelhasda inspiração. Absorção rítmica de fatos, lendas, mitos; vocabulário típico. Amazoniza-se apoesia no rendado do verso. O autor sabe dizer, sabe seduzir o leitor. Encanta-se em Construtor de Sonhos, sentimentaliza-se em Caminheiro Real, universaliza-se em Calidoscópio, fataliza-seem Águas de Março, sempre com mestria, cadência de rede, vozes do coração.”

   Abguar Bastos - São Paulo / SP

“A Lua por aqui anda redonda nestes céus de São Luís, e cá faço minhas conjecturas: foio Juraci, conhecido boto amazônico, que a engravidou, numa dessas suas incursões pelo reinosideral, à cata de lirismo e beleza para seus poemas...

Qualquer dia saio com minha tarrafa para prender esse boto malandro que anda a rondara castidade das estrelas, em noites de cio e fome de encantos e maravilhas...

Enquanto tal não acontece, fico à procura de entender melhor a alma desse mandingueirode sonhos, no seu Brasão de Barro e nas trovas insuperáveis do Viola de Quatro Cordas...”

 Orlando Brito- São Luís / MA

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“Seu texto alonga-se em versos que se assemelham a um jorro volumoso d’água,correndo em cascata, subindo com as marés. De tal maneira flui o seu poema, contando odrama das gentes, os marulhos e o lamento ancestral, que não é possível permanecer isentodiante de sua palavra desbragada, mas que ao mesmo tempo apresenta saldos precisos nesteinconter-se, neste desmedir-se e alternar-se entre o verso jorrante e a organização verbal.”

  Reivaldo Vinas - Belém / PA 

“Recebi os Sacânicos. Fruto da melhor inspiração sotádica. Está nas nossas raízes, deSótades na Grécia antiga e clássica, ao Bocage, não o Elmano Sadino, da Arcádia, mas oBocage repentista, de generosa imaginação sacânica.

Bom. Lido e (ar)regalado, você agora está ao lado dos Escritos de Gregório de Matos,rebelde maldito, repentista “subversivo, anticrerical e pornográfico”, no seu tempo, que era otempo de um Brasil fudido e mal pago, como ainda hoje...”

Vicente Salles

“Os Versos Sacânicos é bem o espírito brasileiro de encarar o real: satírico, amoral, críticoao extremo ( mas lúcido ), escrachante sem ser pornográfico, sem banalizar. Leitura prazerosa,lê-se o livro e uma assentada, ficando aquele gostinho de “quero mais”. Antonio Juraci Siqueiraconsegue fazer aquilo que Leon Eliachar dizia ser o humor: “cócegas na inteligência”.

Alfredo Garcia

“Seus Versos Sacânicos receberam louvores dos manes de Baudelaire, Bocage, Emílio deMenezes e outros “malditos” do passado. Eu, que também já fui excomungado, ao lado do EnoTeodoro Wanke, botei o seu livro debaixo do braço e saí mostrando aos amigos. Resultado: olivro desapareceu por uns dias, e mais tarde fiquei sabendo, na empresa onde trabalho, que asdonzelas pudibundas da casa o haviam “sequestrado” e estavam a tirar cópias na máquina dexérox. O caso foi parar na diretoria e eu fui chamado a dar explicações..

  Orlando Brito

“São fesceninos de alto quilates, pícaros, versos de humor equilibrado, numa linguagemnova, forte, sem apelações desnecessárias. São vozes do povo sem agressões ao povo. Meusparabéns por essa nova feição de versejar, que hoje tanto tem rareado, pois que muitos queaparecem o fazem apenas para sujar o leitor sem acrescentar nada de que possamos rir de almalimpa.”

Luiz Rabelo

Antonio Juraci Siqueira é um dos mais importantes trovadores do Brasil. É pela trovaque seu talento se expressa de modo peculiar e original. Todavia, o poeta encontra, em outrasformas poéticas, meio e finalidade de sua expressão, sem nunca no entanto, perder asimplicidade de expressão e clareza na forma.”

  João de Jesus Paes Loureiro

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 poéticas nas praças de Belém, declama versos nas escolas, uma animação só. Comoversejador ganhou muitos diplomas, medalhas e troféus.

( O Pará é a pátria da lenda do boto – animal que tem um buraco pra respirar no alto da cabeça, como as baleias. À noite, às vezes, ele sai do rio, se transforma num

homem bonito, vestido de branco, e conquista mulheres do lugar. Depois, corre devolta pro rio, pula e vira boto outra vez. É uma maneira até poética de explicar uma ououtra gravidez de mulher solteira, viúva ou casada com marido longe. Lenda

 salvadora dos tais... bons costumes. Qualquer coisa, culpa o boto.)

Juraci, é o mais animado dos poetas, está sempre de chapéu, mesmo dentro decasa. E não é para disfarçar careca, não.

