carta de apresentação - faap · É com muita alegria e entusiasmo que enfim inicio estes dizeres...

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Carta de Apresentação

É com muita alegria e entusiasmo que enfim inicio estes dizeres de boas vindas

aos senhores delegados do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações

Unidas (CDH). Meu nome é Jessica Freire e será um prazer assisti-los como Diretora

durante os trabalhos do VI Fórum FAAP de Discussão. Atualmente estou cursando o 5º

semestre de Relações Internacionais na FAAP e as duas Diretoras Acadêmicas Beatriz

Ahualle e Claudia Abrahão estão no 3º semestre. Dedico aqui atenção especial a estas

peças essenciais no período de elaboração do Guia de Estudos e do evento como um

todo.

Meu histórico dentro do Fórum FAAP iniciou-se em 2008 quando tive o privilégio

de participar pela primeira vez como voluntária de comunicação, cargo o qual me

proporcionou desenvolver não somente minhas habilidades de escrita e organização de

cronogramas, mas também conhecer o incrível mundo de simulações de perto. No ano

passado com a experiência adquirida, enfim escolhi contribuir para com a área

acadêmica. Sendo assim, exerci o cargo de Diretora Adjunta do Comitê de

Desarmamento e Segurança Internacional (DSI), o qual me forneceu um imenso

aprendizado e conhecimento. Ainda tive a oportunidade de fazer parte do STAFF do III

Fórum FAAP de Desenvolvimento de Ribeirão Preto como Diretora, através do debate

sobre a capacitação de docentes no ensino médio. Cada simulação me proporcionou um

novo aprendizado não somente para a vida profissional, mas também para a pessoal e

tenho certeza que com o CDH não será diferente. Através de debates proveitosos e um

ambiente diplomático, o comitê como um todo espera poder agregar e incentivar o

conhecimento voltado para o assunto em pauta.

Beatriz Ahualle participou como delegada do III e do IV Fórum FAAP, nos Comitês

da OMC e do DSI, respectivamente. Em 2009 esteve no evento como voluntária de

comunicação, adquirindo dessa forma a experiência necessária para nesta edição

auxiliar em qualquer situação. Claudia Abrahão está pela primeira vez trabalhando no

evento e também esta apta a ajudá-los em qualquer requisito que venha a ser criado.

O tema “Proteção dos Direitos Humanos em tempos de conflito - A Questão da

Caxemira” foi escolhido não somente pela imensa e sempre presente necessidade de

proteção dos direitos humanos, mas também pela especial atenção urgida para com um

território que há muito luta para se tornar igualitário e que nos dias atuais é

apresentado, caso não seja sanado, com um dos perigos mais evidentes de um

gravíssimo conflito armado. O Guia de Estudos foi elaborado com o intuito de servir

como base para melhor entender a questão apresentada e elaborar a preparação do

debate.

Não poderia terminar sem antes agradecer a Secretária-Geral Acadêmica,

Marianna Rodrigues, pela imensa confiança e oportunidade fornecidos para a realização

do trabalho como um todo. Mais do que uma excelente profissional, uma incrível amiga.

Atenciosamente,

Jéssica Baio Freire Diretora Beatriz Ahualle e Claudia Abrahão Diretoras Adjuntas

Introdução

Devido aos massacrantes acontecimentos ocasionados pelas duas grandes

guerras e o final da Liga das Nações, fez-se necessária a criação de um órgão capaz de

preservar a paz e a segurança internacional de toda a humanidade. Com este objetivo

maior, em 24 de outubro de 1945, nascia a Organização das Nações Unidas (ONU),

sendo sua carta assinada por 51 países1.

Foi a partir destes eventos mencionados que a humanidade compreendeu a

importância da dignidade humana como fator de reconhecimento e relevância para a

proteção dos seres humanos e a relação entre estes. Buscando assim assegurar e

proteger de forma permanente os direitos humanos, desenvolveu-se a Comissão de

Direitos Humanos, órgão subsidiário ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas

(ECOSOC), ligado à Assembléia Geral da ONU2.

Durante sua atuação, a Comissão conseguiu grandes progressos como a

crescente expansão da proteção aos direitos humanos, principalmente em casos

específicos, como o da investigação da violação dos direitos na África do Sul em 1967 e

do golpe militar no Chile em 19733.

Além deste avanço, vale ressaltar o estabelecimento de normas internacionais,

destaque aqui para os dois Pactos Internacionais de Direitos civis, políticos, econômicos,

sociais e culturais, que juntamente com a Declaração Universal de Direitos Humanos

(1948)4, formam o que hoje é conhecido como a Carta Internacional de Direitos

Humanos, que constitui um marco na criação dos princípios e diretrizes ideológicos,

utilizados até os dias atuais como padrão ao respeito dos direitos humanos no âmbito

nacional e internacional5.

Entretanto, procedimentos falhos na gestão administrativa e falta de métodos de

execução com maior eficácia fizeram com que os Estados-membros, exortados pelo

então Secretário-Geral, Kofi Annan6, o substituísse pelo Conselho de Direitos Humanos

(CDH), alterando e intensificando seus métodos, dentre estes um novo mecanismo

periódico de análise que possibilitou aos países membros da organização examinarem a

atuação destes e a extensão de mecanismos de investigação dos direitos humanos para

todos os participantes7.

A atual preocupação referente aos direitos humanos demonstra um grande

avanço histórico da humanidade na questão do reconhecimento universal dos seres

humanos como entidades igualitárias, que apesar de suas diferenças biológicas e

culturais, possuem o mesmo direito de se relacionarem com o mundo a sua volta sem

discriminação, ou seja, sem o espectro etnocêntrico.

A região da Caxemira é um dos maiores exemplos desta questão de divisão

cultural. O atual colapso, que tomou corpo a partir de 1989, é a contínua caracterização

de um conflito que existe desde o momento de sua criação. Neste período, a Caxemira

se envolveu em um conflito armado entre forças do governo indiano e grupos de

militantes travando uma luta separatista brutal com o apoio do governo paquistanês8.

Como determina a organização Carnegie Endowment for International Peace: “Before

1989 India and Pakistan fought over Kashmir. Since late 1989, it is Kashmir who have

done [much of] the fighting – and most of dying”9.

Desta forma, urge ao Conselho de Direitos Humanos dispensar maior atenção ao

direito à vida dos cidadãos da Caxemira, uma vez que constantemente estes são

violados de forma impiedosa. Assim, os Estados devem considerar os direitos universais

e ponderar alternativas que garantam o direito das manifestações culturais diversas, a

liberdade de expressão e, principalmente, o direito a um território justo e igualitário.

Histórico do Comitê

O Conselho de Direitos Humanos é criado em 200610, tendo como metas a

promoção do respeito universal e a proteção das liberdades e direitos fundamentais.

Para alcançá-los, deveriam ser analisadas as violações de direitos, inclusive a atuação

dos Estados-membros no âmbito internacional, assistir aos indivíduos e promover a

educação na área dos direitos humanos, podendo, assim, auxiliar países em conflitos e

dialogar através de fóruns questões pertinentes à área.

O organismo é composto por quarenta e sete Estados-membros, que são eleitos

anualmente para mandatos com duração de três anos, sendo que não podem se

reeleger após dois mandatos consecutivos. A eleição dos membros é definida através de

uma distribuição geográfica de assentos entre os grupos regionais11. Caso algum país

eleito viole os direitos humanos, poderá ser suspenso com 2/3 dos votos dos Estados-

membros da Assembléia Geral12.

Previamente os países-membros são visitados pelos funcionários das Nações

Unidas para que possam avaliar se aspectos de direitos humanos estão sendo bem

apresentados. Caso haja alguma controvérsia o mandato do país em questão pode vir a

ser suspenso com 2/3 dos votos dos Estados-membros da Assembléia Geral13.

Atualmente o Conselho vem promovendo a proteção dos direitos humanos

através de um novo mecanismo, que é a Revisão Periódica Universal (RPU)14, o qual tem

como intuito realizar uma revisão dos registros de direitos humanos de todos os cento e

noventa e dois Estados-membros da ONU uma vez a cada quatro anos. Este é um

processo conduzido pelo Estado sob a fiscalização do CDH.

