canais de marketing · web viewo trabalho na clinica do curso de pedagógico objetiva, também, um...
TRANSCRIPT
A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
THE IMPORTANCE OF THE INTERNSHIP IN TO DEVELOPMENT OF PROFESSIONALS OF EDUCATION
Anne Carolline dos Santos Paz – [email protected] Fernanda Nabas Oliveira - [email protected]
Graduadas em Pedagogia – UNISALESIANO Lins Prof.ª Dra. Elaine Cristina Moreira da Silva – UNISALESIANO Lins –
Resumo
O artigo a ser apresentado tem por objetivo relatar a experiência de uma das etapas do estágio supervisionado, que se utiliza de uma Clínica Pedagógica no qual os graduandos do V e VI semestres do curso de Pedagogia do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO de Lins – SP, vivenciam práticas de ensino e aprendizagem com alunos do ensino fundamental da cidade de Lins e da região. Trata-se de um projeto interdisciplinar, onde os graduandos, embasados em diferentes conteúdos disciplinares do curso de Pedagogia, realizam atendimentos pedagógicos que visão auxiliar nas dificuldades de aprendizagem da escrita, leitura e operações matemáticas, apresentadas pelos alunos atendidos.
Palavras-chave: Estágio. Experiência. Atendimentos. Pedagogia.
Abstract
The article to be presented has the objective of reporting the experience of one of the stages of the supervised internship, using a Pedagogical Laboratory in which the graduates of the V and VI semesters of the Pedagogy course of the Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO de Lins – SP, experience teaching and learning practices with elementary school students from the city of Lins and also from the region.It is an interdisciplinary project, where academics, based on different disciplinary subjects of the Pedagogy course, perform pedagogical consultation that intends to assist in the difficulties of learning to write, read and to do mathematical operations presented by the students attended.
Keywords: Internship. Experience. Attending. Pedagogy.
Introdução
A Resolução do Conselho Nacional de Educação CNE/CP n° 1 de 18 de
fevereiro de 2002 em seu artigo 12 institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a
1
formação de Professores de Educação Básica, em nível superior, curso de
licenciatura, de graduação plena estabelece em seu inciso segundo que a prática
esteja presente durante todo o curso e permeie toda a formação do professor.
A Lei n° 11.788 de 25 de setembro de 2008 que dispõe sobre o estágio dos
estudantes reconhece no estágio supervisionado um ato que visa à preparação para
o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em
instituições de educação superior, este estágio faz parte do projeto pedagógico do
curso e integra o itinerário formativo do educando, é obrigatório e sua carga horária
é requisito para aprovação e obtenção de diploma.
Em um curso de licenciatura, como a Pedagogia, a formação profissional, não
ocorre apenas pelo acúmulo de recursos teóricos, mas também por meio de
reflexões críticas sobre as práticas que o trabalho envolve. Sendo assim, a prática
do estágio supervisionado torna-se de suma importância para o graduando, pois
esta é a oportunidade que se tem para construir suas práxis pedagógicas,
possibilitando ao aluno em formação compreender as relações existentes no
processo de constituição escolar, analisando-as de maneira crítica, além de
colaborar para que haja transformações nesse processo e que, quando formado,
desempenhe sua função da melhor maneira possível.
Esse estágio deve proporcionar ao graduando o aprendizado de
competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, deve
ter um acompanhamento efetivo pelo professor orientador da Instituição de Ensino.
Sendo então, um momento fundamental de auxílio à construção do futuro
profissional, conforme apontam pesquisas e reconhecem os livros que abordam
esse tema.
Dada à natureza do trabalho docente, que é ensinar como contribuição ao processo de humanização dos alunos historicamente situados, espera-se dos processos de formação que desenvolvam os conhecimentos e as habilidades, as atitudes e os valores que possibilitem aos professores construir seus saberes/fazeres docentes a partir das necessidades e desafios que o ensino como pratica social lhes coloca no cotidiano. Espera-se, pois, que mobilizem os conhecimentos da teoria da educação e do ensino para as áreas do conhecimento necessárias à compreensão do ensino como realidade social e que desenvolvam nelas a capacidade de investigar a própria atividade (a experiência), para, a partir desta, constituir e transformar seus saberes/fazeres docentes num processo contínuo de construção de suas identidades como professores. (PIMENTA, 2008, p. 92)
A profissão de ser professor é permeada por diversas particularidades e,
condições determinantes, que vão além do que é aprendido nos bancos das
2
universidades e, ao se realizar um estágio, dá-se a oportunidade para o graduando
interagir com o meio escolar e suas contradições, para que todas as teorias
aprendidas sejam validadas.
