carlos nabeto a palavra de deus e a profissao de fe

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Carlos Martins Nabeto

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Carlos Martins Nabeto

A FÉ CRISTÃ

- Coletânea de Sentenças Patrísticas -

Volume 1

A Palavra de Deus

A Profissão de Fé

1ª Edição 2007

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Carlos Martins Nabeto

Direitos Autorais do Autor

NABETO, Carlos Martins. 1969- A Fé Cristã: Coletânea de Sentenças Patrísticas. Volume 1. São Vicente-SP: 2007. (1ª edição, 80 páginas) Bibliografia. Registrado na Fundação Biblioteca Nacional sob o nº 361.898, Livro 669, fls. 58. 1. Catolicismo; 2. Patrística; 3. Patrologia; 4. Literatura cristã primitiva I. Título

CDD – 281.1 Índices para Catálogo Sistemático: 1. Literatura cristã primitiva 281.1 2. Padres da Igreja: literatura cristã primitiva 281.1 3. Escritores eclesiásticos: literatura cristã primitiva 281.1 4. Patrística 281.1 5. Patrologia 281.1 Capa: Sílvio L. Medeiros – [email protected] +NIHIL OBSTAT pe. Caetano Rizzi - Vigário Judicial Santos, 21/12/04, na festa de São Pedro Canízio. +IMPRIMATUR Conforme o cânon 827, §3, do Código de Direito Canônico, autorizo a publicação desta obra.

+d. Jacyr F. Braido Bispo Diocesano de Santos 01 de janeiro de 2005. © 2005-2007. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfilmáticos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos, Internet e e-books ou outros, sem prévia autorização, por escrito, da editora. Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial em qualquer sistema de processamento de dados e a inclusão de qualquer parte da obra em qualquer programa juscibernético. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17.12.1980), com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (artigos 102, 103 parágrafo único, 104, 105, 106 e 107 itens 1, 2 e 3, da Lei nº 9.610, de 19.06,1998 [Lei dos Direitos Autorais]). O Autor concede licença especial para este e-book ser armazenado e distribuído pela Internet, apenas pelos sites http://www.veritatis.com.br e http://cocp.nabeto.ihshost.com.

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A FÉ CRISTÃ

“Todo aquele que der testemunho de Mim diante dos homens, também Eu darei testemunho dele

diante de meu Pai que está nos céus” (Mat. 10,32).

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Carlos Martins Nabeto

Série “Citações Patrísticas”

Volume 1 – A Palavra de Deus / A Profissão de Fé Volume 2 – Deus Pai, Filho e Espírito Santo Volume 3 – Maria, os Santos e os Anjos Volume 4 – A Igreja de Cristo Volume 5 – Os 7 Sacramentos / A Criação Volume 6 – Escatologia e Questões Diversas

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A FÉ CRISTÃ

DEDICATÓRIA

À minha esposa, Ana Paula, e filhos, Lucas e Victor.

Aos meus pais,

Modesto e Joaquina.

Aos irmãos de Apostolado e a todos os meus leitores em geral.

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Carlos Martins Nabeto

SOBRE O AUTOR

Carlos Martins Nabeto, casado e pai de dois filhos, nasceu em São Vicente-SP, vindo de uma família de classe média: o pai comerciante e a mãe dona de casa. Formado e pós-graduado em Ciência da Computação pela Universidade Santa Cecília dos Bandeirantes (Uniceb); formado em Direito pela Universidade Católica de Santos (UniSantos) e pós-graduado em Direito Processual Matrimonial Canônico pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Trabalha como Analista de Sistemas, Professor Universitário e Advogado. Desde 1988 dedica-se ao estudo da Fé Cristã, tendo retornado conscientemente ao seio da Igreja Católica em 1991. Fundador, em 1997, do premiado site Agnus Dei, pioneiro na defesa da fé católica na Internet. Em 2002, juntamente com Alessandro Ricardo Lima, fundou o apostolado católico Veritatis Splendor (http://www.veritatis.com.br) - considerado hoje um dos maiores sites católicos em língua portuguesa – onde desde então, além de suas atribuições familiares e seculares, dedica-se à publicação e tradução de artigos referentes ao Cristianismo Primitivo e à defesa da Fé Católica nas questões mais difíceis. Em 2007, fundou ainda o site COCP-Central de Obras do Cristianismo Primitivo (http://cocp.nabeto.ihshost.com), visando centralizar e disponibilizar ao grande público a íntegra de escritos do Período Patrístico.

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A FÉ CRISTÃ

ÍNDICE

INTRODUÇÃO GERAL 15

DEPÓSITO DA FÉ: A TRADIÇÃO ESCRITA E A TRADIÇÃO ORAL 15 O PERÍODO PATRÍSTICO 17 OCASIÃO DA PRESENTE OBRA 17

PARTE I – A PALAVRA DE DEUS 19

1. AS SAGRADAS ESCRITURAS 20 A) A BÍBLIA 20 B) TRADUÇÃO DA SEPTUAGINTA: A BÍBLIA CRISTÃ 23 C) O CÂNON BÍBLICO 24 D) O ANTIGO TESTAMENTO 27 E) O NOVO TESTAMENTO 31 F) INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA 33 G) INERRÂNCIA BÍBLICA 35 2. A SAGRADA TRADIÇÃO 38 A) O DEPÓSITO DA FÉ 38 B) O VALOR DA TRADIÇÃO 39 C) A IMPOSSIBILIDADE DA DOUTRINA DA SOLA SCRIPTURA 46 3. O SAGRADO MAGISTÉRIO 49 A) O MAGISTÉRIO DA IGREJA 49 B) A AUTORIDADE DA IGREJA CATÓLICA 49

PARTE II – A PROFISSÃO DE FÉ DOS PRIMEIROS CRISTÃOS 52

CREDOS DA IGREJA PRIMITIVA 53

ANEXO - RELAÇÃO DE PADRES E ESCRITORES DO PERÍODO PATRÍSTICO 66

ÍNDICE ONOMÁSTICO 71

BIBLIOGRAFIA E SITES CONSULTADOS 74

LIVROS (FONTES DE CITAÇÕES) 74 SITES CONSULTADOS 78 PARA SABER MAIS... 78

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Carlos Martins Nabeto

OBSERVAÇÃO

Esta compilação, devidamente registrada perante as autoridades civis e eclesiásticas, é o resultado de mais de cinco anos de

pesquisas e muitas horas de trabalho para sua organização e editoração final.

Não obstante a isto, o Autor disponibiliza GRATUITAMENTE a presente obra na Internet, favorecendo a edificação da fé e o

fomento da literatura cristã primitiva.

Por esse motivo, se este livro foi de alguma forma útil para você, considere contribuir com QUALQUER VALOR que o seu coração ordenar, efetivando depósito bancário na seguinte

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IMPORTANTE! ATENÇÃO!

Esta obra (e futuras atualizações) somente poderá ser encontrada e distribuída pelos seguintes sites:

APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

(http://www.veritatis.com.br)

COCP-CENTRAL DE OBRAS DO CRISTIANISMO PRIMITIVO (http://cocp.nabeto.ihshost.com)

É terminantemente proibida a distribuição desta obra por outros sites e comunidades da Internet, ou por outros meios, inclusive impressos, ainda que gratuitamente ou sob qualquer alegação, nos termos legais (cf. notícia de copyright à pág. 4). Somente os sites acima indicados garantem a integridade e o conteúdo da presente obra. Em caso de dúvida, acesse um desses sites

para obter gratuitamente uma cópia original desta obra.

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A FÉ CRISTÃ

PREFÁCIO

Chamamos de “Padres da Igreja” (Patrística) aqueles grandes homens da Igreja, aproximadamente do século II ao século VIII, que foram no Oriente e no Ocidente como que “Pais” da Igreja, no sentido de que foram eles que firmaram os conceitos da nossa fé, enfrentaram muitas heresias e, de certa forma, foram responsáveis pelo que chamamos hoje de Tradição da Igreja; sem dúvida, são a sua fonte mais rica. Padre ou Pai da Igreja se refere a um escritor leigo, sacerdote ou bispo da Igreja antiga, considerado pela Tradição como uma testemunha da fé. Normalmente se considera o período da Patrística o que vai dos Apóstolos até Santo Isidoro de Sevilha (560-636) no Ocidente e até a morte de São João Damasceno (675-749) no Oriente, o gigante que combateu o iconoclasmo. Esses gigantes da fé católica, ao longo desses oito séculos, defenderam e formularam a fé, a liturgia, a catequese, a moral, a disciplina, os costumes e os dogmas cristãos; por isso são chamados de “Pais da Igreja”, porque lhes traçaram o caminho. Quando o Papa João Paulo II esteve no Brasil pela primeira vez, em 1981, se referiu a eles dizendo que “são eles os melhores intérpretes da Sagrada Escritura”. Então precisamos conhecer os seus ensinamentos para podermos compreender melhor a Bíblia. Chamamos de Patrologia o estudo sobre a vida, as obras e a doutrina desses Pais da Igreja. No século XVII criou-se a expressão “teologia patrística” para indicar a doutrina dos Padres. Certa vez, disse o cardeal Henri de Lubac: “Todas as vezes que no Ocidente tem florescido alguma renovação, tanto na ordem do pensamento como na ordem da vida – ambas estão sempre ligadas uma à outra – tal renovação tem surgido sob o signo dos Padres”. Esses gigantes da fé e da Igreja souberam fixar para sempre o que Jesus nos deixou através dos Apóstolos. Eles foram obrigados a enfrentar as piores heresias que a Igreja conheceu desde o seu início. Nesta luta, eles amadureceram os conceitos teológicos uma vez que tiveram de enfrentar muitos hereges, de

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dentro da própria Igreja, especialmente nos Concílios Ecumênicos. Neste combate árduo em defesa da fé, onde muitos foram perseguidos, exilados e até martirizados, eles formularam a fé que hoje professamos sem erro. Desde o primeiro século já encontramos o gigante de Antioquia, Santo Inácio (+107), provavelmente sagrado bispo pelo próprio São Pedro. Santo Inácio nos deixou as suas belas cartas escritas às comunidades por onde passou no caminho que o levou ao martírio em Roma, no Coliseu, desde Antioquia. A caminho do martírio ele escreveu belas cartas aos romanos, aos magnésios, aos tralianos, aos efésios, aos esmirnenses e a São Policarpo, bispo e mártir de Esmirna. No segundo século encontramos o grande Santo Ireneu de Lião (+202) enfrentando os Gnósticos que, sorrateiramente, penetraram na Igreja e ameaçavam destruir a fé cristã. Contra eles, Santo Ireneu escreveu uma longa obra “Contra as Heresias”. Tão difícil foi esse combate que o Santo o comparou a alguém que precisa cortar todas as árvores de uma floresta para finalmente poder capturar a fera que nela se esconde. Os Padres da Igreja tiveram uma participação fundamental nos primeiros Concílios Ecumênicos, como o de Nicéia, no ano 325, que condenou o Arianismo que negava a divindade de Jesus; o Concílio de Constantinopla I, em 381, que condenou o Macedonismo que negava a divindade do Espírito Santo; e os outros Concílios que enfrentaram e condenaram as heresias cristológicas e trinitárias. Os Padres da Igreja estiveram um tanto esquecidos, mas a partir do anos 1940, surgiu na Europa, de modo especial na França, um forte movimento voltado à Patrística. Esse movimento foi liderado pelo cardeal Henri de Lubac e Jean Daniélou, o qual deu origem à coleção “Sources Chréstiennes”, hoje com mais de 300 títulos. No Concílio Vaticano II cresceu ainda mais esse movimento de redescoberta da Patrística por causa do desejo de renovação da liturgia, da exegese, da espiritualidade e da teologia a partir dos primórdios da Igreja. Foi a sede de “voltar às fontes” do Cristianismo. Desses Padres, alguns foram papas, mas nem todos; a maioria

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foram bispos, mas há também diáconos, presbíteros e até leigos. Entre eles, muitos receberam o título de “Doutor da Igreja”, sempre por algum Papa, por terem ensinado de maneira extraordinária os dogmas e as verdades da nossa fé. É, assim, com muita alegria e satisfação que tomei conhecimento da obra de Carlos Martins Nabeto sobre os Padres da Igreja, da série “Citações Patrísticas”, em seis volumes, onde é apresentada “a Fé Cristã” por meio de uma “Coletânea de Sentenças Patrísticas”. O volume 1 apresenta “A Palavra de Deus e a Profissão de Fé”, enfocando a Profissão de Fé dos primeiros cristãos, com ênfase na Sagrada Escritura, Sagrada Tradição e Sagrado Magistério. O volume 2 tem como tema e objeto “Deus Pai, Filho e Espírito Santo”. O volume 3, “Maria, os Anjos e os Santos”. O volume 4 é sobre “A Igreja de Cristo”. O volume 5, sobre “Os 7 Sacramentos e a Criação”. E o volume 6, sobre a “Escatologia e questões diversas”. Trata-se de um riquíssimo material para estudo dos fiéis e especialmente para os estudiosos da Teologia, e aborda uma grande quantidade de temas do Cristianismo. Rogamos a Deus que esta obra possa dar muitos frutos de salvação para a Sua Glória, para a edificação da Igreja e salvação das almas. Lorena-SP, 09 de março de 2007. Prof. Felipe Rinaldo Queiroz de Aquino

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A FÉ CRISTÃ

INTRODUÇÃO GERAL “Os melhores intérpretes das

Sagradas Escrituras são os Padres da Igreja”

(João Paulo II) Ingressamos, há alguns anos, no Terceiro Milênio da Era Cristã mas, desde que o Senhor Jesus ascendeu aos céus (Mc. 16,19), centenas de milhões de pessoas têm se sensibilizado por sua palavra, por sua atitude, por seu amor... É fato que após a sua ressurreição, coube sempre à Igreja o múnus de proclamar o Evangelho por todo o mundo (Mt. 28,19), contando, para isso, com o infalível auxílio do Espírito Santo (Jo. 15,26; 16,13; At. 2).

Peregrina neste mundo, a Igreja não raras vezes tem se defrontado com obstáculos que tentam minar a fé e a unidade dos fiéis. Um dos ataques mais comuns contra a Igreja é aquele que a acusa de "deturpar a Palavra de Deus", visto que a Bíblia seria "silente" em tal ou qual ponto da doutrina ou disciplina... Surge daí, então, a dúvida: será que a Igreja Católica atual pode ser identificada com aquela Igreja à qual Cristo empregou o pronome possessivo "minha" (cf. Mt. 16,18)?

A resposta encontra-se claramente no Depósito da Fé confiado à Igreja...

DEPÓSITO DA FÉ: A TRADIÇÃO ESCRITA E A TRADIÇÃO ORAL Sabe-se, inquestionavelmente, que Jesus passou todo o seu ministério público ensinando as coisas de Deus Pai por viva voz, mediante a pregação oral, com exceção de uma única vez, quando escreveu, com o dedo, na terra (cf. Jo. 8,6); infelizmente, nessa oportunidade única, nenhum dos evangelistas documentou o que ele teria escrito no chão.

Igualmente, constata-se na Bíblia que Jesus jamais ordenou aos seus discípulos para que colocassem por escrito os seus ensinamentos, mas os convocou para que, assim como ele, pregassem o Evangelho a toda criatura (cf. Mc. 16,15), afirmando, ainda, que aqueles que ouvissem seus discípulos estariam ouvindo a Ele mesmo (cf. Lc. 10,16). Por isso, os primeiros escritos do Novo Testamento - as epístolas de São Paulo - começaram a surgir 20 anos após a ressurreição do

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Senhor (os primeiros evangelhos, no entanto, somente passaram a aparecer depois de 40 anos!). Percebe-se, assim, que os discípulos de Jesus obedeceram fielmente a sua ordem, primeiramente pregando e formando as primeiras comunidades, para só depois escrever e, mesmo assim, apenas quando necessário.

Com efeito, o próprio São Paulo deduz a existência de duas formas de Tradição: a oral (formada pela pregação de viva voz) e a escrita (composta pelo Antigo Testamento e os novos documentos cristãos produzidos segundo a necessidade), como lemos em 2Tes. 2,15. Em momento algum a Tradição escrita, consignada na Bíblia, rejeita a Tradição oral (cf. 2Tim. 1,13, 2Tes. 3,6), até porque reconhece-se explicitamente que nem todos os ensinamentos e feitos de Jesus poderiam caber dentro dos limites de qualquer livro (cf. Jo. 20,30; 21,25) e que somente a Igreja é "a coluna e o fundamento da Verdade" (1Tim. 3,15), já que ela obviamente detém, por Pedro, as chaves do Reino (cf. Mt. 16,19), podendo ligar e desligar as coisas no céu (Mt. 18,18), bem como conta com a assistência do Espírito Santo (cf. At. 2,4).

