capa reformador - fevereiro 2008

44
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 126 • Nº 2.147 • Fevereiro 2008 D EUS , C RISTO E C ARIDADE R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749

Upload: vohuong

Post on 08-Jan-2017

225 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 126 • Nº 2.147 • Feverei ro 2008D EUS , CR I S TO E CAR I D AD E

R$ 5,00

ISSN 1

413

- 1

749

Page 2: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008
Page 3: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 126 / Fevereiro, 2008 / N o 2.147

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

São chegados os tempos

Entrevista: Gasparina dos Anjos de Jesus

O estudo alterou o panorama do Espiritismo no Acre

Presença de Chico Xavier

Um irmão de regresso – Efigênio S. Vítor

Esflorando o Evangelho

Ante a lição – Emmanuel

Reformador de ontem

A Gênese – Indalício Mendes

A FEB e o Esperanto

Apresentação de A Gênese para o mundo esperantista –

Affonso Soares

Cursos de Esperanto na Sede Seccional em 2008

Seara Espírita

A Gênese – 140 anos – Juvanir Borges de Souza

Obra insuperável – Vianna de Carvalho

Jesus para o homem – Emmanuel

Anamnese do orgulho – Richard Simonetti

A geração nova (Capa) – Allan Kardec

Um relato, um filme, um romance – Kleber Halfeld

Tempos de valorização da vida – Camilo

Ao leitor

Em dia com o Espiritismo – Consciência moral.

Consciência espírita – Marta Antunes Moura

A espiritualidade dos animais – Eurípedes Kühl

A magnitude da fé em nossas vidas –

Adésio Alves Machado

Honório Onofre de Abreu

Ouve, coração – Maria Dolores

Interdependência dos seres – Ivone Molinaro Ghiggino

5

9

12

15

18

22

26

27

28

31

33

38

39

40

4

11

13

21

25

36

37

42

SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

Page 4: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

EditorialSão chegados

os tempos

1O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XX, item 5, Ed. FEB.

2 Mensagem “Instalação da Nova Era”, publicada no Suplemento da revista Reformador de maio de 2007.

4 Reformador • Fevere i ro 20084422

m mensagem transmitida em 1862, constante de O Evangelho segundo o

Espiritismo, o Espírito de Verdade observa: “Aproxima-se o tempo em que

se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade”.1

Passados 144 anos, encontramo-nos em pleno processo dessa transformação

anunciada. Tida inicialmente como marcada por dores e sofrimentos, observa-se

hoje que ela é caracterizada por uma fase de transição, em que a Terra passa de

Mundo de Expiação e Provas para Mundo de Regeneração, onde os seres humanos,

cientes da sua condição de Espíritos imortais, estarão empenhados em seu próprio

aprimoramento moral à Luz do Evangelho de Jesus.

No encerramento do 2o Congresso Espírita Brasileiro, em abril de 2007, em men-

sagem transmitida através do médium Divaldo Pereira Franco, Bezerra de Menezes

anunciou que “[...] o nobre Codificador, aqui presente com as falanges do Espírito de

Verdade, está conosco e nos acompanhará neste novo ciclo que se abre até o momen-

to quando o mundo de regeneração se encontre instaurado e instalado na Terra”.2

Neste sentido, voltamos à mensagem do Espírito de Verdade, acima citada, que

observa ainda: “Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor,

com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade! Seus dias de trabalho serão

pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado”.

Conscientes desta realidade, os espíritas não temos nenhuma razão em titubear

diante das possibilidades de concorrer para a construção desse Mundo Novo, para

as quais estamos todos sendo chamados.

E

Page 5: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

m 6 de janeiro de 1868, por-tanto há cento e quarentaanos, era publicado em Pa-

ris o último livro da série de cin-co obras que constitui a base daDoutrina Espírita.

Allan Kardec, seu autor, de-senvolve nessa obra um conjuntode importantes assuntos queficaram sintetizados no título esubtítulo – “Os milagres e as pre-dições segundo o Espiritismo”.

Entretanto, as matérias abor-dadas nesse livro são de tal mag-nitude que ultrapassam a síntesedo título escolhido.

Assuntos como Deus e a visãodos homens sobre sua existência enatureza, a Divina Providência, oespaço e o tempo, a gênese orgâ-nica e a gênese espiritual, os mila-gres e sua explicação, a superiori-dade da natureza de Jesus e o desa-parecimento de seu corpo, e mui-tos outros que induzem à idéia deque são chegados os tempos novospara a Humanidade conhecer aVerdade e a Vida, como está ex-presso no último capítulo, tornam

esse livro imprescindível para o se-guro conhecimento da DoutrinaConsoladora, minuciosamente ex-posta nas obras básicas.

Não devemos esquecer que essaobra, que encerra a série iniciadacom O Livro dos Espíritos, emboraescrita e publicada sob a respon-sabilidade de Allan Kardec, con-tou com a assistência permanentedos Espíritos reveladores.

É sempre útil relembrar a ad-vertência do Codificador de que,sendo a Doutrina Espírita pro-gressiva, qualquer aspecto da ver-dade, que se modificar por novosconhecimentos, será por ela acei-to, desde que devidamente com-provado.

Essa advertência é importantee nunca deve ser esquecida, má-xime em se tratando de uma obraque se ocupa, em grande parte, deconhecimentos científicos, quan-do as diversas ciências têm modi-ficado seus próprios conceitos poroutros, diante de descobrimentosnovos, como é comum nos domí-nios da Geologia, da Física, daQuímica, da Medicina e de outrosconhecimentos.

É sempre útil lembrar tam-bém que, dos dois elementos queconstituem o Universo, as ciên-cias humanas têm estudado so-mente um deles – a matéria –não cogitando do espírito, o ou-tro elemento, ou força, em contí-nua interação com o primeiro.

Esse posicionamento das ciên-

A Gênese

EJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

– 140 anos –

5Fevere i ro 2008 • Reformador 4433

Page 6: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

cias dos homens, rejeitando aexistência do elemento espiri-tual, traz conseqüências extre-mamente prejudiciais ao conhe-cimento humano, por negar umarealidade comprovada.

A Doutrina Espírita, desde quesurgiu neste mundo, cumprindoa promessa de que o Consolador,ao ser enviado traria o conheci-mento de coisas novas, demons-tra a necessidade da correção dogrande erro cometido pelas ciên-cias em cogitar somente da maté-ria, na explicação dos inúmerosfenômenos universais.

Revelação superior, oriundada Espiritualidade, não há dúvi-da de que, no futuro, prevaleceráa Verdade, libertando os homensda ignorância que ainda subsistirnos setores mais intelectualizadosdeste mundo. É uma questão detempo, já que a evolução, a pro-gressividade dos conhecimentos,é uma das leis divinas.

A Providência de Deus deixaaos próprios homens, Espíritoseternos, o mérito de se convence-rem por si mesmos, pela razão, noprocesso da busca das realidades.

Para isso, conjugam-se a inte-ligência com o esforço indivi-dual, a lei do progresso com asexperiências das vidas sucessivasem planos diferentes.

Nas leis divinas, justas, perfeitas,eternas e imutáveis, não há contra-dições. Os homens é que, muitas

vezes, não as compreendem emtoda a sua grandeza e extensão.

Assim, as ciências humanassão convocadas a retificar seusconceitos que não se ajustam àsrealidades. Excluir o elementoespiritual e considerar somente amatéria, na generalidade dos fe-nômenos universais, é um errograve que vem ocorrendo há mi-lênios, os quais, na atualidade,com as revelações superiores, de-verá ser corrigido.

Destruindo o materialismo, demúltiplas faces, que é uma das cha-gas das sociedades humanas e queatinge as ciências, estará o Espiri-tismo contribuindo para o pro-gresso geral.

Allan Kardec, quando já haviapublicado as quatro primeirasobras componentes da Doutrinados Espíritos, bem como outroslivros e a Revista Espírita, resol-veu elaborar um vasto estudo so-bre as origens do planeta Terra,com base nas concepções resul-tantes dos ensinos trazidos pelaEspiritualidade, além de desdo-bramentos de vários assuntos játratados anteriormente.

A Gênese resultou desses estu-dos, que abrangem variadas ma-térias, todas relacionadas à noveldoutrina, e não somente ao queo próprio título sugere, bastando

o exame do índice para se chegarà conclusão de que a obra é mui-to mais rica e abrangente do queesse título propõe.

Observa-se nesse livro, apesarda variedade das matérias estu-dadas, uma total coerência entrea Ciência, a Filosofia e a ReligiãoEspíritas, não havendo as con-tradições encontradas nas outrasculturas humanas, quando abor-dam tais questões.

Com essa publicação comple-tava-se a Codificação Espírita.Cumprira-se a missão do Codifi-cador, que desencarnou no anoseguinte.

Na impossibilidade de nos fi-xarmos em todas as matérias daobra, vamos nos referir a algunsaspectos dos estudos que impres-sionam pela profundidade e coe-rência com que são abordados eque se encontram na “Introdu-ção” e nos capítulos I, II e XVIII.

Apresentando seu trabalho, oautor se refere à magna questãodos dois elementos, ou duas for-ças que compõem o Universo – oespírito e a matéria – em açõessimultâneas. Entretanto, ressalta,somente a matéria é consideradapor muitos pensadores e cientis-tas, que negam a existência doespírito.

6 Reformador • Fevere i ro 2008 4444

Page 7: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

Esclarece que o Espiritismonão encerra mistérios, já que tu-do que ensina é real e está paten-te, para que todos possam julgá--lo com conhecimento de causa.

Reafirma que a Doutrina éobra dos Espíritos, com a coope-ração humana naquilo que com-pete aos homens.

A formulação da Doutrina re-sultou da concordância de opi-niões e idéias de muitos seres es-pirituais e não da opinião de umou outro isoladamente. Para tan-to, o Codificador utilizou méto-do apropriado, confrontando con-ceitos e juízos diversos, antes deser admitida uma idéia, ou um fa-to, como verdadeiros.

Desta forma, O Livro dos Espí-ritos, a obra básica da Doutrina,representa o pensamento corre-to, geral e coletivo das Entidadesespirituais incumbidas de trazeraos homens o Consolador pro-metido por Jesus.

A concordância universal naopinião dos Espíritos revelado-res, submetida ainda à razão e àlógica, é que constitui a força daDoutrina, fazendo-a prevalecersobre os sistemas pessoais.

O capítulo I – “Caráter da reve-lação espírita” – impressiona pelaprofundidade, clareza e qualidade

da exposição do Codificador, aoressaltar o que representa a Dou-trina Espírita, por sua natureza,sua índole e seu caráter.

Diversas questões e indaga-ções suscitadas por críticos esimpatizantes do Espiritismo,antes e depois da publicação da

última obra da Codificação, es-tão respondidas de forma admi-rável nesse capítulo inicial.

Está esclarecido que o Espiri-tismo se apresenta também comouma Ciência de observação, utili-zando em suas pesquisas metafí-sicas o método experimental,

mostrando que ele se aplica per-feitamente ao elemento espiri-tual e não somente à matéria.

Não resta dúvida que o aspectomais importante da obra é o quefocaliza o Universo invisível, des-prezado pelas ciências e cogitadosomente pelas religiões e pelamagia, mas de forma inadequada.

Refere-se à necessidade do co-nhecimento das realidades ocul-tas do mundo invisível e seu re-lacionamento com o mundo ma-terial visível, como preparo dohomem para a vida futura.

Mostra que todas as Revelaçõesà Humanidade têm sido feitas porprepostos e enviados de Deus, in-cumbidos das mais diversas mis-sões, não havendo, entretanto, ne-nhuma prova de manifestação di-reta do Criador entre os homens,embora seus mensageiros tenhamsido confundidos com Ele, comoocorreu com Moisés na recepçãodos Dez Mandamentos.

É demonstrado que a Revela-ção Espírita tem, ao mesmo tem-po, caráter divino e científico.Participa do primeiro por serprovidencial e não da iniciativados homens, que ignoravam asverdades reveladas pela Espiri-tualidade. Seu caráter científicoevidencia-se por não terem sidodispensados os homens, especial-mente o Codificador e os médiuns,nos trabalhos de elaboração, ob-servação, pesquisas e raciocínio

A Revelação

Espírita tem,

ao mesmo

tempo,

caráter

divino e

científico

7Fevere i ro 2008 • Reformador 4455

Page 8: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

lógico, uma vez que a Doutrinanão resultou simplesmente de umditado completo, mas foi deduzi-da dos fatos e das instruções tra-zidas pelos Espíritos.

Assim, a Doutrina é uma No-va Luz que, longe de negar oEvangelho do Cristo, vem con-firmá-lo, explicá-lo, elucidandoos pontos incompreendidos ouobscuros. A Doutrina Consola-dora, absorvendo integralmenteos ensinos de Jesus, requer ma-dureza e emancipação mental,para que as coisas superioresnão sejam aceitas às cegas, massob a luz do entendimento e darazão esclarecida.

O capítulo II trata de Deus,da sua natureza e da Providên-cia Divina.

É a reafirmação do que se achano capítulo I de O Livro dos Espí-ritos, com o acréscimo de outrospensamentos e raciocínios lógi-cos sobre esse magno assunto.

Começa por lembrar que, sen-do Deus a causa primária de to-das as coisas, portanto, a base detoda a Criação, é o ponto que de-ve ser considerado antes de qual-quer outro.

Lembra que em todas as obrasda Natureza estão presentes aharmonia, a sabedoria e a provi-dência, não havendo nenhumaque não ultrapasse a mais por-tentosa inteligência humana. Éque elas são produto de uma In-teligência Suprema, já que nãopode haver efeito sem causa.

Esse raciocínio lógico, basea-do nos fatos e na observação doque é real e constatado por todaparte, responde aos raciocíniosmaterialistas, baseados nas for-ças que atuam mecanicamentenos reinos mineral, vegetal e ani-mal, como o calor, a luz, a eletri-cidade, a umidade e outras.

O raciocínio materialista, queprevalece nas ciências dos ho-mens, não percebe que as forças,

que produzem os inúmeros fe-nômenos da Natureza, têm umacausa suprema e inteligente – oCriador de tudo o que existe.

A Providência Divina “é a soli-citude de Deus para com todas assuas criaturas” – afirma Kardec.

O último capítulo do livro –“São chegados os tempos” – refe-re-se aos acontecimentos previs-tos para a regeneração da Huma-nidade, os quais nada represen-tam para os incrédulos, mas que,para a maioria dos crentes ingê-nuos, participam de algo de mís-tico e de sobrenatural.

Devemos afastar da previsãotoda idéia de capricho, por não seconciliar com a Providência Divina,não podendo deixar de considerarque novos acontecimentos decor-rem da divina lei do progresso.

A evolução física do globo terres-tre tem sido comprovada pela Ciên-cia e o progresso da Humanidadedecorre da inteligência e da me-lhoria dos costumes dos homens.

Portanto, o movimento pro-gressivo é inevitável, podendo,contudo, ser rápido ou lento, de-pendendo de diversos fatores.

A Humanidade tem realizadomuitos progressos nas ciências,nas artes e no bem-estar material.

Resta-lhe realizar a evoluçãodos sentimentos, para que reine,entre os homens, o amor, a soli-dariedade, a fraternidade.

Será, assim, a evolução dossentimentos o que caracterizaráos tempos novos, com a chegadade um mundo regenerado.

8 Reformador • Fevere i ro 2008 4466

Page 9: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

uma rápida evocação emtorno dos grandiosos lega-dos da cultura e da civili-

zação do passado, são encontra-das as notáveis obras do pensa-mento humano, orientando acriatura terrestre.

Desde o Código de Hamurabi,assinalando as diretrizes morais elegais para a sociedade, fomos hon-rados com as obras monumentaisque dignificam a Humanidade, eque verteram do Alto como sinfo-nia de bênçãos, a fim de que a vi-da pudesse receber o respeito e aconsideração de que se faz credora.

