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Carla Denise Bergamin INCLUSAO SOCIAL DE PORTADORES DE NECESSIDADE ESPECIAIS: UMA REVISAO BIBLIOGRAFICA Monografia apresentada ao Curso de P6s~Graduarrao em Transtorno do Desenvolvimento Humano - das Deficiencias as Psicoses, da Faculdade de Ciencias Biologicas da Saude da Universidade Tuiuti do Parana, como requisito parcial para a obten-;rao do titulo de especialista. Orientador: Ms. Cristiano Carvalho Nedeff e \-S CURITIBA 2006 CONSULTA INTERNA

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Carla Denise Bergamin

INCLUSAO SOCIAL DE PORTADORES DE NECESSIDADE ESPECIAIS:UMA REVISAO BIBLIOGRAFICA

Monografia apresentada ao Curso de P6s~Graduarraoem Transtorno do Desenvolvimento Humano - dasDeficiencias as Psicoses, da Faculdade de CienciasBiologicas da Saude da Universidade Tuiuti doParana, como requisito parcial para a obten-;rao dotitulo de especialista.

Orientador: Ms. Cristiano Carvalho Nedeff

e\-SCURITIBA

2006CONSULTAINTERNA

AGRADECIMENTOS

A todas as pessoas que direta ou indiretamente me ajudaram e

participaram na realiza9ao deste trabalho.

Em especial, ao coordenador e professor Crisliano Carvalho Nedeff que

nao desisliu de nos proporcionar esla oportunidade de conciusao desle curso,

certamente com muilo empenho e dedica9ao.

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo 0 estudo, atravas de uma pesquisa

bibliogrilfica, 0 Processo de Inclusao Social de Pessoas Portadoras de

Necessidades Especiais, como se da uma inclusao com a integrayao na escola

regular. A inclusao a um processo facilitado pela escola inicialmente, que exige

uma sarie de adequayoes fisicas e humanas, e que posteriormente deve ser

estendida para a sociedade em geral. E a partir da aprovayao da Lei de Diretrizes

e Bases da Educayao Nacional (LDB de 1996, p. 27, art. 59) "os sistemas de

ensino assegurados aos educando com necessidades especiais curriculos,

matodos, tacnicos, recursos educativos e organizayao especifica para atender as

suas necessidades". A aprovayao desta lei nao resolve por si a problematica da

Inclusao Social de P.N.E., param, a um grande marco na construyao de uma

sociedade justa para todos.

Palavra Chave: inclusao social; escola regular; portador de necessidades

especiais.

SUMARIO

AGRADECIMENTOS.. . 4RESUMO.. . 51 INTRODUQiio.. . .. .....................•..... . 7

1.1 Problema.. . . 102 REVISiio BIBLIOGRAFICA . 11

........ 11..............••......... 23

2.1 A inclusao do aluno na educa,ao especial regular2.2 As contradi,oes de urn periodo de mudan,as2.3 Ressignificando a educa,ao inclusiva para sereshumanos especiais 302.4 Caracterizando 0 portador de deficielncia mental. . 432.5 Caracteristicas de acordo com 0 grau de deficiencia mental 49

2.5.1 A Deficiencia Mental Leve 492.5.2 A Deficiencia Mental Moderada . 512.5.3 A Deficiencia Mental Grave (ou Severa) 532.5.4 A Deficiencia Mental Profunda .......................................••........... 54

2.6 Dificuldades de aprendizagem . .............................................•......... 562.6.1 Quais sao as maiores carencias e necessidadesdos portadores de deficiencia quandofalamos de aprendizagem? . ...........................................•............... 572.6.2 Quem tern papel preponderante parao desenvolvimento de potencialidades bio-psiquicas,emocionais, afetivas e cognitivas,a familia ou a escola? . . 602.6.3 Como se deve ser a orienta,ao com os pais de deficientes? 612.6.4 Que implica,oes tern na aprendizagem dodeficiente relacionadas a alta expectativa dedesempenho em atividades, coloca,ao de limites,valoriza,ao excessiva de problemas? 632.6.5 Qual a importiincia da orienta,ao familiar na

tarefa dificil em criar urn filho com deficiencia? .2.6.6 Quais diferen,as sao notadas quando a

familia participa do processo deescolariza,ao de seu filho . . .2.6.7 As institui,oes daD apoio as familias?2.6.8 Que tipo de deficiencia os profissionais

tern menDs preparo para tratar? .3 CONCLUsiio .4 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

. 64

. 65...... 66

. 66. 68........... 72

7

1 INTRODUC;:AO

Este trabalho aborda 0 tema inclusao do portador de necessidades como um

dos novos paradigmas da educayao brasileira, 0 qual del ega a familia, a escola e a

sociedade 0 compromisso para efetivayao de uma proposta de escola para todos.

Quando se fala de necessidades educacionais especiais, referimo-nos a

todas as crianyas e jovens cujas necessidades se originam de deficiencias ou de

dificuldades de aprendizagem. Sao considerados alunos com necessidades

educacionais especiais aqueles que apresentam significativas diferenyas fisicas,

sensoriais ou intelectuais decorrentes de fatores inatos ou adquiridos, de carater

permanente ou temporario, que resulta em dificuldades ou impedimentos no

desenvolvimento do seu processo ensino-aprendizagem (SASSAKI 1997, p. 28).

Muitas crianyas apresentam dificuldades de aprendizagem em algum momento de

sua escolarizayao, possuindo, portanto, necessidades educacionais especiais.

"Conceitua-se a inclusao social como um processo pelo qual a sociedade se

adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com

necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus

papeis na sociedade" (SASSAKI 1997, p.41). Assim, a pessoa com necessidades

especiais deve encontrar, na sociedade, 0 caminho propicio para seu

desenvolvimento atraves de sua educayao e qualificayao para 0 trabalho, e

8

estando ele ja inserido no processo, a sociedade se adapta a suas limita90es.

Sassaki (1997, p. 42)

A inclusao social, portanto, e um processo que contribui para a constru9ao

de um novo tipo de sociedade atraves de transforma90es, pequenas e grandes,

nos ambientes fisicos (espa90 interno e externo, equipamentos, aparelho e

utensilio, mobiliario e meios de transporte) e na medida de todas as pessoas,

incluindo 0 proprio portador de necessidades especiais. (SASSAKI 1997, p. 52)

A inclusao, assunto que vem sendo discutido desde a decada de 90, se

apresenta como outro desafio para a educa9ao brasileira. Tradicionalmente a

sociedade vem discriminando e segregando 0 portador de deficiancia. Ha mais de

duas decadas, mais precisamente a partir dos anos 70, a integra9ao e a

normaliza9ao surgiram para superar as praticas segregacionistas. A inten9ao era a

de permitir que 0 deficiente participasse das atividades sociais e educacionais da

sociedade. (SASSAKI 1997, p. 77)

Por inspira9ao do Ano Internacional das Pessoas Deficientes em 1981, 0

conceito em rela9ao ao deficiente foi alterado: nao e 0 deficiente que tem que

adaptar-se a sociedade, mas a sociedade tem que adaptar-se as pessoas

"diferentes". A deficiancia nao e entao um atributo do individuo, mas esta

relacionada a forma como a sociedade a va. 0 enfoque medico, da patologiza9ao

9

passa a ser social. (SILVA 1987, p.52)

Com um sentido mais humanitario, Forest & Pearpoint (1997) esclarecem

que incluso e "estar com", e aprender a viver com 0 outr~, e a participa~ao das

pessoas (da familia e da comunidade) em uma nove e ,enriquecedora proposta

educacional que celebra a diversidade e as diferen~as.

A escola como mediadora na constru~ao do conhecimento, tendo como

objetivo levar a cultura para um numero cada vez maior de pessoas, leva a para si

uma gama de responsabilidade muito grande. "E atraves da escola que a

sociedade adquire, fundamenta e modifica os conceitos de participa~ao,

colabora~ao e adapta~ao. Embora outras institui~6es como familia ou igreja tenha

papel muito importante, e da escola a maior parcela". (MELLO apud MATOAN

1997, p. 13)

o desafio dos profissionais de psicologia sera 0 de trabalhar por uma escola

inclusiva, com qualidade de ensino, pois se sabe da importancia da educa~ao

basica. Ela e a mola mestra do desenvolvimento econ6mico e social de um pais. E

claro que ela nao esta s6 neste desafio. Necessitamos de uma justi~a que

funcione, de uma saude que abrigue a todos, e de uma politica comprometida com

o cidadao. "Quanto mais sistemas comuns da sociedade adotarem a inclusao,

mais cedo se completara a constru~ao de uma verdadeira sociedade para todos -

10

a sociedade inclusiva". (SASSAKI 1997, p. 42)

Segundo Mantoan (1997, p. 120), acredita-se que ao incluir 0 aluno com

deficiencia mental, estara exigindo dessa institui9ao novos posicionamentos diante

dos processos de ensino e de aprendizagem, a luz de concep90es e praticas

pedag6gicas mais evoluidas.

1.1 PROBLEMA

Assim, esta monograiia tem como objetivo uma Pesquisa Bibliognlfica sobre

a Inclusao de Pessoas com Necessidades Especiais. Oeste modo este trabalho vai

discutir a Inclusao do Aluno na Educa9ao Especial Regular, as contradi90es das

metas propostas na Lei da Inclusao P.N.C .. Aborda questoes da educa9ao de

modo geral diante dos processos sociahnente construidos.

Define deficiencia mental e discorre sobre as maiores carencias e

necessidades dos P.N.E. em rela9ao a aprendizagem.

Enfatiza tambem como deve ser a Orienta9ao aos Familiares dos

Deficientes sobre os tipos de deficiencia que os profissionais tem menos preparo

para tratar.

11

2 REVISAO BIBLIOGRAFICA

Alraves do objetivo desta pesquisa bibliografica, verificou-se em livres

peri6dicos e sites na internet 0 que os auto res concluiam, atraves de pesquisas,

reflexoes e leis, a Inclusiio Social de Portadores de Necessidades Especiais. A

seguir, apresenta-se 0 resultado desta pesquisa.

2.1 A INCLUSAO DO ALUNO NA EDUCAvAO ESPECIAL REGULAR

De acordo com Sassaki (1997, p. 41) a inclusiio social pode ser conceituada

como

o processo pelo qual a sociedade 5e adapta para pader incluir, em seussistemas sociais gerais, pessoa com necessidades especiais e,simultaneamente estas se preparam para assumir seus papeis nasociedade. A inclusao social constitui, entao, um processo bilateral noqual as pessoas, ainda exc1ufdas, e a sociedade busca, em parceria,equacionar problemas, decidir sabre solU90es e efetivar a equiparac;:8.ode oportunidades para todos.

Reconhecer as dificuldades e essencial no caminho da integrayiio e,

principal mente, da inclusiio, onde se espera que a psicopedagogia niio faya da

turma uma homogeneidade, trabalhando como se todos tivessem a mesma

capacidade na sua construyiio do conhecimento. (CARNEIRO 1997, p. 30)

Oferecer um ambiente favon,vel a inciusiio, niio e s6 ter conhecimento das

12

mais variadas diversidades, 0 que e possivel ser trabalhado, ou 0 que a crian,a ja

possui de conhecimento, como tambem e principalmente, respeitar suas

limita,oes, reconhecendo suas diferen,as e ressaltando suas potencialidades.

Carneiro (1997, p. 33) cila que

Os portadores de deficiencia precisam ser considerados, a partir de suaspotencialidades de aprendizagem. Sabre esse aspecto e facilmentecompreensfvel que a escola nao tenha de consertar 0 defeito,valorizando as habilidades que 0 deficiente nao possui, mas ao contra rio,trabalhar sua potencialidade. com vistas em seu desenvolvimento.

A escola traz consigo toda uma bagagem de cultura e de saberes que

atendiam as necessidades de uma determinada epoca e clienlela. Se antes 0

excepcional era eliminado da sociedade, hoje ele tem seu direilo adquirido poe uma

lei, a qual 0 coloca como um ser igual as outras crian,as, vivendo como as outras e

recebendo dentro de um estabelecimento de ensino sua forma,ao educacional.

