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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM 2014 CADERNO DE RESUMOS II SIMPÓSIO INTERNACIONAL CELPE-BRAS (SINCELPE) ORGANIZADORAS MATILDE V. R. SCARAMUCCI ANA CECÍLIA C. BIZON MEIRÉLEN SALVIANO ALMEIDA

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Universidade estadUal de CampinasinstitUto de estUdos da lingUagem

2014

CADERNO DE RESUMOSII SIMPÓSIO INTERNACIONAL

CELPE-BRAS (SINCELPE)

ORgANIzADORASmatilde v. r. sCaramUCCi

ana CeCília C. Bizonmeirélen salviano almeida

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UNIvERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASreitor: José tadeu Jorge

vice-reitor: alvaro penteado Crósta

INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINgUAgEMdiretora: matilde v. r. scaramucci

diretor associado: Flávio ribeiro de oliveira

SETOR DE PUBLICAçõESCoordenadora: orna messer levin

equipe editorial: setor de publicações / iel

COMISSãO ORgANIzADORAprofa. dra. matilde v. r. scaramucci – dla/iel/Unicamp – presidente

profa. dra. ana Cecília Cossi Bizon – Cel/Unicamp profa. ms. meirélen salviano almeida – Cel/Unicamp

marcela dezotti Candido – pós-graduação em la/iel/Unicamp maria gabriela pileggi – pós-graduação em la/iel/Unicamp

monica panigassi vicentini – pós-graduação em la/iel/Unicamp

COMISSãO CIENTífICA

profa. dra. matilde v. r. scaramucci – dla/iel/Unicamp – presidente profa. dra. ana Cecília Cossi Bizon – Cel/Unicamp

profa. ms. meirélen salviano almeida – Cel/Unicamp

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IEL – Unicamp

CrB 8/8624

si57csimpósio internacional Celpe-Bras (2. : 2014 : Campinas, sp)

Caderno de resumos [do] ii simpósio internacional Celpe-Bras (sinCelpe): realizado em 25 de setembro de 2014, Campinas, sp/ organizadoras: matilde v. r. scaramucci, ana Cecília C. Bizon, ms. meirélen salviano almeida. – Campinas, sp : UniCamp/iel/setor de publicações, 2014.

1 recurso eletrônico (74 p.) : digital, arquivo(s) pdF.

modo de acesso: World Wide Web.

1. língua portuguesa - estudo e ensino - Falantes estrangeiros - Congressos. 2. exame Celpe-Bras - Congressos. i. scaramucci, matilde v. r., 1951-. ii. Bizon, ana Cecília Cossi, 1966-. iii. Universidade estadual de Campinas. instituto de estudos da linguagem. iv. título.

Cdd: 469.07

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Sumário

CONfERÊNCIA DE ABERTURA

CelU: CertiFiCado de español – lengUa e Uso ................................................ 12

profa. silvia prati

MESA-REDONDA - Celpe-Bras: aspeCtos do ConstrUto

a diversidade de Compreensões responsivas e

níveis de proFiCiênCia em leitUra ....................................................................... 14

profa. dra. margarete schlatter

a Correção da parte esCrita: desaFios para a

validade e a ConFiaBilidade ................................................................................... 15

profa. dra. Juliana schoffen

agenda de pesqUisas para a parte oral .......................................................... 16

profa. dra. viviane aparecida Bagio Furtoso

MESA REDONDA - Celpe-Bras: impaCtos polítiCos e

edUCaCionais em tempos de internaCionalização

panorama do Celpe-Bras e sUa evolUção administrativa ......................... 17

maria Cristina moura

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o programa portUgUês sem Fronteiras e o Celpe-Bras .......................... 18

denise de paula martins de abreu e lima

o Celpe-Bras Como instrUmento de polítiCa lingUístiCa

exterior: algUmas polêmiCas Contemporâneas ......................................... 19

prof. dr. leandro rodrigues alves diniz

o Celpe-Bras e o Convênio peC-g: reFlexões soBre

o papel do exame em polítiCas de Cooperação e

de internaCionalização ........................................................................................ 20

ana Cecília Cossi Bizon

CONfERÊNCIA DE ENCERRAMENTO

letramento em avaliação e o exame Celpe-Bras .......................................... 22

profa dra. matilde v. r. scaramucci

COMUNICAçõES

textos do exame Celpe-Bras: (inter)ação,

representação e identiFiCação ......................................................................... 24

ailana assis Cota

exame de proFiCiênCia em língUa portUgUesa para

estrangeiros (Celpe-BBras): perFis de Candidatos

e sUa CertiFiCação ................................................................................................... 25

alessandra rodrigues Álvares e augusto da silva Costa

CUrsos temÁtiCos Baseados em tareFas e

sUas Correlações Com os resUltados

ComUniCativos do Celpe-Bras ............................................................................. 26

aline raquel Franceschini

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o aspeCto ComUniCativo do exame Celpe-Bras:

Uma anÁlise de livros didÁtiCos Utilizados

em CUrsos preparatórios .................................................................................... 28

ana laura dos santos marques e mônica Baêta neves pereira diniz,

liliane oliveira damazo, Jerônimo Coura-sobrinho

anÁlise de elementos provoCadores e roteiros de

integração FaCe a FaCe do exame Celpe-Bras 2011 – 2014 .......................... 29

ana lígia Barbosa de Carvalho e silva

CUrso preparatório on line para o Celpe-Bras:

proCesso de planeJamento e implantação ................................................... 31

ana luíza gabatteli vieira

os elementos provoCadores do Celpe-Bras

Como tareFas motivadoras no proCesso de

ensino-aprendizagem de ple ................................................................................ 32

antonio marcos Bueno da silva Junior e Jaqueline tomazinho Carvalho

a avaliação integrada das prÁtiCas de

Compreensão e prodUção nas tareFas da

parte esCrita do exame Celpe-Bras .................................................................. 34

Bárbara petry machado

verdades e mitos soBre o exame Celpe-Bras: o Caso

do institUto de CUltUra Brasil-ColomBia ...................................................... 35

Beatriz miranda Cortes

perspeCtivas para a melhoria do ensino de

portUgUês Como língUa estrangeira .............................................................. 37

Carmen leonor de la Fuente

o ConCeito de FlUênCia no Celpe-Bras ............................................................ 39

Caroline scheuer neves, Bruna sommer Farias e Janaína vianna da Conceição

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CUrsos preparatórios para o exame Celpe-Bras:

Uma Ferramenta FaCilitadora oU introdUtória? ......................................... 41

Cláudia Lobo e Sibylla Serafini

gêneros orais no exame Celpe-Bras: Um olhar

soBre a seleção de vídeos para a tareFa i ...................................................... 42

Letícia Grubert dos Santos, Cristina Marques Uflacker e

graziela hoerbe andrighetti

a elaBoração e o teste piloto de materiais

voltados para o exame Celpe-Bras ................................................................... 44

Dáfini Cosme Peroba e Anelise Fonseca Dutra

a inFlUênCia do Celpe-Bras nas novas prÁtiCas

pedagógiCas de portUgUês para estrangeiros:

Uma anÁlise do pple- portal do proFessor de

portUgUês língUa estrangeira/língUa materna ......................................... 45

diogo oliveira do espírito santo, arthur moura vargens,

Camila alves gusmão e daniela ressurreição mascarenhas

resgatando a história do exame Celpe-Bras:

ConstrUção do BanCo de dados de provas e

doCUmentos púBliCos do exame ........................................................................ 47

Ellen Yurika Nagasawa, Gabrielle Sirianni e Juliana Roquele Schoffen

estratégias de entrevistadores em interações

FaCe a FaCe do exame Celpe-Bras: impliCações

para a Formação ....................................................................................................... 48

eleonora Bambozzi Bottura

o ConCeito de interação e a grade de

avaliação oral do Celpe-Bras:

algUns desaFios de adaptação à teoria .......................................................... 49

emerson pereti e valdilena rammé

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a implantação do posto apliCador do exame

Celpe-Bras na nigéria: desaFios e perspeCtivas ......................................... 51

Félix ayoh omidire

a FUnCionalidade dos gêneros textUais presentes

na parte esCrita do exame Celpe-Bras ............................................................ 52

Fernanda alves de morais e margarete von mühlen poll

avaliação de tareFas simUladas do Celpe-Bras:

ConCeito de língUa e Uso e interação a

partir da atriBUição de níveis .............................................................................. 53

Fernanda deah Chichorro Baldin

a oralidade no exame Celpe-Bras:

por Uma visão variaCionista ................................................................................. 54

Francisca paula soares maia

a relação de interloCUção estaBeleCida

nas tareFas da parte esCrita do exame

Celpe-Bras ao longo dos anos ........................................................................... 55

gabrielle rodrigues sirianni

a CompetênCia interCUltUral no exame Celpe-Bras .................................. 56

henrique leroy

design instrUCional de CUrso preparatório

para o exame Celpe-Bras ....................................................................................... 57

Jackeline Duarte Kodaira

o portUgUês língUa estrangeira no paragUai:

Um estUdo de CUrpUs em textos do Celpe-Bras ........................................... 58

Juliana Cristina Fresqui e elizabete aparecida marques

Page 8: CADERNO DE RESUMOS-II SINCELPE - ARIAL.indd

haBilidades de leitUra em pergUntas soBre

reCortes de reportagem na proposta de

interação FaCe a FaCe do exame Celpe-Bras ................................................. 59

laura márcia luiza Ferreira

a aBordagem de aspeCtos da CUltUra Brasileira

em provas do Celpe-Bras ...................................................................................... 61

lucas rezende almeida e Juliana neto

a avaliação oral em exames de desempenho:

a inFlUênCia do avaliador no Uso dos elementos

provoCadores no exame Celpe-Bras ............................................................... 62

marcela dezotti Cândido

CompetênCia interaCional: Critério para avaliação da

prodUção oral em língUa adiCional .................................................................. 63

marcia niederauer

estUdo das temÁtiCas dos elementos provoCadores

do exame Celpe-Bras .............................................................................................. 64

margarete von mühlen poll

a integração de haBilidades do exame Celpe-Bras:

Uma revisão da literatUra espeCializada ....................................................... 66

maria gabriela silva pileggi

perCepções qUanto à proFiCiênCia de pFol:

Uma anÁlise Comparativa Com avaliadores

iniCiantes e experientes do exame oral Celpe-Bras .................................. 67

martha da rocha Caires

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o Celpe-Bras Como Um portFólio Brasileiro:

ConheCimentos soBre o Brasil e prÁtiCas de

letramento nas tareFas de prodUção

esCrita do exame ...................................................................................................... 68

Melissa Kuhn Fornari e Thomás Dorigon

Uma Compreensão etnometodológiCa da

Fala-em-interação de entrevista de

proFiCiênCia ora em portUgUês Como

língUa adiCional do exame Celpe-Bras ............................................................. 70

melissa santos Fortes

anÁlise da interlíngUa de hispano-Falantes

em avaliações orais Celpe-Bras simUladas:

ContriBUições didÁtiCas ....................................................................................... 71

narjara oliveira reis e adja Balbino de amorim Barbieri durão

a perCepção de examinandos soBre tareFas do

Celpe-Bras: sUBsídios para reFlexões relaCionadas

ao exame e à elaBoração de qUestões ............................................................ 72

nelson viana

movimentos retóriCos em prodUções esCritas

no exame Celpe-Bras .............................................................................................. 73

regina lúcia péret dell´isola e natália moreira tosatti

apontamentos para Uma polítiCa de Formação

de examinadores do exame Celpe-Bras ........................................................... 74

renata maria santos Ferreira e Fernanda deah Chichorro Baldin

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ensino de portUgUês para Chineses: repensando

os preparatórios para o exame Celpe-Bras .................................................. 75

rosângela s. s. gileno, nildicéia ap. rocha, Fernanda veloso,

leonardo a santana, Cíntia nascimento, Jéssica Chagas,

Felipe Nunes e Érika M. Maldonado Barreto

o Celpe-Bras Como ação interCUltUral na

trípliCe Fronteira Brasil, argentina e paragUai ......................................... 76

silvana maria mamani e alessandra a. s. nascimento

relaCionando avaliação de proFiCiênCia Com

o domínio de prÁtiCas letradas:reFletindo

soBre o exame Celpe-Bras .................................................................................... 77

simone da Costa Carvalho

o pertenCimento Como Critério relevantes

para o nível avançado sUperior na parte oral

do exame Celpe-Bras .............................................................................................. 78

Simone Paula Kunrath e Melissa Santos Fortes

entre pressUposições e proposições: Uma

anÁlise dos elementos provoCadores e

roteiros de pergUntas no exame Celpe-Bras .............................................. 79

thamis larissa dos santos silveira, andrea de araújo rubert,

Bibiana Cardoso da silva, Julia arduim soardi, paula arduim soardi,

tess simas pinto, gabriela Bulla, Camila alexandrini

as representações de avaliação Formativa de

alUnos FranCo-aFriCanos Frente à preparação

para o exame Celpe-Bras: perspeCtivas e desaFios .................................... 81

vera lucia souza dos santos e lucas araujo Chagas

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MINICURSOS

oFiCina de elaBoração de itens de avaliação

para o exame Celpe-Bras ....................................................................................... 83

Letícia Grubert dos Santos, Simone Paula Kunrath

a seleção de materiais e a preparação de

elementos provoCadores para a interação

FaCe a FaCe do exame Celpe-Bras ....................................................................... 84

natália moreira tosatti

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12

CONfERÊNCIA DE ABERTURA QUINTA-fEIRA - 25 DE SETEMBRO DE 2014

AUDITÓRIO – 9h

CelU: CertiFiCado de español – lengUa e Uso

profa. silvia prati

Universidade de Buenos aires

esta ponencia tiene como propósito mostrar el examen CelU como objeto pertinente

de estudio, tanto en cuanto a sus aportes a una política lingüística nacional como por su

inserción en el área académica de aprendizaje, enseñanza e investigación de la lengua

española. aprovechando el valor y el prestigio que ha adquirido el examen en una década,

me propongo analizar el crecimiento de este instrumento así como de la comunidad aca-

démica que lo lleva a cabo, de manera de apreciar también en su justa medida las necesi-

dades que no han sido cubiertas después de 10 años y planear nuevas direcciones. para

ello se presentará en primer lugar un cuadro de situación de la enseñanza y evaluación

del español como lengua segunda y extranjera a principios de este siglo, y se analizarán

las circunstancias de la creación de un examen oficial de español (parámetros nacionales

e internacionales) y los objetivos que se propusieron tanto el ministerio de educación y

como las universidades fundadoras. a continuación se mostrarán las diferentes líneas de

crecimiento, comentando contenidos y aportes. Y por último las nuevas líneas propuestas

y su viabilidad en la situación actual del área.

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13

MESA-REDONDA

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MESA-REDONDA CELPE-BRAS: ASPECTOS DO CONSTRUTO

10h30 - AUDITÓRIO

a diversidade de Compreensões responsivas e níveis de proFiCiênCia

em leitUra

profa. dra. margarete schlatter

UFrgs

o objetivo desta fala é refletir sobre a avaliação de proficiência em leitura. a noção de

proficiência de leitura é discutida com base na análise de questões e tarefas de leitura de

exames de larga escala, entre os quais, o Celpe-Bras. o conceito de uso da linguagem

é relacionado aos componentes das questões e tarefas e aos critérios de avaliação uti-

lizados para avaliar a compreensão de textos. diferentes respostas dos candidatos são

analisadas para se estabelecer uma relação entre os enunciados das tarefas e seus com-

ponentes, os critérios de avaliação utilizados e os descritores de níveis de proficiência.

discute-se a complexidade das práticas avaliativas e sua relação com os objetivos da

avaliação: avaliar o desempenho na leitura em língua adicional com vistas a decidir o nível

de proficiência e conferir certificação. Conclui-se com uma reflexão sobre os diferentes ob-

jetivos da avaliação em exames de proficiência em língua adicional e com sugestões para

propiciar um ensino de leitura que vise à participação confiante e autoral do educando em

diferentes situações de comunicação mediadas pelo texto escrito.

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15

a Correção da parte esCrita: desaFios para a validade e a

ConFiaBilidade

profa. dra. Juliana schoffen

UFrgs

o objetivo desta fala é refletir sobre o processo de correção da parte escrita do exame

Celpe-Bras e os desafios implicados nesse processo. por ser um exame de desempenho,

em que os examinandos precisam demonstrar sua proficiência a partir da produção na

língua portuguesa, as tarefas do exame solicitam que o examinando produza textos. ao

escolher avaliar esses textos de forma holística, o Celpe-Bras se propõe a adequar as

exigências e expectativas da avaliação para cada enunciado de forma singular. nesse

sentido, a grade de avaliação utilizada, a capacitação dos avaliadores e os procedimentos

para lidar com as possíveis avaliações divergentes que possam surgir precisam ser objeto

de constante reflexão, de forma a garantir a validade do exame em relação ao construto

que pretende avaliar sem, contudo, perder de vista a confiabilidade exigida em um exame

de larga escala.

