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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE DANÇA IV SEMINÁRIO DE PESQUISA DO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM DANÇA/UFBA “Política em danç�: O esvaziamento crítico” CADERNO DE RESUMOS 02 a 04 de Dezembro de 2013 Escola de Dança/ UFBA

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caderno de resumos IV Seminário PPGDança, Salvador, UFBA: 2013.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE DANÇA

IV SEMINÁRIO DE PESQUISA DO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM DANÇA/UFBA

“Política em danç�:O esvaziamento crítico”

CADERNO DE RESUMOS

02 a 04 de Dezembro de 2013 Escola de Dança/ UFBA

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IV SEMINÁRIO DE PESQUISA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DANÇA/UFBA

“Política em danç�:O esvaziamento crítico”

CADERNO DE RESUMOS

Universidade Federal da Bahia

Page 3: Caderno resumos iv_seminario_danca

ReitoraDora Leal Rosa

Vice-reitorLuiz Rogério Bastos Leal

Diretora da Escola de DançaLeda Muhana Iannitelli

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação de DançaLúcia Matos

Comissão Científica

Profa. Dra. Adriana BittencourtProfa. Dra. Daniela Amoroso

Profa. Dra. Fátima DaltroProfa. Dra. Fátima WachowiczProfa. Dra. Gilsamara Moura

Profa. Dra. Lúcia Matos

Comissão Organizadora

Gilsamara Moura (coord.)Daniela Amoroso

Lúcia Matos

Produzido com recursos oriundos do “Projeto de Qualificação do Programa de Pós-Graduação em Dança/UFBA, aprovado no edital 04/2013, Apoio a Programas de

Pós-Graduação Stricto Sensu, acordo Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –CAPES e a Fundação de Amparo à pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE DANÇA

IV SEMINÁRIO DE PESQUISA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DANÇA/UFBA

“Política em danç�:O esvaziamento crítico”

CADERNO DE RESUMOS

02 a 04 de Dezembro de 2013Escola de Dança/ UFBA

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Design Gráfico

Jacson do Espírito Santo

Editoração

Equipe da EDUFBA

Editores

Adriana BittencourtDaniela AmorosoLúcia Matos

Edição

PPGDança / Escola de Dança – Universidade Federal da Bahia Rua Adhemar de Barros, S/N. Ondina - Salvador

FICHA CATALOGRÁFICA

Seminário de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Dança/UFBA (4. : 2013 : Salvador, BA).

Caderno de resumos [do] IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Dança/UFBA, Salvador, BA, 02 a 04 de dezembro de 2013 / Adriana Bittencourt, Daniela Amoroso, Lúcia Matos, editores. - Salvador: UFBA, 2013.

57 p.

Tema: “Política em dança : o esvaziamento crítico”.ISSN 2316-9443

1. Dança - Congressos. I. Bittencourt, Adriana. II. Amoroso, Daniela. III. Matos, Lúcia. IV. Título.

CDD - 792.8

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Apresentação

O IV Seminário de Pesquisa em Dança “Política em dança: o esva-

ziamento crítico” propõe a discussão de política em seus múltiplos

discursos, uma vez que o fazer crítico torna-se possível quando há

posicionamentos, ações, pensamentos e práticas plurais que ge-

ram contradições e tensionam os ambientes e as relações de poder.

Interessa problematizar a condição política da dança em suas relações

com os diferentes contextos.

O Seminário está organizado nas seguintes mesas temáticas:

Política em dança no contexto educacional; Política em dança no

contexto artístico e cultural; Política em dança e propostas trans-

disciplinares; e, Política em dança para a difusão e produção de

conhecimento.

Nesta edição temos a honra de recebermos para a conferência de

abertura o prof. Dr. André Lepecki, (New York University) com o tema

“Coreo-política e coreo-polícia: mobilização, performance e contes-

tação nas fissuras do urbano”.

Desejamos que este seja mais um espaço de compartilhamento de

conhecimento e de encontros.

Bom Seminário para todos.

Comissão Organizadora

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Editorial

Nesta IV edição do Seminário de Pesquisa, a temática propõe refletir

sobre a condição da dança enquanto ação política a partir de pesqui-

sas e ações específicas que garantam sua sobrevivência como área de

conhecimento. Discutir sobre o “lugar e o papel” de uma política em

dança, sugere observar o entendimento de política em sua natureza

conceitual, para então se pensar em ações particularizadas com suas

distintas funções e setores que a representam. O viés, aqui apresen-

tado, propicia estimular questionamentos que se inserem na reflexão

crítica do próprio conceito como ação, uma vez que abre espaços para

discutir os modos pelos quais a dança, exercita sua construção crítica

diante de normas generalizantes e institucionalizadas com suas pri-

vilegiadas premissas calcadas no consenso. Será que a conduta para a

sua permanência se baseia numa construção cujo entendimento gera

replicações uniformizadas numa redoma dos pseudos acordos?

Parte-se do entendimento de que a crítica emerge pela diferença

e, portanto, ocorre nos agenciamentos que explicitam os acordos, as

congruências e incongruências dessa ação. As evidências da pluralida-

de de se pensar o próprio tema, é que faz desse Seminário um ambiente

abrangente e de complexidade. Assim, promove a percepção de modos

de negociações e posicionamentos a partir de inserções particulares e

coletivas no campo da dança, uma vez que expõe atuações profissio-

nais, características e pesquisas diversificadas como desempenhos que

podem gerar possibilidades de transformações para a área.

O IV Seminário “Política em Dança: o esvaziamento crítico” ofe-

rece a percepção de uma trajetória ao longo de quatro edições sobre

a importância da ação acadêmico-artística, que tem como mote a

produção de conhecimento em sua vertente diversificada, calcada no

pensamento contemporâneo de dança.

Este Caderno de Resumos agrega as palestras, comunicações, vin-

culados a projetos de pesquisa de professores de professores desta e de

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outras Universidades que fazem parte do Seminário. Totalizam 47 co-

municações orais, 2 comunicações demonstrativas e 8 apresentações

de pôsteres resultantes de pesquisas PIBIC/PIBID, contando com um

público aproximadamente, de 200 pessoas. Aos participantes e autores

que contribuíram com suas pesquisas e ideias, nossos agradecimentos

e a expectativa de construção de um ambiente que se move pelos di-

versos modos de se pensar a dança.

Editoras

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Resumos

CONFERÊNCIA DE ABERTURA: “Coreo-política e coreo-polícia: mobili-

zação, performance e contestação nas fissuras do urbano”

Prof. Dr. André Lepecki*

A conferência abordará de que modo “coreografia” pode ser usada

simultaneamente como prática política e como enquadramento teórico

que mapeia, de modo incisivo, performances de mobilidade e mobili-

zação em cenários urbanos de contestação. Tomando como ponto de

partida práticas artísticas que implicam diretamente as tensões sociais

que formam e performam as fissuras do urbano, minha proposta é que

tais práticas revelam coreo-policiamentos sutis que (pre)definem o

espaço urbano como imagem do consenso neo-liberal.

*Professor Associado no Department of Performance Studies, New York University. Doutor pela New York University (2000) é autor de Exhausting Dance: performance and the politics of movement (2006), traduzido atualmente em 9 línguas. Coordenador editorial das antologias, Of the Presence of the Body (2004); The Senses in Performance (com Sally Banes, 2007); Planes of Composition: dance, theory and the glob-al (com Jen Joy, 2009); e Dance (2012). Foi bolsista de pós-graduação das Fundações Gulbenkian e Luso-Americana; Investigador de Pós-Graduação no Instituto Nacional de Investigação Científica / Centro de Estudos de Sociologia, Universidade Nova de Lisboa. Em 2009 foi Fellow do Instituto de Altos Estudos “Interweaving Performance Cultures” na Freie Universität, Berlin. Palestras de destaque incluem: Gauss Seminar at Princeton University, Brown University, University of California Davis, University of California Santa Cruz, University of Basel, UFRJ, ISCTE, Museo Reina Sofia, Hayward Gallery, Haus der Kulturen der Welt, Berlin. Foi curador do festival IN TRANSIT, na Haus der Kulturen der Welt, Berlin em 2008 e 2009. Co-curador do arquivo Dance and Visual Arts, para a exposição MOVE: choreographing you, Hayward Gallery. Premiado pela Associação Internacional de Críticos de Arte (EUA) em 2008 por “Best Performance 2007” pela direção de “18 Happenings in 6 Parts” de Allan Kaprow. No segundo semestre de 2013, é Professor Convidado no Curso de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ, com uma bolsa CAPES/PVE.

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Proposta pedagógica da dança afro na Escola Municipal Malê DebalêAlexandra da Paixão Damasceno de Amorim & Haialla Pereira de Souza

No campo educacional, a lei 10.639 torna obrigatório o ensino da his-

tória e cultura africana. A Dança Afro é uma importante manifestação

artístico-cultural que valoriza a cultura negra e as matrizes africanas.

Existem alguns blocos afros em Salvador-BA, vinculados a escolas

municipais. Assim, o presente texto tem como objetivo identificar a

concepção curricular da Dança Afro no projeto político-pedagógico

(PPP) da Escola Municipal Malê Debalê. Trata-se de um estudo de caso

que utilizou da análise documental e entrevista para coleta de informa-

ções. Como instrumento de análise dos resultados utilizou-se a análise

de conteúdo. A proposta pedagógica da Escola Municipal Malê Debalê é

voltada para introdução de ritmos e movimentos corporais, conscien-

tização da cultura negra, símbolos e saberes elaborados e desenvolvidos

na quadra da sede do bloco. As aulas buscam valorizar a mulher e o

homem negro numa visão política, histórica e cultural. Atualmente

ocorrem duas vezes na semana a partir de demandas advindas dos

alunos aliando atividades coreográficas com experiências teóricas

interdisciplinares sobre temas que remetem a cultura negra. Conclui-

se que no PPP da Escola Municipal Malê Debalê há uma preocupação

que se materializa de aplicação do processo de ensino-aprendizagem

da história e cultura africana numa experiência vivida valendo-se da

Dança Afro como importante e principal estratégia didático-peda-

gógica para tratar sobre este conhecimento partindo desde um viés

físico-biológico do corpo até um viés sócio-histórico-cultural.

Palavras-Chave: Dança; Dança Afro; Currículo; Ensino Fundamental.

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Tanatológica na dança: reflexão sobre regeneração, degeneração e biopoder Ana Carolinha Frinhani Orientadora: Profa. Dra. Ludmila Pimentel

Tomando como referencia o texto “Tanatopolítica (O ciclo de Ghenos)”

do livro “Bios: biopolítica e filosofia”, no qual Roberto Espósito (2010)

discorre sobre a biopolítica nazi préviamente interpretada por Michael

Foucalt, reflete-se nesse artigo sobre uma possível tanatológica segui-

da pela dança em algumas instâncias. O que se propõe aqui é construir

um diálogo entre regeneração, degeneração e biopoder na dança e ain-

da pensá-la como uma estrutura mutável que se movimenta dentro

de uma conjuntunra específica, podendo passar por estados tanto de

exceção quanto de norma, desconstruindo-se e reconstruindo-se das

mais diversas maneiras possíveis.

Palavras-Chave: Tanatopolítica; Degeneração; Regeneração; Dança.

A restrição como condição de possibilidade de novas organizações Adriana Bittencourt & Aline Vallim

Esse artigo explora uma nova hipótese sobre a noção de restrição, ao

se tecer no âmbito do dissenso, quando a entende como condição de

possibilidade, distanciando-a de uma habitual aplicação calcada em

ações de controle e de limite. Tal posicionamento propicia uma tensão

quando reconhece seu emprego atrelado a domínio e inserido numa

lógica de mecanismos disciplinadores. É o corpo rendido às simula-

ções geradas nas relações entre informação e contexto, renunciando

a sua autonomia como tributo as hierarquias de poder. A restrição,

assim, tende a construir uma espécie de padrão em seus tratos pela

instrução, delineada na previsibilidade e na consequência, no requi-

sito de resultados prévios. Utilizada como estratégia de controle, se

configura via regras que regem condutas. Em outro viés, a restrição

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não se caracteriza como ação disciplinadora, mas como necessidade:

implicada na natureza dos fenômenos como uma evidência da pró-

pria existência. Sua condição de possibilidade se faz exatamente num

desdobrar de um continuum de seleções e adaptações, o que permite

compreende-la como possibilidade de outros modos de organização.

