carta de risco aparecida de goiania

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PREFEITURA MUNICIPAL DE APARECIDA DE GOIÂNIA CARTA DE RISCO DE APARECIDA DE GOIÂNIA – GO Relatório Final Goiânia, Goiás Outubro, 2012.

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PREFEITURA MUNICIPAL DE APARECIDA DE GOIÂNIA

CARTA DE RISCO DE APARECIDA DE GOIÂNIA – GO

Relatório Final

Goiânia, Goiás Outubro, 2012.

Prefeito Municipal

LUIZ ALBERTO MAGUITO VILELA

Equipe Técnica do Município DALILLA ALVES DA SILVA Tecnologa em Geoprocessamento CAROLINA GONTIJO GUIMARÃES Arquiteta Urbanista JANAINA DE HOLANDA CAMILO Arquiteta Urbanista PATRICIA JULIANA COSTA LEMOS Bióloga RENATO MARCOS DA SILVA Engenheiro Civil

Equipe Técnica VIASAT

GLAUCIO FERNANDES Especialista em Análise Ambiental e Geoprocessamento

SELOMAR BREDA Administrador

NILSON CLEMENTINO Engenheiro Cartógrafo, Doutor em Ciências Ambientais

CARLA ROSANA AZAMBUJA HERRMANN

Arquiteta e Urbanista, Mestre em Engenharia do Meio Ambiente

JOSE ALFREDO GUIMARÃES DE SÁ Geólogo, Mestre em Engenharia de Produção

PATRICIA ROMÃO Geóloga, Doutora em Geologia

MARCOS CORRENTINO Engenheiro Elétrico, Especialista em Hidrologia

LIEGE HERRMANN Advogada, Especialista em Perícia Ambiental

ALFREDO PALAU Biólogo, Mestre em Biologia e Ecologia

ANA ELIZABETH Bióloga, Mestre em Biologia

DANIEL PIRES Tecnólogo em Geoprocessamento

VICTOR DA SILVA SOUZA Tecnólogo em Geoprocessamento

THIAGO SOUZA Técnico em Mineração

APRESENTAÇÃO

O conhecimento do espaço é fundamental para o desenvolvimento ordenado das atividades

humanas, pois em tudo que acontece há uma relação espacial. Particularmente, nas áreas

relacionadas com a gestão pública, tais como mapeamento de áreas de risco, planejamento urbano,

plano diretor, entre outras, a componente posicional da informação é de especial importância

(HENGL & REUTER, 2009).

Atualmente, os sistemas de informações geográficas (SIGs) vieram auxiliar o planejador,

principalmente nas tarefas de pesquisa, análise e cruzamento de dados relacionados ao espaço

geográfico.

A intensa ocupação atual dos municípios brasileiros vem expandindo as áreas urbanas, além

de intensificar a transformação das áreas rurais, por meio, principalmente do desmatamento. As

áreas de ocupação humana, sem o prévio conhecimento das características e vulnerabilidades do

espaço, podem levar a ocupação de áreas sujeitas à erosão, deslizamentos, alagamentos, enchentes,

entre outras. Além disso, a alteração do meio físico para a ocupação humana pode induzir processos

que tornam áreas anteriormente estáveis em áreas vulneráveis, ou ainda de risco.

Neste contexto são apresentados resultados finais dos serviços pactuados entre a Prefeitura

Municipal de Aparecida de Goiânia e a ViaSat que tratam do desenvolvimento de estudos e serviços

técnicos para a Elaboração da Carta de Risco do Município de Aparecida de Goiânia.

O produto final obtido com o desenvolvimento dos referidos estudos e serviços constitui-se

em importante instrumento técnico e político para o planejamento do uso e ocupação do solo do

território municipal.

Ao integrar dados e informações em bases geográficas, a Carta de Risco pode subsidiar

processos de tomada de decisões pelos diferentes atores sociais, principalmente os atores públicos,

responsáveis diretos pela gestão do território municipal.

ii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 2

2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 2

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ 2

3 METODOLOGIA BÁSICA PARA A OBTENÇÃO DOS DADOS E GERAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS ............................................................................................... 4

3.1 Levantamento de dados ........................................................................................ 4

3.2 Procedimentos metodológicos para a elaboração da base de dados e modelagens geográficas ........................................................................................ 4

3.2.1 Base de dados ........................................................................................................ 5

3.2.2 Modelagem Geográfica ......................................................................................... 5

3.3 Definição dos Riscos .............................................................................................. 6

4 LINHAS TEMÁTICAS ............................................................................................... 7

4.1 MEIO FÍSICO ........................................................................................................... 7

4.1.1 Geologia ................................................................................................................. 7

4.1.1.1 Aspectos geológicos e geotectônicos regionais ................................................... 7

4.1.1.2 Aspectos geológicos locais ................................................................................... 8

4.1.1.3 Geologia estrutural ................................................................................................ 14

4.1.1.4 Geologia econômica .............................................................................................. 15

4.1.1.5 Aspectos geotécnicos das unidades mapeadas .................................................... 16

4.1.2 Geomorfologia ....................................................................................................... 17

4.1.2.1 Declividade (relevo) ............................................................................................... 19

4.1.2.2 Curvaturas .............................................................................................................. 24

4.1.2.3 Hipsometria ........................................................................................................... 25

4.1.2.4 Unidades Geomorfológicas ................................................................................... 26

4.1.2.5 Diagnóstico a partir dos aspectos geomorfológicos ............................................. 32

4.1.3 Pedologia e coberturas superficiais ...................................................................... 33

4.1.3.1 Unidade Dp1 – zona de predominância de latossolos avermelhados .................. 35

4.1.3.2 Unidade Dp2 – zona de predominância de solos quartzoarênicos ....................... 39

4.1.3.3 Unidade Dp3 – zona de predominância de litosolos quartzosos .......................... 39

4.1.4 Suceptibilidade erosiva das unidades geotécnicas ............................................... 41

4.1.4.1 Características e distribuição das áreas de susceptibilidade erosivas mapeadas 44

4.1.5 Cadastro dos processos erosivos .......................................................................... 51

iii

4.1.5.1 Tipos genéticos das erosões mapeadas ................................................................ 51

4.1.5.2 Fatores ativos de erosão – diagnóstico e prognóstico ......................................... 59

4.1.6 Características geoambientais .............................................................................. 64

4.1.6.1 Litologia ................................................................................................................. 64

4.1.6.2 Solos ....................................................................................................................... 65

4.1.6.3 A origem dos processos erosivos .......................................................................... 67

4.1.6.4 Prejuízos socioeconômicos .................................................................................... 71

6.1.6.5 Medidas corretivas adotadas ................................................................................ 74

4.1.7 Hidrogeologia ........................................................................................................ 76

4.1.7.1 Subsistema Aquífero Unidade C do Grupo Araxá Sul (SASUC) ............................. 77

4.1.7.2 Subsistema Aquífero Unidade D do Grupo Araxá Sul (SASGUD) ......................... 78

4.1.7.3 Diagnóstico a partir dos aspectos hidrogeológicos .............................................. 80

4.1.8 Hidrografia, hidrologia e dinâmica fluvial ............................................................ 81

4.1.8.1 Seleções de dados hidrológicos, análise e tratamento dos dados ....................... 83

4.1.8.2 Cálculos estatísticos com base nas séries históricas dos dados analisados ......... 83

4.1.8.3 Trabalhos de campo para reconhecimento das bacias ........................................ 83

4.1.8.4 Principais bacias hidrográficas .............................................................................. 84

4.1.8.5 Características físicas das principais bacias hidrográficas .................................... 85

4.1.8.6 Caracterização pluviométrica ................................................................................ 89

4.1.8.7 Caracterização fluviométrica ................................................................................. 92

4.1.8.8 Balanço hidrológico anual .................................................................................... 93

4.1.8.9 Diagnóstico e prognóstico a partir dos aspectos hidrográficos ........................... 94

4.2 MEIO BIÓTICO ........................................................................................................ 95

4.2.1 Vegetação .............................................................................................................. 95

4.2.1.1 Descrição dos pontos amostrados em campo ..................................................... 110

4.2.1.2 Diagnóstico a partir dos aspectos da vegetação .................................................. 138

4.2.1.3 Medidas Mitigadoras ............................................................................................. 139

4.3 INTERAÇÕES ANTRÓPICAS .................................................................................... 146

4.3.1 Uso do solo ............................................................................................................ 146

4.3.1.1 Aspectos socioeconômicos .................................................................................... 147

4.3.1.2 Características de uso e ocupação do solo municipal .......................................... 155

4.3.1.3 Diagnóstico a partir dos aspectos de uso do solo ................................................. 157

4.3.2 Dinâmica do crescimento da área urbana ............................................................ 159

iv

4.3.4 Áreas de usos especiais ......................................................................................... 165

4.3.4.1 Unidades de Conservação ..................................................................................... 165

4.3.4.2 Cemitérios .............................................................................................................. 168

4.3.4.3 Disposição final de resíduos sólidos ..................................................................... 170

4.3.4.4 Distritos industriais ............................................................................................... 172

4.3.4.5 Mineração .............................................................................................................. 174

4.3.4.6 Segurança Pública .................................................................................................. 184

4.3.5 Linhas de Transmissão ........................................................................................... 185

4.4 BASES LEGAIS ......................................................................................................... 190

4.4.1 A Constituição Federal e o Estatuto da Cidade ..................................................... 190

4.4.2 A Lei n.° 12.651 de 25 de maio de 2012 – Código Florestal .................................. 192

4.4.2.1 Definições e conceitos ........................................................................................... 193

4.4.1.2 Das disposições relativas ao uso e ocupação do solo ........................................... 200

5 MODELAGEM DOS RISCOS AMBIENTAIS .............................................................. 218

5.1 Critérios para a modelagem dos riscos ambientais .............................................. 219

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 223

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 225

v

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 Classificação dos tipos de relevo, segundo Ponçano et al. (1981, modificada por Carneiro e Souza, 2003). 18

Tabela 4.2 Matriz dos índices de dissecação do relevo, segundo Ross (1992). 19

Tabela 4.3 Classes de Declividades e respectivas áreas ocupadas pelas classes. 23

Tabela 4.4 Unidades Geomorfológicas e áreas. 28

Tabela 4.5 Chuva média mensal 89

Tabela 4.6 Chuva máxima de 1 dia em função do período de retorno 91

Tabela 4.7 Chuvas intensas para Aparecida de Goiânia (mm/h) 91

Tabela 4.8 Vazões médias estimadas na saída da bacia. 92

Tabela 4.9 Balanço hidrológico anual 93

Tabela 4.10 Evolução da população censitária do Município de Aparecida de Goiânia. 147

Tabela 4.11 Resultados do Ranking dos Municípios Goianos conforme variáveis de análise (adaptado). 149

Tabela 4.12 Valor Adicionado Bruto a Preços Básicos do Município de Aparecida de Goiânia. 150

Tabela 4.13 Proporção de usos de terras com atividades rurais em número e área para Aparecida de Goiânia. 156

vi

LISTA DE QUADROS

Quadro 4.1 Cadastro e classificação dos processos erosivos no Município de Aparecida de Goiânia. 54

Quadro 4.2 Listagem das espécies encontradas nos pontos amostrados no município de Aparecida de Goiânia março/abril/maio 2012. 96

Quadro 4.3 Descrição dos 53 pontos amostrandos quanto a paisagens e grau de conservação. 109

Quadro 4.4 Relação de espécies indicadas para o reflorestamento das áreas de preservação permanente. 140

Quadro 4.5 Árvores indicadas pra utilização em áreas urbanas. 142

Quadro 1.6 Árvores de pequeno porte com folhagem permanente. 143

Quadro 4.7 Árvores de meio porte com folhagem semicaduca. 143

Quadro 4.8 Árvores de Médio porte com folhagem permanente. 143

Quadro 4.9 Grande porte com folhagem semicaduca. 144

Quadro 4.10 Grande porte com folhagem permanente. 144

Quadro 4.11 Espécies indicadas para estacionamento. 144

Quadro 4.12 Palmeiras indicadas para uso em calçadas e/ou canteiros centrais. 145

Quadro 4.13 Taxa de Crescimento Geométrico da População da RMG (%). 148

Quadro 4.14 Histórico da ocupação do território. 159

Quadro 4.15 Unidades de Conservação do Município de Aparecida de Goiânia. 166

Quadro 4.16 Distritos industriais criados por Lei Municipal. 173

Quadro 4.17 Normas Reguladoras de Mineração – NRM Operações com Explosivos e Acessórios. Adaptado. 177

Quadro 4.18 Relação dos direitos minerários no Município de Aparecida de Goiânia. 181

Quadro 4.19 Descrição do complexo prisional de Aparecida de Goiânia. 184

Quadro 4.20 Dimensionamento das faixas de segurança da redes de transmissão de energia elétrica. 186

Quadro 4.21 Valores de L1, L2 e L3 187

Quadro 4.22 Áreas de Preservação Permanente, conforme a Lei 12.651/2012. 214

Quadro 4.23 Áreas de Reserva Legal, conforme a Lei 12.651/2012. 216

Quadro 4.24 Áreas com atividades consolidadas em sede de áreas de preservação permanente, conforme a Lei 12.651/2012. 217

Quadro 4.25 Definições de risco, perigo, acidente e análise de risco. 218

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 Quadrantes propostos para a realização dos levantamentos de dados de campo. 4

Figura 3.2 Modelo criado no software ArcGIS/ArcMAP, juntamente com a janela de entrada de dados para a realização do mapa de Proteção e Preservação Ambiental. 6

Figura 4.1 Modelo digital de terrenos do município de Aparecida de Goiânia. 21

Figura 4.2 Declividade do município de Aparecida de Goiânia em ângulos. 22

Figura 4.3 Declividade do município de Aparecida de Goiânia em percentuais. 22

Figura 4.4 Declividades no município de Aparecida de Goiânia-GO. 24

Figura 4.5 Curvaturas no município de Aparecida de Goiânia-GO. 25

Figura 4.6 Hipsometria do município de Aparecida de Goiânia-GO. 26

Figura 4.7 Unidades Geomorfológicas do município de Aparecida de Goiânia. 27

Figura 4.8 Gráfico do quantitativo das chuvas nos meses do ano 90

Figura 4.9 Gráfico da evolução da população censitária de 1980, 1991, 2000 e 2010 do Município de Aparecida de Goiânia. 148

Figura 4.10 Gráfico dos usos da terra com atividades rurais no Município de Aparecida de Goiânia. 156

Figura 4.11 Mapa de Uso do Solo de Aparecida de Goiânia e legenda 158

Figura 4.12 Mapa do histórico do parcelamento e situação fundiária 161

Figura 4.13 Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, até 1985, sobre imagem obrital LandSat. 161

Figura 4.14 Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, em 1995, sobre imagem obrital LandSat. 162

Figura 4.15 Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, em 2005, sobre imagem obrital LandSat. 163

Figura 4.16 Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, em 2011, sobre imagem obrital LandSat. 163

Figura 4.17 Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia no período 1985 a 2011, sobre ortofoto digital em formato A0. 165

Figura 4.18 Localização do Cemitério Jardim da Paz, ás margens do Córrego da Pipa. 170

Figura 4.19 Localização do Aterro Sanitário de Aparecida de Goiânia. 172

Figura 4.20 Localização dos polos industriais de Aparecida de Goiânia. 173

Figura 4.21 Vista panorâmica da Pedreira Anhanguera/Izaíra, situada na folha AP-NE. 174

Figura 4.22 Localização das áreas de pedreiras no Município de Aparecida de Goiânia. Adaptado. 175

Figura 4.23 Divisão da faixa de passagem em áreas “A”, “B” e “C”. 186

Figura 4.24 Linhas de Transmissão de Energia Elétrica no Estado de Goiás 188

Figura 4.25 Linha de transmissão na projeção UTM e recortada de acordo com o 188

viii

município de Aparecida de Goiânia Figura 4.26 Ilustração do mapa de linhas de transmissão de energia elétrica do

município de Aparecida de Goiânia. 189

ix

LISTA DE FOTOS

Foto 4.1 Ocorrência de micaxistos da Unidade C em lote no Setor Veiga Jardim II. 8

Foto 4.2 Exposição de quartzito da Unidade D do Grupo Araxá na região da Serra das Areias, vizinho ao Setor Jardim dos Ipês. 9

Foto 4.3 Erosão com exposição de latossolo argilo-arenoso, de coloração avermelhada, e espessura variável entre 5,0m e 25m derivado de micaxistos. 9

Foto 4.4 Quartzito branco-amarelado, creme e também com tons avermelhados em afloramento na região do Setor Madre Germana II. 10

Foto 4.5 Afloramento de micaxistos no leito do córrego Triunfo. 10

Foto 4.6 Sistemas de fraturas ortogonais com fortes mergulhos e fraturas subhorizontalizadas em micaxistoss observados no leito do Ribeirão das Lajes. 11

Foto 4.7 Afloramento de micaxistos no leito do córrego Triunfo próximo ao seu encontro com o córrego Santo Antônio. 11

Foto 4.8 Micaxistos alterado observando-se veios de quartzo paralelo à foliação, dobrados assimetricamente. 12

Foto 4.9 Quartzitos da Unidade D que apresentam as melhores exposições na região da Serra das Areias. 12

Foto 4.10 Bancos de quartzito da Unidade D do Grupo Araxá que aflora na região da Serra das Areias. 13

Foto 4.11 Dobras intrafoliais desenvolvidas nos quartzitos, expostas em afloramento na região norte da Serra das Areias no Setor Jardim Tiradentes. 13

Foto 4.12 Falha normal observada em afloramento de quartzito na região do vale do córrego Saco Feio, no Setor Madre Germana II. 14

Foto 4.13 Sistema de fraturas ortogonais desenvolvidas no quartzito da Unidade D do Grupo Araxá. 15

Foto 4.14 Depósito de areia contaminada por resíduos da construção civil observado no leito do córrego Santo Antônio. 16

Foto 4.15 Relevo Plano/Rampeado no setor Pontal Sul. 27

Foto 4.16 Vista ao fundo da unidade Topo Convexo, contrastando com a unidade Plano/Rampeado, em primeiro plano (Jardim dos Ipês). 29

Foto 4.17 Processo erosivo em estrada vicinal na unidade Topo Convexo – C2 (zona rural, próximo ao Parque Montreal). 30

Foto 4.18 Relevo de Encostas de Fundos de Vale (córrego Santo Antônio, Parque das Nações, respectivamente). 30

Foto 4.19 Relevo de Encostas de Fundos de Vale (córrego Santo Antônio, Parque das Nações, respectivamente). 30

Foto 4.20 Latossolo vermelho escuro observado em corte no viaduto de acesso ao Setor Madre Germana II. Folha AP-SO. 33

Foto 4.21 Solo quartzoarênico observado no limite entre as folhas AP-SO e AP-NO, entre os Setores Madre Germana II e Jardim Tiradentes. 33

Foto 4.22 Solo lítico quartzoso que ocorre na região da Serra das Areias e seu entorno. 34

Foto 4.23 Zona de predomínio de solos orgânicos podzólicos não mapeáveis na escala de trabalho utilizada. Ponto situado na margem do córrego Tamanduá. Folha AP – NO. 34

x

Foto 4.24 Perfil típico do latossolo da região onde se observa o processo de enriquecimento de ferro nas partes mais altas do perfil, marcado pela cor mais escura, e o seu consequente empobrecimento mais abaixo. 35

Foto 4.25 Latossolo vermelho escuro típico da região observado próximo ao novo prédio da prefeitura municipal. 35

Foto 4.26 Erosão desenvolvida em latossolo vermelho na região do Setor Cândida de Queiroz. 36

Foto 4.27 Solos líticos quartzosos associados com latossolos vermelhos observados na região norte - noroeste da folha AP-NO. 36

Foto 4.28 Variação do latossolo vermelho para latossolo vermelho-amarelado originado por processo de queluviação. 37

Foto 4.29 Erosão em latossolo vermelho-amarelado em nascente do córrego Tamanduá. 37

Foto 4.30 Laterita que é resultado final do enriquecimento de ferro observada na folha AP – NO. 38

Foto 4.31 Corte mostrando cascalho laterítico derivado do processo de enriquecimento de óxido/hidróxido de ferro. 38

Foto 4.32 Saprólito da rocha-mãe (micaxistos) observado no Setor Vila Maria. Folha AP- NE. 39

Foto 4.33 Solo quartzoarênico derivado dos quartzitos da Serra das Areias que tem como região de ocorrência as áreas do entorno da serra na folha AP-SO. 40

Foto 4.34 Detalhe do solo lítico quartzoso observado na região vizinha ao Jardim dos Ipês, próximo da Serra das Areias na folha AP-SO. 40

Foto 4.35 Afloramento de quartzito que é a rocha-mãe dos solos líticos quartzosos e quartzoarênicos observados na folha AP-SO. 41

Foto 4.36 Região da Serra das Areias que apresenta altas declividades, porém, baixa erodibilidade – Folha AP - SO. 42

Foto 4.37 Área com declividade entre 0 e 3% situada na zona rural de Aparecida de Goiânia na Folha AP-SE. 42

Foto 4.38 Área representativa da Unidade III, que apresenta declividades entre 3 e 8% e moderada susceptibilidade erosiva. Folha AP – NO. 43

Foto 4.39 Zona de baixa declividade porém, com susceptibilidade erosiva alta em razão da ocorrência de solos arenosos. 43

Foto 4.40 Erosão formada em zona com declividade superior a 8% associada a solo coluvial. 44

Foto 4.41 Solo lítico quartzoso em área plana de potencial erosivo nulo. Folha AP-SO. 45

Foto 4.42 Unidade I constituída por áreas com susceptibilidade erosiva baixa a nula, onde ocorrem solos líticos quartzosos e ocorrência de afloramentos quartzitos. 45

Foto 4.43 Unidade II constituída por áreas com susceptibilidade erosiva baixa, onde ocorrem latossolos vermelhos com zonas lateríticas. Folha AP – NO. 46

Foto 4.44 Unidade III constituída por áreas com susceptibilidade erosiva baixa a moderada, onde ocorrem latossolos vermelhos com zonas lateríticas. Folha AP – NO. 46

Foto 4.45 Erosão observada em zona de declividade entre 3 e 8% na região do Setor Industrial Santo Antônio. 47

Foto 4.46 Solo arenoso em zona com declividade entre 3 e 8% com geração de processo erosivo. Região do Jardim Ipês. Ao fundo a Serra das Areias. 47

Foto 4.47 Solo arenoso em zona com declividade entre 0 e 3% com geração de 48

xi

processo erosivo. Região entre os Setores Madre Germana II e Tiradentes. Foto 4.48 Formação de erosão na Unidade V que apresenta declividades superiores

a 8%. No detalhe ravina cadastrada na Vila Maria. 49

Foto 4.49: Processo erosivo observado no Setor Cândida de Queiroz. Folha AP – NO. 49

Foto 4.50 Erosão observada no Setor Vila Maria em zona de declividade maior que 8%. Folha AP – NE. 50

Foto 4.51 Processo erosivo por solapamento gerando um “anfiteatro”, observado no baixo curso do córrego do Alagado. Folha AP – NE. 50

Foto 4.52 Processo erosivo gerado por concentração de fluxo entre os setores Madre Germana II – Jardim dos Ipês. 52

Foto 4.53 Solapamento próximo ao poço 01 – sistema Parque das Nações. 52

Foto 4.54 Bueiro erodido na passagem para residencial Cândida de Queiroz. 53

Foto 4.55 Passagem do córrego Santo Antônio Anel Viário com ruptura do asfalto por erosão. 53

Foto 4.56 Ruptura circular do maciço por solapamento – Anel Viário. 54

Foto 4.57 Voçoroca em processo de crescimento, localizada em frente à Igreja de Santa Bárbara no residencial Cândida de Queiroz. 59

Foto 4.58 Ravina no Setor Cândida de Queiroz transversal à voçoroca da imagem anterior. 60

Foto 4.59 Ocorrência de erosão em zona baixa declividade com solo arenoso – Jardim- dos Ipês. 60

Foto 4.60 Região de fundo de vale – APP – solapamento da margem do córrego Santo Antônio. 61

Foto 4.61 Erosão das margens ocasionada pelo desmatamento e ocupação das margens. 61

Foto 4.62 Solapamento observado na margem do córrego Santo Antônio com queda do muro da propriedade. 62

Foto 4.63 Material turfáceo observado nas margens do córrego Santo Antônio em propriedade situada na Avenida do Ouro. 62

Foto 4.64 Voçoroca observada na Avenida do Ouro c/ córrego Santo Antônio. 63

Foto 4.65: Processo de solapamento e tentativa sem sucesso de sua contenção com entulhos. 63

Foto 4.66 Formação de estruturas tipo “creep”, com rompimento e queda do maciço, observada na cabeceira de uma drenagem afluente do Ribeirão das Lajes – Jardim Tiradentes. 64

Foto 4.67 Ocorrência de Material turfáceo frágil com desenvolvimento de erosão por solapamento – zona rural ribeirão das Lajes. 64

Foto 4.68 Erosão por concentração de fluxo em terreno arenosos com declividade < 5%. 65

Foto 4.69 Ocorrência de cascalho laterítico em exploração clandestina próximo ao Jardim Tiradentes. 66

Foto 4.70 Erosão por ravinamento observada no Jardim dos Ipês – Folha AP – SO. 67

Foto 4.71 Voçoroca em processo de crescimento observada na Rua Albatroz - Jardim Veneza. 68

Foto 4.72 Processo erosivo de grandes proporções observado na região do Parque Ecológico do Tamanduá. 68

Foto 4.73 Rompimento circular do maciço (creep) causado pela erosão por 69

xii

solapamento e ravinamento – Anel Viário sobre o córrego Santo Antônio. Foto 4.74 Moradora da região se equilibrando numa estreita passagem improvisada

no local da erosão do Parque Ecológico do Tamanduá. 69

Foto 4.75 Erosão por solapamento das margens observada próximo das nascentes do córrego Tamanduá. 70

Foto 4.76: Assoreamento do leito do córrego Santo Antônio por detritos da construção civil com desvio das águas para margem oposta gerando solapamento. 70

Foto 4.77 Rompimento da cabeça da passarela sobre o córrego Itapuã, afluente do córrego Santo Antônio na região do Setor Morada dos Pássaros. 71

Foto 4.78 Retorno das pessoas às suas casas, dificultado pelo rompimento da cabeceira da passarela. 72

Foto 4.79 Perda de parte da propriedade pela erosão observada numa chácara situada na Avenida Córrego do Ouro nas margens do córrego Santo Antônio. 72

Foto 4.80 Queda de talude ocorrida por solapamento durante o levantamento de campo no mesmo local da imagem anterior, indicando que o processo está em evolução. 73

Foto 4.81 Erosão no Parque Ecológico do Tamanduá onde são visíveis os prejuízos, com rompimento da via, das tubulações de água e galerias pluviais, além do comprometimento da rede de energia. 73

Foto 4.82 Área de risco à segurança e integridade física das pessoas que são obrigadas a passar por uma estreita faixa de terreno de pouco mais que 0,5m de largura. 74

Foto 4.83 Detalhe do processo de entulhamento das erosões com resíduos de construção civil observado na Rua Vasco dos Reis no Jardim Tiradentes. 75

Foto 4.84 Resíduos de materiais de podas de árvores utilizados no entulhamento de erosões. 75

Foto 4.85 Formação de pequenas bacias com acumulação de água que se tornaram criatórios do mosquito da dengue “Aedes aegiypti”. 76

Foto 4.86 Exposição de micaxistos observada no Setor Veiga Jardim III, onde se vê sistema de fratura ortogonal, que teóricamente são aquíferas. 77

Foto 4.87 Afloramento de micaxistos com fratura observado no leito do Córrego Triunfo. 78

Foto 4.88 Poço surgente e não aproveitado perfurado no sistema de fraturas da Unidade C do Grupo Araxá. 78

Foto 4.89 Afloramento de quartzito com sistemas de fraturas observado na Serra das Areias. 79

Foto 4.90 Afloramento de quartzito com sistema de fraturas ortogonais observado na região do Setor Jardim Tiradentes. 79

Foto 4.91 Poço perfurado em região de domínio de quartzitos na região do Setor Jardim Tiradentes. 80

Foto 4.92 Aspectos do ponto 04 onde há vestígios de extração de argila e ausência de APP. 112

Foto 4.93 Aspectos do ponto 12 que se conecta no fragmento do ponto 14 que se encontra cercado e em regeneração. 112

Foto 4.94 Aspectos da mata ciliar do rio Meia Ponte preservada em vários trechos. 113

Foto 4.95 Aspectos do ponto 09 na mata ciliar do rio Meia Ponte que se encontra confrontante com pastagens, porem com certo grau de preservação. 114

xiii

Foto 4.96 Aspectos da degradação da área pela retirada de espécies arbóreas do ponto 06. 115

Foto 4.97 Aspectos do interior e exterior do fragmento de mata de galeria confrontante com área de pastagem. 115

Foto 4.98 Mata de galeria com ausência de espécies arbóreas em alguns trechos e invadidas por capim braquiária. 116

Foto 4.99 Depósito de lixo a céu aberto onde podem ser encontrados também entulhos de construção civil. 117

Foto 4.100 Fitofisionomia de cerradão em transição para mata de galeria muito degradada pela retirada de cascalho e supressão vegetal. 118

Foto 4.101 A fitofisionomia de cerradão caracteriza o fragmento 16. Este é cortado por várias estradas e invadido por capim braquiária. 120

Foto 4.102 Fragmento florestal que se encontra cercado, porém com baixa biodiversidade do estrato arbóreo. 121

Foto 4.103 Cerrado “strictu sensu” que sofre forte efeito de borda, confrotante com pastagens. 122

Foto 4.104 Área localizada próxima à BR-153 que se encontra conectada com curso d’água com a presença de palmeiras em seu entorno. 122

Foto 4.105 Curso d’água assoreado e com pouca vegetação em sua APP. 123

Foto 4.106 Vista do fragmento florestal representado pela floresta estacional semidecidual com a presença de afloramentos de rocha. 123

Foto 4.107 Curso d’água com formação de corredeiras pela presença de lajes de rochas entremeio também à vegetação. 124

Foto 4.108 Fragmento de cerradão localizado às margens da rodovia BR – 153. Encontra-se cercado e com a espécie Vochysia tucanorum (pau de tucano) em época de inflorescência. 125

Foto 4.109 Área com intensa degradação na APP do curso d’água com presença de edificações e grandes erosões devido ao desmatamento. 126

Foto 4.110 Fragmento de vereda e floresta estacional semidecidual que se conectam, localizados em zona urbana. 126

Foto 4.111 Fragmento de mata ciliar descaracterizada com ponte sobre o curso d’água localizado em zona urbana. 130

Foto 4.112 Aspecto de depósito de entulho e erosão do barranco no curso d’água. 130

Foto 4.113 Aspecto de mata ciliar degradada e com presença de capim braquiária invadindo a APP. 132

Foto 4.114 Fragmento caracterizado pela floresta estacional semidecidual que se localiza em zona urbana. 132

Foto 4.115 Aspectos do interior do fragmento com presença de clareiras e invasão de capim braquiária. 133

Foto 4.116 Aspectos do interior do fragmento florestal degradado localizado em área urbana, com presença de espécies emergentes com o pau d’óleo (Copaifera langsdorffii). 133

Foto 4.117 Aspectos da APP do curso d’água localizado próximo à estação de tratamento de esgotos da SANEAGO “Cruzeiro do Sul”. 134

Foto 4.118 Fragmento caracterizado fitofisionomicamente por floresta estacional semidecidual localizado dentro de uma área denominada Centro Olímpico em zona urbana de Aparecida de Goiânia. 135

Foto 4.119 Aspecto do parque da “Serra das Areias”, onde predomina o cerrado strictu sensu como vegetação natural. 137

xiv

Foto 4.120 Extração clandestina (manual) de areia de aluvião, no córrego Triunfo, vendida no mercado varejista do município. 178

Foto 4.121 Vista panorâmica do trecho do córrego Triunfo onde se observa exploração manual clandestina de areia. 178

Foto 4.122 Área de cascalho explorada recentemente, ao lado do Setor Madre Germana II. 179

Foto 4.123 Lavra clandestina de cascalho localizada no Setor Tiradentes 179

Foto 4.124 Local de exploração clandestina de areia lavada no córrego Santo Antônio. 180

Foto 4.125 Depósito de cascalho localizado ao lado do cemitério Jardim da Esperança, com indícios de lavra (clandestina) recente. 180

xv

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANA – Agência Nacional das Águas

APP – Área de Proteção Permanente

CELG – Centrais Elétricas de Goiás

CPRM – Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais

DNAEE – Departamento Nacional de águas e Energia Elétrica

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral

IBGE – Instituto Brasileiro de geografia e Estatística

LT – Linhas de transmissão

MDE – Modelo digital de elevação

MPC – Máximo Porcentual de contribuição

PDIG – Plano de Desenvolvimento Integrado de Goiânia

PRA – Programa de Reforma Agrária

RMG – Região Metropolitana de Goiânia

SANEAGO – Saneamento de Goiás S/A

SEGPLAN – Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento

SIEG – Sistemas de Informações Estatísticas do Estado de Goiás

SIG – Sistemas de informações geográficas

UG – Unidades geotécnicas

USP – Universidade de São Paulo

ZSE – Zonas de susceptibilidade erosiva

xvi

1 INTRODUÇÃO

As Cartas de Risco são mapas onde são condensadas diversas informações sobre uma

determinada porção territorial, referentes ao meio físico e biótico, tais como: relevo, tipos de solos,

aspectos geológicos, aspectos geomorfológicos, declividade, vegetação nativa, susceptibilidade a

incidência de processos erosivos, assoreamento de corpos d’água, susceptibilidade a

desmoronamentos e deslizamentos, profundidade de lençol freático, surgências de água, nível de

antropização, formas de ocupação, dentre outras. Todas as informações levantadas são

representadas graficamente, de forma integrada, gerando um mapa síntese, que aponta, entre

outras coisas:

Áreas com grandes restrições para ocupação antrópica, devido ao risco de vida;

Áreas com restrições de uso por aspectos legais;

Áreas que podem ser ocupadas com algumas restrições;

Áreas nas quais há condições plenas de ocupação, sendo possível, inclusive,

potencializar-se esta ação.

Assim sendo, as ações de ocupação do solo podem ser direcionadas e compatibilizadas com

as possibilidades físico-ambientais, resultando no uso sustentável da porção territorial em questão.

Particularmente no caso dos municípios, as Cartas de Risco são instrumentos fundamentais

para:

Elaborar e implementar os Planos Diretores e as Leis Urbanísticas Complementares, à

medida que possibilitam o planejamento, a discriminação e a recomendação dos

diferentes tipos de ocupação e uso do solo, dentro do território municipal, considerando

as condições ambientais das áreas.

Priorizar intervenções e fornecer elementos para formulação de ações corretivas,

visando a prevenção de riscos e de prejuízos que possam afetar de forma direta ou

indireta, os diferentes atores sociais, sejam eles públicos ou privados;

Promover ações de controle e fiscalização com o objetivo de melhorar os índices de

segurança e qualidade de vida da população.

Localizar áreas onde ocorrem usos especiais, permitidos ou não, tais como: áreas de

deposição e disposição de Resíduos Sólidos urbanos (lixo) e Resíduos de Construção e

Demolição (entulho), aterros sanitários, aterros de vias, mineração, cemitérios, entre

outras;

Subsidiar a elaboração de Estudos de Impacto Ambiental de empreendimentos diversos.

1

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Elaborar a Carta de Risco e Planejamento de Aparecida de Goiânia, a partir do

levantamento e interpretação dos dados físico-ambientais e indicações acerca das possibilidades de

uso de cada porção do território, com vistas à garantia da segurança de vida dos cidadãos e da

sustentabilidade ambiental.

2.2 Objetivos específicos

Elaboração do mapa de declividade do território municipal como subsídio para as

análises das componentes físico-ambientais;

Elaboração de mapa geológico, geomorfológico, mapa hidrogeológico, mapa pedológico

e de cobertura superficial, mapas de susceptibilidade erosiva e mapa cadastral de

erosões, mapa cadastral das áreas de exploração de materiais de construção que

contenham informações sobre as unidades geológicas que compõem o território

municipal;

Compilação do Mapa Geológico da CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos

Minerais;

Elaboração do mapa de hidrografia e da dinâmica fluvial e das áreas de alagamento

inundações;

Produção de documentação fotográfica a fim de registrar o cenário e a paisagem atual

do território municipal, permitindo o apontamento de elementos significativos e a

realização de estudos comparativos futuros;

Descrição e mapeamento das fito fisionomias de cada remanescente vegetacional e das

espécies botânicas mais expressivas e existentes em cada fito fisionomia;

Descrição e mapeamento do grau de preservação do remanescente e,

consequentemente, a necessidade de recuperá-lo;

Descrição e mapeamento dos recursos naturais disponíveis à vida silvestre;

Descrição e mapeamento das interações biológicas e ligações com outros fragmentos,

bem como a possibilidade de formação de corredores ecológicos;

Identificação dos problemas decorrentes do uso indevido dos recursos naturais, tais

como: inadequações de uso e desgaste dos recursos;

Descrição e mapeamento da dinâmica do crescimento das áreas urbanas;

2

Identificação e mapeamento do processo de uso e ocupação do solo das áreas urbana e

rural e as incompatibilidades frente às características físico-ambientais;

Mapeamento das Áreas de Usos Especiais;

Mapeamento das Unidades de Conservação instituídas pela legislação municipal,

estadual e/ou federal;

Mapeamento das linhas de transmissão de energia elétrica;

Indicação de subsídios à proteção do meio ambiente, a fim de assegurar a sadia

qualidade de vida e conservar, ou ainda, se necessário, melhorar as condições ecológicas

locais.

3

3 METODOLOGIA BÁSICA PARA A OBTENÇÃO DOS DADOS E GERAÇÃO DOS MAPAS

TEMÁTICOS

3.1 Levantamento de dados

Para a realização do trabalho foi estabelecida a divisão do território municipal em quatro

quadrantes – AP-NO, AP-NE, AP-SO e AP-SE – conforme demonstrado na Figura 3.1. Ressalta-se que

esta divisão corresponde a uma necessidade técnica para a realização dos levantamentos em campo

e para o estabelecimento de um cronograma de entregas de produtos intermediários.

Figura 3.1: Quadrantes propostos para a realização dos levantamentos de dados de campo.

3.2 Procedimentos metodológicos para a elaboração da base de dados e modelagens

geográficas

Com vistas à elaboração da Carta de Risco do Município de Aparecida de Goiânia, diversas

bases de dados são manipuladas no Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcGIS (ESRI),

incluindo um conjunto de ortofotos digitais e mapas temáticos diversos da região, além da

compilação de dados provenientes do Mapa Urbano Básico Digital de Aparecida de Goiânia, tais

4

como: limites de bairros, vias de circulação e hidrografia. A presente descrição metodológica está

dividida em duas partes:

(I) Geração e compilação de dados georreferenciados acerca de cada tema;

(II) Modelagem geográfica das unidades territoriais.

3.2.1 Base de dados

Todos os dados digitais (imagens e vetores), necessários neste estudo, estão relacionados

às bases de dados vetoriais do Mapa Urbano Básico Digital de Aparecida de Goiânia, produzido em

2011, através de contrato entre a Prefeitura Municipal de Aparecida de Goiânia e o Instituto de

Desenvolvimento Tecnológico do Centro-Oeste.

3.2.2 Modelagem Geográfica

Após a geração/compilação e organização de uma base de dados georreferenciada para o

Município de Aparecida de Goiânia, é realizada a etapa de modelagem geográfica, visando a

elaboração da Carta de Risco. Para tanto, vários modelos específicos são desenvolvidos, em

ambiente de SIG (ArcGIS - model buider).

Tais modelos integram os recentes levantamentos cartográficos para a região em análise,

considerando as variáveis físico-bióticas (por exemplo: geologia, solos, declividade, remanescentes

de vegetação/biodiversidade). A inserção dos dados nos modelos apresentados segue uma ordem

lógica, permitindo a correta integração das informações geográficas.

Para a definição (modelagem), por exemplo, das áreas de Proteção e Preservação

Ambiental, são selecionados critérios, tais como:

1) entorno de aterros sanitários/estações de transbordo, com uma zona tampão de 1000

metros;

2) áreas com alta susceptibilidade de erosão;

3) Áreas de Preservação Permanente – APP’s;

4) áreas com fragmentos de Cerrado nativo.

A Figura 3.2 ilustra a entrada dos dados para a realização deste cenário.

5

Figura 3.2: Modelo criado no software ArcGIS/ArcMAP, juntamente com a janela de entrada de dados para a

realização do mapa de Proteção e Preservação Ambiental.

3.3 Definição dos Riscos

A partir do mapeamento dos temas definidos no Termo de Referência e com a metodologia

da modelagem geográfica proposta, passa-se à interpolação dos temas para a elaboração das Cartas

de Riscos, por temas, e da Carta de Risco Síntese. Propõem-se para a modelagem dos Riscos o

agrupamento das informações nos seguintes temas:

Risco de Perda de Solos;

Risco de Perda de Qualidade de Recursos Hídricos;

Risco de Inundações;

Risco de Perda da Vegetação;

Risco de Perda da Qualidade de Recursos Atmosféricos

Risco de Acidentes;

Carta de Risco – Síntese.

6

4 LINHAS TEMÁTICAS

4.1 MEIO FÍSICO

4.1.1 Geologia

O levantamento dos dados geológicos do Município de Aparecida de Goiânia e sua

transposição para os mapas temáticos teve por base o mapa geológico da Folha Goiânia – SE.22-

X-B-IV – na escala 1:100.000, do Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil, realizado

pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil, no ano de 1994, com maior detalhamento em algumas

áreas.

Este detalhamento teve com objetivo da construção da Carta Geológica do município de

Aparecida de Goiânia na escala 1: 20.000, totalmente inserido no contexto da Folha Goiânia.

As informações obtidas além de serem úteis na elaboração da Carta Geológica na escala

1: 20.000, são importantes para identificação de áreas frágeis do ponto de vista estrutural,

delimitação de zonas aquíferas potenciais e avaliação geotécnica dos maciços rochosos que

compõem o substrato da região.

A partir das informações preliminares foram realizadas três campanhas de campo, nas

quais foram estudadas 202 estações geológicas com exposições de rocha e solo que permitiram

construir o mapa geológico do município de Aparecida de Goiânia na escala 1:20.000 com

algumas modificações.

Algumas estações geológicas estudadas há época dos trabalhos da CPRM – Companhia de

Pesquisa de Recursos Minerais – foram revisitadas, e simplesmente houve a corroboração dos

dados geológicos nelas observados. Assim, o mapa geológico resultante é uma reprodução do

mapa apresentado pela CPRM com algumas modificações pontuais principalmente nas folhas AP –

SW e AP – SE onde a cartografia dos quartzitos foi ligeiramente alterada.

4.1.1.1 Aspectos geológicos e geotectônicos regionais

Em termos geotectônicos a área estudada está situada na junção das unidades geológicas

que compõem o Maciço Mediano de Goiás e Faixas Metassedimentares Dobradas do Ciclo

Uruaçuano (1.100 – 1.300 Ma). Esta modelagem tectônica segue o modelo apresentado por Almeida

(1976) e adotada pelos autores da Folha Goiânia (PLGB, 1994).

7

Neste modelo são referenciadas rochas pertencentes ao Arqueano, onde se destacam: biotita-

hornblenda gnaisses e gnaisses kinzigíticos pertencentes ao Complexo Granulítico e Complexos

Máfico-Ultramáfico Granulitizado Anápolis-Itauçu e, rochas do Proterozóico Médio do Grupo Araxá

com destaque para clorita-muscovita xisto e quartzitos puros e micáceos.

4.1.1.2 Aspectos geológicos locais

No mapa geológico local são referenciadas rochas do Grupo Araxá datado como Proterozóico

Médio, sendo sugerida a ocorrência de micaxistos paraderivados da Unidade C (Foto 4.1) e quartzitos

da Unidade D do referido grupo (Foto 4.2). Os xistos apresentam coloração cinza quando inalterados

e arroxeada quando alterados, sendo capeados por solo argilo-arenoso, permeável, de coloração

avermelhada, e espessura variável entre 5,0m e 25m (Foto 4.3). Já os quartzitos, que em geral são

micáceos e apresentam afloramentos proeminentes na região da Serra das Areias e áreas vizinhas,

têm colorações que variam entre o branco-amarelado, creme e também tons avermelhados (Foto

4.4).

Foto 4.1: Ocorrência de micaxistos da Unidade C em lote no Setor Veiga Jardim II.

8

Foto 4.2: Exposição de quartzito da Unidade D do Grupo Araxá na região da Serra das Areias, vizinho ao Setor Jardim dos Ipês.

Foto 4.3: Erosão com exposição de latossolo argilo-arenoso, de coloração avermelhada, e espessura variável entre 5,0m e 25m derivado de micaxistos.

9

Foto 4.4: Quartzito branco-amarelado, creme e também com tons avermelhados em afloramento na região do Setor Madre Germana II.

a) Unidade C - PmaCmx

Esta subunidade é constituída por micaxistos, localmente granadíferos e calcíferos e ocorre

em aproximadamente 80% da área mapeada. O litotipo dominante apresenta coloração cinza, com

tonalidades esverdeadas, frequentemente com veios de quartzo branco leitoso, boudinados, e

localmente apresenta intercalações de muscovita quartzitos a creme (Foto 4.5).

Foto 4.5: Afloramento de micaxistos no leito do córrego Triunfo.

10

Frequentemente mostram intensos processos de deformação dúctil marcados por lineações,

clivagem de crenulação e outras estruturas de transposição como a presença de boudinage de veios

de quartzo comumente encontrados nos afloramentos estudados.

São encontradas também nestas rochas estruturas de origem rúptil como sistemas de

fraturas ortogonais com fortes mergulhos e fraturas subhorizontalizadas como vistos nas pedreiras

(Foto 4.6).

As melhores exposições estão localizadas nas margens e leitos das principais drenagens que

compõem a bacia hidrográfica local, compreendida pelos córregos Tamanduá, Santo Antônio e das

Lajes e afluentes como os córregos Itapuã, da Mata e São Nicolau e, também nas erosões mais

profundas (Fotos 4.7 e 4.8).

Foto 4.6: Sistemas de fraturas ortogonais com fortes mergulhos e fraturas subhorizontalizadas em micaxistoss observados no leito do Ribeirão das Lajes.

Foto 4.7: Afloramento de micaxistos no leito do córrego Triunfo próximo ao seu encontro com o córrego Santo Antônio.

11

Foto 4.8: Micaxistos alterado observando-se veios de quartzo paralelo à foliação, dobrados assimetricamente.

b) Unidade D - PmaDqt

É composta predominantemente por quartzitos micáceos com intercalações de muscovita-

quartzo xistos, sericita xistos, grafita xistos e quartzitos ferruginosos que apresentam as melhores

exposições na região da Serra das Areias (Foto 4.9).

Foto 4.9:Quartzitos da Unidade D que apresentam as melhores exposições na região da Serra das Areias.

12

Os tipos petrográficos mais comuns são quartzitos micáceos de cor branca a creme,

laminados e estratificados, que apresentam granulometrias variáveis entre muito fina a média.

Intercalados, podem ser observados quartzo-muscovita xistos, sericita xistos, grafita xistos, filitos e

granada-muscovita xistos. Estas rochas ocorrem em níveis métricos a poucas dezenas de metros.

A ocorrência de bancos de quartzito puro é muito comum, assim como a presença de

estruturas primárias como acamamento onde podem ser observadas estratificações plano-paralelas

e cruzadas (Foto 4.10).

Foto 4.10: Bancos de quartzito da Unidade D do Grupo Araxá que aflora na região da Serra das Areias.