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16

agenda de pesqUisas para a parte oral

profa. dra. viviane aparecida Bagio Furtoso

Uel

é importante ressaltar que qualquer alteração nos instrumentos e nos parâmetros de

avaliação de um exame de alta relevância, como o Celpe-Bras, advém de resultados de in-

vestigações sistematizadas. de acordo com schoffen (2009), é fundamental que o desen-

volvimento de exames dessa natureza “seja acompanhado por pesquisas sobre a validade

e a confiabilidade dos diversos aspectos envolvidos no sistema de avaliação, tais como

os níveis de proficiência certificados pelo exame, as condições de aplicação, a elaboração

das tarefas, o sistema de correção e as grades de avaliação, entre outros, bem como dos

efeitos que o exame vem gerando no ensino” (p. 10). no que diz respeito aos aspectos re-

lacionados à parte oral do exame, há um fator fundamental que precisa ser considerado,

pois sendo a avaliação realizada no posto aplicador, qualquer mudança demanda forma-

ção dos examinadores de modo que possam conhecer e entender o porquê de propostas

de alteração. assim, além da agenda de pesquisa que a Comissão técnico-Científica tem

planejado, é importante considerar os aspectos apontados pelos próprios examinadores

que atuam nos postos aplicadores, seja no Brasil, seja no exterior. neste trabalho, então,

apresentaremos os resultados obtidos por meio de um questionário online enviado aos

examinadores com o objetivo de pensar, coletivamente, numa agenda de pesquisas para

a parte oral do Celpe-Bras.

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17

MESA REDONDACELPE-BRAS: IMPACTOS POLíTICOS E EDUCACIONAIS EM

TEMPOS DE INTERNACIONALIzAçãOSExTA-fEIRA - 26 DE SETEMBRO DE 2014

11h – AUDITÓRIO

panorama do Celpe-Bras e sUa evolUção administrativa

maria Cristina moura

inep

o crescente número de estrangeiros interessados em obter certificação de proficiência

em língua portuguesa e o destaque político do Brasil no cenário internacional são fatores

que estão gerando a procura pelo Celpe-Bras e, consequentemente, a demanda para o

credenciamento de novas instituições de aplicação do exame no Brasil e no exterior, con-

tribuindo para a internacionalização: i) da língua portuguesa; ii) das instituições de ensino

superior (ies) aplicadoras no Brasil. atualmente o inep articula-se com o ministério das

relações exteriores (mre) para divulgação, promoção, aplicação, capacitação de coor-

denadores e examinadores do exame Celpe-Bras nos países estrangeiros.

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18

o programa portUgUês sem Fronteiras e o Celpe-Bras

denise de paula martins de abreu e lima

UFsCar/sesu-meC/programa idiomas sem Fronteiras

o processo de internacionalização das universidades brasileiras tem sido foco de diver-

sas discussões em fóruns acadêmicos nacionais e internacionais. Uma das dimensões

da internacionalização das universidades implica a articulação de intercâmbios em rede

multidirecionais, envolvendo alunos, professores e técnicos administrativos brasileiros de

maneira que possamos não somente enviá-los para universidades no exterior, mas tam-

bém receber estrangeiros nas universidades brasileiras. neste contexto, a secretaria de

educação superior (sesu), em parceria com especialistas da área de línguas de univer-

sidades públicas brasileiras, está desenhando o programa idiomas sem Fronteiras, que

contempla várias línguas. as ações do programa têm como referência a experiência do

programa inglês sem Fronteiras já executadas desde dezembro de 2012 nas universida-

des brasileiras. esta apresentação tem como objetivo compartilhar os encaminhamentos

indicados para o português sem Fronteiras como estratégia de fortalecimento do ensino

da língua portuguesa para estrangeiros e do exame Celpe-Bras. a proposta visa inserir na

pauta de negociação com as universidades e instituições estrangeiras a implementação

do ensino da língua e da cultura do português do Brasil e do exame Celpe-Bras para fa-

lantes de outras línguas como preparatório para sua estada no Brasil.

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o Celpe-Bras Como instrUmento de polítiCa lingUístiCa exterior:

algUmas polêmiCas Contemporâneas

prof. dr. leandro rodrigues alves diniz

UFmg

entre os diferentes instrumentos do estado brasileiro para a difusão e promoção do por-

tuguês no cenário internacional, ocupa uma posição de destaque o Certificado de profi-

ciência em língua portuguesa para estrangeiros (Celpe-Bras), aplicado no Brasil e no

exterior desde 1998. em nossa apresentação, objetivamos, a partir da história das ideias

linguísticas e da análise do discurso de perspectiva materialista, analisar o funciona-

mento desse exame como um instrumento de política linguística exterior (varela 2006),

num cenário em que se fortalecem as políticas dessa natureza levadas a cabo pelo itamaraty,

pelo ministério da educação brasileiro e pela Comunidade dos países de língua portuguesa

(Cplp), bem como o processo de internacionalização das universidades brasileiras. Focare-

mos, em particular, algumas polêmicas relativas: (i) aos diferentes pesos atribuídos, a partir de

distintas posições discursivas, aos fatores “potencial estratégico” e “potencial acadêmico” do

exame nas discussões sobre sua expansão; (ii) às propostas de criação de um exame único,

em substituição ao Celpe-Bras e ao sistema de Certificação e avaliação do português língua

estrangeira (sCaple), desenvolvido pela Universidade de lisboa, ou ao mero estabelecimen-

to de equivalências entre os certificados do Brasil e de portugal; (iii) ao credenciamento de

postos aplicadores do Celpe-Bras em países da Cplp e à avaliação de examinandos oriun-

dos desses países. tais polêmicas, segundo nossas análises, incidem sobre o funcionamento

discursivo constitutivo do Celpe-Bras, cuja criação – que remonta a iniciativas no âmbito da

academia – evidencia uma assunção de autoria não só em relação à produção de um saber

metalinguístico sobre o português como língua adicional, mas também em relação a sua gestão

internacional (zoppi-Fontana & diniz, 2008), inclusive no âmbito da Cplp. marcadas pela

memória da colonização linguística (mariani, 2004) engendrada por portugal – e ressignifica-

das por discursos que representam o Brasil como um país de aspirações imperialistas (diniz,

2012) –, essas polêmicas nos levam, no limite, a refletir sobre a própria designação do exame

e a língua que se pretende avaliar.

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20

o Celpe-Bras e o Convênio peC-g: reFlexões soBre o papel do exame

em polítiCas de Cooperação e de internaCionalização

ana Cecília Cossi Bizon

Cel – UniCamp

o Certificado de proficiência em língua portuguesa para estrangeiros (Celpe-Bras) e o

programa Convênio estudantes de graduação (peC-g) são parte de ações do estado

brasileiro que contribuem para a expansão e o fortalecimento da língua portuguesa do

Brasil, bem como para os projetos de internacionalização de nossas universidades. o

peC-g, convênio de cooperação com países em desenvolvimento, oferece vagas para

cursos de graduação, apresentando-se com o objetivo de fortalecer relações culturais e

econômicas do Brasil com os países beneficiados, o que se configuraria, numa sociedade

transpassada por uma globalização neoliberal, como traços de uma globalização alter-

nativa, trazendo para o centro outras vozes que não as do norte-norte (santos, 1995;

2002). Contudo, o programa tem regras bastante específicas, dentre as quais a exigência

de o estudante custear seus estudos no país e a apresentação do certificado Celpe-Bras.

o modo de gerenciamento dessas exigências, muitas vezes pautado por um capitalismo

acadêmico (slaUghter & leslie, 2001), toma as universidades como corporações

(PENNYCOOK, 2005), negligenciando aspectos fundamentais do funcionamento dessas

regras nas localidades, o que tem gerado muitos desligamentos de conveniados africa-

nos, além de narrativas desrespeitosas aos direitos humanos. o objetivo desta apresenta-

ção é discutir os resultados de uma pesquisa de base etnográfica – afiliada à linguística

aplicada indisciplinar (moita lopes, 2006) em diálogo com estudos poscolonialistas

(BHABHA, 1998; SPIVAK, 2010) – que visou investigar como quatro estudantes congole-

ses narram o Celpe-Bras e o peC-g, posicionando-se e sendo posicionados em relação

a eles, e como performatizam (BUtler, 2010/1990) narrativamente seus processos de

des(re)territorialização (deleUze & gUattari, 1980; haesBaert, 2004).

o corpus analisado constitui-se de áudio-gravações de interações em aulas de português

l2. a análise dos dados indicou que os jovens conceberam o peC-g como um instrumento

que controla e restringe a apropriação de espaços, gerando territorializações precárias

e vivências marcadas por preconceitos e não pertencimento, além de um protagonismo

de traços neocolonialistas por parte do país cooperador. o Celpe-Bras, por outro lado,

emerge como um importante instrumento de inserção nas relações sociais e acadêmicas,

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21

contribuindo para a apropriação de espaços (leFeBvre, 1974) e multiterritorializações. a

partir dos dados, (i) marco a necessidade de se repensar o funcionamento dessa política

pública, problematizando o papel do Brasil como reprodutor de uma democracia vertical

que não democratiza ou, ao contrário, como promotor de uma globalização contra-hege-

mônica que promova horizontalidades; (ii) discuto o importante papel do Celpe-Bras como

um dos componentes fundamentais dos projetos de políticas de línguas e de internaciona-

lização de nossas universidades, podendo contribuir para aproximá-los dos objetivos de

cooperação pretendidos.

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22

CONfERÊNCIA DE ENCERRAMENTO 14h30 – AUDITÓRIO

letramento em avaliação e o exame Celpe-Bras

profa dra. matilde v. r. scaramucci

iel – UniCamp

apesar de estarmos vivendo, no momento atual, em uma era de grandes exames – exa-

mes vestibulares, exames nacionais, exames internacionais de línguas – posso dizer que

ainda são poucos os conhecimentos sobre avaliação da sociedade brasileira. letramento

em avaliação (assessment literacy) tem sido o conceito utilizado para descrever o nível

de conhecimento, habilidades e entendimento dos princípios e práticas de avaliação de

diferentes grupos de protagonistas, de acordo com suas necessidades e contexto (alunos,

professores, orientadores educacionais e oficiais do governo, responsáveis pelas políti-

cas e pelas decisões baseadas em resultados de testes, a mídia e o público em geral)

(taYlor, 2008). dado que, no contexto brasileiro, os responsáveis pelos exames são em

geral professores, cabe à universidade a responsabilidade de elevar esse nível de letra-

mento. meu objetivo, nesta fala, é explorar esse conceito, que é relativamente recente, e

que tem sido objeto de reflexões em muitas publicações atuais da área. dentre esses

conhecimentos, destaco quatro noções que considero básicas e essenciais para o desen-

volvimento de exames de proficiência em geral e do Celpe-Bras em particular.

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COMUNICAçõES

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textos do exame Celpe-Bras: (inter)ação, representação e

identiFiCação

ailana assis Cota

neste trabalho, mostro a pesquisa apresentada em minha dissertação de mestrado para o

ppgl/UnB. Com base em pressupostos teórico-metodológicos da análise de discurso Crítica

(CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 2003; FAIRCLOUGH, 2003, 2008) e suas categorias de

análise linguística, investiguei inter-ações, representações e identificações do Brasil em textos

do exame Celpe-Bras. no trabalho a ser apresentado, retomo o que seria a “imaginação” do

Brasil com base em temas sociológicos a partir do entendimento de que a elite econômica

é uma das mediadoras na construção de uma cultura nacional. também busquei explanar

sentidos potencialmente ideológicos presentes nesses textos. este estudo apresentado foi

predominantemente qualitativo, documental e sincrônico e teve como foco a composição do

exame escrito do Celpe-Bras. as análises interacionais dos textos que compõem o corpus da

pesquisa nas quais a identificação de gêneros, discursos e estilos foram realizadas por meio

das categorias linguísticas da adC estrutura genérica, estrutura visual, interdiscursividade,

intertextualidade, pressuposição, relações semânticas entre sentenças e avaliação. além da

composição do exame Celpe-Bras, o nível da produção também foi parcialmente contempla-

do, uma vez que as análises interacionais dos textos escritos do exame foram apoiadas em

questionários respondidos por colaboradores/as que participam ou já participaram de eventos

de elaboração e avaliação deste exame. os resultados da pesquisa indicaram veiculação no

exame de representações do Brasil conformadas por relações e instituições características do

capitalismo tardio e da globalização neoliberal. as imagens e representações dos/as jovens

brasileiros/as nos textos tendem a não contemplar a diversidade cultural do Brasil e, quando o

tema se relaciona à ciência e à tecnologia, algumas análises indicaram que o Brasil não possui

acesso discursivo e autorização para discutir tais assuntos. esse tipo de discurso e represen-

tação pode contribuir para a sustentação e instauração de valores ideológicos sobre o Brasil.

na análise de discurso Crítica, sentidos ideológicos são inerentemente negativos e possuem

estreita relação com legitimação por relações de dominação. sendo assim, os sentidos ideoló-

gicos identificados nos textos do corpus da minha pesquisa são apresentados como legítimos

e universais (thompson, 2009).

Palavras chave: discursos, textos escritos do Celpe-Bras, (inter)ação.

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exame de proFiCiênCia em língUa portUgUesa para estrangeiros

(Celpe-Bras): perFis de Candidatos e sUa CertiFiCação

alessandra rodrigues Álvares e augusto da silva Costa

CeFet/mg

o exame Celpe-Bras é um importante instrumento de avaliação de português como língua

adicional, sendo esse o único exame de proficiência em idioma português reconhecido

oficialmente pelo governo brasileiro. por possuir tal caráter legitimador, observamos a

relevância de serem realizados constantes estudos sobre o Celpe-Bras. detentor de um

caráter comunicativo, o exame avalia as competências linguísticas e discursivas do can-

didato por meio de uma prova escrita (parte Coletiva) e uma prova oral (parte individual),

a qual é realizada por uma entrevista. sobre esse exame, o Centro Federal de educação

tecnológica de minas gerais (CeFet-mg) desenvolve um projeto de iniciação científica

desde março de 2014, do qual fazemos parte, intitulado exame de proficiência em língua

portuguesa para estrangeiros (Celpe-Bras): aspectos determinantes para a certificação,

a fim de investigar como o resultado na parte Coletiva da avaliação pode ser decisiva no

que diz respeito à nota final do candidato. Com base nas reflexões de scaramucci (2000),

schoffen (2003), Fortes (2009), schlatter et al. (2008), Coura-sobrinho et al. (2012), a

metodologia de pesquisa se pretende quantitativa e qualitativa, de forma que se busca

investigar se os perfis dos candidatos possuem relação com as notas obtidas. para essa

verificação, categorias como nacionalidade, língua materna, grau de proximidade entre

língua materna e português brasileiro, idade, escolaridade, sexo e profissão são consi-

deradas e a análise de suas produções são utilizadas como parâmetros de comparação.

a partir das análises, esperamos encontrar possíveis regularidades no desempenho dos

candidatos referentes às categorias mencionadas anteriormente. o objetivo deste traba-

lho é apresentar o andamento da pesquisa, os resultados parciais obtidos até o momento

e algumas inferências já observadas no que concerne a esses resultados. acreditamos

que os principais impactos desta pesquisa serão as contribuições para o aprimoramento e

refinamento das grades de avaliação do exame Celpe-Bras.

Palavras chave: português como língua adicional, Celpe-Bras, exame de proficiência.

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CUrsos temÁtiCos Baseados em tareFas e sUas Correlações Com os

resUltados ComUniCativos do Celpe-Bras

aline raquel Franceschini

iFsp

o Certificado de proficiência em língua portuguesa para estrangeiros (Celpe-Bras),

além de ser o único certificado do tipo oficialmente reconhecido no Brasil e no exterior,

possui as tarefas comunicativas como eixo norteador da prova. assim, esse exame

privilegia em suas questões o uso da língua em situações análogas àquelas encon-

tradas no mundo real para testar a capacidade de estrangeiros ou brasileiros que

não possuam o português como língua materna para usar a língua. moutinho (2006)

aponta um efeito retroativo do Celpe-Bras nas práticas de ensino e aprendizagem de

português como língua estrangeira (ple). ele ainda define esse efeito como um ele-

mento impactante na motivação dos candidatos em situações cotidianas que interfere

nos hábitos, crenças e percepções destes candidatos dentro e fora da sala de aula. os

materiais didáticos de ple ainda são bastante focados no ensino do sistema da língua,

fazendo com que haja uma dissonância entre os cursos de ple com a prova do Celpe-

-Bras. Cursos baseados em tarefas (ellis, 2003; nUnan, 1989) podem alinhar a

abordagem de ensino da sala de aula com a prova de proficiência, além de colocar em

foco o desenvolvimento da competência comunicativa (CC) (Canale e sWain, 1980;

Canale, 1983; CelCe-mUrCia, 2007; hYmes, 1972). o objetivo deste trabalho é

apresentar as relações do desenvolvimento da CC de alunos em um curso temático

baseado em tarefas (ptBt) (BarBirato, 2005) e correlacioná-lo com os resultados

comunicativos esperados dos candidatos que participam da prova Celpe-Bras. serão

apresentados excertos de produções orais e escritas de alunos que participaram de

um ptBt em uma universidade do interior paulista. os trechos serão analisados em

relação ao desenvolvimento da CC dos participantes e serão associados à parte indi-

vidual (produção oral) e coletiva (leitura e produção escrita) da prova. resultados de-

monstraram que o ptBt possibilita ao aluno uma profunda mobilização da CC perante

cenários comunicativos, pois resgata funções primárias da linguagem de comunicar,

além de oferecer, nas tarefas, momentos de interação fundados na construção discur-

siva e interativa da linguagem. desse modo, tal planejamento se mostra consonante

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com o objetivo que a prova estabelece e pode influenciar na preparação e motivação

dos candidatos que dela participam.

