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ANO XXXI - Nº 222 - SETEMBRO/OUTUBRO - 2008 A REVISTA DA ELETRONORTE Eletronorte corrente contínua corrente contínua Dez anos depois, a consolidação do Sistema Interligado Nacional - SIN

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A revista da Eletrobras Eletronorte

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Ano XXXI - nº 222 - Setembro/outubro - 2008 A reVIStA DA eLetronorte

Eletronorte

corrente contínuacorrente contínua

Dez anos depois, a consolidação do

Sistema Interligado nacional - SIn

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SCN - Quadra 06 - Conjunto A Bloco B - Sala 305 - Entrada Norte 2

CEP: 70.716-901Asa Norte - Brasília - DF.

Fones: (61) 3429 6146/ 6164e-mail: [email protected]

site: www.eletronorte.gov.br

Prêmios 1998/2001/2003

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Sum

árIo

Conselho editorial: Diretor-Presidente - Jorge Palmeira - Diretor de Planejamento e En-genharia - Adhemar Palocci - Diretor de Produção e Comercialização - Wady Charone -Diretor Econômico-Financeiro - Antonio Barra - Diretor de Gestão Corporativa - Tito Cardoso - Gerentes Regionais - Coordenação de Comunicação empresarial: Isabel Cris-tina Moraes Ferreira - Gerência de Imprensa: Alexandre Accioly - equipe de Jornalismo: Alexandre Accioly (DRT 1342-DF) - Bruna Maria Netto (DRT 8997-DF) - Byron de Quevedo (DRT 7566-DF) - César Fechine (DRT 9838-DF) - Érica Neiva (DRT 2347-BA) - Márcia Oliveira (DRT 1116 - MT) - Michele Silveira (DRT 11298-RS) - Renata Gobatti (DRT 929 - MT) Terezinha Félix de Brito (DRT 954 - RO) - Assessorias de Comunicação das unidades regionais - Fotografia: Alexandre Mourão - Roberto Fran-cisco - Rony Ramos - Assessorias de Comunicação das unidades regionais - Foto da capa: Erivelto Gomes Requeiro - tiragem: 10 mil exemplares - Periodicidade: bimestral

meIo AmbIenteA luta contra as voçorocas em Mato GrossoPágina 3

reSPonSAbILIDADe SoCIALPlantão SocialPágina 7

Corrente ALternADALago de Samuel: onde tem peixe, tem pescadorPágina 12

trAnSmISSÃoA consolidação do modelo do Setor ElétricoPágina 14

GerAÇÃoOs caminhos da energia de TucuruíPágina 26

teCnoLoGIAOlhar para o futuroPágina 35

CIrCuIto InternoEletronorte recebe o Troféu TransparênciaPágina 42

CorreIo ContÍnuoPágina 42

FotoLeGenDAPágina 55

enerGIA AtIVASPE: a ‘Fórmula 1’ do Setor ElétricoPágina 44

AmAZÔnIA e nÓSTocantins, Tucuruí e tucunaréPágina 50

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bIen

te A luta contra as voçorocas em mato GrossoEletronorte mapeia traçado de linhasde transmissão para combater erosõesMárcia Oliveira

Conhecer o tipo de vegetação, o uso e ocu-pação do solo, as estradas de acesso, as áre-as de riscos ambientais e o sistema de roço ao longo de 2,5 mil quilômetros de linha de transmissão; e, com essas informações, mon-tar um banco de dados georreferenciado para gerir, de forma preventiva, os recursos ambien-tais. Esse é o objetivo de um projeto hercúleo e ambicioso que toma corpo na Regional de Transmissão de Mato Grosso para possibilitar a prevenção, recuperação e monitoramento

de danos ambientais ao longo de uma exten-sa faixa de servidão, cuja ocupação humana a fez passar por áreas com culturas de soja, milho, algodão, criação de gado; de proteção permanente e em locais que, em muitos ca-sos, são implacáveis com o livre acesso.

Com o Mapeamento Ambiental das Linhas de Transmissão, que tem previsão de conclu-são em 2010, a Eletronorte quer evitar sur-presas desagradáveis com o meio ambiente, principalmente aquelas de maior incidência no solo arenoso encontrado ao longo de suas linhas, a erosão.

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A preocupação está relacionada com o registro e monitoramento especial de 13 vo-çorocas, das quais as seis mais graves serão recuperadas até 2009, em parceria com os proprietários rurais das terras onde os danos começaram. O trabalho quer evitar que elas continuem exercendo uma das ações mais

prejudiciais à natureza e ao ho-mem: o assoreamento das bacias hidrográficas e o avanço sobre as torres de transmissão de energia elétrica.

Para apoiar os trabalhos, a Eletronorte contratou a empre-sa Drenatec Engenharia Ltda, que está fazendo o projeto de recuperação das seis erosões, três voçorocas e três processos menos graves, localizadas nos municípios de Rondonópolis, Guiratinga, Nobres, Jangada e

Araputanga. Com o projeto técnico pronto, uma outra empresa executará o serviço. O in-vestimento total é de cerca de R$ 2 milhões.

O engenheiro civil, com mestrado em hi-dráulica, Deniti Nakazato (foto acima), afirma que as erosões foram provocadas pela ação

do homem no campo. Ele explica que, em to-das as áreas, a cobertura original de cerrado foi completamente retirada e o solo arenoso ficou sem a proteção natural. Com interferên-cias tecnicamente inadequadas para o plan-tio, excesso de pisoteio da terra por gado, en-tre outras situações, as erosões progrediram. “As que serão recuperadas podem ser clas-sificadas de duas formas: a de ravinamento, que não atinge o lençol freático e é provoca-da pelo escoamento superficial das águas de chuva; e a voçoroca, que é mais grave por atingir o lençol e, conseqüentemente, causar danos maiores. Além disso, como o solo do local tem camadas de calcário, ocorre um processo de cavernização e afundamento do solo em áreas de até 100 metros quadrados”, analisa Nakazato.

Detalhes - Foi a partir da localização, das dificuldades e dos custos para recuperar es-sas erosões, e evitar que elas afetem o siste-ma de transmissão, que o gerente regional da Eletronorte, Paulo César Nobuo Kojima, reu-niu sua equipe para fazer um planejamento preventivo. “A cada dois anos contabilizamos gastos de R$ 1 milhão para mudar traçados

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de linhas de transmissão ou evitar o cresci-mento de erosões. Foi nesse contexto que surgiu a necessidade de conhecermos, em detalhes, o meio ambiente onde atuamos, para nos relacionar com ele, ao invés de ape-nas reagir”, reforça.

O geólogo Fernando Ximenes, mestre em geociência e doutor em geofísica pela USP, há 14 anos na Universidade Federal de Mato Grosso -UFMT, explica que muito antes da Eletronorte se instalar nos trechos, há regis-tros de processos de erosão em Mato Grosso. Segundo ele, tudo começou com a intensa exploração mineral e teve seu ápice a partir da década de 1970 com o desmate agressivo para implantar a agricultura intensiva. Para-lelo a isso, Ximenes afirma que a legislação e a estrutura estatal de coação à degradação ambiental são recentes e passaram a existir e a serem divulgadas efetivamente somente a partir da década de 90. “E mesmo depois das legislações federais, dos códigos estaduais e dos reflexos negativos da destruição ambien-tal que estamos vivendo, não existe no estado uma cultura de recuperação das áreas de-gradadas. Por esse motivo é muito positivo a Empresa se interessar em resgatar esses da-nos, pois, o principal problema das erosões é a destruição de nossos recursos hídricos, não só os rios, mas também os lençóis freáticos”.

Para recuperar as áreas mais críticas de erosões, Deniti explica que fará abatimentos e redução de inclinação de taludes, desvios das águas de chuva com terraceamento, re-vegetação das áreas, e também proteções da base de algumas torres para evitar a pro-gressão dos danos. O tempo de recuperação, pode variar de três a quatro meses. “Usa-remos maquinário como retroescavadeira, trator, mão-de-obra manual, faremos curvas de talvegue, que é um tipo de drenagem pro-funda, contenção de águas com a construção de muros de arrimo e pequenos barramentos para interceptar o escoamento”, informa.

mapeamento - Para encontrar as soluções, foram levantadas as características das áre-as, feitos estudos hidrológicos para identifi-car a drenagem adequada para cada área, e estudos geotécnicos, topográficos e de re-composição da cobertura vegetal. De acordo com a equipe de meio ambiente da Eletro-norte, as 13 erosões consideradas graves já existiam quando as linhas foram construídas. “Ao abrir áreas, principalmente de pecuária, os proprietários não utilizam técnicas ade-

quadas para conservação do solo e não se preocupam em manter áreas de preservação permanente, e nascentes. Se fôssemos pen-sar em responsabilidade, a da Eletronorte se-ria parcial”, afirma o coordenador da área, o biólogo Fábio Leria Nogueira.

Até o mapeamento das torres ser inicia-do, o levantamento das torres, o tipo de solo, vegetação, uso e ocupação da terra era feito pelos eletricistas de linha. O ma-terial era encaminhado para a Secretaria Estadual de Meio Ambiente - Sema, para a fiscalização e emissão das licenças de operação. Como a Sema passou a exigir informações mais detalhadas, a equipe da Eletronorte aproveitou para georreferenciar os dados e ampliar o número de informa-ções processadas.

Com os dados georreferenciados foi pos-sível criar plataformas de análises ambien-tais, ou mapas ambientais, compostos por quatro outros mapas. O mapa temático de acesso às estradas traz o desenho e traça-do do acesso às torres, com pontos de refe-rência tais como bueiros, pontes, colchetes, área de preservação permanente, rodovias, nome da fazenda, serras, entre outros ele-mentos que podem levar à localização de uma torre no menor tempo possível. O mapa temático de vegetação, uso e ocupação do solo indica o tipo de vegetação e de solo; se naquele ponto existe algum problema am-biental, qual a sua escala, onde começa, termina etc. O mapa temático de sistema de roço informa sobre o crescimento das árvo-res embaixo das torres, se há necessidade de corte seletivo, poda ou mesmo o plantio

o avanço assustador

sobre as torres e o lençol

freático

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de árvores. E finalmente, o banco de dados georreferenciado, que funcionará dentro do Sistema de Informações Geográficas – SIG, para possibilitar outros tipos de análises, se-leção, atualização e coleta de dados.

A partir dessas informações serão criados os mapas de riscos ambientais. “Teremos uma matriz de ocorrência e risco, que filtra-rá da melhor maneira possível as informa-ções de nosso interesse. Por exemplo: um trecho que apresentar vegetação esparsa de cerrado, solo arenoso, uso e ocupação de pecuária, topografia moderada a acen-tuada, baixa conservação e com registro de processo erosivo inicial, a classificação seria de área de risco operacional em decorrência dos processos erosivos. Assim, esses locais passariam a ser inspecionados e monitora-dos intensamente”, explica Fábio Leria No-gueira (foto acima).

Percorrendo o traçado - O trabalho da Ele-tronorte começou pelos trechos da linha de transmissão entre Coxipó e Sinop e Coxipó e Jauru, onde 70% e 20% dos levantamen-tos foram concluídos em setembro de 2008, respectivamente. Mas, para chegar a esses percentuais, a tarefa não foi nada fácil. An-tes de partir para campo, a equipe formada por um biólogo e uma engenheira florestal, teve que definir a metodologia e o sistema de trabalho. Com a proposta de criar um mapa

com dados sobre quatro temas diferentes e que, ao ser lançado na Intranet, possibilitas-se a interpretação das condições ambientais e acesso às torres por leigos, o desafio era fazer tudo isto acontecer.

A conclusão foi a de que não teria outra forma de desenvolver o trabalho senão per-correndo torre por torre, coletando suas co-ordenadas geográficas, o traçado do caminho e os pontos de referência, oito ao todo, que indicam onde existem porteiras, passagens molhadas, entrada de fazenda, colchetes e estradas. Depois disso, a equipe selecionou os softwares para baixar e tratar os dados, até o contorno dos trechos tomar corpo.

A equipe precisa fazer o trajeto de carro, de preferência, embaixo das linhas de trans-missão. “Passamos por áreas alagadas, com vegetação alta, com valas e em fazendas que colocam cercas e outros obstáculos. Já ato-lamos várias vezes, já tivemos o carro que-brado e outros contratempos. É um serviço que leva tempo e requer dedicação”, conta a engenheira florestal Ariana Machado.

Mas, as andanças da equipe pelo cerrado mato-grossense (foto abaixo) não reservam apenas dificuldades. Pelo caminho, eles já puderam visualizar algumas exuberâncias da fauna e da flora, que para muitos só é possí-vel encontrar nos zoológicos das cidades. Ta-tus, tamanduás, corujas, garças e outras aves e animais já cruzaram o caminho da equipe.

A meta da Empresa é finalizar, em 2008, o levantamento dos dados no trecho Coxipó/Si-nop e completar 50% do trabalho no trecho Coxipó/Jauru. Em 2009 será concluída esta etapa e iniciado o levantamento na região sul do estado. Em 2010, os trechos Couto Magalhães/Rondonópolis e Barra do Peixe/Rondonópolis.

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Érica Neiva

A Eletronorte é uma Empresa que valoriza e motiva seus empregados, oferecendo todas as condições para a manutenção da saúde in-tegral de cada um, considerando os aspectos físico, psíquico, emocional, espiritual, social e profi ssional. Entre as ações de apoio ado-tadas está o Plantão Social, um atendimento personalizado por telefonia celular, 24 horas por dia, que atua em situações emergenciais de ordem biológica, psicológica e social junto a empregados e dependentes, inclusive em regime de reciprocidade com outras empre-sas do Setor Elétrico, possibilitando atendi-mento imediato em todo o território nacional.

Sob a responsabilidade da área de Promo-ção da Qualidade de Vida no Trabalho, o Plan-tão Social vem funcionando desde 2000 e é cláusula do Acordo Coletivo de Trabalho. Na Sede da Eletronorte, em Brasília, é composto por duas assistentes sociais e uma técnica, e nas unidades regionais é coordenado por uma assistente social. As profi ssionais traba-lham em regime de sobreaviso e revezamento de escalas.

O serviço atua junto à rede credenciada de assistência à saúde, do Plano de Prote-ção e Recuperação da Saúde da Eletronor-te; realiza remoções terrestres e aéreas; dá orientações técnicas e apoio social em si-tuações emergenciais de natureza sociofa-miliar; e em casos de óbitos e internações emergenciais.

Atua também nos casos de tratamento fora de domicílio e convênios de reciproci-dade, possibilitando o atendimento mútuo na área de saúde. “É importante que, antes da viajar, o empregado solicite a autoriza-ção para usar o plano de saúde em outros estados, com antecedência de pelo menos uma semana, facilitando eventuais atendi-mentos”, explica a coordenadora do Plantão Social, Edith Burle.

Atendimentos - Cada situação é analisa-da detalhadamente e o usuário conduzido

a uma equipe técnica multiprofi ssional, composta por médicos, dentistas, fi sio-terapeuta, nutricionista, fonoaudióloga e psicólogas, que faz o atendimento emer-gencial, os encaminhamentos para a rede credenciada e o acompanhamento pos-terior. Há também um médico perito que realiza atendimentos, visitas hospitalares e autoriza procedimentos como internações, remoções e exames.

Em 2007, o Plantão Social da Eletronorte realizou 3.521 aten-dimentos e, até o último mês setembro de 2008, 2.639 pesso-as procuraram o serviço. Há 34 anos na Eletronorte, o assistente da Diretoria de Gestão Corpora-tiva, Paulo Monteiro (ao lado), precisou do auxílio do Plantão em um caso de tratamento fora de domicílio. “Tive a amputação de uma das pernas, em novembro de 2006. Fui encaminhado para o Albert Einstein, em São Paulo. Senti-me amparado e seguro com o trabalho do Plantão, ao qual já recorri também em ou-tra intervenção cirúrgica no Rio de Janeiro. O mais importante é percebermos o comprome-timento e a preocupação contí-nua das profi ssionais com o nos-so bem-estar”, assegura Paulo.

Para o diretor de Gestão Cor-porativa, Tito Cardoso de Olivei-ra Neto (ao lado), “o Plantão está no contexto da atenção que a Empresa dá aos seus em-pregados. É um serviço ininter-rupto que possui uma equipe com capacidade de perceber a urgência dos assuntos, dar o tratamento necessário. Quem conhece e já usou sabe que o serviço é uma unanimidade em termos de excelência no atendimento. É um serviço muito elogiado. É um trabalho de profi ssionalismo e dedicação, razão de or-gulho para a Eletronorte”.

Plantão Social: o complexo trabalho de harmonizar agilidade e humanização

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outubro de 2005 - Um casal de turistas brasileiros visita Chongqing, cidade chinesa localizada na província de Sichuan. Os dois pretendem ficar 14 dias na China e duas se-manas no Japão. No entanto, os planos são interrompidos e, no sexto dia, Massashi Te-goshi, empregado da Eletronorte, sofre um infarto. A cerca de 18 mil km do Brasil, a situação não se agravou ainda mais devido à presença de amigos que facilitaram a sua internação em um hospital chinês, onde per-maneceu imobilizado por 11 dias.

Assim que ocorreu o ataque cardíaco, a es-posa de Massashi, Kimiko Tegoshi, ligou para o Plantão Social. Embora o serviço não tenha caráter internacional, mantinha-se um conta-to diário com o objetivo de monitorar todos os procedimentos efetuados naquele país. Toma-ram-se também as providências necessárias para a volta de Tegoshi, inclusive a estrutura médico-hospitalar para recebê-lo no Brasil. “O Plantão nos deu total apoio. Fez o acom-panhamento da minha internação, auxiliou na preparação dos documentos para retorno e montou uma estratégia para meu eventu-al resgate da China”, afirma o presidente da Fundação de Previdência Complementar da Eletronorte - Previnorte, Massashi Tegoshi.

Após a internação na China, Massashi (abaixo, na Praça da Paz Celestial) foi trans-ferido para Tóquio, onde ficou mais 21 dias hospitalizado. Nesse período houve um inter-câmbio de informações entre os médicos ja-poneses e os médicos do Instituto do Coração

de São Paulo - Incor, local onde o paciente chegou em 25 de novembro pela manhã. Na viagem de retorno ao Brasil, foi assistido por um médico brasileiro. “Todo o acompa-nhamento China-Japão-Estados Unidos-São Paulo foi feito pelo Plantão. Quando cheguei em Guarulhos, já havia uma ambulância me esperando e, imediatamente, transportaram-me para o Incor. No dia 29 de novembro fui submetido a três safenas e uma mamária”, relembra Tegoshi.

Hoje a vida do turista da nossa história sofreu algumas mudanças. Deixou de minis-trar aulas em instituições de nível superior onde era professor e passou a valorizar ainda mais a alimentação equilibrada e a prática de exercícios físicos. “Agora trabalho exclusi-vamente na Previnorte. Estou de olho na ali-mentação e faço rigorosamente os exercícios físicos, como se fosse uma religião. É impor-tante viver com harmonia. Cada dia que vive-mos com harmonia, estamos plantando para o futuro”, reflete Tegoshi.

