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SUMÁRIO

ESPAÇO ESCOLAR – UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR COM A UTILIZAÇÃO

DA INTERNET ............................................................................................................ 2

1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................ 3

2 PROCEDIMENTOS.............................................................................................. 5

3 CONTEÚDOS DE ESTUDO ................................................................................ 7

4 ATIVIDADES ........................................................................................................ 8

4.1 Atividade 1: Leitura ......................................................................................... 8

- Sonhar faz bem...concretizar o sonho, mais ainda! ............................................... 8

4.2 Atividade 2: Qual é a cor do seu coração? ..................................................... 9

4.3 Atividade 3: Música ...................................................................................... 11

- Quem canta seus males espanta! ....................................................................... 11

4.4 Atividade 4 – História do Paraná .................................................................. 14

- “Paraná! serás luzeiro!” – Meu Estado emite luz ................................................. 14

4.5 Atividade 5: História da cultura africana e afro-brasileira ............................. 16

- Vamos comer um cuscuz e dançar Jongo? ......................................................... 16

4.6 Atividade 6: Tempo e temporalidade ............................................................ 18

- Quanto tempo o tempo tem? ............................................................................... 18

4.7 Atividade 07: A relação da História com outras áreas do conhecimento ...... 19

- Como se faz a História? ...................................................................................... 19

4.8 Atividade 08: Meio Ambiente ........................................................................ 21

- Cadê a floresta que estava aqui? – O boi comeu. Cadê o boi? – Foi beber água.

Cadê a água?... ..................................................................................................... 21

4.9 Atividade 09: Bullying ................................................................................... 23

- Sou baixinho, gorducho, dentuço, orelhudo e LINDOOOO, por que respeito meu

próximo! ................................................................................................................. 23

4.10 Atividade 10: Indígenas............................................................................. 25

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- Índio não quer apito, Índio quer respeito! ............................................................ 25

4.11 Atividade 11: História de vida do Estudante .............................................. 27

- Eu também tenho uma história para contar... ...................................................... 27

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 60

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ESPAÇO ESCOLAR – UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR COM A

UTILIZAÇÃO DA INTERNET Iniciei a carreira de professor com muito entusiasmo e dedicação. Especialmente no nível universitário, eu considerava que o professor não poderia ser apenas um repetidor, um transmissor de conhecimentos já compendiados; ele deveria ser também e sobretudo um pesquisador, um criador, alguém que se posicionasse ativamente em relação à sua área, tendo condições de contribuir para o seu desenvolvimento(...). (...) Concluí, então, que o papel da escola não é apenas e nem predominantemente o de organizar as experiências propiciadas pela vida dos próprios alunos. Pareceu-me que o papel da escola é, antes, o de patentear aquilo que a experiência de vida dos alunos esconde. (AUTOBIOGRAFIA DE DERMEVAL SAVIANI, Campinas, 05 de dezembro

de 2001).

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1 APRESENTAÇÃO

O tema desta Produção Didático Pedagógica privilegia a pesquisa e a

utilização da internet. Visa contribuir com o trabalho pedagógico dos professores no

desenvolvimento de atividades com os estudantes utilizando recursos da

informática.

A proposta de utilização da internet para a realização desta produção tem

como intnenção despertar um olhar especial por parte do professor para formas de

condução de sua práxis, articulando-a com as tecnologias presentes no ambiente

escolar.

Visando ilustrar a proposta, foi desenvolvido um material de perspectiva

interdisciplinar, elaborado especificamente para a 5ª série/6º ano, porém poderá

servir como sugestão para o desenvolvimento do trabalho com outras séries,

utilizando literatura apropriada.

De acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, o trabalho

com os conteúdos disciplinares deverão oferecer a formação necessária para o

enfrentamento com vistas à transformação social, econômica e política, devendo a

escola propiciar uma formação humanista e tecnológica. Para atender tal proposta, o

professor precisa estar atento para a forma como o ensino está sendo conduzido e

os recursos que estão sendo utilizados.

Para a realização deste trabalho foi necessário oferecer um ponto de partida

e pensando sob este aspecto, ocorreu a ideia de escrever um livro cujo título é “A

Vendedora de Sonhos”. Nas situações apresentadas no livro surgem personagens e

lugares familiares aos estudantes com os quais será implementado o projeto, cujo

objetivo é promover a contextualização da vida do aluno com o conhecimento

sistematizado, o que possibilitará o envolvimento pessoal com o aprendizado, além

de favorecer as associações com os conteúdos curriculares o que poderá colaborar

para melhor assimilação e compreensão.

A partir das informações obtidas com as pesquisas que os alunos realizarão

na internet, irão complementar o texto do livro citado, com redação própria tornando-

se desta forma co-autores do livro proposto.

Na atividade final do livro, os alunos são convidados a relatar suas próprias

histórias ou outra de sua preferência, citando as fontes utilizadas.

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Com a elaboração desta atividade, utilizando a pesquisa na internet, o

professor estará contemplando conteúdos como História do Paraná e temas

relativos à diversidade cultural brasileira, educação ambiental, enfrentamento à

violência, gênero, História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena visando a

implementação da Lei 10.639/03, da Lei Nº- 11.645/08, da Deliberação Estadual nº

04/06 do CEE e o trabalho infantil. Contempla também atividades articuladas com

conteúdos do livro didático de História.

Trata-se de uma proposta de pesquisa de caráter interdisciplinar, posto que

a interdisciplinaridade permite a inserção de objetivos e conteúdos em todo o

currículo, possibilitando a integração de conhecimento entre as disciplinas e deve

ser entendida como uma metodologia de ensino que irá favorecer o aprendizado e a

compreensão dos estudantes.

O Professor interdisciplinar traz em si um gosto especial por conhecer e pesquisar, possui um grau de comprometimento diferenciado para com seus alunos, ousa novas técnicas e procedimentos de ensino, porém, antes, analisa-os e dosa-os convenientemente. Este professor é alguém que está sempre envolvido com seu trabalho, em cada um de seus atos. Competência, envolvimento, compromisso marcam o itinerário desse profissional que luta por uma educação melhor. (FAZENDA, 2008, p.31)

O trabalho prevê o uso do computador com a utilização do processador de

textos e internet.

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2 PROCEDIMENTOS

Considerando que alguns alunos poderão não apresentar a familiaridade

necessária para a utilização do computador, sugere-se que sejam instruídos no

decorrer das atividades.

a) Aplicativos que serão utilizados da informática:

Processador de textos e internet

b) Cada aluno deverá criar uma pasta e salvar nela o texto do livro para que

sejam realizadas as atividades.

Foi elaborado um elenco de atividades e sugestão de endereços eletrônicos,

o que possibilitará ao professor prever em seu Plano de Trabalho Docente a melhor

forma de utilizá-las, havendo a possibilidade de trabalhar todas consecutivamente ou

selecionar partes delas para serem utilizadas ao longo do ano letivo.

É necessário primeiramente que o professor leia na íntegra o livro aqui

apresentado. Com a leitura, é possível que surjam novas ideias, bem como

atividades diferentes das aqui propostas de acordo com os conteúdos que está

sendo trabalhado em sala de aula.

O livro foi ilustrado, de maneira que cada uma das ilustrações simboliza um

momento de parada, quando os alunos deverão realizar a atividade proposta, porém

neste Caderno Pedagógico serão apresentadas dez sugestões de atividades.

Os temas que poderão ser explorados a partir da leitura do livro “A

Vendedora de Sonhos”:

Língua Portuguesa – Leitura; Interpretação de letras de música; criação de

poemas, cultura afro-brasileira, africana e indígena, Meio ambiente, Violência, entre

outros.

Arte – Danças; música; cultura afro-brasileira e africana e indígena; cantigas

de roda; festivais de MPB; Violência; Meio ambiente.

Geografia – Astros, satélites e planetas; Violência; Meio ambiente

História – Tempo e temporalidade; cultura afro-brasileira e africana;

arqueologia; paleontologia; história do Paraná; cultura indígena; diversidade cultural;

construção do conhecimento histórico, Violência, Meio ambiente etc.

Matemática: construção de gráficos

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A avaliação se dará ao longo do processo, quando o professor deverá

observar se a participação dos estudantes está se dando de forma efetiva e se os

trabalhos produzidos por eles estão colaborando na construção do conhecimento e

consequentemente, para melhorar seus resultados escolares.

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3 CONTEÚDOS DE ESTUDO

Na proposta predominam os aspectos da história paranaense e apresenta

temas relativos à diversidade cultural brasileira, educação ambiental, enfrentamento

à violência, gênero, História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena visando a

implementação da Lei 10.639/03, das Diretrizes Curriculares Nacionais, acrescida da

Deliberação Estadual nº 04/06 do CEE e da Lei Nº- 11.645/08. Contém também

algumas atividades articuladas com conteúdos do livro didático dos alunos e a

conteúdos curriculares, como:

O historiador e a produção do conhecimento histórico

Tempo e temporalidade

Fontes históricas e documentos

Articulação da história com outras áreas do conhecimento – arqueologia,

antropologia e paleontologia

Povos indígenas no Brasil e no Paraná

As primeiras civilizações da Ásia e da África

A chegada dos Europeus na América – escravização; catequização

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4 ATIVIDADES

4.1 Atividade 1: Leitura - Sonhar faz bem...concretizar o sonho, mais ainda!

Leitura: A primeira atividade proposta, a partir do título do livro, é a criação de uma

capa de acordo com a criatividade e compreensão de cada aluno. Após esta

atividade, solicita-se a leitura do livro, “A Vendedora de Sonhos”, apresentado nesta

proposta, o qual pode também ser encontrado no blog

http://professoracelita.blogpost.com/ e no Portal dia a dia Educação e em seguida

realizar a avaliação do mesmo, como segue:

OBJETIVO: - Relacionar os fatos lidos no livro “A Vendedora de sonhos” aos conteúdos já trabalhados em sala de aula a fim de fazer uma relação do conhecimento sistematizado ao contexto apresentado na leitura proposta. - Incentivar a leitura reflexiva.

AVALIAÇÃO DO LIVRO

a) Qual é o motivo que leva a personagem do livro a ser denominada “Vendedora de Sonhos”?

b) As passagens descritas pela personagem têm alguma relação com conteúdos que você já estudou na escola?

c) Em algum momento da leitura do livro você identificou algum fato que você já presenciou ou viveu ou semelhança de personagens com pessoas que você conhece?

d) Descreva temas que você considera importante para serem acrescentados ao livro.

e) Descreva partes do livro que te levou a sentir algum tipo de emoção. Cite qual foi esta parte e qual a emoção que te despertou.

f) Utilize o espaço abaixo para fazer os comentários que você deseje fazer a respeito das atividades e conteúdo deste livro.

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4.2 Atividade 2: Qual é a cor do seu coração?

Diversidade cultural brasileira - A partir da descrição física da Vendedora de

Sonhos, procurar por imagens que descrevam a diversidade brasileira. Os alunos

poderão buscar por imagens em sites livres, considerando que muitas imagens que

estão expostas na internet são protegidas pela Lei de Direitos autorais. Este é um

cuidado que todo professor deve ter na utilização de textos e imagens da internet,

inclusive orientado seus alunos no momento de utilizá-los e conscientizando-os

sobre as penalidades que o plágio pode acarretar.

