cairbar schutel - o batismo

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Há tempos vimos recebendo pedidos de esclarecimentos sobre o significado e a finalidade do batismo, alegando os interessados não conhecerem um trabalho que explane com clareza e concisão esse assunto.

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Cairbar Schutel - O Batismo

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Contedo resumidoNeste sucinto trabalho, encontram-se esclarecimentos sobre a prtica que vem sendo ministrada de modo errneo pelas religies.

Sumrio

Nota PreliminarI - Ritual e formalismo atravs dos tempos e das geraes / 04II - Origem do batismo pago / 06III - O significado e a finalidade do batismo / 08IV - Os motivos que levaram Jesus a ser batizado por Joo / 12V - Consideraes finais sobre o batismo / 16Nota Preliminar

H tempos vimos recebendo pedidos de esclarecimentos sobre o significado e a finalidade do batismo, alegando os interessados no conhecerem um trabalho que explane com clareza e conciso esse assunto.

Efetivamente, no conhecemos obra alguma que trate do batismo, esclarecendo o seu verdadeiro sentido para edificao das almas. O batismo ministrado pelas religies no corresponde verdade, visto que se prevalecem do batismo com gua ministrado por Joo Batista no Rio Jordo, e que, como afirmou o prprio Joo, era provisrio porque, depois dele, viria Jesus, que batizaria "com o Esprito Santo e com fogo". Joo dizia: "Eu, na verdade, vos batizo com gua para o arrependimento; mas aquele que h de vir depois de mim, mais poderoso do que eu, e no sou digno de levar-lhe as sandlias; Ele vos batizar com o Esprito Santo e com fogo".

Conclui-se que, aparecendo Jesus, o batismo de Joo desapareceu automaticamente, ficando a prevalecer o batismo de Jesus, com o Esprito Santo e com fogo, assunto este que o autor deste trabalho esclarece com preciso e lgica, luz da razo.

Por no compreenderem o significado e a finalidade do batismo de Jesus, assim como no compreendem as suas parbolas e ensinos, que encerram sentidos exclusivamente espirituais, as religies aferraram-se ao batismo com gua, tornando-o mesmo uma superstio, que de tal forma se enraizou nas criaturas, que muitas delas, algumas at versadas em espiritualismo, tm essa prtica como necessidade imperiosa.

Em vista do exposto, tnhamos o propsito de providenciar uma obrinha em torno do assunto, quando, revendo antigos escritos de Cairbar Schutel, que ainda no foram dados publicidade, encontramos trechos sobre o batismo. Coordenamos ento esses trechos, obedientes ao seu estilo e suas opinies, que esto plenamente de acordo com a Doutrina dos Espritos.

Destarte, encontraro os interessados, nesta obra sucinta, os esclarecimentos sobre o batismo, prtica que, como dissemos, vem sendo erradamente ministrada pelas religies.

Os Editores

I

Ritual e formalismo atravs dos tempos e das geraes

Em todos os tempos, as geraes que nos precederam neste plano material da Vida, tm substitudo a Religio do Esprito, o culto interno, pelo culto externo, por um cerimonial complicado, que faz parte das diversas religies que dividem a Humanidade.

Nos livros sacros das Igrejas, que se agrupam sob o nome de ritual, existem frmulas especiais para as oraes e administrao dos sacramentos, frmulas essas elaboradas com o fim de exaltar o sentimento religioso nas criaturas.

Vem de tempos to remotos o uso do culto exterior, e a Humanidade tanto restringiu sua religio a prticas externas e ao ritualismo das Igrejas, que a Religio do Esprito quase desapareceu do corao humano, abafada pelo joio que os homens semearam na seara do Senhor.

Por toda parte vemos pompas, aparatos, igrejas plenas de altares, altares repletos de imagens e imagens vestidas de fina roupa e reluzentes de pedras preciosas, ao mesmo tempo em que vemos indigentes, famintos, nus, enfermos do corpo e da alma, vtimas de uma civilizao decrpita.

