capitulo livro 1 - custo socioeconomica de dragagens portuarias

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Ref. BIDONE, E. D., SILVEIRA, R. P., FIORI, C., Rodrigues, A. P. C., PIRES, M. F. A., CASTILHOS, Z. C. CUSTO SÓCIO-ECONÔMICO DE DRAGAGENS PORTUÁRIAS In: GESTÃO AMBIENTAL PORTUÁRIA: Subsídios para o Licenciamento das Dragagens Portuárias.1 ed.Antonina : ADEMADAN/SECIS-MCT/FIEs, 2009 CUSTO SÓCIO-ECONÔMICO DE DRAGAGENS PORTUÁRIAS Edison Dausacker Bidone [email protected] Departamento de Geoquímica Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ Raquel Pinhão da Silveira [email protected] Departamento de Geoquímica Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ Cristiane da Silveira Fiori [email protected] Departamento de Geoquímica Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ Ana Paula de Castro Rodrigues [email protected] Departamento de Geoquímica Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ Marta Fornari de Ary Pires [email protected] CENTRAN Centro de Excelência em Engenharia de Transportes Zuleica Carmen Castilhos [email protected] CETEM Centro de Tecnologia Mineral do MCT RESUMO Para avaliar o custo sócio-econômico de dragagens foram utilizados a estrutura Forçante- Pressão-Condicionamento-Impacto-Resposta (FPCIR) e indicadores endógenos de qualidade ambiental (que só dependem de processos ambientais locais), aplicados à análise custos- benefícios (ABC - considerando eficiência econômica, padrões ambientais como limitações e custo de oportunidade), através do estudo de duas situações: a primeira (F1) caracterizada pela dragagem considerando apenas os sistemas área dragada-área de disposição e os custos de transporte (estimados entre 60% e 70% do custo de dragagem); e, a segunda (F2), acrescenta à primeira a bacia de drenagem. Os indicadores endógenos propostos permitiram prognosticar e mensurar a qualidade ambiental em cenários de dragagem. A ACB usada concluiu pela não sustentabilidade da situação F1, indicando custos crescentes (privados e sócio-econômicos) e ganhos decrescentes de qualidade. A situação F2 acorda com as diversas dimensões de sustentabilidade; sugestões são apresentadas para a sua realização. Palavras-chave: dragagem, indicadores ambientais, análise custo-benefício ABSTRACT Socio-Economic Drivers-Pressure-State-Impact-Response - DPSIR

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Custo Economico e social de dragagens portuárias.

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  • Ref. BIDONE, E. D., SILVEIRA, R. P., FIORI, C., Rodrigues, A. P. C., PIRES, M. F. A., CASTILHOS, Z. C. CUSTO SCIO-ECONMICO DE DRAGAGENS PORTURIAS In: GESTO AMBIENTAL PORTURIA: Subsdios para o Licenciamento das Dragagens Porturias.1 ed.Antonina : ADEMADAN/SECIS-MCT/FIEs, 2009

    CUSTO SCIO-ECONMICO DE DRAGAGENS PORTURIAS

    Edison Dausacker Bidone [email protected]

    Departamento de Geoqumica Universidade Federal Fluminense, Niteri-RJ Raquel Pinho da Silveira [email protected]

    Departamento de Geoqumica Universidade Federal Fluminense, Niteri-RJ Cristiane da Silveira Fiori [email protected]

    Departamento de Geoqumica Universidade Federal Fluminense, Niteri-RJ Ana Paula de Castro Rodrigues [email protected]

    Departamento de Geoqumica Universidade Federal Fluminense, Niteri-RJ Marta Fornari de Ary Pires [email protected]

    CENTRAN Centro de Excelncia em Engenharia de Transportes Zuleica Carmen Castilhos [email protected]

    CETEM Centro de Tecnologia Mineral do MCT

    RESUMO Para avaliar o custo scio-econmico de dragagens foram utilizados a estrutura Forante-

    Presso-Condicionamento-Impacto-Resposta (FPCIR) e indicadores endgenos de qualidade

    ambiental (que s dependem de processos ambientais locais), aplicados anlise custos-

    benefcios (ABC - considerando eficincia econmica, padres ambientais como limitaes e

    custo de oportunidade), atravs do estudo de duas situaes: a primeira (F1) caracterizada pela

    dragagem considerando apenas os sistemas rea dragada-rea de disposio e os custos de

    transporte (estimados entre 60% e 70% do custo de dragagem); e, a segunda (F2), acrescenta

    primeira a bacia de drenagem. Os indicadores endgenos propostos permitiram prognosticar e

    mensurar a qualidade ambiental em cenrios de dragagem. A ACB usada concluiu pela no

    sustentabilidade da situao F1, indicando custos crescentes (privados e scio-econmicos) e

    ganhos decrescentes de qualidade. A situao F2 acorda com as diversas dimenses de

    sustentabilidade; sugestes so apresentadas para a sua realizao.

