chamada da meia-noite - ano 39 - nº 4

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Mateus 25.6 da Meia-Noite www.chamada.com.br ABRIL DE 2008 • Ano 39 • Nº 4 • R$ 3,50

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• Manipulando os Cristãos Através das Dinâmicas de Grupo (1ª parte) • Atraídos Para o Céu • A Bússola de Ouro - adivinhação e demônios para crianças? • A decisão mais importante da vida • A incumbência de Balaão e a resistência de Deus

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Mateus 25.6da Meia-Noite www.chamada.com.br ABRIL DE 2008 • Ano 39 • Nº 4 • R$ 3,50

Índice4

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22

Prezados Amigos

Aconselhamento Bíblico• A incumbência de Balaão

e a resistência de Deus

Publicação mensal

Administração e Impressão:Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai90830-000 • Porto Alegre/RS • BrasilFone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385E-mail: [email protected]

Endereço Postal:Caixa Postal, 168890001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil

Preços (em R$):Assinatura anual ................................... 31,50

- semestral ............................ 19,00Exemplar Avulso ..................................... 3,50 Exterior - Assin. anual (Via Aérea) US$ 35.00

Fundador: Dr. Wim Malgo (1922-1992)

Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf

Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake

Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann

INPI nº 040614Registro nº 50 do Cartório Especial

Edições InternacionaisA revista “Chamada da Meia-Noite” é pu-blicada também em espanhol, inglês, ale-mão, italiano, holandês, francês, coreano,húngaro e cingalês.

As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores.

“Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí ao seu encontro” (Mt 25.6).

A “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite”é uma missão sem fins lucrativos, com o obje-tivo de anunciar a Bíblia inteira como infalívele eterna Palavra de Deus escrita, inspiradapelo Espírito Santo, sendo o guia seguro paraa fé e conduta do cristão. A finalidade da“Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é:

1. chamar pessoas a Cristo em todos os lugares;

2. proclamar a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo;

3. preparar cristãos para Sua segunda vinda;4. manter a fé e advertir a respeito de falsas

doutrinas

Todas as atividades da “Obra MissionáriaChamada da Meia-Noite” são mantidas atra-vés de ofertas voluntárias dos que desejamter parte neste ministério.

Chamada da Meia-Noite

www.Chamada.com.br

Manipulando osCristãos Através dasDinâmicas de Grupo

(1ª parte)

14Atraídos Para o Céu

Do Nosso Campo Visual• A Bússola de Ouro - adivinhação e

demônios para crianças? - 15

• A decisão mais importante da vida - 18

4 Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

Como reagimos ao sermos defrontados compublicações científicas que falam de umaevolução biológica e que apresentam suas tesesde forma convincente usando termos quedesconhecemos? Um exemplo recente foi adeclaração do holandês Frans de Waal à revistaVEJA de 22 de agosto de 2007. Segundo essesemanário, ele “é a maior autoridade mundial noestudo dos primatas – a ordem do reino animal àqual pertencem o homem e os macacos”. Naentrevista, de Waal declarou: “Podemos rastrearsua origem [da moralidade do homem] até umancestral em comum com chimpanzés ebonobos, seis milhões de anos atrás”. Essaafirmação é oposta ao que a Bíblia nos informasobre a origem, tanto do homem como dosanimais. Deus, como o Criador do Universo,ordenou expressamente a Adão: “enchei a terra esujeitai-a...” (Gn 1.28). Deus fez distinção entreo homem e a natureza, que ele deveria sujeitar.Como representante de Deus, o homem devedominar a terra, mas ao pecar, perdeu acapacidade de fazê-lo corretamente.

Hoje vemos claramente as conseqüências daqueda do homem em pecado, seu afastamento deDeus, e essas conseqüências obviamente não sedetêm diante da Ciência. Pelo contrário,vivenciamos uma poderosa ascensão do ateísmo,justamente entre os cientistas. Quando essassetas inflamadas nos acertam e nos machucam,quando perguntas e dúvidas assaltam nossocoração, então devemos usar o escudo da fé paraapagá-las: “embraçando sempre o escudo da fé,com o qual podereis apagar todos os dardosinflamados do Maligno” (Ef 6.16). Como emmuitas situações de nossa vida, também nestecaso, buscar as respostas na Palavra de Deusainda é a melhor atitude a ser tomada. Somosliteralmente bombardeados com informaçõescomo esta: “De Waal demonstra que a distânciaentre o ser humano e os animais é infinitamentemenor... o que reafirma as idéias do inglêsCharles Darwin sobre a evolução”. Muitas vezesesse tipo de declaração soa de formaconvincente, científica e aparentementeverdadeira, mesmo não combinando de formaalguma com o que a Bíblia diz.

Aos coríntios, conhecidos por estarem muitoimpressionados e influenciados pela sabedoria desua época, o apóstolo Paulo escreveu: “onde estáo sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridordeste século?... Visto como, na sabedoria deDeus, o mundo não o conheceu por sua própriasabedoria...” (1 Co 1.20-21). Paulo demonstraque a sabedoria do mundo, que os coríntios tanto

valorizavam, é a própriaantítese da sabedoria deDeus. Também noslembramos de 1 Coríntios2.14: “Ora, o homemnatural não aceita as coisasdo Espírito de Deus, porque lhe são loucura; enão pode entendê-las, porque elas se discernemespiritualmente”. Como é possível vermoscientistas capacitados e internacionalmenterenomados, com grandes realizações em suasáreas de pesquisa, porém completamente cegose ignorantes em relação a Deus e ao Evangelho?

A causa de rejeitarem a Deus não reside emsua inteligência incomum, mas em seuscorações. O apóstolo Paulo chama a atenção doscristãos em Roma para este fato: “...se tornaramnulos em seus próprios raciocínios,obscurecendo-lhes o coração insensato.Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos emudaram a glória do Deus incorruptível emsemelhança da imagem do homem corruptível,bem como de aves, quadrúpedes e répteis (Rm1.21-23). A Palavra de Deus realmente nos ajudaa colocar as informações em seus devidos lugarese a resistir ao engano!

Dentro desse contexto, mais um aspectomerece consideração. Infelizmente, as pessoasnão ouvem o clamor da Criação: “Pois a criaçãoestá sujeita à vaidade... na esperança de que aprópria criação será redimida do cativeiro dacorrupção, para a liberdade da glória dos filhosde Deus. Porque sabemos que toda a criação, aum só tempo, geme e suporta angústias atéagora” (Rm 8.20-22). A Criação aguardagemendo, juntamente conosco, que chegue aliberdade da glória dos filhos de Deus. Por isso, sópodemos orar e clamar: Venha logo, SenhorJesus!

Unidos na espera pelo Senhor que estávoltando,

Dieter Steiger

Desde o nascimento da Igreja,os cristãos têm tido que combatererros doutrinários, movimentoscentrados no homem e várias here-sias. De um lado, a igreja primitivatinha que lutar contra o gnosticis-mo (conhecimento secreto obtidoatravés de experiência mística), edo outro tinha que enfrentar o ju-daísmo (legalismo). Apesar disso, aBíblia afirma que as portas do infer-no não prevalecerão contra a Igrejaverdadeira (Mt 16.18). Mas, embo-ra tenhamos essa certeza conforta-dora, a Bíblia também adverte acer-ca do engano que pode desviar umcrente do caminho reto e construiruma forma falsa de Cristianismo(Mt 24).

De que modo as pessoas são ar-rastadas para um falso Cristianis-mo? Muitas vezes começa nas rela-

ções interpessoais normais, quandoalgumas pessoas tentam convenceroutras a adotar um certo ponto devista ou a participar de um determi-nado grupo. Pode ser através deconvites, cumprimentos, incentivo,ligações telefônicas, relacionamen-tos ou outras formas de interaçãohumana. Porém, a partir do mo-mento que uma pessoa é levada pa-ra dentro de um grupo, a dinâmicado grupo começa a atuar. Ao longodos anos, temos visto o surgimentode movimentos de grupo que usamvários meios de manipulação paraatrair, persuadir, intimidar e pren-der. Portanto, os cristãos preci-sam saber da existência dessastécnicas de relacionamento in-terpessoal que podem ser arma-dilhas para atraí-los para falsasdoutrinas.

Vulneráveis à sedução

Responda às perguntas a seguirpara ver se você está vulnerável aoapelo desses grupos: Você quer sen-tir a presença de Deus de uma for-ma mais profunda? Você deseja co-nhecê-lO melhor? Você quer andarmais perto de Deus? Você quer selivrar de tudo que o impede deagradar e servir melhor a Deus? Vo-cê quer poder para ministrar a gra-ça de Deus a outras pessoas? Vocêprecisa do toque curador de Deusem sua vida?

