a dimensao socioeconomica da vitivinicultura
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7/24/2019 A Dimensao Socioeconomica Da Vitivinicultura
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A DIMENSO SOCIOECONMICA DAVITIVINICULTURA GACHA
Carlos guedo PaivaGlucia Campregher
Luiz Lentz
1) Introduo
A vitivinicultura um segmento econmico muito particular. Desde logo, este segmento
se dierencia da grande maioria das demais agroind!strias " como a sucroalcooleira# o comple$o
so%a# as carnes# etc. " pelo ato de seu produto inal noser uma commoditie.De outro lado, a
vitivinicultura tam&m se distingue dos mercados agroindustriais de insumos para a agropecuria
'sementes certiicadas# adu&os e ertilizantes# m(uinas e implementos# etc), caracterizados por
elevadas &arreiras * entrada e, conse(+entemente, por elevado grau de monoplio.
-a realidade, a vitivinicultura um dos raros e$emplos de cadeia agroindustrial
organizado de acordo com o padro da concorr/ncia impereita 'virtualmente) pura 0. 1ais2 ao
contrrio de outras atividades agroindustriais (ue se organizam so& a orma de concorr/nciaimpereita no"oligoplica 3 como a ind!stria de (uei%os inos, por e$emplo 3, o segmento
vitivin4cola se caracteriza pelo ato de (ue a imperei5o competitiva no se restringe ao elo
especiicamente industrial da cadeia, mas trans&orda para a produ5o agr4cola. 6sta
particularidade se imp7e de orma to mais notvel (uando mais a ind!stria e o comple$o
comercial vin4cola e$ploram o terroiren(uanto elemento de dierencia5o competitiva. -a(uelas
situa57es em (ue o vinho caracterizado primordialmente por sua origem territorial '8io%a,
9ourdeau$, 1endonza, etc.) em detrimento relativo das cepas vit4colas 'Ca&ernet :auvignon,
0A concorr/ncia impereita pura se caracteriza por um padro de dierencia5o de produto (ue nose desdo&ra emelevadas &arreiras * entrada. De sorte (ue, a despeito do produtor se deparar com uma curva de demandanegativamente inclinada, o e(uil4&rio de mercado implica em supresso de todo e (ual(uer lucro puro 'oue$traordinrio# o lucro (ue transcende o %uro so&re o capital prprio). ;al supresso se imp7e atravs daestruturaliza5o da capacidade ociosa no setor. A este respeito vide >?. -os reerimos acima ao padro deorganiza5o industrial da vitivinicultura @concorr/ncia impereita !rtu"#$%nt%&pura para salientar o ato de (ue
3 a despeito de sua eiccia econmica ser &astante limitada 3 e$istem &arreiras * entrada neste segmento produtivo.;ratamos destas &arreiras na se(u/ncia.
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1erlot, 8iesling, etc.) ou da @marca da ind!stria processadora 'Dom Perignon, Balduga, Beuve
Clic(uot, etc), o ingresso de novos produtores no elo agr4cola da cadeia produtiva passa por um
cerceamento relativo, associado * necessidade de a(uisi5o de terras no territrio pertinente. 6m
tais situa57es, parte da renda e$traordinria associada a uma denomina5o de origem
particularmente valorizada tende a ser transerida para os produtores agr4colas, (ue rece&em uma
remunera5o superior * mdia do mercado, tanto por unidade de rea, (uanto por unidade de
tra&alho. (ue signiica dizer (ue " !t!!n!'u#tur" (% d!%r%n'!" d% outr"( "*ro!nd+(tr!"(
%(trutur"d"( (o,r% " !nt%*r"o d" -roduo "*ro-%'u.r!" / !nd+(tr!" 'como, por e$emplo,
os segmentos de ta&aco, avicultura, suinocultura, etc.) -or "-r%(%nt"r u$ -"dro d%
"rt!'u#"o -"rt!'u#"r$%nt% 0o$o*n%o %ntr% o( d!(t!nto( %#o( d" '"d%!"2 'o$ "nt"*%n(
-"r" " d!(tr!,u!o d" r%nd" % " !n'#u(o %'on3$!'" % (o'!"# do -rodutor rur"# %$ (%u
!nt%r!or4
&em verdade (ue o terroir, nem uma e$clusividade da cadeia vitivin4cola E, nem o
critrio organizador da produ5o e da concorr/ncia na vitivin4cola &rasileiraF. 1as isto no
suprime a relevncia do terroir (uando se &usca analisar a e$presso socioeconmica e as
perspectivas da vitivinicultura nacional. 6 isto por diversos motivos.
6m primeiro lugar, por(ue as particularidades (ualitativas da produ5o vin4cola de cada
regio so o&%etivas e se imp7em mesmo (uando estas particularidades so apenas parcialmente
aproveitadas no interior da estratgia competitiva. -o caso do 9rasil, por e$emplo, a (ualidade
e$cepcional de nossos espumantes % amplamente reconhecida nacional e internacionalmente.
Alm disso, mesmo na(ueles casos em (ue a especiicidade regional no vem associada a um
atri&uto de @(ualidade superior, todo o apreciador de vinhos sa&e (ue as particularidades do
territrio emprestam caracter4sticas prprias ao produto. 6 poucos apreciadores de vinho se
urtam ao prazer da e$perimenta5o e da desco&erta. De sorte (ue o mero an!ncio de (ue o vinho
oriundo de um pa4s relativamente @neito no mercado de vinhos inos 'em particular (uando,
E terroir caracteriza todas as cadeias agroindustriais nas (uais as caracter4sticas de sa&or e (ualidade do produtoinal so deinidas primordialmente pelas caracter4sticas edaoclimticas da regio e pelo padro de produ5o ee$plora5o agropecuria. 6ste o caso de produtos como o ca, o ch e o mel, para dar tr/s e$emplos e$pressivos. cil perce&er, contudo, (ue a vitivinicultura o segmento agroindustrial onde o terroir ganha m$ima e$pressoen(uanto dierencial de (ualidade e 'por e$tenso) de pre5o e renta&ilidade. :o&re a categoria @terroir, ve%a"se;onietto, E??H.FA este respeito, ve%a"se 9lume, E??I.
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como no caso &rasileiro, ingressou neste mercado de orma @resoluta, amealhando pr/mios em
diversos concursos internacionais) % se torna um atrativo, um dierencial competitivo.
6, a(ui, mais uma caracter4stica dierenciadora da vitivinicultura2 ao contrrio de outros
segmentos produtivos, onde h uma hierar(uia linear e densamente verticalizada de @(ualidade,
na vitivinicultura a diversidade , %, um mrito. 6 este um outro determinante da circunscri5o
* oligopoliza5o do setor. Para (ue se entenda este ponto interessante comparar duas ind!strias
com padr7es organizacionais e competitivos opostos.
;omemos, por e$emplo, a ind!stria aeronutica 'nucleada pela ind!stria produtora de
aeronaves) e a ind!stria do turismo. Ainda (ue o critrio para a a(uisi5o de uma aeronave no
se%a simples e envolva um con%unto de elementos 'pre5o do ve4culo, seguran5a, velocidade,consumo de com&ust4veis, custo de manuten5o, etc.), poss4vel pretender (ue estes m!ltiplos
critriosJindicadores comp7em um 4ndice (ue permite hierar(uizar as irmas concorrentes no
interior de um gradiente un4voco# de sorte (ue cada potencial comprador de aeronaves capaz de
deinir (ual a irma (ue oerece a alternativa (ue @melhor contempla suas e$pectativas. 1as isto
no tudo2 dada a longa curva de aprendizagem (ue caracteriza este setor, uma vez consolidada
a hegemonia de algumas irmasJmarcas 'tais como2 9oeing, 9om&ardier, Loc=heed, Air9us,
6m&raer, etc.), o ingresso de marcas concorrentes limitada pela &arreira representada pela
car/ncia de reputa5o 'vale dizer2 conian5a na seguran5a do aparelho, &em como na
conia&ilidade dos atri&utos de velocidade, consumo de com&ust4veis e custo de manuten5o
anunciados pelo a&ricante) da irma ingressante. 6 o desdo&ramento a oligopoliza5o e
esta&iliza5o relativa da estrutura industrial ao longo do tempo.
A ind!stria tur4stica tam&m valoriza a reputa5o 'hotelaria, sistema de inorma57es e
atendimento ao turista, gastronomia, seguran5a, acesso a servi5os mdico"hospitalares# etc.) dos
territrios (ue disputam a atra5o dos potenciais turistas. Contudo, a consolida5o de um ou mais
destinos tur4sticos 'como Paris, -ova Kor=, Cairo ou 8oma) nocircunscreve a emerg/ncia de
novos destinos 'como
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para os destinos @no"tradicionais. Ainal, por mais (ue Paris ou -ova Kor= mudem ao longo do
tempo e renovem seus @cardpios tur4sticos, de se esperar (ue, (uanto maior o n!mero de
visitas % realizadas a cada uma desses logradouros, menor se%a o impacto das visitas marginais
so&re o horizonte cultural do visitante. De orma (ue a consolida5o dos destinos tradicionais
no implica em eleva5o das &arreiras * entrada de novos concorrentes. Pelo contrrio2
condi5osine qua non da emerg/ncia e consolida5o de novos destinos.
ra, os padr7es organizacionais e competitivos da ind!stria vitivin4cola se assemelham
muito mais aos da ind!stria tur4stica do (ue da ind!stria aeronutica. -a realidade, h mais do
(ue similaridade entre os dois segmentos2 h intersec5o. Como ica cada vez mais claro para os
estudiosos do turismo, a distin5o entre os atrativosJdeterminantes tur4sticos 3 lazer, cultura,
gastronomia, compras, negcios, etc. 3 , em grande parte, artiicial. 1algrado e$ce57es, adeini5o de um destino de viagens envolve um con%unto de critrios# e a despeito de um deles
ter primazia so&re os demais, a escolha entre duas ou mais alternativas @igualmente &oas se az,
via de regra, pela compara5o das vantagens relativas do local escolhido no( d%$"!( 5u%(!to(. 6
dentre estes (uesitos, a gastronomia 3 vale dizer2 a oportunidade para degustar novos sa&ores,
produtos alimentares e &e&idas 3 ocupa um papel de desta(ue. (ue nos remete, mais uma vez,
* vitivinicultura.