    Palavras-chave: dragagem, indicadores ambientais, anlise custo-benefcio

    ABSTRACT Socio-Economic Drivers-Pressure-State-Impact-Response - DPSIR

  • INTRODUO

    O ente porturio constitui o mais relevante elo da cadeia logstica de transporte, proporcionando

    a interface entre a modalidade aquaviria e as de natureza terrestre na movimentao de cargas,

    tanto as oriundas do comrcio exterior como as voltadas para o abastecimento interno do pas.

    No caso brasileiro, a dependncia da rede porturia nacional no que respeita ao desenvolvimento

    do comrcio internacional inquestionvel, na medida em que cerca de 90% do quantum fsico

    movimentado transita pelos seus componentes, gerando aproximadamente 75% das receitas

    cambiais originadas nessa atividade. , portanto, essencial buscar-se o melhoramento contnuo

    da infra-estrutura e da gesto das atividades porturias (CENTRAN, 2009a).

    Entre as prioridades do Governo para a promoo do aumento de produtividade e dos

    investimentos privados nos portos, constam: a reduo dos custos de logstica, entre os quais

    incluem-se os servios porturios; e a proviso eficiente de servios de infra-estrutura. A

    dragagem de canais de acesso aos portos foco de aes neste sentido, pois implica custo a ser

    reduzido e constitui servio a ser tornado eficiente (Artigo Antonio Maurcio pg 12 livro

    verde). Dragagens so dependentes da relao porto-cidade e do uso/ocupao de bacias

    hidrogrficas, h interferncia mtua entre as atividades de um e outra. Se por um lado, as

    atividades porturias exercem presso sobre o tecido urbano, impactam negativamente a

    qualidade de vida urbana e constituem, a depender do tipo de cargas prevalecentes no porto,

    risco potencial de acidentes, as atividades urbanas incluem inmeras fontes de poluio que

    agem sobre o ambiente porturio. Especialmente em se falando de dragagem, o porto apenas

    uma das fontes da qualidade da gua. Esgotos domsticos e industriais, no tratados, so muito

    comumente despejados em guas costeiras e contribuem consideravelmente para a contaminao

    de sedimentos. Em reas estuarinas e de baias, alm de um processo natural de assoreamento,

    este acelerado como conseqncia de atividades antrpicas nas bacias de drenagem (Artigo

    Antonio Maurcio op.cit.).

    Estas questes so complexas; necessitam de contexto metodolgico adequado ao seu

    tratamento, a fim de evitar a perda de foco no problema. AA eessttrruuttuurraa Forante, Presso,

    Condicionamento, Impacto, Resposta ((FFPPCCIIRR)) sseerr uuttiilliizzaaddaa ppara tratar o assunto dragagem

    porturia. Esta estrutura ooffeerreeccee oo ccoonntteexxttoo aannaallttiiccoo ppaarraa aa iinntteeggrraaoo ddee iinnffoorrmmaaeess ssoobbrree aass

    ffoorraass mmoottrriizzeess ((ffoorraanntteess)) sscciioo--eeccoonnmmiiccaass ee aammbbiieennttaaiiss,, qquuee eennggeennddrraamm aa ddiissttrriibbuuiioo

    eessppaacciiaall ee tteemmppoorraall ddaass aattiivviiddaaddeess eeccoonnmmiiccaass ee aass rreessuullttaanntteess pprreesssseess aammbbiieennttaaiiss rreellaacciioonnaaddaass,,

    ddee ffoorrmmaa aa pprroovveerr iinnffoorrmmaaeess ssoobbrree aass mmuuddaannaass nnoo ccoonnddiicciioonnaammeennttoo ((eessttaaddoo)) aammbbiieennttaall,,

    pprreesseennttee ee ffuuttuurroo,, ee sseeuuss eeffeeiittooss ((iimmppaaccttooss)) ssoobbrree aass aattiivviiddaaddeess hhuummaannaass,, bbeemm ccoommoo ssuuaass

    ccoonnsseeqqnncciiaass ssoobbrree aass ppoossssiibbiilliiddaaddeess ddee ddeesseennvvoollvviimmeennttoo ffuuttuurroo..

  • CONTEXTO METODOLGICO

    A estrutura FPCIR, foi desenvolvida a partir dos trabalhos pioneiros realizados pela Organization

    for Economic Cooperation and Development (OECD) nos anos 80. A apresentao e utilizao

    da estrutura FPCIR, na seqncia, baseiam-se nos estudos elaborados por Turner et al. (1998),

    Bidone e Morales (2004).

