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Curso de Direito Artigo de Revisão EFETIVAÇÃO DAS NORMAS PENAIS AUMENTO DA CRIMINALIDADE EFFECTIVE RULES OF CRIMINAL INCREASE OF CRIME Maria Madalena Nunes Soares¹, Marcelo Silva Cauvet 2 1 Aluna do Curso de Direito 2 Professor Doutor do Curso de Direito Resumo Esse artigo aborda a questão do aumento da criminalidade e busca apontar soluções na efetivação das leis com a finalidade de diminuição da violência. A metodologia utilizada consiste em pesquisa bibliográfica, utilizando-se as obras relevantes sobre o tema. Como resultado espera-se demonstrar atualmente quais as consequências dos atos de violência e suas respectivas sanções no combate ao aumento da criminalidade, tomando como abordagem o método dedutivo. Palavras-chave: Criminalidade; Violência; Leis; Sanções. Abstract This article approaches the issue of rising of the criminality and it seeks to point solutions in the effectiveness of laws with the finality of reducing the violence. The methodology used consists in bibliographic research, using relevant works about the theme. As result it is expected to show currently the consequences of violence acts and their respective sanctions in the combat of the rising criminality, addressing the deductive method. Keywords: Criminality; Violence; Laws; Sanctions. Contato: [email protected] Introdução O presente artigo tem por finalidade, em linhas gerais, dirimir as lacunas e demonstrar a evolução, no que diz respeito ao aumento da criminalidade no território nacional, em especial no Distrito Federal. Vez que não há efetivação das normas, no que tange a aplicabilidade das leis penais como forma de evitar reiterados crimes, sejam eles de maior ou de menor potencial ofensivo, estes que são regidos pela Lei n.º 9.099/95, qual seja, a lei dos Juizados Especiais Criminais. Cabe ressaltar que a problemática tem fundamento na questão de insegurança jurídica, no que diz respeito a não efetivação das leis penais como fatores relevantes no aumento da criminalidade. Logo, nessa seara, uma pergunta a ser respondida: quais são as reais causas do aumento da criminalidade no Distrito Federal? Ademais, a nossa Carta Magna, em seu artigo 5º, aduz e confere que todos são iguais perante a leie, portanto, não devem ser tratados de forma diferente por questões de raça, religião, cultura, dentre outras. Havendo, assim, regras gerais com a finalidade de manter a ordem, a função social e o bem comum nas relações Jurídicas e com base na organização geral, evitando o caos social. Contudo, busca-se, neste artigo, uma boa compreensão do tema em tela, cujo meio e a metodologia que serão aplicados ao contexto geral dessa pesquisa têm por fim uma abordagem dedutiva, tendo, em seguida, dados e informações precisas do cotidiano e das variáveis na causalidade do problema, quanto ao aumento da criminalidade, em particular no Distrito Federal. Com a finalidade de entendermos a violência que assola o Distrito Federal, basta observarmos o inchaço da população que migra de diversas regiões do país, o que eleva os índices de criminalidade e faz com que haja altas taxas de homicídios nas cidades do entorno de Brasília. A criminalidade tem sempre um individuo com um perfil criminoso cada dia maior e vítimas, por vezes, sem qualquer tipo de defesa, seja ela própria ou do Estado. Com efeito, a camada criminosa da região urbana é uma problemática de todos os órgãos de segurança pública e, sobretudo, da sociedade civil organizada. Estes fatores podem ser visto com os conselhos de segurança comunitária, a exemplo das Unidades de Polícias Pacificadoras - UPPs e Conselhos de Segurança Comunitária Consegs, que, por vezes, também são alvos de atos de

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Curso de Direito Artigo de Revisão

EFETIVAÇÃO DAS NORMAS PENAIS AUMENTO DA CRIMINALIDADE EFFECTIVE RULES OF CRIMINAL INCREASE OF CRIME Maria Madalena Nunes Soares¹, Marcelo Silva Cauvet

2

1 Aluna do Curso de Direito 2 Professor Doutor do Curso de Direito

Resumo

Esse artigo aborda a questão do aumento da criminalidade e busca apontar soluções na efetivação das leis com a finalidade de diminuição da violência. A metodologia utilizada consiste em pesquisa bibliográfica, utilizando-se as obras relevantes sobre o tema. Como resultado espera-se demonstrar atualmente quais as consequências dos atos de violência e suas respectivas sanções no combate ao aumento da criminalidade, tomando como abordagem o método dedutivo. Palavras-chave: Criminalidade; Violência; Leis; Sanções. Abstract

This article approaches the issue of rising of the criminality and it seeks to point solutions in the effectiveness of laws with the finality of reducing the violence. The methodology used consists in bibliographic research, using relevant works about the theme. As result it is expected to show currently the consequences of violence acts and their respective sanctions in the combat of the rising criminality, addressing the deductive method.

Keywords: Criminality; Violence; Laws; Sanctions.

Contato: [email protected]

Introdução

O presente artigo tem por finalidade, em linhas gerais, dirimir as lacunas e demonstrar a evolução, no que diz respeito ao aumento da criminalidade no território nacional, em especial no Distrito Federal. Vez que não há efetivação das normas, no que tange a aplicabilidade das leis penais como forma de evitar reiterados crimes, sejam eles de maior ou de menor potencial ofensivo, estes que são regidos pela Lei n.º 9.099/95, qual seja, a lei dos Juizados Especiais Criminais.

Cabe ressaltar que a problemática tem

fundamento na questão de insegurança jurídica, no que diz respeito a não efetivação das leis penais como fatores relevantes no aumento da criminalidade. Logo, nessa seara, há uma pergunta a ser respondida: quais são as reais causas do aumento da criminalidade no Distrito Federal?

Ademais, a nossa Carta Magna, em seu

artigo 5º, aduz e confere que “todos são iguais perante a lei” e, portanto, não devem ser tratados de forma diferente por questões de raça, religião, cultura, dentre outras. Havendo, assim, regras gerais com a finalidade de manter a ordem, a função social e o bem comum nas relações

Jurídicas e com base na organização geral, evitando o caos social.

