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ORGÃO INFORMATIVO DA COMISSÃO MINEIRA DE FOLCLORE – CMFL – 02-2014 – Abril- Junho -2014 CARRANCA Esta edição do Boletim Carranca 2-14 será também encaminhada aos comitês eleitorais de todos os candidatos ao Governo de Minas para fixar o compromisso da Comissão Mineira de Folclore com atenção ao – e estudo do – Saber Viver em Minas Gerais. Será essa forma de compromisso que norteará nossas escolhas como cidadãos. A Comissão Mineira de Folclore foi reconhecida pelo governo de Juscelino Kubitschek no ano de 1954, há 60 anos e sobrevive com ou sem apoio dos governos que valorizam ou desconhecem a existência de um povo que busca saber viver em Minas Gerais. Não se trata de defender o saber popular, mas de promover a pessoa humana - cidadã - a partir desse saber. O Editorial assinado por Antônio de Paiva Moura faz um pequeno percurso de nossa aventura.

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ORGÃO INFORMATIVO DA COMISSÃO MINEIRA DE FOLCLORE – CMFL – 02-2014 – Abril- Junho -2014

CARRANCA

Esta edição do Boletim Carranca 2-14 será também encaminhada aos comitês eleitorais detodos os candidatos ao Governo de Minas para fixar o compromisso da Comissão Mineirade Folclore com atenção ao – e estudo do – Saber Viver em Minas Gerais. Será essa forma

de compromisso que norteará nossas escolhas como cidadãos.A Comissão Mineira de Folclore foi reconhecida pelo governo de Juscelino Kubitschek noano de 1954, há 60 anos e sobrevive com ou sem apoio dos governos que valorizam ou

desconhecem a existência de um povo que busca saber viver em Minas Gerais.Não se trata de defender o saber popular, mas de promover a pessoa humana - cidadã - a

partir desse saber.O Editorial assinado por Antônio de Paiva Moura faz um pequeno percurso de nossa

aventura.

CARRANCA PÁGINA 2

Editorial

CULTURA, CULTURAS EPOLÍTICA CULTURAL*

Antonio de Paiva MOURA

1 - CULTURA

Tenho a incumbência de responder a uma indagaçãosobre o que é cultura e política cultural. Proponho que as minhaspalavras sirvam de ponto de partida para um debate e que elasnão sejam consideradas como algo definidor.

Apenas para ilustrar, começo com a palavra cultura esua amplidão semântica. No dizer de Otto Klineberg, para amaioria das pessoas a palavra cultura indica um alto nívelartístico ou intelectual, o progresso da arte e da ciência, aliteratura, a filosofia e a expressão do gênio de um povo. Parao cientista social, o conceito engloba tudo isso e muito mais.Pode-se dizer que abrange tudo quanto uma pessoa obtémcomo membro de uma sociedade, todos os hábitos e aptidõesadquiridos por tradição ou por experiência, assim como todosos objetos materiais fabricados pela comunidade. A cultura semanifesta em obras de arte ou de erudição, mas também nacozinha e nas roupas, na natureza de sua relações familiares esociais, em nosso sistema de valores, nossa educação, nossaidéia do bem e do mal, nossa maneira de construir casa e nossaaspirações. (KLINEBERG, 1992)

Mas a época moderna de megalópolis, deterioração dascondições de vida e substituição de valores, gerou trêssegmentos que passo a explicar. O primeiro é o da culturaerudita, própria das elites, dos grupos privilegiados que obtémo poder numa sociedade, ou melhor, das classes dominantes,como afirma José Marques de Melo, a cultura “clássica” éformada por um conjunto de símbolos refinados, aperfeiçoados,que traduzem todo um processo de maturação intelectual.(Mello, 1969) O segundo é o popular tradicional, cujos detentoressão os dominados na estrutura da organização social. Constitui-se de um simbolismo rústico, primitivo denotando um estágioinferiorizado de desenvolvimento intelectual. Asmanifestações desse seguimento são conhecidas como fatosfolclóricos. O terceiro seguimento é o popular de massas.Enquanto as duas primeiras surgem na sociedade artesanal,esta é um resultado da sociedade industrial. Aproveita-se dosfrutos colhidos na cultura popular tradicional e na clássica ouerudita, elevando ao cosmopolitismo temas e imagens locaiscomo o “rock”, o samba, o “jazz”, o mambo, as touradas, ofutebol, o carnaval e as festas. Vulgariza os bens da culturaerudita com as indústrias do disco, do rádio, da televisão, docinema. A cultura popular de massas é imposta do exteriorpara o público que lhe fabrica pseudo necessidades. Já a culturapopular tradicional é produzida regionalmente e ajustada àsnecessidades de cada comunidade. No seguimento erudito osbens culturais são produzidos a partir de necessidades científicase estéticas, enquanto no popular de massas, os bens culturais,

antes de suas finalidades estéticas e científicas, sãomerecedoras, isto é, primordialmente, bens econômicos.

A Escola de Frankfurt, através de Teodor Adorno,desvia o temo cultura de massas para “indústriacultural”, para não confundir com cultura popular. A seuver esta padroniza o gosto do consumidor tirando-lhe o sensocrítico. Transforma o indivíduo em puro consumidor dereprodução de bens culturais. A partir de tais reproduções,a arte erudita e a popular perdem a seriedade, passando aser um simples objeto de adorno. Além disso classificacomo “Kitsch”, toda reprodução mecânica de obra dearte e transformações de funções de objetos, como umafrigideira com termômetro pendurada na parede. (Caldas,.1986).

As campanhas políticas e as administrativas públicasbrasileiras valem-se da indústria cultural comoinstrumento de veiculação do populismo. Este tem porobjetivo sincronizar e atrair grupos de interesses divergentesno miolo das massas.

2 - CULTURAS

O fenômeno cultural dificulta seu estudo em face daamplidão da matéria. Bipolarizando podemos determinaruma cultura ocidental e outra oriental. Depois vamosfragmentando em cultura européia, asiática , americana,africana e sul-americana. Mais ainda: cultura brasileira,francesa, angolana, turca etc.

No Brasil podemos dizer que cada regiãohomogênea, Norte, Nordeste, Centro Oeste, Sudeste eSul tem sua cultura característica. Cada estado brasileiroconstitui-se em uma região cultural. O estado de MinasGerais conta com 15 macro-regiões culturais.

No estudo científico o fenômeno cultural é visto deângulos diversos. O antropólogo, o sociólogo e o psicológicoutilizam a mesma matéria da cultura para chegar aresultados diferentes.

3 - POLÍTICA CULTURAL

Como vemos, o fenômeno cultural, por sua imensaamplidão e pelos seus desdobramentos dificulta o estudo eo estabelecimento do que se chama política cultural.Dificulta o estabelecimento de metas nas administraçõespúblicas e em outras instituições. Em função de talcomplexidade é que a UNESCO vem realizando sucessivasconferências, desde 1967, em Mônaco, onde compareceramrepresentantes de 24 países. A conferência de Veneza, em1970, foi importante na fundamentação do papel e da funçãoda cultura no mundo contemporâneo. A primeira afirmaque a cultura definida apenas a partir de critérios estéticosnão expressa a realidade de outras formas culturais comomodos de vida e de produção, os sistemas de valores, asopiniões e as crenças. (A UNESCO, SET. 1982)

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Editorial

Uma recomendação da UNESCO, de importânciaprimordial, propõe aos Estados uma sociologia dacriação, através de uma visão crítica da realidade social,considerando a criação artística com uma criação devalores novos. A recomendação tenta conciliar aliberdade criadora com a segurança econômica e socialdo artista.

Conferência de Helsinki, Finlândia, 1972. Além dedestacar o problema da cultura e esforço de democratização,abordou o problema de cultura e justiça social.

A aceitação da diversidade cultural no seio de umacomunidade e a conciliação entre plurismo cultural eunidade nacional constituem alguns dos maiores desafiosque as políticas culturais terão que enfrentar no futuro.

A conferência de Jogiakarta, Indonésia, em 1973,preconizou a busca de modelos originais dedesenvolvimento que pudessem garantir um equilíbrioentre as culturas nacionais e a assimilação necessária daciência e da tecnologia.

Não se deve confundir a manutenção da tradiçãocom a rejeição do progresso científico e tecnológico. Oacesso à “modernidade” não deve adotar a forma deuma alienação nem a de um imperialismo econômico. Aexperiência tecnológica e científica deve ser controladapelos países usuários e aplicada segundo modelosadaptados às características sociais e culturais própriase às necessidades reais das populações.

Conferência de Acra, Guiné, 1975. Recomendou aaliança entre a cultura e a educação.

A educação constitui o conceito-chave de toda aproblemática cultural. É preciso conceber diversamentea educação escolar e a extra-escolar, com a perspectivade uma educação permanente. Convém antes de tudo,estudar o meio e o homem a que se destina a educação,a fim de evitar a imitação servil de modelos estrangeiros.A educação deve ser crítica, criadora e libertadora,contribuindo assim para reduzir a distância que existeentre a cultura popular tradicional e a cultura daelite. Maior democratização significa maior justiçasocial.

Conferência de Bogotá, Colômbia, 1978. Aprofundouna problemática da identificação cultural, a partir dasexperiências singulares próprias da região, em que amestiçagem produziu culturas sincréticas de dimensãouniversal; valorizou a criação artística; educação e situaçãodo meio ambiente.

O conhecimento da intervenção humana no meioambiente deve fazer parte da educação das crianças, eaos poderes públicos compete formar especialistas emdesenvolvimento cultural, capazes de avaliar asconseqüências que possam Ter suas decisões em esferasque, no seu entender, são totalmente diferentes dacultura.

Conferência de Bagdá, Iraque, 1982. Talvez tenha sidoa conferência mais difícil de universalizar as questões de

política cultural. Mesmo assim abordou o direito à cultura e adimensão cultural do desenvolvimento.

A conferência do México, 1982, teve caráter mundiale não continental ou regional. Pensou a cultura nos seusvalores humanísticos e condenou os preconceitos. A culturasó poderá ser concebida num sistema de relação de equilíbrioentre o dar e o receber.

A cooperação cultural internacional deve serconcebida em termos de igualdade e reciprocidade, postoque a aceitação da diversidade cultural pressupõe orespeito da independência e da soberania culturais.

Como vimos, as conferências da UNESCO sobrepolítica cultural, percorreram o mundo na busca de umainterligação das diferenças, aspirações e fronteiras entreEuropa, África, Mundo Árabe, Ásia, Oceania, AméricaLatina e Caribe, buscando uma convivência fecunda entreos povos. Todas as conferências regionais da UNESCOressaltam que é preciso considerar a liberdade de opção doscriadores e das populações como alguma coisa de absolutoe inviolável, compreendendo-a além disso, como a únicamaneira de situar o homem no centro do desenvolvimento. Acomunicação é salvaguarda, mas também é destruição. Podeser veículo de uma cultura-mercadoria ou de uma difusão devalores culturais endógenos.

4 - OBJETIVOS E OBSTÁCULOS ÀIMPLANTAÇÃO DE UMA POLÍTICA CULTURAHUMANISTA

Na atualidade todos os estados brasileiros contam comorganismos públicos voltados para a ação cultural planejada.Da mesma forma, os municípios, mesmo que não contemcom órgãos específicos, planejam de alguma forma a açãocultural, além de instituições e centros culturais que,ultimamente, se multiplicam. Desses organismos emanam trêstipos de objetivos de política cultura. O primeiro visa odesenvolvimento das artes em nível profissional ou naconservação do patrimônio, sem pôr em dúvida o papel doEstado e das instituições principais, a exemplo dasuniversidades, Esse tipo de objetivo privilegia certas áreasda cultura onde haja maior usufruto do “marketing” político,a exemplo da preservação da arte colonial. Em Minas,estudar o barroco virou moda. Nem os cursos de pós-graduação percebem que a cultura barroca encontra-seinteiramente estereotipada. O programa de ação cultural dogoverno Francelino Pereira foi importante porque apontoupara a transição democrática. O segundo tipo visa relacionara cultura com a educação; a comunicação com o meioambiente. Procura descentralizar as iniciativas, decisões emeios para estender a participação das minorias e dos menosfavorecidos na vida cultural. Nesse caso, é preciso ter cuidadocom o animador cultural, em face do oportunismo populista.O governo Tancredo Neves, ao tempo do secretário JoséAparecido, anulou o programa de Wilson Chaves. Já o

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secretário de Cultura do primeiro mandato de HélioGarcia, deputado Delfim Ribeiro, tornou a Secretaria deEstado da Cultura um ridículo órgão público, sem nenhumprograma de ação cultural, queria apenas desfrutar daconvivência com os produtores culturais, ora numa situaçãopaternalista, ora numa atitude bajulatória dos figurões dasartes. As empresas privadas, utilizam-se das manifestaçõesartísticas como instrumentos de aproximação dos detentoresda mídia, posando de mecenas. O terceiro tipo de objetivoé o mais moderno, embora de limitadas experiências. Tendea remodelar em profundidade todos os aspectos dodesenvolvimento, designando-lhes finalidades culturaismediante a incorporação dos fatores humanos. Incentiva aparticipação da população na criação da sua própria culturae não só o acesso à cultura das minorias ilustradas ou aosprodutos da cultura de massas.

Parece indispensável desenvolver uma política deanimação cultural, que permita aos indivíduos e aosgrupos descobrirem os seus problemas e enfrentá-los porsi mesmos. Mediante essa animação, democratiza-se acultura. O acesso à cultura não significa, pois aaceitação de um produto cultural acabado, mas sim aparticipação ativa da comunidade no fato cultural.

A história da política cultural de Minas Gerais precisaser levantada de forma a demonstrar o seu conteúdoideológico, doutrinário e a que fim serve.

Quais são os obstáculos à implantação de uma políticacultural ou um plano de ação cultura moderno? Cremos queo mais grave obstáculo é o conservantismo. Dele resulta adiscriminação orçamentária e resistência às medidaspropostas. São obstáculos também a insuficiência de pessoalhabilitado, força da burocracia e preconceitos sociaisarraigados no corpo social.