Os cristãos que respondem“sim” às perguntas acima estão nocaminho certo para o verdadeirocrescimento espiritual. Porém, tam-bém estão vulneráveis às falsifica-ções, que fazem promessas carnaise demoníacas, e propõem métodos

5Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

humanos para ajudar os crentes aalcançarem esses objetivos. Suaspromessas são sedutoras e podematé parecer bíblicas, mas eles usammétodos e meios carnais para pro-mover seus sistemas.

A primeira parte da salvaçãoacontece num lapso de tempo, quan-do a pessoa é transladada do reinodas trevas para o reino da luz – rege-nerada pelo Espírito de Deus. Entre-tanto, a segunda parte da salvação éum lento processo que envolve des-pir-se da velha natureza (o antigomodo de agir da carne), revestir-seda nova vida em Cristo, e aprender aandar de acordo com essa nova vida(segundo o Espírito). Esse processode transformação em que os cristãosvão assumindo a imagem de Cristoleva a vida inteira, e exige que, a cadamomento, seja tomada a decisão denegar-se a si mesmo (a antiga nature-za, que segue a inclinação da carne)e andar segundo o Espírito. Veja aspalavras de Jesus:

“Então, convocando a multidão ejuntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, asi mesmo se negue, tome a sua cruz esiga-me. Quem quiser, pois, salvar asua vida perdê-la-á; e quem perder avida por causa de mim e do evangelho

salvá-la-á. Que aproveita ao homemganhar o mundo inteiro e perder a suaalma? Que daria um homem em trocade sua alma?” (Mc 8.34-37).

A carne não gosta de ser contra-riada. Ela quer resultados rápidos.Isso fica bem claro em toda a Bí-blia, no que se refere às atividadesreligiosas das nações vizinhas de Is-rael. O povo de Israel aderia à ido-latria das nações vizinhas quando overdadeiro Deus vivo não lhe davao que queria, na hora em que que-ria. É só lembrar que Saul preferiuprocurar a feiticeira de En-Dor doque buscar o conselho do Deus vi-vo. Quando o pragmatismo e a ex-periência são colocados em primei-ro lugar, é bom tomar cuidado paranão ser vítima do engano espiritual.

Quem está com pressa fica vul-nerável a cair na tentação carnal deir atrás desses aventureiros espiri-tuais que afirmam ter encontradoum meio melhor, mais rápido emais prático de alcançar a plenitudeespiritual. São feitos todos os tiposde promessas, tanto explícita quan-to implicitamente. Os testemunhosentusiásticos de enlevo, cura e ex-periências profundas surgem aosmontes. A sedução é tão atraentequanto aquela primeira que ocorreu

no Jardim, quando a serpente pro-meteu a Eva que, se comesse o fru-to da árvore do conhecimento dobem e do mal, ela seria como Deus,conhecedora do bem e do mal.

Assim como ocorreu no Jardim,atualmente a concupiscência dosolhos, a concupiscência da carne ea soberba da vida estão agindo emtoda parte para que os cristãos vul-neráveis sejam atraídos por essaspromessas: a concupiscência de verJesus antes do tempo, através de ex-periências emocionais e técnicas devisualização; a concupiscência car-nal de ter um rápido progresso espi-ritual, de ter poder espiritual e ex-periências profundas com Deus; e asoberba da vida, o desejo de ser ad-mirado, de ser superespiritual e es-piritualmente poderoso. Com seucanto de sereia, esses encantadoresatraem os cristãos para o naufrágionas sutilezas de Satanás. Assim co-mo faziam os primeiros cristãosgnósticos, esses feiticeiros da almaafirmam ter um conhecimento espi-ritual superior que desejam com-partilhar com todos os seus segui-dores. Entretanto, como o Flautistade Hamelin e sua flauta encantada,eles são protagonistas da aplicaçãode métodos falsos e carnais.

Embora muitos cristãos estejamprevenidos quanto a alguns abusosespirituais, eles podem ser atraídospara esses desvios pelo uso das téc-nicas que descreveremos adiante. Àprimeira vista, muitas dessas técni-cas parecem inofensivas e até bené-ficas, mas elas podem ser apenas osprimeiros passos que conduzirão ocrente a ciladas e experiências con-trárias à Bíblia, algumas delasoriundas do ocultismo.

O movimento dos grupos

Pouco depois do surgimento domovimento dos grupos, as igrejas

6 Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

A sedução é tão atraente quanto aquela primeira que ocorreu no Jardim, quando aserpente prometeu a Eva que, se comesse o fruto da árvore do conhecimento dobem e do mal, ela seria como Deus, conhecedora do bem e do mal.

começaram a desenvolver ministé-rios com pequenos grupos, seguin-do modelos semelhantes. Segundoas pesquisas, “um décimo da popu-lação adulta dos EUA faz parte deuma turma de escola dominicale/ou grupo doméstico”. De fato,um autor que promove esse tipo degrupo declarou: “No que se refereao crescimento da igreja ameri-cana nos dias de hoje – e quecontinuará ocorrendo por mui-tas décadas – o fenômeno maisimportante é a explosão dos pe-quenos grupos que se reúnem tan-to nas turmas da escola dominicalquanto durante a semana, fora daigreja”.1

Desde o dia de Pentecostes, oscristãos se reúnem em grupos pe-quenos ou grandes, para estudar aPalavra, orar, ter comunhão e cui-dar uns dos outros. Deus criou osseres humanos para se ligarem unsaos outros e viverem em grupos.Ele criou famílias e estabeleceu na-ções. Cada igreja é um grupo quetêm crenças, práticas e alvos em co-mum. Muitas igrejas também têmpequenos grupos dentro do contex-to mais amplo, para que os mem-bros possam se conhecer e minis-trar uns aos outros de uma maneiramais eficaz. Quando os grupos sãobaseados na Bíblia e centrados emCristo, os membros podem crescerem santificação e dedicação à obra,enquanto ministram uns aos outrose trabalham juntos no serviço doSenhor. Entretanto, tem ocorridouma verdadeira explosão de gruposdentro da comunidade cristã queutilizam atividades individuais e emgrupo para promover doutrinas an-tibíblicas. Os cristãos precisam terdiscernimento, porque esses grupospodem usar a Bíblia e parecer atémuito bíblicos.

Todos nós conhecemos e aplica-mos vários métodos dinâmicos deinteração com indivíduos e grupos,

com o objetivo de persuadir os ou-tros. Esses métodos não requeremtreinamento especial e podem serbem inocentes, como convidar umamigo para fazer parte de um grupoou participar de alguma atividadeconosco. Mas existem outros maisenganadores, como usar meios tor-tuosos para induzir alguém a entrarpara um grupo ou seita e induzi-loa aceitar um determinado sistemareligioso.

Apelando para as emoçõesUma das mais eficazes dinâmi-

cas de grupo é a que apela para asemoções. Se uma pessoa puder serinduzida a participar de um eventoque envolva as emoções, ela poderápassar facilmente de um sistema defé para outro. Por exemplo, umapessoa é convidada a participar deuma reunião onde acontecem expe-riências emocionais. Ela fica cheia

de dúvidas, mas acaba indo porquefoi um amigo que convidou. Du-rante a reunião, ela ouve apelosemocionais e vê outras pessoas par-ticipando de várias atividades. Nomeio de toda aquela excitação, apessoa acaba se deixando envolveremocionalmente e participando da-quela experiência. Assim que a pes-soa ultrapassa a fronteira entre ahesitação e a participação, ela ficaenredada nas emoções e experiên-cias. Acabam-se as dúvidas, acaba ahesitação. Em geral, essa pessoa setorna participante e apologista. Sehouver outras reuniões depois daprimeira, a nova crença irá se fir-mando cada vez mais, principal-mente se essas reuniões forem cen-tradas nas emoções e no emociona-lismo.

A pessoa conseguiria se afastarse parasse um pouco, seguisse a ad-moestação bíblica de ser “sóbria”,eliminasse o apelo facilitador/gru-pal, e perguntasse: Quando foi que

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Uma das mais eficazes dinâmicas de grupo é a que apela para as emoções. Se umapessoa puder ser induzida a participar de um evento que envolva as emoções, ela

poderá passar facilmente de um sistema de fé para outro.

Jesus ou os apóstolos usaram essastécnicas para acender e inflamar es-se tipo de envolvimento emocional?Mas, uma vez lá dentro, é difícilnão ser afetado pelos acontecimen-tos, principalmente se a pessoa temparticipação neles, ainda que redu-zida.

