ii slins 2013 - caderno de resumos

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II SLINS Simpósio Nacional de Linguagens e Saberes na Amazônia Mídias e Mediações Culturais 06 e 07 de dezembro de 2013 CADERNO DE RESUMOS Bragança/PA

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Simpósio Nacional de Linguagens e Saberes na Amazônia

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II SLINS Simpósio Nacional de Linguagens e

Saberes na Amazônia

Mídias e Mediações Culturais

06 e 07 de dezembro de 2013

CADERNO DE

RESUMOS

Bragança/PA

II Simpósio em Linguagens e Saberes na Amazônia - 2013

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RAIMUNDA BENEDITA CRISTINA CALDAS; JOSÉ GUILHERME DOS SANTOS FERNANDES; FERNANDO ALVES DA SILVA JÚNIOR; LARISSA

FONTINELE DE ALENCAR (Orgs.)

mídias e mediações culturais

Livro de RESUMOS

2º Simpósio em Linguagens e Saberes na Amazônia

BRAGANÇA - 2013

Caderno de resumos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

Carlos Edílson de Almeida Maneschy

Reitor

Horacio Schneider Vice-reitor

Emmanuel Zagury Tourinho

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA

Rosa Helena Sousa de Oliveira

Coordenadora

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGENS E SABERES NA AMAZÔNIA

Raimunda Benedita Cristina Caldas

Coordenadora

PRESIDENTE DA COMISSÃO ORGANIZADORA Profa. Dra. Raimunda Cristina Caldas

COMISSÃO CIENTÍFICA

Flávio Leonel Abreu Georgina Kalife Negrão Ipojucan Dias Campos

José Guilherme Fernandes Maria do Socorro Simões

Nilsa Brito Ribeiro Pere Petit Pennarocha

Raimunda Cristina Caldas Roberta Alexandrina

Salomão Hage

II Simpósio em Linguagens e Saberes na Amazônia - 2013

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Sylvia Maria Trusen Tabita Fernandes

COMISSÃO ORGANIZADORA

Adriana da Silva Lopes Aldilene Lopes de Morais

Ariane Baldez Costa Cássio Sousa

Degiane da Silva Farias Elizabeth Conde de Morais

Fernando Alves da Silva Júnior Larissa Fontinele de Alencar

Greubia da Silva Sousa Karina Paraense de Souza

Márcia Saviczky Pinho Mariana Bordallo

Marlon Noronha do Nascimento Michelly Silva Machado

Mirian da Silva Conceição Rafaella Contente Pereira da Costa

Sara Chena Centurión Wanna Célli da Silva Sousa

MONITORIA

Elivelton Silva Reis Savana Lima Cardoso

Luciana Vieira Ellen Costa

Lorram dos Santos Araújo Marclei da Silva Moura

Francinei Padilha Francisca Dulciléia Soares Keila de Paula Fernandes

Keila Redig Daisy Souza Santana

Caderno de resumos

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APRESENTAÇÃO

O II SLINS – Simpósio Nacional de Linguagens e Saberes na Amazônia

– será realizado nos dias 6 e 7 de dezembro de 2013, na cidade de Bragança,

localizada a 200 quilômetros da cidade de Belém, capital do estado do Pará,

na região nordeste e litorânea da Amazônia brasileira. O evento propõe

discutir a partir das relações culturais sobre práticas e teorias relacionadas

aos saberes que configuram a região pan(amazônica), considerando os

mediadores culturais em diversos discursos, bem como os suportes

midiáticos de linguagem que envolvem essas relações. O simpósio, de

caráter nacional, adota perspectivas que vão do regional ao internacional,

nas relações de interculturalidades presentes, especialmente nas

latinoamericanas.

Dada à abrangência temática que configura a região, as conferências,

as mesas redondas e as de experiência, as sessões temáticas e a

programação artística e cultural tomarão formas da interculturalidade nas

diversas áreas do conhecimento a fim de garantir um espaço para

discussões e reflexões na e acerca das relações midiáticas e culturais na

Amazônia Oriental.

A temática Mídias e Mediações Culturais, proposta neste simpósio,

reúne reflexões acerca das identidades sociais frente às interfaces midiáticas e

às relações culturais que as envolvem, cuja discussão e abrangência inter-

relacionam saberes e conhecimentos tradicionais ao espaço das inovações

culturais. A perspectiva deste evento centra-se na percepção das relações do

espaço diversificado de sujeitos e de grupos sociais às referências culturais que

são veiculadas pelas mídias.

II Simpósio em Linguagens e Saberes na Amazônia - 2013

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGENS E SABERES NA AMAZÔNIA

O Programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes na Amazônia

(PPGLS), na modalidade de curso de mestrado, está vinculado ao Campus

Universitário de Bragança, da Universidade Federal do Pará, e tem por

finalidade a formação continuada e o fomento da prática investigativa de

profissionais portadores de diploma de nível superior, que sejam capazes de

atuar no ensino de graduação e pós-graduação, na gestão e na intervenção

cultural especializada, tendo como objetivo precípuo estudar, a partir de

movimentos endógenos e exógenos, as diversas representações e práticas

que perfizeram e perfazem as várias configurações das culturas da/na

Amazônia, mediante a compreensão das diferentes formações discursivas,

em diferentes linguagens, e suas correspondentes condições sociais e

históricas de produção.

O PPGLS existe desde 2011, quando realizou sua primeira seleção, com

aprovação de 12 candidatos. O Programa foi aprovado na 122ª Reunião do

CTC, da Capes, com o conceito 3, o que reforça nossa motivação para

alavancar este Programa, daí a necessidade de realizar eventos, como o II

SLINS, que possibilitem maior interação entre pesquisadores e entre a

Academia e a Comunidade em geral, com a possibilidade de transferência de

conhecimentos.

No Programa existe uma área de concentração – Linguagens e Saberes –

e duas linhas de pesquisa: Leitura e Tradução Cultural e Memória e Saberes

Interculturais. Para maiores detalhes acerca do PPGLS, acesse:

ppgls.blogspot.com.

Caderno de resumos

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CRONOGRAMA GERAL DO EVENTO

06 de dezembro de 2013

TURNO / HORÁRIO ATIVIDADE LOCAL/SALA

Manhã 8:00 – 10:00

Credenciamento Apresentação cultural do Grupo de Rabecas Auditório Maria

Lúcia Medeiros – Campus Universitário de Bragança

10:00 – 10:30 Cerimonial de abertura

10:30 – 12:00 Conferência de Abertura Prof. Dr. José Guilherme dos Santos Fernandes

Tarde

14:00 – 16:00 Sessões de comunicações coordenadas

Campus Universitário de Bragança 16:20 – 18:20 Minicursos e Oficinas

07 de dezembro de 2013

TURNO / HORÁRIO ATIVIDADE LOCAL/SALA

Manhã 8:00 – 10:00

Mesa redonda I: Linha Memórias e Saberes Interculturais (J.G. Fernandes, Georgina Cordeiro, Pere Petit)

Sala de Videoconferência - Campus Universitário de Bragança

10:00 – 10:30 Coffee break

10:30 – 12:00

Mesa Redonda II: Linha Leitura e Tradução Cultural (Sylvia Trusen, Cristina Caldas, Roberta Alexandrina)

Tarde 14:00 – 16:00

Sessões de comunicações coordenadas

Campus Universitário de Bragança

16:20 – 18:20 Continuidade dos Minicursos e Oficinas

18:00

Conferência de Encerramento Tema: Tradução e Mediação Cultural (Walter Carlos Costa – UFSC)

20:00 Programação Cultural

II Simpósio em Linguagens e Saberes na Amazônia - 2013

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COMUNICAÇÕES 06 de dezembro

Caderno de resumos

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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1 14:00-16:00

Sala 04 – Bloco II Sala do Mestrado PPGLS Estudos de descrição de língua

Coordenação: Elias Mauricio Rodrigues (UFRA)

Horário Título Autoria

14:00 Derivação prefixal e derivação sufixal: uma abordagem em um livro didático do 9º ano

Joelson Beltrão Alves (UFPA) e Kelly do Socorro Porto da Rosa (UFPA)

14:15 O uso do “internetês” e o seu eflexo na aprendizagem e escrita de alunos do ensino fundamental

Kelly Cristina Araújo da Silva (UFPA)

14:30 Contribuições para o atlas do projeto AMPER-NORTE: variedade linguística de Mocajuba (PA)

Maria Sebastiana da Silva Costa (PPGL/UFPA)

14:45 As ocorrências de /S/ e /∫/ no falar bragantino: a partir de considerações histórico-culturais

Fernanda Analena Ferreira Borges da Costa (PPGL-UFPA)

15:00

O fenômeno do alteamento do [O] > [U] em posição tônica, na cidade de Breves-PA e na área rural de Bujaru-PA, sob a perspectiva da fonologia de geometria de traços

Valena Regina da Cunha Dias (PPGL-UFPA)

15:15 Terminologia do artesanato de miriti em Abaetetuba-PA

Brayna Cardoso (PPGL/UFPA)

15:30 Observação fonológica da harmonização vocálica na zona rural de Belém-PA

Gisele Braga Souza (PPGL-UFPA)

DERIVAÇÃO PREFIXAL E DERIVAÇÃO SUFIXAL: UMA ABORDAGEM EM UM LIVRO DIDÁTICO DO 9º ANO

Joelson Beltrão ALVES (UFPA) [email protected] Kelly do Socorro Porto da ROSA (UFPA) [email protected]

ste trabalho tem como objetivo verificar três pontos: a) observar como o livro didático (LD) “Linguagem e interação” do 9º ano aborda o assunto Formação

de Palavras a partir da Derivação Prefixal (DP) e da Derivação Sufixal (DS); b) E

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relacionar como o assunto é abordado do ponto de vista dos teóricos escolhidos: SILVA e KOCH (2005), KEHDY (2002), LAROCA (2005), CINTRA (2007), KEHDY, (2007), e BECHARA(2009) e c) refletir se os exercícios do LD estão corroborando com o modo de como o assunto é exposto no livro. Escolhemos este livro por entendermos que ele aborda de maneira mais específica o assunto de nossa análise, pois nesta série a terminologia “afixos” é utilizada para definir que existem partes dentro da língua portuguesa as quais têm significados e quando se agregam à uma palavra primitiva ou a um radical, a transformam em derivada, seja essa agregação no início com prefixos ou no final com sufixos. Com isso, pudemos perceber que a nossa pesquisa obteve resultados produtivos, pois mostrou que o livro didático “Linguagem e Interação” tratou o conteúdo Processo de formação de Palavras a partir da Derivação Prefixal de forma bastante didática, explicativa e reflexiva, porém no conteúdo Derivação Sufixal, avaliamos e percebemos que houve falhas nas abordagens e exemplificações do assunto. Quanto à DP, o livro apresentou exercícios bastante instigadores e reflexivos sobre este processo de formação de palavras, mas não vimos esta mesma abordagem didática no conteúdo DS, pois o assunto foi abordado de maneira muito “artificial” sem reflexões que levassem o aluno a uma compreensão mais profunda sobre a temática. Diante destes resultados, propusemos exercícios lúdicos de aplicação, em que o aluno tivesse como habilidade e competência reconhecer prefixos e sufixos e quais suas significações, quando são agregados a um radical, formando, assim, uma nova palavra com um significado novo. Palavras-chave: Formação de Palavras. Derivação Prefixal. Derivação Sufixal. Exercícios.

O USO DO “INTERNETÊS” E O SEU EFLEXO NA APRENDIZAGEM E ESCRITA DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Kelly Cristina Araújo da SILVA (UFPA) [email protected]

ste trabalho pretende desenvolver um estudo acerca do uso do “internetês” como nova linguagem dos internautas, além de buscar observar se esta

prática pode causar problemas a escrita dos alunos do Ensino médio. A análise deste tema parte das relações de comunicação entre grupos de jovens que habitualmente utilizam a internet como principal veículo de comunicação. Pretende-se transitar pela análise da variação diastrática para perceber através da linguística se o internetês também sofreu modificações dentro de sua variação, uma vez que a linguística está diretamente ligada à vivência social de cada

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indivíduo, seja do ponto de vista individual ou coletivo. A partir do pressuposto de que o uso do internetês cresceu à medida que a internet se tornou frequente na sociedade e as redes sociais foram difundidas e acessadas por várias classes sociais. É notável que os sujeitos sociais, neste caso diga-se, os jovens internautas são agentes diretos desse processo que está em constante mudança e acréscimo de novas ou “velhas” palavras suprimidas pela necessidade imediata da digitação nas redes sociais. Neste trabalho pretende-se ainda mostrar a partir de debate bibliográfico o que já foi observado por pesquisadores da área, apesar do termo ainda não ser comum a todos, mas ser muito frequente na escrita de boa parte dos internautas, além de compreender o uso e o mau uso que os alunos do ensino fundamental fazem do internetês em sala de aula. Palavras-chave: Internetês. Sociolinguística. Estudantes.

CONTRIBUIÇÕES PARA O ATLAS DO PROJETO AMPER – NORTE: VARIEDADE LINGUÍSTICA DE MOCAJUBA (PA)

Maria Sebastiana da Silva COSTA (PPGL/UFPA) [email protected] Profa. Dra. Regina Célia Fernandes CRUZ (Orientadora) [email protected]

presente trabalho compreende mais uma contribuição ao projeto Amper-Norte. Neste apresenta-se uma análise dos dados obtidos de um informante

do sexo feminino com ensino Médio Completo (BF53) da variedade do português falado em Mocajuba. O objetivo deste trabalho é caracterizar prosodicamente a variedade linguística de Mocajuba (PA). O Amper-Norte está ligado ao projeto AMPER-POR (Atlas Prosódico Multimédia do Português) que por sua vez faz parte do projeto internacional AMPER (Atlas Multimédia Prosódico do Espaço Românico). Dessa forma adotou-se aqui a metodologia do Projeto AMPER. O corpus gravado é formado de seis repetições de 102 frases do corpus de base do projeto para a língua portuguesa. A estratificação dos informantes é constituída de seis informantes 3 homens e 3 mulheres todos com idade acima de trinta anos, com escolarização ensino fundamental, Médio e Superior. Cada um dos elementos constituintes das frases possui uma imagem correspondente, uma vez que não é permitido nenhum contato dos informantes com as frases escritas. Portanto, durante a coleta de dados, a representação visual das frases é projetada por meio de slides aos informantes como meio de estímulos gráficos para a produção das 612 repetições a serem geradas. A série de frases que forma o corpus do projeto AMPER obedece a critérios fonéticos e sintáticos previamente

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estabelecidos. O material gravado sofre, então, seis etapas de tratamento: a) codificação das repetições; b) Isolamento das repetições em arquivos de áudios individuais c) segmentação vocálica dos sinais selecionados no programa PRAAT 5.0; d) aplicação do script praat; e) seleção das três melhores repetições e; f) aplicação da interface Matlab para se obter as médias dos parâmetros das três melhores repetições. Uma análise preliminar das modalidades oracionais declarativas e interrogativas, considerando os parâmetros acústicos de frequência fundamental, duração e intensidade, tem demonstrado que a F0 é um parâmetro relevante na distinção das duas modalidades alvo. Observa-se um movimento de pinça que marca as curvas melódicas decrescentes para as frases declarativas e crescentes para as frases interrogativas. A duração e a intensidade não se mostraram relevantes no presente estudo. Palavras-chave: Variação. Prosódia. Acústica.

AS OCORRÊNCIAS DE /S/ E /∫/ NO FALAR BRAGANTINO: A PARTIR DE CONSIDERAÇÕES HISTÓRICO-CULTURAIS

Fernanda Analena Ferreira Borges da COSTA (PPGL-UFPA) [email protected] Prof. Me. Hilton da Silva Bastos (Orientador) [email protected]

ste trabalho compreende uma análise voltada para a variação linguística, especificamente para a área da variação fonética e, tem o objetivo de estudar

como ocorre a fala no município de Bragança, ou melhor, as ocorrências de /s/ e /∫/ pós-vocálicas, situadas tanto em posição medial, como em posição de coda, ao analisar vocábulos da fala dos habitantes desse município situado no nordeste paraense, região dotada de especificidades políticas e socioculturais. Portanto, foram levados em conta fatores internos, como os ambientes fonéticos em que a variável /s/ ocorre, e externos, como as variáveis sociais: escolaridade, idade e origem geográfica, que facilmente acarretam mudanças linguísticas. A metodologia utilizada para desenvolver este estudo, que se apoia na Teoria Variacionista de Labov, foi desde a coleta de dados in loco, sendo percorridas 17 localidades da zona rural do município, por meio 45 entrevistas num total, sendo utilizados apenas 14 desses informantes na análise final da pesquisa. Foram realizadas transcrições grafemática e fonética no momento da manipulação dos dados, sendo que para a transcrição fonética foram adotados os símbolos do IPA (Alfabeto Fonético Internacional). Em suma, duas variantes acontecem de forma predominante nesse dialeto, a variante alveolar [ s ] e a variante palatal [ ∫ ],

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ocorrendo casos específicos para cada uma delas. De um modo geral, a pronúncia do /s/ pós-vocálico de Bragança tem uma forte tendência para realização alveolar, em detrimento da realização palatal. Palavras-chave: Variação linguística. Fonética. Variáveis. Fala.

O FENÔMENO DO ALTEAMENTO DO [O] > [U] EM POSIÇÃO TÔNICA, NA CIDADE DE BREVES/PA E NA ÁREA RURAL DE BUJARU/PA, SOB A

PERSPECTIVA DA FONOLOGIA DE GEOMETRIA DE TRAÇOS Valena Regina da Cunha DIAS (PPGL-UFPA) [email protected]

presente trabalho apresenta uma abordagem formal do fenômeno do alteamento /o />[u] na posição tônica da variedade não padrão, à luz da

Fonologia de Geometria de Traços (FGT), desenvolvida por Clements e Hume (1996). Igualmente foram consultados Câmara Jr (2006), Labov (2006, 2008), Chomsky e Halle (1968), Bisol (1989; 1996), Wetzels (1995). Como recorte de dados, utilizou-se o corpus de Cassique (1995, 2003) sobre o português falado na área urbana da cidade de Breves (PA), localizada na ilha do Marajó, e da área rural de Bujaru (PA). O corpus foi formado a partir da fala de 42 informantes estratificados socialmente em faixa etária, sexo e grau de escolaridade, falantes nascidos nos municípios em questão e que não tivessem residido fora da cidade por mais de 2 anos. A formação do corpus desta pesquisa construiu-se a partir da coleta de relatos de experiências pessoais dos informantes. Os resultados obtidos por Cassique (1995, 2003), Machado & Jordão (2012), através do uso do programa VARBRUL, mostraram que o alteamento /o/>[u] na sílaba tônica é de ocorrência reduzida; pode constituir um caso de variação do tipo mudança, em curso, uma vez que sua ocorrência implica uma linha vertiginosamente descendente; é um fenômeno da fala não-escolarizada, estigmatizado, no discurso daquele que concluiu o 2o grau. Ao submetermos os mesmos dados à Fonologia de Geometria de Traços, foi possível explicitar determinadas ocorrências de variação. A respeito da média tônica /o/, o alteamento é favorecido quando o /o/ estiver em cercania de labial ou próximo a uma nasal; é favorecido pela monotongação, quando diante das alveolares /r/ e /s/ e de oclusivas; há o espraiamento do traço [-aberto2] de /i,u/ para /o/, pelo desligamento do traço [+aberto2]; o espraiamento do traço de abertura não encontra obstáculos quando há segmentos consonantais, vozeados ou não. Palavras-chave: Fonologia. Variação. Alteamento. Vogal tônica. Geometria de Traços.

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TERMINOLOGIA DO ARTESANATO DE MIRITI EM ABAETETUBA-PA

Brayna CARDOSO (PPGL/UFPA) [email protected] Profa. Alessandra Matos (Orientadora) [email protected]

presente trabalho intitulado Terminologia do Artesanato de Miriti em Abaetetuba - PA está fundamentado nas ciências que estudam o léxico de

uma língua, tendo como foco o levantamento e descrição de um léxico regional especializado que codifica a cultura do artesanato de miriti, que hoje é um destaque sociocultural do município de Abaetetuba. Objetivando descrever o léxico específico do discurso oral dos artesãos, o trabalho apresenta uma descrição morfossintática dos termos tomando como pressupostos principais as orientações teórico-metodológicas da Terminologia, com foco nos aspectos morfossintáticos mais recorrentes na formação dos termos. Para tanto, a pesquisa baseia-se nos estudos realizados pelas autoras Barros (2004), Biderman (1998) e Faulstich (1995), estudiosas das chamadas ciências do léxico, a saber: Terminologia, Lexicologia e Socioterminologia, disciplinas estas que tem em comum o estudo do léxico de uma língua, bem como nos estudos morfossintáticos de Basílio (1991), Carone (1994) e Macambira (1987), no intuito de analisar os processos morfossintáticos. A metodologia aplicada pauta-se nos moldes do Projeto ALIB/ALIPA, foram arrolados como informantes da pesquisa dez artesãos vinculados a associações ASAMAB e Miritong, que trabalham com a fabricação artesanal de brinquedos de miriti acerca de cinco anos. Para a coleta de dados foram utilizadas as seguintes técnicas: a) Entrevistas com os informantes; b) Gravações digitais em MP3; c) Aplicação de um questionário semântico-lexical, com perguntas concernentes às diversas etapas de produção do artesanato de miriti; d) transcrição grafemática parcial dos termos sob análise. Desta forma, o objetivo principal desta pesquisa é descrever o léxico específico do discurso oral dos artesãos de miriti, visto que, a atividade é feita de forma artesanal e os conhecimentos apreendidos na prática, sendo repassados oralmente de pai para filho, e assim perpetuados de geração a geração; também divulgar aos acadêmicos da área e aos que detenham interesse, os estudos terminológicos. Palavras-chave: Terminologia. Terminologia do miriti. Termos. Discurso oral.

