classificação das normas penais

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Classificação das normas penais Publicado por Luiz Fernando Pereira Advocacia - 1 ano atrás Podemos inicialmente afirmar que as normas tidas penais cumprem a finalidade de punir determinadas condutas descritas no Código Penal e estão em direção ao que promana a legalidade como princípio, além da conduta do agente que a norma proíbe ou manda determinada conduta. É por isso que as normas penais incriminam ou não conforme o previsto em lei. Assim, há diversas formas de normas que iremos tratar no decorrer deste estudo, como: a) Normas penais incriminadoras: tem por escopo definir as infrações penais, proibindo ou impondo condutas, desse modo, o seu não cumprimento se sujeita a penalidade. Podem ser primárias ou secundárias: Primárias ou “preceptum iuris”: são aquelas que descrevem perfeita e detalhadamente a conduta proibindo ou impondo; Secundárias ou “sanctio iuris”: tem por objetivo a individualização da pena em abstrato. Vejamos a aplicação de ambos: JusBrasil - Artigos 30 de abril de 2015

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Classificação das normas penais

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  • Classificao das normas penaisPublicado por Luiz Fernando Pereira Advocacia - 1 ano atrs

    Podemos inicialmente afirmar que as normas tidas penais cumprem afinalidade de punir determinadas condutas descritas no Cdigo Penal eesto em direo ao que promana a legalidade como princpio, alm daconduta do agente que a norma probe ou manda determinada conduta. por isso que as normas penais incriminam ou no conforme o previsto emlei.

    Assim, h diversas formas de normas que iremos tratar no decorrer desteestudo, como:

    a) Normas penais incriminadoras: tem por escopo definir as infraespenais, proibindo ou impondo condutas, desse modo, o seu nocumprimento se sujeita a penalidade. Podem ser primrias ou secundrias:

    Primrias ou preceptum iuris: so aquelas que descrevem perfeita edetalhadamente a conduta proibindo ou impondo;

    Secundrias ou sanctio iuris: tem por objetivo a individualizao da penaem abstrato.

    Vejamos a aplicao de ambos:

    JusBrasil - Artigos30 de abril de 2015

  • Artigo 121. Matar algum (norma primria)

    Pena recluso, de 6 (seis) meses a 20 (vinte) anos (norma secundria)

    b) Normas penais no incriminadoras: Possuem tais finalidades, como:

    1) Tornar licitas determinadas condutas;

    2) Afastar a culpabilidade do agente, como no caso de iseno depenas;

    3) Esclarecer determinados conceitos;

    4) Fornecer princpios penais para a aplicao da lei penal.

    H outro critrio classificativo das normas penais no incriminadoras, como:a) permissivas; b) explicativas e c) complementares

    a) Permissivas:

    Podem ser:

    Justificantes: afasta a ilicitude da conduta do agente, por exemplo: arts. 23,24 e 25 do CP.

    Exculpantes: elimina a culpabilidade, isentando o agente de pena, porexemplo: art. 26 caput e 28 do CP.

  • b) Explicativas: visam esclarecer ou explicitar conceitos. P. ex. os arts.327 e 150, 4, do Cdigo Penal, quando tratam sobre o conceito defuncionrio pblico e de casa.

    c) Complementares: fornecem princpios gerais para a aplicao da leipenal. P. ex. o art. 59, do CP, quando trata sobre a aplicao de pena.

    Normas penais em branco (ou primariamente remetidas)

    So aquelas nas quais, embora haja uma descrio da conduta proibida, sefaz necessrio um complemento por outro dispositivo vigente, como as leis,os decretos, portarias, regulamentos, entretanto, desde que sejamproibitrios ou impostos pela norma penal.

    A exemplo temos a Lei n. 11.343/2006, conhecida como a Lei de Drogas.

    As normas penais em branco podem ser classificadas como:

    a) Homogneas: em que seu complemento provm da mesma fontelegislativa. P. ex. o artigo 237, do CP, conjuntamente com o art. 1.521, doCdigo Civil. Ambas as normas foram produzidas pelo mesmo veiculonormativo e pela mesma origem, ainda que dispositivos distintos.

    b) Heterogneas: seu complemento proveniente de norma diversadaquela que a editou. P. ex. a Lei de Drogas, em seu artigo 28,complementado pela autarquia federal vinculada ao Poder Executivo, aANVISA, do Ministrio da Sade.

    importante assinalar que, a fonte de produo necessria para distinguir

  • as normas penais em branco heterogneas das homogneas.