Quando as pessoas se envolvemem experiências, seu sistema decrenças com certeza é alterado parase ajustar a elas. Em outras pala-vras, ações pessoais moldam a teo-logia. O Dr. Leon Festinger expli-cou os motivos que levam pessoasque têm uma determinada crença aajustarem ou até modificarem essacrença radicalmente de acordo comsuas próprias ações. Em termossimples, sua teoria da dissonânciacognitiva diz que, como as pessoasnão podem viver num estado deconflito (dissonância) entre umacrença (uma idéia cognitiva) e umcomportamento ou experiênciaemocional, um dos dois lados temque ceder. E o que geralmente cedeé a crença.2 A mente precisa mantera consistência do comportamento, e

geralmente faz isso ajustando suascrenças ao comportamento ou àsexperiências emocionais.

O apelo do grupoAs principais formas de atrair os

cristãos para participarem de gru-pos são os convites pessoais conten-do testemunhos de crescimento es-piritual, curas e aumento da per-cepção do poder e da presença deDeus. Isso é uma forma comum deincentivar a participação em qual-quer atividade de grupo, inclusivena igreja e em qualquer outra orga-nização. Portanto, esse método po-de ser usado tanto para o bemquanto para o mal. O desejo de per-tencer a um grupo muitas vezes éestimulado através de testemunhosespetaculares.

Deve-se tomar cuidado é com oconteúdo desses testemunhos. Exis-te alguma promessa de se tornar es-pecial – ter mais do que outros cris-tãos têm ou ser mais do que elessão? Existe algum apelo ao desejode pertencer a um grupo de elite? O

grupo é aberto a qualquer um ouseleciona alguns poucos que este-jam buscando algo além da “expe-riência espiritual comum”? Presteatenção ao quanto a pessoa fala so-bre o grupo e sobre sua própria ex-periência decorrente do fato de fa-zer parte dele.

A influência do grupo

Quase todos os grupos influen-ciam seus membros, começandopela família, passando pelos gruposinformais de amigos e chegando atégrupos mais estruturados. Ao dis-cutirem como os grupos funcioname como influenciam socialmenteseus membros, autores que estu-dam a “teoria da influência social”dizem o seguinte:

Praticamente todos os grupos deque fazemos parte, desde a nossa fa-mília até a sociedade como um todo,têm um conjunto implícito ou explícitode crenças, atitudes e comportamentosconsiderados “corretos”. Qualquermembro do grupo que se afaste des-sas normas corre o risco de sofrer iso-lamento e desaprovação social. Por-tanto, os grupos controlam seus mem-bros através do uso de recompensas ecastigos sociais.

Um fato ainda mais importante éque os grupos nos fornecem um siste-ma de referência, uma interpretaçãopronta para eventos e questões so-ciais. Eles fornecem as lentes atravésdas quais vemos o mundo. Qualquergrupo que exerça um desses dois tiposde influência – regulação ou interpre-tação – constitui-se num dos nossosgrupos de referência. Nós recorremosa esses grupos para avaliar e decidira respeito de nossas crenças, atitudese comportamentos; se procuramos sercomo os membros desses grupos, diz-se que nos “identificamos com eles”.3

Os cristãos se reúnem paraaprender a sólida doutrina bíblica e

8 Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

Quase todos os grupos influenciam seus membros, começando pelafamília, passando pelos grupos informais de amigos e chegando atégrupos mais estruturados.

para encorajar uns aos outros na fé.O próprio Jesus os coloca comomembros do Corpo de Cristo quan-do são nascidos de Seu Espírito. Je-sus estabelece líderes como dádivaspara a Igreja e como mestres e pas-tores para orientar a Igreja na sãdoutrina e na prática.

Entretanto, muitos grupos quese chamam de “cristãos” não estãoensinando a sã doutrina e incenti-vando seus membros a andarem se-gundo o Espírito, glorificando o Se-nhor através de sua fé e prática.Muitos grupos acrescentaram técni-cas mundanas que usam as emo-ções e seduzem a carne. Portanto,os cristãos precisam ficar atentosaos grupos que não são firmados naPalavra de Deus e que atraem etentam doutrinar através do uso dedinâmicas de grupo baseadas napsicologia e em promessas queagradam à carne.

Algumas técnicas são apenasmeios que as pessoas empregam pa-ra influenciar umas às outras, taiscomo usar todo tipo de manifesta-ção de carinho e amor para atrair osmembros para o grupo. Desse mo-

do, elas apelam para o desejo queas pessoas têm de serem amadas eaceitas pelos outros. Mas, junta-mente com essas expressões deamor, existe a pressão do grupo e aconformidade ao grupo. Primeiro,vêm o amor e o carinho; depoisvem a pressão para ser e fazer o queo grupo quer.

A mais eficiente pressão de gru-po é aquela que não é percebida.Uma das metas do líder/facilitadordo grupo é influenciar o modo co-mo os membros do grupo explicampara si mesmos o que estão fazendoali. Em outras palavras, se ummembro do grupo pensa que estáparticipando de uma determinadaatividade ou se comportando decerta maneira por sua própria esco-lha, segundo sua inclinação pessoal,a probabilidade de que ele se ajusteao grupo aumenta. O efeito podeser reforçado atribuindo-se qualida-des às pessoas de acordo com a mu-dança que se deseja produzir nelas.Por exemplo, se o líder/facilitadordo grupo comenta que o grupo temum coração de servo, o indivíduomembro do grupo pode começar a

atribuir essa característica a si mes-mo e passar a servir com maior fre-qüência. Então, quando isso acon-tece, o líder pode dizer: “Vejo quevocê tem realmente um coração deservo”. Essa confirmação do que apessoa agora acredita a respeito desi mesma (i.e., “Sou o tipo de pes-soa que tem um coração voltadopara o serviço”) a encorajará a ser-vir ainda mais.

O líder também pode dizer: “Es-tou muito feliz de ver como osmembros deste grupo são abertos esinceros”. Isso leva os membros aatribuírem essas características a simesmos e a agirem de acordo comelas. Além de ajudar os membros aimputarem a si próprios as caracte-rísticas do grupo a fim de promovera unidade de fé e propósito, o líderpode ressaltar a atitude, a atividadeou a fidelidade de um determinadomembro para incentivar os outros aserem como ele. Isso é feito usandoa comparação como mecanismomotivacional, com a idéia de que,se outros estão fazendo, eu tambémposso fazer.

Como compromisso e conformi-dade são considerados atributos po-sitivos tanto dentro como fora dogrupo, essas qualidades serão en-fatizadas e imputadas aos membrosdo grupo enquanto permaneceremnele. Assim, os membros não irãosó querer ver a si mesmos comopessoas comprometidas e confor-mes; elas realmente se verão des-sa forma e agirão de acordo. Quan-to mais a pessoa atribui a si mes-ma as características, atitudes eações do grupo, mais ela se senti-rá motivada a acatar sugestões epedidos. De início, os pedidos po-dem ser modestos e fáceis de aten-der, mas quanto mais a pessoa rea-gir positivamente, mais comprome-tida se tornará, chegando ao pontode assinar acordos, dedicar tempoe/ou dinheiro, assumir mais com-

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Muitos grupos que se chamam de “cristãos” não estão ensinando a sã doutrina e incentivando seus membros a andarem segundo o Espírito, glorificando o Senhor através de sua fé e prática.

promissos e servir aos objetivos dogrupo.

Uma técnica de atração particu-larmente eficiente e bastante utiliza-da em retiros de fim-de-semana étratar o novato como um convidadomuito especial, cobrindo-o de gen-tilezas, como demonstrações de afe-to e bilhetinhos pessoais. O meca-nismo psicológico usado aqui é cha-mado de “reciprocidade”, cujoprincípio é: “quando alguém lhe dáalguma coisa, você deve retribuir”.4

Os grupos que usam essa técnicageralmente convidam o receptor aparticipar como doador no próximoevento, e depois em eventos subse-qüentes. Essa mesma técnica de darpara receber é usada na captação derecursos. O que mais levaria umaorganização a enviar brindes juntocom seus pedidos de doação?

Outra forma depersuasão de grupotem a ver com a au-toridade do líder dogrupo ou do líder ge-ral do movimento degrupo. Se uma deter-minada pessoa é con-siderada uma autori-dade, muitas vezes osoutros acreditam noque ela diz sem ques-tionar. De fato, aspessoas freqüente-mente dão apoio aolíder quando qual-quer elemento de fo-ra questiona seus en-sinamentos ou sua liderança, principal-mente se a admira-ção que o grupo tempelo líder é combina-da com envolvimentoou compromisso pes-soal.

