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CENIRA CARVALHO COSTA PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: BUROCRACIA OU MEDIAÇÃO? Monografia de Conclusão do Curso Psicopedagogia Orientador Mestre cereja Rio de Janeiro 2002

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CENIRA CARVALHO COSTA

PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

BUROCRACIA OU MEDIAÇÃO?

Monografia de Conclusão do Curso Psicopedagogia

Orientador Mestre cereja

Rio de Janeiro 2002

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu Pai , que apesar de não estar ao meu lado,

fisicamente, me auxiliou na caminhada da Pós graduação.

Com certeza, no lugar onde ele estiver, muito orgulhoso estará de me ver

concluindo o meu Curso .

Obrigada, meu Papai amado pelo seu carinho, afeto e dedicação prestados a

mim durante toda sua vida terrena.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, quero agradecer a Deus por ter me dado o dom da vida, o

dom de amá-lo intensamente.

Agradeço ao meu querido marido , por ter-me apoiado durante toda a

construção deste trabalhado, sendo ele muito generoso, compreensível e amável.

Agradeço aos meus filhos por muitas vezes serem privados da minha

companhia.

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PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

BUROCRACIA OU MEDIAÇÃO?

Monografia de Conclusão do Curso Psicopedagogia .

Rio de Janeiro

2002

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III RESUMO

A presente pesquisa resultou da inquietação vivida no cotidiano escolar, frente

às exigências do administrador, para que os docentes elaborarem o planejamento

didático pedagógico de suas turmas. A inquietação surgiu da representação que os

professores da escola ainda constroem sobre o ato de planejar. Para alguns deles,

trata-se de mais uma exigência a ser cumprida, e que o destino será a gaveta do

professor e do diretor. Entendem que, para a escola, significa um documento

certificatório, fechando-se assim, o ciclo da burocracia escolar. Buscamos, então

encontrar respostas para o seguinte problema: até que ponto o planejamento didático

pedagógico se constitui em mediador da prática educativa do professor de educação

infantil na faixa de 3 a 6 anos de idade, portanto da pré-escola? Diante desta questão

traçamos o objetivo geral, visando compreender as funções do planejamento didático

pedagógico na pré-escola, bem como objetivos específicos, que nos delimitaram o

caminho, delineando a nossa investigação, sempre procurando articular o que os

teóricos apontam sobre a prática do planejamento pedagógico com a faixa etária,

foco desse estudo. Com base nesses objetivos específicos foi possível conceituar o

que é planejamento; caracterizar o seu processo de construção; apresentar as

características mais marcantes da faixa etária estudada (3 a 6 anos), articulando

prática e teoria e, ainda, apresentar uma proposta de planejamento didático-

pedagógico. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica com respaldo nas idéias de

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Gandin (1991), Morin (2000), Luckesi(1990), Hernández(1998) entre os outros

teóricos. Os resultados obtidos dessas leituras, permitem-nos afirmar que o

planejamento didático-pedagógico é um instrumento de natureza relevante no

trabalho docente, visto que , tem uma função mediadora quando contém em seu

delineamento a proposta filosófica, epistemológica, cultural, pedagógica e sócio-

construtivista e quando se estrutura em uma base participativa, comunicacional de

propósitos de ação integrada.

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V SUMÁRIO RESUMO....................................................................................................................IV CAPÍTULO I – Introdução...........................................................................................7 1.1 – Apresentação do tema.......................................................................................7 1.2 - Formulação da situação –problema...................................................................7 1.3 - Objetivo do estudo.............................................................................................7 1.4 - Justificativa........................................................................................................7 1.5 - Referencial teórico.............................................................................................8 1.6 - Questões de estudo...........................................................................................8 1.7 -Procedimentos metodológicos............................................................................8 1.8 - Organização do estudo......................................................................................6 CAPÍTULO 2 - O planejamento didático-pedagógico e sua importância no projeto político do professor 2.1 – Um enfoque filosófico ........................................................................................10 2.2 – Conceituação do planejamento –didático..........................................................12 2.3 – Projeto político pedagógico do professor...........................................................15 CAPÍTULO 3 Construção do planejamento didático-pedagógico e a participação dos atores envolvidos 3.1 - O que é participar..............................................................................................23 3.2 - O processo de construção do planejamento didático-pedagógico do professor da educação infantil....................................................................................................25 CAPÍTULO 4 - Características da criança da pré-escola e a construção do planejamentodidático-pedagógicarticulação teórica/prática.......................................34 4.2 – Relevância do projeto pedagógico nos Referenciais Curriculares Nacionais....................................................................................................................39 CAPÍTULO 5 – Proposta de planejamento do ato pedagógico para turmas de educação infantil.........................................................................................................45 CAPÍTULO 6 -Considerações finais............................................................................48 7 - Referências...........................................................................................................50

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

Passam-se gerações e o questionamento permanece: Por que planejar?

Para que e para quem planejar? Muitos professores já estão descrentes sobre

este ato, pois planejam e nenhuma mudança ocorre com esta atitude. É bem

provável que os profissionais, que tenham dúvidas sobre a construção desse

instrumento não saibam, claramente, quais são os seus objetivos e a importância

que ele assume no processo pedagógico.

Os professores resistem ao ato de planejar por que são exigidos deles

planejamentos sofisticados? Isto contraria toda questão teórico-prática. O

planejamento deve ser objetivo, simples e funcional, como nos ensina Gandin

(1991).

O planejamento didático-pedagógico do professor é um recurso de

trabalho para alunos e professores e deve atender aos objetivos do ato de educar.

Para darmos direção as nossas vidas, devemos nos organizar e planejar.

Assim, também, deve acontecer com todos aqueles que são responsáveis pela

educação infantil.

A escola tem a função de organizar e sistematizar ações que favoreçam

o desenvolvimento e aprendizagem de seus alunos.

É dever da escola, e dos professores, portanto planejar a ação

educativa.

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Neste estudo investigamos até que ponto o planejamento didático

pedagógico se constitui em mediador da pratica educativa do professor de Educação

Infantil na faixa de 3 a 6 anos, portanto da pré-escola.

Partimos então, da compreensão das funções do planejamento

didático-pedagógico do professor numa pré-escola, articulando-o com a visão

político-pedagógica do professor. Apresentamos a conceituação do que é o

planejamento didático-pedagógico e sua importância na prática do professor. Em

seguida, apontamos as características de um professor voltado para uma ação

político-pedagógica na Educação Infantil e identificamos a função que ele

desempenha no processo ensino-aprendizagem. Finalizamos com uma proposta de

construção de planejamento didático-participativo, fazendo convergências com o que

explicita a Lei 9394/96 e os Referencial Curricular para Educação Infantil, acerca das

características da faixa etária estudada. Os resultados nos levam a afirmar que o

planejamento didático-pedagógico não é mero ato burocrático, mas é de extrema

importância para o educador na mediação educando/conteúdo/aprendizagem e que

a ação educativa deve ser planejada de forma coerente e participativa.

O estudo tem como delineamento a pesquisa bibliográfica, sendo privilegiados

autores que se debruçaram sobre este tema, tais como Menegolla, Sant”Anna

(1996), Gandin (1991), Gómez e Hernández (1998), Libâneo (1990), Morin (2000 a e

b), Luckesi (1990) e Amorim (1990).

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Fizemos o uso de outros tantos autores que permitiram o desvelamento dos

benefícios do ato de planejar, suas vantagens e fases determinantes.

