universidade federal de santa catarina centro … · por 107 pacientes adultos, de ambos os sexos,...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM HILÁRIO MATTIOLI NETO “BANDAGEM PROTETORA ACOLCHOADA” NA PREVENÇÃO DA ÚLCERA POR PRESSÃO EM CALCÂNEO EM PACIENTE ADULTO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA Florianópolis 2013

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    CENTRO DE CINCIAS DA SADE

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEM

    CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM

    HILRIO MATTIOLI NETO

    BANDAGEM PROTETORA ACOLCHOADA NA

    PREVENO DA LCERA POR PRESSO EM CALCNEO

    EM PACIENTE ADULTO NA UNIDADE DE TERAPIA

    INTENSIVA

    Florianpolis

    2013

  • Hilrio Mattioli Neto

    BANDAGEM PROTETORA ACOLCHOADA NA

    PREVENO DA LCERA POR PRESSO EM CALCNEO

    EM PACIENTE ADULTO NA UNIDADE DE TERAPIA

    INTENSIVA

    Dissertao apresentada ao Programa

    de Ps-Graduao em Enfermagem da

    Universidade Federal de Santa

    Catarina, modalidade Mestrado

    Acadmico, como requisito para

    obteno do Ttulo de Mestre em

    Enfermagem.

    rea de Concentrao: Educao e

    Trabalho em Sade e Enfermagem.

    Orientadora: Profa. Dra. Sayonara de

    Ftima Faria Barbosa

    Linha de Pesquisa: Tecnologias e

    Gesto em Educao, Sade,

    Enfermagem

    Florianpolis

    2013

  • Dedico esta dissertao minha

    me, Hulda, meu maior tesouro.

    Que esta trajetria de dedicao

    e conquistas possa amenizar os

    momentos de ausncia nesses

    ltimos anos em que vivencia

    uma experincia nica... Sei

    que em esprito entende e

    acolhe esta dedicatria...

  • AGRADECIMENTOS

    Talvez as palavras no tenham fora e sensibilidade suficientes

    para expressar meus agradecimentos e alcanar a todos que participaram

    e contriburam nessa trajetria.

    Agradeo a Deus, luz divina a guiar-me em todos os momentos,

    dando-me fora, sade e determinao para atingir meus objetivos.

    A meus pais, Cleto (in memoriam) e Hulda, pelo exemplo de dignidade e responsabilidade.

    Ao Nilton, meu companheiro, pelo grande incentivo, apoio e

    carinho nessa trajetria. Sempre solidrio e prestativo.

    Ivete, minha irm, que suportou minhas ausncias nos

    cuidados com a nossa me, sem reclamar, torcendo por mim em todos

    os momentos. Ao Alusio, meu cunhado, a quem serei grato eternamente

    pelo amor que tem pela minha irm e pelo carinho e ateno que dedica

    a minha me. Caroline, minha sobrinha, neta acolhida e adorada pela

    minha me, minha gratido pelo amor e carinho com que voc trata sua

    av.

    Dra. Sayonara de Ftima Faria Barbosa, minha orientadora,

    muito obrigada por permitir que eu compartilhasse de sua competncia e

    sabedoria. Sem o seu incentivo eu no teria concludo. Voc sempre foi

    amvel e paciente comigo, respeitou minha dor e muitas vezes me

    permitiu chorar. Sua pacincia, disponibilidade, dedicao e carinho

    deram-me fora e segurana. Meu respeito, gratido e admirao.

    Ao meu irmo Luis e sua esposa Sandra que durante a

    hospitalizao da nossa me foram incansveis. Sandra minha cunhada

    que apesar de alguns desencontros, admiro e respeito e sou muito grato

    por tudo que fez pela minha me.

    minha amiga Enfermeira Dra. Eliane Costa Bernardes que foi

    quem iniciou todo esse projeto, dividiu seu conhecimento comigo e

    ajudou-me a escrever o projeto para a seleo sem voc no teria

    conseguido... minha gratido!

    Aos amigos Viviana, Alessandro e Graziele, pois sem vocs

    esse projeto no teria acontecido. Vocs foram incansveis no pe-

    p.... Muito obrigado!

    Enfermeira Mestre Camila Antunes, um dos presentes do

    curso de mestrado! Poder ser seu amigo um privilgio, uma

    ENFERMEIRA que acredita e luta pelo crescimento da profisso e para

    isso no mede esforos. Sou grato pela ajuda e carinho.

  • Aos Enfermeiros Gabriela, Janeide, Michel e Simone que

    foram amigos das ltimas horas, dos socorros. Sou grato pela ajuda e

    carinho.

    A todos os tcnicos de enfermagem que sempre colaboraram

    com este estudo, em especial a Cristiana, Edna, Neliane, Regina

    Henriques, Rosemare, Rozilda e Vanessa.

    A todos da equipe de sade da UTI do HU com os quais

    convivo j h alguns anos adquirindo experincias e motivao em

    relao ao cuidado intensivo um grande carinho por todos. Agradeo

    por esta convivncia e pela colaborao no perodo de coleta, pois sem a

    ajuda de vocs no teria conseguido.

    Aos colegas e amigos do Hospital Nereu Ramos, em especial

    ao grupo da UTI pelo incentivo e confiana. Sinto muitas saudades de

    vocs.

    s professoras, colegas e amigos do Giate pelo grande

    aprendizado em pesquisa, troca de experincias e entusiasmo adquirido

    a cada reunio.

    Aos membros da Banca de Sustentao de Mestrado (Dra.

    Grace Teresinha Marcon Dal Sasso; Dra. Odala Maria Bruggemann,

    Dra. Silvia Nassar e Dda. Fernanda Paese) pela disponibilidade que

    demonstraram ao meu convite e pelas preciosas contribuies para este

    trabalho.

    Aos professores do Programa de Ps-Graduao em

    Enfermagem e colegas do Curso de Mestrado em Enfermagem pelos

    conhecimentos e agradvel convivncia.

    Professora Dra. Silvia Nassar que me acolheu e fez

    mergulhar no SestatNet. Serei sempre grato pela sua generosidade,

    confiana e sabedoria.

    Aos meus queridos amigos pelas palavras de conforto quando

    precisei, por terem ouvido minhas angstias, medos, dvidas, vitrias...

    Pela confiana, apoio e carinho mesmo distncia. Tambm pelos

    momentos de alegria e descontrao.

    Em especial...

    Aos pacientes que permitiram esse aprendizado, a participao

    de vocs estar em cada calcneo protegido...

    Aos familiares que num momento de incertezas e dor

    conseguiram enxergar nessa experincia um ato pelo outro e foram

    altrustas em seu sofrimento...

    A vocs deixo meu respeito e eterna gratido.

  • MATTIOLI NETO, Hilrio. Bandagem protetora acolchoada na

    preveno da lcera por presso em calcneo em paciente adulto na

    unidade de terapia intensiva. 2013. 145f. Dissertao (Mestrado em

    Enfermagem) Programa de Ps-Graduao em Enfermagem,

    Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, 2013.

    Orientadora: Dra. Sayonara de Ftima Faria Barbosa

    Linha de pesquisa: Arte, Criatividade e Tecnologia em Sade e

    Enfermagem

    RESUMO

    A criao de tcnicas de baixo custo, de fcil aplicabilidade e

    disponibilidade em sade tem permeado os conceitos de inovao e

    tecnologia. Nesse sentido, estratgias de criao e avano tecnolgico

    tm sido estimuladas como foco de pesquisa em enfermagem. Este

    estudo metodolgico e quantitativo realizado na unidade de terapia

    intensiva de um hospital universitrio em Florianpolis, Santa Catarina,

    teve por objetivos avaliar os resultados da aplicao da bandagem

    protetora acolchoada na preveno da lcera por presso em calcneos;

    e associar o escore da escala de Braden e a utilizao de norepinefrina

    no desenvolvimento das lceras por presso. A amostra foi constituda

    por 107 pacientes adultos, de ambos os sexos, com escore

  • desenvolvimento de lcera por presso, bem como o tempo de uso de

    norepinefrina em horas (p=0,012) e a concentrao mxima diria de

    norepinefrina infundida (p=0,004) em micrograma/ quilograma/ minuto/

    dia (mcg/kg/min/dia) e em micrograma/ horas (mg/h), (p

  • MATTIOLI NETO, Hilrio. "Padded protective bandage" in the

    prevention of pressure ulcers in the calcaneus of adult patient in

    intensive care unit. 2013. 145f. Dissertation (Master's in Nursing) -

    Graduate Program in Nursing, Federal University of Santa Catarina,

    Florianpolis, 2013.

    Academic Tutor: Dra. Sayonara de Ftima Faria Barbosa

    Research area: Art, Creativity and Technology in Health and Nursing

    ABSTRACT

    The creation of methods of low cost, easy availability and applicability

    in health has permeated the innovation and technology concepts.

    Accordingly, strategies of creation and technological advance have been

    stimulated with a research focus on nursing. This methodological and

    quantitative study, performed in the intensive care unit of a university

    hospital in Florianopolis, Santa Catarina, had the objective of assessing

    the results of the application of the protective quilted bandage in the

    prevention of pressure ulcers in calcanei, besides associating the score

    of the Braden scale and the use of norepinephrine in the development of

    pressure ulcers. The sample was composed of 107 adult patients, of both

    sexes, with a score

  • microgram/kg /minute/day (mcg / kg /min/day) and in microgram/ hours

    (mg/hr) (p

  • MATTIOLI NETO, Hilrio. "Vendaje protectora acolchado" en la

    prevencin de lceras por presin en el calcneo en pacientes adultos en

    la unidad de cuidados intensivos. 2013. 145f. Tesis (Maestra en

    Enfermera) Programa de Posgrado en Enfermera de la Universidad

    Federal de Santa Catarina, Florianpolis, 2013.

