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Campesinato e expropriação: A expansão do agronegócio sobre terras camponesas no cerrado maranhense Rafael Bezerra Gaspar (PPGSA/IFCS/UFRJ) 1. Introdução O presente trabalho dá continuidade às reflexões que venho desenvolvendo, desde a pesquisa de Mestrado 1 , sobre a expansão do chamado agronegócio da soja em terras camponesas no cerrado do Leste Maranhense e que buscarei ampliar com outras preocupações na minha pesquisa de Doutorado 2 . Vincula-se, também, à minha participação, como colaborador, na pesquisa Crise Ecológica e Campesinato: o avanço do agronegócio no Leste Maranhense e seus impactos sobre a pequena agricultura realizada pelo Grupo de Estudos Rurais e Urbanos (GERUR) da Universidade Federal do Maranhão entre os anos de 2010 e 2012 3 . A partir de um resgate histórico do povoamento do Leste Maranhense, da constituição de um campesinato específico e dos distintos usos da terra no cerrado dessa região, eu reflito sobre o avanço da soja e a consequente expropriação camponesa com o “cercamento” das áreas de usufruto comum e a destruição do cerrado. Apesar de ser uma situação específica, o texto se vincula aos trabalhos que envolvem, atualmente, o conhecimento da chamada sociedade do agronegócio (Heredia, Leite e Palmeira, 2010), além de estudos sobre processos sociais e transformações no campo já tratados em outros contextos pela Sociologia e Antropologia brasileira, como aqueles de expropriação camponesa tão bem trabalhados por Moura (1984; 1988) e Martins (1991) em áreas da região Sudeste ou pesquisas que se preocuparam com as mudanças na reprodução de vida camponesa em estados do Nordeste e realizadas por Garcia Júnior (1983), Heredia (1989) e Palmeira (1977). 1 Dissertação de Mestrado intitulada “O eldorado dos gaúchos: deslocamento de agricultores do Sul do País e seu estabelecimento no Leste Maranhense” defendida em 2010 no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão. 2 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro sob orientação da Prof.ª Dr.ª Beatriz Maria Alasia de Heredia. 3 Projeto de pesquisa coordenado pela Prof.ª Dr.ª Maristela de Paula Andrade e com a participação de alunos de graduação vinculados ao Grupo de Estudos Rurais e Urbanos (GERUR/CNPq/UFMA). O projeto contou, entre os anos de 2010 e 2012, com o apoio financeiro da FAPEMA – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Maranhão e do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico para a concessão de bolsas de iniciação científica e técnica, além de recursos para trabalho de campo. Foi resultado, também, de solicitação formal de relatório técnico do Fórum em Defesa da Vida do Baixo Parnaíba Marannhense (FDVBPM) que corresponde a um conjunto de entidades não governamentais, sindicais, religiosas e da sociedade civil como OnGs, associações comunitárias, sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais e arquidioceses da região citada e participantes daquele Fórum (Paula Andrade, 2012). 1

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Campesinato e expropriação: A expansão do agronegócio sobre terras camponesas no

cerrado maranhense

Rafael Bezerra Gaspar (PPGSA/IFCS/UFRJ)

1. Introdução

O presente trabalho dá continuidade às reflexões que venho desenvolvendo, desde a

pesquisa de Mestrado1, sobre a expansão do chamado agronegócio da soja em terras

camponesas no cerrado do Leste Maranhense e que buscarei ampliar com outras preocupações

na minha pesquisa de Doutorado2. Vincula-se, também, à minha participação, como

colaborador, na pesquisa Crise Ecológica e Campesinato: o avanço do agronegócio no Leste

Maranhense e seus impactos sobre a pequena agricultura realizada pelo Grupo de Estudos

Rurais e Urbanos (GERUR) da Universidade Federal do Maranhão entre os anos de 2010 e

20123.