Além disso, buscamos na Lei de Diretrizes da Educação Nacional 9394/96 e

nos Referenciais Curriculares para Educação Infantil respaldo teórico, paradigmático

e legal que permitem sustentar uma prática educativa, voltada para a assenção de

todos na consecução do planejamento, e que influirá na construção de cabeças bem

feitas. (Morin,2000b).

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CAPÍTULO 2 – O PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO EA VISÃO

POLÍTICO PEDAGÓGICA DO PROFESSOR

2.1. UM ENFOQUE FILOSÓFICO

O ato de filosofar se sustenta na perplexidade. O homem, quando se defronta

com a realidade e não consegue compreendê-la, questiona, hipotetiza, a partir de

suas reflexões para aprendê-la. A filosofia, portanto presta uma contribuição para o

educador no sentido de melhor compreender os fins da educação.

A educação é um fenômeno extremamente complexo e, para a melhor

compreensão das finalidades pedagógicas, a reflexão filosófica faz-se presente, para

entender de forma mais clara os eixos que articulam as visões de homem e de

mundo. Para que mundo estamos educando?

A atividade educativa deve ser um ato reflexivo e como tal se constitui no

substrato reflexivo e crítico da atividade educacional, na explicitação dos seus

fundamentos, no esclarecimento da tarefa e na avaliação do significado das soluções

escolhidas. A filosofia nos permite, portanto, refletir sobre o processo educativo tal

como é vivido, pois, só assim, nos é possível enfrentar as suas questões

fundamentais.

Podemos verificar que o pensamento tem como tarefa o questionamento.

Questionamos sobre algo que não sabemos, sobre algo desconhecido. Vamos em

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busca de um novo saber através do questionamento. Através do questionamento e

da reflexão, o ato de Filosofar encaminha-nos para a coerência da organização e

seleção dos conteúdos, para o porquê da escolha dos objetivos e meios a serem

utilizados pelo educador.

A filosofia substantiva a intenção pedagógica, assim como a ação pedagógica

apresenta um cunho filosófico. Desta forma, podemos utilizar de uma das

abordagens da Educação, a Filosofia da Educação.

Através do ato de filosofar sobre o existir do homem, da sociedade e do

mundo passamos a imprimir nossa ação orientada na prática pedagógica, para

tornar o aluno cidadão do mundo, cidadão da práxis e não um mero repetidor,

reprodutor, como tanto marcou o alerta de Bourdier e Passeron ( 1970).

A partir do refletir sobre sua existência é que o educador questiona-se sobre

sua função no processo de construção do conhecimento do aluno e,

conseqüentemente, sua contribuição na sociedade. Estas reflexões não podem estar

distanciadas do ato de planejar, de implementar e de avaliar a ação pedagógica

considerada como resultado das contribuições das diferentes áreas do

conhecimento, com a cultura e as necessidades dos alunos.

Segundo Severiano (1990) “A educação é fundamentalmente de natureza

prática, uma totalidade de ação, não se deixando reduzir e decompor como se fosse

um simples objeto” (p.23). Assim, a interdisciplinaridade perpassa a prática

pedagógica como um requisito fundamental, quando realiza a coerência qualitativa,

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articulatória e transgressora entre as várias disciplinas, constituindo-se numa práxis –

ação/reflexão/ação. Nessa perspectiva a reflexão filosófica está presente na

educação, porque “enquanto ação social, atravessada pela análise científica e pela

reflexão filosófica, a educação se torna uma práxis...” ( Severiano, 1990, p.23).

Não existe educador que não tenha em si uma orientação filosófica,

imprimindo a prática. Educação e Filosofia caminham juntas, com a intenção de

conduzir um processo de vida, de construir o conhecimento e reformular o

pensamento.

O educador ao utilizar-se da Filosofia, torna sua prática educativa um eterno

questionar.

“Assim sendo, a filosofia e o exercício do filosofar têm conseqüências diretas e imediatas para nossa prática educativa, na medida em que atuam buscando e produzindo fundamentos que dêem direção ao nosso agir. Aliás como em tudo o mais na vida humana, também a prática educativa não se age sem filosofar”. ( Luckesi, 1990, p.43)

À partir da reflexão filosófica o educador terá a oportunidade de escolher o

melhor caminho a ser traçado dentro do processo educativo, para a elaboração de

seu projeto pedagógico

2.2 CONCEITUAÇÃO DO PLANEJAMENTO DIDÁTICO “Entende-se por planejamento um processo de previsão de necessidades e racionalização do emprego dos meios

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materiais e dos recursos humanos disponíveis a fim de alcançar objetivos concretos, em prazos determinados e em etapas definidas, à partir do conhecimento e avaliação científica da situação original ”. ( Martinez e Oliveira, 1997 citados por Menegolla e SantÄnna 1996)

Toda atividade requer um planejamento, ainda que ao sujeito não assuma as

características de um planejamento formal. É o empirismo da vida que faz que ao

planejar o indivíduo evite desperdício de tempo, de energia e de trabalho.

Planejar o ensino, segundo Marcozzi, Dornelles e Rêgo, “é anteceder

os fins que se quer alcançar e os recursos a serem utilizados”. (1976,p.41)

O planejamento didático nos possibilita o atendimento às necessidades e

interesses dos alunos. Permite-nos ter unidade e continuidade no trabalho. Favorece

a não improvisação e o aumento da produtividade em sala de aula. Além disso,

permite realizar a previsão e conseqüente seleção de instrumentos de ensino,

oportunizando melhor dinamização da proposta de trabalho do professor. De acordo

com Marcozzi, Dornelles e Rêgo (1976): “o planejamento conduz o professor a um

ensino mais eficaz”(p.41)

Se a prática do professor for construída apoiada no seu planejamento, isto

favorecerá a aplicação de métodos, princípios e técnicas científicas, ligadas à

realidade de seus alunos, com a intenção de favorecer a avaliação da situação atual

do aluno/turma, servindo de diagnóstico, para prever as futuras mudanças e

interferindo no alcance de certos objetivos em prazos pré-determinados com pessoal

e materiais disponíveis.

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Enquanto Marcozzi, Dornelles e Rêgo (1976) nos dizem que “planejar é

prever os objetivos que se quer alcançar juntamente com os materiais a serem

utilizados” (p.41), Menegolla e Sant”Anna (1996) afirmam que “planejar é refletir

sobre o que existe, o que se quer atingir, através de que maneira se pretende agir e

como avaliar o que se quer alcançar”. (p.21) . Isto significa dizer que, quando

tratamos a questão de planejamento entendemos que ele é um instrumento de

trabalho, que reflete o que queremos atingir com os alunos, a forma a ser utilizada,

os materiais necessários e a avaliação que será feita. Prevê ainda os procedimentos

a serem adotados, para verificar se os objetivos foram atingidos e ainda, se houve

realmente aprendizagem.

Existem várias modalidades de planejamento, porém o foco deste estudo

encontra-se nas questões relacionadas ao ato de planejar o ensino , e as vantagens

que esta atividade poderá trazer para a dinâmica do processo ensino-aprendizagem.

O planejamento didático é um instrumento que dirige todo o processo

educacional, pois tem condições de indicar as maiores urgências, de delinear as

necessidades, de apontar os recursos e os meios para a execução das metas do

professor.

Ensinante e aprendente se beneficiam com o planejamento didático, por ser

um meio de encaminhar o processo do ensinar e aprender. Entendido assim, este

planejamento está sempre em processo, isto é, “em evolução e realimentação, pois é

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flexível, já que ensinante e aprendente são seres humanos, que estão sempre em

transformação (...) como uma construção contínua”. (Waschauer,1993,p.68)

O planejamento didático implica tomada de decisões. Estas são resultado da

influência da nossa forma de conceber o homem e sua interação com o mundo.

