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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SAÚDE, CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLÓGICAS DO PIAUÍ FRANCISLEY MONTE DA COSTA WANDERSON MÁRIO CAVALCANTE OLÍMPIO ANÁLISE DOS CASOS DE AVC ISQUÊMICO EM PACIENTES INTERNADOS EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE TERESINA-PI NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018 TERESINA-PI 2019

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    CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SAÚDE, CIÊNCIAS HUMANAS E

    TECNOLÓGICAS DO PIAUÍ

    FRANCISLEY MONTE DA COSTA

    WANDERSON MÁRIO CAVALCANTE OLÍMPIO

    ANÁLISE DOS CASOS DE AVC ISQUÊMICO EM PACIENTES INTERNADOS EM

    HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE TERESINA-PI NO PRIMEIRO SEMESTRE DE

    2018

    TERESINA-PI

    2019

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    FRANCISLEY MONTE DA COSTA

    WANDERSON MÁRIO CAVALCANTE OLÍMPIO

    ANÁLISE DOS CASOS DE AVC ISQUÊMICO EM PACIENTES INTERNADOS EM

    HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE TERESINA-PI NO PRIMEIRO SEMESTRE DE

    2018

    Trabalho de Conclusão de Curso a ser apresentado

    à Coordenação do Curso de Medicina do Centro

    Universitário de Saúde, Ciências Humanas e

    Tecnológicas do Piauí – UNINOVAFAPI, como

    requisito para obtenção de grau de bacharel em

    Medicina.

    Orientador (a): Prof. Ms. Yousef Qathaf Aguiar

    TERESINA-PI

    2019

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    ANÁLISE DOS CASOS DE AVC ISQUÊMICO EM PACIENTES INTERNADOS EM

    HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE TERESINA-PI NO PRIMEIRO SEMESTRE DE

    2018

    ANALYSIS OF STROKE CASES IN INJURED PATIENTS IN TERESINA-PI

    REFERENCE HOSPITAL IN THE FIRST HALF OF 2018

    ANÁLISIS DE LOS CASOS DE AVC ISQUEMICO EN PACIENTES INTERNADOS

    EN HOSPITAL DE REFERENCIA DE TERESINA-PI EN EL PRIMER SEMESTRE

    DE 2018

    Francisley Monte da Costa¹, Wanderson Mário Cavalcante Olímpio², Yousef Qathaf Aguiar³

    RESUMO

    Este estudo teve por objetivo traçar o perfil epidemiológico assim como identificar a origem

    etiológica de pacientes provenientes de Teresina-PI internados com acidente vascular cerebral

    isquêmico em hospital de referência. Trata-se de uma pesquisa epidemiológica, descritiva,

    documental, de abordagem quantitativa e retrospectiva. A amostra foi composta de 123

    pacientes internados, no período de Janeiro a Junho de 2018. Foi possível aferir que o

    acometimento foi equivalente entre os gêneros e o subtipo etiológico mais frequente foi o

    criptogênico e quanto mais avançada a faixa etária, mais susceptíveis aos fatores de risco,

    portanto, maior índice de acometimento.

    Descritores: Acidente Vascular Cerebral. Epidemiologia. Neurologia.

    ABSTRACT

    This study aimed to trace the epidemiological profile as well as to identify the etiological origin

    of patients from Teresina-PI hospitalized with ischemic stroke in a reference hospital.

    This is an epidemiological, descriptive, documentary, quantitative and retrospective approach.

    The sample consisted of 123 hospitalized patients from January to June 2018. It was possible

    to verify that the affection was equivalent between the gender and the most frequent etiological

    subtype was the cryptogenic and the more advanced the age group, the more susceptible to the

    risk factors, therefore, a higher rate of affection.

    Key words: Stroke. Epidemiology. Neurology.

  • 4

    RESUMEN

    Este estudio tuvo por objetivo trazar el perfil epidemiológico así como identificar el origen

    etiológico de pacientes provenientes de Teresina-PI internados con accidente vascular cerebral

    isquémico en hospital de referencia. Se trata de una investigación epidemiológica, descriptiva,

    documental, de abordaje cuantitativo y retrospectivo. La muestra fue compuesta de 123

    pacientes internados, en el período de Enero a Junio de 2018. Se pudo comprobar que el

    acometimiento fue equivalente entre los géneros y el subtipo etiológico más frecuente fue el

    criptogénico y cuanto más avanzada la franja de edad, más susceptibles a los factores de riesgo,

    por lo tanto, mayor índice de acometimiento.