Contudo, busca-se, neste artigo, uma boa

compreensão do tema em tela, cujo meio e a metodologia que serão aplicados ao contexto geral dessa pesquisa têm por fim uma abordagem dedutiva, tendo, em seguida, dados e informações precisas do cotidiano e das variáveis na causalidade do problema, quanto ao aumento da criminalidade, em particular no Distrito Federal.

Com a finalidade de entendermos a

violência que assola o Distrito Federal, basta observarmos o inchaço da população que migra de diversas regiões do país, o que eleva os índices de criminalidade e faz com que haja altas taxas de homicídios nas cidades do entorno de Brasília. A criminalidade tem sempre um individuo com um perfil criminoso cada dia maior e vítimas, por vezes, sem qualquer tipo de defesa, seja ela própria ou do Estado.

Com efeito, a camada criminosa da região

urbana é uma problemática de todos os órgãos de segurança pública e, sobretudo, da sociedade civil organizada. Estes fatores podem ser visto com os conselhos de segurança comunitária, a exemplo das Unidades de Polícias Pacificadoras - UPPs e Conselhos de Segurança Comunitária – Consegs, que, por vezes, também são alvos de atos de

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violências por parte da criminalidade, sem falar da desconfiança da população, tendo em vista a corrupção da chamada “banda podre da polícia”.

Registre-se que com essa falta de

organização e ineficácia da aplicação das leis penais, os índices de crimes e tráfico de drogas, aumentaram, o que contribui com o aumento de jovens na participação em crimes violentos (assaltos, homicídios dolosos, estupros, latrocínios, sequestros com restrição de liberdade, etc.) nas cidades do Distrito Federal e entorno, o que ocorre em consequência do crescimento demográfico da população, que geralmente é de pessoas ditas pobres, negras e marginalizadas.

1. Noções gerais sobre criminalidade

Desde a antiguidade, o fenômeno da criminalidade tem acompanhado nossa sociedade até a modernidade, sendo que o crime é um comportamento humano do individuo para com a norma penal, sendo mais que um fenômeno legal. Etimologicamente, as expressões crime e delito podem ser utilizadas na definição igualmente, dando um mesmo sentido literal à ciência criminológica.

1.1. Conceito formal de crime

O crime é uma conduta (ação ou omissão) contrária ao direito, a que a lei atribui uma pena. Contudo, dizer que crime é conduta contrária ao direito, implica em conhecer quais são os critérios que levam o legislador a incluir esta ou aquela conduta no rol das incriminações, justamente por haver dois tipos de crimes: o formal e o material. Em doutrina cogita-se de conceito da formalidade e o da materialidade, assim como há um conceito analítico quanto à questão da criminalidade. (FRAGOSO,1980, p. 148)

1.

1.2. Materialidade do crime

A materialidade do crime designa, em concreto, nos elementos consumativos do fato criminoso, considerados imorais e, sociologicamente, inaceitáveis. Essa condição do delito social ou natural é uma lesão daquela parte do sentido da moralidade com sentimentos altruístas fundamentais, tanto no campo da piedade e da probidade, segundo a medida em

1FRAGOSO, Heleno Claudio; CATÃO, Yolanda;

SUSSEKIND, Elisabeth. Direitos dos presos. Rio de

Janeiro: Forense, 1980.

que se encontram nas etnias humanas ditas superiores, cuja medida é necessária para a adaptação do indivíduo no meio social por inserção. (GAROFALO apud PIMENTEL, 1983)

2.

1.3. Origens da criminalidade

O crime tem fatores e fenômenos de causalidade de forma ampla, com inúmeras ações negativas e indivíduos com índole muito diversa. A personalidade é fator condicional para que sejam proliferadas novas delinquências. Ao falarmos de crime, fala-se, na realidade, das comunidades não assistidas justamente por falta de políticas públicas capazes de minimizar as condições que levam os jovens a cometer crimes. A falta de oportunidades de trabalho e de qualificação profissional para a ocupação de vagas ociosas são fatores negativos para essa condição. 1.4. Urbanização

Todos os estudiosos da esfera da

criminalidade são unânimes em afirmar que os fatores determinantes da criminalidade são estruturais, ligados a não eficiência da Justiça Criminal. Deixando a desejar por leis ultrapassadas e uma polícia despreparada. Devendo haver uma mudança considerada no quadro geral para o combate à criminalidade.

Na cidade há áreas muito deterioradas,

com péssimas condições de vida e a falta de infraestrutura, assim como grandes níveis de desorganização e desigualdade social, onde se verifica uma vasta e impossível convivência compulsória de classes em constantes conflitos (imigrantes, minorias raciais e jovens marginalizados) que, por vezes, só necessitam de políticas públicas.

2. Juventude

Os protagonistas da violência e do aumento da criminalidade, em parte são sujeitos de direitos. Os jovens, tanto são os autores quanto as vítimas da violência. Esses jovens são na maioria do sexo masculino que entram no mundo crime e acabam sendo assassinados antes mesmo de completarem a maioridade. A preponderância de jovens cometendo crime é relevante, visto que estes buscam provar uma

2GAROFALO, Rafael Apud: PIMENTEL, Manoel Pedro.

O Crime e a Pena. Madrid: Edersa, 1983.

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superioridade entre seus pares. Do ponto de vista psicológico, esses jovens são as pessoas que assumem os maiores riscos no seu comportamento criminoso, justamente por haver uma sensação de impunidade dada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA.

2.1. O direito de punir do estado

O Direito de punir tem um aspecto do

direito que tem um soberano de castigar e guerrear com seus inimigos. Nesse caso em tela, não se fala em pena de morte e sim na efetivação das leis codificadas que termina no chamado Princípio da Modificação para o indivíduo em situação de sentenciado, ficando claro que o Estado tem o dever de vigiar e punir quem infringir uma norma penal (FOUCAULT, 1987, p. 34).

2.2. Princípio da modificação

O paradoxo está em admitir que uma regra seja válida em um sentido e não em outra, qual seja a de querer gerar uma modificação na sociedade sem ter norma que a determine. Entretanto, o Princípio da Legalidade é o mais importante instrumento constitucional de proteção individual no Estado Democrático de Direito, com origem no fim do século XVIII e cujo significado político se traduz na obediência às leis. Por meio dele, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei.