Para esta atividade, o professor poderá abordar a diversidade cultural que

compõe o Brasil.

OBJETIVO: - Exercitar a leitura significativa de imagens; - Desenvolver o sentimento de valorização das diversas culturas que

compõe o Brasil.

A partir de sites de buscas é possível encontrar textos e vídeos diversos que

podem ser utilizados para a apresentação do tema em sala de aula.

Sites livres indicados:

http://www.dominiopublico.gov.br

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

http://www.google.com.br/search?q=imagens+sem+direitos+autorais&hl=pt-

BR&client=firefox-a&hs=Ikr&sa=G&rls=org.mozilla:pt-

BR:official&channel=s&prmd=ivnsfd&tbm=isch&tbo=u&source=univ&ei=eRrNTdKVF

MLL0QGkpsiPDg&ved=0CEYQsAQ&biw=1280&bih=593

Outras sugestões de sites:

<http://www.youtube.com/watch?v=Fcde6nztcxM&feature=related> acessado

em 15/04/2011.

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Atividade complementar: No YouTube há inúmeros vídeos sobre os mais variados

temas, incluindo os relativos à diversidade cultural brasileira, muitos destes vídeos

são produzidos por alunos, apresentados por solicitação de professores em seus

trabalhos escolares.

Há a possibilidade de se produzir um vídeo com os alunos, pois é comum

portarem celulares com câmeras e filmadoras, o que poderá auxiliar.

Outra sugestão é apresentar aos alunos o quadro: “Operários” de Tarsila do

Amaral, para que descrevam a imagem apresentada, observando a característica de

cada um dos rostos que ali são retratados.

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4.3 Atividade 3: Música

- Quem canta seus males espanta!

Música - São diversos os assuntos que poderão ser explorados a partir do trabalho

com a música, pois ela sempre esteve muito ligada às questões sociais, políticas,

ambientais e tantas outras que fazem parte do cotidiano das pessoas.

OBJETIVO: - Desenvolver a percepção sobre as diversas formas que a sociedade utiliza para manifestar sua insatisfação com a realidade;

- Demonstrar que a música além de uma manifestação artística é também um instrumento de protesto.

.Tema: Mulher:

a) Solicitar aos estudantes que tracem uma linha do tempo relacionando o

tratamento que se deu à mulher ao longo dos anos pela música.

A pesquisa sobre a desvalorização da mulher que é apresentada em

algumas letras de músicas comparando-as com as músicas onde a mulher é

enaltecida, auxiliará na reflexão e na criação de uma concepção de valorização da

mulher.

<http://letras.terra.com.br/nelson-goncalves/47649/>

Neste endereço está a música “A deusa da minha rua”, composição de

Newton Teixeira / Jorge Faraj, onde a mulher é vista como um ser valorizado e

admirado.

http://www.vagalume.com.br/erasmo-carlos/mulher-sexo-fragil.html

A música “Mulher – sexo frágil, composição de Narinha e Erasmo Carlos,

retrata a força da mulher de uma maneira contagiante em relação à sua valorização

diante de sua rotina diária.

http://www.letras.com.br/prova-de-amor/mulher-elba-ramalho

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A música “Mulher” interpretada neste site, por Elba Ramalho, composição de

Feio, Doug Wayne, aponta para o olhar especial à essência da mulher.

<http://letras.terra.com.br/guilherme-e-santiago/1630460/>

A música Safada, Cachorra, Bandida Guilherme & Santiago, composição Flavinho

Tinto,Nando Marx, Douglas Mello refere-se a mulher de forma pejorativa.

<http://letras.terra.com.br/bonde-do-tigrao/1764278/>

A música “Prisioneira” do Bonde do Tigrão e tantas outras desse mesmo grupo,

onde a mulher é classificada como um objeto.

<http://www.vagalume.com.br/milton-nascimento/maria-maria.html>

“Maria Maria” composição de Milton Nascimento retratando as mulheres lutadoras do

Brasil. Música que pode ser utilizada para trabalhar também sobre a questão social.

<http://www.widesoft.com.br/users/pcastro4/cifras1/c009.htm>

“Cabocla Tereza” - Autores: Raul Torres-João Pacífico – estilo de música que pode

instigar a violência e o sentimento de posse sobre a mulher.

Atividade complementar: Com este tema pode ser desenvolvido um trabalho junto

aos alunos visando refletir sobre toda a violência sofrida pela mulher e a

necessidade da imposição da Lei Maria da Penha, já existente, podendo ser

analisada também se a Lei está tendo efeito positivo, se de alguma forma contribuiu

para a diminuição deste tipo de violência.

Tema: - Desigualdade social:

<http://www.cifraclub.com.br/geraldo-vandre/disparada/>

“Disparada” de Geraldo Vandré - esta música foi criada em uma época marcada pela

desigualdade social, durante a Ditadura Militar no Brasil

<http://letras.terra.com.br/ana-carolina/258919/>

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“Gente Humilde” - Composição : Garoto / Chico Buarque / Vinícius de Moraes retrata

a força e a coragem das pessoas de baixa renda, que “mesmo sem nada” seguem a

vida lutando

<http://letras.kboing.com.br/ze-ramalho/cidadao/>

“Cidadão” de Zé Ramalho explora a alienação a que as classes menos favorecidas

estão expostas, não tendo o acesso àquilo que produziu.

Atividade complementar Pesquisar na internet como é a situação carcerária no

Brasil estabelecendo relação entre a situação carcerário no Brasil à questões sociais

e étnicas. Após a pesquisa elaborar um gráfico demonstrando a cor de pele e a

classe social a qual pertence as pessoas encarceradas.

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4.4 Atividade 4 – História do Paraná

- “Paraná! serás luzeiro!” – Meu Estado emite luz

História do Paraná - Pesquise sobre os primeiros colonizadores do Paraná e

procure por imagens da cidade de Curitiba em seus primeiros tempos e imagens

atuais, descrevendo as diferenças percebidas.

OBJETIVOS: - Conhecer a História do Paraná; - Analisar as mudanças provocadas pela modernidade na sociedade em geral e

no Paraná especificamente.

Este tema poderá ser pesquisado em:

<http://www.paranaonline.com.br/canal/nossolitoral/news/341253/?noticia=PR

IMEIRA+PARADA+ILHA+DA+COTINGA>.

O aluno deverá ler a forma como a cidade de Curitiba está retratada no livro procurar

por imagens que poderão ser inseridas no texto, sempre destacando a referência.

<http://www.topgyn.com.br/conso01/parana/conso01a01.php

Este site, tendo como fonte de informações a Secretaria de Estado do Turismo do

Paraná – SETU, a partir de texto escrito por Roselys v. Roderjan apresenta

informações sobre as origens étnicas e a cultura paranaense.

http://www.infoescola.com/parana/historia-do-parana/

Apresentação da História do Paraná escrita por Thais Pacievitch discorre sobre os

principais acontecimentos na colonização do Estado do Paraná.

http://www.historiabrasileira.com/estados/historia-do-parana/

Em artigo escrito por Cristiane Delphino, o site apresenta, entre outras informações,

os principais momentos históricos sobre o Estado do Paraná.

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http://citybrazil.uol.com.br/pr/castro/historia.php

Apresenta a história de cidades do Paraná

Atividade complementar: Através de entrevista com antigos residentes em sua

cidade, os estudantes poderão realizar uma pesquisa para saber sobre as

mudanças ocorridas no município nos últimos anos. A pesquisa poderá ser

complementada com documentos, como livros, textos, fotografias e outros que

comprovem a veracidade de sua pesquisa.

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4.5 Atividade 5: História da cultura africana e afro-brasileira

- Vamos comer um cuscuz e dançar Jongo?

História da cultura africana e afro-brasileira - Entre as riquezas do Brasil de hoje

está a cultura vinda com os negros trazidos da África para serem escravizados.

Pesquise sobre as religiões, culinária e expressões artísticas africanas presentes na

nossa cultura.

OBJETIVOS: - Conhecer a cultura africana e perceber seus reflexos na cultura

brasileira. - Possibilitar o estudo da dança relacionada à expressão corporal e a

diversidade cultural;

Para esta atividade uma sugestão é a utilização do Portal do Professor, site

do MEC onde é possível encontrar diversas sugestões de aulas:

<http://portaldoprofessor.mec.gov.br>

Entre as atividades sugeridas, pode ser também desenvolvida a dança com

os alunos, como o Jongo, dança trazida para o Brasil pelos escravos angolanos.

Sites indicados:

. Jongo da Serrinha: sobrevivência do tradicional na sociedade

contemporânea:

<http://www.uff.br/ciberlegenda/ojs/index.php/revista/article/view/228/124>

<http://www.vejatv.com/video-10188.Danas-Brasileiras---Jongo.html>

Para encontrar vídeos relacionados à culinária, o youtub apresenta diversos

vídeos. Um endereço sugerido é:

<http://www.youtub.com/watch?=FfpMDdjLcCw

Também relacionado à culinária: Comida afro-brasileira, disponível em:

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http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/mulher-culinaria-afro-

brasileira/culinaria-afro-brasileira.php

Atividade complementar: Texto explicativo sobre os fatores que determinam a cor

da pele das pessoas poderá ser encontrado em:

http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/434/artigo116490-2.htm

Este site apresenta um artigo da Revista Planeta explicando os fatores que

determinam a cor da pele. Explica como age a melanina e sua importância na

proteção da pele. São temas que poderão ser explorado para levar à melhor

compreensão dos fatores determinantes das diversas cores de pele existentes,

auxiliando na desconstrução de preconceitos existentes.

Para pesquisar sobre os países africanos:

http://www.casadasafricas.org.br/

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4.6 Atividade 6: Tempo e temporalidade

- Quanto tempo o tempo tem?

Tempo e temporalidade - A proposta curricular para a 5ª série do Ensino

Fundamento dentro das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, para a

disciplina de história, tem como uma de suas propostas de trabalho com os

conteúdos básicos “A experiência humana no tempo” e com os conteúdos

específicos: - O historiador e a produção do conhecimento histórico, Tempo,

temporalidade, Os seres humanos em sociedade e sua relação com o tempo.

Como era a passagem do tempo para a Vendedora de sonhos? E como é contado o tempo em nosso calendário gregoriano?

OBJETIVOS: - Identificar e perceber as diferenças entre o tempo individual, familiar e social; - Compreender as diversas formas de temporalidade e de periodização.

Um site recomendado, no qual é possível encontrar a história de diversos

calendários é o:

<http://www.mat.uc.pt/~helios/Mestre/H01orige.htm> no qual, Manuel Nunes

Marques, descreve a “Origem e evolução do nosso calendário e a explicação sobre

os diversos calendários existentes.

Outro site onde o assunto é bem trabalhado está no endereço:

http://www.superdicas.com.br/milenio/calendar.asp

Atividade Complementar: Solicitar aos estudantes que elaborem um calendário

ocidental e um islâmico, comparando o marco para a contagem do tempo em cada

um deles.

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4.7 Atividade 07: A relação da História com outras áreas do conhecimento - Como se faz a História?

