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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PUBLICIDADE E PROPAGANDA LIANE DE WEIMAR FROTA MARKETING DE RELACIONAMENTO: UM ESTUDO DE CASO DA EMPRESA PRODUÇÃO FORTALEZA 2012

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PUBLICIDADE E PROPAGANDA

LIANE DE WEIMAR FROTA

MARKETING DE RELACIONAMENTO: UM ESTUDO DE CASO DA EMPRESA PRODUÇÃO

FORTALEZA

2012

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LIANE DE WEIMAR FROTA

MARKETING DE RELACIONAMENTO: UM ESTUDO DE CASO DA EMPRESA PRODUÇÃO

Monografia submetida à aprovação do curso de Publicidade e Propaganda do Centro Superior do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Graduação. Orientador: Michel Wanderson Oliveira de Barros.

FORTALEZA 2012

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LIANE DE WEIMAR FROTA

MARKETING DE RELACIONAMENTO: UM ESTUDO DE CASO DA EMPRESA

PRODUÇÃO

Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Publicidade e Propaganda, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data de aprovação:______/_______/________

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________ Professor Esp. Michel Wanderson Oliveira de Barros

Orientador FaC

_______________________________________________ Professor Ms. Ricardo Alves Moreira

Examinador FaC

_______________________________________________ Professor Dr. Roberto Antônio de Souza da Silva

Examinador FaC

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Dedico este trabalho a Deus, em primeiro

lugar, que me deu forças para não desistir

e sabedoria para concluir; aos meus pais,

que sempre me incentivaram e ao meu

noivo, por acreditar na minha capacidade

de vencer mais uma etapa.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, que meu concedeu sabedoria, força e paciência

durante essa caminhada;

Aos meus pais, que sempre me deram total apoio durante todos esses anos de

estudo;

Ao meu noivo, por acreditar na minha capacidade de vencer mais esta etapa em

minha vida;

Agradeço, também, ao meu primo Caio, por ter dado sua parcela de colaboração e

ajuda neste trabalho;

Ao meu orientador, que me deu as coordenadas, levando-me a buscar mais

conhecimentos e aprimorar os existentes, como também meu professor Edmundo

Benigno pelas dicas, críticas e ensinamento para o desenvolvimento deste trabalho.

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“Deleita-te no Senhor e Ele concederá o

que desejas o teu coração”.

(Sl 37:4)

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RESUMO

Atualmente, uma das principais características do mercado é a alta competitividade

entre as empresas, gerando similaridade nos produtos/serviços. Portanto, verifica-se

a necessidade de as empresas fazerem com que seus produtos/serviços sejam

vistos e apreciados por seus consumidores, tornando-os destaques entre seus

concorrentes. As empresas não devem mais simplesmente vender produtos ou

oferecer serviços, devem também oferecer qualidade. Junto a esse desafio do

mercado atual, foi possível avaliar a empresa Produção e identificar as ferramentas

que a mesma utiliza no marketing de relacionamento dentro da organização. Para

tanto, o presente trabalho estruturou-se em três capítulos. O primeiro capítulo

aborda o marketing, sua origem, história, estabelecendo um paralelo entre o

marketing tradicional e o marketing de relacionamento; o segundo capítulo referiu-se

ao marketing de relacionamento, bem como sua definição e benefícios tanto para a

empresa, quanto para o consumidor; o terceiro capítulo foi realizado um estudo de

caso da empresa Produção, com o intuito de avaliar as principais estratégias

aplicadas no relacionamento com seus clientes. O foco voltado para o cliente

favorece o crescimento da empresa, possibilita uma interação com os consumidores,

em que é possível conhecer os seus desejos e necessidades, bem como aprimorar

o seu atendimento e ações. Contudo, concluiu-se que, por meio de ações do

marketing de relacionamento bem estruturadas, é possível conquistar e manter

clientes.

Palavras-Chave: Marketing de Relacionamento. Fidelização. Banco de dados.

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ABSTRACT

Nowadays, one of the main characteristics of the business market is a high

competitive edge between companies, creating similarities between their products,

therefore there's a need for the companies to find a way of making their

products/services noticed and appreciated by their costumers so they become a

highlight within their competitors. Companies should not simply sell products or offer

services, they should also offer quality. Along with the challenge of the current

market, it was possible to evaluate the production of one company and identify the

tools that it uses in relationship marketing within the organization. Therefore, this

study was structured in three chapters. The first chapter approaches the marketing,

its origin, history, establishing a parallel between traditional marketing and

relationship marketing; the second chapter approached the relationship marketing as

well as its definition and benefits for both the company and for the consumer; the

third chapter we performed a case study of the production company, in order to

assess the main strategies applied in the relationship with their customers. The focus

on the costumer amplifies the relationship between the company and them, making it

easier to have an interaction, in which is possible to know their clients better and

improve costumer services. Catching the client's information makes it easier to know

better their preferences and automatically to satisfy their needs, as well as

generating bigger profitability levels for the company, which makes it a benefit both

for the costumers and for the companies.

Key words: Relationship Marketing. Loyalty. Database

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ………………………………………………………………...... 9

2 ORIGEM DO MARKETING ......................................................................... 12

2.1 Marketing na História .............................................................................. 13

2.2 Marketing Tradicional x Marketing de Relacionamento ...................... 16

3 ENTENDENDO O MARKETING DE RELACIONAMENTO ....................... 18

3.1 Satisfação de Clientes ............................................................................ 20

3.2 Fidelização de Clientes ........................................................................... 21

3.3 Banco de Dados ...................................................................................... 23

3.4 CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente) ................................ 26

3.5 Marketing Direto ...................................................................................... 29

4 ESTUDO DE CASO EMPRESA PRODUÇÃO ........................................... 32

4.1 Fundação e História ................................................................................ 32

4.2 Marketing de Relacionamento Produção ............................................. 34

4.3 Programa de fidelidade Produção ......................................................... 37

4.4 Satisfação Produção ............................................................................... 38

4.5 Banco de Dados Produção .................................................................... 38

4.6 Marketing Direto Produção .................................................................... 40

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 41

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 44

APÊNDICE ........................................................................................................ 46

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo de sua história, o marketing teve uma grande evolução. Silva

(2007) a divide em três eras: era da produção, era da venda e era do consumidor.

Essa evolução levou as empresas, em sua grande maioria, a reconhecerem a

importância de ficar mais perto de seus consumidores, como também criar

estratégias junto a seus clientes. A empresa de hoje, século XXI, sabe que é preciso

além de conquistar, manter os clientes já conquistados e que vivemos na “era da

valorização do cliente”.

A competitividade entre as empresas se torna cada vez mais acirrada e,

para a mesma obter um destaque no mercado, é necessário investir nos seus

consumidores, procurando conhecê-los mais.

Vale ressaltar que a existência do marketing de relacionamento vai muito

além do ato de vender. Manter um relacionamento duradouro e aprofundado com o

cliente é o seu foco. Os clientes hoje sabem da sua importância no mercado e estão

cada vez mais exigentes, já que existe uma variedade muito grande de escolhas

entre os mais diversos produtos e serviços. O poder de escolha dos clientes é

bastante amplo.

Dentro desse contexto, desponta o marketing de relacionamento, com

uma importância ímpar dentro de cada organização. Uma ferramenta de extrema

utilidade, que pode auxiliar as empresas no fortalecimento de sua ligação com o

cliente. Existem programas de fidelização, e sejam eles quais forem, são

considerados bastante úteis na elaboração e crescimento de relacionamentos

estáveis e duradouros. Lima (2006) define marketing de relacionamento como uma

estratégia implantada e fortalecida pelas empresas para garantir e manter relações

em longo prazo com seus consumidores.

O marketing surge, então, como ferramenta capaz de detectar os desejos

de consumidores, cada vez mais informados e exigentes quanto a seus direitos,

tendo como meta a satisfação dos clientes e consequentemente o aumento da

margem de lucros (BARRIZZELLI, 2003, p. 25).

Portanto, verifica-se a importância de se estudar mais profundamente o

marketing de relacionamento, já que o mesmo apresenta vantagens relevantes

dentro das empresas que buscam sempre se diferenciarem das demais do mercado,

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agradando, acima de tudo, os seus consumidores. Uma empresa que pratica o

marketing de relacionamento terá mais vantagens competitivas e uma lucratividade

bem maior em relação às demais empresas que não utilizam o relacionamento

dentro da organização.

Ao referir-se a tal assunto, Rosa (2001, p. 49) diz que:

a conquista de novos clientes equivale a muitos mais gastos do que a retenção de clientes antigos e fiéis, por conta de exigir maior número de recursos de abordagem, o que envolve maiores gastos com publicidade, promoções e vendas, além de custos fixos que incorrem na inicialização de transações, estimando-se que ao atrair um novo cliente se gasta cinco vezes mais, do que ao manter uma clientela já existente.

Principalmente no segmento de moda, em que, além da alta rotatividade

dos produtos, existe uma ampla concorrência, exigindo um diferencial para sua

superação.

A pesquisa é de natureza exploratória qualitativa assumindo a forma de

estudo de caso. As informações foram adquiridas por meio de entrevista e de um

questionário com perguntas abertas à gerente comercial Delane Araújo, da empresa

Produção, situada no Shopping Del Paseo.

Este trabalho tem como questão norteadora a forma como a empresa

Produção utiliza o marketing de relacionamento para fidelizar seus consumidores. O

objetivo geral, portanto, é analisar as ferramentas do marketing de relacionamento

aplicadas dentro da organização para fidelizar seus clientes. E como objetivos

específicos: analisar como a empresa utiliza o CRM (Gestão de Relacionamento

com o Cliente), identificar quais canais do marketing direto são utilizados pela

empresa, como também, analisar quais as ações que a empresa realiza junto com

seus consumidores pelo banco de dados.

