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PARANÁ

GOVERNO

DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS

EDUCACIONAIS – DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL –

PDE

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

Artigo produzido como trabalho final apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) na área de Educação Física vinculado à Universidade Estadual de Maringá – UEM – apresentado por Carmem Izabel Eleuteria Hodas Lazarin sob orientação do Professor Dr. Carlos Henrique Ferreira Magalhães.

MARINGÁ

2012

1

TEMA DE ESTUDO: O PAPEL DO FUTSAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

POSSÍVEIS MEDIAÇÕES NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM COM O FUTSAL

Autor: Carmem Izabel Eleuteria Hodas Lazarin1

Orientador: Prof. Dr.Carlos Henrique Ferreira Magalhães 2

Resumo

Esta pesquisa trata do seguinte problema de investigação: Quais as mediações possíveis com o futsal para promover a concentração e a atenção, considerando que tais habilidades são necessárias para o desenvolvimento de processos de pensamento (MARTINS, ABRANTES, 2006)? Para responder esta questão, nosso objetivo foi analisar as possíveis mediações no ato de ensinar futsal fundamentado na Metodologia da Mediação Dialética (OLIVEIRA, ALMEIDA, ARNONI, 2007). A amostra da pesquisa foi constituída por alunos das séries finais do Ensino Fundamental. Os dados foram coletados mediante a observação sistemática (GIL, 1999). As aulas foram filmadas, transcritas e analisadas utilizado a hermenêutica-dialética (MINAYO, 1998), contando também com a contribuição de outros profissionais através do GTR, uma vez que esta metodologia requer uma mudança de atitude na reflexão de nossa Prática Pedagógica. Espera-se que este estudo estimule novas pesquisas que auxiliem na análise das atividades trabalhadas na Educação Física, e que a reflexão por meio dessa metodologia proporcione mudanças no sistema de ensino e consequentemente, nos desafie a sair do comodismo que atinge nosso meio profissional.

Palavras chave: Futsal; Concentração; Atenção; Metodologia da Mediação Dialética.

________ 1 Professora da Rede Pública Estadual do Núcleo Regional de Educação de Cianorte, PR. Professora do Programa de Desenvolvimento de Educação – PDE. [email protected] 2 Orientador professor Dr Carlos Henrique Ferreira Magalhães. Atualmente, professor adjunto da Universidade Estadual de Maringá. Tem experiência na área de Educação Física Escolar e Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: trabalho docente; educação e trabalho e economia-política.

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ABSTRACT

This research addresses to the following investigation problem: What are the possible mediations with futsal to promote concentration and attention, considering those abilities are necessary to develop thinking processes (MARTINS, ABRANTES, 2006)? To answer this question, our objective was to analyze the possible mediations in the act of teaching futsal based on the Dialectic Mediation Methodology (OLIVEIRA, ALMEIDA, ARNONI, 2007). The sample was of students from the final grades of elementary school. The survey data was collected through a systematic observation (GIL, 1999). Lessons were video recorded, transcribed and analyzed using the hermeneutic-dialectic (MINAYO, 1998) with contribution of other professionals from GTR, considering that this methodology requires change in our attitude of pedagogical practice reflexions. We hope this study stimulate new researches helping physical education activities analysis and that the reflexion using this methodology could change the teaching system, challenging us to leave the complacency which affects our professional environment.

Keywords: Futsal; Concentration; Attention; Methodology; Mediation Dialectic

1. INTRODUÇÃO

Para iniciar este artigo, parto do princípio: informo que sou professora da rede

estadual de ensino desde o ano de 1983, e que fui convidada a participar do

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – do Estado do Paraná no ano

de 2011, cujo estudo finaliza-se agora, em 2012.

O PDE pode ser assim descrito: a Secretaria de Estado da Educação, em

parceria com a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior,

institui o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE como uma política

educacional inovadora de Formação Continuada das professoras e professores da

rede pública estadual, que já estão 15, 20 e 25 anos de trabalho. O PDE propõe

um conjunto de atividades organicamente articuladas, definidas a partir das

necessidades da Educação Básica, e que busca no Ensino Superior a contribuição

solidária e compatível com o nível de qualidade desejado para a educação pública

no Estado do Paraná (DIA A DIA EDUCAÇÃO, EDUCADORES, Link PDE, 2007,

p.1).

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Essa prerrogativa do PDE me conduza a uma reflexão respaldada em

Lukacs:

[...] norteia-se pelo princípio ontológico do trabalho e, portanto, tem como preocupação básica a análise da realidade dessa categoria na sociedade capitalista e nas escolas. Essa concepção de conhecimento respalda-se em alguns elementos considerados fundamentais no processo de formação continuada de professores [...] o conhecimento produzido historicamente pelos homens, é elemento capaz de informar, expor ou explicitar as ações humanas como resultado/produto das relações sociais de produção. Dessa forma, [...] a história dos homens é uma história de sua existência; é a história do conhecimento e de como os homens se apropriaram socialmente dos recursos da natureza, para a sua sobrevivência, sempre pelo trabalho. Isso faz dessa categoria mediação ontológica e histórica na produção do conhecimento (LUKACS, 1978).

Nesse sentido, relato que ao voltar para a universidade, encontrei muita

dificuldade. Percebi que existiam teorias educacionais, teorias da área de Educação

Física não estudadas na época de minha formação acadêmica. Constatei uma

Educação Física que passou a ter uma explicação mais teórica a respeito do

esporte, da dança, da luta, da ginástica.