Exemplo - “Deus a escolheu e, já muito antes, em seu tabernáculo morada lhe deu. Ouvi, Mãe de Deus, minha oração. Toquem vosso peito os clamores meus”. (Ofício da Imaculada Conceição).

Sábado. Uma família reza uma oração co nhecida que lhe foi repassada pela ma-triarca. Inúmeras recordações passam co-mo filme sobre aquelas cabeças junto ao tú-mulo de Zízima Ribeiro de Oliveira, 89 anos. A tristeza pela morte da piauiense, em 25 de agosto de 2008, é amenizada pelo exemplo de força, resignação e vontade de viver dei-xado por ela.

O que mais deixava Zízima feliz era ver a família unida. Parte dos nove filhos mora no Distrito Federal, onde ela residia há três anos. Longe da casa espaçosa de Monsenhor Gil (PI), na qual criou galinhas e cuidou de árvo-res frutíferas, os filhos puderam proporcionar à mãe, em Brasília, uma outra casa onde cul-tivava rosas, uma das suas grandes paixões. Outro passatempo que adorava era a leitura. Lia tudo que lhe chegava às mãos.

Em junho de 2007 foi a primeira vez que Zízima teve um problema de saúde mais sério. Acometida de infarto, precisou fazer duas angioplastias e colocar três estentes. Conseguiu viver bem durante um ano, via-jou de férias, mas em março de 2008 foi novamente internada devido a uma insufi-ciência respiratória. Ficou cinco meses na

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Amores de pessoasEntre os requisitos exigidos para compor a equipe do Plan-

tão Social estão disponibilidade, desprendimento, amor e o treinamento específi co para atender às demandas da Empre-sa. Os membros da equipe não precisam ser, obrigatoriamen-te, assistentes sociais, mas devem ser treinados para lidar em situações particulares com ética e humanização.

“Trabalhar no Plantão é a minha vida. Graças a esse serviço, hoje conseguimos resolver os problemas de forma adequada e temos uma visão, na área social, de todos os atendimentos que podem ser realizados. Somos procurados pelas pessoas e precisamos ser rápidas naquele momento, resolvendo os pro-blemas e não nos deixando levar exclusivamente pela emoção. Temos um vínculo afetivo, mas devemos resolver os problemas das pessoas naquele instante. O carinho e o amor que recebe-mos das pessoas são imensos. Contudo, esse não é um mérito do serviço e, sim, um mérito da Eletronorte,que proporciona condições de trabalho e está totalmente sensível à causa.”

Edith Burle

“Esse trabalho é uma realização pessoal e profi ssional Apren-demos muito. Trabalhar em equipe é enriquecedor. A Empresa investe em cursos e capacitações. É sempre um aprendizado. Há toda uma ética e sigilo que norteiam o nosso trabalho. Os problemas ou situações específi cas são resguardados. A pes-soa, como cidadã e paciente merece todo o respeito. Quando fazemos parte de uma equipe multidisciplinar de saúde, pro-curamos valorizar e respeitar o ser humano. Aprendemos a valorizar mais o que temos. A vida é tão passageira. Devemos aprender a amá-la e dar mais valor.”

Maria da Ajuda Rêgo

“É um trabalho que nos humaniza muito. Quando fui convi-dada a trabalhar no Plantão, no primeiro momento não aceitei, principalmente pelo contato com os casos de óbito, pois são situações tristes e sofridas. Ao fazer as primeiras visitas não me senti confortável, pois a questão da perda é muito difícil. No entanto, aprendi a me colocar no lugar do outro e hoje sou uma pessoa mais resistente. Quando passamos a lidar com outras pessoas nos tornamos mais solidários e humanos.”

Naphis Ornelas Monteiro

unidade de terapia intensiva e 19 dias no sistema de internação domiciliar. Para sua fi lha, a assistente de comunicação social da Eletronorte, Dulce Marwell, “o que mais im-pressionava os médicos era a força dela, o seu comprometimento com o tratamento”, rememora.

Durante o tempo em que Zízima esteve doente, a família recebeu apoio e orientação do Plantão Social. “Estou na Empresa há 20 anos. Nunca havia precisado do Plantão em uma situação emergencial. Hoje confi rmo os comentários positivos que os colegas fazem do serviço. Fui me inteirando junto à Empre-sa sobre todos os passos que devia tomar. Quando o óbito aconteceu, estávamos tran-qüilos, pois sabíamos como agir”, frisa Dul-ce (abaixo, com a fi lha e a mãe). A melhor lembrança de Zízima, contudo, é aquela que deixou em vida por meio de ações e senti-mentos dedicados a familiares e amigos. “Ela foi admirada por todos. Lembro-me dela com alegria e carinho. A sua vontade de viver nos dá força para continuar. Agradeço à Eletro-norte por ter proporcionado essa qualidade de atendimento à minha mãe, que era minha dependente no plano de saúde. Me pergun-to, quando eu tiver 80 anos, não sendo mais empregada nem dependente, como poderei ter atendimento igual?”, refl ete a fi lha.

Segurança - Em maio de 2008, Carmosina Pereira de Sousa, maranhense, comemorou 80 anos de idade com familiares. Há 18 anos no Distrito Federal, mãe de dez fi lhos, sua saúde começou a fragilizar-se quando per-deu o marido há três anos. Com hipertensão arterial e diabetes, em julho de 2008 teve um acidente vascular cerebral. Ficou por quatro dias em tratamento intensivo e um mês no

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quarto do hospital. “Como o quadro dela es-tava estável, o convênio e a equipe médica acharam melhor dar continuidade à recupe-ração em casa, na condição de home care. Para mim foi uma dádiva”, esclarece o filho Carlos Pereira de Sousa, assistente adminis-trativo da Eletronorte.

O termo home care, originário da expressão inglesa, caracteriza o cuidado domiciliar em saúde. No Brasil, o primeiro serviço nesses moldes denominou-se Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência – Samdu, criado em 1949. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Medicina Domici-liar, atualmente existem no País cerca de qua-tro mil pacientes em atendimento domiciliar, que compreende desde cuidados médicos e de enfermagem até serviços de assistên-

cia social, nutrição, laboratório, dental, farmácia, raios-x, equipa-mentos e suprimentos médicos. A Eletronorte tem convênio com serviços dessa natureza, median-te uma análise médico-social. Em setembro de 2008 havia 14 inter-nações domiciliares em Brasília e duas em São Paulo, pelo convê-nio de reciprocidade.

Esse modelo de atendimento permite a humanização da assis-tência, uma vez que o paciente retoma o vínculo com a família e a rotina domiciliar (foto ao lado). Para Carlos Pereira, as mudanças verificadas na saúde de sua mãe, após a internação domiciliar fo-ram evidentes. “Quando chegou em casa, ela ficou com o sem-blante muito alegre. Sentiu-se li-berta do hospital. Sua expressão

de satisfação foi notada até pelas crianças. Ela dizia que não agüentava mais ficar no hospital, que queria ir pra casa”, afirma.

“São 2h da manhã - 16 de janeiro de

2008. Senti uma dor muito forte no peito. Liguei para a portaria dizendo que precisa-va ir ao médico urgente. Saí me arrastando do segundo andar, pois não tinha elevador. No hospital, deram-me uma medicação para controlar um infarto grave, no início da coro-nária. A partir daí, foi uma corrida para tentar reverter a situação”.

O fato acima, narrado por Habib Sallum (à esquerda), engenheiro de projeto e cons-trução da Eletronorte, descreve a situação que vivenciou em Marabá, onde esteve com um grupo de colegas fazendo um estudo de aproveitamento hidrelétrico. A inexistência de equipamentos adequados na cidade e a difi-culdade em se localizar profissionais especia-lizados fizeram com que o Plantão Social acio-nasse o serviço aéreo. “O serviço do Plantão traz uma grande segurança devido à agilidade na resolução dos problemas. Isto é importan-te, principalmente para nós que trabalhamos em áreas de risco”, destaca o engenheiro.

Seis meses após o infarto, Habib voltou a Marabá para dar continuidade ao trabalho. Hospedou-se no mesmo hotel e agradeceu o auxílio prestado pelos porteiros. A sua rotina, porém, sofreu algumas modificações. “Re-pensei meus conceitos. Dou mais valor à mi-nha saúde. Hoje sou menos centralizador no

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serviço e tento repassar meus conhecimen-tos. Converso e viajo mais com minha família. Este ano já fui ao Chile e Buenos Aires”, con-ta. Até setembro de 2008 houve cinco casos de remoção de empregados por via aérea.

Solidariedade - Ambiente tranqüilo, silen-cioso, onde prateleiras exibem conhecimen-tos codificados em livros e periódicos. Quem entra na Biblioteca Raul Garcia Llano, loca-lizada na Sede da Eletronorte, encontra um vasto mundo de conhecimentos a explorar. Nesse ambiente trabalha a bibliotecária Rosa Maria Gastal de Menezes (ao lado), que en-trou na Eletronorte em 1979 e acompanhou parte da trajetória da Biblioteca. “Houve uma mudança drástica, pois embora fosse orga-nizada no passado, era artesanal, como toda área de biblioteconomia no País. Os recursos da informática revolucionaram essa ciência e, na Eletronorte, não foi diferente. Hoje temos uma Biblioteca moderna, atuante e comple-ta”, destaca Rosa Maria.

Quem ouve a gaúcha falar com tanto en-tusiasmo e vivacidade sobre sua área de tra-balho, não imagina a experiência difícil pela qual passou em 2005, quando foi detectado um tumor de ligamento em sua coluna verte-bral. No momento da cirurgia, descobriram outros tumores de meninge que também pre-cisaram ser retirados.

Naquela época ela estava afastada da Ele-tronorte, cedida a outro órgão. Com o pro-blema de saúde, tornou-se usuária assídua do Plantão Social da Empresa. “As pessoas dispensam um tratamento humano, com tan-ta solidariedade, que conseguem diminuir o sofrimento do empregado. O Plantão foi fun-damental na minha recuperação. Participou

ativamente, principalmente, devido à ausên-cia de familiares meus na cidade. O serviço agiu também na minha casa e, em alguns momentos, decidiu por mim”, relembra a bi-bliotecária.

Desde 2006, Rosa retomou o seu trabalho na Biblioteca, com seqüelas quase imper-ceptíveis da doença. Para ela, a experiência trouxe mudanças na maneira de ver o mun-do. “Ficamos mais sensíveis. No trabalho, por exemplo, aprendemos que não devemos julgar uma pessoa pelo seu estado de humor, pois ela pode estar passando por um grande problema. A percepção do sofrimento huma-no muda muito. O retorno à Eletronorte foi muito bom. Recebi muita compreensão, so-lidariedade e aceitação de todos. O trabalho foi e é importante no meu processo de recu-peração”, reflete Rosa.

Plantão para atendimento em situações emergenciais.

Por meio de orientações e intervenções técnicas via telefônica ou “in loco”.

Acesso via sistema de plantão sobreaviso 24 horas pelo celular.

Utilização da rede credenciada em Brasília, regionais, congêneres e empresas de reciprocidade; internações e remoções emergenciais; tratamentos fora de domicílio; situações de acidentes e óbitos.

Assistentes sociais e técnicos da área de Promoção da Qualidade de Vida no Trabalho.

Empregados e dependentes da Sede, Regionais, congêneres, cedidos, empresas de reciprocidade, residentes ou em trânsito em Brasília.

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Terezinha Félix de Brito

Nem a forte chuva no início da manhã de domingo, 21 de setembro, intimidou a participação de centenas de pessoas no IV Torneio de Pesca – Topas, no lago da Usi-na Hidrelétrica Samuel, localizado no mu-nicípio de Candeias do Jamari, a 45 km da capital de Rondônia, Porto Velho. O evento, promovido pela Associação dos Pescadores Amadores de Rondônia – Sopescar, contou com a participação da Eletronorte, por meio da Regional de Produção de Rondônia, res-ponsável pela operação da Usina e principal parceira do Torneio. “Estamos juntos desde a primeira edição. Este ano a coordenação nos pediu a área e cedemos o reservatório novamente, já que o evento é bem-vindo para a sociedade”, afirma o gerente Regio-nal, Edgard Temporim Filho.

O Topas visa muito mais do que levar vo-adeiras, linhas e anzóis para o meio do lago, ou simplesmente encher as caixas térmicas de peixes. A intenção é também estimular

a educação ambiental, promover o lazer e a integração entre os simpatizantes da pes-ca, além de divulgar a beleza do lago de Samuel, que tem uma extensão de mais de 300 km², algo como 240 piscinas olímpicas. Este ano, cerca de 320 pessoas foram para a água em busca dos prêmios, em 85 em-barcações particulares de diferentes mode-los, compostas por equipes com até quatro integrantes. Na largada, saíram primeiro os barcos com os motores acima de 60 hp, e, em seguida, os de menores potências, com até 30 hp, evitando assim, possíveis aciden-tes. De acordo com colaborador Luís Antônio Duarte, da Secretaria de Gestão Ambiental da Divisão de Geração Hidráulica, o Topas já faz parte do calendário de eventos de Ron-dônia, e a cada ano aumenta o número de participantes. “Com o apoio da Eletronorte temos o plano de divulgar nacionalmente este projeto. Percebemos que a cada edi-ção tem sido superado o número de pesso-as interessadas”, afirma Luís, que é um dos coordenadores do Topas.

Lago de Samuel: onde tem peixe, tem pescador

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Modalidades - As modalidades do Topas são divididas na captura das espécies Ser-rasalminae, popularmente conhecida como piranha (maior peso), e Cichla, o tucunaré (maior medida), sendo as duas da classe de grupos de predadores. O Torneio também colabora com o equilíbrio biológico, pois há um número excessivo dessas duas espécies e a sua captura ajuda no aumento das de-mais nesse ecossistema. “No lago de Samuel há inúmeras espécies como cará, tambaqui, surubim, piau, barba-chata, pacu e todos são presas fáceis da piranha e do tucunaré”, ex-plica Luís (foto acima).

No total foi pescada mais de uma tonelada de peixes, doados a instituições de caridade de Porto Velho, escolhidas pela coordenação do evento. Os beneficiados foram a Casa do Ancião, Lar de Eurípides, Casa da Família Roseta, Escola Abimael Machado, Associa-ção de Pais e Amigos dos Autistas e Casa de Apoio ao Câncer. “Já no ato da inscrição, cada integrante doou um quilo de alimento não-perecível, desenvolvendo assim o espírito

da solidariedade”, conta o presidente da So-pescar, Eliezer Costa, lembrando ainda que o evento foi supervisionado pela Polícia Militar Ambiental e Corpo de Bombeiros.

Na modalidade “piranha”, o primeiro lugar ficou com a equipe Prazeres da Carne (foto abaixo), e na modalidade “tucunaré”, com a equipe Família Buscapé. Para Hiraudes de Araújo (foto acima) foi uma surpresa o primei-ro lugar, já que sua equipe participou pela pri-meira vez do Torneio e com uma embarcação bem inferior. “Para se ter uma idéia, nós fomos os últimos a desembarcar, pois estávamos em uma ‘rabetinha’, sem qualquer potência. Em certo momento tivemos que ser rebocados. Foi um dia muito divertido e o que foi ainda melhor, ficamos em primeiro lugar”, vibrou.

Curiosidades - A piranha é um peixe carní-voro de água doce que habita em alguns rios da América do Sul. Pertence a cinco gêneros da subfamília Serrasalminae (que também in-clui peixes como pacus e dourados). O nome piranha vem de um idioma híbrido, formado das línguas tupi-guarani; podendo ter sido originado da composição das palavras ‘pirá’, significando ‘peixe’, e ‘sanha’ ou ‘ranha’, sig-nificando ‘dente’. Na realidade trata-se de um peixe muito voraz, predador e com mandíbu-las fortíssimas: a força da mordida da piranha é considerada, proporcionalmente, a de um cão bulldog.

Em relação ao tucunaré, existem 14 espé-cies conhecidas na Amazônia. De maneira geral, apresentam corpo alongado e um pou-co alto, de coloração amarelo-esverdeado, com o dorso mais escuro e ventre branco. Conforme a espécie, apresenta faixas escuras verticais ou manchas irregulares nos flancos. E pode atingir até um metro de comprimento e pesar 15 quilos.

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Bruna Maria Netto

“Cada um por si, e Deus por todos”. Foi-se o tempo em que o Setor Elétrico nacional era segmentado dessa forma. No Brasil de 2008, dez anos após a abertura do mer-cado energético, o que se vê é um cenário bem diferente daquele apresentado no fi-nal da década de 90, quando as linhas de transmissão de energia ainda não tinham um sistema único que as interligavam, e as concessões eram fornecidas às estatais do governo, por meio de critérios geográficos. Melhorias na qualidade do serviço de eletri-cidade, nos indicadores de continuidade do serviço nos pontos de controle da rede bási-ca, diminuição na tarifa de energia elétrica e menor risco de apagão são apenas alguns dos motivos para comemorar o décimo ani-versário daquele que originou o modelo atu-al do Setor Elétrico e o Sistema Interligado Nacional – SIN. Com tamanho e caracterís-ticas que permitem considerá-lo único em âmbito mundial, hoje o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é constituído por um sistema hidrotérmico de grande porte, pelo qual passeia uma malha de transmissão de 87,2 mil quilômetros li-gando Norte a Sul do País.

E como foi possível mudar completamente o cenário em tão pouco tempo? Juntamente com o novo modelo, surgiram outros agentes fundamentais para a sua consolidação. Na-quela época, foram lançadas as bases que definiram, entre outros, a criação da base se-torial: um operador responsável pela coorde-nação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional, o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS; uma entidade responsável pelo planejamento da expansão do Setor Elétrico a longo prazo, a Empresa de Pesquisa Energética – EPE; e um

A consolidação do modelo do Setor elétrico e do Sistema Interligado nacional

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órgão regulamentador e fiscalizador, a Agên-cia Nacional de Energia Elétrica – Aneel.

No entanto, bem antes já se pensava nesse novo modelo: “A mudança começou em 1988, com a nova Constituição Federal. O artigo 175 prevê o regime de concessão de serviços públicos por meio das licitações”, contextualiza Josias Matos de Araújo (ao lado), superintenden-te de Engenharia de Operação e Manutenção da Transmissão da Eletronorte. Josias lembra que um dos principais motivos da mudança de cenário foi a con-juntura mundial, que estava se reestruturando no Setor Elétri-co a partir das mudanças que aconteceram primeiramente na Inglaterra. “O Brasil acabou indo pelo mesmo caminho em função da necessidade de altos investi-mentos, já que o Estado se encontrava exau-rido com muitas obras e empreendimentos de grande porte e não existiam recursos sufi-cientes para isso. Por isso, o Governo Federal pensou num modelo que pudesse compar-tilhar a parte de investimentos feita por ele com a iniciativa privada”.

