caracterizaÇÃo fenotÍpica e variaÇÃo genÉtica …
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE AGRONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E MELHORAMENTO DE
PLANTAS
CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E VARIAÇÃO GENÉTICA
QUANTITATIVA EM Dipteryx alata Vog. (BARUEIRO) DO
CERRADO
ELIAS EMANUEL SILVA MOTA
Orientador:
Prof. Dr. Lázaro José Chaves
Coorientadora:
Profª. Dra. Thannya Nascimento Soares
GOIÂNIA, GO - Brasil
2013
1
ELIAS EMANUEL SILVA MOTA
CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E VARIAÇÃO GENÉTICA
QUANTITATIVA EM Dipteryx alata Vog. (BARUEIRO) DO
CERRADO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas, da
Universidade Federal de Goiás, como exigência para
obtenção do título de Mestre em Genética e
Melhoramento de Plantas. Área de concentração:
Conservação e Melhoramento de Espécies do Cerrado.
Orientador:
Prof. Dr. Lázaro José Chaves
Coorientadora:
Profª. Dra. Thannya Nascimento Soares
GOIÂNIA, GO - Brasil
2013
2
ELIAS EMANUEL SILVA MOTA
CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E VARIAÇÃO GENÉTICA
QUANTITATIVA EM Dipteryx alata Vog. (BARUEIRO) DO
CERRADO
Dissertação DEFENDIDA e APROVADA em ____ de _________ de _______,
pela Banca Examinadora constituída pelos membros:
___________________________________
Prof. Dr. João Carlos Nabout
Membro – Universidade Estadual de Goiás
(UEG)
___________________________________
Prof. Dra. Rita Maria Devós Ganga
Membro – UFG
___________________________________
Dra. Sueli Matiko Sano - Embrapa
Cerrados.
___________________________________
Prof. Dr. Lázaro José Chaves
Orientador – UFG
GOIÂNIA, GO
Brasil
3
Nem tudo
Que é torto
É errado
Vide pernas
Do Garrincha
E as árvores
Do cerrado
Nikolaus Von Behr
Aos meus grandes amores, de codinomes; mães,
rainhas e mulheres: Romilda Rosa Mota, Anair
Marcelino e Alice Marcelino. Vocês fazem da minha
estadia nesse mosaico de ambientes em que buscamos
viver, uma simples e feliz caminhada.
DEDICO
Em especial a minha irmã Cleuza Rosa Mota que não
se encontra mais em nosso meio. Você sempre me
ensinou que mesmo a vida sendo difícil vale a pena
lutar por um sorriso no rosto daqueles que amamos.
Ofereço também a todos os meus irmãos, mesmo não
sendo os nossos laços ligados pelo compartilhamento
de herança paterna, o meio nos ensinou a sermos mais
que irmãos, uma grande família.
OFEREÇO
4
AGRADECIMENTOS
À Deus por ser a luz nos meus sonhos, aquele que me acalenta nos momentos
de maiores angustias e me faz enxergar a cada dia mais que o amor é no final tudo que nos
resta em meio ao aprendizado, as lutas e conquistas.
“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso;
o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses,
não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” 1 Coríntios 13. 4-7.
Aos meus tesouros que costumo chamar de mãe, madrinha; Romilda Rosa
Mota, Anair Marcelino e Alice Marcelino Mateus. Amo muito vocês.
Ao meu professor e orientador, Dr. Lázaro José Chaves que contribuiu muito
com o meu aprendizado. Obrigado pela paciência, pelas palavras de conforto e por ser essa
pessoa humilde e carismática. Com toda certeza, você é um ótimo mestre.
Aos meus 27 irmãos, amo cada um em especial, uns tenho mais afinidade,
outros brigo mais, alguns pego mais no pé, os mais sérios procuro mostrar que a vida é um
presente, então porque não sorrir, aos mais novos procuro ser um exemplo e aos mais
velhos devo respeito e agradecimento por terem ajudado a me ensinar o caminho a ser
trilhado.Sem preferências, em especial, às minhas maninhas Raquel Rosa Mota e Salma
Lays, chatas e pegadoras no pé, mas estão comigo todos os dias, para o que der e vier. E a
chatinha e que tanto gosto, Taísa. Eu vejo você.
Às duas irmãs que foram presente de Deus em minha vida, Aline Marcelino e
Luciana Borges, com vocês estou sempre sorrindo, brigando e mais que isso,
estamos sempre nos apoiando. Obrigado pelas palavras de consolo nessa fase da minha
vida, pelas ajudas em todas as áreas. Amo muito vocês.
Aos meus amigos de infância, Mondrian Peixoto, Elaine Senna e a sobrinha
neguinha Talita Cristina Mamedes. Sem vocês em minha vida tudo teria sido como nossa
macarronada preferida, mas sem tempero..
Aos meus padrinhos, Agenasci, João Borges e Antônio Carlos, por sempre me
apoiarem e pelo aprendizado de vida que tive com vocês.
5
À minha amiga Nara que partilhou comigo momentos alegres e difíceis de
minha vida. Aprendi muito contigo e quero levar essa amizade para toda a vida.
À Carolina, que se tornou uma excelente amiga, obrigado por estar sempre
disposta a ajudar-me, pelos conselhos, pelas palavras de conforto. Foi muito prazeroso
trabalhar ao seu lado.
Às duas amigas de trabalho em campo, de cafezinho no mato, de conversas e
gargalhadas compartilhadas, Anamaria e Naiara, ter conhecido vocês foi um presente de
Deus. Que nossa paixão pelas aves nos dê sempre mais e mais estes momentos prazerosos
que sempre compartilhamos. O melhor cafezinho do dia é com vocês.
Ao meu amigo Cristiano Monteiro pela paciência em acompanhar-me nas
tardes de campo quando eu não tinha companhia de colegas da universidade. Mandarei
para ti uma cópia da dissertação, pode ter certeza.
Ao parceiro de vida, Maycon Douglas, somos mais que amigos, você é o
irmãozinho que pude escolher. Obrigado pela ajuda e estadia nos momentos difíceis.
À minha tia Bona (Adair), você é custosa, mas seu sobrinho te ama. Obrigado
por sempre me ajuda quando preciso.
À Márcia por fazer parte da minha vida e ter se tornado uma grande amiga e
confidente. E aos estagiários e amigos, Elton, Afonso, Fernandinha e todos os outros que
contribuíram de alguma forma para chegarmos até aqui.
Aos negos, Sidney, Rony e Wesley, vocês se tornaram bons amigos. E ao
grande amigo Ronaldo Resende, por partilhar bons momentos em Goiânia city.
A todos os amigos da pós-graduação, em especial os que caminharam comigo
nessa brincadeira, Odilas, Stella, Jaqueline, Kellen, Aline, foi muito bom cada momento
compartilhado com vocês.
Ao prof. Dr. Ronaldo Veloso pelos momentos de conversa e de muito
aprendizado, quero poder um dia partilhar o conhecimento com tamanha humildade, assim
como você faz.
Quero agradecer ao Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento
de Plantas e a todos os professores, na pessoa da professora Dra Patrícia, pela oportunidade
de incrementar meus conhecimentos.
A todos que de alguma forma contribuiu para que eu pudesse dar mais esse
passo. Fica o meu mais sincero, OBRIGADO!
6
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ 8
LISTA DE TABELAS ........................................................................................... 9
RESUMO ................................................................................................................ 11
ABSTRACT ........................................................................................................... 12
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 13
2 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................. 15
2.1 O BIOMA CERRADO............................................................................. 15
2.2 FRUTÍFERAS NATIVAS DO CERRADO............................................. 17
2.3 O BARUEIRO.......................................................................................... 19
2.3.1 Ocorrência e descrição da planta.......................................................... 19
2.3.2 Utilização e importância sócio-econômica........................................... 21
2.4 DOMESTICAÇÃO DE FRUTÍFERAS NATIVAS................................ 23
2.4.1 Variabilidade genética em populações naturais ................................. 24
2.4.2 Melhoramento de espécies nativas........................................................ 27
2.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 29
3 CAPÍTULO 1: CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DE FRUTOS E
SEMENTES DE BARUEIRO (Dipteryx alata Vog.) DO
CERRADO.............................................................................................
38
RESUMO................................................................................................ 38
ABSTRACT............................................................................................. 38
3.1 INTRODUÇÂO....................................................................................... 39
3.2 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 41
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................. 45
3.3.1 Caracterização........................................................................................ 45
3.3.2 Análise de variância e estimativas de parâmetros fenotípicos........... 51
7
3.3.3 Correlações.............................................................................................. 54
3.4 CONCLUSÕES........................................................................................ 57
3.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 57
4 CAPÍTULO 2: VARIABILIDADE GENÉTICA ENTRE
SUBPOPULAÇÕES E PROGÊNIES DE BARUEIRO
CONDUZIDAS EM TELADO..............................................................
61
RESUMO................................................................................................. 61
ABSTRACT............................................................................................. 61
4.1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 62
4.2 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 63
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................. 69
4.3.1 Caracterização....................................................................................... 69
4.3.2 Análise de variância e estimativas de parâmetros genéticos.............. 74
4.4 CONCLUSÕES........................................................................................ 78
4.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 79
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.2.1. Localização das áreas de coleta das 25 subpopulações de Dipteryx
alata Vog. amostradas no Cerrado.................................................. 42
Figura 3.3.1. Histogramas representando a variação das variáveis de frutos
avaliadas........................................................................................... 47
Figura 3.3.2. Histogramas representando a variação das variáveis de sementes
avaliadas.) ....................................................................................... 49
Figura 4.2.1. Localização das áreas de coleta das 25 subpopulações de Dipteryx
alata Vog. amostradas no Cerrado.................................................. 64
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.2.1. Localidades e coordenadas geográficas das 25 subpopulações de
Dipteryx alata Vog. amostradas no Cerrado ................................. 43
Tabela 3.2.2. Esquema da análise de variância e esperanças dos quadrados
médios conforme o modelo estatístico hierárquico como efeitos
de subpopulações, matrizes dentro de subpopulações e frutos
dentro de matrizes, para caracteres físicos de Dipteryx alata Vog.
provenientes de 25 subpopulações do Cerrado............................... 44
Tabela 3.3.1. Média por subpopulação, valores mínimos e máximos (médios
por planta) e coeficientes de variação fenotípica (CV) de
caracteres físicos de frutos e sementes de Dipteryx alata Vog.
provenientes de 25 subpopulações do Cerrado............................... 46
Tabela 3.3.2 Análise de variância de 13 caracteres físicos de frutos e sementes
de Dipteryx alata Vog. provenientes de 25 subpopulações do
Cerrado ........................................................................................... 52
Tabela 3.3.3. Estimativas de coeficientes de correlação fenotípica total,
correlação fenotípica entre médias das subpopulações
(Subpopulações), entre médias de matrizes dentro das
subpopulações (Matrizes (Sub)) e entre frutos dentro de matrizes
(Frutos (Mat)) para as variáveis estudadas de frutos e sementes
de Dipteryx alata Vog. provenientes de 25 subpopulações do
Cerrado............................................................................................ 56
Tabela 4.2.1. Localidades e coordenadas geográficas das 25 subpopulações de
Dipteryx alata Vog. amostradas no Cerrado................................... 65
Tabela 4.2.2. Esquema da análise de variância e esperanças dos quadrados
médios conforme o modelo estatístico hierárquico como efeitos
de subpopulações e progênies dentro de subpopulações para
caracteres quantitativos de Dipteryx alata Vog. provenientes de
25 subpopulações do Cerrado.......................................................... 67
Tabela 4.2.3. Esquema da análise de variância e esperanças dos quadrados
médios conforme o modelo estatístico hierárquico como efeitos
de subpopulações e progênies dentro de subpopulações para
caracteres quantitativos de Dipteryx alata Vog. provenientes de
25 subpopulações do Cerrado.......................................................... 68
Tabela 4.3.1. Média por subpopulação, valores mínimos, máximos e
coeficientes de variação fenotípica (nível de plantas) de dados de
germinação, tempo de emergência e caracteres morfológicos de
plântulas de Dipteryx alata Vog. provenientes de 25
subpopulações do Cerrado............................................................... 71
Tabela 4.3.2. Teste ‘t’ entre as plântulas oriundas de sementes nuas e frutos
inteiros da porcentagem, tempo de emergência e caracteres
morfológicos das plântulas de Dipteryx alata Vog. provenientes
10
de 25 subpopulações do Cerrado..................................................... 72
Tabela 4.3.3. Média, valores mínimos e máximos (médios por planta) e
coeficientes de variação fenotípica (CV) de caracteres avaliados
para o sistema radicular e parte aérea das plântulas de Dipteryx
alata Vog. provenientes de 25 subpopulações do
Cerrado............................................................................................ 73
Tabela 4.3.4. Médias de plântulas oriundas de sementes nuas (Média S.N.),
médias de plântulas oriundas de frutos inteiros (Média F.I) e teste
‘t’ entre as plântulas oriundas de sementes nuas e frutos inteiros
dos caracteres avaliados para o sistema radicular e parte aérea das
plântulas de Dipteryx alata Vog. provenientes de 25
subpopulações do Cerrado............................................................... 74
Tabela 4.3.5. Análise de variância de 12 caracteres avaliados de plântulas de
Dipteryx alata Vog. provenientes de 25 subpopulações do
Cerrado............................................................................................ 76
Tabela 4.3.6. Análise de variância de 3 caracteres do sistema radicular e 3
variáveis da parte aérea, de plântulas de Dipteryx alata Vog.
provenientes de 25 subpopulações do Cerrado............................... 77
11
RESUMO
MOTA, E. E. S. Caracterização fenotípica e variação genética quantitativa em
Dipteryx alata Vog. (Barueiro) do Cerrado. 2013. 82 f. Dissertação (Mestrado em
Genética e Melhoramento de Plantas) – Escola de Agronomia, Universidade Federal de
Goiás, Goiânia, 2013.
O Cerrado é o segundo maior bioma do país, ocupando 23% do território nacional,
apresenta uma vegetação com diversas fitofisionomias e possui a mais rica flora dentre as
savanas do mundo. O barueiro devido a sua ampla distribuição geográfica é uma espécie
com a possibilidade de apresentar altos níveis de diversidade genética, conferindo assim
capacidade de ocupar diferentes hábitats. A espécie em questão apresenta uma
multiplicidade de usos, constituindo-se em espécie chave para estudos de domesticação e
cultivo. O presente trabalho objetivou obter informações sobre os padrões de variação
fenotípica para algumas características de frutos, sementes e mudas de baru e estimar a
variabilidade genotípica existente entre e dentro de 25 subpopulações naturais de Dipteryx
alata Vog. com base em dados quantitativos, contribuindo para medidas de conservação e
auxílio em futuros programas de melhoramento genético da espécie. Foram coletados
frutos de plantas de barueiro de 25 regiões, em seis estados, amostrando seis matrizes por
subpopulação, com coleta de, pelo menos, 25 frutos por matriz. Os dados de caracteres
físicos de frutos e sementes foram submetidos à análise descritiva, análise de variância e
correlação entre caracteres. Houve variação significativa para todas as variáveis avaliadas,
em todos os níveis hierárquicos avaliados; entre frutos dentro de matrizes, entre matrizes
dentro de subpopulações e entre subpopulações para os caracteres de frutos e sementes
avaliados. Houve variação entre progênies dentro de subpopulações e entre subpopulações
para altura inicial e final, número de folíolos, tamanho total da folha, número de
internódios e comprimento da parte aérea das plântulas. A maior proporção da
variabilidade foi observada entre matrizes dentro de subpopulações. A análise de
correlação demonstrou a existência de correlações significativas para a maioria dos pares
de caracteres de frutos avaliados nos diferentes níveis hierárquicos. A herdabilidade
encontrada para a altura final de mudas, a massa fresca e a massa seca da parte aérea indica
possibilidade de ganhos por seleção para estes caracteres.
12
ABSTRACT
MOTA, E. E. S. Phenotypic and genetic variation in quantitative traits of Dipteryx
alata Vog. (Barueiro) from Brazilain Cerrado. 2013. 82 f. Dissertação (Mestrado em
Genética e Melhoramento de Plantas) – Escola de Agronomia, Universidade Federal de
Goiás, Goiânia, 2013.
The Cerrado biome is the second largest in Brazil, occupying 23% of the national territory,
has several vegetation types, and has the richest flora among the world's savannas. The
baru tree, due to its wide geographic distribution, is a species with the ability to display
high levels of genetic diversity, thus providing the ability to occupy different habitats. The
species in question has a multitude of uses, constituting a key species for studying
domestication and cultivation. This study aimed to obtain information about the patterns of
phenotypic variation for some traits of fruits, seeds and seedlings of baru and to estimate
the genotic variability among and within 25 natural subpopulations of Dipteryx alata Vog.,
based on quantitative data. Fruits were collected from plants of 25 regions in the Cerrado
biome, sampling six plants per subpopulation and, at least, 25 fruits per plant. The data
were submitted to descriptive analysis, analysis of variance and correlation between traits.
There was significant variation for all variables at all levels evaluated; among fruits within
plants, among plants within subpopulations and among subpopulations for the fruits and
seed traits evaluated. There was variation among progeny within subpopulations and
among subpopulations for initial and final height, number of leaves, total leaf size, number
of internodes and root length of seedlings. A greater proportion of variability was observed
between plants within subpopulations. Correlation analysis demonstrated significant
correlations for most pairs of characters of fruit evaluated at different hierarchical levels.
The heritability found for final height, fresh weight and dry weight of shoots indicates
possibility of gains from selection for these characters.
13
1 INTRODUÇÃO GERAL
O Cerrado é o segundo maior bioma do país, ocupando 23% do território
nacional, sendo superado em área apenas pela Amazônia. Apresenta uma vegetação com
diversas fitofisionomias, e possui a mais rica flora dentre as savanas do mundo (Myers et
al., 2000; Klink & Machado, 2005). Possui mais de 7000 espécies, que representam 26%
do total de gêneros das fanerógamas estimado para a América do Sul, e alto nível de
endemismo, 44% para as plantas vasculares (Klink & Machado, 2005; Ribeiro & Walter,
2008).
As frutíferas nativas do Cerrado são espécies de diversos gêneros e famílias
que constituem importante fonte de alimento para os animais, produzindo frutos de
interesse tanto para a alimentação “in natura” quanto para a industrialização. Há um
mercado potencial e crescente para as frutíferas nativas, porém pouco explorado pelos
agricultores (Junqueira et al., 2008). Todo o aproveitamento desses frutos nativos tem sido
feito de forma extrativista, já que muitos embora conhecidos, não são explorados e
merecem maior atenção por parte da pesquisa (Felfili et al., 2004; Franzon, 2009).
O extrativismo e o desmatamento descontrolado podem comprometer de
maneira irreversível as fontes de recursos genéticos. As perdas de variabilidade genética
causadas pela atividade humana se devem, principalmente, à destruição de hábitats naturais
de populações de plantas (Paiva et al., 2003). A concentração de esforços na conservação
genética de populações naturais deve ser determinada através de estudos que quantifiquem
e caracterizem a distribuição da diversidade genética (Kageyama, 1987). Borges (1980)
ressalta que o conhecimento da variabilidade existente em uma população a ser melhorada
é o primeiro passo para a condução de um programa de melhoramento; logo, a variação
nos caracteres avaliados constitui a matéria-prima para realização do melhoramento. Ao se
trabalhar com espécies nativas, é fundamental então, o estudo da biologia reprodutiva, o
conhecimento da estrutura genética, do tamanho efetivo populacional e da variação
genética entre e dentro das populações (Kageyama, 1990).
14
O barueiro é uma leguminosa arbórea (Fabaceae), que ocorre geralmente em
Cerrado Estrito Sensu, Cerradão e Mata Seca (Lorenzi, 1998). Sua ampla distribuição
geográfica é um indicativo da possibilidade da espécie apresentar altos níveis de
diversidade genética, conferindo assim capacidade de ocupar diferentes hábitats
(Kageyama et al., 2003). A espécie em questão apresenta uma multiplicidade de usos,
constituindo-se em espécie chave para estudos de domesticação e cultivo. É utilizada pela
população humana e alguns grupos de animais. A polpa (mesocarpo) e semente são
comestíveis e de sabor agradável. A amêndoa apresenta elevado valor nutricional. O óleo
extraído da semente é utilizado na indústria alimentícia e farmacêutica. O baru nas
pastagens é benéfico em razão de uso como abrigo para o gado, do valor energético e
nutricional dos frutos e da manutenção da qualidade da forragem. A árvore apresenta uma
madeira de alta densidade, compacta, com alta durabilidade, elevada resistência ao
apodrecimento e é indicada para estacas, construção civil, paisagismo e recuperação de
áreas degradadas (Ferreira, 1980; Almeida, 1998; Sano et al., 2004).
Embora estudos com espécies arbóreas do Cerrado venham sendo feitos, ainda
há lacunas no conhecimento sobre a diversidade genética das espécies do Cerrado que
precisam ser preenchidas (Junqueira et al., 2008). Diante da necessidade de informações
mais abrangentes sobre o barueiro no Cerrado delineou o presente estudo, envolvendo
ampla amostragem, com diversas subpopulações e plantas dentro de subpopulações. Nesse
sentido, o presente trabalho objetivou obter informações sobre os padrões de variação
fenotípica para algumas características de frutos, sementes e mudas de baru e estimar a
variabilidade fenotípica existente em 25 subpopulações naturais de Dipteryx alata Vog.
com base em dados quantitativos, contribuindo para medidas de conservação e auxílio em
futuros programas de melhoramento genético de espécies do Cerrado.
15
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O BIOMA CERRADO
O bioma Cerrado está situado entre 5° e 20° de latitude Sul e de 45° a 60° de
longitude Oeste, estando à maior parte de sua área localizada no Planalto Central do Brasil.
Apresenta duas estações bem definidas: uma chuvosa, entre os meses de outubro a março,
e outra estação seca, entre abril a setembro. Sua precipitação média anual é de 1.500 mm e
as temperaturas são geralmente amenas ao longo do ano, entre 22°C e 27°C em média
(Klink & Machado, 2005; Silva, Assad & Evangelista, 2008). Seu espaço geográfico
desempenha papel fundamental no processo de distribuição dos recursos hídricos pelo país.
Destaca-se como o local de origem de grandes bacias hidrográficas brasileiras e do
continente sul-americano (Ranzini, 1971; Lima & Silva, 2008). Os Latossolos dominam a
maior parte do bioma, mas encontra-se também um número significativo de outros solos
que associados ao clima, favorecem o estabelecimento de grande diversidade de espécies
vegetais (Reatto et al., 2008). Quanto à vegetação do Cerrado, dados apresentados por
Mendonça et al (2008), em trabalho de revisão sobre sua flora, indicam um total de 11.426
espécies, distribuídas comumente entre as fisionomias e também de forma endêmica.
Ressalta-se que diante de tal diversidade vegetal deve ser considerada fonte importante de
matérias-primas de grande valor (Ribeiro et al., 2008).
De acordo com Ribeiro & Walter (2008), são descritos onze tipos principais de
vegetação para o bioma, sendo elas formações florestais (Mata Ciliar, Mata de Galeria,
Mata Seca e Cerradão), savânicas (Cerrado Sentido Restrito, Parque do Cerrado, Palmeiral
e Vereda) e campestres (Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre); e considerando-
se os subtipos, neste sistema são reconhecidas 25 fitofisionomias.
As formações florestais são representadas por áreas com predominância de
espécies arbóreas, onde há a formação de dossel, contínuo ou descontínuo. As Matas
Ciliares e de Galeria são fisionomias associadas a cursos de água, que podem ocorrer em
16
terrenos bem drenados e mal drenados, enquanto a Mata seca e o Cerradão ocorrem em
terrenos bem drenados, sem associação com curso de água (Aquino & Aquiar, 2007).
A Mata Ciliar acompanha os rios de médio e grande porte, não forma galerias e
apresenta diferentes graus de caducifolia na estação seca. A Mata de Galeria possui
fisionomia Florestal Sempre-verde, cerca rios de pequeno porte, forma galerias (corredores
fechados) sobre o curso de água, e subdivide-se em: Mata de Galeria inundável (lençol
freático se mantém próximo ou sobre a superfície) e não-inundável (lençol freático não se
mantém próximo ou sobre a superfície). Apresenta uma característica peculiar, que é a
presença de espécies epífitas. A Mata Seca apresenta diferentes graus de caducifolia
durante a estação seca, subdividindo em: Mata Seca Sempre-verde, Semidecídua e
Decídua. Quanto ao cerradão apresenta aspectos xeromórficos, com flores esclerofilas;
fisionomicamente lembra floresta, mas florísticamente é semelhante ao cerrado, com
dossel contínuo (Oliveira-Filho & Ratter, 2002; Ribeiro & Walter, 2008).
