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Tiragem: 17200 País: Portugal Period.: Diária Âmbito: Economia, Negócios e. Pág: 30 Cores: Cor Área: 27,86 x 34,17 cm² Corte: 1 de 4 ID: 45307899 20-12-2012 A CAIS foi distinguida com o pré- mio “Civil Society Prize 2012” pelo Comité Económico e Social Euro- peu (CESE), em reconhecimento pe- los seus projetos de empregabilida- de social. A Associação - que, em 2012, assi- nala 18 anos de existência - é a pri- meira instituição portuguesa a ser reconhecida com o prémio euro- peu, tendo sido selecionada entre outras organizações dos 27 Estados- -membros da União Europeia. O CESE, que instituiu este galar- dão para reconhecer e encorajar iniciativas de organizações sociais que contribuam significantemente para promover a identidade, inte- gração e cidadania europeias, atri- buiu este ano, à CAIS, um meritó- rio segundo lugar, pelos seus proje- tos de empregabilidade social no âmbito do Programa CAHO – Capa- citar Hoje, destinados a pessoas de- sempregadas e em situação de po- breza extrema. Para Henrique Pinto, diretor da Associação CAIS, esta distinção do Comité Económico e Social Euro- peu “vem sobretudo confirmar que a pobreza se combate através de um projeto pessoal e de vida, onde o acolhimento afetuoso construído em habitação própria e o bom uso da experiência e potencial de cada um, aliados a espaços de formação profissional e, por fim, o acesso ao trabalho, são momentos cruciais obrigatórios, que a esmola, os ban- cos alimentares e a cantinas sociais nunca poderão vez alguma subesti- mar, se desejarem seriamente erra- dicar a fome e a indigência”. A ÚNICA RECEITA A recente atribuição do segundo lu- gar do Civil Society Prize 2012 à CAIS (que posicionou a Associação entre o projeto vencedor do Reino Unido, Transition Network e o pro- jeto sueco que mereceu o 3.º lugar, Livstycket), numa altura em que a CAIS e a sua revista completam 18 anos, “pode pensar-se como corolá- rio de um caminho que fortemente se acredita ser a única receita capaz de quebrar o ciclo de pobreza per- sistente em Portugal e os grilhões de desigualdade que aqui conti- nuam a separar milhares de resi- dentes”, concluiu Henrique Pinto. Nem de propósito, o Eurostat di- vulgou, em novembro, que, em 2011, 2,6 milhões de portugueses viviam em risco de pobreza ou ex- Em casa de ferreiro, espeto de pau Distinguida de forma inédita com prémio europeu “Civil Society Prize” pelos seus projetos de empregabilidade social, a Associação que desper- ta consciências vê confirmada na distinção do CESE “que a pobreza se combate através de um projeto pessoal e de vida”. Num país onde ainda impera a esmola, a CAIS revela, na maioridade dos seus 18 anos, que só assim é possível quebrar um ciclo que tende a persistir, como diz o seu diretor, Henrique Pinto “CIVIL SOCIETY PRIZE” POR GABRIELA COSTA/VER SOLIDÁRIO VER/BRUNO BARBOSA CONTINUA NA PÁG. 32 Lavagem Auto

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Page 1: Cais

Tiragem: 17200

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 30

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Área: 27,86 x 34,17 cm²

Corte: 1 de 4ID: 45307899 20-12-2012

A CAIS foi distinguida com o pré-mio “Civil Society Prize 2012” peloComité Económico e Social Euro-peu (CESE), em reconhecimento pe-los seus projetos de empregabilida-de social.

A Associação - que, em 2012, assi-nala 18 anos de existência - é a pri-meira instituição portuguesa a serreconhecida com o prémio euro-peu, tendo sido selecionada entreoutras organizações dos 27 Estados--membros da União Europeia.

O CESE, que instituiu este galar-dão para reconhecer e encorajariniciativas de organizações sociaisque contribuam significantementepara promover a identidade, inte-gração e cidadania europeias, atri-buiu este ano, à CAIS, um meritó-

rio segundo lugar, pelos seus proje-tos de empregabilidade social noâmbito do Programa CAHO – Capa-citar Hoje, destinados a pessoas de-sempregadas e em situação de po-breza extrema.