Foto 4.11: Dobras intrafoliais desenvolvidas nos quartzitos, expostas em afloramento na região norte da Serra das Areias no Setor Jardim Tiradentes.

13

Assim como na Unidade C, estruturas derivadas de processos tectônicos dúcteis e rúpteis

podem ser visualizadas em afloramento. Lineações de estiramento mineral, dobras em bainha

(sheath folds) e dobras intrafoliais (Foto 4.11), além de fraturas e falhas normais e inversas são

indicativas desses processos (Foto 4.12).

Foto 4.12: Falha normal observada em afloramento de quartzito na região do vale do córrego Saco Feio, no

Setor Madre Germana II.

4.1.1.3 Geologia estrutural

Em termos estruturais processos de deformação dúctil, com o desenvolvimento de lineações

de estiramento dada pela orientação de minerais micáceos e elongação de cristais de quartzo,

clivagem de crenulação nos xistos, dobras em bainha (sheath folds) e dobras intrafoliais nos

quartzitos e outras estruturas de transposição como a presença de boudinage de veios de quartzo

(Foto 4.8), são encontrados nos afloramentos estudados.

São encontradas também nestas rochas estruturas de origem rúptil como sistemas de

fraturas ortogonais (Foto 4.13) com fortes mergulhos e fraturas subhorizontalizadas, como vistos,

nas pedreiras.

Destacam-se ainda grandes estruturas falhadas NE-SW, NW-SE e NS que cortam a área

independente da unidade geológica. Duas importantes falhas de cisalhamento podem ser

observadas: uma na porção centro-norte da área estudada, acompanhando o leito do córrego Santo

14

Antônio, numa região de ocorrência de mica xistos e, outra situada na porção sudoeste da área,

especificamente, na região central da Serra das Areias, na região de ocorrência de quartzitos.

Foto 4.13: Sistema de fraturas ortogonais desenvolvidas no quartzito da Unidade D do Grupo Araxá.

4.1.1.4 Geologia econômica

A principal aptidão das unidades geológicas mapeadas é para produção de agregados para

construção civil, areia e brita.

No município existem quatro unidades de extração de brita que no conjunto produzem mais

de 1.000.000 de toneladas por ano. Estas unidades produtoras estão localizadas na região leste do

município.

Com relação a areia apesar de existirem vários requerimentos no DNPM – Departamento

Nacional da Produção Mineral – para esta substância, questões ambientais e a crescente ocupação

urbana inviabilizam ou podem inviabilizar a produção desse material na área do município.

Além dessas questões existe o problema em relação à qualidade dessas areias,

principalmente daquelas encontradas nos leitos das principais drenagens. A título de exemplo: existe

um requerimento para esta substância no leito do córrego Santo Antônio onde o material aluvial

arenoso está misturado a resíduos de construção civil, lixo urbano (Foto 4.14), óleos e graxas

oriundos de esgotos, o que inviabiliza o seu uso como agregado para a produção de concretos e

argamassas.

15

Foto 4.14: Depósito de areia contaminada por resíduos da construção civil observado no leito do córrego Santo Antônio.

Durante os trabalhos de campo, algumas extrações clandestinas foram observadas, gerando

riscos econômicos para quem consome e de saúde para quem produz, pois os mananciais são

verdadeiros esgotos a céu aberto.

4.1.1.5 Aspectos geotécnicos das unidades mapeadas

Embora na área do município não existam estudos específicos para o comportamento

mecânico das duas subunidades geológicas do Grupo Araxá mapeadas, teoricamente, tanto os

quartzitos da Unidade D, quanto os xistos da Unidade C, não possuem características geomecânicas

que constituam zonas de risco geotécnico para quaisquer usos. Não constituem zonas sujeitas a

quedas ou escorregamentos de blocos que possam por em risco empreendimentos ou pessoas.

A zona geotécnica no domínio dos quartzitos, situada predominantemente na folha AP – SW

se constitui como zona estável com baixo potencial de risco, tanto para os fenômenos relacionados à

erosão, quanto a deslocamentos de maciços ou blocos de rocha.

Quanto aos xistos, estudos realizados na área da barragem da Usina Corumbá IV (onde

ocorre a mesma rocha) “mostram que o maciço rochoso, medianamente alterado, é constituído

predominantemente por calco micaxistos, que apresenta elevada resistência mecânica, tendo-se

obtido recuperação de 100% dos testemunhos, em quase todas as sondagens executadas pelo

16

processo rotativo. Na classificação dos testemunhos de sondagem verifica-se que o maciço rochoso é

pouco a medianamente fraturado, com fraturas em geral inclinadas, paralelas à foliação, a maioria

selada por carbonato, às vezes oxidadas com presença de sulfetos, algumas estriadas”. No mesmo

estudo, na classificação do parâmetro RQD predominam valores de 100%, com média superior a

80%, o que caracteriza o maciço rochoso na qualidade excelente.

Ensaios de compressão uniaxial, executados no Laboratório de Mecânica das Rochas, da

Escola de Engenharia de São Carlos da USP – Universidade de São Paulo – indicaram os seguintes

parâmetros para o micaxistos em testemunhos de sondagens: módulo de elasticidade E = 36,31 GPa

(xistosidade paralela) e E = 27,77 GPa (xistosidade inclinada), resistência à compressão simples R.C =

86,58 MPa (xiSetor horiz.) e R.C = 35,46 MPa (xiSetor incl.), e massa específica de 2,78 g/cm3.

Assim, de acordo com os estudos acima apresentados as áreas de domínio dos xistos,

observadas nas folhas AP–NO, AP–NE e AP – SE, não constituem zonas de riscos geotécnicos, sujeitas

a quedas ou escorregamentos de blocos que possam por em risco empreendimentos ou pessoas.

4.1.2 Geomorfologia

Aparecida de Goiânia insere-se no contexto geomorfológico do Planalto Rebaixado de

Goiânia, da Depressão do Meia Ponte (coincidente em parte com a unidade Vales do Meia Ponte,

segundo Rodrigues et al., 2005) e de Residuais de Aplainamento da Serra das Areias (Campos et al.,

2003), associado a rochas proterozoicas xistosas e quartzíticas, pertencentes ao Grupo Araxá,

localmente recobertas por formações detrito-lateríticas cenozoicas.

De acordo com Rodrigues et al. (2005), por terem propriedades que facilitam o

intemperismo, as rochas xistosas correspondem às áreas rebaixadas do relevo e afloram,

principalmente, em lajedos em córregos do município. Já os quartzitos, mais resistentes ao

intemperismo, ocorrem associados às maiores altitudes, representadas pela Serra das Areias. O

município integra principalmente a bacia hidrográfica do alto e médio curso do rio Meia Ponte, a

partir do divisor de águas, que inclui a Serra das Areias, até o extremo leste, além da bacia do

ribeirão Dourados, a oeste (CAMPOS et al., 2003).

Com base inicialmente no relevo descrito por Campos et al. (2003) e por Rodrigues et al.

(2005), em consonância com a proposta de Dambrós et al. (1994), as unidades em Aparecida de

Goiânia abrangem relevos configurados principalmente por: superfícies de extensos interflúvios

aplainados a plano-rampeados, com formas de rampas; superfícies residuais, com topos côncavos a

convexos, correspondentes à Serra das Areias, com morros e morrotes; e por superfícies convexas

17

dissecadas, com formas de morros, que ocorrem na parte leste, associadas aos vales do Meia Ponte.

Além dessas, delimitou-se a unidade de Encostas de Fundos de Vales, que acompanham os principais

cursos d’água do município, segundo a proposta de Casseti (1992), adotada para o município de

Goiânia. Essas unidades morfológicas foram assim mapeadas aqui em escala maior que os

levantamentos anteriores, compilados e consultados.

As etapas do mapeamento iniciaram-se pelo levantamento de material bibliográfico e

cartográfico pertinente, partindo da metodologia proposta por Ross (1992); dos trabalhos de

mapeamento realizados por Campos et al. (2003) e por Rodrigues et al. (2005), ambos em escala de

1:50.000; e por Dambrós et al. (1994), em escala de 1:150.000. Além da consulta às fontes

bibliográficas e cartográficas, foi utilizado no presente estudo um modelo digital de elevação (MDE),

com resolução de 80 (oitenta) centímetros e ortofotos com resolução de 20 (vinte) centímetros.

Da análise das formas de relevo, observadas a partir do modelo digital de elevação, como a

declividade, a curvatura, a dimensão dos interflúvios e a amplitude altimétrica, foram delimitadas as

unidades de relevo de acordo com a escala de detalhe, 1:20.000. Estas unidades delimitadas foram

confrontadas ainda com a litologia, com os solos, com o uso do solo e com a vegetação. Para a

confirmação e complementação das unidades delimitadas, foram realizados também trabalhos de

campo. Para a realização dos trabalhos de campo, seguiu-se a proposta de divisão da área do

município em quatro cartas, AP-NO, AP-NE, AP-SO e AP-SE, representadas na Figura 3.1.

As formas geométricas do relevo foram classificadas em rampas, colinas, morrotes e morros,

segundo a classificação adotada por Carneiro e Souza (2003). Os critérios para a classificação são

descritos na Tabela 4.1.

Amplitudes locais Declividades predominantes Tipos de relevo < 100 m < 15% Rampas

5 a 15% Colinas > 15% Morrotes

100 a 300 m 5 a 15% Morros com encostas suaves > 15% Morros

> 300 m > 15% Montanhas Tabela 4.1: Classificação dos tipos de relevo, segundo Ponçano et al. (1981, modificada por Carneiro e Souza,

2003).

Com base no modelo digital de elevação foi possível analisar também o índice de dissecação

do relevo, que contempla as informações da dimensão interfluvial média, e o entalhamento médio

dos vales, analisados conforme a matriz dos índices de dissecação do relevo (Tabela 4.2), adaptada

de Ross (1992).

18

Dimensão Interfluvial Média

MUITO GRANDE (1)

GRANDE (2) MÉDIA (3) PEQUENA (4) MUITO PEQUENA (5)

Graus de entalhamento dos vales (classes)

> 1.500 1.500 a 700 700 a 300 300 a 100 < 100 metros.

Muito Fraco (1) (< 10 m)

11 12 13 14 15

Fraco (2) (10 a 20 m)

21 22 23 24 25

Médio (3) (20 a 40 m)

31 32 33 34 35

Forte (4) (40 a 80 m)

41 42 43 44 45

Muito Forte (5) (> 80m)

51 52 53 54 55

Tabela 4.2: Matriz dos índices de dissecação do relevo, segundo Ross (1992).

A seguir, são apresentados os produtos obtidos a partir do modelo digital de elevação (os

mapas de declividades, hipsométrico e de curvaturas das vertentes), que foram posteriormente

utilizados para a elaboração do mapa geomorfológico, com escala de publicação de 1:20.000.

4.1.2.1 Declividade (relevo)

Dentre os vários aspectos físicos do espaço geográfico de um município, o relevo é um dos

principais, uma vez que é possível medir o nível de inclinação do mesmo. O nível de inclinação do

relevo é denominado declividade e pode ser quantificado em porcentagem ou em ângulo de

inclinação. As áreas onde o relevo apresenta inclinação demasiada são consideradas de grande

vulnerabilidade, pois são sujeitas a deslizamentos que causam erosões, perdas de solos e em áreas

urbanizadas podem ser causadoras de desmoronamentos de construções e degradações de

infraestrutura, que podem causar prejuízos econômicos, sociais, ambientais e institucionais.

O mapa de declividade do município de Aparecida de Goiânia foi construído utilizando-se o

programa de Sistema de Informações Geográficas ArcGIS 9.3, por meio do processamento do modelo

digital de terrenos elaborado a partir de mapeamento aerofotogramétrico de todo o município,

realizado em 2011 pela empresa Topocart – Topografia, Engenharia e Aerolevantamento, sediada em

Brasília-DF.

O modelo digital de terrenos do município de Aparecida de Goiânia, ilustrado na Figura 4.1,

possui excelente precisão, acurácia e detalhamento. Possui alta resolução espacial, de 80

19

centímetros, a altimetria do município, mapeada pelo modelo digital de terrenos, varia entre 647,25

metros a 1002,71 metros, com altitude média de 792,63 metros e desvio-padrão de 57,786 metros.

A partir do modelo digital de terrenos, foi elaborado o mapeamento das declividades do

relevo do município de Aparecida de Goiânia, nesse mapeamento o programa computacional calcula

a diferença de altitude entre as células vizinhas do modelo digital de terrenos e considera a distância

entre os centros das respectivas células. Desta forma, a declividade pode ser expressa em ângulo de

inclinação, ou então em porcentagem de inclinação. No caso da porcentagem expressa em ângulo de

inclinação utiliza-se a equação 1.

𝜃𝜃 = 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 ∆ℎ∆𝑠𝑠

[1]

Sendo que:

𝜃𝜃 é o ângulo da declividade do relevo;

∆ℎ é a variação de altitude entre as células vizinhas e

∆𝑠𝑠 é a distância entre os centros das células vizinhas.

No caso da declividade expressa em porcentagens, é utilizada a equação 2.

𝜕𝜕% = ∆ℎ∆𝑠𝑠∗ 100 [2]

sendo que:

𝜕𝜕% é a porcentagem da declividade do relevo;

∆ℎ é a variação de altitude entre as células vizinhas e

∆𝑠𝑠 é a distância entre os centros das células vizinhas.

20

Figura 4.1: Modelo digital de terrenos do município de Aparecida de Goiânia

Para a elaboração da Carta de Risco do município de Aparecida de Goiânia, foi realizado o

mapeamento digital da declividade em ângulos (Figura 4.2) e também em porcentagens (Figura 4.3),

no entanto, para a impressão do mapa de declividade, foi considerado somente o mapeamento da

declividade em porcentagens.

21

Figura 4.2: Declividade do município de Aparecida de Goiânia em ângulos.

Figura 4.3: Declividade do município de Aparecida de Goiânia em percentuais.

22

A declividade varia em dada célula, no entanto, para fins de visualização, as declividades do

município de Aparecida de Goiânia foram classificadas em seis categorias, de acordo com o Sistema

Brasileiro de Classificação de Solos: relevo plano (de 0% a 3% de declividade); relevo suave ondulado

(de 3% a 8%); relevo ondulado (de 8% a 20%); relevo forte ondulado (de 20% a 45%); relevo

montanhoso (de 45% a 75%) e relevo escarpado (> 75%) (MEDEIROS, 2009).

A maior parte do município apresenta declividades modestas (entre 0 e 5%), o que

caracteriza seu relevo como predominantemente plano. Essa classe de declividade representa 42%

do relevo do município.

Os relevos Suave Ondulados, caracterizados por declividades entre 5,1 e 8% estão presentes

em 30% do município, perfazendo uma área de mais de 8 mil hectares. Em menor proporção,

ocorrem os relevos Moderadamente Ondulados (declividades entre 8,1 e 12%), que cobrem 18% da

área total do município; os relevos ondulados a fortemente ondulados, que representam 8% da área

total e o relevo montanhoso ou escarpado, onde as declividades ultrapassam os 20%, que

representam pouco mais de 1% da área total do município.

A Tabela 4.3 e o mapa da Figura 4.4, a seguir, apresentam as classes de declividades do

município, delimitadas a partir do modelo digital de elevação, com resolução espacial de 80

centímetros, a área ocupada (em hectares) por cada classe, assim como a porcentagem do município

que cada classe representa. Da observação das declividades na área, é possível confirmar a

porcentagem de áreas planas, somadas às suave-onduladas, de 72,19%.

Nome da Classe Declividades (%) Área (ha) (%)

Plano 0-5 12.266,78 42,12

Suave Ondulado 5,1-8 8.756,28 30,07

Moderadamente Ondulado 8,1-12 5.287,51 18,16

Ondulado/Fortemente Ondulado

12,1-20 2.390,75 8,21

Montanhoso ou Escarpado >20 418,86 1,44

TOTAL 29.120,18 100,00 Tabela 4.3: Classes de Declividades e respectivas áreas ocupadas pelas classes.

23

Figura 4.4: Declividades no município de Aparecida de Goiânia-GO.

4.1.2.2 Curvaturas

O mapa da variação das declividades (inclinações ao longo de perfis topográficos), em

intersecção com o de variação da orientação das vertentes, deu origem ao mapa de curvaturas,

apresentado na Figura 4.5. É possível observar que os cursos d’água estão, em sua maioria,

encaixados em vales de curvaturas côncavo-côncavas, as nascentes em vertentes côncavo-convexas,

e que os interflúvios são em sua maioria convexo-convexos.

Da análise dessas curvaturas, que influenciam nos fluxos relativos ao escoamento superficial,

no que se refere às curvaturas côncavo-côncavas, é possível inferir que o fluxo de água pode ser

desacelerado ao longo do perfil, provocando maiores denudações na alta vertente; e concentrado ao

longo das curvas de nível, sugerindo a tendência de ocorrerem processos erosivos lineares,

dependendo da fragilidade dos materiais.

Quanto às curvaturas convexo-convexas, o fluxo tende a ser acelerado ao longo do perfil,

devendo ser levado em conta o fato de, em geral, a parte mais baixa estar mais suscetível à

24

ocorrência de alcovas de regressão; e tende a ser divergente ao longo das curvas de nível, sugerindo

a ocorrência de processos de erosão laminar, em caso dos materiais subjacentes estarem expostos e

serem suscetíveis a esses processos.

Figura 4.5: Curvaturas no município de Aparecida de Goiânia-GO.

4.1.2.3 Hipsometria

No que se refere às amplitudes altimétricas, as menores altitudes são encontradas na porção

leste do município, que é drenada pelo rio Meia Ponte. Nessa porção as altitudes variam entre 650 e

720 metros. Por sua vez, as maiores altitudes são encontradas na região da Serra das Areias, onde se

encontram as principais nascentes do córrego Santo Antônio. Nesse local, as altitudes atingem

valores entre 930 e 1000 metros, como demonstra a Figura 4.6. Situadas na parte oeste, as maiores

altitudes são encontradas na Serra das Areias e no divisor de águas, entre as bacias do rio Meia Ponte

e a do ribeirão Dourados.

25

Figura 4.6: Hipsometria do município de Aparecida de Goiânia-GO.

4.1.2.4 Unidades Geomorfológicas

Logo, com a aplicação dos procedimentos metodológicos descritos anteriormente, foi

possível delimitar as unidades morfológicas desde rampas e colinas, até morrotes e morros,

principalmente da observação da declividade e curvatura do terreno. Essa morfologia foi então

englobada em modelados, desde plano/rampeado até os de topo aguçado, em escala de 1:20.000

(Figura 4.7), descritos a seguir.

Rampas do Plano/Rampeado – É a unidade predominante do município. Englobam as formas

rampeadas (rampas), sendo por isso caracterizada por apresentar baixas declividades (Foto 4.15),

onde se desenvolvem solos do tipo Latossolo Vermelho e Vermelho Amarelo. É também a unidade

com a maior atuação antrópica, representada pela urbanização. Corresponde a aproximadamente

63% da área do município, conforme demonstra a Tabela 4.4.

26

Figura 4.7: Unidades Geomorfológicas do município de Aparecida de Goiânia.

Foto 4.15: Relevo Plano/Rampeado no setor Pontal Sul.

27

Unidades (Modelado) Área (ha) (%) Plano/Rampeado 18.463,38 63,40 Plano Intermediário 695,51 2,39 Fundos de Vale 3.554,16 12,21 Topo Convexo - C1 3.042,35 10,45 Topo Convexo - C2 3.040,36 10,44 Topo Aguçado 324,42 1,11 TOTAL 29.120,18 100,00

Tabela 4.4: Unidades Geomorfológicas e áreas.

Morrotes – Topo Aguçado – Representa a unidade com a maior altitude do município (1002 metros),

com formas de morrotes, onde se observa ainda a cobertura vegetal natural, remanescente (Savana

Arborizada com Floresta de Galeria), e os solos do tipo Neossolo Litólico, representando o

equivalente a 1% da área do município. Corresponde à parte superior da Serra das Areias.

Morros e Morrotes – Topos Convexos – É caracterizada por superfícies que apresentam altitudes

entre 885 e 930 metros, associadas a superfícies de formas convexas dissecadas, formando morros e

morrotes, localizada na porção sudoeste e leste do município (Foto 4.16). Essa unidade se subdivide

em duas subunidades:

Morros – Topo Convexo – C1 – Compreende superfícies convexas dissecadas, em forma de

morros, com declividades acentuadas. Localizam-se em altitudes entre 885 e 930 metros, na

porção sudoeste do município, limitando-se com a unidade Topo Aguçado, porção mais

elevada do relevo, correspondente à Serra das Areias. Nessa unidade, desenvolvem-se solos

do tipo Neossolo Quartzarênico, caracterizados por Rodrigues et al. (2005) como solos

altamente suscetíveis à erosão.

Morrotes – Topo Convexo – C2 – Localizadas na porção leste do município, são

caracterizadas por superfícies convexas dissecadas, declividades acentuadas, em altitudes

que variam entre 650 e 750 metros. Nessa subunidade desenvolvem-se principalmente solos

do tipo Cambissolo (Foto 4.17). O uso rural predominante nesta unidade é indicado por

Rodrigues et al. (2005) como um uso que deve ser mantido, uma vez que sejam observadas

as características frágeis dos solos presentes, quanto aos processos erosivos e minimizados

os impactos pela adoção principalmente de técnicas de manejo mais adequadas, além da

indicação de proteção de áreas correspondentes às Áreas de Preservação Permanente.

28

Foto 4.16: Vista ao fundo da unidade Topo Convexo, contrastando com a unidade Plano/Rampeado, em

primeiro plano (Jardim dos Ipês).

Rampas do Plano Intermediário – Essa unidade ocorre em pequenas porções no oeste do município,

em altitudes que variam entre 885 e 930 metros, com declividades entre 0 e 5%. Nessa unidade,

predomina o Latossolo Vermelho.

Encostas de Fundos de Vale – Nessa unidade predominam declividades mais acentuadas, onde se

desenvolve principalmente o Cambissolo Háplico e Neossolo Flúvico, identificados por Campos et al.,

(2003) e por Rodrigues et al. (2005), consistindo em solos altamente suscetíveis à erosão. Nessa

unidade, os amplos interflúvios, associados ao fluxo superficial concentrado tem sido responsável

pelo assoreamento dos canais de drenagem (Fotos 4.18 e 4.19). Rodrigues et al. (2005) apresentam,

em áreas correspondentes a esta unidade, depósitos relativos aos processos de acumulação, que

podem ser considerados importantes em determinados vales fluviais mais abertos.

No geral, o relevo do município é caracterizado por vales fortemente entalhados (que

ultrapassam os 80 metros de amplitude altimétrica, desde o topo do interflúvio até o leito do curso

d’água), associados a grandes dimensões interfluviais, que apresentaram médias superiores a 1.500

metros. Rodrigues et al. (2005) descrevem que na unidade correspondente às formas mapeadas aqui

como Rampas, a densidade de drenagens é baixa e os processos de intemperismo e pedogênese são

mais intensos que os de denudação, tratando-se por isso de um compartimento mais estável quanto

aos processos da geodinâmica (processos atuais).

29

Foto 4.17: Processo erosivo em estrada vicinal na unidade Topo Convexo – C2 (zona rural, próximo ao Parque Montreal).

Fotos 4.18 e 4.19: Relevo de Encostas de Fundos de Vale (córrego Santo Antônio, Parque das Nações,

respectivamente).

Apesar dessas grandes dimensões interfluviais observadas, associadas à formação de solos

espessos em rampas alongadas, na unidade geomorfológica correspondente, Aguiar e Romão (2009,

2010), destacam a existência de processos erosivos deflagrados e intensificados, principalmente pela

atuação antrópica. Delimitada como plano-rampeada, associada a rampas, ao estudarem a bacia do

córrego Granada, quanto à erodibilidade dos solos e quanto à fragilidade do relevo aos processos

erosivos, esses autores identificaram a existência de 28 focos de erosões lineares, dentre sulcos,

ravinas e voçorocas. 30

Os focos de erosões lineares identificados por Aguiar e Romão (2009, 2010) foram

encontrados principalmente em áreas adjacentes aos cursos d’água. O desnível existente pela

conformação dos vales encaixados indica um potencial maior à ocorrência de processos erosivos.

Uma vez deflagrado o processo, principalmente no caso dos processos lineares, a erosão tende a

atingir grandes proporções em solos do tipo Latossolo, os quais possuem grandes espessuras e que,

nesse caso, em condições desse solo tornar-se exposto, tornam-se materiais de suscetibilidade alta a

esses processos. Além disso, a atuação antrópica se traduz em exemplos como a construção de

arruamentos ao longo das linhas de maior inclinação em rampas longas, alguns terminados em meia

vertente. A concentração do fluxo, associada a sistemas de drenagem inexistentes, parece ser a

causa de intensificação, ou mesmo deflagração de processos erosivos.

Além disso, cita-se o trabalho de Barbosa et al. (2011), que ao analisarem imagens de

satélite, de 2002 e 2008, e realizarem trabalho de campo, ao longo do córrego Santo Antônio,

constataram, além de problemas ambientais como assoreamento e contaminação, destacaram a

existência de processos erosivos acelerados, causados pela ocupação desordenada. Tais autores

citam a falta ou ineficiência de sistemas de drenagem de águas pluviais; a implantação inadequada

do sistema viário, com ruas perpendiculares às curvas de nível; a ausência de pavimentação; a

ausência de mata ciliar; a ausência de sistema de saneamento básico adequado; entre outros,

exemplificando as causas da ocorrência desses problemas. Esses autores destacam a ocorrência de

erosão e assoreamento nas margens do córrego Santo Antônio, no setor Veiga Jardim e a evolução

de uma voçoroca, provavelmente causada pelo escoamento concentrado advindo da construção de

arruamento perpendicular às curvas de nível.

Em concordância com o que foi supracitado, Rodrigues et al. (2005) afirmam que a falta de

uma política de controle da expansão urbana colaborou para a existência de diversos loteamentos

regulares e irregulares, com pouca ou nenhuma infraestrutura, o que possivelmente intensificou a

atuação dos processos geodinâmicos, apesar dessa área urbana ter sido considerada por eles como a

mais propícia à instalação desse tipo de ocupação.

Ainda segundo Rodrigues et al. (2005), no município como um todo, colaboram para a

ocorrência de processos erosivos: a utilização inadequada dos solos, como ocupações clandestinas

de áreas impróprias, sem a devida implantação de redes de drenagem pluviais; bem como a

apropriação de antigas áreas de extração de areia, realizadas se critérios técnicos para a recuperação

dessas áreas já degradadas. Sendo assim, pode-se inferir como sendo a causa da maior parte das

erosões, a concentração e o não disciplinamento das águas pluviais.

31

4.1.2.5 Diagnóstico a partir dos aspectos geomorfológicos

Considerando o exposto, é possível observar que a maior parte do município de Aparecida de

Goiânia, totalizando aproximadamente 72% da sua área, configura-se como um relevo plano até

suave ondulado (com declividades menores que 8%), sobre rochas xistosas e sobre elas materiais de

cobertura, formando rampas de perfil convexo, sobre a qual se situa a maior parte da área urbana.

Essa configuração associa-se assim a solos do tipo Latossolo, que são solos espessos e bem

desenvolvidos.

Pertencente em sua maior parte à bacia do córrego Santo Antônio, afluente do rio Meia

Ponte, entalhando a unidade supracitada, ocorrem vales encaixados; com declividades chegando a

valores maiores que 45%; com curvaturas côncavo-côncavas; em parte com ocorrência de solos do

tipo Cambissolo, altamente suscetíveis à erosão.

O extremo sudeste do município consiste em uma das áreas com menor densidade de

ocupação, correspondente ao uso rural. Nesses terrenos ocorrem solos também do tipo Cambissolo,

em relevos convexos dissecados, formando morrotes, situados no vale do rio Meia Ponte. Essas

formas dissecadas, considerando as declividades altas e o tipo de solo, são também altamente

suscetíveis à erosão.

A parte oeste do município possui as maiores altitudes, associadas a rochas quartzíticas, que

afloram na Serra das Areias. Parte do relevo nessa região associa-se a solos do tipo Neossolo Litólico,

formando morrotes, e a solos do tipo Neossolo Quartzarênico, entalhados por nascentes do córrego

Santo Antônio e do córrego da Mata, afluente do ribeirão Dourados. A constituição desses solos,

arenosa, as declividades altas, as curvaturas côncavo-côncavas, que concentram o fluxo, e a

ocorrência de nascentes, nas vertentes que contornam a serra, justificam a existência das Áreas de

Preservação Permanente, a continuidade da ocorrência de remanescentes de vegetação natural e a

necessidade de recuperação das áreas degradadas.

Assim, apesar da maior parte do município, correspondendo à área urbana, situar-se sobre

áreas relativamente planas, ocorrem de maneira expressiva focos erosivos, deflagrados e/ou

intensificados, principalmente em áreas próximas aos cursos d’água, e consequentes assoreamentos

desses mananciais, cuja causa principal deve-se à utilização e apropriação dos recursos naturais sem

a observação dos condicionantes à deflagração e à intensificação desses processos ligados à dinâmica

atual do relevo.

32

4.1.3 Pedologia e coberturas superficiais

Foram mapeados de acordo com as características morfo-estruturais, 3 (três) domínios

pedológicos (Dp), constituídos por: a) Dp1 – constituído por latossolos areno-argilosos vermelho e

amarelo-avermelhado mapeados nas Folhas AP-NE, AP-NO e AP-SE (Foto 4.20); b) Dp2 – constituídos

por solos quartzoarênicos mapeados na zona de influência da Serra das Areias (Foto 4.21) na folha

AP-SO e, c) Dp3 – constituído por litosolos quartzosos cascalhentos formados por fragmentos de

quartzo, quartzito-micáceo e mica xisto (Foto 4.22), que ocorrem na região geográfica da Serra das

Areias.

Foto 4.20: Latossolo vermelho escuro observado em corte no viaduto de acesso ao Setor Madre Germana II. Folha AP-SO.

Foto 4.21: Solo quartzoarênico observado no limite entre as folhas AP-SO e AP-NO, entre os Setores Madre Germana II e Jardim Tiradentes.

33

Foto 4.22: Solo lítico quartzoso que ocorre na região da Serra das Areias e seu entorno.

Outro domínio pedológico observado, preferencialmente ao longo das principais drenagens,

é constituído por solos orgânicos escuros, com níveis de turfa, porém, não cartografáveis na escala de

trabalho adotada. Estes solos em geral estão recobertos por solos coluviais derivados de latossolos

vermelhos e suas variações (Foto 4.23).

Foto 4.23: Zona de predomínio de solos orgânicos podzólicos não mapeáveis na escala de trabalho utilizada. Ponto situado na margem do córrego Tamanduá. Folha AP – NO.

34

4.1.3.1 Unidade Dp1 – zona de predominância de latossolos avermelhados

Pela área de ocorrência o tipo mais significativo é constituído por latossolos avermelhados

com variações para latossolos vermelho-amarelados, coesos, textura argilosa a areno-argilosa,

localmente com os horizontes bem desenvolvidos (Foto 4.24).

São solos em geral de coloração vermelho escuro (Foto 4.25), não hidromórficos

desenvolvidos em zonas de oxidação, profundos, maduros, porosos, muito permeáveis, estruturados,

de excelentes qualidades físicas e de variável resistência à erosão (Foto 4.26), com boa capacidade de

armazenamento de água.

Foto 4.24: Perfil típico do latossolo da região onde se observa o processo de enriquecimento de ferro nas partes mais altas do perfil, marcado pela cor mais escura, e o seu consequente empobrecimento mais abaixo.

Foto 4.25: Latossolo vermelho escuro típico da região observado próximo ao novo prédio da prefeitura municipal.

35

Foto 4.26: Erosão desenvolvida em latossolo vermelho na região do Setor Cândida de Queiroz.

Estes latossolos apresentam variação para latossolos vermelho-amarelados localmente

líticos (Foto 4.27 e 4.28) com variação de coloração para castanho, observados principalmente nas

folhas AP-NE, AP-NO e AP-SE. Nestes locais são comuns cascalhos lateríticos e, estes solos quando

mais arenosos são susceptíveis a processos erosivos (Foto 4.29).

Foto 4.27: Solos líticos quartzosos associados com latossolos vermelhos observados na região norte - noroeste da folha AP-NO.

36

Foto 4.28: Variação do latossolo vermelho para latossolo vermelho-amarelado originado por processo de queluviação.

Foto 4.29: Erosão em latossolo vermelho-amarelado em nascente do córrego Tamanduá.

As coberturas lateríticas são muito comuns e constituem depósitos de cascalho (Fotos 4.30 e

4.31). Parecem estar associadas com os terrenos planos encontrados nas áreas elevadas de topo

37

chato. Outra variação é constituída por latossolos vermelhos a castanho claro, com cascalho

quartzoso, observada nas áreas de encostas, não longe das drenagens. A rocha-mãe desses solos é o

micaxisto que comumente apresenta veios de quartzo disseminados e, nesta situação adquirem um

caráter mais lítico (Foto 4.32).

Foto 4.30: Laterita que é resultado final do enriquecimento de ferro observada na folha AP – NO.

Foto 4.31: Corte mostrando cascalho laterítico derivado do processo de enriquecimento de óxido/hidróxido de ferro.

38

Foto 4.32: Saprólito da rocha-mãe (micaxistos) observado no Setor Vila Maria. Folha AP- NE.

Estes solos estão sob tensão ocasionada pelo o avanço da área urbana, que poderá num

futuro próximo impermeabilizar boa parte desses solos, reduzindo a recarga dos aquíferos

superficiais e subterrâneos, além de agravar os problemas erosivos nesta unidade pedológica.

4.1.3.2 Unidade Dp2 – zona de predominância de solos quartzoarênicos

Estes solos têm sua área de distribuição limitada à ocorrência da Unidade D do Grupo Araxá,

onde predominam quartzitos puros e micáceos. São solos de textura arenosa fina, permeáveis,

porosos e não coesos. Por estas razões são frágeis e susceptíveis a processos erosivos (Foto 4.33). Sua

área de ocorrência está situada na folha AP-SO.

4.1.3.3 Unidade Dp3 – zona de predominância de litosolos quartzosos

A ocorrência desses solos está associada aos quartzitos da Unidade D do Grupo Araxá e, sua

distribuição geográfica está limitada a Serra das Areias. São solos imaturos, não estruturados, rasos,

porosos e permeáveis onde predominam fragmentos de quartzito e quartzito micáceo (Fotos 4.34 e

4.35). As áreas de ocorrência desses solos estão localizadas na folha AP-SO e são pouco suscetíveis a

processos erosivos.

39

Foto 4.33: Solo quartzoarênico derivado dos quartzitos da Serra das Areias que tem como região de ocorrência

as áreas do entorno da serra na folha AP-SO.

Foto 4.34: Detalhe do solo lítico quartzoso observado na região vizinha ao Jardim dos Ipês, próximo da Serra das Areias na folha AP-SO.

40

Foto 4.35: Afloramento de quartzito que é a rocha-mãe dos solos líticos quartzosos e quartzoarênicos

observados na folha AP-SO.

4.1.4 Suceptibilidade erosiva das unidades geotécnicas

Foram identificadas cinco grandes unidades geotécnicas (UG) para efeito de identificação das

áreas suscetíveis a processos erosivos. Estas unidades estão relacionadas com as coberturas

pedológicas, ao substrato rochoso, e às zonas de declividades conforme apresentadas no mapa

correspondente. A integração entre esses três fatores compõem as zonas de susceptibilidade erosiva

(ZSE).

O mapa de declividade apresenta seis zonas com intervalos de declividade: declividade entre

0 - 3%; 3 – 8%; 8 – 20%; 20 – 30%; 30 – 45%, 45 – 75% e > 75%. As zonas com declividades maiores

que 20% estão situadas na região da Serra das Areias e, em razão do substrato rochoso ser estável,

não constitui uma zona problema do ponto de vista da erodibilidade.

Entretanto, na construção do mapa de susceptibilidade erosiva foram catalogadas cinco

unidades, ou áreas de susceptibilidades erosivas diferentes, assim definidas: I) áreas com

susceptibilidade erosiva baixa a nula, mesmo que apresentem declividades maiores que 20% (Foto

4.36); II) áreas com susceptibilidade erosiva baixa, com declividades entre 0 e 3% (Foto 4.37); III)

áreas com susceptibilidade erosiva moderada, com declividades entre 3 e 8% (Foto 4.38); IV) áreas

com susceptibilidade erosiva moderada a alta, com declividades entre 3 e 8%, em zonas de

ocorrência e predominância de solos quartzoarênicos (Foto 4.39), e, V) áreas com susceptibilidade

41

erosiva alta, com declividades maiores que 8%, fundos de vales, ou mesmo planas onde haja

ocorrência de solos arenosos e coluviais de qualquer natureza (Foto 4.40).

Foto 4.36: Região da Serra das Areias que apresenta altas declividades, porém, baixa erodibilidade – Folha AP - SO.

Foto 4.37: Área com declividade entre 0 e 3% situada na zona rural de Aparecida de Goiânia na Folha AP-SE.

42

Foto 4.38: Área representativa da Unidade III, que apresenta declividades entre 3 e 8% e moderada susceptibilidade erosiva. Folha AP – NO.

Foto 4.39: Zona de baixa declividade porém, com susceptibilidade erosiva alta em razão da ocorrência de solos arenosos.

43

Foto 4.40: Erosão formada em zona com declividade superior a 8% associada a solo coluvial.

Na construção desse mapa não foi considerado o grau de preservação da cobertura vegetal,

que é um fator importante. Porém, considerando que o produto específico está apresentado com os

demais mapas, as informações poderão ser cruzadas para se projetar um prognóstico para as

unidades mapeadas.

4.1.4.1 Características e distribuição das áreas de susceptibilidade erosivas mapeadas

Na definição das cinco unidades mapeadas os aspectos da geologia e pedologia prevaleceram

sobre outros, como a declividade, como é o caso da unidade I, onde a ocorrência de quartzitos e de

solos líticos quartzosos prevalece sobre o parâmetro declividade (Foto 4.41).

a) Unidade I

Trata-se de áreas com susceptibilidade erosiva baixa a nula, onde ocorrem solos líticos

quartzosos e ocorrência de quartzitos. Esta unidade, embora apresente declividades maiores que

20%, em razão da natureza da rocha e do solo, é pouco susceptível à formação de processos

erosivos, ou mesmo escorregamentos de massa.

Sua área de ocorrência está confinada aos limites da Serra das Areias, no domínio geológico

da Unidade D do Grupo Araxá, e situa-se na porção centro sul da folha AP – SO (Foto 4.42).

44

b) Unidade II

Esta unidade pode ser definida como de susceptibilidade erosiva baixa e tem como

característica apresentar declividades entre 0,0 e 3%. Estas zonas, quase planas, estão localizadas

nos morros de topo chato, onde se observa o desenvolvimento de latossolos vermelhos a vermelho-

amarelados, localmente com ocorrência de cascalhos lateríticos (Foto 4.43).

Está distribuída em todas as folhas que compõem o mosaico e está associada à ocorrência de

micaxistoss da Unidade C do Grupo Araxá. Nesta unidade não foram cadastradas erosões de

qualquer natureza.

Foto 4.41: Solo lítico quartzoso em área plana de potencial erosivo nulo. Folha AP-SO.

Foto 4.42: Unidade I constituída por áreas com susceptibilidade erosiva baixa a nula, onde ocorrem solos líticos quartzosos e ocorrência de afloramentos quartzitos.

45

Foto 4.43: Unidade II constituída por áreas com susceptibilidade erosiva baixa, onde ocorrem latossolos vermelhos com zonas lateríticas. Folha AP – NO.

c) Unidade III

Nesta unidade foram cadastrados quatro processos erosivos. Entretanto, esta pode ser

definida como de susceptibilidade erosiva baixa a moderada e tem como característica apresentar

declividades entre 3% e 8%. Estas zonas suavemente inclinadas estão localizadas nas meio encostas

das elevações de topo chato, onde se observa também o desenvolvimento de latossolos vermelhos a

vermelho-amarelados, localmente com ocorrência de cascalhos lateríticos e/ou solos líticos

quartzosos (Fotos 4.44 e 4.45).

Está distribuída em três, das quatro folhas que compõem o mosaico, AP-NE, AP-NO e AP-SE

e, está associada à ocorrência de micaxistoss da Unidade C do Grupo Araxá.

Foto 4.44: Unidade III constituída por áreas com susceptibilidade erosiva baixa a moderada, onde ocorrem latossolos vermelhos com zonas lateríticas. Folha AP – NO.

46

Foto 4.45Erosão observada em zona de declividade entre 3 e 8% na região do Setor Industrial Santo Antônio.

d) Unidade IV

Esta unidade pode ser definida como de susceptibilidade erosiva de moderada a alta e tem

como característica, também, declividades entre 3% e 8% ou até abaixo de 3%. Entretanto, a sua

erodibilidade está associada à ocorrência de solos quartzoarênicos residuais ou coluviais derivados

de rochas quartzíticas (Fotos 4.46 e 4.47).

Foto 4.46: Solo arenoso em zona com declividade entre 3 e 8% com geração de processo erosivo. Região do Jardim Ipês. Ao fundo a Serra das Areias.

47

Foto 4.47: Solo arenoso em zona com declividade entre 0 e 3% com geração de processo erosivo. Região entre os Setores Madre Germana II e Tiradentes.

Nesta unidade, distribuída nas porções noroeste e sudeste da folha AP-SO, foram

cadastradas três erosões por ravinamento onde está associada à ocorrência de quartzitos da Unidade

D do Grupo Araxá.

e) Unidade V

Apresenta susceptibilidade erosiva alta e nela foi cadastrado o maior número de erosões

(Fotos 4.48 a 4.50). Tem como característica declividades maiores que 8% e, ocorrência também nos

fundos de vale (Foto 4.51). São zonas quase planas associadas a solos arenosos não coesos e solos

coluviais.

Está distribuída em todas as folhas que compõem o mosaico e associada, de maneira geral, à

ocorrência de micaxistoss da Unidade C do Grupo Araxá. Entretanto, na folha AP-SO está associada à

Unidade D (quartzítica) do Grupo Araxá, nas faldas oeste da Serra das Areias.

48

Foto 4.48: Formação de erosão na Unidade V que apresenta declividades superiores a 8%. No detalhe ravina cadastrada na Vila Maria.

Foto 4.49: Processo erosivo observado no Setor Cândida de Queiroz. Folha AP – NO.

49

Foto 4.50: Erosão observada no Setor Vila Maria em zona de declividade maior que 8%. Folha AP – NE.

Foto 4.51: Processo erosivo por solapamento gerando um “anfiteatro”, observado no baixo curso do córrego do Alagado. Folha AP – NE.

50

4.1.5 Cadastro dos processos erosivos

Este trabalho foi realizado com objetivo de estabelecer correlações entre os diversos

elementos que compõem o meio físico, como os solos, o substrato rochoso, o grau de preservação

da cobertura vegetal, declividade do terreno e a ocorrência de processos erosivos.

Como esperado, não foi difícil estabelecer uma correlação direta entre os diversos tipos de

intervenções humanas com os processos erosivos mapeados. Ao todo foram cadastrados 65

processos erosivos de diversas escalas, estabelecendo-se um grau variável entre I e IV, conforme a

gravidade do processo instalado, e identificados os processos conforme a sua gênese.

Com relação à classificação, optou-se por associar o processo erosivo à sua gênese, ou seja,

as erosões geradas pela concentração do fluxo hidrodinâmico superficial, com a formação de sulcos,

ravinas e voçorocas, também classificadas de acordo com o seu grau de gravidade de I a IV, sendo IV

a de maior gravidade e, as erosões geradas pela ação fluvial, com a formação de feições de

solapamento, anfiteatros. Foi definido também o tipo misto, onde se observou a interação dos dois

processos genéticos, com a geração de formas complexas de erosão.

O resultado desse cadastro está apresentado no Quadro 4.1 e no mapa do cadastro dos

processos erosivos, onde os pontos mapeados estão numerados e apresentam uma simbologia

própria de acordo com o processo erosivo observado e o seu grau de gravidade.

4.1.5.1 Tipos genéticos das erosões mapeadas

Foram identificados três tipos de processos erosivos na região do Município de Aparecida de

Goiânia: i) erosões geradas pela concentração de fluxo, com a formação de sulcos, ravinas e

voçorocas (foto 4.52); ii) erosões por solapamento, com a formação de anfiteatros, alargamento do

leito das drenagens envolvidas e como consequência o assoreamento dos canais (foto 4.53) e, iii)

misto onde ocorre a interação de ravinas e voçorocas com o solapamento das margens (foto 4.54).

Todos os processos identificados são graves, porém, o tipo misto é sem dúvida o de pior prognóstico,

uma vez que as intervenções são caras e nem sempre são eficientes como mostram as Fotos 4.55 e

4.56. O Quadro 4.1 apresenta um resumo das erosões cadastradas na área do município.

51

Foto 4.52: Processo erosivo gerado por concentração de fluxo entre os setores Madre Germana II – Jardim dos Ipês.

Foto 4.53: Solapamento próximo ao poço 01 – sistema Parque das Nações.

52

Foto 4.54: Bueiro erodido na passagem para residencial Cândida de Queiroz.

Foto 4.55: Passagem do córrego Santo Antônio Anel Viário com ruptura do asfalto por erosão.

53

Foto 4.56: Ruptura circular do maciço por solapamento – Anel Viário.

Quadro 4.1: Cadastro e classificação dos processos erosivos no Município de Aparecida de Goiânia.

