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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 124 / Fevereiro, 2006 / N o 2.123

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-Substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA e LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO

Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministérioda Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 3321-1767FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: JULIO MOREIRA

Editorial O Espiritismo e a Verdade

Entrevista: Maria Helena MarconA Doutrina Espírita é tesouro inestimável

Presença de Chico XavierServir mais – Irmão X

Esflorando o EvangelhoSemeadura – Emmanuel

A FEB e o Esperanto Esperantistas no Rotary – Affonso Soares

Páginas da Revue SpiriteEpitáfio de Benjamin Franklin – Allan Kardec

O Index da cúria romana – Allan Kardec

Seara Espírita

A Verdade – Juvanir Borges de Souza

Bom humor – Richard Simonetti

Enquanto – João Coutinho

Oração – Bezerra de Menezes

Viagem à Luz – Paulo Nunes Batista

A fuga para os “montes”... – Kleber Halfeld

Perguntas que o Centro Espírita nos faz –

Cezar Braga Said

União de qualidades – Suely Caldas Schubert

Humanidade, “acorda enquanto é dia!” –

A. Merci Spada Borges

Em dia com o Espiritismo – O que é vida? –

Marta Antunes Moura

Vigilância no trabalho – Joaquim Olympio de Paiva

Diante do mal, o bem é a meta – Jorge Hessen

Confraternização Espírita do Estado do

Rio de Janeiro

Transcomunicação instrumental – Rildo G. Mouta

Retorno a Pátria Espiritual –

Eduardo Carvalho Monteiro

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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4 Reformador • Fevere i ro 2006 4422

Editorial

m dos maiores desafios que Allan Kardec enfrentou na codificação da

Doutrina Espírita foi o de separar, no trato com a manifestação dos

Espíritos, o que era efetivamente verdadeiro, do que era apenas opinião

pessoal dos Espíritos comunicantes.

Estudando o fenômeno mediúnico com acurado afinco, reconheceu que estava

diante de um fato. E como todo fato tem suas leis, caberia ao pesquisador sincero

aprofundar a sua análise visando o seu correto conhecimento, a fim de utilizá-lo de

forma adequada. Com este pensamento, empenhou o resto da sua existência nesse

trabalho, descortinando para os homens o mundo dos Espíritos.

Sabedor de que o mundo espiritual é habitado por Espíritos de diferentes níveis

de conhecimento e moralidade, tal como ocorre entre os homens, utilizou o mé-

todo do controle universal dos ensinos dos Espíritos – descrito na Introdução de

O Evangelho segundo o Espiritismo –, para encontrar a verdade revelada pelos

Espíritos Superiores. Esse método consiste em só aceitar como verdade o que é

manifestado por diversos Espíritos, através de vários médiuns, em distintos lugares,

e submeter, ainda, essa manifestação ao crivo da razão, verificando se o ensino

transmitido não conflita com os demais princípios que vão sendo gradativamente

consagrados.

Jamais aceitou como verdadeira uma afirmação pelo simples fato de ter sido atri-

buída a um Espírito de renome, pois compreendeu, desde o início, que qualquer

comunicante pode adotar o nome que lhe aprouver, passando por um Espírito ele-

vado, e abusando da boa-fé dos homens.

Com este cuidado, Allan Kardec materializou na Terra o Consolador Prometido

por Jesus, que ficará eternamente conosco: “O Espírito de Verdade, que o mundo

não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a

vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós.” (João, 14:17.)

Fiel à busca da verdade, Allan Kardec deixou, no século XIX, uma Doutrina soli-

damente construída, que venceu os desafios decorrentes dos avanços da Ciência no

século XX, avanços estes que vêm confirmando os ensinos dos Espíritos Superiores,

colhidos pelo Codificador no seu nobre e meticuloso trabalho.

U

O Espiritismoe a Verdade

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arra o Evangelho de João,em seu capítulo 18, ver-sículos 37 e 38, que Pôncio

Pilatos, o governador romano daJudéia, no julgamento de Jesus,interrogou-o: “Logo tu és rei?”Ao que o Mestre respondeu: “Tudizes que eu sou rei. Eu para issonasci, e para isso vim ao mundo, afim de dar testemunho da verda-de. Todo aquele que é da verdadeouve a minha voz”.

Perguntou então Pilatos: “Queé a verdade?”

Não obteve resposta.O silêncio de Jesus representa

um ensinamento admirável paraa posteridade.

De que adiantaria falar o Mes-tre de algo que não estava ao al-cance da compreensão do gover-nador romano, que representava,naquele momento, a ignorânciade todos os que ainda não des-pertaram para o entendimento dosuperior, do transcendente?

Seria pura perda de tempo eacréscimo de responsabilidade pa-ra o interlocutor a abordagem dequestão que estava acima e alémde sua capacidade de percepção.

A verdade, em seu sentido ab-

soluto, é eterna e imutável. Pro-vém de Deus, o Criador de todasas coisas, e os habitantes destemundo de expiações e de provasestão longe de conhecê-la.

Já em seu sentido relativo, aoalcance dos homens sob muitosaspectos, sua percepção dependedas condições individuais, nasquais influenciam a inteligência,o interesse, a vontade, além defatores materiais.

A busca da verdade acompa-nha o homem desde os temposprimitivos até os nossos dias econtinuará no futuro.

Na construção do conhecimen-to, através das ciências e da ob-servação, e no aperfeiçoamentoético-moral do Espírito, a verda-de é sempre fundamental.

Todas as criaturas humanas,no gozo pleno de seu equilíbrio,são buscadoras das realidades,sinônimas da própria verdade.

Não há quem não se tenha in-quirido, de alguma forma, com es-tas indagações: “Quem sou?”, “Deonde venho?”, “Para onde vou?”.

Há os que têm encontrado res-postas satisfatórias e são relativa-mente felizes ao depararem com

a realidade da imortalidade doEspírito.

Outros obtiveram respostas par-ciais e incompletas para o grandeenigma. Continuam a jornada embusca da verdade–realidade.

Uma terceira parcela da Hu-manidade ainda permanece noestágio inicial da busca da verda-de e precisa caminhar muito pa-ra encontrar as respostas corre-tas.

Se buscarmos, através das ida-des e das civilizações conhecidas,o roteiro do progresso, vamosperceber que os povos de todosos quadrantes, as raças humanasespalhadas pelas múltiplas nacio-nalidades, todo o gênero huma-no, ao lado de seu esforço paraprogredir, recebem o auxílio, oalento da Divina Providência.

O estudo das religiões maisantigas e a pesquisa dos sistemasfilosóficos e morais demonstramque os povos, raças, nações, tri-bos e grupamentos humanos ti-veram seus missionários, seusguias, seus pensadores e profetas,Espíritos mais adiantados, maisesclarecidos, que vieram em mis-são para auxiliar o progresso es-

NJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

A Verdade

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piritual de determinada parcelado gênero humano.

O auxílio da Espiritualidade nãosignifica a revelação de toda a ver-dade, mas sim o amparo de ensina-mentos apropriados às necessida-des de cada época e de cada povo.

Para se chegar a essa conclusãobasta compulsar os ensinamen-tos de missionários e pensadorescomo Lao-Tsé, Fo-Hi e Confúcio,na China milenar; Rama, Krishnae Buda, na Índia; Amenhotep IV,no Egito antigo; Zaratustra, na an-tiga Pérsia; Hermes Trismegisto,Pitágoras, Sócrates, Platão, naGrécia antiga; os profetas bíblicosSamuel, Isaías, Jeremias, Ezequiel,Daniel, Oséias, Joel, Amós, Mi-quéias, Naum, Zacarias e Mala-quias, entre os hebreus; Maomé,no mundo árabe.

À luz da Doutrina Espírita,podemos compreender hoje quetodos esses missionários, alémde outros, procuraram elevar osconhecimentos e os sentimentosdos seres humanos de muitas ge-rações, dentro de um ritmo su-perior àquele em que se encon-travam.

O mesmo ocorreu com as Re-velações representadas por Moi-sés, o Cristo e o Espiritismo, esteúltimo, como o Consolador pro-metido por Jesus, trazendo no-vos esclarecimentos e conheci-mentos em consonância com oprogresso alcançado nos temposatuais.

À Humanidade, através deseus guias tutelares, cabe a tarefa

de ir separando a verdade pura doerro, o joio do trigo.

A Providência Divina jamais dei-xou suas criaturas ao desamparo.

As revelações, à medida queos homens se colocam em situa-ção de recebê-las, são trazidas pe-los missionários, em todas as épo-cas.

O próprio Cristo confirma es-sa regra superior.

Anunciada pelos profetas suavinda, com grande antecedência,o Mestre e Governador deste or-be representa a verdade, retifica-dora de entendimentos anterio-res, mas não toda a verdade, co-mo Ele mesmo declarou.

Trouxe aos homens o que es-tes estavam em condições de re-ceber, mas prometeu enviar ou-tro Consolador para comple-mentar e aclarar muitos de seusensinos.

E o Consolador já está no mun-do, com o Espírito de Verdade,cumprindo a promessa do Cristo,para complementar e aclarar mui-tos de seus ensinos, e para retificartradições, dogmas, preconceitos etodos os erros resultantes do espí-rito de dominação e das interpre-tações inexatas da grande Mensa-gem Cristã.

O Espiritismo, o Consolador, éo advento da verdade cristã, au-têntica, que através de muitosséculos foi desvirtuada pelosmúltiplos interesses humanos.

Os Espíritos Reveladores, nasquestões 627 e 628 de O Livrodos Espíritos, transcritas a seguir,

aclaram os motivos pelos quaisse fez necessária a vinda do Con-solador:

“627 – Uma vez que Jesus ensi-nou as verdadeiras leis de Deus,qual a utilidade do ensino que osEspíritos dão? Terão que nos ensi-nar mais alguma coisa?

Resp. – Jesus empregava amiú-de, na sua linguagem, alegorias eparábolas, porque falava de con-formidade com os tempos e oslugares. Faz-se mister agora que averdade se torne inteligível paratodo mundo. Muito necessário éque aquelas leis sejam explicadase desenvolvidas, tão poucos sãoos que as compreendem e aindamenos os que as praticam. A nos-sa missão consiste em abrir osolhos e os ouvidos a todos, con-fundindo os orgulhosos e desmas-carando os hipócritas: os que ves-tem a capa da virtude e da reli-gião, a fim de ocultarem suas tor-pezas. O ensino dos Espíritos temque ser claro e sem equívocos,para que ninguém possa pretex-tar ignorância e para que todos opossam julgar e apreciar com arazão. Estamos incumbidos depreparar o reino do bem que Je-sus anunciou. Daí a necessidadede que a ninguém seja possívelinterpretar a lei de Deus ao saborde suas paixões, nem falsear osentido de uma lei toda de amore de caridade.”

“628 – Por que a verdade nãofoi sempre posta ao alcance de to-da gente?

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Resp. – Importa que cadacoisa venha a seu tempo. A ver-dade é como a luz: o homemprecisa habituar-se a ela, poucoa pouco; do contrário, fica des-lumbrado.”

Torna-se claro, pelos ensinosdos Espíritos Reveladores, que averdade guarda relatividade comas épocas em que são enuncia-das. Só se desenvolve na percep-ção humana quando o homemestá apto a compreendê-la.

Assim, quanto mais se eleva oEspírito, mais apto se apresentapara os conhecimentos corretosde ordem intelectual e moral.

Como recurso poderoso e efi-caz na retificação dos erros e enga-nos, a verdade só deve ser utilizadade conformidade com a condiçãoespiritual e de receptividade de ca-da um, sob pena de não ser nemcompreendida nem aceita.

Conhecer a verdade é, pois, decerto modo, perceber o sentidoda própria vida do ser, que se ex-pande e se aperfeiçoa.

Pelas leis naturais, Deus con-cede às criaturas os meios e asformas para que cada um con-quiste sua libertação.

Por isso Jesus afirmou, referin-do-se ao futuro de cada ser: “Co-nhecereis a verdade e a verdadevos libertará.” (João, 8:32.)

Não precisou, o Mestre, a oca-sião desse conhecimento, já queessa luz superior é conquista de cada um, de acordo com seuesforço e merecimento. Esse co-nhecimento não atende ao que

queremos, nem ao que nos é sim-pático em certo momento. É umarealidade viva, invariável, inde-pendente da simpatia ou antipatiapor determinada idéia ou aprecia-ção.

Por isso a verdade pode pare-cer estranha a quem a rejeita e acombate, mesmo diante de ques-tões simples e claras, preferindo--se a mentira, com suas vanta-gens provisórias.

Sendo a verdade imutável, eter-na, indestrutível, ela está encrava-da no amor, na justiça, na solida-riedade, compreendendo todas asLeis Divinas, das quais faz parte.

O homem ainda não conhecetoda a verdade em sua vida; porisso está sujeito a erros e desviosno curso de sua jornada.

Ao afirmar Jesus que é “o Caminho, a Verdade e a Vida”,procurou evidenciar aos homens,através de seus ensinamentos, de

que forma encontrarão o cami-nho correto para alcançar a ver-dadeira vida. Sua autoridade re-sulta de seus conhecimentos su-periores, do rumo que Ele deu àsua trajetória como o Filho deDeus, sem paralelo neste mundo,como seu Governador.

A luz divina da verdade não éedificada somente com as infor-mações e influências alheias. Cabea cada um edificá-la em si mesmo,utilizando o auxílio que vem dosseus semelhantes, mas sob a res-ponsabilidade da própria cons-ciência.

Essa construção interior, essacerteza de que foi encontrado orumo certo do conhecimento, daverdade, é, por vezes, trabalhosae demorada, demandando mui-tas experiências e sofrimentos.

Cada individualidade ou gru-pos de indivíduos, que retêmmaiores parcelas de verdades, estãohabilitados a distribuí-las, mas nãodevem esquecer a capacidade decompreensão de quem as recebe.

Estão nesse caso os espíritas e asCasas Espíritas, os quais precisamatentar para a realidade de quemuitas criaturas, por sua formaçãoreligiosa ou por sua descrença ouindiferença, não estão em condi-ção de receber determinados ensi-namentos da Doutrina Espírita.

O encontro com a verdade, ob-jetivo visado pela lei do progressona busca da perfeição, permitiráao homem orientar-se com segu-rança na solução dos grandesproblemas da vida do Espírito,em todos os planos da vida.

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“A verdade écomo a luz:o homem

precisahabituar-se a ela, pouco

a pouco”

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hico Xavier passava poruma crise de labirintite, quemuito o afligia.

Em oração, viu o Dr. Bezerra deMenezes, o generoso Benfeitor es-piritual.

Logo apelou:– Dr. Bezerra, rogo-lhe que me

auxilie. Estou passando muitomal. Não lhe peço como gente,mas na condição de besta. Faça-mos de conta que eu estou fazen-do parte de uma carroça de traba-

lho, para mim preciosa, que é amediunidade. Preciso voltar paraa minha carroça, doutor. Tenha dódesta besta! Como pessoa eu nãomereço, mas como besta, querotrabalhar!

E ele, sorrindo:– Você, besta, Chico? E eu,

quem sou?– O senhor é o veterinário de

Deus.Chico contou este episódio num

programa de televisão, quando lheperguntaram se os Espíritos tam-bém apreciam momentos de hu-mor. Destacou que sim, informan-do que o Dr. Bezerra recebeu comgostosa gargalhada sua observação.

Considerando-se o humorcomo um estado de espíri-

to, obviamente iremosencontrar, assim como

no plano físico, gentebem ou mal-humo-rada do outro lado.

Diríamos mes-mo que um dos de-

talhes a levar em con-sideração, quando se

pretenda identificar acondição das entidadesque se manifestam emreuniões mediúnicas, dizrespeito ao seu humor.