A Índia gloriosa de há mais deseis mil anos transferiu para todosos séculos o Vedanta, reunindo li-vros de transcendentes informa-ções sobre a imortalidade, a ética,os deveres morais e sociais.

O Egito liberou da intimidadedos seus santuários o Livro dosMortos, despertando as criaturaspara a sobrevivência do Espírito, e,por conseqüência, os códigos mo-rais para a continuidade da vida...

Das reflexões profundas e mís-ticas dos santos do Tibete, a socie-dade herdou O Livro Tibetano dosMortos, orientando os seres huma-nos para a conquista da plenitude.

A Pérsia multimilenária, fasci-nada pela realidade do Espírito,ofertou aos tempos do futuro oZend-Avesta, enriquecendo as cria-turas com as bases morais para

discernir o Bem do Mal, o seu fu-turo imortal...

A China contribuiu com a dou-trina de Fo-Hi e, mais tarde, Con-fúcio, através dos Analectos, convo-cou as mentes e os corações a re-flexões em torno do cidadão, dafamília, da sociedade, do dever...

Todo o Oriente fez-se um tesou-ro de incomparável riqueza, brin-dando a História com a luz da sa-bedoria, da perfeição, na incansávelbusca do Nirvana, da plenitude...

Israel, caracterizada pelos profe-tas, assassinados uns e homena-geados outros, seus reis poetas esábios, compôs a Bíblia, reunindoa história do seu povo em relaçãoa outros povos e nações, compon-

do hinos de extraordinária beleza,como nos Salmos, no Cântico dosCânticos ou no inolvidável Sermãoda Montanha cantado por Jesus einscrito em o Novo Testamento.

Toda a história da vida de Jesusé a saga da autoconquista, da su-peração das paixões asselvajadas,do primarismo do Espírito, des-velando o reino dos Céus adorme-cido no imo de cada um, tornan-do-se o guia seguro para todosos séculos...

Depois de Jesus, e mesmo umpouco antes, o pensamento oci-dental, através dos insuperáveis fi-lósofos gregos e, mais tarde, os ro-manos, a ética e a moral, a políti-ca e a arte, a lógica e a razão dese-nharam as mais belas páginas deeloqüente sabedoria para o bemdo ser humano e da sociedade.

Posteriormente, os Céus pros-seguiram enviando à Terra os seusembaixadores através da Escolaneoplatônica de Alexandria, daPatrística e de outros grupos, ofer-tando as profundas contribuiçõespara a conquista da felicidade.

Século a século, repontaram osinspirados e os santos, os pensado-res e os artistas, contribuindo deforma sublime com as belas mensa-gens de vida e de amor, nem sempreaproveitadas pela Humanidade.

Obras memoráveis aparece-ram, fascinaram os tempos emque floresceram, cedendo lugar a

N

9Fevere i ro 2008 • Reformador 4477

Obra insuperável

Código de Hamurabi: leis epunições gravadas em monólitoIm

agem

ret

irad

a do

site

htt

p://tea

cher

s.sd

uhsd

.k12

.ca.

us/lt

rupe/

ART%

20His

tory

%20

Web

/fin

al/im

agel

inks

chap

2.ht

ml

Page 10: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

10 Reformador • Fevere i ro 2008 4488

outras que foram sucedidas pormais outras, confirmando o amorde Deus pelos Seus filhos, a fim deque nunca faltasse a luz do conhe-cimento nem a magia da arte paratornar ditosa a existência humana.

A Ciência e a Tecnologia, insi-pientes a princípio, atingem hojea glória estelar, guindando o serhumano ao macrocosmo e permi-tindo-lhe penetrar no microcos-mo, de forma que pode solucio-nar inúmeros enigmas do Univer-so e equacionar muitos dos desa-fios existenciais...

Nada obstante, o ser humano,tendo permanecido, feitas algumasexceções, em sombras e violência,em angústias e medos, os Céus fa-cultaram a reencarnação de AllanKardec, no século XIX, o missio-nário do futuro, a fim de que codi-ficasse O Livro dos Espíritos, a obramais monumental que a Humani-dade jamais compulsou, pelo fatode repetir o Evangelho de Jesus esintetizar os grandiosos livros quechegaram antes do seu advento.

Respondendo a todas as ques-tões do pensamento com lógica e

razão, completando e indo alémdas honrosas conquistas da Ciên-cia, de forma a proporcionar maisfeliz aplicação dos seus postula-dos no dia-a-dia das existências.

Superando a teologia ancestral,inicia a sua gloriosa síntese comDeus e encerra a sua excelsa men-sagem com as esperanças e consola-ções, após dirimir todas as dúvidasexistentes, iluminando as sombrasda ignorância cultural.

Granítico na sua estrutura, vemresistindo aos avanços do conhe-cimento e permanecerá incorrup-tível e insuperado diante das avan-çadas conquistas da atualidade.

Estudá-lo, para melhor inscul-pi-lo no imo, é dever de todosaqueles que anelam pela conquis-ta da plenitude.

Divulgá-lo por todos os meiosao alcance, constitui compromis-so inadiável por todos aquelesque se iluminaram com a conste-lação estelar das luzes de que sefaz portador.

Respeitá-lo, mediante o estudosério e digno, é a maneira de agra-decer-lhe a existência durante es-tes cento e cinqüenta anos desde asua publicação, libertando cons-ciências e consolando corações.

Agradecidos a todas as obrasmissionárias da Humanidade, aosapóstolos e aos embaixadores doCristo que têm trabalhado peladignificação humana, somos re-conhecidos especialmente a AllanKardec, o preclaro Codificador doEspiritismo, que nos ofertou O Li-vro dos Espíritos, esse monólito in-divisível que se vem tornando abase do conhecimento dos Céuspara a Humanidade de todos ostempos do futuro...

Vianna de Carvalho

(Mensagem psicografada pelo médium

Divaldo Pereira Franco, durante a confe-

rência proferida por José Raul Teixeira, na

sede da Federação Espírita Brasileira, em

Brasília, DF, na noite de 10 de novembro

de 2007, como parte da programação da

Reunião do Conselho Federativo Nacional.)

O Livro dos Mortos (Egito). Pintura sobre papiro

Page 11: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

GA S PA R I NA D O S AN J O S D E JE S U SEntrevista

Reformador: O Movimento Espíritase estende por todo o Estado do Acre?Gasparina: Por todo o Estado ain-da não. Há 13 municípios no Acre,e nós estamos presentes em quatrodo interior e na capital. Hoje há 14instituições no Acre. As casas espí-ritas estão em pleno funcionamen-to e visitamos todas no ano passa-do. Em três municípios o Movi-

mento Espírita já está bem estável eem alguns outros ainda nascendo.

Reformador: Como se desenvolve oMovimento Espírita no Acre?Gasparina: Atualmente se desen-volve de forma muito harmoniosa eprodutiva. Já há consciência de umespírito de partilha de serviço entreos centros e entre estes e a Federa-ção. Quase tudo se faz junto, e nãoé por obrigação, mas porque gosta-mos e há uma certa felicidade nessaforma de agir. Assim se tem de-

senvolvido o trabalho federa-tivo, e não encontro palavramelhor do que “partilhamen-to” de responsabilidades.

Reformador: Existe algumacaracterística, alguma peculia-

ridade especial do Movi-mento Espírita acreano?Gasparina: No passado,a característica era a difi-culdade de estudo. Hoje

todos os centros espíritas estudam.A Federação demorou algum tem-po para assumir seu papel fede-rativo; então foram incorporadosalguns hábitos, principalmentena área mediúnica, os quais agoraestão sendo superados pelo estu-do da Doutrina.

Reformador: Como foram as co-memorações do Sesquicentenárioem seu Estado?Gasparina: Foram muito boas, combase em projeto que elaboramosno ano anterior às comemorações.Procuramos distribuir palestran-tes pelos diversos centros, seguin-do o projeto que se desenvolveu dejaneiro a dezembro de 2007. E nãoeram expositores somente da Fe-deração, pois reunimos colaborado-res oriundos de todos os centros.

Reformador: Como estão atuandocom o “Plano de Trabalho para oMovimento Espírita Brasileiro”?

O estudo alterouo panorama do

Espiritismo no AcreGasparina dos Anjos de Jesus, presidente da Federação Espírita do Estado doAcre, comenta os reflexos do estudo e da atuação federativa naquele Estado.

Recomenda a inspiração em Cristo para não se afastar da trilha correta

11Fevere i ro 2008 • Reformador 4499

Page 12: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

Gasparina: Esse “Plano” para operíodo 2007-2012 já conta comalgumas providências e, recente-mente, realizamos reunião do de-partamento de divulgação da Fe-deração a fim de montar um cro-nograma de ações para este ano e,em seguida, para 2009. Em todosos departamentos fizemos a mes-ma coisa. Estaremos sempre ava-liando ações que achamos seremboas, mas que podem não darcerto, e outras ações que, às vezes,não valorizamos muito, as quaispoderão ser muito interessantes;então serão fortalecidas e repeti-das. Manteremos, por exemplo,

duas programações grandes e an-tigas, a UNEACRE – União dosEspíritas do Estado do Acre – e oEncontro da Família.

Reformador: Alguma mensagemao leitor de Reformador?Gasparina: A mensagem para oleitor de Reformador é que, sendoespírita, estudante da Doutrina Es-pírita, ou simpatizante, somos cria-turas com grandes oportunidadesde aprendizado e de trabalho, de-vido ao nível de detalhamento queo Espiritismo oferece em relaçãoàs Leis Divinas e ao grande mate-rial, de uma qualidade muito boa,

que temos através dos livros espí-ritas. Amo um capítulo do livroPão Nosso, do Espírito Emma-nuel, psicografado por Chico Xa-vier, intitulado “Direito sagrado”,e a este recorro todas as vezes emque me encontro com angústiae preocupações. Essa mensagemalerta que depois de um convívio,um relacionamento íntimo com oensino do Cristo, não podemosdesistir das ações na área da Espi-ritualidade. Então, sugiro a cadaum dos leitores de Reformadorque faça essa partilha íntima como Cristo, para não nos afastar-mos da trilha correta.

12 Reformador • Fevere i ro 2008 5500

Jesus para o homem“E achado em forma como homem, humilhou-se a si mesmo,

sendo obediente até à morte, e morte de cruz.”

– Paulo (Filipenses, 2:8.)

O Mestre desceu para servir,Do esplendor à escuridão...Da alvorada eterna à noite plena...Das estrelas à manjedoura...Do infinito à limitação...Da glória à carpintaria...Da grandeza à abnegação...Da divindade dos anjos à miséria dos homens...Da companhia de gênios sublimes à convivênciados pecadores...De governador do mundo a servo de todos...De credor magnânimo a escravo...De benfeitor a perseguido...De salvador a desamparado...

De emissário do amor a vítima do ódio...De redentor dos séculos a prisioneiro das sombras...De celeste pastor a ovelha oprimida...De poderoso trono à cruz do martírio...Do verbo santificante ao angustiado silêncio...De advogado das criaturas a réu sem defesa...Dos braços dos amigos ao contato de ladrões...De doador da vida eterna a sentenciado no vale damorte...Humilhou-se e apagou-se para que o homem seeleve e brilhe para sempre!Oh! Senhor, que não fizeste por nós, a fim deaprendermos o caminho da Gloriosa Ressurreiçãono Reino?

Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco C. Antologia mediúnica do Natal. Espíritos diversos. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002.Cap. 1, p.13-14.

Page 13: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

spírita militante que fui, muitas vezes, dirigindo

sessões mediúnicas, desejei que algum dos com-

panheiros desencarnados me trouxesse notícias

do Além, tão precisas e claras quanto possível, a come-

çar do ambiente das reuniões que eu presidia ou das

quais partilhava.

Desembaraçado agora do corpo físico, não obstante

carregar ainda muitas velhas imperfeições morais, ten-

tarei comentar nossa paisagem de serviço, no intuito

de fortalecê-los, na edificação que fomos chamados a

levantar.

Como não ignoram, operamos aqui em bases de ma-

téria noutra modalidade vibratória.

Por mercê de Deus, possuímos nossa sede de traba-

lho em cidade espiritual que se localiza nas regiões su-

periores da Terra ou, mais propriamente, nas regiões

inferiores do Céu.

Gradativamente, a Humanidade compreenderá, com

dados científicos e positivos, que há no Planeta outras

faixas de vida.

E assim como existe, por exemplo, para o serviço hu-

mano o solo formado de argila, areia, calcário e ele-

mentos orgânicos, temos para as nossas atividades o so-

lo etéreo, em esfera mais elevada, com as suas proprie-

dades químicas especiais e obedecendo a leis de plasti-

cidade e densidade características.

É de lá, de onde se erguem organizações mais nobres

para a sublimação do espírito e onde a Natureza estua

em manifestações mais amplas de sabedoria e grandeza,

que tornamos ao convívio de nossos irmãos encarnados

para a continuação da tarefa que abraçamos no mundo.

Satisfazendo, porém, ao nosso objetivo essencial,

aproveitaremos os minutos de que dispomos para

falar-lhes, de algum modo, acerca da tela de nossas

atividades.

Qual ocorre aos demais santuários de nossa fé,

orientados pelo devotamento ao bem, junto aos quais o

Plano Superior mantém operosas e abnegadas equipes

de assistência, nossa casa, consagrada à Espiritualidade,

é hoje um pequeno mas expressivo posto de auxílio,

erigido à feição de pronto-socorro.

Com a supervisão e cooperação de vasto corpo de

colaboradores em que se integram médicos e religiosos,

inclusive sacerdotes católicos, ministros evangélicos e

médiuns espíritas já desencarnados, além de magneti-

zadores, enfermeiros, guardas e padioleiros, temos aqui

diversificadas tarefas de natureza permanente.

Nossa reunião está garantida por três faixas magné-

ticas protetoras.

A primeira guarda a assembléia constituída e aqueles

desencarnados que se lhes conjugam à tarefa da noite.

A segunda faixa encerra um círculo maior, no qual se

aglomeram algumas dezenas de companheiros daqui,

ainda em posição de necessidade, à cata de socorro e

esclarecimento.

A terceira, mais vasta, circunda o edifício, com a vi-

gilância de sentinelas eficientes, porque, além dela, te-

mos uma turba compacta – a turba dos irmãos que ain-

da não podem partilhar, de maneira mais íntima, o

nosso esforço no aprendizado evangélico. Essa multi-

dão assemelha-se à que vemos, freqüentemente, diante

dos templos católicos, espíritas ou protestantes com in-

capacidade provisória de participação no culto da fé.

Bem junto à direção de nossas atividades, está reuni-

da grande parte da equipe de funcionários espirituais

que nos preservam as linhas magnéticas defensivas.

Um irmãode regresso

13Fevere i ro 2008 • Reformador 5511

E

Presença de Chico Xavier

Page 14: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

À frente da mesa orientadora, congregam-se os com-

panheiros em luta a que nos referimos.

E em contraposição com a porta de acesso ao recin-

to, dispomos em ação de dois gabinetes, com leitos de

socorro, nos quais se alonga o serviço assistencial.

Entre os dois, instala-se grande rede eletrônica de

contenção, destinada ao amparo e controle dos desen-

carnados rebeldes ou recalcitrantes, rede essa que é um

exemplar das muitas que, da vida espiritual, inspiraram

a medicina moderna no tratamento pelo eletrochoque.

E assim organiza-se nossa casa para desenvolver a

obra fraterna em que se empenha, a favor dos compa-

nheiros que não encontraram, depois da morte, senão

as suas próprias perturbações.