A RPU assim, como uma das principais características do Conselho, visa garantir a

igualdade de tratamento para cada país no momento da avaliação dos direitos

humanos, para que dessa forma as melhores soluções possam ser elaboradas. É um

processo de cooperação que, até 2011, revisará os registros de direitos humanos de

cada Estado-membro. A RPU é o primeiro mecanismo universal deste tipo. O exame

periódico é um dos principais elementos do novo Conselho, que lembra Estados da sua

responsabilidade de respeitar e aplicar plenamente todos os direitos humanos e

liberdades fundamentais. O objetivo final deste novo mecanismo é a de melhorar a

situação dos direitos humanos em todos os países e lutar contra as violações dos

direitos humanos onde quer que ocorram.

O CDH ainda atua em conjunto com outros organismos e programas para

possibilitar uma maior promoção da cooperação internacional, visando criar padrões

mínimos de direitos humanos. Alguns exemplos podem ser citados através de suas

respectivas assistências, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os

Refugiados (ACNUR), na forma de assistência técnica e capacity building15. Dessa forma

o Conselho se apresenta como peça essencial para a integração dos órgãos e agências

das Nações Unidas e a sociedade internacional.

Histórico do Tema

Em meio aos processos de descolonização dos continentes africano e asiático,

muitos viam o retorno dos territórios dominados pelas nações imperialistas para as

mãos dos originais povos como a melhor solução para se obter o próspero campo

político, econômico e social destes. Porém o que se caracterizou foi uma onda de

inúmeras independências, formando o campo ideal para o surgimento de conflitos na

segunda metade do século XX a partir das noções de autonomia e anti-imperialismo

como identificação16.

“O fenômeno da sobrevivência de minorias nacionais incrustadas no interior dos Estados pode originar conflitos entre essas minorias e os regimes políticos hegemônicos nesses Estados. Tais conflitos refletem a aspiração de minorias a uma autonomia política maior, ou mesmo à completa independência, com a formação de um novo Estado.”

17

Este foi o cenário dentro do qual a Índia se desenvolveu, em meio a diversas

religiões e culturas incutidas na luta pela autonomia. Por conta de impasses, hindus e

muçulmanos, maiores representantes políticos da região, buscaram fazer valer seus

interesses, incitando, assim, uma divisão no território sul asiático e, conseqüentemente,

a criação de um novo Estado. Entretanto esta medida em nada minimizou os conflitos.

A Índia tornou-se domínio britânico em 1763, após o Tratado de Paris. Em 1858,

o território deixava de ser administrado pela Companhia das Índias Orientais Britânicas

e passava para o controle direto da Coroa. O impasse na região denominada como Índia

Britânica foi então iniciado após manifestações que aspiravam à independência em

1885, com a criação do Congresso Nacional Indiano (ou Partido do Congresso) que

representava a população hindu e com a Liga Mulçumana, a organização nacionalista da

população mulçumana criada em 190618.

Os nacionalistas indianos mantiveram-se fiéis ao controle inglês durante a

Primeira Guerra Mundial, por acreditarem na possibilidade de se tornarem livres da

influente potência. Porém este fato não se tornou realidade. Dessa forma para melhor

controlar qualquer possível manifestação pela luta da libertação, a partir de 1909 uma

série de reformas é baixada, como por exemplo, os atos de 1919 e 193519. Buscando

não criar impasses entre colônia e metrópole, uma maior participação política é então

propiciada aos indianos, principalmente aos muçulmanos que não a possuíam, se

comparados aos hindus. Tais medidas serviram para agravar ainda mais as questões

sociais, políticas e econômicas na Índia, que já existiam devido à própria diferenciação

religiosa entre muçulmanos e hindus20.

Dessa forma, ao final da Segunda Guerra Mundial, estas questões apresentadas

anteriormente dentro da sociedade indiana, se intensificam com o advento da reflexão

do sentimento nacionalista e do pacto colonial, não impedindo assim que o desejo de

libertação do domínio ocorresse.

Foi neste período que os ideais de Mahatma Gandhi começaram a ser

difundidos. Baseados na desobediência civil e não violência, via na não-cooperação e no

desrespeito pacífico às leis do pacto colonial, a melhor maneira de realizar a revolução

pela libertação inglesa e constituir um Estado coeso. O movimentou e seus preceitos

foram decisivos para a realização da independência da Índia e manutenção do Estado

em seus primeiros anos de criação21.

Mesmo com os preceitos desenvolvidos acima, a Índia Britânica vivia uma

intensa divisão política. De um lado havia Jawaharlal Nehru (seguidor de Gandhi), líder

do Partido do Congresso, que tinha em mente a independência e a criação de um único

Estado, e do outro a Liga Mulçumana, nas mãos de Mohammed Ali Jinna, que ansiava

por um território estritamente mulçumano22.

Frente à impossibilidade de contenção do conflito entre o Congresso e a Liga

Mulçumana, a Inglaterra deu inicio aos primeiros passos para incrementar a

independência da região. O plano se baseava em uma tentativa de reconciliar as duas

vertentes políticas, entretanto mesmo Jawaharlal Nehru acreditava que isso seria difícil

de ocorrer frente às crises e a possibilidade da constituição de um governo com um

hindu ou mulçumano no poder.

A rivalidade entre hindus e muçulmanos é anterior as lutas pela independência,

possuindo raízes nos aspectos sociais e políticos da Índia que promoveram conflitos

entre estes dois grupos. Assim os acontecimentos descritos só serviram para agravar a

situação.

A sociedade indiana é dividida em castas de nascimento, que possuem suas

origens no hinduísmo. As quatro principais são: os Brâmanes, Kshatriyas, Vaishyas e

Shudras. Abaixo delas está a classe mais baixa que são os dalites ou os “intocáveis”, os

quais não podem falar ou casar-se com nenhum membro de outra casta e os quais

possuem tarefas consideradas não dignas. Estes formam um importante substrato para

os muçulmanos, visto que em seus preceitos evitam a segregação social e permitem a

inserção dos indivíduos.

A religião mulçumana possui suas origens no Império Mongol, formado por

grandes latifundiários que logo se tornaram a nova classe industrial urbana e banqueira.

Esta classe latifundiária, formada, em sua maioria, por cidadãos superados

economicamente por hindus, e por indivíduos com empregos inferiores, passa a ser

vista como inviável aos hindus, frente a não separação religiosa. Cada religião assim

possuía uma definição diferente de comunidade, caracterização do individuo e de suas

respectivas posições econômicas que em muito contribuíram para sua oposição e

conflitos.

Assim em 1947, o reino britânico designa Lorde Louis Mountbatten para

negociar com hindus e muçulmanos a transição para a independência. A bipartição tinha

a oposição decidida de Gandhi, que previa um conflito sangrento entre as duas nações,

por isso propunha a manutenção da unidade do país com um esforço de apaziguamento

e convivência dos grupos distintos23.

Todavia, em 18 de julho de 1947, o governo inglês aprovou o Ato de

Independência, que tinha como intuito estabelecer as divisões da região a partir das

decisões de duas nações criadas. Do antigo império nasceriam a União Indiana, com

capital em Nova Delhi, e o Paquistão, divido em Paquistão Ocidental e o Paquistão

Oriental. A partilha fragmentava, ainda, entre a Índia e o Paquistão, o Punjab e Bengal,

regiões que possuíam uma profunda unidade histórica, geográfica e cultural24.

Este ato, entretanto não foi seguido sem grandes conseqüências para a

população, já que

“Crimes foram cometidos por todos os lados. Os que relutavam em abandonar seus povoados foram expulsos ou massacrados. Não há concordância com relação aos números, mas segundo as estimativas mais conservadoras a divisão do subcontinente custou quase um milhão de vidas”

25

Em meio à desordem das divisões impostas, em 15 de agosto de 1947, a

independência é proclamada com Nehru como primeiro-ministro e Jinna como líder do

governo, iniciando um conflito sem precedentes.