Nessa face, que se apresenta contrária em sua concepção, a crítica se

manifesta ao se distanciar de uma compreensão já estabilizada para

provocar a percepção da vinculação entre a aparência e a restrição. Não

se define e nem se limita as ações dos sujeitos, mas se apresenta como

característica de existência. Tem-se, aqui, uma ação política, pelo seu

caráter de oposição ao consenso, ao lançar um enunciado que emerge

pelo risco, já que se indicia subsidiado pelo anseio da transformação.

Palavras-Chave: Restrição; Possibilidade; Dança; Política.

Por uma poética da audiodescrição de dança: uma proposta para a cena da obra Pequetitas Coisas Entre Nós MesmosAna Clara Santos Oliveira. Orientadora: Profa. Dra. Fátima Daltro Campos de Castro.

A proposta surge como reflexão da pesquisa de Mestrado no que tan-

ge a problematização da condição política da audiodescrição de dança

(AD de dança) no contexto artístico e cultural brasileiro com ênfase

em dois aspectos. O primeiro, diz respeito à obrigatoriedade da AD de

dança nos espaços de arte/cultura como direito garantido pela legis-

lação brasileira direito este, ainda invisível na contemporaneidade. O

segundo refere-se às Normas Internacionais de Audiodescrição que

foram apresentadas na pesquisa como contraditórias e não específicas

para a dança, mas seguidas como regras universalizantes nos âmbitos

locais. A ideia é construir um pensamento crítico olhando para a lei

10.098 (BRASIL, 2000) para discutir a falta de cumprimento nos es-

paços de arte/cultura, bem como levantar discursos sobre as regras

estabelecidas nas Normas ainda aplicadas com fidelidade no Brasil. Para

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este aspecto, pretende-se partir de determinados conceitos enfocados

na pesquisa quanto à escrita do roteiro de AD de dança, através do

entendimento de recriação/transcriação de Campos (1992) e, das epis-

temologias do Sul de Santos (2002). A cena da obra Pequetitas Coisas

Entre Nós Mesmos (2011), do Grupo X de Improvisação em Dança,

que nutriu na busca de uma Poética da AD de dança para a construção

dos primeiros parâmetros no roteiro através do “Dicionário Laban”

de Rengel (2003), com a cocriação do público-alvo a partir do fazer

da dança, sobretudo do fazer improvisacional, permitirá pensar mais

profundamente acerca do que se pode denominar de uma política em

AD de dança.

Palavras-chave: Audiodescrição; Dança; Deficiência Visual; Cocriação.

Estética do acontecimento: corpo, intersemiose e risco como agente compositivoAnderson Marcos da Silva Orientadora: Profa. Dra. Adriana Bittencourt Machado

Neste artigo, pretende-se desenvolver relações entre conceitos da

termodinâmica de não equilíbrio e processos de criação em dança. A

partir da fundamentação na irreversibilidade do tempo e com a com-

preensão de que a instabilidade impulsiona a evolução dos sistemas,

a dança pode ser pensada como emergência em um espaço-tempo de

sucessivas (inter)semióses, visto que sua constituição seria resultante

de acordos provisórios entre corpo e ambiente em busca de metaes-

tabilidades. Quando não há a pretensão da previsão ou da repetição

nos processos criativos e as escolhas estéticas e políticas se dão de

forma contextual, o caráter autorreferencial do signo estético é poten-

cializado, de modo que a obra se torna, explicitamente, signo de si e

fenômeno. Tais referenciais permitem concluir que, nas configurações

em que as coerências são criadas em tempo real, o risco pode se tornar

agente compositivo. Nestes casos, a dança parece se afastar dos códi-

gos e dos modelos pré-estabelecidos e poderia se configurar como um

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acontecimento, já que a experiência estética é construída por tensões,

negociações e contaminações temporárias entre os diferentes sistemas

de signos que a constituem.

Palavras-Chave: Dança; Estética; Intersemiose; Risco.

O ensino da dança na Escola Municipal Malê Debalê (Poster)Andréia Soares & Bruno de Jesus Orientadora: Profa. Ms. Virgínia M. S. Rocha

Este relato de experiência refere-se ao trabalho desenvolvido no ano

de 2012 pelos discentes da UFBA e bolsista do Programa Institucional

de Bolsas de Iniciação a docência – PIBID Dança/ UFBA. Teve como

local de trabalho e estudos a Escola Municipal Malê Debalê, realizado

com crianças de idades entre 04 e 13 anos. Os bolsistas partilharam

experiências de dança, relacionando com as interferências e modifi-

cações que a dança pode reverberar no corpo, biopsicossocial, sob a

supervisão da docente Maira Di Natale e da Coordenação da professora

Virgínia M. Suzart Rocha/UFBA.Um dos focos da pesquisa dos bolsistas

realizada neste espaço escolar é despertar nestas crianças a consciência

corporal desta anatomia humana assim como as reverberações que as

ações destes corpos interferem, modificam e colaboram com o meio

social. Utilizando metodologia dialógica e participativa, tendo como

base pedagógica para o desenvolvimento e coerência do processo, teo-

rias do educador Paulo Freire, dentre outros autores que corroboraram

com a pesquisa. Tivemos como resultados importantes desta pesquisa

a percepção da importância do planejamento dialógico para prática

docente, a necessidade de buscar autores que contribuam para desen-

volvimento da pesquisa; percebemos também que as crianças tinham

um sentimento de pertencimento a um grupo e “empoderamento”

quando percebe que é inteligente e produz cultura, dentre outros

resultados.

Palavras-Chave: Corpo; Dança; Educação.

Page 16: Caderno resumos iv_seminario_danca

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Condições (in)visíveisBruna Roncari Orientadora: Profa. Dra. Gilsamara Moura

Este artigo apresenta conexões transitórias entre conceitos, ações e

fragmentos de diálogos produzidos em laboratórios teórico-práti-

cos, realizados com outros alunos do Mestrado em Dança da UFBA.

Aponta algumas oposições – ser/ter, visível/invisível, homem/mulher

– como pontos de tensão de condições de existência subjetiva. Alude

ao devir-mulher como linha de fuga, e a estratégias de envolvimento

em processos criativos como possibilidade de desestabilização dessas

posições, buscando outras visibilidades, formas de ver/ouvir/tocar a

dança, e abrindo acesso mutuo entre corpos.

Palavras-Chave: Visível/Invisível; Devir-Mulher; Potências de Ação.

Filosofia e artes performáticasCarmen Paternostro

Numa reviravolta de perspectiva assinalo com esse resumo um desejo

de abordar o problema do esvaziamento crítico através do reencanta-

mento da crítica. A revitalização da produção crítica como elemento

propulsionador seria o ponto de partida. Em muitas ocasiões o objeto

da crítica deixa de ser um sistema organizado para ser apreciado e pas-

sa para uma categoria inferior sujeitado a enxurradas de associações

de materiais semânticos manipulados por excessiva subjetividade. O

advento de experiências pós-modernas trouxe a perspectiva de se tra-

balhar na cena refletindo critica e intermediamente, democratizando

e reencantando a critica para uma análise que reconhece a necessidade

de olhares múltiplos. O olhar crítico reencanta-se no espírito da ma-

téria contemplada.

Palavras-Chave: Crítica; Reencantamento; Subjetividade; Pós-Modernidade.

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O problema mente-corpo e algumas de suas implicações políticas e sociaisCharlene Simão Orientadora: Profa. Dra. Lenira Peral Rengel

O presente artigo estabelece uma relação entre o dualismo que sepa-

ra corpo e mente e algumas de suas reverberações políticas e sociais.

Inicialmente, aborda como um problema ontológico a divisão cor-

po-mente. Através dos estudos do filósofo Paul Churchland explica

essa divisão, por meio de teorias dualistas da mente como o dualis-

mo de substância e o dualismo de propriedade. Investiga os primeiros

vestígios da separação corpo-mente e chega à conclusão de que esse

dualismo é aceito pela maioria das pessoas, por motivos religiosos ou

não. Em seguida, o trabalho investiga quais implicações políticas e so-

ciais que o problema ontológico corpo-mente pode gerar. Para isso,

traça um paralelo entre alguns aspectos dos conceitos de Biopolítica

e de Tanatopolítica, discutidos a partir do filósofo Roberto Esposito e,

a desvalorização de um corpo apartado de sua mente. Analisa tam-

bém de que modo a divisão corpo-mente reverbera em outros modos

dualistas de entender o corpo utilizando textos de Cristine Greiner e

Denise Najmanovich. Por fim propõe que, por meio de estudos cogni-

tivos, que entendem mente e corpo sempre como composição de um

organismo, será possível não apenas superar o dualismo corpo-mente

como repensar e modificar suas implicações políticas e sociais.

Palavras-Chave: Dualismo; Corpo-Mente; Política; Sociedade.

A atuação do PIBID/Dança em escolas da rede pública de SalvadorClarice Contreiras

Este artigo relata a experiência das atividades do PIBID-Dança em cin-

co escolas da rede pública de Salvador. O Programa Institucional de

Bolsas de Iniciação à Docência, instituído pelo Ministério da Educação,

Page 18: Caderno resumos iv_seminario_danca

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por intermédio do SESu - Secretaria de Educação Superior, da CAPES

- Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior - e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

- FNDE, promove uma articulação entre a educação superior (licen-

ciaturas) e as secretarias estaduais e municipais de educação a favor

da melhoria do ensino nas escolas públicas de todo o país. O programa

possibilita a inserção e o contato do licenciando nas escolas da rede

estadual e municipal de ensino. O sub-projeto “Arte Fora dos Muros

da Escola: educando o olhar” criado em 2010 sob a coordenação da

professora Mestra Virgínia Maria Suzart Rocha, tem como foco a ati-

vidade sistemática de apreciação estética e a inserção da Dança como

prática educacional para os educandos do ensino fundamental e médio

das escolas envolvidas. A metodologia utilizada neste relato é o estudo

qualitativo, de natureza exploratória e descritiva visando o registro das

atividades realizadas nas escolas. O projeto PIBID eleva, questiona e

redimensiona a qualidade de ensino oferecido aos educandos da rede

pública de ensino e a prática dos educadores das escolas envolvidas.

Portanto, a reflexão sobre as ações da supervisão nas escolas favorece

a importante articulação teóricoprática, a formação dos licenciandos,

a prática docente e o aprendizado escolar além de contribuir para a

inserção da dança como área de conhecimento.

Palavras-Chave: Dança; Formação Profissional; Educação; PIBID.

Artista-obra-público: reflexão, discurso e visibilidade na dança contemporâneaClaudia Góes Muller (UFU)

Ao longo do processo de HELP! I need somebody, trabalho artístico da

autora, estreado em 2013, um físico apontou: - Este espetáculo deveria

estrear no mundo quântico. Ao que acrescentou: - á foi comprovado

que, no mundo das partículas (moléculas, átomos e partículas subatô-

micas), não há como observá-las sem interferir em sua composição e

organização. Em dado momento de HELP!, o público ocupa o lugar de

Page 19: Caderno resumos iv_seminario_danca

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crítico, durante o chamado S.A.E. (Serviço de Atenção ao Espectador),

com o intuito de refletir sobre o espaço de partilha e crítica do espec-

tador. No presente artigo, pretendo discutir as políticas do encontro

e de participação presentes na interseção obra-público-artista em

dança contemporânea: de que modo a produção artística neste campo

torna-se (in)acessível ao público e como considerar, no processo e na

construção da obra, os seus próprios modos de visibilidade e de cons-

trução de discurso crítico.

Palavras-Chave: Público; Dança Contemporânea; Discurso Crítico; Compartilhamento.

