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Eletronorte corrente contínua corrente contínua ANO XXXII - Nº 230 - JANEIRO/FEVEREIRO - 2010 A REVISTA DA ELETRONORTE Educação: nas escolas da Amazônia milhares de professores e alunos revolucionam os hábitos de consumo de energia elétrica nas salas de aula e residências

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Eletronorte

corrente contínuacorrente contínuaAno XXXII - nº 230 - JAneIro/FevereIro - 2010 A revISTA DA eLeTronorTe

educação: nas escolas da Amazônia milhares de professores e alunos revolucionam os hábitos de consumo de energia elétrica nas salas de aula e residências

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SCN - Quadra 6 - Conjunto A Bloco B - Sala 305 - Entrada Norte 2

CEP: 70.716-901Asa Norte - Brasília - DF.

Fones: (61) 3429 6146/ 6164e-mail: [email protected]

site: www.eletronorte.gov.br

Prêmios 1998/2001/2003

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Sum

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Diretoria executiva: Diretor-Presidente - Jorge Palmeira - Diretor de Planejamento e Enge-nharia - Adhemar Palocci - Diretor de Produção e Comercialização - Wady Charone - Di-retor Econômico-Financeiro - Antonio Barra - Diretor de Gestão Corporativa - Tito Cardoso - Coordenação de Comunicação empresarial: Isabel Cristina Moraes Ferreira - Gerência de Imprensa: Alexandre Accioly - equipe de Jornalismo: Alexandre Accioly (DRT 1342-DF) - Bruna Maria Netto (DRT 8997-DF) - Byron de Quevedo (DRT 7566-DF) - César Fechine (DRT 9838-DF) - Érica Neiva (DRT 2347-BA) - Michele Silveira (DRT 11298- RS) - Asses-sorias de Comunicação das unidades regionais - Estagiárias: Camila Marques e Márcia Alvarenga - Fotografia: Alexandre Mourão - Roberto Francisco - Rony Ramos - Assesso-rias de Comunicação das unidades regionais - revisão: Cleide Passos - Arte gráfica: Jor-ge Ribeiro - na capa, a estudante Tainara Siqueira - Arte da contracapa: Sandro Santana - Impressão: Brasília Artes Gráficas - Tiragem: 10 mil exemplares - Periodicidade: bimestral

medindo as águas dos rios

GerA

ÇÃo

Érica Neiva

O combustível fundamental para fazer uma usina hidrelétrica funcionar é a água. De acordo com o Operador Nacional do Sistema – ONS, a geração hidrelétrica está associada à vazão do rio, isto é, à quantidade de água disponível em um determinado período de tempo e à altura de sua queda. A vazão de um rio depende de suas condições geológicas, como largura, inclinação, tipo de solo, obstáculos, quedas e também da quantidade de chuvas que o alimenta. O po-tencial hidráulico é proporcionado pela vazão e

pela concentração dos desníveis existentes ao longo do curso de um rio. A vazão refere-se ao volume que escoa numa determinada unidade de tempo e a unidade é dada em m³/s.

Ao se buscar mais informações sobre a maté-ria-prima que faz funcionar uma usina, depara-se com as técnicas de monitoramento da água que envolvem as áreas de projeto e construção, operação e meio ambiente, de concessionárias de energia elétrica como a Eletronorte. Nessas áreas, o trabalho humano, auxiliado pela tec-nologia, faz com que as medições dos níveis, vazão e qualidade da água sejam obtidas com segurança, contribuindo para a confiabilidade da rede hidrológica.

Poço tranquilizador - Por trás de qualquer trabalho existe sempre o empenho e a dedica-ção de homens e mulheres que unem seu co-nhecimento técnico à experiência de vida. Com Theomário Alves Ferreira (à esquerda) não é di-ferente. Técnico em eletrônica, ele é colaborador da Eletronorte desde 1987, quando ingressou na Empresa como treinando-bolsista para o projeto das usinas hidrelétricas Balbina (AM) e Samuel (RO). Aos 44 anos, o amazonense é um técnico multifuncional que, entre as várias atividades de-

GerAÇÃoMedindo as águas dos riosPágina 3

meIo AmBIenTeO verdadeiro lago dos sonhosPágina 12

CorrenTe ALTernADALogística para o desenvolvimento da AmazôniaPágina 29

reSPonSABILIDADe SoCIALProcel Educacional:um banho de economia contra o desperdício de energiaPágina 36

AmAzônIA e nóSBrasília e nósPágina 52

FoToLeGenDAPágina 63

CorreIo ConTÍnuoPágina 62

Como se faz a coleta de dados hidrológicos na Amazônia

enerGIA ATIvASegurança do trabalho: a importância da prevenção na redução de acidentesPágina 20

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senvolvidas, realiza a manutenção das platafor-mas de coleta de dados em Samuel (ver box).

As plataformas surgiram da necessidade de empresas e instituições em obterem regularmen-te informações colhidas em lugares remotos. São equipamentos automáticos que dispõem de sensores eletrônicos capazes de medirem pre-cipitação, pressão atmosférica, radiação solar, temperatura e umidade do ar, direção e veloci-dade do vento e nível de corpos de água.

A plataforma hidrológica é um equipamen-to eletrônico responsável pela coleta de dados pluviométricos (mede nível de chuva) e fluvio-métricos (mede nível e vazão). A energia para o seu funcionamento provém de um painel solar que alimenta uma bateria de 12 V. É composta também por um pluviômetro, o encoder (con-junto de equipamentos que faz a interligação do rio com a plataforma) (foto acima) e uma antena unidirecional que transmite os dados coletados ao satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe, conhecido como Satélite de Coleta de dados – SCD2.

O papel de Theomário é fazer visitas se-manais de manutenção e operação nas seis estações telemétricas de Rondônia, ou seja, em estações que registram os níveis de vazão e chuva de hora em hora, e disponibilizam as informações, no mínimo, três vezes ao dia por meio do satélite SCD2 à Eletronorte e à Agência Nacional de Energia Elétrica - Ane-el. “Nas quintas-feiras visito as duas estações a montante e jusante da Usina Samuel. Nas sextas-feiras chego a percorrer 500 km para supervisionar outras quatro estações, que fi-cam no município de Ariquemes, localizado a 200 km de Porto Velho. O acesso aos locais muitas vezes é difícil. A estrada que leva à es-tação Rio Preto do Crespo, a 83 km de Ari-quemes, está em péssimas condições devido à falta de pavimentação. Alternamos as visitas entre manutenção e leitura. Nas visitas de lei-tura verifico o nível do rio na régua, conecto o

notebook na plataforma de coleta de dados e checo se o valor enviado está de acordo com o valor medido na régua. Diariamente, aces-so o site do Inpe e verifico se a estação está transmitindo os dados via satélite”, esclarece Theomário.

As plataformas já apresentaram muitos pro-blemas, especialmente quando eram usados sensores de pressão submersos, pois os dados enviados não conferiam com níveis medidos pelas réguas que ficam nas proximidades dos reservatórios. Desde 2005, o sistema funciona

2009, reforçou-se o trabalho de coleta de da-dos pluviométricos e fluviométricos em Samuel. “A rotina de manutenção com vistas a verificar os equipamentos e fazer a leitura dos dados é fundamental para a confiabilidade das infor-mações que recebemos e, consequentemente, para a operação da Usina. Com a mudança do sensor de pressão para o sensor mecânico, os problemas de inconsistência dos dados foram sanados” explica o engenheiro eletricista da Gerência de Comercialização de Energia da Eletronorte, Geronimo Detoni.

Sérgio de Paula Perei-ra, (foto) engenheiro de desenvolvimento tecno-lógico, trabalha há mais de 35 anos no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Inpe. Partici-pou da implantação de di-versos projetos na área de sensoriamento remoto por satélite, geração e proces-samento de imagens de satélites e estações de terra para satélites meteoro-lógicos e ambientais. Foi responsável, no Inpe, pela coordenação das ações associadas ao Programa Na-cional de Plataforma de Coleta de Dados, utilizando o Satélite Brasileiro de Coleta de Dados. Atualmen-te, é responsável pelo Setor de Coleta de Dados de Satélites Ambientais do Inpe. Realizou estágios de treinamento técnico na Agência Nacional de Ocea-nografia e no Centro Espacial da Nasa em Goddard, ambos nos Estados Unidos, no Centro Canadense de Sensoriamento Remoto e na Sociedade Europeia de Propulsão, na França.

O que é uma plataforma de coleta de dados?São aparelhos eletrônicos de alto nível de automação,

que podem ser interligados diretamente a um sistema de computadores ou a satélites de coleta de dados. Eles têm capacidade de armazenar e transmitir, dentro de altos níveis de confiabilidade, parâmetros ambientais, hidrológicos, meteorológicos e agrometeorológicos, captados por sensores específicos para esse fim. Após o processamento dos dados no Centro de Missão de Coleta de Dados do Inpe, em Cachoeira Paulista (SP), eles são distribuídos a mais de 80 usuários finais. Entre as diversas aplicações encontram-se o monitoramento do nível de água em rios e represas, como é o caso da

Eletronorte, e a geração de medidas in loco para modelos meteorológicos utilizados nas previsões de tempo e clima.

Qual o papel dos satélites na coleta de dados provenientes das estações telemétricas?O Sistema Brasileiro de Coleta de Dados via satélite-

SCD, operado pelo Inpe, é constituído pela constelação de satélites SCD1, SCD2 e CBERS2B, que representa o segmento espacial da missão, e pelas diversas redes de plataformas de coleta de dados espalhadas pelo território nacional, pelas estações terrenas de recepção de Cuiabá (MT) e de Alcântara (MA), e pelo Centro de Missão de Coleta de Dados, que representam o segmento solo da missão. No Sistema Brasileiro de Coleta de Dados os sa-télites funcionam como retransmissores das mensagens provenientes das plataformas ou estações telemétricas. Assim, a comunicação entre uma plataforma e as esta-ções terrenas de recepção é estabelecida por meio dos satélites. As plataformas são geralmente configuradas para transmitirem, a cada 200 segundos, cerca de 32 bytes de dados úteis.

Descreva a tecnologia usada para a coleta e decodificação dos dados transmitidos pelas plataformas.

Conheça o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados

Como exemplo de uma rede operacional, há alguns anos a rede de plataformas de coletas de dados hidrológicas da Eletronorte opera no Norte do País. Os dados ambientais contidos nas mensagens retransmitidas pelos satélites e re-cebidas pelas estações terrenas de Cuiabá ou de Alcântara são enviados para o Inpe processar, armazenar e disseminar aos usuários. O envio desses dados (informações decodifi-cadas) é feito pela internet, via página web ou comunicação FTP, estando disponíveis aos usuários em, no máximo, 30 minutos após a recepção.

Fale sobre os avanços tecnológicos implementados ao longo dos anos na área de coleta de dados.Entre os avanços podemos citar o aper-

feiçoamento das plataformas em termos de capacidade de software de processamento interno, o aumento da capacidade de arma-zenamento de dados na própria plataforma, e o uso de múltiplos meios de transmissão de dados, a exemplo da transmissão simul-tânea para a rede de telefonia celular. Hou-ve ainda a implantação de um sistema efi-ciente de acesso às informações coletadas e a disseminação de dados integrada a um software de controle de qualidade e de vali-dação das informações.

com o shaft-encoder, equipamento eletrônico que mede o nível d’água e converte a informa-ção em sinal digital enviado à plataforma. Para isso adota-se o sistema boia/contrapeso, dispo-sitivos responsáveis pelo monitoramento das subidas e descidas do nível do rio. Esse sistema fica em um poço tranquilizador, cuja função é absorver os movimentos bruscos da correnteza do rio para que a medida do nível seja efetuada com exatidão.

Com a integração de Rondônia ao Sistema Interligado Nacional – SIN, em outubro de

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Diversas tecnologias são usadas nas medições

Estações telemétricas – Antes de 1998, a Aneel monitorava a rede pluviométrica e fluvio-métrica nacional. Com a edição da Resolução nº 396, em 1998, regulamentou-se a instalação, manutenção e operação das estações de inte-resses das concessionárias e da própria Aneel. Isto quer dizer que a Eletronorte, assim como as demais concessionárias, passou a monitorar suas áreas de interesse. O objetivo foi enxugar a rede nacional, diminuir as estações e os custos, além de garantir que as empresas continuas-sem alimentando o banco de dados da Aneel.

A Eletronorte possui uma rede de plataformas de coleta de dados hidrológicas composta por 23 es-tações telemétricas (foto acima), ou seja, pela plataforma e pelo sensor localizado no poço tranqui-lizador. Das estações, sete estão no Estado do Pará, duas em To-cantins, cinco no Amapá, seis em Rondônia e três no Maranhão. A rede telemetrizada possibilita que as informações hidrológicas sejam transmitidas de forma automática, três vezes ao dia, conforme esta-

belece a Resolução nº 396. “Transporta-se o dado por meio de um sinal transmitido via rede ou satélite para o Inpe, que disponibiliza a infor-mação em rede, numa pasta da Eletronorte. O monitoramento é capaz de nos informar sobre o volume de água que entra na usina. Falar em

monitorar nível, é falar em monitorar vazão. Ao conhecer o volume de água que está passan-do naquela seção, naquele determinado ponto, é possível calcular a vazão”, afirma Geronimo (foto à esquerda). Diariamente, até às 11h, ge-ram-se os relatórios de dados hidrológicos para as áreas de interesse da Eletronorte.

Antes das estações telemétricas, a obtenção dos dados acontecia diariamente em lances de réguas, às 7h e 17h, por leituristas, ou seja, moradores que residiam nas proximidades das estações hidrológicas. As informações eram anotadas em cadernetas e enviadas à Aneel e às concessionárias somente a cada três meses. “As réguas ainda continuam existindo, mas hoje servem apenas de parâmetro para se con-figurar os dados na plataforma. Apesar de toda tecnologia, o acompanhamento e o monitora-mento feitos pelo homem são fundamentais, pois é um sistema eletromecânico que está sujeito às intempéries, vandalismo, umidade e interferência de animais”, diz Geronimo.

Perdidos na trilha – A história de vida de Celson Rocha da Silva, técnico em edificações, se confunde com a trajetória da Eletronorte, onde ingressou em 1978. Responsável pela implantação da Rede Hidrológica Telemétrica, que começou a funcionar em 2002, Celson acompanha as estações hidrológicas há mais de 30 anos. “A atuação da Eletronorte na bacia amazônica foi cercada por imensas dificulda-

des. Existem estações com histórico de mais de 40 anos de observações, num período em que o acesso aos locais era precário. Em alguns lu-gares, para se chegar até à estação, um mora-dor local vinha nos apanhar num barquinho de madeira, após ser avisado da nossa chegada com a soltura de quatro foguetes”, relembra.

O técnico continua a história: “Os locais de futuros aproveitamentos hidrelétricos, que de-mandavam interesse em estudos hidrológicos, eram definidos por meio de fotos aerofotogra-métricas. Para se chegar até determinada loca-lidade tínhamos que utilizar as trilhas, estradas e pontes improvisadas pelos madeireiros que exploravam a selva amazônica naquela época. Por essas trilhas, muitas vezes chegávamos bem próximo ao local de interesse e seguíamos a pé pela floresta até ao local de implantação da estação fluviométrica. Geralmente, em localida-

des de acesso muito difícil, não existiam observadores. Então, tínhamos que instalar o limnígrafo registrador dos níveis, com autonomia de seis meses de observação, quan-do voltaríamos ao local para substituir o formulário e a ali-mentação da autonomia do aparelho.

“Certa vez, saí de Porto Velho com destino à Cacho-eira do Jacinto e Cachoeira

Formosa, no Rio Formoso, para instalar duas estações fluviométricas. Instalada a estação de Jacinto, partimos para a Cachoeira Formosa, numa viagem de mais ou menos cinco horas selva adentro, seguindo trilhas e pontes impro-visadas por madeireiros. Veio a noite e nada de chegarmos ao local, rodamos no meio da flo-resta até mais ou menos uma hora da manhã quando a trilha acabou. Ali passamos a noite fazendo planos para o dia seguinte e ouvindo os esturros das onças que haviam percebido a nossa presença. No dia seguinte, logo cedo, chegamos ao local para execução dos servi-ços”, rememora Celson (acima).

As várias medições - Os estudos de inven-tário de uma bacia hidrográfica visam, em sín-tese, à identificação de locais com potencial para geração de energia elétrica. A Eletronorte participou e participa de diversos inventários, nos quais uma série de variáveis hidrológicas e meteorológicas são medidas em postos de observação. Com um conjunto de estações plu-viométricas, fluviométricas, sedimentométricas,

de qualidade d’água e mete orológicas, distri-buídas sobre uma determinada região, pode-se caracterizar uma bacia hidrográfica.

“A operação das redes hidrométricas de monitoramento está a cargo da Agência Nacio-nal de Águas – ANA, embora outras entidades operem redes de seu interesse específico. É o caso da Eletronorte em relação às suas usinas hidrelétricas. Quanto à forma de operar os pos-

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tos, temos estações manuais, automáticas e te-lemétricas, em que a medida do nível d’água e a transferência dessa informação a uma central é totalmente automatizada via telecomunica-ção”, frisa o engenheiro civil da área de Pro-jetos e Construção da Eletronorte, Álvaro Lima de Araújo.

As medições do transporte de sedimentos acontecem nas estações sedimentométricas, que coincidem com estações fluviométricas se-lecionadas. São realizadas por hidrometristas que, por meio de amostradores adequados, co-letam sedimentos posteriormente analisados em laboratórios. Também são feitas medições de qualidade de água, com equipamentos portáteis, que envolvem parâmetros como temperatura, pH, oxigênio dissolvido, condutibilidade elétrica e turbidez. “A maior alteração que presencia-mos foi o advento da eletrônica, que revolucio-nou a obtenção de dados hidrometeorológicos. As atividades de campo efetuadas por equipes de hidrometria que exercem atividades como

inspeção e manutenção das esta-ções, recolhimento de boletins dos postos convencionais dos observa-dores, execução das medições de descargas líquidas, amostragem de sedimentos, medições de variáveis de qualidade de água e coleta de dados das estações telemétricas”, destaca Álvaro (ao lado).

A Eletronorte vem administran-do diretamente a operação de postos hidroclimatológicos nas ba-cias dos rios Xingu e Tapajós, em convênio com a ANA, desde 2004,

operando mais de 100 estações entre fluviomé-tricas, pluviométricas e telemétricas. Há duas equipes de campo com dois técnicos em hi-drometria e dois ajudantes cada uma. Cerca de cem moradores também fazem as medições.

“É necessário termos o relatório de uma sé-rie de vazões. A Aneel exige isso e assim temos feito desde 1931 até hoje. Não existem estu-dos daquele período, mas com os índices de chuva, vazão e os postos situados em volta, conseguimos montar as médias mensais. A obtenção de dados é um dos elementos fun-damentais a serem aplicados em engenharia. Quanto maior a disponibilidade de dados, mais confiável será a análise. Os postos são bem afastados uns dos outros. As estradas muitas vezes estão em péssimas condições com altos níveis de atoleiros. Há locais em que se chega apenas de avião ou barco. As viagens de visi-ta aos postos nos rios às vezes duram até 15

Nas águas dos rios são medidas a temperatura, condutividade e acidez

dias. Os técnicos têm que levar mantimentos e dormir nos barcos. A dificuldade de acesso torna o processo mais caro que em outras re-giões”, detalha Álvaro.

Qualidade da água – Tanto nos estudos de inventários hidrelétricos de bacias hidrográfi-cos quanto nos de viabilidade de empreendi-mentos hidrelétricos deve-se conhecer a qua-lidade e as características da água dos rios ou da própria bacia onde se pretende construir os empreendimentos. São realizados estudos de limnologia (ramo da ecologia que estuda os ecossistemas aquáticos) e de qualidade da água para entender a dinâmica dos corpos hídricos das bacias, e avaliar os possíveis im-pactos que podem ocorrer na construção de hidrelétricas.

As águas da região amazônica podem ser di-vididas em três grandes grupos, segundo suas características físico-químicas e biológicas: rios de água branca são grandes rios amazônicos que nascem nos Andes e trazem uma grande carga de sedimentos devido ao processo erosi-vo, como o Solimões e o Madeira; rios de água clara referem-se àqueles que drenam terrenos

de rochas cristalinas muito antigas, a exemplo do Xingu, Tapajós e Tocantins; e os rios de água escura são os responsáveis pela drenagem de terrenos sedimentares e arenosos bem recen-tes como o Rio Negro e o Rio Branco. “A área de projetos e operação de uma usina tem como matéria-prima para o seu trabalho o nível d’água e a vazão. Já a área de meio ambiente estuda as características físico-químicas e biológicas, para saber como funciona o sistema aquático e qual é a maneira adequada de dar suporte à ictiofauna, isto é, ao conjunto das espécies de peixes que vivem naquela região biogeográ-fica”, esclarece o analista ambiental da Eletro-norte, Bruno Leonelo Paiola (abaixo).