    Orientadora Tutor: Dra. Sayonara de Ftima Faria Barbosa

    Lnea de investigacin: Arte, Creatividad y Tecnologa en Salud y

    Enfermera

    RESUMEN

    La creacin de mtodos de bajo costo, de fcil aplicabilidad y

    disponibilidad en salud ha permeado los conceptos de innovacin y

    tecnologa. En este sentido, las estrategias de creacin y los avances

    tecnolgicos han estimulado como el foco de la investigacin en

    enfermera. Este estudio metodolgico y cuantitativo, llevado a cabo en

    la unidad de cuidados intensivos de un hospital universitario de

    Florianpolis, Santa Catarina, tena como propsito evaluar los

    resultados de la aplicacin del vendaje protectora acolchada en la

    prevencin de lceras por presin en los calcneos y asociar la

    puntuacin de la escala de Braden y el uso de norepinefrina en el

    desarrollo de las lceras por presin. La muestra consisti en 107

    pacientes adultos de ambos sexos, con una puntuacin

  • desarrollaron lesiones. El uso de norepinefrina estadsticamente

    significativa (p = 0,005) en el desarrollo de lcera por presin, as como

    el tiempo de uso de la norepinefrina en horas (p=0,012) y la

    concentracin mxima diaria de norepinefrina infusin (p=0,004) en

    microgramos/kg/minuto/da (mcg /kg/min/da) en microgramos/ hora

    (mg/hr) (p

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ACNP Aporte Calrico Nutrio Parenteral

    AGE cidos Graxos Essenciais

    ALBMIN Albumina

    ALERG Alergia

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    APPNT Uso de apoio nas panturrilhas

    ARAMB Ar ambiente

    BA Braden alto

    BIPAP Bilevel Positive Pressure Airway BPM Batimento por minuto

    C Centgrados

    CEPSH Comit de tica em Pesquisa em Seres Humanos

    CID Classificao Internacional das Doenas

    CMH2O Centmetros de gua

    CNO2 Cateter Extranasal de Oxignio

    CNS Conselho Nacional de Sade

    COL Colorao da Pele do P

    CTI Centro de Terapia Intensiva

    CONSC Nvel de Conscincia

    DGMED Diagnstico Mdico

    DIAUTI Dias de Internao na UTI

    DIHOSP Dias de Internao no Hospital

    DM Diabetes Mellitus

    DP Desvio Padro

    EA Erro Amostral

    EC Enchimento Capilar

    ECG Escala de Coma de Glasgow

    EDMMII Edema em Membros Inferiores

    EPUAP European Pressure Ulcer Advisory Panel

    EtMAIOR Categoria da Maior lcera por Presso

    EUA Estados Unidos da Amrica

    FC Frequncia Cardaca

    FTP Filme Transparente de Poliuretano

    FR Frequncia Respiratria

    FrOxig Frao do Oxignio Inspirado

    g/dl Gramas Decilitro

    GLICSE Glicose

    GRAUED Grau do Edema em Membros Inferiores

    Hb Hemoglobina

  • Ht Hematcrito

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IHI Institute for Healthcare Improvement IC Intervalo de Confiana

    INTGCALC Integridade do Calcneo

    LACRE Integridade do Lacre

    Kg Quilograma

    Kcal Quilocaloria

    LabStat Laboratrio de Estatstica

    L0 Grupo sem Leso

    L1 Grupo com Leso

    MACRO Macronebulizao

    Mx. Mximo

    MCG/KG/MIN/

    DIA Micrograma/quilograma/minuto/dia

    ML Mobilizao no Leito

    MmHg Milmetros de Mercrio

    mmol/L Milimol por Litro

    NA No se Aplica

    NPUAP American National Pressure Ulcer Advisory Panel

    O2SUPL Oxignio Suplementar OXIG Oxigenioterapia

    PA Percentual Amostral

    PADIAS Presso Arterial Diastlica PASIST Presso Arterial Sistlica

    PEEP Presso Positiva Expiratria Final

    PEN Programa de Ps-Graduao em Enfermagem

    PESOEST Peso Corporal Estimado

    PESOINF Peso Corporal Informado

    PRALT Colcho com Presso Alternada

    PRMDL Colcho Piramidal

    QLN Qualitativa Nominal

    QLO Qualitativa Ordinal

    QTC Quantitativa contnua

    QTD Quantitativa discreta

    SATO2 Saturao de Oxignio na Oximetria de Pulso

    SCBRDN Escore na Escala de Braden

    SestatNet Sistema Especialista para o Ensino de Estatstica na

    Web

    SNE Sonda Nasoenteral

    SNG Sonda Nasogstrica

  • SPNUT Suporte Nutricional

    SUS Sistema nico de Sade

    TC Temperatura Corporal

    TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    TEMP Temperatura do P

    UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

    UMID Hidratao da Pele do P

    UP lcera por Presso

    UPITIO lcera por Presso em Outro Stio

    UPRES lcera por Presso

    UTI Unidade de Terapia Intensiva

    VLRCLTD Valor calrico total ao dia

    VMTOT Ventilao Mecnica por Tubo Endotraqueal

    VMTQT Ventilao Mecnica por Traqueostomia

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Material para bandagem protetora acolchoada para dois

    ps. ........................................................................................................ 50

    Figura 2: Posio dos chumaos .......................................................... 51

    Figura 3: Regio do p envolvida pelos chumaos .............................. 51

    Figura 4: Regio do p envolvida pela atadura .................................... 51

    Figura 5: Aplicao do lacre ................................................................ 52

    Figura 6: Bandagem protetora acolchoada ....................................... 52

    Figura 7: Fluxograma da coleta de dados dirio .................................. 54

    Figura 8: Material para bandagem protetora acolchoada para um p71

    Figura 9: Posio dos chumaos .......................................................... 71

    Figura 10: Regio do p envolvida pelos chumaos ............................ 71

    Figura 11: Regio do p envolvida pela atadura .................................. 72

    Figura 12: Aplicao do lacre .............................................................. 72

    Figura 13: Bandagem protetora acolchoada ..................................... 72

    Figura 14: Mapa de anlise exploratria por correspondncia mltipla

    das variveis: leso, Braden, norepinefrina, decbito e dieta por sonda.

    Florianpolis, 2013................................................................................ 83

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Clculo da Amostra .............................................................. 48

    Tabela 2: Distribuio dos pacientes internados na unidade de terapia

    intensiva segundo caractersticas scio-demogrficas, diagnstico

    mdico e tempo de permanncia no estudo. Florianpolis, 2013. ......... 75

    Tabela 3: Distribuio da idade, peso estimado, categorias diagnsticas

    por paciente, escore de Braden inicial e final e dias de permanncia no

    estudo. Florianpolis, 2013. .................................................................. 77

    Tabela 4: Distribuio da leso nos sujeitos do estudo em intervalos de

    tempo. Florianpolis, 2013. ................................................................... 77

    Tabela 5: Variveis nvel de conscincia, uso de norepinefrina e tempo

    de infuso de norepinefrina em horas, dos pacientes do estudo.

    Florianpolis, 2013................................................................................ 80

    Tabela 6: Variveis de inspeo da pele dos ps em relao colorao,

    hidratao, temperatura da pele, grau de edema dos ps e categorizao

    das UPs dos pacientes do estudo. Florianpolis, 2013. ......................... 81

    Tabela 7: Distribuio dos pacientes internados na unidade de terapia

    intensiva segundo caractersticas scio-demogrficas, diagnstico

    mdico e tempo de permanncia no estudo. Florianpolis, 2013. ....... 106

    Tabela 8: Distribuio das mdias e desvio padro (dp) das variveis:

    escore na escala de Braden, concentrao e tempo de infuso de

    norepinefrina. Florianpolis, 2013. ..................................................... 108

    Tabela 9: Distribuio por paciente que desenvolveu UP por tempo e

    concentrao de norepinefrina e regio de desenvolvimento de lceras

    por presso. Florianpolis, 2013. ........................................................ 109

  • SUMRIO

    1 INTRODUO .............................................................................. 27

    2 OBJETIVOS................................................................................... 31

    3 SUSTENTAO TERICA ........................................................ 33 3.1 CONCEITO ............................................................................. 37

    3.2 INCIDNCIA E PREVALNCIA DAS UPS ......................... 38

    3.3 FATORES DE RISCO ............................................................. 40

    3.4 ESCALAS DE AVALIAO DE RISCO .............................. 43

    4 METODOLOGIA .......................................................................... 47 4.1 TIPO DE ESTUDO ................................................................. 47

    4.2 POPULAO E AMOSTRA.................................................. 47

    4.3 LOCAL DO ESTUDO ............................................................. 48

    4.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ......................... 49

    4.5 MATERIAIS NECESSRIOS ................................................ 49

    4.6 TCNICA DE APLICAO DA BANDAGEM

    PROTETORA ACOLCHOADA ........................................... 50

    4.7 COLETA DE DADOS ............................................................. 52

    4.8 VARIVEIS ............................................................................ 55

    4.8.1 Varivel dependente ...................................................... 55

    4.8.2 Variveis scio-demogrficas ....................................... 55

    4.8.3 Variveis laboratoriais .................................................. 55

    4.8.4 Variveis clnicas .......................................................... 56

    4.8.5 Variveis teraputicas ................................................... 59

    4.8.6 Variveis de controle .................................................... 60

    4.9 PROCESSAMENTO E ANLISE DOS DADOS .................. 61

    4.10 ASPECTOS TICOS .............................................................. 61

    5 RESULTADOS E DISCUSSES ................................................. 65 5.1 MANUSCRITO 1 BANDAGEM PROTETORA

    ACOLCHOADA NA PREVENO DA LCERA POR

    PRESSO EM CALCNEOS DE PACIENTES ADULTOS

    EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA .......................... 66

    5.2 MANUSCRITO 2 - ASSOCIAO ENTRE O ESCORE DA

    ESCALA DE BRADEN E A UTILIZAO DE

    NOREPINEFRINA NO DESENVOLVIMENTO DE

    LCERAS POR PRESSO EM PACIENTES ADULTOS NA

    UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ............................... 100

    REFERNCIAS ................................................................................ 121

    APNDICES ...................................................................................... 133

    ANEXOS ............................................................................................ 141

  • 1 INTRODUO

    Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) so prestados cuidados

    tecnologicamente sofisticados aos pacientes mais graves no sistema de

    sade. O cuidado de enfermagem em terapia intensiva apresenta uma

    especificidade prpria aliando conhecimento tcnico-cientfico de alta e

    mdia complexidade que visa cura e reabilitao dos pacientes. Junto a

    esse desenvolvimento, torna-se tambm indispensvel o incremento de

    medidas preventivas aos agravos integridade do paciente, em especial

    no que se refere s ulceras por presso (UP), complicao comum em

    pessoas internadas em uma UTI.

    A UP uma das condies mais subestimadas em pacientes

    criticamente enfermos. Apesar dos avanos clnicos e tecnolgicos, sua

    prevalncia em pacientes hospitalizados permanece crescendo.

    Atualmente, a falta de consenso sobre os fatores de risco mais

    importantes para UP em pacientes crticos e a ausncia de avaliao de

    risco preditivo, exclusivamente, para esses pacientes tem contribudo

    para esse aumento (COX, 2011).

    A UTI uma unidade na qual os pacientes permanecem

    acamados, frequentemente por longos perodos, estando esses, portanto,

    sujeitos a mltiplas complicaes, entre as quais se encontram as lceras

    por presso. Medeiros, Lopes e Jorge (2009) fazem referncia ao fato

    de que a ocorrncia das UPs na UTI elevada e abordam a necessidade

    de desenvolvimento de pesquisas que objetivem aperfeioar e criar

    medidas preventivas e teraputicas.

    De acordo com McInnes et al (2012), em reviso sistemtica de

    ensaios clnicos randomizados na qual investigam as medidas de alvio

    de presso e eficcia de diferentes superfcies de alvio de presso,

    prevenindo lceras por presso, sugerem necessidade de pesquisa

    rigorosa comparando diferentes superfcies de apoio.

    Segundo a National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP,

    2009), a prevalncia de UP em hospitais de 15% e a incidncia de

    7%. No Reino Unido, casos novos de UPs ocorrem entre 4% a 10% dos

    pacientes admitidos em hospital (RYCROFT-MALONE; MCINNES,

    2001).