Indução eidentificação

Embora cada grupo tenha seusprocedimentos próprios, há sempreum processo de indução. Porém, amenos que esse processo seja umaintensa maratona de fim-de-sema-na, ele pode não ser percebido ime-diatamente. Entretanto, geralmenteexiste um apelo ao desejo de serquerido, de ser aceito e amado. Al-guns grupos apelam para outros de-sejos e objetivos pessoais, comoabandonar certos hábitos, obter cu-ra emocional, ser transformado outer propósito e importância na vida.Outros grupos correm atrás de umacausa comum, como resolver o pro-blema da pobreza mundial. Quandonos juntamos ou pensamos em nosjuntar a um novo grupo, estamosabertos a nos identificar tanto como grupo quanto com suas crenças,

ideais, aspirações e alvos. Quantomais nos identificamos com umgrupo, mais propensos nos torna-mos a participar de suas atividadese incorporar suas crenças.

Grupos que demonstram aceita-ção e amor fazem a pessoa se sentirbem-vinda. Isso é comum a todosos grupos que desejam expandir seunúmero de membros, desde as igre-jas até as organizações seculares.No entanto, quando um grupo pra-tica a “transparência”, seus mem-bros partilham certos “segredos”pessoais. Isso faz com que os novosparticipantes se sintam aceitos – co-mo amigos íntimos. Um certo graude confiança se estabelece à medidaque diferentes membros do grupose abrem. Assim, além de fazer comque os recém-chegados e os convi-dados se sintam à vontade, transmi-te-se a eles a sensação de que suaaceitação chega ao ponto de uma li-gação íntima.

A transparência gera sensação deintimidade, principalmente quandoos depoimentos se concentram emlutas pessoais contra tentações ecomportamentos que a Bíblia clas-sificaria como pecado. Essa exposi-ção pode ser muito atraente, porcolocar o ego em foco. É como umagrande sessão de histórias sobremim, eu e eu mesmo, e todas aspessoas envolvidas comigo. As ex-periências e a troca de histórias pes-soais formam a base do envolvi-mento emocional no grupo. E, emalguns grupos, o pecado de cadaum é seu crachá de membro.

Contar suas lutas, mágoas e so-frimentos a outras pessoas e ser ain-da mais aceito por fazer isso torna aligação com o grupo muito pessoale une o grupo com base nos segre-dos compartilhados. A coesão dogrupo se baseia na experiência co-mum de “transparência”, com asemoções que a acompanham. Alémdisso, à medida que os segredos das

10 Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

Como compromisso e conformidade são consideradosatributos positivos tanto dentro como fora do grupo, essas qualidades serão enfatizadas e imputadas aosmembros do grupo enquanto permanecerem nele.

pessoas vão sendo expostos, osmembros desenvolvem entre si umtipo de laço que dificulta a saída dealgum deles, por medo de que essessegredos sejam revelados fora dogrupo.

Mudando crençasO sistema de crenças (seja o

ecumenismo amplo ou o sectarismoestrito, ou algo entre os dois extre-mos) que acompanha a ligaçãoemocional interpessoal muitas vezesé transmitido gradualmente à medi-da que o facilitador e os membrosveteranos falam dessas crenças e asrelacionam com seus depoimentospessoais. Então, a pessoa que já es-tá emocionalmente ligada ao grupopode aceitar facilmente crenças epráticas contrárias àquilo em queanteriormente acreditava e passar afazer coisas que nunca teria feitoantes. Em alguns grupos, as pessoassão levadas a participar de ativida-des de cura interior e libertação dedemônios que têm mais a ver com apsicologia freudiana e junguiana ecom o ocultismo do que com a ver-dade bíblica.

Embora todos os membros queseguem as regras explícitas e implí-citas do grupo sejam aceitos, algunssão mais aceitos que outros. Issoserve como uma motivação extrapara ser como aqueles que se adap-tam melhor às crenças, atividades ealvos do grupo. As recompensas epunições podem consistir de açõese reações muito sutis por parte dosmembros do grupo. E isso funcionamuito bem, já que a pesquisa de-monstrou que um senso de livre ar-bítrio ou o emprego de uma pressãomuito leve gera o maior grau deconformidade.

Baseado em seu amplo conheci-mento sobre as formas de controleda mente, o Dr. Philip Zimbardoescreveu:

Entre as maiores descobertas dapsicologia social moderna está o prin-cípio simples de que, sob dadas condi-ções, um mínimo de pressão social po-de produzir uma grande mudança deatitude. As mais profundas e duradou-ras mudanças de atitude são geradasquando duas condições são satisfeitas:primeiramente, a pessoa sente que temliberdade de optar por um comporta-mento que contraria as normas ou oseu próprio sistema de valores, cren-ças ou motivações; e, em segundo lu-gar, a pressão aplicada para provo-car essa ação discrepante é a mínimanecessária para realizar a tarefa.5

Zimbardo argumenta que “averdadeira força de controle mentaleficiente reside nas necessidades bá-sicas que as pessoas têm de seremamadas, respeitadas, reconhecidas enecessárias”.6 Assim, a batalha ini-cial do cristão é não se tornar ummembro aceito nesse tipo de grupo,porque o tapete de boas-vindas estárecheado de suporte emocional eaprovação. Sua luta inicial é a depermanecer totalmente alerta econsciente das técnicas de dinâmicade grupo que atuarão sobre suasemoções e sobre seu desejo de “ser

amado, respeitado, reconhecido enecessário”.

A teoria da influência social pro-cura explicar várias fases da mu-dança do sistema de crenças atravésdo envolvimento em grupos. Pri-meiro vem a identificação com ogrupo; depois vem uma fase detransição, quando o indivíduo saide um grupo para outro, em quepode haver conflitos entre os gru-pos antigos (por exemplo, famíliaou igreja) e o novo grupo (porexemplo, escola, emprego, grupo deapoio).

Durante a fase de transição, onovo grupo tem mais poder e capa-cidade de ligação se o grupo antigoestá distante ou é menosprezado.Por exemplo, pode haver uma insi-nuação de que a igreja não atendiaàs necessidades emocionais da pes-soa ou de que sua família é muitorigorosa ou antiquada. Membrosestabilizados do grupo contam co-mo suas próprias igrejas e/ou famí-lias os desapontaram. Isso motiva onovato a pensar o mesmo em rela-ção à sua igreja e à sua família. Atransição se inicia quando o novomembro procura o grupo para a sa-

11Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

“A verdadeira força de controle mental eficiente reside nas necessidades básicas queas pessoas têm de serem amadas, respeitadas, reconhecidas e necessárias”.

tisfação desses anseios sociais. De-pois que a transição tiver sido feitacom sucesso, de modo que o novogrupo seja agora o grupo principal,a etapa final é a internalização dascrenças do grupo. Agora, as crençasdo grupo passam a ser as do novomembro.

Preso numaarmadilha,

ou livre para sair à vontade

Durante o primeiro estágio, o daidentificação, algumas pessoas po-dem experimentar um grupo duran-te algum tempo e descobrir que elenão é adequado para elas, ou quenão satisfaz suas necessidades comoachavam que satisfaria. Talvez elastenham dúvidas incômodas sobrevários aspectos das crenças e práticasdo grupo. Algumas vão embora porrazões doutrinárias; outras, por ra-zões pessoais. Ou sua identificaçãocom o grupo teve vida curta (não seenraizou em sua alma) ou foi substi-tuída por outra coisa. Algumas pes-soas descobrem conflitos entre essegrupo e um outro ao qual perten-cem, como a família ou a igreja, eassim não conseguem vencer a fasede transição e decidem sair.

Por outro lado, muitos ficam ese tornam membros leais e ativospor muitos anos. Eles podem seidentificar tanto com o grupo, queinternalizam suas crenças e valores,sentem satisfação pessoal contínuae desejo de permanecer no grupo.Muitas dessas pessoas avançam nogrupo e se tornam líderes encarre-gados da expansão do movimento.Outros permanecem porque o gru-po se tornou seu principal “sistemade apoio”. Eles continuam presosao grupo por causa do senso de co-munhão e de realização.

Contudo, existem outros quegostariam de sair, mas têm medo de

fazer isso porque foram convenci-dos de que precisam do grupo parasua própria sobrevivência, ou te-mem se sentir perdidos sem ele. OsAlcoólicos Anônimos (A.A.) fazemas pessoas acreditarem que, se para-rem de assistir às reuniões dosA.A., voltarão para o vício.