- É porque sou filho de boto. Uso o chapéu o tempo todo pra cobrir o buraco quetenho na cabeça.

- Sua mãe pulou a cerca?- Não pulou nada, porque lá no interior não havia cerca. Havia a beira do rio e

ela ia muito lavar a roupa lá. E o boto malinou com ela. Meu pai era canoeiro, viajavamuito.

Tem algum problema ser filho de boto?- Absolutamente. Problema nenhum.

( A beleza da vida concreta que une o imaginário e o real: ele se reconhece filho de boto, mas diz “meu pai era canoeiro”, Coisa de poeta mesmo.)

Maurício Kubrusly No livro “Me Leva, Brasil!” – Editora Globo, 2005

Acabo de ler “O menino que ouvia estrelas e se sonhava canoeiro” e o Boto... Na verdade acabo de ler o seu testamento! Que linda sua história, moço, que

encanto de personalidade você tem para cantar em versos uma vida tão cheia deferidas, mas lavada pelas suas mãos de poeta e reconduzida para a dimensão do amor,

 para a verdadeira sabedoria!! Somente os grandes da história são capazes de ver belezaem todo sofrimento, porque sabem que somente a dor produz o brilho. Estouenamorada da sua história! Já amava o Boto, agora amo também o Menino que sonhouser canoeiro e o foi e da forma mais brilhante possível: “Navegante das estrelas!... Hojeaquele menino do mar traz o brilho da lua em forma de versos...Agora o Boto... esse eu não consigo vê-lo de outra forma a não ser um cigano feiticeiro,

encantador...Vou guardar essa sua história para sempre comigo.

Dáguima Verônica de Oliveira- Santa Juliana / MG 

Quem costuma andar por Belém com o olhar atento, já deve ter visto um poetasimpático, de chapéu branco e roupas idem, distribuindo seus pensamentos em formatode poesia. (...)

Quando a viu pela primeira vez, ela balançava ao ritmo da maré e brilhava sob

efeito das luzes que rasgavam a escuridão da noite. Estendida às margens do rio, Belémfoi vista por fora, enquanto a “Flor do Cajary” singrava as águas da Baía do Guajará,

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Ficou por uns tempos (depois de ouvido o irmão-poeta) amarrada a outros irmãos:Drummond, Bandeira, Cecília Meireles, Mário Quintana (de longe); Paulo Plínio Abreu,Paranatinga, Age, Max (de perto) e a ele mesmo (de dentro do Cajary).

O que o poeta pode oferecer à mãe amada são só seus poemas.O pão

O caféO leiteO arrozO feijão?Ora, o que os outros filhos fazem senão poemas de sobrevivência?Um beijo cheio de Luz!

Helena Lima

O BOTOPara o poeta Antonio Juraci Siqueira

Sutil. Homem das palavras. Fetiche? Lá parte e some.Vai para o rio? Veio do rio? Da vida?Mergulhos, profundezas do sentir. Na pele desaguar presságiosverdes-musgos envoltos em esmeraldas,das matas, das imensidades férteis dos desejos.O homem vira lenda.Uma verdade encoberta em mistérios na beira do rio.Poeta das paragens, onde minha canoa gita agita-sequebrando a lucidez da noite.Acocorada à margem aprecio teu olhar,

vaga-lume luz que arrasta minhas dúvidas.Embebedo-me nas beberagens de tuas palavras para encontrar a poesia.Personagem da vida, fictício? Real? Boto-homem que mergulhaem versos perfeitos e não quebra a regra do bom poelirar,onde o poema em delírios afunda-se em cores e formasa serem descobertas, acaso. Meninice na beira do rio,enfeitiçada promessa que não se sabe quando chegará ou voltará,na espera do que não ficou de vir.Infinitudes do tempo nas possibilidades da métrica.Poesia de boto. Sedução.

Leila Barreto / maio / 2004

Esse Antonio Juracide sobrenome Siqueira,é, sim, boto Tucuxigerado em noite festeira.

Nazareno Tourinho / 31-08-2005

BOTO DIFERENTE

Em Belém, em todo tipo de noite

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de lua nova, de lua cheiade crescente ou minguanteonde tiver festaonde tiver cantoriaé com o boto

mas seu encantoé a poesiae ele vem de um rioprofundo, misteriosoo rio da palavraEntão, quando o vento balança a palmeirauma figura de chapéu brancoestá junto do povovindo do rio palavraboto poeta, marotoJuraci Siqueira.

 Celestino Franklim

 

Passo pra te dar encantos do nosso ar maravilhas damangasdo nosso Pará.

Olho pelas ruase não vejo teu olhar 

 pergunto em mimJuraci, onde estás?

Sei que me matastalvez aos sonsdas matas,talvez no arder das palavras.

Mas onde te vejoé dentro da raizde Belém do Pará.

(Laélia Pereira)

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