“Os dias e meses seguintes acabaram por confirmar as profecias negras do Mahatma. Em nova Delhi, Calcutá e outras grandes cidades, conflitos sangrentos logo envolveram as comunidades hindu e mulçumana, provocando mais de 250 mil mortes. Cerca de 5 milhões de sikhs (hindus habitantes do Punjab) foram obrigados a emigrar do Paquistão ocidental para a Índia. Cerca de 6 a 7 milhões de muçulmanos percorreram caminho inverso, (...), deixando para trás a única terra que conheciam os laços tribais, lingüísticos e culturais, quase todos os pertences... Começava um conflito que ainda prossegue e que parece insolúvel.”

26

A criação dos dois países pôs fim a qualquer possibilidade de haver um único

Estado que envolvesse todos os interesses multiculturais da região, acabando assim com

o sonho de Gandhi, morto em 30 de janeiro de 1948 por um extremista hindu, de uma

única nação.

A Caxemira é uma região localizada ao norte do subcontinente indiano, dividida

atualmente entre Índia e Paquistão, dentro do qual a China possui uma parcela do

território. No âmbito político, inclui regiões de Jammu, Caxemira e Ladakh, situados ao

norte de Punjab e Himachal Pradesh, a sudoeste pelas planícies de Jammu, e ao sul dos

picos himalaicos e as aldeias elevadas de Caxemira27.

Antes da independência, a Caxemira pertencia à terça parte da Índia, que foi

vendida pelos britânicos em 1846 para o marajá28 hindu Gulab Singh, o qual não exercia

um controle muito direto. Era o principal e maior dentre os 562 estados principados

configurados pela Índia Britânica, com grande importância tanto territorial quanto

econômica. Desde o domínio inglês, esta dependência possuía certa autonomia quanto

à tomada de decisões e formas de governar, desde que aceitassem as normas da política

inglesa, que previa que os governantes continuariam a reinar nos moldes que haviam

desfrutado ao longo de séculos, mantendo até exércitos próprios29.

Em meados de 1930, iniciaram-se as primeiras ações contra o domínio do marajá

hindu Hari Singh, obrigando-o assim a realizar concessões e liberdades a maioria da

população mulçumana. Sheikh Mohammed Abdullah foi a figura mais importante da

representação desta, originando a Conferência da Nação de Jammu e Caxemira, com a

abertura da possibilidade de adesão de todos os caxemirenses, sendo estes hindus,

católicos ou sikhs30.

Em 1944, seguindo os movimentos de nacionalismo desenrolados em meio a

Segunda Guerra Mundial, a Conferência propôs mudanças para o estabelecimento de

uma “Nova Caxemira”, através de uma monarquia democrática constitucional. Indo

contra o Tratado de Amritsar, que formalizou a venda da Caxemira para os Marajás,

Abdullah defendeu a decisão de que as decisões deveriam ser tomadas pela população

e não pelos príncipes através do movimento ‘Fora Caxemira’. Os resultados foram de

repressão aos manifestos, que tiveram entre outras inúmeras prisões, entre ela a de

Abdullah31.

As decisões do Ato de Independência, que previam que os príncipes deveriam

optar por uma das duas nações (Índia ou Paquistão), deixando a cargo dessas a decisão,

foram responsáveis pela criação das delimitações na região. A Caxemira era “o único

território que possuía três escolhas físicas geográficas” 32, fazendo fronteira tanto com a

Índia e Paquistão, quanto com a China e Afeganistão, em parte, tornando-o assim um

importante ponto estratégico.

A disputa de Jammu e Caxemira, constituída de minorias hindus, sikhs e budistas

e de maioria mulçumana, com governo hindu, se mostrava inevitável. Sob o comando

do marajá Hari Singh, a região deveria optar por uma das duas nações criadas, já que

pelos acordos de independência os soberanos tinham o direito de escolher dentre uma

destas regiões33, entretanto, o marajá preferiu manter-se neutro e independente para

assim evitar animosidades. Para isso buscou assinar acordos tanto com a Índia como

com o Paquistão, sendo aceito este apenas pelo último, obrigando a consultá-lo antes

de qualquer realização de tratados, alianças, em troca o Paquistão auxiliaria nas

comunicações e responsabilidades34.

A violência iniciou-se com manifestações populares em Poonch (próximo da

fronteira com o Paquistão), na qual denunciavam a opressão e falta de liberdades

constitucionais pelo governo Hindu. As tropas da Caxemira logo interferiram para

controlar a situação. O medo se disseminou, interferindo na rotina e crescente demanda

das famílias por armamentos, que passaram a ser fornecidas pelo Paquistão. Esta

atitude fez crescer um repúdio dos hindus pelo povo mulçumano, passando assim a

expulsa-los das fronteiras da Caxemira. Estes acontecimentos resultaram no

estabelecimento de um governo provisório, a Azad Caxemira (Caxemira Livre), a oeste

de Punjab.

Esta questão fez com a Caxemira se aproximasse da Índia frente ao conflito que

se desenrolava. A invasão de tribos do norte e do oeste do Paquistão, com o objetivo de

libertar a Caxemira do domínio de Hari Singh, faz com que esta aproximação se

intensifique. Para que a ajuda fosse empregada, a Índia impunha como condição a

anexação ao seu território, o que imediatamente despertou a reação paquistanesa em

proteção a maioria mulçumana na região, dando início a guerra indo-paquistanês e a

impossibilidade da continuidade da pacífica independência35.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas interveio após o envio de uma carta

da Índia em janeiro de 1948, representando a situação como um perigo para a

segurança e paz internacional. A Índia atestou a dificuldade em dialogar com o

Paquistão, devido a sua incessante ajuda aos rebeldes para pressionar a decisão do

acesso da Caxemira.

A questão foi debatida e negociada em diversas reuniões. Dentre elas, foi-se

criada uma Comissão do Conselho de Segurança com o intuito de investigar os

acontecimentos, tendo esta Comissão como mediador. A resolução 47 de abril de

194836 interveio na questão a partir do estabelecimento de um cessar-fogo, no qual

ambos os países deveriam abandonar e deixar que um plebiscito livre e imparcial

decidisse o destino do território, porém este nunca definitivamente ocorreu.

Após o término dos embates em 1949, as áreas ao sul e leste foram ocupadas

pela Índia (Vale da Caxemira, Jammu e Ladakh), com aproximadamente 10 milhões de

habitantes e a norte e a oeste pelo Paquistão (Azad Caxemira e áreas do alto do

Himalaia), em torno de 3 milhões de habitantes. Esta linha de cessar-fogo estabelecida

foi alterada após outros dois conflitos protagonizados pela Índia e Paquistão em 1965 e

1971, e renomeada de Linha de Controle (LDC, em português), pelo acordo de ambos

em 1972 e permaneceu como fronteira internacional37.

Em 1949, ano em que o marajá abdica em favor do filho, a linha de cessar-fogo

passou a ser controlada por uma pequena força das Nações Unidas, o Grupo de

Observadores Militares da Índia e do Paquistão (UNMOGIP, em inglês). Posteriormente,

o UNMOGIP é retirado do lado da Índia, após a alegação de expiração do mandato38.

Como conseqüência houve a eclosão de uma guerrilha que já dura mais de 50

anos e o pretexto para a realização de uma corrida armamentista. Entre outros embates

que se desenharam, em 1989 iniciou-se uma insurreição armada na Caxemira que

persiste até os dias atuais.

Em análise, desde seus surgimentos como Estados independentes, Índia e

Paquistão foram à luta por quatro vezes: em 1947-48, quase imediatamente depois da

Independência, eles lutaram uma batalha longa e intensa sobre a independência antes

de Jammu e Caxemira; em 1965 lutaram sobre o mesmo pedaço de terra, em 1971

foram envolvidos em meio a uma guerra civil, que cortou o Paquistão Oriental dando

origem a Bangladesh, e em 1999 guerrearam mais uma vez, nas montanhas da

Caxemira. Além destas, duas vezes durante crises que os colocaram à beira da guerra39.

