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INSTITUTOS LACTEC
MARCELO BARCIK
CARACTERIZAÇÃO DO MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA COM ÍMÃ
PERMANENTE UTILIZADO NA LINHA AUTOMOTIVA
CURITIBA
2017
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MARCELO BARCIK
CARACTERIZAÇÃO DO MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA COM ÍMÃ
PERMANENTE UTILIZADO NA LINHA AUTOMOTIVA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento de Tecnologia, Área de Concentração em Tecnologia dos Materiais, do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, em parceria com o Instituto de Engenharia do Paraná, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento de Tecnologia.
Orientador: Prof. Dr. Edemir Luiz Kowalski
CURITIBA
3
5
Dedico este trabalho a meu pai, Osman, que não está mais entre nós,
pelo menos fisicamente, a minha mãe Halina, à minha querida esposa
Adriana e aos meus filhos Rodrigo e Gabrielle que sempre acreditaram em
mim, sempre estiveram ao meu lado e sempre me apoiaram em minhas
escolhas e no caminho que decidi seguir.
6
AGRADECIMENTOS
A Deus, minha esposa e filhos, meus pais e irmãos que sempre me incentivaram e
entenderam minhas ausências.
Ao meu orientador Prof. Dr. Edemir Luiz Kowalski pela orientação e compreensão
durante os momentos difíceis ao longo da dissertação.
Aos colegas Ubirajara Zoccolli, Roberto Candido e Walter Denis Cruz Sanchez que
me ajudaram e incentivaram sempre que pensei em desistir.
Ao Colegiado do curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento de Tecnologia,
LACTE / IEP, pela dedicação e ensinamentos relevantes durante todos os dias de
sábado, integralmente.
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR pela estrutura e apoio
concedidos para a realização da pesquisa.
E a todos que de alguma forma contribuíram para conclusão desse trabalho.
7
Quando eu tinha cinco anos, minha mãe sempre me disse que
a felicidade era a chave para a vida. Quando eu fui para a
escola, me perguntaram o que eu queria ser quando
crescesse. Eu escrevi “feliz”. Eles me disseram que eu não
entendi a pergunta e eu lhes disse que eles não entendiam a
vida.
John Lennon
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RESUMO
Uma das aplicações de motores de corrente contínua com ímã permanente é em sistemas de ventilação e equilíbrio térmico usado pela indústria automobilística, em função da facilidade de se ter uma fonte de corrente contínua, proveniente das baterias e por serem máquinas compactas, utilizando pouco espaço. Esses sistemas basicamente trabalham na refrigeração do motor de um automóvel, realizando a ventilação do radiador, bem como, na refrigeração interna do veículo o qual movimenta o ventilador do sistema de ar condicionado. Este trabalho apresenta um estudo dos efeitos causados por uma modificação construtiva na espessura do ímã permanente utilizado por esses motores, reduzindo assim o volume total do ímã e conjuntamente aumentando o entreferro, distância entre estator e rotor, da máquina. Buscou-se estudar e avaliar quais os impactos relativos às especificações do fabricante o qual foi considerado como motor padrão, em relação aos motores que foram modificados. No decorrer do estudo trabalhou-se com duas amostras diferentes dos motores modificados. Com o desenvolvimento dos ensaios foi possível coletar dados para quantificar parâmetros do circuito elétrico, magnético e mecânico do motor, concluindo assim a proposta deste trabalho e finalizando a metodologia de estudo. Observou-se que em relação ao motor padrão, tem-se um aumento de velocidade com a redução da espessura do ímã permanente, o que pode representar uma vantagem em sistemas de ventilação forçada, bem como a redução de massa do motor. O resultado deste trabalho poderá ajudar na tomada de decisões com relação à possibilidade da modificação do motor de corrente contínua, conforme interesses do fabricante e de seus clientes, bem como adotado como um modelo de roteiro de testes em motores c.c. para alunos.
Palavras-chave: Motor de corrente contínua com ímã permanente. Parâmetros do motor. Motor do sistema de ventilação de veículos. Testes em motores c.c.
9
ABSTRACT
One of the application of direct current motors with permanent magnets is at ventilation systems and thermal equilibrium used in automotive industries due the easiness of having a direct current source from batteries and using little space because they are compact machines. These systems basically work cooling the engine of a car by performing a ventilation on the radiator as well as in the internal vehicle cooling, which is responsible for moving the air conditioning system. This research presents the analyzes of the effects caused by a constructive change at the permanent magnet thickness used by these direct current motors with permanent magnets reducing the total magnet volume increasing the air gap, the distance between the stator and the rotor, of the machine. It was considered to study and evaluate which impacts relative to the manufacture’s specifications and which was considered as an engine standard in relation to the modified engines. During the study, two modified samples were used. Developing the tests, it was possible to collect the electric circuit, magnetic and mechanical data of the motor, thus concluding a proposal in this research and laboring a study methodology. It was observed that in relation with the standard motor it has an increase of speed with the reduction of the permanent magnet thickness, representing an advantage on forced ventilation systems as well as the motor weight. The results can help in making decisions regarding the possibility of modifying the continuous mechanism maintenance according to the manufacturer and client’s interests, as well as being adopted as a script template about direct current motors for students.
Key-words: Direct current motor with permanent magnets, engine parameters, vehicle ventilation system motor, direct current motors test.
10
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - EXEMPLOS DE MOTORES c.c. COM ÍMÃ PERMANENTE ................. 25
FIGURA 2 – DETALHE DOS ACABAMENTOS NOS MOTORES ............................ 25
FIGURA 3 - POSICIONAMENTO DOS MÓDULOS DE ARREFECIMENTO NOS
AUTOMÓVEIS ....................................................................................... 26
FIGURA 4 – MOTORES c.c. PRESENTES EM UM AUTOMÓVEL .......................... 31
FIGURA 5 – EVOLUÇÃO DA GEOMETRIA DO MOTOR c.c. EM FUNÇÂO DO ÍMÃ
............................................................................................................... 32
FIGURA 6 - FORÇA SOBRE O CONDUTOR QUE CONDUZ UMA CORRENTE EM
UM CAMPO MAGNÉTICO PERPENDICULAR ..................................... 41
FIGURA 7 – CONDUTOR PERCORRIDO POR UMA CORRENTE ......................... 42
FIGURA 8 - CONDUTOR SE MOVIMENTANDO EM UM CAMPO MAGNÉTICO .... 43
FIGURA 9 - SÍMBOLOS USADOS PARA REPRESENTAR A MÁQUINA c.c. .......... 44
FIGURA 10 - DIAGRAMA DA MÁQUINA c.c. COM EXCITAÇÃO INDEPENDENTE
(MOTOR) ............................................................................................... 45
FIGURA 11 - DIAGRAMA DA MÁQUINA c.c. COM EXCITAÇÃO DERIVAÇÃO
(MOTOR) ............................................................................................... 46
FIGURA 12 - DIAGRAMA DA MÁQUINA c.c. COM EXCITAÇÃO SÉRIE (MOTOR) 47
FIGURA 13 - DIAGRAMA DA MÁQUINA c.c. COM EXCITAÇÃO COMPOSTA
(MOTOR) ............................................................................................... 47
FIGURA 14 - CONSTRUÇÃO DO MOTOR c.c. DE COMUTADOR E ÍMÃ
PERMANENTE ...................................................................................... 48
FIGURA 15 - PARTES DO ROTOR DO MOTOR c.c. DE COMUTADOR E ÍMÃ
PERMANENTE ...................................................................................... 50
FIGURA 16 - SECÃO TRANSVERSAL DE UM MOTOR TÍPICO COM ÍMÃ
PERMANENTE ...................................................................................... 51
FIGURA 17 - ESTRUTURA DA CARCAÇA E POLOS DO MOTOR CCIP ............... 52
FIGURA 18 - ESTATOR DO MOTOR CCIP EM DETALHES (DESMONTADO) ...... 53
FIGURA 19 - CURVA DE MAGNETIZAÇÃO DE UM MATERIAL
FERROMAGNÉTICO ............................................................................. 54
FIGURA 20 - DETALHE DA ESCOVA ALOJADA EM SEU SUPORTE .................... 55
FIGURA 21 - DIAGRAMA ELÉTRICO DA MALHA DO MOTOR c.c ......................... 56
11
FIGURA 22 - TENSÕES RETIFICADAS DE BOBINA E TENSÃO RESULTANTE
ENTRE ESCOVAS ................................................................................ 58
FIGURA 23 - DIAGRAMA DE FLUXO DE POTÊNCIA DO MOTOR c.c. .................. 67
FIGURA 24 - CURVAS CARACTERÍSTICAS DE UM MOTOR CC COM
COMUTADOR E ÍMÃ PERMANENTE ................................................... 68
FIGURA 25 - (a) DEFINIÇÕES DAS DIMENSÕES DO MOTOR (b) CIRCUITO
MAGNÉTICO EQUIVALENTE APROXIMADO ...................................... 70
FIGURA 26 - DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DO MOTOR c.c. - PARTE MECÂNICA 72
FIGURA 27 - MOVIMENTO DE UMA MASSA “M” DEVIDO À AÇÃO DE FORÇAS . 74
FIGURA 28 - CÁLCULO DA INÉRCIA DE UM CILINDRO SÓLIDO ......................... 75
FIGURA 29 – (a) ALAVANCA COM PIVÔ (b) TORQUE DE SUSTENTAÇÃO PARA
A ALAVANCA ........................................................................................ 76
FIGURA 30 - TORQUE EM UM MOTOR ELÉTRICO ............................................... 77
FIGURA 31 – AMOSTRAS DE MOTORES CCIP ..................................................... 78
FIGURA 32 – CONJUNTOS DE SEGMENTOS DE ÍMÃS DO MOTOR ................... 79
FIGURA 33 – EXEMPLOS DE SEGMENTOS DE ÍMÃ EM FORMA DE ARCO ........ 80
FIGURA 34 – FONTE DE CORRENTE CONTÍNUA ................................................. 80
FIGURA 35 – MEDIDOR DE VELOCIDADE - TACÔMETRO ................................... 81
FIGURA 36 – PONTE LRC PORTÁTIL ..................................................................... 81
FIGURA 37 – MULTÍMETROS DIGITAIS – MARCA ICEL ........................................ 82
FIGURA 38 – BANCADA DE TESTES ...................................................................... 83
FIGURA 39 – DETALHE DA BANCADA DE TESTES .............................................. 83
FIGURA 40 – WATTÍMETRO DIGITAL ..................................................................... 84
FIGURA 41 – DETALHES DE EQUIPAMENTOS ..................................................... 84
FIGURA 42 – DETALHES DA PREPARAÇÃO DOS PROTÓTIPOS – FASE 1 ........ 87
FIGURA 43 – DETALHES DA PREPARAÇÃO DOS PROTÓTIPOS – FASE 2 ........ 88
FIGURA 44 – DETALHES DA PREPARAÇÃO DOS PROTÓTIPOS – FASE 3 ........ 88
FIGURA 45 - DIAGRAMA DE ENSAIO A VAZIO ..................................................... 89
FIGURA 46 – DIAGRAMA DE ENSAIO COM ROTOR BLOQUEADO ..................... 90
FIGURA 47 – CIRCUITO RL SÉRIE ......................................................................... 93
FIGURA 48 – REPRESENTAÇÃO DO ROTOR E EIXO - CILINDRO MACIÇO ....... 94
FIGURA 49 – ESQUEMA DE CONEXÃO PARA MEDIR A VELOCIDADE .............. 95
FIGURA 50 – CURVAS FUNCIONAIS DO MOTOR c.c. COM ÍMÃ PERMANENTE 96
FIGURA 51 – RESULTADOS COEFICIENTES DO ATRITO .................................. 112
12
FIGURA 52 – RESULTADOS DA INDUTÂNCIA DO MOTOR ................................ 113
13
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA A VAZIO ........................................... 98
TABELA 2 – RESISTÊNCIA DA ARMADURA .......................................................... 99
TABELA 3 – AÇÃO GERADORA PARA MOTOR PADRÃO, w = 8 mm ................. 101
TABELA 4 – AÇÃO GERADORA PARA MOTOR, w = 6 mm ................................. 101
TABELA 5 – AÇÃO GERADORA PARA MOTOR, w = 5 mm ................................. 102
TABELA 6 - CÁLCULO DO RENDIMENTO PARA MOTOR, w = 8 mm .................. 104
TABELA 7 - CÁLCULO DO RENDIMENTO PARA MOTOR, w = 6 mm .................. 105
TABELA 8 - CÁLCULO DO RENDIMENTO PARA MOTOR, w = 5 mm .................. 105
TABELA 9 – DETERMINAÇÃO DO TORQUE, MOTOR w = 8 mm ........................ 109
TABELA 10 – DETERMINAÇÃO DO TORQUE, MOTOR w = 6 mm ...................... 109
TABELA 11 – DETERMINAÇÃO DO TORQUE, MOTOR w = 5 mm ...................... 110
TABELA 12 – COMPARATIVO COM VALORES MÁXIMOS DOS MOTORES ...... 126
14
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – RELAÇÃO DA RESISTÊNCIA - MOTOR PADRÃO ......................... 100
GRÁFICO 2 – COMPARATIVO DA VELOCIDADE NO MOTOR ............................ 103
GRÁFICO 3 – COMPARATIVO DA TENSÃO GERADA NO MOTOR .................... 103
GRÁFICO 4 – COMPARAÇÃO DO RENDIMENTO A VAZIO PARA O MOTOR .... 106
GRÁFICO 7 – DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DO MOTOR, w = 8 mm ......... 107
GRÁFICO 8 – DETERMINAÇÂO DA CONSTANTE DO MOTOR, w = 6 mm ......... 107
GRÁFICO 9 – DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DO MOTOR, w = 5 mm ......... 108
GRÁFICO 10 – RELAÇÃO DO TORQUE COM A VELOCIDADE, w = 8 mm ......... 110
GRÁFICO 11 – RELAÇÃO DO TORQUE COM A VELOCIDADE, w = 6 mm ......... 111
GRÁFICO 12 – RELAÇÃO DO TORQUE COM A VELOCIDADE, w = 5 mm ......... 111
GRÁFICO 13 – VARIAÇÃO DA CORRENTE X ESPESSURA DO ÍMÃ .................. 114
GRÁFICO 14 – VARIAÇÃO DA VELOCIDADE X ESPESSURA DO ÍMÃ ............... 115
GRÁFICO 15 – VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA X ESPESSURA DO ÍMÃ .............. 116
GRÁFICO 16 – VARIAÇÂO DA INDUTÂNCIA X ESPESSURA DO ÍMÃ ................ 117
GRÁFICO 17 – VARIAÇÃO DA CONSTANTE Ke X ESPESSURA DO ÍMÃ .......... 118
GRÁFICO 18 – VARIAÇÃO MOMENTO DE INÉRCIA X ESPESSURA DO ÍMÃ .... 119
GRÁFICO 19 – VARIAÇÃO ATRITO VISCOSO X ESPESSURA DO ÍMÃ ............. 120
GRÁFICO 20 – VARIAÇÃO ATRITO SECO X ESPESSURA DO ÌMÃ ................... 120
GRÁFICO 21 – CURVA POTÊNCIA E RENDIMENTO PARA MOTOR, w = 8 mm 122
GRÁFICO 22 – CURVA CORRENTE E ROTAÇÃO PARA MOTOR, w = 8 mm ..... 122
GRÁFICO 23 – CURVA POTÊNCIA E RENDIMENTO PARA MOTOR, w = 6 mm 123
GRÁFICO 24 – CURVA CORRENTE E ROTAÇÃO PARA MOTOR, w = 6 mm ..... 124
GRÁFICO 25 – CURVA POTÊNCIA E RENDIMENTO PARA MOTOR, w = 5 mm 125
GRÁFICO 26 – CURVA CORRENTE E ROTAÇÃO PARA MOTOR, w = 5 mm ..... 125
15
LISTA DE SIGLAS
c.a. - Corrente Alternada
CBMM - Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração
c.c. - Corrente Contínua
CCIP - Corrente Contínua de Ímã Permanente
EMBRAPI - Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial
f.c.e.m. - Força Contra Eletromotriz
f.e.m. - Força Eletromotriz
f.m.m. - Força Magnetomotriz
HV - Heating and Ventilation
HVAC - Heating, Ventilation and Air Conditioning
IPT - Instituto de Tecnologia de São Paulo
RL - Resistência e Indutor
rpm - Rotações por Minuto
SI - Sistema Internacional
UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná
16
LISTA DE SÍMBOLOS
B - densidade de fluxo magnético
Bmáx - densidade de fluxo magnético máxima
Bres - densidade de fluxo magnético residual
E - força contra eletromotriz
F - força
∑ - somatório de números
η - rendimento
ω - velocidade angular
n - velocidade
Ra - resistência de armadura
Ke - constante da força contra eletromotriz
KT - constante do torque
V - tensão elétrica
I - corrente elétrica
H - intensidade de campo magnético
Hc - intensidade de campo coercivo
Hg - intensidade de campo magnético no entreferro
Hm - intensidade de campo magnético no material
l - comprimento do condutor
w - espessura do ímã permanente
β - coeficiente de atrito viscoso
17
ψ - coeficiente de atrito seco
L - indutância da armadura
α - ângulo entre densidade de fluxo e comprimento do condutor
e - força eletromotriz induzida, instantânea
𝓋 - velocidade
q - carga elétrica
Φ - fluxo magnético
dia
dt - derivada da corrente em relação ao tempo
N -número de condutores na armadura
a - número de pares de caminhos paralelos de corrente na armadura
p - número de pares de pólos
Φg - fluxo magnético útil no entreferro
CE - constante do enrolamento de armadura
C - número de segmentos do comutador
Nc - número de espiras por bobina da armadura
Rw - resistência do enrolamento da armadura
RB/C - resistência de contato das escovas com o comutador
RB - resistência das escovas
RC - resistência das lâminas do comutador
σ - condutividade elétrica do enrolamento
Sa - seção transversal do condutor
PH - perdas por histerese
18
PF - perdas por correntes parasitas
Kh - constante do material
x - expoente de Steinmetz
f - freqüência do sinal
Kf - constante relativa ao material condutivo
Li - comprimento efetivo da armadura
D - diâmetro da armadura
To - torque a vazio
Ts - torque com rotor bloqueado
Td - torque disponível
Iao - corrente a vazio
Iash - corrente com rotor bloqueado
g - espessura do entreferro
tm - espessura do ímã permanente
J - momento polar de inércia
M - massa
r - raio
ρ - densidade do material
dω
dt - derivada da velocidade angular em relação ao tempo
Z - impedância
a - aceleração
XL - reatância indutiva
19
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 23
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ........................................................ 23
1.2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 26
1.3 OBJETIVOS DO TRABALHO ..................................................................... 27
1.3.1 Objetivo geral ............................................................................................. 27
1.3.2 Objetivos específicos .................................................................................. 28
1.4 METODOLOGIA ......................................................................................... 28
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ............................................................. 29
2 TRABALHOS CORRELATOS ................................................................... 30
2.1 AS MÁQUINAS DE ÍMÃS PERMANENTES ............................................... 30
2.2 ÍMÃS PERMANENTES .............................................................................. 34
2.3 SEGMENTO EDUCACIONAL .................................................................... 35
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 38
3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 38
3.2 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE FUNCIONAMENTO ....................................... 40
3.2.1 Força eletromagnética ................................................................................ 40
3.2.2 Força eletromotriz induzida (f. e.m.) ............................................................ 42
3.3 CLASSIFICAÇÃO DAS MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA ............ 43
3.3.1 Representação esquemática ...................................................................... 43
3.3.2 Tipos de classificação ................................................................................ 44
3.4 ASPECTOS CONSTRUTIVOS ................................................................... 48
20
3.4.1 Partes do rotor ............................................................................................ 49
3.4.2 Partes do estator ........................................................................................ 51
3.5 EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS DO MOTOR c.c. A ÍMÃ PERMANENTE .. 55
3.5.1 Tensão nos terminais ................................................................................. 56
3.5.2 Força contra eletromotriz no enrolamento da armadura ............................. 57
3.5.3 Torque eletromagnético .............................................................................. 58
3.5.4 Resistência de armadura ............................................................................ 59
3.5.5 Equação fundamental da velocidade do motor cc ...................................... 61
3.5.6 Potência mecânica desenvolvida pela armadura ....................................... 62
3.5.7 Rendimento ................................................................................................ 64
3.5.8 Corrente de partida ..................................................................................... 68
3.6 EQUAÇÕES DO CIRCUITO MAGNÉTICO DO MOTOR ........................... 69
3.6.1 Densidade de fluxo magnético no entreferro .............................................. 69
3.7 EQUAÇÕES DO SISTEMA MECÂNICO DO MOTOR ............................... 71
3.7.1 Atrito ........................................................................................................... 73
3.7.2 Momento polar de inércia ........................................................................... 74
3.7.3 Sistema rotativo .......................................................................................... 76
4 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS .............................................................. 78
5 MÉTODOS ................................................................................................. 86
5.1 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS ............................................................. 86
5.2 CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA EM VÁZIO .............................................. 89
5.3 DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE ARMADURA - Ra ..................... 89
5.4 DETERMINAÇÃO DA DE FORÇA CONTRA ELETROMOTRIZ - E ........... 90
21
5.5 DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DA TENSÃO GERADA E TORQUE 91
5.6 DETERMINAÇÃO DA INDUTÂNCIA DA ARMADURA - L ......................... 92
5.7 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE ATRITO VISCOSO E SECO ... 93
5.8 DETERMINAÇÃO DO MOMENTO POLAR DE INÉRCIA – J ..................... 94
5.9 DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DO MOTOR .................................... 94
5.10 CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PARÂMETROS DAS CURVAS .. 95
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................... 98
6.1 AVALIAÇÃO DA CARACTERIZAÇÃO A VÁZIO ........................................ 98
6.2 CÁLCULOS PARA DETERMINAR A RESISTÊNCIA DE ARMADURA ..... 98
6.3 AVALIAÇÃO DA VELOCIDADE E TENSÃO GERADA ............................ 100
6.4 AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO A VAZIO ............................................... 104
6.5 DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DO MOTOR - Ke............................ 106
6.6 CÁLCULO DE COEFICIENTE DE ATRITO VISCOSO e SECO .............. 108
6.7 CÁLCULO DO MOMENTO DE INÉRCIA DO MOTOR ............................ 112
6.8 CÁLCULO DA INDUTÂNCIA DE ARMADURA DO MOTOR .................... 113
7 COMPARAÇÃO DE DADOS E ANÁLISE DE RESULTADOS ................. 114
7.1 OPERAÇÃO DOS MOTORES A VAZIO .................................................. 114
7.2 AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE ARMADURA ................................... 115
7.3 AVALIAÇÃO DA INDUTÂNCIA DE ARMADURA ..................................... 116
7.4 AVALIAÇÃO DA CONSTANTE DA TENSÃO GERADA .......................... 117
7.5 AVALIAÇÃO DAS CONSTANTES MECÂNICAS ..................................... 118
7.5.1 Momento de Inércia .................................................................................. 118
7.5.2 Coeficiente de atrito viscoso ..................................................................... 119
22
7.5.3 Coeficiente de atrito seco ......................................................................... 120
7.6 AVALIAÇÃO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DO MOTOR c.c. ....... 121
7.6.1 Curvas do motor com espessura de ímã em 8 mm .................................. 121
7.6.2 Curvas do motor com espessura de ímã em 6 mm .................................. 123
7.6.3 Curvas do motor com espessura de ímã em 5 mm .................................. 124
7.7 RESUMO - COMPARAÇÃO DE DADOS DOS MOTORES ..................... 126
8 CONCLUSÕES E PROPOSTAS PARA FUTUROS TRABALHOS ......... 127
8.1 CONCLUSÕES ........................................................................................ 127
8.2 PROPOSTAS PARA FUTUROS TRABALHOS ........................................ 128
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 130
APÊNDICE 1 – COLETA DE DADOS PARA CURVAS CARACTERISTICAS ...... 134
23
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO
A máquina de corrente contínua é o mais tradicional conversor rotativo de
energia elétrica, tendo atingido as características essenciais já no último quarto do
século XIX (BIM; EDSON, 2009).