Membros que gostariam de sairde certos grupos acabam ficandoporque já revelaram muita coisa so-bre sua vida pessoal e têm medodas conseqüências da recriminaçãoe de não serem mais aceitos poraqueles que conhecem seus segre-dos mais ocultos e seus piores peca-dos. Ao revelarem informações par-ticulares, eles não perceberam queos líderes muitas vezes selecionammuito bem o que vão contar a res-peito de si mesmos, a fim de pare-cerem transparentes sem pôr emrisco sua própria reputação.

Os elementos comuns da dinâ-mica de grupo mostram como aspessoas podem ser enganadas e le-vadas a concordar com a opinião damaioria dos membros de um grupoe a participar de ações grupais quepodem ser muito diferentes de suasidéias e ações originais. Diante dasatividades centradas nas emoções,da criação de oportunidades parasurgimento de dissonância cogniti-va, da exploração de vulnerabilida-des à sedução do grupo, do apelo ànecessidade de fazer parte de umacomunidade, das técnicas de in-fluência de grupo, da indução à

participação no grupo, do mecanis-mo de identificação com o grupo eda possibilidade de cair em armadi-lhas, os cristãos precisam estar aler-tas em relação ao que está ocorren-do. Na segunda parte deste artigo,examinaremos os vários movimen-tos de grupo e discutiremos as for-mas de se defender contra seus en-ganos. (PsychoHeresy Awareness Let-ter) (continua)

Martin Bobgan é bacharel e mestre pela Uni-versidade de Minnesota e tem doutorado emPsicologia Educacional pela Universidade doColorado. Deidre Bobgan é bacharel pela Uni-versidade de Minnesota e mestre pela Univer-sidade da Califórnia. Eles têm falado sobre psi-cologia e fé cristã em numerosas conferências,em igrejas, no rádio e na TV. O casal Bobganescreveu dezessete livros sobre o assunto eedita a PsychoHeresy Awareness Letter.

Notas:1. Bill Easum, “The Exponential Church...

Learning from America’s Largest and Fas-test-Growing Congregations”, http://www.icm-w o r l d . o r g / a t i c l e s – v i e w . a s p ? a r t i -cleid=12904&columnid=1361.

2. Leon Festinger. A Theory of Cognitive Dis-sonance. Stanford, CA: Stanford UniversityPress, 1957.

3. Ernest R. Hilgard, Rita L. Atkinson, RichardC. Atkinson. Introduction to Psychology,Seventh Edition. New York: Harcourt BraceJanovich, Inc., 1979, p. 529.

4. Robert Cialdini. Influence: Science andPractice, 2nd Ed. Glenview, IL: Scott, Fo-resman & Company, 1980; http://www1.chap-m a n . e d u / c o m m / c o m m / f a c u l t y / -thobbs/com401/clarccs.html.

5. Philip Zimbardo, “Mind Control: Political Fic-tion and Psychological Reality”. On Nine-teen Eighty-Four, Peter Stansky, ed. Stan-ford, CA: Stanford Alumni Association,1983, p. 207.

6. Ibid., p. 208.

12 Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

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Não existe alguém que já nasçacrente em Cristo. A pessoa só pas-sa a ser crente em Jesus a partir donovo nascimento. Ninguém écrente em Cristo por linhagem ge-nealógica, hereditariedade ou graude parentesco. Pessoas se tornamcrentes quando constatam que sãopecadores perdidos, admitem quenão possuem meios de se livrar dosseus pecados, crêem que Jesus vo-luntariamente recebeu na cruz apunição que elas mereciam e en-tregam sua vida aos ternos cuida-dos do Senhor.

Contudo, para que se tenha co-nhecimento de Jesus – quem Ele é,o que Ele fez e como Ele venceu opecado e a morte – em geral é ne-cessário um evangelista, alguémque proclame a mensagem doEvangelho em alto e bom som, nosmontes e nos vales, a todo aqueleque queira (e, ocasionalmente, atéao que não queira) ouvir.

Dwight Lyman Moody era umhomem assim. Alguns o conside-ram como o maior evangelista quejá existiu, ao pregar para enormesmultidões e constatar o modo peloqual Deus converteu milhares depessoas a Cristo. Antes de suamorte aos 62 anos de idade no anode 1899, Moody, entre outras coi-sas, fundou a Moody Church [i.e.,“Igreja Moody”] e a instituiçãoque hoje se conhece pelo nome deMoody Bible Institute [i.e., Instituto

Bíblico Moody] em Chicago, Illi-nois, EUA.

Um de seus amigos mais chega-dos, o evangelista R. A. Torrey[i.e., Reuben Archer Torrey](1856 – 1928), a quem Moodychamou para dirigir o instituto bí-blico, foi convidado em 1923 parapregar num culto de gratidão aDeus pela vida de Moody e o temaera: “Por Que Deus Usou D. L.Moody?”. Em sua pregação, Tor-rey expôs muitas razões esclarece-doras, inclusive o fato de queMoody tinha um “ardente desejo”de ver pessoas salvas, e mencionouo seguinte exemplo:

Certa feita em Chicago, o senhorMoody viu uma menininha paradana rua com um balde na mão. Ele sedirigiu a ela e a convidou para parti-cipar da Escola Dominical em suaigreja, dizendo-lhe que era um lugarmuito legal. Ela lhe prometeu que iriaà Igreja dele no domingo seguinte,mas não foi. Durante semanas, o se-nhor Moody procurou por ela até queum dia a viu de novo na rua à certadistância. Ele se encaminhou na dire-ção dela, mas ela também o viu e co-meçou a correr para não encontrá-lo.O senhor Moody a seguiu. Finalmen-te Moody a encontrou e pôde condu-zi-la à fé em Cristo. Ele descobriu quea mãe dela era uma viúva que antestinha uma boa condição de vida eque empobrecera a ponto de ir morarno andar de cima de um bar. Aquelamulher tinha muitos filhos, de modoque o senhor Moody conduziu a mãe

e toda a família à fé em Jesus Cristo.Vários filhos dela se tornaram notá-veis membros da igreja até se muda-rem para outras localidades, onde,mais tarde, passaram a ser membrosproeminentes de outras igrejas.

Torrey disse que na época emque ele era pastor da IgrejaMoody, aquela menininha com obalde na mão se tornara a esposade um dos mais destacados líderesda igreja. E prosseguiu:

Há dois ou três anos atrás, quan-do saía de um ponto de venda depassagens em Memphis, Tennessee,um rapaz bem aparentado me seguiue perguntou: ‘O senhor não é o Dr.Torrey?’. Eu respondi: ‘Sim, sou eu’.Então ele começou a me dizer quemera ele. Tratava-se de um dos filhosdaquela viúva, o qual, a essa altura,viajava como representante comerciale atuava como um dos líderes daigreja na cidade em que morava.

Quando o senhor Moody con-duziu aquela criancinha à fé em Je-sus Cristo, ele atraiu uma famíliainteira para o Reino de Deus. E, co-mo disse o Dr. Torrey: “Só a eter-nidade revelará quantas geraçõessubseqüentes foram arrancadas dastrevas e atraídas para o Reino doglorioso Filho de Deus”. (Israel MyGlory)

Dwight L.Moody.

14 Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

A adaptação para o cinema dacontrovertida trilogia de um autorateu causa alvoroço ecumênico;mas será que “matar Deus” é o ver-dadeiro perigo?

Para os que ainda não conhecemesse filme e todo o evento de mídia re-lacionado a ele, um comunicado distri-buído à imprensa esclarece: “Baseadono best seller de Philip Pullman, A Bús-sola de Ouro conta a primeira históriade sua trilogia Fronteiras do Universo(FDU). Esta excitante aventura de fan-tasia se passa num mundo alternativopovoado por ursos falantes vestidoscom armaduras, feiticeiras, gípcios edimons. No centro da história estáLyra, uma garota de 12 anos que co-meça tentando salvar um amigo e ter-mina numa busca épica para tentarsalvar não só o seu próprio mundo,mas o nosso também”.

Parece familiar? Crianças ilumina-das (desprezadas ou excluídas pelafamília ou pela sociedade) tropeçamnum segredo por acaso, e são escolhi-das para salvar o mundo usandoquaisquer meios permitidos por suaimaginação e sendo auxiliadas por al-guma forma de poder ancestral ou so-brenatural ou entidade espiritual. Essaidéia está tão disseminada, que muitosa chamam de “mito universal”. Entre-tanto, não importa qual seja a épocaou o local, o tema do jovem herói con-tinua a fascinar o público e a vender

mais produtos quequalquer outra tra-ma jamais conce-bida.