No primeiro capítulo, aborda-se o marketing desde a sua origem,

passando por diversas transformações, estabelecendo-se um paralelo entre o

marketing tradicional e o marketing de relacionamento. Para este fim, foi realizada

uma pesquisa bibliográfica, tendo como principais autores: Kotler, Cobra e Dias,

dentre outros.

No segundo capítulo, é exposto o marketing de relacionamento, bem

como seu conceito e suas ferramentas, satisfação do cliente, banco de dados,

fidelização até chegar ao marketing direto. A pesquisa bibliográfica teve por

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referências principais as teorias de Kotler, Lima, Brown, Stone, Ângelo e Silveira,

dentre outros.

Já no terceiro capítulo, foi feito um estudo de caso com a empresa

Produção, situada em Fortaleza, no período de 05 de novembro a 11 de dezembro,

onde se buscou identificar pela pesquisa exploratória como a empresa utiliza o seu

marketing de relacionamento para fidelizar seus clientes. As informações contidas

neste capítulo foram coletadas em uma entrevista com uma das gerentes comerciais

da empresa, Delane Onofre de Araújo.

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2 ORIGEM DO MARKETING

Desde a Antiguidade, pode-se observar que as atividades de marketing já

eram utilizadas, pois já existia a troca de serviços e produtos. Segundo Cobra (2005,

p. 16), “marketing deriva do latim „mercare‟, que definia o ato de comercializar

produtos na antiga Roma. [...]” Percebe-se, naquela época, a preocupação exclusiva

em adquirir determinado produto e serviço, deixando de lado a criação de

estratégias de venda ou o desenvolvimento de meios de relacionamentos com o

consumidor.

Drucker, citado por Kotler (2000, p. 18), afirma que:

marketing é tão básico que não pode ser considerado uma função separada. É o negócio total visto do ponto de vista de seu resultado final, isto é, do ponto de vista do consumidor. [...] O sucesso empresarial não é determinado pelo fabricante, mas pelo consumidor.

Podem-se estabelecer definições diferentes de marketing sob as

perspectivas social e gerencial. Segundo Kotler (2000), a definição social mostra o

papel desempenhado pelo marketing na sociedade e, na gerencial, o marketing é

descrito como “a arte de vender produtos”. O autor ressalta, ainda, que o marketing

é o processo de planejar e executar a concepção, a determinação do preço, a

promoção e a distribuição de ideias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam

as metas para atender as necessidades e os desejos organizacionais ou individuais.

Ainda segundo os estudos de Kotler (2000, p. 29):

o marketing tem sofrido rápidas transformações, que estão obrigando as empresas a reverem suas estratégias de negócios. A presença dos computadores na comercialização revolucionou o marketing, que se tornou mais ágil e flexível. A internet, por exemplo, facilita o contato entre a empresa e o cliente, além da redução de custos, identificando o segmento considerado potencial que justifique o tempo e esforço gasto no planejamento desta oportunidade de negócios.

A eficácia desse modo de conhecimento empresa/cliente pode ser

atestada no sistema de cadastro de clientes de uma loja. Isso, por um lado, gera

satisfação no cliente ao ver seus dados prontamente reconhecidos e, por outro,

supre a necessidade da empresa de conhecer melhor seus clientes, seus gostos e

preferências, os limites e a frequência de suas compras. Assim fica bom para o

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cliente, e melhor para a empresa. Ambos são beneficiados com esse sistema

revolucionário na comercialização, surgimento dos computadores e o acesso fácil a

internet dentro das empresas.

Para Kotler e Armstrong (2003), o marketing inicia-se antes de a empresa

ter terminado o produto e continua por toda a vida útil, atraindo novos clientes e

mantendo os clientes atuais, a partir do desempenho e do apelo do produto.

2.1 Marketing na História

O marketing vem passando por diversas transformações desde seu

surgimento. A crise de 1929 fez com que ele fosse voltado para venda. Cobra

(2005, p. 26) diz que: “[...] uma grande depressão toma conta dos Estados Unidos, e

no Brasil há uma grande queima de café, nosso principal produto de exportação da

época.” Houve, a partir de então, a necessidade das empresas de investir nos

produtos, elaborar estratégia de vendas. O produto já não mais vendia por si só, era

necessário o convencimento do vendedor já que, devido a isso, os consumidores

ficaram restritos às compras. Seu poder aquisitivo diminuiu.

No Brasil, o marketing surge na década de 1950, em um contexto de

baixa oferta de mercadorias, mercado restrito e pequeno número de empresas,

época em que o setor agrícola e comercial dominavam a economia e o setor

industrial encontrava-se em baixo desenvolvimento, atendendo basicamente às

necessidades locais (GRACIOSO, 1999).

Sob a ótica de Gracioso (1999, p. 54), as mudanças do consumo no Brasil

iniciaram com o governo de Juscelino Kubitschek, que estimulou o processo de

industrialização, substituindo as importações e o protecionismo, criando uma

infraestrutura e formando indústrias de base, atraindo assim, na década de 1960,

investidores estrangeiros e enormes potenciais de um mercado jovem, traduzindo a

busca do desenvolvimento e o lançamento de novos produtos.

Ainda segundo Gracioso (1999, p. 56), esse período ficou conhecido

como a Era da Produção, marcada por momentos antagônicos de ascensão e de

queda do marketing, com ênfase em produzir, dada a carência de bens de procura

restrita da época. As empresas eram orientadas a produzir, investindo nos negócios

e artigos populares, sem preocupação com marketing. O estímulo das inovações

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tecnológicas na produção destes artigos conduziria os homens de negócios e

acadêmicos à consagração da produção.

Tudo isso acarretava prosperidade para as empresas, devido a demandas

sem critérios e passivas, quanto a estratégias de adaptação ao mercado, porém o

consumidor, por sua vez, despreparado para demanda de produtos oferecidos,

adquiria qualquer produto sem levar em conta a qualidade.

Para Dias (2006), o marketing pode ser entendido como a função

empresarial que cria com frequência valor para o cliente e gera vantagem

competitiva duradoura para empresa, por meio da gestão estratégica das variáveis

controláveis de marketing: produto, preço, comunicação e distribuição. A

industrialização propiciou o aumento da oferta de produtos, o que fez crescer a

concorrência, induzindo a uma preocupação maior dos profissionais com os

consumidores.

Com a mudança no consumo dos produtos, os consumidores passaram a

agir de forma mais consciente, comparando preços, e observando a qualidade dos

produtos, cuidando do orçamento familiar, o que ocasionou uma transformação em

relação ao foco do marketing, deixando de ser exclusivamente voltado para as

vendas, e valorizando e utilizando também a propaganda, feita quase que

unicamente nas mídias eletrônicas, para suprir a demanda dessa nova classe de

consumidores que começara a existir. Assim, as empresas passaram a definir seu

público alvo por meio de estratégias de fracionamento, como terceirização, franquias

e informalizações, multiplicando-se os supermercados, shoppings centers e

franchises.

Ainda segundo Gracioso (1999), entendia-se que os consumidores

possuíam perfis e interesses diferentes, que necessitavam serem identificados e

atendidos, o que era feito por meio da publicidade, cuja fórmula geral residia na

oferta de produtos atraentes por meio de mensagens que alcançassem o

consumidor, estratégia viável pela rápida difusão e popularidade da televisão, além

da criatividade das agências, criando-se a ilusão do marketing perfeito.

Porém, nos momentos posteriores, o cenário mudaria completamente

com a década de oitenta, chamada de “década perdida”, caracterizada pelo

estacionamento da renda per capita, pela explosão das taxas de inflação e pelos

fracassados planos econômicos que não conseguiram debelar o surto inflacionário.

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O consumidor tornou-se mais inseguro e cauteloso, economizando e direcionando o

uso do orçamento familiar, tornando-se assim mais seletivo, representando um novo

desafio para as empresas.

Nesse contexto, um grande desafio do marketing brasileiro refere-se à

inclusão, pois, como em outros países, grande parte da população vive à margem do

consumo, já que as grandes empresas investem no atendimento à classe média.

A crise dos anos 1980 ocasionou a redução da demanda de bens e

consumo, e, consequentemente, uma exasperada competição, o foco do marketing

deslocou-se da propaganda para o produto.

A virada do milênio assistiu à segmentação da televisão a cabo, a

popularidade da telefonia celular e a democratização dos meios de comunicação

especialmente via Internet. Houve com isso uma evolução, tanto logística, como na

oferta de produtos, e o cliente que passou a ter informações e poder de barganha.

Kotler e Armstrong (2003) apresentam os princípios fundamentais do

marketing: reconhecer o cliente como o centro de tudo, pois o sucesso da

organização depende da satisfação deste; o que realmente importa para o cliente

são as utilidades e vantagens do produto ou serviço que adquire independente de

suas características técnicas; o marketing é de extrema importância, por isso mesmo

não é responsabilidade apenas de um departamento, e sim de todos que fazem à

organização; o mercado é heterogêneo, isto é, cada cliente é único e tem uma

necessidade específica, exigindo assim a diversificação de produtos; a dinâmica do

mercado é importante, em busca da adequação às constantes transformações,

tendo o produto um tempo de vida limitada.

A partir desse princípio, observa-se a necessidade da empresa em

priorizar o conhecimento sobre o seu cliente, conhecer não somente os seus

desejos, como também identificar as suas necessidades, fazendo com que se sinta

satisfeito com a compra, produto ou serviço. Será a partir destes princípios aplicados

corretamente pela empresa, que o cliente definirá sua opção de compra.

