caderno de programaÇÃo e resumos -...

146
CADERNO DE PROGRAMAÇÃO E RESUMOS

Upload: lyhanh

Post on 03-Dec-2018

232 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • CADERNO DE PROGRAMAO E RESUMOS

  • Apresentao

    Em 2018, chegamos marca de 130 anos da abolio da escravido no Brasil. A

    data articula uma srie de significados atribudos, questionados e disputados por diferentes

    sujeitos sociais do passado e do presente; oferecendo motivos suficientes para a realizao de

    amplos debates pblicos a respeito. O cenrio permite ainda que as reflexes extrapolem os

    limites rgidos sugeridos pelo marco cronolgico do 13 de Maio, bem como possam ir alm das

    especificidades da experincia nacional brasileira.

    Uma vez assumido esse desafio, o GT Nacional Emancipaes e Ps-Abolio da

    Associao Nacional de Histria (Gtep/Anpuh) e um conjunto de instituies e entidades

    parceiras tm a satisfao de reunir estudantes de graduao e ps-graduao, professores/as

    da Educao Bsica e de Ensino Superior e pesquisadores/as independentes neste II Seminrio

    Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico.

    Organizamos a atividade visando contemplar os seguintes eixos temticos:

    I. Memria e Histria Pblica da escravido e da liberdade;

    II. Racismo e antirracismo em perspectiva histrica;

    III. Intelectualidades e ativismos negros;

    IV. Trajetrias e prticas de sociabilidade: raa, classe, gnero e sexualidades;

    V. Balano historiogrfico do ps-abolio;

    VI. Polticas pblicas de reparao para a escravido atlntica;

    VII. Reeducao das relaes tnico-raciais.

    Assim, entre 15 e 18 de maio, oferecemos s/aos participantes uma programao

    intensa e variada, composta por Conferncias de Abertura e Encerramento, 27 Painis

    Temticos, 3 Mesas Redondas, Frum Microfone Aberto de Ensino de Histria e Sesso de

    Psteres de Iniciao Cientfica e Graduao.

    Em tempo, manifestamos nossa reverncia professora Beatriz Ana Loner,

    historiadora dedicada e combativa, falecida em maro deste ano. Ressaltamos nossa gratido,

    em especial, por sua atuao como integrante do grupo fundador do GT Emancipaes e Ps-

    Abolio.

    Agradecemos, por fim, a todas as pessoas que contriburam para a realizao deste

    Seminrio, sobretudo s/aos integrantes do Conselho Cientfico, coordenadoras/es de sesses,

    monitoras/es, ao designer grfico, tradutora e equipe de comunicao.

    Desejamos a todas e todos, bons dias!

    Um abrao do Comit Executivo

  • PROGRAMAO

    RESUMOS

    PSTERES DE INICIAO CIENTFICA E GRADUAO

    PAINEIS TEMTICOS

    COMISSO ORGANIZADORA

    6151630146

  • 9h0012h00

    12h0014h00

    14h0015h50

    16h0017h50

    18h30

    15

    painel 1painel 2painel 3painel 4

    painel 5painel 6painel 7

    Mesade aberturaeConfernciade abertura

    16

    Mesaredonda 1

    painel 8painel 9painel 10painel 11

    painel 12painel 13painel 14

    Psteres de Iniciao Cientfica e Graduao

    17

    Mesaredonda 2

    painel 15painel 16painel 17painel 18

    painel 19painel 20painel 21

    Frum Microfone Aberto de Ensino de Histria do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    18

    Mesaredonda 3

    painel 22painel 23painel 24

    painel 25painel 26painel 27

    Conferncia de encerramento

    Almoo

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    6

    PROGRAMAO

  • 130 anos de abolio no Brasil

    7

    15de maio, tera-feira

    14h0015h50

    P1 | Associativismos Negros no BrasilSala 907 Coordenador: Jlio Cesar da Rosa (Unisinos)

    Confrades operrios: cidadania sob a perspectiva da Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio dos Homens Pretos do Pelourinho (Salvador, 1888-1930) Mariana de Mesquita Santos (UnB)