Palavras chave: Competência Comunicativa, planejamento temático, Celpe-Bras.

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o aspeCto ComUniCativo do exame Celpe-Bras: Uma anÁlise de livros

didÁtiCos Utilizados em CUrsos preparatórios

ana laura dos santos marques e mônica Baêta neves pereira diniz, liliane oliveira

damazo, Jerônimo Coura-sobrinho

inForteC/CeFet-mg

a partir da referência bibliográfica, mais especificamente, do(s) livro(s) didático(s)

adotado(s) em curso preparatório para o Celpe-Bras, no Brasil (Faap) e no exterior

(CCBa), bem como pelos perfis de programação de curso(s), pelo viés da análise do

discurso (ad), embasados no quadro enunciativo (QE) de Patrick Charaudeau, atualizado

por damazo (2012), pretendemos, neste trabalho, mostrar que é o próprio exame que

se impõe à voz que dita tais cursos preparatórios, uma vez que as obras de referência

sequer tangenciam os moldes do exame e, por conseguinte, não se enquadram ao que

se projeta como desejável a ser realizado pelo aluno, futuro examinando. a análise dos

lds, quando adotados nos cursos preparatórios, foi confrontada com o aspecto comuni-

cativo do exame, conforme estipula seu manual (2013) e, ao final, aponta-se para o fato

de que os cursos preparatórios, embora anunciem as referências tradicionais de lds do

mercado editorial, de fato são permeados por exames pretéritos que são divulgados pelas

instituições/Centros Culturais que os aplicam e, por conseguinte, refletem exatamente o

que se prevê como efeito retroativo do exame. ademais, quando o próprio site do inep

disponibiliza as provas já realizadas, mantém o ciclo constatado, ou seja, gera um efeito

de ‘retroalimentação discursiva’, impondo-se a si mesmo e, por conseguinte, mantém um

ciclo vicioso, quiçá pernicioso. nesse universo, a inovação é cerceada e as vozes discur-

sivas são ecos que se repetem sem permitir o ingresso de novos sujeitos enunciadores. a

proposta deste trabalho é que consigamos, como professores de ple, criar materiais que,

a despeito das provas já realizadas no Celpe-Bras, possam ser fatores inovadores que

abranjam o aspecto comunicativo de citado exame, sem copiá-lo, viabilizando que os alu-

nos de quaisquer cursos preparatórios ao Celpe-Bras alcancem certificação que lhes pos-

sibilite engajamento no mercado de trabalho, fator preponderante à escolha que realizam.

Palavras chave: exame Celpe-Bras, abordagem Comunicativa, livros didáticos.

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anÁlise de elementos provoCadores e roteiros de interação FaCe a

FaCe do exame Celpe-Bras 2011 – 2014

ana lígia Barbosa de Carvalho e silva

ppgla/iel – UniCamp

aplicado desde 1998, o Celpe-Bras (Certificado de proficiência em língua portuguesa

para estrangeiros) é o único certificado de proficiência em língua portuguesa reconhecido

oficialmente pelo governo brasileiro. está dividido em duas partes: i) parte escrita, que

integra compreensão (oral e escrita) e produção escrita; ii) parte oral, que integra compre-

ensão (oral e escrita) e produção oral. a literatura dedicada a estudos sobre a parte oral

ainda é escassa por tratar-se de um exame relativamente recente. este trabalho analisa

aspectos quantitativos e qualitativos de elementos provocadores, e seus respectivos ro-

teiros de interação Face a Face, utilizados em exames aplicados entre 2011 e 2014. ele-

mentos provocadores são instrumentos de avaliação, elaborados pela comissão organiza-

dora do Celpe-Bras, que têm por finalidade “provocar”, “disparar” a opinião e as ideias do

examinado sobre assuntos diversos. são elaborados a partir de material autêntico como

fotos, cartuns, acompanhados de pequenos textos escritos. este trabalho está fundamen-

tado em scaramucci (2000, 2006, 2011), que disserta sobre o conceito de proficiência que

fundamenta o exame; mcmillan (2000), mcnamara (2000), que discutem distintos aspec-

tos da avaliação em geral; dell’isola et al. (2003), que discorrem sobre o uso de imagem/

texto na parte individual do exame; Schoffen (2003) e Sakamori (2006), que analisam a

parte oral do exame. preliminarmente, foram destacados aspectos inovadores do Celpe-

-Bras. em seguida, foram analisados 80 elementos provocadores e 516 perguntas que

integram os roteiros de interação dos exames Celpe-Bras 2011/01, 2012/01, 2013/01 e

2014/01. Como resultado, observou-se que os elementos provocadores tinham composi-

ções diferentes. quantitativamente, observou-se que a presença de texto escrito nos 80

elementos provocadores analisados variou entre 7 e 254 palavras. também foi estudado

o conteúdo de perguntas constantes nos roteiros de interação, que foram agrupadas nas

seguintes categorias: 1) perguntas com referência explícita ao elemento provocador; 2)

perguntas genéricas; 3) perguntas de opinião; 4) perguntas pessoais. essas análises

possibilitam futuros estudos a fim de se investigar o impacto da quantidade de textos es-

critos nos elementos provocadores, bem como do conteúdo das perguntas dos roteiros

de interação na confiabilidade da parte oral do exame. tal análise poderá indicar novos

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rumos na elaboração de elementos provocadores, além de auxiliar no treinamento de

futuros aplicadores da parte oral do exame.

Palavras chave: Celpe-Bras, elementos provocadores, roteiro de interação Face a Face.

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CUrso preparatório online para o Celpe-Bras: proCesso de

planeJamento e implantação

ana luíza gabatteli vieira

UnB

o Celpe-Bras (Certificado de proficiência em língua portuguesa para estrangeiros) cons-

titui-se como um exame de natureza comunicativa que avalia o uso adequado da língua

para realizar ações em diversos contextos sociais. portanto, a competência do examinan-

do é avaliada pelo seu desempenho em tarefas que lembram situações reais do dia-a-dia,

ou seja, avaliação está centrada no significado e não na estrutura linguística, não havendo

assim questões explícitas sobre gramática e vocabulário. o exame é considerado um

importante veículo de representação da língua portuguesa e da cultura brasileira, pois

considera língua e cultura como indissociáveis. assim, devido a esse importante papel de

difusor da língua e cultura do Brasil, tem-se percebido a necessidade de oferta de cursos

de base comunicativa, presenciais e a distância, que trabalhem a noção de gêneros dos

discursos, auxiliando assim os aprendizes a serem capazes de compreender e de produzir

a língua de forma adequada às situações cotidianas. dessa maneira, este trabalho visa à

apresentação do processo de planejamento e de implantação de um curso preparatório

online para o Celpe-Bras, um curso que vai ao encontro da grande demanda atual por

cursos mediados pelo computador, por apresentarem certa flexibilidade e se adequarem

às características individuais dos aprendizes, tais como ritmo, disponibilidade de tempo e

local. o processo envolveu vários estágios, como: a escolha da plataforma de aprendiza-

gem, a delimitação dos objetivos e a seleção e organização dos conteúdos, dos materiais

e da avaliação. após alguns meses da implantação do curso, notou-se a necessidade de

um replanejameto com o intuito de melhor engajar os aprendizes no processo de apren-

dizagem. possibilitar uma navegação mais interativa dos aprendizes e dos professores,

ambientar os participantes à plataforma de aprendizagem e apresentar explicações de

forma mais dinâmica e interativa foram alguns pontos levados em consideração no repla-

nejamento desse curso.

Palavras chave: Curso online, Celpe-Bras, planejamento de Curso.

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os elementos provoCadores do Celpe-Bras Como tareFas

motivadoras no proCesso de ensino-aprendizagem de ple

antonio marcos Bueno da silva Junior e

Jaqueline tomazinho Carvalho

FCla – Unesp

a abordagem comunicativa surge por volta dos anos oitenta trazendo inovações ao pro-

cesso de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras (le), quebrando as correntes do

ensino com foco mais estrutural, tendo então o objetivo de ensinar a língua para que os

alunos desenvolvessem a competência comunicativa. essa abordagem trabalha com te-

mas do cotidiano, trazendo um sentido real, ou seja, o uso da linguagem com propósito

social, criando assim um aluno protagonista do processo de aquisição da língua alvo.

para o desempenho do ensino, esta abordagem trabalha com tarefas que, segundo lago

(2012), são atividades comunicativas que apresentam um objetivo a ser alcançado ao seu

término. dessa forma, os alunos desenvolvem tais atividades tendo noção que ao final

deverão apresentar suas opiniões em resultados que poderão gerar debates, elaboração

de jornais, entrevistas, encenações de diálogos, produções textuais, etc. o Celpe-Bras,

como se sabe, é um exame oficial que avalia a proficiência de português dos alunos

estrangeiros, sendo dividido em duas etapas: uma escrita e outra oral. a parte escrita é

composta por quatro tarefas: duas integram compreensão oral e produção escrita e mais

duas integram leitura e produção escrita. a parte oral é elaborada por meio de elementos

provocadores com temas do cotidiano, levando o candidato a expressar sua opinião acer-

ca de tais temas. a presente comunicação visa analisar como os elementos provocado-

res da prova oral do Celpe-Bras podem atuar como tarefas motivadoras no processo de

ensino-aprendizagem do português como língua estrangeira (ple). para isso tomaremos

como base de nosso trabalho as aulas ministradas no primeiro semestre de 2013 e do

primeiro semestre de 2014 no curso de ple do Centro de línguas e desenvolvimento de

professores (Cldp) da Unesp de assis, analisando as atividades desenvolvidas com os

alunos estrangeiros por meio dos seguintes meios: planos de aula e relatórios feito pelos

professores, observações sobre o pós-aula e gravações que foram realizadas ao longo

do curso. analisando os resultados, podemos observar que os elementos provocadores

fornecem o insumo necessário para que os alunos desenvolvam, espontaneamente, suas

opiniões sobre diversos temas, atingindo os objetivos determinados nos planos de aula.

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dessa forma, cria-se um cenário onde os alunos interagem mutuamente compartilhando

suas crenças e consolidam a base da competência comunicativa. podemos avaliar que

após a realização das aulas com base nos elementos provocadores, os alunos desenvol-

veram, também, mais autonomia na produção de trabalhos textuais, o que acreditamos

ser um fator positivo que pode auxiliar no desenvolvimento das tarefas escritas propostas

pelo Celpe-bras.

Palavras chave: tarefas, motivação, Competência Comunicativa.

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a avaliação integrada das prÁtiCas de Compreensão e prodUção nas

tareFas da parte esCrita do exame Celpe-Bras

Bárbara petry machado

UFrgs

o conceito de proficiência que fundamenta o exame Celpe-Bras consiste no “uso adequa-

do da língua para desempenhar ações no mundo” (Brasil, 2006, p. 4). por essa razão,

o Celpe-Bras não testa em separado as práticas de compreensão e produção na língua,

mas “avalia esses elementos de forma integrada, ou seja, como ocorrem em situações

reais de comunicação” (Brasil, 2006, p. 4). no exame, essa avaliação é feita por meio

de tarefas integradas de compreensão e produção, que buscam verificar se o candidato é

capaz de atribuir sentidos autorizados pelo texto-base, selecionar informações relevantes

do texto, relacionar e usar essas informações para cumprir os propósitos solicitados

(Brasil, 2006, p. 6). este trabalho tem por objetivo verificar de que forma essa avaliação

integrada das práticas de compreensão e produção acontece nas tarefas da parte escrita

do Celpe-Bras, observando as mudanças ocorridas nas tarefas ao longo dos 16 anos de

aplicação do exame. para alcançar esse objetivo, iniciamos descrevendo as 132 tarefas

já aplicadas na parte escrita do exame Celpe-Bras (compiladas, digitalizadas e disponi-

bilizadas no banco de dados desenvolvido por nosso grupo de pesquisa), enfocando os

seguintes aspectos: o gênero dos textos solicitados aos candidatos como resposta às

tarefas, a proposta de interlocução estabelecida nas tarefas e a necessidade de recupera-

ção de informações específicas do texto-base para cumprir o propósito solicitado. a partir

dessa descrição, buscamos analisar a integração das práticas de compreensão e produ-

ção na avaliação das tarefas, isto é, se há necessidade de produção de um texto para de-

monstrar compreensão e se a recuperação de informações presentes nos textos-base se

faz realmente necessária para a produção do texto solicitado. os resultados preliminares

apontam para uma maior integração nas práticas de compreensão e produção avaliadas

nas tarefas do Celpe-Bras ao longo do tempo, visto que nas primeiras aplicações havia

tarefas que solicitavam apenas demonstração de compreensão, prática que deixou de ser

adotada no decorrer da história do exame.

Palavras chave: avaliação integrada, tarefas, Celpe-Bras.

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verdades e mitos soBre o exame Celpe-Bras: o Caso do institUto de

CUltUra Brasil-ColomBia

Beatriz miranda Cortes

Considerado pelo ministério de relações exteriores do Brasil como “o orgulho da diplo-

macia cultural do país”, o instituto de Cultura Brasil-Colombia - iBraCo é o maior posto

aplicador do Celpe-Bras no exterior. em cada edição do exame, aproximadamente 550

colombianos, estudantes de português como língua estrangeira se apresentam como can-

didatos ao certificado de proficiência do idioma. segundo dados recentes proporcionados

pela direção executiva do instituto, 42% de seus alunos se matriculam em cursos regu-

lares com vistas a realizar o exame. por esta razão, mediante a utilização de uma meto-

dologia híbrida e a inclusão de gêneros textuais, o iBraCo aproxima o aluno ao Celpe-

-Bras desde os níveis mais básicos de seu processo de ensino e aprendizagem, com o

objetivo de desmitificar os temores referentes a todo e qualquer exame de certificação. no

entanto, é sabido que, na maioria dos casos, somente depois de assistir a 250 horas de

curso, o aluno estaria realmente apto a participar do módulo de preparação para o exame.

alguma vez, considerou-se que a aprovação no exame Celpe-Bras seria uma decorrên-

cia natural do processo de aquisição da língua portuguesa, variante brasileira, contudo a

prática em sala de aula e a experiência na preparação de alunos, somadas à experiência

na aplicação e correção do exame derrubam o seu mito número 1. alunos proficientes,

com um nível de adequação bastante satisfatório em termos de produção oral e escrita,

em um contexto de não imersão, não teriam um resultado compatível com o seu nível de

conhecimento caso não realizassem o curso preparatório, o que pode ser evidenciado

pelo alto índice de aprovação dos alunos inscritos neste curso: 95,4%. o iBraCo é cons-

ciente de que a maioria de seus estudantes são certificados como intermediário superior,

mas não são poucos os estudantes que obtém as certificações avançado e avançado

superior. mas por que isto ocorre? para as autoras deste trabalho está claro que, embora

o exame tenha um perfil comunicativo, os estudantes do instituto, previamente ao traba-

lho de preparação para o exame, devem dominar as estruturas básicas da língua aliadas

ao seu uso, nos registros formal e informal, escrito e oral. isto nos coloca diante do seu

segundo mito: a natureza puramente comunicativa do exame. os efeitos retroativos do

Celpe-Bras são incontestáveis dentro e fora da sala de aula. Criou-se um exame que

definitivamente mudou o status quo da língua portuguesa. atualmente, o português para

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estrangeiros, como segunda língua, língua adicional ou ainda como língua de herança

são vocabulários cotidianos nas áreas que transformaram em ciência um conhecimento

adquirido por professores pioneiros através de sua prática empírica. no entanto a maioria

de nós, professores e pesquisadores da área, continua ministrando aulas com materiais

didáticos elaborados há mais de 30 anos. neste sentido, é necessário indagar: é possí-

vel sair da pesquisa e da sala de aula, e vislumbrar as reais necessidades geradas pelo

Celpe-Bras, além do nosso respeito e compromisso com o exame?

Palavras chave: Celpe-Bras, ensino de ple, iBraCo.

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perspeCtivas para a melhoria do ensino de portUgUês Como língUa

estrangeira

Carmen leonor de la Fuente

a inexistência de um exame mais profundo e detalhado como marco de proficiência em

uma língua pode a longo prazo gerar uma limitação ou falta de incentivo, inclusive e prin-

cipalmente, para a criação de materiais didáticos e sistemas de ensino, e por sua vez de

aprendizagem, mais avançados. Como professora de português como língua estrangeira

no méxico há aproximadamente 20 anos, reconheço que o Celpe-Bras foi um marco fun-

damental na área de “padronização” da aprendizagem ou domínio de uma língua estran-

geira, que neste caso é o português. estruturas como estas não são simples e requerem

tempo, visão e muita dedicação. porém, me parece que o nível de proficiência avaliado

e declarado ao entregar um certificado ou resultado do mesmo está de maneira errônea

propiciando a “singularização” de uma língua tão rica como o português. há alguns anos

o português vem sofrendo algumas modificações com a intenção de torná-la uma língua

que esteja presente em eventos internacionais oficiais. ora, é momento de propiciar que

inclusive as pessoas envolvidas com o ensino da mesma usem sua criatividade, capacida-

de e, acima de tudo, conhecimentos para que estes sejam aplicados de maneira integral

e sejam valorizados através de um exame posterior ao atual Celpe-Bras, fornecendo a

oportunidade de que a língua portuguesa seja desenvolvida como um meio eficaz e rico

de comunicação, não somente como uma “rodovia expressa”. o Celpe-Bras como tal é um

instrumento não só importante, mas valioso. porém, é um instrumento cuja finalidade, atu-

almente, está sendo aplicada de maneira distinta. Usa-se o Celpe-Bras como instrumento

oficial de comprovação de proficiência na língua portuguesa. é um exame eficaz, um pa-

râmetro de conhecimento da língua e um exame que com precisão diferencia a sua aplica-

ção ou utilização da língua materna de quem faz o exame. mas a dúvida aqui e que me faz

apresentar este documento é: será que sua aplicação e seu nível não estariam limitando

aos que o fazem a pensar que a língua portuguesa é apenas o que o exame requer? isto é,

um exame como tal que avalia o conhecimento de algo possui suas limitações e é projeta-

do e elaborado com um fim. será que este longo prazo mencionado anteriormente, devido

à ausência de outros instrumentos de avaliação mais elaborados e profundos como existe

no alemão, no francês e outras línguas que conhecemos, não está deixando uma marca,

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uma imagem do português como uma língua “simplista”? isto é claro, devido à ausência

de outros exames mais profundos ou abrangentes.