    Sistemas scio-econmicos e sistemas naturais so, em uma extenso varivel, vistos de uma

    maneira co-evolucionria, caracterizada por uma conjuno de complexos efeitos que se

    retroalimentam. Exerccios de avaliao e modelagem desta conjuno devem ser orientados no

    sentido de capturar corretamente as causas e conseqncias das mudanas observadas nas reas

    concernadas. A estrutura analtica preconizada, sob a forma de um ciclo (Figura 1), visa oferecer

    um contexto integrador de indicadores sociais, econmicos e ambientais. Nela as presses

    ambientais so geradas via forantes scio-econmicas / antropognicas (mudanas no uso do

    solo, urbanizao, agricultura, indstrias, barragens, etc.) ou naturais (mudanas climticas,

    elevao do nvel do mar, etc.) causando mudanas no condicionamento (i.e., na qualidade e

    quantidade, ou seja, na disponibilidade) dos sistemas ambientais (p.ex., incremento dos fluxos de

    material em suspenso e substncias contaminantes das guas fluviais para corpos aquosos

    costeiros). Neste sentido, as dragagens so forantes. Estas mudanas no condicionamento

    ambiental geram impactos - p.ex., mudanas em processos e funes ambientais gerando

    impactos sobre a sade, produtividade econmica, lazer e amenidades, valor de existncia etc. -

    perceptveis em termos de mudanas do bem-estar social (custos e benefcios). Tais mudanas no

    bem-estar social fornecem o estmulo para aes de gesto (respostas), as quais dependem da

    estrutura institucional, cultura e sistema de valores, demanda competitiva por recursos escassos e

    por outros bens e servios.

    DRAGAGENS PORTURIAS NO CONTEXTO DA ESTRUTURA FPCIR

    Dragagens so forantes ou foras motrizes (F). Observando a estrutura FPCIR duas situaes

    podem ser consideradas:

    a) Situao F1 (cenrio remediador). Caracterizada pela dragagem tal como realizada, i.e., a

    dragagem atua nos espaos das reas dragada e de disposio/descarte/despejo. A atividade de

    dragagem, alm de sua finalidade precpua, funciona como recuperao de passivos scio-

    econmicos (p.ex.: esgoto no coletado, no tratado; eroso de solos mal manejados e

    consequente assoreamento) ou privados (p.ex.: efluentes industriais sem tratamento; efeito

  • residual de efluentes tratados) gerados na(s) bacia(s) que drena(m) rea porturia. Grosso modo

    a dragagem funciona como um mecanismo de recuperao de rea degradada: um determinado

    volume de material/sedimento contaminado retirado, transportado, descartado/despejado,

    gerando contaminao, no geral, temporria em rea de descarte (via de regra, escolhida por suas

    caractersticas hidrodinmicas e ambientais favorveis) onde atuam processos naturais de

    diluio, disperso, oxidao, decaimento bacteriano etc. Artigo Antonio Maurcio op.cit.:

    quando da obra de dragagem, o porto, conforme definido no processo de licenciamento

    ambiental, assume isoladamente a responsabilidade por condies de assoreamento e pela

    qualidade de gua sujeita ao efeito de outras fontes que no ele prprio e, nesse sentido,

    desrespeita-se o Princpio do Poluidor Pagador.

    Forantes Socioeconmicas

    Presso s/ Meio Ambiente

    Mudanas no

    Condicionamento

    Ambiental

    Respostas

    (polticas, sociais

    e econmicas)

    Impactos

    Forantes Socioeconmicas

    Presso s/ Meio Ambiente

    Mudanas no

    Condicionamento

    Ambiental

    Respostas

    (polticas, sociais

    e econmicas)

    Impactos

    Figura 1. Estrutura Forante, Presso, Condicionamento, Impacto, Resposta ((FFPPCCIIRR))

    b) Situao F2 (cenrio proativo). Alm das operaes nas reas dragada e de

    disposio/descarte/despejo, considera as atividades (forantes) atuantes na(s) bacia(s) que

    drena(m) rea porturia (atividades urbanas, uso inadequado do solo na bacia, falta de

    saneamento bsico, etc.), gerando presses ambientais com conseqentes mudanas no

    condicionamento dos ecossistemas e impactos scio-econmicos. O reconhecimento da situao

    F2 o primeiro passo para um enfoque gerencial integrado da bacia hidrogrfica, em

    conformidade com o Princpio da Precauo. Aes inadequadas na bacia afetam (geram custos)

    as atividades econmicas e usos (atuais e potenciais) dos recursos ao longo de todo, ou parte

    substancial do acqua continuum, gerando passivos ambientais, portanto, scio-econmicos,

  • comprometendo as possibilidades de desenvolvimento (gerao de benefcios) atual e futuro.

    Usos inadequados dos recursos na bacia refletem-se diretamente nas dragagens porturias devido

    ao incremento dos fluxos materiais fluviais s guas costeiras. Portanto, resulta a necessidade de

    gesto da bacia com compartilhamento das responsabilidades, incluindo a conformidade com o

    Princpio do Poluidor Pagador. Uma primeira concluso sobre as duas situaes descritas: o

    principal dos custos e/ou benefcios scio-econmicos est s parcialmente na situao F1. A

    situao F1 causada pela situao F2. O Quadro 1 sintetiza a operao das dragagens no

    contexto da estrutura FPCIR atravs da sugesto de indicadores e outros elementos relevantes.