2.3. Resultado e discussão

Como forma de buscar entender o universo da criminalidade e as causas de aumento, este artigo teve como meio de coleta de dados um questionário semiaberto, cuja finalidade foi atestar as causas que elevam o aumento da violência.

Segundo o entrevistado 01, que é delegado de polícia de carreira, a polícia tem realizado seu papel. Entretanto, são as lacunas das leis que deixam a desejar, sendo fator do aumento da criminalidade, justamente pela sensação de impunidade que o criminoso tem, sem falar dos jovens que praticam atos infracionais, tendo em vista suas qualidades instintivas em sua formação. Esse é o pensamento do estudioso Fernandes:

“Os homens não são criaturas gentis e amáveis que desejam o amor; um alto grau de desejo de agressão deve ser considerado como parte de

suas qualidades instintivas”. (FERNANDES, 1995, p. 113).

Outra característica muito intensa e preocupante no panorama brasileiro é a concentração dos homicídios na população jovem. Na faixa etária dos 15 aos 24 anos, as taxas são extraordinariamente mais altas do que as verificadas para a população como um todo.

Vê-se que outro fator que influencia no

aumento da criminalidade é o alcoolismo. A embriaguez, em geral, importa em profunda confusão e desintegração transitória do estilo normal da consciência e da vontade.

O álcool atua no indivíduo como um

elemento encorajador para a prática de um crime. O agente se alcooliza com o fim preconcebido de praticar um determinado delito e não o faria se não fosse sob a influência da substância alcoólica.

Essa questão foi constatada na visão de 05

(cinco) entrevistados que concordaram, em parte, que o alcoolismo tem sim essa relevância no aumento da criminalidade.

Para o entrevistado 04, que é pessoa

comum do povo, “deve haver maiores investimentos na educação e cultura para ocupar a mente dos jovens e de adultos, evitando esse consumo excessivo de bebidas alcoólicas”. Sobre o tema o código Penal, no art. 61, afirma:

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - a reincidência; II - ter o agente cometido o crime: [...] l) em estado de embriaguez preordenada.

Pesquisas criminológicas concluíram que o risco de violência em indivíduos da população geral com abuso de álcool ou drogas foi duas vezes maior do que em pacientes portadores de algum transtorno de personalidade anti-social, que deve ser observada pelas autoridades de saúde pública.

Já nas palavras do entrevistado 06, “a

redução da maioridade penal, deve melhorar e diminuir o aumento da criminalidade”.

No contexto mencionado, o estudioso

Cintra afirma que este não é o caminho, justamente por ferir o entendimento de que os

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adolescentes que cometeram atos equiparados a ilícitos devem ser processados separadamente dos adultos. Caso isso não ocorra, poderá contrariar diretamente o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, por ser norma internacional, sendo que esse tratado assegura aos jovens o tratamento diferenciado, onde os mesmo não poderão ser responsabilizados na esfera criminal.

3

Na ótica da estudiosa e socialista, Cristina

Costa: “Tal fenômeno tem uma investigação na

antropologia que tem por meio a descoberta de comportamentos sociais. É evidente que é a falta de políticas públicas que são fatores relevantes nesse mal, devendo o Poder Público, intervir com políticas públicas (2005, p.164).

4”

A sociologia e a antropologia são

importantes para o estudo dos fenômenos da criminalidade, isto é inegável e não poderia deixar de ser falado neste trabalho.

Com relação aos outros fatores que elevam

o aumento da criminalidade está a divulgação dos casos pela imprensa, vez que a liberdade de imprensa não deve ser maior que o direito de liberdade e o da dignidade da pessoa humana.

Verificamos que esse papel da imprensa foi

criticado pelos entrevistados, num percentual de 90% (noventa) por cento. Sendo que 10% (dez) por cento não concordam.

É evidente que na pesquisa ficou

comprovado que a imprensa tem dado sua contribuição no aumento da criminalidade, justamente por haver uma larga divulgação dos crimes nos canais de rede aberta, onde 90% (noventa) por cento, fizeram essa afirmação.

Já nesse mesmo contexto, 10% (dez) por

cento dos entrevistados não concordam com essa afirmação.

5

Assim sendo, de acordo com o estudo,

Garcia e Molina afirmam que é possível verificar o caráter social da imprensa e do Estado

6.

3 CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini;

DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 24ª

Edição. São Paulo: Editora Malheiros, 2008. p 91. 4 COSTA, Maria Cristina Castilho, Sociologia: Introd à

ciência da sociedade. São Paulo: 3ª Ed. Moderna, 2005. 5 Fonte: Pesquisa de campo, 2014, elaboração própria.

6 GARCIA, Antonio; MOLINA, Pablos de. Tradução de

Luiz Flávio Gomes.

[...] sugere uma intervenção positiva no condenado que, longe de estigmatizá-lo com uma marca indelével, o habilite para integrar-se e participar da sociedade, de forma digna e ativa, sem traumas, sem limitações ou condicionamentos especiais (1993, p. 383).

A difusão dos crimes na imprensa faz com que o medo aumente na sociedade que não busca entender o papel dessas informações. A repressão contra os crimes nos dias atuais vem crescendo assustadoramente, justamente por haver novos atos de violências institucionais, sejam por parte de alguns agentes públicos da polícia ou por grupos de justiceiros ou milicianos. Sendo para os grupos de direitos humanos uma forma de manifestação negativa e que contribui na impossibilidade da pacificação social, onde só morrem pobres, favelados e pessoas de raça negra, segundo relatório da anistia internacional.

7

Já em relatório do Senado Federal, no 7º

Anuário Brasileiro de Segurança Pública, entre 2011 e 2012, os homicídios cresceram 7,8% e os estupros 18,17%. Esse relatório mostra também um quadro de desconfiança da população na polícia.

No primeiro semestre de 2012, 61,75% dos

entrevistados em uma pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) disseram não confiar no aparato de segurança interna do Estado. Ao final do primeiro semestre deste ano, esse percentual tinha subido para 70,1%.

A sociedade não acredita nas forças

policiais como forma de combater o aumento da criminalidade, justamente por observarem tantos atos criminosos divulgados nas redes sociais e nos meios de comunicações em geral.