A partir de um resgate histórico do povoamento do Leste Maranhense, da constituição

de um campesinato específico e dos distintos usos da terra no cerrado dessa região, eu reflito

sobre o avanço da soja e a consequente expropriação camponesa com o “cercamento” das

áreas de usufruto comum e a destruição do cerrado. Apesar de ser uma situação específica, o

texto se vincula aos trabalhos que envolvem, atualmente, o conhecimento da chamada

sociedade do agronegócio (Heredia, Leite e Palmeira, 2010), além de estudos sobre processos

sociais e transformações no campo já tratados em outros contextos pela Sociologia e

Antropologia brasileira, como aqueles de expropriação camponesa tão bem trabalhados por

Moura (1984; 1988) e Martins (1991) em áreas da região Sudeste ou pesquisas que se

preocuparam com as mudanças na reprodução de vida camponesa em estados do Nordeste e

realizadas por Garcia Júnior (1983), Heredia (1989) e Palmeira (1977).

1 Dissertação de Mestrado intitulada “O eldorado dos gaúchos: deslocamento de agricultores do Sul do País e seuestabelecimento no Leste Maranhense” defendida em 2010 no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociaisda Universidade Federal do Maranhão.2 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio deJaneiro sob orientação da Prof.ª Dr.ª Beatriz Maria Alasia de Heredia.3 Projeto de pesquisa coordenado pela Prof.ª Dr.ª Maristela de Paula Andrade e com a participação de alunos degraduação vinculados ao Grupo de Estudos Rurais e Urbanos (GERUR/CNPq/UFMA). O projeto contou, entreos anos de 2010 e 2012, com o apoio financeiro da FAPEMA – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado doMaranhão e do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico para a concessão de bolsas deiniciação científica e técnica, além de recursos para trabalho de campo. Foi resultado, também, de solicitaçãoformal de relatório técnico do Fórum em Defesa da Vida do Baixo Parnaíba Marannhense (FDVBPM) quecorresponde a um conjunto de entidades não governamentais, sindicais, religiosas e da sociedade civil comoOnGs, associações comunitárias, sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais e arquidioceses da regiãocitada e participantes daquele Fórum (Paula Andrade, 2012).

1

2. Campesinato no Leste Maranhense

A chamada mesorregião Leste Maranhense4 localiza-se na porção oriental do estado

do Maranhão, limítrofe ao estado do Piauí e apresenta zonas geomorfológicas de contato entre

os biomas cerrado e caatinga. É constituída de seis Microrregiões - Chapadinha, Coelho Neto,

Baixo Parnaíba Maranhense, Chapadas do Alto Itapecuru, Codó e Caxias. Juntas, tais

microrregiões, abrangem 44 municípios, com uma área de 70.606,230 km² e população total

estimada em 1.336,005 habitantes (Ibge, 2010)5.

Ilustração 1: Mapa de localização da mesorregião Leste Maranhense

Fonte: IBGE. No período colonial, a região foi ocupada por distintos grupos indígenas localizados,

principalmente, na chamada Comarca de Brejo que compreendia as antigas Vilas de Brejo, de

São Bernardo da Parnaíba e de Tutóia. A maior densidade demográfica ocorria em áreas

4 Oficialmente denominado de Leste Maranhense, essa mesorregião, também, é conhecida genericamente pelaexpressão Baixo Parnaíba e é correntemente citada com este último termo, principalmente, entre integrantes demovimentos sociais como o Fórum em Defesa da Vida do Baixo Parnaíba Maranhense, integrantes deassociações comunitárias e sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais de municípios da região.Necessariamente, a referência ao chamado Baixo Parnaíba não chega a coincidir com a área oficial delimitadada mesorregião Leste Maranhense, mas se refere, principalmente, às áreas geográficas que integra os municípiosSanta Quitéria do Maranhão, Brejo, Anapurus, Mata Roma, Chapadinha, Buriti, Urbano Santos, São Bernardo,Barreirinhas, Belágua, São Benedito do Rio Preto, Santana do Maranhão, Milagres do Maranhão. 5 Consultar www.ibge.gov.br. Censo Demográfico 2010.

2

próximas às grandes fazendas e feitorias localizadas junto aos cursos fluviais (Assunção,

2010). Em algumas localidades, como a vila de São Bernardo da Parnaíba, existiram, também,

estabelecimentos de propriedade de ordens religiosas fixadas no Maranhão desde o século

XVII, caso dos jesuítas da Companhia de Jesus (Marques, 1970, p. 581).