Toda cultura pertence a uma classe social e éinstrumentalizada por esta. Uma política cultural não podeprejudicar a cultura em benefício da política, como aconteceuno Estado Novo e no Movimento de 1964, e que por sequela,acontece até hoje.

O Estado, instituições governamentais e nãogovernamentais, hoje em dia, descartam os papéis e as

finalidades para as quais foram criadas. Isto é, amparam,protegem e acobertam indivíduos comprometidos com abajulação, corrupção e repressão. Apoiam somente artistase intelectuais engajados na burocracia, no servilismo quediscrimina outros cidadãos quanto à cor da pele e quanto ao“status” social ou cultural. A historiografia mineira com rarasexceções, tem sido espelhada na obra do historiador romanoTito Lívio, que visava a exaltação dos heróis militares epolíticos consagrados, imortalizando o passado e perpetuandoas oligarquias. Portanto, um programa de ação cultural ou depolítica cultural, progressista deve, antes de tudo,comprometer-se com a liberdade individual dos criadores;promover os valores democráticos; resistir aos preconceitosraciais, sociais e culturais; condenar o culto de personalidades;incentivar a produção intelectual de ordem crítica; manifestar-se contra a política editorial do governo mineiro durante todoo século XX; propor uma revisão crítica da historiografiamineira; apoio às instituições de proteção ambiental.

ReferênciasKLINEBERG, Otto - Cultura e culturas em um mundo emmutação. Correio da UNESCO” Rio de Janeiro, set. 1982.

MELO, José Marques de - Comunicação, Cultura demassas e cultura popular. Revista Cultural “Vozes”.Petrópolis, out. de 1969.

CALDAS, Waldenyr - O que todo cidadão precisa sabersobre cultura. São Paulo. Global, 1986.

A UNESCO e as políticas culturais. Correio da UNESCO.Rio, set. 1982.

* Artigo publicado na revista da Comissão Mineira Folclore,Belo Horizonte, n.16, ago. 1995.

Imperdível: Ritual de Consagraçãode uma guarda de congo

Pinhões, Santa Luzia, dia 8 de junho, 8:00 horas, capelade Nossa Senhora do Rosário. Cena inédita, participardo ritual de consagração de uma Guarda de Congo. Acerimônia deve remeter aos primórdios de tradução dosritos religiosos africanos ao encontro do ritos católicos.Nossa Senhora do Rosário é a ponte. Folcloristas,antropólogos, historiadores poderão aprender muito erever suas interpretações.

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Notícias & Comentários

Mensagens recebidasCongratulações pelo sexagésimo sexto aniversário da

Comissão Mineira. Primeira Comissão Estadual fundadano âmbito da Comissão Nacional, a Comissão Mineira

demonstra sua grande vitalidade com importante trabalho,ao longo dos anos, na área do folclore. Meus agradeci-mentos pelo honroso convite para as comemorações;

porém, estou impossibilitado de comparecer.Atenciosamente,

Braulio do Nascimento - Presidente de Honra daComissão Nacional de Folclore.

Penso que não será mais necessário enviar outramensagem aos caros amigos da Comissão Mineira. Pois aque mandei já reflete o que penso do grande trabalho queora realizam em defesa da cultura popular de Minas e doBrasil, sob o seu comando. Um trabalho consciente,louvável, admirável, compromisso, com uma nova visão,ao qual o novo momento urge. A nós folcloristas, cabemnão só acompanhar, mas, participar desse novo tempocom responsabilidade e bom senso, só assim nãoficaremos rendidos no altar da globalização. O Folclore é, e será, vivo, dinâmico, acompanhando acontemporaneidade dos séculos Essas utopia que falasMoreira, é que nos move com coragem, obstinação eamor em defesa da cultura da paz.Parabenizo a Comissão Mineira pelos 66 anos de muitaluta e trabalho Severino Vicente Presidente da Comissão Nacional de Folclore

Nossas efusivas congratulações pelo transcursodos 66 anos da CMF.Saudosamente. Affonso Furtado – ComissãoFluminense de Folclore

Caros amigos da Comissão Mineira de FolcloreComo resultado dessa permanente e irresponsável grevedos funcionários da EBCT (passam a maior tempo degreve do que atendendo o povo) somente dia 23 receboo convite para participar das cerimônias dos 66 anosdessa comissão de folclore.Agradeço a gentileza do convite e lhes expresso nossosparabéns nessa gloriosa e importante vida na defesa,registro e divulgação do folclore mineiro.

Que beleza verdadeira: sessenta e seis anos! Incrível.

Soube dos inúmeros feitos que vocês têm realizado: novoespaço, doações de peso, muito envolvimento eempenho.Parabéns, menino. Um abraço grande,

Virginia Renó dos Mares Guia

Uma saudação em nome da Paz da Esperançae da Fraternidade a todas as companheiras ea todos os companheiros da COMISSÃOMINEIRA DE FOLCLORE. Mais do que nunca,ou como nunca antes, o estudo

e a compreensão das culturas se fazemnecessários para construirmos sociedadesabertas ao diálogo e à justiça.

Um abraço a todos e a todas, com sincera amizade

Edimilson de Almeida Pereira - Juiz de Fora

[email protected]

Com essa atualidade só podemos ter orgulhoda nossa instituição. Parabens para todos oscompanheiros que afirmaram as pernas domais significativo corpo cultural de Minas,mas com a cabeça da atualidade da hipertecnologia. O meu orgulho é poder estar comvocês, embora não tenha ainda contribuídonessa nova fase. Parabens amigos ecompanheiros desta Comissão. Tita – Poçosde Caldas

Excelente texto, muito reflexivo. Desejosucesso absoluto a esta nova empreita sobinspiração de tão belo lema. Também acreditoque outra paz é possível. Essa minha diretriz.Comungo com a CMFL este ideal. Parabéns!!!

Grande abraço, Ulisses Passareli - São João del Rei

Parabéns!Deixo um abraço para todos e desejo longevidade àCMFL.

Tânia - Itabira

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Notícias & ComentáriosMensagens recebidas

Agradeço o envio do convite da celebração dos 66 anos daCMFL mas por motivo particular não poderei comparecermas desejo todas felicidades para os 66 anos da CMFL.

ABS francisco antonio freitas costa (membro sócio colabo-rador )

Em nome da Magnífica Reitora da Universidade Federalde Viçosa, Professora Nilda de Fátima Ferreira Soares,agradecemos o convite para participar da cerimônia decelebração dos 66 anos da Comissão Mineira de Folclore, dedicados ao Saber Viver em Minas Gerais. Desejamos que o evento alcance o êxito esperado ejustificamos a ausência da reitora em razão de compromissosassumidos anteriormente.Atenciosamente,Cláudia KümmelChefe de Divisão - Relações Públicas e CerimonialUniversidade Federal de Viçosa(31)3899-1746/8793-9093

José Alberto Pinho Neves Pró-Reitoria de Cultura UFJFSecretaria da Pró-reitoria de [email protected], agradeço o convite. Um cordial abraçoGerson Guedes.

É com grande satisfação que recebo o convite e a informaçãodo aniversário da nossa querida Comissão, a qual tenhoimenso orgulho de ser um dos membros colaboradores, desde1981.No entanto, lamento informar que, novamente, por motivos deaulas na UEMG, estou impossibilitado de comparecer aoevento de hoje à noite. Dou aulas até 22h e 40. Mas gostaria de parabenizar a todos e que transmitisse a minhajustificativa e o meu abraço aos nossos caríssimos amigosmembros da Comissão, (principalmente ao Moura e ao prof.Domingos).Um grande abraço, juntamente com o meu pedido dedesculpas pela ausência. Abílio Abdo.

Agradeço a gentileza do convite para participar dasessão solene de comemoração dos 66 anos de

fundação da Comissão Mineira de Folclore, que serárealizada hoje, dia 19 de fevereiro de 2014, formulan-

do votos depleno êxito ao evento.

Lamentavelmente, não poderei comparecer devido acompromissos agendados anteriormente para a mesma

data. Na oportunidade, envio os meus sinceroscumprimentos a V. Sa., parabenizando essa Comissãopelo brilhante trabalho desenvolvido em prol da cultura

de nosso Estado durante todos esses anos.Atenciosamente,

Deputado Dilzon Melo1º-Secretário da ALMG

À Diretoria da Comissão Mineira de Folclore

Minha trajetória sem sempre permite comparecer aeventos significativos,

razão pela qual justifico minha ausência na sessãosolene em comemoração

aos 66 anos de fundação dessa atuante entidade. Naoportunidade registro

meus respeitos e admiração pela missão de proteger,divulgar e

valorizar as diversas vertentes populares do ricofolclore mineiro.Abraços a todos.

Dep. Dinis Pinheiro

O Sr. Paulo Lanna, Secretário Municipal deCultura, Turismo e Lazer, [Ubá]parabeniza a todos pela organização dograndioso evento.

Mas infelizmente, por motivos de força maior nãopoderá estar presente.Contando com a compreensão de todos.AttThiago Teixeira Assistente Administrativo SecretariaMunicipal de Cultura de Ubá

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Notícias & ComentáriosMensagens recebidas

Prazeirosamente recebi as notícias auspiciosas da nossaquerida Comissão Mineira de Folclore, e espero poderter a honra de estar presente na comemoração de tãosignificativa data.Aproveito a alegre oportunidade para apresentar-lhe asminhas desculpas pelo silêncio aos seus outros E-mails amim enviados.Respeitosamente envio ao dileto amigo e a todos osmembros da CMF, principalmente aos novos dirigentes,muito êxito na missão de preservar a memória cultural denossas Minas Gerais. Em BH, aos 18/02/2014. Eustáquio de Lima Alves

Prezados,

Em nome do Magnífico Reitor da UNIFEI, prof.Dagoberto de Almeida, agradeço o convite para acerimônia em celebração ao 66º aniversário da ComissãoMineira de Folclore.

Não foi possível comparecer, devido a compromissospreviamente agendados, mas parabenizamos pelotrabalho que vem sendo realizado e desejamos muitosucesso.

Atenciosamente,

Fabiana Cantelmo - Relações Públicas - UNIFEI

Aconteceu66 anos Comissão Mineira

Com apoio da Fundação Municipal de Cultura eda Secretaria Municipal de Cultura de BeloHorizonte, a Comissão Mineira de Folclorecelebrou sessenta e seis anos de sua fundação noauditório da Fundação Municipal de Cultura,localizado na Rua da Bahia nº 888.

A cerimônia contou com a presença do secretáriode turismo da Prefeitura Municipal de BeloHorizonte, Mauro Werkema, da senhora Diretorado Magistra, programa de qualificação docente daSecretaria de Estado da Educação, Audrey Reginade Oliveira, do representante do SESC – MG,

senhor Jorge Cabrera, representantes da FundaçãoMunicipal de Cultura de Belo Horizonte, ThiagoAraújo e Marco Llobus, representante da SecretariaMunicipal de Cultura de Vespasiano, Flávia Morelli,do presidente da Academia de Letras JoãoGuimarães Rosa da Polícia Militar de Minas Gerais,João Bosco de Castro, da senhora Anésia Gonzaga,doadora das esculturas do acervo do folcloristaWashington Albino, as quais ornamentaram oambiente e comporão a sala principal da sede daComissão Mineira de Folclore cedida pela PrefeituraMunicipal de Belo Horizonte no Centro CulturalSalgado Filho.

Além dos membros da Comissão Mineira deFolclore, registrou-se o comparecimento dosmembros associados da AFAGO – Associação dosFilhos e Amigos de Gouveia: Geraldo Augusto Silva,Guido de Oliveira Araújo, Manuel Luiz Ferreira deMiranda e Milton Ferreira de Miranda; da diretorada Escola Estadual Aarão Reis, Adélia Anis Raiesde Sousa; de Marcus Vinícius Martins Costa, daSecretaria de Estado de Assuntos Institucionais;representantes da Secretaria Municipal de Culturade São Gonçalo do Rio Abaixo, de Curvelo, SérgioRibeiro e senhora Maria Helena Martins Ribeiro, afilha Soraia e a irmã Maria Lúcia, juntamente com oprofessor doutor Adriano Perácio de Paula.

Nessa oportunidade tomaram posse como membrosefetivos da Comissão Mineira de Folclore, oprofessor doutor Raimundo Nonato de MirandaChaves, presidente da AFAGO e Andreia Patrícia

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de Souza, de Ribeirão das Neves (ver nesta ediçãocomentários sobre o primeiro livro dessa autora).

Para lembrar a importância dessa solenidade foidivulgado o texto transcrito em seguida o qualrecebeu inúmeros comentários.

A cerimônia foi encerrada com números artísticosdos membros da Comissão Mineira de Folclore, àviola: Carlos Farias, Frei Chico e Rubinho do Vale.

Folclore e a Utopia da PazOs estudos de Folclore viveram, pelo menos, doismomentos. No primeiro, surgiram do espanto dodesenvolvimento técnico, do crescimento das cidades e dosimperativos do exercício da hegemonia pelo imperialismoem seu próprio núcleo – a metrópole da expansão capitalista- do século XIX. Nesse primeiro momento, folclore foi vistocomo antiguidades populares em extinção a serempreservadas através da coleta para configurar museus doque se perdia nos grandes depósitos do que deveria serdescartado.Museu de contos, museu de antigos costumes, museu decrenças imprestáveis, de costumes, de saberes vinculadosa modos de produção superados e a relações sem utilidade,ritos, cerimoniais e objetos produzidos na contramão dasexigências de produtividade.O segundo momento brota de uma angústia maior. Odesenvolvimento tecnológico exigia novos procedimentosguerreiros e a imposição da paz aos vencidos recordava osprimeiros estádios da humanidade na luta pela sobrevivência.O extermínio do vencido pela devoração de seus corpos.O banquete do vencedor. Mas esse novo momento encobriao ritual macabro do canibalismo – afinal a produtividade do

trabalho apontava para o fim da fome -. O objetivo eranegar o mito de Babel disseminado em todas as civilizaçõesnos mais diversos estádios em que os ensaios de constituiçãode impérios trouxeram consigo o medo da diversidade.Terminara a Segunda Guerra Mundial. O desenvolvimentotecnológico teve seu momento de celebração do pânico.Heimar Kipphardt põe na boca de Oppenheimer a falanecessária de encerramento da investigação sobre lealdadeao governo dos Estados Unidos, durante o processo emque foi acusado de boicotar o projeto de construção dabomba de hidrogênio após o sucesso do lançamento dabomba atômica que arrasou Hiroshima e Nagasaki:

“Em total oposição a esta Comissão, eu mepergunto, em consequência, se nós físicos, nãodemos aos nossos Governos, em muitas ocasiõesuma lealdade demasiado grande, demasiadoirrefletida, contrariando nossas melhoresconvicções e não somente no meu caso, naquestão da bomba de hidrogênio.”