Assim, Menegolla e San”Anna (1996) e, também, Nicolau (1985), afirmam

que o planejamento deve ter objetivos, seguir determinados procedimentos, utilizar

instrumentos e apresentar critérios de avaliação. Nicolau, no entanto, acrescenta que

toda esta caracterização deve levar em consideração os valores morais, éticos,

estéticos etc., e o que nos propomos desenvolver enquanto educadores. “O

planejamento é um instrumento, nunca um fim em si mesmo”. (Nicolau,1985,p.49).

Trata-se então, de uma tarefa docente que contém, tanto as previsões das

propostas didáticas, em termos de organização e integração dos conteúdos, como de

apontamentos dos objetivos propostos, sua avaliação e reajustamento, durante o

processo de ensino.

Segundo Libâneo (1999) ´o planejamento é um meio para se programar as

ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão, intimamente

ligado à avaliação “. ( p.221 ) Ele tem como base a relação interpessoal, a

organização do coletivo e a construção do conhecimento.

O planejamento didático, portanto, é um meio de trabalho para o professor,

quando é estruturado para ações que visam promover melhorias no processo

educacional, através de técnicas, instrumentos e métodos de acordo com a realidade

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dos alunos. Ele não deve ser um mero instrumento formalizador da burocracia da

instituição, nem tão pouco um ditador de regras, mas algo altamente democrático,

em que todos os envolvidos devam ter participação ativa. Desta forma, torna-se um

planejamento didático participativo.

2.3. A VISÃO POLÍTICO- PEDAGÓGICO DO PROFESSOR

A sociedade em que vivemos atualmente, é conhecida como a Sociedade

Pós-Moderna, sendo o conhecimento o maior empreendimento. Essa idéia é

defendida por Morin (2000 a) quando afirma que, ensinar os jovens a enfrentar as

incertezas do mundo é um dos principais desafios do educador da atualidade.

A complexidade do viver do homem, está cada vez mais exigindo-lhe um

posicionamento criativo e as escolas devem se tornar locais “de produção do

conhecimento crítico e da ação sócio-política”( Mc Laren, 1998,p.29).

Cabe à escola preparar e prover os estudantes de habilidades que o permitam

participar de situações e práticas que propiciem condições de analisar, refletir e

enfrentar os desafios sobre seu cotidiano e das estruturas sócio-políticas-

econômicas existentes ( Tenório, 2000). Essa estrutura irá exigir dele uma

renovação contínua de seus conhecimentos. O conhecimento, contudo, não deve ser

algo único a uma pessoa. Ele deve ser compartilhado para se ampliar e transformar,

através de uma ação comunicativa, como assinala Herbermas quando nos diz que

na ação comunicativa , “os participantes buscam alcançar um entendimento sobre

uma situação; sobre seus planos de ação para coordená-los através de um acordo

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que é obtido através de definições das situações que admitem consenso” ( Aragão,

1992, p.52).

O professor, como mediador do conhecimento, isto é, alguém que irá

compartilhar e construir conhecimento com seus alunos, deve optar por trabalhar,

baseado em um projeto participativo, sendo não somente o iniciador, mas o

articulador do projeto, num agir comunicativo, onde a linguagem esteja voltada para

o entendimento, que favoreça aos atores participantes do projeto, definirem e

exporem suas idéias e planos, compartilhadamente num consenso, em busca de

uma ação, que transmita um ambiente de troca e liberdade.

O educador é o mediador da mudança. Cabe-lhe estar em sintonia com o

presente e o passado de seu aluno e de seu grupo/turma, suas expectativas e

história, para poder desencadear a mudança. Essa mudança não poderá ser

traumática e para processá-la terá que ter um olhar e uma escuta sobre a realidade

que trabalha.

No dizer de Gayotto (1996) “o homem é produzido no social, mas ao mesmo

tempo é o produtor do social”(p.65). Sendo assim , ao discutirem, convivendo em

grupo os alunos e o professor, irão internalizando formas de pensar e até de sentir

dos membros da turma, proporcionando a riqueza da tarefa e os modos de participar

no projeto da turma.

O que vem a ser um projeto político pedagógico?

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“Não se trata de um rol de intenções, planos e propostas. É algo mais. É um

projeto político; temos compromisso com a formação do cidadão para um tipo de

sociedade”. (Veiga,1995, p.11) É a superação da desigualdade no interior da sala de

aula.

De acordo com Saviani (1983), toda ação política, contém uma ação educativa

, portanto, em qualquer ação do professor há “um quê “de ação política.

Em vista dessa ação educativa-política, o professor necessita trabalhar com

os conhecimentos que os alunos trazem. Para que a ação-política se torne

democrática, sendo necessária a participação ativa dos alunos. Para que esta forma

de trabalho aconteça, o professor tem como apoio o projeto político pedagógico da

escola , e dele retira as diretrizes para a construção do planejamento didático-

pedagógico participativo. A participação em si só, já nos remete a algo democrático,

que envolve, automaticamente, a política , a qual está intimamente ligada à

educação.

Inicialmente, para trabalharmos com o planejamento didático-pedagógico

participativo, é necessário saber qual direção queremos dar ao processo educativo,

ou seja, qual a formação que queremos promover nos nossos alunos.

Ao utilizarmos um planejamento didático-pedagógico participativo, é preciso

que atuemos em uma escola democrática, escola esta, que oportuniza a todos os

indivíduos a construção do conhecimento e o desenvolvimento de suas

potencialidades intelectuais. Esta afirmação nos faz lembrar Morin (2000 b), quando

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se refere ao princípio da inclusão. Diz ele que este principio é fundamental, pois

“supõe, para os humanos a possibilidade de comunicação entre os sujeitos de uma

mesma espécie, de uma mesma cultura, de uma mesma sociedade”. (p.122) É o

movimento que a comunicação realiza de inscrever um ”nós” em nosso “eu”.

Desta forma, formaremos indivíduos com uma visão ampla de mundo, capaz

de compreenderem as diferentes realidades, com uma formação política que permita

o exercício ativo da cidadania e o discernimento para optar pelo melhor caminho de

transformação. É de Durkhein a célebre afirmação:

”O objetivo da educação não é o de transmitir conhecimentos sempre numerosos ao aluno, mas o de criar nele um estado interior e profundo, uma espécie de polaridade de espírito que o oriente em um sentido definido, não apenas na infância, mas por toda a vida “. ( Morin,2000 a, p.47)

Na educação o nosso desejo é transformar conhecimento em saber, saber

que ajude ao ser orientar-se e definir-se na vida, um saber para enfrentar o desafio

da mudança. “O planejamento é para a mudança, para a transformação”.

(Gandin,1991,p.15) Para que um planejamento tenha como meta a transformação é

necessário que todas as pessoas envolvidas no processo de elaboração participem

de todos os momentos de sua formação, para desta forma, se tornar um

planejamento didático-pedagógico participativo.

Para construirmos um planejamento participativo é necessário que tenhamos

em mente o que queremos alcançar; a que distância estamos daquilo que queremos

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alcançar; o que faremos concretamente ( em tal prazo ) para diminuir esta distância.