Para chegar até essa configuração atual na Educação Física, houve um

percurso. Entre 1980 e 1990, ocorreram as discussões para a elaboração do

Currículo Básico (CURRICULO BÁSICO DO PARANÁ, 1992) que se fundamenta na

pedagogia histórico-crítica. Manteve-se a rigidez na escolha dos conteúdos e

insuficiente formação continuada para consolidação da proposta. As mudanças das

políticas públicas dificultaram a implementação dos fundamentos teóricos e políticos

do Currículo Básico na prática pedagógica. Por isso, este se manteve em suas

dimensões tradicionais, ou seja, com o enfoque das aptidões físicas, de aspectos

psicomotores e na prática esportiva, impossibilitando, a meu ver, aos professores

mais antigos realizarem sua aplicação. Ponto negativo, às vezes pela cobrança da

sociedade, pois sem notar transmitimos conhecimentos muito teóricos, como se

nossas aulas fossem direcionadas para atletas. O ponto positivo na realidade das

aulas de Educação Física é que existe uma mescla de alunos, e a disciplina deve

ser trabalhada com coerência, com o cuidado de não tolher nenhuma qualidade

destes.

Acreditamos que em relação à Educação Física, os PCNs – Parâmetros

Curriculares Nacionais – tornam-se um currículo mínimo com o esvaziamento dos

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conteúdos da disciplina, visto que não apresentaram uma coerência interna de

proposta curricular. Com a tentativa de absorver o maior número de concepções

teóricas, o documento acaba tratando muitas teorias de forma rápida, havendo ainda

ausência de destaque aos autores contemplados no documento.

Desse modo, partindo de seu objeto de estudo e de ensino, a Cultura

Corporal se insere neste estudo, possibilitando o acesso ao conhecimento e à

reflexão crítica das inúmeras manifestações ou práticas corporais historicamente

produzidas pela humanidade, na ânsia de contribuir com um ideal mais amplo de

formação do ser humano crítico e reflexivo, reconhecendo-se como sujeito que é

produto, todavia agente histórico, político, social e cultural.

Nesse âmbito, percebi que o esporte é um elemento ainda muito

predominante na educação Física. E, em discussão com meu orientador, fui

desafiada a trabalhar com os alunos um esporte, o futsal, não na perspectiva

tradicional, com aquecimento, parte principal e volta calma. Pensamos em trabalhar

simplesmente com o futsal. Entretanto, as dúvidas nos assolaram: como o futsal

pode contribuir para o Processo Educacional na escola? Para isso, o orientador

indicou a leitura do livro de Vygotsky (1984), em que este traz alguns conceitos,

algumas categorias sobre o desenvolvimento do psiquismo superior, afirmando que

em seu interior existem algumas categorias do desenvolvimento humano

(concentração, percepção, atenção, memória e linguagem). Salientamos que

concentração e a atenção são categorias para desenvolver processos de

pensamento (MARTINS, ABRANTES, 2006).

Com essa leitura, observamos que isso poderia ser a finalidade de nosso

trabalho com o conteúdo - o futsal – pois apontaríamos uma finalidade que era o

desenvolvimento da concentração e da atenção.

Outro livro indicado pelo orientador para esta pesquisa foi Metodologia da

Mediação Dialética (OLIVEIRA, ALMEIDA, ARNONI, 2007) para tentar elaborar outra

abordagem de futsal, ou seja, de alguma forma o orientador me fez estudar,

exercendo comigo a capacidade de problematizar, de indagar e de questionar, para

que a gente saísse de um saber comum imediato da Educação Física para um

saber mediato que a Educação Física começou a tratar nos últimos vinte anos e

que eu desconhecia por ter me afastado da universidade, da pós-graduação e pela

necessidade da sobrevivência de ter que estar pagando contas, por não ter como

5

fazer uma especialização, congressos, aperfeiçoamentos e pela formação

continuada do profissional do ensino ser ainda bastante deficitária.

Quando consegui me aperfeiçoar, com o advento da política pública no

Estado do Paraná (PDE) que permitiu minha volta à universidade, e com o

afastamento da sala de aula tive as condições de voltar a estudar. Então, tudo o que

meu orientador apresentou no processo de orientação ele exerceu na prática social

inicial, permitindo minha instrumentalização e divulgando os conceitos necessários,

me auxiliando na elaboração da aula.

Historicamente, a Educação Física sempre se preocupou com o

desenvolvimento motor e psicomotor das habilidades motoras. Entretanto,

estudando as teorias da Educação Física observo que o desenvolvimento motor

não é a única finalidade dessa disciplina. Por isso, elegemos o desenvolvimento da

concentração e da atenção, objetivando verificar quais as possibilidades para

desenvolvermos a concentração e a atenção por meio do futsal.

A experiência docente em Educação Física ao longo dos anos propiciou-me

oportunidade de refletir sobre a forma que a Educação Física tem sido aplicada na

escola. O trabalho com o futsal – modalidade esportiva que é alvo do agrado dos

professores, alunos e comunidade em geral, aproximando-se do futebol em

interesse esportivo – levou-nos a questionar:

- Quais as mediações possíveis com o futsal para promover a concentração

e a atenção?