Espíritos irritados, agressivos,certamente nos lembram o refrãodo samba famoso, de DorivalCaymmi:

Quem não gosta de samba, bomsujeito não é. É ruim da cabeça oudoente do pé.

Quem não curte o bom humor,Espírito bom não é. Tem perturba-ção na cachola ou coração sem fé.

Vale, também, para os reencar-nados.

O bom humor é a marca regis-trada dos Espíritos Superiores, emtrânsito pela Terra.

Enfrentam os dissabores daexistência, lutas e desafios, sem ja-mais pretenderem que carregam opeso do Mundo nas costas.

O próprio Chico, embora suainfância atribulada e as lutas queenfrentou durante a existência in-teira, estimava a alegria.

Revelam os que tiveram a ventu-ra de privar de sua intimidade queele estava sempre animado, dispos-to a ressaltar aspectos positivos deseu dia-a-dia, sem tempo ruim.

Allan Kardec – quem diria! –,que muitos imaginam sisudo e

Bom humorC

RI C H A R D SI M O N E T T I

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circunspeto, não era nada disso.Quem o revela é Henri Sausse,contemporâneo e biógrafo do Co-dificador (O Principiante Espírita,15. ed. FEB, p. 47.):

Erraria quem acreditasse que,em virtude dos seus trabalhos,Allan Kardec devia ser uma per-sonagem sempre fria e austera.Não era, entretanto, assim. Essegrave filósofo, depois de haverdiscutido pontos mais difíceis dapsicologia e da metafísica trans-cendental, mostrava-se expansi-vo, esforçando-se por distrair osconvidados que ele freqüentemen-te recebia na Vila Ségur; conser-vando-se sempre digno e sóbrioem suas expressões, sabia adubá--las com o nosso velho sal gaulêsem rasgos de causticante e afe-tuosa bonomia. Gostava de rircom esse belo riso franco, largo ecomunicativo, e possuía um ta-lento todo particular em fazer osoutros partilharem do seu bomhumor.

Espíritos que se destacam noscampos do Bem e da Verdade,bem à nossa frente no exercício deviver, demonstram claramenteque tristeza não paga dívidas.

Os sofrimentos maiores queenfrentamos não decorrem dospercalços da existência, mas dofato de não sabermos encará-loscom bom ânimo e, mais que isso,não sabermos sorrir.

Afinal, a vida é um espelho emque nos miramos.

Se sorrirmos para ela, abrirásorriso para nós.

Enquanto há céu azul para teus olhos,

Deixa que a luz de Deus te ajude e guarde

E reflete-lhe as bênçãos para a vida,

Antes que seja tarde.

Enquanto o pensamento claro e belo

Em teu cérebro puro vibra e arde,

Cultiva a idéia nobre e redentora,

Antes que seja tarde.

Enquanto moves tuas mãos robustas,

Estende o bem, servindo sem alarde.

E ampara a todos, generosamente,

Antes que seja tarde.

Enquanto a boca lúcida te exprime,

Foge à treva maligna e covarde

E esquece o verbo deturpado e louco,

Antes que seja tarde.

Embora a dor e o pranto, não permitas

Que a tua fé sublime se abastarde...

Abraça a luta e segue para a frente,

Antes que seja tarde.

Não olvides que o túmulo te espera

Sem que a pompa terrena te resguarde.

E busca em Cristo a Vida Soberana,

Antes que seja tarde.

João Coutinho

Enquanto

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Poetas Redivivos, cap. 96,3. ed. FEB, p. 135-136.

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Senhor!ntes de agradecermos, dese-jamos prosseguir pedindo.

Invariavelmente, as roga-tivas da Terra são direcionadas aoTeu coração, suplicando em favordos que sofrem. Permite-nos pedir--Te, neste momento, por aquelesque promovem o sofrimento.

É comum que Te roguemos pe-los que são perseguidos, agora de-sejamos suplicar-Te pelos perse-guidores.

A grande maioria pede pelosque passam fome, e nós queremosrogar a Tua magnanimidade em fa-vor dos fomentadores da miséria.

Há muita dor no mundo e onosso coração compadece-se da-queles que, na sua alucinação, ge-ram todas essas desditas que seacumulam na psicosfera terrestre.

A violência alcança índices qua-se insuportáveis de dor, e é por is-so que Te suplicamos pelos adep-tos da agressividade que se com-prazem em desencadear os confli-tos e as dores acerbas.

Tu conviveste com a massa igna-ra; transitaste entre os poderososde um momento; lecionaste o Teu

amor dirigido aos infelizes de to-do jaez e não olvidaste de pedirao Pai que perdoasse aqueles queTe não compreendiam, porque,de fato, eles não sabiam o que es-tavam fazendo.

Voltamos a pedir, humildemen-te, compaixão para os que perde-ram a direção da verdade, intoxi-cando-se na prepotência, na pre-sunção, em todos esses hábitos infe-lizes da personalidade enferma.

Dá-lhes, Jesus, a chance de des-pertar para compreender que a exis-tência transitória na carne tem porfinalidade a construção do bem.

Não temos outras palavras se-não aquelas que aprendemos Con-tigo, assinaladas pela compaixão,pelo amor, pela misericórdia quevertem de nosso Pai.

Então, recebe a guirlanda de flo-res dos nossos sentimentos emforma de gratidão, pela honra ime-recida de conhecer-Te, de termosaceito o Teu convite para que pu-déssemos trabalhar na Tua seara.

Mas, ajuda-nos a ser escolhidosquando terminarmos o labor mo-mentaneamente em nossas mãos.Permanece conosco ensementandoamor nas vidas, mas libertandonossa vida das amarras hediondasque nos mantêm no primarismoque nos leva às defecções morais.

Sê conosco, portanto, Mestre,hoje e sempre, para que não des-faleçamos na luta porque, se Con-

tigo assim estamos, sem Ti o nossoserá o fracasso irrefragável.

Porfiai, filhos da alma, nos vos-sos compromissos!

Reconhecemos que são, estes,dias muitos difíceis. Mas, estaisequipados dos instrumentos há-beis para os enfrentamentos típi-cos do cristão.

Não vos iludais com as quime-ras nem as facécias do momento.Sede fiéis a Jesus, que nos tem sidofiel até agora.

Muitas vezes, ver-vos-eis envol-tos por dificuldades e enfrentareisdesafios que parecem insuperáveis.

Confiai em Jesus e observareisque com Ele tudo se resolve, en-quanto sem Ele as dificuldades sãointransponíveis.

Vencereis o egoísmo, conquista-reis a paz interior e triunfareis por-que esta é a destinação de todosnós que viajamos no rumo da li-berdade total.

Que Deus vos abençoe!Com carinho, o servidor humí-

limo e paternal de sempre,

Bezerra

Muita paz, meus filhos!

Oração

(Oração proferida através de DivaldoPereira Franco, por via psicofônica, noencerramento da Reunião do CFN, em 12de novembro de 2005 – Brasília (DF).)

Nota: Texto revisado pelo Autor espiritual.

A

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Reformador: Que ações federati-vas a FEP realiza em nível regio-nal?Maria Helena: A Federação Espí-rita do Paraná (FEP) tem agendapreviamente estabelecida, semprepara o período entendido entresetembro de um ano e agosto doano seguinte, ofertando Seminá-rios e Treinamentos às 17 UniõesRegionais Espíritas (UREs), emsuas cidades-sedes. No presenteperíodo, são 21 diferentes Semi-nários em desenvolvimento, em to-do o Estado, envolvendo 15 equi-pes, numa média de dois treina-mentos a cada final de semana.Some-se a isso ainda a ação diretadas UREs que têm sua Agendaprópria, contemplando treina-mentos específicos, entendendo--se que elas são os braços estendi-dos da FEP, atuando regional-mente. Como o Estado é divididoem 5 Inter-Regionais, tambémocorrem, anualmente, Encontrosde caráter Inter-Regional, ocasiãoem que a FEP, com sua equipe, sedesloca a determinada cidade, pre-viamente selecionada pelas UREsenvolvidas, e realiza o que chama-

mos de Reunião Inter-Regional. Pa-ra o evento, os trabalhadores espíri-tas das cidades que compõem aInter-Regional (duas, três ou cincoUREs) se inscrevem, com antece-dência, optando pelo Semináriode sua eleição, de acordo com suaárea de atuação: Administrati-va/Institucional, Doutrinária/Di-vulgação, Infância e Juventude eServiço Assistencial Espírita. Areunião inicia-se sempre com umSeminário Geral de que todos par-ticipam. No corrente ano, o tema é“A dinâmica da União”.

Reformador: Há promoção de even-tos em nível estadual?M. Helena: Sim, e são vários.Anualmente, acontece a Confe-rência Estadual Espírita, na Ca-pital do Estado, e o EncontroEstadual Espírita do Interior doParaná, que é itinerante, candida-tando-se as UREs para o abrigar,conforme regulamento vigente,aprovado pelo Conselho Federati-vo Estadual (CFE), que estabele-ce as linhas mestras da estruturafísica e de recursos humanos exi-gidas, a ordem de inscrição (de

um extremo a outro do Estado,excetuando-se as UREs Metropo-litanas, por óbvio). Sob a respon-sabilidade do Departamento deOrientação à Infância e Juventu-de, sempre nos anos pares, ocorreo Encontro Confraternizativo deJuventudes Espíritas do Paraná.Nos anos ímpares, o Encontro Es-tadual de Coordenadores de Juven-

A Doutrina EspíritaMaria Helena Marcon, Presidente da Federação Espírita do Paraná, comenta as ações

federativas e de difusão doutrinária desenvolvidas no Estado do Paraná

MA R I A HE L E NA MA RC O NEntrevista

é tesouro inestimável

11Fevere i ro 2006 • Reformador 4499

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tudes Espíritas. Para 2006, já estáprogramado o 1o Encontro Esta-dual de Evangelizadores do Para-ná, atendendo a uma necessidadedo Movimento Espírita Estadual.Além desses, dadas as necessidadesque são percebidas e as solicitaçõesdas Uniões Regionais Espíritas, sãopromovidos eventos estaduais decaráter específico. Cite-se, a títulode exemplo, os Encontros de Co-municação Social Espírita.

Reformador: Como o tradicionalMundo Espírita se tornou órgãooficial da FEP?M. Helena: Foi no ano de 1949que Lins de Vasconcellos decidiutransferir para a FEP a Gráfica e ojornal Mundo Espírita. Em virtu-de das dificuldades, Lins já haviainvestido apreciável soma de di-nheiro e assumira a responsabili-dade total. Ele sonhara para ojornal o prosseguimento da pro-paganda espírita. Assim, ressarciuo fundador e até então mantene-dor, Dr. Henrique de Andrade,saldou débitos com outras edito-ras e externou ao Conselho da FEPo seu sonho. Sua saúde física seencontrava seriamente abalada eele ansiava que a FEP desse pros-seguimento ao jornal. Suas espe-ranças repousavam nela. O Con-selho se mostra favorável e gráficae jornal foram trazidos ao Paraná,no ano de 1953.

Reformador: A FEP mantém umcampo experimental em sua sede?M. Helena: A FEP não tem ati-vidades próprias de Centro Espí-rita, há muito entendendo que

seu papel é de coordenação eorientação do Movimento Espíri-ta, não lhe cabendo competir comas demais Instituições Espíritas,na realização de tarefas que lhessão próprias. No Teatro da FEPmantém, através do Departamen-to CEPE – Centro de Estudos ePesquisas Espíritas –, palestraspúblicas, somente com a explana-ção evangélico-doutrinária, semadministração de passes, atendi-mento fraterno ou qualquer outraparticularidade de atendimentoespiritual, aos domingos, às 10 ho-ras, cuja afluência gira em tornode 200 a 300 pessoas, e com lota-ção completa (430), em ocasiões econvidados especiais. Através domesmo Departamento, oferece aostrabalhadores das Casas Espíritastreinamentos mensais.

Reformador: Como funcionam asbibliotecas da FEP?M. Helena: A Biblioteca da FEPtem por objetivo permitir à co-munidade em geral o acesso ao livro espírita, melhorando o co-nhecimento e estudo do Espiritis-mo. Os quatro andares da SedeHistórica da FEP foram reforma-dos para oferecer amplo espaço,boa luminosidade e mobiliárioconfortável.

Um sistema de busca informa-tizado permite fácil acesso aosmais de cinco mil livros, em di-versas línguas, entre os quais 657obras raras restauradas e conserva-das segundo padrões internacio-nais, 45 em Braille, mais apostilas eperiódicos. A Biblioteca é aberta ao público, para consulta local do

acervo, de segunda a sexta-feira,das 8h às 18h e, aos sábados, das 8hàs 12h. Na Biblioteca Infantil, quefunciona em idêntico período, ascrianças deitam e rolam embaladaspelo universo das palavras. Formu-lada e construída segundo as dire-trizes da Fundação Abrinq pelosDireitos da Criança e do Adoles-cente, a Biblioteca possui estantesque permitem maior visibilidadeaos 817 livros, apresentando-oscom a capa virada para a frente e aoalcance da criança.

O ambiente possui almofadas etapetes coloridos, mesas e cadei-ras pequenas, tudo para que a li-berdade e o sentimento especialda leitura sejam partes da histó-ria. Ali, como na Livraria MundoEspírita e no Teatro da FEP, ocor-rem, periodicamente, contação dehistórias, atraindo crianças detoda cidade. De importância res-saltar-se a criação da BibliotecaEspírita Virtual, em agosto de2004, através da qual a FEP dispo-nibiliza livros espíritas “raros”, ga-rantindo para as gerações futuraso acesso a esse material de vitalimportância para o conhecimentoda Ciência Espírita. Como “raros”consideramos livros e periódicospublicados no século XIX e quesejam de interesse do Espiritismo.O propósito principal da Biblio-teca Espírita Virtual é disponibili-zar cópias fiéis dessas obras, quesão digitalizadas como imagem,garantindo-se, assim, seu conteú-do original, na língua em queforam escritas. Já estão digitaliza-das, podendo ser acessadas pelosite www.bibliotecaespirita.com, 32

Entrevista

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obras, incluindo o periódico Re-vue Spirite, e até o momento te-mos cerca de 800 pessoas cadas-tradas, que fizeram download dearquivos. Nesse particular, lou-vem-se estudiosos da DoutrinaEspírita que, possuidores de acer-vo privilegiado de obras espíritasraras, sensibilizados pela inicia-tiva da FEP, as têm oferecido, atítulo de empréstimo alguns, co-mo doação outros, entendendoque preservar o acervo espíritamundial, tornando-o acessível atodos, é, mais do que um dever,uma demonstração de amor àDoutrina Espírita.

Reformador: A FEP tem linhaeditorial definida para seus livros?M. Helena: A FEP publica livrosespíritas destinados ao públicoadulto e infantil. Das mais recentespublicações para crianças, pode-mos citar Brincando de ajudar, Rei-na, a reninha e Ero’Baloc. As demaispublicações se referem especial-mente às seleções dos textos doPrograma Radiofônico MomentoEspírita e que somam cinco volu-mes; a Série Como Fazer, que obje-tiva orientar, de forma prática esucinta, o trabalhador espírita, en-contrando-se no prelo o 6o volume.Algumas compilações são impor-tantes de ser citadas, quais as queoriginaram a obra Lins, neste mun-do e no outro, que apresenta os es-critos de Lins de Vasconcellos, en-carnado, em sua primeira parte, e,na segunda, mensagens do Espíri-to, psicografadas através da mediu-nidade abençoada de Divaldo Pe-reira Franco, que gentilmente no-

-las endereçou. A obra Expoentesda Codificação Espírita traz minu-ciosa pesquisa a respeito dos Es-píritos ilustres que assinaram a Co-dificação, apresentando síntesebiográfica de 44 deles.