As formações savânicas são representadas por áreas com árvores e arbustos
espalhados sobre um estrato graminoso, sem a formação de dossel contínuo. O Cerrado
Sentido Restrito caracteriza-se pela presença dos estratos arbóreo e arbustivo-herbáceo
definidos, com as árvores distribuídas aleatoriamente sobre o terreno em diferentes
densidades. Subdivide-se em: Cerrado Denso, Típico, Ralo e Rupestre, dependendo da
densidade e agrupamento arbóreo-arbustivo, com árvores baixas, tortuosas, sinais de
queimada, folhas rígidas, grande pilosidade, caracteres que fornecem aspectos de
adaptação às condições de seca (xeromorfismo). O Cerrado Rupestre apresenta indivíduos
arbóreos concentrando-se nas fendas entre as rochas. O Parque de Cerrado apresenta
árvores concentradas em locais específicos, geralmente são elevações denominadas
murundus (cupinzeiros ativos ou inativos). O Palmeiral ocorre tanto em área bem drenada
quanto mal drenada, havendo o predomínio de determinada espécie de palmeira arbórea;
possui dossel descontínuo com macaubal (Acrocomia aculeata) ou guerobal (Syagrus
oleracea), e dossel contínuo com o babaçual (Attalea speciosa). A vereda caracteriza-se
pela presença de uma única espécie de palmeira, o buriti (Mauritia flexuosa); não há a
formação de dossel e está condicionada ao afloramento do lençol freático, ocorrendo
próximas às nascentes, ou na borda de matas de galeria. As Veredas exercem papel
fundamental na manutenção da fauna do Cerrado, funcionando como local de pouso para a
avifauna, atuando como refúgio, abrigo, fonte de alimento e local de reprodução também
para a fauna terrestre e aquática (Oliveira-Filho & Ratter, 2002; Ribeiro & Walter, 2008).
17
As formações campestres são representadas por áreas com predomínio de
espécies herbáceas e algumas arbustivas, faltando árvores na paisagem. O Campo Sujo
apresenta arbustos e subarbustos entremeados no estrato herbáceo e subdivide-se em:
Campo Sujo Seco (lençol freático profundo), Úmido (lençol freático alto) e com Murundus
(área com micro-relevos mais elevados). No Campo Limpo predomina a vegetação
herbácea, subdividindo-se em: Campo Limpo Seco, Úmido e com Murundus, com
ausência completa de árvores. O Campo Rupestre ocorre em afloramento rochoso e possui
uma composição florística com altos níveis de endemismos e plantas raras, geralmente
ocorrendo em altitudes superiores a 900m, cujas árvores e arbustos são bastante espaçados
e retorcidos. (Oliveira-Filho & Ratter, 2002; Ribeiro & Walter, 2008).
O Cerrado é considerado um dos 34 hotspots do mundo em virtude de sua
diversidade biológica, endemismo e ameaça pela ocupação humana desordenada (Myers et
al., 2000; Conservation International, 2004). Estudos recentes indicam que cerca de 60,5%
deste bioma ainda possui a vegetação nativa em estado relativamente intacto, entretanto, a
destruição de seus ecossistemas continua de forma acelerada e 56% de suas terras foram
convertidas para uso da agricultura ou pecuária (Machado et al., 2004; Sano et al., 2010a).
2.2 FRUTÍFERAS NATIVAS DO CERRADO
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de frutíferas tropicais e
subtropicais. Isso se deve à diversidade mesológica e fitogenética existentes no país. As
ações de pesquisas para essas espécies estão direcionadas para seleção de material visando
o aumento da produtividade, bem como melhor adaptabilidade e resistência e/ou tolerância
aos fatores bióticos e abióticos (Ferreira & Salomão, 2000).
No Brasil as espécies nativas têm considerável importância social e econômica,
fato comprovado pela crescente comercialização de seus frutos em feiras livres e até em
supermercados de grande porte (Silva, 2006). O interesse por essas frutas tem atingido
diversos segmentos da sociedade, entre os quais se destacam agricultores, indústrias,
donas-de-casa, comerciantes, instituições de pesquisa e assistência técnica, cooperativas,
universidades, órgãos de saúde e de alimentação, entre outros (Ávidos & Ferreira, 2000).
Em estudo realizado por Matteucci et al. (1995), constatou-se que um número
superior a 170 espécies nativas do Cerrado são utilizadas das mais variadas formas, sendo
18
que muitas delas têm valor alimentício, medicinal ou industrial. Espécies nativas de uso
múltiplos são aquelas que oferecem ao produtor recursos diversos ao longo de seu ciclo de
vida, como folhas, frutos, flores, resinas, madeiras, cascas. Uma árvore de baru, por
exemplo, aos 60 anos, oferecerá toras de madeira, mas, desde os 5 anos de idade produz
frutos, cuja polpa alimenta o gado na seca e sua semente constitui uma amêndoa de
excelente qualidade nutritiva e energética. O consórcio dessa espécie com outras de
atributos similares agrega renda à propriedade rural, trazendo recursos financeiros desde os
primeiros anos de plantio, enquanto um capital de reserva está sendo acumulado para o
futuro (Ribeiro et al., 2008).
Algumas espécies nativas vêm despertando a atenção da indústria
farmacêutica, pois as frutas são ricas em vitaminas e em substâncias antioxidantes, entre
outras, como óleos essenciais que podem ser extraídos das folhas e de outras partes da
planta (Franzon, 2009). Além disso, várias dessas espécies constituem possíveis
alternativas para serem utilizadas como biocombustíveis, reduzindo assim a emissão de
gazes poluentes na atmosfera, sendo elas: macaúba, babaçu, baru, inajá, tucum, buriti e
pequi (Ribeiro et al., 2008).
Estas espécies pouco conhecidas no mercado consumidor podem, a médio e a
longo prazo, constituírem-se em espécies de importância comercial, principalmente para o
pequeno produtor. Desse modo, há um grande campo com potencial a ser explorado para a
inserção de novas espécies em sistemas produtivos. Entretanto, na maioria dos casos,
cultivos comerciais não podem ser iniciados em decorrência do pouco conhecimento sobre
a distribuição da variabilidade genética; falta de informações sobre técnica de cultivo e
propagação, e sobre o crescimento e desenvolvimento dessas espécies (Franzon, 2009,
Ribeiro et al., 2008).
Toda a comercialização das frutíferas do Cerrado ainda é baseada no
extrativismo não sustentável, com pequenas exceções, como cadeias produtivas do pequi e
da mangaba que já são organizadas e bem estruturadas e podem ser observadas no norte de
Minas Gerais, Ceará, Goiás e Tocantins (Junqueira et al., 2012). O extrativismo não-
sustentável contribui para a seleção e perpetuação de populações ou indivíduos inferiores,
pois os coletores buscam os melhores frutos e as plantas mais produtivas para realizar as
coletas, enquanto as menos produtivas continuam perpetuando na natureza (Felfili et al.,
2004; Junqueira et al., 2008).
19
Dentre as espécies nativas do Cerrado oriundas do extrativismo vegetal estão:
as fibras do buriti (Mauritia flexuosa), os frutos do pequi (Caryocar brasiliense), os frutos
do baru ou cumbaru (Dipteryx spp.), as cascas tanantes do angico (Anadenanthera
macrocarpa) e do barbatimão (Stryphnodendron adstringens) e os frutos da mangaba
(Hancornia spp.) (Duboc, 2008).
Considerando-se a grande riqueza, a insuficiência de estudos para o Cerrado e
a acelerada degradação causada por atividades humanas, faz-se necessária a mobilização
para tornar o bioma Cerrado palco de ações efetivas visando o desenvolvimento de
pesquisas relacionadas à conservação da biodiversidade e ao estudo de espécies com
potencial econômico, visando à domesticação, seleção de material genético superior e
desenvolvimento de sistemas de cultivo (Alho, 2005; Ribeiro et al., 2008; Junqueira et al.,
2012). Como afirmam Klink & Machado (2005), a conservação dos recursos genéticos,
aliada a uma exploração sustentável e racional das plantas com potencial econômico, são
medidas estratégicas para garantir a sobrevivência das espécies.
2.3 O BARUEIRO
2.3.1 Ocorrência e descrição da planta
O barueiro (Dipteryx alata Vog.) é uma leguminosa arbórea (Fabaceae), que
ocorre nas formações florestais cerradão e mata, nas áreas de transição entre cerrado e
mata estacional ou mata de galeria e no cerrado sentido restrito. Apresenta ampla
distribuição no Brasil, dentro do Bioma Cerrado, nos estados de Minas Gerais, Goiás,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Pará, Rondônia, São Paulo e de Tocantins.
(Lorenzi, 1998, Sano et al., 2010b). Sua ampla distribuição geográfica lhe confere diversos
nomes populares, como baru no estado de Goiás, Tocantins, Minas Gerais e Distrito
Federal, cumaru ou cumbaru em São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os outros
nomes são barujó, castanha-de-burro, castanha-de-ferro, coco-feijão, cumaru-de-folha-
grande, pau-cumaru e no exterior é conhecido como tonka beans (Lorenzi, 2002; Sano et
al., 2004).
O barueiro é uma árvore que apresenta, comumente, 5 a 10 m de altura e de 6
m a 11 m de diâmetro da copa, podendo alcançar até 25 m de altura em solos mais férteis.
20
É uma árvore perenifólia a levemente caducifólia, com copa densa e arredondada (Lorenzi,
2002, Sano et al., 2010b).
As folhas são alternas, compostas, pinadas ou imparipinadas e pecioladas. O
número de folíolos varia de 7 a 12 e são esverdeados, alternos ou subopostos, subsésseis ou
com pecíolo de até dois mm de comprimento. O limbo é oblongo ou raramente
suborbicular, de 4 cm a 12 cm de comprimento e 2 cm a 5 cm de largura (Almeida et al.,
1998, Francisco, 2010). A inflorescência é do tipo panícula, formada na parte terminal dos
ramos e nas axilas das folhas superiores, com cerda de 200 a 1000 flores (Almeida et al.,
1998). As flores são hermafroditas, relativamente pequenas, odoríferas, diurnas e duram
até 10 horas. As anteras produzem pólen com 94,4% de viabilidade. O estigma é recoberto
por película que limita a autopolinização espontânea, impedindo a aderência do pólen
(Almeida et al., 1998; Oliveira & Sigrist, 2008).
D. alata possui mecanismo de polinização intermediário entre os tipos
explosivo e valvular. Esta espécie é alógama, possui auto-incompatibilidade de ação tardia
e elevada taxa de aborto (Eficácia reprodutiva= 0,45) (Oliveira & Sigrist, 2008). Estes
autores afirmam que Xylocopa suspecta é o principal polinizador (16,6% das visitas), pois
visita legitimamente as flores e apresenta forrageamento que promove fluxo polínico entre
as plantas. As abelhas Pseudaugochlora gramínea (15,3% das visitas) e Apis mellifera
(39,5% das visitas), apesar da alta taxa de visitação, não são bons polinizadores (eficiência
de polinização de 3,5% e 0%, respectivamente), pois geralmente não realizam movimento
entre as plantas. A. mellifera pilha néctar em 45,5% das visitas realizadas, tornando a flor
inviável à polinização. Os autores recomendam o manejo da abelha exótica A. mellifera,
pois o aumento da produção de sementes em populações naturais de D. alata depende da
manutenção dos polinizadores efetivos (abelhas solitárias).
O fruto é do tipo drupa, com cerca de 30 mm a 68 mm de comprimento, 15 mm
a 48 mm de largura, 22 mm a 33 mm de espessura e massa de 14 g a 43 g (Corrêa et al.,
2008; Sano et al., 2010b), ovóide e levemente achatado; epicarpo lenhoso, glabro quando
maduro e marrom; mesocarpo espesso, fibroso-lenhoso e castanho-claro; endocarpo fino,
coriáceo-fibroso, castanho-avermelhado, fusionado ao mesocarpo, deiscente após
decomposição do mesocarpo (Francisco, 2010). O número de sementes é uma por fruto,
sendo elipsóide com dimensão e massa variada, tendo sido constatada poliembrionia
(Melhem, 1974). O comprimento e largura variam em média, respectivamente, de 10 mm a
21
26 mm e 8 mm a 13 mm, e a massa, de 0,9 g a 1,6 g. A cor do tegumento varia de marrom-
avermelhado a quase preta (Sano, 1999; Sano et al., 2010b).
O barueiro floresce na estação chuvosa (4-6 meses) e o pico de frutificação
ocorre na estação seca. A espécie apresentou variação na intensidade e período de floração
e frutificação entre os anos (Sano et al., 2004). Oliveira & Sigrist (2008) observaram
períodos de floração de outubro a janeiro (em 2004), com pico em novembro, e também
floração de novembro a abril (2005-2006), com elevada produção de botões e flores em
fevereiro. A frutificação iniciou dois meses após o começo da floração, apresentando frutos
maduros durante a estação seca no Cerrado. A produção de frutos por plantas podem
chegar a 5000 unidades, ressaltando que há variação na produção tanto entre árvores
quanto entre os anos (Sano, 1999; Sano et al., 2004).
A dispersão do fruto é barocórica e zoocórica, realizada por morcegos que
levam os frutos das árvores para o pouso de dormir, deixando-os cair. Os bovinos ingerem
o fruto inteiro e eliminam o endocarpo com a semente. Os macacos também se alimentam
das sementes, sendo mais predadores que dispersores (Sano et al., 2004).
As taxas de germinação do baru são favorecidas por ambientes a pleno sol,
com 100% de luminosidade, porém, as diferenças de luminosidade não afetam o número
médio de semanas para germinação. As diferenças na profundidade afetam a germinação
média por semana e o número médio de semanas para germinação de sementes de baru,
sendo que a semeadura deve ser efetuada entre um e três cm de profundidade. O início da
germinação do baru ocorre na primeira semana e atinge sua estabilidade na segunda
semana após o plantio (Fonseca et al., 1994; Corrêa et al., 2000).
2.3.2 Utilização e importância sócio-econômica
O barueiro, devido a sua multiplicidade de usos e seu potencial de mercado, é
uma das espécies chaves entre as frutíferas do Cerrado que devem ser priorizadas para
estudos de domesticação e cultivo (Junqueira et al., 2008). A espécie é utilizada pela
população humana e alguns grupos de animais. A polpa (mesocarpo) e a semente são
comestíveis e de sabor agradável. A amêndoa é consumida de diversas formas: torrada
como aperitivo, pé-de-moleque, paçoca, rapadurinhas, cajuzinho, entre outras receitas
(Almeida, 1998). Os frutos verdes ou imaturos têm mais tanino, alterando o sabor e a
digestibilidade da polpa. Para consumo da polpa devem-se selecionar frutos maduros e
22
com baixo teor de tanino, os quais são, geralmente, os preferidos pelos animais (Sano et
al., 2004).
A amêndoa de baru apresenta elevado valor nutricional, com altos teores de
proteínas e lipídios, e alta concentração de ácidos graxos insaturados. Os ácidos graxos de
maior ocorrência nas amêndoas de baru são o oléico e o linoléico. Os macro e
micronutrientes de maiores teores são: potássio, fósforo, enxofre e ferro (Vera et al., 2009).
Da amêndoa também são produzidas bebidas alcoólicas, como; o baruzeto e licor de baru
em Goiás, panetone e bombom são comercializados em confeitaria em Campo Grande, MS
(Sano et al., 2004).
A semente produz um óleo muito fino comparável ao de oliva, sendo
empregado como antirreumático (Ferreira, 1980). O óleo extraído da semente é utilizado
na indústria alimentícia e farmacêutica devido ao seu alto teor de ácido oléico e linoléico
(Takemoto et al., 2001). O óleo também é utilizado como aromatizante para o fumo
(Almeida, 1998).
A árvore do baru, por apresentar madeira de alta densidade, compacta, com alta
durabilidade e elevada resistência ao apodrecimento é indicada para estacas, postes,
moirões, dormentes e construção civil, para a construção de carrocerias e implementos
agrícolas. Também é indicado o uso da espécie em paisagismo e recuperação de áreas
degradadas (Lorenzi, 1992; Sano et al., 2004 ).
Nas pastagens, o barueiro é benéfico em razão de uso como abrigo para o gado,
do valor energético e nutricional dos frutos e da manutenção da qualidade da forragem.
Rica em calorias, potássio e fósforo, a polpa é consumida pelo gado e pelos animais
silvestres e domésticos durante a estação seca (Sano et al., 2004).
Não existem dados oficiais sobre a produção e comercialização dos produtos
provenientes do baru até o momento. A exploração comercial de suas amêndoas é
sustentada no extrativismo. No entanto, a possibilidade de crescimento do mercado para os
produtos do baru é promissora, devido às diversas utilidades apresentadas acima, facilidade
no transporte e armazenamento, ausência de agrotóxicos e oferta para consumo durante o
ano todo. Os produtos derivados do baru ainda são comercializados em feiras e lojas de
produtos naturais (Sano et al., 2010b)
2.4 DOMESTICAÇÃO DE FRUTÍFERAS NATIVAS
23
A domesticação pode ser dita como um conjunto de processos, de técnicas e
ações aplicadas de forma consciente ou inconsciente, que torna as populações mais
adequadas às necessidades humanas (Ribeiro et al., 2008). Segundo Clemente (2001), a
domesticação é uma classe evolutiva em que os humanos adicionam suas ações à ação da
seleção natural, com ou sem consonância, sendo chamada de evolução dirigida e evolução
prática por Harlan (1992).
A evolução, a co-evolução e a domesticação atuam primeiramente nas
populações, antes de atuarem nas espécies, embora seja comum dizer que uma espécie foi
domesticada. Contudo, uma espécie só é domesticada se todas suas populações não
domesticadas foram extintas, o que é uma situação extremamente rara (Clement & Bovi,
1999). Clement (2001) caracteriza diferentes categorias de domesticação de plantas, de
acordo com o grau de modificação dos genótipos e fenótipos, sendo elas: silvestres,
incidentalmente co-evoluída, incipientemente domesticada, semi-domesticada,
domesticada, raça primitiva e cultivar moderna.
A resposta fenotípica de uma planta à domesticação é imediata em caracteres
que apresentam muita plasticidade fenotípica (caracteres que apresentam de baixa a média
herdabilidade). Se esta resposta ocorre em um caractere de interesse humano, atuará para
reforçar o interesse do humano na domesticação da planta e na domesticação da população
de plantas (Clement, 2001).
É importante conhecer a população alvo da domesticação. Se a espécie for
silvestre, é preciso saber mais sobre sua adaptação ecológica e biologia reprodutiva para
poder definir uma população. Se a espécie inclui populações domesticadas, a população
humana define a população alvo. Se a espécie inclui tanto populações silvestres como
domesticadas numa determinada região, a estratégia precisa ser desenhada para amostrar
ambos os tipos de populações (Clement, 2001).
O Brasil passou a mobilizar esforço para domesticação de espécies nativas
apenas no século XX (Junqueira et al., 2008), embora Dean (1991) afirme que a
domesticação de cada nova espécie ou variedade representa uma mudança não somente na
balança comercial do país, mas também no balanço dos elementos que compõem os
ecossistemas e a sociedade.
A justificativa dada por Junqueira et al. (2008) ao fato de a grande maioria das
espécies cultivadas no país serem exóticas, é dada às espécies do Cerrado serem uma
descoberta recente e determos pouco conhecimento sobre elas, juntamente com o domínio
24
cultural imposto pelas civilizações européias que introduziram as espécies vegetais e
animais que mais lhe interessavam. Em trabalho realizado por Silva et al. (2001), são
destacadas 58 frutíferas com potencial econômico, e de acordo com Junqueira et al. (2008),
acredita-se que há pelo menos em torno de 100 espécies frutíferas com potencial
econômico nas regiões de abrangência do Cerrado.
As únicas espécies nativas do Cerrado que passaram por um processo de
semidomesticação, mas que também ocorrem naturalmente na Mata Atlântica e Amazônia
úmida foram o abacaxi (Ananas comosus L Merr.) e os maracujás pertencentes às espécies
Passiflora edulis Simmonds, P. edulis Simmonds f. flavicarpa Deneger e P. alata Curtis (o
maracujá doce), sendo o Cerrado conhecido como centro de origem e diversidade do
maracujá. Essas duas espécies são cultivadas atualmente em vários países e têm grande
importância socioeconômica no Brasil (Junqueira et al., 2008).
Não basta apenas que o homem passe a cultivar determinada espécie para que
ela se transforme em espécie cultivada, pois podem não ter perdido as propriedades que as
caracterizam como selvagens, e nem irão adquirir qualidades que as transformem em
cultivares (Pinto et al., 2001). Diante disso, é necessário fazer um trabalho de pré-
melhoramento para obter os dados dos caracteres dessas espécies, para selecionar os
ideótipos de maior rendimento e adaptabilidade às necessidades do homem (Junqueira et
al., 2008). Assim, Kageyama (1987) chama a atenção que são imprescindíveis estudos que
quantifiquem e caracterizem a distribuição da diversidade genética de populações naturais
para os planos de conservação, melhoramento e domesticação das espécies.
2.4.1 Variabilidade genética em populações naturais
A diversidade genética é o material bruto sobre a qual a seleção natural atua
para permitir a adaptação e evolução dos organismos e a sua adequação às mudanças
ambientais. A perda da diversidade genética reduz o potencial evolutivo e está também
associada com a redução do sucesso reprodutivo (Frankham et al., 2008). É amplamente
reconhecida como um componente importante para garantir a sobrevivência das espécies
por um longo período, sendo então, fundamental para a sustentabilidade, pois fornece
material genético para a adaptação, evolução e sobrevivência das espécies, especialmente
quando estão sob condições de alterações ambientais (Rajora & Mosseller, 2001).
25
A estrutura genética de uma população refere-se à magnitude e à organização
da variabilidade genética nela presente, refletindo seus processos históricos e denotando de
alguma forma a ação desses processos no presente e no futuro. Em condições naturais, a
manutenção e dinâmica da estrutura genética de uma população é resultado da interação
entre um conjunto de fatores evolutivos, tais como variação no conjunto gênico,
organização dessas variações nos genótipos, distribuição espacial desses genótipos, sistema
reprodutivo, dispersão da progênie no campo, eventos estocásticos e processos de
crescimento, mortalidade e substituição que originam as futuras gerações (Loveless &
Hamrick, 1984; Heywood, 1991). Dessa maneira, o estudo de padrões de distribuição
espacial da variabilidade genética em populações vegetais tem se mostrado útil para a
compreensão da influência dos processos espaciais na distribuição da variabilidade
genética em diferentes escalas (Heywood, 1991; Diniz-Filho & Telles, 2000).
A variabilidade genética é introduzida continuamente nas populações por
mutação e migração de indivíduos ou genes de outras populações e é perdida por deriva
genética, por endocruzamento e, no caso de genes não neutros, pela seleção natural (Nei,
1987). Em geral, a seleção e deriva genética aumentam a diferenciação entre as
populações, enquanto que aquelas espécies que exibem intenso movimento de pólen e
sementes tem menor diferenciação do que as com fluxo genético restrito (Hamrick, 1983).
Uma das maneiras de conhecer uma espécie é estudando a sua diversidade
genética através de características fenotípicas e moleculares. A variação entre os fenótipos
em uma população surge das diferenças médias entre os genótipos e da variação ambiental.
As variações de ambiente podem ofuscar as de natureza genética e quanto maior for a
proporção da variabilidade decorrente do ambiente em relação à variabilidade total, mais
difícil será selecionar genótipos de forma efetiva. Sendo assim, a variabilidade fenotípica
entre plantas pode originar-se da diferença genética entre plantas, das diferenças de
ambientes nos quais as plantas estão crescendo e das diferenças devidas as interações entre
plantas e ambientes (Paiva & Valois, 2001).
A diversidade genética entre e dentro de populações de uma espécie merece
consideração especial, pois os efeitos das alterações nas freqüências alélicas são refletidos
diretamente sobre os indivíduos que formam a população (Sobierajski, 2004). O estudo da
diversidade visa tornar claras as relações genéticas, quantificar o nível de variabilidade
total existente e sua distribuição ente e/ou dentro de unidades taxonômicas. Este
conhecimento vem proporcionando importantes contribuições ao melhoramento genético,
26
ao gerenciamento de bancos de germoplasma, à conservação de recursos genéticos e ao
entendimento dos processos evolutivos das espécies (Perssoni, 2007).
Os caracteres quantitativos são aqueles controlados por vários genes e/ou muito
influenciados pelo ambiente (Ramalho et al., 1993). A divergência genética tem sido
avaliada por meio de técnicas biométricas, baseadas na quantificação da heterose, ou por
processos preditivos. Os métodos preditivos de estudo da diversidade genética baseiam-se
em diferenças agronômicas, morfológicas, fisiológicas ou moleculares, quantificando-as
em alguma medida de dissimilaridade que expressa o grau de diversidade genética entre os
genótipos. De maneira geral, estudos de diversidade genética são realizados a partir de
informações das medidas de dissimilaridade obtidas de variáveis quantitativas discretas ou
contínuas, dissimilaridades obtidas de variáveis qualitativas binárias e de variáveis
qualitativas multicategóricas (Cruz et al., 2011). A estratégia utilizada para estudo da
diversidade genética via caracteres quantitativos fundamenta-se na estimativa, baseada
totalmente no fenótipo observado, de parâmetros genéticos como herdabilidade, variância
genética e correlação genética para os caracteres de interesse (Ferreira & Faleiro, 2008).