Geralmente são feitas duas campanhas de qualidade da água - uma na cheia e outra na seca, durante a fase de inventá-rio de um empreendimen-to hidrelétrico. Os estudos de viabilidade devem ser feitos durante um ciclo hi-droclimatológico que dura em média dez meses. “O Ibama está exigindo mais

informações para que possa decidir sobre a via-bilidade de um empreendimento. É importante o monitoramento em tempo real, pois em certo momento a turbidez da água vai aumentar com a passagem de sedimentos. A tecnologia prevê se as ações demandadas pelo empreendimen-to estão interferindo no ecossistema, permitin-do o acompanhamento de cada momento da obra”, afirma Bruno.

Hoje, os dados de monitoramento de qua-lidade da água podem ser obtidos em tempo real, a exemplo do que está acontecendo no Rio Madeira. A tecnologia adotada é uma das exigências do Ibama para a construção da hi-drelétrica de Santo Antônio. Por meio das medi-ções é possível identificar eventuais alterações em relação à vida aquática e às comunidades ribeirinhas localizadas logo abaixo do barra-mento, podendo-se desenvolver ações preven-tivas. São utilizadas duas sondas que medem permanentemente a temperatura da água, sua turbidez, a condutividade elétrica, o oxigênio dissolvido, a acidez e o potencial de oxirredu-ção do rio. Os dados podem ser transmitidos por telefone celular, o que possibilita acesso re-moto e instantâneo às informações.

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Segundo estudiosos, a distribuição mundial dos terremo-tos mostra que o Brasil é uma região relativamente estável e nossa história confirma a inexistência de qualquer terremo-to catastrófico. Somos um dos países com o menor índice proporcional de sismicidade em toda a América Latina. O Japão, equivalente em área ao Estado do Maranhão, muitas vezes, em apenas um ano, sofre maior número de terremo-tos dos que os já catalogados em nosso País desde o início da colonização.

A melhor explicação para tal fato vem de uma teoria nas-cida nos anos 1960, conhecida como Tectônica de Placas. Segundo ela, toda a parte superficial da Terra, que sustenta os continentes e oceanos, está quebrada em partes meno-res (placas tectônicas) que se movimentam lentamente, em diferentes direções. Nos limites dessas placas existe maior grau de atrito e deformação das rochas e, portanto, zonas mais propensas a gerar sismos, em contraste com as áreas centrais, mais tranquilas e distantes dos locais potencial-mente perigosos.

“Nesse contexto, o Brasil teve a sorte de situar-se prati-camente no meio de uma enorme placa, enquanto o Japão localiza-se em uma surpreendente área que reúne o encontro de três diferentes placas tectônicas. Diante desses fatos poder-se-ia perguntar: se o Brasil está livre dos terremotos, para que despender tempo e recursos nesse tipo de estudo? Na verdade não existe nenhum local da Terra que esteja absolutamente imune à ocorrência de um sismo. Embora sejam muitos mais frequentes e poderosos nos limites das placas, também ocor-rem tremores nas porções centrais dos continentes, podendo inclusive atingir proporções de um superterremoto (magnitude superior a 8.0 – escala Richter)”, afirma o engenheiro civil da Eletronorte, Gilson Machado da Luz, responsável pelo monito-ramento da rede sismográfica da Empresa (abaixo).

Estações sismográficas - A Eletronorte possui estações sismográficas que monitoram as usinas hidrelétricas Tu-curuí (PA), Samuel (RO) e Balbina (AM). O processo de instalação das estações sismográficas iniciou-se na fase de construção das usinas, pois o objetivo era verificar se existia atividade sísmica antes do início do enchimento do reservatório. “As grandes empresas do Setor Elétrico bra-sileiro começaram a monitorar esse tipo de fenômeno nas suas principais usinas, principalmente após o sismo na barragem de Koyna, Índia, em 1967, com magnitude 6.3, que causou 200 mortes e severos danos na sua estrutu-ra. Daquela época até agora, o monitoramento sismológico vem sendo realizado de forma contínua. Com a chegada de recentes equipamentos adquiridos pela Eletronorte, iremos aumentar a quantidade de estações em nossas usinas, ini-ciar o monitoramento nas hidrelétricas Coaracy Nunes (AP) e Curuá-Una (PA), e também instalar estações em áreas de futuros aproveitamentos hidrelétricos”, diz Gilson.

O monitoramento sismológico tem por objetivo avaliar a atividade sísmica na área circunvizinha ao reservatório, bem como verificar as eventuais mudanças no nível da sismicidade devido à influência do lago, isto é, validar e analisar quando for o caso, a ocorrência de sismos induzi-dos. O procedimento prático para auscultar sismicamente uma barragem consiste em instalar, nas proximidades do reservatório, uma rede de estações sismográficas portá-teis, capazes de registrar todas as vibrações originais em sua área de influência. Basicamente, uma estação sis-mográfica é composta de um sismógrafo, aparelho que registra os movimentos do solo, e de um sismômetro, que ‘percebe’ os movimentos do solo. O sismômetro funciona com uma massa suspensa por molas (ou um pêndulo). Quando o solo oscila, a massa também balança, sendo então registrado o movimento entre a massa e o solo.

“Por serem os equipamentos extremamente sensíveis a qualquer tipo de movimento, as estações são instaladas em afloramentos rochosos e não devem estar próximas de locais onde haja vibrações como estradas, pedreiras e passagem de pessoas ou animais. Os aspectos opera-cionais dos serviços envolvem a coleta de dados sísmicos pelos nossos técnicos, remessa desses dados pelos servi-ços de rede da Empresa ou, no caso de fitas magnéticas, enviadas via Correios. Daqui são remetidos para o Obser-vatório Sismológico da Universidade de Brasília - UnB, sendo ali processados e interpretados”, explica Gilson.

Avanços tecnológicos - Em 2007, após um tremor de terra de significativa importância em Tucuruí, a Eletronorte iniciou a modernização e expansão de sua rede sismográfi-ca. Em agosto de 2009, desembarcaram no Brasil 22 con-juntos de equipamentos importados (sismógrafo, sismô-

metro ou acelerômetro, cabos e instrumentos auxiliares), com investimentos que chegaram a R$ 800 mil.

Até há pouco tempo, as informações sismológicas eram coletadas manualmente, gravadas em disquetes e encami-nhadas via malote para a estação de análise de dados loca-lizada em Brasília. Com a digitalização dos equipamentos sismológicos, a coleta das informações passou a ser auto-mática, com os dados coletados e transmitidos por meio de enlaces ópticos ou rádios.

“A estação é um equipamento que transmite, via digi-tal, informações sísmicas. Essas informações são transfe-ridas do equipamento, via fibra óptica, para uma estação

Eletronorte opera moderna rede sismográfica

de telecomunicações, e um enlace de rádio digital transfere para a estação da Eletronorte mais próxima, sendo inserida na rede de dados da Empresa. A UnB, por meio de uma rede vir-tual privada, acessa os da-dos on-line para análises. Todas essas informações são analisadas como se estivessem sendo lidas no próprio equipamento, ga-rantindo assim a confiabi-lidade e a disponibilidade dos dados coletados”, re-

lata o engenheiro eletricista e matemático, Rosemberg Loba-to Silva (ao lado).

Serão contempladas pelos projetos de interligação das es-tações sismológicas, as usinas Tucuruí, com três estações; Samuel, com uma estação; e Coaracy Nunes, também com uma estação. De acordo com Rosemberg, a utilização das fibras ópticas tem diversas van-tagens. Ele enumera algumas: custo mais baixo por quilôme-

tro de fibra versus taxa de transmissão, quando comparado a qualquer outro meio de telecomunicações (com os equipa-mentos disponíveis na Eletronorte é possível transmitir pela fibra óptica até 40 Gbps); imunidade a interferências eletro-magnéticas, ou seja, podem ser instaladas em ambientes hostis como linhas de transmissão e subestações; segurança da informação, pois é muito difícil efetuar derivações no sinal óptico sem que passe despercebido. “A economia estimada para a Eletronorte é de R$ 45 mil/mês, o que equivale ao alu-guel de um canal de 126 kbps de Tucuruí para Brasília, ou seja, o sistema próprio a ser instalado paga-se em pouco me-nos de um ano”, garante Rosemberg.

Para o engenheiro, todo processo de evolução traz satisfação e orgulho de executar e com este não será diferente. “Moderni-zar é o objetivo a seguir das telecomunicações no mundo e nós estamos seguindo nessa mesma direção. O futuro dessa tecno-logia é a implantação da rede convergente que já está em ope-ração nos sistemas do Amapá e Tocantins, garantindo qualidade de serviços às informações internas da Eletronorte”, afirma.

No diagrama e na foto abaixo, a estação sismológica

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Byron de Quevedo

A célebre frase de John Lennon, “o sonho acabou”, dita ao final da banda The Beatles, jamais poderia ser dita por qualquer um que visitasse os lagos das hidrelétricas brasileiras. Neles, a cada sol que se põe nasce um sonho. Os reservatórios hidrelétricos já constituídos foram alvos de críticas e tidos como os cau-sadores de futuras catástrofes. Hoje, após 20 ou até mais de 30 anos depois de formados, além de manterem funcionando as turbinas, também passaram a ser símbolo de prosperi-dade. Quando se discute fontes renováveis de energia, eles continuam surpreendendo com novas possibilidades.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS constatou que, entre dezembro de 2009 e janeiro de 2010, os reservatórios do Sul e do Sudeste estavam com 72,57% da capacidade, os maiores níveis verificados em dez anos. Em comparação com o mesmo período entre 2008/2009, os lagos estão com volume 30% superior, em decorrência das chuvas. Cada vez que isto acontece é como se o País recebesse um presente dos céus. Os técnicos do setor ensinam como tirar o melhor proveito de todas essas grandes caixas d’água, que funcionam eletricamente interligadas, através do Sistema Interligado Nacional – SIN, com energia acu-mulada para mais uma década.

Os usos múltiplos dos reservatórios e do seu entorno acontecem naturalmente, mas também de forma planejada. As populações vizinhas, independentemente de planejamento, os usam para a pesca, navegação, lazer, esportes e outras atividades. Já projetos de irrigação e aquicultura contam com o apoio de governos e entidades privadas. No Brasil se discute, desde a década de 1980, as diretrizes para a ordenação do uso desses mananciais. O empreendedor é apenas mais um participante à frente do processo, mas não é o dono das águas retidas e nem da sua área de influência. Para usar esses patrimô-nios, precisam fazer parcerias com prefeituras, órgãos estaduais e federais de meio ambiente, com representações da sociedade, governos federal e estadual. Qualquer ordenamento de recursos naturais é sempre complexo, envol-vendo diferentes interesses, gerando muitos benefícios, mas também conflitos que precisam ser gerenciados.

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o verdadeiro lago dos sonhos

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Pacuera - Os analistas de meio ambiente da Superintendência de Meio Ambiente da Eletronorte, Rubens Ghilardi, Bruno Paiola e Mirian Carvalho (na foto abaixo), também bióloga e especialista em ictiofauna, afirmam com unanimidade que as possibilidades dos reservatórios são tantas que a cada ano novas formas de exploração econômica surgem antes mesmo de as já consagradas serem exploradas na sua plenitude. Rubens diz que a Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica - Abrage, por exemplo, criou um grupo de trabalho para estudar o uso dos reservatórios e dos seus entornos, devido às exigências legais, como as do Conselho Nacional do Meio Ambien-te - Conama. Tem também a Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel que é quem aprova o Plano de Gestão Sócio Patrimonial do Reser-vatório e dos Entornos, feito pelas empresas.

Atualmente, a Eletronorte desenvolve um plano na Usina Hidrelétrica Samuel, para evitar a ocu-pação excessiva do entorno, o assoreamento e a poluição das águas. Segundo Rubens, as novas obras são mais fáceis de gerenciar, pois as medi-das já estão inclusas nos projetos de construção e de operação. Então, em paralelo, se faz o processo de ordenamento. Já os antigos projetos são mais difíceis de gerenciar, pois há várias situações já consolidadas. “Às vezes é preciso recuperar áreas, há conflitos com instituições e populações. Independentemente desse ordenamento existe a legislação ambiental que ampara, por exemplo, o uso sustentável da pesca. Mas pela deficiência dos órgãos de fiscalização e controle, explorações predatórias também surgem”.

Nos reservatórios antigos há o zoneamento de áreas. Para os novos há o Plano Ambiental de Conservação e Uso dos Reservatórios Artificiais – Pacuera, que é solicitado na fase do licencia-mento prévio para as obras. Este documento, exi-gido por resolução do Conama, a partir de 2002, chegou a ser elaborado por algumas empresas, mas não funciona na prática, pois os órgãos têm

que transformá-lo num projeto de lei. Porém, no estudo de impacto ambiental tem-se um diagnós-tico das potencialidades e fragilidades das áreas marginais aos reservatórios. A diferença entre o Pacuera e o EIA-Rima é que enquanto este últi-mo enfoca as fases de viabilidade, construção e operação dos reservatórios, além dos impactos causados em cada uma delas; o Pacuera discipli-na a gestão dos lagos na fase de operação, com mais detalhes do que o EIA-Rima”

Existe ainda a legislação específica, como o Código Florestal, que exige a manutenção das áreas de preservação permanente no entorno dos reservatórios, as APPs. Essa legislação se sobrepõe. O Setor Elétrico tenta criar um documento único atendendo a todas as exi-gências. A Eletronorte leva em frente o Plano de Gestão de Uso e Ocupação do Entorno dos Reservatórios, que deve abranger o Pacuera e os demais.

Mitos – Rubens recorda que durante o

enchimento do reservatório da Usina Hidrelé-trica Tucuruí surgiram denúncias exageradas. “Houve os impactos sobre os peixes, o que já era esperado, mas com o tempo veio a recu-peração das espécies. Cada bacia tem suas próprias características e dimensões, e cada uma se estabilizará de acordo com determina-das condições, mas nunca chegaram ao ponto de tornar impossível o consumo de suas águas ou impedir a vida aquática. Em alguns casos a qualidade das águas, da navegação e da pesca até melhoram, pois passam a ser estudadas e monitoradas, o que não acontecia antes do represamento do rio. O lago tem também uma vertente cultural, pois ajuda na integração das comunidades no entorno”.

Outro caso interessante foi a exploração da madeira submersa. Na década de 1990 tentou-se explorar a madeira comercialmente, por meio de empresas privadas. Alguns lotes do lago chegaram a ser explorados economicamente, mas pescadores procuraram a Eletronorte, o órgão ambiental estadual e o Ibama, esclare-cendo que nas águas onde havia os paliteiros de madeira eles conseguiam pescar melhor com vara do que naquelas onde ocorrera a exploração de madeira submersa, pois as galhadas protegiam as espécies, inclusive impedindo a pesca predatória. A Eletronorte recebeu da Secretaria do Meio Ambiente do Pará uma notificação para que parasse com a exploração da madeira submersa, sob pena de comprometer a atividade pesqueira de quase três mil pescadores locais.

Proliferação de peixes - Mirian lembra que o Pacuera verifica os impactos, diagnósticos, programas, potencialidades e fragilidades. Tudo é reunido num único documento de gestão, que mostra, por exemplo, os locais ideais para a implantação de tanques-rede, exploração turística, pesca comercial e amadora, áreas de lazer e esporte e demais atividades. “Estamos desenvolvendo o programa de tanques-rede em Tucuruí, mas lá já existe a pesca comercial e a amadora, com a realização de torneios de pesca, onde o peixe é solto depois de pescado. Temos na região potencialidades para o turismo, a navegação de montante a jusante, e vice e versa, será viável com a conclusão das obras das eclusas. Nenhum desses usos danifica o meio ambiente”, afirma.

Houve no passado a proliferação de mos-quitos, que terminou com a redução das ma-crófitas (plantas aquáticas). Já a proliferação de tucunarés, da pescada e de outras espécies de peixes ditos ‘de carne’, foi benéfica. Há ainda pequenos organismos animais e vegetais que vivem nos troncos das árvores submersas servindo de alimento para alevinos e camarões, que depois se tornam alimento para predadores maiores. Segundo Mirian, “o futuro da pesca no reservatório de Tucuruí dependerá da legislação disciplinadora e da conscientização ambiental dos pescadores, respeitando o defeso (a sus-

pensão da pesca para a desova). Se houver controle dos desembarques pesqueiros, sempre haverá peixes”.

Energia eólica - Bruno descreve um cenário propício para a exploração das correntes dos ventos para fins energéticos, por exemplo às mar-gens do lago de Tucuruí: “Registramos o aumento de ventos, evidenciado pela intensa formação de ondas. É um grande espelho d’água que sempre terá movimentação de ventos sobrepondo-se ao padrão regional, em decorrência das mudanças de temperatura. Entre as 8h e 12h há, inclusive, a formação do ban-zeiro (grandes ondas). As árvores altas das margens criam corredores de ventos com mais de dez quilô-metros. Esse fato, aliado às trocas de calor entre a lâmina d’água e a atmosfera acelera ainda mais os ventos. É um cenário que deve ser considerado”.

Algumas empresas de eletrici-dade já estudam a possibilidade de aproveitarem a abundância dos ventos nos lagos. O coordenador de Estruturação de Negócios e Gestão de Par-ticipações da Eletronorte, Wilson Fernandes de Paula (foto ao lado), observa ser possível usar os reservatórios para a instalação de matrizes

Peixe: uma das maiores riquezas do lago de Tucuruí

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eólicas, pois neles há caminhos naturais de ventos em certos meses. “Toda energia eólica é sazonal. Temos maior quantidade de ventos exatamente no período em que os reservatórios estão baixos. Gráficos eólicos do Cepel mostram essa coincidência - pouca água, muito vento e vice e versa. Essa descoberta vem ao encontro da determinação do Governo Federal em expan-dir a geração eólica no País. Em 2009 já foram leiloados 1.800 MW”, afirma. Hoje, a Eletronorte participa do consórcio Brasil dos Ventos, que arrematou quatro parques no Rio Grande do Norte para gerar 160 MW.

Regulamentação – Os usos múltiplos dos re-servatórios abarcam outras áreas institucionais, como a dos recursos minerais. Se uma empresa pretende extrair areia do reservatório, deve obter a autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM, por ser uma atividade comercial. Também tem sido grande o interesse para a exploração da agricultura de várzea (arroz, principalmente), nos trechos à mostra nos períodos de baixa do reservatório. Em qualquer extração mineral ou exploração agrícola nessas áreas, o Ibama também tem que ser ouvido.

Luiz Carlos Ferreira (ao lado), especialista em regulação da Su-perintendência de Gestão e Estudos Hidroenergéticos da Aneel, adverte que um empreendimento para ser levado a leilão precisa de três diplomas legais emitidos simulta-neamente: a aprovação da Aneel, o licenciamento do órgão ambiental e a Declaração de Reserva de Dis-ponibilidade Hídrica, pela Agência Nacional de Águas - ANA. Depois de aprovados os estudos de viabilidade, os empreendimentos vão a leilão e,

uma vez licitados, se tornam objetos de contrato de concessão. Nessa segunda etapa trata-se da institucionalização dos usos do reservatório, formalizados na Declaração de Utilidade Pública. Todos os processos de desapropriação destinados à liberação da área de canteiro e da obra serão formalizados nessa declaração pública.

“No Setor Elétrico temos um modelo técnico e institucional que foi sendo amadurecido. No início dos anos 1980 começou a implantação dos grandes reservatórios. A legislação se desenvol-veu junto com essas obras, especificamente as hidrelétricas da Amazônia. A regulamentação dos usos dos recursos hídricos também tomou corpo nessa época, com a lei que implementou

a política nacional de meio ambiente, com a Resolução Conama 001, que instituiu o rito do licenciamento. Na Eletrobrás tivemos o primeiro Plano Diretor do Meio Ambiente - PDMA, em 1987, que institucionalizou os procedimentos ambientais considerados já de forma mais in-tegrada nos estudos de inventário e viabilidade. Isso, naturalmente, evoluiu depois com o Conse-lho de Meio Ambiente do Setor Elétrico - Comase. Foi desses primeiros instrumentos da legislação ambiental que surgiu a ideia dos usos múltiplos dos reservatórios”, observa Luiz Carlos.