Reformador: Mensagem para oleitor de Reformador.M. Helena: Estudemos Kardec,vivamo-lo em profundidade, afim de atendermos aos propósi-tos progressistas que nos fizeramretornar à carne. Especialmente

aqueles que nos encontramos nacondição de líderes do Movimen-to Espírita, porfiemos na fidelida-de à Doutrina Espírita, não per-mitindo, por comodismo, desâni-mo ou qualquer outro motivo queos lídimos princípios espíritas se-jam deturpados, esquecidos. ADoutrina Espírita é um tesouroinestimável. Zelemos pela suacorreta divulgação, não nos per-mitindo o desculpismo do cansa-ço, das dificuldades dessa ou da-quela natureza.

Entrevista

13Fevere i ro 2006 • Reformador 5511

Recolhe, humildemente, a mão mendiga,

sem óbolo, sequer, da caridade.

O que semeaste pela eternidade,

para teres, agora, a mão amiga?

Despe, teu ser, dessa Amargura antiga

e veste-o de Ternura e de Bondade.

As auras puras da Fraternidade

tornam feliz toda a alma que as abriga.

Toda colheita teve semeadura:

amargo, é sempre fruto de Amargura,

o terno é, da Ternura, resultado...

Nessa Viagem à Luz, que ora empreendo,

embora não me entenda, asas estendo

e vôo para a Luz, iluminado.

Viagem à LuzPAU LO NU N E S BAT I S TA

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Presença de Chico Xavier

fraim ben Assef, caudilho de Israel contra opoderio romano, viera a Jerusalém para le-vantar as forças da resistência, e, informado

de que Jesus, o profeta, fora recebido festivamente nacidade, resolveu procurá-lo, na casa de Obede, oguardador de cabras, a fim de ouvi-lo.

– Mestre – falou o guerreiro –, não te procuro comoquem desconhece a justiça de Deus, que corrige oserros do mundo, todos os dias... Tenho necessidade deinstrução para a minha conduta pessoal no auxílio dopovo. Como agir, quando o orgulho dos outros se agi-ganta e nos entrava o caminho?... quando a vaidade os-tenta o poder e multiplica as lágrimas de quem chora?

– É preciso ser mais humilde e servir mais – res-pondeu o Senhor, fixando nele o olhar translúcido.

– Mas... e quando a maldade se ergue, espreitan-do-nos a porta? que fazer, quando os ímpios nos ca-luniam à feição de verdugos?

E Jesus:– É preciso mais amor e servir mais.– Senhor, e a palavra feroz? que medidas tomar

para coibi-la? como proceder, quando a boca doofensor cospe fogo de violência, qual nuvem de tem-pestade, arremessando raios de morte?

– É preciso mais brandura e servir mais.– E diante dos golpes? há criaturas que se esme-

ram na crueldade, ferindo-nos até o sangue... De quemodo conduzir nosso passo, à frente dos que nosperseguem sem motivo e odeiam sem razão?

– É preciso mais paciência e servir mais.– E a pilhagem, Senhor? que diretrizes buscar, pe-

rante aqueles que furtam, desapiedados e poderosos,assegurando a própria impunidade à custa do ouroque ajuntam sobre o pranto dos semelhantes?

– É preciso mais renúncia e servir mais.– E os assassinos? que comportamento adotar,

junto daqueles que incendeiam campos e lares, ex-terminando mulheres e crianças?

– É preciso mais perdão e servir mais.Exasperado, por não encontrar alicerces ao revide

político que aspirava a empreender em mais largaescala, indagou Efraim:

– Mestre, que pretendes dizer por “servir mais”?Jesus afagou uma das crianças que o procuravam

e replicou, sem afetação:– Convencidos de que a justiça de Deus está

regendo a vida, a nossa obrigação, no mundo íntimo,é viver retamente na prática do bem, com a certezade que a Lei cuidará de todos. Não temos, dessemodo, outro caminho mais alto senão servir ao bemdos semelhantes, sempre mais...

O chefe israelita, manifestando imenso desprezo,abandonou a pequena sala, sem despedir-se.

Decorridos dois dias, quando os esbirros doSinédrio chegaram, em companhia de Judas, paradeter o Messias, Efraim ben Assef estava à frente. E,sorrindo, ao algemar-lhe o pulso, qual se prendessetemível salteador, perguntou, sarcástico:

– Não reages, galileu?Mas o Cristo pousou nele, de novo, o olhar tran-

qüilo e disse apenas:– É preciso compreender e servir mais.

E

Pelo Espírito Irmão X

Servir mais

Fonte: XAVIER, Francisco C. Contos Desta e Doutra Vida. 12. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2005, cap. 7, p. 35-37.

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uando nos entregamos aoestudo dos princípios fun-damentais da Doutrina

Espírita, aquele referente à Evolu-ção – ao qual tudo na natureza es-tá subordinado –, automaticamen-te desvia nossas vistas para os fe-nômenos de ordem física que têmenvolvido o ser humano.

São estes, como esclarecemosno artigo publicado por Reforma-dor, em sua edição de agosto de1992, “Os Instrumentos do Gran-de Cirurgião” para operar a trans-formação do planeta Terra.

Se consultarmos as enciclopé-dias verificaremos que o termotsunami identifica uma onda gi-gante gerada por distúrbios sísmi-cos e que possui alto poder de des-

truição quando chega às regiõescosteiras.

A palavra deriva do japonês tsu(porto) e nami (onda), e suas cau-sas estão ligadas aos terremotos eerupções subaquáticas, bem comoaos meteoritos.

Uma onda desta natureza po-de facilmente viajar a mais de700km/h e seu comprimento po-de ter mais de 100km.

Consoante levantamento feitopelos meios de comunicação, o fe-nômeno tsunami de dezembro de2004 foi responsável pela mortede centenas de milhares de pes-soas na região norte da ilha indo-nésia de Sumatra, Sri Lanka, Ín-dia, Tailândia, Ilhas Maldivas, Ma-lásia, Mianmá, Somália, Tanzâniae Quênia.

Entretanto, uma curiosa infor-mação foi divulgada à época: ade que muitas pessoas se salvaram,uma vez que, ou estavam nos mon-tes ou para eles se dirigiram apres-sadamente buscando abrigo salva-dor.

(Sem mencionar aqui as cente-nas de animais que por estranhosentido se deslocaram para osmontes, mesmo antes da chegadada onda destruidora.)

Deixando à margem os dadosreferentes a este temível fenôme-no da Natureza, fixemos nossaatenção no Evangelho de Mateus(capítulo 24, versículo 16) no qualestá o alerta de Jesus:

Então os que estiverem na Ju-déia, fujam para os montes.

A fuga para os

QKL E B E R HA L F E L D

“montes”...

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Anotemos a seguir as judiciosasconsiderações do Espírito Emma-nuel em sua obra Caminho, Ver-dade e Vida, capítulo 140, com su-gestivo título “Para os montes”.1

Referindo-se aos instantes dolo-rosos que assinalariam a renovaçãoplanetária, aconselhou o Mestre aosque estivessem na Judéia procuraros montes. A advertência é profun-da, porque, pelo termo “Judéia”, de-vemos tomar a “região espiritual”de quantos, pelas aspirações ínti-mas, se aproximem do Mestre paraa suprema iluminação.

E a atualidade da Terra é dosmais fortes quadros nesse gênero.Em todos os recantos estabelecem--se lutas e ruínas. Venenos mortí-feros são inoculados pela políticainconsciente nas massas popula-res. A baixada está repleta de ne-voeiros tremendos. Os lugares san-tos permanecem cheios de trevasabomináveis. Alguns homens ca-minham ao sinistro clarão de in-cêndios. Aduba-se o chão com san-gue e lágrimas, para a semeadurado porvir.

É chegado o instante de se retira-rem os que permanecem na Judéiapara os “montes” das idéias superio-res. É indispensável manter-se o dis-cípulo do bem nas alturas espiri-tuais, sem abandonar a cooperaçãoelevada que o Senhor exemplificouna Terra; que aí consolide a sua posi-ção de colaborador fiel, invencível napaz e na esperança, convicto de que,após a passagem dos homens da per-

turbação, portadores de destroços elágrimas, são os filhos do trabalhoque semeiam a alegria, de novo, ereconstroem o edifício da vida.

No dia 29 de agosto de 2005,Nova Orleans, a maior cidade doEstado americano da Louisiana, foiatingida pelo Katrina, um furacãode categoria 5 na Escala Saffir--Simpson, a mais destrutiva cate-goria de todas. (Ressalte-se que acidade está localizada abaixo donível do mar e, por isso, cercada denumerosos diques, à semelhançade cidades da Holanda, no conti-nente europeu.)

No dia seguinte à chegada des-se furacão, dois diques cederam àgrande pressão das águas do lagoPontchartrain. Os reservatóriosdesses diques já estavam acima desua capacidade em decorrência dofuracão e, por isso, 89% da cidadefoi alagada, com a água atingindouma profundidade de 8 metros (!),causando um estrago de 100 bi-lhões de dólares. Não se sabe exa-tamente o número de mortes, em-bora seja altíssimo o total.

Não estivesse a cidade cons-truída nas planícies litorâneas do

rio Mississipi e, por outro lado, sepudesse contar com a existênciade montes, na certa muitos seriamaqueles que poderiam ter escapa-do da destruidora inundação!

Neste ponto do presente traba-lho podemos considerar a apresen-tação destes três itens:

– Notícia a respeito da tsunamique em dezembro de 2004 atingiugrande parte do mundo oriental.

– Relato sobre o furacão Katrinaque destruiu vasta área da cidadede Nova Orleans em 29 de agostode 2005.

– Menção ao capítulo 140 daobra Caminho, Verdade e Vida, deautoria do Espírito Emmanuel.

Com referência aos dois primei-ros itens, verifica-se a importânciaincontestável do acidente geográfi-co monte, porquanto nos paísesorientais salvou a vida de milharesde pessoas (malgrado, é certo, oalto coeficiente daqueles que forampenalizados pela onda gigante); emNova Orleans, por ser uma cidadeconstruída em planície litorânea,foi obstada esta possibilidade.

Com respeito à menção ao ca-pítulo 140 de Caminho,Verdade e

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1 XAVIER, Francisco C. Caminho, Verdadee Vida, pelo Espírito Emmanuel. 1. ed. es-pecial. Rio de Janeiro: FEB. 2005, cap. 140,p. 295-296.

O Katrinavisto porsatélite

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Vida, evidencia Emmanuel que aotermo Judéia se deve emprestar aconotação estágio do ser humanoquando se propõe a empreendersua evolução, embora, no sentidomeramente material, identifique aregião de colinas e planaltos ao sulda Palestina. (Os montes da Judéiaconstituem a principal região daCisjordânia, ocupada por Israeldesde o ano de 1967.)

Quanto ao termo montes, quepara nós se refere a um acidentegeográfico, para o autor da obramencionada recebe o sentido deidéias superiores.

Diante do que foi exposto, re-tornemos ao trabalho que publi-camos em Reformador de agostode 1992, quando inserimos emseu contexto a mensagem do Es-pírito Demeure, da qual, maisuma vez, extraímos agora o trechoa seguir, por considerarmos opor-tunas suas palavras:

(...)Cada dia mais entramos noperíodo transitório, que deve trazera transformação orgânica da Terrae a regeneração de seus habitantes.Os flagelos são instrumentos deque se serve o grande cirurgião do

Universo para extirpar do mundo,destinado a marchar para a frente,os elementos gangrenados que neleprovocam desordens incompatíveiscom o seu novo estado. Cada órgãoou, para melhor dizer, cada regiãoserá, passo a passo, batida por fla-gelos de naturezas diversas. Aqui aepidemia sob todas as suas formas;ali, a guerra, a fome. Cada um de-ve, pois, preparar-se para suportara prova nas melhores condiçõespossíveis, melhorando-se e se ins-truindo, a fim de não ser surpreen-dido de improviso. Já algumas re-giões foram provadas, mas seus ha-bitantes estariam em completoerro se se fiassem na era de calma,que vai suceder à tempestade, pararecair nos seus antigos erros. Háum período de mora, que lhes éconcedido, para entrarem num ca-minho melhor. Se não o aproveita-rem, o instrumento de morte os ex-perimentará até os trazer ao arre-pendimento.2

Emmanuel, na obra Plantão de

Respostas, confirmando as pala-vras do Espírito Demeure, chega aesclarecer que semelhante transi-ção se operará por volta de 2057,quando se iniciará novo ciclo paraa história da Terra, a qual entra-rá na fase de planeta de regenera-ção.

Recordando pois as palavrasdestes dois Instrutores Espirituais,como de outros que têm alertadoa Humanidade para sua respon-sabilidade maior, repetimos serimperiosa a necessidade de aquelesque estejam na simbólica Judéiaretirem-se para os montes dasidéias superiores...

Notas: a) O presente artigo jáestava redigido quando os meiosde comunicação divulgaram asnotícias dos furacões Ofélia e Ritaque assolaram as costas dos Esta-dos Unidos; b) O citado capítulo24 do livro de Mateus tem o título“A Grande Tribulação”. Entre ou-tros versículos, pode-se ler estes(17 e 18):

O que se achar no eirado [telha-do], não desça a tirar as coisas desua casa;

E o que estiver no campo, nãovolte para tomar a sua capa.

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2 Esta mensagem foi recebida em

23/10/1868 na Sociedade Parisiense de Es-

tudos Espíritas e publicada na Revista Es-

pírita em seu número de novembro do

mesmo ano.

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o livro Dramas da Obses-são, psicografado pela mé-dium Yvonne Pereira, o

Espírito Bezerra de Menezes1 afir-ma existirem centros espíritas quese assemelham mais a clubes, ci-tando as características que os dis-tanciam da condição de templosreligiosos e escolas de aprimora-mento do Espírito imortal.

Ao mesmo tempo que nos aler-ta quanto às distorções que po-dem ocorrer no cotidiano dosnossos centros, ressalta que cadatemplo espírita tem sua ambiên-cia específica. Esta ambiência, nóssabemos, resulta dos pensamen-tos emitidos, do tônus mental eemocional de encarnados e de-sencarnados que atuam em suasdependências.

Isso nos faz pensar que cadaCentro Espírita tem suas própriascaracterísticas, muitas delas co-muns e outras diferentes em rela-

ção aos demais. Isso se dá, entreoutras coisas, devido aos objetivosdos fundadores, às prioridades es-tabelecidas pelos dirigentes, à re-gião onde está situado e ao que seestuda em suas reuniões.

Num exercício imaginativo, ad-mitamos que o Centro Espíritaem que atuamos tenha vida pró-pria, exatamente como nos dese-nhos animados ou filmes de fic-ção. Ele por certo externaria suaspreocupações, alegrias e decepções.É possível que num dado instanteele nos dirigisse algumas pergun-tas, procurando sensibilizar-nos,levando-nos a refletir sobre coisaspara as quais nem sempre damosmuita importância. Provavelmen-te perguntaria:

1. Você tem conseguido vir aquicom mais assiduidade?

2. Você tem criticado menos osque trabalham, e se apresen-tado mais para o serviço?

3. Para colaborar ou prosseguircolaborando, você faz ques-tão de cargos?

4. O Espiritismo não exige san-tidade de ninguém, mas pe-lo menos aqui você tem pro-curado educar seus pensa-mentos e impulsos, sem per-der a espontaneidade e semdeixar de ser você mesmo?

Perguntas que o

Centro Espírita nos faz

NCE Z A R BR AG A SA I D

1 PEREIRA, Yvone A. Dramas da Obsessão,pelo Espírito Bezerra de Menezes. 8. ed.Rio de Janeiro: FEB, 1994, Conclusão III,p. 145-152.

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5. Você tem procurado se apro-ximar mais daqueles queaqui estão e que considera se-jam frios, distantes, antipáti-cos, vaidosos, centralizado-res, procurando conhecê-losmelhor?