    Quadro 1. Indicadores e informaes para o estudo de dragagens porturias no contexto da

    estrutura FPCIR. F1: forante dragagem; F2: forante F1 + bacia hidrogrfica.

    Presso Condicionamento Impacto Resposta

    F1 Quantidade (volume) e

    qualidade dos sedimentos

    dragados (retirados); ndice

    de qualidade dos sedimentos

    (IQS)

    Variao no IQS; taxa de

    assoreamento;

    permanncia da ao da

    pluma de sedimentos

    (diluio/disperso,

    oxidao, decaimento

    bacteriano etc.)

    Prejuzos s

    atividades

    econmicas em reas

    adjacentes; custo de

    transporte do

    material dragado;

    anlise custo-

    benefcio (ACB)

    Perenizao e

    incremento de:

    necessidade de

    dragagem;

    licenciamento

    ambiental;

    regras, normas,

    resolues etc.;

    penalizaes,

    embargos etc.

    F2 Fatores: crescimento

    populacional; usos do solo

    (urbanizao,

    industrializao, agricultura,

    desmatamento, outros)

    Indicadores: taxas/ndices de

    uso e ocupao do solo

    (USO); ndice de preservao

    da bacia (IP); ndice de

    saneamento ambiental (ISA);

    estimativas de fatores de

    emisso (EFE); fluxos

    materiais nos rios (FMR)

    Variaes em USO, IP,

    ISA, EFE e FMR

    Afeta (ACB) as

    atividades

    econmicas e usos

    (atuais e potenciais)

    dos recursos ao

    longo de todo ou

    parte substancial do

    acqua continuum,

    comprometendo as

    possibilidades de

    desenvolvimento

    atual e futuro.

    Gesto da Bacia

    Hidrogrfica

    (Avaliao

    Ambiental

    Estratgica;

    matriz de

    conflitos; mapa

    de sensibilidade

    ambiental;

    anlise

    multicritrio

    etc.)

    Alm dos aspectos e indicadores inerentes bacia hidrogrfica, a Situao F2

    engloba aqueles relativos Situao F1 essencialmente costeira/marinha.

    INDICADORES AMBIENTAIS ENDGENOS PARA DRAGAGENS

    Um aspecto crucial no processo de licenciamento ambiental de dragagens porturias a

    Resoluo CONAMA No 344 de 25 de maro de 2004 que estabelece as diretrizes gerais e os

    procedimentos mnimos para a avaliao do material a ser dragado em guas jurisdicionais

    brasileiras. Uma das principais crticas esta Resoluo o fato de se utilizar de referenciais e

  • processos atuantes sobre os contaminantes em guas e sedimentos do hemisfrio norte e no

    tropicais, como seria o desejvel.

    Para melhor captar os custos e benefcios da seleo ou transferncia de rea ou outros

    mecanismos de disposio de material dragado so necessrios indicadores endgenos que

    reflitam a realidade dos processos ambientais atuantes na(s) rea(s) envolvidas que permitam

    avaliar vantagens comparativas (no caso presente, como suporte a anlise entre as situaes F1 e

    F2). Referenciais exgenos podem ser utilizados, mas os da prpria regio so preferveis. Isso

    vlido para a disposio de outros materiais tambm e no somente de dragagem. Para

    gerenciar o risco de uma substncia preciso conhecer a sua toxicidade e vias/condies de

    exposio, comportamento e disponibilidade no meio em que se encontra, quantificando as

    relaes entre estes elementos (Castilhos et al., 2005).

    Define-se como Indicador Ambiental: Parmetro ambiental, conceito terico ou agregado de

    dados que prov uma interpretao do aspecto central da qualidade ou condio ambiental. So

    medidas de parmetros relacionados direta ou indiretamente poluio e enquadrando

    caractersticas quantitativas e qualitativas do sistema (Daurer, et al., 2000). Fiori (2008 tese

    Cris) estabeleceu para o litoral do estado do Rio de Janeiro um ndice de Qualidade de

    Sedimentos (IQS), integrado por trs conjuntos de indicadores: dados qumicos e de processos

    atuantes nos sedimentos (fornecidos pelo ndice de Risco Ecolgico Potencial IREP), dados

    toxicolgicos (fornecidos por estudos de bioacumulao de contaminantes em tecidos de

    organismos bentnicos bivalves e/ou poliquetas) e dados biolgicos (fornecidos pela

    diversidade da comunidade bentnica). Aqui ser utilizado apenas o IREP por ser suficiente s

    finalidades desta discusso. A confirmao/calibrao das estimativas geradas pelo IREP foi

    realizada com os resultados de bioacumulao (aumento da concentrao de contaminantes na

    biota aqutica; a bioacumulao no indica, necessariamente, efeito ou dano biolgico, porm,

    pode ser utilizada como indicadora do risco ecolgico potencial) e de estrutura de comunidade

    bentnica, e com parmetros indicadores do estado trfico do meio (entre outros: nitrognio,

    fsforo, carbono orgnico total, matria orgnica e clorofila-a) e de processos atuantes sobre a

    disponibilidade de contaminantes nos sedimentos (entre outros: sulfetos cidos volteis AVS,

    metais extrados simultaneamente SEM).