8

Na opinião do entrevistado 02, “a falta de

valorização dos profissionais, é fator predominante e desmotivador para o policial na busca de implementar os seus conhecimentos táticos no combate à criminalidade, não pela desconfiança da sociedade mas também pela corrupção que gera um mal maior dentro da corporação. Além da rigorosa conservação das leis, no que diz respeito ao ECA.

7 http://anistia.org.br/, acesso em: 04 out 2014.

8http://www12.senado.gov.br/relatorio-aponta-

aumento-da-criminalidade, acesso em 04 out 2014, às

11:30 hs.

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Na verdade, há casos que intrigam e revoltam nossa sociedade, mas a justiça se vale do direito e da onda conservadora de defesa da lei e da ordem, utilizando instrumentos como o Estatuto da Criança e do Adolescente que influencia a falta de responsabilidade do jovem infrator.

Onde estes, dos doze aos dezoito anos de

idade, sendo eles autores de atos infracionais, só sejam compelidos a responder por meio da adoção de medidas socioeducativas, conforme segue:

2.4. Das medidas socioeducativas

Art. 112 estatuto da criança e adolescente;

I- Advertência; II- Prestação de serviços à comunidade; III- Liberdade assistida; IV- Inserção em regime semiliberdade; V- Internação em estabelecimento educacional; VI- Qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. § 1º a medida aplicada ao adolescente levara em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstancia e a gravidade da infração.

§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.

§ 3º Os adolescente portadores de doenças ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.

O que deve ser observado, é que o Estado, por meio de leis inovadoras, tem buscado ressocializar esse adolescente, e não deixar seus atos sem punição. As medidas socioeducativas tomadas, embora mais brandas, não significam que o jovem ficará sem punição, uma vez que é dever do Estado garantir a proteção à criança e ao adolescente. O Estado não deve ser visto somente como um carrasco que pune e não reeduca.

Quando um adolescente comente uma

infração penal ou crime, já existe para ele uma

punição definida, embora diferente da de criminosos e de contraventores adultos. O que se busca, em primeiro plano, nestas medidas, é a recuperação, e não somente a punição, onde o Estado, por meio de sanções, aplica as medidas cabíveis, no sentido de dar uma resposta ao ato, mas dando prioridade à educação do individuo. Surgindo, assim, dúvidas quanto a eficácia destas ações no combate ao cometimento de atos infracionais, que na verdade, para a sociedade, são equiparados a crimes comuns, merecendo serem esses sujeitos de direito. Mesmo que o adolescente venha causar algum dano a outrem, será considerado como equiparado ou análogo em consonância à realidade implícita na lei.

O máximo que se pode chegar é a

prestação de serviços comunitários em hospitais e asilos, onde nem sempre segue a rigor por falta de agentes públicos para fiscalizar essa obrigação. A liberdade assistida, inserção em regime semiaberto; internação em estabelecimento educacional são outras medidas, porém complexas, e o cumprimento dessa demanda segue a capacidade do Estado. Mesmo o jovem incluído em programas comunitários oficiais de auxilio à família, requisição de tratamento médico, psicológico e psiquiátrico. Na prática torna-se possível a soltura ou a chance desse menor ser posto em liberdade.

Quando deparamos com aspectos que

englobam a maioridade penal, acalorados debates e opiniões de parte da sociedade aduzem ser ineficazes quanto ao combate às ilicitudes cometidas por esses jovens.

Para o entrevistado 08, a redução da

maioridade penal deve ser vista com cautela, visto que só pessoa menos abastarda iriam sofrer os efeitos na nova ordem penal.

Para o Conselho Nacional dos Direitos da

Criança e do Adolescente - CONANDA, o assunto é polêmico no que tange aos direitos humanos e que essa redução seria uma decisão radical, onde o encaminhamento da criança ou adolescente aos seus pais ou responsáveis ou mesmo a adoção de medidas chamadas protetivas com o amparo do Estado, deixariam de existir, compelindo o jovem a margem da vulnerabilidade social na busca tão-somente de punir e o encarcerá-lo.

9

9http://www.sdh.gov.br/sobre/participacao-social/conselho-

nacional-dos-direitos-da-crianca-e-do-adolescente-conanda.acesso

em 04 out 2014, as 12:00hs.

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Para o entrevistado 05, que é um adolescente na questão aberta, enfatizou que “a educação de qualidade e projetos sociais para nós adolescentes são a melhor maneira de inclusão social”, evitando assim que os jovens entrem no mundo da criminalidade. Ele diz ainda que no Distrito Federal há muitos adolescentes morando na rua, o que deixa a desejar nesse sentido, sendo razão do aumento da criminalidade.

Entretanto, essas informações deixam

divergências de opiniões entre os entrevistados, quanto à afirmação de que os atos infracionais são causas do aumento da criminalidade no Distrito Federal, onde 50% (cinquenta por cento) das opiniões concordam em parte com essa afirmativa, já 30% (trinta por cento) não concordam e 20% (vinte por cento) afirmam de maneira taxativa que sim.

10

Nas palavras do estudioso, Reale Junior:

“Os adolescentes são muito mais que vitimas de crimes do que autores, contribuindo este fato para a queda da expectativa de vida no Brasil, pois se existe um “risco Brasil” este reside na violência da periferia das grandes e medias cidades. Dado impressionante é o de que 65% dos infratores vivem em família desorganizada, junto com a mãe abandonada pelo marido, que por vezes tem filhos de outras uniões também desfeitas e luta para dar sobrevivência à sua prole”

11.

Conforme, fora dito nas palavras do estudioso Reale Junior (2009), o nosso entrevistado, que é adolescente, confirmou em suas palavras o que parte da doutrina sabe e tem dito quanto ao tema da redução da maioridade penal, que nessa seara não é o tema deste artigo, porém merecia ser discutida, justamente pelo fato de que lhes são atribuídos o aumento da criminalidade.