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OBSERVAÇÃO FONOLÓGICA DA HARMONIZAÇÃO VOCÁLICA NA ZONA RURAL DE BELÉM-PA

Gisele Braga SOUZA (Bolsista Capes, PPGL-UFPA) [email protected] Regina Celia Fernandes Cruz (Orientadora) [email protected]

presente trabalho visa observar teoricamente o fenômeno da harmonização vocálica na zona rural de Belém/PA à luz da Fonologia de Geometria de

Traços (doravante FGT), desenvolvida por Clements e Hume (1996). Trabalhamos com os dados da pesquisa sobre a variação das vogais médias pretônicas do português falado nas Ilhas de Belém/PA, realizada por Cruz et al (2008), a fim demonstrar como é possível avaliar fonologicamente um fenômeno variável. A referida pesquisa contou com um corpus de 1592 ocorrências do objeto estudado, coletado de 24 informantes estratificados socialmente. Nesse sentido, em um primeiro momento, apresentamos a observação das vogais feita por Câmara Jr (2007). Em seguida, tratamos do fenômeno da harmonização vocálica no português brasileiro, citando algumas pesquisas já realizadas sobre o tema. Posteriormente, com base em Hernandorena (2001) e Clements e Hume (1996), realizamos um percurso teórico dos estudos fonológicos – desde quando a noção de traço foi introduzida na teoria –, que inicia com a visão da Fonologia Gerativa e finaliza com a perspectiva da Fonologia de Geometria de Traços. De posse dos pressupostos da FGT, partimos para a representação fonológica da harmonização vocálica. Por fim, verificamos como os resultados obtidos por Cruz et al (2008) podem ser avaliados segundo a FGT. A partir da reflexão teórica e análise dos dados, constatamos que o fenômeno da harmonização vocálica consiste num processo de assimilação regressiva, no qual a vogal pretônica harmoniza-se com a altura de uma vogal subsequente, que pode elevar ou abaixar a pretônica. Por meio da representação fonológica do fenômeno, verificamos que, nesta assimilação, há o espraiamento do traço [-aberto2] e /i,u/ para /e,o/. Além disso, foi possível observar a ocorrência do espraiamento, tanto na presença de segmentos simples como na presença de segmentos complexos intervenientes. Assim, conseguimos compreender como certos ambientes, atestados na pesquisa realizada em Belém/PA, mostraram-se favorecedores para a ocorrência da harmonização vocálica. Diante disso, percebeu-se que a teoria fonológica serve de grande auxílio às pesquisas de cunho variacionista, na medida em que pode explicitar certas ocorrências de variação, assim como determinar a escolha das variáveis linguísticas para a análise dos dados. Palavras-chave: Harmonização Vocálica. Fonologia. Geometria de Traços.

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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2

14:00-16:00 Sala 04 – Bloco I

Estudos literários e suas vertentes I Coordenação: Alessandra Conde (UFPA)

Horário Título Autoria

14:00 O motivo da Besta Ladrador n’A Demanda do Santo Graal

Adriana da Silva Lopes (PPGLS-UFPA)

14:15 O grotesco nas cantigas de Santa Maria Aldilene Lopes de Morais (PPGLS-UFPA)

14:30 Um estudo sobre a narrativa “A madrasta” Karina Paraense de Souza (PPGLS-UFPA)

14:45 O gênero poema: da teoria à prática Raíssa da Silva Miranda (UFPA)

15:00 A poesia de Max Martins e a formação da literatura em Belém do Pará

Ingrid da Silva Marinho (Bolsista PIBIC-UFPA)

15:15 Quem conta um conto, afirma um ponto: um estudo do realismo maravilho nas narrativas orais da região bragantina

Luciana Vieira Pinheiro (Bolsista PIBEX-UFPA) e Savana Cristina Lima CARDOSO (Bolsista PIBEX-UFPA)

15:30 Entre lobisomens e vampiros: a literatura fantástica em sala de aula

Elenilda do R. Costa (UFPA)

15:45 Peregrinação e realismo maravilhoso em Quarto de Hora de Maria Lúcia Medeiros

Lucideyse de Sousa Abreu (UFPA) e José Eduardo dos Santos Sousa (UFPA)

O MOTIVO DA BESTA LADRADOR N’A DEMANDA DO SANTO GRAAL

Adriana da Silva LOPES (PPGLS-UFPA) [email protected]. Profa. Me. Alessandra Conde (Orientadora) [email protected]

respectivo trabalho possui como pretensão realizar um estudo a respeito do motivo da Besta ladrador na novela de cavalaria A Demanda do Santo Graal,

edição de Irene Freire Nunes. Uma vez que a Bíblia é bastante presente na

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concepção medieval, e por tratarmos de alegoria, neste estudo será observado de que forma a Besta pode se assemelhar a um personagem bíblico: o Demônio. Na Demanda há uma constante presença do caráter diabólico da Besta ladrador, essa adquire atitudes que remetem ao mal, sendo ela a principal causadora de mortes e tragédias da narrativa. Nesta concepção, se fomenta a ideia da Besta ser representante do Diabo, pois, assim como ele, ela é a grande precursora do mal na Demanda. Irá ser tratado sobre o Demônio e figuras deformadas, dessa maneira será indispensável atentar para a presença destes seres na Idade Média. Em função disso, em tal estudo serão realizadas leituras intertextuais como no caso da Bíblia Sagrada, das hagiografias medievais, da Carta do Prestes João e das cantigas medievais de escárnio e maldizer. Para a análise da Besta Ladrador n’A Demanda do Santo Graal serão utilizadas as considerações de Márcia Mongelli, Heitor Megale, Sergio Alberto Feldman, Esther Corral Díaz, dentre outros teóricos. Palavras-chave: A Demanda do Santo Graal. Besta Ladrador. Demônio.

O GROTESCO NAS CANTIGAS DE SANTA MARIA Aldilene Lopes de MORAIS (PPGLS-UFPA) [email protected] Profa. Me. Alessandra Fabrícia Conde da Silva (Orientadora) [email protected]

presente trabalho busca realizar um estudo sobre o grotesco presente nas Cantigas de Santa Maria de Afonso X. Assim faz-se necessário entendermos

como se configura o termo grotesco. Para Bakhtin o grotesco pauta-se na cultura popular, ligado ao carnaval, movimento em que são manifestados o cômico e o riso. Dessa maneira, as formas cômicas da cultura popular seguiam a vida da sociedade medieval em quase todos os aspectos, tanto nas festas profanas, quanto nos ritos religiosos. As Cantigas de Santa Maria louvavam os milagres marianos, no entanto, nosso trabalho não consiste em fazer uma abordagem sobre os milagres louvados por Afonso X, mas constitui-se de um estudo sobre como o riso, apesar de estar à margem da cultura oficial, fez-se presente na literatura medieval, assim como também nas Cantigas de Santa Maria. Assim, por mais que essas cantigas tivessem como intuito maior, cantar os feitos marianos, é possível encontrar elemento humano dentro do sagrado, como o ciúme, sentimento não peculiar em uma santa. São a esses aspectos não sacros que procuramos nos voltar. Episódios como esses levam ao riso, ao cômico, surgindo

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imagens grotescas. Rebello, Lapa, Bakhtin, Martins e Lauand nos fornecerão amparo teórico em nossos estudos. Palavras-chave: Grotesco. Afonso X. Cantigas de Santa Maria.

UM ESTUDO SOBRE A NARRATIVA “A MADRASTA”

Karina Paraense de SOUZA (PPGLS-UFPA) [email protected] Profa. Dra. Sylvia Maria Trusen (Orientadora) [email protected]

ário de Andrade, Monteiro Lobato e Luís da Câmara Cascudo foram escritores que tiveram uma vasta produção no século XX e fizeram uma

imensa pesquisa sobre o folclore brasileiro. No capítulo XV de Macunaíma, de Mário de Andrade, há uma narrativa que foi recolhida por Câmara Cascudo em Literatura Oral do Brasil sob o título de A madrasta, e, esta, por sua vez, teve uma versão compilada por Monteiro Lobato em Histórias de Tia Anastácia, com o mesmo título. É válido apontar que, as três versões da narrativa diferem umas das outras, apesar de, Mário de Andrade, Monteiro Lobato e Câmara Cascudo terem sido coetâneos. No entanto, na obra marioandradina essa divergência é maior, posto que a tradição oral em questão não foi vertida tal como é encontrada no imaginário popular, mas sim totalmente transformada. Diante disso, o trabalho busca examinar A madrasta e suas diferentes leituras e traduções nas obras dos autores assinalados anteriormente. Mais especificamente, procura entender as mudanças ocorridas na narrativa A madrasta nas obras de Mário de Andrade, Monteiro Lobato e Câmara Cascudo, verificando se as transformações ocorridas em cada uma das variantes da narrativa A madrasta estão em consonância com o público-alvo dos três escritores e seus projetos estéticos. Para isso, utiliza-se uma metodologia essencialmente bibliográfica, e, me debruço sobre Larrosa (1996), Venuti (1994) e Brunel; Pichois; Rousseau (1995) para entender sobre tradução, no sentido amplo do termo. Palavras-chave: A madrasta. Leitura. Tradução.

O GÊNERO POEMA: DA TEORIA À PRÁTICA

Raíssa da Silva MIRANDA (UFPA) [email protected]

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Profa. Dra. Márcia Cristina Greco Ohuschi (Orientadora) [email protected]

ste trabalho se iniciou a partir da constatação de que, em muitos lugares, talvez por conta de uma má formação e atualização dos professores, o

ensino de língua materna se dá, ainda, de forma arcaica e tradicional, não estimulando o desenvolvimento das habilidades críticas e reflexivas dos alunos. Neste sentido, esta investigação tem como objetivo principal refletir sobre o ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa a partir da perspectiva Bakhtiniana dos gêneros discursivos, especificamente, do gênero poema. Têm-se, também, outros objetivos, mais específicos, tais como: i) explicitar as diferentes releituras das heranças bakhtinianas sobre os gêneros; ii) delinear as características do gênero poema; e iii) averiguar se o trabalho com o gênero poema propicia um trabalho interacionista com a linguagem, visando à formação de leitores críticos. Para tanto, realizou-se a análise do poema Plutão de Olavo Bilac que se insere no âmbito da esfera Literária/Artística, tem como suporte o livro “Poesia Infantis”, publicado pela primeira vez em 1888, para observar o contexto de produção, o conteúdo temático, o estilo e a construção composicional (BAKHTIN, 2003) e, a partir dessa análise, elaborou-se uma proposta de intervenção pedagógica a partir da metodologia da sequência didática, com o propósito de possibilitar ao aluno uma análise gradativa dos aspectos pertencentes ao gênero, além de levá-lo a reflexões críticas. Assim, acredita-se que este trabalho seja um agente colaborador para as pesquisas nas áreas de ensino-aprendizagem de língua portuguesa, pois apresenta propostas, bem fundamentadas, para que professores e futuros professores possam aplicar, na prática, o ensino democrático que tanto se busca. Palavras-chave: Ensino e aprendizagem. Gênero poema. Sequência didática.

A POESIA DE MAX MARTINS E A FORMAÇÃO DA LITERATURA EM BELÉM DO PARÁ

Ingrid da Silva MARINHO (Bolsista PIBIC-UFPA) [email protected] Prof. Dr. Luís Heleno Montoril Del Castilo (Orientador) [email protected]

presente trabalho é resultado parcial do Plano Poesia, corpo e subjetividade: o acervo de Max Martins, sua poesia e a formação da literatura em Belém do Pará,

inserido no Projeto de Pesquisa Literatura Comparada e Estudos Culturais II:

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perspectivas teóricas para ler literatura, arte, cultura, sociedade e processos globalizantes na Amazônia, Brasil e América Latina, financiado pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da UFPA, Edital 07/2013 - PROPESP. A coleta de dados iniciou partindo do acervo de obras raras da Fundação Tancredo Neves- Centur, sala Haroldo Maranhão, em agosto de 2013. A partir da investigação em jornais e revistas, entre os anos de 1955 e 1990, encontra-se um Max apaixonado pelas vanguardas, contemporâneo de várias delas, como o próprio poeta declarou. É possível, então afirmar que, Max Martins possui alguma afinidade com a Geração de 45, no que diz respeito ao campo temático, que se assenta em duas bases: social e existencialista. Max não optou pela produção de poesia engajada, mas assumiu o compromisso com a boa escrita e com a linguagem bem trabalhada. Logo, propõe-se então, investigar a produção do poeta e as produções poéticas vigentes em seu contexto, assim como a formação cultural/literária e social em Belém referente à época em que produziu Max Martins. Palavras-chave: formação cultural/literária; poesia; Max Martins.

QUEM CONTA UM CONTO, AFIRMA UM PONTO: UM ESTUDO DO REALISMO MARAVILHO NAS NARRATIVAS ORAIS DA REGIÃO

BRAGANTINA Luciana Vieira PINHEIRO (Bolsista PIBEX-UFPA) [email protected] Savana Cristina Lima CARDOSO (Bolsista PIBEX-UFPA) [email protected] Profa. Me. Alessandra Fabrícia Conde da Silva (Orientadora) [email protected]

endo em vista a importância da literatura fantástica em nosso meio, assim como sua presença em massa, é importante qualquer estudo debruçado em

entender as “artimanhas” presentes nas histórias fantásticas. Além disso, é sempre importante investigar a respeito delas, quem as conta, quem as vive/viveu, quem acredita nelas ou não etc. Dessa forma, o presente trabalho intenciona fazer um estudo do realismo maravilhoso nas narrativas fantásticas, tendo como material para análise, narrativas contadas por acadêmicos da UFPA do Campus Universitário de Bragança, oriundos de cidades vizinhas. Considera-se aqui a cultura de cada “contador de histórias”, respeitando a crença de cada

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um em relação ao contado. O referido estudo insere-se dentro dos projetos de pesquisa Alunos em (Re)vista e Audiovisual, da mesma instituição de ensino, os quais abarcam, em suas pesquisas, tanto a literatura mágica, maravilhosa, fantástica, irreal, quanto a importância de “capturar” e registrar narrativas da região que revelam muito sobre o lugar de origem. A tudo isso, junta-se ainda o fato de saber, por meio de entrevistas e gravações de vídeos realizadas com os acadêmicos, como eles lidam com o saber científico – adquirido na academia – e o saber trazido de casa – o saber popular. Para base da pesquisa em questão, temos como principais referências os estudos de Vladimir Propp, no que tange à estrutura das narrativas maravilhosas; Todorov, o qual nos dá base em relação aos estudos sobre Literatura Fantástica; além desses, temos ainda estudos voltados aos mitos, lendas, a dualidade saber popular e saber científico, entre outros tão importantes quanto aos citados aqui. Para fim, é válido ressaltar que as narrativas coletadas passarão, ao final, por uma adaptação como forma de melhor registro, uma vez que, com o passar do tempo, elas são esquecidas ou, simplesmente, dão lugar a outras. Palavras-chave: Literatura fantástica. Realismo Maravilhoso. Narrativas orais.

ENTRE LOBISOMENS E VAMPIROS: A LITERATURA FANTÁSTICA EM SALA DE AULA

Elenilda do R. COSTA (UFPA) [email protected] Profa. Me. Alessandra Conde (Orientadora) [email protected]

presente trabalho busca dar um novo olhar para aqueles textos que são ignorados em grande parte pelas escolas. Utilizamo-nos da Literatura

fantástica para propor aqui algumas reflexões sobre o processo de ensino-aprendizagem de alunos de Ensino Médio. A leitura é algo importante não só dentro da sala de aula como também fora dela e por isso o ensino de leitura é algo fundamental para solucionar diversos problemas nas escolas e na vida social. Partindo dessa hipótese, o trabalho em questão se utiliza de “leituras do mundo juvenil” para mostrar que não somente os clássicos da Literatura se fazem importantes para o ensino, mas também o não canônico. Portanto, é fundamental para o avanço do ensino em geral, o estabelecimento de um diálogo entre essas duas categorias de textos (canônicos e não canônicos), o preconceito em relação às leituras de cunho fantástico impossibilita falar em um alunado capaz de sair do Ensino Médio sabendo ler e escrever de maneira eficaz. Por

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conseguinte, nessa seara de tornar os alunos capazes não só de ler, mas de compreender o que está sendo lido, percebemos como o processo se torna mais fácil e agradável quando os alunos sabem no que estão envolvidos e, atualmente, eles estão envolvidos com o mundo fantástico dos vampiros e lobisomens e, assim sendo, é neste mundo que percorreremos neste trabalho, mas, para que isso ocorra precisaremos do aporte teórico de Theodoro da Silva, Angela Kleiman, Harold Bloom, Baring-Gould, Calvino, Lecoutex, Martins entre muitos outros que dialogam com os objetivos aqui propostos. Palavras-chave: Lobisomens. Vampiros. Leitura e escrita. Ensino-aprendizagem. Literatura Fantástica. PEREGRINAÇÃO E REALISMO MARAVILHOSO EM QUARTO DE HORA

DE MARIA LÚCIA MEDEIROS Lucideyse de Sousa ABREU (UFPA) [email protected] José Eduardo dos Santos SOUSA (UFPA) [email protected] Profa. Me. Alessandra Fabrícia Conde da Silva (Orientadora) [email protected]

intuito deste trabalho é investigar as marcas do realismo maravilhoso no conto Quarto de Hora, de Maria Lúcia Medeiros. Neste processo, o ritual de

peregrinação, o sobrenatural e temas trágicos e épicos serão vistos. No conto, a narradora-protagonista (sem nome) inicia sua narrativa a contar uma antiga lenda que ela conhece através da mãe (a lenda da cidade branca), onde, em determinados momentos, a ficção se mistura com a realidade da personagem. O texto ficcional segue cheio de mistérios, encantamento e rituais. A narrativa traz duas peregrinações, uma da narradora-criança com sua mãe, onde esta prepara a protagonista para se tornar uma menina-mulher com competências ritualísticas e outra que dá início a uma nova peregrinação: agora, a narradora já se encontra preparada para assumir o papel da mãe: conhecedora de ervas e de rituais. Durante essas caminhadas, percebemos as transições que a personagem sofre, que também podem ser consideradas aprendizados. Já Le Goff aponta para o fato de que as peregrinações conduzem os caminhantes ao conhecimento interior. Vemos rituais e feitiçarias que atribuem ao texto um caráter de mistério e de sobrenatural e é neles que o realismo maravilhoso aparece. Nestes rituais, podemos perceber tendências religiosas, mas não voltadas para uma religião em

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si, e sim a uma mistura de crenças populares. É nesta peregrinação do contar que os caminhos de narrativas se entrelaçam como uma sequência de narrativas encadeadas, o que nos aproxima de uma estrutura de novela contínua, construída sob bases do realismo maravilhoso, em que o inverossímil torna-se verossímil. Carpentier, Todorov, Le Goff, Mongelli entre outros nos fornecerão amparo teórico. Palavras-chave: Quarto de Hora. Realismo maravilhoso. Peregrinação.

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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3

14:00-16:00 Sala de Videoconferência – Bloco I

Ensino-aprendizagem e suas abordagens I Coordenação: Maria Helena Chaves (UFPA)

Horário Título Autoria

14:00

Saberes e práticas educativas no processo de construção de complexos temático na formação em rede da Secretaria Municipal de Educação em Bragança-PARÁ

Robson de Sousa Feitosa (UFPA-SEMED), Maria Adriana Leite (UFPA-SEMED) e Lena Claudia Amorim Saraiva (UFPA)

14:15 Sistema educativo radiofônico de Bragança: saberes da prática educativa na educação de jovens e adultos (1960- 1970)

Rogerio Andrade Maciel (PPGED-UEPA) e Maria do Perpétuo Socorro Gomes Avelino de França (GHEDA)

14:30 Exame nacional para certificação de proficiência em língua brasileira de sinais: análises e reflexões

Huber Kline Guedes Lobato (PPGED-UEPA)

14:45 A flexibilização das metodologias utilizadas no atendimento educacional especializado com educandos surdos

Waldma Maíra Menezes de Oliveira (PPGED-UEPA / SEMEC-CRIE)

15:00 Educação popular freireana com jovens e adultos de um hospital público do município de Belém do Pará

Lyandra Lareza da Silva Matos (NEP-UEPA / PPGED-UEPA) e Cristiana Gomes dos Santos (NEP-UEPA)

15:15 Os objetos de aprendizagem como ferramenta no ensino aprendizado

Maria do Socorro Braga Reis (UFPA) e Joneson Rosa Reis (UFRA)

SABERES E PRÁTICAS EDUCATIVAS NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO

DE COMPLEXOS TEMÁTICO NA FORMAÇÃO EM REDE DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO EM BRAGANÇA-PARÁ

Robson de Sousa FEITOSA (UFPA-SEMED) [email protected] Maria Adriana LEITE (UFPA-SEMED) [email protected] Lena Claudia Amorim SARAIVA (UFPA) [email protected]

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presente trabalho tem como objetivo analisar os saberes e práticas educativas do processo de reorientação curricular e a formação continuada

de professores via complexam temático, por meio do planejamento anual e no chão da escola, entre a equipe técnica da SEMED, os gestores, coordenadores e professores da rede municipal. Neste sentido, o referencial teórico está baseado em Freire (1994; 1997; 2007), Pistrak (2000), Beane (2003) e outros autores que contribuem para a pesquisa. Para os autores o processo formativo de educadores e educandos carrega em si uma complexa rede de significados, que articula as diferentes áreas do conhecimento, o diálogo, a pesquisa, a autogestão no processo de construção do conhecimento e parte das problematizações emergenciais de cada momento existente no espaço escolar. Então a pesquisa orienta-se pelo seguinte problema: de que maneira os educadores visualizam na sua formação continuada, a proposta em construção, de reorientação curricular via complexo temático nas suas práxis pedagógicas? No que concerne aos caminhos trilhados à pesquisa em tela está baseada numa abordagem qualitativa - descritiva. Como técnica de coleta de dados utilizou-se o questionário, que foi avaliado por 673 educadores do Município e versava sobre: a importância do planejamento para a sua atividade profissional; as abordagens teóricas do planejamento do currículo integrado e a discussão acerca da nova proposta curricular via complexo temático. Portanto, os resultados revelam que esta proposta redimensiona diferentes formas de olhar, ouvir e escrever sobre um ensino articulado ao contexto de uma escola bragantina, trazendo à tona, ainda, a essência de um professor pesquisador em sua práxis pedagógica. Palavras-chave: Saberes. Práticas educativas. Formação continuada.