A relação da História com outras áreas do conhecimento - No livro é citado um

momento, documentos em que A Vendedora de Sonhos: “Em suas brincadeiras, gostava de escavar o chão com uma varinha, quando então encontrava alguns pedaços de louças ou latinhas,

as quais utilizava em suas brincadeiras de casinha. Ficava imaginando quem poderia tê-los utilizado. Certo dia, em uma de suas escavações encontrou restos de ossos, que parecia ser de um gatinho ou

um cãozinho, de início levou um grande susto, porém após terminar toda a escavação iniciada procurou montar aquele pequeno esqueleto para que pudesse identificar a qual animal pertencia”.

Relacionando a esta passagem do livro, poderá ser realizada uma pesquisa

sobre a importância da arqueologia e a paleontologia para o estudo da história da

humanidade. Estas são atividades que os estudantes também elaboram em suas

brincadeiras, destacar que, sem perceberem estão sendo arqueólogos,

paleontólogos. Quando analisam o local onde vivem, como se dão as relações entre

as pessoas com as quais convive, estão sendo sociólogos, e assim, são inúmeros

os exemplos de assuntos que poderão ser explorados relacionando com o contexto

do estudante.

OBJETIVO: - Relacionar o estudo de História às demais áreas de conhecimento; - Analisar a construção da memória local e a sua articulação com a memória da humanidade.

.,”.

Sobre a arqueologia, em artigo da Revista Histórica Regional Volume 15, nº

2 (2010), Lucio Menezes Ferreira escreve “Vestígios de civilização: O Instituto

Histórico e Geográfico Brasileiro da Arqueologia Imperial (1838-1870)

<http://www.revistas2.uepg.br/index.php/rhr/article/view/2072 >

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É possível encontrar também diversos livros sobre o assunto, na internet,

como: Arqueologia da Violência, por Pierre Clastres - mitos e ritos dos índios da

América do sul.

<http://books.google.com.br/books?hl=ptBR&lr=&id=0RiLuU0sazIC&oi=fnd&p

g=PA95&dq=arqueologia&ots=WR0u45xP5H&sig=5huWB1ZUIvTkj4VnhmCyQm2K

Y_Q#v=onepage&q&f=false>

Outra sugestão é o livro: “A relação entre arqueologia e organização social

Guarani: organização social e arqueologia” por André Luis R. Soares:

<http://books.google.com.br/books?hl=ptBR&lr=&id=sgc9S8LlMUIC&oi=fnd&p

g=PA19&dq=arqueologia&ots=_TRqijZ-Y-&sig=FsS6

wE4vJ3cVatCprkKtT93ioo#v=onepage&q&f=false>

A terceira referência sobre este tema é o Artigo de Setembrino Petri:

“Pesquisas Paleontológicas no Brasil Instituto de Geociências” - Universidade de

São Paulo Departamento de Paleontologia e Estratigrafia São Paulo – SP

http://www.sbpbrasil.org/revista/edicoes/1/PesqPaleontoBrasil.pdfAS

Poderão ser analisadas notícias sobre o tema, como a reportagem que

evidencia a importância da arqueologia para entendermos nossa cultura, que é

apresentada no site:

<http://www.agenciaamazonia.com.br/index.php?option=com_content&view=a

rticle&id=963:arqueologia-na-amazonia-ajuda-a-entender-a-cultura-

brasileira&catid=81:cultura&Itemid=738>

O livro: Pré-história do Nordeste do Brasil - Escrito por Gabriela Martin pode

ser encontrado no site:

http://books.google.com.br/books?hl=ptBR&lr=&id=exmtOsvSKj4C&oi=fnd&pg

=PA152&dq=sitios+arqueol%C3%B3gicos+brasil&ots=4YOIOQbvro&sig=XZdXrwEd

oW_8FskGTgqdx4dRRk#v=onepage&q=sitios%20arqueol%C3%B3gicos%20brasil&f

=false

Atividade complementar: Pesquisar a arte rupestre e reproduzir em seu caderno

um ou mais desenhos encontrados.

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4.8 Atividade 08: Meio Ambiente

- Cadê a floresta que estava aqui? – O boi comeu. Cadê o boi? – Foi beber água. Cadê a água?...

Meio Ambiente - Fazer uma pesquisa para saber como estão os cuidados com os

recursos naturais nos dias atuais e quais os possíveis prejuízos que a falta de

cuidado com a natureza trarão à humanidade. A atividade poderá ser iniciada com a

conceituação da palavra sustentabilidade e a importância do desenvolvimento

sustentável.

No texto do livro, ao referir-se aos povos pré colombianos, lemos o seguinte: “Quanto à civilização Maia que habitaram algumas regiões da América Central, já

não existia mais quando os espanhóis chegaram. Não se sabe ao certo o que aconteceu,

mas existem várias teorias para explicar seu desaparecimento, uma delas é que por se

tratar de um povo que gostava muito de guerras podem ter se destruído uns aos outros;

outra é a hipótese de que, por ser esta uma região com poucas chuvas e terem eles

devastado as florestas, fez com que as chuvas diminuíssem muito e não pudessem mais

cultivar seus alimentos, tendo assim que procurar outros lugares para viver. Os Maias

cortavam suas árvores para queimar em grandes fornos onde produziam cal para suas

construções.”

Este texto possibilita uma pesquisa sobre os cuidados necessários com o

meio ambiente. São diversas as situações que poderão ser pesquisadas. Uma delas

é o evento mais recente sobre o vazamento de usina nuclear no Japão.

Este tema abre um grande leque para discorrer sobre a sustentabilidade e

fontes alternativas de energia.

OBJETIVO:

- Levar o aluno a sentir-se como parte da natureza e também responsável por ela. - Desenvolver o comportamento responsável em relação ao meio ambiente.

Sugestões:

Artigos:

http://www.atitudessustentaveis.com.br/sustentabilidade/sustentabilidade/>

este site apresenta outras sugestões de artigos sobre a sustentabilidade.

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Notícias:

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=976820> fornece

informações sobre a utilização de energia nuclear e o motivo que leva os países a

recorrerem a este tipo de energia.

http://www.jb.com.br/jb-premium/noticias/2011/04/30/vila-energetica/>

informações sobre os protestos contra a construção de usinas nucleares.

Atividade complementar:

O endereço: http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/59/a-logica-da-transformacao

apresenta a entrevista “A lógica da transformação” - Dom Tomás Balduíno só quer

uma sociedade mais justa e que respeite os direitos do povo da terra.

O estudo desta entrevista leva a pensar sobre diversos temas, além da

questão da energia, ela propicia a reflexão sobre a preocupação de todos os

segmentos da sociedade, inclusive da igreja sobre as questões sociais e da terra na

atualidade.

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4.9 Atividade 09: Bullying

- Sou baixinho, gorducho, dentuço, orelhudo e LINDOOOO, por que respeito meu próximo!

Bullying - O livro relata uma situação em que:

“Uma das vezes em que ela e o irmão saíram para vender sonhos, já bem longe

de casa, encontraram um grupo de rapazes que começaram a zombar dos dois: - E aí,

baixinho, o que temos nesta caixa? - É sonho, querem comprar? Respondeu o irmão. Deram uma gargalhada. Disseram coisas muito feias e por fim, pegaram a caixinha de

sonhos, jogaram no chão e pisotearam (esta é uma atitude também conhecida por Bullying)”

A partir do texto, o assunto poderá ser abordado com os estudantes

demonstrando as diversas formas que o Bullying toma dentro da escola e em outros

lugares, seja através de violência física ou moral. As conseqüências são muitas e

marcantes, podendo levar a seqüelas que poderá perdurar por toda a vida de quem

as sofre e em casos mais extremos, levar ao suicídio. As pesquisas neste tema

poderão envolver primeiramente a conceituação e após, notícias do ato praticado ou

de atitudes de pessoas que sofreram o Bullying.

A seguir poderá ser proposta a seguinte questão:

Você já foi vítima de uma atitude parecida ou conhece alguém que já

passou por isso? Aponte algumas sugestões para que estas ações deixem de

acontecer

OBJETIVOS:

- Despertar a atenção dos alunos para suas atitudes e levá-los a se colocar no lugar de quem é vítima de Bullyng. - Incentivar o estudante que está passando por esta situação a se manifestar

para aprender a lidar com a situação comunicando pessoas que possam orientar e ajudar.

Sites recomendados:

<http://revistaescola.abril.com.br/criancaadolescente/comportamento/bull

ying-escola-494973.shtml>

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<http://www.educacional.com.br/reportagens/bullying/>

<http://www.bullyingescola.com/sobre/>

<http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2011/04/bullying-motivou-

87-de-ataques-em-escolas-diz-estudo-dos-eua.html>

Bullying motivou 87% de ataques em escolas, diz estudo dos EUA

<http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/04/documento-feito-em-cartorio-

pode-ser-prova-em-casos-de-bullying.html>

Nesta reportagem é apresentada a informação de que um documento que, feito em

cartório pode ser prova em casos de bullying e que poderá ser utilizado em um

processo contra o agressor.

<http://www.espacoacademico.com.br/043/43lima.htm>

A Revista espaço acadêmico Nº 43 – Dezembro de 2004 ISSN 1519.6186 ano IV,

apresenta o artigo, cujo título é: “Bullying”: uma violência psicológica não só contra

crianças. Este artigo discorre sobre as conseqüências trazidas por esta atitude e os

possíveis danos psicológicos.

Atividade completar: Solicitar aos estudantes que listem atitudes que podem ser

classificadas como Bullying e em seguida elencar ações que poderão ser adotadas

pela comunidade escolar para evitá-las.

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4.10 Atividade 10: Indígenas

- Índio não quer apito, Índio quer respeito!

Indígenas - A população indígena nos dias atuais é muito pequena em relação ao

período do descobrimento.

A proposta de trabalho a ser desenvolvida com os alunos em relação a este

tema, é um levantamento sobre os locais que se encontram as reservas indígenas

no Brasil de hoje e comparar com dados históricos do período do descobrimento.

OBJETIVO: - Compreenda como os povos indígenas do Paraná se organizavam e como

estão organizados na atualidade, sócio e economicamente; - Valorizar o patrimônio sócio cultural, respeitando a diversidade social considerando critérios éticos.

Para saber mais sobre os indígenas desde o descobrimento do Brasil, o

artigo contido no site a seguir fornece diversas informações úteis:

<http://www.funai.gov.br/indios/conteudo.htm#IDENTIDADE>

Poderá ser trabalhada também a questão da escravização e catequização

dos índios. A aceitação e a resistência desta condição.

Projeto Brasil Urgente – a Igreja e a colonização no site:

<http://www.expo500anos.com.br/painel_33.html>

Destaca o papel da Igreja Católica no processo de colonização do Brasil.

O artigo “Escravidão dos índios e negros no século XVI no Brasil”, escrito

por Aníbal de Almeida Fernandes, pode ser acessado em:

<http://www.sfreinobreza.com/anibalindios.htm>

Relatos interessantes para se conhecer a forma como acontecia a

escravização dos índios, o tipo de trabalho a que foram submetidos e as ações

coibiram esta prática.

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Atividade complementar: Levar a música “Kikiô” de Almir Sater para ouvir com os

estudantes. Após, orientar a leitura da música, analisando a forma lendária utilizada

na letra para explicar como se deu a separação entre os povos tupis e guaranis.

Esta atividade poderá ser utilizada pelo professor como síntese integradora para

discorrer sobre a diversidade cultural dos povos indígenas do Brasil.