Então, por quetanto alvoroço porcausa desse filme?Bem, para começode conversa, comoa página oficial nainternet informa, “no mundo da Bússo-la de Ouro, a alma de uma pessoa vi-ve fora do corpo, sob a forma de umdimon, um espírito animal que acom-panha a pessoa por toda a vida”. Em-bora espíritos-guias na forma de ani-mais sejam tão universais e antigosquanto o próprio xamanismo, os livrosde Pullman são talvez os primeiros apopularizarem uma criatura comouma manifestação do espírito pessoalde alguém, e não como uma entidade“auxiliadora” independente (comouma fada, um elfo, um anjo ou um“mestre iluminado”). Também é notá-vel o atrevimento de chamar esses es-píritos de “dimons”* (que é exatamen-te o que eles são, de acordo com o en-tendimento bíblico a respeito do nossomundo real). Fica claro que esse “dis-positivo literário” cheira a ocultismo.

Por essas e muitas outras razões,fica difícil engolir o alegado ateísmo

de Pullman como genuíno naturalismohumanista. Embora afirme que “estavida é tudo o que temos”, ele criou um“universo paralelo” pseudocientífico,baseado na teoria quântica e na meta-física. Esses princípios idênticos for-mam a base do “conhecimento secre-to” das religiões esotéricas, refletidasem outras histórias pós-modernas, co-mo a trilogia Matrix e O Show de Tru-man, onde a “verdadeira realidade” éencontrada através de um processo derebelião contra a “autoridade”, renas-cimento e autodescoberta.

O extremo desprezo que Pullmantem pelo Catolicismo não é nem dis-farçado: a hierarquia do mal estabele-cida pela “Autoridade” da trilogiaFDU (o eufemismo que a trilogia usapara se referir a Deus) não é outra se-não o “Magistério”. Não admira quea perversão do Evangelho bíblico per-petrada por Roma e sua perseguição

15Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

A Bússola de Ouro– adivinhação edemônios paracrianças?

1. No original inglês, “daemons”, outra grafia para “demons”, demônios. (N. da T.)

Baseado no best seller de Philip Pullman, A Bússola de Ouroconta a primeira história da trilogia

Fronteiras do Universo.

aos verdadeiros crentes tenham des-truído a fé de muitos ao longo dos sé-culos – inclusive, aparentemente, a es-perança de Pullman de obter a reden-ção. Os evangélicos bem informadosconhecem muito bem todo o mal per-petrado pelo Catolicismo em nome deDeus. Além disso, a perspectiva dePullman também foi distorcida pelastorturas e assassinatos cometidos emnome do Calvinismo. Por essa razão,não admira que ele não consiga dis-tinguir o Cristianismo bíblico das for-mas falsificadas que o mundo vemadotando há muito tempo. É esse pre-conceito que forma o alicerce da FDU,no que talvez seja o mais poderosoataque para arrasar a percepção dapróxima geração a respeito do Cristia-nismo.

Sem dúvida, as crianças ficarãoencantadas com o filme e suas enge-nhocas fascinantes, e assim serãoatraídas para os romances de Pull-man, exatamente como aconteceu comas crianças do Flautista de Hammelin.Um dos principais instrumentos usados

por Lyra, a heroína da trilogia, é o“Aletiômetro” (a “Bússola de Ouro”).Da mesma forma que um rab-doscópio – ou varinha mágica –ou uma tábua Ouija, o mecanis-mo usa símbolos, indicadores ea “força do pensamento” paraadivinhar a verdade (em grego,Alethéia) sobre uma determina-da questão. Uma extraordináriaversão digital desse instrumentodiverte os visitantes que acessama página oficial do filme na in-ternet. Lá também existe um per-fil de personalidade compostode 20 perguntas que, depois depreenchido, anuncia dramatica-mente: “Seu dimon foi encontra-do”. As crianças e outros visi-

tantes são convidados a se inscreve-rem numa comunidade online especialde onde podem baixar ícones (avata-res) representando seu dimon pessoal.

Parece que Pullman fez um grandeesforço para inverter a Palavra deDeus, torcendo paralelos bíblicos atétransformá-los na verdadeira antítesedo relato bíblico. Como comenta umcrítico: “A Luneta Âmbar (último livroda trilogia FDU) reformula o relato daTentação e do Pecado Original, mos-trando-os como o início da verdadeiraliberdade humana”. Mais uma vez, is-so é xamanismo revivido; muitas reli-giões ainda reverenciam a Serpentecomo o ser que “traz a luz”, como fa-zem as seitas e sociedades esotéricasmodernas.

A editora de Pullman é a Scholas-tic, um vasto império da mídia que sedescreve como “o maior publicador edivulgador de livros infantis do mun-do, incluindo o estrondoso sucessoHarry Potter®, Animorphs®, Goose-

16 Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

Do Nosso Campo Visual

Um dos principais instrumentos usados por Lyra, a heroína da trilogia, éo “Aletiômetro” (a “Bússola de Ouro”). Da mesma forma que um rabdoscópio – ou varinha mágica – ou uma tábua Ouija, o mecanismo usa símbolos, indicadores e a “força do pensamento” para adivinhar a verdade (em grego, Alethéia) sobre uma determinada questão. Na foto:Lyra tentando ler o “Aletiômetro”.

A editora de Pullman é a Scholastic, um vasto império damídia que se descreve como “o

maior publicador e divulgador delivros infantis do mundo”. Nafoto: o prédio da Scholastic.

bumps® e Clifford, o Gigante CãoVermelho® [...]. A Scholastic alcança32 milhões de crianças, 45 milhões depais, e praticamente todas as escolasdos Estados Unidos. A Scholastic éuma empresa de multimídia, com umcapital de 2 bilhões de dólares e10.000 empregados, que opera glo-balmente nos segmentos de educação,entretenimento e publicidade [...] ven-dendo para crianças, pais e professo-res”. Isso é um autêntico exército dastrevas.

É compreensível que muitos cristãosestejam alarmados com o modo comoPullman caracteriza Deus: um ser fini-to, débil, frágil, assustado e impostor(muito parecido com o homem por trásda cortina em O Mágico de Oz). Con-tudo, muitos desses mesmos crentesdão apoio a uma espiritualidade ecu-mênica, mística e baseada no ocultis-mo em suas próprias igrejas – incluin-do ioga, oração centrante e outras“disciplinas espirituais” enganosas. Éo Cavalo de Tróia de Satanás dentro

da igreja, perseguindo o mesmoobjetivo que Fronteiras do Uni-verso procura alcançar no mun-do: questionar a autoridade e asuficiência da Palavra de Deus,ao mesmo tempo em que olhapara dentro, em busca do Eu.

Pullman revelou um pouco doque está em seu coração quandoum repórter perguntou qual seriao seu dimon pessoal, se ele tives-se um: “Provavelmente, seriauma gralha ou outra ave da fa-mília dos corvos, porque essessão os pássaros que normalmen-te se interessam por coisinhasbrilhantes e vão pegá-las. Elesrealmente não sabem distinguirentre um anel de diamante e umpedaço de papel dourado, des-ses de embrulhar bombons” (Pv16.16).

Infelizmente, Pullman se traiuao reconhecer sua incapacidade

de distinguir entre a inestimável sabe-doria da Escritura e o “ouro de tolo”(1 Co 2.14). Sua abordagem “Fran-kenstein” da espiritualidade (costuran-do partes mortas da religião com ou-tras da “falsa ciência”) deu o sopro devida a um Demônio de proporções in-fernais. Ao criar um Deus magro eexaurido, que sofre uma “misericor-diosa” eutanásia em seu romance,Pullman mudou “a verdade de Deusem mentira” (Rm 1.25) e mudou “aglória do Deus incorruptível em seme-lhança da imagem de homem corrup-tível, bem co-mo de aves,quadrúpedes erépteis” (Rm1.23).

Rejeitandocomparaçõescom a trilogiaépica de J. R.R. Tolkien, Pull-man insiste emafirmar: “O

que estou fazendo é completamentediferente. Tolkien teria odiado”. Embo-ra os evangélicos estejam divididos arespeito dos méritos de As Crônicas deNárnia, a ira de muitos deles se acen-de ainda mais diante do franco des-prezo que Pullman tem por C. S. Le-wis, a quem ele agride juntamentecom todos os cristãos: “Estou tentandominar as bases da fé cristã. – diz Pull-man – O senhor Lewis diria que estoufazendo o trabalho do Diabo”. (MarkDinsmore, The Berean Call)

17Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

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Philip Pullman autografando seu livro.