    Descriptores: Accidente Vascular Cerebral. Epidemiología. Neurología.

    ¹ Acadêmico de Medicina do Centro Universitário de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas

    do Piauí – PI – UNINOVAFAPI, Teresina – PI ([email protected])

    ² Acadêmico de Medicina do Centro Universitário de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas

    do Piauí – PI – UNINOVAFAPI, Teresina – PI ([email protected])

    ³ Professor Prof. Ms. de Medicina do Centro Universitário de Saúde, Ciências Humanas e

    Tecnológicas do Piauí – PI – UNINOVAFAPI, Teresina – PI ([email protected])

  • 5

    1. INTRODUÇÃO

    Atualmente, a longevidade deixou de ser um sonho dos antepassados para se tornar uma

    realidade no presente; melhorias nas condições sanitárias, avanço nas pesquisas de

    medicamentos, aprimoramento da atenção médica de assistência, de planejamento e de

    prevenção, são fatores que estão proporcionando a concretização deste sonho a muitas pessoas.

    No entanto, a longevidade está acompanhada da suscetibilidade do organismo; fatores

    genéticos, hereditários, socioeconômicos, influenciam a manifestação de diversas patologias

    crônicas não transmissíveis, que ocasionam na maioria dos indivíduos acometidos, sequelas

    incapacitantes por toda vida (CRUZ; DIOGO, 2009). Um exemplo dessas patologias são os

    problemas cerebrovasculares, em especial o Acidente Vascular Cerebral (AVC), tema de

    pesquisa do presente estudo.

    O Acidente Vascular Cerebral é um dos mais importantes problemas de saúde pública da

    atualidade, constituindo-se em uma das patologias neurológicas de maior prevalência e, ainda,

    uma das principais causas de incapacidade temporária ou definitiva (GOULART et al; 2016).

    O AVC é definido pela Organização Mundial da Saúde como (2006, p. 1-6):

    “Comprometimento neurológico focal (ou às vezes global), de ocorrência súbita e duração de

    mais de 24 horas (ou que cause morte), e provável origem vascular”. É uma patologia

    neurológica em que ocorre uma interrupção do fornecimento de sangue ao cérebro, devido à

    ruptura ou obstrução de um vaso sanguíneo, e consequentemente, a perda do fornecimento de

    oxigênio e nutrientes ao tecido cerebral (MELO, 2016).

    Existem dois tipos de AVC, o isquêmico, caracterizado por uma oclusão súbita de uma artéria

    do encéfalo, e o AVC hemorrágico ocasionado pela ruptura de vasos cerebrais

    (NEUWLAND,1996).

    Logo, o Acidente Vascular Cerebral isquêmico (AVCi) é um déficit neurológico focal

    persistente, resultado de uma isquemia seguida de infarto. Esse evento se dá pela obstrução

    proximal de uma artéria por um trombo, êmbolo ou compressão por tumor (HARRISON, 2013).

    Em se tratando de AVC isquêmico, forma mais frequente de AVC correspondendo a

    aproximadamente 87% do total (ROGER, et al; 2012), ele se subdivide quanto a sua etiologia

    pela classificação de Trial of ORG 10172 in Acute Stroke Treatment (TOAST). Tal

    classificação estabelece cinco subtipos de AVCi: aterosclerose de grandes artérias

    (êmbolo/trombose), cardioembólico, oclusão de pequeno vaso (lacunar), AVC de outra

    etiologia determinada e AVC de etiologia indeterminada. Tal classificação é baseada em

    achados clínicos e radiológicos (ADAMS, et al; 1993).