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4.11 Atividade 11: História de vida do Estudante

- Eu também tenho uma história para contar...

Minha História - Com a utilização de fotos de família, documentos e demais fontes

possíveis, os alunos deverão relatar sua história e a história do local onde vive

OBJETIVO:

- Articular a história da humanidade com a história de vida de cada um; - Desenvolver a habilidade na utilização de fontes históricas.

Para esta atividade é importante que o professor leia algumas autobiografias

para os alunos e também que estes façam pesquisas na internet sobre outras

histórias de vida, possibilitando, desta forma a geração de novas idéias para a

escrita de sua própria história e a forma de descrevê-la.

<http://slideshare.net/paulanapalma/autobiografia-presentation-851126>

<http://.overmundo.com.br/banco/autobiografia-3>

<http://blog.teatrodope.com.br/2007/07/06/autobiografia-de-patativa-do-

assar/>

Atividade complementar:

a) Os estudantes deverão procurar no livro “A Vendedora de Sonhos” três

informações, (como por exemplo, o que foi informado sobre os maias) e fazer uma

pesquisa para verificar se estas são verdadeiras.

b) Solicitar aos estudantes que elaborem um “plano para o futuro” onde poderão

destacar quais são os seus objetivos:

Exemplo:

2015 – Iniciar meus estudos no Ensino Médio;

2018 – Entrar para a Universidade...

Solicitar que guardem bem este planejamento para avaliar suas conquistar ou

alterar, quando houver uma mudança de plano.

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LIVRO: A VENDEDORA DE SONHOS

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A VENDEDORA DE SONHOS

CAPÍTULO I

Curitiba hoje é a capital do Estado do Paraná e teve início com a chegada dos

bandeirantes que procuravam por ouro na região, e nossa vendedora de sonhos ali

chegou muitos anos depois, em 1968.

Era ela da “cor brasileira”, e esta cor tem os seus encantos pela diversidade

de tons. Sendo uma latino-americana, apresentava a pele amorenada um pouco

dourada pelo sol que lembrava a mistura da África com Portugal. Seu rosto

arredondado com cabelos lisos e escuros lembrava os indígenas, seus olhos

pequenos, uma asiática. O ano do seu nascimento coincidia com a ida do primeiro

homem ao espaço, o que a levava a acreditar que também poderia alçar altos vôos,

pois para quem sonha, não existem limites. Era uma cidadã do mundo porque sabia

respeitar todas as culturas e diferenças, falava pouco, o que fazia com que lhe

restasse mais tempo para suas imaginações e observações em torno de tudo o que

se passava a sua volta.

(Atividade 2)

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A família tinha vindo de trem, foi uma longa viagem, e já na estação

encontraram uma cigana, que pediu para ler a mão de sua mãe.

_ Não. Respondeu a mãe. – Não acredito nestas bobagens e também não

tenho dinheiro.

A cigana então ficou observando a família e a curiosa Vendedora de Sonhos

ficou para trás, olhando com estranheza toda a imensidão da cidade, deslumbrada

com a altura dos prédios. A cigana rapidamente ao ver a criança que ficara para

trás, prontamente chegou perto, e disse:

_ Me dê sua mão, quero te dizer algumas coisas, pois o que estiver escrito

para você, assim estará para toda a família.

Sem entender muito bem, esticou-lhe a mãozinha.

_ Pelas linhas da tua mão percebo sete previsões para sete lugares diferentes

onde estará futuramente. A primeira é nesta cidade na qual estamos, onde você

passará por momentos difíceis, mas também aprenderá algumas coisas que serão

úteis para sua vida, mas o mais importante que você deverá lembrar sempre, é que

o seu destino depende muito de você. Você poderá escolher em seguir um bom

caminho e ser feliz, ou um mau caminho e sofrer as consequências.

E assim foi relatando uma por uma das previsões, as quais permaneceram

em sua lembrança. A mãe ao perceber a falta da filha, se voltou e a chamou:

_ Você não pode ficar longe de nós. Aqui tudo é muito perigoso. Os ciganos

têm a fama de roubar crianças para vender. Tome muito cuidado.

_ A cigana estava lendo na palma de minha mão, ela me disse como será o

meu futuro, falou sobre cada um dos lugares que vamos estar, eram sete, porém a

última das previsões foi a que mais me intrigou...

A mãe a interrompeu:

_ Esqueça o que você ouviu dela. De hoje em diante nós só iremos ficar aqui

neste lugar. Não existe isso de prever futuro, somente Deus sabe o que nos

acontecerá. Procure não se aproximar de nenhum cigano, eles são muito perigosos.

Sua mãe havia estudado até a terceira série, porem sua vida de muitas experiências

a tornara uma pessoa de grande sabedoria. Era católica fervorosa, porém trazia

consigo alguns preconceitos transmitidos a ela por seus antepassados. A mãe

deveria ter dito a ela que qualquer pessoa estranha pode representar perigo para

uma criança e que ela deveria sempre tomar cuidado, porém a visão preconceituosa

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que existe em torno dos ciganos, fez com que a mãe lhe falasse daquela forma

sobre estas pessoas.

Os ciganos em geral, são muito discriminados. Não há uma exatidão sobre as

suas origens, alguns estudiosos dizem que são originários da Índia, país da Ásia.

Aqui no Brasil, muitos deles são nômades, ou seja, não se fixam em lugar algum.

Viajam e armam suas tendas onde é possível. Muitos deles se dizem videntes. Esta

foi uma forma que os ciganos encontraram de ganhar algum dinheiro, utilizando-se

da crendice de algumas pessoas menos esclarecidas. No caso de nossa vendedora

de sonhos, era apenas uma criança que acreditava naquilo que ouvia. Sendo assim,

passou longos anos pensando ser verdade o que ouviu. Isso faz parte dos meios

que os videntes se utilizam, as formas como descrevem suas previsões

normalmente são bem subjetivas, dando diversas interpretações. A pessoa que

ouve, transforma estas interpretações relacionando-as aos fatos que ocorrem em

suas vidas.

Dali a família rumou ao primeiro lugar onde morariam. De acordo com as

crenças da Vendedora de Sonhos, o primeiro dos sete lugares previsto pela cigana e

o início da primeira das sete previsões.

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CAPÍTULO II

As rádios tocavam muito uma música, que com seus sete anos de idade não

tinha a real ideia do significado, mas a selou como trilha sonora daquele momento

de sua vida pelas suas primeiras frases: Prepare o seu coração/Prás coisas/Que eu vou contar/Eu venho lá do sertão/Eu venho lá do sertão/Eu venho lá do

sertão/...afinal ela estava vindo do sertão. Ela gostava muito de cantar junto com a

rádio. A letra da música Disparada é de Geraldo Vandré, esta melodia fez muito

sucesso graças aos famosos festivais de música popular brasileira. Os festivais

aconteciam anualmente e consagraram grandes nomes, tais como Elis Regina,

Chico Buarque, Jair Rodrigues, Toni Tornado e tantos outros compositores e

cantores do nosso Brasil.

O artista através de sua arte protesta ou reproduz os fatos que ocorrem na

sociedade. A música que tocava era um desses protestos. Na época o Brasil estava

em plena ditadura militar e vergonhosamente reinava a desigualdade social. (Atividade 3)

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A cidade era linda mesmo com tantas diferenças entre os casebres, as

mansões, os prédios, os cortiços... Ainda não tinha ideia de que no mundo havia

ricos e pobres, na sua visão inocente de criança, eram apenas pessoas, cada uma

com sua história e que faziam parte de um universo que para ela era infinito.

A vizinhança tinha particularidades que as diferenciavam das que ela havia

conhecido antes. Ao lado de sua casa havia um “centro de terreiro”, coisa que ela

não entendia muito bem. A vizinha, uma senhora robusta e de pele escura, vendo os

novos moradores saiu na porta de sua casa:

_ Bom dia vizinha, de onde está vindo a família?

_ Do norte do Paraná _ respondeu a mãe.

_ Sejam bem vindos. Que tenham muita sorte neste lugar! À noite vamos ter

uma sessão de terreiro aqui em casa, esteja convidada!

Para fazer amizade, mesmo sem saber do que se tratava, ao cair da noite

foram até o lugar. Ali estavam diversas pessoas cantando e dançando com roupas

brancas. Um senhor já de idade, sentado em um banquinho, pele escura e barbas

brancas com um copo na mão se dizia ser o “preto velho” e pediu para que se

aproximassem.

_ Vou fazer uma oferenda para que vocês tenham sorte nesta cidade.

_ Não acredito muito nestas coisas, sou católica.

_ Não tem problema não minha filha, nossos santos vão lhe ajudar.

A umbanda é uma religião afro-brasileira que mistura o catolicismo ao

espiritismo de Alan Kardec e diversas seitas trazidas pelos escravos, que apesar de

mal interpretada algumas vezes, tem como objetivo promover o bem entre seus

seguidores e para as pessoas que a procuram.

Os dias foram passando, iniciou seus estudos na primeira série, em uma

escola pública, onde aprendeu algumas coisas sobre a história da cidade. Achava

interessante a professora contar que toda aquela imensidão havia começado com

uma pequena vila, uma igreja, um coreto, algumas casas em volta. Uma vida social

tranquila, onde as festas de batizado e casamento eram os acontecimentos mais

importantes e que tudo isso começou com a vinda de portugueses que procuravam

ouro, assim como, a cidade de Paranaguá.

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(Atividade 4)

Em uma das aulas a professora falou:

- Na época em que os portugueses vieram à procura de ouro nesta região, o

Paraná, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, não fazia parte do território

português, somente após diversos acordos entre Portugal e Espanha é que ele

passou a fazer parte da capitania de São Vicente.

- Por que nós falamos português? Perguntou um colega.

- É simples, como eu já falei, pelo Tratado de Tordesilhas, parte do Brasil

pertencia aos portugueses, assim nossa colonização foi feita por eles.

Não sei se a resposta da professora respondeu satisfatoriamente a pergunta,

pelo modo vago com que foi respondida, mas era uma época em que devíamos

apenas aceitar as respostas, sem questioná-las.

Uma das coisas que muito lhe chamava a atenção era o fato de que, segundo

sua professora, estas pessoas possuíam escravos. Era difícil imaginar que alguém

pudesse ser dono de alguém, que as pessoas comprassem outras pessoas e que

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estas deveriam servi-las fazendo seu trabalho pesado, carregando suas cargas, e o

pior, eram açoitadas com chicotes quando seus proprietários os consideravam

merecedores de apanhar.

Ao passo que se aprofundava nos estudos ia sabendo mais. Descobriu então

que a prática da escravidão era comum. Todos os lugares da colônia com atividade

econômica havia se utilizado do trabalho escravo. Inicialmente escravizaram os

indígenas, porém estes não aceitaram muito bem esta condição. Conheciam

aquelas terras como ninguém e por isso fugiam com facilidade ou então enfrentavam

a escravidão com seus arcos e flechas, mais tarde também tiveram a proteção das

missões jesuítas. Ao saber de todas estas formas de escravização sua cabeça se

encheu de dúvidas sobre o valor do homem, como Drumond em sua poesia, quando

pergunta: “Quanto vale o homem?/ Menos mais que o peso?/ Hoje, mais que

ontem?” É difícil calcular o valor do homem, mas quando se escraviza é por que

realmente não se tem noção do valor de um ser humano.