Até 1998, quando foram criados o Mer-cado Atacadista de Energia Elétrica – MAE (hoje substituído pela Câmara de Comer-cialização de Energia Elétrica - CCEE) e o ONS, o cenário era bem diferente: “Antiga-mente, o Setor Elétrico era composto por empresas públicas verticalizadas que, como a Eletronorte, cuidavam pessoalmente da geração, transmissão, distribuição e comer-cialização de energia”, conta Josias. Com a Lei 9.648, de 27 de maio 1998, foi criada uma série de direcionamentos no Setor Elétrico, entre eles o sur-gimento do modelo cujo intuito é desverticalizar as empresas, separando os segmentos de ge-ração, transmissão, distribuição e comercialização, e propondo a criação de um órgão indepen-dente para fazer a fiscalização, supervisão, controle e gestão de contratos do segmento de transmissão, para controlar toda a rede na-cional de energia elétrica e administrar os contratos firmados, a Aneel.

O engenheiro Márcio Mendonça (foto acima), assessor da Superintendência de

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Fiscalização dos Serviços de Eletricidade da Agência, conta o motivo: “Não havia como uma empresa ter todas essas funções ao mesmo tempo, pois, já que uma distribui-dora passou a comprar energia por meio de leilão, como é que compraria dela mesma? Por isso a relevância da desverticalização o quanto antes”. Uma das conseqüências desse desmembramento é o surgimento da figura do livre acesso às redes elétricas, por meio de leilão de energia elétrica.

Geradoras virtuais – Para que esse livre acesso às redes fosse realizado da forma mais democrática possível – com ofertas de geradoras dos mais diversos pontos do País – é por meio do SIN que as diferentes regi-ões podem permutar energia entre si. Her-mes Chipp, (abaixo), diretor-geral do ONS, explica a relevância do sistema: “Num País de dimensão continental como o nosso, as interligações regionais - normalmente em alta tensão, pela longa distância – funcionam

como verdadeiras usinas virtuais, em função do aproveitamento da sazonalidade entre as regiões e a diversidade hidrológica. Nes-se sistema, a transmissão não faz apenas o papel de fio, mas funciona também como uma ge-ração virtual, porque aumenta a capacidade do sistema em pro-dução de energia”.

Para o SIN funcionar com essa sintonia, Josias explica que é por meio da Receita Anual Permiti-da - RAP, que o pagamento pelo

equipamento de transmissão fica disponível. Essa receita é rateada por todo o Setor Elétri-co – de geradores a distribuidores -, que faz com que a rede seja de livre acesso. “Como todos podem usar, esse valor é dividido pelo Setor. Por exemplo, se se vai construir uma usina, ela precisará de uma linha de trans-missão, então essa linha, após licitação, será construída pela empresa vencedora do leilão para que a energia gerada seja escoada, e tanto a usina quanto a distribuidora que re-ceberá essa energia pagarão a RAP”. Para o período de 2008-2009, a Receita será de R$ 10,5 bilhões. De acordo com a Aneel, deste montante, R$ 452 milhões correspondem à receita total estimada de empreendimentos licitados e autorizados com previsão de en-trada em operação comercial entre julho de 2008 e junho de 2009.

Leilões de transmissão confirmam competência técnica da EletronorteO maior potencial energético do Brasil ainda sofre

com a não integração ao SIN. Por pouco tempo. Fazen-do parte de quase totalidade dos 3,4% da capacidade de produção de eletricidade do País que ainda é alimentada por pequenos sistemas isolados, a Região Norte está a um passo de ter praticamente todo seu sistema de abas-tecimento de energia realizado por meio do Sistema In-terligado Nacional. E para aqueles que imaginaram que a Eletronorte não manteria a qualidade e competência há anos comprovada e reconhecida, vê nos leilões de linhas de transmissão um concorrente forte o suficiente para conseguir tantas concessões quanto aquelas fornecidas do modo antigo, por meio da localização geográfica.

À frente dos leilões a Empresa tem uma equipe multi-disciplinar de qualidade, envolvendo várias áreas. Desse processo participa também o superintendente de Enge-nharia de Operação e Manutenção da Transmissão, Jo-sias Matos de Araújo (Josias foi nomeado Secretário de Energia do Ministério de Minas e Energia durante a pro-dução desta edição). O engenheiro eletricista, graduado pela Universidade Federal do Pará e com mestrado em sistemas de potência pela Escola Federal de Engenha-ria de Itajubá, está há 25 anos na Eletronorte, sendo 13 deles na Superintendência de Engenharia de Operação e Manutenção da Transmissão da Empresa. “Naquela oportunidade aceitei o convite por ter a chance de tra-balhar numa empresa com a missão de gerar energia na Região Amazônica. Os desafios seriam grandes e as perspectivas de crescimento imensas, de modo a poder aprender e contribuir para o desenvolvimento do meu País e de minha região”.

Josias tornou-se superintendente justamente por con-ta do novo cenário, oriundo da abertura do mercado: “Quando surgiu a necessidade de mudanças no Setor Elétrico brasileiro, em 1995, com a segregação dos se-tores em transmissão, geração, distribuição e comer-cialização, permaneci na área de transmissão, surgindo naquela época a nossa Superintendência, órgão alinha-do às novas regras e onde me encontro até o presente momento. Sou uma pessoa sempre motivada com o que faço, gosto de trabalhar em equipe, compartilhar conhe-cimentos e meu maior tesouro na área que coordeno são os profissionais que a compõe - digo até que são os meus diamantes lapidados, pois dependo deles para buscar a inovação, transformar as pequenas coisas em resultados significativos, buscar a excelência na gestão, enfim, fazer acontecer na Empresa”.

Novo cenário - Não é de hoje que esse cenário co-

meçou a mudar. A Eletronorte, nesses dez anos, partici-pou e ganhou seis concessões de linhas de transmissão (ver matéria na página 44), sendo a última numa disputa marcada pelo alto grau de competitividade, em que ficou

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tém 30%, assinou o contra-to de concessão 010/2008, para a construção manuten-ção e operação das linhas de transmissão Oriximiná – Ita-coatiara e Itacoatiara – Cariri, com extensão de aproxima-damente 586 quilômetros, e as subestações Itacoatiara e Cariri. O contrato foi assina-do pelo diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel, Jerson Kelman, e pelos diretores geral e téc-nico da empresa, Luciano Paulino Junqueira, e José Orlando Cintra, durante a cerimônia de assinatura dos contratos de concessão de novas linhas de transmis-são arrematadas no leilão 004/2008.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, destacou a importância do leilão para aumentar a extensão da rede, que até o fim do ano atingi-rá um total de 100 mil quilômetros. Serão, ao todo, três mil quilômetros de linhas, vinte subestações e investimentos de mais de R$ 3,0 bilhões. O Ministro registrou a particular im-portância da linha Tucuruí-Macapá-Manaus, que vai permitir a interligação dos sistemas isolados ao Sistema Interligado Nacional – SIN.

O lote C é composto pelas linhas de transmissão em 500 kV, circuito duplo, com origem na Subestação Oriximiná, no Pará, e término na Subestação Itacoatiara, no Amazonas com extensão aproximada de 374 km; e o trecho com origem na Subestação Itacoatiara e término na Subestação Cariri, no Estado do Amazonas, com extensão aproximada de 212 km, além das subestações Itacoatiara em 500/138 kV (150 MVA) e Cariri em 500/230 kV (1800 MVA). O lote faz parte do linhão, que terá um total de 1.829 quilômetros de linhas de transmissão.

Assim como a Eletronorte, as demais empresas do Sistema Eletrobrás foram as grandes vencedoras, faturando cinco dos sete leilões disputados, representando uma extensão de 356 quilômetros em seis estados. Para Josias, esse crescimento dificilmente cessará: “A energia é fator crítico de sucesso para o desenvolvimento do País. É importante que os sistemas em operação tenham um desempenho dentro de padrões defini-dos nos procedimentos de rede e que as novas obras sejam viabilizadas para garantir o atendimento pleno aos consumi-dores, indústria e sociedade, com segurança, confiabilidade e continuidade”.

(Colaboraram Érica neiva e michele Silveira)

Leilões de transmissão confirmam competência técnica da Eletronorte

com os lotes A e B do leilão 006 da Aneel, realizado no dia 3 de outubro de 2008, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (acima). O leilão licitou a contratação das conces-sões para a prestação do serviço público de transmissão de energia elétrica, incluindo a construção, a operação e a manutenção das instalações de transmissão da rede básica do Sistema Interligado Nacional –SIN. A Eletronor-te disputou sozinha – ou seja, sem a formação de con-sórcio - os empreendimentos de transmissão dos lotes A, que compreende a linha de transmissão no trecho Ribei-ro Gonçalves – Balsas, em 230 kV e a Subestação Balsas (500/230/69 kV), nos estados do Maranhão e Piauí; e B, que envolve a Subestação Miranda II (500/230/13,8 kV), com o seccionamento da linha Presidente Dutra – São Luís II, no Estado do Maranhão.

No Lote “A”, a Empresa pagou deságio de 30% em re-lação à Receita Anual Permitida - RAP de R$ 8,6 milhões, inicialmente estabelecida pela Aneel, e terá uma RAP de R$ 6,0291 milhões. Já no Lote “B”, foi pago deságio de 20% em relação à RAP de R$ 7,85 milhões, inicialmente estabelecida, e a Empresa ficou com uma Receita de R$ 6,284 milhões. Segundo o coordenador de Viabilização de Negócios da Eletronorte, Wilson Fernandes de Paula, “essa vitória nos dará ainda mais ânimo para concorrer aos próximos leilões, como o 007, nos lotes A, B, C e G das hidrelétricas do Rio Madeira”. (Este leilão pode ter ocorrido enquanto esta edição estava sendo impressa)

Contrato - No dia 16 de outubro de 2008, a Manaus Transmissora de Energia S.A, da qual a Eletronorte de-

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Márcio lembra que a remuneração das empresas de transmissão depende também de análise da Aneel: “O grande desafio das transmissoras é diminuir custos e aumentar as receitas. Quando um agente ganha uma concessão de linha de transmissão, ele tem uma receita para operar aquele empreendi-mento, que é anualmente reajustada pelo índice que compõe o contrato de conces-são. A cada quatro anos ela passa por uma revisão tarifária, quando são verificados pela Aneel quais foram os investimentos realiza-dos e se eles são passíveis de reconhecimen-to por parte do processo de revisão”.

Modicidade tarifária – Mas, se o Setor paga o SIN, quem paga o Setor? “São os consumidores, e por isso é tão importante que se tenha uma tarifa justa”, enfatiza Josias. “O novo modelo gera a modicidade tarifária e prevê um conjunto de medidas a serem observadas pelos agentes envolvidos, como a exigência da contratação de totalidade da demanda por parte das distribuido-ras e dos consumidores livres; nova metodologia de cálculo do lastro para venda de geração; con-tratação de usinas hidrelétricas e termelétricas em proporções que assegurem melhor equilíbrio entre garantia e custo de suprimento; bem como o monitoramento permanente da continuidade e da segurança de suprimento, visando a de-tectar desequilíbrios conjunturais entre oferta e demanda”, afirma Hermes.

Não é apenas o Diretor-Geral do Opera-dor que tem esse pensamento. Tanto Márcio quanto Josias são enfáticos ao dizer que é a busca de uma tarifa mais acessível um dos objetivos e grandes benefícios para a aber-tura do mercado. “Se eu der a menor tarifa ou maior deságio, eu repasso isso para a ta-rifa final do consumidor, e ele pagará menos na conta de energia”, esclarece Josias. Essa economia é dada pela compra de energia feita em um ambiente regulado por meio de leilões, objetivando a redução do custo de aquisição a ser repassado para a tarifa dos consumidores cativos.

É neste momento que entra, também, o apoio da Empresa de Pesquisa Energética – EPE, criada em 2004, responsável por todas as análises de prospecções. “Antigamente quem fazia esse trabalho, à exceção do pe-tróleo e gás, era a Eletrobrás. Mas diante da mudança do modelo, a atribuição foi perdida por ficar incoerente com o novo cenário - o próprio agente não poderia fazer as análises estratégicas do governo - então a EPE faz esse

papel para subsidiar as decisões do Ministé-rio de Minas e Energia”, afirma Paulo César Esmeraldo, superintendente de Transmissão de Energia da Empresa. No caso específico do sistema interligado da rede básica, a EPE tem função de planejar, principalmente, a questão do menor impacto na tarifa do con-sumidor de energia elétrica, e também a se-gurança do sistema. “Tudo que é planejado atende ao critério N-1, ou seja, mesmo que

usina, subestação e linhas que derivam para o Sistema Interligado nacional

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haja perda ou falha de algum componente de transmissão, a carga não deixa de ser atendi-da, mantendo a segurança e a confiabilidade do sistema elétrico”, lembra Paulo.

“Uma usina de inteligência a serviço do setor energético brasileiro”. Assim pode ser definida a EPE, instituída pela Lei nº 10.847 e regulamentada por meio do Decreto nº 5.184, com a finalidade de prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinados a subsi-

diar o planejamento do setor energético, além de atuar como co-gestora dos leilões públicos de energia elétrica. Atrelada a essa prerroga-tiva estão os diversos estudos técnicos, so-ciais e ambientais relacionados ao aproveita-mento do potencial hidrelétrico do País, que conferem a sustentabilidade socioambiental necessária ao planejamento energético, além de incrementar o número de empreendimen-tos disponíveis para os leilões de expansão.

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O engenheiro Paulo César Esmeraldo (ao lado) conta que a EPE tem importância es-tratégica no planejamento da área de trans-missão de energia elétrica ao responder pela realização dos trabalhos de projeção do au-mento da malha do País em cenários de mé-dio e longo prazo: “Um dos pontos-chave é a expansão das interligações. Como o Brasil é dividido em submercados, eles se conectam por meio dessas interligações. Desenvolve-mos estudos para saber em que momento será preciso de mais interligações, de modo que as transferências energéticas sejam pos-síveis de se realizarem. Isso não significa que há dificuldades de fazer estudos, porque nós dominamos as tecnologias para estudos, inclusive somos exportadores desse tipo de serviços”.

Consumidores livres – A energia elétrica do SIN é comercializada por meio da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE. Regulamentada pelo Decreto nº 5.177, de

12 de agosto de 2004, sucedendo ao Mer-cado Atacadista de Energia – MAE, a CCEE desempenha papel estratégico para viabilizar as operações de compra e venda de energia elétrica, registrando e administrando contra-tos firmados entre geradores, comerciantes, distribuidores e consumidores livres.

no maranhão, sintonia fina “Eu adoro o que faço.

Trabalhar na área de opera-ção foi a melhor coisa que me aconteceu”. É assim que Joaquim Carlos Britto fala dos seus quase 30 anos trabalhando na Eletronorte. Britto é um dos colaborado-res da Empresa do tempo em que um problema na li-nha de transmissão era pas-sado para o Centro de Ope-ração por telefone, depois de identificado pela subes-tação. A causa do problema nunca era certeza e a ação para saná-lo demorava.

Hoje, depois de 21 anos trabalhando no despacho da Re-gional de Transmissão do Maranhão, ele diz que a operação é um constante aprendizado e que todo dia é uma situação diferente, até porque trabalha diretamente com o produto final da Empresa, a energia elétrica. É lá que é monitorado todo o funcionamento dos pátios das subestações. O programa Sage coloca à disposição do operador um mapa de todas as subes-tações da Eletronorte. O operador sabe como está operando todo o sistema elétrico da Empresa, sempre em contato com os outros centros de operação.

José Martins Soares Neto (acima, à direita), operador da Eletronorte há 25 anos, sendo 21 deles no despacho, fala que o bom ambiente de trabalho e a ótima equipe influenciam diretamente no desempenho do operador. Martins conheceu a Eletronorte por curiosidade, quando viu um cartaz em sua escola sobre um curso técnico de operador de subestação. Ele fez o curso, gostou e hoje adora o que faz. Conta que a única situação complica-da que passou na Empresa foi ainda como operador de subestação, quando sofreu um acidente de trabalho no momento em que a chave na qual estava mexendo ex-

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São duas as formas de adquirir energia. Em ambientes de contratação regulada – ACR, do qual entidades de geração e de dis-tribuição de energia elétrica participam dos leilões; e nos ambientes de contratação livre – ACL, em que participam agentes de gera-ção, comercialização, importadores e expor-tadores de energia, além de consumidores livres. O ACL teve um aumento de 1% em 2002 para 25% nos primeiros quatro meses de 2007, “sendo um movimento motivado por redução de custos, flexibilidade contra-tual e segurança da oferta”, afirma Josias, que exemplifica o procedimento nas duas modalidades. “Na ACR, o consumidor vai a leilão e adquire a energia de quem oferece a menor preço. Ou ele pode comprá-la em pedaços, na forma de energia livre, mas por sua vez poderá sofrer aumento no preço por conta da sazonalidade. Geralmente quem compra no mercado livre são aqueles que dependem de pequenos montantes por um tempo curto. Se o contrato é fechado num

leilão, ele vai pagar o preço preestabelecido, mesmo que a energia aumente o valor pos-teriormente”.

Sazonalidade - Para aqueles que com-pram energia no mercado livre ou até para que os leilões ofereçam preços cada vez mais atraentes e acessíveis e, principalmen-te, livre de oscilações, o ONS desenvolve estudos e implementa medidas operativas que possibilitam à operação da rede elétri-ca atender aos critérios de continuidade, confiabilidade e qualidade de suprimento estabelecidos nos procedimentos de rede. “O resultado dessas ações pode ser consta-tado pelo desempenho verificado do SIN em algumas contingências, nas quais a correta atuação dos sistemas especiais de proteção permitiu restringir os efeitos das perturba-ções”, afirma Chipp. De acordo com ele, a melhoria da segurança no atendimento elé-trico alcançada em 2007 é traduzida pelos indicadores de desempenho do SIN que,

plodiu. “Foi o único susto trabalhando aqui. Ainda bem que não aconteceu nada”, relembra.

Os operadores possuem ligação direta com o Ope-rador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, e, segundo Britto, fazem contato a “cada segundo”. Todas as ins-truções seguidas por eles vêm do ONS. “Para cada situ-ação que acontece no sistema elétrico há uma instrução do Operador a ser seguida. Todo erro ou problema ocor-rido possui um procedimento a ser adotado, ditado pelo ONS”, explica Martins.

Mesmo sem a experiência de Britto, Aniceto de Pereira Neto (acima, no canto), engenheiro de produ-ção, tem a mesma vontade de trabalhar em prol do sistema. “Gostei tanto do meu estágio, da Empresa e

das pessoas, que resolvi fazer o concurso para a Eletronor-te e passei”. Com menos de um ano de casa, Aniceto já se sente parte da família e sabe de sua importância para a otimização dos serviços. Trabalhando diretamente com o funcionamento dos equipamentos, ele lida diariamente com a famosa Parcela Variável. “Faz parte da minha rotina mo-nitorar e acompanhar as ocorrências da Parcela, para que todas as ocorrências sejam sanadas dentro do possível, sem qualquer dano por parte dela”.

Aniceto se orgulha do seu trabalho, que executa com pra-zer. Para ele, a maior recompensa é o reconhecimento, tanto pela Eletronorte, quanto pelos colegas. “É muito bom sentir que somos úteis para a Empresa e saber que fazemos muita diferença”, conclui orgulhoso.