    Conceitualmente o IREP foi proposto por Hkanson em 1980 com a finalidade de classificar os

    sistemas aqutico quanto sua suscetibilidade ao risco ecolgico potencial, no que se refere

    contaminao por metais pesados e alguns contaminantes orgnicos. O IREP foi testado no

    litoral (baas, lagunas etc.) do Estado do Rio de Janeiro na Baa de Guanabara (Fiori et al., 2007;

    Fiori, 2008 tese Cris). A partir desses estudos foram realizadas profundas adaptaes no

    mtodo que tornaram possvel a sua utilizao eficiente em sistemas tropicais.

  • A sntese do mtodo apresentada na Figura 2. O IREP para um determinado corpo aqutico

    determinado a partir de uma srie de componentes, admitindo inicialmente que, quando a

    concentrao de contaminantes aumenta, o seu risco potencial tambm tende a se elevar. No

    entanto, o IREP avalia a biodisponibilidade do contaminante no sedimento utilizando, dentre

    outras medidas, o estado trfico do ambiente e pondera a toxicidade de acordo com as

    propriedades intrinsicas do contaminante. O Grau de Contaminao (GC) considera os atributos

    aditivos do sistema, consistindo em uma das vertentes na elaborao do IREP. O foco est na

    comparao entre deposio pr-industrial e deposio superficial e recente, a partir dos

    seguintes atributos: o atributo de concentrao e o atributo do nmero de contaminantes. O

    primeiro define que reas com elevada contaminao por metais devero apresentar um risco

    ecolgico potencial maior do que reas menos contaminadas. O Fator de Resposta Txica (FRT)

    considera os atributos comparativos de cada sistema ou contaminantes e avalia os processos de

    forma geral, consistindo na segunda vertente da elaborao do IREP.

    Figura 2. Sntese metodolgica para o clculo do ndice de Risco Ecolgico Potencial (IREP)

    A Tabela 1 apresenta exemplo do emprego do ndice de Risco Ecolgico Potencial (IREP) na

    anlise de diferentes situaes de descarte/despejo/disposio de sedimentos contaminados por

    metais pesados em sistema costeiro. O exemplo o do litoral do Estado do Rio de Janeiro.

    Algumas consideraes sobre os dados da tabela: (i) a diferena entre os valores mdios de

    metais da baa de Guanabara (BGB) e os da regio da Ilha Grande (no exemplo considerado

    como um referencial de qualidade regional) de 1 a 2 ordens de grandeza; (ii) a diferena entre

    os IREP das duas reas de 4 vezes, evidentemente esta diferena seria ainda menor se o

    material contaminado no tivesse a agressividade de uma situao quase extrema como a da

    BGB; (iii) o descarte de sedimentos contaminados em rea no contaminada gera um incremento

  • de risco entorno de uma ordem de grandeza, mas esta situao , via de regra, temporria se

    forem propcias as condies de disperso, diluio, decaimento qumico ou biolgico etc.,

    apesar de sempre estar presente o risco vinculado permanncia de materiais residuais em nveis

    considerados aceitveis pela legislao e a adio ou sinergia com outras fontes de

    contaminao; (iv) atenuaes dos nveis de poluio (i.e., IREP) de sedimentos em reas

    altamente contaminadas ocorrero pelo seu recobrimento por materiais no contaminados ou

    com baixo nvel de contaminao (no exemplo, o caso do material da base de testemunhos ou

    inferiores a apenas 0,5 m, ou da sua mistura com materiais superficiais); (v) o descarte de

    material dragado em setores de caractersticas similares da mesma rea ou regio no geram

    mudanas no IREP.

    Os levantamentos e anlises de dados e informaes ambientais dos seis portos (Rio Grande-RS,

    Paranagu-PR, Santos-SP, Itagua-RJ, Suape-PE e Itaqui-MA) definidos como pilotos para o

    estudo Infra-estrutura Porturia Nacional de Apoio ao Comrcio Exterior Relatrio de Pr-

    viabilidade Ambiental, elaborado pelo Centro de Excelncia em Engenharia de Transportes

    (CENTRAN, 2009b), mostraram que: (i) a quase totalidade das amostras de sedimentos

    analisadas ficou abaixo do nvel N1 (incluindo metais pesados, PCBs, HPAs, entre outros) da

    Resoluo CONAMA 344; (ii) quando maiores do que o nvel crtico N2 ou entre N1 e N2, no

    geral as amostras correspondiam a sedimentos superficiais, com um baixo percentual das

    amostras totais analisadas.