O conflito não permanece apenas no âmbito dos interesses territoriais e

estratégicos, há ainda os internos e religiosos difundidos40. Com relação às causas dos

embates, Índia e Paquistão se opõem. O Paquistão relata que devido a sua ligação

territorial e cultural com a região, se considerado um lar para a majoritária população

muçulmana, sem a qual estaria incompleto. Porém esta questão se torna duvidosa, já

que houve uma falha de desintegração em torno do seu território o que deu origem à

criação de Bangladesh em 197141 . Já a Índia questiona seu direito pela região,

principalmente após o estabelecimento de fronteiras por Lord Mountbatten, uma vez

que os hindus dependem economicamente da mesma, além de ser um refúgio à maioria

hindu de Jammu. Outra questão inerente é a que se refere ao desenvolvimento de

poder hidroelétrico das fontes de água para irrigação e de pontos militares estratégicos,

que preocupa as duas nações42.

Esta nação adota a vertente do secularismo43 como principal argumento para

justificar suas identidades, apresentando que as religiões são intensamente integradas.

Dessa forma não haveria por que uma separação dos Estados entre hindus e

muçulmanos, como defende o Paquistão através da “Teoria das Duas Nações”. Com

relação a não realização do plebiscito colocado pela Resolução 47 da ONU, a Índia

apresenta que devido a intensa integração das duas religiões e a maioria mulçumana na

região da Caxemira, apenas realizaria o plebiscito caso o Paquistão abrisse mão da

região, uma vez que este apoio poderia em muito interferir na decisão. O terrorismo é

muito questionado. A nação indiana acusa ainda o governo paquistanês de financiar e

treinar terroristas que atuam na região.

Já o Paquistão argumenta que viver em meio a duas religiões antagônicas seria

impossível, provando que a criação do Paquistão nada mais constituiu como um refúgio

para os muçulmanos locais. O principal ponto defendido pela nação paquistanesa é

exatamente o de que a maioria da população é mulçumana e assim escolheria viver sob

o domínio paquistanês, daí a justificativa paquistanesa da não realização do plebiscito

por parte da Índia. E para que o último consiga impor suas decisões, opressões e falha

da caracterização de liberdades são identificadas na região. Dessa forma, através de sua

“Teoria das Duas Nações”, a Caxemira deveria se juntar ao Paquistão.

Além destes, o Paquistão auxilia entre outros grupos, a facção da Frente de

Libertação de Jammu e Caxemira, que luta pela libertação do estado contra o exército

indiano e que, em suas inúmeras interferências, estão ferindo os direitos humanos ante

os cidadãos de Jammu e Caxemira e também os “Guerreiros da Liberdade”, que

consideram a violência a única maneira de auto determinar e libertar a Caxemira. Já a

Índia contrapõe que estes insurgentes são terroristas islâmicos que possuem ajuda

tanto do Paquistão quanto do Afeganistão. Acusam estes países de estarem fornecendo

armamento e treinando estes indivíduos, pivôs dos assassinatos no local.

A importância da região de Jammu e Caxemira não está em sua extensão nem

em sua composição, mas no choque de culturas, ideologias e políticas localizadas em

uma região fronteiriça com inúmeras identidades nacionais:

“Os costumes, normas, comportamentos e atitudes culturais são tão variados quanto ambíguos e dinâmicos. É arriscado generalizar e é particularmente perigoso julgar uma cultura pelas normas e valores de outra. Tal simplificação excessiva pode levar à presunção de que todo membro de uma cultura pensa de forma idêntica. Isso não somente se trata de uma percepção equivocada, mas ignora um dos acionadores da mudança cultural, que são as múltiplas expressões da resistência interna, a partir das quais as transições emergem.”

44

A Caxemira é o mais antigo conflito internacional não resolvido na agenda das

Nações Unidas, representando um duelo incessante entre Índia e Paquistão pela

questão da soberania da região de intensa heterogeneidade. Esta contenda remete a

conflitos com conseqüências para toda a população desde 1947.

De 1989 a 2002, em torno de quarenta a oitenta mil civis, guerrilheiros e pessoas

ligadas à segurança da Índia, morreram em meio à violência que gradualmente se

espalhou além do Vale da Caxemira, afetando a maioria de Jammu. Também neste

período, 55.538 casos de violência foram registrados e operações contra insurgentes

foram realizadas pela força da Índia, nas quais foram capturados 40.000 armas de fogo,

150.000 dispositivos explosivos, e mais de 6 milhões de cartuchos de munições

variadas45.

Segundo o relatório “Everybody Lives in Fear” 46, os debates com relação aos

motivos dos conflitos são opostos. As forças de segurança indianas afirmam que lutam

para proteger os cidadãos da região de militantes e extremistas islâmicos, os militantes

afirmam por sua vez que lutam pela independência da Caxemira e para defender

muçulmanos contra o assassino Exército indiano. Segundo este mesmo relatório, há a

demonstração que ambos os lados cometeram numerosos abusos aos direitos humanos

e violações do direito internacional humanitário (as leis da guerra), criando entre a

população civil um clima generalizado de medo, desconfiança e tristeza.

O documento ainda retrata a continuidade desses abusos, apesar de um

processo de paz provisória que inclui conversas entre Nova Deli, Islamabad, e alguns dos

líderes separatistas da Caxemira. Particular atenção é dada neste relatório à questão da

impunidade, uma vez que os responsáveis por abusos raramente são investigados,

muito menos julgados e condenados, como no ataque ao premiado advogado de

Direitos Humanos Parvez Imroz, em 30 de junho de 2008.

Dentre muitos os erro cometidos no decorrer da história da Caxemira, talvez o

mais grave deles tenha sido a da não democratização desde sua independência. As

raízes da crise que eclodiu em 1989-1990 se encontram em uma história pós-1947 de

negação de direitos e instituições democráticas para o povo da Caxemira. A

reformulação da questão da Caxemira se apresenta como um desafio para a política

democrática e a arte de governar implica em métodos de institucionalização

democrática e resoluções de conflitos. A partir destas medidas talvez possa haver uma

chance da Caxemira não permanecer condenada ao conflito zero - soma do

antagonismo apresentado pelo nacionalismo47.

O medo de a China ser a única possuidora de armas nucleares na Ásia48, fez com

que a Índia, em 1974, realiza-se seu primeiro teste e o Paquistão em 1998 pondo à baixo

todas as esperanças de um final para este conflito. Outra parte preocupante quanto ao

desencadeamento de conseqüências desastrosas por parte do uso de armas nucleares é

o continente Europa49, que vem interferindo quanto aos diálogos entre as partes para a

tentativa de manutenção da paz e também quanto aos Estados Unidos e Federação

Russa que no passado auxiliaram estas nações.

Esta aproximação foi realiza em meados da década de 1950, na qual Paquistão e

Índia praticaram políticas exteriores opostas. O primeiro implementou políticas pró-

ocidentais, alinhando-se dos países capitalistas, como EUA e Inglaterra. Já o segundo

assumiu um papel decisivo no grupo dos Não-Alinhados, que teve em Jawarharlal Nehru

um de seus principais representantes, assinando acordos de cooperação econômica e

tecnológica com a União Soviética. Mais tarde a Índia, na década de 60, rompe com os

russos e vem a se aproximar, na década seguinte, dos americanos50. O rompimento

sino-soviético agravou antigas disputas entre Índia e China. Enquanto Nova Delhi

(capital da Índia) passou a apoiar os guerrilheiros na questão do Tibet, região anexada

pela China em 1950, e Pequim iniciou se apoio ao Paquistão na questão da Caxemira.

Em 1962, explodia um conflito em Ladakh (distrito de Jammu e Caxemira localizado na

parte oriental), entre as tropas chinesas e indianas, tendo a China como vencedora51.

Isso fez com que o programa nuclear da Índia obtivesse um grande avanço, tornando-se

o primeiro país subdesenvolvido a possuir poder nuclear. No conflito desenrolado em

1965, a China mais uma vez declarou seu apoio ao Paquistão, enquanto a Índia

permaneceu com a URSS52.

O slogan do primeiro movimento político organizado na moderna Caxemira que

emergiu durante 1930, em resposta a proteção dos direitos da população, para a

proteção dos cidadãos (Governo Responsável) mostra a luta de uma população que

ainda não fez a transição de sujeitos para cidadãos desde 194753.

Por conta dessa instabilidade regional, intensos são os atos de violação dos

direitos humanos, dentre eles: desaparecimentos, torturas, estupros e molestação de

mulheres mulçumanas. Segundo os dados da Anistia Internacional, em 18 anos, 1.051

pessoas foram vítimas de desaparecimentos forçados, somente no distrito de

Barabulla54.