Conforme Assunção (2010, p. 75), os estabelecimentos de plantio de algodão ou

produção de açúcar como as grandes fazendas e feitorias baseadas na mão de obra escrava

ocuparam, principalmente, as áreas próximas aos cursos fluviais de larga extensão, como o

Parnaíba e Itapecuru, com fins ao escoamento da produção. Já as áreas entre os rios Munim e

Parnaíba eram formadas por terrenos de chapada ou próximos ao litoral e suas terras eram

pouco procuradas, à época, pelos latifundiários da região e mais propícios à criação do

rebanho bovino.

Desde o século XIX, já apareciam em almanaques administrativos e econômicos da

época6 a divulgação de culturas agrícolas, como mandioca, arroz, milho e feijão e produtos

derivados e associados a outros, como a tapioca ou goma, o fumo e o azeite de coco. Isso

aponta para a formação de uma economia nativa de base camponesa que se organizou

independente das grandes lavouras de algodão ou açúcar destinadas à exportação existentes

nas grandes fazendas da região ou da área vizinha do Itapecuru. Outras atividades, como a

pesca, também complementavam essa economia regional e eram praticadas em lagoas e rios

da região (Marques, 1970). Os cursos d’água foram importantes caminhos para a

movimentação da produção regional e a Vila de São João da Parnaíba (atual município de

Parnaíba) localizada no atual estado do Piauí exercia, no século XIX, uma influência bem

maior na região do que a própria capital do Maranhão – São Luís – devido ao escoamento

mais fácil da produção regional por meio dos rios maiores e navegáveis, como é o caso do Rio

Parnaíba.

A partir dos fins do século XIX e início do XX, ocorreu o processo de desagregação

da grande propriedade e a saída gradativa dos latifundiários e fazendeiros da região

(Assunção, 2010), ao mesmo tempo em que se desenrolava, paulatinamente, a chegada de

levas de trabalhadores vindos de estados que sofriam com contradições da estrutura agrária e

com a seca, como o Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Bahia. Na

passagem pelo Rio Parnaíba (fronteira entre os atuais estados do Maranhão e Piauí), pequenos

agricultores e criadores de rebanhos atravessavam duas direções: uma pela cidade de Teresina

e outra pela cidade de Floriano, localizadas no estado do Piauí. Esses grupos se espalhavam

6 Alguns dados da produção agrícola da região aparecem em Belarmino de Mattos no seu Almanaqueadministrativo e industrial para 1862. Quinto Ano. São Luís. Typ. do Progresso. 1862.

3

em áreas de cerrado, tanto para o nordeste do Maranhão em direção a Caxias e mais ao norte,

chegando à região de Brejo ou seguiam para o sul do estado, em direção ao atual município de

Pastos Bons (Correia de Andrade, 1973; Santos, 2009).

Na porção que compreendia as antigas Vilas de Brejo e São Bernardo da Parnaíba –

áreas que integram os atuais municípios de Brejo e São Bernardo localizados na mesorregião

Leste Maranhense – os migrantes nordestinos foram se estabelecendo, cruzando com tribos

indígenas destribalizadas já fixadas, com outros segmentos camponeses de ancestralidade

escrava e com homens livres pobres que permaneceram após a desestruturação das fazendas

maiores. Aí permaneceram adotando práticas especificas de uso da terra e dos recursos

naturais, constituindo uma base econômica autônoma e independente da influência das

grandes lavouras do passado.

Esses grupos realizam, há gerações, a pequena produção de alimentos articulada à

extração de mel e, principalmente, frutas nativas como o bacuri e o pequi, além da pequena

criação de animais em áreas do cerrado local classificadas respectivamente de baixão, capão e

chapada (Moraes, 2009; Paula Andrade, 1995; Pietrafesa de Godoi, 1999). As chapadas são

áreas abertas e altas, sem muitas árvores, com poucos cursos d'água e, historicamente, foram

utilizadas para a criação do rebanho bovino e atividade de caça. Ademais, são aproveitadas,

também, para a extração dos frutos de espécies nativas, como bacurizeiros e pequizeiros,

assim como para a retirada de madeira destinada à fabricação de peças de artesanato nativo

vendidas em povoados locais ou municípios da região.