    A lgica dos dados da Tabela 1 clara: o risco associado ao dos contaminantes depende do

    grau de degradao geral do meio (FS) que afeta a resposta txica (FRT), ou seja, quanto mais

    degradado (no caso brasileiro quase sempre devido ao passivo social originado pela falta de

    saneamento e de controle de fontes de poluentes na bacia de drenagem, gerando alto custo scio-

    econmico), menor a disponibilidade das substncias contaminantes para a cadeia trfica, devido

    sua estabilizao biogeoqumica nos sedimentos.

    Por exemplo, retirado de um meio altamente impactado (hipereutrfico) para um meio no

    impactado (oligotrfico), a carga de contaminantes liberada. Isso aparece no tecido da biota

    como um proxy, inclusive nos nveis trficos mais elevados, p.ex. peixes. Rodrigues (2006),

    os fatores de bioconcentrao peixe:sedimento calculados demonstraram que reas de baixa

    contaminao por Hg da Baa da Ribeira-RJ, por se tratarem de ecossistema oligotrfico,

    disponibilizam mais rapidamente o Hg para os peixes do que na BGB; confirmando que as

    concentraes de mercrio no ambiente aqutico no so o nico fator importante mas que,

    sobretudo, a dinmica biogeoqumica regula a biodisponibilidade.

  • Tabela 1. Exemplo do emprego do ndice de Risco Ecolgico Potencial (IREP) na anlise de

    diferentes situaes de descarte/despejo/disposio de sedimentos em sistema costeiro.

    Metais pesados de sedimentos dragados em sistema costeiro

    Estudo de caso: litoral do RJ

    IREP - ndice de Risco Ecolgico Potencial; FS - Fator de Sensibilidade do Meio

    Sedimentos FS IREP Escala do IREP

    Altamente contaminado (1) Hipereutrfico 1231 < 150 baixo

    No contaminado (2) Oligotrfico 296 150-300 moderado

    Baixo (3) Hipereutrfico 399 300-600 considervel

    Baixo (4) Hipereutrfico 479 > 600 muito alto

    Descarte de 1 em 2 (5) 7264

    Descarte de 3 em 2 (5) 2350

    Descarte de 4 em 2 (5) 2820

    Descarte de 2 em 1 (6) 50

    Descarte de 3 em 1 (6) 399

    Descarte de 4 em 1 (6) 479

    Descarte de 1 em 1 (7) 1233

    Descarte de 2 em 2 (7) 296

    (1) Baia de Guanabara (BGB) - RJ entre os nveis N1 & N2 da Resoluo CONAMA 344

    (2) Ilha Grande - RJ < N1 Resoluo CONAMA 344

    (3) Base de testemunhos BGB 0,5 m: ~ N1 Resoluo CONAMA 344

    (4) Mistura (1:4) sedimentos BGB superficiais e base de testemunhos

    (5) Mudana/piora temporria

    (6) Mudana/atenuao (temporria ou no)

    (7) No h mudana

    O risco potencial (medido pelo IREP), permanente ou temporrio, cuja durao depende da

    quantidade e da qualidade de sedimento a ser dragado e da capacidade de autodepurao do

    meio, vai reduzindo com o fator de sensibilidade do meio (FS), seja no tempo com a reduo das

    cargas contaminantes para a rea porturia (Situao F2), seja no espao com lanamentos mais

    distantes (Situao F1).

    ESTIMATIVA DOS CUSTOS SCIO-ECONMICOS DAS DRAGAGENS

    Esforos no sentido de medir a poluio tm sido feitos desde muito tempo. Os resultados

    alcanados podem ser considerados amplamente satisfatrios. Em alguns casos, tais como os

    sedimentos, ainda so necessrios ajustes devido discordncia na forma ou mtodo de medir,

    mas nada que impea o desenvolvimento de mecanismos de gesto, atravs de melhoramentos

    contnuos a medida que o nosso conhecimento for aumentando. O problema crucial continua

  • sendo outro, j diagnosticado no prprio Relatrio Brundtland Nosso Futuro Comum

    publicado pela ONU em 1987: qual o efeito da degradao ambiental sobre as nossas

    possibilidades de desenvolvimento futuro? A apreciao de opes de dragagem e disposio de

    sedimentos exige um balano de riscos e custos-benefcios e a sua integrao no processo de

    tomada de deciso.

