centro universitÁrio de saÚde, ciÊncias ......cardiovasculares (dcv), principalmente o avc,...
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SAÚDE, CIÊNCIAS HUMANAS E
TECNOLÓGICAS DO PIAUÍ
FRANCISLEY MONTE DA COSTA
WANDERSON MÁRIO CAVALCANTE OLÍMPIO
ANÁLISE DOS CASOS DE AVC ISQUÊMICO EM PACIENTES INTERNADOS EM
HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE TERESINA-PI NO PRIMEIRO SEMESTRE DE
2018
TERESINA-PI
2019
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FRANCISLEY MONTE DA COSTA
WANDERSON MÁRIO CAVALCANTE OLÍMPIO
ANÁLISE DOS CASOS DE AVC ISQUÊMICO EM PACIENTES INTERNADOS EM
HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE TERESINA-PI NO PRIMEIRO SEMESTRE DE
2018
Trabalho de Conclusão de Curso a ser apresentado
à Coordenação do Curso de Medicina do Centro
Universitário de Saúde, Ciências Humanas e
Tecnológicas do Piauí – UNINOVAFAPI, como
requisito para obtenção de grau de bacharel em
Medicina.
Orientador (a): Prof. Ms. Yousef Qathaf Aguiar
TERESINA-PI
2019
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ANÁLISE DOS CASOS DE AVC ISQUÊMICO EM PACIENTES INTERNADOS EM
HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE TERESINA-PI NO PRIMEIRO SEMESTRE DE
2018
ANALYSIS OF STROKE CASES IN INJURED PATIENTS IN TERESINA-PI
REFERENCE HOSPITAL IN THE FIRST HALF OF 2018
ANÁLISIS DE LOS CASOS DE AVC ISQUEMICO EN PACIENTES INTERNADOS
EN HOSPITAL DE REFERENCIA DE TERESINA-PI EN EL PRIMER SEMESTRE
DE 2018
Francisley Monte da Costa¹, Wanderson Mário Cavalcante Olímpio², Yousef Qathaf Aguiar³
RESUMO
Este estudo teve por objetivo traçar o perfil epidemiológico assim como identificar a origem
etiológica de pacientes provenientes de Teresina-PI internados com acidente vascular cerebral
isquêmico em hospital de referência. Trata-se de uma pesquisa epidemiológica, descritiva,
documental, de abordagem quantitativa e retrospectiva. A amostra foi composta de 123
pacientes internados, no período de Janeiro a Junho de 2018. Foi possível aferir que o
acometimento foi equivalente entre os gêneros e o subtipo etiológico mais frequente foi o
criptogênico e quanto mais avançada a faixa etária, mais susceptíveis aos fatores de risco,
portanto, maior índice de acometimento.
Descritores: Acidente Vascular Cerebral. Epidemiologia. Neurologia.
ABSTRACT
This study aimed to trace the epidemiological profile as well as to identify the etiological origin
of patients from Teresina-PI hospitalized with ischemic stroke in a reference hospital.
This is an epidemiological, descriptive, documentary, quantitative and retrospective approach.
The sample consisted of 123 hospitalized patients from January to June 2018. It was possible
to verify that the affection was equivalent between the gender and the most frequent etiological
subtype was the cryptogenic and the more advanced the age group, the more susceptible to the
risk factors, therefore, a higher rate of affection.
Key words: Stroke. Epidemiology. Neurology.
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RESUMEN
Este estudio tuvo por objetivo trazar el perfil epidemiológico así como identificar el origen
etiológico de pacientes provenientes de Teresina-PI internados con accidente vascular cerebral
isquémico en hospital de referencia. Se trata de una investigación epidemiológica, descriptiva,
documental, de abordaje cuantitativo y retrospectivo. La muestra fue compuesta de 123
pacientes internados, en el período de Enero a Junio de 2018. Se pudo comprobar que el
acometimiento fue equivalente entre los géneros y el subtipo etiológico más frecuente fue el
criptogénico y cuanto más avanzada la franja de edad, más susceptibles a los factores de riesgo,
por lo tanto, mayor índice de acometimiento.