Estas etapas que são denominadas por Gandin (1991) como sendo : a) Marco

Referencial ( Marco Situacional, Marco Doutrinal, Marco Operativo ) – se constituem

o ideal que queremos alcançar; b) Diagnóstico – configurando-se constitui como

sendo a comparação entre o que queremos alcançar e a realidade em que vivemos;

c) Programação – que se refere à proposta de ação, o que faremos concretamente

para alcançarmos o ideal.

Durante todas as etapas do planejamento é de fundamental importância que

todos os envolvidos no processo ( pais, alunos, comunidade, professores, pessoal de

apoio etc ) participem ativamente, para que se torne efetivamente um planejamento

participativo. “Um processo de planejamento exige, quando se pretende o bem de

todos, que a participação aconteça em cada momento, em cada ação”. ( 1991,p.98 ).

Para Gandin “no planejamento é fundamental a idéia de transformação da realidade”.

( Gandin,1991, p.98 )

Uma instituição se modifica com a intenção de modificar a realidade global.

Assim, deve acontecer o planejamento didático-pedagógico, como sendo uma tarefa

política e de todos os envolvidos, para que a missão de educar seja compartilhada,

para “preparar as mentes para enfrentar as incertezas que não param de aumentar

(...), educar para a compreensão humana entre os próximos e os distantes”. ( Morin,

2000 a, p. 102). Somente com a ajuda das idéias de cada um, se tornará possível

esse desafio.

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O professor ao optar por trabalhar com um planejamento didático-pedagógico

participativo, deve ter em mente que estará se propondo a desenvolver uma

educação democrática. À partir disso, seu planejamento se aproxima da educação

democrática, por ter as mesmas idéias de grupo, de participação, de construção em

conjunto, de transformação da realidade. Trata-se de “um processo em constante

movimento que envolve as relações das pessoas no esforço de atingir objetivos

comuns de transformação (...)”. ( Gayotto,1996,p.61 )

O professor como mediador da educação deve oportunizar, dentro do seu

campo de atuação, que é a escola, a implementação de seu planejamento ao do

projeto político pedagógico da escola.

Na perspectiva de agente ativo , o papel do professor é o de provocar conflitos

cognitivos no aluno, impulsionando-o a criação de novos conhecimentos. Exige do

educador ter claros os fins da educação, que sustentam toda a prática educativa,

voltados para a aprendizagem do viver, da cultura cidadã, do nascimento de uma

democracia cognitiva, como nos alerta Morin ( 2000 b ).

A democracia cognitiva está comprometida com a busca de uma atitude

problematizadora da reforma do pensamento, visando “formar cidadãos capazes de

enfrentar os problemas de sua época (...). O desenvolvimento de uma democracia

cognitiva só é possível com a reorganização do saber” ( Morin, 2000 b, p.104).

O pensamento, empírico, fragmentário, deixa de existir no planejamento

didático-pedagógico e encontra pontos significativos, para ligar o que está isolado

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nas concepções da natureza, da realidade e dos homens no mundo, num todo que

se articula e se completa. Daí o planejamento ser interdisciplinar.

O projeto político pedagógico, estando em articulação com o planejamento do

professor, é construído e reconstruído na escola nesta ótica de ação-reflexão-ação;

de prática-teoria-prática; de síntese-análise-síntese,

em espaço que cultiva ambiente favorável à valorização da globalidade humana,

como razão, emoção,, afeto, envolvendo responsável e compartilhadamente os

sujeitos para interagir em parceria.

Enfim, um planejamento didático-pedagógico participativo, deve ser

formulado com base em um planejamento pedagógico participativo, sendo a

participação e a ação política-educativa as peças chaves. Desta forma, o professor,

mediado por este instrumento de trabalho, oportunizará seus alunos a se tornarem

seres humanos com consciência política para enfrentar os desafios do mundo, na era

planetária e a pensar criticamente, fazendo uso pleno de suas aptidões mentais nas

interações homem/mundo que estabelecem no seu viver.

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CAPÍTULO 3 – O PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO E A

PARTICIPAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS

3.1– O QUE É PARTICIPAR

Um indivíduo faz parte de uma organização quando tem o sentimento de

pertencer a ela . Ao fazer parte de uma organização, ele pode ter a oportunidade de

participar e interagir entre pares.

A participação apresenta duas bases que se complementam: a base afetiva e

a base técnica.

A base afetiva acontece pela satisfação em realizar as atividades com outras

pessoas; e a base técnica, porque, participando com as pessoas, os resultados

serão mais eficazes e eficientes do que quando realizadas de forma isolada.

A participação favorece à: a) resolução de problemas difíceis de serem

solucionados individualmente; b) oportuniza o comprometimento com as soluções a

serem utilizadas, visto que, todos optaram por elas; c) o processo de decisão se

fortalece e minimiza o poder centralizado; d) organizam-se as lideranças e e) gera

realização pessoal e profissional.

Para tomarmos uma decisão é necessário que haja uma concordância geral.

Mesmo que um dos envolvidos não julgue ser a melhor decisão, tem em mente que é

a melhor opção para o grupo.

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Fazendo uso da participação, a busca do consenso é o melhor caminho para

resolvermos os problemas. Nas trocas entre os elementos que compõem o grupo há

possibilidades de acionar as experiências de cada um e na multiciplidade de

saberes, todos participam, todos aprendem.

Segundo Bleger ( 1989 ) quando todos estão envolvidos na tarefa há a

comunicação, que é alimentada pelos objetivos a serem alcançados, há pertinência

,nas contribuições de cada um e portanto há aprendizagem que favorece a mudança.

É a autêntica “ensinagem”( Bleger, 1989, p.59 ), onde não somente os integrantes do

grupo transmitem informações como também “incorporam e manipulam os

instrumentos de indagação”. ( p.58 )

Utilizando-se do consenso dentro da participação o grupo cria novas

soluções; todos têm a oportunidade de expor suas idéias; as pessoas trocam

sugestões, ouvem o ponto-de-vista do outro, trabalham em parceria, além de

desenvolverem o espírito de equipe.

Para que o grupo apresente um bom desempenho é preciso que aproveitemos

as contribuições de cada um, pois, é um estímulo para o querer e o assumir

determinada ação. As pessoas valorizam mais quando elas contribuem para

construir.

Quando o grupo está envolvido, há um comprometimento com os resultados e

cumprimento efetivo das decisões.

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A participação é, portanto, a atuação ativa de cada participante de um grupo

de uma organização, na qual discutem sobre as decisões que devem ser tomadas e

conseguem chegar a um consenso, contemplando assim a vontade da maioria.

A idéia da participação, como alternativa para a construção do projeto

didático-pedagógico, surgiu do propósito de consultar os protagonistas envolvidos

no processo ensino-aprendizagem para que todos tivessem oportunidade de opinar e

assim, ser resultado do consenso coletivo.

Habermas, citado por Gutierrez e Catani, ( Ferreira, 1998 ) diz que: “participar

significa que todos podem contribuir com igualdade de oportunidades, nos processos

de formação discursiva de vontade “( p.62 ), ao que finalizaríamos dizendo que está

no ato comunicacional a possibilidade de construir coletivamente um plano de ação.

3.2– O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Vivemos em uma sociedade em que, para conseguirmos algo, é

necessário uma autorização, uma procuração, uma identificação etc. Um

verdadeiro “festival de papéis” para comprovarmos a veracidade de um fato. O

Brasil é o “país do papel“, ou podemos, também, denominá-lo como o “país da

burocracia”.

Ao nascermos necessitamos de um registro mas, para obtermos este

registro diversos outros documentos (papéis) são exigidos. Ao completarmos 18

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anos, precisamos ter uma carteira de identidade e durante toda a vida

necessitamos de mais e mais papéis.