Atos de violação estes que mancharam a heterogeneidade cultura e o

desenvolvimento do território caxemirense, trazendo assim sofrimento e miséria para

toda a população. Visando lutar por essa causa e assegurar os direitos humanos a ONU,

juntamente com cidadãos de todo o globo, vem buscando soluções tendo como

prioridade entre as negociações entre Índia, Paquistão e China.

A Índia participou ativamente na elaboração e da aprovação da Declaração

Universal dos Direitos Humanos (1948). A Índia é signatária dos seis principais pactos de

direitos humanos55 e é totalmente comprometida com os direitos consagrados da

Declaração Universal. Em 2005, retificou os dois Protocolos da Convenção sobre Direitos

da Criança e mais recentemente, ratificou a Convenção sobre Direitos das Pessoas com

Deficiência. Também assinou a Convenção Contra a Tortura, Outras Crueldades,

Tratamentos ou Punições Desumanos ou Degradantes, e a Convenção sobre

Desaparecimentos Forçados sinalizando sua intenção de respeitar as provisões desses

Tratados e está caminhando a suas ratificações56.

A Índia continua comprometida em fazer o novo Conselho de Direitos Humanos

um órgão forte, eficaz e eficiente, capaz de promover e proteger os direitos humanos e

as liberdades fundamentais a todos, um exemplo disso foi a criação da Comissão

Nacional para a Proteção dos Direitos da Criança, trabalhando assim para a promoção e

proteção, a nível mundial, dos direitos humanos57.

O governo do Paquistão, da mesma forma, se mostra totalmente

compromissado em promover e proteger os direitos humanos, inclusive por esse ser

obrigação prevista na sua Constituição, porém alguns obstáculos são encontrados no

caminho e o processo de promoção destes direitos acaba por ocorrer mais lentamente.

Dentre estes obstáculos se destacam a disputa quanto ao crescimento econômico no

âmbito global, o terrorismo e a necessidade mundial por programas de assistência para

o setor social58.

Apesar destas ações e intenso comprometimento dos países, muito ainda deve

ser feito principalmente na região da Caxemira. O diálogo entre Índia e Paquistão deve

ser intensificado para se evitar assim o crescente sofrimento da população e afastar

dessa forma uma futura guerra nuclear. A democratização, juntamente com o apoio

populacional, é indispensável para o desenvolvimento da região, mas alguns pontos

devem ser levados em conta como a intensa heterogeneidade cultura e a posição

estratégica, sinônimo de lutas e conflitos até os dias atuais.

Propostas foram realizadas para regularizar os territórios desta região, porém há

características de terras ilegais por parte da Índia com relação aos espaços chineses e de

divergências com o Paquistão, que também deseja a soberania total da área, impedindo

assim este acontecimento e retalhando ainda mais os conflitos e impasses da sofrida

população frente aos seus direitos humanos violados.

Definição do problema

O confronto histórico entre hindus e islâmicos se manifesta atualmente, não só

com relação à rivalidade entre Índia e Paquistão, mas também pela intensificação de

conflitos religiosos na própria Índia entre os grupos militantes hindus e entre a minoria

muçulmana. As interações entre civilizações variam consideravelmente na medida em

que possam ser caracterizados pela violência.

Militantes revoltosos caxemirenses desejavam ver seus interesses expressos ante

as práticas opressoras do governo indiano59. Alguns ainda defendiam a realização do

plebiscito sugerido pela ONU como forma de se juntar ao Paquistão ou uma terceira

opção que incluía a independência de todo o Estado, como existente em 1947,

compreendendo as áreas controladas pelo Paquistão. Contrapondo assim a minoria

hinduísta e sikhs que sempre se considerou parte indiana60. Esta insurreição fez a

questão da Caxemira entrar em uma nova fase, dando início a uma insurreição armada

que ainda não teve fim.

Os dados demonstram as conseqüências deste embate armado. Pelo menos

vinte mil civis caximirenses foram mortos (Grupos da Caxemira retratam que este

número é muito maior), dezenas de milhares foram feridas, centenas de milhares de

pessoas foram deslocadas internamente, incluindo cerca de trezentos mil hindus da

Caxemira e cerca de trinta mil muçulmanos da Caxemira fugiram para o vizinho

Paquistão como refugiados, enquanto milhares cruzaram a fronteira mesmo para

treinar como combatentes61.

Não obstante a luta pelo controle da região e delimitação de territórios,

atualmente dividido entre regiões de influência indiana, paquistanesa e chinesa, o

conflito se tornou ainda mais acirrado devido à questão religiosa, opondo dessa forma o

islamismo e o hinduísmo. Como continuação desses caracteres de guerra, ainda há o

terrorismo que muito se disseminou na região como mecanismo de utilização de

poderio militar e destruição dos lados opostos, principalmente após os atentados de 11

de setembro de 2001.

Como forma de conter o terrorismo e impedir a expansão deste em seus

domínios, o governo paquistanês aliou-se aos EUA para alcançar este fim e ajudá-lo na

região. Imediatamente o governo indiano viu uma oportunidade de relatar para o

mundo a grande contradição existente entre o combate à prática do terrorismo e a

constate ajuda às militâncias de Jammu e Caxemira. Em dezembro de 2001, após um

ataque a bomba no Parlamento indiano, em Nova Delhi, a Índia iniciou sua luta contra o

terrorismo transfronteiriço62.

A questão da Caxemira é assistida pela comunidade internacional desde 1947,

quando os conflitos foram iniciados, que pouco pôde fazer devido à dificuldade de

diálogo e interesses opostos, mesmo após a intervenção das Nações Unidas. Ganhou

relativa importância na comunidade internacional após a constatação da posse de

armas nucleares pelos países envolvidos, possibilitando assim, caso o conflito não venha

a ser resolvido, graves conseqüências não só para a região como para o mundo. Em

2002, este cenário chegou o mais próximo da realidade, quando ambos os governos

(indiano e paquistanês) destacaram o uso de suas armas nucleares como formas de

enfrentar o embate63.

Devido às intensas e contínuas lutas pelos domínios da região, intensas são as

violações dos direitos humanos, tornando a prática da defesa dos princípios direitos dos

seres humanos, como direito a vida, saúde, educação, impossíveis de serem alcançados.

Nenhum consenso ainda foi alcançado entre Índia e Paquistão. A questão necessita ser

resolvida para que, tanto população como os próprios Estados envolvidos, possam

enfim tentar viver de forma pacífica em meio a heterogeneidade existente. Como

retrata Scholfield: “Não se pode tratar a Caxemira como um conflito entre duas nações.

Esta é apenas caracterizada como conflitante porque nós – os caxemirenses- estamos

no meio”65.

Panorama de Políticas Globais

América Latina e Caribe

Possuindo diversos valores quanto à proteção dos direitos humanos, a região se

mostra como líder na defesa dos mesmos, tomando frente nas reuniões do CDH.

Práticas foram apresentadas para integração dos direitos humanos na agenda da ONU,

visando, dessa forma, a instauração dos princípios no âmbito interno e externo64.

As partes integrantes desse bloco acreditam que uma ajuda mútua entre os

países, proporcionará a eficácia das obrigações internacionais quanto à proteção dos

direitos humanos65.

Ásia e Pacífico

O CDH foca seu trabalho na região a partir da seleção de temas prioritários,

particularmente, a necessidade do fortalecimento de instituições nacionais fortes para

combater a discriminação. Os países sul-asiáticos estabeleceram sistemas legais e

normativos para proteger os direitos humanos, entretanto, falhas referentes à

capacidade, segurança e comprometimento limitado inviabilizaram sua efetiva

concretização66.

Assim como no Nepal e no Sri Lanka, na Índia, órgãos internos obtiveram

importantes papéis no avanço em questões referentes, havendo possibilidade para a

ampliação para outros países e sub regiões. Ganha destaque o enfoque na questão das

castas e minorias, problemas cotidianos no país, longe de chegarem a soluções

definitivas67.

Com intuito de preparar os países para a Revisão Periódica Universal (RPU), o

Conselho pretende promover um maior comprometimento de seus membros,

correlacionando as queixas individuais e assistindo os países tanto no âmbito societal

quanto internacional.