Daí a autoridade da Igreja para proclamar o Reino de Deus (v.tb. Mt. 18,17) e, inclusive, para estabelecer o verdadeiro cânon bíblico. Com efeito, quem estabeleceu o cânon do Antigo (com 46 livros) e do Novo Testamento (com 27 livros) para os cristãos foi a Igreja, no séc. IV, baseando-se na Tradição Oral dos primeiros cristãos. Por isso, quem nega o valor da Tradição Oral não pode nem acatar os livros da Bíblia, vez que esta, por si só, não relaciona os livros que devem ser aceitos como legítimos.

Por outro lado, boa parte daquilo que recebemos pela Tradição oral foi coletada e citada por muitos cristãos primitivos, cuja fé cristã autêntica não lhes pode ser negada ou reduzida, em seus respectivos escritos, que demonstram posições não contrárias à Bíblia ou complementares a esta. A autoridade de cada escritor, porém, está firmada sobre a sua erudição, santidade e ordem hierárquica.

Daí ser inegável a importância do período Patrístico para a Igreja cristã, pois foi durante os primeiros séculos da Era Cristã que não apenas a Igreja como a própria doutrina cristã se "desenvolveram", ou seja, foram melhor explicadas, compreendidas e aceitas por toda a Cristandade.

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A FÉ CRISTÃ

O PERÍODO PATRÍSTICO Geralmente compreende-se o Período Patrístico entre o final do século I (com a morte do último Apóstolo, isto é, São João) e o século VIII, inclusive. Durante todo esse período, muitas perseguições e heresias surgiram e ameaçaram os fundamentos do Cristianismo, mas graças aos esforços empreendidos por diversos cristãos - de homens e mulheres rudes e figuras anônimas a grandes bispos e teólogos, versados nas Sagradas Letras (tradição escrita) e nas Tradições Apostólicas (tradição oral) -, a fé cristã não apenas triunfou sobre os seus perseguidores e detratores como também afastou de vez o perigo de se ver contaminada pelo veneno mortal das heresias.

Podemos, pois, classificar esses ilustres cristãos da seguinte maneira:

a) Padres da Igreja: São aqueles homens e mulheres de Deus que, segundo os estudiosos da Patrística, reúnem as seguintes características:

1) Doutrina Ortodoxa: não significa isenção total de erros, mas a fiel comunhão de doutrina com a Igreja universal;

2) Santidade de Vida: na forma como se cultuavam os santos na Antigüidade cristã;

3) Aprovação Eclesiástica: deduzida das deliberações e declarações eclesiásticas; e

4) Antigüidade: dentro do período acima considerado (séc. I-VIII d.C.)

b) Escritores Eclesiásticos: Cabe a todos os demais escritores-teólogos da Antigüidade Cristã, mesmo os que não refletem "doutrina ortodoxa" e "santidade de vida".

Isto posto, nota-se que o ensino unânime dos Padres é considerado pela Igreja como regra infalível de uma verdade de fé, já que, isoladamente, nenhum Padre da Igreja pode ser tido por infalível, exceto quando foi Papa ensinando ex cathedra, ou quando certa passagem de seu escrito foi aprovado por um Concílio Ecumênico.

OCASIÃO DA PRESENTE OBRA Conhecer os textos produzidos pelos primeiros cristãos além de nos ajudar a compreender melhor a nossa fé, também nos mostra que, hoje, muitas seitas voltam a pregar doutrinas já condenadas nos primórdios do Cristianismo. E se foram

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reprovadas é porque não refletiam - e não refletem! - a verdadeira fé transmitida por Cristo à sua Igreja. Exatamente por isso, não é de se estranhar que muitas pessoas tenham retornado à Igreja de Cristo após estudar seriamente os textos produzidos no Período Patrístico.

Porém, embora já fosse possível encontrar em língua portuguesa algumas obras retratando personagens e ensinos ou até mesmo reproduzindo na íntegra escritos desse Período (v. Bibliografia, no final da presente obra), inexistia - até então - em nosso mercado editorial, uma obra que reproduzisse somente as passagens mais importantes de toda essa vasta produção literária, segundo uma abrangente ordem de matérias e submatérias afins. É justamente esse espaço que pretendemos preencher, "facilitando a vida", em especial, dos estudantes de Teologia, seminaristas, clérigos e catequistas...

Visando também demonstrar que a doutrina da Igreja permaneceu inalterada nestes dois mil anos de Cristianismo, apresentamos cada matéria e/ou submatéria citando ainda o(s) versículo(s) bíblico(s) correspondente(s), ainda que não exaustivamente, bem como reproduzimos o ensino oficial da Igreja, quer citando o Catecismo da Igreja Católica, quer - quando isto não for possível - reproduzindo um texto retirado de alguma obra de prestígio em nosso mercado editorial.

Apresentando, pois, mais de 1.600 citações dos primeiros padres e escritores da Igreja primitiva, pretendemos, por fim, tornar realidade, da forma mais simples possível, o desejo explicitamente manifestado pelos padres do Concílio Vaticano II (p.ex., decr. Presbyterorum Ordinis, nº 19). "Retornando" às fontes patrísticas, certamente estaremos adequando o nosso pensamento sobre as coisas de Deus com o ensinamento da Igreja dos primeiros tempos, solidificando a nossa fé de hoje e de sempre, já que o consenso unânime dos Padres da Igreja continua sendo considerado argumento decisivo em qualquer controvérsia teológica.

Carlos Martins Nabeto Aos 13 dias de Janeiro de 2005,

Festa de Santo Hilário de Poitiers (+367), bispo e doutor da Igreja.

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A FÉ CRISTÃ

PARTE I – A PALAVRA DE DEUS

A Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição constituem um só depósito sagrado da Palavra de Deus, confiado à Igreja;

aderindo a este, todo o povo santo persevera unido aos seus pastores na doutrina e na comunhão dos apóstolos, na fração do

pão e nas orações (cf. At 8,42 gr.), de tal modo que na conservação, atuação e profissão da fé transmitida haja uma

singular colaboração dos pastores e dos fiéis.

Porém, o múnus de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou contida na Tradição, foi confiado só ao

Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo. Este Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas está a seu serviço, não ensinando senão o que foi

transmitido, enquanto, por mandado divino e com assistência do Espírito Santo, a ouve piamente, guarda santamente e expõe fielmente, haurindo deste único depósito da fé todas as coisas

que propõe à fé como divinamente reveladas.

É claro, portanto, que a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Sagrado Magistério da Igreja, segundo o sapientíssimo plano da Deus, de tal maneira se relacionam e se associam que um sem os outros não se mantém, e todos juntos, cada um a seu

modo sob a ação do mesmo Espírito Santo, colaboram eficazmente para a salvação das almas.

(Constituição Dogmática Dei Verbum, nº10)

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1. As Sagradas Escrituras Através de todas as palavras da Sagrada Escritura, Deus pronuncia uma só Palavra, seu Verbo único, no qual se expressa por inteiro. Na Sagrada Escritura, a Igreja encontra incessantemente seu alimento e sua força, pois nela não acolhe somente uma palavra humana, mas o que ela é realmente: a Palavra de Deus. Com efeito, nos Livros Sagrados, o Pai que está nos céus vem carinhosamente ao encontro de seus filhos e com eles fala (CIC 102, 104).

a) A Bíblia “Toda a Escritura divinamente inspirada é útil para

ensinar, para repreender, para corrigir, para formar na justiça” (2Tim. 3,16).

Na condescendência da sua bondade, Deus, para revelar-se aos homens, fala-lhes em palavras humanas. Com efeito, as palavras de Deus, expressas por línguas humanas, se fizeram semelhantes à linguagem humana, tal como outrora o Verbo do Pai Eterno, havendo assumido a carne da fraqueza humana, se fez semelhante aos homens (CIC 101).

Clemente de Alexandria

"A fé em Cristo, a que agora se pretende restringir o alcance da razão humana, não existiu antes do advento do Salvador, quando se dispunha apenas da lei judaica e da filosofia grega. A Lei era, indubitavelmente, expressão da vontade de Deus. O Antigo Testamento foi a preparação do Novo e este é o remate e a complementação daquele. Há, pois, verdadeira continuidade na revelação divina" (Stromata 6,5,8,42,1).

Tertuliano de Cartago

"[Nós, cristãos,] nos reunimos para ler as Escrituras Sagradas, para ver se as condições dos tempos atuais nos levam a ter de imaginar o futuro a partir delas, ou a reconhecer a verdade de certas coisas já passadas e preditas por aquelas Escrituras" (Apologia 39).

Orígenes de Alexandria

"Outro ponto de doutrina eclesiástica é que o Espírito Santo,

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o autor das Escrituras, dá-lhes, além do sentido que está na superfície, outro sentido que escapa à maioria. As narrações sagradas são os tipos e as figuras dos mistérios divinos. A Igreja inteira concorda em dizer que a Lei é espiritual, mas o sentido espiritual da Lei é conhecido somente daqueles a quem o Espírito Santo se digna conceder a sabedoria e a ciência" (Dos Princípios 1,8).

"Tu, pois, meu senhor e filho, aplica-te principalmente à leitura das divinas Escrituras; aplica-te bem a isso, porque necessitamos de muita aplicação quando lemos os livros divinos, para não pronunciar alguma palavra ou ter algum pensamento excessivamente temerário a respeito deles. Aplicando-te a lê-los com a intenção de crer e de agradar a Deus, bate, na tua leitura, à porta do que está fechado, e Ele te abrirá - o porteiro de quem Jesus disse: 'Àquele o porteiro abre'. Aplicando-te a essa divina leitura, procura, com retidão e confiança inabalável em Deus, o sentido dos divinos Escritos, ocultos a muitos. Não te contentes em bater e em procurar, pois é absolutamente necessário orar para compreender as coisas divinas. Foi para nos exortar a isso que o Salvador não disse apenas: 'Batei e abrir-se-vos-á' e 'Buscai e achareis', mas também: 'Pedi e vos será dado'. Ousei falar assim por causa de meu amor paternal por ti. Se é bom ou não tê-lo ousado, só Deus pode saber,e seu Cristo, e aquele que participa do Espírito de Deus e do Espírito de Cristo" (Epístola a Gregório Taumaturgo).

"Se há relações secretas entre o visível e o invisível, entre a terra e o céu, entre a carne e a alma, entre o corpo e o espírito, e se o mundo nasce de sua união, existe também nas Escrituras um elemento visível e um elemento invisível. Ela tem corpo: a letra que aparece a todos os olhares; alma: o sentido oculto que encerra; e espírito: as coisas celestes que ela figura e representa" (Sermão sobre o Levítico 5,1).

Pacômio de Tabenési

"E no mosteiro não haja ninguém que não saiba ler e não se lembre de alguma coisa da Escritura; no mínimo, o Novo Testamento e o Saltério" (Regra).

Jerônimo

"Ama a Bíblia e a sabedoria te amará. Ama-a e ela te guardará. Honra-a e ela te abraçará".

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Carlos Martins Nabeto

"O Evangelho é o Corpo de Jesus e as Santas Escrituras são sua doutrina. Sem dúvida, a frase: 'Aquele que come a minha Carne e bebe o meu Sangue" concerne o mistério eucarístico. Mas o verdadeiro Corpo de Cristo e seu verdadeiro Sangue são também as palavras das Escrituras, isto é, sua divina doutrina. Se uma parcela de hóstia vem a cair no chão, ficamos profundamente transtornados! Se enquanto ouvimos a Palavra de Deus, que é o Corpo e o Sangue de Cristo, pensamos em outra coisa, que irresponsáveis seremos! A Carne do Senhor, sendo o verdadeiro alimento e seu Sangue, a verdadeira bebida nesta vida presente, nosso verdadeiro bem é, então, comer a Sua Carne e beber o Seu Sangue não somente no mistério eucarístico, mas também na leitura das Escrituras".

"Ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo" (Prefácio ao Comentário sobre Isaías).

Agostinho de Hipona

"Todos os que temem a Deus e são benévolos na piedade procuram em todos esses livros a vontade de Deus. A primeira preocupação que se deve ter nessa tarefa trabalhosa, como dissemos, é o conhecimento de tais livros. Mesmo que ainda não sejam compreendidos, deve-se, porém, lê-los sempre ou memorizá-los, ou, pelo menos, não ignorá-los completamente. Além disso, deve-se investigar com maior cuidado e diligência tudo o que ali foi apresentado de forma clara, quer se trate de ensinamentos morais, quer de normas de fé; e são tão mais encontrados quanto mais ampla é a compreensão. Nos passos da Escritura, onde se assumem posições claras, estão encerrados os conteúdos da fé e da vida moral, particularmente da esperança e da piedade" (Da Doutrina Cristã 2,9).

Papa Gregório I Magno de Roma

"As Sagradas Escrituras põem-se diante dos olhos de nossa mente como se fossem um espelho para que se veja nele o nosso rosto interior. Nele conhecemos nossa feiúra e beleza; nele conhecemos quanto progredimos e quanto ainda estamos longe da perfeição" (Moralia 2,1).

* * *

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A FÉ CRISTÃ

b) Tradução da Septuaginta: a Bíblia cristã “Empreguei o meu estudo em concluir e oferecer este Livro aos que querem aplicar o seu espírito e aprender como se devem regular os costumes quando se tomou a resolução de viver segundo a lei do Senhor” (Eclo.,

Pref.).

Os cristãos, desde o início da sua história, usaram a edição grega dos Setenta. Os Apóstolos mesmos, escrevendo os evangelhos e as suas cartas, referem o Antigo Testamento não segundo o texto hebraico, mas recorrendo à versão dos Setenta. Das 350 citações do Antigo Testamento que ocorrem no Novo, 300 são tiradas do texto grego (mesmo quando este diverge acidentalmente do hebraico; p.ex.: Heb. 10,5-7, Mt. 1,23)1.

Orígenes de Alexandria

"Nós (cristãos) procuramos não ignorar quais são as Escrituras dos judeus a fim de que, ao disputarmos com eles, não citemos as que não se encontram nos exemplares deles, mas sim aquelas de que eles se servem" (Epístola a Júlio Africano 5).

"Se não ignoramos tudo isso (=divergência do texto hebraico com o texto grego do AT), já é tempo de ab-rogar os exemplares circulantes nas igrejas e de mandar os irmãos eliminarem os exemplares dos livros sagrados dos quais estão de posse e adular os judeus a fim de que se convençam a nos dar exemplares genuínos. Ora, será que a Divina providência, ao dar as Escrituras Sagradas (AT grego) a todas as igrejas de Cristo, não pensou naqueles que foram comprado, naqueles pelos quais morreu o Cristo, não tendo ele, por amor, sequer poupado o Filho, tendo-o dado por nós e com ele nos dado tudo? A esse respeito, seguramente vale a pena lembrar o texto que diz: 'Não alterarás os marcos eternos que teus predecessores estabeleceram'" (Epístola a Júlio Africano 8).

"Surgiram muitas variantes entre os exemplares, quer pela negligência dos copistas, quer em conseqüência da audácia perversa de alguns, quer pelo descuido na correção das cópias, quer pelo acréscimo ou supressão que alguns fazem

1 Cf. BETTENCOURT, Estêvão Tavares. Diálogo Ecumênico: temas controvertidos. Rio de Janeiro: Lumen Christi, 3ª ed., 1989, pp. 13-25.

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Carlos Martins Nabeto

na correção como bem entendem. Com a graça de Deus, pudemos remediar as variantes nos exemplares do Antigo Testamento, tomando como critério as outras edições. No caso de hesitação relativa à Setenta, por causa das variantes dos exemplares, julgamos a partir das outras edições e conservamos o que estava de acordo com elas. Marcamos com um óbelo o que não estava em hebraico, não ousando absolutamente suprimi-lo; fizemos acréscimos marcados com asterisco, para que fique claro que eles não constam da Setenta, mas que nós os acrescentamos a partir de outras edições concordantes com o hebraico. Assim, quem quiser poderá aceitá-los; quem ficar chocado diante desse procedimento fará o que quiser, aceitando-os ou não. Mas nos exemplares do Novo Testamento eu não poderia, em minha opinião, fazer sem perigo a mesma coisa. Pensei que não seria sensato contentar-me em apresentar as dificuldades, as razões e as causas dessas dificuldades" (Comentário sobre o Evangelho de Mateus 15,14).

* * *

c) O cânon bíblico “Muitos e excelentes ensinamentos nos foram

transmitidos pela lei, pelos profetas e por outros escritores que vieram depois deles” (Eclo., Pref.).