As áreas indicadas para a produção agrícola são chamadas de baixões. Os baixões são

terrenos mais baixos, alagadiços, com frequente passagem de cursos d'água ou pequenos

córregos. Estudos mais recentes (Paula Andrade, 2012) mostram, também, que manchas de

solo localizadas nas chapadas e denominadas localmente de capões e morros permitem o

desenvolvimento da agricultura camponesa. O uso dessas formações florestais para a

atividade agrícola permite relativizar uma visão dicotômica sobre a agricultura camponesa em

áreas de cerrado.

Menos do que opor áreas úmidas e mais secas ou agricultura e extrativismo (Moraes

2009), esses grupos se apropriam de certas áreas que são consideradas, à primeira vista, como

inadequadas para o cultivo agrícola e produzem sua economia com base na articulação entre

os ecossistemas. Terrenos considerados improdutivos são tratados pelos segmentos

camponeses e poderão vir a se tornar locais de produção agrícola, o que mostra que esses

grupos manipulam e produzem a natureza (Balée, 2008).

4

Outras categorias locais desse sistema de conhecimento nativo do cerrado, como

frente e fundo de terra e sobra de terra também aparecem como locais manejados e

apropriados pelas famílias camponesas da região. São formações florestais que existem,

também, nas chapadas, são entendidas como passiveis de apropriação coletiva e de uso

comum e vem sendo utilizadas, principalmente, no atual momento de expansão dos plantios

monocultivos realizados por agentes empresariais na região. Além desses ambientes, boa

parte do Leste Maranhense conta com recursos hídricos de diferentes portes - olhos d'água,

nascentes, córregos, riachos, brejais, rios e seus afluentes, açudes, lagoas e lagos - onde as

famílias camponesas, também, praticam diferentes tipos de pesca e extraem materiais para a

confecção de objetos artesanais.

As famílias camponesas estabelecidas na região são originárias, assim, de um

povoamento antigo formado por grupos indígenas, escravos ou negros alforriados e migrantes

nordestinos. Esses grupos podem ser classificadas como posseiros, pequenos proprietários

(arrendatários ou rendeiros), os chamados remanescentes de quilombos e herdeiros de terras

sem partilha (Paula Andrade, 2012) que mantêm a sua reprodução com base na

indivisibilidade das suas terras e na articulação do usufruto comum e apropriação

individual/familiar dos recursos naturais.

As unidades territoriais que integram os chamados povoados7 nos quais residem e

trabalham, atualmente, grande parte das famílias camponesas da região pesquisada, assim

como seus limites, foram ancestralmente ocupadas e definidas consensualmente por meio de

regras específicas sem necessariamente corresponder, em muitos casos, aos instrumentos

jurídicos formais de reconhecimento da posse (com títulos de propriedade) e partilha da terra.

O domínio sobre determinadas porções de terra, sua distribuição, assim como a apropriação

dos ecossistemas existentes se baseia em um sistema de sucessão e herança, existente nas

lógicas de organização camponesa (Moura, 1978) e de comportamentos orientados por

princípios morais (Thompson, 1998), no qual o grupo garante a todos o direito de acesso à

terra, assim como a permanência na localidade.

Esses grupos mantiveram, secularmente, a indivisibilidade das suas terras baseada

fundamentalmente nos vínculos de parentesco e acatadas sob formas costumeiras de herança

entre os parentes. Correspondem às chamadas terras de herança (Almeida, 2009) concebidas

como domínios titulados ou não que permanecem indivisos há várias gerações sem que se

proceda ao formal de partilha e que podem se caracterizar como de uso comum das terras e

7 Povoado é uma categoria êmica que corresponde a uma unidade territorial, consensualmente, acatada por seusresidentes e onde se localiza as residências, áreas de trabalho e outras edificações.

