cautelar - efeito suspensivo apelação adn tubira

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açao cautelar pedindo efeito suspensivo à condenação

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Excelentssimo Senhor Desembargador Presidente do Tribunal de Justia do Estado de Gois

Excelentssimo Senhor Desembargador Presidente do Tribunal de Justia do Estado de Gois.

Processo Originrio n. 200403015302

Recurso ApelaoOSMAR PIRES MAGALHES, brasileiro, solteiro, ex-prefeito do Municpio de Uruana-Go, domiciliado e residente na Av. Araguaia, s/n, centro, Uruana-GO, atravs de advogados legalmente constitudos, com endereo profissional aposto no rodap do impresso onde recebem intimaes, vem presena de Vossa Excelncia, com escora nos artigos 522 e seguintes do Cdigo de Processo Civil, propor AO CAUTELAR INOMINADA COM PEDIDO DE ANTECIPAO DE TUTELA contra deciso de mrito proferida pelo Meritssimo Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pblica da Comarca de Uruana que julgou improcedente a AO ORDINRIA DE NULIDADE DE ATO JURDICO proposta em desfavor da Cmara Municipal de Uruana/go, pessoa jurdica de Direito Pblico, com endereo na Praa Joo Rocha Borges, s\n, centro, Uruana-Go, representada por seu Presidente, Nei dos Reis Cruz, e do MUNICPIO DE URUANA, como litisconsorte, o que se faz mediante proeminentes motivaes fticas e de direito doravante explicitadas.

Do cabimento.

O art. 273 do CPC estabelece que o juiz poder, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequvoca, se convena da verossimilhana da alegao.

No que pese a cabea do art. 273 do CPC dizer que poder ser antecipado o pedido formulado na pea inicial, este no o condicionou a apreciao unicamente no momento preliminar, pois que o exame e a antecipao do direito material podero ser formulados em mltiplas fases do processo, seja com o oferecimento da inicial, da defesa, da rplica, no saneador, na sentena e, inclusive, em segunda instncia, como no caso em analise.

Uma das hipteses de tutela aps o oferecimento da defesa (art. 273, II, do CPC), quando se verificar a situao de abuso do direito de defesa, desde que demonstrados a presena dos requisitos objetivos (caput do art. 273 do CPC) para motivar o pedido de tutela, em geral, a existncia de prova inequvoca e a verossimilhana das alegaes.

No caso concreto pretende-se sejam antecipados os efeitos da tutela pretendidos na apelao, o que admitido pelo hodierno entendimento jurisprudencial dominante. Veja:

1602037668 - AO ANULATRIA - ATO ADMINISTRATIVO - ANTECIPAO DA TUTELA - REQUISITOS - Os pressupostos para a antecipao dos efeitos da tutela, nos termos do art. 273 caput e inciso I, do CPC, so a existncia de prova inequvoca que convena o magistrado da verossimilhana da alegao e o fundado receio de dano irreparvel. No caso dos autos, no esto presentes nenhum dos requisitos. (TRF 4 R. - AI 2005.04.01.015354-6 - 3 T. - Rel Juza Fed. Vnia Hack de Almeida - DJU 30.11.2005 - p. 676) JCPC. 273 JCPC.273.I

1602058748 - PROCESSO CIVIL - ANTECIPAO DE TUTELA - FAZENDA PBLICA - ART. 273, 1 E 2, DO CPC - 1. A antecipao de tutela apresenta pressupostos prprios e conseqncias processuais, da mesma forma, especficas, notadamente quando envolve as pessoas jurdicas de direito pblico, cuja execuo obedece rito especial, nos termos dos artigos 730 do CPC e 100 da CF/88. 2. Trata-se, portanto, de medida de excepcional deferimento e, mesmo assim, quando preenchidos os pressupostos do art. 273 do CPC, observada a limitao do 2, cuja legitimidade reconhecida pela melhor doutrina (teori a. Zavascki, in antecipao de tutela, saraiva, 1997, p. 172). 3. No caso dos autos, os requisitos para sua concesso no se encontram presentes, pois a antecipao de tutela no constitui favor a ser concedido a todo vencedor da ao, nem a todo autor, em qualquer situao, mas apenas queles que preenchem os pressupostos insculpidos no artigo 273, caput, incisos I e II, do CPC. 4. Precedentes do stj: RESP n 131.853-SC, Rel. Min. Menezes direito, in DJU de 08.02.99, p. 276: RESP n 113.368-PR, Rel. Min. Jos delgado, in DJU de 19.05.97, p. 20.593. 5. Improvimento do agravo de instrumento, prejudicado o agravo regimental. (TRF 4 R. - AI 2004.04.01.042904-3 - 3 T. - Rel. Des. Fed. Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz - DJU 14.12.2005 - p. 687)

Com efeito, demonstrado perfeitamente cabvel o pedido de antecipao de tutela na atual fase processual da ao desconstitutiva promovida com o objetivo de anular ato administrativo do Poder Legislativo Municipal. Cabe acrescentar, por oportuno, que a presente cautelar somente esta sendo ajuizada antes mesmo da conseqente remessa e distribuio da apelao em virtude, justamente, de grave leso a direito do requerente, haja vista que o apelo foi interposto em 04/06/08, e devidamente recebido em 05/06/08, no entanto carente do processamento devido no r. Juzo Singular, principalmente no que se refere ao prazo em dobro da municipalidade de apresentar suas contra razes recursais.