Assinalando, de maneira fugacíssima, o setor de nos-

sa movimentação, devemos recordar que, acima da

crosta terrestre comum, temos uma cinta atmosférica

que classificamos por “cinta densa”, com a profundida-

de aproximada de 50 quilômetros, e, além dela, possuí-

mos a “cinta leve”, com a profundidade aproximada de

950 quilômetros, somando 1.000 quilômetros acima da

esfera em que vocês presentemente respiram.

Nesse grande mundo aéreo, encontramos múltiplos

exemplares de almas desencarnadas, junto de variadas

espécies de criaturas sub-humanas, em desenvolvimen-

to mental no rumo da Humanidade.

Milhões de Espíritos alimentam-se da atmosfera ter-

restre, demorando-se, por vezes, muito tempo, na con-

templação íntima de suas próprias visões e criações, nas

quais habitualmente se imobilizam, à maneira da alga

marinha que nutre a si mesma, absorvendo os princí-

pios do mar.

...........................................................................................

Meus amigos, para o espírita a surpresa da desencar-

nação pode ser muito grande, porque além-túmulo

continuamos nas criações mentais que nos inspiravam

a existência do mundo.

O Espiritismo é uma concessão nova do Senhor à

nossa evolução multimilenária.

Surpreendemos em nossa Doutrina vastíssimo cam-

po de libertação, mas também de responsabilidade pro-

funda, e o maior trabalho que nos compete efetuar é o

de nosso próprio burilamento interior, para que não

estejamos vagueando nas trevas das horas inúteis, pois

somente aqueles que demandam a morte, sustentando

maiores valores de aperfeiçoamento próprio, é que se

ajustam sem sacrifício à própria elevação.

Reportando-nos à experiência religiosa, poucos padres

aqui continuam padres, poucos pastores prosseguem

pastores e raros médiuns de nossas formações doutriná-

rias continuam médiuns, porquanto os títulos de serviço

na Terra envolvem deveres de realização dos quais quase

sempre vivemos em fuga pelo vício de pretender a santifi-

cação do vizinho, antes de nossa própria melhoria, em

nos referindo à construção moral da virtude.

A morte é simplesmente um passo além da expe-

riência física, simplesmente um passo.

Nada de deslumbramento espetacular, nada de trans-

formação imediata, nada de milagre e, sim, nós mes-

mos, com as nossas deficiências e defecções, esperanças

e sonhos.

Por isso, propunha-me a falar-lhes, de algum modo,

nesta primeira visita psicofônica, do compromisso que

assumimos, aceitando a nossa fé pura e livre... porque

num movimento renovador tão grande, tão iluminati-

vo e tão reconfortante quanto o nosso, é muito fácil co-

meçar, muito difícil prosseguir e, apenas em circuns-

tâncias muito raras, somos capazes de conquistar a co-

roa da vitória para a tarefa que encetamos.

Somos espíritas encarnados e desencarnados.

À nossa frente, desdobra-se a vida – a vida que pre-

cisamos compreender com mais largueza de pensa-

mento, com mais altura de ideal e com mais sadio in-

teresse no estudo e na prática da Doutrina que vale em

nossa peregrinação por sublime empréstimo de Deus.

Não se esqueçam de que se é grande a significação de

nossa fé, enquanto viajamos no mundo, a importância

dela é muito mais ampla depois de perdermos a veste

fisiológica.

Em outra oportunidade, tornaremos ao intercâm-

bio. Nossos assuntos são fascinantes e, em outro ense-

jo, nossa amizade voltará.

Jesus nos ilumine e abençoe.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Instruções psicofônicas. Vários

Espíritos. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 31, p. 145-149.

14 Reformador • Fevere i ro 2008 5522

Pelo Espírito Efigênio S. Vítor

Page 15: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

15Fevere i ro 2008 • Reformador 5533

inteligência é rica de méri-tos para o futuro, mas, soba condição de ser bem em-

pregada.Se todos os homens que a pos-

suem dela se servissem de conformi-dade com a vontade de Deus, fácilseria, para os Espíritos, a tarefa defazer que a Humanidade avance.Infelizmente, muitos a tornam ins-trumento de orgulho e de perdiçãocontra si mesmos. O homem abusada inteligência como de todas assuas outras faculdades e, no entanto,não lhe faltam ensinamentos que oadvirtam de que uma poderosa mãopode retirar o que lhe concedeu.

Estas afirmativas, amigo leitor,estão na parte final de uma men-sagem assinada por Ferdinando,Espírito protetor, recebida emBordeaux, em 1862. Consta do ca-pítulo sétimo de O Evangelho se-gundo o Espiritismo.

Destaque para o exercício da in-teligência, a capacidade de pensare aprender, faculdade que nos per-mitiu descer das árvores em priscaseras, ensaiando andar como gente.

Na medida em que a desenvol-vermos adequadamente estaremoscrescendo em conhecimento e sabe-doria, habilitando-nos a decifrar osenigmas do Universo, aproximan-do-nos de nossa gloriosa destinação.

Dentro de alguns milhares oumilhões de anos, seremos Espíri-

tos puros e perfeitos, prepostosde Deus, habitantes dos chama-dos mundos divinos, a que se re-fere Kardec.

Obviamente, tanto mais depres-sa chegaremos lá quanto maior onosso empenho no sentido de su-perar fragilidades e imperfeições.

Há, como comenta Ferdinando,o entrave do orgulho, um dos setepecados capitais, segundo os teólo-gos medievais, capaz de precipitaro homem nas caldeiras infernais.

Filho dileto do egoísmo, o or-gulho é esse sentimento bestifi-cante que induz o indivíduo a jul-gar-se melhor do que outro porsua cor, condição social, econômi-ca, classe, família…

Nele sustentam-se os precon-ceitos, as discriminações, a intole-rância e loucuras que lhes sãoconseqüentes, envolvendo coleti-vidades em litígio, lutas, guerras,sofrimento e morte.

A história da raça humana é orelato dos conflitos gerados pela in-teligência malconduzida, inspiradapelo orgulho, que leva uma coletivi-dade a julgar-se no direito de agre-dir, dominar e espezinhar outra.

Não se sentem os homens comoirmãos, filhos do mesmo Pai deAmor e Misericórdia. Dividem-seem classes, grupos, etnias, naciona-

lidades, a se combaterem, os maisfortes dominando os mais fracos.

Temos um exemplo típico dosproblemas gerados pelo orgulhono lamentável conflito que há ho-je no Iraque, entre sunitas e xiitas.

Tanto uns quanto outros sãoseguidores de Maomé, irremedia-velmente separados dentro da pró-pria crença, não por questões dou-trinárias, mas por, digamos assim,problemas sucessórios.

Quando Maomé morreu, em632, o Islamismo dividiu-se emdois grupos.

Os que elegeram Ali, genro eprimo de Maomé, para dirigir omovimento. Seriam conhecidoscomo xiitas. Concebiam que ossucessores de Maomé deviam, ne-cessariamente, estar ligados a elepor laços de consangüinidade.

Outro grupo admitia que a au-toridade dos califas que sucede-ram a Maomé devia prevalecer.Seriam os sunitas.

Infelizmente, no Iraque as duasfacções assumiram posturas beli-gerantes, passaram a guerrear en-tre si, ambas pretendendo a he-rança do legado de Maomé para aformação de uma teocracia, umpaís governado por religiosos.

A média de iraquianos mortosem 2006 foi de trinta e dois por

Anamnese do orgulho

ARI C H A R D SI M O N E T T I

Page 16: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

dia, tanto entre sunitas quantoentre xiitas.

A metodologia é diferente.Os sunitas, que constituem mi-

noria no Iraque, usam carros ouhomens-bomba que explodem,produzindo estragos e mortes.

Os xiitas, em maioria, adotam aprisão, a tortura e a eliminaçãosumária de seus opositores.

Adeptos de uma mesma reli-gião, possuídos pela idéia de su-perioridade e de que sua facçãodeve dominar, empenham-se noextermínio recíproco.

No fundo, o velho orgulho, sus-tentando esses conflitos que estãodestruindo o Iraque.

Os cristãos não têm feito melhor.Católicos e protestantes mata-

ram-se uns aos outros durante bomtempo, pretendendo a posse da ver-dade, orgulhosos de suas convicçõesreligiosas, que deveriam prevalecer.

O orgulho não fecha apenas asportas ao entendimento na Terra.

Fecha também as portas de in-gresso no Céu.

Quem o diz é Jesus, no Sermãoda Montanha (Mateus, 5:3):

– Bem-aventurados os humildes,porque deles é o Reino dos Céus.

Sempre interessante, leitor ami-go, para evitar pretensões inspiradasno orgulho, definir onde está o Céu.

Diz Jesus (Lucas, 17:21):

– […] O Reino de Deus está den-tro de vós.

Então o Céu, representação doReino de Deus, é uma construçãointerior, na intimidade de nossaconsciência.

Diríamos que se trata de umacondição espiritual.

Intimamente podemos nossentir em estado de graça ou dedesgraça.

Sensações conflitantes, sustenta-das por sentimentos antagônicos:

O orgulho, a ilusão de superio-ridade diante do próximo.

A humildade, a consciência daprópria pequenez diante de Deus.

O orgulhoso sempre se aborre-ce com alguém, com alguma si-tuação, com algo que o contrariee lhe sugira uma humilhação.

– Sabe com quem está falando?É sua clássica afirmativa, inspira-da em suposta importância pes-soal, quando cobrado por algumafalha, disposto a brigar.

O humilde, em idêntica situa-ção, sem sentir-se diminuído, nãoexperimenta nenhum constrangi-mento em pronunciar a palavramágica, capaz de neutralizar sen-timentos beligerantes:

– Desculpe!O trânsito do orgulho à humil-

dade é um dos objetivos que mar-cam a jornada humana. Quando ahouvermos conquistado em ple-nitude, iremos morar em mundosque desconhecem discriminaçõese preconceitos.

Na consulta médica, a primeiraprovidência é a anamnese, uma ava-liação do paciente pelos sintomase informações relatados por ele.

Podemos efetuar, sumariamen-te, uma anamnese do orgulho, apartir de questionário sucinto,com duas alternativas, uma posi-tiva e outra negativa.

Vamos tentar, amigo leitor?

1. A pessoa que você ama dá ummau passo, comete adultério. Depoisse arrepende. Faz juras de amor,implora por nova chance. Você:

a) Perdoa e trata de superar oproblema.

b) Resiste às suas tentativas de

16 Reformador • Fevere i ro 2008 5544

Page 17: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

reaproximação, contrariando ospróprios sentimentos.

– Quero que um raio me fulmineantes de pensar em reconciliação!

2. Se acontece a reconciliação.Você:

a) Nunca mais fala no assunto.b) Está sempre lhe lembrando a

traição e remoendo mágoas.– Pensa que eu esqueci a humi-

lhação que você me fez passar?!

3. Numa reunião de serviço, naempresa onde trabalha, sua idéia érejeitada pela maioria. Você:

a) Considera normal e conti-nua a reunião, tranqüilo.

b) Sente-se desestimulado e sefecha no mutismo.

– Bando de incompetentes!

4. Espírita convicto, seu filho vaicasar-se com jovem católica. Ela fazquestão do casamento religioso. So-nha entrar na igreja vestida de noi-va, receber a bênção nupcial. Você:

a) Não vê objeção e até aceitaser um dos padrinhos na cerimô-nia religiosa.

b) Fica extremamente contra-riado. Nega-se a comparecer ou ofaz de má vontade.

– Padrinho, jamais! Esqueça!

5. Numa festa, algumas pessoasreunidas num canto estão rindo.Algumas olham em sua direção.Você:

a) Imagina que estão contandoalgo engraçado.

b) Irrita-se, imaginando que fo-focam a seu respeito.

– Cambada de maledicentes!

6. No consultório médico, demo-ram a chamá-lo. Você:

a) Considera normal, dentro dacultura brasileira, e distrai-se len-do uma revista.

b) Impacienta-se e logo ques-tiona a atendente, exigindo pres-teza no atendimento, porquantopagou para isso.

– É uma falta de respeito!

7. No trânsito, um motorista ir-ritado com uma fechada que vocêlhe deu, dirige-lhe palavrões. Você:

a) Segue tranqüilo, consideran-do que certamente aquele motoris-ta está com problemas. Ora por ele.

b) Responde no mesmo tom eaté pensa em persegui-lo para ti-rar satisfações.

– Vou fazê-lo engolir suas ofen-sas!

8. Surgem problemas financei-ros. Um amigo, a quem solicita em-préstimo, desculpa-se dizendo quetambém está em dificuldade. Você:

a) Encara a recusa sem proble-ma, considerando que a situaçãoestá brava para todos.

b) Fica ofendido com a alega-ção que lhe parece mentirosa einspirada em falta de considera-ção. Esfria a amizade, alegando:

– É um falso! Amigo só nasaparências.

9. Um conhecido não o cumpri-menta ao cruzarem. Você:

a) Considera normal. Não oviu ou estava distraído.

b) Irrita-se. Fica ofendido!– O palhaço pensa que tem o

rei na barriga!

10. Um tropeção o joga ao solode forma ridícula. As pessoas riem.Você:

a) Ri, também, fazendo troçade si mesmo.

b) Irrita-se com a falta de con-sideração das pessoas, sentindo-sehumilhado.

– Ignorantes! Desconhecemprincípios mínimos de civilidade.

Se você, amigo leitor, em perfeitoexame de consciência, marcou dezrespostas na alternativa a, ótimo!Está diplomado em humildade.

Se houve um mínimo de sete,segue em bom caminho.

Se marcou menos que isso, estáempacado.

Sugiro a leitura diária, com in-dispensável reflexão, do texto assi-nado por Lacordaire, um dos men-tores da Codificação, em manifes-tação de 1863, obtida em Cons-tantina, conforme está no capí-tulo VII, de O Evangelho segundo oEspiritismo, item 11: “O orgulho ea humildade”. Transcrevo peque-no trecho:

[...] Na balança divina, sãoiguais todos os homens; só as virtu-des os distinguem aos olhos de Deus.São da mesma essência todos osEspíritos e formados de igual mas-sa todos os corpos. Em nada os mo-dificam os vossos títulos e os vossosnomes. Eles permanecerão no túmu-lo e de modo nenhum contribuirãopara que gozeis da ventura doseleitos. Estes, na caridade e na hu-mildade é que têm seus títulos denobreza.

17Fevere i ro 2008 • Reformador 5555

Page 18: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

ara que na Terra sejam fe-lizes os homens, preciso éque somente a povoem

Espíritos bons, encarnados e de-sencarnados, que somente ao bemse dediquem. Havendo chegado otempo, grande emigração se veri-fica dos que a habitam: a dos quepraticam o mal pelo mal, aindanão tocados pelo sentimento dobem, os quais, já não sendo dignosdo planeta transformado, serãoexcluídos, porque, senão, lhe oca-sionariam de novo perturbação econfusão e constituiriam obstáculoao progresso.[...] Substituí-los-ãoEspíritos melhores, que farão rei-nem em seu seio a justiça, a paz ea fraternidade.

A Terra, no dizer dos Espíritos,não terá de transformar-se pormeio de um cataclismo que ani-quile de súbito uma geração. Aatual desaparecerá gradualmente ea nova lhe sucederá do mesmo mo-do, sem que haja mudança algu-ma na ordem natural das coisas.

Tudo, pois, se processará exte-riormente, como sói acontecer,com a única, mas capital diferen-ça de que uma parte dos Espíritosque encarnavam na Terra aí nãomais tornarão a encarnar. Em ca-da criança que nascer, em vez deum Espírito atrasado e inclinadoao mal, que antes nela encarnaria,virá um Espírito mais adiantado epropenso ao bem.