E nesse segundo momento, na oportunidade de celebraçãodo pânico, que surgem as Comissões de Folclore em defesado Mito de Babel. Extinguir a diversidade não é um bomsonho, é pesadelo. Contudo, a diversidade não se resumenas inexpressivas manifestações ditas culturais; semdiversidade de poderes nada acontecerá. Nisso a paz seconverte em utopia a ser entendida como ideia reguladoradas ações. O irmão se reconhece ao saudar o irmão “Bomdia!”; “Sit tibi lux felix!”, “Salam aleikum!” “Pax vobis!, maso não irmão pode ser saudado?Babel é um mito forte celebrado diuturnamente em nossocotidiano, mas ele tem irmão ou ancestrais muito maispoderosos: o pecado original, o sinal de Caim e o dilúviouniversal. A culpa imperdoável, o imperativo de extinguirdiferenças e a punição exemplar. São esses mitos queoperam nosso cotidiano. O Estado reconhece os culpados,as instituições marcam os delinquentes e, em última instânciaarrasam o mundo para os poucos escolhidos recriá-lo.Amanhã é dia 19 de fevereiro de 2014, a ComissãoMineira de Folclore celebrará sessenta e seis anos defundação como resposta ao apelo do segundo momentodos estudos de Folclore. Teremos como lema: OUTRAPAZ É POSSÍVEL. Há que descobrir novas opções desaber viver pela superação das condições de culpa,punição e extermínio.Nessa celebração apresentaremos o programa Condiçõesdo saber viver em Minas Gerais e exibiremos o símbolodessa mensagem: dez esculturas em madeira inspiradas nasobras do Aleijadinho e doadas ao Centro de Celebraçãode Minas da Comissão Mineira de Folclore pela senhoraAnésia Gonzaga, em nome do professor folcloristaWashington Peluso Albino de Souza.José Moreira de Souza

Notícias & ComentárioAconteceu

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Notícias & ComentárioAconteceu

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Notícias & ComentárioAconteceu

CD– Devoção – Carlos Farias & Coral dasLavadeiras

Na sessão solene do dia 19 de fevereiro, nosso companheiroCarlos Farias anunciou o lançamento de mais um CD de suaautoria, no qual promove as Lavadeiras de Almenara. Nessaoportunidade, doou à Comissão Mineira de Folclore, 25exemplares para arrecadar recursos para nossa entidade.Vale a pena atentar para um e outro fatos. Contribuir paradar à Comissão Mineira condições mínimas para se mantere empregar o conhecimento desenvolvido para promoçãosocial. Aliar “Política como Vocação” à “Ciência comoVocação”.Esta é a marca das Comissões de Folclore de todo o Brasil.Em Minas temos o exemplo atual do CPCD – Centro Popularde Cultura e Desenvolvimento, presidido por nossocompanheiro Tião Rocha; o coral “Trovadores do Vale”,iniciado há quarenta anos por Frei Chico e, agora, asLavadeiras de Almenara.

É horade relerM a xWeber.

Cultura popular e Promo-ção Social: Carlos Farias,Frei Chico e Rubinho do

Vale

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Notícias & ComentárioAconteceu

Audiência pública – AssembleiaLegislativa – 20 de março – 2014

Realizou-se na Assembleia Legislativa em resposta arequerimento dos deputados Luzia Ferreira, Elismar Prado eLuiz Henrique a audiência pública destinada a discutirdiretrizes sobre “Ações de Interiorização da Política Culturaldo Governo de Minas Gerais”. A Secretaria de Estado daCultura se fez representar por Janaina Cunha Melo e ManuelaMachado e também por um membro do Conselho de PolíticaCultural. Era propósito compreender a concentração em BeloHorizonte das ações chamadas de “cultura” pelo governo doEstado. Um dos representantes de municípios - havia pelosmenos 5 ou 6 de localidades do interior - registrou seuestranhamento da ausência do titular da Secretaria neste eem outros debates sobre política cultural no Estado.

15 de abril na Funarte –

Fórum de Políticas Culturais

O fórum de Políticas Culturais contou com a pre-sença de inúmeros representantes de diversas regi-ões de Minas, os quais se interessaram pelo diálogodas políticas nas diferentes esferas do poder.

Da parte do Minis-tério da Cultura foimuito proveitosa aexposição deBernardo da MataMachado, secretá-rio de ArticulaçãoInstitucional do Mi-nistério da Cultura.Bernardo expôscom competênciadiretrizes, percursoe dificuldades de di-álogo entre as dife-rentes esferas de gestão e demandas por recursos.Em seguida, o presidente da Fundação Municipal deCultura de Belo Horizonte, Leônidas Oliveira, dis-correu sobre a gestão municipal com destaque paraas conferências municipais programadas e desen-volvidas no município de Belo Horizonte. Por último,Aníbal Macedo, vice-presidente do Conselho Esta-dual de Política Cultural delineou os trabalhos de ela-boração do Plano Estadual de Cultura.

Na oportunidade de conversa com o público, ouvi-ram-se depoimentos dos representantes das regiõesde Minas Gerais; alguns destacando sua experiên-cia, outros explicitando dificuldades. Da parte da Co-

missão Mineira de Folclore, foi dirigido ao vice-pre-sidente do Conselho Estadual de Política Cultural –isto se fez em atenção ao pedido do secretário deArticulação Institucional - : “tenho duas perguntas.Uma não pode ser respondida pelo presidente doConselho, posto que é dirigida à Secretaria de Esta-do de Cultura; outra tem a ver com a elaboração doPlano Estadual de Cultura. A primeira pede explica-

ção de por que o tema Folclore ficouescondido entre os temas a seremcontemplados como representação noConselho Estadual de Cultura. Nocaso criou-se uma área chamada “Ar-tesanato e Folclore”. Segundo essaconcepção, esqueceu-se da existênciade “Teatro Popular”, “Música Popu-lar”, Literatura Popular”, e tudo mais.É uma pergunta que não pode ser dadapor um membro do Conselho mas pe-las diretrizes dadas quando da elabo-ração de uma “Lei Delegada” com jáfoi lembrado pela mesa. A segunda

pergunta pode ser respondida pelo membro vice-pre-sidente do Conselho Estadual de Cultura. Em algummomento a Comissão Mineira de Folclore, entidadeque já conta com 66 anos de existência foi conside-rada como uma das possíveis interlocutoras paraconversar sobre esse Plano. E como o Folclore écontemplado nessa agenda?

Como resposta, solicitou-se, o que foi atendido ime-diatamente, meios para contato com a Comissão Mi-neira de Folclore. Foi entregue o último Boletim Car-ranca e os exemplares mais recentes da RevistaComissão Mineira de Folclore. Até o final destaedição, contudo, não houve retorno prometido.

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TeoAzevedo

UM VIOLEIRO CANTADOR - A revisão já estápronta, a capa escolhida. Mais alguns dias já estará intopara a gráfica o livro “Téo Azevedo”, um violeirocantador” .Aproveitando a fantástica história destepoeta,compositor, escritor, repentista (um dos maiores doBrasil atualmente) e folclorista, falamos um pouco maisda cultura do Norte de Minas, a Belo Horizonte musicaldos anos 50 e 60, o repentismo no Brasil e, de quebra,entre outras coisas, o maior cordel já gravado no País,falando o Rio São Francisco. Não demora e o novo livrojá vai estar por aqui. Carlos FelipeCAJU E CASTANHA ...E TEO AZEVEDO- Depoisde, no ano passado, ganhar Grammy Latino com o CDGonzagão 100 anos, Téo Azevedo levou, ontem,mais umprêmio, com a CD “Meu Deus, que país este”, da duplaCaju e Castanha. O CD foi ganhador na área regionaldo Prêmio da Música Brasileira, realizado, ontem, noTeatro Municipal do Rio de Janeiro e a interpretação deCaju e Castanha é das melhores. As músicas são todasde autoria de Téo Azevedo que também foi produtor dodisco. Pena que, desta vez, Chico Lobo não tenha tambémrecebido um prêmio mas só o fato de ter sido indicado jáé um novo reconhecimento da importância do seu discoe do seu trabalho; Quanto ao Téo, mais do que justa apremiação. “Meu Deus, que país é este” possui um fortesabor regional e com o compositor revelando uma visãosócio-política cada vez mais em nossa música. CarlosFelipe

5º Encontro Nacional dos

Pontos de Cultura aconteceu

em Natal - Rio Grande do

Norte

A TEIA Nacional da Diversidade – 5º Encontro Nacional

dos Pontos de Cultura e das redes da diversidade que

integram o Programa Cultura Viva – se realizou nos dias

19 a 24 de maio, em Natal (RN). Promovida pela

Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural do

Ministério da Cultura (SCDC/MinC) e pela Comissão

Nacional de Pontos de Cultura (CNPdC), a TEIA 2014

tem o objetivo de fortalecer o exercício dos direitos

culturais e promover a atuação cultural em rede.

Aconteceu mas a Comissão Mineira não

participou

Realizou-se em Belo Horizonte, no dia 13 de maio o Fórumde Políticas Culturais de Minas Gerais, na sede daFunarte – MG. Nessa oportunidade esteve presente osecretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultural,Américo Córdula, o superintendente de Fomento eIncentivo à Cultura da Secretaria de Estado de Culturade Minas Gerais, Felipe Amado e Murilo Rezende,coordenador do Departamento de Fomento e Incentivoà Cultura da Fundação Municipal de Cultura de BeloHorizonte.O tema do fórum foi “Financiamento, incentivo e fomentoà cultura no país”. Assunto altamente relevante, tendoem vista tanto o que se entende como esfera da “Cultura”para uma política pública, quanto os recursos para“financiamento, incentivo e fomento”. No entendimentoda Comissão Mineira de Folclore, desde a Primeira Cartado Folclore Brasileiro, Cultura é matéria prima para odesenvolvimento sustentável como defendeinsistentemente nosso companheiro Tião Rocha.Não apenas a título de curiosidade, merece leitura ocapítulo “O senso comum como sistema cultural” dovenerado autor Clifford Geertz, publicado em obra menoslida desse autor O Saber Local.O referido autor, discípulo de Talcott Parsons – é semprebom lembrar – afirma para ajudar a conversa:

“Seria mau começo simplesmente inventar termosnovos, pois o que desejamos é caracterizar o que éfamiliar e não descrever o desconhecido. (...) Aspalavras que eu pessoalmente gostaria de usar destamesma forma, referindo-me ao bom senso, eadicionando um sufixo que transforme cada umadelas em um substantivo, são: natural, prático, leve,não metódico e acessível. Teríamos assim, algo como“naturalidade”, “praticabilidade”, “leveza”, “nãometodicidade” e “acessibilidade”. Essas seriam,então, as propriedades – um tanto ou quanto incomuns– que eu atribuiria ao bom senso em geral, em seusentido de forma cultural presente em qualquersociedade”.

Fica a pergunta: Geertz tinha em mente os estudiosos deFolclore? Tudo tem a ver porque esse autor, logo na introduçãode seu ensaio:“onde exatamente está a diferença (...) entre as formas játrabalhadas da cultura acadêmica, e aquelas ainda toscas,da cultura coloquial?”É exatamente essa tal “cultura coloquial” à qual se dedica oestudioso de Folclore, o que é tradicional nas ditas culturasmodernas. Contentar-se com o já metodicizado éprocedimento cômodo para estabelecer uma política culturaltal qual a “busca do bêbado” lembrado por Abraham Kaplanem A conduta na pesquisa. O bêbado procura a chaveperdida na escuridão debaixo do poste porque ali tem luz...

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Eliomar Mazzoco Comissão EspíritoSantense de Folclore

-Vim aqui recomendar a página da Comissão Espírito-santense de Folclore. Para quem tem interesse de conhecermais sobre nosso estado, sua cultura, tradições, festas. Apágina é muito boa. Segue o link. Curtam. https://www.facebook.com/pages/Comiss%C3%A3o-E s p % C 3 % A D r i t o - s a n t e n s e - d e - F o l c l o r e /432194940123928

Prêmio Mestres da CulturaPopular de Belo Horizonte

Está na hora das comunidades de BeloHorizonte se mobilizarem. Foi lançada aprimeira edição do “Prêmio Mestres daCultura Popular de Belo Horizonte”.

A Comissão Mineira de Folclore tem aobrigação de divulgar e conversar sobre issopara que se entendam como Mestres todasas pessoas que se tornam referência do saberviver e sua diversidade na cidade síntese deMinas.

Mensagens de Lula GonzagaRecife e Elizabet – Petrolina

Petrolina, 22/4/2014

Querido Domingos Diniz,Como sempre atencioso, obrigada. Muito.A Comissão Mineira de Folclore é mesmo um exemplo.Adorei os textos, principalmente o didatismo de TiãoRocha e a pesquisa de José Moreira.Você tem um exemplar do livro (infantil) “O mistério dosumiço do Velho Chico”? Valdir acha que eu lhe enviei,mas não tenho certeza. Tudo “indo” por aqui.

Um grande abraço, Elizabet

Recife, abril 2014-Prezado Folclorista Domingos Diniz,Saúde e Paz!Recebi e agradeço o envio do Informativo “Carranca”que está recheado de bons artigos e boas fotografias,inclusive o livreto do saudoso Dr. Roberto Benjamin,que deve, de onde está, ter gostado muito, assim comoo pesquisador José Fernando.O livro também está muito bem feito, com ótimoscomentários escritos.Após lê-los, os deixo na Biblioteca Central do Centrode Apoio Pedagógico da Prefeitura para socializá-loscom os professores.Boa Páscoa para todos! Cordialmente, Lula Gonzaga.