- As aulas de Educação Física, na escola, se resumem ao ensino pela

técnica?

- Como o futsal poderia influenciar o desenvolvimento humano?

- Qual a diferença desse esporte quando praticado na rua ou na escola?

- Considerando o futsal o esporte mais praticado e conhecido, torna-se mais

fácil ser ensinado na escola?

- Nas aulas de Educação Física, basta oferecer uma bola para os alunos

jogarem e fazer o que querem ou a orientação do professor favorece o

desenvolvimento das atividades e a produção de resultados satisfatórios?

A proposta desta pesquisa foi a seguinte investigação: Quais as mediações

possíveis com o futsal para promover a concentração e a atenção? Esse problema é

uma tentativa de planejar as aulas para promover mediações no ato de ensinar o

6

futsal fundamentadas na Metodologia da Mediação Dialética (OLIVEIRA, ALMEIDA,

ARNONI, 2007), haja vista que a concentração e a atenção são categorias

necessárias para desenvolver processos de pensamento (MARTINS, ABRANTES,

2006). O Projeto foi aplicado a uma amostra de alunos das séries finais do Ensino

Fundamental, em aulas de Educação Física, as quais, por seu turno, foram

observadas sistematicamente por meio de filmagens. Os dados da pesquisa foram

coletados pela observação sistemática (GIL, 1999), em que as aulas eram filmadas,

transcritas e analisadas mediante a hermenêutica-dialética (MINAYO, 1998).

Além da troca de ideias com outros colegas através do GTR, os professores

relataram as dificuldades encontradas em anos de ensino do futsal de maneira

repetitiva. Outros professores disseram já ter trabalhado de acordo com essa

metodologia, aplicando-a em suas aulas regulares, mas destacando que se tornaria

mais viável se houvesse mudança sem alguns aspectos do sistema educacional,

como, por exemplo, na redução do número de alunos por turma e na adequação da

carga horária. Assim, observamos que a aplicação desse nosso Projeto, por ser uma

amostra de alunos, facilitaria a detecção das dificuldades dos alunos. Todavia, em

sua implementação encontramos alguns obstáculos, como a resistência por parte

dos alunos de refletir, a cada momento, quando for necessário, porque a

Metodologia da Mediação Dialética (OLIVEIRA, ALMEIDA, ARNONI, 2007) requer

uma mudança de atitude de reflexão de nossa prática pedagógica.

Reiteramos que este estudo visa a contribuir para a continuidade das

pesquisas nessa temática e para propostas de ações que auxiliem na análise das

formas trabalhadas na Educação Física, bem como para a reflexão utilizando-se

dessa metodologia com a finalidade de buscar mudanças no sistema de ensino que

nos desafiem a sair do comodismo que nos atinge e a nosso meio profissional.

2. DESENVOLVIMENTO

O propósito desta pesquisa portanto, foi o de elaborar novas mediações com

o futsal. A Metodologia da Mediação Dialética (ARNONI, 2004) constituiu-se como o

pressuposto teórico-filosófico que nos possibilitou compreender a conversão do

saber científico em conteúdo de ensino bem como a prática, ação fundamental no

processo de ensino e aprendizagem que relaciona, de forma autônoma, o ensino

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com a ação do professor, a aprendizagem com a ação do aluno e o conteúdo da

disciplina (futsal) com o saber científico, conferindo-lhes funções independentes e

considerando-os como termos estáticos, que se justapõem no referido processo.

Nesse sentido, justificamos a realização da presente pesquisa.

Segundo Lev Semenovitch Vygotsky (1984),

A aprendizagem inicia-se muito antes da entrada do indivíduo no sistema escolar, por conseguinte não pode-se esquecer que este não chega à escola com um grau de aprendizagem nulo, cabendo à instituição escolar sistematizar o conhecimento acumulado e prepará-lo para participar ativamente nas decisões da sociedade em que vive.

Logo, o conhecimento trabalhado nas aulas de Educação Física poderá ir

além da execução de gestos e movimentos meramente repetitivos, podendo ser

reflexivo, contribuindo no processo de aprendizagem.

A aprendizagem escolar é considerada um processo de intervenção que

sistematiza o esporte como prática social, possibilitando a elaboração de novos

saberes. Nessa perspectiva, a ação de ensinar não pode ser entendida como mera

transmissão (declamação) do saber científico e nem como sua simplificação. O

ensinar deve estar comprometido com o aprender, e para tanto, torna-se necessário

realizar a conversão do saber científico em conteúdo de ensino, para que se torne

ensinável (ensino-professor), assimilável (aprendizagem-aluno) e preservador do

saber científico (socialização do saber cultural). Nesse sentido, nesta pesquisa

procuramos abordar a mediação dialética sobre atenção e concentração por meio

do futsal.

Partindo de seu objeto de estudo e de ensino, a Cultura Corporal foi inserida

nesta pesquisa para garantir o acesso ao conhecimento e a reflexão crítica acerca

das inúmeras manifestações ou práticas corporais historicamente produzidas pela

humanidade, na ânsia de contribuir com um ideal mais amplo de formação do ser

humano crítico e reflexivo, reconhecendo-se como sujeito que é produto, mas

também agente histórico, político, social e cultural.