Nesse sentido, repousando o requerente at que a apelao seja remetida e, consequentemente, distribuda, a pretenso imediata vislumbrada na presente cautelar se tornaria sem efeito, visto que o prazo para comprovao de sua capacidade eleitoral passiva, de acordo com o novo entendimento do c. TSE deve ser comprovada at o quinto dia do ms de julho, como ser debatido oportunamente.Com efeito, inexiste vedao legal que impea a analise da presente pretenso, o que deve ser feito, com o devido acatamento, zelando pelo principio da razoabilidade. Dos fundamentos da ao desconstitutiva.

O julgamento das contas do prefeito municipal competncia constitucional art. 31da CF/88 imposta Cmara Municipal de Uruana, ora Requerida, observados, logicamente, os princpios constitucionais atinentes fattispecie, v.g. contraditrio e ampla defesa.

Como descrito na inicial, a Requerida rejeitou os balancetes de maio, julho, agosto, setembro, novembro e dezembro de 2000 e os balanos gerais de 1999 e 2000, todos de responsabilidade do Requerente, conforme decises acostadas ao feito.

No entanto, necessrio dizer que a Requerida fez mal uso de suas atribuies constitucionais, pois conforme vasta documentao j acostada, esta deixou de observar, ab initio princpios constitucionais a que devia obedincia, isso devidamente reconhecido na r. deciso singular, conforme ser demonstrado oportunamente.

A r. deciso vergastada. O i. Juiz singular julgou improcedente a ao interposta pelo AUTOR, apesar de estar pacificado pelo STF, e tambm por este Tribunal de Justia Goiano, que em caso da Cmara Municipal julgar as contas (Balancetes e Balanos Gerais), prestadas pelo prefeito na sua gesto, dever antes do julgamento lhe propiciar o direito de ampla defesa e contraditrio, previsto no art. 5 inciso LV da Constituio Federal, sob pena de nulidade dos atos praticados que levaram a deciso.

Tambm pacificado o entendimento de que a Cmara dever obedecer aos prazos impostos pelas Legislaes pertinentes, como Constituio Federal e Estadual, Lei Orgnica do Municpio e Regimento Interno, o que no foi respeitado pela edilidade, mas mesmo assim, de forma controvertida e equivocada o julgador monocrtico, no acolheu tais preceitos, desprezando por completo as legislaes ptria e jurisprudncias desta Corte e do STF, conforme ser demonstrado.A deciso assim foi proferida em sntese:DECIDO.

Pelos seus prprios fundamentos, mantenho a deciso atacada pelo agravo retido.Tenho por praticvel o julgamento no estado que se encontra o feito, eis que prescindveis provas outras.A capacidade processual da Cmara Municipal para defesa de seus interesses j se encontra pacificado na doutrina e jurisprudncia....Aps acurado estudo, verifico que tanto a doutrina quanto a jurisprudncia ainda vacilam na matria, no havendo uniformidade.

Os direitos fundamentais do contraditrio e da ampla defesa jamais podero ser afastados dos processos judiciais e administrativos. No entanto, a questo saber se no julgamento de contas pela cmara existe de fato processo.Parece-me que no. Ocorre to somente o julgamento, eis que o processo se d perante o Tribunal de Contas, onde se exerce a ampla defesa. Alis, o direito ptrio no veda a ciso de competncia, onde um rgo processa e outro julga.No se pode exigir de um rgo poltico, como a Cmara dos Vereadores, um verdadeiro processo administrativo prvio para o julgamento das contas do prefeito. O chefe do executivo municipal poder opor suas excees no Tribunal de Contas, cujo parecer ser apreciado pela edilidade no julgamento. Exegese adotada pelo Ds. Wellington Pacheco Barros, do Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul cujo voto passo a transcrever.

...Assim, como j salientado, a fase inicial desse procedimento no Tribunal de Contas do Estado e, neste rgo que oferecida a participao do prefeito para fins de apresentar sua defesa, oportunizando-lhe a ampla defesa e o contraditrio, tendo em vista que, aps concluso do rgo auxiliar do legislativo, restar apenas o julgamento pela Cmara de Vereadores que, alis, nessa fase no cabem mais provas.....

Urge salientar que diversa a hiptese tratada pela Smula vinculante n 3, obviamente do Supremo Tribunal Federal, que refere s decises do Tribunal de Contas da unio. Nesta Corte, no restam dvidas quanto a necessidade de defesa, posto que sua competncia abrange tanto o procedimento quanto o julgamento. Vale, dizer, o julgamento das contas dos municpios peculiar, envolvendo dos entes: o TCM e as Cmaras Municipais.

Tambm no exige a lei que a deciso dos vereadores ao julgar contas do municpio seja fundamentada, isto porque os fundamentos constam do parecer prvio do TCM que constituiu a base da convico dos parlamentares.Posto isto, nos termos do art. 269, inciso I, do Cdigo de Processo Civil, rejeito o pedido do autor, para manter inclume os atos jurdicos mencionados na inicial.Condeno o requerente nas custas e despesas processuais, e, ainda, no pagamento dos honorrios dos advogados dos requeridos com procurao nos autos, estes no valor de R$ 500,00 para cada.D-se cincia ao juzo eleitoral da 58 zona da presente sentena.Intimem-se, inclusive o Ministrio Pblico.Uruana, 2 de junho de 2008.