Foi a Tradição Apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deveriam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados. Esta lista completa é denominada “Cânon” das Escrituras. Ela comporta, para o Antigo Testamento, 46 escritos (45, se contarmos Jeremias e Lamentações juntos) e 27 para o Novo (CIC 120).

Papa Dâmaso I de Roma

"Tratemos agora sobre o que sente a Igreja Católica universal, bem como o que se deve ter como Sagradas Escrituras: um livro do Gênese, um livro do Êxodo, um livro do Levítico, um livro dos números, um livro do Deuteronômio; um livro de Josué, um livro dos Juízes, um livro de Rute; quatro livros dos Reis, dois dos Paralipômenos; um livro do Saltério; três livros de Salomão: um dos Provérbios, um do Eclesiastes e um do Cântico dos Cânticos; outros: um da Sabedoria, um do Eclesiástico. Um de Isaías, um de Jeremias com um de Baruc e mais suas

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A FÉ CRISTÃ

Lamentações, um de Ezequiel, um de Daniel; um de Joel, um de Abdias, um de Oséias, um de Amós, um de Miquéias, um de Jonas, um de Naum, um de Habacuc, um de Sofonias, um de Ageu, um de Zacarias, um de Malaquias. Um de Jó, um de Tobias, um de Judite, um de Ester, dois de Esdras, dois dos Macabeus. Um evangelho segundo Mateus, um segundo Marcos, um segundo Lucas, um segundo João. [Epístolas:] a dos Romanos, uma; a dos Coríntios, duas; a dos Efésios, uma; a dos Tessalonicenses, duas; a dos Gálatas, uma; a dos Filipenses, uma; a dos Colossences, uma; a Timóteo, duas; a Tito, uma; a Filemon, uma; aos Hebreus, uma. Apocalipse de João apóstolo; um, Atos dos Apóstolos, um. [Outras epístolas:] de Pedro apóstolo, duas; de Tiago apóstolo, uma; de João apóstolo, uma; do outro João presbítero, duas; de Judas, o zelota, uma" (Concílio Regional de Roma, em 382).

Concílio Regional de Hipona

"Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos, dois livros dos Paralipômenos, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de Salomão, doze livros dos Profetas, Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras e dois [livros] dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo, uma do mesmo aos Hebreus, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João. Sobre a confirmação deste cânon se consultará a Igreja do outro lado do mar. É também permitida a leitura das Paixões dos mártires na celebração de seus respectivos aniversários" (Cânon 36).

Concílio Regional de Cartago III e IV

"Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos, dois livros dos Paralipômenos, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de Salomão, doze livros dos Profetas, Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras e dois [livros] dos Macabeus. E

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Carlos Martins Nabeto

do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo, uma do mesmo aos Hebreus, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João. Isto se fará saber também ao nosso santo irmão e sacerdote, Bonifácio, bispo da cidade de Roma, ou a outros bispos daquela região, para que este cânon seja confirmado, pois foi isto que recebemos dos Padres como lícito para ler na Igreja".

Papa Inocêncio I de Roma

"Quais os livros aceitos no cânon das Escrituras, o breve apêndice o mostra: Cinco livros de Moisés, isto é, Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Um livro de Josué, filho de Num; um livro dos Juízes; quatro livros dos Reinos; e Rute. Dezesseis livros dos Profetas; cinco livros de Salomão; o Saltério. Livros históricos: um de Jó, um de Tobias, um de Ester, um de Judite, dois dos Macabeus, dois de Esdras, dois dos Paralipômenos. Do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos; quatorze epístolas do apóstolo Paulo, três de João, duas de Pedro, uma de Judas, uma de Tiago; os Atos dos Apóstolos; e o Apocalipse de João" (Epístola a Exupério de Tolosa).

Papa Gelásio I de Roma

"Devemos agora tratar das Escrituras Divinas. Vejamos o que a Igreja Católica universalmente aceita e o que deve ser evitado: (1) Começa a ordem do Antigo Testamento: um livro da Gênese, um do Êxodo, um do Levítico, um dos Números, um do Deuteronômio, um de Josué (filho de Nun), um dos Juízes, um de Rute, quatro livros dos Reis, dois dos Paralipômenos, um livro de 150 Salmos, três livros de Salomão (um dos Provérbios, um do Eclesiastes, e um do Cântico dos Cânticos). Ainda um livro da Sabedoria e um do Eclesiástico. (2) A ordem dos Profetas: um livro de Isaías, um de Jeremias com Cinoth (isto é, as suas Lamentações), um livro de Ezequiel, um de Daniel, um de Oséias, um de Amós, um de Miquéias, um de Joel, um de Abdias, um de Jonas, um de Naum, um de Habacuc, um de Sofonias, um de Ageu, um de Zacarias e um de Malaquias. (3) A ordem dos livros históricos: um de Jó, um de Tobias, dois de Esdras, um de Ester, um de Judite e dois dos Macabeus. (4)A ordem das escrituras do Novo Testamento, que a Santa e Católica Igreja Romana aceita e venera são: quatro livros dos Evangelhos (um segundo Mateus, um segundo

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A FÉ CRISTÃ

Marcos, um segundo Lucas e um segundo João). Ainda um livro dos Atos dos Apóstolos. As 14 epístolas de Paulo Apóstolo: uma aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Efésios, duas aos Tessalonicenses, uma aos Gálatas, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas a Timóteo, uma a Tito, uma a Filemon e uma aos Hebreus. Ainda um livro do Apocalipse de João. Ainda sete epístolas canônicas: duas do Apóstolo Pedro, uma do Apóstolo Tiago, uma de João Apóstolo, duas epístolas do outro João (presbítero) e uma de Judas Apóstolo (o zelota)" (Decreto Gelasiano; repetido em 520 pelo papa Hormisdas).

* * *

d) O Antigo Testamento “Examinai as [antigas] Escrituras, visto que julgais ter

nelas a vida eterna” (Jo. 5,39).

O Antigo Testamento é uma parte inalienável da Sagrada Escritura. Seus livros são divinamente inspirados e conservam um valor permanente, pois a Antiga Aliança nunca foi revogada. Os cristãos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus. A Igreja sempre rechaçou vigorosamente a idéia de rejeitar o Antigo Testamento sob o pretexto de que o Novo o teria feito caducar (Marcionismo) (CIC 121, 123).

Inácio de Antioquia

"Ouvi alguém dizer: 'Se não encontrar nos arquivos (=Antigo Testamento), não poderei crer no Evangelho'. E quando eu respondia: 'Está escrito', eles me replicavam: 'Mas é esta precisamente a questão!'. Quanto a mim, meu arquivo é Jesus Cristo. Meus arquivos invioláveis são sua cruz, sua morte, sua ressurreição e a fé que dele provém" (Epístola aos Filadelfos 8,2).

"Amemos também os profetas, pois eles igualmente anunciaram o Evangelho, puseram nele sua esperança e aguardaram sua vinda. Acreditando n'Ele, salvaram-se; permanecendo na unidade de Jesus Cristo, santos dignos de amor e admiração receberam o testemunho de Jesus Cristo e foram admitidos no Evangelho de nossa comum esperança (...) Os sacerdotes [do Antigo Testamento] também eram respeitáveis; melhor, porém, era o sumo sacerdote, a quem foi confiado o Santo dos santos, o único a quem se

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Carlos Martins Nabeto

confiaram os segredos de Deus. Ele é a porta do Pai, pela qual entram Abraão, Isaac e Jacó, os profetas, os Apóstolos e a Igreja. Tudo isso é para a unidade de Deus" (Epístola aos Filadelfos 5.8).

Justino Mártir

"Houve outrora (...) homens bem-aventurados, justos e amigos de Deus, que falavam por um Espírito divino e pronunciavam oráculos sobre o futuro. São chamados profetas. Somente eles viram e anunciaram aos homens a verdade, sem deferência nem ambigüidade para quem quer que fosse (...) não diziam senão o que tinham ouvido e visto; estavam cheios do Espírito Santo (...) Não fizeram seus discursos por demonstração, foram testemunhas avalizadas da verdade. Os acontecimentos passados e presentes obrigam a aderir ao que disseram. E também merecem ser acreditados pelos milagres que realizaram, pois glorificavam a Deus Pai criador de todas as coisas e anunciavam Cristo, o Filho que d'Ele vem (...) Mas antes de tudo, ora para que te sejam abertas as portas da luz, pois não é possível alguém ver e compreender se Deus e seu Cristo não lhe concederem que compreenda" (Diálogo com Trifão 7,1-3).

"O mistério do cordeiro pascal que Deus mandou imolar como sacrifício pascal era tipo do Cristo (...) A oferta de trigo era tipo da Eucaristia (...) Passando uma de cada vez todas as prescrições de Moisés, posso indicar que cada uma delas constitui um tipo, um símbolo, um anúncio do que tinha de se verificar no Cristo" (Diálogo com Trifão 41,1).

Orígenes de Alexandria

"A Lei é espiritual e deve ser compreendida em sentido espiritual. Quanto a nós, sabemos que a Escritura não foi redigida para nos contar histórias antigas, mas para nossa instrução salutar; assim, compreendemos que o que acabaram de nos ler é sempre atual e não somente neste mundo, representado pelo Egito, mas em cada um de nós".

"Moisés recebe a ordem de ferir o mar com seu bastão, para que ele se divida e se retire para a passagem do povo de Deus; e que esse elemento - a água - que era para ele objeto de temor, obedeça à vontade divina, formando à direita e à esquerda uma muralha que não é um perigo, mas uma proteção. As ondas refluem, pois, como montanha, e a água rechaçada sobre si mesma se encurva;

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A FÉ CRISTÃ

torna-se sólida e o fundo do mar não é mais que areia. Compreendei neste caso qual é a bondade de Deus criador: se obedeceis à sua vontade, se seguis a Lei, Ele obriga até os elementos a agir contra sua própria natureza para vos servir. Eu ouvi os anciãos dizerem que, nessa passagem do mar, as águas se dividiram em tantas frações quantas são as tribos dos filhos de Israel e que cada tribo teve seu próprio caminho aberto no mar; a prova estaria nestas palavras do Salmo: 'Aquele que dividiu o Mar Vermelho em frações' (...) Pensei ser piedoso não omitir essa observação dos anciãos sobre as divinas Escrituras. Qual é, pois, o ensinamento que nos é dado por esse meio? Já falamos acima da interpretação do Apóstolo. A isso ele chama 'um batismo, realizado em Moisés, na nuvem e no mar', para que vós, que sois batizados em Cristo, na água e no Espírito Santo, saibais que os egípcios vis seguem; que querem vos reconduzir à servidão antiga, isto é, junto dos príncipes deste mundo e dos espíritos maus de que fostes escravos. Procuram vos alcançar, mas desceis para a água e dela saís sãos e salvos. Tendo lavado a mancha dos pecados, subis como homem novo, prontos para cantar o cântico novo (...) Pois extermina o egípcio aquele que não realiza as obras das trevas; extermina o egípcio aquele que não vive segundo a carne, mas segundo o Espírito; extermina o egípcio aquele que expulsa do coração os pensamentos maculados e impuros, ou mesmo não os recebe absolutamente, segundo a palavra do Apóstolo: 'Tomando o escudo da fé para destruir todas as flechas inflamadas do Maligno'. É assim que ainda hoje podemos ver os cadáveres dos egípcios estendidos na margem, seus carros e cavalos submersos; podemos ver submerso o faraó em pessoa, se vivermos com fé bastante para que Deus derrube prontamente Satã a nossos pés, por Cristo nosso Senhor" (Homilia sobre o Êxodo 5,5).

"Os muros de Jericó desmoronam ao som das trombetas. Jericó é a representação deste século, cuja força e cujas muralhas vemos serem destruídas pelas trombetas dos sacerdotes. Essa força e essas muralhas eram o culto aos ídolos (...) Nosso Senhor Jesus Cristo, cuja vinda foi prefigurada por Josué, envia seus Apóstolos como sacerdotes portadores de trombetas retumbantes, isto é, do Evangelho (...) e todas as edificações da idolatria e os dogmas dos filósofos são destruídos até os fundamentos"

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Carlos Martins Nabeto

(Homilia sobre Josué 7).

Ambrósio de Milão

"Nos Salmos encontramos profetizado não só o nascimento de Jesus, mas sua paixão salvífica, seu repouso no sepulcro, sua ressurreição, sua ascensão ao céu e sua glorificação à direita do Pai. O salmista anuncia o que ninguém se atreveria a dizer, aquilo que depois, no Evangelho, o Senhor em pessoa proclamou (...) Haverá algo melhor do que os Salmos? É por isso que Davi diz muito acertadamente: 'Louvai o Senhor, pois o salmo é uma coisa boa; a nosso Deus, louvor suave e belo'. E é verdade. Pois os Salmos são bênçãos pronunciadas pelo povo, louvor de Deus pela assembléia, aplauso de todos, palavra dita pelo universo, voz da Igreja, melodiosa profissão de fé (...) Que outra coisa é o saltério senão o instrumento espiritual com que o homem inspirado faz ressoar na terra a doçura das melodias do céu, como quem toca a lira do Espírito Santo?" (Comentário ao Salmo 1,8-9.11).

Agostinho de Hipona

"Nos Salmos, assim como também em toda profecia, não temos o costume de atender à letra, mas sondamos, pela letra, os mistérios. Recordais, também, que costumamos ouvir nos Salmos a voz de certo Homem que, sendo um, tem cabeça e corpo: a cabeça está no céu (=Cristo) e o corpo na terra (=Igreja); e que onde estiver a cabeça seguirá o corpo. E não digo quem é a cabeça e quem é o corpo, uma vez que estou falando a iniciados" (Comentário ao Salmo 131,2).

"Que vozes eu levantava a Ti naqueles Salmos e como me inflava em To com eles e me acendia em desejos de recitá-los, se me fosse possível, perante o mundo inteiro, contra a soberba do gênero humano! Ainda que já seja certo que em todo o mundo se cantam e que não existe ninguém que se esconda de teu calor" (Confissões 9,4,8).

"Nós não devemos pensar sobre aqueles dias [da Criação] como dias solares (=24 horas)" (De Genesi ad Litteram 5,5).

"Eu citei uma passagem do livro de Salomão: 'Vaidade dos fabricantes de vaidade', disse o Eclesiastes, por tê-la lido em numerosos manuscritos. Mas não é isso o que traz o grego. Este diz: 'Vaidade das vaidades', como vi mais tarde

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A FÉ CRISTÃ

e encontrei em outros manuscritos latinos mais exatos, que assim trazem" (Retratações 1,7,3).

* * *

e) O Novo Testamento “Crede que a longanimidade do nosso Senhor é para

vossa salvação, conforme também nosso irmão caríssimo Paulo vos escreveu” (2Ped. 3,15).

A Palavra de Deus, que é a força de Deus para a salvação de todo crente, é apresentada e manifesta o seu vigor de modo eminente nos escritos do Novo Testamento. Estes escritos fornecem-nos a verdade definitiva da Revelação divina. Seu objeto central é Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado, seus atos, ensinamentos, paixão e glorificação, assim como os inícios da sua Igreja sob a ação do Espírito Santo (CIC 124).

Inácio de Antioquia

"O evangelho tem alguma coisa de particular: a vinda do Salvador, nosso Senhor Jesus Cristo, sua paixão e ressurreição. Os bem-amados profetas o haviam anunciado, mas o evangelho é a realização da imortalidade" (Epístola aos Filadelfos 8).

Melitão de Sardes

"A Lei fez-se Evangelho, o antigo renovou-se, a figura converteu-se em realidade, o Cordeiro agora é o Filho" (Homilia sobre a Páscoa).

Tertuliano de Cartago

"Esse grito - ou seja, 'Meu Deus, por que me abandonaste?' - da carne e da alma, ou seja, do homem (não do Verbo, nem do Espírito, isto é, não de Deus), irrompeu para demonstrar que não estava submetido à paixão aquele Deus que abandonou o Filho ao entregar à morte a sua substância humana" (Contra Praxéas 30,2).

Orígenes de Alexandria

"'Um homem descia de Jerusalém a Jericó': vê-se nesse homem, Adão, o homem e seu verdadeiro destino, a queda que sucedeu à desobediência. 'Jerusalém': é o paraíso ou a Jerusalém celeste. 'Jericó': é o mundo. Os 'ladrões' representam os poderes hostis, os demônios ou os falsos

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Carlos Martins Nabeto

doutores que antecederam a Cristo. As 'chagas', a desobediência e o pecado. O 'roubo das vestes', representa o despojamento da incorruptibilidade e da imortalidade, assim como de todas as virtudes. O 'homem abandonado e semi-morto' representa o estado atual de nossa natureza, que se tornou semi-mortal, já que a alma é imortal. O 'sacerdote' é a Lei; o 'levita', a profecia; o 'samaritano' é o Cristo, que se fez carne no seio de Maria. O 'animal de carga' é o Corpo de Cristo. O 'vinho' é a Palavra de seu ensinamento, que cura ao 'admoestar'. O 'óleo' é a palavra de benevolência e de compassiva misericórdia para com os homens. O 'albergue' é a Igreja. O 'taverneiro' representa os Apóstolos e seus sucessores, os bispos e os doutores da Igreja (...) A 'volta do samaritano' é a segundo manifestação de Cristo" (Homilia sobre o Evangelho de Lucas 2).