  • 6

    Diante dessa importante prevalência e da significativa mortalidade, mais estudos que

    descrevam o perfil epidemiológico fazem-se necessários para se ter um melhor embasamento

    sobre essa patologia. Assim, o presente trabalho tem por finalidade fazer um levantamento dos

    casos de acidente vascular cerebral isquêmico de pacientes, provenientes de Teresina-PI,

    internados em unidade de emergência de um hospital de referência de Teresina-PI,

    considerando variáveis como sexo, faixa etária, tempo de internação, mortalidade hospitalar e

    a etiologia de tal comorbidade, segundo a classificação de TOAST; e fazendo uma correlação

    entre esses fatores.

  • 7

    2. METODOLOGIA

    2.1 TIPO DE ESTUDO

    Este estudo apresenta uma pesquisa epidemiológica, descritiva, documental, de levantamento

    com abordagem quantitativa e retrospectiva.

    2.2 POPULAÇÃO

    A população estudada é constituída pelo universo de pacientes internados no HUT com

    diagnóstico de AVC isquêmico entre os meses de janeiro e junho de 2018, selecionados a partir

    do programa intranet DATAMED 1.1.576, que consiste no programa utilizado no serviço de

    urgência desse hospital, e que possui o cadastro de todos os pacientes admitidos. A identificação

    desses pacientes será a partir da Classificação Internacional de Doenças (CID10) de AVC I64,

    que consta no cadastro dos pacientes internados com esse diagnóstico.

    2.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

    Foi incluído no estudo todo o universo de pacientes admitidos em unidade de emergência do

    Hospital de Urgência de Teresina-PI com diagnóstico confirmado de AVC isquêmico a partir

    da CID10 de AVC I64 e da confirmação através de tomografia computadorizada de crânio,

    tendo idade maior ou igual a 18 anos. Sendo excluídos os pacientes com diagnóstico diferente

    de AVC isquêmico ao serem admitidos no hospital. Além disso, foram excluídos também os

    pacientes com prontuários incompletos, impossibilitando, assim, a coleta dos dados

    necessários.

    2.4 COLETA DOS DADOS

    A coleta de dados foi realizada pelos próprios pesquisadores após a autorização da Comissão

    de Ética e Pesquisa do Centro Universitário UNINOVAFAPI.

    Os dados necessários para a realização da pesquisa, como: sexo, idade, tempo de internação,

    mortalidade hospitalar e laudos de exames de imagem; foram levantados a partir do programa

    Intranet DATAMED 1.1.576. Esses dados foram coletados sem nenhuma identificação do

    paciente ou do médico responsável.

    2.5 ANÁLISE DOS DADOS

    Os dados coletados foram inseridos em um banco de dados em Excel, em forma de planilhas,

    e posteriormente exportados para o programa IBM SPSS 20, o qual processou os dados e

    realizou o teste estatístico.

  • 8

    Foi realizada análise de estatística descritiva através da leitura das frequências absolutas (N

    °) e relativas (%). Os resultados finais foram apresentados por meio de gráficos e tabelas.

    2.6 ASPECTOS ÉTICOS

    Como os dados estão dispostos em uma base de dados e foram fornecidos pelo sistema de

    busca Intranet DATAMED 1.1.576 sem nenhuma identificação do paciente ou do médico que

    fez os laudos, foi solicitada a dispensa do parecer pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP),

    conforme preconiza a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde

    por meio do Termo de Compromisso de Utilização de Dados. Além disso, o projeto foi

    encaminhado ao CEP por meio da carta de encaminhamento de projeto de pesquisa, pela

    declaração de compromisso dos pesquisadores. O projeto foi avaliado e aprovado pelo CEP do

    Centro Universitário UNINOVAFAPI, Projeto: CAAE - 96430518.0.0000.5210 de

    02/10/2018.

  • 9

    1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Após levantamento junto ao sistema de busca Intranet DATAMED 1.1.576 do Hospital de

    Urgência de Teresina-PI, foram coletados dados de 123 pacientes admitidos com AVC

    isquêmico no período de 01/01/2018 a 30/06/2018.

    O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a segunda maior causa de morte no mundo,

    responsável por 6,7 milhões de óbitos em 2012. No Brasil, entre as principais causas de morte,

    as doenças cerebrovasculares estão em primeiro lugar. A Organização Mundial de Saúde

    (OMS) estima que até 2030, o AVC continue sendo a segunda maior causa de mortes no mundo,

    sendo responsável por 12,2% dos óbitos previstos para o ano. (WHO, 2013). O Piauí está entre

    os estados do país com maior índice de mortalidade de doenças cerebrovasculares, sendo o

    AVC predominante. Por isso, se torna tão necessário caracterizar o perfil epidemiológico dos

    pacientes acometidos, pois, só assim, se torna possível adoção de medidas de prevenção,

    tratamento e reabilitação mais adequadas e efetivas. (ABE, 2010).