Improvisação em dança: padrão como sobrevivência, memória como atualização, ruptura como desafioClaudinei Sevegnani Orientadora: Profa. Dra. Fátima Daltro

A improvisação pode ser entendida como um sistema evolutivo onde

se operam processos de troca e de transformação de informações en-

tre corpo e ambiente que a fazem evoluir na duração do tempo. As

memórias são um dos substratos de atualizações e refazimentos de

movimentos, constituindo espaços de pesquisa para compreender

que o que dançamos hoje não é resultado de um progresso – no senti-

do de melhoria, portanto, carregado de aspectos de valoração –, mas

sim no sentido de evolução, quando não existe uma noção de meta a

ser atingida, e sim de processos que acontecem ao longo do tempo e

que permitem transformações. A improvisação, numa perspectiva de

processo evolutivo, encontra na memória sua base de continuidade e

de permanência. A ruptura de padrão instaura possibilidades de so-

brevivência através de ações reflexivas e críticas sobre os modos de

constituição da improvisação e das memórias do corpo.

Palavras-Chave: Improvisação em Dança; Memória; Psicologia Cognitiva; Processos Evolutivos.

Page 20: Caderno resumos iv_seminario_danca

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Experimentando a alteridade na cópia em danças populares brasileiras.Daniela Maria Amoroso

Esse trabalho é proposto em formato de comunicação demonstrativa

que tem como objetivo problematizar o entendimento de memória

corporal a partir da cópia de passos de danças populares brasileiras.

A questão em jogo, ou seja, da cópia como procedimento, tensiona a

necessidade da pesquisa de campo geralmente assumida como meto-

dologia para as criações em danças brasileiras. O que aconteceria se

criássemos a partir de imagens? A reflexão crítica sobre o pertenci-

mento, experiência, alteridade e legitimidade do intérprete vem à

tona. A alteridade na dança pode sim ser experimentada pela citação

e pela cópia (Launay, 2012), de modo que quando tentamos copiar

um passo, jeito de dançar, modo de fazer, técnica de corpo (Mauss)

estamos em alteridade ao experimentar o gesto do outro. E, quando

propomos trazer a cópia/citação para a cena, tratamos de memória re-

significada e que assume em cena os seus próprios desvios e limites.

Nesse sentido, a noção totalizadora de memória e de identidade é de-

sestabilizada no processo de busca em ‘ser o outro’ através da cópia e

revela a memória como fluxo de interpretações. Metodologicamente,

os vídeos serão exibidos como modo de apreensão das techniques du

corps (Mauss) e a cópia e/ou citação pretende ser realizada em tempo

real a partir de extratos de vídeo dessas mesmas danças.

Palavras-Chave: Cópia; Alteridade; Memória; Imagem; Danças Populares.

Jogo como dispositivo de profanação – uma articulação de princípios para prática da dança.Denise Torraca Soares Orientadora: Profa. Dra. Lenira Peral Rengel

Para discutir política em dança, optou-se por abordar aspec-

tos que integram mecanismos de ação do palhaço e que vem sendo

Page 21: Caderno resumos iv_seminario_danca

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problematizados no contexto da pesquisa acadêmica e artística em

dança. Ao considerar a capacidade de jogar como um princípio de ação

na palhaçaria se articula o conceito de profanação de Giorgio Agamben

(2007), no qual o jogo é integrado à discussão como uma nova dimensão

do “uso” que especialmente as crianças conferem a humanidade. De

tal modo, a potência política do palhaço está no exercício de alterida-

de implicado em sua prática, que se desenvolve a partir da capacidade

de jogar com aquilo que, em geral, tornamos socialmente indisponí-

vel. Potência, no entanto, é aqui compreendida como capacidade de

agir, de afetar e ser afetado pelo outro (KÁSPER, 2004). A prática des-

tes princípios no processo artístico em dança pode contribuir para o

questionamento de valores – ou padrões – que se propagam indiscri-

minadamente atuando num plano político muito sutil.

Palavras-Chave: Profanação; Potência Política; Dança.

Política, dança e o esvaziamento da críticaFabiana Dultra Britto

Pensar a política em dança é pensar suas condições de resistência à

força reiterativa das hegemonias constituídas e suas armadilhas de

apropriação do pensamento critico pela inversão dos polos de refe-

rência combativa (Rancière). Esse artigo se propõe a refletir sobre a

situação acrítica por que passa a institucionalização dos sistemas de

produção artística e teórica em dança, tomando a relação da dança

com a universidade como sintoma do que chamaremos de parado-

xo da coplasticidade – que tanto expressa o triunfo da cientificidade

como valor artístico quanto a ascenção da categoria estética como

parâmetro de qualificação científica – ressaltando a responsabilidade

da pesquisa acadêmica como fator dissensual aos modismos, capaz de

desestabilizar discursos hegemônicos, consensuais e homogeneizantes

responsáveis pela manutenção do status quo, próprios aos contextos

apaziguados.

Palavras-Chave: Política; Dança; Dissenso; Crítica.

Page 22: Caderno resumos iv_seminario_danca

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Políticas culturais e mecanismos de fomento e a Dança na BahiaFabio Luis Oliveira Monteiro Orientadora: Profa. Dra. Gilsamara Moura

O artigo proposto tem por objetivo fazer reflexões sobre as políticas

públicas para a dança, desenvolvidas pelo Governo do Estado da Bahia,

no período de 2007 a 2010, que corresponde ao primeiro mandato

do Governo Jaques Wagner. Serão exploradas, para tanto, os estudos

sobre o entendimento de Cultura e de Políticas Públicas dos pesqui-

sadores Isaura Botelho, Teixeira Coelho e Alexandre Barbalho, para, a

partir destes, encontrar pontos de tensão entre o que se entende por

política pública e as diretrizes e ferramentas governamentais que fo-

ram postas em prática. A partir do levantamento bibliográfico feito

dentro do PPGDança, este artigo irá relacionar estudos sobre Cultura

e Políticas Culturais num viés crítico e colaborar com a pesquisa que

o autor está desenvolvendo no Mestrado Acadêmico em dança, onde

busca trazer à tona relações sobre as implicações que os mecanismos

de fomento para a cultura, e mais especificamente para a dança, nos

processos criativos. O autor acredita que as políticas culturais podem

limitar o trabalho de criação dos artistas comprometendo os processos

criativos e, por consequência, as obras.

Palavras-Chave: Dança; Cultura; Políticas Públicas; Editais.

Grupos de Dança em Salvador: mapeamento de grupos profissionais, amadores e de seus modos organizativos Bolsista IC: Fabio Santos Silva Orientador: Profa. Dra. Lúcia Matos

O presente estudo, com foco num levantamento de grupos profis-

sionais e amadores de dança em Salvador, refere-se a pesquisa de

Iniciação Científica (PERMANECER - PROAE-UFBA) vinculada ao

Page 23: Caderno resumos iv_seminario_danca

22

projeto “Cartografias de micro e macropolíticas da dança em Salvador:

mapeamento dos campos da produção artística e de formação” coor-

denado pela profa. Dra. Lúcia Matos e desenvolvido no âmbito do grupo

de pesquisa PROCEDA – Processos Corporeográficos e Educacionais

em Dança. Tem como objetivo realizar a primeira etapa de um levan-

tamento dos agentes da dança (grupos profissionais e amadores) que

atuam em Salvador, selecionado um grupo para análise de seu modo

de organização. Para tanto, nesta fase da pesquisa, aplicaremos um

formulário visando a coleta de dados para a criação de um cadastro

dos agentes da dança atuantes no campo artístico no município de

Salvador. A partir desse panorama, escolheremos um desses grupos

identificados para analisar sua forma organizativa. Assim, espera-se

conhecer a particularidade desse grupo de dança e articular esse cená-

rio com discussões sobre o campo de atuação das políticas culturais e

educacionais para a Dança.

Palavras-Chave: Dança; Salvador; Grupos; Mapeamento.

Investigando possibilidades de criação: experiência entre o Grupo X de Improvisação em dança e as lavadeiras do Alto das PombasFatima Daltro & Maria Carolina Leite

Esta comunicação tem como escopo investigar os processos de criação

da obra “No Jardim de Fulaninhas”, a partir da análise das estratégias e

jogos coreográficos utilizados pelo grupo x de improvisação em dança

junto ás mulheres da lavanderia de Alta das Pombas. Investiga e ex-

plora os assuntos do cotidiano social para a criação de poéticas para

dança aproveitando a ambiência local. O espaço é observado do pon-

to de vista de sua construtibilidade e de sua inerente mobilidade ao

sofrer a intervenção do corpo/movimento. No jardim das fulaninhas,

perguntamos... o que do outro nos afeta e como o afetamos? Como o

corpo aproveita, elimina e transforma algumas ideias que foram sen-

do criadas “juntas” e que servem de ações para a composição em/de

Page 24: Caderno resumos iv_seminario_danca

23

dança? A obra supracitada propõe a criação compartilhada, observado

a tríade espectadores, obra e artista, das tensões e intencionalidades

que são criadas através das relações espaço temporais entre eles e que

são aproveitadas como mote durante a cena. Para falar das relações es-

paços temporais e dança, dialogaremos com Lucrécia Ferrara (2010) e

Laurence Louppe (2012), estabelecendo pontes com as discussões so-

bre o autor, salientadas por Foucault (1999), bem como a possibilidade

de abertura e posicionamento crítico do espectador sob o ponto de vis-

ta de Ranciérè (2010).

Palavras-Chaves: Espaços Urbanos; Autoria e Coautoria; Grupo X de Improvisação em Dança.

A Dança e as estratégias cognitivas no vídeo-instalação ‘E você, vê?’ Fatima Wachowicz, Aline Amado & Clara Matos Orientadora: Profa. Dra. Fatima Wachowicz

O presente trabalho faz parte do projeto de pesquisa ‘Investigações

cognitivas em práticas criativas’, vinculado à Linha de Pesquisa

Experimental em Estudos Cognitivos do Movimento, Grupo

Corponectivos, da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia.

A pesquisa investiga processos criativos cênicos em dança aliados aos

estudos da psicologia cognitiva e neurociências. Propõe-se o estudo

das interfaces entre a dança e o campo das ciências cognitivas para

ampliar as estratégias de análise e conhecimento da maneira como

movimentos humanos são processados. A pesquisa teórico-prática le-

vou a realização e filmagem da performance, ocorrida no campus da

UFBA – Praça das Artes, tendo como resultado o vídeo-instalação “E

você, vê?”. O experimento revisita o efeito bystander (Latané & Nida,

1981; Davidoff, 2001) e o “efeito corda invisível”, estudos procedentes

da psicologia cognitiva (Matlin, 2002; Matlin & Foley, 1997), propondo

novas reflexões aos estudos da área de dança. Destacam-se conteúdos

trazidos por Latané e Nida (1981), e por Davidoff (2001), que abordam

Page 25: Caderno resumos iv_seminario_danca

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a conformidade social e analisam as reações das pessoas quando se está

diante da necessidade do outro em alguma situação de emergência. Em

outro momento foi realizada a performance do “efeito corda invisível”,

que revela que o cérebro humano faz inferências sobre as informações

processadas, levando o observador a confiar na existência de um ob-

jeto, através do comportamento e atitude do outro. O experimento do

vídeo-instalção “E você, vê?” investiga a percepção do público que

interagiu no processo da filmagem da performance, concluindo o tra-

balho que posteriormente foi apresentado no Painel Performático da

Escola de Dança/UFBA em março/2013 e em agosto/2013.

Palavras-Chave: Corpo; Vídeo-Instalação; Percepção; Cognição.

