universidade técnica de lisboa junho 2009 dcv [compatibility mode]

Universidade Técnica de Lisboa

Faculdade de Arquitectura

Grandes Eventos Culturaiscomo instrumentos

de Regeneração Urbana e Ambiental

O Caso de Lisboa Capital Europeia de Cultura 1994

Dário Campos VieiraLicenciado em Arquitectura do Planeamento Urbano e Territorial

Dissertação apresentada na Faculdade de Arquitectura daUniversidade Técnica de Lisboa para obtenção do grau de

Mestre em Regeneração Urbana e Ambiental.

Lisboa 23 de Junho de 2009

Grandes Eventos Culturais como instrumentosde Regeneração Urbana e Ambiental


“Se me coubesse a mim começar de novo,começaria pela Cultura”.

Jean Monnet, fundador da CEE.

Palavras - ChaveRegeneração Urbana; Eventos Culturais; Desenvolvimento Local



As cidades estão a tornar-se focos de inúmeras pres sões sociais e económicas sofrendo também de problemas ambientais.

Contudo continuam a ser uma das principais fontes d e criação de riqueza estando desde sempre no centro d o desenvolvimento social e cultual.

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O conceito de Regeneração Urbana surgiu nos anos sessenta na América (E.U.A.), quando foram implementadas em mui tas cidades americanas intervenções com o objectivo de provocar mudanças sociais e económicas em tecido urbano (existente).

A iniciativa (Grande Evento) ‘Cidade Europeia da Cu ltura’, actuou como incentivo para a mudança (e regeneração ) de muitas cidades. Na cidade de Lisboa, os impactos ma is significativos deste evento foram sentidos principa lmente através do programa de intervenção urbana ‘Sétima C olina’.

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Os objectivos da política cultural têm incidência privilegiada num espaço que é o espaço urbano - museus, bibliotecas, teatro, espaços públicos de referência - possibilitando a potenciação e criação de grandes eventos culturais, que por sua v ez têm impacto no espaço urbano.

As políticas culturais, têm assim uma importância c rescente

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nas políticas de requalificação e regeneração urban a enquanto parte integrante das estratégias de desenvolvimento sustentado.

A cultura deverá também desempenhar vector de desenvolvimento nas componentes da competitividade, inovação, criatividade , associadas à ideia de desenvolvimento urbano, sendo importante salientar que o desenvolvi mento não deve somente assentar na eficácia económica.

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Regeneração Urbana é um conceito composto deinúmeras variáveis conjugadas para um objectivo,incorporando factores económicos , ambientais , sociais ,culturais , de carácter político , tendo estes factores de serdevidamente enquadrados e analisados segundo alocalização específica da intervenção , e os objectivos quepretende alcançar

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(não existem dois programas de regeneração iguais, para seatingir o mesmo objectivo em localizações diferentes, oprograma tem de se adaptar (ou reformular), de modo aenquadrar as condicionantes e as características locais ao sobjectivos pretendidos).

O ‘Investimento Cultural’ ou Política Cultural comRetornos Quantificáveis podem ser desenvolvidos emParcerias Publico – Privadas (PPP) (sendo o sector publicomediador para a coesão social, preservação e regeneração do patrimóniourbano e ambiental)

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“A Função económica da arte pública é aumentar o valor da propriedade privada”


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Richard Florida refere que nos processos de regener ação urbana onde são integrados instrumentos de fomento à criaç ão da ‘cidade criativa’, é determinante o crescimento económico b aseado nos três “ Ts”:

-Tecnologia

- Talento (massa cinzenta com graus superiores –excelência de conhecimento)

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- Tolerância (abertura a diversidade e atitudes de fo mento à inclusão)

As políticas culturais estão ligadas a criação de equilíbrios entre visões concorrentes do papel da cultura na sociedade, sendo importante a construção de eventos que integrem as tradições locais, dentro do carácter individual e original da cidade - Cada etapa do planeamento deve integrar uma gestão efectiva, aliada à avaliação do desenvolvimento económico –com integração nas linhas e acções estratégicas das políticas culturais, com a ligação à rede de produção e circulação de bens culturais, no contexto de uma economia da criatividade, desenvolvimento económico e vitalidade cultural da cidade.