Entende-se que o estágio é um espaço que favorece o desenvolvimento da competência do aluno à medida que visa dar condições para o desempenho profissional. (PACCHIONI, 2000, p. 36)
Além disso, a prática do estágio permite que o acadêmico identifique variadas
estratégias para solucionar problemas, que muitas vezes nem se sabia que
poderiam acontecer, pois mesmo com debates diversificados em sala de aula, a
docência e sua prática é uma incógnita e, não segue um roteiro igual para todos,
sendo assim, o estágio, quando bem realizado e com a orientação correta, permitirá
ao graduando desenvolver seu raciocínio, sua capacidade e criticidade, além claro
de sua criatividade, algo extremamente importante nesta profissão.
Este artigo tem como objetivo relatar uma etapa do estágio supervisionado
oferecido aos alunos do V e VI semestres do curso de Pedagogia do Centro
Universitário Católico Salesiano Auxilium, o UniSalesiano de Lins-SP, onde tendo
como base os diversos conteúdos trabalhados no curso através das disciplinas
como, Metodologia do Ensino da Matemática, Fundamentos teóricos e
metodológicos de Alfabetização, Psicologia, dentre outros, aproxima a teoria
aprendida em sala de aula à realidade da prática pedagógica nas escolas de
educação básica.
A possibilidade dessa experiência acontece pela atuação dos graduandos na
Clinica de Atendimento Pedagógico Especializado EPISTEME, mais conhecido
como: Clinica Pedagógica, que funciona no prédio da Instituição desde 2008.
O estágio, realizado na Clínica, tem por objetivo geral possibilitar aos alunos
do curso de Pedagogia vivências reflexivas sobre a importância da intervenção
significativa no processo de ensino e aprendizagem de crianças com dificuldades de
aprendizagem.
Seus objetivos específicos são:
a) Fortalecer a reflexão da práxis pedagógica, tendo como suporte teórico os
conteúdos das disciplinas do currículo do curso de Pedagogia;
b) Oferecer estágio supervisionado dentro dos espaços de aprendizagem do
estudante, assim como na carga horária do curso;
3
c) Possibilitar aos estudantes de Pedagogia a ampliação e a vivência de
conhecimentos sobre a importância educacional do relacionamento com os pais
através das palestras, oficinas e rodas de conversas que são organizadas pelas
graduandas.
O trabalho na Clinica do curso de Pedagógico objetiva, também, um maior
entrosamento com a comunidade. Desta forma, articula a organização de um
trabalho em um nível acadêmico-científico, com os pais e/ou responsáveis, além
responder à solicitação de auxilio de escolas municipais e estaduais, da cidade de
Lins e região, incluindo objetivos voltados à comunidade:
a) Ofertar serviços de apoio escolar à comunidade;
b) Auxiliar os pais e/ou responsáveis a compreender o que ocorre em relação ao
desenvolvimento escolar de suas crianças ou jovens;
c) Elevar a autoestima de crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem.
d) Fortalecer os laços de afetividade entre as crianças e jovens e seus pais ou
familiares através do reconhecimento de seu desenvolvimento.
Os atendimentos da clínica acontecem todas as quartas-feiras das 19h15min
às 20h45min, duram cerca de 90 minutos, todos os graduandos envolvidos têm seus
jalecos personalizados, esses atendimentos são realizados da forma descrita
abaixo.
Em um primeiro momento os universitários matriculados no V e VI semestres
do curso de pedagogia são divididos em duplas.
A organização das atividades é elaborada pela coordenadora da clínica pois é
divido em organização, atendimento as crianças e palestras de formação aos pais, a
divisão é pensada para que todos tenham a possibilidade de vivencias todas as
etapas e todos os contextos da clínica.
