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MATERIAL DIDÁTICO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO: IMPASSES, OBSTÁCULOS, SUPERAÇÃO *1 DOMINGUES, Maria das Graças Teodoro [email protected] ** 2 GOMIDE, Angela Galizzi Vieira [email protected] RESUMO Este artigo apresenta discussões sobre a organização do trabalho pedagógico da escola dando ênfase para o Projeto Político-Pedagógico do Curso de Formação de Docentes. A concepção desse documento como eixo organizativo do trabalho escolar, a formação continuada dos educadores e a importância das condições institucionais para tal em busca da autonomia, da democracia e da cidadania constituíram-se os principais eixos teóricos da discussão, a qual se baseou em uma pesquisa na área. O objetivo do trabalho permitiu uma opção metodológica que privilegiou aspectos qualitativos na análise do projeto político. Numa análise preliminar constatou-se que a superação de uma cultura em busca da democracia e da cidadania como processos estratégicos epistêmicos dos sujeitos rumo à emancipação, só será possível quando a participação e a atitude democrática se esvaziarem de discursos que dependam de concessões, pois a cidadania não se concede, se realiza e se constrói todos os dias. Estas questões estão teoricamente contempladas no projeto político-pedagógico, mas correm o risco de esvaziamento, já que podem ser praticadas em outras dimensões e conceitos que condizem mais com uma educação de cunho funcionalista. Restringindo-se à consciência do querer acertar, com várias ações bem intencionadas, mas com necessidade em rever certas posturas e concepções que ajude a pensar a prática docente numa visão emancipadora, cabendo o desafio de socializar conceitos mais aprofundados. A linha epistemológica que subsidia o trabalho associa-se à linha de pensamento de Dermeval Saviani. Palavras-chave: Projeto Político-Pedagógico, Formação Continuada, Democracia, Cidadania. ABSTRACT This article presents arguments about the organization of school pedagogical work emphasizing Politician-Pedagogical Project of the Teaching Formation Course. 1 * Pedagoga, professora do Colégio Estadual Cristo Rei – Ensino Normal de Cornélio Procópio/PR. 2 ** Pedagoga, professora da Universidade Estadual de Londrina, doutoranda PUC/ Curitiba/PR

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MATERIAL DIDÁTICO

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO: IMPASSES, OBSTÁCULOS, SUPERAÇÃO

*1 DOMINGUES, Maria das Graças Teodoro [email protected]

** 2 GOMIDE, Angela Galizzi Vieira

[email protected]

RESUMO Este artigo apresenta discussões sobre a organização do trabalho pedagógico da escola dando ênfase para o Projeto Político-Pedagógico do Curso de Formação de Docentes. A concepção desse documento como eixo organizativo do trabalho escolar, a formação continuada dos educadores e a importância das condições institucionais para tal em busca da autonomia, da democracia e da cidadania constituíram-se os principais eixos teóricos da discussão, a qual se baseou em uma pesquisa na área. O objetivo do trabalho permitiu uma opção metodológica que privilegiou aspectos qualitativos na análise do projeto político. Numa análise preliminar constatou-se que a superação de uma cultura em busca da democracia e da cidadania como processos estratégicos epistêmicos dos sujeitos rumo à emancipação, só será possível quando a participação e a atitude democrática se esvaziarem de discursos que dependam de concessões, pois a cidadania não se concede, se realiza e se constrói todos os dias. Estas questões estão teoricamente contempladas no projeto político-pedagógico, mas correm o risco de esvaziamento, já que podem ser praticadas em outras dimensões e conceitos que condizem mais com uma educação de cunho funcionalista. Restringindo-se à consciência do querer acertar, com várias ações bem intencionadas, mas com necessidade em rever certas posturas e concepções que ajude a pensar a prática docente numa visão emancipadora, cabendo o desafio de socializar conceitos mais aprofundados. A linha epistemológica que subsidia o trabalho associa-se à linha de pensamento de Dermeval Saviani. Palavras-chave: Projeto Político-Pedagógico, Formação Continuada, Democracia, Cidadania. ABSTRACT This article presents arguments about the organization of school pedagogical work emphasizing Politician-Pedagogical Project of the Teaching Formation Course.

1 * Pedagoga, professora do Colégio Estadual Cristo Rei – Ensino Normal de Cornélio Procópio/PR. 2 ** Pedagoga, professora da Universidade Estadual de Londrina, doutoranda PUC/ Curitiba/PR

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This document notion as a point of organization of the school work, the educator´s continued formation and the effect of the institutional conditions for such subject in search of the autonomy, of the democracy and the citizenship composed the main theoretical axiom of the discussion that is based upon a research in the specific area. The purpose of the work allowed a methodological option that privileged qualitative aspects in the analysis of the politician project. Preliminary analysis evidenced that the overcoming of a culture looking for autonomy, democracy and citizenship, as epistemic strategic processes of the citizens directed to emancipation, it will only be possible when the participation and the democratic attitude becomes empty of speeches that depend on concessions, therefore the citizenship takes place and builds itself everyday. These cases are theoretically showed in the Politician-Pedagogical Project, but are supposed to become empty, on account of being used in another dimension and concepts, which are more suitable with a functional instruction. Restricting it the conscience to make it right, with several well intentioned actions, occurs the necessity to review certain positions and conceptions that help to think about teaching training in an emancipated point of view, where the challenge fits to socialize more deepened concepts. The epistemological view that conducts the work associates it to Dermeval Saviani´s point of view. Key words: Politician-Pedagogical Project, Continued (Teaching) Formation, Democracy, Citizenship. INTRODUÇÃO

A introdução deste artigo será de uma forma diferente, ou seja, a partir de um

texto de Ribeiro (2007) denominado Balanço:

Nos últimos anos, pouco a pouco no Brasil e no mundo, as ideologias políticas, os pendores revolucionários e os fervores religiosos tradicionais perderam o poder de atração sobre o povo. Começaram ao mesmo tempo, a difundir-se seitas e práticas místicas, que, com o apelo a biorritmos, drogas, astrologia, dietas místicas e feitiçarias, orientam a vida de milhões de pessoas, na tentativa de devolver-lhes o equilíbrio emocional indispensável para enfrentar suas mazelas existenciais, mas desativando-as como protagonistas da história e construtoras de seu próprio destino. O Brasil cresceu visivelmente nos últimos 80 anos. Cresceu mal, porém. Cresceu como um animal mantido desde cedo, dentro de uma jaula de ferro. Essa jaula são as estruturas sociais medíocres, inscritas nas leis, para compor um país da pobreza na província mais bela da terra. Sendo assim, no Brasil do futuro, a maioria da população nascerá e viverá nas ruas, em fome canina e ignorância figadal, enquanto a minoria rica, com medo dos pobres, se recolherá em confortáveis campos de concentração, cercados de arame farpado e eletrificado. Entretanto, é

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tão fácil se livrar dessas teias, e tão necessário, que dói... à conivência culposa.

A solução para estes problemas numa tentativa de superação é a educação.

É disto que precisa o Brasil e é disto que trata o presente artigo.

Desigualdades e tensões têm caracterizado a sociedade brasileira, exigindo

das instituições públicas o comprometimento com o bem coletivo. As enormes

dimensões de inferioridade tornam necessários projetos coletivos dotados de

sustentação cidadã. As intranquilidades que surgem, quando são avaliadas

estratégias para a superação da desumanidade historicamente estabelecida, são

resultantes da percepção da complicação dos problemas vividos no contexto com o

qual a sociedade interage. Essas intranquilidades merecem tanto mais atenção

quanto mais se toma consciência das responsabilidades associadas às tomadas de

posições diante dos problemas com que se defronta a escola.

Nesse cenário adverso, é forçoso agir em direção à democratização da

escola, repensando a sua organização através de programas internos que possam

articular e consolidar mecanismos de participação e construção da autonomia

escolar.

A escola, inserida como está numa totalidade social que se constitui

historicamente e que tem como função social a apropriação do conhecimento, lida

com formas de organização, valores, normas e regras. Neste contexto, as

concepções de educação que podem permitir o cumprimento de sua função social,

necessariamente, devem perpassar as necessidades locais. Dessa forma, é que se

faz necessário a análise do projeto político pedagógico como eixo organizativo do

trabalho escolar, suas concepções, sua relevância para a escola. Seu sentido

enquanto instrumento de construção da autonomia, democracia e cidadania podem

servir para refletir, alertar, sinalizar possibilidades, e principalmente, a busca de

alternativas para a transformação do contexto escolar visando a melhoria da

qualidade da educação através de aspectos que merecem destaque: a formação

continuada da comunidade escolar. O trabalho coletivo dos profissionais, a formação

dos educadores e a importância das condições institucionais para tal – PPP

constituíram-se os eixos teóricos da discussão.

Ações que viabilizem a formação continuada em serviço são indicativas de

desenvolvimento profissional assentados sob uma base pedagógica, político-

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profissional, portanto, aqui encarado como elemento estratégico democrático para

melhorar de fato a qualidade da educação.

Conforme afirma DUARTE (2007) no que diz respeito à formação dos

profissionais da educação, de pouco ou nada adianta o professor se formar na

melhor universidade “se não for desenvolvida uma análise crítica da desvalorização

do conhecimento escolar científico e teórico, contida no ideário que se tornou

dominante no campo da didática e da formação de professores.” As concepções

negativas que permeiam o ato de ensinar, as quais condizem com teorias como do

professor reflexivo, pedagogias das competências, escolanovismo, construtivismo,

epistemologia da prática e outras tantas nomenclaturas que poderão surgir se

imbricam na prática de muitos profissionais da educação.

De pouco ou nada servirá qualquer esforço se a escola não sustentar no seu

projeto maior, o Projeto Político-Pedagógico, um alerta sobre a necessidade de

análises rigorosas dos fundamentos filosóficos, da problematização dos

pressupostos epistemológicos e pedagógicos que desvalorizam a transmissão e

assimilação do conhecimento através da escola. A união de esforços num trabalho

participativo indica possível superação de idéias hegemônicas que vem sendo, em

larga escala, difundidas por muitos intelectuais brasileiros, fatos que acentuam

processos particularizados, subjetivos, em detrimento de avanços teóricos.