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operador despacha a energia e controla os reservatórios

do total de 2.119 perturbações, em apenas 15% das ocorrências verificaram-se cortes de carga, e dessas, 96,8% não resultaram em cortes maiores que 100 MW.

Mas o fornecimento de energia não de-pende apenas do bom funcionamento do SIN. Não se pode contar, na verdade, com um obstáculo bem maior que é a natureza e, conseqüentemente, com o nível de água nos reservatórios, o que faz o ONS agir no-vamente. O Operador também é responsável pela coordenação e controle das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no SIN. De acordo com Josias, a operação passou a ser centralizada, diferentemente de antes, quando cada empresa era respon-sável pela operação. “Se eu fizer uma inter-venção ou manutenção lá no Pará, tenho de avisar ao Operador, que faz a análise de pertinência. Sempre que alguma empresa ou entidade quiser acessar a rede, seja um novo consumidor de um lado, ou uma nova geradora de outro, eles terão de fazer o mes-mo processo”.

A centralização gerou outros ganhos, como a otimização de despacho – liberação de energia e potência nas usinas - e mitigação de riscos hidrológicos. “Apesar de a gerado-ra ter um contrato firmado com determinada distribuidora que ganhou um leilão, o respon-sável pela operação da geração é o ONS, que considera como premissa o custo para ser despachado, e a usina que tiver menor custo vai ser despachada num primeiro momento, seguindo para aquelas de maiores custos”, afirma Josias.

O despacho funciona da seguinte forma: como o Operador administra recursos hídri-cos abundantes, porém dependentes de um regime pluviométrico regional, seus estudos

de planejamento da operação avaliam as condições operativas futuras e recomendam medidas para que o suprimento de energia elétrica seja feito sem restrições e com mar-gens de segurança adequadas. Assim, de acordo com os níveis de armazenamento, ações de coordenação do controle de cheias nos reservatórios das principais bacias hi-drográficas do SIN são realizadas. Segundo Josias, “quando uma usina hidrelétrica – que, como já se sabe, tem custo menor que uma termelétrica – está com seu reservatório cheio, tem sua água mais barata, e o Opera-dor despacha por lá, ao contrário de antiga-mente, quando cada usina cuidava de sua operação”.

Da mesma forma, com a transição para a estação da seca, as condições hidrológicas revertem-se, e a geradora passa a receber energia. Isso acontece a partir do mês de maio, nas regiões Nordeste e Norte, e a partir de setembro, também no Sudeste e Centro-Oeste. “A Eletronorte, pela Usina Hidrelétrica Tucuruí, gera em função desse controle hi-drológico. De janeiro a junho há muita água no reservatório, e quando esse valor cai, des-pachamos o máximo da usina. No período de menor volume de água, a Usina despacha o suficiente em função das condições hidro-lógicas e do que foi determinado pelo ONS, passando a ter uma operação com volume menor, e conseqüentemente em uma potên-cia menor”, lembra Josias. Mesmo com po-tência menor, isso não significa que o sistema não estará sendo atendido, já que conta com o abastecimento de outras usinas. “Por isso o despacho é centralizado e otimizado. O inter-câmbio na linha entre Tucuruí e determinada região pode se inverter, e Tucuruí também recebe energia. O Operador decide quanto cada usina irá gerar e a transmissão é feita por meio das linhas que estão disponíveis na rede”, afirma.

O Diretor-Geral do ONS finaliza: “É aí que vemos a tarefa fundamental e a razão de ser deste Operador, que é operar essa transmis-são com segurança, menor custo e utilizando a produção nos locais em ordem crescente de custo. O Operador tem funções de admi-nistrar os serviços de transmissão para que ela seja eficiente não apenas para fazer o pa-pel de fio, mas também essa meta de obten-ção da interconexão ser capaz de aproveitar os excedentes energéticos de uma região em relação à outra, em função dessa comple-mentaridade”.

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Tarifas - Se o nível de algum reservató-rio abaixa, as tarifas podem sofrer com isso. O engenheiro eletricista Sandoval de Araújo Feitosa Neto está na Aneel há três anos - fruto da primeira turma de concursados da Agên-cia - e explica um dos motivos da variação das tarifas: “Os preços estão fortemente rela-cionados às fontes de geração, e nesse sen-tido, dependerão muito da matriz energética a ser explorada - hidrelétrica, termonuclear, fontes renováveis. Não podemos deixar de relacionar a questão do transporte de ener-gia, uma vez que todos os grandes potenciais se localizam distantes dos centros de consu-mo”. Sandoval ressalta que a variação da ta-rifa é regulada pela Aneel. “Nem a Eletronorte ou qualquer outro agente tem domínio sobre isso. Os investimentos realizados pela distri-buidora, co mo custo da transmissão, paga-mento do uso da rede e investimentos feitos no sistema, entre outros, é que a influenciam. A fixação de tarifas de energia passa por inú-meras variáveis e quem tem controle sobre elas é a Aneel, e, de forma pública e transpa-rente, por meio de leilões”.

E os leilões já trazem resultados: o preço de referência, antes baseado no valor que existia na Eletrobrás com as empresas esta-tais, sofreu redução de até 50%. “A idéia era se ter uma tarifa única no Setor, mas agora cada concessão tem os valores diferenciados. Quem faz esses cálculos é a Aneel, seguindo um conjunto de regras pré-definidas, como custo de expansão do sistema, depreciação e desempenho da empresa”, recorda Márcio.

Sem sombra ou água fresca – Nas trans-missoras, uma grande revolução na regula-mentação foi a instituição da Parcela Variável, fazendo com que os transmissores mantives-sem a disponibilidade das suas instalações o máximo possível, sendo passíveis de descon-tos na Receita Anual Permitida. “Se as empre-sas mantiverem sempre seus equipamentos disponíveis, maior será a remuneração, o que implica melhoria nos processos de manuten-ção, engenharia de operação, controle dos processos logísticos e aquisição de bens. Para cada equipamento, há uma franquia e só se tem a Receita descontada se estourar essa franquia, como uma torre de transmissão, que quando cai tem uma franquia de 20 minutos para religá-la”, lembra Josias.

Sandoval esclarece que apesar de a Aneel aplicar as penalidades, o valor das multas não vai para a agência reguladora: “A fiscalização

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tem caráter educativo e orientador, até por-que os recursos vão para o Governo Federal”. Márcio explica: “Como todas as empresas es-tão sujeitas à Parcela Variável, perdendo re-ceita se ultrapassarem um determinado nível de indisponibilidade, elas têm de melhorar a continuidade, e isso requer uma campa-nha de conscientização de todos, porque a inserção no mercado competitivo está dire-tamente ligada à melhoria dos processos. Os agentes perceberam que o foco principal é a competitividade, e quem não reduzir custos e se tornar competitivo e atual vai perder lu-gar no mercado”.

Além da fiscalização, Sandoval (foto acima) enumera outros desafios da Aneel, hoje muito maiores do que aqueles da época de sua cria-ção, em 1998: “Fazer uma regulação mais eficiente, fiscalizar preventivamente sempre objetivando a qualidade do serviço, garantir que as concessionárias prestem bom aten-dimento aos seus clientes, com manutenção adequada, pronto atendimento e do produto”. Há dez anos, havia apenas 13 transmissoras, enquanto hoje esse número cresceu para mais de 70. “Somente em outubro de 2008 serão leiloados 27 lotes de transmissão, e com isso podem ser 27 novos concessionários, pois, por exemplo, se a Eletronorte participar e ganhar um lote sozinha ela continua a ser a Eletronorte, mas se ela entrar num consórcio torna-se outra empresa, e conseqüentemen-te, um novo concessionário de transmissão para ser fiscalizado”, lembra Sandoval.

A fiscalização da Aneel começa a partir da assinatu-ra de contrato de concessão, inclusive na fase de obras, no cumprimento de seu ca-lendário. “Temos de assegu-rar que o planejamento está sendo cumprido e que de-terminada linha esteja pron-ta e não haja problemas de abastecimento. Antigamen-te, como cada empresa era responsável pelos seus in-vestimentos, o planejamento era meramente indicativo, enquanto hoje esse planeja-mento da transmissão é de-terminativo”, enfatiza o en-genheiro. A fiscalização das demais fases visa a garantir utilidade, qualidade e segu-rança, verificando conserva-

ção dos ativos, procedimentos de manuten-ção, de operação, capacitação das equipes, condições de segurança da instalação e cum-primento do programa de manutenção. Atu-almente, estão sendo acompanhadas pela Superintendência de Fiscalização Energética da Aneel 116 obras de linhas de transmissão e 256 obras em subestações, todas com hori-zonte de energização em 2009.

Crescimento por mais dez anos - Daqui a dez anos, as expectativas para o novo modelo do Setor serão as melhores possíveis. Josias ressalta que o Norte será muito beneficiado, até porque a maior parcela de investimentos na área de geração e transmissão está destina-da para a região, que também abriga o maior potencial de energia hidrelétrica do País. “Além disso, a expansão do SIN acarretará também a redução da Conta de Consumo de Combustível – CCC, com 4.721 km de linhas de transmis-são a serem construídas até 2010, e mais 613 km após essa data. Cerca de 70% do potencial remanescente de energia elétrica está na re-gião, algo como 164 GW”, acrescenta.

Para Paulo César, os desafios são tão gran-des quanto convidativos: “O Setor Elétrico ain-da precisa crescer muito, e tem muito o que fazer, principalmente com as diferenças sociais ainda existentes, fazendo da energia elétrica um elo importante. No ritmo que estamos, em mais dez anos atingiremos patamares ainda maiores de qualidade e segurança. Hoje não temos mais nenhum risco de apagões ou

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racionamento, mas sempre devemos estar atentos porque o mercado, com o desenvol-vimento econômico e o crescimento do PIB, acarreta também o aumento da demanda de energia elétrica. Uma das funções da EPE, para que sempre estejamos na frente, é que saibamos as perspectivas de crescimento para os estudos de geração e planejamento energé-tico e planejamento da transmissão”.

Sandoval concorda: “Entendo que as me-lhorias no Setor Elétrico são perceptíveis, como por exemplo, a capacidade de investi-mento das empresas foi retomada; o planeja-mento centralizado e coordenado traz maior segurança elétrica e energética; a melhora na governança corporativa das empresas, impulsionada pela concorrência em alguns

segmentos, traz benefícios à política tarifária e à qualidade dos serviços. Se não temos o melhor modelo do mundo, seguramente ele apresenta muitas vantagens. Entretanto, em qualquer cenário pode-se assegurar que é muito pouco provável que haja uma regressão nos avanços observados como, por exemplo o surgimento de grandes investimentos públi-cos e, principalmente privados, na ampliação do setor de transmissão brasileiro; retomada de grandes obras de geração, interligação de grandes regiões do País que hoje são supri-das por energia cara e poluente, o desafio do aproveitamento de grandes potenciais hidre-létricos, principalmente na região amazônica, e a entrega desses blocos de energia nos principais centros de consumo”.

O SIN no horizonte 2008/2010

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os caminhos da energia de tucuruí

Michele Silveira

“Até 1981, vamos ter de economizar eletri-cidade para Belém continuar crescendo”. A frase deu o tom à campanha do uso racional de energia durante o tempo em que Belém consumia cerca de 800 toneladas diárias de óleo combustível para geração termelétrica. Apesar de ter sido a primeira capital brasi-leira a fornecer energia elétrica para sua po-

pulação, por muitos anos a escuridão foi um pesadelo real para moradores, empresários e turistas da capital paraense. Em cada quarto de hotel, um pequeno castiçal e uma caixa de fósforos faziam companhia a uma vela já marcada pela sobra queimada de uma noite escura. Para quem está acostumado ao calor da cidade, uma pergunta é inevitável: e os ventiladores? E o ar-condicionado? O fato é que, até bem pouco tempo, o fornecimento

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de energia elétrica em Belém era marcado pelas incertezas. Toneladas de óleo foram queimadas para gerar uma luz que sempre acabava. Hoje não dá para imaginar o Thea-tro da Paz ou a Casa das Onze Janelas sem a iluminação que atrai milhares de visitan-tes. Para quem senta às margens da Baía do Guajará, nas tradicionais cervejarias da Estação das Docas, fica difícil imaginar uma Belém apagada.

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Entre 1968 e 1974, no contexto econômico e geopolítico de um governo militar, surgem as rodovias – entre elas a Transamazônica – e os projetos de colonização da Amazônia. Anos mais tarde, um estudo da Comissão Mundial de Barragens confirmava a situação crítica da época: “o abastecimento regional por cen-trais termelétricas – à exceção das pequenas hidrelétricas de Coaracy Nunes, no Amapá, e de Curuá-Una, em Santarém, no Pará – não seria mais suficiente para atender ao intenso crescimento de Belém após a construção da rodovia Belém-Brasília, e de núcleos antigos e novos em decorrência da ocupação plane-jada e espontânea”.

A primeira tentativa de equacionamento do potencial hidráulico da Amazônia foi de-senvolvida no final dos anos 60 e início dos

70 pelo então Comitê Coordenador dos Esta-dos Energéticos da Amazônia – Eneram, cria-do em 1968. Os estudos estavam orientados para atender Belém, apresentando diferentes opções para a localização de uma usina hi-drelétrica, inclusive dois sítios no Rio Tocan-tins, sendo um deles Tucuruí.

Foi então que a Eletrobrás iniciou o inven-tário da Bacia Araguaia/Tocantins e, em 1973, foi criada a Eletronorte. A partir daí, a Usina Hidrelétrica Tucuruí começou a escrever um novo capítulo na história do Pará. Mais tarde, com o Sistema Interligado Nacional - SIN, Tu-curuí passa a contribuir com energia e novas histórias para cada canto do País.

Em 1974, o Programa Polamazônia – Pólos Agropecuários e Minero-Metalúrgicos – priori-

Venezuela, Peru, Namíbia e Angola. São os primeiros caminhos da Eletrobrás além das fronteiras brasileiras. Em abril deste ano o presidente Luís Inácio Lula da Silva san-cionou a Lei nº 11.651, que permite à empresa atuar no exterior. Sem perda de tempo, a companhia já começou as negociações com dezenas de países de todo o mundo, es-pecialmente com os sul-americanos. É o início de um mo-mento histórico, em que o Sistema Eletrobrás reorganiza-se internamente, volta-se para o exterior e prepara um salto na Bolsa de Nova York.

De acordo com o presidente da Eletrobrás, José Anto-nio Muniz Lopes, os estudos completos de como será o avanço mundo afora estarão prontos no primeiro trimestre de 2009: “Por essas diretrizes, temos duas prioridades em termos de projetos e parcerias internacionais: a pri-meira é procurar projetos que agreguem energia nova ao Brasil, que possa ser vendida nos nossos leilões. A segun-da é a que aponta a integração dos sistemas de energia dos países vizinhos do Brasil. Nossa segunda prioridade serão projetos de linhas de transmissão que interliguem os países da América do Sul.”

Entre os primeiros portos visados pela Eletrobrás está o Peru. As conversas com o país andino já estão bem adian-tadas e o governo peruano ofereceu 15 projetos à com-panhia, num total de 20 mil MW. “Escolhemos seis, que estamos analisando”, diz José Antonio, adiantando que os primeiros estudos deverão estar prontos em novembro. Depois dessa fase, que é o primeiro passo no caminho de implantação de uma usina, vêm os estudos de viabilidade financeira e ambiental, que levam, em geral, 24 meses. Superadas as etapas técnicas, é a vez do financiamen-to. Segundo o Presidente, cada caso será submetido à

apreciação do Conselho de Administração. Mas ele faz questão de ressaltar um ponto que considera essencial: “Só vamos entrar em empreendimentos fora do País em lugares cujas taxas de retorno se-jam pelo menos iguais às que exigimos no Brasil”.

Interconexão - Outro assunto bem encaminhado é o Convênio de Cooperação de Interconexão Elé-trica com a Venezuela. No início de julho de 2008, representantes da Eletrobrás, Eletronorte, Cepel e CVG-Edelca (centro de pesquisas venezuelano equi-valente ao Cepel) reuniram-se para dividir o trabalho em cinco grupos de estudo. Numa fase um pouco anterior está um dos mais ambiciosos projetos da área internacional, que também envolve os venezue-lanos: a interligação Brasil-Venezuela por meio de fi-bra ótica. Em parceria com a Oi, a Brasil Telecom e a Companía Anônima Nacional Teléfonos de Venezue-la, a Eletrobrás interligaria o sistema de telecomuni-cação do Brasil com a rede de telecomunicações do país vizinho.

Na África, a Eletrobrás foi contratada para elabo-rar os estudos de inventário de um empreendimento hidroelétrico na fronteira da Namíbia e Angola. Com a Nigéria, estão sendo negociados memorandos de entendimento nas áreas de eletrificação rural, fontes alternativas, planejamento energético e eficiência energética. Essa última área é também foco das con-versas da empresa brasileira com o Marrocos, que se mostra interessado na experiência da Eletrobrás com fontes alternativas e distribuição de energia.

(Fonte: eletrobrás)

Caminho da internacionalização

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za espaços ao invés da extensão de rodovias; valoriza a região, particularmente o Estado do Pará, como província mineral do País, capaz de aliviar a crise econômica por meio da ex-portação de minérios com a participação do capital estrangeiro. Na medida em que a crise do petróleo afetou também a produção de alu-mínio do Japão e dos Estados Unidos devido ao alto custo de energia, houve grande inte-resse deles em explorar os recursos minerais e energéticos amazônicos. Paralelamente, bus-ca-se garantir o suprimento de energia a Be-lém, São Luís e Marabá, bem como efetuar a interligação elétrica com o Nordeste.

Em 2006, as pesquisadoras Maria Goretti da Costa Tavares, professora da Universidade Federal do Pará; Maria Célia Nunes Coelho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro; e Lia Osório Machado, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, publicaram na revista do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia – Naea, um estudo sobre as “Redes de distribuição de energia e desenvolvimento regional na Amazô-nia Oriental”. Segundo elas, até a década de 70, a energia na maior parte da região amazô-nica era fornecida por pequenas usinas térmi-cas, destinadas ao consumo de cidades isola-das, o que não só encarecia sobremaneira a distribuição como impedia a geração da ener-gia disponível no âmbito sub-regional. Mesmo os maiores centros urbanos, como Manaus e Belém, utilizavam usinas térmicas movidas a óleo combustível enquanto os centros urbanos menores dispunham de motores a diesel.

Caminho da economia – Se já é difícil pen-sar em um turista sem energia elétrica em Be-lém, mais difícil ainda é imaginar a maior pro-víncia mineral do mundo, o Estado do Pará, sem energia para apostar na produção de minérios e na verticalização dessa produção. “Temos um Pará antes e depois de Tucuruí. Lembro-me das inúmeras vezes em que pre-cisávamos sair à noite para desentupir canos fechados pelo óleo que consumíamos para gerar energia. Não dava para imaginar uma produção industrial, mesmo em pequena es-cala, porque Belém não tinha energia. E por muito tempo enfrentamos os obstáculos de quem não queria que o Pará crescesse; ali-ás, ainda enfrentamos isso”, diz o presidente do Centro das Indústrias do Pará, José Maria Mendonça (foto ao alto, à direita).