A proporção da variância genética presente na variância fenotípica total é
designada herdabilidade (Ramalho et al., 1993). Essa é uma medida da influência genética
e informa que parte da variação da população em um fenótipo pode ser atribuída à variação
no genótipo, possibilitando estimativas como o ganho genético esperado com a seleção
(Allard, 1999). A herdabilidade pode ser estimada no sentido amplo como sendo a
proporção da variabilidade observada ocasionada por efeitos dos genes ou herdabilidade no
sentido restrito, que é a proporção da variabilidade observada ocasionada somente por
efeitos aditivos dos genes (Carvalho et al., 2001). Para fins de melhoramento genético, a
herdabilidade no sentido restrito é a mais adequada, uma vez que considera somente a
aditividade, que é a porção herdável da variância genética, que, em última instância, é o
que pode ser passado de geração a geração por seleção (Ramalho et al., 1993).
Vários trabalhos que caracterizam e estimam a variabilidade genética de
espécies nativas, via caracteres quantitativos, vem sendo desenvolvidos, em destaque os
trabalhos da Universidade Federal de Goiás com frutíferas nativas do Cerrado, que se
iniciaram de forma organizada e interdisciplinar a partir de 1995. Nessas pesquisas são
enfocados, principalmente, aspectos genético-ecológicos e agronômicos (Chaves, 2006).
As espécies sob enfoque nestes estudos até o momento são o pequizeiro, a cagaiteira, o
27
aratincuzeiro, a pêra-do-cerrado, o cajueiro-do-cerrado, a magabeira, o barueiro e
recentemente o jatobazinho-do-cerrado.
Alguns trabalhos realizados neste sentido comprovam a existência de uma alta
variabilidade genética entre e dentro das procedências, indicando boas perspectivas de
seleção e melhoramento genético das espécies frutíferas do Cerrado (Sano et al., 1996;
Oliveira, 1998; Corrêa et al., 2000; Silva et al., 2001; Meletti et al., 2003, Telles et al., 2003;
Zucchi et al., 2005; Trindade & Chaves, 2005; Vera et al., 2005; Martins et al., 2006; Canuto
et al., 2008; Soares et al., 2008, Ganga et al., 2009; Moura, 2011).
A conservação de recursos genéticos procura manter ampla a variabilidade
genética de espécies de interesse para o homem, para posterior utilização, exigindo assim,
um conhecimento detalhado da estrutura genética das populações naturais, bem como de
seus sistemas reprodutivos (Primack & Rodrigues, 2001). Assim, a diversidade genética
geralmente tem sido estudada dentro de espécies, medindo tanto as diferenças entre
indivíduos, quanto as diferenças entre populações naturais, que muitas vezes estão
separadas entre si pela perda e fragmentação dos habitats naturais.
2.4.2 Melhoramento de espécies nativas
A grande variabilidade genética existente entre e dentro das procedências já
constatada nos trabalhos com espécies nativas constitui uma importante fonte de genótipos
promissores para o melhoramento. Esta variação exerce diferentes funções, sendo uma
proteção contra as mudanças ambientais e climáticas, servindo também de base para a
seleção e o cruzamento (Loveless & Hamrick, 1984; Silva, 2003).
Borges (1980) ressalta que o conhecimento da variabilidade existente em uma
população a ser melhorada é o primeiro passo para a condução de um programa de
melhoramento. Assim, ao se trabalhar com espécies nativas, é fundamental, o estudo da
biologia reprodutiva, o conhecimento da estrutura genética, do tamanho efetivo
populacional e da variação genética entre e dentro das populações (Kageyama, 1990). Os
caracteres quantitativos têm sido usados como bons indicadores para a determinação da
variação entre e dentro de procedências. Os indivíduos diferem fenotipicamente entre si,
tornando esses marcadores eficientes ferramentas da biometria, auxiliando na
caracterização de uma população por meio de um modelo adequado, em termos de médias
e variâncias e pelo modo de ação gênica (Sobierajski et al., 2006; Kearsey, 1993).
28
É de suma importância para o sucesso no melhoramento de espécies nativas,
assim como qualquer outro programa de melhoramento, definir de forma clara os
objetivos, determinar criteriosamente as técnicas a serem utilizadas, avaliar as dificuldades
ou facilidades em obter material reprodutivo, averiguar os possíveis locais de ocorrência e
coleta e a definição do custo/benefício associado ao sistema de produção, entre outros
fatores que podem influenciar diretamente as estratégias de melhoramento (Burley &
Kanowshi, 2005; Oliveira, 1998).
Em decorrência da grande variabilidade genética própria das espécies
selvagens, Chaves (2006) apresenta duas estratégias de melhoramento que seriam
aplicáveis ao melhoramento da mangabeira e pode-se estender a outras frutíferas nativas. O
primeiro seria o método de seleção recorrente, combinando seleção individual com seleção
de progênies, que objetiva elevar a freqüência dos alelos favoráveis na população,
provocando alterações lentas e cumulativas ao longo das gerações de seleção, realizando-se
as seguintes etapas:
1. Seleção e identificação a campo de matrizes superiores, do maior número possível
de subpopulações ou áreas;
2. Coleta de sementes das matrizes selecionadas, mantendo-se o controle genealógico
(progênies e procedências);
3. Instalação de ensaios de avaliação das progênies maternas (meias-irmãs), com
delineamento experimental, de preferência, em vários locais;
4. Plantio simultâneo de um campo de recombinação, em área isolada, com uma
amostra de plantas de cada uma das progênies. Recomenda-se o plantio de forma
que as plantas de cada progênie não sejam vizinhas. Este campo pode ser instalado
de forma adensada, para posterior eliminação das plantas inferiores;
5. Conhecidas as progênies superiores, a partir dos resultados dos ensaios de
avaliação, as progênies inferiores devem ser eliminadas do campo de
recombinação. Como foram plantados vários indivíduos de cada progênie, pode ser
realizada, ainda, uma seleção individual, dentro de progênies, mantendo-se apenas
as plantas superiores. Com os resultados dos ensaios de progênies é possível
estimar parâmetros genéticos populacionais. Assim deve ser dada prioridade, na
seleção entre progênies, aos caracteres de baixa herdabilidade. Os caracteres de
maior herdabilidade, portanto menos influenciados pelas variações ambientais,
respondem bem à seleção individual.
29
6. A população melhorada será obtida colhendo-se e misturando-se sementes das
plantas remanescentes no campo de recombinação (pomar de sementes). Tal
esquema corresponde à seleção nos dois sexos, tanto entre quanto dentro de
progênies. Especial atenção deve ser dada ao tamanho efetivo (Ne) da população
melhorada, par evitar problemas de deriva genética e depressão endogâmica nos
ciclos seguintes. O valor de Ne, tendo como referência o conjunto de
subpopulações amostradas, vai depender das propriedades populacionais (estatística
FST e FIT de Wright), do número de subpopulações, do número de progênies
selecionadas e do número de indivíduos selecionados por progênie.
7. Uma amostra da população melhorada pode ser utilizada para plantio para se iniciar
um novo ciclo de seleção, iniciando-se pela seleção das melhores matrizes e
obtenção de novas progênies a partir desta população.
A segunda alternativa para melhoramento seria a seleção visando ao plantio
comercial de clones, via propagação assexuada. A seleção de clones representa uma
alternativa com maiores possibilidades de ganho em curto prazo e pode ser integrada com a
seleção recorrente em um programa amplo de melhoramento (Chaves, 2006).
Desta forma, estudos com melhoramento de espécies nativas vêm se
intensificando nas duas últimas décadas, sendo impulsionados pela busca do conhecimento
sobre o funcionamento e a estrutura dos ecossistemas naturais, buscando a implementação
de cultivo e a consequente valorização das espécies com destacado potencial. Esses
estudos ainda são alavancados pela conscientização da sociedade sobre a importância da
biodiversidade, na busca de uma agricultura cada vez mais sustentável (Santos, 2008).
2.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLARD, R.W. Principies of plant breeding. 2nd ed. New York: John Wiley & Sons,
1999. 254 p.
ALHO, C. J. R. Desafios para a conservação do Cerrado em face das atuais tendências de
uso e ocupação. In: SCARIOT, A.; SOUSA-SILVA, J. C.; FELFILI, J. M. (Org.).
Cerrado: ecologia, biodiversidade e conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente,
2005. cap. 22, p. 376-381.
ALMEIDA, S. P. Cerrado: aproveitamento alimentar. Planaltina: Embrapa-CPAC, 1998.
188 p.
30
ALMEIDA, S. P.; PROENÇA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: espécies
vegetais úteis. Planaltina: Embrapa - CPAC, 1998. 464 p.
AQUINO, F. G.; AGUIAR, L. M. S. Caracterização e conservação da biodiversidade do
Bioma Cerrado. In: FALEIRO, F. G.; SOUZA, E. S. (Ed.). Pesquisa, desenvolvimento e
inovação para o cerrado. Planaltina, DF: Embrapa Cerrado, 2007. 138 p.
ÁVIDOS, M. F. D.; FERREIRA, L. T. Frutos dos Cerrados: Preservação gera muitos
frutos. Bio-tecnologia Ciência e Desenvolvimento, v.3, n. 15, p. 36-41, 2000.
BORGES, R. C. G. Estimativas de herdabilidade e correlação entre caracteres de
crescimento em Eucalyptus grandis W. Hill Ex. Maiden. 1980. 42 f. Dissertação
(Mestrado em Ciências Florestais)-Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 1980.
BURLEY, J.; KANOWSKI, P. J. Breeding strategies for temperate hardwoods. Forestry,
Oxford, v. 78, n. 2, p. 199-208, 2005.
CANUTO, D. S. de O., SILVA, A. L.; MORAES, M. A. de; SILVA, C. L. S. P.;
MORAES, M. L. T. de; SÁ, M. E. Variabilidade genética de populações naturais de
Dipteryx alata Vog. por meio de caracteres nutricionais em sementes. Revista do Instituto
Floresta, São Paulo, v. 20, n. 2, p. 155-163, dez. 2008.
CARVALHO, F. I. F.; SILVA, S. A.; KUREK, A. J.; MARCHIORO, V. S. Estimativas e
implicações da herdabilidade como estratégia de seleção. Pelotas: UFPEL, 2001. 99 p.
CHAVES, L. J. Recursos genéticos no cerrado. In: SILVA JR., J. F.; LEDO, A. S. (Org.).
A cultura da mangabeira. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2006. p. 75-84.
CLEMENT, C. R.; BOVI, M. L. A. Melhoramento genético da pupunheira: conhecimentos
atuais e necessidades. 1º Seminário do Agronegócio Palmito de Pupunha na Amazônia, 1.,
1999. Porto Velho. Anais... Porto Velho: Embrapa-CPAF, 1999. p. 57-70.
CLEMENT, C. R. Melhoramento de espécies nativas. In: NASS, L. L.; VALOIS, A. C. C.;
MELO, I. S.; VALADARES-INGLIS, M. C. (Ed.). Recursos genéticos & melhoramento
– plantas. Rondonópolis: Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso –
Fundação MT, 2001. p. 423-441. (Brasil).
CORRÊA, G. C.; ROCHA, M. R.; NAVES, R. V. Germinação de sementes e emergência
de plântulas de Baru (Dipteryx alata Vog.) nos Cerrados do Estado de Goiás. Pesquisa
Agropecuária tropical, Goiânia, v. 30, n. 2, p. 17-23, jul./dez. 2000.
CORRÊA, G. C.; NAVES, R. V.; ROCHA, M. R.; CHAVES, L. J.; BORGES, J. D.
Determinações físicas em frutos e sementes de baru (Dipteryx alata Vog.), cajuzinho
(Anacardium othonianum Rizz.) e pequi (Caryocar brasiliense Camb.), visando
melhoramento genético. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 24, n. 4, p. 42-47, Oct./Dec.
2008.
31
CRUZ, C. D.; FERREIRA, F. M.; PESSONI, L. A. Biometria aplicada ao estudo da
diversidade genética. Visconde do Rio Branco: Suprema, 2011, 620 p.
DEAN, W. A botânica e a política imperial: a introdução e a domesticação de plantas no
Brasil. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 4, n. 8, p. 216-228, 1991.
DINIZ-FILHO, J. A. F.; TELLES, M. P. C. Spatial pattern and genetic diversity estimates
are linked in stochastic models of population differentiation. Genetics and Molecular
Biology, v. 23, p. 541-544, 2000.
DUBOC, E. Sistema Agroflorestal e o Cerrado. In: FALEIRO, F.; FARIAS NETO, A. L.
(Ed.). Savanas: desafios e estratégias para o equilíbrio entre sociedade, agronegócio e
recursos naturais. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2008. p. 965-985.
FALCONER, D. S.; MACKAY, T. F. C. Introduction to quantitative genetics. Essex:
Longman, 1996. 464 p.
FERREIRA, M. E.; FALEIRO, F. G. Biotecnologia: avanços e aplicações no
melhoramento genético vegetal. In: FALEIRO, F. G.; FARIAS NETO, A. L. (Ed).
Savanas: desafios e estratégias para o equilíbrio entre sociedade, agronegócio e recursos
naturais. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2008. 1198 p.
FELFILI, J. M.; RIBEIRO, J. F; BORGES FILHO, H. C; VALE, A. T. do. Potencial
econômico da biodiversidade do Cerrado: estádio atual e possibilidades demanejo
sustentável dos recursos da flora. In: AGUIAR, L. M. de S.; CAMARGO, A. J. A de.
(Ed). Cerrado: ecologia e caracterização. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2004. 249 p.
FERREIRA, M. B. Plantas portadoras de substâncias medicamentosas, de uso popular, nos
cerrados de Minas Gerais. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 6, n. 61, p. 19-23,
1980.
FERREIRA, F. R.; SALOMÃO, A. N. Recursos Genéticos de fruteiras nativas do Brasil.
In: BARBOSA, T. (Org.). Tópicos atuais em botânica: palestras convidadas do 51º
Congresso Nacional de Botânica. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia/
Sociedade Botânica do Brasil, 2000. 400 p. CDD581.
FONSECA, C. E. L., FIGUEIREDO, S. A., SILVA, J. A. Influência da profundidade de
semeadura e da luminosidade na germinação de sementes de baru (Dipteryx alata Vog.).
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 29, n, 4, p. 653-659, 1994.
FRANZON, R. C. Fruteiras nativas do Cerrado têm potencial para exploração.
Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2009. Disponível em:
<http://www.cpac.embrapa.br/noticias/artigosmidia/publicados/131/>. Acesso em:
13/05/2011.
FRANCISCO, V. M. C. Filogenia Molecular e Morfológica da Tribo Dipterygeae
(Papilionoideae, Leguminosae). 2010. 77 f. Dissertação (Mestrado em Botânica)–
32
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Escola Nacional de Botânica
Tropical, Rio de Janeiro, 2010.
FRANKHAM, R.; BALLOU, J. D.; BRISCOE, D. A. Fundamentos da genética da
conservação. Ribeirão Preto: Editora SBG (Sociedade Brasileira de Genética), 2008. 262
p.
GANGA, R. M. D; CHAVES, L. C.; NAVES, R. V. Parâmetros genéticos em progênies
de Hancornia speciosa Gomes do Cerrado. Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 37, n. 84, p.
395-404, 2009.
HAMRICK, J. L. The distribution of genetic variation within and among plant
populations. 1983. 508 p.
HARLAN, J. R. Crops and man. 2 ed. Madison, WI: American Society of Agronomy and
Crop Science Society of America, 1992. 284 p.
JUNQUEIRA, N. T. V.; FALEIRO, F. G.; BRAGA, M. F; PEIXOTO, J. R.. Domesticação
de espécies da flora nativa do Cerrado. In: Lucília Maria Parron et al.. (Org.). Cerrado:
Desafios e oportunidades para o desenvolvimento sustentável. 1ª ed. Brasília: Embrapa
Cerrados, 2008, v. 1, p. 125-163.
JUNQUEIRA, N. T. V.; JUNQUEIRA, K. P.; PEREIRA, A. V.; PEREIRA, E. B. C.;
BRAGA, M. F.; CONCEIÇÃO, L. C. S.; FALEIRO, F. G. Frutíferas nativas do cerrado: o
extrativismo e a busca da domesticação. 2012. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
FRUTICULTURA, 22., 2012, Bento Gonçalves. Anais... Bento Gonçalves: SBF, 2012.
KAGEYAMA, P. Y.; DIAS, I. S. Aplicação da genética em espécies florestais nativas. In:
SILVIC, S. P. Congresso Nacional sobre essências nativas, Campos do Jordão, 1982, São
Paulo. Anais... São Paulo: UNIPRESS, 1982. p. 782-791. v. 16A, n. 2. (Edição especial)
KAGEYAMA, P. Y. 1987. Conservação "in situ" de recursos Genéticos de plantas.
Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais, n. 35, p. 7-40, abr. 1987.
KAGEYAMA, P. Y. Genetic structure of tropical tree species of Brazil. In: BAWA,
K.S.; HADLEY, M. (Eds.). Reproductive ecology of tropical forest plants. Paris:
UNESCO, 1990. p. 383-392.
KAGEYAMA, P. Y.; CUNHA, G. C.; BARRETO, K. D.; GANDARA, F. B.;
CAMARGO, F. R. A.; SEBBENN, A. M. Diversidade e autocorrelação genética espacial
em populações de Ocotea odorífera (Lauraceae). Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 1. n.
64, p. 108-119, 2003.
KEARSEY, M. J. Biometrical genetics in breeding. In: HAYWARD, M. D.;
BOSEMARK, N. O.; ROMAGOSA, I. Plant breeding: principles and prospects. London:
Chapmann Hall, 1993. p.163-183.
KLINK, C. A.; MACHADO, R. B. A conservação do Cerrado brasileiro.
Megadiversidade, v. 1, n. 1, Jul. 2005.
33
LIMA, J. E. F. W.; SILVA, E. M. Recursos Hídricos do Bioma Cerrado: Importância e
situação. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. de; RIBEIRO, J. F. (Ed.). Cerrado: ecologia e
flora. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica: Planaltina: Embrapa Cerrados, 2008.
cap. 4, p. 89-106.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 352 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas nativas do Brasil. 4. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. 352 p.
LOVELESS, M.D.; HAMRICK, J.L. Ecological determinants of genetic structure in plant
populations. Annual Review of Ecology and Systematics, v.15, p. 65-95, 1984.
MACHADO, R. B.; NETO, M. B. R.; PEREIRA, P. G. P.; CALDAS, E. F.;
GONÇALVEZ, D. A.; SANTOS, N. S.; TABOR, K.; STEININGER, M. Estimativas de
perda da área do Cerrado brasileiro. Relatório técnico não publicado, Conservação
Internacional, Brasília, Distrito Federal. 2004.
MARTINS, K; CHAVES, L.J.; BUSO, G. S. C.; KAGEYAMA, P. Y. Mating system and
fine-scale spatial genetic structure of Solanum lycocarpum St. Hil. (Solanaceae) in the
Brasilian Cerrado. Conservation Genetics, The Netherlands, v. 7, n. 6, p. 957-969, 2006.
MATTEUCCI, M. B.; GUIMARÃES, N. N. R.; TIVERON FILHO, D.; SANTOS, C. A.
Flora do cerrado e suas formas de aproveitamento. Goiânia. Anais Escola de Agronomia
e Veterinária... Goiânia: UFG, 1995. v. 25, n. 1, p. 13-30.
MELETTI, L. M. M.; BERNACCI, L. C.; SOARES-SCOTT, M. D.; AZEVEDO FILHO,
J. A.; MARTINS, A. L. M. Variabilidade genética em caracteres morfológicos,
agronômicos e citogenéticos de populações de maracujazeiro-doce (Passiflora alata
Curtis). Revista Brasileira de Fruticultura, v. 25, n. 2, p. 275-278, 2003.
MELHEM, T. S. A entrada de água na semente de Dipteryx alata Vog. Hoehnea, São
Paulo, v. 4, n. 1, p. 33-48, 1974.
MENDONÇA, R. C.; FELFILI, J. M.; WALTER, B. M. T.; SILVA JÚNIOR, M. C.;
REZENDE, A. V.; FILGUEIRAS, T. S.; NOGUEIRA, P. E. Flora vascular do Cerrado. In:
SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. (Org.). Cerrado: ambiente e flora. Planaltina:
EMBRAPA-CPAC, 2008. p. 289-556.
MOURA, N. F. Caracterização de frutos e progênies de pequizeiro (Caryocar
brasiliense Camb.) do cerrado. 2011. 134 f. Tese (Doutorado em Agronomia)–Escola de
Agronomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2011.
NEI, M. Molecular Evolutionary Genetics. Columbia University Press, New York, 1987.
34
OLIVEIRA, P. E. Fenologia e biologia reprodutiva das espécies de cerrado. In: Sano
S.M.; Almeida S. P. (Ed.). Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: Embrapa-CPAC. 1998.
p.169-187.
OLIVEIRA-FILHO, A. T.; RATTER, J. A. Vegetation Physiognomies and Woody Flora
of the Cerrado Biome. In: OLIVEIRA, P. S.; MARQUIS, R. J. The Cerrados of Brazil:
Ecology and History of a Neotropical Savanna. New York: Columbia university Press,
2002. 367 p.
OLIVEIRA, M. I. B.; SIGRIST, M. R. Fenologia reprodutiva, polinização e reprodução de
Dipteryx alata Vogel. (Leguminosae-Papilionoideae) em Mato Grosso do Sul, Brasil.
Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 195-207, 2008.
.
PAIVA, J. R.; VALOIS, A. C. C. Conservação in situ de espécies arbóreas. In.: NASS, L.
L.; VALOIS, A. C. C.; MELO, I. S.; VALADRES-INGLIS, M. C. (Eds.) Recursos
genéticos e melhoramento de plantas. Rondonópolis: Fundação-MT, 2001, p.79-99.
PAIVA, J. R.; CRISÓSTOMO, J. R.; BARROS, L. M. Recursos genéticos do cajueiro:
coleta, conservação, caracterização e utilização. Fortaleza: Embrapa Agroindústria
Tropical, 2003. 43 p. (Documentos 65).
PERSSONI, L. A. Estratégias de análise da diversidade em germoplasma de cajueiro
(Anacardium ssp L). 2007. 157 f. Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento de
Plantas)–Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2007.
PINHO, J. B. Aspectos comportamentais da Arara-Azul (Anodorhynchus
hyacinthinus) na localidade de Pirizal, Município de Nossa Senhora do Livramento –
Pantanal de Poconé. 1998. 78 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia)-UFMT, Cuiabá,
1998.
PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Londrina: Planta. 2001.
328 p.
RAMALHO, M. A. P.; SANTOS, J. B.; ZIMMERMANN, M. J. O. Genética
Quantitativa em plantas autógamas - Aplicações ao melhoramento do feijoeiro. Goiânia: Editora da UFG, 1993.
RAJORA, O. M.; MOSSELLER, A. Challenges and opportunities for conservation of
forest genetic resources. Euphytica, Wageningen, v. 118, n. 2, p. 197-212, 2001.
RANZINI, G. Solos do cerrado. In: FERRI, M. G. III Simpósio sobre o cerrado. Ed.
Edgard Blücher/ Universidade de São Paulo. São Paulo. 1971. p. 26-43.
REATTO, A.; CORREIA, J. R.; SPERA, S. T. Solos do Bioma Cerrado: Aspectos
pedológicos. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: ecologia e
flora. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2008. p. 107-150.
35
RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. As principais fitofisionomias do Bioma Cerrado. In:
SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: ecologia e flora. Planaltina:
Embrapa Cerrado, 2008. p. 151-212.
RIBEIRO, J. F.; OLIVEIRA, M. C.; GULIAS, A. P. S. M.; FAGG, J. M. F.; AQUINO, F.
G. Uso múltiplos da boidiversidade do bioma Cerrado: estratégias sustentável para a
sociedade, o agronegócio e os recursos naturais. In: FALEIRO, F. G.; FARIAS NETO, A.
L. (Ed). Savanas: desafios e estratégias para o equilíbrio entre sociedade, agronegócio e
recursos naturais. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2008. 1198 p.
SANO, S. M.; VIVALDI, L. J. Produção de baru (Dipteryx alata Vog.) no seu habitat. In:
SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE ECOSSISTEMAS FLORESTAIS/FOREST, 4.,
1996, Belo Horizonte, Resumos... Belo Horizonte. 1996. p. 217-18.