Porventura ser no cerimonial, no culto exterior, nuvem espessa que impede o brilho da Verdade em todas as almas, que reside verdadeira religio? No ser o culto exterior que substitui a religio ntima das virtudes ativas, a causa principal da decadncia da moral, da depresso do carter que se nota em toda parte?

Se o batismo consiste na frmula sacramental, se o casamento, para ser verdadeiro, no pode dispensar o ritual, se a confisso, a comunho, a extrema-uno e a prece pelos mortos so atos alheios ao prprio indivduo e s merecem valor quando administrados por terceiros, e, ainda mais, por pessoas privilegiadas de uma seita constituda em hierarquias, como devemos compreender a eficcia das virtudes, da pureza de alma, dos esforos para a perfeio, da sabedoria e da caridade daqueles que no se submetem a tais atos?

Sem a menor dvida, o ritual e o formalismo no resistem menor anlise da razo e facilmente se conclui que foram introduzidos nos vrios cultos com segundas intenes.

II

Origem do batismo pago

Como dissemos, o culto exterior se popularizou e imperou-nas conscincias, atravs dos tempos e das geraes e assim aconteceu com o batismo.

Esta prtica, que assinala perodos milenrios, parece ter nascido na Grcia Antiga, logo aps a constituio de uma seita que cultuava a Deusa da Torpeza, a quem denominavam Cotito e a quem os atenienses rendiam os seus louvores. Esta seita, constituda de sacerdotes que tinham recebido o nome de baetas, porque se banhavam e purificavam com perfumes antes da celebrao das cerimnias, deixou saliente nas pginas da Histria esse ato como smbolo da purificao do Esprito.

O povo hebreu, contudo, no adotou esse ato religioso exaltado pelos gregos; usava, como caracterstica da sua f, a circunciso, prtica que consistia numa operao cruenta que Moiss, o grande legislador e diretor dos judeus havia decretado, levando em conta, sobretudo, uma necessidade higinica, ditada pelo clima daquelas paragens.

Passados os tempos, a medida de profilaxia empregada por Moiss no tinha mais razo de ser, visto que a molstia reinante na Palestina e no Egito havia cessado, e os povos se tornaram mais aptos para zelarem pelos seus corpos.

Foi justamente nessa poca que nasceu Joo Batista, "o maior de todos os profetas nascidos de mulher", segundo a expresso de Jesus.

Joo, profundo conhecedor dos mistrios e da cincia da Grcia, ao iniciar a sua elevada tarefa de Precursor do Cristianismo, para aparelhar devidamente o Caminho por onde as gentes deveriam aproximar-se de Jesus Cristo, tratou logo de pr fim circunciso, desde que esta prtica degenerara em cerimnia religiosa, sob a ao dos sacerdotes judeus.

Difcil, porm, extinguir uma idia enraizada, bafejada, de h longo tempo, pela autoridade avoenga. E assim que a obedincia cega s crenas dos nossos pais atravessou geraes e se tem constitudo no noli me tangere para os inovadores e missionrios do progresso.

Da a dificuldade com que Joo passou a lutar para pr termo prtica da circunciso, generalizada por longas centenas de anos entre o povo hebreu.

E como da sabedoria dos doutos substituir um grande mal por um mal menor, Joo Batista, procurando cancelar das almas a circunciso, como cerimnia religiosa e destinada a purificar o Esprito, ciente como estava do ritual dos Sacerdotes Baptas, os Sacerdotes de Cotito, a cuja deusa os atenienses rendiam culto, deliberou substituir aquela prtica cruenta da Igreja Hebraica - a circunciso - pela imerso dos catecmenos no Rio Jordo, ou seja, pelo batismo dos que ouvissem a sua palavra e julgassem de bom alvitre seguir os seus ensinamentos.