Nesse bojo, o processo de apresentar as conquistas científicas e culturais

para as gerações novas e fazer com que os alunos se apropriem do conhecimento

dessas conquistas e as relacionem com sua realidade, constitui-se em uma das

principais funções do professor, para que os educandos se apropriem de

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conhecimentos, para o seu desenvolvimento psíquico e para as habilidades

operacionais. Desse modo, devemos propiciar o desenvolvimento intelectual

durante esse processo para que os saberes adquiridos, atuem fazendo a mediação

entre os indivíduos com a realidade; no desenvolvimento desse processo educativo

é necessário desenvolver seres humanos, com criatividade e desenvolvidos.

Kopnin afirma que “O pensamento é o reflexo da realidade sob forma de

abstrações. O pensamento é um modo de conhecimento da realidade objetiva pelo

homem” (1978,p.121). Diante dessa concepção, observamos que o desenvolvimento

no processo educativo é movido pelo pensamento.

O conhecimento advindo da atividade de conhecer, na qual o pensamento exerce importante papel, deve coincidir em conteúdo com a própria realidade objetiva que se encontra fora dele e, após se concretizar pela prática, levar ao surgimento de um novo mundo de objetos e relações. (KOPNIN, 1978). O acesso ao conhecimento produzido pela atividade coletiva do ser humano é determinação essencial a desenvolvimento do pensamento como função psicológica.

Nas atividades intencionais de aprendizagem, é necessário oportunizar

situações de movimentos dialéticos, mesclando conceitos científicos com a

realidade vivida pelos alunos, tornando o conhecimento, o aprendizado, um

elemento significativo, capaz de se tornar parte concreta do meio em que o aluno

vive e convive. A modalidade esportiva, por seu caráter de interação humana, de

troca de experiência direta no momento em que a experiência está sendo vivida no

jogo, na sequência de regras, na exposição de conceitos, configura-se como

instrumento valioso na metodologia dialética a ser valorizada no processo educativo,

capaz de favorecer o desenvolvimento intelectual e desenvolvimento humano dos

alunos. Esse processo exige a orientação do pensamento.

Assim sendo, é necessário considerar o movimento de transformação do conjunto de princípios sistematizados historicamente, a partir de leis do movimento da realidade, em processos psicológicos de orientação do pensamento. È por meio deste processo de internalizarão que o indivíduo desenvolverá instrumentos psicológicos que mediarão sua relação com a realidade (ABRANTES; MARTINS, 2006).

A mediação implica uma relação dialética que tem como elementos

constitutivos o movimento, a contradição e a superação. Essa organização do

processo de ensino e aprendizagem que buscamos nesta pesquisa é apresentada

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na Metodologia da Mediação Dialética (ARNONI, 2004) que compõem quatro

etapas ou momentos pedagógicos representando o esforço teórico de compreensão

das partes que se articulam no ato de ensinar, com o propósito de gerar

aprendizagem. Estas etapas estão organizadas de forma que se reconheça o

percurso do ‘resgatando, problematizando, sistematizando e produzindo’.

Quando pensamos na mediação fundamentada na dialética, devemos

dificultar ou problematizar a aprendizagem do estudante para que seja superada a

compreensão do imediato para assumir o mediato.

Na Metodologia da Mediação dialética que é composta de quatro etapas ou momentos pedagógicos que representam o esforço teórico de compreensão das partes que se articulam no ato de ensinar (www.ibilce.unesp.br conceitos científicos (ARNONI, et al, 2003, p.4).

As etapas são ‘resgatando’, que busca um ponto de partida, quando o sujeito

entra em contato com o conteúdo em estudo. Nesse momento, ele registra suas

interpretações, dá sua significação e faz relação com o assunto trabalhado

representado pelo saber imediato.

Em uma segunda etapa, levantados os problemas, questionamos

(problematizando) o saber imediato (resgatando) e levamos os alunos a

compreender as contradições entre o seu saber (que é o imediato) e o saber

científico que é trabalhado no processo de ensino (saber mediato). Por meio dessa

contradição elaboram-se novos saberes (síntese).

Em uma etapa seguinte, trabalhamos os saberes científicos (sistematizando),

provocando a compreensão das relações tidas do saber imediato, as quais podem

ser transformadas pela aprendizagem ou discutindo com os alunos situações de

superação para atingir o mediato.

Na última etapa (o produzindo), a prioridade é possibilitar a compreensão do

aluno, consciente do que aprendeu e entendeu do conteúdo abordado. É elaborada

uma síntese que representa um ponto de chegada do que foi ensinado, e esse ciclo

não se fecha, e por permanecer aberto, cria novas possibilidades de intervenção no

ensino.

Ao tratarmos do resgate no ato de ensinar, identificamos a busca de um

mesmo ponto de partida para o processo de ensino, provisoriamente comum ao

professor e ao aluno, por intermédio de diferentes linguagens: oralidade, mímica,

texto escrito etc. Nesse contexto, o sujeito entra em contato com o conteúdo –

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nesse caso específico, o futsal – considerando que o professor apresentou uma

série de atividades que envolveram esse esporte e o aluno, ao desenvolvê-las,

representou suas ideias iniciais sobre o referido conteúdo, registrando suas

interpretações e explicitando o campo de significação em relação ao assunto

trabalhado. As elaborações trabalhadas nessa etapa caracterizam o saber imediato,

pensando-se no ponto de partida do processo de aprendizagem.