Artes e Ofícios dos SaberesTradicionais – Ciência daInformação UFMG

Sob coordenação da professora doutora Luciana deOliveira, iniciou-se, no dia 11 de fevereiro naFaculdade de Comunicação da UFMG, o curso “Artese Ofícios dos Saberes Tradicionais” com presençade 50 alunos matriculados e uma enorme fila deespera. O curso reproduz experiências desenvolvidaspela Comissão Mineira de Folclore como as queresultaram do Ciclo de Debates sobre MedicinaPopular do qual resultou o Seminário de Metodologiada Pesquisa Interdisciplinar e o curso de Extensãode Metodologia da Pesquisa Interdisciplinar – nosanos 70, e o Seminário Integração Inter Étnica emMinas Gerais, ocorrido na primeira década desteséculo sob coordenação de Kátia Cupertino. Emtodos esses momentos o objetivo era trazer para auniversidade um diálogo mais intenso com o saberpopular.

[ver reportagem fotográfica na página seguinte]

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Gilmara e sua monografiaquilombola

Gilmara Souza cursou “Cultura Popular na Roda dosSaberes, promovido naEscola de Belas Artes daUFMG pela nossacompanheira KátiaCupertino. Em 25 defevereiro, defendeu amonografia de conclusão degraduação em Pedagogiana Faculdade de Educaçãoda UFMG com o título “Ajuventude quilombola deSanto Isidoro e osdeslocamentos de umapedagoga / pesquisadoranegra em formação”.

Gilmara narra o percursode conviver com ajuventude da qual elamesma é participante, num povoado distante de BeloHorizonte – Santo Isidoro é um distrito de Berilolocalizado no Vale do Jequitinhonha - O ponto departida do estudo são as diretrizes para “EducaçãoQuilombola” determinadas pelo Ministério daEducação. A partir daí, a autora favorece uma amplaconversa descontraída sobre o saber viver dos jovensnuma comunidade dita quilombola cujo surgimentodata do ano de 1951.

As palavras de encerramento da monografiamerecem registro como oportunidade paraaprendizagem de todos nós:

“Embora eu não quisesse ficar presa à escola,o discurso delas/es sofreu interferência pelofato de nós estarmos ali mediadas pela escola.E ela, como muitas pessoas, percebem as/osjovens como aquelas/es que ainda virarãoalguma coisa. Por isso, a insistência napreparação para o futuro, seja verificando se

estão respondendo corretamente as perguntas,ou se estão recebendo os conselhos das

professoras. Talvez seeu pesquisasse essas/esjovens sem a mediaçãoda escola estaria aquicom outros dados, fariaoutras análises, teriaoutros deslocamentos.Nesse sentido, outrodiscurso das/os jovenssobre elas/es mesmas/os.

Minha pretensão não foicaptar a/o jovem,definindo suaidentidade racial equilombola. Éimpossível fazer isso. Oque fiz foi ouvi-las/ossobre e o quantoqueriam falar de si e da

comunidade. Tentei ser o mais cuidadosapossível na hora de perguntar e de ouvir.Durante o texto, me esforcei para não ser tãomuito prescritiva em relação às análises quefiz sobre as/os jovens e a escola. Sair do espaçoescolar traduz muito esse movimento de buscae construção de uma experiência, enquantopedagoga, mais coerente com a educação queprecede e transcende a escola. Para pensar aPedagogia de outra forma, pedagoga que seforma aqui se entende menos prescritiva erecebe contribuições da pesquisadora queaprendi ser, para me constituir mais reflexiva.” com outros dados, faria outras análises,teria outros deslocamentos. Nesse sentido,outro discurso das/os jovens sobre elas/es mesmas/os.

Juliana Garcia no doutorado em Antropologia

Nossa companheira, membro efetivo da ComissãoMineira de Folclore, Juliana Garcia, foi acolhida nocurso de doutorado em Antropologia Social daFaculdade de Filosofia e Ciências Humanas.Juliana cursou pós-graduação em Folclore eCultura Popular, segunda edição do cursooferecido pela Comissão Mineira de Folclore em2001 a 2003, defendeu brilhantemente sua

dissertação de mestrado na FAFICH UFMG noano de 2005 [ver comentário nesta edição].

Ulisses Passarelli ConvidaAcessem Texto extraído de meu blog – Matosinhos:história & festas (festadodivinosjdr.blogspot.com.br),onde estão todas as fontes bibliográficaspesquisadas. Foi adaptado, ampliado e renomeadopara esta publicação. Título original: Um passeio porMatosinhos: esboço histórico básico.

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Uberaba, 11 de abril de 2014

A Prefeitura Municipal de Uberaba, FundaçãoCultural de Uberaba e CONPHAU, fará realizar no dia 27/04/14 próximo o 570 Encontro de Folias de Reis deUberaba, sendo assim convidamos V.Sa e respectiva famíliapara participar dessa festividade folclórica.

A sua presença será para nós organizadores doencontro de suma importância.

Caso confirma sua presença favor entrar em contatopelos telefones: 34 3331 9214 e 3331 9216 falar com AntônioCarlos Marques ou Maria Aparecida Manzan.Atenciosamente,

Ubiracy Galvão BorgesDir. Depto. de Ações Culturais e Assuntos AfrosMaria Aparecida ManzanCONPHAUAntônio Carlos MarquesCONPHAURua Tristão de Castro, 64 – Centro – CEP 38010-250 – Telefax: (34) 3331-9200 – CNPJ: 20.054.581/0001-50 Uberaba –MG

[email protected]

Peripécias de Frei Leonardo

Nosso companheiro Frei Leonardo, além de competenteprofessor de Sociologia e escritor, mantém vínculos estreitoscom as comunidades urbanas e rurais de Divinópolis.

Exemplo recente foi sua participação na tradicionalcelebração do Treze de Maio e da Santa Cruz.

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Repercussão da Revista daComissão Mineira de Folclore

Foi lançada solenemente, no dia 19 de fevereiro, nacerimônia de celebração do 66º aniversário da ComissãoMineira de Folclore a edição nº 26 da Revista ComissãoMineira de Folclore. Com 256 páginas, a revista publicaartigos de estudiosos do Folclore de diferentes partesdo Brasil. Chamou atenção o artigo “Corpo fechado emandonismo sertanejo” de Luis Carlos Mendes Santia-go. Isto motivou a divulgação pelo blog Folha de SãoPaulo http://brasil.blogfolha.uol.com.br/2014/05/04/corpo-fechado-na-cultura-brasileira/, com o seguintecomentário do editor Eduardo Scolese:

“Um “alerta” criado no Google Acadêmico me le-vou a “Corpo fechado e mandonismo sertanejo”, ar-tigo que integra um trabalho maior encabeçado pelaComissão Mineira de Folclore.

O texto citado é assinado por Luís Carlos MendesSantiago, estudioso de Pedra Azul, município minei-ro do Vale do Jequitinhonha, colado à Bahia.

Ao longo de 34 páginas, ele apresenta relatos base-ados numa rica bibliografia, com destaque para aimportantíssima Maria Isaura Pereira de Queiroz (tra-balhos incríveis sobre mandonismo e messianismo)e para Eul-soo Pang, um americano de origemcoreana que percorreu os sertões décadas atrás paraestudar as oligarquias e os coronéis da RepúblicaVelha.

O texto de Santiago vale a leitura, primeiro porqueleva o leitor a uma viagem pelo interior do país. De-pois, claro, explica o que é “corpo fechado” na cul-tura brasileira.

É, segundo ele, “o dom da invulnerabilidade às ar-mas de tiro, corte ou perfuração”, ou seja, o sujeitoimune a ferimentos provocados tanto por armas bran-cas quanto de fogo.

Santiago “apresenta” as técnicas para fechar o cor-po, como “carregar breves, patuás ou bolsas de man-dingas”, e aponta alguns dos personagens brasilei-ros mais famosos por esse poder, como Horácio deMattos (aquele coronel que perseguiu a Coluna Pres-tes a partir da Bahia) e Virgulino Ferreira da Silva, oLampião.”

Luis Santiago é autor de muitos méritos. Não aguardoucertificação acadêmica para iniciar o projeto ambicioso pre-visto para conter dez volumes sobre a História e a Culturado Vale do Jequitinhonha. Graduou-se e concluiu o mestradonesse Vale - Sertão, certamente, oferecendo à banca e àorientadora, novos padrões pouco ou nada contemplados napesquisa acadêmica.

O conceito de “Corpo Fechado” destacado pelo editor doFolha de São Paulo “o dom da invulnerabilidade às armasde tiro, corte ou perfuração” abre conversa sobre expedien-tes muito pós-modernos de blindagem do poder, em momen-to em que apenas o marketing político não é mais suficientepara garantir o “dom da invulnerabilidade”. Trata-se da blin-dagem burocrática e da blindagem espacial de que é exem-plo a Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais.O estudo de Luis Santiago abre também senda paraaprofundar as formas nem tão modernas de recrutamentopolítico apresentadas e discutidas na 46ª Semana Mineira deFolclore, quando se tomou como tema “História Local”.Naquela oportunidade, mostrou-se a formação das elites lo-cais e a diversidade de representação do poder nos municípi-os que compõem a Região Metropolitana de Belo Horizonte.Há um saber fazer política que se origina em Sabará, SantaLuzia, Caeté, Pitangui e Vila Rica. Esse saber fazer é diver-sificado conforme a proximidade maior ou menor dos apara-tos repressivos. Alfredo Camarate foi dos primeiros a cha-mar atenção para isso na época de construção de Belo Ho-rizonte.

DE Wallace Gomes

Wallace Gomes, aluno da Universidade Federal de Viçosa efuturo membro da Comissão Mineira de Folclore, seguindoa mesma trilha do tema “Corpo Fechado” publicou a seguin-te mensagem no grupo Comissão Mineira de Folclore dofacebook:Corpo fechado https://www.youtube.com/watch?v=Cm6l7p3M7Xg&feature=youtu.beSemana Santa de Abreus – MGEstende-se as tradições de Semana Santa por todo Brasilcatólico. Presenciei na última várias dessas tradições, algu-mas já em ocaso, que me encheram de orgulho dos que ain-da as mantêm. Fechei meu corpo na Semana Santa, e curio-sa foi a cerimônia, em que o sapientíssimo Sr. Jair Bastiãoguarda de herança familiar. A garrafada, que possui um gos-to bem desagradável, é preparada de cachaça com raiz deguiné, arruda e alho, tudo curtido por toda a quaresma. Toma-se em jejum no dia da Paixão de Cristo. Se essa garrafadanão fechar o corpo, nada mais fecha...Esse assunto trazido por Wallace abriu nova frente de estu-do: A consagração da cachaça. No momento, há trêspessoas mobilizadas nesse assunto.

Lúcia Tânia Augusto ministracurso de Teatro no Clube daMaturidade

Contadores, Griots e Bardos

Teatro “Feito em casa” – Referências Mineiras

Teatro e relações de poder: teatro do Oprimido-

MontagemCARRANCA PÁGINA 17

No final do curso, os participantes encenarão uma peçatendo a história da cachaça como foco.Antropologia da CachaçaNosso grande colaborador de São Paulo, Antônio CarlosCorreia, prepara um álbum sobre músicas de domíniopúblico sobre cachaça a partir da canção descoberta porMário de Andrade no Amazonas e comentada por diversosfolcloristas de diferentes partes do Brasil. Aviltamento,enobrecimento e consagração são temas articulados nasabordagens em apreço.

Antônio Henrique Weitzel:

Terceira Edição de Folclore

Literário e Linguístico

Já se encontra disponível nas livrarias universitárias aterceira edição revista e ampliada da obra Folcloreliterário e linguístico de nosso companheiro AntônioHenrique Weitzel. Editada pela Universidade Federalde Juiz de Fora, a obra é componente necessário debiblioteca que preze o saber popular.A epígrafe deveria ser o brasão dos folcloristas,lembrando Luiz da Câmara Cascudo: “Ouvir o Povoé curso universitário”.Há que aguardar, ainda neste ano, a inéditaFolcmedicina – a medicina do povo. Será a maisnova prenda a ser somada a Vozes do Saber dasGentes; Folcterapias da fala; Advinhas o que é?; eMagia religiosidade e superstição na culturapopular.

Vale a pena ler o artigo de Oliviero Pluviano

em “Carta Capital”, edição 800 de 21 de maio.Sob o título “À Macondo brasileira, um prelú-dio”, o autor coloca em destaque o professorfolclorista, um dos fundadores da ComissãoMineira de Folclore.

Notícias & Comentário“Burarama era uma Macondo brasileira, a ci-dade imaginária imortalizada pelo recém-fa-lecido Garcia Marques, que teria sido muitoapreciada por Flausino Vale (1894-a154) , o‘Paganini Mineiro’, como era chamado por VilaLobos. Em seus 26 Prelúdios para violino-solorevela as origens da música brasileira, dasraízes folk do Sertão às danças marcadas porrebecas e violas caipiras. O seu Prelúdio Nº 7 ,intitulado Ao Pé da Fogueira era um dos bisfavoritos de Jacha Heifetz um dos maiores vi-olinistas do mundo no século XX.”

A Funarte tem reproduzido alguns dos Prelú-dios de Flausino Rodigues do Vale entre eleso referido “Ao Pé da Fogueira”

Da Comissão Paulista de Folclore

Nesta última quinta feira, dia 24 de Abril, o Governador doEstado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o Secretario deTurismo, Cláudio Valverde empossou o novo Conselho Es-tadual de Turismo. O Conselho, que faz parte da Secretariade Estado do Turismo agora tem como integrantes o Presi-dente da Comissão Paulista de Folclóre, Diego Dionísio e avice-presidente, Professora Neide Rodrigues Gomes.

Realizado no Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo deSão Paulo, a cerimônia deu posse a 108 conselheiros es-taduais, representando entidades e organizações ligadas aoturismo e a cultura. O Conselho se reunirá mensalmente parapromover e aperfeiçoar o turismo paulista por meio de pro-gramas e projetos.