"Vejamos a regra de interpretação que nos legou o Apóstolo Paulo. Escrevendo aos Coríntios, disse ele em certo ponto: 'Sabemos que nossos antepassados estiveram todos sob a nuvem, que todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, que todos comeram o mesmo alimento espiritual e todos tomaram a mesma bebida espiritual; bebiam do Rochedo espiritual que os acompanhava: ora, esse Rochedo era Cristo'. Vós vedes a diferença entre a leitura puramente histórica e o ensinamento de Paulo. À travessia do Mar, para os judeus, Paulo chama batismo; no que eles acreditavam ser uma nuvem, Paulo vê o Espírito Santo - convém aproximar dessa passagem a palavra do Senhor no Evangelho: 'Aquele que não renasceu da água e do Espírito Santo não pode entrar no reino dos céus'; ao maná, no qual os judeus vêem apenas alimento para o ventre e satisfação do apetite, Paulo chama alimento espiritual - e não somente Paulo, também o Senhor diz, no Evangelho, sobre o mesmo assunto: 'Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram; mas quem comer o pão que Eu dou jamais morrerá', e acrescenta: 'Eu sou o Pão descido do céu'; depois, Paulo fala claramente do rochedo que os acompanhava e diz: 'O Rochedo era Cristo'. O que vamos, pois, fazer, nós que recebemos de Paulo, mestre da Igreja, tais regras de interpretação? Não é justo aplicar aos outros casos a regra que ele nos deixou por meio de semelhante exemplo? Ou, segundo a opinião de alguns, desprezando o que nos transmitiu tão grande e excelente Apóstolo, vamos

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A FÉ CRISTÃ

voltar às fábulas judaicas? (...) Tendo, pois, recebido do bem-aventurado Apóstolo Paulo os germes da inteligência espiritual, cultivemo-los na medida em que, graças às vossas orações, o Senhor se dignará nos iluminar" (Homilia sobre o Êxodo).

João Crisóstomo

"Os Evangelhos são a história das coisas que Cristo disse e fez; os Atos, por sua vez, são a história das coisas que o outro Paráclito disse e fez" (Homilia I sobre os Atos dos Apóstolos 5).

Agostinho de Hipona

"O Novo Testamento está escondido no Antigo, ao passo que o Antigo é desvendado no Novo" (Hept. 2,73).

"A propósito desta pesca [logo após a ressurreição], perguntam-nos com freqüência por que é que Pedro e os filhos de Zebedeu voltaram à ocupação que tinham antes de o Senhor os ter chamado. Efetivamente, eram pescadores quando o Senhor lhes disse: 'Segui-me e Eu vos farei pescadores de homens'. Aos que se surpreendem com esta conduta, deve-se responder que não estava proibido aos Apóstolos exercerem a sua profissão, visto que se tratava de coisa legítima e honesta" (Comentário sobre o Evangelho de João 122,2).

Concílio Regional de Toledo IV

"O Apocalipse deve ser aceito como livro divino, já que está respaldado pela autoridade de muitos concílios e pelos decretos dos santos sínodos de Roma, que o atribuem ao evangelista São João (...) Se doravante alguém se recusar a aceitá-lo ou, no tempo da Páscoa até Pentecostes, não pregá-lo nas missas, ficará sujeito à excomunhão".

* * *

f) Inspiração da Bíblia “Mas os homens santos de Deus falaram inspirados

pelo Espírito Santo” (2Ped. 1,21).

Na redação dos livros sagrados, Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os usar suas próprias faculdades e capacidades, a fim de que, agindo Ele próprio neles e através deles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que Ele próprio quisesse (CIC 106).

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Carlos Martins Nabeto

Papa Clemente I de Roma

"Vós vos curvastes sobre as Sagradas Escrituras, essas verdadeiras Escrituras dadas pelo Espírito Santo" (1ª Carta aos Coríntios 45,2).

Justino Mártir

"Percebamos que quando ouvis que os profetas falam como em própria pessoa, não deveis pensar que assim falam os próprios homens inspirados, mas é o Verbo divino que os move” (Apologia 1,36,1).

Ireneu de Lião

"Devemos deixar [a solução de todos os problemas levantados nas Escrituras] para o Deus que nos criou, bem sabendo que as Escrituras são perfeitas, entregues pelo Verbo de Deus e pelo seu Espírito e nós tanto somos pequenos e últimos em relação ao Verbo de Deus e ao seu Espírito quanto precisamos receber o conhecimento dos mistérios de Deus" (Contra as Heresias 2,28,2).

Teófilo de Antioquia

"Ademais, com relação à justiça que a Lei gozava, existem declarações que a confirmam tanto nos profetas quanto nos evangelhos, já que todos estes se pronunciaram inspirados pelo único Espírito de Deus" (A Autólico 3,12).

Clemente de Alexandria

"Este ensinamento o Apóstolo reconhece como verdade divina. Diz ele: ‘Tu, Timóteo, desde a infância tiveste conhecimento das sagradas letras, que te podem instruir para a salvação, pela fé que está em Jesus Cristo’ (2Tim. 3,15). Verdadeiramente sagradas são essas letras que santificam e deificam; com efeito, são dessas escrituras ou volumes que contêm essas santas letras e sílabas que o mesmo Apóstolo [Paulo] diz que são ‘divinamente inspiradas, úteis para ensinar, repreender, corrigir e formar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, apto para toda obra boa’ (2Tim. 3,16-17)" (Exortação aos Gregos 9,82).

Tertuliano de Cartago

"Quais são as funções administrativas do Paráclito além destas: a condução na disciplina, a revelação das Escrituras,

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A FÉ CRISTÃ

a restauração do intelecto, o progresso para o melhor?" (Do Véu das Virgens 1,5).

Hipólito de Roma

"As Sagradas Escrituras (=o Antigo Testamento) têm sido gravemente pervertidas por eles (=os Artemonianos). Eles anularam a regra da antiga fé (...) Mas o tamanho da audácia indicada por essa aberração é pouco provável que ignorem, pois não crêem que as Sagradas Escrituras foram anunciadas pelo Espírito Santo, de modo que são infiéis, ou se consideram mais sábios que o Santo Espírito. Neste caso, que outra alternativa resta senão julgá-los como demoníacos?" (Contra Artemon; cf. História Eclesiástica de Eusébio 5,28,15.18).

Orígenes de Alexandria

"Portanto, as Escrituras foram feitas pelo Espírito de Deus e possuem um significado que escapa ao conhecimento da maioria, não sendo, pois, aparente, como parece à primeira vista. Em tais [palavras] encontram-se as formas de certos mistérios e as imagens das coisas divinas" (Doutrinas Fundamentais 1, Prefácio,8).

Cipriano de Cartago

"Lendo e observando isto, é certo que ninguém ficará afastado dos frutos da satisfação e da esperança de paz, já que sabemos, conforme a fé das Divinas Escrituras – de autoria do próprio Deus – e por elas exortamos o arrependimento dos pecadores e o perdão e a misericórdia que não são negadas aos penitentes" (Epístola 51,27).

João Damasceno

"Toda a Escritura, portanto, foi concebida por inspiração de Deus e, por isso, é altamente proveitosa" (Da Fé Ortodoxa 17).

* * *

g) Inerrância Bíblica “As Sagradas Letras podem te instruir para a salvação

pela fé que está em Jesus Cristo” (2Tim. 3,15b).

Portanto, já que tudo o que os autores inspirados ou os hagiógrafos afirmam, deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, deve-se professar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro, a verdade que Deus, em

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Carlos Martins Nabeto

vista da nossa salvação, quis fosse consignada nas Sagradas Escrituras (CIC 107).

Justino Mártir

"Trifão disse: ‘Impressionado com tantas passagens da Escritura, não sei o que me dirá sobre aquela outra passagem de Isaías, na qual Deus diz que não dará a sua glória nenhum outro; é a seguinte: ‘Eu sou o Senhor Deus: este é o meu nome. Não darei a minha glória a nenhum outro, nem as minhas virtudes’ (Is. 42,8)’. Eu respondi: ‘Trifão, se te calaste com simplicidade e não com malícia, ao citar essas palavras sem dizer o que as precede, nem acrescentar o que as segue, merecerias desculpa. Todavia, se fizeste isso pensando em colocar o meu raciocínio num beco sem saída e obrigar-me a dizer que as Escrituras se contradizem entre si, tu te enganaste. Eu jamais terei a ousadia de pensar ou dizer tal coisa. Caso me objetem com alguma Escritura que pareça contradizer outra e que pudesse dar azo a pensar isso, convencido como estou de que nenhuma pode ser contrária à outra, de minha parte prefiro confessar antes que não as entendo. E aos que pensam que elas podem contradizer-se entre si, usarei todas as minhas forças para convence-los a pensar do mesmo modo que eu’" (Diálogo com Trifão 65,1-2).

Ireneu de Lião

"Se não podemos encontrar a solução de todas as questões que são levantadas nas Escrituras, nem por isso devemos procurar outro Deus fora d’Aquele que é o verdadeiro Deus, pois isto seria o máximo da impiedade. Antes, devemos deixá-las para o Deus que nos criou, bem sabendo que as Escrituras são perfeitas, entregues pelo Verbo de Deus e pelo seu Espírito e nós tanto somos pequenos e últimos em relação ao Verbo de Deus e ao seu Espírito quanto precisamos receber o conhecimento dos mistérios de Deus" (Contra as Heresias 2,28,2).

Hipólito de Roma

"Por isso eles (=os artemonianos) colocam destemidamente as mãos sobre as Sagradas Escrituras, dizendo que as corrigiram (...) Mas o tamanho da audácia indicada por essa aberração é pouco provável que ignorem, pois não crêem que as Sagradas Escrituras foram anunciadas pelo Espírito

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A FÉ CRISTÃ

Santo, de modo que são infiéis, ou se consideram mais sábios que o Santo Espírito. Neste caso, que outra alternativa resta senão julgá-los como demoníacos?" (Contra Artemon; cf. História Eclesiástica de Eusébio 5,28,15.18).

Epifânio de Salamina

"Nenhuma discrepância se encontrará na Sagrada Escritura, nem se encontrará declaração que se oponha a outra" (Panarion 70,7).

Jerônimo

"Repito: não sou ignorante a ponto de imaginar que quaisquer das palavras do Senhor necessitem de correção ou não sejam divinamente inspiradas" (Epístola a Marcelo 27,1).

Agostinho de Hipona

"Confesso à sua caridade que bem aprendi a respeitar e honrar apenas aos livros canônicos da Escritura; creio firmemente que apenas estes autores ficaram isentos de qualquer erro. Logo, se nesses escritos encontro algo que me surpreendem, por parecem que se opõe à verdade, não hesito em supor que o manuscrito apresenta falha, ou o tradutor não expressa o real significado do que foi dito, ou que minha compreensão é deficiente" (Epístola 82,1,3 a Jerônimo).

"Se nos surpreendemos com uma aparente contradição na Escritura, não é lícito dizer que o autor do livro se equivocou, mas que o manuscrito é falho, a tradução é incorreta ou a sua própria compreensão foi superada" (Resposta a Fausto 11,5).

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Carlos Martins Nabeto

2. A Sagrada Tradição Quanto à Sagrada Tradição, ela transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos para que, sob a luz do Espírito da verdade, eles, por sua pregação, fielmente a conservem, exponham e difundam. Daí resulta que a Igreja, à qual estão confiadas a transmissão e a interpretação da Revelação, não deriva a sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado somente da Sagrada Escritura. Por isso, ambas devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento de piedade e reverência (CIC 81, 82).

a) O Depósito da Fé “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que está em Jesus Cristo e o que ouviste de mim diante de muitas

testemunhas, confia-o a homens fiéis que sejam capazes de instruir também a outros” (2Tim. 2,1-2).

O patrimônio sagrado da fé (depositum fidei) contido na Sagrada Tradição e na Sagrada Escritura, foi confiado pelos Apóstolos à totalidade da Igreja. Apegando-se firmemente ao mesmo, o povo santo todo, unido a seus pastores, persevera continuamente na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na fração do pão e nas orações, de sorte que na conservação, no exercício e na profissão da fé transmitida, se crie uma singular unidade de espírito entre os bispos e os fiéis (CIC 84).

Ireneu de Lião

"A pregação da Igreja apresenta por todos os lados firme solidez, perseverando idêntica e beneficiando-se - como pudemos mostrar - com o testemunho dos profetas, apóstolos e seus discípulos, testemunho este que engloba o começo, o meio e o fim, isto é, a totalidade da economia de Deus e de sua operação infalivelmente ordenada à salvação do homem, fundamento de nossa fé. Eis porque esta fé, que recebemos da Igreja, guardamos com cuidado, como um depósito de grande valor, guardado em vaso excelente e que, sob a orientação do Espírito de Deus, se renova e se faz renovar o próprio vaso que o contém. Pois como fora entregue o divino sopro ao barro modelado, foi confiado à Igreja o 'Dom de Deus' (Jo 4,10), afim de que todos os seus

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A FÉ CRISTÃ

membros pudessem dele participar e ser por ele vivificados. À Igreja foi entregue a comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, penhor da incorruptibilidade, confirmação de nossa fé e escada de nossa ascensão para Deus; foi dito: 'Na Igreja Deus colocou apóstolos, profetas, doutores' (1Cor 12,1) e tudo o mais que pertence à operação do Espírito. Deste Espírito se excluem os que, recusando-se a aderir à Igreja, se privam a si mesmos da vida, por suas falsas doutrinas e depravadas ações" (Contra as Heresias).

"Fizemos conhecer a verdade e manifestamos a pregação da Igreja que os profetas fizeram (...) Cristo a completou, os Apóstolos a transmitiram e somente a Igreja, depois de tê-la recebido deles, a guarda com fidelidade e a transmite a seus filhos" (Contra as Heresias 5,1).

Epifânio de Salamina

"A Igreja deve guardar este costume, recebido como tradição dos Pais. E quem haverá de suprimir o mandato da mãe ou a lei do pai? Conforme o que diz Salomão, 'tu, filho meu, escuta as correções de teu pai e não rejeites as advertências da tua mãe'. Com isto, se ensina que o Pai, o Deus unigênito e o Espírito Santo, tanto por escrito como sem escritura, nos deram doutrinas, e que nossa Mãe, a Igreja, nos legou preceitos, os quais sãos indissolúveis e definitivos" (Haer. 75,8).

Vicente de Lérins

"A Igreja de Cristo, cuidadosa e cauta guardiã dos dogmas que lhe foram confiados, jamais os altera; em nada os diminui, em nada lhes adiciona; não a priva do que é necessário, nem lhe acrescenta o que é supérfluo; não perde o que é seu, nem se apropria do que pertence aos outros, mas com todo zelo, recorrendo com toda fidelidade e sabedoria aos antigos dogmas, tem como único desejo aperfeiçoar e purificar aqueles que antigamente receberam uma primeira forma e esboço, consolidar e reforçar aqueles que já foram evidenciados e desenvolvidos, salvaguardar aqueles que já foram confirmados e definidos" (Commonitorium 23).

* * *

b) O valor da Tradição “Permanecei, pois, constantes, irmãos, e conservai as

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Carlos Martins Nabeto

Tradições que aprendestes, quer por nossas palavras, quer por nossa carta” (2Tes. 2,15).

Esta transmissão viva, realizada no Espírito Santo, é chamada de Tradição enquanto distinta da Sagrada Escritura, embora intimamente ligada a ela. Através da Tradição, a Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê. O ensinamento dos Santos Padres testemunha a presença vivificante desta Tradição, cujas riquezas se transfundem na praxe e na vida da Igreja crente e orante (CIC 78).

Papa Clemente I de Roma

"Renuciemos, portanto, às nossas vãs preocupações e retornemos à gloriosa e veneranda regra da nossa Tradição" (1ª Carta aos Coríntios).

