cesário verde

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escola secundária gil eanes . literatura portuguesa II . professora antónia mancha . ano lectivo 2008/2009 Lisboa 1855-1886 Nas nossas ruas, ao anoitecer,/ Há tal soturnidade, há tal melancolia,/ Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia/ Despertam-me um desejo absurdo de sofrer

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Lisboa1855-1886

Nas nossas ruas, ao anoitecer,/ Há tal soturnidade, há tal melancolia,/ Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia/ Despertam-me um

desejo absurdo de sofrer

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Uma espécie de biografia:

José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa, a 25 de Fevereiro de 1855.Filho do lavrador e comerciante , José Anastácio Verde, e de Maria da Piedade dos Santos Verde.Matriculou-se no Curso Superior de Letras, em Lisboa, frequentando-o apenas alguns meses. Foi ali que conheceu o seu amigo Silva Pinto, a quem se deve a publicação, em 1887, um ano após a morte do poeta, de O Livro de Cesário Verde. Cesário dividiu a sua actividade entre a produção poética (publicada em jornais) e o trabalho de comerciante, na loja que o pai tinha na baixa lisboeta.Em 1877 começa a dar indícios de uma tuberculose, doença que já lhe tirara o irmão e a irmã (mortes que servem de inspiração a um de seus principais poemas, Nós ). Tenta curar-se , refugiando-se na quinta da família em Linda-a-Pastora, mas sem sucesso, vindo a falecer a 19 de Julho de 1886.

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A poesia de Cesário Verde situa-se numa encruzilhada de classificações. Há quem lhe chame o único poeta ‘realista’ do nosso séc. XIX (António José Saraiva, Iniciação na Literatura Portuguesa), o que se justifica facilmente, pois a época em que viveu permite enquadrá-lo na Geração de 70 (Eça, Antero; Ramalho Ortigão; Oliveira Martins). Há, no entanto, a considerar a influência do parnasianismo na sua poesia.

O que se entende por Realismo?

Em linhas gerais, podemos dizer que:

► Se inspira na vida real, nos factos do quotidiano, no ambiente burguês, na miséria dos bairros populares (retratados na obra literária)

► Observação/análise do pormenor ► Gosto pela descrição minuciosa e exacta ► Crítica dos costumes e crónica social ( predilecção pelo romance) ► Rejeição dos ideais românticos ► Anticlericalismo

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O que se entende por Parnasianismo?

O vocábulo Parnasianismo deriva de Parnaso, monte da antiga Grécia, na Fócida, consagrado a Apolo, deus da poesia, e às musas.Como designação de escola literária, deve a sua origem no título da publicação francesa Le Parnasse Contemporain. (Trata-se de uma revista ou colectânea, editada pelo livreiro parisiense Lemerre, a partir de 1866, na qual se publicaram as primeiras obras poéticas que reagiram contra o Romantismo.

Barreiros, António José, HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA, vol. II, 13ª edição, Braga, Livraria Editora Pax, Lda, 1992

Como traços mais marcantes, podemos descobrir no Parnasianismo estas duas características principais:

objectividade, quanto aos temas e,expressão literária exacta e correcta, quanto à forma.

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Linhas orientadoras da poesia de Cesário:

Interesse pelo real, procurando descrevê-lo com objectividade, enquanto deambula pelo espaço;

Interesse pelo quotidiano , que descreve minuciosamente;

Influência do impressionismo: captação de momentos fugazes, de impressões que o observado lhe suscita, recorrendo para tal à sinestesia;

Oposição Cidade/Campo. A cidade surge associada à morte e à imagem da mulher fatal, altiva, fria; já o campo é sinónimo de vida, associando-se a ele a imagem de uma mulher angélica, simples, pura;

O Mito de Anteu subjacente ao amor ao campo;

Crítica social;

Poetização do real: a realidade quotidiana como tema poético.

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A jeito de resumo:

TEMÁTICA

Binómio Cidade/Campo

Poeta-pintor descreve:

-Da CIDADE: as ruas soturnas e melancólicas, a sua agitação, a sua monotonia.(Espaço mórbido, doentio. Sítio da dor, da morte, da febre, da miséria.)

-Do CAMPO: a vida rústica, de canseiras, a sua vitalidade e saúde. (Mito de Anteu)

Poetização do real

Capta as impressões do quotidiano:-Com objectividade e pormenor;- com subjectividade, graças à imaginação transfiguradora.

A Mulher (Vida/Morte)

-A mulher fatal, indiferente, altiva, fria, associada ao Norte, distante, que provoca no eu um sentimento de inferioridade. Esta mulher está associada ao espaço citadino; associada também à morte.

- A mulher angelical, dócil, simples, ligada ao campo e à vida, que inspira confiança ao eu poético.

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