Coordenador da Comissão de Energia da Federação das Indústrias do Pará – Fiepa, criada em setembro de 2008, Mendonça re-

clama da resistência de alguns setores e de quem promove o que ele chama de ‘terroris-mo ambiental’: “É claro que um empreendi-mento tem de ser pensado com a questão ambiental, mas o Pará e o Brasil não podem ser vítimas de uma resistência nem sempre necessária”, afirma.

Durante a primeira reu-nião da Comissão, realizada no início do mês de outubro, em Belém, o presidente da Eletronorte, Jorge Nassar Pal -meira, lembrou que, para atender o atual ritmo de cres-cimento do País, seria neces-sário a construção de mais ou menos uma usina do porte de Belo Monte por ano. Segundo ele, enquanto a demanda de energia no Brasil cresce cer-ca de 5% ao ano, a Região Norte vem acumulando uma demanda anual em torno de 12%, impulsionada principal-mente pelos investimentos anunciados pelas empresas de mineração no Pará.

Ainda no mês de setembro deste ano, o Instituto Brasileiro de Mineração – Ibram, di-vulgou uma pesquisa inédita que classificou a Amazônia Legal como a segunda maior região exportadora da indústria mineral do Brasil. A pesquisa traz um levantamento dos indicati-vos do setor mineral na re-gião amazônica de janeiro a agosto de 2008. De acordo com o estudo, Pará e Ma-ranhão responderam por 26% da exportação da in-dústria extrativa e de trans-formação mineral da Ama-zônia Legal, cujo saldo da balança comercial foi su-peravitário em US$ 6,6 bi-lhões neste período. Para o presidente do Ibram, Pau lo Camillo Penna (ao lado), os resultados do setor mine-ral mostram que “quase 30 mil empregos devem ser gerados entre 2008 e 2012 no Pará”. A mineração contribuiu, em 2007, com cerca de 1,8 milhão de empregos di-retos no País, sendo 145 mil da indústria de extração mineral. Em 2008, a previsão é que esse número ultrapasse dois milhões, sendo 160 mil na indústria de extração.

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Caminho do minério - É no Pará que será investida a maior parte dos recursos previstos pelo setor mineral para os próximos quatro anos. Dos US$ 57 bilhões que as indústrias de extração e transformação mineral inves-tirão, US$ 23 bilhões serão destinados à infra-estrutura e projetos em território para-ense. Esse montante representa 40% do total nacional, 10% a mais que o segundo bene-ficiado, Minas Gerais, que receberá US$ 18 bilhões. Segundo Camilo Penna, até 2012 os investimentos na Amazônia Legal devem atin-gir US$ 24,2 bilhões.

Questionado sobre a demanda de energia elétrica pela indústria no Pará, Mendonça diz que o desafio é garantir a verticalização da produção. “Temos um exemplo muito simples e que já nos mostra a demanda de energia. A Vale extrai bauxita, exporta uma parte e vende outra para o mercado brasi-leiro. A Alunorte a transforma em alumina e fornece para a Albrás, que exporta uma parte e comercializa outra aqui. O alumínio é a alumina mais a energia elétrica e a mão-de-obra. Essa cadeia fica comprometida em expandir sua produção se faltar energia. Es-tamos vendo os anúncios de investimentos e não podemos esquecer que, sem energia, não será possível concretizar as expansões. Existe uma campanha violenta contra as hi-drelétricas, mas é uma posição enganosa,

de quem não quer desenvolver o Pará e a Amazônia. É um equí-voco pensar em preservá-la sem desenvolvimento”, critica.

É mesmo difícil imaginar esses dados sem a energia gerada por Tucuruí. “Antes da Usina não po-díamos imaginar a implantação de empresas de mineração, mui-to menos a ampliação”, afirma Mendonça. Em junho de 1979, depois de uma visita ao cantei-ro de obras, o então presidente João Figueiredo chegou estu-

siasmado a uma reunião da Superintendência para Desenvolvimento da Amazônia - Sudam: “Venho de Tucuruí, onde 30 mil pessoas se congregam na selva amazônica, em torno da maior hidrelétrica inteiramente construída em território nacional. Graças à energia de Tucu-ruí, nomes como Carajás, Trombetas e Itaqui sairão da geografia física da Amazônia para entrar na história econômica do Brasil”.

Em 1980, a Eletronorte obteve financia-mentos com a Caixa Econômica Federal,

bancos japoneses e a Finame a fim de con-cluir a obra. Nessa época, Tucuruí absorveu cerca de 93% do programa de investimen-tos da Empresa e chegou a mobilizar 26 mil trabalhadores somente naquele ano. “Os momentos mais difíceis foram a falta de re-cursos e as ameaças que sofremos quando iniciamos o processo de fechamento. Todo dia chegava uma notícia diferente e nós tí-nhamos que lidar com especialistas de todos os tipos”, lembra o engenheiro Humberto Gama (foto à esquerda), que foi chefe da obra e, 30 anos depois de ter ido com a fa-mília para enfrentar o desafio de Tucuruí, fala da Hidrelétrica como exemplo de capa-cidade técnica da engenharia brasileira.

O tempo passou e as críticas ficaram na cabeça de quem viveu Tucuruí como um so-

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nho próprio: “Lembro-me de um artigo pu-blicado em um jornal, em que um desses especialistas que apostavam no fim de tudo em Tucuruí, reconheceu que a tragédia não era verdade. Tucuruí foi muito bem feita e, mesmo sem uma legislação ambiental como a que temos hoje, conseguiu estabelecer me-canismos sérios e efetivos de preservação ambiental. A natureza é que decide onde podemos ter uma hidrelétrica. Você já ouviu falar alguma vez numa hidrelétrica nas Cata-ratas do Iguaçu? É claro que não. E nem vai ouvir. A engenharia brasileira trabalha, cada vez mais, com a integração entre a natureza e a tecnologia”, afirma.

Caminho da luz – Em 1980 a Eletronorte fechava os primeiros contratos de forneci-

mento da energia de Tucuruí com a Alcoa, no Maranhão, e a Albrás, no Pará, que en-trariam em vigor em 1984. Mas antes mes-mo que as máquinas entrassem em opera-ção, a Eletronorte antecipou a interligação Norte-Nordeste. A idéia foi motivada pelos problemas de suprimento em Belém, cada vez mais intensos. Além disso, conectar Tu-curuí às usinas da Companhia Hidro-Elétrica do São Francisco - Chesf terminaria com parte da cara e insuficiente geração térmica, contribuindo, inclusive, para a redução com os custos de geração no próprio canteiro de obras. Quase duas mil torres, mais de 12 mil quilômetros de cabos condutores e cinco subestações formaram o primeiro sistema de transmissão pesado da Amazônia. “Toda a logística foi preparada de forma rigorosa,

estradas, torres, postes:

caminhos unidos

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já que uma simples operação, no meio da floresta, tornava-se extremamente árdua”, relembra Humberto.

Para a travessia do Rio Tocantins, seis tor-res foram erguidas em cada margem, com 118 metros de altura e 1.350 metros de vão livre. Em outubro de 1981 o canteiro de obras e a cidade de Tucuruí já começavam a receber a energia gerada pela Chesf que, em dezembro, chegaria a Belém. Não foi um ano fácil, sobretudo pela falta de equi-pamentos de compensação reativa. O supri-mento a Belém dependia quase que exclu-sivamente do parque térmico absorvido pela Eletronorte.

Mas o dia-a-dia no interior ainda precisaria esperar um pouco mais para receber energia. Mesmo com Tucuruí, a Eletronorte era impe-dida de comercializar energia para uso resi-dencial. O rebaixamento de tensão estava a cargo das distribuidoras estaduais. “Quando chegávamos em Cametá, por exemplo, mal podíamos falar que éramos da Eletronorte. O custo de rebaixamento é bastante elevado e as distribuidoras levavam em consideração a demanda. Hoje o programa Luz Para To-dos cumpre um papel importante nessa área.

E Tucuruí contribui de forma definitiva para esse processo. Sem geração não haveria dis-tribuição”, afirma Gama.

Mesmo com dificuldades em algumas re-giões, de cinco municípios paraenses com eletrificação em 1984, passou-se para 21 em 1989. Uma parte significativa desses 21 mu-nicípios localizava-se ao longo das rodovias implantadas (BR-101, PA-150, BR-222 e es-trada de ferro Carajás). A informação é do já citado estudo publicado pelo Naea, no qual é considerado que, a partir de 1970, iniciou-se um segundo momento que vai até 1984, ano da inauguração de Tucuruí e da conclusão da estrada de ferro Carajás.

Nesse período, a eletrificação estendeu-se para outros municípios, acompanhando não só a introdução de infra-estruturas de transporte e de energia, mas também a im-plantação de projetos agropecuários e in-dustriais e o crescimento do comércio nas antigas sedes municipais e nas vilas e cida-des emergentes. Os municípios eletrificados foram Conceição do Araguaia e Santana do Araguaia (PA-150), Paragominas (Belém-Brasília) e Tucuruí. O consumo residencial e comercial dominava a demanda dessas lo-

u$ 23 bilhões para o minério que corre no Pará

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calidades. No terceiro momento, entre 1984 e 1990, a eletrificação de novos municípios refletiu o processo de migração e urbaniza-ção acelerada, facilitado pela construção de Tucuruí e Carajás, pela emergência de novos municípios - possibilitada, particularmente, pela Constituição de 1988 -, e a expansão da rede de distribuição de energia elétrica na região.

Caminho da integração – E se você defi-nisse o papel de Tucuruí no Brasil em uma palavra? A pergunta é dirigida a Humber-to Gama, que mesmo com tempo e espaço para as histórias sobre os anos de construção da Usina, responde de forma rápida: “Inte-gração”. E parece ser esse mesmo o desti-no de Tucuruí. Depois da interligação com o Nordeste e o atendimento pleno a Belém, a Usina passou a gerar energia para o norte do Tocantins e o nordeste do Pará. Em 1997, em parceria com a Celpa, iniciou-se a construção do sistema oeste do Pará, o chamado Tramo-este, que passou a atender 800 mil consumi-dores de 12 municípios e mais 130 pequenas localidades ao longo da Transamazônica. Em Cametá, a solução chegou em 1998, junto com o sistema Moju-Tailândia, da Celpa.

Em parceria com Furnas, a Empresa construiu o Sistema Norte-Sul, com mais de mil quilômetros, tendo como pontos ter-minais as subestações Imperatriz, no Ma-ranhão, e Samambaia, no Distrito Federal. Com investimentos de R$ 800 milhões, a obra possibilitou a união dos sistemas Nor-te-Nordeste e Sul-Sudeste-Centro-Oeste, o que permitiria a operação otimizada dos re-servatórios para a transmissão de exceden-tes entre as regiões. Era o início do Sistema Interligado Nacional - SIN. Concluída em apenas 12 meses, a linha foi energizada em 1999 e elevou a capacidade de atendimento do sistema em proporção equivalente a uma hidrelétrica de 1.000 MW.

A energia de Tucuruí sai do Pará rumo aos estados brasileiros interligados, por meio do SIN, administrado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS (ver matéria na pági-na 14). Em Porto Alegre ou em Natal, a ele-tricidade chega por meio de um complexo e eficiente sistema de transmissão que permite o despacho da energia disponível mais barata para cada centro de demanda. E a interliga-ção não pára por aí. Macapá e Manaus tam-bém serão interligadas ao SIN por meio do li-nhão Tucuruí-Macapá-Manaus, com um total

de 1.811 quilômetros de extensão. Quando também deixarem de fazer parte do sistema isolado, os estados do Acre e Rondônia vão garantir uma economia de R$ 864 milhões ao ano. Hoje abastecidos com energia gerada pela queima de óleo diesel, deixarão de quei-mar 1,2 milhão de litros de óleo diesel, além de contribuir para a redução dos impactos ambientais da geração térmica.

Hoje, a interligação dos sistemas elétricos brasileiros caminha para a internacionaliza-ção da energia brasileira. A próxima etapa é a integração com os sistemas de outros paí-ses sul-americanos. Um dos exemplos mais comuns são os regimes hidrológicos comple-mentares, como o da Venezuela e do Brasil. A Região Norte, em especial a área localizada ao longo do Rio Amazonas, possui regime de chuvas cujo período úmido acontece entre dezembro e maio. No Complexo de Guri, na Venezuela, o regime é exatamente o oposto. “Quando, por exemplo, tivermos Belo Monte em operação, haverá um ganho significativo de energia em razão dessa diferença. Como os regimes são complementares, teremos energia aqui quando estiver faltando na Venezuela, e vice-versa”, afirma o superinten-dente de Geração da Eletronorte, Luiz Fernando Rufato (ao lado).

O caminho da internacionali-zação (ver box) também passa por Tucuruí. Os estudos para implementar uma terceira casa de força na Usina apontam para um incremento que pode chegar a 1,5 mil MW. “Quando o verte-douro está aberto, estamos des-perdiçando energia. Não temos uma bateria ou qualquer outro dispositivo capaz de arma-zená-la e, portanto, o ideal é que pudésse-mos aproveitar essa água já armazenada”, explica Rufato. Hoje, Tucuruí pode vender ao SIN a energia assegurada, que é de 4.140 MW. No atual modelo não seria possível fazer a venda da energia excedente ao mercado brasileiro: quando a Hidrelétrica gera mais do que a energia assegurada, o valor de mer-cado é simbólico, já que o Sistema assegu-ra a energia mínima disponível no mercado no caso de Tucuruí não gerar os 4.140 MW nas épocas de pouca vazão. Com a terceira etapa, a idéia é comercializar a energia adi-cional por meio da interligação da Usina, via Manaus, com as hidrelétricas do Rio Caroni, na Venezuela.

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Caminho de sonhos - Há 20 anos a Eletro-norte começou um amplo estudo de cenários macroeconômicos e energéticos da Amazô-nia. O primeiro foi realizado em 1988 e tinha como objetivo embasar suas projeções de demanda de energia elétrica e as decisões estratégicas e de desenvolvimento. Retoma-dos em 1998, os estudos reúnem instituições de pesquisa, empresas, governos estadual e federal, órgãos de classe e diversas entida-des representativas. Em 2005 foram feitos os Cenários Macroeconômicos para a Ama-zônia 2005 – 2025. Em 2006 chegou a vez dos estados do Pará e Maranhão, quando foi construída uma base para o prognóstico socioeconômico, com o objetivo de subsidiar os cenários alternativos para o planejamento da demanda de energia elétrica no horizonte 2006 – 2026.

Como num longa-metragem, a chamada Cena 3 – 2017 a 2026 do Cenário do Pará,

prevê que o estado, em consonância com outros da Amazônia, “desencadeie um movi-mento que repercuta em toda a região, crian-do bases para a efetividade de uma política de desenvolvimento regional sustentável”. Com as marcas de reconhecidos programas socioambientais, do desenvolvimento econô-mico e da geração de trabalho e renda, Tu-curuí é personagem principal desse cenário. Sem lembrar do tempo em que os castiçais e as velas guardavam o cheiro de escuridão, há quem se arrisque a projetar um futu-ro sem energia. Mas o tempo mostrou que as tragédias foram só anunciadas, e que a Amazônia precisa de tecnologia, identidade e desenvolvimento para preservar seu povo e sua floresta. Difícil agora será imaginar uma Amazônia escura nos olhos daqueles ribeiri-nhos para quem o Luz para Todos levou as letras, a cidadania e, por que não, a primeira geladeira.

A água que verte pode gerar mais 1,5 mil mW

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IA olhar para o futuroCésar Fechine

A necessidade de cuidar do meio ambien-te une recursos e esforços da academia e de várias instituições públicas e privadas frente aos novos empreendimentos de que o País precisa. Na região amazônica, o Pará come-ça a despontar como pólo tecnológico com projetos como o da modernização do Centro de Tecnologia da Eletronorte, a implantação do Parque Tecnológico do Guamá, a estrutu-ração de campi universitários avançados em várias cidades e projetos como o Navega Pará e o de redes cooperativas de pesquisa cientí-fica, tecnológica e de inovação.

“Todos esses projetos contam com a parti-cipação da Eletronorte. Hoje, há uma neces-sidade muito grande de as empresas terem investimentos em ciência e tecnologia, pois isso é um diferencial competitivo, sobretudo no Setor Elétrico com os leilões de novos em-preendimentos”, afirma o engenheiro Fran-cisco Roberto Reis França, gerente do Centro de Tecnologia da Eletronorte (à direita).

A parceria com a Universidade Federal do Pará – UFPA tem gerado resultados como o estudo para identificação do enxofre corrosi-vo nos transformadores e reatores utilizados pela Empresa. O traba-lho comprovou a presen-ça de enxofre corrosivo no DBDS, um composto adicionado ao óleo iso-lante dos transforma-dores e reatores com o objetivo de estabilizar a oxidação.

A pesquisa compro-vou que o enxofre exis-tente nesse composto se decompõe com a al ta tem-peratura, deteriorando o cobre dos equipamen-tos. “Com isso poderiam ocorrer explosões nos equipamentos, cau-sando enormes prejuízos para as empresas”, relata o químico Augusto Saraiva, coordena-dor do projeto.

A tecnologia como

diferencial competitivo

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Atualmente, todos os equipamentos opera-dos pela Eletronorte passam pela análise para a detecção do enxofre corrosivo. Amostras de todo o óleo comprado pela Empresa também passam por análises, antes dos procedimen-tos de montagem dos equipamentos e comis-sionamento. Esse trabalho está gerando uma economia para a Empresa estimada em R$ 8,9 milhões/ano, que é calculada de acordo com o valor do óleo que será trocado pelos fabricantes.

“Temos uma parceria extremamente cons-trutiva e produtiva com a Eletronorte, que entendeu, como outras empresas brasileiras,

entre as quais talvez a Petrobras seja a mais emblemática, que bus-car uma associação com universidades e demais instituições é funda-mental para o desenvol-vimento real do nosso País”, declara Roberto Dall’Agnol, pró-reitor da UFPA (ao lado).

Essa parceria deve ser estreitada, sobretudo na Amazônia, onde estão os principais potenciais energéticos do Brasil. “Quando se fala em mu-

danças ambientais e climáticas, a Amazônia está sempre associada e aparece em primeiro lugar. É um grande desafio encontrar alterna-tivas econômicas, ao mesmo tempo em que temos que preservar os recursos da floresta”, acrescenta Dall’Agnoll.

A UFPA tem hoje 11 mil alunos, 40 pro-gramas de pós-graduação, dos quais 19 de doutorado e se expande para todas as re-giões do Estado do Pará. Várias pesquisas são feitas juntamente com a Eletronorte nas áreas de engenharia, telecomunicações, sistemas inteligentes, química e aprovei-tamento energético, bem como estudos biológicos, em Tucuruí, sobre genética de microorganismos.