As máquinas girantes conhecidas trabalham em regime c.a. (corrente
alternada) ou c.c. (corrente contínua). Para Fitzgerald (2006) as máquinas c.c.
possuem grande versatilidade na sua forma de ligação, assim isso proporciona
diferentes características no que diz respeito à tensão versus corrente ou velocidade
pelo torque aplicado ao eixo. As duas possíveis formas de operação das máquinas
c.c. são trabalhando como gerador ou motor. A primeira utiliza de uma máquina
primária para obtenção de torque e dessa forma a energia mecânica é transformada
em energia elétrica. Para a segunda opção a máquina c.c. é alimentada por uma
fonte de corrente contínua que energiza os enrolamentos do rotor e juntamente com
o fluxo magnético promove torque no eixo da máquina, e assim é caracterizada a
transformação de energia elétrica em mecânica.
Del Toro (1999) ressalta que um motor c.c. tem como característica
semelhante ao de um gerador c.c., porém com fluxo de potência invertido, dessa
forma transforma energia elétrica em energia mecânica.
Uma derivação das máquinas c.c. são os motores c.c. de campo magnético
fixo ou motores c.c. de ímã permanente, que de acordo com Fitzgerald (2006) são
utilizados em sistemas de baixa potência devido às limitações do campo magnético
fixo.
Embora ocorra a perda da possibilidade do controle de fluxo, o emprego de imãs permanentes resulta em máquinas elétricas menores, mais leves e mais eficientes. Nos motores comerciais de imãs permanentes e de aplicação geral utilizam-se ímãs de materiais cerâmicos, chamados ferrites. Os ímãs de terras-raras, especialmente ligas de samário com cobalto (SaCo) e as neodímio-ferro-borro (NdFeB), têm sido os preferidos nos motores de alto desempenho ou em motores que precisam ser compactados e leves. (BIM, 2009, p. 164).
24
Para Gieras (2010) os motores c.c. de ímãs permanentes são largamente
encontrados na indústria automobilística em módulos de arrefecimento automotivos,
sendo parte integrante dos coolings e blowers.
Os blowers são encontrados nos sistemas chamados de HV (heating and
ventilation) e HVAC (heating, ventilation and air conditioning). O primeiro sistema
tem como características básicas prover aquecimento e ventilação, enquanto o
segundo, além das duas funções mencionadas, possui como recurso o ar
condicionado (BROSE DO BRASIL, 2014).
O aquecimento tem como função manter a temperatura interna do veículo de
acordo com as necessidades do usuário. Por outro lado, a ventilação deve manter a
circulação de ar constante dentro do automóvel, promovendo a saída do dióxido de
carbono e facilitando a entrada do oxigênio; um ambiente sem ventilação facilita a
propagação de doenças ou até mesmo o desenvolvimento de alergias. Finalmente,
com o incremento do ar condicionado é possível aferir os controles de temperatura e
ventilação de forma mais eficaz (FÁBRICA DO PROJETO, 2016).
Já os coolings, por sua vez, são encontrados nos sistemas de radiadores, os
quais são responsáveis pela manutenção da temperatura dos motores dos
automóveis (BROSE DO BRASIL, 2014).
Nessas aplicações, os motores c.c. com ímã permanente possuem na sua
estrutura básica composta por um eixo, pacote de lâminas, nas quais serão
bobinados condutores de cobre, coletor, escovas, carcaça e ímãs (GIERAS, JACK
F., 2010).
A partir da composição de todos esses elementos, os mesmos passam por
um processo de montagem, em uma linha de produção, para formação do motor
final. Na (FIGURA 1) mostram-se exemplos de motores em fase final de construção,
totalmente fechamos e prontos para uso.
25
FIGURA 1 - EXEMPLOS DE MOTORES c.c. COM ÍMÃ PERMANENTE
FONTE: Johnson Electric (2014)
Concluída a primeira etapa de montagem, os motores são envoltos por uma
carcaça plástica e posteriormente é fixada uma ventoinha no eixo, dando origem ao
blower ou cooling. Na (FIGURA 2) se podem visualizar os acabamentos finais com
as carcaças plásticas.
FIGURA 2 – DETALHE DOS ACABAMENTOS NOS MOTORES
FONTE: Adaptado de Brose do Brasil (2014)
Terminados os procedimentos anteriores os coolings e blowers são
acoplados nos módulos de arrefecimento, que por sua vez, são integrados ao
processo de montagem dos automóveis nas montadoras.
Tem-se que na (FIGURA 3) a seguir ilustra a posição do blower e do cooling
nos automóveis.
26
FIGURA 3 - POSICIONAMENTO DOS MÓDULOS DE ARREFECIMENTO NOS AUTOMÓVEIS
FONTE: Adaptado de Brose do Brasil (2014)
Em função do discutido nos parágrafos anteriores e devido ao grande
emprego desses motores em diversos segmentos do mercado, pretende-se com
este trabalho realizar uma alteração construtiva em um motor c.c. utilizado no
sistema de arrefecimento automotivo, reduzindo a espessura do material magnético
(ímã) e avaliar o seu funcionamento quando comparado a um motor de ímã
permanente produzido pela indústria automobilística dentro de um determinado
padrão construtivo. Com este cenário pretende-se fazer uma comparação da
influência dessa espessura do ímã permanente, sendo essa uma variável
magnética, provocando alterações em variáveis elétricas dos motores, tais como:
corrente de armadura, potência e torque.
1.2 JUSTIFICATIVA
Um dos principais objetivos da cadeia de suprimentos, inclusive
automobilística, é continuamente reduzir custos em todo o processo de fabricação.
Isto pode ocorrer através de melhorias no processo de fabricação, aprimoramento
no funcionamento logístico e por meio de modificações no produto manufaturado,
entre outros. Segundo Spence (1984), em muitos mercados, as empresas
concorrem ao longo do tempo, gastando recursos com o objetivo de reduzir os seus
27
custos. Às vezes, os investimentos de redução de custos operam diretamente sobre
os custos. Em outros casos, eles tomam a forma de desenvolvimento de novos
produtos que proporcionam o que os clientes precisam de forma mais barata.
Portanto, o desenvolvimento do produto pode ter o mesmo efeito final que a redução
de custos diretos.
Apesar de este fenômeno acontecer durante o desenvolvimento do produto,
muitas vezes ao longo do período de produção, os engenheiros buscam potenciais
de redução de custos em produção corrente. Neste caso, acontecem as
modificações para fins de redução de custos.
Neste contexto, verificando-se o atual potencial para avaliação de redução
de custos na modificação da espessura do ímã permanente estatórico dos motores
utilizados nos sistemas de resfriamentos, houve a idealização inicial para a
realização deste trabalho. Vale mencionar que esta modificação no produto, se
aplicada para a redução da massa de ímã permanente, não só apresenta um
potencial de reduções de custo de material na fabricação do motor propriamente
dito, mas também um potencial de melhoria no processo de fabricação, permitindo
uma produção mais eficiente, com a manipulação de peças menores. Já no caso de
demanda do cliente para a modificação do produto, a redução de custos se encontra
na não necessidade de um novo projeto para um novo produto, na qual gera uma
economia tanto para o cliente quanto para o fabricante.
1.3 OBJETIVOS DO TRABALHO
1.3.1 Objetivo geral
Alterar e avaliar construtivamente um motor c.c. utilizado em sistemas de
resfriamento automotivos, variando a espessura do ímã permanente usado em seu
estator, a fim de se obter um motor com características diferentes em relação a
aspectos elétricos e mecânicos, conseguindo assim um estudo detalhado dos efeitos
de tais modificações no seu funcionamento, possibilitando a tomada de decisão da
empresa em modificá-lo de acordo com sua necessidade.
28
1.3.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos que compreendem o estudo do presente trabalho
são:
Avaliar e analisar o funcionamento e aspectos teóricos de um motor de corrente
contínua utilizando-se de ímã permanente;
Avaliar e analisar o comportamento das estruturas de ímã permanente
disponíveis em nosso mercado, levantando as principais propriedades e
parâmetros típicos destes materiais;
Construir os protótipos com duas espessuras de ímã permanente, ou seja, dois
protótipos para estudos práticos;
Testar os protótipos de acordo com suas especificações utilizando como base o
motor padrão fabricados e os protótipos que receberão as modificações;
Avaliar o comportamento dos protótipos quando submetidos aos testes;
Analisar e comparar os dados coletados desenvolvendo uma análise sobre os
motores utilizados, com características diferentes na espessura do ímã
permanente.
Estabelecer uma metodologia de testes práticos para que alunos do curso de
engenharia elétrica utilizem como base de estudo.
1.4 METODOLOGIA
A primeira parte do trabalho se refere a fundamentação teórica a respeito de
motores de corrente contínua com ímã permanente, bem como, ímãs permanentes e
suas aplicações na eletroeletrônica. Para isso, desenvolve-se estudos em artigos,
normas, livros e trabalhos prévios (teses, dissertações, monografias) e revisados
conceitos vistos em algumas matérias durante o curso, que tratam desses assuntos.
Concluída a primeira etapa iniciou-se a fase de aquisição dos dados e testes
realizados nos motores de corrente contínua. Foram considerados três motores a
serem testados. Um primeiro motor chamado de padrão, como sendo o modelo atual
utilizado pela indústria automobilística, adquirido junto a um fabricante e o segundo,
29
bem como, terceiro motor em estudo foram os protótipos modificados, considerando
a sua montagem com espessura de ímã permanente diferente do padrão. Foram
realizados os ensaios, no motor considerado padrão, levantamento de variáveis,
como: corrente de armadura, potência e torque do motor. Posteriormente os mesmo
testes foram aplicados nos motores modificados, considerados em estudo.
Na fase final realizou-se a análise dos resultados de forma comparativa,
entre o modelo padrão e os protótipos. Com os resultados coletados poder-se-á
levantar algumas conclusões importantes referentes ao comportamento desses
motores. Essa fase tem destaque no trabalho, pois foi baseada nela que tornou-se
possível avaliar as mudanças ocorridas no estator da máquina de corrente contínua
e mudanças funcionais desse modelo de motor.
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
O trabalho é estruturado em oito principais capítulos, como descrito na
seqüência.
No Capítulo 1 é apresentada a introdução com a proposta desenvolvida, os
objetivos do trabalho, o método de pesquisa e os motivos para se aplicar esta
modificação de produto. No Capítulo 2 e 3 é feita uma apresentação de alguns
trabalhos e uma revisão bibliográfica, da teoria dos motores de corrente contínua e
ímã permanente. Também é mostrada a estrutura do motor estudado e suas
principais características. No Capítulo 4 são apresentados materiais e
equipamentos, os principais equipamentos utilizados para teste e aferimento das
características dos motores. Por sua vez, no Capítulo 5 são apresentados os
métodos, desenvolvimento dos protótipos os cálculos teóricos, e os procedimentos,
roteiro de ensaios. No Capítulo 6 será desenvolvido os testes e coletar-se-á os
resultados dos mesmos. No Capítulo 7 será reservado a análise dos resultados de
forma comparativa entre a máquina padrão e os protótipos e finalmente no Capítulo
8 são elencadas as conclusões e sugestões para a implementação da modificação
do produto na empresa, bem como, idéias para futuros trabalhos.
30
2 TRABALHOS CORRELATOS
2.1 AS MÁQUINAS DE ÍMÃS PERMANENTES
Cerca de 30 % energia gerada no Brasil é consumida por motores elétricos.
Diante deste cenário, um estudo detalhado a respeito da operação dessas máquinas
surge com grande relevância (BEN, 2010).
Segundo Elosegui (2007), a utilização das máquinas c.c. de ímãs
permanentes estão aumentando exponencialmente devido à redução significativa no
custo dos materiais magnéticos e à descoberta de novos materiais com melhores
características, como o neodímio, o alnico e o samário-cobalto. No segmento de
geração síncrona de energia elétrica, a excitação por intermédio de ímãs
permanentes tem sido usada em substituição à excitação em corrente contínua,
através de escovas, com o propósito de redução de custos, redução da manutenção
e aumento da vida útil dos geradores.
Para Weg (2016), fabricante de aerogeradores, essas máquinas possuem
controle ativo do ângulo de passo das pás e rotação variável do rotor, com um
gerador síncrono de ímãs permanentes acoplamento direto com o rotor, sem
multiplicador de velocidades, gerando uma potência nominal de até 2.100 kW e
prevendo-se uma vida útil de 20 anos.
De acordo com Neves e Luca (2009) o grande diferencial do uso dos ímãs
permanentes dentro do rotor, se refere a ausência da gaiola de alumínio ou cobre
portanto não ocorre a indução de corrente e conseqüente geração do fluxo
eletromagnético pelo rotor, em seu trabalho observou-se com isso um aquecimento
do motor muito inferior à construção tradicional. Com essa configuração foi possível
obter-se rendimentos entre 95 % e 97 % variando de acordo com o tipo da carcaça.
Isso indica que as perdas neste tipo de motor não ultrapassam aproximadamente
5% do total de energia absorvida da rede, assim economizando-se energia.
Estas características também se verificam, com grande evidência, na
indústria automobilística. O número de motores comutadores c.c. com ímã
31
permanente auxiliares utilizados pode variar de poucos em carros mais populares,
até uma centena em carros de luxo, para aplicações como por exemplo: trava
elétrica, levantador do vidro elétrico, ajuste do espelho retrovisor, ajuste da
inclinação dos bancos, direção assistida, freios ABS, entre outros (GIERAS, JACK
F., 2010).
Na (FIGURA 4) pode-se observar alguns exemplos de aplicações de
motores c.c. de ímã permanente em um automóvel.
FIGURA 4 – MOTORES c.c. PRESENTES EM UM AUTOMÓVEL
FONTE: Adaptado de Gieras, Jack F.;(2010)
Para Fitzgerald (2006), a falta do enrolamento de campo quando substituído
por um ímã permanente, resulta em uma construção mais simples. Para essas
aplicações os ímãs permanentes oferecem uma série de benefícios úteis. A principal
é que os ímãs não necessitam de excitação externa nem dissipam a potência
correspondente para criar campos magnéticos na máquina. O espaço necessário
para os ímãs permanentes pode ser inferior ao exigido pelos enrolamentos de
campo e, assim, as máquinas de ímãs permanentes podem ser menores e, em
alguns casos de custo inferior ao de seus similares com excitação externa.
32
A (FIGURA 5) mostra a evolução de um estator do motor c.c. de ímã
permanente, com dois pólos de potência comparável, em função da escolha do
material magnético, sua influência na geometria e tamanho relativo da estrutura. Da
esquerda para direita tem-se uma estrutura com uso de eletroímã, na seqüência a
utilização dos alnicos, passando pelos ferrites anisotrópicos e finalmente as terras
raras tornado-os menores e mais compactos.
FIGURA 5 – EVOLUÇÃO DA GEOMETRIA DO MOTOR c.c. EM FUNÇÂO DO ÍMÃ
FONTE: Strant,T.K.,(1990)
Dependendo da escolha dos ímãs permanentes, tem-se comportamentos
diferentes no desempenho do motor. Na tentativa de otimizar o projeto do motor, a
seleção do material magnético tem o maior impacto sobre o desempenho do motor,
tamanho e custo (KLEIN; KENYON,1984).
Portanto os motores a imã permanente apresentam algumas vantagens
sobre outros motores: são compactos e de elevada relação potência por volume,
além de elevado rendimento, fácil controle de velocidade, robustez, maior prazo e
menor custo de manutenção, confiabilidade mais elevada, ruído reduzido,
eliminação da ionização do comutador e a redução de interferência eletromagnética.
(TEIXEIRA; FERNANDO H. P.,2006)
Diante deste cenário, o motor a ímã permanente se apresenta com um
grande potencial para ser utilizado em várias aplicações como: acionamento de
sistemas de refrigeração, periféricos de computador, veículos elétricos, máquinas
industriais, servo motores, discos rígidos de computadores, aplicações especiais na
aeronáutica, circulação artificial em bombas de sangue e até mesmo em
33
eletrodomésticos. Conforme exposto, um estudo detalhado sobre essa máquina
apresenta grande relevância (NEVES; ANA B. et al., 2012).
Uma das mais recentes aplicações que a academia e a indústria
automobilística tem pesquisado são os motores de tração veicular aplicados aos
veículos elétricos e híbridos (WIDMER; JAMES D., et al., 2015).
Segundo este autor, existem três tipos principais de motores de alto
desempenho: (i) sem ímãs permanentes, (ii) com ímãs de ferrite de estrôncio (iii)
com ímãs de terras raras. Todas as três soluções são possíveis. Os motores dos
veículos da montadora Tesla Motors não usam ímãs permanentes, porém existem
ímãs de terras raras nos motores da maioria dos carros elétricos, como o Nissan
Leaf e BMW i3, e em carros híbridos como o Toyota Prius e Chevy Volt.
Lana et al. (2013), em seu trabalho realizou uma comparação entre a
utilização de um motor síncrono a ímã permanente com o tradicional motor de
indução trifásico utilizando a gaiola no rotor. Os resultados para aplicação em
veículos elétricos, do ponto de vista da resposta a variações do torque de carga e
variações de velocidade o motor síncrono de ímã permanente se mostrou como a
melhor opção.