A instituição escolar não foge a esta regra da burocracia. Ela está em

estreita “subordinação” aos atores burocráticos na hierarquia do sistema de

ensino que a ela submetem regulamentos, normas (e as fiscalizam), para que

suas propostas educacionais estejam em conformidade com as diretrizes da

educação nacional. Isto não significa dizer que “os normativos não tenham

significado enquanto quadros regulamentadores ou formas de racionalização “a

priori” da organização e ação das escolas. “(Barroso, p.17). Neste aspecto,

acreditamos que estas normas deverão vir em apoio à organização da

administração da escola no sentido de orientar, dando-lhe assessoria normativa

que permitam criar condições de exercer sua função social.

Assim, apesar de este quadro estar mudando a partir da implementação

da Lei 9393/96, que dá às escolas condições de construir autonomamente seu

Projeto Político Pedagógico, o exercício da autonomia ainda está longe de poder

gerir e mudar práticas de pessoas responsáveis pela administração central e

regional.

Essas práticas contaminam o fazer da escola, que passa a exigir do

professor um planejamento didático para fazer face às exigências e normas da

administração central. O planejamento didático pedagógico, passa então, a ser

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algo burocrático, e não resultado de uma ação concreta de pessoas

comprometidas com o Projeto Político Pedagógico da escola.

Essas questões se refletem nos professores, que passam a acreditar ser o

planejamento algo realmente burocrático, que só existe para cumprir o que a Lei

determina e/ou para comprovar que os conteúdos foram planejados para serem

cumpridos.

Segundo André (1990), “quando existe o planejamento, este em geral se

transforma em uma tarefa burocrática, repetitiva, de cumprimento de ordens

vindas de cima para baixo, apenas par satisfazer as aparências” (p.68).

Nesta linha de pensamento, o planejamento didático-pedagógico tem

apenas caráter de formalidade, de listagem dos conteúdos a serem trabalhados

em um determinado momento. Desta forma, este instrumento, tão valioso no

processo de construção do conhecimento, perde seu grande valor.

Para outros professores porém, o planejamento didático-pedagógico se

constitui em um instrumento de trabalho. Instrumento este, que favorece a

construção do saber e orienta o processo de ensino-aprendizgem. A partir desta

visão, o educador faz do planejamento didático-pedagógico, um mediador entre

ensinante-aprendente-conhecimento.

Um planejamento didático-pedagógico, entendido como um mediador do

processo ensino-aprendizagem, configura-se como instância de reflexão sobre a

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finalidade da educação, as necessidades dos alunos, o encaminhamento da

proposta educativa com a participação dos educadores, da família e dos alunos.

Ele, sob a ótica mediadora, apresenta um formato extremamente flexível,

visto que, a prioridade é a necessidade do aluno, e por isto, enquanto mediador,

não “se perde” pelo caminho, pois tem sempre como orientação os objetivos/fins

do processo educativo.

A etapa deste processo, especificamente voltado para a pré-escola, é uma

fase em que a ludicidade está muito presente, visto que todo o processo de

construção do conhecimento da criança se processa através de atividades

lúdicas, concretas, experimentais. Os alunos da Educação Infantil, têm a

oportunidade de aprender “brincando”, pois o aprendizado através do lúdico,

torna o aprender desafiador, nas trocas vividas no grupo, na ensinagem que o

grupo promove no prazer que advém do jogo.

Da mesma forma, o professor da Pré-Escola, tem a oportunidade de se

utilizar do Projeto Político Pedagógico da escola e integrar ao seu planejamento

didático-pedagógico, numa visão mediadora e de processo. Se a escola trabalha

na modalidade de um currículo integrado, como nos ensina Hernández (1998)

o professor poderá organizar suas atividades através de projetos de trabalhos,

sugeridos pelos alunos em decorrência da prática democrática que o Projeto

Político Pedagógico imprime e sustenta. Desta forma, o professor transforma o

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planejamento em um “alicerce” na construção do conhecimento, com a

participação ativa de seus alunos.

Um planejamento didático-pedagógico, com a perspectiva mediadora,

apresenta questões importantes. Inicialmente, a aprendizagem é vista como um

processo de transformação. O aluno é ser ativo que absorve, compreende e

processa informações, sendo o professor o mediador deste processo dialético.

Isso implica dizer que nesse cenário estão implicados o professor-pesquisador,

auto-reflexivo que privilegia situações concretas do processo produtivo e o aluno,

que tem necessidade e desejo de aprender.

A Educação Infantil é a fase onde os alunos estão construindo suas

características pessoais, portanto, o eixo de organização dos conteúdos,

incluídos no planejamento não mais se estabelece em áreas de conhecimento,

organizadas de forma fragmentada. Passamos a privilegiar a práxis sócio-cultural

de onde serão extraídos os enfoques inter e transdisciplinares que permitirão

articular o vivido, num pensar e fazer coletivo, favorecendo as habilidades

cognitivas, afetivas e sociais. É nesse interjogo que as diversas potencialidades

dos alunos se desenvolverão. Nesta dimensão, os conteúdos, constituídos de

seus estatutos epistemológicos e lógicos, oportunizarão a construção do

processo educativo, facilitador da transformação constante do pensamento, das

atitudes e das habilidades dos alunos da pré-escola.

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Entre as características que diferenciam o planejamento didático-

pedagógico dos demais planejamentos está a busca do educador em organizar

os conteúdos a serem trabalhados de forma tal que permita articular as suas

reflexões próprias deste conteúdo, internas, portanto, aos conhecimentos

externos, ou seja o que está entorno e que poderá permitir o ir e vir do

conhecimento, através de um olhar extra-disciplinar, que a complexidade dos

conteúdos permite, num movimento interdiscilpinar. Essa complexidade será alvo

de reflexão do professor, para que seus eixos de intervenção do conteúdo

tenham unidade, rompendo a fragmentação entre as disciplinas e estejam ao

alcance da compreensão da criança.

Assim, as atividades previstas no planejamento didático-pedagógico têm

função ímpar. É a partir da leitura da diversidade que ele é constituído. As

atividades devem possuir características fundamentais, tais como: serem

estimulantes, instigantes, lúdicas, claras, com objetivos definidos, mediadoras

para novas descobertas, flexíveis, interessantes, criativas e que favoreçam a

ação coletiva e participativa. As atividades do planejamento didático-pedagógico

devem assumir um papel em que a mediação entre ensinante-aprendente-

conhecimento esteja presente.

Nesse aspecto, a atuação do professor deve ser de forma que as

intervenções favoreçam o aluno a buscar suas próprias respostas frente ao novo.

Um ambiente de trocas dentro do grupo torna-se fundamental pois, como

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assinala Vygotsky ( Rego, 1995 ), é na interação com os conhecimentos do outro

que o ser humano se transforma, se socializa, adquirindo novos conhecimentos e

expandindo sua relação cognitiva com o mundo. Vygotsky ainda afirma que “o

bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento, ou seja, que se dirige

as funções psicológicas, que estão em vias de se complementarem.”

(Rego,1995,p.107)

Para tanto, o movimento de articulação teoria/prática do professor deverá

permitir que, constantemente, ele avalie, reflita, critique e reconstrua sua prática

docente.

Na perspectiva do planejamento didático-pedagógico mediador o aluno é

um ser ativo que recebe, decodifica e absorve as informações, fazendo do

conhecimento uma verdadeira elaboração subjetiva. Os processos de atenção,

decodificação, organização e modificação da informação, mobilizam as estruturas

do aluno e determinam como se dará o processo de aprendizagem.