Sabendo a respeito dos negros trazidos da África, entendeu a religião

diferente praticada por seus vizinhos. Percebeu que aquelas pessoas provavelmente

eram descendentes dos africanos que foram trazidos para cá para serem

escravizados. (Atividades 5)

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Havia alguns amigos, dos quais gostava muito, mas também gostava de

brincar sozinha por horas que para ela não eram contadas, pois nem sequer tinha

noção de tempo. As coisas simplesmente aconteciam. Não sabia sua idade,

ninguém nunca havia comemorado seu aniversário, isso era um luxo desnecessário

para alguém que precisa dividir os alimentos com mais oito pessoas da família. Seu

tempo era dividido em hora de dormir, hora de acordar, hora de ir para a escola e

hora das tantas atividades. Ela só sabia cada um desses momentos porque sua mãe

lhe avisava, ou saia para brincar e voltava de acordo com a luz do sol. (Atividades 6)

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Em suas brincadeiras, gostava de escavar o chão com uma varinha, quando

então encontrava alguns pedaços de louças ou latinhas, as quais utilizava em suas

brincadeiras de casinha. Ficava imaginando quem poderia tê-los utilizado. Certo dia,

em uma de suas escavações encontrou restos de ossos, que parecia ser de um

gatinho ou um cãozinho, de início levou um grande susto, porém após terminar toda

a escavação iniciada, procurou montar aquele pequeno esqueleto para que pudesse

identificar a qual animal pertencia. Procurou então em alguns livros, porém nada

encontrou. (Atividades 7)

Em sua casa quase não tinha livros, aliás, tinha um, o qual a deixava

fascinada quando seu irmão mais velho resolvia ler para ela. Era um velho livro de

História do Brasil. Nele continha algumas gravuras que permaneceram em sua

memória, como aquela das três caravelas, Santa Maria, Nina e Pinta, mais ainda

porque Nina era o apelido de sua mãe. Não era a história verdadeira que estava no

livro que seu irmão lhe contava, talvez por ainda não saber ler muito bem, fantasiava

muito, dizia ele:

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_ Estes três barquinhos foram os primeiros a chegarem ao Brasil, eram grandes

heróis que enfrentaram os mais terríveis monstros no mar para chegar até aqui.

Eram monstros horrendos e gigantescos...

Talvez toda esta imaginação de seu irmão tenha sido influenciada pela visão

que os europeus tinham não só dos oceanos, mas também das terras

desconhecidas, que segundo eles, era habitada por seres horrendos.

Mais tarde, nossa Vendedora de Sonhos descobriu que não era bem aquilo

que havia acontecido. As três caravelas haviam chegado ao lugar onde hoje está a

República Dominicana, na América Central e quem as comandava era Cristóvão

Colombo. Foi quando este genovês, a serviço dos reis da Espanha saiu para

procurar uma nova rota para chegar às índias, porém não sabia ele que havia um

continente antes, aliás, nunca ficou sabendo, pois segundo informações históricas,

Colombo morreu sem saber que havia descoberto a América. Foi um cartógrafo

chamado Américo Vespúcio quem percebeu tratar-se de um continente, o Novo

Mundo.

E quanto a alegria dos índios? Somente bem mais tarde ela soube o que

realmente havia acontecido, soube como foi o encontro dos espanhóis com os

nativos americanos e como foi o encontro dos portugueses com os índios do Brasil.

Isso a deixou muito triste. Toda a maravilha das histórias contadas por seu irmão

aos poucos iam se dissipando. Ficou indignada quando viu em seu livro escolar que

os espanhóis haviam dizimado os Astecas e os Incas por querer seus tesouros. Foi

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um encontro muito violento. Quanto à civilização Maia que habitaram algumas

regiões da América Central, já não existia mais quando os espanhóis chegaram.

Não se sabe ao certo o que aconteceu, mas existem várias teorias para explicar seu

desaparecimento, uma delas é que por se tratar de um povo que gostava muito de

guerras podem ter se destruído uns aos outros; outra é a hipótese de que, por ser

esta uma região com poucas chuvas e terem eles devastado as florestas, fez com

que as chuvas diminuíssem muito e não pudessem mais cultivar seus alimentos,

tendo assim que procurar outros lugares para viver. Os Maias cortavam suas árvores

para queimar em grandes fornos onde produziam cal para suas construções. Era

uma civilização bem avançada com trabalhos arquitetônicos admiráveis. Ainda é

possível encontrar na América Central as ruínas das civilizações Maia e Asteca, e no

Peru, que fica na América do Sul, podemos encontrar fabulosas ruínas do que foi o

império Inca. (Atividades 8)

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Naquele momento ela percebeu que se não tivesse os devidos cuidados com

o meio ambiente, toda a Terra poderia se tornar um deserto, sem água e sem os

recursos necessários à sobrevivência dos seres vivos.

Deixando de lado suas indagações sobre história, voltemos a sua vida.

Denominamos nossa pensadora de “Vendedora de Sonhos” pela sua atividade

diária. Sua mãe precisava ter uma máquina de costura para confeccionar as roupas

de seus filhos, mas isso era difícil devido a situação financeira da família. Teve então

a idéia de fazer sonhos e vendê-los nas ruas. Conversou com os filhos se

concordavam e então montaram uma pequena caixa de madeira, com alça para

pendurar no pescoço, usaram uma tala de couro. Sua mãe acordava cedo e fazia a

massa com trigo, deixava-a descansar por um tempo para crescer, depois recheava

com marmelada, fazia as bolinhas e as fritava. Eram deliciosos. Todos os dias saíam

pelas ruas oferecendo às pessoas que passavam. Umas compravam, outras

simplesmente ignoravam as duas crianças. Aos domingos, iam aos campos de

futebol. Ainda não havia os grandes estádios de hoje. Os jogos eram realizados em

campos, onde as pessoas ficavam em pé a sua volta torcendo por seus times, era

tudo muito calmo, as pessoas simplesmente torciam, gritavam, vaiavam, aplaudiam,

sem nenhum ato de violência.

Uma das vezes em que ela e o irmão saíram para vender sonhos, já bem

longe de casa, encontraram um grupo de rapazes que começaram a zombar dos

dois.

_ E aí, baixinho, o que temos nesta caixa?

_ É sonho, querem comprar? Respondeu o irmão.

Deram uma gargalhada. Disseram coisas muito feias e por fim pegaram a caixinha

de sonhos, jogaram no chão e pisotearam (esta é uma atitude denominada

Bullying1).

1 Bullying – É uma expressão da língua inglesa e no Brasil são consideradas ações de Bullying, atitudes de

chacota, piadinhas e agressões entre os indivíduos também pode ser o ato que se caracteriza quando uma

pessoa mais forte ataca moralmente ou fisicamente alguém que aparente maior fragilidade.

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(Atividades 9)

Foi muito triste. Voltaram para casa desolados com a situação. Sua mãe,

apesar da decepção, confortou-os:

-Não sofram por isso. No mundo muitas vezes vocês encontrarão pessoas

assim, mas também encontrarão pessoas boas.

Quando foi dormir, quase não conseguiu, seu sentimento era de que as

pessoas eram muito más, que o mundo era um lugar horrível. Sentiu-se

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desesperançada e sem ânimo para sair novamente para a tarefa. Por alguns dias a

mãe pediu que a outra irmã saísse em seu lugar, até que ela esquecesse o

incidente.

Passado algum tempo voltou a sair com o irmão para fazer as vendas,

resolveram chegar a algumas casas para oferecer, na primeira conseguiram vender

três sonhos, mas na segunda já não tiveram tanta sorte, a família não teve interesse

em comprar, ao saírem seu irmão tropeçou e fez com que todos os sonhos rolassem

pelo chão. Pensando no prejuízo e como seria voltar para casa sem o dinheiro nem

o sonho, começaram a chorar. O senhor que morava naquela casa, saiu socorrê-los,

juntou os sonhos todos cheios de areia, olhou para as duas crianças:

- Eu compro todos os sonhos, não se preocupem, nem sujou muito, tiro a

areia e os aproveito.

Pode ser até que aquele senhor os tenha jogado fora após a saída dos dois,

mas neste momento ela conheceu a solidariedade, conheceu a grandeza do ser

humano em se compadecer e ajudar seu próximo. Viu que o mundo não era feito só

de pessoas más como tinha pensado uns dias atrás, mas que também existiam

pessoas boas. Considerou aquele senhor um vendedor de sonhos também. Um

vendedor de sonhos que pensava no seu próximo e se importava com eles. Foi um

dos primeiros, pois mais tarde, em suas leituras, conheceu outros que a encantaram.

Um deles foi Paulo Freire, que sonhou em fazer com que todo aquele que fosse

oprimido pudesse um dia deixar de sê-lo, não se tornando um opressor, mas sim se

transformando em uma pessoa que desse a mão aos seus irmãos para viver uma

vida de justiça.

Nesta fase de sua vida ela considerou outra parte da música Disparada, da

qual já falamos: Mas o mundo foi rodando/ nas patas do meu cavalo/e já que um dia montei, agora sou cavaleiro/braço firme, laço forte... Sua vida tomara outros

rumos, já estava estudando e ajudando sua família na renda familiar. Ao final de um

ano de trabalho haviam conseguido realizar o sonho da mãe de ter uma máquina de

costura. Ela agora podia ter seus vestidinhos costurados pela mãe com os

modelinhos que ela queria. Sua mãe era uma ótima costureira, conseguia

transformar um pedaço de chita em um lindo traje.

Quanto aos seus amigos, eram pessoas muito pobres. Sua amiga, Teca vivia

só com a mãe em um barraco, Alceu vivia com o pai, a mãe e tinha até televisão em

casa, não era assim uma pessoa com quem tivessem muita afinidade, mas o

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aceitavam no grupo por interesse, pois as vezes a mãe dele deixava que levasse os

amigos para assistir televisão. Eram poucas pessoas que podiam ter uma televisão

naquela época. Na vida da gente isso é um tanto comum, temos os amigos

verdadeiros que nos amam e temos algumas pessoas com as quais estabelecemos

uma relação de interesse. Isso não é muito legal, mas infelizmente acontece.

Percebendo este comportamento, ela pode entender algumas coisas que acontecia

com ela na sala de aula. Ela viu que as crianças mais bonitinhas, mais arrumadinhas

tinham uma atenção especial de suas professoras e colegas. De certa forma isso a

ajudou a não sofrer muito quando se sentia excluída.

Entre seus amigos havia também o Maninho, cujo nome verdadeiro era

Manoel, e Zeca. Numa ocasião, Maninho e Zeca convidaram os demais para fazer

algo que eles dois costumavam fazer. Combinaram de ir até o centro da cidade onde

acontecia uma feira todas as semanas. Nesta feira eram vendidas frutas e verduras.