Em se tratando do momento da problematização, intenciona-se colocar o

sujeito em uma situação de ensino problematizadora, capaz de levá-lo a

compreender mentalmente as divergências entre seu saber imediato (saber

específico do aluno) e o saber mediato (saber geral da produção científica)

trabalhado pelo processo de ensino, questionar o saber imediato (resgatando) na

perspectiva do saber mediato pretendido (saber científico), explicitando-se a

contradição entre ambos e visando a provocar a superação do imediato no mediato

e possibilitar a elaboração de sínteses pelo aluno (problematizando).

Quando o professor retoma e discute as questões-problema com a sala de

aula, ocorre a sistematização, trabalham-se as informações científicas do conceito

estudado e o aluno obtém a compreensão delas e não apenas sua memorização.

Evidenciam-se assim, aspectos do saber científico, provocando a superação do

imediato no mediato, propiciando ao aluno a elaboração de novas sínteses.

A promoção de intervenções de maneira que o aluno possa pensar o

conteúdo de ensino e relacioná-lo com o mundo, levando-o a se reconhecer como

um ser social particular, que se forma na relação com o mundo e que, dependendo

da qualidade dessa relação, pode, ao transformar-se, transformar as relações

sociais do ambiente que lhe é circundante, expressar a síntese do trabalho

educativo, o saber aprendido, sintetiza o ponto de chegada do trabalho educativo,

possivelmente com maior grau de complexidade que as representações inicialmente

apresentadas (resgatando). É o ponto de chegada provisório que se torna ponto de

chegada (produzindo) tem propriedades diferentes do ponto de partida (resgatando)

e, por permanecer aberto, cria possibilidade para novos ciclos se iniciem, na

perspectiva da mediação dialética (ARNONI, 2004). Tem-se, dessa forma o aspecto

da produção, uma etapa significativa no processo de articulação do ato de ensinar.

Assim, esse trabalho torna-se importante para dois grupos de professores. O

primeiro seria os recém-formados, que mesmo tendo uma formação consoante ao

Parecer 03/87, que promoveu uma reformulação curricular, com mais consistência

11

teórica, talvez maior que a formação realizada anteriormente ao Parecer. É possível

que não tenham uma prática educativa diferenciada dos professores já formados há

cerca de 25 anos. Esse trabalho torna-se importante também para os professores

de Educação Física escolar do Paraná e do Brasil que já se encontram

desmotivados para organizar outra prática escolar, acomodados com práticas

tradicionalistas ou incrédulos em práticas inovadoras.

Quando pensamos na mediação, fundamentada na dialética, devemos

problematizar a aprendizagem do estudante para que seja superada a compreensão

do imediato para assumir o mediato.

2.1. POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO DA CONCENTRAÇÃO E

ATENÇÃO NO FUTSAL

Em nosso Projeto, o desenvolvimento envolveu processos de ensino e

aprendizagem, e uma teoria crítica de cunho filosófico. Todavia, essa proposição

buscou compreender a aula com várias opções de articular, de forma intencional, a

teoria que guia a prática. E por ser uma prática pensada, configura-se em prática

educativa. Essa proposição pode possibilitar ao professor a opção de trabalhar o

conteúdo, tendo a intenção explícita, da sua prática educativa, para preparar,

problematizar, desenvolver e avaliar sua aula, selecionando os procedimentos

didáticos, e avaliando tanto o processo de ensino (sendo o professor) quanto a

aprendizagem (aluno), observando tudo com olhar teórico.

Além disso, é responsabilidade da escola e do professor não ignorar as

muitas possibilidades de aprendizagem. Destarte, deve-se desenvolver uma opção a

mais para auxiliar na atenção e na concentração, atuando como reforço nessa

pesquisa. A partir da visão sócio-histórica de Luria e Vygotsky, a atenção pode ser

definida como a direção da consciência, o estado de concentração da atividade

mental sobre determinado objeto.

Segundo Vygotsky a atenção faz parte das funções psicológicas superiores, tipicamente humanas. O funcionamento da atenção baseia-se inicialmente em mecanismos neurológicos inatos e involuntários. A atenção vai gradualmente sendo submetida a processos de controle voluntário, em grande parte fundamentado pela mediação simbólica (OLIVEIRA, 2003).

12

Nesse processo de ensino específico, constam o saber científico, o saber

mediato (saber do professor) e o saber cotidiano, o saber imediato (saber do aluno).

Contudo, na mediação dialética ficam mais explícitas essas diferenças, gerando a

contradição, o movimento do processo de ensino aprendizagem, possibilitando a

superação do imediato no mediato, permitindo ao aluno elaborar as suas sínteses

acerca do saber aprendido.

Para Vigotski o processo de desenvolvimento só pode ser compreendido em sua totalidade se analisado em sua dupla expressão: por meio daquilo que revela as aquisições já alcançada (que ele denomina nível de desenvolvimento efetivo) e, sobretudo, por meio do que está em curso de desenvolvimento, isto é processos que ainda não se efetivaram mas que constituem a área de desenvolvimento potencial.É apenas interferindo nesta área, isto é,processos que a aprendizagem pode promover o desenvolvimento conferir-lhe direção (MARTINS; ABRANTES, 2006, p.62-74).