3. O Crime Organizado

O crime organizado, atualmente, tem uma nova face. Esse pensamento se voltava àqueles delitos que ocorriam dentro do governo, o

10 Fonte: Pesquisa de campo, 2014, elaboração própria.

11 REALE, Junior, Miguel, Instituições de Direito Penal, 3ª

Edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009. p.212.

chamada “crimes de colarinho branco”. Hoje, o crime organizado não mais remete a este conceito. Atualmente, o crime organizado tomou uma proporção maior com os grupos que agem no interior dos presídios, havendo hierarquia dentro do próprio grupo, com chefes, subchefes e soldados do crime.

Esses grupos, na atualidade, têm suas

ações fora dos presídios, comandadas, por vezes, por algum chefe que se encontra detido, mas que tem o apoio necessário fora da prisão, por seus comparsas, familiares e outros.

Cabe ressaltar que e criminalidade

organizada tem características próprias, desde a preparação do crime até a forma como estes delitos são cometidos, e que, portanto, devem ser tratadas de forma diferente na sua investigação e punição. A legislação penal brasileira não diferencia a criminalidade de massa, ou seja, aquela decorrente da delinquência, da criminalidade organizada.

Os grupos ou em uma nova terminologia,

as organizações criminosas, são atualmente nocivos a uma sociedade organizada, visto que a ciência da criminologia é bastante enfática em dizer que devem ser combatidas com o maior rigor da lei sem simpatia ou graça, conforme a lei n.º. 12.850 de 02 de agosto de 2013, no artigo 1º, define o que é uma organização criminosa.

Art. 1o Esta Lei define organização

criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.

§ 1o Considera-se organização

criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.

(...).

Necessariamente, os órgãos de combate à criminalidade organizada têm muito por fazer, uma vez que essa moléstia se dá também nas

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esferas da polícia ou no campo da política, além da que já fora falado neste artigo.

No Brasil, o crime organizado deu os

primeiros sinais de atuação no Presídio da Ilha Grande, no Rio de Janeiro, na década de 70. Isto porque no governo militar, os presos políticos eram ali confinados juntamente com presidiários comuns. Tendo em vista o intelecto superior que possuíam, além dos treinamentos de guerrilha que muitos haviam recebido, passaram a ensinar aos outros presidiários, dando os primeiros passos para que o crime se tornasse algo mais rentável e organizado.

Foi assim que surgiu o Comando

Vermelho, cujo primeiro nome foi Cooperativa Vermelha. O vermelho vem da cor da tarja que era colocada nos prontuários dos presos políticos, pois se acreditava que eram comunistas. Após isso, mudou-se para Falange Vermelha e por fim o nome Comando Vermelho, organização criminosa atuante no estado do Rio de Janeiro.

No estado de São Paulo, o primeiro foco de

crime organizado se deu na Casa de Detenção de São Paulo, no início da década de 80, onde foi criada uma organização conhecida como Serpentes Negras, porém, não foi dada importância ao assunto, que praticamente caiu no esquecimento. Em 1993, foi criado o Primeiro Comando da Capital, conhecido como PCC, na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, considerado um presídio de segurança máxima, onde se concentravam os presos mais perigosos da época.

Unindo seus propósitos, começaram a

ganhar força na massa carcerária, pois diziam buscar justiça dentro do Sistema Prisional que se encontrava falido e sem expectativas. O PCC foi criado com o intuito de conseguir mais êxito nas ações criminosas que cada um de seus líderes almejava. Com isso, praticam extorsões contra sentenciados dentro das unidades prisionais, com o fim de angariar lucros e soldados para conseguirem os seus objetivos.

Essas facções têm uma estrutura interna

sólida, com suas atuações milimetricamente calculadas, que devem ser respeitadas por todos os seus membros. Possuem o seu próprio estatuto, ou seja, conjunto de normas impostas pelos líderes que devem ser obedecidas por aqueles que estão em patamar inferior na facção.

Trata-se de um submundo, ou de uma

subcultura, como foi abordado no capítulo anterior, com suas próprias normas e costumes a serem seguidos por seus integrantes. Normas

estas que tem o objetivo de fortalecer a organização e enfraquecer o Poder Público no combate ao crime. Sendo assim, os indivíduos infiltrados nesses grupos não experimentam o senso de culpa ao cometer determinado delito, pois as suas ações estão dentro dos parâmetros de sua cultura.

12

Para o estudioso Biondi (2010, p.18-19),

Jorge Mattar Villela: “O Primeiro Comando da Capital não se trata exatamente de sociedade, de um grupo, de um feixe de relações interindividuais e, finalmente, não se trata de uma organização”. Segundo esse autor, “(...) A figura do PCC parece oscilar constantemente entre o pré e o pós-formal; trata-se de associação de criminosos organizados sem ideologia, com ligações não individuais, sociedade sem coerção nem social; sujeitos formados nas relações imanentes entre si e na transcendência que elabora suas palavras e suas condutas e que, simultaneamente, é conformada por eles próprios nas suas relações e nos seus confrontos e tem a função de impor suas sanções de maneira criminosa (Biondi, 2010, p. 19)”.

13

O fato é que o Primeiro Comando da

Capital surge fundamentalmente como consequência de um sistema prisional falido e sob o descaso do Estado.

O número cada vez maior de apenados, a

presença permanente de insegurança em relação à violência gerada pela precariedade do sistema no estado de São Paulo e a mudança da geografia dos presídios geraram uma nova ordem coatora da realidade, sob domínio de um grupo de criminosos que soube criar condições econômicas e sociais para ascender ao poder e estabelecer sua ideologia.

Essas organizações criminosas, PCC -

Primeiro Comando da Capital e CV - Comando Vermelho têm como meios de impor seus idealismos criminosos os violentos ataques a ônibus e bancos, locais específicos que constituem formas de intimidação social, instituição de poder ante o governo estatal e legitimação organizacional.

Por fim, as políticas públicas de segurança

e as ações do Estado não têm levado em consideração as mutações que as organizações criminosas sofrem, o que vem causando inúmeros meios equivocadas no combate ao crime organizado, que fazem com que os governos adotem medidas emergenciais, que por

12 http://www.anpad.org.br. Acesso em 04 de out 2014, as 12:30hs. 13BIONDI, K. (2010). Junto e misturado: uma etnografia no PCC. São Paulo: Editora Terceiro.