5

recursos disponíveis. Embora em certas situações ocorra o formal de partilha sem que os

chamados herdeiros tenham se apropriado das parcelas destinadas (Almeida 2009; Moura

1978), no caso do Leste Maranhense se constituiu uma diversidade de situações resultado do

avanço de empresas e indústrias para a região conforme apontado por Paula Andrade (1995)

tais como: os parentes dos herdeiros de terras de herança sem partilha sem direito à terra,

mas que moram e cultivam nas terras de familiares; os parentes de herdeiros que apenas

residem nos limites dos povoados, mas pagam renda para cultivar em terras de latifundiários

ou de pequenos proprietários; os herdeiros de terras de herança que pagam renda para

cultivar a terra em outras propriedades; e os herdeiros que ocupam terras de chapada,

tornando-se posseiros.

3. A implantação de projetos agroflorestais e a expansão da soja

Desde a década de 1980, a região leste do Maranhão vem sendo alcançada por

atividades agro-florestais. As primeiras implantações – e ainda permanecem até os dias atuais

– surgiram com os campos de eucalipto pela Comercial Agrícola Paineiras Ltda, subsidiária

do grupo Suzano Papel e Celulose e com o desenvolvimento de atividades de extração de

madeira nativa para a produção de carvão vegetal realizada pela MARFLORA - Maranhão

Reflorestadora Ltda., braço florestal da siderúrgica Maranhão Gusa S/A -MARGUSA – e

destinada às unidades de produção de ferro gusa na área de influência de atividades

relacionadas ao Programa Grande Carajás (Paula Andrade, 1995).

Essas atividades expandiram-se, territorialmente, através de distintos processos de

apropriação ilegal de terras e por meio dos chamados projetos de manejo florestal sustentado,

que correspondiam a projetos de reflorestamento destinados à ocupação de muitas áreas de

chapadas não contíguas, mas que, em termos econômicos, formavam grandes latifúndios

(Paula Andrade, 1995, p. 20). Os projetos de manejo, aprovados e fiscalizados pelo IBAMA,

eram operados, na década de 1980, pela MARFLORA, braço florestal da siderúrgica

MARGUSA (pertencente ainda à Yanmar Brasil S/A). As medidas adotadas pela

MARFLORA consistiram em registro irregular de terras através de dispositivos, como da

posse justa, que permitiam a confecção de Certidões de Escrituras Públicas de compra e

venda e de Escrituras de Direito de Posse em Cartórios de Registros de Imóveis, como na

Comarca de Brejo (Paula Andrade, 1995).

A posse irregular das áreas de chapadas, no momento de execução dos projetos de

reflorestamento, contribuiu para a formação de um estoque de terras que foi incorporado, no

final da década de 1990, ao patrimônio de agentes empresariais (particulares e empresas)6

envolvidos com o desenvolvimento da agricultura graneleira na região. Com o contexto

nacional das políticas de incentivo ao chamado agronegócio (Carneiro, 2008) (Fernandez,

2007) (Grynszpan, 2009), (Heredia, Palmeira e Leite, 2010), o Leste Maranhense tornou-se,

nos anos 2000, o segundo pólo da agricultura de grãos no Maranhão, com concentração na

microrregião de Chapadinha por meio da participação de agricultores vindos do Sul do país e

conhecidos, localmente, como gaúchos e com a instalação das chamadas tradings (Gaspar,

2010).

Os municípios já alcançados diretamente pelas áreas de monocultura da soja são

Anapurus, Brejo, Buriti de Inácia Vaz, Chapadinha, Mata Roma e Milagres do Maranhão na

microrregião de Chapadinha e Magalhães de Almeida na microrregião do Baixo Parnaíba

Maranhense, com crescente produção de grãos em torno, principalmente, das culturas de

arroz, milho, milhete e, sobretudo, soja. (Holanda, 2008, p. 13). Condições locais existentes,

naquele momento foram fundamentais para o seu desenvolvimento. Em termos gerais, as

condições locais que favoreceram o desenvolvimento da agricultura graneleira na região

foram as facilidades de aquisição de terras por novos proprietários devido a ausência de

organização fundiária na região e a proximidade geográfica a portos de grande movimentação,

como o de Itaqui em São Luís, distante 300 km de Chapadinha. Essa proximidade da Ilha de

São Luís à região possibilitava uma economia de custos operacionais em relação ao Pólo de

grãos de Balsas, no Sul do estado que está distante 800 km daquele porto.