Enquanto as crianças são atendidas na clínica seus pais as aguardam em
espaço organizado participando de oficinas e palestras organizadas com temas
pertinentes relacionados à infância e suas especificidades, aos relacionamentos
entre escola e família, etc.
Cada dupla pode atender até seis crianças, a realização dos atendimentos e
suas intervenções acontecem mediante um diagnóstico embasado nas aulas de
Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização, que permite aos
4
graduandos discernir a hipótese de escrita silábica em que se encontra seu aluno.
Segundo Tebrosky e Colomer:
“As hipóteses elaboradas pela criança seguem uma ordem de evolução em que, a princípio, não se estabelece uma relação entre as formas gráficas da escrita e os significantes das palavras (hipótese pré-silábica). Em seguida a criança constrói hipóteses de fonetização da escrita, inicialmente relacionando os símbolos gráficos e as sílabas orais das palavras (hipótese silábica) e, finalmente compreende que as letras representam unidades menores que as sílabas, os fonemas da língua (hipótese alfabética). Entre esses dois momentos haveria um período de transição (hipótese silábico-alfabético).” (TEBEROSKY; COLOMER, 2003, p.55)
Este diagnóstico é realizado pelos próprios graduandos sob a orientação e
supervisão da professora responsável, através deste é possível utilizar os
conhecimentos que os alunos já possuem como ponto de partida para o
desenvolvimento do trabalho pedagógico e a partir disso promover as intervenções
necessárias a fim de auxiliar na evolução desses alunos.
“É necessário deixar claro que nenhuma criança entra na escola regular sem nada saber sobre a escrita e, que o processo de alfabetização é longo e trabalhoso para todas, não importa a classe social.” (FERREIRO; TEBEROSKY; 1999; p. 5)
Na clínica quem realiza o desenvolvimento das aulas também são os próprios
universitários, sempre supervisionados pela professora. Estes frente às dificuldades
apresentadas pelas crianças utilizam-se dos conteúdos aprendidos em sala de aula
e também de pesquisas para preparar aulas contextualizadas e utilizando-se de
recursos como jogos e brincadeiras buscam sempre tornar as aulas mais atraentes e
significativas para as crianças. Todo o desenvolvimento do trabalho é registrado em
portfólios de acompanhamento que mostram o caminho percorrido. Estes portfólios
norteiam os caminhos dos educandos e através deles também se pode observar as
evoluções conseguidas com a criança.
Ao término de cada semestre, é elaborado um relatório baseado nos
portfólios. Este relatório deve apresentar as considerações dos futuros pedagogos
sobre os atendimentos, suas experiências com as famílias e com os colegas de
curso, além da conclusão do educando sobre o desenvolvimento da criança durante
todo o processo de atendimento.
É essencial enfatizar que o objetivo principal do estágio realizado na Clínica,
não é o de alfabetizar alunos e, sim de ajudá-los em suas dificuldades de
aprendizado.
5
Além disso, o estágio permite que haja contato com uma diversidade grande
de alunos. Este relato envolverá quatro crianças (H., M., P., e V.) atendidas pelas
graduandas ao longo do ano de 2016. Além da experiência com as famílias das
crianças através dos momentos de palestra que aconteceram no primeiro e segundo
semestre.
Entre os alunos, um foi encaminhado por equipe médica diagnosticado com
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Esse e outros transtornos
já eram conhecidos pelas futuras pedagogas, pois aulas como Psicologia da
Educação e Educação Inclusiva abordaram esses temas. O contato com o aluno
possibilitou a oportunidade de abranger os conhecimentos até então adquiridos.
Visando um melhor aprendizado da criança, foram utilizados metodologias e
conteúdos indicados para auxiliar o trabalho com esse tipo de transtorno.
Para Silveira (1996) o papel desempenhado pelo professor é um dos mais
importantes do processo, é o seu trabalho tanto disciplinar, quanto pedagógico e
metodológico que pode modificar a postura da comunidade em relação às crianças
com necessidades especiais.