A importncia desta associa5o entre turismo, gastronomia e vitivinicultura no pode ser
su&estimada. 6m especial (uando se &usca 3 como no presente tra&alho 3 avaliar a e$presso
socioeconmica da vitivinicultura no 8io Grande do :ul. 6 isto na medida em (ue, do nosso
ponto de vista, esta e$presso nopode ser determinada to somente a partir da gera5o de
emprego e renda no interior da cadeia vitivin4cola. turista (ue se dirige * :erra Ga!cha no
&usca apenas apreciar a &ela topograia da regio mas, igualmente &em, sua cultura, culinria e
produtos t4picos. 6m especial a(ueles produtos (ue, por noserem o&%eto de produ5o em srie
'commodities), so inacess4veis ora do seu territrio de origem no grau de d!%r(!d"d% e
5u"#!d"d%encontrveis no mesmo# como o vinho, por e$emplo. De sorte (ue avaliar a dimenso
econmica da vitivinicultura ga!cha uma tarea muito mais comple$a do (ue se poderia
pretender. Ainal, uma tal avalia5o envolveria (uantiicar o n!mero de turistas (ue dei$ariam de
re(+entar e mo&ilizar a renda dos territrios vin4colas caso os mesmos no contassem com a
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ri(ueza gastronmica (ue os caracteriza, caso no proporcionassem oportunidades !nicas de
degusta5o e a(uisi5o de vinhos e demais produtos associados * viticultura regional 'sucos,
conha(ues, uvas"passa, so&remesas a &ase de uva, etc.).
@trans&ordamento da ind!stria vitivin4cola para alm de seus limites estritos en(uanto
cadeia produtiva no se esgota, contudo, na sua rela5o com a ind!stria do turismo. -a verdade,
mais do (ue um produto alimentar ou uma &e&ida alcolica, o vinho de uma regio eJou pa4s
parte do seu acervo ou portlio cultural. Assim como se conhece e se valoriza 'ou se
desvalorizaO) um pa4s em un5o da (ualidade de sua literatura, de sua produ5o art4stica e do
desempenho de seus maiores atletas nos mais diversos esportes tam&m se conhece e se valoriza
'ou se desvalorizaO) um pa4s a partir de sua compet/ncia, ri(ueza e diversidade gastronmica.
ma produ5o vin4cola de (ualidade a e$presso @sinttica, engarraada e pass4vel dee$periencia5o simples e prazerosa de todo um con%unto de compet/ncias de uma na5o eJou
regio. Ainal, (6 7 -o((8%# -rodu9!r !n0o( d% 5u"#!d"d% %$ t%rr!t6r!o( 5u% 'ont%$ 'o$
'on(u$!dor%( %:!*%nt%( ;%2 -ort"nto2 d% u$ '%rto n8%# d% r%nd")< tr","#0"dor%( "*r8'o#"( %
!ndu(tr!"!( ;!n'#u(!% %n6#o*o(2 5u8$!'o(2 %n*%n0%!ro( d% "#!$%nto(2 %t'4) no "-%n"(
'o$-%t%nt%(2 $"( $%t6d!'o( % d!('!-#!n"do(< % %$-r%(.r!o( "-to( " !no"r2 " %:-%r!$%nt"r2
% " -r%'!!'"r no !nt%r!or d% u$" !nd+(tr!" "#t"$%nt% d!n=$!'" % 'o$-%t!t!"4
1ais uma vez, (ueremos chamar a aten5o para a importncia e comple$idade desta
contri&ui5o econmica e cultural da vitivinicultura nacional. Como mensurar o signiicado
cultural e o impacto econmico para o pa4s da possi&ilidade '(ue est posta 0o>%
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estaria sendo co&erto pelo &ene4cio derivado da satisa5o proporcionada a eventuais scios ou
clientes de um determinado negcio. 1as se se oerece um vinho nacional de (ualidade e pre5o
similar, h um ganho e$tra, associado * divulga5oJe$periencia5o da (ualidade ind!stria
nacional e da (ualidade de vida e de consumo de uma parcela no desprez4vel da popula5o
&rasileira.
&em verdade (ue este ganho e$traordinrio s rigorosamente gratuito se o pre5o do
vinho nacional or e(uivalente ao pre5o do similar estrangeiro. :e or preciso pagar mais pelo
produto nacional 'ou se a e(uival/ncia de pre5os or o&tida atravs de su&s4dios
governamentais), pelo menos uma parte deste &ene4cio e$tra dei$ar de ser rigorosamente
gratuito. 1as mesmo se tiver (ue ser pago pelo consumidor ou por su&s4dios governamentais, o
&ene4cio e$iste e to e$pressivo (ue, in!meras vezes, mesmo o consumidor privado aceitapag"lo (uando, por determina57es 'on>untur"!(, o pre5o do vinho nacional de melhor
(ualidade supera o pre5o do importado.
ra, a ade(uada apreenso dos &ene4cios indiretos " no interior da cadeia do turismo " e
secundrios " en(uanto e$presso tang4vel de um certo desenvolvimento econmico e cultural
n"'!on"# ?da vitivinicultura particularmente importante na con%untura econmica atual. Ainal,
a pol4tica monetria e cam&ial implantada desde o Plano 8eal vem levando a recorrentes
movimentos de valoriza5o da nossa moeda# e o desdo&ramento necessrio desta valoriza5o a
perda de competitividade dos tradeables nacionais vis--vis os importados. So%e, estamos muito
pr$imos da(uele patamar em (ue 3 para alm de uns poucos produtos para os (uais temos
vantagens competitivas estruturais 'so%a, minrio de erro, ca, etc.) 3 os !nicos setores (ue
sero capazes de resistir * presso competitiva e$terna sero os (ue produzem &ens (ue no
podem ser importados 'os setores no"tradeables), como os servi5os e a constru5o civil. Por isto
mesmo, undamental (ue tenhamos sempre em mente 3 a despeito de toda a comple$idade
imanente a sua mensura5o " os &ene4cios indiretos e secundrios da vitivinicultura2 a (ual(uer
momento o setor pode ter (ue reivindicar apoio p!&lico para so&reviver no cenrio competitivo
imposto pela pol4tica anti"inlacionria posta em curso pelo 9anco Central. 6 (ual(uer avalia5o
serena e criteriosa dos custos e dos &ene4cios de eventuais pol4ticas de apoio ao setor nopode
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dei$ar de levar em considera5o os &ene4cios 'normalmente) gratuitos gerados por este
segmento de atividade.
muito importante o&servar, contudo, (ue, a despeito da ind!stria vitivin4cola nacional
encontrar"se numa situa5o de e$posi5o competitiva particularmente acentuada vis--vis a
grande maioria dos outros setores industriais nacionais, ela vem conseguindo enrentar a
concorr/ncia e$terna com e$traordinria compet/ncia. Ainal, ao contrrio do (ue ocorre em
outros mercados agroindustriais onde nossos vizinhos do cone sul apresentam vantagens
competitivas 'como lcteos e carnes), o tamanho do mercado nacional signiicativamente
inerior ao potencial de oerta destes pa4ses. Alm disso, a (ueda no consumo total e per capita
na 6uropa vem se resolvendo em uma crnica presso de oerta (ue deprime os pre5os
internacionais. -o o&stante, se compararmos a dinmica recente do setor vitivin4cola nacionalcom a dinmica de outros segmentos agroindustriais su&metidos * concorr/ncia dos pa4ses do
Prata 'como o conserveiro e o oriz4cola, por e$emplo), &em como de outros segmentos
industriais consolidados no pa4s e organizados so& a orma de APLs 'como o cal5adista, por
e$emplo), veremos (ue a capacidade de resist/ncia e de resposta criativa do setor vitivinicultor
tem sido particularmente elevadaT. 6 isto a despeito de alguns dos setores reeridos acima 3 como
o oriz4cola e o cal5adista 3 apresentarem uma tradi5o, um grau de consolida5o e um padro de
integra5o e encadeamento na economia interna muito superiores * vitivinicultura nacional, (ue
ainda est percorrendo a sua @curva de aprendizagem. Do nosso ponto de vista, tamanha
resili/ncia indissocivel da vantagem competitiva imanente *(ueles produtos (ue no assumem
a orma de commodities 'como o arroz) e cu%a (ualidade no deinida apenas pela ado5o de
prticas sistematizveis e replicveis em (ual(uer territrio 'como na maior parte dos segmentos
industriais, inclusive o cal5adista) na medida em (ue o terroir lhes imanente.
Como veremos na se(u/ncia, o papel do terroirna resili/ncia competitiva da vitivin4cola
nacional no se esgota nos elementos reeridos acima, sendo indissocivel de sua artcula5o so&
a orma de um t4pico Arran%o Produtivo Local no entorno dos munic4pios"sede das primeiras
colnias italianas da serra ga!cha '9ento Gon5alves e Ca$ias do :ul). Antes de aproundarmos
este ponto, contudo, vale salientar, mais uma vez, a assertiva para a (ual procuramos chamar a
TA dinmica recente da vitivinicultura nacional ser o&%eto de detalhamento na terceira se5o deste tra&alho.
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aten5o nesta introdu5o2 " %:-r%((o (o'!o%'on3$!'" d" !t!!n!'u#tur" n"'!on"# 7
!rr%dut8%# "o "#or "*r%*"do ou "o( %$-r%*o( *%r"do( no !nt%r!or d" '"d%!"4 6 isto no
apenas por(ue a vitivinicultura uma cadeia agroindustrial caracterizada por uma relativa
homogeneidade horizontal, &ai$o grau de monoplio e elevada participa5o de 1P16s,
cooperativas e do capital nacional. -em, tampouco, apenas por(ue a vitivinicultura de um pa4s
e$pressar sua ri(ueza gastronmica e, por conse(+/ncia, azer parte de seus atrativos tur4sticos e
do seu acervo cultural. -em, ainda, apenas por ela ser um s4m&olo e um 4ndice do
desenvolvimento e soistica5o da ind!stria nacionalU. O 5u% 7 r%"#$%nt% '%ntr"# % %(-%'8!'o
d" '"d%!" !t!!n8'o#" 7 o "to d% 5u% (%u -roduto 7 u$ 8nd!'% d% d%(%no#!$%nto
(o'!o%'on3$!'o 5u% -od% (%r u(uru8do % %:-%r!%n'!"dojust-in-time % -r"9%ro("$%nt% -or
5u"#5u%r u$ 5u% (% d!(-on0" " d%*u(t"r u$ '.#!'% d% !n0o4 neste sentido (ue a
vitivinicultura se aasta das demais ind!strias e se apro$ima das artes e dos esportes en(uantoe$presso 'por assim dizer, l!dica e esttica) da compet/ncia, competitividade e cultura de um
povo. 6 esta dimenso da contri&ui5o socioeconmica da vitivinicultura, sem ser
incomensurvel ou su&%etiva, no pode ser traduzida em um n!mero simples e, por e$tenso, em
uma hierar(uia (ue tome por critrio apenas o tamanho do setor.