Descriptores: Accidente Vascular Cerebral. Epidemiología. Neurología.
¹ Acadêmico de Medicina do Centro Universitário de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas
do Piauí – PI – UNINOVAFAPI, Teresina – PI ([email protected])
² Acadêmico de Medicina do Centro Universitário de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas
do Piauí – PI – UNINOVAFAPI, Teresina – PI ([email protected])
³ Professor Prof. Ms. de Medicina do Centro Universitário de Saúde, Ciências Humanas e
Tecnológicas do Piauí – PI – UNINOVAFAPI, Teresina – PI ([email protected])
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1. INTRODUÇÃO
Atualmente, a longevidade deixou de ser um sonho dos antepassados para se tornar uma
realidade no presente; melhorias nas condições sanitárias, avanço nas pesquisas de
medicamentos, aprimoramento da atenção médica de assistência, de planejamento e de
prevenção, são fatores que estão proporcionando a concretização deste sonho a muitas pessoas.
No entanto, a longevidade está acompanhada da suscetibilidade do organismo; fatores
genéticos, hereditários, socioeconômicos, influenciam a manifestação de diversas patologias
crônicas não transmissíveis, que ocasionam na maioria dos indivíduos acometidos, sequelas
incapacitantes por toda vida (CRUZ; DIOGO, 2009). Um exemplo dessas patologias são os
problemas cerebrovasculares, em especial o Acidente Vascular Cerebral (AVC), tema de
pesquisa do presente estudo.
O Acidente Vascular Cerebral é um dos mais importantes problemas de saúde pública da
atualidade, constituindo-se em uma das patologias neurológicas de maior prevalência e, ainda,
uma das principais causas de incapacidade temporária ou definitiva (GOULART et al; 2016).
O AVC é definido pela Organização Mundial da Saúde como (2006, p. 1-6):
“Comprometimento neurológico focal (ou às vezes global), de ocorrência súbita e duração de
mais de 24 horas (ou que cause morte), e provável origem vascular”. É uma patologia
neurológica em que ocorre uma interrupção do fornecimento de sangue ao cérebro, devido à
ruptura ou obstrução de um vaso sanguíneo, e consequentemente, a perda do fornecimento de
oxigênio e nutrientes ao tecido cerebral (MELO, 2016).
Existem dois tipos de AVC, o isquêmico, caracterizado por uma oclusão súbita de uma artéria
do encéfalo, e o AVC hemorrágico ocasionado pela ruptura de vasos cerebrais
(NEUWLAND,1996).
Logo, o Acidente Vascular Cerebral isquêmico (AVCi) é um déficit neurológico focal
persistente, resultado de uma isquemia seguida de infarto. Esse evento se dá pela obstrução
proximal de uma artéria por um trombo, êmbolo ou compressão por tumor (HARRISON, 2013).
Em se tratando de AVC isquêmico, forma mais frequente de AVC correspondendo a
aproximadamente 87% do total (ROGER, et al; 2012), ele se subdivide quanto a sua etiologia
pela classificação de Trial of ORG 10172 in Acute Stroke Treatment (TOAST). Tal
classificação estabelece cinco subtipos de AVCi: aterosclerose de grandes artérias
(êmbolo/trombose), cardioembólico, oclusão de pequeno vaso (lacunar), AVC de outra
etiologia determinada e AVC de etiologia indeterminada. Tal classificação é baseada em
achados clínicos e radiológicos (ADAMS, et al; 1993).