    Arrimo aos que a ela recorrem: mutualismo e identidade racial na Sociedade Protetora dos Desvalidos (Salvador, 1861-1894) Lucas Ribeiro Campos (UFBA)

    Cultura Associativa em Manaus: trabalho e recreao no Bloco Primeiro de Maio Richard Kennedy Nascimento Candido (UFRRJ)

    Cores associativas: Perspectivas comparadas sobre associaes negras, sculo XX Stephane Ramos da Costa (UFRRJ)

    P2 | Trajetrias e experincias de racializao e racismo em espaos militaresSala 910Coordenador: lvaro Pereira do Nascimento (UFRRJ)

    Trajetrias, resistncias e relutncia institucional da presena negra nas Foras Armadas num regime ditatorial: o caso das FFAA brasileiras no Estado Novo (1937-1945) Francisco Carlos Teixeira da Silva (CPDA/UFRRJ e IH/UFRJ)

    Capito-Tenente Antonio Mariano de Azevedo, um oficial abolicionista da Armada Imperial: as alforrias concedidas no Estabelecimento Naval do Itapura e Colnia Militar (1858-1868) Jssica de Freitas e Gonzaga da Silva (Escola de Guerra Naval)

    Marechal Joo Baptista de Mattos: Um estmulo juventude pobre e estudiosa Alessa Passos Francisco (UFF)

    Os militares e os usos polticos do abolicionismo Rodrigo Goyena Soares (USP)

    P3 | Territrios, educao e histria pblicaSala 912Coordenadora: Paula Ferreira Vermeersch (Unesp Presidente Prudente)

    Guia da Experincia Negra: um passeio histrico por So Paulo Fernanda Fragoso Zanelli (USP) e Fbio Dantas Rocha (Unifesp)

    Instituto de Pesquisa e Memria Pretos Novos: entre memria, luta e produo de conhecimento Joo Raphael Ramos dos Santos (UFRJ)

    O terreiro de umbanda: espao de reeducao das relaes tnico-raciais Luziara Miranda de Novaes (UFRRJ)

    Lugares de Memria da Tortura e Morte na So Paulo escravista Patrcia Cristina Rodrigues de Oliveira (UFABC)

    P4 | Conflitos e aspiraes: gnero, trabalho e direito terra no ps-abolioSala 913Coordenadora: Lucimar Felisberto dos Santos (UFRJ)

    Olorum ek, meus avs foram escravos, os meus filhos no sero: gnero, raa e criminalidade no mundo social de ex-escravas na cidade de Oliveira, Minas Gerais (1890-1905) Cleudiza Fernandes de Souza (UFSJ)

    A Trajetria de Michelina Africana: Identidades, Escravido e Ps Abolio na Freguesia de Nossa Senhora do Pilar Nielson Rosa Bezerra (UERJ)

    Experincias e tenses entre trabalhadores negros e imigrantes europeus na cidade de So Paulo (1900-1930) Victor Doutel Pastore (USP)

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    8

    Aos camponeses s falta a terra: lutas por acesso a terras no Iguape, na sociedade de ps-abolio Ana Paula Batista da Silva Cruz (UFRRJ)

    16h0017h50P5 | Trnsitos e trajetrias negras na liberdadeSala 912Coordenadora: Ivana Stolze Lima (Fundao Casa de Rui Barbosa)

    Da provncia corte: a trajetria do negro maranhense Eduardo Ribeiro, rumo ao Rio de Janeiro Geisimara Soares Matos (UFRJ)

    Marcos Rodrigues dos Santos (1897-1968), uma trajetria: raa, trabalho e poltica no ps-abolio da Bahia Lucas Andrade (UFBA)

    Sobre o horror de haver sido escrava a av de um Senador: O Visconde de Jequitinhonha e as ideias sobre abolio, raa e poltica na imprensa das ltimas dcadas do sculo XIX Sebastio de Castro Junior (Unicamp)

    Fragmentos da trajetria do pardo Valentim Gomes Tolentino Ana Paula Dutra Bscaro (UFJF)

    P6 | Sadas para a liberdade e continuidades da escravidoSala 910Coordenadora: Iraneide Soares da Silva (UESPI)