J. LEAL de sousa" Os fatos

O AUTOR exerceu a condio de prefeito do municpio de Uruana nos exerccios entre 1997 2000. Quando do processo de apreciao das contas do seu mandato, principalmente relativos aos balancetes: MAIO/2000, JULHO/2000, AGOSTO/2000, SETEMBRO/2000, NOVEMBRO/2000 e DEZEMBRO/2000, e ainda os BALANOS GERAL DE 1999 e 2000, o Tribunal de Contas dos Municpios de Gois, no uso de suas atribuies constitucionais, emitiu os pareceres prvios.Enviados os balancetes mensais e os balanos gerais Cmara Municipal de Uruana, para julgamento das contas, esta procedeu nas rejeies dos balancetes e balanos gerais acima indicados.No entanto, conforme restar demonstrado, quando do julgamento das contas do requerente pela Cmara Municipal, ora requerida, houve grave ofensa ao devido processo legal, ao contraditrio e ampla defesa, que leva inexorvel decretao da nulidade do processo de julgamento das contas e, de conseqncia, das decises que as rejeitaram. Vejamos.

. Do processo de julgamento das contas dos Prefeitos Municipais.

. Disciplina constitucional.

O controle externo do Poder Executivo exercido pelo Poder Legislativo, atravs do auxlio dos Tribunais de Contas. Este sistema de controle externo, nos Municpios, est previsto no artigo 31, da Constituio Federal, verbis:

Art. 31. A fiscalizao do Municpio ser exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

1 - O controle externo da Cmara Municipal ser exercido com o auxlio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Municpio ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municpios, onde houver.

2 - O parecer prvio, emitido pelo rgo competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, s deixar de prevalecer por deciso de dois teros dos membros da Cmara Municipal.

3 - As contas dos Municpios ficaro, durante sessenta dias, anualmente, disposio de qualquer contribuinte, para exame e apreciao, o qual poder questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. (g. nosso)Este dispositivo foi reprisado na Constituio do Estado de Gois, no inciso VII, do artigo 70 c/c artigo 79 e pargrafos. Tambm no diverge deste sistema de controle a Lei Orgnica do Municpio de Uruana, em seu artigo 38 e 60 que dizem:

Art. 38 Compete privativamente a Cmara Municipal exercer as seguintes atribuies, dentre outras : VIII tomar e julgar as contas do prefeito, deliberando sobre parecer do Tribunal de Contas do Municpio no prazo mximo de sessenta (60) dias de seu recebimento...

Art. 60 Os Poderes Legislativo e executivo mantero, de forma integrada, sistema de controle interno com a nulidade de:"

Pargrafo 9 - As contas do Prefeito e da Cmara Municipal, prestadas mensalmente e anualmente, sero julgadas pela Cmara Municipal dentro de sessenta (60) dias aps o recebimento do parecer prvio do Tribunal de Contas dos Municpios, considerando-se julgadas nos termos desse prazo.

Alm de no cumprir as determinaes do artigo 38 da Lei Orgnica, deixou tambm de cumprir o que preconiza no art. 36, que diz:Dentre outras atribuies, compete ao Presidente da Cmara: I representar a Cmara em Juzo ou fora dele; II dirigir, executar e disciplinar os trabalhos legislativos e administrativos da Cmara; III interpretar e fazer cumprir o Regimento interno;

J o Regimento Interno da Cmara em seus artigos 11 e 12, que diz:

Art. 11 - O presidente o representante legal da Cmara nas suas relaes internas e externas, cabendo-lhe, juntamente com a Mesa, coordenar as funes administrativas e diretivas das atividades da Cmara, bem como interpretar e fazer cumprir este Regimento.

Art. 12 So atribuies do Presidente, alm do que esto expressas neste Regimento ou decorrem da natureza de suas funes e prerrogativas;

...

III Quanto as preposies:

...

J observar e fazer observar os prazos regimentais;

Acontece que, a RECORRIDA, analisando as contas do ex-prefeito/autor no obedeceu nos julgamentos a forma prescrita na Lei ou no Regimento Interno, principalmente quanto aos prazos para julgamento dos balancetes acima indicados, forjando a nulidade da votao, o que foi ignorado pele Douto Julgador monocrtico, Seno veja-se:

Estabelece o Regimento Interno da Cmara Municipal de Uruana que, recebidos os processos do Tribunal de Contas com os respectivos pareceres prvios, sero encaminhados a Comisso de Finanas e Oramentos, no prazo de (10) vinte dias para apresentar ao Plenrio seu pronunciamento, acompanhado do projeto de decreto legislativos, pela aprovao ou rejeio das contas.

Neste contexto, a ordem constitucional prev que os Tribunais de Contas emitiro parecer prvio sobre as contas prestadas pelo Chefe do Poder Executivo (Prefeito), enviando os autos Cmara Municipal, para julgamento. Neste sentido, o Supremo Tribunal Federal, na esteira do voto do Ministro Marco Aurlio Mello, para quem ao Poder Legislativo compete o julgamento das contas do Chefe do Executivo, considerados os trs nveis - federal, estadual e municipal. O Tribunal de Contas exsurge como simples rgo auxiliar, atuando na esfera opinativa - inteligncia dos artigos 11 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias, 25, 31, 49, inciso IX, 71 e 75, todos do corpo permanente da Carta de 1988 (RE 132747/DF g. nosso)Assim, o julgamento das contas do Prefeito Municipal atravessa as seguintes etapas: a) envio das contas ao Tribunal de Contas; b) emisso do parecer prvio pelo Tribunal de Contas competente; c) envio dos autos Cmara Municipal, onde ficar disposio dos contribuintes, pelo prazo de 60 (sessenta) dias; d) julgamento das contas pela Cmara Municipal.

Assim, aps a emisso do parecer prvio pelo Tribunal de Contas dos Municpios e aps as contas ficarem disponveis, por 60 (sessenta) dias, a qualquer contribuinte, a Cmara Municipal inicia o processo de julgamento das contas do Chefe do Poder Executivo.