Muito menos, pois, se trata deuma nova geração corpórea, doque de uma nova geração de Espí-ritos. Sem dúvida, neste sentido éque Jesus entendia as coisas, quan-do declarava: “Digo-vos, em ver-

dade, que esta geração não passarásem que estes fatos tenham ocor-rido.”Assim, decepcionados ficarãoos que contem ver a transforma-ção operar-se por efeitos sobrena-turais e maravilhosos.

A época atual é de transição; con-fundem-se os elementos das duasgerações. Colocados no pontointermédio, assistimos àpartida de uma e àchegada da outra,

A geraçãonova

P

No capítulo XVIII de A Gênese, intitulado “São chegados os tempos”,Allan Kardec analisa as grandes transformações para a regeneraçãoda Humanidade, com a encarnação de Espíritos propensos ao bem,

que constituirão a nova geração

Capa

18 Reformador • Fevere i ro 2008 5566

Page 19: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

já se assinalando cada uma, nomundo, pelos caracteres que lhessão peculiares.

Têm idéias e pontos de vistaopostos as duas gerações que sesucedem. Pela natureza das dispo-sições morais, porém, sobretudodas disposições intuitivas e inatas,torna-se fácil distinguir a qual dasduas pertence cada indivíduo.

Cabendo-lhe fundar a era doprogresso moral, a nova geração sedistingue por inteligência e razãogeralmente precoces, juntas ao sen-timento inato do bem e a crençasespiritualistas, o que constitui sinalindubitável de certo grau de adian-tamento anterior. Não se comporáexclusivamente de Espíritos emi-nentemente superiores, mas dosque, já tendo progredido, se achampredispostos a assimilar todas asidéias progressistas e aptos a secun-dar o movimento de regeneração.

O que, ao contrário, distingueos Espíritos atrasados é, em pri-meiro lugar, a revolta contra Deus,

pelo se negarem a reco-nhecer qualquer poder

superior aos pode-res humanos; a

propensão instintiva para as paixõesdegradantes, para os sentimentosantifraternos de egoísmo, de orgu-lho, de inveja, de ciúme; enfim, oapego a tudo o que é material: a sen-sualidade, a cupidez, a avareza.

Desses vícios é que a Terra temde ser expurgada pelo afastamen-to dos que se obstinam em nãoemendar-se; porque são incom-patíveis com o reinado da frater-nidade e porque o contato comeles constituirá sempre um sofri-mento para os homens de bem.Quando a Terra se achar livre de-les, os homens caminharão semóbices para o futuro melhor quelhes está reservado, mesmo nestemundo, por prêmio de seus es-forços e de sua perseverança, en-quanto esperem que uma depu-ração mais completa lhes abra oacesso aos mundos superiores.

Não se deve entender que pormeio dessa emigração de Espíri-tos sejam expulsos da Terra e rele-gados para mundos inferiores to-dos os Espíritos retardatários.Muitos, ao contrário, aí voltarão,porquanto muitos há que o sãoporque cederam ao arrastamentodas circunstâncias e do exemplo.Nesses, a casca é pior do que ocerne. Uma vez subtraídos à in-fluência da matéria e dos prejuí-zos do mundo corporal, eles, emsua maioria, verão as coisas demaneira inteiramente diversa da-

quela por que as viam quando emvida, conforme os múltiplos casosque conhecemos. Para isso, têma auxiliá-los Espíritos benévolosque por eles se interessam e se dãopressa em esclarecê-los e em lhesmostrar quão falso era o caminhoque seguiam. Nós mesmos, pelasnossas preces e exortações, pode-mos concorrer para que eles semelhorem, visto que entre mortose vivos há perpétua solidariedade.

É muito simples o modo porque se opera a transformação,sendo, como se vê, todo ele de or-dem moral, sem se afastar em na-da das leis da Natureza.

Sejam os que componham a no-va geração Espíritos melhores, ouEspíritos antigos que se melhora-ram, o resultado é o mesmo. Desdeque trazem disposições melhores,há sempre uma renovação. Assim,segundo suas disposições naturais,os Espíritos encarnados formamduas categorias: de um lado, os re-tardatários, que partem; de outro,os progressistas, que chegam. O es-tado dos costumes e da sociedadeestará, portanto, no seio de um po-vo, de uma raça, ou do mundo in-teiro, em relação com aquela dasduas categorias que preponderar.

Uma comparação vulgar aindamelhor dará a compreender o quese passa nessa circunstância. Figu-remos um regimento compostona sua maioria de homens turbu-lentos e indisciplinados, os quaisocasionarão nele constantes de-sordens que a lei penal terá por ve-zes dificuldades em reprimir. Esseshomens são os mais fortes, porquemais numerosos do que os outros.

Capa

19Fevere i ro 2008 • Reformador 5577

Page 20: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

Eles se amparam, animam e esti-mulam pelo exemplo. Os poucosbons nenhuma influência exer-cem; seus conselhos são despreza-dos; sofrem com a companhia dosoutros, que os achincalham e mal-tratam. Não é essa uma imagemda sociedade atual?

Suponhamos que esses homenssão retirados um a um, dez a dez,cem a cem, do regimento e substi-tuídos gradativamente por iguaisnúmeros de bons soldados, mesmopor alguns dos que, já tendo sidoexpulsos, se corrigiram. Ao cabo dealgum tempo, existirá o mesmo re-gimento, mas transformado. A boaordem terá sucedido à desordem.

As grandes partidas coletivas,entretanto, não têm por único fimativar as saídas; têm igualmente ode transformar mais rapidamenteo espírito da massa, livrando-a dasmás influências e o de dar maiorascendente às idéias novas.

Por estarem muitos, apesar desuas imperfeições, maduros para atransformação, é que muitos par-tem, a fim de apenas se retempera-rem em fonte mais pura. Enquan-to se conservassem no mesmomeio e sob as mesmas influências,persistiriam nas suas opiniões enas suas maneiras de apreciar ascoisas. Uma estada no mundo dosEspíritos bastará para lhes descer-rar os olhos, por isso que aí vêem oque não podiam ver na Terra. Oincrédulo, o fanático, o absolutista,poderão, conseguintemente, voltarcom idéias inatas de fé, tolerância eliberdade. Ao regressarem, acharãomudadas as coisas e experimenta-rão a influência do novo meio em

que houverem nascido. Longe dese oporem às novas idéias, consti-tuir-se-ão seus auxiliares.

A regeneração da Humanidade,portanto, não exige absolutamen-te a renovação integral dos Espíri-tos: basta uma modificação emsuas disposições morais. Essa mo-dificação se opera em todos quan-tos lhe estão predispostos, desdeque sejam subtraídos à influênciaperniciosa do mundo. Assim, nemsempre os que voltam são outrosEspíritos; são com freqüência osmesmos Espíritos, mas pensandoe sentindo de outra maneira.

Quando insulado e individual,esse melhoramento passa desper-cebido e nenhuma influência os-tensiva alcança sobre o mundo.Muito outro é o efeito, quando amelhora se produz simultanea-mente sobre grandes massas, por-que, então, conforme as propor-ções que assuma, numa geração,pode modificar profundamente asidéias de um povo ou de uma raça.

É o que quase sempre se notadepois dos grandes choques quedizimam as populações. Os flagelosdestruidores apenas destroem cor-pos, não atingem o Espírito; ativamo movimento de vaivém entre omundo corporal e o mundo espiri-tual e, por conseguinte, o movi-mento progressivo dos Espíritosencarnados e desencarnados. É denotar-se que em todas as épocas daHistória, às grandes crises sociais seseguiu uma era de progresso.

Opera-se presentemente umdesses movimentos gerais, destina-dos a realizar uma remodelação daHumanidade. A multiplicidade das

causas de destruição constitui sinalcaracterístico dos tempos, visto queelas apressarão a eclosão dos novosgermens. São as folhas que caemno outono e às quais sucedem ou-tras folhas cheias de vida, porquan-to a Humanidade tem suas esta-ções, como os indivíduos têm suasvárias idades. As folhas mortas daHumanidade caem batidas pelasrajadas e pelos golpes de vento, po-rém, para renascerem mais vivazessob o mesmo sopro de vida, quenão se extingue, mas se purifica.

Para o materialista, os flagelosdestruidores são calamidades ca-rentes de compensação, sem resul-tados aproveitáveis, pois que, naopinião deles, os aludidos flagelosaniquilam os seres para sempre. Pa-ra aquele, porém, que sabe que amorte unicamente destrói o envol-tório, tais flagelos não acarretam asmesmas conseqüências e não lhecausam o mínimo pavor; ele lhescompreende o objetivo e não igno-ra que os homens não perdemmais por morrerem juntos, do quepor morrerem isolados, dado que,duma forma ou doutra, a isso hãode todos sempre chegar.

Os incrédulos rirão destas coi-sas e as qualificarão de quiméricas;mas, digam o que disserem, nãofugirão à lei comum; cairão a seuturno, como os outros, e, então,que lhes acontecerá? Eles dizem:Nada! Viverão, no entanto, a des-peito de si próprios e se verão, umdia, forçados a abrir os olhos.

Fonte: KARDEC, Allan. A gênese. 52. ed.

Rio de Janeiro: 2007. Cap. XVIII, itens

27 a 35.

Capa

20 Reformador • Fevere i ro 2008 5588

Page 21: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

Ante a lição

21Fevere i ro 2008 • Reformador 5599

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

nte a exposição da verdade, não te esquives à meditação sobre as luzes que

recebes.

Quem fita o céu, de relance, sem contemplá-lo, não enxerga as estrelas;

e quem ouve uma sinfonia, sem abrir-lhe a acústica da alma, não lhe percebe as

notas divinas.

Debalde escutarás a palavra inspirada de pregadores ardentes, se não descerrares

o coração para que o teu sentimento mergulhe na claridade bendita daquela.

Inúmeros seguidores do Evangelho se queixam da incapacidade de retenção dos

ensinos da Boa Nova, afirmando-se ineptos à frente das novas revelações, e isto

porque não dispensam maior trato à lição ouvida, demorando-se longo tempo na

província da distração e da leviandade.

Quando a câmara permanece sombria, somos nós quem desata o ferrolho à jane-

la para que o sol nos visite.

Dediquemos algum esforço à graça da lição e a lição nos responderá com as suas

graças.

O apóstolo dos gentios é claro na observação.

“Considera o que te digo, porque, então, o Senhor te dará entendimento em

tudo.”

Considerar significa examinar, atender, refletir e apreciar.

Estejamos, pois, convencidos de que, prestando atenção aos apontamentos do

Código da Vida Eterna, o Senhor, em retribuição à nossa boa vontade, dar-nos-á

entendimento em tudo.

A

Fonte: XAVIER, Francisco C. Fonte viva. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 1, p. 17-18.

“Considera o que te digo, porque o Senhor

te dará entendimento em tudo.”

– PAULO. (II TIMÓTEO, 2:7.)

Page 22: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

22 Reformador • Fevere i ro 2008 6600

Igreja Católica estabele-ceu uma máxima paraseus adeptos: fora da igre-

ja não há salvação.O Espiritismo adverte sobre

um princípio mais coerente: forada caridade não há salvação.

Esta segunda afirmativa trou-xe-me à lembrança curiosa páginamediúnica que li há muitos anos,a qual tecia comentários sobre achamada mentira caridosa, ou se-ja, aquela que usamos em situação

delicada, imprevista, não revelan-do, de nossa parte, uma verdade,por imaginarmos nosso próximodespreparado para uma angus-tiante realidade.

Um amigo, muito estimado,narrou-me o seguinte fato:

Em um quarto de clínica médi-ca estavam internados três idososparaplégicos.

De duas camas, os pacientes so-mente podiam vislumbrar as pa-redes nuas do quarto, enquanto oda terceira tinha o privilégio delhes transmitir o que “enxergava”através de uma janela à sua frente.

– Estou vendo a praça commovimento bem grande de crian-ças que brincam com uma bola eum cachorro. O céu está todoazul. Há muitos carros na rua. Acarrocinha do pipoqueiro temhoje uma freguesia boa.

No dia seguinte voltava a in-formar:

– Bem, hoje o tempo prenun-cia chuva. A praça está pratica-mente vazia. As pessoas movi-mentam-se a passos rápidos e arua está deserta.

E, assim, todos os dias, variavam

as informações. Umas bem deta-lhadas, outras mais sintéticas.

Aconteceu, todavia, o inespera-do: o informante morreu, vítimade uma ataque cardíaco.

Imediatamente, outro pacientesolicitou, da direção da clínica, li-cença para ocupar a cama do fale-cido, no que foi atendido. Deseja-va igualmente ver com os pró-prios olhos o que se passava alémdaquela janela.

Grande, contudo, foi sua sur-presa: através da janela pôde tão--somente visualizar um muropintado de branco, o qual cercavaparte da clínica, conforme foi in-formado por um funcionário dainstituição.

Prendia-se a descrição diáriado antigo companheiro de quartoà necessidade que ele tinha de dis-trair, um pouco que fosse, os ou-tros dois companheiros. Acredita-va ser de sua parte um gesto fra-terno, utilizando-se de inocentes ecaridosas mentiras...

Quem tiver ensejo de assistirA vida é bela (La vita è bella) com aparticipação de Roberto Benigni– mas que assume igualmente o

Um relato, um filme, um romance

AKL E B E R HA L F E L D

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:36 Page 22

Page 23: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

papel de escritor e diretor –,encantar-se-á com um dos maisbelos e comoventes filmes lan-çados no mercado cinematográ-fico, contrapondo-se a esta ava-lancha de películas de baixo pa-drão produzidas ultimamente.

O filme é passado durantea Segunda Guerra Mundial econta a história triste, e aomesmo tempo hilariante, deum pai que é aprisionado comseu pequeno filho em um cam-po de concentração nazista.

Para tirar a impressão nega-tiva de seu filho a respeito dolugar, esforça-se no sentido defazê-lo acreditar que estão emum setor de atividades esporti-vas. Haveria um campeonato equem se classificasse em primeirolugar ganharia um tanque deguerra de verdade.

Com genial habilidade, ele vaiconvencendo seu pupilo, criandosituações tão pitorescas quão emo-tivas, e, no final, o filme mostraráuma cena realmente inesperada.

Vale ressaltar que esse trabalhode Benigni ganhou o Oscar demelhor filme estrangeiro, tendoconcorrido à época com a produ-ção brasileira “Central do Brasil”,a qual contou com a participaçãode Fernanda Montenegro.

A análise de A vida é bela – cujaexibição em nosso país encantoutodas as platéias – mostrou-nosuma curiosa e bem arquitetadamentira de um pai para com seuamado filho, cheio este de encan-tadora pureza de coração!

Não podemos, em vendo o fil-me, relevar a atitude desse pai,

admitindo que sua engendradahistória possa ser catalogada como adjetivo caridosa?

No romance Cinqüenta AnosDepois, ditado pelo Espírito Em-manuel ao querido médium Fran-cisco Cândido Xavier, o autor, emsua página inicial – “Carta ao Lei-tor”, p. 9 –, escreve:

[...] Ali, Públio Lentulus se mo-

vimenta num acervo de

farraparias morais e deslumbra-

mentos transitórios; aqui, entre-

tanto, como escravo Nestório, ob-

serva ele uma alma. Refiro-me a

Célia, figura central das páginas

desta história, cujo coração, amo-

roso e sábio, entendeu e aplicou

todas as lições do Divino Mes-

tre, no transcurso doloroso de

sua vida. Na seqüência dos fatos,

dentro da narrativa, seguirás os

seus passos de menina e de moça,

como se observasses um anjo pai-

rando acima de todas as contin-

gências da Terra Santa pelas vir-

tudes e pelos atos de sua existência

edificante, seu Espírito era bem o

lírio nascido do lodo das paixões

do mundo, para perfumar a noi-

te da vida terrestre, com os olo-

res suaves das mais divinas espe-

ranças do Céu.” (Grifos nossos).