E assim, depois de substanciosas e austeras exortaes ao arrependimento, purificao da alma, renncia do mal, o Precursor do Cristianismo fazia entrar o nefito no Rio Jordo para que este recebesse uma imerso, smbolo da imerso do Esprito na doutrina de que ele era portador, doutrina que lavava as almas pelo arrependimento dos erros e as iniciava em um novo Caminho.

O filho de Zacarias, que recebera o nome de Joo pela intercesso do Esprito Gabriel em comunicao com seu pai, que era sacerdote do Templo, no era conhecido por Batista. Este sobrenome lhe foi dado posteriormente: Batista originrio de Baptas, qualificativo dos sacerdotes da Grcia, que se banhavam antes de oferecerem sacrifcios sua deusa e antes da celebrao dos seus ritos.

III

O significado e a finalidade do batismo

No podamos tratar de assunto de tanta relevncia, como o batismo, sem trazer ao vosso conhecimento essas notas histricas, cujo concurso imprescindvel para o desenvolvimento e aclaramento do tema que nos prende a ateno.

Agora, de posse das referidas notas histricas, est vosso esprito preparado para o bom raciocnio e a elucidao do assunto; podemos, sem receio de no ser compreendidos, respigar convosco o Evangelho. Divino Trigal que Jesus Cristo, o maior de todos os lavradores da Seara Esprita, nos legou!

O Evangelista Mateus abre o captulo III do seu, livro, dizendo:

"Naqueles dias apareceu Joo Batista pregando no Deserto da Judia: Arrependei vos, porque est prximo o Reino dos Cus. Pois a Joo que se refere o que foi dito pelo profeta Isaas:

Voz que clama no deserto; preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas".

"Ora, o mesmo Joo usava uma veste de pelo de camelo e uma correia em volta da cintura; e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Ento ia ter com ele o povo de Jerusalm, de toda a Judia e toda a circunvizinhana do Jordo; e eram por ele batizados, confessando os seus pecados".

Do versculo 7 em diante, para os quais chamamos ainda mais a vossa ateno, diz esse evangelista:

"Mas, vendo Joo que muitos fariseus e saduceus vinham ao seu batismo, disse-lhes: "Raa de vboras, quem vos recomendou que fugsseis da ira vindoura? Dai, pois, frutos dignos de arrependimento; e no queirais dizer dentro de vs mesmos: Temos por pai a Abrao; porque vos declaro que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abrao o machado j est posto raiz das rvores; toda rvore, pois, que no d bom fruto, cortada e lanada ao fogo".

A clareza que ressalta desses trechos deixa bem patente que o objetivo de Joo Batista no era estabelecer cerimnia alguma para transform-la em sacramento.

Mas os fariseus e saduceus, que no compreendiam isso, queriam o sinal exterior, a cerimnia, a imerso na gua sob a autoridade do Profeta, que lhes negou esse ato, alegando que o seu intuito era regenerar, limpar, purificar almas, e no simplesmente banhar corpos. Da a recomendao: "Dai frutos de arrependimento, porque o machado j est posto raiz das rvores infrutferas".

O Evangelista Marcos, a seu turno, (cap. I, vs. 1 a 6), limita-se a repetir o que diz Mateus.

Lucas, cap. III, vs. 1 a 10, mutatis mutandis, repete o que escreveram os seus colegas de Apostolado, Mateus e Marcos, acrescentando, entretanto, a poca do nascimento de Joo, que se verificou no reinado de Tibrio Csar. Este evangelista, como os demais, frisa bem que Joo pregava o BATISMO DO ARREPENDIMENTO PARA REMISSO DOS PECADOS.