3 POSSIBILIDADE DE MEDIAÇÃO DIALÉTICA NA AULA DE FUTSAL

Escolhemos três aulas por possuírem uma aproximação com esse processo

de ensino de aprendizagem utilizando a Metodologia da Mediação Dialética

(OLIVEIRA, ALMEIDA, ARNONI, 2007). Procuramos promover o resgate do

conteúdo do futsal.

O quadro a seguir ilustra o processo utilizado neste Projeto:

3.1 O PLANEJAMENTO

“A lógica dialética - (materialismo histórico e dialético) e a ontologia do ser

social – fundamentos da prática educativa. Mediação – ( categoria de análise do

método dialético) e da ontologia do ser social. “Metodologia da mediação

dialética”– aplicação da categoria mediação da Prática Educativa

(operacionalização do método de análise). Organização metodológica do

conteúdo de ensino: categoria de análise da Prática Educativa. Conteúdo de

ensino – objeto de análise da Prática Educativa, a aula”(OLIVEIRA; ALMEIDA;

ARNONI, 2007,p.149).

13

Os alunos participaram de uma partida de futsal da maneira que eles

conheciam. Essa aula foi filmada e o professor registrou as dificuldades encontradas

na partida. Foi exibida uma partida oficial de futsal, e os alunos (registraram) os

fundamentos (ações de jogo) identificaram quais as falhas encontradas, bem como

as ações de acertos. Na aula seguinte, os alunos assistiram ao próprio jogo, porém

refletindo, o que ocasionou um questionamento entre as duas partidas. As falhas

encontradas referiram-se às habilidades do goleiro, aos passes e chutes.

O objetivo dessa aula foi pensar como o goleiro poderia agir diante de uma

situação de perigo em uma partida de futsal.

3.2 HABILIDADES DO GOLEIRO – AÇÕES DE JOGO:

3.2.1) Resgatando: quais foram as falhas dos goleiros nos jogos assistidos?

3.2.2) Problematizando: observando as partidas de futsal, quais seriam as

habilidades do goleiro? Quando a bola vem lenta e fraca é a pegada? Qual deveria

ser a atitude do goleiro quando a bola vem em sua direção?

Quais seriam as opções?

a) Ter uma atitude para recepcionar a bola alta?

b) Posicionando-se para receber a bola que virá baixa e rasteira?

c) Preparar-se para receber a bola na altura do tronco?

d) Ou preparar-se para fazer um contra-ataque?

3.2.3) Sistematizando: efetuada a problematização das atividades

executadas de acordo com o momento da aula (as duas partidas), no confronto

desse saber imediato poderá ser transformado, pela possível aprendizagem ou não,

em situações de superação para atingir o mediato.

3.2.4) Produzindo: nessa etapa da aula do futsal, os alunos, após a fase

anterior, executaram as ações de jogo ensinadas, o que proporcionou uma

contradição do imediato e mediato durante esse processo.

3.2.5) Atividade trabalhada

Após a reflexão sobre a situação surgida nas duas partidas, os alunos criaram

outra situação, ou se prepararam para fazer uma defesa e efetuando o contra-

ataque.

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a) Jogadores em duplas, e a cada dois minutos trocam-se as duplas.

Improvisando dois gols extras a cada lado do gol oficial com cones. O goleiro do

outro lado oposto da quadra tenta, com um arremesso, fazer o gol em um dos três

gols, e o goleiro que está posicionado no gol oficial tentará impedir, agarrando a

bola. Os alunos que aguardarem deverão observar qual o tipo de pegada do goleiro.

3.2.6) Avaliando: analisar as possibilidades das atividades executadas do

futsal por meio da Metodologia da Mediação Dialética (OLIVEIRA; ALMEIDA;

ARNONI, 2007), podendo ou não desenvolver a atenção e a concentração.

O objetivo dessa aula foi executar o passe mantendo a concentração durante

uma partida de futsal, e fugindo da marcação.

3.3 PASSE – AÇÕES DE JOGO

3.3.1) Resgatando: quais as dificuldades encontradas nos passes utilizados

em ambas as partidas?

3.3.2) Problematizando: durante as duas partidas de futsal, qual a atitude

corretados jogadores na execução do passe, fugindo da marcação?

Quais seriam as opções?

a) Fazer um passe de longa distância?

b) Passar a bola ao jogador mais próximo?

c) Criar situação para executar o passe fugindo da marcação?

d) Possibilitar um passe curto, criando uma situação de risco?

3.3.3) Sistematizando: efetuada a problematização das atividades

executadas de acordo com o momento da aula (as duas partidas), no confronto

desse saber imediato poderia ser transformado pela possível aprendizagem ou

nãoem situações de superação para atingir o mediato.

3.3.4) Produzindo: nessa etapa da aula do futsal, os alunos, após a fase

anterior, tentarão executar as ações de jogo ensinadas, o que acarretará uma

contradição do imediato e mediato nesse agir.

3.3.5) Atividade trabalhada nessa aula:

Após a reflexão sobre a situação surgida nas duas partidas, os alunos

deveriam criar situação para executar o passe fugindo da marcação.

15

a)Alunos distribuídos em um quadrado de 2 metros, dois contra dois, e

conseguir fazer o passe nessa situação, nesse espaço pequeno, sem perder a

posse de bola. Sem perder a outra dupla que executará a ação.