Quem já teve a oportunidadede ler Cinqüenta Anos Depois, comcerteza percebeu o sentido verda-deiramente emotivo das expressões

Cena do filmeA vida é bela

23Fevere i ro 2008 • Reformador 6611

Cartaz do filme A vida é bela

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:36 Page 23

Page 24: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

de Emmanuel, descrevendo, no iní-cio do livro editado pela FederaçãoEspírita Brasileira o perfil da per-sonagem central, Célia, a filha deHelvídio Lucius e Alba Lucínia.

Advinhará a ignomínia de umsinistro plano urdido por CláudiaSabina com a criada Hatéria; adecisão cristã de Célia, objetivan-do conservar a inocência, a honrade sua mãe, e assumindo, paratanto, a responsabilidade de umrecém-nascido que ela, na verdade,não gerara e que, por outro lado,era enganosamente atribuído à suagenitora; a expulsão da casa deseus pais, uma sacrificante via-gem empreendida até Alexandria,no Egito, e finalmente, sua desen-carnação – após longo e exaustivotrabalho em favor do sofredor –,em local a que Emmanuel cha-mou de “Horto de Célia”.

Após todas estas anotações, de-tenho-me em dois itens da refe-rida obra, ditada pelo antigo sena-dor romano Públio Lentulus:

Item número 1: No capítulo IIda segunda parte – “Calúnia e Sa-

crifício” – observamos o despren-dimento, a coragem cristã de Cé-lia, assumindo uma responsabili-dade que não lhe pertencia:

– Sim, meu pai... minha mãe...

pesa-me a confissão de minha fal-

ta, mas esta criança é meu filho...

Item número 2: Na cidade deMinturnes – que posteriormente,segundo palavras de Emmanuel,passaria a denominar-se Trajetta –,vamos identificar o encontro deCélia com um idoso cristão de no-me Marinho, que fraternalmente aampara sob seu teto, após a saída daresidência dos pais, ajudando-a, naviagem que encetaria para a cida-de egípcia de Alexandria, sugerin-do-lhe, todavia, o uso de trajes mas-culinos, exatamente para defendê--la e livrá-la dos perigos existentesnas estradas, conforme confissãofeita de forma franca, incisiva:

Velho conhecedor dos nossos

tempos de decadência e des-

mantelos morais, sei que, ante a

tua juventude, quase todos os

homens moços, cheios de ma-

terialidade, se curvarão em ig-

nominiosas propostas. [...]

....................................................

Lembra-te de que, ainda agora,

eu te falei do meu antigo proje-

to de levar a filha ao Egito, em

trajes masculinos, de modo a

arrebatá-la deste antro de cor-

rupção e impenitência. [...]

(Op. cit., cap. IV.)

E já no mosteiro de Alexandria,na presença do superior Aufídio

Prisco, mais conhecido por “paiEpifânio”, tomamos conhecimen-to da entrevista entre Célia e Fi-lipe, um funcionário do mosteiro.

Desta entrevista ressaltamossomente uma das perguntas feitaspelo entrevistador:

“– Seu nome?”E a reposta de Célia Lucius:“– O mesmo de meu pai.”(Neste caso referia-se a entre-

vistada não ao seu genitor, Helví-dio Lucius, mas ao seu protetor deMinturnes que a acolhera.)

Após o interrogatório, é Céliaaceita oficialmente na organizaçãocom o nome de Irmão Marinho.

Dos dois itens, o destaque pa-ra a espiritualidade de Célia: nadefesa de sua genitora; na trocade nome, a fim de assegurar tra-balho para si no mosteiro, e pre-servar a segurança da criança queestava consigo.

Poderão muitos levantar errô-neo julgamento em recordando afigura dessa jovem cristã. Acreditosinceramente não proceder seme-lhante julgamento, alegando-seomissão da verdade.

Não se deseja, no caso, olvidara sentença do Mestre de que co-nheceremos a verdade e a verdadenos libertará. Conforme ressalta-mos, há que admitir as situaçõessutis, delicadas, as quais não com-portam franqueza frontal, dura,incisiva, descaridosa, enfim.

Se, na omissão da verdade,emerge a intenção caridosa parao nosso próximo, convenhamosque, segundo o apóstolo Pedro(I, 4:7), “o amor cobre a multi-dão de pecados”.

24 Reformador • Fevere i ro 2008 6622

Capa do livro Cinqüenta Anos Depois

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:36 Page 24

Page 25: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

aparecimento de A Gênese em 6 de Janeirode 1868, graças aos esforços de Allan Kardec,empenhado em dar à Humanidade mais uma

obra de esclarecimento, capaz de diluir as fantasias eas superstições que dificultavam o progresso mentale moral, foi relevante acontecimento. Nesse livro ex-celente, pôde também o ilustre Codificador demons-trar objetivamente as conseqüências do Espiritismo,como doutrina e filosofia, assim como a importânciafundamental do comportamento moral no futuro dacriatura humana, seja encarnada, seja desencarnada,porque, afinal, a vida terrena e a vida espiritual estãointimamente e irrevogavelmente entrelaçadas.

A importância das matérias estudadas e os comen-tários racionais e lógicos apresentados por Allan Kardecfizeram que grande número de leitores procurassem avi-damente o livro em pauta. A Revue Spirite de Fevereirode 1868, cerca de um mês após o lançamento, em Paris,de La Genèse, les Miracles et les Prédictions selon le Spi-ritisme, anunciava estar quase esgotada a 1a edição, coma declaração de que a segunda já se achava em máquina.

Apoiada pelos Espíritos libertos de preconceitos,embora combatida por aqueles que ainda se en-contravam prisioneiros de tradições e dogmas obso-letos e ofensivos à Razão, mas discutida sempre, essaobra não tardou a ganhar a preferência dos estu-diosos e a figurar nas melhores bibliotecas, ao ladode outras que também cooperavam, então, para que-brar as algemas que o obscurantismo desfaçadopusera na mentalidade das criaturas humanas.

No Brasil, A Gênese foi estudada, a princípio, na lín-gua de origem, a francesa, pois só em 1882, traduzidae publicada sob os auspícios da Sociedade AcadêmicaDeus, Cristo e Caridade, do Rio de Janeiro, surgia a 1a

edição em português, impressa por B. L. Garnier, Li-vreiro-Editor do Instituto Histórico, e com um prefá-cio datado de 31 de Março de 1882.

Ainda hoje, A Gênese se faz leitura obrigatória dequantos queiram efetivamente pôr-se a par de eluci-dações complementares ao estudo sério da DoutrinaEspírita. No dizer de Henri Sausse, biógrafo de AllanKardec,“é das mais importantes esta obra, porque cons-titui, sob o ponto de vista científico, a síntese dos quatroprimeiros livros publicados”. A profundez dos assuntose, ao mesmo tempo, a clareza com que são expostos eestudados, revelam, a cada passo, a cultura, a erudição, osaber do Codificador, que ainda enriqueceu a obra comcitações indispensáveis a oportunos confrontos nos co-mentários e nas apreciações à luz da Doutrina Espírita.

Na realidade, quem quer que deseje conhecer pro-fundamente o Espiritismo, não pode negligenciar o es-tudo de A Gênese, mesmo porque os temas de que tratasão importantes e ainda atualíssimos, como, por exem-plo, “Caráter da Revelação Espírita”, “Deus”, “Origemdo bem e do mal”,“Papel da Ciência na gênese”,“Gêneseespiritual”, “Gênese orgânica”, “Os milagres”, “As pre-dições”, etc. etc. Na “Introdução”, excelente sob váriosaspectos, Allan Kardec afirma que A Gênese é “comple-mento das que a precederam, com exceção, todavia, dealgumas teorias ainda hipotéticas, que tivemos” – con-tinua ele – “o cuidado de indicar como tais e que devemser consideradas simples opiniões pessoais, enquan-to não forem confirmadas ou contraditadas, a fim deque não pese sobre a doutrina a responsabilidade delas”.

Regozijemos-nos, pois, com essa obra notável, cujavitalidade não diminuiu nos cem anos decorridos [1868--1968]. Que as bênçãos do Alto envolvam o Espírito deAllan Kardec, o grande missionário do Século XIX!

Fonte: Reformador de janeiro de 1968, p. 9(13).

O

25Fevere i ro 2008 • Reformador 6633

Reformador de ontem

A Gênese*IN DA L Í C I O ME N D E S

*N. da R.: Título original – “A Gênese atinge o centenário”.

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:37 Page 25

Page 26: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

26 Reformador • Fevere i ro 2008 6644

uaisquer que sejam asprovidências tomadas pa-ra elucidar a alma huma-

na, no sentido de se promover oscuidados para com a vida, valo-rizando-a como deve ser, esbar-raremos numa muralha intelec-tual e num vazio moral instiga-dos pela influência das teses ma-terialistas-ateístas que se insur-gem no seio das sociedades.

Não deveremos desconsiderara força dos projetos de vida ime-diatistas que se costumam ali-mentar no anseio tipicamentehumano de desenvolver poucosempenhos, ou de usufruir situa-ções mais confortáveis e de tirartodos os proveitos possíveis dosrecursos do Planeta, sem que setenha muito o que ressarcir, oque realizar, em prol desse bem--estar anelado. Enfim, é a teoriado proveito pleno e sem ônuspara os beneficiários.

Tais posturas são regidas peloegoísmo, remanescente do instin-to de conservação, que tem nosreinos inferiores à Humanidade asua fonte geradora. É o egoísmo

que faz dilatar essa desenfreadabusca do prazer hedonista, do go-zo insaciável e gratuito sem qual-quer reflexão relativa às conse-qüências desses privilégios.

Não estranhemos que seme-lhantes condutas estejam entra-nhadas e muitas vezes sustenta-das por criaturas que se apresen-tam como religiosas, como cren-tes em Deus, ou como liderançasnos campos das instituições de féditas cristãs.

O que se passa é que muitosEspíritos hão chegado ao Plane-ta, nos dias presentes, trazendoresponsabilidades assumidas naImortalidade, nos campos dobem, da renovação espiritual edos progressos inerentes à almaeterna. Ao se sentirem bem insta-lados no conforto do corpo físi-co, valendo-se das possibilidadessocioeconômicas de realce ouquando se adornam com os po-deres da política terrena, deslus-tram esses compromissos – quelhes são recordados durante ashoras de desdobramentos natu-rais pelo sono – e mergulham em

atuações ególatras discricionárias,absolutistas, sem qualquer pen-samento que se volte para o Cria-dor da Vida e Suas leis registra-das em nossa consciência.

É indispensável que estejamosatentos para as instruções trazi-das pelas Vozes dos Céus, no cer-ne da Codificação do Espiritis-mo, concernentes ao poder nefá-rio do egoísmo que se reproduznas mais várias instituições domundo, seja no seio da família,da escola, das igrejas ou das ofi-cinas profissionais, fenômenoque só será batido, transformadoou superado por meio do ingen-te trabalho da educação.

Impraticável conseguir-se o en-tendimento, por parte das massasterrenas, de questões magnas paraa vida como é a do abortamento,da pena de morte, da eutanásia, dafome, dos descalabros antiéticos,sem que os indivíduos tenham, de-vidamente amadurecida, a cons-ciência de si mesmos como Espíri-tos imortais e que, por isso mes-mo, responsáveis pela sementeiraque realizam no solo planetário.

Tempos de

valorizaçãoda vida

Q

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:37 Page 26

Page 27: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

O Espiritismo é chamado ago-ra, por meio do labor dos espíri-tas, a cooperar em todos os movi-mentos sociais que enaltecem avida e todos os elementos a elavinculados, no campo das provi-dências imediatistas, nas respostasque precisam ser dadas às comu-nidades, sem qualquer dúvida.

Entretanto, pela força filosó-fica da Doutrina Espírita, nãopodem os espiritistas perder devista o seu caráter educacional,trabalho que é capaz de modifi-car as disposições morais dos se-res, mudando o modus vivendi dohomem, proposta que permitirálancemos na correnteza socialcriaturas bem formadas, partici-pantes da aristocracia intelecto--moral a que se referiu o ínclitoCodificador Allan Kardec, na es-teira das suas formosas reflexõesacerca dos grupos de governan-ça terrestre.

O que presenciamos, por en-quanto, é um formidável emba-te entre as vozes que projetamluz sobre as mentes, sobre as al-mas e aquelas que gritam suasalucinadoras propostas de des-truição e de morte, testemunhadopelo covarde silêncio de muitosindivíduos que, se conseguem can-tar e prestigiar as verdades espi-rituais em grupo, no conjuntodos confrades do bem, calam-see omitem-se toda vez que se de-frontam com o ensejo de dar seutestemunho da verdade, ame-drontados muitas vezes pelo te-mor do achincalhe ou das des-considerações de que possamser alvos.

Estamos convocados pelos Por-ta-Vozes de Jesus Cristo, queatuam nos altos serviços de espi-ritualização das idéias no mundo,a dar nosso contributo, a nossapalavra consistente, calcada nosprincípios do venerando Espiri-tismo, sem arrogância, sem pre-sunção e sem medo.

Contudo, somos chamados adar o nosso testemunho de luci-dez, de fortaleza moral e de fra-ternidade, a fim de que o proces-so educacional que o Espiritismoapresenta, muito além de recebero reforço na nossa teoria, possacontar com o vigor da vivencia-ção dos espíritas no meio social.

Estamos nos tempos de exer-citar a própria coragem e a boadisposição, nessa audácia que fezcom que os primitivos cristãosdescessem aos circos tão logoressoou na voz do Cristo a pala-vra Amor.

Destemidamente, cabe-nosavançar conjugando os possíveis

esforços para que, perante tantodesapreço pela vida humana,atuemos no campo da feliz edu-cação, amparada pela ética doamor a Deus acima de tudo e aopróximo, como a nós mesmos,engolfados pela moral de pres-tar os indispensáveis serviços emprol da dissolução gradativa doegoísmo, da espiritualização dasidéias e do aprofundamento das re-flexões em torno da lei de causa-lidade, do que nenhum de nósestará indene.

A valorização da vida do cor-po não pode prescindir do apoioà cultura da alma, da estima quese viva quanto às realidades doEspírito imortal.

Camilo

(Mensagem psicografada pelo médium

José Raul Teixeira, em 10 de novembro de

2007, na Reunião Ordinária do Conselho

Federativo Nacional da Federação Espírita

Brasileira, realizada em Brasília, DF.)

27Fevere i ro 2008 • Reformador 6655

Se o prezado leitor possui livros publicados pela FEB, de 1a a 5a

edição, saiba que são valiosos para a organização de nossos regis-tros bibliográficos.

Doe seus exemplares à Federação e, em troca, lhe enviaremosedições atuais.

Não deixe de informar seu CPF, se pessoa física, ou CNPJ, se pessoajurídica, enviando o material para o seguinte endereço:

Federação Espírita BrasileiraDepartamento EditorialSetor de Documentos Patrimoniais do LivroRua Souza Valente no 17 – São Cristóvão20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – Tel.: (21) 2187-8256

Ao leitor

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:37 Page 27

Page 28: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

desenvolvimento da cons-ciência – capacidade deconhecer a si mesmo e ao

outro –, é processo evolutivo gra-dual que amplia a faculdade depensar, agir e querer, no ser huma-no. Aliás, é ensinamento doutri-nário espírita básico que a cons-ciência está presente desde a for-mação do homem. Daí os Espí-ritos da Codificação afirmarem:“Sem a individualidade e sem cons-ciência de si mesma, [a alma] se-ria como se não existisse”.1

A consciência moral ou espiri-tual pode ser entendida como sen-do o ápice do desenvolvimento daconsciência, propriamente dita.Iniciando essa nova etapa evoluti-va, o Espírito caminha em direçãoaos planos angélicos. A consciên-cia moral é também denominada“consciência limpa”, por Paulo deTarso (I Timóteo, 3:9), a base damanifestação da fé viva.