Trata-se, evidentemente, de processo de julgamento de contas, com graves conseqncias jurdicas ao responsvel ao gestor pblico, especialmente em face da incidncia da pena de inelegibilidade, prevista no artigo 1, letra g, da Lei Complementar n. 64/90. Assim, em face destas graves repercusses na esfera jurdica do interessado, necessrio que: i) o procedimento de julgamento das contas seja devidamente regulamentado na legislao municipal e que ii) seja garantido ao interessado o exerccio da ampla defesa. Neste sentido, o Supremo Tribunal Federal, verbis: EMENTA: PREFEITO MUNICIPAL. CONTAS REJEITADAS PELA CMARA DE VEREADORES. ALEGADA OFENSA AO PRINCPIO DO DIREITO DE DEFESA (INC. LV DO ART. 5 DA CF). Sendo o julgamento das contas do recorrente, como ex-Chefe do Executivo Municipal, realizado pela Cmara de Vereadores mediante parecer prvio do Tribunal de Contas, que poder deixar de prevalecer por deciso de dois teros dos membros da Casa Legislativa (arts. 31, 1, e 71 c/c o 75 da CF), fora de dvida que, no presente caso, em que o parecer foi pela rejeio das contas, no poderia ele, em face da norma constitucional sob referncia, ter sido aprovado, sem que se houvesse propiciado ao interessado a oportunidade de opor-se ao referido pronunciamento tcnico, de maneira ampla, perante o rgo legislativo, com vista a sua almejada reverso. Recurso conhecido e provido.(RE261885/SP - Relator: Min. ILMAR GALVO)

Recurso Extraordinrio n. 261.885-3 So Paulo

RELATOR: Min. Ilmar Galvo

Recorente: Waldemar Tebaldi

Adv. Arnaldo Malheiros e outros

Recorrido: Cmara Municipal de Americana

Adv. Benedito Gonalves da Cunha

EMENTA: PREFEITO. CONTAS REJEITADAS PELA CMARA DE VEREADORES. ALEGADA OFENSA AO PRINCPIO DO DIREITO DE DEFESA (INC LV DO ART. 5 DA CF.) Sendo o julgamento das contas do recorrente, como ex-Chefe do Executivo Municipal, realizado pela Cmara de Vereadores mediante parecer prvio do Tribunal de Contas, que poder deixar de prevalecer por deciso de dois teros dos membros da Casa Legislativa (arts. 31, parag. 1, e 71 c.c. 75 da CF), fora de dvida que, no presente caso, em que o parecer foi pela rejeio das contas, no poderia ele, em face da norma constitucional sob referencia, ter sido aprovado, sem que se houvesse propiciado ao interessado a oportunidade de opor-se ao referido pronunciamento tcnico, de maneira ampla, perante o rgo legislativo, com vista a sua almejada reverso. Recurso Conhecido e provido.

ACORDO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Min. do Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigrficas, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso extraordinrio e lhe dar provimento, nos termos do voto do Relator.

Este Egrgio Tribunal de Justia Goiano, por decises proferidas nos autos dos Agravos de Instrumento ns. 200801983821 e 200802152311, Relatados pelos ilustres Desembargadores Kisleu Dias Maciel Filho e Rogrio Aredio Ferreira, entenderam por bem deferir medida antecipatria de tutela para suspender todos os atos da Cmara Municipal de Ceres e Rubiataba, que rejeitaram as contas dos respectivos prefeitos, bem como todos os efeitos que sobrevieram da reprovao dos balancetes e balanos gerais, ficando assim decido, em apertada sntese, no proc. 200801983821: ...Assim, no dizer do agravante, necessrio que o procedimento de julgamento das contas seja regulamentado na legislao municipal, assegurando-se ao interessado o exerccio da ampla defesa, o que no foi observado no caso de que aqui se cogita, ante a inexistncia na legislao municipal, de qualquer previso de procedimento para julgamento das contas do Prefeito Municipal.

Afirma que sequer foi intimado a apresentar qualquer manifestao ou defesa, ou seja, exercer qualquer forma de oportunidade de opor-se ao pronunciamento tcnico do Tribunal de Contas ou para defender a regularidade de seus atos de gesto.

Obtempera que no pode haver julgamento sem procedimento prvio que discipline o processo da apreciao do parecer prvio do Tribunal de Contas. Trata-se de questo elementar, afeta ao devido processo legal.

Ao cabo de suas consideraes, declinando presentes os requisitos indispensveis espcie, fumus boni jris e periculum in mora, consistentes nos sinais do direito pleiteado, e na urgncia da concesso para evitar dano irreparvel ou de difcil reparao.

Calha lembrar que no caso vertente, o juiz da causa ao proferir a deciso ora afligida, reproduzida por fotocpia a fls. 17, no dispensou uma analise mais detalhada acerca dos requisitos necessrios para obteno do provimento liminar denegado, limitando-se a, genericamente, proclamar que tais no se fazem presentes.

Pois bem, a questo posta diz respeito deciso que indeferiu o pedido de concesso da tutela antecipada formulada pelo recorrente nos autos da ao anulatria, ao argumento de que seu indeferimento acarreta danos irreparveis ou de difcil reparao para o agravante, porquanto o mesmo pretende se candidatar a prefeito municipal nas prximas eleies e, a perdurar os efeitos das decises proferidas pela Cmara Municipal, que ora se pretende sobrestar, estar definitivamente alijado do processo eleitoral, em face da incidncia da pena de inelegibilidade prevista no artigo 1, letra g da Lei Complementar n. 64\90.