SANO, S. M.; VIVALDI, L. J.; SPEHAR, C. R. Diversidade morfológica de frutos e
sementes de baru (Dipteryx alata Vog.). Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.
34, n. 4, p. 513-18, abr. 1999.
SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F.; BRITO, M. A. de. Baru: biologia e uso. Planaltina:
Embrapa Cerrados, 2004. 52 p. (Embrapa Cerrados. Documentos, 116).
SANO, E. E.; ROSA, R.; BRITO, J. L. S.; FERREIRA, L. G. Land cover mapping of the
tropical savanna region in Brazil. Environmental Monitoring and Assessment, n. 166, p.
113–124, 2010a.
SANO, S. M.; BRITO, M. A.; RIBEIRO, J. F. Baru. In: VIEIRA, R. F.; AGOSTINI-
COSTA, T. S.; SILVA, D. B.; FERREIRA, F. R.; SANO. S. M.; (Eds.) Frutas nativas da
região Centro-Oeste do Brasil. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia,
2010b. 322 p.
SANTOS, A. M. Estimativas de parâmetros genéticos e a avaliação de eficiência de
seleção precoce em baru (Dipetyx alata Vog.). 2008. 91 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Florestal)-Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2008.
.
SILVA, D. B.; SILVA, J. A.; JUNQUEIRA, N. T. V.; ANDRADE, L. R. M. Frutas do
cerrado. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. 178 p.
SILVA, R. S. M.; CHAVES, L. J.; NAVES, R. V. Caracterização de frutos e árvores de
cagaita (Eugenia dysenterica DC.) no sudeste do Estado de Goiás, Brasil. Revista
Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 23, n. 2, p. 330-334, 2001.
SILVA, A. C. Variações genéticas em candeia (Eremanthus erytropappus (DC.)
MacLeish): simbiose e desenvolvimento radicular e estabelecimento inicial em áreas
degradadas. 2003. 130 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal)-Universidade
Federal de Lavras, Lavras, 2003.
SILVA, E. E. Frutíferas Nativas do Nordeste: qualidade fisiológica, morfológica e
citogenética. 2006. 110 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia)-Centro de Ciências
Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2006.
36
SILVA, F. A. M.; ASSAD, E. D.; EVANGELISTA, B. A. Características Climática do
Bioma Cerrado. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: ecologia e
flora. Planaltina: Embrapa Cerrado, 2008. p. 69-88.
SOARES, T. N.; CHAVES, L. J.; TELLES, M. P. C.; DINIZ-FILHO, J. A. F.; RESENDE, L.
V. Landscape conservation genetics of Dipteryx alata (“Baru” tree: Fabaceae) From Cerrado
region of central Brazil. Genetica, The Netherlands, n. 132, p. 9-19. 2008.
SOBIERAJSKI, G.R. Estrutura genética em populações de bracatinga (Mimosa
scabrella Benth.) por marcador isoenzimático e caracteres quantitativos. 2004. 128 f.
Dissertação (Mestre em Recursos Florestais)-Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2004.
SOBIERAJSKI, G. R.; KAGEYAMA, P. Y.; SEBBENN, A. M. Estimates of genetic
parameters in Mimosa scabrella populations by random and mixed reproduction models.
Crop Breeding and Applied Biotechnology, Viçosa, v. 6, p. 47-54, 2006.
TAKEMOTO, E.; OKADA, I. A.; GARBELOTTI, M. L.; TAVARES, M.; AUED
PIMENTEL, S. Composição química da semente e do óleo de baru (Dipterix alata Vog.)
nativo do Município de Pirenópolis, Estado de Goiás. Revista do Instituto Adolfo Lutz,
São Paulo, v. 60, n. 2, p. 113-117, 2001.
TELLES, M. P.C; COELHO, A. S. G.; CHAVES, L. J.; DINIZ-FILHO, J. A. F.; VALVA,
F. D. Genetic diversity and population structure of Eugenia disenterica DC ('cagaiteira'-
Myrtaceae) in Central Brazil: Spatial analysis and implications for conservation and
management. Conservation Genetics, The Netherlands, v. 4, p. 685-695. 2003.
TRINDADE, M. G.; CHAVES, L. J. Genetic structure of natural Eugenia dysenterica DC
(Myrtaceae) populations in northeastern Goiás, Brasil, acessed by morphological traits and
RAPD markers. Genetics and Molecular Biology, Ribeirão Preto, v. 28, n. 3, p. 407-413.
2005.
VERA, R.; NAVES, R. V.; NASCIMENTO, J. L. do; CHAVES, L. J.; LENDRO, W. M.;
SOUZA, E. R. B. de. Caracterização física de frutos do pequizeiro (Caryocar brasiliense
Camb.) no Estado de Goiás. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 35, p. 71-79,
2005.
VERA, R.; SOARES JUNIOR, M. S.; NAVES, R. V.; SOUZA, E. R. B.; FERNANDES,
E. P.; CALIARI, M.; LEANDRO, W. M. Características químicas de amêndoas de
barueiros (Dipteryx alata vog.) de ocorrência natural no cerrado do estado de Goiás, Brasil.
Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 31, n. 1, p. 112-118, 2009.
VIEIRA, R. F.; AGOSTINI-COSTA, T. da S.; SILVA, D. B.; SANO, S. M.; FERREIRA,
F. R. Frutas nativas da região centro-oeste. Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia, 2006.
37
WALTER, B. M. T. Fitofisionomias do bioma Cerrado: Síntese terminológica e relações
florísticas. 2006. Tese (Doutorado em Ecologia)-Instituto de Ciências Biológicas,
Departamento de Ecologia, UNB, Brasília, 2006.
ZUCCHI, M. I.; BRONDANI, R. P. V.; PINHEIRO, J B.; CHAVES, L. J.; COELHO, A.
S. G.; VENCOVSKY, R. Genetic structure and gene flow in Eugenia dysenterica DC in
Brasilian Cerrado utilizing SSR markers. Genetics and Molecular Biology, Ribeirão
Preto, v. 26, n. 4, p. 449-457. 2003.
38
3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DE FRUTOS E SEMENTES DE
BARUEIRO (Dipteryx alata Vog.) DO CERRADO
RESUMO
O Cerrado é o segundo maior bioma do país, ocupando 23% do território nacional,
apresentando uma vegetação com diversas fitofisionomias e detendo a mais rica flora
dentre as savanas do mundo. O barueiro, devido a sua ampla distribuição geográfica é uma
espécie com a possibilidade de apresentar altos níveis de diversidade genética, conferindo
assim capacidade de ocupar diferentes hábitats. A espécie em questão apresenta uma
multiplicidade de usos, constituindo-se em espécie chave para estudos de domesticação e
cultivo. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar fisicamente frutos e sementes
de barueiros provenientes de diferentes regiões do Cerrado para subsidiar estratégias de
prospecção, conservação e utilização da variabilidade genética da espécie. Foram coletados
frutos de plantas de barueiro de 25 subpopulações, em seis estados, amostrando seis
matrizes por subpopulação, com coleta de, pelo menos, 25 frutos por matriz. Os dados de
caracterização física dos frutos e sementes foram submetidos à análise descritiva, análise
de variância e correlação entre caracteres. Houve variação significativa para todas as
variáveis avaliadas, em todos os níveis hierárquicos avaliados; entre frutos dentro de
matrizes, entre matrizes dentro de subpopulações e entre subpopulações. A maior
proporção da variabilidade foi observada entre matrizes dentro de subpopulações. A
análise de correlação demonstrou a existência de correlações significativas para a maioria
dos pares de caracteres avaliados nos diferentes níveis hierárquicos.
Palavras-chave: biometria de frutos e sementes, variação fenotípica, baru, Cerrado.
CHARACTERIZATION OF FRUITS AND SEEDS OF “BARU” TREE
(Dipteryx alata Vog.) FROM BRAZILIAN CERRADO
ABSTRACT
The Cerrado biome is the second largest in Brazil, occupying 23% of the national territory,
has various vegetation types, and has the richest flora among the world's savannas. The
“barueiro” due to its wide geographic distribution is a species with the ability to display
high levels of genetic diversity, thus providing the ability to occupy different habitats. The
species in question has a multitude of uses, constituting a key species for studying
domestication and cultivation. The present study aimed to characterize fruits and seeds of
Dipteryx alata from different regions of the Cerrado as a support for exploration,
conservation and use of genetic variability. Fruits were collected in plants from 25
subpopulations, in six states, sampling six mother plants per subpopulation, with collection
of at least 25 fruits per plant. Data on physical characterization of the fruits and seeds were
subjected to descriptive analysis, analysis of variance and correlation between characters.
There was significant variation for all variables at all evaluated levels; between fruits
within plants, plants within subpopulations and among subpopulations. The largest
proportion of variability was observed between plants within subpopulations. Correlation
analysis demonstrated significant correlations for most pairs of traits in different
hierarchical levels.
39
Key words: biometric characteristics and seeds, phenotypic variation, baru, Cerrado.
3.1 INTRODUÇÃO
O Cerrado é o segundo maior bioma do país, ocupando 23% do território
nacional, sendo superado em área apenas pela Amazônia. Apresenta uma vegetação com
diversas fitofisionomias, e possui a mais rica flora dentre as savanas do mundo (Myers et
al., 2000; Klink & Machado, 2005). É considerado um dos 34 hotspots do mundo para fins
de conservação, em virtude de sua diversidade biológica, endemismo e ameaça pela
ocupação humana (Myers et al., 2000; Conservation International, 2004). Estudos recentes
indicam que cerca de 61% deste bioma ainda possuem a vegetação nativa em estado
relativamente intacto, no entanto, em uma base altamente assimétrica. A parte norte
representa 90% das fisionomias naturais e a parte sul apenas 15% (Sano et al., 2010a).
As frutíferas nativas do Cerrado são espécies de diversos gêneros e famílias
que constituem importante fonte de alimento para os animais e produzem frutos de
interesse tanto para a alimentação “in natura” quanto para a industrialização. Há um
mercado potencial e crescente para as frutíferas nativas, porém pouco explorado pelos
agricultores (Ming et al., 2000). A concentração de esforços na conservação genética de
espécies frutíferas deve ser estabelecida com base na variação genética entre e dentro de
populações, buscando coletar e preservar o máximo de variabilidade genética das espécies
(Paiva et al., 2003).
O barueiro é uma leguminosa arbórea (Fabaceae), que ocorre geralmente em
cerrado estrito sensu, cerradão e mata seca (Lorenzi, 1998). Sua ampla distribuição
geográfica é um indicativo da possibilidade da espécie apresentar altos níveis de
diversidade genética, conferindo, assim, capacidade de ocupar diferentes hábitats
(Kageyama et al., 2003). A espécie em questão apresenta uma multiplicidade de usos,
constituindo-se em espécie chave para estudos de domesticação e cultivo. É utilizada pela
população humana e alguns grupos de animais. A polpa (mesocarpo) e semente são
comestíveis e de sabor agradável. A amêndoa apresenta elevado valor nutricional. O óleo
extraído da semente é utilizado na indústria alimentícia e farmacêutica. Nas pastagens, é
benéfico em razão de uso como abrigo para o gado, do valor energético e nutricional dos
frutos e da manutenção da qualidade da forragem. A árvore apresenta uma madeira de alta
40
densidade, compacta, com alta durabilidade, elevada resistência ao apodrecimento e é
indicada para estacas, contrução civil, paisagismo e recuperação de áreas degradadas
(Ferreira, 1980; Almeida, 1998; Sano et al., 2004).
Para a caracterização de uma espécie é importante trabalhar com frutos e
sementes de diferentes localidades geográficas, o que permite constatar as diferenças
fenotípicas determinadas pelas variações ambientais. Portanto, mesmo tratando-se de uma
só espécie, em cada localidade as sementes estão sujeitas as variações ambientais que
ressaltam certos aspectos de sua composição genética, ou seja, estudando procedências
distintas, é possível captar várias expressões do genótipo, possibilitadas pelas condições
ambientais adequadas (Botezelli et al., 2000).
Apesar do número ainda limitado, trabalhos vêm sendo realizados buscando
caracterizar e investigar a variabilidade existente em D. alata, como o de Sano et al.
(1999), que trabalharam com 57 matrizes oriundas dos estados de Goiás e Minas Gerais.
Avaliaram-se 20 frutos e as respectivas sementes por planta. Um outro estudo de Corrêa et
al. (2000) foi conduzido com 150 matrizes originárias de três regiões do Estado de Goiás,
em um total de 50 matrizes por região. Melhem (1972) trabalhou com a caracterização e
fisiologia do baru. Corrêa et al. (2008) realizaram estudo de caracteres morfológicos de
frutos de 36 matrizes de diferentes municípios do Estado de Goiás, com a avaliação de
20 frutos por planta. Ferreira et al. (1998) caracterizaram frutos de 5 matrizes oriundas do
município de Curvelo, MG, utilizando 100 unidades por matrizes para a descrição da
morfologia externa e interna do fruto e da semente.
O presente trabalho teve como objetivo obter informações sobre os padrões de
variação fenotípica para algumas características de frutos e sementes de Dipteryx alata
Vog. provenientes do Cerrado, de modo à subsidiar estratégias de prospecção, conservação
e utilização da variabilidade genética da espécie.
3.2 MATERIAL E MÉTODOS
A coleta do material para o presente estudo foi realizada dentro da região de
coleta das subpopulações avaliadas com marcadores microssatélites por MELO (2011), no
mês de agosto de 2011, em 25 subpopulações nos Estados de Goiás, Tocantins, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo (Figura 3.2.1.). De cada
subpopulação foram amostradas seis matrizes, escolhidas aleatoriamente dentre aquelas
41
com produção suficiente, com coleta de pelo menos 25 frutos não danificados por matriz.
Uma amostra aleatória de cinco frutos por matriz foi utilizada para caracterização física,
posteriormente abertos para a avaliação de caracteres das sementes, mantendo-se a
identificação individual.
A coleta dos frutos foi realizada respeitando-se seu ponto de maturação
fisiológica, que corresponde ao ponto em que eles se desprendem facilmente dos ramos ou
aqueles que já se encontram no solo sob a copa das plantas. Uma vez colhidos, os frutos
foram acondicionados em embalagens plásticas teladas, tipo bobina, etiquetadas e
identificadas com os dados de procedência e matriz, sendo então transportados para o
Laboratório de Fitotecnia da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás, em
Goiânia. A identificação das subpopulações amostradas foi feita por meio de suas
coordenadas geográficas médias (Tabela 3.2.1 e Figura 3.2.1)
Os caracteres avaliados foram: massa do fruto (MFR), comprimento do fruto
(CFR), largura do fruto (LFR) – medida na porção mediana do fruto, espessura do fruto
(EFR), relação comprimento pela largura do fruto (C/LF), relação comprimento pela
espessura do fruto (C/EF), massa da semente (MSE), comprimento da semente (CSE),
largura da semente (LSE), espessura da semente (ESE), relação comprimento pela largura
da semente (C/LS), relação comprimento pela espessura da semente (C/ES) e rendimento
da semente (REND). Os caracteres de massa foram obtidos com auxílio de uma balança
digital semi-analítica e os resultados expressos em gramas (g). As medidas de dimensões
foram obtidas com paquímetro digital e anotadas em milímetros (mm). O rendimento da
semente foi obtido pela relação entre massa da semente e a massa do fruto (MSE/MFR).
42
Figura 3.2.1 Localização das áreas de coleta das 25 subpopulações de Dipteryx alata Vog.
amostradas no Cerrado.
43
Tabela 3.2.1 Localidades e coordenadas geográficas das 25 subpopulações de
Dipteryx alata Vog. amostradas no Cerrado.
Subpopulação Município – Estado Latitude
(S)
Longitude
(O)
Altitude
(m)
1 Cocalinho – MT 14 09,495' 51 15,004' 246
2 Água Boa – MT 13 50,058' 52 02,325' 292
3 Pirenópolis – GO 16 00,220' 49 01,506' 769
4 Sonora – MS 17 50,337' 54 42,776' 325
5 Alcinópolis – MS 18 15,590' 53 56,202' 407
6 Alvorada – TO 12 26,471' 49 07,329' 302
7 São Miguel do Araguaia –
GO 13 13,772' 50 06,632' 362
8 Luziânia – GO 16 54,719' 50 12,121' 613
9 Icém – SP 20 24,027' 49 14,588' 477
10 Monte Alegre de Minas –
MG 18 58,789' 49 01,394' 725
11 Estrela do Norte – GO 13 49,789' 49 08,394' 398
12 Santa Terezinha – GO 14 31,526' 49 37,244' 584
13 Arinos – MG 15 55,371' 46 07,986' 524
14 Pintópolis – MG 16 04,354' 45 11,215' 517
15 Paraíso – MS 18 58,292' 52 52,922' 672
16 Terenos – MS 20 25,696' 55 03,477' 257
17 Camapuã – MS 19 31,509' 53 56,607' 554
18 Indiara – GO 16 44,108' 48 07,032' 859
19 Barra do Garças – MT 16 06,380' 52 28,932' 316
20 Várzea Grande – MT 16 14,704' 57 32,844' 309
21 Jandaia – GO 17 14,260' 49 57,722' 597
22 Natividade – TO 11 40,538' 47 43,121' 327
23 Arraias – TO 12 56.646' 46 55,846' 721
24 Aquidauana – MS 20 39,167' 55 59,910' 222
25 Cárceres – MT 15 40,722' 56 18,895' 252
Os dados foram submetidos à estatística descritiva e, posteriormente, à análise
de variância com base em modelo hierárquico que considera o efeito de subpopulações,
matrizes dentro de subpopulações e frutos dentro de matrizes. As análises foram realizadas
com base em procedimento genético-estatístico do software Genes (Cruz, 1997). O modelo
utilizado foi:
)()( ijkijiijk fpsY
em que:
ijkY : valor fenotípico do fruto (ou semente) k da matriz j da subpopulação i;
44
: média geral das observações;
is : efeito aleatório da subpopulação i, i = 1, 2, ..., P;
)(ijp : efeito aleatório da matriz j dentro da subpopulação i, j = 1, 2, ..., mi;
)(ijkf : efeito aleatório do fruto k dentro da matriz j da subpopulação i, k =1, 2, ..., fj.
No presente caso, o número de matrizes por subpopulação (mi = 6) e de frutos
por matriz (fj = 5) foram constantes. Conforme o modelo estatístico adotado, elaborou-se o
esquema de análise de variância e as esperanças dos quadrados médios (Tabela 3.2.2)
Tabela 3.2.2 Esquema da análise de variância e esperanças dos quadrados médios
conforme o modelo estatístico hierárquico como efeitos de subpopulações,
matrizes dentro de subpopulações e frutos dentro de matrizes, para
caracteres físicos de Dipteryx alata Vog. provenientes de 25
subpopulações do Cerrado.
Fontes de Variação GL QM E(QM)
Subpopulações P – 1 Q1 22
)(
2 305 SubSubMat
Progênies (Subpopulações) M – P Q2 2
)(
2 5 SubMat
Resíduo
Total
F – M
F – 1
Q3 2
P: número de subpopulações (P = 25); M: número total de matrizes (M = 150) e F: número total de frutos (F =
750).
Foram estimados os componentes de variância associados aos efeitos do
modelo e as proporções da variação fenotípica total que se deve a: diferença entre
subpopulações (PS), diferença entre matrizes dentro subpopulações (PM/S) e diferença entre
frutos dentro de matrizes dentro de subpopulações (PF/M). Utilizando os componentes de
variância também foi estimado o parâmetro PST, que mede a divergência fenotípica
quantitativa entre subpopulações, utilizando as fórmulas seguintes:
2
)(
2
)(
2
2
ˆˆˆ
ˆ
MatFrutSubMatSub
Sub
SP
2
)(
2
)(
2
2
)(
/ˆˆˆ
ˆ
MatFrutSubMatSub
SubMat
SMP
2
)(
2
)(
2
2
)(
/ˆˆˆ
ˆ
MatFrutSubMatSub
MatFrut
MFP
2
)(
2
2
ˆ2ˆ
ˆ
SubMatSub
SubSTP
45
Foram estimados também os coeficientes de correlação fenotípica entre os
caracteres avaliados, considerando os diferentes níveis hierárquicos. As análises foram
realizadas com base em procedimento genético-estatístico do software Genes (Cruz, 1997).
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.3.1. Caracterização
A estatística descritiva dos 13 caracteres avaliados com base nos valores de
coeficiente de variação fenotípica (CV) demonstrou uma maior variação para os caracteres
massa do fruto (MFR), massa da semente (MSE) e rendimento da semente (REND) e
menores para largura da semente (LSE), largura do fruto (LFR) e relação comprimento
pela largura do fruto (C/LF) (Tabela 3.3.1).
Os valores de massa de fruto inteiro variaram de 9,75 g a 72,97 g (Figura
3.3.1), com média de 28,13 g. Os resultados encontrados para massa do fruto por Sano et
al. (1999), Corrêa et al. (2000), Corrêa et al. (2008) estão inseridos na variação encontrada
no presente estudo. Uma ressalva são os valores bastante inferiores, com um intervalo de
variação de 10 g a 28 g, e média de 18 g encontrados por Melhem (1972). A MFR
apresentou a maior variação fenotípica relativa entre os caracteres de frutos avaliados, com
coeficiente de variação fenotípico igual a 33,09% (Tabela 3.3.1). Corrêa et al. (2000)
observaram também maior variação para esta variável. As subpopulações 11 (Estrela do
Norte, GO) e 25 (Cárceres, MT) apresentaram as maiores médias para MFR (Tabela 3.3.1).
As maiores amplitudes de variação aqui encontradas eram esperadas, pois a amostragem
foi realizada em seis estados, com 25 subpopulações e 150 matrizes, abrangendo maior
área espacial e variação edafoclimática de ocupação da espécie.
O comprimento do fruto variou de 36,20 mm a 77,42 mm (média de 52,27 mm,
Figura 3.3.1). Essa grande amplitude de variação coincide com o trabalho de Corrêa et al.
(2000). Por outro lado, Silva et al. (1994), Ferreira et al. (1998), assim como Corrêa et al.
(2008) constataram uma menor oscilação para os valores mínimos e máximos, mas inclusa
no valores deste estudo. As subpopulações com maiores médias para esse carater foram a
11 (Estrela do Norte, GO) e a 3 (Pirenópolis, GO) (Tabela 3.3.1).
Tabela 3.3.1 Média por subpopulação, valores mínimos e máximos (médios por planta) e
coeficientes de variação fenotípica (CV) de caracteres físicos de frutos e
sementes de Dipteryx alata Vog. provenientes de 25 subpopulações do Cerrado.
MFR CFR LFR EFR C/LF C/EF MSE CSE LSE ESE C/LS C/ES REND
1 18,19 50,36 38,50 25,57 1,306 1,973 1,089 23,24 10,36 8,204 2,246 2,841 0,060
2 32,06 54,82 42,01 30,52 1,305 1,803 1,283 25,21 10,82 8,349 2,338 3,055 0,041
3 33,05 59,48 43,32 30,34 1,374 1,967 1,272 26,86 10,98 8,003 2,460 3,389 0,044
4 27,90 51,42 41,62 28,25 1,237 1,822 1,521 26,38 11,05 8,752 2,398 3,052 0,054
5 26,45 52,62 37,96 28,94 1,387 1,824 1,178 24,10 10,52 8,234 2,296 2,998 0,044
6 27,32 49,51 40,16 30,15 1,235 1,651 1,237 24,61 9,986 8,708 2,474 2,844 0,046
7 27,91 51,62 38,70 29,31 1,331 1,761 1,149 24,37 10,17 8,343 2,398 2,940 0,042
8 28,50 54,99 43,00 28,30 1,279 1,949 1,305 25,72 11,43 8,145 2,256 3,220 0,046
9 22,77 50,73 39,24 27,83 1,292 1,824 0,969 23,54 10,13 6,956 2,343 3,536 0,041
10 23,23 48,01 37,39 27,31 1,280 1,755 1,063 23,31 10,98 7,558 2,123 3,117 0,047
11 41,15 63,85 43,01 32,60 1,480 1,958 1,468 27,97 10,38 8,516 2,709 3,306 0,037
12 27,92 53,57 37,95 29,48 1,409 1,817 1,300 24,54 10,60 8,597 2,323 2,877 0,047
13 25,08 49,02 38,87 28,04 1,262 1,749 1,163 23,47 10,16 8,139 2,312 2,898 0,046
14 23,52 50,05 37,31 28,48 1,342 1,762 0,974 22,77 10,04 7,842 2,276 3,057 0,041
15 21,58 47,03 35,42 26,49 1,327 1,779 1,092 23,52 9,832 8,178 2,425 2,913 0,052
16 26,04 48,92 38,34 28,60 1,280 1,720 1,088 23,79 10,62 7,950 2,279 3,036 0,042
17 28,75 48,47 39,26 28,88 1,232 1,683 1,111 24,43 10,30 7,716 2,384 3,189 0,040
18 36,89 56,74 44,10 31,72 1,288 1,789 1,379 26,77 11,26 8,181 2,383 3,284 0,038
19 31,58 54,61 39,71 32,18 1,376 1,706 1,387 26,44 10,36 8,890 2,564 3,017 0,044
20 29,93 48,63 39,97 31,02 1,214 1,569 1,190 23,30 10,65 8,432 2,193 2,779 0,041
21 34,62 57,20 41,71 31,49 1,371 1,818 1,324 26,67 11,03 8,326 2,427 3,228 0,038
22 20,37 48,36 36,23 25,77 1,338 1,936 1,109 23,77 10,01 8,509 2,382 2,806 0,057
23 20,60 48,76 35,14 26,04 1,391 1,929 1,002 23,12 10,17 7,802 2,282 3,016 0,051
24 27,59 51,02 39,86 29,33 1,284 1,743 1,240 25,04 10,70 8,365 2,346 3,004 0,045
25 40,34 56,89 45,69 32,63 1,246 1,749 1,603 28,02 11,18 8,902 2,512 3,181 0,040
Média 28,13 52,27 39,78 29,17 1,315 1,801 1,220 24,84 10,55 8,218 2,365 3,065 0,045
Mínimo 9,750 36,20 29,81 15,96 1,090 1,310 0,230 15,56 5,360 2,640 1,170 2,070 0,007
Máximo 72,97 77,42 52,48 40,62 1,680 2,880 2,390 33,09 19,84 11,30 3,510 5,890 0,098
CV % 33,09 12,46 10,51 12,14 7,964 11,11 25,76 11,65 10,35 12,49 11,41 15,95 24,87
SubpopulaçõesCaracteres
MFR: Massa do fruto (g); CFR: Comprimento do fruto (mm); LFR: Largura do fruto (mm); EFR: Espessura
do fruto (mm); C/LF: Relação comprimento pela largura do fruto (mm) e C/EF: Relação comprimento pela
espessura do fruto (mm); MSE: Massa total da semente (g); CSE: Comprimento da semente (mm), LSE:
Largura da semente (mm); ESE: Espessura da semente (mm), C/LS: Relação comprimento pela largura da
semente (mm); C/ES: Relação comprimento pela espessura da semente (mm) e REND: Rendimento da
semente.