    Escravido e alforria de crianas: a experincia escravocrata na Cidade de Gois do sculo XVIII Andr Lcio Bento (UFG)

    A escravido no Sul do Brasil estudos de caso: Taquari, Estrela e Santo Amaro/RS, no sculo XIX Karen Daniela Pires (Univates)

    Escravido e ps-abolio na Colnia Leopoldina, Bahia: 1883-1890 Ricardo Tadeu Caires Silva (Unespar)

    Entre o local e o provincial: escravido, emancipao e poltica em Alagoinhas (1871-1888) Aline Najara Gonalves (UFRRJ) P7 | Lutas escritas: abolicionismos, liberdades e imprensaSala 913Coordenadora: Ana Flvia Magalhes Pinto (UnB)

    Pela liberdade, o caos: as lutas sociais pela Abolio na cidade de So Paulo (1887-1888) Fbio Dantas Rocha (Unifesp)

    Os homens do amanh as crianas de hoje!: Infncia, trabalho, instruo e raa na obra de Lus Gomes Loureiro em O Tico-Tico (1907-1919) Alexandre Rocha da Silva (Unicamp)

    Experincias e vivncias negras em Bag/RS no Ps-abolio: Clubes Sociais, carnaval e imprensa negra na fronteira sul do Brasil Tiago Rosa da Silva (UFPel)

    Agostinho Leandro da Costa: um narrador negro na Curitiba do ps-abolio Pamela Beltramin Fabris (UFPR)

    18h30Mesa de aberturaAuditrio do 12 andar

    Ana Flvia Magalhes Pinto (UnB) e Eric Brasil (Unilab/Mals) Coordenao do GT Nacional Emancipaes e Ps-Abolio/Anpuhlvaro Pereira do Nascimento (UFRRJ)Fernanda Oliveira da Silva (UFFRJ)Hebe Mattos(LABHOI/UFF/UFJF)Ivana Stolze Lima(Fundao Casa de Rui Barbosa)Martha Abreu (UFF)Yna Lopes dos Santos (Fundao Getlio Vargas)

    19h0021h00Conferncia de abertura Auditrio do 12 andar

    O Problema da Escravido na Era do ImprioThe Problem of Slavery in the Age of EmpireConferencista: Thomas Holt (University of Chicago)

    Mediadora: Hebe Mattos (LABHOI/UFF/UFJF)

    Haver traduo feita pela Dra. Raquel Luciana de Souza (Universidade do Texas - Austin)

  • 130 anos de abolio no Brasil

    9

    16de maio, quarta-feira

    9h0012h00

    Mesa redonda 1O Ps-Abolio nas Amricas como problema historiogrficoAuditrio do 12 andar

    Descrio: Os sculos XIX e XX foram marcantes para africanos/as e seus descendentes no Mundo Atlntico. O dinamismo da escravido, a implementao de leis emancipacionistas, a abolio total do trabalho escravo, os tensionamentos entre empregadores e empregados nos mundos do trabalho e os conflitos entre valores e costumes nos vnculos sociais forjados em novas bases so partes de um processo histrico que se alonga at os dias atuais, presentes na invisibilizao das diversas trajetrias da populao negra, nas barreiras construdas por discursos racistas reelaborados na tessitura do tempo, nas dificuldades em se acessar as condies necessrias ao ensino e profissionalizao e a outros direitos sociais, e na criminosa desumanizao do povo negro. Para debater essas questes, os trabalhos apresentados nesta mesa traro elementos fundamentais para que

    possamos dar prosseguimento ao rico debate historiogrfico sobre o assunto.