Para isso, ha de (re)pensar com muita cautela sobre a estrulura escolar, nossa

avalia,ao, nossa intera,ao com as familias e os conhecimentos adquiridos pelos

profess ores para atender a este aluno. (CARNEIRO, 1997, p. 38)

Tudo e uma caminhada, tudo e uma constru,ao que e elaborada em cima

de estudos e pesquisas que atraves de urn conhecimento mais amplo e

aprofundado, tra,am 0 caminho da sensibilidade. E na forma,ao diferenciada do

profissional de educa,ao, que hoje se faz necessario que ira acontecer a inclusao

13

de P.N.E. (Portador de Necessidades Especiais). Um dos fatores principais dessa

formal'ao esta relacionado it capacidade de 0 professor reconhecer a proporcionar

o desenvolvimento das potencialidades do P.N.E .. (MANTOAN, 1997, p. 41)

Por vezes, nao se aposta na inclusao, por ser ela algo que ainda nao

aconteceu, os professores terao que inovar sua propria pratica, seu proprio

conceito, e isso mexe com muitas estruturas que ja estao de certa forma

enraizadas. Conforme Mantoan (1997, p. 44) "as grandes inoval'oes estao, muitas

vezes, na concretizal'ao de obvio, do simples, do que e possivel fazer, mas que

precisa ser desvelado, para que possa se compreendido por todos e aceito sem

outras resistencias, senao aquelas que dao brilho e vigor ao debate das

novidades" .

Quando se fala "todos", fala-se do aluno portador de necessidades

educativas especiais e 0 aluno sem necessidades educativas especiais. Entrelanto

deve-se ter a clareza desses termos, onde "necessidades especiais" nao deve ser

tomado como sinonimo de "deficiencia" (mentais, auditivas, visuais, fisicas ou

multiplas)."

As inoval'oes que ocorrerao daqui para frente diz respeito a escola, ao

aluno especial, a familia, ao professor e a todas as pessoas que fazem parte deste

processo. Por isso, muito ja se discutiu e muito he.0 que discutir, po is a sociedade,

14

de certa forma, custa a perceber as mudanqas que estao ocorrendo e a processa-

las em sua pratica social.

Apostar nessas inovaqoes sera 0 caminho mais a segura para a efetivaqao

da escola inclusa. Quando professores das mais variadas diversidades

(re)descobrirem 0 valor de ensinar alraves da lroca, reconhecendo seus alunos

como seres capazes de realizaqoes, inleragindo com as familias na busca por

soluqoes de seu problemas familiares, os quais interierem direlamente na sala de

aula, procurando apoio em lodos os selores das escola na realizaqao de larefas

conjunlas e garantindo a participaqao dos alunos as decisoes de sala de aula,

estaremos construindo nao apenas a escola que ira alender ao portador de

necessidades educativas especiais, mas a escola que alendera a lodos, ou seja, a

escola inclusiva. (MANTOAN, 1997, p. 52-53)

.. e de suma importancia ressaJtar as vantagens que a integrayaorepresenla, tanto para os portadores de deficiencia quanta para aquelesalunos considerados normais, pelas necessarias modificayoes dosistema de ensine de sua mobilizayao" (CARNEIRO 1997, p.34)

Sassaki (1997, p. 14) a maioria das necessidades especiais e 0 resultados

das condiqoes atipicas, tais como: Deficiencia mental, f1sica, auditiva, visual e

mullipla; autismo; dificuldades de aprendizagem; insuficiencia orgiinica;

superdotaqiio; problemas de conduta; disturbio de deficit de alenqiio com

hiperatividade; disiUrbio obsessive compulsivo, sindrome de Tourette.

15

Porem; a realidade de nosso pais e de outros tantos da conta de uma

exclusao que se agrava cada vez mais em detrimento de uma politica social

inexistente. A falta de emprego, por exemplo, podera levar ao rompimento da

estrutura familiar, apresentando em seu meio varios problemas, tais como 0

alcoolismo, as drogas, a prostituiyao infantil, 0 trabalho infantil e escravo, a falta de

alimentayao adequada ao crescimento da crianya e a falta total de conhecimento

dos pais em estimular seus filhos, oferecendo um ambiente favoravel e sadie na

busca por uma escola com qualidade de ensino.

A hist6ria releva as fases de exclusao onde a sociedade a transformou em

atendimento segregado para a integrayao e, hoje, em inclusao. Porem, essas

fases nao se processaram sempre ao mesmo tempo, e nem com todos. Sobre

isso, Sassaki (1997, p.17) diz: "0 movimento de inclusao comeyou incipientemente

na Segunda metade dos anos 80 nos paises mais desenvolvidos, tomou impulso

na decada de 90 tambem em paises em desenvolvimento e vai se desenvolver

fortemente nos primeiros 10 anos do seculo XXI envolvendo todos os paises".

A inclusao e urn movimento com apenas urn interesse: construir uma

sociedade para todos. Mesmo sendo muito recente 0 movimento sobre inclusao, 0

conhecimento das diferenyas que se apresentam em cada crianya que sera

incluida torna-se fundamental nesse processo.

16

Rabelo (1999, p. 20) cita que:

"hoje, 0 grande desafio e a eJaborayao de uma polftica educacionalvoltada para 0 estabelecimento de uma escola real mente inclusiva,acessivel a lodos, independentemente das diferengas que apresentam,dando-Ihes as mesmas possibilidades de realizayao humana e social".

Sem os conhecimentos necessarios para ler um livro ou para assinar seu

proprio nome; 855 milh6es de pessoas seriio analfabetas nas vesperas do novo

milenio; 130 milh6es de crian<;:asem idade escolar crescem sem poder receber

educa<;:iio basica; um professor em Bangladesh tem que atender a 67 alunos

enquanto a rela<;:iio professorialuno na Guine Equatorial aumenta para 909. E

obvio que, nessas circunstancias, falar de escola para todos significa uma brutal

ironia ou, no melhor dos casos, uma met<ifora ofensiva por parte de muitos

governos e muitos governanles. (RABELO, 1999, p. 49)

Diante dessas circunstancias, qual seria 0 papel da escola e,

especificadamente, do professor para evitar a exclusiio? E tarefa da escola

resolver estes problemas que poderia ser as causas da exclusiio de um aluno? Se

e papel do professor, qual e a forma<;:iio que este deve receber para enfrentar

todas estas diversidades que se remetem as necessidades especiais?

Este desafio passa tambem pela compreensiio de todos aqueles que

entendem a educa<;:iiocomo um direito de todos. Niio basta incluir 0 P.N.E. no

ambiente escolar; e necessario trabalhar em conjunto com toda sociedade com 0

17

desafio de oferecer uma educac;:ao capaz de transformar sua realidade,

construindo uma sociedade onde caibam todos.

Sobre essa sociedade, Assmann (1998, p. 222) diz 0 seguinte:

"qual e 0 fato maior na atual conjuntura mundial, intensificado em nossarealidade brasileira? Certamente e 0 imperio estarrecedor da 16gica daexclusao e a crescente insensibilidade diante delan

.

De certo modo estamos anestesiados diante de 1antas formas de exclusao

que se apresentam em nossas vidas, sejam elas de cunho religioso, eticos,

sociais, econ6micos au educacionais, que por vez sua definiyao S8 esvazia.

Segundo Assmann (1998, p. 213):

"a expressao 16gicada exclusao surgiu nurn encontro de fil680t08 latino-americanos e europeus, na Alemanha em 1989, cuja inlen\=8.o de seusparticipantes era mostrar que as institui<;:6es criadas pera ocidente coma ideologia da inclusao social, na verdade erarn excludentes: ademocracia, por exemplo, ao ser reduzida a emissao do voto; au aeconomia de mercado que prega urn discurso includente (para todos),mas irreal".

Eo a propria historia que se encarrega de nos revelar as matanyas em nome

da religiao ou em nome das guerras eticas que marcarao para sempre a crueldade

e os horrores cometidos durante 0 holocausto. Isso demonstra com muita c1areza 0

que 0 ser humano e capaz de fazer com seu semelhante.

Com relac;:aoa educac;:ao do surdo, deve-se ter a clareza de que:

integrayaO escolar e integrayaO social nao podem ser tidas como

18

Sinonimo, pais ir a escola com as demais nao significa ser como asdemais. Uma efetiva integragao escolar depende de como cada escolaaceita e trabalha com as diferenyas. Para 0 surdo pode serefetivamente, influfdo na classe com os ouvintes. ele necessita dominara lingua oral 0 que 56 pode ocorrer ap6s 0 seu desenvolvimento emlingua de sinais. (THOMA, 1998, p. 46)

Esse aspecto da aquisi9ao do conhecimento do surdo 8 extremamente

importante, pois, na escola inclusiva, se 0 professor e os colegas nao dominarem a

lingua dos sinais, 0 surdo fica fora dos debates, das decis6es e da integra9ao com

os colegas nos momentos de brincadeira que fazem parte do aprender.

Em detrimento da falta de uma comunica9ao efetiva torna-se dificil a

inclusao; podera acontecer a integra9ao social, mas nao a efetiva inclusao do

surdo no meio do ouvinte. Por esse motivo 8 que Skliar (1999, p. 27) diz que "8

possivel intuir como a pratica e 0 discurso da inclusao se transformam, para as

crian9as surdas, em uma experiencia sistematica de exclusao ou, melhor dito, de

inclusao excludente".

Segundo 0 pensamento de Vygotsky apud Rabelo (1999, p.20):

"uma crianga portadora de urn defeito nao e simplesmente uma criangamenos desenvolvida que as demais, apenas se desenvolve de formadiferente". A crianc;a em sua essencia e a mesma, precisa de outro parase socializar e creseer como pessoa e ser humane. Construir seuconhecimento atraves de sua integrac;ao com os demais fara 0 P.N.E.um ser capaz como os outros, nao da mesma forma, mas com suaslimilac;6es, seus desejos, suas frustrac;6es, seus sonhos e sua vontadede ser respeitado como gente que pensa, sofre, ama, sorri, sedecepciona e que busca 0 que todo ser humano deseja, ou seja, serfeliz e aceito por todos.

19

o objetivo e comum, 0 de construir um conhecimento capaz de transformar

uma realidade, operando mudan,as de forma efetiva considerando as diferen,as e

as individualidades.

A educa,ao inclusiva tem side estudada por varios pesquisadores e muitos

aspectos na educa,ao brasileira merecem aten,ao especial tal como: de que

escola estamos falando quando nos referimos it escola para todos, quais e

quantos profissionais estao preparados para trabalhar com a diversidade; como 0

Brasil esta se preparando para esta exigencia educacional?

Das demandas de crian,as com disturbios de aprendizagem e portadoras

de deficiencias no que se refere ao acesso e permanencia no ambiente escolar, ha

aquelas que ja foram diagnosticadas e freqi.ientam 0 ensino especial ou salas

especiais na rede comum de ensino, ou ainda aquelas que sao assistidas por

institui,oes de reabilita,ao. Lamentavelmente apesar de estas experiencias

auxiliarem em muito as crian,as, 0 que se observa e que estas pniticas acabam

conduzindo it exclusao. (SKLlAR, 1999, p. 32)

E muito dificil que saiam desta ambiente "protegido" para ter acesso a vida

escolar normal e, mais adiante, na fase adulta, permanecendo fora da vida social e

cultural de sua comunidade.

Por outro lado, ha uma grande demanda de crian,as nao diagnosticadas

20

corretamente ou sem diagnostico algum e que freqOentam classes de ensino

regular sem acompanhamento adequado. 0 que se observa e que sao deixadas

de lado, pois 0 professor mal da conta de seus alunos, e aqueles que per qualquer

motivo nao acompanharem, serao deixados por sua propria conta. (SKLlAR, 1999,

p.41)

Com 0 objetivo de contribuir para a compreensao da educayao inclusiva

enquanto um processo amplo que nao envolve apenas professores e alunos,

pesquisou-se como se da tal pratica na atualidade.

Dentro do programa de psicologia da educayao ja se aborda 0 tema dos

disturbios de aprendizagem e da educayao inclusiva e em algumas instituiyoes tem

a disciplina da educayao inclusiva.

A integrayao dos P.N.E. e uma das mais importantes conseqOencias do

principio de normalizayao.