Para Weg (2016) os ímãs no rotor garantem uma grande redução nas
perdas elétricas e conseqüentemente asseguram uma menor elevação de
temperatura do motor. Comparado a um motor de indução equivalente, o volume é
reduzido em aproximadamente 47 %, resultando em uma alta relação de
torque/volume e uma redução de 36 % no peso. Para uma mesma relação de
torque/potência, diminuindo-se o tamanho da carcaça, o sistema de resfriamento
também é reduzido. Desta forma, é verificado um significativo decréscimo no nível
de ruído causado pelo ventilador acoplado ao eixo do motor.
Zeraoulia et al. (2005) definem várias configurações para motores de ímã
permanente utilizados em automóveis. Dependendo do arranjo dos ímãs
permanentes eles podem ser classificados como, ímãs montados sobre a superfície
e ímãs enterrados em uma estrutura. Os ímãs de superfície utilizam menos
quantidade de material, enquanto com a montagem enterrada obtém-se maior
densidade de fluxo presente no entreferro. Outra configuração é o motor híbrido o
34
qual utilizada uma combinação de material magnético e enrolamento de campo,
conjuntamente essa característica fornece uma ampla gama de velocidades e maior
eficiência global.
2.2 ÍMÃS PERMANENTES
Como os motores com ímãs permanentes tem suas características
fortemente afetadas por esse material, observa-se algumas evoluções no mercado e
pesquisa sobre este assunto.
Os principais ímãs existentes atualmente são: alnico, ferrite, samário-cobalto
e neodímio-ferro-boro, onde a energia magnética aumenta respectivamente.
Contudo o custo tanto de fabricação como do material, dos ímãs de terras raras,
neodímio-ferro-boro e o samário-cobalto, ainda os tornam de difícil aceitação. Assim,
como regra para seleção do ímã a ser utilizado, o material escolhido deve ser o que
possui a melhor propriedade magnética a um custo condizente para o projeto, sendo
que o ímã de ferrite é o que se enquadra melhor na aplicação destes motores
(TEIXEIRA; FERNANDO H.P., 2006).
Silva Junior e Campos (2016) definem o Brasil como um dos países com
maiores reservas no mundo de terras-raras. Outro país com significantes reservas é
a China, responsável por mais de 90% da produção mundial. As terra-raras tem
diversas aplicações em alta tecnologia, e a extração de terra-raras no Brasil pode
impactar positivamente essas indústrias. Por exemplo, o Brasil tem tradição em
motores elétricos de alta eficiência energética, contando com empresas como WEG,
Embraco e Tecumseh. Uma das maneiras de aumentar eficiência de motores é o
emprego de ímãs neodímio-praseodímio-ferro-boro. Ímãs de NdPrFeB são a solução
ideal para turbinas eólicas de grande porte, ficando assim evidente a relevância das
terras raras para setor energético.
Os superímãs de terras-raras são estudados há 30 anos no Brasil. Na
década de 1990 todas as expectativas da comunidade acadêmica foram frustradas
com o domínio total da China sobre o mercado. Recentemente o Instituto de
35
Tecnologia de São Paulo – IPT assinou um convênio com a mineradora CBMM –
Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, para desenvolver a tecnologia de
obtenção de Neodímio metálico. O acordo entre IPT e CBMM, com investimento no
valor de R$ 9,5 milhões, será amparado pela EMBRAPII – Associação Brasileira de
Pesquisa e Inovação Industrial e terá duração de dois anos (CBMM, 2014).
A demanda mundial de ímãs de terras raras é prevista para dobrar de
25.000 toneladas/ano em 2015 para 50.000 toneladas/ano em 2020. Significativa
parte desse aumento é para aplicações em turbinas eólicas e indústria
automobilística. A demanda por Nd (Neodímio), Pr (Praseodímio) e Dy (Disprósio)
tende a continuar alta nos próximos anos, mas o interesse por Európio tende a
decrescer (SILVA;JUNIOR et al., 2016).
2.3 SEGMENTO EDUCACIONAL
Na questão referente ao ensino e aprendizagem, observa-se alguns
trabalhos de motores c.c. dedicados para esse objetivo. Desenvolvendo-se sistemas
automáticos de coleta de dados, bancada de testes, aplicação com auxílio de
softwares específicos, roteiro de testes, entre outros são metodologias de ensino
atualizadas, que estimulam a iniciação científica, tecnológica e espírito
empreendedor.
Para Rocha (2014) o profundo conhecimento dos parâmetros dos motores
garantem modelos mais próximos aos reais e assim sistemas de controle mais
eficientes. Para isso é necessário a determinação dos parâmetros elétricos e
mecânicos da máquina de corrente contínua através de um sistema eletrônico
automatizado, reduzindo assim incertezas nas medidas, tempo de ensaio e custo em
um único equipamento.
Segundo Neves et al. (2012), as simulações baseadas na análise utilizando
o método dos elementos finitos possibilitam um melhor estudo e compreensão do
comportamento da máquina c.c. antes mesmo de sua construção evitando, portanto,
gastos onerosos com inúmeros protótipo. A previsão do funcionamento da máquina
36
utilizando softwares só é possível devido ao avanço da tecnologia na criação desses
aplicativos de simulação e ao desenvolvimento de computadores com capacidade
mais elevada de processamento. Tem-se portanto a possibilidade de observar o
comportamento de grandezas elétricas e magnéticas da máquina, como a densidade
de fluxo magnético e a tensão induzida. Através da simulação podemos perceber
que o comportamento das diversas grandezas é consequência da geometria e dos
materiais escolhidos para o projeto
De acordo com Almeida et al. (2012) metodologias inovadoras de ensino
estão relacionadas com aspectos motivacionais e diversas linhas do conhecimento a
saber:
(i) Desenvolver projeto de pesquisa que envolvesse alunos e professores
buscando despertar o espírito de empreendedorismo, de trabalho em grupo, de
curiosidade, de aprendizado prático, de busca do novo, do diferente.
(ii) Buscar alternativas de ensino, diferentes do ensino tradicional, porém
utilizando os recursos disponíveis tanto de mão de obra como de materiais. Não
considera-se o uso de prédios modernos, áreas futurísticas, investimentos
astronômicos, importação de tecnologias, de metodologias ou de pessoas. Pensa-se
simples: fazer um trabalho onde haja interação entre alunos e professores, onde os
alunos tenham condições de desenvolver um projeto de aprendizado, utilizando os
laboratórios disponíveis, os equipamentos e materiais de consumo já existentes. Os
alunos são incentivados a aprender sobre uma série de assuntos, relativos à
engenharia ou não. Eles têm que encontrar as próprias soluções, com apoio dos
professores. Há necessidade de pesquisa, de se aprender sobre disciplinas que
serão ministradas em períodos posteriores e também pesquisar sobre assuntos que
não fazem parte da grade do curso de engenharia elétrica.
Para Neto (2009), a inexistência no mercado de sistemas de ensaios
adequados metrológica e operacionalmente para motores com tal aplicação, motivou
a exploração do assunto. Foi proposto, em seu trabalho, o desenvolvimento de um
sistema automatizado, em bancada, para a medição indireta de potência mecânica,
através do torque e da frequência rotacional, em motores de baixo torque e de alta
rotação.
37
Por meio da apresentação do estado da arte, observa-se claramente que o
foco da academia e indústria no que tange aos motores c.c. está associado aos
motores para veículos elétricos ou híbridos, geradores de energia e os
desenvolvimentos de novos imãs num contexto mais geral de aplicações. Observou-
se uma dificuldade bastante grande de levantamento de material referente aos
motores c.c. aplicados nos sistemas de refrigeração dos veículos, objeto de estudo
neste trabalho. Este resultado pode ser devido a alguns fatores como por exemplo:
a) Na indústria os desenvolvimentos são mantidos em sigilo, em função de
vantagens competitivas, não havendo interesse em divulgação dos
resultados e estudos;
b) A academia está voltada a realizar estudos onde existam possibilidades
de maiores investimentos em pesquisa e resultados promissores, a
exemplo do que se observa nos estudos de motores c.c. para tração
veículos elétricos e híbridos, bem como estudos de novos imãs
38
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 INTRODUÇÃO
Em um país industrializado moderno, cerca de 65 % da energia elétrica é
consumida por acionamentos elétricos. Motores de velocidade constante, de
velocidade variável, ou servo-motores, são usados em quase toda parte: na
indústria, comércio e serviços, eletrodomésticos, tração elétrica, veículos rodoviários,
embarcações, aeronaves, equipamento militar, equipamento médico e agricultura.
Unidades eletromecânicas de velocidade e controle de posição desempenham um
papel fundamental na área de robótica, automação industrial, controle de processos,
conservação de energia e veículos movidos a energia elétrica (GIERAS; JACEK F.,
2010).
Portanto as máquinas c.c. de ímã permanente são largamente encontradas
em uma ampla variedade de aplicações de baixa potência. O enrolamento de campo
é substituído por um ímã permanente, resultando uma construção mais simples.
Para essas aplicações, os ímãs permanentes oferecem uma série de benefícios
úteis. A principal é que os ímãs não necessitam de excitação externa nem dissipam
a potência correspondente para criar campos magnéticos na máquina
(FITZGERALD; A. E., 2006).
Para esse autor, as máquinas c.c. de ímã permanente estão sujeitas às
limitações impostos pelos próprios ímãs permanentes. Entre elas, está incluído o
risco de desmagnetização devido a correntes excessivas nos enrolamentos do motor
ou a um sobreaquecimento do ímã. Além disso, os ímãs permanentes são um tanto
limitados em relação à intensidade da densidade de fluxo de entreferro que são
capazes de produzir. No entanto com o desenvolvimento de novos materiais
magnéticos, como o samário-cobalto e o neodímio-ferro-boro essas características
estão se tornando menos restritivas em relação ao projeto de máquina de ímã
permanente.
39
Segundo Gieras (2010), motores de ímã permanente são utilizados em uma
gama grande de aplicações. A variedade de áreas de aplicação também é extensa,
como se pode observar pelos exemplos a seguir (entre vários outros):
Indústria:
- Motores industriais, bombas, ventiladores, sopradores, compressores,
centrífugas, moinhos, guindastes, sistemas de manuseio, etc
- Máquinas-ferramentas;
- Servo-acionamentos;
- Processos de automação;
- Sistemas de transporte interno;
- Robôs.
Vida Pública:
- Sistemas de ar condicionado;
- Equipamentos de restauração;
- Máquinas de lavanderia;
- Caixas eletrônicos;
- Máquinas automáticas de venda;
- Leitores de código de barras em supermercados;
- Sistemas de controle ambiental;
- Relógios;
- Equipamentos de parque de diversões.
Vida Doméstica:
- Equipamentos de cozinha (geladeiras, fornos de microondas, batedeiras,
máquinas de lavar louça, etc.);
- Equipamentos de banheiro (máquinas de barbear, secadores de cabelo,
escovas de dente, aparelhos de massagem);
- Máquinas de lavar e secadoras de roupa;
- Aquecimento e sistemas de ar condicionado;
- Aspiradores;
- Cortadores de grama;
- Bombas para piscinas;
- Brinquedos;
40
- Equipamentos de som;
- Sistemas de segurança (portas de garagem, portões automáticos).
3.2 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE FUNCIONAMENTO
Existem dois princípios básicos que governam a operação das máquinas
elétricas para converter energia elétrica em trabalho mecânico (MOHAN; NED,
2012).
- Uma força é produzida sobre um condutor que está conduzindo uma
corrente quando está submetida a um campo magnético estabelecido externamente.
- Uma força eletromotriz é induzida em um condutor movimentando-se em
um campo magnético.
3.2.1 Força eletromagnética
Na (FIGURA 6) “a” considere o condutor de comprimento l. O condutor está
conduzindo uma corrente i e está sujeito a um campo magnético estabelecido
externamente, de densidade de campo uniforme B e perpendicular ao comprimento
do condutor. De acordo com Mohan (2012) uma força F é exercida sobre o condutor
devido à interação eletromagnética entre o campo magnético externo e a corrente do
condutor. O módulo da força no condutor é dada por,
F = i. l. B (1)
Onde,
- F é a força sobre o condutor e tem como unidade o newton [ N ];
- i é a corrente no condutor e tem como unidade o àmpere [ A ];
- l é o comprimento do condutor e tem como unidade o metro [ m ].
- B refere-se ao campo magnético, tendo como unidade o tesla [ T ].
Como mostrado na (FIGURA 6) “a”, a direção da força é perpendicular a
ambas as direções de i e B. Para obter a direção dessa força, serão superpostas as
41
linhas de fluxo produzidas pela corrente do condutor, mostradas na (FIGURA 6) “b”.
As linhas de fluxo se somam no lado direito do condutor e se subtraem no lado
esquerdo, como mostra na (FIGURA 6) “c”. Assim a força F atua a partir da maior
concentração das linhas de fluxo para as de baixa concentração, isto é, da direita
para a esquerda neste caso.
FIGURA 6 - FORÇA SOBRE O CONDUTOR QUE CONDUZ UMA CORRENTE EM UM CAMPO MAGNÉTICO PERPENDICULAR
FONTE: Adaptado de Mohan, Ned (2012), p.84
Para Halliday e Resnik (2016), se o campo magnético não é perpendicular
ao condutor, como na (FIGURA 7), a força no condutor é dada por uma expressão
mais genérica,
F = i. (l X B ) (2)
Onde l é um vetor comprimento de módulo l, com a direção do trecho do
condutor e o sentido (convencional) da corrente. O módulo da força F é dado por,
F = i. l. B. sen α (3)
Assim α é o ângulo entre as direções dos vetores l e B . A direção de F é a do
produto vetorial de l X B porque toma-se a corrente i como sendo uma grandeza
positiva.
De acordo com a (EQUAÇÃO 2), F é sempre perpendicular ao plano definido
pelos vetores l e B , como mostra na (FIGURA 7).
42
FIGURA 7 – CONDUTOR PERCORRIDO POR UMA CORRENTE
FONTE: Adaptado de Halliday e Resnik (2016)
3.2.2 Força eletromotriz induzida (f. e.m.)
Na (FIGURA 8) “a’, um condutor de comprimento l está se movimentando
para a direita a uma velocidade 𝓋. A densidade de campo B é uniforme e está
direcionada perpendicularmente ao plano do papel. Segundo Mohan (2012) a
magnitude da força eletromotriz induzida em qualquer instante é dada por
e = B. l. 𝓋 (4)
A polaridade da f. e.m. pode ser estabelecida como a seguir: Devido ao
movimento do condutor, a força sobre uma carga q (positiva ou negativa, no caso de
um elétron) dentro de um condutor pode ser escrita como
F = q. X B (5)
em que a velocidade e a densidade de fluxo são mostradas como vetores e seu
produto vetorial determina a força.
Como e B são ortogonais entre si, como mostra na (FIGURA 8) “b”, a força
sobre a carga positiva é para cima. De forma similar a força sobre o elétron será
para baixo. Assim, o extremo superior terá um potencial positivo relativamente ao
extremo inferior.
43
Essa f. e.m. induzida no condutor é independente da corrente que pode fluir se
um caminho fechado estiver disponível. Com a corrente fluindo, a tensão no
condutor será uma f. e.m. induzida e(t) na (EQUAÇÃO 4).
FIGURA 8 - CONDUTOR SE MOVIMENTANDO EM UM CAMPO MAGNÉTICO
FONTE: Mohan, Ned (2012), p.85
3.3 CLASSIFICAÇÃO DAS MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA
3.3.1 Representação esquemática
Nos esquemas elétricos, as máquinas de corrente contínua são
representadas por símbolos normatizados. Na (FIGURA 9) “a” e ‘b’, apresentam-se
os símbolos utilizados em esquemas unifilares. Os símbolos mais utilizados em
esquemas elétricos são aqueles que se apresentam no item “c” e “d’ (SIMONE;
GILIO A., 2002).
Considera-se :
ia = corrente de armadura [A] if = corrente de excitação [A]
ua= tensão de armadura [V] uf = tensão de excitação [V]
44
FIGURA 9 - SÍMBOLOS USADOS PARA REPRESENTAR A MÁQUINA c.c.
FONTE: Adaptado de Kosow Irving L. (2005)
Para Simone (2002), a máquina é constituída por dois enrolamentos
essenciais: O enrolamento de excitação do indutor f, que se destina a criar um
campo de indução magnética intenso, e o enrolamento do induzido a, onde a
energia elétrica é convertida em energia mecânica e vice-versa.
Segundo Kosow (2005), a máquina de corrente contínua é uma máquina de
corrente alternada dotada de um conversor de "corrente contínua - corrente
alternada" ou vice-versa. Na sua realização tradicional este conversor é constituído
por um sistema mecânico chamado por coletor ou comutador sob o qual se
assentam escovas. O coletor e escovas fazem parte do circuito induzido e
normalmente este conjunto é representado por dois pequenos retângulos sobre uma
circunferência como se indica no item “d” da (FIGURA 9).
3.3.2 Tipos de classificação
De acordo com a maneira pela qual é produzida a excitação do enrolamento
do campo polar ou enrolamento indutor, as máquinas de corrente contínua são
classificadas em quatro tipos básicos: independentes, derivação (shunt), série e
compostas (KOSOW; IRVING L., 2005).
Máquinas de excitação separada ou independente:
45
Quando em funcionamento como motor, a máquina é alimentada por duas
fontes de energia separadas. Em funcionamento como gerador, o enrolamento
indutor é alimentado por uma fonte de energia independente, não se utilizando a
tensão fornecida pela própria máquina. Normalmente o indutor é alimentado por uma
fonte de tensão de potência relativamente baixa. Observa-se na (FIGURA 10) duas
fontes de tensão c.c. separadas (independentes) alimentando o campo indutor e a
outra o induzido nos terminais “A” e “B” (SIMONE; GILIO A., 2002).
FIGURA 10 - DIAGRAMA DA MÁQUINA c.c. COM EXCITAÇÃO INDEPENDENTE (MOTOR)
FONTE: O autor (2017)
Máquinas de excitação derivação ou shunt:
Para Martignoni (1987), quando operando na condição de motor, só é
necessária uma fonte de energia. Essa fonte de energia alimenta simultaneamente
os enrolamentos do indutor e do induzido. Já em funcionamento como gerador, parte
da energia elétrica gerada no induzido é gasta na produção de fluxo no circuito
indutor. A corrente total it que a máquina solicita à fonte, (motor) é a soma da
corrente do induzido ia e da corrente do indutor if. Normalmente a corrente if é muito
menor do que a corrente ia e frequentemente confunde-se it com ia. O enrolamento
de excitação (C-D) deverá suportar uma tensão elevada a ser percorrido por uma
corrente reduzida. É construído utilizando um condutor de fio fino e com um número
de espiras elevado, provocando assim uma alta resistência elétrica de campo rf.
Nesta situação os dois enrolamentos da máquina encontram-se ligados em
paralelo conforme (FIGURA 11).
46
FIGURA 11 - DIAGRAMA DA MÁQUINA c.c. COM EXCITAÇÃO DERIVAÇÃO (MOTOR)
FONTE: O autor (2017)
Máquinas de excitação em série:
Nas máquinas de excitação em série, o enrolamento de excitação (E-F) é
colocado em série com o enrolamento do induzido, conforme (FIGURA 12)
(KOSOW; IRVING L., 2005).
Segundo este autor, neste caso é a própria corrente do induzido que vai
provocar o fluxo. O enrolamento de excitação é agora caracterizado por um número
de espiras reduzido, de condutores com fio grosso (secção elevada) e que são
percorridos por correntes elevadas. Dado que este enrolamento é constituído por
condutores de grande secção e com poucas espiras, a sua resistência elétrica é
baixa. Assim também é baixa a sua queda de tensão. A tensão de alimentação da
máquina é praticamente toda aplicada ao circuito do induzido. A máquina de
excitação em série é pouco utilizada como gerador, mas encontra largas aplicações
em funcionamento como motor.
No motor série a corrente de armadura e a corrente de campo-série são as
mesmas e o fluxo produzido pelo campo série é em todo instante proporcional à
corrente de armadura. Isso provoca uma relação entre torque do motor série e a
corrente de carga uma função exponencial (KOSOW; IRVING L., 2005).
47
FIGURA 12 - DIAGRAMA DA MÁQUINA c.c. COM EXCITAÇÃO SÉRIE (MOTOR)
FONTE: O autor (2017)
Máquinas de excitação composta:
Para Simone (2002), as máquinas de excitação composta ou compound
dispõem de dois enrolamentos de excitação: um enrolamento série (E-F) e um
enrolamento paralelo (C-D) visto na (FIGURA 13).