A Comissão Paulista de Folclore completou recentemente65 anos de ações em fomento, difusão e registro dasmanifestações tradicionais e patrimônios imateriaispaulista. Constituída de núcleos regionais, tem como abrangência 123 cidades do Estado e vem promovendo oapoio e registro de vários festejos tradicionais.

Romeu Sabará- A Comunidade Negra dosArturos: o drama de um campesinato negrono Brasil

Está previsto para lançamento ainda neste ano, possivelmente,no Mês do Folclore, o lançamento em livro da tese de douto-rado de nosso companheiro Romeu Sabará da Silva. A teseapresentada na íntegra vem precedida do ensaio “Comuni-dade Negra rural, ou comunidade quilombola?”. Nesse en-saio introdutório, Romeu discorre sobre seu percurso pesso-al como professor, pesquisador e cidadão em meio às quere-las que atravessam a produção acadêmica. A obra oferece,portanto, duas sendas. A primeira, em seu cerne, para com-preensão de um estudo em profundidade do chamadoCongado como síntese de um saber viver como herança deum passado escravista. A segunda, dada na introdução, na

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Notícias & Comentário

qual o autor, sem qualquer censura expõe o percurso de qua-se trinta anos de estudo e convivência com comunidadesnegras rurais em Minas, a luta necessária dessas comunida-des para se fazerem presentes e os desafios do pesquisadorpara se fazer reconhecido no meio acadêmico.

Comissão Alagoana de Folclore –Fernando Antônio Netto Lobopresidente

Notícia alviçareira. A Comissão Alagoana de Folcloreestá novamente revitalizada, sob a presidência dofolclorista Antônio Netto Lobo. Aguardamos ampladiscussão sobre o apoio necessário parafuncionamento digno de todas as comissão estaduais.Esse assunto é componente necessário na pauta doscongressos.

SANTA MARIA DE ITABIRA: NALAVRA DO TEMPO

Autora: Joana d’Arc Torres de AssisPatrocínio: Fundação Francisco de Assis, de SantaMaria de ItabiraProjeto gráfico: Marconi e Marcelo DrummondPrefácio: Márcio SampaioPosfácio: Beatriz AlvarengaData: 22 de maio de 2014, às 19:30 horasLocal: Galeria Arte & Gastronomia, RuaPernambuco, 1286, Pç Savassi – BH

São Gonçalo do Rio Abaixo

Convite para o 5º Salão do Livro

Edileila Portes expõe sua arte emGovernador Valadares

Ritual de iniciação de Seu Bené

Seu Bené celebrou, no dia 25 de maio, 80 anos. Afamília em festa lhe conferiu o grau de Mestre,guardião das tradições. Tradição, coisa nenhuma, seuBené é criador do saber a partir da tradição herdada.Nesse dia, foi distribuído com direito a autógrafo aobra máxima de seu Bené, agora mestre Berosi,intitulada A encarnação do Verbo e a remoção doQuerubim. Berosi é Benedito Rodrigues da Silva, paisde nosso companheiro Maco Llobus, também escritore poeta.De que trata o livro? Peripécias do rei negro, Belchior,que na criação do autor é filho de Cleópatra comMarco Antônio, companheiro de Caio Júlio César notriunvirato.

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Relatório de Atividades 2013

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Comissão Mineira de FolcloreConselho Fiscal.

Parecer fiscal 2013

O Conselho Fiscal da Comissão Mineira de Folclore,no uso de suas atribuições, em reunião no dia 22 de janeirode 2014, procedeu exame nas contas da instituição, noexercício de 2013. O Conselho aprova sem nenhuma objeçãoas contas do exercício de 2013, apresentadas pela Diretorianesta data.A campanha para se formar um fundo a ser legado à futuradiretoria é providencial porque viabiliza uma sucessão comsegurança. A formação do referido fundo só foi possívelgraças às doações de sócios e de terceiros que devotamestima à Comissão Mineira de Folclore. A receita fixaproveniente das anuidades dos sócios, não foi e não tem sidosuficiente para cobrir as despesas de custeio. Verifica-se

que nos exercícios de 2011 e 2012 muitos sócios efetivosnão quitaram a contribuição anual e que, em 2013, dos 43membros inscritos, apenas 12 quitaram a referida anuidade,gerando um montante de R$ 2.646,40.

Pelo exposto, a título de sugestão, a Diretoria poderiaenviar aos devedores das anuidades, carta solicitando oobséquio de efetuarem os pagamentos das referidascontribuições.

Louvável a forma correta como a Diretoria presta contaà Assembleia Geral e a demonstração de estima à ComissãoMineira de Folclore.

Belo Horizonte, 22 de janeiro de 2014.

Antônio de Paiva MouraFrei Francisco van der Poel

Águeda Moraes de Carvalhaes Kallás

Relatório de Atividades 2013

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Sede da Comissão Mineira de FolcloreCentro de Celebração de MinasCentro Cultural Salgado Filho

Artigos

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Mulheres MisteriosasMiriam Blonski

São muitas as narrativas que são contadas, cada qual comsuas peculiaridades, entretanto existem elementos em comumque as aproximam. Um deles refere-se à questão dosobrenatural, muito presente no imaginário popular. As visões,aparecendo e desaparecendo, ligam-se à vontade que o serhumano possui de desvendar o além-vida, mas tambémreforçam a existência de seres fantásticos, como olobisomem, a mula sem cabeça e tantos outros. Em temposde Consciência Negra, nada como recordar a bonita históriado Negrinho do Pastoreio, um escravo-menino, que sofreucastigos, que foi injustiçado, mas que teve a proteção de NossaSenhora, que o levou para o céu. Ele ajuda, entre outros dons,a encontrar objetos perdidos.A história que vamos recontar hoje fala de animais, de homense mulheres que aparecem e desaparecem na escuridão.Dois amigos residiam no Povoado de Fernandes. Uma noiteeles ficaram conversando e bebendo umas pinguinhas atéaltas horas. Como um deles passou um pouco das medidas,o companheiro resolveu acompanhá-lo até em casa, paraque nada de desagradável acontecesse. Numa curva, pertode um barranco, eis que corta o caminho, à frente dos dois,um tatu enorme, de carcaça escura e unhas grandes eafiadas. Olha para eles, risca o chão e corre, escondendo-senum buraco. De nada adiantou chamarem os cachorros, cujoslatidos apenas ressoaram na noite, mas nada de fazer o tatuaparecer. Andaram mais um pouco e o amigo foi deixado emcasa, com segurança.De outra feita, o cenário é uma gameleira, junto a qual haviauma grande moita de unha de gato. Ventania, poeira no ar,turvando a visão. Eis que uma cascavel de chocalho comcinco nós, isto é, a víbora tinha cinco anos, aparece de dentroda moita, armando o bote. Ele faz o sinal da cruz eimediatamente a cobra desaparece, para alívio do pobrehomem.A propriedade onde residia tinha uma capoeira que fazia invejaem todos os que a admiravam. Entretanto, para apurar unsdinheiros, foi necessário vendê-la. Os novos donos, diasdepois, atearam fogo no local, provocando uma grandequeimada, fogaréu e muita fumaça. Quando tudo terminou,restaram muitos troncos de árvores, enegrecidos, porém aindaúteis para o fogão. Alguns homens foram até lá para cortarlenha, e qual não foi seu assombro ao verem sair três mulheresde dentro do local, roupas escuras, cada uma com um grandefeixe de lenha na cabeça. Ao perceberem que não estavamsozinhas, desapareceram misteriosamente no ar. No diaseguinte, o narrador desta história, juntamente com seu irmãoLuiz, retornaram ao lugar da queimada. Chegou a hora doalmoço e eles sentaram-se para comer. Ao abrirem asmarmitas, viram aproximar-se uma senhora, já de idade.Muito educados e respeitosos, cumprimentaram a anciãpedindo-lhe a bênção, e ofereceram-lhe um pouco da refeição.Imediatamente ela começou a rosnar, saindo rapidamentede perto dos dois, desaparecendo na encruzilhada à frente.

Um pouco pelos acontecimentos, e um pouco para viveremnum local melhor, o homem e sua família mudam-se para asede do município, e passam a residir num bairro chamadoPiçarrão. Atendendo a um chamado de amigos, ele vai atéas proximidades do Posto Recreio, numa noite de lua cheia.No caminho encontra-se com uma senhora, alta,desta vezvestida de vermelho, com duas malas também vermelhas,que vão crescendo, crescendo. Aproximou-se. A mulher fezum gesto com a mão, chamando-o. O pobre coitado ficoutão assustado que desabalou em carreira desenfreada, tal omedo da desconhecida.Mudam-se e passam a residir na localidade de Matias.Continuou sem ter sossego. Passou a ouvir batidas na porta,que ninguém percebia, só ele. Pegou uma espingardachumbeira e tentou atirar naquela direção, mas o medo travou-lhe os dedos e ele não conseguiu nem sair do lugar. No diaseguinte, pela manhã, quando se preparava para tomar café,aparece à sua frente uma mulher, de lenço e roupa brancos,que logo saiu à porta da casa e começou a colher vassouras.Atodo momento ela procurava ficar perto dele. Nada dizia,nem cumprimentava. Isso durou até a hora do almoço. Ohomem já não sabia o que fazer. Pegou a panela com o mexidoque preparara e ofereceu à mulher. Imediatamente eladesapareceu, deixando um cheiro de enxofre no lugar.Perguntou aos vizinhos quem poderia ser, e eles informaramque, com certeza, era a antiga moradora da casa, que haviamorrido.Tantos acontecimentos misteriosos estavam deixando ohomem desorientado. Resolveu sair dali, e foi novamente paraa cidade, para o bairro Vale do Sol. E não é que uma mulher,desta vez branca, alta, cabelos compridos, olhos azuis, aparecepara ele?Em conversa, ele me disse:_ Não acredito em fantasias que contam por aí. Dizem queas pessoas que morrem não retornam para dar notícias aosque ficam. Sei lá! Acho que elas voltam, sim.Só pude aconselhar que ele andasse com uma cruz nopescoço e um raminho de arruda atrás da orelha. Isso é muitobom para espantar fantasmas mal intencionados...

História narrada peloSr.Valter Anselmo Pio, Nascido em São Gonçalodo Rio Abaixo, e Residente no BairroSanta Catarina.

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PEDRO TEIXEIRA – UM GUERREIRODO FOLCLORE ALAGOANO

“Meu maracatu é da coroa Imperial, (bis)

É de Alagoas, ele é da Casa real...

Maracatu vamos embora, antes que o povo mande

Pegou fogo o tabuleiro de Campina Grande.”

Numa métrica incomum , muito há depoesias cantadas nos grupos folclóricos de Alagoas, estasobressai. Não simplesmente, pelo fato de exaltar o nossoEstado, mas também por ser criação de uma mente genial,chamada Pedro Teixeira de Vasconcelos(1916-2000).

A figura de Pedro dispensa apresentações aosque conhecem a cultura de nosso povo. O velho guerreiro,não utilizava as mãos apenas, como meio de transmitir seusensinamentos. A prática, o incentivo, foram além das palavras.O filho de Aureliano Teixeira de Vasconcelos ,da Chã Preta,carregou consigo a paixão pelas mais belas tradições de nossaterra. Não obstante todos os grupos folclóricos criados porele,desde o pastoril,passando porguerreiros,maracatus,baianas, negras da costa e reisado, odestino reservou-lhe algo mais.

O pupilo do mestre Théo Brandão, emprestou seu nome na fundação de algumas escolas em Alagoas:Colégio Cristo Redentor e Colégio Pio XII,ambas na cidadede Palmeira dos Índios. A Escola Técnica do Comércio deViçosa, da qual foi diretor; o Colégio de Assembléia,ondelecionou Francês,Latim,Português e História do Brasil. Nasua terra,Pedro realizou o sonho de seus conterrâneos,criandoa Escola Cenecista Professora Amélia Vasconcelos,onde lá,nasceram os grupos folclóricos,que em várias ocasiõesrepresentou o Estado,nos festivais de folclore,nas maisdiversas unidades da federação.

Diante de tantos fatos, que permearam sua vida,Pedro encontrou tempo,para escrever algumas obras: ALúdica Popular; Andanças pelo folclore; Gorjeios doSabiá, Dança,Música e Torneio e Causos e Lendas dofolclore alagoano. As palavras agora traduzem, ainda quesuperficialmente o sentimento de um homem, que se doou,por uma causa – a cultura popular. As velhas ruas da ChãPreta, dão um testemunho eloqüente, da grandeza de MestrePedro. Lá, onde ele fazia-se ouvir o som de seuapito,equiparando-se a batuta de um maestro,frente a suaorquestra. As noites natalinas, eram uma demonstração derara beleza, com a apresentação indescritível do pastoril.De um lado as pastoras de cordão azul ,do outro,as do cordão

encarnado,exibindo suas coreografias e a pompa do trajesenfeitados com reluzentes fitas.

Foi neste cenário um tanto quanto bucólico , que Pedro Teixeira viveu grande parte de sua vida. Desde amais tenra idade, no antigo engenho Bonsucesso, asexpressões populares acompanhava-o . Ora nas cavalhadasde seu tio Antônio Teixeira de Vasconcelos (Titonho), ora nopastoril de Beatriz Vasconcelos, também sua tia. A genéticafolclórica, herdada por ele,é algo visceral ,que o acompanhoudesde Chã Preta,aos mais longínquos recônditos deste país.Suas apresentações nos palcos do festival Nacional deFolclore, em Olímpia/ São Paulo e palestras ministradas, emUniversidades da America Latina e Europa ,lhe renderam otítulo de mestre da cultura. Genuíno defensor da preservaçãoartística e cultural, deixou um legado indelével às futurasgerações. Traduzia em si, o sentimento, quiçá de um DomQuixote de La Mancha, nesta cruzada ferrenha, como emcerta ocasião falara, sobre a árdua missão de manter viva astradições, herdadas de seus antepassados.