Palavras chave: limitante de nível de ensino, motivador como nível de ensino.

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o ConCeito de FlUênCia no Celpe-Bras

Caroline scheuer neves, Bruna sommer Farias e

Janaína vianna da Conceição

UFrgs

tendo em vista a participação das proponentes deste trabalho no Celpe-Bras como exa-

minadoras da parte oral do exame e em encontros de formação de examinadores da parte

oral promovidos pelo posto aplicador, em que normalmente há várias dúvidas sobre o

conceito de fluência - um dos critérios usados para avaliação na entrevista oral do exame

Celpe-Bras -, além da insuficiente produção bibliográfica em torno desse conceito, princi-

palmente em relação ao Celpe-Bras, percebemos que a discussão sobre fluência ainda

parece ser um tanto nebulosa na área de avaliação de proficiência oral. assim, este traba-

lho se dedica a refletir e a discutir sobre o conceito de fluência a partir de um levantamento

bibliográfico sobre trabalhos que tratam dele, além de trabalhos que o abordam quanto

ao Celpe-Bras, propondo uma descrição mais detalhada desse critério para o exame com

base nas concepções teóricas que subjazem a ele (Brasil, 2013). procuramos, então,

contribuir para que os avaliadores possam se basear em descrições mais detalhadas de

desempenho para avaliar a proficiência oral dos candidatos, buscando, dessa forma, o

aperfeiçoamento do processo de avaliação. para tanto, entendemos aqui que fluência não

é pura e simplesmente velocidade da fala, nem que se deva tomar como referência o pa-

râmetro do falante nativo ideal (Fortes, 2009) para avaliação no exame. Consideramos

que a fluência está intimamente ligada ao desempenho (silva, 2000), já que é por meio

dele que a fluência é percebida. além disso, a fluência é vista mais como habilidade do

que como conhecimento linguístico - o que não significa que ele não deva ser levado em

conta (silva, 2000), tendo em vista também os índices de fluência do exame (frequência

de pausas, hesitações e interrupções no fluxo da conversa). acreditamos que não seja

possível considerar fluência isoladamente, pois aspectos como improvisação, estratégias

discursivas, recursos linguísticos, desinibição e confiança podem influenciar na desenvol-

tura e na autonomia do candidato e, consequentemente, na sua fluência durante a inte-

ração. desse modo, este trabalho busca contribuir com uma proposta de descrição mais

detalhada desse critério utilizado no Celpe-Bras com o intuito de auxiliar os examinadores

da parte oral com uma maior delineação de critérios para avaliação do desempenho dos

candidatos. ademais, intencionamos contribuir para a discussão acerca da noção de flu-

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ência a partir da concepção de uso da língua, uma vez que tal noção é considerada de

grande importância para a avaliação de proficiência na entrevista oral do Celpe-Bras.

Palavras chave: Fluência oral, avaliação, Celpe-Bras.

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CUrsos preparatórios para o exame Celpe-Bras: Uma Ferramenta

FaCilitadora oU indUtória?

Cláudia Lobo e Sibylla Serafini

ilp

neste trabalho questionamos os moldes dos cursos preparatórios para o exame Celpe-

-Bras, pensando em que medida instrumentalizamos nossos estudantes durante toda sua

formação em português como língua adicional ou apenas os treinamos para que passem

numa prova. é preciso diferenciar o aluno que não estuda formalmente o pla daquele es-

tudante que possui um construto linguístico calcado numa regularidade de aprendizagem,

uma vez que somos procurados também por pessoas que não estudam o português de

maneira formal, mas interessam-se por um curso preparatório específico para o Celpe-

-Bras. da mesma maneira, podemos pensar em que medida o próprio exame é capaz de

distinguir realmente entre uma proficiência real ou maquiada, principalmente entre os limi-

tes dos níveis estabelecidos. partindo de Coll (1996), Costa (2005) e scaramucci (2004;

2006), discutimos como utilizar situações semelhantes apresentadas no Celpe-Bras de

modo a tornar o aluno polivalente em gêneros discursivos diversos, mas sem condicioná-

-los a um molde pré-estabelecido; de que maneira nossas aulas podem ser um estímulo

e não um mero condicionamento com o fim de passar numa prova. levamos em conside-

ração também outro fator importante: nosso público é de hispano-falantes, que possuem

um nível de compreensão auditiva e de escrita diferenciada se comparada a outros estu-

dantes de pla. para isso, estudamos os últimos exames e comparamos com o material

utilizado por nossos professores, principalmente nos últimos níveis, já que esse público é

o que mais se interessa por um exame formal de proficiência. refletimos em nosso próprio

currículo e de que maneira podemos pensar em uma progressão de ensino que permita

não só um bom resultado no teste, como a certeza de uma aquisição de língua estrangei-

ra exitosa e funcional, capaz de tornar o estudante seguro de sua condição: de aprendiz

passa a ser uma ponte entre dois mundos.

Palavras chave: português para estrangeiros, proficiência, Currículo.

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42

gêneros orais no exame Celpe-Bras: Um olhar soBre a seleção de

vídeos para a tareFa i

Letícia Grubert dos Santos, Cristina Marques Uflacker e

graziela hoerbe andrighetti

o exame Celpe-Bras, com um conceito de proficiência de vanguarda, avaliando as quatro

habilidades (compreensão oral, compreensão escrita, produção oral e produção escrita)

de maneira integrada, suscita a necessidade de investigação acerca da seleção de ma-

teriais e elaboração de propostas de tarefas que correspondam a essa especificidade.

Como colaboradoras desse exame, temos procurado refletir sobre a seleção de mate-

riais que possibilitem a elaboração de tarefas alinhadas ao construto teórico do exame

(delll’isola et al., 2003; Brasil, 2006; Brasil, 2012), ou seja, a escolha de determi-

nados gêneros orais ou escritos que circulam na sociedade que possibilitem a elaboração

de uma proposta de produção escrita possível na vida real para a qual os examinandos

devem se orientar a fim de demonstrar sua proficiência (sCaramUCCi, 2000). neste

trabalho, apresentamos uma análise quantitativa e qualitativa de dezoito vídeos que foram

selecionados para servir de texto-base para a tarefa i do exame Celpe-Bras desde 2005

de modo a discutir as possíveis implicações de tal seleção para a validade do exame.

para isso, fizemos um levantamento dos gêneros audiovisuais e suas temáticas e dos

gêneros discursivos solicitados a partir dos mesmos, e observamos as representações da

cultura e da identidade brasileira (JÚDICE, 2009; LIMA, 2008; SILVA, 2000; KRAMSCH,

1995) com o intuito de discutir possíveis implicações da seleção de determinados gêneros

e temas para a elaboração de tarefas de avaliação que privilegiem a língua em contexto.

a partir de uma análise preliminar, observamos que, em relação aos textos-base, há uma

predominância do gênero reportagem, embora isso não pareça restringir as possibilidades

de gêneros solicitados pelo exame. apesar disso, há uma constância na solicitação de

recuperação de informação e ratificação de posicionamentos apresentados, sem espaço

para o desenvolvimento de tarefas que exijam um posicionamento mais crítico do exami-

nando. supomos que isso possa estar relacionado às temáticas apresentadas nas repor-

tagens que, em sua maioria, tratam de questões informativas e não suscitam tarefas de

produção escrita com ações diferenciadas, como reclamar, opinar ou argumentar. ainda

em relação a essas temáticas, verificamos que há diversidade nos assuntos relacionados

a manifestações culturais brasileiras e que esses temas são tratados sem a necessidade

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de apresentação de estereótipos, corroborando as orientações apresentadas no manual

do exame. esperamos que os resultados deste estudo possam contribuir para o processo

de seleção de materiais e elaboração das tarefas que compõem o exame, bem como para

a formação de professores de português como língua adicional.

Palavras chave: seleção de materiais, elaboração de tarefas, Formação de elaborado-

res.

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a elaBoração e o teste piloto de materiais voltados para o exame

Celpe-Bras

Dáfini Cosme Peroba e Anelise Fonseca Dutra

UFop

é crescente o interesse por parte de estrangeiros por aprender a língua portuguesa. a

Universidade Federal de ouro preto, no seu projeto de internacionalização, começou a

receber muitos alunos interessados de diversos países da américa como de outras partes

do mundo. esses alunos precisam apresentar um certificado de proficiência na língua, se

não no momento de seu ingresso no curso, ao menos dentro de um ano. é no intuito de

preparar esses estudantes para o Celpe-Bras que o departamento de letras, por meio

de seu Centro de extensão, decidiu oferecer um curso preparatório para o exame. Como

há pouco material preparatório para o Celpe-Bras, desenvolvemos este estudo com o

objetivo de elaborar sequências didáticas que pudessem fazer parte de uma coletânea de

materiais a serem usados em aulas de português para estrangeiros. o trabalho foi dividi-

do em duas etapas, sendo a primeira a elaboração do material didático a ser usado nas

aulas de ple do Centro de extensão. a segunda etapa foi a aplicação deste material nas

turmas do curso para verificar pontos fortes e pontos a serem mais desenvolvidos. Como

base teórica para o desenvolvimento das sequências didáticas, nos baseamos em autores

como Brown (2001) e Larsen-Freman (2000) que abordam o ensino por meio de princí-

pios, marcusch (2008) em relação ao uso de gêneros textuais, almeida Filho (2002) no

que diz respeito ao ensino da interculturalidade, entre outros. Como resultados, podemos

apontar que a aplicação do material proporcionou um rico momento de interação cultural

entre os alunos de diversos países e o professor. além disso, foram analisados e produ-

zidos textos orais e escritos de diversos gêneros que poderão auxiliar o aluno nas tarefas

a serem realizadas durante o exame do Celpe-Bras. Foram também apontadas algumas

melhorias para tornar o material ainda mais útil e interessante para alunos interessados

em conhecer a língua e a cultura brasileira.

Palavras chave: Celpe-Bras, elaboração de material didático, ensino-aprendizagem.

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a inFlUênCia do Celpe-Bras nas novas prÁtiCas pedagógiCas de

portUgUês para estrangeiros: Uma anÁlise do pple- portal do

proFessor de portUgUês língUa estrangeira/língUa não materna

diogo oliveira do espírito santo, arthur moura vargens,

Camila alves gusmão e daniela ressurreição mascarenhas

UFBa

o objetivo deste trabalho é identificar e analisar as influências do exame Celpe-Bras na

produção de unidades didáticas disponíveis no portal do professor de português língua

estrangeira/não materna (www.ppple.org), mantido pelo instituto internacional da língua

portuguesa e pela Comunidade de países de língua portuguesa – e que disponibiliza, em

uma plataforma on-line, materiais didáticos, gratuitamente, para professores de português

- le/lnm para todo o mundo. o portal, além de explicitar o Celpe-Bras como um referen-

cial para as definições de níveis de proficiência em seu texto de apresentação, apresenta

correlações com as avaliações oral e escrita propostas pelo exame, seguindo uma ordem

de atividades, a saber: a) atividades de preparação, que em muito se assemelham aos

elementos provocadores e às perguntas norteadoras sugeridas ao avaliador na interação

face a face; b) os blocos de atividades, que trabalham as quatro habilidades de aprendi-

zagem da língua (compreensão escrita, compreensão oral, produção escrita e produção

oral) de forma integrada, através de materiais autênticos, que circulam nos espaços reais

de uso da língua; c) as atividades de avaliação, que são produções orais e/ou escritas que,

como no Celpe-Bras, são holísticas (moUra, 1998) e simulam situações que se asseme-

lham às que podem ocorrer na vida real. na análise proposta, confrontamos a metodologia

utilizada na composição das tarefas, assim como a concepção de língua/cultura, as ex-

pectativas de uso da língua e a divisão dos níveis de proficiência do aprendiz do texto de

apresentação do portal com as mesmas concepções presentes no manual do Celpe-Bras;

também comparamos as unidades produzidas e já disponibilizadas na plataforma on-line

com as tarefas do exame escrito e os elementos provocadores da interação face-a-face do

Celpe-Bras. Concluímos, em nossa análise, que o Celpe-Bras tem influenciado as novas

práticas de ensino de português para estrangeiros, contribuindo para que este se torne um

ensino de base comunicativa (silveira, 1999) e intercultural (mendes, 2011; 2012), que

visa não apenas o conhecimento linguístico strictu senso, mas, principalmente, o uso da

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língua como lugar de interação (GERALDI, 1997; MARCUSCCHI, 2000; KOCH, 2002) em

situações reais do cotidiano.

Palavras chave: ensino-aprendizagem de línguas, português para estrangeiros, mate-

rial didático.

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resgatando a história do exame Celpe-Bras: ConstrUção do BanCo

de dados de provas e doCUmentos púBliCos do exame

Ellen Yurika Nagasawa, Gabrielle Sirianni e

Juliana roquele schoffen

UFrgs

o exame Celpe-Bras começou a ser desenvolvido por uma comissão de professores de uni-

versidades brasileiras composta pelo meC em 1993, e é aplicado sistematicamente no Brasil e

no exterior desde 1998. apesar da importância que o exame adquiriu ao longo de sua existên-

cia, contabilizando mais de 9 mil examinandos inscritos somente no ano de 2013, ainda não

havia disponível um banco de dados que reunisse todos os documentos públicos produzidos

em relação ao exame, nem todas as provas já aplicadas. o objetivo deste trabalho é relatar o

desenvolvimento da pesquisa para a disponibilização de um banco de dados reunindo todos

esses documentos e provas, a fim de tornar pública a história do exame e o construto de pro-

ficiência avaliado por ele, possibilitando futuras análises que busquem verificar os conceitos

teórico-metodológicos expressos nos documentos e o construto teórico subjacente às provas.

reunimos, ainda, nesse banco de dados, estudos acadêmicos já realizados sobre o exame

Celpe-Bras no Brasil e no exterior, visando facilitar futuras pesquisas sobre o exame. para

executar as propostas deste projeto, em um primeiro momento, procedemos à compilação de

documentos públicos existentes sobre o exame, através de contatos com o meC, inep e mem-

bros atuais e anteriores da Comissão técnico-Científica do Celpe-Bras. após a compilação

dos documentos, procedemos à digitalização de todo o material, de forma a torná-lo disponível

através de plataforma online. procedemos, ainda, à pesquisa em bibliotecas e sistemas de

busca para compilar o maior número possível de estudos acadêmicos já realizados sobre o

exame. Foi também objetivo deste trabalho proceder à análise das 132 tarefas já aplicadas

na parte escrita do exame em todas as suas edições, de forma a possibilitar futuros trabalhos

do grupo de pesquisa. para essa análise, consideramos que “a prática da linguagem tem de

levar em conta o contexto, o propósito e o(s) interlocutor(es) envolvido(s) na interação com o

texto” (Brasil, 2006, p. 3), portanto escolhemos como categorias de análise o gênero do texto

a ser produzido, o enunciador, o interlocutor e o propósito explícitos ou implícitos no enunciado

de cada tarefa.

Palavras chave: exame Celpe-Bras, Banco de dados, parte escrita do exame Celpe-Bras.

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estratégias de entrevistadores em interações FaCe a FaCe do exame

Celpe-Bras: impliCações para a Formação

eleonora Bambozzi Bottura

UFsCar

o presente trabalho busca investigar atuações de entrevistadores em interações face a

face constitutivas da parte oral do exame Celpe-Bras. por se tratar de um teste de de-

sempenho, entende-se que há impacto de certas variáveis que podem comprometer a

confiabilidade e a validade deste tipo de teste, como, por exemplo, a significativa influência

do papel desempenhado pelo entrevistador nessas interações. sendo assim, o objetivo

desta apresentação é relatar resultados de uma pesquisa sobre a atuação do entrevista-

dor em uma edição do exame Celpe-Bras de um posto aplicador no Brasil no ano de 2012,

com enfoque em estratégias utilizadas pelos entrevistadores para encaminhar as intera-

ções face a face por meio dos elementos provocadores (ep) e dos roteiros de perguntas.

os dados referentes ao exame do posto aplicador em estudo foram analisados com base

na literatura correlata, sendo possível confirmar e revelar tipos de estratégias. de modo

geral, foi possível verificar nos cinco entrevistadores investigados oito estratégias nas in-

terações com os ep e os roteiros de perguntas, sendo que, dentre estas, algumas foram

mais recorrentes e caracterizaram-se como boas estratégias para conduzir a interação de

modo significativo ao examinando; outras contribuíram pouco para a interação, tais como

a não realização da etapa 2 presente no roteiro de perguntas e que deve ser cumprida

conforme consta no manual do examinador disponível para cada aplicação do exame. ou

ainda, a realização de perguntas preliminares de cunho pessoal a fim de contextualizar os

ep aos examinandos. desse modo, afirma-se que diferentes estratégias desempenhadas

pelos entrevistadores podem interferir de maneira significativa na confiabilidade e validade

do exame, já que promovem diferentes condições de avaliação que refletem diretamente

no desempenho dos examinandos. este estudo aponta para a relevância de se investir

na formação de novos e antigos entrevistadores a fim de minimizar riscos de ameaça à

validade do exame Celpe-Bras.