O guardião das águas - Na mesma época em que se criou o PDMA, instituiu-se também o Manual de Inventário da Eletrobrás e, de acordo com o modelo atual do Setor Elétrico, teve a versão atualizada e editada em dezembro de 2007, determinando que esses aspectos sejam considerados e mantenham a máxima: “onde já existe navegação ela deverá continuar a existir”. Neste sentido ganha importância a exigência da ANA da inserção de eclusas nos projetos hidrelétricos, exceto para casos muito especí-ficos. A ANA, ao receber os estudos, estipula qual a quantidade de água que o empreende-dor contará para gerar energia, considerando os outros usos: irrigação, abastecimento de rebanhos e humano, quantidade e qualidade. A Agência também faz a ponderação entre os interesses econômicos e demais usos consun-tivos (irrigação, abastecimento urbano etc.), e os não consuntivos (turismo e lazer, exploração de paisagens cênicas e belezas naturais, uso de cachoeiras para esportes radicais etc.).

O superintendente de Outorga e Fiscalização da ANA, Francisco Viana (abaixo), define como sendo irmãs a política de água e a política de meio ambiente. Segundo ele, “a política do meio ambiente é vinculante, ou seja, as autorizações para se usar o bem da natureza ou nela intervir são vinculadas a uma aprovação prévia. Primeiro

se autoriza a instalação, depois a implantação e a seguir a operação. E ela está vinculada ao atendimento de regras estabelecidas. Isto se dá sobre todo o ecossistema. Já a política de água é mais restritiva e focada. Não está vinculada a uma aprovação prévia e é discricionária, ou seja, autoriza a utilização de águas vinculada ao que foi pedido, mas o solicitante poderá não receber a totalidade do que foi solicitado. A Lei de Recursos Hídricos pode alterar va-lores e autorizações ao longo da vigência de uma autorização, dada normalmente por até 35 anos, se houver alterações significantes na bacia. E respeitado os marcos legais das disci-plinas, vinculamos os seus usos às demandas prioritárias: abastecimento de água, irrigação, geração de energia e transporte, que são bá-sicos para se reduzir outros usos”.

Comitê de bacias - Os novos empreendimen-tos, tanto na área de política ambiental como em matéria de recursos hídricos, passam por situa-ções que não são conflitantes, mas complemen-tares. As hidrelétricas Estreito e Serra da Mesa, no Rio Tocantins, por exemplo, já têm garantido os usos múltiplos dos seus reservatórios, por determinação imposta pela política de águas, como calado mínimo para as embarcações, rotina de vazão e os níveis dos reservatórios con-dizentes. “Destacamos na política de águas, os comitês de bacias, que são um parlamento. Há neles representantes do governo, da sociedade civil, das associações de bairros, de produtores,

sindicatos, usuários das bacias, empresas do Setor Elétrico, de pesca, saneamento, lazer, etc. Esse parlamento dispõe de poder normativo e avançado na questão dos recursos hídricos, mas não tem condições de integrar as políticas setoriais. Ele tem como melhorar a governança da legislação. O caminho que vejo pela frente são esses comitês e a interação promovida por eles”, comenta Francisco Viana. .

Itaparica, sonho que virou realidade - A Usi-na Hidrelétrica Itaparica, no Rio São Francisco, foi construída pela Chesf a partir do início da década de 1980. A obra sofreu fortes movi-mentações da sociedade local, por causa das inundações das áreas rurais e urbanas. Houve dificuldades na regularização fundiária, com muitos posseiros, meeiros e proprietários de terras. Os proprietários, ou quem tinha docu-mentação das terras receberam indenizações. Outros tiveram suas benfeitorias indenizadas, mas não foi o suficiente. Houve então mobi-lizações sociais culminando com a fundação do Pólo Sindical do Submédio São Francisco, que reuniu representantes dos sindicatos dos trabalhadores rurais dos municípios atingidos pelo enchimento do lago da Usina. Mas nem todas as propriedades puderam ficar na borda do lago. Alguns reivindicantes foram levados para agrovilas com lotes de 1,5 a 6,0 hectares, com irrigação, mas proporcionais ao tamanho das famílias. Segundo o assessor e chefe interino do empreendimento de Itaparica, Francisco Lyra,

Em Itaparica irrigação garante produção diversificada

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A bióloga e coordenadora-geral de Infraestrutura de Energia Elétrica do Ibama, Moara Menta Giasson (foto), esclarece alguns pontos que ajuda a compre-ender melhor o processo de licenciamento ambiental. Moara coordena as equipes que fazem as análises de impacto ambiental em usinas hidrelétricas, reserva-tórios e linhas de transmissão.

O Ibama é moroso no licenciamento ambiental?As licenças no Ibama levam o tempo necessário. É

evidente que ganharíamos tempo se tivéssemos mais técnicos, melhor estrutura e um sistema de licenciamen-to e de protocolo mais informatizados. O licenciamento é um processo lento envolvendo estudos complexos. O Brasil é imenso e com biodiversidade desconhecida. Às vezes são propostas hidrelétricas em regiões sensíveis. Delas pouco se sabe sobre seus peixes, matas circun-vizinhas e como seria o impacto nesses ecossistemas. Os lapsos de conhecimento acabam refletindo nos pro-cessos e a produção de conhecimento científico passa a ser feita no âmbito do licenciamento, o que retarda as fases anteriores à licença prévia. A rotatividade dos analistas também é problema, pois a média de perma-nência deles na Coordenação de Hidroelétricas, é de três anos. Normalmente, depois desse tempo, eles vão em busca de melhores salários e carreiras bem estrutu-radas. Trabalhamos com o licenciamento de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), com enorme potencial a ser explorado, e de grandes hidrelétricas – hoje são 130 projetos - com apenas 30 analistas, apoiados pelos núcleos regionais de licenciamento, com cerca de quatro analistas por estado. Cada processo tem a sua história, mas não havendo contratempo e má for-mulação ou equívocos nos documentos, um processo de licenciamento leva 180 dias úteis para a fase inicial da licença prévia, mais 75 dias para a fase de licença de instalação, e a licença de operação dependerá de quanto tempo o empreendedor levará para construir a usina e o seu reservatório.

Quando o Ibama entra no processo?As licitações hoje são feitas com a licença prévia

emitida pelo Ibama para os empreendimentos de sua competência. No Setor Elétrico, quando os empreende-dores iniciam os estudos de viabilidade, eles aproveitam para fazer junto os estudos de impacto ambiental. Antes da licitação, a empresa faz o seu registro na Aneel e nos solicita o termo de referência, que baseará os estudos de impacto ambiental. Feito isso, orientamos sobre os

hoje a Chesf tem um programa de agricultura no entorno do lago e outro para outras áreas, mas ambos estão além dos cem metros, ou seja, fora da APP do entorno do lago.

“O lago beneficia 15 municípios nos estados da Bahia e Pernambuco. A vocação do entorno do lago é a agricultura familiar. Itaparica se tornou produtiva. Tem grande potencial turístico a ser desenvolvido pelos municípios limítrofes com o lago e pelo Rio São Francisco. O Sistema Itaparica atingiu áreas urbanas, agricultores e ribeirinhos isolados. Com o enchimento do lago eles perde-ram áreas que seus antepassados já ocupavam. Eram pequenas propriedades, de capoeira, com cultura de aluvião (por gravidade) ou de subsis-tência, e pequenos criadores de animais. Foi dado a eles sistemas irrigados, com água captada do rio ou do lago”, lembra Francisco Lyra

Germana Zaicaner, arquiteta e uma das consultoras do projeto, esclarece que a ideia era que quem fosse agricultor continuasse como agricultor. Foram criadas microcidades rurais, com núcleos organizados de serviços e infraestrutura básica: água potável, energia, saúde, segurança e escolas. “Não se pode negar a melhora na situação de vida para essas populações, aumentando o Índice de Desenvol-vimento Humano na região. A qualidade do solo às margens do lago era ruim. Então, localizamos áreas no entorno, a montante, num total de mil hectares de terras boas. Mesmo porque as áreas agricultáveis ao longo do lago não eram suficientes para assentar as seis mil famílias. Ainda não há um sistema de tratamento para os agrotóxicos das plantações, mas eles não escorrem para a barragem. Há na região um programa educacional esclarecendo sobre o uso de agrotóxicos e, em decorrência, os agricultores já optam pela agricultura orgânica”.

Em Itaparica a agropecuária também vem crescendo com o aumento dos rebanhos bo-vino, caprino e ovino. Mas o maior bem que o lago oferece é a própria água. Fato que se pode constatar ao visitar áreas do sertão e do agreste. Onde não há água, encontram-se famílias sem o que comer. “Não temos no Projeto Itaparica uma casa que não disponha de queijos e doces a oferecer a um visitante. O índice de mortalidade infantil de outros municípios fora do perímetro irrigado da Chesf, é alarmante. Hoje os inseridos pelo Projeto Itaparica se sentem fazendo parte de uma mesma ação, independentemente dos valores que receberam. Mesmo morando em municípios ou em estados diferentes, todos têm um vínculo importante: a hidrelétrica e seu reservatório”, finaliza Germana Zaicaner.

Ibama: o processo de licenciamento

dados que queremos e as empresas contratam consultorias e vão a campo para a execução dos trabalhos de avaliação de impacto ambiental. E é exatamente nesse ponto que surgem as primeiras dificuldades, pois em muitos casos não existem dados anteriores sobre os ambientes a interferir. As empresas do Sistema Eletrobrás costumam contratar uni-versidades locais para pesquisas de solo, peixes, qualidade das águas, matas, novas espécies de animais e plantas que depois viram publicações científicas. Elas geralmente contratam especialistas nessas áreas e o Ibama se sente confortável para também fazer as análises posteriores.

Qual a interação do Ibama com as comunidades?Durante as nossas vistorias técnicas conversamos com

as populações. Depois, temos novos contatos nas audi-ências públicas. Verificamos quais são suas exigências e preocupações, se o programa de comunicação social das empresas está funcionando no trabalho de conscientização das comunidades, quais as expectativas dos governantes locais sobre os projetos e as questões controversas. E verificamos ainda quais as informações que a população pode dar sobre, por exemplo, cavernas, edificações histó-ricas, locais culturalmente importantes, e ajudar o Ibama a ter a visão clara da região. Nos grandes projetos, como as usinas Belo Monte, Santo Antônio e Jirau, Marabá e outras, fazemos reuniões públicas de coleta de suges-tões para os termos de referência. Depois dos estudos ambientais prontos ainda fazemos as audiências públicas para o processo de licenciamento da fase prévia. O Ibama colhe informações com outros parceiros também, como a Fundação Palmares, a Funai; o Iphan, e a ANA, que dispõem de dados relevantes sobre a qualidade da água dos reservatórios e seus usos múltiplos e fontes poluentes. Com a Aneel, buscamos informações sobre as mudanças nos projetos com implicações ambientais.

Em relação aos usos múltiplos dos reservatórios, como age o Ibama para licenciar os novos empreendimentos, e os antigos já em funcionamento?Os empreendimentos antigos, feitos antes da legislação

ambiental, têm que obter a licença de operação, mesmo já estando operando há trinta anos. Para essa regularização o Ibama exige um estudo ambiental, mas mais simplificado que o EIA – Rima, que trará dados sobre a qualidade da água dos reservatórios, tipos de usos dessas águas, potencialidades, cardumes, doenças de veiculação hídrica por proliferação de macrófitas, e outros. Pois o uso descontrolado dos reservatórios pode trazer prejuízos para a geração de energia e para a saúde das populações do entorno dos lagos. Tanto para antigos como para novos empreendimentos, o nosso objetivo é o de gestão ambiental, de preservação do meio ambiente e de contribuir para o desenvolvimento sustentável. Nessa perspectiva tenta-mos ser imparciais. Os nossos analistas são livres para fazer os seus pareceres sem pressão de qualquer espécie. Mas mesmo assim, sofremos críticas de todos os lados: as ONGs e os ambientalistas nos acusam de ser permissivos e o governo e o setor privado dizem que somos muito exigentes. Ou seja, um lado acha que as licenças saem muito rápido, e o outro lado diz que a licença demora muito para sair. Procuramos seguir o meio termo, compreendendo que há de se ter os cuidados ambientais.

Qual a melhor saída?Existem diversas linhas de trabalho, mas creio que a

saída seria o governo trabalhar com a avaliação ambiental estratégica. Ou seja, fazer um planejamento estratégico, com a ampliação da geração de energia hidrelétrica, avaliações ambientais por bacias hidrográficas, participação intensa do Ministério do Meio Ambiente, que deve estar presente já na fase da concepção dos projetos. Não se deve deixar os projetos no Ibama sem que todas as questões envolvidas estejam devidamente solucionadas. Se isso não acontece, o próprio Ibama buscará os institutos como o Chico Mendes, por exemplo, que trata das unidades de conservação, ou a Funai, que trata das questões indígenas. Isto dá a impressão que os problemas estão todos no licenciamento ambiental. A avaliação ambiental estratégica deve incluir os estudos de cenários e já resolver essas questões na sua origem. Hoje, numa tentativa de se fazer o planejamento de bacias, a Aneel inseriu no Manual de Inventário da Eletrobrás, a Avaliação Ambiental Integrada de Bacias Hidrográficas, fazendo a avaliação de todas as bacias do rio e verificando causas e consequências ambientais. Mas esse tipo de avaliação tem sido criticada porque é conduzida e elaborada somente pelo Setor Elétrico. De acordo com essa concepção, todos os outros usos, navegação, conservação da bacia com trechos de rios livres para vários fins, abastecimento de água, ficariam num segundo plano, em relação ao uso preponderante para a geração de energia. O planejamento deveria ser para a bacia como um todo e não só do Setor Elétrico.

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No dia 10 de abril de 1992, um dos disjuntores da Subestação Marabá (PA) precisou de manu-tenção. O técnico em manutenção de linha de transmissão, Benedito Lakiss (abaixo à esquer-da), na época com 34 anos, foi tentar solucionar o problema e acabou sofrendo queimaduras em todo o lado direito do corpo, causadas pelo arco elétrico. “Estávamos fazendo a manutenção no disjuntor, eu de um lado e um colega de trabalho do outro. Eu estava apertando os parafusos quan-do, de repente, o cabo de aterramento soltou e desceu. Percebi na hora o que iria acontecer, ou seja, o arco abriria. Tentei virar o máximo para a esquerda, mas não foi o suficiente.”

A primeira etapa de recuperação durou qua-tro meses de internação no hospital. “Recebi

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Segurança do trabalho: a importância da prevenção na redução de acidentes

os primeiros socorros no hospital de Marabá. Depois, a Eletronorte fretou uma aeronave que me levou para o Hospital Guadalupe, em Belém, onde fiquei quatro meses, e me submeti a uma cirurgia reparadora. Depois fui para Brasília e durante 27 dias fiz fisioterapia no Hospital Sarah Kubitschek. Por fim, retornei a Belém e passei a fazer os exercícios de recuperação em casa. Demorou um ano para eu me recuperar totalmente e nesse tempo mantive-me afastado da Empresa.”

Lakiss, que foi mais uma vítima de acidente de trabalho, atualmente está com 52 anos. É empregado da Eletronorte e já trabalhou em Tucuruí por dez anos. Em 1991 foi transferido para Belém, onde pretende se aposentar. Ca-sado, é pai de três filhos, dois homens e uma mulher, todos já formados. Um casal de netos completa sua felicidade.

Por volta de 1999, outra história semelhante aconteceu. Dessa vez no Estado do Tocantins. O especialista em manutenção elétrica, Bar-tolomeu Cordeiro (abaixo), 41 anos, casado e

com um casal de filhos, sofreu um acidente na troca de disjuntores. “Eu tinha ido verificar um painel que estava com pendência de obra, era necessário trocar um disjuntor em meio a um emaranhado de fios. Nessa troca eu estava trabalhando sozinho. Porém, um engenheiro foi me ajudar, segurando o instrumento até eu me-dir a tensão no disjuntor para ver se a corrente estava dando continuidade ou se era defeito de fábrica. Nesse meio tempo alguém chamou o engenheiro e, inadvertidamente, ele virou e bateu na minha mão, que segurava o aparelho de medição. O aparelho entrou nos barramentos e fechou um curto circuito.”

O painel pegou fogo e explodiu em cima dos dois trabalhadores, que sofreram queimaduras. Imediatamente, a equipe de segurança do traba-lho da Eletronorte prestou os primeiros socorros, encaminhando-os para o hospital da cidade de Miracema, onde receberam todo o tratamento possível. “Graças a Deus não foi grave ao ponto de me deixar sequelas físicas e psicológicas que me impedissem de trabalhar. Atualmente conti-nuo trabalhando na mesma área e até ajudei a recuperar o painel,” afirma Bartolomeu, outra vítima de acidente de trabalho.

Previdência Social - Fatos como esses acon-tecem diariamente no Brasil, em grau maior ou menor. É comum abrirmos o jornal do dia e ver noticiado mais um acidente de trabalho por falha humana ou por falta de aplicação das normas de segurança. De acordo com dados do Anuário Estatístico da Previdência Social, o número de acidentes de trabalho registrado em 2008 no Brasil foi de 764.933 contra 681.972 em 2007. Ou seja, mais de 82 mil novos casos de aciden-tes de trabalho em todo o País. Se a análise for feita a partir de dados estatísticos mundiais, a Organização Internacional do Trabalho – OIT, no início de 2009, registrou mais dois milhões de vítimas que morreram de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho.

Outro ponto interessante a ser observado é o nível de acidentes ocorridos por setores eco-nômicos e sociais que varia consideravelmente. De acordo com o diretor do Departamento de Política Saúde e Segurança Ocupacional do Ministério da Previdência Social, Remígio Todeschini, há setores que aparecem nas primeiras posições do ranking de acidentes. Por exemplo: a área de comércio e reparação de veículos, apenas no ano de 2008, obteve em torno de 99.571 acidentes, que equivalem a 13.32% do índice total registrado no Brasil. Em segundo lugar ficou a área de alimentação

e bebida com 69.660 registros, que equivalem a 9,32% do total nacional. “Atualmente o Go-verno Federal, por meio da Comissão Tripartite de Saúde e Segurança no Trabalho, vem redo-brando a atenção também entre dois setores econômicos, a construção civil e transporte rodoviário de carga. Os dois juntos representam hoje 28% da mortalidade e invalidez no País”, afirma Todeschini (foto abaixo).

Ao ser perguntado sobre os perigos e propor-ções de acidentes no Setor Elétrico, Todeschini explica que “a proporção de trabalhadores nesse setor não é grande, comparado a outros setores econômicos. O Ministério da Previdên-cia Social avalia os setores com maior número de empregabilidade, nem por isso a avaliação do Setor Elé-trico é diferente. Obviamente ele tem seus riscos elevados, devido principalmente à mor-talidade e invalidez. O maior problema das empresas desse setor é exatamente o choque elétrico.”

Sendo esse o maior pro-blema das empresas da área de eletricidade, quais são os acidentes ocorridos com maior frequência nos outros setores? Segundo a Classifica-ção Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID, em relação ao total de registros, perto de 10,8 % dos acidentes estão relacionados a ferimentos nos punhos e nas mãos, ou seja, quase 80.949 casos. Ainda com base no CID, em 2008 a média de trabalhadores que não retornaram ao trabalho devido à invalidez ou morte chegou a 41 pessoas por dia.

Hoje o custo para a Previdência é substancial. Quase R$ 56.8 bilhões ao ano são gastos com os benefícios acidentários e com as aposentado-rias especiais, insalubres, penosas e perigosas. Segundo Todeschini “a Previdência gasta, com os benefícios e com todos os custos de troca de funcionário por conta de acidente, assis-tência médica, treinamento, um valor elevado que precisa ser reduzido. É um prejuízo para a sociedade como um todo, representando 1,8% do PIB nacional”.

Funcoge - A energia elétrica está presente na vida de trabalhadores de todo o mundo, sobretudo daqueles do Setor Elétrico. Para man-ter o funcionamento do sistema, as empresas

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precisam ter o planejamento de manutenção bem detalhado, com inspeções contínuas em subestações e linhas de transmissão, além de investirem em programas de segurança do tra-balho. No Setor Elétrico, investir em prevenção gera resultados, conforme pesquisa realizada pela Fundação Comitê de Gestão Empresarial -Funcoge, considerando-se, ainda, os desafios de segurança do trabalho, que variam de uma região a outra.

Dados do Relatório de Estatísticas de Aci-dentes no Setor Elétrico Brasileiro, elaborado pela Funcoge, em parceria com a Eletrobrás, referentes a 2008, mostram, por exemplo, que a taxa de frequência de acidentados com

Em entrevista à revista Corrente Contínua, o tenente Ivonaldo Almeida Guimarães (foto), do Quartel do Coman-do Geral de Brasília, comenta os esforços que o Corpo de Bombeiros realiza para atender da melhor forma todos os pedidos de socorro feitos por empresas e pela população.