A ideia de integralt8.o surgiu para derrubar a pratica de exclusao sociala que foram submetidas as pessoas deficientes, por varios seculos. Aexclusao ocorria em seu sentido total, ou seja, as pessoas portadorasde defici€mcias eTarn exclufdas da sociedade para qualquer atividadeporque antigamente elas eTarn consideradas invalidas, sem utilidadepara a sociedade e incapazes para trabalhar caracteristicas estasatribuidas indistintamente a todos que tivessem alguma defici€mcia(SASSAKI, 1997, p. 30-31)

A integrayao e um processo de inseryao do P.N.E. no ensino regular e

pode ser conceituada como um ''fen6meno complexo que vai muito alem de

colocar ou manter P.N.E. em classes regulares. Eo parte do atendimento que atinge

21

todos os aspectos do processo educacional". (PEREIRA, 1980, p. 3)

o processo de integrayao tambem pode ser definido,

Como aquele que tern par objetivo incorporar a fisica e socialmente aspessoas portadoras de deficiE!ncia, afim de usufrufrem dos benssocial mente produzidos, habilitando-as, oferecendo-Ihes asinslrumentos contemporaneos para 0 exercfcio da cidadania (FREIRE,1997 apudMACHADO, 1998, p.13)

Kaufmann, Gottiicko, Agord, Kubic (1975 apud PEREIRA, 1980, p. 3-5),

apontam tres elementos basicos que contribuem para sistematizar e orientar

atitudes educacionais no sentido de integrayao do P.N.E. no ambiente escolar:

1) Integrayao Temporal- e a convivencia dos P.N.E. com os companheiros nao

P.N.E. na classe regular, de preferencia realizada de forma gradativa e

devidamente preparada. Esta situayao pressupoe a preparayao da crianya e do

ambiente, isto e, da classe, da escola, da administrayao para receber 0 aluno;

2) Integrayao Instrucional - condiyoes favoraveis na sala regular que facilitem 0

processo de ensino-aprendizagem. Esta situayao vai depender de tres situayoes

basicas:

- As caracteristicas do P.N.E. devem ser compativeis com as oportunidades

oferecidas as crianyas que freqOentam as classes comuns;

- A compatibilidade das caracteristicas dos P.N.E. com as oportunidades de

ensino-aprendizagem vai depender muito da habilidade e da boa vontade

da professora da classe regular para modificar ou adotar novos metodos e

22

processos de trabalho mais adequados metodos e processos de trabalho

mais adequados as necessidades do aluno;

- Os serviyos e recursos especiais olerecidos aos P.N.E. (sala de recursos,

prolessor consultor e outros) devem ser compativeis com as necessidades

do processo ensino-aprendizagem dos alunos.

3) Integrayao Social - relere-se ao relacionamento entre a crianya P.N.E. e

seus companheiros nao P.N.E. dentro do grupo.

Os elementos da integrayao, acima citados, ja deixam claro que neste

processo, a crianya P.N.E. e que deve se adaptar ao ambiente escolar, e nao este

se adequar para atender as necessidades daquela.

Segundo Pereira (1980, p.6) uma das grandes estrategias decorrente do

processo de integrayao se relaciona com 0 mainstreaming. Baseado em autores

como Jansen, Laurence, Baker, Martin, Reynoldes, Egg e Meyers, esta autora

esclarece que: mainstreaming se relere a integra9ao temporal, instrucional e social

do P.N.E. elegivel com crianyas normais, de lorma progressiva, base ada em

estudos e avaliayoes individuais. Requer aceitayao e responsabilidade

administrativa entre 0 sistema regular de ensino e educayao especial.

o sentido da cascata para Mantoan (1998, p. 99) se traduz por uma

estrutura que ".. deve lavorecer '0 ambiente menos restrito possivel', dando

oportunidade ao aluno, em todas as eta pas da integrayao, para transitar no

'sistema', da classe regular ao ensino especial (e vice e versa)", s6 que 0 contrario

23

dificilmente acontece, como nos mostra os estudos realizados por Paschoalick

(1981).

2.2 AS CONTRADIC;:OES DE UM PERioDO DE MUDANC;:AS

o desequilibrio esta visivel em nossos dias, onde se tem a impressao de

que nao se sabe onde ancorar as respostas para 0 presente, e inclusive esta

situa,ao esta prevista nos PCN's (Parametros Curriculares Nacionais).

"As metas propostas nao se efetivarao em curto prazo. Eo necessario que os

profissionais estejam comprometidos, disponham de tempo e de recursos. Mesmo

em condi,oes 6timas de recursos, dificuldades e limita,oes sempre estarao

presentes, pois na escola se manifestam os conflitos existentes na sociedade".

(pCN's, 1997, p. 105), No que diz respeito a Educa,ao Especial, e fundamentos no

lema "Educa,ao para Todos", os PCN's instituem as adapta,oes curriculares

(estrategia para a educa,ao de alunos com necessidades educacionais especiais),

e dessa forma surge um movimento de inclusao de pessoas portadoras de

deficiencias, sempre que passivel no ensino regular. Adapta,oes estas que

englobam toda a esfera educacional: "Eo importante ressaltar que as adapta,oes

curriculares, seja por atender nas classes comuns ou em classes especiais, nao se

aplicam exclusivamente a escola regular, devendo ser utilizadas para os que

24

estudam em escolas especializadas, quando a inclusao nao for possivel". (pCN's,

1997, p. 44)

A inclusao preve a quebra das barreiras arquitetonicas e adapta<;6es nos

curriculos, nos conteudos, na avalia<;ao, no metodos e na temporalidade. A pratica

da inclusao prop6e um novo modelo de integra<;ao social, no que ha uma revolu<;ao

de valores e atitudes que exige mudan<;as na estrutura da sociedade e onde a

escola esteja preparada para atender as necessidades especiais de todos os seus

alunos. (pCN's, 1997, p. 47)

As contradi<;6es estao justamente base adas entre 0 pensar e agir, po is nao

se transformam conceitos enraizados de uma hora pra outra. Enquanto se apregoa

a escola para todos, ve-se na pratica 0 conceito de que e preciso estar na media, e

estar na media significa 0 que e politicamente correto, 0 que e elogiado em um

individuo, 0 que e ace ito socialmente, no que promete sucesso aos individuos ou

naquilo que impede seu sucesso; enfim, no que e conveniente para a maioria.

(PNC's, 1997, p. 52)

Em um periodo de mudan<;as de paradigmas surgem varias indaga<;6es e

uma delas e: a escola regular esta preparada para atender a diversidade,

principal mente em um periodo de mudan<;as? Uma cita<;ao do PCN da a resposta:

"A atual situa<;ao em que se encontram os Sistemas Educacionais revela

dificuldades para atender as necessidades especiais dos alunos na escola regular,

principalmente dos que apresentam superdota9ao, deficiencias ou condutas tipicas

25

de sindromes, que podem vir a necessitar de apoio para sua educayao. A

flexibilidade e a dinamicidade do curriculo regular podem nao ser suficientes para

superar as restriyoes do sistema educacional ou compensar as limitayoes reais

destes alunos". Desse modo e nas atuais circunstancias, entende-se que as

adaptayoes curriculares fazem-se ainda, necess;uias. (peN's, 1997, p. 59)

Tornar realidade uma educayao para todos, compreende 0 respeito a

diversidade da especie humana, que somente acontece quando se superam alguns

preconceitos.

Preconceitos e esteri6tipos estabelecem obstaculos e discriminayao. Para

falarmos de preconceito precisamos falar em esteri6tipos; se falarmos em emo9ao

e preciso falar das situayoes que as geram e tudo isso gera um enigma que

somente sera desvendado quando nao estivermos vivendo num momenta de

transiyao. (PULASKI, 1996, p. 64)

Para compreender 0 preconceito que ainda hoje existe na sociedade que

apregoa a igualdade, comecemos a entender as a90es e comportamentos

discriminat6rios ao alvo, neste caso, 0 deficiente mental. Por defini9ao, 0

preconceito provem de conceitos pre existentes e, portanto, desvinculados de uma

experiencia concreta, mas e bom que se diga que a falta de conhecimento sobre a

deficiencia ainda existe hodiernamente em nosso mundo, embora de forma mais

amena que no passado. (AMARAL, 1994, p. 26)

26

Os profissionais especializados no assunto sabem que ainda sera preciso

urn longo processo para que essa situa<;:ao seja superada. Cabe ai mais uma

indaga<;:ao: enquanto este processo nao acontece, deve-se submeter os alunos a

tal preconceito?

Se Pulaski (1996, p. 83), segundo Piaget, indica que 0 afetivo caminha

junto com 0 cognitivo, como fica 0 emocionallafetivo dos alunos que adentram em

urn sistema de ensino preconceituQso?

Preconceito e fato e, para se ter certeza disso basta apenas ir para 0

campo ou observar 0 cotidiano. Preconceito no senti do aqui trabalhado. Segundo

Amaral (1994, p. 37) significa:

.....como 0 proprio nome diz sao conceitos pre-existentes, portantopodemos dizer que a materia prima do preconceito e 0desconhecimento, e descanhecimento de deficiemcia e 0 que nao falla asociedade",. "

Como a propria legisla<;:ao fala em diversidade, existe urn cuidado que se

deve tomar em urn periodo de mudan<;:as: 0 de nao generalizar. Em Educa<;:ao

Especial 0 procedimento de uma avaliac;:ao sena a problematica da generalizac;:ao,

porque identifica qual programa educacional e adequado ao individuo. (MEC,

1994, p. 36)

Em nivel Federal existe a porta ria nQ.69, datada de 28 de agosto de 1986,

do Centro Nacional de Educa<;:aoEspecial - CENESP, que determina em seu Art.

4°, que a identifica<;:ao dos educandos a ser atendidos pela Educac;:ao Especial

"deveria ser feita com base em diagnostico multidisciplinal". (MEC, 1994, p. 42)

27

Em conseqOencia, dentre suas fun90es destacam-se as de:

Localizar, analisar, identificar, a Jenda de prescrever, encaminhar,atender e orientar. Entretanto, deve ter como principal objetivo nao 56 0atendimento de dificuldades especfficas, diretamente relacionadas aosdisturbios presentes, mas principalmenle, a prevenyao de possiveis esimilares ocorrencias no futuro, acompanhando e controlando 0atendimento. (NOVAES, 1980, p.36)

o processo de avalia9ao diagnostica compreende diversas etapas que,

quando seguidas de procedimentos sistematicos, permitem controlar os dados, os

resultados, e tambem efetuar uma analise cientifica.

Na area da pessoa deficiente mental, 0 modelo de avalia9ao diagnostica,

adotado e psicoeducacional, realizado individualmente e, geralmente, por dois

profissionais, um com formayao em psicologia e outro em pedagogia, e que

utilizam metodos, tecnicas e instrumentos formais e informais para avaliar 0

desenvolvimento global do aluno, e principal mente, seu perfil de desenvolvimento,

e seu estilo proprio de aprender, suas potencialidades, suas habilidades, seus

interesses e suas dificuldades e/ou suas necessidades educativas especiais.

A investigayao e analise das informayoes e/ou dados sobre 0 porque 0

avaliado nao aprende ou 0 que determina suas dificuldades, neste modelo de

avaliayao, tem como objetivo principal ajuda-Io na aquisiyao de novos

conhecimentos e em seu desenvolvimento cognitivo e emocional. (ALMEIDA,

2002, p. 58)

A avaliayao psicopedag6gica favorece a indicayao de procedimentos, ou

28

aluno portador de necessidades educativas especiais (deficiencia mental), porem a

decisao pedag6gica nao se esgota no caminho do aluno, sendo necessaria para

tanto a observa9ao de sua evolu9ao e seu desenvolvimento. (ALMEIDA, 2002, p.

61)

Uma outra indaga9ao relevante e: os professores da rede regular de ensino

sao preparados para atender as pessoas deficientes mentais?

Abstendo-nos de responder, recorremos a uma cita9ao do MEC/UNESCO:

A tendencia atua[ e no sentido de que 0 professor tenha uma formaC;aogeneralista, para que saiba lidar com as diferenc;as individuais de seusalunos e para que se torne apta para adolar metodologiasdiversificadas, de modo a garantir 0 aprendizado dos mais variadostipos de educando. (MEC/UNESCO, 1995, p. 17)

Para que 0 professor tenha condi90es de atender as necessidades

especiais dos alunos portadores de deficiencia mental, e necessario que ele tenha

conhecimentos profundos em Psicologia, Epistemologia, Genetica, e a teoria s6cio

interacionisata bem como 0 conhecimento de que a eficacia de seu trabalho vai

depender de uma capacidade pedag6gica de planejar, criar e experimentar

situa90es que favore9am 0 desenvolvimento perceptivo-motor, afetivo, cognitiv~ e

social dos alunos, ancorado ainda nos principios da estetica e da sensibilidade.