Tensões políticas na discussão entre tradição e contemporaneidade sobre o fazer da dançaFernando Davidovitsch Orientadora: Profa. Dra. Lenira Peral Rengel

O presente artigo é parte de uma pesquisa acadêmica sobre o trabalho

artístico-coreográfico “Rikud Vira-Lata” (Rikud significa dança, em

hebraico), de autoria própria. Propostas de investigações sobre novos/

outros modos de fazer a dança israelita, visando possibilidades dialó-

gicas entre tradição e contemporaneidade, foram ideias motoras para o

processo investigativo artístico neste trabalho de dança. Tal obra core-

ográfica, que já vem sendo apresentada há dois anos, tem encontrado

grande dificuldade de inserção nos ambientes onde se produzem dança

israelita, não conseguindo acessar o público apreciador desta expres-

são de arte. Identifica-se nesta situação uma política de imunização

nestes lugares onde acontecem os eventos e festivais relativos a esta

forma de expressão de dança. Assim, este texto coloca em evidência

como as atitudes político-críticas na dança estão implicadas tanto em

grupos sociais que valorizam nas tradições populares o grau de preser-

vação em seu modo de fazer, quanto em outros grupos que propõem

trabalhar com tradições populares, tendo como foco o diálogo deste

Page 26: Caderno resumos iv_seminario_danca

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fazer na contemporaneidade. Serão observadas as tensões geradas en-

tre ambos os grupos e como as decisões de cada um deles são soluções

político-críticas que, a partir de seus respectivos pontos de vistas, vão

em defesa das danças tradicionais e os seus fazeres coreográficos

Palavras-Chave: Políticas do Chão; Imunização; Contemporaneidade; Danças Tradicionais.

Human Connection Project/Dança-UfbaGilsamara Moura

Tomando como ponto de partida a noção de “bios midiático” (Sodré,

2002), a presente proposta procura refletir acerca da informação

enquanto disseminadora de experiências e ações, não reduzindo a

comunicação a uma visão midiacêntrica, porém tendo seu enfoque

voltado para as questões da sociabilidade. Nesse sentido, espaciali-

dade e corporalidade integram o panorama das relações intertextuais

(Ferrara, 2008) levando em conta a utilização de diferentes mídias. A

proposta desta pesquisa é observar a espacialidade e a corporalidade

seguindo os fundamentos teóricos dos autores citados, tendo como es-

tudo de caso o Human Connection Project/ Dança- UFBA, como célula

de um projeto maior, organizado em parcerias, envolvendo a princípio:

um professor especialista em estudos interculturais da Universidade de

Harvard; uma pesquisa de pós-doutoramento; 11 universidades bra-

sileiras; uma videoartista; e uma equipe de comunicação. Durante 12

meses de pesquisa e experimentação podemos indagar que os estudos

da espacialidade e da corporalidade constituem o que Sodré (2002:258)

aponta como a práxis (teoria e prática integradas) do pesquisador, en-

trelaçando conhecimento e imaginação criativa não apenas como algo

concebível, mas também socialmente realizável.

Palavras-Chave: Espacialidade; Corporalidade; Human Connection Project.

Page 27: Caderno resumos iv_seminario_danca

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Da visibilidade à hegemonia no campo da dança contemporâneaGiltanei Amorim Paes Orientadora: Profa. Dra. Jussara Setenta

O desenvolvimento da dança enquanto área de conhecimento tem soli-

citado a artistas, estudantes e pesquisadores o aprofundamento crítico

de diversas questões que emergem na atualidade. Ao pensar sobre os

ambientes de legitimação da dança, os programas de financiamento

para sua produção e difusão, os mercados de trabalho e a relação que

estes tecem com os agentes da dança (artistas, produtores, críticos,

curadores, etc.) torna-se fundamental atentar para as reverberações

políticas que surgem de tais negociações. Diante dessa realidade, essa

pesquisa, em desenvolvimento junto ao Programa de Pós-graduação

em dança, sob orientação da professora Drª Jussara Sobreira Setenta,

pergunta como a busca por visibilidade pelos artistas do campo da

dança contemporânea têm gerado ambientes que tendem a pensa-

mentos hegemônicos, contrariando paradigmas contemporaneos que

dizem respeito à heterogeneidade de saberes e fazeres.

Palavras-Chave: Visibilidade; Mercado; Dança Contemporânea; Hegemonia.

M’bolumbümba: a Capoeira Regional sob uma perspectiva contemporâneaGuilherme Bertissolo & Lia Gunter Sfoggia

Esta apresentação enfocará a pesquisa experiencial sobre a articula-

ção entre movimento e música em m’bolumbümba: entre o corpo e

o berimbau, uma obra de dança e música realizada colaborativamen-

te pelos autores. A pesquisa que resultou nessa composição enfocou

um contexto onde movimento e música não são categorias concei-

tuais distintas: a Capoeira Regional. Partimos de uma noção de corpo

que compreende a dança como um ambiente relacional, nutrido pelo

diálogo contínuo e aberto com seu contexto. Através da imersão no

Page 28: Caderno resumos iv_seminario_danca

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universo da Capoeira Regional, pudemos estabelecer uma série de di-

álogos com sujeitos e ideias, que mediaram inferências no domínio

da experiência. Foram formalizadas quatro noções de um arcabouço

conceitual, que veiculou aspectos de movimento e música em uma

articulação complexa, e possibilitou a criação do universo poético

do espetáculo: ciclicidade, “incisividade”, circularidade e “surpre-

endibilidade”.Discutiremos os desdobramentos que possibilitaram

a incursão formal da pesquisa recentemente concluída no âmbito de

Doutorado no Programa de Pós-Graduação de Música da Universidade

Federal da Bahia. Partiremos de noções como a aplicação de metá-

foras conceituais e esquemas imagéticos baseados na experiência do

corpo (mente incorporada e cognição), bem como a Análise Laban/

Bartenieff de Movimento e discussões acerca do corpo contemporâ-

neo. Abordaremos a obra m’bolumbümba: entre o corpo e o berimbau,

como uma resposta ao campo de possibilidades criativas oriundas da

experiência no contexto pesquisado, onde os conceitos foram aferidos,

possibilitando a mobilização de ideias, materiais e processos relacio-

nados ao contexto da Capoeira Regional.

Palavras-Chave: Composição; Capoeira; Sistema Laban/Bartenieff de Análise do Movimento.

“Entre” a ação e a indignação: por uma biopolitca corpomídiaIara Cerqueira Linhares de Albuquerque

Esse artigo propõe refletir a questão autoral nas redes digitais a partir

da Teoria corpomídia e das leituras aos autores Manuel Castells, Nikolas

Rose e Paolo Virno nos processos criativos no mundo onoff line. Os

mecanismos utilizados na internet para a circulação de informação,

e espaço de produção de conexões múltiplas e mestiças, instigam a

reflexão sobre os processos criativos. Ações em dança de forma com-

partilhada estimulam discursos e manifestações, ampliam caminhos

e intersecções na qual articulações geram novas compreensões des-

sas relações virtuais. Parece existir uma paridade na organização das

Page 29: Caderno resumos iv_seminario_danca

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manifestações e nos processos de criação em rede ao buscarem um “en-

tre” lugar capaz de gerar possibilidades de existência e atuação como

aspectos constitutivos nas relações pontuais e provisórias que carac-

terizam a dinâmica nos processos evolutivos. Mas como não se tornar

imune num universo coletivo, em expansão e com códigos próprios de

comunicação? A hipótese é a de que ao discorrer corpomídia como uma

biopolítica de resistência o corpo nada mais é do que uma manifestação

do tipo de comunicação em curso com os ambientes, consequente um

pensamento ao mesmo tempo de participação e colaboração. O obje-

tivo é pensar o autor nesse “entre’” lugar, capaz de deflagrar ações e

constituir movimentos enquanto fluxo de conexões e associações em

correlações permanentes. O diálogo que se propõe entre arte e ciên-

cia visam a estender e ampliar o entendimento sobre criação em redes

digitais como um fenômeno complexo que se apresenta com suas es-

pecificidades, ampliando-se o discurso nesse campo e fortalecendo de

maneira estratégica sua continuidade.

Palavras-Chave: Corpomídia; Biopolítica; Rede; Processos Criativos.

A dança no ensino não formal em Salvador: o cenário das academias de Dança e suas propostas metodológicasIdaiane Moraes Gonçalves Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Matos

Este um subprojeto faz parte da proposta marco “O Mapeamento dos

campos artísticos e de formação em Dança: O município de Salvador”,

coordenado pela Professora Lucia Matos e desenvolvido no âmbito do

PROCEDA. Esta pesquisa de Iniciação Científica, que ora encontra-se

em fase inicial, visa realizar um levantamento preliminar das acade-

mias de dança de Salvador e, posteriormente, selecionar três unidades

de análise para que se possa verificar suas propostas artístico-educa-

tivas e metodológicas, bem como verificar a presença de profissionais

de Dança formados pela Universidade. Para tanto, usaremos como

Page 30: Caderno resumos iv_seminario_danca

29

aporte teórico autores como Strazacappa (2006), Marques (2003) e

Matos (2005), que abordam de forma geral o ensino da dança no âmbi-

to formal e não-formal.

Palavras-Chave: Dança; Salvador; Mapeamento.

Dança contemporânea e a produção do informe como processo anti-hegemônico?Isaura Tupiniquim Orientadora: Profa. Dra. Fabiana Dultra Britto

Este trabalho pretende discutir os conceitos de heterogeneidade, ho-

mogeneidade e informe a partir do autor Georges Bataille, a fim de

observar a ocorrência destes na produção contemporânea em dan-

ça. Como parte de uma pesquisa sobre os processos transgressores da

dança, esse estudo vem colaborar com a compreensão das escolhas

e suas implicações na produção estética e de conhecimento na dan-

ça contemporânea como processo anti-hegemônico. O heterogêneo,

nesse sentido, não seria nem positivo, nem negativo, mas aquilo

que no processo de homogeneização da produção da arte surge por

excrescências, secreções - o informe. As propostas de dança contem-

porânea se dão em grande parte no campo discursivo atravessadas por

conceitos e atualizados ao seu contexto, assumindo a condição teóri-

ca de produzir questões e crítica. Nesse sentido é possível recorrer a

conceitos como heterogeneidade, numa estratégia de abordagem da

diferença e singularidade dos corpos como forma subversiva de atu-

ação, em contraposição a práticas homogeneizantes da dança. Sendo

assim, como a dança contemporânea tem tangenciado esses conceitos

na sua produção estética – discursiva? E considerando a transgressão

poderíamos apontar a relação entre o conceito de forma/informe ba-

tailliano e a atual política em dança?

Palavras-Chave: Dança Contemporânea; Heterogeneidade; Informe.

Page 31: Caderno resumos iv_seminario_danca

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A cinesfera de Laban e a dança na formação do psicopedagogo: espaço de autonomia do corpoIvana Bittencourt Orientadora: Profa. Dra. Lenira Rengel

O presente estudo visa apresentar as contribuições da Dança na for-

mação do psicopedagogo por meio da Arte do Movimento de Laban,

dando ênfase à Cinesfera. Entenda-se Cinesfera como o espaço que nos

envolve, onde acontece o movimento e como lugar de concepção de

mundo, de reflexão, de ação – (RENGEL, 2003). A partir de encontros,

realizados com um grupo de estudantes do curso de Psicopedagogia da

Faculdade São Bento da Bahia, nos quais a “dança de Laban” é parte

do processo crítico-mediador, verifica-se suas percepções na rela-

ção corpo, espaço e movimento. Por meio disso o artigo busca refletir

sobre a Cinesfera na formação do psicopedagogo como lugar de auto-

nomia e liberdade do movimento, do entendimento/ação do corpo; na

autoria do pensamento (FERNANDEZ, 2001); nas ações motivadoras de

uma aprendizagem crítico-reflexiva (NEWLOVE e DALBY, 2011), que

satisfazem uma necessidade, um desejo (PRESTON-DUNLOP, 2008) e

os vínculos produzidos na apreensão do conhecimento (VISCA, 2010).

Palavras-Chave: Dança; Cinesfera; Psicopedagogo; Aprendizagem Crítico-Reflexiva.

A Dança e sua articulação em rede no município de SalvadorJacson do Espirito Santo Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Matos

Esta pesquisa tem como objeto de análise a identificação das instâncias

de representação da dança e articuladores no município de Salvador,

tendo como foco as redes, associações, fóruns e suas atuações na cons-

trução de políticas públicas para a Dança. Essa pesquisa está vinculada

a pesquisa coordenada pela professora Lúcia Matos, a qual visa mapear

os campos de formação e de produção artística da Dança, em Salvador.