É necessário construirmos um planejamento, no qual são previstas

atividades que oportunizem o trabalho em grupo, onde todos colaborem na

construção do próprio conhecimento.

Ao apresentarmos o planejamento didático-pedagógico como mediador ele

assume a característica de um exercício de participação em todos os sentidos,

marcado pala comunicação entre os protagonistas do processo ensino-

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aprendizagem, pelo diálogo intelectual com todas as pessoas, sempre atentas à

contribuição de cada um.

A forma de se construir esse planejamento didático-pedagógico não

comporta rigidez na estrutura, nem tão pouco a centralização nos conteúdos, ou

mesmo nas atividades. A proposta mediacional assume o compromisso “com o

estabelecimento de uma relação entre o aluno e o conhecimento que

verdadeiramente [integre] conteúdo e método, de modo a propiciar o domínio

intelectual das práticas sociais produtivas “ ( Kuenzer apud Ferreira,1998, p.35 ).

Assim, derrubamos a prática tradicional de organização rígida dos

conteúdos, trabalhados de forma repetidora anos após anos. Isto trazia para os

docentes, repetidor de “programas”, uma estagnação e perda do alcance da

pesquisa de novas forma de conceber o ensino. Da mesma forma se apresentava

o ato de construção do planejamento. Dentro desse rito de repetição, ele se

constituía em mero expediente burocrático, para atender às exigências da escola.

É de suma importância que o planejamento seja construído em parceria

para que possamos efetivar seu caráter participativo e mediador, como nos

ensina Menegolla e Sant”Anna “ (...) o plano é para os professores e seus

alunos.”(1996,p.46). O planejamento didático-pedagógico deve atender à

realidade dos alunos, portanto, deve ser construído em parceria com eles,

resgatando com isso a atividade do docente de pesquisar com os alunos . “

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Surge a necessidade de todos os alunos participarem do planejamento.”(

Menegolla e Sant”Anna, 1996,p.47).

É a partir desse diálogo dialógico que o processo de ensino-aprendizagem

será construído, “... o mais importante é o trabalho educativo efetivo desenvolvido

com a própria criança pré-escolar.”(Nicolau,1985,p.152).

Ao ouvirmos a opinião e a sugestão do aluno estamos valorizando o

conhecimento prévio que o aluno tem sobre determinado assunto. Desta

maneira, o aluno sente-se motivado em estar na escola porque, é um ser

participante, ativo e mediador do processo educativo.

Quando iniciamos este processo participativo na Educação Infantil

estamos proporcionando, já precocemente, momentos significativos do exercício

da prática democrática e participativa do ser humano.

Como isto será possível em uma pré-escola? Da mesma forma que é

possível em uma escola fundamental. A participação acontece dentro do âmbito

possível dos alunos, funcionando o planejamento do professor como um

instrumento pensado de transgressão da inércia e da ruptura para além do

burocrático.

É preciso ficar bem claro que o professor necessita conhecer bem a faixa

etária, na qual irá desenvolver o trabalho, para que o planejamento didático-

pedagógico não se perca em seus fins. Deve ele, portanto, atender às

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necessidades cognitivas, afetivas e sociais dos alunos e estar voltado para a

construção do ser reflexivo.

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4- CARACTERÍSTICAS DA CRIANÇA DA PRÉ-ESCOLA E A CONSTRUÇÃO DO PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO: ARTICULAÇÃO TEÓRICO/PRÁTICA

A cada ato que realizamos nos utilizamos do planejamento para

organizar os passos que iremos dar.

De forma similar o planejamento funciona como instrumento de trabalho ao

professor de Educação Infantil, utilizando-se de conteúdos, procedimentos e

recursos, buscando orientar as atividades que serão desenvolvidas entre

professores e alunos, no processo de ensino-aprendizagem.

A interdisciplinaridade deve estar presente no planejamento do professor,

pois assim, ele terá uma unidade, uma integração. Desta forma, os alunos

também formulam os seus conhecimentos de forma encadeada e lógica.

Isto significa adotarmos um eixo comum que permita a integração dos

conteúdos/disciplinas no momento de trabalharmos com as turmas de estudo. É

na discussão desses pontos de convergência epistemológica que permitiremos

que as propostas educativas atinjam os alunos de forma integrada,

restabelecendo a compreensão do mundo e de suas relações determinantes,

deixando de lado a apresentação da realidade como única e não mutável

(Hernádez, 1998).

O planejamento nos oportuniza sistematizar o ensino e assim construi-lo de

forma organizada. Com ele, projetamos situações que favoreçam a construção do

conhecimento.

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Para um aprendizado mais efetivo é de grande utilidade a aproximação entre a

teoria e a prática. Quando estamos planejando o ato pedagógico, devemos levar isto

em consideração. É com o planejamento que iremos articular, fazer a ponte entre a

teoria e a prática.

O planejamento na Educação Infantil se apresenta de forma estrutural, sendo

que seus objetivos estão relacionados às estruturas do pensamento da criança, as

ações que queremos que ela construa e a questão da diversidade.

Organizar o ensino é levarmos em conta diferentes ritmos e estilos de

aprendizagem. Este é um dos grandes desafios do educador.

Observando as diferentes faixas etárias e o processo de desenvolvimento das

crianças de pré-escola, podemos apresentar alguns critérios para essa organização.

De 3 a 4 anos, aproximadamente:

• O planejamento nesta fase, tem como função oportunizar atividades que se

desdobrem e se encandeiem sem perder a articulação. O planejamento

deve proporcionar momentos de representações, onde a linguagem possa

se desenvolver mais e mais. Este instrumento, nesta faixa etária, pode ser

desdobrado em diferentes atividades, resultando em experimentações e

transformações sistemáticas.

De 4 a 5 anos, aproximadamente:

• Nesta faixa etária, o planejamento tem como função entrelaçar as

experiências vividas pelos alunos com as propostas da escola de forma

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mais sistematizada. Já que a conversa entre as crianças é sobre estas

experiências. O planejamento deve encaminhar para a intensificação das

relações e dos diálogos. Também devem estar contidas nele atividades

que trabalhem com a identificação dos nomes dos alunos, para que

auxiliem no processo de construção da leitura e da escrita. Nesta fase, os

alunos já são capazes de trabalhar com a memória coletiva. O

planejamento do próprio dia, também é uma forma de trabalharmos esta

memória. O planejamento deve oportunizar atividades que as crianças

trabalhem com semelhanças e diferenças e com a mobilidade do

conhecimento.

De 5 a 6 anos, aproximadamente:

• O planejamento nesta faixa etária apresenta como função a sistematização

das atividades que foram vividas até o momento.

É a fase em que as crianças querem entrar no mundo letrado e o

planejamento deve oferecer atividades que aumentem e intensifiquem a

relação entre a fala, a escrita e a leitura. No planejamento o professor

deve organizar propostas que permitam aos alunos, estabelecer sua forma

de construção da escrita. “Sem saber ainda escrever, ela inventa uma

escrita própria.” ( Amorim, 1990, p.38)

O planejamento nesta fase deve oferecer uma gama de atividades que

possam trabalhar com as mais variadas relações entre a escrita e a leitura

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e também, com a construção das estruturas elementares (classificação,

ordenação, seriação etc) e utilizar as operações de adição e subtração.

De acordo com Piaget (citado por Amorim, 1990), a fase estudada na

presente pesquisa é denominada como Período Pré-Operacional.