(MEC/UNESCO, 1995, p. 77)

A PNEE (Politica Nacional de Educa9ao Especial, 1994, p. 31) requer

estrategias especificas para se desenvolver, e, assim, para que a educa9ao, tanto

regular quanta especial, possa atender as pessoas deficientes mentais. E

interessante a proposta de mais algumas indaga90es.

29

Como sugestao, cabem duas reflex6es para cad a questionamento: a

primeira e, isso ocorre no ensino regular? - E a segunda: isto ocorre na educayao

especial? Estas indagay6es vao se desdobrando as ac;:oes pedag6gicas

desenvolvidas: a) desenvolve globalmente as potencialidades dos alunos?; b)

preocupa-se com as diferenc;:as individuais?; c) preocupa-se com 0

emocionaliafetivo peculiar a cad a aluno?; d) incentiva a autonomia, a cooperac;:ao

e a criatividade?; e) prepara os alunos para participarem ativamente do mundo

social, cultural, desportivo, artistico e do trabalho?; f) respeita 0 ritmo de

aprendizagem de cad a aluno?; g) ha adaptayoes adequadas no que se refere a

curriculos e metodos, tecnicas e materiais de ensino diferenciado?; h) existem

ac;:6esintegradas a educac;:ao nas areas socia is, de saude e de trabalho no ambito

escolar?; i) conta com mediadores (professores), motivados e otimistas e com

conhecimento para intervir nas mais diversas dificuldades?

Essas indagac;:6es nos levam a refletir sobre as contradic;:6es existentes

neste perfodo de mudanc;:as: passado!futuro; querelrealizar; ensino!aprendizagem;

igualdade!preconceito; diversidade!generalizac;:ao; imediatismo/dificuldades;

inclusao!exclusao; obrigac;:ao!motivayao.

o mundo esta mudando e acredita-se que para melhor; 0 saber da

racionalidade da lugar ao sabor do belo; a mediac;:ao e pe,a fundamental para tal

transforma,ao e 0 tempo faz 0 sonho tornar-se realidade. Para tanto, neste

momento, a generaliza,ao e a desenfreada pressa de colocar-se em pratica aquilo

que nao se sente s6 fara impedir a realiza<;ao do querer.

30

2.3 RESSIGNIFICANDO A EDUCAC;:AO INCLUSIVA PARA SERES

HUMANOS ESPECIAIS

A partir de uma dimensao dialetica, pensamos uma educagao inclusiva

considerando a educagao como pratica de inclusao social. Nao podemos falar em

educagao especial, sem pensar na educagao de todos. 0 paradigma da inclusao

serve de parametro a gestao educacional e para a efetivagao de projetos politicos

pedag6gicos que privilegiem 0 respeito as diferengas, numa transformagao

hist6rica para os processos de exclusao, presentes na educagao brasileira.

(RODRiGUES, 1993, p. 28)

A pedagogia da exclusao tern origens remotas, condizentes com 0 modo

como estao sendo constituidas as relagoes humanas. Pessoas portadoras de

deficiEmcia, aquelas com necessidades especiais, sempre foram consideradas

como "doentes" e incapazes frente aos pad roes de normalidade. As situagoes

sociais sempre Ihes proporcionaram desvantagens no que se refere as interagoes

sociais, ocupando 0 espago da caridade, da filantropia e da assistencia social.

(RODRIGUES, 1993, p. 32)

Diante dos processos socialmente constituidos, pensarmos em uma

sociedade inclusiva e de fundamental importancia para 0 desenvolvimento e a

manutengao de novos discursos e para a concritude de nossas agoes

democraticas. Entendemos que a inclusao e a garantia, a todos do aces so

31

continuo ao espa90 comum da vida em sociedade, uma sociedade mais justa,

mais igualitaria e respeitosa, orientada para 0 acolhimento a diversidade humana e

pautada em a90es coletivas que visem a equipara9ao das oportunidades de

desenvolvimento das dimen90es human as. (RODRIGUES, 1993, p. 45)

Quanto a educa9ao especial, um Iongo caminho loi percorrido entre a

exclusao e a inclusao escolar e social. Ate bem pouco tempo, a teoria e a pratica

dominante quanto ao entendimento as necessidades educacionais especiais de

crian9as, jovens e adultos ressaltavam apenas 0 que neles era a lalta e quais

seriam os recursos para a repara9ao dessas laltas. Vygotsky (1989, p. 56), no

entanto, nos lembra que "a deliciencia nao e s6 impossibilidade, mas tambem e

lorga. Nesta verdade psicol6gica se encontra 0 inicio e 0 lim da educagao social

dos alunos com deliciencia".

Considerados pelo que Ihes lalta, aos alunos eram reservados espagos

segregados, que supostamente Ihes garantiriam adequados atendimentos. Em

muitos casas, a escola especial desenvolvia urn regime residencial e,

conseqOentemente, a crianga, 0 adolescente e 0 jovem eram alastados da lamilia

e da comunidade. Evidenciava-se entao uma protegao, beneliciando muito mais a

sociedade do que aquele que loi excluido. Embora esse fosse 0 espago de

acolhimento, no qual criangas e jovens tinham a oportunidade de aprender, como

ficassem limitadas as interagoes multiplas da vida em sociedade, todos saiam

perdendo. Todos perdiam, inclusive os nao delicientes. Um processo, no entanto,

se aprolundava: 0 preconceito. (VYGOTSKY, 1989, p. 72)

32

Essa tendencia que ja foi senso comum, reforyava a segrega<;:ao e 0

preconceito sobre as pessoas, agravando-se pela irresponsabilidade dos sistemas

de ensino com esta popula<;:ao, bem como pela insuficiencia de informayoes sobre

esses alunos aos professores, porque em seus cursos a diferenya nao era

apresentada. Falamos de um aluno abstrato, quando nao falamos sobre a

diversidade, classificamos sem contextualizar, numa intenyao que, por mais que se

queira, nao sera atingida: homogeneizar. Entao, pouco conhecemos, aprendemos

ou refletimos sobre a diferen<;:a e, assim, nao sabemos lidar com ela. Eo algo

presente desde a nossa coloniza<;:ao. Sao quinhentos anos de historia.

Na tentativa de eliminar os preconceitos, oportunizar inser<;:oes, integrar os

alunos com deficiencias nas escolas comuns do ensino regular, surgiu 0

movimento de integra<;:aoescolar (predominante nos anos 60, 70, 80). Essa pratica

caracterizou-se, de inicio, pela utiliza<;:ao das classes especiais como um sistema

de integra<;:ao parcial, ou seja, um espa<;:o especifico dentro da escola, muitas

vezes destacado no espa<;:ofisico e destin ado a uma possivel prepara<;:ao para a

"integra<;:aototal" na classe comum. Embora muitos alunos passem toda a sua vida

escolar na mesma classe especial. (JANUZZI, 1985, p. 59)

Como espayo das diferen<;:as, nem sempre as classes especiais serviram

(ou servem) aos alunos portadores de deficiencias mais evidentes e constituiram 0

espa<;:o daqueles alunos que, como nos diz Jannuzzi (1985, p. 81), foram

considerados 'os anormais de escolas'. Muitos encaminhamentos indevidos

33

procuram nesse espac;:o atendimentos para outros alunos, que nao apresentam

deficiencia e que, consequentemente, la aprenderam a ser deficientes. Na classe

especial nao se repete, nao se sai, na maior parte das vezes, se fica.

Para Skliar (1997, p. 91), ha uma falta de reflexao educativa sobre a

educac;:ao especial e e preciso por em relevo uma necessidade especifica: incluir a

analise dos fatos dentro dos problemas educativos gerais e nao, como se faz

habitual mente, fora deles, ou seja, 'quanto mais longe melhor'.

No processo de integrac;:ao, 0 aluno tinha de se adequar il escola, que se

mantinha inalterada e, na verdade, dividida em dois grandes blocos: a educac;:ao

regular e a educac;:ao especial. Destaca-se 0 fato de que na educac;:ao especial,

constituida a parte do todo, as atenc;:6es recaiam mais no que era especial do que

no que era necessario il educac;:ao de todo e qualquer aluno. 0 processo

pedag6gico detinha-se em patologias e pensava-se em reabilitar: aquele que nao

fala, nao anda, aquele que apresenta uma outra 16gica. 0 compromisso era

preparar alguem para vir a ser. A integrac;:ao total s6 ocorria quando 0 aluno

conseguisse acompanhar 0 curriculo desenvolvido no ensino regular. A maioria

dos alunos, percorrendo um curriculo especial, nao conseguia atingir os niveis

mais elevados de ensino. 0 tempo de vida na escola nao acompanhava 0 tempo

de vida fora dela. (SKLlAR, 1997, p. 98)

No momenta atual, quando entendemos que estamos na era dos direitos,

pensa-se diferente a cerca das necessidades especiais. A ruptura com a ideologia

34

da exclusao visa a implementa9ao de uma politica de inclusao, que vem sendo

debatida e exercida em varios paises, entre eles 0 Brasil, respaldada pela

Constitui9ao Brasileira (1988), pela Conlerencia Mundial de Educa9ao para Todos,

em Jontiem (1990), pela deciara9ao de Salamanca (1994) e a LDBEN, que

preconiza 0 atendimento dos alunos com necessidades educacionais especiais

prelerencialmente em classes comuns das escolas, em todos os niveis, etapas e

modalidades de educa9ao e ensino.

Certamente, a educa9ao tem hoje 0 grande desalio de ressignilicar suas

praticas frente a uma realidade social e educacional excludente. A educa9ao das

crian9as especiais e um problema, com e tambem 0 da educa9ao das classes

populares, a educa9ao rural, a das crian9as de rua, ados presos, dos indigentes,

dos anallabetos etc.. Em todos esses grupos ha uma especificidade que os

diferencia, mas tambem um lator comum que os torna semelhantes: trata-se

daqueles grupos que, com certa displicencia, sao tidos como minoria; minorias que

sofrem de um processo semelhante de exclusao da educa9ao. (SKLIAR, 1997, p.

38)

Esses principios podem ser sintetizados pela fala de Boaventura Santos

(1997, p. 28), quando afirma: "temos 0 direito de ser iguais sempre que as

diferen9as nos inleriorizem; temos 0 direito de ser diferentes sempre que a

igualdade nos descaracteriza". Esse direito deve ser analisado, avaliado e

planificado conjuntamente a partir de uma concep9ao de uma educa9ao plena,

35

significativa, justa, participativa, sem as restri90es impostas pela beneficencia e a

caridade; sem a obsessao curativa (normalizadora), atraves da qual se apagam as

singularidades. (BOAVENTURA, 1997, p. 54)

Para a organiza9ao da educa9ao pautada em direitos, que preservem a

eqOidade, mas que respeitem a diferen9a a proposta pedag6gica deve assegurar

um conjunto de recursos e servi90s educacionais, organizados institucionalmente

para apoiar, complementar, suplementar e ate substituir os servi90s educacionais

comuns, garantindo 0 atendimento as diferen9as dentro da diversidade humana.

Todo 0 compromisso dos educadores deve estar voltado para garantir a educa9ao

escolar e promover 0 desenvolvimento pleno do individuo, em todos os niveis,

eta pas e modalidades da educa9ao. (BOAVENTURA, 1997, p. 61)

Como politica de educa9ao, a inclusao de alunos que apresentem

necessidades educacionais especiais na rede regular demanda nao apenas a

matricula do aluno ou a permanencia fisica junto com aqueles considerados

normais, mas representa a possibilidade de revermos concep90es e paradigmas,

num profundo respeito pelas suas diferen9as. Conviver com as diferen9as nao sera

esta uma das maiores dificuldades da humanidade e, portanto, da escola?

Atender as diferen9as, atender as necessidades especiais, ressignificar,

mudar 0 olhar da escola, pensando nao a adapta9ao do aluno, mas a adapta9ao

do contexto escolar aos alunos. Isso significa torna-Io multiplo, rico de experiencias

e possibilidades, pronto pra viver, conviver com 0 diferente, rompendo barreiras

humanas e arquitetonicas, criando novas conceitos, dando novos sentidos,

36

ressignificando a aprendizagem e, consequentemente, 0 desenvolvimento

humano. Se 0 processo de inclusao atingir este efeito - repensar a escola - ele e

muito bem vindo. "Uma verdadeira viagem de descoberta nao e procurar novas

terras, mas ter um olhar novo". (BOAVENTURA, 1997, p. 72)

Neste processo, ressalta-se a funyao social da escola que, atraves de

ayoes diversas, favorece interayoes mtlltiplas, definindo em seu curriculo pnlticas

heterogenias e inclusivas que garantam 0 acesso e a permanencia dos alunos.