O Corpo de Bombeiros é requisitado para atender acidentes de trabalho. Quais são os acidentes que acontecem com maior frequência?O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal é acio-

nado para atender a emergências de acidentes de trabalho. Estamos de plantão 24h por dia e atendemos casos como quedas, acidentados em operações de equipamentos in-dustriais, choques elétricos, esmagamentos, ferimentos com hemorragia e fraturas.

São registrados grandes números de acidentes em empresas do Setor Elétrico presentes na cidade?Já atendemos inúmeras ocorrências de acidentes envolven-

do choque elétrico, algumas com vítimas fatais, como o caso de um funcionário de uma empresa prestadora de serviços que estava fazendo manutenção na rede de alta tensão. No entanto, não temos um número específico de ocorrência en-volvendo somente vítimas de acidente do trabalho.

Então os acidentes elétricos residenciais ocorrem com maior frequência? Como é feito o atendimento a essas vítimas?Acidentes provocados por choque elétrico são mais

comuns nas residências. Em 2008 tivemos um total de 88 ocorrências com vítimas de choque elétrico. Em 2009 foram 105 ocorrências dessa natureza. O atendimento às vítimas de choque elétrico é feito por meio do monitoramento dos sinais vitais do paciente e nos casos mais graves em que se apresenta a parada cardiorrespiratória, é feita a reanimação com massagem cardíaca e auxílio do desfibrilador (aparelho que emite descarga elétrica). Também faz parte do atendi-

A ação do Corpo de Bombeiros na segurança do trabalhomento o tratamento de queimaduras ocasionadas pela descarga elétrica.

Em relação à Cipa, como o Corpo de Bombeiros vê o trabalho desenvolvido por essa Comissão?O Corpo de Bombeiros Militar do DF desenvolve trabalho

intensivo na área de prevenção de acidentes, investindo em campanhas educativas com a divulgação de vídeos institucionais e a distribuição de cartazes e folhetos, tendo sempre em vista o objetivo maior que é a redução do nú-mero de acidentes. As Cipas são vistas pelo CBMDF como aliadas no trabalho de prevenção. As atividades das Cipas são de extrema importância dentro do ambiente de trabalho, pois visam à minimização dos acidentes, entre as quais destaco a orientação do uso correto dos EPIs, adequados para cada tipo e função, e o treinamento dos empregados para situações de emergência, como evacuação ordenada das edificações, em casos de incêndios, e até o combate ao principio de incêndio, diminuindo a possibilidade de perda de vidas.

Vocês oferecem treinamentos ou algum tipo de auxílio às Cipas?O Corpo de Bombeiros por diversas vezes realizou planos

de emergências, simulados em conjunto com as Cipas. Nós não oferecemos cursos específicos, mas prestamos todo o apoio necessário quando solicitado, principalmente na Semana Interna de Prevenção do Acidente do Trabalho – Sipat.

Considerando que os serviços das Cipas tenham que melhorar em algum ponto, qual seria essa mudança?Em se tratando de prevenção de acidentes temos que

estar sempre atentos. A vigilância incansável é primordial, o acidente acontece onde a prevenção falha. Para isso é necessária a busca constante de novos conhecimentos e tecnologias voltados para a área de prevenção. A moderni-zação dos sistemas de segurança contra incêndio e pânico,

a renovação dos equipamentos de proteção individual e a intensificação nos treinamentos em segurança do trabalho resguardam a qualidade de vida do trabalhador e eleva a qualificação das empresas. Cabe à empresa, por meio da Cipa, adotar uma rigorosa política de segu-rança do trabalho, proporcionando uma boa sensação de segurança no ambiente de trabalho. A saúde dos empregados é a saúde de uma empresa.

Para os bombeiros, quais os pontos a serem destacados no atendimento dessas comissões? Em muitos casos elas conseguem remediar algum acidente até a chegada do Corpo de Bombeiros?Devido aos inúmeros tipos e disposição interna das

edificações, principalmente as comercias e industriais, torna-se difícil para nós, bombeiros, conhecer todas as características de cada edificação, por isso é essencial o trabalho das Cipas. Devido ao treinamento simulado, as ações de emergência são mais rápidas. Quando da chegada do socorro dos bombeiros ao local, as orien-tações sobre a ocorrência serão mais precisas e nos ajudarão no atendimento.

afastamento, reduziu para 4,18%; alcançando o menor valor em uma década inteira, aproxi-mando da menor taxa de frequência registrada na série histórica do setor, em 1999 (3,45%). As taxas de frequência e gravidade apresentaram os menores valores desde 2004, mas continuam elevados quando se compara as mesmas taxas de empregados próprios com as de prestadores de serviço.

A Funcoge mantém parcerias com 63 em-presas públicas e privadas do setor de energia elétrica, responsáveis por mais de 90% da eletricidade gerada, transmitida e distribuída no País. Por ser uma instituição de caráter técnico e científico que realiza pesquisas e

aperfeiçoamentos dos métodos relacionados à rotina e processos do Setor Elétrico no Brasil, a Fundação produz anualmente estatística sobre os acidentes de trabalho. Segundo Cesar Vianna (à esquerda), gerente de Segurança e Saúde da Funcoge, “a Fundação, por meio do Comitê de Segurança do seu grupo técnico de estudos de indicadores pró-ativos, desenvolve esse trabalho e procura a partir dele o bom de-sempenho de todas as empresas do setor”.

Os dados trazem a descrição e a classifica-ção dos acidentes ocorridos com prestadores de serviço, empregados e com a população que tem contato com as redes elétricas. O relatório com estatísticas de acidente no Setor Elétrico aponta, ainda, que a Ele-tronorte possui taxas de acidentes com empregados próprios de 1,51% e de empregados contrata-dos de 1,24%, valor considerado baixo quando comparado a outras empresas.

Segundo Pedro Martins (ao lado), presidente da Comissão In-terna de Prevenção de Acidentes – Cipa, em Brasília, a Eletronorte, por não ter contato direto com locais considerados de alto risco, apresenta uma taxa de acidente de trabalho baixa,. “Os incidentes de maior ocor-rência são as quedas, os escorregões, torção no tornozelo e outras situações que a própria Cipa, junto à brigada de incêndio, consegue prestar os primeiros socorros”, diz Martins.

Engenharia de Segurança do Trabalho - A legislação bra-sileira considera acidentes de tra-balho aqueles que provocam lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte, perda ou redução permanente ou tempo-rária da capacidade de exercer as funções destinadas. O engenheiro de segurança do trabalho da Ele-tronorte de Brasília, Paulo Roberto Coutinho (ao lado), exemplifica melhor o que a legislação diz: “Acidente de trabalho é aquele em que o trabalhador está efetuando algum serviço em benefício da empresa, independentemente do ramo. Qualquer atividade desenvolvida pela empresa que leve a um incidente será conside-rada como um acidente de trabalho. Da mesma forma, e equiparado a ele, encontra-se qual-quer acidente de trajeto, seja da sua casa até

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à empresa ou vice e versa, considerando-se, ainda, o tempo dedicado às refeições. Porém, é bom que fique clara a questão dos desvios nesse trajeto. Exemplo: se o empregado saiu da empresa e passou no mercado antes de ir para casa, deixa de ser uma situação equiparada a um acidente de trabalho”.

Tudo que ocorre na área de segurança é exigido pela Lei n° 6.514 - Portaria 3.214, que criou as normas regulamentadoras do assun-to. De acordo com Paulo Roberto, o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT é regulamentado pela Norma Regulamentadora 04 e todas as empresas, a partir de um determinado número de funcionários, são obrigadas a ter o serviço especializado de engenharia de segurança e medicina do trabalho. “A importância disso é poder trabalhar com prevenção para evitar acidentes”, pondera.

Paulo Roberto explica como é a rotina de um engenheiro de segurança do trabalho: “Contratados para avaliar o ambiente de trabalho em relação às atividades exercidas,

temos a função de melhorar, tendo em foco a redução de acidentes e dos riscos naquele ambiente. Fazemos planejamento, verificamos atividades que os outros exercem, realizamos estatísticas, mapas de risco, enfim, produtos que geram um laudo de condições ambientais e de periculosidade, além da investigação sobre o acidente ocorrido”.

Cipa - A engenharia e a medicina do tra-balho não trabalham apenas na promoção contra acidentes. Pensando justamente nas empresas, foram criados programas de im-plementação obrigatória que visam ao apoio à prevenção de acidentes do trabalho. Entre esses programas podemos destacar a Comis-são Interna de Prevenção de Acidentes - Cipa, obrigatória em toda empresa privada ou pública que possua 20 ou mais empregados regidos pela CLT.

Originada em 1944, no governo Getúlio Vargas, a Cipa é o instrumento do qual os tra-balhadores dispõem para tratar da prevenção de acidentes, das condições do ambiente do

A função do Ministério do Trabalho e Emprego em relação à prevenção de acidentes de trabalho é realizar auditorias de verificação nas empresas. O setor do Ministério que atua nessa área é o Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho, que verifica o cumprimento da legislação para a prevenção dos aci-dentes. Quem explica um pouco mais sobre o trabalho realizado é a secretária de Inspeção do Trabalho, Ruth Vilela (foto).

Como funciona o sistema de verificação do cumprimento da legislação na prevenção de acidentes feito pelo Ministério do Trabalho e Emprego nas empresas?O planejamento da fiscalização prioriza as atividades econô-

micas que apresentam maiores índices de acidentes e de óbitos no trabalho. Com base no planejamento, são programadas ações fiscais para verificação do cumprimento das normas regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho. Quando é constatada uma situação de descumprimento, o auditor fiscal do trabalho pode conceder prazo para a regularização ou lavrar um auto de infração, que inicia o processo de aplicação de uma sanção. Tudo depende da natureza e gravidade da infração. Nos casos de grave e iminente risco à saúde e à integridade física do trabalhador, pode ocorrer a interdição de uma máquina ou de todo o estabelecimento.

A prevenção de acidentes de trabalho percorreu um grande caminho tanto na elaboração de leis quanto no cumprimento delas pelas empresas. Quais foram as conquistas obtidas nos últimos anos na área de prevenção de acidentes?Nos últimos anos intensificou a fiscalização de segu-

rança e saúde no trabalho. Em 2009 foram mais de 150 mil inspeções realizadas. Foram publicados regulamentos importantes para a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Destacam-se as normas regula-mentadoras 31 – Trabalho Rural e 10 – instalações e serviços em eletricidade, além dos anexos da NR -17 que tratam das atividades de tele-atendimento e checkout. A presença da inspeção nos ambientes de trabalho, aliada à publicação de novas normas regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho, mudou a realidade da proteção dos trabalhadores nesses setores.

Como o Ministério vê o trabalho desenvolvido pelas Cipas? E a Sipat, que é obrigatória de acordo com a NR - 5?O trabalho desenvolvido pelas Cipas é de fundamental

importância para a proteção da saúde e da integridade física dos trabalhadores, pois um sistema de prevenção eficiente

deve aliar uma boa assessoria técnica com o conhecimento dos trabalhadores. A Sipat é um momento de integração e de divulgação da importância da prevenção de acidentes e doenças.

Como o Ministério atua em relação às empresas ou outro local de trabalho que descumprem as leis a serem seguidas? Como ficam sabendo desses descumprimentos legais?As ações fiscais são previstas no planejamento da ins-

peção do trabalho a partir de um diagnóstico que se fun-damenta, entre outros dados, nas estatísticas de acidentes do trabalho. Em casos especiais, a ação fiscal decorre de uma denúncia, quando esta implica risco grave e iminente

aos trabalhadores. Quando é verificada uma situação irregular, o auditor fiscal pode conceder prazo para a correção ou lavrar um auto de infração, dependendo da natureza e gravidade da infração. Após o processo legal que garante a ampla defesa do empregador, pode ser aplicada uma multa, que no caso das obrigações relacionadas à segurança e saúde no trabalho varia entre R$ 400,00 e R$ 6.800,00 por infração.

O Sistema Federal de Inspeção do Trabalho assegura a aplicação que prevê a proteção dos trabalhadores no exercício da atividade laboral. Verifica-se que há tabelas estatísticas sobre acidentes de trabalho que vêm sendo registrados. Como é desenvolvido esse serviço? Além das tabelas há outras funções?A produção de estatísticas sobre acidentes de trabalho é

atribuição do Ministério da Previdência Social. A inspeção do trabalho responsabiliza-se pela fiscalização do cumprimento da regulamentação de segurança e saúde no trabalho, com o objetivo de prevenir acidentes e doenças, e pela análise dos acidentes graves e fatais ocorridos. O Sistema é uma fer-ramenta de informática utilizada pela inspeção, que registra todas as fiscalizações efetuadas, as irregularidades verificadas e a conduta adotada pelo auditor fiscal do trabalho em cada caso. O sistema mantém atualizado um cadastro de empresas, com o seu respectivo histórico, que é utilizado para o diag-nóstico que antecede o planejamento da fiscalização, mas também para prévio conhecimento do auditor fiscal acerca das condições gerais de trabalho, para melhor planejamento das inspeções.

Os desafios do Ministério do Trabalho na verificação da legislação nas empresas

trabalho e de todos os as-pectos que afetam sua saúde e segurança. Composta por representantes do empre-gador e dos empregados, a Comissão tem como objetivo primordial a responsabilidade com a prevenção da saúde e da integridade física dos trabalhadores que integram uma empresa.

Para favorecer os interesses dos empregados do Setor Elé-trico, o Ministério do Trabalho e

Emprego, por intermédio da Portaria 598/2004, publicou a nova versão da Norma Regulamenta-dora 10 – NR-10, que prevê as condições míni-mas de segurança em instalações e serviços em eletricidade. Desde então, a Cipa da Eletronorte oferece aos ‘cipeiros’ um curso básico de 80 horas, sendo metade complementar e a outra parte de reciclagem.

São várias as ações que buscam a segu-rança dos trabalhadores na Eletronorte. “A

Cipa se responsabiliza, de forma educativa por conscientizar seus empregados. O importante é valorizar os programas de conscientização da Empresa, considerando que nossos trabalhado-res poderão aplicar os conhecimentos no dia a dia”, diz Pedro Martins.

No dia 17 de setembro de 2009, a Cipa da Eletronorte recebeu o certificado de Mérito Oficial Cipa-DF, durante o XIX Seminário de Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho do Distrito Federal, por ser considerada a melhor Empresa do Setor Público Federal em segurança do trabalho. “Esse foi o primeiro certificado que a Cipa-Brasília recebeu. É in-centivador para todos aqueles que trabalharam no desempenho de nossa Comissão receber um diploma desses” declara Vitor Couto Ca-valcanti, especialista em segurança do trabalho (à esquerda).

Eloy Chaves – Por falar em premiação, para prestigiar as empresas do Setor Elétrico que se destacam na prevenção de acidentes de trabalho em todo o Brasil, foi criado, em 1980,

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Turenne Adriel

o Prêmio Eloy Chaves, concedido às conces-sionárias que no prazo de um ano registram os melhores indicadores de acidentes dentro de um dos grupos. São quatro os grupos, caracteri-zados pelo número de funcionários e empresas distribuidoras, geradoras e transmissoras.

A Eletronorte recebeu a medalha Eloy Chaves em 1982, 1986, 1988 e 1996. Por ser uma empresa geradora e transmissora de energia elétrica, tem que zelar pelos empre-gados próprios, contratados e pela população que vive próxima aos seus sistemas elétricos. “Os pontos de destaque considerados como pré-requisitos na escolha dos ganhadores são os dados estatísticos de acidentes do traba-lho com empregados próprios, combinados com os dados estatísticos de acidentes do trabalho com empregados terceirizados, que constituirão os dados da força de trabalho e população. São apuradas também as taxas de frequência e de gravidade de acidentados”, diz José Simões Neto, presidente da Associa-ção Brasileira de Concessionárias de Energia Elétrica – ABCE, responsável pelo Prêmio Eloy Chaves (acima).

“O Prêmio Eloy Chaves continua atual e atraindo a atenção da indústria de energia elétrica. Há, inclusive, participantes com bom retrospecto que investem em treinamentos e aprimoramentos na gestão de segurança de forma a manter-se na liderança” declara José Simões Neto. “A preocupação com o tema extrapola a necessidade de atenção e resposta a seus quadros internos e passou a ser fator de reconhecimento externo, até mesmo de investidores do mercado de capi-tais”, conclui.

EPI e EPC - Outro ponto importante a ser lem-brado, e que favorece as empresas a ganharem

A segurança na Regional de Transmissão do Mara-nhão é prioridade ‘zero’. Está em primeiro lugar, com o slogan ‘Bom-dia com Saúde e Segurança’. Com essa preocupação e com o apoio de toda a equipe gerencial e técnica, a Divisão de Transmissão de Presidente Dutra está com mais de 21 anos sem acidentes do trabalho com afastamento.

Mas tudo isso é fruto de um trabalho árduo de muitos anos, do comprometimento de cada pessoa, um trabalho de equipe, pois, conforme o engenheiro Turenne Ribeiro Júnior, primeiro gerente da Divisão, de agosto de 1984 a maio de 1991, o mérito dessa marca é de todos os colaboradores. “Creio que devido à responsabilidade das atividades, eles se conscientizaram, obedeceram as determinações da Empresa e com isto nós nos tornamos uma família, onde todas as situações de trabalho e exter-nas são do conhecimento de todos, pois compartilhamos as dificuldades e as alegrias”, relata.

Para o engenheiro Luiz Adriel Vieira Neto, seu suces-sor, de maio de 1991 a agosto de 2003, “continuamos focados na segurança da nossa força de trabalho, pois trabalhamos uma política de segurança, mostrando para os colaboradores que, na sua residência, está sua esposa e seus filhos, de braços abertos aguardando o seu retorno. Muitas vezes fomos obrigados a ser duros, intransigentes, mas na certeza de que estávamos fazen-do a coisa certa e que os próprios colaboradores seriam os grandes beneficiados”.

Hoje o sentimento de gratificação e orgulho contagia a todos que trabalharam por esse mérito. Luiz Adriel declara essa satisfação: “Desses 21 anos sem acidentes, estivemos à frente daquela equipe por 12 anos conse-cutivos, onde deixamos muitos amigos e ficamos ainda mais felizes, por saber que aquela equipe continua com essa qualidade na segurança, prezando acima de tudo pelas suas famílias, suas vidas e honrando o nome de nossa Empresa que tanto se preocupa com a segurança de seu corpo funcional. Parabéns aos colaboradores, encarregados e gerentes que ao longo desse período lu-taram e continuam lutando pela segurança de todos’’.

Segundo o atual gerente da Divisão, o engenheiro José Roberto Salomão Monteiro, “o resultado não poderia ser outro. É um privilégio trabalhar em uma Empresa onde o esforço de cada um proporciona o bom relacio-namento entre os colaboradores, o companheirismo e

Segurança no Maranhão é referência

a consciência daquilo que fazemos. Em nossas reuniões digo sempre que um acidente de trabalho, principalmente os mais graves, é um acontecimento muito triste e sério, e todos saem perdendo. Só nós mesmos somos capazes de evitar um acidente. Devemos pensar sempre nisso na execução do nosso trabalho”.

Pioneirismo - A Regional de Transmissão do Maranhão

também é pioneira na elaboração do prontuário e filme sobre segurança. O prontuário da Subestação São Luís I foi elaborado em agosto de 2007. É um documento exigido pela

Delegacia Regional do Trabalho para o cumprimento da NR-10, um manual onde estão as informações, em pastas distintas ou meios magnéticos, sobre o gerenciamento das ações em sistema elétrico de potência maior que 75 kV, objetivando a implemen-tação de um processo preventivo e constantemente atualizado, garantindo a saúde e a segurança dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade.Hoje, esse prontuário é modelo para todas as regionais e já serviu também de referência para os Correios e a Telemar, em São Luís.

Quanto ao filme, nasceu da necessidade de mostrar ao públi-co interno e externo os cuidados com a segurança nas instalações da Eletronorte, que também se tornou referência na Empresa. Outro fator importante na Re-gional é o pilar de segurança da metodologia TPM que, a partir de 2009, está com uma nova ferramenta de suporte, ou seja, o programa Sistema de Prevenção de Acidentes - SPA, o ‘Cipeiro’, que qualquer empregado pode acessar via intranet e fazer o re-gistro de problemas ergonômicos, atos e condições inseguras, ge-rando um banco de dados onde estão registrados os riscos mais frequentes nas plantas, por sazo-nalidade, e o seu grau de risco, dando suporte aos técnicos para melhor elaboração das análises preliminares de riscos.Salomão

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pontos de destaque, é o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e Coletivo (EPC), objetos de segurança que os empregadores de-vem incentivar e ensinar o uso correto, garantin-do a integridade física das equipes de trabalho. Esses equipamentos de proteção requerem alto grau de confiabilidade para evitar a exposição do usuário a sérios riscos.