Nesta fase, a criança está desenvolvendo a linguagem e se utiliza da

inteligência prática. Inicia a representação de uma coisa, por outra; é o início da

formação dos esquemas simbólicos.

O egocentrismo é bastante forte. A criança não consegue imaginar o mundo

sem que ela faça parte dele. “ Teremos (...) uma criança que a nível comportamental

atuará de modo lógico e coerente (...) e que a nível de entendimento da realidade

estará desequilibrada “. ( Rappoport, 1981, p.68).

Nesta fase, a criança está no egocentrismo intelectual, isto é, há ausência de

esquemas conceituais verdadeiros; o julgamento dependerá da percepção imediata.

Outra característica marcante, é o início do desligamento da família e uma

maior socialização entre as crianças. Apesar disto, não há integração efetiva.

Percebemos diversas crianças brincando juntas mas, cada uma com sua brincadeira.

Com relação à linguagem, há a presença da língua socializada (diálogo para a

comunicação) e linguagem egocêntrica (diálogo sem interlocutor). Quanto mais velha

a criança, maior a utilização da linguagem socializada, com a intenção de se

comunicar e interagir com as colegas.

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Enquanto brinca a criança fala e realiza a ação. Este movimento é entendido

por Piaget como “um treino dos esquemas verbais recém adquiridos e como uma

passagem gradual do pensamento explícito(motor) para o pensamento interiorizado.”

(Rappoport, 1981, p.71)

Através da presente pesquisa, podemos afirmar, que o planejamento na

Educação Infantil tem como principal função encaminhar a construção do processo

educativo à partir de atividades com objetivos definidos e que articulem a teoria e a

prática.

É com o planejamento que o professor deve “mapear” a aprendizagem de

forma clara, coerente, lógica e objetiva.

Com ele o educador irá nortear o processo de ensino-aprendizagem.

“A Educação Infantil na LDB, Lei 9394/96, se apresenta como sendo a 1ª fase

da Educação Básica. Tendo por objetivo o desenvolvimento infantil nos seus

diversos aspectos social, emocional, cognitivo e psicológico.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional sancionada em Dezembro

de 1996 estabelece

Art.29 - A educação infantil primeira etapa da educação básica, tem como

finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus

aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e

da comunidade.

Art.30 - A educação infantil será oferecida em

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I - creches e entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;

II – pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade”.

(Grossi,1998,p.31)

4.1 – RELEVÂNCIA DO PROJETO PEDAGÓGICO NOS REFERÊNCIAIS CURRICULARES NACIONAIS

Os Referenciais Curriculares propõem uma relação, através dos projetos

curriculares e programas, entre as instituições de educação infantil. Esta relação está

ancorada em duas dimensões complementares : condições internas e condições

externas.

Condições Externas

Cada instituição apresenta suas particularidades e especificidades. Estas

devem estar presentes na proposta curricular de cada unidade escolar, sendo

fundamental que a cultura de cada região seja valorizada e incorporada dentro do

currículo.

Condições Internas

Variados são os tipos de creches e pré-escolas existentes no Brasil. Com

relação ao horário de funcionamento, algumas atendem, 8 a 12 horas por dia; outras

24 horas; outras 4 a 6 horas etc. As crianças que permanecem em horário integral

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necessitam de maior responsabilidade com o desenvolvimento e aprendizagem

infantis.

“ A elaboração da proposta curricular de cada instituição se constitui em um

dos elementos do projeto educativo e deve ser fruto de um trabalho coletivo que

reuna professores, demais profissionais e técnicos “. (RCN,1998, p.66) É relevante

que os envolvidos com o processo educativo participem da construção do Projeto

Educativo.

Outros itens devem ser considerados para o bom desenvolvimento do projeto

pedagógico, tais como: o ambiente institucional, a formação do coletivo institucional,

o espaço para a formação continuada, o espaço físico e recursos naturais, entre

outros.

Ambiente Institucional

O ambiente de ajuda, parceria e respeito entre os profissionais e destes com

as famílias, proporciona o bom andamento do projeto educativo.

É importante que criemos um ambiente acolhedor para que as crianças

sintam-se acolhidas, seguras, queridas no local que estejam.

Formação do Coletivo Institucional

A Direção da instituição deve criar um clima democrático, onde todos os

participantes sintam-se como parte do processo.

Compartilhar a construção do processo torna todos os envolvidos

responsáveis pelo desenvolvimento do projeto pedagógico.

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Espaço Para Formação Continuada

É importante que os profissionais, tenham uma formação continuada. Que o

estudo não aconteça de forma esporádica, mas sim, com datas e horários definidos,

para que os professores possam trocar idéias e refletir sobre a prática pedagógica.

Espaço Físico e Recursos Materiais

Espaço físico, materiais, instrumentos, móveis, brinquedos, estes são

materiais ” ativos ”, dentro do processo educacional. “Os professores preparam o

ambiente para que a criança possa aprender de forma ativa na interação com outras

crianças e com os adultos.”(RCN, 1998, p. 68)

Versatilidade do Espaço

O espaço físico da instituição, deve propiciar que as crianças possam utilizá-lo

da melhor e das mais variadas formas.

É importante se ter ambientes amplos e mais livres para que as crianças

possam explorá-los trabalhando, desta forma, com os movimentos amplos.

Os Recursos Materiais

Os recursos materiais aqui entendidos como cola, papel, tesoura, massa de

modelar etc, são os instrumentos que auxiliam as ações das crianças.

Os brinquedos e jogos são também materiais que ajudam no processo de

construção do saber.

Segurança do Espaço e dos Materiais

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A segurança do espaço e dos materiais é um outro aspecto que deve ser

levado em consideração, pois é importante que as crianças tenham liberdade para

utilizar o espaço e os materiais sem correrem riscos.

Critérios para Formação de Grupos de Crianças

As diferenças que caracterizam cada fase do desenvolvimento são muitas, o

que faz com que as instituições agrupem as crianças por faixa etária,

Outro fator que deve ser considerado, além da organização por faixa etária é a

proporção criança por adulto.

Até 12 meses ------------------------------------- até 6 crianças/adulto

1 – 2 anos ----------------------------------------- até 8 crianças/adulto

2 – 3 anos (sem fralda) ------------------------ até 12 a 15 crianças/adulto

3 – 6 anos ----------------------------------------- até 25 crianças/adulto

Organização do Tempo

O número de horas que a criança permanece na escola deve ser organizado

para que ela tenha uma rotina com atividades diversificadas. Atividades mais

movimentadas, atividades que envolvam mais concentração, alimentação, higiene

etc.

É importante que a escola utilize uma rotina clara e compreensível para

facilitar o andamento do processo.

Ambiente de Cuidados

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É necessário criar um ambiente de cuidado para as crianças, atendendo às

necessidades das diferentes faixas etárias, das famílias e às condições de

atendimento da instituição. (RCN,1998)

Como ciclo natural da vida as crianças se desenvolvem, sendo necessária

uma adequação da instituição.

Parceria com as Famílias

É preciso que se respeite os variados tipos de estruturas familiares. Diversas

são as composições das famílias no momento atual e a forma de educar os filhos.

A escola tem o dever de aceitar e respeitar cada estrutura familiar.

O mesmo acontece com os diversos valores, crenças, culturas. A grande

variedade cultural, possibilita uma troca de experiências, muito significativa e que

com certeza, irá contribuir para o processo de ensino-aprendizagem.