Esse ensino na diversidade exigira:

- Perceber as necessidades especiais; observar; registrar;

- Flexibilidade nas ayoes pedag6gicas;

- Avaliayao continua sobre a eficacia do processo educativ~;

- Atuar em equipe (relayoes entre a educayao especial e a regular).

A educayao inclusiva, em vez de focalizar a deficiencia, enfatiza 0 ensino e

a escola, bem como as formas e as condiyoes de aprendizagem. 0 professor e 0

profissional de aprendizagem - alguem que aprende quando ensina, porque pode

observar 0 processo de desenvolvimento de seus alunos, sempre desejosos de

aprender - fome de pao e de beleza - no lembra Frei Beto (1989, p. 28); fome de

ser e de conhecer (incluo, concluo). Nessa dimensao, os problemas nao estao no

aluno, mas no tipo de resposta educativa e de recursos e apoios que a escola

possa propiciar, que venham de encontro a deficiencia, que minimizem a

37

incapacidade, caso ela exista, e que nao coloque 0 aluno em desvantagem. Nao eo aluno que se adapta a escola, aos padroes esperados, para ser ace ito como

aprendente, porque ele ja 0 e. 0 projeto politico pedagogico de cad a escola, que

se faz inclusiva, deveria atender ao principio da flexibilidade em seu curriculo,

respeitando seu caminhar proprio e favorecendo seu progresso escolar. Trata-se

de romper a cultura (pre) determinada da escola, ressignificando suas praticas.

Eo preciso identificar barreiras que estejam impedindo ou dificultando 0

processo educativo. A avalia"ao educacional, ao contrario do modele clinico,

tradicional, classificatorio, devera sinalizar 0 processo de desenvolvimento e

aprendizagem - potencial do aluno, os conhecimentos ja adquiridos e aqueles que

estao em processo. Dentro da perspectiva de Vygotsky (1989, p. 83), temos de

estar atentos aos conhecimentos que, at raves das intera"oes, vao se construindo.

Quais sao as barreiras a remover para a inclusao do aluno no processo

pedagogico?

As atitudes dos professores podem ser barreiras para a inclusao. Para

Carvalho (2000, p. 21), a realidade em nossas escolas tem se mostrado muito

contraditoria a esse respeito, porque, ao lade de muitos educadores que se

mostram receptivos e interessados na presen"a de alunos com deficiencia em

suas salas, ha os que a temem, outros a toleram e muitos a rejeitam.

Os que temem afirmam sentir-se desesperados para lidar com as

dificuldades de aprendizagem. Muitos, impregnados pelo modele medico, sugerem

38

a ayao de especialistas, supostamente os mais indicados para atender a alunos

com deficiencias. (CARVALHO, 2000, p. 27)

Os que toleram, em geral, cumprem ordens superiores e transformam a

presenya do aluno em algo penoso, que pode ficar mais segragado ou excluido do

que se estivesse em espayos especiais. (CARVALHO, 2000, p. 31)

Os que rejeitam alunos com deficiencia em suas turmas defendem-se

afirmando que em seus cursos de formayao nao foram preparados e que nao dao

conta nem dos alunos ditos normais. Soma-se a isso uma serie de

descontentamentos com a situayao do magisterio. (CARVALHO, 2000, p. 32)

Tais considerayoes remetem-nos a questionarmos a formayao academica e

a formayao continuada em relayao ao trabalho com a diversidade. Como analisar

estas questoes? Que apoios serao necessarios?

Cabe a cada unidade escolar avaliar ou diagnosticar sua realidade

educacional e implementar as alternativas de servil'os e a sistematica de

funcionamento de serviyos, preferencialmente, dentro da escola, na comunidade, e

que venham a favorecer a aprendizagem dos alunos. Sao consideradas possiveis

alternativas de apoio a inclusao: (CARVALHO, 2000, p. 34)

- A sala de recursos: atuayao de professor especializado que suplementa ou

complementa 0 atendimento educacional as necessidades educacionais do

aluno, no contexte da propria escola ou em escola proxima aquela na qual 0

aluno frequenta a turma de ensino regular.

39

- Atendimento com professor itinerante (intra e interescolar): servi<;:os de

orienta<;:aoe supervisao para profess ores e alunos, para apoios necessarios

a aprendizagem, a locomo<;:ao e a comunica<;:ao.

- Atendimento com professores interpretes (lingua de sinais e c6digo de

Braille): para alunos surdos e alunos cegos respectivamente.

- Adapta<;:6es curriculares.

Novas alternativas implementadas pela escola, de acordo com seu projeto

politico-pedag6gico: trata-se de uma proposta planejada coletivarnente, podendo

contar com os servi<;:osde apoio existentes na comunidade escolar.

Hi! tambem atendimentos implementados fora do ambiente escolar:

(CARVALHO, 2000, 45)

A classe hospitalar: para atendimento a alunos impossibilitados de

frequentar a escola em razao de tratamento de salide, que implique

tratamentos prolongados.

Atendimento educacional em ambiente domiciliar: para atender 0 aluno

impossibilitado de frequentar as aulas em razao de tratamentos

domiciliares.

Torna-se importante a integra<;:ao da educa<;:ao com os servi<;:os de salide,

trabalho, assistencia social para que seja dado um atendimento integral exercida a

cidadania da pessoa com deficiencia.

40

Aos alunos surdos deve ser garantido 0 acesso a lingua de sinais sem

prejuizo do aprendizado da lingua portuguesa.

Aos cegos, acesso ao Braille como um c6digo de sinais diferenciado para a

leitura e escrita. Para assegurar esses processos, os sistemas de ensina precisam

prover as escolas de recursos humanos e materiais necessarios. Os alunos com

altas habilidades devem receber desafios suplementares em suas classes e em

salas de recursos, podendo concluir, em menor tempo, a serie ou etapa escolar,

incluindo no hist6rico escolar as especificayoes.

A inclusao tambem nos faya relletir, como nos ensina Maturana e Varela

(1995, p. 50). que a proposta maior da educayao e pensarmos na

condic;ao humana como urna natureza cuja evoluc;:ao e realizac;ao estano encontro do ser individual com sua natureza ultima que e ser social.Portanto, S8 a desenvolvimento individual depende da interar,;:ao social,a propria formagao, 0 pr6prio mundo de significado em que existe, efundamento para que 0 ser observador ou autoconsciente possaaceitar-se plenamente em si mesma.

Com base nesse principio filos6fico, acreditamos que uma proposta de

Educayao Inclusiva possa contribuir para a constituiyao de uma sociedade mais

igualitaria, mais solidaria e, portanto, comprometida com seu prop6sito mais

significativo: humanizar.

De acordo com Mantoan (1997, p. 145)

A n098.0 de inclusao nolo e incompativel com a integrac;:ao, poreminstitui a insen;ao de urna forma mais radical, completa e sistematica. 0vocabulario integrac;:ao e abandono, uma vez que 0 objetivo e incluir urnaluno ou urn grupo de alunos que ja foram anteriorrnente exclufdos; ameta primordial da inciusao e a de nao deixar ninguem no exterior doensino regular, 'desde 0 corne90'. As escolas inciusivas prop6em ummodo de se constituir um sistema educacional que considera as

41

necessidades de todos as alunos e que e estruturado em virtudesdessas necessidades. A inclusao causa uma mudan9a de perspectivaeducacional, pais nao S8 limita a ajudar somente os aJunos queapresentam dificuldade na escola, mas ap6ia a todos: professores,alunos, pessoal administrativD, para que obtenham sucesso na correnteeducativa geral.

Para Forest e Lusthaus apud Mantoan (1987, p. 5), acrescenta que "0

impacto dessa concep<;ao e considerado, porque ela sup6e a aboli<;ao completa

dos servi<;ossegregado", ao longo do tempo.

o processo de inclusao tem como meta/ora 0 caleidosccipio. 0

caleidosccipio e uma imagem formada por um conjunto de pequenas pedras

coloridas agrupadas uma ao lade da outra em um recipiente, que ao meche-las,

forma novas imagens. 0 caleidosccipio precisa de todos os peda<;os que 0

comp6em. Quando se retiram peda<;osdele, 0 desenho se forma menos complexo,

menos rico. E esta meta/ora se aplica a educa<;ao, quando entendemos que as

crian<;as se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e

variado, sendo parte da sociedade onde se encontra. (FOREST E LUSTHAUS,

1987 apudMANTOAN, 1998, p. 5)

Segundo Sassaki (1997, p. 47) 0 plano de fundo do processo de inclusao e

o Modelo Social da Deficiencia. Este Modelo nos remete a entender a questao da

deficiencia por outra 6tica. Ele chama nossa aten<;ao para 0 fato de que "para

incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada a partir do entendimento

de que ela e que precisa ser capaz de atender as necessidades de seus membros

[e nao 0 contrarioj".

42

Fletcher (1996 apud Sassaki, 1997, p. 48) explica que 0 modele Social da

Defici€lncia focaliza os ambientes e barreiras incapacitantes da sociedade e nao as

pessoas deficientes. 0 modele social foi formulado por pessoas com deficiencia

(...). Ele enfatiza os direitos humanos e a equiparayao de oportunidades.

Em consonancia com Pereira (1980, p. 27) entendemos ser preciso para a

educayao P.N.E., que:

- As escolas se adeqliem, de forma a eliminar barreiras fisicas e atitudinais

que possam impedir 0 acesso do P.N.E. em seu interior e modificar seus

servigos sejam diferenciados a todas as criancas;

- Os pais participem de forma efetiva do processo educacional da crianya,

junto com a escola acompanhando e continuando 0 ensino no lar;

- As autoridades governamentais assumam compromisso permanente, afim

de ajudarem tecnica e financeiramente, para garantir um bom atendimento

do P.N.E.;

- Haja enfase na importancia da forma<;:iio do educador, como ponto crucial a

efetiva<;:aodo processo de educayao inclusiva.

Para que essas mudan<;:asaconte<;:am, e preciso haver um esfor<;:ode todos

as envolvidos: escola, familia, comunidade, sociedade.. Por que somente com a

participa<;:aode todos, a educa<;:aodo P.N.E. poder<~ocorrer a contento.

43

2.4 CARACTERIZANDO 0 PORTADOR DE DEFICIENCIA MENTAL

Para definir a deficiencia mental faz-se necessario um apanhado sobre os

conceitos de deficiencia mental que permearam a historia da humanidade:

"Passado e futuro fomecem um jogo de lentes; 0 nosso conhecimento cada vez

maior dos seres humanos fomece um outre". (GARDNER, 1999, p. 67)

Deficie!ncia mental e um estado onde existe uma limita9ao funcional em

qualquer area do funcionamenlo humano, considerada abaixo da media geral das

pessoas pelo sistema social onde se insere a pessoa. Islo significa que uma

pessoa pode ser considerada deficiente em uma delerminada cultura e nao

deficiente em outra, de acordo com a capacidade dessa pessoa satisfazer as

necessidades dessa cultura. Isso toma 0 diagnostico relativo. (GARDNER, 1999, p.

71)

Com 0 objetivo de melhor atender a pessoa portadora de deficiencia, a

preocupa9ao pedagogica era identificar qual 0 grau da deficiencia, que se mostra

diferenciado em cada individuo e, assim, apos a identifica9ao da deficiencia

mental, a segunda prioridade era a de classifica-Ia atraves dos resultados obtidos

nos testes psicometricos, como deficiente mental, quais sejam: leve (DML),

moderado (DMM), severo (OMS) ou profundo (DMP). (GARDNER, 1999, p. 79)

Realmenle, todas as pessoas portadoras de deficiencia mental nao se

encontram num mesmo patamar, porem classificar uma pessoa p~r sua deficiencia

44

e nao por suas capacidades seria um tanto quanta discriminat6rio e, deste ponto

de vista, Kirk e Gallagher (1987, p. 19) afirmam que, embora tenha havido muitas

maneiras de classificar os individuos deficientes mentais, incluindo os termos leve,

moderado, grave e profundo usados pel a Associa<;:ao Americana de Oeficii"mcia

Mental (AAOM) e sugeridos pelo Comite Presidencial de Oeficiencia Mental, a real

preocupa<;:ao deveria ser com a a<;:ao pedag6gica adequada a cada individuo,

enfocando-se assim a necessidade educativa e nao a deficiencia e, para tanto,

estes autores tomaram a classifica<;:ao da OM utilizando uma nova nomenclatura

sob uma prisma educacional, realizando deste modo uma nova classifica<;:ao para

os deficientes mentais que seria: educavel, correspondente ao OML; treimivel,

correspondente ao OMM; subtreinavel, correspondente ao OMS e dependente,

correspondente ao OMP.