Para Henrique Pinto, diretor daAssociação CAIS, esta distinção doComité Económico e Social Euro-peu “vem sobretudo confirmar quea pobreza se combate através de umprojeto pessoal e de vida, onde oacolhimento afetuoso construídoem habitação própria e o bom usoda experiência e potencial de cadaum, aliados a espaços de formaçãoprofissional e, por fim, o acesso aotrabalho, são momentos cruciaisobrigatórios, que a esmola, os ban-cos alimentares e a cantinas sociaisnunca poderão vez alguma subesti-mar, se desejarem seriamente erra-dicar a fome e a indigência”.

A ÚNICA RECEITAA recente atribuição do segundo lu-gar do Civil Society Prize 2012 àCAIS (que posicionou a Associaçãoentre o projeto vencedor do ReinoUnido, Transition Network e o pro-jeto sueco que mereceu o 3.º lugar,Livstycket), numa altura em que aCAIS e a sua revista completam 18anos, “pode pensar-se como corolá-rio de um caminho que fortementese acredita ser a única receita capazde quebrar o ciclo de pobreza per-sistente em Portugal e os grilhõesde desigualdade que aqui conti-nuam a separar milhares de resi-dentes”, concluiu Henrique Pinto.

Nem de propósito, o Eurostat di-vulgou, em novembro, que, em2011, 2,6 milhões de portuguesesviviam em risco de pobreza ou ex-

Em casa de ferreiro, espeto de pauDistinguida de forma inédita com prémio europeu “Civil Society Prize” pelos seus projetos de empregabilidade social, a Associação que desper-ta consciências vê confirmada na distinção do CESE “que a pobreza se combate através de um projeto pessoal e de vida”. Num país onde aindaimpera a esmola, a CAIS revela, na maioridade dos seus 18 anos, que só assim é possível quebrar um ciclo que tende a persistir, como dizo seu diretor, Henrique Pinto

“CIVIL SOCIETY PRIZE”

POR GABRIELA COSTA/VERSOLIDÁRIO

VER/BRUNO BARBOSA

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Tiragem: 17200

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Âmbito: Economia, Negócios e.

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clusão social – um número queequivale a praticamente um quartodo total da população (24,4%). Ain-da assim, segundo os dados do gabi-nete de estatística da União Euro-peia, verifica-se uma redução da po-breza em Portugal já que, em 2010,25,3% dos habitantes estavam emrisco de pobreza, contra os mais de26% registados em 2008. Nos últi-mos três anos, este indicador caiu1,6%, aponta o Eurostat.

No que respeita à Zona Euro, econsiderando exclusivamente o in-dicador do risco de pobreza, Portu-gal é ainda o terceiro país com mai-or percentagem de pobres, a seguirà Espanha (21,8%) e à Grécia(21,4%). De referir que o risco de po-breza ou exclusão social é medidopelo gabinete da UE através da iden-tificação de pessoas que vivem em,pelo menos, uma de três situações:risco de pobreza, carências mate-riais graves ou reduzida intensidadede trabalho.

No caso de Portugal, para alémdos 18% de população que se en-contra em risco de pobreza, 8,3%sofre de carências materiais gravese 8,2% vive em lares em que apenasum ou nenhum membro da famíliaestá empregado (manifestando, as-sim, reduzida intensidade de traba-

lho). No total, 24,4% da populaçãoportuguesa preenchia, em 2011,pelo menos um dos requisitos tidosem conta pelo gabinete de estatísti-ca.

Mesmo apresentando uma ligeiramelhoria, os números sobre a po-breza entre os portugueses conti-nuam acima da média europeia: noano passado foram identificados119,3 milhões de pessoas no espaçoda UE como estando em risco de po-breza e exclusão social – o que re-presenta uma média de 24,2% dapopulação dos 27 Estados-membros(um valor pouco abaixo dos 24,4%da população portuguesa que vivi-am com o mesmo risco em 2011).

De resto, e ao contrário da ten-dência em Portugal – ainda quemuito pouco expressiva –, o fenó-meno nos restantes países europeusagravou-se no ano passado, depoisde se cifrar nos 23,5%, em 2008, enos 23,4%, em 2010. Já em 2011, esegundo os números do Eurostat,17% dos cidadãos residentes no es-paço da União Europeia estavam àbeira da pobreza, 9% enfrentavamcarências materiais graves e 10% vi-viam em lares com reduzida inten-sidade de trabalho.