Palavras chave: Celpe-Bras, interações Face a Face, papel do entrevistador.

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o ConCeito de interação e a grade de avaliação oral do Celpe-Bras:

algUns desaFios de adaptação à teoria

emerson pereti e valdilena rammé

UFpr/Unila

o efeito retroativo do Celpe-Bras tem contribuído para a reconfiguração tanto do ensino

de ple no Brasil, quanto da pesquisa que precede a concepção de novos instrumentais

de apoio (sChlatter, 2009; da Costa Carvalho & sChlatter, 2011; almeida,

2012; moUtinho, 2012). norteados pela política linguística delimitada pelo exame,

novos materiais didáticos passam a incluir, por exemplo, textos autênticos em vídeo

ou áudio que se voltam para o uso da língua em diferentes situações de interação oral.

em contraposição a um ensino voltado principalmente à estrutura, essas novas formas

de abordagem enfatizam a necessidade de incluir aspectos contextuais, discursivos e

linguísticos para a produção de tarefas comunicativas em situações reais de interação

(sChlatter, 2006). apesar dessa mudança conceitual, contudo, o ensino da língua

direcionado a tais critérios ainda enfrenta alguns desafios, principalmente em relação à

preparação dos candidatos para a parte oral do exame, dadas algumas incongruências

entre o conceito de interação proposto e a grade constituída para a avaliação. é dentro

desta perspectiva que a atual pesquisa tenta discutir a dificuldade encontrada pelos

professores de ple quando se dispõem a aplicar os conceitos de interação oral do

Celpe-Bras na criação de sequências didáticas e outros materiais pedagógicos. nossa

investigação se insere em um contexto onde professores de le, ao prepararem alunos

para o exame, utilizam a grade de avaliação como ferramenta norteadora e, conse-

quentemente, sentem dificuldade em adequar teoria e prática. partindo deste ponto,

desenvolvemos nosso debate em duas etapas: em um primeiro momento, contrastamos

os descritores dos avaliadores da prova de interação oral do exame com conceitos

de oralidade de teorias contemporâneas de le (Console, 2006; gomes, 2013; pU-

ren, 2012). em seguida, ouvimos alunos e professores do Celin-UFpr para buscar

argumentos empíricos que contribuam à nossa argumentação. Confirmamos, enfim, que

embora disponham de suporte teórico considerável, os professores de ple ainda sen-

tem falta de ferramentas práticas que possibilitem uma preparação mais adequada aos

critérios de proficiência propostos pelo Celpe-Bras. a aproximação da teoria e da prática,

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50

portanto, continua a ser um desafio, demandando por sua vez um conjunto de ações de

revisão e adaptação.

Palavras chave: Celpe-Bras, interação oral, efeito retroativo.

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a implantação do posto apliCador do exame Celpe-Bras na nigéria:

desaFios e perspeCtivas

Félix ayoh omidire

Obafemi Awolowo University

o presente trabalho pretende fazer uma historiografia da implantação do primeiro e (até

agora) único posto aplicador do exame Celpe-Bras no continente africano. o complicado

processo da seleção de candidatos para o peC-g e peC-pg e o fascínio da língua e cul-

tura brasileiras para indivíduos falantes das mais variadas línguas africanas representam

motivos de sobra para incentivar uma equipe de três professores nigerianos formados

no Brasil a querer investir no ensino de português língua estrangeira não somente para

seus conterrâneos nigerianos, mas também para candidatos oriundos de outros países

africanos de língua oficial inglesa e francesa como o Benim, togo, gana, e, às vezes até

para guineanos falantes do português continental que desejam realizar o exame Celpe-

-Bras aqui na nigéria. o trabalho vai procurar também debater o futuro do Celpe-Bras

para os candidatos do continente africano ao querer inseri-lo na política econômica e na

diplomacia cultural que caracterizam as relações do Brasil com os países africanos nestes

tempos da globalização.

Palavras chave: Celpe-Bras, Candidatos africanos, peC-g/peC-pg.

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a FUnCionalidade dos gêneros textUais presentes na parte esCrita

do exame Celpe-Bras

Fernanda alves de morais e margarete von mühlen poll

UFpB

o Celpe-Bras é o único certificado brasileiro de proficiência em português como língua

estrangeira reconhecido oficialmente. o exame Celpe-Bras é aplicado a cada semestre e

possui duas partes: a parte escrita, composta por quatro tarefas baseadas na produção

textual; e parte oral, composta de uma entrevista com duração de vinte minutos. enten-

demos que ter proficiência não é apenas falar, ouvir, ler e escrever orações na língua-

-alvo, mas também saber utilizar essas orações/frases com a finalidade de obter o efeito

comunicativo desejado. de acordo com o manual do examinando (Brasil, 2012, p.4),

para que um aprendiz de uma determinada língua desenvolva sua capacidade linguística,

é necessário que ele seja exposto a situações reais de uso, portanto é fundamental nos

utilizarmos dos gêneros discursivos no ensino de língua estrangeira. assim, a presente

pesquisa teve por objetivo analisar a parte escrita do exame aplicado em 2013, ambas

as edições. Com base na teoria dos gêneros textuais (marCUsChi, 2005; Bazerman,

2005; dell’isola, 2007), analisamos os enunciados das oito tarefas presentes nas duas

edições do exame Celpe-Bras do ano de 2013 e a funcionalidade dos gêneros presentes

nos referidos testes, verificando a ideia e a ação social promovida por cada tarefa por

meio dos gêneros utilizados. após a análise, observamos que as tarefas envolvem ações

e propósitos e, embora algumas delas não explicitem especificamente o gênero textual so-

licitado, essas tarefas contemplam a adequação à situação comunicativa proposta, dando

liberdade ao candidato para que expresse sua habilidade de comunicação em determina-

da situação concreta, demonstrando as suas competências linguísticas e, logo, o seu nível

de proficiência na língua portuguesa.

Palavras chave: Celpe-Bras, produção textual, gêneros textuais.

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avaliação de tareFas simUladas do Celpe-Bras: ConCeito de língUa e

Uso e interação a partir da atriBUição de níveis

Fernanda deah Chichorro Baldin

UtFpr

a Universidade tecnológica Federal do paraná (UtFpr) começou a ofertar diferentes níveis

de turmas de português para estrangeiros (ple) no primeiro semestre de 2014. Foi necessá-

ria, então, a elaboração de um currículo-base que possibilitasse um programa mínimo e, ao

mesmo tempo, o direcionamento das aulas com base nas necessidades de interação dos alu-

nos estrangeiros. a escolha de um construto teórico que fundamentasse tanto o currículo como

o programa pautou-se no conceito de língua em uso (Clarke, 1996). Portanto, a concepção

de língua que adotamos na UtFpr é efeito retroativo do exame Celpe-Bras (sCaramUCCi,

2004). a presente comunicação tem por objetivo avaliar correções de tarefas simuladas do

Celpe-Bras feitas por três professoras da instituição que atuam nas aulas de ple, verifican-

do seu conhecimento sobre o exame e a ideia de língua que subjaz às suas crenças como

professora/avaliadora. elaboramos vinte e quatro tarefas escritas cuja realização foi solicitada

aos alunos, ora em sala de aula, ora fora do horário da aula. antes da realização das tarefas,

alunos estrangeiros e professoras assistiram a uma apresentação na qual se mostrava o em-

basamento teórico do exame (Brasil, 1996), bem como tarefas com propostas de correção

(sChoFFen, 2009). após a realização das tarefas, as professoras as devolviam aos alunos,

com a atribuição de nível e uma breve explicação. além disso, a cada tarefa corrigida, respon-

diam a um questionário no qual explicitavam questões importantes no momento da avaliação

(facilidades, dificuldades, dúvidas, necessidades). Como resultados, podemos observar que

as professoras apresentam critérios diferentes no momento da correção – embasadas muito

por suas crenças do que vem a ser língua em uso e interação. quanto aos questionários res-

pondidos por elas depois da correção de cada grupo de tarefas, fica patente a necessidade de

formação de um grupo de estudos entre as professoras da instituição, no qual se discuta com

maior profundidade o construto teórico da prova, bem como os critérios a serem usados para

a correção das tarefas. os resultados esperados para o aprofundamento dos estudos sobre o

exame visam não só à correção mais adequada das tarefas, mas à organização do curso de

português para estrangeiros da UtFpr.

Palavras chave: Currículo, avaliação, Crença.

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a oralidade no exame Celpe-Bras: por Uma visão variaCionista

Francisca paula soares maia

Unila

o Celpe-Bras é um exame de suma importância para estrangeiros que desejam ingressar em

cursos de graduação e em programas de pós-graduação no Brasil, bem como para aqueles

que desejam validar diplomas para exercer atividade profissional, sendo que algumas enti-

dades de classe, como o Conselho Federal de medicina, chegam a exigi-lo para inscrição

profissional e no Conselho regional de medicina. Com o Brasil em evidência no contexto

mundial contemporâneo, devido ao seu desenvolvimento sócio-econômico, esse exame tem

sido cada vez mais solicitado. após o auge do preenchimento de lacunas e de reconheci-

mento de formas nos testes de proficiência realizados sob o apogeu do método estruturalista,

com o advento da abordagem comunicativa, na qual se embasa o exame Celpe-Bras, essa

prática vem sendo repensada, tanto para a produção oral, quanto para a produção escrita.

Como reflexo das mudanças que essa abordagem traz ao processo de ensino-aprendizagem

e de avaliação, também esse exame vem recebendo contribuições teóricas de várias áreas

da linguagem. desse modo, o presente trabalho parte do conceito da língua como uma reali-

dade inerentemente variável, porém passível de ordenação estrutural (WeinreiCh, laBov

e herzog, 1968; laBov, 2001), para refletir como essa visão pode favorecer uma prática

avaliativa pautada no respeito à variação linguística e à diversidade cultural do examinando no

Celpe-Bras. esse exame avalia em duas etapas a adequação escrita e falada do examinando.

o presente trabalho visa focalizar a segunda etapa, destinada à avaliação do desempenho

oral do candidato, a qual, com duração de vinte minutos, consiste inicialmente de uma intera-

ção oral, ou seja, de uma conversa entre candidato e entrevistador a partir de atividades e in-

teresses mencionados pelo examinando na ficha de inscrição, tendo continuidade com trocas

de ideias sobre tópicos da atualidade, da vida contemporânea, cotidiana, com base em três

elementos provocadores, dentre várias possibilidades existentes (fotos, cartuns, quadrinhos,

textos curtos, etc). na presente exposição serão feitas reflexões sobre ocorrências de língua

falada que, sem o embasamento de uma visão variacionista, são passíveis de serem consi-

deradas “erros” e, consequentemente, sofrerem penalização, perda de pontos no processo

avaliativo.

Palavras chave: oralidade, proficiência, variação linguística.

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a relação de interloCUção estaBeleCida nas tareFas da parte

esCrita do exame Celpe-Bras ao longo dos anos

gabrielle rodrigues sirianni

UFrgs

o presente trabalho tem por objetivo descrever de que forma a relação de interlocução

está estabelecida nas tarefas da parte escrita do exame Celpe-Bras e de que maneira

os gêneros dos textos solicitados aos candidatos como resposta às tarefas foram sendo

alterados ao longo dos 16 anos de aplicação do exame. Com base no que está explicitado

no manual do Candidato, que afirma que o Celpe-Bras está baseado “em uma visão da

linguagem como uma ação conjunta de participantes com um propósito social, e consi-

derando língua e cultura como indissociáveis, o conceito de proficiência que fundamen-

ta o exame consiste no uso adequado da língua para desempenhar ações no mundo”

(Brasil, 2006, p. 3), procuramos descrever e analisar de que maneira é configurada a

interlocução no exame, já que, segundo schoffen (2009), é o interlocutor selecionado e as

relações que o falante estabelece com ele que vão configurar o enunciado e o gênero em

que ele estará inserido. para alcançar o objetivo proposto, realizamos a descrição das 132

tarefas já aplicadas na parte escrita do exame (compiladas, digitalizadas e disponibiliza-

das no banco de dados desenvolvido por nosso grupo de pesquisa), verificando, no texto

solicitado como resposta a cada tarefa, os aspectos fundamentais para a configuração da

interlocução em um enunciado: o gênero, o enunciador, o interlocutor e o propósito. os

resultados preliminares da pesquisa indicam que a relação de interlocução no texto foi

sendo mais explicitada nas tarefas do exame Celpe-Bras ao longo dos anos e os gêne-

ros solicitados passaram de gêneros de âmbito mais privado a gêneros de âmbito mais

público, corroborando a ideia de que, “para aumentar a validade do exame, o Celpe-Bras

deve avaliar uso da linguagem dentro de esferas menos familiares da atividade humana,

que exijam maior proficiência em situações de interação complexa na língua estrangeira”

(sChoFFen, 2009, p. 166).

Palavras chave: Celpe-Bras, relação de interlocução, gêneros do discurso.

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a CompetênCia interCUltUral no exame Celpe-Bras

henrique leroy

Unila

exames de proficiência em língua estrangeira são exigidos por e para pessoas que bus-

cam novas oportunidades em outros países. no Brasil, o exame de proficiência em língua

portuguesa para estrangeiros (Celpe-Bras), objeto de investigação deste projeto de pes-

quisa de doutorado na Universidade estadual do oeste do paraná (Unioeste-pr), é o

instrumento utilizado para atestar a competência linguística no uso da língua-cultura oficial

do país – a variedade brasileira do português. apesar de diversos estudos contemplarem

a avaliação em língua portuguesa para estrangeiros, sobretudo a parte escrita do exa-

me Celpe-Bras (Consolo, 2004; 2007; dell´isola, et al.,2003; paiva, 2003; paiva;

sade, 2006; sCaramUCCi, 1997; 1998; 1999; 2004; 2008; sChlatter et al., 2005;

sChoFFen, 2003; 2009, dentre outros), poucos são aqueles que contemplam a parte

individual e seus aspectos interacionais (FUrtoso, 2008), sobretudo quando o foco é a

questão da competência intercultural e suas evidências linguísticas (Belz, 2003) envolvi-

das em todo o processo interacional. destarte, o presente projeto de pesquisa pretende

identificar, analisar e discutir a competência intercultural advinda da parte oral do exame

Celpe-Bras, produzida e manifestada por intermédio da variedade brasileira da língua-cul-

tura portuguesa que mediará a interação entre examinadores e examinandos. ademais,

esta investigação terá como objetivos específicos : (i) analisar o papel e a interferência dos

contextos de avaliação, sejam eles no Brasil, no exterior ou em região de fronteira onde o

exame Celpe-Bras é aplicado, na dinâmica da interação entre entrevistadores-avaliadores

e os examinados; (ii) evidenciar os impactos e efeitos que a competência intercultural pro-

duzida na interação causa na validade e confiabilidade da proficiência avaliada no exame

Celpe-Bras; (iii) tentar definir possíveis critérios e descritores de avaliação da competência

intercultural presente no exame Celpe-Bras; (iv) identificar e discutir os efeitos retroativos

que a competência intercultural presente na interação pode apresentar para o ensino-

-aprendizagem da variedade brasileira da língua-cultura portuguesa para estrangeiros.

Palavras chave: Celpe-Bras, Competência intercultural, língua portuguesa adicional.

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design instrUCional de CUrso preparatório para o exame Celpe-Bras

Jackeline Duarte Kodaira

Centro Universitário senaC/sp

Considerando a relevância da difusão da língua portuguesa pelo mundo e a consequen-

te busca pelo aprendizado do português brasileiro por pessoas de diversas nacionalida-

des, esta comunicação apresenta o processo de design instrucional de um curso pre-

paratório a distância para o exame de proficiência em língua portuguesa (Celpe-Bras).

a construção do curso parte do modelo de design instrucional aberto e, portanto, adota o mo-

delo addie (analysis, design, development, implementation and evaluation) como ponto de

partida para o desenvolvimento completo do ciclo de um curso preparatório, sendo as partes

do modelo desenvolvidas concomitante, dado o caráter dinâmico, mutável e flexível do pro-

cesso de ensino-aprendizagem. embora os cinco pontos de embasamento do modelo sejam

explicitados para compreensão geral da organização curricular, daremos destaque aos pon-

tos de design (mapeamento de conteúdos e planejamento de atividades) e evaluation (ava-

liação formativa e multidimensional, propostas de aprendizagem colaborativa, feedbacks e

autoavaliação). quanto ao modelo de design proposto, buscamos estruturar o curso a partir

de atividades de mapeamento conceitual de estratégias de identificação de gêneros textuais

e procedimentos de resolução de tarefas, além do desenvolvimento de simulações de tarefas

baseadas em propostas colaborativas para o levantamento de temas relevantes para execu-

ção da avaliação escrita (pesquisas de textos e materiais audiovisuais de referência) e discus-

são de elementos provocadores da entrevista (escalonamento de temas de acordo com as

respostas do questionário de inscrição). em complemento às atividades citadas, descrevere-

mos, também, o design de objetos de aprendizagem voltados à correção formal de estruturas

linguísticas e, para isso, apresentaremos como jogos e aplicativos para smartphones podem

atuar como recursos complementares eficientes à preparação completa do examinando.

em relação à avaliação, privilegiamos modelos avaliativos estruturados na colaboração

entre alunos (correção em pares), elaboração de portfólios, simulação de entrevistas, for-

mando, assim, um quadro de avaliação multidimensional que considera todo o percurso do

participante durante o curso, mapeando habilidades e competências necessárias ao bom

desempenho no exame.