Esta seria a defini<;:aosocial de deficiencia mental, entretanto a defini<;:aode

deficiencia mental nao se restringe apenas a area medica, po is tambem e

competencia da educa<;:ao e, assim sendo, 0 ser humane nao pode mais ser

avaliado por suas dificuldades, mas sim por suas potencialidades. Entretanto e

necessario sabermos com que tipo de pessoas a media<;:ao pedag6gica esta

lidando; dessa forma, atraves das pesquisas realizadas e norteadas sob 0 ponto

de vista cognitivo, poderiamos deixar de definir a deficiencia para identificar a

pessoa deficiente mental como um individuo que se caracteriza pelo atraso no

desenvolvimento cognitiv~, dificultando sua compreensao de conteudos abstratos

e conceitos que requeiram raciocinio 16gico e habilidades intelectuais superiores;

45

uma pessoa que apresenta diliculdade em algumas areas do conhecimento, nao

em todas, sendo, portanto, capaz de aprender, de evoluir nos estagios do

desenvolvimento, requerendo para tanto alguns ajustes ao seu estilo de

aprendizagem e Iimita<;:6escognitivas, ajustes estes que estao na competElncia da

media<;:ao.(MATURANA, 1995, p. 8)

Deve ser observado que as pessoas portadoras de deliciencia possuem

habilidades, dilerentes da popula<;:ao considerada estatisticamente normal.

Algumas possuem habilidades que as pessoas normais nao possuem, e tem uma

percep<;:aocognitiva do mundo que, em muitos casos, Ihes e peculiar desde 0

nascimento, sendo, portanto, apenas organismos dilerentes e nao 'pessoas em

quem esta laltando algo' que para as pessoas 'normais' e imprescindivel. Como

alirma Maturana (1995, p. 15), em termos de biologia, esses seres sao legitimos

como as demais organismos.

Fonseca (1995, p. 13) analisa a existencia de concep<;:6esdistintas sobre a

deliciencia, que ainda coexistem nos dias atuais, embora tenham tidos os seus

periodos de hegemonia. Essas concep<;:6es vao desde 0 prelormismo (que

considera a a<;:aodivina, as lor<;:assobrenaturais, como sendo a razao para as

deliciencias), passando pelo pre-determinismo, 0 envolvimentalismo e 0

interacionalismo, ate chegar a modilicabilidade cognitiva, que pode ser

considerada tanto nos aspectos ligados a deliciencia mental congenita, analise

Ieita pelo autor citado, como tambem nos aspectos relacionados a aprendizagem

necessaria aos que solrem perdas neurologicas e/ou sensoriais. A primeira dessas

47

concep<;:oes implica em passividade e aceita<;:iio, e a mais recente implica em

atividades constantes de pesquisa de novas possibilidades e de estimula<;:iio

continua com as pessoas afetadas e para essas pessoas.

Na Defici€mcia Mental, como nas demais questoes da psicopedagogia, a

capacidade de adapta<;:iio do sujeito ao objeto, ou da pessoa ao mundo, e 0

elemento mais fortemente relacionado a no<;:iiode normal. Teoricamente, deveriam

ficar em segundo plano as questoes mensuraveis de QI, ja que a unidade de

observa<;:iio e a capacidade de adapta<;:ao. (FONSECA, 1995, p. 20)

Acostumamos a pensar na Deficiencia Mental como uma condi<;:iio em si

mesma, um estado patologico bem definido. Entretanto, na grande maioria das

vezes a Deficiencia Mental e uma condi<;:ao mental relativa. A deficiencia sera

sempre relativa em rela<;:aoaos demais individuos de uma mesma cultura, pois, a

existencia de alguma limita<;:iio funcional, principalmente nos graus mais leves, nao

seria suficiente para caracterizar um diagnostico de Deficiencia Mental, se niio

existir um mecanisme social que atribua a essa limita<;:iio um valor de morbidade. E

esse mecanisme social que atribui valores e sempre comparativo, portanto,

relativo. (FONSECA, 1995, p. 32)

Essa classifica<;:ao bastante simples e extrema mente importante na pratica

clinica, pois, sugere 0 que pode ser proporcionado a crian<;:a com Deficiencia

Mental.

Por essa classifica<;:iio a gravidade da deficiencia seria: (FONSECA, 1995,

p.38)

48

Profundo: Sao pessoas com uma incapacidade total de autonomia. Os que

tem um coeficiente intelectual inferior a 10, inclusive aquelas que vivem num nivel

vegetativo.

Agudo Grave: Fundamentalmente necessitam que se trabalhe para

instaurar alguns habitos de autonomia, ja que ha probabilidade de adquiri-Ios. Sua

capacidade de comunicayao e muito primaria. Podem aprender de uma forma

linear, sao crian<;as que necessitam revis5es constantes.

Moderado: 0 maximo que podem alcanyar e 0 ponto de assumir um nivel

pre-operativo. Sao pessoas que podem ser capazes de adquirir habitos de

autonomia e, inclusive, podem realizar certas atitudes bem elaboradas. Quando

adultos, podem frequentar lugares ocupacionais, mesmo que sempre estejam

necessitando de supervisao.

Leve: Sao casos perteitamente educaveis. Podem chegar a realizar tarefas

mais complexas com supervisao. Sao as casas mais favoraveis.

49

2.5 CARACTERisTICAS DE ACORDO COM 0 GRAU DE DEFICIENCIA

MENTAL

2.5.1 A defici€mcia mental Leve

o bebe com Deficiencia Mental pode se apresentar muito tranquilo

(demasiado, em algumas ocasi6es), 0 que pode causar certa inquieta~ao nas

pessoas que cuidam dele. Ele e capaz de sorrir, conseguir os movimentos oculares

adequados e olhar com aparente aten~ao. Pode tambem desenvolver alguma

aptidao social, de rela~ao e comunica~ao. As diferen~as com a crian~a normal sao

pouco notaveis durante os primeiros anos, mas e no inicio da escolaridade que os

pais come~am a perceber as diferen~as existentes atraves das dificuldades que a

crian~a apresenta. (AMIRALlAN, 2000, p. 98)

Em rela~ao it evolu~ao psicometrica, alguns autores observam um quadro

de hipotonia muscular nas crian~as deficientes, mas nao se notam diferen~as

significativas na coordena~ao geral, nem na coordena~ao 6culo·manual enos

transtornos da lateralidade. Por outro lado, 0 equilibrio, a orienta~ao

espa~otemporal e as adapta~6es e algum ritmo podem estar prejudicados.

Quanto it fala, algumas crian~as com Deficiencia Mental se expressam bem

e utilizam palavras corretamente, aparentando um discurso ate mais desenvolvido

do que se poderia esperar no rebaixamento mental. Em outros casos, quando

50

existem transtornos emocionais associados, as criancfas podem apresentar

tambem uma deficiencia da linguagem. (AMIRALlAN, 2000, p. 98)

Eo sempre bom lembrar que a crian<;:a deficiente passa pel os estagios

sucessivos do desenvolvimento em um ritmo mais lento que a crian9a normal. Nao

obstante, os resultados das opera<;:6es concretas sao muito semelhantes entre as

crian<;:asdeficientes e as normais mas, nas deficientes nao aparecem indicios das

opera<;:6es formais (veja Inteligencia, Pensamento e Raciocinio). Alias, um dos

fatores tipicos da deficiencia e a dificuldade em alcan<;:ar0 pensamento abstrato e,

evidentemente, quanto mais grave for a deficiencia, maior sera esta incapacidade.

(AMIRALlAN, 2000, p. 99)

Na Oeficiencia Mental Grau Leve os pacientes podem alcan9ar niveis

escolares ate, aproximadamente, a sexta serie do primeiro grau, embora em um

ritmo mais lento do que 0 normal. No segundo grau, entretanto, apresentarao

grande dificuldade, necessitando de uma aprendizagem especializada. 0

Sendo leve a deficiencia, esses pacientes podem alcan<;:ar uma adapta9ao

social adequada e conseguir, na idade adulta, uma certa independencia. No

entanto, essa evolu9ao mais otimista s6 ocorrera quando a Oeficiencia Mental nao

apresentar, concomitantemente, algum transtorno emocional grave que possa

dificultar a adapta9ao. (AMIRALlAN, 2000, p. 99)

A n09ao de que outros transtornos emocionais possam ser concomitantes

com a OM, principalmente a depressao emocional, e muito importante. As pessoas

com OM, principalmente de grau leve, apresentam sempre uma maior

51

sensibilidade diante do fracasso e uma baixa tolerancia as frustral'oes,

especialmente afetivas. (AMIRALlAN, 2000, p. 99)

o desenvolvimento global das crianyas com OM leve pode ser considerado

satisfatario, pois, quanto menor a deficiencia, menos lento sera 0 desenvolvimento,

entretanto, de acordo com a norma geral, sera sempre mais lento que as criangas

normais. (AMIRALlAN, 2000, p. 100)

Quando a OM e leve, 0 bebe costuma ser tranquilo, 0 desenvolvimento

mental evolui em um ritmo e a crianya aparenta a deficiencia mais adiante, durante

o crescimento. Mas, nos casos mais graves 0 retardo se evidencia facilmente

durante as primeiras semanas, durante os primeiros dias em alguns casos, quando

ja se nota uma atitude demasiadamente passiva. (AMIRAlIAN, 2000, p. 100)

2.5.2 A Deficiencia Mental Moderada

As pessoas com OM em grau moderado tambem podem se beneficiar dos

programas de treinamento para a aquisil'ao de habilidades. Elas chegam a falar e

a comunicar-se adequadamente, ainda que seja dificil expressarem-se com

palavras formulayoes corretas. Normalmente 0 vocabulario e limitado mas, em

determinadas ocasioes, principal mente quando 0 ambiente for suficientemente

acolhedor e carinhoso, conseguem ampliar sua habilidade de expressao ate

condi,oes realmente surpreendentes. (AMIRALlAN, 2000, p. 101)

52

Eo extremamente importante a estimulagao ambiental que portadores de DM

moderada recebem durante os primeiros anos de vida, sendo isso um fator

decisivo para uma evolugao mais favoravel ou menos. De qualquer forma, a

estrutura da linguagem falada e muito semelhante a estrutura de criangas normais

mais jovens. (AMIRALlAN, 2000, p. 101)

A evolugao do desenvolvimento psicomotor e variavel, dependendo

tambem da estimulagao precoce mas, de modo geral, costuma estar alterado. 0

o que, surpreendentemente, nao costuma estar alterada na DM moderada

e a percepgao elementar da realidade. Embora existam dificuldades de juizo e

raciocinio, esses pacientes podem fazer generalizagoes e classificagoes bastante

satisfatorias, ainda que tenham significativas dificuldades para expressarem essas

classificagoes em nivel verbal. (AMIRALlAN, 2000, p. 101)

As dificuldades sao importantes dentro da DM moderada mas, dentro de

um grupo social estruturado os pacientes podem desenvolver-se com certa

autonomia. Muito embora eles necessitem sempre de supervisao social adequada,

e importante a nogao de que se beneficiam bastante com 0 treinamento e se

desenvolvem com bastante habilidade em situagoes e lugares familiares. Em

condigoes ambientais favoraveis e mediante treinamento previo, os portadores de

DM moderada podem conseguir trabalhos semiqualificados ou nao qualificados.

(AMIRALlAN, 2000, p. 101)

53

2.5.3 A Defici€mcia Mental Grave (ou Severa)

A OM Grave, ao contrario da Leve e da Moderada, se evidencia ja nas

primeiras semanas de vida, mesmo que nas crianyas que nao apresentam

caracteristicas moriol6gicas especiais (como e 0 caso dos mongoI6ides).

Fisicamente, em geral, 0 desenvolvimento fisico e normal em peso e estatura mas,

nao obstante, podem apresentar hipotonia abdominal e, consequentemente, leves

deformay6es toracicas e escoliose. Por causa dessa hipotonia podem ter

insuficiencia respirat6ria (respira<;:ao curta e bucal) com possibilidade de apneia.