África Subsaariana

Um dos grandes problemas que o continente africano enfrenta, diz respeito a

grande desigualdade social, devido a intensa pobreza, infra-estrutura deficitária e falha

quanto a direitos e liberdades. Choques entre culturas causam divergências ideológicas

na região, que dificultam a implantação de políticas em prol dos direitos humanos

defendidos pela comunidade internacional.

Os integrantes deste grupo defendem a resolução dos impasses quanto aos

direitos humanos através da cooperação entre países, na tentativa de englobar os

interesses das partes envolvidas68.

Oriente Médio

O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos

identificou um grande número de problemas regionais que merecem atenção. Em 2008,

portanto, o Comitê focará nas Liberdades de expressão, associação e assembléia;

liberdades essenciais à democracia69.

Tendo também em vista as oito Metas do Milênio para o Desenvolvimento, os

direitos sociais, econômicos e culturais ganharão destaque. Entretanto, sem deixar de

lado a prioridade que deve ser dada à questão dos Direitos das Mulheres70.

Outro foco do CDH serão os refugiados e os apátridas, grupos em condições

excepcionalmente vulneráveis, pois a maioria dos refugiados da região não tem

qualquer proteção legal além da oferecida por centros do Comitê71.

Para concretizar tais metas, o CDH maximizará recursos através de parcerias com

agências da ONU, do Governo e não-governamentais. Projetos feitos com o PNUD, OIT,

UNRWA e outras agências no biênio passado, servem como exemplos a serem

seguidos72.

Leste Europeu e CEI73

Baseado na estrutura das Nações Unidas, a presença de agencias como a do Alto

Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos, em Moscou, visa proporcionar

um valor acrescentado para os esforços dos diferentes intervenientes na promoção dos

direitos humanos (DH) a nível nacional. Através de uma melhor articulação das

dimensões dos DH objetiva, também, garantir coerência, sustentabilidade, criatividade e

eficiência. Valer-se-á de complementações e coordenação com diversas agências da

ONU, instituições governamentais e com a sociedade civil74.

As principais atividades para os próximos dois anos incluem75:

• Contribuir para o estabelecimento de uma rede de direitos humanos entre juízes com ênfase na divulgação de informações sobre os direitos humanos e do intercâmbio de experiências e melhores práticas entre aqueles;

• Promover justiça administrativa através, nomeadamente, de um seminário internacional sobre o papel da justiça administrativa na proteção dos direitos humanos;

• Apoiar esforços nacionais focados em fortalecer a administração da justiça para jovens infratores, de acordo com as observações finais do Comitê sobre os Direitos da Criança, relativas à justiça juvenil;

• Estabelecer parcerias com instituições acadêmicas para apoiar os componentes de língua russa pertencentes ao programa de bolsas do Alto Comissariado para representantes do povo indígena, para melhorar seus conhecimentos sobre direitos humanos, particularmente em relação ao povo indígena, e sobre o trabalho da ONU nos mecanismos de proteção aos direitos humanos;

• Apoio a esforços nacionais focados em construir consensos sobre a assinatura e a eventual ratificação da Convenção da ONU sobre Direitos das Pessoas com Deficiência;

• Promover a cultura da tolerância e da não-discriminação, para prevenir a xenofobia, a intolerância, a discriminação de gênero e a violência contra as mulheres;

• Fortalecer a educação dos profissionais dos direitos humanos, facilitando o estabelecimento de um programa de mestrado no tema em parceria com as principais universidades russas;

• Promover o acesso a informação sobre os direitos humanos através da disseminação de documentos sobre mecanismos e procedimentos internacionais dos direitos humanos;

• Contribuir para a integração dos direitos humanos e promover uma abordagem baseada nos direitos humanos no Time de Países da ONU que estão na Federação Russa.

OCDE

A OCDE, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, reúne os

governos dos países comprometidos com a democracia e o mercado econômico de todo

o mundo para76:

• Apoiar o crescimento econômico sustentável;

• Fomentar o emprego;

• Aumentar o padrão de vida;

• Manter estabilidade financeira;

• Assistir o desenvolvimento econômico de outros países;

• Contribuir para o crescimento do comércio mundial.

Combater a pobreza e a exclusão social continua tendo importância na agenda de

todos os países pertencentes ou não a OCDE. Mas, a promoção do desenvolvimento

individual e social demanda mais do que isto. Uma ampla gama de assuntos que vai

desde emprego, tratados e padrões trabalhistas, saúde, família, igualdade sexual à

necessidades educacionais e envelhecimento da população, precisa ser direcionada77.

A organização oferece um ambiente onde os governos comparam experiências

de políticas, buscam respostas para problemas comuns, identificam boas práticas e

coordenam as políticas nacionais e internacionais.

Dentre os países membros, temos os EUA que acreditam que por a área ser de

extrema importância econômica, os problemas devem ser resolvidos entre Índia e

Paquistão da melhor forma possível, respeitando os direitos humanos78.

Anistia Internacional

Fundada em 1961 por Peter Benenson, a Anistia Internacional é caracterizada

por ser um movimento mundial de pessoas que lutam pelo respeito aos direitos

humanos reconhecidos internacionalmente pela sua proteção 79 , possuindo

colaboradores em mais de 150 países e regiões80 que acreditam que o abuso de tais

direitos é um assunto de importância mundial. A partir deste objetivo maior, o

movimento se utiliza da divulgação de ultrajes ocorrido contra os seres humanos como

mecanismo de difusão de informação e para possíveis ações futuras para eventual

controle81.

Visando acabar com as violações, campanhas e manifestações são realizadas

para mobilizar a opinião publica e acender a solidariedade internacional82. Dentre os

temas onde a Anistia possui grande atuação temos: violência contra a mulher, tortura e

terrorismo, defensa dos direitos e a dignidade dos que estão presos a pobreza e

proteção aos direitos dos refugiados e imigrantes83.

A Anistia Internacional já realizou importantes conquistas quanto ao respeito aos

direitos humanos como, em 2007, quando esteve vinculada a outras organizações, teve

grande sucesso na obtenção de 153 votos de países que se declararam a favor do

estabelecimento de um Tratado Internacional sobre Comercio de Armas84.

Com relação ao tema aqui trabalhado, particular atenção é dada a região da

Caxemira no último relatório85 realizado em 2008 dentro da avaliação indiana de

direitos humanos. Nele é possível identificar as intensas impunidades cometidas pelos

dois principais países envolvidos e a extrema dificuldade em se conseguir avançar com

os diálogos.

Os abusos cometidos pelos direitos humanos, como “assassinatos, expulsões

forçadas, uso excessivo da força policial, violência contra as mulheres e perseguição aos

defensores de direitos humanos”86, apenas se refletiram de forma negativa dentro nos

campos políticos, econômicos e sociais. Exemplos destes últimos setores podem ser

citados através do aumento de grupos armados maoístas em alguns estados, a

marginalização e não obtenção de direitos a minorias, como adivasis (comunidades

nativas) e grupos considerados não puros, como os dalits87.

Comitê Internacional da Cruz Vermelha

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) foi fundado há 150 anos88 e

desde então opera em todo o mundo, de forma neutra e imparcial, para proteger e

assistir as pessoas afetadas por conflitos armados e por situações de violência89. É uma

organização humanitária com sede em Genebra que possui um mandato da comunidade

internacional para resguardar o Direito Internacional Humanitário. O CICV é também o

fundador do Movimento da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho90.

Vale endossar: o CICV não abre mão de garantir a sua independência nos

diálogos com os Estados. Só assim pode servir aos interesses das vítimas de forma eficaz

e justa91. O órgão tem o princípio diretor de “que, mesmo na guerra, há limites relativos

à forma como a guerra é conduzida”92.

Quanto à Caxemira, no Relatório Anual do CICV de 2008 - Ambientes de conflito e

desafios para a ação humanitária93, o órgão publicou que manteve suas atividades em

Jammu e na Caxemira – com visitas a presos e detidos relacionados com a situação

predominante na região.