    No Brasil, em estudo realizado por Cardoso, Caliri, Hass (2004),

    foi identificada a prevalncia de 25,6% UP, com maior ocorrncia das

    UPs durante a internao na UTI. Estudo em hospital universitrio

    identificou uma incidncia global de 39,8% de UP de acordo com as

    unidades hospitalares estudadas, e de 41% na UTI (ROGENSKI;

    SANTOS, 2005). Costa (2003) identificou a ocorrncia de UP em UTI

  • 28

    na proporo de 37,7%, ndices que por si s corroboram para a

    necessidade de desenvolvimento de estudos e implementao de

    estratgias que visem modificar esse cenrio.

    Desta forma, a ocorrncia de UP um evento indesejado que

    constitui grande preocupao dos profissionais que prestam assistncia a

    pacientes acamados. Sua ocorrncia pode ter consequncias graves tanto

    para o paciente como dor, limitaes fsicas e baixa autoestima; como

    para seus familiares com a necessidade de suporte especializado,

    sofrimento emocional, culpa e aumento no custo do tratamento; para os

    profissionais e sistema de sade pode gerar implicaes legais e ticas,

    alm de maior tempo de hospitalizao e necessidade de maior

    incremento financeiro no tratamento. Portanto, a preveno e tratamento

    das UPs um desafio constante para equipe de enfermagem.

    As lceras por presso por muito tempo foram descritas como

    sendo um problema estritamente de enfermagem, decorrente de

    cuidados inadequados por parte desses profissionais. No entanto, vrias

    evidncias cientficas tm mostrado que a lcera por presso

    decorrente de fatores mltiplos, no sendo, assim, de responsabilidade

    exclusiva da equipe de enfermagem (GOULART et al, 2007).

    Para o paciente afetado ela acarreta, entre outros problemas,

    considervel desconforto, danos imagem e autoestima e influencia no

    aumento de dias de sua permanncia no hospital, o que posterga o seu

    retorno ao convvio familiar.

    Hess (2002) refora ainda que as UPs frequentemente demandam

    uma multiplicidade de intervenes curativas, cirrgicas e fisioterpicas,

    acarretando danos econmicos ao responsvel pelo tratamento. Hopkins

    et al (2006) ressaltam que nos pacientes acima de 65 anos com UP grau

    trs ou quatro, a dor e as restries devem ser consideradas no

    desenvolvimento do tratamento de UP e orientaes de preveno.

    H um complexo desenvolvimento de tecnologia voltada para a

    rea de tratamento, como os curativos de hidrocolides, alginato de

    clcio, hidrogel, membrana transparente de poliuretano e outros

    produtos. No entanto, destaca-se que todo o processo resultante da UP

    contribui para o aumento da mortalidade, eleva os custos teraputicos e

    aumenta a carga de trabalho da equipe, bem como a utilizao de

    equipamentos caros para a resoluo do problema, alm de

    representarem um acrscimo no sofrimento fsico e emocional do

    paciente e seus familiares (FERNANDES, 2005).

    Apesar da maioria das lceras por presso ser evitvel, estima-se

    que aproximadamente 600 mil pacientes em hospitais dos Estados

    Unidos (EUA) evoluam a bito a cada ano em decorrncia de

  • 29

    complicaes secundrias UP. O custo total estimado do tratamento de

    UP nos EUA de 11 bilhes de dlares por ano (BRASIL, 2013).

    Paralelamente, os recursos e as tcnicas utilizadas para a

    preveno dessas leses tm sido objeto de estudos em protocolos e

    guidelines (EPUAP, 2009; NPUAP, 2009). Vrios estudos apontam

    como medidas de preveno s lceras por presso em calcneos o uso

    de rolos e travesseiros (MEDEIROS; LOPES; JORGE, 2009), assim

    como de uma almofada sob a regio das pernas, com leve flexo dos

    joelhos para elevar os calcneos calcneos flutuantes (EPUAP,

    2009; NPUAP, 2009).

    Estudo desenvolvido na Blgica constatou que o uso de almofada

    em forma de cunha, de espuma viscoelstica, diminuiu o risco de

    desenvolver uma lcera por presso em calcneos em comparao com

    o uso de um travesseiro, p=0,008 (HEYNEMAN et al, 2009).

    No Brasil, um ensaio clnico desenvolvido no estado do Paran

    que utilizou Filme Transparente de Poliuretano (FTP) na preveno da

    lcera por presso em calcneo demonstrou que os sujeitos que

    receberam a interveno permaneceram livres da UP em calcneos em

    torno de 19 dias (SOUZA, 2010).

    Durante a prtica profissional do responsvel pela elaborao do

    presente estudo foi possvel acompanhar o tratamento de um paciente

    com UP em calcneo em uma unidade de internao de um hospital

    pblico. Nessa unidade, os tcnicos e auxiliares de enfermagem,

    utilizavam um curativo com AGE (cidos Graxos Essenciais), quando

    disponvel, chumao de algodo e atadura de crepom no tratamento de

    uma UP no calcneo de um paciente paraplgico. Apesar da paraplegia,

    diminuio da sensibilidade em membros inferiores e da resistncia do

    paciente a mudanas de decbito, houve evoluo positiva da leso, o

    que despertou ateno e curiosidade. Este fato funcionou como um

    estmulo para a aplicao dessa bandagem e replicao da tcnica pelo

    referido profissional, tanto em pacientes acometidos por UP, como

    naqueles com potencial para o seu desenvolvimento, atribuindo

    realizao deste procedimento a denominao de bandagem protetora

    acolchoada que consiste na aplicao de trs chumaos de algodo

    envolvendo a regio do calcneo e malolos bilateralmente, fixos nessa

    regio com uma atadura de crepom ideia esta ocorrida em virtude da

    inexistncia de protetores de calcneo em umas das UTIs onde

    desenvolve suas atividades ao notar que tal carncia contribua para o

    surgimento de UP nos pacientes internados.

    Essa conduta evidenciou-se em uma experincia positiva na

    preveno de UP em calcneos, uma vez que foi observado que os

  • 30

    pacientes que recebiam esse cuidado adicional no desenvolveram leso

    nos calcneos. Posteriormente esta tcnica passou a ser utilizada em

    pacientes internados tambm na outra UTI na qual atua, apesar dessa

    ltima dispor do protetor de espuma para proteo de calcneos e

    cotovelos. Tal medida justificou-se pela percepo da dificuldade de

    manter o protetor de espuma na regio indicada, que a qualquer

    mobilizao ativa ou passiva com o paciente por vezes gerava algum

    deslocamento do dispositivo, expondo a rea que deveria ser protegida.

    Alm dessa dificuldade, a bandagem passou a ser utilizada como

    substituto do protetor de espuma quando em falta na unidade.

    Apesar da aparente eficcia na preveno de UP em calcneo,

    tornou-se necessria a comprovao cientfica para a utilizao desta

    tcnica, pois at aquele momento seu uso vinha sendo realizado nesta

    UTI de forma assistemtica, emprica e sem estudos aprofundados, no

    sendo possvel afirmar sua eficcia na preveno de UP nessa regio,

    alm de no ser possvel determinar sua indicao e especificao de

    detalhes tcnicos que contribussem para a validao desse mtodo.

    Considerando os agravos decorrentes das UPs e a necessidade de

    estudos com rigor cientifico que definam medidas preventivas, bem

    como a facilidade de aplicao da tcnica de bandagem protetora

    acolchoada aliada ao seu baixo custo e fcil disponibilidade dos

    materiais necessrios para sua realizao que se justifica o

    desenvolvimento de uma pesquisa que avalie os resultados do seu uso.

    sabido que os pacientes em unidade de terapia intensiva com

    frequncia apresentam alteraes hemodinmicas, que tornam

    necessria a utilizao de drogas vasoativas. Pela caracterstica deste

    grupo de medicamentos, ocorre vasoconstrico perifrica que,

    associada a outras caractersticas do paciente, pode propiciar tambm o

    desenvolvimento de lceras por presso (COX, 2011; VOLLMAN,

    2010; JOHNSON; MEYENBURG, 2009; KELLER et al, 2002).

    Complementarmente, a realizao de estudo desta natureza ainda

    pode contribuir para uma prtica de enfermagem de maior qualidade,

    propiciando tambm melhora dos indicadores assistenciais pela

    aplicao direta no cenrio assistencial de atuao do autor deste estudo,

    podendo extrapolar seus resultados para aplicao em outras unidades.

    A partir do exposto que so apresentados como problemas de

    pesquisa: Quais os resultados da aplicao da bandagem protetora

    acolchoada na preveno da lcera por presso em calcneos de

    pacientes adultos em UTI? Qual a associao do escore da escala de

    Braden e a utilizao de norepinefrina no desenvolvimento de lcera por

    presso em pacientes adultos, em UTI?

  • 31

    2 OBJETIVOS

    Avaliar os resultados da aplicao da bandagem protetora acolchoada na preveno da lcera por presso em

    calcneos de pacientes adultos na unidade de terapia

    intensiva;

    Associar o escore da escala de Braden e a utilizao de norepinefrina no desenvolvimento de lceras por presso

    em pacientes adultos em unidade de terapia intensiva.

  • 32

  • 33

    3 SUSTENTAO TERICA

    As UPs causam danos considerveis aos pacientes, dificultando a

    recuperao funcional, muitas vezes causando dor e o desenvolvimento

    de infeces graves. Elas tambm tm sido associadas a um longo

    perodo de internao, sepse e mortalidade. Estima-se que cerca de 60

    mil pacientes em hospitais dos Estados Unidos morrem anualmente de

    complicaes devido a lceras por presso. O custo estimado da gesto

    de uma nica lcera por presso pode chegar a US $ 70.000 e o custo

    total para o tratamento de lceras de presso nos EUA estimado em

    US $ 11 bilhes ao ano (IHI, 2009).

    Em todo o mundo, os custos do tratamento de lceras por presso

    para os sistemas de sade so um peso significativo. O custo anual de

    1,4 a 2,1 bilhes de libras esterlinas () no Reino Unido (BENNETT;

    DEALEY; POSNETT, 2004). Na Austrlia, os custos com o tratamento

    das UPs foram estimados em 18.964 dlares (A$) por paciente

    gravemente doente (GRAVES; BIRRELL; WHITBY, 2005). No Reino

    Unido, o custo com tratamento por UP foi de 4% do total das despesas

    de sade (BENNETT; DEALEY; POSNETT, 2004).

    Em 2008, o Health Care Cost and Utilization Project citou um

    aumento de 80% na ocorrncia de UP entre os anos de 1993 e 2006 em

    pacientes adultos hospitalizados, com o total de custos associados

    estimado em 11.000 bilhes de dlares (RUSSO; STEINER;

    SPECTOR, 2008).

    Neste mesmo ano, o seguro mdico dos EUA (Medicare)

    registrou 394.699 casos de lceras por presso que foram tratados a um

    custo de 8.730 dlares por caso, totalizando 3,5 bilhes de dlares

    (US$). importante notar que estes so custos relacionados apenas com

    o tratamento (SHREVE et al, 2010). Estes valores enfatizam a

    importncia da preveno das UPs.

    O paciente acamado por longo perodo necessita de cuidados que

    visem preservar sua integridade fsica, psquica, espiritual e social,

    numa perspectiva multiprofissional. O sucesso da assistncia prestada a

    esses pacientes no depende unicamente dos avanos tecnolgicos e

    cientficos, mas tambm do saber e da experincia dos profissionais que

    prestam o cuidado, em especial, a enfermagem.