SISTEMA EDUCATIVO RADIOFÔNICO DE BRAGANÇA: SABERES DA PRÁTICA EDUCATIVA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (1960-

1970)

Rogerio Andrade MACIEL (PPGED-UEPA) [email protected] Profa. Dra. Maria do Perpétuo Socorro Gomes Avelino de FRANÇA (GHEDA - orientadora) [email protected].

estudo trata dos saberes da prática educativa do Sistema Educativo Radiofônico de Bragança- Pará (SERB), nordeste paraense no período de

1960 a 1970. Este sistema foi implantado nesse município em 1958 pela congregação dos Barnabitas, tendo por objetivo a evangelização e alfabetização

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de jovens e adultos nos municípios que compunham a prelazia do Guamá. Este trabalho tem como objetivos: identificar as condições de implantação do SERB, na década de 60 a 70 do século XX, analisar a concepção de educação desse sistema educativo e mapear os saberes da prática educativa que lá circulavam. A pesquisa de natureza documental e bibliográfica, possibilitou identificar os seguintes documentos: o anuário da Diocese, os livros dos barnabitas, o livro tele educação na Amazônia e um jornal do SERB, que se encontram na diretoria e secretaria desse sistema de ensino. No levantamento dessas fontes, utilizei uma máquina fotográfica Ex. 300 - digital modelo Sony, Zoom de 50, uma vez que, os materiais que se encontravam na instituição não poderiam ser cedidos e nem xerocados. Os autores que balizam a análise são Burke (2005); Wanderley (1984); Freire (1997), Fávero (2006), Brandão (2002); Fonseca (2012) e Charlot (2000). O sistema educativo radiofônico foi criado como uma das ações do movimento de educação de base (MEB), este possui uma concepção de educação para os jovens e adultos que ocorre desde o planejamento das atividades, no SERB, a execução do plano para as diversas comunidades. Nessa relação histórica, social e cultural, os saberes dessa prática educativa radiofônica, via rádio, se constroem por meio de uma educação que não se restringe a uma educação escolar, pois acontece para além deste sistema de ensino. Palavras-chave: saberes; prática educativa radiofônica; alfabetização de jovens e adultos.

EXAME NACIONAL PARA CERTIFICAÇÃO DE PROFICIÊNCIA EM LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS: ANÁLISES E REFLEXÕES

Huber Kline Guedes LOBATO (PPGED-UEPA) [email protected] Jose Anchieta de Oliveira Bentes (Orientador) [email protected]

presente trabalho tem como foco a pesquisa-ação, em que objetivamos analisar a percepção que 06 sujeitos possuem a respeito do Exame Nacional

para Certificação de Proficiência em Língua Brasileira de Sinais (PROLIBRAS), após a participação destes na atividade denominada miniPROLIBRAS aplicada na disciplina LIBRAS V, em uma turma do curso de Letras: LIBRAS / Português como segunda língua, de uma instituição pública de ensino superior. A referida disciplina consta de diversos procedimentos metodológicos: exposição oral; análises de filmes; tradução de músicas, histórias em quadrinhos e poesias em LIBRAS; apresentação de conversações em LIBRAS; atividades de leituras

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individuais, em duplas e em trios; e testes de verificação da aprendizagem (miniPROLIBRAS). A análise que neste estudo realizamos está relacionada a este último procedimento, que ocorreu por meio de 20 questões (gravadas em vídeo) selecionadas do PROLIBRAS dos anos de 2006 a 2012. O método envolveu um grupo de 34 alunos, subdivididos em 06 grupos, que realizaram a referida atividade e discutiram com o propósito de perceber os pontos e contrapontos sobre o PROLIBRAS. Concluímos com este estudo que os acadêmicos percebem que existem aspectos complicadores e facilitadores relacionados à prova objetiva do PROLIBRAS: entre as dificuldades, os acadêmicos apontam o vício de focalizar a visão para as mãos do interlocutor; e o desconhecimento de sinais de outras regiões. Em relação aos aspectos facilitadores, os estudantes percebem o uso dos cinco parâmetros da LIBRAS e o uso da datilologia de sinais variados e classificadores. Acreditamos que o exame PROLIBRAS é algo bastante positivo em nosso contexto sócio educacional e que as críticas existentes relacionadas a não aprovação de surdos - e até mesmo de ouvintes – no referido exame não devem ser direcionadas exclusivamente a uma questão de variação linguística ou a qualidade das imagens dos vídeos no momento do exame, como muitas vezes pondera-se diante dos resultados, mas precisam estar voltadas a algo bem mais problemático e complexo: o ensino de LIBRAS e o processo de inclusão escolar de surdos no Pará, que precisa urgentemente ser repensado e reorganizado de forma plena em nosso sistema educacional. Vale ressaltar que a presente pesquisa está fundamentada em: Leite; McCleary (2009); Lima (2009); Quadros (2009); Quadros; Karnopp (2004) e Silva (2012). Palavras-chave: Libras. Prolibras. Análises. Reflexões.

A FLEXIBILIZAÇÃO DAS METODOLOGIAS UTILIZADAS NO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO COM EDUCANDOS

SURDOS

Waldma Maíra Menezes de OLIVEIRA (PPGED-UEPA / SEMEC-CRIE) [email protected] Profa. Dra. Ivanilde Apoluceno de Oliveira (Orientadora)

presente trabalho tem como tema “A flexibilização das metodologias utilizadas no atendimento educacional especializado com educandos

surdos”. A motivação pelo estudo se deu no contato com os alunos surdos atendidos em uma sala de recurso multifuncional de uma escola municipal da periferia de Belém, no período de maio a outubro de 2012. Tem como objeto a educação de surdos no atendimento educacional especializado, com o objetivo

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de analisar as metodologias utilizadas pelos educadores das Salas de Recurso Multifuncionais na educação de Surdos e como essas contribuem para a aprendizagem dos educandos. Os objetivos específicos são: identificar que concepção de educação norteia a prática metodológica dos professores da SRM com educandos surdos; reconhecer de que maneira são planejadas as metodologias trabalhadas na SRM com alunos surdos e verificar como os professores adquiriram informações sobre a metodologia utilizada. A pesquisa de abordagem qualitativa consiste em um estudo de caso, em que utilizou a priori um levantamento bibliográfico, em seguida a observação dos atendimentos realizados pelo técnico bilíngue no ano de 2012, e por ultimo a entrevista semiestruturada com um professor da SRM da escola pública. Os dados coletados na entrevista, acerca das metodologias no atendimento dos educandos surdos, foram sistematizadas no decorrer deste artigo e se dividem em: Formação e Experiência do professor do AEE com alunos surdos, Planejamento e Metodologia utilizada no atendimento. Entre os resultados deste estudo destaca-se o anseio do educador da SRM, em realizar as adequações metodológicas nos atendimentos, para promover uma aprendizagem significativa, ativa e prazerosa aos educandos surdos. Palavras-chave: Metodologia. Surdos. AEE. Ensino-Aprendizagem.

EDUCAÇÃO POPULAR FREIREANA COM JOVENS E ADULTOS DE UM HOSPITAL PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE BELÉM DO PARÁ

Lyandra Lareza da Silva MATOS (NEP-UEPA / PPGED-UEPA) [email protected] Cristiana Gomes dos SANTOS (NEP-UEPA) [email protected]

rata-se de uma experiência educativa de extensão realizada nos de 2008 a 2011 promovidas pelo Núcleo de Educação Popular Paulo Freire (NEP)

vinculado a Universidade do Estado do Pará (UEPA). O estudo tem como objetivo relatar o trabalho pedagógico realizado com os acompanhantes de crianças hospitalizadas na Pediatria da Santa Casa de Misericórdia do Pará. As propostas educacionais desenvolvidas pelo núcleo têm inicio através de uma pesquisa para o reconhecimento de aspectos sociais e culturais dos sujeitos, nelas são valorizados os saberes dos educandos (as) indispensáveis na construção dos conteúdos a serem abordados, fomentando desta forma, um ensino que se difere da prática de educação tradicional - onde não se leva em consideração os contextos diversos, bem como levando em consideração as especificidades que

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este espaço educativo apresenta com relação a sua rotina. Dessa forma, as perguntas relacionadas ao contexto do viver dos sujeitos jamais poderão ser realizadas mecanicamente, para tanto ocorrem por meio da reflexão, diálogo e problematização da realidade, com isto inicia-se uma relação de respeito aos saberes dos jovens e adultos participantes. A partir disso, elaboramos os conteúdos de interesse dos sujeitos, partindo dos saberes deles e delas. As atividades eram norteadas nas diretrizes teóricas e metodológicas de Paulo Freire tendo em vista no debate questões como: a flexibilidade do currículo; levantamento inicial e contínuo da realidade social; contexto significativo (tema gerador); dinâmica do cotidiano do encontro pedagógico; sujeito pensante; diversidade de saberes; variedade linguística; as produções dos educandos (as) como instrumentos de ensino e, desenvolvimento de uma prática política, ética e humanizadora considerando as falas dos educandos, seus desabafos, suas angústias, bem como, seus momentos de silêncio. As ações consistiam em problematizar a realidade de jovens e adultos com histórico de fracasso escolar, oriundos em sua maioria de cidades ribeirinhas e áreas periféricas de Belém do Pará. Os encontros pedagógicos desenvolvidos pelo núcleo possibilitam um repensar das práticas e à formação de educadores (as) e educandos (as) críticos e comprometidos com as mudanças inerentes à contemporaneidade evidenciando o caráter político da educação e seus desafios para a realização das atuações pedagógicas. A relação entre educadores (as) e educandos (as) ocorriam de maneira amorosa e afetiva não comprometendo a rigorosidade metódica presente nos encontros. Palavras-chave: Educação. Saberes. Práticas.

OS OBJETOS DE APRENDIZAGEM COMO FERRAMENTA NO ENSINO APRENDIZADO

Maria do Socorro Braga Reis (UFPA) [email protected] Joneson Rosa Reis (UFRA) [email protected] Profa. Janaina Costa (Orientadora)

tecnologia assume um papel de proporções magníficas, o universo escolar não pode ficar alheio a essa revolução. Nesse contexto, surgem os Objetos

de Aprendizagem como um importante elemento para auxiliar no processo ensino aprendizagem de disciplinas essenciais no currículo escolar. Propôs-se a

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produção de OAs para serem usados como ferramenta de ensino aprendizado, dentro do contexto educacional possibilitando o desenvolvimento do raciocínio, através de diferentes linguagens de mídia na escola. A pesquisa do uso e aplicação dos OAs para os docentes que constituiu o estudo de caso, foram divulgadas nas escolas publicas, buscando resultados sobre o nível de aprendizagem dos alunos que utilizaram os OAs na assimilação do conhecimento. Embasada e fundamentada nos teóricos: Moran (2012), Levy (2009 e 2011), Valente (2002). Constatou-se que os professores que implementaram os OAs em suas aulas consideraram-no positivo o fato de poder se carregado em qualquer tipo de mídia, facilitando a sua aplicação em espaços sem internet e sugerindo modificações em alguns, e novas versões. Os Objetos de Aprendizagem permitiram a instigar novos pensamentos, sendo interativos, fazendo com que o aluno estabelecesse uma relação ativa, apropriando-se de uma aprendizagem mais significativa. Palavras-chave: Objetos de Aprendizagem. Conhecimento. Interação.

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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4

14:00-16:00 Sala 8 – Bloco II

Narrativas orais e suas interfaces I Coordenação: José Guilherme dos Santos Fernandes (UFPA)

Horário Título Autoria

14:00 Discurso de construção da identidade: o reconhecimento do fazer artístico na cerâmica Icoaraciense

Elizabeth Conde de Morais (PPGLS-UFPA)

14:15

Curandeira Almerinda Vieira de Sousa: do esquecimento de um episódio de vida ao não esquecimento de suas práticas e saberes na memória bragantina

Wanna Célli da Silva Sousa (PPGLS-UFPA)

14:30 Curupira: o elemento metamórfico em narrativa de contexto bragantino

Silene Ferreira Brito (PPGLS-UFPA)

14:45 Da fala à escrita: coletando contos populares na Amazônia paraense

Greubia da Silva Sousa (PPGLS-UFPA)

15:00 Os discursos do Círio Fluvial: as mediações e seus meios

Maurício Ramos Lindemeyer (UNAMA)

15:15

A análise do discurso de uma comunidade: o uso da medicina complementar dos remanescentes de quilombolas da Pimenteira-PA

Antonia Edylane Milomes Salomão (PPGLS-UFPA)

15:30

Da narrativa oral à narrativa fílmica: a representação da identidade quilombola no curta-metragem “As Sete Ilhas”, do museu paraense Emílio Goeldi

Adão Souza Borges (PPGLS-UFPA)

15:45 Histórias de pescadores: um mergulho em suas memórias

Gláucia Nazaré Lima Lobão (PPGLS-UFPA)

DISCURSO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE: O RECONHECIMENTO

DO FAZER ARTÍTICO NA CERÂMICA ICOARACIENSE Elizabeth Conde de MORAIS (PPGLS-UFPA) [email protected] Profa. Dra. Nilsa Brito Ribeiro (Orientadora) [email protected]

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presente trabalho tem como objetivo investigar como o sujeito, intitulado artesão, defende a construção de identidade da cerâmica icoaraciense. É

averiguado o discurso elaborado por este em vista da defesa da singularidade do fazer artístico. O artigo é resultado da disciplina Linguagem, Discurso e Identidade, e faz parte da pesquisa As representações simbólicas na Cerâmica Icoaraciense. Essa prática se faz presente especificamente na cidade de Belém, no estado do Pará, distrito industrial de Icoaraci. É neste lugar que se tem uma região chamada de Paracuri, onde os artesãos criam peças, que merecem destaque pelo seu valor expressivo. Foi selecionado um artesão, do qual, colheu-se o depoimento oral, para elencar quais aspectos são essenciais, segundo o ponto de vista do depoente. Essa pesquisa etnográfica faz um recorte na fala do sujeito para investigar as concepções ideológicas presentes no discurso assumido ao longo da narrativa. A análise dos dados busca considerar as diferentes posições dos discursos em vista da construção da identidade e da defesa da arte. Para fundamentar essa atividade são usadas as leituras: a respeito do conceito de memória discursiva (ACHARD, 1999), que aborda como o sujeito realiza a ação de retomada de conceito, para isso necessita fazer uso de termos que geram sentido; a Análise do Discurso (ORLANDI, 2000), trata dos procedimentos e métodos de análise e das concepções de identidade empreendidas pelo sujeito, fonte das narrativas; as percepções que tratam de ideologia (MIOTELLO, 2005), também permitem entender as formas de argumentação do entrevistado. O uso dessas referências possibilita compreender as representações assumidas pelos sujeitos, ao longo do seu discurso, e podem ser vistas como fruto da influência sofrida durante o processo histórico, de constituição do lugar. Ao formar a sua identidade, que hoje é considerada peculiar, ímpar e representativa, ao estabelecer suas falas, assume discursos necessários que referendam a sua vivência e os seus ideais de vida. Palavras-chave: Análise do discurso. Identidade. Cerâmica Icoaraciense. CURANDEIRA ALMERINDA VIEIRA DE SOUSA: DO ESQUECIMENTO DE UM EPISÓDIO DE VIDA AO NÃO ESQUECIMENTO DE SUAS PRÁTICAS E

SABERES NA MEMÓRIA BRAGANTINA

Wanna Célli da Silva SOUSA (Bolsista CAPES, PPGLS-UFPA) [email protected] Prof. Dr. Ipojucan Dias Campos (Orientador) ipojucan [email protected]

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presente artigo estabelece um diálogo com a história de vida da curandeira Almerinda Vieira de Sousa que, exerce em terras bragantinas, a exímia arte

de curar. Tendo em vista os entrelaçamentos de sua história, pode-se depreender que esta senhora, assim como outros curandeiros do município de Bragança (PA), são donos de um saber empírico oriundo das relações de trocas e diálogos interculturais. Deste modo, este trabalho tem o objetivo de refletir a respeito dos sentidos construídos em torno da prática do curandeirismo neste município, valorizando assim, o saber empírico destes sujeitos, suas identidades e modos de vida, refletido em suas práticas cotidianas (rezas, orações, remédios, partos e curas), orientadas pela relação com a natureza, o local e imaginário social. Ancorada na Metodologia da História Oral, serão utilizadas neste texto, reflexões em torno de categorias como o esquecimento e perdão como parte significativa da memória. Tal categoria não será aqui pensada como homogênea, mas mediante suas diversas ações e reações. Dito isso, entende-se aqui, que o esquecimento não possui um único sentido, ele se desdobra em vários outros, dependendo dos modos e contextos que ele se manifesta. Ao final da pesquisa, entende-se que parte da população bragantina recorre aos saberes destes curandeiros, em especial a senhora Almerinda, ora como uma possibilidade a mais para cura, ora como única alternativa, por conta disso que, algumas pessoas, orientam e constroem modos de vida a partir de tais práticas, chegando a reservar um espaço considerável de valorização do curandeirismo em sua vida cotidiana. Palavras-chave: Bragança. Curandeirismo. Saberes. Cura.

CURUPIRA: O ELEMENTO METAMÓRFICO EM NARRATIVA DE CONTEXTO BRAGANTINO

Silene Ferreira BRITO (PPGLS-UFPA) [email protected] Profa. Dra. Maria do Socorro Simões (Orientadora) [email protected]

objeto de pesquisa a ser investigado e estudado são as narrativas orais contadas no ambiente urbano bragantino, especificamente no bairro Taíra, e,

também, as narrativas que fazem parte do acervo IFNOPAP – Bragança. Ressaltando que o objetivo do estudo está voltado para a análise do fenômeno da metamorfose que se apresenta com frequência nessas narrativas. Para o desenvolvimento da pesquisa, a metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo, com coleta de dados, transcrição e análise dos dados. A literatura oral bragantina é riquíssima, concebe uma grande variedade de

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gêneros discursivos tais como lendas, anedotas, causos, contos de fadas, contos de visagens e assombrações, adivinhas, etc. Diante desta gama de narrativas orais que se perpetuam em contexto bragantino, há um destaque para aquelas que apresentam, no seu discorrer, o fenômeno da metamorfose. Dentre os variados tipos de metamorfose observados nessas narrativas, há uma maior recorrência para as que se relacionam com animais, ou seja, (Lobisomem, Matinta perera, bode, porco, onça, ou simplesmente bicho). No contexto do artigo, há uma narrativa, que foi coletada no ambiente urbano bragantino, no bairro Taíra, tendo como narrador/contador o senhor Antônio André de Sousa. A mesma versa acerca da entidade mitológica Curupira, servindo de base para o estudo da seguinte abordagem: análise das categorias que constituem a narrativa, a saber, narrador, personagem, espaço, tempo e enredo. Palavras-chave: Narrativa. Metamorfose. Curupira

DA FALA À ESCRITA: COLETANDO CONTOS POPULARES NA AMAZÔNIA PARAENSE

Greubia da Silva SOUSA (Bolsista Capes/CNPq, PPGLS-UFPA) [email protected] Profa. Dra. Sylvia Maria Trusen (Orientadora) [email protected]

nicio dizendo que esta pesquisa pretende investigar a composição do narrar nas narrativas coletadas pelo projeto O Imaginário nas Narrativas Orais Populares

da Amazônia Paraense (IFNOPAP). Nesta perspectiva a pesquisa ater-se-á, primeiramente e de maneira sucinta, à constituição do referido projeto, seus objetivos e alcances. Além disso, também trará um panorama – mesmo que breve – das cidades de Santarém, Belém e Abaetetuba. Assim como também fará o mesmo com os livros Santarém conta..., Belém conta... e Abaetetuba conta..., pertencentes a coletânea de contos populares da série Pará conta... Para tanto, começo a discussão com um questionamento que acredito ser de fundamental importância para o desenvolvimento deste trabalho: o que é o narrar? Tal pergunta encontra sua razão de ser, sobretudo em si falando de narrativas orais, devido ao papel central que o leitor (autor) possui no ato de narrar. É impensável uma narrativa da tradição oral sem a figura do narrador, que consequente e inevitavelmente conta uma história e imprime nela suas marcas, sejam elas discursivas, hermenêuticas, grupais ou pessoais. Cada narrador de forma subjetiva, única, traduzirá (construirá) sua narrativa. Neste sentido, a primeira questão que se coloca nesta pesquisa é justamente o que seria o narrar? Para

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início de conversa devo esclarecer que a minha intenção aqui não é definir o narrar, de modo que ele se assemelhe a uma coisa ou fórmula pronta, sempre aplicável aos mais diferentes contextos e/ou lugares discursivos, sociais. O que me interessa aqui é o cotidiano dos narradores do INFOPAP, que por sua vez já foi interpretado por outros sujeitos sociais e por suas cargas semânticas, discursivas, ideológicas – por isso não pretendo trabalhar com a ideia de definição de forma acabada, pronta. Assim, a metodologia utilizada para a construção deste trabalho foi essencialmente a pesquisa bibliográfica aos arquivos referentes a fundação e a transposição do acervo narrativo ifnopapiano da modalidade oral para a modalidade escrita. Palavras-chave: IFNOPAP. Processo Narrativo. Tradução. Imaginário popular.