Page 32: Caderno resumos iv_seminario_danca

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Pretende-se identificar em Salvador as diferentes configurações de or-

ganizações socioculturais, redes, associações e agentes culturais que

atuam na área da Dança, tanto no campo da educação quanto da pro-

dução artística. Entender as articulações desses artistas/profissionais,

o perfil desses representantes, suas práticas e formas de articulação é

um dos objetos dessa pesquisa. Sendo assim, não se trata de um ma-

peamento estanque para a identificação de formas de organzação da

sociedade civil e de seus potenciais ativismos políticos, pretende-se

contribuir para o entendimento ampliado sobre a atuação transdisci-

plinar e de natureza colaborativa dessas organizações e como se tecem

suas ações nos campos educacioanis e da produção artística em Dança.

Palavras-chave: Dança; Arte e Educação; Política Cultural, Redes Colaborativas

Movimento: repensar o termo para readequá-lo para estudos atuais em dançaJussara Braga Bastos Orientadora: Profa. Dra. Lela Queiroz

O presente artigo busca apresentar o movimento como elemento cen-

tral de discussão. Com as recentes descobertas das ciências cognitivas

sobre como o corpo aprende, conhece e age no mundo, pretendemos

aqui apresentar como o conhecimento é construído na experiência e

de modo único a cada corpo através do movimento. Para isso teremos

como base o entendimento de embodiment, que leva em consideração

que a cognição tem seu início no e pelo corpo, a noção de corporaliza-

ção de Clélia Queiroz (2011) e entendimento de percepção-ação de Alva

Nöe (2004), tecendo relações com a dança. Assim, buscamos eviden-

ciar a necessidade de rever o entendimento tradicionalista do termo

“movimento” para se discutir dança atualmente no intuito de fazer

entender que movimentos intrínsecos do organismo, não vistos a olho

nu nem demarcados com um início, um meio e um fim, também são

movimentos. Discutiremos aqui uma modificação de entendimento do

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termo que provoca mudanças políticas na compreensão de corpo e os

desdobramentos de suas relações com a dança.

Palavras-Chave: Dança; Movimento; Corporalização/Embodiment. Processos Cognitivos; Percepção-Ação.

Canônicas metamorfoses da área de conhecimento DançaLígia Maria Louduvino Martins (ULBRA) Orientadora: Anette Lubisco Lopes (ULBRA)

A consolidação da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 e a implementação

dos Parâmetros Curriculares Nacionais, no que diz respeito ao ensino

das artes, foram fatores preponderantes na legitimação das linguagens

artísticas, principalmente cênicas, na escola. A presença da dança no

currículo escolar culminou na necessidade de professores com forma-

ção específica para ministrar esta disciplina, impulsionando a criação

de mais licenciaturas em dança. O Programa de Apoio a Planos de

Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI na

útima década possibilitou um novo momento de expansão do ensino

superior federal. O objetivo geral deste artigo foi contextualizar a for-

mação em dança no ensino superior do Brasil. Os objetivos específicos

foram mapear os cursos existentes, analisar a legislação e contextua-

lizar as disciplinas específicas de dança. Como metodologia adotou-se

uma pesquisa bibliográfica e qualitativa. Averiguando pressupostos

das Diretrizes Curriculares Nacionais e suas (in)flexibilizações em bre-

ves espaços reservados à indicadores e ao projeto político pedagógico

na consolidação dos currículos de dança no país. Nestas seis décadas

de história de dança sendo pensadas nos aquedutos do conhecimento

científico no Brasil, observa-se o constante aprimoramento do diálo-

go entre a formação do educador e do papel das disciplinas específicas

de dança. Na polifonia das reflexões/dançadas, agentes e instituições,

sendo modificados e modificando este sistema, transformam esta

trajetória na legitimação da dança enquanto área de conhecimento

específica.

Palavras-Chave: Arte; Ensino; Sociedade.

Page 34: Caderno resumos iv_seminario_danca

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O processo de criação compartilhado: dançando em coletivoLucas Valentim Rocha Orientadora: Profa. Dra. Gilsamara Moura.

Este trabalho busca discutir especificidades do processo de cria-

ção compartilhado, com foco na Dança. Entretanto, as questões aqui

apontadas extrapolam os limites desta área de conhecimento tocando

em assuntos que perpassam outros processos criativos. Estaremos nos

referindo a algumas características que tornam o exercício da coletivi-

dade uma política de fortalecimento das potências criativas dos sujeitos

em processo e, ao mesmo tempo, um desafio constante em favor da

comunidade. A primeira questão que discutiremos, relaciona-se com

a noção de inacabamento do processo de criação, no sentido de que

parece incongruente falar de ponto de origem e de ponto final quan-

do nos referimos a tais processos. Esta é uma questão observada pela

professora Cecília Salles e que nos serve como detonadora para pensar

um processo de criação no gerúndio. A segunda parte do trabalho dis-

cutirá as noções de autonomia e colaboração a partir do ponto de vista

de alguns teóricos como Edgard Morin, Paulo Freire, Christine Greiner

e Stefen Nachmanovich. Por fim, e não obedecendo, necessariamente,

uma ordem cronológica, estaremos tratando das relações de hierar-

quia e autoria, conceitos sempre presentes no cotidiano de artistas que

se permitem experienciar processos colaborativos. Diante da impossi-

bilidade de tratar sobre tais questões sem observar como se configuram

as relações de poder nos processos colaborativos, incluiremos nesta

discussão os conceitos de biopotência, biopoder e imunização, trata-

dos por Roberto Esposito no livro Bios: bipolítica e filosofia.

Palavras-Chave: Criação; Colaboração; Autonomia; Poder.

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Movimentos da Dança em Camaçari e Lauro de FreitasLucia Matos (coord.); Teresa Oliveira; Jacson Espírito Santo; Manuela Reis; Pamela Santana; Ticiana Pereira & Uildemberg Cardeal

Esta comunicação refere-se aos resultados parciais da pesqui-

sa “Mapeamento dos campos artístico e de Formação em Dança em

dois Municípios da Região Metropolitana de Salvador (RMS): Lauro

de Freitas e Camaçari”, a qual encontra-se em fase de conclusão e é

desenvolvida no âmbito do grupo de pesquisa PROCEDA – Processos

Corporeográficos e Educacionais em Dança e coordenado por Lúcia

Matos. Além dos dados da pesquisa macro, apresentaremos os resul-

tados obtidos com os três planos de trabalho de Iniciação Científica,

realizadas entre 2011-2013, tendo sido dois efetivados em Camaçari

(Dança na cidade do Saber; formação cidadã em dança) e um em Lauro

de Freitas (o ensino da dança em projetos comunitários). Também

abordaremos aspectos relacionados ás ações vinculadas ao projeto de

extensão Redanças: redes colaborativas em dança como ação política

(2011 - 2012), o qual gerou dois planos de trabalho em Camaçari e dois

em Lauro de Freitas. Com esse cenário, apresentaremos as tensividades

existentes entre as políticas públicas educacionais e culturais propos-

tas para a Dança e a heterogeneidade das micro-realidades dessa área

nos municípios de Lauro de Freitas e Camaçari. Por essa via, os resul-

tados desta pesquisa pretendem apresentar mapas flutuantes dessas

conjunturas e abordar algumas estratégias geradas pelos agentes de

dança desses municípios para a produção e a formação em Dança.

Palavras-Chave: Dança; Formação; Produção Artística; Camaçari; Lauro de Freitas

Eu não sou cachorra: Manifesto Elétrico para quando a dança se faz burraLudmila Pimentel

Um manifesto é lugar de demonstrarmos nossa indignação, nossas

idéias políticas e ideológicas, sejam panfletárias ou não, retóricas ou

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não, e também, é lugar de criticar e expor uma situação que merece

interferência critica. Minha intenção nessa apresentação é fazer uso

desse espaço para construir meu manifesto elétrico e expor o atual es-

tado da arte que se encontra o corpo feminino na cultura brasileira e

baiana; analisando e refletindo sobre como a dança produz situações

escabrosas de atentado ao corpo feminino com a aprovação cultural

local e internacional.

Não proponho que toda dança seja burra, seria intransigente (e

burra) se assim o fizesse, proponho que nos confrontemos com os di-

versos protocolos sociais e da própria classe artística de dança que a

encarcera em seus territórios restritos de atuação profissional. A dança

é burra quando oversexualiza corpos, quando oprime toda uma nova

geração sujeita a ser apenas peitos e bundas e não pessoas, a dança

é burra quando aprova que o corpo seja objeto manipulável de uma

cultura machista e equivocada intelectualmente, é burra quando não

se engendra nos campos da performance para questionar o papel do

corpo, quando se confina no palco italiano e/ou em estilos, a dança é

burra quando apenas “dociliza” os corpos através de alguma técnica,

ou quando não se engendra em novos territórios de atuação. A dança é

burra quando torna o corpo feminino somente cor-de-rosa, submisso

e escravo contemporâneo.

Palavras-Chave: Corpo; Dança; Manifesto.

A imprevisibilidade em processos criativos de dança: Quem move o que move?Ludmila Veloso Orientadora: Profa. Dra. Adriana Bittencourt

O presente artigo parte de uma pesquisa em estado inicial no Programa

de Mestrado em Dança da UFBA-2013 que determina estudar o cor-

po nos processos de criação em dança onde a imprevisibilidade opera

como parâmetro para criação. Tendo como fundamentação a ideia

de que o corpo mediante o não previsto, o inusitado, gera modos de

Page 37: Caderno resumos iv_seminario_danca

36

organização e soluções que o desvincula da condição de padrões e

regras para a condição de investigação, desdobra-se a seguinte proble-

mática: As danças que lidam com a imprevisibilidade como parâmetro

para criação propiciam o exercício da autonomia? De quais modos?

A imprevisibilidade em processos criativos de dança: Quem move

o que move? desdobra-se sinalizando como o corpo no e pelo mover

testa acordos com o inusitado em ações investigativas. Vem tratar os

processos criativos em dança como maneira de os corpos, ao movi-

mentarem ideias-pensamentos, construírem uma reflexão crítica para

com seus posicionamentos. É um jeito de fazer dança que não está des-

colado do modo como o corpo (con)vive no mundo que assim aposta na

ideia da dança como ação política. O fazer artístico como pensamento

do corpo que compartilha pelo e no mover inquietações, dúvidas e co-

nhecimentos tecidos na relação sujeito e ambiente.

Palavras-Chave: Imprevisibilidade; Corpo; Processos Criativos; Autonomia.

Ambiguidade e complexidade – possibilidades de fazer dançaMabile Borsato Orientadora: Profa. Dra. Adriana Bittencourt

Esta proposta nasce da percepção de que há comportamentos e espa-

ços cristalizados na dança que se distanciam dos processos de ensino e

aprendizagem pela experiência. Acredita-se então, que os modos onde

há hierarquia de poder nas relações de aprendizado e que sobrepõem

a experiência, podem ser subvertidos pela ambiguidade e pela com-

plexidade, uma vez que as mesmas operam contemplando a diferença

como experiência singular de cada corpo. Ao procurar pela mobilida-

de e flexibilidade de distintos modos de fazer e solucionar do corpo

nos processos de ensino e aprendizagem, bem como pela promoção do

entrelaçamento entre perspectivas de diferentes sujeitos e diferentes

contextos, busca-se a realização da dança como um espaço de per-

cepções híbridas capaz de inventar, transformar, aprimorar, ampliar

Page 38: Caderno resumos iv_seminario_danca

37

sentidos e mover contextos. Nesse sentido, percebe-se que as expe-

riências não se reduzem, nem se simplificam, mas geram uma nova

tessitura entre o conhecido e o desconhecido, entre o convencional

e o inovador, entre a ordem e a desordem. A possibilidade de situar

a ambiguidade e a complexidade como um sinal de reconhecimento

para a construção de lógicas de conduta e operacionalidades em dança

incide como princípio norteador da auto-observação e do autoco-

nhecimento e permite que outros modos de ensinar e aprender sejam

inventados. Esse enfoque traz a percepção de que o conhecimento é

construído em intercâmbios entre os participantes e que nada é li-

near ou rígido no processo de aprendizagem. O conhecimento, nessa

perspectiva, ocorre na percepção das urgências do momento, pelas

correlações possíveis e por ações não determinadas.