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Os eventos culturais servem paradespertar / relembrar os habitantes locais,municípios e empreendedores dopotencial da cidade.

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O evento pode funcionar como umcatalisador de regeneração enquanto sãoexplorados novos futuros e pode servircomo elemento unificador, actuando comoelemento fundamental para consolidar asdiferenças de classe, raciais ou étnicas –fomentando a coesão social.



3.1 GRANDES EVENTOS CULTURAIS E O SEU IMPACTO NA IMAGEM DA CIDADE

As cidades usam a oportunidade criada pelos ‘grandes eventos culturais’ para melhorar e promove r a sua imagem, estimular o desenvolvimento urbano e atrair visitantes e investimentos.

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A atrair visitantes e investimentos.

O ‘marketing de cidade’ é muitas vezes utilizado co mo ferramenta para impulsionar o capital privado para as infra-estruturas e apoio à evolução dos programas criados.

Uma das estratégias das políticas culturais é a promoção do ‘consumo cultural’ acompanhada de investimentos na produção.

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INICIATIVA ‘L94’ COMO OPORTUNIDADE

A "Capital Cultural da Europa" levou a ‘L94’ a desenvolverum programa de regeneração estratégica único emPortugal.

Os principais objectivos eram atrair visitantes e estimular oconsumo cultural entre os residentes, enquanto

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consumo cultural entre os residentes, enquantoposicionava ‘Lisboa’ como um destino cultural.

A promoção da imagem da cidade como um destino culturalfez melhorar em 1994 o número de turistas e aumentou onúmero de consumidores de produtos culturais.

Contudo, os efeitos físicos e sociais do programa forammais lentos, existindo ainda hoje reminiscências dos seusefeitos – como é exemplo da regeneração urbana da ‘SétimaColina’, impulsionada pelo programa ‘Lisboa 94’ queapresenta hoje um êxito comercial e imobiliário.



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IO ARTE PÚBLICA NO EVENTO

Os objectivos estratégicos do programa do evento L9 4, eram contrariar a degeneração dos centros, atraindo e cr iando públicos culturais diversos.

A rede de infra-estruturas culturais desenvolvida p ara o evento de ‘Lisboa 1994’, pretendia também estimular os mercad os culturais.

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‘Lisboa 1994’, pretendia também estimular os mercad os culturais.

Na programação eram referidos slogans como: “Arte Pública anima a sétima colina” ou “Arte Pública dá vida à rua” .

O evento L94 serviu assim como laboratório de exper iências artísticas no espaço público, tendo somente com a E XPO de 1998 assumido a Arte Pública o seu verdadeiro papel no c ontributo para a qualidade do espaço público, através das interven ções de monumentalização da periferia urbana integradas no p lano de regeneração dessa zona da cidade (pós-industrial).



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Exemplo de Arte Publica no EventoIntervenção do artista e fotógrafo Mário Cabrita Gi l, que expôs quatro obras de grande dimensão (fotografias impressas a jacto de tinta em telas com 8x10 metros) em várias ruas do Bairro Alto (Largo do Príncipe Real, Rua da Misericórdia, Largo do Chiado)



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IO ARTE PÚBLICA NO EVENTO (Intervenção Urbana)

O legado da cultura da arte do Azulejo no espaço público em Portugal

‘Lisboa Cidade Capital Europeia da Cultura’, atenta áimportância cultural da azulejaria, encomendou

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importância cultural da azulejaria, encomendou(integrado no grupo de Intervenções Urbanas previstaspara a Lisboa 94) um painel de azulejo ao artistaEduardo Nery a ser localizado na Avenida Infante Santo(freguesia da Lapa) – composto por uma composiçãomonumental em painel tridimensional onde o artistaconjugou ritmo e movimento, sendo este painel umlegado extraordinário na marcação do evento e nacelebração da cultura dos revestimentos cerâmicos naarte decorativa portuguesa.



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Painel de Azulejos de Eduardo NeryLocalização: Avenida Infante Santo, freguesias da Lapa. Inauguração em 1994



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IO INTERVENÇÃO URBANA

As intervenções urbanas da L94 , envolveram artistas práticos (vários), arquitectos, urbanistas e outros técnicos, que desenvolveram trabalhos de: Intervenção no Património (reabilitação, restauro, limpeza e conservação), Arte Pública , Animação ,

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conservação), Arte Pública , Animação , Exposições e Edições .