Dos atendimentos e intervenções:
H. é o aluno supracitado, ele foi o primeiro atendido pela dupla, tem 10 anos,
e está frequentando uma escola pública numa sala de terceiro ano com reforço
intensivo (RI). O menino mora com os avós, a mãe e o irmão menor. Seus pais são
separados e não mantém um relacionamento amigável, o que pode influenciar
diretamente as questões de aprendizagem, conforme o que se aprende nas aulas de
Psicologia.As emoções e sentimentos constituem aspectos centrais na regulação biológica e estabelecem uma ponte entre os processos racionais e não racionais... A estreita relação entre cognição e emoção refere-se não apenas as emoções básicas que são automáticas e, normalmente, envolvem situações extremas que afetam o indivíduo de maneira mais perceptível ao observador externo. Essa relação também se refere aos sentimentos de fundo, aos humores, que contribuem ou funcionam como um obstáculo para a adoção de atitudes e posicionamentos no interior das aulas. (SANTOS, 2010, p.15)
Desde o início ele mostrava-se uma criança retraída e insegura, em seu
diagnóstico ficou evidenciado que o mesmo se encontrava no nível silábico-
alfabético, apresentando bastante dificuldade em leitura. A partir daí o trabalho
6
desenvolvido envolveu a exploração de livros com a proposta de reescrita e
atividades como cruzadinha, caça-palavras e escrita de listas. Alguns jogos com
foco em rimas também foram explorados. A cada semana o aluno levava para casa
uma revista ou gibi e em seu retorno para o atendimento a oralidade era explorada
em relação à leitura proposta. O trabalho seguia bem, até que por motivos
particulares que segundo a mãe estão relacionados à questão financeira H. teve que
abandonar o atendimento.
Outra criança atendida foi M. que é um aluno de 8 anos, matriculado no
terceiro ano do ensino fundamental, diagnosticado na hipótese silábico-alfabético.
Na realização do diagnóstico foi bem na parte de leitura e escrita, porém mostrou
algumas dificuldades em matemática. Conversando com ele, descobrimos que suas
principais dificuldades envolviam a resolução de operações fundamentais,
reagrupamento, nesse sentido o trabalho desenvolvido envolveu o material dourado
e resolução de problemas.
Não basta saber fazer mecanicamente as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão. É preciso saber como e quando usá-las convenientemente na resolução de situações-problema. (DANTE, 2003, p.13)
O aluno apresentava evoluções quando subitamente parou de frequentar os
atendimentos, questionada a mãe argumentou que não estava conseguindo conciliar
seu horário com o horário do atendimento na clínica pedagógica.
P. é um aluno, diagnosticado na hipótese pré-silábica, com muitas
dificuldades de concentração, matriculado no primeiro ano do Ensino Fundamental,
o aluno sabia escrever o primeiro nome, porém não reconhecia as letras do mesmo,
nem relacionava número e quantidade. O trabalho a ser desenvolvido, deveria então
abranger todas as áreas de maneira atraente, para que o aluno pudesse ter a
atenção voltada para a aula a ser ministrada. Sendo assim, o trabalho realizado
contou com metodologias diversificadas explorando o lúdico como facilitador da
aprendizagem, afinal, como toda criança na faixa em processo de alfabetização
gostava muito de brincar, algo trazido por Tierno, como de suma importância para
um bom aprendizado:“O professor, na relação com a criança do primeiro ano, precisa conhecer seu próprio aspecto lúdico para brincar e brincar, proporcionando trocas de papéis entre aluno, problematizando questões de toda ordem. Conteúdos são bem-vindos desde que o foco não se restrinja a eles, mas se ampliem na experiência da criança e na sua capacidade de expressão. Aliás, o
7
sujeito da aprendizagem é a criança de seis anos e, não o ensino.” (TIERNO, 2008, p.17)
Um trabalho com as letras do alfabeto foi o ponto de partida das atividades
com o aluno. Em uma conversa P. relatou que gostava muito da “Galinha
Pintadinha”, sendo assim, esse tema foi bastante explorado no desenvolvimento do
trabalho com o aluno. Recursos como jogos, brincadeiras e vídeos foram utilizados,
além de leituras e escrita de diversos gêneros textuais, como contos, parlendas,
história em quadrinhos, que combinados com o trabalho com letras móveis produziu
bons resultados.