EROSÃO TIPO LOCAL GRAU COORDENADAS

01 Sulco Estrada entre Setor Madre Germana e Jardim dos Ipês. I E: 674.659

N: 8.137.426

02 Ravina Av. JI-9 c/ JI- 33 / Jardim dos Ipês. III E: 673.777

N: 8.136.728

03 Ravina Estrada Jardim São Conrado e Jardim Tiradentes II E: 675.891

N: 8.137.922

04 Voçoroca Rua Albatroz c/ Av. Rio Branco – Jardim Veneza IV E: 679.755

N: 8.142.083

05 Voçoroca/ Solapamento

Av. Brasil – Jardim Veneza / Poço 1 da Saneago – Setor Parque das Nações

IV

E: 679.890 N: 8.142.235

06 Sulco Al. dos Cisnes / Parque Floresta I E: 682.102

N: 8.143.513

07 Solapamento Rua 17 – Res. Cândida de Queiroz III E: 685.747

N: 8.144.425

08 Voçoroca Rua 17 – Res. Cândida de Queiroz – Em frente à Igreja III E: 685.614

N: 8.144.429

09 Solapamento - Creep Av. União – Setor Garavelo IV E: 678.261

N: 8.146.003

10 Solapamento – Creep

Rua 15 – Setor Garavelo Park /Nascente Córrego Tamanduá

IV E: 677.119 N: 8.146.271

11 Solapamento – Creep

Rua 15 – E – Parque Ecológico Tamanduá IV E: 676.918

N: 8.146.188

12 Solapamento Final do Parque Ecológico IV E: 677.402 N: 8.146.130

54

Quadro 4.1: Cadastro e classificação dos processos erosivos no Município de Aparecida de Goiânia (cont.). Nº

EROSÃO TIPO LOCAL GRAU COORDENADAS

13 Solapamento Margem do Córrego Tamanduá. IV E: 677.632

N: 8.145.761

14 Voçoroca Rua 14 C – Setor Garavelo Nascente do Córrego Tamanduá.

IV E: 677.499 N: 8.145.655

15 Solapamento Em frente a Rua H-84 – Córrego Tamanduá IV E: 681.789

N: 8.145.517

16 Solapamento Em frente a Rua H-84 – Córrego Tamanduá. IV E: 682.088

N: 8.145.436

17 Solapamento Horta – Av. Córrego do Ouro – Margem do córrego Santo Antônio.

IV E: 680.940 N: 8.143942

18 Ravina/ Voçoroca

Av. Córrego do Ouro – Jardim Itapuã. IV E: 681.077

N: 8.143.909

19 Solapamento Margem do Córrego Santo Antônio. IV E: 681.054

N: 8.143.792

20 Ravina Al. Córrego do Ouro – Jardim Itapuã. IV E: 681.153

N: 8.143.829

21 Solapamento Margem do Córrego Santo Antônio. IV E: 681.569

N: 8.142.000

22 Ravina/ Solapamento

Av. das Bandeiras – Setor Maria Inês. III E: 684.844

N: 8.147.262

23 Solapamento/ Anfiteatro

Em frente a Al. Antônio Neto – Setor Maria Inês. IV E: 685.436

N: 8.147.193

24 Sulcos Rua Antônio Alves – Vila Maria. II E: 687.283

N: 8.144.281

25 Sulcos/Ravina

Rua Antônio L. Trindade – Vila Maria. II/III E: 686.935

N: 8.144.197

26 Solapamento Av. Júlio de Castilho – Jardim Cristal. III E: 686.884

N: 6.141.417

27 Ravina Av. Xavier de Almeida – Parque Atalaia. IV E: 684.950

N: 8.140.602

28 Ravina Rua D. Cunha c/ Leopoldo Kirst – Parque Atalaia. III E: 684.992

N: 8.139.995

29 Ravina/Voçoroca

Av. Maçaranduba – Retiro do Parque. IV E: 687.977

N: 8.138.474

30 Ravina Rua 10 – Jardim Miramar. II E: 688.306 N: 8.137.753

31 Solapamento Margem do Córrego Da Mata – Jardim Miramar. III E: 688.388

N: 8.136.669

32 Ravina Rua 91/Rua 124 - Jardim Miramar. III E: 688.296

N: 8.136.623

33 Ravina Rua Dalio Dib / Rua 126 – Jardim Miramar. II E: 688.307

N: 8.136.440

34 Sulco/Ravina Rua Layla Navareth / Hildeu de Andrade – Setor Rosa dos Ventos.

II E: 688.465 N: 8.136.231

35 Ravina profunda

Cont. Rua Layla Navareth – Setor Rosa dos Ventos. III E: 688.666

N: 8.135.611

55

Quadro 4.1 Cadastro e classificação dos processos erosivos no Município de Aparecida de Goiânia (cont.). Nº

EROSÃO TIPO LOCAL GRAU COORDENADAS

36 Ravina Rua Conrado de Oliveira – Setor Rosa dos Ventos. II E: 689.030

N: 8.136.209 37 Sulco/Ravina Rua Rosarita Fleury – Setor

Rosa dos Ventos. II E: 688.941 N: 8.135747

38 Solapamento Em frente à Rua – W /Mansões Paraíso/ Margem do Córrego Tamanduá.

III E: 683.821

N: 8.144.763

39 Solapamento Em frente à Rua – W /Mansões Paraíso/ Margem do Córrego Tamanduá.

III E: 683.406

N: 8.144.672

40 Solapamento Em frente à Rua – W /Mansões Paraíso/ Margem do Córrego Tamanduá.

III E: 682.472

N: 8.144.998

41 Solapamento Ponte sobre Córrego Itapuã – Av. Uirapuru/Setor Morada dos Pássaros.

II E: 681.800

N: 8.143.213

42 Solapamento/ Anfiteatro

Margem do Córrego Santo Antônio/Setor Pontal Sul II. IV E: 681.900

N: 8.142.071 43 Ravina Setor Pontal Sul II II E: 682.672

N: 8.141.650 44 Solapamento Margem do Córrego Santo.

Antônio/Entre os Setores Morada dos Pássaros e Veiga Jardim III

III E: 682.688

N: 8.142.365

45 Voçoroca Al. Dona Rosalina c/ Córrego Santo. Antônio. III E: 683.172

N: 8.142.588 46 Solapamento Margem do Córrego Santo

Antônio – Ponte entre setores Veiga Jardim II e Industrial Santo Antônio.

III E: 684.140

N: 8.142.867

47 Ravina Av. São João/Parque Sta Cecília. II E: 685.599

N: 8.144.993 48 Voçoroca Av. Odorico Neri/Setor Vila

Maria. IV E: 687.291 N: 8.144.310

49 Ravina Rua Gonçalo B. Lima c/ Joaquim R. Filho – Setor Vila Maria.

II E: 687.342

N: 8.145.211

50 Ravina/ Voçoroca

Rua Gonçalo B. Lima – Setor Vila Maria. III E: 687.247

N: 8.145.096 51 Ravina Jerônimo Melo Cabral. II E: 687.019

N: 8.145.142 52 Solapamento Passagem do Anel Viário sobre

o Córrego Santo Antônio. III E: 685.540 N: 8.143.409

53 Ravina Av. Joaquim E. Camargo – Setor Ind. Santo Antônio. II E: 684.674

N: 8.141.971 54 Solapamento Santo Antônio. III E: 685.858

N: 8.143.624 55 Solapamento Córrego Santo Antônio. III E: 684.946

N: 8.144.157 56 Ravina Ao lado da Rua Teodoro da

Silva Neiva – Parque Tiradentes.

III E: 690.395

N: 8.146.958

57 Solapamento e Voçoroca

Ao lado da Rua Teodoro da Silva Neiva – Parque Tiradentes.

IV E: 690.397

N: 8.146.997

56

Quadro 4.1 Cadastro e classificação dos processos erosivos no Município de Aparecida de Goiânia (cont.). Nº

EROSÃO TIPO LOCAL GRAU COORDENADAS

58 Ravina/Voçoroca Rua Vasco dos Reis – Jardim Tiradentes. IV E: 690.647

N: 8.146.657

59 Solapamento Margem esquerda do Córrego São Nicolau – Setor Sta Luzia. III E: 690.110

N: 8.145.932

60 Solapamento Chácara - Margem do Córrego São Nicolau – Setor Sta Luzia. IV E: 690.016

N: 8.145.689

61 Solapamento Margem do Córrego Santo

Antônio – Final da Al. B 1 – Setor Chac. São Pedro.

IV E: 688.483 N: 8.145.821

62 Ravina Rua Aymorés – St DIMAG. III E: 689.704 N: 8.140.015

63 Ravina Setor Industrial. III E: 690.551 N: 8.140.091

64 Solapamento/ Voçoroca

Margem do Ribeirão das Lajes. IV E: 686.712 N: 8.136.306

65 Voçoroca/ Anfiteatro/ Creeps

Margem da BR – 153 / divisa do Setor Rosa dos Ventos com Jardim Tiradentes.

IV

66 Voçoroca Na margem direita do córrego

da lagoa, no bairro Buenos Aires.

IV 693.198 8.141.519

67 Solapamento Av. W, Setor Mansões Paraíso,

fica de frente a quadra 80 na margem do Rio Tamanduá.

IV E: 683.371 N: 8144713

68

Solapamento Na rua Primária 2, Distrito Agroindustrial Agropecuário de Aparecida de Goiânia (DAIAG) em frente a margem do córrego da lagoa.

IV E: 691066 N: 8139982

69 Ravina Divisa do Jd. Esplanada com

Residencial Vilage Garavelo, primeira etapa próximo da margem do córrego do açude.

III E: 686710 N: 8140541

70 Ravina Na referência 69, do outro

lado da margem do córrego do açude, do lado de um reservatório.

II E: 686916 N: 8140445

71 Misto No fundo do CEL-OAB, na

margem do córrego do açude. IV E: 686927 N: 8140776

72 Voçoroca / Ravina

Pq. Industrial Vice Presidente José Alencar, no córrego da lagoa.

IV E: 689987 N: 8139767

73 Ravina Pq. Industrial Vice Presidente

José Alencar, do lado da referência 72.

II E: 690109 N: 8139773

74 Misto

Do lado da referência 68. IV E: 6901066 N: 8139982

75 Solapamento Divisa do loteamento DAIAG

com área rural, do lado de uma lagoa, margeando o córrego da lagoa.

III E: 692037 N: 8140686

76 Solapamento

Do lado da referência 75 IV E: 692194 N: 8140606

77 Solapamento Afluente que deságua no

córrego do Galhardo, que faz divisa do jardim dos Girassóis com a área rural.

III E: 684740 N: 8137746

57

Quadro 4.1 Cadastro e classificação dos processos erosivos no Município de Aparecida de Goiânia (cont.). Nº

EROSÃO TIPO LOCAL GRAU COORDENADAS

78 Solapamento Abaixo da referencia 77, no

córrego Galhardo. IV E: 685060 N: 8137420

79 Misto

Na margem da BR-153, entre o bairro Vera Cruz e Loteamento Retiro do Bosque na nascente do córrego Cortado.

IV E: 687398 N: 8138175

80 Ravina Na mesma região das referências 74 e 75. II E: 692063

N: 8140585

81 Sulco Área rural do município de

Aparecida de Goiânia, na margem do córrego das Lajes.

I E: 681865 N: 8135446

82 Sulco Área rural do município de

Aparecida de Goiânia, na margem do córrego das Lajes.

I E: 681813 N: 8136144

83 Sulco Área rural do município de

Aparecida de Goiânia, na margem do córrego das Lajes.

I E: 681657 N: 8135937

84 Solapamento Loteamento Expansul com

Divisa com jardim das Acácias.

II E: 688055 N: 8139672

85

Ravina Divisa dos setores Parque das Nações com o Jardim Florença, fica no afluente que deságua no córrego Sto. Antônio.

III E: 680019 N: 8140940

86 Ravina Córrego Galhardo, bairro dos Estados. III E:682881

N: 8138164

87 Solapamento Córrego Santo Antônio, ao lado do setor Oliveira. IV E: 682153

N: 8141991

88 Voçoroca No córrego Pedro de Amolar

divisa dos setores Independência com das Mansões e Riviera.

III E: 680798 N: 8138623

89 Misto No residencial Garavelo, na

margem do córrego Tamanduá.

IV E: 677576 N: 8145648

90 Solapamento Margeando o córrego do

Almeida no bairro dos Buritis divisa com a chácara São Pedro.

II E: 689042 N: 8145570

91 Ravina No cruzamento da rua Macuri

com a rua 26 no residencial Guanabara.

II E: 682761 N: 8139820

92 Misto Acima do residencial Solar

Central Park, na margem do córrego Saltador.

II E: 685522 N: 8140677

93 Voçoroca Do lado da referencia 92. III E: 685472

N: 8140779

94 Ravina Abaixo da referencia 92. II E: 685522 N: 8140677

95 Sulco Chacara Boa Nova, rua 1

perto da margem do córrego do local.

I E: 677735 N: 8137281

96 Sulco Abaixo da referência 94. I E: 678130 N: 8136742

Das erosões mapeadas, 27 foram formadas por solapamento (41,5%), 4 por processos mistos

(6,1% fluxo concentrado e solapamento), e 34 por concentração de fluxo (52,4%). De acordo com

58

cada tipo específico classificado a distribuição numérica é: sulcos 03 (4,6%); ravinas 18 (27,7%);

voçorocas 06 (9,2%) e mistos: (16,9%) considerando como mistos sulco/ravina 03 (4,6%);

ravina/voçoroca 04 (6,15%); ravina/solapamento 01 (1,5%) e voçoroca/solapamento 03 (4,6%).

4.1.5.2 Fatores ativos de erosão – diagnóstico e prognóstico

Foram identificados três fatores ativos de erosão, quais sejam: i) concentração de fluxo

pluvial; ii) fluxo fluvial com solapamento das margens e os iii) mistos, onde foi identificada a

conjugação da concentração do fluxo das águas pluviais com o fluxo fluvial. Desse modo foi possível

estabelecer um diagnóstico e um prognóstico para os processos instalados.

Diagnóstico:

i. Concentração do Fluxo Pluvial: os processos erosivos observados estão associados a uma

interação de fatores como a declividade do terreno (5-10%) (Fotos 4.57 e 4.58); a natureza

dos solos (latossolos vermelhos e vermelho amarelado, com textura areno-argilosa e solos

quartzo-arênicos são mais suscetíveis à erosão mesmo em áreas planas – também solos

coluviais mesmo em regiões de baixa declividade <5%) (Foto 4.59) e a ocupação de áreas de

meia encosta próximas dos fundos de vale (Foto 4.60);

ii. Fluvial: os processos erosivos observados estão associados ao desmatamento das margens e

encostas (Foto 6.26); a ocupação indevida de APP’s (Foto 4.61) e à natureza dos solos que

compõem as margens, em geral argilosos cinza, com manchas de turfa preta, frágeis,

observados principalmente nas margens dos córregos Santo Antônio e Tamanduá (Foto

4.62).

Foto 4.57: Voçoroca em processo de crescimento, localizada em frente à Igreja de Santa Bárbara no residencial Cândida de Queiroz.

59

Foto 4.58: Ravina no Setor Cândida de Queiroz transversal à voçoroca da imagem anterior.

Foto 4.59: Ocorrência de erosão em zona baixa declividade com solo arenoso – Jardim- dos Ipês.

60

Foto 4.60: Região de fundo de vale – APP – solapamento da margem do córrego Santo Antônio.

Foto 4.61: Erosão das margens ocasionada pelo desmatamento e ocupação das margens.

61

Foto 4.62: Solapamento observado na margem do córrego Santo Antônio com queda do muro da propriedade.

Foto 4.63: Material turfáceo observado nas margens do córrego Santo Antônio em propriedade situada na

Avenida do Ouro.

62

Prognóstico:

i. Sulcos/Ravinas e Voçorocas: são processos em progressão com perspectivas evolutivas

desfavoráveis (Foto 4.64).

ii. Solapamentos: da mesma forma, estão em evolução com perspectivas desfavoráveis com

aumento da extensão das áreas de ocorrência (Foto 4.65).

iii. Na região de algumas cabeceiras de drenagens, a ocorrência de pontos de ruptura em

semicírculo (creeps) é indicativa de escorregamento de massas subterrâneo, ocasionadas

pela saturação do maciço e que tem como consequência a perda da estabilidade do mesmo,

com o aumento progressivo da área de ocorrência (Foto 4.66).

Foto 4.64 Voçoroca observada na Avenida do Ouro c/ córrego Santo Antônio.

Foto 4.65: Processo de solapamento e tentativa sem sucesso de sua contenção com entulhos.

63

Foto 4.66: Formação de estruturas tipo “creep”, com rompimento e queda do maciço, observada na cabeceira

de uma drenagem afluente do Ribeirão das Lajes – Jardim Tiradentes.

4.1.6 Características geoambientais

4.1.6.1 Litologia

A correlação entre as unidades geológicas e os processos erosivos mapeados permite

estabelecer que 58,5% ocorrem no domínio do Grupo Araxá Sul de Goiás, e 41,5% ocorrem nas

baixadas onde são observados solos argilosos de várzeas, por vezes turfáceos (Foto 4.67).

Foto 4.67: Ocorrência de Material turfáceo frágil com desenvolvimento de erosão por solapamento – zona

rural ribeirão das Lajes.

64

Das erosões cadastradas no Grupo Araxá Sul de Goiás, 95,4% ocorrem na Subunidade C

(predomínio de micaxistoss) e 4,6% na Subunidade D (predomínio de quartzitos). Considerando que

as coberturas arenosas derivadas dos quartzitos sejam mais suscetíveis a processos erosivos que as

coberturas argilo-arenosas derivadas dos micaxistoss, os números acima são contraditórios.

Entretanto, dois fatores parecem interferir nesses números: i) a densidade populacional e ii)

intervenções como a abertura de ruas sem construção de galerias pluviais, ou mesmo quando

existem estão aparentemente subdimensionadas.

No caso específico das coberturas arenosas, a sua fragilidade fica evidente quando se

observa no local qualquer processo de intervenção, como pode ser visto no Jardim dos Ipês, onde se

há uma ravina de grau III, em evolução (Foto 4.68). É previsível que esta unidade de solo apresente a

intensificação dos processos erosivos com o aumento da taxa de ocupação, ou mesmo, quando da

construção de obras civis, uma vez que em tese estes solos são mais frágeis geotecnicamente.

Foto 4.68: Erosão por concentração de fluxo em terreno arenosos com declividade < 5%.

4.1.6.2 Solos

Existe, de uma forma generalizada no município, o predomínio de latossolos vermelhos e

latossolos vermelho-amarelados, que refletem teores diferentes de óxido de ferro e alumínio.

Localmente são observadas concentrações de lateritas que formam cascalhos finos a médios e que

são reflexo do processo de enriquecimento de ferro no local (Foto 4.69).

65

Foto 4.69: Ocorrência de cascalho laterítico em exploração clandestina próximo ao Jardim Tiradentes.

Também é digna de nota, a ocorrência de manchas de solos líticos quartzosos, constituídos

por fragmentos angulosos de quartzo derivado da desagregação mecânica dos veios de quartzo

encontrados no micaxisto. Entretanto, tanto estas manchas de solos líticos quartzosos, quanto às

zonas lateríticas são difíceis de serem individualizadas em razão da ocupação urbana.

Os latossolos têm seu domínio associado à Subunidade C do Grupo Araxá que é constituída

dominantemente por micaxistos e, a sua área de ocorrência abrange as folhas AP-NE, AP-NO e AP-SE

onde ocorrem mais de 52% dos processos erosivos instalados.

Outra unidade de solo importante é a que ocorre no entorno da Serra das Areias, na folha

AP-SO, e tem como origem o desgaste físico dos quartzitos que compõem a serra, formando

depósitos coluviais nas encostas, ou mesmo, depósitos eluviais quartzo-arênicos. Estes solos são

frágeis do ponto de vista geotécnico e bastante suscetíveis a processos erosivos. Entretanto, apenas

três erosões foram cadastradas nesta unidade, sendo a mais importante delas observada no Jardim

dos Ipês (Foto 4.70). Neste local, apesar do relevo ser quase plano e a declividade menor que 5% os

processos erosivos verificados são importantes.

66

Foto 4.70: Erosão por ravinamento observada no Jardim dos Ipês – Folha AP – SO.

4.1.6.3 A origem dos processos erosivos

A análise dos processos cadastrados, associada com as informações geológicas, pedológicas e

geomorfológicas permite estabelecer três origens para as erosões mapeadas: i) a concentração do

fluxo superficial em áreas não pavimentadas; ii) o subdimensionamento de galerias e bueiros, ou

mesmo projetos mal elaborados e iii) a ocupação indevida das áreas de margens, com a retirada da

mata ciliar ou outra.

As erosões causadas por concentração do fluxo pluvial são em maior número que as demais.

A consequência natural desse processo é a ocorrência de sulcos, com evolução para ravinas e

voçorocas como a observada na Rua Albatroz com a Avenida Rio Branco no Jardim Veneza (Foto

4.71). Nota-se que, nestes locais, as vias não são pavimentadas e que as erosões ocorrem mesmo em

trechos de baixa declividade.

O subdimensionamento de bueiros é uma das causas dos processos erosivos mapeados e, em

dois pontos, foi também responsável pelo rompimento do pavimento como observado no final da

Rua 15 E – Parque Ecológico Tamanduá (Foto 4.72) e na passagem do Anel Viário sobre o córrego

Santo Antônio, onde houve a interdição de uma das pistas (Foto 4.73). Nos locais os prejuízos são

evidentes, tanto para a população quanto para o poder público, além da questão de segurança para

pessoas e veículos que circulam nestas áreas (Foto 4.74).

67

Foto 4.71: Voçoroca em processo de crescimento observada na Rua Albatroz - Jardim Veneza.

Foto 4.72: Processo erosivo de grandes proporções observado na região do Parque Ecológico do Tamanduá.

68

Foto 4.73: Rompimento circular do maciço (creep) causado pela erosão por solapamento e ravinamento – Anel Viário sobre o córrego Santo Antônio.

Foto 4.74: Moradora da região se equilibrando numa estreita passagem improvisada no local da erosão do Parque Ecológico do Tamanduá.

69

A ocorrência de solapamentos é muito comum e a causa principal é o avanço das

intervenções humanas com a ocupação indevida de áreas, como fundos de vale e encostas, que

deveriam ser preservadas (Foto 4.75). Este processo de ocupação foi acompanhado pelo

desmatamento da mata ciliar o que, associado com o aumento do escoamento superficial, provocou

uma sobrecarga no leito das drenagens trazendo mais sedimentos e, como consequência, o

assoreamento dos canais com a formação de barreiras que redirecionam o fluxo em direção às

margens desprotegidas causando o solapamento (Foto 4.76).

Foto 4.75: Erosão por solapamento das margens observada próximo das nascentes do córrego Tamanduá.

Foto 4.76: Assoreamento do leito do córrego Santo Antônio por detritos da construção civil com desvio das águas para margem oposta gerando solapamento.

70

Os córregos Santo Antônio e Tamanduá são aqueles onde as margens estão mais afetadas

pelo processo e a rigor, quando se considera um ponto com solapamento, na maioria das vezes a sua

extensão linear atinge dezenas, ou até, centena de metros.

4.1.6.4 Prejuízos socioeconômicos

É inquestionável que os processos erosivos causem prejuízos tanto sociais quanto

econômicos. No levantamento de campo foram flagradas várias situações de desconforto e

segurança para as comunidades afetadas. Foi observado que a interligação entre alguns os setores é

realizada através de passarelas, as quais muitas vezes estão comprometidas pelo processo de

solapamento (Foto 4.77), inclusive com a interrupção em alguma das cabeceiras o que dificulta ou

impede a passagem das pessoas (Foto 4.78).

Foto 4.77: Rompimento da cabeça da passarela sobre o córrego Itapuã, afluente do córrego Santo Antônio na região do Setor Morada dos Pássaros.

71

Foto 4.78 Retorno das pessoas às suas casas, dificultado pelo rompimento da cabeceira da passarela.

Além dos prejuízos de ordem social, são inúmeros os casos de prejuízos financeiros, tanto

para o poder público, como para a iniciativa privada. Em vários locais estas perdas são evidentes e

muitas das vezes irremediáveis, como é o caso observado nas margens do córrego Santo Antônio,

onde o solapamento consumiu parte da propriedade situada na Avenida Córrego do Ouro, onde

existe uma plantação de hortaliças (Foto 4.79). Nesse local durante o cadastramento do ponto houve

o desabamento de uma parte do talude, no momento exato que se tomava a coordenada do ponto

(Foto 4.80).

Foto 4.79: Perda de parte da propriedade pela erosão observada numa chácara situada na Avenida Córrego do Ouro nas margens do córrego Santo Antônio.

72

Foto 4.80: Queda de talude ocorrida por solapamento durante o levantamento de campo no mesmo local da imagem anterior, indicando que o processo está em evolução.

Na erosão observada no final do Parque Ecológico do Tamanduá são visíveis os prejuízos,

com rompimento da via, das tubulações de água e galerias pluviais, além do comprometimento da

rede de energia (Foto 4.81). Além disso, existe o risco à segurança e integridade física das pessoas,

obrigadas a passar por uma estreita faixa de terreno de pouco mais que 0,5m de largura, de um lado

ao outro da via (Foto 4.82).

Foto 4.81 Erosão no Parque Ecológico do Tamanduá onde são visíveis os prejuízos, com rompimento da via, das

tubulações de água e galerias pluviais, além do comprometimento da rede de energia.

73

Foto 4.82: Área de risco à segurança e integridade física das pessoas que são obrigadas a passar por uma

estreita faixa de terreno de pouco mais que 0,5m de largura.

6.1.6.5 Medidas corretivas adotadas

Na maioria das vezes, a medida mais adotada é o entulhamento das erosões com resíduos de

construção civil (Foto 4.83), ou ainda, com resíduos de materiais de podas de árvores (Foto 4.84). O

resultado dessa prática inadequada é que, nas chuvas, esse material é conduzido para jusante,

gerando em seu percurso, atrito com o fundo da boçoroca, ou do leito da drenagem, ajudando a

intensificar o processo erosivo, a provocar o assoreamento das drenagens por resíduos de

construção e também, o desgaste das margens pelo carreamento de materiais, como grandes

troncos, resíduos plásticos etc., que entulham as passagens de nível, bueiros e vãos de pontes,

provocando enchentes à montante.

Na Rua Vasco dos Reis – Jardim Tiradentes, a tentativa de corrigir uma ravina/voçoroca com

entulhos provocou a formação de pequenas bacias com acumulação de água que se tornaram

criatórios do mosquito da dengue “Aedes aegiypti” (Foto 4.85) com evidentes riscos à saúde pública.

Portanto, esta prática danosa traz sérias consequências para o meio ambiente, para a saúde

das pessoas e para os cofres públicos. Como o local preferido para o despejo desse material

normalmente é a cabeceira da erosão, justamente onde os processos erosivos são mais acelerados,

essa ação frequentemente danifica as vias públicas ou provoca outros estragos.

74

Foto 4.83: Detalhe do processo de entulhamento das erosões com resíduos de construção civil observado na Rua Vasco dos Reis no Jardim Tiradentes.

Foto 4.84: Resíduos de materiais de podas de árvores utilizados no entulhamento de erosões.

75

Foto 4.85: Formação de pequenas bacias com acumulação de água que se tornaram criatórios do mosquito da

dengue “Aedes aegiypti”.

4.1.7 Hidrogeologia

O mapa hidrogeológico foi elaborado a partir das informações do mapa geológico da Folha

Goiânia – SE.22–X–B-IV do PLGB-CPRM – e outras informações geológicas do substrato rochoso

obtidas nos afloramentos de rocha estudados, onde foram definidas as direções de fraturamento,

conjugadas com a interpretação estrutural das imagens da área. Neste trabalho foi desconsiderado o

aquífero de domínio poroso superficial, ou freático, levando em conta que este é simplesmente um

meio de transição para abastecimento do sistema hidrológico subsuperficial ou os aquíferos do

domínio fraturado subterrâneo.

Neste mapa, a integração dos aspectos estruturais com a geologia permitiram elaborar o

mapa hidrogeológico para o Município e Aparecida de Goiânia, onde são definidos dois sistemas

aquíferos com duas zonas de potencial para aquíferos de porosidade secundária do tipo fissural,

sendo uma de caráter linear, que em geral são coincidentes com as principais drenagens e apresenta

potencial médio a alto para este tipo de aquífero e, outra, no restante da área de potencial médio a

baixo.

Os dois domínios identificados fazem parte do “Sistema Aquífero do Araxá Sul de Goiás

(SASG)”, que pode ser subdividido em Subsistema Aquífero Unidade C do Grupo Araxá Sul (SASGUC)

de Goiás e Subsistema Aquífero Unidade D do Grupo Araxá Sul de Goiás (SASGUD), que apresentam

poços com vazões variadas atingindo até 90.000l/h.

76

4.1.7.1 Subsistema Aquífero Unidade C do Grupo Araxá Sul (SASUC)

Este domínio é constituído por uma zona geológica onde predominam micaxistoss, que

constituem o substrato rochoso das folhas AP-NO, AP-NE e AP-SE.

Estes micaxistoss de forma geral são aquífugos, ou seja, não têm capacidade de armazenar

água e, e sua área de ocorrência abrange grande parte das folhas AP-NO e AP-NE. No entanto, estas

rochas quando fraturadas podem acumular água nos vazios entre as fraturas e constituir aquíferos

de porosidade secundária, o que pode ser observado nas três folhas citadas (Foto 4.86).

Um aspecto estrutural a ser considerado e que interfere na potencialidade é o tipo de

fraturamento, assim como as direções dos fraturamentos. As fraturas de extensão e alívio

apresentam comportamento aquífero diferente das zonas de cisalhamento, que tendem a

apresentar um potencial de acumulação maior que essas (Foto 4.87).

Nas folhas AP-NO e AP-NE, a zona de cisalhamento do córrego Santo Antônio constitui uma

zona aquífera de alto potencial onde inclusive foram perfurados alguns poços pela SANEAGO (Foto

4.88). Na folha AP-SE existe uma zona de potencial aquífero médio, especificamente na zona do

interflúvio da margem direita do córrego Grande, onde sistemas de falhas de direções NE e NW que

se cruzam formam uma zona de bom potencial aquífero.

Foto 4.86: Exposição de micaxistos observada no Setor Veiga Jardim III, onde se vê sistema de fratura ortogonal, que teóricamente são aquíferas.

77

Foto 4.87: Afloramento de micaxistos com fratura observado no leito do Córrego Triunfo.

Foto 4.88: Poço surgente e não aproveitado perfurado no sistema de fraturas da Unidade C do Grupo Araxá.

Outra zona de alto potencial teórico é observada na folha AP-NE, no encontro dos córregos

Santo Antônio e Tamanduá, onde a zona de cisalhamento do Santo Antônio cruza com falhas de

direção NW.

4.1.7.2 Subsistema Aquífero Unidade D do Grupo Araxá Sul (SASGUD)

Este domínio é constituído por uma zona geológica onde predominam quartzitos e quartzitos

micáceos, que formam o substrato rochoso das folhas AP-SO que, em termos geográficos,

corresponde a Serra das Areias (Foto 4.89).

78

Estes quartzitos em geral são aquífugos, ou seja, assim como os micaxistoss não têm

capacidade de armazenar água. No entanto, estas rochas têm comportamento mecânico mais rígido

e tendem a apresentar sistemas ortogonais de fraturas (Foto 4.90), que podem acumular água nos

vazios entre elas e constituir aquíferos de porosidade secundária de potencial médio a alto.

Esta natureza mecânica dos quartzitos interfere na potencialidade aquífera dessas rochas,

pois as fraturas de alívio formadas, em geral são abertas e têm potencial maior que aquelas

formadas em outras rochas. Deve ser ressaltado que a Serra das Areias, pelas suas características

geo-estruturais, constitui-se numa potencial zona de recarga para os aquíferos da região de

Aparecida de Goiânia.

Foto 4.89: Afloramento de quartzito com sistemas de fraturas observado na Serra das Areias.

Foto 4.90: Afloramento de quartzito com sistema de fraturas ortogonais observado na região do Setor Jardim Tiradentes.

79

4.1.7.3 Diagnóstico a partir dos aspectos hidrogeológicos

Embora não se tenha executado um levantamento sobre os poços perfurados na região

abrangida pelo município de Aparecida, durante os trabalhos de campo foram observados vários

poços perfurados e explorados pela SANEAGO. A maioria desses poços esta situada no Subsistema

Araxá Sul de Goiás – Unidade D (SASGUD), que de fato tem maior potencial (Foto 4.91).

Foto 4.91: Poço perfurado em região de domínio de quartzitos na região do Setor Jardim Tiradentes.

Informações obtidas na SANEAGO dão conta que algum desses poços, principalmente

aqueles do Sistema Madre Germana II apresentam queda de vazão. Esta queda de vazão pode estar

relacionada com exploração excessiva do sistema aquífero, ou a recarga esteja sendo insuficiente.

Uma das possibilidades do comprometimento recarga é o processo de ocupação urbana, que

é um fator negativo quando se pensa na necessidade de manter a capacidade de infiltração das

águas superficiais como abastecedora desses aquíferos.

Além do processo de ocupação urbana, o lançamento indiscriminado de efluentes

domésticos e industriais no leito das drenagens citadas, tende a comprometer a qualidade e a

quantidade hídrica disponível desses aquíferos, que devem ser considerados como reservas

estratégicas.

As nascentes dos córregos Tamanduá e Santo Antônio são exemplos de zonas de tensão

ecológica e que apresentam risco de poluição ou mesmo de redução da recarga com a consequente

80

redução de vazões nos poços perfurados, em razão do processo ocupacional que compromete o

processo de infiltração e recarga dos aquíferos da região.

Portanto, entre os riscos potenciais para os aquíferos observados nas folhas AP-NO e AP-NE

estão, a redução da recarga dos aquíferos fissurais mais profundos e a sua poluição por esgotos

domésticos. A redução da recarga pode ocorrer pela diminuição das taxas de infiltração,

principalmente nas áreas situadas à montante das drenagens, que teoricamente são contribuintes do

sistema hídrico subterrâneo, em razão do aumento da taxa de ocupação e impermeabilização dos

solos.

Quanto ao risco de contaminação destes aquíferos por esgotos domésticos, o problema é

real, uma vez que na região de Aparecida de Goiânia estes são lançados de forma indiscriminada nas

drenagens que compõem o sistema hídrico superficial, que em tese é contribuinte do sistema

subterrâneo.

A folha AP-SO, onde se localiza a Serra das Areias e que abriga o Subsistema Araxá Sul –

Unidade D (SASGUD) que tem o maior potencial hidrogeológico é a mais suscetível a riscos de

contaminação, em função da rápida expansão do processo de ocupação urbana hoje em curso.

Entretanto, como se trata de área de preservação o prognóstico para esta área é positivo, desde que

sejam mantidas as atuais condições.

Com relação à exploração desses aquíferos, os administradores municipais devem buscar

alternativas de abastecimento que não seja unicamente a perfuração de poços profundos para

abastecer setores, pois os sistemas hidrogeológicos subterrâneos são limitados e os seus recursos

devem ser vistos como reserva estratégica.

4.1.8 Hidrografia, hidrologia e dinâmica fluvial

O Município de Aparecida de Goiânia que é limitado pelos cursos d’água rio Meia Ponte,

córrego das Lajes, rio Dourados e córrego Rodeio, tem como principais bacias hidrográficas, dentro

do seu território, a do córrego Santo Antônio e do córrego das Lajes, as quais deságuam no rio Meia

Ponte pela margem direita.

No Município não existem séries históricas com mais de 10 anos de dados chuvas e de

vazões, pois não existem estações pluviométricas para coleta de altura de chuva e estação

fluviométrica para coleta de dados de variações de níveis d’água e de vazão, exceto uma estação

fluviométrica já extinta, instalada a jusante da parte urbana da cidade, no córrego Santo Antônio,

81

próximo à confluência com o rio Meia Ponte, a qual pertenceu ao antigo Departamento Nacional de

Águas e Energia Elétrica (DNAEE) e foi operada no período de 1984 a 1992.

Em visita de campo, verificou-se a necessidade de proteção das nascentes e das partes altas

dos tributários formadores dos principais cursos de água, objetivando reduzir os impactos ambientais

em relação à deterioração dos corpos de águas e os impactos na dinâmica fluvial a jusante devido ao

aumento das enchentes e carreamento de sedimentos, que provocam alterações no canal e no raio

hidráulico dos mananciais.

Segundo Tucci (1995), as enchentes em áreas urbanas são consequência de dois processos

que ocorrem isoladamente ou de forma integrada:

a) Enchentes em áreas ribeirinhas — as enchentes naturais que atingem a população que

ocupa os leitos dos rios por falta de planejamento do uso do solo. Essas enchentes ocorrem,

principalmente, pelo processo natural no qual o rio ocupa o seu leito maior, de acordo com os

eventos chuvosos extremos, em média com tempo de retorno superior a dois anos, e normalmente,

ocorre em bacias grandes, maiores que 1.000 km².

b) Enchentes devido à urbanização — com o desenvolvimento urbano ocorre a

impermeabilização do solo através de telhados, ruas, calçadas e pátios, entre outros. Dessa forma, a

parcela da água que infiltra passa a escoar pelos condutos, aumentando o escoamento superficial.

Este é o processo que mais se verifica na área urbana em Aparecida de Goiânia.

Estudos hidrológicos, como de pluviosidade, fluviométricos e de evolução da dinâmica fluvial

dos cursos de água, que visem indicar as probabilidades de inundações em áreas urbanas e indicar

parâmetros para dimensionamento de obras hidráulicas, são imprescindíveis nos levantamentos do

meio físico para prestar informações para planos diretores, projetos de gestão ambiental e para

caracterização de áreas de risco e vulnerabilidade fisico-ambiental. Neste caso as séries históricas de

dados de chuva, vazão e variação de níveis de água serão analisadas estatisticamente para a

caracterização de eventos extremos em termos de magnitudes e frequência de ocorrência.

Segundo Christofoletti (1981), o escoamento dos canais fluviais apresenta diversas

características dinâmicas, que se tornam responsáveis pelas qualidades atribuídas aos processos

pluviais. A dinâmica do escoamento, no que se refere à perspectiva geomorfológica, ganha

significância na atuação exercida pela água sobre os sedimentos do leito fluvial, no transporte dos

sedimentos, nos mecanismos deposicionais e na esculturação da topografia do leito.

Os cursos de água transportam escoamento concentrados com superfície livre advindos de

precipitações pluviais ou da contribuição de águas do lençol freático. Dessa maneira, as calhas dos

cursos de água servem como canais naturais para drenagem de uma bacia hidrográfica e recebem ao

mesmo tempo sedimentos da própria rocha do leito e por intervenção humana. 82

Segundo Silva et al (2007), em seu estado natural, a forma de equilíbrio de um rio tende a

justar-se a uma conformação geométrica que é função dos seguintes fatores condicionantes:

i. A sequencia de vazões líquidas impostas pelo processo chuva-vazão na bacia

hidrográfica.

ii. A sequencia de vazões sólidas provenientes da bacia e do próprio leito.

iii. A susceptibilidade de suas margens aos processos de erosão ou deposição de

sedimentos.

As alterações bruscas ou gradativas destes fatores modificam a dinâmica fluvial do curso de

água, alterando o seu curso normal, o raio hidráulico, o leito, a seção transversal e as magnitudes das

vazões naturais.

4.1.8.1 Seleções de dados hidrológicos, análise e tratamento dos dados

Foram coletados dados de chuva, vazões, climatológicos e de sedimentos das estações da

Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e da Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com séries históricas de mais de 20 anos. Após a

seleção de dados, foi feita uma análise dos mesmos, com objetivo de verificar erros grosseiros, falhas

de observações, e em seguida, fazer as devidas correções e preenchimento das falhas.

4.1.8.2 Cálculos estatísticos com base nas séries históricas dos dados analisados

Para os cálculos estatísticos para determinação dos períodos de retorno, adotou-se o

método de Ven te Chow e o coeficiente de Weise e Reid, utilizando a média e o desvio padrão das

amostras.

4.1.8.3 Trabalhos de campo para reconhecimento das bacias

Nesta etapa foram verificados os problemas de erosões, de sedimentos carreados pela chuva

para os cursos de água, as instabilidades das margens dos córregos, as impermeabilidades dos solos

das microbacias e os lixos e entulhos nas margens e dentro dos córregos.

Foram realizadas medições de vazões em alguns cursos de água com a finalidade de verificar

a influência da impermeabilização e da não infiltração da água da chuva nas bacias urbanas. Os

resultados das medições foram comparados com as vazões específicas de cursos de água da bacia

83

hidrográfica do Rio Meia Ponte, onde ainda a região conserva, em parte, o seu estado natural, com

vegetação, matas ciliares e bons índices de permeabilidade.

4.1.8.4 Principais bacias hidrográficas

Para este estudo considerou-se como principais as seguintes bacias hidrográficas que

pertencem ou interferem no Município: Grande Meia Ponte, do Dourados, das Lajes, Santo Antônio.

E como microbacias do Santo Antônio, as seguintes: Saltador, Tamanduá, Almeida e da Lagoa. Como

microbacias do Dourados as seguintes: Saco Feio, da Mata e dos afluentes do Dourados.

Em algumas bacias e microbacias pode-se verificar a alteração na dinâmica fluvial dos

córregos, com a modificação da velocidade da correnteza, desmoronamento dos barrancos e

carreamento de sedimentos. Cita-se como exemplos o córrego Tamanduá nas coordenadas UTM

aproximadas: 8146136N e 677339E, próximo ao cruzamento das suas 15E e 3E no setor Garavelo

Residencial Park, onde há grande erosão que provocou a destruição de uma ponte, devido

principalmente a força das águas de chuva que são canalizadas para o local sem um dispositivo para

dissipação de energia. Neste local e a jusante, o risco de grande inundação ainda é baixo, devido

principalmente as inclinações das margens.

Outro exemplo que pode ser citado é do córrego João Miranda, que deságua no Rio

Dourados. Observou-se no local de coordenadas UTM aproximadas: 8142642N e 677293E, próxima a

quadra 08 da rua Alameda das Campinas no setor Goiânia Park Sul, grande concentração de

sedimentos, modificando a calha do córrego, porém, ainda não contribui para inundações nas

proximidades.

No setor Cidade Satélite São Luiz verifica-se também grandes erosões e deposição de

sedimentos provocados pelas cheias do córrego Tamanduá.

Em relação à área inundada, destacam-se as inundações que ocorrem no Jardim Paraíso, na

Vila Maria e na BR 153, decorrente do transbordamento do córrego Santo Antônio, principalmente

na região das chácaras das ruas Niterói e Dr. Daniel Viana.

Três importantes fatores contribuem para essas inundações:

1. A acentuada declividade das ruas da Vila Maria na direção do córrego Santo Antônio;

2. O impacto da correnteza na confluência do córrego Saltador com o córrego Santo

Antônio;

3. O bueiro no córrego Santo Antônio na BR 153, o qual deve ser redimensionado o seu vão

hidráulico, para dar maior vazão em épocas de cheias.

84

4.1.8.5 Características físicas das principais bacias hidrográficas

As características físicas de uma bacia hidrográfica são elementos que dão noção do

comportamento hidrológico da mesma. Esses elementos físicos, que podem ser considerados flúvio-

morfológicos constituem a mais conveniente possibilidade de conhecer a variação no espaço dos

elementos do regime hidrológico e a dinâmica fluvial dos cursos de água.

Funciona a bacia de drenagem como coletor de águas pluviais, recolhendo-as e conduzindo-

as, como escoamento, ao exutório. É assim que o relevo, a forma, a rede de drenagem, a declividade,

a cobertura vegetal e a natureza do solo da bacia condicionarão, no espaço e no tempo, a relação

precipitação-vazão nos cursos de água.

Para este estudo foram determinadas as características de bacias e microbacias que tem

maior interesse para o Município em relação à dinâmica fluvial.

Foram calculadas as seguintes características físicas:

• Perímetro — contorno que delimita a bacia — P.

• Área de drenagem — área delimitada pelos divisores topográficos — A

• Coeficiente de compacidade — relação entre o perímetro da bacia e a circunferência de

um círculo de área igual à bacia. Um coeficiente igual à unidade corresponderia a uma bacia circular,

sendo maior o perigo de enchentes. Portanto, quanto mais próximo de 1, maior o risco de enchentes

— Kc.

• Fator de forma — relação entre a largura média e o comprimento da bacia. Um valor baixo

demonstra que a bacia é menos sujeita às enchentes que outra do mesmo tamanho, porém com

maior fator de forma. A forma da bacia vertente tem grande importância no escoamento e, portanto,

no hidrograma resultante, sento estreita e alongada comportar-se-á de maneira diversa do que fosse

compacta e arredondada — kf.

• Densidade de drenagem — relação entre o comprimento total dos cursos de água e a área

de drenagem da bacia, indica o grau de sistema de drenagem. A densidade de drenagem varia

inversamente com a extensão do escoamento superficial. A densidade de drenagem varia de 0,5

km/km2, pra bacias com drenagem pobre, a 3,5 km/km2 ou mais, para bacias bem drenadas — Dd.

• Índice de circularidade – relação entre a área da bacia e a área do círculo de perímetro

igual ao da bacia considerada. Quanto maior for o valor de IC mais próxima estará a bacia da forma

circular e maior será o perigo de enchentes.

85

a) Bacia hidrográfica do córrego Santo Antônio

• Altitudes do córrego (SRTM3)

- Altitude máxima: 1000 metros

- Altitude mínima: 668 metros

- Altitude média: 795 metros

• Área de drenagem: 155,7 km2

• Perímetro: 59,3 km

• Coeficiente de compacidade: 1,330

• Fator de forma: 0,379

• Índice de circularidade: 0,557

• Densidade de drenagem: 0,7210

Pelos os valores do coeficiente de compacidade, fator de forma e índice de

circularidade, considera-se que a bacia, em seu estado natural, não é sujeita às grandes

enchentes.

a.1) Microbacia hidrográfica do córrego Saltador

• Altitudes do córrego (SRTM-3)

- Altitude máxima: 850 metros

- Altitude mínima: 733 metros

- Altitude média: 799,277 metros

• Área de drenagem: 14,99 km2

• Perímetro: 19,3km

• Coeficiente de compacidade: 1,395

• Fator de forma: 0,300

• Índice de circularidade: 0,506

• Densidade de drenagem: 0,618

É uma microbacia não sujeita às enchentes, em condições naturais.

a.2) Microbacia hidrográfica do córrego Tamanduá

• Altitudes do córrego (SRTM-3)

- Altitude máxima: 908 metros

- Altitude mínima: 739 metros

- Altitude média: 824,09 metros

86

• Área de drenagem: 26,6 km2

• Perímetro: 26,4 km

• Coeficiente de compacidade: 1,433

• Fator de forma: 0,251

a.3) Microbacia hidrográfica do córrego Almeida

• Altitudes do córrego (SRTM-3)

- Altitude máxima: 865 metros

- Altitude mínima: 707 metros

- Altitude média: 792,019 metros

• Área de drenagem: 25,8 km2

• Perímetro: 22,4km

• Coeficiente de compacidade: 1,232

• Fator de forma: 0,273

• Índice de circularidade: 0,456

• Densidade de drenagem: 0,687

É uma microbacia sujeita às enchentes mais do que a do córrego Saltador.

a.4) Microbacia hidrográfica do córrego da Lagoa

• Altitudes do córrego (SRTM-3)

- Altitude máxima: 828 metros

- Altitude mínima: 689 metros

- Altitude média: 769,8 metros

• Área de drenagem: 11,7 km2

• Perímetro: 18,1 km

• Coeficiente de compacidade: 1,482

• Fator de forma: 0,245

• Índice de circularidade: 0,449

• Densidade de drenagem: 0,586

É uma microbacia não muito sujeita às enchentes, em condições naturais.

87

b) Bacia hidrográfica do córrego das Lajes

• Altitudes do córrego (SRTM-3)

- Altitude máxima: 1003 metros

- Altitude mínima: 655 metros

- Altitude média: 791,34 metros

• Área de drenagem: 176,1 km2

• Perímetro: 60,8 km

• Coeficiente de compacidade: 1,284

• Fator de forma: 0,445

• Índice de circularidade: 0,599

• Densidade de drenagem: 0,7624

Pelos os valores do coeficiente de compacidade, fator de forma e índice de

circularidade, considera-se que a bacia, em seu estado natural, não é sujeita às grandes

enchentes, porém é mais susceptível às enchentes do que a bacia do Santo Antônio e se na

mesma ocorrer impermeabilização em grandes áreas fatalmente ocorrerá inundações.

c) Bacia hidrográfica do córrego Saco Feio

• Altitudes do córrego (SRTM-3)

- Altitude máxima: 909 metros

- Altitude mínima: 785 metros

- Altitude média: 858,89 metros

• Área de drenagem: 26,7 km2

• Perímetro: 24,2 km

• Coeficiente de compacidade: 1,311

• Fator de forma: 0,365

• Índice de circularidade: 0,573

• Densidade de drenagem: 0,662

É uma bacia não muito sujeita às grandes enchentes.

d) Bacia hidrográfica do córrego da Mata

• Altitudes do córrego (SRTM-3)

88

- Altitude máxima: 1002 metros

- Altitude mínima: 744 metros

- Altitude média: 851,27 metros

• Área de drenagem: 32,4 km2

• Perímetro: 27,00 km

• Coeficiente de compacidade: 1,329

• Fator de forma: 0,534

• Índice de circularidade: 0,5587

• Densidade de drenagem: 0,733

É mais sujeita às enchentes do que a microbacia do córrego da Lagoa.

As bacias hidrográficas dos Córregos Saco Feio e da Mata pertencem à Bacia do

Ribeirão Dourados a qual está parcialmente inserida no Município de Aparecida de Goiânia.