    Uma das implicaes mais comuns, resultante de internaes

    prolongadas, o aparecimento de alteraes de pele e sua incidncia que

    cresce proporcionalmente com a combinao de fatores de riscos como

    idade avanada e restrio ao leito. A conservao da integridade da

  • 34

    pele dos pacientes restritos ao leito tem origem no conhecimento e em

    intervenes de enfermagem relativamente simples (BRASIL, 2013).

    As UPs tm preocupado os servios de sade, considerando que a

    sua ocorrncia causa impacto nos pacientes e seus familiares, como

    tambm no sistema de sade com o aumento do tempo de internao,

    riscos de infeco e outros agravos evitveis (BRASIL, 2013).

    Para o Institute for Healthcare Improvement (IHI, 2009), a

    maioria das UPs pode ser evitada e essa preveno se resume a duas

    etapas principais: primeiro em identificar os pacientes em risco e, em

    segundo, implementar estratgias de preveno confivel para todos os

    pacientes em risco. Seis elementos so considerados fundamentais na

    preveno das UPs:

    1. Realizar uma avaliao de lcera por presso na admisso de todos os pacientes. A avaliao de admisso deve

    incluir uma avaliao de risco e da pele, a fim de detectar

    UPs existentes. A pronta identificao de pacientes com

    potencial para desenvolver UP, utilizando uma ferramenta

    de avaliao de risco validada essencial para a rpida

    identificao desses pacientes e a oportuna implementao

    de estratgias de preveno;

    2. A mobilidade, incontinncia urinria, deficincia sensorial e estado nutricional (incluindo desidratao) devem estar

    contemplados nessa avaliao. sugerido ainda, que a

    avaliao de risco ocorra em at quatro horas aps a

    internao para todos os pacientes;

    3. Reavaliar riscos para todos os pacientes diariamente. A complexidade e gravidade dos pacientes hospitalizados

    necessitam de reavaliao diria do potencial e do grau de

    risco de desenvolvimento de UP. Avaliar o risco dirio

    oportuniza o ajuste e a implementao de estratgias de

    preveno de acordo com a evoluo das necessidades do

    paciente. A garantia deste processo implica em adaptar

    ferramentas e registros de avaliao diria do risco,

    documentao dos resultados e o incio das estratgias de

    preveno relacionadas; educar toda a equipe de sade

    sobre potenciais fatores de risco de desenvolvimento de

    UP e do processo de implementao de medidas de

    preveno; utilizar ferramentas de avaliao de risco

    validadas para que a equipe identifique facilmente o grau

    de risco e as estratgias de preveno;

  • 35

    4. Inspecionar a integridade da pele diariamente, pois pode sofrer alteraes em questo de horas nos pacientes

    hospitalizados. Pacientes em risco precisam de uma

    inspeo diria de todas as superfcies da pele, com

    especial ateno s zonas de alto risco para o

    desenvolvimento de UP, como: sacro, costas, ndegas,

    calcanhares, cotovelos e zonas submetidas a uma presso

    de dispositivo relacionado. O ideal que a equipe

    incorpore a necessidade de uma inspeo da pele cada vez

    que avaliar o paciente. Para garantir esse processo

    indicada a adaptao de ferramentas de registro que suscite

    a inspeo diria da pele, documente os resultados e o

    incio das medidas de preveno necessrias; educar toda a

    equipe para inspecionar a pele na mobilizao e higiene do

    paciente;

    5. Gerenciar a umidade da pele e manter o paciente seco e hidratado. Muitas vezes, pacientes com dficits

    nutricionais e desequilbrio de fluidos podem ter edema e

    reduo do fluxo sanguneo para a pele, causando dano

    isqumico, o que contribui para a ruptura da pele;

    6. Otimizar a nutrio e hidratao. Para garantir essas medidas, preciso auxiliar os pacientes nas refeies,

    lanches e hidratao. Todo empenho deve ser adotado para

    garantir as preferncias do paciente, sempre que

    clinicamente apropriado. Documentar a ingesto

    nutricional e hdrica e notificar a ingesto inadequada;

    7. Minimizar a presso. Todos os esforos devem ser feitos para redistribuir a presso sobre a pele, quer pelo

    reposicionamento ou atravs da utilizao de superfcies de

    redistribuio da presso. Dois componentes principais

    tm sido particularmente eficazes na reduo desta:

    reposicionar pacientes a cada duas horas travesseiros e

    cobertores so fontes simples e prontamente disponveis

    que podem ser utilizados para apoiar a distribuio de

    presso. Usar travesseiros sob a panturrilha para elevar os

    calcanhares do paciente fora da superfcie da cama.

    Dispositivos de amortecimento entre as pernas e tornozelos

    para manter o alinhamento e evitar a presso sobre

    proeminncias sseas. Ao mobilizar o paciente deve-se

    usar dispositivos de elevao ao invs de arrast-lo.

  • 36

    Apesar do desenvolvimento de lcera por presso ser geralmente

    considerado um indicador de qualidade do atendimento, as questes e

    preocupaes com as situaes em que as UPs so inevitveis

    permanecem.

    Considerando a importncia desta questo e a falta de dados de

    pesquisa disponveis, em 2010, o Pressure Ulcer Advisory Panel Nacional (NPUAP) organizou uma conferncia multidisciplinar para

    estabelecer um consenso sobre haver ou no indivduos em que o

    desenvolvimento de lcera por presso pode ser inevitvel e se existe

    uma diferena entre mudanas da pele no fim da vida e as UPs. O

    consenso foi alcanado para as seguintes afirmaes: a maioria das UPs

    evitvel, nem todas as UPs so evitveis, h situaes que tornam o

    desenvolvimento de UP inevitvel (incluindo instabilidade

    hemodinmica que se agrava com o movimento fsico e incapacidade de

    manter a nutrio e hidratao), superfcies de redistribuio da presso

    no podem substituir a mudana de decbito e de reposicionamento.

    No foi obtido consenso sobre a praticabilidade ou o padro de mudana

    de decbito do paciente a cada duas horas. necessrio ainda realizar

    mais estudos para examinar estas questes, aperfeioar as prticas

    preventivas em situaes desafiadoras e identificar os limites da

    preveno (BLACK et al, 2011).

    A ocorrncia de UP tem sido considerada um indicador do

    cuidado inadequado da enfermagem. No entanto, as UPs e seu

    gerenciamento complexo e no est sob controle exclusivo da

    enfermagem, uma vez que podem existir circunstncias clnicas nas

    quais as intervenes para preveno da UP podem ser contraindicadas

    do ponto de vista mdico (WOUND, OSTOMY AND CONTINENCE

    NURSES SOCIETY, 2009).

    Apesar da variedade de estudos realizados com foco no cuidado

    com as UPs, conforme Estilo et al (2012), as intervenes utilizadas nas

    Unidades de Terapia Intensiva so por vezes contraditrias com as boas

    prticas de cuidados da pele. Por exemplo: para a preveno de

    pneumonia associada ventilao mecnica recomendado que a

    cabeceira do leito do paciente esteja elevada a um ngulo de 40. No

    entanto, afirmam os autores, para a preveno de lceras por presso,

    manter a cabeceira do leito elevada predispe o paciente a deslizar para

    baixo, o que pode provocar cisalhamento e frico, propiciando o

    desenvolvimento de lceras por presso. Alm disso, h as

    comorbidades que podem estar presentes nos pacientes de UTI que

    predispem a ruptura da pele, alm dos procedimentos que dificultam a

  • 37

    realizao da mudana de decbito dos pacientes pelos profissionais de

    enfermagem com a frequncia necessria.

    Segundo Cox (2011), alm de implementar estratgias de

    preveno, o frum multidisciplinar tambm pode servir para ressaltar a

    premissa de que a preveno da UP responsabilidade de todos os

    membros da equipe de cuidados de sade e no um aspecto de

    assistncia ao paciente exclusivamente no domnio da enfermagem.

    3.1 CONCEITO

    Paiva (2008, p. 20) define UP como uma rea localizada de

    morte celular, que se desenvolve quando um tecido mole comprimido

    entre uma proeminncia ssea e uma superfcie dura por um longo

    perodo de tempo. A definio internacional da lcera por presso da

    European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP) e da American

    National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) da UP como uma leso localizada da pele e/ou tecido subjacente, normalmente sobre uma

    proeminncia ssea, em resultado da presso ou de uma combinao

    entre esta e foras de toro (EPUAP, 2009; NPUAP, 2009).

    A European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP) e a

    American National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) classificam as fases evolutivas das UPs em quatro categorias.

    Categoria I: eritema no branquevel, pele intacta com rubor no branquevel, normalmente sobre uma

    proeminncia ssea. A rea afetada pode estar dolorosa,

    dura ou mole, quente ou mais fria, comparativamente ao

    tecido normal. Esse estgio significa indicativo de risco;

    Categoria II: perda parcial da espessura da pele, perda parcial da espessura da derme, ferida superficial (rasa) com

    leito vermelho/rosa sem esfacelo, presena de flictena

    fechada ou aberta, preenchida por lquido seroso ou

    serohemtico. A presena de equimose indicativa de

    leso profunda;

    Categoria III: perda total da espessura da pele (exposio de tecido adiposo subcutneo sem exposio de ossos,

    tendes ou msculos). Pode apresentar tecido desvitalizado

    (fibrina mida) ou conter leso cavitria e encapsulamento;

    Categoria IV: perda total da espessura dos tecidos, exposio ssea dos tendes ou msculos, presena de

    tecido desvitalizado (fibrina mida) e/ou tecido necrtico,

  • 38

    leses cavitadas e fistulizadas (EPUAP, 2009; NPUAP,

    2009).

    Esse guia contempla tambm recomendaes para a preveno

    das UPs, enfatizando a avaliao do risco, da pele, nutrio para a

    preveno das UPs, reposicionamentos para a preveno, superfcies de

    apoio e cuidados no posicionamento de pacientes no trans-operatrio.

    A UP pode ocorrer quando uma superfcie dura exerce presso

    sobre um tecido mole em uma proeminncia ssea por um perodo

    prolongado. As reas corporais mais suscetveis ocorrncia dessas

    leses so: a regies do sacro, o calcneo, as ndegas, os trocnteres, os

    cotovelos e o tronco. Para Medeiros, Lopes e Jorge (2009) qualquer

    leso proveniente de presso no aliviada, cisalhamento ou frico pode

    resultar em dano tecidual, geralmente localizado em proeminncias

    sseas que, alm de provocar leso tissular, pode gerar complicaes e

    limitar a mobilidade.

    3.2 INCIDNCIA E PREVALNCIA DAS UPS

    Segundo a National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP, 2009), a prevalncia de UP em hospitais de 15% e a incidncia de

    7%. No Reino Unido, casos novos de UPs ocorrem entre 4% a 10% dos

    pacientes admitidos em hospital (RYCROFT-MALONE; MCINNES,

    2001).