A conquista da consciência mo-ral indica que, por vontade pró-pria, o homem passa a ser gover-nado por valores morais, criterio-samente aplicados em diferentes

contextos da vida. É pela cons-ciência moral que o Espírito apren-de a discernir entre o bem e o male, dessa forma, fazer escolhasacertadas ao longo das suas exis-tências, vivenciadas no plano físi-co ou no espiritual.

Fazer escolhas é direito naturaldo ser que possui razão e livre--arbítrio. Indica, porém, elevadosenso de responsabilidade e de ma-turidade psicológica o indivíduoque sabe fazer escolhas corretas,que não interferem na liberdade deoutrem nem produzem qualquerprejuízo ao próximo. Nessas condi-ções, o ser moralizado é alguémque possui liberdade plena, porquesabe como agir, independentemen-te de circunstâncias, situação, localou pessoa. Demonstra tambémque possui integridade de caráter einabalável coragem ao assumir asconseqüências dos seus atos.

A responsabilidade pelas pró-prias ações demonstra que o Espí-rito saiu de uma faixa evolutivaanterior e passou a transitar emoutra, mais adiantada, onde os seustestemunhos de melhoria espiritual

são mais significativos. Isso nosfaz lembrar Paulo, o apóstolo dagentilidade, que afirmou: “Porquea nossa glória é esta: o testemu-nho da nossa consciência”. (II Co-ríntios, 1:12.)

Interpretando essa sentença,Emmanuel esclarece que o teste-munho da consciência para o cris-tão difere do testemunho da cons-ciência dos que ainda não desper-taram para uma realidade moralsuperior, que a tudo transcende:

Num plano onde campeiam

tantas glórias fáceis, a do cristão

é mais profunda, mais difícil. A

vitória do seguidor de Jesus é

quase sempre no lado inverso

dos triunfos mundanos. É o la-

do oculto. Raros conseguem vê-

-lo com olhos mortais.

Entretanto, essa glória é tão

grande que o mundo não a pro-

porciona, nem pode subtraí-la.

É o testemunho da consciência

própria, transformada em ta-

bernáculo do Cristo vivo.

No instante divino dessa glori-

ficação, deslumbra-se a alma

28 Reformador • Fevere i ro 2008 6666

O

Em dia com o Espiritismo

Consciência moral.Consciência espírita

MA RTA AN T U N E S MO U R A

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:37 Page 28

Page 29: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

ante as perspectivas do Infinito.

É que algo de estranho aconte-

ceu aí dentro, na cripta miste-

riosa do coração: o filho achou

seu Pai em plena eternidade.2

O despertar da consciência mo-ral é sempre de ordem transcen-dental, pois permite ao Espírito en-contrar Deus, cuja centelha trazabrigada dentro de si, desde a suacriação. Vários são os caminhosque facilitam esse encontro: al-guns Espíritos trilharam a estradadas ciências, outros da religião, mastodos chegam ao mesmo ponto,no momento certo.

O Espírito André Luiz elucida,como acontece esse encontro:

Meditação elevada, culto à pre-

ce, leitura superior e conversa-

ção edificante constituem adubo

precioso nas raízes da vida.

Ninguém respira sem os recur-

sos da alma. Todos carecemos de

espiritualidade para transitar no

cotidiano, ainda que a espiritua-

lidade surja para muitos, sob ou-

tros nomes, nas ciências psicoló-

gicas de hoje que se colocam fo-

ra dos conceitos religiosos para a

construção de edifícios morais.

À vista disso, criar costumes de

melhoria interior significa segu-

rança, equilíbrio, saúde e esta-

bilidade à própria existência.

Debaixo de semelhante orienta-

ção, realmente não mais nos se-

rá possível manter ambigüida-

de nas atitudes.

Em cada ambiente, a cada hora,

para cada um de nós, existe a

conduta reta, a visão mais alta, o

esforço mais expressivo, a porta

mais adequada.

Atingido esse nível de entendi-

mento, não mais é lícita para nós

a menor iniciativa que imponha

distinção indevida ou segrega-

ção lamentável, porque a noção

de justiça nos regerá o compor-

tamento, apontando-nos o de-

ver para com todos na edifica-

ção da harmonia comum.

Estabelecidos por nós, em nós

mesmos, os limites de consciên-

cia e conveniência, aprendemos

que felicidade, para ser verdadei-

ra, há de guardar essência eterna.3

Com Jesus, a consciência moraltraduz-se como conquista do rei-no dos céus, que nada mais é doque a vivência da lei de amor. Leique mostra a transitoriedade dosvalores mundanos, estimuladoresdo orgulho, da vaidade e do egoís-mo: bens materiais, prestígio so-cial, posição e poder. Lei que for-

nece a segurança e a força moralnecessárias para, segundo os dita-mes do Evangelho, atender a estasolicitação do Cristo: “Se alguémquiser vir após mim, renuncie-sea si mesmo, tome sobre si a suacruz e siga-me”. (Mateus, 16:24.)

É oportuno recordar que, damesma forma que o desenvolvi-mento da consciência amplia a vi-são que a pessoa tem de si mesmae do próximo, o aperfeiçoamentopaulatino da consciência moraltransforma o ser em pessoa de bem,cujos critérios estão claramenteestabelecidos em O Evangelho se-gundo o Espiritismo, capítulo XVII.Neste sentido, o espírita conscien-te trabalha incessantemente a suatransformação moral, combatendoas suas imperfeições e adquirindovirtudes, através dos desafios ofe-recidos pela reencarnação.

O Espírito Irmão X, em ins-trutiva página existente em Car-tas e Crônicas, discorre sobre o

29Fevere i ro 2008 • Reformador 6677

A vivência da lei de amor contrapõe-se àtransitoriedade dos valores mundanos

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:37 Page 29

Page 30: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

tema “consciênciaespírita”, que podeser entendido comoum estágio mais adiantado daconsciência moral. A razão é que,sendo o espírita mais esclarecidosobre a realidade da vida, nos doisplanos da existência, tem suasações guiadas pela fé raciocinadae pelos conhecimentos sobre osproblemas da vida e do Univer-so. Assim, não ignora que o seucomportamento deve ser coeren-te com as orientações do Evange-lho de Jesus e da Doutrina Espí-rita, as quais, por sua vez, refle-tem a excelsitude das leis divinas,sobretudo a lei de justiça, deamor e de caridade.

De posse desses recursos – ana-lisa Irmão X – é justo que o espí-rita guarde “[...] a preocupação derealizar muito e sempre mais, a fa-vor de tantos irmãos na Terra, de-tidos por ilusões e inibições nocapítulo da crença”.4

Na obra citada, Irmão X ilustramagistralmente a questão da cons-ciência moral e da consciência es-pírita, quando relata um episódioocorrido com Allan Kardec, na fa-se da organização dos textos deO Livro dos Espíritos. Consta que

Kardec se viu forado corpo físico, durante o

repouso, ao lado de um mensa-geiro dos Planos Sublimes, que otransportou a uma localidade, noplano espiritual, onde o sofrimen-to era estarrecedor: “[...]Soluçosde aflição casavam-se a gritos decólera, blasfêmias seguiam-se agargalhadas de loucura”.4 Atônito,Kardec imaginou, num primeiromomento, que aqueles sofredorespoderiam ser os tiranos, gover-nantes e imperadores da História.Talvez fossem os algozes dos cris-tãos ou os perseguidores do Bem,existentes em todas as épocas,imaginou posteriormente. O men-sageiro celestial que o acompa-nhava informou-lhe, entretanto,que nenhum dos Espíritos citadosse encontravam ali. Todos tinhamsido encaminhados à reencarna-ção para os devidos reajustes pe-rante a Lei de Deus.

Diante da sincera emoção deKardec, que se revelou altamentecompadecido pela dor que atingiaaqueles sofredores, o Benfeitor es-piritual esclareceu, impertubável:

– Temos junto de nós os que esta-

vam no mundo plenamente edu-

cados quanto aos imperativos do

Bem e da Verdade, e que fugiram

deliberadamente da Verdade e do

Bem, especialmente os cristãos

infiéis de todas as épocas, per-

feitos conhecedores da lição e do

exemplo do Cristo e que se en-

tregaram ao mal, por livre von-

tade... Para eles, um novo berço

na Terra é sempre mais difícil...

Chocado com a inesperada ob-

servação, Kardec regressou ao

corpo e, de imediato, levantou-se

e escreveu a pergunta que apre-

sentaria, na noite próxima, ao

exame dos mentores da obra em

andamento e que figura como

sendo a Questão número 642,

de “O Livro dos Espíritos”: “Pa-

ra agradar a Deus e assegurar a

sua posição futura, bastará que

o homem não pratique o mal?”,

indagação esta a que os instruto-

res retorquiram: “Não; cumpre-

-lhe fazer o bem, no limite de

suas forças, porquanto respon-

derá por todo o mal que haja

resultado de não haver pratica-

do o bem.”5

Referências:1KARDEC, Allan. O que é o espiritismo.

55. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. III,

questão 110, p. 216.2XAVIER, Francisco Cândido. Caminho,

verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel.

28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap.

119, p. 253-254.3XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Wal-

do. Estude e viva. Pelos Espíritos Emma-

nuel e André Luiz. 12. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2006. Cap. 2, item “Consciência e con-

veniência” – texto de André Luiz, p. 29-30.4XAVIER, Francisco Cândido. Cartas e crô-

nicas. Pelo Espírito Irmão X. 11. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2006. Cap. 7, p. 36.5Idem, ibidem. p.37-38.

30 Reformador • Fevere i ro 2008 6688

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:37 Page 30

Page 31: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

A espiritualidadedos animais

EU R Í P E D E S KÜ H L

ratificante que esse tema,até pouco tempo tão des-lembrado, esteja agora vi-

sitando e instigando a mente detantas pessoas, não necessaria-mente espíritas, mas, ao menos,espiritualistas, querendo saber oque acontece com os animais de-pois que morrem...

De minha parte e dentro doque conheço do Espiritismo, res-pondo a esse questionamento re-trocedendo no tempo, partindoda criação dos seres vivos:

– Deus, “[...] a inteligência su-prema, causa primária de todasas coisas”,1 cria sem cessar. Umade suas criações é o Princípio In-teligente (PI), representado pelamônada2 que verte do “PrincípioInteligente Universal” e que, con-templada com a eternidade(!),enceta longa rota evolutiva, esta-giando inicialmente no mineral,

a seguir no vegetal, depois no ani-mal, daí ao hominal e, finalmen-te, no angelical;

– para essa extensa fieira deexperiências, a fim de atuar so-bre a matéria, o Princípio Inteli-gente utiliza “o concurso de umaforça, a que se conveio em cha-mar fluido vital” e em todas eleestará revestido “de um invólucroinvisível, intangível e imponde-rável [...]”. Esse invólucro deno-mina-se “perispírito” (apesar desua materialidade, é bastanteeterizado). É formado de maté-ria cósmica primitiva – o fluidouniversal;3

– nos três primeiros estágioscitados, a pouco e pouco cada PIirá se individualizando, percor-rendo infinitos ciclos evolutivos,num e noutro plano da vida (oespiritual e o material), duranteos quais será mantido, monito-rado e guiado por InteligênciasSiderais, responsáveis pela vida,por delegação divina;

– nesses três reinos o PI gra-dativamente irá sendo equipado,por aqueles Protetores, de instin-

to e “automatismos fisiológicos”,4

representando poderosos equi-pamentos para possibilitar-lhe asobrevivência, nos rudes crivosque terá de superar, até humani-zar-se, quando então, ainda comtais condicionamentos automá-ticos (que possibilitam o meta-bolismo), estará equipado de li-vre-arbítrio, inteligência contí-nua e consciência;

– à medida que ocorre a sua in-dividualização, na extensa rota deexperiências, no reino animal, oPI já é uma alma, “porém inferiorà do homem”;5 assim sendo, é líci-to deduzir que revestindo essaalma há um corpo astral – o peris-pírito –, sutil, mas ainda material(como já registramos) e sempremais grosseiro que o do homem.

Tratando-se agora dos três rei-nos e, em particular, da mortedos animais, Kardec perguntou6

G

1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 90.ed. Rio de Janeiro: FEB. Questão 1.

2Mônada: organismo muito simples, quepoderia ser considerado uma unidade or-gânica. “Mônada celeste” seria a célula es-piritual, manifestando-se em “o princípiointeligente (PI) em suas primeiras mani-festações”, ou seja, na primeira fase deevolução do ser vivo, “os germes sagradosdos primeiros homens”.

3DELANNE, Gabriel. A evolução anímica.12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. “Intro-dução”, p. 15-16.

4XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Wal-do. Evolução em dois mundos. Pelo Es-pírito André Luiz. Ed. Especial. Rio deJaneiro: FEB, 2003. Primeira Parte, cap. 4,p. 39.

5KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 90.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão597/597-a.

6______. Parte segunda, cap. XI, “Dos trêsreinos”.

31Fevere i ro 2008 • Reformador 6699

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:37 Page 31

Page 32: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

e obteve respostasclaras, não passíveisde segunda inter-pretação.

Resumindo essasrespostas:

– minerais só têmforça mecânica (não têm vita-lidade);

NOTA: Quer me parecer que essaforça é a que mantém a agregação doátomo, que acompanhará as váriasvestimentas físicas do PI em toda avasta fieira de experiências terrenas.

– vegetais são dotados de vitali-dade e têm vida orgânica (nas-cem, crescem, reproduzem e mor-rem), além de serem dotados deinstinto rudimentar;

– animais têm instinto apurado einteligência fragmentária, além delinguagem própria de cada espé-cie; têm um princípio independen-te, que sobrevive após a morte; esseprincípio independente, individua-lizado, algo semelhante a uma almarudimentar, inferior à humana,dá-lhes limitada liberdade de ação(apenas nos atos da vida material);assim, pois, não têm livre-arbítrio;essa “alma”, não sendo humana, nãoé um Espírito errante (aquele que,no intervalo das encarnações,pensa e age pelo livre-arbítrio);

– ao morrer, cada animal éclassificado pelos Espíritos dissoencarregados; enquanto aguar-dam breve retorno às lides terre-nas, via reencarnação, são manti-dos em vida latente e sem contato,uns com os outros; ao serem re-conduzidos à nova existência ter-rena são alocados em habitats desuas respectivas espécies.

Aqui encerro o meu (in-completo) resumo do queconsta em O Livro dos Es-

píritos.Respeitáveis auto-

res espíritas, desen-carnados, aduziraminformações sobre

esse tema. André Luiz,em particular, narra que vários ani-mais são encontrados na Espiritua-lidade, como por exemplo aves, cães,cavalos, íbis viajores, muares. Al-guns são “escalados” para tarefas di-versificadas (cães e cavalos, na maio-ria das vezes, como se vê, respecti-vamente, em duas obras:7 Nosso Lar,cap. 33 e Os Mensageiros, cap. 28).

No capítulo XII da citada obraEvolução em Dois Mundos, AndréLuiz narra que, após a morte, osanimais têm dilatado o seu “perío-do de vida latente” no plano espi-ritual, caindo em pesada letargia,qual hibernação, de onde serão ge-nesicamente atraídos às fa-mílias da sua espécie, àsquais se ajustam.

Essa informaçãoconsidero-a funda-mental para o en-tendimento decomo os animaisvivem no plano es-piritual, tendo Kardecregistrado que, após amorte, os animais sãoclassificados e impedidos de se re-lacionarem com outras criaturas;André Luiz, agora, diz a mesma

coisa, de outra forma, ao mencionarque os animais que não são desta-cados para alguma tarefa entramem hibernação e logo reencarnam.