Pela primeira vez na história da educação brasileira, o governo institui uma

única concepção pedagógica como prática acadêmica obrigatória para todos os

graus de ensino, chamada ainda segundo Duarte (2007) de “pedagogias do

aprender a aprender”, nas quais os alunos “desaprendem” se não houver um aporte

reflexivo. Essas idéias estão difundidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais.

A preocupação em desvendar a ideologia que está por trás do contexto deve

dar-se através de reflexões que levem o indivíduo a ser capaz de estimular sua

humanização, se qualificar e não se adaptar à ordem vigente, a mecanismos de

sujeição, a se contentar com respostas simples ou desinteresse em aprofundá-las,

aceitação e adesão de verdades estabelecidas, divulgadas e repetidas que não são

questionadas, percepção com naturalidade da organização da sociedade dividida

em classes, incapacidade do homem de perceber que ele tanto produz a riqueza

quanto a pobreza.

Em decorrência, o presente estudo aborda a importância das

diferentes linguagens que são próprias da organização do trabalho pedagógico na

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escola, em especial a do projeto político-pedagógico discutindo contribuições de um

projeto de formação continuada como ferramenta para o processo de planejamento

e desenvolvimento do trabalho educativo. Espera-se entendê-lo como um

instrumento de construção da autonomia, da democracia e da cidadania como

formas de emancipação humana.

Apesar de alguns avanços educacionais, presencia-se um panorama com

sérios problemas, desde um manejo ideológico de leis e textos escolares até o

elitismo, mostrando que a escola perdeu sua condição preponderante de ensinar,

sua maior especificidade, o que acentua ainda mais as desigualdades sociais.

Como fazer a articulação das indagações que devem ser assimiladas com as

reais necessidades das práticas profissionais e até que ponto as repercussões de

estudos enriquecem as práticas dos profissionais é reforçar o propósito de

aperfeiçoar ações para melhorar as condições de desempenho docente e

consequentemente discente, ampliando e melhorando a qualidade do acesso às

informações em sintonia com a realidade local. Compreender que articulações

podem ser construídas entre projeto político-pedagógico da escola e a formação

continuada de alunos, educadores e conselheiros escolares contribui para uma

prática social integrada e emancipada.

O projeto político-pedagógico é uma temática bastante debatida no cenário

educacional e paranaense, mas ainda não está entendido como exercício de

emancipação e autonomia, tendo como meta a cidadania dos sujeitos. Para tal,

precisa-se dar conta do conhecimento da sua filosofia, das políticas e dos objetivos,

permitindo constante avaliação e reflexão em direção à sua qualidade e efetivação,

portanto, precisa ser conhecido, debatido, refletido e estudado por todas as pessoas

de todo segmento escolar.

Dessa maneira, pleiteia-se fazer estabelecer reais necessidades sociais, em

que todos os indivíduos estejam no exercício de sua condição de sujeito. E o PPP

coloca, juntamente com os conceitos que fundamentam as suas percepções e de

acordo com a sociedade e a época histórica, quais os imperativos sociais mais

indispensáveis no espaço escolar. Suas raízes contemplam o reflexo de sociedade a

qual responde, onde as importantes transformações de natureza social, política e

econômica contemporâneas acarretam grande impacto nos papéis dos diversos

profissionais devido às alterações que se originam nas conjeturas neoliberais e na

mundialização da economia que são os eixos das políticas governamentais, fatos

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estes que interferem sobremaneira nas definições das especificidades da

organização escolar.

Formar cidadãos capazes de compreender a realidade atuando na busca da

superação das desigualdades, fruto das contradições do capitalismo, requer muito

empenho na elaboração de propostas consistentes que ajudem na realização de

propósitos que se almejam. De acordo com Paro (2007, p. 114),

[...] mas proporcione aos professores formação em serviço, com assessoria permanente e tempo reservado em suas atividades escolares para discutir seus problemas, tomar contato com uma visão revolucionária e democrática de educação e aprender metodologias mais consentâneas com tal visão.

Isso ganha força na construção, na reconstrução e na avaliação do projeto

político-pedagógico, no coletivo da escola, na participação democrática, a formação

continuada em serviço necessita ser uma das ações do PPP. Ao assegurar o

funcionamento dessa formação, entendendo de que forma estas questões são

contempladas no PPP e até que ponto repercute na escola é um subsídio para que a

teoria e a prática se efetivem numa relação includente, num compromisso político

com a realidade. Ao alavancar como meta a autonomia dos sujeitos, pretende-se

elevar a compreensão do ensino em seu mais alto nível, nos termos culturais,

sociais, políticos, éticos e estéticos, portanto, a plena cidadania, aqui entendida

como direito inalienável e insubstituível de todos à apropriação do saber, que é a

maior especificidade da escola. Como diz Saviani (p. 410, 2007):

[...] de um trabalho pedagógico vinculado aos interesses da maioria da população; de uma escola pública de qualidade acessível a todos; de uma democratização plena; de um ensino que tornasse acessível à população os conhecimentos produzidos socialmente.

A elaboração do projeto político-pedagógico, seu entendimento, sua

importância política para a escola, deve ser imbuído com os interesses da

população. A reflexão sobre a prática, sua fundamentação, só será possível se

forem criadas condições concretas para a formação continuada em serviço das

pessoas de todos os segmentos escolares, tarefa não só dos governos e órgãos

superiores, mas também da própria escola. Esta, ao iniciar a construção do seu

projeto, sua efetivação na prática, sua reelaboração, deve pensar um processo de

formação continuada como política interna da escola.

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Nesse contexto, surgem alguns questionamentos junto aos educadores sobre

qual é o papel social da escola e qual a melhor forma de organização do trabalho

pedagógico no sentido dessa escola ser responsável pela promoção do

desenvolvimento do cidadão no sentido pleno da palavra: cidadania. Cabe-lhe

também a incumbência de definir que mudanças julgam necessárias fazer nessa

sociedade, através das mãos da própria comunidade escolar.

Os conceitos usados como parâmetros para análise deste estudo, como

autonomia, emancipação, democracia e cidadania, se imbricam e se interrelacionam

entre si, portanto, não se separam em seu contexto mais amplo: autonomia, criação

coletiva e democrática de ações; emancipação, liberdade com responsabilidade;

democracia, liberdade que se constrói com o outro através do diálogo; cidadania,

como processo que abre caminhos para se chegar a uma humanidade mais

decente, livre e justa a cada dia, opção de escolha do indivíduo frente às

experiências teórico-práticas, podendo escolher que cidadania, que trabalho, que

autonomia, que democracia, que emancipação e que vida querem para si mesmos.

A cidadania se constrói num processo que se dá no interior da prática social e

política das classes, e se conquista a cada dia. Buffa (1991 p.79 ) assim se

posiciona:

As lutas pela escola e pelo saber, tão legítimas e urgentes, vêm se constituindo um dos campos de avanço político significativo na história dos movimentos populares e na história da construção da cidadania. Por este caminho nos aproximamos de uma possível redefinição da relação entre cidadania e educação. Há relação entre ambas? Há e muita, no sentido de que a luta pela cidadania, pelo legítimo, é o espaço pedagógico onde se dá o verdadeiro processo de formação e constituição do cidadão. A educação não é uma precondição da democracia e da participação, mas é parte, fruto e expressão do processo de sua constituição.

A importância da criação de espaços coletivos para estudos devem ser

garantidos por uma gestão democrática na escola, pelos órgãos mantenedores, pelo

trabalho comprometido do pedagogo e da direção, pela participação dos alunos e da

comunidade civil, neste caso os conselheiros escolares, pelo estabelecimento e

fortalecimento de estudos através de uma política pedagógica que possa orientar a

prática educativa e autonomia intelectual através da formação continuada. Esta,

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segundo a qual nas diretrizes da política educacional ganha corpo e relevância na

atualidade, pode tornar, assim, um projeto permanente, efetivo, na própria

instituição. O papel do pedagogo é fundamental, ele precisa manter-se

constantemente atualizado, realizando leituras específicas de sua área de atuação,

bem como a respeito de assuntos relacionados à política educacional.

Torna-se imprescindível a escola ter momentos que consolidem essa prática

para que nenhum profissional da educação seja confrontado com as próprias

fraquezas ideológicas e pedagógicas, que inconscientemente atuam contra a

intenção subjetiva de emancipação do próprio educador. É preciso ter humildade

para reconhecer as próprias limitações, atualmente ninguém está imune às práticas

injustas da escolarização. São várias as ações bem intencionadas da escola

pesquisada, os projetos de estudos acontecem, porém, desarticulados, haja vista a

alegação de muitos profissionais de não terem tempo, outros não tem interesse,

outros pensam na certificação, somente. A análise das dificuldades apresentadas

poderá subsidiar a organização do trabalho escolar em consonância com o projeto

político-pedagógico na busca de superação dos problemas.

Os saberes são processos que desvendam os instrumentos de emancipação

e autonomia do ser sujeito que precisa entender a sociedade e atuar como autor,

construtor e reconstrutor de realidades. É fundamental, entretanto, que se reflita

sobre a realidade para que se possa ampliar o contexto na qual está inserido.

Fazer da escola um espaço contrário às altas taxas de fracasso escolar e

exclusão, é estar comprometido com a formação de cidadãos que possam contribuir

para a superação das contradições sociais. A sugestão de projetos que viabilizem

atitudes e posturas que resultem num processo de formação e aquisição de

conhecimentos é uma iniciativa que articula todos num processo de renovação de

conhecimentos. Repensar a práxis educativa aliando teoria e prática, num

movimento de estímulo ao educador a progredir, a envolver-se constantemente com

o progresso escolar dos alunos, reforça a escola como um lugar privilegiado de

acesso aos saberes.