A era cliente surgiu de uma força vinda do consumidor que passou por um

período de transição do marketing tradicional para o marketing de relacionamento, o

qual exige maior detalhamento dos fatores que influenciam o comportamento dos

clientes e do seu processo decisório de compra. Para Dias (2003, p. 38):

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cliente designa uma pessoa ou unidade organizacional que desempenha um papel no processo de troca ou transação com uma empresa ou organização. Esse conceito de cliente é muito importante, pois os livros didáticos, em geral, ainda usam o termo consumidor quando se refere aos indivíduos e às famílias que compram ou adquirem produtos e serviços para consumo pessoal. Clientes, para esse autor, refere-se somente ao mercado de negócios, isto é, as organizações que compram bens e serviços a serem usados na produção de outros produtos e serviços que são revendidos, alugados ou fornecidos a terceiros.

2.2 Marketing Tradicional x Marketing de Relacionamento

Para os profissionais de marketing, o mercado de hoje exige maior

agressividade diante das mudanças que se apresentam e particularmente em

relação ao número de concorrentes na oferta de serviços e produtos equivalentes.

Existe hoje uma grande preocupação das empresas em conquistar novos clientes,

porém, apesar de os clientes demonstrarem alguma lealdade, o difícil é mantê-los

como compradores regulares de uma marca ou serviço.

O marketing tradicional está ligado não só à origem, mas também à

estruturação e ao próprio desenvolvimento do marketing, cuja principal aplicação se

dava na gestão empresarial de bens tangíveis produzidos e vendidos em grande

escala. Significa, pois, toda estrutura composta de teorias e práticas, usadas como

subsídios para empresas inseridas nesse perfil.

Segundo Soriano (1993, p. 82), o marketing tradicional tem aplicação

efetiva até o momento em que se dá a primeira compra. Noutros tipos de serviços, a

aplicação é a menor possível. Já segundo (Gordon, 1999 p. 23), “O marketing

tradicional tem se mostrado ultrapassado em alguns aspectos, pois raramente esse

tipo de marketing cumpre com sua promessa de diferenciar e desenvolver negócios

duráveis e competitivamente superiores, devendo-se esse fato ao não

reconhecimento das mudanças que houve no campo da tecnologia que

proporcionaram novas capacidades estratégicas”.

Em consonância com o autor, tais serviços têm como características a

prestação homogênea para todos os clientes, independente de suas individualidades

e particularidades, oferecendo produtos e serviços idênticos a todos os clientes ou

dividindo estes em perfis semelhantes, transcorrendo a relação empresa x cliente de

forma superficial, sem mudanças significativas nos mecanismos de venda, nem

tampouco nos de distribuição, incorrendo em uma qualidade permanente e sólida,

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muitas vezes insatisfatórias para os clientes, enquadrando-se nesse tipo de serviço

os caixas automáticos; os seguros de saúde, restaurantes de comida rápida, entre

outros, denominados de serviços massivos ou não personalizados.

De acordo com Peppers e Rogers (2000, p. 3-4),

existia por parte dos comerciantes um conhecimento acerca do cliente, chamado one-to-one

1, sabiam seus nomes, endereço, o tipo de produto que

precisavam, além da forma de pagamento utilizada geralmente. Porém, com o advento dos recursos tecnológicos, que possibilitou a produção de bens e serviços em massa, tal prática foi esquecida.

Neste contexto, pode-se dizer que, ao se falar em marketing de

relacionamentos, citam-se clientes automaticamente, pois são quem compra os

produtos das empresas, sendo, portanto, a razão para qualquer negócio.

Diante do exposto, cabe aos profissionais de marketing acompanhar as

transformações do mercado competitivo, ajustando e estruturando planos futuros

com vistas ao sucesso nos negócios.

Ainda hoje muitas empresas investem, por meio do seu conhecimento de

marketing, na atração de clientes em vez de manter os que já possuem. Conservar

um cliente é bem mais barato do que conquistar um novo.

Portanto, o Marketing Tradicional e o de Relacionamento diferem em

alguns aspectos; enquanto o marketing tradicional tem como foco as vendas

isoladas de acordo com as características do produto e menor ênfase no serviço e

na qualidade, de responsabilidade exclusiva da produção, em curto espaço de

tempo, na busca por resultados céleres, o marketing de relacionamento foca-se na

retenção e nos valores do cliente, isto é, no alto contato com o consumidor. A

qualidade do relacionamento deve ser uma preocupação da empresa para obter

retorno satisfatório nos lucros e longa permanência no mercado.

1Marketing one-to-one (ou marketing individualizado): é uma estratégia de negócio que direciona o

foco da empresa para os clientes, em vez de voltá-lo somente para os produtos ou serviços que a empresa oferece. Pode-se entender como marketing de relacionamento.

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3 ENTENDENDO O MARKETING DE RELACIONAMENTO

O marketing de relacionamento pode ser entendido como um

investimento realizado pela empresa em seus clientes, visando atingir a satisfação, e

a fidelidade dos mesmos e consequentemente prosperidade e lucros altos para a

organização. Saliby (1997, p. 57) relata que:

no marketing de relacionamento, os clientes deixam de ser apenas números e tornam-se integrantes da organização. Esse conceito está relacionado com a ideia de “trazer o cliente” para a organização, fazendo com que ele participe do desenvolvimento de novos produtos e serviços e crie vínculos com a organização.

Dias (2003, p. 6) propõe o marketing de relacionamento como estratégia:

“marketing de relacionamento é uma estratégia que visa construir uma relação

duradoura com o cliente”. Dias (2003, p. 7) ainda complementa que marketing de

fidelização ou de retenção é uma estratégia para fidelizar ou reter o cliente, por meio

de ações integradas, sistemáticas e continuas de comunicação e promoção,

gerando frequência e repetição de compra por parte dos clientes e recompensando-

os por isso.

Para Lima (2006), o marketing de relacionamento é utilizado pelas

empresas para criar estratégias que possam manter os clientes mais próximos. A

meta principal do marketing de relacionamento baseia-se na construção e/ou no

aumento da percepção do valor da marca, produtos ou serviços e na lucratividade

da empresa, servindo-se para isso de métodos comunicativos e de relacionamentos,

com ações integradas que vão desde o projeto de um produto ou serviço,

desenvolvimento de processos, venda e pós-venda, para assim manter o cliente por

meio da confiança, credibilidade e segurança.

Brown (2001, p. 16) pondera conceitualmente que:

O marketing de relacionamento é uma ferramenta de marketing que elabora uma abordagem cliente e empresa. Um processo empresarial que visa obter conhecimentos e informações sobre seus clientes. Com intuito de agregar maior valor aos seus clientes, fornecedores e funcionários.

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O Marketing de Relacionamento surge como diferencial na busca pela

liderança de mercado, introduzindo um novo paradigma para as relações de troca

em longo prazo, solidificando as relações, e conseguindo a fidelização da clientela

por meio de comunicações direcionadas e pertinentes não só para os clientes, como

também aos públicos internos, fornecedores, intermediários e multiplicadores,

superando as metas comerciais e financeiras desejadas.

Segundo Kotler (2005), o marketing de relacionamento é uma das

tendências mais focadas no marketing atual. O termo refere-se a conhecer melhor

seus clientes de maneira que você possa atender melhor a seus desejos e

necessidades. Ao referir-se a tal assunto, o autor (2005, p. 51) afirma, ainda, que

o Marketing de Relacionamentos tem o objetivo de estabelecer relacionamentos satisfatórios com os elementos-chaves, tais como clientes, fornecedores e distribuidores, com a finalidade de atrair e manter os clientes de sua preferência e seus negócios a longo prazo, resultando na criação de um ativo singular da empresa.

A satisfação do cliente sempre foi central para qualquer ação de

marketing. O foco no relacionamento com clientes permite as empresas conhecerem

muito melhor as suas necessidades, para assim obter a preferência e a fidelização

dos mesmos na empresa.

Segundo Kotler (2000, p. 79):

a proposta de valor de uma empresa é muito mais do que se posicionar em um único atributo; é uma declaração sobre a experiência resultante que os clientes obterão com a oferta e seu relacionamento com o fornecedor. A marca deverá representar uma promessa relativa à experiência total resultante que os clientes podem esperar. Se a promessa será ou não cumprida, depende da capacidade da empresa em gerir seu sistema de entrega de valor. O sistema de entrega de valor inclui todas as experiências de comunicação e canais que o cliente terá a caminho da obtenção da oferta.

Atualmente é de fundamental importância para o diferencial competitivo

de qualquer empresa saber informações sobre quais e como são seus clientes, seus

concorrentes e sobre o mercado em que atua. Assim, com essas informações as

empresas têm a facilidade de selecionar os clientes certos, oferecendo-lhes o

produto que desejam, tendo em vista um atendimento personalizado, buscando

sempre um relacionamento benéfico e duradouro.

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3.1 Satisfação de Clientes

Pelo fato de a eficácia dos esforços de marketing residir na satisfação do

cliente, o produto ou serviço oferecido tem que atender às expectativas esperadas,

que sofrem influências de experiências de compras anteriores, referências por parte

de amigos, informações e compromissos profetizados por empresas concorrentes.

Segundo Kotler (1998), para que a satisfação do consumidor seja alta,

promessas e expectativas devem, no mínimo, coincidir. Isto envolve a habilidade da

organização em entender as expectativas do consumidor e satisfazê-las da primeira

vez.