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Diante dessa importante prevalência e da significativa mortalidade, mais estudos que
descrevam o perfil epidemiológico fazem-se necessários para se ter um melhor embasamento
sobre essa patologia. Assim, o presente trabalho tem por finalidade fazer um levantamento dos
casos de acidente vascular cerebral isquêmico de pacientes, provenientes de Teresina-PI,
internados em unidade de emergência de um hospital de referência de Teresina-PI,
considerando variáveis como sexo, faixa etária, tempo de internação, mortalidade hospitalar e
a etiologia de tal comorbidade, segundo a classificação de TOAST; e fazendo uma correlação
entre esses fatores.
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2. METODOLOGIA
2.1 TIPO DE ESTUDO
Este estudo apresenta uma pesquisa epidemiológica, descritiva, documental, de levantamento
com abordagem quantitativa e retrospectiva.
2.2 POPULAÇÃO
A população estudada é constituída pelo universo de pacientes internados no HUT com
diagnóstico de AVC isquêmico entre os meses de janeiro e junho de 2018, selecionados a partir
do programa intranet DATAMED 1.1.576, que consiste no programa utilizado no serviço de
urgência desse hospital, e que possui o cadastro de todos os pacientes admitidos. A identificação
desses pacientes será a partir da Classificação Internacional de Doenças (CID10) de AVC I64,
que consta no cadastro dos pacientes internados com esse diagnóstico.
2.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Foi incluído no estudo todo o universo de pacientes admitidos em unidade de emergência do
Hospital de Urgência de Teresina-PI com diagnóstico confirmado de AVC isquêmico a partir
da CID10 de AVC I64 e da confirmação através de tomografia computadorizada de crânio,
tendo idade maior ou igual a 18 anos. Sendo excluídos os pacientes com diagnóstico diferente
de AVC isquêmico ao serem admitidos no hospital. Além disso, foram excluídos também os
pacientes com prontuários incompletos, impossibilitando, assim, a coleta dos dados
necessários.
2.4 COLETA DOS DADOS
A coleta de dados foi realizada pelos próprios pesquisadores após a autorização da Comissão
de Ética e Pesquisa do Centro Universitário UNINOVAFAPI.
Os dados necessários para a realização da pesquisa, como: sexo, idade, tempo de internação,
mortalidade hospitalar e laudos de exames de imagem; foram levantados a partir do programa
Intranet DATAMED 1.1.576. Esses dados foram coletados sem nenhuma identificação do
paciente ou do médico responsável.
2.5 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados coletados foram inseridos em um banco de dados em Excel, em forma de planilhas,
e posteriormente exportados para o programa IBM SPSS 20, o qual processou os dados e
realizou o teste estatístico.
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Foi realizada análise de estatística descritiva através da leitura das frequências absolutas (N
°) e relativas (%). Os resultados finais foram apresentados por meio de gráficos e tabelas.
2.6 ASPECTOS ÉTICOS
Como os dados estão dispostos em uma base de dados e foram fornecidos pelo sistema de
busca Intranet DATAMED 1.1.576 sem nenhuma identificação do paciente ou do médico que
fez os laudos, foi solicitada a dispensa do parecer pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP),
conforme preconiza a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde
por meio do Termo de Compromisso de Utilização de Dados. Além disso, o projeto foi
encaminhado ao CEP por meio da carta de encaminhamento de projeto de pesquisa, pela
declaração de compromisso dos pesquisadores. O projeto foi avaliado e aprovado pelo CEP do
Centro Universitário UNINOVAFAPI, Projeto: CAAE - 96430518.0.0000.5210 de
02/10/2018.
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1. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após levantamento junto ao sistema de busca Intranet DATAMED 1.1.576 do Hospital de
Urgência de Teresina-PI, foram coletados dados de 123 pacientes admitidos com AVC
isquêmico no período de 01/01/2018 a 30/06/2018.