O encaminhamento metodológico do presente estudo apresenta a concepção

histórico-crítica da educação como uma das abordagens possíveis de interpretação

da realidade concreta e educacional a qual se associa à linha de pensamento de

Dermeval Saviani. A análise do contexto de trabalho através de um aporte de campo

e a reflexão teórica por meio de fontes de referências oferecem condições plausíveis

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para que os problemas existentes sejam por todos superados e compreendidos em

seus mais diversos e contraditórios aspectos, o que caracteriza a pesquisa

qualitativa. A intenção em compreender e refletir a dinâmica da escola justifica essa

abordagem, cuja preocupação essencial é o significado que os sujeitos dão às

informações, o que propicia a descoberta de novos elementos e de novos rumos que

possam propor mudanças necessárias. O tipo de estudo de dados empíricos, o

monográfico, caracteriza-se como representativo de outros semelhantes, portanto de

outros colégios que ofertam o curso de formação de docentes.

Este artigo compõe-se de temas articulados entre si: Introdução; Projeto

Político - Pedagógico: caminhos e descaminhos, avanços e retrocessos; Projeto

Político - Pedagógico como gestor da gestão democrática na escola; Formação

continuada em serviço: entre o projeto político-pedagógico e a práxis; e mais as

considerações finais. Todavia, a idéia norteadora é a de considerar a escola como

ponto de partida e ponto de chegada, tendo como parâmetro sua responsabilidade

no sucesso ou no fracasso escolar do aluno.

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO: CAMINHOS E DESCAMINHOS, AVANÇOS

E RETROCESSOS

No artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Brzezinski (2000 p.

277) “a educação tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” Mas um

trabalho que sirva, acima de tudo, para o desenvolvimento de todas as

potencialidades do ser humano, para melhorar sua vida e de todos, isto é cidadania.

As leis têm que sair do papel e a escola é um lugar privilegiado, já que é nela que

desemboca toda prática educativa.

Sácristan (1999, p. 276) justifica que é preciso reafirmar a idéia de que a

escola tem sentido, porque é, justamente, uma organização que garante os direitos

dos cidadãos à educação e a recebê-la em determinadas condições. É também

garantia para pensar nas necessidades da sociedade em seu conjunto.”

A escola, sendo o lugar por excelência do projeto sócio-histórico e

educacional, deve instituir e entrecruzar o projeto de sociedade com o projeto

pessoal dos sujeitos num processo coletivo que viabilize ações pedagógicas

impregnadas de finalidades políticas, da práxis humana, intencional, se efetivando

como mediação para a construção da cidadania. O fim último da escola é a sua

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construção, e esta tem no Projeto Político-Pedagógico um instrumento importante

para atingir sua finalidade maior. Portanto, a escola precisa se organizar e elaborar

um planejamento que auxilie nesse trabalho. E isso se concretiza através da

viabilização e concretização das ações educacionais, portanto, a íntima relação

entre o projeto político pedagógico e a formação continuada na escola, torna-o

instrumento privilegiado de participação de todos na apropriação de conhecimentos

teóricos em busca de cidadania que se deseja construir.

Para dar conta do atraso educacional que passa toda a sociedade é

necessário constituir uma rede de educação comprometida, que traga avanços.

Conclamar a própria comunidade escolar para se comprometer com mais coragem e

ousadia diante de uma escola que não se quer seletista e excludente, uma escola

que não tenha como linha mestra as teorias que desvalorizam a transmissão e

assimilação de conhecimentos científicos, as quais estão inseridas nos contextos

epistemológicos hegemônicos da sociedade educacional a serviço do

neoliberalismo, é conclamar a todos a não inserção dessas políticas, pois são sérias

as conseqüências no âmbito das esferas pessoais, sociais, culturais e econômicas.

A possibilidade de que a escola consolide as atividades que se referem à sua

função social almejando a qualidade da educação como processo de emancipação,

depende cada vez mais de uma definição clara de seu papel como instituição

pública. As concepções que norteiam o Projeto Político- Pedagógico devem, com

rigor, ser conhecidas pelos membros da escola, que, conscientes das

transformações da realidade, possam realizar intervenções na prática.

Essas intervenções devem acontecer de maneira que a realidade conduza

mudanças que minimizem a diminuição da desigualdade social. Se não colaborar

para esse sentido considerando a grande responsabilidade que lhe cabe, a escola

estará contribuindo para o aumento de problemas. Á ela, como instituição pública e

gratuita, compete firmeza de sua posição como responsável por benefícios à

comunidade. A interação com o contexto que a mantém torna-a comprometida com

a confiança que a sociedade lhe concede.

Para isso a instituição escolar não pode abster-se do mundo da política,

porque tal fato provocaria a impossibilidade total de cidadania e democracia. Esses

conceitos e ações se aproximam do projeto político-pedagógico, haja vista alguns

termos indicarem que se reflita na atuação da vida na sociedade. Como afirma Boff (

1999, p.35):

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Ao ideal democrático (...) o ser humano é essencialmente um ser de participação, um ator social, um sujeito histórico pessoal e coletivo de construção de relações sociais o mais igualitárias, justas, livres e fraternas possíveis dentro de determinadas condições histórico-sociais.

Entre os diversos modos de ser da escola e de sua subjetividade, o projeto

político-pedagógico é um documento que na prática sempre teve dificuldades para

se definir e encontrar mecanismos de superação das próprias limitações. Premido

entre os trabalhos coletivos no cotidiano da escola, sofre de crise de identidade, das

indefinições relacionadas ao currículo e principalmente, algumas vezes, por falta de

recursos humanos culturais, políticos e epistêmicos, processos que são compatíveis

e inseparáveis de necessidades que lhe são próprias para se tornar realidade.

A elaboração da “proposta pedagógica,” advinda com a nova LDB em 1996,

nas escolas, veio com o princípio da autonomia. Mas, apesar dessa autonomia

divulgada, não é levado em conta a grande diversidade que existe.

Veiga (2004, p.79) constata:

A proposta pedagógica, ao se constituir em documento, é instrumento de trabalho de uso da instituição e da comunidade escolar, não se sujeitando ao crivo de aprovação externa, a não ser na hipótese de exame de apreciação de eventual ilegalidade. Assim, a importância de sua dimensão reside no fato de atingir a organização do trabalho pedagógico e as funções da escola.

Neste contexto, a elaboração do projeto político-pedagógico, tendo sua

finalidade maior a própria escola, necessita ser orientando através de teorias

consistentes, pois nessas condições seu acompanhamento, realimentação e

avaliação oferecem requisitos para sua efetivação. A autonomia responsável com o

sujeito social oportuniza construção, definição de metas coletivas e revisão de

objetivos que se quer alcançar.

Ora projeto pedagógico, ora proposta pedagógica, acabou sendo identificado

como projeto político-pedagógico, termo de preferência dos intelectuais estudiosos

da explicitação de contradições que permeiam a vida das pessoas, contradições

estas baseadas no sistema sócio-metabólico do capital. Entretanto, apesar de estar

intimamente articulado ao compromisso sócio-político e com os interesses reais e

coletivos da maioria da população, segundo Veiga (2004), a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação não conceitua nem diferencia as diferentes expressões.

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De acordo com a deliberação nº 014/99 do Conselho Nacional de

Educação e as orientações da Secretaria Estadual de Educação do Paraná, SEED,

em consonância com a LDB9394/96 a nomenclatura adotada oficialmente é

proposta pedagógica.

Há mais de duas décadas, com uma aparente redemocratização no País,

levantaram-se expectativas de desenvolvimento, e no plano educacional as

tendências críticas da educação se fizeram emergentes, como a histórico-crítica que

foi fundamentada nos pensamentos de Saviani (1998). Período rico em debates,

discussões, seminários, visando a melhoria da educação, em que Libâneo (2003,

p.138), sinaliza da seguinte maneira:

O debate acerca da qualidade da educação com o esgotamento da ditadura militar iniciou-se concomitante a um processo de retomada da democracia e de reconquista dos espaços políticos que a sociedade civil brasileira havia perdido. A reorganização e o fortalecimento da sociedade civil, aliados à proposta dos partidos políticos progressistas de pedagogias e políticas educacionais cada vez mais sistematizadas e claras, fizeram com que o estado brasileiro reconhecesse a falência da política educacional. Isso impeliu os intelectuais progressistas a participar no campo político de forma enfática, ocasionando várias mudanças: a descentralização da administração com formas de gestão democrática na escola, participação dos professores, funcionários, alunos e pais, além de eleições diretas para diretores.

Apesar desses esforços e avanços, a escola pública continuou com a

elitização da educação, que segundo Aranha (1996, p. 221) afirma, “... a escola de

qualidade cada vez mais restrita a grupos privilegiados, enquanto a pública se reduz

a condições lamentáveis.” A luta para uma escola de todos é da sociedade, afinal na

constituição está escrito que a educação constitui um direito subjetivo, portanto

inalienável.

Ao iniciar o processo de redemocratização, o Estado do Paraná, estando na

vanguarda do processo, apresenta o projeto político-pedagógico possível, ainda com

muita abstração, o que teve como resultado após muitos estudos e reflexões, a

elaboração do Currículo Básico, que ainda na atualidade continua a expressar o

grau de consciência político-pedagógica de grande importância. Serviu de parâmetro

para a elaboração das Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado.

(ARCO VERDE, 2003).

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Mas esse grau de consciência político-pedagógica, após uma grande lacuna

ocasionada pelo governo Lerner que, com propostas neoliberais, financiamentos

externos do Banco Mundial – BM e Banco Interamericano de Desenvolvimento –

BIRD, fizeram com que as idéias político-pedagógicas difundidas pela concepção

histórico-crítica fossem seriamente comprometidas. Sob a ótica das competências e

habilidades a serviço do neoliberalismo em todas as suas dimensões, contexto este

oficializado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais e pelo relatório da Comissão

Internacional da UNESCO, conhecido como Relatório Jacques Delors que trata entre

outras questões dos quatro pilares da educação, a cidadania plena dos indivíduos

fica seriamente comprometida, pois significa apenas adaptabilidade ao mercado

produtivo consumista frente a uma sociedade injusta.