A produção de grãos aumentou gradualmente na região, chegando a duplicar em um

intervalo de 1 ano ou ultrapassando o índice de 50.000 toneladas a partir da segunda metade

da década de 2000. Em 2011, último ano de registro da produção agrícola municipal

disponibilizada pelo IBGE, a soja já apresenta uma quantidade de 174.366 toneladas, o que

corresponde a 11,09% de toda a produção sojícola realizada no estado do Maranhão8.

Essa expansão coincide com um período de grande incentivo oficial do crédito rural à

produção de grãos no Maranhão, o que levou a soja a ser o produto principal dos

investimentos agrícolas em relação ao financiamento de outras culturas no estado, como o

arroz, o milho e a mandioca (GASPAR 2010).

Gráfico 1: Financiamento de custeios de lavoura concedidos a produtores e cooperativas – Maranhão

8 Fonte: Produção Agrícola Municipal (Ibge, 2011).7

Fonte: BACEN - Anuário Estatístico do Crédito Rural

Os dados de incentivos oficiais, caso do crédito rural entre os anos de 2002 e 2012,

mostram que a cultura da soja vem recebendo a maior parte do montante de recursos entre as

quatro principais culturas agrícolas no estado do Maranhão. Embora não apareça no gráfico

acima, a soja ocupava apenas o terceiro lugar, no final da década de 1990, como produto

beneficiário de fundos oficiais destinados à categoria produtores e cooperativas. Sua posição

mudou, significativamente, para o primeiro lugar no ano 2000 e permaneceu em crescente

evolução em relação às outras culturas, com apenas um intervalo de retração entre os anos de

2003 e 2004, conforme mostra o gráfico9.

Os recursos oficiais destinados à produção de soja no Maranhão mostram, nesse caso,

que o Estado assumiu um papel fundamental, como investidor central, para o

desenvolvimento de grãos de alta produtividade e com fins ao mercado externo em detrimento

de outras culturas agrícolas já há tempo estabelecidas, como a mandioca e o arroz, e

marcadamente de base agrícola camponesa. A nível estadual, esses investimentos

reproduziam uma tendência mais geral de aceleração das políticas de produção agrícola nas

áreas de cerrado no país, e a soja aparecia como o “ouro verde” fundamental ao equilibro da

economia brasileira (Heredia, Leite e Palmeira, 2010).9 É interessante destacar que dentre as quatro principais culturas agrícolas com maiores financiamentos nosúltimos dez anos mostrado no Gráfico 1, o arroz foi aquele que passou a receber menos recursos e, a partir de2010, foi superado pelo algodão no estado, saindo da lista das quatro principais culturas mais beneficiados. VerAnuário Estatístico do Crédito Rural (https://www.bcb.gov.br/?RELRURAL).

8

4 – Expropriação camponesa: Crise social e devastação ambiental

O Estado se constituiu como um mediador importante para o avanço do agronegócio

sobre as terras camponesas no Leste Maranhense mesmo que, contrariamente, não tenha

aplicado, regularmente, políticas oficiais de normalização fundiária. Longe de se pensar a

regularização das áreas de posse, das pequenas propriedades ou daquelas reivindicadas pela

ocupação de grupos autodenominados remanescentes de quilombos na região, o Estado,

historicamente, atuou pouco na execução de ações formais de acesso e distribuição da terra na

região.

Além do desconhecimento dos regimes jurídicos específicos de acesso à terra operado

pelos segmentos camponeses variados que ocupam ancestralmente a região, a escassa ação

estatal contribuiu decisivamente para a formação de extensos hectares de terras que não

tiveram seus títulos de posse ou propriedade reconhecidos oficialmente. Essas áreas

acabaram, gradativamente, passando para o patrimônio de empresas vinculadas às atividades

de plantios de eucalipto desde a década de 1980 – por meio dos chamados projetos de

reflorestamento – conforme já aludido e, também, para o domínio de diferentes agentes

autodenominados de gaúchos e envolvidos com a expansão do agronegócio, a partir dos anos

2000, através da compra de terras registradas irregularmente ou via ações fraudulentas.