No mesmo relatório tem-se claramente qual é a posição do CIVC ante ao seu

trabalho humanitário:

“De acordo com a perspectiva humanitária, os conflitos armados e outras situações de violência dizem respeito às pessoas, aos riscos, às vulnerabilidades e ao sofrimento aos quais estão expostas, e à ação que deve ser tomada para evitar, atenuar ou terminar com esse sofrimento. Ao mesmo tempo em que isso parece óbvio, mais uma vez foi fundamental em 2008 para o CICV manter o sofrimento dessas pessoas e comunidades na linha de frente de sua análise e ação”

94.

Human Rights Watch

Fundada em 1978, o Human Rights Watch é hoje uma das principais

organizações não-governamentais do globo, independente e sem fins lucrativos, que

visa primordialmente à defesa e proteção dos direitos95. Seus trabalhos são focados em

áreas de atenção internacional onde os direitos humanos, as bases legais e morais, são

violados96.

O trabalho é desenvolvido através de investigações estratégicas e relatórios,

reconhecidos pelo seu alto grau de imparcialidade e eficácia97. Estes são utilizados como

mecanismos de pressão a inúmeros atores, seja eles governos, outras organizações

como as Nações Unidas, grupos regionais como a União Africana e a União Européia98,

instituições financeiras e grandes corporações, que acabam se utilizam de práticas

abusivas para atingirem seus interesses ou que simplesmente não vêem a proteção dos

direitos humanos como uma grande necessidade. Para isso, o Human Rights Watch

demonstra dessa forma, os altos custos nos campos econômicos, políticos e

principalmente sociais que estes agentes podem vir a contrair.

Cada ano a organização publica mais de 100 relatórios e pareceres sobre a

situação dos direitos humanos em mais de 90 países com grande repercussão em mídias

nacionais e internacionais99.

Através de incessantes notícias e de relatórios, a organização tem destacado

constantemente as grandes conseqüências e violações de um conflito, que se

desenvolve em seus maiores laços entre Índia e Paquistão, originado em 1947. A

situação da Caxemira, até os dias atuais, é grave devido aos abusos da atuação de

poderes políticos, com intensos impactos negativos para toda a população da região. O

relatório Behind the Kashmir Conflict100, de 1999, demonstra o quanto a violação dos

direitos humanos, por ambos os lados, intensificou e dificultou o fim do embate que

ainda assombra o mundo pela possibilidade do surgimento de uma possível guerra

nuclear. Tanto este último relatório como o já citado Everyone Lives in Fear101, realizado

em 2006, reportam os massacres veementes entre, principalmente, hindus e

mulçumanos e outros abusos como torturas, assassinatos, bombardeios, ataques a

minorias étnicas e religiosas, entre outros.

Ponderações

Após a apresentação do contexto histórico e da definição do problema, alguns

pontos podem aqui ser apresentados como indispensáveis para a discussão sobre o

conflito na Caxemira, tendo a proteção dos direitos humanos como centro do debate:

• O determinante diálogo entre Índia e Paquistão que deve ser realizado de forma clara e confiável;

• Medidas para fortalecer a cooperação regional, com o intuito de desfazer a relação de medo e desconfiança firmada desde os primórdios caracterizações dos países, aqui englobando não apenas Índia e Paquistão, mas também Afeganistão e China por exemplo;

• A violação dos direitos à vida que é constantemente verificado através dos embates pela soberania da região, ocasionando mortes e sofrimentos para os indivíduos que habitam a Caxemira em meio a um fogo cruzado;

• A constante declaração de defesa dos direitos humanos em contradição com a incessante retaliação ao povo caxemirense;

• Ininterrupta expansão do poder econômico e militar como meio de reforçar as capacidades relativas de cada nação. Pode-se destacar o agravante adicional de posse de armas nucleares pelos dois países envolvidos, sendo fator que muito influencia a tomada de decisão da comunidade internacional;

• A participação de grupos, a maioria das vezes denominados terroristas, e a consequência de suas ações para os habitantes da região, na busca da concepção de seus interesses ante as deciões dos agentes envolvidos;

• Os interesses envolvidos pela região caxemirense e a cautela com que as negociações devem ser encaminhadas, uma vez que tanto Índia como Paquistão anseiam a total soberania da região;

• A miséria generalizada e intensas desigualdades sociais.

Mapa 1102:

Mapa 2103:

Mapa 3104:

Bibliografia

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Referências eletrônicas

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1 Carta das Nações Unidas: http://www.onu-brasil.org.br/documentos_carta.php 2 Regras da Assembléia Geral das Nações Unidas:

http://www.un.org/ga/ropga.shtml 3

Questões referentes às Nações Unidas: http://www2.ohchr.org/english/about/publications/docs/factsheet27.pdf 4 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 6. ed., rev. e atual. São Paulo:

Saraiva, 2008: Após a criação da Comissão de Direitos Humanos em 1946, ficou estipulado que esta deveria desenvolver trabalhos na busca por tratados ou convenções internacionais sobre a regulamentação dos direitos humanos. Em 1948 desenvolve-se a Declaração Universal de Direitos Humanos, aprovada pela Assembléia Geral em dezembro do mesmo ano referido. Depois, em 1966 dois pactos foram aprovados, um sobre direitos civil e políticos e outro sobre direitos econômicos, sociais e culturais. 5 Questões referentes às Nações Unidas:

http://www2.ohchr.org/english/about/publications/docs/factsheet27.pdf 6 Através do relatório intitulado: “In Larger Freedom: towards development security and human rights”: http://www.un.org/largerfreedom/contents.htm 7 Questões referentes às Nações Unidas:

http://www2.ohchr.org/english/about/publications/docs/factsheet27.pdf 8 Relatório do Human Rights Watch sobre a situação dos direitos humanos na Caxemira: http://www.hrw.org/en/node/11179/section/1, sumário. 9 Carnegie Endowment for International Peace opus BOSE, 2003, p. 3: Tradução nossa: Antes de 1989

Índia e Paquistão lutavam pela Caxemira. Após 1989, é a Caxemira que tem feito a maior parte da luta e sofrido a maior parte das mortes. 10

O Conselho de Direitos Humanos é criado através da resolução 60/2514 da Assembléia Geral das Nações Unidas: http://www2.ohchr.org/english/bodies/hrcouncil/docs/A.RES.60.251_En.pdf 11

Treze do Grupo dos Países Africanos e Asiáticos; seis do Grupo dos Países do Leste Europeu; oito do Grupo dos Países da América Latina e do Caribe; e sete do Grupo dos Países da Europa Ocidental e Outros. 12

Regras da Assembléia Geral das Nações Unidas: http://www.un.org/ga/ropga.shtml 13

Op. cit. 14

Em ingles Universal Periodic Review (UPR), foi criada juntamente com a resolução que estabeleceu o Conselho de Direitos Humanos: http://www.ohchr.org/EN/HRBodies/UPR/Pages/UPRSessions.aspx 15

GAMA, Roberto; MOREIRA, Érika. Soberania: Casos e Abordagens. Temas 2006. Belo Horizonte: Edições Aduaneiras, 2006: O termo é empregado a assistência fornecida a entidades, que necessitam de desenvolvimento dentro das sociedades, possuindo inúmeros objetivos, como aumento de competências e de desenvolvimento. 16

MAGNOLI, Demétrio. O Mundo Contemporâneo: relações internacionais 1945-2000. São Paulo: Ed Moderna, 1958, p. 85 17

Op. cit., p. 131 18

Op. cit, p. 87 19

UFRGS. Guia de Estudos, 2006, p. 184-185: O ato de 1919, conhecido também como Reformas Montagu-Chelmsford, forneceu maior autoridade a Índia dentro do domínio britânico e o ato de 1935, uma medida mais profunda do ato 1919, transformou a Índia em um Estado federativo com maior participação política para os indivíduos e posterior separação de algumas regiões pela Índia. 20

In loc. cit 21 MAGNOLI, Demétrio. O Mundo Contemporâneo: relações internacionais 1945-2000. São Paulo: Ed Moderna, 1958, p. 95 22

Op. cit, p. 87 23

In loc. cit. 24

Op. cit, p. 87-88 25

ALI, Tariq, 1943- Confronto de fundamentalismos. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 324

26

MAGNOLI, Demétrio. O Mundo Contemporâneo: relações internacionais 1945-2000. São Paulo: Ed Moderna, 1958, p. 88 27