O contexto em questão, década de 90, segundo Frigotto (2005,

p.263):

Tem o pensamento neoliberal assumido pela classe dominante brasileira, traduzido pela tese do ajuste mediante a reforma do Estado, pelas privatizações do patrimônio público e a ampliação do poder do capital sobre o trabalho, pela derrocada dos direitos trabalhistas e pela internacionalização da economia, o que traz para a sociedade enormes danos.

Como se vê, a contribuição na difusão de propostas liberalizantes em

nível nacional e estadual contou com vários mecanismos. O escasso investimento

em educação pôde ser evidenciado, a sociedade passa a conviver com o

crescimento do trabalho informal, as incertezas do trabalho formal e mais

analfabetismo. E nessa política é elaborado o projeto pedagógico nas escolas em

2001. De acordo com Arco Verde (2003), sua elaboração deixa um quadro

desfigurado de currículo do estado, perspectivas nocivas interferiram na prática

escolar, como a ausência de um trabalho sistemático e coletivo. Ainda, mesmo

garantindo alguma autonomia, deixou um processo organizativo individual, sem ser

capaz de buscar o princípio da igualdade para garantir a todos o acesso à educação.

O que se observou na educação nacional e paranaense foi a

continuidade da escola trabalhando como outrora, sem ações concretizadas. Dessa

forma, o que se presenciou entre 1995 a 2002 foi uma precarização total da escola

pública no Paraná.

De acordo com Arco-Verde (2003, s.p.):

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A escola pública do Paraná sobreviveu a este governo, de políticas equivocadas em relação ao sistema educacional. E é nessa escola de resistência que se crê, e é nela que reside a intencionalidade da dimensão pedagógica, cuja definição está no esclarecimento de ações educativas e de seu papel, e que possibilitem a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Uma escola cuja supremacia é o trabalho com o conhecimento escolar. Conhecimento este, que é específico, advindo da produção intelectual dos homens, mas que serve para possibilitar também o conhecimento amplo, na ação humana, numa teia de relações sociais, as quais geram novas necessidades de reflexões e elaborações teóricas.

E é dessas questões que o projeto político-pedagógico tem que dar conta.

Sua relevância social é o compromisso com a construção de uma escola

verdadeiramente includente, de boa qualidade, transformadora, tendo como caminho

o comprometimento com o trabalho visto como um princípio educativo, a práxis

como princípio curricular, e o direito ao atendimento escolar, processos que são

segmentos do Ensino Básico.

A luta pela democratização, pela qualidade na transmissão e assimilação dos

saberes, por uma educação pública gratuita e universal para todos, permeia as

políticas públicas educacionais da Secretaria de Estado da Educação do Paraná na

atual gestão do governo Requião. As orientações advindas apresentam uma

concepção de educação e de escola que, teoricamente, são progressistas, parece

que agora as coisas estão andando, mas as preocupações continuam, haja vista

que a história é demarcada por rupturas, mandos e desmandos. Antes, havia

gargalos intransponíveis, estão sendo encontrados caminhos. O atual contexto da

educação paranaense constitui-se em uma nova situação, uma situação positiva que

emerge nas escolas. Esse trajeto com certeza levará a educação para um processo

emancipatório.

Mas ainda se deparam com certos limites e certas impossibilidades de se

efetivarem na prática cotidiana da escola uma gestão democrática e participativa,

tornam-se necessárias maiores articulações com uma política de formação

continuada em serviço a partir da escola, na escola e para a escola, pois se entende

que buscar soluções no pedagógico para de fato acontecer um projeto político que

dê conta da construção da autonomia, da democracia e da cidadania como

processos inseparáveis, são caminhos que podem ser contemplados através de

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programas e projetos. É grande a responsabilidade dos profissionais que atuam na

escola para que estas questões não se esgotem em meros discursos.

Para Gramsci (1986) o projeto de sociedade que se quer tem que

estar relacionado com o projeto educacional. Para ele, os problemas das escolas

não são somente um problema de currículo ou formação de professores, mas sim

que a sociedade toda coloque a educação como problema e assim contribuir para

subsidiar permanentemente propostas de tomada de decisões necessárias à

execução de planejamentos. Toda a comunidade ganha, os conselheiros escolares

se tornam grandes aliados. Fazer do PPP um instrumento de entendimento,

estudando algumas questões elencadas a seguir, favorece as tomadas de decisões

no contexto escolar: o que se entende por projeto político-pedagógico e como é sua

construção no cotidiano; como se dá a interferência das instâncias superiores na

questão da autonomia da escola para a sua elaboração; quais as condições que

foram ofertadas para a realização de um trabalho sério e comprometido com as

discussões envolvendo a comunidade escolar; que determinações e

condicionamentos ele sofre no atual contexto; dentro de quais relações de poder ele

se legitima; qual a importância que tem para o coletivo da escola; o que é um projeto

de escola e como está vinculado a um projeto de sociedade; existe coerência entre o

registrado no projeto e o que é realizado no dia a dia da instituição; até que ponto os

profissionais tem clareza teórica para a sua elaboração; o que os educadores tem

feito para que a sociedade tenha claro que são intelectuais e que produzem

conhecimento; quais são as funções dos educadores enquanto intelectuais

orgânicos na sociedade (GRAMSCI 1986); como o conhecimento vai se legitimar

dentro da escola; qual saber a escola deve difundir, como e a quem; que tipo de

educação e sociedade se pretende; pela falta de formação inicial e/ou continuada

em serviço a prática dos profissionais se altera ou não se altera; qual a função

social, política e filosófica da escola.

Infelizmente, essas questões relacionadas ao projeto político-pedagógico na

maioria das vezes são desconhecidas por muitos profissionais da educação.

O apoio do pedagogo é fundamental no encaminhamento dessas questões, a

ele compete fazer um levantamento da realidade escolar para que o planejamento

seja de fato, adequado a ela para garantir um trabalho de êxito. A partir da análise

dessas inquietações, se compreenderá melhor a importância do projeto político-

pedagógico, buscando fazer da escola um espaço de aprendizagem e exercício da

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democracia. Este planejar é entendido como um processo coletivo, no qual são

envolvidos todos da escola com o propósito de pensar sobre os melhores meios de

se realizar uma boa tarefa.

Tecer o projeto político-pedagógico exige acima de tudo a busca da

identidade de uma instituição, sua intencionalidade, seus compromissos, a busca de

uma unidade coletiva e a vontade de mudar. Para isso é importante que o PPP seja

entendido na sua totalidade, na sua relação com a construção da autonomia da

escola, além do seu papel na instituição de relações democráticas no cotidiano

escolar.

Observa-se que na prática escolar os conhecimentos das concepções

pedagógicas ainda são esparsos por uma grande maioria de docentes, em parte

devido à grande rotatividade que há todo início de ano com professores trabalhando

em várias escolas, o que muitas vezes dificulta a organização de estudos que se

pretende. A necessidade de articulação entre o projeto político-pedagógico e o fazer

educativo acentua a necessidade de conhecimentos das várias concepções

pedagógicas, diferentes correntes teóricas são colocadas para os professores sem a

preocupação de confrontá-las entre si, o que faz com que as políticas neoliberais

ganhem corpo, e sem o aprofundamento do que seja e quais seus impactos e

conseqüências na vida dos sujeitos, o estudo torna-se meramente uma avalanche

de informações vazias e frágeis.

Igualmente, os docentes não podem correr o risco de alienadamente ficarem

discutindo ante as diferentes e adversas tendências pedagógicas, o que importa na

realidade é refletir sobre o que estão por trás de pacotes educacionais

internacionais, quais são as políticas, as propostas, as alternativas educacionais

sugeridas aos países em desenvolvimento. É fundamental que cada profissional da

educação perceba as reais intenções que existem por trás de processos ideológicos

que permeiam a estrutura da sociedade capitalista.

A concepção histórico-crítica foi inspirada no materialismo histórico, e oferece

uma visão de totalidade, trás à tona a necessidade de promover discussões dentro

da escola, de entender as contradições sociais. É a concepção que fundamenta o

presente estudo e também a que fundamenta as Diretrizes Curriculares do Estado

do Paraná.

As contraposições educacionais existem, há professores segundo Saviani

(2007) neo-produtivistas (neo-escolanovistas, neo-construtivistas, neo-tecnicistas),

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progressistas, e devem-se respeitar todos eles. São condições contraditórias,

existentes, não dá para mudar isso. Mas o profissional necessita saber qual a

finalidade educativa para não permitir a si próprio realizar, de maneira insuficiente,

sua tarefa escolar. O ensino deve se ampliar e se completar com a formação de

cidadãos críticos, entretanto, o afêrro ao habitual, ao tradicional, ao costumeiro, leva-

se à tendência de se aceitar por verdade o que é usual e estabelecido, o que

combina de certa forma muito bem com certa incapacidade de imaginação de

prefigurar um novo estado de coisas, novas formas e novas visões que edifiquem o

domínio da apropriação dos saberes científicos na instituição escolar.

O ensino se encontra fora de foco quando se acredita numa verdade

absoluta, numa certeza, é onde deve entrar o professor-pesquisador com grandes

critérios de análise, escolhendo sua linha de pensamento e segui-la. Conhecer qual

concepção pedagógica permeia o PPP, qual visão da totalidade de homem com seu

mundo, sua realidade, sua cultura, seu conhecimento e que escola, que ensino, que

aprendizagem, que metodologia e que avaliação se quer, isso tudo é imprescindível

para os profissionais. A análise do texto, do contexto, do meio, da história, o estudo

epistemológico, faz o professor epistêmico e este faz a escola.

Aos educadores cabe não ser negado o direito de ter tempo de sentar e

discutir, esses fatores devem ser considerados pela escola, pelo diretor e pelo

pedagogo, uma proposta séria e organizada de ações como uma política da escola

em seu interior acentua a percepção de educadores se perceberem sujeitos e não

demonstrarem na fala a angústia quando não conseguem estabelecer a relação

entre a prática e a teoria. Sentem um descompasso entre a realidade da sala de

aula, portanto, a fragilidade teórica tem na formação continuada em serviço uma

atenção especial. Existem muitos projetos que são dignos de respeito, com grande

qualidade, mas é necessário que a escola se preocupe com a socialização dos

conhecimentos que concentrem em um número maior de seus membros.