OS DISCURSOS DO CÍRIO FLUVIAL: AS MEDIAÇÕES E SEUS MEIOS

Maurício Ramos LINDEMEYER (Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura – UNAMA) [email protected]

artindo da perspectiva de que não se pode substituir, radicalmente, os meios no processo das mediações, bem como da assunção que ao se nomear os

meios como hegemônico estamos também evocando as memórias das culturas populares, como faz Barbero (2001), busquei analisar os discursos produzidos no Círio Fluvial a bordo do navio da Vale Verde, dando ênfase às interações durante a viagem, assim, estabelecendo o meu olhar naquilo que José Braga (2011) define como o campo comunicional e os meios envolvidos, a fim de perceber o jogo de sentidos produzidos durante a romaria fluvial que me permitiria responder: o que é o Círio Fluvial? De modo, então, a oferecer uma resposta plausível, desenvolvi um fazer etnográfico, como orienta Isabel Travancas in Duarte e Barros (2012), o qual me possibilitou inferir que a romaria, muito mais que uma festividade católica, constitui-se em um espaço de enunciação de identidades. Identidades essas sendo forjadas no próprio Círio Fluvial enquanto um acontecimento discursivo: originário da história oficializada pela Igreja Católica do achamento da imagem da Santa que já era cultuada em Portugal, bem como no uso do rio Guamá, um espaço tradicionalmente dos sabres indígenas e ribeiros, bem como identidades sendo estabilizadas em enunciados pronunciados pelo animador da embarcação, entre outros exemplos: ”Paraense não afasta, arreda”; “Paraense só sabe o que é frio no supermercado”; “pra gente, depois de açaí só rede”. Assim, pude perceber que o Círio torna-se importante evento identitário em que as culturas são posas no que Bhabha (1998) defende

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como “entre-lugar”, no processo híbrido entre as culturas ribeiras, indígenas e portuguesas, apesar do silenciamento do animador do navio, como sinalizado. Palavras-chave: Círio Fluvial. Discursos. Mediações.

A ANÁLISE DO DISCURSO DE UMA COMUNIDADE: O USO DA MEDICINA COMPLEMENTAR DOS REMANESCENTES DE

QUILOMBOLAS A PIMENTEIRA-PA Antonia Edylane Milomes SALOMÃO (PPGLS-UFPA) [email protected]

este trabalho tenho por finalidade fazer um estudo sobre a Análise do Discurso de um membro da comunidade da Pimenteira sobre o uso e

importância das plantas e ervas medicinais utilizadas pelos moradores remanescentes de quilombolas. A comunidade de Pimenteiras fica localizada numa região rural distante da cidade de Santa Luzia do Pará por cerca de 30 km, um trajeto difícil, que impossibilita a população ao acesso de suas necessidades humanas básicas como saúde e educação. Levando em consideração que nenhuma Língua é homogênea (BORBA, 1991) e que a linguagem é, sem dúvida, o mais poderoso e eficaz sistema de comunicação humana (Bitti & Zani, 1993), considera-se o fato de que está completamente envolvida no processo de pensamento e compreensão (Potter & Wetherell, 1987). A base teórica da Análise do Discurso aqui proposta toma forte dimensão na psicologia social, pois é nela que ocorre a interação entre os indivíduos, com o mundo a sua volta e na construção da própria vida (idem, 1987). Verifica-se a interação de discursos presentes em um membro da comunidade da Pimenteira na sua relação com as plantas e ervas medicinais. O saber da cura por meio da medicina complementar permanece preservado em alguns aspectos da linguagem nos moradores remanescentes de quilombolas na referida comunidade. A linguagem não surge num vazio social, pelo contrário, estrutura-se num espaço sócio-histórico e representa um conjunto de práticas de produção de significados. Palavras-chave: Análise do discurso. Medicina complementar. Linguagem e interação de discursos.

DA NARRATIVA ORAL À NARRATIVA FÍLMICA: A REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE QUILOMBOLA NO CURTA-METRAGEM “AS SETE

ILHAS”, DO MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI

Adão Souza Borges (PPGLS-UFPA)

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[email protected] Prof. Dr. José Guilherme dos Santos Fernandes (Orientador) [email protected]

ste artigo se propõe a refletir sobre a mobilização feita pela comunidade de Santana do Capim, professores e alunos daquela localidade em parceria com

o Museu Paraense Emílio Goeldi para a representação da identidade quilombola local, através da narrativa oral “As Sete Ilhas”, oriunda do saber da população local. Num primeiro momento professores, alunos e comunidade cartografaram as narrativas populares contadas numa oficina promovida pelo Museu Goeldi, e posteriormente elegeram contar na película sobre as sete ilhas. Trata-se da narrativa de um conjunto de ilhas que se formaram desde a Vila de Santana do Capim à comunidade Aningal, ao longo do rio Capim. Nas noites de lua cheia as ilhas se transformam em embarcações, de onde desembarcam tripulantes mulheres, homens e crianças. Esses tripulantes desembarcam com suas mudanças, falam, gritam, choram e cantam deslocando-se de embarcação a embarcação e desaparecem quando os moradores das comunidades ribeirinhas se aproximam delas até perceberem que se trata de encantorias. Essa narrativa inspirou a criação de um curta metragem produzido pelo MPEG também denominado “As Sete Ilhas”, com 18 minutos de duração, protagonizada pelos alunos, professores e membros das comunidades ribeirinhas. Minha proposta neste artigo relaciona-se com a necessidade de análise e interpretação do filme em tela, levando em consideração às temáticas nas quais transito: narrativa, memória e identidade, a partir da profecia de Walter Benjamin quando o sujeito perde a prática de intercambiar suas experiências na modernidade. Em termos metodológicos compreendo que a narrativa oral representa pessoas e acontecimentos, enquanto a narrativa fílmica também a faz, através de imagem e sons. Palavras-chave: Identidade. Memória. Narrativas. Sete Ilhas.

HISTÓRIAS DE PESCADORES: UM MERGULHO EM SUAS MEMÓRIAS Gláucia Nazaré Lima LOBÃO (PPGLS-UFPA) [email protected]

ste artigo retrata a memória dos pescadores artesanais da Vila dos Pescadores, município de Bragança-PA, enquanto produção de

conhecimento. Através da investigação sobre os pescadores busca-se entender e conhecer mais sobre o mundo desses trabalhadores, levando em consideração

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que os pescadores possuem um alto conhecimento sobre os fenômenos da natureza, variações do mar e possuem histórias extraordinárias sobre assombrações e mitos que fazem parte de suas lembranças e do seu cotidiano. Essas experiências se perpetuam através das narrativas orais e ações de trabalho e são repassadas de geração a geração. As histórias e crenças estão ligadas a memória, não porque foram criadas em um momento de devaneio, mas porque foram vividas por seus antepassados e devido à experiência adquirida por eles, muitos vem se baseando até os dias atuais, respeitando a sabedoria dos antigos e as mantendo para o sucesso do trabalho. Guita Debert, em A aventura sociológica(1978), afirma que o que interessa à história não são apenas os fatos passados, mas a forma como a memória popular é construída e reconstruída como parte da consciência contemporânea. Tenho como objetivo identificar os saberes dos pescadores artesanais fazendo uma investigação sobre o conhecimento dos mesmos e analisando as narrativas orais dos pescadores, através de inventários da fala e do discurso dos sujeitos. Assim sendo os esforços concentram-se em mostrar quão grandiosas são as histórias de pescador e quanto conhecimento existe neste povo capaz de saber como e onde encontrar peixe usando o vento como orientador ou contando até com o sobrenatural para ter um bom dia de trabalho. Palavras-chave: Memórias. Pescadores. Narrativas orais.

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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 5

16:30 – 18:30 Sala de videoconferência – Bloco I

Memória, saberes e mídias Coordenação: Roberta Alexandrina (UFPA)

Horário Título Autoria

16:30 A sétima arte aporta na Pérola do Caeté: Cine Olímpia... registros de uma história cultural

Ariane Baldez Costa (PPGLS-UFPA)

16:45 A relação entre a lei 10.639/2003 e o livro didático de história: os discursos sobre a mulher negra

Paulo Cesar Alves da Silva (UNAMA/SEDUC)

17:00

Das Finas de Paris às Pão com Ovo: um estudo sobre o consumo do poder na Feira Livre de Bragança-PA - mais do que objetos, mais do que humanos

Marlon Noronha do Nascimento (PPGLS-UFPA)

17:15 Mídias e apropriações na comunidade Cearazinho

Rafaella Contente Pereira da Costa (Bolsista Capes PPGLS-UFPA)

17:30

A relação entre o sagrado e o profano como fortalecimento da cultura afro na festividade de São Braz, na comunidade quilombola do Jacarequara, em Santa Luzia do Pará

Antonio Edson Farias (UFPA)

17:45 Do cabaré ao bar: prostituição e alcoolismo em Belém 1930 à 1950

Amilcar de Souza Martins Sobrinho (PPGLS-UFPA)

A SÉTIMA ARTE APORTA NA PÉROLA DO CAETÉ: CINE OLIMPIA...

REGISTROS DE UMA HISTÓRIA CULTURAL Ariane Baldez COSTA (PPGLS-UFPA) [email protected] Prof. Dr. Pedro Petit Peñarrocha (Orientador) [email protected]

trabalho visa estudar os hábitos sociais do público frequentador do cinema em Bragança, nas décadas de 60-70, identificando como a história do cinema

em Bragança contribui para a compreensão das influências ideológicas e, consequentemente, na formação dos sujeitos sociais por meio de um projeto de massificação cultural, visto que, a cultura de massa, também conhecida como indústria cultural, é caracterizada por possuir um objetivo especifico, isto é,

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atingir a massa popular por meio dos veículos de comunicação de massa (rádio, TV, cinema, folhetins), logo ela corresponde a um processo de transformação da cultura em mercadoria, sendo dessa forma relacionada diretamente a uma ordem econômica e ao consumo. Dessa forma, o presente estudo, além de analisar as relações entre cinema e a sociedade bragantina, tem como objetivos também conhecer e entender como ocorria essa forma de entretenimento, descortinando tais costumes, a relevância desse espaço, o público frequentador e as suas motivações uma vez que, alcançar a condição de ‘modernidade’ implicaria em mudanças significativas não só em relação aos novos espaços como também nas formas de adaptação, de hábitos, de interação, de socialização, de representação social entre os indivíduos de uma determinada sociedade. Portanto, o estudo partiu não somente de fontes oficiais, como também por meio de relatos memorialísticos (história oral) do público frequentador desse espaço, considerando a memória também como um fator importante na construção e entendimento da história do cinema seja ela tanto a nível local quanto nacional. Palavras-chave: Cine Olímpia. Bragança. Cultura de massa. Cinema.

A RELAÇÃO ENTRE A LEI 10639/2003 E O LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA: OS DISCURSOS SOBRE A MULHER NEGRA

Paulo Cesar Alves da SILVA (Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura – UNAMA e Professor SEDUC/PA) [email protected]

lei 10639/2003 faz parte de um conjunto de políticas afirmativas conquistado pelo Movimento Negro no Brasil, que desde o período colonial

vem promovendo resistências frente à opressão, marginalização e discriminação racial, que estabelece o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas da rede básica. No entanto, nem sempre o que é estabelecido pela lei materializa-se nas escolas. Diante dessas novas demandas fui convidado a participar de uma Conferência Municipal de Educação no município de Goianésia do Pará, no ano de 2011, como professor formador para ministrar um minicurso de História e Cultura Afrobrasileira de 20 horas para os professores do ensino fundamental (1º ao 9º ano), sendo que, na ocasião eu estava terminando uma especialização sobre esse assunto. A maioria dos professores do curso eram mulheres, dessa forma, os debates que foram travados na maioria das vezes abordava a questão do gênero. A partir daí passei a me interessar por essa categoria, tendo como foco o Movimento Feminista, que sempre esteve preocupado com as relações de poder (LOURO, 2008). Neste sentido, no ano de 2012, chegou à escola pública que trabalho o livro didático (LD) de História Geral e do Brasil enviado pelo PNLD

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(Programa Nacional do Livro Didático) que movimenta discursos sobre as comunidades negras. Assim, propomos nesta comunicação analisar os discursos da lei e do (LD) sobre a mulher negra, tendo como base as reflexões de (MUNANGA 2008) e (PAULO FREIRE, 2005). Palavras chave: Escola. Lei 10639/2003. Livro didático. Gênero.

DAS FINAS DE PARIS ÀS PÃO COM OVO: UM ESTUDO SOBRE O CONSUMO DO PODER NA FEIRA LIVRE DE BRAGANÇA-PA - MAIS DO

QUE OBJETOS, MAIS DO QUE HUMANOS Marlon Noronha do NASCIMENTO (PPGLS-UFPA) [email protected] Prof. Dr. Flávio Leonel Abreu (Orientador) [email protected]

presente trabalho tem por objetivo lançar um olhar sobre certos aspectos relativos ao consumo de objetos (roupas, calçados, adornos, perucas e

perfumarias), por grupos de travestis do referente município, levando em consideração as suas bases culturais e também a dimensão econômica que envolve este universo. Vale salientar que as reflexões aqui apresentadas constituem apontamentos iniciais acerca desse campo de estudo e da minha vivência de contatos com estes grupos durante a pesquisa, bem como outras experiências enquanto antropólogo no campo. De acordo com este universo sexual, são principalmente as próprias personagens que definem o quê, o qual, e quanto comprar, independendo do poder aquisitivo das pessoas que estão por trás da (personagem ou identidade) sexual. Cabe salientar que o “luxo”, neste contexto, implica entrar numa lógica que poder-se-ia denominar segundo FOUCAULT (1998), de ‘consumo do poder’. Tal qual se refere (DELEUZE, GUATTARI, 1995), Já não nos contentamos em nos perceber enquanto identidades fixas, como pessoas únicas, racionais, definidas, com um só nome e rosto para o resto da vida. Talvez seja mais confortável falar nas subjetividades mutantes e flexíveis, em movimento contínuo, constituindo-se e referindo-se a cada passo, promovendo novas possibilidades de existências. Portanto, essas redes sociotécnicas que estão presentes na dinâmica do consumo que minhas preocupações fazem foco. Palavras-chave: Feira. Identidades. Poder.

MÍDIAS E APROPRIAÇÕES NA COMUNIDADE CEARAZINHO

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Rafaella Contente Pereira da COSTA (Bolsista Capes PPGLS-UFPA) [email protected]

earazinho é uma pequena comunidade localizada às margens de uma Rodovia no município de Bragança, Pará que dispõe de um convívio com o

rádio e a televisão há vinte anos e que inicia a relação com a internet. Trata-se de veículos que se tornaram centrais na difusão das informações que associadas à tradição oral ordenam um universo próprio de valores. Este estudo direciona-se para a análise do consumo das mídias rádio, televisão e internet na comunidade a partir dos aspectos do consumo de bens culturais presentes nas relações sociais dos sujeitos que refletem nas representações de identidade. Desta forma pretende-se evidenciar o papel dos meios de comunicação nos indivíduos e por extensão, nas estruturas sociais. O artigo recorre a rudimentos das teorias da comunicação de massa e indústria cultural de Adorno e Horkheimer, observações e coleta de narrativas que possibilitaram a compreensão da incorporação midiática. A reflexão sobre conceitos, por vezes rígidos e que serviam de base para concepções acerca da influência da indústria cultural na vida de moradores rurais são sugeridos a partir das ideias discutidas no presente estudo, colaborando para novas percepções dos usos sociais feitos do consumo das comunicações de massa. O estudo permitiu a compreensão de que estão presentes na comunidade marcas da tradição local e fluxos simbólicos de alcance global que são incorporadas por meio das mídias. Palavras-chave: Consumo. Cotidiano. Indústria cultural. Comunicação de massa.

A RELAÇÃO ENTRE O SAGRADO E O PROFANO COMO FORTALECIMENTO DA CULTURA AFRO NA FESTIVIDADE DE SÃO BRAZ, NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO JACAREQUARA, EM

SANTA LUZIA DO PARÁ Antonio Edson FARIAS (UFPA) [email protected]

pesquisa levará em consideração a representação cultural, a qual é defendida por autores como Peter Burke, Marc Bloch, Eric Hobsbawn, entre

outros. A mesma festividade não restringe nosso foco apenas à Festividade, mas às diversas facetas da mesma, a saber: a matança, a mordomagem, a comilança, a procissão, a ladainha em latim e a festa. A festividade se inicia pela MATANÇA, que é o ato de abater os animais, feito, geralmente, pelos homens, que serão servidos na COMILANÇA. A MATANÇA começa na madrugada que antecede a

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Festividade e vai manhã adentro, quando as mulheres assumem o preparo dos pratos que serão servidos no jantar, após a ladainha de São Braz. A MORDOMAGEM são os membros da Festividade, que logo após a ladainha podem ser escolhidos para serem JUÍZES ou PRESIDENTE da Festividade do ano seguinte. A PROCISSÃO E A LADAINHA são o auge religioso da Festividade e dá-se no horário das 06 da tarde, logo após a ladainha é feito o sorteio entre os MORDOMOS para a escolha do próximo Presidente, que ficará a frente dos preparos da Festividade para o ano seguinte. A COMILANÇA é o jantar que é servido indiscriminadamente a todos os presentes, encerrando assim a parte religiosa da festividade. Palavras-chave: Festividade. Religiosidade. Quilombola. Memória. DO CABARÉ AO BAR: PROSTITUIÇÃO E ALCOOLISMO EM BELÉM 1930

À 1950 Amilcar de Souza Martins SOBRINHO (PPGLS-UFPA) [email protected] Profa. Dra. Roberta Alexandrina da Silva (Orientadora)

o Pará nas décadas de 30 e 40, a prostituição e o consumo de bebidas eram tratados como um dilema social que deveria ser controlado por diversos

setores da sociedade belemita como médicos, juízes e autoridades policiais com intento de promover o saneamento do organismo social paraense. Os espaços da cidade de Belém como bairros, praças, bares, botequins e pensões sofreram inúmeras fiscalizações do governo na tentativa de higienizar o comportamento das camadas populares. Fazendo o uso do pensamento focaultiano, a cidade estava doente e precisava ser tratada, sendo a bebida e a prostituição as bactérias fomentadoras dessa enfermidade, dái a necessidade de extirpar certas práticas sociais com uma educação eugênica ou através do aparelho policial. A cidade de Belém manteve os traços de uma sociedade reacionária, conservadora, patriarcalista, na medida em que procurava controlar os excessos de conduta de uma parcela da população, interferindo nos comportamentos, lazeres e sentimentos. Para melhor entender o cotidiano das prostituas e bebedores usaremos como ferramentas de análise os processos – crimes (tentativa de homicídio e lesão corporal) e as notas policiais dos jornais Folha do Norte e Vanguarda, uma vez que produziram discursos e mecanismos de combate a essas práticas.

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COMUNICAÇÕES 07 de dezembro

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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 6 14:00 – 16:00 Sala 4 – Bloco II Sala do Mestrado PPGLS

Estudos lexicológicos e terminológicos Coordenação: Raimunda Benedita Cristina Caldas (UFPA)

Horário Título Autoria

14:00 A antroponímia Tembé e Ka’apor: uma abordagem cognitiva dos diferentes modos de nomear

Raimunda Benedita Cristina Caldas (UFPA) e Tabita Fernandes da Silva (UFPA)

14:15 Saberes que curam: uma incursão sobre a tradução dos nomes de plantas na região bragantina

Márcia Saviczki Pinho (UFPA)

14:30 Estudo lexical de plantas ornamentais em Capanema-PA: uma incursão nos saberes locais

Suely Cunha de Souza (UFPA)

14:45 A presença Tupí-Guaraní no léxico empregado na comunidade de Cariambá, no município de Bragança

Eliene Rosa Chaves (UFPA)

15:00 A influência Tupi nas denominações populares da botânica bragantina

Elivelton Silva Reis (UFPA)

15:15 Cultura, terminologia e o termo línguas indígenas

Michelly Silva Machado (PPGLS-UFPA)

15:30 Amazônia cinza: o termo cinza sob uma abordagem terminológica

Myrcéia Carolyne Guimarães da Costa (PPGLS-UFPA)

15:45 Bases para a elaboração do Atlas Etnolinguístico Quilombola do Pará

Marcelo Pires Dias (PPGL-UFPA)

A ANTROPONÍMIA TEMBÉ E KA’APOR: UMA ABORDAGEM

COGNITIVA DOS DIFERENTES MODOS DE NOMEAR Raimunda Benedita Cristina CALDAS (UFPA) [email protected] Tabita Fernandes da SILVA (UFPA) [email protected]

presente trabalho resulta de investigações em andamento sobre a antroponímia de duas línguas do tronco Tupí: o Tembé e o Ka’apór,

pertencentes aos sub-ramos IV e VIII da família Tupí-Guaraní, respectivamente

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(RODRIGUES, 1985/1986). O estudo, por um lado, mostra as estratégias adotadas pelos indivíduos dessas culturas no processo de nomeação de pessoas, bem como as motivações antroponímicas que governam tal processo. Por outro lado, o estudo também aborda como se dá a escolha de antropônimos da cultura não indígena adotados por índios dessas duas etnias como uma espécie de segundo nome ou mesmo como primeiro nome, bem como verifica quais as motivações dessa segunda antroponímia e se há correspondência entre as motivações que regem a escolha do nome indígena e a motivação da escolha ou adoção do nome em língua portuguesa. As línguas em estudo encontram-se em diferentes graus de bilinguismo, o que torna bastante viável a presente investigação. Na abordagem feita a respeito dos nomes próprios nas línguas referidas consideramos aspectos de referenciação relacionados à apresentação metafórica e metonímica no que respeita à visão de mundo desses falantes no momento de nomear alguém. O estudo enquadra-se no campo da Onomástica uma vez que trata do referencial individual do nome indígena que passa a ser antropônimo mas continua disponível no uso comum para a nomeação de elementos da natureza e eventos do cotidiano e porque trata, também, dos nomes apreendidos do português na relação de contato. Vale-se, ainda, da Linguística Cognitiva ao privilegiar aspectos de análise de referência e de nomeação dentro de uma concepção lingüística que leve em conta o referencial cognitivo desses usuários frente ao convívio com os modos diferentes de nomear. O suporte teórico para o tratamento dado ao estudo dos antropônimos segue os estudos semânticos e lexicais, conforme tratados por Lakoff (1987), Silva (1992), Shopen (1985) e Goossens (1990). Palavras-chave: Tembé. Ka’apór. Antropônimos. Linguística Cognitiva. Referência e nomeação.