@) E(trutur" % t%rr!tor!"#!d"d% d" V!t!!n!'u#tur" G"+'0";al como vimos acima, os desdo&ramentos competitivos do terroir so &astante
comple$os, limitando o ingresso de novos produtores em territrios consolidados 'vale dizer2
ampliando as &arreiras * entrada), ao mesmo tempo em (ue valorizam e estimulam a &usca da
diversidade 'deprimindo, contraditoriamente, as &arreiras * entrada). 6sta dinmica contraditria
se realiza em movimentos alternados de concentra5o e desconcentra5o territorial. Ao longo do
processo, emergem, consolidam"se e @trans&ordam distintos Arran%os Produtivos Locais. (ue
chamamos de @trans&ordamento o processo pelo (ual um APL passa a estimular a produ5o
U . 6sta !ltima dimenso da vitivinicultura comum a diversas outras atividades industriais (ue contam comelevadas &arreiras * entrada associadas * sua comple$idade tecnolgica e grande e$tenso das curvas deaprendizagem. m &om e$emplo deste tipo de @ind!stria s4m&olo nos dado pela ind!stria aeronutica2 a 6m&raerno apenas @mais uma empresa &rasileira. 6la tam&m um s4m&olo de nosso desenvolvimento industrial ecient4ico"tecnolgico. (ue (ueremos lem&rar (ue, se as empresas de @alta tecnologia merecem um tratamentodierenciado do setor p!&lico em un5o de suas vantagens secundrias, o mesmo tratamento pode e deve ser dado *vitivinicultura.
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vin4cola em territrios lim4troes, (ue aca&am ganhando autonomia e valorizando seu prprio
terroir.
Ruer nos parecer (ue a vitivinicultura nacional encontra"se %ustamente num destes
momentos de trans&ordamento. Assim (ue o APL vitivin4cola da serra ga!cha encontra"se
pereitamente consolidado, se%a no (ue diz respeito ao (uesito @integra5o vertical da cadeia
produtiva, se%a no (ue diz respeito * cria5o de institui57es de pes(uisa, e$tenso, normatiza5o
e governan5a do sistemaV. 6sta consolida5o tem alimentado movimentos de @trans&ordamento,
se%a em un5o da &usca de regi7es com um padro pluvial distinto e mais consistente com o
padro de reprodu5o de cepas vin4colas mais resistentes * umidade relativamente elevada da
:erra Ga!cha, se%a em un5o da &usca da depresso dos custos de produ5o, (ue vem sendo
alavancados pela eleva5o do pre5o das terras na prspera regio serrana. -o o&stante, tal comose pode apreciar na ;a&ela 0 reproduzida a&ai$o, a viticultura nacional tem sido 3 e ainda O "
essencialmente ga!cha.
;a&ela 02 Ruantidade Produzida de va e ;a$a de Baria5oAnual Geomtrica da Produ5o de va entre 0>T? e E??V
Wonte2 N9G6 3 ;a& 0HF? CAgrE??V. Dispon4vel em :idraX http2JJYYY.sidra.i&ge.gov.&rJ&daJta&elaJlista&l.aspQcZ0HF?[zZp[oZE[iZP
6 tal como ica claro no 1apa ;emtico 0, reproduzido logo a&ai$o, a viticultura ga!cha
claramente nucleada pela viticultura da :erra, com epicentro em 9ento Gon5alves. Assim (ue
VA respeito das caracter4sticas de um APL consolidado, ve%a"se Paiva, E??U.
http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?c=1730&z=p&o=2&i=Phttp://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?c=1730&z=p&o=2&i=P -
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os !nicos munic4pios em (ue a percentagem da Popula5o cupada 'doravante, P) rural em
esta&elecimentos classiicados como vit4colas pelo Censo Agropecurio E??V Hsupera os F?\ da
P rural total constituem uma regio cont4nua 'cada um dos munic4pios apresenta ronteira com
pelo menos um dos demais) nucleada por 9ento Gon5alves.
1apa 02 Distri&ui5o 6spacial da Popula5o cupada na Produ5o Bit4cola
A elevada concentra5o espacial revelada no 1apa acima tam&m evidenciada (uandotomamos a participa5o da popula5o ocupada no cultivo de uva dos principais munic4piosprodutores na popula5o ocupada nesta atividade em todo o 8io Grande do :ul. 6stes dadosencontram"se sistematizados na ;a&ela E, reproduzida logo a&ai$o.
HBoltaremos a este ponto na terceira se5o para demonstrar (ue a classiica5o dos esta&elecimentos agropecuriosvit4colas do Censo su&estima a mo"de"o&rar rural dedicada * produ5o de uva. -o o&stante, entendemos (ue
poss4vel tomar o padro censitrio (uando o (ue se &usca to somente apresentar os dierenciais de especializa5oentre os munic4piosJterritrios vit4colas. A lista completa dos munic4pios ga!chos produtores de uva, &em como a
percentagem da P rural em esta&elecimentos vit4colas encontra"se na primeira planilha do documentoBiticultura.$ls, no Ane$o 6stat4stico.
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;a&ela E2 Distri&ui5o 6spacial da Pop cupada no Cultivo de va
A concentra5o territorial tam&m se revela na rea das videiras. De acordo com o Censo
Agropecurio de E??V, e$istem IT mil ha plantados com videiras no 9rasil. Destes, mais de U?\
esto situados no 8io Grande do :ul. 6 a despeito do 8io Grande do :ul contar com T>V
munic4pios, (uase H?\ da rea plantada com videiras encontra"se em apenas 0? munic4pios,
todos eles localizados na :erra Ga!cha. A ;a&ela F, a&ai$o, sistematiza estas inorma57es.
;a&ela F2 -!m. de 6sta&elecimentos e 8espectivas reas com Bideiras de ;erritrios:elecionados no 9rasil 'Wonte2 Censo Agropecurio E??V, N9G6, ;a&. 0?00)
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6sta concentra5o territorial se mostra ainda mais marcante (uando dierenciamos o tipo
de uva pelo seu destino, se%a ele consumo de mesa ou processamento na orma de vinho ou suco.
6 isto na medida em (ue a proemin/ncia do 8io Grande do :ul 3 e, em particular, da :erra
Ga!cha " na produ5o de uvas vin4eras e para suco muito mais pronunciada do (ue na
produ5o de uva para mesa. A ;a&ela T, a&ai$o, sistematiza estas inorma57es.
;a&ela T2 Ruantidade Produzida e Balor da Produ5o de va de 1esa e BinhoJ:uco nos6sta&elecimentos com mais de U? ps no 9rasil, 8: e Principais 1unic4pios Produtores do 8:
ma concentra5o espacial (ue se mostra ainda mais marcante (uando tomamos por
reer/ncia as atividades de &eneiciamento industrial da cadeia vitivin4cola, nucleadas pela
produ5o de vinhos e suco de uva. Para avaliarmos a participa5o relativa dos diversos
munic4pios no interior da cadeia preciso realizar dois movimentos anal4ticos. 6m primeiro
lugar, preciso retirar das estat4sticas as inorma57es acerca da produ5o de uvas de mesa, (ue
so consumidas in natura, carecendo de processamento. Alm disso, preciso incorporar
empresas e tra&alhadores alocados na produ5o de suco de uva. 6ste !ltimo passo o mais
comple$o, na medida em (ue o padro nacional de classiica5o de atividades econmicas inclui
os sucos de rutas, verduras e legumes no setor de alimentos, restringindo o setor de &e&idas aos
l4(uidos com teor alcolico 'ermentados e destilados) e aos rerigerantes e guas envasadas.
Alm disso, as estat4sticas dispon4veis so&re a produ5o de sucos raramente apresentam uma
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a&ertura (ue via&ilize a identiica5o e resgate de inorma57es restritas ao processamento de
uvas. sualmente, as estat4sticas econmicas das irmas processadoras dos diversos tipos de
sucos de rutas 'aturamento, n!mero de empregados, valor agregado industrial, etc.) so
apresentados de orma agregada. 6ste , %ustamente, o padro adotado pelo sistema 8AN: do
1;6# !nico a disponi&ilizar inorma57es acerca do emprego industrial de padro censitrio
'ainda (ue restrito ao emprego ormal) em n4vel municipal. Para enrentar esta diiculdade, nos
servimos de inorma57es secundrias 'o&tidas em pes(uisas na internet) acerca das
caracter4sticas das empresas processadoras de suco nos munic4pios ga!chos, e cruzamos estas
inorma57es com os dados do Censo Agropecurio E??V acerca da e$ist/ncia 'ou no) de
videiras voltadas * produ5o de uvas para sucos nos munic4pios onde e$istem irmas
processadoras de sucos de rutas. resultado est disponi&ilizado na 4ntegra no documento (ue
peraz o Ane$o 6stat4stico deste tra&alho, mas a ;a&ela U, a&ai$o, reproduz os resultados maisimportantes encontrados por ns.
;a&ela U2 Concentra5o 6spacial da Nnd!stria Ga!cha Processadora de Binhos e :ucos de va
primeiro a o&servar (ue "-%n"( no% dos (uatrocentos e noventa e seis $un!'8-!o(
*"+'0o( (o r%(-on(.%!( -or B do %$-r%*o or$"# %no#!do no -ro'%(("$%nto
ur,"no?!ndu(tr!"# d% !n0o( % (u'o( no %(t"do do R!o Gr"nd% do Su#4 6stes mesmos
munic4pios concentram (uase EJF do n!mero de ps de videiras produtoras de uvas para vinhos e
sucos.
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segundo aspecto a o&servar a elevada participa5o do setor vitivin4cola no emprego
total do setor de &e&idas no 8io Grande do :ul. 8igorosamente alando, o emprego nas !n8'o#"(
corrresponde a pouco mais de EU\ do setor de &e&idas 'mais e$atamente, EH,U\). Contudo, se
somamos o emprego na produ5o de suco de uva 'classiicado %unto a @conservas no setor
@Alimentos), o %$-r%*o no( do!( -r!n'!-"!( (%*$%nto( d% -ro'%(("$%nto !ndu(tr!"# d"
-roduo !t8'o#" %no#% -ou'o $"!( d% 4 tr","#0"dor%(2 o 5u% 'orr%(-ond% " 2F
do %$-r%*o or$"# do (%tor d% ,%,!d"(4
Para alm da participa5o relativa e$traordinariamente elevada do emprego no
processamento industrial da uva no segmento @&e&idas ] suco de uva no 8:, vale o&servar
ainda a distncia entre os volumes de emprego industrial e agr4cola no interior da cadeiavitivin4cola. Como veremos mais adiante, tanto os dados so&re emprego industrial (uanto so&re
emprego agr4cola so altamente discut4veis. Contudo 'ou, mais uma vez, por isto mesmo) a
e$pressiva dieren5a entre os dois montantes de emprego '(ue so, am&os, apro$ima57es de
valores estruturalmente lutuantes) no parece merecer (uestionamento2o %$-r%*o !ndu(tr!"#
no ,%n%!'!"$%nto d!r%to d" u" ;%$ torno d% 4 -o(to() 'orr%(-ond% " $%no( d% 1
do %$-r%*o n" -roduo !t8'o#" ;%$ torno d% F4 -o(to().