    Retornando s dragagens como forantes scio-econmicas, conforme proposto na utilizao da

    estrutura FPCIR:

    a) No caso da situao F1, os custos scio-econmicos correspondem aos custos privados (os

    custos necessrios operao/manuteno e/ou ampliao da dragagem porturia) acrescidos das

    externalidades ambientais (medidas atravs dos custos de transporte e de eventuais indenizaes,

    compensaes etc.). Em F1 o efeito ambiental agudo (efeito grande em curto espao de

    tempo, quando no se considera a permanncia de efeitos residuais, sobretudo nos sedimentos da

    rea de descarte). Neste caso h que considerar tambm que a tendncia futura de lanamentos

    (transportes de material dragado) cada vez mais distantes (ou outras solues de disposio mais

    dispendiosas) devido continuidade no lanamento na regio porturia de cargas no tratadas

    geradas na bacia; aos efeitos residuais dos contaminantes dragados; e adies e sinergias com

    outras fontes de contaminao, i.e., outras atividades (forantes), porturias ou no, co-

    localizadas. A capacidade de suporte do sistema no infinita.

    b) No caso da situao F2, os custos privados relativos dragagem so os mesmos e, s

    externalidades ambientais (revista a questo da distncia de transporte, como ser visto na

    sequncia), devero ser acrescidos os custos de oportunidade social relacionados s aes e

    intervenes necessrias gesto ambiental da bacia considerada. Uma anlise custo-benefcio

    paralela/satlite deveria ser realizada considerando os benefcios indiretos tais como, por

    exemplo, segundo a Organizao Mundial da Sade, para cada dlar investido em saneamento

    outros 4 dlares so poupados na sade. Em F2 o efeito ambiental crnico (efeitos pequenos

    e persistentes ao longo do tempo). O aspecto crucial que a situao F2 sustentvel em

    praticamente todas as dimenses de sustentabilidade: social, poltica, econmica, institucional,

    tecnolgica, legal, entre outras (Bidone e Dias, 2004, op.cit.) e no apenas a ambiental, mesmo

    considerando o efeito de rebatimento e/ou substituio entre estas dimenses. Os benefcios

    scio-econmicos sero sempre maiores ou, de outra maneira, os custos scio-econmicos sero

    sempre menores.

    Do exposto: o processo de deciso da disposio do material dragado seguindo estritamente as

    normas ambientais vigentes (entre outros, Resoluo CONAMA No 344/2004, condicionantes de

    licenciamento ambiental etc.) de certa forma est de acordo com o Princpio da Precauo, mas

    serve tambm para destacar os possveis inconvenientes e desvantagens de tal estratgia. No

  • evidente que esta seja a maneira de promover a melhor opo ambiental praticvel. Os dados do

    IREP mostram que a melhora ambiental dos sedimentos nas diversas situaes apresentadas

    como exemplo merecem, no mnimo, discusses e investimentos em pesquisas mais

    aprofundadas. A deciso de despejos em reas marinhas distantes ou de tratamento e

    confinamento de sedimentos em reas continentais (ou mesmo marinhas), envolve custo de

    oportunidade social importantes. A apreciao de opes de disposio de materiais dragados

    exige um balano de riscos e custos-benefcios e a sua integrao no processo de tomada de

    deciso (via, por exemplo, Estudos de Viabilidade Tcnica Econmica e Ambiental). Cada

    alternativa de disposio envolve uma srie de efeitos ambientais e custos e benefcios sociais

    relacionados. O enfoque econmico custo-benefcio requer que os benefcios sociais da

    disposio atual sejam comparados com aqueles gerados por cada uma das alternativas factveis.

    Bidone et al. (2002) propem uma estratgia para a confeco de anlise custo-benefcio (ACB)

    que est de acordo com o paradigma da necessidade de conservao ambiental, implcito no

    conceito de desenvolvimento sustentvel. Sobre o eixo y so colocados os Custos das

    Medidas de Proteo ambiental (CMP) no caso presente indicadores dos custos scio-

    econmicos especficos das situaes F1 e F2. No eixo x so mostrados o Padro Fsico (PF)

    para a qualidade ambiental. Na prtica, o PF corresponde a um indicador capaz de definir a

    qualidade e/ou quantidade de um determinado recurso natural. No caso presente a reduo no

    ndice de risco ecolgico potencial (IREP) ou incremento no ndice de qualidade dos sedimentos

    (IQS).

    Um valor especfico do PF pode ser relacionado necessria qualidade do recurso ou qualidade

    considerada aceitvel definida pela legislao ambiental ou pelo processo de negociao entre os

    atores intervenientes, partes interessadas, para um determinado uso do recurso, ou para vrios

    usos. Esse o Padro Fsico de Sustentabilidade (PFS) definido para o recurso em pauta. O

    prprio valor do Nvel de Base Natural (NBN) do indicador proposto para o recurso deveria

    constar sobre o eixo x como um referencial da depreciao do capital natural. Assim, na

    abordagem proposta, a curva de oferta de qualidade ambiental pode ser construda conectando os

    correspondentes custos de cada alternativa de medida de controle ambiental aos seus resultantes valores

    de qualidade; e, a demanda, substituda por um padro de qualidade sobre o eixo x, o qual assegura a

    manuteno da qualidade do recurso, possibilitando um nmero mximo de suas funes/usos, tanto para

    o presente quanto para o futuro. As Figuras 3a e 3b sintetizam de maneira esquemtica a anlise

    proposta para a estimativa dos custos scio-econmicos das dragagens. Os valores monetrios a

    serem lanados em y so uma medida dos custos da qualidade ambiental resultantes das

    diferentes alternativas de aes/cenrios em F1 e F2. A relao F1 > F2 tende a permanecer

    ao longo do tempo porque os custos (financeiros, econmicos e sociais) para reabilitar/recuperar

  • a degradao ambiental so de 10 a 50 vezes maiores do que os custos de preveno (World

    Bank, 1992).