Os dois personagens que abrem esta matéria, Benedito Lakiss e Bartolomeu Cordeiro, relatam que no dia em que ocorreram os acidentes, ambos estavam usando equipamentos de se-gurança. “Mesmo usando a roupa apropriada para esse tipo de trabalho a temperatura foi forte, algo em torno de mil graus. Sem a roupa

eu teria morrido”, declara Lakiss. “No dia do meu acidente eu estava usando equipamentos, porém a adequação correta do local veio depois. Foram afixadas chapas de policarbonato nos quadros, para evitar acidentes futuros”, explica Bartolomeu.

A Eletronorte conta com o Centro de Tecnologia instalado em Belém, denominado na sua fundação, em 1983, de Laboratório Central. Com mais de 20 anos de experiência no mercado, atua na prestação de ser-

viços, projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico para todo o território nacional e, principalmente, na Amazônia Legal. Além de serviços e recursos tecnológicos na área da energia elétrica, como calibração de grandezas

elétricas e mecânicas, ensaios químicos, elé-tricos especiais, mecânicos em máquinas de geração de energia elétrica e equipamentos de sistema de potência, manutenção de instrumen-tação eletroeletrônica e elaboração e execução de projetos de pesquisa e desenvolvimento, o Lacen, como é conhecido, possui acreditação junto ao Inmetro para os laboratórios de ensaios em equipamento de proteção individual como calçados isolantes, luvas de borracha, capace-tes, vestimentas condutivas e outros materiais utilizados pelos empregados.

“Realizamos ensaios para avaliações de conformidades dos EPI e EPC nas fases de análise de aquisição, de recebimento, pe-riódica (estoque), retirada do estoque para uso e periódica de equipamento em uso”, explica Osvaldo Duarte (ao lado), técnico em manutenção elétrica do processo de ensaio em equipamentos de segurança do Centro de Tecnologia da Eletronorte. Os empregados devem estar cientes que esses equipamentos serão utilizados apenas para as finalidades a que se destinam. Cabe-lhes, ainda, a respon-sabilidade pelo acondicionamento e conserva-ção de todo esse material. Os empregadores, por sua vez, devem exigir o uso correto dos equipamentos, orientando o empregado sobre a manutenção.

Colaborou Camila Marques

César Fechine

É pelas águas dos grandes rios que são transportadas pessoas, produtos e riquezas provenientes da região amazônica. Mas a infra-estrutura logística ainda é considerada precária. Para mudar essa realidade, várias ações estão sendo estudadas e coordenadas pelo Governo Federal e por instituições públicas e privadas como a Eletronorte, Vale, Departamento Na-cional de Infraestrutura de Transportes – Dnit e Confederação Nacional das Indústrias – CNI. Desde os tempos mais remotos, o homem utiliza-se do conceito de logística na definição das estratégias de guerra e no armazenamento e transporte dos grãos e outros produtos. Os primeiros estudos formais começaram nos anos 1940, com a Segunda Guerra Mundial, e se difundiram nas universidades e empresas nos anos 1970, buscando a maximização de lucros e a integração das áreas de produção.

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ADA Logística para

o desenvolvimentoda Amazônia

No Brasil, somente no começo dos anos 1990 é que os especialistas acordaram para a necessi-dade de aprofundar esses estudos. “Enquanto lá fora o pensamento era diminuir os estoques, aqui no Brasil nós tínhamos uma inflação muito alta, a indexação econômica, e a lógica era contrária, de formação de estoques, porque se ganhava com isso, com a remarcação de preços”, explica Nelson Antônio do Amaral Santos (abaixo), ge-rente de Planejamento de Suprimento da Eletronorte.

O resultado é que o País tem hoje um gargalo muito grande na área lo-gística. Na Argentina, um navio fica no porto durante três dias para fazer a car-ga e descarga de produtos agrícolas, por exemplo. Nos Estados Unidos, esse prazo é de apenas um dia e meio. “No Brasil, nós levamos cinco ou seis dias. E esse custo é embutido no preço do nosso produto”, exemplifica Nelson.

Laboratório da Eletronorte é um dos mais

preparados do País nos

testes em EPIs e EPCs

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Transporte fluvial é vital na

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Hoje, a logística empresarial envolve o conjunto de atividades de aquisição, armaze-namento, transporte e distribuição. O conceito comumente difundido tem a logística como uma ferramenta de integração que gerencia toda a cadeia de suprimentos, com o objetivo principal de apoiar as decisões estratégicas empresariais, atendendo às necessidades dos consumidores internos e externos de forma eficiente.

No âmbito interno, a Eletronorte possui 54 centros de recebimento, distribuição e ar-mazenagem de material na Sede e unidades regionais. A Empresa tem mais de 37 mil itens em estoque e a lista técnica de todos os sobres-salentes dos disjuntores de 500 kV do Sistema Norte-Sul. Os investimentos nas três contas de estoque (custeio, investimento e combustível) somam cerca de R$ 97 milhões. “Cerca de 80%

de todo o nosso estoque é de sobressalentes, que são materiais para atender à engenharia de manutenção e que representam garantia operacional para a Empresa”, informa Nelson.

Se ainda são necessários investimentos em logística e transportes, na transmissão de energia elétrica nós podemos ser considerados campe-ões. Mas isso é considerado logística? “Claro que sim”, diz Nelson. Há uma demanda por carga numa determinada cidade ou região que precisa ser atendida. Há a produção de energia elétrica de uma fonte geradora, seja térmica ou hidrelé-trica, que geralmente está distante do centro de carga. E há a necessidade de transportar essa energia. “O Brasil hoje é campeão em levar, por exemplo, a energia produzida no Norte para o Centro-Sul do País. Nisso, nossa engenharia é bastante eficiente”, acrescenta.

Eclusas - Neste ano, a Eletronorte concluirá um projeto fundamental para incrementar a logística na Região Norte. As eclusas de Tucuruí possibilitarão a navegação num trecho de dois mil quilômetros desde Barra do Garça (MT) até Barcarena (PA), constituindo-se num modal de transporte de baixo custo, com custos financei-ros e ambientais muito competitivos.

Para exemplificar: com um litro de combus-tível é possível transportar uma carga de uma tonelada por 25 km na via rodoviária e por 85 km na via ferroviária. Já na via hidroviária, um litro de combustível transporta uma tonelada por 218 km. “Um único comboio hidroviário poderá

passar pelas eclusas com até 22 mil toneladas, equivalentes a 785 carretas”, informa o enge-nheiro mecânico Edgar Cavalcante, que integra a equipe da Gerência de Coordenação da Obra das Eclusas de Tucuruí (ao lado).

As eclusas vão permitir que os comboios superem o desnível de 69m entre o lago de Tucuruí e o Rio Tocantins, a jusante. Cada eclusa terá 210m de extensão, por 33m de largu-ra. Localizada na barragem, a eclusa I será ligada por um ca-nal de navegação, contido por um dique de seis quilômetros, à eclusa II, que estará ligada ao Rio Tocantins, às margens da cidade de Tucuruí.

A transposição será feita nos dois sentidos. Vindo no sentido do Tocantins, o comboio entrará na eclusa II e será elevado da cota 5m do rio até a cota 38m. Passará pelo canal de navegação e entrará na eclusa I, que receberá

mais de 230 mil m³ de água. O comboio será elevado então da cota 38m até a cota de 74m do reservatório. “Todo o processo vai durar aproximadamente uma hora e meia”, acrescenta Yuri Mestnik (ao lado), também integrante da equipe de Coor-denação da Obra das Eclusas de Tucuruí.

As eclusas (acima) de Tucuruí são uma das maiores obras do eixo de logística do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, com in-vestimentos de R$ 965 milhões, e garantem a criação de 3,5 mil postos de trabalho. As obras devem ser concluídas em junho de 2010.

“A conclusão das eclusas vai permitir a movi-mentação de cem milhões de toneladas de carga ao ano”, declara o diretor-geral do Dnit, Luiz An-tonio Pagot (à direita). Os números do Dnit mostram que a eclusa I está com 93% das obras concluídas, o canal intermediário com 91% e a eclusa II com 82%. Já foram adquiridos 75% dos equipamentos eletromecânicos, como bombas e portas de ferro, que são responsáveis pelo sistema de en-chimento e esvaziamento das câmaras das eclusas.

O balanço do PAC apresenta ainda o esforço do governo para garantir a con-clusão da pavimentação e duplicação de 1.634 km de rodovias e a contratação de manutenção para mais de 53 mil km, além da construção de 39 terminais fluviais no Norte do País, com 21 em obras, 15 em fase de licitação e três con-cluídos. O Dnit possui outros 579 contratos que abrangem, além de rodovias e hidrovias, obras de ferrovias e contornos ferroviários.

Impulsionada também pelas descobertas de petróleo no pré-sal, a indústria naval garante sua revitalização, com quase 200 embarcações con-tratadas e outras 90 em construção, incluindo

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Siderurgia vai trocar 15 vagões...

a conclusão de implantação de dois grandes estaleiros no Sul e no Nordeste.

Outro projeto importante é o da hidrovia Teles Pires–Tapajós, com investimentos estimados em R$ 2,5 bilhões. As obras permitirão aumentar a navegação em 1.200 km e a movimentação de grãos, atualmente de mais ou menos 400 mil toneladas a cada safra. As eclusas de Estreito e Lajeado também ajudarão a diminuir o chamado ‘custo Brasil’.

Siderurgia - As obras das eclu-sas de Tucuruí, retomadas em 2007 a partir de um convênio firmado com o Dnit, viabilizaram a criação da Siderúrgica Aços Laminados do Pará – Alpa, em Marabá (PA), cujo projeto tem sido apresentado pela Vale em audiências públicas e que se encontra em fase de conclusão do licenciamento ambiental.

O município de Marabá foi escolhido devido à proximidade

com a província mineral de Carajás, ao siste-ma logístico rodoviário, ferroviário e fluvial em condições de receber matéria-prima e escoar a produção, além da vocação natural da região para a atividade de siderurgia. “A Aços Lami-

as principais matérias-primas para produção serão o minério de ferro 100% nacional (de Carajás) e o carvão mineral e calcário do mer-cado internacional.

O carvão mineral e o calcário a serem utili-zados no empreendimento chegarão no Porto de Barcarena (PA), via Oceano Atlântico. De lá, os minerais irão de balsa até Marabá. Após a fabricação, parte do aço ficará no próprio município servindo de insumo para uma série de projetos de verticalização, como fabricação de tubos, vergalhões, embalagens metálicas diversas e barcaças, e a outra parte retornará, pelo mesmo eixo, para exportação.

Para a implantação da Alpa se tornar re-alidade, além da conclusão das eclusas de Tucuruí, que tornarão a hidrovia do Tocantins a alternativa logística confiável e competitiva, os governos federal e estadual farão a realocação da rodovia BR-230 e a expansão do terminal portuário de Vila do Conde. Na esfera estadual, está sendo criado o Distrito Industrial de Marabá e a construção de uma alça viária. Outras ações da Vale na viabilização da Alpa são a construção de acesso ferroviário para receber o minério de ferro de Carajás e a construção de um terminal fluvial no Rio Tocantins.

A política adotada pela Vale para a contrata-ção de pessoal dará preferência aos moradores

da região e do estado. Parcerias já estão sendo feitas com instituições como o Senai e o Sine, para qualificar os moradores residentes na área de influência do projeto.

Outro importante projeto que se beneficiará dos recursos logísticos da região é a Usina Si-derúrgica do Pará – Usipar, localizada em uma área de 11 milhões de m², no município de Barcarena. Com esse projeto, o Grupo Cosipar concretiza a verticalização da cadeia produtiva do minério de ferro no Pará.

Atualmente, a empresa produz ferro-gusa a partir de coque metalúrgico e opera com dois altos fornos com capacidade nominal de 500 mil toneladas do produto. Numa segunda etapa, vai produzir placas de aço, fazendo o benefi-ciamento na própria planta. A previsão é que a

nados do Pará será âncora de um novo polo de desenvolvimento do setor metal-mecânico. Haverá um potencial enorme de novos negócios, não só diretamente, na fase de implantação, mas também de toda a movimentação da cadeia produtiva de Marabá e cidades vizinhas”, afirma José Carlos Gomes Soares, diretor-presidente da Alpa (à esquerda).

Até 2013, os investimentos previstos chegam a R$5,2 bilhões e a siderúrgica vai produzir 2,5 milhões de toneladas anuais de aço na forma de placas e bobinas a quente, utilizadas na indústria naval, na construção civil e na fabricação de carros, geladeiras, botijões de gás e vários outros produtos industriais. Há a possibilidade de expandir a produção para cinco milhões de toneladas ao ano, sendo que

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...ou 54 carretas por uma única barcaça

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produção comece em 2012 com capacidade de dois milhões de toneladas de aço. O Complexo vai contar, ainda, com unidade de logística e de serviços portuários e um centro de produção de perfilados e pré-pintados para uso na constru-ção civil e de beneficiamento de metal.

Navegabilidade - No dia 4 de fevereiro de 2010, a governadora do Pará, Ana Júlia Care-pa, obteve junto ao Governo Federal recursos de R$ 520 milhões para o deslocamento das rochas que impedem a navegabilidade do Rio Tocantins, sobretudo na região dos Pedrais, próxima a Marabá. O trabalho, com duração de 13 meses, será realizado num trecho de 43 km de extensão, compreendido entre a Ilha do Bogea e o município de Itupiranga.

Com a retirada das pedras e a conclusão das eclusas de Tucuruí, a Hidrovia Araguaia-Tocantins poderá operar com embarcações de grande calado. A hidrovia será importante alternativa ao escoamento da produção e de insumos, interligando o Centro-Oeste brasileiro

ao sul do Pará e ao Porto de Vila do Conde, no município de Barcarena, região metropolitana de Belém.

A hidrovia estará operacionalmente atrelada à construção da Plataforma Logística Intermodal de Transporte de Marabá pelo governo estadual, que proporcionará a conexão dos transportes aquaviário e ferroviário, este por meio da Estra-da de Ferro Carajás, e rodoviário, pela rodovia BR-230.

Integrará também a hidrovia o futuro porto público a ser construído no município de Ma-rabá, que já tem assegurado pelo Ministério dos Transportes recursos da ordem de R$ 80 milhões. O porto ficará à margem esquerda do Rio Tocantins, na altura do km 14 da BR-230, região do parque industrial da cidade.

Estudos - A Ação Pró-Amazônia, grupo que integra a Confederação Nacional da Indústria – CNI, composto pelas federações de Indústrias dos nove estados da Amazônia Legal, é uma instituição focada na integração e no desen-

volvimento socioeconômico da Amazônia e encomendou um estudo estratégico sobre a logística da região.

Os primeiros resultados começaram a ser divulgados durante um evento realizado na Federação das Indústrias do Estado de Ron-dônia (Fiero), em Porto Velho, no último dia 4 de fevereiro, para a entrega de propostas de investimentos em infraestrutura logística ao Ministério dos Transportes.

O presidente do Sistema Fiero, Denis Ro-berto Baú (à direita), explica que se trata de um levantamento minucioso de todos os pontos de infraestrutura existentes na região amazônica – estradas, portos, trens e hidrovias – e dos investimentos que precisam ser feitos para a integração logística. “Será feita a análise do que já está pronto, do que precisa ser feito para ligar determinada região à outra, o que cada uma produz e qual o melhor meio de escoar essa produção”, diz Denis.

Entre as propostas já apresentadas podem ser citadas a restauração de rodovias, a conclu-

são de obras de pavimentação, a construção de pontes e ferrovias e das eclusas nas hidrelétri-cas do Madeira, que tornarão navegável 4,2 mil km a montante de Porto Velho até os Andes. “O investimento na logística transforma o ciclo vicioso num ciclo virtuoso”, opina Denis.

“Há grande potencialidade de produção ao longo dos rios, como minério de ferro, grãos, produtos agropecuários e ou-tros, o que representa a geração de emprego e progresso. Eu sou um apologista das hidrovias”, diz Edgar Cavalcante.

Como se vê, os projetos em andamento buscam su-perar os obstáculos do setor logístico e possibilitarão aumentar a eficiência produtiva em regiões consolidadas, além de promoverem o desenvolvimento em áreas mais necessitadas e, consequentemente, reduzir as desigualdades regionais.

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O Borrachinha, mascote do Programa, anima alunos

Bruna Maria Netto

O número é 11,12 quilowatts.hora. Para uma empresa como a Eletronorte, e pensando em geração e transmissão de energia, é um valor irri-sório. Porém, se for comparar com a economia de energia alcançada pela Empresa na Região Norte por conta do Procel Educacional - quando a meta nacional é de 6,99 kWh - é um número mais do que extraordinário. O resultado, obtido por meio do convênio realizado entre a Eletronorte e mais de mil escolas, beneficiou não apenas alunos e professores, mas seus familiares e todo o muni-cípio atendido. Com um investimento total de R$ 903,5 mil em sete estados, o Procel possibilitou a redução do desperdício de 692,50 MWh, o que seria suficiente para atender 384 residências com o consumo mensal de 150 kWh durante um ano, ou ainda, 4.617 casas por um mês.

Nacionalmente, o Procel Educacional tem mais de 20 anos de história, sendo coordenado pela Eletrobrás. De 1995 a 2006, participaram do Programa cerca de 21 mil escolas, 137 mil professores e 18 milhões de alunos, evitando-se

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Procel educacional: um banho de economia contra o desperdício de energia

o consumo perdulário da ordem de 2,7 bilhões de kWh, o equivalente ao consumo médio anual de 1,10 mil residências brasileiras. A entrada da Eletronorte no Programa deu-se com a identifi-cação de demandas de eficiência energética ao mesmo tempo em que a Empresa já enxergava a necessidade de uma aproximação com a socie-dade. Quem explica é Jussara Nogueira Trajano, gerente dos Programas e Projetos de Eficiência Energética da Eletronorte e coordenadora do Procel Educacional: “Foi criado o Programa Eletronorte de Eficiência Energética – PEEE para desenvolvermos essas ações, tanto de projetos de eficiência, quanto de programas educacionais para uso nacional de energia elétrica. Em julho de 2005 começamos a trabalhar em parceria com a Eletrobrás com recursos do Procel nos programas de educação na Empresa”.

De acordo com Jussara, o PEEE está ancorado na necessidade de combater o desperdício de energia elétrica e na promoção de ações que propiciam a melhoria da imagem da Eletronorte, consolidando a marca do Sistema Eletrobrás na necessidade de postergar a construção de novos

empreendimentos de geração e transmissão de energia elétrica, no combate à exclusão elétrica no País e na redução dos impactos ambientais causa-dos pelo processo de gerar e transmitir energia.

“Nosso principal desafio é estimular a mudan-ça de comportamento e a aquisição de novos hábitos para a formação de uma cultura de

combate ao desperdício”, recorda. Com a filoso-fia de estimular a mudança de comportamento e a aquisição de novos hábitos, desde 2005 o Procel Educacional foi implantado em 1.035 instituições de ensino, tendo capacitado ao longo desses anos 6.457 professores, o que resultou em economia acumulada de 537,44 MWh.

Meire, Marina e Jussara: consolidando a marca Procel

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Como funciona - O Procel é realizado a partir do Acordo de Cooperação Técnica assinado entre a Eletronorte e as secretarias de educação dos municípios. Desde o início do Programa, foram atendidas escolas nos estados do Acre, Pará, Maranhão, Mato Grosso, Tocantins, Amapá e Rondônia: “Começamos com 500 escolas no primeiro convênio, depois fizemos outro convênio e trabalhamos com mais 535

instituições”, lembra Jussara. O Programa conta ainda com capacitadores em cada unidade descentralizada da Eletronorte, além da Sede, em Brasília. Meire Fátima Siqueira é um desses agentes e há quatro anos vem trabalhando com capacitação de mestres e diretores das escolas. Meire explica que o Programa é desenvolvido após a articulação com as secretarias estaduais e municipais de educação, quando são indica-

No último dia 26 de novembro de 2009, a Eletronorte recebeu o Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia 2009 na categoria Empresa do setor energético, premiação concedida por conta do Programa Eletronorte de Eficiência Energética Educacional nas Escolas Públicas – Procel Educacional.