Papias de Hierápolis

"Caso viesse alguém que tivesse convivido com os presbíteros, eu procurava saber os ditos dos presbíteros, isto é, o que haviam ensinado André, Pedro, Filipe, Tomé, Tiago, João, Mateus ou outros discípulos do Senhor (...) Estava convencido de que da leitura dos livros não retiraria tanto proveito quanto da voz viva e permanente" (Fragmento citado na História Eclesiástica de Eusébio, 3,39).

Hegésipo

"Hegésipo e os acontecimentos que ele relata - em seu quarto livro de Memórias que chegou até nós - nos deixou um registro completíssimo de sua constatação. Neles, conta que numa viagem para Roma, encontrou um grande número de bispos e que recebeu a mesma doutrina deles. É apropriado ouvir o que ele diz depois de fazer algumas observações sobre a Epístola de Clemente aos Coríntios. Suas palavras são as seguintes: 'E a Igreja de Corinto continuou em sua fé verdadeira até que Primo se tornasse bispo de Corinto. Eu conversei com eles em minha viagem para Roma e permaneci com os Coríntios vários dias, durante os quais nós estivemos mutuamente recordando a verdadeira doutrina. E quando cheguei a Roma permaneci ali até o tempo de Aniceto, cujo diácono era Eleutério. E Aniceto foi sucedido por Sótero, e esse por Eleutério. Em cada sucessão, e em cada cidade se confirmou que foi

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A FÉ CRISTÃ

pregado de acordo com a lei, os profetas e o Senhor'" (Fragmento citado na História Eclesiástica de Eusébio, 4,22).

Ireneu de Lião

"Estas [tuas] opiniões não estão de acordo com a Igreja e jogam na maior impiedade aqueles que delas compartilham (...) Não foram essas as opiniões que os presbíteros que viveram antes de nós e que freqüentavam os Apóstolos te transmitiram (...) Essas coisas (=o Evangelho), também então, pela misericórdia de Deus que veio sobre mim, eu as ouvi com cuidado e anotei-as, não em papel, mas no meu coração; e sempre, pela graça de Deus, eu as tenho ruminado com fidelidade" (Carta a Fotino; citado na História Eclesiástica de Eusébio, 5,20).

"Com efeito, a Igreja, embora espalhada pelo mundo inteiro, até às extremidades da terra, tendo recebido dos Apóstolos e dos discípulos deles a fé (...) guarda [esta fé] com cuidado, como se habitasse em uma só casa; nelas crê de forma idêntica, como se tivesse uma só alma, e prega as verdades da fé, as ensina e transmite com voz unânime, como se possuísse uma só boca" (Contra as Heresias 1,20,1-2).

"Pois se no mundo as línguas diferem, o conteúdo da Tradição é uno e idêntico. E nem as Igrejas estabelecidas na Germânia têm outra fé ou outra Tradição, nem as que estão entre os iberos, nem as que estão entre os celtas, nem as do Oriente, do Egito, da Líbia, nem as que estão estabelecidas no centro do mundo" (Contra as Heresias 1,20,2).

"Esta fé que recebemos da Igreja, nós a guardamos com cuidado, pois, sem cessar, sob a ação do Espírito de Deus, à guisa de um depósito de grande preço encerrado em um vaso precioso, ela rejuvenesce e faz rejuvenescer o próprio vaso que a contém" (Contra as Heresias 3,241,1).

"E se os Apóstolos não tivessem deixado quaisquer Escrituras, não se deveria seguir a ordem da Tradição que eles legaram aos mesmos aos quais confiaram as Igrejas? Este método é seguido por muitos povos bárbaros que crêem em Cristo. Sem papel e sem tinta, estes trazem inscrita em seus corações a salvação por obra do Espírito Santo, conservando fielmente a antiga Tradição" (Contra as Heresias).

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Carlos Martins Nabeto

Tertuliano de Cartago

"A quem compete a fé, a fé à qual se referem as Escrituras? Por quem, por meio de quem e a quem a doutrina que nos fez cristãos foi transmitida? Porque onde parecer estar a verdade da doutrina cristã, aí estará a verdade das Escrituras, a verdade das interpretações e de todas as tradições cristãs (...) Foi inicialmente na Judéia que (os Apóstolos) estabeleceram a fé em Jesus Cristo e fundaram Igrejas, partindo em seguida para o mundo inteiro a fim de anunciarem a mesma doutrina e a mesma fé. Em todas as cidades iam fundando Igrejas das quais, desde esse momento, as outras receberam o enxerto da fé, semente da doutrina e ainda recebem, cada dia, para serem Igrejas. (...) A partir daí, eis a prescrição que assinalamos: desde o momento em que Jesus Cristo, nosso Senhor, enviou os Apóstolos para pregarem, não se podem acolher outros pregadores senão os que Cristo instituiu, pois ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho tiver revelado. E qual a matéria da pregação, isto é, o que lhes tinha revelado o Cristo? Aqui ainda assinalo esta prescrição: para sabê-lo, é necessário ir às Igrejas fundadas pessoalmente pelos Apóstolos, por eles instruídas tanto de viva voz quanto pelas epístolas depois escritas" (Da Prescrição dos Hereges 20).

"A crença uniformemente professada por diversas comunidades não deriva do erro, mas da legítima Tradição".

Hipólito de Roma

"Justamente por não observarem as Sagradas Escrituras e não guardarem a Tradição de algumas santas pessoas é que os hereges criaram essas [ímpias] doutrinas" (Refutação de Todas as Heresias 1,Prefácio).

João Mosco

"Ao me falar sobre a salvação da alma, aconteceu de pai Cosme citar Atanásio, bispo de Alexandria. Disse-me o ancião: 'Quando te deparares com um pensamento de Atanásio e não tiveres uma folha à mão, escreve-o em tua roupa'. Tal era o amor daquele velho por nossos pais e mestres" (O Prado 40).

Pseudo-Clemente

"Ao despontar do dia que fora escolhido para a disputa com Simão [Mago], Pedro [Apóstolo], levantando-se aos

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A FÉ CRISTÃ

primeiros cantos do galo, despertou também a nós; todos juntos, éramos treze a dormir no mesmo aposento. (...) À luz da candeia (...) sentamo-nos todos. Pedro, vendo-nos alertas e bem atentos, saudou-nos e começou seu discurso: 'É surpreendente, irmãos, a elasticidade de nossa natureza, a qual me parece ser adaptável e maleável a tudo. Digo-o apelando para o eu mesmo tenho experimentado. Logo depois da meia-noite, costumo acordar espontaneamente e não consigo voltar a dormir. Isto me acontece porque me habituei a evocar em minha memória as palavras que ouvi de meu Senhor Jesus Cristo. Desejo de as revolver no espírito, incito o meu ânimo e a minha mente a se despertarem, a fim de que, em estado de vigília, recorde cada palavra de Jesus em particular e as guarde todas ordenadamente na memória. Já que desejo com profundo deleite meditar no meu coração as palavras do Senhor, adquiri o hábito de ficar em vigília, mesmo que nada, fora deste intento, me preocupe o espírito" (Recognitiones II,1).

Atanásio de Alexandria

"Mas nossa fé é reta e tem sua origem no ensino dos Apóstolos e na Tradição dos padres, ambas confirmadas tanto pelo Novo quanto pelo Antigo Testamento" (Epístola 60).

"Obviamente, as Sagradas Escrituras, divinamente inspiradas, são auto-suficientes para a proclamação da verdade. Mas existe também numerosas obras compostas para esse fim por santos doutores; quem as ler, compreenderá a interpretação das Escrituras e será capaz de alcançar o conhecimento que almeja" (C. Gentes 1).

"Os sectários que se afastaram do ensino da Igreja naufragaram na fé" (C. Gentes 6).

"Note-se que a Tradição, a doutrina e a fé da Igreja Católica têm sua origem na pregação dos Apóstolos, que foi preservada pelos padres. Sobre isto a Igreja foi edificada; logo, quem se afasta disto, não poderá ser chamado ‘cristão’" (A Serapião 1,28).

Gregório de Nissa

"Se um problema é desproporcional ao nosso raciocínio, o nosso dever é permanecer bem firmes e irremovíveis na Tradição que recebemos da sucessão dos Padres" (Quod non sint tres dii).

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Carlos Martins Nabeto

Ambrósio de Milão

"Mas se eles não crerem nas doutrinas dos padres, deixe que acreditem nas palavras de Cristo e nas advertências dos anjos que dizem: ‘Para Deus nada é impossível’, bem como que creiam na fé dos Apóstolos que a Igreja romana sempre manteve imaculada" (Epístola a Sírcio).

Epifânio de Salamina

"A Igreja deve guardar este costume, recebido como tradição dos Pais. E quem haverá de suprimir o mandato da mãe ou a lei do pai? Conforme o que diz Salomão, 'tu, filho meu, escuta as correções de teu pai e não rejeites as advertências da tua mãe'. Com isto, se ensina que o Pai, o Deus unigênito e o Espírito Santo, tanto por escrito como sem escritura, nos deram doutrinas, e que nossa Mãe, a Igreja, nos legou preceitos, os quais sãos indissolúveis e definitivos" (Haer. 75,8).

Jerônimo

"Tenha sempre em mãos os opúsculos de Cipriano; folheie, sem medo de tropeçar, as cartas e os livros de Hilário. Aprecie os autores em cujos livros a devoção e a fé não vacilam" (Epístola 107,12).

"Você quer uma prova da Escritura? Poderá encontrar nos Atos dos Apóstolos. E se não restar provado com a autoridade da Escritura, o consenso de todo o mundo (=isto é, da Igreja Católica) sobre esse assunto serve como força de comando" (Diálogo com os Luciferanos 8).

Agostinho de Hipona

"Uma observância mantida pela Igreja inteira e sempre conservada, que não tenha sido instituída pelos Concílios, acaba por não ser outra coisa, com pleno direito, senão uma Tradição que emana da autoridade dos Apóstolos" (Do Batismo 4,24,31).

"É óbvio que se a fé permite e a Igreja Católica aprova, então deve ser crido como verdade" (Sermão 117,6).

Capreólogo de Cartago

"Para exemplo da posterioridade, é preciso que se preserve o que já foi definido pelos Padres. Com efeito, quem deseja perpetuar o que foi decretado sobre o sistema católico, deve fundamentar sua opinião não na própria autoridade, mas no voto dos anciãos" (Carta aos Bispos Reunidos no Concílio de

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A FÉ CRISTÃ

Éfeso).

Vicente de Lérins

"Nossos antepassados semearam outrora neste campo da Igreja as sementes do trigo da fé. Será sumamente injusto e inconveniente que nós, os pósteros, em vez da verdade do trigo autêntico recolhamos o erro da simulada cizânia. Bem ao contrário, é justo e coerente que, sem discrepância entre o início e o término, ceifemos das desenvolvidas plantações de trigo a messe também de trigo do dogma. E se algo daquelas sementes originais se desenvolver com o andar dos tempos, seja isto agora motivo de alegria e cultivo".

"Na Igreja Católica é preciso dar grande cuidado para que guardemos aquilo que, em toda a parte, sempre e por todos tem sido acreditado" (Commonitorium 2).

Teodoreto de Ciro

"Este ensinamento nos chegou não apenas pelos Apóstolos e profetas, mas também por aqueles que interpretaram seus escritos, como Inácio, Eustáquio, Atanásio, Basílio, Gregório e outras luzes do mundo, e, antes destes, pelos santos padres que se reuniram em Nicéia para confessar a fé que deveria ser mantida intacta, como herança dada pelo Pai. Aqueles que se atrevem a violar estes ensinamentos chamamos ‘corruptores’ e ‘inimigos da verdade’" (Epístola 89).

Concílio Ecumênico de Constantinopla II

"Confessamos manter e pregar a fé dada desde o princípio pelo grande Deus e Salvador nosso, Jesus Cristo, a seus santos Apóstolos e, por estes, pregada no mundo inteiro. Também os santos Padres e, sobretudo, aqueles que se reuniram nos quatro santos Concílios (=Nicéia, Constantinopla I, Éfeso e Calcedônia) a confessaram, explicaram e transmitiram às santas Igrejas. A estes Padres seguimos e recebemos tudo e em tudo (...) E tudo o que não concordar com o que foi definido como reta fé pelos ditos quatro Concílios, o julgamos alheios à piedade e o condenamos e anatematizamos".

Máximo Confessor

"Não possuo opinião própria. Concordo somente com o que ensina a Igreja Católica".

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Carlos Martins Nabeto

Concílio Ecumênico de Constantinopla III

"Pregamos também duas vontades naturais nele (=Jesus), bem como duas operações naturais, sem divisão, sem mudança, sem separação, sem partilha, sem confusão. Isto pregamos de acordo com a doutrina dos santos Padres (...) Pois a vontade da carne tinha de ser dirigida e estar sujeita à vontade divina, segundo o sapientíssimo Atanásio (...) Assim também sua vontade humana não foi destruída ao ser deificada, mas antes foi preservada, como diz Gregório, o Teólogo".

João Damasceno

"Aquele que não crer conforme a Tradição da Igreja Católica não pode ser tido por crente" (Contra os Nestorianos).

Concílio Ecumênico de Nicéia II

"Para proferir sucintamente a nossa profissão de fé, conservamos todas as tradições da Igreja, escritas ou não escritas, que nos têm sido transmitidas sem alteração".

* * *

c) A impossibilidade da doutrina da Sola Scriptura “Muitas outras coisas há que fez Jesus, as quais, se se escrevessem uma por uma, creio que nem no mundo

todo poderiam caber os livros que seria preciso escrever” (Jo. 21,25).

Todavia, a fé cristã não é uma “religião do Livro”. O Cristianismo é a religião da “Palavra” de Deus, não de um verbo escrito e mudo, mas do Verbo encarnado e vivo. Para que as Escrituras não permaneçam letra morta, é preciso que Cristo, Palavra eterna de Deus vivo, pelo Espírito Santo, nos abra o espírito à compreensão das Escrituras (Luc. 24,45) (CIC 108).

Ireneu de Lião

"Convém, pois, evitar as sentenças dos hereges e precaver-se atentamente para não ser por eles incomodado em qualquer parte; convém refugiar-se na Igreja e ser educado em seu meio, nutrido com as santas Escrituras do Senhor; pois a Igreja está plantada neste mundo como o paraíso. 'Comereis o fruto da árvore do paraíso' - diz o Espírito de Deus. Isto é, comei de toda a Escritura do Senhor; não comais, porém, com senso mais elevado do que convém

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A FÉ CRISTÃ

nem vos envolvais nas dissensões dos hereges, que pretendem possuir o conhecimento do bem e do mal, lançando sobre Deus, que os criou, suas ímpias proposições. Pretendem compreender acima da medida da compreensão. Diz, pois, o Apóstolo: 'Não saber mais do que convém, mas saber com prudência', para não sermos expulsos do paraíso da vida por comermos de conhecimento como o dos hereges, que prova mais do que convém. Nesse paraíso o Senhor coloca os que ouvem seu preceito, 'recapitulando em si tudo o que existe no céu e na terra'. As coisas do céu são espirituais e as da terra estão na medida do homem. Foram elas todas que ele recapitulou em si mesmo, unindo ao Espírito o homem, infundindo o Espírito no homem. Tornou-se assim a cabeça do Espírito e fez do Espírito a cabeça do homem, o Espírito em quem vemos, ouvimos e falamos" (Contra as Heresias 5,2,29).

Orígenes de Alexandria

"Quando hereges nos mostras as Escrituras canônicas – nas quais o cristão crê e confia – parecem dizer: ‘Oh, ele está restrito’. Contudo, não cremos neles, nem abandonamos a Tradição original da Igreja, nem acreditamos em outras coisas que não nos foram trazidas pela sucessão existente na Igreja de Deus" (Homilia sobre Mateus 46).