Ver mapas 1 e 2. 28

Marajá ou dogra faz menção ao título dado aos príncipes da antiga civilização indiana 29

TIME-LIFE BOOKS. Índia. Rio de Janeiro: Cidade Cultural, 1989. (Nações do Mundo), p. 21-24 30 TIME-LIFE BOOKS. Índia. Rio de Janeiro: Cidade Cultural, 1989. (Nações do Mundo), p. 16: A religião sikhs, surgida no século XV, é uma mistura do politeísmo hinduísta com o monoteísmo islâmico. 31

UFRGS. Guia de Estudos, 2006, p. 184-185 32

UFRGS opus THORNER, Alice. The Issues in Kashmir. Far Eastern Survey, v. 17, n. 15, Berkeley, 1948, p. 173 33

TIME-LIFE BOOKS. Índia. Rio de Janeiro: Cidade Cultural, 1989. (Nações do Mundo), p. 24 34

UFRGS. Guia de Estudos, 2006, p. 185 35 SCHOFIELD, Victoria. Kashmir in Conflict: India, Pakistan and the Unending War, 2003, p. 11 36

As resoluções do Conselho de Segurança podem ser encontradas no site: http://www.un.org/documents/sc/res/1948/scres48.htm 37

BOSE, Sumantra. Kashmir: Roots of Conflicts, Paths to Peace, 2003, p. 2 38

SCHOFIELD, Victoria. Kashmir in Conflict: India, Pakistan and the Unending War, 2003, p. 11 39

GANGULY, Summit. The Kashmir question: Retrospect and Prospect, 2003, p. 1 40

Olhar mapa 3 para melhor visualização das áreas reclamadas pelos principais envolvidos no conflito. 41 BOSE, Sumantra. Kashmir: Roots of Conflicts, Paths to Peace, 2003, p. 8 42

UFRGS. Guia de Estudos, 2006, p. 186-187 43

Ideologia que visa não deixar que os fatores religiosos interfiram em disputas políticas. 44

UNFPA. Relatório sobre a Situação da População Mundial 2008. Construindo Consenso: Cultura, Gênero e Direitos Humanos, Fundo de População das Nações Unidas, 2008, p. 1 45 BOSE, Sumantra. Kashmir: Roots of Conflicts, Paths to Peace, 2003, p. 4 46

Relatório do Human Rights Watch sobre a situação dos direitos humanos na Caxemira: http://www.hrw.org/en/node/11179/section/1 47 BOSE, Sumantra. Kashmir: Roots of Conflicts, Paths to Peace, 2003, p. 7 48

A China foi transformada em potência nuclear nas décadas de 60 e 70, como retrata Demétrio Magnoli em O Mundo Contemporâneo. Relações Internacionais 1945-2000, p. 173 49

Resolução do parlamento europeu sobre a situação atual da Caxemira: http://www.europarl.europa.eu/meetdocs/2004_2009/documents/ta/p6_ta-prov(2008)0366_/P6_TA-PROV(2008)0366_pt.pdf 50MAGNOLI, Demétrio. O Mundo Contemporâneo: relações internacionais 1945-2000. São Paulo: Ed Moderna, 1958, p. 174-176 51

Esta vitória fez com que a China obtivesse o controle da região de Aksai Chin (a leste de Ladakh). Entretanto a Índia contesta esta soberania 52

MAGNOLI, Demétrio. O Mundo Contemporâneo: relações internacionais 1945-2000. São Paulo: Ed Moderna, 1958, p. 174-176 53

BOSE, Sumantra. Kashmir: Roots of Conflicts, Paths to Peace, 2003, p. 8 54 Anistia Internacional: http://archive.amnesty.org/air2008/prt/regions/asia-pacific/india.html 55

São estes: Convenções Internacionais de Direitos Humanos cuja inter alia inclui o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, a Convenção para a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, a Convenção para a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra Mulheres e a Convenção sobre Direitos da Criança. 56

Site do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas: Revisão Periódica Universal: http://www.ohchr.org/EN/HRBodies/UPR/PAGES/INSession1.aspx 57 In loc. cit. 58

Site do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas: Revisão Periódica Universal: http://www.ohchr.org/EN/HRBodies/UPR/PAGES/PKSession2.aspx

59

SCHOFIELD, Victoria. Kashmir in Conflict: India, Pakistan and the Unending War, 2003, p. 13 60

In loc. cit.:Importante notar que também havia muçulmanos que eram contra estes militantes. 61

Relatório do Human Rights Watch sobre a situação dos direitos humanos na Caxemira: http://www.hrw.org/en/node/11179/section/1, sumário. 62

SCHOFIELD, Victoria. Kashmir in Conflict: India, Pakistan and the Unending War, 2003, p. 14-15 63 Op. cit, p. 15 64

Site do Conselho de Direitos Humanos: http://www.ohchr.org/SP/Countries/Pages/HumanRightsintheWorld.aspx 65

In loc. cit 66

In loc. cit 67

In loc. cit 68

In loc. cit 69 In loc. cit 70

In loc. cit 71

In loc. cit 72

In loc. cit 73

São Países-Membros da CEI: Armênia, Belarus, Cazaquistão, Federação Russa, Moldávia, Quirquistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequestão, desde 1991, e Geórgia e Azerbaidjão, a partir 1993. 74

Site do Conselho de Direitos Humanos: http://www.ohchr.org/SP/Countries/Pages/HumanRightsintheWorld.aspx 75

In loc. cit 76

Site da OCDE: http://www.oecd.org/countrieslist/0,3351,en_33873108_33844430_1_1_1_1_1,00.html 77

In loc. cit 78

In loc. cit 79

Site da organização da Anistia Internacional: http://br.amnesty.org/?q=quem_ai 80

Site da organização da Anistia Internacional: http://br.amnesty.org/?q=quem_somos 81 Site da organização da Anistia Internacional: http://br.amnesty.org/?q=quem_ai 82

In loc. cit 83

In loc. cit 84

Site da organização da Anistia Internacional: http://br.amnesty.org/?q=quem_oquejaconquistamos 85

Site da organização da Anistia Internacional: http://archive.amnesty.org/air2008/prt/regions/asia-pacific/india.html 86

In loc cit. 87 In loc cit. 88

Site da Cruz Vermelha: http://www.icrc.org/web/por/sitepor0.nsf/htmlall/icrc?OpenDocument 89

Site da Cruz Vermelha: http://www.icrc.org/Web/por/sitepor0.nsf/htmlall/section_discover_the_icrc?OpenDocument 90

Site da Cruz Vermelha: http://www.icrc.org/Web/por/sitepor0.nsf/htmlall/section_discover_the_icrc?OpenDocument 91

In loc. cit 92 Site da Cruz Vermelha: http://www.icrc.org/web/por/sitepor0.nsf/htmlall/icrc?OpenDocument 93

Site da Cruz Vermelha: http://www.icrc.org/web/por/sitepor0.nsf/htmlall/2008-annual-report-operational-highlights-270509?opendocument 94

In loc. cit 95

Site da organização Human Rights Watch: http://www.hrw.org/en/node/75136. Para saber mais: panorama das operações do CICV em 2009 - http://www.icrc.org/web/por/sitepor0.nsf/html/appeals-overview-181108 96 Site da organização Human Rights Watch: http://www.hrw.org/en/about 97

Site da organização Human Rights Watch: http://www.hrw.org/en/node/75136 98

In loc. cit 99

In loc. cit

100

Site da organização Human Rights Watch: http://www.hrw.org/en/reports/1999/07/01/behind-kashmir-conflict 101

Site da organização Human Rights Watch: http://www.hrw.org/en/reports/2006/09/11/everyone-lives-fear 102

Relatório do Human Rights Watch sobre a situação dos direitos humanos na Caxemira: http://www.hrw.org/en/node/11179/section/1: Em verde se encontra a Caxemira Livre e Territórios do Norte, controlado pelo Paquistão; marrom-escuro está Jammu e Caxemira, sob vigilância da Índia; Aksai Chin, sob ocupação da China. 103

Site de busca Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ladakh_locator_map.svg 104

Site do Wikipédia: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Kashmir_2007.JPG