Por im, vale notar (ue, ao contrrio do (ue se o&servava nas ta&ula57es anteriores,
voltadas ao resgate de estat4sticas so&re os elos agr4colas da cadeia 'rea plantada, valor da
produ5o, popula5o empregada, etc.), 5u"ndo r%(*"t"$o( !nor$"%( (o,r% -ro'%(("$%nto
ur,"no !ndu(tr!"# o,(%r"?(%2 (!$u#t=n%" % 'ontr"d!tor!"$%nt%2 u$" $"!or 'on'%ntr"o %
u$" $"!or d!(-%r(o %(-"'!"#4A concentra5o aumenta na medida em (ue nenhum dos
munic4pios (ue se seguem a :o 1arcos 'o nono e !ltimo munic4pio cu%os dados so resgatados
na ;a&ela acima) alcan5a empregar um n!mero e$pressivo de tra&alhadores no segmento >.6, de
outro lado, a concentra5o diminui na medida em (ue, pela primeira vez, emerge um munic4pio
entre os principais produtores ga!chos (ue no se localiza na :erra 3 :antana do Livramento 3I:o&re a ocupa5o na agropecuria, vide ;a&ela E, acima. &em verdade (ue a popula5o ocupada na produ5ovit4cola tam&m se volta * produ5o de uvas para mesa. Contudo, como se pode o&servar na ;a&ela T reproduzidaanteriormente, a produ5o de uva de mesa corresponde a apro$imadamente U\ da (uantidade e do valor da
produ5o vit4cola total do 8io Grande do :ul.>De acordo com a 8AN:"E??>, o munic4pio (ue se segue a :o 1arcos, ^aguari, contava com apenas E> empregadosno setor em F0 de dezem&ro do reerido ano.
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mas na regio da Wronteira este, na divisa com o ruguai. Do nosso ponto de vista, esta
dialtica entre concentra5o e espraiamento a e$presso da vitalidade da vitivinicultura ga!cha,
(ue vem conseguindo e$plorar de orma particularmente original as vantagens competitivas
imanentes ao terroir para, simultaneamente, (ualiicar a produ5o tradicional serrana '(ue se
especializa nos nichos mais ade(uados *s caracter4sticas edaoclimticas da microrregio, com
/nase nos espumantes, sucos e vinhos populares) e e$pandir a produ5o no amplo territrio do
6stado, na &usca de micro"climas e custos mais ade(uados para a produ5o da(uelas cepas
vin4colas e seus derivados (ue se ressentem relativamente dos padr7es pluviais e de insola5o
(ue caracterizam a :erra ga!cha.
4 A %:-r%((o (o'!o%'on3$!'" d" V!t!!n!'u#tur" G"+'0" %$ ,u('" d%
!nd!'"dor%( 5u"nt!t"t!o( -r%'!(o(
414L!$!t%( % -o((!,!#!d"d%( do d!$%n(!on"$%nto %'on3$!'o d% '"d%!"( -rodut!"(
;al como vimos na Nntrodu5o deste tra&alho, avaliar a e$presso socioeconmica de uma
atividade como a vitivin4cola tarea particularmente comple$a, dadas suas intera57es com a
gastronomia, o turismo e 3 de orma mais geral " com a constru5o de uma certa identidade
nacional e regional e en(uanto @4ndice l!dico de (ualidade e soistica5o industrial de um
territrio. A esta comple$idade espec4ica vem a se somar as diiculdades estruturais imanentes
aos e$erc4cios do dimensionamento econmico da(uelas cadeias produtivas cu%os produtos inais'como, no nosso caso, uva in natura, sucos, uva passa, vinhos e destilados de vinho) no so
classiicados na mesma al4nea da Nnd!stria de ;ransorma5o. 6 como se isto no &astasse, h
todo um outro con%unto de diiculdades (ue se interp7es * avalia5o (uantitativa da e$presso
econmica de cadeias produtivas longas '(ue envolvem um grande n!mero de elos
intermedirios, da produ5o primria * comercializa5o) (ue se apresentam ma$imizadas no caso
da vitivinicultura. :eno ve%amos.
primeiro e mais evidente o&stculo para o dimensionamento de um setor econmico
(ual(uer encontra"se no padro usual de classiica5o das atividades econmicas. 6ste noleva
em considera5o a '"d%!"na (ual cada atividade se insere. Alternativamente, toma"se por
reer/ncia primeira o tipo de insumo utilizado e, por e$tenso, o padro tcnico (ue caracteriza a
transorma5o dos mesmos e (ue se consu&stancia em um con%unto de similaridades nos
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processos de tra&alho e de produ5o. 6 por reer/ncia @segunda as caracter4sticas e mercado
consumidor do produto inal. Assim, uma irma (ue produz vasilhame para &e&idas uma irma
do setor @Produtos de 1ineral no"1etlico 'C-A6"Wiscal 0.0# cdigo EV.0E"F)# e uma irma
(ue produz @rolhas alocada no setor @Arteatos de 1adeira, Palha e Corti5a 'C-A6"Wiscal
0.0 e cdigo E?.E>"?)# en(uanto a produ5o de vinho parte do segmento 9e&idas 'C-A6"Wiscal
0U.>E"?), e a produ5o de sucos de uva parte do segmento Alimentar 'C-A6"Wiscal 0U.EF"H) 0?.
6ste pro&lema seria relativamente cil de ser enrentado se os dados disponi&ilizados
pelas institui57es p!&licas responsveis pela pu&lica5o de 6stat4sticas iciais permitissem a
identiica5o clara da(uelas (ue produzem @vasilhame para vinho dentre as diversas empresas e
irmas (ue produzem @produtos de mineral no metlico. 1as, evidentemente, no este o
caso. :e%a por limita57es inanceiras 'dado o elevado custo de levantamento, processamento edisponi&iliza5o de inorma57es em grau superior de a&ertura e detalhamento), se%a em un5o
da necessidade de garantir o sigilo empresarial, se%a por(ue muitas empresas (ue produzem
vasilhame o azem para &e&idas distintas 'de rerigerantes a aguardentes, passando por vinhos,
cerve%as e sucos), as inorma57es econmicas disponi&ilizadas usualmente o so em um n4vel de
agrega5o muito superior ao necessrio para dierenciar o n!mero de pessoas ocupadas, o
volume e valor da produ5o de um determinado @elo produtivo (ue participa desta ou da(uela
cadeia industrial.
6sta diiculdade mostra"se tanto maior (uando maior o enraizamento e a depend/ncia
de um determinado setor 3 como a vitivinicultura " com rela5o * produ5o agropecuria. 6 isto
por(ue, a despeito da agropecuria ser o&%eto de levantamentos censitrios decenais, ela
apresenta um con%unto de particularidade (ue comple$iicam so&remaneira a interpreta5o dos
dados disponi&ilizados. 6m primeiro lugar, por(ue os esta&elecimentos rurais so um misto de
@domic4lio e @empresa, o (ue comple$iica so&remaneira a apropria5o e classiica5o das
atividades produtivas e seus resultados. Como classiicar, conta&ilizar e amortizar um a5ude cu%a
constru5o serve para irriga5o de culturas agr4colas, lazer para a am4lia '&alnerio) e produ5o
de alimentos para auto"consumo 'pesca)Q Alm disso 'ou, talvez, por isso mesmo), nenhum
esta&elecimento agropecurio rigorosamente @monocultor. Bia de regra, h alguma produ5o
0? A Classiica5o -acional de Atividades 6conmicas Wiscal disponi&ilizada pelo N9G6 no endere5ohttp2JJYYY.i&ge.gov.&rJhomeJestatisticaJeconomiaJclassiicacoesJcnae0.0Jdeault.shtm.
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/classificacoes/cnaef1.1/default.shtmhttp://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/classificacoes/cnaef1.1/default.shtmhttp://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/classificacoes/cnaef1.1/default.shtm -
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para consumo dos moradores e, portanto, parcela da Popula5o cupada 'P) rural o em
atividades similares *s atividades cotidianas da @dona de casa e de seu cn%uge 'usualmente, nos
ins de semana) de manuten5o da estrutura domstica. Associado a este con%unto de
particularidades, o sistema de controle cont&il imposto por determina57es iscais so&re a
produ5o agropecuria muito menos rigoroso e e$austivo do (ue nas atividades econmicas
ur&anas. (ue gera mais um desdo&ramento pro&lemtico, aetando a conia&ilidade das
inorma57es Censitrias (ue so inorma57es no apenas declaratrias, mas (ue carecem de
ontes alternativas de &ase iscal ou regulatria 'tal como a 8AN:, (ue serve de reer/ncia *s
Pes(uisas 6conmicas voltadas *s atividades tipicamente ur&anas) para conronta5o e
controle00.
6speciicamente no (ue nos diz respeito 3 a avalia5o da dimenso socioeconmica davitivinicultura ga!cha 3 os pro&lemas reeridos acima se maniestam em diversos m&itos.
;omemos, por e$emplo, a avalia5o da popula5o ocupada na vitivinicultura. Como se sa&e, "
-roduo !n8'o#" ;!ndu(tr!"#) 7 $"r'"d" -or %#%"d" ("9on"#!d"d% , (ue se desdo&ra em
grandes varia57es no pessoal ocupado ao longo do ano0E. Da mesma orma, o n4vel de o'u-"o
d" $o?d%?o,r" n" !t!'u#tur" ;"*r8'o#") "r!" (!*n!!'"t!"$%nt% "o #on*o do "no , impondo
a contrata5o de tra&alhadores em per4odos determinados 'em especial, durante a colheita). -o
o&stante, os dados so&re pessoal ocupado na cadeia vitivin4cola, se%a em seus elos industriais
'disponi&ilizados pelo sistema 8AN:"1;6), se%a na produ5o agropecuria 'disponi&ilizados no
Censo Agropecurio e no Censo Demogrico) tomam por reer/ncia a ocupa5o em um
determinado dia do ano 'usualmente F0 de dezem&ro), impondo um vis (ue conduz *
su&estima5o sistemtica do n4vel de emprego na cadeia. ;omemos, como e$emplo, os dados do
Censo Agropecurio de E??V para a popula5o ocupada por grupos de atividade de acordo com
os dois critrios adotados pelo N9G62 0) P no dia F0 de dezem&ro de E??V# E) P empregada
00Para se ter uma idia da comple$idade deste ponto, vale um e$emplo2 para alm dos Censos Agropecurios
decenais, o N9G6 disponi&iliza inorma57es anuais ou trimestrais so&re a produ5o agropecuria o&tidas atravs deontes secundrias ':indicatos 8urais, tcnicos do sistema 6mater, :istemas Wazendrios 6staduais, etc.). Dentreestas pes(uisas, encontra"se a Pes(uisa Pecuria 1unicipal, (ue avalia trimestralmente o esto(ue de animais pormunic4pio. -o ano de E??V, o esto(ue de &ovinos vivos d%'#"r"do pelos produtores entrevistados no CensoAgropecurio era inerior ao esto(ue de &ovinos calculado pela PP1 em mais de $!#0%( d% '",%"(J0E6, ao contrrio de outros segmentos de processamento alimentar (ue tam&m so caracterizados pela sazonalidadede seus insumos agr4colas 'como a ind!stria de conserva de alimentos vegetais, por e$emplo), a vinicultura seencontra impedida de alocar seus e(uipamentos para o processamento de outros insumos (ue se utilizam deinstala57es similares so& pena de alterar a (ualidade do vinho, (ue e$tremamente sens4vel * @memria de odorese sa&ores associados ao processamento de (uais(uer outros insumos (ue no as uvas vin4eras.