Laboratórios - O projeto para detectar o en-xofre corrosivo foi desenvolvido no Centro de Tecnologia da Eletronorte, que está dividido em três grandes áreas: química, mecânica, e automação e ensaios elétricos. Essas áreas estão subdivididas em 14 laboratórios, que fazem ensaios em óleos isolantes, combus-tíveis e lubrificantes; química instrumental

e ambiental; análises de corrosão eletroquí-mica e testes em equipamentos de proteção individual e coletivos.

“O Laboratório de Química faz hoje a aná-lise de óleos isolantes de 2.623 equipamen-tos, entre transformadores e reatores, sendo 1.619 da Eletronorte e 1.004 de clientes ex-ternos”, informa Lídio Nascimento, gerente de Tecnologia de Ensaios do Centro de Tec-nologia da Eletronorte.

Química e meio ambienteO que química, tec-

nologia e meio ambien-te têm a ver com ener-gia elétrica? “Tudo. Nós trabalhamos numa área a brangente, que vai des-de as condições socioe-conômicas até à quími-ca, ao meio ambiente, à engenharia elétrica, à mecânica. E a tecnolo-gia é fundamental para a viabilidade dos empreen-dimentos, tudo está rela-cionado”, responde o químico Augusto Saraiva (acima).

Ao reunir centenas de professores, estudantes e es-pecialistas de diversas instituições em três eventos si-multâneos, o V Workshop de Química e Meio Ambiente, a III Feira de Inovação Tecnológica e o III Prêmio Mui-raquitã, em Belém (PA), no mês de outubro de 2008, a Eletronorte propiciou meios para a troca de conheci-mento, tão necessária para a excelência empresarial e para a realização de novos empreendimentos.

No Workshop foram apresentados temas tais como os efeitos dos gases de efeito estufa, monitoramento de gás metano em hidrelétricas, mecanismos de desen-volvimento limpo, projetos que possibilitam o seqüestro de carbono e controle do gás SF6, um dos principais causadores do efeito estufa. Participaram das apresen-

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Para cada amostra de óleo são feitos até dez tipos de ensaios, o que representa mais de 26 mil por ano. Também são realizadas análises de cor, tensão interfacial, isolamen-to, energia elétrica e gascromatografia, que é a extração dos gases presentes no óleo, bem como a análise dos gases presentes em ou-tros equipamentos.

No laboratório de espectrometria de mas-sas são feitos os ensaios físico-químicos dos

óleos lubrificantes (utilizados nos mancais das turbinas e unidades geradoras), isolan-tes (de transformadores e reatores) e os óleos combustíveis utilizados nas térmicas.

E a análise dos óleos por meio da gascro-matografia permite identificar o perfil dos gases característicos emitidos nos episódios de falhas dos equipamentos, como uma descarga parcial. Na incidência de qualquer tendência a defeito, as equipes de manu-tenção tomam ações preventivas, trocando o óleo ou programando o desligamento do equipamento.

O laboratório faz hoje o trabalho pionei-ro de analisar a viscosidade do óleo vegetal isolante, utilizado em dois equipamentos na Subestação Epitaciolândia, no Acre. “Temos informações de que outros três equipamen-tos que utilizam óleo vegetal estão em co-missionamento em Rondônia e no Amapá”, informa o analista químico Maurício Araújo de Lima.

tações especialistas e professores da UFPA, Lactec, CpQD, BNDES, USP e Coppe.

“Vivemos hoje num contexto onde a concorrência é acelerada. Quem tem lido sobre o assunto energia sabe que é muito incerto o futuro da geração elétrica e que há a necessidade de se pesquisar a respeito de todas

as alternativas”, afirma Augusto. Ele defende a idéia de que o futuro da geração de energia elétrica passa pela extração e armazenamento de hidrogênio. “Se conseguirmos uma forma rápida, barata e segura de extrair e armazenar o hidrogênio, nós poderemos revolucionar completamente o mercado de geração de energia”.

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No primeiro ano de operação desses transformadores e reatores, o acompanha-mento periódico é feito num intervalo me-nor. As coletas acontecem em intervalos de 24 horas após a energização, 48 horas, um mês, seis meses e um ano. A demanda para análise de óleo vegetal deve crescer com a utilização de biodiesel nos equipamentos e o laboratório se prepara para comprar mais instrumentos e fazer a automação de alguns processos.

Alumínio - Outra importante pesquisa feita por meio de um projeto de pesquisa e desen-volvimento da Eletronorte em parceria com a UFPA, com o Centro Federal de Ensino Técni-co do Pará – Cefet, e com a empresa Alubar, foi desenvolvida para auxiliar no processo de fabricação de cabos de alumínio utilizados na transmissão de energia elétrica.

As pesquisas desenvolvidas tiveram o ob-jetivo de melhorar a composição química da liga de alumínio. Quem explica é o engenhei-ro França: “Havia uma dificuldade no pro-cesso de trefilação, que é quando a máquina estica o vergalhão de alumínio para fabricar o cabo. Nesse processo, o cabo arrebentava”, explica.

A Alubar possui vários convênios para o de-senvolvimento de pesquisas na área de con-dutores elétricos com a UFPA, que propôs a participação da Eletronorte nos estudos, por meio do Centro de Tecnologia. “A UFPA foi o elo entre a Alubar e a Eletronorte. A par-ceria entre as três instituições agregou valor às pesquisas e fez com que otimizássemos a produção”, diz o engenheiro Ulysses Rodri-gues (abaixo), que participou do projeto como

bolsista e hoje trabalha na Alubar.

Esses cabos têm a grande vantagem de se-rem fabricados sem a uti-lização de ‘alma de aço’ na parte interna, que en-carece o produto e deixa o cabo mais pesado. A liga deixa o cabo mais leve, diminuindo os custos dos projetos de transmissão, atendendo aos requisitos das normas técnicas e melhorando a performan-ce de produção.

Hoje, a Alubar é par-ceira da Eletronorte em

alguns empreendimentos. “A parceria faz com que tenhamos um diferencial estratégico na participação em leilões de transmissão. E várias sociedades de propósito específico que integram novos empreendimentos, vão pas-sar a utilizar esse tipo de cabo”, acrescenta França.

Qualidade - Para medir a qualidade da energia transmitida pela Eletronorte, o Centro de Tecnologia tem vários sistemas desenvol-vidos, como o Alerta QE, já registrado e pa-tenteado, que é um sistema composto por software e hardware que faz o controle de tensão, freqüência e outros parâmetros das cargas. O sistema monitora a qualidade da energia, alertando os operadores nos centros de operações regionais quando há problemas nas faixas de tensão e freqüência, conforme os padrões exigidos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS.

Também desenvolvido no Centro de Tecno-logia, o Vibrocomp, sistema que faz as medi-ções das grandezas elétricas e das condições de operação dos compensadores síncronos, gerando diagnóstico on-line das máquinas; e o Sistema de Monitoramento de Máquinas Elétricas – Simme, são utilizados no monito-ramento das máquinas eletromecânicas, por meio de sensores que emitem informações e relatórios para os responsáveis pela manu-tenção. Um dos principais objetivos desses sistemas é aumentar a disponibilidade dos equipamentos, para que não haja paradas imprevistas, gerando aumento de receitas para a Empresa.

O laboratório de ensaios elétricos faz as me-dições estabelecidas pelo ONS para verificar qualquer entrada de carga no sistema elétrico. Também são feitas pesquisas nas áreas de ter-

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movisão, qualidade de energia e diagnóstico de pára-raios e análise de malha de terra.

Já o laboratório de ensaios em equipamen-tos de segurança é considerado referência, atendendo a instituições de todo o Brasil. “Somos o único laboratório credenciado com a Norma Regulamentadora de Serviços em Eletricidade (NR-10) do Inmetro. Fazemos testes em equipamentos utilizados para ma-nutenção em tensão de até 100 kV”, explica o técnico Raimundo Leite.

Em relação aos equipamentos de proteção individual (EPI) e coletivos (EPC), são feitos ensaios em calçados isolantes, luvas de bor-racha, capacetes, vestimentas condutivas, ferramentas e outros materiais usados em trabalho com linha viva. Entre os clientes do laboratório está o Instituto de Pesquisas Tec-nológicas (IPT).

O Centro também atende a diversas de-mandas, entre elas a solicitação da Secre-

taria de Estado de Meio Ambiente do Pará, para elaboração de um programa de moni-toramento ambiental da qualidade da água residual das subestações.

Finalmente, o laboratório de calibração elétrica checa as condições de instrumentos utilizados na medição de grandezas elétricas, tais como tensão, corrente e potência. O labo-ratório trabalha com um programa anual de calibração dos equipamentos, conforme as especificações dos fabricantes.

Em dezembro, esses laboratórios começa-rão a ser transferidos para novas e modernas instalações, no local onde ficava a antiga usi-na termelétrica Miramar, e os técnicos pode-rão contar com amplo espaço para pesquisas, além de novo laboratório de alta tensão.

Parques - Em seu papel como agente indu-tor do desenvolvimento de novas tecnologias, a Eletronorte também participa do projeto do

Laboratórios são referência

para o brasil

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Parque Tecnológico do Guamá, ao celebrar convênio com a Financiadora de Estudos e Projetos – Finep, UFPA e com o Governo do Estado do Pará, por intermédio da Secreta-ria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia.

O Parque Tecnológico do Guamá servirá para a capacitação de alunos e pesquisa-dores da faculdade de engenharia elétrica e será utilizado também pelas faculdades de física, engenharia da computação, engenha-ria mecânica e engenharia química. Serão estudadas formas mais eficientes e baratas de transmissão de energia, bem como novos materiais e softwares.

O governo estadual planeja a construção de outros dois parques, em Marabá e Santa-rém, como parte do projeto de implantação de um novo modelo de desenvolvimento. “Esses projetos serão decisivos para que a região dê um salto qualitativo na formação de recursos humanos e na geração de conheci-mento, tecnologia e inovação”, afirma Rober-to Dall’Agnol.

Segundo Lídio Nascimento, “a parceria vai possibilitar que nós, ao invés de contratarmos profissionais para dar treinamento na área de engenharia de manutenção, possamos ser auto-suficientes e passemos também a pres-tar serviços”.

Maurílio Monteiro, secretário de Desen-volvimento, Ciência e Tecnologia do Estado do Pará, afirmou: “Estamos testemunhando o nascimento de algo totalmente inovador, a construção de um sistema que vai interme-diar a produção de conhecimento global com a de conhecimento local, o que certamente se converterá em muitos benefícios para a população”.

O secretário de Planejamento do Estado, José Júlio Ferreira Lima, que, na ocasião, representou a governadora Ana Júlia Ca-repa, também reafirmou a importância do parque: “Temos o desafio de gerir um esta-do que sofre com um grande déficit social e, ao mesmo tempo, criar oportunidades de inovação que possam trazer benefícios para esse povo. O laboratório de alta tensão do Parque Tecnológico deverá, portanto, garantir investimentos tanto em tecnologia quanto em recursos humanos e sociais”, sintetizou

A Eletronorte também realiza eventos para congregar a comunidade acadêmica e profissionais de diversas áreas em torno de temas relacionados ao desenvolvimen-

to sustentável, tais como o Workshop de Química e Meio Ambiente, a Feira de Ino-vação Tecnológica e o Prêmio Muiraquitã (veja box).

Outras parcerias de cunho tecnológico são feitas com o governo estadual, como o Nave-ga Pará, que prevê a implantação de infocen-

Inovações tecnológicasA III Feira de Inovação Tecnológica apresentou pro-

jetos e produtos desenvolvidos pelos colaboradores da Eletronorte, e resultados de projetos de pesquisa feitos em parceria com instituições de pesquisa, a partir da carteira de projetos de P&D. Também foram apresenta-dos os produtos e processos com pedido de patente jun-to ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial – Inpi, bem como outras ações dos programas de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, de Propriedade Intelectu-al e de Eficiência Energética da Empresa.

“A proposta dos projetos de P&D é solucionar as de-mandas que a Empresa tem ou terá e para as quais não há solução disponível no mercado. O que fazemos é pro-curar um parceiro de pesquisa para desenvolver essas tecnologias. Depois, buscamos a patente para proteger o produto e a etapa final é procurar uma indústria para celebrar um contrato de transferência tecnológica”, diz Álvaro Raineri, gerente de Coordenação de Programas de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico.

O III Prêmio Muiraquitã distribuiu R$ 89 mil em prê-mios, um reconhecimento aos profissionais que contri-buem com suas inovações para a redução de custos e a melhoria de produtos, equipamentos, ferramentas, sistemas eletrônicos e de informática. Foram premiadas invenções como o sistema de gestão da Parcela Variável, apresentado pelo colaborador Milton Nunes, e as meto-dologias avançadas para estudo de impactos ambientais e termelétricas, por José Vicente Gallo.

Daniel Simões Pires, Faixa Ouro na categoria de ino-vações desenvolvidas por colaboradores, foi premiado pelo invento do dispositivo analógico para teste de relés, utilizado nas unidades geradoras da Usina Hidrelétrica Samuel, em Rondônia. “Esse é um reconhecimento im-portante da Empresa. Eu já estou inclusive pensando no ano que vem.”

Raymundo Nonato Guimarães, de Macapá, levou dois prêmios Muiraquitã: um pelo sistema flexível para limpeza a vácuo em tubulações da Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes e outro pela ferramenta para a retira-da do garfo de interligação da biela com o anel distri-buidor de turbinas Kaplan. “A nossa motivação é pro-porcionar maior segurança aos colegas empregados e agilidade no trabalho”, declarou. Confira abaixo os inventores premiados.

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tros para a inclusão digital de comunidades carentes e o acesso a serviços públicos na rede mundial. Por meio de convênio, a Eletro-norte colocou à disposição do estado a rede de fibra óptica contida nos 1.800 quilômetros de cabos de transmissão de energia ao longo de treze municípios.

Com todos esses projetos, a Eletronorte lança um olhar para o futuro buscando re-duzir os seus riscos empresariais e desen-volver novas tecnologias. “A Empresa possui um objetivo estratégico tecnológico claro para otimizar o desempenho dos seus empreendi-mentos”, conclui o engenheiro França.

O projeto “O Prêmio Muiraquitã de Inovação Tecnoló-gica da Eletronorte – Uma ação de Incentivo à Criativida-de e Inovação” acaba de receber o primeiro lugar na XVIII edição do Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica – Sendi, realizado na cidade de Olinda (PE).

Inovações desenvolvidas por colaboradores:Faixa ouro - Dispositivo analógico para teste de relés

(Daniel Simões Pires e Theomário Alves Ferreira);Faixa Prata - Aparato para inspeção a distância de

transformadores energizados (Jorge Luiz Barata Jú-nior); Sistema de Gestão da Parcela Variável (Milton Nunes da Silva Filho); Aparato para filtragem primária em máquinas geradoras térmicas (Pedro Emanuel Ra-mos Cruz); Alteração na disposição de equipamentos em centrífuga de lavagem de óleo para melhoria da manutenção (Francisco de Assis dos Santos Oliveira e João Bosco Pureza da Silva); Sistema flexível para lim-peza a vácuo de tubulações (Raimundo Nonato de Oli-veira Guimarães); Ferramenta para retirada do garfo de interligação da biela com anel distribuidor de turbinas Kaplan (Raimundo Nonato de Oliveira Guimarães); Dis-positivo analógico para regulagem de parâmetros em máquinas elétricas rotativas (Djailson Honório dos San-tos); Aparato para extração de pino de cisalhamento do distribuidor de turbinas hidráulicas (Pedro Virgulino da

Silva); Software: Gerenciamento de conteúdo na Web (Fábio Ferreira de Souza); Software: Ajuri- Notas Fiscais (Cláudio Gilberto Rech, Luciana Abreu Murad Pádua e Jacqueline Bernardi Candido).

Faixa Bronze - Alteração na disposição de sensor em motor diesel Wartsila para melhoria de funcionamento, monitora-mento e manutenção (Francisco de Assis dos Santos Oliveira, João Bosco Pureza da Silva,

Dário Viana Silva, Raimundo das Mercês O. Barros e José Roberto Ferreira da Mota); Software: WebDoc (Paulo Roberto de Almeida Mello, Carlos Teixeira da Silva e Everton Batista Ramos); Cadeira para inspeção e manutenção de linhas de transmissão (João Nilson de Oliveira e Valdemar Amadeu Dagnoluzzo).

Inovações resultantes de P&D:Faixa Prata – Ferramenta de Integração de Sistemas Espe-

cialistas para Sistemas Elétricos (Milton Nunes da Silva Filho).Faixa Bronze - Metodologias avançadas para estudo de im-

pactos ambientais e termelétricas (José Vicente Gallo Soares); Desenvolvimento de software inteligente para treinamento de operadores e pessoal de manutenção (Mauro Luis Aquino dos Santos); Desenvolvimento de metodologia para mapeamento de regiões do sistema Eletronorte com problemas de tensão (Julio Cesar Roma Buzar); e Turbina hidrocinética para pe-quenas comunidades - aperfeiçoamento do projeto hidrodinâ-mico e atualização do protótipo (Wandyr de Oliveira Ferreira).

álvaro, diretores e inventores unidos

pela patente

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A Eletronorte recebeu, pela segunda vez consecutiva, o Troféu Transparência, concedi-do às empresas brasileiras que apresentaram demonstrações contábeis seguindo os crité-rios técnicos exigidos pela Fundação Instituto Pesquisas Contábeis e Atuariais - Fipecafi. O prêmio é uma promoção da Associação Na-cional dos Executivos de Finanças, Adminis-tração e Contabilidade – Anefac, em parce-ria com a Fipecafi e a Serasa, e reconhecido como o “Oscar” da classe contábil.

Para o diretor Econômico-Financeiro da Eletronorte, Antonio Maria Barra Amorim (abaixo, com o troféu, à direita), o Prêmio re-presenta mais uma forma de reconhecimen-to público da capacidade técnica do talento-so quadro de colaboradores da Eletronorte. “Além disso, mostra o firme propósito da direção da Empresa em continuar buscando

a lisura, a transparência e o respeito incondi-cional aos procedimentos técnicos adotados na condução dos processos empresariais. Em suma, esse prêmio se traduz numa gran-de honra para a nossa Empresa”, afirma.

“O Troféu Transparência é conseqüência da nossa missão e deve ser seguido como exemplo por outras empresas. Além disso, mostra a confiança que as companhias refle-tem no mercado de capitais e na sociedade”, ressalta o presidente da Anefac, Carlos Ro-berto Matarelli.

“Receber o Prêmio pela segunda vez con-secutiva aumenta, de forma exponencial, a nossa responsabilidade para continuar apri-morando as demonstrações contábeis da Ele-tronorte”, assegura o superintendente de Con-tabilidade da Empresa, Jésus Alves da Costa (abaixo, com o troféu, ao centro).

Os critérios da seleção das companhias mais transpa-rentes são qualidade e grau das informações contidas nas demonstrações e notas explicativas; transparên cia nas informações pres tadas; qualidade do relatório da ad-ministração e consistência das informações divulgadas.