Além destas há uma pequena porção da Bacia do Dourados, a qual por suas características

físicas, foi nominada Bacia dos Afluentes do Dourados. Realizou-se a caracterização física

das duas principais Bacias, as quais fazem parte da Bacia do Ribeirão Dourados e que estão

completamente inseridas no território municipal.

d) Bacia do Grande Meia Ponte

Da mesma forma como a Bacia do Ribeirão Dourados, a Bacia do Grande Meia Ponte está

parcialmente inserida no território Municipal. Desta forma optou-se por não caracterizá-la

fisicamente para que não sejam produzidas informações equivocadas.

4.1.8.6 Caracterização pluviométrica

Para a caracterização pluviométrica do Município, como também para as bacias e

microbacias, foram utilizados os dados de chuvas da estação da Agência Nacional de Águas

(ANA) instalada em Aragoiânia com código 01649001, com série histórica de mais de 30

anos. Após análise dos dados, pode-se considerar que a chuva média anual é de 1560 mm,

correspondendo a um total de 140 dias de chuva, em média.

A chuva máxima de um dia na região pode variar entre 55 mm a 110 mm. A Tabela

4.5 mostra a média mensal e o número de dias de chuva.

89

Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total ou

máximo CMM 271,9 213,4 234,8 94,3 31,3 7,4 5,7 13,1 49,7 129,3 220,4 288,7 1.560

Cmáx. 56,9 46,5 71,4 32,2 19,1 4,5 4,9 7,0 21,3 39,00 51,6 61,0 71,4

NDC 22 19 20 10 4 2 1 2 6 13 18 23 140

Tabela 4.5: Chuva média mensal Nota: CMM: Chuva média mensal; Cmáx: Chuva máxima média mensal de 1 dia; NDC: Número de dias de

chuva

Figura 4.8: Gráfico do quantitativo das chuvas nos meses do ano

a) Máximo Porcentual de Contribuição (MPC)

O regime de chuvas de quase todas as bacias hidrográficas é caracterizado pela maior ou

menor quantidade de precipitação em determinados meses ou estação do ano. Para expressar

quantitativamente o regime pluviométrico de uma bacia hidrográfica, a relação entre as médias

mensais e a média anual define a porcentagem de contribuição de um ou mais meses em relação à

0

50

100

150

200

250

300

350

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

MESES

CHUV

A (m

m)

90

média anual (Morris, citado em Nimer, 1966). Se cada mês contribuísse com o mesmo total de chuva,

teríamos 8,33% do total anual de chuva como percentual mensal.

O conhecimento do MPC de 3 meses é de grande importância para a:

• Climatologia, uma vez que fornece diferentes parâmetros dos regimes anuais de

precipitação. Teoricamente é tanto melhor distribuído quanto mais se aproxima de 25% e tanto mais

concentrado quanto mais se afasta desse índice.

• Hidrologia, pela estreita dependência do regime dos cursos de água com MPC de 3 meses.

A época do MPC geralmente é a mesma das enchentes dos cursos de água.

• Geomorfologia, pela importância que o MPC de 3 meses exerce sobre a aceleração dos

processos de erosão.

• Agricultura, a fim de permitir melhor utilização da água no ciclo vegetativo das principais

culturas.

Adotando o período de novembro a janeiro de maior precipitação na região para o cálculo do

MPC de 3 meses consecutivos, tem-se uma medida de concentração estacional do regime anual de

chuvas de 781 mm, correspondendo 50% do total anual.

b) Chuva máxima de 1 dia em função do período de retorno

Para o cálculo da chuva máxima de 1 dia em função do período de retorno, foram utilizados

os dados das estações pluviométricas instaladas em Goiânia e Aragoiânia e regionalizados para

Aparecida de Goiânia. Foi utilizado o método de Ven Te Chow e o coeficiente de Weise Reid. A Tabela

4.6 mostra a chuva máxima de 1 dia em função do período de retorno.

Tr (anos) 5 10 15 20 25 50 100

CM (mm) 90,7 100,1 105,4 109,2 112,1 121,0 129,9

Tabela 4.6: Chuva máxima de 1 dia em função do período de retorno

c) Chuvas intensas

Extraído da publicação Águas Pluviais – Guia do Profissional em Treinamento – Recesa – 2007

utilizou-se as equações de chuvas intensas definidas pelo professor Alfredo Ribeiro da Costa, da UFG.

A Tabela 4.7 mostra as chuvas intensas para o município de Aparecida de Goiânia.

91

Duração (minuto)

Tempo de recorrência (anos) 5 10 20 25 50 100

5 176 199 220 227 252 279 15 132 149 165 171 189 209 30 97 109 121 125 138 153 45 76 86 95 99 109 121 60 63 71 79 82 90 100 90 47 53 59 61 67 74

120 38 42 47 49 54 59

Tabela 4.7: Chuvas intensas para Aparecida de Goiânia (mm/h)

4.1.8.7 Caracterização fluviométrica

Com base nas vazões específicas das estações fluviométricas da bacia do rio Meia Ponte

estimou-se as vazões médias na executória das bacias dos córregos Santo Antônio e das Lajes,

levando em consideração as suas áreas de drenagens. A Tabela 4.8 mostra as vazões médias anuais.

Bacias Vazões médias anuais (m3/s) Média Máxima Mínima Q(95%)

Santo Antonio 2,23 7,41 1,31 0,42

Lajes 2,52 8,38 1,48 0,48

Tabela 4.8: Vazões médias estimadas na saída da bacia. Nota: Q(95%): vazão mínima com 95% de tempo de permanência.

a) Vazões medidas

Verificaram-se algumas medições de vazões nos córregos Santo Antônio, das Lajes e

Tamanduá.

• Santo Antônio

Local: latitude -16°48’0” e longitude – 49°11’0”

Vazão medida: 6,32 m3/s

Data: 14/03/1988

Local: latitude -16°47’39” e longitude – 49°10’01”

Vazão medida: 1,091 m3/s

Data: 24/10/2000

Local: latitude -16°46’38” e longitude – 49°14’20”

Vazão medida: 1,166 m3/s

92

Data: 03/06/2000

Local: latitude -16°46’48,4” e longitude – 49°14’39,2”

Vazão medida: 1,680 m3/s

Data: 04/05/2012

• Córrego das Lajes

Local: latitude -16°51’18” e longitude – 49°13’23”

Vazão medida: 0,177 m3/s

Data: 07/08/1999

• Afluente do córrego Tamanduá

Local: latitude -16°46’16,2” e longitude – 49°16’58,2”

Vazão medida: 0,042 m3/s

Data: 04/05/2012

• Córrego Tamanduá

Local: latitude -16°46’17,7” e longitude – 49°17’10,6”

Vazão medida: 0,288 m3/s

Data: 04/05/2012

4.1.8.8 Balanço hidrológico anual

Com base nas áreas de drenagens, precipitação e vazão média anual estimou-se o balanço

hidrológico anual. A Tabela 4.9 mostra a estimativa do balanço hidrológico anual.

Parâmetros Bacias Santo Antônio Lajes

Vazão média (m3/s) 2,23 2,52

Pluviosidade (mm) 1.560 1.560

Lâmina escoada (mm) 452 451

Défit de escoamento (mm) 1.108 1.109

Coeficiente de escoamento 0,29 0,29

Tabela 4.9: Balanço hidrológico anual

93

4.1.8.9 Diagnóstico e prognóstico a partir dos aspectos hidrográficos

As recomendações para prevenir e minimizar os impactos decorrentes das alterações da

dinâmica fluvial e das magnitudes dos picos de vazões dos cursos de água no Município de Aparecida

de Goiânia são medidas estruturais e não estruturais.

Como medidas estruturais sugerem-se a construção de pequenos reservatórios para

detenção e controle de inundações, desobstruções de canais por meio de retirada de entulhos e

vegetação dentro dos mesmos e procurar melhorar a infiltração nas áreas que são impermeáveis.

Para as medidas não estruturais, sugerem-se as medidas preventivas, como um projeto de

zoneamento de áreas inundáveis e programa de educação ambiental, visando a sensibilizar a

população sobre a importância das áreas permeáveis e a disposição correta dos lixos para evitar que

os mesmos sejam carreados para os córregos na época das chuvas.

Deve-se evitar a canalização nos pontos críticos de enchentes dos córregos. A canalização

nos pontos críticos pode solucionar um problema local, mas sempre transfere a inundação para

outro lugar da bacia ou do próprio córrego.

A mata ciliar, tanto na parte alta quanto na parte baixa das bacias não deverá ser removida,

pois se isso acontecer terá efeito direto no aumento da poluição dos leitos dos cursos de água, por

não existir o sistema de filtro natural, e em consequência contribuindo para acelerar os processos

erosivos.

Sugere-se também que os pontos de lançamento de águas pluviais nos córregos sejam

providos com dispositivos de dissipação de energia.

O zoneamento de áreas inundáveis é uma das medidas mais importantes e imprescindíveis

que deverá ser executado antes da urbanização das regiões. Para o zoneamento é importante ter

estações fluviométricas com réguas linnimétricas e linígrafos (equipamentos para medir a variação

do nível da água) em vários locais ao longo dos cursos de água. Com a utilização dos Sistemas de

Informações Geográficas (SIG) e com os dados das estações fluvométricas pode-se fazer um

excelente trabalho de zoneamento de áreas inundáveis, que será um conjunto de regras para

ocupação das áreas de riscos de inundações. Portanto, será realizado para definir as políticas de uso

do espaço urbano; permitir o correto desenvolvimento da ocupação de novas áreas urbanas; indicar

medidas estruturais e não estruturais de controle de inundações e de desmoronamento; indicar

maiores oportunidades de área verde e de lazer e selecionar locais para construção de pequenos

reservatórios para detenção e controle de inundações.

94

4.2 MEIO BIÓTICO

4.2.1 Vegetação

Os aspectos originais da cobertura vegetal do município de Aparecida de Goiânia se

destacavam pela ocorrência de matas – floresta estacional semidecidual – nos vales com

afloramento de rocha basáltica, e de vegetação não florestal, arbóreo-herbácea semidecídua

xeromorfa – o bioma Cerrado em suas diversas fasciações: cerrado “strictu sensu”, cerradão, cerrado

rupestre, campos de cerrado.

O cerradão é uma formação florestal com aspectos xeromórficos, caracterizada pela presença

de espécies que ocorrem no cerrado e também por espécies de mata. Do ponto de vista fisionômico

é uma floresta, mas floristicamente é mais similar a um Cerrado (RIBEIRO; WALTER, 1998).

O cerrado sentido restrito caracteriza-se pela presença de árvores baixas, inclinadas, tortuosas,

com ramificações irregulares e retorcidas, e geralmente com evidências de queimadas.

De acordo com a densidade (estrutura) arbóreo-arbustiva, ou do ambiente em que se

encontra, o cerrado sentido restrito apresenta quatro subtipos que são: cerrado denso, cerrado

típico, cerrado ralo e cerrado rupestre. Os arbustos e sub-arbustos encontram-se espalhados, com

algumas espécies apresentando órgãos subterrâneos perenes (Ribeiro & Walter, 1998). Walter

(2006), afirma que a distribuição da flora do Cerrado revela maior número de espécies nas suas

formações savânicas, seguidas pelas florestais ou campestres. O cerrado sentido restrito possui 1.855

espécies distribuídas em 102 famílias.

Os palmeirais caracterizam-se pela presença marcante de uma única espécie de palmeira

arbórea. Nesta fitofisionomia praticamente não existem árvores dicotiledôneas, embora essas

possam ocorrer com frequência baixa. Palmeirais em solos mal drenados (brejosos), presentes ao

longo dos fundos de vales do Brasil Central, quase sempre são dominados pela espécie Mauritia

flexuosa (buriti) caracterizando o buritizal.

Formações campestres do Cerrado englobam três tipos fitofisionômicos principais: o campo

sujo, o campo rupestre e o campo limpo. São tipos fisionômicos exclusivamente herbáceo-

arbustivo, com arbustos e subarbustos esparsos cujas plantas, muitas vezes, são constituídas por

indivíduos menos desenvolvidos das espécies arbóreas do cerrado sentido restrito.

O campo rupestre é um tipo fitofisionômico predominantemente herbáceo-arbustivo, com a

presença eventual de arvoretas pouco desenvolvidas de até dois metros de altura. Abrange um

complexo de vegetação que agrupa paisagens em microrelevos com espécies típicas, ocupando

95

trechos de afloramentos rochosos. Geralmente ocorre em altitudes superiores a 900 metros, em

áreas onde há ventos constantes, dias quentes e noites frias.

As matas mesofíticas (florestas estacionais) apresentam cobertura arbórea de 70 a 90% na

estação chuvosa. A maioria das espécies é caducifólia na estação seca, quando a cobertura arbórea

atinge níveis inferiores a 50%. Os fustes das árvores são retilíneos, sendo comum a presença de

indivíduos emergentes do dossel que atingem alturas de 20-30m. Epífitas em geral são pouco

abundantes, porém bromeliáceas e cactáceas são freqüentes, pois a baixa fertilidade e a baixa

disponibilidade de água no solo favorecem espécies destas famílias (Felfili, 2001).

Durante o levantamento de campo, nas fitofisionomias amostradas, originou-se uma lista de

espécies geral, indicando sua ocorrência, posição ecológica, uso pontencial e hábito (Quadro 4.2).

Quadro 4.2: Listagem das espécies encontradas nos pontos amostrados no município de Aparecida de Goiânia março/abril/maio 2012.

Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual /

Potencial Hábito

Pos. Ecol./

Fitofisionomia

ANACARDIACEAE

Astronium fraxinifolium Schott Gonçalo-alves,

gonçalo

Mad.Apic. Árv. S / Crd.,MC, FES

Astronium graveolens Jacq. Guaritá Mad. Apic Árv. S / C,FES,MC

Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Aroeirinha Mad.Orn. Árv. S / MC, MG,FES

Myracrodruon urundeuva Fr. All. Aroeira Mad.Med. Árv. C / MC, FES

Tapirira guianensis Aubl. Pau-pombo Mad.Zooc Árv. S / MC, MG,

FES, Crd

ANNONACEAE

Xylopia emarginata Mart. Pindaíba-do-

brejo

Mad. Árv. P / MG, MC

Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Pimenta-de-

macaco,

pindaiba

Mad.Med. Árv. P / Crd, MC, FES

APOCYNACEAE

96

Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual /

Potencial Hábito

Pos. Ecol./

Fitofisionomia

Aspidosperma subincanum

Mart.

Guatambu Mad. Árv. S / MG, MC, FES

Aspidosperma cylindrocarpon

M.Arg.

Peroba-rosa Mad. Árv. C / FES, MC

Aspidosperma tomentosum

Mart.

Peroba-branca Mad Árv. C / MC, FES

Hancornia speciosa Gómez

var.speciosa

Mangaba Alim. Árv. C / C

ARACEAE

Philodendron bipinnatifidum

Schott. ex Endl.

Cipó-imbé Orn. Epíf. S / Crd, C

Philodendron imbe Schott.ex

Endl.

Cipó-imbé Orn. Epíf. S / Crd, C, MC,

MG , FES

ARALIACEAE

Scheefflera (Didymopanax)

macrocarpa (Seem.)D.C. Frodin.

Mandiocão-do-

cerrado

Mad.Orn. Árv. C / Crd, FES,

MC, MG

Scheefflera (Didymopanax)

morototonii (Aubl.) B. Maguire,

Steyerm & D.C. Frodin.

Mandiocão Mad.Orn. Árv. C / Crd, FES,

MC, MG

ARECACEAE

Acrocomia aculeata (Jacq)

Lodd.ex Mart.

Macaúba Alim.Orn. Árv. P / MG, MC

Syagrus flexuosa (Mart.) Becc. Licuri Orn. Árv. C / MC, MG

Syagrus romanzoffiana (Cham.)

Glassman

Jerivá Orn.Alim. Árv. C / MC,MG

Syagrus oleraceae Mart. Gueroba Orn.Alim. Árv. C / MC, MG, FES

BIGNONIACEAE

97

Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual /

Potencial Hábito

Pos. Ecol./

Fitofisionomia

Tabebuia aurea (Manso)

Benthan & Hooker

Caraiba Orn.Mad. Árv. C /Crd, FES,

Tabebuia serratifolia (Vahl.)

Nich.

Ipê-amarelo Mad.Orn. Árv. C / Crd, FES,

MC, MG

Tabebuia impetiginosa (Mart)

Standl.

Ipê roxo Mad.Orn.Med. Árv. C / Crp, C, Crd,

FES

BOMBACACEAE

Chorisia speciosa St. Hil. Paineira-

barriguda

Orn. Árv. S / Crd, C

Eriotheca pubescens (Mart. &

Zucc.) Schot. & Endl.

Algodoeiro,

paina-do-campo

Mad. Árv. S / C, FES

Pseudobombax longiflorum

(Mart. & Zucc) A. Robins.

Imbiruçu Mad. Árv. C / Crd

Pseudobombax marginatum

(St.Hil.&Camb.) A. Robyns.

Imbiruçu Med.Mad Árv. C / C

BROMELIACEAE

Bromelia sp Gravatá, ananaí Orn. Erva S

BURSERACEAE

Protium heptaphyllum (Aubl.)

March.

Amescla Mad.Res. Árv. C / MG, Crd, C

Tetragastris altissima (Aubl.)

Swartz.

Breu-manga Mad.Res Árv. C / Crd, C

CECROPIACEAE

Cecropia pachystachya Trec. Imbaúba Zooc. Árv. P / C, MC, MG

CHRYSOBALANACEAE

Hirtella martiana Hook.f. Sessenta-galhas Mad. Árv. C / MG, C

98

Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual /

Potencial Hábito

Pos. Ecol./

Fitofisionomia

Hirtella glandulosa Spreng. Uva-de-macaco Mad. Árv. S / MG, C, Crd

Licania sp Cariperana Mad. Árv. S

COMPOSITAE

Piptocarpha rotundifolia (Less.)

Baker.

Macieira-preta,

candeia

Apic.Mad. Árv. S / C

Vernonia sp Assa-peixe Apic.Med. Arb. P

COMBRETACEAE

Buchenavia tomentosa Eichl. Mirindiba Mad. Árv. S / MG, C

Terminalia phaeocarpa Maria-preta Mad.Apic Árv S / FES, MC

Terminalia acacia Mart& Zucc. Capitão-do-

campo

Mad.Apic. Árv. S / FES, MC

Terminalia brasiliensis Camb. Maria-preta Mad.Apic. Árv. S / C

CONNARACEAE

Connarus suberosus Planch. Bico-de-

papagaio,

brinco

Mad. Árv. S / C

EBENACEAE

Diospyros brasiliensis Mart. Olho-de-boi,

caquí-da-mata

Mad.Orn. Árv. S / Crd, FES

ERYTHROXYLACEAE

Erythroxylum suberosum St. Hill. Mercúrio-do-

campo

Mad. Arb. C / Crd, MC

Erythroxylum sp

Pimenteira-de-

arancuã

Zooc. Arb. C

Hyeronima alchorneoides F. All. Licurana,

Margonçalo

Mad. Árv. S / MG

99

Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual /

Potencial Hábito

Pos. Ecol./

Fitofisionomia

Pera glabrata (Schott.) Bail. Casca-d’anta,

seca-ligeiro

Mad. Árv. S / MG, C

Sapium obovatum Klotz. ex M.

Arg.

Leiteiro Mad. Árv. S / MG, C

FLACOURTIACEAE

Casearia rupestris Eichl. Fruta-de-jacú Mad. Arv. S / C, FES

Casearia sylvestris Sw.

Var.lingua (Camb.) Eichl.

Chifre-de-veado Mad.Orn. Árv. S / C

GUTTIFERAE

Calophyllum brasiliense Camb. Landi, jacareúba Mad. Árv. C / MG, MC

Kielmeyera sp (Spr.) Mart. Saco-de-boi,

pau-santo

Mad.Cort Árv. S / C, Crd

HELICONIACEAE

Heliconia sp Helicônia Orn. Erva P

ICACINACEAE

Emmotum nitens (Benth.) Miers Sobre Mad. Árv. S / MG, C

LAURACEAE

Ocotea sp. Canelão Mad. Árv. S / C, Crd

LECYTHIDACEAE

Cariniana estrellensis (Raddi)

Kuntze.

Jequitibá,

bingueiro

Mad. Árv. C / MG

Cariniana rubra Garder ex

Miers.

Bingueiro, birro-

d`água

Mad. Orn. Árv. C / MG

LEGUMINOSAE

Amburana cearensis Amburana Mad. Med.Zooc Árv P / Crd

Acacia pollyphylla D.C Monjoleiro Mad. Apic. Árv. P / FES, C

100

Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual /

Potencial Hábito

Pos. Ecol./

Fitofisionomia

Acacia farnesiana (L.) Wild. Esponjinha Mad. Apic. Árv P / C

Acosmium dasycarpum Vog. Chapadinha,

sucupira-

amarela.

Mad. Orn. Apic. Árv. C / MG, C, Crd

Anadenanthera sp. Angico Mad. Árv. S / C, MC, Crd

Bauhinia sp Pata-de-vaca Orn. Árv S / MG, MC, FES

Bowdichia virgilioides H.B.K. Sucupira-preta Apic. Orn. Mad. Árv. C / MG, C, Crd

Calliandra sp. Angiquinho Orn. Sub. P / MC, MG

Copaifera langsdorffii. Desf Pau-d’óleo Med.Orn.Mad. Árv. C / MG, C, MC

Dalbergia miscolobium Benth. Caviúna Orn.Mad. Árv. C / C

Dimorphandra mollis Benth. Faveiro Mad.Med. Árv. S / C

Enterolobium gummiferum

(Mart) Macb.

Tamboril do

cerrado

Orn.Mad. Árv. C / C

Hymenaea courbaril L. Jatobá Mad.Med. Árv. C / MG, C, Crd

Hymenaea stigonocarpa Mart.

ex Hayne

Jatobá-do-

campo

Mad.Alim. Árv. C / C, Crp

Inga laurina (SW.) Willd. Ingá, ingá-mirim Apic.Zooc. Árv. S / MG

Machaerium aculeatum Raddi. Jacarandá-de-

espinho, bico-

de-pato

Apic.Orn.Mad. Árv. S / Crp, Crd

Machaerium acutifolium Vog. Jacarandá-do-

cerrado

Apic.Orn.Mad. Árv. C / FES, C

Machaerium opacum Vog. Jacarandá-preto Mad. Árv. S / C, Crp

Machaerium paraguariense

Hassl.

Jacarandá-

branco

Mad. Árv. C / FES, Crp

Mimosa sp Cipó-juquirí Trep. S

101

Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual /

Potencial Hábito

Pos. Ecol./

Fitofisionomia

Piptadenia gonoacantha (Mart.)

Macbr.

Angico-jacaré Mad. Árv. S / MG, Crd

Plathymenia reticulata Benth. Vinhático Mod.Apic. Árv. C / C, Crd

Platypodium elegans Vog. Canzileiro Mad.Orn. Árv. S / Crp

Pterodon pubescens Benth. Sucupira-branca Med.Orn. ad Árv. C / FES, C, Crd

Sclerolobium paniculatum Vog. Carvoeiro Mad.Mel. Árv. P / C, Crd

Sclerolobium aureum (Tul.)

Benth.

Tatarema Mad.Apic. Árv. P / C

Senna alata (L.) Roxb. Fedegoso Orn.Apic. Arb. P / C

Stryphnodendron adstringens

(Mart.) Coville

Barbatimão Med. Árv. S / C

Vatairea macrocarpa (Benth.)

Ducke.

Sucupira-

amargosa

Apic.Orn.Mad. Árv. C / Crd

LORANTACEAE

Psitacanthus sp Erva-de-

passarinho

Med. Erva S / C, Crd

MALPIGHIACEAE

Byrsonima crassa Nied. Murici-do-

campo

Alim.Orn. Árv. S / C

Byrsonima sericea DC. Murici-da-mata Alim.Orn.Mad. Árv. S / C, Crp, MC

MARANTACEAE

Calathea sp Gengibre-bravo Orn. Erva C / Crd, MC

MELASTOMATACEAE

Miconia albicans (Sw.) Triana. Tinteiro-

vermelho

Orn.Mad. Árv. P / MC, C

Tibouchina sp Quaresmeira Orn. Arb. P / MC, MG, Crd

102

Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual /

Potencial Hábito

Pos. Ecol./

Fitofisionomia

MELIACEAE

Guarea guidonia (L.) Sleumer Marinheiro Mad. Árv. S / MG

MONIMIACEAE

Siparuna guianensis Aubl. Negramina Orn. Arb. P / MG, Crd

MORACEAE

Brosimum gaudichaudii Tréc. Mamacadela Alim.Zooc. Árv. P / Crd, C

Ficus sp Gameleira Zooc.Mad. Árv. P / FES, Crd, C

Maclura tinctoria (L.) D. Don ex

Steud.

Moreira Mad.Med.Zooc. Árv. S / FES

MYRISTICACEAE

Virola sebifera Aubl. Bicuíba,ucuúba Mad. Árv. P / MG

MYRSINACEAE

Rapanea guianensis Aubl. Pororoca Mad. Árv. P / MG, C, FES

MYRTACEAE

Campomanesia sp Sete-capas Alim. Árv. P

Campomanesia sp. Gabiroba Alim. Arb. P

Eugenia dysenterica DC. Cagaita Alim.Mad.Zooc.Orn Árv. S / C, Crd

Eugenia sp Gumirim-da-

mata

Zooc.Mad. Árv. S / FES, MC

Eugenia sp Gumirim-

cascudo,

gumirim-do-

cerrado

Mad.Zooc. Árv. S / C, Crd

Gomidesia sp Gumirim-da-

mata

Zooc.Mad. Árv. S / C

Myrcia fallax (Rich.) DC. Murta Árv. S / C

103

Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual /

Potencial Hábito

Pos. Ecol./

Fitofisionomia

Psidium guajava L. Goiabeira Alim.Zooc. Árv. S / C, Crd

Psidium sp Araçá Zooc. Árv. S

NYCTAGINACEAE

Neea oppositifolia R. et pav. João-mole Mad. Árv. S /Crp, C

OPILIACEAE

Agonandra brasiliensis Benth.&

Hook. F.

Pau-marfim Mad. Árv. S / C, FES

OCHNACEAE

Ouratea exasperma (St. Hil.)

Baill.

Pau-de-cobra Orn.Mad. Árv. S / MG, C

ONAGRACEAE

Ludwigia sp Cruz-de-malta Orn. Erva P

ORCHIDACEAE

Cyrtopodium palmifrons Rchb.f.

& Warm.

Orquídea Orn Epif.

Oncidium sp Orquídea-de-

solo

Orn. Epíf.

PIPERACEAE

Piper aduncum L. Pimenta-longa Zooc. Arb. P / C

Piper sp Dedo-de-urubú Zooc. Arb. P

POACEAE

Brachiaria sp Capim-

braquiária

Forr. Erva P

Mellinis minutiflora Beauv. Capim-meloso Forr. Erva --

Olyra latifolia L. Taboquinha Erva --

104

Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual /

Potencial Hábito

Pos. Ecol./

Fitofisionomia

Pennisetum sp Capim-elefante Forr. Erva P

PROTEACEAE

Euplassa inaequalis (Pohl) Engl. Carvalho Mad. Árv S / MG, C

Roupala montana Aubl. Carne-de-vaca Apic.mad Árv. S / MG, C

RHAMNACEAE

Rhamnidium elaeocarpus Reiss. Cafezinho,

cabriteiro.

Apic.mad.Zooc. Árv. P / MG, C, Crd

RUBIACEAE

Alibertia edulis (L.C. Rich.)

A.Rich ex DC.

Marmelada-de-

cachorro

Alim.Zooc. Arv. P / MG, C

Alibertia sp Marmelada Arb. S

Coussarea hydrangeaefolia

Benth. & Hook

Conduru, folha-

de-couro

Apic.Orn.Mad. Árv. P / C, Crd

Genipa americana L. Genipapo Alim.Zooc.Mad. Árv. S / Crd

Guettarda viburnoides Cham. &

Schltr.

Angélica Zooc.Mad Árv. S / C, Crd

Psychotria sp Cafezinho, erva-

gado

Tox. Erva P / C

Randia armata (Sw) DC Limãozinho,

veludo-de-

espinho

Apic. Arb. S / FES

Rudgea hydrangeaefolia Benth.

& Hook. f.

Chá-de-bugre,

congonha

Med.Zooc Árv. S / C, Crd, FES

Rudgea virbunoides (Cham.)

Benth.

congonha Med. Zooc Árv. S / Crd

Tocoyena formosa (Cham. Schl.)

Schum.

Genipapo-de-

cavalo

Zooc.Mad. Árv. S / C

105

Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual /

Potencial Hábito

Pos. Ecol./

Fitofisionomia

RUTACEAE

Fagara chiloperone Engl. Ex

Chadat&Hassler.

Cera-cozida Orn. Árv. S / C

Zanthoxyllum rhoifolium Lam. Mamica-de-

porca

Apic.Mad Árv. S / Crd

SAPINDACEAE

Cupania vernalis Camb. Camboatá Apic.mad Árv. S / MG

Dilodendron bipinnatum Radlk. Mulher-pobre,

mamoninha

Mad. Árv. S / FES

Magonia pubescens St. Hil. Tingui Med.Mad Árv. S / C, Crd

Matayba guianensis Aubl. Assa-leitão Apic.Mad Árv. S / C, Crd

Paulinia sp. Cipó-timbó Apic. Trep. S

Serjania sp. Cipó-quina Apic. Trep. S

SAPOTACEAE

Chrysophyllum marginattum

Hook.& Arn.

Uvinha-

vermelha

Mad. Arv. S / C

Chrysophyllum gonocarpum

(Mart.&Eichl.) Eichl.

Uvinha-da-mata Mad. Árv. S / MG

Pouteria torta (Mart.) Radlk. Guapeva Mad. Árv. S / C

Pouteria ramiflora (Mart.)

Radlk.

Abio-curriola Zooc.mad. Árv. S / MG, C

SMILACACEAE

Smilax sp Cipó-japecanga Trep. S / C

SOLANACEAE

Solanum lycocarpum St.Hill. Lobeira Zooc. Arb. P / C

STERCULIACEAE

106

Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual /

Potencial Hábito

Pos. Ecol./

Fitofisionomia

Guazuma ulmifolia Lam. Mutamba Zooc.Mad. Árv. P / MG, C, Crd

STYRACACEAE

Styrax ferrugineus Nees & Mart Laranjinha-do-

cerrado

Apic.Mad.Orn. Árv. S / C

Styrax guianensis A. DC. Laranjinha-do-

mato

Apic.Mad. Árv. C / MG, C, MC

TILIACEAE

Apeiba tibourbou Aubl. Pente-de-

macaco

Mad. Árv. S / MG

Luehea sp Açoita-cavalo Med.Orn. Árv. S / C, MC

ULMACEAE

Trema micrantha (L.) Blume. Candiúba Apic.Zooc. Árv. P / MG

Celtis iguanaea (Jacq.) Sargent. Esporão-de-galo Apic.Zooc Árv. P / MG

VERBENACEAE

Aegiphylla sellowiana (Cham.) Macieira-branca Apic. Arb. S / C, MC

VOCHYSIACEAE

Callisthene major Mart. João-farinha Mad. Árv. S / C

Qualea grandiflora Mart. Pau-terra-da-

folha-larga

Mad.Orn. Árv. S / C, Crd

Qualea multiflora Mart. Pau-terra-

vermelho

Mad.Orn. Árv. S / C, Crd

Qualea parviflora Mart. Pau-terra da

folha miúda

Mad.Orn.Apic. Árv. S / C, Crd

Vochysia rufa Mart. Pau-doce Med.Orn. Árv. S / C, Crd

Vochysia tucanorum Mart. Pau-tucano Orn.Apic. Árv. P / C, Crd

107

Uso atual/potencial: Alim=alimentícia; Apic=apícola; Forr=forrageira; Mad=madeireira; Med=medicinal;

Oleif=oleífera; Orn=ornamental; Res=resinífera; tox=tóxica; Zooc=de interesse faunítico; Hábito ou porte:

Arb=arbusto; Árv=arvore; Epif=epífita; Erva=erva; Sub=subarbusto; Trep=trepadeira; Pal= Palmeira, Posição

ecológica: P=pioneira; S=secundária; C=climácica. Fitofisionomia: C=cerrado “strictu sensu”, Crd=cerradão,

Crp=Cerrado rupestre, FES= Floresta estacional semidecidual, MG=Mata de galeria, MC=Mata Ciliar.

Para a realização do levantamento dos dados da vegetação remanescente para a Carta de Risco de

Aparecida de Goiânia, optou-se pela interpretação da vegetação existente, nos remanescentes

florestais na reg ião onde se insere o m unic íp io . Foram realizadas vistorias in loco, a fim de

verificar a tipologia florestal de cada fragmento, listar as espécies florestais arbóreas existentes, o

estado de conservação de cada remanescente florestal e a existência de nascentes, córregos, rios e

presença de processos erosivos.

Para esta análise foram estabelecidos 53 pontos amostrados e classificados, conforme

Quadro 4.3, para posterior comparação e interpretação junto à Ortofoto Digital de Aparecida de Goiânia do

ano de 2011. Para as áreas com dificuldade de acesso esta interpretação foi através da análise da Ortofoto. Ressalta-

se que alguns pontos foram analisados juntamente, pois em campo, para facilitar o levantamento,

havia pontos distintos conectados e próximos, ficando assim sujeitos a uma análise como um todo,

como por exemplo, os pontos 4 e 12, e assim por diante, conforme descrito no diagnóstico.

A classificação das fitofisionomias do bioma Cerrado presentes neste diagnóstico foi baseada

na proposta de Ribeiro e Walter (1998), bastante empregada e de fácil entendimento. Considerando-

se para efeito técnico, a palavra “cerrado” com inicial maiúscula se refere ao bioma Cerrado e os

demais termos fitofisionômicos com inicial minúscula se referem aos subtipos do bioma Cerrado,

como por exemplo “floresta estacional semidecidual”, “campo limpo”, “campo sujo”, etc. Para cada

remanescente de vegetação foram atribuídos valores de 1 a 10, sendo o valor 1 (um) para as áreas

mais degradadas e 10 (dez) para as áreas mais preservadas. Estes valores têm a função de

mostrar aquelas áreas que necessitam de trabalhos de recomposição florística ou regeneração

natural. Logo, a classificação do grau de preservação é dada em números, onde:

• 0 a 3 é considerado como baixo;

• 4 à 6 é classificado como médio;

• 7 à 10 é classificado como alto, considerando-se apenas números inteiros.

As interações biológicas e as ecológicas foram atribuídas aos fragmentos de acordo com a

existência de recursos naturais e a capacidade de oferecer suporte para a sobrevivência da fauna,

lembrando que, fragmentos isolados e com grau de preservação baixo atraem, predominantemente,

108

espécies de aves, as quais possuem facilidade de deslocamento entre as áreas. Também foram

analisados fragmentos unidos por corredores ecológicos nas Áreas de Preservação Permanente (APP)

dos cursos d’água, onde se verificou o suporte dessas áreas para a passagem da mastofauna.

Quadro 4.3: Descrição dos 53 pontos amostrandos quanto a paisagens e grau de conservação.

Identificação do Ponto Area

Coord. E

Coord. N Fitofisionomia Grau de

Preservação

1 36,02 695374,99 8132620,82 Mata de Galeria 1 2 4,06 696435,74 8132633,31 Mata de Pindaíba (brejo) 3 3 9,14 697357,55 8132655,4 Mata de Galeria 7 4 8,55 696754,17 8133712,26 Floresta estacional

semidecidual 7

5 43,96 697690,96 8133252,38 Mata Ciliar 7 6 15,11 678489,95 8133491,5 Floresta estacional

semidecidual 5

7 4,85 695852,06 8134437,74 Mata de Pindaíba (brejo) 5 8 2,42 695280,36 8134348 Mata de Pindaíba (brejo) 3 9 14,88 696961,76 8134667,48 Mata Ciliar 5

10 104,88 696230,05 8136015,26 Mata Ciliar 3 11 4,16 690451,83 8135102,41 Cerradão 3 12 65,41 696335,65 8134226,89 Floresta estacional

semidecidual 10

13 4,33 695524,72 8135185,36 Floresta estacional semidecidual

3

14 25,35 691669,66 8135086,06 Floresta estacional semidecidual

5

15 12,16 696675,61 8135263,44 Floresta estacional semidecidual

7

16 38,91 687822,75 8135565,16 Cerrado 3 17 351,2 693538,11 8134629,74 Floresta estacional

semidecidual 9

18 96,06 683797,59 8136481,94 Cerrado 5 19 10,3 694755,27 8136207,4 Mata de Pindaíba (brejo) 9 20 43,08 690886,11 8135939,25 Cerrado 7 21 18,09 686595,73 8136567,98 Mata Ciliar 5 22 113,85 691408,09 8138072,77 Mata de Pindaíba (brejo) 1 23 4,27 691779,9 8136835,99 Mata de Pindaíba (brejo) 1 24 94,42 689750,01 8135640,57 Mata Ciliar 7 25 17,6 694909,21 8137146,78 Mata de Galeria 3 26 64,29 696155,73 8137095,15 Mata de Galeria 3 27 124,14 684437,3 8137863,8 Floresta estacional

semidecidual 3

28 111,52 688785,29 8136798,49 Pastagem 3 29 2,52 687268,4 8137825,96 Cerradão 3 30 33,93 687867,65 8137729,57 Mata Ciliar 3 31 37,37 690506,55 8139841,23 Mata de Galeria 1

109

Quadro 4.3: Descrição dos 53 pontos amostrandos quanto a paisagens e grau de conservação (cont.).

Identificação do Ponto Area

Coord. E

Coord. N Fitofisionomia Grau de

Preservação

32 484,55 694577,22 8138520,27 Floresta estacional semidecidual

7

33 71,31 683937,93 8140022,65 Mata de Pindaíba (brejo) 3 34 32,61 695820,98 8140439,93 Mata Ciliar 3 35 3,54 695846,47 8141317,34 Mata Ciliar 3 37 7,87 693892,79 8141494,76 Mata de Galeria 3 39 20,43 695706,1 8141890,48 Mata Ciliar 3 41 1568,04 675262,33 8134563,46 Cerrado 5 42 9,25 686628,08 8145217,94 Mata Ciliar 1 43 330,35 689870,42 8142866,28 Mata de Galeria 5 44 291,91 680617,69 8145833,33 Mata Ciliar 1 45 636,61 693085,84 8142906,75 Mata de Galeria 1 46 546,89 685612,73 8144160,03 Mata Ciliar 3 47 55,97 691553,95 8145904,09 Mata Galeria 6 48 52,01 688932,34 8146625,51 Floresta estacional

semidecidual 3

49 271,21 686262,54 8146952,67 Mata de Galeria 1 50 110,95 689516,52 8147806,08 Mata Ciliar 7 51 15,21 676673,15 8136535,43 Mata de Galeria 3 52 27,77 681758,1 8136111,61 Mata de Galeria 1 53 1135,27 679331,5 8136650,64 Cerrado 5

Nota: a classificação quanto aos graus de conservação onde: - 0 a 3 é considerado como baixo; - 4 a 6 é classificado como médio; - 7 à 10 é classificado como alto, considerando-se apenas números inteiros.

4.2.1.1 Descrição dos pontos amostrados em campo

Ponto 01

Fragmento florestal onde se localizam nascentes, com vegetação característica de mata-de-

galeria. Esta área encontra-se descaracterizada floristicamente, onde predomina forte pressão

antrópica pela retirada da vegetação até às suas margens. Através da vistoria “in loco”, constata-se

intensa invasão na área por capim braquiária e ervas invasoras que inibem o desenvolvimento das

espécies arbóreas nativas. É registrada também, a construção de casas em ambas as margens do

córrego e também cultivo de hortaliças que os moradores utilizam para subsistência com a venda

nos mercados e feiras livres da região. Observa-se ainda uma barragem em sua cabeceira nas

coordenadas UTM Zona 22 K (0695393,64 / 8132569,75). No tocante a vegetação remanescente

110

ainda é encontrada as seguintes espécies arbóreas: sangra d’água (Croton urucurana), embaúba

(Cecropia pachystachya), marmelada (Alibertia edulis), murici da mata (Byrsonima sp), pimenta de

macaco (Piper sp), canela (Ocotea sp). Em relação ao seu status de conservação, este ponto foi

classificado como nível 3, pois o ponto encontra-se sem vestígios de formação de processos erosivos.

Ponto 02

Trata-se de uma cabeceira de drenagem e nascente, caracterizada por ambiente úmido com

presença de palmeiras buriti (Mauritia flexuosa), porém antropizada até suas margens, pela retirada

indiscriminada de espécies arbóreas, onde nota-se a presença de construções na APP, para moradias.

Região caracterizada por uma área brejosa, onde nota-se a presença de espécies nativas típicas

desses ambientes, no tocante ao estrato herbáceo, dos quais podemos citar: capim barba de bode

(Bulbostylis sp), cabelo de anjo (Xyris sp), drosera (Drosera sp), sofre do rim quem quer (Lycopodium

sp), entre outras. Quanto ao status de conservação pode-se atribuir, devido aos aspectos de

degradação da vegetação ciliar e pelas construções às suas margens como nível 3.

Ponto 03

Fragmento de mata de galeria localizado em zona rural, sendo que o curso d’água é afluente

do rio Meia Ponte, que se caracteriza por uma área aberta onde predominam herbáceas e gramíneas

nativas como o capim barba de bode (Bulbostylis sp), (Arrabidea sp), (Bacharis sp), (Cissampelos sp)

entremeio às espécies exótica e invasoras, como o capim braquiária que predomina em seu entorno.

Do estrato arbóreo destacam-se espécies típicas de áreas úmidas e que apresentam especificidade

quanto a este ambiente como, por exemplo: chapéu de couro (Palicoura rigida), aroeira (Lithraeae

molleoides), guatambu (Aspidosperma subincanum), jatobá (Hymenea courbaril), a palmeira

guariroba, gameleira (Ficus sp), pombeiro (Tapirira guianensis), marmelada (Alibertia edulis),

embiruçu (Pseudobombax tomentosum), jacarandá (Machaerium sp), pimenteira (Piper sp), entre

outras. No tocante ao status de conservação este pode ser caracterizado como nível 07.

Pontos 04 e 12

No ponto 04 encontra-se um córrego sem APP e onde parece ter havido extração de argila, e

no seu entorno encontra-se pastagens, algumas espécies nativas ainda podem ser encontradas

como, por exemplo: chuva-de-ouro, sangra d’água e a palmeira macaúba. Está em anexo a esse

córrego um fragmento florestal (floresta estacional semidecidual), que apresenta relevo 111

montanhoso, e forte pressão antrópica, no qual está caracterizado efeito de borda1, com presença

de capim braquiária em seu interior e de cipós e lianas, além da camada arbórea de espécies nativas,

das quais merecem destaque: angico-vermelho (Piptadenia gonoacantha), mamica-de-porca

(Zanthoxylon riedelianum), aroeira (Lithraeae molleoides), guatambu (Aspidosperma subincanum),

jatobá (Hymenea courbaril), a palmeira guariroba, gameleira (Ficus sp), pombeiro (Tapirira

guianensis), pau-d’óleo (Copaifera langsdorffii), marmelada (Alibertia edulis), embiruçu

(Pseudobombax tomentosum), (Machaerium sp), entre outras. Esses pontos estão classificados

quanto ao seu grau de conservação como nível 03 (ponto 04) e nível 1 (ponto 12). Há início de

processos erosivos às margens da APP.

Foto 4.92: Aspectos do ponto 04 onde há vestígios de extração de argila e ausência de APP.

Foto 4.93: Aspectos do ponto 12 que se conecta no fragmento do ponto 14 que se encontra cercado e em regeneração.

1 Efeito de borda é uma alteração na estrutura, na composição e/ou na abundância relativa de espécies na parte marginal de um fragmento. Tal efeito seria mais intenso em fragmentos pequenos e isolados. Esta alteração da estrutura acarreta em uma mudança local, fazendo que plantas que não estejam preparadas para a condição de maior estress hídrico, característico das regiões de borda, acabem perecendo, acarretando em mudanças na base da cadeia alimentar e causando danos à fauna existente na região.Muitas vezes essa morte dentre os integrantes da flora na região de borda, acarreta na ampliação desta região, podendo atingir segundo alguns autores, até 500m.

112

Pontos 05 e 09

Estes pontos localizam-se em área rural, de propriedade do Sr. Francisco Elias, onde há mata

ciliar do rio Meia Ponte. Nestes pontos encontram-se vestígios de atividades de turismo (barracas,

churrasqueiras feitas de tijolos, etc.) e de entrada de bovinos (como fezes, e marca de pisoteio).

Estes pontos também sofrem pressão antrópica pela plantação pastagens em seu entorno, no

entanto encontram-se cercados nos limites exigidos por lei e cuja vegetação está em processo de

regeneração. Muitas vezes, existem clarões chegando a faixa ciliar à 5 metros ou menor em vários

trechos, sendo que, em outros, essa faixa ultrapassa 50 metros. Podem ser verificados afloramentos

de rocha e solo arenoso nos barrancos, os quais visualmente parecem ter sido trazidos em épocas de

cheia do rio até as margens. Destacam-se algumas espécies nativas que ocorrem com maior

frequência nestes pontos, tais quais: guatambu (Aspidosperma subincanum), gameleira (Ficus sp),

marmelada (Alibertia edulis), ingá (Inga sp), jequitibá (Cariniana estrelensis), aroeira (Lithraea

molleoides), pombeiro (Tapirira guianensis), pau-d’óleo (Copaifera langsdorffii), mamica-de-porca

(Zanthoxylon riedelianum), jamelão, peroba, entre outras.

Destaca-se ainda a presença de lianas e cipós que abafam o sub-bosque e a regeneração

natural. Em alguns trechos podem ser caracterizados entre a pastagem e a mata ciliar, brejos

temporários com presença de capim barba-de-bode e herbáceas características desses ambientes.

Estes fragmentos podem classificados quanto ao status de conservação como nível 05 (ponto 09) e

nível 7 (ponto 05) . Ressalta-se que não há sinais de processos erosivos avançados e/ou em

formação.

Foto 4.94: Aspectos da mata ciliar do rio Meia Ponte preservada em vários trechos.

113

Foto 4.95: Aspectos do ponto 09 na mata ciliar do rio Meia Ponte que se encontra confrotante com pastagens, porem com certo grau de preservação.

Ponto 06

Fragmento de vegetação localizado em área rural de propriedade do Sr. Edmar, onde existe um curso

d’água represado em dois pontos, com ausência de mata ciliar no entorno das represas. Notam-se

pastagens e um pomar de laranja (Citrus sp), em seu entorno. O gado faz uso dessa mata até a beira

do córrego, onde a compactação do solo inibe o desenvolvimento vegetal nesses ambientes e

contribui para a formação de processos erosivos, como constatados no local, onde predominam

gramíneas do tipo braquiária.

Logo após essas represas, ao norte da propriedade, foram observados remanescentes florestais (com

aproximadamente 100 x 50 metros de extensão) que caracterizavam preteritamente a formação

vegetal original daquele local (floresta estacional semidecidual), estando alguns representantes

arbóreos e herbáceos característicos desta fitofisionomia, dentre os quais podem ser citados: jatobá

(Hymenea courbaril), pombeiro (Tapirira guianensis), angico (Anadenanthera macrocarpa),

marmelada (Alibertia edulis), aroeira (Myracrodruon urundeuva), canela-de-velho (Aspidosperma sp),

jacarandá (Jacaranda sp), copaíba (Copaifera langsdorffii), guatambu (Aspidosperma subincanum),)

além de espécies exóticas como a mangueira (Mangifera sp).

No extrato herbáceo há a predominância de cruz-de-malta (Ludwigia sp) e capim rabo-de-burro

(Andropogon bicornis), entre outras. É classificado através das observações em campo, quanto ao

status de conservação, como nível 5.

114

Foto 4.96: Aspectos da degradação da área pela retirada de espécies arbóreas do ponto 06.