Segundo Alves (2007) a política neoliberal trás à tona muitas transformações

pela ótica do trabalho, como alterações nas linhas de produção, toyotismo,

flexibilização da força de trabalho, qualificação, desemprego estrutural,

competitividade, exigências de novas habilidades, estagnação de salários, perda do

poder sindical, redes terceirizadas e subcontratadas, trabalhos incertos,

informalidade, mecanismos de incentivo ao consumo e outros. Todos esses

processos interferem sobremaneira no ensino, tentativas de ajustar a escola a esse

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novo contexto são grandes, como são grandes os impactos negativos para a

educação, pois este estado impõe uma lógica de exclusão social extensa e intensa.

A escola não garante a integração e permanência no mundo do trabalho, não há

garantias de emprego, a formação é voltada para a adaptação ao mercado.

Duarte ( 2001, p. 75), afirma:

As questões relacionadas com a internacionalização e mundialização da economia, descentralização, competência, competitividade, faz com que a educação se configure como um produto mercadológico servindo aos interesses do capital. A escola passa a servir de espaço estratégico de interesses econômicos capitalistas, como meio de preparar mão-de-obra para a sociedade produtiva em fase de desenvolvimento.

As idéias neoliberais defendem a sociedade dividida em classe e justificam

que o acesso a posições sociais favoráveis depende do esforço de cada sujeito,

uma vez que a oportunidade é dada a todos, portanto enfatiza o individual, não há

preocupação com as questões sociais e com o coletivo.

Urge superar as contradições que existem, pois estas se pautam em enorme

desvalorização do conhecimento científico, teórico e acadêmico. Têm-se que

perceber no PPP uma reflexão coletiva, compreensão das políticas educacionais,

coesão coletiva de todos no comprometimento com sujeitos, com vidas, e uma

vontade coletiva de zelar pela aprendizagem dos alunos e assim formar sujeitos

comprometidos com a transformação da própria história.

Para Gramsci (1986) é necessário uma visão de mundo que seja capaz de

convencer a todos a entrar na luta pela conservação ou pela transformação da

sociedade, cabendo-lhes escolher o que acham melhor de uma forma crítica. As

funções ideológicas existentes inibem as condições que permitem a todos a

integração plena à cidadania.

É somente através da educação que se pode propor uma ação política contra

a alienação, a favor da promoção de ações políticas consistentes que valorizem o

ato educativo, o ato de ensinar, onde o conhecimento sistematizado e o saber

historicamente acumulado sejam tomados como elementos básicos de referência

para a organização do ensino. O projeto político-pedagógico é o grande eixo

norteador de mudanças e conscientização da não submissão ao capital, a práxis

encontra no PPP seu fundamento teórico articulada com os atos políticos e

pedagógicos onde a função política e a emancipação das camadas populares se

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façam notar. E essa emancipação dos sujeitos só se dará através de um sujeito

epistêmico, que compreenda o momento histórico, que participe de seu processo

emancipatório, que possibilite a si mesmo uma efetiva participação nas lutas sociais.

Através do trabalho, da disciplina, do esforço, da persistência e da vontade,

os sujeitos não permanecerão meros espectadores, mas sim poderão colaborar para

que cada um tome nas mãos seu destino, e tal fato deve ser a essência de um

projeto-político.

E ao sublinhar a importância deste, seu significado, as dificuldades,

obstáculos e elementos facilitadores e dificultadores para sua elaboração e

superação dos problemas, evidencia-se a necessidade de mudança de atitude de

todos no cotidiano da escola, a luta pela autonomia, pela democracia e pela

cidadania significa conquistá-las incessantemente, todos os dias e por todos.

Como esfera pública, a escola é aberta às lutas políticas, e os professores

tanto podem desempenhar uma função conservadora quanto transformadora, mas

precisam ser conscientes e conhecedores de sua atitude, isso se define com

estudos e com lutas políticas. Não são raras as vezes que se enfrentam salas de

aula superlotadas, grandes populações com diversidades culturais exorbitantes,

professores que desconhecem especificidades teóricas, grandes exigências

burocráticas, controle de cima para baixo, fundos e recursos insuficientes, um

currículo oculto que favorece certos grupos sociais sobre outros com base na classe

social, raça e sexo, e outras tantas mazelas mais, fatos estes que têm conduzido à

efetiva desqualificação e desvalorização dos docentes.

Ao fortalecer as ações da escola, os problemas relacionados se minimizam,

pois o PPP viabiliza em seu próprio interior, a sistemática que embasa ações

políticas, concepções e valores inerentes à dignidade humana. Profissionais aptos a

contribuir para a intervenção social interessados na superação de problemas são

aspectos muitas vezes fáceis de proclamar, mas que exige trabalho coletivo rigoroso

para cumprir. O PPP não deve ficar guardado em compartimentos fechados, tem-se

que incentivar sua leitura para que todos conheçam sua linha epistemológica, o

estudem, o discutam, o comparem com outras concepções pedagógicas, reflitam, é

somente assim que todos terão prazer em conhecê-lo para efetivá-lo no dia a dia.

No que tange à cidadania, que é o que se espera do PPP, vale registrar que

seu sentido é variável, mas sendo um conceito histórico, deve ser entendida a partir

de que o ser humano só é cidadão quando tiver o direito de usufruir de todos os

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processos que desencadeiem seu bem estar, como liberdade, bens materiais,

sociais, políticos e culturais, satisfazendo assim a sua plena existência, tanto física,

quanto subjetiva e social. Neste sentido, tem um conceito de totalidade, devendo

significar uma mudança radical nas relações que dizem respeito à cultura, à

economia, às instituições, à política, enfim, uma mudança no modo de vida. Uma

sociedade consegue ser autônoma quando consegue escolher um conjunto de

políticas que sejam eficientes nos âmbitos econômicos e sociais. Constata-se que

esta cidadania ainda está longe de ser consolidada numa sociedade capitalista. Por

isso a luta é de todos. O desafio da escola é socializar conceitos de forma profunda,

e esse processo tem no projeto político-pedagógico um aliado para que o caminho

não seja tão ermo. Os educadores com os mesmos objetivos, hão de chegar lá... Há

muitas lutas, mas a escola ainda é o espaço para se construir uma sociedade

diferente, uma escola que ensina e que forma sujeitos. Uma escola voltada para a

democracia social e econômica, pois a educação para a cidadania tem como

objetivo fazer avançar a igualdade, daí a relevância social das ações coletivas, por

isso se acredita que o projeto político-pedagógico deva estar realmente

comprometido com a práxis, com a formação um dos outros.

Mesmo com todo esse potencial infelizmente sua utilização como instrumento

de estudos e reflexão ainda não faz parte da rotina da escola. É preciso fazer com

que sejam conhecidas as questões que o permeiam. Para Ludwig (2000, p.99)

“pensa-se que essa contradição possa a vir a ser superada. Para tanto, faz-se

necessário estimular a ocorrência de um salto qualitativo na prática de ensino que

lhe é correspondente.” De todos se podem reclamar para o desempenho esclarecido

de seu papel, isto é, a transmissão do saber sistematizado, o domínio das bases

científicas em que se assentam o vivificar e o renovar da pedagogia nos seus

princípios fundamentais.

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO GESTOR DA GESTÃO

DEMOCRÁTICA NA ESCOLA

Com a Lei de Diretrizes e Bases - LDB 9394/96 (1996, p. 32), a questão da

gestão escolar passou a ser considerada prioridade, ressaltando a forma

democrática e enfocando a participação de todos na construção de uma escola

pública de qualidade e que desenvolva a autonomia, questões que devem culminar

com a emancipação dos sujeitos. É certo que a Constituição mais a LDB,

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determinam de maneira não muito objetiva a necessidade de implantação de

processos de gestão democrática nas escolas e nos sistemas de ensino, mas, de

qualquer maneira, há avanços, e estes se norteiam pelo Projeto Político-Pedagógico

da escola. O fundamento deste se encontra de certa forma na busca de se embutir

maior aprimoramento no processo pedagógico, o que permite à escola vivenciar

verdadeiramente e com comprometimento a gestão democrática, um futuro melhor

num processo que leve à melhoria da qualidade do ensino. Ele implica numa política

da instituição escolar, onde os saberes profissionais são, com certeza, os elementos

principais da escola.

O projeto político-pedagógico tem como pressupostos básicos a autonomia, a

gestão democrática e a participação. Desse modo, a gestão democrática como um

de seus pressupostos, necessita desenvolver mecanismos para propiciar a

participação de todos os segmentos escolares e comunitários nas decisões que

precisam ser tomadas. Como expressão da gestão democrática é comentado por

Veiga (2004, p.87), que destaca como característica a democracia.

[...] É um movimento de luta em prol da democratização da escola, que não esconde as dificuldades da realidade educacional, mas que não se deixa levar por elas, procurando enfrentar o futuro com esperança e buscando novas possibilidades e novos compromissos.

Para que a escola seja realmente um espaço democrático e não se limite a

reproduzir a injusta realidade sócio-econômica em que está inserida deve-se criar

um espaço para a participação e reflexão coletiva sobre o seu papel junto à

comunidade, e isso exige conhecimentos que conduzem à qualidade. A garantia do

acesso à ela por si só não basta, ter condições para nela permanecer com sucesso

é reflexo da qualidade que um processo democrático oferece.

Como instrumentos de uma gestão democrática surgem as instâncias diretas

e indiretas de deliberação, como por exemplo, os conselhos escolares, tão

importantes. Esses atores sociais devem ser o combustível para gerar participação e

compromisso no ambiente da escola.

Num processo de autonomia, a escola se responsabiliza por suas ações,

presta conta do que faz e permite a participação da comunidade. Mas para que a

escola usufrua dessa autonomia é imprescindível que o sistema de ensino se

responsabilize e faça-se cumprir suas responsabilidades em todas as áreas

necessárias, só assim poderá exercer alguma autonomia.