A insatisfação do cliente com o produto acontece quando o mesmo não

consegue suprir sua necessidade esperada, não obtém o resultado satisfatório, ou o

preço pago não compensa.

Muitas empresas estão apostando e investindo em técnicas para

obtenção de uma alta satisfação, porque clientes satisfeitos mudam facilmente de

fornecedor quando aparece uma oferta melhor, enquanto que os clientes muito

satisfeitos costumam permanecer fiéis a seu fornecedor.

Portanto, manter um nível alto de satisfação é criar um vínculo, além de

racional, emocional, do cliente com a marca. De acordo com Kotler (1998), quanto

mais o consumidor se sentir satisfeito, maior será a possibilidade de a empresa

lucrar mais gastando menos, ao contrário do que acontece com novos clientes, pois,

com os anteriores, as rotinas de compra já são habituais, compram com mais

frequência.

Leva-se em conta que um cliente altamente satisfeito vale cinco vezes

mais para a empresa, do que um cliente apenas satisfeito, pois o cliente muito

satisfeito se fará cliente por muito tempo, anos e anos, levando para a empresa uma

lucratividade bem maior.

Verifica-se, então, que a satisfação do cliente, além de ser um

instrumento de meta gerencial, deve ser utilizada juntamente com as demais

ferramentas de marketing, objetivando melhores resultados, portanto, não é uma

opção, mas sim, uma questão de sobrevivência para qualquer empresa.

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Entende-se que, assim como o nosso corpo precisa da água para o bom

funcionamento de nossos órgãos e garantir a nossa vida, assim é a empresa que,

para manter-se viva e competitiva no mercado, precisa tornar clientes satisfeitos. De

qualquer forma, a satisfação do cliente deve perdurar na sua avaliação permanente,

antes e após a venda. Ele espera a continuidade do atendimento e da qualidade,

mesmo depois do encerramento da compra.

Sendo assim, a receita chave para o sucesso é a habilidade em lidar com

os problemas que possam surgir, sendo também essencial a satisfação com o

atendimento pessoal.

3.2 Fidelização de Clientes

Em um mercado com estratégias cada vez mais agressivas e uma

economia cada vez mais instável, as empresas procuram diferentes formas de atrair

consumidores e aumentar os lucros, exigindo um diferencial competitivo com a

fidelização dos clientes.

Para tornar um cliente fiel, é preciso primeiro identificar o cliente e

conhecê-lo, buscando sempre suprir suas necessidades e desejos, fazendo com que

a percepção do cliente seja igual ou superior a sua expectativa, assim ele fica mais

satisfeito do que se esperava, caso contrário, o cliente se decepcionará.

Sobre o assunto comenta Stone (1998, p. 95):

a fidelidade não é uma questão de jogar dinheiro em programas de marketing, produzir revistas, criar clubes ou lançar cartões de crédito na vaga esperança de que a fidelidade seja estabelecida. A fidelidade será desenvolvida ao longo do tempo, se os parâmetros do relacionamento forem planejados corretamente. (STONE, 1998, p. 95)

O modo como a empresa se relaciona com o seu cliente vai determinar se

esse cliente se tornará fiel. Quando o cliente se torna fiel, ele indica a empresa,

serviço e/os produtos, faz a chamada “propaganda boca a boca”, torna-se advogado

da marca, recomendando e defendendo a mesma.

Para Ângelo e Silveira (2001, p. 204), a fidelização insere-se em um

contexto maior, no qual a empresa está voltada para o cliente. Trata-se de um bloco

de ações por parte da empresa que tem como foco o cliente, visando à fidelidade

deste e transformando-o em um agente de mudanças na empresa, tornando-a mais

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transparente, moderna e competitiva. Os mesmos autores (2001, p. 216) conceituam

fidelização como ato de:

transformar o cliente de um comprador eventual para um comprador frequente, que retorna e divulga a empresa, criando um relacionamento de longo prazo. O cliente fiel está envolvido com a empresa, não alterando seu hábito, mantendo seu frequente consumo de produtos e marca. Este é leal à empresa em relação à marca ou produto e serviço, ampliando o relacionamento ao longo do tempo.

Os objetivos da fidelização são reter os clientes, evitando que migrem

para a concorrência e aumentar o valor dos negócios que eles proporcionam.

Investir e ter essa fidelização dá à empresa um diferencial e cria barreiras de

confiança, tornando inconveniente a migração para um concorrente. Clientes fiéis

tendem a consumir mais e, portanto, representam vantagens financeiras para as

empresas.

A respeito da fidelização, Bretzke (2000, p. 126) se opõe dizendo que os

programas de fidelização são importantes aliados, pois diferenciam a empresa na

mente dos clientes, desbloqueando os mecanismos da percepção seletiva,

agregando um componente emocional ao relacionamento.

Assim, diante da atual dinâmica do mercado, a tomada de decisões por

parte do cliente, muitas vezes, intuitiva, torna a empresa vulnerável e,

consequentemente, mais exigente, exigindo cada vez mais informações auxiliares

no processo decisório e de gerenciamento da organização.

Nesse processo, desponta o Marketing de Relacionamento como destino

principal das informações, referindo-se a todas as estratégias direcionadas ao

estabelecimento e o desenvolvimento de trocas de sucesso, surgindo

concomitantemente a Tecnologia da Informação (TI), como instrumento essencial

para manutenção do processo. Nesta mesma linha de considerações, Ferreira e

Sganzerlla (2000, p. 19), afirmam:

a Tecnologia da Informação é um dos mais importantes instrumentos que possibilitaram as mudanças na conduta das empresas, na sua forma de atender aos clientes, em sua estratégia e estrutura organizacional e na maneira de interagir com seu ambiente competitivo.

Diante de um mercado atuante e competitivo, as técnicas do comércio e

as franquias, as técnicas tradicionais das empresas firmam-se em estratégias

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básicas e usuais, o que requer o desenvolvimento de novas soluções e formas de

trabalho mais persuasivas para vencer a competitividade e a concorrência.

3.3 Banco de Dados

A presença de informações é de extrema importância para uma boa

execução de ações de marketing, como um primeiro momento, e de fidelização de

clientes. É o que se averigua, principalmente quando se possui a precisa noção do

que seja banco de dados, conforme bem esclarecido por Kotler (2000, p. 670):

um banco de dados de clientes é um conjunto organizado de dados abrangentes sobre os clientes existentes ou potenciais que seja atual, acessível e prático para atividades de marketing como a geração de indicações a qualificação das indicações a venda de um produto ou serviço ou a manutenção de relacionamentos com o cliente.

Kotler e Armstrong (2007, p. 435) ressaltam que “um bom banco de dados

pode ser uma poderosa ferramenta de construção de relacionamento”. As empresas

que fazem bom uso de seus bancos de dados adquirem maior vantagem em

desenvolver ofertas especificas para seu publico consumidor e assim o atrai

facilmente.

Shaw e Stone (1993, p. 28) entendem o banco de dados como:

uma abordagem interativa para o marketing que usa canais e meios de comunicação de marketing endereçáveis individualmente. Desta forma, a empresa consegue não somente conhecer as necessidades de seus atuais clientes e parceiros, como também, estimar possíveis compras futuras interligando informações como dados de compras anteriores, dados psicográficos (atividades, interesses, opiniões), dados sobre aniversário, dados demográficos (idade, renda), etc. O banco de dados é apenas uma ferramenta; o modo como será utilizada as informações será o principal diferencial.

Para reforçar as definições dos autores citados acima, Zenone (2007),

apresenta as vantagens e desvantagens do banco de dados para as estratégias de

marketing:

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Figura 1 – Vantagens e desvantagens do banco de dados (ZENONE, 2007, p. 48)

VANTAGENS DESVANTAGENS

A implantação do banco de dados de marketing pode ser vantajosa se considerarmos os seguintes aspectos: Cria barreiras intransponíveis para a

concorrência já que é difícil de monitorar; Gera integração da empresa ao redor do

cliente; Os custos de marketing são contabilizados

ação por ação. É uma ferramenta de marketing personalizável e seletiva, ou seja, a empresa determina com quem e o que falar.

Embora o banco de dados tenha algumas vantagens, é necessário salientar que também existem seus pontos fracos, tais como: Exigem profissionais altamente

qualificados para analisar os dados e desenvolver ações de relacionamento;

É um investimento a longo prazo já que um relacionamento não se desenvolve de um dia para o outro;

Como qualquer mudança organizacional, esse novo enfoque gera resistências culturais.

Zenone (2007, p. 52) acrescenta ainda que, mesmo o banco de dados

apresente desvantagens conforme o quadro acima, é notória a importância deste

para o conhecimento do cliente, e que, apesar das limitações existentes, ainda

assim, vale a pena o empenho de toda a organização para executá-lo. Ele é uma

ferramenta do marketing, para que a empresa tenha um excelente RI (Retorno de

Investimento).

Para Kotler e Armstrong (2007, p. 435), “um banco de dados de clientes é

um conjunto organizado de dados abrangentes sobre clientes individuais ou

potenciais [...]”. É preciso a empresa definir bem quais dados serão úteis para que

possam ser armazenados, que sejam informações básicas como nome, idade, sexo,

grau de escolaridade, hábitos de compra, preferências, como também, forma de

pagamento. Necessitando-se assim saber quem é o cliente.

Ainda segundo Kotler e Armstrong (2007, p. 435), os contatos que a

empresa já teve com os clientes, ou os que ainda irá ter, são válidos para fazer parte

de um banco de dados de consulta. Existem diversas maneiras que ajudarão a

encontrar esses dados de satisfação do cliente, entre eles, estão os relatórios de

visitas, formulário de comentários e reclamação dos clientes e um estudo sobre a

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satisfação dos mesmos, porém a dificuldade está em distinguir quais os dados que

interessam e estar seguro de que os dados sejam realmente úteis e necessários.