Joo Evangelista, que inicia o seu Evangelho com a maravilhosa pea literria sobre a Encarnao do Verbo, tratando de Joo Batista, cap. I, vs. 24 a 28, descreve o encontro deste profeta com os sacerdotes e levitas, enviados dos fariseus, que lhe inquiriram sobre a virtude e o poder do seu batismo com gua, cuja razo o Batista no quis expor, limitando-se to-somente a dizer: "Eu batizo com gua; no meio de vs est quem vs no conheceis; aquele que h de vir depois de mim, ao qual eu no sou digno de lhe desatar a correia das sandlias. EU SOU A VOZ QUE CLAMA NO DESERTO: ENDIREITAI O CAMINHO DO SENHOR".

O que se pode deduzir dessas passagens, analisadas sem esprito preconcebido?

Porventura vemos, nas mesmas, motivo para o estabelecimento do batismo, tal como o ministram as Igrejas, que ainda o revestem de formalidades em que se salientam substncias salinas e oleosas, vestes especiais, etc.? Certamente que no. Sendo ele feito no corpo, por que milagre transubstancia-se para purificar o Esprito? O sal, o leo e a gua podem exercer influncia sobre o ser inteligente, imortal, o Esprito enfim? Como e por que processo?

Mas continuemos nossa anlise, sem nos esquecer de que nenhuma palavra dos trechos estudados autoriza esse batismo de gua, cuja eficcia o prprio Joo Batista no justificou aos sacerdotes das diversas seitas ento existentes.

Voltemos novamente ao Evangelho de Mateus, versculos subseqentes aos que estudamos, 11 e 12. Diz o Batista: Eu, na verdade, vos batizo com gua, para o ARREPENDIMENTO; mas aquele que h de vir depois de mim mais poderoso do que eu, e no sou digno de levar-lhe as sandlias; ele vos batizar com o Esprito Santo e com fogo; a sua p ele, a tem sua mo, e limpar bem a sua eira; e recolher o seu trigo no celeiro, mas queimar palha em fogo inextinguvel.

O trigo representa aqueles que ouvem a palavra do Senhor e praticam a virtude, que se resume no amor a Deus e ao prximo; a palha representa os amigos do culto, das exterioridades, das cerimnias vs, que tero de desaparecer da maneira como desaparece a palha sob a ao do fogo.

Batismo do Esprito Santo, que o Batismo de Jesus, importa na comunho do Esprito Santo, ou seja do conjunto dos Espritos bons, puros, com os seguidores de Jesus.

Batismo de fogo a destruio dos dogmas e cultos exteriores, que se tornaram rvores infrutferas e raiz das quais est posto o machado, a fim de serem cortadas e lanadas ao fogo.

O fogo, smbolo empregado por Joo Batista, representa o grande purificador de tudo o que e submetido ao seu calor. O ouro passa pela prova do fogo e se liberta de suas impurezas Os outros metais igualmente ficam libertos de elementos estranhos. Assim tambm o batismo de fogo representa o calor da lgica, do raciocnio, dos fatos em face das crenas, esse calor que fortalece, vivifica e purifica almas envoltas no frio da descrena e do indiferentismo!

O batismo do Esprito Santo arrebata as almas para os Cus, mas o batismo de fogo da Terra pulveriza, calcina, destri tudo aquilo que da terra.

O batismo do Esprito Santo promissora esperana para todos aqueles que seguirem a Jesus Cristo, mas ningum receber esse batismo sem antes receber o batismo de fogo, porque, se aquele exalta e santifica, este regenera, corrige e salva! O batismo de fogo tem por seqncia o batismo do Esprito Santo, e este no se pode verificar antes que se haja verificado aquele!

Notai a contradio extraordinria que existe entre o batismo das religies dos homens e o da religio de Jesus Cristo! Os homens batizam com GUA; Jesus, com FOGO; os homens na CARNE; Jesus, no ESPRITO!

Eis a, pois, a anlise sucinta dos trechos evanglicos, que, longe de justificarem o batismo pago das Igrejas, o condenam como anttese do Cristianismo.