Palavras chave: Celpe-Bras, design instrucional, português como língua estrangeira.

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58

o portUgUês língUa estrangeira no paragUai: Um estUdo de CorpUs

em textos do Celpe-Bras

Juliana Cristina Fresqui e elizabete aparecida marques

UFmts

localizado no centro-sul da américa do sul, o paraguai foi um dos primeiros países a aplicar

o exame de proficiência em língua portuguesa para estrangeiros-Celpe-Bras, no ano de

1998, juntamente com a argentina e o Uruguai, além de outras cinco universidades públicas

brasileiras. situado no âmbito do ensino de português como língua estrangeira (ple), este

trabalho tem por objetivo apresentar o projeto de dissertação de mestrado, ainda em anda-

mento, o português língua estrangeira no paraguai: um estudo de corpus em textos do

Celpe-Bras, ancorado nos pressupostos teóricos da análise Contrastiva e interlíngua (al-

MEIDA FILHO, 1993; 2001; CORDER, 1967; FERNÁNDEZ, 1997; SELINKER, 1972), por

meio de um estudo transversal da aquisição de língua portuguesa como língua estrangeira,

especificamente, no paraguai. o objetivo principal do referido projeto é analisar as proprie-

dades de interferência da língua materna na língua-alvo, ou seja, do espanhol para o

português, em especial no que se refere ao léxico. metodologicamente, o material de inves-

tigação é composto pela parte coletiva do exame Celpe-Bras, que integra tanto a compreen-

são oral e escrita, quanto a produção escrita, sendo esta última o foco de nossa pesquisa.

após o recebimento do material enviado pelo inep, foram necessários alguns recortes, de

maneira que se ponderou trabalhar com o exame de 2013/1. assim, será analisada a pro-

dução escrita de paraguaios, cuja língua materna seja a espanhola; não se trabalhará com

as produções dos candidatos paraguaios que tiverem o português como língua de herança

nem daqueles de nacionalidade paraguaia, mas de origem estrangeira (chinês, coreano,

etc.). Foram selecionados 204 textos de diferentes gêneros, produzidos por 51 candidatos.

para o controle das variáveis, foi necessária a ida ao posto aplicador “Centro de estudos

Brasileiros”, localizado em assunção – paraguai, para o levantamento e análise do perfil dos

candidatos exposto na ficha de inscrição. por meio desta análise podemos constatar que,

em geral, no que tange ao paraguai, os candidatos ao Celpe-Bras visam à certificação para

a candidatura ao programa de estudantes Convênio de graduação ou pós-graduação,

oferecido pelo governo federal, assim como turismo no Brasil.

Palavras chave: Celpe-Bras, interlíngua, análise de erros.

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59

haBilidades de leitUra em pergUntas soBre reCortes de reportagem

na proposta de interação FaCe a FaCe do exame Celpe-Bras

laura márcia luiza Ferreira

Unila

a apresentação oral tratará do resultado parcial de uma pesquisa de mestrado cujo obje-

tivo foi o de analisar a proposta de interação face a face – etapa do exame de proficiência

em língua portuguesa para estrangeiros (Celpe-Bras), expedido pelo governo Brasileiro.

Considerando-se o objetivo da etapa de certificar a proficiência oral dos candidatos, anali-

samos os documentos que encaminham a interação face a face à luz das teorias sobre lei-

tura em língua estrangeira na perspectiva sociointeracionista da linguagem (dell’isola,

1991; CelCe-mUrCia e olstain, 2000; raCilan, 2005; graBe e stoller, 2002;

dias, 2009; graBe,2009). nesse sentido, investigamos as habilidades de leitura que

subjazem ao encaminhamento das perguntas organizadas em um roteiro. tais roteiros de

perguntas foram elaborados pela comissão técnica do exame. no momento de aplicação

do exame, os entrevistadores podem utilizar-se de tais roteiros de perguntas que se refe-

rem a elementos provocadores ao longo da interação com o candidato. nosso trabalho

se restringiu aos exames aplicados no primeiro semestre de 2004, 2007 e 2010. em um

primeiro momento da pesquisa, analisamos e classificamos os gêneros textuais que com-

põem os materiais de leitura do exame oral e verificamos que a grande maioria dos textos

selecionados para compor os elementos provocadores foi retirada da mídia impressa bra-

sileira e que 83,3% da amostra coletada foi elaborada a partir de recortes de reportagens.

este trabalho se limitou a analisar as atividades de pós-leitura sugeridas no encaminha-

mento de perguntas sobre recortes de reportagem. quanto à metodologia, utilizamos o

instrumento de avaliação de atividades de leitura em língua estrangeira elaborado por

dias (2009), que foi adaptado para o contexto da análise. ao final, foi possível comparar os

resultados da pesquisa com as informações fornecidas pelo manual do Candidato, princi-

palmente, no que se refere à preparação para o exame. sobre a natureza das atividades

de pós-leitura, concluímos que as perguntas do roteiro de entrevista, em geral, incentivam

o uso do conhecimento anterior dos candidatos, apresentam atividades diversificadas e

que contribuem para que os entrevistados construam e reconstruam o sentido dos enun-

ciados ao longo da entrevista, além de explorarem as condições de produção dos textos

que compõem os elementos provocadores. por se tratar de uma amostragem significativa

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60

de perguntas elaboradas a partir de uma mesma tipologia textual, foi possível também

analisar a pergunta inicial dos roteiros e encontramos por ordem de maior ocorrência os

seguintes verbos: opinar, definir um termo chave, explicitar uma ideia do texto e comentar.

Palavras chave: Celpe-Bras, interação oral, gêneros textuais.

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61

a aBordagem de aspeCtos da CUltUra Brasileira em provas do Celpe-

Bras

lucas rezende almeida e Juliana neto

pUC/rJ

o português como segunda língua ou como língua estrangeira (doravante chamado de

pl2e) tem sido ensinado por meio de três abordagens principais: a primeira, centrada

no código; a segunda, nas situações comunicativas, e a terceira, nas questões intercul-

turais. neste trabalho, prioriza-se essa última abordagem, uma vez que se acredita que

a comunicação eficiente entre falantes de diferentes culturas depende não só do sistema

linguístico adquirido ou das diferentes formas de situações comunicativas, mas da apren-

dizagem de padrões culturais que motivam o comportamento social dos falantes de portu-

guês (meYer, 2008). para tanto, é necessário conduzir o aluno no aprendizado de formas

linguísticas, de padrões comunicacionais e das diferenças culturais do Brasil. é preciso,

portanto, que o aluno entenda o que nos leva a falar o que falamos e que ele construa

uma identidade como falante de português (meYer, 2013). o conceito de cultura adotado

neste trabalho pressupõe a distinção de Bennett (1998) entre cultura objetiva e cultura

subjetiva. Cultura objetiva é a parte explicitamente visível de uma cultura, como arte, lite-

ratura, bem como aspectos políticos, econômicos e históricos. Cultura subjetiva são as ca-

racterísticas culturais invisíveis de um grupo, tais como os valores e os princípios de uma

sociedade, aspectos estes que motivam a existência da cultura objetiva e que não são

acessíveis diretamente no contato com uma cultura diferente e que devem ser ensinados

nas aulas de língua estrangeira. por isso, por meio de uma análise qualitativa, o objetivo

desse trabalho foi determinar se aspectos culturais do Brasil comparecem em três exames

do Celpe-Bras e, caso compareçam, definir se esses aspectos podem ser considerados

da cultura objetiva ou subjetiva, tendo em vista que a cultura subjetiva é fundamental para

o aprendizado de pl2e e que dificilmente é abordada em ensino de pl2e. Concluiu-se,

a partir do exame das três provas, que os aspectos culturais que mais compareceram

nesses exames referem-se à cultura objetiva. apesar deste resultado, acredita-se que o

exame espera dos avaliados o conhecimento subjetivo como justificativa a esses compor-

tamentos referidos na descrição cultural objetiva dos textos-bases.

Palavras chave: Celpe-Bras, Cultura objetiva, Cultura subjetiva.

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a avaliação oral em exames de desempenho: a inFlUênCia do avaliador

no Uso dos elementos provoCadores no exame Celpe-Bras

marcela dezotti Cândido

ppgla/iel-UniCamp

a avaliação oral do exame Celpe-Bras baseia-se em uma interação face a face que visa

avaliar a competência do examinando em comunicar-se em situações cotidianas. essa

avaliação é sempre um grande desafio, uma vez que é influenciada por muitas variáveis

(lUoma, 2004). Uma delas, que pode ter implicações para o resultado da avaliação, é a

atuação dos entrevistadores. algumas pesquisas se dedicam à avaliação oral do Celpe-

-Bras, como a de SAKAMORI (2006), que traz contribuições para a formação de exami-

nadores do exame oral do Celpe-Bras, pois analisa como eles se comportam diante do

controle do tempo da entrevista de cada candidato e como eles escolhem as perguntas

previamente preparadas pela comissão organizadora do exame, a fim de investigar as

diferenças de estilo de cada um deles e se elas são diferentes no que diz respeito à co-

laboração. esta pesquisa, que faz parte de uma dissertação de mestrado que também

apresenta como ponto de partida a atuação dos entrevistadores do Celpe-Bras, tem como

objetivo contribuir para o processo avaliativo deste exame oral. no entanto, apresenta

um outro enfoque, ou seja, fazer uma análise intra e inter-examinadores. a primeira tem

como objetivo investigar como um mesmo avaliador utiliza um mesmo elemento provo-

cador com diferentes examinandos, enquanto a segunda visa analisar como diferentes

entrevistadores fazem uso de um mesmo elemento provocador. nesta apresentação, nos

deteremos apenas à análise inter-examinadores e, para isso, levamos em consideração

a nacionalidade, a origem, o gênero e a idade dos examinandos, pois acredita-se que as

construções culturais e de estereótipos dos avaliadores podem interferir na maneira com

que conduzem a conversa, o que pode trazer impactos para o processo de avaliação.

para isso, pensamos ser relevante fazer parte da análise também aspectos relacionados

ao entrevistador, como idade, tempo de experiência na aplicação do exame e formação

profissional.

Palavras chave: avaliador Celpe-Bras, interação Face a Face, elementos provocadores.

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63

CompetênCia interaCional: Critério para avaliação da prodUção oral

em língUa adiCional

marcia niederauer

o foco na interação contribuiu de forma decisiva para transformar o campo de ensino de

línguas. em vez do foco explícito na língua, passou-se a enfatizar o falante bilíngue intera-

gindo com outros falantes, negociando e criando significados, agindo no mundo por meio

da língua. perspectiva que possibilitou novos olhares sobre a avaliação de desempenho

oral. a incorporação da Competência interacional a grades de avaliação de exames revela

esta reorientação dos instrumentos de avaliação da produção oral. entendendo que con-

templar essa competência na grade de avaliação de um exame é um passo importante

em direção às concepções contemporâneas de linguagem e interação, este texto aborda

um dos critérios adotados na avaliação da parte oral do exame para a obtenção do Cer-

tificado de proficiência em língua portuguesa para estrangeiros (Celpe-Bras). para tanto,

partindo-se de estudos realizados por Fulcher (2003), luoma (2005) e mcnamara (1997)

sobre avaliação da produção e compreensão oral em língua adicional, por Young (2000a,

2000b) sobre competência interacional, e por dörnyei e scott (1997) sobre estratégias

comunicativas, é analisada a forma como o uso de estratégias comunicativas, entendido,

conforme a Ficha de avaliação da interação face a face utilizada pelo avaliador-obser-

vador do exame, como um dos aspectos que caracterizam a competência interacional.

Com base na análise dos dados e nas discussões empreendidas a partir dos estudos

com os quais este texto dialoga, o artigo conclui que a forma como essas estratégias são

operacionalizadas na grade de avaliação em questão e as orientações disponibilizadas

no manual do avaliador do Celpe-Bras e no guia do examinando – versão eletrônica

simplificada – não permitem que se aproveite a capacidade avaliativa que tais recursos

interacionais oferecem. além disso, a análise revelou algumas inconsistências em relação

ao que se espera nos diferentes níveis de proficiência em termos de uso e de necessidade

de uso de estratégias comunicativas durante a entrevista para avaliação da proficiência

oral nesse exame.

Palavras chave: avaliação, Competência interacional, língua adicional.

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estUdo das temÁtiCas dos elementos provoCadores do exame Celpe-

Bras

margarete von mühlen poll

UFpB

neste trabalho, analisamos as temáticas abordadas nos elementos provocadores da in-

teração face a face do exame de proficiência em língua portuguesa para estrangeiros

– Celpe-Bras. este estudo averigua quais os temas de maior e de menor recorrência nos

referidos elementos provocadores que guiam a avaliação de desempenho da parte oral do

exame. para realizar este estudo, tomamos os elementos provocadores das cinco últimas

edições do exame, a saber, 2012.1, 2012.2, 2013.1, 2013.2 e 2014.1, perfazendo um

total de cem elementos provocadores analisados. para realização do estudo, agrupamos

os temas abordados em quatorze categorias, por temática abordada, e o estabelecimen-

to das categorias deu-se à medida que os referidos elementos foram sendo analisados.

Com o estudo, foi possível perceber uma concentração de temas em cinco categorias

de assuntos; os temas das nove demais categorias encontradas não tiveram recorrência

considerável. Constatamos que não houve a abordagem ou a abordagem apenas tan-

gencial de temas ligados à imigração, à diversidade cultural de países e entre países, ao

ensino de língua estrangeira, ou seja, temas que também interessam diretamente esses

candidatos estudantes de uma língua estrangeira, no caso, o português. os dados desse

estudo serão apresentados pormenorizadamente na ocasião do ii sincelpe. Considerando

que o exame é elaborado com base nas teorias sociointeracionistas, é fundamental que

o candidato tenha conhecimento sobre os assuntos abordados pelos elementos provoca-

dores que permeiam a interação face a face. nesse sentido, cabe ressaltar que todos os

assuntos abordados nos elementos provocadores são assuntos do cotidiano e sobre os

quais uma pessoa adulta, de modo geral, conseguiria desenvolver uma interação de curta

duração. segundo a versão eletrônica do guia do examinando de 2013.1 (página11), a

prova oral “constitui-se de uma conversa, com duração de 20 minutos, entre examinan-

do e entrevistador, sobre atividades e interesses do examinando, a partir de tópicos que

constam no questionário de inscrição (família, hobbies, profissão, entre outros) e sobre

tópicos do cotidiano e de interesse geral (ecologia, educação, esportes, entre outros), com

base em três elementos provocadores diferentes (fotos, cartuns, quadrinhos, textos curtos

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65

etc.)”. estes últimos são tópicos abordados pelos elementos provocadores da interação

face a face e analisados neste trabalho.

Palavras chave: Celpe-Bras, elementos provocadores, interação.

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a integração de haBilidades do exame Celpe-Bras: Uma revisão da

literatUra espeCializada

maria gabriela silva pileggi

ppgla/iel-UniCamp

Uma das principais características do Certificado de proficiência em língua portuguesa

para estrangeiros (Celpe-Bras), de acordo com o manual do examinando (2013), é a inte-

gração de habilidades, que se dá tanto na parte escrita quanto na parte oral do exame, se

constituindo um diferencial do exame em relação a outros exames de proficiência. a parte

escrita é composta por quatro tarefas: as tarefas 1 e 2 integram as habilidades de compre-

ensão oral e escrita e produção escrita, enquanto as tarefas 3 e 4 integram as habilidades

de compreensão e produção escrita. a integração de habilidades tem sido uma questão

controversa, como nos mostram Alderson (2000) e Lewkowicz (1997): enquanto alguns te-

óricos defendem o isolamento das habilidades alegando uma “não contaminação” de uma

habilidade pela outra, outros a defendem por ser mais condizente com abordagens cen-

tradas no uso da língua. nesta apresentação meu objetivo é apresentar um estado da arte

da literatura na área de avaliação em língua estrangeira sobre o conceito ‘integração de

habilidades’, analisar como essa integração é contemplada em enunciados do exame to-

EFL (Test of English as a Foreign Language) (PLAKANS, 2010; POWELS, 2010; HINKEL,

2010) e também nos enunciados das tarefas 3 e 4 do exame Celpe-Bras. este trabalho é

uma etapa preliminar de minha dissertação de mestrado que tem como objetivo investigar

a integração de habilidades nas tarefas 3 e 4 da parte escrita do exame Celpe-Bras, res-

pondendo às seguintes perguntas de pesquisa: como a integração de habilidades é ope-

racionalizada nos enunciados do exame Celpe-Bras? Como a integração aparece na pro-

dução escrita de candidatos hispanofalantes. o crescente número de publicações sobre o

conceito e o impacto que os estudos na área trazem aos exames e, consequentemente, à

sociedade nos levam a concluir que o assunto é de extrema relevância para o desenvolvi-

mento e aprimoramento da área de avaliação em língua estrangeira, especificamente na

área de português língua estrangeira e português para falantes de espanhol.