Palavras-Chave: Ensino; Aprendizagem; Complexidade e Ambiguidade.

A atuação do PIBID/Dança em escolas da rede pública de SalvadorMaira Di Natali Coordenação PIBID: Profa. Ms. Virgínia Maria Suzart Rocha

Este artigo objetiva relatar a experiência das atividades do PIBID-

Dança em cinco escolas da rede pública de Salvador. O Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID/UFBA, institu-

ído pelo Ministério da Educação, por intermédio do SESu - Secretaria

de Educação Superior, da CAPES - Fundação Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - e do Fundo Nacional

de Desenvolvimento da Educação - FNDE, promove uma articulação

entre a educação superior (por meio das licenciaturas) e as secretarias

estaduais e municipais de educação a favor da melhoria do ensino nas

escolas públicas de todo o país. Desta forma, o programa possibilita a

inserção do licenciando nas escolas da rede estadual e municipal de

ensino proporcionando ao graduando o contato com o ambiente esco-

lar ainda enquanto universitário. O sub-projeto “Arte Fora dos Muros

Page 39: Caderno resumos iv_seminario_danca

38

da Escola: educando o olhar” foi criado em 2010 sob a coordenação da

professora Mestra Virgínia Maria Suzart Rocha, tem como foco central

a atividade sistemática de apreciação estética e a inserção da Dança

como prática educacional para os educandos do ensino fundamental e

médio das escolas envolvidas. Essa prática está inserida no componen-

te curricular Arte na forma de aulas regulares em algumas das escolas

ou como Oficinas de Dança em turno oposto. O resultado de todo o

trabalho desenvolvido por este projeto pode ser observado na quali-

dade dos trabalhos apresentados a partir da troca de saberes entre os

graduandos, futuros profissionais, os professores supervisores nas es-

colas, profissionais já em atuação no cotidiano escolar e a coordenação

do projeto. A metodologia utilizada neste relato é o estudo qualitativo,

de natureza exploratória e descritiva visando o registro das atividades

realizadas nas escolas. O projeto PIBID eleva, questiona e redimensio-

na a qualidade de ensino oferecido aos educandos da rede pública de

ensino e a prática dos educadores das escolas envolvidas. Portanto, a

reflexão sobre as ações da supervisão nas escolas favorece a importante

articulação teóricoprática, a formação dos licenciandos, a prática do-

cente e o aprendizado escolar além de contribuir para a inserção da

dança como área de conhecimento.

Palavras-Chave: Dança; Escola Pública; Formação Profissional; Educação; PIBID.

A Dança nas escolas de Ensino Médio da rede pública estadual de SalvadorMarilia Nascimento Curvelo

Este estudo teve como objetivo discutir a presença/ausência da dan-

ça nas escolas de Ensino Médio da rede pública estadual de Salvador.

Apoiado nos documentos oficiais para o Ensino Médio, federais e esta-

duais, em autores que discutem de forma crítica esta etapa da educação

básica, nas entrevistas com gestores, professores, coordenadores e es-

tudantes de dança de três escolas da rede pública estadual, assim como

na experiência da autora como docente que atua nesse nível de ensino

Page 40: Caderno resumos iv_seminario_danca

39

com Dança, o estudo propõe a análise das atuais formas de inserção

da Dança no Ensino Médio. Esta pesquisa de abordagem qualitativa se

configurou como uma pesquisa exploratória (GIL, 2008) que realizou

um levantamento preliminar da inserção da Dança no Ensino Médio

da rede estadual, tendo sido identificadas três escolas que, com seus

gestores, alunos e professores, se tornaram três unidades de análise,

cujos dados foram triangulados com a análise documental e o referen-

cial teórico. Os dados revelam que existem poucas iniciativas de dança

nas escolas de Ensino Médio da rede estadual em Salvador, e que estes

são pequenos focos de resistência para o ensino da Dança nesse nível

de educação. Essas proposições permanecem na (in)visibilidade do

Sistema Educacional, que estimula a hierarquização dos saberes, não

favorece a sua inserção na matriz curricular das escolas e nem o re-

conhecimento dessa linguagem artística como área de conhecimento.

Palavras-Chave: Ensino da Arte; Dança; Ensino Médio; Escola Pública; Salvador.

Um Olhar Sobre Maya Deren em DimensõesMaurício Barbosa Lima (Bolsista PIVIC) Orientação: Prof. Dr. Guilherme Barbosa Schulze (UFPB)

Uma “nova realidade” ao subverter, transformar e resignificar ima-

gens. Um espelho passa a ser mais que somente um instrumento no

qual podemos ver nossa própria imagem. Quando Maya coloca frag-

mentos de um espelho no mar, está sugerindo um tensionamento

de seu sentido cotidiano, ampliando as possibilidades de leitura.

Coreograficamente, para que essa subversão de significados aconteça,

Maya Deren recorre, por exemplo, a uma movimentação corporal não-

cotidiana, a enquadramentos de câmera que não apenas testemunha,

mas também “dança” juntamente com o interprete, e à montagem

que potencializa esse tensionamento de significados. Deslocamos

o conceito de encenação do campo do teatro, a fim de ler a cineasta

ucraniana como uma encenadora cinematográfica. Para compreender

um pouco mais o trabalho de Maya Deren, utilizamos uma proposta de

Page 41: Caderno resumos iv_seminario_danca

40

análise voltada para a videodança sugerida por Schulze (2012). A ima-

gem é percebida em três dimensões possibilitando algumas percepções

sobre determinado trabalho.

Palavras-chave: Maya Deren; Videodança; Subversão da Realidade.

Um primeiro olhar sobre a dança nas escolas de João Pessoa-PBMichelle Aparecida Gabrielli (UFPB)

Em 1996 é promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB) 9.394/96, que apresenta a obrigatoriedade do ensino de Arte em

toda a Educação Básica. Posteriormente, o Ministério da Educação

(MEC) difundiu nas escolas os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN’s) com o intuito de orientar os professores e garantir a coerência

de políticas educacionais que propiciem melhor qualidade de ensino

para a Educação Básica. Como a LDB não explicita as diferentes lin-

guagens artísticas que compõem o ensino de Arte, os PCN’s auxiliam

neste entendimento, sinalizando para as seguintes áreas de conheci-

mento: Dança, Teatro, Artes Visuais e Música. Contudo, ainda hoje,

há dificuldades em efetivar estas linguagens artísticas como área de

conhecimento na escola. Assim, esta pesquisa (em andamento) bus-

ca analisar a realidade supracitada junto à cidade de João Pessoa-PB.

Em um primeiro olhar, percebeu-se que algumas escolas, públicas e

privadas, possuem aulas específicas de Dança e/ ou das demais lingua-

gens artísticas; outras - municipais e estaduais - oferecem o ensino da

Dança de forma extracurricular por meio do “Projeto Mais Educação”

(proposta de educação integral do Ministério da Educação); mas, a

maioria não possui aulas de Dança. Neste sentido, contribui-se com

essa discussão através de reflexões acerca da “entrada” e “efetivação”

da Dança na escola, buscando compreender também o perfil dos pro-

fissionais que atuam com esta linguagem em João Pessoa.

Palavras-Chave: Dança; Arte; Escola; João Pessoa-PB.

Page 42: Caderno resumos iv_seminario_danca

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Brincar e dançar... É só começarMichelle Lisboa Oliveira, Aline Teixeira Amado, Diana Magnavita Moura & Joselina Araújo dos S. Neta Orientadoras: Virginia M. S. Rocha (coordenadora de área do Pibid Dança/UFBA); Maria de Fátima Carvalho (supervisora do Pibid Dança/UFBA)

O pôster apresenta o relato das experiências das bolsistas do Programa

de Iniciação à Docência – PIBID/UFBA, na área de Dança, decorridas

no período de agosto de 2012 a setembro de 2013, na Escola Municipal

Osvaldo Cruz, dedicada ao Ensino Fundamental I e parceira do progra-

ma. Tendo como supervisora a professora Maria de Fátima Carvalho,

e como coordenadora PIBID-Dança/UFBA a professora Virgínia Maria

Suzart Rocha. Cada bolsista de iniciação à docência desenvolveu um

plano de atividades, onde suas propostas para atuação na Escola par-

ceira são frutos de suas motivações e experiências pessoais, estando

em consonância com a proposta da coordenação PIBID-Dança: “Arte

fora dos muros da escola”, e com a proposta da supervisão da Escola:

“Dança cidadã”. As atividades desenvolvidas pelas bolsistas foram ba-

seadas na Arte circense e suas derivações corporais contemporâneas;

Jogos Cooperativos com elementos da Dança contemporânea; e exer-

cícios que estimulam a percepção espacial por meio de preparação

corporal de aquecimento e alongamento. Tais atividades visam, dentre

outros, potencializar os processos cognitivos a partir da motricidade;

promover o sentimento de pertencimento a um grupo; despertar a

consciência corporal e trabalhar valores de cooperação, afetividade e

espírito coletivo em contraponto aos valores de individualismo e com-

petitividade, já tão alicerçados pela teia capitalista de produção.

Palavras-Chave: Arte; Dança; Educação; Cidadania.

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Dança Contemporânea no espaço público: dispositivos de interatividade entre artistas e fruidoresMilianie Lage Matos Orientadora: Profa. Dra. Leda Maria Muhana Iannitelli

Este artigo se propõe mapear alguns dispositivos de interatividade

entre artistas e fruidores engendrados com o Projeto Macaco Nú, um

trabalho de Dança Contemporânea no espaço público, realizado pela

autora desse artigo, entre os meses de agosto a outubro (2013), nas

cidades de Manaus/AM, Rio Branco/AC e Salvador/BA. Sua temática

ignitora problematiza o processo de apropriação de terras e espaços

urbanos pelo Estado e por interesses privados de uma economia lu-

crativa, empenhos do capitalismo contemporâneo, que expropria a

população local, produzindo a gentrificação do ambiente. Ao realizar

uma imersão na cultura amazonense, residindo por três semanas em

Manaus/AM, as experiências com a cultura local e o intercâmbio com

dois artistas locais engendraram uma ação de dança em um espaço

público escolhido durante o processo compositivo (Praça da Polícia).

Foi selecionado e organizado dispositivos que gerassem reflexões e

sensibilizações na relação entre indivíduos, ambiente e cultura, rela-

cionando-os aos projetos urbanísticos voltados para a Copa Mundial

2014 e as atuais manifestações sociais no Brasil. Os dispositivos orga-

nizados pelos dançarinos e os dispositivos utilizados pelos fruidores,

aqueles possíveis de serem captados, através de entrevistas e captação

de áudio com gravador durante a ação, serão analisados a partir das

considerações do filósofo italiano Agamben, como uma das diversas

proliferações de processos de subjetivação. E a interatividade será

analisada a partir do conceito de Empatia Cinestésica, que estuda o

movimento corporal, principalmente na dança, e sua percepção pelo

público, abordado por Susan Foster - Universidade da Califórnia em

Los Angeles.

Palavras-Chave: Interatividade; Dispositivos e Dança.

Page 44: Caderno resumos iv_seminario_danca

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Dança digital na potência de uma biodançaNatalia Pinto da Rocha Ribeiro Orientadora: Profa. Dra. Ludmila Martinez Pimentel

Este artigo pretende fomentar um debate político entre ciência, ca-

pital e arte. Para este fim, propõe a dança digital também como uma

categoria de biodança, uma inspiração em Espósito, bios e dança, não

a dança da vida, mas a dança que considera e subjetiva a vida que lhe

expressa, potencializando essa vida enquanto sujeito de ações, ainda

que não haja sempre vida humana ali expressa no momento do seu

acontecimento. A dança digital pode ser uma dança que respeita a vida

ou biodança, porque ao menos na sua criação foi produzida por uma

relação do humano com uma tecnologia digital, esta que em várias ins-

tâncias atravessa a vida mesmo em necessidades rotineiras e possibilita

outra de si mesma. O aparato tecnológico poderia ser considerado um

dispositivo de excesso do biopoder, quando Flusser nos adverte que

existe um limite de atuação sobre ele, uma liberdade ilusória, já que

este aparato tem uma programação prévia, pensada em uma lógica de

mercado, para padronizar o funcionamento e os resultados do seu uso.