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Pela competência é capaz de agir e de decidir sobre aquilo que lhe convém e

recusar o que não está de acordo com sua verdadeira função, que é formar e

informar cidadãos. Portanto, a autonomia é sinônimo de responsabilidade e refere-se

à construção coletiva e democrática de projetos que atendam aos anseios da

comunidade a que pertence visando o bem comum.

No processo de reformulação das Diretrizes Curriculares do Estado do

Paraná, a base da sua elaboração foi um processo coletivo com a participação das

pessoas da escola. Com amplo debate, seminários, encontros, atividades e eventos,

o trabalho, através dos ecaminhamentos e acompanhamentos da Secretaria de

Estado da Educação - SEED como mantenedora, e com o apoio dos Núcleos

Regionais de Educação - NRE, culminou em 2005 com grande movimento de

(re)organização dos projetos políticos pedagógicos das escolas. O

acompanhamento, no sentido de manter a unidade do trabalho e auxiliar as escolas

que necessitavam de ajuda, contou com programas de participação dos profissionais

da educação. Assim, a escola pode definir seus rumos, suas propostas,

seus projetos específicos.

A democratização da educação com vistas à qualidade, a busca pela

superação de problemas, a escolha do caminho a percorrer, a forma de como se

quer caminhar, são processos fundamentais para a elaboração e realimentação do

projeto político pedagógico e suas especificidades. Há muitos desafios, mas não se

pode deixar de registrar os avanços conquistados nos últimos anos.

Diante das potencialidades de um ambiente coletivo, o projeto político-

pedagógico tem grande importância para se problematizar e concretizar experiências

vividas coletivamente, de forma a resgatar o seu sentido, e isso precisa ganhar

espaço e identidade no contexto de numa gestão democrática com a participação

efetiva do pedagogo como pesquisador, dos professores, dos funcionários, alunos e

comunidade civil. O papel do pedagogo e sua atuação pedagógica nas instituições

escolares têm sua pertinência, abrangência e relevância, haja vista que seu trabalho

se situa na clareza que se tem de seu papel profissional. Como lidar com certos

desafios, o compromisso com a instituição na elaboração do projeto político-

pedagógico considerando os projetos especiais que a escola propõe minimizam os

problemas que precisam ser enfrentados no dia a dia. Saviani (1985, p.27), assim

pronuncia:

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[...] e pedagogo é aquele que possibilita o acesso à cultura, organizando o processo de formação cultural. É pois, aquele que domina as formas, os procedimentos, os métodos através dos quais se chega ao domínio do patrimônio cultural acumulado pela humanidade. E como o homem só se constitui como tal na medida em que se destaca da natureza e ingressa no mundo da cultura, eis como a formação cultura vem a coincidir com a formação humana, convertendo-se o pedagogo, por sua vez, em formador de homens.

Ao pedagogo cabe, portanto, agir como mediador desse processo junto aos

demais profissionais da escola no sentido de viabilizar os momentos necessários

para provocar as discussões, trazer ao grupo as reflexões necessárias no sentido de

encaminhar o desenvolvimento de trabalhos com vistas a um Projeto Político

Pedagógico que retrate com fidelidade a realidade e a problemática escolar, bem

como as possibilidades de transformação para uma gestão democrática. Pimenta

(1991, p. 186):

Enfatiza a necessidade de a escola pública contar nos seus quadros com especialistas (pedagogos) que desempenhem a mediação entre a organização escolar e o trabalho docente de modo a garantir as condições favoráveis à consecução dos objetivos pedagógicos-políticos da educação escolar

Ele deve ser um grande estudioso e grande pesquisador do contexto escolar,

conhecendo sua realidade, a realidade das famílias dos estudantes, investigando

coletivamente o cotidiano escolar, eis a grande questão. Um articulador e mediador

sistemático da organização do trabalho pedagógico na instituição junto aos demais

profissionais. Viabilizar momentos de discussões contribui para que os serviços

pedagógicos tenham como característica principal a gestão democrática, que, numa

articulação em torno da função social da escola, a democratização do conhecimento

historicamente acumulado pela humanidade seja uma constante.

Veiga (1998, p. 31), afirma:

O projeto político-pedagógico, como projeto intenções, deve constituir-se em uma tarefa comum da equipe escolar e, mais especificamente, dos serviços pedagógicos e esse papel cabe ao pedagogo. A esses cabe o papel de liderar o processo de construção desse projeto pedagógico.

Destacar a instituição escolar como lugar privilegiado para a elaboração de

ações como uma política no interior da escola, se estruturar em torno de problemas

e dificuldades, apontar caminhos através da formação do professor para a criação

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de espaços e tempos escolares que favoreçam processos coletivos de reflexão e

intervenção na prática docente, é que reside a importância do papel do diretor e do

pedagogo, pois ao criar condições facilitadoras na instituição de ensino indo a busca

de referenciais para contextos mais amplos, tanto sociais, culturais, éticos,

filosóficos, quanto políticos e ideológicos, trava-se um embate no combate ao

fracasso escolar.

Ao considerar a autonomia e a participação coletiva construindo outro olhar

possível sobre o processo ensino-aprendizagem, é garantir um processo formativo e

sistemático de tomada de consciência na mediação entre o trabalho como princípio

educativo, a práxis como princípio curricular e o direito de todos os alunos ao

atendimento escolar, pressupostos que embasam o Curso Formação de Docentes,

respaldados em alguns elementos considerados fundamentais no processo de

formação continuada: o conhecimento produzido historicamente pelos homens e os

valores comuns a toda a humanidade.

Saviani, (2001, p. 26) assim expressa esta relação:

Sendo a educação a formação do homem, entendida em seu conceito amplo, ela não é outra senão o próprio processo de produção da realidade humana em seu conjunto. De outro lado, considerando-se que a natureza humana não é dada ao homem mas é por ele produzida sobre a base da natureza bio-física, a educação, em termos estritos, isto é, a educação enquanto atividade intencional, consiste no ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular,a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens.

Evidencia-se como importante instrumento a vivência histórica, cultural e

social dos cidadãos como pessoas capazes de ver e rever seu proceder, construindo

caminhos, percorrendo-os e transformando-os.

Assim, a gestão democrática é uma meta e um processo a ser construído e

aprimorado sempre, a cada dia, organizando, reorganizando e avaliando. E o

professor, pelo diálogo com o outro, vai saber quem é, o que quer, como vê a

educação, como vê o aluno, a sociedade, o mundo. Segundo Veiga (2004), é de

discussões, diálogos, reflexões, análises e sínteses que naturalmente se erguerão

idéias para a construção do projeto pedagógico na prática: de dentro, edificado por

todos, fruto das experiências, valores, atitudes e crenças.

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A democratização só se realiza plenamente quando está umbilicalmente

ligada com a socialização da participação política, já que a democracia implica um

processo de conquistas, de participação, de organização coletiva, de elaboração e

produção do conhecimento com vistas à transformação de uma realidade que se

quer mais justa.

FORMAÇÂO CONTINUADA EM SERVIÇO: ENTRE O PROJETO POLÍTICO-

PEDAGÓGICO E A PRÁXIS

Conceber a formação continuada em serviço como aquela que ocorre na

própria escola é garantir um processo formativo que promova a construção de uma

escola realmente democrática, concebida propositalmente no projeto político-

pedagógico. Esta mediação se torna mais consistente quando, na busca de um

compromisso autêntico entre a comunidade escolar se reconheça suas possíveis

contribuições para o desenvolvimento institucional.

Ao explicitar e fundamentar no PPP uma proposta de formação continuada

em serviço convém que esta ocorra em consonância com os objetivos que

enalteçam a relação do ensinar e do aprender presente nas concepções de

educação e nas metas a serem alcançadas pela escola. É uma ação importante que

deve ser parte integrante do projeto político-pedagógico, oportunidade para que o

profissional possa sustentar sua prática diante de teorias e conhecimentos

científicos, fomentando novas representações sobre as conexões educativas na

escola. Ao privilegiar um processo de desenvolvimento profissional, privilegia-se a

identidade do sujeito, imbricado por histórias de vida, acesso aos bens culturais,

superação de desafios das próprias dificuldades de atuação frente a dinâmica entre

o projeto político pedagógico e o cotidiano.

O papel do diretor e do pedagogo é criar condições facilitadoras na instituição

de ensino para que todos possam buscar referências para contextos mais amplos,

sociais, culturais, éticos, filosóficos, políticos e ideológicos nos quais se situam, a fim

de melhorar a qualidade dos serviços educacionais na sua totalidade.

A articulação do PPP com uma política interna de formação continuada e

condições de trabalho certamente contribuirão para que os educadores tenham uma

definição de concepção de educação para a emancipação num contexto de tantas

contradições. A linha epistemológica que fundamenta filosoficamente a escola, a

função de cada um, o tempo que a comunidade escolar pode ter para discussão e

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estudo, são condições necessárias para se atingir uma gestão democrática.

Enquanto instrumento colaborador da construção da autonomia da escola a

formação continuada é um importante espaço de reflexão e criação de

possibilidades na busca de alternativas de transformação e superação das

contradições, tensões e conflitos.

A não busca de conhecimentos representa retrocesso, acomodação, inércia.

O professor evolui na medida em que se preocupa em melhorar sua capacidade de

conhecer novas teorias, novas formas da aplicabilidade do conteúdo, novas

maneiras de interagir com seu aluno. Novas práticas possibilitam o crescimento

coletivo. Uma vez que a qualidade da aprendizagem depende, em boa parte, da

qualificação dos educadores, o interesse em socializar o conhecimento corresponde

em lutas políticas para que alunos das camadas populares se apropriem da riqueza

intelectual.

É visível a necessidade de critérios e cuidados na escolha de propostas

sérias, voltadas para favorecer situações que sejam realmente capazes de propiciar

elementos que ajudem a todos, educadores e alunos, a avançar na compreensão

das necessidades que ora se enfrenta no trabalho educativo. O profissional precisa

saber o que acontece na educação.