As extensas áreas de cerrado apropriadas por esses agentes empresariais apresentavam

diversas irregularidades no registro oficial como, por exemplo, a presença de famílias em

terrenos supostamente já vendidos, a existência de imóveis rurais definidos de forma

imprecisa e de imóveis rurais com matrículas diferentes no mesmo livro de registro geral,

além do registro de áreas de posse sem cadeia dominial comprovada (Shiraishi Neto 1995).

Esse cenário de avanço do agronegócio via ações estatais intensificou a concentração

da propriedade/posse da terra em uma região já marcada, em tempos passados, pela grande

lavoura de exportação e pelo latifúndio. Esse processo reforçou, atualmente, a diminuição do

número de agricultores familiares e a redução de estabelecimentos agrícolas ocupados por

pessoas que mantem laços de parentesco com o produtor. Ao mesmo tempo, vem ocorrendo o

aumento gradativo da área média das explorações agrícolas operadas por particulares ou

grupos empresariais.

A microrregião de Chapadinha – onde se concentra a maior produção sojícola na

região – apresenta uma das mais baixas atuações em termos de reforma agrária, caracterizada,

principalmente por: baixo número de projetos de assentamento, de famílias assentadas (menos

de 1,2% em todo estado) e de áreas indicadas para fins de desapropriação (menos de 0,9% em9

todo estado) (Carneiro, 2008). Tal quadro de baixa atuação estatal reforça a perda das terras

camponesas para essas explorações que avançaram para a região nos últimos trinta anos,

como os plantios monocultivos – eucalipto e soja.

O desenvolvimento da soja vem afetando os regimes domésticos camponeses e

ameaçando sua reprodução física, social e econômica em diversos povoados. Uma das

principais consequências da expansão do plantio de grãos corresponde ao progressivo

desmatamento da cobertura florestal em áreas manejadas comunalmente pelas famíloas

camponesas, como as de chapadas, os baixões e os capões. A devastação do cerrado ocorre,

principalmente, por meio do chamado correntão que corresponde ao uso de maquinário

agrícola com a instalação de grossas correntes em sua parte inferior com objetivo de

derrubada e retirada completa de todas as espécies vegetais existentes.

Muitos povoados vêm perdendo suas áreas agricultáveis, caso dos chamados baixões,

ou se encontram com os terrenos restantes encurralados entre os espaços de moradia e os

chamados campos de soja. Ocorre, também, a derrubada de espécies nativas em áreas de

chapadas que produziam frutos comestíveis e de grande valor comercial, como o pequi

(Caryocar brasiliense Cambess), uma espécie protegida pela legislação e o bacuri (Platonia

insignis Mart.), além de madeira nativa usadas no artesanato local e espécies florestais

aproveitadas como ervas medicinais, caso da fava d´anta ou aquelas propícias à extração de

mel (Paula Andrade, 2012).

A limitação de acesso às chapadas representa, também, outra grave questão para a

reprodução camponesa. Esses espaços vêm se transformando em grandes campos de plantio

de soja e provocando a fuga ou desaparecimento de espécies animais que correspondem

àquelas usufruídas nas atividades de caça pelas famílias camponesas. Ademais, mesmo que os

produtores de soja não utilizem cercas físicas em seus campos de plantio, porém os deixem

abertos, esses agentes impedem a criação de animais, historicamente, praticado pelas famílias

camponesas nas chapadas através do abatimento contínuo da pecuária nativa que adentra os

campos sojícolas.

Outro fator de mortandade da criação doméstica acontece em períodos de pulverização

dos campos de soja, com o uso de pequenos aviões carregados de material agrotóxico que são

despejados sobre as áreas de trabalho e residência das famílias locais. Segundo dados atuais

(Paula Andrade, 2012), o material agrotóxico se concentra, principalmente, nos reservatórios

d’água, como riachos, lagoas, pequenos cursos e até mesmo rios de média extensão,

frequentemente, utilizados pelos camponeses para a pesca ou ofereciam água potável para

comensalidade ou propícia ao uso para atividades domésticas. Ademais, devido ao10

desmatamento de áreas onde se situam corpos hídricos manejados pelas famílias camponesas

e classificadas localmente como grotas, brejais, córregos e braços de rios, esses mesmos

reservatórios d’água estão se extinguindo ou vem diminuindo o regime fluvial dos médios

cursos d´água que alimentam os rios maiores da região, como o Rio Parnaíba, Rio Munim e

Rio Preguiça.