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A espiritualidade ecumênica, mística ebaseada no ocultismo – incluindo ioga,oração centrante e outras “disciplinasespirituais” enganosas, é o Cavalo de

Tróia de Satanás dentro da igreja, per-seguindo o mesmo objetivo que Frontei-

ras do Universo procura: questionar aautoridade e a suficiência da Palavra deDeus, ao mesmo tempo em que olha pa-

ra dentro, em busca do Eu.

Você sabia que uma pessoa tomaaté 100.000 decisões por dia? Algu-mas são conscientes, outras intuitivas.

Girar a maçaneta da porta, es-colher o par de sapatos ou paraonde ir – tudo isso precisa ser de-cidido, às vezes em apenas poucossegundos. Também há decisõesmais importantes, por exemplo: ocasamento ou a escolha da profis-são, construir uma casa, qual omelhor investimento, onde morar,etc.

Mas há uma decisão acima detodas as outras; é a mais impor-tante que devemos tomar na vida:a decisão a favor de Cristo.

A seguir, citamosalguns trechos de“Trendstory” (nº9/2006):

A quantidade de op-ções disponíveis nunca foitão grande quanto hojeem dia, nunca houve tan-ta pressão por uma esco-lha: a cada semana, che-gam centenas de produtosnovos aos supermerca-dos, a cada mês há lan-çamentos de moda nosmagazines, a cada anosão oferecidas soluçõesinovadoras da indústria

tecnológica, pro-metendo produtosmais rápidos e commaior capacidadede processamento.Atualmente, umapessoa precisa to-mar até 100.000decisões por dia,de importantes opções de con-sumo a manobras de ultrapas-sagem na hora de dirigir, pas-sando pelo ato de girar a ma-çaneta das portas.

Feliz daquele que não perdea tranqüilidade nessa situação esimplesmente escolhe a primeiraopção que aparece. O psicólo-go e autor americano BarrySchwartz chama essas de pes-soas de contentadiças – ao con-trário das maximizadoras, quetentam constantemente tirar pro-veito de todas as possibilidades.Mas o princípio da simplicidadeabre caminho para uma nova

forma de lidar com as milhares depossibilidades: trata-se de encontrarrespostas simples para perguntas com-plexas.

O processo decisório é simplificadona medida em que deixa de conside-rar toda e qualquer eventualidadepossível, concluindo-o no momento emque a solução parece boa o suficientepara o momento. Mais tarde dá paraescolher outra atualização para o no-vo programa de computador, ou umgabinete adicional para a cozinha ou,então, uma alternativa completamentediferente.

Mas o problema com a simplifica-ção das decisões é: como saber que

18 Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

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A decisão maisimportante da vida

Girar a maçaneta da porta, escolher o par desapatos ou para onde ir – tudo isso precisa serdecidido, às vezes em apenas poucos segundos.

Algumas decisões podem ser adiadas, outras são incontornáveis e ainda outras não podem ser desfei-tas. Há decisões certas e erradas, boas e ruins. Com

algumas, ficamos felizes, com outras, tristes, desesperados ou irritados.

está na hora de chegar a uma conclu-são nesse torturante processo? Pesqui-sadores do assunto falam de regras ouheurísticas de encerramento, para in-dicar que já há informações suficientespara chegar a uma solução. O psicó-logo alemão Gerd Gigerenzer, porexemplo, recomenda nesse contexto osistema “Take the Best” (Escolha o Me-lhor): uma decisão deve ser tomadano momento em que se tiver encontra-do o primeiro motivo realmente bom.

Já o pesquisador sueco HenryMontgomery indica a “regra de domi-nância”: a decisão é tomada quandouma alternativa se mostra dominante

em relação às ou-tras. A “regra docusto-benefício”, re-ferida pelo econo-mista George Stie-gler, diz que umadecisão deve ser to-mada quando acontinuação do pro-cesso de avaliaçãopassa a trazer maiscustos que benefí-cios. E, de acordocom a psicóloga so-cial americanaShelly Chaiken, to-mamos uma decisãodefinitiva quandonosso sentimentoatual atinge um de-terminado nível desegurança – nos tes-tes, isto aconteceuem média no mo-mento em que os in-teressados tinham li-do 2,7 relatórios arespeito da situaçãoa ser avaliada.

A maioria dasdecisões que to-mamos é secun-dária e não tempraticamente ne-

nhuma conseqüência digna demenção. Outras são mais impor-tantes e influenciam a continuida-de de nossa vida. E há decisõesque são literalmente uma questãode vida ou morte.

Algumas decisões podem seradiadas, outras são incontornáveise ainda outras não podem ser des-feitas. Há decisões certas e erra-das, boas e ruins. Com algumas,ficamos felizes, com outras, tris-tes, desesperados ou irritados.

Mas de todas as opções, háuma que é fundamental não sópara o presente, mas também para

a eternidade. É a maior e mais im-portante decisão que um ser hu-mano pode tomar, e ela tem asconseqüências mais influentes navida e até depois da morte. Ne-nhuma decisão é tão importantequanto esta; ela sobrepuja todasas outras. É mais importante quea escolha do cônjuge, mais signifi-cativa que qualquer investimentofinanceiro, tem mais peso que aescolha da profissão ou do localde moradia na velhice. Essa deci-são envolve o lugar onde passare-mos a eternidade; por isso ela temconseqüências infinitas.

A Bíblia diz: “...escolhei, ho-je, a quem sirvais...” (Js24.15).

Quando Jesus convocou Seusdiscípulos a se decidirem: “Que-reis também vós outros reti-rar-vos?”, Pedro respondeu deforma muito decidida: “Senhor,para quem iremos? Tu tens aspalavras da vida eterna” (Jo6.67-68). A decisão de Pilatos decondenar Jesus com base na von-tade do povo teve conseqüênciasindescritíveis para Israel: a des-truição de Jerusalém e a dispersãodos judeus entre todas as nações.Lemos a respeito dessa decisãotão grave: “Então, Pilatos deci-diu atender-lhes o pedido. Sol-tou aquele que estava encarce-rado por causa da sedição e dohomicídio, a quem eles pe-diam; e, quanto a Jesus, entre-gou-o à vontade deles” (Lc23.24-25).

Jesus, a primeira emelhor escolha

Lemos no artigo citado: “Felizdaquele que... simplesmente esco-lhe a primeira opção...”. Jesus é oPrimeiro e Jesus é o Melhor, oPRIMEIRO E MELHOR. Feliz da-

19Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

Do Nosso Campo Visual

De todas as opções, há uma que é fundamental não só para o presente, mas também para a eternidade: seguir a Jesus!

quele que se decide por Ele, esco-lhendo, assim, o Melhor que ja-mais encontrará. Junto com Jesus,o ser humano escolhe perdão, es-perança, confiança e a vida eter-na.

Toda pessoa toma cerca de100.000 decisões por dia, mas po-de nunca chegar a essa decisãodefinitiva. Cem mil decisões pordia contra uma única decisão fun-damental, uma só vez na vida in-teira: isso não parece um prejuízoe tanto?

Conta-se que alguns dos inimi-gos de Arquias, um alto funcioná-rio público grego, haviam planeja-do um complô contra ele. Plane-

javam assassiná-lo durante umafesta. Um de seus amigos, que fi-cou sabendo desse plano, enviouum mensageiro com uma cartaurgente para ele. Quando o men-sageiro foi levado à presença deArquias, entregou-lhe a carta comas palavras: “O senhor que lhemanda esta carta o insta a que aleia imediatamente, pois contéminformações muito sérias”. Ar-quias, que estava pronto para ir àfesta, respondeu com um sorriso:“Coisas sérias ficam para ama-nhã”. Ele colocou a carta de ladoe foi à festa. Naquela noite o pla-no foi executado, e ele foi assassi-nado. Na manhã seguinte, quan-

do a adver-tência foilida, só resta-va um corpomutilado, querefletia umexemplo mui-to sério a res-peito das con-seqüências doadiamento deuma decisão.

Jesus, aúnica

respostapara todas

asperguntas

O artigocitado tam-bém diz quenas milharesde decisõesque tomamosdiariamente oque importa éencontrar res-postas sim-ples para per-

guntas complexas. A questão dosentido da vida é explicada pormeio de Jesus: Ele é a respostapara as perguntas: “de onde?”,“por quê?” e “para onde?”. Asrespostas dadas por religiões, pe-las filosofias ou a pela ciênciasempre deixam alguma dúvida emaberto. Para onde quer que nosvoltemos, ficam desconforto e in-satisfação.