Ponto 07

Este ponto encontra-se em propriedade rural, numa drenagem sem nome, localizada na

Chácara da Barra, que se caracteriza por área brejosa com presença de capim barba-de-bode. Sofre

forte pressão antrópica por pastagens em seu entorno, não apresentando adensamento vegetal, com

árvores de porte médio a pequeno. Destacam-se algumas espécies que parecem ter maior

frequência como, por exemplo: Pindaíba (Xylopia sp), bosta-de-rato (Hirtela sp), jatobá-da-mata

(Hymenea courbaril), laranjinha (Styrax camporum), embiruçu (Pseudobombax tomentosum), sangra

d’água (Croton urucurana), goiabinha-da-mata (Psidium myrsinoides), mamica-de-porca (Zanthoxylon

riedelianum), embaúba (Cecropia pachystachya), e a palmeira macaúba, entre outras.

Caracteriza-se o ponto 07 pelo nível 5 quanto ao grau de conservação do mesmo. Não foi

observado presença de erosões onde esta área está cercada, porém o arame já se encontra velho e

desgastado pelo tempo, não sendo um instrumento de recuperação eficiente para a vegetação.

Foto 4.97: Aspectos do interior e exterior do fragmento de mata de galeria confrontante com área de pastagem.

115

Ponto 8

Trata-se de um ponto localizado em zona rural, a qual se caracteriza pela presença de uma

nascente. Esta faixa de APP encontra-se descaracterizada floristicamente, onde podem ser

encontradas faixas de no máximo 5m de largura, não sendo respeitados os limites mínimos exigidos

por lei. Como quase todas as áreas verificadas na zona rural, esta sofre forte pressão antrópica pelo

pisoteio do gado e áreas de pastagens que interpenetram o seu interior. Caracteriza-se ainda por

afloramentos de rocha tapiocanga (laterita) em seu interior e nas bordas, assim como a presença de

taboa (Tipha sp) no curso d’água. Algumas espécies arbóreas que merecem destaque podem ser

citadas: embaúba (Cecropia pachystachya), ingá (Inga sp), carvoeiro (Sclerolobium paniculatum),

limão-bravo, pindaíba (Xylopia sp), sangra-d’água (Croton urucurana), pimenta-de-macaco (Xylopia

aromatica), mandiocão (Scheeflera morototoni),aroeira (Lithraeae molleoides), guatambu

(Aspidosperma subincanum), angico-vermelho (Piptadenia gonoacantha), a palmeira macaúba e

taboa (Tipha sp) no curso d’água. Esta área recebeu o nível 3 quanto ao status de conservação,

devido também a presença de erosões provocados pelo gado que bebe agua às suas margens e

compacta o solo, inibindo a sucessão ecológica das espécies arbóreas e herbáceas.

Foto 4.98: Mata de galeria com ausência de espécies arbóreas em alguns trechos e invadidas por capim braquiária.

Ponto 10

Fragmento caracterizado pela mata ciliar em zona rural, onde se encontram em ambas as

margens do curso d’água faixas preservadas e faixas de vegetação degradadas. Nota-se em alguns

locais a presença de construções para moradias na sua APP. Este fragmento está localizado à jusante

do ponto 19. Nesta área há fragmentos típicos de ambientes de mata ciliar, entre as quais se

destacam: angico-vermelho (Piptadenia gonoacantha), mamica-de-porca (Zanthoxylon riedelianum),

aroeira (Lithraeae molleoides), guatambu (Aspidosperma subincanum), jatobá (Hymenea courbaril), a

116

palmeira guariroba, gameleira (Ficus sp), pombeiro (Tapirira guianensis), pau-d’óleo (Copaifera

langsdorffii), marmelada (Alibertia edulis), embiruçu (Pseudobombax tomentosum), jacarandá

(Machaerium sp). Ressalta-se que todo o entorno está coberto com gramíneas do tipo braquiária

para formação de pastagens. Quanto ao status de preservação este ponto pode ser caracterizado

como nível 3.

Ponto 11

Ponto localizado em zona rural, a qual é tratada fitofisionomicamente como cerradão em

transição para mata-de-galeria, que sofre intensa pressão antrópica por estar próxima da área

urbana. A vegetação foi suprimida, em algumas faixas, para instalação de rede elétrica e por trilhas

feitas por moradores do entorno.

Nota-se solo com presença de cascalho e grande quantidade de lixo e depósito de resíduos de

construção civil, onde o fragmento se encontra cercado por arame. Podem ser encontradas algumas

espécies mais frequentes nesta fitofisionomia, como por exemplo: pau-terra (Qualea multiflora),

sucupira-preta (Bowdichia virgilioides), faveiro (Dimorphandra mollis), angico-vermelho (Piptadenia

gonoacantha), caju (Anacardium occidentale), embira-preta (Xylopia emarginata), embaúba

(Cecropia pachystachya), bosta-de-rato (Hirtela sp), monjoleiro (Acacia polyphylla), tingui (Magonia

pubescens), carvoeiro (Sclerolobium aureum), embiruçu (Pseudobombax tomentosum), pequi

(Caryocar brasiliensis), jacarandá (Jacaranda sp), barbatimão (Stryphnodendron adstringens), entre

outras. Verifica-se que a área apresenta declive acentuado e devido à retirada de cascalho no local,

torna-se bastante vulnerável à formação de processos erosivos como foi constatado no local. Quanto

ao status de conservação, este ponto foi classificado como nível 1.

Foto 4.99: Depósito de lixo a céu aberto onde podem ser encontrados também entulhos de construção civil.

117

Foto 4.100: Fitofisionomia de cerradão em transição para mata de galeria muito degradada pela retirada de cascalho e supressão vegetal.

Ponto 13

Fragmento localizado em zona rural caracterizado fitofisionomicamente pela floresta

estacional semidecidual em estágio secundário de regeneração e que está isolado, com nenhuma

conectividade com matas ciliares e/ou de galeria.

Trata-se de um fragmento que sofre forte pressão antrópica pela supressão de espécies do

estrato arbóreo e pela invasão de capim braquiária em seu interior, denotando também forte efeito

de borda com a presença de cipós e lianas em suas bordas.

Neste fragmento podem ser encontrados alguns remanescentes arbóreos típicos desses

ambientes, do qual podemos ressaltar os indivíduos que apresentam maior destaque: pororoca

(Rapanea guianensis), pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), peroba-rosa (Aspidosperma

parvifolium), embaúba (Cecropia pachystachya), angico-branco (Anadenanthera colubrina), sucupira-

amarela (Sweetia fruticosa), tarumai (Rhamnidium elaeeocarpum), jenipapeiro (Genipa americana),

mutamba (Guazuma ulmifolia), angelim-do-campo (Andira anthelmia), peroba-do-campo

(Paratecoma peroba), murici (Byrsonima verbascifolia), caviúna (Dalbergia miscolobium), lixeira

(Curatella americana), pau-terra-folha-larga (Qualea grandiflora), pau-terra-folha-miúda (Qualea

multiflora), murici (Byrsonima sp) , vinhático (Platymenia reticulata) , faveira (Dimorphandra mollis),

barbatimão (Stryphnodendron adstringens) , barú (Dipterix alata) , gonçalo-alves (Astronium

fraxinifolium), gonçalo-alves (Astronium graveolens ), angelim (Andira anthelmia), entre outras.

Quanto ao status de conservação este pode ser caracterizado devido aos aspectos ambientais

apresentados como nível 3.

118

Ponto 15

Este fragmento encontra-se conectado com outros pontos próximos como o ponto 9 e o ponto

12, porém são de fitofisionomias diferentes: os pontos 9 e 12 como mata ciliar e o ponto 15 como

um fragmento de floresta estacional semidecidual. Ambos os fragmentos se caracterizam por

apresentar certos trechos de degradação ambiental pela retirada das espécies arbóreas classificadas

como madeira de lei. Nos remanescentes arbóreos ainda preservados, pode-se destacar que a

margem esquerda apresenta-se mais preservada do que a margem direita do curso d’água existente

nesta região. Este fragmento parece ter sido conservado como forma de Reserva Legal e pode ser

caracterizado quanto ao status de conservação como nível 7, na propriedade onde ele está inserido,

conectando-se ao curso d’água próximo. Das espécies arbóreas, podem ser citadas as seguintes,

comuns aos dois ambientes analisados: pororoca (Rapanea guianensis), pimenta-de-macaco (Xylopia

aromatica), peroba-rosa (Aspidosperma parvifolium), embaúba (Cecropia pachystachya), angico-

branco (Anadenanthera colubrina), sucupira-amarela (Sweetia fruticosa), taruma (Rhamnidium

elaeocarpum), jenipapeiro (Genipa americana), mutamba (Guazuma ulmifolia), angelim-do-campo

(Andira anthelmia), peroba-do-campo (Paratecoma peroba), murici (Byrsonima verbascifolia),

caviúna (Dalbergia miscolobium), lixeira (Curatella americana), entre outras.

Ponto 16

Fragmento classificado fitofisionomicamente como cerrado em processo secundário de

regeneração, o qual muitas vezes é cortado em trechos para a passagem de rede elétrica. Trata-se de

um fragmento que vem sofrendo uma pressão antrópica ocasionada pela ocupação urbana

desordenada na região, estando cercado por chácaras de lazer. Nota-se efeito de borda pela

presença de herbáceas e invasoras, além de espécies exóticas como a mamona. Podem ser citadas

algumas espécies arbóreas nativas verificadas nesta fitofisionomia como cedrelo (Cedrela fissilis),

marmelada (Alibertia edulis), araçá (Psidium myrsinoides), lixeira (Curatella americana), cafezinho

(Rhaminidium eleocarpum), embaúba (Cecropia pachystachya), faveiro (Dimorphandra mollis),

embiruçu (Pseudobombax tomentosum), jatobá (Hymenea courbaril), mamica-de-porca (Zanthoxylon

riedelianum). Pela observação das características do fragmento, foi classificado como nível 3, em

relação ao seu estado de conservação.

119

Foto 4.101: A fitofisionomia de cerradão caracteriza o fragmento 16. Este é cortado por várias estradas e invadido por capim braquiária.

Ponto 17

Fragmento localizado em área rural, que se caracteriza fitofisionomicamente por floresta

estacional semidecidual em transição com o cerradão, onde podem ser encontradas espécies típicas

de floresta assim como de cerrado. Parece fazer parte da área de Reserva Legal da propriedade onde

está inserido. Próximo a estrada de acesso a este fragmento as espécies arbóreas possuem porte

mais alto com média de 12 a 15 metros, diminuindo seu porte num continumm vegetacional à

medida que se limita com áreas de lavoura de sorgo, milho e em menor percentagem áreas de

pastagens. Algumas espécies se destacam, pela grande frequência na área deste fragmento, das

quais podemos citar: mandiocão (Scheeflera morototoni), mercurinho (Erythroxylum sp), aroeirinha

(Lithraeae molleoides), barbatimão (Stryphnodendron adstringens), jatobá-da-mata (Hymenea

courbaril), gameleira (Ficus sp), jacarandá-do-cerrado (Machaerium opacum), mamica-de-porca

(Zanthoxylon riedelianum), embiruçu (Pseudobombax tomentosum), bosta-de-rato (Hirtela

glandulosa), pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), pombeiro (Tapirira guianensis), angico-

vermelho (Piptadenia macrocarpa), esponginha (Spondias sp), maria-pobre (Dilodendron

bipinattum), entre outras. Este fragmento, na forma como se encontra atualmente, pode ser

caracterizado quanto ao seu status de conservação como nível 9, onde não há formação de processo

erosivo ou erosões já estabelecidas.

120

Foto 4.102: Fragmento florestal que se encontra cercado, porém com baixa biodiversidade do estrato arbóreo.

Ponto 19

Fragmento caracterizado por uma cabeceira de nascente com ausência da faixa de APP em

certos trechos, que praticamente foi suprimida para a formação de pastagens em seu entorno. A

vegetação desta área encontra-se bastante degradada com a presença de plantas invasoras no

estrato herbáceo que dificultam a regeneração natural, e que provocam forte efeito de borda por

cipós e lianas que dominam a paisagem. Nota-se a construção de barragens com a formação de

tanques para psicultura. O estrato arbóreo é dominado pela mata de pindaíbas (Xylopia sp) e alguns

indivíduos de palmeiras como o buriti (Mauritia flexuosa).Quanto ao status de conservação pode ser

caracterizado como nível 1.

Ponto 20

Fragmento em estágio secundário de regeneração, que se encontra cercado. Caracteriza-se

fitofisionomicamente por cerrado “strictu sensu”, o qual se limita com áreas de pastagens e áreas

periféricas urbanizadas. No seu entorno, localizam-se várias chácaras, a maioria para lazer. Não foi

constatado formação de processos erosivos nesse local. Algumas espécies que são mais frequentes

podem ser citadas: pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), cajuzinho (Anacardium humile),

barbatimão (Sthryphnodendron adstringens), jatobá-do-cerrado (Hymenea stignocarpa), pau-de-

tucano (Vochysia tucanorum), pau-terra (Qualea multiflora), chapéu-de-couro (Salvertia

convallariaeodora), uvinha (Coccoloba sp), lixeira (Curatela americana). Considera-se nível 7 em

relação ao status de conservação.

121

Foto 4.103: Cerrado “strictu sensu” que sofre forte efeito de borda, confrotante com pastagens.

Ponto 21

Ponto localizada em zona rural, na propriedade do sr. Geraldo Brasil, às margens da rodovia BR-

153, sentido Hidrolândia-GO, onde pode ser encontrada a fitofisionomia de mata ciliar. Caracteriza-se por

estar bastante degradada, com presença de erosões no barranco do córrego, o qual se encontra

assoreado.

Neste local o curso d’água apresenta-se com aproximadamente sete metros de largura e uma

profundidade de 40 centímetros. Seu entorno é caracterizado por solos do tipo hidromorfo. A ele,

conecta-se um fragmento de floresta estacional, em estágio secundário de regeneração, que se mostra

ecologicamente bastante perturbado, com presença de lianas e cipós no seu interior. Ambas as áreas se

limitam com áreas de pastagens, tendo como espécies arbóreas nativas entremeio às espécies exóticas

mais frequentes: mangueiras (Mangifera sp), banana (Musa sp),buriti (Mauritia flexuosa), sangra-d’água

(Croton urucurana), marmelada (Alibertia edulis), goiabinha (Psidium myrsinoides), entre outras. Quanto

ao nível de conservação este fragmento foi classificado como nível 5.

Foto 4.104: Área localizada próxima à BR-153 que se encontra conectada com curso d’água com a presença de palmeiras em seu entorno.

122

Foto 4.105: Curso d’água assoreado e com pouca vegetação em sua APP.

Ponto 24

Fragmento localizado limítrofe a área urbana, onde se encontra uma drenagem com APP

degradada, entremeio a um ambiente de “lajedo”, com presença expressiva de algumas espécies comuns

tanto em mata ciliar, como em florestas estacionais, que também se conecta a um fragmento melhor

preservado desta fitofisionomia. Próximo a esses fragmentos se localiza uma subestação da SANEAGO.

Na mata ciliar, há lajes de rochas que formam corredeiras no curso d’água. Em sua composição

botânica encontram-se palmeiras buriti (Mauritia flexuosa), além de embaúba (Cecropia pachystachya),

angicos (Piptadenia gonoacantha), pau-de-tucano (Vochysia tucanorum), pequi (Caryocar brasiliensis),

mandiocão (Scheeflera morototoni), caju (Anacardium humile), carvoeiro (Sclerolobium aureum) cafezinho

(Buchenavia tomentosum), bambu (família Poaceae), marmelada (Alibertia edulis), bananeira (Musa sp).

Foi classificado quanto ao status de conservação como nível 7.

Foto 4.106: Vista do fragmento florestal representado pela floresta estacional semidecidual com a presença de afloramentos de rocha.

123

Foto 4.107: Curso d’água com formação de corredeiras pela presença de lajes de rochas entremeio também à vegetação.

Pontos 25 e 26

Fragmentos localizados em zona rural caracterizado por uma cabeceira de nascente represada.

Trata-se de um pequeno fragmento de mata de galeria que se conecta com outro fragmento de

floresta caracterizado fitofisionomicamente pela floresta estacional semidecidual. As represas desse

curso d’água estão localizadas entre as coordenadas UTM Zona 22 K 1) 0695309,8 / 8136980,19 e 2)

0695376,18 / 8137071,59, sendo a margem esquerda do curso d’água mais preservada do que a

margem direita com maior faixa de vegetação. Nota-se em alguns pontos do curso d’água a presença

de bancos de areia e construções em alvenaria para moradias as quais, muitas vezes, chegam ao

barranco do rio. No entorno desse curso d’água há várias curvas de nível e várias áreas com pomar

para a subsistência dos moradores. Quanto ao status de conservação estes pontos foram

caracterizados como nível 3.

Ponto 29

Fragmento localizado em área rural próximo à rodovia BR-153, que parece fazer parte da Área

de Reserva Legal da propriedade. Caracteriza-se fitofisionomicamente como cerradão, com árvores

de porte pequeno a médio, onde nota-se forte influência antrópica pelo efeito de borda que o

mesmo apresenta, com a presença de espécies que abafam a regeneração e o desenvolvimento

ecológico do fragmento. Nota-se que o gado utiliza esse ambiente para nidificação, devido a vestígios

constatados no local.

Observa-se a retirada das principais espécies de grande porte e que eram as matrizes

principais que compunham o rol de espécies comuns daquele ambiente. Lianas e cipós predominam

124

no local, além de espécies arbóreas típicas, com CAP (Circunferência à Altura do Peito) médio de 0,60

m e altura média de 12 metros, dos quais podemos citar as mais frequentes, entre outras: pau-de-

tucano (Vochysia tucanorum), aroeira (Lithraea molleoides), carvoeiro (Sclerolobium aureum), cedro

(Cedrela fissilis), pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), pau-santo (Kielmeyera coriaceae), faveiro

(Dimorphandra mollis), amescla (Protium heptaphyllum), embiruçu (Pseudobombax tomentosum),

mercúrio-do-campo (Erythroxylum deciduum), cagaita (Eugenia dysenterica).

Constatou-se a ausência de sub-bosque e substrato composto por serrapilheira (troncos e

folhas) de aproximadamente 0,5 cm, e a ocorrência de erosões próximas ao córrego com o qual se

conecta. Pela observação “in loco” foi considerado nível 3 quanto ao status de conservação.

Foto 4.108: Fragmento de cerradão localizado às margens da rodovia BR – 153. Encontra-se cercado e com a espécie Vochysia tucanorum (pau de tucano) em época de inflorescência.

Ponto 30

Este ponto está localizado em área urbana (Rua das Cerejeiras, Setor Recanto do Bosque),

onde se encontra uma drenagem bastante assoreada, depósito de entulhos e lixo doméstico e com a

mata ciliar ausente em certos trechos. Há a presença de espécies exóticas e invasoras como a

mamona (Ricinus comunis), e também a presença de espécies típicas como o buriti (Mauritia

flexuosa) que domina a paisagem em questão.

Nos remanescentes de matas ciliares, nota-se a ocorrência de espécies nativas, como por

exemplo: angico (Piptadenia gonoacantha), sangra-d’água (Croton urucurana), jacarandá (Jacaranda

sp), embaúba (Cecropia pachystachya), gameleira (Ficus sp), cedro-do-brejo (Cedrela odorata), pau-

de-tucano (Vochysia tucanorum), pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), goiabinha (Psidium

myrsinoides), mandiocão (Scheeflera morototoni), além de espécies exóticas como bananeira (Musa

125

sp), entre outras. Através do levantamento “in loco”, este fragmento foi classificado como nível 3 de

preservação, pela quantidade entulho depositado neste ambiente e edificações presentes na APP.

Foto 4.109: Área com intensa degradação na APP do curso d’água com presença de edificações e grandes erosões devido ao desmatamento.

Foto 4.110: Fragmento de vereda e floresta estacional semidecidual que se conectam, localizados em zona urbana.

Ponto 32

Ponto com fragmentos preservados de floresta estacional semidecidual, onde há início de

processos erosivos nas bordas, início de lixiviação do solo e a presença de construções em alvenaria

na APP. No curso d’água local há uma ponte para travessia de pedestres e nascentes degradadas. O

seu entorno possui vários remanescentes florestais que podem ser indicados para criação de

unidades de Conservação. Este curso d’água desagua em outro que está identificao, neste

levantamento, nos pontos 34, 35 e 39. Destaca-se ainda a presença de barragens para a formação de

represas. Algumas espécies merecem destaque, das quais podem ser citadas: monjoleiro (Acacia

126

heptaphylla), pau pombo (Tapirira guianensis), cabriteiro (Rhamnidium elaeocarpa), embaúba

(Cecropia pachystachia), ipê-branco (Tabebuia roseo-alba) e açoita-cavalo (Luehea sp), com presença

expressiva de cipó quina (Serjania sp), entre outras. Quanto ao status de conservação, este pode ser

caracterizado por nível 7.

Pontos 34, 35 e 39

Os pontos 34, 35 e 39 estão localizados na mata ciliar do Rio Meia Ponte. Nestes locais

encontram-se matas ciliares com clarões e até mesmo ausentes em certos trechos, e outros mais

preservados com a vegetação arbórea ainda presente. Constatou-se, nestes locais, a presença de

bovinos devido à ocorrência de vestígios de fezes e pisoteio o que dificulta a regeneração natural.

Estes fragmentos localizam-se em zona rural, onde foi verificado o desenvolvimento de

atividades diversas na propriedade, como granjas e pomares (laranja e café) que chegam até o

barranco do curso d’água. Há ainda tanques formados para a atividade de psicultura. Há algumas

espécies nativas presentes nesses locais, apesar da intensa antropização sofrida ao longo dos anos

pela retirada de espécies arbóreas, dentre as quais podem ser citadas as seguintes: amargosinho

(Acosmium dasycarpum), araticum (Annona coriacea), lixeira (Curatella americana), barbatimão

(Stryphnodendron adstringens), faveira (Dimorphandra mollis), pau-santo (Kielmeyera spp.), pau

terra (Qualea spp.), gritadeira ou douradão (Palicourea rigida), murici-rosa (Byrsonima

coccolobifolia), pequi (Caryocar brasiliense), mangaba (Hancornia speciosa), mercúrio (Erythroxylum

suberosum), entre outros. Quanto ao status de conservação, os pontos obervados podem ser

caracterizados por nível 3, pelo tamanho do fragmento e por suas nascentes degradadas.

Ponto 37

Ponto com a presença de pastagens onde podem ser encontrados fragmentos isolados de

cerrado, o que torna visível o alto grau de degradação pela retirada das espécies do estrato arbóreo,

assim como pela presença de bovinos no seu interior.

Denota-se que esses fragmentos são transicionais com áreas de mata de galeria onde existem

nascentes. Ressalta-se ainda, que no seu entorno houve perda de solo pela retirada de cascalho

localizada entre as coordenadas UTM Zona 22 K 0693559, 69 / 8141058,26 ou por uma possível

lixiviação do solo nesses locais. Algumas espécies nativas ainda podem ser encontradas, tais como:

embaúba (Cecropia pachystachya), angico-branco (Anadenanthera colubrina), sucupira-amarela

(Sweetia fruticosa), taruma (Rhamnidium elaeocarpum), jenipapeiro (Genipa americana), mutamba

127

(Guazuma ulmifolia), angelim-do-campo (Andira anthelmia), peroba-do-campo (Paratecoma

peroba), murici (Byrsonima verbascifolia), caviúna (Dalbergia miscolobium), lixeira (Curatella

americana), entre outras. Quanto ao status de conservação foi caracterizado essa área como nível 3.

Ponto 41

Ponto com intensa atividade antrópica, porém localizada em zona rural, com a predominância

de pastagens. Os fragmentos remanescentes estão preservados geralmente sob a forma de Reserva

Legal das propriedades rurais. Denota-se também que os cursos d’água existentes no local estão com

suas matas ciliares degradadas em certos trechos e preservadas em outros, caracterizando ambas as

faixas laterais. Nas pastagens ainda são observados alguns remanescentes arbóreos nativos,

distribuídos de forma aleatória. Podem ser encontradas ainda as seguintes espécies: bate-caixa

(Palicourea rigida), Vassoura-do-campo (Baccharis trinervis), Maria-preta (Terminalia brasiliensis),

Pé-de-perdiz (Croton antisyphiliticus), Pacova (Heliconia hirsuta), Pitanga (Eugenia bimarginata),

Tamanqueiro (Aegiphila klotzkiana), Chapéu-de-couro (Salvertia convallariodora), entre outras.

Quanto ao status de conservação este foi caracterizado por nível 5 pelas condições que a APP se

encontra atualmente.

Ponto 42

Fragmento localizado em área urbana, onde há uma drenagem bastante degradada pela forte

pressão antrópica que vem sofrendo, devido à ausência de mata ciliar e a ocorrência de processos

erosivos atuantes, além de edificações de moradia em APP, deposição de ferro velho (carros,

televisão, entre outros) e uma indústria de água mineral no seu entorno. Nota-se a presença de

espécies frutíferas como a mangueira (Mangifera indicans), abacate (Persea americana), bambus

(família Poaceae), capim jaraguá (Hyparrhenia rufa), além de algumas espécies nativas, distribuídas

de forma esparsa pela área, como por exemplo: angico (Piptadenia gonoacantha), pata-de-vaca

(Bauhnia spp), laranjinha (Styrax camporum), buriti (Mauritia flexuosa), goiabinha (Psidium

myrsinoides), entre outras. Quanto ao status de conservação, este foi caracterizado como nível 1.

Ponto 43

Área localizada em zona urbana caracterizada por vegetação de mata de galeria. Estes

fragmentos, ao longo da nascente, sofrem forte pressão antrópica pelo avanço da expansão urbana

em seu entorno com a construção de condomínios horizontais e obras para o comércio em geral. Nas 128

matas de galeria, pôde-se observar na vistoria “in loco”, o plantio de espécies exóticas como

bananeira (Musa sp), bambus (Bambusa spp) e palmeira imperial (Roystonea oleracea), entre outras.

Além das espécies exóticas encontram-se também várias moradias construídas muitas vezes até o

barranco do curso d’água, além de várias chácaras no seu entorno. Algumas espécies nativas podem

ser listadas, tais como: pitanga-do-cerrado (Eugenia involucrata), pau-d’óleo (Copaifera langsdorffi),

jenipapo (Genipa americana), mamica-de-porca (Zanthoxyllum rhoifolium), açoita-cavalo (Luehea

grandiflora), entre outras. Quanto ao status de conservação este foi caracterizado pelo nível 5.

Ponto 44

Ponto localizado em zona urbana (Setor Cidade Vera Cruz), onde se encontra uma drenagem

bastante degradada, com a ocorrência de erosões em grande escala, edificações para moradia, e

chácaras com hortaliças que chegam até o barranco do rio, além de rede elétrica de alta-tensão que

cruza a drenagem. Nota-se ausência de mata ciliar, com alguns representantes arbóreos esparsos

ainda presentes. Destaca-se o predomínio de capim braquiária em praticamente toda APP, além de

espécies exóticas como a mamona (Ricinnus comunis), leucena (Leucaena leucocephala), pinheiro

(Pinnus spp), bananeira (Musa sp), mangueiras (Mangifera indicans), abacate (Persea americana),

mamão (Carica spp) entre outras. As espécies nativas presentes se caracterizam por porte médio à

grande, das quais podem ser citadas: angico (Piptadenia gonoacantha), embaúba (Cecropia

pachystachya), sangra d’água (Croton urucurana), barriguda (Chorisia speciosa), cajuzinho

(Anacardium humile), goiabinha (Psidium myrsinoides), laranjinha (Styrax camporum), copaíba

(Copaifera langsdorffii), jacarandá (Machaerium sp), pombeiro (Tapirira guianensis), embiruçu

(Pseudobombax tomentosum), mamica-de-porca (Zanthoxylon rhoifolium), gameleira (Ficus sp), pau-

terra (Qualea grandiflora), pata-de-vaca (Bauhinia sp), tento (Ormosia arborea), entre outras.

Quanto ao status de conservação, devido às observações “in loco”, este ponto foi caracterizado como

sendo nível 1, principalmente pela ocupação da APP e pelo elevado nível de erosão que a mesma

apresenta.

129

Foto 4.111: Fragmento de mata ciliar descaracterizada com ponte sobre o curso d’água localizado em zona urbana.

Foto 4.112: Aspecto de depósito de entulho e erosão do barranco no curso d’água.

Ponto 45

Ponto localizado em zona rural limítrofe à zona urbana, classificada fitofisionomicamente pela

mata de galeria, com composição florística descaracterizada em ambas as margens.

Relata-se que o curso d'água encontra-se bastante assoreado formando bancos de areia em

seu leito, que pode ser devido à atividade de extração mineral que é realizada neste curso d’água.

Podem ainda ser encontradas algumas espécies nativas remanescentes em suas matas de

galeria, das quais podemos citar: Anadenanthera spp. (angicos), Apeiba tibourbou (pau-de-jangada,

pente-de-macaco), Aspidosperma spp. (perobas), Celtis iguanae (grão-de-galo), Enterolobium

contortisiliquum (tamboril), Inga spp. (ingás), Myracrodruom urundeuva (aroeira), Sterculia striata

(chichá), Tabebuia spp. (ipês), Trema micrantha (crindiúva) e Triplaris gardneriana (pajeú), sangra-

d’água (Croton urucurana), monjoleiro (Anadenanthera falcata), maria-preta (Dyospiros sp), 130

embaúba (Cecropia pachystachya), chapadinha (Acosmium sp), ucuuba (Virola sp), capitão-do-mato

(Erythrina fusca), murici-da-mata (Byrsonima sp) carne-de-vaca (Roupala brasiliensis), cipó-imbé

(Phylodendron imbe), imbaúba (Cecropia pachystachia), pororoca (Dialium sp), pimenta-de-macaco

(Piper sp), pau-terra-de-folha-larga (Qualea grandiflora), pau-terra-de-folha-miúda (Qualea sp.),

pindaíba (Xylopia emarginata), araticum (Rollinia mucosa), mama-cadela (Brosimum gaudichaudii),

jatobá (Hymenaea courbaril), vinhático (Enterolobium gummiferum). Quanto ao status de

conservação este ponto caracteriza-se como nível 1 pela intensa atividade antrópica a que esses

fragmentos são submetidos.

Ponto 46

Este ponto se localiza em zona agroindustrial às margens do córrego Santo Antônio, onde a

população pretérita ocupou grande parte da área de preservação permanente (APP), que em alguns

locais não atinge 10 (dez) metros, permanecendo no local, remanescentes arbóreos arbustivos

típicos de mata ciliar, distribuídos aleatoriamente por entre a mata seguindo o curso d’água, onde

atualmente a APP se encontra ocupada por indústrias como a MEGAFORT, que reflorestou uma parte

desta área degradada, com espécies nativas, respeitando a legislação ambiental vigente.

A vegetação ripária apresenta certa variação de estrutura, composição e distribuição espacial,

refletindo trechos de deposição e erosão de sedimentos. Lateralmente, as condições de saturação de

umidade do solo diminuem à medida que se distancia do córrego, influenciando também a

composição das espécies.

Nas proximidades do córrego Santo Antônio, nos remanescentes de mata ciliar são

encontradas as seguintes espécies: cedro (Cedrela fissilis), aroeira (Myracrodruon urundeuva), buriti

(Mauritia flexuosa), ipê-amarelo (Tabebuia serratifolia), pau-pombo (Tapirira guianensis), pindaíba

(Xylopia emarginata), gameleira (Ficus sp.), jatobá (Hymenea courbaril) , paina (Bombax sp.), tucum

(Astrocaryum vulgare) , ingá (Inga sp.), tamboril (Enterolobium contortissilicum), aroeirinha (Lithraea

molleoides), angico (Anadenanthera peregrina), sangra d’água (Croton urucurana) entre outras,

porém, através de vistoria “in loco”, constata-se que a quantidade de representantes arbóreos-

arbustivos, encontram-se em número bastante reduzido, devido às atividades antrópicas como

desmatamento e queimadas na sua APP . Para este ponto, através de observações, caracteriza-se

quanto ao seu status de conservação como nível 3.

131

Foto 4.113: Aspecto de mata ciliar degradada e com presença de capim braquiária invadindo a APP.

Ponto 47

Fragmento localizado em zona rural próximo à Pedreira Izaíra, onde se encontra uma drenagem

bastante antropizada. Constatou-se localmente forte pressão antrópica nessa drenagem ao qual se

apresenta bastante assoreada e com intenso processo erosivo laminar. Nota-se em seu entorno a

predominância de pastagens com capim braquiária, e com relevo bastante acentuado. Nesta drenagem

nota-se a presença de bovinos através de vestígios como fezes e a compactação do solo pelo pisoteio.

Algumas espécies arbóreas nativas ainda são encontradas com alta frequência, dentre as quais podemos

citar: angico (Piptadenia gonoacantha), carvoeiro (Sclerolobium aureum), marmelada (Alibertia edulis),

bonequeiro (Pseudobombax longiflorum), laranjinha (Styrax camporum), aroeira (Myracrodruon

urundeuva), guatambu (Aspidosperma subincanum), pata-de-vaca (Bauhinia rufa), gonçalo-alves

(Astronium fraxinifolium), quaresmeira (Tibouchina sp), sobre (Emmotum nitens), entre outras. Através

das observações “in loco”, caracterizou-se quanto ao status de conservação, pela alta vulnerabilidade do

solo à erosão, e pela baixa diversidade das espécies como nível 6.

Foto 4.114: Fragmento caracterizado pela floresta estacional semidecidual que se localiza em zona urbana.

132

Foto 4.115: Aspectos do interior do fragmento com presença de clareiras e invasão de capim braquiária.

Ponto 48

Fragmento localizado em zona urbana, que sofre forte pressão antrópica pela ocupação

desordenada. Destaca-se que fitofisionomicamente pode ser considerado como remanescente de

floresta estacional semidecidual, em que, já foram suprimidas as principais matrizes desta tipologia,

restando apenas alguns representantes que se caracterizam por CAP médio de 1,8 metros e altura

média de 20 metros. Em seu interior, encontram-se trilhas abertas por moradores vizinhos, onde os

cipós e lianas se desenvolveram inibem a regeneração natural, além de depósito de lixo doméstico e

entulhos. Mesmo apresentando baixa resiliência local, alguns representantes arbóreos nativos típicos

desta fitofisionomia ainda podem ser citados, como por exemplo: gameleira (Ficus sp), jequitibá

(Cariniana estrelensis), angico-branco (Albizia niopoides), jacarandá (Jacaranda sp), pau-d’óleo

(Copaifera langsdorffii), entre outras. O substrato é composto por serrapilheira (troncos e galhos).

Quanto ao status de conservação, este foi caracterizado pelo nível 3.

Foto 4.116: Aspectos do interior do fragmento florestal degradado localizado em área urbana, com presença de espécies emergentes com o pau d’óleo (Copaifera langsdorffii).

133

Ponto 49

Ponto localizado em zona urbana, onde se encontra uma drenagem bastante degradada, da

qual a ocupação desordenada suprimiu praticamente toda a Área de Preservação Permanente (APP)

do curso d’água em questão. Trata-se de ambiente ocupado principalmente por chácaras que

chegam até as margens do córrego, onde há o predomínio do cultivo de hortaliças que substituiu a

vegetação ciliar. Outro fator relevante foi o grande acúmulo de entulhos e lixo doméstico,

depositados na área em questão, pelos moradores do bairro. Localiza-se ainda próximo a drenagem

uma estação de tratamento de esgotos (ETE – Cruzeiro do Sul) da SANEAGO e uma escola de ensino

primário e fundamental. Houve plantio da espécie leucina (Leucaena leucocephala) em seus

barrancos, sendo a espécie dominante, além de espécies invasoras como a mamona (Riccinus

comunis) e exóticas frutíferas como a mangueira (Mangifera sp), bananeira (Musa sp), entre outras.

Das espécies nativas, podemos encontrar alguns representantes, dos quais podem ser citados com

maior frequência: embaúba (Cecropia pachystachya), aroeirinha (Lythraeae molleoides), laranjinha

(Styrax camporum), goiabinha (Psidium myrsinoides), mamica-de-porca (Zanthoxylon riendelianum),

entre outras. Quanto ao status de conservação este ponto é o nível 1, pelos fatores considerados

como baixa diversidade das espécies, e pela APP ausente.

Foto 4.117: Aspectos da APP do curso d’água localizado próximo à estação de tratamento de esgotos da SANEAGO “Cruzeiro do Sul”.

Ponto 50

Área localizada em zona urbana à jusante da indústria colchões Biflex, que apresenta dimensão

aproximada de 3 metros de largura por 200 metros de comprimento. Na drenagem, atualmente

encontra-se em vários trechos com ausência de APP, sendo os barrancos dominados por capim

Jaraguá (Hyparrhenia rufa). Às margens desta drenagem encontra-se também um antigo Centro

134

Olimpico, com quadras poliesportivas dentro da APP, e que parecem estarem abandonadas. Existe

também um fragmento de vegetação nativo anexo a essa área, classificado fitofisionomicamente

pela floresta estacional semidecidual, e que seria uma área importante do ponto de vista biológico

para a criação de uma Unidade de Conservação (UC), após ser devidamente recuperada. As espécies

arbóreas presentes neste fragmento são um importante testemunho das espécies que formavam a

mata ciliar do córrego em questão, com CAP’s médio de 1,50 e altura média de 20 metros. Ainda

podem ser observadas as seguintes espécies nativas típicas de mata ciliar e de ocorrência em

florestas estacionais, tais quais: angico-branco (Albizia niopoides), jatobá (Hymenea courbaril),

barbatimão (Stryphnodendron adstringens), jequitibá (Cariniana estrelensis), pau-d’óleo (Copaifera

langsdorffii), pombeiro (Tapirira guianensis), sobre (Emmotum nitens), marmelada (Alibertia edulis),

entre outras. Quanto ao seu status de conservação, este recebeu nível 7, pela alta diversidade das

espécies encontradas.

Foto 4.118: Fragmento caracterizado fitofisionomicamente por floresta estacional semidecidual localizado dentro de uma área denominada Centro Olímpico em zona urbana de Aparecida de Goiânia.

Ponto 51

Ponto localizado em zona rural próximo ao Parque da Serra das Areias. Trata-se de uma

nascente, que sofreu forte pressão antrópica pelos proprietários rurais, preteritamente, pela

extração de areia em seu entorno, como pôde ser observado pelos vestígios deixados na

propriedade, em que provavelmente, aumentou a área de afloramento da nascente, formando uma

pequena mancha de áreas alagadas em seu entorno, caracterizados por uma vegetação herbácea

típica desses ambientes, como o capim barba-de-bode (Cyperus compressus) e o lírio-do-brejo

(Hedychium sp).

Das espécies arbóreas encontradas neste ponto, estas são caracterizadas por árvores de porte

médio à grande com CAP’s médio de 1,20 metros e altura média de 16 metros. Destaca-se a 135

supressão das principais matrizes arbóreas representantes desta tipologia, sendo encontradas

algumas espécies dos quais podemos citar: marmelada (Alibertia edulis), fruta de pomba

(Erythroxyllum sp), jequitibá (Cariniana estrelensis), sucupira-preta (Bowdichia virgilioides), maria

pobre (Dilodendron bippinatum), bosta-de-rato (Hirtela sp), embaúba (Cecropia pachystachya),

angico branco (Albizia niopoides), laranjinha (Styrax camporum), pombeiro (Tapirira guianensis),

amescla (Protium heptaphylum), aroeira (Myracrodruon urundeuva), gonçalo alves (Astronium

fraxinifolium), entre outras. Quanto ao status de conservação este ponto recebeu nível 3, pela baixa

diversidade das espécies e a abundância das mesmas.

Ponto 53

Este ponto localiza-se no Parque Estadual da Serra das Areias. Encontra-se antropizada no pé

da serra, e pouco mais conservada do meio para o topo da serra. Através do exame da carta de

vegetação natural e de uso/ocupação da terra (Carraro & Lopes, 2006), constatou-se o predomínio

de pastagens nas áreas de domínio dos interflúvios amplos revestidos, em sua maioria, pelo

Latossolo Vermelho distrófico.

Segundo Carraro & Lopes 2006, alguns remanescentes de vegetação de cerrado sinalizam que,

antes da modificação da área pelas atividades antrópicas, era esta a vegetação nativa. O cerrado

“strictu sensu” aqui referido, caracteriza-se pela presença de estratos arbóreo e arbustivo-herbáceo

definidos, com as árvores distribuídas aleatoriamente sobre o terreno em diferentes densidades

(SANO & ALMEIDA, 1998). Em meio às áreas de vegetação de cerrado destaca-se o que resta das

faixas da mata de galeria seguindo os cursos d’água e precedidas, à montante, pelas Veredas. Nas

Veredas destaca-se a presença da palmeira arbórea Mauritia flexuosa (buriti), emergente em meio a

grupamentos mais ou menos densos de espécies arbustivo-herbáceas, segundo Eiten (1993). Os

buritis encontram-se alinhados e ladeados por gramíneas. Para jusante, nas vertentes suavemente

convexiformes dos vales em V aberto, instala-se a mata de galeria. Por mata de galeria entende-se a

vegetação florestal que acompanha os rios de pequeno porte e córregos do Planalto Central,

formando corredores fechados (galerias) sobre o curso d’água, diferenciando-se da mata ciliar não

somente por esta feição, mas também por seu caráter perenifólio e sua composição florística (SANO;

ALMEIDA, 1998).

Na Serra das Areias se faz presente a vegetação nativa de cerrado rupestre, nos seus topos

planos e inclinados em altitudes próximas a 1000 m, que, segundo Sano e Almeida (1998) , é um

subtipo de vegetação arbóreo-arbustiva que ocorre em ambientes onde há frequentes afloramentos

de rocha e solos rasos (Neossolos Litólicos distróficos). Pode ocorrer em trechos contínuos, mas

136

geralmente aparece em mosaico, incluído em outros tipos de vegetação. O substrato é um critério de

fácil diferenciação entre cerrado rupestre e cerrado ralo, pois o primeiro comporta pouco solo entre

afloramentos de rocha. Nas suas vertentes encontra-se o cerrado “strictu sensu”, ao passo que nas

nascentes das bordas da serra aparecem às veredas seguidas, à jusante, pelo que resta da mata de

galeria. Tais fitofisionomias, particularmente aquelas da serra propriamente dita, ali preservada pela

dificuldade de acesso, são tipos representativos dos diferentes tipos de vegetação que compõem a

flora do Cerrado, caracterizando a Serra das Areias como um remanescente a ser preservado. Além

de detentora de potencial banco genético (MALENTACHI, 2001), abriga uma fauna diversificada

adaptada a esses ambientes.

Quanto ao ponto amostrado, esse se caracteriza pelo predomínio do cerrado, dos quais ainda

podemos encontrar as seguintes espécies: pequi (Caryocar brasiliensis), cajuzinho-do-cerrado

(Anacardium sp), mata-cachorro (Simarouba versicolor), mercurinho (Erythroxylum suberosum), pau-

terra-folha-larga (Qualea grandiflora), pau-terrinha (Qualea multiflora), lixeira (Curatela americana),

chapéu-de-couro (Salvertia convallaeriodora), baru (Dipteryx alata), sucupira (Pterodon

emarginatus), carvoeiro (Sclerolobium aureum), lobeira (), cagaita (Eugenia dysenterica), mama-

cadela (Brosimum gaudichaudi), duguetia (Duguetia furfuraceae), gomeira (Vochysia pyramidalis),

goiaba-brava (Myrcea tomentosa), murici (Byrsonima sp), pixirica (Miconia sp), guabiroba

(Campomanesia sp), paineira (Eryotheca sp), entre outras. Quanto ao status de conservação este

recebeu nível 5, por manter alta diversidade das espécies arbóreas.

Foto 4.119: Aspecto do parque da “Serra das Areias”, onde predomina o cerrado strictu sensu como vegetação

natural.

137

4.2.1.2 Diagnóstico a partir dos aspectos da vegetação

a) Impactos sobre a Flora

Os impactos ambientais referentes à vegetação estão relacionados basicamente pela

supressão da vegetação. Trata-se de impactos os quais, na maioria dos casos, são bastante

significativos, mesmo em zonas rurais, pois se encontram bastante antropizadas, onde os fragmentos

remanescentes estão com acentuado grau de degradação, com pouca ou nenhuma ligação entre si, e

apresentam com claros efeitos de borda, conforme diagnóstico do estudo. Ressalta-se ainda que a

maioria dos cursos d’água avaliada é caracterizada por trechos com ausência de vegetação nativa,

com início de processos erosivos, com invasão para construção irregular de moradias, além de

formação de pomares e hortaliças, e plantio de espécies exóticas na APP.

Os impactos inerentes à supressão da vegetação estão analisados a seguir:

a.1) Remoção da vegetação por ocasião da abertura do arruamento, execução de cortes

e aterros no terreno.

Conforme o levantamento “in loco” nos pontos amostrados para a Carta de Risco de Aparecida

de Goiânia e a observação quanto ao seu grau de preservação, a abertura das vias de circulação em

área urbana se concentrou em locais cuja cobertura vegetal varia de cerrado a floresta estacional.

Com a retirada de espécies arbóreas para a execução de obras, na implantação de loteamentos e

comércio em geral, a supressão da vegetação desses locais eliminou grande parte de espécies

arbóreas, diminuindo a abundância e diversidade das espécies, assim como fragmentou grande parte

da vegetação original do município, ocasionado pela expansão urbana desordenada.

Trata-se de um impacto com incidência direta, de magnitude moderada, de abrangência local,

irreversível e com moderadas condições de mitigação.

a.2) Degradação das áreas de preservação permanente e fragmentos florestais, cortes e

abates de árvores isoladas.

Durante a fase para a construção de moradias, o intenso fluxo de pessoas e veículos, a

impermeabilização do solo, o cortes de árvores para liberação de áreas, a possibilidade de roçagem

de sub-bosques dos fragmentos existentes, as queimadas criminosas ou acidentais, dentre outros,

138

são os fatores que influenciam direta ou indiretamente a qualidade ambiental do município de

Aparecida de Goiânia durante o período da expansão urbana.

Essas ações têm influência negativa nos processos de sucessão natural uma vez que

prejudicam, dentre outros, o estabelecimento de novas plântulas, a disseminação feita pela fauna e o

desenvolvimento da regeneração natural, principalmente onde as matas ciliares e matas de galeria

dos cursos d’água localizados em zona urbana, que foram substituídas por moradias de alvenaria.

A remoção de árvores individuais ou desmatamentos generalizados durante a fase de

construção das moradias e obras afins, em escalas diferentes, levam à redução do banco genético da

flora local.

A roçagem de sub-bosques dos fragmentos florestais retira o estoque de plântulas e indivíduos

jovens da floresta impedindo o desenvolvimento natural desta. Com o envelhecimento das árvores

maduras não há a substituição destas por outras mais jovens levando paulatinamente a uma redução

da cobertura vegetal. A antropização tende ainda a favorecer o estabelecimento de espécies

invasoras em detrimento das espécies nativas especialmente as climácicas.

Tal impacto tem incidência direta, de magnitude moderada, de abrangência local, irreversível e

com moderadas condições de mitigação.

a.3) Arborização inadequada

A utilização de espécies inadequadas na arborização do município de Aparecida de Goiânia,

mesmo em períodos pretéritos pode trazer diversos problemas como quebras constantes,

susceptibilidade a pragas e doenças, conflito com rede elétrica ou estruturas hidro-sanitárias,

necessidade de podas, dentre outros.

Tal impacto tem incidência direta, de magnitude acentuada, de abrangência local, irreversível

e com ótimas condições de mitigação.