Os valores de largura e espessura de frutos (Figura 3.3.1) estão de acordo com
os encontrados por Silva et al. (1994), Ferreira et al. (1998), Corrêa et al. (2000) e Corrêa
et al. (2008), apresentando alguma diferença na amplitude de variação, em que a do
presente estudo pode vir a ser maior. Ressalta-se a variação bem menor para o caráter LFR
retratada por Ferreira et al. (1998) e Corrêa et al. (2008), que apresentaram variação
também inferiores para a EFR. A LFR apresentou o terceiro menor coeficiente de variação
fenotípico entre as 13 variáveis em estudo. As subpopulações 18 (Indiara, GO) e 25
(Cárceres, MT) apresentaram as maiores médias para esse caracter. Novamente as
subpopulações 11 (Estrela do Norte, GO) e 25 (Cárceres, MT) apresentaram maiores
médias de EFR (Tabela 3.3.1).
A relação entre comprimento e largura do fruto, e relação entre comprimento e
espessura do fruto tiveram médias 1,31 e 1,80, respectivamente, tendo como características
frutos levemente compridos, circulares ou ovados e achatados. A variável C/LF apresentou
o menor coeficiente de variação entre os caracteres avaliados (7,96%), bastante inferior ao
maior, obtido para MFR, que foi de 33,09%. Os intervalos de variação apresentados pelas
médias das subpopulações para C/LF foram pequenos, o que demonstra uma certa
homogeneidade no formato do fruto entre subpopulações.
A caracterização física das sementes revelou as seguintes médias (Tabela
3.3.1): 1,22 g de massa; 24,84 mm de comprimento; 10,55 mm de largura e 8,21 mm de
espessura (Figura 3.3.2). O caráter massa da semente apresentou um intervalo de variação
superior aos relatados por Sano et al. (1999; 2010b). No entanto, foi obtida uma
similaridade com a média encontrada por Corrêa et al. (2008). Registrou-se uma média um
pouco inferior a encontrada por Silva et al. (1994), que foi de 1,50 g.
As médias encontradas por Sano et al. (1999) e Ferreira et al. (1998) para as
variáveis comprimento, largura e espessura da semente foram bastante similares às
encontradas no presente trabalho. As amplitudes de variação observadas pelos mesmos
autores para semente são todas inferiores, mas dentro do intervalo deste estudo (Figura
3.3.2), com ênfase na espessura apresentada por Ferreira et al. (1998), por ser bastante
inferior. Em contrapartida, valores diferentes na amplitude do comprimento (10,00 mm a
26,00 mm) e largura (9,00 mm a 13,00 mm) foram descritas por Sano et al. (2010b).
1
Figura 3.3.1 Histogramas representando a distribuição de freqüências das variáveis de frutos
de D. alata. MFR: Massa do fruto (g), CFR: Comprimento do fruto (mm), LFR:
Largura do fruto (mm), EFR: Espessura do fruto (mm), C/LF: Relação
comprimento pela largura do fruto e c/EF: Relação comprimento pela espessura
do fruto.
MFR
Classes
Frequência
10 20 30 40 50 60 70
050
100
CFR
Classes
Frequência
40 50 60 70 80
050
150
LFR
Classes
Frequência
30 35 40 45 50 55
040
80
120
EFR
Classes
Frequência
15 20 25 30 35 40
050
100
C/LF
Classes
Frequência
1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7
040
80
120
C/EF
Classes
Frequência
1.5 2.0 2.5 3.0
0100
200
300
2
Figura 3.3.2 Histogramas representando a distribuição de freqüências dao variáveis de
sementes de D. alata. MSE: Massa total da semente (g), CSE: Comprimento da
semente (mm), LSE: Largura da semente (mm), ESE: Espessura da semente
(mm), C/LS: Relação comprimento pela largura da semente e C/ES: Relação
comprimento pela espessura da semente.
MSE
Classes
Frequência
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0
050
150
CSE
Classes
Frequência
15 20 25 30
050
100
LSE
Classes
Frequência
5 10 15 20
050
150
250
ESE
Classes
Frequência
2 4 6 8 10 12
0100
200
300
C/LS
Classes
Frequência
1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5
050
150
250
C/ES
Classes
Frequência
2 3 4 5 6
0100
200
3
A amplitude de variação do presente estudo para os caracteres de fruto e
semente apresentam-se, em sua maioria, superiores aos valores dos trabalhos citados,
provavelmente pela maior representatividade da sua amostragem. As médias ou limites de
intervalo de variação mais extremos, possivelmente são de subpopulação específica ou
devido ao efeito do ano de coleta.
Os valores de MSE tenderam a se comportar como os de MFR, apresentando o
maior coeficiente de variação fenotípica relativa entre os caracteres de sementes avaliados,
25,76%. É interessante salientar o intervalo de variação apresentado por alguns desses
caracteres, como se pode notar pelos valores de mínimo e máximo para cada um deles
(Tabela 3.3.1), especialmente para massa da semente, comprimento e espessura da
semente, que se comportaram parecidos às mesmas variáveis de frutos. O CV corrobora
essa afirmação, variando de 10,35% para a largura da semente até 25,76% para a massa da
semente.
As médias da relação entre comprimento e largura, e relação entre
comprimento e espessura das sementes foram, respectivamente, 2,36 e 3,06 e os valores
máximos e mínimos estão representados na Tabela 3.3.1 e Figura 3.3.2. Com relação ao
formato das sementes, foi em geral oblonga ou linear e comprida. O CV(%) para C/ES foi
de 15,95%, sendo considerado médio quando comparado às outras variáveis. A
subpopulação 11 (Estrela do Norte, GO) demonstra o padrão no formato das sementes
remetido pelas médias para os caracteres em questão. A subpopulação 19 (Barra do
Garças, MT) também representa bem este padrão para C/LS e, a 3 (Pirenópolis, GO) para
C/ES (Tabela 3.3.1).
Dentre as subpopulações estudadas, a 11 (Estrela do Norte, GO) apresentou o
melhor desempenho médio para os caracteres de frutos, com uma média superior em
quatro das seis variáveis avaliadas. Seguida pelas subpopulações 25 (Cárceres, MT), 18
(Indiara, GO) e 3 (Pirenópolis, GO), que tiveram um bom desempenho médio. Os frutos
dessas subpopulações apresentam-se mais pesados e maiores, tornando-se mais atrativos
para o mercado in natura.
As subpopulações com destaque em seu desempenho médio para as variáveis
de semente estudadas foram a 25 (Cáceres, MT) e 11 (Estrela do Norte, GO), seguido das
subpopulações 19 (Barra do Garças, MT), 21 (Jandaia, GO) e 4 (Sonora, MS).
Notoriamente as duas subpopulações com maior valor médio para frutos foram às mesmas
4
para a semente, evidenciando de antemão a correlação; frutos maiores possuem sementes
maiores. Estas subpopulações apresentaram sementes bem desenvolvidas
morfologicamente e com peso médio maior. Ressalte-se que o maior apelo econômico de
D. alata Vog. está no valor nutricional de sua semente que apresenta elevados teores de
proteínas e lipídios, alta concentração de ácidos graxos insaturados e alguns sais minerais
(Vera et al. 2009). Sua utilização na alimentação vem sendo realizada de diferentes formas,
dentre elas doces, geleias, licores, sorvetes, tortas, bombons, barras de cereais, amêndoas
torradas, farinha, óleo, entre outras, produzidas por comunidades em assentamentos
(Candil et al., 2007) e agricultores familiares, além do mercado in natura.
O rendimento da semente por fruto apresentou média de 4,50%, o que significa
que 95,50% da massa do fruto, em média, correspondem à casca com polpa. Este valor está
próximo ao encontrado por Czeder (2009), que encontrou valores médios de 4,39%, 4,14%
e 5,28%, respectivamente para as regiões Leste, Oeste e Sudeste do estado de Goiás. As
subpopulações: 1 (Cocalinho, MT), 4 (Sonora, MS), 15 (Paraíso, MS), 22 (Natividade, TO)
e 23 (Arraias, TO) foram as que apresentaram os maiores rendimento de semente em
relação ao fruto, embora com uma baixa média para massa de fruto e semente; a exceção
se faz à subpopulação 4, que obteve bons caracteres de sementes aliados ao REND, mesmo
com valores baixos para MFR, sendo considerada de interesse para o mercado.
Estes resultados demonstram que existe uma ampla variação fenotípica entre as
localidades para alguns dos caracteres em estudo, principalmente para as variáveis de
massa, ressaltando a sua importância para fins de conservação e melhoramento genético. A
grande variação nos resultados, quando comparados aos trabalhos de outros autores,
ressalta, a afirmação de Sano & Simon (2008), de que a produção de frutos de baru é, em
geral, extremamente variável entre os anos. Tais autores ainda mencionam que os frutos de
baru têm dimensões maiores nos anos de safra menor e vice-versa. Assim, as dimensões
encontradas nas subpopulações do presente estudo, por ser um ano de safra maior, podem
aumentar em anos de safra menor.
3.3.1. Análise de variância e estimativas de parâmetros fenotípicos
Há variação significativa para todos os caracteres em todos os níveis estruturais
analisados: entre subpopulações, entre matrizes dentro de subpopulações e entre frutos
dentro de matrizes (Tabela 3.3.2.). Dentro de cada uma das subpopulações também foi
5
detectada variação significativa para os caracteres avaliados, com algumas exceções: C/LF
(subpopulações 8 e 9), C/EF (subpopulações 9, 12 e 21), MSE (subpopulação 23), ESE
(subpopulação 3), C/LS (subpopulação 9 ), C/ES (subpopulação 12). Destes nove casos,
sete referem-se a variáveis que descrevem o formato de frutos e sementes, confirmando
uma maior uniformidade nestes caracteres.
De toda a variação observada, a maior parte deve-se à própria variação
fenotípica existente entre as matrizes dentro de subpopulações, conforme se pode notar nos
valores estimados nas proporções de variação para cada caráter, respondendo desde
37,50% da variância da relação comprimento do fruto pela largura até 68,40% na variância
da relação comprimento pela espessura do fruto. O restante corresponde à variância entre
subpopulações e frutos dentro de matrizes (Tabela 3.3.2). Assim como retratado em
trabalhos realizados com o baru (Sano et al., 1996, 1999; Corrêa et al., 2000), e outras
frutíferas do Cerrado, mangaba (Ganga et al., 2009), cagaita (Silva et al., 2001), pequi
(Vera et al., 2005; Moura, 2011), a variação fenotípica existente entre as plantas é bastante
influenciada por componentes ambientais não controlados, como solo, clima, condição de
antropização, idade da planta, competição, e também pela própria diferença genética entre
os indivíduos (Corrêa et al., 2000; Ganga et al., 2009).
Nota-se que, com relação às variáveis de frutos a maior proporção da
variabilidade se deu entre matrizes dentro de subpopulações, o restante entre
subpopulações e depois entre frutos dentro de matrizes. Para as variáveis de semente, a
maior variação também ocorreu entre matrizes, no entanto, seguida de variação entre frutos
dentro de matrizes e entre subpopulações (Tabela 3.3.2.). Corrêa et al. (2000), assim como
Sano et al. (1996), observaram, também, maior variação entre matrizes dentro de
população (entre plantas dentro de regiões), mas não obtiveram variação entre frutos
dentro de plantas. Os mesmos afirmam que cada planta apresenta uniformidade para os
caracteres de fruto estudados. O número de populações e frutos coletados no presente
trabalho foi satisfatório para demonstrar a variação fenotípica, mesmo que
proporcionalmente menor, entre frutos dentro de matriz. Ressalta-se que para os caracteres
de semente, a variação entre frutos dentro de matrizes foi maior que a variação entre as
subpopulações.
Tabela 3.3.2. Análise de variância de 13 caracteres físicos de frutos e sementes de Dipteryx alata Vog. provenientes de 25 subpopulações do
Cerrado.
MFR CFR LFR EFR C/LF C/EF MS E CSE LSE ESE C/LS C/ES REND
Subpopulações 24 1053,4** 521,0** 221,1** 128,8** 0,128** 0,326** 0,832** 75,09** 6,034** 5,843** 0,447** 1,131** 10,41**
Matrizes (Subpopulações) 125 251,8** 120,3** 51,02** 42,38** 0,029** 0,144** 0,294** 27,02** 3,812** 3,406** 0,246** 0,819** 3,900**
Frutos (Matrizes) 600 13,63** 7,064** 2,378** 1,689** 0,002** 0,006** 0,028** 1,841** 0,455** 0,372** 0,021** 0,082** 0,300**
1 133,2** 198,4** 70,67** 32,48** 0,022** 0,102** 0,352** 43,74** 1,180* 2,382** 0,356** 0,396** 0,810*
2 383,3** 218,3** 70,43** 65,22** 0,056** 0,106** 0,205** 35,26** 1,585** 4,432** 0,284** 1,087** 3,710**
3 672,0** 208,8** 63,05** 75,26** 0,065** 0,043** 0,097** 23,21** 2,119** 0,626NS 0,476** 0,396** 13,80**
4 192,8** 115,7** 66,08** 27,45** 0,038** 0,073** 0,996** 36,48** 3,518** 7,980** 0,328** 0,419** 2,890**
5 344,7** 94,7** 48,62** 35,54** 0,019** 0,104** 0,566** 30,96** 4,492** 8,043** 0,182** 1,358** 2,060**
6 118,1** 76,89** 49,58** 38,40** 0,028** 0,149** 0,100** 19,00** 1,056* 1,828** 0,319** 0,418** 1,430**
7 314,9** 150,3** 45,68** 35,69** 0,012** 0,056** 0,248** 38,63** 2,139** 1,282** 0,228** 0,960** 3,010**
8 63,23** 49,06** 35,76** 8,054** 0,005NS 0,137** 0,045
NS 9,396** 3,367** 4,982** 0,103** 1,278** 2,850**
9 216,4** 56,65** 27,19** 22,00** 0,001NS
0,007NS 0,448** 26,11** 5,301** 5,522** 0,025
NS 0,721** 2,490**
10 314,9** 215,9** 64,98** 42,35** 0,025** 0,074** 0,288** 39,03** 6,602** 2,477** 0,094** 1,127** 2,770**
11 666,4** 310,6** 32,94** 50,63** 0,061** 0,093** 0,432** 37,86** 0,638NS 3,527** 0,459** 0,705** 3,590**
12 199,3** 101,3** 21,58** 30,73** 0,018** 0,009NS 0,269** 8,060** 1,694** 2,219** 0,114** 0,081
NS 2,830**
13 118,5** 56,79** 40,40** 13,83** 0,018** 0,041** 0,277** 30,19** 2,359** 0,945* 0,182** 0,256** 0,510NS
14 132,2** 38,86** 36,37** 26,44** 0,006* 0,038** 0,269** 13,81** 3,964** 9,205** 0,112** 2,390** 2,480**
15 140,2** 118,1** 52,95** 30,32** 0,017** 0,131** 0,339** 22,92** 10,89** 4,100** 0,329** 0,829** 8,430**
16 40,58* 64,42** 26,54** 21,80** 0,075** 0,173** 0,099** 28,78** 8,398** 2,084** 0,449** 1,512** 1,900**
17 513,7** 226,4** 110,3** 72,37** 0,011** 0,146** 0,450** 36,13** 10,41** 2,389** 0,171** 0,854** 6,180**
18 393,8** 162,6** 94,51** 42,36** 0,021** 0,038** 0,210** 12,04** 3,144** 1,388** 0,081** 0,256** 2,470**
19 88,72** 58,57** 15,49** 26,61** 0,052** 0,179** 0,086* 21,23** 2,432** 3,418** 0,404** 1,296** 2,450**
20 478,5** 229,3** 106,7** 73,22** 0,009** 0,060** 0,441** 56,15** 4,246** 1,956** 0,345** 0,934** 3,090**
21 145,1** 50,76** 27,15** 23,16** 0,006* 0,009NS 0,398** 12,45** 3,751** 4,009** 0,063* 0,401** 2,320**
22 155,7** 33,59** 24,45** 105,0** 0,055** 0,970** 0,117** 26,37** 1,487** 1,856** 0,376** 0,336** 9,330**
23 107,4** 25,79** 29,78** 107,6** 0,055** 0,718** 0,030NS 15,86** 2,912** 3,379** 0,298** 1,228** 12,47**
24 123,5** 63,81** 56,50** 10,10** 0,043** 0,072** 0,233** 32,28** 5,075** 0,854* 0,190** 0,558** 3,110**
25 238,3** 81,36** 57,61** 42,73** 0,011** 0,062** 0,356** 19,60** 2,536** 4,262** 0,182** 0,686** 0,630NS
P % 30,40 31,00 31,90 22,70 37,50 15,80 19,60 18,90 6,200 7,700 8,600 4,200 89,74
P Mat(Sub) % 54,10 52,60 54,80 64,10 37,50 68,40 58,70 59,40 56,20 57,30 62,80 61,90 6,410
P Frut(mat) % 15,50 16,40 13,30 13,20 25,00 15,80 21,70 21,70 37,60 35,00 28,60 33,90 3,850
P ST 0,219 0,227 0,225 0,1503 0,234 0,099 0,1442 0,137 0,052 0,062 0,069 0,034 0,164
Fontes de Variação GLQuadrados Médios
MFR: Massa total do fruto (g), CFR: Comprimento do fruto (mm), LFR: Largura do fruto (mm), EFR: Espessura do fruto (mm), C/LF: Relação comprimento pela largura
do fruto e C/EF: Relação comprimento pela espessura do fruto, MSE: Massa total da semente (mm), CSE: Comprimento da semente (mm), LSE: Largura da semente
(mm), ESE: Espessura da semente (mm), C/LS: Relação comprimento pela largura da semente, C/ES: Relação comprimento pela espessura da semente, e REND:
Rendimento da semente. NS
: não significativo; * e **Significativo a 5% e a 1% de probabilidade pelo teste F, respectivamente. P: proporção da variância total que se deve
à diferença entre subpopulações; PMat(pop): proporção da variância total que se deve à diferença entre matrizes dentro de uma mesma subpopulação e PFrut(mat): proporção da
variância total que se deve à diferença entre frutos dentro de matrizes. PST: diferenciação genética quantitativa entre subpopulações.
52
O rendimento da semente comportou-se de forma diferenciada com relação aos
outros caracteres estudados, apresentando maior variação entre as subpopulações, seguida
pela variação entre matrizes dentro de populações e, finalmente, pela variação entre frutos
dentro de matrizes (Tabela 3.3.2). A elevada proporção de variabilidade existente dentro
das subpopulações é indicativa do elevado potencial para seleção entre procedências,
mesmo considerando-se que o desempenho dessas plantas pode alterar-se, caso sejam
testadas em outros ambientes que não aquele de seu sítio de ocorrência (Corrêa et al.,
2000).
A MFR, CFR, LFR e C/LF apresentaram os mais altos valores de PST
(diferenciação fenot[ipica quantitativa entre as subpopulações), e a EFR, a MSE, o CSE e o
REND apresentaram valores médios de PST (Tabela 3.3.2). Os valores encontrados de PST
para as demais variáveis foram baixos. As variáveis com valores altos e médios de PST são
recomendáveis para inferir sobre a diferenciação fenotípica entre as subpopulações.
Com base na decomposição da fonte de variação entre subpopulações pôde-se
verificar que as subpopulações que apresentaram maiores variabilidade para os caracteres
físicos de frutos avaliados foram: 3 (Pirenópolis, GO), 2 (Água Boa, MT), 20 (Várzea
Grande, MT) e 17 (Camapuã, MS). Algumas subpopulações obtiveram maiores
variabilidade para caracteres específicos, como as subpopulações 11 (Estrela do Norte,
GO) para MFR e CFR; 20 (Várzea Grande, MT) para CFR e LFR, 22 (Natividade, TO) e
23 (Arraias, TO) para EFR e C/EF (Tabela 3.3.2).
A decomposição da fonte de variação entre subpopulações com base nas
variáveis de sementes avaliadas demonstrou que não há uma especificação de melhores
subpopulações para os caracteres em conjunto (grupos morfológicos distintos). As
subpopulações 9 (Icém, SP), 16 (Terenos, MS), 17 (Camapuã, MS) e 20 (Várzea Grande,
MT) tiveram uma alta variabilidade para três ou quatro dos seis caracteres de sementes em
estudo, não sendo essa variabilidade a maior para a maioria das variáveis quando
comparada entre as subpopulações. As subpopulações que obtiveram maiores
variabilidades para CSE foram: 1 (Cocalinho, MT) e 20 (Várzea Grande, MT); para LSE,
15 (Paraíso, MS) e 17 (Camapuã, MS); para ESE, 4 (Sonora, MS) e 14 (Pintópolis, MG);
para C/LS, 3 (Pirenópolis, GO) e 11 (Estrela do Norte, GO); e para C/ES, 5 (Alcinópolis,
MS) e 14 (Pintópolis, MG).
A variabilidade encontrada entre as subpopulações aliada à grande amplitude
de variação encontrada para maior parte dos caracteres do barueiro avaliados ressalta que
53
535
3
54
os mesmos se comportam diferentemente entre os locais de coleta. Deste modo, pode-se
recomendar as subpopulações, ou locais de coletas com melhor desempenho para os
caracteres de interesse no mercado.
As estimativas de parâmetros genéticos são imprescindíveis nas estratégias de
conservação e melhoramento genético em espécies perenes, pois permitem separar os
fatores ambientais e genéticos que interferem na expressão fenotípica a partir do emprego
eficiente de técnicas de genética quantitativa. A utilização dos testes de procedências e
progênies é uma metodologia tradicional de fundamental importância para assegurar a
escolha das melhores fontes de sementes e permitir estimar parâmetros genéticos,
identificar o potencial dos indivíduos à seleção e quantificar a variabilidade genética
existente em diferentes níveis. Sendo assim, com base nestes testes seria possível distinguir
indivívuos mais produtivos e com potencial de crescimento em sítios específicos (Torggler,
1987; Kageyama, 1990).
3.3.3. Correlações
Os coeficientes de correlações fenotípicas entre as variáveis avaliadas nos
diferentes nívies hierárquicos, entre subpopulações, entre matrizes dentro de
subpopulações e entre frutos dentro de matrizes, mostraram uma correlação positiva e
significativa entre a maioria dos pares de caracteres avaliados (Tabela 3.3.3). A correlação
no nível de frutos dentro de matrizes deve-se apenas a efeitos ambientais (não genéticos),
nos demais níveis há um confundimento de efeitos genéticos e ambientais. Nestes casos,
quando o coeficiente de correlação fenotípica apresenta-se de alta magnitude em valor
absoluto, significa que tanto a correlação genética quanto ambiental devem ser também, de
alta magnitude. Quando a correlação fenotípica é de baixa magnitude tanto pode ocorrer de
suas componentes serem também de baixa magnitude ou que apresentem sinais contrários.