    A epidemiologia das UPs varia conforme o cenrio clnico. Nas

    unidades de cuidados agudos, a incidncia de UP varia de 0.4% a 38%,

    enquanto no cuidado de longo prazo varia de 2,2% a 39,4% (TAYYIB;

    COYER; LEWIS, 2013). De acordo com a National Healing Corporation, a incidncia de UP nas Unidades de Terapia Intensiva

    variou amplamente de 1% a 56% (KAITANI et al, 2010; KELLER et al,

    2002). Alm disso, h uma grande variao na prevalncia das UPs nas

    unidades de terapia de diferentes pases e continentes: 49% na Europa

    Ocidental (SHAHIN; DASSEN; HALFENS, 2008b), 22% na Amrica

    do Norte (SHAHIN; DASSEN; HALFENS, 2008b; FRANKEL;

    SPERRY; KAPLAN, 2007); 50% na Austrlia (BALLARD et al, 2008;

    ELLIOTT; MCKINLEY; FOX, 2008) e 29% no Jordo (TUBAISHAT;

    ANTHONY; SALEH, 2011).

    Estudo desenvolvido por Shahin, Dassen e Halfens (2008a)

    revelou diferenas na prevalncia de UPs nas Unidades de Terapia

    Intensiva com variao de 4% na Dinamarca a 49% na Alemanha e

    incidncia que variou de 38% a 124%. Para os autores, h uma ampla

    variao na prevalncia e incidncia das UPs conforme os estudos

  • 39

    avaliados, assim como h uma lacuna entre a teoria e a prtica na

    preveno e no tratamento das UPs.

    A partir de 2008 houve uma ligeira diminuio na prevalncia

    global de UP adquirida em hospital, no entanto, as taxas de prevalncia

    na UTI permaneceram a maior entre os pacientes hospitalizados, com

    variao de 9% a 42% (SHAHIN; DASSEN; HALFENS, 2008b; VAN

    GILDER et al, 2009).

    No Brasil, apesar de poucos trabalhos sobre incidncia e

    prevalncia de UP, Rogenski e Santos (2005), em pesquisa realizada em

    hospital geral universitrio evidenciaram uma incidncia global de

    39,8% e na UTI de 41%.

    Em um estudo com 40 pacientes internados em duas UTIs

    apontaram que foram diagnosticadas 25 UPs em 20 (50,0%) dos

    pacientes, destes 15 (75,0%) apresentaram uma UP e cinco (25,0%)

    duas UPs (FERNANDES; TORRES; VIEIRA, 2008). A incidncia de

    UP na UTI 1 foi de nove (64,3%) e na UTI 2 foi de 11 (42,3%). A

    localizao mais frequente das UPs foi a regio sacral com 10 (40,0%),

    em seguida o calcneo com nove (36,0%) e as orelhas com dois (8,0%).

    Fernandes e Caliri (2008), em estudo na UTI de um hospital

    universitrio, tercirio, de grande porte no interior do Estado de So

    Paulo, durante quatro meses acompanharam 48 pacientes, dos quais 30

    desenvolveram lcera por presso, com taxa de incidncia de 62,5%.

    Foram observadas 70 UPs nos 30 pacientes, sendo 57,1% (40) de

    estgio I e 42,9% (30) de estgio II. A regio corporal mais frequente foi

    o calcneo com 35,7% (25) das lceras, a regio sacral com 22,9% (16)

    e a regio escapular com 12,9% (9).

    H estudos com resultados diferenciados, como exemplo, o

    estudo realizado por Matos, Duarte e Minetto (2010) que foi

    desenvolvido em um Centro de Terapia Intensiva (CTI) no Centro-Oeste

    do Brasil em UTIs com pacientes de trauma, coronarianos e UTI geral

    que identificou uma incidncia de UP de 37,0%, sendo localizadas 60%

    na regio sacral e 20% no glteo sem relatos de UP em calcneos ou de

    medidas adotadas na preveno de lcera por presso nesta regio.

    Este estudo utilizou a escala de Braden na coleta de dados e

    constatou que 55% da amostra (15 pacientes) apresentavam alto risco

    (escore de Braden 16 no

    apresentou UP. O mesmo estudo descreveu o aparecimento de UP a

  • 40

    partir do 2 at o 4 dia de internao e informou que o mximo de

    avaliaes realizadas em um paciente foram 25 avaliaes.

    Cox (2011) evidenciou a primeira semana de internao na UTI

    como o momento mais vulnervel para o desenvolvimento de UP, sendo

    que este provavelmente tambm seja o perodo de tempo em que o

    paciente experimente a maior instabilidade fisiolgica necessitando de

    presena mais constante da enfermagem e de outros membros da equipe

    de sade.

    Em estudo realizado por Souza (2010) observou-se que a

    incidncia de UP ocorreu entre o 1 e 15 dias de internao, com maior

    incidncia nos primeiros cinco dias de acompanhamento, principalmente

    nas primeiras 48 horas. Complementarmente, as lceras por presso

    podem desenvolver-se dentro da primeira semana de internao na

    Unidade de Terapia Intensiva e os pacientes com baixo peso, com

    escore na escala de Braden < ou = 13, necessitem de cuidados

    preventivos mais agressivos (FIFE et al, 2001).

    3.3 FATORES DE RISCO

    Os profissionais, em especial de enfermagem, que prestam

    cuidado aos pacientes devem estar capacitados para identificar os fatores

    de risco associados ao aparecimento de UP. O conhecimento desses

    fatores possibilita estabelecer medidas preventivas baseadas em

    evidncias para prevenir esse evento adverso. Atualmente existem guias

    facilitadores com protocolos reconhecidos disponveis na mdia que

    sumarizam diversificadas informaes direcionadas aos profissionais de

    sade envolvidos nos cuidados aos pacientes e pessoas vulnerveis que

    esto em risco de desenvolver UP (EPUAP, 2009; NPUAP, 2009).

    Autores como Paiva (2008), Fernandes (2000) e Casaburi (2009)

    identificam diversos fatores que maximizam o potencial para a

    ocorrncia de UPs, tais como: imobilidade, presses prolongadas,

    frico, traumatismos, idade avanada, desnutrio, incontinncia

    urinria e fecal, infeco, deficincia de vitamina, presso arterial,

    umidade excessiva e edema.

    H vrios fatores de risco que podem contribuir para a formao

    da lcera por presso, sendo que a avaliao e a identificao precoce de

    UP de calcneos no esto limitadas a apenas uma questo. Presso,

    cisalhamento, atrito e umidade concentrada numa pequena rea sobre

    uma proeminncia ssea que carece de tecido subcutneo torna o

    calcneo muito vulnervel a lceras por presso. As UPs no calcneo

    esto entre as mais difceis de tratar, pois estes no tm qualquer

  • 41

    almofada de tecido macio e aprecivel o que por conseguinte pode

    tornar a progresso de uma lcera por presso do calcneo mais rpida

    (OUSEY, 2009).

    Os pacientes nas Unidades de Terapia Intensiva so considerados

    de maior risco para o desenvolvimento de UP, pois podem estar

    imobilizado, alm da grande probabilidade de utilizarem ventilao

    mecnica e administrao de sedativos e medicamentos que podem

    potencialmente reduzir a circulao perifrica (JOHNSON;

    MEYENBURG, 2009; VOLLMAN, 2010).

    Estudos prvios tm revelado que os fatores de risco para o

    desenvolvimento de UP nos pacientes na Unidade de Terapia Intensiva

    tm includo a idade (WILLIAMS; STOTTS; NELSON, 2000; BOURS

    et al, 2001; EACHEMPATI; HYDO; BARIE, 2001), o uso de

    medicamentos especficos que afetam a integridade da pele

    (STORDEUR; LAURENT; DHOORE, 1998; THEAKER et al, 2000),

    tempo de internao (THEAKER et al, 2000; WILLIAMS; STOTTS;

    NELSON, 2000; BOURS et al, 2001; EACHEMPATI; HYDO; BARIE,

    2001; FIFE et al, 2001) e incontinncia fecal (THEAKER et al, 2000,

    SHAHIN; DASSEN; HALFENS, 2008b). Entretanto, alguns destes

    fatores no podem ser avaliados no momento da admisso do paciente,

    como por exemplo, o tempo de internao que no pode ser conhecido

    no momento da admisso. Alm disso, parece que a severidade da

    doena na admisso poderia ser o fator mais importante para predizer o

    desenvolvimento de lcera por presso na Unidade de Terapia Intensiva

    (KAITANI et al, 2010).

    Os pacientes da Unidade de Terapia Intensiva so os mais

    desfavorecidos para a manuteno da pele intacta, j a partir de um dia

    de sua internao (KELLER et al, 2002). Pacientes em estado grave

    podem estar sedados, sob ventilao mecnica e confinados ao leito por

    longos perodos. A presso prolongada em reas sobre proeminncias

    sseas localizadas predispe estes pacientes a lceras por presso

    (KELLER et al, 2002).

    Pacientes em ventilao mecnica so vulnerveis ao

    desenvolvimento de lceras por presso em 20% da populao sujeita a

    desenvolver uma UP cutnea. Os fatores mais importantes relacionados

    ao baixo escore de Braden neste grupo so as mudanas de fluidos e

    ganho de peso lquido que podem ser importantes preditores de lceras

    por presso cutnea no avaliadas clinicamente. Entretanto, necessrio

    um preditor melhor, mais sensvel a ser criado para avaliar os pacientes

    em ventilao mecnica (PENDER; FRAZIER, 2005).

  • 42

    Devido incapacidade dos pacientes em estado crtico de

    movimentarem-se no leito, os profissionais de enfermagem devem

    realizar sua mudana de decbito no leito. Se realizada de forma

    inadequada, a mudana de decbito pode causar atrito e cisalhamento da

    pele, o que provoca lceras por presso. Muitos destes pacientes

    recebem tambm drogas vasopressoras para manter a presso arterial e

    um dbito cardaco adequado. Infelizmente, os mesmos medicamentos

    que controlam a presso arterial dos pacientes tambm provocam a

    contrao da circulao perifrica e privam os leitos capilares que

    fornecem oxignio e os nutrientes que a pele precisa (KELLER et al,

    2002; POKORNY; KOLDJESKI; SWANSON, 2003).

    De acordo com Cox (2011), os resultados de seu estudo que

    demonstrou causas multifatoriais de UP em pacientes crticos

    identificou a pontuao nas sub-escalas de Braden (mobilidade,

    frico/cisalhamento) como preditores de UP, considerando tambm

    como outros fatores de risco: a idade, o tempo de internao na UTI, a

    administrao de norepinefrina e a doena cardiovascular. Os resultados

    ressaltaram a necessidade de desenvolvimento de um modelo para

    avaliar o risco de UP em pacientes internados em UTI, a fim de fornecer

    uma base para elucidar o desenvolvimento de UP nesses pacientes e o

    desenvolvimento de uma escala de avaliao de risco de UP em

    pacientes crticos.