SABERES QUE CURAM: UMA INCURSÃO SOBRE A TRADUÇÃO DOS NOMES DE PLANTAS NA REGIÃO BRAGANTINA

Márcia Saviczki PINHO (UFPA) [email protected]

presente trabalho tem como objetivo ampliar possibilidades de traduzir conhecimentos tradicionais, em relação ao poder de cura por meio do

estudo dos termos específicos das plantas medicinais nos falares populares da região Bragantina (PA). Possui como espaço geográfico para levantamento dos dados a serem analisados a Vila-que-Era, em Bragança-PA que, por ser considerada o berço desta cidade, possibilita-nos compreender de que modo são intercambiados os conhecimentos tradicionais imbricados no léxico específico

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das plantas medicinais na região bragantina (PA), tanto em relação ao poder de cura, como de sua identificação e transmissão pelos moradores, já que a mesma preserva a prática do cultivo e uso de tais vegetais, observado em prévia investigação. A análise e o registro deste saber adotam como fundamentação teórica e prática o enfoque da Terminologia e da Tradução (KRIEGER & FINATTO, 2004), bem como o enfoque antropológico (GEERTZ, 1997) no sentido de compreender o significado na construção do conceito de um dado termo, nas peculiaridades das características culturais da região bragantina. O levantamento dos dados efetiva-se nas visitas aos quintais das famílias que cultivam as plantas medicinais, selecionadas previamente e outras descobertas no percurso da pesquisa, utilizando como método de pesquisa a observação direta intensiva, por meio da técnica de dois tipos de entrevista: a padronizada ou estruturada. O primeiro modelo traça o perfil do entrevistado e levanta dados etnobotânicos e o outro investiga sobre o conhecimento popular em relação à prática de cura por meio das plantas medicinais, além de identificar no trabalho as estratégias de transmissão destes conhecimentos, dando enfoque à subclassificação de entrevista não dirigida. São utilizadas como ferramentas de suporte equipamentos de audiovisual para registro e coleta de dados. Os conhecimentos aqui levantados, registrados e analisados serão armazenados em um banco de dados para consubstanciar a construção de novos conhecimentos científicos sobre a região Bragantina (PA), especialmente no que diz respeito aos conhecimentos tradicionais imbricados na formação de seus léxicos especializados, a fim de desvendar fontes de práticas populares que envolvem saberes nessa região. Palavras-chave: Plantas medicinais. Conhecimentos tradicionais. Terminologia. Vila-que-Era.

ESTUDO LEXICAL DE PLANTAS ORNAMENTAIS EM CAPANEMA-PA: UMA INCURSÃO NOS SABERES LOCAIS

Suely Cunha de SOUZA (UFPA) [email protected]

presente trabalho faz um estudo lexical dos nomes de plantas ornamentais em Capanema-PA a fim de evidenciar relações culturais que envolvem os

saberes locais e o modo utilizado para a nomeação desses artefatos culturais no cultivo de plantas ornamentais. A pesquisa registra a forma lexical empregada por moradores de dois bairros periféricos São José e São João Batista, especialmente na nomeação das espécies exóticas cultivadas. Assentada em pressupostos da Socioterminologia e no saber tradicional, a investigação parte do levantamento bibliográfico, por fontes que situam conhecimentos sobre

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Terminologia e é implementada pela elaboração e confecção de fichas terminográficas, adequadas ao registro de plantas ornamentais. Dessa forma, com o auxílio da Biologia e da Terminologia foi possível investigar espécies encontradas e as nomeações que receberam da comunidade local. Nesse aspecto, a variedade das espécies de plantas que se desenvolvem na região do Caeté pode promover uma diversidade lexical que possibilite ocorrências de variação entre termos de mesma natureza (FAULSTICH, 2006: 30). A coleta de dados apresenta amostras do léxico para verificação da possibilidade de variação entre os bairros investigados, o que possibilita a detecção da existência de termos concorrentes, bem como na observação da nomeação dos termos por intermédio da denominação motivada. O aporte da Linguística Cognitiva e da Lexicologia considera a carga semântica e observa o universo referencial dos informantes, tornando as nomeações como repletas de conceitos e representações para determinado indivíduo ou comunidade (KRIEGER; FINATTO, 2004). Palavras-chave: Saber local, Capanema, Terminologia, plantas ornamentais.

A PRESENÇA TUPÍ-GUARANÍ NO LÉXICO EMPREGADO NA COMUNIDADE DE CARIAMBÁ, NO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA

Eliene Rosa CHAVES (Bolsista PIBIC/Interior-UFPA) [email protected] Profa. Dra. Tabita Fernandes da Silva (Orientadora) [email protected]

presente estudo contribui para o conhecimento do léxico da região bragantina, especificamente na comunidade de Cariambá, pertencente ao

município de Bragança conhecida como à região do Caeté. Resulta de uma pesquisa levada a efeito no projeto a Itinerância do léxico na região do Caeté no Campus Universitário de Bragança, estado do Pará. Este estudo apresenta levantamento do léxico referente à fauna e a flora, respectivamente de especialidade da caça, da pesca, das plantas medicinais e da produção da farinha na comunidade de Cariambá, e verifica a influência Tupí na constituição desse léxico. A presença de povos Tupí nas origens de Cariambá é frequentemente mencionada por moradores mais idosos, os quais justificam essa reminiscência indígena, usando como evidência, principalmente, o biotipo dos moradores, o uso de certas palavras e as histórias contadas pelos mais velhos sobre a presença indígena no lugar. Embora sejam recorrentes esses testemunhos, ainda são lacunares estudos científicos que reúnam evidências dessa presença indígena na comunidade de Cariambá. Considerando tal lacuna, este estudo reúne evidências

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da influência Tupí no léxico da fauna e da flora empregado na comunidade de Cariambá, tomando como parâmetro obras lexicográficas e descrições linguísticas disponíveis sobre o Tupí e outras línguas da família Tupí-guarani tais como as de Anchieta (1595), Figueira (1880), Veríssimo (1887) e Bueno (1986), entre outras. O estudo vincula-se aos princípios teóricos da Lingüística do Contato, da Socioterminologia e da Lexicologia. Os resultados da pesquisa revelam a presença de elementos do Tupí que ainda são conservados no léxico coletado referente a fauna e a flora. Tal evidência constitui um importante indicador do entrecruzamento entre povos distintos na região onde se encontra o atual município de Bragança. Palavras-chave: Contato linguístico. Influência Tupí. Léxico. Fauna e flora.

A INFLUÊNCIA TUPI NAS DENOMINAÇÕES POPULARES DA BOTÂNICA BRAGANTINA

Elivelton Silva REIS (UFPA) [email protected]

presente trabalho é resultado de pesquisa do projeto A itinerância do léxico da região do Caeté, desenvolvido no campus universitário de Bragança e

consistiu num estudo das denominações populares da botânica ornamental bragantina. Para isso procedeu a um levantamento das denominações populares dessa botânica, bem como a uma análise dessas denominações a fim de elucidar a influência do Tupi na constituição desse léxico popular específico. A pesquisa de campo foi desenvolvida em jardins particulares localizados na sede do município de Bragança. O interesse nesse tipo de investigação justifica-se pelo fato de o município ter sido palco de confluência de grupos étnicos distintos como os povos de origem Tupi em constantes passagens pela região e os povos africanos, os quais ainda contam com remanescentes na região. Considerando tal contexto, este trabalho investiga a contribuição específica deixada pelos povos de origem Tupi no léxico da botânica bragantina, trazendo, assim, contribuições adicionais a estudos já realizados sobre a influência do Tupi em outros campos de especialidade como a toponímia e as espécies de peixes da região bragantina. O estudo está vinculado aos princípios da Lexicologia, da Socioterminologia e da Linguística do Contato, partindo do pressuposto de que as línguas são heterogêneas, dinâmicas e que as variações e mudanças pelas quais passam podem ter origem no contato interétnico, entre outras razões. Palavras-chave: botânica ornamental bragantina, léxico, influência Tupi

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CULTURA, TERMINOLOGIA E O TERMO LÍNGUAS INDÍGENAS

Michelly Silva MACHADO (PPGLS-UFPA) [email protected]

Brasil é o país onde se encontra uma grande diversidade linguística e cultural. No quadro geral das línguas indígenas sul-americanas, as línguas

indígenas brasileiras significam um fator importante para a cultura e a história do povo brasileiro. As línguas indígenas têm sido campo de grandes pesquisas, e vários estudos têm concentrado suas atenções para importância da cultura em estudos linguísticos. No presente trabalho observaremos que o conceito de “língua indígena” não pode ser observado sem levar em consideração sua utilização e acepções ao longo dos tempos, fazendo parte da cultura e a formação do Brasil. Nessa compreensão, amparado por um embasamento voltado para terminologia, busca-se conhecer as especificidades do termo “língua indígena”, que pertence ao ramo de especialidade da linguística e está relacionado aos saberes das sociedades tradicionais. Deste modo, sua significação começou a ser utilizada por volta do século XVI, empregado inicialmente para designar a língua do nativo frente às línguas do “homem branco”, decorrendo de influências contextuais e histórias até chegar aos tempos atuais. Assim, o propósito da pesquisa volta-se para o levantamento investigativo da maior quantidade de acepções sobre o termo, desvelando um estudo que contribui para pesquisas de quem se dedica ao estudo das línguas tradicionais e seus processos de diversificação. Palavras-chave: terminologia, termo, línguas indígenas e cultura.

AMAZÔNIA CINZA: O TERMO CINZA SOB UMA ABORDAGEM TERMINOLÓGICA

Myrcéia Carolyne Guimarães da COSTA (PPGLS-UFPA) [email protected]

ste trabalho propõe uma investigação acerca da palavra cinza sob o aspecto terminológico, palavra inserida em um projeto de pesquisa intitulado

Amazônia Cinza: as narrativas orais do mito do Ataíde e da Curupira nas entranhas dos manguezais bragantinos, que objetiva pesquisar mitos da parte amazônica litorânea onde está localizada uma imensa área de manguezais. Em razão à coloração acinzentada do solo lodoso dos manguezais e em contraste à cor verde das grandes florestas amazônicas é que se escolheu esta palavra que alcança estatuto de termo por se configurar, neste contexto, com uma dimensão

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especializada. Para isso, é importante estabelecer a distinção entre palavra e termo. Para a Terminologia, esta distinção está no campo do plano de conteúdo, no qual a palavra encontra-se na ordem dos significados e o termo na ordem dos conceitos. Deve-se, portanto, considerar os aspectos comunicativos, em que, para se configurar como termo, a palavra precisa estar inserida em um contexto e situação determinados. A pesquisa sobre o item lexical cinza apresentou uma vasta apreciação sobre os seus significados e possibilitou depreender que esta palavra, dependendo do seu sentido, tem origem diferente e que possui uma grande carga de simbologia. Neste estudo a palavra não indica apenas a cor, vai além disso. Cumpre destacar que o novo significado ocorreu por aproximação à significação denotativa da palavra – a tonalidade acinzentada do solo dos manguezais – e também em oposição a outra cor – o verde – que fortemente caracteriza a região amazônica. Portanto, o termo cinza assume uma natureza especializada neste contexto em razão de abranger todas as características de manguezal, quando se refere à Amazônia Cinza, o termo carrega em si as características como região úmida, salgada, lodosa, rica em nutrientes, com longas raízes e por abrigar uma grande biodiversidade de animais e vegetais. Diante disso, a palavra cinza não se confunde com o termo cinza. Palavras-chave: Cinza. Amazônia. Manguezal. Termo.

BASES PARA A ELABORAÇÃO DO ATLAS ETNOLINGUÍSTICO QUILOMBOLA DO PARÁ

Marcelo Pires DIAS (PPGL-UFPA) [email protected]

presente trabalho tem como objetivo apresentar as bases para a elaboração do atlas etnolinguístico quilombola do Pará. A elaboração do atlas

propiciará o conhecimento da modalidade do português falado nas comunidades quilombolas tituladas do Estado do Pará, através do léxico, além da constituição de um banco de dados sistematizado para outras pesquisas de cunho dialetológico. A pesquisa se justifica pela necessidade de investigação dos vestígios das línguas de matriz africana que sobreviveram no léxico e mensurar a difusão do mesmo nas comunidades remanescentes de quilombo, que no Pará totalizam 5.529 famílias distribuídas em 133 comunidades com terras tituladas ou em processo de titulação, o que coloca o Pará como o Estado com a maior população remanescente de quilombos do Brasil em número de terras tituladas, ao lado do Maranhão e Bahia, de acordo com dados da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial SEPPIR (2004). Para a criação do Atlas Etnolinguístico partimos da adaptação do Questionário Semântico-Lexical

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pertencente ao Atlas Linguístico do Brasil - AliB (2001), de modo a torná-lo temático e aplicável às comunidades quilombolas. As comunidades escolhidas estão situadas nas regiões Guajarina, Marajó, Bragantina, Gurupi, Tocantina, Baixo Amazonas e Trombetas. Para o desenvolvimento da pesquisa utilizaremos os pressupostos teóricos da dialetologia pluridimensional, que para Thun (1998) consiste numa geolinguistica ampliada que busca relacionar variantes/variedades e falantes, de modo a ampliar a variação ao espaço tridimensional, o que justifica a construção de atlas dessa natureza. Atualmente a pesquisa encontra-se em fase de levantamento bibliográfico e etnográfico, adaptação do questionário semântico lexical do AliB, visita às comunidades pesquisadas e aplicação do questionário piloto. Palavras-chave: Etnolinguística. Quilombolas. Dialetologia. Léxico.

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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 7 14:00 – 16:00 Sala 4 – Bloco I

Estudos literários e suas vertentes II Coordenação: Joel Cardoso (ICA-UFPA)

Horário Título Autoria

14:00 Os haicais de Rodrigo Barata: familiaridade e estranhamento, irreverência e ironia, intertextualidade e lirismo na criação poética

Joel Cardoso (ICA-UFPA)

14:15 Rastros silenciosos: conceito em construção Larissa Fontinele de Alencar (PPGLS-UFPA)

14:30 Versos modernos... A paisagem amazônica no imaginário poético de Adalcinda Camarão

Iris de Fátima Lima Barbosa (UFPA)

14:45 Oralidade, imaginário e memória em “Quarto de Hora” de Maria Lúcia Medeiros

Aline de Fátima da Silva Lucena (PPGLS-UFPA)

15:00 Dalcídio Jurandir e a imagem: ecos de Dalcídio Jurandir

André LuisValadares de Aquino (PPGLS-UFPA)

15:15

A identidade cultural amazônica na literatura de Salomão Larêdo, dentre as águas de “Maraílhas”: leitura do conto a Ilha do Cupelobo ou O Enterro do Apostemado

Glayce de Fátima Fernandes da Silva (UFPA)

15:30 Trilhos da memória: análise dos contos Crônicas de minha passagem e Casa que já foste minha de Maria Lúcia Medeiros

Euciany Nascimento Costa (UFPA) e Mayra Patrícia Corrêa Tavares (UFPA)

15:45

Narrativas míticas e didatização: a presença na matéria na cronística de Pero de Magalhães Gândavo e nas narrativas orais de Cariambá- Bragança

Pâmela Paula Souza Neri (UFPA)

OS HAICAIS DE RODRIGO BARATA: FAMILIARIDADE E

ESTRANHAMENTO, IRREVERÊNCIA E IRONIA, INTERTEXTUALIDADE E LIRISMO NA CRIAÇÃO POÉTICA

Joel Cardoso (ICA-UFPA) [email protected]

ptar por se expressar através de haicais, texto poético radicalmente sucinto e formatado, é se submeter voluntariamente aos ditames de uma modalidade textual pré-concebida. Compor haicais é se entregar à

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ludicidade da linguagem, mas, sobretudo, se submeter às regras de um jogo poético, cuja arquitetura faz com que linguagem se amolde à exiguidade e exigências do formato proposto. Senhor do verbo, do inusitado, da imprevisibilidade, Rodrigo Barata, criativo poeta paraense, em Cinco Estações, a mais recente obra do autor, mostra-se um artífice requintado, e, embora muito jovem, já está artística e estilisticamente maduro. Poeta por excelência, está esteticamente pronto e apresenta uma trajetória toda sua e muito bem delineada. Tem pleno domínio de sua arte, como, aliás, convém a quem se deixa aprisionar pelo fascínio do haicai, uma modalidade textual e poética cheia de armadilhas. Ao brincar com as palavras, com os temas, o poeta, extrapolando as prisões bairristas e regionais, tira dos temas trabalhados o ranço pernicioso do cotidiano para, num processo em que familiaridade e estranhamento se imbricam, em vôos libertários da imaginação, dando voz à perplexidade, questionando por vezes o inquestionável, lançar o verbo em novos contextos sintáticos e semânticos, inventando – e, também, desinventando - a vida, a realidade, a percepção do mundo. Palavras-chave: Rodrigo Barata. Haicai. Poesia.

RASTROS SILENCIOSOS: CONCEITO EM CONSTRUÇÃO Larissa Fontinele de ALENCAR (PPGLS-UFPA) [email protected] Profa. Dra. Tânia Maria Pereira Sarmento-Pantoja (Orientadora) [email protected]

finalidade deste trabalho é fazer algumas ponderações sobre o conceito de rastro, nas vias do esquecimento e do silêncio, levando em consideração a

historiografia e a Literatura, à luz de teóricos da memória, principalmente daqueles que poderão responder aos ecos do silêncio e as lacunas do esquecimento, como Ricouer (2007), Gagnebin (2006) e Assman (2011) com suas contribuições que revelam rastros silenciosos que permeiam aspectos históricos, culturais e literários. Como exemplo de possibilidade de leitura, observo a manifestação cultural da Marujada de São Benedito em Bragança-Pará, principalmente, ressaltando os detalhes culturais que a compõem, como o rastro silencioso de resistência dos afrodescendentes, escravos que fundaram a Irmandade do Glorioso São Benedito. Assim como, observo a transposição dos códigos culturais para as narrativas ficcionais, principalmente a obra de Lindanor Celina, Menina que vem de Itaiara, que narra as memórias pueris da protagonista Irene, narradora que traz à tona rastros, que são como partes de um

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mosaico cultural que caledoscopicamente reflete no texto literário. Ressalto que o texto literário é permeado de pequenas narrativas, tal qual lembranças que vem aos pedaços, dentre estas recordações utilizarei o excerto que trata sobre a Marujada de São Benedito. Desta forma, observo o universo memorialístico da ficção, buscando aspectos que integram ao mundo exterior ao texto ficcional, principalmente os que poderão clarear os rastros silenciosos. Palavras-chave: Memória. Rastro. Esquecimento. Silêncio.

VERSOS MODERNOS... A PAISAGEM AMAZÔNICA NO IMAGINÁRIO POÉTICO DE ADALCINDA CAMARÃO

Iris de Fátima Lima BARBOSA (Mestre em Letras-UFPA) [email protected] Prof. Dr. José Guilherme Fernandes (Orientador) [email protected]

ste estudo propõe a análise temática de alguns poemas da poeta paraense Adalcinda Magno Camarão Luxardo (1915-2005), levando em consideração

os aspectos do imaginário e os elementos, imagens, símbolos e espaço, inseridos e refletidos em suas produções poéticas. A escritora nasceu na cidade de Muaná, na Ilha do Marajó-Pa, e se inseriu no cenário cultural literário paraense como uma das poucas mulheres que militaram no universo da arte durante este período, quando ainda normalista, passou a fazer parte dos grupos de estudantes que lutavam em frentes literárias. Importante é dizer que a autora contribuiu com revistas literárias que circulavam na sociedade belemense na primeira metade do século XX – Guajarina, A Semana e Amazônia –, que ajudaram a difundir sua habilidade poética, além de escrever para os jornais O diário e A Província, o que demonstra sua inserção e importância na cena literária daquele momento, nos auspícios da constituição de um movimento literário local. Portanto, esta pesquisa encontra-se voltada para a análise dos poemas de Adalcinda que deixam transparecer as relações de imaginário, imagens, símbolos e espaço, procurando fazer analogias com autores como: Gilbert Durand (1997), François Laplantine e Liana Trindade (1997), em um panorama com base antropológica; Gaston Bachelard (2008), com suas considerações sobre o espaço poético; e Milton Santos (2006), no que se refere à ideia de paisagem, situando ainda as visões fenomenológicas acerca desses temas através de Sartre (1996). Palavras-chave: Adalcinda Camarão. Poesia. Paisagem Amazônica.