(AMIRALlAN, 2000, p. 102)

A psicomotricidade de crian<;:as com OM grave geralmente esta alterada,

afetando a marcha, 0 equilibrio e a coordena<;:ao. A maioria del as tem

consideraveis dificuldades na coordena<;:ao de movimentos, incluindo 0 controle da

respira<;:aoe os 6rgaos de fona<;:ao.(AMIRALlAN, 2000, p. 102)

Embora essas crian<;:as possam realizar alguma aquisiyao verbal, a

linguagem, quando existe, e muito elementar. 0 vocabulario e bastante pobre,

restrito e a sintaxe e simplificada. Ha tambem a incapacidade para emissao de

certo numero de sons, em especial algumas consoantes. Faltam a lingua e aos

labios a necessaria mobilidade e coordena<;:ao, tornando a articula<;:ao dos fonemas

err6nea e fraca. Para que essas crian<;:as consigam utilizar a palavra, devem

vencer essas incapacidades. (AMIRALlAN, 2000, p. 103)

54

Embora existam muitas caracteristicas comuns entre portadores de OM

grave, como por exemplo os estados de agita<;:aoou calera subita, crises de

agressividade alternadas com inibi<;:ao e mudan<;:as bruscas e inesperadas de

estado de animo, as diferen<;:as individuais tambem sao muitas. A Oeficie!ncia

Mental Grave nao exclui a possibilidade da percep<;:aode angustia generalizada

por parte desses pacientes. Costuma haver importante inseguran<;:a e falta de

confian<;:a em si mesmos em todas as situa<;:oes, sobretudo em atividades e

situa<;:oesque nao Ihes seja familiar. (AMIRALlAN, 2000, p. 103)

Muito pouco se pode esperar de positivo na evolu<;:aoda OM grave, mas os

pacientes conseguem, de certa forma, desenvolver atitudes minimas de

autoprotera<;:ao frente aos perigos mais comuns e, como sempre, podem se

beneficiar de um ambiente propicio. Eles podem ainda realizar alguns trabalhos

mecanicos e manuais simples, porem, sob supervisao direta. (AMIRALlAN, 2000,

p.103)

2.5.4 A Deficiencia Mental Profunda

As pessoas com OM Profunda podem apresentar algum tipo de

malforma<;:ao encef;ilica ou facial. Normalmente, a origem desses deficits e

organica e sua etiologia nem sempre e conhecida. (AMIRALlAN, 2000, p. 103)

55

Este estado se caracteriza pela persistencia dos reflexos primitivos devido

a falta de maturidade do Sistema Nervoso Central (SNC), resultando numa

aparencia primitiva (protopatica) da crianya. Sabe-se muito pouco sobre as

atividades psiquicas das pessoas com esse tipo de DM devido as dificuldades de

investigayao semiologica. (AMIRALlAN, 2000, p. 103)

Dos primeiros anos ate a idade escolar as crianyas com este deficit

desenvolvem minima capacidade de funcionamento sensorio-motor. Em alguns

casos elas podem adquirir mecanismos motores elementares e acanhadissima

capacidade de aprendizagem. Em outros casos nem se alcanya este grau minima

de desenvolvimento, necessitando permanentemente de cuidados especiais.

(AMIRALlAN, 2000, p. 103)

As necessidades intensivas de cuidados especiais persistem durante toda a

vida adulta. Em poucos casos esses pacientes sao capazes de desenvolver algum

aspecto muito primitivo da linguagem e conseguir mesmo precariamente, um grau

minimo de autodefesa. (AMIRALlAN, 2000, p. 103)

56

2.6 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

A dificuldade de aprendizagem e uma deserdem no desenvolvimento

normal caracteristico por algum deficit psicomotor que consequentemente afeta os

processos receptivos, integrativos, e expressivos na realiza9ao simb61ica do

cerebro. (MORAES, 1986, p. 9)

"A dificuldade de aprendizagem e uma desarmonia do desenvolvimento

normalmente caracterizada por uma imaturidade psicomotora que inclui

perturba90es nos processos receptivos, integrativos e expressivos da atividade

simb6Iica". (SASSAKI, 1984, p. 228)

A crian9a com dificuldade de aprendizagem e uma crian9a que apresenta

um rendimento lento aquem da faixa etaria das crian9as ditas como 'normais'.

"A crian9a com dificuldade de aprendizagem nao e uma crian9a deficiente,

ela possui, no plano educacional um conjunto de condutas significativamente

desviantes em rela9ao a popula9ao escolar em geral". (SASSAKI, 1984, p. 95)

As dificuldades de aprendizagem sao representadas por determinados

aspectos considerados frequentes, como:

•Hiperatividade;

· Problemas psicomotores;

· Problemas gerais de orienta9iio;

·Labilidade emocional;

57

- Desordem de atenyao, mem6ria e raciocinio;

- Impulsividade.

"As causas orgfmicas das dificuldades de aprendizagem sao multiplas e

diversas 0 mesmo se pode dizer das sociais e econ6micas" (SASSAKI, 1984, p.

99)

Assim a crianya necessita de meios alternalivos para a superayao de tal

aprendizagem levando 0 educador atual a adequayao das eslruturas cognitivas da

crianya com dificuldade de aprendizagem.

2.6.1 Quais sao as maiores carencias e necessidades dos portadores de

deficiencia quando falamos de aprendizagem?

Quando falamos de aprendizagem de crianyas ou jovens com deficie!ncia

sempre nos vem a mente a ideia de que as quesloes - aprendizagem e deficiencia

- sao diferentes faces de uma mesma moeda. Pensa-se que 10das as pessoas

com deficiancia lam problemas de aprendizagem e esses sao inerenles a condiyao

de deficiencia. Esta e uma questao basica sobre a qual e importante refletirmos,

principalmente nos dias de hoje, pois vivemos um momenta em que a inclusao

escolar tem side a nola dominante de todas as discussoes pedag6gicas e

educacionais, e a educayao de qualidade para 10dos buscada como 0 objetivo

58

principal da educayao. (SASSAKI, 1984, p. 107) Sera que a crenya geral de que

todas as pessoas com alguma deficiencia terao necessariamente dificuldades de

aprendizagem e um fato ou um conceito pre-concebido?

A experiencia no campo tem mostrado que as duas afirmativas mostram

um fundo de verdade. Embora seja possivel observar grande numero de individuos

com problemas fisicos ou funcionais sem qualquer dificuldade de aprendizagem ha

tambem muitos outros que sao prejudicados em seu processo de desenvolvimento

e aprendizagem devido it deficiencia que possuem. Ve-se, portanto que estamos

diante de uma situayao muito complexa - 0 significado de aprendizagem e de

disturbios ou problemas de aprendizagem para as crianyas e jovens com

deficiencia. Inicialmente deve-se salientar que, seja referindo-se as pessoas com

deficiencia ou nao, as questoes aprendizagem e problemas de aprendizagem

possuem varias vertentes e varias origens. (SASSAKI, 1984, p. 116)

Se pensarmos em aprendizagem como um processo do individuo para a

aquisiyao de competencias e habilidades que torne possivel e prazeroso seu

funcionamento e interayao com 0 mundo aD seu redor, podemos dizer que os

distUrbios ou problemas de aprendizagem ocorrem quando essa competencia nao

e atingida. As razoes para que isso ocorra podem ser varias e uma das principais

funyoes dos educadores e ser capaz de identificar e discriminar as verdadeiras

causas dessas dificuldades. (SASSAKI, 1984, p. 121)

59

Sabe-se que as dificuldades de aprendizagem podem ser causadas por

problemas fisicos, por problemas neurol6gicos, por problemas afetivos emocionais

ou por problemas pedag6gicos. 0 problema de aprendizagem para algumas

crian9as pode ter 0 significado de revelar que ela nao est'; sendo satisfatoriamente

atendida, sendo necessarias mudan9as estratl~gicas pedag6gicas, para outras

pode significar urn pedido de ajuda diante de urn ambiente altamente frustrador,

caso em que a problematica pode estar principal mente relacionada a quest6es

afetivo emocionais ou pode ainda significar urn gesto de esperan9a frente a urn

ambiente que precisa rever seu atendimento a essa crian9a, caso de crian9as em

que 0 problema de aprendizagem pode estar relacionado a comportamentos

antisociais. (SASSAKI, 1984, p. 128)

Mas, sabe-se tambem que na maioria das vezes suas causas estao

relacionadas a urn conjunto de fatores que muitas vezes incluem todos esses

problemas. Por esta razao uma das fun96es mais importantes do profissional que

trabalha com as quest6es de ensino-aprendizagem e poder perceber 0 significado

desse disturbio para a crian9a em questao. (SASSAKI, 1984, p. 130)

Para as crian9as e jovens com deficiencia esses distUrbios terao 0 mesmo

significado e, principal mente, poderao estar nos mostrando que nao sabemos

como oferecer 0 mundo para aqueles que sao diferentes de n6s. (SASSAKI, 1984,

p.132)

60

Creio poder afirmar que a maior carencia das crian<;:as com deficiencia eum desconhecimento de suas capacidades e limites e de seus caminhos para a

aprendizagem. As pessoas com deficiencias fisicas ou funcionais tem uma forma

peculiar de relacionar-se com 0 mundo, e, portanto de aprender, que esta

relacionado com sua deficiencia especifica. Por ex. as crian<;:ascegas relacionam-

se com 0 mundo por meio de uma organiza<;:ao perceptiva diferente daqueles que

enxergam, e isso precisa ser respeitado. Mas, muitas vezes 0 que se ve e uma

tentativa de impor a eles a maneira que consideramos c~rreta de aprender e fazer

as coisas, ao inves de procurarmos compreender enos inteirar de sua propria

maneira de aprender e fazer as coisas. (SASSAKI, 1984, p. 135)

2.6.2 Quem tem papel preponderante para 0 desenvolvimento de

potencialidades bio-psiquicas, emocionais, afetivas e cognitivas, a

familia ou a escola?

Essa e uma questao que nao e facil de ser respondida. Acredito que tanto a

familia como a escola tem papel preponderante no desenvolvimento do ser

humano. Se pensarmos na teoria do amadurecimento proposta por Winnicott que

nos diz que 0 individuo em seu desenvolvimento caminha em rela9ao ao ambiente

de uma dependencia absoluta para uma dependencia relativa e deste rumo a

61

independencia, vemos que 0 ambiente e sempre fundamental para 0 individuo. 0

ser humane e um ser interacional pela propria natureza, ele so existe na rela9ao

com outr~ ser humano. Por outro lade deve-se lembrar que quanto mais proximo

ele estiver do seu inicio mais ele dependera do ambiente, desta forma·o papel da

familia e preponderante na constitui9ao do individuo em seus primeiros momentos

de desenvolvimento e de vida, mas quando a crian9a entra na escola esta tambem

torna-se responsavel pelo seu bom desenvolvimento. A escola podera ou nao se

constituir como um ambiente facilitador para 0 desenvolvimento somatico, como 0

afetivo-emocional e cognitiv~. (SASSAKI, 1984, p. 173)

2.6.3 Como deve ser a Orienta~lio com os Pais de Deficientes?

Na orienta9ao aos pais de crian9as e jovens com deficiencia alguns

aspectos considera-se fundamentais: (DAVIS, 1994, p. 27)

- Sustentar as angustias e as ansiedades dos pais - Os profissionais

devem estar preparados para apoiar esses pais, eles frequentemente encontram-

se cheios de medos, duvidas, ansiedades e questionamentos sobre as

possibilidades e limital'oes de seus filhos, tanto em rela9ao a capacidade para a

aprendizagem como para sua sociabilidade e aceita9ao social.

62

- Abrir um espayo para que os pais possam falar de suas insatisfayoes

sem culpa. - Nao e facil ter um filho com deficiencia, e um desgaste e uma

complicayao fisica, psiquica e financeira. Uma•.atitude critica e punitiva dos

profissionais para com os pais leva-os ao incremento de seus sentimentos de

culpa e de confirmayao de sua ferida narcisica - sou mesmo incapaz de criar um

filho - essa atitude nao favorece 0 relacionamento entre pais e filhos e nao ajuda 0

desenvolvimento nenhum deles.