6. Além de um hospital e deuma escola, você já percebeque sou também uma ofici-na de trabalho e que existealgo que você pode fazer poraqui?

7. Estou sempre com as portasabertas para recebê-lo, masgostaria de saber por que vocême procura. Obrigação? Pra-zer? Dedicação? Necessidade?Dependência? Desencargo deconsciência? Amor?

8. Você tem permitido aos com-panheiros e companheirasespíritas conhecê-lo melhor?Tem priorizado suas relaçõesou apenas o trabalho?

9. Você imagina quanto custapor mês manter-me funcio-nando?

10. Tenho dado de mim o queposso para oferecer-lhe ummínimo de conforto, um espa-ço de trabalho, estudo, confra-ternização e crescimento. Vocêtem percebido e valorizado oque lhe ofereço?

11. Você tem aberto espaço paraoutros se revezarem com vocênas funções que ocupa, ou émais um a alegar a ausênciade colaboradores, sem prepa-rar com alegria e desapego osque estão à sua volta e quepor timidez ainda não se can-didataram ao trabalho?

12. Quando você vai a um outrocentro procura observar ascoisas boas para incorporá--las à minha rotina ou perce-be apenas os erros, dando gra-ças a Deus por eles não existi-rem aqui?

13. Você colabora quando podeou é daqueles que abando-nam o lar, esquecendo-se doscompromissos familiares as-sumidos para se refugiar emminhas dependências?

14. Quando alguém se afasta demim você tenta entender asrazões, ou censura e lamentasem procurar saber os moti-vos reais que levaram a pessoaa se ausentar?

15. Você já consegue perceberque eu não tenho que ser iguala nenhum outro centro e quenenhum outro tem que serigual a mim? Já entende quepodemos ser diferentes em al-guns aspectos, embora siga-mos as mesmas diretrizes queestão na Codificação Espírita?

Responder com sinceridade aessas perguntas pode ajudar-nos a nos situar melhor em nossa re-lação com o Centro Espírita on-de atuamos. Embora se diga queé fácil ser espírita dentro do cen-tro e que fora dele é que os teste-munhos são importantes, enten-demos que nele existem desafiosque se renovam e que se foremgradativamente enfrentados evencidos, mais facilmente lidare-mos com aqueles que se apresen-tam na vida social. Eis alguns des-ses desafios:

• ser democrático sem ser per-missivo;

• ser sincero sem ferir delibera-damente os sentimentos dosoutros;

• falar para as pessoas e não daspessoas;

• conviver com as diferenças;• não pensar apenas na boa exe-

cução da própria tarefa, mascolaborar, dentro do possível,para que outros companhei-ros encontrem êxito e satisfa-ção no que fazem;

• aceitar cargos e encargos, a fimde não sobrecarregar os outros,sabendo o quanto é difícil agra-dar a todos;

• aprender a aceitar críticas;• reconhecer o valor dos compa-

nheiros;• aceitar a colaboração e dire-

ção alheias sem se sentir dimi-nuído.

Cada instituição social possuiuma cultura que lhe é própria, quea caracteriza diante das demais e nos permite compreender porque funciona dessa ou daquelamaneira. O Centro Espírita, pornão ser um templo religioso tra-dicional, tem aspectos distintosdos templos das demais reli-giões. Isto percebemos não ape-nas na arquitetura, mas princi-palmente na aplicação dos prin-cípios doutrinários no seu coti-diano.

Apesar disso, encontramos aque-les que se assemelham, e muito, atemplos de várias denominaçõesreligiosas, em virtude dos atavis-mos de alguns companheiros que,interpretando a Codificação de for-

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ma muito pessoal, justificam taisprocedimentos baseados naquiloque julgam tenha sido dito porAllan Kardec.

Ao analisar as característicasdos centros espíritas, o confradeCesar Perri2 chegou a uma classi-ficação de dez tipos de centros,baseada nas suas observações e vi-vências. Vamos reproduzi-la a se-guir, condensando-a e correndoo risco de mutilar ou simplificardemais o pensamento do com-panheiro. Os que desejarem tê-lana íntegra bastará consultarem oseu livro.

Tipo PersonalistaSociedade centrada na pessoa

do dirigente/médium, onde difi-cilmente ocorre renovação na li-derança, havendo dificuldades naconstituição de equipes.

Tipo CuradorO foco é o atendimento a pes-

soas necessitadas de “cura”. Hápouco ou quase nada de informa-ção doutrinária.

Tipo Igreja TradicionalO ambiente é frio, as reuniões

são rotineiras e não há estímulo àcriação de vínculos do freqüenta-dor com a instituição.

Tipo SalvacionistaPredomina um ambiente pseu-

do-evangélico, marcado por mui-ta ingenuidade. Há preocupação

de doação para os carentes e pairanesse tipo de centro uma atmos-fera de missionarismo.

Tipo OráculoHá valorização exclusiva das

consultas e de opinião de Mento-res espirituais, o estudo é acessó-rio e o exercício da mediunidade éa atividade principal.

Tipo Repartição PúblicaNeste tipo de centro há convênio

de toda a espécie, as pessoas espe-cializam-se em apresentar propos-tas, realizar relatórios e prestar con-tas: visão apenas administrativa.

Tipo Linha Auxiliar de Go-vernos

Desejando atender o próximo,o centro se atrela aos poderespolíticos constituídos, ficandocomo uma espécie de “braço ouramificação” destes. Isso se tornaruim quando a Direção perde aautonomia, submetendo-se às di-retrizes do poder público e não àsdiretrizes espíritas.

Tipo AssistencialEntidade fundada com o obje-

tivo de fazer assistência social, es-pecificamente com crianças órfãs.A ausência de base doutrinária di-ficulta a formação de equipes e asolução foi a criação de um Cen-tro Espírita para gerir a obra.

Tipo DoutrinárioCentro que procura introduzir

curso de orientação e educação damediunidade e curso básico deEspiritismo, como etapa prelimi-

nar para a introdução de compa-nheiros em reuniões mediúnicas.Nesses núcleos, há formação deequipes e expansão no número de freqüentadores.

Tipo Escola/AssistênciaNeste tipo há implantação de

curso básico de Espiritismo e, su-cessivamente, de cursos sobre cadaobra de Kardec e autores clássicosdo Espiritismo. Com o crescimen-to da procura por cursos e integra-ção dos freqüentadores nos traba-lhos assistenciais, o centro ampliasua integração com a comunidadeonde se localiza.

O fato é que o Centro Espíritarepresenta um investimento con-junto de encarnados e desencarna-dos, visando divulgar o Espiritis-mo e criar ambiente onde a igual-dade, a liberdade e a fraternidadepossam ser vividas sob a inspira-ção do Evangelho de Jesus.

Pense nas perguntas que dia-riamente o Centro Espírita quevocê freqüenta lhe faz. Antecipe--se a elas inquirindo-se sobre oenvolvimento que já é capaz deter.

Observe o comportamento alheio, mas não copie ninguém;verifique a sua disponibilidade eem que medida deseja se envol-ver. Decidido a fazer a sua partefaça-a da melhor maneira, masnão se esqueça de que outros de-sejam ajudá-lo e outros preci-sam da sua ajuda, experiência eestímulo, a fim de produziremcada vez mais, e, sobretudo, me-lhor.

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2 CARVALHO, Antonio Cesar Perri de.Espiritismo e Modernidade. São Paulo:USE, 1996, p. 80-84.

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“Mas, tendo sido semeado, cresce.”

– JESUS. (MARCOS, 4:32.)

Semeadurarazoável que todos os homens procurem compreender a substância dos atos

que praticam nas atividades diárias. Ainda que estejam obedecendo a certos

regulamentos do mundo, que os compelem a determinadas atitudes, é

imprescindível examinar a qualidade de sua contribuição pessoal no mecanismo

das circunstâncias, porquanto é da lei de Deus que toda semeadura se desenvolva.

O bem semeia a vida, o mal semeia a morte. O primeiro é o movimento evoluti-

vo na escala ascensional para a Divindade, o segundo é a estagnação.

Muitos Espíritos, de corpo em corpo, permanecem na Terra com as mesmas

recapitulações durante milênios. A semeadura prejudicial condicionou-os à cha-

mada “morte no pecado”. Atravessam os dias, resgatando débitos escabrosos e

caindo de novo pela renovação da sementeira indesejável. A existência deles cons-

titui largo círculo vicioso, porque o mal os enraíza ao solo ardente e árido das pai-

xões ingratas.

Somente o bem pode conferir o galardão da liberdade suprema, representando a

chave única suscetível de abrir as portas sagradas do Infinito à alma ansiosa.

Haja, pois, suficiente cuidado em nós, cada dia, porquanto o bem ou o mal,

tendo sido semeados, crescerão junto de nós, de conformidade com as leis que

regem a vida.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005,

cap. 35, p. 85-86.

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

É

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m sua magistral obra, Mis-sionários da Luz,1 André Luizaborda questões de alta re-

levância, evidenciando a ação daEspiritualidade Superior em favordos que ainda estão no plano físi-co. Através da sábia e amorosa pa-lavra do Instrutor Alexandre, fica-mos cientes de aspectos verdadei-ramente surpreendentes e de su-perior significado em relação àsluminosas leis cósmicas que re-gem a vida universal.

Neste artigo vamos ressaltar umtrecho que, ao longo dos anos, te-mos lido com imensa admiraçãopor sua beleza, profundidade e ra-ra elevação espiritual.

Trata-se das elucidações de Ale-xandre atinentes ao sexo. Vamosnos prender nestes comentáriosao trecho que se inicia após Ade-lino perdoar ao Espírito Segis-mundo, do qual seria pai quandodo retorno deste à Terra. (Cap. 13,p.127.)

Antes de conceder o perdão

àquele que em precedente exis-tência lhe aniquilara a vida física,Adelino, com o pensamento en-venenado pelo ódio, destruía osgenes responsáveis pela heredita-riedade, pois, segundo Alexan-dre, a sua mente perturbada emi-tia raios magnéticos de alto poderdestrutivo, o que impedia a fecun-dação. Foi, então, providenciado oencontro de Adelino, em desdo-bramento durante o sono físico,com Segismundo, para que se har-monizassem. Tendo Adelino con-cedido o perdão sincero, as vibra-ções de ódio desapareceram.

A partir deste trecho inicia-seuma admirável preleção em tornodo amor.

Alexandre assevera:“(...)E quando ensinamos, em

toda parte, a necessidade da práticado amor, não procedemos obe-dientes a meros princípios de es-sência religiosa, mas atendendo aimperativos reais da própria vida.”

O nobre orientador, em segui-

da, tece várias considerações emtorno do sexo, que tem sido tãoaviltado entre os encarnados, afir-mando que “muitas inteligênciasadmiráveis preferem demorar embaixas correntes evolutivas”.

Menciona que o amor, nessascircunstâncias, é como se fosse oouro perdido em vasta ganga. Di-ferente, explica, é a união sexualentre criaturas que já se encami-nham, de fato, a planos mais ele-vados.

“(...) Traduz a permuta sublimedas energias perispirituais, simbo-lizando alimento divino para a in-teligência e para o coração e forçacriadora não somente de filhos car-nais, mas também de obras e reali-zações generosas da alma para avida eterna.”

Alexandre reporta-se aos obje-tivos sagrados da Criação e nãoexclusivamente à procriação, poisesta pode ser decorrente do amor,sem ser a finalidade exclusiva dosrelacionamentos humanos.

União

ESU E LY CA L DA S SC H U B E RT

qualidadesde

“Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei, lei divina, mediante a qual governa Deus os

mundos. O amor é a lei de atração para os seres vivos e organizados. A atração é a lei

de amor para a matéria inorgânica.”

SÃO VICENTE DE PAULO (O Livro dos Espíritos, questão 888-a.)

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Vale lembrar aqui, antes de pros-seguirmos com os conceitos do li-vro acima citado, a palavra de An-dré Luiz, em outra obra de suaautoria, Evolução em dois Mundos,que corrobora e amplia as revela-ções da Espiritualidade Superior:

“A sede real do sexo não se acha,dessa maneira, no veículo físico,mas sim na entidade espiritual, emestrutura complexa.

E o instinto sexual, por isso mes-mo, traduzindo amor em expansãono tempo, vem das profundezas,para nós ainda inabordáveis, da vi-da, quando agrupamentos de mô-nadas celestes se reuniram magne-ticamente umas às outras para aobra multimilenária da evolução,ao modo de núcleos e eletrões natessitura dos átomos, ou dos sóis edos mundos nos sistemas macro-cósmicos da Imensidade.”2

O abastardamento do sexo temsido a causa de muitos tormentose aflições para as criaturas que, emsua maioria, buscam, a cada dia, oprazer fugaz que o corpo físicoproporciona, sem atentarem parao significado mais profundo des-tas relações.

Constatamos, com satisfação,que o Espiritismo está, uma vezmais, na vanguarda dessas idéiaselevadas e renovadoras, mas sabe-mos que transcorrerá muito tem-po até que a Humanidade enxerguee absorva essa nova realidade, quesó o amadurecimento espiritualpropiciará. Com muita proprieda-de, Joanna de Ângelis elucida:

“Agitando-se para conseguir afelicidade, o homem tecnicista de-frontou o prazer, e, perturbado

pelo desbordar das sensações emclima febril quão desesperador,coloca a mente no estudo das es-trelas e os sentimentos nos ester-tores do instinto.”3

Retomando nossos comentáriosvemos que, no âmago dessa avan-çada perspectiva, Alexandre chamaa atenção para a abordagem que iráapresentar, dizendo que se deve en-tender o sexo como qualidade po-sitiva ou passiva, emissora ou re-ceptora da alma e que à medidaque o ser evolui ocorre o mesmocom a manifestação sexual.

“(...)Enquanto nos mergulha-mos no charco das vibrações pesa-das e venenosas, experimentamos,nesse domínio, simplesmente sen-sações. À medida que nos dirigi-mos a caminho do equilíbrio, co-lhemos material de experiênciasproveitosas, oportunidades de reti-ficação, força, conhecimento, ale-gria e poder. Em nos harmonizan-do com as leis supremas, encontra-mos a iluminação e a revelação, en-quanto os Espíritos Superiores co-lhem os valores da Divindade.Substituamos as palavras ‘uniãosexual’ por ‘união de qualidades’ eobservaremos que toda a vida uni-versal se baseia nesse divino fenô-meno, cuja causa reside no próprioDeus, Pai Criador de todas as coisase de todos os seres.”1

Isto quer dizer que, se nos man-tivermos presos a propósitos infe-riores, só teremos sensações perifé-ricas, que apenas atendem aos sen-tidos físicos e não plenificam a al-ma. Todavia, quando se busca oequilíbrio a situação se modifica,iniciando-se uma nova etapa atra-

vés de processos retificadores, en-quanto amealhamos experiênciasenriquecedoras, que se traduzemem novas forças, novos conheci-mentos, os quais, por certo, satisfa-zem o nosso mundo interior e nosfacultam trabalhar as nossas poten-cialidades.

Avançando mais na jornadaevolutiva, ao nos harmonizarmoscom as leis divinas encontramos ailuminação e a revelação, conquis-tas decisivas para o Espírito imor-tal. Os Espíritos Puros, conforme aconceituação de Kardec, colhem osvalores da Divindade.