    Uma ampla reviso de publicaes na lngua inglesa de 2000 at

    2013 avaliou a relao entre UP e agentes farmacolgicos

    vasopressores. Os vasopressores so potentes vasoconstritores utilizados

    na terapia intensiva com objetivo de elevar a presso arterial mdia para

    melhorar a perfuso tecidual e a hipxia. Ressurgiram na ltima dcada

    como medicamento de primeira linha estados de choque e constatou-se

    que a associao estatstica significante entre os agentes

    vasoconstritores e desenvolvimento UP em sete estudos. Destes, dois

    identificaram a norepinefrina como um fator preditivo significativo de

    desenvolvimento de UP nos pacientes crticos. Embora ainda que sob

    bases empricas tenha crescido a associao entre o uso de

    vasopressores como fator de risco para UP, paralelamente um pequeno

    conjunto de evidncias tem apoiado a associao entre a norepinefrina e

    o desenvolvimento de UP. Portanto, a necessidade de maior vigilncia

    nos pacientes crticos recebendo frmacos vasopressores se justifica.

    No entanto, so necessrias pesquisas para analisar os efeitos de agentes

    vasoconstritores individuais e os limites de dosagem, durao e elucidar

    o uso de vasopressor como um fator de risco independente para o

    desenvolvimento de UP nesta populao (COX, 2013).

  • 43

    Embora a pesquisa no tenha provado uma ligao entre m

    nutrio e de desenvolvimento de lceras por presso, foi observada

    perda de peso em pacientes de UTI. Como resultado da nutrio muitas

    vezes ser adiada, a perda de tecido subcutneo, especialmente sobre

    proeminncias sseas, pode provocar lceras por presso que se

    desenvolvem mais facilmente (ESTILO et al, 2012).

    3.4 ESCALAS DE AVALIAO DE RISCO

    Com o objetivo de auxiliar os profissionais a identificar e avaliar

    os riscos que um paciente tem de desenvolver UP durante sua

    internao, vrios autores de nvel mundial tm desenvolvido diferentes

    escalas, dentre as quais se destacam: as Escalas de Norton, Gosnell,

    Waterloo e Braden, sendo esta ltima a mais utilizada por ter sido

    submetida a diversos estudos e testes de confiabilidade (MATOS;

    DUARTE; MINETTO, 2010). A Escala de Braden tambm o

    instrumento de avaliao mais amplamente utilizado nos EUA (IHI,

    2009; LYDER; AYELLO, 2008).

    Entretanto, cada instituio deve estabelecer sua poltica de sade

    com recomendaes e uma abordagem estruturada para avaliao de

    risco para UP. Tambm recomendada a adoo de escalas para

    avaliao de risco, combinada com avaliao constante da pele e

    julgamento clnico. Evidncias sugerem que a introduo

    destes elementos, em conjunto com o estabelecimento de cuidados da

    pele, programas de educao e protocolos de cuidados podem reduzir a

    incidncia de UP. Fatores de risco identificados devem levar a

    um plano individualizado de cuidados para minimizar o impacto

    dessas variveis. O registro das avaliaes de risco garante a

    comunicao para a equipe multidisciplinar, fornece evidncias de que o

    planejamento da assistncia apropriado e serve como referncia para

    monitorar o progresso do indivduo. A avaliao e a reavaliao,

    inspeo constante da pele e a ateno queixa de dor so medidas de

    preveno fortemente recomendadas. Vrios estudos tambm oferecem

    algumas indicaes de que a dor no local era um precursor

    da degradao dos tecidos (EPUAP, 2009; NPUAP, 2009).

    Na avaliao dos pacientes quanto ao risco potencial para

    desenvolvimento de UP, torna-se importante a utilizao de uma escala

    preditiva que possa auxiliar os enfermeiros a avaliar de forma objetiva

    os pacientes em risco, sendo que dentre as mais citadas encontra-se a

    Escala de Braden.

  • 44

    Em estudos que comparam a Escala de Braden com outras escalas

    de risco atualmente disponveis, esta alcanou resultados semelhantes ou

    superiores s outras escalas de risco em vrios ambientes de cuidados,

    (BOLTON, 2007; PANCORBO-HIDALGO et al, 2006).

    Arajo et al (2010) ratificam a relevncia da utilizao da Escala

    de Braden na assistncia de enfermagem, tendo em vista a regresso e a

    preveno das lceras por presso.

    Segundo Sousa, Santos e Silva (2006), no Brasil, a Escala de

    Braden foi validada para a lngua portuguesa, adaptada e testada sua

    validade de predio em 34 pacientes de UTI, obtendo nveis de

    sensibilidade, especificidade e validade de predio positiva e negativa.

    Nessa escala so avaliados seis fatores de risco, distribudos em sub-

    escalas:

    1. Percepo sensorial: referente capacidade do paciente reagir significativamente ao desconforto relacionado

    presso;

    2. Umidade: refere-se ao nvel em que a pele exposta umidade;

    3. Atividade: avalia o grau de atividade fsica; 4. Mobilidade: refere-se capacidade do paciente em

    mudar e controlar a posio de seu corpo;

    5. Nutrio: retrata o padro usual de consumo alimentar do paciente;

    6. Frico e Cisalhamento: retrata a dependncia do paciente para a mobilizao e posicionamento e sobre

    estados de espasticidade, contratura e agitao que

    podem levar constante frico.

    Trs das sub-escalas mensuram determinantes clnicos de

    exposio para intensa e prolongada presso percepo sensorial,

    atividade e mobilidade; e trs determinam a tolerncia do tecido

    presso umidade, nutrio, frico e cisalhamento. As cinco primeiras

    sub-escalas so pontuadas de 1 (menos favorvel) a 4 (mais favorvel);

    a sub-escala 6, frico e cisalhamento, pontuada de 1 a 3. A somatria

    total fica entre os valores de 6 a 23. O baixo escore na escala de Braden

    indica uma reduo da habilidade funcional, estando, portanto, o

    paciente em alto risco para desenvolver a lcera por presso. Na

    avaliao final do paciente pelo enfermeiro, chega-se a uma pontuao,

    que diz: Abaixo de 11= Risco elevado, 1214 = Risco moderado, 15

    16 = Risco mnimo.

    Outra classificao para o escore de Braden tem sido

    recomendada, considerando risco muito alto para leso escore menor

  • 45

    ou igual a 9, risco alto entre 10 e 12, risco moderado entre 13 e 14 e

    risco baixo entre 15 a 18, (BRASIL, 2013).

    Contudo, Pancorbo-Hidalgo et al (2006) afirmam que existe uma

    escassez de evidncias sobre uma diminuio da ocorrncia de lceras

    por presso com base nos atuais procedimentos de avaliao de risco.

    Na populao de cuidados intensivos, De Laat et al (2006) e Keller et al

    (2002) concordam que nenhuma ferramenta de avaliao de risco que

    existe atualmente mede adequadamente o risco de UP nesta populao.

    Cox (2011) concluiu que o modelo de avaliao de risco de

    Braden e Bergstrom necessita de aprimoramento para ento servir como

    base para o desenvolvimento de uma ferramenta de avaliao de risco

    projetado especificamente para medir o risco de lcera por presso em

    pacientes crticos. O autor afirmou ainda que mobilidade, idade, tempo

    de internao e doena cardiovascular explicam uma parte significativa

    do desenvolvimento de UP. Dois fatores de risco teorizados por Braden

    e Bergstrom, mobilidade e frico/cisalhamento, predisseram

    significativamente o desenvolvimento de UP em seu estudo. Os

    resultados deste estudo tambm sugerem que a idade avanada, doena

    cardiovascular e a administrao de norepinefrina tm um papel

    significativo no desenvolvimento de UP na terapia intensiva.

    Mesmo com a implementao das melhores estratgias de

    preveno, as UPs acontecem. A ocorrncia inevitvel de UP

    reconhecida como um fenmeno que pode ocorrer em determinadas

    circunstncias clnicas em que todos os fatores de risco no podem ser

    modificados ou removidos. Determinadas estratgias de preveno

    podem ser contraindicadas, tais como a lateralizao de um paciente

    hemodinamicamente instvel ou a presena de mltiplos fatores de

    risco, podem tornar cada vez mais difcil para a equipe de cuidados de

    sade prevenir de forma adequada o desenvolvimento de UP. Pacientes

    criticamente enfermos representam uma populao especial onde a

    ocorrncia de UP pode ser inevitvel (WOUND, OSTOMY AND

    CONTINENCE NURSES SOCIETY, 2009).

    O paradoxo que a ocorrncia de lcera por presso definida

    pelo National Quality Forum (CENTERS FOR MEDICARE AND MEDICAID SERVICES, 2006) como um "no evento" (evento

    sentinela), deixando os profissionais de sade em uma situao difcil

    para tentar evitar uma UP que na realidade no pode ser evitada. A

    continuao da investigao sobre os fatores de risco de UP

    fundamental nesta populao, no apenas para diminuir sua incidncia,

    mas tambm para validar o fenmeno da UP inevitvel em um esforo

    para potencialmente influenciar a poltica de cuidado em sade.

  • 46

  • 47

    4 METODOLOGIA

    4.1 TIPO DE ESTUDO

    Trata-se de estudo metodolgico, de interveno, com grupo no-

    equivalente, prospectivo, sobre o efeito de uma bandagem protetora

    acolchoada na preveno de lcera por presso em calcneos a

    pacientes adultos na UTI de um hospital Universitrio no Sul do Pas.

    4.2 POPULAO E AMOSTRA

    Para Hulley et al (2003, p. 43), populao um conjunto

    completo de pessoas que apresentam um determinado conjunto de

    caractersticas, e amostra um subconjunto da populao. A populao deste estudo consistiu em pacientes adultos internados na unidade de

    terapia intensiva, com escore

  • 48

    Tabela 1: Clculo da Amostra

    Fonte: SestatNet.

    Critrios de incluso:

    Pacientes adultos com escore na escala de Braden menor que 15;

    Internados at 24 horas, preferencialmente, no mximo at 36 horas, sem leso em qualquer calcneo, na Unidade de

    Terapia Intensiva.

    Critrio de excluso:

    Alergia a qualquer componente da bandagem.

    Critrios para descontinuidade dos sujeitos no estudo:

    Rompimento do lacre de fechamento da bandagem mediante incio de leso;

    Pacientes com escore na escala de Braden maior que 14;

    Alta da UTI, transferncia para outro servio ou bito.

    4.3 LOCAL DO ESTUDO

    O estudo foi desenvolvido em um Hospital Universitrio do Sul

    do pas com uma UTI para pacientes adultos, localizada no quarto andar

    do hospital, prxima s unidades de tratamento dialtico, centro cirrgico, internao cirrgica e futuramente prxima unidade de

    queimados. A UTI mudou-se para esta nova rea fsica ampla e

    reestruturada em fevereiro de 2008 com capacidade para atender 20

    leitos e atualmente conta com 14 leitos ativos, atendendo pacientes

    cirrgicos, clnicos e grande queimado.

  • 49

    A unidade tem em seu quadro funcional 18 enfermeiros, sendo 17

    assistenciais e uma na chefia do servio de enfermagem; 46 tcnicos de

    enfermagem e oito auxiliares de enfermagem, distribudos em turnos de

    trabalho de seis horas dirias ou doze horas no perodo noturno.

    4.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

    A coleta de dados foi realizada por meio de um instrumento

    (Apndice B) desenvolvido pelo pesquisador e apresenta duas partes: a

    primeira contempla os dados que foram coletados uma nica vez na

    incluso do paciente no estudo; a segunda contempla os dados que

    foram coletados diariamente durante o estudo.