Muitas vezes, as necessidades sentidas pelos clientes não são

transmitidas com clareza, mesmo quando sabem o que desejam. Para uma análise

significativa, os dados precisam deixar transparecer a realidade.

O Sistema de Informações de Marketing (SIM), explicado por Kotler e

Armstrong (2003), é constituído de pessoas, tecnologia e processos para

identificação das necessidades de informação da empresa, a coleta, classificação,

análise, avaliação e distribuição das informações relevantes, às pessoas certas, e no

momento oportuno, para que sejam utilizadas no processo de tomada de decisões.

Atualmente, nota-se uma maior conscientização por parte das empresas,

a necessidade de acompanhar continuamente os fatos ocorridos tanto no ambiente

interno como no externo, compreendendo mudanças econômicas, sociais, políticas

ou tecnológicas, para, de posse dessas informações externas, combiná-las com o

conhecimento dos fatos internos, constituindo-se esse evento como o grande

desafio para montagem de um Sistema de Informação de Marketing (SIM), obtendo,

com esse sistema, uma vantagem competitiva, haja vista poder escolher melhor os

seus mercados, desenvolver melhores ofertas e executar seu planejamento de

marketing (KOTLER 1992, p. 31).

Para atuação satisfatória do SIM, como ferramenta de apoio ao processo

decisório de marketing, é preciso que a empresa identifique e disponibilize o que é

relevante, abstendo-se do erro de perder-se diante da extensão de dados e

informações que surgem durante sua concepção. O papel do mesmo é avaliar as

necessidades de informação da gerência, obter as informações necessárias e

distribuir essas informações de maneira oportuna.

Kotler (1992, p. 35) reafirma a ideia de que as empresas que possuem

melhores sistemas de informação adquirem primazia frente à concorrência,

tornando-se mais qualificadas a segmentar seus mercados, desenvolver ofertas de

produtos e serviços e executar o planejamento de marketing.

O sistema acima já citado atende primeiramente os administradores de

marketing e de outros departamentos da empresa. Mas ele também pode fornecer

informações aos fornecedores, revendedores ou empresas de serviços de

marketing. Entende-se assim que esse sistema de informação foi criado como um

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suporte de apoio ao marketing na tomada de decisões, objetivando principalmente

uma redução e custos nas atividades de busca e análise de informações, reduzindo

o tempo necessário para tanto e possibilitando maior evolução da atividade principal,

ou seja, o marketing.

Os benefícios são de estreitar o relacionamento entre a empresa e o

consumidor, estabelecer estratégias de marketing na realidade do mercado e

propiciar uma forma contínua de dados, facilitando o trabalho do administrador.

De acordo com Kotler (2003, p. 96), o SIM é formado pelo conjunto de

quatro subsistemas: Sistema de relatórios internos, que dizem respeito às atividades

operacionais da empresa; Sistema de inteligência de marketing, que representa o

conjunto de métodos e fontes utilizados por gerentes na busca de informações

rotineiras sobre eventos referentes ao ambiente do marketing; pesquisa de

marketing, que corresponde à elaboração, á coleta, á análise e à edição de

relatórios sistemáticos de dados e descobertas relevantes sobre uma situação

específica de marketing vivenciada pela empresa; e, como quarto subsistema, temos

o Sistema analítico de marketing, caracterizado por um conjunto coordenado de

ferramentas e técnicas, software e hardware como subsídio para análise e

interpretação das informações..

Portanto, entende-se que a existência de um banco de dados é,

certamente, o ponto inicial para a realização efetiva do Gerenciamento de

Relacionamento com o Cliente (CRM).

3.4 CRM

O avanço tecnológico dos anos 1990 teve um forte impacto no mundo do

marketing e o comércio eletrônico. Surge o Customer Relationship Management

(CRM), um termo estrangeiro que significa “Gerenciamento de Relacionamento com

o Cliente”, instrumento pelo qual se automatizam todas as funções e contato com o

cliente, por meio de sistemas informatizados, em que o cliente é o centro dos

processos do negócio, na tentativa de perceber, antecipar e suprir as necessidades

dos clientes atuais e potenciais (GIULIANI, 2003).

O referido autor complementa:

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os processos de gestão que assentam em CRMs estão, sem dúvida, na linha da frente em termos estratégicos não apenas em termos de marketing, mas também, a médio prazo, ao nível econômico-financeiro. Com efeito, empresas que conhecem profundamente os seus clientes, o que precisam, em que o perfil de consumidor se enquadra, conseguem criar respostas personalizadas, antecipando as suas vontades e respondendo de forma precisa aos seus desejos atuais. (GIULIANI, 2003, p. 27).

Ainda conforme (GIULIANI, 2003), o CRM é muito vantajoso na empresa.

Confere a ela um conhecimento mais profundo sobre seus clientes por meio de um

banco de dados, onde todas as informações sobre os mesmos são gerenciadas

pelas empresas para com seus consumidores.

As informações adquiridas a partir do banco de dados consistem em

conhecer o cliente, sua identidade, como ele prefere ser chamado, quais foram suas

reclamações ou sugestões, o que ele costuma comprar, o que comprou apenas uma

vez, estando estas informações de posse de funcionários que atendem ao cliente

diariamente, o que possibilita conhecer suas preferências. Existindo o registro desse

tipo de informação, em todos os pontos da organização, fica evidente a possibilidade

de identificação das características pessoais do cliente por qualquer funcionário.

Peppers e Rogers (2000, p. 16) definem CRM como:

um conjunto de aplicativos que automatizam o processo de comunicação com os clientes dentro das organizações. CRM engloba softwares voltados para a área de vendas, marketing, suporte ao cliente e call-center. Juntos, estes aplicativos servem para gerenciar o ciclo de vida de um cliente ajudando as empresas a manterem relacionamentos saudáveis com eles.

No entanto, sabe-se que, normalmente, as pessoas não gostam de dar

seus dados pessoais, para não ficarem recebendo ligações ou serem incluídas em

listas de mala direta a todo tempo. Daí a necessidade de estratégias de interação

para conseguir esses dados, como é o caso das promoções e crediários; já a

diferenciação do cliente consiste em saber qual o valor da organização para o cliente

e vice-versa, conhecendo assim quais os clientes com maior potencial e maior valor

para organização; na etapa seguinte, a organização busca a personalização do

atendimento aos clientes em potencial, consistindo esta na aplicação dos

conhecimentos adquiridos no relacionamento com os clientes.

Mesmo com toda a impessoalidade nas vendas pela internet, os clientes

esperam serviços cada vez mais personalizados. O conceito de Marketing de

Relacionamento impõe mudanças dentro da organização.

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Ainda segundo os autores Peppers e Rogers (2000, p. 17), o

Gerenciamento do Relacionamento iniciou-se bem antes da Internet ou até mesmo

do telefone, quando algumas empresas bem-sucedidas buscavam atingir os

objetivos básicos do CRM: conhecer cada cliente, suas necessidades e

compreendê-los não como um negócio, mas como um relacionamento permanente

que precisa de gerenciamento para maximização dos lucros.

Segundo Drucker (2002, p. 147), o CRM assume grande importância para

construção e conservação de relacionamentos lucrativos com o cliente, conduzindo

à fidelização destes, obtida por meio de um software que acumula informações

relacionadas ao comportamento de consumo do cliente, indicando dados referentes

aos hábitos de consumo, como local, horário, frequência, valor médio despendido,

além de todos os dados pessoais, como sexo, faixa etária, renda média mensal,

entre outros, para que, a partir da análise dessas informações, seja possível cruzar

os dados obtidos e criar um perfil de consumo de seus clientes de acordo com seus

hábitos e frequência. Permite à empresa identificar quem são seus clientes e

conhecê-los mais profundamente.

Apesar de todas as transformações empresariais advindas das

tecnologias, o cliente ainda é a peça principal, pois, com o acesso a vários produtos

e serviços, este se tornou mais exigente e menos fiel (DRUCKER, 2002).

A empresa, quando insere uma boa gestão de relacionamento com o

cliente, se fortalece. Com base nessas informações, a organização poderá agrupar

seus clientes de acordo com variáveis como cliente de maior valor e cliente de

menor valor; além disso, poderá avaliar o índice de fidelidade, identificando se o

cliente compra com grande frequência, mas gasta um valor menor ou se compra

com pouca frequência, mas gasta valores altos.

Assim, será viável criar estratégias que tenham por objetivo aumentar o

índice de fidelidade dos clientes que tenham um alto potencial de fidelização. Para

que isso aconteça, deverá ser avaliado qual tipo de cliente tem maior valor para a

organização: o que é frequente, mas gasta pouco ou o que é esporádico, mas gasta

muito.

O relacionamento entre cliente e empresa é o ponto principal do processo

de fidelização. O que definirá a eficácia desse relacionamento cliente-empresa será

justamente a qualidade e o nível em que esse relacionamento se firma.

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Em razão disso é que Bretzke (2000, p. 139), elucidando o fato, diz que:

[...] as empresas estão adotando cada vez mais a estratégia de CRM para conquistar um diferencial competitivo em longo prazo. CRM é uma estratégia que possui raízes no marketing de relacionamento e impacto na gestão da empresa, principalmente no que se refere ao relacionamento com os clientes e à infra-estrutura da indústria (fornecedores e outros públicos). A implantação do CRM está assentada sobre dois pilares: um processo de trabalho orientado para o cliente que permeia e é compartilhado por toda a empresa; o uso intenso da informação do cliente, suportado pela informatização de vendas, marketing e serviços. (BRETZKE, 2000, p. 139).