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vezes são desastradas com a mortandade de crianças, adolescentes e moradores em geral da comunidade ocupada, justamente pelos modos operantes militares com muitos tiros, finalizando em balas perdidas que matam geralmente pessoas inocentes, segundo relatos da população e da anistia internacional.

Cabe ainda destacar que os chamados os

“tribunais do crime” realizaram execuções sumárias, praticadas por integrantes de quadrilhas contra seus desafetos rivais ou membros do próprio bando, resultantes de julgamentos realizados por facções criminosas associadas ao PCC, compostas por diversos criminosos encarcerados, ou em liberdade, e atuando em locais dominados por elas, que avaliam e estabelecem a sentença, sem qualquer tipo de respeito aos direitos humanos e a defesa da vitima, mesmo sendo ela parte integrante da criminalidade organizada de outra denominação.

3.1 Quanto aos crimes passionais

Já quanto aos crimes passionais, os entrevistados, 30% (trinta por cento), concordam que contribuem para o aumento da criminalidade, surgindo uma ferramenta de combate, a “Lei Maria da Penha”, com suas ações e medidas protetivas, com a finalidade de minimizar atos criminosos. Entretanto, 70% (setenta por cento), concordam em parte.

Nessa seara, a lei nº. 11.340/2006,

conhecida como lei Maria da Penha, que tem como função o mecanismo de combate ao aumento da criminalidade, no que diz respeito aos atos de violência contra as mulheres.

Contudo, é importante ressaltar que essa

ferramenta não tem contribuído, na visão dos entrevistados, para a diminuição dos casos de violência contra a mulher e sim os crimes constatados são, na realidade, o que ocorre há anos, vindo essa lei a ser tão somente um meio de tentativa na resolução dos atos de violência em desfavor delas.

3.2 Métodos e Procedimentos

Com o intuito de alcançar o objetivo da pesquisa, escolheu-se, como método de abordagem, uma análise de cunho qualitativo e dedutivo.

Conforme Maanen (1979), a expressão “pesquisa qualitativa” tem divergências de significados no campo da investigação social, uma vez que compreende diversas técnicas que visam descrever e decodificar os fenômenos de um sistema complexo. É uma abordagem que tem por objetivo traduzir e expressar os acontecimentos sociais, de deduzir a distancia entre o contexto e ação. Tem uma perspectiva de analise de dados fenomenológico, quando se trata de fenômenos singulares e dotados de certos graus de ambiguidade. Usa, portanto, como fonte de pesquisa, o ambiente natural. Nesse caso, advindo deste fenômeno social que é o da criminalidade.

14

Já a metodologia dedutiva, é um método

científico em que a conclusão está implícita nas premissas. Por conseguinte, supõe que as conclusões seguem, necessariamente, as premissas: “se o raciocínio dedutivo for válido e as premissas forem verdadeiras, a conclusão não pode ser mais nada senão verdadeira”. A dedução é o processo mental contrário à indução. Por meio da indução, não se produz conhecimentos novos, explicita-se, porém, conhecimentos que, antes, estavam implícitos. (LAKATOS; MARCONI, 1991, p.47).

15

Com base no método selecionado, elegeu-

se, como universo de pesquisa, 08 entrevistados na busca de saber quais são as opiniões destes quanto aos fatores aumento da criminalidade no Distrito Federal. Foram realizadas também entrevistas um adolescente, uma diretora de escola, um policial civil, um policial militar, um delegado de polícia civil, uma pessoa do povo, um professor de direito, um estudante de direito, aplicou-se o instrumento questionário semiaberto (Anexo I).

A partir das respostas advindas desse

instrumento, bem como das advindas da entrevista, realizou-se a compilação dos dados para a análise. O resultado proveniente desse exame terminou no objeto deste trabalho.

14MAANEN, John Van. Metodologia cientifica. 5ª Ed. Universidade de Michigan. Ed. Sage, 1979.

15LAKATOS, Eva M; MARCONI, Marina A. Metodologia Científica. Atlas SA, São Paulo: 1991.

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3.3 Resultados

Após a realização da pesquisa de campo, cujo objetivo é analisar quais são os reais motivos e fragilidades do processo de aumento da criminalidade, visando o problema dessa pesquisa, observou-se, a partir da leitura deste artigo, que o aumento da criminalidade tem inúmeros fatores, sejam eles sociais, econômicos, étnicos e estruturais. Já a respeito da maturação da responsabilidade de quem seria a culpa dos altos índices de crimes, por fim, ao objetivo central desse processo de conscientização da sociedade de que todos tem a obrigação de zelar pela segurança pública de maneira eficiente, com a participação nas ações de políticas públicas na busca da pacificação social.

4. Conclusão

A criminalidade faz parte da sociedade desde os primórdios até os dias atuais e modernos, sendo que crime é um conceito legal que pode ser definido como um comportamento humano reprovável e punível, segundo a norma penal e o direito criminal.

O objetivo desse estudo foi avaliar o

fenômeno da criminalidade, a partir da análise das potencialidades e das fragilidades desse processo, especificamente na visão da sociedade com a aplicação de questionário semiaberto.

Após a leitura do material bibliográfico, foi

possível concluir que o crime resulta de um déficit de socialização, daí o processo de estudado confere a sociedade condições para a harmônica de reinserção em seu contexto social de pessoas que cometem atos criminosos.

Apesar de alguns estudiosos a

classificarem como utopia, após a análise dos dados coletados, foi possível concluir, com base no ponto de vista do público-alvo, que a experiência do aumento da criminalidade é, em boa parte, insatisfatória, no que concerne à eficácia e ao seu fim: que é a redução dos atos criminosos de forma ativa.

Além disso, foi possível concluir também

que a experiência, nesse contexto, depende, em especial, da própria sociedade, uma vez que deve haver, primeiramente, a aceitação de que todos são responsáveis pela segurança pública e que isto tem enormes beneficiados diretos. A sociedade, por sua vez, também é beneficiada, pois, segundo o público-alvo, essa redução tem fundamento, haja vista a mudança de atitude.

No que concerne, especificamente, às fragilidades, observou-se que a falta de políticas públicas é a maior causa do aumento da criminalidade. Assim sendo, a fim de atuar em tais problemáticas, verifica-se a necessidade de uma reforma, no que diz respeito às políticas públicas, uma vez que o Estado cumpre com dificuldade a sua função social. Além da reforma do judiciário, assim como a estruturação das polícias na conscientização de que não o punir com violência e sim com a lei.