A escalada humana está primo-rosamente retratada na palavra denobre entidade espiritual, confor-me registra André Luiz, no livroNo Mundo Maior:

“(...) Com bases nas experiên-cias sexuais, a tribo converteu-se nafamília, a taba metamorfoseou-se

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no lar, a defesa armada cedeu ao di-reito, a floresta selvagem transfor-mou-se na lavoura pacífica, a he-terogeneidade dos impulsos nasimensas extensões de territórioabriu campo à comunhão dosideais na pátria progressista, a bar-bárie ergueu-se em civilização, osprocessos rudes da atração tran-substanciaram-se nos anseios artís-ticos que dignificam o ser, o gritoelevou-se ao cântico: e, estimuladapela força criadora do sexo, a cole-tividade humana avança, vagarosa-mente embora, para o supremo al-vo do divino amor.”4

Anotemos agora a bela argu-mentação de Alexandre, na conti-nuidade de suas explicações, quan-do passa a desdobrar a questão da“união de qualidades”:

“– Essa ‘união de qualidades’,entre os astros, chama-se magne-tismo planetário da atração, entreas almas denomina-se amor, entreos elementos químicos é conheci-da por afinidade. Não seria possí-vel, portanto, reduzir semelhantefundamento da vida universal, cir-cunscrevendo-o a meras atividadesde certos órgãos do aparelho físico.A paternidade ou a maternidadesão tarefas sublimes; não represen-tam, porém, os únicos serviçosdivinos, no setor da Criação infini-ta. O apóstolo que produz no do-mínio da Virtude, da Ciência ou daArte vale-se dos mesmos princí-pios de troca, apenas com a dife-rença de planos, porque, para ele, apermuta de qualidades se verificaem esferas superiores. Há fecunda-ções físicas e fecundações psíqui-cas. As primeiras exigem as dispo-sições da forma, a fim de atende-rem a exigências da vida, em cará-ter provisório, no campo das expe-

riências necessárias. As segundas,porém, prescindem do cárcere

de limitações e efetuam-senos resplandecentes domí-

nios da alma, em proces-so maravilhoso de eter-nidade. Quando nosreferimos ao amor doOnipotente, quando

sentimos sede da Divin-dade, nossos espíritos não

procuram outra coisa se-não a troca de qualida-

des com as esferas su-blimes do Universo,sequiosos do Eter-no Princípio Fe-cundante...”1

Ante as preciosas e profundaselucidações do Instrutor, Andrémenciona que estas abriram paraele novos horizontes ao pensa-mento. É inegável que tais revela-ções descortinam, também paranós, perspectivas tão vastas, quetrazem, ao mesmo tempo, umasensação feliz de imortalidade e deliberdade.

Ampliando essas importantesinstruções, Alexandre remete-nosà Criação universal:

“– Não há criação sem fecun-dação. As formas físicas descen-dem das uniões físicas. As cons-truções espirituais procedem dasuniões espirituais. A obra do Uni-verso é filha de Deus.”1

A mesma idéia podemos obser-var em A Gênese, nos esclareci-mentos do Espírito Galileu, atravésdo médium Camille Flammarion:

“(...) O poder criador nunca secontradiz e, como todas as coisas,o Universo nasceu criança.”5

A ilustre escritora espíritaMarlene Nobre, em seu notávellivro O Clamor da Vida6 mencio-na que a expressão o Universonasceu criança “é utilizada, hoje,com freqüência, pelos cientistasde nosso tempo, referindo-se aosuniversos bebês, os que estão nosseus primórdios, como, um dia,há cerca de 15 bilhões de anos, onosso já o foi”.

A partir desse encadeamento deraciocínio compreendemos, commais profundidade e beleza, o queAndré Luiz descortina para nós,em Evolução em dois Mundos. É oque ele denomina de “Co-criaçãoem plano maior”.2

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Aprendamos, pois:“Nessa substância original, ao

influxo do próprio Senhor Supre-mo, operam as Inteligências Di-vinas a Ele agregadas, em proces-so de comunhão indescritível, osgrandes Devas da teologia hinduou os Arcanjos da interpretação devariados templos religiosos, ex-traindo desse hálito espiritual osceleiros da energia com que cons-troem os sistemas da Imensidade,em serviço de Co-criação em pla-no maior, de conformidade com osdesígnios do Todo-Misericordioso,que faz deles agentes orientadoresda Criação Excelsa.

Essas Inteligências Gloriosas to-mam o plasma divino e conver-tem-no em habitações cósmicas,de múltiplas expressões, radiantesou obscuras, gaseificadas ou sóli-das, obedecendo a leis predetermi-nadas, quais moradias que perdu-ram por milênios e milênios, masque se desgastam e se transfor-mam, por fim, de vez que o Es-pírito Criado pode formar ou co--criar, mas só Deus é o Criador deToda a Eternidade.”2

Paramos por aqui, para não nosalongarmos em demasia, convi-dando aos amáveis leitores a bus-car mais detalhes nas obras men-cionadas.

Fecundações psíquicas e fecun-dações físicas – eis a saga da Hu-manidade.

Nos primórdios dos tempos, opsiquismo do Cristo, em processosublime, fecundou o planeta emformação e a Terra surgiu, toman-

do lugar no maravilhoso concertodos orbes que integram a nossagaláxia.

André Luiz registra:“(...) Jesus não partilhou o

matrimônio normal na Terra, e, noentanto, a família de seu coraçãocresce com os dias; suas forças nãogeraram formas passageiras noscírculos carnais, e, contudo, suasenergias fecundantes renovarama civilização, transformando-lhe ocurso, prosseguindo, até hoje, noaprimoramento do mundo.”4

Jesus, o Governador da Terra, oDivino Semeador, lançou semen-tes fecundadas pelo seu amor paraque o Planeta se tornasse habitável.Arroteou a leira imensa, aduban-do-a no transcurso dos bilhões deanos até que se tornasse apropria-da à vida. E esta surgiu em sur-preendentes transformações atéatingir as condições de habitabili-dade e assim receber os seres inte-ligentes da Criação. Enviou outrossemeadores – os profetas –, queabriram caminhos para a realidademaior da existência terrena.

Desbravadores, filósofos, cien-tistas, humanistas, religiosos, in-ventores, prodigalizaram, sob a suamisericordiosa proteção, novasidéias, e procuraram, em todos ostempos, despertar os seres huma-nos. A ação de cada um é como ofermento a levedar a massa.

De época em época surgem novos semeadores, as sementes serenovam, as idéias fermentam,ensejando o progresso material eespiritual.

Na esteira do progresso, deter-minismo da Lei Divina, Jesus

veio à Terra e semeou nas leirasdos corações os seus ensinamen-tos, que a parábola do semeadorexpressa claramente. Ao se despe-dir, prometeu que enviaria maistarde o Consolador, cuja sementejá estava lançada e fecundada. Notempo próprio medrou e, com oadvento do Espiritismo, tornou--se árvore portentosa, oferecendoabrigo e frutos opimos aos vian-dantes cansados à procura depaz, aos angustiados e sofredores,enfim, aos que procuram a pleni-tude da vida.

Vivemos instantes decisivos.Temos a responsabilidade de sertambém semeadores, trabalhandocom amor e abnegação para que a tarefa da ensementação seja fe-cunda, alcançando assim “os res-plandecentes domínios da alma,em processo maravilhoso de eter-nidade”.

Referências Bibliográficas:1XAVIER, Francisco C. Missionários da

Luz, pelo Espírito André Luiz. 5. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 1956, cap. 13.2_____. Evolução em dois Mundos, pelo

Espírito André Luiz. 1. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 1959, cap. 18, item “Origem do

instinto sexual”; cap. 1, item “Co-cria-

ção em plano maior”.3FRANCO, Divaldo. Após a Tempestade,

pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salva-

dor (BA): LEAL, 1974.4XAVIER, Francisco C. No Mundo Maior,

pelo Espírito André Luiz. 5. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 1970, cap. 11.5KARDEC, Allan. A Gênese. 41. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2002, cap. VI, item 15.6NOBRE, Marlene. O Clamor da Vida.

São Paulo: FE, 2000.

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A FEB e o Esperanto

ossos companheiros nos ideais espírita eesperantista, o casal Giuseppe e ÚrsulaGrattappaglia, de Alto Paraíso (GO), gentil-

mente nos enviaram a versão eletrônica do boletimR.A.D.E-Informilo, referente ao mês de setembrode 2005.

R.A.D.E-Informilo (Informativo do R.A.D.E.) é oórgão de divulgação das atividades do RotariaAmikaro de Esperantistoj (Esperantistas Amigos doRotary), com sede na cidade francesa de Lyon e cujoendereço eletrônico é <[email protected]>.

Da notícia sobre as comemorações do centená-rio do Rotary Club (Chicago, 1905), quando cercade 42.000 rotarianos lotaram o Mc Cormick Place,em Chicago, entre 18 e 22 de junho de 2005, co-lhemos a informação sobre interessante iniciativadaquele encontro, chamada “Cápsula do Tempo”,em que os presidentes de milhares de clubes rota-rios espalhados em 166 países depositaram men-sagens para serem abertas daqui a cem anos, porocasião do bicentenário daquela organizaçãomundial.

Úrsula Grattappaglia, em nome do Rotary Clubede Alto Paraíso, deixou na “Cápsula do Tempo” oseguinte texto, em esperanto:

Caros irmãos rotarianos, cremos firmemente quedaqui a cem anos não mais existirão guerras, fome einjustiça.

Temos a esperança de que todos se considerarãocidadãos do mundo, usando, além de sua línguamaterna, a língua neutra esperanto como sua segun-da língua, de modo que as culturas étnicas estejamprotegidas.

Rotarianos de todo o mundo usarão e sustentarãoesse nobre ideal como parte significativa dos quatro“conceitos éticos” do Rotary.*

Como arremate de nossa notícia, reservamos otexto, sob o título “Considerações”, com que GiuseppeGrattappaglia argumenta, de maneira simples e con-vincente, sobre a conveniência de que as organiza-ções de âmbito mundial, como o Rotary, adotem,por todas as razões de ordem material e espiritual, obelo, fácil e neutro esperanto como língua para asrelações internacionais de seus membros.

Ei-lo, em tradução do esperanto:

Esperantistasno

RotaryN

AF F O N S O SOA R E S

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*O que você faz, diz e pensa é justo, verdadeiro, oportuno ehonesto?

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Durante cinco anos consecutivos o R.A.D.E. temparticipado das Convenções Mundiais do Rotary comum estande instalado no grande e tradicional “Salãoda Amizade”, onde dezenas de milhares de rotaria-nos de 166 países recebem informações sobre o es-peranto.

São eventos efetivamente grandiosos, em que sereúne um tipo de coletividade consciente dos seusnobres objetivos de amizade, solidariedade, serviço epaz no mundo.

Mas, será que essa generosa coletividade atinge emplenitude os seus objetivos durante as ConvençõesMundiais do Rotary?

Absolutamente não!Podemos afirmar, por experiência própria, que o

maior obstáculo à consecução desses objetivos é o pro-blema lingüístico.

Com efeito, os congressistas, que em grande maioriatêm o inglês como língua materna, desfrutam plena-mente do encontro junto aos que falam a sua língua,exprimem-se em voz alta, discutem e riem, abraçam-see até mesmo se esforçam, algumas vezes, por compreen-der o tartamudear dos outros rotarianos, cuja línguamaterna não é o inglês.

Esta minoria vagueia, muda, entre as dezenas demilhares de rotarianos, buscando, cada qual, encon-trar os que falam a sua língua, a fim de não se enfas-tiarem num encontro em que só se usa o inglês e é ofe-recido, de modo esporádico, um dispendioso serviço deinterpretação simultânea para apenas 4 ou 5 das 10línguas oficiais do Rotary Internacional.

Para que esse isolamento seja, de alguma forma,superado, são distribuídos distintivos autocolantes coma indicação de que se fala o coreano, o japonês, o espa-nhol, o italiano, ou o alemão, fazendo com que as aten-ções sejam avidamente concentradas sobre tais distin-tivos, de modo que as pessoas localizem alguém a quempossam dirigir a palavra.

Que diferença entre essa numerosa reunião de quasesurdos-mudos e os congressos universais de esperanto,onde é perfeito o entendimento entre pessoas das maisdiferentes partes do mundo!

A R.A.D.E. trabalha no sentido de introduzir no

Rotary esse “milagre” de verdadeira amizade inter-nacional. Utopia? Não! O tempo trabalha em nos-so favor.

Pelo mundo, tais situações se multiplicam emum sem-número de encontros internacionais,quando falantes de diversas línguas devem confor-mar-se com as limitações impostas por um injus-to sistema de comunicação que, ou privilegia umaou duas línguas nacionais com o status de lín-gua(s) de trabalho, ou disponibiliza um serviço deinterpretação precário nos seus resultados e vulto-so nos seus custos.

Jamais se apagará de nossa memória de esperan-tista a impressão grandiosa que recebemos duran-te os trabalhos do 72o Congresso Universal de Es-peranto, realizado em 1987 na cidade de Varsóvia,Polônia, por ocasião do Jubileu Centenário da Lín-gua Internacional Neutra. Cerca de 6.000 congres-sistas, provenientes de uma centena de países detodos os continentes, comunicavam-se em plenitu-de, sem quaisquer intermediários, abordando des-de os assuntos mais prosaicos aos mais grandiosostemas da arte, da religião, da filosofia, graças aogenial esperanto, cujo uso, diferentemente de qual-quer língua nacional, não lhes causava nenhumconstrangimento, nenhum sentimento de inferio-ridade.

O Movimento Espírita, tendendo irreversivel-mente a tomar dimensões mundiais, se defrontará acada passo, de modo sempre mais e mais intenso,com o problema lingüístico. A solução já existe eos espíritas do Brasil a conhecem há cerca de umséculo, dedicam-lhe fecundos esforços no sentido dedivulgá-la, ensiná-la e utilizá-la para a disseminaçãodos princípios da Doutrina. Cabe-nos agora traba-lhar por conscientizar nossos irmãos de outras ter-ras sobre a excelência do instrumento que efetiva-mente possibilita a solução do problema lingüísticoem bases justas e fraternas. Assim o querem os gran-des Espíritos. Trabalhemos, pois, nesse sentido. Énosso dever de fraternidade.

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esus ensinava através da lin-guagem figurada e as pará-bolas foram instrumentos

dinâmicos de suas lições. Históriassimples, de fácil entendimento, asparábolas guardam em seu cerneriquíssimo conteúdo que vai sen-do desvendado de acordo com oentendimento de cada leitor.

É importante recordar para estecontexto a parábola dos LavradoresMaus. (Mateus, 21:33-43.)

Houve um homem, pai de famí-lia, que plantou uma vinha, e cir-cundou-a de um valado e construiunela um lagar, e edificou uma tor-re, e arrendou-a a uns lavradores, eausentou-se para longe.

E, chegando o tempo dos frutos,enviou os seus servos aos lavrado-res, para receber os seus frutos.

E os lavradores, apoderando-sedos servos, feriram um, mataramoutro, e apedrejaram outro.

Depois enviou outros servos, emmaior número do que os primeiros;e eles fizeram-lhes o mesmo;

E por último enviou-lhes seu fi-

lho, dizendo: Terão respeito a meufilho.

Mas os lavradores, vendo o filho,disseram entre si: Este é o herdeiro;vinde, matemo-lo, e apoderemo-nosde sua herança.

E, lançando mão dele, o arras-taram para fora da vinha, e o ma-taram.

Quando pois vier o Senhor da vi-nha, que fará àqueles lavradores?

Dizem-lhe eles [os discípulos]:Dará afrontosa morte aos maus, earrendará a vinha a outros lavra-dores, que a seu tempo lhe dêem osfrutos.

Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nasEscrituras: A pedra, que os edifica-dores rejeitaram, essa foi posta porcabeça do ângulo; pelo Senhor foifeito isto, e é maravilhoso aos nos-sos olhos?

Portanto eu vos digo que o reinode Deus vos será tirado, e será dadoa uma nação que dê os seus frutos.

Essa parábola reflete em sua es-sência uma séria advertência aosEspíritos rebeldes às Leis Divinas.

Ela requer uma análise cuidadosasobre o assunto.

