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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL- UFRGSCURSO: FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM TECNOLOGIAS DE
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ACESSÍVEL
ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ATRÁVES DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS
ACESSÍVEIS
Professor cursista: Gilcélia Gonçalves Batista
Formador: Berenice Moresco
Tutores: Aline Cardoso, Denice Menegais e Marinês Cendron
RESUMO
Este projeto tem como objetivo apresentar um relato de experiência vivenciado na regência de classe de atendimento especializado a alunos com necessidades especiais principalmente a deficiência intelectual no contra turno, onde são aplicados conteúdos de forma individualizada que atenda suas limitações e os estimule no desenvolvimento de suas aprendizagens, para isso foram utilizados recursos tecnológicos como o mouse adaptado mouse key e teclado virtual (para o aluno que tem as mãos atrofiadas), carta e texto enigmáticos, história coletiva para todos os alunos especiais inclusive esse que tem as mãos atrofiadas, porém utilizando os recursos adaptados para ele, oportunizando assim o acesso de todos a esses recursos para que de fato ocorra a inclusão digital a esses alunos muitas vezes excluídos desses recursos pela falta de Recursos Tecnológicos acessíveis e adaptados a suas limitações.
Palavras-Chaves: Inclusão Digital. Deficiência Intelectual. Recursos Tecnológicos Acessíveis e Adaptados.
1. INTRODUÇÃO
Com muita rapidez a tecnologia e os meios de comunicação estão sendo cada vez
mais utilizados pela população e dentro dessa perspectiva podemos como docentes
nos valer dessa ferramenta para incluir nossos alunos com limitações no que tange
a deficiência intelectual na era digital e com isso motivar uma aprendizagem real e
inclusiva. Compreendemos que cada vez mais a globalização tem sido um
fenômeno em todo o mundo e nasce daí a necessidade de que a informação seja
transmitida cada vez mais rápida e atualizada. Assim sendo a inclusão dos alunos
com necessidades se faz urgente para que os mesmos se sintam integrantes dessa
sociedade informatizada.
Por isso esse relato se faz necessário para fomentar que a escola é o local mais
propicio para que haja essa inclusão, sendo que a escola ofereça um ambiente
equipado com recursos tecnológicos adaptados beneficiando assim que os alunos
utilizem esses recursos promovendo um avanço no seu desenvolvimento cognitivo,
social e cultural, pois por meio da informática onde as informações e recursos são
mais motivadores e criativos o desenvolvimento intelectual desses alunos podem ser
ampliados e elevados, porem deve-se ressaltar que para que haja um verdadeiro
desenvolvimento se faz necessário profissionais especializados para realizar tal
atendimento nas salas de recurso educacional especializado.
Para tanto todo o processo utilizado pela minha prática pedagógica visa
desenvolver, fundamentalmente, atividades para a apropriação da leitura e da
escrita com os alunos com necessidades educativas especiais. È imprescindível
destacar que se para os alunos ditos “normais” a informática é uma utopia na
maioria das escola públicas, imagine como é vista pelos alunos com necessidades,
por tal motivo este artigo se baseia que todos têm direito aos recursos tecnológicos,
mesmo com suas limitações físicas ou cognitivas, apesar das diferentes formas e
tempos para utilização desses recursos, os alunos com necessidades buscam se
desenvolver como qualquer outro aluno.
Faz-se necessário e urgente que a escola e a sociedade, as quais precisam
enfrentar as dificuldades em lidar com o diferente e com aquilo que se afasta dos
padrões estabelecidos como normais, que olhem para os alunos com limitações
como pessoas que precisam ser estimuladas e que podem ser produtivas,
valorizadas pela sua capacidade individual dentro do seu tempo de aprendizagem.
2. OBJETIVOS
Relatar uma experiência do atendimento educacional especializado através da sala
de recursos com recursos tecnológicos acessíveis e adaptados.
2.1 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Definir conceitos relacionados à Educação Especial, Inclusão Escolar e a
utilização de recursos tecnológicos;
Analisar como se dá o atendimento educacional especializado no processo de
inclusão digital;
Valorizar a educação inclusiva e digital como forma de se alcançar uma
educação de qualidade para todos;
Motivar uma aprendizagem cognitiva real através da inclusão tecnológica.
3. MÉTODO E MATERIAIS
Deste modo, a pesquisa apresenta-se exploratória, em um primeiro momento, a
partir do instante que se deseja explicitar a natureza do problema formulado que é
analisar o processo de inclusão.
Quando o tema é inclusão, logo nos lembramos das leis vigentes a essa temática no
Brasil, que defendem os direitos adquiridos da pessoa com necessidades especiais.