    Normas penais incompletas ou imperfeitas (ou tambmsecundariamente remetidas)

    So aquelas que necessitam de outro texto normativo para saber qual asano a ser imposta. Por exemplo: A Lei n. 2.889/56, que define e pune ocrime de genocdio, mas remete ao art. 121, 2, do CP, tratando doquanto a pena a ser cominada.

    Anomia versus Antinomia

    Fazer a distino de ambas importante e ambas so distintas, ao passoque devemos tratar a respeito sucintamente.

    A anomia tem por caracteres:

    a) Ausncia de norma;

    b) Existncia de normas, mas a sociedade a ignora, praticando condutasproibidas pelo ordenamento jurdico, sabendo-se de sua impunidade.

    Quanto a antinomia, so duas ou mais normas incompatveis, pertencentesao mesmo ordenamento jurdico e tendo o mesmo mbito de validade. P. ex.uma norma que probe determinada conduta e outra que a permite.

    Meios de soluo de antinomia jurdico-normativa

    Podemos expor trs critrios, como:

  • a) Cronolgico: deve-se verificar se houve entre as normas distanciatemporal, sendo que a segunda norma editada a posteriori, revogue aprimeira.

    b) Hierrquico: observa-se o respeito e a escala normativa conforme apirmide de Kelsen, em que a Constituio Federal o seu pice primrioperante a Lei Ordinria. Havendo simultaneidade normativa, prevalecemambas, desde que harmnicas.

    c) Especialidade: lei especial afasta a aplicao de lei geral.

    Conflito (ou concurso) aparente de normas

    Decorre quando para um fato, aparentemente, existe duas ou mais normasque podero incidir. Para que seja resolvido, necessita-se a observncia deprincpios, como: a) Especialidade; b) Subsidiariedade; c) Consuno; d)Alternatividade.

    a) Princpio da Especialidade: A norma especial afasta a norma geral.Lex specialis derrogat generali.

    P. ex. temos o homicdio e o infanticdio, ambos previstos no Cdigo Penalvigente, ao passo que distinguem-se tais crimes pois, um traz por elementonorma geral e o segundo norma especifica, no um simples mataralgum mas sim, um sujeito passivo especifico e o ato do agente em estarem estado puerperal.

    b) Princpio da Subsidiariedade (ou soldado de reserva na expresso deNelson Hungria): Na ausncia ou impossibilidade de aplicao da normaprincipal mais grave, aplica-se de forma subsidiria a menos grave. Lex

  • primaria derrogat legi subsidiarie.

    Este princpio pode ser, quanto a sua forma:

    1) Expresso: quando a lei ressalva o carter subsidirio. Por exemplo. Art.132, do CP, que trata, somente se aplica pena prevista para o delito deperigo para a vida ou a sade de outrem se o fato no constituir crime maisgrave. Outros exemplos, ver: arts. 238, 239, 249 e 307 do CP.

    2) Tcita ou implcita: a lei no faz ressalvas expressamente, quanto aocarter subsidirio, sendo que ter a sua aplicabilidade na hiptese de no-ocorrncia de um delito mais grave, afastando a aplicao da normasubsidiariamente.

    c) Princpio da Consuno: Provm de duas possibilidades

    1) Quando um crime meio necessrio ou normal fase de preparao deoutro crime.

    Casos: a consumao absorve a tentativa e esta absorve ao atopreparatrio; o crime de leso absorve o crime de perigo; o de homicdioabsorve a leso corporal; o furto em casa absorve a violao de domicilio,etc.

    2) Nas situaes de antefato e ps-fato impunveis

    Antefato: a situao antecedente praticada pelo agente com o intuito deensejar o efeito criminoso.

  • Ps-fato: o exaurimento do crime principal praticado pelo agente, notendo como haver punibilidade.

    d) Princpio da alternatividade: Decorre da ao mltipla ou de contedovariado, como nos crimes plurinucleares, em que o tipo incriminador prevmais de uma conduta em variados ncleos, sendo que ser punido por umanica modalidade criminosa. P. ex. o art. 33 da Lei n. 11.343/06, conhecidacomo Lei de Drogas, tem vrios verbos de conduta, mas o crime omesmo.

    Disponvel em:http://drluizfernandopereira.jusbrasil.com.br/artigos/111880022/classificacao-das-normas-penais

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    Advogado. reas de atuao: Direito Tributrio, Direito doConsumidor, Direito Digital, Direito Empresarial, Direito Civil.Ps-graduado em Direito Tributrio e ps graduando e DireitoEmpresarial pela PUC -SP. * Facebook(copie este link e cole noseu navegador): http://migre.me/fCEVV