- Dar confianya aos pais para continuarem em sua tarefa de educar um

filho. Mostrar-Ihes que eles sao os maiores conhecedores de seus filhos e que

aqueles que tem mais competencia para essa tarefa e que, mais do que ninguem,

eles sao capazes de atender as necessidades de seus rebentos. Acredito que uma

das principais fun<;:oesna orienta<;:ao de pais e essa. Valorizar a atua<;:aodos pais e

auxilia-Ios a assumir 0 papel que Ihes e inerente - orientar seus filhos ate a idade

adulta. - 0 profissional especializado e um auxiliar que devera ter como objetivo

ultimo levar os pais a atender as necessidades de seus filhos, ensina-Ios e

prepara-Ios para a independencia e, principal mente devem cuidar para nao usurpar

dos pais 0 papel que Ihes e proprio.

- E finalmente dar informayoes pertinentes as especifica<;:oes decorrentes

da deficiencia de seu filho - as deficiencias fisicas e cognitivas impoem situa<;:oes

peculiares para 0 desenvolvimento e aprendizagem das crianyas, alguns caminhos

perceptuais e cognitivos, proprio da deficiencia fisica, devem ser explicados aos

63

pais. Outro aspecto importante e incentiva-Ios a aprender alguns recursos

pedag6gicos especificos que sao usados por seu IiIho, por ex. braille, soroba,

lingua de sinais, etc.. Essas infarmagoes que devem ser do dominio dos

especialistas devem ser compartilhadas com os pais. Algumas dessas informagoes

exigem muito trabalho e continuo reforyo, outras sao informagoes simples e

corriqueiras, por ex.: ao falar com seu filho cego sobre urn objeto procurar dar-Ihe

tambern essa mesma informagao par meio tatil cinestesico.

2.6.4 Que implicayoes tern na aprendizagem do deficiente relacionadas a

alta expectativa de desempenho em atividades, colocayao de limites,

valorizayao excess iva de problemas?

Todos esses aspectos colocados tern implicagoes negativas para a

aprendizagem, mas acredito que valem tanto com as pessoas com imperfeigoes

fisicas e funcionais que caracterizam uma deficiencia como para aquelas

consideradas nao deficientes. Considero que a questao de alta expectativa de

desempenho em atividades e tao nefasta como a baixa expectativa de

desempenho. De urn lade ha 0 pressuposto de que a crianga jamais ira alcanyar 0

que se espera dela, e do outro, a crenya de que nunca podera alcanyar 0

desejavel, portanto nas duas situagoes ha a confirmagao de sua incampetencia.

(DAVIS, 1994, p. 71)

64

A crian,a precisa ser incentivada para aprender e ser valorizada em suas

aquisi,oes. Outra questao abordada que considero de extrema importancia e i que

voces denominaram coloca,ao de limites. Esse e um conceito que considero

fundamental no processo de desenvolvimento e aprendizagem do ser humano,

mas muitas vezes percebe-se como ele e pouco compreendido e muitas vezes

confundido com castigo e puni,ao. A coloca,ao de limites e uma fun,ao do

ambiente que deve informar ao ser humane das suas possibilidades e

impossibilidades. Todos nos precisamos saber 0 que se pode fazer com 0 proprio

carpa, quais e como usar nossas capacidades cognitivas e como relacionar-se

com 0 Dutro sem invadi-Io nem se deixar invadir. Vemos, portanto que e uma

fun,ao total mente diferente da imposi,ao de limite como uma demonstra,ao de

for,a ou de uma contenda entre duas vontades. As pessoas com deficiencia, como

todos nos, precisam ter consciencia de seus limites verdadeiros. (DAVIS, 1994, p.

73)

2.6.5Qual a importiincia da orienta~iio familiar na tarefa diffcil em criar um

filho com deficiencia?

Criar um filho com deficiencia e uma tarefa muito complicada para os pais

porque alem de todas as dificuldades afetiva-emocionais que essa condi,ao

65

acarreta, em nosso pais convivemos com uma situa<;ao de poucos recursos

profissionais, tecnicos e sociais. Eo verdade que nao se pode negar 0 grande

progresso que tem havido nesse campo de estudos. Nessas ultimas decadas

pode-se verificar uma importante mudanga de atitudes.· 0 atendimento as pessoas

com deficiemcia deixou 0 ambito de assistencialismo em que vivia a 30, 40 anos

atras e e agora tratado cientificamente como uma importante area de estudos nas

Universidades. 0 desenvolvimento da area concorre com a diminui<;:ao do

preconceito as quais tambem estao submetidos e 0 entendimento mais realista da

condi<;:aode deficiemcia ajuda a todos e principalmente aos pais em sua tarefa de

criar um filho deficiente.

2.6.6 Quais diferen<;:as sao notadas quando a familia participa do processo de

escolariza<;:ao de seu filho

A participa<;:ao da familia no processo de escolarizagao de seu filho e

condigao fundamental tanto para 0 bom desenvolvimento de aprendizagem como

para favorecer uma interagao saudavel entre pais e filhos, este e um importante

fator que concorre para um desenvolvimento saio e que pode ajudar na prevengao

dos grandes problemas que temos vivido atualmente com nossa juventude.

Todavia, do meu ponto de vista essa nao e uma questao especifica as pessoas

com deficiencia, mas e fundamental a todos. Penso que uma grande falha em

66

nosso sistema de ensino e a distancia que ha entre a escola e a familia do aluno.

Os pais geralmente s6 sao chamados a escola quando seus filhos apresentam

problemas, quando ha alguma reclama9ao a ser feita . .situa9ao que concorre para

o afastamento dos pais e nao para sua aproximayao a escola. Seria importante

pensar-se em estrategias que viessem a promover urn maior intercambio entre a

escola e a familia. (DAVIS, 1994, p. 92)

2.6.7 As institui",oes dao apoio its famflias?

Observa-se hoje uma grande preocupa9ao de todas as institui96es com

essa questao, mas do meu ponto de vista ha ainda um grande caminho a ser

percorrido de modo que esse apoio torne-se plenamente satisfat6rio. Creio

estarmos ainda em uma situa9ao dissociada e dicot6mica. Os profissionais sao os

detentores do saber e as familias devem ser orientadas. Acredito que uma

situa9ao de parceria e troea seria mais frutifera. (DAVIS, 1994, p. 102)

2.6.8 Que tipo de deficiencia os profissionais tern menos preparo para tratar?

Os profissionais na~ espeeialistas de um modo geral sentem-se

desconfortaveis no atendimento a pessoas com qualquer tipo de deficiencia. Ha

67

um desconhecimento geral sobre as implica,oes das deficiencias na aprendizagem

e desenvolvimento do ser humano e, ao lado disso, os mitos e significados

simb61icos que revestem essa condi,ao na qual todos estao imersos. Assim,

compreende-se 0 receio dos profissionais no atendimento as pessoas com

deficiencia e sua sensa,ao de despreparo. Talvez seja importante relembrar, e

tentando enfatizar, que as pessoas com deficiencia antes de serem deficientes sao

pessoas, portanto estao sujeitas as mesmas leis de desenvolvimento e

aprendizagem de todo ser humano. Nao quero dizer com isso que sao iguais, pelo

contrario, possuem diferen,as que sao significativas e que devem ser

consideradas. Dizer que a pessoa com deficiencia e em tudo igual aos nao

deficientes e um engano e um preconceito tao grande como aquele que diz que ela

e totalmente diferente. Por esta razao considero fundamental profissionais

especializados nos diferentes tipos de deficiencia que servirao de apoio a toda

comunidade, pais, escola, mercado de trabalho, industrias de entretenimento, etc.

na sua rela,ao com as pessoas com deficiencia. (DAVIS, 1994, p. 113)

68

4 CONCLUSAO

Neste estudo loi visto que os processos de integrayao e de inclusao nao

sao incompativeis, uma vez que os dois tem como objetivo inserir 0 P.N.E. no

ensino regular.

A declarayao de principios politicas e pr;iticas dos P.N.E. colaborou de

lorma signilicativa, para um melhor entendimento do processo de inclusao, uma

vez que ela e um instrumento importante de orientayao politico-educacional para

os prolissionais que atuam na educayao.

Conlorme loi evidenciado por Sassaki (1997) estamos vivendo ema lase de

transiyao entre a integrayao e a inclusao, dois termos sao lalados e escritos com

diversos sentidos algumas pessoas estao usando um e outro como sinonimo,

outras utilizam os term os indistintamente; ja outras utilizam a palavra integrayao

correspondendo conceito de inclusao. E com isso, no decorrer do estudo,

ocorreram algumas duvidas, devido a utilizayao desses termos, pelos autores que

nos consultamos.

Para que 0 processo de inclusao seja posto em pratica, visto que esse

parece ser 0 que mais se aproxima do ideal, e preciso que ocorram mudanyas.

A discussao sobre a educayao inclusiva permite que se reflita sobre as

diliculdades que a escola apresenta, colocando em cheque a qualidade da mesma

para todos os alunos.

69

o acesso da populagao it escola nao esta garantindo sua permanencia e

qualidade de ensino.

Apesar de inumeras dificuldades enfrentadas pela escola na atualidade.

Classes superlotadas, professores despreparados e mal remunerados, condigoes

precarias de trabalho, etc., a educagao inclusiva e um fato e devera provocar maior

conscientizagao de todos os envolvidos.

Ha muito a ser feito e talvez 0 passo inicial seja a oferta de cursos de

capacitagao constantes aDs professores ja em exercicio e a introdugao das

disciplinas em educagao inclusiva em todos os cursos de graduagao. Talvez com a

discussao se estendendo a todos os cursos de licenciatura haja maior fomento apesquisa na area das deficiencias, superdotagao e disturbios de aprendizagem.

Portanto, a inclusao social e um processo que contribui para a construgao

de um novo tipo de sociedade atraves de pequenas e grandes transformagoes, nos

ambientes fisicos (espagos internos e externos, equipamentos, aparelhos e

utensilios, mobiliario e meios de transportes) e na mentalidade de todas as

pessoas, inclusive 0 P.N.E ..

A luz deste processo, as instituigoes sao desafiadas a serem capazes de

criar program as e servigos internamente e/ou de busca-Ios em entidades comuns

da comunidade para melhor atenderem os P.N.E ..

A revelagao do modelo medico da deficiencia e do modelo social da

deficiencia, evidenciados no estudo contribuiram sobremaneira para facilitar 0

70

enlendimenlo a respeilo dos conceilos de inlegrayao e inclusao. Portanlo, lorna-se

relevanle descreve-Ios sinlelicamenle nesle momenlo.

Pelo modele pedag6gico da deficiencia 0 P.N.E. e considerado doenle e

por islo, precisa ser curado, reabililado, habililado, a tim de ser adequado a

sociedade como ela e, sem maiores modifical'0es.

Pelo modele social da deficiencia a sociedade e chamada a ver que cria

problemas para os P.N.E., causando-Ihes incapacidades (ou desvanlagens) no

desempenho de papeis sociais. Esle modele focaliza os ambienles e barreiras

incapacilanles da sociedade e nao as pessoas deficienles. Conclama a sociedade

a eliminar barreiras fisicas, programalicas e aliludinais para que 0 P.N.E. possa ler

acesso aos servi~os. lugares, informac;:oes e bens necessarios ao seu

desenvolvimenlo pessoal, social, educacional e profissional.

Nesle senlido, 0 modele medioco da deficiencia conslilui-se,

filosoficamenle, pane do processo de inlegral'ao, e 0 modele social da deficiencia,

pano de fundo do processo de inclusao.

Sabe-se que 0 aluno OM podera se apropriar de conleudos especificos de

leilura, escrila, conhecimenlos de malemalica embora em rilmos mais lenlos,

sendo Irabalhados de maneira diversificada e com apoio nos esludos.

o aluno deve ser alendido de acordo com as suas caraclerislicas

eslrulurais pr6prias de sua fase evoluliva e 0 ensino precisa consequenlemenle

ser adaplado aD desenvolvimenlo menial e social.

71

o professor do aluno P.N.E. deve estar atendo para ensinar 0 que 0 aluno

necessita aprender de forma significativa para a sua vida. A convivencia do

professorialuno devera ser afetiva, elevando sua auto-estima, estimulando 0

P.N.E. para que ele possa sentir sua potencialidade tornando-o capaz de superar

dificuldades e desenvolver suas habilidades dentro do contexte escolar.

Compete ao professor ajuda-Io a conquistar sua autonomia na

aprendizagem oferecendo a ele urn ambiente que favore9a seu bern estar e

consiga conquistar uma igualdade nesta sociedade desigual.

72

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