É importante que a escola estabeleça com as famílias, canais de comunicação

para que, estas tenham acesso ao trabalho que está sendo desenvolvido na

instituição. Desta forma, as famílias têm a oportunidade de participar do trabalho

educativo.

O acolhimento das famílias e das crianças na unidade escolar é um outro item

que deve ser levado em consideração. A entrada da criança na escola pode criar

ansiedade tanto para ela, quanto para os pais e professores. Cada criança apresenta

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um comportamento diferente e a instituição também deve agir de forma diferente

para cada uma.

Nos primeiros dias, que podemos chamá-los de adaptação, o olhar do

professor deve estar voltado para a criança. As atividades devem ser muito bem

planejadas para que a criança seja bem acolhida. O tempo de permanência da

criança na escola deve ser gradualmente aumentado, até que se complete o tempo

que irá permanecer no ambiente escolar.

Os grupos de alunos vão se remanejando, quando há necessidade. Esta

mudança, deve ser paulatina, para que, as crianças não sintam-se tão

afetadas/mexidas.

A substituição de professores é um outro fator que deve ser muito bem

pensado e organizado, visto que. Os alunos estabelecem um vínculo afetivo muito

forte com os mesmos, nesta faixa etária.

A passagem da Educação Infantil para o Ensino Fundamental é um momento

de grande mudança para as famílias e as crianças.

As instituições devem acolher as famílias com necessidades especiais como

problemas de alcoolismo, violência familiar, problemas de saúde etc.

Estes são os pontos de Projeto Pedagógico abordados no Plano Nacional

Curricular de Educação Infantil.

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CAPÍTULO 5 – PROPOSTA DE PLANEJAMENTO DO ATO PEDAGÓGICO EM TURMAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL

Para construirmos um planejamento didático-pedagógico, nós professores

devemos saber que este instrumento deve ser claro, objetivo, flexível, criativo,

instigante e desafiador.

Inicialmente, devemos traçar os objetivos deste planejamento, fundamentados

na visão filosófica de homem e de mundo o fim que definirmos o que alcançar.

Determinados os objetivos, discriminamos as diversas atividades a serem

realizadas para atingir estes objetivos.

É importante que as atividades sejam compatíveis com a faixa etária; que elas

tenham um caráter instigador, desafiador; que o aluno, possa através das atividades,

adquirir novos conhecimentos, conhecimentos estes, que irão auxiliá-lo em sua

formação.

As atividades, previstas dentro do planejamento, constituem o “corpo “deste

instrumento. É à partir delas que o planejamento será constituído. Sendo, portanto,

de extrema importância que estas atividades sejam pensadas e discutidas, para

depois comporem as propostas de ação.

Após pensadas as atividades, estabelecemos os locais de sua realização. É

preciso pensar que cada atividade requer um espaço apropriado e seguro. Como,

por exemplo, uma pintura não deve ser realizada em um ambiente onde as crianças

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não tenham acesso à água para a limpeza das mãos. É interessante registrarmos no

planejamento o local de realização de cada atividade.

Um outro item bastante considerável é o que diz respeito aos

materiais/recursos didáticos. Devemos oferecer a maior diversidade possível de

materiais para a realização das atividades. Quanto mais variados os materiais, maior

será o interesse da criança em realizar a atividade, visto que é apresentado para ela

um diferencial.

A adequação dos materiais é outro aspecto importante, adequação no sentido

à faixa etária e à atividade proposta.

Outro importante ponto é com relação à segurança dos materiais usados. Não

devemos oferecer objetos pontiagudos e com possibilidades de causar acidentes.

Quando estamos propondo uma atividade na Educação Infantil, devemos

estar atentas a tudo e a todos, pois, são nos menores movimentos que podem

ocorrer grandes acidentes.

No que tange à participação, onde entraria na construção do planejamento?

Ao traçarmos os objetivos determinamos o que queremos alcançar com o

planejamento.

Devemos ter claro em mente que sabemos o que queremos fazer, conforme

confirma Cury (1986), “o saber fazer não é senão o domínio competente do saber

que fundamente os processos de transmissão.”(p. 2)

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É necessário, portanto, determinarmos o conteúdo (saber) e o método (saber

fazer) para que, não caiamos no vazio de só realizarmos o que o aluno quer.

Tendo os objetivos e conteúdos bem definidos, apresentamos estes aos

alunos e podemos definir juntos o como fazer, a maneira como conseguiremos atingir

os objetivos, as atividades que podemos realizar enfim, o método a utilizar. Desta

forma, estaríamos nos utilizando dos alunos dentro do planejamento didático-

pedagógico.

É importante ressaltar que esta prática da participação não é algo fácil. É um

exercício que deve ser feito paulatinamente, sempre com a nossa interferência e com

direcionamento, para que o aluno perceba que estamos construindo juntos o

processo de construção do conhecimento.

Resalvamos que estamos apresentando uma proposta de planejamento

didático-pedagógico e que não devemos pensá-la de uma forma fechada .

É preciso que ela venha para “dar asas à imaginação” em cada educador.

Além disso, é preciso adequá-la à realidade de cada escola, cada turma, cada

professor.

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CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para todas nossas ações fazemos algum plano, mesmo que, mentalmente.

No ambiente educacional necessitamos organizar nossas atividades, escolher

os métodos para realizá-las, selecionar os materiais e determinarmos os objetivos

que queremos alcançar. À este conjunto de ações denominamos o planejamento

didático-pedagógico.

O professor utiliza-se do planejamento didático-pedagógico com sendo o seu

grande instrumento de trabalho dentro do processo educativo

Ao construirmos um planejamento devemos refletir sobre a educação e sobre

a finalidade dela na vida do ser humano.

O planejamento didático-pedagógico deve estar de acordo com o projeto

político do professor, o qual, apresenta como primícia a formação global do ser

humano. Ao ter como meta a formação humana, nada mais justo do que tê-lo como

parceiro em sua construção. Desta forma, podemos apresentar mais uma importante

característica do planejamento que é a participação. É de considerável importância,

que os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem participem da construção do

planejamento didático-pedagógico, pois desta forma, se sentirão responsáveis pelo

mesmo. Além disto, o planejamento deve ser construído de acordo com o projeto

político-pedagógico da instituição, o qual será desenvolvido para desta forma,

assumir a função mediadora dentro do processo educativo. .

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O presente trabalho apresenta o planejamento dentro do âmbito da educação

infantil. Diversas peculiaridades, portanto, devem ser levadas em consideração tais

como: a especificidade de cada faixa etária, os objetivos de cada fase da educação

infantil, a articulação entre a teoria e a prática, o desenvolvimento do trabalho de com

materiais concretos etc.

Ao desenvolver o planejamento o professor deve estar atento à relevância do

projeto pedagógico dentro dos Referenciais Curriculares Nacionais e procurar

articular suas idéias de acordo com estas diretrizes.

Neste pesquisa apresentamos uma proposta de confecção de um

planejamento didático-pedagógico que é através de atividades. Atividades estas que

contém suas especificidades e que devem ser adequadas: à faixa etária, à

instituição e à sua metodologia, ao professor, e à realidade sócio-cultural na qual

serão realizadas.

Com bases no estudo podemos registrar como considerações finais que o

professor ao montar seu planejamento deve ter em mente qual o objetivo a ser

alcançado, saber que este instrumento tem a função de mediador no processo

educativo, portanto, deve valorizar a participação dos envolvidos no processo,

considerar a realidade e a faixa etária, na qual está atuando e ainda ter como

características ser claro, objetivo, instigante, desafiador e prazeroso de ser realizado.

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