cap 4

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Page 1: Cap 4
Page 2: Cap 4
Page 3: Cap 4

Folhas de

OUTONOO futuro era incerto, e assim

como qualquer pessoa, estávamos com

medo do desconhecido, mas a esperança

que brotava em nossos sofridos corações

supria facilmente esse sentimento de

medo.

Page 4: Cap 4

Folhas de

OUTONOO trem atravessava uma enorme

planície, que parecia não ter fim, a viagem

era longa e desconfortável, dezenas de

pessoas aglomeradas em um único

espaço, um vagão de apenas 134m³, o

calor e o abafamento era insuportável,

mas era a única forma de chegarmos até

Litlle Village a tempo de embarcarmos no

navio de imigração.

Page 5: Cap 4

Folhas de

OUTONOConfesso que talvez tenha

confiado de mais em um insignificante

panfleto, aliás, apostei todas as minhas

esperanças em um pedaço de papel,

talvez isto tenha sido fruto de minha

ingenuidade.

Continuamos nossa viagem, o

tempo parecia não passar, fruto da

ansiedade. O Céu então é tomado por

densas nuvens negras, não demora

muito, e começa a nevar, aquele inverno

seria um dos mais rigorosos dos últimos

anos.

Page 6: Cap 4

Folhas de

OUTONODepois de algumas horas,

finalmente o trem chega até a ferroviária

de Litlle Village, as pessoas lutam entre si

para deixaram o trem, não demora muito

e um grande tumulto se forma ao nosso

redor. Nunca havíamos viajado, também,

nem tínhamos condições para realizar tal

coisa, então, aquela situação era tão

estranha para agente, realmente não

sabíamos o que fazer.

Page 7: Cap 4

Folhas de

OUTONODepois de conseguirmos sair do

tumultuoso vagão, corremos rumo ao

porto, pois faltavam apenas 15 minutos

para as 17h00.

A nevasca se intensifica, o vento

frio soprava em nossos rostos, a neve

prendia nossos pés ao chão, dificultando

nosso caminhar.

Depois de uma intensa

caminhada, finalmente chegamos até o

porto, os tamanhos dos navios e até

mesmos as pequenas canoas para pesca

nos encantava, era algo novo para nós.

Page 8: Cap 4

Folhas de

OUTONOAo fim do porto, havia um

grande navio, sua entrada era zelada por

uma grande homem, forte e robusto, a

que todos chamavam de touro, eles

atendiam as pessoas que estavam em

uma enorme fila, para adentrar e seguir

viagem.

Eu e minha mãe então nos

dirigimos até o final da imensa fila, e após

vários minutos de espera, somos

finalmente atendidas. O homem faz

algumas perguntas e logo após respondê-

las, podemos finalmente embarcar.

Page 9: Cap 4

Folhas de

OUTONOApós adentrarmos, o robusto

homem que nos atendeu, grita para seu

companheiro “despacha!” e logo o navio é

levado pelo mar, começando assim, a

viagem.

Page 10: Cap 4

Folhas de

OUTONOO navio era precário, nada

parecido com o luxuoso navio do panfleto

que havia encontrado. Há centenas de

pessoas, homens, mulheres, crianças,

velhos, pessoas de todos os tipos, vindas

dos mais diversificados lugares. Não

havia entrada de ar, apenas pequenos

furinhos, me sentia como um pássaro

preso em uma caixa de sapato. Não havia

banheiro, nem alimento, muito menos

água, não tínhamos como nos higienizar,

não havia banheiros, as pessoas

urinavam e defecavam no próprio chão,

era um lugar realmente imundo.

Page 11: Cap 4

Folhas de

OUTONONão tinha duvidas que havíamos

sido enganadas, nos tornamos vitimas do

trafico humano, mas não podíamos fazer

nada, estávamos isoladas em meio ao

mar, com pessoas desconhecidas, sem

saber para onde iríamos, ou se

chegaríamos vivas até lá.

O destino é realmente incrível,

estávamos destinadas ao sofrimento, e

quando achávamos que íamos nos safar,

o mesmo prega uma nova peça, nos

destinando novamente ao sofrimento.

Page 12: Cap 4

Folhas de

OUTONOPessoas morriam de doenças

todos os dias, haviam cadáveres em meio

a nós em alto estado de decomposição,

os ratos andavam em meio a nossos pés,

pessoas contagiavam outras com

doenças que haviam pegado antes de

embarcarem, algo realmente desumano.

Page 13: Cap 4

Folhas de

OUTONOOnde iríamos parar? O que será

de nós? Era o que perguntava a mim

mesma, já havia perdido a fé e a

esperança em Deus, por que ele estava

fazendo aquilo conosco? Já não

havíamos sofrido o suficiente? Era o que

questionava a mim mesma, nunca

encontrando uma resposta adequada

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