IV

Os motivos que levaram Jesus a ser batizado por Joo

costume dos que no conhecem as Escrituras, justificar o batismo com gua pelo fato de ter sido Jesus batizado com gua. Esse batismo a que submetem os seus filhos na mais tenra infncia, em que jazem adormecidos sob a ao de perturbao to grande que nem lhes permitido pensar, no tem, como j dissemos, o menor valor.

Entretanto, at mesmo alguns espritas pouco versados na exegese dos livros sagrados admitem que Jesus, para dar exemplo de esprito de tolerncia, procurou Joo para receber o seu batismo. Mas a leitura atenciosa dos Evangelhos, em concordncia, esclarece bem o motivo principal da vinda de Jesus, da Galilia ao Jordo, para se encontrar com o seu Precursor.

Passemos a estudar a narrativa dos quatro evangelistas, sem deixar de levar em conta a opinio pessoal de cada um.

Diz Mateus, cap. III, vs. 13 a 17: "Depois veio Jesus, da Galilia ao Jordo, ter com Joo, para ser batizado por ele. Mas Joo objetava-lhe: Eu que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Respondeu-lhe Jesus: Deixa por agora, porque assim nos convm cumprir toda a justia. Ento ele anuiu. E batizado que foi Jesus, saiu logo da gua; e eis que se abriram os Cus; e viu (Joo) o Esprito de Deus descer sobre Ele, como (desce) uma pomba e vir sobre Ele (*), e uma voz dos Cus disse: Este o meu Filho dileto, em quem me agrado".

(*) Muitas pessoas pensam que o Esprito de Deus se transformou em pomba e pousou sobre Jesus. O certo, porm que o Esprito de Deus desceu sobre Jesus com aquela mesma mansido com que descem as pombas.

Marcos, cap. I, vs. 9 a 11, diz: Naqueles dias veio Jesus de Nazar da Galilia, e por Joo foi batizado no Jordo. Logo ao sair da gua, viu (Joo) o Cu abrir-se e o Esprito, como (desce a) pomba, descer sobre ele; e ouviu-se uma voz do Cu; Tu s o meu Filho dileto, em ti me agrado.

Lucas, cap. III, vs. 21 e 22, diz: "Quando todo povo havia recebido o batismo, tendo sido Jesus tambm batizado, e estando a orar, o Cu abriu-se, e o Esprito Santo desceu como pomba sobre Ele em forma corprea, e veio uma voz do Cu: Tu s o meu filho dileto, em ti me agrado".

Joo Evangelista nenhuma referncia faz ao batismo de Jesus. E admirvel que ele se calasse em face de um assunto a que se d tanta importncia!

Se de fato Jesus sancionou o batismo de gua ministrado por Joo, como imprescindvel salvao, como compreender haver o Evangelista excludo do seu livro, que um primor de filosofia religiosa e dados histricos da fundao do Cristianismo, esse batismo?

O Evangelho de Joo, que dentre os demais deve merecer mais f, porque Joo acompanhava sempre a Jesus, de quem era primo-irmo, deixaria de tratar de um dos principais meios de salvao, se esse meio de salvao, que o batismo, fosse efetivamente sancionado pelo Mestre? Devemos acrescentar ainda que Joo Evangelista, que se tornou conhecido como o Discpulo Amado, fazia parte daqueles que mais assimilavam o seu pensamento e que assistiam aos trabalhos secretos mais extraordinrios realizados pelo Mestre.

Na leitura dos Evangelhos notamos que Pedro, Tiago e Joo eram os discpulos escolhidos por Jesus para o assistirem em determinadas ocasies, Foram estes os nicos que o assistiram na cura da filha de Jairo, na ressurreio de Lzaro, na Transfigurao e no Getsmani. Joo salienta-se ainda mais quando, no alto do Glgota, Jesus recomenda-lhe sua me, Maria, que era irm de Salom, me do evangelista. Por isso dissemos que Joo Evangelista era primo-irmo de Jesus, segundo a carne, e irmo legtimo, segundo o esprito.