Nesta dança se manifesta comportamentos do seu tempo, contudo

pode por isso também servir a uma lógica de mercado, em um exces-

so de poder da indústria tecnológica. A questão que se coloca, é como

a dança digital pode subverter este domínio posto através de progra-

mações prévias, sem a participação artística. Contudo, Louppe propõe

que o bailarino não siga modelos, mesmo corporais, que descubra o

seu potencial específico, a sua forma única de fazer arte, a sua poética.

Palavras-Chave: Dança Digital; Biodança; Programação e Subversão.

Page 45: Caderno resumos iv_seminario_danca

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Programação cultural como embrião para uma política para a dançaNeila Cristina Baldi Orientadora: Alexandra Cristina Moreira Caetano

O presente artigo é resultado da pesquisa desenvolvida na

Especialização em Gestão Cultural pelo Senac-DF, defendida em julho

passado. O trabalho discute formas de viabilizar a criação e manuten-

ção de uma programação cultural permanente para o Centro de Dança

do Distrito Federal e fazer com que esta seja o embrião de uma po-

lítica pública para a dança naquela Unidade da Federação. Criado na

década de 1990, o espaço é destinado à pesquisa, ensaios e cursos de

dança. Até 2010, sua ocupação se dava por um edital público. Desde

2011, a seleção dos projetos é feita por ordem de chegada. Não existe

um projeto de programação para o espaço e este trabalho apresenta

esta formulação. Para tanto, foi feito um diagnóstico do funcionamen-

to do local, abrangendo seu contexto histórico e social, e formuladas

ações, com programação orçamentária, bem como com proposição de

parcerias. No Distrito Federal, apesar de haver conselheiros na área de

dança, não há, de fato, uma política para o setor. Quando o Estado não

propõe ações culturais para uma área ou quando propõe ações isola-

das, sem planejamento, sem direcionamento, também fez uma opção

política. Partindo deste pressuposto, o trabalho propõe ações para o

espaço, pensando sob o ponto de vista de cultura em três dimensões:

simbólica (fazer criativo), cidadã (democratização do acesso) e eco-

nômica (desenvolvimento do setor). A ideia é que esta programação

fomente as três dimensões culturais da dança, e, deste modo, possa

ser usada como embrião para uma política cultural para a dança no

Distrito Federal.

Palavras-Chave: Dança; Política Cultural; Gestão.

Page 46: Caderno resumos iv_seminario_danca

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A democratização falida da américa latina: questões sobre públicos, acesso e distribuição de artes contemporâneasNirlyn Seijas Orientador: Prof. Dr. Carlos Bonfim

Este artigo toma como referência fundamental o capítulo III: Artistas,

Intermediarios e Públicos, Inovar ou democratizar? do livro Culturas

Híbridas do Néstor García Canclini, para compor uma discussão sobre

as tentativas de popularização e democratização das artes contempo-

râneas no Brasil com extensão à América Latina. Trazendo exemplos

de diversas linguagens das artes, experiências profissionais da autora

e as reflexões de Canclini, geramos um diálogo sobre os públicos, so-

bre as estratégias de distribuição de artes e por último reflexões sobre

possíveis novas tentativas que estão começando a ocupar a produtores

e artistas nos últimos anos.Quão próximos ou distantes estamos das

políticas das classes dominantes aqui nomeadas? Temos conseguido

caminhos intermediários, micropolíticas ou modos de resistências que

nos diferenciem destas lógicas elitistas de manejar as artes e a cultura?

As estratégias que temos usado nos últimos anos tem nos reposiciona-

do frente ao problema da distribuição dos bens culturais? Este artigo

estará focado na questão dos públicos, a democratização e a problemá-

tica da relação que as artes contemporâneas continuam estabelecendo

com seus consumidores. Apresentaremos reflexões que questionam e

traçam o caminho que percorremos, de uma política feita só para al-

guns a políticas que procuram modificar a distribuição destes produtos

artísticos. Sem dúvida o Brasil é exemplo de uma formulação de políti-

cas que procuram transitar caminhos mais complexos a respeito.

Palavras-Chaves: Democratização; Públicos; Mediação Cultural.

Page 47: Caderno resumos iv_seminario_danca

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Análise das abordagens metodológicas para o ensino da dança em projetos comunitários e em ONG’s de Lauro de FreitasPamela Rinaldi Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Matos

O presente estudo, refere-se a pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC-

CNPQ) vinculada ao projeto “Mapeamento dos campos artístico e

formação em dança em dois municípios da Região Metropolitana de

Salvador (RMS): Lauro de Freitas e Camaçari (ano II)” coordenado pela

profa. Dra. Lúcia Matos e desenvolvido no âmbito do grupo de pes-

quisa PROCEDA. A realização da pesquisa foi identificar a presença

da dança em projetos comunitários e ong’s em Lauro de Freitas, apli-

cação do formulário da pesquisa macro, referente ao mapeamento,

posteriormente foram selecionados dois projetos comunitários, Lauro

Flava Crew, (grupo de breakdance, dança pertencente à cultura hip

hop) e AMAB- Associação de Moradores de Areia Branca. Para coleta

de dados foram realizadas visitas in loco, identificando os docentes,

realizando observações de aulas e entrevistas com os instrutores/mo-

nitores de dança destes espaços. Os dados da pesquisa apresentam que

os dois projetos selecionados possuem diferentes abordagens e meto-

dologias no ensino da dança, cujos dados foram articulado com autores

como Gohn (2006), Matos (2005) Marques (2003) e Libâneo(2006).

Para o grupo de dança de rua, o aprendizado é por via de compartilha-

mentos, diferente das práticas tradicionais comumente encontradas,

onde o professor se centraliza como detentor de todo o conhecimento.

Em ambos os grupos o ensino é dado por meio da cópia do movimento,

percebendo a técnica como produto do processo, no entanto, ambos

os projetos relatam uma preocupação com a formação cidadã, forman-

do indivíduos e propiciando “resgates”, afastando os participantes de

problemáticas sociais, como criminalidade e vícios.

Palavras-Chave: Mapeamento; Dança; Ensino.

Page 48: Caderno resumos iv_seminario_danca

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Escrita Metafórica: uma operacionalidade simultânea de percepção, comunicação e emancipação do corpo na dançaPatrícia Cruz Ferreira (UFBA) Orientadora: Profa. Dra. Lenira Peral Rengel (UFBA)

A dança, assim como em nosso cotidiano, é permeada de objetos –

imagens, palavras, pessoas, movimentos, entre outros, que se efetivam

significativamente como ambientes de representação, organiza-

ção, disseminação e apresentação das informações. Nesse universo,

o corpo, em todos os seus aspectos e modos de operar, desempenha

um importante papel cognitivo na estruturação das linguagens en-

quanto leituras sígnicas verbais e não verbais do mundo: textos do

procedimento metafórico do corpo (LAKOFF e JOHNSON, 1999, 2002;

RENGEL, 2007). Dançarino e espectador comunicam signos reali-

zados e constantemente atualizados com o entorno, compondo uma

escrita metafórica. Perceptualmente, ambos selecionam, percorrem e

descobrem espaços sensíveis. A proposta é refletir que tal operaciona-

lidade metafórica - enquanto um modo de relação com o mundo - é

uma postura crítico-política em que se evidencia a emancipação do

corpo na dança concomitante a compartilha do espaço cênico. Ação

que possibilita reorganizar informações habituadas aos entendimen-

tos dicotômicos como passividade/atividade; olhar/agir; e o dualismo

corpo/mente.

Palavras-Chave: Dança; Escrita Metafórica do Corpo; Comunicação; Emancipação.

Samba no Pé: o corpo-samba enquanto estratégia de composição em dança contemporâneaQuenia Borges Rebouças dos Santos Orientadora: Profa. Dra. Daniela Amoroso

Este estudo de Iniciação Científica/ PIBIC foi realizado na cidade de

Salvador, utilizando como referência a tradução de danças populares

Page 49: Caderno resumos iv_seminario_danca

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em processo coreográfico de dança contemporânea. O estudo se deu

através de pesquisa in lócus, na cidade de Cachoeira – Recôncavo

Baiano, e laboratórios de criação coreográfica realizados na comuni-

dade de Terreiro Ilê Asé Yá Dé, com crianças, jovens, adultas e idosas,

moradores da Rua 11 de Agosto – Federação. O samba de roda foi esco-

lhido como base dessa pesquisa, a partir dele criou-se novas estratégias

para processos coreográficos contemporâneo, a exemplo do processo

coreográfico Vem Sambá, Capoeirá.

Palavras-Chave: Danças do Brasil; Samba; Contemporaneidade e Tradição.

Composição em Dança: entrecruzamentos teórico-práticosRenata Roel Orientadora: Profa. Dra. Jussara Setenta

Este artigo apresenta ideias em desenvolvimento acerca do estu-

do de mestrado realizado no Programa de Pós-Graduação em Dança

na Universidade Federal da Bahia, que busca pistas para entender a

composição em dança considerando o engendramento nas práticas

formativas no campo da dança que acontecem no trânsito teórico

-prático, dentro e fora da universidade entendendo, que tais ações

dispõem-se num constante exercitar de práticas continuadas para

construção de saberes. Para tanto, observa-se processos e articulações

que possibilitam a construção e composição de pensamentos e práticas

na dança contemporânea, especificamente na improvisação e nos des-

dobramentos compositivos. Faz-se articulações com autor sociólogo

Richard Sennett (2009) a partir das discussões apresentadas no livro

“O Artífice” onde nos instiga a expandir esta reflexão no que diz res-

peito ao intelectual e ao manual e também relacionar com a noção de

autonomia a partir das discussões levantadas por Hakim Bey (2011) em

TAZ – zona autônoma temporária.

Palavras-Chave: Dança Contemporânea; Composição; Formação.

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Panorama da inserção da dança em projetos não governamentais em Salvador e suas práticas pedagógicasRenilda Bispo dos Santos Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Matos

O presente estudo, visa identificar a inserção da dança no ensino não

formal em Salvador, em projetos não-governamentais, refere-se a

pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC – FAPESB - UFBA) vinculada ao

projeto “Cartografias de micro e macropolíticas da dança em Salvador:

mapeamento dos campos da produção artística e de formação” coor-

denado pela profa. Dra. Lúcia Matos e desenvolvido no âmbito do grupo

de pesquisa PROCEDA – Processos Corporeográficos e Educacionais em

Dança. Este plano, ora em fase inicial de execução, tendo como aporte

o conceito de aprendizagem (Ausubel, 1980), a pedagogia da autono-

mia (Freire, 2002) e os processos educacionais em dança (Matos, 2010;

Strazacappa, 2011); pretende identificar projetos não governamentais

de Salvador, que desenvolvem atividades de dança, em sua atuação, no

intuito de selecionar duas propostas pedagógicas em Dança que apon-

tam serem práticas significativas nesse cenário.

Palavras-Chave: Ensino da Dança; Salvador; Mapeamento.

A Dança no Ensino Médio do Estado de São Paulo: concepções de currículo, corpo e dançaRivelino Martins Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Matos

A presente pesquisa, ora em andamento no Mestrado em Dança

(PPGDANÇA-UFBA), pretende analisar a Proposta Curricular do Estado

de São Paulo direcionada para o ensino da Arte/Dança, no Ensino

Médio. Nesse contexto, os conteúdos de dança são oferecidos como

parte integrante da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e

articulam-se com os conteúdos das demais linguagens artísticas e a

ação da mediação cultural. Para analisarmos as concepções de corpo

Page 51: Caderno resumos iv_seminario_danca

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e de dança que essa proposta gera no Ensino Médio, selecionaremos

duas escolas estaduais desse nível de ensino localizadas na região de

São José do Rio Preto. Partindo do entendimento de que essa proposta

curricular não aborda as linguagens artísticas como área de conheci-

mento e que sua visão transversal pode gerar uma polivalência da ação

docente, esta investigação pretende problematizar essa concepção de

currículo de Artes e analisar as compreensões de dança e corpo que se

fazem presentes nos discursos dos alunos e docentes.