FIGURA 13 - DIAGRAMA DA MÁQUINA c.c. COM EXCITAÇÃO COMPOSTA (MOTOR)
FONTE: O autor (2017)
Nessa configuração tem-se a associação dos dois enrolamentos de
excitação podendo ser ligados de modo a que se somem as respectivas forças
magnetomotrizes – f. m.m. (excitação composta adicional) ou se subtraem (excitação
composta diferencial) (SOBREVILA; MARCELO A., 2008).
A máquina de excitação composta pode ser constituída com várias relações
de enrolamentos derivação e série. Obtêm-se assim máquinas com características
diferentes. A conjugação de diferentes enrolamentos série e paralelo e as
conseqüentes diferenças de características que daí resultam constituíam, no
passado, uma das grandes vantagens das máquinas de corrente contínua face às
máquinas de corrente alternada. Atualmente, com o desenvolvimento da eletrônica
48
de potência, esta vantagem está cada vez mais ultrapassada. A máquina de
corrente contínua é hoje, em instalações novas, quase exclusivamente aplicadas
como motor e em casos muito particulares. Apesar de tudo esta máquina mantém o
seu interesse industrial (MARTIGNONI; ALFONSO,1987).
3.4 ASPECTOS CONSTRUTIVOS
Para Gieras (2010), um motor cc de ímã permanente utilizado na indústria
automotiva tem-se suas principais partes constituídas em:
Estator, parte fixa que contém os pólos que produzem o campo
magnético.
Rotor, parte móvel, contém os condutores denominados de armadura.
Entre o estator e o rotor encontra-se uma parte de ar que os separa
chamado de entreferro ou gap (SIMONE; GILIO A., 2002).
A (FIGURA 14) mostra uma vista de um pequeno motor c.c. de ímã
permanente desmontado. Observa-se que o rotor, desse motor, consiste de uma
armadura c.c. convencional com lâminas no comutador, já o estator tem uma
estrutura lisa consistindo de uma carcaça cilíndrica.
FIGURA 14 - CONSTRUÇÃO DO MOTOR c.c. DE COMUTADOR E ÍMÃ PERMANENTE
FONTE: Gieras, Jacek F; (2010)
Segundo Kosow (2005), o rotor da armadura de uma máquina c.c. tem
quatro funções principais:
49
(a) permite rotação para ação geradora ou ação motora mecânica;
(b) em virtude da rotação, produz a ação de chaveamento necessário para o
processo da comutação;
(c) contém os condutores que induzem a tensão ou providenciam um torque
eletromagnético e
(d) providencia uma faixa de baixa relutância para o fluxo magnético.
3.4.1 Partes do rotor
Abaixo apresentam-se as partes de um rotor de uma máquina c.c. comercial
típica, simplificada. O rotor consiste de:
Eixo da armadura.
De acordo com Kosow (2005), afirma que o eixo de um motor c.c. é
responsável por imprimir rotação para os elementos que estão nele acoplados
mecanicamente: núcleo da armadura, comutador e enrolamentos.
Para Silva (2012), o eixo também é o componente responsável pela
transmissão da potência mecânica para a carga do motor.
Núcleo da armadura.
Construído de camadas laminadas de aço e silício, provendo uma faixa de
baixa relutância magnética entre os pólos. A laminação serve para reduzir as
correntes parasitas no núcleo, e o aço usado é de qualidade destinada a produzir
uma baixa perda por histerese. Na sua construção física, apresenta ranhuras em
sua extremidade externa para que se possam acomodar os condutores de cobre
(KOSOW; IRVING L., 2005).
Enrolamento da armadura.
Segundo Silva (2012), constituído de bobinas de cobre isoladas entre si e do
núcleo da armadura, alojadas nas ranhuras e eletricamente conectadas aos
50
segmentos do comutador. Elas representam a parte energizada do sistema quando
o mesmo está em operação.
Comutador.
Comutador constitui o elemento que providencia o chaveamento para o
processo de comutação no gerador, devido à rotação no eixo e o processo de
conversão c.a. para c.c. no caso de gerador e c.c. para c.a. no caso de motor. Estão
isolados entre si e são eletricamente conectados aos condutores da armadura
(KOSOW; IRVING L., 2005).
Tipicamente, o comutador de uma máquina c.c. é feito de barras de cobre
isoladas com material à base de mica. As barras de cobre são feitas suficientemente
espessas para permitir o desgaste natural durante toda a vida útil do motor.
O isolamento de mica entre os segmentos do comutador é mais duro que o material
do próprio comutador (CHAPMAN; STEPHEN, 2013).
Na (FIGURA 15) pode-se visualizar as principais partes descritas do rotor de
uma máquina c.c.
FIGURA 15 - PARTES DO ROTOR DO MOTOR c.c. DE COMUTADOR E ÍMÃ PERMANENTE
FONTE: Adaptado do Tutorial de Rôbos de Combate - Riobotz; (2006)
51
3.4.2 Partes do estator
Diferentemente de uma máquina c.c., cuja excitação de campo é externa,
com uma estrutura que se caracteriza pela presença de pólos salientes, os motores
de ímãs permanentes, geralmente tem uma estrutura de estator lisa consistindo de
uma carcaça cilíndrica externa de material magnético permanente (FITZGERALD; A.
E., 2006).
Tem-se que esse material magnético permanente possui uma espessura
uniforme, magnetizado no sentido radial. Tal estrutura está ilustrada na (FIGURA
16), onde as setas indicam o sentido de magnetização (FITZGERALD; A. E., 2006).
FIGURA 16 - SECÃO TRANSVERSAL DE UM MOTOR COM ÍMÃ PERMANENTE
FONTE: Fitzgerald A.E. (2006)
Abaixo se apresentam as partes de um estator de uma máquina c.c.
comercial típica, simplificada. O estator consiste de:
Carcaça
A carcaça é a parte que sustenta os pólos da máquina e pela qual se faz a
fixação. Dado que o fluxo magnético é constante, não é necessário que esta peça
seja laminada para evitar as perdas por correntes de Foucault. Neste sentido, esta
peça pode ser fabricada em ferro fundido ou em aço (SIMONE; GILIO A., 2002).
52
Para Kosow (2005) a carcaça providencia uma faixa de baixa relutância para
retorno do fluxo magnético criado pelos pólos e serve de proteção para as partes
mecânicas internas.
Polos
Chapman (2013) define um motor c.c. de ímã permanente (CCIP) como um
motor c.c. cujos polos são feitos de ímãs permanentes. Como não precisam de um
circuito de campo externo, eles não têm as perdas que ocorrem no cobre do circuito
de campo dos motores c.c. em derivação. Como não há necessidade de
enrolamento de campo, eles podem ser menores do que os correspondentes
motores cc em derivação.
Para esse autor, em uma máquina CCIP, o fluxo dos pólos consiste apenas
em fluxo residual presente no ímã permanente, providencia assim uma força
magnetomotriz adequada à produção, no entreferro, do fluxo necessário para gerar
uma força eletromotriz (f. e.m.) no caso do gerador ou uma força mecânica, para o
caso do motor.
Nas (FIGURA 17) e (FIGURA 18), podem-se ver em detalhes as principais
partes construtivas do estator de um motor CCIP.
FIGURA 17 - ESTRUTURA DA CARCAÇA E POLOS DO MOTOR CCIP
FONTE: Adaptado de Brain, Marshall (2003) – HowStuffWorks – Como funcionam os motores elétricos
53
FIGURA 18 - ESTATOR DO MOTOR CCIP EM DETALHES (DESMONTADO)
FONTE: Adaptado de Brain, Marshall (2003) – HowStuffWorks – Como funcionam os motores elétricos
Uma curva de magnetização vista na (FIGURA 19) para um material
ferromagnético típico é um gráfico da densidade de fluxo B versus a intensidade de
campo magnético H (ou, de forma equivalente, um gráfico do fluxo Φ versus a força
magnetomotriz). Quando uma força magnetomotriz elevada externa é aplicada a
esse material e removida em seguida, um fluxo residual Bres permanecerá no
material. Para forçar o fluxo residual a zero, é necessário aplicar uma intensidade de
campo magnético coercitivo HC com polaridade oposta à polaridade da intensidade
de campo magnético H que originalmente produziu o campo magnético (CHAPMAN;
STEPHEN, 2013).
Segundo esse autor, tem-se assim que um bom material para os polos de
um motor CCIP deverá ter a maior densidade de fluxo residual Bres possível e, ao
mesmo tempo, deverá ter a maior intensidade de campo magnético coercitivo HC
possível. A Bres elevada produz um grande fluxo na máquina, ao passo que a HC
elevada significa que seria necessário uma corrente muito elevada para
desmagnetizar os polos.
54
FIGURA 19 - CURVA DE MAGNETIZAÇÃO DE UM MATERIAL FERROMAGNÉTICO
FONTE: Chapman, Stephen, (2013), p.493.
Para Fitzgerald (2006), tem-se que um motor c.c. de ímã permanente é
basicamente a mesma máquina que um motor c.c. em derivação, exceto pelo fato de
que o fluxo de um motor CCIP é fixo. Portanto, não é possível controlar a velocidade
de um motor CCIP variando a corrente de campo ou o fluxo. Para um motor CCIP,
os únicos métodos de controle de velocidade disponíveis são o controle por tensão
de armadura e o controle por resistência de armadura.
As técnicas de análise de um motor CCIP são basicamente as mesmas de
um motor c.c. em derivação, com a corrente de campo mantida constante
(CHAPMAN; STEPHEN, 2013).
Escovas e Anéis-suporte
Fazem parte do circuito de armadura, as escovas são geralmente de carvão
e ou grafite, suportadas pelo estator por um suporte tipo anel e mantidas nos
suportes por meio de molas que mantém o contato firme entre as escovas e os
segmentos do comutador (KOSOW; IRVING L., 2005).
As escovas são conectadas instantaneamente a um segmento do comutador
que está em contato com uma bobina localizada na zona interpolar. Normalmente os
porta escovas podem rodar em torno do coletor de modo a permitir o ajuste da
55
posição das escovas. Todas as escovas de igual polaridade são ligadas entre si por
barras condutoras. Estas barras encontram-se ligadas aos terminais da máquina ou
vão diretamente ligar-se aos enrolamentos dos pólos auxiliares ou aos pólos de
compensação que são ligados em série com o induzido.
De acordo com Chapman (2013) elas apresentam elevada condutividade
para reduzir as perdas elétricas e o baixo coeficiente de atrito para reduzir o
desgaste excessivo. Elas são feitas deliberadamente de um material bem mais
macio que os segmentos do comutador, para que a superfície do comutador sofra
muito pouco desgaste. Portanto a escolha da dureza das escovas é um meio-termo:
se as escovas forem macias demais, elas deverão ser substituídas freqüentemente,
mas, se forem muito duras, a superfície do comutador sofrerá demasiado desgaste
durante a vida útil da máquina.
Na (FIGURA 20) tem-se uma estrutura típica das escovas e seu conjunto de
suporte.
FIGURA 20 - DETALHE DA ESCOVA ALOJADA EM SEU SUPORTE
FONTE: O autor (2017)
3.5 EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS DO MOTOR c.c. A ÍMÃ PERMANENTE
A seguir serão apresentados equações e princípios fundamentais
pertinentes ao motor em estudo. Tem-se abaixo na (FIGURA 21) uma caracterização
do circuito elétrico de armadura (rotor).
56
3.5.1 Tensão nos terminais
FIGURA 21 - DIAGRAMA ELÉTRICO DA MALHA DO MOTOR c.c
FONTE: Adaptado de LABTRIX (2016)
Realizando análise pela lei de Kirchhoff, a tensão de entrada nos terminais é
V = E + Ia.∑Ra + L.
diadt
(6)
Pela (EQUAÇÃO 6) tem-se suas definições, bem como suas unidades no
Sistema Internacional - SI:
- V é a tensão de entrada do motor, volt (V);
- E é a tensão induzida no enrolamento da armadura (f. c. e.m. - força contra
eletromotriz), volt (V);
- Ia é a corrente de armadura, àmpere (A);
- ΣRa é a resistência total do circuito da armadura, ohm (Ω);
- L é a indutância da armadura, henry (H)
- dia
dt é a derivada da corrente em relação ao tempo,
Para Kosow (2005) nos motores de corrente contínua, a resistência elétrica,
∑Ra se apresenta no circuito de armadura como a somatória de:
resistência do enrolamento da armadura do motor;
resistência de contato das escovas com o comutador;
57
resistência das escovas;
resistência das lâminas do comutador que estão comutando.
A tensão de entrada nos terminais do motor, em teoria, seria a tensão
fornecida pela bateria do automóvel, que por padrão é uma tensão de 12 V. Na
prática esta tensão pode variar um pouco, dependendo da sua carga no momento, e
também pela influência de fatores como o alternador que tem a função de carregá-la
e pela influência da central eletrônica que se encontra na maioria dos automóveis da
atualidade, que geralmente é a responsável pelo acionamento do motor.
3.5.2 Força contra eletromotriz no enrolamento da armadura
Para Gieras (2010), a tensão gerada e retificada, de uma armadura
distribuída, entre escovas pelo fluxo magnético que passa pelo entreferro é dada
pela (EQUAÇÃO 7),
E =
N
a. p. ω.Φg = cE. ω.Φg
(7)
Onde,
- N é o número de condutores na armadura,
- a é o número de pares de caminhos paralelos de corrente na armadura,
- p é o número de pares de pólos;
- ω é a velocidade angular de rotação do eixo, (rad/s);
- Φg é o fluxo magnético útil no entreferro , webers (Wb);
- cE é a constante do enrolamento de armadura definida por,
cE =
N. p
a
(8)
Quando se tem uma excitação com ímãs permanentes vale a relação
Ke = cE. Φg, pois o fluxo produzido pelas peças polares se torna uma constante,
então. Ke é definida como a constante da tensão gerada e sua unidade no SI é
definida como [V. s rad⁄ ].
58
E = Ke. ω (9)
A seguinte relação existe entre o número de condutores na armadura N e o
número de segmentos do comutador C:
N = 2. C. Nc (10)
onde Nc é o número de espiras por bobina da armadura.
De acordo com Fitzgerald (2003) o efeito de distribuir o enrolamento em
diversas ranhuras está mostrado na (FIGURA 22), na qual cada uma das ondas
senoidais retificadas é a tensão gerada em uma das bobinas. A tensão gerada entre
escovas é a soma das tensões retificadas de todas as bobinas em série, e está
mostrada na linha ondulada superior.
FIGURA 22 - TENSÕES RETIFICADAS DE BOBINA E TENSÃO RESULTANTE ENTRE ESCOVAS
FONTE: Fitzgerald A.E. (2006), p.346.
3.5.3 Torque eletromagnético
Os termos força eletromagnética e torque eletromagnético, não são
sinônimos, mas estão relacionados.
Torque é definido como a tendência de acoplamento mecânico (de uma
força e sua distância radial ao eixo de rotação) para produzir rotação. É expresso em
unidades de força e distância, N.m. O torque que atua em um motor c.c. é a soma
59
dos produtos das forças vezes o raios, ou seja, a soma dos torques, atuando sobre
os condutores individuais da armadura que tendem a produzir rotação. (KOSOW;
IRVING L., 2005).
Segundo Gieras (2010), o torque desenvolvido pela armadura (Td) de
qualquer máquina pode ser computado em função do número de polos (p),
caminhos (a), condutores (N) e fluxo por pólo (Φg) concatenando os condutores de
armadura. Representa-se pela (EQUAÇÃO 11).
Td =
N
a.p
2π.Φg. Ia = cT . Φg. Ia
(11)
Onde,
cT =
Np
2πa=
cE
2π
(12)
é a constante de torque. O torque eletromagnético é proporcional à corrente de
armadura. Ímãs permanentes produzem um fluxo constante Φ (desprezando a
reação da armadura). O torque desenvolvido é
Td = KT. Ia (13)
onde,
KT = cT. Φg (14)
3.5.4 Resistência de armadura
O fluxo de carga através de qualquer material encontra a oposição de uma
força semelhante, em muitos aspectos, ao atrito mecânico. Essa oposição,
resultante das colisões entre elétrons e entre elétrons e átomos do material, que
60
converte energia elétrica em outra forma de energia, tal como a energia térmica é
denominada resistência do material (BOYLESTAD; ROBERT L., 2004).
Para Kosow (2005), nos motores de corrente contínua a resistência elétrica
se apresenta no circuito de armadura como uma somatória de vários materiais que
se encontra no circuito:
resistência do enrolamento da armadura do motor (cobre RW);
resistência de contato das escovas com o comutador (em um contato RB/C);
resistência das escovas (em uma escova RB);
resistência das lâminas do comutador que estão comutando (em um
comutador RC).
Dessa forma, no circuito elétrico equivalente, para regime permanente de um
motor c.c. a ímãs permanentes, a equação da resistência fica definida da seguinte
forma.
∑Ra = RW + 2. RB/C + 2. RB + 2. RC (15)
A queda de tensão nas escovas é aproximadamente constante e para a
maioria dos motores c.c. é praticamente independente da corrente de armadura.
Para escovas de carbono (grafite), como é o caso do motor em estudo, ΔVesc ≈ 2V
(GIERAS;JACK F., 2010).
Segundo esse autor, pode-se representa
r a resistência através de parâmetros construtivos da armadura, para este
caso foi desconsiderado os outros elementos que estavam associados na
(EQUAÇÃO 15).
Ra =
N
σ.lmed
Sa.
1
(2. a)2
(16)
Onde,
-N é o número de condutores na armadura,
-σ é a condutividade elétrica do enrolamento, Siemens (S)
61
-Sa é a área da seção transversal do condutor, metro (m) e
-2a é o número de caminhos paralelos de corrente.
O comprimento médio do condutor na armadura (meia espira) é,
lmed = Li + 1,2D (17)
Para motores de dois polos como é o caso do motor estudado, onde Li é o
comprimento efetivo da armadura e D é o diâmetro da armadura (GIERAS; JACEK
F., 2010, p.135).
3.5.5 Equação fundamental da velocidade do motor cc
Para Simone (2002), o valor da força contra eletromotriz pode ser computado
prontamente a partir da (EQUAÇÃO 7). Mas a força contra eletromotriz do motor
incluindo a queda de tensão na resistência de armadura pode ser reescrita a partir
da (EQUAÇÃO 6) e considerando operação, da máquina, em regime permanente
tem-se
E = V − Ia.∑Ra (18)
Substituindo cE. ω.Φg por E da (EQUAÇÃO 7) e solucionando em função da
velocidade (n), resulta,
ω =
V − Ia. ∑Ra
cE. Φg
(19)
Essa equação permite predizer rapidamente a performance de um motor c.c.
Por exemplo, se o fluxo polar é enfraquecido consideravelmente, o motor tende a
disparar. Se o denominador da (EQUAÇÃO 19) tende a zero, a velocidade se
aproxima do infinito (KOSOW; IRVING L., 2005).
62
Do mesmo modo, se a corrente e o fluxo são mantidos constantes, enquanto
a tensão aplicada através da armadura é aumentada, a velocidade aumenta na
mesma proporção. Finalmente, se o fluxo polar e a tensão aplicada nos terminais da
armadura permanecem fixos e a corrente da armadura aumenta por acréscimo de
carga, a velocidade do motor cairá numa mesma proporção com decréscimo da
força contra eletromotriz.
Para o caso de máquinas com ímã permanente, o qual é objeto de estudo
desta dissertação, vale ainda a relação Ke = ce. Φg, evoluindo a (EQUAÇÃO 19) para
ω =
V − Ia. ∑Ra
Ke
(20)
Nessa apresentação acima, consideramos que nosso ímã permanente
provoca um fluxo magnético constante no entreferro, teremos assim o controle de
velocidade somente por V o qual é a tensão aplicada no motor e Ia corrente de
armadura que depende da carga no seu eixo, considerando V constante.
3.5.6 Potência mecânica desenvolvida pela armadura
De um modo geral a f. c. e.m. a plena carga é menor que a f. c. e.m. para
cargas mais leves, como função da tensão aplicada aos terminais da armadura a
f. c. e.m. a plena carga varia desde aproximadamente 80 %, nos pequenos motores,
até 95 % da tensão aplicada aos motores maiores (KOSOW; IRVING L., 2005).
A potência mecânica desenvolvida pela armadura pode se derivada do
seguinte modo. A queda de tensão na resistência de armadura, é
Ia.∑Ra = V − E (21)
A potência perdida na armadura, aplicando-se uma tensão V e circulando
uma corrente Ia é, (multiplicando ambos os membros da (EQUAÇÃO 21) por Ia.
63
𝐼𝑎.∑𝑅𝑎. (𝐼𝑎) = (𝑉 − 𝐸) . 𝐼𝑎
Ia2.∑Ra = V. Ia − E. Ia
Isolando E. Ia, na equação acima, tem-se
E. Ia = V. Ia − Ia2.∑Ra (22)
A (EQUAÇÃO 22) tem um significado muito importante, quando o motor
consome uma potência elétrica V. Ia para produzir rotação, uma certa parcela da
potência é dissipada nós vários componentes que constituem o circuito da
armadura, assim distribuídos:
- dissipação de potência responsável pelas perdas no cobre e circuito de
armadura, parcela Ia2. ∑Ra.