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a segunda maior causa de morte no mundo,
responsável por 6,7 milhões de óbitos em 2012. No Brasil, entre as principais causas de morte,
as doenças cerebrovasculares estão em primeiro lugar. A Organização Mundial de Saúde
(OMS) estima que até 2030, o AVC continue sendo a segunda maior causa de mortes no mundo,
sendo responsável por 12,2% dos óbitos previstos para o ano. (WHO, 2013). O Piauí está entre
os estados do país com maior índice de mortalidade de doenças cerebrovasculares, sendo o
AVC predominante. Por isso, se torna tão necessário caracterizar o perfil epidemiológico dos
pacientes acometidos, pois, só assim, se torna possível adoção de medidas de prevenção,
tratamento e reabilitação mais adequadas e efetivas. (ABE, 2010).
Após análise dos dados observou-se que não houve diferença significativa entre os pacientes
acometidos em relação a gênero, uma vez que 62 (50,4%) homens e 61 (49,6%) mulheres foram
internados com essa patologia (FIG 1). A maioria masculina observada como resultado desta
pesquisa apresenta correlação com o perfil epidemiológico encontrado em outros estudos sobre
o tema, incluindo, uma pesquisa desenvolvida no Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN)
de Belo Horizonte/MG no período de janeiro a junho de 2015 (MOURÃO et al, 2017),
evidenciando que não houve alteração no perfil desses pacientes.
Segundo a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV), pessoas do sexo
masculino e a raça negra exibem maior tendência ao desenvolvimento de AVC devido a maior
exposição aos vários fatores de risco que levam a essa comorbidade, como por exemplo,
tabagismo, uso de álcool e drogas, sedentarismo hipertensão arterial. Além disso, afirma ainda
que um AVC pode surgir em qualquer idade, inclusive entre crianças e recém-nascidos, no
entanto, a chance dele ocorrer cresce à medida que avança a idade. Quanto mais velha uma
pessoa, maior a chance de ela ter um AVC.
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FIGURA 1 – Pacientes internados devido AVC isquêmico em hospital de referência de Teresina-PI, de acordo com sexo (janeiro a junho de 2018).
A proporção de indivíduos com idade superior a 60 anos na população cresceu
acentuadamente nas últimas décadas em todo o mundo (BRASIL, 2013). No Brasil, o aumento
de 33,65% dessa faixa etária no período de 2000 a 2009 acompanhou a ampliação dos impactos
econômico e social das doenças crônicas não transmissíveis e, em especial, das Doenças
Cardiovasculares (DCV), principalmente o AVC, tornando-se uma das principais causas de
óbitos em ambos os sexos no país (GARRITANO et al., 2012).
Assim, no tocante à faixa etária, percebe-se, claramente um predomínio de pacientes idosos
entre 61 e 80 anos e do sexo masculino, o que segue em consonância com os dados encontrados
em estudos anteriores (FIG 2).
54,4%49,6%
SEXO
Masculino Feminino
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FIGURA 2 – Pacientes internados devido AVC isquêmico em hospital de referência de Teresina-PI, de acordo com faixa
etária e sexo (janeiro a junho de 2018).
Já em relação a questão do tempo de internação dos pacientes (FIG. 3), após a análise dos
dados observamos que os pacientes admitidos com AVC isquêmico no Hospital de Urgência
de Teresina-PI no primeiro semestre de 2018 ficaram em média um intervalo de tempo menor
que 10 dias hospitalizados, com o valor absoluto de 92 internações, correspondendo a 74% do
total. Logo, esses resultados vão em desencontro às informações encontrada na literatura. Já
que, em relação ao tempo de internação, em geral as unidades de AVC levam em torno de 15
dias para o tratamento dos pacientes. (MOURÃO et al, 2017). Assim, com base em nosso estudo
apenas 17,8% das internações estariam dentro da média dos 15 dias que pauta a literatura.
FIGURA 3 – Pacientes internados devido AVC isquêmico em hospital de referência de Teresina-PI, de acordo com
tempo de internação (janeiro a junho de 2018).