4.2.1.3 Medidas mitigadoras

a) Flora

Para os impactos sobre a flora a medida recomendada é a recomposição da área de

preservação permanente e a proteção e revitalização das áreas verdes remanescentes e, ainda a

recuperação das áreas de voçorocas transformando-as em áreas verdes de preservação. Para essa

139

medida, além do PRAD (Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas), é indicada a implantação do

Programa de Recomposição das APPs e áreas verdes, conforme descrito no item abaixo.

b) Recomposição da Área de Preservação Permanente e Áreas Verdes Remanescentes.

As áreas de preservação permanentes dos cursos d’água existentes em zona urbana e zona

rural do município de Aparecida de Goiânia constituída por faixa marginal com largura de

aproximadamente 20 a 30 metros deverão ser protegidas e recuperadas nos locais que não perfazem

a largura mínima exigida por lei (30 m), conforme estabelece legislação ambiental em vigor.

Essas áreas poderão ser objeto de adensamento de espécies com o uso de mudas ou

sementes. Essa técnica segundo Rodrigues & Gandolfi 2000, visa aumentar as populações de algumas

espécies de alta densidade nas formações ciliares, que dado o processo de degradação local e

através do levantamento “in loco”, constatou-se reduzida diversidade florística.

c) Indicação de espécies para recuperação de APP’s

Em virtude das restrições impostas pelas condições de encharcamentos que ocorrem nos

cursos d’água como o rio Meia Ponte, assim como as nascentes tanto em zona rural como em zona

urbana a prescrição das espécies levará em conta, principalmente as características adaptativas das

espécies ao fator umidade do solo.

Sendo assim o plantio deverá contemplar a indicação de espécies de ocorrência nos

fragmentos de floresta-de-galeria e/ou mata de galeria existentes no local. É importante que por

ocasião do plantio seja utilizado o maior número de espécies possível dentre aquelas que ocorrem na

região.

Quadro 4.4: Relação de espécies indicadas para o reflorestamento das áreas de preservação permanente. Nome Comum Nome Científico Família

Açoita-cavalo Luehea sp. TILIACEAE

Angico Anadenanthera sp. LEGUMINOSAE

Aroeirinha Litraea moleoides ANACARDIACEAE

Banha-de-galinha Swartzia acutifolia LEGUMINOSAE

Boleiro Alchornea sp. EUPHORBIACEAE

Cabriteiro Rhaminidium eleocarpum RHAMNACEAE

140

Cafezinho Psychotria sp. RUBIACEAE

Camboatá Mataiba guianensis SAPINDACEAE

Cana-de-macaco Costus spiralis ZINGIBERACEAE

Canelão Nectandra sp. LAURACEAE

Cipó-cissus Cissus sp. VITACEAE

Crisophilum Crisophillum sp. SAPOTACEAE

Embaúba Cecropia pachystachya CECROPIACEAE

Espinheira-santa Maytenus ilicifolia RUBIACEAE

Feijão-crú Platymiscium floribundum LEGUMINOSAE

Garapa Apuleia leiocarpa LEGUMINOSAE

Goiabinha-da-mata Psidium Sartorianum MYRTACEAE

Helicônia Heliconia sp. MUSACEAE

Hibisco Hibiscus sp. MALVACEAE

Imbé Phylodendron imbe ARACEAE

Imbira-preta Unonopsis lendmanii ANNONACEAE

Ingá Inga sp. LEGUMINOSAE

Jacareúba Calophyllum brasiliense GUTTIFERAE

João-farinha Callistene sp. VOCHYSIACEAE

João-mole Neea sp. NYCTAGINACEAE

Lixeira Curatella americana DILLENIACEAE

Macaúba Macrocomia oculeata PALMEAE

Mandiocão Dydimopanax sp. ARALIACEAE

Margonçalo Hieronyma sp. EUPHORBIACEAE

Marinheiro Guarea guidonia MELIACEAE

Marmelada Alibertia sp. RUBIACEAE

Murici Byrsonima sp. MALPIGHIACEAE

Murici-da-mata Byrsonima sericeae MALPIGHIACEAE

Murta Myrcia fallax MYRTACEAE

Mutamba Guazuma ulmifolia STERCULIACEAE

Pateiro Sloanea guianensis ELEOCARPACEAE

Pau-dóleo Copaifera langsdorffi LEGUMINOSAE

Pau-pombo Tapirira guianensis ANACARDIACEAE

Peroba-rosa Aspidosperma ylindrocarpon APOCYNACEAE

Pindaíba Xylopia aromatica ANNONACEAE

141

Pindaíba-do-brejo Xylopia emarginata. ANNONACEAE

Pororoca Rapanea sp. MYRSINACEAE

Sangra-dágua Croton urucurana EUPHORBIACEAE

Samambaia Polypodium sp. POLYPODIACEAE

Samambaiaçu Cyathea sp. CYATHEACEAE

Sessenta-galha Hirtella martiana CHRYSOBALANACEAE

Taboquinha Merostachys multiramea GRAMINEAE

Tento Ormosia stipularis LEGUMINOSAE

Ucuuba Virola sp. MYRISTICACEAE

d) Arborização Urbana Adequada

A arborização adequada de futuros empreendimentos deverá ser planejada por profissional

habilitado com assessoria de equipe multi-disciplinar visando otimizar os efeitos benéficos da

arborização para a população. A seleção de espécies deverá contemplar o emprego de essências

nativas com potencial para arborização urbana. Essa medida terá como objetivo compensar efeitos

da retirada da vegetação nativa ocasionada pela expansão urbana de Aparecida de Goiânia.

• SUGESTÃO DE ESPÉCIES PARA ARBORIZAÇÃO:

Quadro 4.5: Árvores indicadas pra utilização em áreas urbanas. Nome popular Nome científico

Acácia-mimosa Acacia podalytifolia

Açoita-cavalo Luehea divaricata Mart.

Aroeira-periquita Schinus molle L.

Aroeira-vermelha Schinus terebinthifolius Raddi

Butiazeiro Butia eriospatha (Mart.) Becc.

Capororocão Rapanea parviflora (A Dc) Mez

Chal-Chal Allophyllus edulis

Coração-de-negro Poecilanthe parviflora Benth

Corticeira-do-banhado Erytrina crista-galli L.

Gerivá Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman

Goiabira Psidium guajava L.

Ingá-feijão Inga marginata

Ipê-roxo Tabebuia avellanedae Lor. Ex Griseb.

Jaboticabeira Myrciaria trunciflora Berg

Jaborandi Pilocarpus pennatifolius Lem.

142

Mulungú Erythrina falcata

Paineira Chorisia speciosa St. Hill.

Palmito Euterpe edulis Mart.

Pata-de-vaca Bauhinia candicans Benth.

Pinheiro Araucaria angustifolia Kuntze

Pitangueira Eugenia uniflora L.

Salseiro Salyx humbolditiana Wild.

Sina-sina Parkinsonia aculeata L.

Timbaúva Enterolobium contortisilicum (Vell.) Morong.

Uva-do-japão Hovenia dulcis

• ESPÉCIES INDICADAS PARA A REDUÇÃO DA POLUIÇÃO

Quadro 1.6: Árvores de pequeno porte com folhagem permanente. Nome popular Nome científico

Araçá Psidium Cattleianum

Chal-chal Allophyllus edulis

Chuva-de-ouro Cassia multijuga

Quaresmeira Tibouchina granulosa

Quaresmeira Tibouchina sellowiana

Quadro 4.7: Árvores de meio porte com folhagem semicaduca. Nome popular Nome científico

Cocão Erythroxylum argentinum

Goiabeira-da-serra Brittoa guazumifolia

Guarbiroba-de-folha-miúda Campomanesia rhombea

Manacá-da-serra Tibouchina mutabilis

Tarumã-preta Vitex montevidensis

Quadro 4.8: Árvores de Médio porte com folhagem permanente. Nome popular Nome científico

Goiabeira Psidium guajava

Alecrim Holocalix glaziovii

143

Quadro 4.9: Grande porte com folhagem semicaduca. Nome popular Nome científico

Guabiroba Campomanesia xanthocarpa

Camboatá-vermelho Cupania vernalis

Maria-preta Diospyrus inconstans

Camboatá-branco Matayba ealeagnoides

Quadro 4.10: Grande porte com folhagem permanente. Nome popular Nome científico

Guajuvira Patagonula americana

Aguaí Pouteria gardneriana

Aguaí-folha-de-salsa Pouteria salicifolia

Catiguá Trichilia clauseni

Açoita-cavalo Luehea divaricata

Louro-preto Chordia ecalyculata

Louro Chordia trychotoma

Caroba Jacaranda micrantha

Quadro 4.11: Espécies indicadas para estacionamento. Nome popular Nome científico

Açoita-cavalo Luehea divaricata

Aleluia Senna multijug

Angelim-bravo Lonchocarpus campestris

Angico-vermelho Parapiptadenia rigida

Aroeira-priquita Schinus molle

Bartimão Cassia leptophylla

Camboatá-vermelho Cupania vernalis

Canafístula Peltophorum dubium

Canela-amarela Nectranda rigida

Canela-do-brejo Machaerium stipitatum

Canela-ferrugem Nectranda rigida

Capororoca Rapanea umbellata

Carne-de-vaca Styrax leprosus

Carvalho-brasileiro Roupala brasiliensis

Catiguá Trichilia clausenii

Cedro Cedrella fissilis

Corticeira-da-serra Erytrhrina falcata

144

Grápia Apuleia leiocarpa

Guajuvira Pataonula americana

Ingá-feijão Inga marginata

Ingá-macaco Inga sessilis

Ingazeiro Lonchocarpus sericeus

Marmeleiro-do-mato Ruprechtia laxiflora

Pau-brasil Caesalpinia echinata

Coração-de-negro Poecilanthe parviflora

Quaresmeira Tibouchina granulosa

Rabo-de-bugio Lonchocarpus muehlbergianus

Sibipiruna Caesalpinia peltophoroides

Quadro 4.12: Palmeiras indicadas para uso em calçadas e/ou canteiros centrais. Nome popular Nome científico

Butiazeiro Butia capiata

Buriti-palito Trithrinax brasiliensis

Cariota Caryota urens

Gerivá Syagrus romanzoffiana

Neodipsis Dypsis decary

Palmeira-cabeluda Trachycarpus fortunei

Palmeira-da-califórnia Washingtonia robusta

Palmeira-da-califórnia Washingtonia filifera

Palmeira-imperial Roystonea oleracea

Palmiteiro Euterpe edulis

Robeline Phoenix roebelinii

Sabal Sabal palmetto

Tamareira-das-cancanárias Phoenix canariensis

Tamareira Phoenix dactylifera

145

4.3 INTERAÇÕES ANTRÓPICAS

4.3.1 Uso do solo

O uso do solo nos municípios, notadamente aquele relacionado à urbanização, resulta na

interação entre os aspectos físicos e bióticos1 e a ação do homem. Assim sendo a complexidade da

ação humana faz com que a interação homem-ambiente não ocorra segundo um modelo cujas leis

físicas e químicas sejam determinantes. Isto significa que está ligada a uma dinâmica social e

econômica as quais os modelos biológicos não conseguem explicar e que imprimem alterações mais

rápidas do que as naturais, cujos efeitos são mais intensos e irreversíveis (SOBRAL apud MOTA,

2003).

A antropização do meio natural em prol da urbanização traz como consequência uma série

de impactos ambientais que representam riscos tanto à manutenção do equilíbrio ecológico quanto

à manutenção da qualidade de vida das pessoas. Dentre as principais alterações impostas pelo

homem nos processos de urbanização destacam-se: desmatamento, movimento de terra,

impermeabilização do solo, assoreamento de rios e riachos, modificações nos ecossistemas, poluição

ambiental.

É indiscutível que a modificação do meio ambiente é necessária em qualquer processo sócio-

econômico-cultural, tal como o desenvolvimento e o crescimento urbanos. No entanto, o que se

deve discutir é a forma como a interação homem-ambiente ocorrerá e as bases conceituais, éticas e

políticas sobre as quais uma sociedade decidirá se desenvolver.

Desta forma o processo de planejamento urbano, capitaneado pelo poder executivo

municipal, deverá considerar de forma integrada o meio físico, o biótico e o antrópico visando à

ordenação do espaço físico e a provisão dos elementos relativos às necessidades humanas de modo

a garantir a conservação dos recursos naturais e a qualidade de vida dos habitantes atuais e futuros

(MOTA, 2003).

A análise do uso do solo, este relacionado com o meio antrópico, pressupõe uma abordagem

sobre aspectos sociais, econômicos dentre os quais se destacam: demografia, atividades e meios

produtivos, saneamento, infraestrutura e habitação. Assim sendo serão apresentados e analisados

dados secundários de fontes oficiais tais como o IBGE, SEGPLAN-GO e Prefeitura Municipal que

posteriormente serão interpretados com o Mapa do Uso do Solo elaborado no âmbito da Carta de

Risco de Aparecida de Goiânia e com os aspectos dos meios físico e biótico caracterizados nos

estudos realizados.

1 Geologia, geomorfologia, pedologia, hidrologia, hidrogeologia, dinâmica fluvial, vegetação. 146

4.3.1.1 Aspectos socioeconômicos

a) Demografia

Conforme a SEGPLAN – Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento do Estado de Goiás,

Aparecida de Goiânia localiza-se na Região Metropolitana de Goiânia – RMG, e de acordo com o IBGE

– resolução PR n° 11 de 05 de junho de 1990 – situa-se na mesoregião Centro Goiano e na

microrregião de Goiânia. Caracteriza-se em termos demográficos como o segundo município em

Goiás e na RMG constituindo-se em um dos polos regionais e estadual de atração populacional.

Segundo o censo demográfico de 2010 (IBGE, 2012), o município de Aparecida de Goiânia

contava com 455.657 habitantes sendo que destes 455.193 habitavam na área urbana e somente

455 na área rural. Desta forma 99,9% da população do município aglomera-se na área urbana,

fenômeno observado em grande parte dos municípios brasileiros, iniciado na década de 1950 e

intensificado, em Goiás, a partir da construção de Goiânia e Brasília.

Os dados demográficos demonstram a expressiva evolução da população de Aparecida de

Goiânia em 30 anos (Tabela 4.10 e Figura 4.9). Em 1980 contava com 42.627 habitantes e chegando a

2010 com 455.657 habitantes, o que representa um acréscimo, em números absolutos, de 413.000

habitantes neste período.

População de Aparecida de Goiânia

1980 1991 2000 2010

42.627 178.483 336.392 455.657

Tabela 4.10: Evolução da população censitária do Município de Aparecida de Goiânia. Fonte: SEGPLAN; SEPIN; IBGE, 2012.

No contexto da RMG, o Município figurou com a maior Taxa de Crescimento Geométrico da

População em 1991 (13,9%), valor que decresceu ao longo das duas décadas consideradas resultando

em 3,48% em 2010. Ao longo do período apresentado pode-se verificar que Aparecida de Goiânia foi

dentre os municípios da RMG, o que mais cresceu em termos populacionais. O incremento de sua

população esteve acima dos valores aferidos para a Capital e para o Estado no ano de 2010 (Quadro

4.13).

147

Figura 4.9: Gráfico da evolução da população censitária de 1980, 1991, 2000 e 2010 do Município de Aparecida

de Goiânia. Fonte: SEGPLAN; SEPIN; IBGE, 2012.

Quadro 4.13: Taxa de Crescimento Geométrico da População da RMG (%).

MUNICÍPIO 1991 2000 2010

Abadia de Goiás - - 3,30

Aparecida de Goiânia 13,9 7,3 3,08

Aragoiânia 2,59 3,03 2,68

Bela Vista de Goiás 0,03 1,16 2,48

Bonfinópolis - 5,44 3,48

Brazabrantes 0,37 1,93 1,55

Caldazinha - - 1,52

Caturaí 0,53 0,52 0,79

Goianápolis 3,21 -0,05 0,02

Goiânia 2,31 1,91 1,77

Goianira 5,07 4,23 6,17

Guapó 1,48 1,82 0,08

Hidrolândia 1,66 2,75 2,89

Inhumas 1,83 1,51 0,95

Nerópolis 3,01 4,06 2,68

Nova Veneza -0,14 2,8 2,40

Santo Antônio de Goiás - - 4,24

Senador Canedo - 9,27 4,75

Terezópolis de Goiás - - 2,59

Trindade 5,31 4,66 2,52

ESTADO 2,33 2,46 1,84

Fonte: SEGPLAN; SEPIN; IBGE, 2012.

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

500.000

População de Aparecida de Goiânia

1980

1991

2000

2010

148

b) Atividades e meios produtivos

O crescimento demográfico determina o crescimento econômico e vice-versa, no entanto

nem sempre este último ocorre em proporção do atendimento das demandas do primeiro.

Como ponto de análise para as condições da produção do município vale salientar a 3° posição de

Aparecida de Goiânia, no ranking dos municípios do estado de Goiás2, elaborado pela SEPIN –

Superintendência de Estatísticas, Pesquisa e Informações Socioeconômicas, o que coloca o município

em condições de desenvolvimento econômico favoráveis. O documento aponta que Aparecida de

Goiânia apresenta índices relevantes em termos de desenvolvimento, principalmente em relação à

infraestrutura, tais como distritos industriais, localização estratégica e proximidade a grandes centros

consumidores. Contudo, é deficiente nos aspectos relativos à qualidade de vida, principalmente

quanto à cobertura com atendimento de esgoto e água tratada além de apresentar índice de

violência acima da média (Tabela 4.11).

Tabela 4.11: Resultados do Ranking dos Municípios Goianos conforme variáveis de análise (adaptado). Fonte: SEPIN, 2010.

2 O Ranking dos Municípios Goianos classifica os municípios do Estado de Goiás, em um determinado período, sob aspectos conjunturais e estruturais favoráveis para atrair investimentos, demonstrados principalmente pelos indicadores relacionados à riqueza econômica, infraestrutura econômica e infraestrutura tecnológica, sendo reforçados pelos indicadores relativos ao dinamismo econômico, que evidencia municípios em processo de crescimento econômico e, ainda, pelo volume de recursos recebidos. Constituem características principais apresentadas pelos municípios melhores classificados no ranking o fato de serem os mais industrializados e possuírem melhor infraestrutura econômica e/ou tecnológica, destacando-se Anápolis, Rio Verde, Catalão, Aparecida de Goiânia, Senador Canedo e Itumbiara (Fonte: SEPIN, 2010).

MUNICÍPIOS DINAMISMO

(100) RIQUEZA

ECONÔMICA (100)

INFRAESTRUTURA ECONÔMICA,

LOCALIZAÇÃO ESTRATÉGICA E LOGÍSTICA (100)

QUALIDADE DE VIDA (100)

MÃO-DE-

OBRA (30)

INFRAESTRUTURA TECNOLÓGICA (70)

POLÍTICAS DE INCENTIVOS

FINANCEIROS E TRIBUTÁRIO

(30)

MÉDIA (PONDERADA)

1 Anápolis 40,18 96,69 77,77 62,99 19,38 64,28 7,26 58,39 2 Rio Verde 55,60 65,92 63,84 63,88 19,55 33,66 15,00 53,29 3 Aparecida

de Goiânia 51,53 80,12 74,15 49,42 16,68 15,90 4,88 49,17

4 Catalão 36,87 45,10 72,80 69,55 20,42 17,20 1,52 42,91 5 Senador

Canedo 61,68 31,43 73,32 55,17 14,68 0,00 0,49 42,63

6 Itumbiara 30,00 32,64 67,87 68,92 17,39 24,97 2,58 39,20 7 Luziânia 35,96 37,28 66,30 41,93 11,17 12,06 0,20 34,41 8 Caldas

Novas 33,96 15,18 64,79 66,71 14,40 7,81 0,75 33,94

9 São Simão 44,27 12,92 53,31 64,45 15,36 0,00 0,44 33,57 10 Mineiros 34,82 14,99 45,45 66,65 17,08 2,26 10,40 32,35 11 Niquelândia 43,85 18,50 25,36 54,93 21,64 12,21 4,09 32,06 12 Palmeiras

de Goiás 47,53 6,60 43,96 59,72 12,73 0,00 1,61 31,38

13 Jataí 28,92 26,17 43,37 65,44 14,76 7,10 2,39 31,01 14 Quirinópolis 23,16 10,39 70,69 61,38 18,10 6,11 2,66 30,81 15 Trindade 30,72 15,13 53,32 58,58 12,87 8,24 0,97 30,08 16 Goianira 45,06 4,58 50,04 51,07 13,59 0,00 0,07 29,92

149

Em se tratando das questões relacionadas ao dinamismo econômico, este está diretamente

ligado ao caráter da população, a qual no Município é predominantemente urbana, o que se reflete nas

características de uso do solo. Neste sentido verifica-se que é o setor de serviços, com atividades

eminentemente urbanas, que predomina sobre os demais setores. Em seguida destaca-se a indústria, a

administração pública e por último a agropecuária, conforme demonstra a Tabela 4.12 do Valor

Adicionado a Preços Básicos3, valores que mensuram a participação de cada setor produtivo na economia

local.

Valor Adicionado Bruto a Preços Básicos

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Total (R$ mil) 742.879,82 960.407,02 1.057.224,67 1.255.445,49 1.417.726,72 1.677.776,50 1.963.656,12 2.376.975,51 2.759.937,20 3.440.365,05 4.076.615,52 Agropecuária (R$ mil) 1.497,83 2.041,20 2.479,97 3.758,77 4.454,15 4.938,66 3.935,04 3.981,98 4.721,40 5.420,57 6.646,04 Indústria (R$ mil) 168.220,15 258.394,44 301.558,07 385.630,47 339.755,75 439.245,73 516.039,04 618.459,50 673.777,46 791.740,58 1.003.354,82 Serviços (R$ mil) 573.161,84 699.971,38 753.186,62 866.056,25 1.073.516,82 1.233.592,12 1.443.682,04 1.754.534,04 2.099.242,02 2.643.203,90 3.066.614,67 Administração Pública (R$ mil)

156.917,53 174.354,68 181.169,92 244.909,21 281.800,83 343.157,56 395.226,13 480.245,53 563.849,88 646.512,45 688.196,38

Impostos (R$ mil) 83.880,02 103.607,43 140.262,68 170.125,55 221.275,11 211.891,77 266.055,31 293.169,67 323.151,30 432.634,93 524.757,40 NOTA: A partir de 2002 nova metodologia e revisão dos dados.

Tabela 4.12: Valor Adicionado Bruto a Preços Básicos do Município de Aparecida de Goiânia. Fonte: SEGPLAN, 2011.

Destaca-se ainda a importância de Aparecida de Goiânia na economia do Estado. Participou

com 6,9% do Valor Adicionado - VA estadual de serviços em 2009, colocando o Município em

segundo lugar no ranking estadual conforme esta componente, sendo que a atividade tinha peso de

75,2% na estrutura municipal. Os destaques em 2009 ficaram por conta de atividades imobiliárias e

aluguéis, comércio e alojamento e alimentação (SEGPLAN, 2011).

c) Infraestrutura

O espaço urbano constitui-se, além dos espaços edificados e livres, das redes de

infraestrutura as quais colaboram com os aspectos relacionados à qualidade de vida das pessoas, ao

desenvolvimento econômico, a segurança, a proteção e conservação do meio ambiente natural. O

sistema de redes de infraestrutura urbano, segundo suas funções, é formado de acordo com

3 Valor adicionado a preço básico é a diferença entre o Valor Bruto da Produção, medido a preços do produtor, e o Consumo Intermediário, mensurado a preços de mercado.

150

Mascaró (2005) por quatro subsistemas: subsistema sanitário, subsistema energético, subsistema

viário e subsistema de comunicação.

Mascaró (2005) inclui no subsistema sanitário duas redes simétricas e opostas: a rede de

abastecimento de água potável e a rede de esgoto. No entanto o governo federal, para fins de

desenvolvimento de políticas públicas de saneamento, considera ainda como componentes deste

subsistema o manejo das águas pluviais e o manejo dos resíduos sólidos.

O sistema viário é aquele que está diretamente vinculado ao usuário, portanto os problemas

apresentados por este se torna mais evidente. Alem disto ocupa uma parcela importante do solo

urbano, entre 20 a 25% da área dos parcelamentos, apresenta dificuldade de expansão de

capacidade, pois se vincula, geralmente, a um espaço confinado entre edifícios e possui alto custo de

execução (MASCARÓ, 2005). As questões ambientais são relevantes em relação a este subsistema

devido à supressão de vegetação, movimentos de terra necessários à sua implantação e à

impermeabilização a que submete o solo.

O sistema energético se constitui por duas redes básicas: a de energia e a de gás, sendo que,

em relação a esta última, no Brasil, não há disponibilidade de atendimento direto domiciliar, pois

este está vinculado à logística de entrega via compartimentação em vasilhames específicos. A rede

elétrica pode ser aérea ou subterrânea sendo a primeira a mais utilizada devido ao menor custo em

relação à subterrânea.

Atualmente cresce em importância o subsistema de comunicação, pois a difusão da

tecnologia de transmissão de dados requer a expansão e a especialização desta rede.

Ainda segundo Mascaró (2005) as deficiências dos serviços de infraestrutura reduzem a

qualidade de vida e prejudicam a produtividade, diminuindo a renda das pessoas. Segundo este

autor, o serviço de provimento de energia elétrica relaciona-se, principalmente, às atividades das

pessoas enquanto a água encanada e coleta de esgotos são fundamentais a sua saúde. Estudos

apontam que, ao nível da habitação e/ou do lote, a transmissão de doenças exacerba-se devido ao

fato de as pessoas, além de pobres, estarem sujeitas à má nutrição e a condições de moradia em

áreas destituídas de um mínimo de infraestrutura básica (ACIOLY, 1998).

No Município de Aparecida de Goiânia o censo IBGE 2010 apurou, em relação às condições

de infraestrutura de saneamento básico, que dos 136.382 domicílios particulares permanentes

ocupados:

78.422 são atendidos por rede geral de distribuição de água, o que representa em

termos percentuais a 57,50% dos domicílios, indicando que as condições, nos dez

anos que sucederam o censo de 2000, não apresentaram melhora significativa. Do

total dos domicílios ocupados 55.826, domicílios são atendidos por poço ou

151

nascente na propriedade e os demais por alguma outra forma como carro pipa, água

da chuva armazenada (IBGE, 2012).

132.867 domicílios possuem banheiro e algum sistema de esgotamento sanitário.

Destes 25.020 são atendidos por rede geral de esgoto ou rede pluvial (18,83%),

23.890 possuem fossa séptica (17,98%), 83.669 possuem fossa rudimentar (62,97%)

e o restante dos domicílios, ou seja, 288 de alguma outra forma (0,22%) (IBGE,

2012). Comparando os dados dos censos de 2000 e 2010 depreende-se que em

relação à componente esgotamento sanitário não houve avanços significativos para

a melhoria do atendimento à população.

135.631 domicílios possuem coleta de lixo, o que representa 99,44% do total de

domicílios particulares permanentes. Destes, 128.533 por serviço de limpeza

(94,24%) e 7.098 (5,20%) em caçamba de serviço de limpeza. Os restantes 751

domicílios (0,55%) têm outro destino do lixo não especificado (IBGE, 2012). o que os

desclassifica sob os critérios de atendimento de infraestrutura. Nesta componente

percebe-se uma melhora significativa no atendimento desta componente.

O manejo das águas pluviais refere-se à rede de drenagem e tem importância fundamental

no planejamento das cidades, dado que consiste no controle do escoamento das águas de chuva,

para evitar os efeitos adversos que podem representar sérios prejuízos à saúde, à segurança e ao

bem estar da sociedade. Tal rede de drenagem contempla pavimentação de ruas, implantação de

redes superficial e subterrânea de coleta de águas pluviais e destinação final de efluentes (IBGE,

2010). Em Aparecida de Goiânia esta rede resume-se à pavimentação de ruas, inexistindo as demais

componentes superficiais (sarjetas, bocas de lobo) e subterrâneas (caixas de ligação, poços de visita e

galerias). Esta condição faz com que ocorram alagamentos em diversos pontos da área urbana,

mesmo em áreas onde não seria provável a ocorrência de tais alagamentos, nos meses críticos de

chuvas (setembro a março) causando transtornos e riscos para a população.

A disposição final dos resíduos sólidos é realizada atualmente em um aterro sanitário, criado

em 2002. Ocupa 100 hectares e teve seu início como um lixão, caracterizado pela simples descarga

do lixo sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. Atualmente as

lagoas de tratamento de efluentes deste aterro sanitário localizam-se em um nível de

aproximadamente 50 metros acima do nível do córrego Santo Antonio e numa distancia de 100

metros. Estudos de impactos ambientais provocados por efluentes do aterro sanitário devem ser

empreendidos, pois de acordo com estudos já realizados foi observado possível comprometimento

da qualidade da água do córrego Santo Antônio (OLIVEIRA et al, 2008).

152

No contexto da pobreza relacionada à ausência de serviços de infraestrutura básica, os dados

do IBGE (2012) demonstram que em Aparecida de Goiânia 76,4% da população residente em

domicílios particulares, que percebe rendimentos médios mensais per capita de até ½ salário

mínimo, apresenta carência no atendimento dos serviços de saneamento básico, fato que coloca esta

componente como um dos graves problemas socioambientais a serem enfrentados pelo município.

O sistema viário de Aparecida de Goiânia constitui-se, basicamente, por vias urbanas com

leito carroçável (destinado ao trânsito de veículos) e passeio (destinados ao trânsito de pedestres),

não havendo uma especialização do sistema no sentido da qualidade do atendimento aos cidadãos.

Ou seja, os pavimentos dos leitos não resistem às cargas e às intempéries, resultando em

fragmentação do material (buracos, rachaduras e descolamento do pavimento). As calçadas não

possuem qualidade e continuidade dos seus pavimentos, não há sinalização vertical ou horizontal

além de não haver adaptação para pedestres com limitações físicas e motoras, causando riscos à vida

das pessoas.

Outro fator a ser considerado em relação ao sistema viário, pois se agrega a este de forma

física4, refere-se à inexistência de rede de drenagem das águas pluviais o que compromete a

conservação da pavimentação além de causar sérios impactos ambientais nas microbacias

hidrográficas locais, como foi diagnosticado nos levantamentos do meio físico.

Quanto ao atendimento de energia elétrica, dados do IBGE (2012) dão conta que 99% dos

domicílios do Município recebem este serviço. A rede de distribuição é aérea desde as linhas de

transmissão de alta voltagem (redes primárias – vide Mapa das Linhas de Transmissão) até a

distribuição aos usuários pelas redes secundárias. Do ponto de vista ambiental, as redes aéreas

representam interferência na vegetação urbana, poluição visual e riscos de descargas tanto na fiação

quanto nos sistemas de transformadores associados aos postes.

No que se refere aos sistemas de comunicação o censo 2010 (IBGE,2012) apurou que, dos

136.319 domicílios particulares permanentes ocupados, 131.445 são atendidos por sistema de

telefonia, sendo 4.589 por telefonia fixa (3,49%), 70.911 por telefonia móvel (53,94%) e 55.945 pelos

dois sistemas (42,56%). Do ponto de vista ambiental o poder público municipal deve atentar-se para

o licenciamento das torres ou antenas de transmissão, pois sua localização5 no tecido urbano deve

4 As sarjetas e bocas de lobo fazem parte do conjunto do leito carroçável. São estes elementos que conduzem a água das chuvas até a galeria de esgoto pluvial. 5 A Lei Federal nº 9.472/1997, que dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, defendeu as atribuições dos Estados, Distrito Federal e Municípios, ao disciplinar no artigo 74: A concessão, permissão ou autorização de serviço de telecomunicações não isenta a prestadora do atendimento às normas de engenharia e às leis municipais, estaduais ou do Distrito Federal relativas à construção civil e à instalação de cabos e equipamentos em logradouros públicos.

153

considerar aspectos como a salubridade da população do entorno imediato, os riscos de acidentes

por descargas elétricas, a paisagem urbana, dentre outros.

d) Habitação

O censo 2010 (IBGE, 2012) apontou que o Município de Aparecida de Goiânia possuía

136.319 domicílios particulares permanentes ocupados, sendo mais de 99% destes localizados na

área urbana, o que se justifica pelo caráter urbano de sua população. Destes 123.515 são casas

(90,60%), 1.701 casas de vila ou de condomínios (1,24%), 8.190 são apartamentos (6,00%) e 2.976

(2,16%) são casas de cômodos ou de cortiços. Estas proporções indicam uma ocupação

eminentemente horizontal e espraiada, com habitações unifamiliares, o que se reflete, em termos de

ocupação, por baixas densidades6 em uma grande área de solo ocupada e, no caso de Aparecida de

Goiânia, uma ocupação com grandes vazios intraurbanos.

A densidade populacional do Município situa-se na ordem de 1.580,27 hab/km², o que

corresponde a uma densidade de 15,45 hab/ha. Faz-se esta transformação para demonstrar a baixa

densidade de ocupação em relação a outros municípios em estágios mais avançados em termos de

planejamento urbano, tal como Curitiba. Nesta cidade o Plano Diretor induz a densificação ao longo

dos principais eixos viários estruturais onde estimula usos residenciais e comerciais a uma densidade

de 600 hab/ha. Já as densidades médias, na ordem de 180 hab/ha, ocorrem nas áreas onde

predominam a ocupação multifamiliar em prédios de vários pavimentos e as áreas de baixa

densidade são caracterizados por habitações unifamiliares alcançando densidades de 70 hab/ha

(ACIOLY, 1998).

Não se pretende com estas considerações sugerir a cópia de um modelo de planejamento

bem sucedido, mas sim despertar para uma reflexão acerca da ocupação do solo em bases

sustentáveis, sendo a densidade um aspecto ligado à eficiência e provisão dos serviços urbanos.

Outro aspecto relacionado à habitação refere-se às demandas sociais deste componente.

Estudos recentes7 dão conta de que 26,31% da população possui rendimentos de até 1 salário

mínimo8, 32,75% rendimentos de até 3 salários mínimos e 32,90% não percebem rendimentos (IBGE,

6 A densidade representa um referencial importante para se avaliar tecnicamente e financeiramente a distribuição e consumo de terra urbana, infraestrutura e serviços públicos em uma área residencial. Em princípio, especialistas em habitação têm assumido que, quanto maior a densidade, melhor será a utilização e maximização da infraestrutura e solo urbano (ACIOLY, 1998). Rogers (2001) defende também o modelo de ‘cidade densa’. Afirma que além da oportunidade social, o modelo de ‘cidade densa’ pode trazer benefícios ecológicos maiores, pois por meio de um planejamento integrado , podem ser pensadas tendo em vista um aumento de sua eficiência energética, menor consumo de recursos, menor nível de poluição e, além disto, evitar sua expansão sobre a área rural. 7 Estudos realizados no âmbito do Plano Local de Habitação de Interesse Social – PLHIS para o Município. 8 O salário mínimo no ano de 2010 era de R$ 510,00.

154

2012). Estes dados demonstram a baixa renda da população, o que leva a necessidade da inserção de

parcela significativa da população nos programas de assistência dos governos, incluídos nestes os

programas de habitação.

Além disto, o Mapa da Pobreza e Desigualdade publicado pelo IBGE no ano de 2003 (IBGE,

2012) conclui que 38,59% da população de Aparecida de Goiânia encontrava-se em situação de

pobreza. Remetendo-se este percentual para a população contada em 2010 estima-se que mais de

175.000 pessoas vivam nestas condições. Depreende-se desta forma que mais de um terço da

população vive em situação de vulnerabilidade social o que induz à ocupação inadequada do solo

urbano, não por opção, mas por condição socioeconômica, e toda sorte de problemas ambientais a

ela relacionados.

O estudo concluiu que o déficit habitacional básico (corresponde à somatória dos domicílios

improvisados, da coabitação familiar, da habitação em cômodos e dos domicílios rústicos) foi

estimado em 15.322 unidades habitacionais. Neste sentido deve-se atentar para o fato de que a

localização das novas unidades deve considerar os aspectos físicos e bióticos, bem como os riscos

ambientais apontados na Carta de Risco de Aparecida de Goiânia.

4.3.1.2 Características de uso e ocupação do solo municipal

Embora o estado de Goiás tenha sua economia fundada nas atividades agropecuárias, o

Município de Aparecida de Goiânia demonstra, atualmente, uma vocação econômica baseada nos

setores de serviço e indústria o que se reflete no caráter urbano de sua população e na

predominância do uso do solo municipal para fins urbanos – vide Mapa de Uso do Solo.

Desta forma, a pressão para o uso e ocupação do solo se dá com maior intensidade na área

urbana – onde a valorização imobiliária ocorrida nos últimos vinte anos, em função da proximidade

com a Capital e de alguma melhoria das infraestruturas, fez com que os parcelamentos tenham se

multiplicado. Situação que tem provocado sérios impactos ambientais como já demonstrado nos

estudos de caracterização dos meios físico e biótico.

Em se tratando do uso do solo rural, os dados do IBGE (2012) apontam para a predominância

de pequenas a médias propriedades, com a maior área utilizada com pastagens naturais e plantadas,

o que corresponde a 5.519 ha dos 6.885 ha dos estabelecimentos agropecuários conforme

demonstram a Tabela 4.13 e o Figura 4.10.

155

Estabelecimentos Agropecuários 2006

Utilização de Terras - Estabelecimentos -Total (número) 197

Utilização de Terras em Lavouras Permanentes - Estabelecimentos (número) 60

Utilização de Terras em Lavouras Temporárias - Estabelecimentos (número) 92

Utilização de Terras em Pastagens Naturais - Estabelecimentos (número) 77

Utilização de Terras em Pastagens Plantadas - Estabelecimentos (número) 86

Utilização de Terras em Matas Naturais- Estabelecimentos (número) 61

Utilização de Terras em Matas Plantadas - Estabelecimentos (número) 2

Utilização de Terras - Área Total (ha) 6.885

Utilização de Terras em Lavouras Permanentes - Área (ha) 148

Utilização de Terras em Lavouras Temporárias - Área (ha) 178

Utilização de Terras em Pastagens Naturais - Área (ha) 1.796

Utilização de Terras em Pastagens Plantadas - Área (ha) 3.672

Utilização de Terras em Matas Naturais - Área (ha) 774

Utilização de Terras em Matas Plantadas - Área (ha) -

Tabela 4.13: Proporção de usos de terras com atividades rurais em número e área para Aparecida de Goiânia. Fonte: SEGPLAN; SEPIN; IBGE, 2012.

Figura 4.10: Gráfico dos usos da terra com atividades rurais no Município de Aparecida de Goiânia. Fonte: SEGPLAN; SEPIN; IBGE, 2012.

0 2.000 4.000 6.000 8.000

1

Matas Naturais

Pastagens Plantadas

Pastagens Naturais

Lavouras Temporárias

Lavouras Permanentes

Utilização de Terras - ÁreaTotal (ha)

156

A área urbana ocupa, em geral, terrenos planos (conforme demonstrou o Mapa de

Declividade) na porção territorial localizada9 a nordeste (AP-NO) e a noroeste (AP-NE),

justamente na direção do Município de Goiânia com o qual se encontra conurbado em,

praticamente, dois terços do limite Municipal. Nos demais quadrantes, AP-SO e AP-SE se

observa ocupação urbana em parte de suas áreas e ocupação rural e por vegetação

remanescente nas restantes (Figura 4.11).

Ressalta-se o fato destas áreas (localizadas nos quadrantes ao sul) possuírem grande

quantidade de recursos hídricos (Figura 4.11), seus solos apresentarem características de

fragilidade potencial com relevo acidentado e declividades que podem chegar a valores

superiores a 20%. Por estas razões são áreas que devem ser ocupadas de forma especial.

Em geral, na área urbana há ocupação de fundos de vale o que proporciona riscos

tanto do ponto de vista ambiental, quanto do social.

4.3.1.3 Diagnóstico a partir dos aspectos de uso do solo

O Mapa de Uso do Solo foi elaborado considerando os usos gerais, compatíveis com a escala

de apresentação 1:20.000 indicada pelo Termo de Referência. São eles: agricultura, pastagem,

vegetação remanescente e área urbana. As áreas identificadas solo exposto na área rural estão,

possivelmente, relacionadas às atividades de agricultura.

A partir da interpretação das variáveis analisadas, ou seja, aspectos socioeconômicos e uso

do solo em relação à espacialização dos usos pode-se concluir e indicar ações no seguinte sentido:

• O dinamismo demográfico e econômico das atividades urbanas aponta para a necessidade

de se estabelecer regras mais rigorosas para o uso do solo bem como fiscalização e controle;

• Adoção de medidas corretivas para as situações de risco ambiental (erosões, assoreamentos,

inundações) e risco social (pobreza e desigualdade) encontradas no Município;

• Contenção do avanço da área urbana sobre a rural na busca de uma ocupação mais densa e

menos invasiva nos sistemas ecológicos remanescentes com vistas à preservação dos

recursos hídricos;

• Investimento em infraestruturas de saneamento básico, componente ligada à preservação

ambiental e a saúde da população;

9 De acordo com os quadrantes propostos na metodologia apresentada para a elaboração dos estudos técnicos da Carta de Risco de Aparecida de Goiânia.

157

• Adoção das medidas necessárias e indicadas nos demais estudos de caracterização do

Município.

A proposição de ações abrangentes é indicativa para o desenvolvimento de planos,

programas e projetos na esfera do planejamento urbano municipal com vistas à sustentabilidade

sócio-ambiental.

Figura 4.11: Mapa de Uso do Solo de Aparecida de Goiânia e legenda

158

4.3.2 Dinâmica do crescimento da área urbana

O município foi criado pela Lei 4.427 de 14 de novembro de 1963, a partir de área

desmembrada do Município de Goiânia.

O histórico da ocupação do seu território remonta, no entanto a década de 1920, com a

fundação do arraial de Aparecida de Goiânia a partir da doação de terras por alguns fazendeiros da

região para a construção de uma Igreja. Daí em diante a ocupação ocorre segundo uma lógica

pautada pela construção da nova Capital do Estado de Goiás, como demonstra o Quadro 4.14 a

seguir.

Quadro 4.14: Histórico da ocupação do território.

• Com a construção da capital, algumas glebas do que hoje é o território de Aparecida de

Goiânia foram transferidas aos empreiteiros como parte do pagamento pelos serviços

prestados em Goiânia;

• Na década de 50 inicia-se o processo de parcelamento nas terras de Aparecida, então

distrito de Goiânia;

• Mesmo com a fixação de algumas famílias próximo às jazidas de saibro, cascalho, brita e

areia, estimulada pela crescente demanda da construção civil em Goiânia, a ocupação do

território ainda era muito incipiente;

• Na década de 60, com a construção de Brasília, o estado de Goiás sofre um significativo

movimento de migração vindo principalmente do norte e nordeste;

• Em 1963 Aparecida de Goiânia se emancipa;

• Com o fluxo migratório, Goiânia começa a sofrer uma pressão no processo de ocupação, e,

visando resguardar um ambiente urbano qualificado, é elaborada a Lei de Parcelamento de

1971, que definia regras restritivas para o parcelamento e ocupação do solo da capital

• A doação de áreas públicas, a especulação imobiliária e assentamos promovidos pelos

Governos do Estado e pela Prefeitura agravam o quadro da ocupação urbana de Aparecida

de Goiânia, nas décadas de 1980 e 1990.

• À época da elaboração do Plano (final da década de 1990 e início de 2000), a zona urbana

de Aparecida de Goiânia, segundo o Diagnóstico, era ocupada por 229 bairros e setores

com apenas 32% dos lotes cadastrados ocupados. Aparecida de Goiânia é o grande

exemplo de um espaço urbano de ocupação dispersa e marcada por grandes vazios.

Fonte: Avaliação dos Planos Diretores Participativos dos municípios do Estado de Goiás (UFRJ, 2009). Percebe-se que o contexto da ocupação urbana de Aparecida de Goiânia não difere da

realidade da maioria dos municípios brasileiros, ou seja, ocupação desordenada e desconectada de

políticas públicas, desrespeitando questões socioambientais, com a atuação evidente da especulação

imobiliária e a omissão do poder público perante o avanço das forças econômicas e em detrimento

das reais demandas sociais.

159

Outra questão evidenciada refere-se à ocupação do município, vinculada à metrópole,

Goiânia, e ao modelo de expansão urbana da capital, definido pelo Plano de Desenvolvimento

Integrado de Goiânia (PDIG) de 1971 e pelos demais que se seguiram, os quais conduziram o

crescimento da malha urbana no sentido sul / sudeste, fazendo com que a capital transbordasse de

forma intensa, até o ano 2000, para os municípios localizados nestas direções, notadamente os

Municípios de Aparecida de Goiânia e Trindade, sendo que em relação à Aparecida, o processo de

conurbação, iniciado da década de 1980 e intensificado no final da década de 1990 com o aporte

investimentos do mercado imobiliário, já se encontra consolidado (LIMA; MOYSÉS, 2009).

Além da vinculação à metrópole, a origem dos problemas remonta a década de 50, quando

se inicia o processo de parcelamento nas terras de Aparecida, até então Distrito de Goiânia10. Na

década de 60, com a construção de Brasília, o Estado sofre um significativo movimento de migração

vindo do Norte e Nordeste do País, cujo principal destino foi Goiânia, pressionando a ocupação de

seu entorno, notadamente as áreas localizadas em Aparecida de Goiânia, em face do menor valor de

mercado de terras relativamente urbanizadas e próximas de uma infraestrutura instalada.

A Figura 4.12 demonstra o histórico de parcelamento do território a partir de 1922, que

corrobora as informações acerca da ocupação do entorno da Capital. Observa-se que o núcleo inicial,

datado de 1922, está distante do parcelamento posterior, de 1935 à 1963, que por sua vez encontra-

se no limite entre Aparecida de Goiânia e a Capital. Depreende-se ainda que, embora na época

posterior, ou seja, de 1963 a 1980 não houvesse contingente populacional que justificasse a

expansão dos parcelamentos, isto ocorreu em, praticamente, todo o restante do território municipal.

Se forem comparadas as Figuras 4.12 e 4.13 observar-se-á que a ocupação urbana restringe-se aos

limites do parcelamento do período anterior (1935 – 1963), com poucos acréscimos.

Somada a esta realidade, a inexistência de uma política de urbanização responsável e de uma

atuação do poder público – articulada com outras políticas para suprir as necessidades habitacionais

da população de menor poder aquisitivo – agravou as condições de ocupação do território urbano.

Parcelamentos ocorreram à revelia do poder público formando uma malha urbana extensa e

desarticulada, e com uma disponibilidade de lotes além da demanda real. Consequentemente, a

ocupação ocorreu de maneira desordenada e predatória envolvendo muitas vezes áreas impróprias

para urbanização.

10 O município foi emancipado no ano de 1963. 160

Figura 4.12: Mapa do histórico do parcelamento e situação fundiária. Fonte: Plano Diretor, 2001.

Figura 4.13: Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, até 1985, sobre imagem obrital LandSat.

1922 – Fundação da cidade

02/08/1935 a 13/12/1963 d

LEGENDA 14/11/1963 a 18/12/1980 d 19/12/1980 a 04/04/1990 d

05/04/1990 d

161

Figura 4.14 - Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, em 1995, sobre imagem obrital LandSat.

A Figura 4.14, que representa a ocupação urbana do território até 1995 demonstra a

evolução da ocupação, a qual ainda nesta década não abrange a totalidade do território parcelado

até 1995, como demonstra a Figura 5, deixando grandes vazios urbanos entre as faixas já ocupadas

que se localizam ao norte do município, em conurbação com Goiânia e ao sul ao longo da Av.

Independência e sua continuação na Av. Perimetral. Percebe-se ainda que ao longo do trecho do

Anel Viário que corta o município também ocorreu uma faixa intermediária de ocupação, entre o

norte e o sul.

Em 2005 (Figura 4.15) consolida-se a conurbação entre o município e a Capital e o processo

de ocupação do restante do território segue interiorizando-se, mas ainda apresenta vazios urbanos

significativos. Em 2011 (Figura 4.16) a situação da ocupação urbana não apresenta aumento

significativo em relação ao período anterior.