Também no ano passado, a Bulgá-ria (49%), a Roménia e a Letónia

(40%), a Lituânia (33%), a Grécia e aHungria (31%) foram, respetiva-mente, os países que registaram aspercentagens de exclusão mais ele-vadas, enquanto a República Checa(15%), a Holanda e a Suécia (ambascom 16%), o Luxemburgo e a Áus-tria (17%) foram os países que me-lhor desempenho tiveram, peranteeste drama.

ECONOMIA SOLIDÁRIACOM A POBREZAOs números mais recentes sobre apobreza e a exclusão social em Por-tugal são matéria de preocupaçãopor parte da Comissão Europeiaque, num comunicado recente, re-corda os 18% de população que viveabaixo do limiar estatístico da po-breza, no nosso país e, consequente-mente, sem rendimentos suficien-tes para fazer face às suas necessi-dades básicas. Já quanto aos 24,4%que vivem em risco de pobreza oude exclusão social, os especialistastemem um agravamento da situa-

ção social portuguesa, com a crise,o desemprego, a redução de saláriose os cortes nas prestações sociais acontribuírem inevitavelmente paraessa conjuntura.

Perante estes dados, o ministroda Solidariedade e da Segurança So-cial admitiu que os números do Eu-rostat apontados para Portugal são“muito preocupantes”. Recordandoa atuação do governo no sentido de“atenuar sistematicamente as taxasde pobreza em Portugal”, Pedro Mo-ta Soares sublinhou o “reforço de100 milhões de euros da linha decrédito acessível a instituições desolidariedade social, disponibiliza-da no âmbito do Plano de Emergên-cia Social (PES).

Referindo-se ao setor da econo-mia social e solidária como “funda-mental para equilibrar” a balançacomercial e “manter a coesão” terri-torial e social, Mota Soares explicouque “o setor da economia social e

Empregabilidade e empreendedorismo: projetos vencedoresOs projetos da CAIS nas áreas da empregabilidade e do empreendedorismosocial foram apresentados a 27 de novembro, no Conselho Económico eSocial (CES), em Lisboa, numa conferência que reuniu representantes daAssociação, do CESE e do CES com as empresas mecenas e organizaçõesligadas aos projetos e os trabalhadores nos projetos criados. E os vence-dores do Civil Society Prize 2012 são…

RReevviissttaa CCAAIISS ((11999944))(C.E.C. Embalagens; DHL Express Portugal; LISGRÁFICA) Integrada num programa de inclusão, enquanto solução que se pretendetransitória, permite que pessoas em situação de pobreza extrema vãoobtendo algum rendimento e desenvolvendo competências pessoais eprofissionais. Esta é uma ferramenta disponibilizada pela CAIS a diversasinstituições nacionais, cujos temas fazem com que seja também um forteinstrumento do seu programa de intervenção. A Revista é ainda resultadode diversas parcerias, nacionais e internacionais, e é produzida com preo-cupações ambientais desde o seu primeiro número.

LLaavvaaggeemm AAuuttoo ((22001111))(Fundação EDP)Lançado no âmbito do programa Capacitar Hoje, a prestação do serviço éantecedida por uma formação intensiva no centro CAIS Lisboa. Além dacomponente ecológica (não utiliza água) o serviço garante qualidade com avantagem de ser realizado ao domicílio. Até à data, a CAIS já formou diver-sas pessoas, algumas das quais ganharam, neste projeto, as competênciasnecessárias para se autonomizar, abraçando oportunidades de empregoque entretanto surgiram.

CCAAIISS RReecciiccllaa ((22001111))(Unicer)A partir do Centro CAIS Porto, a Associação transforma resíduo industrialem novos produtos, como cadernos e lápis. Da equipa fazem parte umdesigner industrial, um formador e dois ex-desempregados que agora con-tam com um salário mensal fixo. Demonstrando a eficiência que o desen-volvimento de parcerias entre o setor social e o económico podem conter,a iniciativa permite reduzir o desperdício do parceiro da CAIS, fazendo delea mais valia que diferencia um produto, ao mesmo tempo que garanteemprego a dois colaboradores. O potencial reconhecido neste eco-projetoleva a CAIS a crer que se tornará independente da Associação.