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ORALIDADE, IMAGINÁRIO E MEMÓRIA EM “QUARTO DE HORA” DE MARIA LÚCIA MEDEIROS

Aline de Fátima da Silva LUCENA (PPGLS-UFPA) [email protected] Prof. Dr. Ipojucan Dias Campos (Orientador) [email protected]

ste trabalho tem como objeto de estudo a obra “Quarto de Hora” da escritora bragantina Maria Lúcia Medeiros, a pesquisa objetiva promover uma análise

sobre os espaços criados pela memória, oralidade na escritura literária de “Quarto de Hora”. Por meio de uma metodologia de caráter qualitativo-interpretativista, buscam-se relações interdiscursivas e, para tal, parte-se de rastros de memória discursiva, ao nível do discurso temos a fusão de duas enunciações (o Eu que lembra e o Eu que narra). Pelas veredas da memória, a narrativa abordada preserva um cenário ficcional veiculado pelo ato de narrar e contar histórias que emaranham da imaginação de seus narradores por meio da tradição oral, transmitida de geração a geração. Esta investigação segue o percurso da própria narrativa, visto que cada dado lembrado pela narradora-protagonista representa um elemento que ergue-se numa tentativa de configurar-se como imagem poética. O estudo será embasado nas teorias de Paul Zumthor, Paul Ricoeur, Ecléa Bosi, dentre outros. Pretende-se ao término da pesquisa identificar os principais traços das poéticas da oralidade ligados aos aspectos mnemônicos existentes na obra de Maria Lúcia Medeiros, promovendo uma análise das poéticas que permeiam o imaginário amazônico. Assim, busca-se destacar como a memória pode ser considerada um local de ficção e como a ficção é detentora de aspectos que a levam a ser considerada um importante trato memorial, histórico e cultural de um povo. Em “Quarto de Hora” as águas margeiam o universo mítico do imaginário local. Imaginário urdido pela memória, traço peculiar a uma cultura que foi erguida por sobre a oralidade. Encontramos relatos típicos de uma literatura que tem como base a (re) construção do passado, com imagens que volteiam por sobre a (trans)temporalidade da memória, retomando cenas, pedaços de lembranças perdidas que flutuam e somam-se formando o “eu” da personagem. Palavras-chave: Memória. Oralidade. Quarto de Hora

DALCÍDIO JURANDIR E A IMAGEM: ECOS DE DALCÍDIO JURANDIR

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André LuisValadares de AQUINO (Mestre em Linguagens e Saberes na Amazônia-UFPA) [email protected]

rabalho pela pluralidade do texto de Dalcídio Jurandir, Chove nos Campos de Cachoeira (1941). O trabalho é uma prática semiológica, principalmente com

R. B. par lui-même (1975) de Roland Barthes, a sua teoria do texto plural. Assim, persigo a teoria do texto de Dalcídio Jurandir, a que é a sua própria, a que nasce da sua própria prática significante, Dalcídio Jurandir por Dalcídio Jurandir. Nesse caso, Dalcídio Jurandir das paisagens do arquipélago do Marajó. Tudo em função da abertura dos sentidos do seu texto. O texto de Dalcídio Jurandir contradiz todo empreendimento ledor que o submete à determinação referencial e ao fechamento dos seus sentidos. O texto de Dalcídio Jurandir está sempre para ganhar novos campos de experiência. O texto de Dalcídio Jurandir solicita que se continue a escrevê-lo. Palavras-chave: Dalcídio Jurandir, Prática Semiológica, Experiência, Paisagens.

A IDENTIDADE CULTURAL AMAZÔNICA NA LITERATURA DE SALOMÃO LARÊDO, DENTRE AS ÁGUAS DE “MARAÍLHAS”: LEITURA DO CONTO A ILHA DO CUPELOBO OU O ENTERRO DO APOSTEMADO

Glayce de Fátima Fernandes da SILVA (UFPA) [email protected] Larissa Fontinele de Alencar (Orientadora) [email protected]

ste trabalho aborda a temática da identidade cultural amazônica permeada na Literatura, e definiu como objeto de estudo a identidade cultural

amazônica na literatura do escritor paraense Salomão Larêdo. Assim, buscou-se compreender como a identidade cultural amazônica se insere na Literatura Amazônica do escritor paraense Salomão Larêdo? A partir desse questionamento, definiu-se o objetivo geral da pesquisa: identificar e analisar como a identidade cultural amazônica se apresenta na literatura do escritor Salomão Larêdo, através de uma leitura interpretativa do conto “A Ilha do Cupelobo ou O Enterro do Apostemado”. Em vista desse objetivo, definiu-se os objetivos específicos: interpretar e caracterizar o conto “A Ilha do Cupelobo ou o Enterro do Apostemado” no contexto da obra “Maraílhas”; detectar e analisar os elementos concernentes à identidade cultural amazônica que se apresentam no conto eleito para estudo; e caracterizar o conto como narrativa fantástica,

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considerando seu teor fantástico-maravilhoso. Esta pesquisa desdobrou-se a partir da abordagem qualitativa, e foi desenvolvida com base em fontes bibliográficas. Assim, este estudo foi embasado a partir de referenciais teóricos referentes à Literatura Brasileira de manifesto amazônico, às identidades culturais amazônicas nas entrelinhas da Literatura Amazônica, teorizações sobre a Literatura Fantástica, além de estudos biográficos e bibliográficos do escritor paraense Salomão Larêdo. Após análise e interpretação do conto estudado, organizou-se os elementos de análise apresentados no corpus do trabalho, como: Dentre águas: “Maraílhas”, em que se deu a interpretação e caracterização do conto, no contexto da obra “Maraílhas”; Nos leitos da “Ilha do Cupelobo”, onde detectou-se e analisou-se elementos da identidade cultural amazônica presentes no conto; e Um passeio pelo Fantástico conto “A Ilha do Cupelobo”, em que se deu a caracterização do conto como narrativa fantástica. Dessa forma, os estudos distendidos sobre o conto permitiram identificar que a identidade cultural amazônica está presente na narrativa em diversos aspectos, como: nas personagens, que representam o tipo humano típico das populações ribeirinhas amazônicas; na natureza, que representa o espaço físico amazônico banhado por águas, além de outros elementos naturais; na linguagem das personagens, que reproduzem muito bem a fala coloquial do caboclo amazônida; e nas crenças e nos costumes da população amazônida, identificados, sobretudo, pela proximidade narrativa do conto às narrativas orais próprias do imaginário popular amazônico. Palavras-chave: Literatura Amazônica. Identidades Culturais. Conto. Salomão Larêdo. TRILHOS DA MEMÓRIA: ANÁLISE DOS CONTOS CRÔNICAS DE MINHA PASSAGEM E CASA QUE JÁ FOSTE MINHA DE MARIA LÚCIA MEDEIROS Euciany Nascimento COSTA (UFPA) [email protected] Mayra Patrícia Corrêa TAVARES (UFPA) [email protected] Larissa Fontinele de Alencar (Orientadora)

presente trabalho tem por objetivo o estudo da memória a partir dos contos “Crônicas de minha passagem” e “Casa que já foste minha” de Maria Lúcia

Medeiros, analisando como a autora transfere para a narradora-personagem os principais momentos de sua trajetória, o que confere aos seus contos um caráter

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autobiográfico, garantindo dessa forma não somente sua consagração como escritora, mas também se eternizando como pessoa. O conto “Crônica de minha passagem” trata de uma memória vivenciada na infância permeada de contextos que marcaram a meninice da narradora-personagem. Quanto ao conto “Casa que já foste minha”, expõem uma memória mais individual, com lembranças amadurecidas de um passado não tão distante. Para tanto, refletiremos acerca da memória, a partir dos teóricos Michael Pollak (1989), Eclea Bosi (2003), entre outros que nos possibilitam compreender esta faculdade inerente ao ser humano, buscando quais as suas implicações na vida do sujeito. Ressaltamos que somos constituídos por nossas vivências, isto é, nossas memórias, uma vez que esta é uma parte inseparável do nosso passado. É a partir dessas memórias que projetamos, refletimos, revisamos e efetuamos cada atitude em nossa vida. Desta forma, a memória nos permite não somente projetar e vivenciar experiências, como também permite deixar à posteridade ações, sentimentos e sensações vivenciadas em outro tempo, coletivamente ou individual. Palavras-chave: Memória. Maria Lúcia Medeiros. Passado. Autobiografia.

NARRATIVAS MÍTICAS E DIDATIZAÇÃO: A PRESENÇA NA MATÉRIA NA CRONÍSTICA DE PERO DE MAGALHÃES GÂNDAVO E NAS

NARRATIVAS ORAIS DE CARIAMBÁ- BRAGANÇA

Pâmela Paula Souza NERI (UFPA) [email protected] Prof. Me. Carlos Dias (Orientador) [email protected]

pesquisa aqui apresentada é fomentada a partir da produção do Trabalho de Conclusão que buscou destacar a presença de ecos medievais na

cronística de Pero de Magalhães Gândavo, entre elas a presença do bestiário medieval que possuía como principal objetivo a didatização por meio da descrição de animais disformes com costumes que se aproximavam dos vícios humanos. Essas descrições tanto nas várias edições do gênero medieval, como na cronística de Gândavo e outros cronistas, permitiam uma didatização pelo medo. Essa construção de cunho didático apresenta a estrutura do mito enquanto a produção de narrativas que explicam uma determinada realidade. De acordo com Mircea Eliade (1998), o pensamento de caráter mítico está fundamentado na forma como um povo pode explicar condições de construção da realidade. O mito define para essa comunidade desde a origem do mundo até simples regras de sobrevivência no cotidiano. A bem da verdade é perceptível nessas narrativas

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de seres monstruosos, uma didatização pelo medo, presente tanto na cultura indígena que possuíam narrativas como o monstro marinho no caso do referente cronista, assim como, as várias espécies de cobras descritas por ele. Essa aprendizagem muitas vezes era dada pela presença do medo, advinda do desconhecido e não explicado pelas vias naturais. Atualmente, sabemos que essas narrativas ainda se fazem presente no dia-dia, no entanto, a grande questão é se essas narrativas ainda possuem a mesma capacidade e caracterização apresentada até aqui nas comunidades que as mantém vivas mesmo frente às muitas mudanças. O lócus escolhido para a pesquisa é Cariambá, uma comunidade indígena que faz parte do município de Bragança. Tal comunidade, ainda possui uma forte influência da cultura indígena, incluindo um leque considerável de narrativas orais envolvendo uma forte influência do maravilhoso. Nossa intenção é investigar se assim como nas narrativas cronísticas que apresentam uma doutrinação pelo medo, esse teor do temor ainda se faz presente nas construções míticas dessa comunidade. Palavras-chave: Bestiário Medieval. Literatura dos viajantes. Mito e didatização. Medo.

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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 8 14:00 – 16:00 Sala de Videoconferência

Ensino-aprendizagem e suas abordagens II Coordenação: Ciléia Menezes (UFPA)

Horário Título Autoria

14:00 Ensino de língua inglesa: perspectivas discentes na formação profissional no IFAP - Campus Laranjal do Jarí

Ednaldo João das Chagas (UFRRJ)

14:15 Influências motivacionais e desmotivacionais na formação de professores de língua inglesa na Amazônia paraense

Marcus Alexandre Carvalho de Souza (UFPA)

14:30 Narrativas e novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem

Aldiléia Lopes de Morais (SEDUC)

14:45 Cultura digital e mediação cultural do professor em sala de aula: conectando sonhos e realidade num entrelugar de saberes

Teodomiro Pinto Sanches Neto (UNAMA)

15:00 Interação e aproveitamento de experiências: oficinas de leitura e produção textual de narrativas fantásticas

Lorram Tyson dos Santos Araújo (UFPA) e Luciana Vieira Pinheiro (UFPA)

15:15 História de vida de professores e suas implicações na prática pedagógica: um estudo na Vila do Treme em Bragança-Pará

Fabíola Aparecida Ferreira Damacena (PPGLS-UFPA)

15:30 As trilhas da memória: os saberes do rádio a partir da historia oral

Andreia Cruz COSTA (PPGLS/UFPA)

ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: PERSPECTIVAS DISCENTES NA

FORMAÇÃO PROFISSIONAL NO IFAP - CAMPUS LARANJAL DO JARÍ Ednaldo João das CHAGAS (UFRRJ) [email protected] Simone Batista da Silva (Orientadora) [email protected]

ste trabalho busca analisar a relevância atribuída à língua inglesa pelos estudantes iniciantes e concluintes do curso técnico em Informática do

Instituto Federal do Amapá - IFAP. Mais especificamente, busca-se conhecer e discutir a perspectiva dos discentes quanto à apropriação local dessa língua e sua relação efetiva com a formação profissional. Para tanto, adotou-se uma

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abordagem pós-crítica da linguagem (RAJAGOPALAN, 2008; COPE e KALANTZIS, 2006; JORDÃO, 2011), sob os parâmetros dos Novos Letramentos e dos Multiletramentos (NEW LONDON GROUP, 2006; OCEM, 2006; SILVA, 2012), traçando um paralelo entre o acesso à informática e o uso da língua inglesa como recursos de inclusão social no Brasil. A possibilidade de acesso à comunicação tem provocado transformações de forma muito rápida na sociedade, principalmente em se tratando do meio educacional. Essas mudanças podem proporcionar desafios até então desconhecidos, porque se contrapõem à concepção convencional historicamente construída, composta por práticas tradicionais que sistematizavam a aquisição de conhecimento de forma descontextualizada. Teóricos contemporâneos ligados às vertentes pós-críticas defendem o ensino-aprendizagem de línguas contextualizado e com vistas ao conhecimento plural, à garantia da equidade e à desconstrução dos discursos cristalizados, de forma que a educação formal, em seus diversos segmentos, colabore para a educação crítica dos estudantes. Balizado nesses pressupostos, o desenvolvimento deste trabalho se dá a partir de uma pesquisa descritiva, de cunho qualitativo, aplicada em três turmas do curso técnico em Informática, na modalidade subsequente (nível médio) do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Amapá – IFAP, campus Laranjal do Jarí. Esta pesquisa, ainda em andamento, está vinculada ao curso de pós-graduação em nível de mestrado (PPGEA – UFFRJ), e tem utilizado questionários e entrevistas, ambos semiestruturados, como instrumentos de coleta de dados. A partir de uma análise parcial dos dados é possível inferir que o domínio do inglês, segundo as perspectivas discentes locais, ainda está relacionado a propósitos mercadológicos sendo sinônimo de ascensão social, em detrimento às propostas pós-críticas contemporâneas. Palavras-chave: língua inglesa. Letramento crítico. Relação local-global.

INFLUÊNCIAS MOTIVACIONAIS E DESMOTIVACIONAIS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA NA AMAZÔNIA

PARAENSE

Marcus Alexandre Carvalho de SOUZA (UFPA) [email protected]

presente trabalho tem por objetivo apresentar os dados obtidos na pesquisa intitulada “A (des)motivação na aprendizagem em alunos do curso

extensivo e intensivo de licenciatura em Letras Língua Inglesa”, realizada no Campus de Bragança da Universidade Federal do Pará. O curso de Letras Língua Inglesa, além de formar professores, propõe-se a formar usuários competentes no

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uso da língua alvo. Sabe-se, no entanto, que a motivação é um fator importante no processo de aprendizagem, no que concerne ao alcance ou não de sucesso pelo aprendente (DÖRNYEI, 2001; USHIODA, 2008, DÖRNYEI; USHIODA, 2011), que a motivação para aprender uma língua estrangeira é diferente das que estão ligadas a outros tipos de aprendizagem (GARDNER, 2007; DÖRNYEI, 2005) e que a desmotivação ocorre em aprendentes outrora motivados (DORNYEI; USHIODA, 2011). O trabalho consiste primeiramente em uma apresentação teórica sobre os construtos motivação e desmotivação na aprendizagem de língua estrangeira, na qual serão explicitados conceitos e abordagens de estudo sobre a motivação e definições para a desmotivação. Em seguida, na seção dedicada à metodologia da pesquisa, serão apresentados os sujeitos, o contexto e os procedimentos utilizados para coletar e analisar os dados obtidos. Por fim, apresentamos os fatores motivacionais e desmotivacionais apresentados pelos alunos de ambas as turmas. Palavras-chave: Motivação. Desmotivação. Aprendizagem de Língua Inglesa. Formação de Professores.

NARRATIVAS E NOVAS TECNOLOGIAS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Aldiléia Lopes de MORAIS (SEDUC) [email protected] Profa. Me. Alessandra Fabrícia Conde da Silva (Orientadora) [email protected]

trabalho busca realizar um estudo sobre as narrativas e as novas tecnologias no processo ensino-aprendizagem. O interesse por essa temática

surgiu a partir do momento que comecei a ser voluntária no projeto Museu em (Re) vista. As tecnologias computacionais, por disporem de mecanismos diferenciados, são hoje excelentes ferramentas educacionais, apresentando de forma criativa e fascinante o mundo da leitura às crianças. Tornar-se um leitor, necessita primeiramente sair do pensamento mítico/público para o individual/privado, o que corresponde à passagem da cultura oral para a escrita. Por intermédio disso, utilizamos dois recursos tecnológicos, a saber, uma mídia que contém as narrativas orais bragantinas (realizadas pelo projeto IFINOPAP), do qual retiramos a narrativa oral, Maria Borracheira, uma versão amazônica do conto A Gata Borracheira de Charles Perrault e o software COMIC LIFE um programa que nos permite criar histórias em quadrinhos por meio de imagens e fotos digitalizadas de maneira extremamente fácil. A pesquisa busca construir

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metodologias pedagógicas em que as narrativas e as novas tecnologias sejam desenvolvidas de forma criativa, participativa, prazerosa e produtiva, de forma a contribuir na formação de leitores e produtores de texto. Para isso, utilizou-se a proposta metodológica construcionista que Seymour Papert elaborou embasado nos ideais de Jean Piaget, segundo o qual o conhecimento não é transferido, ele é construído progressivamente por meio de ações e coordenadas de ações, que são interiorizadas e se transformam. Dessa forma, fizemos uma representação da narrativa Maria Borracheira por meio do programa COMIC LIFE, utilizando os mecanismos que o programa disponibiliza, tais como imagens, fotos, desenhos e texto escrito, dando possibilidades para a criação de uma história em quadrinhos. Acredita-se que essas ferramentas tecnológicas, facilitam e contribuem demasiadamente no processo ensino-aprendizagem, pois sua manipulação e acesso não exigem um conhecimento específico na área, podendo as crianças utilizá-las sem nenhuma dificuldade. Ana Maria Machado (2001), Alice Viera (1989), Lajolo e Zilberman (1944) e Maria Elizabeth de Almeida (2002), Adriana Capellão (2007), Pierre Lévy (1999) e Valente (1993) foram os teóricos utilizados neste estudo. Palavras-chave: Literatura. Narrativas. Tecnologia Computacional. Ensino- aprendizagem. CULTURA DIGITAL E MEDIAÇÃO CULTURAL DO PROFESSOR EM SALA DE AULA: CONECTANDO SONHOS E REALIDADE NUM ENTRELUGAR

DE SABERES Teodomiro Pinto Sanches NETO (Programa de Pós-Graduação em Comunicação Linguagens e Cultura - Bolsista CAPES-UNAMA) [email protected] Profa. Dra. Analaura Corradi (Orientadora) [email protected]

ala-se a todo instante que se estar imersos na cultura digital acompanhado sempre de tecnologias de informação e comunicação - TIC, impactados social,

histórico, cultural e em todas as relações e contextos. Mas o que é cultura digital? O que significa mediação cultural para o professor que trabalha numa escola pública? Este artigo tem a finalidade demonstrar como ocorre esta relação nem sempre amistoso em sala de aula a cerca das novas tecnologias e a prática docente. Buscando responder tais questionamentos, discute-se a ação do professor frente ao dilema cultura digital x sonhos e realidade. As reflexões baseiam na teoria do dialogismo de Mikhail Bakhtin (2004) e nos estudos de

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Homi Bhabha (1994), Jesús Martin-Barbero (1997), e Paulo Freire (2003). Os resultados apontam para a necessidade de maiores discussões sobre a mediação cultural no ambiente escolar e melhor capacitação para a inovação das práticas pedagógicas dos professores, que ver o sonho projetar uma a realidade de uma escola plural, discursiva, com marca identitária, uma fronteira de conhecimento, de saberes e sabores. Palavras-chave: Cultura digital. Mediação cultural. Tecnologia da informação e comunicação. Entrelugar.

INTERAÇÃO E APROVEITAMENTO DE EXPERIÊNCIAS: OFICINAS DE LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL DE NARRATIVAS FANTÁSTICAS

Lorram Tyson dos Santos ARAÚJO (UFPA) [email protected] Luciana Vieira PINHEIRO (Bolsista PIBEX-UFPA) [email protected] José Sena da Silva Filho (Orientador) [email protected]

realização do presente trabalho partiu de resultados de uma experiência de estágio realizada na comunidade América do município de Bragança – PA,

parte avaliativa da disciplina de Estágio Supervisionado de Língua materna no Ensino Médio. Daí, desencadeou-se uma forma atípica de estágio, uma vez que o contexto não foi sala de aula com uma referida turma, mas sim, um grupo de alunos do ensino médio residentes da comunidade, os quais se mostraram interessados em participar de oficinas propostas. As oficinas realizadas giraram em torno de leitura e produção textual, com enfoque ao gênero narrativo. Segue-se, neste trabalho, orientação no âmbito da Linguística Aplicada Contemporânea, mestiça ou ideológica, fazendo um manuseio diferenciado com o ensino de Língua Portuguesa, mais voltado à interação, à vivência com a comunidade, à realidade social da mesma etc. Além disso, o referido trabalho aborda uma perspectiva de letramento que privilegia uma produção de narrativas fantásticas, procurando realizar uma forma de dialogar com o meio, a fim de que se faça melhor acontecer o ensino e mostrar seu real sentido. Seguindo tais caminhos, trata-se ainda de uma mistura de ensino de língua e arte, por meio de um trabalho de ensino do gênero narrativo e produção do mesmo – narrativas fantásticas –, com vistas a produções mais ‘elaboradas’ a ponto de serem encenadas pelos próprios alunos como uma forma de valorização dos trabalhos

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destes, além de uma mostra como retorno de aprendizado à comunidade. Como base para este trabalho, utilizou-se estudos de Moita Lopes, Roxane Rojo, Gianni Rodari, entre outros. Palavras-chave: Linguística aplicada. Interação. Ensino. Produção textual. Narrativas fantásticas.