A aula tornou-se agradável aos olhos de P. e como tudo era realizado sem
cobrança e avaliações constantes, deixou o mais tranquilo, o que permitiu que seus
acertos fossem cada vez mais consecutivos possibilitando muitas evoluções na
hipótese do aluno que logo passou de pré-silábica para silábica sem valor.
Nas conversas com a mãe, ela também relatou que o aluno obteve avanços
na escola, mas que esta cobra das crianças uma plena alfabetização, inclusive já
incentivando o uso de letra cursiva, o que foge totalmente do que preveem os
documentos, como o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, que
estabelece em perspectiva nacional a idade adequada para efetiva alfabetização.
"Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso formal assumido pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental."
Assim possibilitando que o primeiro ano (enquanto transição da Educação
Infantil para o Ensino Fundamental) amplie suas possibilidades de trabalho, indo
além das questões de alfabetização, auxiliando no processo de desenvolvimento
completo da criança. Infelizmente reconhece-se que a cobrança na antecipação dos
resultados é comum no contexto escolar, em especial nas escolas particulares,
questão essa que precisa ser repensada pelos diretores e coordenadores das
unidades escolares.
V. é uma menina de 10 anos, que veio encaminhada por um psicólogo,
matriculada no segundo ano do ensino fundamental, sendo aluna repetente, a
menina mora com a mãe e os cinco irmãos e não conhece o pai biológico, mas
mesmo diante dessa situação mostrou-se bastante esforçada e empolgada em
frequentar a clínica. Na realização do diagnóstico, a hipótese apresentada por ela foi
8
a silábico-alfabética, dificuldades com leitura e escrita foram rapidamente
percebidas.
O trabalho teve início com livros de diferentes gêneros textuais e, as
atividades propostas sempre envolviam a leitura e principalmente a reescrita, pois, a
aluna realizava as leituras ao seu modo e, na hora de recontar o que havia lido,
ainda oralmente, ela apresentava muitas dificuldades. Na reescrita V. mostrava certa
confusão com as letras e seus sons, mas diante das intervenções refletia e percebia
a confusão, em seguida o corrigia, porém pouco depois cometia de novo erros
semelhantes ou até mesmo iguais. Para trabalhar nesse sentido e também explorar
a socialização dos alunos V. e P. ao final das aulas sempre era proposto uma
atividade conjunta, geralmente um jogo envolvendo rimas, palavras dentro de outras
palavras e trava-línguas.
Das palestras:
Para as duplas, a organização das palestras é um evento semestral, visto que
cada dupla é responsável pela realização de uma palestra por semestre. Os temas
escolhidos devem ser apresentados à professora orientadora o quanto antes para
que a mesma possa organizar uma planilha que objetiva não repetir os temas no
mesmo horário, o que torna as palestras mais interessantes para os pais.
Esse momento é muito importante para as futuras pedagogas, através desse
contato elas se aproximam dos pais e responsáveis, geralmente após a palestra há
um momento de descontração com café, biscoitos e conversas mais intimistas que
acabam por facilitar o trabalho desenvolvido com as crianças e aumentar a
confiança dos mesmos no trabalho desenvolvido na clínica.
A primeira palestra da dupla foi realizada no dia vinte e sete de abril, com o
tema: “A importância do brinquedo e do brincar para o desenvolvimento das
crianças”. Com o auxílio de slides embasados nos conhecimentos adquiridos em
sala e também em leituras pedagógicas pode-se elucidar melhor essa questão, de
modo a ampliar o conhecimento dos pais sobre o assunto, reforçando o quanto a
brincadeira pode auxiliar no desenvolvimento integral das crianças e também a
importância de eles brincarem com os filhos. Após a apresentação, a proposta de
oficina possibilitou a construção de um brinquedo juntamente com os pais. Fazendo
uso de materiais recicláveis e de baixo custo, mostrou-se aos pais que não é
9
necessário que haja um investimento alto para que haja diversão. Criatividade e
tempo são capazes de fazer a diferença nesse sentido e tornarão o brinquedo e o
jogo confeccionado muito significativo para as crianças, uma vez que as mesmas
poderão participar de todo o processo de construção dos mesmos, juntamente com
os adultos responsáveis.