Seu nome perpetuará, nos anais da história,asvezes que se observar os hinos dos municípios de Chã Preta,Quebrangulo, Santa Luzia do Norte e verem a epigrafe dePedro,como seu compositor.

Na cristalidade dos seus gestos tão fidalgos,transbordava o manancial da sua generosidade,com a perfeição e amor.As intempéries da vida lhe bateram aporta.Os sofrimentos angustiaram o seu coração.Asdificuldades da ordem de saúde,tolheram muitas vezes osseus passos cadenciados.A via da sua gloriosa existência quelhe cobria de flores,ficou muitas vezes salpicadas de espinhosperfurantes,que procuravam deter a marcha ascendente doseu triunfo. Esta via dolorosa, vivida por ele, teve seu fim,em 12 de junho de 2000,em um leito na Santa Casa deMisericórdia de Maceió.

O folclore alagoano ficou de luto. Osatabaques,agogôs,xequerês, emudeceram ,em reverencia amemória de seu grande mestre. A voz,rouca que comandavao guerreiro,calou-se para sempre. O mateu de reisado, comoele se declarava, perdeu sua alegria. A sua Princesa dosMontes,tão exaltada em suas poesias, agora recebe em seuseio, o seu filho mais ilustre.

Pedro partiu, na certeza de dever cumprido.Como homem que honrou sua terra, e lutou para preservar,suamaior riqueza – a cultura de seu povo. Galgou os píncaros daglória, seu nome é reverenciado pelo Brasil, ao lado degrandes vultos do folclore popular: Luís da Câmara Cascudo,Roger Bastides, Théo Brandão, Mario de Andrade,PierreVerger.

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Sobre o morte de Pedro Teixeira,brilhantemente escreve um de seus mais fies discípulos,professor Ranilson França de Souza: “Partiu o últimoremanescente da escola de Viçosa”.

Olegário Venceslau da Silva, escritor, poeta, membro daAcademia Alagoana de Cultura, sócio correspondente

ATLECA, membro da Academia Maceioense de Letras emembro da Comissão Alagoana de Folclore.

Prevenido, preparado

Raimundo Nonato de Miranda Chaves

Durante um lanche com a família, eu falava sobre a ComissãoMineira de Folclore. Ao terminar, minha neta Carolina, quese diz pre adolescente, com seus dez anos de esperteza, meperguntou:

— Meu Vô, você é um folclorista?

— Acho que sim. Respondi.

— O que é um folclorista? Ela insistiu.

— Folclorista é um estudioso do folclore.

— O que é folclore? Carol continuou.

— Folclore é o objeto de estudo do folclorista.

— Vô! Não me enrola! Você voltou ao inicio! Você está emlooping.

— Carol, para falar sobre folclore faz-se necessário maistempo.

— Eu tenho todo o tempo, meu Vô! Pode começar!

Folclore é sinônimo de Cultura Popular. São os saberes e osfazeres de um povo. Pense em uma Comunidade com suasdanças, cantorias, folguedos, lendas, provérbios, rezas,esportes e ofícios tais como saber: costurar, cozinhar, construircasas, fazer calçados e outros. Estes saberes e fazeres, deforma coletiva, são transmitidos de geração em geração eformam a identidade da comunidade. Carol, você tem umaidentidade, a sua individualidade, tem seu jeito próprio de ser.A Comunidade também tem uma identidade que écaracterizada pela sua cultura, seja pelo seu folclore.

Eu tenho assistido e aplaudido, desde jovem, danças ecantorias, partes do folclore:

• Folia de Reis é uma importante manifestação defolclore nos estados do sudeste. Agora, liga seu tablet eacesse o site www.afagouveia.org.br. Ai você encontravídeos de duas folias se apresentando na celebração dolevantamento do mastro, durante o jubileu de Cemitério doPeixe, município de Conceição do Mato Dentro; e nacelebração do centenário da Escola João Baiano nacomunidade de Camilinho, município de Gouveia. A folia dereis foi introduzida no Brasil pelos portugueses.

• Caboclinhos e Marujos, eu assisti, quandosecundarista, em Diamantina – celebração da Festa doDivino – apresentação dos dois grupos, vindos de Serro.Os primeiros apresentaram a dança Pau-de-Fita e ossegundos apresentaram o Desafio-de-Espadas. Agora,você acessa o Youtube e veja os vídeos.Caboclinhos ou Caboclos e Marujos são duas guardas doCongado.Congado ou Congo é uma manifestação que se fortaleceuna região das Minas Gerais no século XVIII, quando dachegada, capturados como escravos, de membros darealeza congolense. Estes escravos, de sangue nobre,conseguiram aglutinar os demais e passaram a encenar acoroação do Rei do Congo. O cerimonial coonsiste, entreoutros eventos, de uma procissão onde o Rei do Congodesfila acompanhado de um cortejo hierarquizado: o rei, arainha, os generais e capitães, depois, as guardas doCongo. São oito guardas: Candombe, Caboclos, Marujos,Moçambique, Guardas de São Jorge, Catopés, Congo eVilâo. São manifestações criadas pelos escravos e estãoassociados à religião, homenageiam Nossa Senhora doRosário e os santos negros: Benedito e Efigênia.Veja detalhes no spot http://museuguardas.blogspot.com.br/ Os festejos do Reinadoapresentam uma estrutura organizacional complexa.Monografia sobre o Congado – ver em http://guardastextos.blogspot.com.br/• Cavalhada, eu assisti, quando universitário, emViçosa. É uma simulação de batalhas entre Cristãos eMouros quando estes ocuparam a Espanha. Num grandecampo de batalha, onde de um lado, o lado do poente, 12cavaleiros cristãos vestidos de azul, a cor do cristianismo,lutam contra 12 cavaleiros mouros vestidos de vermelho,encastelados no lado do sol nascente. Celebraçãotradicional em Pirenopolis (GO), sitewww.pirenopolis.tur.br A manifestação foi trazida ao Brasilpelos jesuítas. Veja vídeo no Youtube de apresentaçãoem Pirenopolis (GO).• Chula, assisti, em Pelotas (RS) – congresso deestudantes de Agronomia. Chula é uma dança típica do RioGrande do Sul. Dançada em desafio, praticada apenas porhomens. A chula do Rio Grande do Sul vem da chula dePortugal. Veja vídeo no Youtube. Uma vara de madeiradenominada lança e medindo cerca de 2 ou 3 metros decomprimento é colocada no chão, com dois ou trêsdançarinos dispostos em suas extremidades. Ao som da

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gaita gaúcha, os dançarinos executam diferentes sapateados,avançando e recuando sobre o pedaço de madeira. Na qualdois bailarinos ( ou mais ) se confrontam , cada um desejandomostrar as suas qualidades coreográficas , através de gestuaismovimentos e sapateados, de um e de outro lado da lança demadeira, colocada devidamente no chão.

— Carol, estou lhe falando apenas de manifestações queassisti desde muito jovem. O folclore é muito mais do queisto, é o conjunto de saberes e fazeres de um povo. Para quevocê tenha uma ideia da amplitude atente para o relato aseguir.

Os ingleses são tidos como um povo organizado. Elesfundaram, em 1876, em Londres, a Folklore Society eorganizaram os fazeres e saberes em quatro grupos:

1. Narrativas tradicionais (contos, baladas, canções elendas);

2. Costumes tradicionais (costumes locais, festas,danças e jogos);

3. Supertições e crenças (bruxaria, astrologia,supertições e feitiçaria);

4. Linguagem popular (ditos, nomenclatura, proverbios,refrões, adivinhações).

— Carol, você quer descansar? Continuaremos mais tarde!

— Não, Vô! Continua por favor!

— Retornarei ao folclore, mas, agora, falarei um pouco sobreo folclorista.

Folcloristas são estudiosos do folclore, gente com formaçãoacadêmica de terceiro e quarto graus, que se dedica ao ensino,à pesquisa, à produção literária, à criação, organização eadministração de entidades da sociedade civil, assim como, deinstituições da administração pública, voltadas, estas e aquelas,ao estudo do folclore.O interesse pelo folclore teve inicio na Alemanha, começo doséculo XIX, com a coleta de cantigas infantis. Outros paisesda Europa e da América também despertaram para o folclore.Uma bonita história foi vivida nestes dois séculos conformenos mostra Maria de Cascia Frade na Conferencia intitulada:Evolução do Conceito de Folclore e Cultura Popular eapresentada no 10º. Congresso Brasileiro de Folclore edisponível no site www.cmfolclore.ufma.br/pesquisa.php.Nestes dois séculos os folcloristas construíram um notávelacervo bibliográfico, disponibilizando para o público: artigos,revistas, jornais, boletins, livros, conferências, anais decongressos, vídeos, filmes; organizaram museus – visitevirtualmente o Museu de Artes e Ofícios acessando o sitewww.mao.org.br –; organizaram-se em entidades; realizarameventos: Fórum, Encontros, Cursos, Seminários, Semanas,Congressos. E mais, elevaram os estudos do folclore ao nívelde Ciência - parte da Antropologia Cultural.Diante deste acervo imenso de cultura, eu me sinto um neófito,isto é, um recém-chegado. No que diz respeito a assistir e aaplaudir manifestações folclóricas, principalmente, as queenvolvem cantorias, danças e similares eu o tenho feito desdeminha mocidade. Agora, sou, com muito orgulho, membro

efetivo da Comissão Mineira de Folclore e, como tal,estou sujeito a questionamentos, como o que acaba deme fazer a minha neta Carol. Então, considero-meprevenido e devo estar preparado. Praemonitus,praemunitus é o que diria o Capitão Blood – intrépidoe erudito corsário criado pela fértil imaginação doescritor Rafael Sabatini.Voltando ao folclore, Cascia Frade, citando Burke afirma:“ter surgido o interesse pela cultura popular no momentoem que ela tendia a desaparecer, sob o impacto darevolução industrial”. Realmente os ofícios – modo devida, ocupação, profissão – sofrerem durogolpe com o desenvolvimento das ciênciase da tecnologia. Quando escrevo Ofícios estoupensando na atividade do alfaiate, do seleiro, dorelojoeiro... Estou pensando na existência de um mestreou preceptor, de um aprendiz e de um oficio a seraprendido. Hoje, a ciência e a tecnologia desenvolverammuito, a população cresceu de forma exponencial e exige,por isso, mais produtos e fornece mais gente paradesenvolver mais tecnologia. Nesta roda viva, a palavrachave é produtividade. Produtividade é maior produçãopor unidade de área, por unidade de homem, ou melhor,por unidade de moeda, o denominador comum. Quemproduz mais por unidade de moeda, tem maiorprodutividade e vence a concorrência. As máquinasmecânicas multiplicam a força física do homem e aseletrônicas multiplicam sua capacidade mental. Dai, osofícios, regra geral, são abafados. Não há aprendiz. Todossabem que ele não terá produtividade para vencer seusconcorrentes. Como é que uma mocinha da zona rural,lá de Ribeirão de Areia, extraordinariamente, habilidosanos bordados de toalhas e colchas vai concorrer comuma máquina de bordar, com doze cabeças, cada umadelas comandada por um programa, codificado emlinguagem de máquina, produzindo bordados diferentes,com mais rapidez e nenhum tempo de descanso.

Então, Carol! O desenvolvimento das ciências e datecnologia reduziu a importância dos Ofícios. Mas,folclore não é apenas ofícios. Outros setores foramlargamente beneficiados com o desenvolvimento dascomunicações. A internet eliminou as distancias. Vocêpode, da sua residência, apreciar vídeos do Boi Caprichosode Parintins (AM); da Dança do Maracatu de Recife(PE); das celebrações da Festa do Divino em Pirenopolis(GO); do Encontro Nacional de Folias de Reis em Muqui(ES); das Danças Gaúchas de Porto Alegre (RS); Aimportância do tempo, também, ficou reduzida: você teveconhecimento do show depois de realizado? Não sepreocupe. Se o show foi bom ele, com certeza, estágravado. O desenvolvimento dos meios de comunicação:Rádios, TVs e Teatro também beneficiaram o folclore,através da publicidade. Na internet podem-se encontrarinformações tais como:

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• O cantor Milton Nascimento fez um show no teatroPalácio das Artes, na capital mineira, apresentando adança e a música do Povo do Açude – conhecido grupode Candombe da Serra do Cipó. Ver no portal daRevista Raiz http://revistaraiz.uol.com.br/portal/index.php?

• O cantor de Montes Claros, Tino Gomes, em seu

décimo terceiro álbum, explora toda a sonoridade

dos tambores do norte de Minas, misturando ritmos

e instrumentos e apresenta O projeto “Catopezera

Brazilis” no Teatro Rival Petrobras, Cinelandia, Rio

de Janeiro. Ver em http://www.rivalpetrobras.com.br/tino.html.

• Veja em https://www.youtube.com/

watch?v=xeGLCelb3JI o cantor Leonardo levando

os catireiros – dançadores de catira – infantis do

grupo Pedro e Pedrinho ao programa do Faustão

da TV Globo.

Para finalizar, dois pequenos comentários:Primeiro: As instituições que aglutinam os pensadores dofolclore, na sociedade civil: Comissão Nacional doFolclore, Comissões Estaduais do Folclore, outrosgrupos de estudo; na administração pública: Secretariasde Estado e Secretarias Municipais de Cultura, Núcleosde Universidades, Centro Nacional do Folclore, Museuse outros constituem uma força extraordinária em favordos estudos de folclore, quando nada pelo número deinstituições. Importante que se entendam, que conversementre si, que puxem as cordas no mesmo sentido.Segundo: Discute-se cultura popular como oposta acultura erudita. Ambas estão entrelaçadas, para usar umaexpressão biológica: são espécies de um mesmo gênero.Isto é assunto para uma próxima conversa.

CORRÊA, Juliana Aparecida Garcia. De reinados e

de reisados: a festa, vida social e experiência

coletiva em Justinópolis / MG. Belo Horizonte:

Universidade Federal de Minas Gerais, 2009.