Ciente da necessidade do melhor relacionamento entre clientes e

empresa, a organização deve projetar e lançar ações voltadas aos clientes,

buscando sempre aproximá-los cada vez mais da empresa. Para que, assim, o

cliente reconheça o valor e o esforço a eles disponibilizados por aquela empresa,

que a todo o momento se preocupa com seu bem-estar e atende prontamente suas

solicitações, por meio de um Gerenciamento de Relacionamento.

Verifica-se que a estratégia de CRM, com suas bases existentes no

marketing, auxiliará na estruturação das orientações adquiridas do cliente,

favorecendo sua relação com a empresa, coordenando de modo seguro um conjunto

de ações, para a fidelização deste mesmo cliente.

Comunicar-se especificamente com o cliente traz possibilidade de

elaborar ações que suprirão as necessidades e os desejos do cliente almejado. Se

comparada com a mídia de massa, os gastos são bem menores, além de gerarem

uma intimidade com o cliente, criando laços de um relacionamento de fidelidade da

empresa para com o seu público alvo. Para isso, existe o marketing direto, que irá

satisfazê-lo de forma direta e eficaz.

3.5 Marketing Direto

A conscientização de que é preciso cativar os consumidores diariamente

amplia um segmento específico do mercado, o de marketing direto. Marketing direto

permite à empresa manter contato direto com seu público-alvo, fortalecendo, dessa

forma, o relacionamento entre ambos. Para Kotler (1998, p. 624) “[...] o marketing

direto é um sistema interativo que usa uma ou mais mídias de propaganda para

obter uma resposta mensurável em qualquer localização”.

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Ainda hoje existem empresas que utilizam o marketing direto, em que é

possível os clientes escolherem produtos por meio de catálogos ou revistas da

própria empresa. Kotler e Armstrong (2007, p. 433) afirmam que “o marketing direto

consiste em comunicações diretas a consumidores individuais cuidadosamente

definidos como alvo, com o objetivo de obter uma resposta imediata [...]”. Com esse

tipo de marketing, as empresas melhoram sua comunicação para cada perfil de

cliente, pois, dessa forma, a empresa passa a conhecer melhor o cliente, sabendo

suas preferências, gerando assim um relacionamento direto.

Para Lima (2006, p. 10), “o marketing direto é caracterizado pela

interação que é estabelecida com o público alvo e a busca por uma resposta rápida.”

Dessa forma, a comunicação é mais especifica. Pode também, por meio desse tipo

de marketing, acompanhar a recepção do cliente com a mensagem que lhe foi

enviada, independente do canal usado pela empresa para a mensagem chegar até o

cliente.

Como já foi dito, sabe-se que o marketing direto tem uma forma de

comunicação personalizada, até mesmo exclusiva, e faz com que as empresas

conheçam melhor o perfil de cada cliente, podendo oferecer benefício, produtos e

serviços. Compreende-se que não importa a forma, o importante é manter relações,

o marketing de relacionamento é uma estratégia com amplas ferramentas para fazer

com que as empresas se tornem cada vez mais próximas de seus clientes.

Uma boa utilização do banco de dados, com informações úteis dos

clientes, permite ao marketing direto um verdadeiro conhecimento individualizado

dos consumidores e clientes potenciais para promover ações para cada vez mais

aproximar-se dele.

Para Kotler (2006), existem várias maneiras de utilização do marketing

direto que aproximam a empresa de seus consumidores, entre elas: Vendas diretas,

Mala direta, Marketing de Catálogo, Telemarketing e Marketing Interativo.

Vendas diretas: é baseada no contato pessoal pela comercialização de

bens de consumo e serviço. Muitas empresas apostam nesse sistema, para

aproximar-se do cliente por meio de um tratamento customizado, mas com a

finalidade também de vender.

Mala direta: é a principal representante do marketing direto. O grande

diferencial da mala direta está no fato de que, por meio de um único modelo de

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carta, o remetente consegue dirigir-se diretamente a cada pessoa. A utilização de

mala direta é um recurso bastante eficaz, usado principalmente para a divulgação de

produtos, serviços ou para fins informativos.

Marketing de Catálogo: As empresas enviam para os endereços

selecionados catálogos com todos os produtos ou serviço oferecidos. Normalmente,

ele é enviado de forma impressa, mas também por CD, vídeo ou on-line.

Telemarketing: por meio de telefones, as empresas entram em contato

com clientes atuais e potenciais, com intuito de comunicar, vender produtos e atrair

novos clientes.

Marketing Interativo: O meio mais utilizado é a rede mundial de

computadores para comunicar e interligar consumidor e fornecedor.

O marketing direto possui meios diversos com intuito de que as empresas

se comuniquem com seus clientes, estabelecendo relações, visando obter um bom

relacionamento em longo prazo, podendo adquirir a lealdade dos mesmos.

A empresa que busca um bom relacionamento com seus clientes, por

meio do marketing de relacionamento e suas ferramentas, garante sua estabilidade

no mercado durante um longo prazo, já que os números de concorrentes aumentam

a cada dia, o diferencial está em aplicar bem as ferramentas que o marketing de

relacionamento possui para garantir sua sustentabilidade no mercado. Um bom

relacionamento proporciona satisfação dos clientes, fazendo com que eles se

tornem leais, proporcionando maior lucratividade para a empresa.

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4 ESTUDO DE CASO EMPRESA PRODUÇÃO

Neste capítulo, será abordado como a empresa Produção utiliza o

marketing de relacionamento para fidelizar seus clientes, já que os mesmos são a

fontes da lucratividade da empresa. Também será analisado como a empresa em

questão aplica as ferramentas do marketing de relacionamento, junto a seus

consumidores.

Por meio de uma entrevista com a gerente de uma das lojas situada no

shopping Del Paseo em Fortaleza, Delane Onofre de Araújo, tornou-se possível

coletar as informações necessárias sobre estratégia de marketing de relacionamento

utilizada pela empresa junto a seus clientes. Também foram coletadas informações

do site institucional da empresa, que contribuíram para elaboração e

desenvolvimento da pesquisa.

Antes de mencionar como a empresa utiliza o marketing de

relacionamento, juntamente com suas ferramentas, faz-se necessário compreender

a história dessa empresa que, com 12 anos de existência no mercado varejista, tem-

se tornado uma grande e conceituada empresa no segmento de moda feminina.

4.1 Fundação e História

No ano de 2000, surgiu a Produção, empresa que, apesar do pouco

tempo de existência, já se tornou referência e destaque para seu público-alvo.

De acordo com o site institucional da Loja Produção2 (2012) diz, a

empresa Produção orgulha-se de ter doze anos de sucesso no mercado varejista,

uma marca feminina que, desde seu início, busca atender às necessidades da

mulher contemporânea. Aquela mulher sempre em busca de novidades, que

acompanha o ritmo acelerado da vida pós-moderna, que não consegue ficar quieta

diante de mudanças. A marca busca satisfazer de todas as maneiras essas

necessidades.

Ainda segundo o site da empresa, as lojas possuem uma rotatividade

enorme de peças, recebendo novidades todos os dias, sempre atentas aos

2 Disponível em: <http://www.lojaproducao.com/empresa>. Acesso em: 22 nov. 2012.

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acontecimentos do mundo da moda. As lojas são arquitetadas para dar conforto e

tranquilidade à cliente, buscando oferecer à nossa mulher momentos agradáveis e

prazerosos.

A produção consolidou sua imagem no mercado por ser uma marca

detentora de grande variedade de modelos e estilos, em inúmeros tipos de tecidos,

tamanho e cores. Além de possuir estratégias para o aprimoramento do atendimento

e do bom relacionamento com o cliente.

Atualmente a Produção possui sete lojas em Fortaleza, em cinco pontos

de destaque: Av. Monsenhor Tabosa, Shopping Iguatemi, Shopping Via Sul, Av.

Dom Luís e Shopping Del Paseo. Com três lojas no primeiro endereço, onde ainda

funciona inclusive sua primeira loja e onde também se localiza o escritório da

empresa.

De acordo com Delane de Araújo, gerente comercial de uma das lojas da

Produção3, no escritório da empresa, existem os departamentos: de marketing, onde

são pensadas e criadas as ações da empresa para os clientes, visando satisfazer e

fidelizar os mesmos; o de criação, que integra três estilistas responsáveis pela

criação das peças, que, após o desenho e feitura do modelo, são submetidas à

gerente de marketing Juliana Fialho, caso aprovadas, são então, feitas pelas

próprias costureiras da empresa e distribuídas nas demais lojas; e, por fim, o

departamento administrativo e o financeiro.

As peças são criadas semanalmente, portanto a Produção possui certa

exclusividade nas peças, já que, toda semana, são levados para lojas modelos

novos e exclusivos feitos em quantidade reduzida. Preserva nas coleções a moda e

as novidades de acordo com a coleção do momento.

A empresa mantém parceria com uma agência de publicidade, a

responsável pela criação do layout dos catálogos, outdoor, e demais artes que a

empresa queira, como banner para expor nas lojas no lançamento das coleções.

Hoje em dia, muitas empresas estão acabando com a intimidade

empresa/ cliente. Muitas acreditam que apenas investir em propaganda em massa é

o suficiente, não levando em conta o marketing de relacionamento, porém, a

Produção investe bastante no cliente.