Eles costumavam ir e pedir aos feirantes os refugos, alguma fruta ou verdura que

estava batida ou um pouquinho estragada. Escondido de suas mães, tomaram um

ônibus circular, passaram por baixo da roleta. O cobrador por perceber tratar-se de

crianças pobres, não os impediu. Chegaram à feira e começaram a passear por

todos os quiosques e fazer seus pedidos. Em uma banca de frutas, o feirante se

virou para pegar algumas laranjas que haviam sido rejeitadas e que estavam em

uma caixa no chão, enquanto isso Maninho aproveitou, pegou uma maçã e

escondeu em seu bolso. Essa não foi uma atitude bonita, pois aquele senhor estava

sendo tão bondoso, porém para maninho era uma atitude normal, pois as maçãs

eram muito caras e ele nunca tinha dinheiro para comprar uma. Ao saírem daquele

lugar, sentaram-se sob uma árvore, Maninho tirou um canivete do bolso,

descascaram e chuparam as laranjas retirando as partes estragadas, por último ele

pegou a maçã do bolso, cortou em exatas cinco partes para dividir entre eles. Ele foi

tão honesto naquele momento, as partes eram exatamente iguais. Ali ela conheceu

a importância de uma sociedade igualitária, onde os bens fossem igualmente

distribuídos para que ninguém passasse necessidade. Soube então que houve

muitos vendedores de sonho que pensaram assim. Seus preferidos eram Karl Marx

e Ernesto Guevara de La Serna. O primeiro era um alemão, foi ele quem criou o

socialismo científico e provavelmente seus pensamentos tiveram muita influência

nos pensamentos de Ernesto Guevara de La Serna. Este, que vamos chamar

apenas de Che a impressionou muito. Vendo suas fotos pode perceber um carisma

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imenso, talvez pela bondade que havia em seu coração. Leu certa vez uma frase

maravilhosa que Che escrevera e que fez aumentar ainda mais sua admiração por

ele: "Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma

injustiça no mundo, então somos companheiros."

Provavelmente estes sonhadores não imaginavam que haveria pessoas que

se utilizariam de seus sonhos de igualdade para privar outras pessoas da liberdade,

como ocorreu na realidade com países que adotaram o socialismo.

Che, que se tornou um de seus heróis se criou na Argentina, país vizinho do

Brasil. Era de classe média, mas tinha muitos amigos que moravam em uma favela

próxima a sua casa. Começou a fazer o curso de medicina, porém antes de terminar

resolveu fazer um passeio de motocicleta com um parente seu por toda a América.

Neste passeio conheceu a desigualdade social que existia em todos os lugares e

percebeu que toda a América explorada pelos imperialistas era um só povo, uma

cultura única que não contava com muito respeito dos ricos países imperialistas.

Voltou a Argentina e terminou seu curso de medicina. Foi Che que ajudou Fidel

Castro na Revolução Cubana. Este grande vendedor de sonhos foi morto por

pessoas contrárias ao seu pensamento, porém plantou seu sonho que permanece

até hoje em muitos corações.

CAPÍTULO III

Em uma noite, após o serviço o pai chegou a casa:

_ Vamos arrumar todas as coisas, depois de amanhã estaremos de mudança

para outra cidade.

Ao ouvir o pai, estremeceu, pois se lembrou da segunda previsão da cigana.

_ Vamos ficar aqui, por favor, tenho medo de ir para outra cidade e acontecer

algo ruim.

_ Pare de bobagem, menina. Disse a mãe, que sabia das previsões da

cigana. _ O que aquela cigana falou é só bobagem, nada de mal vai acontecer.

O pai não sabia de nada e também não perguntou, apenas reforçou:

_ Comecem a arrumar desde já para não perdermos muito tempo.

Passaram então a arrumar os pertences, colocando-os em caixas de papelão

e as roupas em uma velha mala.

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Mal teve tempo de se despedir de seus amigos, os quais nunca mais ela viu,

mas que ficaram para sempre em sua lembrança.

Seria dado inicio a segunda das previsões, e isso muito a preocupava.

CAPÍTULO IV

Aprendi a dizer não/Ver a morte sem chorar/ E a morte, o destino, tudo/ A morte e o destino, tudo/ Estava fora do lugar/ Eu vivo prá consertar... Esta

estrofe da música marca uma das grandes mudanças na vida da nossa Vendedora

de Sonhos. Em 1969 ela se muda de Curitiba para São Jerônimo da Serra, cidade

localizada no norte do Paraná.

A região norte do nosso estado desenvolveu-se graças a sua terra roxa, a

qual se apresentava como mais uma oportunidade para que os fazendeiros paulistas

ampliassem suas plantações de café.

Nesta época o prefeito da cidade se chamava Jerônimo Teixeira, era filho da

dona Sidulia, uma senhora muito querida e respeitada. Os pais de dona Sidulia

foram fazendeiros na cidade de Itararé. Talvez o motivo da vinda da família de Dona

Sidúlia para esta região tenha sido a terra roxa do norte para plantar café.

Em São Jerônimo da Serra, conheceu a Patrícia, filha de um Médico e a

Estela, menina muito pobre. Patrícia era uma menina magra, ruiva e com sardas no

rosto, andava sempre com lindos vestidos. Estela andava mal vestida, pele

encardida, talvez pelo sol e falta de banho. A maldade de Patrícia era grande,

costumava convidar as crianças da vizinhança que eram pobres para ir a sua casa

que tinha uma linda piscina e um pomar com muitas frutas, porém não permitia que

ninguém entrasse em sua piscina ou colhesse alguma fruta de seu pomar. Ela

queria mesmo era mostrar que tinha mais que os outros, mas o que indignava

mesmo era o que ela fazia para Estela, principalmente as humilhações. Como que

alguém com apenas dez ou onze anos de idade podia ter tanta maldade no coração.

Sempre aconteciam aquelas fofoquinhas comuns entre crianças dessa idade. Certo

dia a Estela contou que a Patrícia costumava humilhá-la e a Patrícia ficou sabendo.

Então chamou a Estela, subiu em um muro que havia em frente a sua casa, sentou-

se e dava a voz de comando:

- Estela, passe perto de onde estão os meus pés!

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A pobre Estela passava e ela a chutava.

- Passe novamente. E lá ia Estela até ter levado muitos chutes.

O que não dava para entender eram os motivos que levava Estela a se

submeter a estas ordens. Por que ela fazia o que a outra menina mandava? Muitas

vezes, por não nos darmos o devido valor deixamos que as pessoas nos

inferiorizem, nos humilhem ou façam com que pensemos que não temos valor. Isto

não está certo. Devemos sempre nos valorizar, perceber que, sejamos pobres ou

não, devemos ser respeitados.

Passaram-se os dias. O lugar era bem quente e todas as tardes ela via umas

figuras diferentes passando pela rua, vendendo cestos, arco e flecha, palmito e

frutas silvestres.

Numa ocasião, a Titica, cachorrinha da casa havia dado cria, eram cinco

lindos cachorrinhos, eles tinham sido colocados na área em frente a casa para tomar

sol, então uma índia conhecida na cidade por índia Pureza, parou em frente ao

portão:

- Dá um desses cachorrinhos para a índia?

- Não posso, eles ainda estão sendo amamentados. Disse a menina.

- Então vai morrer todos os cachorrinhos, não vai ficar nenhum.

No dia seguinte estavam todos mortos. A família nunca soube explicar o

ocorrido.

- Mãe, quem são estas pessoas e de onde vêm elas?

- São índios. Tem uma reserva aqui perto, um dia desses vamos lá para ver

como vivem.

Na reserva havia Kaingang, Guarani e Xetá, que conviviam

harmoniosamente. Estes indígenas sobreviviam de alguma venda que faziam na

cidade e também cultivavam algumas hortaliças e mandioca em sua reserva, porém

muito pouco, quase não lhes bastava, por isso saiam para vender seus artesanatos

e outros produtos ou pedir esmolas. O alcoolismo também se apresentava como um

problema sério entre eles. Era muito triste ver aquele povo vivendo daquela forma.

Pensar que no passado o Brasil inteiro era só deles. A reserva tinha um chefe, o

mais curioso é que o chefe não era um indígena, era uma pessoa designada pela

FUNAI (Fundação Nacional do Índio). Este órgão foi criado em 1967 para proteger

as reservas e o povo indígena.

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Todos os anos no dia 19 de abril, Dia do Índio, o chefe promovia uma grande

festa para os indígenas e algumas pessoas da cidade, talvez com recursos da

própria FUNAI, nelas não havia nenhuma apresentação que mostrasse a cultura

indígena ou a importância deles, era apenas uma daquelas festas com churrasco,

maionese e bebidas. (Atividade 10)

( O dia esperado pela vendedora de sonhos para conhecer a reserva indígena

chegou. Em uma tarde, reuniram-se todos da família e foram ver como era a vida

dos índios. Ao chegarem não encontraram ninguém, as casas eram feitas de

madeira trançada e com frestas que permitiam observar seu interior, o chão batido e

a cobertura feita com sapé. Por mais que andassem de um lado para o outro, não

via um índio sequer.

- Onde estarão os moradores? Por que não vemos ninguém? Perguntaram-

se.

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- Não sei, talvez estejam em algum lugar mais distante lidando com suas

plantações. Respondeu a Mãe.

Foram embora, mais tarde descobriram que todos haviam se embrenhado na

mata e se escondido, por timidez. Não estavam acostumados a receber visitas.

O Estado do Paraná conta hoje com poucos índios em relação ao que foi no

passado. Além da Reserva Indígena de São Jerônimo da Serra, há ainda algumas

reservas espalhadas como a Reserva indígena Ocoí, Rio das Cobras, Mangueirinha, Palmas, Marrecas, Ivaí, Faxinal, Rio D'Areia, Queimadas, Apucaraninha, Barão de Antonina, Laranjinha, Pinhalzinho, Ilha da Cotinga, Mococa

e Tekoha-Añetetê. O pai da Vendedora de sonhos era um policial militar, para ela um verdadeiro

herói, pois mesmo recebendo um baixo salário, era dedicado a profissão, arriscava

sua vida todos os dias.

Os policiais militares, apesar de representarem a segurança de todas as

pessoas, sofrem algum tipo de preconceito, ela percebeu isso em uma discussão

com uma colega:

- Esta régua que está com você é minha. Disse ela à colega que se sentava

ao seu lado na escola.

- Não é não, é minha. Respondeu a outra.

Chamaram a professora que conferiu a verdade e fez a colega devolvê-la.

Na saída, a colega revoltada começou a proferir ofensas entre elas gritou:

- Sua filha de polícia...

Aquela forma de referir-se a ela deixou claro o preconceito, porém ela não

sentiu como ofensa nenhuma, já que via isso com orgulho, aliás, ela sempre pensou

que um filho deve se orgulhar dos pais seja qual for a profissão ou mesmo que não

tenha uma.

Seu pai cuidava de uma delegacia onde havia alguns detentos, pessoas que

haviam cometido crimes levados pela emoção. São aqueles que a justiça considera

menos perigosos, como o Senhor Oscar, um pernambucano alto, moreno, que

estava sempre com roupas muito limpas e os sapatos brilhando. Ele passava a noite

detido em sua sela e durante o dia trabalhava carpindo quintais para as pessoas. Foi

ele que a ensinou a andar de bicicleta.

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- Menina, deixa que te ensino, seguro um pouco a bicicleta até você aprender.

Falou ele com aquele sotaque interessante dos nordestinos.

O nordeste brasileiro é uma região com uma cultura riquíssima e por incrível

que possa parecer, esta região já teve uma economia bem forte no período dos

engenhos.