    Após análise dos dados observou-se que não houve diferença significativa entre os pacientes

    acometidos em relação a gênero, uma vez que 62 (50,4%) homens e 61 (49,6%) mulheres foram

    internados com essa patologia (FIG 1). A maioria masculina observada como resultado desta

    pesquisa apresenta correlação com o perfil epidemiológico encontrado em outros estudos sobre

    o tema, incluindo, uma pesquisa desenvolvida no Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN)

    de Belo Horizonte/MG no período de janeiro a junho de 2015 (MOURÃO et al, 2017),

    evidenciando que não houve alteração no perfil desses pacientes.

    Segundo a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV), pessoas do sexo

    masculino e a raça negra exibem maior tendência ao desenvolvimento de AVC devido a maior

    exposição aos vários fatores de risco que levam a essa comorbidade, como por exemplo,

    tabagismo, uso de álcool e drogas, sedentarismo hipertensão arterial. Além disso, afirma ainda

    que um AVC pode surgir em qualquer idade, inclusive entre crianças e recém-nascidos, no

    entanto, a chance dele ocorrer cresce à medida que avança a idade. Quanto mais velha uma

    pessoa, maior a chance de ela ter um AVC.

  • 10

    FIGURA 1 – Pacientes internados devido AVC isquêmico em hospital de referência de Teresina-PI, de acordo com sexo (janeiro a junho de 2018).

    A proporção de indivíduos com idade superior a 60 anos na população cresceu

    acentuadamente nas últimas décadas em todo o mundo (BRASIL, 2013). No Brasil, o aumento

    de 33,65% dessa faixa etária no período de 2000 a 2009 acompanhou a ampliação dos impactos

    econômico e social das doenças crônicas não transmissíveis e, em especial, das Doenças

    Cardiovasculares (DCV), principalmente o AVC, tornando-se uma das principais causas de

    óbitos em ambos os sexos no país (GARRITANO et al., 2012).

    Assim, no tocante à faixa etária, percebe-se, claramente um predomínio de pacientes idosos

    entre 61 e 80 anos e do sexo masculino, o que segue em consonância com os dados encontrados

    em estudos anteriores (FIG 2).

    54,4%49,6%

    SEXO

    Masculino Feminino

  • 11

    FIGURA 2 – Pacientes internados devido AVC isquêmico em hospital de referência de Teresina-PI, de acordo com faixa

    etária e sexo (janeiro a junho de 2018).

    Já em relação a questão do tempo de internação dos pacientes (FIG. 3), após a análise dos

    dados observamos que os pacientes admitidos com AVC isquêmico no Hospital de Urgência

    de Teresina-PI no primeiro semestre de 2018 ficaram em média um intervalo de tempo menor

    que 10 dias hospitalizados, com o valor absoluto de 92 internações, correspondendo a 74% do

    total. Logo, esses resultados vão em desencontro às informações encontrada na literatura. Já

    que, em relação ao tempo de internação, em geral as unidades de AVC levam em torno de 15

    dias para o tratamento dos pacientes. (MOURÃO et al, 2017). Assim, com base em nosso estudo

    apenas 17,8% das internações estariam dentro da média dos 15 dias que pauta a literatura.

    FIGURA 3 – Pacientes internados devido AVC isquêmico em hospital de referência de Teresina-PI, de acordo com

    tempo de internação (janeiro a junho de 2018).

    0 10 20 30 40 50 60 70

    < 20 anos

    20 - 40 anos

    41 - 60 anos

    61 - 80 anos

    > 81 anos

    FAIXA ETÁRIA

    TOTAL Mulheres Homens

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    0 - 9 Dias 10 - 19 Dias 20 - 29 Dias > 29 Dias

    TEMPO DE INTERNAÇÃO

    Porcentagem

  • 12

    No entanto, podemos relacionar esse baixo período de hospitalização dos pacientes com uma

    alta taxa de mortalidade encontrada no nosso estudo. Onde podemos observar a ocorrência de

    33 óbitos, sendo 21 homens e 12 mulheres. Assim, o número de óbitos chega a corresponder a

    26,8% do total de admissões por AVC isquêmico do Hospital de Urgência de Teresina-PI no

    primeiro semestre de 2018.