Ser possvel que Joo deixasse de fazer referncia ao batismo com gua se ele visse que o mesmo era necessrio salvao? O mesmo no se verifica quanto ao Batismo do Esprito Santo e com Fogo, que o evangelista prescreve como meio de salvao, conforme veremos mais adiante.

***J analisamos atentamente os trs Evangelhos Sinticos. O que podemos deduzir do batismo das criaturas e do batismo de Jesus? Deduzimos que o nico e verdadeiro batismo de criaturas o do Esprito Santo e com Fogo. E com relao ao batismo que Jesus recebeu? Alguns podero chegar a suposies que primeira vista parecem verdadeiras, mas que so falsas, em virtude do que diz Joo Evangelista, cujo Evangelho vamos analisar.

Antes, vos lembramos, novamente, que esse evangelista no faz nenhuma referncia ao batismo. Em vez de referir-se ao batismo, explica, com clareza, o motivo por que o Batista batizava no Jordo, por que atraa a si as multides e por que Jesus foi a ele.

Notemos que a pergunta que os sacerdotes e levitas fizeram ao Batista s foi respondida depois, no dia seguinte, multido que dele se acercou. Notemos ainda que essa resposta s foi dada depois que Joo viu a Jesus e o reconheceu como sendo o Cristo que havia de vir.

E assim que lemos no Evangelho de Joo, no mesmo cap. I, j citado, vs. 29 a 34:

"No dia seguinte viu Joo a Jesus que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Este o mesmo de quem eu disse: Depois de mim h de vir um homem que tem passado adiante de mim, porque existia antes de mim. E o conhecia, mas para que Ele fosse manifestado a Israel, que eu vim batizar com gua. E Joo deu testemunho, dizendo: Vi o Esprito descer do Cu como pomba a permanecer sobre Ele. Eu no o conhecia, mas O QUE ME ENVIOU A BATIZAR COM GUA, disse-me: Aquele sobre quem vires descer o Esprito e ficar sobre Ele, esse o que BATIZA COM O ESPRITO SANTO. E eu tenho visto e testificado que Ele o filho de Deus".

Essas palavras de Joo Batista podem ser interpretadas da seguinte maneira: "O meu nico escopo, colocando-me s margens do Jordo e atraindo-a mim as multides, era ver, no meio destas, aquele sobre quem pousasse o Esprito Santo, porque foi este o sinal que o Esprito que me assiste deu-me para eu reconhecer o Filho Amado de Deus e apresent-lo s multides. Alm disso, batizando com gua, eu tinha por tarefa preparar o nimo do povo, convidando ao arrependimento, de maneira a poder receber o Batismo do Esprito Santo e do Fogo".

V

Consideraes finais sobre o batismo

O batismo do Esprito Santo uma graa invisvel que vem do Alto e que produz, em todos os que o recebem, um sinal visvel, que constitui a nossa f sincera, a prtica das virtudes ativas e os esforos para a regenerao e formao do nosso carter.

Os discpulos receberam o batismo do Esprito Santo no Dia de Pentecostes, no Cenculo de Jerusalm, onde, pela primeira vez, se registrou esse fato grandioso da Histria do Cristianismo.

Estudando os Atos dos Apstolos, vemos Saulo debruado na Estrada de Damasco e o Iluminado Esprito de Jesus Cristo envolvendo-se com todo o seu esplendor, a ponto de transform-lo em Paulo, Apstolo da Verdade.

O batismo do Esprito Santo to indispensvel como o po para o corpo. Quando Jesus Cristo enviou os seus apstolos pelo mundo, disse: "Anunciai o Evangelho a todas as gentes; aquele que crer e for batizado ser salvo; aquele que no crer j est condenado". A condenao a prpria descrena da criatura, que se coloca fora das graas do Esprito Santo.