Algumas situações já observadas (Paula Andrade, 2012) mostram que os chamados

fundos de terra ou sobra de terra constituídos em áreas de chapada se tornam as alternativas,

nos dias atuais, para o plantio da pequena produção frente ao avanço da soja. Esses espaços

acabaram, assim, se constituindo em estoques de terras fundamentais para a resistência da

produção camponesa, são manejados de forma coletivamente e sob regras acatadas

consensualmente e se tornaram áreas de conflitos entre os grupos camponeses que buscam

utilizá-los e os agentes que expandem seus plantios de soja para esse locais.

Cercados, assim, por imensos campos de soja que se impuseram às chapadas mesmo

que não estejam sob as cercas físicas características do latifúndio tradicional, às famílias

camponesas se abatem transformações que condicionam as representações desses grupos

sobre a cartografia territorial. Com a introdução dos plantios de grãos, ao nível das suas

representações, novas construções sobre a situação dos povoados, das áreas de plantio ou das

aquelas úteis à extração de recursos e circunvizinhas são construídas com ênfase em

expressões que ressignificam os processos de uso da terra na região, tais como viver circulado

[pelos campos de soja] ou habitar no círculo. Nesse sentido, o mapa mental elaborado, por

esses grupos, em termos de representações coletivas do espaço vem sofrendo os impactos das

ações empresariais nas áreas do cerrado maranhense.

Considerações finais

Diferente das formações sociais erigidas dentro da grande unidade econômica de

exploração em tempos passados ou organizada com base na desestruturação da chamada

plantation (Heredia 1898; Palmeira 1977; Velho 1969), os segmentos camponeses existentes

no Leste Maranhense se constituíram autonomamente em termos de sua economia e

organização social e baseados em princípios coletivos calcados em um sistema de herança das

terras e dos recursos disponíveis (Paula Andrade 1995; 2012). A expansão do agronegócio

para essa região privatizou áreas entendidas como abertas e corrompeu as lógicas de domínio

fundiário que os camponeses vêm adotando há mais de um século.

O avanço da soja intensificou um quadro histórico de expropriação camponesa na

região, produziu distintos conflitos entre as famílias de pequenos agricultores e os produtores11

de grãos e aumentou a incorporação de porções de terras ao patrimônio de diferentes agentes

vinculados à monocultura de grãos. As chapadas comuns foram, por exemplo, paulatinamente

devastadas e incorporadas a um novo entendimento de representação da região, qual seja o da

exploração econômica com fins de grande produtividade. Nesse sentido, se impõe uma nova

uniformidade ecológica-ambiental centrada na homogeneidade agrícola em detrimento da

diversidade do local.

Distinto dos processos de expropriação em contextos do latifúndio tradicional que

foram marcados pelo uso da violência, pistolagem e das cercas físicas (Almeida, 1976;

Santos, 2009) em outras áreas do Maranhão e mesmo da região Nordeste, o que vem se

conformando, no Leste Maranhense, é o cercamento das terras comuns camponesas pelos

campos de soja implantados com o desenvolvimento do agronegócio. Além do desmatamento

da cobertura vegetal de ecossistemas do cerrado classificados como chapadas, baixões,

capões, fundo e frente de terra e sobra de terra, essas áreas de usufruto comum são

representadas, pelas famílias camponesas, como espaços circulados e cercados pelos novos

plantios de grãos.

Com o impacto sobre suas atividades econômicas (pequena agricultura, extração

vegetal, pesca e artesanato), e que, consequentemente, afeta o acesso à terra, os segmentos

camponeses se deparam diante da intensa pressão sobre sua reprodução social e sujeitos,

cotidianamente, ao acesso limitado aos ecossistemas do cerrado local.

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