De acordo com Jussara Trajano, “a Eletronorte aparece na mídia de maneira muito positiva. Há ainda depoimentos de professores e pais de alunos sobre a economia na conta de luz, visita de revitalização, pesquisa de satisfação, tudo incluso no projeto”. Jussara lembra que esse Prêmio foi ganho pela primeira vez. “Devemos nossa vitória ao ama-durecimento dos processos, inclusive fazendo pesquisas de satisfação do cliente. Quando se chega nesse ponto é porque já estamos com o objetivo de implantar melhorias. Nessa pesquisa tivemos uma média extremamente boa, de 4,16 (as notas variavam de 1 a 5)”.

A pesquisa foi aplicada em cinco estados: Mato Grosso, Maranhão, Tocantins, Pará e Amapá. Os entrevistados foram os professores e diretores das escolas que trabalham com o Procel Educacional. Jussara relembra : “Tivemos a resposta de 513 questionários devolvidos. Ficamos muito satisfeitos com o resultado, pois as perguntas feitas na pesquisa englobaram diversos temas, como a ocorrência de mudança de compor-tamento, a contribuição do multiplicador, a aproximação da escola com a comunidade, a pertinência dos seminários como ferramenta capazes de despertar o interesse e o comprometi-mento das pessoas, o domínio e a didática dos instrutores e dos coordenadores, entre outros. O que ficou abaixo da média foi a pergunta acerca da carga horária, pois eles sempre pleiteiam mais encontros com os responsáveis pelo Programa”.

Além das 1.035 instituições de ensino atendidas pelo Procel, mais 300 escolas participarão de uma nova etapa do Programa, que deverá começar ainda no primeiro semestre de 2010.

Eletronorte é contemplada com o Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia 2009

das as escolas de acordo com os critérios esta-belecidos pela Eletronorte. Jussara acrescenta que as prefeituras nunca deram uma resposta negativa, já que irão pagar menos na conta de luz desses colégios.

Entre os critérios estabelecidos, figura o de a cidade escolhida estar localizada em uma área onde haja algum empreendimento da Eletronor-te. “Apesar de não ser uma obrigação, nossa prioridade são os municípios onde a Eletronorte está, seja com usinas, linhas de transmissão, subestações ou escritórios, pois os moradores conhecem pouco a Empresa”, ressalta. Segundo

Jussara, a escola deve ser urbana, ter consi-derável consumo de energia e muitos alunos matriculados. “É um perfil que atende ao nosso programa porque tem mais possibilidade de eco-nomia, e por isso preterimos as escolas rurais, que por vezes têm apenas uma lâmpada para iluminar e nem sequer possuem equipamentos eletrônicos, ou seja, não tem como economizar de uma forma que uma escola urbana poderia. Além disso, elas funcionam geralmente durante o dia, tendo uma ou duas turmas à noite”, acres-centa a gerente da Eletronorte e coordenadora do Procel Educacional.

Equipes de professores, os melhores

disseminadores do Procel

Educacional

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Comprometimento nas atividades ludo- pedagógicas A escola convida a comunidade a participar

Professores e alunos - Após a articulação com a prefeitura, o Procel Educacional se inicia em quatro etapas: capacitação dos professores e supervisores de ensino da rede estadual e municipal; seminário de apresentação dos tra-balhos; atividade ludopedagógica, em que são revisados os conceitos e formas de economizar energia; e, finalizando, um segundo seminário de apresentação das escolas, quando as insti-tuições têm a oportunidade de apresentarem seus resultados.

“A capacitação dos coordenadores é essen-cial, pois eles são os maiores facilitadores da ins-tituição. Sem que o diretor queira, nada acontece na escola. Por isso precisamos sensibilizá-los com palestras específicas”, conta Meire. “Duran-te a palestra traçamos o perfil ideal do professor para o Programa e procuramos aqueles mais motivados. Depois da capacitação, pedimos que

multipliquem a mensagem na escola, façam pa-lestras não apenas aos demais professores, mas também aos outros profissionais como vigilantes, merendeiras, responsáveis pela biblioteca e pelo laboratório da escola, por exemplo, porque eles também contribuem”, lembra Jussara.

Em seguida, os docentes participam de um curso de capacitação com os instrutores da Eletronorte, que tem duração de dois dias, totalizando 16 horas. O primeiro dia é usado para a sensibilização, com informações sobre o panorama energético brasileiro, enquanto o segundo é destinado à metodologia do Progra-ma, com os princípios fundamentais, o material didático, as possibilidades de aplicação e oficinas práticas. Os primeiros desafios a serem enfren-tados, segundo Jussara, são sobre a Eletronorte: “Mostramos todas as ações que realizamos com a sociedade, os projetos ambientais de reparação

e de compensação, os impostos e royalties que a Eletronorte paga. A comunidade fica conhecen-do a Empresa, o que é extremamente importante para sua imagem. Hoje temos consciência de que ajudamos a melhorar bastante a imagem da Eletronorte junto àquela sociedade que não nos conhecia”.

Em cada escola são escolhidos 36 alunos de faixas etárias aleatórias, sendo divididos em grupos de seis de uma mesma classe para acompanhamento das contas de luz. “Com essa amostragem, analisamos o reflexo da escola em uma sala com 40 alunos, e por ali avaliamos a repercussão do trabalho desenvolvido pelos educadores afirma Jussara. O programa edu-cacional da Eletronorte abrange desde alunos da educação infantil até o ensino médio. “É muito raro que esses alunos tenham qualquer consciência de boa utilização da energia elétri-ca, por isso o Procel Educação é importante”, completa.

Para o ensino, o Procel Educacional tem uma metodologia própria que é definida como ‘a natureza da paisagem’, usando como canal de comunicação a educação ambiental. Porém, não é apenas isso: “O nosso trabalho tem também a nossa configuração, não sendo o mesmo trabalho da Eletrobrás. Temos curso e apostila próprios. Apenas a metodologia usada pelo professor na sala de aula segue o padrão nacional do Procel”, destaca Jussara, que ainda explica ser essa me-todologia aprovada pelo Ministério da Educação e estar inserida nos parâmetros curriculares na-cionais como um tema transversal, já que energia está vinculada com o meio ambiente.

Professores e alunos capacitados

A turminha está sempre interessada

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Já as atividades ludopedagógicas acontecem em grandes ginásios e contam com 50 alunos de cada escola. “Nesse momento fazemos uma enorme gincana e testamos o conhecimento e o comprome-timento deles com o programa, o que conseguiram assimilar de conceito. Aplicamos essas atividades para as diferentes faixas etárias. E eles ganham um troféu. A luta deles é pelo troféu, que fica na sala da diretora. Eles ostentam aquilo com muito orgulho”, afirma Jussara, que faz uma ressalva: “Apesar de ser uma brincadeira, a festa é organizada e séria, porque tem o foco na economia de energia e na preservação dos recursos naturais”.

Nessas atividades acontecem diversas ações, como teatro, concursos de poesia e dança, panfletagem, produção de redações, paródias e caminhada pelas ruas do bairro. “Eu me comovo com a atividade, pois não são raros os depoimentos de crianças que nunca tinham ido a um evento assim, e essas festas acabam por ser um incentivo ainda maior na economia de energia. A criança é um multiplicador em potencial, inclusive melhor que o adulto, que já tem toda aquela formação e cultura adquiridas, enquanto a criança e o adolescente estão na fase de formação, ainda recebem e incorporam muita

informação. Por isso é comum você observar uma criança corrigindo um adulto com relação ao trânsito ou coisas do gênero, o mesmo ocorre em relação aos cuidados com a luz acesa sem necessidade, com a porta aberta ou com o ar condicionado ligado”.

Resultados incríveis - Os projetos individuais das escolas e as inúmeras iniciativas docu-mentadas mostram resultados incontestáveis. O Procel ultrapassa os muros das escolas e invade as ruas motivando as comunidades para a conservação de energia, com caminhadas,

gincanas e outras atividades. Por conta disso, o Procel nas Escolas superou as expectativas, pelo empenho dos coordenadores, professores, diretores e até secretários de educação, que com seriedade e comprometimento conduzem as etapas previstas em busca do melhor resulta-do, como explica Jussara: “Os resultados estão muito acima do esperado. Hoje a meta nacional é de 6,99 kWh, e a nossa ficou muito superior a isso, com 11,12 kWh. Isso é consequência de trabalho, e percebe-se que está surtindo um efeito imenso. Acompanhamos 4.607 alunos, um a um, um pontinho de luz mesmo, inserindo

O estímulo começa antes da sala

de aula....

Professores recebem como prêmio viagens a outras unidades da Eletronorte... ...como essa, à Usina Hidrelétrica Tucuruí

...com a entrega de material didático e orientação às diretoras

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A meta do Procel Educacional para Tucuruí em 2009 era atingir 30.892 kWh de economia. Em 16 medições, foram economizados 39.776 kWh, e a média por escola chegou a quase quatro mil kWh. Números expressivos, mas que ainda não foram fechados, mostram toda a evolução obtida em Tucuruí: em todas as escolas, os índices superam as metas estipuladas. A economia média obtida em 2009 foi de 13,79 KWh por aluno, 37 mil KWh ao todo. No Pará, o Procel atende 72 escolas nos municípios de Goianésia do Pará, Jacundá, Tucuruí e Santarém, onde 207 alunos são acompanhados pelo Programa e fizeram muita economia para manter os números do Procel acima da média estipulada.

O colégio Elza Borges apresentou as atividades mais consistentes, tendo to-das as ações direcio-nadas externamente, com a participação da comunidade do bairro, que é o sexto maior de Tucuruí, com cerca de 1.600 moradores. Gui-lherme Sousa, seis anos, diz que sempre tem en-sinado aos pais como economizar energia. Já tem consciência de que o desperdício causa pre-juízos para sua família e para a comunidade. “Procuro desligar a tele-visão quando não quero mais assistir. Com o que aprendi com as aulas do Procel na escola, desco-bri que economizando vai sobrar dinheiro para comprar outras coisas como brinquedos, co-mida e material para a escola”.

Sua colega, Dhebora Ferreira, também de seis anos, diz que tudo o que ela aprende na escola relacionado à economia de energia elétrica e preservação ambiental

é repassado para os pais, irmãos e colegas. “Meus pais aprenderam que a troca das lâmpadas por outras que eco-nomizam energia ajuda a economizar dinheiro para comprar outras coisas. Meus amigos também já sabem como econo-mizar energia e gostam quando o pessoal do colégio visita e entrega material ensinando como economizar”.

Antônio Sousa, cinco anos, conta que gostou das ati-vidades do Procel na escola porque todos aprenderam como economizar energia. Ele conta que em sua casa, antigamente a mãe usava o ferro de passar todos os dias. Agora, ela aprendeu a passar a roupa uma vez por semana e nunca deixa a porta da geladeira aberta por muito tempo e sem necessidade.

Christiane Miranda, supervisora escolar, relata que as ati-vidades do Procel na escola têm sido pautadas na dinâmica

de grupo, onde os alunos aprendem por meio de atividades lúdicas. “Com essa metodologia, o colé-gio tem conseguido cum-prir as metas estabelecidas na programação do Procel em Tucuruí”. Quanto ao retorno para professores e alunos, ela destaca que nos últimos três anos to-dos demonstram enorme comprometimento com o que é ensinado por meio do Procel. Para 2010, o planejamento já está em fase de finalização, e as atividades devem ser ini-ciadas já em março. O foco

na disseminação direta com a comunidade está mantido e é parte essencial do programa da escola. “O Procel tem ajudado a estreitar os laços com as famílias e a comunidade do bairro. Podemos dizer que o Procel hoje já faz parte da vida das pessoas do bairro”.

Janeide Vidal Machado (acima), diretora do colégio Elza Borges, conta que desde 2007 os profissionais do colégio

dado a dado. Com isso, o trabalho da Eletronorte acaba por se tornar modelo para os demais, inclusive reconhecido, pois ganhamos o Prêmio Nacional de Eficiência Energética e Uso Racional de Energia”. (Ver box).

Jussara lembra, no entanto, que além de trabalho há muita dedicação e amor à profissão: “Eu tenho paixão pela área de educação e acre-dito que quando se fala em eficiência energética se pensa em duas coisas: melhorar a tecnologia e os sistemas. Porém, não adianta trocar uma lâmpada incandescente por uma fluorescente se não houver educação para lidar com essa tecnologia. Tem de haver educação para se obter resultado eficiente”. Meire lembra de sua missão como educadora: “Estamos fazendo a nossa parte, levando nossa mensagem aos formadores de opinião e às crianças, que são o futuro do País, certos de que estamos contribuindo para um mundo melhor”.

Monitoramento e premiação - As escolas são acompanhadas nas medições de consumo de energia, quando se observa o quanto está sendo economizado. Caso o programa não esteja dando os resultados esperados, há reuniões para discu-tir novas estratégias de trabalho. “Após o término do acompanhamento é feita a manutenção e, uma vez por ano, visitamos cada uma dessas escolas ou fazemos pesquisas para analisar se continuam desenvolvendo o Programa já que, anualmente a escola perde os alunos que con-cluem o curso ou ganham outros que chegam sem nunca terem ouvido falar em economia de energia. Em consequência, a escola nunca vai poder parar de trabalhar. Inclusive recomenda-mos que eles insiram o Procel Educacional no projeto político-pedagógico da instituição, para que seja garantida a continuidade das ativida-des”, finaliza.

O Procel estabelece um prêmio para a melhor escola de cada localidade, que pode ser um computador com impressora ou um projetor de multimídia. Para essa premiação são considerados os resultados qualitativos e os quantitativos. Os professores com os melhores resultados de cada localidade recebem como prêmio a participação em seminários das esco-las em outro estado, quando são apresentados como ganhadores e compartilham o projeto que concorreram. “Os professores se engajam de verdade, criam um uniforme da escola com o símbolo do Procel, realizam gincanas inter-nas, colocam faixas nas escolas e promovem atividades para chamar a atenção dos alunos”, explica Jussara

No Pará, Tucuruí bate recordes de economia

têm procurado inserir toda a comunidade no processo de aprendizagem do Procel. “Sempre procuramos trabalhar a conscientização de uma economia total que ajude a manter o meio ambiente e acabe com o desperdício”. Dessa forma, acredita a diretora, a economia passa a ser feita de maneira automática. “Assim ganha todo mundo. A empresa que terá maior oferta de energia, a comunidade que economiza no bolso

um dinheiro que pode ser investido em outras coisas e o município que poderá investir inclusive na constru-ção de novas escolas e salas de aula. Acreditamos que o projeto é excelente. Deve ser mantido para ajudar a preservar a cultura contra o desperdício. Sabemos que a educação básica é tudo na formação de um adulto consciente”.

Gisele Fortunato (ao lado), professora premia-da em Tucuruí na edição do Procel 2009 com uma

visita a São Luís, no Maranhão, disse que foi muito importante o intercâmbio proporcionado pela Eletronorte. A caravana de Tucuruí pode perceber e avaliar as metodologias que estão sendo utilizadas pelas escolas daquele estado. Ela observa que a forma de educação direcionada para a comunidade, como é feito no colégio Elza Borges, pode vir a ser a nova metodologia do Procel em 2010. “As crianças são grandes formadoras de opinião e essa integração entre escola e comunidade é o que tem garantido o sucesso do Procel em Tucuruí e na região”.

Hoje, conforme diz, toda a educação de Tucuruí está enga-jada na conscientização e na construção da cultura contra o desperdício. “Acreditamos que dessa forma estamos formando jovens responsáveis e conscientes quanto à importância de cada um para a preservação do nosso meio ambiente. Toda a escola está comprometida para a efetivação da economia de energia dentro e fora da escola. Assim, formamos cultura e mol-damos o caráter de nossos profissionais e futuros adultos”.

Belém36 Escolas públicas224 Professores capacitados54.100 Alunos beneficiadosAnanindeua49 Escolas públicas276 Professores capacitados22.151 Alunos beneficiadosBarcarena15 Escolas públicas84 Professores capacitados12.843 Alunos beneficiadosSantarém30 Escolas públicas211 Professores capacitados26.367 Alunos beneficiadosCastanhal34 Escolas públicas211 Professores capacitados34.854 Alunos beneficiadosTucuruí36 Escolas públicas816 Professores capacitados32.010 Alunos beneficiadosBreu Branco17 Escolas públicas274 Professores capacitados11.895 Alunos beneficiadosGoianésia11 Escolas públicas82 Professores capacitados8.799 Alunos beneficiadosJacundá21 Escolas públicas128 Professores capacitados12.702 Alunos beneficiados

Dhebora, Antônio, Rafaela e Guilherme: repassando aos pais os ensinamentos

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Os ensinamentos da professora Valdinete Gomes Inomata (ao lado) não se restringem às pare-des da escola municipal Antônio Joaquim de Arruda, da cidade de Várzea Grande (MT), onde ela ministra aulas para as salas de apoio. Valdinete mobilizou toda a comunidade com o intuito de reduzir o consumo de energia elétrica e conseguiu. Os índices de consumo da escola e da residência de muitos alunos obtiveram uma queda considerável.

Como reconhecimento pela iniciativa de conscienti-zação, a docente recebeu do Procel o direito de expor suas experiências aos educadores de Rio Branco, no Acre. A participação de Valdinete aconteceu durante o 2° workshop do Procel realizado nos dias 30 de setembro e 1° de outubro de 2009, no auditório da Eletronorte. “Esse foi um reconhecimento pelo trabalho realizado não apenas por mim, mas por cada um dos funcionários da escola. Os bons resultados só foram possíveis porque juntos abraçamos a causa. Dedico esse prêmio a todos da escola Antônio Joaquim. Sozinha, eu não conseguiria chegar aonde cheguei”, ressalta Valdinete.

A docente explica que, no fim de cada bimestre, projetos baseados no Procel eram desenvolvidos e apresentados para a comunidade escolar. Entre as atividades desenvol-vidas estão: gincana, concurso de paródias e passeatas. “Aproveitávamos a culminância das atividades desenvol-vidas ao longo do bimestre pela escola para expor nossas experiências. Além do empenho dos alunos, era notável a participação dos pais. Com isso, as medidas propostas pelo Procel acabaram ultrapassando os muros da escola, entrando na casa das pessoas e conscientizando a co-munidade sobre a importância de se economizar energia elétrica não apenas no tocante à redução do valor pago no final do mês, mas, sobretudo, na preservação do meio ambiente”, explica a professora.

A professora também selecionou estudantes para atu-

arem como ‘fiscais do Procel’. Para isso, 12 crianças foram escolhidas, seis por período. Além disso, 15 alunos tiveram suas contas de energia monito-radas nos últimos meses pelos técnicos da Eletronorte. A aluna Érica Silva Barbosa (acima), de nove anos, foi a que mais econo-mizou energia, e como prêmio recebeu da escola uma bicicleta. Segundo a estudante, com o Procel ela aprendeu a economizar a energia em casa e também ensinou os pais, as duas irmãs e a avó sobre a importância do consumo racional. “Meu pai sempre pedia pra gente economizar luz porque a conta era cara, depois que comecei a fazer em casa o que eu aprendi na escola a conta ficou bem mais baixa. Antes ele pagava R$ 70,00, e hoje ele diz que a conta não passa de R$ 25,00”. Para conseguir essa econo-mia Érica ensina: “Eu assisto menos televisão, sempre apago as lâmpadas quando saio dos lugares da minha casa e minha mãe quando usa a máquina de lavar roupa desliga a geladeira”.

De acordo com a diretora da escola, Vanilda Pereira Batista, durante todo o projeto a comunidade escolar foi orientada sobre a importância e a necessidade de desligar as lâmpadas e apa-relhos eletrodomésticos nos períodos que não estivessem utilizando-os. “A participa-ção dos pais e alunos foi 100% positiva, envolvendo totalmente a comunidade em todos os eventos reali-zados e competindo na eco-nomia de energia”, destaca Vanilda. A escola espera pelo resultado final da Eletronorte. O colégio que alcançar a maior redução no consumo de ener-gia elétrica receberá um apa-relho datashow. Concorrem ao prêmio oito escolas municipais de Várzea Grande.

Mato Grosso: aprendizado para toda a vida

“A tia disse que não pode deixar a lâmpada ligada nem em casa nem na escola. Ela disse que temos que economizar”, exclama a pequena Yasmim Oliveira, de sete anos, aluna da Escola Municipal Delza da Paixão Pereira, de Porto Nacional, a 60 km de Palmas, ao mostrar o livro do Procel que as profes-soras continuam utilizando na escola. De acordo com a gestora escolar, Rejane de Souza Guimarães Gomes (ao lado), mesmo depois do fim do convênio com a Ele-tronorte, a escola continua utilizando a metodologia do Procel, que compõe o Plano Político Pedagógico da instituição.