PPrroojjeettoo TTrraaddiiççããoo EEnnggrraaxxaaddoorreess ((22001111))(SCML; IADE; ISCTE)Recuperar uma profissão tradicional e criar novos postos de trabalho eramos objetivos principais deste projeto, que pretendia unir um grupo deengraxadores através da criação de uma marca. Juntaram-se mestres eaprendizes que estiveram em formação durante quatro meses. O equipa-mento oferecido permite maior reconhecimento do grupo e facilita nãosó um trabalho coordenado entre todos, como também a sua integraçãoem empresas – mais clientes, maior rendimento, a partir de uma profissãoque poderá ser para a vida.

CCAAIISS BBuuyy@@WWoorrkk ((22001122))(Merck Sharp & Dohme)A CAIS presta serviços externos e facilita a vida pessoal dos funcionáriosda Merck Sharp & Dohme, como idas à lavandaria e ao supermercado.Empresa e colaborador associam-se assim num único projeto social, criandoum novo posto de trabalho e garantindo a sua sustentabilidade. Nestemomento, uma pessoa que esteve recentemente em situação de sem-abrigoestá integrada e a partilhar o espaço de trabalho dos seus clientes. A coor-denação ainda é da CAIS, mas pretende-se que o tarefeiro se autonomizee que este projeto seja adotado por outras empresas.

Os números maisrecentes sobre a pobrezae a exclusão social emPortugal são matéria depreocupação por parteda Comissão Europeia

No que respeita à ZonaEuro, e considerandoexclusivamente o indi-cador do risco depobreza, Portugal é aindao terceiro país com maiorpercentagem de pobres

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solidária, misericórdias, IPSS e mu-tualidades representa 5,25% do nos-so produto, de toda a riqueza que égerada”. E se, por um lado, os maio-res empregadores no interior dopaís fazem parte do setor social, poroutro, não sendo este um setor queexporta, “evita muitas importaçõesporque a maior parte das contrata-ções e dos consumos que faz sãoconsumos que estimulam a econo-mia local”, adiantou Mota Soares.

Face a este cenário, a atribuiçãodo Civil Society Prize a uma organi-zação portuguesa é, como diz o di-retor da Associação CAIS, “um sinalde maturidade na luta pela erradi-cação da pobreza e exclusão social,através de projetos e iniciativas cria-tivas, voluntárias ou co-financiadas,que procuram “a sustentabilidade ea qualificação pessoal e profissionalda população mais desfavorecida”.O reconhecimento por parte doCESE “confirma o valor do trabalhodas instituições sociais neste senti-do e encoraja o dever de nos man-termos firmes e determinados naconstrução de uma cidadania e deuma maior coesão social e económi-ca”, remata.

Por seu turno, Carlos PereiraMartins, conselheiro Europeu dePortugal no CESE e CES, sublinha oseu desejo de que, nesta distinçãoda CAIS, “se revejam tantas outrasinstituições sociais nacionais queajudam a minorar os sacrifícios, odesalento e a falta de meios da po-pulação mais desfavorecida”, corro-borando que esta iniciativa “signifi-ca que as organizações da sociedadecivil europeias e portuguesas estãoatentas e activamente empenhadasno objectivo do bem comum e nadefesa do interesse público”.

Sob o tema “Inovar para uma Eu-

ropa sustentável”, a 5.ª edição doprémio do CESE teve como princi-pal objetivo premiar a excelência deprojetos e iniciativas inovadoras nocampo da responsabilidade social eda sustentabilidade desenvolvidospor organizações sociais. A cerimó-nia de entrega do prémio, no valorde 10 mil euros, ocorreu em Bruxe-las, no dia 12 de dezembro, duranteo Plenário do Comité Económico eSocial Europeu.