Nesse contexto, numa cognio superficial, no exauriente, prpria do momento processual, cotejado os argumentos do agravante com a documentao acostada inicial recursal, tenho como imperioso o acolhimento da aludida pretenso, no que se refere concesso do efeito ativo pretendido, isso porque, so relevantes os fundamentos do recurso ora interposto.A probabilidade da existncia do direito afirmado pela parte recorrente, uma primeira vista, est evidenciada, na medida em que a fundamentao expendida por ela, em suas razes, coaduna-se com a documentao que instrui a pea vestibular, mormente se levado em linha de conta a importncia, na hiptese dos autos, da discusso que envolve o acerto ou no da deciso ora atacada que indeferiu o pedido liminar formulado perante o primeiro grau de jurisdio, cujo pleito encontra-se respaldado pela demonstrao do fato de que eventualmente possa ter ocorrido os vcios apontados pelo recorrente nos processos administrativos, condizentes ofensa ao devido processo legal, ao contraditrio e ampla defesa....Destarte, a meu sentir, na hiptese dos autos restam configuradas a ocorrncia de prova inequvoca e a existncia de verossimilhana da alegao, requisitos indispensveis ao deferimento da antecipao dos efeitos da tutela recursal.De tal sorte, revelando-se plausvel a presente irresignao, fulcrado no disposto no artigo 527, III, c.c. 273, inciso I, do Cdigo de Processo Civil, defiro, em antecipao de tutela, a pretenso recursal, suspendendo, por ora, todo e qualquer efeito advindo das decises proferidas pela Cmara Municipal de Ceres que rejeitaram os balancetes dos meses de fevereiro, maro, maio, junho, julho, setembro, outubro e novembro de 2003; maro de 2004, bem como todos os efeitos que sobrevieram da reprovao dos balanos gerais dos anos de 2002 e 2003, apresentados pelo agravante.

No caso dos julgamentos da Cmara Municipal que se visam anular, o requerente sequer foi intimado a apresentar qualquer manifestao ou defesa, ou seja, exercer qualquer forma de oportunidade de opor-se ao pronunciamento tcnico do Tribunal de Contas ou para defender a regularidade de seus atos de gesto quando do julgamento pela Cmara Requerida. Apesar do Municpio e Cmara devidamente citados se tornaram revis, mas nas alegaes derradeiras prestadas pela Cmara a mesma confessa que no notificou o AUTOR dos julgamentos, porque este j havia tido oportunidade de promover todas as defesas perante o Tribunal de Contas do Municpio, situao esta incontroversa nos autos em comento, vez que reconhecido, inclusive, na r. deciso nos seguintes termos:

(...)Os direitos fundamentais do contraditrio e da ampla defesa jamais podero ser afastados dos processos judiciais e administrativos. No entanto, a questo saber se no julgamento de contas pela cmara existe de fato processo.

Parece-me que no. Ocorre to somente o julgamento, eis que o processo se d perante o Tribunal de Contas, onde se exerce a ampla defesa. Alis, o direito ptrio no veda a ciso de competncia, onde um rgo processa e outro julga.

No se pode exigir de um rgo poltico, como a Cmara dos Vereadores, um verdadeiro processo administrativo prvio para o julgamento das contas do prefeito. O chefe do executivo municipal poder opor suas excees no Tribunal de Contas, cujo parecer ser apreciado pela edilidade no julgamento. Exegese adotada pelo Ds. Wellington Pacheco Barros, do Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul cujo voto passo a transcrever.

...

Assim, como j salientado, a fase inicial desse procedimento no Tribunal de Contas do Estado e, neste rgo que oferecida a participao do prefeito para fins de apresentar sua defesa, oportunizando-lhe a ampla defesa e o contraditrio, tendo em vista que, aps concluso do rgo auxiliar do legislativo, restar apenas o julgamento pela Cmara de Vereadores que, alis, nessa fase no cabem mais provas.Com o devido acatamento, como j demonstrado, no esse o entendimento dos Tribunais Ptrios, os quais navegam justamente em rota de coliso com a r. deciso singular.A essncia do devido processo legal substancial originou-se a partir de um caso concreto submetido apreciao da Suprema Corte norte-americana no fim do sculo XVIII, no qual foi examinada a questo dos limites do poder governamental.

Nesse contexto, a Suprema Corte norte americana entendeu que os atos normativos, sejam eles legislativos ou administrativos, que violarem direitos fundamentais, ofendem o devido processo legal e esto sujeitos declarao de nulidade pelo Poder Judicirio. Em eptome, o devido processo legal substancial diz respeito limitao ao exerccio do poder e autoriza ao julgador questionar a razoabilidade de determinada lei e a justia das decises estatais, estabelecendo o controle material (...) da proporcionalidade.

Na maioria das vezes, a concretizao plena do princpio do devido processo legal requer observncia aos princpios constitucionais natos, bem como da proporcionalidade e razoabilidade, que no foram observados no caso em tela. Do pedido liminar de antecipao dos efeitos da tutela.

O interesse do autor da presente ao a declarao de nulidade da deciso proferida pela Cmara Municipal, haja vista as ilegalidades ocorridas no processo administrativo alhures indicado, notadamente aquelas referentes ofensa ao Devido Processo Legal Substancial.

Pois bem. Em casos deste jaez, onde o autor da ao ex-gestor pblico, a Lei Complementar n 64/90 assegura que:

Art. 1. So inelegveis:

I para qualquer cargo:

(...)

g) os que tiverem suas contas relativas ao exerccio de cargos ou funes pblicas rejeitadas por irregularidade insanvel e por deciso irrecorrvel do rgo competente, salvo se a questo houver sido ou estiver sendo submetida apreciao do Poder Judicirio, para as eleies que se realizarem nos cinco anos seguintes, contados a partir da data da deciso.