A correlação entre frutos dentro de matrizes, portanto, pode dar um indicativo do sinal da
correlação ambiental, permitindo certas inferências sobre os demais níveis.
Na correlação fenotípica geral e entre médias das subpopulações, o caráter
massa total do fruto (MFR) mostrou-se altamente correlacionado com os demais caracteres
dimensionais de frutos e sementes, apresentando uma correlação negativa com o REND
(Tabela 3.3.3). Corrêa et al. (2000) observaram a mesma correlação entre a MFR com os
demais caracteres apresentada no presente trabalho. Merecem destaque as correlações
55
positivas e elevadas observadas entre as variáveis: comprimento do fruto (CFR) com
comprimento da semente (CSE) e CSE com massa da semente (MSE), por serem estas
variáveis de interesse no mercado.
Na análise de correlação entre matrizes dentro de subpopulações, assim como
frutos dentro de matrizes, o caracter MFR também se apresentou altamente correlacionado
com os demais caracteres de frutos, apresentou a mesma correlação negativa com a
variável REND e uma correlação satisfatória com algumas variáveis de semente (MSE e
CSE). As estimativas de correlação elevadas e positivas se confirmam entre os caracteres
de CFR e CSE, MSE e CSE, assim como observado na correlação entre subpopulações
(Tabela 3.3.3).
Das variáveis avaliadas também foi constatada alta correlação fenotípica entre
a largura do fruto (LFR) e CSE com a maioria das demais variáveis. Correlação não
significativa foi visualizada para a correlação fenotípica total entre o caráter MSE com
REND, entre subpopulações foi observado para ESE com REND, entre matrizes para os
caracteres CFR com ESE, CSE com ESE, MSE com REND e CSE com REND e para
frutos dentro de matrizes foi observado entre as variáveis CFR com ESE, LFR com ESE e
CFR com REND (Tabelas 3.3.3).
Correlações significativas e elevadas entre massa do fruto e as demais variáveis
descritivas, assim como o comprimento do fruto e comprimento da semente e massa da
semente e seu comprimento, são desejadas para o melhoramento da espécie, pois,
selecionando-se matrizes com frutos maiores, consequentemente, estariam sendo
selecionados frutos mais pesados, frutos com sementes maiores e maior massa de semente.
Correlações positivas indicam que as duas características são beneficiadas ou prejudicadas
pelas mesmas causas de variação. Desta maneira, caracteres com correlações positivas e de
alta magnitude podem ser considerados uma única unidade de seleção.
Para o caráter rendimento da semente seria aconselhável a seleção de
indivíduos que apresentam MSE maiores e com menores MFR. Devido à correlação
apresentada entre REND com a MSE recomenda-se a seleção com base na massa da
semente, tendo esta variável correlação significativa com a MFR. A semente, assim como a
polpa, tem importância na exploração econômica da espécie e o recomendável seria
selecionar frutos maiores para terem-se sementes maiores, ou frutos com maior massa para
também se obter ganho na massa da semente.
56
Tabela 3.3.3 Estimativas de coeficientes de correlação fenotípica total, correlação fenotípica
entre médias das subpopulações (Subpopulações), entre médias de matrizes
dentro das subpopulações (Matrizes (Sub)) e entre frutos dentro de matrizes
(Frutos (Mat)) para as variáveis estudadas de frutos e sementes de Dipteryx
alata Vog. provenientes de 25 subpopulações do Cerrado
Correlações Fen. Total Subpopulação Matrizes (Sub) Frutos (Mat)
MFR/CFR 0.836** 0.823** 0.858** 0.767**
MFR/LFR 0.846** 0.851** 0.867** 0.739**
MFR/EFR 0.878** 0.967** 0.869** 0.765**
MFR/MSE 0.710** 0.867** 0.708** 0.576**
MFR/CSE 0.743** 0.975** 0.707** 0.571**
MFR/LSE 0.407** 0.748** 0.407** 0.313**
MFR/ESE 0.331** 0.547** 0.320** 0.292*
MFR/REND -0.565** -0.774** -0.609** -0.314**
CFR/LFR 0.765** 0.767** 0.781** 0.684**
CFR/EFR 0.662** 0.759** 0.645** 0.573**
CFR/MSE 0.647** 0.721** 0.678** 0.507**
CFR/CSE 0.813** 0.891** 0.842** 0.631**
CFR/LSE 0.375** 0.665** 0.392** 0.254*
CFR/ESE 0.185** 0.431** 0.138NS
0.192NS
CFR/REND -0.388** -0.515** -0.437** -0.187NS
LFR/EFR 0.726** 0.761** 0.746** 0.564**
LFR/MSE 0.680** 0.845** 0.702** 0.449**
LFR/CSE 0.707** 0.941** 0.681** 0.484**
LFR/LSE 0.514** 0.973** 0.538** 0.299**
LFR/ESE 0.247** 0.401** 0.251* 0.183NS
LFR/REND -0.421** -0.532** -0.471** -0.237*
EFR/MSE 0.586** 0.789** 0.582** 0.400**
EFR/CSE 0.558** 0.907** 0.486** 0.409**
EFR/LSE 0.329** 0.535** 0.347** 0.228*
EFR/ESE 0.376** 0.531** 0.397** 0.273**
EFR/REND -0.611** -0.841** -0.665** -0.317**
MSE/CSE 0.778** 0.989** 0.751** 0.682**
MSE/LSE 0.626** 0.594** 0.664** 0.593**
MSE/ESE 0.685** 0.837** 0.662** 0.709**
MSE/REND 0.104NS
-0.432** 0.112NS
0.586**
CSE/LSE 0.463** 0.787** 0.445** 0.416**
CSE/ESE 0.252** 0.837** 0.140NS
0.290**
CSE/REND -0.154** -0.537** -0.173NS
0.244*
LSE/ESE 0.291** 0.710** 0.294** 0.368**
LSE/REND 0.140* -0.702** 0.203* 0.408**
ESE/REND 0.288** -0.044NS
0.277** 0.609**
MFR: massa total do fruto (g); CFR: Comprimento do fruto (mm); LFR: Largura do fruto (mm) e
EFR: Espessura do fruto (mm); MSE: Massa total da semente (g), CSE: Comprimento da semente
(mm); LSE: Largura da semente (mm); ESE: Espessura da semente (mm) e REND: Rendimento da
semente. NS
: não significativo; * e **Significativo a 5% e a 1% de probabilidade pelo teste t,
respectivamente.
57
3.4 CONCLUSÕES
Há elevada variabilidade fenotípica para a maioria dos caracteres físicos de frutos e
sementes de barueiro para todos os níveis hierárquicos testados e para todas as
variáveis físicas avaliadas.
A maior variabilidade situa-se entre matrizes dentro de subpopulações, e
sequencialmente, entre subpopulações e frutos ou sementes dentro de matrizes.
Frutos e sementes formam grupos morfológicos distintos, permitindo ressaltar
algumas subpopulações com desempenho médio superior.
As variáveis massa do fruto e massa da semente apresentam uma maior variação
fenotípica entre as variáveis estudadas, sendo altamente correlacionadas com os
demais caracteres.
Sementes de baru com massas menores obtiveram um rendimento mais alto.
3.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, S. P. Cerrado: aproveitamento alimentar. Planaltina: Embrapa-CPAC, 1998.
188 p.
BOTEZELLI L.; DAVIDE, A. C.; MALAVASI, M. M. Características dos frutos e
sementes de quarto procedências de Dipteryx alata Vogel (Baru). CERNE, Uberlândia, v.
6, n. 1, p. 9-19, jan./mar. 2000.
CANDIL, R. F. M.; ARRUDA, E. J. de; ARAKAKI, A. H. Cumbaru (Dipteryx alata
Vog.): uma forma alimentar e de renda à comunidade do assentamento Andalúcia –
Nioaque/MS. Revista Internacional de Desenvolvimento Local, Campo Grande, v. 8, n.
1, mar. 2007.
CONSERVATION INTERNATIONAL. Biodiversity Hostspots, 2004. Disponível em:
http://www.biodiversityhotspots.org/, Acesso em: 10/06/2011.
CORRÊA, G. de C.; NAVES, R. V.; ROCHA, M. R. da; ZICA, L. F. Caracterização física
de frutos de baru (Dipteryx alata Vog.) em três populações nos Cerrados do Estado de
Goiás. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 30, n. 2, p. 5-11, 2000.
CORRÊA, G. C.; NAVES, R. V.; ROCHA, M. R.; CHAVES, L. J.; BORGES, J. D.
Determinações físicas em frutos e sementes de baru (Dipteryx alata vog.), cajuzinho
(Anacardium othonianum rizz.) e pequi (Caryocar brasiliense camb.), visando
58
melhoramento genético. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 24, n. 4, p. 42-47, out./dez.
2008.
CRUZ, C. D. Programa GENES – Aplicativo computacional em genética e estatística.
Viçosa, MG: UFV, 1997. 442p.
CZEDER, L. P. Composição nutricional e qualidade protéica da amêndoa de baru
(Dipteryx alata Vog.) de plantas de três regiões do Cerrado do estado de Goiás. 2009.
54f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos)-Escola de Agronomia
e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2009.
FERREIRA, M. B. Plantas portadoras de substâncias medicamentosas, de uso popular, nos
cerrados de Minas Gerais. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 6, n. 61, p. 19-23,
1980.
FERREIRA, R. A.; BOTELHO, S. A.; DAVID A. C.; MALAVASI, M. M. Caracterização
morfológica de fruto, semente, plântula e muda de Dipteryx alata Vogel - baru
(leguminosae papilionoideae). CERNE, Uberlândia, v. 4, n. 1, p. 73-87, 1998.
GANGA, R. M. D; CHAVES, L. C.; NAVES, R. V. Parâmetros genéticos em progênies
de Hancornia speciosa Gomes do Cerrado. Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 37, n. 84, p.
395-404, 2009.
KAGEYAMA, P. Y. Genetic structure of tropical tree species of Brazil. In: BAWA,
K.S.; HADLEY, M. (Eds.). Reproductive ecology of tropical forest plants. Paris:
UNESCO, 1990. p. 383-392.
KAGEYAMA, P. Y.; CUNHA, G. C.; BARRETO, K. D.; GANDARA, F. B.;
CAMARGO, F. R. A.; SEBBENN, A. M. Diversidade e autocorrelação genética espacial
em populações de Ocotea odorífera (Lauraceae). Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 1. n.
64, p. 108-119, 2003.
KLINK, C. A.; MACHADO, R. B. A conservação do Cerrado brasileiro.
Megadiversidade, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, jul. 2005.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas
arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1998. 352 p.
MELHEM, T. S. Fisiologia do desenvolvimento de Dipteryx alata Vog.: contribuição ao
seu estudo. 1972. 215 f. Dissertação (Tese de Doutorado)-Instituto de Biociências/USP,
São Paulo, 1972.
MELO, D. B. Diversidade molecular e proporção da variabilidade genética
preservada em uma coleção ex situ de germoplasma de barueiro (Dipteryx alata Vog.). 2011. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia,
2011.
MING L. C.; HIDALGO, A. F.; SILVA, M. A. S.; SILVA, S. M. P.; CHAVES, F. C. M.
Espécies Brasileiras com potencial alimentar: Uso atual e desafios. Departamento de
59
Produção Vegetal/Setor Horticultura – Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP,
Botucatu, SP, 2000. 237 p.
MOURA, N. F. Caracterização de frutos e progênies de pequizeiro (Caryocar
brasiliense Camb.) do cerrado. 2011. 134 f. Tese (Doutorado em Agronomia)–Escola de
Agronomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2011.
MYERS, N.; MITTERMEIER, R. A.; MITTERMEIER, C. G.; FONSECA, G. A. B.;
KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, n. 1, p. 853-
858, fev. 2000.
PAIVA, F. F. A.; LEITE, L. A. S.; PESSOA, P. F. A. P.; SOUZA NETO, J.; SÁ, F. T.;
SILVA NETO, R. M.; FERNANDES, A. R. Processamento de castanha de caju. In:
SILVA, C. A. B. da; FERNANDES, A. R. (Ed.). Projetos de empreendimentos
agroindustriais: produtos de origem vegetal. Viçosa: Ed. da UFV, 2003. v. 2, n. 1, p.
171-21.
PERSSONI, L. A. Estratégias de análise da diversidade em germoplasma de cajueiro
(Anacardium ssp. L). 2007. 157 p. Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento) –
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2007.
SANO, S. M.; VIVALDI, L. J. Produção de baru (Dipteryx alata Vog.) no seu habitat. In:
SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE ECOSSISTEMAS FLORESTAIS/FOREST, 4.,
1996, Belo Horizonte, Resumos... Belo Horizonte. 1996. p. 217-18.
SANO, S. M.; VIVALDI, L. J.; SPEHAR, C. R. Diversidade morfológica de frutos e
sementes de baru (Dipteryx alata Vog.). Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.
34, n. 4, p. 513-518, abr. 1999.
SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F.; BRITO, M. A. de. Baru: biologia e uso. Planaltina, DF:
Embrapa Cerrados, 2004. 52 p. (Embrapa Cerrados. Documentos, 116).
SANO, S. M.; SIMON, M. F. Produtividade de baru (Dipteryx alata vog.) em ambientes
modificados, durante 10 anos. In: SIMPÓSIO NACIONAL CERRADO, 9.; SIMPÓSIO
INTERNACIONAL SAVANAS TROPICAIS, 2., 2008, Brasília, DF. Desafios e
estratégias para o equilíbrio entre sociedade, agronegócio e recursos naturais: Anais...
Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2008. 1 CD-ROM. 1 folder
SANO, E. E.; ROSA, R.; BRITO, J. L. S.; FERREIRA, L. G. Land cover mapping of the
tropical savanna region in Brazil. Environ Monit Assess, 166:113–124, 2010a.
SANO, S. M.; BRITO, M. A.; RIBEIRO, J. F. Baru. In: VIEIRA, R. F.; AGOSTINI-
COSTA, T. S.; SILVA, D. B.; FERREIRA, F. R.; SANO. S. M.; (Eds.) Frutas nativas da
região Centro-Oeste do Brasil. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia,
2010b. 322p.
SILVA, J. A.; SILVA, D. B.; JUNQUEIRA, N.T.V.; ANDRADE, L. R. M. 1994. Frutas
nativas dos cerrados. CPAC-Embrapa. 166p.
60
SILVA, R. M.; CHAVES, L. J.; NAVES, R. V. Caracterização de frutos e árvores de
cagaita (Eugenia dysenterica DC.) no sudeste do estado de Goiás, Brasil. Revista
Brasileira de Fruticultura, v. 23, n. 2, p. 330-334, 2001.
TORGGLER, M. G. F. Variação genética entre progênies dentro de procedências de
Eucalyptus saligna Smith. 1987. 198 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia)–Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 1987.
VERA, R.; NAVES, R. V.; NASCIMENTO, J. L. do; CHAVES, L. J.; LENDRO, W. M.;
SOUZA, E. R. B. de. Caracterização física de frutos do pequizeiro (Caryocar brasiliense
Camb.) no Estado de Goiás. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 35, p. 71-79,
2005.
VERA, R.; SOARES JUNIOR, M. S.; NAVES, R. V.; SOUZA, E. R. B.; FERNANDES,
E. P.; CALIARI, M.; LEANDRO, W. M. Características químicas de amêndoas de
barueiros (Dipteryx alata vog.) de ocorrência natural no cerrado do estado de Goiás, Brasil.
Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 31, n. 1, p. 112-118, 2009.
61
4 VARIABILIDADE GENÉTICA ENTRE SUBPOPULAÇÕES E
PROGÊNIES DE BARUEIRO CONDUZIDAS EM TELADO
RESUMO
O estudo da variabilidade genética de caracteres quantitativos é importante para subsidiar
estratégias de conservação, coleta e melhoramento genético de espécies nativas. Este
trabalho objetivou estudar a variabilidade genética entre progênies e entre subpopulações
de barueiro (Dipteryx alata Vog.) provenientes de diferentes regiões no Bioma Cerrado. Os
frutos foram coletados no mês de agosto de 2011, em 25 subpopulações, abrangendo seis
estados. De cada subpopulação foram amostradas seis matrizes, escolhidas aleatoriamente
com coleta de, pelo menos, 25 frutos por matriz. As mudas de barueiro foram produzidas
em condições de telado, com 50% de sombreamento. O delineamento experimental
adotado foi o de blocos completos casualizados, com 150 tratamentos (progênies), cinco
repetições e cinco embalagens por parcela. Em três blocos foram semeados os frutos
intactos, e em duas repetições foram semeadas as sementes provenientes dos frutos que
foram abertos. Foram analisadas sementes e plântulas quanto às suas características de
emergência e desenvolvimento inicial. Adotou-se para o ensaio o modelo hierárquico com
os efeitos de subpopulações e progênies dentro de subpopulações. Houve variação
significativa entre progênies dentro de subpopulações e entre subpopulações para altura
inicial e final, número de folíolos, tamanho total da folha, número de internódios e
comprimento da parte aérea das plântulas. Maior proporção da variabilidade foi observada
entre progênies dentro de subpopulações. A herdabilidade encontrada para a altura final, a
massa fresca e a massa seca da parte aérea indica maior possibilidade de seleção para estes
caracteres.
Palavras-chave: Recursos genéticos, germoplasma, parâmetros genéticos, baru.
GENETIC VARIABILITY AMONG SUBPOPULATIONS AND
PROGENIES OF BARU TREE IN NURSERY ENVIRONMENT
ABSTRACT
The study of genetic variability of quantitative traits is important to support conservation
strategies, collection and breeding of native species. This study investigated the genetic
variability among progenies and among subpopulations of “barueiro” (Dipteryx alata
Vog.) from different regions of the Cerrado Biome. Fruits were collected in August 2011
in 25 subpopulations, covering six states. Of each subpopulation were sampled six matrices
with at least 25 fruits per plant. Seedlings were produced under nursery conditions, with
50% shading. The experimental design was a randomized complete block, with 150
treatments (progeny), five replicates and five packages per plot. In three blocks intact fruit
were sowed, and two replications were sown using botanical seeds (nuts). Seeds and
seedlings were evaluated considering variables of emergence and early development. The
analisys was performed using a hierarchical model with the effects of subpopulations and
progenies within subpopulations. There was significant variation among progeny within
subpopulations and among subpopulations for initial and final height, number of leaves,
total leaf size, number of internodes and root length of seedlings. Greater proportion of
62
variability was observed among progeny within subpopulations. The heritability found for
final height, fresh weight and dry weight indicates greater chance of selection for these
characters.
Key words: Genetic resources, germplasm, genetic parameters, baru.
4.1 INTRODUÇÃO
Uma das maneiras de conhecer uma espécie é estudando a sua diversidade
genética por meio de características fenotípicas e moleculares. A variação entre os
fenótipos em uma população surge das diferenças médias entre os genótipos e da variação
ambiental. As variações de ambiente podem ofuscar as de natureza genética e quanto maior
for a proporção da variabilidade decorrente do ambiente em relação à variabilidade total,
mais difícil será selecionar genótipos de forma efetiva (Paiva & Valois, 2001).
A diversidade genética entre e dentro de populações de uma espécie merece
consideração especial, pois os efeitos das alterações nas freqüências alélicas são refletidos
diretamente sobre os indivíduos que formam a população (Sobierajski, 2004). O estudo da
diversidade visa tornar claras as relações genéticas, quantificar o nível de variabilidade
total existente e sua distribuição ente e/ou dentro de unidades taxonômicas. Este
conhecimento vem proporcionando importantes contribuições ao melhoramento genético,
ao gerenciamento de bancos de germoplasma, à conservação de recursos genéticos e ao
entendimento dos processos evolutivos das espécies (Perssoni, 2007). Assim, a diversidade
genética geralmente tem sido estudada dentro de espécies, medindo tanto as diferenças
entre indivíduos, quanto as diferenças entre populações naturais, que muitas vezes estão
separadas entre si pela perda e fragmentação dos habitats naturais.
Os caracteres quantitativos são aqueles controlados por vários genes e/ou muito
influenciados pelo ambiente (Ramalho et al., 1993). A divergência genética tem sido
avaliada por meio de técnicas biométricas, baseadas na quantificação da heterose, ou por
processos preditivos. Os métodos preditivos de estudo da diversidade genética baseiam-se
em diferenças agronômicas, morfológicas, fisiológicas ou moleculares, quantificando-as
em alguma medida de dissimilaridade que expresse grau de diversidade genética entre os
genótipos. De maneira geral, estudos de diversidade genética são realizados a partir de
informações das medidas de dissimilaridade obtidas de variáveis quantitativas discretas ou
contínuas, dissimilaridades obtidas de variáveis qualitativas binárias e de variáveis
qualitativas multicategóricas (Cruz et al., 2011).
63
O barueiro, devido a sua ampla distribuição geográfica e seu potencial de
mercado é uma das espécies chaves entre as frutíferas do Cerrado que devem ser
priorizadas para estudos de sua variação genética, para possível melhoramento (Junqueira
et al., 2008). Este estudo da variabilidade genética populacional baseado em características
quantitativas é de grande importância para o melhor entendimento da estruturação da
variabilidade genética nas subpopulações da espécie e para nortear futuros programas de
melhoramento via seleção de progênie ou procedência. Parâmetros de diversidade entre
subpopulações são informações importantes na determinação de tamanhos efetivos
populacionais e no número de subpopulações a serem consideradas em programas de
conservação, tanto in situ quanto ex situ (Chaves, 2001).
Dentro deste contexto, o presente trabalho teve como objetivos: avaliar o
desenvolvimento inicial de progênies de barueiro e caracterizar os níveis de variabilidade
genética de caracteres quantitativos do barueiro no Cerrado brasileiro, com a finalidade de
subsidiar estratégias de prospecção, conservação e utilização da variabilidade genética da
espécie.
4.2 MATERIAL E MÉTODOS
Para produção das mudas foram utilizadas sementes de uma coleta realizada no
mês de agosto de 2011, em 25 subpopulações nos Estados de Goiás, Tocantins, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo (Figura 4.2.1). De cada
subpopulação foram escolhidas seis matrizes, amostradas aleatoriamente dentre aquelas
com produção suficiente, para coleta de, pelo menos, 25 frutos não danificados por matriz.
A coleta dos frutos foi realizada respeitando-se seu ponto de maturação
fisiológica, que corresponde ao ponto em que eles se desprendem facilmente dos ramos ou
aqueles que já se encontram no solo sob a copa das plantas. Uma vez colhidos, os frutos
foram acondicionados em embalagens plásticas teladas, tipo bobina, etiquetadas e
identificadas com os dados de procedência e matriz, sendo então transportados para o
Laboratório de Fitotecnia da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás, em
Goiânia. A identificação das subpopulações amostradas foi realizada por meio de suas
coordenadas geográficas médias com o auxílio de um GPS (Tabela 4.2.1 e Figura 4.2.1).
64
Figura 4.2.1 Localização das áreas de coleta das 25 subpopulações de Dipteryx alata Vog.
amostradas no Cerrado.
65
Tabela 4.2.1 Localidades e coordenadas geográficas das 25 subpopulações de Dipteryx
alata Vog. amostradas no Cerrado.
Subpopulação Município – Estado Latitude
(S)
Longitude
(O)
Altitude
(m)
1 Cocalinho – MT 14 09,495' 51 15,004' 246
2 Água Boa – MT 13 50,058' 52 02,325' 292
3 Pirenópolis – GO 16 00,220' 49 01,506' 769
4 Sonora – MS 17 50,337' 54 42,776' 325
5 Alcinópolis – MS 18 15,590' 53 56,202' 407
6 Alvorada – TO 12 26,471' 49 07,329' 302
7 São Miguel do Araguaia –
GO 13 13,772' 50 06,632' 362
8 Luziânia – GO 16 54,719' 50 12,121' 613
9 Icém – SP 20 24,027' 49 14,588' 477
10 Monte Alegre de Minas –
MG 18 58,789' 49 01,394' 725
11 Estrela do Norte – GO 13 49,789' 49 08,394' 398
12 Santa Terezinha – GO 14 31,526' 49 37,244' 584
13 Arinos – MG 15 55,371' 46 07,986' 524
14 Pintópolis – MG 16 04,354' 45 11,215' 517
15 Paraíso – MS 18 58,292' 52 52,922' 672
16 Terenos – MS 20 25,696' 55 03,477' 257
17 Camapuã – MS 19 31,509' 53 56,607' 554
18 Indiara – GO 16 44,108' 48 07,032' 859
19 Barra do Garças – MT 16 06,380' 52 28,932' 316
20 Várzea Grande – MT 16 14,704' 57 32,844' 309
21 Jandaia – GO 17 14,260' 49 57,722' 597
22 Natividade – TO 11 40,538' 47 43,121' 327
23 Arraias – TO 12 56.646' 46 55,846' 721
24 Aquidauana – MS 20 39,167' 55 59,910' 222
25 Cárceres – MT 15 40,722' 56 18,895' 252
As mudas de barueiro foram produzidas em condições de telado, com 50% de
sombreamento, por semeadura direta, em saco de polietileno com 24 cm de altura e 18 cm
de diâmetro, contendo substrato apropriado (mistura de terra, areia e adubo), na Escola de
Agronomia da Universidade Federal de Goiás (EA/UFG), localizada no município de
Goiânia, Goiás, a 16°36’ de latitude Sul, 49°17’ de longitude Oeste e 736 m de altitude. O
delineamento experimental adotado foi o de blocos completos casualizados, com 150
tratamentos (progênies), cinco repetições e cinco recipientes por parcela. Em três blocos
foram enterrados os frutos intactos, para simular as condições de germinação que ocorrem
na natureza. Em duas repetições foram semeadas as sementes botânicas provenientes dos
66
frutos que foram abertos. O baru apresenta, normalmente, alta taxa de germinação (acima
de 90%), sendo que o uso de sementes, ao invés de frutos inteiros, aumenta o percentual e
diminui o tempo de emergência de plântulas (CORRÊA et al., 2000).