Foi levando-a pela cidade e contando sua história:

- Vim com a minha Maria tentar a vida para cá. No nordeste chovia pouco e

não tinha como a gente viver. Encontrei emprego aqui na fazenda, mas um dia,

depois de muito serviço, cheguei em casa e encontrei Maria com outro homem.

Fiquei cego e fiz o que me arrependo até hoje, matei minha Maria.

Ela ouviu aquela história muito comovida, pois percebeu que ele ainda amava

a mulher da qual tirara a vida. Pensou então que as pessoas deveriam manter a

cabeça no lugar, controlar as emoções para não sofrer tudo aquilo que o Senhor

Oscar sofria.

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As mulheres sofrem muitas agressões ainda hoje, pois em nossa cultura

ainda predomina o sentimento machista. É difícil mudar certas atitudes, porém

devemos pensar sobre isso, pois não devemos pensar que as pessoas nos

pertencem. A mulher merece ser respeitada como o ser humano que é e não como

um objeto pertencente ao homem.

Foram muitas histórias que ouviu, não só deste senhor como de outros que ali

permaneciam. Eram todos seus amigos, não os via como criminosos, mas como

seres humanos, com direito a uma segunda chance.

Em uma manhã ensolarada do mês de maio, que parecia normal como

qualquer outro dia, aconteceu o pior.

- Seu pai levou um tiro na mão perto do posto de gasolina, ele foi fazer a

prisão de uns assaltantes, e eles enfrentaram a polícia. Falou-lhe um colega de

escola que chegou frente a sua casa.

Foram chegando mais pessoas o que a fez perceber que não era boa coisa.

- O sargento foi levado para o hospital da cidade vizinha, pois está

gravemente ferido. Falou uma senhora que ali chegou.

Cada notícia piorava ainda mais a situação. Sem saber o que fazer, saiu

correndo pela rua.

- Venha aqui, entre na minha casa, tome um copo de água. Disse-lhe uma

vizinha.

Quando pegou o copo na mão, ouviu o grito de sua mãe e irmã. Entendeu

que algo terrível havia acontecido.

Lembrou então da terceira profecias da cigana:

- Você irá sofrer uma grande perda.

Seu pai havia morrido.

A violência no Brasil atinge limites insuportáveis. Famílias a todo o momento

perdem seus entes queridos, muitas vezes por nada.

São diversos os fatores responsáveis por isso, e o que a mãe da vendedora

considerou como o de maior peso, foi a falta de uma educação adequada. Se o país

destinasse mais recursos à educação ou fiscalizasse para que os recursos

destinados à educação realmente chegassem inteiro ao seu destino, com certeza

teríamos menos jovens ingressando no mundo do crime.

Naquele momento em que se viu sozinha para educar os filhos, tomou uma

posição pela qual lutou incessantemente.

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- Vocês todos irão estudar, fazer uma universidade e ter uma profissão digna,

nem que para isso eu precise ficar sem comer. Nesta cidade não tem Ensino Médio,

vamos então para Joaquim Távora, onde mora minha irmã. O Beto já está

terminando o fundamental e precisa continuar os estudos.

Marcaram a mudança e assim aconteceu.

Esta foi a quarta profecia, a mudança de cidade.

CAPÍTULO V

A cidade de Joaquim Távora localiza-se no Norte do Paraná. É uma cidade

pequena também surgida devido às fazendas de café.

Havia um cinema que todas as tardes, exatamente às dezessete horas

começava a tocar músicas do Roberto Carlos. Naqueles momentos ela normalmente

estava brincando no grande quintal de sua casa, e ficava entre as árvores ouvindo e

cantando junto com o auto-falante do cinema.

Sua casa ficava próxima a estação de trem. Uma das grandes paixões da

Vendedora de Sonhos eram os trens. Achava lindo e não havia nada que lhe desse

mais prazer do que viajar neles.

A História das ferrovias do Paraná teve início em 1885, quando foi inaugurado

o trecho ferroviário entre Paranaguá e Curitiba.

Foram dias ensolarados e felizes, mas ficaram pouco tempo naquele lugar,

pois o irmão mais velho precisava prosseguir os estudos, era preciso ir para uma

localidade mais próxima a uma universidade.

Na quinta profecia havia a previsão de uma nova mudança, e ela aconteceu:

A mãe resolveu partir com a família para a cidade de Castro, uma cidade

pequena, como ela gostava e que ficava próxima a cidade de Ponta Grossa.

Partiram de trem.

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Estação de trem de Joaquim Távora (que hoje está desativada e em completo abandono)

CAPÍTULO VI

Chegaram a cidade de Castro em um dia frio, ela estava com pouco

agasalho, pois vinha de uma cidade com clima bem mais quente.

_ Eu quero voltar. Falou ela choramingando para a mãe.

_ Nós estamos apenas chegando, você vai gostar daqui. Espere até conhecer

tudo melhor.

E foi o que aconteceu. A Vendedora de Sonhos apaixonou-se pela cidade.

Suas casas antigas, sua história, seu significado para o nosso Estado, este amor fez

com que a cidade de Castro se humanizasse em seu coração, não era mais um

amontoado de casas, mas algo vivo, sentiu necessidade de proteger e cuidar de

cada pedacinho dela. Sofria sempre que alguma pessoa mais insensível demolia

uma das casas maravilhosas para construir outros tipos de prédios.

- São pessoas sem coração e sem sentimentos... destruir a história é matar

um pouquinho de nós. Pensava ela.

- Há tantos lugares para se construir estes prédios horríveis.

Eram pensamentos de uma criança que não entendia muito bem a

famigerada modernidade.

Inicialmente esta cidade era pouso dos tropeiros e seus primeiros habitantes

eram paulistas que ali se estabeleceram para criar gado. Na entrada da cidade, em

seu portal, consta a data de 1704 e no Museu do Tropeiro restam ainda as fontes

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que nos indicam a presença de escravos e a rota realizada pelos tropeiros que

vinham do Rio grande do Sul para chegar em Sorocaba no Estado de são Paulo.

Na história da cidade consta que! Em 1854, os deputados provinciais procuraram elevar a Vila Nova de Castro à categoria de cidade, porém, como não conseguissem, propuseram a criação da comarca de Castro, concretizada pela Lei Provincial nº 2, de 02 de julho daquele ano. A instalação da comarca deu-se no dia 21 de dezembro do mesmo ano. Três anos mais tarde, o projeto de elevação da Vila Nova de Castro à categoria de cidade foi aprovado pela Lei nº 14 de 21 de janeiro de 1857, quando a vila recebeu foros de cidade, com a simples denominação de Castro. Face ao período revolucionário de 1893 a 1894, a cidade de Castro foi alçada à capital interina do Paraná, permanecendo como tal por três meses (de 18/01 a 18/04/1894), período em que Curitiba esteve em poder dos revolucionários. (http://citybrazil.uol.com.br/pr/castro/historia.php)

O período a que se refere o texto, de 1893 a 1894 refere-se a Revolução

Federalista. Até hoje os castrenses se enchem de orgulho ao contar que a cidade já

foi a capital do Estado do Paraná.

Nesta cidade teve vários amigos, um deles era um pouco diferente, pois

normalmente brincava só com as meninas. Era muito educado e querido. Ela nem

sequer pensava sobre o motivo dele estar sempre entre as meninas e não ter

nenhum amigo homem. Sua única lembrança era de uma conversa que ouviu de sua

mãe, através da cerca que separava sua casa com a da vizinha.

- A avó do menino que está aí sempre brincando com nossas filhas o levou ao

médico para saber qual é o problema dele.

- E qual foi o resultado? –Perguntou a outra.

- O médico disse que eles devem aceitar a condição do menino, pois não há o

que se fazer, então resolveram mandar o menino para São Paulo, para que não

ficasse aqui “envergonhando” a família.

Ela passou longos anos sem ouvir falar de seu amigo, e também sem

entender muito bem a conversa que ouviu. Passado alguns anos soube que ele

estava internado em um hospital na cidade de Curitiba com uma doença

desconhecida. A família estava gastando muito dinheiro com o tratamento, mas não

conseguiam identificar o problema, apenas sabiam que sua imunidade estava muito

baixa e que se contaminava facilmente. O menino morreu.

Algum tempo depois soube que se tratava do vírus HIV. Seu amigo foi um dos

primeiros do Paraná a padecer desta doença. Só algum tempo depois começou a

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sua divulgação que inicialmente era feita de forma preconceituosa, pois diziam se

tratar de uma doença que atingia apenas os homossexuais.

Seu amigo tinha sido vítima do preconceito. Talvez se a família tivesse

aceitado e orientado aquele menino tão querido e educado, ele teria tido uma vida

plena e feliz e poderiam estar com ele até hoje.

É muito triste pensar que existem pessoas tão ignorantes ao ponto de não

aceitar as diferenças. Pessoas que por preconceito, não permitem aos outros o

direito de ser feliz e viver.

Atualmente as questões de gênero estão sendo muito discutidas porque

sabemos que os preconceitos nascem da ignorância das pessoas em não

perceberem que somos pessoas com os mesmos direitos.

CAPÍTULO VII

A sexta profecia se referia aos seus estudos.

- Você irá transpor um obstáculo que te levará a uma profissão. Não será

propriamente uma escolha sua, porém é a que te fará feliz.

Este obstáculo era com certeza o vestibular e a parte referente à escolha

deve ter sido porque muitas vezes optamos por curso da universidade que não era

exatamente o que queríamos, mas aquele que as condições permitem.

Começou a estudar na cidade de Ponta Grossa. Foi neste período que

conheceu muitos lugares encantadores que fazem parte do nosso Estado.

Uma das cidades que conheceu foi Morretes.

A cidade de Morretes hoje, como muitas cidades históricas do Brasil, mostra

as marcas do capitalismo, da busca por oportunidade de ganhar dinheiro, os prédios

antigos estão abarrotados de produtos destinados a venda aos turistas, imagens que

escondem a beleza rústica e a riqueza arquitetônica que ainda podem ser

percebidas por baixo das placas de anúncio e carros modernos estacionados à

frente e das barracas que vendem produtos da culinária local, como as rapaduras,

melado, caldo de cana, balas de banana e de gengibre e a sua famosa cachaça

produzidas nos antigos alambiques. As margens do rio estão infestadas de

restaurantes servindo a comida típica, o barreado, que se assemelha, porém fica

distante do barreado preparado por seus moradores tradicionais. A modernidade

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destrói a essência e a simplicidade do que existia, mas ao mesmo tempo destaca a

versatilidade do ser humano em adaptar-se às condições que se apresentam.

MORRETES 2010

Comércio Restaurante às margens do rio

Conheceu diversas cidades, cada qual mais encantadora que a outra, até que

terminou seu curso.

CAPÍTULO VIII

Aconteceu então a sétima profecia:

- Você trabalhará junto a grandes Vendedores de Sonhos, pessoas que como

você estarão com a atenção voltada para o progresso do seu próximo. Diante de

vocês estarão as pessoas que realmente fazem a história, pessoas que poderão

fazer do mundo um lugar mais feliz para todos.

Isto aconteceu na cidade de Carambeí, uma região colonizada por imigrantes

holandeses, os quais ali chegaram em 1911. Estes imigrantes se destacaram na

produção de leite e seus derivados, eles haviam trazido com eles o gado holandês.