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por classes de per4odo. Como se pode o&servar na ;a&ela V, a&ai$o, tanto o n!mero de pessoas
envolvidas em atividades agr4colas, (uanto a distri&ui5o relativa da ocupa5o por grupos de
atividade agropecuria varia signiicativamente, a depender do critrio adotado.
;a&ela V2 Popula5o 6mpregada ;otal e por Grupos de Atividade 6conmica
a partir de dierentes critrios de Conta&iliza5o do Censo Agropecurio E??V
Nnelizmente, o Censo Agropecurio no disponi&iliza inorma57es so&re o pessoal
ocupado por classes de dias para culturas espec4icas, como a uva, por e$emplo, o&%eto de nosso
interesse a(ui. Contudo, a o&serva5o das conse(+/ncias da utiliza5o de distintos padr7es de
conta&iliza5o do pessoal ocupado so&re a distri&ui5o relativa do tra&alho rural nos grandes
grupos de atividade econmica % suicientemente esclarecedor. Nmaginemos 'uma hiptese,
por sinal, &astante razovel) (ue o padro de evolu5o da P total e da participa5o relativa da
P na Lavoura Permanente corresponda, apro$imadamente, ao -"dro d% %o#uoda P total
e da participa5o relativa da mesma no cultivo de uva. Nsto signiicaria dizer (ue, so& distintos
padr7es de conta&iliza5o o( 14K -o(to( d% tr","#0o "tr!,u8do( "o 'u#t!o d% u" no r"(!#
5u"ndo (% to$" " O -%#o n+$%ro d% tr","#0"dor%( o'u-"do( %$ 1 d% d%9%$,ro"r!"r!"$ d% u$ $8n!$o d% @141F -o(to( d% tr","#0o '(uando se toma por reer/ncia apenas
o n!mero de tra&alhadores ocupados mais (ue um &imestre e menos do (ue um semestre) "t7 u$
$.:!$o d% 1FF4B '(uando se soma os tra&alhadores ocupados em todas as classes de dias
tra&alhados)4 6, de ato, nenhum destes critrios e$pressa rigorosamente o emprego neste ou
na(uele setor de atividade. At mesmo por(ue 3 como % vimos 3 o carter estritamente
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@declaratrio das inorma57es censitrias viesam seus resultados, se%a por motiva57es
moralmente (uestionveis 'temor de conronta5o das inorma57es dadas com a(uelas
eventualmente prestadas ao isco e ag/ncias reguladoras nacionais), se%a por mera aus/ncia de
registros, ignorncia eJou alha de memria do declarante0F.
Da mesma orma, (uando tomamos a ocupa5o industrial pelo n!mero de pessoas
ormalmente empregadas no dia F0 de dezem&ro 'como o padro da 8AN:) estamos viesando,
algumas vezes para mais, outras vezes para menos, o n!mero a&soluto e a e$presso relativa do
emprego na(ueles setores (ue 'como a vinicultura) apresentam elevada sazonalidade. Por im,
ca&e lem&rar (ue o emprego eetivamente gerado no interior de uma cadeia produtiva no se
reduz ao emprego direto em suas atividades nucleares, mas envolve, igualmente &em, o emprego
mo&ilizado na produ5o dos insumos, e(uipamentos e servi5os utilizados em cada elo da cadeia.-o caso da ind!stria vitivin4cola, um tal padro de dimensionamento envolveria resgatar o
emprego nos setores (ue produzem deensivos e implementos agr4colas, insumos industriais,
tonis, vasilhames, rolhas, &em como o emprego nos servi5os de assist/ncia tcnica, promo5o
de vendas, transporte 'de uva, vinhos e sucos), armazenamento, etc., etc., etc.
Pro&lemas similares se interp7em ao dimensionamento da cadeia produtiva a partir de
dois outros critrios tradicionais para avalia5o da e$presso econmica de uma cadeia2 o
aturamento total do elo produtivo inal e o valor agregado gerado no interior de cada elo
produtivo. Como se sa&e, duas cadeias com aturamentos similares pode apresentar dimens7es
econmicas eetivas muito distintas. m setor (ual(uer (ue atura 0? mil unidade monetrias
mas (ue importa >?\ dos insumos utilizados apresenta uma dimenso econmica eetiva muito
distinta de um outro setor (ue apresenta o mesmo aturamento mas cu%os insumos so
integralmente produzidos no interior do territrio so& investiga5o. De outro lado, dois setores
(ue apresentam uma mesma agrega5o de valor internamente mo&ilizam o territrio de orma
distinta a depender da distri&ui5o da(uele valor entre produtores diretos 'tra&alhadores) e
0FPoder"se"ia pretender (ue a P (ue se o&tm atravs da soma dos empregados em cada classe ponderada pelotempo mdio de ocupa5o osse superior aos demais padr7es. 1as preciso notar (ue o instrumento de pondera5o'o n!mero mdio de dias em cada classe) carece de rigor eetivo. muito provvel (ue em algumas atividades osocupados com menos de V? dias 'por e$emplo) o se%am por um per4odo muito curto 'uma semana), en(uanto emoutras atividades o tra&alho temporrio pode envolver a manuten5o do empregado por um per4odo de tempo
&astante pr$imo do limite superior 'TU dias, por e$emplo). A imputa5o de uma mdia i$a para todos as atividades ar&itrria e, com toda certeza, viesa os resultados a&solutos e relativos.
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e$cedente operacional. 6m especial (uando o e$cedente tende a ser deslocado do territrio via
pagamento de impostos ou transer/ncias de lucros, dividendos, %uros e aluguis para
proprietrios dos atores no residentes no territrio. -este caso, a grande dieren5a se imp7e no
(ue os economistas chamam de @eeito renda da produ5o2 (uanto maior a parcela do valor
agregado (ue apropriado pelos tra&alhadores diretos e por proprietrios residentes no territrio,
maior o multiplicador da atividade atravs da mo&iliza5o econmica secundria associada ao
consumo da renda primria e a conse(+ente mo&iliza5o da produ5o, do comrcio e da
presta5o de servi5os *s am4lias.
ra, como se sa&e e$iste um instrumento de avalia5o econmica (ue, %ustamente, oi
estruturado com vistas a dri&lar este con%unto de diiculdades2 a 1atriz de Nnsumo"Produto
'1NP) das atividades econmicas de um territrio. 6 o 8io Grande do :ul 'ao contrrio da maiorparte dos estados ederados &rasileiros) disp7e de uma 1NP relativamente atualizada, &aseada na
estrutura produtiva de E??F. Contudo, por determina57es de custo, a 1NP do 8io Grande do :ul
oi estruturada num n4vel de agrega5o relativamente elevado, e s disp7e de inorma57es para o
setor de &e&idas, (ue incorpora todo um con%unto de segmentos (ue e$trapolam a produ5o
vin4cola 'destilados, cerve%as, rerigerantes, etc.) e (ue noincorpora parcela no desprez4vel da
produ5o vit4cola 'uvas de mesa) ou de su&"produtos do &eneiciamento da uva 'como suco de
uva e uva passa) (ue se encontram su&sumidos em al4neas distintas 'alimentos). -o o&stante, a
manipula5o deste instrumento pode proporcionar uma primeira apro$ima5o da e$presso da
cadeia vitivin4cola ga!cha, se conseguirmos determinar a e$presso relativa da produ5o vin4cola
no interior da produ5o de &e&idas, &em como a e$presso relativa da produ5o dos demais
derivados da viticultura na produ5o alimentar. para este intento (ue nos voltamos agora.
4@4 A MI?RS? @ % " %:-r%((o %'on3$!'" d" V!t!!n!'u#tur" G"+'0"
A 1NP o instrumento mais importante para a determina5o da dimenso econmica
relativa dos distintos setores da economia de um territrio. 6 isto na medida em (ue ela toma
cada setor produtor de &ens inais como um todo, incorporando os empregos e rendimentos
indiretos, associados * produ5o do con%unto dos &ens e servi5os insumidos ao longo das
diversas etapas da produ5o dos &ens gerados pelos distintos setores. 1as o mais importante
(ue a 1NP realiza esta incorpora5o em termos @l4(uidos# vale dizer, ela su&trai2 0) todas as
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transa57es realizadas no interior de uma mesma cadeia, levando em considera5o apenas a
transa5o inal, (ue % incorpora o valor dos insumos ad(uiridos dos elos anteriores da linha de
produ5o# E) toda a parcela de insumos 'com os respectivos empregos e valores) (ue no oram
produzidos internamente, mas oram ad(uiridos atravs da importa5o do @e$terior 0T.Atravs
destas opera57es, poss4vel enrentar dois tipos de @iluso recorrentes nas avalia57es (ue
tomam o valor da produ5o total 'o @aturamento) de um determinado setor como 4ndice de sua
e$presso econmica. A idia icar mais clara se dermos alguns e$emplos.
Nmaginemos duas ormas distintas de organiza5o industrial de um setor (ual(uer como,
por e$emplo, o setor @madeira e mo&ilirio. -o primeiro padro de organiza5o, as irmas se
organizam com elevada diviso do tra&alho, de sorte (ue as irmas produtoras de madeira em
tora vendem seu produto para as irmas (ue secam e cortam as toras e vendem a madeira&eneiciada para as irmas produtoras de mveis, (ue, por sua vez, vendem o produto inal para o
consumidor. Nmaginemos (ue o aturamento das irmas de e$plora5o lorestal se%a de 0??
unidades monetrias, (ue o aturamento das madeireiras se%a de EU? unidades monetrias 'o (ue
signiica dizer (ue estas agregaram 0U? unidades monetrias ao valor da madeira em tora) e (ue,
inalmente, o aturamento das irmas de mo&ilirio se%a de U?? unidades monetrias '(ue, teriam
incorporado EU? unidades monetrias * madeira &eneiciada (ue ad(uiriram). -este caso, o
(o$"t6r!o do "tur"$%nto d"( !r$"( do (%tor $"d%!r" % $o,!#!.r!oP (%r!" d%
Q"tur"$%nto Tot"# do (%tor MM 1 u4$4 @B u4$4 B u4$ B u4$
Nmaginemos, agora, (ue ocorre um processo de uso neste mercado, de sorte (ue as
irmas produtoras de mveis ad(uirem suas ornecedoras de madeira &eneiciada, &em como as
empresas de e$plora5o lorestal e corte de madeira. -este caso, as vendas intermedirias
dei$ariam de e$istir, e o !nico processo de venda seria dos mveis prontos ad(uiridos pelo
consumidor inal. 6, por conse(+/ncia, o @aturamento do setor seria reduzido de IU? u.m para
U?? u.m., (ue corresponde ao valor dos mveis ad(uiridos pelo consumidor. 6sta (ueda no
@aturamento do setor, contudo, no est e$pressando (ual(uer redu5o ou perda de e$presso
0T6 o @e$terior entendido, a(ui, como todo e (ual(uer territrio distinto da(uele so& investiga5o. -o caso daeconomia ga!cha, todos os insumos produzidos 'por e$emplo) em :o Paulo 3 e (ue mo&ilizam a renda e o empregoneste territrio, &em como na(ueles (ue geraram os @insumos anteriores, utilizados na processo produtivo paulista
3 so considerados @insumos e$ternos.