Já a professora Edelva Virginia Nascimento, da Escola Municipal Professora Generosa Pinto, também de Porto Nacional, é uma conscientizadora do Procel. Com sua frase típica, “dê um clique, apague a luz!”, ela está sempre atenta às dicas do Programa e demonstra que a metodologia permanece na consciência dos alunos, professores e gestores. “O Procel continua dentro da escola

no nosso dia a dia. Onde estou sempre presto atenção se tem ventilador ligado, luz ligada e água pingando. Eu presto atenção e alerto os alunos, pois eu adquiri esse hábito e

continuo fazendo e repassando o que aprendi com o Procel”, ressalta Edelva, explicando que os alunos também levam o aprendizado para casa e cobram dos pais atitudes antidesperdí-cio. “Chegamos ao ponto de os pais virem até à escola perguntar o que é esse tal de Procel que a tia tanto fala”, conta a professora.

Edelva (ao lado) é a professora do pequeno Ângelo Neto Alves da Costa, de qua-tro anos. Apesar da pouca idade, Ângelo aprendeu ‘direitinho’ a lição, como conta sua mãe Sônia Maria Vieira: “Ninguém po-dia deixar a geladeira aberta que ele já vi-

nha brigando comigo – ‘não pode, mamãe’. Quando não era geladeira, era por causa do ventilador ou por conta da televisão. Se ele vê uma luz ligada, vai lá e desliga”, relata Sônia. Ângelo confirma o que a mãe acaba de dizer: “Não pode deixar a luz ligada não, mãe”. Segundo Sônia, no ano passado a economia em casa chegou a mais de R$ 10,00.

Tocantins: conscientização desde cedo

Guaraí13 Escolas públicas37 Professores capacitados6.509 Alunos beneficiadosPalmas50 Escolas públicas272 Professores capacitados43.371 Alunos beneficiadosPorto Nacional33 Escolas públicas189 Professores capacitados19.488 Alunos beneficiadosColinas20 Escolas públicas91 Professores capacitados8.520 Alunos beneficiadosMiranorte7 Escolas públicas46 Professores capacitados4.827 Alunos beneficiadosMiracema10 Escolas públicas52 Professores capacitados5.448 Alunos beneficiados

Sinop14 Escolas públicas61 Professores capacitados9.294 Alunos beneficiadosVila Bela da S. Trindade2 Escolas públicas11 Professores capacitados2.058 Alunos beneficiadosJauru3 Escolas públicas18 Professores capacitados1.071 Alunos beneficiadosRio Branco3 Escolas públicas12 Professores capacitados960 Alunos beneficiadosRondonópolis15 Escolas públicas61 Professores capacitados6.149 Alunos beneficiadosVárzea Grande44 Escolas públicas170 Professores capacitados57.990 Alunos beneficiadosCuiabá31 Escolas públicas166 Professores capacitados18.320 Alunos beneficiadosDiamantino5 Escolas públicas21 Professores capacitados1.328 Alunos beneficiados

Yasmim e Angelo com a mãe Sônia

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No Maranhão, são atendidos pelo Procel Educacional os municípios de Imperatriz, Timon, Itapecuru-Mirim, São José do Ribamar e Coelho Neto. O município de Timon, a 450 km da capital maranhense, é referência no Programa, tanto que a cidade foi escolhida pela Eletronorte para concorrer ao Prêmio Procel Cidade Eficiente em energia elétrica na área educacional.

A Escola Municipal Projeto Educativo Mãos Dadas, em Timon, tem quase 900 alunos e mais de 40 professores. O grande número de pessoas na escola ilustra bem o empenho do corpo docente, com um dos seus professores premiados pelo Procel por conta do desempenho. Márcia dos Santos Silva (abaixo), diretora da instituição, lembra que a implantação do Programa trouxe mais conscientização das pessoas e maior cuidado com o meio ambiente, tanto do corpo docente como do corpo discente, pois ele despertou essa conscientização, saiu da teoria para a prática. “Percebemos as mudanças logo no primeiro ano e as contas de energia estão aí para comprovar. Tivemos depoimentos de alunos e dos pais sobre a economia de energia

nas suas residências e, por isso, o Procel deve continuar no município, levando esses conceitos a outras escolas. Devemos ser perseverantes, isso só trará benefícios para o meio ambiente. Vocês da Eletronorte deixaram uma marca na escola, por transmitirem o programa com muita seriedade

e dedicação”. A professora Eliane Maria Costa Ri-

beiro (à esquerda), contemplada com o Prêmio, lembra que inicialmente pensou que o Procel fosse mais um programa, mas depois da capacita-ção viu que era algo sério, “pois o capacitador (no caso, o empregado da Eletronorte, Arthur Quirino) trans-mitiu essa seriedade do programa com muita segurança e confiança. Tivemos algumas dificuldades no início, mas depois tudo correu com tranquilidade e em sala de aula os alunos nos mo-tivaram a trabalhar o Procel, foi muito interessante”, relembra.

Ao receber a notícia, Eliane conta que passou um filminho na cabeça: “Eu vi naquela primeira manhã da ca-pacitação a imagem do Arthur em sala

de aula nos motivando, falando do programa com muita confiança, muita clareza. Após os dois dias de capacitação percebi que o Programa iria trazer grandes benefícios para todos nós, então realizamos um bom trabalho aqui na escola”. Como prêmio, Eliane conheceu a Usina Hidrelétrica Tucuruí: “Foi algo maravilhoso conhecer novas práticas e novas dinâmicas de como trabalhar o Procel. Percebi que as dificuldades são muito parecidas, porém o entusiasmo de todos é maior quando falam do Procel, pois consigo ver um brilho nos olhos de cada um dos colegas”.

Rita Pereira do Nascimento, mãe de Ana Luiza Pereira (ao lado, à direita), aluna da 5ª série da Escola Municipal Projeto Educativo Mãos Dadas, conta que a filha chegou em casa dizendo que estava participando do Procel na escola: “Eu pro-curei saber como era e nós começamos a mudar. Não deixava mais as luzes acesas, trocamos as lâmpadas incandescentes por fluorescentes, e eu que pagava de energia entre R$ 90,00 e R$ 100,00 passei a gastar em torno de R$ 35,00 com a conta

Maranhão: Timon como candidataa Prêmio Nacional Cidade Eficiente

de luz. Com essa economia, aumentei a minha casa e repassei as informações para a minha mãe, que também reduziu bastante o consumo de energia”.

Gracilene Alcântara, mãe de Vanessa Gabriela de Moraes (acima), conta que a filha, além de trocar as lâmpadas antigas, já foi mais radical: “Assim que a Vanessa chegou em casa falando sobre o Procel, desligou a geladeira que já é muito velha, e garante que só vai voltar a ligá-la quando comprarmos uma nova, porque a geladeira velha consome muita energia”. Dos R$ 95,00 que pagava de energia hoje ela paga R$ 21,00, e diz: “Com essa economia já pago o que devo, hoje eu não devo ninguém, ou seja, faço meus pagamentos em dia graças ao Procel”. Segundo Vanessa, alguns coleguinhas acham que o Procel é besteira: “Mas eu não desisto, eu sempre converso com eles para econo-mizar mais energia, água, porque tudo isso vai beneficiar o meio ambiente”.

O professor Alex Charles Sousa Gonçalves (abaixo), de Ti-mon, um dos colaboradores do Procel Educação nas escolas, foi o idealizador do uso direto da luz do sol utilizando garrafas PET cheias de água nos telhados (acima). Algumas escolas já utilizam essa tecnologia e o resultado é fantástico. Veja como é simples preparar essa: Pega-se uma telha comum, de barro, de preferência do mesmo tipo das já existentes no telhado da

escola, faz-se um furo no meio da telha com o diâmetro de uma garrafa PET. Tenha cuidado para não quebrar a telha. De-pois coloca-se a garrafa deixando uma parte para fora e outra para dentro. Em seguida faz-se a ve-dação e fixação da garrafa na telha com durepox, enche-se a garrafa de água e coloca-se a telha preparada no telhado.

Para comprovar a efi-cácia do invento do pro-fessor Alex, foi medida a luminosidade, com um luxímetro, de uma sala onde estão instaladas oito garrafas PETs e outra com

cinco lâmpadas fluorescentes de 40W cada uma. Na sala com as garrafas, a luminosidade chegou a 280 lux - com o dia nu-blado - enquanto a sala com as lâmpadas fluorescentes chegou a 160 lux, ou seja, uma diferença de 120 lux.

Imperatriz: 54 Escolas públicas394 Professores capacitados17.361 Alunos beneficiadosItapecuru-Mirim20 Escolas públicas155 Professores capacitados6.977 Alunos beneficiadosPresidente Dutra30 Escolas públicas137 Professores capacitados4.382 Alunos beneficiadosTimon35 Escolas públicas301 Professores capacitados18.981 Alunos beneficiadosCoelho Neto15 Escolas públicas105 Professores capacitados7.609 Alunos beneficiadosSão José de Ribamar46 Escolas públicas269 Professores capacitados7.208 Alunos beneficiados

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Maria Lúcia Lima Meireles (à direita) é coordenadora de ensino da Escola Estadual Diogo Feijó B. Abrahão Alab, em Rio Branco. De acordo com ela, “quando a escola foi convidada pela Secretaria Estadual de Edu-cação para fazer parte do Procel, fomos à Eletronorte buscar infor-mações sobre como podíamos desenvolver um trabalho com os alunos no sentido de econo-mizar energia para preservação do meio ambiente. Trouxemos a ideia e divulgamos aos pro-fessores, que em seguida elaboraram um projeto chamado ‘Água e energia, fonte de vida do planeta’. Esse projeto tem por objetivo incentivar o aluno a analisar e refletir suas ações como cidadão, cônsul de suas responsabilidades na utilização racional dos recursos naturais, como forma de conservação e preservação da natureza. Foram enfatizadas no projeto quais ações o aluno poderia realizar na sua casa e na sua escola para economizar energia”.

O Projeto envolveu todos os professores da escola e os 1.300 alunos. “Fizemos uma grande solenidade de abertura com a

participação da Eletronorte e trouxemos um palestrante da Fundação de Tecnologia do Acre. A partir daí, todos os pro-fessores passaram a trabalhar a ideia de economizar energia em suas casas e o propósito era que a conta de consumo de energia deveria diminuir tam-bém nas casas dos alunos”, lembra Maria Lúcia. Os profes-sores de matemática ficaram responsáveis pela elaboração dos índices e gráficos, os pais informariam o consumo e o valor das faturas e os alunos, por sua vez, traziam as fichas que continham o consumo e os valores das faturas.

“Nós percebemos o cui-dado dos professores que, ao terminarem a aula, apagam as lâmpadas e desligam os ventiladores, o que antes não

Acre: Escola Estadual Diogo Feijó elaboraprojeto de proteção ao meio ambiente

era feito, pois sabíamos que quem pagava a conta era o governo. Agora, até os alunos começaram a desligar”, conta a coordenadora. Lucia Meireles lembra que, certa vez na sala de aula, houve uma confusão, pois um aluno queria a todo custo que a metade da sala de aula ficasse com a iluminação apagada durante um período para economizar energia. “Com esse

fato, nós percebemos que o Procel foi realmente abra-çado pelos alunos e está alcançando os objetivos”.

Matheus Costa de Freitas (acima) é aluno da 7ª série da instituição e mora com mais seis pessoas. Segundo ele, a vinda do Procel na escola e para a vida dos alunos foi fundamental, “pois a maioria de nós não tinha o hábito de economizar, mas depois do lançamento do Programa tivemos acesso ao material didático enviado pela Eletro-norte, como revistas e folhetos. Para mim foi interessante, pois confesso que não tinha esse hábito e passei a tê-lo. Resultado: minha conta de luz diminuiu muito. Formamos um grupo de alunos no turno da manhã e outro no da tarde e ficávamos discutindo o assunto, assistíamos vídeos, parti-cipamos de gincanas, palestras no auditório da Eletronorte e chegamos até a construir um gráfico que mostrou uma redução de 6,5% no consumo de energia nas casas dos alunos. Os meus pais adoraram a ideia, mas tivemos um pouco de dificuldade para mudar os velhos hábitos, tive que tirar cópia do livro, recortar e colar na parede frases do tipo: Torneira – Não desperdice a água; Interruptor – Apague. Sempre que eu via algo interessante em revistas eu recortava e colava no local apropriado em casa. Esse cuidado também praticamos na escola”.

A pequena cidade de Arique-mes, localizada no interior do Estado de Rondônia, é referência para muitos municípios brasilei-ros. O local já obteve resultados expressivos com as ações simples de gestão do Procel. A iniciativa possibilitou uma economia de 24% ao mês, cujo consumo passou de 509.450 kWh/mês, o equivalente a R$ 107,8 mil para 384.469 kWh/mês, equivalente a R$ 89,4 mil.

Em Rondônia, o Procel Educa-cional está incluso nas atividades pedagógicas de 15 escolas da zona urba-na e sete escolas da zona rural, sendo que uma delas localiza-se dentro da reserva de garimpo do Bom Fu-turo. De acordo com o prefeito Confúcio Moura, Ariquemes já economizou cerca de um milhão de reais em três anos. “Desde que o Procel vem sen-do colocado em práti-ca em nossa cidade já economizamos bastante. A verba economizada com o Programa foi destinada à reforma de escolas, bem como à aquisição de material de apoio para a iluminação pública entre outras necessidades do município”, afirma o prefeito.

Ariquemes possui vários convênios, mas a parceria com a Eletronorte é considerada exemplar. “Tenho enor-me satisfação de ter a Eletronorte como parceira da nossa administração. O Programa tem sido um aliado junto à conscientização da comunidade, e os resultados são provas que a estratégia iniciada nas escolas foi a melhor maneira de motivar a população para a importância da economia de energia. O retorno está sendo muito posi-tivo”, enfatiza Confúcio Moura.

Exemplo no campo e na cidade - De sorriso fácil, estudiosa, bem articulada e preocupada com a questão do uso correto da energia elétrica. Foi assim que a es-tudante da 6ª série Tainara Siqueira (acima, ao centro), de 12 anos, ganhou o título de Garota Procel da Escola Professor Levi Alves de Oliveira. Tainara levou a sério a sua função. Na escola, após o horário de aula, é sempre a

última a sair. Ela ficou encar-regada de verificar se todas as lâmpadas, ventiladores e computadores foram des-ligados. Papel semelhante é exercido em sua casa, onde a garota virou fiscal da família, como revela sua mãe. “A minha filha ficou tão comprometida com o projeto que virou fiscal de todos nós. Chegou a colocar bilhetinhos nos interruptores da nossa residência. Ela ‘pega no pé’ mesmo quando percebe que

alguém não está seguindo as orientações passadas pelos professores na escola sobre as dicas do Procel”, revela a dona de casa Terezinha Siqueira.

Apesar de não morar na cidade, Jacob Costa Silva (acima), de dez anos, assim como Tainara, também se preocupa com a conta de luz: “É muito importante economizar energia elétrica, pois assim, estamos ajudando a nossa cidade, e ainda sobra mais dinheiro em casa para comprar outras necessidades básicas”, diz o estu-dante da 3ª série do ensino fundamental da escola da zona rural Padre Ângelo

Spadari, localizada no Distrito de Bom Futuro, dentro de uma reserva de garimpo. O menino que tem discurso de ‘gente gran-de’, não esconde a empolgação que tem em poder colocar em

prática as dicas do Procel. “Desde o início do projeto em nossa escola, Jacob foi uma revelação. Ele anteriormente não gostava de ler. Após a inserção das atividades pe-dagógicas do Programa na escola o menino se tornou um excelente leitor e disse-minador mirim do Procel”, conta orgulhosa a professora Mazilda Nogueira.

(Colaboraram Arthur Quirino, Denis Aragão, Rose Dayanne, Helize Vieira, Leandro Alves, Tereza Félix e Alícia Figueiredo).

Rondônia: Ariquemes economiza R$ 1 milhão

Porto Velho63 Escolas públicas222 Professores capacitados69.467 Alunos beneficiadosGuajará-Mirim10 Escolas públicas53 Professores capacitados6.678 Alunos beneficiadosAriquemes23 Escolas públicas106 Professores capacitados7.630 Alunos beneficiadosJi-Paraná41 Escolas públicas228 Professores capacitados28.143 Alunos beneficiadosCandeias do Jamari4 Escolas públicas15 Professores capacitados2.843 Alunos beneficiados

Rio Branco101 Escolas públicas582 Professores capacitados87.058 Alunos beneficiadosAmapáSerra do Navio2 Escolas públicas10 Professores capacitados482 Alunos beneficiadosPorto Grande2 Escolas públicas10 Professores capacitados1.903 Alunos beneficiadosMacapá73 Escolas públicas326 Professores capacitados31.118 Alunos beneficiadosSantana15 Escolas públicas54 Professores capacitados8.870 Alunos beneficiadosTartarugalzinho2 Escolas públicas10 Professores capacitados1.903 Alunos beneficiados

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Brasília é uma cidade diferente, foi planejada e construída para atender alguns propósitos, como a transferência da capital da República para um lugar mais seguro, a maior integração do País e o desenvolvimento do interior brasi-leiro. Depois de muito estudo o Planalto Central foi a região escolhida para essa empreitada. Co-meçaram, então, a surgir planos para a cidade. Em setembro de 1956 foi lançado o Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil, que exigia o traçado básico de uma cidade para 500 mil habitantes, com espaços pré-definidos para o Lago Paranoá, o Brasília Palace Hotel, o Palácio da Alvorada e o aero-porto. No ano seguinte o urbanista Lucio Costa ganhou o concurso com um projeto formado pelo cruzamento de duas linhas, que lembra o desenho de um avião.

Em setembro de 1956 o presidente Juscelino Kubitschek sancionou a lei que criou a Compa-nhia Urbanizadora da Nova Capital – Novacap, empresa que ficou responsável pela construção de Brasília. A obra movimentou a vinda de pessoas de diferentes regiões. Os candangos trabalharam arduamente para atender ao prazo e, assim, com pouco mais de três anos

de trabalho, Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960.

A partir de então a cidade passou a se desta-car como importante obra de arquitetura e ur-banismo. Os edifícios públicos criados por Oscar Niemeyer, como a Catedral, o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, atraem olhares pelas formas diferentes. Do mesmo jeito, o desenho da cidade formado por tesourinhas, comerciais, eixos, prédios com pilotis e muitas árvores chama a atenção de quem chega a Brasília.

Eletronorte e Brasília - A Eletronorte começou a fazer parte da história de Brasília em 1975, quando a Sede da Empresa foi transferida do Rio de Janeiro para o Setor Comercial Sul, no coração da cidade. O assessor da Diretoria Econômico-Financeira, Mario Gardino, que começou a trabalhar na Empresa em novembro de 1974, acompanhou esse período. Ele conta que Brasília foi escolhida por ser o ponto central para se chegar a qualquer área de atuação da Eletronorte. “Desde aquela época Brasília já era um concentrador de rotas. A área de atuação da Eletronorte é muito extensa e Brasília facilita o acesso da Sede para as demais instalações”.

Brasília e nós

No ano em que Brasília completa 50 anos, contamos um pouco da história, do turismoe da gastronomia da capital brasileira

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A beleza de Brasília está no singelo das flores do cerrado e nos traços de Niemeyer

Gardino (abaixo) é carioca e fez parte do núcleo básico inicial, grupo criado pela Eletro-brás para a implantação das subsidiárias. “A proposta era ficar dois anos na cidade, implantar a subsidiária e voltar, mas a qualidade de vida de Brasília me fez ficar aqui até hoje”. Ele conta que a principal vantagem era a ausência de en-garrafamentos no trânsito, o que permitia mais

tempo livre. Um lugar que considera especial é o Parque da Cidade.

Agora, com os filhos crescidos e estabelecidos em Brasília, Mario tem ainda mais motivos para ficar na cida-de. Quando bate a saudade do relevo do Rio de Janeiro, ele tem a solução: “Eu sinto falta das montanhas, aqui é tudo plano e para ver alguma diferença de paisagem eu vou para os arredores, como a Chapada dos Veadeiros e Pire-nópolis”.

Da mesma forma, outras pessoas se deslocaram das cidades onde nasceram para viver em Brasília. Assim, a cidade pode representar todo o Brasil por meio de seus mora-dores. Exemplo dessa diversidade é encontrado na Eletronorte, em meio a uma equipe formada por empregados vindos de diferentes partes do território nacional.