Em nov. e dez. de 2011, e jan., fev. e mar. de 2012 as variáveis quantitativas
avaliadas em viveiro foram: a taxa de emergência (PE) e número de dias para emergência
(TE), por observação diária das plantas emergidas; diâmetro do colo (DIA) e a altura das
plântulas (ALT), tomadas 2 medidas quinzenais, 1 mensal e outra com 2 meses a
posteriori, até quatro meses da semeadura; comprimento do folíolo (CFOL) e largura do
folíolo (LFOL), número de folíolos por folha (NFOL), tamanho total da folha (TTFO) e
número de internódios (NINT), sendo medido sempre dois folíolos por folha (o segundo e
seu oposto) e um total de quatro folhas por planta; ao final de quatro meses; comprimento
do sistema radicular (CSRA), comprimento da parte áerea (CPAE), massa fresca do
sistema radicular (MFSR), massa seca do sistema radicular (MSSR), massa fresca da parte
aérea (MFPA) e massa seca da parte aérea (MSPA). Para os caracteres MFSR, MSSR,
MFPA e MSPA foram amostradas de uma a cinco plantas por parcela, dependo da
disponibilidade das mesmas, pois uma parte já havia sido transplantada para o campo para
implantação da coleção de germoplasma.
A porcentagem de emergência (PE) foi estimada pela relação entre o total de
plântulas emergidas e o número total de sementes semeadas por parcela. As variáveis taxa
de crescimendo da altura (TCALT) e taxa de crescimento do diâmetro (TCDIA) foram
calculadas estimando-se um coeficiente de regressão linear da variável original sobre o
tempo, para cada planta, a partir dos dados obtidos de quatro leituras de altura e de
diâmetro basal de cada plântula durante quatro meses (de dezembro/2011 a março/2012).
Foram considerados ainda, a altura inicia/final (ALTI e ALTF) e diâmetro incial/final
(DIAI e DIAF) com os dados tomados na primeira e última leitura realizada em março de
2012.
Os dados de diâmetro basal das plântulas foram tomados com o auxílio de um
paquímetro digital e expressos em mm e os dados de altura com o auxílio de régua
milimetrada e expressos em cm. Os dados morfométricos das folhas também foram
realizados com auxílio de régua milimetrada e expressos em cm. O número de internódios
foi obtido por contagem.
Em uma análise preliminar os dados obtidos das variáveis avaliadas nos blocos
semeados com sementes nuas foram comparados com os dados obtidos dos blocos com
67
frutos inteiros utilizando o teste de t de student. As análises posteriores foram realizadas
considerando-se apenas os blocos com sementes nuas, pelo grande número de falhas e
variação nos dados dos blocos semeados com frutos intactos.
Os dados foram submetidos à estatística descritiva e, posteriormente, à análise
de variância. As análises foram realizadas com base em procedimento genético-estatístico
do software Genes (Cruz, 1997). O modelo utilizado foi o de blocos completos
casualisados com delineamento hierárquico de tratamentos que considera o efeito de
subpopulações e progênies dentro de subpopulações. O modelo utilizado foi:
ijkkijiijk ebpsmY )(
onde:
: observação coletada da variável Y na plântula k da progênie j da
subpopulação i;
: média geral das observações;
is : efeito aleatório da subpopulação i, i = 1, 2,..., S;
: efeito aleatório da progênie j, dentro da subpopulação i, j = 1, 2,..., pi;
kb : efeito de bloco k, k = 1,2,..., B;
: efeito do erro experimental.
Baseando no modelo estatístico mencionado, elaborou-se o esquema de análise
de variância e as esperanças dos quadrados médios (Tabela 4.2.2).
Tabela 4.2.2 Esquema da análise de variância e esperanças dos quadrados médios
conforme o modelo estatístico hierárquico com efeitos de subpopulações e
progênies dentro de subpopulações para caracteres quantitativos de
Dipteryx alata Vog. provenientes de 25 subpopulações do Cerrado.
Fontes de Variação GL QM E(QM)
Blocos B – 1
Subpopulações S – 1 Q1 22
)(Pr
2 122 SubSubo
Progênies (Subpopulações) P – S Q2 2
)(Pr
2 2 Subo
Resíduo (B – 1)(P – 1) Q3 2
Total N – 1
B: número de blocos (B = 2); S: número de subpopulações (S = 25); P: número total de progênies
(P = 150) e N: número total de parcelas (N = 300)
ijkY
m
)(ijp
ijke
68
Para as variáveis do sistema radicular e parte aérea das plantas que foram
avaliadas com os dados obtidos de algumas plantas ao acaso de um bloco com sementes
nuas o esquema de análise de variância desconsiderou o efeito de blocos, como se segue
(Tabela 4.2.3).
Tabela 4.2.3 Esquema da análise de variância e esperanças dos quadrados médios
conforme o modelo estatístico hierárquico com efeitos de subpopulações e
progênies dentro de subpopulações para caracteres quantitativos de
Dipteryx alata Vog. provenientes de 25 subpopulações do Cerrado.
Fontes de Variação GL QM E(QM)
Subpopulações S – 1 Q1 22
)(Pr
2 4633,127182,2 SubSubo
Progênies (Subpopulações) P – S Q2 2
)(Pr
2 4245,2 Subo
Resíduo N – P Q3 2
S: número de subpopulações (S = 25); P: número total de progênies (P = 126) e N: número total de
parcelas (N = 313)
Os componentes de variância foram estimados com base nas esperanças de
quadrados médios e a partir desses componentes foram estimadas a proporção da variância
total que se deve à diferença entre subpopulações (PSub); e a proporção da variância total
que se deve à diferença entre progênies dentro de subpopulações (PPro/Sub). Utilizando os
componentes de variância e admitindo reprodução por alogamia, foi estimado o parâmetro
QST, que mede a diferenciação genética quantitativa entre subpopulações, para cada caráter
avaliado, sendo:
A variância aditiva dentro de subpopulações, admitindo progênies de meios
irmãos, é:
A herdabilidade entre médias de progênies dentro de subpopulações, é:
r
h
subpro
subpro
m 22
)(
2
)(2
ˆˆ
ˆˆ
O coeficiente de variação genética entre progênies dentro de subpopulações, é:
22
2
ˆ2ˆ
ˆ
aSub
SubSTQ
2
)(Pr
2 ˆ4ˆSuboga
69
100.
ˆ
ˆ)(
mCV
subprog
g
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.3.1. Caracterização
As progênies originárias do plantio de sementes nuas apresentaram altos
percentuais de emergência, cujos valores médios entre progênies oscilaram entre 20 e
100%, com o valor médio geral de 93,80%. O tempo para emergência das plântulas variou
de 12 a 27 dias. O percentual e tempo de emergência das plântulas procedentes das
sementes nuas diferiram significativamente das oriundas do plantio do fruto inteiro (Tabela
4.3.1). A média das progênies oriundas do plantio do fruto inteiro para o PE foi de 9,70% e
o TE variou de 26 a 63 dias com média de 43 dias. O presente resultado confirma que o
uso de sementes nuas é uma prática recomendada para o cultivo do barueiro.
Tabela 4.3.1 Teste ‘t’ entre as plântulas oriundas de sementes nuas (S.N.) e frutos
inteiros (F.I.) quanto à porcentagem e tempo de emergência e caracteres
morfológicos das plântulas de Dipteryx alata Vog. provenientes de 25
subpopulações do Cerrado.
PE: Taxa de emergência; TE: Número de dias para emergência; ALTI: Altura das plântulas inicial
(cm); ALT: Altura das plântulas final (cm); TCALT: Taxa de crescimento da altura em mês (cm);
DIAI: Diâmetro do colo inicial (mm); DIAF: Diâmetro do colo final (mm); TCDIA: Taxa de
crescimento do diâmetro (mm); CFOL: Comprimento do folíolo (cm); LFOL: Largura do folíolo
(cm); NFOL: Número de folíolos por folha; TTFO: Tamanho total da folha (cm) e NINT: Número
de internódios.
Os valores médios observados para PE e TE condizem com os constatados na
literatura. Melhem (1972) obteve 96% de germinação para sementes submetidas a um
período de pós-maturação de 60 dias. Oliveira (1998) relata germinação da ordem de 50 a
90% e faixa de variação de 7 a 15 dias para três procedências de baru. Ferreira et al. (1998)
citam PE de 92% em semeadura de sementes sobre substrato, com 4 repetições de 25
sementes. Corrêa et al. (2000) relatam PE que oscilou entre 66,70% e 100%, com o valor
médio geral de 97,02% e TE com valores que variaram de 7 a 21 dias, e média geral de
12,8 dias, com amostragem de 150 plantas oriundas de três regiões distintas de ocorrência
natural do baru. Botezelli et al. (2006), em trabalho com plantas oriundas de quatro
Valores PE TE ALTI ALTF TCALT DIAI DIAF TCDIA CFOL LFOL NFOL TTFO NINT
Média S.N. 93,80 16,14 12,39 13,67 0,785 5,289 5,789 0,509 4,178 2,196 7,792 8,916 3,957
Média F.I. 9,700 41,74 10,17 12,13 0,959 3,990 5,366 0,731 4,546 2,194 7,907 8,966 3,369
p-valor < 0,0001 < 0,0001 < 0,0001 < 0,0001 0,0129 < 0,0001 < 0,0001 < 0.0001 < 0,0001 0,0438 0,2263 0,2265 < 0,0001
70
localidades diferentes do estado de Minas Gerais, relatam porcentagem de germinação de,
88% a 93%, e TE entre o 5º e o 8º dias.
Os valores das variáveis ALTI, ALTF, DIAI, DIAF, TCALT e TCDIA
provenientes do plantio de sementes nuas diferiram significativamente dos valores
encontrados para o plantio de frutos inteiros (Tabela 4.3.1). A diferenciação significativa
para altura e diâmetro deu-se, possivelmente, pela germinação dos frutos inteiros terem
sido tardias. A taxa de crescimento provavelmente diferiu por as plântulas provenientes
dos frutos inteiros estarem em seu período de maior crescimento inicial.
Os resultados corroboram com os dados de Corrêa et al. (2000) que não
constataram problemas quanto à germinação da espécie e confirmou a observação feita por
Melhen (1972), de que as sementes têm germinação maximizada quando submetidas a um
período de pós-maturação de cerca de 60 dias. Botezelli et al. (2006) ainda ressaltam que
as altas porcentagens iniciais de germinação, aliadas à baixa umidade conferem às
sementes de D. alata a característica de um bom potencial para armazenamento.
Os valores médios por subpopulação (Tabela 4.3.2) confirmam as altas taxas
de germinação com as subpopulações 8 (Luziânia, GO), 19 (Barra do Garças, MT) e 25
(Cárceres, MT), com PE de 100%, e a baixa ocilação nos dias de germinação entre as
subpopulações, com o menor valor apresentado pela subpopulação 11 (Estrela do Norte –
GO; TE médio = 15,03) e o maior pela 17 (Camapuã – MS; TE médio = 18,39).
As médias para altura e diâmetro inicial não diferiram muito das médias finais
(Tabela 4.3.2 e Figura 4.3.1), com coeficiente de variação para os valores de ALTF e DIAF
menores que os valores de CV (%) iniciais. Corrêa et al. (2000) estimaram CV (%)
similares para ALTI e DIAI, e também a mesma média para ALTI. As taxas de
crescimento calculadas mensalmente para altura e diâmetro apresentaram um alto
coeficiente de variação e médias baixas (Tabela 4.3.2). Os resultados indicam um
crescimento lento das plantas de barueiro, em viveiro, sendo um comportamento comum
para a maioria das espécies nativas do Cerrado. Evidencia-se, ainda, uma diminuição no
crescimento nos meses em que as chuvas cessaram com o fenômeno do veranico (fevereiro
e março/2012), devido ao possível gasto de reservas nutritivas durante este período e, às
vezes, à morte do ramo apical, justificando o crescimento negativo e diminuição na altura e
diâmetro para algumas plântulas. A presente discussão é também mencionada em outros
trabalhos com o baru (Ferreira et al., 1998) e outras espécies do Cerrado, como a cagaiteira
(Trindade, 2001, Souza et al., 2002) e o pequizeiro (Moura, 2011).
Tabela 4.3.2 Média por subpopulação, valores mínimos, máximos e coeficientes de variação fenotípica (nível de plantas) de dados de
germinação, tempo de emergência e caracteres morfológicos de plântulas de Dipteryx alata Vog. provenientes de 25
subpopulações do Cerrado.
PE: Taxa de emergência; TE: Número de dias para emergência, ALTI: Altura das plântulas inicial (cm); ALT: Altura das plântulas final (cm); TCALT: Taxa de
crescimento da altura em mês (cm); DIAI: Diâmetro do colo inicial (mm), DIAF: Diâmetro do colo final (mm); TCDIA: Taxa de crescimento do diâmetro (mm); CFOL:
Comprimento do folíolo (cm); LFOL: Largura do folíolo (cm); NFOL: Número de folíolos por folha; TTFO: Tamanho total da folha (cm) e NINT: Número de internódios.
Subpopulações PE TE ALTI ALTF TCALT DIAI DIAF TCDIA CFOL LFOL NFOL TTFO NINT
1 78,33 16,40 12,47 13,85 0,820 5,168 5,553 0,388 4,284 2,238 7,866 9,062 3,958
2 95,00 15,59 11,75 13,23 0,866 5,067 5,686 0,517 4,027 2,120 8,100 8,711 4,124
3 90,00 15,50 13,35 15,11 0,926 5,491 5,954 0,449 4,183 2,314 7,878 9,852 4,118
4 88,33 15,75 13,22 14,38 0,632 5,544 6,028 0,420 4,525 2,529 8,056 9,445 3,729
5 93,33 16,06 11,09 12,29 0,729 5,263 5,708 0,520 4,053 2,122 8,379 8,813 3,900
6 95,00 15,75 12,77 14,17 0,866 5,001 5,468 0,431 4,021 2,019 7,510 7,592 4,154
7 93,33 17,18 12,16 13,25 0,585 5,043 5,515 0,488 4,270 2,348 7,919 8,431 3,781
8 100,0 15,54 13,67 15,34 0,968 5,489 6,103 0,680 4,544 2,250 7,819 10,056 4,413
9 83,33 16,12 10,70 11,55 0,564 4,923 5,419 0,473 3,784 2,148 7,327 8,122 3,689
10 98,33 16,73 11,63 13,07 1,001 5,517 5,981 0,546 4,209 2,044 7,117 8,465 4,239
11 98,33 15,03 12,81 14,48 0,920 5,355 5,884 0,613 4,341 2,081 7,932 8,603 3,950
12 90,00 16,06 12,56 13,51 0,571 5,506 5,949 0,443 4,505 2,309 8,081 9,497 3,899
13 98,33 16,25 13,60 14,70 0,734 4,892 5,465 0,496 4,096 2,259 7,274 9,043 3,650
14 86,67 15,63 12,66 13,68 0,712 4,944 5,479 0,543 3,655 1,994 7,441 7,817 3,701
15 95,00 16,59 12,67 13,76 0,677 5,666 5,983 0,455 3,910 2,143 7,578 8,683 3,822
16 95,00 15,93 12,33 13,14 0,516 4,877 5,472 0,499 4,108 2,186 7,638 8,729 3,381
17 98,33 18,39 10,33 11,88 0,856 5,251 5,764 0,473 3,846 2,210 7,297 7,917 3,644
18 98,33 15,64 12,71 14,17 0,794 5,587 6,148 0,577 4,278 2,235 7,892 10,151 4,383
19 100,0 17,05 12,26 13,75 0,812 5,661 6,122 0,442 4,165 2,218 8,518 10,026 3,857
20 96,67 16,21 11,28 12,29 0,596 5,017 5,617 0,539 4,287 2,216 7,619 8,125 3,740
21 95,00 15,71 13,78 14,98 0,736 5,406 5,995 0,573 4,362 2,277 7,663 9,600 4,388
22 91,67 16,20 11,55 12,59 0,713 5,078 5,599 0,554 4,123 2,170 8,418 9,091 4,190
23 93,33 15,80 12,19 13,71 1,219 5,591 5,854 0,478 3,872 2,053 7,546 7,858 3,900
24 93,33 16,34 12,60 14,01 0,968 5,289 5,849 0,589 4,206 2,125 7,834 9,201 4,051
25 100,0 16,31 12,33 13,56 0,778 5,272 5,779 0,518 4,076 2,174 7,726 8,853 3,892
Média 93,80 16,14 12,39 13,67 0,785 5,289 5,789 0,509 4,178 2,196 7,792 8,916 3,957
Mínimo 20,00 12,75 3,950 6,250 -0,344 3,150 3,620 -0,006 1,870 0,740 5,560 3,800 2,000
Máximo 100,0 26,60 18,03 19,20 2,890 6,680 6,878 1,363 6,880 4,800 9,800 16,74 5,800
CV % 13,52 10,18 16,26 14,96 72,38 18,56 12,73 60,78 13,79 17,09 9,88 16,67 16,64
71
Figura 4.3.1 Distribuição de frequências para os caracteres de emergência e crescimento de
mudas de D. alata. TE: Número de dias para emergência, ALTI: Altura das
plântulas inicial (cm), ALT: Altura das plântulas final (cm), TCALT: Taxa de
crescimento da altura em mês (cm), DIAI: Diâmetro do colo inicial (mm),
DIAF: Diâmetro do colo final (mm).
TE
Classes
Frequência
15 20 25
020
60
ALTI
Classes
Frequência
5 10 15 20
020
60
100
ALTF
Classes
Frequência
10 20 30 40 50
050
150
CREA
Classes
Frequência
-0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
040
80
DIAI
Classes
Frequência
3 4 5 6 7
020
60
DIAF
Classes
Frequência
3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0
020
60
100
73
Figura 4.3.2 Distribuição de frequências para os caracteres de crescimento de mudas de D.
alata.TCALT: Taxa de crescimento do diâmetro em mês (cm), CFOL:
Comprimento do folíolo (cm); LFOL: Largura do folíolo (cm); NFOL: Número
de folíolos por folha; TTFO: Tamanho total da folha (cm) e NINT: Número de
internódios.
CRED
Classes
Frequência
0.0 0.5 1.0
010
30
50
CFOL
Classes
Frequência
2 3 4 5 6 7
020
60
100
LFOL
Classes
Frequência
1 2 3 4 5
050
100
NFOL
Classes
Frequência
6 7 8 9 10
020
40
60
TTFO
Classes
Frequência
4 6 8 10 12 14 16
020
60
NINT
Classes
Frequência
2 3 4 5 6
020
60
100
74
As médias da ALTI, ALTF, DIAI e DIAF descritas para as subpopulações
foram bastante parecidas, sendo que as subpopulações 8 (Luziânia, GO), 19 (Barra do
Garças, MT), 21 (Jandaia, GO) e 18 (Indiara, GO) apresentam as maiores médias para
estas variáveis.
O alto CV (%) apresentado para o crescimento mensal da altura e diâmetro é
perceptível entre as subpopulações (Figuras 4.3.1 e 4.3.2), com mínimo na TCALT de
0,516 cm apresentado pela subpopulação 16 e máximo pelas subpopulções 3 (Pirenópolis,
GO), 8 (Luziânia, GO), 10 (Monte Alegre de Minas, MG), 11 (Estrela do Norte, GO), 23
(Arraias, TO) e 24 (Aquidauana, MS). As maiores TCDIA foram apresentadas pelas
subpopulações 8 (Luziânia, GO), 18 (Indiara, GO), 21 (Jandaia, GO) e 24 (Aquidauana,
MS). O melhor desempenho para esse grupo de váriáveis foi apresentado pelas
subpopulações 8 (Luziânia, GO), 11 (Estrela do Norte, GO) e 24 (Aquidauana, MS)
(Tabela 4.3.2).
O comprimento e largura do folíolo obtiveram médias, repectivamente, de
4,178 cm e 2,196 cm, apresentando uma significativa variação entre as progênies, fato
observado nos CV (%) e amplitudes mínimas e máximas (Tabela 4.3.1 e Figura 4.3.2). A
amplitude e média relatada por Ferreira et al. (1998), com estudo de caracterização
morfológica de plântulas e mudas de baru, foram parecidas com a do presente trabalho,
com uma amplitude de variação um pouco maior para o CFOL. Houve diferença
significativa entre as plantas oriundas de sementes nuas e as provenientes de frutos inteiros
(Tabela 4.3.1). A justificativa seria pela maior representação de plântulas provenientes de
sementes nuas, já que as folhas utilizadas para realização das medidas de ambas foram as
segundas que emergiram, já desenvolvidas.
O número de folíolos médios variou de 5 a 10, sendo que obtiveram-se
plântulas com o número de folíolos variando de 2 a 14. O NFOL médio está de acordo com
o encontrado por Ferreira et al. (1998). A média para o tamanho total da folha foi de 8,916
cm, e a amplitude de variação foi parecida com o estudo de Ferreira et al. (1998),
apresentando um alto CV (%) entre as progênies. Assim como esperado, o NFOL e TTFO
oriundos de sementes nuas não diferiram dos provenientes de frutos inteiros, o que se
permite constatar uma padronização na variação dos mesmos (Tabela 4.3.1). As
subpopulações (Tabela 4.3.2) com valores maiores para NFOL e TTFO foram,
respectivamente, as subpopulações 19 (Barra do Garças, MT), 22 (Natividade, TO), 18
(Indiara, GO) e 8 (Luziânia, GO).
75
O número de internódios de acordo com a médias das matrizes variou de 2 a 6,
havendo progênies que apresentaram até 9 internódios (Tabela 4.3.1 e Figura 4.3.2). Houve
diferença significativa para esse caracter entre plântulas provenientes de sementes nuas e
as oriundas de frutos inteiros (Tabela 4.3.1), provavelmente pela germinação tardia das
plantas oriundas de frutos inteiros, apresentando um menor número de internódios.
O coeficiente de variação (CV%) encontrado para os caracteres do sistema
radicular e parte aérea das progênies avaliadas oriundas de sementes nuas foi alto, com
variação de 24,25% (CPAE) até 45,36% (MSSR) (Tabela 4.3.3).
Houve diferença significativa para o comprimento do sistema radicular
(CSRA), a massa fresca da parte aérea (MFPA) e a massa seca da parte aérea (MSPA) a
1% de significância, e o comprimento da parte aérea (CPAE) a 5% de significância, para as
plântulas oriundas de sementes nuas e as de frutos inteiros. Não houve diferença
significativa entre a massa fresca e seca do sistema radicular (MFSR e MSSR), para as
plântulas oriundas de sementes nuas e as de frutos inteiros (Tabela 4.3.4). A diferença no
comprimento do sistema radicular, assim como nas massas seca e fresca da parte aérea
podem ter relação com a capacidade de crescimento e desenvolvimento das progênies
dessa espécie (Oliveira et al., 2006), justificativa reforçado pelo alto valor encontrado para
o CV% e amplitudes de variação desses caracteres (Tabela 4.3.3).
Tabela 4.3.3 Média, valores mínimos e máximos (médios por planta) e coeficientes de
variação fenotípica (CV%) de caracteres avaliados para o sistema
radicular e parte aérea das plântulas oriundas de sementes nuas de
Dipteryx alata Vog. provenientes de 25 subpopulações do Cerrado.
Valores CSRA MFSR CPAE MFPA MSSR MSPA
Média 29,47 4,581 13,23 1,834 3,376 1,201
Mínimo 2,500 0,350 1,500 0,390 0,050 0,270
Máximo 81,50 12,44 25,00 8,390 9,210 2,340
CV % 38,32 43,92 24,25 40,43 45,36 33,52 CSRA: Comprimento do sistema radicular (cm); MFSR: Massa fresca do sistema radicular (g);
CPAE: Comprimento da parte áerea (cm); MFPA: Massa fresca da parte aérea (g); MSSR: Massa
seca do sistema radicular (g) e Massa seca da parte aérea (g).