    Figura 3a. Sntese esquemtica da estimativa dos custos scio-econmicos das dragagens

    Situao F1. CO = curva de oferta de qualidade ambiental

    Figura 3b. Sntese esquemtica da estimativa dos custos scio-econmicos das dragagens

    Situao F2. CO = curva de oferta de qualidade ambiental

    No caso de F1, segundo informaes obtidas pelo CENTRAN (CENTRAN, 2009b, op.cit.), os

    custos de transporte nos seis portos pilotos pesquisados (Rio Grande-RS, Paranagu-PR, Santos-

    CO

    F2

    Custo de Gesto/Intervenes na Bacia

    Reduo do IREP ou incremento do IQS

    F1

    Custo de Transporte + Compensaes etc.

    Reduo do IREP ou incremento do IQS

    CO

    CO

  • SP, Itagua-RJ, Suape-PE e Itaqui-MA) variam de 60 a 70% do custo de dragagem. Os custos de

    dragagem variam entre os portos e entre o tipo de dragagem: (i) investimento entre R$ 10,00 e

    R$ 20,00 por m3; (ii) manuteno entre R$ 6,00 e 32,00. As quantidades de sedimentos dragados

    ultrapassam milhes de m3. No caso de Itagua-RJ, por exemplo, estimou-se que de um total de

    R$ 200 milhes, aproximadamente R$ 125 milhes seriam devido diferena de transporte entre

    a rea antiga de descarte na baa de Sepetiba (IREP ~ 500) e a nova rea, situada externamente

    baa (IREP ~ 250). Raciocinando em termos de F2 sobre o exemplo de Itagua-RJ, este valor

    equivale, por exemplo, urbanizao (pavimentao, saneamento, drenagem, aes sociais etc.)

    atendendo entorno de 30.000 residncias e a proteo de reas de Preservao Permanente nas

    bacias drenantes baa.

    CONSIDERAES FINAIS

    A estrutura FPCIR permite identificar informaes e indicadores cruciais a anlise da dragagem

    porturia. Duas situaes foram testadas: uma (F1 - cenrio remediador) caracterizada pela

    dragagem considerando apenas os sistemas rea dragada-rea de disposio e os custos de

    transporte (estimados entre 60% e 70% do custo de dragagem); e, outra (F2 - cenrio

    proativo), considerando tambm as atividades atuantes na bacia que drena rea porturia. F1

    est contida em F2. A utilizao de indicadores endgenos da qualidade ambiental (no caso

    presente o IREP), i.e., dependentes apenas das caractersticas e processos ambientais atuantes

    nas reas consideradas, permite mensurar os ganhos e perdas em qualidade ambiental associados

    s diversas possibilidades ou cenrios resultantes da dragagem de sedimentos e sua disposio. O

    custo scio-econmico relativo dragagem pode ser avaliado usando-se o contexto da anlise

    custo-benefcio proposta (a qual envolve princpios de desenvolvimento sustentvel, eficincia

    econmica, padres ambientais como condicionantes/limitaes, e custo de oportunidade). Os

    resultados obtidos sugerem que a situao F2 sustentvel em praticamente todas as dimenses

    de sustentabilidade, enquanto a situao F1 indica custos crescentes (privados e scio-

    econmicos) com disposies cada vez mais dispendiosas para obter-se ganhos de qualidade

    decrescente, devido continuao de cargas poluentes no tratadas, efeitos residuais,

    cumulatividade e sinergia com outras fontes de contaminao co-localizadas. Sugestes: (i)

    insero da metodologia proposta ou similar em Estudos de Viabilidade Tcnica Econmica e

    Ambiental; (ii) compartilhar responsabilidades e compensaes scio-ambientais baseadas em

    saneamento (controle de fontes de emisso) para estar de acordo com o Princpio da Precauo

    e do Princpio Poluidor-Pagador; (iii) permanncia temporria (mdio prazo), quando possvel,

    de reas e/ou mecanismos de disposio atuais; (iv) formao de Fundo de recursos para o

  • saneamento e proteo de APPs usando-se os recursos excedentes da dragagem gerados na

    economia de transporte e outros, compensaes legais ambientais, fundo estadual do meio

    ambiente, prefeituras, PAC, BNDES, agncias internacionais de fomento; (v) gesto profissional

    do Fundo (implantao de comit de bacia, gerenciamento costeiro etc.).

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