3.3.6) Avaliando: analisar, as possibilidades das atividades executadas do

futsal por meio da Metodologia da Mediação Dialética (OLIVEIRA; ALMEIDA;

ARNONI, 2007), podendo ou não desenvolver a atenção e a concentração são

categorias necessárias para desenvolver processos de pensamento (MARTINS,

ABRANTES, 2006.

O objetivo dessa aula foi saber qual seria a situação acertada para executar

o chute, com atenção e concentração durante a partida de futsal.

3.4 CHUTE – AÇÕES DE JOGO

3.4.1) Resgatando: quais as dificuldades encontradas nos chutes utilizados

em ambas as partidas?

3.4.2) Problematizando: durante as duas partidas de futsal, qual atitude

correta dos jogadores na execução do chute, notando que o goleiro estava afastado

do gol?

Quais seriam as opções?

a) Entre o goleiro e a trave?

b) No meio do gol?

c) No canto superior, esquerdo ou direito da trave?

d) No canto inferior, esquerdo ou direito da trave?

3.4.3) Sistematizando: efetuada a problematização das atividades

executadas em conformidade com o momento da aula(as duas partidas) no

confronto desse saber imediato poderá ser transformado pela possível

aprendizagem ou não em situações de superação para atingir o mediato.

3.4.4) Produzindo: nessa etapa da aula do futsal, os alunos, após a fase

anterior, tentarão executar as ações de jogo ensinados, ocasionando uma

contradição do imediato e mediato nesse processo.

3.4.5) Atividade trabalhada nessa aula

Após a reflexão sobre a situação surgida em ambas as partidas, os alunos

puderam criar a situação para chutar, no canto superior, esquerdo ou direito da

trave.

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a) Dois gols com um goleiro em cada um, e dentro da quadra oito jogadores

em duplas A e B fazendo passes curtos, até próximo ao gol, um de cada vez, e só

poderá ser feito acima do quadril e nos cantos superiores, esquerdo e direito do gol.

Após todos terem chutado a gol, troca-se o goleiro por um que está na quadra, e

assim, até todos passarem pela posição de goleiro. Essa atividade possibilita a

concentração necessária para perceber que os chutes deverão ocorrer

exclusivamente nos cantos superiores do gol.

3.4.6) Avaliando:analisar as possibilidades das atividades executadas do

futsal por meio da Metodologia da Mediação Dialética (OLIVEIRA; ALMEIDA;

ARNONI, 2007), podendo ou não desenvolver a atenção e a concentração são

categorias necessárias para desenvolver processos de pensamento (MARTINS,

ABRANTES, 2006).

Após a aplicação da implementação, e assistirmos às filmagens, verificamos

que 60% dos alunos demonstraram avanço no conteúdo e os outros 40% não

obtiveram o desenvolvimento da atenção e da concentração, conforme ilustramos no

gráfico a seguir.

Destacamos que muitas foram as dificuldades encontradas, desde a falta de

interesse dos alunos até pelo fato de uma trajetória histórica, a de que os alunos já

têm uma perspectiva estruturada do que seja uma aula de futsal. Os alunos

possuíam entre 11 a 13 anos de idade, o que, a nosso ver, configurou-se em um

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obstáculo para que a pesquisa tivesse mais coerência e consistência. Acreditamos

que talvez fosse necessário trabalhar com crianças do primeiro ano do Ensino

Fundamental, na faixa etária de 6 e 7 anos, pois isso poderia facilitar a introdução

de outra mediação para o ensino do futsal.

Devido ao fato de não termos atingido o objetivo total, nesse processo de

ensino, entre o imediato e o mediato, seria o momento de reiniciarmos todo o

processo da Metodologia da Mediação Dialética(OLIVEIRA; ALMEIDA; ARNONI,

2007).

Ressaltamos a grande importância da troca de experiências dos professores

do GTR (Formação Continuada - GTR - Grupo de Trabalho em Rede).

A interação em rede constituiu-se em uma oportunidade de poder interagir

com outros professores, relatando as dificuldades encontradas e permitindo o

repensar de nossa prática pedagógica, buscando alternativas e construindo novos

saberes.

Na sequência, apresentamos as impressões dos alunos e professores

(transcritas fidedignamente) sobre o Projeto, participantes da Implementação

Pedagógica no Colégio Emilio de Menezes, situado na cidade de Japurá, PR, e

também dos professores que participaram do GTR (Grupo de Trabalho em Rede).

Relatos de alunos:

Aluno A:

Eu achei o projeto de futsal muito legal e interessante, também vi o que é

preciso para um bom trabalho em equipe.

Nesse projeto, vi como é importante a atenção e a concentração em qualquer

coisa que fizermos, tanto no trabalho ou na escola quanto em um jogo de futebol,

vôlei, etc...

Gostei muito desse projeto, pois além de estar aprendendo, eu estou me

divertindo muito, mas eu também aprendi que não devemos abrir a boca só para

gritar, mas também para agradecer e incentivar... pois um time não é só formado

de único jogador, mas sim de vários que formam uma equipe.

Durante esse projeto, aprendi muitas coisas que serão muito úteis durante

toda a minha vida, como: respeitar o colega; saber a hora de falar e a hora de ouvir;

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e principalmente que o trabalho em equipe sempre será melhor que um trabalho

individual, pois o que eu aprendi foi que “A união faz a força”, e a união se forma

através do respeito.