    Segundo a American Heart Association (AHA), o acidente vascular cerebral (AVC) acomete

    795 mil pessoas ao ano sendo 610 mil o primeiro episódio e 185 mil ataques recorrentes.

    Quando contado separadamente das doenças cardiovasculares, o AVC ocupa a quarta causa de

    morte, atrás somente de doenças do coração, câncer e doenças respiratórias crônicas. O Brasil

    tem, hoje, a quarta maior taxa de mortalidade por AVC entre todos os países da América Latina

    (GARRITANO et al., 2012).

    Outro estudo brasileiro observou tempo de ictus médio de 13 horas, variando ente 4 a 33

    horas. Esses dados reforçam a hipótese de negligência e/ou falta de conhecimento da população

    em países de baixa e média renda sobre os sinais e sintomas do AVC e, consequentemente,

    demora na busca do serviço hospitalar (MOURÃO et al, 2017).

    A determinação da etiologia de um AVC isquêmico é importante clinicamente na medida em

    que é indicativa do risco de recorrências e afeta o prognóstico e as opções de tratamento

    (MOURÃO et al; 2017). Um sistema para classificação dos subtipos de AVCI principalmente

    com base na etiologia foi desenvolvido para o “Trial of Org 10172 in Acute Stroke Treatment”

    (TOAST).

    A TOAST (Trial of Org 10172 in Acute Stroke Treatment) é uma classificação diagnóstica

    largamente utilizada que distingue com base na etiologia cinco tipos diferentes de AVC

    isquêmico: 1) Por aterosclerose das grandes vasos 2) Por cardioembolismo 3) Por oclusão de

    pequenos vasos (lacunar) 4) De outra etiologia determinada 5) De etiologia indeterminada

    (criptogênico).

    É uma classificação flexível que avalia o doente em dois momentos: pela primeira vez,

    quando se inicia o tratamento, com base nos achados clínicos e imagiológicos e mais tarde, há

    uma reavaliação, quando já se dispõe de outros estudos e testes diagnósticos. Este sistema

    oferece a possibilidade de categorizar um subtipo de AVC como “provável” ou “possível”, com

    base no grau de segurança com que se faz o diagnóstico, permitindo um escrutínio mais seguro

    nos casos em que existe alguma incerteza. Adams et al (1993), constataram que é uma

    classificação de fácil uso e com elevado grau de concordância inter observador.

  • 13

    ETIOLOGIA DO AVCI HOMENS (%) MULHERES

    (%)

    TOTAL (%)

    GRANDES VASOS 15 (24,1) 17 (27,9) 32 (26)

    CARDIOEMBÓLICO 5 (8,1) 7 (11,4) 12 (9,8)

    LACUNAR 21 (33,9) 11 (18,1) 32 (26)

    OUTRAS ETIOLOGIAS O 2 (3,3) 2 (1,7)

    CRIPTOGÊNICO 21 (33,9) 24 (39,3) 45 (36,5)

    TOTAL 62 (100) 61 (100) 123 (100)

    Tabela 1. Classificação dos pacientes quanto à etiologia do AVC isquêmico em relação ao sexo.

    A etiologia do AVCi, segundo a classificação TOAST, foi comparada com sexo (Tabela 1).

    Costa et al (2010), evidenciou em seus estudos que cerca de 30% dos AVCs isquêmicos não é

    possível determinar uma causa. Estes AVCs designam-se criptogênicos ou de causa

    indeterminada o que corrobora com os achados em nosso estudo ao qual 36,5% dos pacientes

    internados foi devido a esta etiologia configurando a etiologia mais frequente em nosso estudo.

    Levando em consideração apenas o acometimento entre pessoas do sexo masculino

    observamos que os de origem lacunar e criptogênico atingiram igual porcentual (ambos com

    33,9%) enquanto que o sexo feminino deteve uma maior proporção de AVCi criptogênico,

    perfazendo 39,6%.