Para o adolescente entrevistado na pesquisa, ele expôs a seguinte adenda: a clara dificuldade de serem os jovens aceitos pela sociedade, no mercado de trabalho, justamente pela não experiência profissional, ainda, segundo ele, como é que o adolescente vai adquirir essas exigências se não tiveram oportunidades.

O crime é um fenômeno causado por um

amplo número de fatores de índole muito diversa. Não há condições que garantam que uma pessoa cometerá crimes, mas é certo que determinados contextos favorecem mais a proliferação da delinquência, cabe como disse o entrevistado, que deve haver oportunidades para os adolescentes, assim como para pessoas em ressocialização.

Um dos fatores é a urbanização

desordenada do Brasil a partir dos anos 50 que gerou grandes periferias metropolitanas, com equipamentos urbanos insuficientes, que atraíram uma migração de pessoas de baixa renda e com sérios problemas de inserção social e uma enorme desigualdade social.

Na verdade há pessoas amontoadas em

vielas e favelas em torno das grandes cidades, sem moradia digna, sem segurança, sem condições de sobrevivência e sem regras mínimas de coexistência, sem fala em nada de políticas públicas na comunidade.

Como já vimos há uma grande influência

dos meios de comunicação no aumento dos atos de criminalidades, não só pela generalização dos casos na exibição de imagens e notícias violentas, que induzem muitas pessoas a desvios de conduta que podem chegar a práticas delituosas. Entretanto, uma notícia sensacionalista de um crime inspira o cometimento de delitos da mesma natureza, segundo analistas e psicólogos, uma vez que determinadas pessoas não têm pensamentos firmes e sua formação é prejudicada por ser um produto do meio.

Além disso, o alcoolismo também

apresenta reflexos criminógenos. Ele atua no

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indivíduo como elemento encorajador para a prática de um crime. Ainda tem um fator agravante que é o consumo de drogas. Grande parte dos viciados se vêem na necessidade de traficar ou praticar outros crimes contra o patrimônio, devido às dificuldades financeiras. É inegável que a criminalidade, para certos indivíduos faz parte de uma determinada subcultura, pode tornar-se parte do estilo de vida e afirmação para ele. Portanto, um indivíduo que aceita o delito e o põe em prática, não experimenta o senso de culpa já que a sua conduta não ataca as normas da subcultura em que vive.

Por fim os agentes que não são criminosos

podem não se considerar criminosos, porém parte da sociedade lhes dá a pecha de criminosos sem que estes sejam. Portanto, o aumento da criminalidade se dá em razão de fatores, inclusive de preconceitos, sejam eles por etnia, posição social, gênero, dentre outros.

Ressalte-se que os fatores internos das

características da personalidade do indivíduo surgem não só do uso das drogas ilícitas e as tidas como licitas como álcool, advém de fatores universais que são a não observância simples do respeito ao próximo e aos princípios gerais do direito, assim como aos direitos humanos.

Finalmente conclui-se que um dos fatores

relevantes no aumento da criminalidade é a falta de políticas públicas, além da ocupação urbana

desordenada, a falta respeito ao próximo, assim como a baixa estimativa educacional da população carente.

Agradecimentos:

Agradeço à Deus, primeiramente, autor da minha vida por nunca ter desistido de mim.

Agradeço ao meu esposo, Denis Gabriel de Faria, que com muita paciência e apoio não mediu esforços em me ajudar, sua presença significou segurança e certeza de que não estou sozinha nessa jornada, amo partilhar a vida com você;

Agradeço aos meus filhos, Felipe e Marcela, pela paciência e carinho, amor incondicional;

Agradeço à minha família, em especial, aos meus pais, Vandemilton e Teresa, que muito contribuíram para a minha formação desde os primeiros passos até hoje, que me ensinaram e se dedicaram me dando esperança e força para seguir;

Agradeço à minha sogra, Maria do Carmo, pelo apoio constante;

Agradeço ao meu orientador pela dedicação no pouco tempo que lhe coube, pela sua paciência e incentivo.

Agradeço aos meus mestres e às minhas amigas Jaqueline Ornelas, Andrea Tavares e Roseane Viana, assim como a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste sonho.

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5. Referências Bibliográficas

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2. Anistia Internacional. Disponível em: <http://anistia.org.br/>. Acesso em: 04 out. 2014.

3. Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 05 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em: 03 maio. 2014.

4. BALLONE, G. J. Violência e agressão da criança e do adolescente. Disponível em

5. <http://gballone.sites.uol.com.br/infantil/conduta2.html> Acesso em: 21 mai. 2014.

6. BVS ADOLEC – Notícias. Brasil é o terceiro país em assassinato de jovens.

7. Disponível em <http://www.adolec.br/bvs/adolec/P/news/2000/08/2026/violencia/001.htm> Acesso

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8. BIONDI, K. (2010). Junto e misturado: uma etnografia no PCC. São Paulo: Editora Terceiro.

9. Brasil. Decreto-Lei Nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.

10. CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 24ª Edição. São Paulo: Editora Malheiros, 2008.

11. COSTA, Maria Cristina Castilho, Sociologia: Introd à ciência da sociedade. São Paulo: 3ª Ed.

Moderna, 2005.

12. Criminologia: uma introdução a seus fundamentos teóricos. São Paulo: Editora

Revista dos Tribunais, 1992.

13. FRAGOSO, Heleno Claudio; CATÃO, Yolanda; SUSSEKIND, Elisabeth. Direitos dos presos. RJ:

Forense, 1980.

14. FERNANDES, Newton; FERNANDES, Valter. Criminologia Integrada. São Paulo:

15. Revista dos Tribunais, 1995.

16. FOUCAULT, Michel, Vigiar e Punir: nascimento das Prisões, Petrópolis, Vozes, 1987.

17. FARIAS, João Júnior. Manual de Criminologia. 2. ed. Curitiba: Juruá, 1996.

18. FERRACUTI, Franco. Temas de Criminologia. São Paulo: Resenha Universitária,

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19. GARCIA, Antonio; MOLINA, Pablos de. Tradução de Luiz Flávio Gomes.