O baiano Sandro Roberto (abaixo), publici-tário, entrou na Eletronorte no último concurso público, em 2007. “Desde 2003 coloquei como meta morar em Brasília, por conta das oportu-nidades em concursos públicos”. Nascido e criado perto da praia, ele diz que ao chegar na capital do País sentiu muita falta do mar, mas depois se adaptou bem à cidade. “Brasília caiu como uma luva nas minhas pretensões profis-sionais e pessoais. Foi paixão à primeira vista. A organização, a tranquilidade e a sensação de segurança conquistaram tanto a mim como a

minha esposa. Outro aspecto interessante é a diversidade que se encontra aqui. Uma ver-dadeira ‘torre de babel’ de sotaques e culturas de diversos cantos do Basil, construindo uma sociedade mais tolerante e diversa”.

Quando chega um parente ou amigo na cidade, Sandro vira guia de turismo e sempre faz questão de levar o visitante aos lugares que mais gosta na capital: “Brasília tem vários pontos positivos e que eu adoro. Por exemplo, o Parque da Cidade, o Pontão, o Lago Paranoá, a Ermida Dom Bosco, o Teatro Nacional e o Centro Cultural Banco do Brasil”. Sobre as melhorias no cotidiano que a vida em Brasília lhe trouxe, Sandro comenta. “Moro a cerca de cinco mi-nutos de carro do meu trabalho. Portanto, não pego engarrafamentos e posso me dar ao luxo de almoçar em casa todos os dias. Em Brasília, posso caminhar em minha quadra com certa tranquilidade durante a noite para ir à academia ou sair para um passeio com minha cachorra de estimação. Acho isso importantíssimo e não abro mão”.

Diferente do publicitário, o assistente da Dire-toria de Gestão Corporativa, José Adolfo Ramos (abaixo), sofreu para se adaptar à cidade. Ele trabalhava no Setor Elétrico em Porto Alegre desde 1975, e em 1978 ficou sabendo, por meio de amigos que moravam em Brasília, de uma oportunidade de emprego na Eletronorte e enviou o currículo. “Não estava nem pensando em sair de Porto Alegre, mas então recebi uma carta da Eletronorte dizendo que tinha sido selecionado para entrevista e decidi tentar. Quan-do cheguei para a entrevista achei Brasília fantástica, muito bonita. Eu era engenheiro ele-tricista e concorrendo comigo havia doutores e mestres. Aí pensei: bom, pelo menos conheci Brasília e revi amigos”.

Para a surpresa de José Adolfo, foi chamado pela Eletronorte por ter exatamente o perfil que a empresa procurava: experiência em informática e em planejamento energético. Mudou-se para a cidade e começou a trabalhar na Eletronorte em novembro de 1978, mas passadas duas semanas ele pegou um avião para Porto Alegre decidido a não voltar mais para cidade. “Sofri tanto. Em Brasília eu fiquei ‘sócio’ da Vasp, da Varig, da Transbrasil porque eu ia a Porto Alegre em todos os feriados emendados e finais de semana possíveis. Para mim era tudo muito diferente. Primeiro que tem lugar para tudo, tem

setor disso e daquilo. Lembro-me da primeira vez que sai à noite em Brasília, era sexta-feira e quando deu uma hora da manhã o pessoal já começou a juntar as cadeiras. Eu estranhei, vim de uma cidade que na sexta-feira as pessoas ficam até de manhã na rua”.

Nesse período foi necessário o incentivo pater-no para continuar na cidade, mas atualmente a situação mudou. Hoje, José Adolfo declara ado-rar Brasília e diz estranhar quando sai da capital. “O que antes eu estranhava logo que cheguei aqui é o que sinto falta quando eu vou pra outros lugares. Aqui tem uma facilidade muito grande para encontrar os endereços, porque há uma lógica. Hoje estou tão acostumado com Brasília que não consigo me adaptar a outro lugar”.

A relação de José Adolfo com Brasília mu-dou tanto que ele até enfatiza o que mais gosta na cidade. “Acho o Parque da Cidade demais! Costumo ir muito com a família no Pier 21 e antigamente não perdia uma edição da Feira dos Estados. Gosto muito de Brasília, aqui tem restaurantes com o tipo de comida que você quiser e com preços variados”.

Por causa da profissão também chegou à ca-pital o programador de compu-tador Ednardo Silva (ao lado), da Gerência de Infraestrutura e Operações de Tecnologia da Informação. Em 2003, ele começava a cursar a faculdade de computação em Manaus quando a mãe, que já morava na cidade desde 2000, contou

que a capital brasileira possuía o terceiro maior mercado de tecnologia da informação do País. Foi então que ele decidiu se mudar. Ao chegar em Brasília se surpreendeu com a arquitetura. “Fiquei impressionado com a simetria das ruas e avenidas, o formato dos prédios, a educação dos motoristas, a organização da cidade por setores. Também foi quando conheci o tal do pequi, que nunca tinha comido”. Na cidade, Ednardo, além de continuar a faculdade, passou a estudar para

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os concursos públicos de informática. Em 2007 foi aprovado e passou a fazer parte da equipe da Eletronorte. Da mesma forma que os outros entrevistados, o programador diz que o Parque da Cidade é o local que mais gosta na cidade. Ele faz elogios à capital: “ Brasília me propor-ciona melhor educação e qualidade de vida. A infraestrutura é excelente e a remuneração aos trabalhadores é boa”.

Agenda diversificada - Essa mistura de culturas influencia a programação dos eventos da cidade. Durante o ano são realizados exposições, shows e festas que destacam diferentes regiões do Brasil, alguns já tradicionais , como a Folia de Reis, que costuma acontecer no mês de janeiro. O evento recebe representação de vários estados, como Minas Gerais, São Paulo, Tocantins, Goiás e Bahia.

Durante a Folia são apresentadas exposições, danças e músicas típicas. Outra festa típica é a Expotchê, que ressalta a cultura, a culinária e os produtos do Rio Grande do Sul. A exposição é rea-lizada em Brasília desde 1992 e reúne uma média de 350 expositores. A Festa dos Estados também é famosa na cidade. Na última edição, em 2009, estavam representadas a cultura, o artesanato e a culinária de 17 estados brasileiros.

A capital da República também atende a gostos musicais variados com festivais de dife-rentes tendências, como o Porão do Rock e as micaretas. Além disso, existem locais que sempre apresentam novas opções culturais: a Fundação Nacional de Artes, o Centro Cultural Banco do Brasil, o Centro de Convenções, o Clube do Choro e a Torre de TV. O turismo na cidade ainda pode ser dividido em arquitetônico e ecológico.

Turismo arquitetônico - Se o turista quiser conhecer as maravilhas projetadas por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, o Eixo Monumental é o principal ponto a ser visitado. Essa via com seis faixas em cada mão atravessa Brasília no sen-tido leste-oeste e cruza com o Eixo Rodoviário, conhecido como Eixão, que corta a cidade no sentido norte-sul. Um passeio no Eixo Monu-mental permite conhecer grande parte das belas construções de Brasília.

A Praça dos Três Poderes integra a repre-sentação dos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo. O Supremo Tribunal Federal fica no lado sul do Eixo e é a sede do Poder Judiciário. No centro está o Congresso Nacional, sede do Poder Legislativo, e no lado norte o Palácio do Planalto, a sede do Poder Executivo. Esse passeio também é uma forma de aproximar o

cidadão do centro das decisões da República. O Congresso Nacional, imagem mais comum do cartão postal de Brasília, é formado por dois blocos retangulares com duas cúpulas. Abaixo da cúpula menor, e virada para baixo, está o plenário do Senado Federal, representando a re-flexão que deve existir naquele ambiente. Abaixo da cúpula virada para cima está o plenário da Câmara dos Deputados. A abertura da cúpula para cima tem uma simbologia especial: significa que a Câmara é um lugar aberto ao povo e às influências diversas.

Ainda nessa área, entre as sedes dos três poderes, está o Panteão da Pátria e da Liber-dade Tancredo Neves. O monumento, criado por Oscar Niemeyer, lembra o formato de uma pomba e é uma homenagem a todos que se destacaram a favor da pátria brasileira. O Pan-

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O verde dos gramados, o azul do céu, as linhas retas do Planalto central

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teão foi idealizado com a comoção causada pela morte de Tancredo Neves, o primeiro presidente eleito democraticamente após o regime militar, mesmo que por voto indireto.

Subindo do Panteão, no sentido oeste, o turista passa pela Esplanada dos Ministérios. Os ministérios mais próximos do Congresso Na-cional se destacam pelo formato diferente, São eles o Palácio da Justiça e o Palácio do Itamaraty. Acima dos ministérios, no sentido oeste e do lado sul, está a Catedral. Também projetada por Oscar Niemeyer, sua estrutura é composta pela construção de 16 pilares de concreto, entre os quais estão inseridas peças de fibra de vidro em tons de azul, verde, branco e marrom. As peças foram pintadas por Marianne Peretti. Na frente da Catedral, quatro esculturas de três metros de altura e em bronze representam os evangelistas. Ao lado, no campanário, quatro sinos doados pela Espanha completam a obra. Dentro da Cate-dral chamam a atenção as esculturas suspensas de três anjos, as cerâmicas pintadas por Athos

Bulcão no painel do batistério, o altar doado pelo Papa Paulo VI e a réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Bem próximo à Catedral está o Museu Na-cional, em formato de cúpula. Junto com a Biblioteca Nacional formam o Complexo Cultural da República. A obra foi inaugurada em 15 de dezembro de 2006, no dia da comemoração dos 99 anos de Oscar Niemeyer. O grande espaço plano do Complexo abriga shows musicais e festas gratuitas, além de ser utilizado por ciclistas e skatistas.

A Estação Rodoviária de Brasília está no centro geográfico da cidade, no cruzamento

dos dois eixos. Foi projetada por Lúcio Costa e concentra os pontos de ônibus que percorrem os trajetos do Plano Piloto e entorno. Na plataforma superior encontram-se dois conhecidos setores de diversão: do lado sul, o Conic, e do lado norte, o Conjunto Nacional, tradicional shopping de Brasília.

Na parte oeste do Eixo Monumental está a Torre de Televisão, o monumento mais alto de Brasília. São 224 m. A Torre foi projetada por Lúcio Costa e é uma referência à Torre Eiffel, em Paris. O monumento possui um mirante a 75 m de altura. Ao redor da Torre funciona uma feira de artesanato muito frequentada por turistas.

Ainda no sentido oeste encontra-se o Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O lugar possui equipamentos e espaço para alocar vários eventos. O projeto é do arquiteto Sergio Ber-nardes. Indo no mesmo sentido está o Palácio do Buriti. O nome faz referência à palmeira do buriti, planta símbolo da cidade. Na frente do Pa-lácio do Buriti há uma réplica da Loba Romana, símbolo da cidade de Roma. Dentro do Palácio existe uma parte destinada à visitação, no qual está retratada a história de Brasília.

O Memorial dos Povos Indígenas é um peque-no pavilhão projetado por Oscar Niemeyer e que reúne objetos da cultura indígena. Um pouco

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O Cerrado brasileiro possui uma das maiores diversidades do planeta

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Robalo BaruPorção para duas pessoas:

Ingredientes:500g de robaloSal a gosto

Para o azeite de ervas com alho:5 dentes de alho10 sementes de pimenta-do-reino preta em grão10 sementes de pimenta-do-reino branca em grão50 ml de azeite20 sementes de pimenta rosa em grão2 colheres de ervas de Provence

Para a crosta de baru:50g de baru torrado30g de pão de forma sem casca5g de alho crocante10g de manteiga sem salSal a gosto

Modo de preparo do azeite de ervas com alho:Junte o alho descascado e o azeite em uma vasilha de inox

e asse por 20 minutos até que o alho esteja completamente assado. Em seguida, coloque o restante dos ingredientes e deixe descansar por um dia para que libere todos os sabores e temperos.

Modo de preparo da crosta de baru:Junte todos os ingredientes no processador e bata até

virar uma farofa. Reserve.Modo de preparo do Robalo Baru:Tempere o robalo com sal a gosto e grelhe. Quando estiver

no ponto, coloque-o em uma forma. Por cima, coloque a crosta de baru e leve ao forno até dourar. Retire do forno e sirva com o azeite de ervas com alho.

Receita do chef Dudu Camargo, servida no Dudu Camargo Bar e Restaurante

acima, o Memorial JK, também projetado por Oscar Niemeyer, onde encontram-se guardados os restos mortais e os pertences do presidente Juscelino Kubitscheck, o fundador de Brasília. Há ainda muitos outros pontos de onde se admi-ra as belezas arquitetônicas de Brasília. A Ponte JK, por exemplo, sintetiza a ousada arquitetura da capital do Brasil. O monumento atravessa o Lago Paranoá e liga a saída do Eixo Monumental ao Lago Sul.

Turismo ecológico - A travessia da ponte sim-boliza, aqui, o outro tipo de turismo que a cidade oferece. Brasília tem a maior área verde do País. O Lago Paranoá circunda a área leste de Brasília e é formado pelo represamento das águas do Rio Paranoá e dos riachos Fundo, Gama, Torto, Bananal e Vicente Pires. As margens do Lago concentram clubes, restaurantes e adeptos de esportes náuticos. Destaque para o Pontão do Lago Sul, no qual existem restaurantes e uma bela vista da cidade.

O Parque da Cidade Sarah Kubitschek, como demonstraram os entrevistados, é um ótimo pas-seio. Possui a maior área de lazer da cidade, com um circuito de 10 km de pistas para caminhadas e ciclismo. O passeio é sucesso garantido e ali são encontrados restaurantes, anfiteatros, kart, parques infantis, lagos, bosques com churras-queiras e centro hípico.

O Parque Nacional de Brasília, conhecido como Água Mineral, é uma opção para quem gosta do contato direto com a natureza. Possui piscinas em constante renovação, banhadas pelas bacias dos rios Torto e Bananal. O local conta, ainda, com trilhas ecológicas, lanchonetes e uma rica fauna e flora.

Ainda no Distrito Federal, a 35 km de Brasília, a Cachoeira Saia Velha oferece piscina natural, clubes, restaurantes e uma bela vegetação ca-racterística do cerrado. Há ainda nas redondezas de Brasília outras opções de turismo ecológico, como o Parque Municipal Itiquira, em Formosa (GO), que tem o Salto do Itiquira, com 168 m de altura, como sua maior atração. No local há várias cachoeiras e poços e uma boa infraestru-tura turística.

Gastronomia - A diversidade de Brasília tam-bém se mostra na gastronomia. Como disse José Adolfo Ramos, na cidade é possível encontrar os mais variados tipos de comida e preços. O site Quero Comer, especializado em indicar locais para alimentação, informa que em Brasília exis-tem 131 opções entre lanchonetes, restaurantes de comidas típicas, fast-food, cafés, grelhados, saladas, pizzarias, padarias, bares e choperias.

No cerrado, bioma característico do Planalto Central, existe uma grande variedade de frutos de alto valor nutricional que está sendo estudada por universidades brasileiras e técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária – Divisão Cerrados (Embrapa Cerrados). Segundo esses estudos existem 19 famílias, 51 gêneros e 82 es-pécies de árvores frutíferas no cerrado, como ingá, jatobá, araticum, buriti, mangaba, pitomba, pequi, cagaita, macaúba e a castanha de baru. Além das propriedades medicinais, esses frutos são muito utilizados na cozinha, como sucos, farinhas, mo-lhos e no preparo de diversos pratos. A castanha de baru, por exemplo, que é rica em ferro, cálcio, zinco, magnésio, fósforo e zinco, é processada por diversas cooperativas de Goiânia (GO), em convênio com a Fundação Banco do Brasil.

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A água é um elemento presente

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Vejo a espuma do sabão que brilha nas águas desse rioO branco dessa espuma se confunde com os grisalhos que tenho aqui comigo Há tanto tempo os meus dias começam cedo com trouxas de roupas a lavarE no meio dos lençóis, das calças e das saias ouço o barulho do sopro do vento na água, que embala os meus sonhosAqueles poucos que consegui viverFoi suficiente Trouxe força para a luta diáriaLuta essa de cada dia Que me faz ter o pãoMas quando esse sabão se acabar Pode ter certeza que eu irei tambémE esses cabelos de espumas sonhadoras sumirão nas águas do rio até o além

“Fiquei admirado e imaginando a maravilha e as dificuldades de uma distribuidora de energia elétrica numa região como a mostrada na revista Corrente Contínua. Parabéns! Peço a Deus que no ano de 2010 abençoe vocês e suas famílias”.

Bressiani - Montrel Controles Eletrônicos Ltda – Campinas – São Paulo

“Prezada Érica, a sua matéria sobre a castanheira ficou excelente, digna de qualquer publicação sobre o tema. Com-pleta e esclarecedora! Parabéns!”

Rubens Ghilardi Jr - Superintendência de Meio Ambiente – Brasília - DF

“Prezados, sempre vejo na revista Corrente Contínua reportagens sobre as diversas regionais. Sugiro uma reportagem sobre a Sede-Brasília onde poderíamos clarear a imagem distorcida que muitos colaboradores têm e aliar a reportagem aos 50 anos de Brasília”

Torricelli da Silva Gomes - Gerência de Engenharia de Manutenção da Transmissão da Superintendência de Engenharia de Operação e Manutenção da Transmissão – Brasília - DFNR: Prezado Torricelli, sua proposta veio ao encontro da nossa pauta nesta edição, confira.

“A título de colaboração informo que na página 50 na manchete Bravo povo acriano, esta última palavra está grafada com a letra i. O correto não seria acreano com e? O artigo está excelente e caso eu esteja errado queira desculpar”.

Fernando Werneck Linhares - Gerência de Patrimônio Imobiliário – Brasília - DFNR: Prezado Fernando, a grafia da palavra acriano passou a ser assim após a reforma ortográfica da língua portu-

guesa ora vigente.

“Recebemos e agradecemos a revista Corrente Contínua, Ano XXXII, Nº 229, de nov/dez de 2009”. Rozangela Zelenski - Gerência de Documentação e Programas Especiais da Universidade Federal de Mato Grosso - Cuiabá - MT

“Caríssimos, somos uma jovem entidade sem fins lucrativos, uma ONG voltada para vários projetos, entre eles a educação, principalmente através da formação do conhecimento. Recebemos várias publicações, entre elas um exem-plar desta revista chegou-nos por meio de Assessoria Parlamentar, e ficamos impressionados com a qualidade gráfica e o nível dos artigos nela publicados. Por isso gostaríamos de saber quais as condições e possibilidades de podermos recebê-la também.”.

Vital Caló Filho - Associação Comunitária Família Cristã Família Cidadã – Cosmópolis - SP

“Prezado Alexandre, parabéns pela excelente reportagem sobre o XX SNPTEE publicada na última edição da revista Corrente Contínua”.

José Henrique Machado Fernandes - Assessoria de Coordenação de Implantação de Empreendimentos de Transmissão e Geração – Brasília - DF

“Prezada jornalista Erica Michelline Cavalcante Neiva, comunico-lhe que recebi no final da tarde de ontem os dez exemplares da revista Corrente Contínua. Cumprimento pela magnífica qualidade da revista e a excelente reportagem de capa sobre a castanha-do-pará. Precisamos plantar castanheiras na Amazônia e esforços nesse sentido precisam ser efetivados. É um produto que tem mercado, todo mundo conhece, serve para recuperar áreas degradadas e como é árvore nativa da Amazônia serve para recomposição de Reserva Legal (RL) e Área de Proteção Permanente (APP), e ainda como poço de carbono. Nos colocamos à disposição da revista Corrente Contínua em outras reportagens sobre a Amazônia”.

Alfredo Homma – Embrapa- Brasília – DF

“Prezados senhores, vimos pelo presente agradecer o envio de dez exemplares da revista Corrente Contínua ano XXXII nº 229 – novembro/dezembro de 2009, entre os quais o excelente artigo sobre a situação das castanheiras da Amazônia. Sem mais, reiteramos nossos votos de estima e consideração”.

Noé Vom Atzingen – Presidente da Fundação Casa de Cultura de Marabá – Marabá – PA

“Aproveito o ensejo para desejar aos componentes da revista Corrente Contínua e milhares de leitores um santo e próspero ano novo. Agradeço por receber regularmente esta excelente revista que é fonte de informação e cultura.

Severino Cassiano Ferreira – Água Preta- PE

“Com satisfação, acusamos o recebimento de exemplar da revista Corrente Contínua, da Eletronorte. Agradecendo a gentileza da remessa, renovamos os nossos protestos de especial apreço e estima”.

José Arteiro da Silva - Fecomércio do Estado do Maranhão - São Luís - MA

Texto: Camila MarquesFoto: Rony Ramos

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A revISTA DA eLeTronorTe