162

Figura 4.15 - Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, em 2005, sobre imagem obrital LandSat.

Figura 4.16: Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, em 2011, sobre imagem obrital LandSat.

163

A principal consequência do histórico da ocupação do município de Aparecida de Goiânia é a

segregação social que, por sua vez, ocasiona uma demanda insustentável por serviços e infra-

estrutura pública, e assim uma pressão social sem respostas satisfatórias por parte da administração

pública, fragilizando a credibilidade de qualquer ação política.

No contexto da RMG, Aparecida de Goiânia foi o Município que mais recebeu pessoas de

municípios da própria Região Metropolitana, o que representou 60,5% do total apurado na Região.

Isso sugere que ou as pessoas estão saindo de Goiânia em direção à periferia, onde o custo de vida

torna-se mais baixo, ou elas estão saindo dos municípios mais distantes do polo em direção aos mais

próximos, como forma de facilitar sua mobilidade, seja para trabalho seja para estudo. O que

acarreta a ocorrência de todo o tipo de ocupações em áreas urbanas, notadamente, aquelas

classificadas como precárias ou subnormais.

O processo de ocupação de Aparecida de Goiânia ainda está diretamente vinculado às taxas

elevadas de crescimento populacional dos municípios da Região Metropolitana de Goiânia – RMG,

muitas destas superiores à da cidade polo, Goiânia o que pode ser explicado a partir de três

considerações:

[...] a população metropolitana cresce em função do poder de atração que a

capital do Estado exerce, devido às ofertas de serviços e possibilidades de

trabalho, tanto no setor formal quanto no setor informal da economia; novos

contingentes populacionais são atraídos pela dinâmica urbana de Goiânia, porém,

a maioria vai localizar-se nos municípios do entorno da capital; e, finalmente, a

manutenção da taxa de crescimento da população metropolitana durante a

década de 1990 (e no período posterior) atesta a existência de uma grande

mobilidade interna, ou seja, a transferência de pessoas de um município para o

outro tem sido uma constante durante esse período (LIMA; MOYSÉS, 2009) Grifo

nosso.

A evolução da ocupação urbana foi construída a partir da interpretação visual de imagens

de satélite LandSat referentes aos anos de 1985, 1995, 2005 e a Ortofoto digital produzida em 2011.

A Figura 4.17 demonstra a evolução da ocupação a partir das análises das imagens do período de

1985 a 2011.

164

Figura 4.17 Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia no período 1985 a

2011, sobre ortofoto digital em formato A0.

4.3.4 Áreas de usos especiais

4.3.4.1 Unidades de Conservação

Unidades de Conservação, segundo a Lei Federal n° 9.985/2000 que institui o Sistema

Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, são espaços territoriais e seus recursos ambientais,

incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo

Poder Público, municipal, estadual ou federal com objetivos de conservação e limites definidos, sob

regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

Segundo referida Lei, as Unidades de Conservação são subdivididas em dois grupos:

Unidades de Proteção Integral, cujo objetivo básico é preservar a natureza, sendo admitido apenas o

uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei e; Unidades de

Uso Sustentável cujo objetivo básico é compatibilizar a conservação da natureza com o uso

sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

165

O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de

unidade de conservação: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento

Natural, Refúgio de Vida Silvestre. Os objetivos e definições de cada categoria estão expressos na Lei

9.985/2000.

Destaca-se, dentre as categorias das Unidades de Preservação Integral, a figura do Parque

Nacional que tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância

ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de

atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de

turismo ecológico. Suas terras são de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares

incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. As unidades dessa

categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque

Estadual e Parque Natural Municipal.

Das Unidades de Uso Sustentável, destacam-se as seguintes categorias de unidade de

conservação: Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional,

Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, e Reserva

Particular do Patrimônio Natural.

As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público. Sua criação deve ser

precedida de estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a

dimensão e os limites mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento.

No Município de Aparecida de Goiânia foram identificadas como Unidades de Conservação,

criadas por lei, os seguintes espaços territoriais:

Quadro 4.15: Unidades de Conservação do Município de Aparecida de Goiânia.

Unidade de Conservação Lei de criação / Data

Parque Municipal Serra das Areias Criado pala Lei Municipal n° 2.018 de 23/11/1999, delimitado pelo Decreto Municipal “N” n° 391 de 24/11/2009 o qual regulamenta e retifica o Decreto Municipal n° 909 de 04/06/2004.

Parque Municipal Tamanduá Parque Ecológico Municipal do Tamanduá - Lei Municipal n° 2.435 de 12/01/2004.

Parque Alto Paraíso Parque Municipal Ecológico Paraíso - Lei Municipal n° 2.731 de 23/04/2008.

Parque da Criança Parque Municipal da Criança- Lei Municipal n° 2.731 de 23/04/2008.

Fonte: Legislação Municipal.

166

Da análise da legislação da criação das Unidades de Conservação no Município,

depreende-se que há incongruências na denominação dos parques em relação à legislação

federal vigente, o que poderá vir causar problemas, do ponto de vista legal, no processo de

implementação das Unidades. A Lei Federal n° 9.985/2000 estabelece que, no caso de

Parques criados pelo poder público Municipal a nomenclatura a ser utilizada é de “Parque

Natural Municipal”, cujos objetivos e usos são especificados por esta Lei e os quais devem

ser compatíveis no nível municipal, com o que se supõe adequado, para cada Unidade.

Além de questões nominais faz-se necessário a adequação dos dispositivos legais de

criação dos Parques Municipais aos demais aspectos da Legislação Federal vigente11, bem

como às Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, no que se refere

às características de uso pretendidas para cada Unidade e ao uso do solo do seu entorno.

No caso específico do Parque Municipal Serra das Areias, tendo em vista as

características físicas (geologia, geomorfologia, hidrografia, hidrogeologia) e bióticas (flora)

apontadas nos estudos da Carta de Risco de Aparecida de Goiânia, destaca-se a necessidade

de uma avaliação técnica e jurídica acerca da definição da área como um Parque.

Tendo em vista a fragilidade ambiental da área, há a necessidade de que a Unidade

de Conservação instituída garanta, do ponto de vista legal, instrumentos rigorosos de

proteção dos recursos naturais, o que seria possível a partir da transformação deste Parque

Municipal em uma Estação Ecológica ou de Reserva Biológica, cujas condições de uso e

ocupação são mais restritivas.

Além das Unidades instituídas por Lei Municipal, existem duas outras as quais não

possuem até o momento dispositivos legais de criação, mas que foram indicadas pela

Prefeitura Municipal como possíveis UC’s. São elas: Bosque do Colina Azul e Bosque Alvaluz.

Do ponto de vista da localização das Unidades de Conservação no território municipal

estas se encontram dispersas, isoladas e desarticuladas espacialmente entre si. Além disto, a

dimensão de suas áreas, em relação à totalidade territorial do município, não é significativa,

o que restringe sua abrangência e eficiência no que se refere aos serviços ambientais e a

preservação da biodiversidade, com exceção do Parque Municipal Serra das Areias.

11 Lei n. 6.938, de 31/08/1981, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n. 9.985, de 18/07/2000, que regulamenta as disposições do artigo 225 da Constituição Federal e demais dispositivos complementares tais como Resoluções CONAMA e Decretos regulamentadores.

167

Analisando a localização do Parque Ecológico Municipal do Tamanduá, do Parque

Municipal da Criança e do Bosque Alvaluz, verifica-se que estes se encontram às margens do

Córrego Tamanduá, havendo a possibilidade de se proporcionar a partir da recomposição

florística da Área de Preservação Permanente do córrego, um corredor ecológico como uma

forma de minimizar os efeitos negativos da fragmentação territorial12 das áreas verdes

abrangidas pelos parques.

O mesmo raciocínio aplica-se à integração do Parque Alto Paraíso e do Bosque do

Colina Azul com o Parque Municipal Serra das Areias.

No que se refere às recomendações sobre a quantidade de áreas verdes

entremeando as áreas urbanas, a Organização Mundial de Saúde – OMS aponta o mínimo de

12 m² de área verde por habitante (GOUVÊA, 2002). Assim para Aparecida de Goiânia

haveria a necessidade de mais de 5.000.000 de m² de áreas verdes permeando a malha

urbana.

4.3.4.2 Cemitérios

Os cemitérios nunca foram incluídos nas listas de fontes tradicionais de

contaminação ambiental, apesar da existência de alguns relatos históricos em Berlim e Paris

na década de 70, constatando que a causa de epidemias de febre tifoide estava diretamente

ligada ao posicionamento a jusante de fontes de água, como aquíferos freáticos e nascentes,

dos cemitérios. No Brasil, são inúmeros os casos de áreas contaminadas divulgados ao

público nos últimos anos (SILVA; FILHO, 2008).

O necrochorume, produzido durante a putrefação, pode entrar em contato com as

águas subterrâneas, principalmente em áreas com intensa precipitação pluviométrica e com

o nível do lençol freático próximo à superfície, num período que pode demorar de 1 a 4

semanas (PACHECO, 1986 apud BRAZ et al) ou, ainda, segundo Silva (1994) apud Braz et al ,

de 6 a 8 meses.

12 A fragmentação territorial é um conceito simples e intuitivo; trata-se da divisão de uma mancha do habitat em partes pequenas, inclui também a transformação e destruição do habitat. As consequências negativas da fragmentação territorial materializam-se em consequências abióticas e bióticas: desertificação e incremento da erosão de solo, vulnerabilidade dos habitats às alterações climáticas ou na extinção de espécies (PEREIRA et al, 2007).

168

Os impactos causados na qualidade de águas superficiais e, principalmente,

subterrâneas, além da contaminação do solo estão diretamente relacionados à localização

inadequada destes equipamentos nos territórios municipais. Esta localização refere-se tanto

as condições geológicas quanto as condições de ocupação antrópica já existente ou futura,

no caso do crescimento das áreas urbanas.

Em 2003 o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA – promulgou a

Resolução nº 335 que dispõe sobre o licenciamento ambiental de cemitérios horizontais e

verticais a serem implantados no Brasil. A partir de então, os órgãos ambientais estaduais

passam a ter a obrigação de licenciar e, portanto, fiscalizar a implantação de novos

cemitérios.

Em 2006, foi promulgada a Resolução do CONAMA nº 368, que altera dispositivos nos

artigos 3º e 5º da Resolução nº 335. Estas resoluções definem condições para a localização

dos cemitérios, ressaltando-se os dispositivos que proíbem a instalação dos mesmos em

Áreas de Preservação Permanente. Ainda define que a área prevista para a implantação do

cemitério deverá estar a uma distância segura de corpos de água, superficiais e

subterrâneos, de forma a garantir sua qualidade, de acordo com estudos apresentados e a

critério do órgão licenciador.

As referidas resoluções estabelecem exigências na elaboração dos projetos de

implantação, como forma de garantir a decomposição normal do cadáver e proteger as

águas subterrâneas da infiltração do necrochorume. Essas exigências devem ser

apresentadas durante as três fases do processo de licenciamento ambiental: na fase da

Licença Prévia (LP), na fase da Licença Instalação (LI) e na fase da Licença Operação (LO).

Em Aparecida de Goiânia há três cemitérios instalados: Cemitério Jardim Boa

Esperança, localizado ao leste da rodovia BR-153 em área periférica com baixa densidade de

ocupação urbana; Cemitério Municipal localizado a oeste da BR-153 no Centro de Aparecida

de Goiânia e; Cemitério Jardim da Paz, localizado também a oeste da rodovia e em condição

de alto risco de contaminação dos recursos hídricos, pois se encontra às margens do córrego

da Pipa (Figura 4.18).

169

Figura 4.18: Localização do Cemitério Jardim da Paz, ás margens do Córrego da Pipa. Fonte: Mapa das áreas de usos especiais.

Há necessidade de especial atenção dos órgãos ambientais municipais no sentido de

monitorar a qualidade dos corpos hídricos de superfície e os subterrâneos e fiscalizar as

medidas adotadas para a contenção da percolação do necrochorume, exigindo medidas

preventivas, mitigadoras e compensadoras acerca do que preconiza a legislação vigente,

além de utilizar os recursos da Carta de Risco do Município no licenciamento de novos

empreendimentos desta natureza.

4.3.4.3 Disposição final de resíduos sólidos

A ausência de coleta pública do lixo domiciliar e urbano em geral, bem como sua

adequada disposição final, representa um dos grandes problemas ambientais nas cidades

brasileiras Dentre as várias formas de descarte dos resíduos sólidos, pode-se destacar os

lixões, aterros controlados e os aterros sanitários, sendo este último a forma mais correta

Cemitério Jardim da

Paz

170

para o destino final dos resíduos urbanos, excetuando-se aqueles que podem ser reciclados

(SILVA, 2012).

O aterro é um método de disposição e tratamento no qual o “lixo” é disposto em

camadas sobre o solo, geralmente em cavas dimensionadas (células), e posteriormente

revestidas com solo, fazendo com que a decomposição ocorra em um ambiente confinado. A

diferença básica entre aterro controlado e sanitário consiste na inexistência, no caso do

aterro controlado, de sistemas de coleta e tratamento de chorume e queima do biogás

gerado pela decomposição do lixo.

Segundo Tozetto (2008):

Os principais impactos ambientais causados por aterros sanitários têm como causa

a formação de gases e de lixiviado, também denominado líquido percolado,

efluente líquido de aterros sanitários ou ainda chorume, denominação esta mais

popular, compostos provenientes da infiltração, percolação de água no maciço e da

biodegradação e lixiviação dos resíduos sólidos. Entre estes impactos podem ser

citados incêndios e explosões, danos à vegetação, odores desagradáveis, poluição

das águas subterrâneas, poluição do ar e aquecimento global.

Neste sentido, os impactos mais visíveis bem como os riscos ambientais relacionados

são: contaminação do solo, da atmosfera, dos recursos hídricos e perda de vegetação além

de consequências para a saúde da comunidade, notadamente daquela localizada no entorno

imediato da área.

O projeto, construção e operação de aterros devem pautar-se pela legislação

ambiental vigente, resoluções do CONAMA e normas técnicas editadas pela ABNT. Além

disto, o Município deve adequar-se à Lei 12.305/2010, da Política Nacional de Resíduos

Sólidos, a qual institui parâmetros a serem atingidos com vistas à sustentabilidade

ambiental.

O Aterro Sanitário de Aparecida de Goiânia, localizado a leste da rodovia BR-153, foi

criado em 2002 e ocupa aproximadamente 100 hectares. Inicialmente caracterizava-se como

um lixão onde se realizava simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidas de proteção

ao meio ambiente ou à saúde pública.

As lagoas de tratamento de efluentes deste Aterro Sanitário localizam-se em um nível

de aproximadamente 50 metros acima do nível do córrego Santo Antônio e numa distância 171

de, aproximadamente, 100 metros do mesmo. Segundo estudos realizados (OLIVEIRA et al, 2008;

NARCISO; GOMES, 2005), foi constatado comprometimento da qualidade da água do aquífero

próximo ao Aterro, o que pode interferir na qualidade da água de toda a bacia na qual se insere o

referido córrego.

Figura 4.19: Localização do Aterro Sanitário de Aparecida de Goiânia. Fonte: Mapa das áreas de usos especiais.

Alerta-se ainda o fato da existência de loteamentos no entorno da área do aterro, o que não

é recomendável considerando a abrangência dos riscos ambientais da atividade e o impacto social

que a mesma pode ocasionar.

4.3.4.4 Distritos industriais

O Município de Aparecida de Goiânia possui, atualmente, cinco polos industriais criados pela

legislação municipal em vigor (Quadro 4.16).

Os aspectos de zoneamento e uso e ocupação do solo para fins industriais, instruídos pela

legislação municipal, apontam que as áreas industriais de qualquer porte, de comércio e serviços de

médio e grande porte localizar-se-ão nas ZONAS DE ATIVIDADES ECONÔMICAS I e II, na ZONA

INDUSTRIAL e na ZONA DE INFLUÊNCIA DA RODOVIA E ANEL VIÁRIO. A legislação municipal indica

ainda que o devido processo de licenciamento das referidas atividades estão sujeitas a analises de

impactos ambientais (APARECIDA DE GOIÂNIA, 2002).

172

Quadro 4.16: Distritos industriais criados por Lei Municipal.

ÁREA INDUSTRIAL LEI DE CRIAÇÃO / DATA LOCALIZAÇÃO DIMAG – Distrito Industrial Municipal de Aparecida de Goiânia

Lei Municipal n° 1.470/1995. Jardim Eldorado.

Polo Empresarial Lei Municipal n° 1.624/1997

Esquerda da BR-153 e à margem do Anel Viário; limita-se com os loteamentos Solar das Candeias, Jardim Copacabana, Setor Santo André, Jardim Ametista, Setor Industrial Santo Antônio, dentre outros.

DAIAG – Distrito Agroindustrial de Aparecida de Goiânia

Lei Municipal n° 1.849/1998 Não consta na Lei de criação.

Parque Industrial Aparecida Lei Municipal n° 1.849/1998

Próximo ao Jardim Eldorado.

Polo Municipal de Reciclagem Adjacente à área do Aterro Sanitário.

Fonte: Aparecida de Goiânia, 2012.

Figura 4.20: Localização dos polos industriais de Aparecida de Goiânia. Fonte: Mapa das áreas de usos especiais.

Considerando os aspectos ambientais da localização dos Distritos Industriais de

Aparecida de Goiânia vale destacar que os Distritos estão instalados em áreas com abundância de

recursos hídricos, cuja proximidade com os corpos d’água podem causar graves impactos ambientais.

Deve-se, portanto, nos processos de licenciamento, considerar as orientações gerais da Carta de

173

Risco para a qualificação física (relevo, geologia, geomorfologia, pedologia) e biótica das áreas

verificando-se a compatibilidade entre estas e as atividades econômicas propostas.

Além disto, deve haver em âmbito municipal, adequação dos dispositivos legais,

principalmente daqueles relacionados ao meio ambiente no sentido de intensificar as ações de

licenciamento, fiscalização e controle das atividades potencialmente poluidoras e impactantes.

4.3.4.5 Mineração

O Município de Aparecida de Goiânia tem como principal aptidão mineral a ocorrência de

micaxisto, explorado para produção de brita em quatro unidades de beneficiamento. As quatro

pedreiras juntas têm uma produção estimada de 300.000 t/mês, e atendem principalmente aos

mercados de Goiânia e Aparecida de Goiânia (Figura 4.21).

Figura 4.21: Vista panorâmica da Pedreira Anhanguera/Izaíra, situada na folha AP-NE. Fonte: Ortofoto Digital de Aparecida de Goiânia. Topocart, 2011.

174

Figura 4.22: Localização das áreas de pedreiras no Município de Aparecida de Goiânia. Adaptado. Fonte: Mapa das áreas de usos especiais.

As áreas de exploração de agregados para construção civil em Aparecida de Goiânia situam-

se a leste do território municipal. São quatro áreas, relativamente próximas entre si, em área

periférica e com características de ocupação mista – residencial, industrial. Observa-se que os

loteamentos para fins residenciais avançam em direção às pedreiras, o que do ponto de vista da

segurança e conforto das populações, não é recomendável.

Os conflitos entre as atividades de mineração e as populações circunvizinhas a estes

empreendimentos nas áreas urbanas relaciona-se de forma intrínseca ao processo de explosão do

crescimento das áreas urbanas.

Tanto as mineradoras – que conduzem as atividades de lavra sem cuidados específicos em

relação à segurança e ao conforto ambiental das populações do entorno, muitas vezes descumprindo

leis e normas – quanto os agentes da produção do espaço urbano – que agem descumprindo Leis

municipais de uso e ocupação – e o próprio poder público por incapacidade institucional nos

processos de aprovação e fiscalização dos processos instalados nos municípios, ou por não

promoverem a edição de dispositivos legais abrangentes, são corresponsáveis por tais conflitos

(FERREIRA et al, 2006).

175

Os impactos ambientais resultantes da atividade mineral são principalmente: alteração de

lençol de água subterrânea, poluição sonora, visual, da água, ar e solo, impactos sobre a fauna e a

flora, assoreamento erosão, mobilização da terra, instabilidade de taludes, encostas e terrenos em

geral, sobrepressão, lançamentos de fragmentos e vibrações.

Dentre estes, os que mais se destacam associam-se ao desmonte de rocha com explosivos

(sobrepressão, vibração do terreno e ruído), pois são os que causam maior desconforto à população

de bairros residenciais próximos a pedreiras.

Os efeitos da sobrepressão refletem-se nas estruturas civis através da vibração das paredes,

janelas e objetos no interior das residências. Nos moradores, a percepção se expressa muito mais

pelo susto no momento da detonação, do que pela interferência com as atividades diárias. No Brasil,

o limite aceito para a sobrepressão é de 134 dB, de acordo com ABNT(2004).

As vibrações de terreno são um subproduto inevitável de qualquer detonação. Os possíveis

efeitos das vibrações, nas construções civis, se verificam através de trincas e rachaduras nas paredes

e da vibração do terreno. Os moradores sentem a vibração do piso e das paredes e confundem os

efeitos das vibrações do terreno com os da sobrepressão. Os limites de vibração do terreno

sugeridos pela NBR 9653 (2004) são divididos em três faixas, de acordo com a frequência das ondas

sísmicas, medidas através da velocidade de partícula: de 15 a 20 mm/s, para frequências abaixo de

15 Hz, de 20 a 50 mm/s, para frequências entre 15 e 40 Hz e acima de 50 mm/s, para frequências

acima de 40 Hz.

O ruído ocorre devido à detonação dos explosivos e pode ser ouvido a distâncias

consideráveis. Os maiores efeitos do ruído, no entanto, são observados no beneficiamento, devido à

sua duração e continuidade e são mais uma preocupação ocupacional dos funcionários, não

atingindo diretamente a comunidade.

O Departamento Nacional de Pesquisa Mineral – DNPM, por meio de Normas Reguladoras de

Mineração13 estabelece critérios e condições de segurança exigidas para processos de mineração nas

proximidades de habitações (Quadro 4.17). Observa-se que não há um limite pré-estabelecido para o

lançamento de fragmentos, mas que sua definição será realizada mediante estudo técnico e

apresentado no Plano de Lavra do empreendimento cuja exigência fica a critério do DNPM.

13 Portaria Nº 12 , de 22 de janeiro de 2002 publicada no DOU de 29 de janeiro de 2002, que altera dispositivos do ANEXO I da Portaria nº 237, de 18 de outubro de 2001, publicada no DOU de 19 de outubro de 2001.

176

Quadro 4.17: Normas Reguladoras de Mineração – NRM Operações com Explosivos e Acessórios. Adaptado. 16.4.10 Em minas a céu aberto, próximas de habitações, vilas, fábricas, redes de energia, minas subterrâneas, construções subterrâneas e obras civis, tais como pontes, oleodutos, gasodutos, minerodutos, subestações de energia elétrica, além de outras obras de interesse público devem ser definidos perímetros de segurança e métodos de monitoramento e apresentados no Plano de Lavra ou quando exigidos, a critério do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM.

16.4.11 Definidos os perímetros de segurança e respectivos métodos de monitoramento, os mesmos podem ser alterados mediante avaliação técnica, que comprove as possíveis mudanças, sem danos às estruturas passíveis de influência da atividade, submetidos à apreciação do DNPM.

16.4.12 Não devem ocorrer lançamentos de fragmentos de rocha além dos limites de segurança da mina.

16.4.12.1 Devem ser adotadas técnicas e medidas de segurança no planejamento e execução do desmonte de rocha com o uso de explosivos.

16.4.13 As detonações devem ser limitadas a um mínimo de horários determinados, conhecidos dos trabalhadores e da vizinhança da mina.

16.4.14 O monitoramento de vibrações no solo e o ruído no ar decorrentes detonações deve ser realizado nas obras civis próximas ao local de detonação e manter-se dentro dos seguintes limites máximos:

a) velocidade de vibração da partícula: 15 mm/s (quinze milímetros por segundo) – componente vertical e b) sobrepressão sonora: 134 dB (A) (cento e trinta e quatro decibéis).

16.4.15 Deve ser realizado estudo para o ajuste do plano de fogo de modo a atender aos limites do item anterior (16.4.14).

Fonte: DNPM, 2002.

Esta indefinição de um perímetro de segurança mínimo põe em condições de fragilidade os

aspectos de uso e ocupação do solo urbano por não apontar de forma técnica e explícita as

condições mínimas de segurança.

Há recomendações sobre níveis de segurança na NBR-9.653, da Associação Brasileira de

Normas Técnicas – ABNT, definida como Guia para Avaliação dos Efeitos Provocados pelo Uso de

Explosivos nas Minerações em Áreas Urbanas.

Neste sentido há de se considerar a pertinência da elaboração de legislação municipal que

aborde esta questão com vistas a garantir a segurança das populações abrangidas por tais

empreendimentos.

No caso da delimitação de um perímetro de risco no entorno dos empreendimentos de

mineração de agregados com desmonte por meio de explosivos, utilizou-se como referência os

estudos da Carta de Risco e Planejamento do Meio Físico do Município de Goiânia, o qual aponta um

raio mínimo de 300 m.

177

Existe ainda a exploração clandestina de areia de aluvião (areia lavada) no leito de

mananciais como os córregos Santo Antônio e Triunfo (Fotos 4.120 e 4.121) e também de areia de

sequeiro na região nordeste do Setor Madre Germana II. Além da exploração clandestina de areia,

existe a lavra clandestina de cascalho em pelo menos três lugares dentro e fora da área urbana

(Fotos 4.122 e 4.123).

Foto 4.120: Extração clandestina (manual) de areia de aluvião, no córrego Triunfo, vendida no mercado varejista do município.

Foto 4.121: Vista panorâmica do trecho do córrego Triunfo onde se observa exploração manual clandestina de areia.

178

Foto 4.122: Área de cascalho explorada recentemente, ao lado do Setor Madre Germana II.

Foto 4.123: Lavra clandestina de cascalho localizada no Setor Tiradentes.

O fator relevante em relação à localização das áreas de exploração, tanto das

pedreiras quanto das de cascalho e de areia refere-se à vulnerabilidade à perda de solos, de

qualidade dos recursos hídricos, de vegetação e qualidade atmosférica nas áreas onde estão

instalados os empreendimentos de mineração. Ressalta-se que os riscos ambientais

envolvidos devem ser monitorados e exigida a consecução de medidas preventivas,

compensatórias e mitigatórias.

179

a) Títulos minerários

Foram cadastrados 35 (trinta e cinco) títulos minerários entre requerimentos de pesquisa e

concessões de lavra, assim distribuídos: 9 requerimentos de pesquisa; 16 autorizações de pesquisa

(áreas com alvará de pesquisa); 1 autorização de pesquisa em disponibilidade; 1 concessão de lavra

em disponibilidade; 1 licenciamento mineral; 2 requerimentos de licenciamento mineral; 5

requerimento de lavra e 5 concessões (Portarias) de lavra que correspondem as áreas com pedreiras.

Esses títulos perfazem um total de 12.201,81 hectares, e estão sumarizados no Quadro 4.18

e na base geológica simplificada. Nesta base, estão também lançadas as áreas de exploração

clandestinas (Fotos 4.124 e 4.125) para areia e cascalho. Deve ser ressaltado, que a lavra de areia de

aluvião é manual e tem escala insignificante, não trazendo nenhum prejuízo ambiental.

Foto 4.124: Local de exploração clandestina de areia lavada no córrego Santo Antônio.

Foto 4.125: Depósito de cascalho localizado ao lado do cemitério Jardim da Esperança, com indícios de lavra (clandestina) recente.

180

Quadro 4.18: Relação dos direitos minerários no Município de Aparecida de Goiânia.

NUMERO Nº PROC. DNPM TITULAR ÁREA

(ha) SUBSTÂNCIA FASE

1 862.036/2011 CENTRO OESTE MINERAÇÃO E COMERCIO LTDA 1.155,65 MINÉRIO DE OURO

REQUERIMENTO DE PESQUISA

2 860.749/2012 THIAGO MARTINS BORGES DE MOURA 277,36 AREIA E QUARTZITO

REQUERIMENTO DE PESQUISA

3 860.740/2012 NELSON LUIZ CABRAL FRANÇA 48,94 AREIA REQUERIMENTO DE PESQUISA

4 860.333/2006 CIRLEY ANTÔNIO ROSA DA SILVA 1.000,00 MINÉRIO DE PLATINA

REQUERIMENTO DE PESQUISA

5 860.737/2009 VRM GEOLOGIA E MINERAÇÃO LTDA 618,43 MINÉRIO DE OURO

AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

6 860.366/2002 LUIZA CATARINA LOBO DE GODOI 299 MINÉRIO DE OURO

AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

7 860.355/2011 TITÂNIO GOIÁS MINERAÇÃO IND. E COMER. LTDA

128,4 QUARTZITO AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

8 860.738/2009 VRM GEOLOGIA E MINERAÇÃO LTDA 769,99 MINÉRIO DE OURO

AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

9 861.284/1995 FARIDE LUIZ DA SILVA - FI 48,82 AREIA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

10 860.116/1994 FARIDE LUIZ DA SILVA - FI 50 AREIA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

11 861.285/1995 FARIDE LUIZ DA SILVA - FI 50 AREIA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

12 860.444/2010 FABRICIO DE SIQUEIRA MENDONÇA 1.308,27 MINÉRIO DE OURO

AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

13 861.611/2011 IBRAHIM RASSI 389,13 MINÉRIO DE OURO

AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

14 861.704/2011 MINERAÇÃO JARDIM LTDA 976,96 MINÉRIO DE OURO

AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

15 861.705/2011 MINERAÇÃO JARDIM LTDA 168,71 MINÉRIO DE OURO

AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

16 861.223/2011 CUSANTODIO ROSA FALEIROS 15,29 GNAISSE AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

17 860.251/2011 RTM MINERAÇÃO LTDA 49,99 MINÉRIO DE OURO

AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

181

Quadro 4.18: Relação dos direitos minerários no Município de Aparecida de Goiânia (cont.).

NUMERO Nº PROC. DNPM TITULAR ÁREA

(ha) SUBSTÂNCIA FASE

18 860.626/2009 CONSTRUTORA JAD LTDA 1.898,66 MINÉRIO DE OURO

AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

19 861.354/2010 RUBENS MARTINS MOURÃO 24,47 BASALTO AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

20 860.331/2009 CONSTRUTORA JAD LTDA 49,79 AREIA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

21 860.100/2010 FABRICIO DE SIQUEIRA MENDONÇA 1.733,67 MINÉRIO DE OURO

AUT. PESQ. / DISPONIBILIDADE

22 860.771/2002 BRITENG BRITAGEM E CONSTRUÇÕES LTDA 16 XISTO CONC. DE LAVRA/DISPONIBILIDADE

23 861.006/2011 CARLITO TEIXEIRA MACEDO 14,23 AREIA REQ. DE LICENCIAMENTO

24 860.761/2012 MIGUEL SILVEIRA DE BARCELOS 17,3 CASCALHO REQ. DE LICENCIAMENTO

25 862.138/1980 AGENCIA MUNICIPAL DE OBRAS 42 MICAXISTO LICENCIAMENTO

26 861.110/2002 INDÚSTRIA E COMÉRCIO CANTAREIRA LTDA 6,67 ÁGUA MINERAL REQUERIMENTO DE LAVRA

27 861.475/2009 MINERAÇÃO JARDIM LTDA 8,63 XISTO REQUERIMENTO DE LAVRA

28 860.388/1994 GENOVEVA CARNEIRO CARRERA 50 MICAXISTO REQUERIMENTO DE LAVRA

29 813.474/1973 PEDREIRA IZAIRA IND E COMER. LTDA 56,16 MICAXISTO REQUERIMENTO DE LAVRA

30 860.145/2004 PEDREIRA IZAIRA IND E COMER. LTDA 20 MICAXISTO REQUERIMENTO DE LAVRA

31 860.017/2001 PEDREIRA ITAÚNA LTDA 38,69 XISTO CONCESSÃO DE LAVRA

32 862.117/1994 BRITENG BRITAGEM E CONSTRUÇÕES LTDA 35 MICAXISTO CONCESSÃO DE LAVRA

33 860.159/1989 AFRANIO ROBERTO DE SOUZA - FI 771,52 XISTO CONCESSÃO DE LAVRA

34 813.473/1973 JULIO CESAR CAMELO PARRODE 35,07 MICAXISTO CONCESSÃO DE LAVRA

35 860.874/1999 TEMPUS ALIMENTOS E LAZER LTDA 29,01 ÁGUA MINERAL CONCESSÃO DE LAVRA

182

O Decreto Lei nº 227 de 1967 – Código de Mineração - prevê cinco modalidades de

exploração e aproveitamento das substâncias minerais em território brasileiro:

I – Regime de Autorização;

II – Regime de Concessão;

III – Regime de Licenciamento;

IV – Permissão de Lavra Garimpeira;

V – Regime de Monopólio.

A Autorização de Pesquisa é o passo inicial para se executar uma pesquisa de qualquer

substância mineral, a exceção do petróleo e/ou minerais radioativos que só podem ser explorados

e/ou aproveitados através do Regime de Monopólio. A pesquisa é solicitada ao Ministério de Minas e

Energia através do Requerimento de Pesquisa, que é um documento apresentado ao DNPM e que

dará ao requerente um título minerário denominado Alvará de Pesquisa.

O Regime de Concessão de lavra é um título minerário concedido pela União que dá direito

ao titular de explotar (extrair) a substância mineral requerida e pesquisada adstrita à área requerida,

inclusive em terrenos de terceiros.

O Regime de Licenciamento Mineral é um título minerário que permite ao titular a

exploração/extração de substâncias minerais de emprego imediato na construção civil como a areia a

brita e o cascalho, entre outros, sem a necessidade de pesquisar a substância requerida. Porém, sua

concessão depende da anuência do superficiário e da autoridade municipal. Dessa forma, é um título

mineral precário, pois, depende de terceiros além da União para sua concessão.

A Permissão de Lavra Garimpeira é um título minerário concedido a Garimpeiros ou grupos

de Garimpeiros, reunidos através de Cooperativas de Garimpeiros, em áreas específicas de

ocorrência de substâncias minerais garimpáveis definidas pela legislação mineral brasileira. É um

título mineral muito específico concedido também em locais e condições especiais.

O Regime de Monopólio de exclusividade da União é regido por Leis especiais e está restrito

à exploração de bens minerais como o petróleo e os minerais radioativos.

Atualmente está em discussão no Congresso Nacional o Marco Regulatório que estabelecerá

as regras para exploração e aproveitamento das substâncias minerais no Brasil. Este marco

regulatório substituirá o atual Código de Mineração.

Grande parte dos títulos minerários em Aparecida de Goiânia é constituída de Autorizações

de Pesquisa para substâncias minerais diversas. Entretanto, o que se verifica na prática é que estas

autorizações visam às substâncias minerais de emprego imediato na construção civil, como areia e

brita. 183

As Concessões de Lavra e as Licenças expedidas para no município são para extração, ou de

areia, ou de brita (micaxisto), que são substâncias minerais de uso restrito à construção civil. O

município de Aparecida de Goiânia tem aptidão mineral restrita a estas substâncias e também para

cascalho.

Atualmente, se verifica que algumas dessas áreas requeridas e licenciadas estão em processo

de disponibilidade que ocorre quando o titular dessas áreas requeridas ou com concessão de lavra

deixa de cumprir alguma formalidade especificada pela legislação mineral. Nesse caso, as áreas são

licitadas através do Processo de Disponibilidade junto a Departamento Nacional da Produção Mineral

– DNPM.

4.3.4.6 Segurança Pública

A área destinada ao uso institucional da AGESP – Agência Goiana do Sistema Prisional – em

Aparecida de Goiânia localiza-se na margem leste do perímetro urbano, nas proximidades dos polos

industriais e do aterro sanitário.

Considerando as questões relacionadas aos riscos ambientais, os centros prisionais não estão

no rol de atividades que necessitam de estudos de impacto ou licenciamento ambiental, definidos

por lei federal ou resoluções CONAMA. No entanto alerta-se para o fato de que as unidades

prisionais podem vir a afetar de forma contundente a saúde, a segurança, as atividades sociais e

econômicas, a educação e as condições de saneamento da região onde se localizam.

A caracterização das atividades desenvolvidas no Complexo Prisional de Aparecida de

Goiânia está descrita de forma resumida no Quadro 4.19.

Quadro 4.19: Descrição do complexo prisional de Aparecida de Goiânia.

O Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia a maior concentração de presos no Estado, dividida em cinco estabelecimentos penais, em uma área de mais de 100 alqueires, sendo:

1) Penitenciária Cel. Odenir Guimarães – POG: custodia condenados no regime fechado do

sexo masculino;

2) Casa de Prisão Provisória – CPP: abriga presos provisórios do sexo masculino e

feminino;

3) Colônia Industrial e Agrícola do Estado de Goiás: acolhe condenados no regime semi-

aberto do sexo masculino. Este estabelecimento penal é subdividido em 02 (duas) unidades que

são conhecidas como Semi-aberto Velho (Unidade I) e Semi-aberto Novo (Unidade II);

184

4) Penitenciária Feminina Consuelo Nasser: destinado aos condenados no regime fechado

do sexo feminino;

5) Núcleo de Custódia: unidade de segurança máxima com características especiais,

podendo receber tanto presos do sexo masculino provisórios, quanto condenados.

Em síntese, o Núcleo de Custódia destina-se a custodia dos internos sob medida administrativa de

segurança, para cumprimento de sanção disciplinar ou em cumprimento de decisão judicial.

Fonte: AGESP, 2012. Disponível em: http://www.agsep.go.gov.br/historico

Considerando a natureza do equipamento público destacam-se os impactos sociais passíveis

de ocorrerem nas populações circunvizinhas e no município como um todo. Neste sentido os Estudos

de Impacto de Vizinhança e de Impacto Ambiental se fazem necessários para a qualificação e

quantificação destes impactos com vistas a apontar as ações necessárias para sua minimização ou

eliminação.

4.3.5 Linhas de Transmissão

As redes de infraestrutura (energia elétrica, transportes, saneamento) são essenciais para o

desenvolvimento social e econômico dos municípios, seu correto funcionamento e respeito de suas

faixas de domínio garantem o baixo risco desses equipamentos. No entanto, devido à alta tensão, as

redes de transmissão podem irradiar campos eletromagnéticos em sua vizinhança, que podem

causar interferências e até problemas de saúde em moradores (ICNIRP, 1998).

Ocupações irregulares de faixas de passagem, domínio, servidão e segurança de linhas de

transmissão também é motivo de risco, pois acidentes e, principalmente, incêndios podem causar a

interrupção no fornecimento de energia elétrica para as inúmeras atividades humanas.

Segundo a especificação técnica para limitação do uso de faixa de linhas de subtransmissão e

transmissão da CELGPar 69 kv, 138 kv e 230 kv (CELGPar, 2010):

As faixas de linhas de subtransmissão e transmissão caracterizam-se como locais

com limitações no que se refere ao uso e ocupação. A ocupação adequada e a

conservação das faixas de servidão e de segurança contribuem para garantir a

plena operação, a execução dos serviços de manutenção, a maior rapidez na

localização de anomalias nas linhas, bem como, a preservação do meio ambiente e

a segurança de pessoas e bens em suas proximidades.

[...] 185

A norma técnica NBR 5422 – Projeto de Linhas Aéreas de Transmissão de Energia

Elétrica – Procedimento estabelece os critérios a serem observados para a

convivência da linha de subtransmissão/transmissão com obstáculos e com a

execução de atividades por terceiros na faixa de passagem e no seu entorno.

Neste contexto a CELG estabelece o dimensionamento das faixas de passagem, domínio,

servidão e segurança. De acordo com a referida especificação as faixas de segurança variam com a

classe de tensão e o tipo da região atravessada. O Quadro 4.20 especifica de uma maneira geral a

dimensão das faixas de segurança.

Quadro 4.20: Dimensionamento das faixas de segurança das redes de transmissão de energia elétrica.

TENSÃO kV LARGURA (m) Observações

69 12 6 m para cada lado do eixo da LT

138 16 8 m para cada lado do eixo da LT

230 35 17,5 m para cada lado do eixo da LT

Fonte: CELGPar, 2010.

No município de Aparecida de Goiânia, há 110,04 km de linhas de transmissão de energia

elétrica, sendo que 10,2 km são de linhas com tensão de 69 kV, 23,33 km são de linhas com 138 kV, e

finalmente 76,51 km são de linhas com 230 kV de tensão.

Para fins de uso e de ocupação da faixa de passagem das linhas de subtransmissão e

transmissão deverão ser consideradas as áreas, definidas de acordo com seu grau de importância

para operação, manutenção e segurança da linha, conforme demonstrado na Figura 4.23 e Quadro

4.21:

Figura 4.23: Divisão da faixa de passagem em áreas “A”, “B” e “C”. Fonte: CELGPar, 2010

186

Nota: Área “A” - Localiza-se no entorno das estruturas da linha de transmissão e destina-se a permitir o acesso das equipes de manutenção com seus respectivos veículos e equipamentos, bem como servir para a instalação de proteção contra abalroamentos às estruturas. Área “B” - É a faixa de terreno, excluída a área A, que envolve os cabos condutores ao longo da linha e destina-se a proporcionar maior segurança à linha e também a terceiros. Área “C” - É a porção da faixa de passagem, excluindo-se as zonas A e B, cujos limites externos são definidos no projeto da linha de transmissão e destina-se a garantir os limites de campos elétricos e magnéticos, no limite da faixa de passagem, e a evitar acidentes devido a balanço de cabos condutores e para-raios.

Quadro 4.21: Valores de L1, L2 e L3.

LARGURA 69 kV 138 kV 230 kV

L1 2 m 2 m 2 m

L2 12 m 16 m 35 m

L3 6 m 6 m 6 m

Fonte: CELGPar, 2010.

Além das definições e dimensionamento das faixas de segurança e de passagem a

especificação define os termos, indica as limitações de uso, as benfeitorias permitidas e não

permitidas, bem como as normas para implantação de loteamentos às margens das LT’s.

O mapa de Linhas de Transmissão do município de Aparecida de Goiânia foi construído

utilizando-se o programa de Sistema de Informações Geográficas ArcGIS 9.3, por meio do arquivo de

dados geográficos vetoriais digital de linha de transmissão de energia elétrica disponibilizado pela

Companhia de Energia Elétrica do Estado de Goiás (CELG), no sítio do Sistema de Informações

Estatísticas e Geográficas do Estado de Goiás (SIEG). Além disso, na elaboração do mapa também

foram utilizados dados geográficos auxiliares precisos produzidos a partir de mapeamento

aerofotogramétrico de todo o município, em 2011 pela empresa Topocart – Topografia, Engenharia e

Aerolevantamento, sediada em Brasília-DF.

O dado geográfico de linha de transmissão disponibilizado pelo SIEG possui a abrangência

geográfica de todo o Estado de Goiás, e está geograficamente referenciado com coordenadas

geográficas no datum South American Datum 1969 (SAD-69), Figura 4.24.

De posse do dado geográfico de linhas de transmissão, as mesmas foram projetadas para o

sistema de projeção cartográfica Universal Transversa de Mercator (UTM), fuso 22, datum SAD-69

(Figura 4.25) conforme estão configurados os demais dados geográficos que integrarão a Carta de

Risco.

187

Figura 4.24 - Linhas de Transmissão de Energia Elétrica no Estado de Goiás

Figura 4.25: Linha de transmissão na projeção UTM e recortada de acordo com o município de Aparecida de Goiânia

188

Finalmente, foi realizada a composição do mapa de linhas de transmissão do município de

Aparecida de Goiânia, em folha de tamanho A0 (118,9 cm x 84,1 cm). O mapa contém os seguintes

elementos: corpo do mapa (onde fica o mapa propriamente dito), legenda, orientação, escala gráfica,

escala numérica, informações cartográficas, informações sobre o contratante e informações sobre a

empresa contratada. Para que fosse possível a elaboração de apenas um mapa em tamanho A0,

contendo as linhas de transmissão de todo o município de Aparecida de Goiânia, foi adotada a escala

1:25.000, no caso da adoção de escalas maiores, por exemplo 1:20.000, seria necessária a adoção de

uma folha em formato maior que A0, o que não seria conveniente para a manipulação, ou então a

divisão do mapa em várias folhas, que também seria inconveniente.

Tanto o mapa impresso quanto os dados geográficos digitais estão na projeção cartográfica

UTM, fuso 22, datum South American Datum 1969. Para impressão, sob os dados de linha de

transmissão foram integrados outros dados cartográficos, para que os usuários utilizem referências

espaciais ao observar o mapa, tais como rede hidrográfica, bairros, arruamentos principais, entre

outros, conforme se ilustra a Figura 4.26.

Figura 4.26: Ilustração do mapa de linhas de transmissão de energia elétrica do município de Aparecida de

Goiânia.

189

4.4 BASES LEGAIS

A legislação de uso e ocupação do solo, em sentido geral, seja em nível federal, estadual ou

municipal, é fundamental para a vida do cidadão, bem como para a preservação dos recursos

hídricos, da fauna, da flora dentre outros.

Considerando que o uso do solo é o conjunto das atividades – processos individuais de

produção e reprodução – de uma sociedade por sobre uma aglomeração urbana, assentada sobre

localizações individualizadas, combinadas com seus padrões ou tipos de assentamentos do ponto de

vista de regulação espacial, pode se dizer que o uso do solo é o rebatimento da reprodução social no

plano do espaço urbano, é uma combinação de um tipo de uso (atividade) e de um tipo de

assentamento (edificações).

No entanto o uso da propriedade privada, não pode refletir a vontade, ou a necessidade

individual, pois há de se contemplar, a priori, o interesse da coletividade. Desta forma, para que haja,

de fato, o cumprimento da função social da propriedade privada há a necessidade de que os

regulamentos, ou leis, reflitam as necessidades sociais, ambientais, econômicas das sociedades em

cada época e contexto.

O contexto proposto pelo presente trabalho refere-se à dimensão físico-ambiental da

ocupação do território por meio da identificação dos aspectos físicos, bióticos e antrópicos e seus

consequentes riscos e impactos ambientais. Esta proposta resulta na necessidade de se identificar os

regulamentos que tratam dos aspectos ambientais uso do solo quanto às restrições e permissões de

uso e ocupação pela sociedade com vistas à proteção e preservação ambiental.

Nos aspectos que abrangem as proposições da Carta de Risco existe uma significativa

dimensão jurídica a qual respalda a ação do poder público quanto ao licenciamento, ou restrição, e a

fiscalização do uso do solo em âmbito municipal. Neste contexto, são apontados no ordenamento

jurídico federal, os dispositivos legais que pautam o ordenamento do uso do solo, tanto urbano

quanto rural, sob a ótica ambiental, destacando-se a Lei nº. 12.651 de 25 de maio de 2012, o Novo

Código Florestal, a partir da qual a legislação municipal deverá ser revista e atualizada.

4.4.1. A Constituição Federal e o Estatuto da Cidade

Com relação ao uso do Solo a Constituição Federal de 1988, no Título VII, que trata da Ordem

Econômica e Financeira, no Capítulo II, trata da Política Urbana, no artigo 182, dá o norte para a

política de desenvolvimento urbano, bem como determina as competências para a materialização da

ordenação do uso do solo.

190

“Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público

municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o

pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de

seus habitantes.”

Regulamenta as normas Constitucionais, a Lei nº. 10.257 de 10 de julho de 2001, chamada

também Estatuto da Cidade, estabelecendo diretrizes gerais da política urbana e dá outras

providências.

O artigo 2º, da Lei citada, que trata da política urbana, com relação ao uso do solo, assim

dispõe em seus incisos:

“... IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da

população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de

influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus

efeitos negativos sobre o meio ambiente; ...”.

“... VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:

a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;

b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;

c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em

relação à infra-estrutura urbana;

d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como

pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente;

e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou

não utilização;

f) a deterioração das áreas urbanizadas;

g) a poluição e a degradação ambiental;

h) a exposição da população a riscos de desastres....”

“ ... XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído,

do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico; ...”.

191

“... XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de

baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e

ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e

as normas ambientais;

XV – simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas

edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e

unidades habitacionais; ...”.

A fim de subsidiar a implementação das normas citadas se faz necessário o levantamento da

legislação que norteia as restrições e permissões para o uso do solo, facultando a diagnose, dentro e

nos limites das diretrizes jurídicas/institucionais, na elaboração da Carta de Risco do Município de

Aparecida de Goiânia.

4.4.2 A Lei nº. 12.651 de 25 de maio de 2012 – Novo Código Florestal

Com o advento da Lei nº. 12.651 de 25 de maio de 2012 – que dispõe sobre a proteção da

vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de

1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e

7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá

outras providências, com as alterações propostas na Medida Provisória nº. 571 de 25 de maio de

2012 – surgiram modificações que alteram algumas disposições relacionadas com o uso do solo e sua

ocupação no âmbito local (municipal).

O artigo 82, do Novo Código Florestal, prevê o prazo de seis (06) meses para os entes

públicos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) para se reorganizarem/adequarem às

disposições deste Instrumento.

“... Art. 82. São a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios autorizados a

instituir, adaptar ou reformular, no prazo de 6 (seis) meses, no âmbito do Sisnama,

instituições florestais ou afins, devidamente aparelhadas para assegurar a plena

consecução desta Lei.

Parágrafo único. As instituições referidas no caput poderão credenciar, mediante

edital de seleção pública, profissionais devidamente habilitados para apoiar a

regularização ambiental das propriedades previstas no inciso V do art. 3o, nos

termos de regulamento baixado por ato do Chefe do Poder Executivo....”.

192

Neste contexto, o início do presente estudo se dá pela definição/conceituação das

figuras jurídicas imprescindíveis para os levantamentos/delimitações das áreas que estarão

disponíveis, segundo a Lei nº. 12.651 para uso e ocupação no Município de Aparecida de

Goiânia.

4.4.2.1 Definições e conceitos

“ ... Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

... ... ...

II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por

vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a

paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de

fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,

delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de

modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a

reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade,

bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa;

IV - área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação antrópica

preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades

agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio;

V - pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o

trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os

assentamentos e projetos de reforma agrária, e que atenda ao disposto no art. 3o da

Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006;

VI - uso alternativo do solo: substituição de vegetação nativa e formações sucessoras

por outras coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de

geração e transmissão de energia, de mineração e de transporte, assentamentos

urbanos ou outras formas de ocupação humana;

193

VII - manejo sustentável: administração da vegetação natural para a obtenção de

benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de

sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou

alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de

múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de outros bens e

serviços;

VIII - utilidade pública:

a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;

b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de

transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo

urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia,

telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições

esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto,

neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho;

c) atividades e obras de defesa civil;

d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das

funções ambientais referidas no inciso II deste artigo;

e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em

procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e

locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do Poder

Executivo federal;

IX - interesse social:

a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais

como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de

invasoras e proteção de plantios com espécies nativas;

b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou

posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que não

descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da

área;

194

c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades

educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas,

observadas as condições estabelecidas nesta Lei;

d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados

predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas,

observadas as condições estabelecidas na Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009;

e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de

efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes e

essenciais da atividade;

f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas

pela autoridade competente;

g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em

procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e

locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo

federal;

X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental:

a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando

necessárias à travessia de um curso d’água, ao acesso de pessoas e animais para a

obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo

agroflorestal sustentável;

b) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e

efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água,

quando couber;

c) implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo;

d) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro;

e) construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades

quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais, onde o

abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos moradores;

f) construção e manutenção de cercas na propriedade; 195

g) pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos

previstos na legislação aplicável;

h) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de

mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de

acesso a recursos genéticos;

i) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros

produtos vegetais, desde que não implique supressão da vegetação existente nem

prejudique a função ambiental da área;

j) exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e familiar,

incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros, desde que não

descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem a função

ambiental da área;

k) outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventuais e de baixo

impacto ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou

dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente;

... ... ...

XII - vereda: fitofisionomia de savana, encontrada em solos hidromórficos,

usualmente com palmáceas, sem formar dossel, em meio a agrupamentos de

espécies arbustivo-herbáceas; (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de

2012).

... ... ...

XVII - nascente: afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e

dá início a um curso d’água;

XVIII - olho d’água: afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente;

XIX - leito regular: a calha por onde correm regularmente as águas do curso d’água

durante o ano;

XX - área verde urbana: espaços, públicos ou privados, com predomínio de

vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano

Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis 196

para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer,

melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos,

manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais;

XXI - várzea de inundação ou planície de inundação: áreas marginais a cursos d’água

sujeitas a enchentes e inundações periódicas;

XXII - faixa de passagem de inundação: área de várzea ou planície de inundação

adjacente a cursos d’água que permite o escoamento da enchente;

XXIII - relevo ondulado: expressão geomorfológica usada para designar área

caracterizada por movimentações do terreno que geram depressões, cuja

intensidade permite sua classificação como relevo suave ondulado, ondulado,

fortemente ondulado e montanhoso.

XXIV - pousio: prática de interrupção de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou

silviculturais, por no máximo 5 (cinco) anos, em até 25% (vinte e cinco por cento) da

área produtiva da propriedade ou posse, para possibilitar a recuperação da

capacidade de uso ou da estrutura física do solo; (Incluído pela Medida Provisória nº

571, de 2012).

XXV - área abandonada, subutilizada ou utilizada de forma inadequada: área não

efetivamente utilizada, nos termos dos §§ 3o e 4o do art. 6o da Lei no 8.629, de 25 de

fevereiro de 1993, ou que não atenda aos índices previstos no referido artigo,

ressalvadas as áreas em pousio; (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

XXVI – áreas úmidas: pantanais e superfícies terrestres cobertas de forma periódica

por águas, cobertas originalmente por florestas ou outras formas de vegetação

adaptadas à inundação; e (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

XXVII – área urbana consolidada: aquela de que trata o inciso II do caput do art. 47

da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de

2012).

Vejamos da legislação citada na transcrição retro.

197

Art. 3o da Lei no 11.32614, de 24 de julho de 2006;:

“Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor

familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo,

simultaneamente, aos seguintes requisitos:

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;

II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades

econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;

III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas

do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder

Executivo; (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011)

IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.

§ 1o O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se tratar de

condomínio rural ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a fração

ideal por proprietário não ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais.

§ 2o São também beneficiários desta Lei:

I - silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o

caput deste artigo, cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo

sustentável daqueles ambientes;

II - aqüicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o

caput deste artigo e explorem reservatórios hídricos com superfície total de até 2ha

(dois hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água, quando

a exploração se efetivar em tanques-rede;

III - extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos

II, III e IV do caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente no meio

rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores;...”

Parágrafos 3º. e 4º. do art. 6º. da Lei nº. 8.62915 de 25 de fevereiro de 1993.

14 Estabelece as diretrizes para a formulação da polít ica nacional da agricultura famil iar e empreendimentos familiares rurais.

198

“Art. 6º Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e

racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência

na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente.

... ... ...

§ 3º Considera-se efetivamente utilizadas:

I - as áreas plantadas com produtos vegetais;

II - as áreas de pastagens nativas e plantadas, observado o índice de lotação por zona

de pecuária, fixado pelo Poder Executivo;

III - as áreas de exploração extrativa vegetal ou florestal, observados os índices de

rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada

Microrregião Homogênea, e a legislação ambiental;

IV - as áreas de exploração de florestas nativas, de acordo com plano de exploração e

nas condições estabelecidas pelo órgão federal competente;

V - as áreas sob processos técnicos de formação ou recuperação de pastagens ou de

culturas permanentes, tecnicamente conduzidas e devidamente comprovadas,

mediante documentação e Anotação de Responsabilidade Técnica. (Redação dada

pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)

§ 4º No caso de consórcio ou intercalação de culturas, considera-se efetivamente

utilizada a área total do consórcio ou intercalação. ...”.

Inciso II do caput do art. 47 da Lei nº. 11.97716 de 07 de julho de 2009:

“... Art. 47. Para efeitos da regularização fundiária de assentamentos urbanos,

consideram-se:

I – área urbana: parcela do território, contínua ou não, incluída no perímetro urbano

pelo Plano Diretor ou por lei municipal específica;

15 Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal. 16 Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas.

199

II – área urbana consolidada: parcela da área urbana com densidade demográfica

superior a 50 (cinquenta) habitantes por hectare e malha viária implantada e que

tenha, no mínimo, 2 (dois) dos seguintes equipamentos de infraestrutura urbana

implantados:

a) drenagem de águas pluviais urbanas;

b) esgotamento sanitário;

c) abastecimento de água potável;

d) distribuição de energia elétrica; ou

e) limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos; ...”.

Ultrapassadas estas considerações impõe-se o levantamento do respaldo jurídico

para o levantamento das restrições e permissões de uso e ocupação do solo, com vistas a

implementação da Carta de Risco do Município de Aparecida de Goiânia.

4.4.2.2 Das disposições relativas ao uso e ocupação do solo

A normatização quanto ao uso e ocupação do solo, para assegurar a plena

consecução da Lei nº. 12.651 de 25 de maio de 2012, pelos Órgãos Ambientais da União,

Distrito Federal, Estados e Municípios, tem prazo de seis (06) meses, artigo 82.

As áreas de Preservação Permanente são objeto do Capítulo II, Seção I, que as

delimita, nos termos do artigo 4º.

“Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas,

para os efeitos desta Lei:

I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a borda da calha do

leito regular, em largura mínima de:

a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;

200

b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50

(cinquenta) metros de largura;

c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200

(duzentos) metros de largura;

d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600

(seiscentos) metros de largura;

e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600

(seiscentos) metros;

II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:

a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte)

hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;

b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;

III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, na faixa definida na

licença ambiental do empreendimento, observado o disposto nos §§ 1o e 2o;

IV – as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que

seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Redação

dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100%

(cem por cento) na linha de maior declive;

VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

VII - os manguezais, em toda a sua extensão;

VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa

nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;

IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100

(cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da

curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação

sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado

201

por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do

ponto de sela mais próximo da elevação;

X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja

a vegetação;

XI – em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50

(cinquenta) metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado. (Redação

dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

§ 1o Não se aplica o previsto no inciso III nos casos em que os reservatórios artificiais

de água não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água.

§ 2o No entorno dos reservatórios artificiais situados em áreas rurais com até 20

(vinte) hectares de superfície, a área de preservação permanente terá, no mínimo,

15 (quinze) metros.

§ 4o Fica dispensado o estabelecimento das faixas de Área de Preservação

Permanente no entorno das acumulações naturais ou artificiais de água com

superfície inferior a 1 (um) hectare, vedada nova supressão de áreas de vegetação

nativa. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

§ 5o É admitido, para a pequena propriedade ou posse rural familiar, de que trata o

inciso V do art. 3o desta Lei, o plantio de culturas temporárias e sazonais de vazante

de ciclo curto na faixa de terra que fica exposta no período de vazante dos rios ou

lagos, desde que não implique supressão de novas áreas de vegetação nativa, seja

conservada a qualidade da água e do solo e seja protegida a fauna silvestre.

§ 6o Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é admitida, nas áreas de

que tratam os incisos I e II do caput deste artigo, a prática da aquicultura e a

infraestrutura física diretamente a ela associada, desde que:

I - sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e água e de recursos

hídricos, garantindo sua qualidade e quantidade, de acordo com norma dos

Conselhos Estaduais de Meio Ambiente;

II - esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de gestão de

recursos hídricos;

202

III - seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental competente;

IV - o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR.

V – não implique novas supressões de vegetação nativa. (Incluído pela Medida

Provisória nº 571, de 2012).

§ 9o Em áreas urbanas, assim entendidas as áreas compreendidas nos perímetros

urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações

urbanas, as faixas marginais de qualquer curso d’água natural que delimitem as áreas

da faixa de passagem de inundação terão sua largura determinada pelos respectivos

Planos Diretores e Leis de Uso do Solo, ouvidos os Conselhos Estaduais e Municipais

de Meio Ambiente, sem prejuízo dos limites estabelecidos pelo inciso I do caput.

(Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

§ 10. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros

urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações

urbanas, observar-se-á o disposto nos respectivos Planos Diretores e Leis Municipais

de Uso do Solo, sem prejuízo do disposto nos incisos do caput. (Incluído pela Medida

Provisória nº 571, de 2012).

Art. 5o Na implantação de reservatório d’água artificial destinado a geração de

energia ou abastecimento público, é obrigatória a aquisição, desapropriação ou

instituição de servidão administrativa pelo empreendedor das Áreas de Preservação

Permanente criadas em seu entorno, conforme estabelecido no licenciamento

ambiental, observando-se a faixa mínima de 30 (trinta) metros e máxima de 100

(cem) metros em área rural, e a faixa mínima de 15 (quinze) metros e máxima de 30

(trinta) metros em área urbana. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de

2012).

§ 1o Na implantação de reservatórios d’água artificiais de que trata o caput, o

empreendedor, no âmbito do licenciamento ambiental, elaborará Plano Ambiental

de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório, em conformidade com termo de

referência expedido pelo órgão competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente

– SISNAMA, não podendo exceder a dez por cento do total da Área de Preservação

Permanente. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

§ 2o O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial,

para os empreendimentos licitados a partir da vigência desta Lei, deverá ser 203

apresentado ao órgão ambiental concomitantemente com o Plano Básico Ambiental

e aprovado até o início da operação do empreendimento, não constituindo a sua

ausência impedimento para a expedição da licença de instalação.

Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de

interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas

ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:

I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e

de rocha;

II - proteger as restingas ou veredas;

III - proteger várzeas;

IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;

V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;

VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;

VII - assegurar condições de bem-estar público;

VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares.

IX – proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. (Incluído

pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

O Capítulo III, da citada norma (Código Florestal) normatiza as áreas de uso restrito,

vejamos.

“Art. 10. Nos pantanais e planícies pantaneiras é permitida a exploração

ecologicamente sustentável, devendo-se considerar as recomendações técnicas dos

órgãos oficiais de pesquisa, ficando novas supressões de vegetação nativa para uso

alternativo do solo condicionadas à autorização do órgão estadual do meio

ambiente, com base nas recomendações mencionadas neste artigo. (Redação dada

pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

Art. 11. Em áreas de inclinação entre 25° e 45°, serão permitidos o manejo florestal

sustentável e o exercício de atividades agrossilvipastoris, bem como a manutenção 204

da infraestrutura física associada ao desenvolvimento das atividades, observadas

boas práticas agronômicas, sendo vedada a conversão de novas áreas, excetuadas as

hipóteses de utilidade pública e interesse social.”

O Capítulo IV normatiza a delimitação da área de reserva legal, na Seção I.

Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a

título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de

Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação

à área do imóvel:

... ... ...

II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).

§ 1o Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer título, inclusive para

assentamentos pelo Programa de Reforma Agrária, será considerada, para fins do

disposto do caput, a área do imóvel antes do fracionamento.

... ... ...

§ 3o Após a implantação do CAR, a supressão de novas áreas de floresta ou outras

formas de vegetação nativa apenas será autorizada pelo órgão ambiental estadual

integrante do Sisnama se o imóvel estiver inserido no mencionado cadastro,

ressalvado o previsto no art. 30.

, ... .... ....

§ 6o Os empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto

não estão sujeitos à constituição de Reserva Legal.

§ 7o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas

por detentor de concessão, permissão ou autorização para exploração de potencial

de energia hidráulica, nas quais funcionem empreendimentos de geração de energia

elétrica, subestações ou sejam instaladas linhas de transmissão e de distribuição de

energia elétrica.

§ 8o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas

com o objetivo de implantação e ampliação de capacidade de rodovias e ferrovias.”.

205

... ... ...

Art. 14. A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural deverá levar em

consideração os seguintes estudos e critérios:

I - o plano de bacia hidrográfica;

II - o Zoneamento Ecológico-Econômico

III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de

Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra área

legalmente protegida;

IV - as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e

V - as áreas de maior fragilidade ambiental.

Art. 15. Será admitido o cômputo das Áreas de Preservação Permanente no cálculo

do percentual da Reserva Legal do imóvel, desde que:

I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de novas áreas para o

uso alternativo do solo;

II - a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação,

conforme comprovação do proprietário ao órgão estadual integrante do Sisnama; e

III - o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro

Ambiental Rural - CAR, nos termos desta Lei.

§ 1o O regime de proteção da Área de Preservação Permanente não se altera na

hipótese prevista neste artigo.

§ 3o O cômputo de que trata o caput aplica-se a todas as modalidades de

cumprimento da Reserva Legal, abrangendo a regeneração, a recomposição e, na

hipótese do art. 16, a compensação. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571,

de 2012).

Art. 16. Poderá ser instituído Reserva Legal em regime de condomínio ou coletiva

entre propriedades rurais, respeitado o percentual previsto no art. 12 em relação a

cada imóvel, mediante a aprovação do órgão competente do Sisnama.

206

Parágrafo único. No parcelamento de imóveis rurais, a área de Reserva Legal poderá

ser agrupada em regime de condomínio entre os adquirentes.”

A Seção III, da citada norma (Código Florestal), prevê o Regime de Proteção das Áreas

Verdes Urbanas.

“Art. 25. O poder público municipal contará, para o estabelecimento de áreas verdes

urbanas, com os seguintes instrumentos:

I - o exercício do direito de preempção para aquisição de remanescentes florestais

relevantes, conforme dispõe a Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001;

II - a transformação das Reservas Legais em áreas verdes nas expansões urbanas

III - o estabelecimento de exigência de áreas verdes nos loteamentos,

empreendimentos comerciais e na implantação de infraestrutura; e

IV - aplicação em áreas verdes de recursos oriundos da compensação ambiental.”

No Capítulo V, da citada norma (Código Florestal) normatiza a possibilidade de

supressão da vegetação nativa para uso alternativo do solo, a ser observado.

“Art. 26. A supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo, tanto de

domínio público como de domínio privado, dependerá do cadastramento do imóvel

no CAR, de que trata o art. 29, e de prévia autorização do órgão estadual competente

do Sisnama.

§ 3o No caso de reposição florestal, deverão ser priorizados projetos que

contemplem a utilização de espécies nativas do mesmo bioma onde ocorreu a

supressão.

§ 4o O requerimento de autorização de supressão de que trata o caput conterá, no

mínimo, as seguintes informações:

I - a localização do imóvel, das Áreas de Preservação Permanente, da Reserva Legal e

das áreas de uso restrito, por coordenada geográfica, com pelo menos um ponto de

amarração do perímetro do imóvel;

II - a reposição ou compensação florestal, nos termos do § 4o do art. 33;

207

III - a utilização efetiva e sustentável das áreas já convertidas;

IV - o uso alternativo da área a ser desmatada.

Art. 27. Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, a supressão de vegetação que

abrigue espécie da flora ou da fauna ameaçada de extinção, segundo lista oficial

publicada pelos órgãos federal ou estadual ou municipal do Sisnama, ou espécies

migratórias, dependerá da adoção de medidas compensatórias e mitigadoras que

assegurem a conservação da espécie.

Art. 28. Não é permitida a conversão de vegetação nativa para uso alternativo do

solo no imóvel rural que possuir área abandonada.

Com efeito, a ocupação das Áreas de Preservação Permanente, com atividades

agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural, até 22 de julho de 2008, são consideradas pela

Lei nº. 12.651, de maio de 2012, como consolidadas, ficando autorizada a permanência das mesmas,

observado o regramento de preservação e recomposição da flora natural, insculpido nos parágrafos

do artigo 61-A, o qual foi inserido pela Medida Provisória 571/2012.

Vejamos o que merece destaque, as prescrições legais sobre a matéria ventilada, no Capítulo

XIII, Disposições Transitórias Seção II, Das Áreas Consolidadas em Áreas de Preservação Permanente:

“ ... Art. 61-A. Nas Áreas de Preservação Permanente é autorizada, exclusivamente, a

continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em

áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008. (Incluído pela Medida Provisória

nº 571, de 2012).

§ 1o Para os imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal que possuam áreas

consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água

naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 5

(cinco) metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente da

largura do curso d´água. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

§ 2o Para os imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e de até 2 (dois)

módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação

Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das

respectivas faixas marginais em 8 (oito) metros, contados da borda da calha do leito

208

regular, independente da largura do curso d´água. (Incluído pela Medida Provisória

nº 571, de 2012).

§ 3o Para os imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módulos fiscais e de até 4

(quatro) módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação

Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das

respectivas faixas marginais em 15 (quinze) metros, contados da borda da calha do

leito regular, independentemente da largura do curso d’água. (Incluído pela Medida

Provisória nº 571, de 2012).

§ 4o Para os imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos fiscais que

possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de

cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas

marginais: (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

I - em 20 (vinte) metros, contados da borda da calha do leito regular, para imóveis

com área superior a 4 (quatro) e de até 10 (dez) módulos fiscais, nos cursos d’agua

com até 10 (dez) metros de largura; e (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de

2012).

II - nos demais casos, em extensão correspondente à metade da largura do curso

d’água, observado o mínimo de 30 (trinta) e o máximo de 100 (cem) metros,

contados da borda da calha do leito regular. (Incluído pela Medida Provisória nº 571,

de 2012).

§ 5o Nos casos de áreas rurais consolidadas em Áreas de Preservação Permanente no

entorno de nascentes e olhos d’água perenes, será admitida a manutenção de

atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a

recomposição do raio mínimo de: (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

I - 5 (cinco) metros, para imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal;

(Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

II - 8 (oito) metros, para imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e de

até 2 (dois) módulos fiscais; e (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

III - 15 (quinze) metros, para imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módulos

fiscais. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

209

§ 6o Para os imóveis rurais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação

Permanente no entorno de lagos e lagoas naturais, será admitida a manutenção de

atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a

recomposição de faixa marginal com largura mínima de: (Incluído pela Medida

Provisória nº 571, de 2012).

I - 5 (cinco) metros, para imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal;

(Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

II - 8 (oito) metros, para imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e de

até 2 (dois) módulos fiscais; (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

III - 15 (quinze) metros, para imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módulos

fiscais e de até 4 (quatro) módulos fiscais; e (Incluído pela Medida Provisória nº 571,

de 2012).

IV - 30 (trinta) metros, para imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos

fiscais. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

§ 7o Nos casos de áreas rurais consolidadas em veredas, será obrigatória a

recomposição das faixas marginais, em projeção horizontal, delimitadas a partir do

espaço brejoso e encharcado, de largura mínima de: (Incluído pela Medida Provisória

nº 571, de 2012).

I - 30 (trinta) metros, para imóveis rurais com área de até 4 (quatro) módulos fiscais;

e (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

II - 50 (cinquenta) metros, para imóveis rurais com área superior a 4 (quatro)

módulos fiscais. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

§ 8o Será considerada, para os fins do disposto no caput e nos §§ 1o a 7o, a área

detida pelo imóvel rural em 22 de julho de 2008. (Incluído pela Medida Provisória nº

571, de 2012).

§ 9o A existência das situações previstas no caput deverá ser informada no CAR para

fins de monitoramento, sendo exigida, nesses casos, a adoção de técnicas de

conservação do solo e da água que visem à mitigação dos eventuais impactos.

(Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

210

§ 10. Antes mesmo da disponibilização do CAR, no caso das intervenções já

existentes, é o proprietário ou possuidor responsável pela conservação do solo e da

água, por meio de adoção de boas práticas agronômicas. (Incluído pela Medida

Provisória nº 571, de 2012).

§ 11. A realização das atividades previstas no caput observará critérios técnicos de

conservação do solo e da água indicados no PRA previsto nesta Lei, sendo vedada a

conversão de novas áreas para uso alternativo do solo nesses locais. (Incluído pela

Medida Provisória nº 571, de 2012).

§ 12. Será admitida a manutenção de residências e da infraestrutura associada às

atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural, inclusive o acesso a

essas atividades, independentemente das determinações contidas no caput e nos §§

1o a 7o, desde que não estejam em área que ofereça risco à vida ou à integridade

física das pessoas. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

... ... ...

16. As Áreas de Preservação Permanente localizadas em imóveis inseridos nos

limites de Unidades de Conservação de Proteção Integral criadas por ato do Poder

Público até a data de publicação desta Lei não são passíveis de ter quaisquer

atividades consideradas como consolidadas nos termos do caput e dos parágrafos

anteriores, ressalvado o que dispuser o Plano de Manejo elaborado e aprovado de

acordo com as orientações emitidas pelo órgão competente do SISNAMA, nos

termos do que dispuser regulamento do Chefe do Poder Executivo, devendo o

proprietário, possuidor ou ocupante a qualquer título, adotar todas as medidas

indicadas. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

... ... ...

Nas áreas denominadas de atividades consolidadas, o benefício da lei com relação à

recomposição das APP´s, referente às propriedades que desenvolviam atividades agrossilvipastoris,

se materializa pela limitação em relação ao tamanho da área, artigo 61-B; 61-C e 62, da Lei

12.651/2012, inclusões pela Medida Provisória 571/2012.

“ ... Art. 61-B. Aos proprietários e possuidores dos imóveis rurais que, em 22 de julho

de 2008, detinham até 4 (quatro) módulos fiscais e desenvolviam atividades

agrossilvipastoris nas áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente, é

211

garantido que a exigência de recomposição, nos termos desta Lei, somadas todas as

Áreas de Preservação Permanente do imóvel, não ultrapassará: (Incluído pela

Medida Provisória nº 571, de 2012).

I - 10% (dez por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com área de até 2

(dois) módulos fiscais; e (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012).

II - 20% (vinte por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com área

superior a 2 (dois) e de até 4 (quatro) módulos fiscais. (Incluído pela Medida

Provisória nº 571, de 2012).

Art. 61-C. Para os assentamentos do Programa de Reforma Agrária a recomposição

de áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo ou no entorno

de cursos d'água, lagos e lagoas naturais observará as exigências estabelecidas no

art. 61-A, observados os limites de cada área demarcada individualmente, objeto de

contrato de concessão de uso, até a titulação por parte do Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária - INCRA. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de

2012).

Art. 62. Para os reservatórios artificiais de água destinados a geração de energia ou

abastecimento público que foram registrados ou tiveram seus contratos de

concessão ou autorização assinados anteriormente à Medida Provisória no 2.166-67,

de 24 de agosto de 2001, a faixa da Área de Preservação Permanente será a distância

entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum. ...”

Já, com efeito, a regularização de atividades das APP´s agrossilvipastoris, ressalvadas as

situações de risco de vida, em propriedades de até 4 (quatro) módulos fiscais, no âmbito do PRA, a

Lei nº. 12.651/2012 remete para deliberação dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente ou órgãos

colegiados estaduais equivalentes, artigo 63, § 3º.

Segundo os artigos 64 e 65, da Lei 12.651/2012, a regularização fundiária de interesse social

dos assentamentos inseridos em área urbana de ocupação consolidada e que ocupam Áreas de

Preservação Permanente, a regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto

de regularização fundiária, na forma da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009.

A Lei 12.651/2012, Seção III, e a Medida Provisória 451/2012, também, normatizaram sobre

as atividades consolidadas em áreas de reserva legal, anteriormente constituídas, conforme

disposições contidas nos artigos 66, 67, 68, da Lei retro citada.

212

A operacionalidade da Lei nº. 12.651/2012, e alterações nesta, pela Medida Provisória nº.

571/2012, nos termos do artigo 82, não só a União, mas também, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios terão parte ativa, reservadas as competências institucionais.

A seguir, são apresentados os Quadros 4.22 a 4.24, resumo das disposições quanto às

restrições ou permissões de uso conforme o novo Código Florestal.

213

Quadro 4.22: Áreas de Preservação Permanente, conforme a Lei 12.651/2012. Lei nº. 12.651, de 25 de maio de 2012 “Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: ...”

Situação topográfica Localização APP Legislação Rio/ largura Menor de 10 metros Zona rural ou urbana 30 metros Alínea “a”, inciso I, art. 4º., da Lei

nº.12.651/2012 Rio/ largura De 10 a 50 metros Zona rural ou urbana 50 metros Alínea “b”, inciso I, art. 4º., da Lei

nº.12.651/2012 Rio/ largura De 50 a 200 metros Zona rural ou urbana 100 metros Alínea “c”, inciso I, art. 4º., da Lei

nº.12.651/2012 Rio/ largura De 200 a 600 metros Zona rural ou urbana 200 metros Alínea “d”, inciso I, art. 4º., da Lei

nº.12.651/2012 Rio/ largura Superior a 600 metros Zona rural ou urbana 500 metros Alínea “e”, inciso I, art. 4º., da Lei

nº.12.651/2012 Lagos/lagoas – naturais superfície menor que 20 há

Zona rural 50 metros Alínea “a”, inciso II, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012

Lagos/lagoas – naturais superfície maior que 20 há

Zona rural 100 metros Alínea “b”, inciso II, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012

Lagos/lagoas – naturais superfície qualquer tamanho

Zona urbana 30 metros Alínea “c”, inciso II, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012

Lagos/lagoas – artificiais - superfície Até 20 há

Zona rural Mínimo de 15 metros § 2º., inciso III, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012

Lagos/lagoas – artificiais - superfície Qualquer tamanho, quando não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água.

Zona rural ou urbana Não previsto § 1º., inciso III, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012

Corpo d´água/ entorno de nascentes/olhos d´água perenes – naturais Qualquer situação topográfica.

Zona rural ou urbana Raio mínimo de 50 metros Inciso IV, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012, redação da M P nº. 571/2012

214

Encostas ou partes destas, com declive superior a 45º equivalente a 100% na linha de maior declive.

Zona rural ou urbana Na totalidade Inciso V, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012

Restingas, fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues. Zona rural ou urbana

Na totalidade Inciso VI, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012

Manguezais Zona rural ou urbana Na totalidade Inciso VII, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012

Bordas dos tabuleiros ou chapadas, a linha de ruptura do relevo.

Zona rural ou urbana Não inferior a 100 metros em projeções horizontais Inciso VIII, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012

Topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 metros e inclinação média maior que 25º.

Zona rural ou urbana

As áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação.

Inciso IX, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012, redação da M P nº. 571/2012

Qualquer vegetação em áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros.

Zona rural ou urbana Na totalidade Inciso X, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012

Veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros.

Zona rural ou urbana A partir do limite do espaço brejoso e encharcado. Inciso XI, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012

Entorno das acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare.

Zona rural ou urbana Dispensado o estabelecimento, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa.

§ 4º., art. 4º.,Lei nº.12.651/2012, redação da M P nº. 571/2012

Reservatório d’água artificial destinado a geração de energia ou abastecimento público.

Zona rural ou urbana

Faixa mínima de 30 (trinta) metros e máxima de 100 (cem) metros em área rural, e a faixa mínima de 15 (quinze) metros e máxima de 30 (trinta) metros em área urbana.

Art. 5º.,Lei nº.12.651/2012, redação da M P nº. 571/2012

Reservatório d’água artificial destinado a geração de energia ou abastecimento público.

Zona rural ou urbana Não podendo exceder a dez por cento do total da Área de Preservação Permanente.

§ 1º., art. 5º.,Lei nº.12.651/2012, redação da M P nº. 571/2012

Fonte: Lei 12.651/2012.

215

Quadro 4.23: Áreas de Reserva Legal, conforme a Lei 12.651/2012.

“Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel:

Imóvel rural Reserva Legal Localização Legislação

Com qualquer metragem 20% do total da área do imóvel

Todas as regiões do País, exceto na Amazônia Legal.

Inciso II, art. 12º., Lei nº.12.651/2012

Ao fracionar o imóvel, a qualquer título.

Observado a área do imóvel antes do fracionamento

Todas as regiões do País, exceto na Amazônia Legal.

§ 1º., art. 12º., Lei nº.12.651/2012

Empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto

Isento de reserva Todas as regiões do País, § 6º., art. 12º., Lei nº.12.651/2012

Fonte: Lei 12.651/2012.

216

Quadro 4.24: Áreas com atividades consolidadas em sede de áreas de preservação permanente, conforme a Lei 12.651/2012.

Situação topográfica Propriedade Nºs. módulos fiscais

Área a ser recuperada

Percentual a respeitar Legislação

Rios, independente da largura do curso natural. 00 a 01 módulo

5 metros, da borda da calha do leito regular.

10% da área total do imóvel.

§ 1º., art. 61-A., e inciso “I”, artigo 61-B, Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012.

Rios, independente da largura do curso natural. 01 a 02 módulos

8 metros, da borda da calha do leito regular.

10% da área total do imóvel.

§ 2º., art. 61-A., e inciso “I” artigo 61-B, Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012.

Rios, independente da largura do curso natural. 02 a 04 módulos

15 metros, da borda da calha do leito regular.

20% da área total do imóvel.

§ 3º., art. 61-A., e inciso “II”, artigo 61-B, Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012.

Rios em áreas consolidadas, com largura até 10 metros. 04 a 10 módulos

20 metros, da borda da calha do leito regular.

Não previsto Inciso “I”, § 4º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012.

Rios em áreas consolidadas, com qualquer largura.

Acima de 10 módulos, extensão correspondente a metade da largura do rio.

Mínimo de 30 metros e máximo de 100 metros, da borda da calha do leito regular.

Não previsto Inciso “II”, § 4º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012.

Nascentes e olhos d´água perenes, em áreas consolidadas.

00 a 01 módulo 5 metros, raio mínimo. Não previsto Inciso “I”, § 5º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012,

acrescido p/ M P nº. 571/2012.

Nascentes e olhos d´água perenes, em áreas consolidadas.

01 a 02 módulos 8 metros, raio mínimo. Não previsto Inciso “II”, § 5º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012,

acrescido p/ M P nº. 571/2012.

Nascentes e olhos d´água perenes, em áreas consolidadas.

Acima de 02 módulos 15 metros, raio mínimo. Não previsto Inciso “III”, § 5º., art. 61-A., Lei

nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012

Lagos e lagoas naturais, em áreas consolidadas. 00 a 01 módulo. 05 metros, mínimo

de faixa marginal. Não previsto Inciso “I”, § 6º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012.

Lagos e lagoas naturais, em áreas consolidadas. 01 a 02 módulos 08 metros, mínimo

de faixa marginal. Não previsto Inciso “II”, § 6º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012.

Lagos e lagoas naturais, em áreas consolidadas. 02 a 04 módulos 15 metros, mínimo

de faixa marginal. Não previsto Inciso “III”, § 6º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012.

Lagos e lagoas naturais, em áreas consolidadas. Acima de 04 módulos 30 metros, mínimo

de faixa marginal. Não previsto Inciso “IV”, § 6º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012.

Fonte: Lei 12.651/2012.

217

5 MODELAGEM DOS RISCOS AMBIENTAIS

Vencida a etapa de caracterização dos temas propostos (meio físico, meio biótico e meio

antrópico) para a modelagem dos riscos ambientais, passa-se à delimitação dos temas que serão

interpolados resultando, assim, nos mapas de risco por temas e no mapa de risco síntese do

município. No entanto, faz-se necessária a conceituação/definição dos termos envolvidos nas

análises de risco.

Assim sendo, o risco, em sentido mais abrangente, refere-se à probabilidade de ocorrência

de processos no tempo e no espaço, não constantes e não determinados, e a maneira como estes

processos afetam, direta ou indiretamente, a vida humana (CASTRO et. al., 2005).

Na área da Geologia de Engenharia, diretamente relacionada aos estudos da Carta de Risco

do Município de Aparecida de Goiânia, risco é o principal termo utilizado para indicar a possibilidade

de ocorrência de um acidente. Este último, definido como um fato já ocorrido onde foram

registradas consequências sociais e econômicas. No campo científico da Geologia, risco refere-se a

uma situação de perigo ou dano, ao homem e suas propriedades, em razão da possibilidade de

ocorrência de processo geológico, induzido ou não (CASTRO et. al., 2005).

Segundo autores compilados no estudo de Castro et.al. (2005) a noção de perigo relaciona-se

com o processo/evento a ocorrer, enquanto o risco será definido a partir de uma escala ou

hierarquia de probabilidades e de graus/níveis de ocorrência de eventos perigosos, na tentativa de

classificar áreas com níveis de risco (perdas/prejuízos/danos) maiores e menores. Em relação ao

dimensionamento de níveis ou graus de risco, no estudo realizado em Aparecida de Goiânia estes

foram definidos como MUITO ALTO, ALTO, MÉDIO e BAIXO.

A partir das considerações sobre os termos envolvidos nos estudos de riscos apresenta-se o

Quadro 4.25, o qual compila as definições utilizadas no presente estudo.

Quadro 4.25: Definições de risco, perigo, acidente e análise de risco.

TERMO DEFINIÇÃO

Risco Uma medida da probabilidade e severidade de um efeito adverso para a saúde, propriedade ou ambiente. Risco geralmente é estimado pelo produto entre a probabilidade e as consequências. Entretanto, a interpretação mais genérica de risco envolve a comparação da probabilidade e consequências, não utilizando o produto matemático entre estes dois termos para expressar os níveis de risco.

Perigo Uma condição com potencial de causar uma consequência desagradável.

Acidente Fato já ocorrido onde foram registradas consequências sociais e econômicas

Análise de risco

O uso da informação disponível para estimar o risco para indivíduos ou populações, propriedades ou ambiente. A análise de risco, geralmente, contém as seguintes etapas: definição do escopo, identificação do perigo e determinação do risco.

Fonte: Adaptado de Castro et. al., 2005

218

Em se tratando da produção de modelos geográficos de riscos ambientais sobre uma

porção territorial definida, no presente caso o município de Aparecida de Goiânia, entra-se na seara

da dimensão espacial de risco os quais foram definidos e delimitados espacialmente, conforme a

metodologia inicialmente proposta.

Conforme a metodologia os modelos integraram levantamentos cartográficos para a região

em análise, considerando as variáveis físico-bióticas (por exemplo: geologia, solos, declividade,

remanescentes de vegetação/biodiversidade). A inserção dos dados nos modelos apresentados

segue uma ordem lógica, permitindo a correta integração das informações geográficas selecionadas

para a delimitação de cada risco.

A modelagem dos riscos foi resultado do agrupamento das informações obtidas nos

levantamentos e caracterizações dos meios físico, biótico e antrópico nos seguintes temas e critérios

definidos no item 5.1:

Risco de Perda de Solos;

Risco de Perda de Qualidade de Recursos Hídricos;

Risco de Inundações;

Risco de Perda da Vegetação;

Risco de Perda da Qualidade de Recursos Atmosféricos

Risco de Acidentes;

Carta de Risco – Síntese.

5.1 Critérios para a modelagem dos riscos ambientais

a) MAPA DE RISCO DE PERDA DE SOLOS

Alto Risco

Áreas com processos erosivos;

Declividade acima de 8% sem vegetação, ou com vegetação degradada (grau de preservação

abaixo de 5);

Fundos de vales e vale do Meia Ponte;

Topos convexos (c2), topos conexos (c1), topos aguçados e fundos de vales (Geomorfologia);

Áreas Próximas de Rede de Drenagem.

219

Médio Risco

Declividade de 5 a 8% e o restante da vegetação

Baixo risco

O restante da área.

b) MAPA DE RISCO DE PERDA DA QUALIDADE DE RECURSOS HÍDRICOS

Muito Alto Risco17

Áreas: cemitérios, áreas industriais, termoelétrica18 e aterro sanitário.

Alto Risco

Áreas Urbanas e áreas agrícolas.

Médio Risco

Áreas de pastagem e com solos expostos.

Baixo Risco

O restante da área.

c) MAPA DE RISCO DE INUNDAÇÕES

APP´s e fundos de vales (proveniente do mapa de Geomorfologia).

Não há a critério técnico para a classificação dos riscos de inundação como ALTO, MÉDIO ou

BAIXO, tampouco dados hidrológicos e pluviométricos disponíveis para que este

detalhamento possa ser realizado com precisão. Portanto quanto à este risco somente foram

apontadas as áreas de risco.

d) MAPA DE RISCO DE PERDA DA VEGETAÇÃO

Alto Risco

Áreas de vegetação remanescente, em locais com alto risco de perda de solos.

Médio Risco

17 Muito Alto Risco é uma condição estabelecida somente para o Mapa de Risco de Perda de Qualidade dos Recursos Hídricos, devido ao entendimento da maior fragilidade deste sistema ambiental. 18 Na modelagem dos riscos a usina Termoelétrica entra como área industrial.

220

Áreas de vegetação remanescente, em locais com médio risco de perda de solos.

Baixo Risco

O restante das áreas com vegetação remanescente.

e) MAPA DE PERDA DA QUALIDADE DE RECURSOS ATMOSFÉRICOS

Alto Risco

Áreas industriais;

Avenidas, rodovias e anel viário ;

Área dos aterros;

Pedreiras – raio de 300 m.

Médio Risco

Área urbana e áreas com agricultura.

Baixo Risco

Áreas restantes.

f) MAPA DE RISCO DE ACIDENTES

Alto Risco

Principais vias (Av. São Paulo, Av. Rio Verde, Anel Viário e rodovia BR-153) – 50 m do eixo das

vias para cada lado;

Linhas de transmissão de energia elétrica 23,5 m do eixo das linhas para cada lado;

Pedreiras – raio de 300 m.

Áreas dos distritos industriais.

Médio Risco

Restante das áreas urbanas.

Baixo Risco

Demais áreas.

221

g) MAPA SÍNTESE DE RISCOS À OCUPAÇÃO19

Alto Risco

Áreas com processos erosivos instalados;

Áreas com declividade acima de 8% sem vegetação, ou com vegetação degradada (abaixo de

5);

Entorno das pedreiras (300 metros);

Fundos de vales, vale do Meia Ponte, topos convexos (c2), topos conexos (c1), topos

aguçados (dados de Geomorfologia);

Áreas de Preservação Permanentes;

Áreas de cemitérios e aterro sanitário.

Médio Risco

Declividade de 5 a 8% e as áreas com vegetação com grau de preservação acima de 5.

Baixo risco

Demais áreas.

Finalmente, foram integradas no mapa síntese, as áreas com muito alto risco de perda da

qualidade de recursos hídricos, alto risco de acidentes, risco de inundações, a área do Parque Serra

das Areias acrescida de um cinturão de 1 km como área de contenção à ocupação.

A partir destas definições resultaram os mapas dos riscos ambientais que fazem parte do

conjunto dos documentos técnicos entregues à administração municipal.

19 Embora no mapa de RISCO DE PERDA DA QUALIDADE DE RECURSOS HÍDRICOS haja a classificação MUITO ALTO RISCO, no mapa síntese esta classificação foi agregada ás áreas de ALTO RISCO. Optou-se tecnicamente por esta condição para não haver prejuízo no entendimento e valoração das áreas de ALTO RISCO à ocupação.

222

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos realizados para caracterizar os aspectos físicos, bióticos e as interações

antrópicas no município de Aparecida de Goiânia tiveram como objetivo principal prestar

informações básicas e necessárias para o planejamento territorial, mediante elaboração da Carta de

Risco. O mapeamento de riscos é uma poderosa ferramenta de avaliação e gestão ambiental, com o

qual é possível identificar as condições atuais de um compartimento ambiental e inferir de que forma

o mesmo poderá atender às variadas demandas da população humana.

Detectou-se, durante os estudos, a ocorrência de graves problemas ambientais. Muitos já

ultrapassaram a condição de risco e a linha dos impactos e se configurando como passivos

ambientais os quais devem ser mitigados com vistas à melhoria da qualidade do ambiente e de vida

da população. Podem-se citar como exemplo as áreas onde os processos erosivos comprometem a

segurança da população local.

Em relação aos aspectos físicos – geologia, geomorfologia, pedologia – conclui-se que

embora a maior parte do município situe-se sobre áreas relativamente planas, processos erosivos

ocorrem de maneira expressiva, principalmente, em áreas próximas aos cursos d’água, resultando no

assoreamento desses mananciais. A causa principal destes processos é à utilização e apropriação de

áreas potencialmente frágeis do ponto de vista ambiental.

Inúmeros são os processos erosivos instalados e em condições avançadas de degradação da

estabilidade dos solos, o que, em se tratando de ocupação urbana, configura graves riscos à vida da

população.

O agravamento das condições de escoamento superficial – devido ao processo

desordenado de ocupação urbana e consequente impermeabilização do solo – resulta em sérias

alterações na dinâmica fluvial e nas magnitudes dos picos de vazão. Desta forma, até mesmo as

bacias e microbacias hidrográficas as quais, por condições físicas naturais não são sujeitas às

inundações, ficam susceptíveis a estes eventos.

Ainda nos aspectos relacionados aos mananciais hídricos observa-se a queda de vazão nos

poços subterrâneos do sistema SANEAGO, o que ocorre devido à exploração irregular destes

mananciais aliada ao comprometimento de recarga devido à ocupação urbana. Alerta-se para o fato

do comprometimento da qualidade das águas subterrâneas, e por consequência das superficiais,

devido a existência de grande quantidade de fossas rudimentares – mais de 60% dos domicílios

destinam seu esgoto sanitário a fossas rudimentares.

A síntese do diagnóstico da vegetação expõe as características de um meio bastante

antropizado, mesmo na área rural. Foram constatados poucos fragmentos de vegetação nativa que

223

guardam as características originais de parte da flora. Constatou-se a fragmentação de ecossistemas

e à baixa preservação das faixas bilaterais dos mananciais. Alerta-se para a ocupação irregular dos

fundos de vale e das áreas do entorno das nascentes, o que agrava a situação dos processos erosivos

instalados e proporcionam a ocorrência de novas erosões.

No que se refere às áreas verdes urbanas e às Unidades de Conservação, ressalta-se que as

áreas são mínimas em relação à dimensão territorial do município e estas se encontram isoladas,

sem qualquer possibilidade de trocas ecológicas entre si.

A Serra das Areias constitui-se em um importante fragmento de vegetação nativa e

detentora de um potencial hídrico de importância local e regional, no entanto encontra-se ameaçada

pelo avanço da ocupação urbana, o que requer do poder público uma ação imediata no sentido de

conter este avanço.

Dos aspectos relacionados às interações antrópicas destaca-se a relevância econômica do

Município em relação à microrregião e ao Estado de Goiás. No entanto detectou-se que as políticas

ambientais e de uso e ocupação do solo ainda não acompanham a pujança econômica e o processo

acelerado de ocupação do solo, tanto nos aspectos relacionados à habitação, quanto aos aspectos

relacionados aos usos especiais, tais como indústrias, exploração mineral, disposição de resíduos

sólidos.

A preservação da qualidade do meio ambiente natural relaciona-se diretamente com as

políticas municipais de uso do solo (refletidas no Plano Diretor e legislação urbanística que o

complementam), com a infraestrutura instalada (água tratada, esgotamento sanitário, disposição de

resíduos sólidos, sistemas de drenagem urbana). Percebe-se que na maioria destes aspectos o

Município ainda não avançou na qualidade e quantidade imposta pelo seu crescimento demográfico

e econômico. Neste contexto, o mapeamento detalhado de todo o município de Aparecida de Goiânia,

garantiu a excelente qualidade na espacialização de informações necessárias a implementação de um

processo de gestão urbana moderna e ligado às demandas socioambientais. Além de importante

subsídio para a detecção das características físico-ambientais do Município, as informações e o

mapeamento poderão ser utilizados em várias outras atividades do município, entre elas

monitoramento ambiental, planejamento urbano e rural, obras de engenharia, educação, saúde

entre outras.

Por fim ressalta-se que este trabalho não se encerra em si mesmo. Faz-se necessário o uso

constante das informações e interpretações apontadas e a atualização diária para que este não se

perca no tempo e no espaço.

224

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