Vale dizer: o efeito da inelegibilidade, decorrente da ilegal condenao proferida pelo tribunal de contas, dever ser imediatamente suspenso quando da propositura de ao judicial perante a justia comum que vise atacar a referida deciso administrativa.

Neste sentido foi formulado o enunciado de Smula n 01 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), in verbis:

SMULA 1. PROPOSTA A AO PARA DESCONSTITUIR A DECISO QUE REJEITOU AS CONTAS, ANTERIORMENTE IMPUGNAO, FICA SUSPENSA A INELEGIBILIDADE

Em que pese o assunto j estar sumulado, doravante traz-se baila algumas recentes decises dos tribunais do pas que mostram a hodierna aplicao do mencionado enunciado:

Tribunal Superior Eleitoral

RESPE-25338

Relator(a): Humberto Gomes de Barros

DJ - Dirio de Justia, Data 31/03/2006, Pgina 134

Ementa

Agravo Regimental. Recurso Especial. Aplicao da Smula n 1/TSE. Fundamentos no afastados. No-provimento.

A inelegibilidade prevista no art. 1, I, g, da LC n 64/90 suspensa pelo ajuizamento tempestivo de ao desconstitutiva da deciso que rejeitou as contas.

- - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Tribunal regional Eleitoral de Minas Gerais

RO - RECURSO ORDINRIO: 11976

Relator(a): Cid Flaquer Scartezzini

RJTSE - Revista de Jurisprudncia do TSE, Volume 6, Tomo 3, Pgina 231

REGISTRO DE CANDIDATO. INELEGIBILIDADE. EX-PREFEITO CUJAS CONTAS FORAM CONSIDERADAS IRREGULARES PELA CMARA MUNICIPAL, COM BASE EM PARECER DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO.

A IRREGULARIDADE QUE ENSEJA A APLICAO DA ALNEA "G", INC. I, DO ART. 1 DA LC N. 64/90 E A "INSANVEL", QUE TEM A VER COM ATOS DE IMPROBIDADE (CF. ART. 15, V E 37, PARGRAFO 4) NO SE PRESTANDO PARA TAL FINALIDADE AQUELA DE CARTER MERAMENTE FORMAL.

A AO JUDICIAL QUE ELIDE A INELEGIBILIDADE PODE SER PROPOSTA A QUALQUER TEMPO ANTES DA IMPUGNAO, SE AINDA DENTRO DO PRAZO PRESCRICIONAL DE CINCO ANOS (PRECEDENTES: RECURSOS NS. 9.816, 10.136, SESSO DE 17.09.92).

RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Tribunal Superior Eleitoral

RESPE-24054

Relator(a): LUIZ CARLOS LOPES MADEIRA

PSESS - Publicado em Sesso, Data 19/10/2004

A propositura de ao desconstitutiva contra a deciso de rejeio de contas, em data anterior impugnao, afasta a inelegibilidade da alnea g do inciso I do art. 1 da LC n 64/90.

No cabe Justia Eleitoral examinar a idoneidade da ao desconstitutiva proposta contra deciso que rejeitou as contas.

No mesmo sentido esto ainda as seguintes decises: Ac. 11275, TRE/CE; Ac. 11326, TRE/MT; Ac. 24256, TRE/PR; Ac. 148406, TRE/SP; e do TSE Ac. 13790 e Ac. 659/02.

Por fim, insta ressaltar que o 5 do art. 11 da Lei 9.504/97 determina que at a data a que se refere este artigo, os Tribunais e Conselhos de Contas devero tornar disponveis Justia Eleitoral relao dos que tiveram suas contas relativas ao exerccio de cargos ou funes pblicas rejeitadas por irregularidade insanvel e por deciso irrecorrvel do rgo competente, ressalvados os casos em que a questo estiver sendo submetida apreciao do Poder Judicirio, ou que haja sentena judicial favorvel ao interessado.

Destarte, mostra-se a presena da fumaa do bom direito do autor no sentido de ter um provimento cautelar de suspenso dos efeitos da deciso contra a qual se irresigna, notadamente pertinente a sua inelegibilidade, consoante expressa previso contida no art. 1, I, g da Lei Complementar n 64/90 c/c a smula n 1 do TSE e art. 11,5 da Lei n 9.504/97.

Ora, tendo em vista a clarividncia do texto normativo acima transcrito, neste instante deve promover a seguinte indagao: qual seria o perigo da demora na prestao jurisdicional final no caso sub examine, eis que a simples propositura desta ao j teria o condo de suspender os danosos efeitos da vergastada deciso administrativa?

Responde-se: a justia eleitoral mudou paradoxalmente o seu posicionamento jurisprudencial, decidindo que mister a obteno, na justia comum, de pronunciamento antecipatrio ou cautelar para afastar a inelegibilidade. Tal requisito impe-se por construo jurisprudencial deste Tribunal (RO 1207, Rel. Min. Jos Delgado, 26/09/2006).Tal esclio firmou-se no ltimo pleito eleitoral, ocorrido em 2006, seno veja-se:

ELEIES 2006. RECURSO ORDINRIO. IMPUGNAO. CANDIDATO. DEPUTADO ESTADUAL. REJEIO DE CONTAS. CONVNIO FEDERAL. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO. COMPETNCIA. AO ANULATRIA. AUSNCIA DE PROVIMENTO JUDICIAL DE SUSPENSO DOS EFEITOS DA DECISO QUE REJEITOU AS CONTAS.

1. O Tribunal Superior Eleitoral, revendo o Verbete n 1 da Smula de sua jurisprudncia, afirmou a necessidade de se obter, na ao desconstitutiva, medida liminar ou a tutela antecipada. Havendo tal entendimento ocorrido no meio do processo eleitoral, deve ser admitida, para as atuais eleies, a notcia da concesso de liminar ou de tutela antecipada, depois do pedido de registro de candidatura.