Palavras chave: exame Celpe-Bras, integração de habilidades, avaliação em língua

estrangeira.

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perCepções qUanto à proFiCiênCia de pFol: Uma anÁlise Comparativa

Com avaliadores iniCiantes e experientes do exame oral do Celpe-

Bras

martha da rocha Caires

UtFpr

o presente trabalho tem como objetivo analisar comparativamente as noções de proficiên-

cia encontradas nas percepções dos professores iniciantes e experientes (na posição de

professor observador) na aplicação da prova oral do exame Celpe-Bras, o Certificado de

proficiência em língua portuguesa para estrangeiros. Fundamentando-se nos pressupos-

tos acerca da etnometodologia de Garfinkel (1967) e nas reflexões teóricas de Scaramucci

(2000) sobre a terminologia de proficiência de uma língua, a pesquisa tem como foco

verificar em que medida essas noções se aplicam de fato na realização do exame oral e

no papel desempenhado pelo professor observador relacionando-o com as percepções

imbricadas em sua avaliação. para isso, o seguinte trabalho faz um levantamento acerca

da distinção na atribuição de notas de excertos da prova oral de dois examinandos estran-

geiros (uma chilena e um japonês) entre 04 avaliadores (02 experientes e 02 iniciantes) na

avaliação da prova oral do Celpe-Bras e também das percepções em relação ao papel da

língua materna, sotaque, formação enquanto professores de português Brasileiro como

l2 e aplicadores do Celpe-Bras. a pesquisa também realiza uma verificação a respeito do

exame, e também de outros dois exames de proficiência linguística, do que significa ser

proficiente para essa avaliação na perspectiva de scaramucci (2000), da etnometodolo-

gia, um dos pilares para a análise central deste trabalho e também o que subjaz nas con-

cepções dos avaliadores (observadores) desse exame. diante disso, uma das hipóteses

que se procura testar é a noção de que professores com menos experiência na aplicação

possuem percepções distintas dos mais experientes. assim, por meio de questionários de

cunho exploratório, esse trabalho buscou investigar até que medida as concepções que vi-

goram na base teórica da prova se expressam nas percepções avaliativas dos professores

avaliadores (iniciantes e experientes) que observam a realização da prova oral, e também

se essas percepções relatadas nos questionários são evidenciadas ou não no momento

da avaliarem os examinandos.

Palavras chave: Celpe-Bras, exame oral, avaliadores.

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o Celpe-Bras Como Um portFólio Brasileiro: ConheCimentos soBre o

Brasil e prÁtiCas de letramento nas tareFas de prodUção esCrita do

exame

Melissa Kuhn Fornari e Thomás Dorigon

UFrgs

Partindo da concepção de uso da linguagem como prática social (CLARK, 2000), das

noções de gênero discursivo (BAKHTIN, 2012), práticas de letramento (STREET, 2000;

soares, 2006) e da visão do Certificado de proficiência em língua portuguesa para

estrangeiros (Celpe-Bras) como elemento divulgador do Brasil (maChado, 2011; diniz,

2010), mapearemos os temas presentes nos textos que compõem as tarefas de produção

escrita do exame, visando analisar a relação entre o repertório sobre o Brasil e as noções

de letramento e de uso da linguagem nas tarefas. Conforme Costa e Carvalho (2013, p.

258), o Celpe-Bras pode ser entendido como um evento de letramento que simula “ou-

tros possíveis eventos de letramento inseridos na cultura brasileira”. a partir dessa ideia,

pretendemos investigar como são mobilizados reflexão, visão crítica, posicionamento e

conhecimentos de práticas de letramento para que o candidato se aproprie das informa-

ções sobre o Brasil e cumpra o propósito da tarefa. este trabalho visa contribuir para o

entendimento do exame não apenas do ponto de vista linguístico, mas também diplomáti-

co, pois através do Celpe-Bras o Brasil assume a existência de uma língua própria, sobre

a qual exerce gestão (maChado, 2011). nesse contexto, o exame cumpre um papel

significativo em termos de produção de conhecimento sobre o Brasil e um estudo de seu

repertório, conforme propomos, pode ajudar a melhor compreender o que é divulgado

sobre o país através dele. a metodologia consiste em análise qualitativa dos textos das

tarefas de produção escrita das edições de 1998 a 2014, organização de um repertório

de assuntos relacionados ao Brasil nestas tarefas e análise de uma tarefa selecionada a

fim de ilustrar possíveis relações entre os conhecimentos sobre o Brasil e conhecimentos

sobre práticas de letramentos mobilizados nas tarefas. partimos das seguintes perguntas:

a) quais são os temas ou elementos sobre o Brasil retratados nas tarefas de produção

escrita no exame? b) Como eles são articulados nos eventos de letramento delineados na

tarefa analisada? c) o que isso nos revela sobre o exame enquanto portfólio do Brasil?

os resultados apontam para a configuração do exame como um instrumento de políticas

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linguística e externa, de promoção de conhecimento sobre assuntos do Brasil e sobre

práticas de letramento.

Palavras chave: Celpe-Bras, repertório, letramento.

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Uma Compreensão etnometodológiCa da Fala-em-interação de

entrevista de proFiCiênCia oral em portUgUês Como língUa adiCional

do exame Celpe-Bras

melissa santos Fortes

UFCspa

Partindo de uma compreensão etnometodológica (GARFINKEL, 1967; GARFINKEL e SA-

CKS, 1970) do trabalho de fazer ser membro na fala-em-interação de entrevista de profici-

ência oral em português como língua adicional, a proficiência oral é a constituição do per-

tencimento por meio de um trabalho interacional intersubjetivo e contingente realizado pelo

domínio da linguagem natural. no âmbito do arcabouço teórico-metodológico da análise da

Conversa etnometodológica (aCe), a análise sequencial, no âmbito de uma pesquisa de

doutorado, de entrevistas de proficiência oral em português como língua adicional do exame

Celpe-Bras, revelou que, ao realizarem o trabalho de fazer ser membro na fala-em-interação

de entrevista de proficiência oral, os participantes exibem uns aos outros (GARFINKEL,

1967): 1) a produção intersubjetiva de contextos e identidades institucionais; 2) a atribuição

e a ratificação de categorias de pertencimento da coleção [ser daqui] x [ser de lá] pela exi-

bição do entendimento do interlocutor como representante da categoria de pertencimento a

ele atribuída e, portanto, possuidor de conhecimento de senso comum para a produção de

ações e descrições “visivelmente-racionais-e-observáveis-para-todos-os-efeitos-práticos”

(GARFINKEL, 1967, p. vii); 3) a compreensão e a produção de práticas de categorização e

descrição em língua portuguesa como preferíveis (aBeledo, 2008); 4) a compreensão e a

produção de práticas de categorização e descrição em língua espanhola como aceitáveis.

os resultados sugerem ser indispensável à reflexão sobre a avaliação de proficiência oral

em língua adicional o entendimento de que o uso da linguagem é uma prática social e de

que resultados de avaliação satisfatoriamente válidos e confiáveis somente poderão ser

atingidos quando a área de avaliação de língua adicional assumir um posicionamento claro

e socialmente compartilhado com relação à visão de linguagem e ao conceito de proficiência

avaliados e, a partir desse posicionamento, puder justificar as escolhas, as inferências e as

decisões realizadas ao longo do processo avaliativo.

Palavras chave: entrevista de proficiência, Categorização de pertencimento, avaliação.

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anÁlise da interlíngUa de hispano-Falantes em avaliações orais

Celpe-Bras simUladas: ContriBUições didÁtiCas

narjara oliveira reis e adja Balbino de amorim Barbieri durão

UFsC

este artigo tem por objetivo relatar os resultados de uma análise da produção oral de hispano-

-falantes aprendizes de português em avaliações simuladas Celpe-Bras. o método empre-

gado baseia-se nos pressupostos da análise de erros proposto por Corder (1973). Foram

consideradas conclusões presentes nos estudos de durão (2004) sobre a interlíngua de his-

pano-falantes aprendizes de espanhol e nos de andrade (2011), sobre análise de interlíngua

oral para discussão dos dados coletados em situações de comunicação significativa (mea-

ninful performance situations), segundo Selinker (1973), o momento mais adequado para a

pesquisa em l2. Foram feitas gravações em áudio da parte oral de simulações do exame

Celpe-bras, em sala de aula, utilizando com essa finalidade, fichas de interação face a face de

edições anteriores. as avaliações foram feitas em dois momentos distintos, com um intervalo

de dois meses. os participantes da pesquisa foram seis aprendizes mulheres com idades

compreendidas entre 20 e 30 anos. o foco da pesquisa centrou-se no nível léxico-semântico,

em específico, nos casos de fronteira, erros que, segundo terminologia proposta por durão

(2004), demonstram uma formação de hipótese por parte do aluno que estão entre as unida-

des léxicas da língua materna e a língua objeto de estudo do aprendiz, casos esses que não

foram ainda muito explorados na literatura da área de análise de erros centrados na interlíngua

oral de aprendizes de línguas (andrade, 2011), assim como os usos incorretos de falsos

amigos que geram transferências léxicas. Um dos resultados relevantes desta micropesquisa

é a inconsistência da produção oral dos candidatos, que, para a mesma unidade, hesitam

entre formas da LM e da L2. A tensão do ambiente avaliativo de baixa afetividade (KRASHEN,

1982), limita as informações sobre as habilidades linguísticas do candidato, sugerindo que a

avaliação não retrata fielmente o conhecimento. daí, a importância da manutenção do baixo

filtro afetivo para a promoção de um ambiente mais favorável à produção oral dos candidatos.

Como contribuição para a didática e também para futuras pesquisas, observou-se o papel do

insumo compreensível para a aquisição de vocábulos em situação de comunicação real oral,

fato que sugere abordagens desse tipo para o treinamento de candidatos ao exame.

Palavras chave: avaliações orais, Celpe-Bras, análise de interlíngua.

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72

a perCepção de examinandos soBre tareFas do Celpe-Bras: sUBsídios

para reFlexões relaCionadas ao exame e à elaBoração de qUestões

nelson viana

UFsCar

tomando, entre outros constituidores, o conceito de tarefa como relevante norteador, o Cel-

pe-Bras caracteriza-se como um exame ancorado em bases teóricas contemporâneas de

ensino-aprendizagem e de avaliação em língua estrangeira (le), o que o posiciona como

inovador e, ao mesmo tempo, desafiador. sob essa perspectiva e considerando a relevância

do referido conceito na constituição da natureza do exame, bem como considerando a re-

levância de compreendermos e levarmos em conta a visão de examinandos em relação às

tarefas que o compõem, desenvolvemos este estudo, inicialmente, a partir de análise desse

conceito central (tarefa), com base em autores como nunan (1989), scaramucci (1996), ellis

(2003), entre outros, mas com enfoque principal na definição contida no “manual do exame”

ou, também e mais recentemente, no “guia do participante”, em que tarefa é apontada como

“um convite para agir no mundo, um convite para o uso da linguagem com um propósito so-

cial” (2013, p.7). na sequência e sob orientação metodológica de investigação, de base etno-

gráfica, em que, conforme aponta moita lopes (1995), se considera a visão dos participantes,

buscamos obter dados, por meio de questionários, que permitam verificar a percepção de

examinandos sobre a prova e possíveis impactos que a (in)compreensão com relação às pro-

postas (questões/tarefas) pode gerar no que se refere à disposição para desenvolvê-las e à

atitude em relação a elas. os resultados apontam elementos que nos permitem, entre outros

fatores, propor uma categorização das tarefas, a partir de percepções dos examinandos, re-

lacionadas a compreensões sobre posição social (enunciador), propósito e gênero vinculados

ao texto a ser produzido. tais resultados apontam a importância de que possíveis percepções

dos examinandos sejam consideradas em reflexões gerais sobre o exame e, principalmente,

em relação à elaboração das questões ou à explicitação da natureza das mesmas nos ma-

nuais de orientação, visando contribuir para que, por um lado (dos examinandos), compre-

ensões insuficientes possam ser minimizadas, e, por outro (de elaboradores), preocupação

adicional em relação às propostas seja acrescentada a um processo que já conta, ao que se

percebe, com constante atenção.

Palavras chave: percepção de examinandos, tarefas, Celpe-Bras.

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73

movimentos retóriCos em prodUções esCritas no exame Celpe-Bras

regina lúcia péret dell´isola e natália moreira tosatti

UFmg

este trabalho visa apresentar resultado de pesquisa em que se investigou a execução de

uma tarefa específica por meio da qual examinandos que prestaram o Celpe-Bras foram

levados a comprovar seu nível de proficiência na variante brasileira da língua portuguesa.

Com base na teoria de Swales (1994, 1998) e na concepção de gênero como ação social,

tal como propôs Bazerman (1994, 2005), foram analisadas 35 cartas do leitor produzidas

pelos examinandos da segunda aplicação do exame Celpe-Bras no ano de 2008. ao re-

alizarem a tarefa iv que consistia em ler uma reportagem da revista “istoé” e escrever

um texto para ser publicado na seção de cartas do leitor da mesma revista, verificou-se

diversidade de modos de produção discursiva. Com a finalidade de avaliar a qualidade da

produção escrita, foram analisados os movimentos retóricos de cada um dos textos pro-

duzidos e verificou-se o nível de conhecimento linguístico discursivo desses examinandos.

Constatou-se que, na seção de contato, os examinandos optaram por diferentes formas

de abertura em que se observa variedade de níveis de formalidade. no núcleo da carta,

muitos optaram pela contextualização seguida de questionamento dos argumentos apre-

sentados e da apresentação de ponto de vista favorável ao uso do telefone celular, em

diferentes níveis de proficiência, mas houve uma preocupação geral em todas as cartas

do nosso corpus em atender ao comando do enunciado da tarefa. entretanto, na seção

de fechamento, verificou-se que em 15 cartas os examinandos finalizaram com o encer-

ramento, sem o desfecho. dessas, constatamos que apenas em nove cartas cabia esse

procedimento discursivo. Finalmente, em 20 cartas consta encerramento seguido de des-

fecho. praticamente todas apresentaram problemas de coerência discursiva, tendo sido

empregados diferentes níveis de formalidade entre a abertura e o desfecho. em poucas

cartas verificamos coerência entre os três movimentos retóricos, ou três seções (contato,

núcleo e fechamento).

Palavras chave: escrita, gênero textual, retórica.

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74

apontamentos para Uma polítiCa de Formação de examinadores do

exame Celpe-Bras

renata maria santos Ferreira e Fernanda deah Chichorro Baldin

UtFpr

dando continuidade à reflexão apresentada no i sinCelpe (rio de Janeiro, 2013), este

trabalho, que se debruça sobre o objetivo de clamar uma política de formação de exami-

nadores, tem como base o estudo das crenças dos examinadores do posto de aplicação

Celin-UFpr a fim de levantar suas principais dúvidas ao atribuírem um valor de profici-

ência ao desempenho dos candidatos. para isso, partiu-se de cinco entrevistas simuladas

com falantes de línguas próximas e de línguas distantes com diferentes níveis de inte-

ração e níveis de proficiência. os resultados apontam para a necessidade de estudar a

relação entre o desempenho dos candidatos e o domínio da língua enquanto sistema. da

mesma forma, os professores avaliadores apontam os caminhos: formação continuada do

posto (2005/1); meC/inep fazerem a formação dos examinadores; e a necessidade de

criação de documentos que orientem a formação dos examinadores na prática. por outro

lado, reflete-se sobre a performance de avaliadores que não aderem ao construto teórico

do exame e a necessidade de o estado, via seus órgãos competentes, selecionar e avaliar

os examinadores. para tanto, além de questionários fechados para avaliar as entrevistas,

foram usadas entrevistas com cada um dos avaliadores, anotações detalhadas dos argu-

mentos nos debates que se seguiram as avaliações individuais dos simulados, levanta-

mento dos cursos de formação continuada pelos quais os examinadores passaram (seja

pelo inep, seja pelo posto aplicador), análise de formação de avaliadores de exames de

proficiência em língua inglesa, francesa, alemã e espanhola de postos aplicadores Cultura

inglesa, aliança Francesa, goethe institute e instituto Cervantes, todos em Curitiba, a fim

de refletir sobre políticas de estado sobre conceitos de língua estrangeira/adicional e for-

mação de examinadores. o constructo teórico que subjaz a essa reflexão tem aumentado

também. Além de Fortes (2009) e Bakhtin (2003; 2006), ampliou-se a reflexão com leituras

de rajagopalan (2003), César, Cavalcanti e Borttoni-ricardo (2007), Canagarajah (2006),

scaramucci (2011; 2004) e oliveira (2013).

Palavras chave: Formação de examinadores, Crenças, língua estrangeira/adicional.

