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CAESP - Artes Aula 14 - 02/08/2018 BARROCO: EUROPA

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CAESP - Artes

Aula 14 - 02/08/2018BARROCO: EUROPA

A revolução arquitetônica do Barroco:

Com o trabalho de renovação da fé no Catolicismo,

foi pensado um novo tipo de organização

arquitetônica das igrejas.

Cruciforme: ao invés da forma circular ou

quadrangular, ela passou a ter a forma de uma cruz

(cruciforme) com uma cúpula alta e imponente onde

fica o altar mor, como o ápice do próprio edifício.

A nave: é o vasto espaço central onde a

congregação se reúne em comunhão para participar

da missa olhando na direção final do altar mor.

A revolução arquitetônica do Barroco:

Braços da cruz (transepto): local para a colocação

de duas capelas menores que o altar mor para a adoração de outros santos e a realização de rituais

menores. Também é possível que não tenham um dos

braços.

Nichos laterais: diversas pequenas capelas ao longo

de toda a nave central. Esses espaços foram

pensados para propiciar aos fiéis locais para as suas

adorações particulares a determinados santos.

Os nichos laterais são muito importantes para

entendermos a emergência do ego (individualidade -

individualismo) no pensamento ocidental.

A revolução arquitetônica do Barroco:

Fachada em Profundidade: em 1603, Carlo Madernofoi incumbido de terminar o projeto da Basílica de São

Pedro, ele opta por criar um efeito “em crescendo”

que vai dos estremos para o centro reduzindo o

espaçamento entre os elementos da fachada. As

pilastras vão sendo transformadas em colunas com

um espaçamento cada vez menor entre elas, e a

fachada vai se projetando gradualmente. A intenção

é fazer com que o olhar do observador vá se

concentrando para a porta central de entrada do edifício.

A revolução arquitetônica do Barroco: Individualismo

Individualismo: é muito importante percebermos como o individualismo vem tomando espaço na

produção da obra de arte. Se há uma emergência do

individualismo na Arte, é porque ele já está presente

também no pensamento ocidental.

Depois do Barroco, cada vez mais veremos o

indivíduo, o Ego (Psicanálise), mais presente na

produção da obra de arte. Inclusive, o individualismo

será um dos parâmetros para a apreciação da obra,

pois ela como veículo de expressão da psique do

artista, será avaliada e desejada por isso.

Carlo Maderno – Basílica de São Pedro – Vaticano – 1626

Carlo Maderno – Basílica de São Pedro – Vaticano – 1626

Carlo Maderno – Basílica de São Pedro – Vaticano – 1626

Carlo Maderno – Sant'Andrea della Valle – 1590–1650

A revolução arquitetônica do Barroco:

Ornamentos desafiantes do clássico: uma característica importante do Barroco é utilizar os

ornamentos não como simples adereços, mas como parte integrante do conjunto da obra. De forma tal que se forem retiradas as curvas, volutas e espirais as

obras perdem completamente a identidade e

desmoronam vazias.

Os ornamentos são parte integrante da composição

que lhe conferem unidade e coerência. A intenção

dos arquitetos barrocos era a superação do clássico

com novas estruturas de composição que não eram

simples adereços, mas partes integrantes da nova

linguagem artística.

A revolução arquitetônica do Barroco:

Unidade na estrutura complexa: o uso das curvas,

volutas e espirais, além de ser um novo elemento para

o vocabulário e a gramática arquitetônicos, era

também um desafio de construção da unidade em um todo que era cada vez mais complexo. Quando eles são vistos independentemente da obra, parecem

desconexos e desnecessários, porém, eles devem ser

vistos em conjunto. Os barrocos tinham que ser cada

vez mais engenhosos na busca da unidade em um vasto padrão de ornamentos na composição.

CURVAS – VOLUTAS – ESPIRAIS

Igreja de São Michel - Leuven, Bélgica - 1650

Escultura Barroca (“complemento invisível”):

A escultura barroca busca evitar a

autossuficiência do Renascimento.

É como se as esculturas necessitassem de um

complemento de outra ou outras esculturas.

Essa ilusão da presença de outros elementos

além da estátua é conhecida como “complemento invisível”.

A intenção do artista é criar uma estátua que

dialoga com o espaço de seu entorno

formando um discurso dramático que é a

própria obra em si.

Escultura Barroca (“complemento invisível”):

A estatuaria barroca é muito mais do que a

própria peça, ela é um discurso dramático

com os necessários (para a compreensão da

obra) “complementos invisíveis”.

Inclusive é importante lembrar que a

cenografia se desenvolve muito durante o

Barroco através das técnicas de construção desses espaços ilusórios com dramaticidade.

Gianlorenzo Bernini – David – 1623

Gianlorenzo Bernini – O êxtase de Santa Tereza – 1645-52

Gianlorenzo Bernini – O êxtase de Santa Tereza – 1645-52

Comparação da estatuaria:

A seguir, você tem um comparativo entre a

estatuaria de três períodos, o Pré-

Renascimento, o Renascimento e o Barroco.

Observe cada uma delas, procure as

características de cada uma e as diferenças

entre elas.

Essa capacidade de identificação será

fundamental nas provas e nos vestibulares.

David - Donatello – Michelangelo – Bernini

Críticos da arte:

Entre os séculos XVI e XVII surgem os primeiros

grupos de debates sobre a Arte e a Teoria da

Arte. Eram mais grupos de “cavaleiros eruditos”

que se enfrentavam em debates comparativos

sobre a atual produção artística e os mestres

do passado. Aqui, pela primeira vez, surge o

debate sobre a posição hierárquica do

desenho e da cor, ou seja, qual dos dois deve

ter superioridade. Esse debate chegará até o

século XX.