Palavras-Chave: Currículo; Ensino Médio; Dança; São Paulo.

Arranjos do tempo re-des-cobertos em dançaRosa Cristina Primo Gadelha (UFC)

Investigar, a partir de um levantamento de obras, artistas, teorias e de

processos laboratoriais de experimentação e criação, questões teóri-

cas e técnicas cuja centralidade seja a construção dramatúrgica e seus

dispositivos ligados à temporalidade e corporeidade dançante. O su-

porte teórico principal a ser utilizado se refere à ontologia da diferença

desenvolvida pelo filósofo Gilles Deleuze; e com ele, outros pesquisa-

dores com análises próximas e afins.

Palavras-Chave: Tempo; Dança; Corpo.

Criação Artística, Pesquisa Etnográfica e UniversidadeSandra R. O. Santana

Há um bom tempo, a incursão etnográfica tem servido ao trabalho de

elaboração artística, e, em particular, ao universo da dança. Desde a

Dança Moderna de Doris Humphrey, Ruth Saint-Dênis e Catherine

Dunham, que os profissionais revelam preocupações antropológicas

e vão ao campo em busca de dados concretos, e decerto, inspirado-

res. Pina Baush, mais adiante, com o seu projeto de residências que

desenvolveu entre as décadas de 1980/1990, visitou localidades do

Page 52: Caderno resumos iv_seminario_danca

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mundo para levantar material a ser utilizado em suas montagens core-

ográficas. Hoje, muitos são os relatos de propostas artísticas da dança

pós-moderna e da Performance que se utilizam desse expediente para

subsidiar o trabalho de criação. Em minha prática artística, ao servir-

me de elementos da capoeira angola brasileira, tenho refletido mais

detalhadamente sobre essa relação: etnografia – pesquisa/criação ar-

tística. Decididamente, não considero serem incompatíveis a pesquisa

estética contemporânea, caracteristicamente desconstrutivista como

o sabemos, com o trabalho de descrição etnográfica, de caráter antro-

pológico, ou seja, que visa o entendimento da estrutura e das relações

singulares dos contextos sócio-culturais humanos. Ao contrário, ten-

do a acreditar que desse encontro – e a história nos tem dado exemplos

claros – surgem elaborações significativas seja no campo das artes,

como também, na esfera da pesquisa acadêmica. Estarei, portanto,

expondo, na presente comunicação, algumas reflexões relacionadas à

relação entre criação coreográfica contemporânea e pesquisa de cará-

ter etnográfico no âmbito da Universidade baiana.

Palavras-Chave: Criação Artística; Pesquisa; Etnografia; Universidade.

Indisciplina do corpo na escola: a dança como potencializadora da aprendizagem escolarSílvia Azevêdo Sousa Orientadora: Profa. Dra. Fátima Wachowicz

O presente trabalho objetiva problematizar como a dança pode po-

tencializar uma ampliação na aprendizagem escolar nas experiências

pedagógicas em escolas do Ensino Básico. Para contribuir com essa

investigação buscou-se realizar uma revisão de pesquisas teóri-

cas para dialogar com alguns autores como Foucault (1983; 1987), na

maneira como o autor trata as questões do corpo em ambientes insti-

tucionais, o adestramento dos corpos e o controle do tempo, e também

as ações impositivas das codificações sociais sobre jovens e crianças.

Em estudos mais recentes Greiner (2010; 2011), corrobora com nossa

Page 53: Caderno resumos iv_seminario_danca

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investigação quando aponta a natureza indisciplinar do corpo e propõe

que os estudos sobre o corpo produzam novas metodologias de pes-

quisa. A criança em seu processo de letramento transita entre cultura

letrada e não letrada, passando da linguagem não verbal para verbal.

Para articular as pesquisas, sugere-se ainda Miranda (1979), por con-

siderar a fala e a transmissão oral tão importante quanto o movimento

expressivo da criança. E finalmente, a relação entre corpo, movimen-

to e conhecimento, sugerida nos estudos de Lakoff e Johnson (2012),

pois os autores apontam que os processos de conceituação ocorrem

pela relação com a motricidade. Diante desses pressupostos, preten-

de-se ampliar o estudo e desenvolver a pesquisa de Mestrado que está

em andamento, dando continuidade ao estudo monográfico sobre

Mediações Educacionais em Dança como parte dos processos cog-

nitivos do corpo, concluído há um ano (SOUSA, 2012). Espera-se que

esta pesquisa contribua tanto para sujeitos envolvidos no processo e

também para abertura de novos diálogos na produção acadêmica entre

Dança e Educação.

Palavras-Chave: Dança; Corpo; Aprendizagem e Escola.

O professor na cena da avaliação mediadora em dança: processos de corporificaçãoThiago Santos de Assis (UESB)

O presente artigo traz desdobramentos da pesquisa de mestrado inti-

tulada “Avaliação da Aprendizagem em Aulas de Dança: um trânsito

entre o dito e o feito em escolas municipais de Salvador”, apresentada

ao Programa de Pós-graduação em Dança da Universidade Federal da

Bahia, cujo objetivo foi analisar a Dança no contexto das escolas mu-

nicipais, identificando a tessitura de sentidos que é direcionada para

a avaliação no processo de ensino-aprendizagem. No presente texto,

lanço um enfoque específico na concepção de uma avaliação mediadora

em Dança, contrapondo-a ao modelo da avaliação classificatória, ain-

da, muito deflagrada nos processos educacionais da Dança, sobretudo,

Page 54: Caderno resumos iv_seminario_danca

53

na Educação Básica. Como proposta de corporificação do discurso que

enuncio, no que tange a avaliação mediadora como certeza-transitória

para os processos pedagógicos da Dança, apresento aspectos do cons-

tructo teórico da Experiência da Aprendizagem Mediada, proposta pelo

professor Reuven Feuerstein, promovendo deslocamentos interteóri-

cos para o campo da Dança. Os critérios de mediação postulados por

Feuerstein aqui são traduzidos como orientações metodológicas que

auxiliam o artista-docente do campo da Dança a pisar sobre os solos

movediços da avaliação da aprendizagem. Por considerar que as ideias

empreendidas neste artigo se configuram como pontos de abordagem

inicial para pensar em uma pedagogia da mediação em Dança, com foco

na avaliação enquanto como componente da ação pedagógica, é que

direciono este primeiro exercício de reflexão para os quatro critérios

de mediação, apresentados na teoria da Experiência da Aprendizagem

Mediada, a saber: 1. Mediação da Intencionalidade e Reciprocidade; 2.

Mediação do Significado; 3. Mediação da Transcendência; 4. Mediação

da Modificabilidade Cognitiva. Espera-se que este texto possa con-

tribuir com uma reflexão crítico-analítica no que concerne à prática

pedagógica do Professor de Dança no ato de gerenciar os processos de

ensino-aprendizagem, sobretudo, no fazer-elaborar da avaliação.

Palavras-Chave: Dança; Processos Educacionais; Avaliação da Aprendizagem; Mediação.

Processos de co-adaptação: Dança contemporânea em casas Thulio Guzman Orientadora: Profa. Dra. Jussara Setenta

Este artigo tem como principal objetivo levantar questões que surgem

a partir de propostas artísticas de dança realizadas em casas. Os deslo-

camentos que estas propostas realizam nos permitem discutir o lugar

da arte na produção cultural atual, o lugar do espectador e do artista,

entre outras questões que emergem destes trânsitos.

O corpo aqui será compreendido como inacabado e em constan-

te processo de co-adaptação com os ambientes pelos quais transita.

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Assim, a dança pode ser resultado das sínteses transitórias das rela-

ções que constrói e pelas quais é construída. Desse modo, os lugares

do seu acontecimento modificam o corpo e suas danças. Neste estudo

apresento estes deslocamentos propostos pelos processos de criação

de dança contemporânea: “Dança contemporânea á domicilio” de

Claudia Müller e “1000 casas” do Núcleo do Dirceu, a partir do cru-

zamento de informações disponíveis, tais como: sinopses, blogs,

imagens, depoimentos, vídeos, entre outros rastros possíveis. Para

isto é possível perceber as obras, não apenas no ato do seu comparti-

lhamento com o público, mas também nas múltiplas informações que

configuram estes processos.

Palavras-Chave: Co Adaptação; Dança Contemporânea; Casas.

Dança como campo de ativismo político: O Bicho CaçadorVerusya Santos Correia

Este artigo pretende mostrar que as danças criadas como manifesta-

ções populares de grupos sociais espontaneamente organizados, que

ocorrem na rua e se baseiam nas suas experiências cotidianas dos es-

paços públicos em que vivem, produzem um tipo de transgressão das

normas tanto de organização urbanística quanto da dinâmica sócio

-urbana vigente e da própria prática artística coreográfica, na medida

em que subvertem a lógica segregatória e espetacular que se impõe

atualmente como modelo hegemônico de cidade, de arte e inclusive de

corporalidade (Britto e Jacques, 2008).

O objeto tomado para análise é a manifestação anual do Bicho

Caçador, criada e realizada pelos habitantes do bairro Porto de Trás,

na cidade de Itacaré (BA). Partindo da minha própria experiência de

coreógrafa mobilizada por questões de segregação social, o estudo

se desenvolve articulando depoimentos coletados e dados históricos

contextuais, com as noções de coimplicação entre corpo e ambien-

te (Britto, 2008), corpografia urbana (Britto e Jacques, 2008, 2010)

e profanação (Agamben, 2007), para mostrar como o Bicho Caçador

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transgride (desde o nome) as regras de convívio e ocupação do espaço

urbano, pelo seu uso dessacralizador da segregação espacial, sócio-e-

conômica e étnico-cultural vigentes na cidade.O que poderia querer

dizer: profanar a dança? Será então, uma das possibilidades as inova-

ções na forma de representação e reinvidicações deste campo?

Pretende-se, desse modo, sugerir que a dança pode ser um tipo

de ação crítica, de desvio ou resistência aos modelos hegemônicos de

pensamento e comportamento promotores da espetacularização – pa-

pel que denominaremos de ativismo político.

Palavras-Chave: Dança; Ambiente Urbano; Coimplicação; Ativismo Político.

Alteridade e autonomia: um outro discurso da dançaVivian Vieira Peçanha Barbosa (UFU)

Com os temas da inclusão, da diversidade e da tolerância ocupando lu-

gar de destaque, seja no rigor do meio acadêmico ou no cotidiano e na

mídia, torna-se relevante propor uma reflexão mais profunda sobre a

relação dialética entre as forças do coletivo e a lógica do fortalecimen-

to da individualidade. Ao considerarmos que a experiência da dança

se dá, quase que exclusivamente, dentro de processos coletivos, como

dar destaque à autonomia e à singularidade de cada indivíduo? E, ao

mesmo tempo, como dar destaque à singularidade e à individualida-

de, sem perder de vista a inserção do indivíduo em um corpo coletivo?

Tendo como norte a Teoria Crítica de Theodor Adorno, passando pe-

las reflexões de Jacques Rancière e pelo pensamento de Rudolf Laban,

entre outros autores, percorremos as projeções dos conceitos de auto-

nomia e alteridade para meditar sobre a dança, quem a produz, ensina

e aprende e também como podem se dar tais processos. Pretendemos,

assim, discutir os conceitos de autonomia e alteridade para pensarmos

a dança e a invenção de novas corporeidades e modos de comparti-

lhamento de experiências que levem a outros discursos artísticos e

formativos, de não-identidade e de inadequação.

Palavras-Chave: Dança; Alteridade; Autonomia.

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