Vicente de Lérins

"Perguntando eu com toda a atenção e diligência a numerosos varões, eminentes em santidade e doutrina, que norma poderia achar segura para distinguir a verdade da fé católica da falsidade da heresia, eis a resposta constante de todos eles: quem quiser descobrir as fraudes dos hereges nascentes, evitar seus laços e permanecer íntegro na sadia fé, há de resguardá-la, sob o duplo auxílio divino: primeiro, com a autoridade da lei divina e segundo com a tradição da Igreja Católica. Ao chegar a este ponto, talvez pergunte alguém: sendo perfeito como é o cânon das Escrituras e suficientíssimo por si só para todos os casos, que necessidade há de se acrescentar a autoridade da interpretação da Igreja? A razão é que, devido à sublimidade da Sagrada Escritura, nem todos a entendem no mesmo sentido, mas cada qual interpreta à sua maneira as mesmas sentenças, de modo a se poder dizer que há tantas opiniões quantos intérpretes. De uma maneira a expõe Novaciano, diversamente Sabélio, Donato, Ário,

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Carlos Martins Nabeto

Eunômio, Macedônio; de outra forma Fotino, Apolinário, Prisciliano; de outra, ainda, Joviniano, Pelágio, Celéstio ou Nestório. Portanto, é necessário que, em meio a tais encruzilhadas do erro, seja o sentido católico e eclesiástico o que assinale a linha diretriz na interpretação da doutrina dos profetas e apóstolos. E na própria Igreja Católica deve-se procurar a todo custo que nos atenhamos ao que, em toda a parte, sempre e por todos foi professado como de fé, pois isto é próprio e verdadeiramente católico, como o diz a índole mesma do vocábulo, que abarca a globalidade das coisas. Ora obtê-lo-emos se seguirmos a universalidade, a antiguidade e o consentimento. Pois bem: seguiremos a universalidade se professarmos como única fé a que é professada em todo o orbe da terra pela Igreja inteira; a antiguidade, se não nos afastarmos do sentir manifesto de nossos santos pais e antepassados; enfim, o consentimento, se na mesma antiguidade recorrermos às sentenças e resoluções de todos ou quase todos os sacerdotes e mestres" (Commonitorium).

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A FÉ CRISTÃ

3. O Sagrado Magistério

O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo, isto é, aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma (CIC 85).

a) O Magistério da Igreja “Correndo Filipe (...) disse: ‘Compreendes o que lês?’ Ele respondeu: ‘Como o poderei se não houver alguém

que mo explique?’ E rogou a Filipe que subisse e se sentasse junto dele” (At. 8,30-31).

Tal Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas a serviço dela, não ensinando senão o que foi transmitido, no sentido de que, por mandado divino, com a assistência do Espírito Santo, piamente ausculta aquela Palavra, santamente a guarda e fielmente a expõe, e deste único depósito de fé tira o que nos propõe para ser crido como divinamente revelado (CIC 86).

Dionísio de Corinto

"Hoje nós observamos o dia santo do Senhor, no qual lemos a sua carta. Sempre que nós lemos esta carta na Igreja, nos alegramos, como também quando lemos a antiga carta de Clemente" (Epístola a Sótero).

* * *

b) A autoridade da Igreja Católica “Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos despreza, a Mim despreza; e quem Me despreza, despreza Aquele

que Me enviou” (Luc. 10,16).

O grau supremo da participação na autoridade de Cristo é assegurado pelo carisma da infalibilidade. Esta tem a mesma extensão que o depósito da revelação divina; estende-se ainda a todos os elementos de doutrina, incluindo a moral, sem os quais as verdades salutares da fé não podem ser preservadas, expostas ou observadas (CIC 2035).

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Carlos Martins Nabeto

Ireneu de Lião

"Esta é a doutrina que a Igreja recebeu e esta é a fé que, mesmo dispersa no mundo inteiro, a Igreja guarda com zelo e cuidado, como se tivesse a sua sede numa única casa; e todos são unânimes em crer nela, como se ela tivesse uma só alma e um só coração; esta fé ela anuncia, ensina, transmite como se falasse uma só língua. As línguas faladas no mundo são diversas, mas a força da tradição, em toda parte, é a mesma. As Igrejas fundadas na Germânia não têm outra fé e outra tradição; diga-se o mesmo das Igrejas fundadas na Espanha, entre os celtas, no Oriente, no Egito, na Líbia, ou no centro do mundo, que é a Palestina. Da mesma forma que o Sol, criatura de Deus, é um só e é idêntico em todo o mundo, assim também o ensino da verdade, que brilha em toda parte e ilumina a todos os homens que querem chegar ao conhecimento da verdade (1Tim 3,15): é sempre o mesmo" (Contra as Heresias 1,10,2).

"A mensagem da Igreja é, portanto, verídica e sólida, pois é nela que um único caminho de salvação aparece no mundo inteiro" (Contra as Heresias 5,20,1).

Orígenes de Alexandria

"Eu quisera ser um filho da Igreja, nunca ser conhecido como o fundador de uma heresia, qualquer que fosse, mas levar o nome de Cristo. Quisera ser o portador deste nome, que é uma bênção para nossa terra (...) Se eu, que sou aos olhos dos outros a tua mão direita, eu que trago o nome de sacerdote e que tenho por missão anunciar a Palavra, vier a cometer alguma falta contra os ensinamentos da Igreja ou contra as normas do Evangelho, e a tornar-me, assim, um escândalo para a Igreja, peço então que a Igreja inteira, por uma decisão unânime, me afaste e me lance para bem longe dela".

Cipriano de Cartago

"Roma é a matriz e o trono da Igreja Católica" (Epístola 48).

Agostinho de Hipona

"Eu não acreditaria no Evangelho se não fosse movido pela autoridade da Igreja Católica".

João Damasceno

"Se alguém se apresentar com um Evangelho diferente

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A FÉ CRISTÃ

daquele que a Igreja Católica recebeu dos Santos Apóstolos, dos Padres e dos Concílios, e que ela conservou até aos nossos dias, não o escuteis" (Discurso sobre as Imagens 3,3).

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Carlos Martins Nabeto

PARTE II – A PROFISSÃO DE FÉ DOS PRIMEIROS CRISTÃOS

Bem sabemos que perturbações em relação à fé agitam hoje certos grupos de homens. Eles não escaparam à influência de

um mundo que se está transformando profundamente e no qual tantas verdades são postas em discussão ou totalmente

negadas. Mais ainda: vemos que até alguns católicos se deixam dominar por uma espécie de sede de mudança e novidades. A

Igreja, sem dúvida, julga ser de sua obrigação continuar sempre o seu esforço em penetrar mais e mais os insondáveis mistérios

de Deus, ricos de tantos frutos de salvação para todos, e em apresentá-los ao mesmo tempo, de modo cada vez mais apto,

às gerações que se sucedem. Mas é preciso juntamente empregar o máximo cuidado a fim de que, ao cumprir o

necessário dever da investigação, não se destruam verdades da doutrina cristã. Se isto acontecesse - e vemos dolorosamente como hoje de fato acontece - iria causar perturbação e dúvida

no espírito de muitos fiéis.

A este respeito, muito importa advertir que, além daquilo que se pode observar e reconhecer cientificamente, a inteligência que Deus nos deu atinge o que é e não só as expressões subjetivas

das chamadas estruturas ou da evolução da consciência humana. Aliás, devemos lembrar que pertence à interpretação

ou hermenêutica, depois de examinar a palavra que foi pronunciada, procurarmos compreender e distinguir o sentido

subjacente a qualquer texto e não inventar de certo modo esse sentido, segundo hipóteses arbitrárias.

Acima de tudo, porém, confiamos firmissimamente no Espírito Santo - alma da Igreja - e na fé teologal, em que se sustenta a

vida do Corpo Místico.

(Credo do Povo de Deus, nnº 3-5).

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A FÉ CRISTÃ

Credos da Igreja Primitiva

“Sede sóbrios e vigiai, porque o demônio, vosso adversário, anda ao redor, como um leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe, fortes, na fé”

(1Ped. 5,8-9a).

A fé é um ato pessoal: a resposta livre do homem à iniciativa de Deus que se revela. Ela não é, porém, um ato isolado. Ninguém pode crer sozinho, como ninguém pode viver sozinho. Ninguém deu a fé por si mesmo, como ninguém deu a vida a si mesmo. O crente recebeu a fé de outros, deve transmiti-la a outros. Nosso amor por Jesus Cristo e pelos homens nos impulsiona a falar a outros da nossa fé. Cada crente é, assim, como um elo na grande corrente dos crentes. Não posso crer sem ser carregado pela fé dos outros e, pela minha fé, contribuo para carregar a fé dos outros. “Eu creio”: esta é a fé da Igreja, professada pessoalmente por cada crente, principalmente por ocasião do batismo. “Nós cremos”: está é a fé da Igreja confessada pelos bispos reunidos em Concílio ou, mais comumente, pela assembléia litúrgica dos crentes. “Eu creio”: é também a Igreja, nossa Mãe, que responde a Deus com a sua fé e que nos ensina a dizer “eu creio”, “nós cremos” (CIC 166, 167). A Igreja não cessa de confessar a sua fé em um só Deus Pai, Filho e Espírito Santo (CIC 150, 151, 152 in fine).

Anônimo (séc. I/II)

"Creio no Pai todo-poderoso; e em Jesus Cristo, nosso Salvador; e no Espírito Santo Paráclito, na Santa Igreja e no perdão dos pecados" (DZ 1).

"Creio em Deus Pai todo-poderoso; e em seu Filho unigênito, nosso Senhor Jesus Cristo; e no Espírito Santo; e na ressurreição da carne; [e na] Santa Igreja Católica" (Liturgia Egípcia, séc. III).

Símbolo dos Apóstolos

"Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo. Nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; desceu aos infernos; ressuscitou ao

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terceiro dia e subiu aos céus, onde está sentado à direita de Deus Pai, todo-poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna".

Ireneu de Lião

"A Igreja, espalhada hoje pelo mundo inteiro, recebeu dos Apóstolos e dos seus discípulos a fé num só Deus, Pai e onipotente, que fez o céu e a terra, os mares e tudo quanto nele existe; e num só Cristo, Filho de Deus, que se fez carne para a nossa salvação; e no Espírito Santo, que mediante os profetas predisse a salvação por meio do amado Jesus Cristo, nosso Senhor; a sua dupla vinda, o seu nascimento da Virgem, a sua paixão e ressurreição dentre os mortos e que diante dele todo joelho se dobrará no céu, na terra e nos infernos, para que toda língua o proclame (Fil. 2,10-11). Então, sobre todos os seres, pronunciará o seu justo julgamento; as almas dos maus, os anjos prevaricadores e apóstatas, precipitá-los-á no fogo eterno com os homens pecadores, injustos, iníquos e blasfemadores. Os justos, porém, os santos, aqueles que guardaram os Seus mandamentos e perseveraram no Seu amor (...) receberão Dele a vida, terão Dele a imortalidade e gozarão da glória eterna. Esta é a doutrina que a Igreja recebeu e esta é a fé que, mesmo dispersa no mundo inteiro, a Igreja guarda com zelo e cuidado, como se tivesse a sua sede numa única casa; e todos são unânimes em crer nela, como se ela tivesse uma só alma e um só coração; esta fé ela anuncia, ensina, transmite como se falasse uma só língua. As línguas faladas no mundo são diversas, mas a força da tradição, em toda parte, é a mesma. As Igrejas fundadas na Germânia não têm outra fé e outra tradição; diga-se o mesmo das Igrejas fundadas na Espanha, entre os celtas, no Oriente, no Egito, na Líbia, ou no centro do mundo, que é a Palestina. Da mesma forma que o Sol, criatura de Deus, é um só e é idêntico em todo o mundo, assim também o ensino da verdade, que brilha em toda parte e ilumina a todos os homens que querem chegar ao conhecimento da verdade (1Tim 3,15): é sempre o mesmo" (Contra as Heresias 1,9).

Tertuliano de Cartago

"A regra de fé - pois é preciso conhecermos desde logo o

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A FÉ CRISTÃ

que professamos - consiste em crer: não há senão um Deus, o Criador do mundo, que tirou o universo do nada por meio de seu Verbo, emitido antes de todas as coisas; esse Verbo, chamado seu Filho, apareceu em nome de Deus e sob diversas figuras aos patriarcas, se fez ouvir pelos profetas e, enfim, desceu, pelo Espírito e poder de Deus, ao seio da Virgem Maria, onde se fez carne, passando a viver como Jesus Cristo; em seguida, pregou a Nova Lei e a Nova Promessa do Reino dos Céus; fez milagres, foi crucificado, ressuscitou ao terceiro dia, foi elevado aos céus e se assentou à direita do Pai; enviou em seu lugar a força do Espírito Santo para guiar os fiéis; virá um dia em glória para levar os santos e dar-lhes o gozo da vida eterna e das promessas celestes, bem como para condenar os profanos ao fogo perpétuo, após a ressurreição de uns e de outros na ressurreição da carne. Tal é a regra que Cristo estabeleceu, como demonstraremos, e que não há de suscitar entre nós quaisquer questões senão as provenientes das heresias e formuladas pelos hereges. Contudo, desde que mantenha inalterado o conteúdo, podeis pesquisar e discutir quanto quiserdes, dando azo à curiosidade, se algum ponto vos parecer ambíguo ou obscuro (...) Em suma, é melhor ignorar o que não é preciso saber se se conhece o que se deve".

Hipólito de Roma

"Assim que desce à água o que é batizado, diga-lhe o que batiza, impondo sobre ele a mão: 'Crês em Deus Pai todo poderoso?' E o que é batizado responde: 'Creio'. Imediatamente, com a mão pousada sobre a cabeça, batiza-o uma vez. E diga a seguir: 'Crês em Jesus Cristo, Filho de Deus, que nasceu do Espírito Santo e da Virgem Maria, e foi crucificado sob Pôncio Pilatos, e morreu e foi sepultado; e, vivo, ressurgiu dos mortos no terceiro dia e subiu aos céus, e sentou-se à direita do Pai e há de vir julgar os vivos e os mortos?' Quando responder: 'Creio', será batizado pela segunda vez. E diga novamente: 'Crês no Espírito Santo, na Santa Igreja e na ressurreição da carne?' Responde o que está sendo batizado: 'Creio'. E será batizado pela terceira vez" (Tradição Apostólica 49).

Credo da Igreja de Cesaréia

"Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, e em um só Senhor,

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Jesus Cristo, Verbo de Deus. Deus nascido de Deus, luz nascida da luz, vida nascida da vida, Filho único, unigênito de toda criatura, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, por quem tudo foi feito. Por nossa salvação, ele se encarnou e habitou entre nós. Sofreu a Paixão, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao Pai e voltará na sua glória para julgar os vivos e os mortos. Cremos também em um só Espírito Santo".

Concílio Ecumênico de Nicéia I

"Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, e em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho único gerado pelo Pai, isto é, da substância do Pai. Deus nascido de Deus, luz nascida da luz, Deus verdadeiro nascido de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai, por quem tudo foi feito no céu e na terra. Por nós, homens, e por nossa salvação, ele desceu, se fez carne e se fez homem. Sofreu a Paixão, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu, de onde voltará para julgar os vivos e os mortos. E [cremos] no Espírito Santo. Quanto aos que dizem: 'houve um tempo em que Ele não era'; ou: 'Ele não era antes de ser gerado'; ou então: 'Ele saiu do nada'; ou que o Filho de Deus é de uma outra substância ou essência; ou que Ele foi criado; ou que não é imutável, mas sujeito à mudança - a Igreja os anatematiza".

Basílio Magno de Cesaréia

"Nós cremos, pois, e confessamos nossa fé no único Deus verdadeiro e bom, Pai todo-poderoso, Criador de todas as coisas, Deus e Pai de nosso Deus e Senhor Jesus Cristo; no único Filho do Pai, nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, único verdadeiro, por quem tudo foi feito, tanto as coisas visíveis como as invisíveis, e em quem tudo subsiste; que estava, no princípio, junto de Deus e era Deus, e em seguida, conforme as Escrituras, apareceu sobre a terra e habitou entre os homens; que sendo de condição divina, não reteve avidamente a sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo, por seu nascimento da Virgem, a condição de escravo e manifestando-se sob o aspecto de homem, quando então cumpria, segundo a ordem do Pai, tudo o que estava escrito a respeito dele e sobre ele, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz; ressuscitando dentre os mortos, ao terceiro dia, conforme as Escrituras, mostrou-se aos santos Apóstolos e a outros,

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A FÉ CRISTÃ

como está escrito; subiu aos céus e está assentado à direita do Pai, de onde voltará, no fim dos tempos, para ressuscitar todos os homens e dar a cada um a retribuição dos seus atos, indo os justos para a vida eterna e o Reino celeste, enquanto os pecadores serão condenados ao eterno castigo, lá onde o verme não morre e o fogo não se apaga (Mc 9,44). Cremos, igualmente, no único Espírito Santo, o Paráclito, cujo selo recebemos para o dia da redenção (Ef 4,30); Espírito de verdade, Espírito de adoçaõ, pelo qual clamamos 'Abbá, Pai' (Rom 8,15), que distribui e opera o dom de Deus em cada um conforme Lhe convém (1Cor 12,7), conforme lhe apraz, que ensina e sugere tudo que ouviu do Filho (Jo 14,26), que é bom, guiando cada um em toda a verdade e fortificando os fiéis na fé segura, na confissão exata, no culto santo e na adoração em espírito e verdade (Jo, 4,24) (...) O nome dado a cada um indica um atributo que lhe é próprio (...) O Pai existe em seu caráter próprio de Pai; o Filho, em seu caráter próprio de Filho; e o Espírito Santo, em seu caráter pessoal. Mas nem o Espírito Santo fala por si mesmo (Jo 16,13), nem o Filho faz algo por si mesmo (Jo 8,28); o Pai enviou o Filho (Jo 17,21) e o Filho enviou o Espírito Santo (Jo 16,7)" (Da Profissão de Fé).