Aluno B:

Nesse projeto, aprendi que não é só os mais bons que jogam, podem jogar

todos, mas para jogar tem que ter atenção e concentração. O projeto foi muito legal

e desenvolveu tudo: passe, finalização, etc...

Aluna C:

No projeto, eu aprendi um monte de coisas que eu não sabia, me ajudou a ter

mais concentração: aprendi a driblar, a fazer passes longos e curtos.

Aluna D:

No projeto de futsal, eu aprendi a ter atenção e concentração e muitas outras

coisas que eu não sabia, aprendi a driblar, a tirar a bola do adversário, e vários

passes novos.

Relatos dos professores

Professor A:

Obviamente, nem todos os alunos poderão desenvolver a atenção, a

concentração naquele momento trabalhado, pois cada aluno tem seu tempo. Nessa

pesquisa, notei que este Método pode sim vir a desenvolver, mas a longo prazo,

pois tem que ser mais trabalhado a cada dia. Podendo ser trabalhado em qualquer

conteúdo, basta a gente se aperfeiçoar e enfrentar o novo. Lógico que um Método

novo assusta, como comentou um dos cursistas, mas espero que mais professores,

continuem esse desafio começado nesta pesquisa.

Professor B:

Acredito que sim, porém como tudo que leva ao questionamento e visa à

atenção e concentração leva tempo para se atingir o objetivo proposto, uma vez que

nossos alunos são imediatistas e não gostam de pensar. A proposta chegou num

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momento em que nós,professores, estamos cansados de ver o desinteresse por

parte dos nossos alunos. Creio que essa nova proposta nos auxiliará em nosso

trabalho porém exigirá de nossa parte paciência para esperar o resultado.

Professor C:

Gosto muito do termo desafiador que você citou, pois penso que o nosso

aluno deve participar e refletir sobre as atividades aplicadas pelo professor, fazendo

com que ele busque seu espaço e perceba o seu desenvolvimento nas aulas,

contribuindo para melhorar suas atitudes, práticas e relacionamentos.

Os resultados comprovam o progresso na aprendizagem dos alunos no

decorrer da implementação do processo diferenciado.

Professor D:

Desenvolver a atenção e a concentração dos alunos não é tarefa fácil, basta

observaras notas dos alunos em disciplinas como matemática, português, história,

dentre outras. Porém acho muito válida a intenção do projeto, pois pode ser uma

estratégia que melhore o rendimento das turmas não só em Educação Física, como

em outras disciplinas.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Reafirmamos que embora tenhamos tido dificuldades para exercer o trabalho

de futsal com a Metodologia da Mediação Dialética (OLIVEIRA; ALMEIDA; ARNONI,

2007) com crianças de onze, doze e treze anos, pensamos que há necessidade de a

Educação Física, definitivamente, exercer uma prática pedagógica fundamentada

teoricamente. Para que isso se concretize, é preciso um currículo, um caminho, uma

prática escolar desenvolvida com as crianças desde as séries iniciais do Ensino

Fundamental, para que elas possam criar uma cultura de uma aula de Educação

Física em que de fato exista o aprendizado.

Mesmo com as dificuldades encontradas nesse Projeto, acreditamos em uma

oportunidade de trabalhar exercendo a prática social inicial, a problematização e a

instrumentalização.

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Considerando os depoimentos transcritos acima, admitimos que a atividade

docente requer planejamento, avaliação e a compreensão de que se o aluno não

aprendeu o conteúdo e demonstrou dificuldade no desenvolvimento desse processo

de ensino entre o imediato e o mediato, seria o momento de reiniciar todo o

processo da Metodologia da Mediação Dialética (OLIVEIRA; ALMEIDA; ARNONI,

2007).

Identificamos interesse na execução das atividades do goleiro, pois quando

trabalhada, houve a preocupação dos alunos em refletir, com mais atenção e

concentração, no processo utilizando a Metodologia da Mediação Dialética

(OLIVEIRA; ALMEIDA; ARNONI, 2007).

A Metodologia da Mediação Dialética (OLIVEIRA; ALMEIDA; ARNONI, 2007)

impulsiona a mudança de atitude sobre nossa prática pedagógica. Isso, porém,

torna-se possível apenas se houver mudanças em alguns aspectos do sistema

educacional, como, por exemplo, iniciar com as séries iniciais do Ensino

Fundamental, a redução do número de alunos por turma e adequação da carga

horária.

Salientamos que o relevante nesse é a mudança de atitude da maioria dos

alunos participantes desta pesquisa, os quais se concentraram, questionaram a

maneira correta de executar as ações de jogo, podendo resgatar e através do futsal

não fazer um movimento apenas por fazer, mas com o propósito e a preocupação

de criar uma aprendizagem que requer uma mudança de atitude, ocasionando uma

reflexão em nossa prática pedagógica.

Para esse tempo de aperfeiçoamento e pesquisa se faz necessário de uma

política pública, culminando no apoio aos educadores envolvidos.

Por fim, reiteramos que este estudo não se esgota aqui, mas é meramente

uma contribuição para que haja continuidade das pesquisas; este artigo é o relato de

uma experiência pedagógica concreta para a superação de problemas.

REFERÊNCIAS

ABRANTES A. A.; MARTINS, L. M. Relações entre conteúdos de ensino e processos de pensamento.v1, n1, p 62-74 n. 1, 2006. Disponível em:

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