- potência remanescente parcela E. Ia, requerida pela armadura para
produzir o torque interno ou desenvolvido.
Da relação da potência desenvolvida e a potência suprida à armadura,
ajustamos a relação
E. IaV. Ia
=E
V
(23)
A f. c. e.m., como percentagem da tensão aplicada é um dado importante na
determinação da eficiência relativa e da potência mecânica desenvolvida.
Pela relação apresentada na (EQUAÇÃO 23) quanto maior a percentagem
da f. c. e.m. com relação à tensão aplicada, maior a eficiência do motor, considerando
uma dada corrente de carga, quando a f. c. e.m. for máxima, o motor desenvolverá a
máxima potência para aquela condição de carga (GIERAS; JACEK F., 2010).
64
3.5.7 Rendimento
Uma máquina c.c. é um dispositivo dinâmico. Não desenvolverá uma
conversão de potência (ou energia) quando não há movimento, ou seja, num estado
estático. Ela deve estar funcionando ou operando a fim de converter energia. Por
esta razão, é incapaz de contar com a propriedade de armazenar energia (KOSOW;
IRVING L., 2005).
Para Sobrevila (2008), o princípio da conservação da energia afirma que a
energia não é criada nem destruída: ela simplesmente muda de forma. Assim sendo
a potência total recebida por uma máquina a qualquer instante deve igualar a
potência por ela entregue naquele instante. A potência total recebida por uma
máquina deve igualar a sua potência de saída (útil) e sua perda total de potência, de
acordo com a lei de conservação, ou
PENTRADA = PSAÍDA + PPERDAS (24)
Onde, PENTRADA é a potência total recebida por uma máquina, PSAÍDA é a
potência útil entregue pela máquina para executar trabalho e PPERDAS é a perda total
dentro de uma máquina, como resultado da conversão de energia.
O rendimento pode ser definido como sendo a relação η, onde
η =
PSAÍDA
PENTRADA
(25)
Para o caso de motores, vale a relação
η =
PENTRADA − PPERDAS
PENTRADA
(26)
Em máquinas c.c. as perdas de energia são devidas aos seguintes fatores
encontrados:
65
- Perdas mecânicas ou rotacionais
Ocorrem devido à ventilação ou resistência do ar, atrito dos mancais e das
escovas sobre o comutador na parte móvel (rotor). As perdas mecânicas aumentam
com a velocidade, mas para uma dada velocidade são praticamente independentes
da carga.
- Perdas no cobre
Segundo Martignoni (1987), esse tipo de perda se localiza no circuito da
armadura, depende de ∑Ra . Ia2, envolvendo contato elétrico das escovas,
comutador, escovas e enrolamento da armadura.
- Perdas no ferro - histerese
Para Chapman (2013), ocorrem no núcleo da armadura e nas peças polares
devido a variação relativa entre o fluxo magnético do campo e a armadura, exigindo
energia para a orientação dos domínios magnéticos. A perda por histerese depende
da característica do material (Kh), densidade do fluxo (B) elevada ao expoente de
Steinmetz, para os atuais tipos de ligas usados em máquinas (x) tem um valor
próximo a 2,0, freqüência do sinal (f) e (Vol. ) é o volume de ferro da máquina sujeita
à variação de fluxo.
PH = Kh. BX. f. Vol. (27)
- Perdas no ferro – correntes de Foucault
Também conhecidas como correntes parasitas, ocorrem pela indução da
f. e.m. no ferro, sendo reduzidas pela laminação da armadura e nas peças polares do
circuito de campo. As perdas por correntes parasitas são proporcionais ao quadrado
da densidade de fluxo, ao quadrado da freqüência do sinal, ao volume do material
sujeito a variação de fluxo, a constante relativa ao material condutivo (Kf) e a
espessura do material condutor (X) (FITZGERALD; A. E., 2006).
66
PF = Kf. X2. B2. f2. Vol. (28)
- Perdas suplementares
Perdas suplementares são aquelas que não podem ser colocadas em
nenhuma das categorias anteriores. Independentemente de quão cuidadosa é a
análise das perdas, algumas delas acabam não sendo incluídas em nenhuma
categoria. Todas essas perdas reunidas constituem o que se denomina perdas
suplementares. Para a maioria das máquinas, as perdas suplementares são
consideradas por convenção como representando 1% da carga total (CHAPMAN,
STEPHEN, 2013).
Para esse autor, uma das técnicas mais convenientes para contabilizar a
perda de potência em uma máquina é o diagrama de fluxo de potência. O diagrama
de fluxo de potência de um motor c.c. está mostrado na (FIGURA 23). Nessa figura,
a potência elétrica entra na máquina e, então, são subtraídas as perdas elétricas
I2. R. Depois da subtração, a potência restante é convertida idealmente da forma
elétrica para a mecânica no ponto denominado PCONV. A potência elétrica convertida
é dada por
PCONV = EA. IA (29)
e a potência mecânica é dada por
PCONV = τind. ω (30)
Entretanto, essa não é a potência que aparece nos terminais da máquina.
Antes de chegar aos terminais, as perdas no núcleo, mecânicas e suplementares
devem ser subtraídas.
67
FIGURA 23 - DIAGRAMA DE FLUXO DE POTÊNCIA DO MOTOR c.c.
FONTE: Chapman, Stephen, (2013), p.457.
Gieras (2010), já define que a máxima eficiência depende a relação linear do
torque-velocidade e torque-corrente, visto na (FIGURA 24) “b”. Assim a máxima
eficiência pode ser estimada como,
ηmax ≈ (1 − √T0
TS)
2
= (1 − √Ia0Iash
)
2
(31)
Onde:
- Ia0 é a corrente de armadura sem carga (A);
- Iash é a corrente de armadura (A) na condição de curto-circuito na
velocidade zero, calculada pela (EQUAÇÃO 33);
- T0 é o torque (N.m) apenas para superar o atrito a vazio e
- Ts é o valor do torque (N.m) com rotor bloqueado, calculado pela
(EQUAÇÃO 34).
68
FIGURA 24 - CURVAS CARACTERÍSTICAS DE UM MOTOR CC COM COMUTADOR E ÍMÃ PERMANENTE
FONTE: Gieras, Jacek F; (2010), p.127
3.5.8 Corrente de partida
Combinando a (EQUAÇÃO 6) e (EQUAÇÃO 7) a corrente de armadura pode
ser expressa em função da velocidade, isto é,
Ia =
V − cE. ω. Φg
∑Ra
(32)
No primeiro instante de partida do motor a velocidade n=0, assim a força
eletromotriz também será zero, E=0. Dessa forma fica resumida a equação da
corrente de partida igual a corrente de rotor bloqueado como,
Iash =
V
∑Ra
(33)
O torque correspondente a essa situação operacional é chamado de torque
em stall ou torque com o rotor bloqueado, isto é,
Ts = KT. Iash = KT.
V
∑Ra
(34)
69
3.6 EQUAÇÕES DO CIRCUITO MAGNÉTICO DO MOTOR
Para um motor c.c. desenvolver torque e, desta forma conseguir uma
velocidade de operação, é necessário que exista uma distribuição de densidade de
fluxo ao longo do entreferro da máquina (TORO; VICENT DEL, 2011).
Segundo esse autor, o material usado na construção de um motor c.c. com
ímã permanente pode ser de um entre três tipos: ímã de alnico, ímã cerâmico
(ferrite) ou ímãs de terras raras. Estes materiais têm a característica particular de
elevada densidade de fluxo residual e grande força coersiva.
Tem-se que o alnico possui uma densidade de fluxo residual na ordem de 1
tesla, o que é comparável às densidades de fluxo encontradas em máquinas com
enrolamento de campo.
Considerando-se uma dada potência nominal, o motor c.c. com alnico tem
uma armadura ligeiramente maior quando comparado ao motor equivalente com
enrolamento de campo. Já o ímã cerâmico, tem uma densidade de fluxo residual
inferior à metade do motor com alnico, em compensação é o mais barato dos
materiais com ímã permanente (TORO; VICENT DEL, 2011).
O motor em estudo, objeto desta dissertação, trabalha com um ímã
permanente cerâmico (ferrite), sendo esse material o mais utilizado para uma
potência na faixa de fração de HP (Horse Power).
3.6.1 Densidade de fluxo magnético no entreferro
A (FIGURA 25) ilustra e define as dimensões de um motor c.c. de ímã
permanente similar ao estudado nessa dissertação.
Observa-se que esse circuito equivalente é uma aproximação porque em um
motor a área da seção reta do caminho de fluxo cresce com o aumento do raio, ao
passo que nesse circuito equivalente, foi suposta constante, bem como, ignora-se os
efeitos das ranhuras (FITZGERALD; A.E. 2006).
70
FIGURA 25 - (a) DEFINIÇÕES DAS DIMENSÕES DO MOTOR (b) CIRCUITO MAGNÉTICO EQUIVALENTE APROXIMADO
FONTE: Fitzgerald A.E. (2006), p.371
Para esse autor, como se supõe que a permeabilidade do núcleo seja
infinita, então a intensidade de campo magnético (H) no núcleo é desprezível, o
entreferro será constituído de uma espessura de 2. g em série com uma seção de
ímã permanente com comprimento de 2. tm. Verificando-se que a f. m.m., £ que atua
no circuito magnético é zero, pode-se escrever
£ = 0 = Hg. 2g + Hm. 2tm (35)
ou,
Hg = −(
2. tm2. g
) . Hm (36)
Onde Hg e Hm são as intensidades de campo magnético no entreferro e no
material magnético, respectivamente. Como o fluxo deve ser contínuo ao longo do
circuito magnético, então
71
Φ = Ag. Bg = Am. Bm (37)
ou,
Bg = (
Am
Ag) . Bm
(38)
Onde Bg e Bm são densidades de fluxo magnético no entreferro e no material
magnético respectivamente. A área da seção reta do núcleo e do entreferro é igual,
Am = Ag, com isso tem-se que Bg = Bm. Essas equações podem ser resolvidas
fornecendo uma relação linear para Bm em termos de Hm
Bm = −μ0. (
tmg
) . Hm (39)
Em unidades do SI (sistema internacional), tem-se,
- a permeabilidade do vácuo é μ0 = 4πx10−7 henrys por metro [H/m] ou de forma
equivalente webers por ampère-espira-metro, [Wb/A. e.m],
- H é medida em ampères por metro, [A/m],
- B em webers por metro quadrado, [Wb/m²] ou como também é conhecida, em
teslas [T] e finalmente
- fluxo magnético Φ em webers [Wb].
Neste ponto que o trabalho tem seu fundamento. Com a variação construtiva
da espessura do ímã permanente ditada pela (EQUAÇÃO 39) variamos também o
entreferro, avaliando assim o resultado destes parâmetros magnéticos em relação
ao circuito elétrico e mecânico do motor.
3.7 EQUAÇÕES DO SISTEMA MECÂNICO DO MOTOR
De acordo com Mohan (2012), os acionamentos elétricos de um motor
devem satisfazer os requisitos de torque e velocidade impostos pelas cargas
72
mecânicas conectadas a eles. Na (FIGURA 26) mostram-se os elementos
mecânicos associados ao sistema de rotação de um motor cc. Neste capítulo serão
revisados brevemente os princípios básicos de mecânica para entender os requisitos
impostos pelos sistemas mecânicos nos acionamentos elétricos.
FIGURA 26 - DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DO MOTOR c.c. - PARTE MECÂNICA
FONTE: Adaptado de LABTRIX (2016)
A equação, da parte mecânica que representa o motor de corrente contínua
com ímã permanente pode ser representada como,
Td = J.
dω
dt+ β.ω + ψ
(40)
Sendo o torque desenvolvido Td, também representado pela (EQUAÇÃO
13), anteriormente apresentada.
Os parâmetros mecânicos apresentados na (EQUAÇÃO 40) são definidos
pelas suas unidades,
- β é o coeficiente de atrito viscoso [N.m. s/rad],
- ψ coeficiente de atrito seco [N.m],
- J coeficiente polar de inércia [Kg .m²],
- ω velocidade angular do conjunto [rad/s] e
- dω
dt derivada da velocidade angular em relação ao tempo.
73
3.7.1 Atrito
O atrito interno do motor e a carga atual opondo-se ao movimento giratório
do conjunto. O atrito ocorre nos rolamentos que suportam as estruturas girantes.
Ademais, objetos em movimento no ar encontram o efeito de ventilação ou arrasto
(MOHAN; NED, 2012).
Como exemplo, em veículos tem-se que o arrasto é uma força que deve ser
vencida. Portanto, o atrito e o arrasto podem ser considerados como forças ou
torque oposto ao movimento, os quais devem ser controlados.
Assim sendo, o amortecimento viscoso é proveniente do atrito viscoso, o
qual representa o atrito proveniente de uma peça sólida e um fluido viscoso, que é
entreposto entre as peças móveis de um sistema mecânico. Tem-se como exemplo
dessa situação o atrito que ocorre entre um eixo e o seu mancal de deslizamento
(IME-USP, 2015).
Conseqüentemente, o amortecimento seco é proveniente do atrito seco, que
ocorre quando entram em atrito dois corpos sólidos sem que haja algum fluido entre
os dois corpos (IME-USP, 2015).
Segundo Mohan (2012) o torque de atrito é geralmente não linear em
natureza, sendo necessário uma alta força (ou torque) para se iniciar o movimento
de um objeto, denominada de atrito estático ou stiction. Após iniciado o movimento o
atrito é constituído de uma componente denominada de atrito Coulomb (atrito entre
duas superfícies secas), que se mantém independente da magnitude de velocidade
(sempre se opõe a rotação) e outra componente denominada de atrito viscoso (atrito
dinâmico) que se incrementa linearmente com a velocidade.
Para Falcone (1979), o torque de atrito Tf em um sistema consiste em a
soma de todos os componentes acima mencionados. Com certa aproximação a
equação abaixo representa o valor do atrito de forma linearizada.
Tf = β.ω (41)
O valor de β representa o coeficiente de atrito viscoso ou amortecimento
viscoso.
74
3.7.2 Momento polar de inércia
O momento polar de inércia em um sistema rotativo quantifica a massa
distribuída ao redor do eixo de rotação. Dessa maneira, quanto maior for o valor de J,
logicamente maior será a massa distribuída ao redor do eixo e, por conseqüência,
mais difícil será girar o eixo da máquina (COSTA, 2010).
Na (FIGURA 27) “a” uma força externa chamada de fe atua sobre uma carga
de massa constante M, que causa um movimento linear na direção x com uma
velocidade u = dx/dt .
Segundo Mohan (2012), este movimento é resistido pela carga,
representada pela força fL. O momento de inércia, associado com a massa, é
definido como M vezes u. Como mostrado na (FIGURA 27) “b” em concordância com
a Lei de Newton do Movimento, a força líquida fM = (fe − fL) é igual a variação
temporal do momento de inércia, que causa aceleração da massa
fM =
d
dt(Mu) = M
du
dt= M. a
(42)
Em que a é a aceleração representada em m/s² e a = du/dt = fM/M.
FIGURA 27 - MOVIMENTO DE UMA MASSA “M” DEVIDO À AÇÃO DE FORÇAS
FONTE: Mohan, Ned (2012), p.13
De acordo com Mohan (2012), o caso de um cilindro sólido girando
livremente em seu eixo, o momento de inércia pode ser calculado aplicando-se a Lei
de Newton do Movimento, na (FIGURA 28) “a” para acelerar um diferencial de
massa dM em um raio r, o diferencial de força líquida df requerida na direção
perpendicular (tangencial) será
75
(dM) (
du
dt) = df
(43)
Aprimorando a (EQUAÇÃO 43) e executando a integração tripla em relação
a dr, dθ e dl, mostrado na (FIGURA 28) “b”, é definido o momento de inércia J para
um cilindro sólido,
Jcil =π
2. ρ. l. r1
4 (44)
Sendo ρ a densidade do material em Kg/m³.
Como a massa do cilindro da (FIGURA 28) “a’ é M = ρ. π. r12. l, o momento de
inércia na (EQUAÇÃO 44) pode ser escrito como,
Jcil =
1
2.M. r1
2 (45)
FIGURA 28 - CÁLCULO DA INÉRCIA DE UM CILINDRO SÓLIDO
FONTE: Mohan, Ned (2012), p.15
O torque líquido Tj atuando sobre um corpo girante de inércia J causa-lhe
uma aceleração. Similar aos sistemas de movimento linear em que fM = M. a, a Lei
de Newton em sistemas giratórios é
Tj = J. α (46)
76
Em que a aceleração angular α = (dω/dt) em rad/s² é
α =
dω
dt=
Tj
J
(47)
3.7.3 Sistema rotativo
Para Mohan (2012) a grande maioria dos motores elétricos são do tipo
girantes. Considere uma alavanca que pode girar num extremo e é livre no outro,
como mostrado na (FIGURA 29). Quando uma força externa F é aplicada
perpendicularmente no extremo livre da alavanca a um raio r desde o pivô, então o
torque atuando sobre a alavanca será
T = F. r (48)
o qual atua em sentido anti-horário, considerado como positivo. Para o SI as
unidades presentes assumem as respectivas referências,
- Torque – T [N.m],
- Força – F [N] e
- Raio – r [m].
FIGURA 29 – (a) ALAVANCA COM PIVÔ (b) TORQUE DE SUSTENTAÇÃO PARA A ALAVANCA
FONTE: Mohan, Ned (2012), p.14
77
Em máquinas elétricas, as diferentes forças atuantes mostradas com setas
na (FIGURA 30) são produzidas devido às interações eletromagnéticas. A definição
de torque na (EQUAÇÃO 13) descreve corretamente o torque eletromagnético
resultante Tem que causa a rotação do motor e da carga mecânica acoplada ao eixo.
Em um sistema rotativo, a aceleração angular causada pelo torque líquido
atuante sobre ele é determinado pelo momento de inércia J (MOHAN; NED, 2012).
FIGURA 30 - TORQUE EM UM MOTOR ELÉTRICO
FONTE: Mohan, Ned (2012), p.14
78
4 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
No desenvolvimento dos estudos e testes foram utilizadas as seguintes
peças, recursos e equipamentos:
a) Motor de corrente contínua de ímã permanente: Duas amostras fornecidas
pelo fabricante, tensão 12 V, utilizados na linha automotiva e aplicados na
ventilação do sistema de refrigeração do motor à combustão. Na (FIGURA
31) observa-se o aspecto construtivo dos motores.
FIGURA 31 – AMOSTRAS DE MOTORES CCIP
FONTE: O autor (2017)
b) Segmentos de ímã permanente: Várias amostras com espessura do ímã
em 6 mm e 5 mm que serão aplicados nos motores modificados e 8 mm
aplicado no motor padrão. Na (FIGURA 32) pode-se visualizar as
principais medidas do segmento do motor denominado de padrão. A
grandeza que sofrerá alteração (redução) encontra-se representada pela
letra w, as demais medidas não sofrerão alteração.
79
FIGURA 32 – CONJUNTOS DE SEGMENTOS DE ÍMÃS DO MOTOR
FONTE: Adaptado de www.ímãs-neodimio.com (2017)
Os ímãs de ferrite são produzidos a partir de pós de óxido de ferro e
carbonatos de bário ou estrôncio. Esses materiais são misturados, moídos
e prensados sob campo magnético, obtendo-se assim uma orientação
magnética ainda à verde (no caso de imãs anisotrópicos). Nos testes
estaremos utilizando o imã de ferrite de estrôncio – anisotrópico, ou seja
possui os pólos magnéticos orientados o que torna seus campos
magnéticos consideravelmente mais potentes em relação aos isotrópicos.
Na (FIGURA 33) mostra-se os três tipos de ímãs com espessuras
diferentes, w = 8 mm utilizado no motor padrão e w = 6 mm e 5 mm
utilizados nos motores modificados.
80
FIGURA 33 – EXEMPLOS DE SEGMENTOS DE ÍMÃ EM FORMA DE ARCO
FONTE: O autor (2017)
c) Fonte de corrente contínua: Equipamento da marca ICEL, modelo PS-
5000, níveis de tensão ajustáveis de 0 – 32 V, níveis de corrente de 0 – 6
A., em modo de operação paralela. Exatidão: ± (1% da leitura + 2 dígitos)
para tensão e ± (2% da leitura + 2 dígitos) para corrente. Na (FIGURA 34)
pode-se visualizar a fonte c.c. ao lado direito da figura.