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econmica do mesmo. 6le continua rigorosamente id/ntico no (ue diz respeito ao n4vel de
emprego, padr7es tcnicos de produ5o e volume e (ualidade dos &ens produzidos.
(ue o sistema competitivo realizou em nossa par&ola acima e$atamente o (ue os
economistas azem ao a&strair o @consumo intermedirio 'vale dizer, as transa57es entre irmas
no interior de uma mesma cadeia produtiva) para avaliar sua e$presso econmica real.
1as esta opera5o insuiciente para (ue se tenha uma dimenso da real importncia de
um setor (ual(uer para a gera5o de emprego e renda no !nt%r!or de um territrio. Boltemos ao
nosso e$emplo anterior, imaginando (ue o nosso hipottico setor de @madeira e mo&ilirio % se
encontra integrado, de sorte (ue a's) irma's) produtora's) de mveis produzem seus prprios
insumos, ao invs de compr"los. 1as vamos introduzir uma nova mudan5a hipottica.:uponhamos (ue a nova irma @verticalmente integrada resolva alterar sua pol4tica de opera5o
regional, concentrando todas as atividades de produ5o lorestal e &eneiciamento de madeira no
@e$terior. Para sermos mais espec4icos2 imaginemos (ue todas as opera57es de lorestamento e
&eneiciamento inicial de madeira se%am transplantadas para o 6stado do Paran, icando a
produ5o de mveis no 8io Grande do :ul e (ue os pre5os e volumes dos mveis transacionados
continuem constantes. -este caso, o aturamento da's) nossa's) irma's) hipotticas no se
alteraria# continuaria sendo de U?? unidades monetrias. 1as a gera5o !nt%rn"de emprego e
renda soreria altera5o. -a realidade, independentemente de no haver @transa5o ormal, a's)
empresa's) produtora de mveis estaria @importando EU? unidades monetrias em insumos,
so&re os (uais agregaria mais EU? unidades monetrias de valor internamente. 6 o valor da
produ5o do setor @madeira mo&ilirio do 8: se reduziria de U?? u.m. para EU? u.m.
:e avan5amos do modelo hipottico para a realidade da economia ga!cha tal como
revelada pela 1NP"8:"E??F veremos (ue a rela5o entre aturamento 'ou @valor de vendas) e
@agrega5o interna de valor varia muito de setor para setor no 8io Grande do :ul. -a ;a&ela H,
a&ai$o, reagrupamos os setores, rompendo com o padro C-A6 de classiica5o com vistas a
salientar a importncia de eetiva das cadeias agroind!strias tradicionalmente su&estimadas e os
limites da agrega5o de valor dos setores e cadeias produtivas consideradas @dinmicas, como
os comple$os petro"(u4mico e metal"mecnico. A agrega5o do con%unto dos setores (ue
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comp7em os servi5os se e$plica por serem estes eminentemente rele$os, alimentados pela
multiplica5o dos gastos autnomos associados * e$porta5o de tradeables.
;a&ela H2 Contri&ui5o de distintas Cadeias e :etores 6conmicos para o PN9 do 8:
Bale o&servar a e$pressiva dimenso do setor de 9e&idas, (ue contri&ui com E,UU\ do
PN9 do 8io Grande do :ul, superando os comple$os @1adeira, 1o&ilirio e Celulose e
@Latic4nios, (ue tam&m apresentam grande integra5o * montante com a produ5o
agropecuria. mais importante, contudo, o&servar a discrepncia entre B9P 'ou
@aturamento do :etor) e sua contri&ui5o para o PN9. comple$o 9orracha, Ru4mico e
Plstico apresentou um aturamento de VH &ilh7es de reais em E??F, mas dado a magnitude de
seu consumo intermedirio 'TU,H &ilh7es de reais) e das suas importa57es de insumos '0V,T
&ilh7es), sua contri&ui5o para o PN9 aca&a reduzida a algo pr$imo a T,I &ilh7es.
Dierentemente, o B9P 'aturamento) do setor 9e&idas no chega a I\ do B9P do comple$o
(ue envolve todas as empresas do Plo Petro(u4mico, a 8einaria Al&erto Pas(ualini e diversas
empresas multinacionais (ue oram atra4das *s custas de pesados su&s4dios. Contudo, "
'ontr!,u!o #85u!d" do (%tor d% ,%,!d"( -"r" o I *"+'0o 7 d% "-ro:!$"d"$%nt% d"
'ontr!,u!o d% todo o 'o$-#%:o -%tro5u8$!'o4
As ;a&elas I e > reproduzidas a&ai$o apresentam esta mesma realidade so& outra tica.
-a primeira, resgatamos o padro tradicional de representa5o dos componentes do PN9 pela
tica da despesa. -a ;a&ela >, detalhamos a dinmica do comrcio @e$terno de cada um dos
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segmentos e os determinantes dos dierenciais de supervit ou dicit nas &alan5as comerciais
com o resto do mundo e o resto do 9rasil.
;a&ela I2 6strutura do PN9 pelas Bariveis de Gasto e 8espectivos :etores
;a&ela >2 6strutura da 9alan5a Comercial dos :etores :elecionados na 6conomia Ga!cha
ra, como % vimos, a e$presso do segmento de &e&idas um indicador da e$presso da
vitivinicultura. 1as um indicador 'por assim dizer) @raco, pois ainda no sa&emos (ual a
dimenso da produ5o vin4cola no interior da produ5o regional de &e&idas. Alm disso, &om
recordar (ue o segmento &e&idas no incorpora parcela importante da cadeia vitivin4cola, uma
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vez (ue uva para mesa, suco de uva e uvas passas so conta&ilizadas em al4neas distintas no
interior de @Alimentos. 1ais e$atamente, na nossa classiica5o estes produtos se encontram
agrupados ao segmento (ue denominamos @utras Cadeias Agroalimentares, (ue respondem
por F,IU do PN9 ga!cho.
Nnelizmente 3 e surpreendentemente " no h dados dispon4veis para determinar com o
rigor e a preciso dese%ados a dimenso da vitivinicultura no interior do segmento de &e&idas do
8io Grande do :ul. -em, tampouco, a participa5o da vinicultura ga!cha no interior da
vinicultura &rasileira. -este particular 3 e a despeito do @(uase"consenso de (ue a vinicultura
ga!cha corresponde a @algo em torno de >?\ da vinicultura &rasileira " os dados dispon4veis
mostram"se, no m4nimo, contraditrios.
:e tomamos os dados da 8ela5o Anual de Nnorma57es :ociais, do 1inistrio do
;ra&alho e 6mprego, acerca do emprego industrial em vin4colas no 9rasil e no 8io Grande do
:ul, conclu4mos (ue esta participa5o vem se mostrando realtivamente estvel ao longo do
tempo, mas corresponde a algo a pouco menos da metade do emprego total. o (ue se o&serva
na ;a&ela 0?, reproduzida a&ai$o, onde computamos o n!mero de empregados ormalmente
registrados em esta&elecimentos cadastrados como produtores de vinho entre 0>>U e E?0? no
9rasil e no 8io Grande do :ul. Bale o&servar (ue a correla5o entre n!mero de empregos e ano
ortemente positiva e signiicativa para o 9rasil, indicando (ue o segmento encontra"se em
crescimento sustentvel nos !ltimos tr/s lustros, a despeito da e$posi5o competitiva associada *
valoriza5o do 8eal e * integra5o no 1ercosul.
;a&ela 0?2 -!mero de 6mpregado naProdu5o Nndustrial de Binho no 98 e no 8:
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Por mais alvissareiros (ue se%am estes resultados, contudo, preciso tom"los cum grano
salis. 6 isto, em primeiro lugar, por(ue pelo menos parte do crescimento do emprego ao longo do
per4odo pode estar associado a ormaliza5o de postos de tra&alho % e$istentes. Alis,
acreditamos (ue a inormalidade se%a a grande responsvel pela participa5o relativamente
discreta 'a&ai$o de U?\) do 8io Grande do :ul no levantamento do 1;6. Como parcela no
desprez4vel das vin4colas ga!chas se organizam so& a orma de micro"empresas amiliares,
parcela signiicativa da mo"de"o&ra das mesmas no estaria sendo ormalizada. Alm disso,
preciso ver (ue a classiica5o das irmas no interior do sistema 8AN: eita pelo prprio
declarante. 6 a classiica5o deve ser eita de orma un4voca. De sorte (ue uma irma produtora
de &e&idas diversas pode se @auto"classiicar como vin4cola a despeito da maior parte de seu
aturamento advir da venda de destilados. Da mesma orma, uma pe(uena vin4cola (ue tam&m
produza suco de uva, pode vir a se classiicar como @produtora de conservas e sucos mesmo se
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parcela e$pressiva e crescente 'ou, mesmo, % ma%oritria) de seu aturamento advenha da
produ5o e venda de vinhos.
indicador mais slido de (ue os dados resgatados na ;a&ela 0?, acima, encontram"se
viesados e su&estimam a participa5o do 8io Grande do :ul na produ5o vin4cola advm das
inorma57es so&re a distri&ui5o regional da produ5o de uvas para processamento em vinhos e
sucos 'por oposi5o * produ5o total de uvas, (ue envolve a produ5o para mesa). ;anto a
Pes(uisa Agr4cola 1unicipal anual, (uanto os Censo Agropecurios decenais demonstram (ue a
participa5o do 8io Grande do :ul na produ5o da matria"prima do vinho tem girado em torno
de >?\. o (ue se pode ver na ;a&ela 00, reproduzida a&ai$o.