Cabe aos docentes entenderem muito bem que enfoque se quer dar para a

educação: enfoque empresarial ou enfoque de uma gestão democrática? A tarefa do

pedagogo é a de democratizar a escola, promover a participação, o conhecimento

sistemático, perguntar que escola e que sujeito se quer. A partir do momento que o

pedagogo tem compromisso com a escola, ele pensa em melhorar, colher bons

frutos através da reflexão e estudos constantes, pois é o responsável para fazer o

PPP acontecer na prática dos docentes.

Mas como organizar a escola para que o trabalho no seu interior não seja

alienado? Como essas questões são registradas no PPP? Qual a ideologia que está

por trás das políticas educacionais? O que as teorias têm a ver com tudo isso?

Grande desafio se apresenta para aqueles que primam por transformações em seu

modo de ser e de agir, abraçam idéias para o enfrentamento de dificuldades e vão à

luta. E ao desbravar caminhos para que a escola se torne um espaço político,

convém lembrar o que Saviani (2005, p. 107) tem a dizer:

Quando entendemos que a prática será tanto mais coerente e consistente, será tanto mais qualitativa, será tanto mais

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desenvolvida quanto mais consistente e desenvolvida for a teoria que a embasa, e que uma prática será transformadora à medida que exista uma elaboração teórica que justifique a necessidade da sua transformação e que proponha as formas da transformação, estamos pensando a prática a partir da teoria. Mas é preciso também fazer o movimento inverso, ou seja, pensar a teoria a partir da prática, porque se a prática é o fundamento da teoria, seu critério de verdade e sua finalidade, isto significa que o desenvolvimento da teoria depende da prática.

A teoria e a prática são ações indissolúveis e simultâneas no trabalho

pedagógico, ambas respondem pelas inquietações e indagações, entretanto, se não

houver nesse sentido opções críticas e transformadoras, o caminho percorrido, além

de inseguro, se torna precário.

Para haver transformação não pode haver conformismo, é necessário

estudar, saber que concepções da educação, que políticas, dialogar e trazer à tona

todas essas questões para dentro da escola. A sociedade capitalista não pensa em

formar o homem integral, portanto, precisa-se pensar a história, conhecê-la, ela trás

momentos de reflexão, trás melhoria para a educação. É preciso ter clareza do que

se quer, neste caso é imprescindível ensinar os alunos a ter hábitos de leitura muito

solidificados para que saibam interpretar o mundo com maior facilidade. A

organização do trabalho pedagógico tem que ser comprometido com os alunos, do

contrário o discurso se esvazia.

A escola é responsável por tirar as pessoas de condições precárias? Todos

os professores contribuem para que a democracia e a cidadania se cumpram? O

passaporte para a formação da cidadania é o conhecimento? Emancipar é a única

solução? Como proceder para se viver condições de liberdade? Em resposta a

estas questões, comunga-se com Ferreira (1993, p. 221) quando afirma:

A educação para a cidadania precisaria empenhar-se em expurgar de cada homem... as fantasias, as ilusões e, quem sabe, as paixões, que em nada contribuem para o desenvolvimento de uma consciência crítica. Sob esse enfoque, a ingenuidade, para não dizer a ignorância, é profundamente negativa, já que a pessoa ingênua é facilmente enganada pelos detentores do poder. [...] Superar essas ingenuidades - aquela que sufoca o descontentamento ou aquela que se lança cegamente nos conflitos - é tarefa da educação.

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O PPP tem que advogar em favor da formação de novas consciências que

ajude a todos na realização de seus projetos, tanto pessoais, quanto sociais,

políticos e culturais. Projetos que possibilite a superação de todo tipo de exploração

e da desigualdade existente, com uma nova consciência ecológica que propicie uma

relação harmônica com a natureza.

Uma formação cultural pela metade não é cultura, é alienação, não é um

passo em direção à cidadania.

Libâneo (2004, p.30) assegura que:

A escola é vista como um espaço educativo, uma comunidade de aprendizagem construída pelos seus componentes, um lugar em que os profissionais podem decidir sobre seu trabalho e aprender mais sobre sua profissão. A organização e a gestão da escola adquirem um significado bem mais amplo, para além de referir-se apenas a questões administrativas e burocráticas. Elas são entendidas como práticas educativas, pois passam valores, atitudes, modos de agir, influenciando as aprendizagens de professores e alunos.

A escola precisa formar pessoas conscientes da realidade existencial, crítica,

politizada, íntegra, sem preconceitos, solidária, responsável e livre. Pessoas

empenhadas no seu crescimento pessoal, intelectual, zelosa com o crescimento dos

outros, sujeito de sua própria história e agente de transformação a fim de promover a

construção de uma sociedade mais justa, fraterna, comprometida com o bem estar

social. Pessoas que busquem sua plenitude de desenvolvimento pessoal e que

acredite na liberdade e na igualdade pessoal, social e intelectual. Que seja

consciente de sua cidadania, da dignidade do seu trabalho.

A sociedade que se quer construir deve estar acima de tudo calcada no

respeito aos direitos humanos, democrática, alicerçada nos valores em função de

verdades que se descobre pela consciência crítica. Garantir no plano econômico

justa distribuição de renda, acesso igualitário aos bens materiais que permita uma

vida digna e honesta a todos. No plano político, gerar com respeito e honestidade o

interesse coletivo, possibilitando a diminuição das diferenças culturais, uma

sociedade coesa, co-responsável, que dê ao homem liberdade e condições para

investigar o significado da vida.

Cabe à escola a formação de pessoas sintonizadas com uma liberdade

comprometida assumindo a construção de sua própria história numa proposta

educacional que seja transformadora, com ações que se edificarão pela pesquisa de

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novos conhecimentos. É assim que se alcança e convive com a verdadeira PRÁXIS

educativa. Dessa forma, tem-se uma educação que envolvendo o conhecimento

científico, sistematizado, porém, sem adestramento. Nesta ótica a formação

continuada em serviço é uma grande aliada para a efetivação do PPP, pode não

resolver todos os problemas, pois apesar de se acreditar no poder da educação a

escola não é a salvadora da pátria. Há pessoas que somente estão interessadas na

participação de um projeto de formação continuada pela certificação, mas pode ser

um dos trajetos necessários.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo trata de questões relativas ao projeto político-pedagógico e

nestas considerações retomou-se a problemática central: a inquietação pela

complexidade que se encontra no interior das escolas, bem como a preocupação

com o seu objetivo maior diante dos seguintes questionamentos: o Projeto Político

Pedagógico é um instrumento de construção da autonomia, da democracia e da

cidadania da escola tendo como foco a formação continuada de seus membros e de

que forma estas questões são contempladas no PPP? Como fazer a articulação das

indagações que devem ser assimiladas com as reais necessidades das práticas

profissionais? Até que ponto os estudos repercutem nas práticas desses

profissionais?

Os apontamentos em relação ao projeto político-pedagógico, seus princípios,

história e legislação, demonstram que a educação é um direito do cidadão e, como

tal, implica em responsabilidade de toda a sociedade, e que a função social da

escola, além de ser político-pedagógica, interfere na realidade de forma intencional,

sistemática e organizada, pois formar e informar o sujeito significa fazê-lo perceber o

caminho a seguir, despertando nele potencialidades dormentes que o levarão a

cuidar de seu destino e comandar a sua vida. Fazê-lo perceber que precisa se armar

de conhecimentos, tendo liberdade com responsabilidade e sabedoria que o leve a

criar valores dentro de si, é ter consciência de uma plena cidadania.

Para compreender as formas de organização do trabalho pedagógico pela

análise do projeto político-pedagógico da escola e sua relação com a formação

continuada em serviço foi preciso abordar as diversas alterações na política, suas

conseqüências, e desvelar os conceitos dos termos autonomia, democracia e

cidadania no contexto atual.

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A necessidade de ampliar horizontes para outros olhares e outras reflexões

sabendo que na construção de um projeto político-pedagógico o mais difícil é de fato

efetivá-lo, este estudo permite a tomada de postura mais consciente frente às

transformações que se verificam na escola observando que a sua identidade e a

dos profissionais se constrói no dia a dia, no coletivo. É o fazer docente que faz o

movimento entre o conhecimento cotidiano e o científico. A escola pesquisada

assegura em seu projeto maior a formação para a cidadania, para a democracia e

emancipação dos sujeitos. E isto acontece por meio de uma gestão democrática,

pela participação de todos: alunos, profissionais e comunidade civil, representada

pelos conselheiros escolares. Mas cabe a cada um dos sujeitos envolvidos a busca

de maior clareza teórica, a busca das causas do distanciamento em projetos de

formação continuada. Convém que haja consonância entre a teoria e a prática para

todos os profissionais da educação.

É impossível as coisas acontecerem sem desafios. A formação continuada

em serviço contempla de forma significativa condições mais concretas de melhoria

para a educação, pesa sobre os professores um grande comprometimento com o

local de trabalho, a escola, pois é nessa que desemboca toda prática educativa. O

projeto político-pedagógico é um instrumento de apoio, é ele que irá contribuir para

que mudanças aconteçam. Não se pode dizer que ele será a salvação, mas será o

caminho mais viável para que as concepções de educação, homem, mundo,

currículo, sociedade e valores se traduzam na sala de aula em instrumentos efetivos

para que se consiga construir uma sociedade sem desigualdades.

As contradições existem, também se constata a existência de alguns

percalços, estes estabelecem certas dificuldades no processo de construção do

projeto político-pedagógico e conquista da autonomia e emancipação. Estes

percalços seriam resistências de âmbitos diversos no interior da escola, constante

rotatividade do corpo docente, a fragilidade de alguns professores em relação aos

conceitos teóricos que envolvem o processo educativo e, principalmente, o pouco

espaço/tempo para discussão entre a comunidade escolar. É necessário, portanto, a

existência de um espaço maior para a realização de cursos considerando os dias

letivos.