Excelência - A Eletronorte, ao longo dos anos, tem pro-curado desmistificar a visão de que as demonstrações fi-nanceiras das empresas são preparadas num linguajar muito técnico e pouco escla-recedor. “Antecipando a atu-al tendência de transparência dos números, a Empresa tem elaborado as notas explicati-vas das suas demonstrações financeiras com um melhor nível de detalhamento possí-vel”, explica Jésus Costa.

Some-se a isso o fato de o Relatório de Administração

Pela segunda vez consecutiva, eletronorte recebe o troféu transparência

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também apresentar informações detalhadas e consistentes com as demonstrações contábeis; de não haver interferência da administração nas questões de natureza técnico/contábil; de se utilizar um sistema corporativo de alta tec-nologia, que permite buscar informações deta-lhadas para divulgação; e, principalmente, a ca-pacidade técnica do seu quadro. “Acreditamos que tudo isso contribui para essa distinção que a Eletronorte recebe, pelo segundo ano conse-cutivo”, acrescenta Costa.

A transparência trouxe frutos palpáveis. Várias melhorias foram implementadas en-tre o Balanço do exercício de 2006 e o de 2007. “Podemos afirmar que as demonstra-ções financeiras da Eletronorte nunca são as mesmas. Todos os anos fazemos adap-tações importantes. Mudam-se conteúdos de notas explicativas, incluem-se notas, ex-cluem-se outras, rearruma-se a seqüência das notas e abrem-se novos quadros, num processo contínuo, com o objetivo maior de dotar as informações divulgadas ao merca-do de maior transparência e credibilidade”, diz o superintendente de Contabilidade.

A Eletronorte tem por conduta natural não se limitar apenas a divulgar informa-

ções exigidas por lei. Como exemplo, po-dem ser citadas a Demonstração do Fluxo de Caixa e a Demonstração do Valor Adi-cionado que, até 2007, não eram obrigató-rias, apesar de a Empresa já divulgá-las há vários anos.

O processo de ir além do exigido pela lei, não encontrou barreiras internas. “Toda a Empresa está imbuída desse espírito, des-de a sua diretoria até o mais humilde dos colaboradores, por entender que esse é um caminho sem volta. As auditorias, tam-bém, comungam desse mesmo credo”, afirma Costa.

Essa transparência na comunicação em-presarial interna e externa faz parte do Có-digo de Ética da Eletronorte. Os resultados mostram que a Empresa está no caminho certo, pois suas informações estão ganhando uma certificação de extrema grandeza, fato que traz credibilidade e confiança para os usuários de uma forma geral. Para Jésus, “o desafio em manter um padrão de excelência é o rumo a ser trilhado, melhorando continu-amente as informações, independentemente de uma eventual premiação”.

(Colaborou a Anefac)

equipe trabalha pela credibilidade

e confiança

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Byron de Quevedo

Amigos da rede elétrica, elas estão che-gando! Feitas para alto desempenho, elas têm boa tração de arrancada, são competi-tivas e prontas para enfrentar desafios. São dotadas de uma fúria empreendedora con-tagiante, estão cheias de energia e é disso que o País precisa. Este é o perfil das so-ciedades de propósitos específicos, as SPEs. São investidores de vários países querendo fazer bons negócios, pois o Brasil é conti-nental, ainda tem muito chão pela frente e as SPEs ganharam mais um atrativo, estão turbinadas. Ao se associarem às tradicio-nais empresas estatais adquiriram solidez e têm foco num objetivo: tornar um projeto específico em realidade para todos. Mas há os que dizem que esta é mais uma maneira de se privatizar ativos públicos. Será? Fomos buscar a opinião de técnicos, políticos e em-presários para descobrir que fórmula única é esta que está transformando o Setor Elétrico com reflexos positivos para o País.

Quem é quem na pista? - Para se compre-ender o mundo das SPEs é necessário saber quem é quem nessa emaranhada pista de fios energizados. Bem, o beneficiado é sempre o consumidor residencial, comercial ou indus-trial de energia; ou seja, a própria sociedade. A Empresa de Pesquisa Energética - EPE, liga-da ao Ministério de Minas e Energia, identifica as demandas e faz os estudos para os sistemas elétricos. A Agência Nacional de Energia Elétri-ca – Aneel, promove os leilões de novas linhas e usinas e estabelece remuneração pelas obras (ver matéria na página 14). A energia produzi-

da também é vendida em leilões públicos e, ao final, o consumidor sai ganhando com as tarifas menores negociadas nos leilões.

Deságios desenfreados - Segundo o diretor

técnico da Integração Transmissora de Energia - Intesa, SPE na qual a Eletronorte tem partici-pação de 37%, José Orlando Cintra (foto abai-xo, à esquerda), os deságios serão maiores a cada leilão. Já houve leilões em que os desá-gios chegaram a 70%. “Não há erros de cálcu-lo. A Aneel reduz os valores em busca de com-petitividade. Os empreendedores dos primeiros leilões entraram com a Taxa Interna de Retorno de Capital - TIR, acima de 30%. Quando os fa-bricantes sabem que essa taxa está alta, tam-bém sobem seus preços. Atualmente ela é da ordem de 10% ao ano, para os novos leilões”.

Leve e veloz - Segundo José Orlando, que também é diretor de outra SPE co participa-ção da Eletronorte, a Manaus Transmissora de Energia (veja abaixo), as SPEs são bastan-te enxutas. A Intesa, por exemplo, tem dois diretores. A Sede é no Rio de Janeiro. Em Brasília há um escritório de operações com um coordenador de campo e uma secretária. Os demais itens são contratados: fiscaliza-ção, engenharia, projeto e construção. “An-tes, fazemos a simulação com levantamento de preços, custos e expectativas, mapeamos tudo e entramos para vencer o leilão. A Ele-tronorte foi contratada para fazer a enge-nharia do proprietário, os trabalhos de ma-nutenção e a operação dos sistemas, o que evita que a Intesa precise montar um corpo técnico. Estes contratos são receitas extras para a Empresa, além do percentual a que ela tem direito na sociedade. A criatividade e a qualidade dos técnicos da Eletronorte ajudaram-nos a reduzir os nossos preços no leilão” – comentou.

Negociando ultrapassagens - Com as bol-sas de valores oscilando, só vai à frente quem souber negociar suas ultrapassagens, por isso os investidores estão preferindo aplicar seus recursos em empreendimentos com fortes las-tros, como os negócios em energia, a aplicá-los em papéis do governo ou mesmo aplicá-los a juros. “Isto é porque, hoje, a Celic; ou seja, a taxa de juros do Banco Central está em torno

SPe: a ‘Fórmula 1’ do Setor elétricoen

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de 13%. Numa inflação a 5%, isto significa uma aplicação de juros reais, no Brasil, em tor-no de 8%. Qualquer projeto que apresente ren-tabilidade acima desse percentual já é muito atraente. Ao longo de 30 anos, a tendência dos juros é chegar a níveis internacionais de 4% anuais. As regras claras do Setor Elétrico são o maior atrativo. Entregue o empreendimento, os empreendedores receberão receitas mensais ao longo do período de concessão. É um ótimo negócio!”, relata José Orlando.

Carenagem - Monomastro. O nome parece

esquisito, mas pode ser lido como “torre econo-mizadora de milhões”. Trata-se de uma estru-tura funcional (à direita) que foi usada na obra da Intesa, no Tocantins, na linha Colinas / Mira-cema / Gurupi / Peixe II / Serra da Mesa II, em 500 kV, com extensão total de 695 km, já em operação comercial desde 30 de maio de 2008. Além da Eletronorte, o empreendimento tem a participação da Chesf, com 12%; e o Fundo Brasil Energia e Participações, com 51%.

Correndo contra o relógio - Os modelos de torres utilizadas na estrutura foram desenvol-vidos pela Eletronorte. Conhecido internacio-nalmente, o modelo ‘raquete’ gasta 25 tonela-das de aço por km; enquanto o novo modelo monomastro requer apenas 15 toneladas por km, sem perder a segurança. O Ibama levou 12 meses para licenciar a obra. A Intesa teve o seu contrato assinado em 27 abril de 2006

e a linha teria que ser construída em até 24 meses, incluindo nesse tempo a obtenção das licenças ambientais, uma obrigação do empreendedor.

Pisando fundo - De acordo com José Or-lando, a licença saiu em abril de 2007, e a obra ficou pronta em 12 meses. “Foram im-plantadas também duas subestações, Serra de Mesa II e Peixe II (abaixo), e ampliadas as de Colinas, Miracema e Gurupi. Os inves-

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timentos totalizaram R$ 500 milhões, para uma Receita Anual Permitida – RAP, de R$ 65,3 milhões. “Contratamos um empréstimo de 70% do valor total junto ao BNDES e os outros 30% vieram de aporte dos sócios. O empréstimo deverá ser pago em até 12 anos, com juros em torno de 9% ao ano”, conta José Orlando.

Extraindo potência - Do Tocantins para o Mato Grosso, onde se fala em “tirar água de pedras” e dela extrair energia: o Aproveita-mento Hidrelétrico Dardanelos, com potência final de 261 MW, em construção no municí-pio de Aripuanã pela SPE Energética Águas da Pedra S/A, é sem dúvida, um empreendi-mento que realiza o dito popular. O contrato prevê o início da geração em janeiro de 2010. Porém, ela começará a gerar um ano antes, em janeiro de 2009. Nada mal. Da Energética participam a Eletronorte com 24,5%; Chesf, 24%; e a Neoenergia, com 51%. Os investi-mentos são da ordem de R$ 749,07 milhões e a concessão será por 35 anos.

Máquina x natureza - Dardanelos é um cenário paisagístico único. “É de encher os olhos, mas eu adoraria que as cachoeiras enchessem também as nossas barrigas”. É o que dizia, em 2004, a fotógrafa e empresária aripuanense, Indiamara, durante as audiên-cias públicas sobre a construção da hidre-

létrica. As exigências dos órgãos ambientais estão sendo atendidas e até as andorinhas migrantes que faziam das fendas das casca-tas os seus ninhos de amor, não mudaram a rota. A obra está em pleno andamento.

Acidentes de percurso - Segundo o diretor

Técnico da Águas da Pedra, Warfiled Ramos Tomaz (abaixo), a Eletronorte fez um traba-lho de preparação ligado ao meio ambiente, a políticos, parlamentares, à engenharia e à sociedade em geral, antes das audiências públicas, mostrando ser o empreendimento uma nova vertente econômica pa ra o norte de Mato Grosso. “O município consome pouca energia, mas já estão chegando as empre-sas eletrointensivas. O Grupo Votorantim, por exemplo, vai explorar o zinco, com deman-da de 18 MW, operação pre-vista para meados de 2010. Mas quando as vazões do rio baixarem para 25 metros cú-bicos por segundo, paralisa-remos a geração. O balneário sempre inundado nas cheias, quando recebe volumes de 1.200 metros cúbicos de água por segundo, teve o seu fluxo regularizado e poderá ser usa-do para finalidades turísticas o ano inteiro”, afirma Warfield.

Dardanelos:engenharia moderna permite a mínima intervenção na natureza

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Conhecendo o circuito - Para Warfield, as SPEs fazem a interação harmônica entre em-presa, empreendimento e sociedade, e, por serem mais velozes, propõem soluções que as estatais, submetidas à Lei 8.666, muitas ve-zes não podem fazer. “Para se contar com a cumplicidade da população, deve-se dialogar sinceramente com os interessados. Tem que se ter sempre o especialista ao lado, que é o bom conhecedor da região, pois cada grupo humano tem sua cultura e muitas vezes algo que julgamos comum pode agredi-los. É preci-so ressaltar os pontos fortes do relacionamento e do empreendimento, e mostrar boa vontade em sanar os pontos fracos”, observa Warfield.

Qualidade cronometrada - Sebastião Cae-tano Belém (abaixo) é diretor Técnico da Bras-norte Transmissora de Energia e da Amazônia Eletronorte Transmissora de Energia - Aete. Ao ser questionado se as SPEs não seriam uma nova maneira de se privatizar ativos pú-blicos, Belém é categórico: “Com esse sistema

o Estado abre mão de parte do seu patrimônio. Mas havia necessidade de novos inves-timentos no setor energético, e o País esta crescendo. En-tão, foi necessário lançar mão dessa ferramenta de constru-ção e de crédito. Se o setor público tivesse recursos para investir sozinho, seria o ideal. Justamente para não aconte-cer como na telefonia, em que trocamos o monopólio estatal pelo monopólio privado. Por

outro lado, é interessante ter grupos privados em parceria com as estatais, mantendo assim a qualidade vigiada. Vamos acompanhando os fatos e fazendo as correções necessárias”.

A sorte ajuda - A Eletronorte participa da

Brasnorte com 45% das ações, tendo como parceira a Bimetal, com 20% e Terna, 35%. As obras que executa estão em Mato Gros-so, as linhas de transmissão Juba/Jauru, em 230 kV; Maggi/Nova Mutum 230 kV, numa extensão de 400 km; e as subestações Juba e Maggi. Os investimentos somam R$ 218 milhões e a RAP será de R$ 14,9 milhões. “Com um pouco de sorte, energizaremos a linha em maio e não em setembro de 2009, como previsto. Assim teremos melhores recei-tas, pois a antecipação atenderá a vários em-preendimentos de geração no norte de Mato

Grosso. A Brasnorte já dispõe das licenças de instalação e ambiental. Temos parte do projeto aprovado, estamos terraplenando as subestações, fazendo escavação para as de torres, montando estruturas e indenizando as pessoas em áreas de servidão”, relata Belém

Fazendo o equipamento durar mais - O ONS fiscaliza a qualidade da energia. Se os requisitos não forem cumpridos as multas são elevadas. Para Belém, a par-ceira estatal demonstra aos investidores privados que não vale a pena correr riscos desnecessários. “Eles, comumente, espe-ram que o empreendimento dure 30 anos. É errado pensar assim, porque após a concessão exaurida, eles poderão concorrer à extensão do contrato. Então é necessário que os equipamentos durem mais. Por outro lado, as SPEs evitam o desperdício. As duas partes se controlam. A função da estatal dentro da SPE é man-ter o nível de qualidade e a fun-ção do investidor privado é fazer com que a estatal se mantenha dentro dos gastos previstos”, afirma Belém.

Na Aete, a Eletronorte participa com 49%, e os parceiros privados Bimetal, com 26,99%; Alubar, com 10,76%; e Linear, com 13,25,%, para construir as linhas Coxipó – Cuiabá e Cuiabá – Rondonópolis, em 230 kV, mais a subestação seccionadora de Cuiabá. Os in-vestimentos são de R$ 153 milhões, para uma RAP de R$ 23 milhões.

Injeção eletrônica - Segundo o coordena-dor de Viabilização de Negócios da Eletronorte, Wilson Fernandes de Paula (acima), os inves-timentos do Setor Elétrico são auto-sustentá-veis e podem ser alavancados numa parceria público–privada, onde se busca a sinergia das partes. “As empresas estatais têm expertises, estrutura, técnica e a visão de interesse públi-co. Aliada à empresa privada, que busca ren-tabilidade, gera uma sinergia e juntas criam empreendimentos com tarifas melhores para os consumidores. Esse é um dos pilares do atual modelo do Setor”, ensina Wilson.

Ganhando segundos preciosos - Segundo

ele, não existe nas SPEs preponderância de nenhuma das partes, pois a empresa tem um acordo de acionistas, um estatuto, que define

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a sua governança, buscando o ponto de con-vergência onde o negócio é bom para todos. “E a população também é beneficiada, pois os leilões são indutores da redução no cus-to da energia. Até o ano de 2002, as estatais estavam, por força da legislação, proibidas de participarem dos leilões. Os deságios até en-tão giravam em torno de 2,5% a 5 % ou quase nulos. Com a entrada das estatais nos leilões, subiram. Isso mostra que a participação da empresa estatal leva à modicidade tarifária”.

Controle de tração - Outro ponto importan-te levantado por Wilson é que “a SPE permite um isolamento das outras atividades da em-presa. Por exemplo, quando a Vale cria uma SPE para fazer uma hidrelétrica, se for mal-sucedida, essa sociedade não contaminará o negócio principal da Vale que é a minera-ção. E é vantajoso também para os agentes financiadores, pois eles têm acesso direto aos ativos e aos recebíveis daquele empreendi-mento. E a Aneel, por sua vez, pode controlar melhor aquela concessão”.

Na linha de chegada - A Eletronorte tam-bém tem participação em outras SPEs. Uma delas é a Manaus Transmissora de Energia,

em que a Empresa tem 30% de participação, contra 70% dos parceiros privados. Ela está construindo um dos trechos do linhão Tucu-ruí-Manaus-Macapá, a linha Oriximiná – Ita-coatiara – Cariri , em 500 kV, com extensão de 586 km, mais as subestações Itacoatiara e Cariri. O investimento é de R$ 1,1 bilhão, para uma RAP de R$ 101,6 milhões.

A outra é a Amapari Energia S/A, em que a participação estatal é de 49% e 51% da MPX Mi-neração e Energia. Esta SPE está construindo a Usina Termelétrica Serra do Navio, com 25 MW de potência e investimentos de R$ 64,7 milhões; e a Pequena Central Hidrelétrica Capivara, de 30 MW. Para o diretor da Amapari, Alcides So-tério (acima), “a realização desses empreen-dimentos na modalidade societária SPE, tem agregado resultados relevantes na redução de seus prazos e custos, tornando-os lucrativos, diferentemente de outros empreendimentos realizados naquela região.”

termelétrica Serra do navio: redução de prazos e de custos

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O governador do Estado de Goiás, Alcides Ro-drigues; o presidente da Centrais Elétricas de Goiás- Celg G&T, Ênio Andrade Branco; e o presi-dente da Eletronorte, Jorge Palmeira (ao centro, na foto abaixo), assinaram, em setembro de 2008, em solenidade no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia, o Termo de Compromisso para Ampliação do Par-que Gerador de Energia Elétrica do Estado de Goi-ás, firmado entre o governo estadual, a Celg G&T, e mais 12 empresas parceiras nos empreendimen-tos, entre elas a Eletronorte, com participações em hidrelétricas no Rio Palma: Barra do Palma, com 58 MW, e Arraias, com 93 MW. A iniciativa marca a intenção de Goiás voltar a investir fortemente na geração de energia elétrica, envolvendo empresas privadas e estatais como a Queiroz Galvão, Alupar, Andrade Gutierrez, e Eletrobrás.

O Governador tem planos mais audaciosos para as SPEs em seu estado. Ele disse que, por falta de eletricidade para a agricultura e a agroindústria, o mundo atravessa a atual crise de alimentos. “Goiás vai contribuir. Fomos o primeiro a apresentar um projeto factível ao Governo Federal, com o aprovei-tamento das chamadas terras baixas, num total de 200 milhões de hectares, e outra alternativa para as terras altas, com outros 250 milhões de hectares, irrigadas via pivôs centrais, o que proporcionará, a curto prazo, mais 20% na oferta brasileira de grãos para o mundo”.