FIGURA 34 – FONTE DE CORRENTE CONTÍNUA
FONTE: O autor (2017)
d) Tacômetro digital: Equipamento da marca ICEL, modelo TC-5035,
equipamento utilizado para medição da rotação do motor através de laser.
Unidade de leitura, rotações por minuto - [rpm]. Escala ótica de 2 à 99.999
81
rpm, resolução 0,1 rpm de 2 a 9.999,9, exatidão (±0,05% + 1 dígito). Em
detalhes pode-se visualizar um tacômetro na (FIGURA 35)
FIGURA 35 – MEDIDOR DE VELOCIDADE - TACÔMETRO
FONTE: O autor (2017)
e) Ponte LRC portátil: Equipamento da marca Minipa, modelo MX-1010,
exatidão (± 2,0% leit. + Lx/10000 + 5d), equipamento utilizado para
medição da indutância dos enrolamentos da armadura do motor, conforme
ilustrado na (FIGURA 36), localizado ao lado direito.
FIGURA 36 – PONTE LRC PORTÁTIL
FONTE: O autor (2017)
82
f) Multímetro digital: Equipamento da marca ICEL, modelo MD-6110,
utilizadas as escalas em tensão contínua: 20 V (±0,5% + 3d), escala em
corrente contínua: 20 A (±2,0% + 5d). Equipamentos usados para
medição de tensão e corrente no circuito elétrico, conforme (FIGURA 37),
à direita equipamento configurado como um voltímetro e a esquerda
configurado como um amperímetro.
FIGURA 37 – MULTÍMETROS DIGITAIS – MARCA ICEL
FONTE: O autor (2017)
g) Bancada de testes: Equipamento da marca e modelo UTFPR, utilizado
como base de sustentação para todos os ensaios, constituída com
alimentação trifásica c.a., com tensões de 220 V fase-fase e 127 V fase-
neutro, sistema de proteção completo, contra curto-circuito e sobre
corrente, conforme (FIGURA 38) e (FIGURA 39).
83
FIGURA 38 – BANCADA DE TESTES
FONTE: O autor (2017)
FIGURA 39 – DETALHE DA BANCADA DE TESTES
FONTE: O autor (2017)
h) Wattímetro digital monofásico: Equipamento da marca TwiLight - LT e
modelo DW-6060, conforme (FIGURA 40), utilizado para medição de
potência ativa ( Watts - [ W ] ), precisão ± (1% + 1d) essa potência é
dissipada sobre uma resistência pura. Pode-se visualizar essa resistência,
que se encontra representada no circuito elétrico equivalente do motor,
conforme (FIGURA 21).
84
FIGURA 40 – WATTÍMETRO DIGITAL
FONTE: O autor (2017)
i) Regulador monofásico de tensão: Equipamento da marca Auje, modelo M-
2405, utilizado como variador de tensão c.a. é um auto transformador com
possibilidade de ajustes para tensões de saída em até 240 V , 50/60 Hz
com corrente máxima de 5 A e 1.200 W de potência. Conforme (FIGURA
41), equipamento localizado à esquerda da figura.
FIGURA 41 – DETALHES DE EQUIPAMENTOS
FONTE: O autor (2017)
85
j) Ponte retificadora monofásica: Equipamento da marca e fabricação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, utilizado como
elemento retificador de corrente e tensão c.a. para c.c., com capacidade
máxima de 250 V e 10 A .Conforme (FIGURA 41), equipamento na cor
branca localizado no centro da figura.
Com as condições descritas, iniciou-se a nova abordagem conforme a
metodologia empregada e desenvolvida a seguir, realizando os respectivos testes.
86
5 MÉTODOS
Nesse capítulo são apresentadas as metodologias aplicadas no
desenvolvimento dos testes para esse estudo.
Ao selecionar um motor c.c. é fundamental que se identifique as principais
especificações de desempenho, além dos requisitos de potência e tamanho.
Também é importante considerar os requisitos ambientais para a sua aplicação
(SILVEIRA, 2016).
Para se atingir os objetivos propostos neste trabalho, foram utilizados
métodos de ensaios em laboratório e comparados os resultados com os obtidos no
conjunto – motor o qual foi denominado de padrão.
5.1 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS
A amostra original, do motor, foi recebida do fabricante já totalmente
montada com a espessura de ímã em 8 mm que é o padrão de fornecimento,
portanto antes de implementar qualquer tipo de mudança construtiva foram
realizados todos os testes considerando esse tipo de montagem.
Com os fornecedores de material magnético foram encomendadas peças de
segmentos de ímã permanente com espessura (w) de 6 mm e 5 mm, todos em
forma de arco considerando o projeto magnético mostrado anteriormente na
(FIGURA 32).
No processo de desmontagem do motor exigiu-se o rompimento dos lacres
do suporte de fixação do eixo. Definiu-se assim a seguinte seqüência de atividades
para troca das peças de ímã permanente:
- retirada do lacre de fixação do suporte do eixo;
- retirada do suporte de fixação do eixo;
- retirada do conjunto do rotor (parte móvel);
- retirada dos grampos de fixação do ímã permanente;
87
- e finalmente retirada do ímã permanente.
O trabalho de montagem poderá seguir uma seqüência inversa das
atividades relacionadas acima. Da (FIGURA 42) à (FIGURA 44) pode-se observar
alguns detalhes das atividades desenvolvidas, bem como algumas das principais
partes do conjunto do motor.
FIGURA 42 – DETALHES DA PREPARAÇÃO DOS PROTÓTIPOS – FASE 1
FONTE: O autor (2017)
88
FIGURA 43 – DETALHES DA PREPARAÇÃO DOS PROTÓTIPOS – FASE 2
FONTE: O autor (2017
FIGURA 44 – DETALHES DA PREPARAÇÃO DOS PROTÓTIPOS – FASE 3
FONTE: O autor (2017)
89
5.2 CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA EM VÁZIO
O processo de caracterização à vazio foi realizado em bancada com o intuito
de levantar os parâmetros de operação dos motores com a tensão nominal de 12 V
aplicada.
Foram utilizados para realizar esse procedimento dois multímetros digitais,
um tacômetro digital e uma fonte de corrente contínua.
As conexões elétricas para o procedimento são ilustradas na (FIGURA 45).
O objetivo do teste é levantar as variáveis: tensão, corrente, rotação e potência à
vazio.
FIGURA 45 - DIAGRAMA DE ENSAIO A VAZIO
FONTE: O autor (2017)
5.3 DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE ARMADURA - Ra
Com o rotor travado a velocidade do motor será nula (ω = 0) e aplicando-se
corrente contínua e constante ( dia dt = 0⁄ ) a equação da parte elétrica do motor é
reduzida a: V = Ra. Ia. A resistência de armadura pode ser determinada aplicando-se
uma tensão conhecida e medindo-se a corrente.
Note-se que:
• O motor deve permanecer travado durante o ensaio;
90
• Recomenda-se não aplicar corrente superior a 50 % da corrente nominal;
• Com o aquecimento do cobre a resistência de armadura será alterada e;
• Neste procedimento é considerado que o contato das escovas com o comutador é
puramente ôhmico.
Para realizar esse procedimento foram utilizados dois multímetros digitais,
uma fonte cc variável e um freio mecânico. As ligações elétricas utilizadas para
executar esse procedimento são representadas na (FIGURA 46).
FIGURA 46 – DIAGRAMA DE ENSAIO COM ROTOR BLOQUEADO
FONTE: O autor (2017)
5.4 DETERMINAÇÃO DA DE FORÇA CONTRA ELETROMOTRIZ - E
Quando se aplicada uma tensão nos terminais de um motor c.c., o mesmo
tende a produzir torque e apresentar rotação; desta forma, os condutores no rotor
apresentam movimentação relativa ao campo magnético em que estão inseridos.
Assim, uma tensão é induzida nos condutores da armadura, gerando uma força que
se opõe ao movimento inicial da máquina. Esse fenômeno é definido como ação
geradora de uma máquina elétrica, ou também conhecido como força contra
eletromotriz (KOSOW; IRVING L., 2005).
Considerando corrente contínua e constante dia dt⁄ = 0, a equação da parte
elétrica é reduzida a:
V = E + Ia. Ra (49)
91
Isolando-se a f. c. e.m. representada por E nessa equação tem-se:
E = V − Ia. Ra (50)
Diagrama de ensaio, para este teste, pode ser utilizado o mesmo
representado na (FIGURA 45), para cada valor de tensão aplicado, coleta-se o
respectivo valor da corrente Ia, sendo que o valor da resistência de armadura Ra já
foi definido pelo ensaio de rotor bloqueado.
5.5 DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DA TENSÃO GERADA E TORQUE
Sabendo que a ação geradora pode ser definida como E = Ke. ω, visto
anteriormente na (EQUAÇÃO 9) e para motores de corrente contínua com ímãs
permanentes o fluxo magnético Φ é constante, a constante Ke é o produto de ce. Φg.
Isolando a constante a formula fica na seguinte representação, com suas
unidades:
Ke =
E
ω =>
[V]
[rad s⁄ ]=
[V. s]
[rad]
(51)
Dessa maneira, o valor de Ke pode ser resolvido pela relação da tensão
gerada E pela velocidade do conjunto ω.
Outra forma de se determinar a constante da tensão gerada é, considerando
a igualdade das expressões abaixo,
E = V − Ia. Ra = Ke. ω (52)
Assim, o valor de Ke pode ser obtido através de regressão linear.
92
Para máquinas de corrente contínua de imã permanente a constante de
fcem, é numericamente igual à constante de torque KT, desde que expressas no
Sistema Internacional - SI.
Assim:
KT ≜ Ke (53)
[N.m
A] = [
V. s
rad]
5.6 DETERMINAÇÃO DA INDUTÂNCIA DA ARMADURA - L
Uma forma para se determinar L seria utilizando o método da corrente
alternada, o qual utiliza um procedimento análogo ao da determinação da resistência
de armadura: aplicando tensão alternada V na armadura, conforme a (FIGURA 47),
obtém-se uma variação linear entre a tensão e corrente, o que leva ao módulo da
impedância Z. O estudo baseia-se em na análise de um circuito c.a. – RL em série.
Utilizou-se nesse circuito os equipamentos de medição, dois multímetros e um
wattímetro. O valor da impedância total será:
|Z| =
ΔV
ΔI
(54)
Para indutância tem-se:
|XL| = ω. L = |Z|. sinΦ (55)
93
L =
|Z|. sinΦ
ω
(56)
Sendo ω a freqüência angular da tensão alternada aplicada V.
FIGURA 47 – CIRCUITO RL SÉRIE
FONTE: Boylestad, Robert L. (2010)
5.7 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE ATRITO VISCOSO E SECO
Estes parâmetros são obtidos com os dados dos itens anteriores, devendo-
se ser calculado em uma coluna os valores estimados de torque Td.
Como, a cada leitura, o motor está em regime permanente, dω dt⁄ = 0 e a
equação da parte mecânica é reduzida a
Td = KT. Ia = β. ω + ψ (57)
Elaborando um gráfico de Td versus ω e graficamente ou por regressão
linear pode-se determinar os valores de β e ψ, respectivamente os coeficientes
angular e linear da reta ajustada.
94
Observando a (EQUAÇÃO 57) e comparando-a com uma equação do
primeiro grau Y(X) = AX + C é possível determinar por analogia que a função Y é Td,
o coeficiente angular 𝐴 é o atrito viscoso β e o coeficiente linear 𝐶 é o atrito seco ψ.
5.8 DETERMINAÇÃO DO MOMENTO POLAR DE INÉRCIA – J
Para determinar o valor da constante polar de inércia foi considerado que o
conjunto rotor – eixo será representado como um único cilindro maciço, o qual gira
em seu próprio eixo conforme visualizado na (FIGURA 48),
FIGURA 48 – REPRESENTAÇÃO DO ROTOR E EIXO - CILINDRO MACIÇO
FONTE: Teixeira, Fernando H. P. (2006)
Assim, o momento de inércia de um cilindro sólido é dado pela (EQUAÇÃO
45).
Considerando a massa medida do conjunto do rotor mais eixo de 530,5 g e o
diâmetro externo do conjunto como sendo do rotor, de valor igual a 53 mm, raio de
26,5 mm pode-se calcular o momento de inércia em unidade Kg.m².
5.9 DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DO MOTOR
95
O controle de velocidade para um motor de corrente contínua com imã
permanente é definido pela (EQUAÇÃO 20), ou seja, consegue-se alterar a
velocidade da máquina c.c. pela variação da tensão aplicada na armadura, onde
observa-se uma dependência direta de V ou pela corrente aplicada no mesmo.
Para execução deste ensaio foi utilizado como base o procedimento definido
por Martignoni em seu livro “Ensaio de Máquinas Elétricas”, representado no
diagrama da (FIGURA 49)
FIGURA 49 – ESQUEMA DE CONEXÃO PARA MEDIR A VELOCIDADE
FONTE: Adaptado de Martignoni, Alfonso (1987)
A coleta dos dados de velocidade em função da tensão aplicada, é realizada
alterando-se a tensão até 12 V. A cada 1 V de variação foram coletados os
respectivos valores da velocidade em [ 𝑟𝑝𝑚 ].
5.10 CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PARÂMETROS DAS CURVAS
As curvas de corrente I, velocidade n, potência P e rendimento η em função
do torque Td aplicado pelo motor em um dado instante estão na (FIGURA 50). Em
um motor ideal (que não existe perdas), não há nenhuma perda de atrito, logo,
corrente a vazio I vázio = 0 e a sua resistência elétrica é zero, logo Ra = 0 e nesse
96
caso η = 1 (eficiência de 100 %). Motores reais possuem 0 ≤ η < 1 (eficiência entre
0 e 100 %).
FIGURA 50 – CURVAS FUNCIONAIS DO MOTOR c.c. COM ÍMÃ PERMANENTE
FONTE: Adaptado Gieras, Jacek F; (2010), p.127
Pelo gráfico pode-se notar que a velocidade máxima (a vazio) n vázio do
motor ocorre quando seu eixo está livre, com Td = 0, resultando em corrente de
entrada igual a corrente a vazio, I entrada = I vázio, e assim
n vázio = KV. (Ventrada − Ra. I vázio) (58)
Considera-se KV = 1/KT. A corrente máxima I máx ocorre quando o motor
está com o rotor todo travado, com velocidade n = 0, assim I entrada = V entrada Ra⁄ ,
gerando o torque máximo possível para o motor τd máx = KT. (I máx − I vázio).
97
Pode-se observar no gráfico que o valor máximo de potência mecânica P máx
ocorre quando n aproximadamente igual à metade de n vázio. Mais precisamente,
diferenciando-se as equações anteriores, pode-se mostrar que P máx ocorre quando,
I entrada =
Ventrada
(2. Ra)+ I vázio
(59)
Já a eficiência máxima ocorre normalmente entre 80 % e 90 % da n vázio,
mais precisamente quando,
I entrada = √V entrada. I vázio
Ra
(60)
98
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 AVALIAÇÃO DA CARACTERIZAÇÃO A VÁZIO
Quando o motor funciona a vazio é nulo o conjugado útil aplicado em seu
eixo, nestas condições o único conjugado que o motor deve vencer é constituído
pela resistência de atrito e pelo efeito freiante devido às perdas no ferro. Este
conjugado alcança no máximo 5 % do valor do conjugado útil da máquina
(MARTIGNONI; ALFONSO, 1987).
As conexões elétricas para o procedimento são ilustradas na (FIGURA 45) e
posteriormente foram coletadas as medidas apresentando os resultados conforme
(TABELA 1).
TABELA 1 – CARACTERIZAÇÃO ELÉTRICA A VAZIO
Tipo Motor Tensão (V) Corrente (A) Rotação (rpm) Potência (W)
Padrão (w=8 mm) 12,00 2,33 4.150 27,96
Modificado (w=6 mm) 12,00 2,90 7.340 34,80
Modificado (w=5 mm) 12,00 3,60 7.520 43,20
FONTE: O autor (2017)
A potência elétrica consumida, à vazio, pelo motor foi calculada pela relação
P = V. I, sendo que os valores de tensão e corrente foram coletados com dois
multímetros digitas.
A corrente elétrica medida nesse processo se refere a necessidade
requerida para o motor girar sem nenhuma carga no seu eixo, quanto menor o seu
valor menos atrito existe nos rolamentos / buchas do motor.
6.2 CÁLCULOS PARA DETERMINAR A RESISTÊNCIA DE ARMADURA
99
As conexões elétricas para realizar esse procedimento estão ilustradas na
(FIGURA 46), os resultados coletados se apresentam na (TABELA 2). Foram
utilizadas cinco medições, objetivando-se assim trabalhar com um valor médio.
TABELA 2 – RESISTÊNCIA DA ARMADURA
Resistência da Armadura - Motor Padrão
Medidas Tensão Corrente Resistência
[ V ] [ A ] [ Ω ]
1 0,43 1,53 0,2810
2 0,65 2,38 0,2731
3 0,81 2,90 0,2793
4 1,11 4,21 0,2637
5 1,19 4,60 0,2587
Resistência média 0,2712
Desvio padrão 0,0087
Desvio padrão (valor médio) 0,0039
Ra (com erro combinado) (0,271±0,017)
FONTE: O autor (2017)
O valor da resistência elétrica de armadura foi calculada pela relação
R = V I⁄ . Considera-se esse valor como a somatório de todos os elementos resistivos
que se encontram no circuito série da armadura, visto anteriormente na (EQUAÇÃO
15). A partir dos valores coletados na (TABELA 2), representa-se a relação linear
conforme (GRÁFICO 1).
Considera-se que o valor da resistência de armadura não sofre influência da
variação da espessura do ímã permanente, portanto terá um valor constante.
100
GRÁFICO 1 – RELAÇÃO DA RESISTÊNCIA - MOTOR PADRÃO
FONTE: O autor (2017)
6.3 AVALIAÇÃO DA VELOCIDADE E TENSÃO GERADA
As conexões elétricas para realizar esse procedimento estão ilustradas na
(FIGURA 46). Foram utilizadas variações de tensão de até 12 V, considera-se para
fins de cálculo o valor médio da resistência de armadura coletada no ensaio anterior.
Foi utilizado um tacômetro digital para monitor o valor da rotação em rpm.
Os resultados coletados se apresentam nas (TABELA 3) à (TABELA 5) a
seguir.
y = 0,261x + 0,014
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
-1 0 1 2 3 4 5 6
Tensão [ V
]
Corrente [A ]
RESISTÊNCIA DE ARMADURA
regressão linear
dados
101
TABELA 3 – AÇÃO GERADORA PARA MOTOR PADRÃO, w = 8 mm
V I R Velocidade E
(V) (A) (Ω) (rpm) (rad/s) (V)
0 0 0,271 0 0 0
1,0 1,09 0,271 187 19,58 0,70
2,0 1,28 0,271 540 56,55 1,65
3,0 1,50 0,271 860 90,06 2,59
4,0 1,61 0,271 1220 127,76 3,56
5,0 1,72 0,271 1595 167,03 4,53
6,0 1,78 0,271 1950 204,20 5,52
7,0 1,84 0,271 2330 244,00 6,50
8,0 1,99 0,271 2685 281,17 7,46
9,0 2,09 0,271 3044 318,77 8,43
10,0 2,15 0,271 3390 355,00 9,42
11,0 2,23 0,271 3760 393,75 10,39
12,0 2,33 0,271 4150 434,59 11,37
FONTE: O autor (2017)
TABELA 4 – AÇÃO GERADORA PARA MOTOR, w = 6 mm
V I R Velocidade E
(V) (A) (Ω) (rpm) (rad/s) (V)
0 0 0,271 0 0 0
1,0 1,68 0,271 311 32,57 0,54
2,0 1,85 0,271 980 102,62 1,50
3,0 2,06 0,271 1600 167,55 2,44
4,0 2,16 0,271 2210 231,43 3,41
5,0 2,34 0,271 2780 291,12 4,36
6,0 2,54 0,271 3380 353,95 5,31
7,0 2,57 0,271 4020 420,97 6,30
8,0 2,50 0,271 4690 491,14 7,32
9,0 2,55 0,271 5340 559,20 8,31
10,0 2,60 0,271 5980 626,22 9,29
11,0 2,72 0,271 6650 696,40 10,26
12,0 2,90 0,271 7340 768,64 11,21
FONTE: O autor (2017)
102
TABELA 5 – AÇÃO GERADORA PARA MOTOR, w = 5 mm
V I R Velocidade E
(V) (A) (Ω) (rpm) (rad/s) (V)
0 0 0,271 0 0 0
1,0 2,02 0,271 340 35,60 0,45
2,0 2,26 0,271 970 101,58 1,39
3,0 2,55 0,271 1725 180,64 2,31
4,0 2,82 0,271 2260 236,67 3,23
5,0 2,95 0,271 2820 295,31 4,20
6,0 3,01 0,271 3500 366,52 5,18
7,0 3,12 0,271 4330 453,44 6,15
8,0 3,10 0,271 4912 514,38 7,16
9,0 3,40 0,271 5713 598,26 8,08
10,0 3,48 0,271 6370 667,06 9,06
11,0 3,54 0,271 7050 738,27 10,04
12,0 3,60 0,271 7520 787,49 11,02
FONTE: O autor (2017)
Para fins de conversão entre unidades, da velocidade, considera-se 1 rpm =
0,1047 rad s⁄ . Verifica-se pelo (GRÁFICO 1) a relação linear entre a tensão aplicada
e a velocidade, sendo esse um dos meios de controle da velocidade em um motor
c.c. de ímã permanente. A quantificação desse comportamento é avaliada pela
(EQUAÇÃO 20). Tem-se a velocidade máxima do motor, para cada condição,
quando o mesmo trabalha na condição a vazio com tensão nominal de 12 V,
aplicada. O ganho de velocidade em relação a redução do ímã permanente se deve
também a um fenômeno chamado de “ reação da armadura”, ou seja, um processo
de dispersão de fluxo estatórico provocado pelo fluxo rotórico.