    Ana Flvia Magalhes Pinto (UnB), Brodwyn Fischer (University of Chicago), Flvio Gomes (UFRJ) e Wlamyra Albuquerque (UFBA)

    Coordenador: lvaro Pereira do Nascimento (UFRRJ)

    14h0015h50P8 | Trajetrias de artistas negros/as: teatro, msica e artes plsticasSala 907Coordenadora: Carolina Viana Dantas (FIOCRUZ)

    Negociando espaos segregados: as estratgias utilizadas para acessar o mercado de arte moderna na trajetria de Agnaldo dos Santos Bruno Pinheiro (Unicamp)

    Gnero, raa e memria na trajetria de La Garcia no Teatro Experimental do Negro (1930-1950) Julio Cludio da Silva (UEA)

    Entre o teatro, a msica e luta poltica: consideraes sobre a trajetria de Arnaldo Dutra (Porto Alegre Primeira Repblica) Felipe Boher (UFF)

    Protagonismo negro, cidadania e racismo na trajetria profissional do msico Patricio Teixeira Chaves (1920 a 1950) Caroline Moreira Vieira Dantas (UERJ/FFP)

    P9 | Dilogos Transnacionais - Amricas e CaribeSala 912Coordenadora: Clcea Maria Augusto de Miranda (Ipeafro)

    Frederick Douglass: o olhar de um abolicionista negro estadunidense sobre escravido e liberdade no Brasil Imperial Luciana da Cruz Brito (UFRB)

    Anticolonialismo, abolicionismo e antirracismo: Antonio Maceo, Ramn Emetrio Betances e Gregorio Lupern conexes transnacionais (1863-1895) Iacy Maia Mata (UFBA)

    Do canto na roa ao bamboula: canes, batuques, trabalho e resistncia escrava no processo de abolio da escravido no Caribe francs Leticia Gregorio Canelas (Unicamp)

    A negritude desde o Uruguai: escritos e vivncias na/da sociabilidade negra na ps-abolio Fernanda Oliveira da Silva (UFRRJ)

    P10 | Trajetrias de indivduos negros entre a escravido e a liberdadeSala 913Coordenadora: Kim D. Butler (Rutgers University)

    Entre a cidade escrava e a cidade livre: a experincia de 3 jovens no Recife dos anos 1880 e 1890 Brodwyn Fischer (University of Chicago)

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    10

    Do Sufrgio Universal no Imprio do Brasil: A participao de um liberto nas eleies na Provncia do Amazonas na dcada de 1850 Tenner Inauhiny de Abreu (UEA/UnB)

    Uma classe da cor da epiderme: visibilidade racial e usos polticos da cor durante o ps-abolio Marcus Vinicius de Freitas Rosa (UFRGS)

    Efignia e seus filhos: estudo da trajetria de uma famlia de libertos Daniele Weigert (USP) P11 | Experincias de educao antirracista no ensino de histriaSala 910Coordenadora: Verena Alberti (UERJ)

    O movimento negro e a produo de cultura de luta antirracista: potncias para a reeducao das relaes tnico-raciais Thayara Cristine Silva de Lima (UFRJ)

    Sarau da Conscincia Negra na Escola Tcnica Estadual Imbari (Faetec/Duque de Caxias/RJ) Caroline Moreira Vieira Dantas (UERJ), Luiz Armando Dantas de Oliveira (UERJ/FAETEC), Elaine Barbosa da Silva (UFF)

    Estudo sobre a dispora negra alunos e professores como sujeitos da aprendizagem Marilu de Freitas Faricelli (PUC-SP)

    Fazendo ouvir cantos de alegria e soluar de dor: a experincia de uma visita regio da Pequena frica no Rio de Janeiro com alunos do Ensino Mdico Tcnico Pmella Passos (IFRJ)

    O Ba de Laudelina: proposta para um ensino de histria antirracista Fernanda Crespo (UFRJ)

    Vlog Para de Histria Higor Figueira Ferreira (Colgio Pedro II)

    16h0017h50P12 | Metodologias e desafios da Histria PblicaSala 907 Coordenao: Renata Moraes (UERJ)

    A representao visual da escravido em William Turner, um estudo de caso Kleber Antonio de Oliveira Amancio (UFRB)

    Narrativas orais, performance e trabalho de memria: questes para o estudo das trajetrias de vidas negras no movimento da histria pblica Juniele Rablo de Almeida (UFF)

    Prosopografia, uma possibilidade de mtodo na pesquisa histrica sobre a trajetria do negro em Porto Alegre, 1786-1920 Liane Susan Muller (Unissinos)