O vocábulo vinha simboliza aTerra e todos os recursos doadospelo Criador à sua população. Es-sa assertiva coincide com a expli-cação dos Espíritos sobre a Cepada Vinha constante em “Prolegô-menos”:

Porás no cabeçalho do livro acepa que te desenhamos, porque éo emblema do trabalho do Cria-dor. Aí se acham reunidos todos osprincípios materiais que melhorpodem representar o corpo e o es-pírito. O corpo é a cepa; o espíritoé o licor; a alma ou espírito ligado àmatéria é o bago. O homem quin-tessencia o espírito pelo trabalho etu sabes que só mediante o trabalhodo corpo o Espírito adquire conhe-cimentos. (O Livro dos Espíritos, deAllan Kardec, FEB.)

Mediante esta afirmativa dosEspíritos da Codificação fica per-tinente a interligação da idéia coma parábola em referência, bem co-mo o seu entendimento.

Humanidade,

J

Eu sou o bom Pastor: o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ove-

lhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a

minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. (João, 10:11 e 16.)

A. ME RC I SPA DA B O RG E S

“acorda enquanto é dia!”

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Page 29: Reformador 02 fevereiro_2006

Assim, o Senhor da Vinha, paide família, pode inferir claramen-te a figura de Deus, Pai da famíliauniversal. O valado, cuja finalida-de literal é proteger a vinha, suge-re a proteção envolvente do Cria-dor. A figura do lagar é um sím-bolo significativo, pois personificanão só o trabalho material que ex-põe o corpo ao esforço necessário,como também o “suor”, impres-cindível às conquistas do Espírito.Em seguida, a edificação da torrepode representar o instrumento deligação entre a criatura e o Cria-dor. O arrendamento da vinha su-gere as normas necessárias (o“contrato”) para o seu usufrutuá-rio, portanto, leis que determinamos frutos que os lavradores deve-rão colher e distribuir. No entanto,chegando o tempo dos frutos, os la-vradores maus não deram cumpri-mento às leis. Eis aí a analogia coma Humanidade terrena. Um outrodetalhe importante é o livre-arbí-trio que fica implícito na ausênciado Senhor. Portanto, os lavradoresmaus podem agir de acordo com aprópria vontade, sem a presençaobservadora do Senhor.

A interligação entre os povos éobservada na figura dos servos (osprofetas) que o Senhor enviou detempos em tempos e que foramagredidos, feridos, mortos culmi-nando com o envio do próprio Fi-lho que foi desrespeitado e mortonuma clara simbologia à Cru-cificação de Jesus.

Um detalhe aparentemente fo-ra do contexto da parábola que,no entanto, não se pode deixar deressaltar, é a pergunta formulada

pelo Mestre Jesus a seus discípu-los: Nunca lestes nas Escrituras: Apedra, que os edificadores rejeita-ram, esta foi posta por cabeça doângulo; pelo Senhor foi feito isto, eé maravilhoso aos nossos olhos?

Esta questão ilumina o enten-dimento sobre o destino a ser da-do aos Espíritos rebeldes e a mi-sericórdia do Senhor para comsuas criaturas. Naturalmente se-rão expulsos conforme a afirma-tiva do Mestre, todavia, emboradesprezados, serão reaproveita-dos em locais apropriados à con-duta de cada um. Nessa linha deraciocínio, é importante recordarque os Espíritos recalcitrantesnão mais permanecerão na Terra,de onde serão expulsos para or-bes primitivos em que seus habi-tantes necessitarão de mãos expe-rientes para orientá-los na oficinado trabalho árduo e na manipula-ção dos recursos divinos para quejuntos construam o próprio pro-gresso. Então, esses Espíritos se-rão cabeça do ângulo no orbe es-tranho onde irão lapidar a almana dor imensa da saudade de um“paraíso perdido”.

Advertências de Jesus, referin-do-se à possível expulsão daquelesque não caminharem de acordocom as leis divinas, são freqüentesem grande parte de suas lições;muitas delas se expressam emsímbolos como ranger de dentes,fogo do inferno, e outras como esta:Lançai pois o servo inútil nas trevasexteriores; ali haverá pranto e ran-ger de dentes. (Mateus, 25:30.)

Pode-se considerar as advertên-cias de Jesus como sendo expressas

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pela segunda vez. Uma primeira jáfora feita há muitos milênios naalegoria da expulsão de Adão e Eva.Percebe-se claramente em Gênesis:a narrativa de Moisés fora feita aseu povo como uma advertênciabastante séria, pois estava com asLeis nas mãos; e a alegoria por elenarrada a seu povo pode ser imagi-nada nos dias atuais como um ulti-mato: – Ouçam, nós já fomos ex-pulsos uma vez, é chegado o mo-mento de acordarmos para as reali-dades divinas, as leis estão em nos-sas mãos, temos que acertar o pas-so com ela.

Sem repetir toda a alegoria, tor-na-se imprescindível ressaltar osseguintes versículos: Fez o Senhora Adão e a sua mulher túnicas depeles, e os vestiu (3:21). E o SenhorDeus lançou-os fora do jardim doÉden para lavrar a terra (3:23).

A realidade espiritual facilita ainterpretação. Assim, túnicas depeles certamente sugerem corposmais grosseiros, apropriados aEspíritos que – oriundos de umplaneta relativamente evoluído –ao reencarnarem em planetasprimitivos necessitarão de cor-pos naturalmente mais densos.

A alegoria esclarece que a ex-pulsão ocorreu porque Adão eEva desobedeceram às leis, às or-dens divinas. Comeram da árvoredo Bem e do Mal. Isto é, usaram aárvore do bem de forma errada,resultando o mal.

Percebe-se pois que, na parábo-la de Jesus, o Senhor da vinha pre-parou-a com todos os meios paraque os lavradores pudessem traba-lhar e colher seus frutos. Na pri-

meira advertência, narrada porMoisés, o Jardim do Éden tam-bém foi muito bem preparado àvida do homem, que ao se cons-cientizar do mal cometido perce-beu-se nu, isto é, de mãos vazias,sem qualquer conquista que lhedesse condições para continuarlavrando e cuidando do Jardimexuberante que o Senhor lhe de-ra para lavrar e cuidar.

A analogia entre a parábola deJesus e a alegoria de Adão e Eva,

como se pode observar, é perti-nente.

Na atualidade uma terceiraadvertência surge pelas luzes con-cludentes do Consolador Prome-tido: Fora da caridade não há sal-vação. É a proposta derradeira:somente lavrando a terra do cora-ção com o arado do esforço e osuor da caridade é que o homemcolherá a semente do amor. As re-gras magnas desse esforço estãoinscritas na consciência: segui-las

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Adão e Eva Fugitivos, por Lucas de Leyde

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ou não depende do livre-arbítriode cada um.

É importante reportar-se a OLivro dos Espíritos, questão 121:

Por que é que alguns Espíritosseguiram o caminho do bem e ou-tros o do mal?

“– Não têm eles o livre-arbítrio?Deus não os criou maus; criou-ossimples e ignorantes, isto é, tendotanta aptidão para o bem quantapara o mal. Os que são maus, assimse tornaram por vontade própria.”

Todavia, chegará o tempo emque as pedras desprezadas pelosedificadores, entulhos que impe-dem a evolução da Terra, serãoreaproveitadas como pedra de ân-gulo em planetas inferiores. Nãomais merecedores de permanecerneste orbe; não mais capazes departicipar da reconstrução do Jar-dim que teimam em destruir. Cer-tamente serão expulsos conformeafirmativa de Jesus na parábolaem estudo: Portanto eu vos digoque o reino de Deus vos será tirado,e será dado a uma nação que dê osseus frutos.

Assim, pela segunda vez Espí-ritos renitentes serão vestidos pe-lo Senhor com túnicas de peles eserão expulsos do jardim do pla-neta.

É do Espírito Emmanuel:Há muitos milênios, um dos or-

bes da Capela, que guarda muitasafinidades com o globo terrestre,atingira a culminância de um deseus extraordinários ciclos evoluti-vos. (...)

Alguns milhões de Espíritos re-beldes lá existiam (...) dificultandoa consolidação das penosas con-

quistas daqueles povos cheios depiedade e virtudes (...).

As grandes comunidades espiri-tuais, diretoras do Cosmos, delibe-ram, então, localizar aquelas enti-dades, que se tornaram pertinazesno crime, aqui na Terra longínqua,onde aprenderiam a realizar, nador e nos trabalhos penosos do seuambiente, as grandes conquistas docoração e impulsionando, simulta-neamente, o progresso dos seus ir-mãos inferiores.” (A Caminho daLuz, psicografado por FranciscoC. Xavier, 32. ed. FEB, 2005, item“Um mundo em transições”.)

É verdade! Estamos vivenciandomomentos graves, impera o crimede todos os teores, a violência pare-ce dominar a vinha do Senhor. Aspedras agridem o corpo e o Espí-rito; grandes, pequenas, pontiagu-das, partem de todos os lugares; orasem direção, ora destinadas à des-truição. A dor recrudesce...

O orbe evolui, apesar dos mauslavradores. O leme está firme nasmãos de Jesus. Ele já previra: E,por se multiplicar a iniqüidade, oamor de muitos esfriará. Mas aque-le que perseverar até ao fim serásalvo. (Mateus, 24:12-13.) O após-tolo Paulo reitera: Oh! em verdadevos digo, cessai, cessai de pôr emparalelo, na sua eternidade, o Bem,essência do Criador, com o Mal,essência da criatura. (O Livro dosEspíritos, questão 1009.)

Por que então o mal existe?Porque usamos os recursos di-

vinos, destinados à nossa evolu-ção, de forma inconveniente. Omal, portanto, está na maneira er-rada de agir, de usufruir e de dis-

tribuir os bens divinos. Pode-severificar essa afirmativa por infin-dáveis exemplos, mas poucos sãonecessários para elucidar:

A voz! Que dom abençoado!Que o diga aquele que cumpre ex-piação sem ela! Instrumento porexcelência de comunicação, edifi-ca, constrói, pacifica, consola, en-sina, orienta, corrige, liberta, noentanto quanta tragédia se verifi-ca com o seu mau uso!

As drogas! Usadas corretamen-te são medicamentos imprescin-díveis. Princípios ativos retiradosdas plantas; riqueza natural que,manipulada pelas mãos respon-sáveis de pesquisadores, quími-cos, farmacêuticos, biólogos, po-dem aliviar muitas dores, curarinúmeras moléstias, salvar muitasvidas. Entretanto, em mãos irres-ponsáveis destroem vidas, lares enações.

A energia atômica! Que poten-cial para a evolução humana! Noentanto, direcionada de forma erra-da, torna-se terrível destruidora.

Somente a prática constante dasleis divinas situará a Humanidadeno trilho certo.

A Doutrina Espírita, dois milanos após Jesus, restaura o seuEvangelho e revela a maior de to-das as advertências: Fora da cari-dade não há salvação.

Aqueles que não desejarem fa-zer parte da mole que será exiladada Terra só têm uma opção: se-guir a Lei – Amar a Deus sobre to-das as coisas e ao próximo como asi mesmo.

Humanidade, só há uma opção:acorda enquanto é dia!

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is uma questão cuja res-posta é complexa, pois osseus diferentes significa-

dos são, em geral, controvertidos.Etimologicamente, vida signifi-

ca “existência” (do latim vita). Pre-tendem alguns estudiosos concei-tuá-la, em termos metafísicos, co-mo qualidade sobrenatural quetranscende as propriedades da ma-téria. Outros consideram a vidaum estado de atividade da subs-tância organizada, comum aosanimais e aos vegetais. Há cientis-tas que especificam ser a vida umconjunto de atividades e funçõesorgânicas que distingue o corpovivo do morto. Os biólogos, de-fensores da teoria evolucionista,entendem que a vida é um sistemacapacitado, submetido às regrasda evolução, e que, devido à sele-ção natural, abrange processos dereplicação, mutação e de replica-ção das mutações. Os bioquími-cos e os geneticistas consideram avida como sendo unidades fun-cionais capazes de autoconstruí-rem-se. Nesta hipótese, os seres

vivos são vistos como “máquinas”químicas possuidoras de um sis-tema cibernético que governa econtrola estas unidades químicas.

Os conceitos filosóficos de vidasão variáveis e extensos. Podemos,num esforço de síntese, caracteri-zar os mais significativos. Desdea Antigüidade, a vida é entendidacomo um fenômeno natural, pró-prio dos seres que possuem movi-mento, se nutrem, crescem, repro-duzem e morrem. Platão (427--347 a.C.) identificava a alma e avida como sendo a mesma coisa.Aristóteles (384-322 a.C.) conce-bia a vida como a capacidade denutrição, crescimento e destrui-ção existente no chamado ser vi-vo. (De generatione animaliumII/I, 412-413.) Na Idade Média, oconceito filosófico de vida está re-sumido no pensamento escolásti-co de Tomás de Aquino (1227--1274): “Vida é a capacidade deuma substância mover-se ou con-duzir-se espontaneamente, ten-do a alma como seu princípio”.(Summa Theologiae I, questão 18

e 75, a-1 e 2.) Na Idade Moder-na, René Descartes (1596-1650) eThomas Hobbes (1588-1679) in-troduzem o conceito mecanicistade vida (“o organismo vivo é umamáquina bem montada”), opon-do-se a identidade da vida com aalma: “a matéria corpórea, em cer-tas formas de organização, teriacondições de mover-se ou de de-senvolver-se por si”. (ABBAGNA-NO, 2000, p. 1001.) Nasce, emconseqüência, a conhecida disputaentre filósofos mecanicistas e vi-talistas – ou reducionistas e nãoreducionistas – cujas discussõesalcançaram o século XX.

Para a doutrina mecanicista avida é decorrente da organizaçãofísico-química da matéria corpó-rea, enquanto para a teoria vitalis-ta a vida depende da existência deum princípio espiritual. Para Im-manuel Kant (1724-1804) nem osmecanicistas nem os vitalistas ti-nham razão, pois a vida consis-te na concordância da ação dassubstâncias, preestabelecidas porDeus (1705: Sur le principe de vie

Em dia com o Espiritismo

O que é vida?E

MA RTA AN T U N E S MO U R A

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ou “Sobre o princípio de vida”).Friedrich Schelling (1775-1854),por outro lado, afirma que a vidaé um processo de auto-regulaçãopresente nos seres orgânicos e au-sente nos seres inorgânicos. (WER-KE, I, III, p. 89.)

Em O Livro dos Espíritos, PartePrimeira, introdução ao capítuloIV,“Do Princípio Vital”, há a infor-mação de que os seres orgânicos sãoos que têm em si uma fonte de ativi-dade íntima que lhes dá a vida.Nascem, crescem, reproduzem-sepor si mesmos e morrem. Sãoprovidos de órgãos especiaispara a execução dos di-ferentes atos da vida,órgãos esses apro-priados às necessi-dades que a conser-vação própria lhesimpõe. Nessa classeestão compreendi-dos os homens, osanimais e as plan-tas. Seres inorgâni-cos são todos os que ca-recem de vitalidade, demovimentos próprios e quese formam apenas pela agrega-ção da matéria. Tais são os mine-rais, a água, o ar, etc. Em seguida,os orientadores espirituais esclare-cem, na questão 63, que o princí-pio vital (ou “fonte de atividadeíntima que dá a vida”) pode serentendido como efeito e comocausa, pois, (...) a vida é um efeitodevido à ação de um agente sobre amatéria. Esse agente, sem a matéria,não é a vida, do mesmo modo que amatéria não pode viver sem esseagente. Ele dá a vida a todos os seres

que o absorvem e assimilam. (KAR-DEC, questão 63, p. 92.)