2. A mera propositura da ao anulatria, sem a obteno de provimento liminar ou antecipatrio, no suspende a clusula de inelegibilidade da alnea g do inciso I do art. 1 da LC n 64/90.

3. Ausncia de notcia de concesso, mesmo posteriormente, de alguma medida judicial.

4. Recurso Ordinrio conhecido e provido. (RO-965; Relator Min. Jos Gerardo Grossi, Publicado em Sesso, Data 29/09/2006).

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. RECEBIMENTO COMO RECURSO ORDINRIO. INELEGIBILIDADE. REJEIO DE CONTAS. ART. 14, 9, CONSTITUIO FEDERAL DE 1988. NO-PROVIMENTO.

O pedido de reconsiderao ou de reviso de contas, bem como as aes ajuizadas na justia comum, devem estar acompanhadas de liminar ou de antecipao de tutela, com deferimento anterior solicitao do registro de candidatura, para que se afaste a inelegibilidade. (RESPE-26942, 25/09/2006, Relator Ministro Jos Delgado).

Este entendimento ficou consolidado, conforme dito, nos seguintes precedentes: RO N: 963 (RO) - SP, AC. n , de 13/09/2006, Rel.: Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto; RO n: 930 (RO) - RR, AC. n , de 14/09/2006, Rel.: Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto; RO n: 1202 (RO) - SP, AC. n, de 20/09/2006, Rel.: Jos Augusto Delgado; RO n: 1207 (RO) - MT, AC. n, de 20/09/2006, Rel.: Jos Augusto Delgado.

Destarte, percebe-se o perigo da demora, uma vez que, acaso no haja uma imediata atuao deste honrado rgo jurisdicional, o requerido ser apeado do jogo eleitoral do corrente ano, consoante a atual jurisprudncia do TSE.

Ademais, inexiste a possibilidade da interposio de recurso administrativo que tenha efeito suspensivo no caso sub examine, razo pela qual, ratifica-se o estado de perigo no qual se encontra o autor da presente ao, motivo porque deve ser deferido o pedido liminar ora pleiteado.

Em caso semelhante, o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL assim decidiu:

MS 24972 MC / DF - DISTRITO FEDERALMEDIDA CAUTELAR NO MANDADO DE SEGURANADECISO: 1. OS FATOS. PAULO CESAR BALTAZAR DA NBREGA, ex-prefeito de Volta Redonda/RJ, teve suas contas julgadas pelo TCU, em 22.02.1996, que "[...] julgou irregulares as contas relativas aos recursos recebidos a ttulo de Royalties pelo referido municpio no exerccio de 1993. [...] (Acrdo n 67 fl. 20) E ainda aplicou "[...] a multa prevista no art. 58, inciso I, da Lei n 8.443/92, c/c o art. 220 do Regimento Interno do TCU, arbitrando o seu valor em R$ 1.000,00 (hum mil reais) [...] (fl. 29) Trago trecho do acrdo. "[...] verificaram-se irregularidades consubstanciadas no descumprimento do prazo de entrega da prestao de contas; na falta de contabilizao das Cotas da Plataforma Continental, que permaneceram em aplicaes financeiras, sem contabilizao conta especfica; e na utilizao de recursos no pagamento de consumo de energia eltrica em diversos rgos municipais; Considerando que o responsvel, ouvido em audincia prvia, no logrou justificar as prticas inadequadas ocorridas na gesto dos recursos; Considerando, que os Pareceres so uniformes no sentido do julgamento pela irregularidade das presentes contas e cominao de multa ao responsvel; ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso da 2 Cmara, com fundamento nos artigos 1, inciso I, 12, 3, 16, inciso III, alnea "b", da Lei n 8.443/92, c/c os arts. 19, nico, e 23, inciso III, da mesma Lei, em: a) julgar irregulares as presentes contas e aplicar ao responsvel, Sr. Paulo Csar Baltazar da Nbrega, Prefeito Municipal de Volta Redonda/RJ, [...] (site do TCU). Contra esse acrdo, interps recurso de reconsiderao, ao qual foi negado provimento em 08.10.1998 (ACRDO TC 575.331/94-1, fls. 36/39). O acrdo foi publicado no DOU em 19.10.1998, mas apenas em 25.04.2000 PAULO CEZAR BALTAZAR DA NBREGA teve cincia do acrdo (relatrio do recurso de divergncia, fl. 41). Assim, em 03.05.2000, interps recurso de divergncia, no conhecido por intempestivo.