103
GRÁFICO 2 – COMPARATIVO DA VELOCIDADE NO MOTOR
FONTE: O autor (2017)
O valor da tensão gerada E foi calculada pela relação apresentada na
(EQUAÇÃO 50), observa-se o seu comportamento, para cada condição, conforme o
(GRÁFICO 3), a pequena corrente absorvida pelo motor nessa condição provoca
uma pequena queda de tensão e o valor da força contra eletromotriz aproxima-se do
valor da tensão aplicada.
GRÁFICO 3 – COMPARATIVO DA TENSÃO GERADA NO MOTOR
FONTE: O autor (2017)
0
2000
4000
6000
8000
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Rota
ção [
rpm
]
Tensão Aplicada [ V ]
VELOCIDADE DO MOTOR
8 mm 6 mm 5 mm
Linear (8 mm) Linear (6 mm) Linear (5 mm)
0
2
4
6
8
10
12
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0
Tensão G
era
da -
E
[ V
]
Tensão Aplicada - V [ V ]
TENSÃO GERADA - "E"
8 mm 6 mm 5 mm
104
6.4 AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO A VAZIO
As conexões elétricas para realizar esse procedimento estão ilustradas na
(FIGURA 46), os resultados coletados são apresentados nas (TABELA 6) à
(TABELA 8). Foram utilizadas variações de tensão até 12 V. Considera-se para fins
de cálculo o valor médio da resistência de armadura coletada em ensaios anteriores.
Foi utilizado um tacômetro digital para monitorar o valor da rotação em rpm.
O cálculo do rendimento foi realizado conforme apresentado na (EQUAÇÃO
23). Assim dividindo a coluna da ação geradora E, pela tensão aplicada V, foi
possível determinar o rendimento η para cada condição de velocidade.
TABELA 6 - CÁLCULO DO RENDIMENTO PARA MOTOR, w = 8 mm
V I R Velocidade E η
(V) (A) (Ω) (rpm) (rad/s) (V) (%)
0 0 0,271 0 0 0 0
1,0 1,09 0,271 187 19,58 0,70 70,4
2,0 1,28 0,271 540 56,55 1,65 82,6
3,0 1,50 0,271 860 90,06 2,59 86,4
4,0 1,61 0,271 1220 127,76 3,56 89,1
5,0 1,72 0,271 1595 167,03 4,53 90,7
6,0 1,78 0,271 1950 204,20 5,52 91,9
7,0 1,84 0,271 2330 244,00 6,50 92,9
8,0 1,99 0,271 2685 281,17 7,46 93,3
9,0 2,09 0,271 3044 318,77 8,43 93,7
10,0 2,15 0,271 3390 355,00 9,42 94,2
11,0 2,23 0,271 3760 393,75 10,39 94,5
12,0 2,33 0,271 4150 434,59 11,37 94,7
FONTE: O autor (2017)
105
TABELA 7 - CÁLCULO DO RENDIMENTO PARA MOTOR, w = 6 mm
V I R Velocidade E η
(V) (A) (Ω) (rpm) (rad/s) (V) (%)
0 0 0,271 0 0 0 0
1,0 1,68 0,271 311 32,57 0,54 54,4
2,0 1,85 0,271 980 102,62 1,50 74,9
3,0 2,06 0,271 1600 167,55 2,44 81,4
4,0 2,16 0,271 2210 231,43 3,41 85,3
5,0 2,34 0,271 2780 291,12 4,36 87,3
6,0 2,54 0,271 3380 353,95 5,31 88,5
7,0 2,57 0,271 4020 420,97 6,30 90,0
8,0 2,50 0,271 4690 491,14 7,32 91,5
9,0 2,55 0,271 5340 559,20 8,31 92,3
10,0 2,60 0,271 5980 626,22 9,29 92,9
11,0 2,72 0,271 6650 696,39 10,26 93,3
12,0 2,90 0,271 7340 768,64 11,21 93,4
FONTE: O autor (2017)
TABELA 8 - CÁLCULO DO RENDIMENTO PARA MOTOR, w = 5 mm
V I R Velocidade E η
(V) (A) (Ω) (rpm) (rad/s) (V) (%)
0 0 0,271 0 0 0 0
1,0 2,02 0,271 340 35,60 0,45 45,2
2,0 2,26 0,271 970 101,58 1,39 69,3
3,0 2,55 0,271 1725 180,64 2,31 76,9
4,0 2,82 0,271 2260 236,67 3,23 80,8
5,0 2,95 0,271 2820 295,31 4,20 84,0
6,0 3,01 0,271 3500 366,52 5,18 86,3
7,0 3,12 0,271 4330 453,43 6,15 87,9
8,0 3,10 0,271 4912 514,38 7,16 89,4
9,0 3,40 0,271 5713 598,26 8,08 89,7
10,0 3,48 0,271 6370 667,06 9,06 90,5
11,0 3,54 0,271 7050 738,27 10,04 91,2
12,0 3,60 0,271 7520 787,49 11,02 91,8
FONTE: O autor (2017)
Com o (GRÁFICO 4) apresentado na seqüência, pode-se comparar a curvas
de rendimento para as três condições, considerando a velocidade até 4150 rpm e
106
concluir que quanto mais próximo dos parâmetros nominais o motor estiver
operando, mais próximo estará do rendimento máximo a vazio.
GRÁFICO 4 – COMPARAÇÃO DO RENDIMENTO A VAZIO PARA O MOTOR
FONTE: O autor (2017)
6.5 DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DO MOTOR - Ke
As conexões elétricas para realizar esse procedimento estão ilustradas na
(FIGURA 46), os resultados coletados são apresentados nas (TABELA 3) à
(TABELA 5). Foram utilizadas variações de tensão até 12 V, considera-se para fins
de cálculo o valor médio da resistência de armadura coletada em ensaios anteriores.
O cálculo da constante foi realizado conforme (EQUAÇÃO 51). Assim,
dividindo a coluna da ação geradora E, pela velocidade angular ω, foi possível
determinar a constante Ke. Observa-se no (GRÁFICO 5) à (GRÁFICO 7) o
comportamento linear da relação entre a tensão gerada e a velocidade angular,
portanto a equação se aproxima a uma reta, na forma Y(X) = a(X) + b, sendo o
coeficiente “a” da equação a constante do motor, para cada condição.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 1000 2000 3000 4000 5000
Rendim
ento
η [
% ]
Velocidade [ rpm ]
RENDIMENTO DO MOTOR
8 mm 6 mm 5 mm
107
GRÁFICO 5 – DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DO MOTOR, w = 8 mm
FONTE: O autor (2017)
GRÁFICO 6 – DETERMINAÇÂO DA CONSTANTE DO MOTOR, w = 6 mm
FONTE: O autor (2017)
y = 0,025x + 0,235
0
2
4
6
8
10
12
0 100 200 300 400 500
Tensão G
era
da -
E [
V ]
Velocidade - ω [ rad/s ]
MOTOR PADRÃO (8 mm)
regressão linear
dados
y = 0,014x + 0,052
0
2
4
6
8
10
12
0 200 400 600 800 1000
Tensão G
era
da -
E [
V ]
Velocidade - ω [ rad/s ]
MOTOR MODIFICADO (6 mm)
regressão linear
dados
108
GRÁFICO 7 – DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DO MOTOR, w = 5 mm
FONTE: O autor (2017)
Para Fitzgerald (2006), Ke é a constante de conjugado do motor que é uma
função de sua geometria e de suas características magnéticas de excitação.
6.6 CÁLCULO DE COEFICIENTE DE ATRITO VISCOSO e SECO
Para os cálculos dos coeficientes foi aplicada a (EQUAÇÃO 57) e elaborado
um gráfico de Td versus ω e graficamente ou por regressão linear pode-se
determinar os valores de β e ψ, respectivamente os coeficientes angular e linear da
reta ajustada.
Em motores cc de ímãs permanentes, considera-se que a constante de
torque KT é igual a constante da força contra eletromotriz Ke, pois para esse tipo de
motores a corrente que passa na armadura não interfere no valor quantitativo do
fluxo magnético; utilizou-se a (EQUAÇÃO 9), multiplicando a última coluna, de Ke,
pela segunda de I para determinar o valor do torque eletromagnético Td para cada
y = 0,013x - 0,008
0
2
4
6
8
10
12
0 200 400 600 800 1000
Tensão G
era
da -
E
[ V
]
Velocidade - ω [ rad/s ]
MOTOR MODIFICADO (5 mm)
regressão linear
dados
109
nível de tensão, os resultados coletados estão apresentados nas (TABELA 9) à
(TABELA 11).
TABELA 9 – DETERMINAÇÃO DO TORQUE, MOTOR w = 8 mm
V I R Velocidade E Ke Td
( V ) ( A ) ( Ω ) ( rpm ) ( rad/s ) ( V ) ( V.s/rad ) ( N.m )
0 0 0,271 0 0 0 0 0
1,0 1,09 0,271 187 19,58 0,70 0,025 0,030
2,0 1,28 0,271 540 56,55 1,65 0,025 0,036
3,0 1,50 0,271 860 90,06 2,59 0,025 0,042
4,0 1,61 0,271 1220 127,76 3,56 0,025 0,045
5,0 1,72 0,271 1595 167,03 4,53 0,025 0,048
6,0 1,78 0,271 1950 204,20 5,52 0,025 0,050
7,0 1,84 0,271 2330 243,99 6,50 0,025 0,051
8,0 1,99 0,271 2685 281,17 7,46 0,025 0,056
9,0 2,09 0,271 3044 318,77 8,43 0,025 0,058
10,0 2,15 0,271 3390 355,00 9,42 0,025 0,060
11,0 2,23 0,271 3760 393,75 10,39 0,025 0,062
12,0 2,33 0,271 4150 434,59 11,37 0,025 0,065
FONTE: O autor (2017)
TABELA 10 – DETERMINAÇÃO DO TORQUE, MOTOR w = 6 mm
V I R Velocidade E Ke Td
( V ) ( A ) ( Ω ) ( rpm ) ( rad/s ) ( V ) ( N.s/rad ) ( N.m )
0 0 0,271 0 0 0 0 0
1,0 1,68 0,271 311 32,56 0,54 0,014 0,025
2,0 1,85 0,271 980 102,62 1,49 0,014 0,028
3,0 2,06 0,271 1600 167,55 2,44 0,014 0,031
4,0 2,16 0,271 2210 231,43 3,41 0,014 0,032
5,0 2,34 0,271 2780 291,12 4,36 0,014 0,035
6,0 2,54 0,271 3380 353,95 5,31 0,014 0,038
7,0 2,57 0,271 4020 420,97 6,30 0,014 0,038
8,0 2,50 0,271 4690 491,13 7,32 0,014 0,037
9,0 2,55 0,271 5340 559,20 8,30 0,014 0,038
10,0 2,60 0,271 5980 626,22 9,29 0,014 0,039
11,0 2,72 0,271 6650 696,39 10,26 0,014 0,041
12,0 2,90 0,271 7340 768,64 11,21 0,014 0,043
FONTE: O autor (2017)
110
TABELA 11 – DETERMINAÇÃO DO TORQUE, MOTOR w = 5 mm
V I R Velocidade E Ke Td
( V ) ( A ) ( Ω ) ( rpm ) ( rad/s ) ( V ) ( N.s/rad ) ( N.m )
0 0 0,271 0 0 0 0 0
1,0 2,02 0,271 340 35,605 0,45 0,013 0,027
2,0 2,26 0,271 970 101,578 1,39 0,013 0,031
3,0 2,55 0,271 1725 180,642 2,31 0,013 0,035
4,0 2,82 0,271 2260 236,667 3,23 0,013 0,038
5,0 2,95 0,271 2820 295,310 4,20 0,013 0,040
6,0 3,01 0,271 3500 366,519 5,18 0,013 0,041
7,0 3,12 0,271 4330 453,437 6,15 0,013 0,042
8,0 3,10 0,271 4912 514,383 7,16 0,013 0,042
9,0 3,40 0,271 5713 598,264 8,08 0,013 0,046
10,0 3,48 0,271 6370 667,065 9,06 0,013 0,047
11,0 3,54 0,271 7050 738,274 10,04 0,013 0,048
12,0 3,60 0,271 7520 787,493 11,02 0,013 0,049
FONTE: O autor (2017)
A partir de valores reais, neste caso os valores de torque calculados, pontos
em azul no (GRÁFICO 8) à (GRÁFICO 10), foi traçada uma reta que mostra o
comportamento linear desta variável.
GRÁFICO 8 – RELAÇÃO DO TORQUE COM A VELOCIDADE, w = 8 mm
FONTE: O autor (2017)
y = 8E-05x + 0,032
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0 100 200 300 400 500
Torq
ue -
Td [ N
.m ]
Velocidade - ω [ rad/s ]
MOTOR PADRÃO (8 mm)
regressão linear
dados
111
GRÁFICO 9 – RELAÇÃO DO TORQUE COM A VELOCIDADE, w = 6 mm
FONTE: O autor (2017)
GRÁFICO 10 – RELAÇÃO DO TORQUE COM A VELOCIDADE, w = 5 mm
FONTE: O autor (2017)
Os resultados apresentados levam a afirmação de que a correlação entre
torque e a velocidade do motor é praticamente linear. Portanto é possível confirmar
que a relação o torque em função da velocidade segue a equação que se aproxima
y = 2E-05x + 0,027
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0,035
0,04
0,045
0,05
0 200 400 600 800 1000
Torq
ue -
Td [ N
.m ]
Velocidade - ω [ rad/s ]
MOTOR MODIFICADO (6 mm)
regressão linear
dados
y = 3E-05x + 0,029
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0 200 400 600 800 1000
Torq
ue -
Td [ N
.m ]
Velocidade - ω [ rad/s ]
MOTOR MODIFICADO (5 mm)
regressão linear
dados
112
de uma reta, sendo assim determina-se os valores de β e ψ para os motores aqui
estudados, chegando em valores apresentados conforme (FIGURA 51).
FIGURA 51 – RESULTADOS COEFICIENTES DO ATRITO
Coeficientes de Atrito w = 8 mm
Atrito Viscoso (β) 8 E-05 [N.m.s/rad]
Atrito Seco (ψ) 0,032 [N.m]
Coeficientes de Atrito w = 6 mm
Atrito Viscoso (β) 2 E-05 [N.m.s/rad]
Atrito Seco (ψ) 0,027 [N.m]
Coeficientes de Atrito w = 5 mm
Atrito Viscoso (β) 3 E-05 [N.m.s/rad]
Atrito Seco (ψ) 0,029 [N.m]
FONTE: O autor (2017)
Estes coeficientes são parâmetros mecânicos, que dependem de atrito e
lubrificação nos rolamentos, portanto não sofrem influência da espessura do ímã
permanente. Como ocorreu montagem e desmontagem do eixo do motor, bem como
dos rolamentos de fixação, esses parâmetros sofreram alteração em relação ao
motor padrão. No motor padrão observou-se maior pressão na fixação do suporte do
rotor, com isso refletiu-se em maior atrito viscoso e atrito seco.
6.7 CÁLCULO DO MOMENTO DE INÉRCIA DO MOTOR
Para o cálculo do momento de inércia foi aplicada a (EQUAÇÃO 57) e
coletado os valores de massa e diâmetro do motor.
Considera-se a massa medida do rotor mais eixo igual a 530,50 g e o
diâmetro externo do rotor, de valor igual a 53 mm, raio de 26,5 mm, calcula-se,
113
J =1
2.530,50
1000. (
26,5
1000)2
= 3,72. 10−4 [Kg.m2]
Observa- se que o momento de inércia depende de parâmetros do rotor
(massa e raio), portanto a espessura do ímã não tem influência em seu resultado.
Considera-se então esse um valor único e constante, tanto para o motor padrão
quanto para os protótipos.
6.8 CÁLCULO DA INDUTÂNCIA DE ARMADURA DO MOTOR
Para fins de cálculos da indutância de armadura foi utilizado o equipamento
ponte portátil da Minipa, modelo MX-1010, apresentado anteriormente. Esses
cálculos também podem seguir o roteiro apresentado referente à análise de um
circuito RL. Considera-se a indutância para cada espessura de ímã permanente,
conforme (FIGURA 52).
FIGURA 52 – RESULTADOS DA INDUTÂNCIA DO MOTOR
Motor w = 8 mm
Indutância (L) 2,81 E-04 [ H ]
Motor w = 6 mm
Indutância (L) 3,28 E-04 [ H ]
Motor w = 5 mm
Indutância (L) 3,36 E-04 [ H ]
FONTE: O autor (2017)
114
7 COMPARAÇÃO DE DADOS E ANÁLISE DE RESULTADOS
Foram realizados vários testes, utilizando o motor c.c. que chamou-se de
padrão (w = 8 mm). A partir da máquina considerada inicialmente como padrão
montou-se dois protótipos com espessura de ímãs diferentes, um protótipo com
espessura de w = 6 mm e outro com w = 5 mm. Geraram-se assim várias tabelas
com resultados dos ensaios, apresentados no capitulo anterior. Apresenta-se nesta
etapa os resultados comparativos e as respectivas análises dos mesmos.
7.1 OPERAÇÃO DOS MOTORES A VAZIO
A seguir é apresentado um comparativo entre os resultados obtidos para os
três tipos de variações de motores (8 mm, 6 mm e 5 mm). São dois gráficos
mostrando a comparação entre as médias dos resultados, primeiramente para a
variável da corrente observa- se no (GRÁFICO 11) e posteriormente a velocidade
que se encontra no (GRÁFICO 12).
GRÁFICO 11 – VARIAÇÃO DA CORRENTE X ESPESSURA DO ÍMÃ
FONTE: O autor (2017)
2,33 2,90
3,60
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
8 mm 6 mm 5 mm
Corr
ente
de A
rmadura
[ A
]
Espessura do Ímã [ mm ]
CORRENTE A VAZIO
115
GRÁFICO 12 – VARIAÇÃO DA VELOCIDADE X ESPESSURA DO ÍMÃ
FONTE: O autor (2017)
Em ambos os casos se observa que com a queda de fluxo magnético
ocorreu um aumento da corrente do motor e aumento de velocidade, valores esses
definidos pela equação da velocidade de um motor c.c., (EQUAÇÃO 20) e
respectivamente (EQUAÇÃO 18). Esse fenômeno também recebe influência da
“reação da armadura”, o qual para motores provoca o aumento de velocidade. O
ganho de velocidade muitas vezes poderá ser interessante para sistemas de
arrefecimento, que dependem de uma alta rotação para provocar um movimento
maior no volume de ar.
7.2 AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE ARMADURA
Conforme definido pela (EQUAÇÃO 15) tem-se que a resistência elétrica do
motor depende de parâmetros que se encontram no circuito armadura, tais como:
escovas, comutador, contato entre escova / comutador e enrolamentos, constituído
por fios de cobre, portanto ela não sofre variação em função de alterações no campo
4150
7340 7520
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
8 mm 6 mm 5 mm
Rota
ção [
rpm
]
Espessura do Ímã [ mm ]
ROTAÇÃO A VAZIO
116
magnético estatórico. Sendo assim no (GRÁFICO 13) observa-se o valor médio
dessa resistência para cada espessura de ímã
GRÁFICO 13 – VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA X ESPESSURA DO ÍMÃ
FONTE: O autor (2017)
7.3 AVALIAÇÃO DA INDUTÂNCIA DE ARMADURA
Observa-se no (GRÁFICO 14) que com a redução do ímã permanente
provoca-se uma elevação no valor da indutância, isso se deve ao fato de que o
campo magnético proveniente das peças polares provocam alteração na relutância
do circuito magnético visto pelo enrolamento da armadura.