HISTÓRIA DE VIDA DE PROFESSORES E SUAS IMPLICAÇÕES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA: UM ESTUDO NA VILA DO TREME EM

BRAGANÇA-PARÁ Fabíola Aparecida Ferreira DAMACENA (PPGLS-UFPA) [email protected] Prof. Dr. Salomão Antônio M. Hage (Orientador) [email protected]

ste estudo tem como objeto histórias de vida de professores da Vila do Treme, localizada no município de Bragança, no Estado do Pará, que atuam

na Escola Municipal de Ensino Fundamental Lúcia de Fátima Miranda do Rosário. O objetivo central consistiu em analisar o processo formativo dos educadores do campo da Amazônia e relacionar com a prática pedagógica em desenvolvimento na escola em que trabalham, refletindo sobre aspectos da identidade, dos saberes e culturas presentes no contexto de constituição da Vila do Treme, elementos estes fornecidos por depoimentos de moradores e professores da Vila. Trata-se de um estudo que se envereda pela abordagem qualitativa, no âmbito dos estudos (auto)biográficos articulados às contribuições da educação do campo, ancorado na história oral de vida, para identificar os desafios enfrentados e as estratégias utilizadas pelos professores na prática pedagógica a partir de seus processos de formação docente. Utilizou-se da entrevista aberta com professores e outros sujeitos moradores da Vila, que abordaram aspectos de constituição da identidade cultural da comunidade. Os procedimentos analíticos pautaram-se na inter-relação da base teórica, com a análise de documentos e o material coletado em campo e por meio da técnica da análise de conteúdo. Os resultados apontaram que o processo de formação dos educadores da Escola Lúcia de Fátima, localizada na Vila do Treme, apresenta relações com suas práticas desenvolvidas em sala de aula, interfaces com seus saberes culturais; e que, embora tenham buscado a formação inicial pelo magistério e Licenciatura em de Pedagogia, ainda encontra-se presente referencias da metodologia consideradas tradicionais, a exemplo dos processos de memorização e silabação, utilizados na alfabetização dos alunos. Além disso,

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dado o contexto em que se constitui a identidade cultural da Vila do Treme, se faz necessário afirmar o reconhecimento da realidade do campo e dos moradores como sujeitos de direitos tendo em vista a localização da Vila, situada no meio rural e inserida na Reserva Extrativista Marinha Caeté Taperaçú que abrange o município de Bragança. Essa ação pode constituir-se numa possibilidade concreta de se construir e efetivar na prática uma educação capaz de superar a visão urbanocêntrica, que há muito tempo direciona a educação dos povos que habitam a área rural, assumindo-se enquanto educação do campo em consonância com os de saberes culturais dessas populações. Palavras-chave: História de Vida. Formação de Professores. Prática Pedagógica. Saberes Culturais. Vila do Treme.

AS TRILHAS DA MEMÓRIA: OS SABERES DO RÁDIO A PARTIR DA HISTORIA ORAL

Andreia Cruz COSTA (PPGLS/UFPA) [email protected]

estudo pretende discutir o conceito de história oral e conhecer narrativas orais de três ex-alunas que estudaram em comunidades do meio rural do município de Bragança, relatando suas experiências através do estudo pelo

radio. Estas aulas via rádio era e é atualmente oferecida através do SERB (Sistema Educativo Radiofônico de Bragança) para alunos que não tinham (tem) acesso a educação em suas comunidades. Em meados dos anos 50, o bispo Dom Eliseu Maria Coroli se propôs a instalar na cidade de Bragança- PA uma emissora de rádio, com o objetivo de evangelizar a educação e promoção humana e construiu a Rádio Educadora de Bragança, que trazia no seu bojo prioritário o Sistema Educativo Radiofônico de Bragança (SERB), para atender a todos da região do Pará e mais alguns outros municípios pertencentes à baixada maranhense. Atualmente, o SERB é um organismo das obras da Diocese de Bragança, operando com o ensino radiofônico da Educação de Jovens e Adultos (EJA) 3ª e 4ª etapas. Discute-se e destaca-se, em linhas gerais o papel da memória enquanto resultado do entrelaçamento das experiências do passado contidas nas memórias dessas alunas com relação aos saberes adquirido através do radio. É importante mencionar que este trabalho tem como método de pesquisa à história oral, tendo assim como dívida as seguintes leituras: Verena Albertni (2000), Antonio Montenegro (2013) Marieta de Moraes (2000), Maurice Halbwachs (1990) e outras leituras referentes à narrativa como Roland Barthes (1973) e Walter Benjamin (1994). Palavras-chave: Narrativas. Memória. Sistema radiofônico. História oral.

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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 9 14:00 – 16:00

Sala 8 – Bloco II Narrativas orais e suas interfaces II

Coordenação: Fernando Alves da Silva Júnior (PPGLS-UFPA)

Horário Título Autoria

14:00 Gente que vira bicho em Taperaçu Campo: figurações da matintaperera e sua relação com o Outro

Fernando Alves da Silva Júnior (PPGLS-UFPA)

14:15 As relações místicas entre a Pedra do Gurupi e a Ilha da Iara

Sonia Moraes do Nascimento (UFPA)

14:30 O mito do Ataíde do Perimirim: questões de adultério

José Otávio da Silva Sousa (UFPA)

14:45 Quintino Lira, o vingador do Conflito da Gleba Cidapar

Evandro de Sousa Cruz (UFPA)

15:00 Saberes na Amazônia: aproximações da narrativa oral acerca da Cobra-Grande e do conto Acauã de Inglês de Sousa

Joisen do Socorro Silva e Silva (UFPA)

15:15 A representatividade das narrativas fantásticas de Quintino para o povo luziense

Juliana Patrizia Saldanha de Souza (UNAMA)

15:30 Raimunda, Rosa e Izabel: a teatralidade de três matriarcas de Santa Luzia do Pará

Patrícia Sobrinho Reis (UFPA)

GENTE QUE VIRA BICHO EM TAPERAÇU CAMPO: FIGURAÇÕES DA

MATINTAPERERA E SUA RELAÇÃO COM O OUTRO Fernando Alves da SILVA JÚNIOR (PPGLS-UFPA) [email protected] Profa. Dra. Maria do Perpétuo Socorro Galvão Simões (Orientadora) galvã[email protected]

presente trabalho tem como objeto de análise as narrativa orais acerca da matintaperera na comunidade Taperaçu Campo, Bragança-PA. O objetivo

principal dessa pesquisa consiste em compreender a construção desse mito amazônico a partir da existência de sujeitos que cumprem um fado, ou seja, viram bicho. A leitura que fazemos acerca dessa proposta perpassa pelo conceito de perspectivismo de Eduardo Viveiros de Castro (2008, 2011), além de se

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relacionar a um discurso de exclusão social. Esta pesquisa se pauta nas gravações realizadas em 2012 e 2013, especificamente a fala acerca da matintaperera de três narradores: Maria Silva Aviz, Aldenor Cirilo e João Coelho de Sousa. A narrativa de dona Maria Aviz trata de uma senhora idosa que vira matintaperera e “é pega” por um pajé; a história de seu Aldenor Cirilo diz respeito à existência de um vizinho que virava bicho e “esse vizinho vira bicho porque eu já vi bicho, ele desaparecer aí perto da casa dele”. E, por fim, a narrativa de seu João Sousa que, além da matinta, destaca a presença de outro fadista em Taperaçu Campo, o labisonho: “Aí dá o café, só pra conhecer, só pra conhecer a pessoa. Porque a matintaperera é gente, não é bicho”. Com base nessas entrevistas faremos uma discussão acerca de dois mundos, um habitado pelos humanos (gente) e outro repleto de não humanos (bicho/animais) com a possibilidade de trânsito entre eles. O perspectivismo de Viveiros de Castro considera que o mundo seja habitado por entidades que, na sua essência, possuem alma humana e que se diferenciam nos corpos. Isso porque cada espécie vê a si como humana e ao outro como não humano. Nesse sentido, segundo Viveiros de Castro (2008, 2011), o porco do mato (caititu) verá que seu comportamento é humano, que seu grupo, é um grupo de humanos, porque a partir do seu ponto de vista ele o é. Contudo, quando ele encontra um caçador, este será um predador animal, neste caso, uma onça. Agora, quando um humano encontrar uma onça na mata e esta o atacar, certamente não se tratará de uma onça comum e sim de um espírito humano vestido de onça, pois esse felino não preda humanos, somente animais. Para o perspectivismo aquele animal é um espírito que está caçando e que consegue enxergar o outro não como um humano, mas como um animal. É por meio dessa discussão que pensaremos a matintaperera como uma entidade do entremeio do humano com o animal, mas também como um jogo de pontos de vista. Palavras-chave: Taperaçu Campo. Gente que vira bicho. Matintaperera. Perspectivismo. AS RELAÇÕES MÍSTICAS ENTRE A PEDRA DO GURUPI E ILHA DA IARA

Sonia Moraes do NASCIMENTO (UFPA) [email protected] Fernando Alves da Silva Júnior (Orientador) [email protected]

presente trabalho visa apresentar um estudo acerca de algumas características entre a Pedra do Gurupi e a Ilha da Iara em Viseu-Pa, tendo O

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em vista a existência de narrativas que apresentam os elementos sobrenaturais denominados de “encantados” e que, de acordo com Cascudo (2000), nestes lugares, via de regra, há a presença de cidades submersas que explicita dizendo que “a mais bela lenda da cidade encantada é amazônica. Na foz do rio Gurupi a 9 milhas da cidade de Viseu, no Pará”. No entanto, diante de tal afirmativa e das vozes que soam acerca desse mito que povoa o imaginário dos viseuenses, pretendemos realizar uma pesquisa de campo que produza elementos relevantes para a abordagem do misticismo da Pedra e da Ilha, articulando, especialmente, as relações traçadas entre aqueles que vivem sobre as águas (os pescadores) e os que professam suas crenças a respeito da encantaria mística, isto é, seres com características humanas que vivem nos fundo das águas e que, segundos os narradores, são os donos da Pedra do Gurupi e da Ilha da Iara. Podendo citar, ainda nesse contexto das narrativas orais, seres encantados como o Rei Sebastião, que habita na Pedra do Gurupi, e a Iara, “senhora das águas”, que por sua vez reside na ilha. A questão metodológica que perpassa nossa pesquisa, diz respeito à gravação de entrevista com os moradores de Viseu, esse é o registro das narrativas orais, amparados pelas leituras de Brandão (2007) que versa sobre o trabalho de campo voltado para a etnografia e Alberti (2008) que trata da pesquisa com história oral. Discorreremos também sobre os estudos de Maués (2008) que enfoca as encantarias amazônicas, Le Goff (2011) sobre a memória, sem deixar de citar a importância do narrador de Benjamin (1987). Procuramos articular o “encantamento” da Pedra do Gurupi e da Ilha da Iara com a crendice local, isso porque “a pedra é um reino encantado aí a pedra não saiu mais de lá e é época de lua cheia que se trocava, a Ilha ia pro lugar da Pedra e a Pedra vem para o lugar da Pedra, segundo as pessoas que contam ainda muitas pessoas idosas contam essa historia e a gente vem ouvindo” (Raimundo Ferreira, 09 de set. de 2013, Viseu-Pa). É com base nesses relatos que faremos uma incursão mítica nessa crendice para compreender o mistério da Pedra e da Ilha que trocam de lugar. Palavras-chave. Pedra do Gurupi. Ilha da Iara. Encantaria. Crendice Popular.

O MITO DO ATAÍDE DO PERIMIRIM: QUESTÕES DE ADULTÉRIO José Otávio da Silva SOUSA (UFPA) [email protected] Fernando Alves da Silva Júnior (Orientador) [email protected]

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presente trabalho pretende refletir acerca das influências exercidas pelo mito do Ataíde nas relações sociais dos pescadores artesanais da Vila

de Perimirim, município de Augusto Corrêa-PA, como fator indissociável do imaginário e da memória dos habitantes desta comunidade. Mito este que circunda nas rodas de conversação dos pescadores artesanais, ora visto como protetor dos manguezais ora como aquele que “se serve” dos trabalhadores nas atividades pesqueiras, sobretudo durante o dia, apesar de ocorrências desses ataques durante a noite. Essas narrativas orais podem ser percebidas como uma fonte rica para investigação de elementos que margeiam as relações sociais dos sujeitos dessa comunidade, e como reconhecimento da presença de entidades míticas que regulam a utilização dos manguezais, principalmente quando estabelece relações com o modo de vida dessas populações. A partir da nossa pesquisa de campo, pensamos que “a memória opera com grande liberdade escolhendo acontecimentos no espaço e no tempo, não arbitrariamente, mas porque se relaciona com índices comuns. São configurações mais intensas quando sobre elas incide o brilho de um significado coletivo” (BOSI, 2000, p. 33). Para a materialização deste trabalho será utilizado, como procedimentos metodológicos, a pesquisa bibliográfica e de campo, esta última com a realização de entrevistas e, consequentemente, a analise comparativa das narrativas orais com o meio social dessa comunidade pesqueira, com o intuito de compreender a questão do adultério que margeia a presença do Ataíde Macho e do Ataíde Fêmea. Santos (2013) relata: “O Nhozinho contou-me que assistiu uma luta de um senhor com uma Ataíde, na Praia do Pé de Galinha, ela era amante dele” e continua: “Essa dita tia minha que brigou com o bicho no Camará Mirim dizem que foi mulher do ataide, mas transformado no marido dela”. Palavras-chave: Ataíde. Vila de Perimirim. Narrativas orais. Relações sociais. Adultério.

QUINTINO LIRA, O VINGADOR DO CONFLITO DA GLEBA CIDAPAR

Evandro de Sousa CRUZ (UFPA) [email protected] Fernando Alves da Silva Júnior (Orientador) [email protected]

presente trabalho pretende compreender as “ações sociais” de Quintino Lira por meio das narrativas orais de alguns sujeitos da Vila Cidapar, que

conheceram ou que conviveram com este “vingador” na época em que eclodiu o chamado “conflito da Gleba Cidapar” no município de Viseu-PA. Pretendemos,

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assim, registrar essas narrativas por meio de entrevistas e analisá-las com o intuito de identificar personagens que se repetem no decorrer das histórias e, também, se existiu outro interesse de Quintino em defender os colonos além daquele que envolvia a posse da terra. Com base nas entrevistas buscaremos definir o conceito de banditismo social a partir dos conceitos de Hobsbawm (2010) e, dessa forma, este trabalho se desenvolverá por meio de pesquisa bibliográfica e, principalmente, de campo. A parte bibliográfica tem como principal referencial teórico os estudos de Hobsbawm (2010) e a pesquisa de campo consistirá, primordialmente, em gravar as narrativas orais, que tratam da trajetória desse homem que lutou em defesa dos colonos, com pessoas que conviveram ou que conheceram essas histórias e, em seguida, faremos a descrição e análise do material coletado. De acordo com algumas narrativas orais acerca deste “bandido social” constatamos que ele é visto como um herói que se colocou à frente do movimento de resistência à grilagem das terras que circundavam a Vila Cidapar, a procura de manter os colonos em suas propriedades. Palavras-chave: Quintino. Bandido social. Narrativas orais. Vila Cidapar.

SABERES NA AMAZÔNIA: APROXIMAÇÕES DA NARRATIVA ORAL ACERCA DA COBRA-GRANDE E DO CONTO ACAUÃ DE INGLÊS DE

SOUSA

Joisen do Socorro Silva e SILVA (UFPA) [email protected] Prof. Dr. Francisco Pereira Smith Junior (Orientador) [email protected]

artigo pretende realizar um estudo comparativo a respeito da composição literária de duas narrativas: o conto popular Cobra-grande e o conto Acauã

de Inglês de Sousa, sob a orientação teórico-metodológica dos estudos referentes à literatura comparada, tendo por base as concepções de Tânia Carvalhal (2006), Matheus Martins & Marcos Teixeira (2006), e Câmara Cascudo (2002) e (2006), Mircea Eliade (1963), Everardo Rocha (1996) e Socorro Simões (2010). O propósito desta pesquisa é uma aproximação entre as narrativas Acauã e Cobra-grande que acreditasse que as duas originam-se de uma elaboração mitológica. Como é visto a grande influência popular, cultural e social em torno de duas historias literárias. Nos leva a um estudo de comparações das tais construções lendárias: Acauã e Cobra-grande, analisando traços divergentes e convergentes, são objetivos deste trabalho de pesquisa, bem como proporcionar um estudo interpretativo e analítico sobre a grande influência que o mito oferece para a

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população da região amazônica ribeirinha que utilizam essas historias para explicar fatos estranhos e misteriosos da literatura lendária na Amazônia. Por fim, por meio dessa pesquisa, busca-se comtemplar e compreender a grande influência que o mito oferece para explicar fatos da vida traduzidos para a literatura lendária na Amazônia. Palavras-chave: Literatura Comparada. Mito. Acauã. Cobra-grande.

A REPRESENTATIVIDADE DAS NARRATIVAS FANTASTICAS DE QUINTINO PARA O POVO LUZIENSE

Juliana Patrizia Saldanha de SOUZA (UNAMA) [email protected]

a década de 1980 explode um conflito agrário no nordeste paraense, mais especificamente envolvendo o município de Santa Luzia do Pará. Na

liderança dos colonos, neste conflito, destacou-se Armando Quintino de Lira, que buscava liberar as terras para o povo trabalhar. Após recorrerem aos órgãos do governo e tendo negativas como resposta, eles articulam-se e buscam outro meio de fazer “justiça”. Sem explicações lógicas, a sua figura foi tomando dimensões históricas e lendárias, permeadas de narrativas fantásticas. O presente trabalho tem como objetivo central investigar essas narrativas fantásticas, que segundo a população, Quintino possuía ‘dons’ para escapar do cerco policial, ora escondendo-se atrás de um facão ou virando toco de árvore. Até que ponto as narrativas influenciaram no desenrolar do conflito? O objetivo específico desta pesquisa é compreender a importância das narrativas presentes na memória do povo luziense e sua influência no cotidiano das pessoas da época. A caminhada metodológica terá como base o uso de pesquisa qualitativa e envolverá, além de pesquisas documentais e bibliográficas, a pesquisa de campo, realizando entrevistas com cidadãos que atuaram com Quintino no conflito e/ou foram testemunhas desse fato histórico. Após o levantamento bibliográfico e a pesquisa de campo, será feita a análise dos dados para a produção escrita da pesquisa. Palavras-chave: Quintino. Conflito. Narrativas fantásticas. Memória.

RAIMUNDA, ROSA E IZABEL: A TEATRALIDADE DE TRÊS MATRIARCAS DE SANTA LUZIA DO PARÁ

Patrícia Sobrinho REIS (UFPA) [email protected]

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Profa. Me. Valéria Frota de Andrade (Orientadora) [email protected]

aíscas de vida colhidas do cotidiano de três matriarcas de Santa Luzia do Pará, trabalhadoras rurais, mães, resilientes às dificuldades, que aprenderam

a ser líderes por si mesmas e pelas situações que viveram, donas de um saber feito de experiências, mestras que nos ensinam, com olhares, com gestos, com exemplos. Corpos e histórias singulares, recriados a partir de minhas vivências durante o curso de Licenciatura em Teatro, bem como de princípios da mimese corpórea, de interações com essas mulheres e de tudo isso com minha própria trajetória de vida. Eis aí uma vereda para o estudo da teatralidade, sob os auspícios da Etnocenologia, do agir consciente ou não, dirigido ao olhar do outro, primeiramente observando os corpos das três matriarcas durante as entrevistas, a teatralidade cotidiana e recriando tudo isso em cena, espetacularizando-as. Assim, realidade e ficção se imiscuem para fazer surgir um breve exercício de cena por meio de uma estudante educadora em busca de um devir atriz, a fim de criar uma ode a todas as mulheres. Uma experiência cênica descrita cartograficamente e embasada nos estudos de Renato Ferracine (2003, 2006), Armindo Bião (1990) Helga Finter (2003), Michelle Perrot (2012), Virgínia Kastrup (2009), entre outros, recriando vidas num aprender fazendo teatro, que me fez sentir um atriz ao interagir jogar com público e contemplar arte nos seres com os quais convivo. Palavras-chave: Histórias de vida. Matriarcas. Teatralidade. Mimese corpórea.