Devemos, pois, batizar os nossos filhos imprimindo neles o sinal visvel da caridade e do esprito de orao, para que a graa invisvel, que ministrada pelo Esprito Santo, se grave nos seus espritos e eles cresam no conhecimento de Jesus proporo que crescem em corpo.

Alguns podero indagar: neste caso o batismo ministrado pelas Igrejas no tem nenhum valor? Certamente que no, porque no consta dos Evangelhos que Jesus, ou qualquer dos seus apstolos, batizassem crianas ou adultos pela forma que elas o fazem. Eles batizavam, sim, mas com os ensinamentos evanglicos, e no com gua dos rios, dos mares ou das cisternas.

Indagaro ainda: Mas se o batismo com gua no tem, efetivamente, nenhum valor, por que razo Jesus foi batizado com, gua? Foi para dar-se a conhecer a Joo, e, conseqentemente, s multides, reforando assim o que dissera Joo: "Eu, na verdade, vos batizo com gua para o arrependimento; mas aquele que h de vir depois de mim, mais poderoso do que eu, e no sou digno de levar-lhe as sandlias; Ele vos batizar com o Esprito Santo e com fogo".

Alm disso, no podemos admitir que Jesus tivesse de se purificar, visto que o batismo, segundo as Igrejas, para limpar a mancha do chamado pecado original. Jesus personificava a pureza e constituiu-se o Caminho, a Verdade e a Vida, no necessitando, portanto, de limpar a mancha do pecado original, porque Ele no tinha essa mancha!

A expresso pecado original foi sugerida pelas religies que, no conhecendo a verdadeira finalidade do batismo, e para justificar o batismo de gua, afirmam que o pecado, oriundo da desobedincia de Ado e Eva, se transmitiu s geraes e s pode ser cancelado pelo batismo de gua, invalidando, assim, a sentena divina: "A cada um ser dado segundo as suas obras"'.

E para terminar estas consideraes sobre o batismo, vamos citar mais alguns dados histricos, indispensveis elucidao do assunto.

Nos fins do primeiro sculo do Cristianismo surgiram discusses dogmticas e querelas que agitaram os ncleos cristos. E com o intuito de pr termo s controvrsias em torno dos Evangelhos, o imperador Teodsio se imps pela fora, impondo, a seu turno, a opinio do bispo de Roma sobre os cristos.

Foi assim que surgiram as falsas interpretaes das Escrituras, interpretaes essas que at hoje infelicitam a Humanidade. Como era natural, nem todos se submeteram aos dogmas, que desnaturaram a Religio do Cristo, surgindo de todos os lados, veementes protestos contra as falsificaes da Palavra de Jesus

E assim que os Marcosianos, Valentinianos e Quintilianos repeliram imediatamente o batismo dogmtico e declararam que a "graa" no pode exprimir-se por um sinal de tal natureza, qual seja o batismo com gua.

Os Selencianos e os Hernianos, a seu turno, rejeitaram Esse batismo, porque julgavam verdadeiro s o do "fogo".

Os Haniques e os Albigenses, que sustentaram longas polmicas com o sacerdcio romano, tambm demonstraram que a gua no pode ligar o Esprito Santo a quem quer que seja.

Dentre os prprios doutores da Igreja, as opinies sobre o batismo so acanhadas e contraditrias. Por exemplo: Santo Agostinho achava que a f era indispensvel ao batismo, mas, como as crianas no podem ter f, ele se contentava com a f do padrinho. Santo Thomas de Aquino afirmava que a eficcia do batismo dependia to-somente da f daquele que o recebesse.

Finalmente, longe iramos se quisssemos fazer uma sntese das opinies dos doutos nas Escrituras, contrrias ao batismo tal como o ministram as religies mundanas.

Fica, pois, prevalecendo o batismo do Esprito Santo e com Fogo, que deve ser ministrado aos nossos filhos, na forma de evangelizao, quando eles hajam atingido idade suficiente para perfeita assimilao dos ensinos crsticos em esprito e verdade!