Um psiquiatra disse certa vezque um terço de sua clientela so-fria de uma única neurose: “va-zio e falta de sentido na vida”.Ele continuou definindo essa fal-ta de sentido como a neurose damodernidade, “na qual as pes-soas são torturadas por pergun-tas para as quais nem a filoso-fia, nem a religião têm respos-tas”. Isso não é de espantar, poisnenhum dos seus proponentes

20 Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

Do Nosso Campo Visual

Junto com Jesus, o ser humano escolhe perdão, esperança,confiança e a vida eterna.

Há muito motivos sólidos para decidir-se por Cristo: por exemplo, Eleé a Palavra da Vida e a Vida Eterna em

pessoa. Ele saiu da eternidade para onosso mundo, morreu por nós e

ressuscitou. Ele traz alegria completa.

conhece a eternidade; todos sãoapenas pessoas limitadas. ComJesus, é diferente: “Aquele quedesceu é também o mesmoque subiu acima de todos oscéus, para encher todas ascoisas” (Ef 4.10). Será que aresposta para a pergunta da nos-sa vida não está nAquele que des-ceu do céu para a terra, morreupor nós, ressuscitou dos mortos,retornou aos céus e preencheu-os totalmente?

Jesus, o maior motivopara decidir-se

No artigo citado lemos que adecisão deveria ser tomada quan-do houver informações suficien-tes. Portanto, a decisão deveriaacontecer no momento em que oprimeiro motivo real tiver sido en-contrado. Ela deve ser tomada

quando qualquer outro adiamentotrouxer mais custos que benefí-cios.

Na Bíblia temos informaçõessuficientes a respeito de JesusCristo, reunidas por aqueles queconviveram com Ele. O apóstoloJoão, por exemplo, conta: “Oque era desde o princípio, oque temos ouvido, o que te-mos visto com os nossos pró-prios olhos, o que contempla-mos, e as nos-sas mãosapalparam,com respeitoao Verbo da vi-da (e a vida semanifestou, enós a temosvisto, e deladamos teste-munho, e vo-laanunciamos, a

vida eterna, a qual estava como Pai e nos foi manifestada),o que temos visto e ouvidoanunciamos também a vós ou-tros, para que vós, igualmen-te, mantenhais comunhão co-nosco. Ora, a nossa comunhãoé com o Pai e com seu Filho,Jesus Cristo. Estas coisas,pois, vos escrevemos para quea nossa alegria seja comple-ta” (1 Jo 1.1-4).

Há muito motivos sólidos pa-ra decidir-se por Cristo: porexemplo, Ele é a Palavra da Vi-da e a Vida Eterna em pessoa.Ele saiu da eternidade para o nos-so mundo, morreu por nós e res-suscitou. Ele traz alegria comple-ta. Não há ninguém que possaser equiparado a Jesus. Suas pa-lavras são inigualáveis e Sua vi-da, plena. Ninguém faz o que Elefez por nós. Seu amor é inson-dável, Sua sabedoria, inalcançá-vel. Com total ausência de vio-lência e com amor dedicado Eleconseguiu muito mais que todosos exércitos da História humanajuntos.

Um cálculo frio do custo-bene-fício deixa muito claro: com JesusCristo, você só tem a ganhar, semEle, você perde tudo. Qualqueradiamento dessa decisão traz maiscustos que benefícios.

Decida-se hoje! (NorbertLieth)

21Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

Do Nosso Campo Visual

A questão do sentido da vida é explicada por meio de Jesus: Ele é a resposta para asperguntas: “de onde?”, “por quê?” e “para onde?”.

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“de onde?”

“por quê?”

“para onde?”

Resposta: Se tomarmos conhe-cimento de algumas informaçõesque fazem parte dos bastidores dahistória de Balaão, reconheceremosque de forma alguma existe umacontradição e muito menos injusti-ça da parte de Deus para com ele.

1. Balaão era um adivinho quepraticava uma espécie de magiabranca, misturando o nome deDeus em suas adivinhações (Nm22.7-8; Nm 24.1; Js 13.22). Por is-so, ele não era sincero mas estavaenredado em mentiras que proce-diam de seu coração.

2. Josué esclarece que Balaãodisse a Balaque que somente pode-ria fazer o que o Senhor lhe ordena-ra (Nm 22.18), mas em seu coraçãoele preferia amaldiçoar Israel: “Po-rém eu (Deus) não quis ouvir Balaão;e ele teve de vos abençoar; e, assim,vos livrei da sua mão” (Js 24.10; vejaNe 13.2). Muito reveladora é a fra-se: “mas eu não quis ouvir Balaão”.Portanto, Balaão não estava que-rendo abençoar a Israel, mas foiforçado a fazê-lo porque o Senhor oobrigou (Nm 23.26).

3. O Apocalipse menciona igual-mente que Balaão não foi sincero:“Tenho, todavia, contra ti algumas coi-sas, pois que tens aí os que sustentam a

doutrina de Balaão, o qual ensinava aBalaque a armar ciladas diante dos filhosde Israel para comerem coisas sacrificadasaos ídolos e praticarem a prostituição”(Ap 2.14). O que havia acontecido?Mesmo que Balaão teve de abençoarIsrael por três vezes por mandado divi-no, ele usou de astúcia diabólica paraque os israelitas, logo depois, fossemseduzidos pelas mulheres dos moabi-tas (Nm 25.1ss.). O conselho para es-sa sedução fora dado por Balaão ao reimoabita Balaque (Nm 31.16). Portan-to, mesmo sabendo da bênção do Se-nhor para o povo de Deus, ele armouuma cilada para os filhos de Israel. Pormeio da miscigenação com os moabi-tas o povo teria sido arruinado se Deusnão o tivesse impedido.

4. O apóstolo Pedro relata omesmo episódio: “abandonando oreto caminho, se extraviaram, seguin-do pelo caminho de Balaão, filho deBeor, que amou o prêmio da injustiça”(2 Pe 2.15). Balaão, portanto, dei-xou o caminho reto do Senhor paraenveredar por caminhos tortuosos.Ele sabia qual era a vontade deDeus, uma vez que ele próprio, co-mo porta-voz de Deus, teve deabençoar Israel. Mas, mesmo as-sim, queria aniquilá-lo.

5. Judas esclarece ainda que Ba-laão buscava o proveito material.Balaque lhe havia prometido muitodinheiro e honra (Nm 22.7,17), eBalaão prendeu seu coração a essesvalores. Ele amou o prêmio da in-justiça (2 Pe 2.15). É o que diz Ju-das 11: eles, “movidos pela ganância,se precipitaram no erro de Balaão.”

Olhando para esse pano de fun-do, a contradição se dissipa: Ba-

laão, a mando do Senhor, de fatofoi com os moabitas, mas Deus,que conhece as profundezas do co-ração, sabia o que Balaão realmentetinha em mente. Por isso, se inter-pôs em seu caminho e disse: “...eisque eu saí como teu adversário, porqueo teu caminho é perverso diante demim” (Nm 22.32). ExteriormenteBalaão seguia pelo caminho que oSenhor lhe ordenara, mas interior-mente seu caminho era tortuoso.Ele não seguiu pelo caminho comsinceridade, mas com o desejo inte-rior de amaldiçoar Israel, mesmodevendo abençoá-lo. Josué nos rela-ta a perdição de Balaão: “Tambémos filhos de Israel mataram à espadaBalaão, filho de Beor, o adivinho,com outros mais que mataram” (Js13.22). Balaão experimentou exata-mente aquilo que Deus prometera aAbraão: “...amaldiçoarei os que teamaldiçoarem” (Gn 12.3).

A contradição aparente é solucio-nada quando concluímos: Deus man-dou Balaão pôr-se a caminho paraabençoar a Israel. Por enxergar o cora-ção de Balaão e saber que ele queriaamaldiçoar Israel, colocou-se em seucaminho para adverti-lo pessoalmente.

Para nós esses acontecimentosservem de exortação, mostrandocomo é perigosa uma obediência hi-pócrita, só de aparências. É perigo-so quando, no fim das contas, oque queremos mesmo é fazer a pró-pria vontade, e assim desobedece-mos e pecamos. O Senhor conhecenossos corações e nos alerta parasermos sinceros e leais, sem fingiruma falsa obediência. (NorbertLieth)

22 Chamada da Meia-Noite, abril de 2008

A incumbência de Balaão ea resistência de Deus

Pergunta: “Em Números 22.20ss.,Deus exorta Balaão a ir com os moabi-tas, apesar destes estarem exigindo queele amaldiçoe Israel. Mas então o anjodo Senhor se interpôs no caminho deBalaão para matá-lo. Por que o Senhoragiu assim?”