0 10 20 30 40 50 60 70
< 20 anos
20 - 40 anos
41 - 60 anos
61 - 80 anos
> 81 anos
FAIXA ETÁRIA
TOTAL Mulheres Homens
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 - 9 Dias 10 - 19 Dias 20 - 29 Dias > 29 Dias
TEMPO DE INTERNAÇÃO
Porcentagem
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No entanto, podemos relacionar esse baixo período de hospitalização dos pacientes com uma
alta taxa de mortalidade encontrada no nosso estudo. Onde podemos observar a ocorrência de
33 óbitos, sendo 21 homens e 12 mulheres. Assim, o número de óbitos chega a corresponder a
26,8% do total de admissões por AVC isquêmico do Hospital de Urgência de Teresina-PI no
primeiro semestre de 2018.
Segundo a American Heart Association (AHA), o acidente vascular cerebral (AVC) acomete
795 mil pessoas ao ano sendo 610 mil o primeiro episódio e 185 mil ataques recorrentes.
Quando contado separadamente das doenças cardiovasculares, o AVC ocupa a quarta causa de
morte, atrás somente de doenças do coração, câncer e doenças respiratórias crônicas. O Brasil
tem, hoje, a quarta maior taxa de mortalidade por AVC entre todos os países da América Latina
(GARRITANO et al., 2012).
Outro estudo brasileiro observou tempo de ictus médio de 13 horas, variando ente 4 a 33
horas. Esses dados reforçam a hipótese de negligência e/ou falta de conhecimento da população
em países de baixa e média renda sobre os sinais e sintomas do AVC e, consequentemente,
demora na busca do serviço hospitalar (MOURÃO et al, 2017).
A determinação da etiologia de um AVC isquêmico é importante clinicamente na medida em
que é indicativa do risco de recorrências e afeta o prognóstico e as opções de tratamento
(MOURÃO et al; 2017). Um sistema para classificação dos subtipos de AVCI principalmente
com base na etiologia foi desenvolvido para o “Trial of Org 10172 in Acute Stroke Treatment”
(TOAST).
A TOAST (Trial of Org 10172 in Acute Stroke Treatment) é uma classificação diagnóstica
largamente utilizada que distingue com base na etiologia cinco tipos diferentes de AVC
isquêmico: 1) Por aterosclerose das grandes vasos 2) Por cardioembolismo 3) Por oclusão de
pequenos vasos (lacunar) 4) De outra etiologia determinada 5) De etiologia indeterminada
(criptogênico).
É uma classificação flexível que avalia o doente em dois momentos: pela primeira vez,
quando se inicia o tratamento, com base nos achados clínicos e imagiológicos e mais tarde, há
uma reavaliação, quando já se dispõe de outros estudos e testes diagnósticos. Este sistema
oferece a possibilidade de categorizar um subtipo de AVC como “provável” ou “possível”, com
base no grau de segurança com que se faz o diagnóstico, permitindo um escrutínio mais seguro
nos casos em que existe alguma incerteza. Adams et al (1993), constataram que é uma
classificação de fácil uso e com elevado grau de concordância inter observador.
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ETIOLOGIA DO AVCI HOMENS (%) MULHERES
(%)
TOTAL (%)
GRANDES VASOS 15 (24,1) 17 (27,9) 32 (26)
CARDIOEMBÓLICO 5 (8,1) 7 (11,4) 12 (9,8)
LACUNAR 21 (33,9) 11 (18,1) 32 (26)
OUTRAS ETIOLOGIAS O 2 (3,3) 2 (1,7)
CRIPTOGÊNICO 21 (33,9) 24 (39,3) 45 (36,5)
TOTAL 62 (100) 61 (100) 123 (100)
Tabela 1. Classificação dos pacientes quanto à etiologia do AVC isquêmico em relação ao sexo.
A etiologia do AVCi, segundo a classificação TOAST, foi comparada com sexo (Tabela 1).
Costa et al (2010), evidenciou em seus estudos que cerca de 30% dos AVCs isquêmicos não é
possível determinar uma causa. Estes AVCs designam-se criptogênicos ou de causa
indeterminada o que corrobora com os achados em nosso estudo ao qual 36,5% dos pacientes
internados foi devido a esta etiologia configurando a etiologia mais frequente em nosso estudo.