    Contribuies crticas ao Paradigma da Ausncia: a identidade negra como instrumento de luta entre os trabalhadores rurais, 1945-64 Max Fellipe Cezario Porphirio (UFRRJ

    P13 | Clubes negros: espaos de muitas vozesSala 912Coordenador: Paulo Moreira (UNISINOS)

    Clube Social 24 de Agosto: centenrio de um clube negro Caiu Cardoso Al-Alam (Unipampa)

    Rainhas negras do Clube 24 de Agosto: identidades, representaes e trajetrias de mulheres de um Clube Social Negro na fronteira Brasil-Uruguai Giane Vargas Escobar (Unipampa)

    Baluartes da liberdade: prticas e espaos associativos negros no sculo XIX Jonatas Roque Ribeiro (Unicamp)

    Ildefonso Juvenal e as associaes de homens de cor em Florianpolis nos anos 1910 e 1920 Luana Teixeira (UFSC)

    P14 | Dilogos Transnacionais frica e DisporaSala 913Coordenadora: Mnica Lima (UFRJ)

    Entre o discurso de liberdade e as prticas de trabalho forado: memrias da poltica colonial salazarista (1930-60) Giselda Brito Silva (UFRPE)

    Passagens para frica: associativismo negro paulistano e circulao de ideias anticoloniais, 1950-1970 Mrio Augusto Medeiros da Silva (Unicamp)

    Corpos negros suportando culturas Elias Alfama Vaz Moniz (Universidade de Santiago/Repblica de Cabo Verde)

  • 130 anos de abolio no Brasil

    11

    O Left Book Club in Jamaica: redes intelectuais anti-colonias entre o Caribe, a frica e a Europa entre as duas Guerras Mundiais Matheus Cardoso da Silva (USP)

    18h3020h00Psteres de Iniciao Cientfica e GraduaoAuditrio do 12 andarComentadoras/es: Edinelia Souza (Uneb), Fernanda Oliveira da Silva (UFRRJ), Ivana Stolze Lima (FCRB), Lcia Helena Oliveira Silva (Unesp), Luciana da Cruz Brito (UFRB), Marcus Vinicius de Freitas Rosa (UFRGS)

    Memrias da charqueada So Domingos e do Clube Social Negro 24 de Agosto: Racismo e Resistncia em Jaguaro Allan Mateus Cereda (Unipampa)

    Os festejos da Lei urea: Memria da Abolio no Rio de Janeiro luz do Jornal do Commercio Anna Clara de Souza Costa Fonseca (FGV)

    O movimento abolicionista face ao discurso colonialista na revoluo haitiana de 1791 Berno Logis (Unicamp)

    Abolicionismo popular nos processos de territorializao tnica: o caso do Arraial da Penha, Rio de Janeiro, 1880-1900 Flvia Patrocinio (UFRJ)

    Na sade e na doena: perfil social das mulheres pobres na Santa Maria/RS do incio do sculo XX (1903- 1913) Gabriela Rotilli dos Santos (UFSM)

    Eu ngo que aqui s tenha branco: experincias de um clube negro na cidade de Venncio Aires/RS Helen da Silva Silveira (UFSM)

    Raa e classe nas pginas do jornal O Exemplo (1902-1920) Liana Severo Ribeiro (UFRGS)

    Estudo de caso do escravo pardo Joaquim msico na Freguesia de SantAnna do Pira Rio de Janeiro, Sculo XIX Mrcia Carneiro Monsores (UniRio)

    O clube Mundo Velho: Espao de expresso e sociabilidades no ps-abolio Marlon Marcelo (UFMG)

    Grupo Canela Preta e o racismo no futebol em Porto Alegre Maurcio da Silva Dorneles (UFGRS)

    A liberta no ps-abolio: discriminao e estigmas para no abusar da liberdade Raquel de Souza Martins Lima (Univap)

    Maternidade Contestada: mulher, resistncia e justia no ps-abolio no Vale do Paraba Paulista (1888-1891) Sara Carolina Noce Bortoncello (UNIVAP), Luiz Gabriel Xavier de Almeida, Brenda Letcia S. Pinto