    A primeira parte do instrumento composta pelos seguintes

    dados: iniciais do nome do paciente, nmero de pronturio, dias de

    internao hospitalar e na UTI, idade, sexo, diagnstico(s) mdico(s),

    alergias e exames laboratoriais (albumina, glicemia, hematcrito,

    hemoglobina, lactato).

    A segunda parte do instrumento apresenta registro dirio dos

    seguintes dados: escore da escala de Glasgow ou Ramsay, presso

    arterial sistlica mxima e mnima nas 24 horas, presso arterial

    diastlica mxima e mnima nas 24 horas, tipo de dieta, aporte calrico

    dirio, modalidade ventilatria, proteo da bandagem protetora

    acolchoada, uso de droga vasoativa e dosagem, uso de colcho

    piramidal ou de presso alternada, edema em membros inferiores,

    integridade do lacre da bandagem, uso de apoio nas panturrilhas, lcera

    por presso em outro stio (regio e estgio da lcera) e escore da escala

    de Braden (Anexo 2) dirio.

    4.5 MATERIAIS NECESSRIOS

    Para cada paciente includo no estudo foram necessrios, a cada

    trs dias, os seguintes materiais:

    Seis chumaos de algodo, no momento disponvel no servio a Compressa de Gaze Algodonada Costurada,

    estril, medindo 10 x 10 cm, dimenso aberta de 15 x 20

    cm, constitudos por uma camada de papel absorvente

    recoberta por duas mantas de algodo medicinal

    (hidrfilo), com envoltrio de tecido de gaze tambm

    hidrfila, registro na ANVISA n 10071150048;

  • 50

    Duas ataduras de crepom n 12, confeccionadas em fios de algodo cru, 100% algodo, de alta toro, medindo 12 cm

    de largura x 1,8 metros de comprimento, com 13 fios/cm2,

    registro na ANVISA n 10071150057;

    Vinte centmetros de fita crepe, de papel crepado (35 gr/m2) saturado coberto com adesivo base de solvente

    borracha e resinas sintticas com 18 mm de largura e 45m

    de comprimento;

    Dez centmetros de fita crepe (especificao acima), utilizados para fechamento e lacre da bandagem.

    Figura 1: Material para bandagem protetora acolchoada para dois ps.

    4.6 TCNICA DE APLICAO DA BANDAGEM PROTETORA

    ACOLCHOADA

    A tcnica de aplicao da bandagem consistiu na aplicao de

    trs chumaos de algodo sobrepostos e secos, envolvendo a regio do

    calcneo em direo ao antep, perpendicular perna (Figura 2). Estes

    chumaos envolveram todo o calcanhar, excedendo dois centmetros da

    regio plantar e envolveram os malolos (Figura 3), foram fixados com

    atadura de crepom de 12 cm, envolvendo a parte posterior do p e o

    dorso do mesmo, com o objetivo de manter os chumaos fixos ao

    calcanhar, mas sem garrotear o membro ou ficar frouxa (Figura 4). A

    atadura foi presa com trs tiras de fita de crepe.

    No estudo foi utilizado um lacre sobre a bandagem que

    consistiu num pedao de fita de cor diferente com registro da data, dia

    de uso do produto e rubrica do pesquisador ou auxiliar de coleta (Figura

    5). A bandagem (Figura 6) foi removida diariamente com inspeo local

    dos calcneos e reaplicada utilizando os mesmos produtos nos pacientes

  • 51

    que permaneceram no estudo. A troca dos produtos ocorreu a cada trs

    dias ou no caso de umidade ou sujidades.

    As imagens a seguir ilustram o material utilizado e a aplicao da

    Bandagem Protetora Acolchoada.

    Figura 2: Posio dos chumaos

    Figura 3: Regio do p envolvida pelos chumaos

    Figura 4: Regio do p envolvida pela atadura

  • 52

    Figura 5: Aplicao do lacre

    Figura 6: Bandagem protetora acolchoada

    4.7 COLETA DE DADOS

    Os dados foram coletados pelo pesquisador e dois auxiliares,

    diariamente no referido perodo. Os auxiliares foram treinados em um

    encontro de duas horas, local e horrio previamente agendados. Neste

    treinamento foi abordada a dinmica de atividades dirias dos auxiliares

    de coleta, aplicao da escala de Braden (Anexo 2), critrios de incluso

    e excluso no estudo; contato com familiares e/ou representantes legais

    para autorizao do estudo; preenchimento do instrumento (parte 1 e 2);

    tratamento das leses e a tcnica da bandagem.

    Diariamente durante o perodo de coleta foi checado o livro de

    admisso e censo dirio da UTI na busca de novos pacientes e na

    sequncia foi aplicado a estes os mesmos critrios de incluso e

    excluso. Todo esse processo foi registrado no livro de controle do estudo (Apndice D). Com os pacientes indicados para o estudo foi

    realizado o contato familiar para autorizao da realizao do estudo,

    com folder demonstrativo da tcnica da Bandagem (Apndice C), para posterior aplicao da bandagem nos casos positivos. Na sequncia foi

  • 53

    preenchido o instrumento de coleta (Apndice B, parte 1) com dados do

    pronturio do paciente: idade, diagnstico mdico, antecedentes

    clnicos, peso estimado, avaliao laboratorial (glicemia, hemoglobina

    Hb e hematcrito Ht, lactato, albumina srica) e na parte 2 do

    instrumento de coleta de dados foram preenchidos: o registro do uso de

    drogas vasoativas, variao dos sinais vitais nas ltimas 24 horas;

    saturao de oxignio por oximentria de pulso; nvel de conscincia

    (escala de Glasgow ou Ramsay), modalidade ventilatria, escore de

    Braden (Anexo 2), suporte nutricional, uso de apoio na panturrilha, uso

    de colcho piramidal ou de presso alternada, condies da pele do p,

    dentre outros constantes no instrumento.

    Todos os dias, preferencialmente no perodo da tarde (para evitar

    tempos irregulares para troca), a bandagem foi retirada e a regio

    envolvida avaliada visualmente considerando a classificao por

    categoria das UPs, segundo a European Pressure Ulcer Advisory Panel

    (EPUAP, 2009) e a American National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP, 2009). Nos pacientes que mantiveram escore na escala de

    Braden (Anexo 2) inferior a 15 e a integridade da regio protegida, foi

    reaplicada a bandagem protetora acolchoada, preenchida a parte 2 do

    instrumento com registro da avaliao visual e dos dados coletados no

    pronturio do paciente (folha de controle intensivo, prescrio mdica e

    de enfermagem). Este processo foi repetido diariamente at a

    descontinuidade do estudo, dentro dos seis meses de coleta. Nos

    pacientes que apresentaram sinal de leso por presso foi preenchido o

    instrumento (parte 2) e estes foram descontinuados do estudo, sendo

    ento aplicado o tratamento padro oferecido pela instituio de acordo

    com a categoria da lcera, com acompanhamento dirio do grupo da

    coleta e pesquisador, at alta, transferncia ou bito.

    No perodo de coleta, enquanto manteve os critrios de incluso e

    no desenvolveu leso, o paciente permaneceu no estudo, pois no foi

    estabelecido tempo limite por paciente.

    As variveis: peso informado, dosagem de albumina e valor

    calrico total dia no foram analisadas devido a problemas relacionados

    coleta e que geraram dados insuficientes para uma anlise adequada.

  • 54

    Figura 7: Fluxograma da coleta de dados dirio

    Legenda:

    Instrumento 1 (Apndice B parte 1)

    Instrumento 2 (Apndice B parte 2)

  • 55

    4.8 VARIVEIS

    As variveis so apresentadas com sua definio nominal,

    operacional e em suas categorias, acompanhadas da sigla

    correspondente base de dados. Para tanto esto a seguir identificadas:

    Qualitativa nominal QLN, Qualitativa ordinal QLO, Quantitativa

    discreta QTD e Quantitativa contnua QTC.

    4.8.1 Varivel dependente

    Integridade do calcneo (INTGCALC): o grau de proteo

    oferecido pela bandagem protetora acolchoada na preveno da UP

    aos pacientes acompanhados durante o estudo. Foi avaliada pela

    ausncia ou presena de UP (QLN), qual o calcneo (direito ou

    esquerdo) (QLN), classificada em suas categorias de evoluo (I, II, III

    ou IV), conforme a EPUAP (2009) e (2009), (QLO), com avaliao

    visual diria.

    Varivel independente: a interveno estudada, a bandagem

    protetora acolchoada aplicada na regio dos calcneos para preveno

    da UP em calcneos de adultos internados na UTI, com escore na escala

    de Braden < 14, sem leso prvia nos calcneos.

    4.8.2 Variveis scio-demogrficas

    Idade (IDADE), (QTD): nmero de anos completos, calculado

    pela data do nascimento de cada indivduo. Dado obtido no pronturio.

    Raa (RAA), (QLN): caractersticas fenotpicas visveis, meio

    de categorizar a espcie humana em diferentes raas. Neste aspecto, o

    estudo utilizou a classificao do Instituto Brasileiro de Geografia e

    Estatstica (IBGE, 2010), composto de cinco categorias: branca, preta,

    parda, amarela e indgena.

    Sexo (SEXO), (QLN): conjunto de caractersticas fsicas e

    funcionais que distinguem o macho e a fmea da espcie. Categorizado

    em masculino e feminino. Dado obtido no pronturio.

    4.8.3 Variveis laboratoriais

    Albumina srica (ALBMIN), (QTC): substncia orgnica

    nitrogenada, viscosa, solvel em gua, coagulvel pelo aquecimento,

    contida no plasma e medida em g/dl. Dado obtido no pronturio.

    Glicose srica (GLICSE), (QTD): nvel de glicose na corrente

    sangunea, expresso em miligramas decilitro (mg/dl). Dado obtido no

    pronturio.

  • 56

    Hemoglobina (HB), (QTC): nvel de hemoglobina na corrente

    sangunea, expressa em g/dl (gramas decilitro). Dado obtido no

    pronturio.

    Hematcrito (HT), (QTC): concentrao de glbulos vermelhos

    na corrente sangunea, medida em percentual (%). Dado obtido no

    pronturio.

    Lactato (LACT), (QTC): um produto final do metabolismo

    anaerbico da glicose e produzido pela reduo do piruvato. Ser

    registrado em milimol por litro (mmol/l). Dado obtido no pronturio.

    4.8.4 Variveis clnicas

    Alergia (ALERG), (QLN): uma resposta imunolgica, ou seja,

    do sistema imunitrio, excessiva e inapropriada de pessoas sensveis a

    uma determinada substncia alrgeno. A investigao foi dirigida aos

    produtos do estudo: atadura de crepom, chumaos de algodo e gaze.

    Documentado no estudo com respostas objetivas (sim ou no) e, em

    caso positivo, a qual material do estudo se refere a alergia.

    Dias de internao no Hospital (DIHOSP), (QTD): nmero de

    dias de internao hospitalar. Dado obtido atravs da data de internao

    no pronturio e registrado por nmero absoluto os dias de

    hospitalizao.