O princípio vital apresenta asseguintes características, segundoa Codificação Espírita (KARDEC,questões 65 a 67, p. 92-93.): a)tem como fonte o fluido cósmicouniversal, ou matéria cósmica pri-mitiva, que continha os elemen-tos materiais, fluídicos e vitais detodos os universos que estadeiam

suas magnificências diante da eter-nidade (KARDEC, item 17, p.115-116.); b) atua como interme-diário entre o Espírito e a matéria;c) apresenta-se modificado nasinúmeras espécies orgânicas, con-cedendo-lhes movimento e ativi-dade; d) não existe na matériatotalmente inerte; e) as moléculasdo mineral têm uma certa somadessa vida [percebida nos cristais,

por exemplo] (KARDEC, 2005,item 18, p. 116-117); é a forçamotriz dos corpos orgânicos; f) aunião dos dois, princípio vital e matéria, produz a vida.

Parece-nos que o conceito espí-rita de vida, entre todos os queaqui foram citados, é o mais com-pleto porque oferece explicações,ainda não cogitadas pela Ciência, enem se perde nas diferentes inda-gações suscitadas pela Filosofia.Mostra, de forma simples e inequí-voca, que nas manifestações da

vida (...) em todos os reinos daNatureza palpita a vibração

de Deus, como o VerboDivino da Criação In-

finita; e, no quadrosem-fim do trabalhoda experiência, to-dos os princípios, co-mo todos os indiví-duos, catalogam osseus valores e aqui-

sições sagradas paraa vida imortal. (XA-

VIER, 2004, p.35.)

Bibliografia:ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Fi-losofia. Tradução de Ivone Castilho Be-nedetti. 4. ed. São Paulo: Martins Fon-tes, 2000, p. 1001.KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005,questões 63, 65, 66 e 67, p. 92-93.______. A Gênese. 47. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2005, cap. VI, itens 17--18, p. 115-117.XAVIER, Francisco Cândido. O Conso-lador, pelo Espírito Emmanuel. 25. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2004, questão 28,p. 35.

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Amigos, louvado seja Deus!tempo urge, de fato, convo-cando as almas de boa von-tade ao trabalho libertador.

É a grande ensancha que Deusoferta aos filhos Seus, que se en-contram realizando esforços deevolução na Terra.

Fomos obsequiados com as bên-çãos do Criador para que, mesmosob o azorrague de intensas pelejas,realizássemos o próprio progresso,deixando ao pretérito as experiên-cias em que desconsiderávamos anossa condição de seres imortais,fazendo uso indevido das oportu-nidades da reencarnação.

O trabalho dos Emissários de Je-sus, o Nazareno, junto aos seareirosdo bem vem sendo, curiosamente,o de envolvê-los em fluidos saluta-res específicos, o de protegê-los comrecursos apropriados, impedindoque sejam desnorteados ou traga-dos por influências nefastas docampo espiritual sombrio, que se

valem dos cochilos morais dos li-dadores, embora a sua atuação nasatividades do Movimento Espírita.

A razão de enfocarmos essa te-mática, no momento, deve-se aofato de que muitos confrades res-peitáveis, que vêm operando umconsiderável labor positivo no âm-bito da mensagem luminosa doEspiritismo, não têm mantido oesperado cuidado relativamenteàs suas vidas pessoais, particula-res, muitas vezes por entender quese possa ser espírita por turnos...Num turno, faz-se tudo o que aDoutrina Espírita propõe, con-quistando a consideração e os encômios dos irmãos de crença,enquanto noutro libera-se o ho-mem-velho para que se possa ex-perimentar todos os sabores domundo passageiro, mesmo queamargos, seja na esfera dos negó-cios, da vida com a família ou dorelacionamento com os confrades,desatendendo aos preceitos da ho-norabilidade, da fidelidade e dafraternidade, como se fosse per-feitamente normal essa dualida-de moral. É do Apóstolo Paulo aorientação: vede prudentementecomo andais...(Efésios, 5:15.)

Na órbita das realizações espíri-tas, torna-se um dever de cada umde nós guardar a devida vigilânciaem torno dos próprios passos, ga-

rantindo que cremos, que assumi-mos exatamente aquilo que esta-mos transmitindo a outras inteli-gências, guardando, assim, coerên-cia entre o nosso discurso e o cursoda nossa vida.

Dispostos, então, a envolver--nos com o vero espírito do Espiri-tismo, que não nos cobra perfei-ção, mas que nos pede fidelidade,tratemos de não desmentir com osfeitos o que apregoamos com nos-sas palavras escritas ou faladas.

Conscientes quanto à honra deviver tão eloqüente contexto espiri-tista, nesses tempos complicados domundo contemporâneo, unamo--nos, fraternalmente, e confraterni-zemos em torno desse Ideal, semperdermos a ocasião de exercitar,ainda que pouco a pouco, a fideli-dade proposta por Jesus aos Seusseguidores de todos os tempos.

É com augúrios de muito pro-gresso e paz, que abraço os irmãos,na condição de pequeno servidor.

Joaquim Olympio de Paiva*

(Mensagem psicografada pelo médium

Raul Teixeira, durante a Reunião do CFN

da FEB, em 11/11/2005, em Brasília (DF).)

O

Vigilância notrabalho

* Pioneiro espírita cearense (1848-1937).Fundou, com Vianna de Carvalho, em1910, o Centro Espírita Cearense.

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ntes de expormos algumasponderações doutrináriasacerca do mal e do bem é

interessante sabermos os seus sig-nificados. Filosoficamente o pri-meiro (mal) define-se como pri-vação ou imperfeição, ou aquiloque é nocivo, prejudicial, que seopõe ao bem, à virtude, à probi-dade, à honra. No que reporta aobem, são-lhe atribuídas ações eobras humanas que lhe conferemum caráter moral.1 E para nãoincorrer no maniqueísmo2 inócuo,consignamos que a evolução paraDeus pode ser comparada a umaviagem divina. O bem constitui

sinal de passagem livre para oscimos da Vida Superior, enquan-to que o mal significa sentença deinterdição, constrangendo-nos aparadas mais ou menos difíceis dereajuste.3

A maldade dos homens sempreinquietou os pensadores dos maisdiversos campos do saber e daação humana: filosofia, ciência,arte, religião. A exemplo de HannaArendt, filósofa judia, que estudouas questões do mal e cujas tesesestão ínsitas no livro Eichmannem Jerusalém, o qual analisa o jul-gamento do verdugo nazista,mentor da morte de milhares depessoas. Tendo como referencialo caso Eichmann, Arendt justifi-ca que o mal pode tornar-se ba-nal e difundir-se pela sociedadecomo um fungo, porém, apenasem sua superfície. Para ela, as raí-zes do mal não estão definitiva-mente instaladas no coração dohomem e, por não conseguirem

penetrá-lo profundamente, a pon-to de fazer nele morada, podemser extirpadas.

Para muitos o mal seria maisforte que o bem, e os Espíritos domal estariam conseguindo derro-tar os Benfeitores espirituais, frus-trando-lhes os desígnios superio-res. Em que pese sua antiga tradi-ção, tais conceitos são insustentá-veis e falsos, diríamos mesmo,absurdos. Admitir o triunfo domal, em prejuízo da Humanida-de, é o mesmo que negar ao Se-nhor da Vida os atributos daonisciência e da onipotência, semos quais não poderia ser verda-deiramente Deus.

O mal não é criação do Todo--Poderoso como imaginam algu-mas pessoas, especialmente aque-las que vivem distanciadas doentendimento evangélico. O mal étransitório, não tem raízes, o bemé permanente. O mal definha àmedida que o bem se estabelece.Foi por isso que Jesus dizia que oReino dos Céus começa em nossocoração e compara-o ao fermentoque transforma e engrandece a

Diante do mal, o

AJO RG E HE S S E N

bem é a meta

1 Esta qualidade se anuncia através de fa-tores subjetivos (o sentimento de apro-vação, o sentimento de dever) que levam àbusca e à definição de um fundamentoque os possa explicar.2 1. Filos. Doutrina do persa Mani ou Ma-nes (séc. III), sobre a qual se criou umaseita religiosa que teve adeptos na Índia,China, África, Itália e S. da Espanha, esegundo a qual o Universo foi criado e édominado por dois princípios antagôni-cos e irredutíveis: Deus ou o bem absolu-to, e o mal absoluto ou o Diabo. 2. P. ext.Doutrina que se funda em princípiosopostos, bem e mal.

3 XAVIER, Francisco Cândido. Ação e Rea-ção, pelo Espírito André Luiz, 26. ed. Riode Janeiro: FEB, 2004, cap. 19, p. 321-322.

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massa; o Rei-no dos Céus é

como a sementede mostarda, cuja

árvore é múltipla embenefícios.A Humanidade vem,

nos últimos anos, passan-do por transformações preo-

cupantes. A influência damatéria sobre a vida social

cresce incessantemente. Os valo-res morais estão sendo corrompi-dos com espantosa velocidade.Nunca o mundo precisou tantodos ensinos espíritas como nestetempo.

Vivenciamos instantes emque se aguça o individualis-mo enodoando o tecido so-cial, e nos vendavais da Tec-nologia somos remetidosaos acirramentos das desi-gualdades e isolamentos, es-tabelecendo-se níveis de con-forto e exclusão sociais nuncaantes experimentados. Atualmen-te, consegue-se a compra pela In-ternet, assiste-se ao filme no shop-ping, trafega-se pelas avenidas emveículos luxuosos. Vive-se semconvivência fraterna, numa doen-tia soledade, a despeito de ummundo superpovoado de seres hu-manos, em que pese para os maisotimistas a convicção do alvorecerda Nova Era espiritual que vemchegando, ocupando espaço, nocontexto dos avanços da Ciênciaque impulsiona a massa humanapara a conquista da paz. E ante osparadoxos, acredita-se na existên-cia do elo entre a fé e a razão, entrea Ciência e a Religião, entre verda-

de física e verdade metafísica, emque o instinto cede em face da ra-zão, e a sábia consciência direcionaos sentimentos sublimes de amor,justiça e caridade.

Mas não há como se desconhe-cer a luta pela subsistência. São asenfermidades, as insatisfações, osconflitos emocionais, os desenga-nos, as imperfeições próprias da-queles com os quais convivemos.Enfim, as mil e uma vicissitudes da

existência. Nesse autêntico amál-gama, usando e abusando do li-vre-arbítrio, cada qual vai colhen-do vitórias ou amargando derro-tas, segundo o grau de experiênciaconquistado. Uns riem hoje, parachorarem amanhã, e outros, queagora se exaltam, serão humilha-dos depois.

Devemos interrogar a própriaconsciência, passando em revistaos atos cotidianos, para a identifi-cação dos desvios dos deveres queprecisavam ser cumpridos e dos

motivos alheios de queixa por con-ta dos nossos atos. Revisemos pe-riodicamente nossas quedas e des-lizes no campo moral, ativando amemória para nos lembrarmos dostantos espinhos que já trazemoscravados na “carne do espírito”,4 talcomo ensina Paulo de Tarso. Estesespinhos nos lembrarão a nossacondição de enfermos em estágiode longa recuperação, necessitadosde cautela. O mal não é invencível,pelo contrário. O homem possuina sua natureza a flama do bem.Somente quando se distancia da

sua origem divina é que se com-praz com o mal. Para se livrar

das ações negativas dos mal-feitores espirituais, basta sin-tonizar-se com seu ladosuperior, buscando fazer obem aos outros: em pensa-mentos, palavras e ações. E,

claro, não se deve transferir aresponsabilidade dos próprios

erros à intervenção do verdugodo além, que só exerce a sua in-fluência porque encontra campofértil para isso.

Allan Kardec registra em ObrasPóstumas: “Ele [Deus] não criou omal; o homem é quem o produz,abusando dos dons de Deus, emvirtude do seu livre-arbítrio.”5

Não é simples, porém, nos livrar-mos do mal que praticamos. Mal

4 2a Epístola de Paulo aos Coríntios: (12:7) –“E, para que não me exaltasse pelas excelên-cias das revelações, foi-me dado um espinhona carne, a saber, um mensageiro de Satanáspara me esbofetear, a fim de me não exaltar”.5 KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 37. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2005, “O egoísmo e oorgulho”, p. 225.

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que nasce em nós, nos impregna etemporariamente passa a fazerparte de nossa personalidade. Pau-lo de Tarso, na sua carta aos Roma-nos, tece comentários sobre as lutasque se devem travar para combatero mal em nós mesmos, em frase jácélebre: Porque não faço o bem quequero, mas o mal que não quero essefaço.6 O mal a que se refere Pauloem suas epístolas é o mal trivial quesubsiste em nós e é alimentado pornossa vontade. E que, em certa me-dida, nos proporciona prazer pelotorpor de consciência. Daí a nossadificuldade de nos desembaraçar-mos dele.

Diante da banalização do mal– conforme anota Arendt – quese espalha pelo mundo dos ho-mens, resta-nos individual e cole-tivamente nos lançarmos ao bomcombate, conforme o Apóstolo dosGentios,7 que é constante, exigin-do-nos disciplina e perseverança. Euma das questões cruciais, quefunciona como divisor de águasda Doutrina Espírita em relação aoutras religiões, é a necessidadede se praticar o bem para o cresci-mento espiritual.

O Espírito, encarnado ou não, éum ser inteligente; desta forma, obem para ser bem, para ter eficá-cia, não prescinde de um conteú-do pedagógico, cujo fundamentoestá justamente no porquê fazer obem. O homem tem recursos paradistinguir por si mesmo o que ébem do que é mal, quando crê em

Deus e o quer saber. Deus lhe deuracionalidade para distinguir umdo outro. Urge, porém, meditar-mos que o bem não nos imuniza-rá do sofrimento, resolvendo to-dos os problemas, mas nos aju-dará a arrostar os momentos cru-ciais com ânimo robusto, evitandoque nos cristalizemos no pessimis-mo, e oferecendo-nos resistênciapara vencermos dificuldades, nãocontraindo novos compromissosnegativos no campo moral.

Joanna de Ângelis induz-nos alembrar para nunca desistirmos defazer o bem, em face do aparentetriunfo do mal em desgoverno, emtorno de nossas vidas: Passada atempestade, a luz volta a fulgir. Asombra é somente ausência da clari-dade. Não é real. Só Deus é Vida;somente o Bem é meta.8

Para que possamos vislumbrarum mundo sem angústias nemproblemas sociais, livre das misé-rias econômicas e políticas, apele-mos para o amor incondicional,que possui os recursos eficazes naconciliação, no perdão, na trans-formação moral, fomentando obem e o progresso, o que concorrepara enriquecer nossa sensibilida-de, aprimorar nosso caráter, fazerque nos desabrochem novas facul-dades, o que vale dizer, se dilatemnossos gozos e aumente nossa feli-cidade.9

6 Romanos, 7:19.

7 (2 Timóteo, 4:7.) “Combati o bom com-bate, percorri o caminho e guardei a fé.”

8 FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos

Enriquecedores, pelo Espírito Joanna de

Ângelis. Salvador (BA): LEAL, 1994.

9 Reformador, janeiro de 1966,“O problema

do Mal”, de Rodolfo Calligaris, p. 14(10).

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Páginas da Revue Spirite

m de nossos assinantes de Joinville (Haute--Marne) escreve-nos o seguinte:

“Sabendo da boa acolhida que é reservadaa todos os documentos que têm alguma relação coma Doutrina Espírita, apresso-me em vos dar conheci-mento de uma passagem da biografia de Franklin,extraída da Mosaïque de 1839, página 287. Ela provamais uma vez que, em todas as épocas, homens supe-riores tiveram a intuição das verdades espíritas. Acrença desse grande homem na reencarnação e naprogressão da alma se revela toda inteira nalgumaslinhas seguintes, formando o epitáfio que ele compôspara si mesmo. Está assim concebido:

“Aqui repousa, entregue aos vermes, o corpo deBenjamin Franklin, impressor, como a capa de umvelho livro cujas folhas foram arrancadas, e cujo títu-lo e douração se apagaram. Mas nem por isto a obraficará perdida, pois, como acredito, reaparecerá emnova e melhor edição, revista e corrigida pelo autor.”