Cirilo de Jerusalém

"Este Símbolo da fé não foi elaborado segundo as opiniões humanas, mas da Escritura inteira recolheu-se o que existe de mais importante, para dar, na sua totalidade, a única doutrina da fé. E assim como a semente de mostarda contém em um pequeníssimo grão um grande número de ramos, da mesma forma este resumo da fé encerra em algumas palavras todo o conhecimento da verdadeira piedade contida no Antigo e no Novo Testamento" (Catequeses Mistagógicas 5,12).

"Cremos em um só Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, e de tudo o que é visível e invisível; e em um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus unigênito, que nasceu do Pai, Deus verdadeiro, antes de todos os séculos, por quem tudo foi feito, [e que para a nossa salvação] se encarnou [do Espírito Santo e da Virgem Maria] e se fez homem, foi crucificado [sob Pôncio Pilatos] e sepultado, ressuscitou ao terceiro dia [segundo as Escrituras] e subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai, e há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e o seu Reino não terá fim; e em um

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só Espírito Santo Paráclito, que falou pelos profetas; e em uma só Santa Igreja [católica]; e em um só batismo de penitência para o perdão dos pecados; e na ressurreição da carne; e na vida eterna" (Catequeses Mistagógicas 6-18).

Gregório de Nanzianzo

"Antes de todas as coisas, conservai-me este bom depósito, pelo qual vivo e combato, com o qual quero morrer, que me faz suportar todos os males e desprezar todos os prazeres: refiro-me à profissão de fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Eu vo-la confio hoje. É por ela que daqui a pouco vou mergulhar-vos na água e vos tirar dela. Eu vo-la dou como companheira e dona de vossa vida. Dou-vos uma só Divindade e Poder, que existe una nos Três e que contêm os Três de uma maneira distinta. Divindade sem diferença de substância ou de natureza, sem grau superior que eleve ou grau inferior que rebaixe (...) A infinita co-naturalidade é de Três Infinitos, cada Um considerado em si mesmo é Deus todo inteiro (...) Deus os Três considerados juntos. Nem comecei a pensar na Unidade e a Trindade me banha no seu esplendor; nem comecei a pensar na Trindade e a Unidade toma conta de mim" (Or. 40,41).

Ambrósio de Milão

"Este Símbolo é o selo espiritual, a meditação do nosso coração e guardião sempre presente. Ele é, seguramente, o tesouro da nossa alma" (Do Símbolo 1).

"Ele (o Símbolo dos Apóstolos) é o símbolo guardado pela Igreja romana, aquela onde Pedro, o primeiro dos Apóstolos, teve a sua Sé e para onde ele trouxe a comum expressão de fé" (Do Símbolo 8).

Símbolo Atanasiano

"Quem quiser salvar-se deve antes de tudo professar a fé católica. Porque aquele que não a professar, integral e inviolavelmente, perecerá sem dúvida por toda a eternidade. A fé católica consiste em adorar um só Deus em três Pessoas e três Pessoas em um só Deus. Sem confundir as Pessoas nem separar a substância. Porque uma só é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo. Mas uma só é a divindade do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, igual a glória, co-eterna a majestade. Tal como é o Pai, tal é o Filho, tal é o Espírito Santo. O Pai é incriado, o Filho é incriado, o Espírito Santo é incriado. O Pai é imenso,

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o Filho é imenso, o Espírito Santo é imenso. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno. E contudo não são três eternos, mas um só eterno. Assim como não são três incriados, nem três imensos, mas um só incriado e um só imenso. Da mesma maneira, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente. E contudo não são três onipotentes, mas um só onipotente. Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus. E contudo não são três deuses, mas um só Deus. Do mesmo modo, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor. E contudo não são três senhores, mas um só Senhor. Porque, assim como a verdade crista nos manda confessar que cada uma das Pessoas é Deus e Senhor, do mesmo modo a religião católica nos proíbe dizer que são três deuses ou senhores. O Pai não foi feito, nem gerado, nem criado por ninguém. O Filho procede do Pai; não foi feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado, mas procede do Pai e do Filho. Não há, pois, senão um só Pai, e não três Pais; um só Filho, e não três Filhos; um só Espírito Santo, e não três Espíritos Santos. E nesta Trindade não há nem mais antigo nem menos antigo, nem maior nem menor, mas as três Pessoas são co-eternas e iguais entre si. De sorte que, como se disse acima, em tudo se deve adorar a unidade na Trindade e a Trindade na unidade. Quem, pois, quiser salvar-se, deve pensar assim a respeito da Trindade. Mas, para alcançar a salvação, é necessário ainda crer firmemente na Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo. A pureza da nossa fé consiste, pois, em crer ainda e confessar que Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem. É Deus, gerado na substancia do Pai desde toda a eternidade; é homem porque nasceu, no tempo, da substância da sua Mãe. Deus perfeito e homem perfeito, com alma racional e carne humana. Igual ao Pai segundo a divindade; menor que o Pai segundo a humanidade. E embora seja Deus e homem, contudo não são dois, mas um só Cristo. É um, não porque a divindade se tenha convertido em humanidade, mas porque Deus assumiu a humanidade. Um, finalmente, não por confusão de substâncias, mas pela unidade da Pessoa. Porque, assim como a alma racional e o corpo formam um só homem, assim também a divindade e a humanidade formam um só Cristo. Ele sofreu a morte por nossa salvação, desceu aos infernos e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos. Subiu aos Céus e está sentado a direita de Deus Pai todo-poderoso,

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donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. E quando vier, todos os homens ressuscitarão com os seus corpos, para prestar conta dos seus atos. E os que tiverem praticado o bem irão para a vida eterna, e os maus para o fogo eterno. Esta é a fe católica, e quem não a professar fiel e firmemente não poderá se salvar".

Concílio Regional de Toledo II e III

"Cremos em um só Deus verdadeiro, Pai e Filho e Espírito Santo, criador do visível e do invisível, por quem foram criadas todas as coisas no céu e na terra. Que este é um só Deus e uma só Trindade de nome divino. Que o Pai não é Filho, mas que tem um Filho que não é o Pai. Que o Filho não é o Pai, mas que é o Filho de Deus por natureza. Que existe também o Espírito Paráclito, que não é nem o mesmo Pai nem o Filho, mas que procede do Pai. É, pois, ingênito o Pai, gerado o Filho e não gerado o Espírito Santo, mas procedente do Pai. Do Pai foi que se ouviu esta voz do céu: 'Este é meu Filho amado, em quem me comprazo. Ouvi-o' (Mt 17,5). O Filho foi quem disse: 'Eu saí do Pai e de Deus vim a este mundo' (Jo 16,28). Do [Espírito] Paráclito disse o Filho: 'Se [eu] não for ao Pai, o Paráclito não virá a vós' (Jo 16,17). Esta Trindade, distinta em Pessoas, [cremos ser] uma só substância, virtude, poder, majestade indivisível, indistinta, indiferente. Fora dela, [cremos que] não existe natureza alguma divina, quer de anjo ou espírito ou de virtude alguma, que se creia Deus. Assim, pois, este Filho de Deus, Deus nascido do Pai absolutamente antes de todo princípio, santificou no ventre da bem-aventurada Virgem Maria e dela tomou a humanidade verdadeira, gerado sem sêmen de varão, isto é, o Senhor Jesus Cristo. Não era um corpo imaginário ou composto apenas por forma; e este sentiu fome e sede, sentiu a dor, e chorou e sofreu todas as demais calamidades do corpo. Finalmente, foi crucificado, morto e sepultado, ressuscitou ao terceiro dia; logo, tendo conversado com seus discípulos, no quadragésimo dia subiu aos céus. Este Filho do homem se chama também Filho de Deus, mas o Filho de Deus, Deus, não se chama Filho do homem. Cremos na ressurreição da carne humana; a alma do homem não é substância divina ou parte de Deus, mas criatura não caída por vontade de Deus. (1) Conseqüentemente, se alguém disser e crer que este mundo e todos os seus instrumentos, não foi feito por Deus todo-poderoso, seja anátema. (2) Se alguém disser e crer

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que Deus Pai é o mesmo Filho ou o Paráclito, seja anátema. (3) Se alguém disser e crer que Deus Filho é o mesmo Pai ou o Paráclito, seja anátema. (4) Se alguém disser e crer que o Espírito Paráclito é o Pai ou o Filho, seja anátema. (5) Se alguém disser e crer que o homem Jesus Cristo não foi [totalmente] assumido pelo Filho de Deus, seja anátema. (6) Se alguém disser e crer que o Filho de Deus, como Deus, padeceu, seja anátema. (7) Se alguém disser e crer que o homem Jesus Cristo [teve sua divindade mutável ou passível], seja anátema. (8) Se alguém disser e crer que o Deus da antiga Lei é um e o dos Evangelhos é outro, seja anátema. (9) Se alguém disser e crer que o mundo foi feito por outro Deus que não Aquele de quem está escrito: 'No princípio fez Deus o céu e a terra' (Gen. 1,1), seja anátema. (10) Se alguém disser e crer que os corpos humanos não ressuscitarão após a morte, seja anátema. (11) Se alguém disser e crer que a alma humana é uma parte de Deus ou que é da substância de Deus, seja anátema. (12) Se alguém crer que existe autoridade ou deve-se venerar outras Escrituras fora aquelas recebidas pela Igreja Católica, seja anátema. [(13) Se alguém disser ou crer que a divindade e a carne são em Cristo uma só natureza, seja anátema. (14) Se alguém disser ou crer que exista algo que possa estender-se fora da Trindade divina, seja anátema. (15) Se alguém pensa que deve crer na astrologia, seja anátema. (16) Se alguém disser ou crer que os matrimônios dos homens, tidos por lícitos pela Lei divina, são condenáveis, seja anátema. (17) Se alguém disser que a carne das aves ou das feras, que nos foram dadas para alimento, devem não apenas ser privadas para a mortificação do corpo mas também reprovadas, seja anátema. (18) Se alguém segue ou professa os erros da seita de Prisciliano ou pratica alguma outra coisa contra a sé de São Pedro, com saudável batismo, seja anátema]".

Epifânio de Salamina

"Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis; e em um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus unigênito, gerado de Deus Pai, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai, por quem foram feitas todas as coisas, as que existem no céu e as que existem na terra, o visível e o invisível, que por nós, homens, e para a nossa

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salvação, desceu e se encarnou, isto é, foi perfeitamente gerado da santa e sempre Virgem Maria por obra do Espírito Santo, se fez homem, isto é, tomou o homem perfeito, alma, corpo e inteligência e tudo o quanto pertence ao homem, formando para si mesmo a carne de uma só e santa unidade, não à maneira que inspirou, falou e agiu nos profetas, mas fazendo-se perfeitamente homem, porque o Verbo se fez carne (Jo. 1,14), não sofrendo troca ou transformando sua divindade em humanidade, mas juntando em uma só sua santa perfeição e divindade; porque um só é o Senhor Jesus Cristo e não dois: o mesmo é Deus, o mesmo é Senhor, o mesmo é Rei, que padeceu mesmo em sua carne e ressuscitou e subiu aos céus no mesmo corpo, que se sentou gloriosamente à direita do Pai, que há de vir com o mesmo corpo, em glória, para julgar os vivos e os mortos, e seu Reino não terá fim; e cremos no Espírito Santo, Aquele que falou na Lei e anunciou nos profetas e desceu no Jordão, o que fala nos Apóstolos e habita nos Santos; e assim cremos n'Ele, que é Espírito Santo, Espírito de Deus, Espírito perfeito, Espírito consolador, que procede do Pai e recebe do Filho e é crido. Cremos em uma só Igreja Católica e Apostólica e em um só batismo de penitência, na ressurreição dos mortos e no justo juízo das almas e dos corpos, no reino dos Céus e na vida eterna. À aqueles, porém, que dizem que houve um tempo em que o Filho e o Espírito Santo não eram ou que foram criados do nada ou de outra hipóstase ou substância, ao que afirmam que são mutáveis ou variáveis o Filho de Deus o ou Espírito Santo, são estes anatematizados pela Santa Igreja Católica e Apostólica, vossa e nossa Mãe; e também anatematiza aos que não confessam a ressurreição dos mortos e a todas as heresias que não procedem desta reta fé" (Exposição do Símbolo de Nicéia 54).

Rufino de Aquiléia

"Creio em Deus Pai todo-poderoso; e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que nasceu da Virgem Maria por obra do Espírito Santo, foi crucificado sob Pôncio Pilatos e sepultado, ao terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu aos céus, está sentado à direita do Pai, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos; e no Espírito Santo, na Santa Igreja, no perdão dos pecados e na ressurreição da carne" (Exposição sobre o Símbolo).

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Cirilo de Jerusalém

"Este símbolo de fé não foi elaborado segundo as opiniões humanas, mas da Escritura inteira recolheu-se o que existe de mais importante, para dar, na sua totalidade, a única doutrina da fé. E assim como a semente de mostarda contém em um pequeníssimo grão um grande número de ramos, da mesma forma este resumo da fé encerra em algumas palavras todo o conhecimento da verdadeira piedade contida no Antigo e no Novo Testamento" (Catequeses Mistagógicas 5,12).

Agostinho de Hipona

"O símbolo seja para ti como um espelho. Olha-te nele para veres se crês tudo o que declaras crer e alegra-te cada dia pela tua fé" (Sermão 58,11,13).

Anônimo (séc. VI)

"Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, e em um só Senhor nosso, Jesus Cristo, Filho de Deus, e em [um só] Deus Espírito Santo. Não adoramos e confessamos a três deuses, mas ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como a um só Deus: não um só Deus como solitário, em que Ele mesmo seja para si mesmo Pai, Ele mesmo seja também Filho, mas que o Pai é quem gera e o Filho é quem é gerado; porém, o Espírito Santo não é gerado nem ingênito, não é criado nem feito, mas procede do Pai e do Filho, é co-eterno, co-igual e co-operante com o Pai e o Filho, pois está escrito: 'Pela palavra do Senhor foram firmados os céus (isto é, pelo Filho de Deus) e pelo vigor (Espírito) de sua boca, toda a força deles' (Sl. 32,6); e, em outro lugar: 'Envia teu Espírito e serão criados; e renovarás a face da terra' (Sl. 103,30). Portanto, no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo confessamos um só Deus, porque o nome 'Deus' é de poder, não de propriedade. O nome próprio do Pai é Pai e o nome próprio do Filho é Filho e o nome próprio do Espírito Santo é Espírito Santo. E nesta Trindade cremos um só Deus, pois procede de um só Pai, pois com o Pai é de uma só natureza, de uma só substância e de um só poder. O Pai gerou o Filho, não por vontade nem por necessidade, mas por natureza. O Filho, nos últimos tempos, desceu do Pai para salvar-nos e cumprir as Escrituras, apesar de nunca ter deixado de estar com o Pai, e foi concebido por obra do Espírito Santo e nasceu da Virgem Maria, tomou carne, alma ou inteligência, isto é, [tomou] ao homem

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perfeito, e não perdeu o que era, mas começou a ser o que não era, de modo que, com efeito, é perfeito no que é seu e verdadeiro no que é nosso, porque o que era Deus nasceu como homem, e o que nasceu como homem, age como Deus, e o que age como Deus morre como homem, e o que morre como homem ressuscita como Deus. E Ele mesmo, vencido o império da morte, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao Pai e está sentado à sua direita, na glória que sempre teve e tem. E nós, purificados por sua morte e sangue, cremos que seremos ressuscitados por Ele no último dia desta carne em que agora vivemos, e temos a esperança de que O alcançaremos ou a vida eterna, prêmio por nosso bom mérito, ou o castigo do suplício eterno, por nossos pecados. Isto lê, isto retém, esta a fé que deves subjugar a tua alma. De Cristo Senhor alcançarás a vida e o prêmio" (A Fé de Dâmaso).