Alcides Rodrigues disse que a ampliação da capa-cidade de geração mostra a intenção de transformar Goiás num pólo irradiador de energia também para outros estados e até para países próximos. Segundo ele, “a capacidade desses pequenos e médios apro-veitamentos hidrelétricos é tão grande que ultrapas-sa a potência de várias grandes hidrelétricas juntas, sem causar o mesmo impacto ambiental. Essa po-tencialidade já estará sendo aproveitada, com inves-timentos de mais de R$ 2 bilhões, gerando milhares de empregos diretos e indiretos. Após a conclusão dos estudos de inventário, e feita a aplicação de R$ 12 milhões iniciais no projeto, outros empreen-dimentos atrairão investimentos de mais R$ 1,5 bi-lhão. Temos a satisfação de ver a Eletronorte, uma empresa forte, somando forças com a Celg G&T. Só nos alegra vê-la interessada em investir aqui”.

Jorge Palmeira esclarece que a Eletronorte bus-ca, estrategicamente, a construção de grandes usi-nas, mas pretende investir também nos pequenos aproveitamentos. “Esta parceria muito nos orgulha. Temos interesse também no aproveitamento Pau D´Arco, pois, estando na mesma calha de Arraias e Barra do Palma, os três aproveitamentos juntos terão custos de construção reduzidos. A Celg tem ótima capilaridade no estado, e esperamos ter esta parceria estratégica em muitos outros negócios e empreendimentos. Ela equacionou a sua dívida e adota a gestão profissional”.

Celg G&T e Eletronorte: mais energia limpa e renovável

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Renata Gobatti A influência e força do volumoso Rio To-

cantins é marcante nos costumes e cultura de muitas comunidades margeadas por suas águas. ‘Causos’ de Cobra Grande e Boto En-cantado, que habitam seu leito e o imaginá-rio popular, são conhecidos e difundidos por grande número de paraenses. Além disso, a pesca artesanal é uma das principais ativida-des econômicas dos ribeirinhos.

Em Tucuruí e nos municípios vizinhos não é diferente. Situada à margem esquerda do rio, a cidade foi incluída há quatro anos - jun-tamente com Breu Branco, Jacundá e Itupi-ranga - na Rota do Grande Lago, integrando o Pólo Araguaia–Tocantins, da Agência Para-ense de Turismo – Paratur. Se é tarefa difícil citar todas as belezas e riquezas geradas a partir do Tocantins, fácil é identificá-las em todo seu longo trajeto. A imensa área alagada que forma o reservatório da Hidrelétrica Tu-curuí e as inúmeras ilhas são algumas delas, citadas pelo comerciante Geraldo Faria como uma verdadeira “maravilha”.

O mineiro, que há oito anos deixou Belo Horizonte para morar em Breu Branco, de-

fende seu ponto de vista com paixão: “Aqui é onde está o pulmão do planeta, orgulho dos brasileiros. Vem gente do mundo inteiro visi-tar a Amazônia, cortada de rios. Se eu tivesse conhecido essa região antes, teria me muda-do para cá 15 anos atrás”.

A pureza do ar, as florestas, a tranqüilidade e qualidade de vida são, para Geraldo, outros aspectos relevantes da região do entorno do lago de Tucuruí que, se preservadas, serão conhecidas pelas futuras gerações. “Isso nos dá muita esperança. Aqui somos privilegia-dos, estamos mais perto do sol. Por isso, te-mos muita energia!”, conclui.

A força que vem das águas – A Usina Hi-

drelétrica Tucuruí é realmente um dos princi-pais atrativos turísticos da região (ver box), e tem sido visitada por uma multidão de brasi-leiros e estrangeiros todos os anos. Em maio de 2008 foi registrado um número recorde de visitação: cerca de mil pessoas conhece-ram as instalações da Usina e verificaram, de perto, um dos maiores empreendimentos da engenharia nacional.

O comerciante Mário Giuseppe Tedeschi, que pela primeira vez sai de Minas Gerais

tocantins, tucuruí e tucunaré

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para visitar a filha Carolina e o genro Márcio Sousa – há três meses na região –, disse ter ficado espantado com as dimensões da obra e dos projetos ambientais desenvolvidos pela Eletronorte. Acompanhado da esposa San-dra, também impressionada, afirma: “Uma hidrelétrica como essa é uma obra que dá or-gulho a todos nós e destaca o Brasil perante o mundo inteiro”.

Sobre o potencial turístico da Rota do Lago, aposta que o projeto será importante para o desenvolvimento sustentável dos municípios envolvidos. “A gente sabe que esse projeto, em termos de grandeza econômica, é imen-surável, e será maravilhoso para o cidadão, para o morador daqui, para o ribeirinho, será maravilhoso. Além de tudo, vai mostrar aos brasileiros muita coisa que eles não têm con-dição de ver no resto do Brasil, como a gran-de diversidade de animais e plantas. Esse projeto tem tudo para dar certo”.

Paraísos inexplorados - Outros locais ainda pouco conhecidos, inclusive pelos próprios paraenses, são as praias do Tocan-tins, como a Ilha das Crioulas e Pedernei-ras - origem histórica da cidade de Tucuruí. Numa travessia rápida, também é possível

chegar à praia Queiroz Galvão, mais estru-turada, que fica lotada, principalmente no mês de julho, período do verão paraense e férias escolares.

Formado há 24 anos pela barragem da Hi-drelétrica, o lago de Tucuruí também encanta e surpreende com seus 3.005 km² - dez ve-zes o tamanho da Baía da Guanabara. Seu enchimento alterou o modo de vida das famí-lias que passaram a viver nas ilhas, criando oportunidades de desenvolvimento econô-mico e atividades de pesca esportiva com o aumento do quantitativo de peixes.

Piranha-preta, jacundá, aruanã, barba-do, pirarara, mapará e surubim estão entre as espécies mais comuns, mas o destaque é o tucunaré. É dele também a preferência na mesa de muitos que já se deliciaram com as iguarias da culinária local. Frito, é bastan-te consumido com o açaí e farinha d’água. Cozido, pode compor pratos deliciosos, como a caldeirada. Mas é assado que o tucunaré ganha fama e tem conquistado mais e mais apreciadores.

Um prato tradicional de Tucuruí e que só se encontra lá é o Peixe no Saco, criado há mais de 20 anos por Jeová Leite, proprietário do restaurante Totontin. A delícia reúne in-

turistas se encantam com a grandeza do

empreendimento

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A Eletronorte está desenvolvendo estudos para imple-mentar o Pólo de Turismo de Tucuruí, que servirá para diversificar a estrutura produtiva na região e consolidar mais uma atividade compatível com a conservação am-biental. O Pólo pode ser visto como um fator positivo para ampliar receitas e diminuir custos, além de fortale-cer a imagem institucional da Empresa.

Os estudos vêm sendo conduzidos no sentido de adequar o projeto às premissas que norteiam a con-dução da atividade do turismo na região amazônica por parte das instituições dos governos federal, esta-dual e municipal. A idéia principal é trabalhar com algumas vertentes principais: ecoturismo, turismo de negócios e visitação técnica.

O atrativo principal é o lago da Hidrelétrica e suas mais de duas mil ilhas, as praias de água doce, a rique-za da floresta tropical e a Usina em si, que é a quarta maior do mundo. Depois de serem recebidos num cen-tro de visitantes, os turistas que visitarem Tucuruí após a implantação do Pólo poderão partir em três diferentes circuitos: o circuito Técnico envolve visitação da Usina (vertedouro e casas de força), eclusas e subestação; o circuito Lago, que envolve visitação à Ilha do Germoplas-ma e à região do Caraipé, e o circuito Ambiental, que en-volve visitação ao Parque Ecológico, Museu, Centro de Proteção Ambiental; Estação de Piscicultura e outros.

Um espaço do Parque Ecológico foi selecionado para a instalação do museu da memória do empreendimento, da Eletronorte e do homem da região.

É inegável que, com a implantação do Pólo Turístico de Tucuruí, abrem-se mais diretamente para as cida-des de Tucuruí e Breu Branco, num primeiro momento, a possibilidade de negócios para variados serviços de apoio ao turismo, sobretudo na área de recursos hu-

Pólo de Turismo de Tucuruí desponta como novo negócio

Peixe no saco Ingredientes1 tucunaré fresco de 1,5kg 150 ml de molho shoyo tradicional1 limão (para limpar o peixe)100g cebola picada100g tomate picadoCheiro verde (coentro e cebolinha) a gosto Sal a gosto

modo de Preparo 1. Limpe o peixe com limão;2. Tempere-o com sal a gosto;3. Recheie o tucunaré com tomate, cebola e cheiro verde picados;4. Coloque o peixe dentro de um saco celofane, de 30x43cm, próprio para forno, e despeje o molho shoyo.5. Feche o saco e leve ao forno alto por 30 minutos6. Pronto! É só servir o peixe com arroz branco, vinagrete e farofa.

gredientes que escancaram a riqueza advin-da do ‘caldeirão’ étnico-cultural que Tucuruí representa, como o molho de soja.

“No começo eu preparava o peixe assado na brasa, na folha da bananeira, mas o proces-so era muito demorado. Quando foi lançado no mercado o saco de celofane, resolvi fazer uns testes. Fui ouvindo sugestões dos próprios clientes e ficou assim”, resume Jeová.

Localizado no bairro Nova Tucuruí, o res-taurante tem clientela fiel e é um dos mais procurados pelos turistas, curiosos para pro-var um dos pratos mais famosos da cidade. “É uma exclusividade no Totontin”, completa o criador, que diz preparar apenas Peixe no Saco em seu estabelecimento.

Provar a iguaria é experimentar a sinergia perfeita entre o regional e o internacional, que proporcionam uma verdadeira festa ao paladar.

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manos, incluindo formação de pessoal qualificado Há, ainda, espaço para o desenvolvimento do comércio de materiais esportivos, fotográficos, de mergulho e outros equipamentos especiais, além de serviços de ambula-tório médico e de produção de materiais de suporte à divulgação dos pontos turísticos, como mapas e livros

Quanto às oportunidades de negócios nas áreas apropriadas ao turismo resultante da mobilidade dos visitantes, inclusive, com a conclusão das eclusas, são

inúmeros os empreendimentos que podem ser desenvol-vidos, como, por exemplo, construção de hotéis tropicais ao longo do Rio Tocantins e nas ilhas que se localizam no próprio lago de Tucuruí, hotéis, pousada, áreas de lazer, campings, clubes temáticos, restaurantes típicos, lojas de souvenirs, agências de viagens especializadas em turismo ecológico amazônico, transportadores com diversos des-dobramentos de propostas de passeios em barcos apro-priados e qualificados ao turismo fluvial.

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“Recebemos e agradecemos a revista Corrente Contínua, Ano. XXX, Nº 220,de maio/junho de 2008”.

Michel Platini Pinto de Brito - Gerência de Documentação e Pro-gramas Especiais da Universidade Federal de Mato Grosso/Biblio-teca Central - Cuiabá - MT

“Minha filha encontrou na biblioteca do Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará a revista Corrente Contínua e ime-diatamente lembrou-se de mim. Confesso que quando a recebi fiquei um tanto emocionado, considerando que há tempo não lia a revista. Mas o que mais me gratificou foi a qualidade e a excelência referente a assuntos de natureza técnica específica, associados a excelentes cabeças talentosas, cumprindo dessa forma sua missão, não só de informar como também de con-duzir o leitor à nova realidade da Empresa e seu espetacular progresso, sem deixar também de cumprir seu papel social. As obras fotográficas que ilustram, feitas por alguns profissionais com quem tive a oportunidade de trabalhar, grandes talentos que ainda fazem parte da Empresa, contando suas histórias de vida, os novos colaboradores que não tive a oportunidade de conhecer, confirmando assim um propósito humanístico. Para-béns à equipe do conselho editorial, pelo formato e conteúdos, induzindo ao conhecimento amplo. Gratificante foi rever fotos da Usina Coaracy Nunes, no Amapá, e a Subestação Santa Rita, onde trabalhei como gerente regional por dois anos. Mas chega de saudades, quero fazer um pedido, se possível: ser contem-plado em receber os próximos números da revista, o que será para mim uma grata satisfação e, na medida do possível, divul-gar junto a instituições de ensino médio e superior os destaques técnicos que a mesma apresenta .”

Cláudio dos Reis Ferreira – Belém - PA

“Caros Enock Byron e Roberto Francisco, um grande abraço para vocês pela matéria Terras de Marcionilha. Ficou excelente! Vocês são grandes profissionais e conseguiram reproduzir com a máxima fidelidade a alma das nossas comunidades. Parabéns!”

thais de Paiva mello - Brasília - DF

“Esta manhã começou muito bem para mim. Ao chegar li a reportagem de Bruna Maria Netto sobre meu trabalho na revista Corrente Contínua, e quão alegre fiquei ao perceber o presente que me foi dado. Tive a oportunidade de ter sido entrevistado por uma jovem talentosa! Este foi o meu presente. Obrigado Bruna. Obrigado Alexandre”.

Milton Nunes da Silva Filho - Engenheiro de Operação – Bra-sília - DF

“Em vista de derrotas significativas nos campos dos negócios,

a Empresa Eletronorte está passando por mudanças estruturais almejando um ímpeto empreendedor. Há de se mudar a mentali-dade e ações de todos os setores e colaboradores para que seja-mos competitivos. Enxugar custos e maximizar a eficiência produ-tiva é chave e primórdio para um futuro promissor. Assim sendo, haveria espaço para se repensar a impressão e distribuição do material citado em todos os andares da Empresa? O encarte ele-trônico não atenderia a pura e simples necessidade de informar? Ações mínimas de retenção de custos gerarão benefícios globais a todos os colaboradores e, principalmente, à sociedade brasileira que financia nossos salários, estruturas etc. Ela espera de nós, como estatal, uma prestação de serviço digna e honrosa, despen-dendo de modo racional os recursos disponíveis. Espero ter sido construtivo”.

roberto Suzuki Akamine - Engenheiro Mecânico – Brasília - DF

N.R.: Caro Roberto, a Corrente Contínua é um importante ve-ículo de comunicação interna e externa da Eletronorte. Passou por várias mudanças ao longo do tempo (vide edição 216) até chegar ao formato de revista, tendo conquistado premiações importantes no setor da comunicação empresarial. A tiragem atende exatamente um exemplar para cada empregado; um amplo público externo, que começa nas câmaras de vereadores e se estende até o Congresso Nacional, empresas diversas, Se-tor Elétrico, universidades, instituições de pesquisa etc; e ainda diversos eventos externos e internos dos quais a Empresa par-ticipa. A vida útil de uma revista impressa se estende por anos,

haja vista fazer parte do acervo de várias bibliotecas, escolas e coleções particulares. A Corrente Contínua é, pois, um investi-mento na imagem e na marca Eletronorte. Além disso, a revista mostra e comprova empreendimentos vencedores realizados pela Eletronorte, seu corpo profissional e os reflexos dessas ati-vidades na sociedade brasileira.

“Prezado senhor, recebemos e agradecemos pelo envio da pu-

blicação Corrente Contínua, de excelente qualidade gráfica e edi-torial. Ressaltamos ainda que é de grande valia para o acervo da Biblioteca do Iesam - Instituto de Estudos Superiores da Amazônia continuar a ser receptora de tão valiosa publicação”

Clarice Silva neta – Bibliotecária -Iesam / Sibiesam - Belém - PA

“Recebemos e agradecemos a doação da obra Corrente Con-tínua. Temos certeza de que irá enriquecer sobremaneira, nosso acervo, por ser fontes de informações preciosas para os usuários desta biblioteca”.

Maria Hilda de Medeiros Gondim - Diretora da Divisão de Desen-volvimento de Coleções da Biblioteca Central/UFPA – Belém - PA

“Caro Alexandre, chegou às minhas mãos um exemplar da Corrente Contínua nº 221, julho/agosto 2008. Quando comecei a folhear acabei me emocionando por duas diferentes razões: a pri-meira, por ter trabalhado na Eletronorte e admirar o trabalho dessa Empresa, brasileira legítima, de gente tão verde-amarela, de tão nobre missão. A segunda razão foi ter constatado como é possível fazer jornalismo de fato, mesmo estando em uma assessoria insti-tucional. A equipe de Imprensa da Eletronorte conseguiu quebrar todos os clichês de ‘chapa branca’. Conseguiu transpor todas as enormes barreiras entre o corporativo e o profissionalismo. Degus-tar as matérias, página por página, me remeteu aos sonhos de to-dos nós, jornalistas da velha guarda, sonhadores, visionários, que acreditamos que o velho jornalismo é possível, mesmo estando em uma empresa governamental. Que Brasil lindo vocês relataram. Parabéns a todos. É por isso que todos aí têm orgulho da grande Empresa onde trabalham. Meu agradecimento sincero pelos mo-mentos proporcionados”.

Luiza Mello - Assessora de Comunicação da Brasiliatur - Em-presa Brasiliense de Turismo – Brasília – DF

“Prezada Bruna, bom-dia. Agradeço pelo esmero, carinho e competência na redação da matéria sobre mim na Corrente Contí-nua 221 de julho/agosto 2008”

Sóstenes Aranha Cavalcante – Brasília - DF

“De ordem do deputado Paulo Rocha, coordenador da bancada do Pará e do Norte no Congresso Nacional, agradeço o envio da publicação”.

Raquel Paz – Brasília - DF

“Prezado César, a revista Corrente Contínua é espetacular, mas a edição 221 merece destaque especial pela matéria ‘Cametá, do mapará, açaí e aviú’. Lendo-a fiz uma viagem à minha terra natal Abaetetuba, onde, nas refeições, é servido como entrada o bolinho de aviú, e como prato principal o mapará frito ou assado na brasa com açaí. Se não gostar com açaí pode ser uma caldeirada de ma-pará. Parabéns pelo conjunto da obra, completa, ilustrada e, prin-cipalmente, cheia de nossas histórias, valorizando o povo caboclo da Região Norte”.

Benedito Rafael F. Cardoso - Centro de Tecnologia da Eletronorte – Belém – PA

“Com satisfação, acusamos o recebimento de um exemplar da revista Corrente Contínua, da Eletronorte. Agradecendo a gentileza da remessa, renovamos os nossos protestos de especial apreço e estima”.

José Arteiro da Silva - Presidente da Fecomércio/MA – São Luís - MA

“Tive a grata satisfação de receber um exemplar da revista Cor-rente Contínua, da Eletronorte. Agradeço o envio, pois através do que li aprendi muito sobre a Empresa. Parabéns à equipe da re-dação. Gostaria de continuar recebendo os exemplares desta ótima revista”.

Severino Cassiano Ferreira – Água Preta - PE

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Texto: Alexandre Accioly Foto: rony ramos

Nem que me fosse dadoO presente que eu quero

Nem que eu sonhasse todas as noitesOs mesmos sonhos coloridos

Nem mesmo se hoje Eu comesse um prato cheio

Meu sorriso aperta os desejosNum gesto arrasto amigos comigo

Mas viver na peleO calor humano

Nem por nadaNem por tudo

Firmo os pés Faço meu olharRasgo todas as fantasias

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