    Utilizando os critérios de TOAST, observamos igualdade entre as classificações etiológicas

    ateroscletótica de grandes vasos (26%) e lacunar (26%). No entanto, a de origem lacunar foi

    mais prevalente no sexo masculino enquanto que a aterosclerótica de grandes vasos foi mais

    prevalente no sexo feminino. Locatelli et al. 2017, realizaram um estudo em um Hospital de

    Santa Catarina em 2012 ao qual encontraram resultados semelhantes no que diz respeito à

    etiologia aterosclerótica de grandes vasos mas nos seus estudos, a etiologia lacunar foi

    ligeiramente menor.

  • 14

    Tabela 2. Classificação dos pacientes quanto à etiologia do AVC isquêmico em relação ao sexo e óbito.

    Na Tabela 2, podemos observar a correlação entre as etiologias segundo a Classificação de

    TOAST e os óbitos por sexo.

    Podemos notar que a maior mortalidade é a de etiologia cardioembólica no qual 41,7% dos

    pacientes que foram internados e diagnosticados posteriormente com essa etiologia, foram à

    óbito. E observamos que 33,9% dos homens foram à óbito enquanto que apenas 19,7% das

    mulheres vieram à óbito.

    Esse número maior de óbitos na população masculina está associada à maior exposição dos

    homens aos fatores de risco principalmente aqueles relacionados ao hábito como alcoolismo e

    tabagismo. Existe uma associação positiva e dose-dependente entre o tabagismo e o risco de

    AVC isquêmico dos subtipos aterotrombótico e lacunar, mas não dos cardioembólicos. Os

    mecanismos não são bem compreendidos, mas parecem estar associados com aumento dos

    níveis de fibrinogênio, decréscimo da atividade dos macrófagos, ou alterações na bioquímica

    lipídica, promovendo a aterosclerose. (MANNAMI et al, 2004).

    Em relação aos hábitos etílicos, o consumo moderado de álcool pode ter efeitos benéficos na

    prevenção de AVC isquêmico. Contudo, o seu consumo excessivo, acima de 60g/dia, vai

    constituir fator de risco por vários mecanismos, nomeadamente, HTA induzida pelo álcool,

    cardiomiopatias, distúrbios da coagulação, FA e redução no fluxo sanguíneo cerebral.

    (BERGER et.al, 1999).

    Masculino Óbitos (M) Feminino Óbitos (F) TOTAL

    (óbitos)

    Grandes Vasos 15 7 17 2 32 (9)

    Cardioembólico 5 4 7 1 12 (5)

    Lacunar 21 8 11 3 32 (11)

    Outras Etiologias 0 0 2 0 2 (0)

    Criptogênico 21 2 24 6 45 (8)

  • 15

    2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

    No nosso estudo observamos um acometimento praticamente equivalente entre os gêneros.

    Além disso, a gravidade encontrada em nossos pacientes foi maior conforme a idade progredia,

    já que os que se encontravam na faixa etária 61 – 80 anos tiveram maior índice de

    acometimento.

    O subtipo de acidente vascular cerebral isquêmico mais frequentes em nosso estudo foram

    em ambos os gêneros foi o criptogênico. No entanto, no sexo masculino o subtipo lacunar

    apresentou a mesma quantidade de acometidos.

    Embora a abordagem inicial de um AVC isquêmico não dependa da sua etiologia, estabelecer

    uma causa é essencial para reduzir o risco de recorrências. Geralmente, a apresentação clínica

    e os achados no exame físico permitem estabelecer a causa ou pelo menos, reduzir as

    possibilidades. Esta avaliação inicial deve ser complementada por exames laboratoriais e

    imaginológicos.

  • 16

    6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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    acidente vascular encefálico. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 22, n. 5, p.

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    Brasil no Século XXI. Aqr Bras Cardiol 2012;98(6):519-27. Disponível em:

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    2016;21: e1603.

    8. HARRISON'S. Principles of Internal Medicine. 18 th ed, McGraw-Hill Medical

    Publishing Division, 2013.

    http://dx.doi.org/10.1590/S0066-782X2012005000041

  • 17

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