Pintura barroca:

Surge também como uma reação à ameaça

dos estilos anteriores caírem em uma rotina perigosa para a criação artística, pois sem

originalidade, a arte deixa de existir.

Assim, os pintores barrocos vão dar mais ênfase

à luz do que a cor, vão desprezar as formas

mais simples e bem estabelecidas de equilíbrio

e optar por composições mais complexas.

Barroco, gêneros imagéticos:

Cenas históricas e mitológicas: reprodução do imaginário

europeu sobre a mitologia greco-romana e transposição

de cenas oriundas tradição cristã para o ambiente

cotidiano europeu.

Retratos: são figurados grupos, indivíduos ou os

autorretratos (o artista passa para “a frente” da obra).

Paisagens: o gosto pelas paisagens demonstra um

orgulho pelo desenvolvimento que a Europa experimenta

nesse período de desenvolvimento econômico e de

urbanização.

Naturezas-mortas: são composições que buscam, através

da disposição de elementos (tradicionalmente)

inanimados, a expressão de um momento da vida

cotidiana.

Caravaggio: intenso em todos os aspectos da

arte.

Sua intenção era retratar a verdade tal qual ela

se apresentava aos seus olhos, desprezava os

modelos clássicos de beleza.

Ele rompia com todas as convenções da arte de

seu tempo e desejava repensar a arte. Seus

quadros parecem trazer uma intenção de criticar

e contrastar com todas as tradições artísticas e

socais da época.

Porém ele argumentava que era mais realista do que um incendiário.

Caravaggio: intenso em todos os aspectos da arte.

Caravaggio (luz e sombra): ele utiliza a luz e a sombra

de forma que os corpos são ásperos e quase ofuscados

no contraste entre a iluminação direta e as sombras profundas.

Muito provavelmente o que ocorria com ele é que,

como homem muito devoto, ele desejava representar

os eventos bíblicos não como apenas mensagens

metafóricas, mas além disso, como acontecimentos reais, tangíveis.

A ideia básica dele parece ser trazer o mito para a

realidade e, assim, aproximar o fiel mais ainda dos

exemplos dos santos.

Caravaggio: A Invocação de St. Mateus (1600)

Caravaggio – Crucificação de São Pedro – 1601

Caravaggio – Tomé, o incrédulo – 1602-03

Artemisia Gentileschi (1593 – 1656):

Seus temas são centrados nas heroínas da mitologia greco-romana e judaico-cristã.

A artista tem a história de vida marcada pelo estupro

perpetrado por seu professor que foi inocentado do

crime.

Pode-se falar de uma pintura com temas

“feministas” (mesmo que o termo não existisse na época), ou, ao menos, de um clamor pela presença

das heroínas na arte que ficaram relegadas ao

esquecimento.

Um claro objetivo de trazer o foco para as mulheres

e sua importância ímpar.

Artemisia Gentileschi:

Autorretrato como alegoria da pintura (1638-9)

www.artemisia-gentileschi.com

Ester perante Xerxes (1622-3)

Artemisia Gentileschi:

Judith e a serva com a cabeça de Holofernes (1625)

www.artemisia-gentileschi.com

Judith decapitando a Holofernes(1620-1)

Peter Paul Rubens (1577 – 1640):

Católico fervoroso oriundo dos Países Baixos da

capital Antuérpia (da porção espanhola), foi

para Roma para estudar a arte italiana e ali

desenvolver o seu estilo próprio. De volta a

Antuérpia se estabelece na corte do regente

espanhol e poder atuar como artista e diplomata

Sua pintura é marcada pela influência italiana

em corpos profundamente renascentistas, com a

musculatura proeminente e sentimentos marcados e impiedosos. Também meticuloso nos

detalhes realistas nas obras.

Peter Paul Rubens (1577 – 1640):

O barroco em Paul Rubens será encontrado nos

turbilhões das imagens, nos contrastes de luz e

sombra, na força e expressividade teatral das

figuras, na temática heroica e representação do

poder divino como absoluto sobre todos os

demais.

Peter Paul Rubens: A queda de Faetonte (1604-5)

Diego Velázquez (1599 – 1660):

Profundamente ligado a corte espanhola, assim

como Rubens, do qual era amigo.

Além de artistas também é historiador da arte e

curador, duas funções que desempenhou não como

forma de obtenção de renda, mas para o

aprimoramento da sua técnica e o desenvolvimento

do seu próprio estilo.

Para ele, estudar arte, era buscar o desenvolvimento de sua própria técnica e estilo.

Ele é autor de um dos quadros mais enigmáticos da

História da Pintura, o “Las meninas”.

Diego Velázquez: A rendição de Breda (1635-36)

Diego Velázquez: Las meninas (1656)

Rembrandt van Rijn (1606 – 1669):

Inicialmente ele possui um estilo com iluminação

muito forte e distribuída na tela e com extremo realismo. Isso se deve à influência do estilo de

Caravaggio.

Porém, depois de 1640, ele demonstrará um estilo

próprio marcado pela teatralidade da luz e os

elementos de decoração oriental.

Após 1950 ele enfrenta uma grave crise financeira

que muda tematicamente a sua pintura para mais

retratos e gravuras (principalmente a água-forte).

Rembrandt van Rijn (1606 – 1669):

Tempestade no Mar da Galiléia (1633)

Cegamento de Sansão (1636)

Rembrandt van Rijn (1606 – 1669):

Boi esquartejado (1655)Cavalariço polonês (1655)

Prof. Heleno Licurgo do Amaral <[email protected]>

Muito obrigado. Bons estudos!