UMA HISTÓRIA DE VIDA(S)Com a produção de uma revista aser vendida exclusivamente porpessoas numa situação de sem-abri-go, a CAIS, em dezembro de 1994,posicionou-se “imediatamente noterreno como uma organização quedefende que a pobreza se erradicapelo acesso a uma habitação (paraquem a não tem) e pela força deuma oportunidade de trabalho jus-tamente remunerado”, defende oseu diretor a respeito da história devida da CAIS. Ao fazê-lo, a Associa-ção “demarcou-se claramente deuma impessoal e inconsequente so-lidariedade – a esmola –, tão carac-terística das organizações que a re-volução industrial se viu obrigada ainventar, para tratar do que aindahoje alguns não têm escrúpulos emchamar de lixo social”, acrescenta,assertivo, Henrique Pinto.

E foi assim, com esta consciência,que a CAIS nasceu há quase duasdécadas: “Pequena, como talvez tu-do na vida”, com uma equipa decinco pessoas (incluindo Diogo Vas-concelos) que, em maio de 1994, as-sinaram a constituição da Associa-ção. Somadas as vontades multipli-cou-se a estrutura e “de pequenosfomo-nos tornando uma força cres-cente, em número e estatura”, re-

corda Henrique Pinto.Hoje, a Associação CAIS é, acima

de tudo, uma parceria com a socie-dade (ou melhor, uma parceira daspessoas) que atingiu a maioridadenos projetos que desenvolve: “Paralá de uma impessoal e inconsequen-te solidariedade da esmola”, a atualdimensão da CAIS “não está no fac-to de estarmos hoje presentes emduas cidades (Porto e Lisboa), comdois centros, mas no facto de fazer-mos parte do planeamento anual davida de muitas pessoas, organiza-ções e empresas, nacionais e estran-geiras”, esclarece o diretor da Asso-ciação. Pessoas e organizações, cu-jas “casas” são também “centros apartir dos quais pensamos, debate-mos e atuamos a missão de erradi-car da superfície da nossa terra todoo traço de pobreza e exclusão so-cial”.

Para Henrique Pinto, a CAIS é“uma relação de forças” ou “umapartnership fora de portas, sem egopróprio e, por isso, a prova mais quereal e evidente de que a sustentabi-lidade (havendo ainda quem a pro-cure), só será possível na intersubje-tividade ou em rede”.

A Associação de Solidariedade So-cial sem fins lucrativos, cuja missãoé apoiar a (re)construção da autono-mia de pessoas em situação de po-breza extrema e exclusão social, emparticular as que se encontram emsituação de sem-abrigo, atua ao ní-vel da inclusão – apoiando as pes-soas em extrema vulnerabilidadesocial no seu processo de autono-mia e de diminuição das desvanta-gens e necessidades sociais atravésda capacitação e desenvolvimentode competências, e da intervenção –promovendo a reflexão e o debatedas questões que se ligam aos fenó-menos da pobreza e exclusão, emPortugal e no mundo, com vista àmudança de políticas e à visibilida-de do fenómeno.

A capacitação, fundamental paragerar alternativas de emprego paraestas pessoas, surte os seus efeitos.Mas, em tempos de crise, infeliz-mente “nem todos os que anual-mente são acolhidos pela CAIS en-contram trabalho: em 2011, de umuniverso de 374 pessoas, apenas 34conseguiram uma ocupação”, adi-anta Henrique Pinto.

Ainda assim, paralelamente àvenda da revista, os projetos CAISRecicla, CAIS Auto, CAISBuy@Worke Tradição Engraxadores, vencedo-res do EESC Civil Society Prize 2012(ver Caixa), são soluções de empre-gabilidade “pensadas e construídasem parceria, quando lá fora, aindaque com vagas, o mercado de traba-

lho se fecha aos nossos desafios, ouàs pessoas que lhe propomos esta-rem aptas para trabalhar”, critica odiretor.

E é por isso que, “num contornarde dificuldades”, estes cinco proje-tos são, ao mesmo tempo, “expres-são de um não-desistente processode capacitação e autonomização depessoas” e, numa ligação à econo-mia e ao empreendedorismo social,uma “manifestação do espírito cria-tivo e inovador da CAIS, hoje tão ne-cessário à transformação e susten-tabilidade das organizações”.

A CAIS nasceu há quaseduas décadas: “Pequena,como talvez tudo navida”, com uma equipade cinco pessoas

A Associação deSolidariedade Social semfins lucrativos (…) atuaao nível da inclusão –apoiando as pessoas emextrema vulnerabilidadesocial

Espaço Nosso

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CAIS

Casa de ferreiro,espeto de pau

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