3 Entrevista com uma das gerentes comerciais em 25 de novembro de 2012, realizada em uma de

suas lojas localizada no shopping Del Paseo em Fortaleza.

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4.2 Marketing de Relacionamento Produção

Lima (2006) define o marketing de relacionamento como uma estratégia

implantada e fortalecida pelas empresas para garantir e manter relações por longos

períodos com seus consumidores.

A empresa Produção utiliza-se das estratégias do marketing de

relacionamento para estabelecer uma ligação mais aprofundada com seus clientes,

daí a necessidade de conhecê-los bem, para assim poder obter benefícios para

ambas as partes. Cobra (2009), ao expor sua visão do assunto, diz que o

relacionamento é uma conquista que precisa ser mantida, e, para isso, seria

importante proporcionar ao cliente interno ou externo, de tudo um pouco.

Sendo assim, observa-se que o relacionamento é muito importante, tanto

para o ambiente interno da organização, quanto para o externo com os clientes.

Nasce diante desse exposto a necessidade de realizar na empresa ações de forma

bem estruturada, de um bom relacionamento com seus colaboradores, pois este

tende a ser uma fonte motivadora na busca especial da conquista dos clientes

internos.

De acordo com a gerente, a empresa também investe nos seus

funcionários, a partir do momento da entrevista, com a escolha daquele candidato,

até o momento em que se torna um contratado. Isso é feito para torná-los aptos e

preparados para atender de forma personalizada os clientes, bem como a empresa

oferece palestras cujos temas giram em torno da autoestima, sucesso nas vendas,

boa forma de atendimento, como também quando um novo sistema é implantado na

loja, a empresa realiza treinamentos para utilizá-lo. Isso porque é o vendedor que

tem o primeiro contato com o cliente, então é preciso estar preparado para atendê-lo

da melhor forma possível.

Nas reuniões bimestrais feita com os vendedores, é exposta para eles a

oportunidade de dar sugestões, fazer uma avaliação, de modo geral, onde são

apresentadas ideias de soluções para alguns problemas, bem como sugestões de

melhoria, e assim, os funcionários se pronunciam, e a reunião passa a ser bem

proveitosa.

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A gerente ressalta ainda que sempre há uma confraternização de fim de

ano entre elas, às vezes, em buffet, com toda a equipe junta, mas também dentro de

cada loja. “É muito bacana e divertido, nos sentimos uma grande família, isso nos

motiva a trabalhar com mais entusiasmo”, ressalta Delane.

Conforme o primeiro capítulo desse estudo, Kotler e Armstrong (2003) o

marketing inicia-se antes de a empresa terminar o produto e continua por toda a vida

útil, atraindo novos clientes e mantendo os clientes atuais, a partir do desempenho e

do apelo do produto, portanto, o marketing é utilizado por essa empresa com a

finalidade de promover seus produtos e induzir seus clientes a comprá-los. Mas o

marketing de relacionamento requer uma proximidade com o cliente a fim de torná-lo

fiel trazendo benefícios e lucros para a empresa.

A empresa busca satisfazer seus clientes nas coleções, na ambientação

das lojas, na atitude dos funcionários e estar sempre inovando, para assim, mantê-

los ainda mais próximos à empresa, agregando lucros para ambas as partes,

empresa e cliente.

Existe na Produção um setor de marketing cujo responsável é a filha da

dona da empresa, Juliana Fialho. Ela é quem faz as ações na empresa que sempre

é voltada para satisfazer o cliente, estabelecendo relações de longo prazo.

Ainda segundo a gerente Delane de Araújo, a empresa desenvolve com

seus clientes uma relação de parceria. Por meio do marketing promocional, a cargo

da gerente de marketing, é mantido o contato com os clientes, informando-os das

vantagens nos produtos no dia do seu aniversário, oferecendo-lhes descontos de

10%, sendo os mesmos informados via e-mail com um modelo de carta

parabenizando-os pelo seu dia e também por telefone com torpedos e ligações

contendo mensagens convidativas.

Para desfrutar dessa promoção, basta o cliente comparecer à loja

naquele dia e fazer a escolha da peça a seu gosto com 10% de desconto. Muitos,

nesse dia, comparecem e realizam ótimas compras. Assim, a empresa proporciona a

satisfação do cliente, por se sentir lembrado e prestigiado no seu dia. Portanto

assim, gera vantagens de satisfação tanto para o cliente como para empresa,

aumentando o seu faturamento.

Ainda segundo a gerente acima citada, a empresa faz dois lançamentos

de coleções ao ano, a coleção verão e a coleção inverno. Nessas ocasiões, é

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realizado um coquetel de lançamento, para o qual são convidados via e-mail e

telefone os clientes. Isso, além de fazer com que o cliente se sinta prestigiado,

mesmo que indiretamente, induz o consumidor à aquisição do produto.

Segundo a gerente, a empresa tem ações também nas mídias sociais,

são realizados três sorteios anuais em períodos diversos para quem curte a página

no Facebook. A vencedora poderá ir a qualquer uma das lojas e adquirir uma peça à

sua escolha. Antes era por meio do Orkut na comunidade da Produção, porém, nos

últimos dois anos, o Orkut entrou em decadência e agora é feito por meio do

Facebook, em que clientes mantêm relação com a empresa, postando comentários,

se interessando por peças lá expostas e, assim, vão até a empresa olhar o produto

que lhes causou impacto e saber mais detalhes daquela peça, já que o preço não é

fornecido nessa mídia.

Há também uma mídia interativa bastante usada na empresa, o Instaram,

por meio da qual são expostas fotos de modelos com peças novas assim que

chegam à loja. ”Isso atrai bastante os nossos clientes, já que esse tipo de mídia é

diariamente utilizado pelos mesmos”, relata Delane de Araújo.

A empresa também investe em outdoor. A cada lançamento de coleção, é

exposto um dos modelos do produto. Ela destaca que “À medida que as coisas

evoluem, nós também evoluímos, ficamos atentos com a moda e com a evolução

principalmente quando se trata de tecnologia, pensando sempre em oferecer o

melhor a nossos clientes”.

Delane ainda faz o seguinte esclarecimento, “hoje em dia as grandes

empresas esquecem e deixam de lado esse tipo de relacionamento com o cliente,

preocupam-se tanto em divulgar a marca que o cliente se torna esquecido”. Mas, a

empresa Produção aposta e acredita no poder que tem um bom relacionamento com

os nossos consumidores. Dentro da organização, esse tipo de relacionamento é

bastante valorizado.

Diante deste cenário, torna-se imprescindível apresentar a importância

que a utilização do marketing de relacionamento possui para o desempenho

competitivo das organizações, tanto no sentido de captar novos clientes, como

principalmente manter os clientes já conquistados, fazendo com que se tornem

parceiros da empresa por um longo período.

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4.3 Programa de Fidelidade Produção

Para fidelizar o cliente, a empresa deve investir em opções como cartão

fidelidade com direito a descontos. A cada compra realizada, o cliente acumula

pontos para uma próxima compra e passa a ter algum tipo de desconto. Facilitar o

pagamento, serviço pós-venda, como também realizar pesquisas de avaliação de

grau de satisfação do cliente e sempre ter um só objetivo, que é dedicar-se a seu

cliente, não só pensar em lucrar, mas sim em satisfazer o seu público consumidor.

Destas, a Produção não utiliza o cartão fidelidade, como também é

desprovida de pesquisas que avaliem o grau de satisfação do consumidor. Porém,

ressalta a gerente que o cartão fidelidade já foi pensado pelo responsável do

marketing, mas ainda não foi aplicado. E quanto à pesquisa, ela ressalta que a

empresa realmente não tinha pensado. A Gerente afirma ainda que a empresa visa

à fidelidade do cliente, por meio de descontos, sorteios, convites de lançamento,

comodidade e atendimento.

Estima-se que a loja do Del Paseo, na qual foi realizada a entrevista, e a

loja situada na av. Dom Luís, a fidelização gira em torno de 40% dos clientes, já que

a maioria são senhoras. Enquanto que, nas lojas do Iguatemi e Monsenhor Tabosa,

a clientela fiel gira em torno de 20% por serem mais frequentadas por jovens. “Nós

sabemos que os jovens de hoje são mais instáveis nas compras e muitas vezes

preferem variar, compram por impulso, já as senhoras são mais fiéis. Elas se

identificam muito com as vendedoras e quando chegam nas nossas lojas já tem a

sua preferida. Engraçado isso”, afirma Delane.

Assim, a fidelização de clientes tem sido destacada por várias empresas,

pois se sabe que cliente leal é aquele que torna à organização pela sua satisfação

com o produto ou com o serviço, que a empresa oferece. Sendo a fidelização nada

mais do que o método pelo qual o cliente se torna fiel. É de extrema importância que

as empresas invistam em seu cliente, para assim adquirir a fidelidade.

O marketing de relacionamento como estratégia requer a satisfação do

cliente para garantir o sucesso, sendo necessário conquistar sua lealdade.

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4.4 Satisfação Produção

A empresa busca agradar o consumidor fazendo produtos dentro dos

rigorosos padrões de qualidade. Para isso, os profissionais da empresa estão

sempre pesquisando as tendências da moda e investindo bastante em modelos bem

atuais. A conquista do acirrado mercado é vital para o sucesso.

O posicionamento no mercado é determinado em grande parte pelas

percepções das pessoas que fazem parte da infraestrutura. A principal preocupação

das estilistas e da gerente de marketing é envolver os clientes com a marca e fazê-

los se sentirem únicos, exclusivos. Procuram entender seus desejos e satisfazer

suas necessidades com peças exclusivas, atendimento diferenciado e ações

realizadas sempre voltadas para sua satisfação.