De acordo com os dados censitrios, a participa5o ga!cha na produ5o de uvas para
vinhos e suco apresentou pe(uena amplia5o 'de >E\ para >F\), assim como a participa5o do
6stado no valor das vendas deste insumo 'de IV\ para II\). ra, muito improvvel (ue a
produ5o de matria"prima se d/ no 8io Grande do :ul e o seu &eneiciamento se%a e$terno.Ainda (ue este enmeno possa ocorrer, ele certamente no corresponde * regra. 6, supondo"se
(ue a totalidade do processamento da matria"prima se realize no prprio 6stado, ica
conirmada a pretenso 3 amplamente disseminada, mas no comprovada ormalmente 3 de (ue
a produ5o ga!cha corresponda a algo em torno de >?\ da produ5o nacional.
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&em verdade (ue no se pode associar a produ5o de @uva"no"mesa com viniica5o.
Parcela no desprez4vel e crescente desta matria prima, tem se voltado * produ5o de suco de
uva, cu%a demanda no mercado interno 'e, mesmo, no mercado internacional) tem se mostrado
crescente e auspiciosa. o (ue nos revela a ;a&ela 0E, a&ai$o.
Como se pode ver na ;a&ela anterior, o volume de produ5o 'em litros) do suco de uva
vem girando em torno de T?\ da produ5o glo&al. Da4 no se segue, contudo, (ual(uer
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concluso acerca da participa5o ga!cha na produ5o nacional de vinho0U. Ainal, no temos
nenhuma inorma5o acerca da distri&ui5o do destino da matria"prima no resto do 9rasil. :e a
distri&ui5o relativa entre vinho e suco or similar, no se imp7e (ual(uer altera5o * concluso
anterior 3 reerendada pelos pes(uisadores da 6m&rapa, no mesmo tra&alho donde e$tra4mos a
;a&ela 0E, acima 3 de (ue o 8: seria responsvel por apro$imadamente >?\ da produ5o
vin4cola nacional.
&em verdade (ue, como aponta a pes(uisadora Loiva 1ello 'e a ;a&ela 0E, acima,
reitera), a produ5o de suco de uva vem crescendo de orma acelerada no 8io Grande do :ul,
en(uanto a produ5o de vinho de mesa vem recuando, ainda (ue em ta$as signiicativamente
ineriores. Donde se pode derivar a hiptese de (ue a participa5o do 8io Grande do :ul na
produ5o vin4cola 'em sentido rigoroso) nacional este%a apresentando algum recuo.
-ote"se (ue, como &uscamos avaliar a participa5o relativa da produ5o vin4cola no
interior do setor de ,%,!d"(3 cu%a participa5o no PN9 oi calculada atravs da 1NP"E??FJE??I
3 no precisar4amos estar recuperando as inorma57es mais recentes acerca da evolu5o relativa
da participa5o da produ5o vin4cola ga!cha na produ5o nacional. -o o&stante, a alta de
inorma57es rigorosas recomenda o uso de uma certa parcimnia no esta&elecimento de
hipteses numa primeira apro$ima5o do pro&lema. :uponhamos, pois, * luz dos argumentos
anteriores (ue a participa5o da produ5o vin4cola do 8: corresponda 'desde E??F, data da 1NP)
a apro$imadamente I?\ da produ5o nacional. 6sta airma5o nos d uma &ase para um
primeiro e$erc4cio de dimensionamento da produ5o vin4era ga!cha.
0U:egundo Loiva 1ello2 @no (% d!(-% d% %(t"t8(t!'"(so&re a produ5o e comercializa5o n"'!on"#de vinhos esuco de uvas. 6stado do 8io Grande do :ul, r%(-on(.%# -or '%r'" d% d" -roduo n"'!on"# d%((%(-roduto(, possui inorma57es relativas * produ5o de uvas, vinhos e derivados e * comercializa5o, cu%a anlise
permite ter uma &oa apro$ima5o do desempenho da agroind!stria vin4cola do pa4s. '1ello, E?00, p. E). Baleo&servar (ue toda e (ual(uer vin4cola tem de ser cadastrada %unto ao 1inistrio de Agricultura Pecuria eA&astecimento '1APA). Ao contrrio do 1;6, contudo, (ue disponi&iliza suas inorma57es cadastrais para ins deanlise estat4stico"econmica no interior do sistema 8AN:"CAG6D 'e o az sem desrespeitar os limites (ue seimp7em * divulga5o de dados sigilosos e de interesse estratgico no interior da concorr/ncia empresarial), no (%"#'"n" "'%(("r 5u"#5u%r !nor$"o (o,r% " -roduo !n8'o#" n"'!on"# " -"rt!r do (!t% do MAA4Do nosso
ponto de vista, ca&eria interpor um @ha&eas data %unto a este 1inistrio. Ainal, no nos parece (ue a sociedadeeste%a auerindo (ual(uer &ene4cio (uando pes(uisadores e agentes responsveis pela deini5o de pol4ticas p!&licasde apoio a este ou *(uele setor so impedidos de acessar dados glo&ais 'por oposi5o *(ueles capazes de intererirso&re a dinmica competitiva das irmas) acerca da distri&ui5o territorial da produ5o agroindustrial no 9rasil.
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Atravs das Pes(uisas Nndustriais Anuais, do N9G6, temos acesso a um con%unto de
inorma57es so&re o setor de 9e&idas 'no 9rasil e no 8io Grande do :ul) e so&re a produ5o
nacional de vinhos. :e adotamos as hipteses de (ue2 0) a produ5o vin4cola ga!da corresponde a
I?\ da produ5o vin4cola nacional# e, E) a estrutura relativa interna dos setores de &e&ida 'em
geral) e vin4cola 'em particular) nacional e ga!cho so similares# podemos inerir a participa5o
relativa do setor de vinhos no setor de &e&idas do 8io Grande do :ul. s resultados desta
iner/ncia aparecem na ;a&ela 0F, a&ai$o.
Como se pode ver na ;a&ela acima, as duas hipteses introduzidas anteriormente nos
levam * concluso de (ue o setor vin4cola corresponde a "-ro:!$"d"$%nt%a um ter5o '0JF) do
setor de &e&idas no 8io Grande do :ul. 6 se este !ltimo correspondia a E,UU\ do PN9 em E??F
'de acordo com a 1NP"E??F"E??I), supondo (ue a matriz produtiva do 6stado tenha sorido
poucas altera57es0V, o "#or "*r%*"do n" -roduo d% !n0o( 'orr%(-ond%r!" " -ou'o $%no(
d% 1 ;$"!( %:"t"$%nt%2 " 2K) do I do R!o Gr"nd% do Su# .
0V leigo em 6conomia , usualmente, &astante reratrio a este tipo de hiptese. -o o&stante, h slidos
argumentos tericos e emp4ricos para se deender o ponto de vista de (ue 3 a no ser (uando h determina57esparticularmente slidas para se pressupor a descontinuidade de um determinado padro de reprodu5o em um setordeterminado 'como no caso da internaliza5o de um importante elo intermedirio de uma cadeia produtiva (ual(uer)
3 o padro de reprodu5o matricial de uma economia no se altera signiicativamente ao longo de uma dcada. 6isto no s por(ue h determina57es estruturais, (ue s so aetadas no longu4ssimo prazo, para um determinado
padro de especializa5o e diviso do tra&alho de um territrio. Ainda mais importante do (ue isto o ato daparticipa5o relativa de um setor noser un5o apenas da estrutura produtiva do prprio setor, mas de todos os elosintermedirios e de todos os insumos (ue participam da produ5o do &em inal. 1odiica57es aparentementeimportantes 'por serem acilmente percept4veis, impondo"se no elo central de uma cadeia (ual(uer) t/m impactorelativamente pe(ueno se os demais elos da cadeia no tiverem passado por transorma57es de e$presso similar.
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preciso (ue se entenda, contudo, (ue a !n%rn'!" " 5u% '0%*"$o( 7 $%r"$%nt%
"-ro:!$"t!" %2 $u!to -ro"%#$%nt%2 (u,%(t!$" " -"rt!'!-"o %%t!" do !n0o no !nt%r!or
do (%tor d% ,%,!d"(4 O -onto 'ru'!"# 7 5u% todo( o( 5u%(!to( ""#!"do( "'!$" ? do -%((o"#
o'u-"do2 do( ("#.r!o(2 do 'on(u$o !nt%r$%d!.r!o2 do "#or ,ruto d" -roduo2 do "#or
"*r%*"do2 %t'4 d" -roduo d% !n0o( no !nt%r!or d" -roduo d% ,%,!d"( %(to r%%r!do(
%:'#u(!"$%nt% "o -ro'%(("$%nto !ndu(tr!"# d"( ,%,!d"(4 N"d" no( 7 !nor$"do " r%(-%!to
d" or!*%$ d"( $"t7r!"(?-r!$"( !n'or-or"d"( no( d!(t!nto( (%*$%nto( d% ,%,!d"(4 !nico
(ue sa&emos com seguran5a (ue, no interior do setor de &e&idas do 8io Grande do :ul, a
produ5o de vinhos apresenta uma elevada integra5o vertical a montante da ind!stria, pois
virtualmente toda a produ5o de insumos 'da uva aos e(uipamentos de capital i$o) esto
internalizados no 8io Grande do :ul. (ue signiica dizer (ue, '"(o o( d%$"!( (%*$%nto( do
(%tor d% ,%,!d"( ;d%(t!#"do(2 '%r%>"(2 r%r!*%r"nt%(2 %t') "-r%(%nt%$ u$ *r"u d% !nt%*r"o%rt!'"# " $ont"nt% $%nor do 5u% " -roduo d% !n0o( ;% %(t" -o((!,!#!d"d% 7 ,"(t"nt%
-#"u(8%#)2 " -"rt!'!-"o do (%*$%nto !n8'o#" n" "*r%*"o d% "#or !nt%rn" "o (%tor d%
,%,!d"( (%r. (u-%r!or " 14
Como se isto no &astasse, preciso lem&rar (ue " !t!!n!'u#tur" no (% r%du9 /
-roduo d% !n0o(4Como % vimos, em termos de volume produzido, o suco de uva % alcan5a
TE\ da produ5o de @derivados l4(uidos de uva. (ue o mesmo (ue dizer (ue o volume de
suco de uva corresponde a apro$imadamente EJF do volume de todos os tipos de vinho 'desde
vinhos mesa at espumantes e vinhos 4cones). ma avalia5o correta da e$presso econmica da
vitivinicultura ga!cha teria de, necessariamente, incorporar os valores agregados na produ5o de
suco de uva, de uva para mesa e de uva passa. 6 dado (ue a produ5o de uvas de mesa no 8io
Grande do :ul pouco inerior a 0?\ do total e a produ5o de sucos de uva % atingiu mais de
T?\ dos derivados l4(uidos de uva, conclui"se (ue "#*o %$ torno d% B d" -roduo !t8'o#"
*"+'0" t%$ outr" d%(t!n"o 5u% no " -roduo d% !n0o(4 Rual a participa5o dos
derivados desta produ5o no PN9 do 6stadoQ S% " "*r%*"o d% "#or n%(t"( #!n0"(
(u,(!d!.r!"( d" *r"nd% '"d%!" !t!!n8'o#" o((% (!$!#"r / "*r%*"o n" #!n0"
%(-%'!!'"$%nt% !n8'o#"2 " -"rt!'!-"o d" !t!!n!'u#tur" %:'%d%r!" " 12B do I
%(t"du"#4:er esta uma iner/ncia razovelQ
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:e oi di4cil avaliar com alguma preciso a dimenso relativa da produ5o vin4cola no
interior do setor de &e&idas no 8io Grande do :ul, muito mais comple$a ser (ual(uer tentativa
de avaliar a dimenso relativa da produ5o de suco de uva. -o h dados sistemticos so&re
pre5os, custos e agrega5o de valor na produ5o de suco. 1ais uma vez, a !nica onte com dados
d!(-on8%!(1 a 8AN:. Como % vimos, esta onte apresenta um con%unto de limita57es, dentre
os (uais o mais importante para ns neste estudo o ato das irmas se auto"classiicarem em
uma !nica atividade. Assim, irmas (ue produzem vinho e suco de uva s aparecem em uma
classe, usualmente 'mas nem sempreO) na(uela (uer ocupa a maior parte dos tra&alhadores pela
maior parte do tempo eJou (ue gera a maior parte do seu aturamento.