[Dissertação de mestrado em Antropologia Social]

Juliana, em primeiro lugar, quero situar meu comentário.Ele não tem nada a ver com sua dissertação, enquantotrabalho de conclusão do mestrado. Não faço, porque a bancajá o fez com toda competência e propôs que você encaminheo trabalho para apreciação dos examinadores do concursoda ANPOCS. Essa proposta é da maior importância, tendoem vista ser dever da banca conhecer os critérios deavaliação para premiação. Isto já informa a qualidade de seutrabalho e sua relevância acadêmica.Meu comentário é o de um leitor muito privilegiado que tevecondição de acompanhá-la no curso de especialização emFolclore e Cultura Popular, cujo tema principal era “Festas eFormações Regionais”. Como lhe disse, quando vocêapresentou seu projeto ao mestrado, você soube situar o seutema e o objeto para uma boa interlocução com a Antropologiadesenvolvendo o assunto conforme a embocadura necessáriaao tom da conversa naquele meio. Esse foi seu maior méritoe um grande trunfo.Passo agora aos meus comentários Em primeiro lugar o Planode Redação. Seu trabalho é original até nisso. A divisão emtrês partes, embora siga as regras de redação de monografias,exibe marcas bastante pessoais – Introdução,Desenvolvimento e Conclusão. Dá-se o caso, porém, que

essas partes recebem um tratamento comunicativo de altaqualidade. Você está sempre presente e a opção narrativanão se descola do sujeito narrador. Esse sujeito narrador viveentre dois desafios: o primeiro é o de dialogar com os autoresprivilegiados pela academia e escolher entre esses sujeitosaqueles mais relevantes para o assunto. Trata-se, nesse caso,de explicitar um dos segmentos de seu olhar interpretativo.Mauss, Divignaud, Durkheim, Van Genep, Roberto da Mata,Perez, Sanchis, entre outros. O maior desafio presente nessaescolha é o de situar cada um no interior do próprio discursoe definir o seu público ao qual se destina o exame daproblemática. Mauss, Durkheim e Van Genep sãocontemporâneos que se remetem uns aos outros, esclarecendoproblemas clássicos, mas bem situados. Os demais autoressão contemporâneos nossos e leitores atentos desses trêsprimeiros e trazem para nossos dias o exame das questõesclássicas. Desse modo a busca de um olhar interpretativocom a ajuda desses autores exige a explicitação dodesenvolvimento do “olhar ingênuo” da autora que narra asperipécias de construção do objeto.O segundo desafio é o de mostrar que, do olhar ingênuopodem brotar narrações que qualificam melhor as situaçõesvividas, no caso, um percurso por Justinópolis e suas festas,ou, mais precisamente, um percurso pelos membros daIrmandade de Nossa Senhora do Rosário do bairro Labancae as festas do ciclo de Reis e as do Ciclo do Rosário. Masseu maior desafio, ao optar por se colocar como sujeito danarrativa foi o de explicitar o “Referencial do Sujeito”. Euquero acreditar que todos os elogios que mereceu da bancasão devidos exatamente a essa ousadia. A cobrança paraque registrasse sua origem na Educação Física – uma técnicados movimentos corporais – no meu entender, é devida a

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isso. A banca achou que você escondeu essa origemaltamente explicativa de sua estrutura narrativa. Eu achoque é mais do que isto. Ao deixar de enfatizar a origem desseolhar para os movimentos do corpo e suas técnicas, vocêtambém deixou de narrar alguns movimentos característicosdas danças e que marcam a distinção do fagote, lundu parafagote, candombe, congo, moçambique.A opção pelo referencial do sujeito da narrativa, além deousadia é uma exposição a críticas infindas. Quer dizer quetodo leitor se sentirá no direito de eliminar análises, discordardas análises e da seleção dos acontecimentos, sem nenhumaoutra justificativa a não ser a de ser o “outro”. A Antropologiaque, em certo momento de sua trajetória, se deu conta daexistência desse “outro”, também teve que se haver com acriação de diálogos solipsistas tendo que se haver com anecessidade de discutir a ação comunicativa.Marisa Peirano, uma das autoras convocadas por você nodiálogo, se pergunta: por que os sociólogos mais deterministas– aqueles que buscam nexos causais nos acontecimentos –quando se trata de relatarem o próprio percurso, atribuem-nos a forças do acaso? Este é o desafio de trabalhar com oreferencial do sujeito sem uma reflexão sobre a identidade ea ipsidade, esses dois conceitos centrais das teorias oufilosofias das modernidades. Os referenciais dos sujeitos, dequalquer sujeito, estão presos à sua história, mas isto é ummito da modernidade que quer transpor para a linguagem eos discursos que ela possibilita o mito do sujeito individual,esquecendo-se do sujeito do discurso e da possibilidade dealguém se referir a si mesmo como agente ou testemunha deuma história.No curso de Folclore, eu redigi um texto para vocês, no qualexamino a trajetória e o direito do emprego do EU nodiscurso. Contrastei duas situações. Na primeira, o chefemáximo diz: EU, El Rei, ordeno e afirmo. Nota-se que o chefemáximo usa do direito de se referir a si mesmo como centrode uma ordem ou de uma interpretação. No segundo caso,exibi este exemplo: A mãe chamando o filho:

- Juliana!- Eu! [responde a menina]- Eu, não. Senhora! [Corrige a mãe]

O que a mãe mostra é a interdição do emprego da designaçãodo sujeito, na relação com o superior. O direito ao usoindiscriminado da referência a si mesmo é uma novidade nointerior dos movimentos da modernidade ocidental. Se vocêassistiu à novela Caminho das Índias pode ver as dificuldadesda brasileira que se casou com o indiano e que, após ocasamento, quis continuar a chamá-lo em público pelo nome,bem como ao sogro e à sogra. Ao se casar a pessoa perde odireito de usar nomes próprios e tem a obrigação de identificaros sujeitos numa estrutura de família.Estou fazendo essas ponderações para lembrar-lhe que aousadia é muito maior do que você pensa. Você se mostracerta e convicta do direito de se referir a si mesma como aúnica responsável pelo seu discurso narrativo: “Apresentoaqui [eu, Juliana] uma dentre as múltiplas possibilidades denarrativas suscitadas por um encontro.” Isso você afirma naabertura de sua dissertação, à página 15. Vem-me à mente

esta afirmação de Umberto Eco, tratando da EstéticaMedieval. Ele diz que os artistas da idade Média, diziam semreceio que não estavam criando nada, tudo era cópia. Dooutro lado, Eco se depara com os artistas da modernidadeque estão certos de não copiarem nada. Tudo é criação. Ecopondera, os artistas medievais criavam, dizendo que copiavam,enquanto os modernos copiam enquanto dizem que criam.Quando leio seu esforço em se prezar como sujeito único desua narrativa surge a pergunta: o que tem a ver Van Gennep,Marcel Mauss e outros com isso? Não seria suficiente vocêse embrenhar em suas memórias e registrar apenas o quemerecem registro a partir delas? Você responderá: É claroque não, nesse caso eu não estaria num mestrado emAntropologia Social. É por isso que enquanto sujeito danarrativa você está submissa aos códigos da etnografia. Dessemodo, você vai se expor principalmente às críticas dos quefizeram algum percurso nessa área. Leram Malinowiski,Mauss, Velho, etc. É no interior dessa “caixa preta” que osujeito Juliana se constitui. [Sobre caixa preta estou mereferindo ao Ciência em ação de Bruno Latour.]A leitura de seu texto com emprego do referencial do sujeitonarrativo me faz lembrar uma discussão que tive com aprimeira turma do Curso de Especialização em Folclore. Ameninada proveniente do campo da Educação Física e dasArtes acreditava na existência de uma Pós-modernidade. Eudefendi que a pós-modernidade é uma ilusão criada pelosartistas estimulados a criarem incessantemente, segundo oimperativo da Modernidade. “Seja você mesmo” não é nadamais do que um imperativo da modernidade. Essamodernidade, ávida de novidades, sem esgotar as promessasinventou um novo nome para si mesma. E pode inventar muitosmais como a que propus “Plus-ultra-pós-modernidade”.Quero sublinhar, não vejo demérito nenhum em vocêprivilegiar o sujeito da narrativa, isso, porém não é nemoriginal, nem lhe traz vantagens. Descartes o inventou e vempagando esse mico há 400 anos. Karl Popper, um dos meusautores preferidos, me deu uma chave importantíssima paracompreender a modernidade. Ele diz, até o século XVI sedizia que o Juiz lê a Lei. Isso quer dizer que o magistrado nãoalegava qualquer direito subjetivo na leitura da Lei. Hoje,afirma Popper, se diz, o Juiz interpreta a Lei. Isso querdizer que a lei não se compreende mais com uma única leitura.A Reforma Protestante é o momento especial de defesa dainterpretação. Não basta ler a Bíblia, cada crente deveinterpretá-la. Assim surge a hermenêutica moderna,sobrepondo-se à exegese antiga.Um autor que gastou a vida toda com essa querela do sujeitocartesiano foi Edmund Husserl. Meditações Cartesianas eA crise da Ciência Européia são duas obras que chamam aatenção para essa descoberta do sujeito EU por Descartes.Nas Meditações, Husserl quer seguir o caminho cartesianopara descobrir ele mesmo essa possibilidade de estabelecercertezas a partir do EU pensante. Em A crise, esse autorgasta mais de mil páginas para se debruçar sobre a crise daciência européia obediente a esses códigos da evidênciaapodítica fenomenológica. Conclusão do autor; “O sonhoacabou”. Para chegar a essa decepção, Husserl gastou

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páginas e mais páginas de notas de rodapé, e notas denotas. O Sujeito eu, há que concluir, é apenas um lugarno discurso comunicativo. Usar eu é apenas simplificarrelatos atrás de relatos. “Quando eu era criança mamãeme disse”... “quando cresci, meu professor, meuscolegas, um colega especial”, “Ontem, eu...” etc.Você poderá me dizer que, nos Códigos da Antropologia,especialmente, após a autocrítica de seu compromissocom o colonialismo, reina o preceito do relativismo e adescoberta da alteridade. No seu texto você foi tão fiela isso que respondeu “não” ao convite de Seu Zezé deparar de brincar e vir dançar. Eu fiquei intrigado comessa recusa. Temos aqui sua fidelidade ao código daetnografia. O Pesquisador e o primitivo. Mas, você citaVelho, o Otávio, cita também Roberto da Mata, essesautores têm estudado os primitivos contemporâneosresidentes em apartamentos de Copacabana e o carnavalbrasileiro, sem medo de serem moradores de apartamentoou de serem brasileiros atraídos pelo carnaval.Escrevi, em resposta ao comentário de Antropólogo daFAFICH, em uma comunicação a um congresso que adiferença entre o Antropólogo e o Folclorista está emque o Folclorista não estranha o seu povo. Essedistanciamento é uma categoria inventada para defendera “objetividade”, mas um exame mais atento dosprocessos comunicativos poderá nos mostrar que odistanciamento tem como objetivo calar os sujeitos –outros.Você foi altamente elogiada quanto a esse esforço decolocar no mesmo plano de diálogo, seu Dirceu, seu Zezé,Seu Adelmo e todos os demais juntamente com VanGennep, Mauss, etc.Passo, agora a enumerar algumas coisas que meincomodaram. Mana, sagrado, profano, festa, ritos, mitos,e muitos outros termos são referidos a autores e utilizadospara diálogo sem explicitação. Um exemplo: você diz dafolia como tendo um componente sagrado e outro profano,o mesmo é dito do reinado. Eu queria saber o quecaracteriza o “profano” diante do que é sagrado. Pensoque um bom ponto de partida para explorar isso é

examinar a “profanação”. Eu assisti o pessoal da folia, antes desair para visita, ir ao canto da igreja e tomar um “trago”. Naminha interpretação era um ato sagrado. No entanto, o capelão,se estivesse presente, seguramente arguiria que aquilo era umaprofanação do lugar sagrado, o templo de Nossa Senhora doRosário. A Guarda de São Jorge da Vilma da Concórdia justificaa presença de mulheres como expediente para manter a “tradição”desrespeitada pelos homens bêbados.Falar em tradição, esse parece ser outro termo com o qual vocêlida com medo [página 23]. Você coloca a “doxa” como se elafosse um dogma.Para este leitor, você ficou devendo narrativas mais extensas efirmes sobre catolicismo oficial e catolicismo popular [p. 46 porexemplo]. Na página 65. você registra um relato de Seu Zezéque é o cântico de pedido de ingresso na igreja na hora da MissaConga. Pois bem. A missa conga é uma criação de Romeu Sabará,juntamente com o Capitão Edson da Federação dos Congados edo Padre Massoti. De que lado está o catolicismo popular?Você convoca Alba Zaluar para abonar a “prática popularespontânea – isto é fora do controle da igreja” [p.27]. Nessemomento senti falta de você convocar outro estudioso mais atentopara esses assuntos: Carlos Rodrigues Brandão. Por que ele. Otítulo de sua obra sobre folias de reis é Sacerdotes de Viola.Como esse autor chegou ao estudo da religiosidade popular?Através das Comunidades Eclesiais de Base. A última obra desseautor, na qual ele resume todos os estudos importantes sobrecongado e folias se chama De tão longe venho vindo. Comoleitor eu penso que Alba é a menos qualificada para esse assunto

Estes são meus comentários introdutórios. Como você vê, nãoestou propondo nem sugerindo nenhuma mudança em seu texto,apenas me manifestando como leitor e admirador.Vou lhe mandar outro comentário apontando erros de revisão,problemas de citação e de recuperação de referênciasbibliográficas, porque isso é importante para encaminhar o trabalhopara a ANPOCS.