Em 23.05.2001, ajuizou AO DECLARATRIA DE NULIDADE DE JULGAMENTO, perante a Vara Federal de Volta Redonda/RJ (fls. 12/19). Sustentou que "[...] 05. tomou conhecimento por meio de ofcio que lhe foi remetido pelo atual Prefeito, e no atravs do T.C.U., que um segundo processo, referente tambm a royalties de petrleo, exerccio 1996 (proc. TC n 575.047/97-6) foram acolhidas as razes de justificativa e arquivado o processo [...]. 09. Diante da divergncia das decises [...] apontadas, valeu-se [...] de Recurso de Divergncia [no admitido] (fls. 13/14). Requereu a nulidade da deciso do TCU que julgou o recurso de divergncia na parte referente intempestividade. Em 02/09/2002, o Impetrante requereu ao TCU, a "[...] excluso de seu nome da lista de responsveis por contas julgadas irregulares [naquele rgo] a ser remetida ao Ministrio Pblico Eleitoral [...]" (TC-575.331/1994-1, fls. 25/26). Parecer do Secretrio-Adjunto de Contas, em 11/07/2002, concluiu que "[...] 3. A deliberao que julgou irregulares as contas do responsvel foi proferida na Sesso de 22.02.1996, sendo que a data prevista para a realizao do pleito do corrente ano 06/10. 4. Assim, no h que se falar em excluso do nome do requerente da relao de responsveis, posto que se nome j no ir constar da referida lista em decorrncia de suas contas terem sido julgadas por este Tribunal h mais de cinco anos. [...] (fls. 20) O Ministro-Presidente do TCU acolheu o parecer "[...] para indeferir o pleito, por perda de objeto." (fls. 28). Em virtude dessa deciso, segundo o impetrante, seu nome "[...] no passaria mais a integrar a aludida lista pelo fato de j terem decorridos mais de cinco anos da sesso plenria que julgou o precitado procedimento [...] permitindo, inclusive, que sua vitoriosa candidatura reeleio como Deputado Federal no fosse impugnada. [...]" (fl. 4, INICIAL) Ocorre que, em 30.06.2004, o TCU disps em seu site relao de responsveis por contas julgadas irregulares (fls. 9/10). E nessa relao consta o nome de PAULO CESAR BALTAZAR DA NBREGA. Na mesma data em que publicada a referida relao na internet, reuniu-se a comisso executiva municipal do PSB em Volta Redonda/RJ e aprovou "[...] por unanimidade a Chapa Majoritria para a eleio de 03 de outubro: Prefeito - Paulo Csar Baltazar da Nbrega - PSB, ..." (ATA, fl. 44) 2. O MANDADO DE SEGURANA. A relao do TCU o objeto deste writ. O impetrante pede em liminar "[...] a excluso de plano de seu nome na relao dos responsveis com contas irregulares para fins de inelegibilidade remetida pelo [TCU] ao [TSE], inclusive do site do TCU na internet[...] (fls. 7) E, ao fim, a procedncia da segurana. Quanto ao perigo da demora, alega o impetrante: "[...] 12. ... a no retirada do nome do impetrante na relao de inelegveis, propicia a ampla divulgao pelos rgos da impressa local de suposta condio de inelegibilidade, o que acarretar prejuzos irreversveis na disputa eleitoral municipal j deflagrada. [...] (fl. 06) Sustenta, ainda que [...] 09. Os aludidos danos j se encontram em andamento, vez que a imprensa local, em manchetes publicadas em suas primeiras pginas, do evidente destaque condio de inelegibilidade do impetrante, baseada na inquinada lista, publicada na Internet, do TCU [...] (fls. 4) E em relao fumaa do bom direito, diz que "[...]11. ... est configurado pelo direito subjetivo ... de no ser considerado inelegvel enquanto o Poder Judicirio no julgar a lide que busca a anulao do TCU, com fundamento das normas dos arts. 1, inciso I, letras g, da LC 64/90 e art. 11, 5, da Lei n 9.504/97. [...]" (fl. 6) 3. DECISO. Entendo caracterizados os requisitos do 'fumus boni juris' e do 'periculum in mora' que a prpria questo envolve. Defiro a liminar. Determino a retirada do nome do Impetrante, em carter precrio, da relao dos inelegveis, at que se aprecie o mrito da questo. Solicitem-se informaes. Aps, vista ao PGR. Braslia, 5 de julho de 2004.

Ministro NELSON JOBIM

PresidenteAnte a presena dos requisitos ensejadores do deferimento do pedido liminar - fumus boni iuris e o priculum in mora -, arrimado no art. 798 do CPC, requer initio littis seja deferida a medida liminar requerida para suspender os efeitos das decises da Cmara Municipal at o julgamento final da apelao interposta, nos termos do art. 1, I, g da Lei Complementar n 64/90 c/c a Smula n 1 do TSE e art. 11,5 da Lei n 9.504/97, eis que a questo est pendente de julgamento perante o Poder Judicirio. Os pedidos.

Ante o exposto nexo causal apresentado, bem como a demonstrada presena dos requisitos autorizadores (fumus boni iuris e periculum in mora), requer seja concedida medida antecipatria da tutela recursal pretendida, para suspender os efeitos das decises da Cmara Municipal de Uruana que rejeitou os balancetes de MAIO/2000, JULHO/2000, AGOSTO/2000, SETEMBRO/2000, NOVEMBRO/2000 e DEZEMBRO/2000, e ainda os BALANOS GERAL DE 1999 e 2000 de responsabilidade do Requerente, at o julgamento final desta demanda, nos termos do art. 1, I, g da Lei Complementar n 64/90 c/c a smula n 1 do TSE e art. 11,5 da Lei n 9.504/97, eis que a questo est pendente de julgamento perante o Poder Judicirio, promovendo devida citao da Cmara e do Municpio de Uruana no endereo dantes mencionado.No mrito, que seja mantida a liminar concedida, o que se espera com o conseguinte provimento da apelao interposta.

Em tempo, afirmam os advogados subscritores que as peas que instruem a presente ao so integrais do processo principal, declarando que todas as cpias dos documentos acostados correspondem fielmente aos seus originais.

Termos em que,Pede e aguarda deferimento

Goinia, 10 de junho de 2008.

Gesualdo Antnio Pinto

Afranio Cotrim JuniorOAB/GO 20.530

OAB/GO 20.907Wandir allan de Oliveira

OAB/GO 27.673 LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Devido Processo Legal Substancial. Disponvel em: . Acesso em: 14 mar. 2008.

No mesmo sentido Carlos Roberto de Siqueira Castro, in O devido processo legal e a razoabilidade das leis na nova Constituio do Brasil, n. 3, p. 51.