    Nem escravos, nem cidados: uma anlise da legislao sobre trabalho, trabalhadores livres e libertos no Brasil oitocentista (1836-1885) Taina Aparecida Silva Santos (Unicamp)

    17 de maio, quinta-feira

    9h0012h00Mesa redonda 2Antirracismo e Educao no Brasil e em PortugalAuditrio do 12 andar

    Descrio: 130 anos aps a abolio da escravido no Brasil o racismo continua sendo um elemento estruturante das desigualdades no pas. Depois de 15 anos da promulgao Lei n. 10.639/03, mesmo com muitos esforos realizados, ainda um enorme desafio a sua implementao e a reeducao das relaes raciais em nosso pas. Em Portugal, passados 44 anos da Revoluo de 25 de Abril, apesar do processo de democratizao da sociedade portuguesa e das evidentes desigualdades raciais, so patentes os diferentes esforos, tanto de governos quanto de setores da sociedade civil, de fugir dos debates sobre racismo, colonialismo e eurocentrismo, inclusive nos livros didticos e nas escolas. Ao mesmo tempo, as lutas antirracistas historicamente travadas, produziram/produzem

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    12

    conhecimentos e mudanas em ambas as sociedades. A mesa redonda Antirracismo e Educao no Brasil e em Portugal, articulando a luta poltica antirracista produo de conhecimentos no mbito da Educao, trar reflexes e debates em torno de questes como racismo, eurocentrismo e o ensino de Histria e culturas da frica e dos afrodescendentes nos contextos brasileiro e portugus.

    Nilma Lino Gomes (UFMG), Marta Arajo (CES/Universidade de Coimbra), Silvia Maeso (CES/Universidade de Coimbra)

    Coordenador: Amilcar Pereira (UFRJ)

    14h0015h50P15 | Histria da Educao: sujeitos negros,coletividades e iniciativasSala 913Coordenao: Alessandra Frota Schueler (UFF)

    O nosso feminismo: raa, classe e gnero no ps-abolio carioca (1888-1930) Luara dos Santos Silva (UFF)

    Sophia Ferreira Chaves, Tcito Pires e a racializao da classe e do gnero na imprensa negra de Porto Alegre (1902-1904) Melina Kleinert Perussatto (UFRGS)

    Educao, Liberdade e Cidadania: experincias escolares de escravizados, libertos e negros livres no Paran (1881-1917) Noemi Santos da Silva (Unicamp)

    Vicente Gomes Jardim: um artista e homem de cor na Parahyba do Norte (final do sculo XIX/incio do XX) Surya Aaronovich Pombo de Barros (UFPB)

    P16 | Cultura e poltica: festas e msicas negras no ps-abolioSala 912Coordenao: Lvia Nascimento Monteiro (U. Celso Lisboa)

    A Fantasia da frica: Dispora na Negociao da Liberdade Negra Kim D. Butler (Rutgers University)

    O maxixe sinceramente humano: Associativismo danante e a imoralidade nas ruas do Rio de Janeiro da Primeira Repblica Juliana da Conceio Pereira (UFF)

    Espaos de sociabilidade negra em So Lus do Maranho no ps-abolio Carolina Christiane de Souza Martins (UFF)

    Macumba e Carnaval: A trajetria de Getlio Marinho da Silva Fernanda Epaminondas Soares (UFF) P17 | Conexes campo-cidade e as migraes negras no ps-abolioSala 910 Coordenao: Matthias Rhrig Assuno (U. Essex)

    Tantas caras tristes, querendo chegar, em algum destino, em algum lugar: migraes negras, trabalho e trajetrias no Ps-Abolio do Rio de Janeiro (1920-1950) Carlos Eduardo Coutinho da Costa (UFRRJ)

    Vai devagar pr vortar somando: prticas comerciais e itinerncia na Bahia ps-escravido Edinelia Maria Oliveira Souza (Uneb)

    Trajetrias comparadas de migrantes rurais brancos e negros: reflexes sobre os efeitos do racismo na insero no mercado de trabalho e nas possibilidades de ascenso social. Porto Alegre, segunda metade do sculo XX Rodrigo de Azevedo Weimer (FEE-RS)