Mas muitas vezes o que ocorre é apenas a integração dessas pessoas no sistema
educacional, mas a verdadeira inclusão que resguarda seus direitos não é
respeitada. Nessa problemática tão presente dentro da escola poderíamos analisar
qual tem sido a ação de inclusão da escola?
Dentro desse contexto podemos utilizar a fala de Cavalcante (2005) que assim diz:
Por falta de informação ou mesmo omissão de pais, de educadores e do poder público, milhares de crianças ainda vivem escondidas dentro de suas casas ou isoladas em instituições especializadas, situação que priva as crianças com ou sem deficiência de conviver com a diversidade. (CAVALCANTE, 2005 P.40)
A pesquisa objetivou também explicitar as múltiplas conceituações de inclusão e
integração, finalidades, práticas inclusivas em relação aos alunos com Necessidades
Educacionais Especiais (NEE) quanto ao uso dos recursos tecnológicos. A questão
da inclusão escolar digital vem sendo um tema fortemente focado pelas políticas
governamentais do Ministério da Educação.
A inclusão escolar, entendida em seu sentido mais amplo, é o conjunto de ações
realizadas em todos os níveis e por todos os segmentos da escola, que buscam dar
oportunidade aos alunos para que vivenciem as mais variadas formas e chances de
garantia de sucesso. Muitos estudiosos tentaram chegar à essência da prática
inclusiva. Alguns descreveram sua visão de inclusão, mas hoje em dia, a maioria,
considera que a inclusão seja uma jornada sem fim. Algumas escolas são bem
equipadas para a jornada, outras, em sua maioria, possuem uma bagagem
inadequada que precisa ser adaptada. A escola deve ser preparada para o processo
da inclusão.
Acredito que um trabalho bem direcionado, com objetivos claros e definidos,
seguidos com orientações sobre cada limitação do aluno, possa ajudar este aluno a
vencer certos desafios que serão de importância fundamental para sua inserção na
sociedade.
A proposta da inclusão é oferecer uma educação de qualidade para todos,
promovendo a convivência e valorização da diversidade, assim como as diferenças
e as necessidades de aprendizagem das crianças com necessidades.
A inclusão depende de mudança de valores da sociedade e a vivência de um novo
paradigma que não se faz com simples recomendações técnicas, como se fossem
receitas de bolo, mas com reflexões dos professores, direções, pais, alunos e
comunidade. Contudo essa questão não é tão simples, pois, devemos levar em
conta as diferenças.
A sala de recursos na qual foi utilizada para realização dessa pesquisa para o relato
de experiência conta com 08 alunos conforme tabela abaixo:
ALUNO IDADE DEFICIÊNCIA ESCOLARIDADE
Aluna L. 15 (paralisia cerebral) 1º Ensino médio
Aluno V. 40 Síndrome de Down 1º Ensino Médio
Aluno E. 14 Síndrome de
Williams
8º Ano Ensino
Fundamental
Aluno B. 14 DI 8º Ano E.F.
Aluna C. 18 DI 8º Ano E.F.
Aluna T. 14 DI 8º Ano E.F.
Aluna I. 13 DI 6º Ano E.F.
Aluno M. 14 DI 6º Ano E.F
Tabela 01: Listagem de alunos da sala de recursos
Dos 08 alunos atendidos na sala de recursos, 100% dos alunos eram incluídos em
classe regular na própria Unidade Escolar. O atendimento educacional especializado
funciona de acordo com as normas da Secretaria de Educação Especial / MEC que
diz que pode ser realizado individualmente ou em pequenos grupos, para alunos que
apresentem necessidades educacionais especiais, em horário diferente daquele em
que frequentam a classe comum.
Em pesquisa realizada pelo Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos
da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo chegou-se aos números que
em 31% das escolas, o uso de computadores faz parte dos projetos de inclusão,
sendo que os alunos com deficiência costumam compartilhar os computadores com
outras crianças (20%) ou usar junto com o professor (12%). O gráfico abaixo mostra
a porcentagem de alunos com necessidades educacionais especiais que utilizam os
recursos tecnológicos.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
Formas de uso dos computadores por pessoas com deficiência
Gráfico 01. Formas de uso dos computadores por pessoas com deficiências. Fonte:http://www.fvc.org.br/estudos-e-
pesquisas/avulsas/estudos1-7-uso-computadores.shtml?page=3. Acesso em 01/03/2014.
Assim sendo percebo que como educadora mostrar aos meus alunos e incluí-los nesse
mundo digital, onde se percebe claramente o fascínio que eles têm sobre tais ferramentas
tecnológicas. A tecnologia foi o teclado virtual livre com um mouse adaptado, que
permite pessoas com limitações motoras digitarem textos usando apenas o mouse.