"A clemente Trindade é uma só divindade. Portanto, o Pai e o Filho e o Espírito Santo são uma só fonte, uma só substância, uma só virtude, um só poder. O Deus Pai e o Deus Filho e o Deus Espírito Santo não dizemos serem três deuses mas, com toda a piedade, confessamos ser um só [Deus]. Porque ao nomear as Três Pessoas, com voz católica e apostólica, professamos serem uma só substância. Assim, pois, Pai e Filho e Espírito Santo, os Três são um só ser (1Jo. 5,7). Três, não confundidos nem divididos, mas bem distintamente unidos, como unidamente distintos; unidos pela substância, porém distintos pelos nomes; unidos pela natureza, porém distintos pelas Pessoas; iguais na divindade, co-semelhantes pela majestade, concordes pela Trindade, partícipes da luz. De tal modo são um só ser, que não duvidamos que são também três; de tal modo três que confessamos não poderem separar-se entre si. Por isso, não há dúvida que a injúria de um é a afronta de todos, porque o louvor de um toca a glória de todos. Porque, segundo a doutrina evangélica e apostólica, o principal de nossa fé é que nosso Senhor Jesus Cristo e Filho de Deus não se separa do Pai, nem na confissão da honra, nem no poder de sua virtude, nem na divindade de sua substância, nem por intervalo de tempo. E, portanto, se alguém disser que o Filho de Deus, como verdadeiramente é Deus, assim como também é homem verdadeiro, exceto apenas no pecado, teve algo de menos na divindade ou na humanidade, há de ser julgado

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profano e alheio à Igreja Católica e apostólica" (Fórmula "Clemente Trindade").

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ANEXO - Relação de Padres e Escritores do Período Patrístico Padre/Escritor Falecimento

Abércio de Hierápolis . . . . 215 Adriano I de Roma (papa). . . . 795 Afrate da Pérsia . . . . . ~375 Agostinho de Hipona . . . . 430 Alexandre de Alexandria . . . 325 Ambrósio de Milão . . . . 397 Anastácio I de Roma (papa) . . 402 Anastácio II de Roma (papa) . . 498 Anastácio do Sinai. . . . . ~700 André de Creta . . . . . ~750 Aristides de Atenas . . . . 130 Atanásio de Alexandria . . . 373 Atenágoras de Atenas . . . 181 Basílio de Ancira . . . . 364 Basílio de Selêucia . . . . 469 Basílio Magno de Cesaréia . . . 379 Beda Venerável . . . . . 735 Bento de Núrsia . . . . . 547 Bonifácio I de Roma (papa) . . 422 Caio (ou Gaio) . . . . . 217 Calisto I de Roma (papa). . . . 222 Capreólogo . . . . . ~440 Cassiodoro . . . . . ~575 Celestino I de Roma (papa) . . 432 Cesário de Arles . . . . . 543 Cipriano de Cartago . . . . 258 Cirilo de Alexandria . . . . 444 Cirilo de Jerusalém . . . . 386 Clemente I de Roma (papa) . . 101 Clemente de Alexandria . . . 215 Columbano . . . . . 615 Cornélio I de Roma (papa) . . . 253 Cromácio de Aquiléia . . . . 407 Dâmaso I de Roma (papa) . . . 384 Dionísio de Alexandria . . . 265 Dionísio de Corinto . . . . 166 Dionísio I de Roma (papa) . . . 268 Efrém da Síria . . . . . 373 Egéria . . . . . . ~420

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A FÉ CRISTÃ

Enéias de Gaza . . . . . 518 Epifânio de Salamina . . . . 403 Estevão I de Roma (papa) . . . 257 Eudóxio de Constantinopla . . . 369 Eusébio de Alexandria . . . ~450 Eusébio de Cesaréia . . . . 340 Eustáquio de Antioquia . . . ~350 Eutíquio . . . . . . ~582 Filoxeno da Síria . . . . 523 Firmiliano da Capadócia . . . 268 Frutuoso Mártir . . . . . 259 Fulgêncio de Ruspe . . . . 533 Gelásio I de Roma (papa) . . . 496 Germano de Constantinopla . . ~730 Gregório de Nanzianzo . . . 379 Gregório de Nicéia . . . . ~séc. V Gregório de Nissa . . . . 394 Gregório I Magno de Roma (papa) . 604 Gregório II de Roma (papa) . . 731 Gregório III de Roma (papa) . . 741 Hegésipo . . . . . . 117 Hermas de Roma . . . . 140 Hilário de Poitiers . . . . 367 Hipólito de Roma . . . . 235 Hormisdas de Roma (papa) . . 523 Ildelfonso de Toledo . . . . 667 Inácio de Antioquia . . . . 107 Inocêncio I de Roma (papa) . . 417 Ireneu de Lião . . . . . 202 Isidoro de Pelúsio . . . 435 Isidoro de Sevilha. . . . . 636 Jerônimo . . . . . . 420 João Cassiano . . . . . 435 João Crisóstomo . . . . 403 João Damasceno . . . . 749 João de Antioquia . . . . ~420 João II de Roma (papa) . . . 535 João IV de Roma (papa) . . . 642 João Mosco . . . . . 619 Júlio I de Roma (papa) . . . 352 Justino Mártir . . . . . 165 Lactâncio . . . . . . 317 Leão I Magno de Roma . . . 461 Libério I de Roma . . . . 366

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Carlos Martins Nabeto

Marcelo de Ancira . . . . ~340 Martinho de Braga . . . . 579 Martinho de Tours . . . . 397 Máximo Confessor . . . . 662 Máximo de Turim . . . . 466 Melitão de Sardes . . . . ~170 Metódio de Olimpo . . . . 311 Minúcio Félix . . . . . ~200 Nestório . . . . . . 451 Nicetas de Remesiana . . . ~420 Nilo Magno de Ancira . . . . 430 Optato de Milevi . . . . ~400 Orígenes de Alexandria. . . . 253 Ósio de Córdoba . . . . ~400 Pacômio . . . . . . 346 Panciano . . . . . . 392 Papias de Hierápolis . . . . 130 Paulino de Nola . . . . . 431 Pedro Crisólogo . . . . . 450 Pedro de Alexandria . . . . 311 Pelágio I de Roma (papa) . . . 561 Pelágio II de Roma (papa) . . . 590 Policarpo de Esmirna . . . . 156 Prudêncio de Espanha. . . . 405 Rufino de Aquiléia . . . . 410 Serapião de Thmuis . . . . 362 Severiano de Gábala . . . . 431 Silvestre I de Roma (papa) . . 335 Simeão de Tessalônica . . . ~séc. V Simplício de Roma (papa) . . . 483 Sirício de Roma (papa) . . . 399 Sisto III de Roma (papa) . . . 440 Sócrates de Constantinopla . . 440 Sozómeno . . . . . . ~450 Sulpício Severo . . . . . 420 Teodoreto de Ciro . . . . 460 Teodoro Studita . . . . . séc. VIII Teófilo de Antioquia . . . . 182 Teotecnos de Lívias . . . . ~600 Tertuliano de Cartago . . . 220 Vicente de Lérins . . . . 450 Vigílio de Roma (papa) . . . 555 Zacarias de Roma (papa) . . . 752 Zeferino de Roma (papa) . . . 217

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A FÉ CRISTÃ

Zenão de Verona . . . . 371

Escritos Anônimos Ano de Composição Atas dos Mártires . . . . ~165 Constituições Apostólicas . . . ~400 Constituições Egípcias . . . ~450 Didaqué . . . . . . ~90 Decreto Gelasiano . . . . 495 Epístola a Diogneto . . . . ~200 Epístola de Barnabé . . . . ~74 Lecionário Jerusalemitano . . . ~450 Mártires de Lião . . . . . ~175 Pseudo-Agostinho . . . . ~séc. VI Pseudo-Clemente . . . . ~séc. IV Pseudo-Dionísio . . . . . ~séc. IV Pseudo-Hipólito . . . . . ~séc. V Pseudo-Justino . . . . . ~séc. III Pseudo-Melitão . . . . . ~séc. III Sacramentário de Bobbio . . . ~650 Sacramentário Gregoriano . . . ~750

Concílios Ecumênicos Ano de Realização Concílio Ecumênico de Calcedônia . 451 Concílio Ecumênico de Constantinopla I 381 Concílio Ecumênico de Constantinopla II 553 Concílio Ecumênico de Constantinopla III 681 Concílio Ecumênico de Éfeso . . 431 Concílio Ecumênico de Nicéia I . . 325 Concílio Ecumênico de Nicéia II . . 787

Concílios Regionais Ano de Realização

Concílio da União Oriental/Ocidental . 433 Concílio Regional de Antioquia . . 324 Concílio Regional de Arles I . . 314 Concílio Regional de Arles II . . ~475 Concílio Regional de Braga . . . 561 Concílio Regional de Cartago III . . 397 Concílio Regional de Cartago IV . . 418 Concílio Regional de Elvira . . . 306 Concílio Regional de Frankfurt . . 794 Concílio Regional de Friul . . . 796 Concílio Regional de Hipona . . 393 Concílio Regional de Laodicéia . . 367 Concílio Regional de Latrão . . 649

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Carlos Martins Nabeto

Concílio Regional de Milevi . . . 416 Concílio Regional de Orange II . . 529 Concílio Regional de Palmari . . 501 Concílio Regional de Pávia . . . 850 Concílio Regional de Quiersy . . 853 Concílio Regional de Roma I . . 382 Concílio Regional de Roma II . . 680 Concílio Regional de Sárdica . . 343 Concílio Regional de Toledo IV . . 633 Concílio Regional de Toledo VI . . 638 Concílio Regional de Toledo XI . . 675 Concílio Regional de Toledo XV . . 688 Concílio Regional de Toledo XVI . . 693 Sínodo de Ambrósio . . . . 389 Sínodo Permanente de Constantinopla ~545

Escritos Apócrifos/Não-Cristãos Ano de Composição

Apócrifo Odes de Salomão . . . séc. II d.C. Apócrifo Vida de Adão e Eva . . séc. II d.C. Atos Apócrifos de João . . . séc. III d.C. Evangelho Apócrifo de Pedro . . séc. II d.C. Protoevangelho Apócrifo de Tiago . séc. I d.C. Talmud Babilônico . . . . séc. V d.C.

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A FÉ CRISTÃ

Índice onomástico Abércio de Hierápolis, 66 Afrate da Pérsia, 66 Agostinho de Hipona, 22, 30,

33, 37, 44, 50, 63, 66 Alexandre de Alexandria,

66 Ambrósio de Milão, 30, 44, 58,

66 Anastácio do Sinai, 66 André de Creta, 66 Anônimo, 53, 63 Aristides de Atenas, 66 Atanásio de Alexandria, 43,

66 Atas dos Mártires, 69 Atenágoras de Atenas, 66 Atos Apócrifos de João, 70 Basílio de Ancira, 66 Basílio de Selêucia, 66 Basílio Magno de Cesaréia,

56, 66 Beda Venerável, 66 Caio, 66 Capreólogo de Cartago, 44 Cassiodoro, 66 Cesário de Arles, 66 Cipriano de Cartago, 35, 50,

66 Cirilo de Alexandria, 66 Cirilo de Jerusalém, 57, 63, 66 Clemente de Alexandria,

20, 34, 66 Columbano, 66 Concílio Ecumênico de

Calcedônia, 69 Concílio Ecumênico de

Constantinopla, 45, 46, 69 Concílio Ecumênico de

Éfeso, 69 Concílio Ecumênico de

Nicéia, 46, 56, 69

Concílio Regional de Antioquia, 69

Concílio Regional de Arles, 69

Concílio Regional de Cartago, 25, 69

Concílio Regional de Elvira, 69

Concílio Regional de Friul, 69

Concílio Regional de Hipona, 25, 69

Concílio Regional de Laodicéia, 69

Concílio Regional de Latrão, 69

Concílio Regional de Orange, 70

Concílio Regional de Palmari, 70

Concílio Regional de Pávia, 70

Concílio Regional de Quiersy, 70

Concílio Regional de Roma, 25, 70

Concílio Regional de Sárdica, 70

Concílio Regional de Toledo, 33, 60, 70

Constituições Apostólicas, 69

Constituições Egípcias, 69 Credo da Igreja de

Cesaréia, 55 Cromácio de Aquiléia, 66 Decreto Gelasiano, 27, 69 Didaqué, 69 Dionísio de Corinto, 49, 66 Efrém da Síria, 66

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Carlos Martins Nabeto

Egéria, 66 Enéias de Gaza, 67 Epifânio de Salamina, 37, 39,

44, 61, 67 Epístola a Diogneto, 69 Epístola de Barnabé, 69 Eusébio de Alexandria, 67 Eusébio de Cesaréia, 67 Eustáquio de Antioquia, 67 Eutíquio, 67 Evangelho Apócrifo de

Pedro, 70 Filoxeno da Síria, 67 Firmiliano da Capadócia, 67 Frutuoso Mártir, 67 Fulgêncio de Ruspe, 67 Germano de

Constantinopla, 67 Gregório de Nanzianzo, 58,

67 Gregório de Nicéia, 67 Gregório de Nissa, 43, 67 Gregório Taumaturgo, 21 Hegésipo, 40, 67 Hermas de Roma, 67 Hilário de Poitiers, 18, 67 Hipólito de Roma, 35, 36, 42,

55, 67 Ildelfonso de Toledo, 67 Inácio de Antioquia, 27, 31,

67 Ireneu de Lião, 34, 36, 38, 41,

46, 50, 54, 67 Isidoro de Pelúsio, 67 Isidoro de Sevilha, 67 Jerônimo, 21, 37, 44, 67 João Cassiano, 67 João Crisóstomo, 33, 67 João Damasceno, 35, 46, 50, 67 João de Antioquia, 67 João Mosco, 42, 67 Justino Mártir, 28, 34, 36, 67 Lactâncio, 67

Lecionário Jerusalemitano, 69

Martinho de Tours, 68 Mártires de Lião, 69 Máximo Confessor, 45, 68 Máximo de Turim, 68 Melitão de Sardes, 31, 68 Metódio de Olimpo, 68 Minúcio Félix, 68 Nestório, 48, 68 Nicetas de Remesiana, 68 Nilo Magno, 68 Optato de Milevi, 68 Orígenes de Alexandria, 20,

23, 28, 31, 35, 47, 50, 68 Ósio de Córdoba, 68 Pacômio de Tabenési, 21 Panciano, 68 Papa Clemente I de Roma,

34, 40 Papa Dâmaso I de Roma,

24 Papa Gelásio I de Roma, 26 Papa Gregório I Magno de

Roma, 22 Papa Inocêncio I de

Roma, 26 Papias de Hierápolis, 40, 68 Pedro Crisólogo, 68 Pedro de Alexandria, 68 Policarpo de Esmirna, 68 Protoevangelho Apócrifo

de Tiago, 70 Pseudo-Agostinho, 69 Pseudo-Clemente, 42, 69 Pseudo-Dionísio, 69 Pseudo-Hipólito, 69 Pseudo-Justino, 69 Pseudo-Melitão, 69 Rufino de Aquiléia, 62, 68 Sacramentário

Gregoriano, 69 Serapião de Thmuis, 68 Severiano de Gábala, 68

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A FÉ CRISTÃ

Símbolo Atanasiano, 58 Símbolo dos Apóstolos, 53,

58 Simeão de Tessalônica, 68 Sínodo de Ambrósio, 70 Sínodo Permanente de

Constantinopla, 70 Sócrates de

Constantinopla, 68 Sulpício Severo, 68 Talmud Babilônico, 70

Teodoreto de Ciro, 45, 68 Teodoro Studita, 68 Teófilo de Antioquia, 34, 68 Teotecnos de Lívias, 68 Tertuliano de Cartago, 20,

31, 34, 42, 54, 68 Vicente de Lérins, 39, 45, 47,

68 Zenão de Verona, 69

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Bibliografia e Sites Consultados

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Para Saber Mais...

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GOMES, Cirilo Folch. Antologia dos Santos Padres. São

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PADOVESE, Luigi. Introdução à Teologia Patrística. São Paulo:Loyola.

TRESE, LEO J.. A Fé Explicada. São Paulo: Quadrante. VV.AA.. Catecismo da Igreja Católica. Petrópolis:Vozes

etal.

Para ulteriores pesquisas, sobre este ou outros temas relacionados ao Catolicismo, acesse a ferramenta de busca

existente no topo da página do site Veritatis Splendor – Memória e Ortodoxia Cristã

http://www.veritatis.com.br

Para ler obras patrísticas na íntegra, acesse COCP – Central de Obras do Cristianismo Primitivo

http://cocp.nabeto.com.br

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“Fizemos conhecer a verdade e manifestamos a pregação da Igreja que os Profetas fizeram (...) Cristo a completou, os Apóstolos a transmitiram e somente a Igreja, depois de tê-la recebido deles, a guarda com fidelidade e a transmite a seus filhos” (Ireneu de Lião). “Antes de todas as coisas, conservai-me este bom depósito, pelo qual vivo e combato, com o qual quero morrer, que me faz suportar todos os males e desprezar todos os prazeres: refiro-me à Profissão de Fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Eu vo-la confio hoje” (Gregório de Nanzianzo).

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