1algrado as limita57es, &uscamos o&ter uma primeira apro$ima5o acerca da dimenso
relativa da produ5o de suco de uva vis--visa produ5o de vinhos com &ase nas inorma57es da8AN:. pro&lema (ue se colocava, ento, era o de dierenciar a produ5o de suco de uva da
produ5o de outros sucos. A metodologia adotada para esta dierencia5o oi a&rir as
inorma57es da 8AN: por munic4pio, identiicar o n!mero de esta&elecimentos e de operrios por
munic4pio e cote%ar com a e$ist/ncia de videiras voltadas para a produ5o de uvas para sucos 'ou
vinhos) nos territrios pr$imos ao esta&elecimentos industrial. 6m caso de d!vida, &uscvamos
maiores inorma57es na internet, tentando identiicar (ue empresas e$istiam em cada munic4pio
e (uais as suas reas de especializa5o. resultado a (ue chegamos (ue apro$imadamente
UI\ dos esta&elecimentos 'auto)classiicados como produtores de sucos so produtores de suco
de uva. Ainda (ue estes esta&elecimentos no processem e$clusivamente sucos de uva 'mas,
igualmente &em, sucos de outras rutas) o n!mero de empregados (ue identiicamos como
envolvidos no processamento de uva para suco no ano de E??V 'eleito em un5o da consist/ncia
com o Censo Agropecurio) nos pareceu um &om ponto de partida para avaliar a dimenso
0HA Pes(uisa Nndustrial Anual do N9G6 censitria para empresas com mais de F? empregados, envolvendo,portanto, uma &oa co&ertura com representatividade a n4vel municipal. -o o&stante, o N9G6 s disponi&iliza
inorma57es em n4vel %(t"du"#com um elevado grau de agrega5o. A a(uisi5o de inorma57es em um grau menorde agrega5o poss4vel, mas os trmites para o&t/"las so 'para dizer o m4nimo) morosos e rduos e os resultadosso imponderveis. Como os mesmos so o&tidos e disponi&ilizados para um !nico cliente pagante, os processos deconer/ncia aos (uais estes resultados so su&metidos parecem carecer de maior rigor. 6 e$pressar (ual(uer d!vidaso&re o material rece&ido parece ser totalmente inconse(+ente. Aps diversas tentativas insatisatrias de o&terinorma57es detalhadas %unto ao N9G6, desisti da empreitada. 8egistro este ato pela mesma razo (ue registrei acar/ncia de inorma57es no site do 1APA2 na e$pectativa de (ue, algum dia, as autoridades deste pa4s imponhamsigilo apenas *(uelas inorma57es cu%o sigilo valioso e disponi&ilizem o (ue de interesse comum para acomunidade. No (% %(t. (o#!'!t"ndo $"!( %r,"(P -"r" " -roduo d% %(t"t8(t!'"(4 A-%n"( " #!,%r"o d"( 5u%%:!(t%$4
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relativa da produ5o de sucos no interior da vitivinicultura em geral. Ainal, os U0F empregados
na produ5o de suco de uva correspondem a pouco mais de E?\ do n!mero de empregados
!d%nt!!'"do( -%#" RAIS como empregados na produ5o de vinhos, no 8io Grande do :ul, no
mesmo ano. 6 este parece ser o patamar a&ai$o do (ual diicilmente seria poss4vel processar um
montante de uvas e(uivalente a EJF do volume processado so& a orma de vinho.
:upondo (ue " "*r%*"o d% "#or -or o-%r.r!o (%>" (!$!#"r n" -roduo d% (u'o % d%
!n0o3 o (ue implica (ue " "*r%*"o d% "#or -or ton%#"d" d% u" n" -roduo d% (u'o
(%r!" d% "-ro:!$"d"$%nt% u$ t%ro ;1) d" r%#"o o,(%r"d" n" -roduo d% !n0o 3
chegamos a uma segunda apro$ima5o da e$presso econmica do setor vitivin4cola no 8io
Grande do :ul. 6stes resultados esto representados na ;a&ela 0T, reproduzida a&ai$o.
Como se pode ver na !ltima clula da ;a&ela '!ltima linha M !ltima coluna), se
atri&uirmos uma estrutura de custos e agrega5o de valor similar ao padro das vin4colas -or
un!d"d% d% $o d% o,r"12 " -roduo d% (u'o( -"((" " r%(-ond%r -or "#*o %$ torno d%
1 do "#or d" -roduo d" !t!!n!'u#tur"4 D% (ort% 5u% $%($o ",(tr"!ndo d"
-roduo d% u"( -"r" $%(" % u"( -"((" " !t!!n!'u#tur" 'orr%(-ond%r!" " -ou'o $"!(
d% F d" -roduo d% ,%,!d"(4 D"do 5u% " -roduo d% ,%,!d"( 'orr%(-ond% " @2BB do
I do E(t"do2 'on'#u!?(% 5u% " !t!!n!'u#tur" 'orr%(-ond% " -ou'o $"!( d% 1 do I
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0I (ue, de ato, envolve uma certa su&estima5o, tendo em vista (ue, como sa&emos, em torno de T?\ da matria"prima undamental da vitivinicultura 3 a uva 3 estar sendo destinada a produ5o de suco, atualmente. 6sta hiptesese sustenta, contudo, devido aos custos relativamente menores com outros insumos. Alm disso, adotamos, comoregra, a parcimnia no esta&elecimento de hipteses.
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F4 Con(!d%r"%( Q!n"!(
Ao longo deste tra&alho, procuramos e$por as diiculdades de clculo da e$presso
econmica do setor vitivin4cola e, ato cont4nuo, dri&lar estes mesmos pro&lemas a partir do
manuseio e conronto de distintas ontes de inorma5o. resultado a (ue chegamos nos parece
ser &astante satisatrio, tendo em vista a relativa car/ncia de inorma57es detalhadas acerca de
um setor (ue consegue ser, simultaneamente, &astante espec4ico 'na medida em (ue uniicado
pela produ5o e &eneiciamento da uva) e dierenciado 'na medida em (ue produz um con%unto
de su&"produtos classiicados em al4neas distintas).
A estratgia geral adotada por ns oi a de privilegiar a su&estima5o em detrimento da
superestima5o. Por isto, a&rimos mo de (ual(uer tentativa de incorporar e mensurar acontri&ui5o da vitivinicultura para o turismo ou para a promo5o das culturas, culinrias e
ind!strias ga!cha e nacional. ;am&m evitamos avaliar a e$presso econmica da produ5o de
uvas para mesa e de uvas"passa, assim como os desdo&ramentos destes produtos, do vinho e do
suco de uva en(uanto insumos para a produ5o de outros alimentos 'chocolates com passas,
sorvetes, cucas, tortas, etc.).
Ndentiicamos uma perspectiva promissora de avalia5o da dimenso do arran%o
vitivin4cola a partir de sua capacidade de gera5o de emprego. Contudo, a despeito da e$presso
signiicativa do mesmo para a gera5o de emprego agr4cola 'em torno de T?.??? tra&alhadores,
(ue correspondem a mais de F\ de todo os ocupados na agropecuria ga!cha), os dados so&re a
gera5o de empregos na ind!stria s captam o emprego direto 'processamento de vinhos e sucos)
e, mesmo assim, com alguma parcialidade.
Adotamos, pois, o caminho (ue nos parecia mais rduo, mas mais rigoroso2 a e$plora5o
de inorma57es disponi&ilizadas pela 1atriz de Nnsumo Produto do 8io Grande do :ul. De
acordo com o grau de a&ertura em (ue este instrumento oi disponi&ilizado pela W66, icou cil
calcular a dimenso relativa do setor de &e&idas2 E,UU\ do PN9 ga!cho. A partir do cote%o com
inorma57es disponi&ilizadas pelo N9G6 'em especial, a PNA) e o 1;6 'em especial, a 8AN:),
conseguimos determinar a e$presso da produ5o de vinhos e suco de uva vis--vis o setor de
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&e&idas2 T?,UT\. (ue nos permitiu concluir (ue " !t!!n!'u#tur" *"+'0" 7 r%(-on(.%# -or
"-ro:!$"d"$%nt% 1 d" r%nd" %(t"du"#4;al como % airmamos diversas vezes 3 e nos
parece ocioso resgatar, agora, todos os argumentos (ue &alizam esta cren5a 3 acreditamos (ue
esta participa5o , de ato, maior. 1as, su&estimada ou no, esta participa5o est longe de ser
irrisria. preciso, agora, (ue o poder p!&lico se mo&ilize com vistas a proporcionar ao setor os
recursos e instrumentos necessrios * sua deesa e propulso em um volume compat4vel com sua
e$presso econmica.
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9i&liograia
N9G6 3 Nnstituto 9rasileiro de Geograia e 6stat4stica 'E??F). Classificao Nacional deAtividades Econmicas Fiscal 'C-A6"Wiscal verso 0.0.) 8io de ^aneiro. Dispon4vel em2
http2JJYYY.i&ge.gov.&rJhomeJestatisticaJeconomiaJclassiicacoesJcnae0.0Jdeault.shtm
9L16, 8. 'E??I). Exlorando os recursos estrat!gicos do "terroir# ara a vitiviniculturabrasileira. Porto Alegre2 W8G: ';ese de Doutorado). Dispon4vel em2http2JJYYY.lume.urgs.&rJhandleJ0?0IFJ0EI>V