Um abraço,

José Moreira de Souza

Prefácio ao Livro do Congadeiro

Tenho à mão O livro do Congadeiro de AndreiaPatrícia. É a segunda versão que me chega. Nelese revela a jornalista devota. Logo na primeirapágina, ela pede ao leitor que o leia “com devoção”.Poderia ser diferente? Movida a escrever após setornar princesa do Rosário, Andreia descobriu nosmistérios da festa os motivos da devoção.O Rosário de Nossa Senhora é uma convocaçãoà devoção, ao amor irrestrito, ao congraçamento,à identificação do irmão. Será esse convite à

devoção que norteará minhas palavras ao longo desteprefácio.Medito em primeiro lugar sobre o Rosário. Antes de ser aligação de irmandade entre negros e brancos, o rosário ofoi entre brancos europeus, sarracenos e mouros.Dominados pelos árabes, em luta sem tréguas, ao longode sete séculos, os ibéricos se apropriaram do Rosário doislam. Nele descobriram um convite à paz, à identificaçãocom o outro dominador. Foi em nome do Rosário que aEuropa venceu a invasão turca na Batalha de Lepanto. Os

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dominicanos, empenhados na difusão docristianismo, tornaram o rosário o símbolo dadivulgação da fé.Quem tem consigo o rosário não terá nada a temer.Nossa Senhora o salvará da morte eterna.O padre Antônio Vieira, nosso maior pregador emtodos os tempos, em um dos seus inúmerossermões devotados a Nossa Senhora do Rosárionarra a peripécia de um rei que, malvado epecador, tinha apenas uma virtude: trazer sempreconsigo, pendente de suas vestes, o rosário deNossa Senhora. Ao morrer, foi ter ao julgamento eos demônios em festa já o conduziam àsprofundezas do inferno, quando Nossa Senhora seaproxima e retira-lhe da túnica o rosário, colocando-o do outro lado da balança. Súbito, todos os malesque pesavam do outro lado confirmando o veredictoda condenação eterna se tornaram leves e o pratodas virtudes assumiu tal peso para espanto eindignação dos demônios vencidos e humilhados.Vencidos e humilhados, mas não conformados,bradaram contra a “injustiça” praticada.Desconhecendo as imprecações, Maria se dirigiuao rei e ordenou que retornasse à terra e honrasseo rosário que carregara sem mérito ao longo davida e o honrasse doravante. Vieira sublinhou queo uso do rosário valeu ao rei uma nova oportunidadeporque, ao ostentá-lo, mesmo sem querer, ele setornou exemplo de devoção para todos os seussúditos. Esses não imitavam as suas práticas, masentendiam sua obrigação de fidelidade à pregaçãodo Rosário de Nossa Senhora.

É ainda o padre Antônio Vieira que decifrapara os fiéis o segredo do Rosário para o cristão.O Rosário, prega, é o Sacramento digerido, osmistérios da fé postos em discurso, analisados.Ao percorrer as cento e cinquenta contas, divididasem quinze mistérios, medita-se sobre a trajetóriada salvação.

Esse é o poder do rosário, tal qual a Europacompreendeu e transmitiu aos negros cativos ouforros, os quais o receberam de coração aberto eo têm como arma potente e invencível. Afinal, o quesão rosas? Flores que brotam entre espinhos,defendidas pelos espinhos, demarcando adistância e exalando odores celestiais. Colhidas,são manifestação de apreço e carinho, mensagemde paz. Contadas, uma a uma, são lágrimasderramadas pelo reconhecimento do perdãoalcançado, força de união.O Rosário em mão dos negros é uma arma tãoimportante quanto ele o foi para os ibéricos na lutacontra os mouros. Da mesma forma que na lutaentre mouros e cristãos, a apropriação do rosáriofez com que um e outro grupo étnico não mais sedistinguissem, assim também debulhado pelos

negros, os brancos não têm mais motivos de afirmar asuperioridade.

É possível que muitos leitores desta obra de devoçãobusquem nela oportunidade de estudo acadêmico paraexplicar identidade étnica, traços da cultura negra,

resistência à inserção nas versões da modernidade. Épossível que certas correntes da academia, preocupadascom o atraso ou com “o arcaísmo como projeto”, vejamnessa obra mais um traço que nos prende ao passado deuma tradição a ser eliminada em favor de novos tempos. Épossível também que surjam teses problematizando apresença de práticas “folclóricas” resistindo como“antiguidades populares” no interior da onda avassaladorade modernidade imposta pelo processo de metropolização.Todos esses assuntos serão examinados com a maiorseriedade pelos centros de estudo e promoverão a rupturacom o objeto proposto por Andréia: dedicar-se às práticasdevotas de quem encara a vida com raça.

Esta obra apresenta-nos os moradores de Justinópolisque, no início do século XX, construíram uma capeladedicada a Nossa Senhora do Rosário, após cultuarem apadroeira de seus afetos, num dos largos que consolidariamo povoado. Àquela época, mal suspeitavam que setornariam uma referência para as dezenas de milhares deimigrantes que, atraídos pelos progressos da capital, embusca de um local para morar, fariam o antigo povoado deCampanhã se transformar numa das periferias maispulsantes da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O distrito de Justinópolis que assistiu a umcrescimento vertiginoso de sua população entre os anos de1970 e 1980, contribuindo para que o município de Ribeirãodas Neves exibisse a taxa mais elevada de crescimentodemográfico daquela década – 21% ao ano -, abrigava nasproximidades do centro histórico, onde se localiza a matrizde Nossa Senhora da Piedade, como oposto complementara capela de Nossa Senhora do Rosário. A primeira, comoque antecipando o futuro, mostra aos que chegam osofrimento que os aguarda; a segunda, por sua vez, aponta-lhes a alegria das rosas, a resistência pela paciência emcultivá-las colhê-las uma a uma.

Ao menos avisado parece impossível que um pequenogrupo de moradores pobres e de pouca instrução tenhaconseguido se manter como referência de identificação deuma região; mais ainda, que esse grupo sustente, anos afio, toda uma rede subterrânea de relações construídas muitoantes de Curral del Rei ser contemplada para se tornar acidade síntese de Minas. Essas redes se consolidam nastrilhas das tropas, do comércio colonial, nos locais de pouso,fixando os topônimos que a metrópole não destruiu emantém como arcaísmos: Venda Nova, Engenho Nogueira,Contagem. Nenhum laço os mantém ligados a não ser adevoção a Nossa Senhora do Rosário.

É também da periferia do metropolitano que unidosreconhecem como metrópole maior de sua fé, a cidade de

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Aparecida, à qual se dirigem todos os anos, na últimasemana do mês de abril, para dançar para SãoBenedito.

Vistos como objeto de estudo do folclore,certamente ali se buscarão elementos para o estudodo “congado” ; engano, os irmãos do Rosário deJustinópolis se mantêm unidos o ano todo. É pelorosário que eles dançam, é por ele que visitam e sãovisitados, é em seu nome que o ano nunca acaba, afolia de Reis se torna de São Sebastião, da Epifania,do Divino. Folia da festa que nunca termina. É por elaque o trabalho adquire sentido.

Pensa o leitor que os devotos são todosmoradores da vizinhança? Há o que migraram paraSão Paulo, há os que moram em lugares os maisvariados de Ribeirão das Neves, Belo Horizonte ouContagem. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosárioos mantém unidos. É esse traço de união que comoveo leitor, mais ainda ao conhecer o empenho dosmoradores. A ampliação do símbolo maior dessaunidade – a capela construída na segunda década doséculo XX é reconstruída nos últimos anos parareceber os devotos que se multiplicam – torna-sevisível quanto mais o bairro aparentemente se anulacom o crescimento metropolitano. De que modo foramos recursos obtidos? Com o trabalho e a arte. Osirmãos dedicando os fins de semana para obter abenção para o seu trabalho cotidiano; abençoados, têma garantia do próprio sustento. Com a arte, percorrendoas casas da vizinhança, com a folia de reis, de SãoSebastião, da Epifania, do Divino. Cantando, dançando,anunciando a boa nova, confirmam os laçoscomunitários e mantêm as portas abertas de todos osmoradores em nome da graça.

São essas lições de construção da vidacomunitária que emocionam o visitante. Encontrandoa folia de reis de Justinópolis na Praça Sete deSetembro, centro comercial de Belo Horizonte, sente-se convidado a acompanhá-la pelas ruas dos bairrosLabanca e Papini. A folia reina soberana, noiteadentro, tornando as periferias lugares abençoados,

contrastando com a reserva das páginas policiaisguardadas para noticiar o que acontece na calada danoite.

Gostaria de sublinhar a importância da folia emtodos os seus aspectos. Vista como folclore, a foliasatisfaz apenas a curiosidade dos colecionadores doexótico, acompanhada com devoção é oportunidade derever a alegria do natal e da descida do Espírito Santo,a promessa de uma vida feliz; mantendo as portasabertas e a rua como lugar de manifestação da arte,aponta para alternativas não alcançadas pelo apelo àsegurança e ao medo de encontro com o estranho. Afolia é convite constante ao encontro de estranhos comoirmãos; pede, agradece e premia com arte; traz alegria,leva alegria.

O mundo secularizou-se; no natal, o nascimentode uma criança é pouco lembrado. Poucos se recordamque se trata do Filho de Deus. Menos numerosos sãoos que contrastam a tradição hebreu-cristã em queDeus promete seu filho como irmão dos homens, coma greco-romana em que o fogo divino é roubado sendoos homens punidos com uma caixa de males. A foliainsiste em manter a mensagem declarando em bomtom a urgência do congraçamento étnico, concretizadonas figuras mascaradas dos três reis magos, em suasdanças, fagote, lundu e lundu para fagote. Desse modo,de folia em folia, a dança de congo ou de moçambiqueé o momento apoteótico da folia de Nossa Senhora doRosário.

É por Justinópolis, pela devoção de Andréia, pelapromessa de uma vida urbana construída na alegria doacolhimento, pela mensagem do congraçamento entreos grupos étnicos, pela rua como espaço de encontro,pela casa de portas abertas, pelo fim do medo doestranho que considero que esta obra deve ser lida comafeto.

Lida e praticada.

José Moreira de Souza

Sinésio Ribeiro de Bastos:Sumacum lauda!

Celebrar 80 anos, como já se afirmou neste boletimé alcançar o grau pleno de Mestre; ao chegar aosnoventa o melhor título a ser conferido a esse ritualde passagem é “Mestre suma cum lauda”. Oprofessor Sinésio já recebeu os dois títulos e fazhonra a eles. Declamar, determinar suas músicaspreferidas, passar para os vindouros a mensagemde educação é a tradição que Sinésio defende.Apreciem o CD desse sábio mestre suma cumlauda.

Programa de Trabalho

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Congresso

O XVII Congresso Brasileiro de Folcloreacontecerá em Belo Horizonte do dia26 a 31 de outubro de 2015.

Antecedendo e permeando oCongresso será oferecido Curso deFolclore com o tema Saber Viver porregião do Brasil. Os interessados terãooportunidade de conversar com osprincipais estudiosos, membros dasComissões Estaduais de Folclore decada estado do Brasil.

Estudantes universitários, ou não, jápodem elaborar planos decomunicação para o congresso.

Acompanhar peloWWW.afagouveia.org.br

Semana de Folclore

Em agosto deste ano – 2014 – a ComissãoMineira de Folclore celebra cinquenta anosde realização da Semana de Folclore. A sérieiniciada em agosto de 1964, foi reconhecidaoficialmente pelo Governo do Estado a partirde 1965, oportunidade em que por LeiEstadual foi instituído o Centro de TradiçõesMineiras e o Museu do Folclore. De saudosamemória. É extremamente curioso que ambosos feitos tenham acontecido nos primeirosanos do regime militar por iniciativa daSecretaria do Trabalho e da Cultura Popular– note-se Trabalho e Cultura Popular -,herança dos anos populistas anteriores aogolpe militar. Mais curioso é que o Centro deTradições Mineiras tenha sidoregulamentando apenas em 2001, noGoverno Itamar Franco e sido desativado 10

anos após. Curioso também é que a ComissãoMineira de Folclore tenha passado a ser umagrande desconhecida pelos governos maisrecentes e que, no processo de instalação doMuseu de Artes Populares, não tenha sidoconvidada a participar de sua concepção nemfuncionamento.

Eleição nova diretoria

A Assembleia geral da ComissãoMineira de Folclore vem sepreparando para composição dechapas para a eleição da Diretoria quecobrirá o período 2014 – 2017. Adiretoria eleita terá o encargocoordenar o XVII Congresso Brasileirode Folclore juntamente com aComissão Nacional de Folclore e todasas Comissões Estaduais de Folclore doBrasil.

Espera-se a participação dos 853municípios de Minas Gerais nessegrande acontecimento.

Acessar Site da Comissão Nacionalhttp://www.comissaonacionaldefolclore.org.br

NORMAS PARA PUBLICAÇÃOCarranca aceita artigos, notas, comentários, informes emgeral de interesse dos estudiosos de Folclore e da CulturaPopular, desde que encaminhados em meio digital.Formato em Word, fonte arial ou times new roman, corpo12, espaço 1,5. Identificação do autor.As fotos devem ser encaminhadas já escaneadas em formatojpg.

Artigos assinados são de responsabilidade dos autores.

CARRANCA

Órgão Informativo da Comissão Mineira de Folclore – CMFLNúmero 02-14– Abril- Junho 2014.Acessível em www.afagouveia.org.br/ComissaoMineiraFolclore.htm

Diretor Responsável – José Moreira de SouzaFotos:Adélia Anis Raies de Sousa, Kátia Cupertino, JoséMoreira de Souza, ,Editoração Gráfica: José Moreira de Souza

Diretoria da CMFL - 2012 - 2014

Presidente: José Moreira de SouzaVice-presidente: Domingos DinizSecretária: Elieth Amélia de SousaTesoureiro: Luiz Fernando Vieira TrópiaConselho Fiscal da CMFLÁgueda Moraes de Carvalhaes e KallásAntônio de Paiva MouraFrei Francisco van der Poel

IMPRESSORemetenteComissão Mineira de FolcloreRua Pires da Mota - 202Bairro Madre Gertrudes

CEP – 30512-760Belo Horizonte - MGE-mail: [email protected]

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Agradecimentos

Fundação Municipal de Cultura -Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

A CULTURA compreende osmodos de vida de um lugar, sistemasde valores, tradições e crenças, artes,oralidade e letras, todos os aspectosespirituais e materiais, intelectuais eafetivos que caracterizam a sociedadeou o grupo étnico e cultural que vivenaquele lugar, sem esquecer do seuecossistema. Portanto, cultura pelavida em suas múltiplas relações.Guia Metodológico da Cultura no SeloUNICEF