Foto 01: Aluno Lucas Utilizando o mouse adaptado e realizando suas atividades com mouse key. (Aluno com diagnóstico de paralisia cerebral e apresenta os movimentos atrofiados)
O aluno não sentiu dificuldades no manuseio do computador, pois já faz uso
contínuo do aparelho e gosta muito de ficar conectado, porém seus movimentos
estão atrofiados, por isso quase não aguenta ficar digitando. Apresenta vontade de
ficar manuseando o mouse. Como forma de auxiliá-lo até o lápis e tesoura que ele
utiliza na sala de aula são adaptados.
Foto 02: O aluno Lucas Utilizando o teclado virtual e mouse adaptado para realização das tarefas no contra turno.
Sobre a atividade, levou certo tempo para realizá-la, pois é um pouco complicado
para quem não conhece essa tecnologia. Às vezes ele clicava em teclas erradas
sem querer e tinha que apagar a palavra, demorando um pouco para terminar a
digitação. Portanto o resultado foi muito satisfatório.
Na atividade da carta enigmática houve de início, dificuldade por parte do aluno, em
compreender o objetivo da atividade por ele não ser alfabetizado, o foi sendo
superada ao conseguir relacionar as imagens à ideia a ser transmitida.
Foto 03: O aluno Valtair (Sindrome down) fazendo palavras enigmáticas.
A proposta pôde ser considerada positiva, pois o aluno compreendeu facilmente a
manipulação do Paint (corta e colar), podendo considerar sua interpretação de
imagem sendo construída gradativamente e, sobretudo ampliou as possibilidades do
aluno de comunicar-se através dos PECs, que ao serem formatados e organizados
pode transmitir a ideia que o mesmo demanda ser transmitidos.
A atividade foi desenvolvida durante três aulas de informática disponibilizadas na
grade curricular do ensino regular no qual o aluno está inserido.
Foram desenvolvidos conceitos relacionados à alfabetização, formas geométricas,
sentimentos, expressividade, comunicação, coordenação motora, domínio da
tecnologia.
Foto 03: Aluno Lucas ensinando Valtair utilizar o mouse key.
Quanto ao uso do Mouse Key, o que mais me chamou a atenção nessa tecnologia
utilizada foi a possibilidade de escrever executando o mínimo de movimentos e
permitindo às pessoas que suas limitações físicas não a impeçam de participar do
mundo virtual, de registrar suas impressões, suas ideias e principalmente sejam
independentes.
Foto 04: Professora auxiliando o aluno na utilização do mouse Key.
Esse software permite uma maior fluidez do raciocínio, pois além de trazer as
famílias silábicas, também tem a opção focalizar que com um simples
posicionamento da seta do mouse sobre a letra ou sílaba em instantes o símbolo
aparece digitado.
Foto 4: Aluno Eliscleiton deficiente intelectual realizando pesquisa para feira de ciências.
CONCLUSÕES: Estes resultados mostram que existe infraestrutura na maioria das
escolas que possibilita fazer uso pedagógico dos computadores com alunos.
4. RESULTADOS
Após toda a realização das atividades realizadas com os recursos tecnológicos
adaptados as suas limitações pode-se verificar que os alunos demonstraram mais
interesados em participar das atividades propostas em sala, melhorou e ampliou-se
a aprendizagem na leitura e na escrita e principalmente na atenção e concentração.
Se sentiram mais valorizados e produtivos e isso elevou a auto-estima. Foi possível
constatar que o trabalho com atividades diversificadas e metodologias diferenciadas
para ministrar as aulas com recursos digitais atenderam as reais necessidades dos
alunos especiais.
5. CONCLUSÕES
A inclusão é antes de tudo, uma busca por uma educação de qualidade para todos,
que enriquece todos os envolvidos no processo educativo: alunos, professores,
escola, pais e sociedade. Podemos concluir afirmando que o computador é um
mecanismo interativo, dotado de informações. Com o computador, o aluno é capaz
de acessar várias informações e, ao mesmo tempo, analisá-las e questioná-las, em
um processo de construção do conhecimento. Uma das situações que presencio no
meu cotidiano como professora é que a inclusão dos alunos portadores de
Necessidades Especiais Educacionais (NEE) na escola está acontecendo de forma
gradual, vencendo desafios e que a disciplina de Artes é vista como importante
aliada para os alunos com estas características.
6. REFERENCIAS
CAVALCANTE, M. A escola que é de todas as crianças. Nova Escola. São Paulo: Editora Abril. N. 82, P.40-45, 2005.
Formas de uso dos computadores por pessoas com deficiencias.http://www.fvc.org.br/estudos-e-pesquisas/avulsas/estudos1-7-uso computadores.shtml?page=3. Acesso em 01/03/2014.