Muitos moradores da região e de cidades vizinhas vieram também para

Carambeí para trabalhar nas chácaras e fábricas de queijo. Os brasileiros tiveram

grande importância no desenvolvimento do município, pois sem esta mão de obra,

provavelmente os holandeses não teriam obtido tanto sucesso. São pessoas que

como o Senhor Luiz do Prado, antigo morador, levantavam de madrugada para tirar

leite e em seguida levava os latões de carroça até a fábrica. As pessoas que vieram

para trabalhar nas fábricas moravam principalmente na Vila Nova Holanda.

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A Vila Nova Holanda nasceu de um loteamento realizado pelo Senhor

Marinus Harms em 1956, e as primeiras pessoas a adquirirem seus lotes, eram

trabalhadores da Fábrica de papelão que estava instalada em um povoado local,

denominado São João.

A fábrica de papelão anteriormente era uma serraria. A família proprietária

desta fábrica também possuía fábricas de papelão e de celulose em outras

localidades do Estado do Paraná e de São Paulo.

Em 1972 a fábrica foi fechada, que segundo informação depessoas que lá

trabalharam, o motivo da desativação da fábrica foi a falta de matéria prima. Neste

período era utilizada a araucária que era extraída da mata nativa. Por ser uma planta

que leva um período longo para o desenvolvimento, com a devastação local e cada

vez sendo necessário um deslocamento maior para trazer a matéria prima de outras

localidades, a família considerou que seria melhor encerrar as atividades do que

iniciar um trabalho de reflorestamento.

Antiga fábrica de papelão - São João – Carambeí

Os moradores antigos relatam todo o desenvolvimento de Carambeí e

lembram a época em que tudo começou, inclusive através de poesia, como fez o

Senhor Abílio José LIMA em homenagem a Carambeí, que segundo seu relato, não

possui escolaridade, apenas aprendeu a escrever para poder contar suas

lembranças, como esta que escreveu em versos sem título:

Viemo pra Carambeí Foi no ano meia meia Veio sete barrigudo E a muié loca de feia

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E aqui aumento mais sete E moremo em casa aieia Não tinha água nem luz Nem mercado nem cadeia Só tinha uns botequinhos Que saia briga feia

Quando escutava um tiro Ficava trocando as oreia Pra cria quatorze fio Que foi uma vida dura Mais criemo tudo a custa De barrigada e fressura2

Outros bairros foram surgindo, como o Jardim Brasília, conhecido em seu

início por Vila do Querosene, por não contar com energia elétrica instalada, formado

com o loteamento da chácara pertencente à família Los.

Carambeí pertencia a Castro e emancipou-se em 13 de dezembro de 1996,

fato que gerou um crescimento populacional acelerado, de acordo com dados da

Prefeitura Municipal, neste período, o Município contava com uma população

aproximada de 8.000 (oito mil) habitantes, a qual no ano de 2000 passou para

13.029 (treze mil e vinte e nove) habitantes3, Atualmente os dados apontam para

uma população de 17.128 (dezessete mil, cento e vinte e oito) habitantes4.

Com a emancipação, o Bairro denominado Boqueirão, que pertencia ao

Município de Ponta Grossa, passou a fazer parte do Município de Carambeí. O

Boqueirão se originou principalmente do êxodo rural. Os primeiros habitantes eram

trabalhadores rurais ou pequenos produtores de Catanduvas de Fora que venderam

suas propriedades e vieram para trabalhar nas indústrias. Os compradores de suas

terras foram os holandeses que precisavam ampliar suas áreas de cultivo.

Em curto espaço de tempo, formaram-se outros Bairros, como o Jardim Novo

Horizonte, Jardim Eldorado, Bela Vista e outros.

Foi neste lugar que a menina se deparou com as pessoas descritas pela

cigana e pode perceber o significado daquela profecia. Ela estava dentro de uma 2 Fressura de acordo com o Senhor Abílio José Lima, autor do poema, é o termo utilizado por ele para designar miúdos de porco, como

rins, coração e fígado.

3Disponível em: www.citybrazil.com.br/info, (acessado em 24 de dezembro de 2006).

4Disponível em: www.achetudoeregiao.com.br/PR/carambei, (acessado em 24 de dezembro de 2006).

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escola, trabalhando com outros professores e procurando levar o conhecimento aos

alunos que ali estudavam.

. E quanto à música preferida da nossa Vendedora de sonhos?

Ela continuou a gostar sempre desta música, mais ainda quando pode

entendê-la melhor. Inclusive há uma parte da música em que o autor fala que gente

e gado são coisas bem diferentes, por que “o gado a gente mata...mas com gente é

diferente”. Gente não pode ser confundida com gado. Foi neste momento entendeu

se tratar de um protesto social contra a exploração sofrida pelas classes menos

favorecidas. O País estava na época do militarismo, um regime de governo em que

havia muita repressão, censura e outras atrocidades.

O Regime militar que se estabeleceu no país em 1964 levou jovens

estudantes às ruas para protestar, alguns morreram, outros foram torturados, outros

se exilaram e, outros, como a Vendedora de Sonhos, nem sequer perceberam o que

estava acontecendo. Os que foram para o exílio sentiram as marcas pelo resto de

suas vidas, pois exílio é você sair de sua pátria. Imagine que coisa terrível ficar

longe, sem poder voltar nem sequer a passeio para esta terra maravilhosa que é o

nosso Brasil, se a pessoa insistisse em voltar, aqui seria preso. Muitos passaram por

isso, inclusive nosso vendedor de sonho, já citado, Paulo Freire, os militares

consideravam-no um comunista por sonhar com um mundo mais justo. Talvez estes

militares não tivessem aprendido a sonhar.

Quanto ao autor da música, onde andará? Às vezes ela pensava nele como

alguém que sonhou muito, mas que desistiu do sonho e da luta ou alguém que se

decepcionou por ser contra as desigualdades sociais e ter percebido que estas

aumentaram ainda mais com o fim da ditadura. Ela nunca soube o que aconteceu

com ele, porém este último pensamento era o que mais a entristecia, pois apesar de

muitas vezes se sentir impotente diante de tantas injustiças, ainda não havia

desistido e decidiu que passaria o restante de sua vida vendendo sonhos, o sonho

de um futuro melhor, o sonho de uma vida digna conquistada com o esforço de

pessoas que se dispõe a passar horas em uma carteira escolar para estudar, o

sonho de ter diante de si pessoas que um dia farão seus familiares chorar de alegria

por ter um filho se formando em uma universidade, se tornando um profissional, um

pai ou mãe honrados, um homem integral ciente de seus direitos e deveres. Os

verdadeiros heróis que fazem a história acontecer e que tornam os sonhos reais.

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Ela estava diante destas importantes pessoas, uma delas é o João Pedro, um

garoto de 11 anos e que adora arte, cinema e lê muito. Já leu dezenas de livros,

segundo ele, estas leituras abre sua imaginação e ajuda em suas criações de

desenhos e esculturas, e ajuda-o a entender as diversas disciplinas que tem na

escola. O bom nisso, é que suas notas são sempre muito boas. As gravuras deste

livro foram desenvolvidas por ele.

Há diversos outros, que são tão bons quanto ele, considerando que cada

pessoa gosta de um tipo de atividade. Uma destas pessoas é o (a): (Atividades 11)

_________________________________________________, e esta é a sua

história: _______________________________________________________.

Antes de encerrarmos nosso livro, quero esclarecer que a estória da cigana,

não era verdadeira, não houve aquelas previsões, pois não existe isso de se prever

o futuro. Esta parte do livro foi apenas um artifício utilizado para prender a atenção

de vocês para a história e despertar o interesse para continuar a leitura, mas não foi

por mal como acontece em outros casos. Devemos nos cuidar muito com os

artifícios, pois eles estão em todos os lugares tentando nos convencer de algo.

Quem já viu imagens de políticos carregando criancinhas, visitando doentes ou

abraçando idosos, fazendo esta ou aquela promessa que sabemos impossíveis de

serem cumpridas. Muitas vezes estes são artifícios para nos convencer de que eles

são os melhores, porém sabemos que são justamente estes os piores, já que tentam

nos enganar mostrando uma bondade que talvez nem exista.

Finalizando vou citar um texto que li em um livro chamado “Por quem os

sinos dobram” do escritor chamado John Donne:

“Ninguém é uma ilha, totalmente sozinho. Todos são um pedaço dum continente, uma parte de terra firme. Se o mar carrega um torrão da Inglaterra, toda a Europa empobrece, assim como se fosse tragado um braço de terra ou um castelo que pertenceu a teus amigos ou a ti mesmo. A morte de qualquer um me torna mais pobre, pois estou enredado no mundo dos homens. Portanto não peças jamais para saber quem será atingido. Tu serás sempre o atingido. (1957).

Escolhi este texto para pensarmos um pouco sobre o quanto fazemos parte

deste mundo e o quanto o mundo faz parte de nós. Podemos comparar nossa vida

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como uma grande orquestra que precisa seguir as notas no mesmo compasso para

que haja harmonia. Precisamos perceber que a felicidade não se constitui em

momentos de euforia, a felicidade verdadeira está em eu me perceber como um ser

humano e perceber no próximo um ser humano como eu; é perceber que faço parte

da natureza e que preciso dela para viver. O mundo um dia poderá ser um lugar

perfeito, mas para isso eu preciso dar o primeiro passo e adotar atitudes que

colaborem com isso.

REFERÊNCIAS

Sítios eletrônicos

Disponível em:

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<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/estaticas/alunos/indios_terras.p

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<http://www.sitequente.com/frasesde/cheguevara.html> acessado em 25/10/2010

<http://robertobondarik.blogspot.com/2006/04/texto-04-formao-histrica-do-

norte.html> acessado em 03/09/2010

<http://www.morretes.pr.gov.br/cultura/culinaria.html> acessado em 22/11/2010

<http://www.guardioesdaluz.com.br/ciganosorigens.htm> acessado em 03/08/2010

<http://helenita89.vilabol.uol.com.br/umbanda.html> acessado em 11/10/2010

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<http://www.achetudoeregiao.com.br/pr/indigenas_parana.htm>

<http://www.dicionarioinformal.com.br/buscar.php?palavra=booling>

<http://www.cienciahoje.pt/2878>

<http://citybrazil.uol.com.br/pr/castro/historia.php>

Autobiografia de Dermeval Saviani. disponível em:

<http:// www.fae.unicamp.br/dermeval/index2.html> acessado em 12/12/2010

Bibliografia:

FAZENDA, Ivani C. Arantes. Interdisciplinaridade: História, teoria e pesquisa. 15 ed. Campinas, SP : Papirus. 2008.

MELLO, Leonel Itaussu A. COSTA, Luis Cesar Amad Costa. História – Construindo consciências. 1 ed. São Paulo:Scipione, 2006.

SERIACOPI, Gislaine Campos Azevedo. SERIACOPI, Reinaldo. História. Volume único. 1 ed. São Paulo: Ática, 2005.

RITA, Ana Martins, Snatomauro, Beatriz e Bibiano, Bianca. Trabalho em grupo: como fazer todos participarem, em Revista nova escola. São Paulo: abril ed, 2009, p. 36 – 43.