A segunda palestra foi realizada no dia cinco de outubro e teve como tema: “A
importância da rotina para o desenvolvimento de seu filho”. Essa questão é bastante
relevante, em especial, para as que possuem dificuldades de aprendizagem ou
algum tipo de transtorno. Foi seguido o modelo de apresentação da primeira
palestra, com a utilização de slides que tratavam das questões relacionadas à
organização em relação aos horários, os espaços, as refeições, o sono, etc., porém
ao final da palestra foi feita uma roda de conversas onde os pais expuseram suas
maiores dificuldades em organizar e manter a rotina na vida das crianças. Esse
diálogo proporcionou uma troca de experiências entre todos os presentes, foi um
momento descontraído que enriqueceu a todos não somente no que se referia ao
tema da palestra, mas na questão da interação entre os pais, e destes com as
estagiárias, fator fundamental para o bom desenvolvimento do trabalho.
Conclusão
Durante a realização do estágio diferenciado, foi possível vivenciar e analisar
diversas etapas do processo ensino-aprendizagem e algumas das muitas questões
envolvidas nelas, enxergando a prática sob nova perspectiva onde o olhar atento é
fundamental, reconhecendo que as vivências que a crianças possuem podem
contribuir e muito para o seu desenvolvimento é essencial, onde compreender que é
necessário respeitar as especificidades, limitações e o tempo de cada uma faz a
diferença, onde os erros devem ser aliados do aprendizado, onde cada intervenção
deve ser pensada e planejada para propiciar evoluções que devem ser valorizadas,
onde a afetividade na relação e a interação entre o educador com as famílias
possam atuar no desenvolvimento da autoestima, ponto fundamental para que
ocorra o aprendizado.
Realizar um trabalho diferenciado é o caminho para que a criança aprenda,
interaja e se sinta parte integrada de uma comunidade. É preciso valorizar o que
10
elas já sabem e partir desse ponto e dos seus interesses delas para que ocorra o
verdadeiro aprendizado.
A presença de um obstáculo no processo de aprendizagem não indica a
existência de dificuldades permanentes, mas, sim, a forma que o sujeito
encontrou de autorregular seus esquemas de aprendizagem. Neste sentido,
a busca da superação desses obstáculos deve acontecer não como uma
proposta de cura, mas como um encontro para a ampliação de recursos a
serem utilizados neste movimento de busca de equilíbrio e de auto
regulação. (BARBOSA, 2008, p. 55)
Acreditar que todos são capazes é um diferencial que deve estar presente na
mente e na vida de um bom educador, ajudá-los a superar suas dificuldades é o
grande desafio que torna essa profissão tão difícil e tão especial.
Referências
BARBOSA, Laura Monte Serrat. Psicopedagogia: um diálogo entre a
psicopedagogia e a educação. 2. ed. Curitiba: Bolsa nacional do livro, 2008.
DANTE, Luiz Roberto. Didática da Resolução de Problemas da Matemática. São
Paulo: Ática, 2003
FERREIRO, E. TEBEROSKY, A. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre:
Artmed, 1999
PACCHIONI, Margareth Maria. Estágio e Supervisão: Uma reflexão sobre a
aprendizagem significativa. Americana/Lorena, SP: Stiliano, 2000.
pacto.mec.gov.br /o-pacto ; Pacto Nacional Para Alfabetização na Idade Certa -
Acesso em 26/07/2016
PIMENTA, S. G. LIMA, M. S. L. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2008
11
SANTOS, F.M.T. MORTIMER, E.F. Investigando as interações afetivas nas salas de aula. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 21 de Poços de
Caldas: Sociedade Brasileira de Química, 2010.
SILVEIRA, Marcos José da. Educação Especial no Brasil: história e políticas
públicas. São Paulo: Cortez, 1996.
TEBEROSKY, A. COLOMER, T. Aprender a ler e a escrever: Uma proposta
construtivista. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003
TIERNO, Giuliano. A criança de seis anos: Reflexões e práticas. São Paulo: Meca,
2008.
12