Depreendo, assim, que na Espiri-tualidade os animais não utilizadosem vários serviços não têm vidaconsciente, mas vegetativa, o que res-ponde à pergunta de como vivemlá: sem qualquer relacionamento,uns com os outros. Assim, não ha-vendo ação de predadores inexis-tem presas; mantidos em hiberna-ção, não se alimentam, não brigam,não reproduzem, não se deslocam.

Como se nota na literatura es-pírita, as referências sobre ani-mais na Espiritualidade reportam--se, na maioria das vezes, a animaisque podem ser denominados bio-lógica e espiritualmente “superio-res”. Raríssimas são as notas sobreaves, peixes, insetos ou sobre as in-contáveis espécies extintas no Pla-neta. Igualmente escassas, as anota-

ções sobre a fantástica tran-sição do animal (quais es-

pécies animais?) parao hominal – o “eloperdido”, dos biólo-gos... Sem nos es-quecermos da ins-tigante citação, fei-

ta de relance por An-dré Luiz, em NossoLar, em se referin-do à existência, na

Espiritualidade, dos “parques de es-tudo e experimentação”.

O fato é que existem, sim, taisanotações, porém, o espaço dis-ponível para meu texto não com-portaria mais informações sobre aespiritualidade dos animais.

7Ambas as obras de André Luiz, autorespiritual, com psicografia de FranciscoCândido Xavier. Ed. FEB.

32 Reformador • Fevere i ro 2008 7700

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:38 Page 32

Page 33: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

uando Ele veio ao encon-tro do povo, um homemse lhe aproximou e, lan-

çando-se de joelhos aos seus pés,disse:

Senhor, tem piedade de meu fi-

lho, que é lunático e sofre mui-

to; pois cai muitas vezes no fogo

e, muitas vezes, na água. Apre-

sentei-o aos teus discípulos, mas

eles não o puderam curar.

Jesus respondeu, dizendo: Ó

raça incrédula e depravada, até

quando estarei convosco? Até quan-

do vos sofrerei? Trazei-me aqui

este menino.

E, tendo Jesus ameaçado o de-

mônio, este saiu do menino, que

no mesmo instante ficou são.

Os discípulos, então, vieram ter

com Jesus em particular e lhe

perguntaram: Por que não pu-

demos nós outros expulsar esse

demônio?

Respondeu-lhes Jesus: Por cau-

sa da vossa incredulidade. Pois

em verdade vos digo, se tivés-

seis a fé do tamanho de um

grão de mostarda, diríeis a esta

montanha: transporta-te daí

para ali e ela se transportaria e

nada vos seria impossível. (Ma-

teus, 17:14-20.)

Muito significativa essa passa-gem de Jesus.

A parábola da figueira que se-cou é outra demonstração deixa-da por Jesus para refletirmos se-riamente sobre a fé, encontradaem Lucas (13:6-9). Nela, passa-mos a ver o homem na figueiraque foi plantada, mas que nãofrutificou. Assim é o religioso quese diz cristão, mas em verdade,não mostra seus “frutos”.

Todos os homens, deliberada-mente inúteis por não terem pos-to em ação os recursos que tra-ziam consigo, serão tratados co-mo a figueira que secou.

Pedro, ao não conseguir andarsobre as águas, mereceu de Jesusuma advertência quanto à sua fal-ta de fé, em Lucas (8:25). Quantosde nós não nos amedrontaríamos,como o fez Pedro, e também afun-daríamos!?

Tomé, em João (20:24), nãoacreditou no reaparecimento deJesus após a sua crucificação. Tor-

nou-se, por isso mesmo, até hoje,um símbolo da falta de fé. Essapassagem é sempre lembrada portodos quantos desejam enfatizar aausência da fé na criatura.

Jesus, em várias de suas lições,querendo destacar a significativaimportância da fé, mostrou, comsua exemplificação, que será ne-cessário ao homem acreditar naspróprias forças, o que o tornarácapaz de executar certos feitosmateriais. Quem duvida é umpessimista e se vê impossibilitadode crescimento moral. Se nãoacreditarmos que somos capazesde amar até os inimigos, de queadianta afirmar que acreditamosem Jesus? Estabeleceria, por acaso,Jesus um objetivo educativo paranós impossível de ser alcançado?Como ficaria sua condição deMestre dos mestres?

Tiago, em sua Carta (2:14), foiextraordinário quando se referiuà associação que deve existir entrea fé e as ações da criatura, ao afir-mar que “[...] nenhum proveitoexiste, se alguém disser que temfé, mas não tiver obras. Pode, aca-so, semelhante fé salvá-lo?”.

A magnitude da féem nossas vidas

QAD É S I O ALV E S MAC H A D O

33Fevere i ro 2008 • Reformador 7711

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:38 Page 33

Page 34: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

Uma realidade fica patente: dafé vacilante resulta a incerteza, adúvida; já a fé robusta dá a perse-verança, a energia e os recursosque fazem se vençam os obstácu-los, nas grandes como nas peque-nas tarefas.

Quem acredita no tratamento aque está submetido – dizem osentendidos – está com meio cami-nho andado para curar-se. Toda-via, quem não acredita...

Inquestionavelmente, são a fé eo amor os dois fundamentais ins-trumentos de trabalho do espírita.

“A fé é a garantia do que se espe-ra, a prova das realidades invisí-veis”, testificou Paulo, emCarta aos Hebreus (11:1). Eele sabia, perfeitamente,do que falava, pois semessa virtude, teria fra-cassado em sua mis-são de ser o maior di-vulgador do Cristia-nismo nascente.

A força e o poderda fé se transmitem àprece, enunciada comemoção e sinceridade. Aprece é a manifestaçãomais pura do diálogo entreo homem e Deus.

A fé sincera e verdadeira é sem-pre calma, facultando a paciênciaque sabe esperar.

A confiança nas suas própriasforças torna o homem capaz deexecutar coisas materiais, que nãoconsegue fazer quem duvida de si.Aqui, porém, unicamente no sen-tido moral se devem entender taispalavras. As montanhas que a fé,exaltada por Jesus, desloca, são as

dificuldades, as resistências, a mávontade; em suma, tudo com quese depara da parte dos homens,ainda quando se trate das melho-res coisas.

Como se adquire a fé inabalá-vel? Através do conhecimentoque se obtém com o estudo dospostulados da Doutrina Espírita,que não arregimenta, em suas fi-leiras, crentes devotos, mas ho-mens de fé raciocinada.

Seja, portanto, inabalável anossa fé, alicerçada nos postula-

dos fundamentais do Espiritismo:Deus, Espírito, imortalidade da al-ma, reencarnação, mediunidade,pluralidade dos mundos habitados,lei de ação e reação, lei da evolu-ção, prática da caridade, vivênciado Evangelho de Jesus, e outros.

A “preceterapia” é hoje testadapor estudiosos do assunto, reno-mados homens de ciência. Servin-do-se de um número de pacientesportadores da mesma enfermida-de, chegaram à conclusão de queem dois grupos, um com 192 en-fermos e outro com 214, o núme-ro maior dos que apresentaramresultados positivos, após trata-mento, foram justamente os quenele acreditavam, e, conseqüente-mente na cura. O mais importan-te de tudo: igual tratamento foidispensado a todos.

Relevante é “[...] não confundira prece com a presunção. A ver-

dadeira fé se conjuga à humil-dade [...].” (O Evangelho se-

gundo o Espiritismo, cap.XIX – que serviu de ba-se para este artigo –,item 4.) Aquele que atem deposita maisconfiança em Deusdo que em si mesmo,porque sabe que nada

lhe é possível sem aação de Deus.

Com a fé pulsante emseu interior, o homem

movimenta seu magnetismoatuando sobre o fluido, o agen-

te universal, modificando-lhe asqualidades e lhe dando uma im-pulsão irresistível. É sempre a fédirigida para o bem que podeoperar os chamados, equivocada-mente, “milagres”.

A fé pode ser raciocinada oucega. A espírita é raciocinada. A fécega, levada ao excesso, conduzao fanatismo, ao “homem-bom-ba”. A fé cega imposta é sinal de

Acreditar no tratamento é oprimeiro passo para curar-se

34 Reformador • Fevere i ro 2008 7722

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:38 Page 34

Page 35: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

confissão de impotência parademonstrar que se está de posseda verdade. A fé não se prescrevenem se impõe.

A fé não procura ninguém, é aohomem que compete buscá-la, en-contrá-la. Quem a procurar since-ramente não deixará de encontrá--la. Ensina Allan Kardec:

A resistência do incrédulo, de-

vemos convir, muitas vezes pro-

vém menos dele do que da ma-

neira por que lhe apresentam as

coisas. A fé necessita de uma

base, base que é a inteligência

perfeita daquilo em que se deve

crer. E, para crer, não basta ver;

é preciso, sobretudo, compreen-

der. A fé cega já não é deste sé-

culo [...]. (O Evangelho segundo

o Espiritismo, cap. XIX, item 7.)

A criatura deve crer, porque temcerteza, apoiando-se nos fatos e nalógica. Somente tem certeza por-que compreendeu.

“Fé inabalável só o é a que po-de encarar frente a frente a razão,em todas as épocas da Humani-dade”, é o que encontramos no li-vro acima citado.

Sob o título “A fé: mãe da es-perança e da caridade”, o Espíritoprotetor José afirma:

Para ser proveitosa, a fé tem de

ser ativa; não deve entorpecer-

-se. Mãe de todas as virtudes que

conduzem a Deus, cumpre-lhe

velar atentamente pelo de-

senvolvimento dos filhos

que gerou.

.......................................................

A fé sincera é empolgante e

contagiosa; comunica-se aos

que não na tinham, ou, mesmo,

não desejariam tê-la. Encontra

palavras persuasivas que vão à

alma [...]. (Op. cit., item 11).

Preguemos pelo exemplo denossa fé.

Não admitamos a fé sem com-provação: fé cega é filha da ce-gueira. Amemos a Deus, mas sa-bendo porque o amamos; acredi-temos em suas promessas, mas sa-bendo porque acreditamos; siga-mos os seus conselhos, mas com-penetrados do fim que nos éapontado e dos meios que nos sãotrazidos para o atingir.

Precisamos colocar a vontade aserviço dessa força que todos tra-zemos – a fé, que é ainda tãopouco utilizada.

A fé é humana e divina.Se todos nos achássemos per-

suadidos da força que em nóstrazemos, e se quiséssemos pôr avontade a serviço dessa força, se-ríamos capazes de realizar o quehoje é considerado prodígiosmas que, no entanto, não

passa de um natural desenvolvi-mento das faculdades humanas.

A certeza na obtenção de algo éresultado da vontade de querer e acerteza de que esta vontade podeobter satisfação.

É a fé que conduz a Deus. Deveser, portanto, ativa para ser pro-veitosa.

Cada religião pretende ter aposse exclusiva da verdade. As-sim, preconizar a fé cega sobreum ponto de crença é confessar--se impotente para demonstrarque está com a razão.

Pondera o Codificador:

[...] A calma na luta é sempre

um sinal de força e de confian-

ça; a violência, ao contrário,

denota fraqueza e dúvida de si

mesmo. (Op. cit., cap. XIX,

item 3.)

A fé, saibamos em definitivo,não se impõe nem se prescreve.Ela é adquirida e ninguém há queesteja impedido de possuí-la,mesmo entre os mais refratários.Hoje ou amanhã, nesta ou nou-

tra encarnação, todos apossuirão.

35Fevere i ro 2008 • Reformador 7733

A fé é humana e divina.Exemplifiquemos anossa fé

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:38 Page 35

Page 36: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

Gênese, os Milagres e as Predições segundoo Espiritismo é a última, em ordem cro-nológica, das cinco obras fundamentais

da Revelação Espírita, escritas por seu sistematizador,Allan Kardec, pseudônimo do peda-gogo francês Hippolyte Léon Deni-zard Rivail (1804-1869). Foi publi-cada em 1868, quando um já respei-tável Movimento crescia sob suaorientação e sob a influência dasoutras obras fundamentais, muitopopularizadas, a saber: O Livro dosEspíritos (1857), O Livro dos Mé-diuns (1861), O Evangelho segundoo Espiritismo (1864) e O Céu e o In-ferno (1865).

Antes de se dedicar à importantemissão de compilador e sistemati-zador das revelações provenientesdo mundo invisível, Allan Kardec jáhavia conquistado honrosa reputa-ção de pedagogo com fecundas contribuições, ofi-cialmente reconhecidas, para o melhoramento doensino na França.

Sobre o conteúdo desta obra podemos afirmar,sem hesitação, a sua atualidade essencial, não obs-tante o fato de que, em razão do progresso das ciên-cias após seu lançamento em 1868, muitas idéias,

teorias e princípios nela desenvol-vidos tiveram de ceder espaço anovas formulações construídas so-bre pesquisas, observações, sonda-gens mais perfeitas do ponto devista técnico. O próprio autor, comclarividente previsão, chama aatenção do leitor para esse fato.Mas no que diz respeito ao campoexclusivo, específico, de uma ciên-cia espírita ainda não reconhecida,tudo respira novidade, frescor,sobretudo lógica e racionalidade,pois em A Gênese são estudadosos elementos os quais dão consis-tência a essa força inquestionávelda Natureza que é o mundo invisí-

vel, de onde todo homem vem ao mundo corporalpelo nascimento e para onde fatalmente retorna pelamorte, até que, por um progresso ininterrupto,

“A

A FEB e o Esperanto

Apresentação de

A Gênesepara o mundo esperantista

Reproduzimos abaixo o texto com que apresentamos, em maio de 2002,

sob o título “Palavra do Tradutor”, nossa versão em esperanto de

A Gênese (La Genezo), assim também homenageando a passagem

do 140º ano de sua publicação, em 6 de janeiro de 1868

AF F O N S O SOA R E S

36 Reformador • Fevere i ro 2008 7744

Capa do livro A Gêneseem esperanto

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:39 Page 36

Page 37: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

ingresse em nova fase de evolução que não mais exijareencarnações sucessivas em mundos grosseiros.

Em contraposição às escolas religiosas tradicio-nais, Allan Kardec reconhece o papel da Ciência naformulação da verdadeira Gênese, em harmoniacom as leis da Natureza, sem, entretanto, repelir ra-dicalmente as antigas concepções e interpretações,principalmente as da Bíblia, que ele enxerga envol-vidas na alegoria, a ocultar verdades sublimes. Suasafirmativas abaixo, entre outras, definem clara-mente, a este respeito, um dos traços característi-cos da Revelação Espírita: “[...] Se a Religião senega a avançar com a Ciência, esta avançará sozi-nha” e “[...] Uma religião que não estivesse, pornenhum ponto, em contradição com as leis daNatureza, nada teria que temer do progresso e seriainvulnerável”.

Embora A Gênese focalize particularmente o tra-ço, ou aspecto, científico da Doutrina Espírita, nela,todavia, estão desenvolvidos seus outros traços, in-dissociáveis, isto é, o filosófico e o moral, os quaisfluem, de modo natural e conseqüente, dos elemen-tos, por assim dizer, “físicos” da revelação.

Como esperantista-espírita, sinto-me particular-mente feliz pelo fato de que a Federação EspíritaBrasileira, com esta publicação, conclui um proje-to iniciado em 1946 com o lançamento de La Librode la Spiritoj: a publicação, em esperanto, do cha-mado Pentateuco Espírita. Expresso, portanto, meu

agradecimento, de todo o coração, a essa mais doque centenária Instituição, em nome do mundoesperantista, a que ela tem prestado bons serviçosdesde 1909, ano em que seu órgão oficial, a revistaReformador, publicou um artigo sobre a Língua In-ternacional Neutra, seu Movimento e seus ideais.