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ensino de portUgUês para Chineses: repensando os preparatórios

para o exame Celpe-Bras

rosângela s. s. gileno, nildicéia ap. rocha, Fernanda veloso,

leonardo a santana, Cíntia nascimento, Jéssica Chagas,

Felipe Nunes e Érika M. Maldonado Barreto

FClar/Unesp

a Faculdade de Ciências e letras da Unesp, campus de araraquara, vem oferecendo cur-

so de português língua estrangeira para alunos de graduação e pós-graduação. o pro-

jeto ensino e aprendizagem de português língua estrangeira (ple) para estrangeiros,

desde 2012, proporciona ferramentas linguísticas, discursivas e culturais aos estrangeiros

intercambistas da Unesp de araraquara, assim como a estrangeiros da cidade e região.

vindos dos mais variados países, eles constituem um grupo muito heterogêneo, pois falam

línguas diversas e têm interesses variados para aprender a língua portuguesa, por isso,

os cursos de ple estão organizados em vários níveis, desde os mais básicos (a1) aos

intermediários (B2). os estrangeiros, após uma avaliação diagnóstica de conhecimento de

língua portuguesa e de levantamento de interesses, formam turmas de níveis inicial, inter-

mediário e avançado. a duração dos cursos se ajusta ao calendário acadêmico da Unesp

e os estudantes vão tendo o retorno dos seus desempenhos tanto na oralidade como na

escrita em um processo de avaliação sistemática e contínua. os cursos são ministrados

pelos estudantes do Curso de letras, acompanhados de mestrandos ou doutorandos do

programa de pós-graduação de linguística e língua portuguesa, sob a orientação da

professora coordenadora do projeto e com a colaboração de duas professoras da Unesp

de araraquara. nesse contexto de ensino, especificamente ensinando ple a chineses

falantes de mandarim, organizamos aulas específicas sobre o exame Celpe-Bras, e apli-

camos um simulado desse exame. em seguida, os chineses realizaram formalmente o

citado exame na Universidade Federal de são Carlos e, logo após, a elaboração de uma

narrativa sobre este processo preparatório ao exame. assim, nesta comunicação preten-

demos apresentar reflexões sobre a aplicação de curso preparatório e simulado anterior à

realização oficial do exame Celpe-Bras.

Palavras chave: exame Celpe-Bras, simulado, português língua estrangeira.

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76

o Celpe-Bras Como ação interCUltUral na trípliCe Fronteira Brasil,

argentina e paragUai

silvana maria mamani e alessandra a. s. nascimento

Unila

o presente trabalho tem como objetivo evidenciar parte dos resultados do projeto de ex-

tensão “Curso preparatório para o Certificado de proficiência em língua portuguesa para

estrangeiros (Celpe-Bras)”, o qual é uma ação de extensão universitária que depende da

pró-reitoria de extensão (proext) da Universidade Federal da integração latino-ame-

ricana (Unila), Foz do iguaçu, paraná. Como parte dos objetivos principais, o projeto visa

oferecer um curso de português como língua adicional para habitantes da tríplice Fron-

teira entre Brasil, argentina e paraguai, os quais desejam aprimorar sua competência na

produção e interpretação de diferentes textos na língua, bem como uma preparação para

o Certificado de proficiência em língua portuguesa para estrangeiros (Celpe-Bras). além

do contexto multicultural e plurilíngue, os alunos que frequentam o curso preparatório são

majoritariamente de diversos países da américa latina, e em menor número de outros

continentes. as aulas adotam uma metodologia tanto expositiva como dialogada para con-

tribuir com o desenvolvimento das competências gramaticais e interculturais. as mesmas

acontecem por meio de encontros semanais de noventa minutos, com um total de 20

horas em cada edição do curso. o planejamento da proposta pedagógica e a discussão

teórico-metodológica nas áreas envolvidas são abordados sob os pressupostos teóricos

do ensino de português como língua adicional (sChoFFen, 2012), a produção de gêne-

ros discursivos (roJo, 2005), avaliação de proficiência segundo o próprio exame Celpe-

-Bras (manUal do examinando, 2013) e interculturalidade (mendes, 2011). Como

parte dos resultados, o projeto concluiu três turmas compostas pela comunidade externa

e alunos da Universidade entre 2012 e 2013. além disso, na atualidade, dois grupos par-

ticipam da edição 2014, ainda em andamento. Com o decorrer do processo, os alunos de

todas as turmas apresentaram diferentes níveis de aprimoramento na língua portuguesa

em relação à produção e interpretação de diferentes gêneros orais e escritos no processo

de ensino-aprendizagem da língua, com vistas à preparação para o Certificado de profici-

ência supracitado.

Palavras chave: exame Celpe-Bras, português língua adicional, interculturalidade.

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relaCionando avaliação de proFiCiênCia Com o domínio de prÁtiCas

letradas: reFletindo soBre o exame Celpe-Bras

simone da Costa Carvalho

Universidad nacional de asunción

propondo tarefas com base na noção de uso da linguagem para desempenhar ações sociais

(CLARK, 2000) e alinhado à noção de gêneros discursivos (BAKHTIN, 2003), o Certificado

de proficiência de língua portuguesa para estrangeiros, como exame de avaliação de

proficiência, propõe a escritura de textos vinculados a práticas sociais inseridas na cultura

brasileira. tomar por pressuposto o domínio do candidato em práticas de leitura e escrita

de diferentes textos circulantes na cultura brasileira confere à avaliação de linguagem no

Celpe-Bras um status de avaliação do letramento dos candidatos. assim, a parte escrita do

exame constitui-se em um evento de letramento (heath, 2001) institucional real (avaliação

de proficiência linguística) no qual se subsumem outros eventos de letramento simulados,

expressos através de tarefas (propostas de ação baseadas em situações possíveis da vida

real relacionadas à cultura brasileira). este trabalho objetiva refletir sobre o Certificado de

proficiência de língua portuguesa para estrangeiros como um instrumento de avaliação

de proficiência e de domínio das práticas de letramento. tomando por base os três aspec-

tos levados em conta para a avaliação de proficiência no exame (adequação contextual,

discursiva e linguística), discutimos a avaliação dos examinandos e sua circulação em

práticas letradas analisando uma tarefa da parte escrita do exame à luz dos conceitos

de letramento (soares, 1998), de eventos de letramento (heath, 2001) e de práticas

sociais letradas (street, 2003; Barton, 2007), focalizando nos pontos que constituem

o enunciado em um simulacro de evento de letramento (ramos, 2007). Concluímos des-

tacando o exame Celpe-Bras como uma política linguística que, ao privilegiar o letramento,

tem tido implicações para o ensino-aprendizagem e formação de professores de português

língua adicional (pla) no Brasil e no exterior, promovendo um (re)direcionamento das prá-

ticas pedagógicas, ao estimular um trabalho voltado ao uso de textos que circulam em con-

textos culturais brasileiros para engajar os alunos em ações sociais simuladas, com base

nos pressupostos do exame.

Palavras chave: Celpe-Bras, práticas de letramento, avaliação de proficiência.

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o pertenCimento Como Critério relevante para o nível avançado

sUperior na parte oral do exame Celpe-Bras

Simone Paula Kunrath e Melissa Santos Fortes

No entendimento da Etnometodologia (GARFINKEL, 1967; GARFINKEL e SACKS, 1970),

o domínio da linguagem natural define o pertencimento das pessoas a comunidades e se

observa pela utilização do conhecimento de senso comum para estabelecer compreensões

contingentes das falas enquanto ações que constituem uma atividade em curso. neste

trabalho pretendemos analisar uma interação da parte oral do exame Celpe-Bras sob o

arcabouço teórico-metodológico da análise da Conversa etnometodológica (aCe) a fim

de mostrar como se caracteriza o desempenho dos examinandos qualificados para o nível

avançado superior. a entrevista aqui analisada foi gerada em um posto aplicador da região

sul do Brasil e transcrita conforme o modelo Jefferson (JeFFerson, 1973, 1983, 1989,

1996). ela faz parte de um corpus de 10h de gravações em áudio de entrevistas de profi-

ciência oral em português como língua adicional do exame Celpe-Bras (Fortes, 2009)

no âmbito de uma pesquisa de doutorado. a análise sequencial dessa entrevista revelou

que, ao realizarem o trabalho de fazer ser membro na fala-em-interação de entrevista de

proficiência oral, os participantes exibem uns aos outros (GARFINKEL, 1967) a atribuição

e a ratificação de categorias de pertencimento da coleção [ser daqui] x [ser de lá] pela exi-

bição do entendimento do interlocutor como representante da categoria de pertencimento a

ele atribuída e, portanto, possuidor de conhecimento de senso comum para a produção de

ações e descrições racionais e observáveis (Garfinkel, 1967, p. vii) na fala-em-interação.

esse resultado parece revelar o critério pertencimento como constituinte da proficiência no

uso da linguagem em língua portuguesa de examinandos cujo desempenho é avançado

superior (faixa 5 das grades holística e analítica) da parte oral do exame Celpe-Bras.

pretende-se aqui descrever como o pertencimento é co-construído e ratificado pelos par-

ticipantes da entrevista analisada e discutir a inclusão do critério pertencimento na faixa 5

das grades holística e analítica da parte oral do Celpe-Bras, com vistas à discussão de

parâmetros de avaliação de proficiência oral em língua adicional mais válidos e confiáveis

para o uso da linguagem para ação no mundo (CLARK, 1996).

Palavras chave: entrevista de proficiência, Categorização de pertencimento, avaliação.

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entre pressUposições e proposições: Uma anÁlise dos elementos

provoCadores e roteiros de pergUntas no exame Celpe-Bras

thamis larissa dos santos silveira, andrea de araújo rubert,

Bibiana Cardoso da silva, Julia arduim soardi,

paula arduim soardi, tess simas pinto e gabriela Bulla

UFrgs

Camila alexandrini

pUCrs

o Celpe-Bras é dividido em duas partes: oral e escrita. segundo o atual manual do exami-

nando (2011), o objetivo da parte oral é avaliar o nível de proficiência pela fala, envolvendo

assuntos do cotidiano e de interesse geral, os quais são apresentados através de dois

instrumentos de avaliação: elementos provocadores e seus respectivos roteiros de per-

guntas. esses instrumentos têm o propósito de levar o candidato a participar da entrevista

de modo a demonstrar seu nível de proficiência oral em português. no presente trabalho

analisamos como a proposta do manual para a parte oral é implementada no exame oral,

tendo em vista como os elementos provocadores (ep) e os roteiros de perguntas (rp)

fazem uso de esquemas organizadores para estabelecer a interlocução. para tal, esta-

belecemos os seguintes critérios de análise: (1) ep que podem limitar a participação do

entrevistado por falta de conhecimento de mundo, especialmente em casos em que os

ep não fornecem informações suficientes para o reconhecimento de um senso comum

ou quando a edição gráfica rasura a autenticidade dos textos selecionados; (2) ep que

sugerem verdades e/ou asseveram uma única leitura de mundo; (3) rp que restringem

as possibilidades de compreensão do texto-base, não dispondo claramente um possível

momento de releitura dos sentidos desse texto, para que o entrevistado compartilhe outras

interpretações, inclusive aquelas em dissonância com as respostas esperadas, levando-o

a concordar com o entrevistador; (4) perguntas nos rp que não demonstram expectativas

em relação à resposta do candidato. as análises feitas com base nos instrumentos de

avaliação da parte oral de 2013/1 e 2 e 2014/1 demonstram que há muitas pressuposições

que, em nosso entendimento, poderiam se transformar em proposições. sendo assim, a

proposta de interação poderia apresentar ao entrevistado a possibilidade de discordar,

questionar e, até mesmo, contrapor-se a esquemas organizadores restritos, além de pro-

porcionar à entrevista um espaço democrático e inclusivo. Como leitoras dos instrumen-

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tos analisados, buscamos elencar questionamentos que possam contribuir à reflexão e

à elaboração da avaliação oral do exame Celpe-Bras, a fim de que os elementos que a

constituem sejam, de fato, provocadores.

Palavras chave: proficiência oral, instrumentos de avaliação, leitura.

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as representações de avaliação Formativa de alUnos FranCo-

aFriCanos Frente à preparação para o exame Celpe-Bras:

perspeCtivas e desaFios

vera lucia souza dos santos

UFF

e lucas araujo Chagas

UFU

este trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado cujo objetivo maior é investigar quais são

as representações envoltas no processo de ensino e aprendizagem de uma segunda língua

(l2) alimentadas por falantes de língua Francesa l2 e as interferências dessas representa-

ções na aprendizagem de português l2. em particular, neste trabalho, abordaremos algumas

representações ligadas ao conceito e funcionamento de avaliação formativa fixadas por alu-

nos franco-africanos de um curso de português l2 da Universidade Federal do rio de Janei-

ro (UFrJ), vinculados ao programa estudantes – Convênio de graduação (peC-g) entre o

governo Federal e países africanos. nesse ínterim, analisaremos as interferências dessas

representações na preparação dos alunos franco-africanos para realizarem o exame Celpe-

-Bras. para o desenvolvimento do presente interesse de investigação tem-se como parâmetro

“la problématique en: l’image du français em suisse romande” de pascal singy (2002) e os

trabalhos sobre representação de stuart hall (1997). dados foram coletados a partir de um

questionário individual com questões pessoais de cunho subjetivo que possam apresentar pos-

síveis respostas para as perguntas de pesquisa e através de notas de campo do professor. por

um viés qualitativo, os questionários foram analisados e constatamos que os alunos franco-afri-

canos demonstram resistência em relação aos parâmetros de avaliação formativa do exame

Celpe-Bras, já que carregam fortemente a representação do “le bon usage” muito comumente

adotada por alguns países franco-africanos no que tange à aprendizagem e/ou aquisição de

outras línguas. para os alunos estrangeiros, o fato de o exame sair da gramática tradicional

e entrar no âmbito da língua em uso cotidiano, pode construir uma grande barreira para que

eles se preparem para o exame, já que nunca se sabe o que pode ser avaliado formalmente e

o conteúdo linguístico a ser estudado. por fim, faremos algumas ponderações sobre algumas

estratégias utilizadas para que os alunos tomassem dimensão de um novo sistema avaliativo.

Palavras chave: representação, português l2, aprendizagem.

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MINICURSOS

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MINICURSO 1

oFiCina de elaBoração de itens de avaliação para o exame Celpe-Bras

letícia grubert dos santos

(Comissão Técnico-Científica Celpe-Bras)

Simone Paula Kunrath

(Comissão Técnico-Científica Celpe-Bras)

este minicurso tem por objetivo discutir, por meio de práticas conjuntas, as características

das tarefas que compõem a parte escrita do exame Celpe-Bras de acordo com o constru-

to teórico do exame. para tanto, serão apresentadas as especificações para a elaboração

de itens da parte escrita, observando-se os principais elementos que orientam a seleção

de materiais que servem como texto-base para as tarefas do exame. além disso, preten-

de-se analisar a complexidade da elaboração das tarefas que envolvem compreensão oral

e produção escrita (tarefas 1 e 2) e as tarefas de compreensão escrita e produção escrita

(tarefas 3 e 4) do exame. a partir disso, será proposta uma dinâmica de elaboração de ta-

refas com o objetivo de levar os participantes a desvendarem os complexos caminhos da

elaboração de itens de avaliação. através desse minicurso, pretendemos contribuir com a

formação de professores de português como língua adicional que tomam como base para

sua prática pedagógica o construto teórico do exame Celpe-Bras.

palavras-chave: avaliação de proficiência, tarefas de avaliação, Celpe-Bras.

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MINICURSO 2

a seleção de materiais e a preparação de elementos provoCadores

para a interação FaCe a FaCe do exame Celpe-Bras

natália moreira tosatti

(Comissão Técnico-Científica Celpe-Bras)

a competência oral no exame Celpe-Bras é medida por meio de uma abordagem direta de

avaliação, na qual, segundo hughes (1989), o examinando deve desempenhar exatamente

a habilidade que se quer mensurar. assim, durante uma interação de 20 minutos, o entre-

vistador precisa, com base em três elementos provocadores, pré-selecionados pela dupla

de avaliadores, motivar a produção oral do examinado. a cada edição do Celpe-Bras são

disponibilizados aos examinadores da parte oral 20 (vinte) elementos provocado-

res, que abordam temas diversos. esses elementos provocadores são preparados

com a participação de colaboradores selecionados pelo inep por chamada

pública, a partir de textos de gêneros como manchetes, tirinhas, anúncios publicitá-

rios, etc., divulgados na mídia impressa e digital. Com o objetivo de orientar a condução da

entrevista, para cada texto selecionado é elaborado um roteiro de perguntas. Certamente,

o sucesso da entrevista depende de uma série de fatores, porém não se pode negar que

uma relevante variável nessa etapa do exame é o material motivador. assim, nesta ofici-

na, temos como propósito apresentar como se estrutura o complexo processo de seleção,

montagem e organização dos elementos provocadores do exame Celpe-Bras, explorando

etapas que vão desde a busca de textos até a elaboração do roteiro de perguntas, tendo

sempre em foco a natureza do exame e aspectos culturais e interculturais subjacentes a

essa atividade de elaboração dos elementos provocadores. pretendemos com esta ofici-

na orientar professores que preparam seus alunos para o Celpe-Bras e também contribuir

para a compreensão e a capacitação profissional daqueles que pretendem se tornar novos

colaboradores do exame.

palavras-chave: interação, Celpe-Bras, elementos provocadores.