Comparando as variáveis, CSRA com CPAE, MFSR com MFPA e MSSR com
MSPA, obteve-se diferença significativa (Tabela 4.3.4), demonstrando que o crescimento
do sistema radicular para D. alata é maior que o da parte aérea, pois, como afirmam
Oliveira et al. (2006), um sistema radicular mais desenvolvido, com maiores quantidades,
76
principalmente de raízes finas, pode resultar em uma muda mais vigorosa e com mais
chances de sobrevivência em ambientes com escassez de nutrientes e água. Oliveira et al.
(1998) também observaram nesta fase um maior desenvolvimento da raiz primária,
constituindo-se uma provável estratégia de estabelecimento da espécie em condições
naturais, o uma estratégia da maioria das espécies do Cerrado, a fixação rápida de suas
raízes no solo para atingirem as camadas mais úmidas.
Tabela 4.3.4 Médias de plântulas oriundas de sementes nuas (Média S.N.), médias de
plântulas oriundas de frutos inteiros (Média F.I.) e teste ‘t’ entre as
plântulas oriundas de sementes nuas e frutos inteiros dos caracteres
avaliados para o sistema radicular e parte aérea das plântulas de Dipteryx
alata Vog. provenientes de 25 subpopulações do Cerrado.
Valores CSRA MFSR CPAE MFPA MSSR MSPA
Média S.N. 29,47 4,581 13,23 1,834 3,376 1,201
Média F.I. 26,35 4,810 13,05 2,170 3,480 1,460
p-valor 0,0032 0,2819 0,4431 0,0009 0,1273 < 0,0001
CSRA: Comprimento do sistema radicular (cm); MFSR: Massa fresca do sistema radicular (g);
CPAE: Comprimento da parte áerea (cm); MFPA: Massa fresca da parte aérea (g); MSSR: Massa
seca do sistema radicular (g) e MSPA: Massa seca da parte aérea (g). Teste ‘t’ realizado entre as
plântulas oriundas de sementes nuas.
4.3.2. Análise de variância e estimativas de parâmetros genéticos
A análise de variância dos caracteres ALTI, ALTF, NFOL, TTFL, NINT e
CPAE revelou variação altamente significativa ente subpopulações e progênies dentro de
subpopulações. Houve variação altamente significativa também entre subpopulações para o
caracter TE e entre progênies dentro de subpopulações para o CFOL. Encontrou-se
variação significativa a 5% de probabilidade entre subpopulações para os caracteres:
TCALT, DIAF, CFOL e CSRA; e entre progênies dentro de subpopulações para as
variáveis: TE e CSRA. O resultado da análise de variância indicou não haver diferença
significativa ao nível de 5% de probabilidade entre subpopulações para as variáveis: DIAI,
TCDIA, LFOL, MFSR, MFPA, MSSR e MSPA; e entre progênies dentro de
subpopulações para os caracteres: TCALT, DIAI, DIAF, TCDIA, LFOL, MFSR, MFPA,
MSSR e MSPA (Tabela 4.3.5 e Tabela 4.3.6).
Tabela 4.3.5 Análise de variância de 12 caracteres avaliados de plântulas de Dipteryx alata Vog. provenientes de 25 subpopulações do Cerrado.
TE: Número de dias para emergência; ALTI: Altura das plântulas inicial (cm); ALT: Altura das plântulas final (cm); TCALT: Taxa de crescimento da altura em mês (cm);
DIAI: Diâmetro do colo inicial (mm); DIAF: Diâmetro do colo final (mm); TCDIA: Taxa de crescimento do diâmetro (mm); CFOL: Comprimento do folíolo (cm), LFOL:
Largura do folíolo (cm); NFOL: número de folíolos por folha; TTFO: Tamanho total da folha (cm) e NINT: número de internódios. NS: não significativo; * e
**Significativo a 5% e a 1% de probabilidade pelo teste F, respectivamente. P: Proporção da variância total que se deve à diferença entre subpopulações; PPro(sub):
Proporção da variância total que se deve à diferença entre progênies dentro de uma mesma subpopulação; QST: Diferenciação genética quantitativa entre subpopulações.
σ2A: Variância aditiva dentro de subpopulações; h
2m: Herdabilidade entre médias de progênies dentro de subpopulações e CVg: Coeficiente de variação genética entre
progênies dentro de subpopulações.
1 9,5123 8,1906 10,913 30,948 5,4918 1,2109 15,189 0,2017 0,0002 35,859 5,2536 3,9147
24 5,5751** 10,192** 12,154** 0,3286* 0,7615** 1,1327** 0,0549 0,7985* 0,1673 1,6173** 7,1712** 0,8618**
125 2,8071* 4,5110** 5,0042** 0,2283 0,4086** 0,4334** 0,0456 0,3427** 0,1458 0,5143** 2,1648** 0,4898**
149 2,1039 2,6570 2,1734 0,1978 0,1900 0,1605 0,0429 0,2485 0,1333 0,2572 1,4262 0,2941
3,4973 5,6923 6,8091* 0,5233* 0,3353 0,2444 0,0589 0,2152 0,0881 0,1513 1,4993 0,7013
1,5328 4,3334 9,7222** 0,5012* 0,5138* 0,7029** 0,0538 0,1185 0,0574 0,2235 0,8014 0,8507
2,6491 6,7586* 9,8893** 0,1366 0,1828 0,1960 0,0883 0,6945* 0,2670 0,9980** 3,5449* 0,6743*
2,6380 4,9702 7,4325** 0,1902 0,4127 0,4115* 0,0567 0,1486 0,2459 0,3457 0,7585 0,7613
0,5958 6,2474* 6,7162* 0,3395 1,1997* 1,1055** 0,0379 0,3221 0,0591 0,3807 3,0602 0,5659*
0,9492 14,225 9,2916** 0,3194 0,2931 0,3757* 0,0155 0,8020** 0,1518 0,6670* 2,2332 0,4948**
3,6282 2,2542 3,2490 0,0327 0,3984 0,5485** 0,0374 0,1890 0,4763** 0,3422 0,5975 0,3312
0,5928 0,9389 1,2633 0,1338 0,1856 0,1419 0,0340 0,0891 0,0351 0,9061** 1,7375 0,1173
7,2907** 4,9987 3,8581 0,1010 0,6957** 0,5137** 0,0387 0,8439 0,9996** 0,5532 3,1138 0,3776
1,2395 4,6839 5,5009* 0,3918 0,4633* 0,1863 0,0837 0,0599 0,0354 0,2894 0,0994 0,2908
1,1595 6,8418* 4,8384 0,8685** 0,0938 0,1846 0,0205 1,0919** 0,0653 0,2849 1,5167 0,9793*
2,8180 4,1798 7,4574** 0,0971 0,5398* 0,9162** 0,0882 0,1280 0,0323 0,4841 0,8874 0,3528
1,2372 4,4284 3,6834 0,0835 0,4684* 0,6488** 0,0421 0,2734 0,0449 0,0649 0,9458 0,4084
7,7179** 1,0799 1,9221 0,2168 0,5734* 1,2224** 0,0303 0,1933 0,0110 1,5134** 2,5772 0,2862
2,1723 7.9753* 8,8873** 0,0705 0,9784** 0,6973** 0,0412 0,3780 0,0684 0,3144 2,8250 0,6500*
0,5230 4,5310 4,6185 0,0248 0,3395 0,2479 0,0556 0,4658 0,2822 0,5934* 4,8810** 0,1310
9,9368** 1,1812 1,7464 0,0639 0,4675* 0,2218 0,099* 0,1290 0,0645 1,1961** 1,8423 2,0615
1,8868 0,9324 3,1643 0,2413 0,2240 0,2120 0,0033 0,4133 0,0813 0,2155 7,7944** 0,1274
3,4252 5,6640 3,5998 0,2704 0,2969 0,5258** 0,0111 0,2807 0,0467 0,6575* 4,237 0,2104
3,0168 5,0617 4,2775 0,0874 0,1873 0,2935 0,0452 0,6855* 0,2076 0,4384 2,8438 0,3829
0,4123 6,6881* 7,8759** 0,2597 0,2634 0,3136 0,0359 0,3441 0,1432 0,4292 0,5109 0,2587*
2,3219 3,4197 3,0531 0,1075 0,1710 0,1789 0,0205 0,1029 0,0202 0,3512 0,9024 0,7222
1,1832 1,5128 3,0346 0,3405 0,2822 0,1324 0,0490 0,1802 0,0836 0,6750* 2,2032 0,2605
3,7856 4,0233 2,6880 0,0925 0,4601* 0,4511* 0,0301 0,1747 0,0399 0,1470 1,1132 0,0556
3,9668 0,1520 0,5353 0,2129 0,1878 0,1631 0,0635 0,2440 0,0381 0,6344* 1,5935 0,1928
Média Geral 16,139 12,385 13,666 0,7825 4,8673 5,3936 0,5089 4,1778 2,1959 7,7918 8,9159 12,385
Cve% 8,9873 13,161 10,809 56,841 14,886 7,4295 40,701 11,933 16,627 6,5088 13,395 13,161
P % 39,633 33,808 29,935 35,405 22,223 30,212 36,470 44,640 22,280 41,6920 53,045 24,058
P Pro(Sub) % 60,367 66,192 70,065 64,595 77,777 69,788 63,530 55,360 77,720 58,308 46,955 75,942
Q ST 0,0758 0,0600 0,0506 0,0641 0,0344 0,0513 0,0669 0,0915 0,0345 0,082 0,1237 0,0380
σ2
A 1,4064 3,7080 5,6018 0,0610 0,4200 0,5390 0,0054 0,1884 0,0250 0,5142 1,4772 0,3914
h2
m 0,2505 0,4109 0,5621 0,1335 0,5250 0,6267 0,0592 0,2748 0,0857 0,4999 0,3411 0,3995
CVg (%) 3,6740 7,7739 8,6593 15,7815 6,6574 6,8059 7,2199 5,1947 3,6002 4,6014 6,8159 2,5256
6
5
18
7
8
9
10
11
12
13
14
15
TTFO
1
2
3
4
TCALT NINT
Blocos
Subpopulações
Progênies (Subpopulações)
Resíduo
DIAI DIAF TCDIA CFOL LFOL NFOLFontes de Variação GL TE ALTI ALTF
19
23
24
16
17
25
20
21
22
77
77
Este resultado que demonstra a existência significativa de variabilidade
genética tanto entre quanto dentro de subpopulações para alguns caracteres na espécie
D. alata (Tabela 4.3.5) é indicativo da possibilidade de uso desses caracteres, se
agronomicamente importantes, em trabalhos de seleção.
Corrêa et al. (2000) não encontraram variação significativa entre progênies,
para TE tanto entre quanto dentro de regiões (subpopulações). No entanto, os mesmos
autores constataram variação tanto entre quanto dentro de regiões (subpopulações) para
as variáveis de altura e diâmetro. Siqueira et al. (1993) e Oliveira (1998) relatam que a
variação entre progênies de baru reduz-se à medida que estas avançam em idade,
comportamento válido tanto para altura como para diâmetro das plantas. Oliveira et al.
(2006) também encontraram variações significativas entre as progênies quanto ao
comprimento total de raízes. Estes autores ainda ressaltam que essa variação do sistema
radicular pode ter relação com a capacidade de crescimento e desenvolvimento das
progênies dessa espécie.
O baru apresenta naturalmente uma tendência de estruturação espacial em
subpopulações, em razão, principalmente, dos tipos de dispersão de semente
predominantes na espécie, barocórica e zoocórica (Sano et al., 2004). O tipo de
dispersão associado à ação antrópica de redução do número de indivíduos não
aparentados na população e o vetor responsável pelo fluxo de pólen entre plantas ser
basicamente constituído por abelha, permite supor que estes fatores podem estar
atuando na formação de grupos distintos dessa espécie arbórea e ter contribuído para a
ocorrência das diferenças não significativas entre as progênies dentro de subpopulações
(Oliveira & Sigrist, 2008; Soares et al. 2008). Ainda, segundo Gomes (2011), por
possuir origens com ampla distribuição geográfica no Brasil, é esperado que em D.
alata ocorram diferenças genéticas significativas entre subpopulações, uma vez que
nestas áreas há a possibilidade de existência de variações clinais ou ecotípicas, tendo
assim grande importância em projetos de conservação genética.
De toda a variação observada, a maior parte deve-se à própria variação fenotípica
existente entre as progênies dentro de subpopulações, conforme se pode notar nos
valores estimados nas proporções de variação para cada caráter, respondendo desde
51,13% do DIAI até 78,00% na variância da LFOL. O restante corresponde à variância
entre subpopulações (Tabelas 4.3.5 e 4.3.6). Corrêa et al. (2000) também encontraram a
mesma estruturação da variabilidade genética em barueiro, assim como outros autores
que trabalharam com arbóreas do Cerrado: Aguiar (2004), Fernandes (2008), Ganga et
78
al. (2009). Corrêa et al. (2000) relatam ainda que essa maior variabilidade entre
progênies dentro de subpopulações é indicativo que as plantas do barueiro apresentam-
se de forma mais ou menos contínua, cujas distâncias geográficas não foram acentuadas
por extensos desmatamentos, tendo-se em vista a convivência, de certo modo pacífica,
do baru com o modelo de exploração econômica praticado nas regiões amostradas.
Tabela 4.3.6. Análise de variância de 3 caracteres do sistema radicular e 3 variáveis da
parte aérea, de plântulas de Dipteryx alata Vog. provenientes de 25
subpopulações do Cerrado.
CSRA: Comprimento do sistema radicular (cm); MFSR: Massa fresca do sistema radicular (g);
CPAE: Comprimento da parte áerea (cm); MFPA: Massa fresca da parte aérea (g); MSSR:
Massa seca do sistema radicular (g) e MSPA: Massa seca da parte aérea (g). NS: não
significativo; * e **Significativo a 5% e a 1% de probabilidade pelo teste F, respectivamente. P:
Proporção da variância total que se deve à diferença entre subpopulações; PPro(sub): Proporção da
variância total que se deve à diferença entre progênies dentro de uma mesma subpopulação;
QST: diferenciação genética quantitativa entre subpopulações. s2
A: Variância aditiva dentro de
subpopulações; h2m: Herdabilidade entre médias de progênies dentro de subpopulações e CVg:
Coeficiente de variação genética entre progênies dentro de subpopulações.
Os valores de QST (diferença genética quantitativa entre regiões) encontrados
para as variáveis em estudo foram relativamente baixos (Tabela 4.3.5 e Tabela 4.3.6),
demonstrando que o grau de diferenciação fenotípica entre as subpopulações é pequeno,
corroborando com a baixa variabilidade detectada entre as subpopulações. Moura
(2011) encontrou valores de QST altos para TE e DIAF, mas a maior proporção da
variabilidade relatada pela autora foi entre regiões (subpopulações).
Foi observado um alto coeficiente de variação experimental para as
variáveis TCALT e TCDIA quando comparadas aos outros caracteres (Tabela 4.3.5).
Essa alta heterogeneidade no crescimento provavelmente é devido à baixa média destes
caracteres. Porém, uma maior regularidade dos CVe% foi observada para os outros
caracteres, o que pode ser atribuído à facilidade de obtenção das medidas quantitativas
CSRA MFSR CPAE MFPA MSSR MSPA
24 178,4* 3,919NS
21,61** 0,515NS
2,256NS
0,172NS
101 161,8* 5,279NS
12,34** 1,338NS
3,221NS
0,248NS
187 102,5 3,399 7,719 0,657 1,882 0,114
P Sub % 5,150 12,34 28,04 19,05 12,30 9,880
P Pro(Sub) % 94,85 87,66 71,96 80,95 87,70 90,12
Q ST 0,005 -0,015 0,04 -0,025 -0,015 -0,011
s2
A118,6 3,76 9,242 1,362 2,678 0,268
h2
m0,366 0,356 0,374 0,508 0,415 0,54
CVg (%) 43,96 7,828 12,272 4,711 6,606 2,089
Fontes de Variação GLQuadrados Médios
Subpopulações
Progênie (Subpopulações)
Resíduo
79
destes caracteres, já que podem ser obtidos diretamente sobre os indivíduos avaliados,
aumentando a precisão e exatidão dos dados coletados (Gomes, 2011).
Os valores observados para as estimativas de herdabilidade em nível de
médias de matrizes dentro de subpopulações variaram de 0,05 (DIAI) a 0,56 (ALTF). A
herdabilidade é uma propriedade que depende de cada caráter, da população e das
circunstâncias de ambiente às quais as progênies estão sujeitas (Falconer, 1987).
Valores baixos de herdabilidade indicam a necessidade de emprego de métodos de
seleção com maior controle ambiental, por exemplo, aumentando o número de
repetições. Ressalta-se que as estimativas obtidas provêm de apenas duas repetições,
correspondentes aos blocos semeados com sementes nuas. A herdabilidade encontrada
para os caracteres ALTF, MFPA e MSPA (Tabela 4.3.5) indica uma maior possibilidade
de seleção para estas variáveis.
A presença de variabilidade genética pode ser confirmada e quantificada
pelo coeficiente de variação genética, que expressa a magnitude da variação genética
em relação à média do caráter (Resende et al., 1991). Os maiores valores de coeficiente
de variação genética em nível de progênies dentro de subpopulações foram observados
para a TCALT, CSRA e CPAE (Tabela 4.3.5), o que indica que essas variáveis
apresentam um maior potencial para ganhos genéticos por seleção.
4.4 CONCLUSÕES
A germinação é alta, e o tempo para emergência é menor para sementes nuas do
que frutos intactos de baru.
O tempo de emergência, altura, número de folíolos, tamanho da folha e número
de internódios variam entre subpopulações e progênies de baru, indicando
possibilidade de uso destes caracteres para seleção de material superior.
A maior variabilidade genética encontra-se entre progênies dentro de
subpopulações para todos os caracteres de desenvolvimento inicial.
Caracteres relacionados ao desenvolvimento inicial em altura possuem bom
potencial para seleção entre progênies.
80
4.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, A. V. Emprego de parâmetros moleculares e quantitativos na
conservação e melhoramento de Eugenia dysenterica DC. 2004. 186p. Tese
(Doutorado em Agronomia: Genética e Melhoramento de Plantas)-Escola de
Agronomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2004.
BOTEZELLI, L.; DAVIDE, A. C. e MALAVASI, M. M. Características dos frutos e
sementes de quatro procedências de Dipteryx alata Vogel (Baru). Cerne, Lavras, v. 6, n.
1, p. 9-15, 2006.
CHAVES, L. J. Melhoramento e conservação de espécies frutíferas do cerrado.
CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS, 1., 2001.
Goiânia. Anais... Goiânia: Sociedade Brasileira de Melhoramento de Plantas, 2001. 7p.
1 CD-ROOM.
CORRÊA, G. C.; ROCHA, M. R.; NAVES, R. V. Germinação de sementes e
emergência de plântulas de Baru (Dipteryx alata Vog.) nos Cerrados do Estado de
Goiás. Pesquisa Agropecuária de tropical, Goiânia, v. 30, n. 2, p. 17-23, jul./dez.
2000.
CRUZ, C. D. Programa GENES – Aplicativo computacional em genética e
estatística. Viçosa, MG: UFV, 1997. 442p.
CRUZ, C. D.; FERREIRA, F. M.; PESSONI, L. A. Biometria aplicada ao estudo da
diversidade genética. Visconde do Rio Branco, MG: Suprema, 2011, 620p.
FALCONER, D. S. Introdução à genética quantitativa. Viçosa, MG: Imprensa
Universitária, 1987. 279 p.
FERNANDES, R. C. Diversidade e estrutura genética em populações naturais de
pequizeiro (Caryocar brasiliense Camb.) no norte de Minas Gerais. 2008. 65 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal)–Universidade Federal de Lavras.
Lavras. 2008.
FERREIRA, R. A.; BOTELHO, S. A.; DAVID A. C.; MALAVASI, M. M.
Caracterização morfológica de fruto, semente, plântula e muda de Dipteryx alata Vogel
- baru (leguminosae papilionoideae). CERNE, Uberlândia, v. 4, n. 1, p. 73-87, 1998.
GANGA, R. M. D; CHAVES, L. C.; NAVES, R. V. Parâmetros genéticos em
progênies de Hancornia speciosa Gomes do Cerrado. Scientia Forestalis, Piracicaba,
v. 37, n. 84, p. 395-404, 2009.
GOMES, J. E. Variabilidade genética e correlações juvenil - adulto de baru
(Dipteryx alata Vog.) no município de Brasilândia – MG. 2001. 101 f. Tese
(Doutorado em Genética e Melhoramento de Plantas)-Universidade Estadual de
Campinas, Faculdade de Ciências Agronômica, Botucatu, 2011.
81
JUNQUEIRA, N. T. V.; FALEIRO, F. G.; BRAGA, M. F; PEIXOTO, J. R..
Domesticação de espécies da flora nativa do Cerrado. In: Lucília Maria Parron et al..
(Org.). Cerrado: Desafios e oportunidades para o desenvolvimento sustentável. 1ª ed.
Brasília: Embrapa Cerrados, 2008, v. 1, p. 125-163.
MELHEM, T. S. Fisiologia do desenvolvimento de Dipteryx alata Vog.: contribuição
ao seu estudo. 1972. 215 f. Dissertação (Tese de Doutorado)-Instituto de
Biociências/USP, São Paulo, 1972.
MOURA, N. F. Caracterização de frutos e progênies de pequizeiro (Caryocar
brasiliense Camb.) do cerrado. 2011. 134 f. Tese (Doutorado em Agronomia)–Escola
de Agronomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2011.
OLIVEIRA, A. N. Variabilidade genética entre e dentro de procedências de baru
(Dipteryx alata Vog.). 1998. 80 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal)-
Universidade Federal de Lavras, Lavras, 1998.
OLIVEIRA, A.N.; SILVA, A.C. da.; ROSADO, S.C. da. S.; RODRIGUES, E.A.C.
Variações genéticas para características do sistema radicular de mudas de baru
(Dipteryx alata Vog.). revista Árvore, Viçosa, v. 30, n. 6, p. 905-909, 2006.
OLIVEIRA, M. I. B.; SIGRIST, M. R. Fenologia reprodutiva, polinização e reprodução
de
Dipteryx alata Vogel. (Leguminosae-Papilionoideae) em Mato Grosso do Sul, Brasil.
Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 195-207, 2008.
PAIVA, J. R.; VALOIS, A. C. C. Conservação in situ de espécies arbóreas. In.: NASS,
L. L.; VALOIS, A. C. C.; MELO, I. S.; VALADRES-INGLIS, M. C. (Eds.) Recursos
genéticos e melhoramento de plantas. Rondonópolis: Fundação-MT, 2001, p.79-99.
RAMALHO, M. A. P.; SANTOS, J. B.; ZIMMERMANN, M. J. O. Genética
Quantitativa em plantas autógamas - Aplicações ao melhoramento do feijoeiro. Goiânia: Editora da UFG, 1993.
RESENDE, M. D. V.; SOUZA, S. M.; HIGA, A. R.; STEIN, P. P. Estudo da variação
genética e métodos de seleção em teste de progênies de Acácia mearnsii no Rio Grande
do Sul. Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n. 22/23, p. 45-59, 1991.
SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F.; BRITO, M. A. de. Baru: biologia e uso. Planaltina:
Embrapa Cerrados, 2004. 52 p. (Embrapa Cerrados. Documentos, 116).
SIQUEIRA, A. C. M. F.; NOGUEIRA, J. C. B.; KAGEYAMA, P. Y. Conservação dos
recursos genéticos ex situ do curmbaru (Dipteryx alata Vog. - Leguminosae). Revista
do Instituto Florestal de São Paulo, São Paulo, v.5, n.2, p.231·243, 1993.
SOARES, T. N.; CHAVES, L. J.; TELLES, M. P. C.; DINIZ-FILHO, J. A. F.; RESENDE,
L. V. (2008) Landscape conservation genetics of Dipteryx alata (“Baru” tree: Fabaceae)
From Cerrado region of central Brazil. Genetica, The Netherlands, v. 132, p. 9-19.
82
SOUZA, E. R. B.; NAVES, R. V.; CARNEIRO, I. F. LEANDRO, W. M.; BORGES, J.
D. Crescimento e sobrevivência de mudas de cagaiteira (Eugenia dysenterica dc) nas
condições do cerrado. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal - SP, v. 24, n. 2,
p. 491-495, agosto 2002.
TRINDADE, M. da G. Estrutura Genética de Populações Naturais de Cagaiteira
(Eugenia dysenterica DC) do Nordeste de Goiás, Brasil. 2001. 99 f. Dissertação
(Mestrado em Genética e Melhoramento de Plantas)-Escola de Agronomia,
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2001.