Levando em consideração apenas o acometimento entre pessoas do sexo masculino
observamos que os de origem lacunar e criptogênico atingiram igual porcentual (ambos com
33,9%) enquanto que o sexo feminino deteve uma maior proporção de AVCi criptogênico,
perfazendo 39,6%.
Utilizando os critérios de TOAST, observamos igualdade entre as classificações etiológicas
ateroscletótica de grandes vasos (26%) e lacunar (26%). No entanto, a de origem lacunar foi
mais prevalente no sexo masculino enquanto que a aterosclerótica de grandes vasos foi mais
prevalente no sexo feminino. Locatelli et al. 2017, realizaram um estudo em um Hospital de
Santa Catarina em 2012 ao qual encontraram resultados semelhantes no que diz respeito à
etiologia aterosclerótica de grandes vasos mas nos seus estudos, a etiologia lacunar foi
ligeiramente menor.
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Tabela 2. Classificação dos pacientes quanto à etiologia do AVC isquêmico em relação ao sexo e óbito.
Na Tabela 2, podemos observar a correlação entre as etiologias segundo a Classificação de
TOAST e os óbitos por sexo.
Podemos notar que a maior mortalidade é a de etiologia cardioembólica no qual 41,7% dos
pacientes que foram internados e diagnosticados posteriormente com essa etiologia, foram à
óbito. E observamos que 33,9% dos homens foram à óbito enquanto que apenas 19,7% das
mulheres vieram à óbito.
Esse número maior de óbitos na população masculina está associada à maior exposição dos
homens aos fatores de risco principalmente aqueles relacionados ao hábito como alcoolismo e
tabagismo. Existe uma associação positiva e dose-dependente entre o tabagismo e o risco de
AVC isquêmico dos subtipos aterotrombótico e lacunar, mas não dos cardioembólicos. Os
mecanismos não são bem compreendidos, mas parecem estar associados com aumento dos
níveis de fibrinogênio, decréscimo da atividade dos macrófagos, ou alterações na bioquímica
lipídica, promovendo a aterosclerose. (MANNAMI et al, 2004).
Em relação aos hábitos etílicos, o consumo moderado de álcool pode ter efeitos benéficos na
prevenção de AVC isquêmico. Contudo, o seu consumo excessivo, acima de 60g/dia, vai
constituir fator de risco por vários mecanismos, nomeadamente, HTA induzida pelo álcool,
cardiomiopatias, distúrbios da coagulação, FA e redução no fluxo sanguíneo cerebral.
(BERGER et.al, 1999).
Masculino Óbitos (M) Feminino Óbitos (F) TOTAL
(óbitos)
Grandes Vasos 15 7 17 2 32 (9)
Cardioembólico 5 4 7 1 12 (5)
Lacunar 21 8 11 3 32 (11)
Outras Etiologias 0 0 2 0 2 (0)
Criptogênico 21 2 24 6 45 (8)
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2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No nosso estudo observamos um acometimento praticamente equivalente entre os gêneros.
Além disso, a gravidade encontrada em nossos pacientes foi maior conforme a idade progredia,
já que os que se encontravam na faixa etária 61 – 80 anos tiveram maior índice de
acometimento.
O subtipo de acidente vascular cerebral isquêmico mais frequentes em nosso estudo foram
em ambos os gêneros foi o criptogênico. No entanto, no sexo masculino o subtipo lacunar
apresentou a mesma quantidade de acometidos.
Embora a abordagem inicial de um AVC isquêmico não dependa da sua etiologia, estabelecer
uma causa é essencial para reduzir o risco de recorrências. Geralmente, a apresentação clínica
e os achados no exame físico permitem estabelecer a causa ou pelo menos, reduzir as
possibilidades. Esta avaliação inicial deve ser complementada por exames laboratoriais e
imaginológicos.
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