20. GAROFALO, Rafael Apud: PIMENTEL, Manoel Pedro. O Crime e a Pena. Madrid: Edersa, 1983.

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22. JESUS, Damásio E. de. Código Penal Anotado. 3.ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 1993.

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24. LEI DE EXECUÇÃO PENAL LEI Nº 7.210/84. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm,

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<http://www.espacoacademico.com.br/018/18ray.htm> Acesso em: 28/04/2014.

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28. MARANHÃO, Odon Ramos. Psicologia do Crime. 2. ed. mod. São Paulo: Malheiros Editores, 1993.

29. MARCHI, Ricardo. A Criminalidade no Brasil – aspectos controvertidos. Disponível

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30. MIOTTO, Armida Bergamini. A violência nas prisões. 1. ed. Goiânia: Ed. da Universidade Federal de

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31. MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal. 9. ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2000.

32. MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal – Parte Geral. 4. ed. São Paulo: Ed. Atlas,

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33. PIMENTEL, Manoel Pedro. O crime e a pena na Atualidade. São Paulo: Editora.

34. Portal de notícias. Relatório aponta aumento da criminalidade. Disponível em: <

www12.senado.gov.br /relatorio-aponta-aumento-da-criminalidade>. Acesso em: 04 out. 2014.

35. PINHEIRO Paulo Sérgio. Pena de Morte e Violência. Disponivel em

http://www.dhnet.org.br/direitos/penamorte/PauloPinheiro.htm> Acesso em: 14 mai. 2014.

36. Presidência da República. Secretaria de Direitos Humanos. Conselho Nacional dos Direitos da

Criança e do Adolescente – CONAMA. Disponível em: <http://www.sdh.gov.br/sobre/participacao-

social/conselho-nacional-dos-direitos-da-crianca-e-do-adolescente-conanda>. Acesso em: 04 out

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37. REALE, Junior, Miguel, Instituições de Direito Penal, 3ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Forense,

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38. SOARES, Pedro. Desigualdade, e não a pobreza, aciona a violência. Folha de São

Paulo. São Paulo, 18 abr. 2004. Folha Cotidiano, Caderno C, p. 04. SUPER INTERESSANTE:

especial segurança. São Paulo: Ed. Abril. abr. 2002, p. 74.

39. TABORDA, José G. V. CHALUB, Miguel ; ABDALLA, Elias Filho. Psiquiatria Forense. Porto Alegre:

Artmed, 2004. www.anpad.org.br. Acesso em: 04 de out 2014.

INSTITUTO CIENTÍFICO DE ENSINO SUPERIOR E PESQUISA –ICESP

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CURSO DE DIREITO

QUESTIONÁRIO SOBRE AUMENTO DA CRIMINALIDADE NO DF.

Dia da Pesquisa: _____/______/20_____. Hora:____:_____. Região:____________________.

A RESPOSTAS DAS QUESTÕES DEVEM LEVAR EM CONSIDERAÇÃO A

EQUIVALÊNCIA DE CADA UMA DELAS, SEGUNDO A TABELA ABAIXO:

NÃO CONCORDO DISCORDA DA AFIRMAÇÃO

CONCORDO EM PERTE CONCORDA COM A AFIRMAÇÃO, MAS ACREDITA

QUE NECESSITA DE MUITAS MELHORIAS.

QUASE SEMPRE HÁ MELHORIAS

SEMPRE CONCORDO 100% COM A AFIRMAÇÃO

1. ÀS LEIS SÃO INEFICAZES E NÃO COIBE O COMETIMENTO DE CRIMES.

( ) NÃO CONCORDO ( ) CONCORDO EM PARTE

( ) QUASE SEMPRE ( ) SEMPRE

2. O ALCOOLISMO É FATO RELEVANTE PARA O AUMENTO DE CRIMES?

( ) NÃO CONCORDO ( ) CONCORDO EM PARTE

( ) QUASE SEMPRE ( ) SEMPRE

3. OS ATOS INFRACIONAIS COMETIDOS POR ADOLESCENTE SÃO

CAUSADORES DO AUMENTO DA VIOLÊNCIA NO DF?

( ) NÃO CONCORDO ( ) CONCORDO EM PARTE

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( ) QUASE SEMPRE ( ) SEMPRE

4. BAIXOS SALÁRIOS E FALTA DE UM PLANO DE CARREIRA PARA OS

POLÍCIAS, SÃO FATORES PARA ESSE AUMENTO?

( ) NÃO CONCORDO ( ) CONCORDO EM PARTE

( ) QUASE SEMPRE ( ) SEMPRE

5. OS CRIMES PASSIONAIS SÃO FATORES RELEVANTES NO AUMENTO DA

CRIMINALIDADE?

( ) NÃO CONCORDO ( ) CONCORDO EM PARTE

( ) QUASE SEMPRE ( ) SEMPRE

6. HÁ UMA PREOCUPAÇÃO, QUANTO AO AUMENTO DA CRIMINILIDADE NO DF

POR PARTE DA AUTORIDADES?

( ) NÃO CONCORDO ( ) CONCORDO EM PARTE

( ) QUASE SEMPRE ( ) SEMPRE

7. O JUDICIÁRIO TEM REALIZADO SEU PAPEL NA DIMINUIÇÃO DA

CRIMINALIDADE?

( ) NÃO CONCORDO ( ) CONCORDO EM PARTE

( ) QUASE SEMPRE ( ) SEMPRE

8. O MINISTÉRIO PÚBLICO TEM SUA FUNÇÃO NO INQUERITOS POLICIAIS?

( ) NÃO CONCORDO ( ) CONCORDO EM PARTE

( ) QUASE SEMPRE ( ) SEMPRE

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9. A IMPRENSA ATRAPALHA AO DIVULGAR OS CRIMES?

( ) NÃO CONCORDO ( ) CONCORDO EM PARTE

( ) QUASE SEMPRE ( ) SEMPRE

10. O QUE DEVE SER FEITO PRA MELHORAR A POLÍTICA DE COMBATE A

CRIMINALIDADE NO DISTRITO FEDERAL?

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OBRIGADO PELA COLABORAÇÃO!