Assim, redução da espessura no ímã, provoca queda no fluxo proveniente
dos polos, queda na relutância do circuito magnético e conseqüentemente aumento
da indutância.
0,271 0,271 0,271
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
8 mm 6 mm 5 mm
Resis
tência
de A
rmadura
[ Ω
]
Espessura do Ímã [ mm ]
RESISTÊNCIA DE ARMADURA - Ra
117
GRÁFICO 14 – VARIAÇÂO DA INDUTÂNCIA X ESPESSURA DO ÍMÃ
FONTE: O autor (2017)
7.4 AVALIAÇÃO DA CONSTANTE DA TENSÃO GERADA
Observa-se no (GRÁFICO 15) que com a redução da espessura do ímã
permanente tem-se uma queda de fluxo magnético, aumento do entreferro e
conseqüentemente queda na constante construtiva do motor, definida pela
(EQUAÇÃO 51). Esse parâmetro depende, portanto das condições do nível de
excitação magnética e características construtivas do motor. Para motores com ímã
permanente considera-se a constante Ke = KT constante associada a equação do
torque do motor. Quanto menor for o valor da constante, tem-se menor fluxo
magnético, menor força contra eletromotriz, maior rotação da máquina e maior
corrente de armadura.
2,81E-04
3,28E-04 3,36E-04
2,50E-04
2,60E-04
2,70E-04
2,80E-04
2,90E-04
3,00E-04
3,10E-04
3,20E-04
3,30E-04
3,40E-04
3,50E-04
8 mm 6 mm 5 mm
Indutâ
ncia
da A
rmadura
[ H
]
Espessura do Ímã [ mm ]
INDUTÂNCIA DA ARMADURA - L
118
GRÁFICO 15 – VARIAÇÃO DA CONSTANTE Ke X ESPESSURA DO ÍMÃ
FONTE: O autor (2017)
7.5 AVALIAÇÃO DAS CONSTANTES MECÂNICAS
7.5.1 Momento de Inércia
Conforme definido pela (EQUAÇÃO 15) tem-se que o momento de inércia do
motor depende de parâmetros que se encontram no rotor (armadura), tais como:
massa rotórica e raio rotórico, portanto ela não sofre variação em função de
alterações no campo magnético estatórico. Sendo assim no (GRÁFICO 13)
considera-se, uma constante, o valor calculado do momento de inércia para cada
espessura de ímã.
0,025
0,014 0,013
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
8 mm 6 mm 5 mm
Consta
nte
do M
oto
r [ V
.s/r
ad ]
Espessura do Ímã [ mm ]
CONSTANTE DO MOTOR - Ke
119
GRÁFICO 16 – VARIAÇÃO MOMENTO DE INÉRCIA X ESPESSURA DO ÍMÃ
FONTE: O autor (2017)
7.5.2 Coeficiente de atrito viscoso
Considera-se esse elemento um parâmetro mecânico da máquina que
dependem de atrito entre duas peças metálicas dividindo-se em duas componentes,
uma componente com característica viscosa e outra seca, conforme (EQUAÇÂO
57).
Observa-se no (GRÁFICO 17) o comportamento do atrito viscoso em relação
a espessura do ímã. O motor padrão apresentou um atrito maior em função da maior
pressão no momento da fixação do suporte do rotor, ocorrendo maior pressão
conseqüentemente para os rolamentos que suportam o eixo. Quando ocorreu a
desmontagem da máquina o ajuste da pressão no suporte foi inferior, acarretando
queda no atrito viscoso e queda no atrito seco, conforme também avaliado no
(GRÁFICO 18).
0,000372 0,000372 0,000372
0
0,00005
0,0001
0,00015
0,0002
0,00025
0,0003
0,00035
0,0004
8 mm 6 mm 5 mm
Mom
ento
de I
nérc
ia [
Kgm
² ]
Espessura do Ímã [ mm ]
MOMENTO DE INÉRCIA - J
120
GRÁFICO 17 – VARIAÇÃO ATRITO VISCOSO X ESPESSURA DO ÍMÃ
FONTE: O autor (2017)
7.5.3 Coeficiente de atrito seco
GRÁFICO 18 – VARIAÇÃO ATRITO SECO X ESPESSURA DO ÌMÃ
FONTE: O autor (2017)
8,00E-05
2,00E-05 3,00E-05
0,00E+00
1,00E-05
2,00E-05
3,00E-05
4,00E-05
5,00E-05
6,00E-05
7,00E-05
8,00E-05
9,00E-05
8 mm 6 mm 5 mm
Atr
ito V
iscoso
[ N
.m.s
/rad ]
Espessura do Ímã [ mm ]
ATRITO VISCOSO - β
0,032
0,027
0,029
0,024
0,025
0,026
0,027
0,028
0,029
0,03
0,031
0,032
0,033
8 mm 6 mm 5 mm
Atr
ito S
eco [
N.m
]
Espessura do Ímã [ mm ]
ATRITO SECO - ψ
121
7.6 AVALIAÇÃO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DO MOTOR c.c.
A partir dos dados coletados nos itens anteriores já se tem condições de
calcular e traçar as curvas características e funcionais do motor c.c. de ímã
permanente, para cada condição de espessura utilizada. Essas curvas relacionam
parâmetros como corrente, velocidade, potência de saída e rendimento em função
do torque aplicado pelo motor em um dado instante.
7.6.1 Curvas do motor com espessura de ímã em 8 mm
Observando-se nos (GRÁFICO 19) e (GRÁFICO 20), a velocidade máxima
do motor (sem carga no eixo) é n = 3.891 rpm. A corrente máxima (com o rotor
travado) é I = 44,25 A, gerando o torque máximo de T = 1,16 N.m.
A potência mecânica máxima ocorre quando I = 22,40 A e vale P saída =
118,93 W, com velocidade de 2.029 rpm, bem próxima da metade da rotação à vazio,
como esperado, desenvolvendo uma eficiência de apenas 44 %, logo a máxima
potência do motor se dá numa velocidade em que não são muito eficientes.
A eficiência máxima no valor de 59,37 % ocorre com I = 10,15 A, associada
a uma velocidade de n = 3.165 rpm, cerca de 76,26 % da rotação sem carga no
eixo.
122
GRÁFICO 19 – CURVA POTÊNCIA E RENDIMENTO PARA MOTOR, w = 8 mm
FONTE: O autor (2017)
GRÁFICO 20 – CURVA CORRENTE E ROTAÇÃO PARA MOTOR, w = 8 mm
FONTE: O autor (2017)
0
10
20
30
40
50
60
70
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,000
,00
0,0
5
0,1
0
0,1
6
0,2
1
0,2
7
0,3
3
0,3
8
0,4
4
0,4
9
0,5
5
0,6
0
0,6
6
0,7
2
0,7
7
0,8
3
0,8
8
0,9
4
1,0
0
1,0
5
1,1
1
1,1
6
Rendim
ento
η [
% ]
Potê
ncia
Mecânic
a [
W ]
Torque [ N.m ]
MOTOR PADRÃO (8 mm)
Potência Rendimento
050010001500200025003000350040004500
0
10
20
30
40
50
0,0
0
0,0
5
0,1
0
0,1
6
0,2
1
0,2
7
0,3
3
0,3
8
0,4
4
0,4
9
0,5
5
0,6
0
0,6
6
0,7
2
0,7
7
0,8
3
0,8
8
0,9
4
1,0
0
1,0
5
1,1
1
1,1
6
Velo
cid
ade [
rpm
]
Corr
ente
de A
rmadura
[ A
]
Torque [ N.m ]
MOTOR PADRÃO (8 mm)
Corrente Rotação
123
7.6.2 Curvas do motor com espessura de ímã em 6 mm
Observando-se nos (GRÁFICO 21) e (GRÁFICO 22), a velocidade máxima
do motor (sem carga no eixo) é n = 7.188 rpm. A corrente máxima (com o rotor
travado) é I = 44,25 A, gerando o torque máximo de T = 0,61 N.m.
A potência mecânica máxima ocorre quando I = 25,03 A e vale P saída =
115,36 W, com velocidade de 3.327 rpm, bem próxima da metade da rotação à vazio,
desenvolvendo uma eficiência de apenas 38 %.
A eficiência máxima no valor de 55,35 % ocorre com I = 11,33 A, associada
a uma velocidade de n = 5.698 rpm, cerca de 79,27 % da rotação sem carga no
eixo.
GRÁFICO 21 – CURVA POTÊNCIA E RENDIMENTO PARA MOTOR, w = 6 mm
FONTE: O autor (2017)
0
10
20
30
40
50
60
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
0,0
0
0,0
2
0,0
5
0,0
8
0,1
1
0,1
4
0,1
7
0,2
0
0,2
3
0,2
6
0,2
9
0,3
2
0,3
5
0,3
8
0,4
1
0,4
4
0,4
7
0,5
0
0,5
3
0,5
6
0,5
9
0,6
1
Rendim
ento
η [
% ]
Potê
ncia
Mecânic
a [
W ]
Torque [ N.m ]
MOTOR MODIFICADO (6 mm)
Potência Rendimento
124
GRÁFICO 22 – CURVA CORRENTE E ROTAÇÃO PARA MOTOR, w = 6 mm
FONTE: O autor (2017)
7.6.3 Curvas do motor com espessura de ímã em 5 mm
Já nos (GRÁFICO 23) e (GRÁFICO 24), a velocidade máxima do motor (sem
carga no eixo) é n = 7.734 rpm. A corrente máxima (com o rotor travado) é I =
44,25 A, gerando o torque máximo de T = 0,55 N.m.
A potência mecânica máxima ocorre quando I = 25,73 A e vale P𝑠aída =
111,16 W, com velocidade de 3.524 rpm, bem próxima da metade da rotação à vazio,
desenvolvendo uma eficiência de apenas 36 %.
A eficiência máxima no valor de 51,09 % ocorre com I = 12,62 A, associada
a uma velocidade de n = 6.017 rpm, cerca de 77,80 % da rotação sem carga no
eixo.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
0
10
20
30
40
500
,00
0,0
2
0,0
5
0,0
8
0,1
1
0,1
4
0,1
7
0,2
0
0,2
3
0,2
6
0,2
9
0,3
2
0,3
5
0,3
8
0,4
1
0,4
4
0,4
7
0,5
0
0,5
3
0,5
6
0,5
9
0,6
1
Velo
cid
ade [
rpm
]
Corr
ente
de A
rmadura
[ A
]
Torque [ N.m ]
MOTOR MODIFICADO (6 mm)
Corrente Rotação
125
GRÁFICO 23 – CURVA POTÊNCIA E RENDIMENTO PARA MOTOR, w = 5 mm
FONTE: O autor (2017)
GRÁFICO 24 – CURVA CORRENTE E ROTAÇÃO PARA MOTOR, w = 5 mm
FONTE: O autor (2017)
0
10
20
30
40
50
60
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
0,0
0
0,0
1
0,0
3
0,0
6
0,0
9
0,1
1
0,1
4
0,1
7
0,2
0
0,2
2
0,2
5
0,2
8
0,3
0
0,3
3
0,3
6
0,3
9
0,4
1
0,4
4
0,4
7
0,5
0
0,5
2
0,5
5
Rendim
ento
η [
% ]
Potê
ncia
Mecânic
a [
W ]
Torque [ N.m ]
MOTOR MODIFICADO (5 mm)
Potência Rendimento
0100020003000400050006000700080009000
0
10
20
30
40
50
0,0
0
0,0
1
0,0
3
0,0
6
0,0
9
0,1
1
0,1
4
0,1
7
0,2
0
0,2
2
0,2
5
0,2
8
0,3
0
0,3
3
0,3
6
0,3
9
0,4
1
0,4
4
0,4
7
0,5
0
0,5
2
0,5
5
Velo
cid
ade [
rpm
]
Corr
ente
de A
rmadura
[ A
]
Torque [ N.m ]
MOTOR MODIFICADO (5 mm)
Corrente Rotação
126
7.7 RESUMO - COMPARAÇÃO DE DADOS DOS MOTORES
Na (TABELA 12), destaca-se o comparativo dos motores com seus valores
máximos atingidos e coletados nas curvas características para cada espessura de
ímã. Além do rendimento percentual tem-se também outros parâmetros que podem
definir a qualidade de um motor a relação potência máxima / peso muitas vezes é
fornecida pelos fabricantes, bem como a razão I máx I vázio⁄ entre as correntes
máxima e a vazio. Quanto maior a razão, mais corrente e portanto mais torque o
motor é capaz de exercer e menos perdas por atrito ele tem em vazio.
TABELA 12 – COMPARATIVO COM VALORES MÁXIMOS DOS MOTORES
Espessura - Ímã P (máx) Td (máx) η (máx) n (máx)
[ mm ] [ W ] [ N.m ] [ % ] [ rpm ]
8 118,93 1,16 59,37 3891
6 115,36 0,61 55,35 7188
5 111,16 0,55 51,09 7734
FONTE: O autor (2017)
127
8 CONCLUSÕES E PROPOSTAS PARA FUTUROS TRABALHOS
8.1 CONCLUSÕES
Este trabalho desenvolveu uma metodologia para caracterização de um
motor de ímã permanente utilizado na indústria automobilística, a partir de um
modelo fabricado em uma linha de produção. Utilizando-se da mesma construção e
realizando-se a alteração na espessura do ímã permanente no estator, gerou-se
dois protótipos de motores, que apresentaram comportamentos diferentes quando
comparados ao motor original.
A alteração da redução da espessura no ímã permanente provocou
mudanças no entreferro da máquina e alteração na relutância do circuito magnético
visto pelo enrolamento da armadura. Utilizou-se três espessuras de ímãs
permanentes, 8 mm considerado no motor original e 6 mm, 5 mm para os motores
denominados de protótipos, que sofreram as alterações.
Os motores passaram por ensaios específicos de onde foi possível
quantificar seus parâmetros construtivos, tais como: resistência de armadura,
indutância de armadura, constante da tensão gerada do motor entre outros.
Para o motor protótipo que recebeu o ímã com espessura de 6 mm,
observou-se um ganho de velocidade em aproximadamente 84 %, perda na
potência máxima na ordem de 4 %, queda no rendimento máximo em 7 % e perda
de torque máximo em 48 %, quando comparado ao motor original de espessura de
ímã com 8 mm (chamado padrão).
Já para o motor com 5 mm, quando comparado ao padrão com 8 mm,
observou-se ganho de velocidade na ordem aproximada de 98 %, queda no
rendimento máximo em 14 %, perda da potência em 7 % e perda de torque máximo
em 53 %.
Para cada condição de motor e a partir de dados coletados dos ensaios
foram apresentadas as curvas características e funcionais do motor, fundamentais
128
para definir aplicações da máquina. Curvas como: - corrente versus torque, -
velocidade versus torque, - rendimento versus torque e potência versus torque.
O trabalho apresentado constitui uma fonte de consulta, com embasamento
teórico e prático para a aplicação de uma possível modificação de produto, bem
como, permite uma caracterização funcional do mesmo, sendo assim uma fonte de
consulta que define uma metodologia de ensaios práticos para futuros estudantes
realizarem seus estudos.
8.2 PROPOSTAS PARA FUTUROS TRABALHOS
Mais estudos direcionados a aplicação de motores a ímã permanente são
necessários, visto a importância do tema. Com base nos estudos apresentados,
seguem algumas sugestões para continuidade do trabalho:
- Análise do comportamento dos motores com carga de ventilação acoplada
em seu eixo;
- Substituição do ímã permanente por um material de melhor qualidade
magnética, outras composições de materiais;
- Estudo com modificações em outros componentes responsáveis pelas
variáveis que afetam o desempenho do motor, como por exemplo, a troca da
quantidade de espiras que se encontram nos enrolamentos de armadura (rotor).
- Ampliar o estudo realizando simulações em programas computacionais.
Análise do campo magnético, baseado no método dos elementos finitos. Para todas
as amostras trabalhadas seria possível compreender o comportamento do campo
magnético da máquina como a densidade de fluxo magnético que são
conseqüências da geometria dos materiais selecionados.
- Desenvolver softwares específicos. A partir de todos os parâmetros
coletados neste trabalho e para fins de análise em regime transitória, desenvolvendo
de forma automática as curvas operacionais do motor.
129
- Diferentes materiais e um novo projeto de estator, devem ser estudados,
no sentido de melhorar o desempenho do motor.
130
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134
APÊNDICE 1 – COLETA DE DADOS PARA CURVAS CARACTERISTICAS
MOTOR COM ESPESSURA DE ÍMÃ w = 8 mm
Ra= 0,271164
Ke= 0,0278975 35,845506 342,299367
Io= 2,33
Rotação Corrente Td [N.m] Potência [W] P [W] (in) P [W] (out) Rendimento
3891 2,33 0,00 0,00 27,96 0 0
3736 4 0,05 18,23 48 18,23 38
3551 6 0,10 38,07 72 38,07 53
3365 8 0,16 55,74 96 55,74 58
3179 10 0,21 71,24 120 71,24 59
2994 12 0,27 84,57 144 84,57 59
2808 14 0,33 95,74 168 95,74 57
2622 16 0,38 104,73 192 104,73 55
2437 18 0,44 111,56 216 111,56 52
2251 20 0,49 116,21 240 116,21 48
2066 22 0,55 118,70 264 118,70 45
1880 24 0,60 119,01 288 119,01 41
1694 26 0,66 117,16 312 117,16 38
1509 28 0,72 113,14 336 113,14 34
1323 30 0,77 106,95 360 106,95 30
1137 32 0,83 98,59 384 98,59 26
952 34 0,88 88,06 408 88,06 22
766 36 0,94 75,36 432 75,36 17
580 38 1,00 60,49 456 60,49 13
395 40 1,05 43,45 480 43,45 9
209 42 1,11 24,24 504 24,24 5
0 44 1,16 2,87 528 2,87 1
135
MOTOR COM ESPESSURA DE ÍMÃ w = 6 mm
Ra= 0,271164
Ke= 0,0149625 66,833751 638,215311
Io= 2,90
Rotação Corrente Td [N.m] Potência [W] P [W] (in) P [W] (out) Rendimento
7157 2,9 0,00 0,00 34,8 0 0
6966 4 0,02 12,01 48 12,01 25
6620 6 0,05 32,16 72 32,16 45
6274 8 0,08 50,14 96 50,14 52
5928 10 0,11 65,95 120 65,95 55
5582 12 0,14 79,59 144 79,59 55
5236 14 0,17 91,06 168 91,06 54
4890 16 0,20 100,36 192 100,36 52
4543 18 0,23 107,50 216 107,50 50
4197 20 0,26 112,46 240 112,46 47
3851 22 0,29 115,26 264 115,26 44
3505 24 0,32 115,88 288 115,88 40
3159 26 0,35 114,34 312 114,34 37
2813 28 0,38 110,63 336 110,63 33
2467 30 0,41 104,74 360 104,74 29
2121 32 0,44 96,69 384 96,69 25
1775 34 0,47 86,47 408 86,47 21
1428 36 0,50 74,08 432 74,08 17
1082 38 0,53 59,52 456 59,52 13
736 40 0,56 42,79 480 42,79 9
390 42 0,59 23,89 504 23,89 5
0 44 0,61 2,83 528 2,83 1
136
MOTOR COM ESPESSURA DE ÍMÃ w = 5 mm
Ra= 0,271164
Ke= 0,0136118 73,46567 701,545467
Io= 3,60
Rotação Corrente Td [N.m] Potência [W] P [W] (in) P [W] (out) Rendimento
7734 3,6 0,00 0,00 43,2 0 0
7524 5 0,01 11,80 56,4 11,80 21
7277 6 0,03 24,90 72 24,90 35
6897 8 0,06 43,26 96 43,26 45
6516 10 0,09 59,45 120 59,45 50
6136 12 0,11 73,47 144 73,47 51
5755 14 0,14 85,32 168 85,32 51
5375 16 0,17 95,00 192 95,00 49
4994 18 0,20 102,51 216 102,51 47
4614 20 0,22 107,86 240 107,86 45
4233 22 0,25 111,03 264 111,03 42
3853 24 0,28 112,04 288 112,04 39
3472 26 0,30 110,87 312 110,87 36
3092 28 0,33 107,54 336 107,54 32
2712 30 0,36 102,04 360 102,04 28
2331 32 0,39 94,37 384 94,37 25
1951 34 0,41 84,52 408 84,52 21
1570 36 0,44 72,51 432 72,51 17
1190 38 0,47 58,33 456 58,33 13
809 40 0,50 41,99 480 41,99 9
429 42 0,52 23,47 504 23,47 5
0 44 0,55 2,78 528 2,78 1