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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 10 14:00 – 18:00

Sala 10 – Bloco II Sessão livre

Coordenação: José Sena da Silva Filho (UFPA)

Horário Título Autoria

14:00 O gênero seminário escolar como objeto de ensino na 7ª série do ensino fundamental

Debora Regina Silva da Paixão Borges (UFPA)

14:15 O estudo das vogais médias pretônicas no falar nordestino em Bacuriteua

Gleyson César da Silva Costa (UFPA) e Lorram Tyson dos Santos Araujo (UFPA)

14:30 Carta de leitor: uma proposta metodológica para o ensino de língua materna

Ediana Marinho Exposto (UFPA) e Débora Régence Ribeiro e Silva (UFPA)

14:45 Redação do ENEM: qual concepção de avaliação que perpassa no processo avaliativo

Ana Paula Cardoso Queiroz (UFPA) e Nádira Milly Farias Nunes (UFPA)

15:00 Uma incursão nos topônimos em Bragança - o nome de ontem e o de hoje

Jéssica Moraes Gomes (UFPA)

15:15

Intertextualidade: “um mito aparente” nas obras Dois Irmãos de Milton Houtum e Esaú e Jacó de Machado de Assis com o texto bíblico Esaú e Jacó

Sheyla da Conceição Silva Cruz (UFPA)

15:30 Ensino e aprendizagem: uma nova perspectiva através das narrativas orais

Monica de Jesus dos Anjos Nunes (UFPA)

15:45 O sublime da maldade: um estudo nas obras A Causa Secreta de Machado de Assis e O Jardim das Oliveira de Nélida Piñon

Graciene dos Santos Queiroz (UFPA)

16:00 O gênero notícia como instrumento de ensino da língua materna

Marilia Brito Alves (UFPA) e Thamires Suzane Nascimento Soares (UFPA)

O GÊNERO SEMINÁRIO ESCOLAR COMO OBJETO DE ENSINO NA 7ª

SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL Debora Regina Silva da Paixão BORGES (UFPA) [email protected] José Sena da Silva Filho (Orientador) [email protected]

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gênero seminário escolar é uma ferramenta essencial para a transmissão de diversos conteúdos da apresentação oral. Diferente dos outros gêneros que

se realizam por meio da exposição oral, o seminário escolar pode ser definido como um gênero específico do contexto escolar, de ocorrência predominante na sala de aula. Desse modo, é importante analisar como o oral vem sendo concebido na escola de ensino fundamental da rede pública e dos desempenhos dos alunos nas atividades escolares apresentadas oralmente. Uma vez que a exposição oral ainda é pouco explorada no meio escolar, e não se tem, ainda, uma preocupação de como se estrutura uma exposição, de como usar o gênero como objeto de ensino e, assim, por vezes, ele é usado, apenas, como método avaliativo para ajudar na soma das médias dos alunos, sem orientar o aluno desde seu ensino básico a lidar com situações de expor um assunto em público. Desse modo, este trabalho se apoia na vivência que se perpassou na sala de aula, assim observando como o oral vem sendo concebido na escola do ensino fundamental da região bragantina e do desempenho dos alunos, de suas atuações nos trabalhos apresentados nas atividades escolares. Verificando-se como trabalhar a percepção oral como objeto de ensino, usando a fala como estratégia de condução à aprendizagem ou ao melhor domínio da escrita. Deste modo, utilizando a sequência didática para desenvolver um conhecimento melhor sobre o oral que deve ser ensinado por meio de estratégias didáticas, e o seminário como sendo uma atividade escolar estruturada basicamente por esse gênero que também deve ser objeto de ensino. Com embasamentos teóricos das concepções dos estudos sobre exposição oral presentes nas obras de Bernard Schneuwly e Joaquim Dolz (2004), de Maria Helena Chaves (2008) e Luiz Antônio Marcuschi (2003), que investigam o ensino do oral na escola de forma bastante sistematizada e empírica. Assim, o gênero apresentado visa exercer um desenvolvimento no desempenho dos alunos nas apresentações de seminários escolares, bem como trabalhando os mesmos para uma possível apresentação quando se depararem em situações fora do ambiente escolar. Palavras-chave: Gênero oral. Seminário escolar e ensino.

O ESTUDO DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NO FALAR NORDESTINO EM BACURITEUA

Gleyson César da Silva COSTA (UFPA) [email protected]

Lorram Tyson dos Santos ARAUJO (UFPA) [email protected]

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Prof. Dra. Raimunda Benedita Cristina Caldas (Orientadora) [email protected]

presente trabalho, de cunho fonético, versa sobre as possíveis variações das vogais médias () pretônicas no uso de falantes

oriundos do Nordeste, que residem em Bacuriteua (interior de Bragança-PA). A pesquisa confere caráter sociolinguístico de pesquisa de campo para verificar a ocorrência de tais variações, visto levar em consideração, além de questões linguísticas referentes à LP, certos fatores sociais indissociáveis desta, por considerar que a língua é a maior forma de comunicação humana. Tal investigação visa mais precisamente saber se há alterações ou manutenções da preferência de certos sons vocálicos quanto aos aspectos médios abertos e fechados das referidas vogais ou se há outra preferência vocálica de natureza diversa, como que influenciada pelo contato entre culturas linguísticas

diferentes, uma influenciando outra: bacuriteuensesnordestinos, nordestinos

bacuriteuenses. A fim de que se perceba como acontecem as modificações na língua, comparam-se as falas dos moradores imigrantes e residentes há mais de 16 anos, outros há menos de dez anos e os nativos. Para que se compreenda a natureza e a possibilidade destas alterações usamos como base teórica os estudos sobre a fonética da Língua Portuguesa de Bertil Malberg, Gladis Massini-Cagliari, Dinah Callou&Yonne Leite, J. Mattoso Câmara Júnior, dentre outros. Palavras-chave: Fonética. Variação linguística. Vogais médias. Contato linguístico.

CARTA DE LEITOR: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA

Ediana Marinho EXPOSTO (UFPA) [email protected] Débora Régence Ribeiro e SILVA (UFPA) [email protected]

presente trabalho tem como objetivo apresentar aos alunos do 8º ano da escola Mário Queiroz o gênero Carta de Leitor, já que o mesmo não é tão

conhecido pelos alunos e nem tão pouco trabalhado nas escolas. Este gênero textual irá proporcionar aos alunos o contato com os meios de comunicação como jornais, revistas entre outros. E ao terem acesso a esses meios de comunicação eles poderão desenvolver atividades de leitura, interpretação e

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produção de texto com funções sociais, além disso, esses alunos terão possibilidade também de vivenciar questões relacionadas com temas presentes em seu cotidiano, pois sabemos que o gênero pode ser utilizado em várias situações e com vários objetivos diferentes, proporcionando a eles se posicionarem como criticos diante de tais fatos. Assim, esses alunos podem no momento da produção e como interlocutores, desenvolver as práticas de leitura e escrita variadas, uma vez que por meio da carta de leitor pode argumentar sugerir, opinar, elogiar e tecer critica sobre determinados acontecimentos. O trabalho será feito por meio de pesquisa bibliográfica e de campo. Tendo como embasamento teórico os autores Francisco Alves Filho, Maria Auxiliadora Bezerra, entre outros. Será feito um contato com os alunos e a partir daí apresentaremos a eles o gênero carta de leitor, em seguida é proposto que eles produzam uma carta, fazendo uso de um tema que aborde algo relevante e necessário, como por exemplo, suas reinvindicações mais urgentes dentro do contexto escolar. É importante ressaltar que mesmo sendo um gênero não muito conhecido do público, a carta de leitor, para quem gosta de opinar, expressar seu apreço crítico, sendo de modo ético, respeitoso, sem ferir a individualidade das pessoas é de grande valor social. Sendo escrita sempre com um propósito definido e claro, para o editor do meio de comunicação a quem se destina. Palavras-chave: Carta de leitor. Gênero textual. Ensino de Língua Materna.

REDAÇÃO DO ENEM: QUAL CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO QUE PERPASSA NO PROCESSO AVALIATIVO

Ana Paula Cardoso QUEIROZ (UFPA) [email protected] Nádira Milly Farias NUNES (UFPA) Prof. Me. Hadson Sousa (Orientador) [email protected]

om o intuito de discutir concepções teóricas e práticas de avaliação de valor das aprendizagens de Língua Portuguesa, especificamente de textos escritos,

detendo-se nas produções textuais dos participantes do ENEM. A presente pesquisa pauta-se inicialmente em discutir as concepções de avaliação de um modo amplo, fazendo uma visão panorâmica dos caminhos da avaliação. O estudo aqui desenvolvido, compreende na análise da avaliação e ensino de Língua Portuguesa, tendo seu foco no texto escrito, adotando como eixo principal para análise, a relação das competências avaliativas do ENEM no que

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diz respeito ao que é considerado como erro e acerto na correção da redação do exame nacional do ensino médio. Serão apresentados o guia e as competências exigidas do participante, que tem como objetivo auxiliar na preparação para o exame e esclarecer os critérios adotados no processo de avaliação e mostrar redações com notas máximas. Diante disso, trataremos da polêmica das redações do ENEM, assim como que concepções de avaliação estão em jogo nas redações do exame e buscando mostrar como tais concepções são consideradas pela banca avaliadora da redação. A pesquisa possui como fundamentação teórica os autores Luckesi, Geraldi, Possenti e B. Marcuschi, enquanto que as fontes para as análises críticas são feitas por meio de material documental, como produções escritas, vídeos e reportagens. Palavras-chave: ENEM. Avaliação. Competências.

UMA INCURSÃO NOS TOPÔNIMOS EM BRAGANÇA - O NOME DE ONTEM E O DE HOJE

Jéssica Moraes GOMES (UFPA) [email protected]

presente trabalho tem por objetivo principal discutir alguns aspectos referentes a Toponímia da região Bragantina-PA, num enfoque

etnolinguístico. Sendo que se prioriza a investigação de alguns nomes que tiveram algum fator de influencia motivacional levando-se em conta a realidade sócio-histórico-cultural do grupo humano que nomeou o espaço, ou acidente geográfico. Sem deixar de pontuar também os designativos que panoramicamente o motivaram na escolha dos Topônimos (nomes de lugares). O estudo toponímico pertence à ciência Onomástica, que visa o estudo da origem e desenvolvimento dos nomes próprios de lugares. As motivações toponímicas tratadas nessa pesquisa levam em conta a mobilidade desses nomes em diferentes épocas na região. Nesse sentido esses aspectos relacionam-se às circunstancias socioculturais pelas quais o nome está associado, ou seja, ao contexto histórico em que a nomeação ocorre, pois se sabe que os nomes de lugares são muito mais que um termo referencial, uma vez que o mesmo abrange outras dimensões culturais, aspectos étnicos e sociolinguísticos, para os quais nos voltamos nessa pesquisa. Dessa forma, com base no conceito de topônimos, o estudo aqui realizado leva em conta a genealogia de algumas vilas da cidade de Bragança-PA, considerando a dimensão histórica para que possamos identificar a origem dos nomes dados aos lugares dessa região. Palavras-chaves: Topônimo. Motivação. Linguística.

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INTERTEXTUALIDADE: “UM MITO APARENTE” NAS OBRAS DOIS IRMÃOS DE MILTON HOUTUM E ESAÚ E JACÓ DE MACHADO DE

ASSIS COM O TEXTO BÍBLICO ESAÚ E JACÓ Sheyla da Conceição Silva CRUZ (UFPA) [email protected]

poiando-se nos referenciais sobre literatura comparada, com concepções mais atuais dos autores: Pierre Brunel e Tânia Franco Carvalhal, essa

pesquisa é construída de base bibliográfica de modo intertextual, para demonstrar a quase semelhança em duas literaturas, escritas em épocas diferentes na qual se trata o mesmo assunto, a central gira em torno da rivalidade entre irmãos gêmeos que vivem discordando um do outro. Mostrando a intertextualidade do suposto “mito da rivalidade” na obra Dois Irmãos (2000) de Milton Hatoum e Esaú e Jacó (1904) de Machado de Assis, a pesquisa tem como objetivo fazer o exame das obras, o qual apresentará o confronto da literatura das obras que destaca os conflitos familiares se tratando de dois irmãos gêmeos, historias nas quais os autores inventam uma forma de narrar e apresentar disputas sociais também será, utilizado referenciais teóricos de, Everardo Rocha (1951), Machado, Pageaux (2001) e Mircea Eliade sobre mito; a análise comparativa de Dois Irmãos e Esaú Jacó é relacionado, ainda com o texto bíblico Esaú e Jacó encontrado no livro do Gênesis que será analisado, de acordo com sua presença nos romances, base desta pesquisa, pois o texto narra também a história de uma família na qual está no centro dois irmãos gêmeos que mantém um laço de discórdia. Com o intuito de mostrar as semelhanças e diferenças que apresentam as três obras entre si. Palavras-chave: Comparação. Dois Irmãos. Esaú e Jacó. Mito. Rivalidade. ENSINO E APRENDIZAGEM: UMA NOVA PERSPECTIVA ATRAVÉS DAS

NARRATIVAS ORAIS Monica de Jesus dos Anjos NUNES (UFPA) [email protected] Prof. Me. José Sena da Silva Filho (Orientador) [email protected]

presente trabalho é resultado de uma pesquisa sobre narrativas orais dos ribeirinhos do Rio Jepohúba no Município de Breves, onde os contos

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transcritos e reescritos foram selecionados em uma cartilha e aplicados em um projeto de leitura e escrita na Escola Margarida Azevedo Nemer com alunos do 1º ao 3º Ano do Ensino Fundamental. O mesmo foi desenvolvido por causa da necessidade em atrair os alunos das séries iniciais para o mundo da leitura e escrita, visto que o rendimento na sala de aula estava comprometido. Assim o projeto foi elaborado e executado no primeiro semestre de 2013, levando em consideração o Letramento e Alfabetização contextual que cada criança, sua vivencia no dia a dia que serviu como ferramenta de ensino e aprendizagem para uma alfabetização de qualidade, tornando assim a realidade escolar com uma significação para o discente e dando uma significação em tudo que é ensinado na escola. Como arcabouço teórico se utilizou das teorias de Roxane Rojo, em relação a letramento e alfabetização, bem como sua importância para dar significado nos primeiros anos na escola da criança e a forma que este aluno é inserido no mundo da leitura. Palavras-chave: Narrativas orais. Letramento. Alfabetização.

O SUBLIME DA MALDADE: UM ESTUDO NAS OBRAS A CAUSA SECRETA DE MACHADO DE ASSIS E O JARDIM DAS OLIVEIRA DE

NÉLIDA PIÑON

Graciene dos Santos QUEIROZ (UFPA) [email protected]

ste trabalho de pesquisa está voltado para um estudo a respeito do sublime da maldade, nas obras “A Causa Secreta” (Escrito pelo autor Machado de

Assis) e “O Jardim das Oliveira” (Escrito por Nélida Piñon). E para isso estudaremos em particular ambas as obras que permitiram ao leitor desse trabalho uma visão ampla de como tais obras falam a respeito da maldade contida na sociedade. Neste trabalho também tentamos repensar o trauma causado pelas torturas sofridas pelos personagens, ou, em outras palavras, as possíveis consequências psíquicas ao sujeito torturado. Além de discorrer sobre as várias maneiras de ser aprisionado dentro do assunto sobre tortura, busca-se aproximar o ambiente onde se faz o tormento do indivíduo, e a tentativa de coligar os tipos de torturas, que alguns autores a dividem em quatro finalidades. Como este trabalho se encaixa na área dos estudos literários, particularmente Literatura Comparada, o objetivo deste trabalho é propor uma análise comparativa dos contos “A Causa Secreta”, de Machado de Assis e “O Jardim das Oliveiras”, de Nélida Piñon, uma vez que ambos os contos tem como alvo a maldade que e um dos temas polêmicos discutidos por vários autores, dentre eles Freud que diz que a maldade nasce através do sadomasoquismo.

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Tentaremos mostrar de forma clara e objetiva como se dá o sublime da maldade nas obras citadas acima, uma vez que no conto do Machado a maldade se dá pelo personagem Fortunato, o qual tem o prazer de ver o sofrimento alheio, já no conto de Nélida a maldade se dá através das lembranças que o próprio narrador sente ao pensar nas torturas ocorridas no passado. Com base nessas considerações e mediante um trabalho comparatista e interpretativo, procurar-se-á examinar as principais orientações crítico-teóricas dos estudos referentes às obras dos autores Machado de Assis e Nélida Pinõn. Palavras-chave: Sublime. Análise. Maldade. Sociedade. Suspense.

O GÊNERO NOTÍCIA COMO INSTRUMENTO DE ENSINO DA LÍNGUA MATERNA

Marilia Brito ALVES (UFPA) [email protected] Thamires Suzane Nascimento SOARES (UFPA) [email protected]

presente trabalho a ser apresentado pretende expor informações importantes referentes ao nosso trabalho de conclusão de curso. Tem como

tema “O gênero notícia como instrumento de ensino da língua materna”, e, como objetivo principal, apresentar o gênero textual notícia como um importante instrumento para se trabalhar a língua materna, de forma contextualizada, dinâmica, dialógica e interacional. Nossa pesquisa tem como base as concepções de língua, de ensino da língua e do trabalho com gêneros textuais de teóricos importantes como Bakhtin, Koch, Travaglia, Brait, Schneuwly e Dolz, Mendonça e Antunes e as contribuições que o trabalho com o gênero notícia tem a oferecer. Nossa metodologia de trabalho consistiu em uma vasta pesquisa bibliográfica a cerca de estudos com o gênero, coleta de material para análise durante a disciplina de Estágio Supervisionado, onde trabalhamos a produção do gênero notícia. Nosso campo de pesquisa para coleta de material ocorreu em duas cidades diferentes: Maria Amélia de Vasconcelos- Capanema PA com uma turma do 6ºano/9 e Padre Luís- Bragança PA com uma turma de 7º ano/9. Os dados coletados foram às produções textuais finais dos alunos. Ainda não chegamos à conclusão dos resultados obtidos, pois a referida pesquisa ainda está em andamento. Palavras-chave: Produção textual. Ensino. Gênero notícia.

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OFICINAS E MINICURSOS

06 e 07 de dezembro

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OFICINAS

CONSTRUINDO HISTÓRIAS EM QUADRINHOS ATRAVÉS DO SOFTWARE HAGÁQUÊ

Adriana da Conceição Barros do ROSÁRIO (PROINFO-UFRA) Roseane do Socorro Monte Palma SANTOS (PROINFO-UFRA)

ue tal tornar o processo de produção textual mais interessante aos alunos? Esta oficina tem como objetivo aprimorar a produção textual utilizando o

Software Hagáquê que é um editor de histórias em quadrinhos que auxilia o processo de ensino e aprendizagem de forma lúdica e dinâmica.

FOTOGRAFIA & SEMIÓTICA: ACONSTRUÇÃO DA IMAGEM COMO DISCURSO ICONOGRÁFICO POLISSÊMICO

Danilo Gustavo ASP (UFPA)

presentação: abordagem teórica e prática acerca da estética fotográfica, enquanto superfície ótica transformada em linguagem artística, para

compreender o processo de construção imagético: o elencar de resoluções, a escolha dos elementos da composição e as relações quantitativas da seção áurea. Objetivo: construir um conhecimento específico sobre a construção imagética que possibilite habilidade para ler e produzir imagens fotográficas dentro de uma compreensão polissêmica da superfície ótica. Conteúdo programático: Conceito / Seção Áurea / Leitura Fotográfica / Resoluções / Superfície Ótica. MINICURSOS

PESQUISA QUALITATIVA EM EDUCAÇÃO: OS PROCESSOS DE GERAÇÃO E DE TRATAMENTO DOS DADOS EM PERSPECTIVA

Profa. Me. Maria da Conceição AZEVÊDO Professora da Faculdade de Letras da UFPA/Bragança Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

ste minicurso objetiva pôr em discussão a abordagem qualitativa de pesquisa no campo da educação. Pretende-se abordar a pertinência dessa abordagem

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para o desenvolvimento de investigações que enfoquem as práticas de ensino, a partir da observação empírica que considere o cotidiano de seus agentes, em contextos institucionais. Serão objetos de reflexão: as técnicas e os instrumentos que possibilitam ao pesquisador qualitativo realizar a pesquisa em campo e constituir os dados para estudo; o tratamento dos dados após sua coleta. De modo mais específico, focalizar-se-á a necessidade de adequação das técnicas e instrumentos às especificidades temáticas e contextuais das pesquisas sobre práticas de ensino. serão fornecidos exemplos de mecanismos úteis na sistematização e tratamento dos dados, etapa imprescindível à realização de uma análise produtiva.

PESQUISA LINGUÍSTICA EM CONTEXTOS INTERCULTURAIS

Profa. Dra. Tabita FERNANDES Professora da Faculdade de Letras da UFPA/Bragança Doutora em Linguística (UnB)

ontatos interculturais: comunicação nos contatos interculturais; relação entre língua e cultura. Pesquisa linguística em contextos interculturais: descrição

de línguas em contextos interculturais; descrição linguística e tradução cultural.

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MOSTRA VÍDEO DOCUMENTAL

06 de dezembro

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Loca: Auditório Maria Lúcia Medeiros – Campus Universitário de Bragança

MULHERES DO MANGUE: VIDA E TRABALHO DA MULHER EM COMUNIDADES DE RESEX

Direção: Evandro Medeiros / Fotografia: Danilo Gustavo Asp / Pesquisa: Marcela Ever e Maria Gomes / Coordenação: Deis Siqueira e Maria Cristina Maneschy

ocumentário que debate a questão do trabalho e do cotidiano das mulheres em torno das áreas de RESEX, tais como cortar lenha, pescar, catar caranguejo, trabalhar na lavoura e no forno de farinha. O objeto é a mulher enquanto líder do núcleo familiar e suas dificuldades no labor e na

convivência social. Produção: PPBA (Programa de Pós-Graduação em Biologia Ambiental) & ESAC (Grupo de estudos socioambientais costeiros).

KA’APOR: XIÉ PIHU RENDÁ

Direção, imagens e fotografia: Danilo Gustavo Asp. / Pesquisa: Cristina Caldas e José Guilherme Fernandes. / Realização: Co. Inspiração Amazônica. Produção: PPGLS (Programa de Pós-Graduação Linguagens e Saberes da Amazônia).

O REALISMO MARAVILHOSO NAS NARRATIVAS ORAIS DA REGIÃO BRAGANTINA

Direção, fotografia, edição e imagens: Danilo Gustavo Asp. / Pesquisa: Savana Cardoso / Produção: Alessandra Conde / Realização: Co. Inspiração Amazônica.

rata da relação de hibridismo entre os saberes tradicionais expressos nas narrativas orais da região acerca do fantástico, do maravilhoso e do

sobrenatural, com o saber acadêmico no ambiente científico, através do estranhamento expresso nas vivências dos alunos dos campi UFPA, de Bragança e Capanema.

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Produção: Projeto Audiovisual & Alunos em Revista (FACULDADE DE LETRAS)

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APOIO

REALIZAÇÃO

Programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes na Amazônia