características da poesia de cesário verde
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Cesário Verde (1855-1886)
Poeta Realista
Poeta Parnasiano
Poeta Impressionista
Cesário Verde (1855-1886)
Poeta Realista
Poeta Parnasiano
Poeta Impressionista
Poeta Realista
• Capta as impressões da realidade com grande objectividade;
• Atento ao pormenor;
• Poeta do quotidiano.
Poeta Parnasiano
• Arte pela arte;
• Reacção contra o Romantismo;
• Impessoalidade (não dá a conhecer o que sente, não é sua intenção dar-se a conhecer) e impassibilidade (indiferença à dor);
• Conteúdo: objectividade/pormenor; realidade exterior;
• Forma: regularidade estrófica, métrica e rimática.
Poeta Impressionista
• Descrição do quotidiano através de quadros pitorescos; • Poeta pintor (pinta quadros por letras, por sinais);
• Percepção imediata/mistura de percepções sensoriais;
• Cor e luminosidade;
• Construções impessoais;
• Fuga ao sentimento de decadência;
• Interesse não só pelo objecto, mas pelo efeito que provoca no artista (visão de artista)
Temática
Humilhação
• Social: O povo oprimido e dominado pelos poderosos; abandono dos doentes;
• Literária: Marginalização dos seus textos; incompreensão da sua poesia;
• Sentimental: Mulher da cidade (poderosa, altiva, distante) humilha o homem que tenta a aproximação.
Humilhação
• Social: O povo oprimido e dominado pelos poderosos; abandono dos doentes; Poema: Num Bairro Moderno
«E rota, pequenina, azafamada, Notei de costas uma rapariga, Que no xadrez marmóreo duma escada, Como um retalho da horta aglomerada Pousara, ajoelhando, a sua giga. E eu, apesar do sol, examinei-‐a. Pôs-‐se de pé, ressoam-‐lhe os tamancos; E abre-‐se-‐lhe o algodão azul da meia, Se ela se curva, esguelhada, feia, E pendurando os seus bracinhos brancos. Do patamar responde-‐lhe um criado: "Se te convém, despacha; não converses. Eu não dou mais." È muito descansado, Atira um cobre lívido, oxidado, Que vem bater nas faces duns alperces. »
Humilhação
• Literária: Marginalização dos seus textos; incompreensão da sua poesia; Poema: Nós
«De tal maneira que hoje, eu desgostoso e azedo Com tanta crueldade e tantas injustiças, Se inda trabalho é como os presos no degredo, Com planos de vingança e ideias insubmissas. E agora, de tal modo a minha vida é dura, Tenho momentos maus, tão tristes, tão perversos, Que sinto só desdém pela literatura, E até desprezo e esqueço os meus amados versos! »
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Humilhação
• Sentimental: Mulher da cidade (poderosa, altiva, distante) humilha o homem que tenta a aproximação.
Poema: Cristalizações
«Homens de carga! Assim as bestas vão curvadas! Que vida tão custosa! Que diabo! E os cavadores descansam as enxadas, E cospem nas calosas mãos gretadas, Para que não lhes escorregue o cabo. […] De escuro, bruscamente, ao cimo da barroca, Surge um perfil direito que se aguça; E ar matinal de quem saiu da toca, Uma figura fina, desemboca, Toda abafada num casaco à russa.[…] Mas fina de feições, o queixo hostil, distinto, Furtiva a tiritar em suas peles, Espanta-‐me a actrizita que hoje pinto, Neste Dezembro enérgico, sucinto, E nestes sítios suburbanos, reles!»
Temática
Binómio campo/ cidade
• Cidade: cidade desumana, injusta, depravada, espaço de perversão do amor e doença. Lisboa – descrição das ruas sombrias, soturnas e melancólicas;
• Campo: vida activa e natural, espaço de identificação – solução social e pessoal – recusa da opressão, espaço e liberdade. Linda-‐a-‐pastora – descreve as canseiras da família durante as colheitas.
Binómio campo/ cidade
Poema: Nós
Foi quando em dois verões, seguidamente, a Febre E a Cólera também andaram na cidade, Que esta população, com um terror de lebre, Fugiu da capital como da tempestade. Ora, meu pai, depois das nossas vidas salvas (Até então nós só tivéramos sarampo). Tanto nos viu crescer entre uns montões de malvas Que ele ganhou por isso um grande amor ao campo! [...] Pela manhã, em vez dos trens dos batizados, Rodavam sem cessar as seges dos enterros. Que triste a sucessão dos armazéns fechados! Como um domingo inglês na city, que desterros! Sem canalização, em muitos burgos ermos Secavam dejeções cobertas de mosqueiros. E os médicos, ao pé dos padres e coveiros, Os últimos fiéis, tremiam dos enfermos! »
Temática
Imagética feminina
• Mulher fatal: esplêndida, atraente, mas fria, associada à cidade; • Mulher angélica: regeneradora, simples, frágil, terna, vulnerável, portadora de uma certa reminiscência dos valores do campo; • Mulher trabalhadora: trabalhadoras, que tentam ganhar o pão de uma forma quase heróica; • Mulher burguesa: simplesmente passeia ou faz compras rodeada de atenções e de vénias.
Imagética feminina
Poema: Débil
«Com elegância e sem ostentação, Atravessavas branca, esbelta e fina, Uma chusma de padres de batina, E de altos funcionários da nação. « Mas se a atropela o povo turbulento! Se fosse, por acaso, ali pisada!» De repente, paraste, embaraçada Ao pé dum numeroso ajuntamento. E eu, que urdia estes fáceis esbocetos, Julguei ver, com a vista de poeta, Uma pombinha tímida e quieta Num bando ameaçador de corvos pretos. E foi, então, que eu, homem varonil, Quis dedicar-‐te a minha pobre vida, A ti, que és ténue, dócil, recolhida, Eu, que sou hábil, prático, viril.»
Poema: Vaidosa Dizem que tu és pura como um lírio E mais fria e insensível que o granito, E que eu que passo aí por favorito Vivo louco de dor e de martírio. Contam que tens um modo altivo e sério, Que és muito desdenhosa e presumida, E que o maior prazer da tua vida, Seria acompanhar-‐me ao cemitério. Chamam-‐te a bela imperatriz das fátuas, A déspota, a fatal, o figurino, E afirmam que és um molde alabastrino, E não tens coração como as estátuas.
Temática
Questão social
• Realismo de intenção basicamente naturalista; • «Fez a anatomia do homem esmagado pela cidade» Adolfo Monteiro; • Recusa do modo de vida da burguesia urbana; • Denúncia das desigualdades e das injustiças; a opressão do povo.
Temática
Deambulação
• Pelas ruas e becos da cidade; • «Camponês preso em liberdade pela cidade.» Alberto Caeiro; • Desejo absurdo de sofrer.
Temática
Poetização do real
• Quotidiano;
• Visão impressionista do real; • Objectividade (descrição pura / realismo pictórico)/ subjectividade (simbolismo/ transfiguração); • Inovação da arte poética:
Modelo de naturalidade e sereno realismo visual; Abandono das formas antigas.
Estilo
• Linguagem coloquial/ popular/ burguesa/ rica em termos concretos;
• Objectiva (descrição), subjectiva (simbolismos) e fantasista;
• Escassez de palavras eruditas; • Imagens sensoriais (impressionista);
• Aliteração, metáfora, sinestesia, adjectivação, etc.
• Valor expressivo do diminutivo.