. Percebeu-se que a contradição está em todo lugar, uns caminham para um

lado, outros para o outro. A escola tem que intervir de maneira política e sensível

para superação de modelos educacionais negativos. O diálogo é a melhor maneira

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política para as superações e a ação que se desenvolve no coletivo é que vai dar

sustentação e ânimo para a transformação manifestada na vivência ética da vida

diária. Os indivíduos são subservientes do imediatismo, da mídia e a escola tem que

detonar processos que podem não dar conta no momento, mas que na prática

muda. É preciso sair da contramão. Desenvolver práticas de superação, através da

articulação dos grupos com a formação continuada, cada um se deixando a si

próprio ter vez e voz, a emancipação advém, mas é preciso ver-se como um ser

social, pois todos fazem a história.

A construção, a implementação e a efetivação do projeto político-pedagógico

na prática não é tarefa fácil. Se fosse, todas as escolas já seriam democráticas,

autônomas e cidadãs. Há muitas lacunas a serem preenchidas. O grande desafio

para construir a verdadeira função da escola é socializar os conhecimentos, é a

transmissão e assimilação dos saberes científicos, é o trabalho coletivo, a vontade

de mudar, pois como diz o ditado, “uma andorinha só não faz verão”. A conquista da

autonomia, da democracia e da cidadania se fará sentir sempre. A formação

continuada é uma dentre tantas ações que contribuirá para que a escola perceba

suas necessidades diárias e tome iniciativas para superá-las, eliminando, cada vez

mais, intervenções externas. E para que essas ações se efetivem, é necessário que

todos os profissionais estudem o PPP, saibam de sua filosofia, colaborem com sua

construção, avaliando-o, implementando-o cotidianamente.

O enfrentamento dos desafios, responsabilidades para a tomada de decisões,

necessita o agir com coerência, com rigor, com cautela e ter atitudes que sejam

condizentes com as de um pesquisador constante, um estudioso e colocar em

prática o que sabe. Deve-se exigir dos governantes que as leis sejam cumpridas,

que coloquem na mídia intelectuais orgânicos da educação para os grandes debates

na TV, não permitindo que qualquer profissional faça publicidade da educação. Não

haverá transformações se ninguém as provocar, antes de tudo é uma questão de

atitude que deve ser assumida. É loucura acreditar que as estruturas são suficientes

para transformar o ser humano, mas é outra loucura crer que basta transformar o ser

humano sem tocar nas estruturas. Ambos os trabalhos devem ser empreendidos ao

mesmo tempo e com o mesmo rigor. E tudo isso muda, se todos mudarem.

Durante o levantamento de dados para a pesquisa, percebeu-se que grande

maioria dos profissionais da educação estão sempre atentos e interessados no seu

desenvolvimento profissional e no seu progresso, faltando, muitas vezes,

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oportunidades estratégicas apropriadas para uma ampla visão do panorama

educacional.

A concepção teórica que perpassa as políticas educacionais do Estado do

Paraná e subsidia a prática educativa mediante as Diretrizes Curriculares otimiza as

práticas escolares, neste sentido, o diálogo é importante, ter consciência do como,

do porque, é mais importante ainda. A coerência entre a teoria e a prática é

condição essencial para o estabelecimento de parâmetros que se pretende ter para

reencontrar a essência da escola e a sua razão de existir.

Só um sistema universalizado de ensino estará em condições de enfrentar o

desafio da construção da cidadania, objetivo maior da escola. Universalização esta

absolutamente compatível com generoso rigor, isto é imprescindível. E a escola se

revela como mediadora potencial e eficaz para a universalização da educação.

O processo é dificultado quando se tem as visões de cidadania que têm

norteado as atuais reformas educacionais do país, onde a visão de qualidade como

domínios de conteúdos especificados em parâmetros e diretrizes privilegiam a

produtividade, a efetividade, a eficiência, a eficácia, a excelência, as competências e

as habilidades como adequação às demandas das empresas e das indústrias,

portanto como produto, em detrimento de uma cidadania plena.

A escola favorece meios que contribuem para que o indivíduo alcance a

possibilidade de usufruir de bens materiais, sociais, culturais e políticos para

satisfazer uma existência que seja digna. Prezar, portanto, pela formação de um

sujeito ativo na luta para a transformação da sua realidade é um posicionamento que

permite elevar o ensino como finalidade maior da escola, fazendo do projeto político-

pedagógico um instrumento para essa construção, e nessa perspectiva pensar a

formação em serviço como uma política da instituição é relevante, pois os saberes

profissionais são componentes essenciais.

Minimizar o valor do PPP e deixá-lo ficar guardado em compartimentos

fechados é um impedimento a que todos conheçam a linha epistemológica que o

conduz. Portanto, é necessário que seja estudado, discutido e comparado com

outras teorias, que reflitam sobre sua importância. Somente assim, os profissionais

terão prazer em conhecê-lo para efetivá-lo. Mesmo reconhecendo a necessidade de

planejar, os profissionais acham perda de tempo dedicar-se à leitura do PPP.

Planejar apresenta-se como algo muito complexo. Para a maioria não é essencial e

mesmo o que é planejado não é colocado em prática.

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O pedagogo é a âncora do trabalho educativo. Ele deve mover a escola, o

interesse que mudanças venham a se concretizar reduzindo o fracasso escolar se

dá através e a partir de atitudes, que muitas vezes ficam comprometidas devido à

grande rotatividade de professores com vários locais de atuação, várias disciplinas e

mais a precariedade do salário, que são fatores determinantes para possíveis

empecilhos e desmotivação. Incentivar a realização de cursos onde os

questionamentos possam surgir e fluir, comparar as diferentes posições teóricas, o

aumento da clareza referente aos potenciais inerentes a ações, a introdução de

novos repertórios de conhecimentos decorrentes da produção científica de vários

estudiosos são processos fecundos para a renovação de idéias e não podem ser

negligenciados, entretanto, é preciso começar a dar uma direção política efetiva para

o momento histórico, elaborando e reelaborando o pensar sobre a natureza humana

e social em confronto com a realidade, disso advém a práxis.

Ao garantir um processo formativo que promova a tomada de consciência na

mediação entre o trabalho como princípio educativo, a práxis como princípio

curricular e o direito ao atendimento escolar como pressupostos que embasam o

Curso Formação de Docentes, consideram-se como elementos fundamentais no

processo de formação continuada o conhecimento produzido historicamente pelos

homens e valores comuns a toda a humanidade.

O presente estudo demonstrou que a educação é uma prática social que se

efetiva nas relações sociais, portanto requer uma forma de organização e

planejamento sistemático que viabilize e concretize ações e projetos que contribuam

para o desenvolvimento e aprimoramento de todos os seus membros, e este

certamente é o projeto político-pedagógico. Há lacunas, mas estas podem ser

transponíveis na medida do possível.

A superação de uma cultura para a emancipação, aqui entendida como

estratégia epistêmica dos sujeitos, só será possível quando a participação, a

autonomia e a atitude democrática se esvaziar de discursos que dependem de

concessões, pois a cidadania não se concede, se realiza e se constrói a cada dia.

As questões relacionadas no presente estudo estão teoricamente contempladas no

projeto político-pedagógico, mas correm o risco de esvaziamento, já que podem ser

praticadas em outras dimensões e conceitos, que condizem mais com o senso

comum, restringindo-se à consciência do querer acertar, mas muitas vezes sem uma

teoria pedagógica que ajude pensar a prática docente.

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São várias as ações bem intencionadas, porém, desarticuladas, cuja análise

poderá subsidiar a organização do trabalho escolar em consonância com o projeto

político-pedagógico. Divulgar, conscientizar, mobilizar, estudar e discutir no interior

da escola é conclamar a todos para que persigam com determinismo os mesmos

objetivos: alcançar a escola ideal, a escola que ensina, pois isso é tarefa de todos os

brasileiros com forte determinação política. Não se pode permitir a sistemática da

destruição do esclarecimento.

O enfrentamento dos desafios visando mudanças, transformações e

proposição de inovações se dá através de uma vigorosa preparação cultural e

científica dos docentes, pois a eficiência da educação depende, em sua maior parte,

da formação do educador, não apenas no que diz respeito à natureza do fenômeno

da educação, aos seus fundamentos científicos e à suas funções sociais, mas

também a tudo que contribui para elevar a um nível de alta dignidade o trabalho do

professor, porque é em torno dele que gravita toda a obra da educação e dela é que

partem e irradiam as mais poderosas influências, tão vivas que continuam a exercer-

se pela própria projeção.

Em decorrência, o que se pode afirmar é que está emergindo uma grande

oportunidade histórica para o desenvolvimento das potencialidades do educador,

têm-se como exemplo o Plano de Desenvolvimento Educacional - PDE do Paraná,

que é um projeto de formação continuada, um instrumento de valorização dos

professores que vai possibilitar diálogo entre os profissionais e a escola, além de

assegurar condições e meios para progredir no trabalho, em estudos posteriores, o

que leva à priorização do desenvolvimento da autonomia intelectual e cidadania.

Mas convém realçar que não se podem determinar os rumos que ele irá tomar, já

que cabe ao homem transformar e decidir seu próprio caminho. A luta é política, é

complexa, falta consciência coletiva, por isso se exige estratégias culturais e fortes

alianças sociais. A luta é de todos, é inevitável sua contribuição na vida dos

professores.

O PDE impactou a educação no Paraná. As conquistas congregadas no

Estado estimulam e favorecem a luta por uma escola comprometida com o

fortalecimento do poder dos seus alunos e profissionais e com a construção de uma

sociedade pautada por equidade e justiça social. Identificou-se que o caminhar já

não é tão solitário, muitos educadores seguem juntos, com o mesmo objetivo: como

preservá-los e ampliá-los, em tempos neoliberais, é o grande desafio.

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Levar para o interior da escola um projeto de formação continuada exige

responsabilidade, exige pesquisa, exige leitura. Formar para o exercício da

cidadania numa relação harmônica com o pedagógico da escola é fortalecer a

democracia. O PPP tem que garantir estes espaços. Impasses e obstáculos existem,

mas superar é possível.

A responsabilidade é grande... o compromisso idem... o fazer acontecer é

necessário... há que ressaltar ...que a luta é de todos!

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