Também manifesto especial agradecimento a meuquerido mestre e amigo, o culto lingüista, tradutor,competente esperantista, Prof. Dr. Benedicto Silva,da cidade de São José do Rio Preto (SP), que, comsacrifício e boa vontade, examinou o texto integralda tradução, assim possibilitando que ele surgissedigno da criação genial do Dr. Lázaro LuísZamenhof.”

37Fevere i ro 2008 • Reformador 7755

Prof. Dr. Benedicto Silva em 1974

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:39 Page 37

Page 38: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

asceu em Belo Horizonte(MG) no dia 12 de junhode 1930. Seus pais foram

Joaquim Honório de Abreu e AnaMaria Abreu. Compunha uma ir-mandade consangüínea de seteirmãos, a saber: Osvaldo, Lúcio,Florival, Carlos Alberto, Humber-to, Maria Amélia e Ângela He-lena. Teve por esposa Nilza Fer-reira de Abreu, que lhe sobrevivee, anonimamente, por força deseu temperamento, vida afora,

constituiu-se inegavelmente nogrande sustentáculo domésticode nosso biografado. O queridoirmão vez por outra dizia: “Cos-tumamos externar que o cônjugeque permanece na retaguarda nãopertence ao Movimento Espírita,quando na realidade tem papeldestacado no contexto. Eliane eDenise compõem como filhas onúcleo familiar.

Exerceu várias atividades, masa profissão que desempenhoupor mais tempo foi a de bancá-rio, integrando o quadro de fun-cionários do Banco do Brasil.Naquele estabelecimento de cré-dito desempenhou, em altos car-gos, papéis importantes.

Assim que se aposentou, em13 de novembro de 1977, pas-sou a dedicar-se integralmenteao Movimento Espírita, dispen-sando propostas vantajosas doponto de vista profissional. Após30 anos exatos, ou seja, a 13 denovembro de 2007, nosso já sau-doso companheiro veio a desen-carnar na capital mineira, tendosido sepultado às 11 horas do diaseguinte à sua desencarnação, noCemitério da Paz.

Honório não perlus-trou nenhuma escola dita

superior. Entretanto, impressio-nava pela sua versatilidade cultu-ral. No relacionamento de rotinamostrava-se prático e eficiente.Mas foi como militante espírita--cristão autêntico que ele mais sedestacou. Verdadeiro PHD na ar-te de demonstrar amor ao próxi-mo. Sua proverbial lhaneza e ter-nura foram-lhe traços caracterís-ticos, decantados de Norte a Sul.A corroborar, a farta correspon-dência e os registros da impressaespírita de todo o país.

Dois temas constituíram-lhe as“meninas dos olhos”: “A Evolução”e “O Estudo Minucioso do Evan-gelho”. Deixou dezenas de fitas gra-vadas correspondentes aos temasmencionados, principalmente atra-vés de análises de Gênesis e doApocalipse, na Bíblia. Legou-nos avaliosa obra Luz Imperecível já emsua 5a edição UEM, cuja divulga-ção ocorre em países das Américase da Europa.

Honório sempre primou pelasimplicidade do bem. Dizia, mui-to mais à guisa de imperceptívellição, que o fato de ter percorri-do o País na difusão evangélico--doutrinária conferiu-lhe grandeaprendizado. Teve oportunidadede dormir em locais inusitados

N

38 Reformador • Fevere i ro 2008 7766

Honório Onofrede Abreu

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:39 Page 38

Page 39: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

como em meio a mercadorias,em armazém. Afirmava que pas-sou a priorizar roupas de uso pes-soal cujos tecidos independiamou dependiam pouco de ter queser passadas a ferro, para nãoocasionar trabalho às donas-de--casa onde pernoitava na maio-ria das vezes.

Sempre esteve ligado ao Movi-mento Espírita federativo, sendoexemplar a sua conduta tambémneste setor. Era respeitoso e solíci-to ante a Federação Espírita Bra-sileira e no relacionamento comcoirmãs estaduais.

No Movimento Espírita minei-ro, jamais deixou de atender a to-das as instituições espíritas, vendonelas a razão de ser da dinâmicaespírita.

Juntamente com outros valo-rosos confrades, fundou em 1957o Grupo Espírita Emmanuel, o qualdirigiu com proficiência e acen-drado amor, fazendo daquela Ca-sa referência em perseverança eoperosidade qualificada.

Honório escreveu páginas bri-lhantes como tarefeiro espírita,em que a coerência, a abnegaçãoforam traços marcantes. Há in-contáveis ângulos à nossa dispo-sição para falarmos de quemvenceu pelo exemplo. Nosso ho-menageado está inserido entreos cristãos autênticos, que mere-cem ser reverenciados, tendo emvista que a exemplificação é quearrasta. Rogamos a Jesus, o Divi-no Amigo, cobrí-lo com as suasbênçãos.

Fonte: União Espírita Mineira.

39Fevere i ro 2008 • Reformador 7777

Maria Dolores

Fonte: XAVIER, Francisco C. Antologia da espiritualidade. 5. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2002. Cap. 11, p. 41-42.

Ouve, coraçãoPerguntas, coração,Como sanar as dores sem medida,De que modo enxugar a lágrima incontida Sob nuvens de fel e de pesar!...Recordemos o chão...Quando o lodo ameaça uma estrada indefesa,Em cada canto roga a Natureza:Trabalhar, trabalhar.

Fita o aguaceiro que se fez tormenta.Ao granizo que estala, o vento insulta;Seio de mágoas que se desoculta,A terra, em torno, geme a desvairar...Mas, finda, a longa crise turbulenta,Sobre teto quebrado, pedra e lama,Renasce a paz do céu que vibra e chama:Trabalhar, trabalhar.

Ressurge, inalterado, o sol risonho,Não pergunta se o mal ganhou no mundo,A tudo abraça em seu amor profundo,A criar e a brilhar!Recebe cada flor um novo sonho,Cada tronco uma bênção, cada ninho Canta para quem passa no caminho:Trabalhar, trabalhar.

Assim também, nas horas de amargura,Enquanto a sombra ruge ou desgoverna,Pensa na glória da Bondade Eterna,Acende a luz da prece tutelar!E vencerás tristeza e desventura,Obedecendo à voz de Deus na vida Que te pede em silêncio, à alma ferida:Trabalhar, trabalhar.

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:39 Page 39

Page 40: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

uando Jesus nos trouxeo mandamento maior –“Amar a Deus sobre todas

as coisas, e ao próximo como a simesmo” –, ficou definitivamentefirmada a certeza de que somostodos irmãos, e que devemos nosunir pelos laços da fraternidade,filha do Amor.

A própria Criação divina nosdemonstra que estamos, todos osseres*, ligados uns aos outros,necessitando uns dos outros paraevoluir e crescer juntos.

Vejamos alguns exemplos: aterra e a água alimentam os ve-getais; o vento também coopera,permutando sementes e pólen;os animais e o homem usam osal, a água, além de material paraabrigo (barro, pedra etc.) Os ve-getais protegem da erosão o solodas encostas, produzem a fotos-síntese, servem de alimento e re-médio para animais e homens,fornecendo, ainda, elementos pa-ra fabricação de utensílios, cons-trução e aquecimento (madeira,fibras, carvão vegetal etc.) Os ani-mais produzem o esterco, quefertiliza a terra; pássaros e abe-lhas polinizam as plantas; mi-nhocas afofam o solo para as raí-zes, e produzem o húmus; ser-vem de alimento ao homem, aju-

dam na sua proteção (cães) etransporte. Muitos outros exem-

plos haveria dessa inter-cooperação...

Afirma o Espírito Emmanuel:

A Natureza, em toda parte, é

um laboratório divino que ele-

ge o espírito de serviço por pro-

cesso natural de evolução. (Fon-

te Viva, psicografia de Francisco

C. Xavier, cap. 82, “Quem serve,

prossegue”.)

E o ser humano?Criado simples e ignorante

(O Livro dos Espíritos, questão 115),o Espírito necessita de encarna-ções sucessivas para adquirir ex-periência e desenvolver as “duasasas”: a do conhecimento, que vaidisciplinar a sua mente, e a da vir-tude, que disciplinará seu cora-ção, ensinando-o a bater ao com-passo da melodiosa máxima deJesus – a Lei de Amor. E, progre-dindo, caminhará o Espírito pa-ra a perfeição relativa (nunca se-rá igual a Deus, o Divino Cria-dor) e para a felicidade plena, quetanto almeja.

Nesse caminhar, necessário sefaz seguir a lei de Deus, ensinadapor Jesus, e que a Doutrina Espí-rita tão bem desenvolve na Parte

Interdependênciados seres

QIVO N E MO L I NA RO GH I G G I N O

Abelhas polinizamplantas

40 Reformador • Fevere i ro 2008 7788

*Segundo o Dicionário Houaiss: ser:“tudo o que existe, tudo o que foi criadopor Deus”.

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:39 Page 40

Page 41: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

terceira de O Livro dos Espíritos,sob o título “Das leis morais”, asquais tratam das relações do ho-mem com Deus, com seus seme-lhantes e consigo mesmo; leis es-sas que estão indelevelmente ins-critas na consciência. (Op. cit.,questão 621.)

A fim de seguirmos o cami-nho da evolução, precisamosuns dos outros, pois o homemé um ser de relação “biopsí-quico-sociocultural-espiri-tual”, não devendo viver emisolamento (Op. cit., ques-tões 766, 768 e 777.)

Assim, verificamos sua in-terdependência, seja mate-rialmente (aptidões e faculda-des diferentes, gerando conheci-mentos e profissões distintas,das quais todos precisamos pa-ra nossa sobrevivência e nossobem-estar), seja espiritualmen-te (para pormos em prática afraternidade, pois é através des-se convívio, nem sempre har-monioso, que alcançamos con-quistas novas de aprendizado ereparações).

Na realidade, todos os compa-nheiros de romagem no corpo fí-sico são nossos grandes coopera-dores. Se mais adiantados do quenós, andam conosco, amparan-do-nos e ensinando-nos pela pa-lavra e pelo exemplo eficaz. Seesses companheiros estão em ní-vel evolutivo igual ao nosso, ouainda na nossa retaguarda, seráatravés deles que cresceremosmuito, pois não raro nos propi-ciam as dificuldades imprescindí-veis à nossa melhoria. Recorde-

mos o Instrutor Alexandre emMissionários da Luz (psicografiade Francisco C. Xavier, pelo Es-pírito André Luiz, cap. 13, 43. ed.FEB. p. 243): “[...] a tempestadeé nossa benfeitora; a dificuldade,nossa mestra; o adversário, ins-trutor eficiente [...]”.

Os resgates que nos tocam vêm,quase sempre, através deles...

O mesmo se aplica entre osdois planos da vida, quando, pe-la oração, pelo aconselhamento,pelo trabalho edificante e peloexemplo no bem, a ajuda se faz.

Como crescer, pois, medianteessa interdependência? Amandoincondicionalmente, como nosdisse Jesus.

Façamos uma honesta viageminterior, para analisar e conhecer

nosso mundo íntimo, a fim deobtermos a identificação de nos-sos erros de pensamento e sen-timento, dedicando-nos firme-mente a corrigi-los. Desse mo-do, seremos capazes de ver os ou-tros homens realmente como ir-mãos, de acordo com a orienta-ção do Mestre amado, reconhe-cendo que “[...] somente nas ati-vidades do bem para o bem dosoutros é que nós garantiremos avida e a continuidade de nossopróprio bem”. (Seara dos Mé-diuns, psicografia de Francisco C.Xavier, cap. “Pequeninos, masúteis”, p. 73.)

Lembremo-nos sempre: tudoé harmonia, serviço e coopera-ção no Universo! Ninguém cres-ce sozinho!

O homem gerou profissões distintas, das quais todos precisamospara a sobrevivência e o bem-estar

41Fevere i ro 2008 • Reformador 7799

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:39 Page 41

Page 42: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008

42 Reformador • Fevere i ro 2007 8800

Seara Espírita

III Encontro Nacional de Coordenadores doESDE

No período de 25 a 27 de julho de 2008, a FederaçãoEspírita Brasileira (FEB) estará realizando em suasede, em Brasília, o encontro acima mencionado.

O eixo temático está baseado em: 1) Atos dos Após-tolos (8:31) “Como poderei entender se alguém nãome ensinar?”; 2) Paulo (Romanos, 2:21) “Tu, pois,que ensinas a outro não te ensinas a ti mesmo?”. Oscoordenadores e monitores do Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita (ESDE) e do Estudo Aprofun-dado da Doutrina Espírita (EADE) serão o público--alvo.

Cada Federativa poderá enviar até 4 representantespara o evento (3 para o ESDE e 1 para o EADE), quetem como objetivos, entre outros, “avaliar as metasestabelecidas no II Encontro Nacional” e “apresentaro conteúdo do programa desenvolvido no EADE”.

A Campanha do Estudo Sistematizado da DoutrinaEspírita, lançada em novembro de 1983 pelo Con-selho Federativo Nacional da FEB, está comemoran-do 25 anos; daí a importância da participação noEncontro, oportunidade ímpar para troca de expe-riências, visando o aprimoramento das ações paradinamização da referida Campanha.

Ceará: Congresso e Encontro deEvangelizadores

A Federação Espírita do Estado do Ceará (FEEC)promoveu o XI Congresso Estadual Espírita doCeará nos dias 30 de novembro, 1o e 2 de dezembrode 2007, com a participação do presidente da Fe-deração Espírita Brasileira (FEB), Nestor JoãoMasotti. Em seguida, a FEEC realizou no dia 9 dedezembro, nas dependências do Lar Fabiano deCristo, o I Encontrão de Evangelizadores Espíritas.

Distrito Federal: 150 anos da Revista EspíritaA Comunhão Espírita de Brasília realizou o primei-ro evento em comemoração aos 150 anos de publica-ção da Revista Espírita, fundada por Allan Kardec.

No dia 10 de dezembro de 2007, houve um seminá-rio dos alunos do Estudo Sistematizado da DoutrinaEspírita (ESDE), tendo por tema “Kardec e a RevistaEspírita”, com desenvolvimento pelo diretor da FEBAntonio Cesar Perri de Carvalho, encenação de peçade época entremeada com apresentação de filmessobre alguns artigos da Revista. Outras informações:www.comunhaoespirita.org.br

Alagoas: 100 anos da FederaçãoA Federação Espírita do Estado de Alagoas completa100 anos em 2008. Para celebrar a data programouuma série de eventos durante o mês de janeiro, cor-respondentes ao tema central “100 anos com Jesus eKardec, iluminando consciências”. No dia 6 de janei-ro foi realizada sessão comemorativa na Federação.Proferiram palestras públicas, no dia 11 de janeiro,Divaldo Pereira Franco, no Ginásio do Sesi, e, no dia12 de janeiro, o presidente da FEB, Nestor JoãoMasotti, no Teatro Gustavo Leite.

Pernambuco: Encontro EstadualA Federação Espírita Pernambucana promoveu oINTECEPE – Integração dos Centros Espíritas dePernambuco –, em Recife, nos dias 19 e 20 de janei-ro, com atuação do diretor da FEB Antonio CesarPerri de Carvalho e Célia Maria Rey de Carvalho,que desenvolveram seminário sobre o “Plano de Tra-balho para o Movimento Espírita Brasileiro (2007--2012)”.

Rio de Janeiro: CEERJ na luta contra a AIDSO Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro(CEERJ) compareceu à celebração do Dia da LutaContra a AIDS, estabelecido pela Organização dasNações Unidas (ONU), a convite do Ministro deEstado da Saúde, José Gomes Temporão, e doArcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eusébio OscarScheid. O evento ocorreu no dia 1o de dezembro de2007, às 16 horas, no Santuário Cristo Redentor doCorcovado.

reformador Fevereiro 2008 - b.qxp 3/4/2008 10:39 Page 42

Page 43: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008
Page 44: Capa REFORMADOR - Fevereiro 2008