Um dos principais cidadãos de que mais se hon-ram os Estados Unidos, era, pois, reencarnacionista.Não só acreditava em seu renascimento na Terra,como julgava aqui voltar melhorado por seu trabalhopessoal. É exatamente o que diz o Espiritismo. Se serecolhessem todos os testemunhos esparsos em mi-lhares de escritos em favor desta doutrina, reconhe-cer-se-ia quanto ela teve raízes entre os pensadores detodas as épocas, e menos admiradas ficariam as pes-soas da facilidade com que é hoje acolhida, porque sepode dizer que jaz latente na consciência do maiornúmero. Esses pensamentos, semeados aqui e ali,eram fagulhas precursoras do fogo que devia brilharmais tarde e mostrar aos homens o seu destino.

data de 1o de maio de 1864 será marcada nosanais do Espiritismo, como a de 9 de outubrode 1861. Ela lembrará a decisão da sagrada

congregação do Index, concernente às nossas obrassobre o Espiritismo. Se uma coisa surpreendeu os es-píritas, é que tal decisão não tenha sido tomada maiscedo. Aliás, uma só é a opinião sobre os bons efeitosque ela deve produzir, já confirmados pelas informa-ções que nos chegam de todos os lados. A essa notí-cia, a maioria dos livreiros se apressou em pôr essasobras mais em evidência. Alguns, mais timoratos,crendo numa proibição de sua venda, as retiraramdas prateleiras, mas nem por isso deixam de vendê--las furtivamente. Tranqüilizaram-nos, fazendo-lhes

observar que a lei orgânica diz que “Nenhuma bula,breve, decreto, mandato, provisão, assinatura servin-do de provisão, nem outros expedientes da cúria deRoma, mesmo que só digam respeito aos particulares,poderão ser recebidos, publicados, impressos nem dequalquer modo executados sem autorização dogoverno.”

Quanto a nós, esta medida, que é uma das que es-perávamos, é um sinal que aproveitaremos, e queservirá de guia para os nossos trabalhos ulteriores.

Epitáfio de Benjamin Franklin

O Index da cúria romana

U

A

AL L A N KA R D E C

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) – agosto de 1865, p. 326-

-327, 1. ed. FEB.

AL L A N KA R D E C

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita) – junho de 1864, p. 259-

-260, 1. ed. FEB.

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O ano de 2005, no Rio de Ja-neiro, encerrou-se com a conclusãodas homenagens ao Bicentenário deNascimento de Allan Kardec, nosdias 9, 10 e 11 de dezembro. Sob opatrocínio do Conselho Espírita deUnificação, a União das SociedadesEspíritas do Estado do Rio deJaneiro (USEERJ) conduziu a XVIIConfraternização Espírita do Esta-do do Rio de Janeiro, nas depen-dências do Pavilhão de Congres-sos 5, do Centro de Exposições doRiocentro, com o tema central –,Allan Kardec e a Era da Regeneração.

A XVII CEERJ reuniu 2.000 ta-refeiros e dirigentes espíritas detodo o Estado do Rio de Janeiro,em clima de muito entusiasmo ealegria, nos três dias de convivên-cia fraternal e espírita no Rio-centro. Foi um memorável aconte-cimento a homenagem ao Codifi-cador do Espiritismo.

As atividades iniciaram-se comconferência de Divaldo Franco,sobre Allan Kardec e a Era da Rege-neração, concitando todos os es-píritas à união. No segundo dia,pela manhã, ocorreu um seminá-rio sobre Relações Interpessoais naCasa Espírita, com Jorge Cerquei-ra, Jorge Pio e Milton Menezes. Naparte da tarde, aos participantesforam oferecidos 20 Centros deInteresses, que abrangeram umamplo espectro de ações nas Ins-tituições Espíritas. O dia encer-rou-se com a mesa-redonda TemasAtuais da Sociedade, com a coorde-nação de Yasmin Madeira, e os de-batedores Jorge Andréa, Luzia Ma-thias, Nadja do Couto Valle e Ra-quel Chrispino. No domingo, osconfrades Altivo Ferreira (FEB),Antonio Cesar Perri de Carvalho(FEB) e Cesar Soares dos Reis (LarFabiano de Cristo) conduziram

um Painel Expositivo sobre as Ta-refas do Espiritismo e a preparaçãoda Casa Espírita para os desafios doSéculo XXI. Pela Federação EspíritaBrasileira, participaram, também,do evento: Geraldo Campetti So-brinho, José Carlos da Silva Sil-veira, Maria Euny Herrera Masotti,Marta Antunes de Oliveira Moura,Isabel Cristina Vieira da Cunha eSônia Zaghetto.

A CEERJ foi transmitida on-li-ne pela Internet, quando houvemédia de 1.000 internautas co-nectados, durante a programa-ção, através dos sites da USEERJwww.useerj.org.br e da Rádio Riode Janeiro www.radioriodejanei-ro.am.br

Resta registrar a expressiva as-sistência espiritual durante todo oevento, que marcou o momentohistórico do movimento espíritado Rio de Janeiro.

ConfraternizaçãoEspírita do Estado do

Rio de Janeiro

Aspecto parcial do Auditório,com cerca de 2.000 participantes

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ada vez mais, a existência domundo espiritual vai sen-do constatada indiscutivel-

mente. Numa reafirmação de quea Doutrina Espírita está com aVerdade, ao comprovar, desde1857, através de O Livro dos Espí-ritos, início da Codificação Karde-quiana, que há vida após a chama-da morte.

Ensinando-nos, ainda, haverdo “outro lado” seres inteligentes,capazes de entrar em comunica-ção conosco, os encarnados, e vi-ce-versa. Comunicações essas, co-mo sabemos, feitas através doschamados médiuns.

Atualmente, porém, um grupode cientistas americanos e euro-peus, com a ajuda da própria Es-piritualidade, está criando apare-lhos eletrônicos com capacidadede permitir conversação com es-

sas entidades espirituais e mostrá--las em telas de TV!

Nos Estados Unidos, por exem-plo, o engenheiro George WilliamMeek fundou e presidiu a Meta-ciense Foundation, com sede emFranklin, onde se estuda a criação,cada vez mais aperfeiçoada, de umsistema de comunicação verbal,em dois sentidos, com o Plano Es-piritual.

Assim sendo, em 1971, esteengenheiro, com a ajuda de seusauxiliares, Paul Jones e HansHeckmann, montou um labora-tório com esta específica finali-dade. E os resultados têm sido osmelhores.

O referido sistema de interco-municação entre vivos e “mor-tos” baseia-se no já existente: sãogravadas, em fitas magnéticas, asvozes dos desencarnados, deno-minado EVP – Electronic VoicePhenomenon. Porém, só após seisanos de estudos, em 27/10/1977,foi que o técnico eletrônico William John O’Neil, ligado à Me-taciense Foundation, conseguiu,pela primeira vez no mundo, ob-ter uma conversação, através deaparelhos eletrônicos, com um serespiritual que se denominou Doc

Nick, médico americano, falecidoem 1973. Cinco anos após, em1978, conseguiu-se uma outra co-municação, desta vez com o faleci-do Dr. George Jaffries Mueller,que, da Espiritualidade, orientou aWilliam J. O’Neil no aperfeiçoa-mento do anterior aparelho, crian-do o Spiricom-Mark – IV, com oqual foram feitas, inicialmente, 20horas de conversação com os Espí-ritos.

De lá para cá, e, principalmen-te, em vários países da Europa,tem havido rápido progresso nachamada transcomunicação ins-trumental, obtendo-se a captação,em vídeo, de imagens de pessoasfalecidas e considerável númerode fotografias do Plano Espiritual,como as conseguidas por KlausSchreiber, já desencarnado, eMartin Wenzel, na AlemanhaOcidental, recebendo-as atravésde aparelhos de TV, equipadoscom feed-back.

Por sua vez, o Dr. Rainer Hol-be, diretor da Rádio Luxembur-go, escreveu uma obra intituladaImagens do Distante Reino dosMortos, onde são mostradas cer-ca de duas dúzias de fotos depessoas falecidas, agora na Espi-

Transcomunicação

CRI L D O G. MO U TA

instrumental

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ritualidade, feitas pelo Spiricom--Mark – IV.

Um outro famoso pesquisa-dor europeu é o alemão HansOtto Koenig, que, com o apare-lho de sua invenção, um Spi-ricom a Ultrason, consegue sele-cionar grupos de sentenças com-pletas, nas conversações com osEspíritos, quando anteriormentesó se conseguiam algumas pala-vras ou curtas frases.

Essas e demais pesquisas vêmsendo feitas na tentativa de, atravésda transcomunicação instrumentalcom o Plano Espiritual, conseguir--se, por esse meio, não só entrarem contato com os Espíritos, comoprovar, aos céticos e incrédulos,que a Espiritualidade existe e habi-ta as outras casas do Pai, como, háquase dois mil anos, ensina-nosJesus. E que podemos vê-los comose estivéssemos assistindo a progra-mas de televisão. Quem viver, verá.

Isso será mais uma prova in-contestável de que nós, os espiri-tistas, sabemos que os Espíritossão obra de Deus, “seres inteli-gentes da criação”, e que “po-voam o Universo, fora do mun-do material” conforme ensina OLivro dos Espíritos (Parte Segun-da, cap. I, questão 76.).

Eduardo Carvalho Monteiro de-sencarnou, aos 55 anos de idade,no dia 15 de dezembro de 2005,em São Paulo.

Monteiro era psicólogo, bacha-rel em turismo, historiador, escri-tor, jornalista, autor de quase 40 li-vros publicados a respeito de His-tória, Espiritismo, Maçonaria eEsoterismo em geral. Era assessorpró-memória da União das Socie-dades Espíritas do Estado de SãoPaulo; um dos fundadores da Ligados Historiadores Espíritas; fun-dador e Coordenador-geral doCentro de Cultura, Documenta-ção e Pesquisa do Espiritismo, en-tidade criada para receber o seuacervo pessoal de documentaçãohistórica do Movimento Espíritae mais de 35 mil livros – talvez omaior acervo histórico conheci-

do na atualidade. Articulista deReformador, da Revista Interna-cional de Espiritismo (da EditoraO Clarim, de Matão), do jornalCorreio Fraterno, da Revista Uni-verso Espírita e de inúmeros ou-tros periódicos do Brasil. Par-ticipou inúmeras vezes de progra-mas da Rede Boa Nova de Rádio,foi entrevistado por diversos pro-gramas de TV, revistas e jornais.

Eduardo Carvalho Monteiroatuou em vários Congressos, prin-cipalmente os promovidos pelaUSE-SP, no 1o Congresso EspíritaBrasileiro (Goiânia, 1999) e no 4o

Congresso Espírita Mundial (Pa-ris, 2004). Foi entrevistado porReformador, na edição de julhode 2004, tendo por título “Pre-servar a Memória é mais do queCultura”.

Monteiro foi um grande traba-lhador na difusão da Doutrina Es-pírita, um pesquisador da memó-ria do Espiritismo, de Kardec aosnossos dias. Ultimamente vinharealizando pesquisas sobre LéonDenis. Trabalhava dia e noite noescritório de sua casa, cercado delivros e documentos, por todos oslados, e dizia aos amigos mais pró-ximos que o tempo não lhe erasuficiente para produzir tudo oque tinha em mente.

Ao dedicado servidor da Searado Consolador, nossas vibraçõesde paz e amor no seu retorno àPátria Espiritual.

Eduardo Carvalho Monteiro

Retorno à Pátria Espiritual

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Seara Espírita

Salvador (BA): Movimento Você e a PazNo dia 19 de dezembro de 2005 ocorreu a 8a edição doMovimento Você e a Paz. Uma equipe de trabalhado-res espíritas visitou sete bairros da cidade do Salvador,nos quais Divaldo Pereira Franco proferiu palestrasem praça pública, sensibilizando os ouvintes. Na Pra-ça Dois de Julho, para onde convergiram milhares depessoas, ocorreram palestras de Monsenhor GasparSadock, da Igreja Católica, e do Deputado Federal LuisBassuma; foram entregues os troféus Você e a Paz apessoas e instituições que realizam trabalhos em favordo mundo mais pacífico, entre as quais Zilda Arns,Presidente da Pastoral da Criança; o Comandante daPolícia Militar, Coronel PM Antônio Jorge RibeiroSantana, ofereceu uma placa de prata a DivaldoFranco, pelo esforço desenvolvido em favor da paz.O Prefeito de Salvador, João Henrique, prestigiou oevento.

Pará: Centenário da UEPA abertura oficial das Comemorações do Centenárioda União Espírita Paraense aconteceu no dia 22 dejaneiro passado, às 17 horas, no Auditório da UEP,localizado na Travessa Castelo Branco, 1272. O even-to contou com exposição de fotos alusivas à históriada UEP, apresentação musical e conferência de Al-berto Ribeiro de Almeida. Como parte das comemo-rações, a União Espírita Paraense, com o apoio daFEB, lançou uma edição especial de O Evangelho se-gundo o Espiritismo, de Allan Kardec.

Espírito Santo: Encontros EspíritasA Federação Espírita do Estado do Espírito Santo rea-lizou, em novembro de 2005, dois importantes encon-tros de trabalhadores espíritas: nos dias 5 e 6, o 13o

Encontro de Evangelizadores Espíritas do Estado doEspírito Santo (ENCONTREI), na Escola Éber Lou-zada, em Vitória, com a participação de cerca de 200evangelizadores de infância, juventude e de família,coordenadores de DIJ e dirigentes, representando 35casas espíritas de 9 municípios do Estado; no dia 18,

o VIII Encontro de Trabalhadores de Departamentosde Assistência Social (ENTRADAS), com abordagemdo tema SAPSE: O desafio de Promover o Bem, a car-go do palestrante Edivaldo Roberto de Oliveira.

Campanha Ame a vida desde o inícioA Associação Médico-Espírita do Brasil iniciou umacampanha nacional em defesa da vida e contra oaborto, com a venda de adesivo em que constam osdizeres Ame a vida desde o início, junto à imagem deum embrião. Quem quiser adquiri-lo deve ligar paraa AME-Brasil, no telefone (11) 5585-1703. Outras in-formações no site www.amebrasil.org.br

Inglaterra: Teatro espíritaCom o apoio da Britsh Union of Spiritist Societies(B.U.S.S.), realizou-se em Londres a apresentação dapeça teatral Two thousand years ago (baseada na obraHá dois mil anos, do Espírito Emmanuel, psicografa-da por Francisco Cândido Xavier, Ed. FEB). O espe-táculo ocorreu no Waltham Fores Theatre, no Lloyd´sPark. A iniciativa ensejou a divulgação da mensagemespírita ao grande número de pessoas que compare-ceu ao teatro.

FEESP: Encontro de Educadores EspíritasA Federação Espírita do Estado de São Paulo promo-ve, no período de 25 a 27 deste mês, o seu VII En-contro de Educadores Espíritas, de cuja programaçãoconstam palestras, aulas, oficinas de treinamento eaulas práticas, que abrangem as áreas: Infância, Ju-ventude, Mocidade, Família, Creches e Terceira Idade.São palestrantes, entre outros, Silvia Puglia, Pre-sidente da FEESP, Richard Simonetti, Wlademir Lissoe Izaias Claro.

Itália: Há dois mil anos, em italianoAs Casas Fraternais O Nazareno, de Santo André (SP),acabam de publicar, em italiano, com o título Duemilaanni fa, o romance de Emmanuel, Há dois mil anos,psicografado por Francisco Cândido Xavier, Ed. FEB.

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