Produtos baseados na tecnologia são como elos de uma corrente, são

atraentes porque estão ligados ao futuro. Mas, quando as pessoas compram um

pedaço do futuro, precisam de maior segurança. Querem comprar de um fornecedor

que tenha credibilidade (NEVES, 2004).

Portanto, verificou-se nessa entrevista que o investimento no cliente é real

e bem reforçado, mas o que falta é a empresa acrescentar ações voltadas para

medir o grau de satisfação do seu público, bem como saber suas sugestões e

reclamações, para que exista uma melhoria em pontos que forem mencionados.

Muitas vezes, essa pesquisa não dá o resultado geral, mas é possível ter

uma noção de como o cliente se sente, do que ele sente falta, o que precisaria

acrescentar. Visando sempre ao crescimento da empresa, bem como ao bem-estar

de seus consumidores.

4.5 Banco de dados da empresa Produção

Delane de Araújo cita que o banco de dados da empresa é importante,

pois nele estão contidas todas as informações do cliente: nome completo, nome pelo

qual gosta de ser chamado, Cadastro de Pessoa Física (CPF), data de nascimento,

e-mail, dois telefones para contato, sendo um fixo e outro celular, endereço

completo, quantidade de peças compradas, e a data de realização da compra.

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Segundo Delane, os dados são coletados na primeira compra que o cliente realiza

em umas das lojas Produção.

A cada compra realizada, sempre é discriminada no sistema a quantidade

de peça e a data da compra, para assim saber frequência de consumo daquele

determinado cliente.

No surgimento da empresa, nada disso existia. Após dois anos de

existência de empresa, foi implantado um sistema maia básico. “Estamos com um

sistema novo implantado nesses últimos três anos, que é bem específico, ajuda

bastante a expor informações e para servir como um bom uso para nossas ações”,

explica a gerente dessa loja.

A responsável pela introdução destas informações no sistema é a

vendedora que atendeu o cliente nesse primeiro momento, sendo assim feita a

realização do cadastro no banco de dados. Posteriormente, por meio das

informações contidas, é que a responsável pelo marketing da empresa fará o uso

devido do banco de dados, para, quando surgir a necessidade de entrar em contato

com o cliente, pela existência de uma promoção ou lançamento, seja usado também

pelas gerentes das lojas.

“Existem, no banco de dados da empresa hoje, em torno de 15 mil

clientes cadastrados em nosso sistema, e diariamente esse número cresce. É de

muita satisfação para nós, ver a loja agradando e satisfazendo clientes reais e

potenciais”. Palavras da gerente Delane.

Leite (2008) afirma que o banco de dados é uma ferramenta de suma

importância nos dias de hoje, onde a informação se tornou primordial para as

organizações. Delane afirma que a importância desse recurso é impar, já que, por

meio dele, é realizado todo o vínculo do contato com o cliente para a realização do

relacionamento, tornando-se para a empresa uma ponte com os consumidores. A

produção é um exemplo de empresa que investe cada vez mais em ações de

marketing direto. A cada nova coleção, as malas diretas são enviadas, mas sempre

direcionadas conforme o perfil de cada cliente.

O e-mail é a forma do marketing direto mais utilizada pela empresa. São

as malas diretas contendo convites de lançamento de novas coleções, catálogos de

produtos e as mídias virtuais. Mas também existem as ações de telemarketing

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realizadas pelas vendedoras de cada loja. Essas ações na empresa são sempre

direcionadas ao cliente.

4.6 Marketing Direto da Produção

Conforme já citado no segundo capítulo, Lima (2006, p. 10) afirma que “o

marketing direto é caracterizado pela interação que é estabelecida com o público

alvo e a busca por uma resposta rápida”.

Segundo a gerente, na empresa, o marketing direto é realizado via e-

mails aos clientes com mala direta, nas datas específicas, conforme já mencionado,

no mês dos aniversários, e o telemarketing é feito para convidar os clientes ao

lançamento de coleção. Existe também o envio de catálogos aos endereços dos

clientes a cada nova coleção.

Kotler (1998, p. 264) diz que “[...] o marketing direto é um sistema

interativo que usa uma ou mais mídias de propaganda para obter uma resposta

mensurável em qualquer localização”.

Dessa forma, a Produção busca comunicar e estabelecer relações diretas

com seus clientes utilizando as ferramentas do marketing direto, mais precisamente

a internet.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mundo tem presenciado diversas transformações em suas concepções

de atendimento e satisfação do cliente, ocasionadas pelas mudanças na economia e

no mercado. Consequentemente, os clientes aprenderam a ser mais intransigentes

com as empresas que não os reconhecem por meio das informações disponíveis no

banco de dados, para auxiliar no relacionamento.

Segundo Stoner (1999, p. 13) “somente com informações precisas e na

hora certa os administradores podem monitorar o progresso na direção de seus

objetivos e transformar os planos em realidade”. Oliveira (1998, p. 67) afirma ainda

que “a eficácia no uso da informação é medida em relação ao custo para adquiri-la e

o valor do benefício proveniente de sua utilização, associando-se à produção da

informação os gastos envolvidos na coleta, processamento e distribuição”.

Todas as informações relativas aos clientes e ao mercado devem ser

trabalhadas de modo a desenvolver um planejamento estratégico, não só com o

objetivo de fidelização de clientes, mas de aumentar a competitividade pela

padronização e direcionamento dos procedimentos a serem tomados. Prospecção e

retenção de clientes são consequências da execução de um bom planejamento de

marketing (GONÇALVES; JAMIL; TAVARES, 2002, p. 49). Informação emerge como

apoio à estratégia para ganhar vantagens competitivas sustentáveis, passando a ser

fundamental na empresa, contribuindo de maneira positiva, possibilitando a agilidade

e a flexibilidade em uma empresa.

Assim, mostra-se que o marketing de relacionamento é encarado como

fator primordial para a qualidade do atendimento ao cliente, tornando clientes fiéis, e

como o grande centro de investimento em atividades empresariais. Portanto, por

meio da aproximação ao cliente e conhecendo de forma integra seus anseios,

desejos e necessidades, aprende-se a melhorar e a modificar a qualidade e a

essência da vida empresarial.

Neste contexto, tornou-se possível verificar que a empresa Produção

busca utilizar o marketing de relacionamento como também suas ferramentas para

criar e estabelecer um vínculo maior com seus clientes, já que o mesmo é que dá

sustento à empresa.

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Hoje a tecnologia vem ganhando um espaço cada vez maior no mercado,

e, pensando nisto, o marketing de relacionamento vem utilizar-se de interatividade

para se comunicar diretamente com o seu público alvo. A empresa Produção busca

comunicar-se de forma direta com seus clientes por meio da internet, mais

precisamente por e-mail, bem como convites destinados ao consumidor.

A empresa possui um site institucional, atualizado semanalmente, onde o

cliente tem acesso a várias informações, bem como a possibilidade de visualizar o

catálogo do lançamento da coleção. Também o consumidor pode-se comunicar com

a empresa pelo site.

Observa-se que a empresa, por meio do CRM (Gestão de

Relacionamento com o Cliente), busca a fidelização dos clientes e o registro das

informações sobre as necessidades individuais de cada cliente almejado. Porém

vale ressaltar que informações como sugestão e reclamação do cliente não estão

contidas no banco de dados, já que a empresa não realiza essa consulta. Esse tipo

de informação adicional contribuiria para o desenvolvimento de ações que

melhorassem o relacionamento com o cliente.

Portanto, verificou-se que a empresa Produção possui uma deficiência em

ações voltadas para saber o grau de satisfação do cliente, em que se poderia utilizar

de pesquisas com perguntas como um questionário disponível nas lojas. E esta

informação seria inserida no banco de dados para um melhor conhecimento do

cliente. Uma pesquisa de satisfação em que o consumidor avaliasse itens escolhidos

pela própria empresa permitiria, com base nas respostas obtidas, estabelecer uma

porcentagem do nível de satisfação dos clientes.

Verificou-se igualmente que a Produção desenvolve dois lançamentos

anuais de coleção com coquetéis para clientes reais e potenciais. E que, com auxílio

do banco de dados, o sistema utilizado pela empresa sinaliza os aniversariantes do

mês, para realizar a ação de envio de e-mail com uma carta nominal para o cliente

oferecendo desconto de 10% nas peças.

Verficou-se que a empresa Produção utiliza-se do seu marketing de

relacionamento, bem como suas ferramentas de contato com o cliente, que

permitem à empresa realizar ações e melhorias em benefício do cliente, bem como

da empresa. Entender o cliente facilita muito mais a identificação da melhor forma de

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contato com ele. Inconcebível é dispensar essa prática essencial para o sucesso da

empresa.

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APÊNDICE

Questionário das entrevistas

1. O marketing de relacionamento existe na empresa direcionada aos clientes?

Quais os benefícios ou melhorias que a empresa desenvolve através do

mesmo?

2. A empresa tem algum programa para que possa manter a fidelidade dos

clientes?

3. A empresa possui banco de dados dos clientes? Como esse banco de dados é

utilizado e gerenciado dentro da Produção?

4. A empresa utiliza marketing direto? Se sim, quais canais do marketing direto é

mais utilizado?

5. Há algum tipo de ação que a Produção realiza com o cliente através do

marketing direto?

6. De que forma a empresa busca satisfazer seus consumidores?

7. A produção utiliza CRM com seus clientes e quais contribuições o mesmo traz

para a empresa?

8. Existe na empresa o departamento do marketing? Quais as suas contribuições

para a empresa?