A iniciativa ‘Sétima Colina’ foi apoiado por inúmeros mapas e guias da área ( roteiros ), contudo, apesar de existir um eixo principal -Cais do Sodré / Largo do Rato, pretendia-se que o visitante descobrisse a cidade e as suas vistas – através da exploração da área (de intervenção).



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IO“Qual a cor de Lisboa?”A reparação e pintura de 70 edifícios na ‘Sétima Co lina’ constituiu um desafio e ganho pedagógico para a valorização do pat rimónio. Criando consciência espacial e subsequente preocupa ção pelo espaço pública de Lisboa e da própria imagem da cid ade.

Investir no Património / Reforço da Confiança na ci dade tradicionalNo final dos anos 90 e durante os primeiros anos de 2000 foram muitos os investidores que apostaram na ‘Sétima Col ina’, tanto a nível imobiliário, como no comercio. Em toda á área da sé tima colina vêem -

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imobiliário, como no comercio. Em toda á área da sé tima colina vêem -se obras e edifícios restaurados.

“Cidade Dual”Contudo esta regeneração tem um preço, a confiança dada aos investidores provoca uma inflação nos preços dos im óveis. As maiorias das recentes iniciativas imobiliárias na ‘ Sétima Colina’ são dirigidas ao mercado de luxo.As políticas de intervenção na cidade têm de concre tizar objectivos sociais na transformação e modernização do espaço pú blico. As políticas de intervenção na cidade têm de proporcio nar inclusão, justiça social e diversidade.



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IO Ao Recintos Culturais de Lisboa 94

- Museu do Chiado- Teatro Tivoli,- Museu de Arte Antiga- Coliseu dos Recreios,

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-Centro Cultural de Belém-Caixa Geral de Depósitos / Culturgest

Todos os espaços criados e recriados na L94, criara m novos hábitos de consumo de produtos culturais, e t odos eles contribuíram para a regeneração urbana na vizinhança das intervenções, ficando claro que L94 deixou a sua marca na cidade capacitando-a com salas de espectáculo ao nível da Europa (no Norte) e capacit ando a cidade para receber grandes eventos.



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IOLisboa 94 preparou a cidade para novos desafiosA cultura de Lisboa é hoje, como sempre, a cultura da diversidade e da mistura.

Desde L94 que a cidade tem sido eleita como palco p arainúmeras iniciativas, culturais e lúdicas, destacan do-se a:

- Rally Dakar - Rock in Rio- Festas Populares do Santo António, Natalicias e Ano Novo

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- Festas Populares do Santo António, Natalicias e Ano Novo- Festivais de musica, moda, cinema, dança, fotograf ia,- Festival de design ‘Experimentadesign’- Evento ‘LuzBoa’.

O evento ‘LuzBoa’ recria um dos objectivo inicial do programa da ‘Sétima Colina’, procurando trazer os habitantes e v isitantes a ter a experiencia de viver a cidade e o seu espaço urbano .



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A iniciativa L94 atingiu os (seus) objectivos – cria r novos públicos; encher os espaços culturais existentes; r estaurar recintos culturais e elevar a visibilidade do secto r cultural e da própria imagem da cidade.

A L94 conferiu um novo gosto pela cidade tradiciona l, atraindo investimentos, novos habitantes e visitant es. Hoje

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atraindo investimentos, novos habitantes e visitant es. Hoje é reconhecido o crescente do papel das actividades artísticas e culturais no processo de afirmação da identidade aos vários níveis em que ela pode operar : internacional, nacional, regional, local.

A iniciativa Cidades Europeias da Cultura, demonstr a o incrível poder da cultura como força criativa básic a para compreender, desafiar e transformar as comunidades em que habitamos.

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de Regeneração Urbanae Ambiental

O Caso de LisboaO Caso de LisboaCapital Europeia de Cultura 1994

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Dissertação apresentada na Faculdade de Arquitectura daUniversidade Técnica de Lisboa para obtenção do grau de

Mestre em Regeneração Urbana e Ambiental.

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