    Dias de internao na UTI (DIAUTI), (QTD): nmero de dias

    de internao na Unidade de Terapia Intensiva. Dado obtido por meio

    do registro na folha de controle intensivo utilizada na UTI e registrado

    por nmero absoluto os dias de Terapia Intensiva.

    Nvel de conscincia (CONSC), (QTD): conhecimento, noo

    do que se passa com cada um; nvel de percepo dos fenmenos que

    informam a respeito da prpria existncia. Dado coletado pelo exame

    fsico dirio, avaliado pela Escala de Coma de Glasgow (ECG) ou

    Escala de Sedao de Ramsay. Foi utilizada a ECG para os pacientes

    sem sedao e a Escala de Ramsay para os pacientes sedados.

    Diagnstico mdico (DGMED), (QLN): refere-se

    Classificao Internacional de Doenas, 7 reviso, verso 2008. Dado

    obtido no pronturio. Os diagnsticos mais comuns encontrados nos

    pacientes internados na UTI objeto deste estudo.

    Presso arterial sistlica (PASIST), (QTD):

    a presso exercida pelo sangue contra a superfcie interna das artrias,

    na sstole. A fora original vem do batimento cardaco. A presso

    arterial varia a cada instante, seguindo um comportamento cclico. Neste

    estudo foram registrados diariamente o maior e menor pico nas ltimas

    24 horas, em milmetros de mercrio (mmHg).

  • 57

    Presso arterial diastlica (PADIAS), (QTD):

    a presso exercida pelo sangue contra a superfcie interna das artrias,

    na distole. A presso arterial varia a cada instante, seguindo um

    comportamento cclico. Neste estudo foram registrados diariamente o

    maior e o menor pico nas ltimas 24 horas, em mmHg.

    lcera por presso em outro stio (UPRES), (QLN): leso

    localizada da pele e/ou tecido subjacente, normalmente sobre uma

    proeminncia ssea, resultado da presso ou de uma combinao entre

    esta e foras de toro (EPUAP, 2009; NPUAP, 2009). No inclui a UP

    na regio dos calcneos. Foi registrada como presente ou no e sua

    localizao.

    Categoria da UP em outro stio (EtMAIOR), (QLO): estgio

    evolutivo da UP em outro stio, que no a regio dos calcanhares,

    categorizada conforme a EPUAP (2009) e NPUAP (2009).

    Categoria I: eritema no branquevel, pele intacta com rubor no branquevel, normalmente sobre uma

    proeminncia ssea. A rea afetada pode estar dolorosa,

    dura ou mole, quente ou mais fria comparativamente ao

    tecido normal. Esse estgio significa indicativo de risco;

    Categoria II: perda parcial da espessura da pele, perda parcial da espessura da derme, ferida superficial (rasa) com

    leito vermelho/rosa sem esfacelo, presena de flictena

    fechada ou aberta, preenchida por lquido seroso ou

    serohemtico. A presena de equimose indicativa de

    leso profunda;

    Categoria III: perda total da espessura da pele (exposio de tecido adiposo subcutneo sem exposio de ossos,

    tendes ou msculos). Pode apresentar tecido desvitalizado

    (fibrina mida) ou conter leso cavitria e encapsulamento;

    Categoria IV: perda total da espessura dos tecidos, exposio ssea dos tendes ou msculos, presena de

    tecido desvitalizado (fibrina mida) e/ou tecido necrtico,

    leses cavitadas e fistulizadas. No caso de mltiplas UPs

    foi registrada a categoria maior.

    Saturao de oxignio na oximetria de pulso (SATO2), (QTD): medida indireta da quantidade de oxignio no sangue de um

    paciente. O monitor exibe a porcentagem de hemoglobina arterial na

    configurao de oxiemoglobina. Neste estudo foram registradas a maior

    e a menor saturao nas ltimas 24 horas.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Oxig%C3%AAniohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sanguehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Hemoglobinahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Art%C3%A9ria

  • 58

    Frequncia cardaca (FC), (QTD): o nmero de batimentos

    cardacos do paciente por minuto (bpm). Neste estudo foram registradas

    a maior e a menor FCs nas ltimas 24 horas.

    Frequncia respiratria (FR), (QTD): representa o nmero de

    ciclos respiratrios em um minuto. Neste estudo foram registradas a

    maior e a menor FRs nas ltimas 24 horas.

    Temperatura corporal (TC), (QTC): a temperatura corporal

    mantida por meio do equilbrio entre a produo de calor, gerada pela

    combusto alimentar, fgado e msculos, e a perda calrica. Neste

    estudo foram registradas a maior e a menor temperatura corporal medida

    na regio axilar em graus centgrados (C) nas ltimas 24 horas.

    Peso corporal informado (PESOINF), (QTD): o peso corporal

    a soma da massa muscular, ossos, gua corporal e gordura corporal.

    Neste estudo, esta varivel foi registrada com o peso informado pelo

    familiar e/ou representante legal, na admisso do paciente ao estudo. O

    registro foi feito em quilogramas (kg), com at uma casa decimal aps a

    vrgula. Quando desconhecido pelo familiar foi classificado neste estudo

    como NA no se aplica.

    Peso corporal estimado (PESOEST), (QTD): o peso corporal

    a soma da massa muscular, ossos, gua corporal e gordura corporal.

    Neste estudo, esta varivel foi registrada atravs da mdia do peso

    estimado por um profissional do nvel superior e um do nvel tcnico,

    admitindo-se no mnimo duas e at trs opinies. O registro foi feito em

    quilogramas, com at uma casa decimal aps a vrgula na admisso do

    paciente ao estudo.

    Enchimento capilar (EC), (QLO): o tempo, em segundos,

    para que o leito ungueal retorne colorao inicial. Tempo de

    enchimento maior que dois segundos indica m perfuso perifrica.

    Neste estudo foi mensurado apenas se maior ou menor que dois

    segundos.

    Temperatura do p (TEMP), (QTC): dado obtido diariamente

    atravs do tato e classificado em uma das categorias: normal, frio ou

    quente.

    Hidratao da pele do p (UMID), (QLO): dado obtido

    diariamente atravs do tato e avaliao visual do examinador e

    classificado em uma das categorias: normal, seca ou mida.

    Colorao da pele do p (COL), (QLO): dado obtido

    diariamente atravs da avaliao visual do examinador e classificado em

    uma das categorias: normal, plida, ciantica ou hiperemiada.

    Edema em membros inferiores (EDMMII), (QLN): acmulo

    de lquido no interstcio localizado nos membros inferiores. Dado

  • 59

    coletado diariamente no exame clnico e registrado como presente ou

    no.

    Grau do edema em membros inferiores (GRAUED), (QLO): delimita a extenso do edema, avalia sinal do cacifo (1+, 2+, 3+ ou 4+)

    ou ausncia dele (edema elstico). Sinal do cacifo: quando comprimido,

    o edema tende a formar uma pequena fossa; normalmente edemas so

    inelsticos. O Sinal do cacifo 4+ o que ocorre em casos de anasarca.

    Dado coletado diariamente no exame clnico.

    4.8.5 Variveis teraputicas

    Oxignio suplementar (O2SUPL), (QTD): quantidade de

    oxignio administrado ao paciente em litros por minuto, por cateter,

    mscara ou adicionado no Bilevel Positive Pressure Airway (BIPAP).

    Dado coletado diariamente no exame clnico.

    Oxigenioterapia (OXIG), (QLN): modalidade teraputica para

    administrar oxignio ao paciente. Dado colhido no exame clnico

    diariamente. Foi registrada a modalidade ofertada, como: ar ambiente

    (ARAMB), cateter extranasal (CNO2), macronebulizao (MACRO),

    ventilao no-invasiva (BIPAP), modalidade da ventilao mecnica

    invasiva e tipo de acesso da via area, ventilao mecnica por tubo

    endotraqueal (VMTOT), ventilao mecnica por traqueostomia

    (VMTQT).

    Frao do oxignio inspirado (FrOxig), (QTD): frao de

    oxignio inspirada a cada ciclo ventilatrio, durante a ventilao

    mecnica. Dado coletado no exame clinico, direto do ventilador

    mecnico e registrado em percentual (%).

    Droga vasoativa (DGVAT), (QLN): substncia que apresenta

    efeito vascular, perifrico, pulmonar ou cardaco. Drogas utilizadas com

    a finalidade de otimizar o dbito cardaco e, consequentemente,

    incrementar a perfuso e a oferta de oxignio aos tecidos. Foi registrada

    diariamente sua utilizao ou no, quando utilizada a maior quantidade

    infundida em mililitros por hora, em 24 horas (QTC). No caso de dose

    concentrada foi registrada essa vazo em dobro durante o estudo.

    Presso Positiva Expiratria Final (PEEP), (QTD): presso

    positiva no fim da expirao, registrado em centmetros de gua

    (cmH2O). Dado coletado no exame clnico, direto do ventilador

    mecnico.

    Suporte nutricional (SPNUT), (QLN): tratamento nutricional

    oferecido. O suporte nutricional oferecido aos pacientes do estudo e

    registrado o tipo de dieta, que expressa a via de administrao (oral, por

  • 60

    sonda nasogstrica SNG/sonda nasoenteral SNE, endovenosa).

    Dados coletados da prescrio mdica e da nutricionista, diariamente.

    Valor calrico total ao dia (VLRCLTD), (QTD): suporte

    nutricional oferecido ao paciente por um tubo. Foi registrado o valor

    calrico total ao dia em quilocalorias (Kcal/dia) programado para 24

    horas. Dado coletado da prescrio da nutrio, diariamente.

    Aporte Calrico Parenteral (ACNP), (QTD): suporte

    nutricional endovenoso oferecido ao paciente por cateter venoso

    profundo. Registrado o aporte calrico em cal/kg/dia, programado para

    24 horas. Dado coletado da prescrio mdica, diariamente.

    4.8.6 Variveis de controle

    Escore na Escala de Braden (SCBRDN), (QTD): uma

    ferramenta eficaz que auxilia o enfermeiro no processo de decidir sobre

    quais medidas preventivas devem ser adotadas de acordo com o risco de

    cada paciente. A Escala de Braden oferece seis parmetros de avaliao

    atravs da sua sub-escalas:

    1. Percepo sensorial; 2. Umidade; 3. Atividade; 4. Mobilidade; 5. Nutrio; 6. Frico e cisalhamento. Cada sub-escala tem uma pontuao de 1-4, exceto para o

    domnio de frico e cisalhamento. O escore total varia de 6-23. Nos

    pacientes com lcera, a menor pontuao na escala de Braden foi 8,

    enquanto nos pacientes sem lcera a menor pontuao foi 11. A

    pontuao mdia para os pacientes que desenvolveram lceras foi 11

    (FERNANDES; CALIRI, 2008). Foi registrado o escore obtido pelo

    paciente na admisso ao estudo e diariamente em nmeros absolutos.

    Integridade do lacre (LACRE), (QLN): fita crepe rubricada e

    datada pelo pesquisador ou auxiliar de coleta que garante que a

    bandagem no foi violada nas ltimas 24 horas. Foi controlada a

    integridade do lacre na avaliao subsequente e registrada como sim ou

    no.

    Mobilizao no