    Petrpolis-RJ: cidade de grandes fluxos de populao negra na formao do territrio Henrique Cunha Junior (UFC) e Renata Aquino da Silva (UFC)

    P18 | Questes para a educao antirracista no ensino de histriaSala 907Coordenao: Giovana Xavier (UFRJ)

    Abayomi: (re)conectando identidades negras Caroline Lima dos Santos (Unilab)

    Enegrecendo as Belas Artes Joana Darc Araujo da Silva (Secretaria Estadual de Educao-RJ)

    Lutas, cultura e ensino de histria no Museu Afro Brasil Jessika Rezende Souza (UFRJ)

  • 130 anos de abolio no Brasil

    13

    Ps-Abolio, currculo e experincias Juliana da Silva Drumond (Secretaria Estadual de Educao-RJ)

    Biblioteca Nutica na Baa de Todos os Santos: Navegando nas guas do Recncavo Baiano Bruna Aparecida Thalita Maia e Camila Alves Rosa Santos (Unilab)

    16h0017h50P19 | Maternidade, infncia e os caminhos da liberdade no ps-abolioSala 913Coordenao: Isabel Reis (UFRB)

    Maternidade, trabalho e emancipao em So Paulo no ocaso da escravido (1880-1890) Marlia Bueno de Arajo Ariza (USP)

    Recompondo laos: maternidade negra no imediato ps-abolio em Recife, 1890 Maria Emlia Vasconcelos dos Santos (UFRPE)

    Nasceu o Menino Sat: uma criana negra no ps-abolio em Pernambuco Antonio Liberac Cardoso Simes Pires (UFRB)

    Os filhos do ventre livre: trajetrias negras, letramento e disputa por direitos no Rio de Janeiro do ps-abolio Leonardo Affonso de Miranda Pereira (PUC-Rio)

    P20 | Abolicionismos: sujeitos, projetos e conflitosSala 912Coordenao: Juliano Sobrinho (UNINOVE)

    Formas de luta: a resistncia negra no Rio de Janeiro (1883-1900) Jlio Cesar de Souza Dria (UFRJ)

    Trajetrias interseccionadas: escravido e liberdade em temporalidades e espaos compartilhados Jac dos Santos Souza (UFBA)

    E porque raso a parahyba se deveria mostrar surda e imvel ante o esprito abolicionista?: o movimento abolicionista na Parahyba do Norte (1864-1888) Lucian Souza da Silva (UFPE)

    P21 | Controle, criminalizao e possibilidades de acesso justia para sujeitos negrosSala 910Coordenadora: Mariana Muaze (UNIRIO)

    Os libertos e a construo de identidades no ps-abolio: em busca da cidadania no conquistada Carlos Eduardo Moreira de Arajo (UFU)

    Linchamentos no Brasil: escravido, justia e polcia (1878-1888) Ricardo Pirola (Unicamp)

    Entre a condenao e a liberdade: uma questo de estratgia ou de cor? Caio Srgio de Moraes (UFF)

    A Silenciosa Eloquncia: Notas Sobre a Violncia Contra Mulheres Negras no Ps-Abolio Elaine P. Rocha (University of the West Indies)

    18h3020h00Frum Microfone Aberto de Ensino de Histria do Ps-Abolio no Mundo AtlnticoAuditrio do 12 andarCoordenadoras: Joyce Fernandes Preta Rara (Professora de Histria, rapper e ativista), Janete Santos Ribeiro (Professora de Histria - ISERJ)

    18de maio, sexta-feira

    9h0012h00Mesa redonda 3Histria Pblica e Polticas de Reparao: o caso do Rio de JaneiroAuditrio do 12 andar

    Descrio: O II Seminrio Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico celebra 130 anos da abolio da escravido no Brasil e 30 anos da aprovao da Constituio de 1988 que, no centenrio

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    14

    da lei da abolio, inseriu pela primeira vez no texto constitucional a dvida moral do Estado Brasileiro com a populao africana escravizada, sobretudo atravs do reconhecimento do direito s terras quilombolas e da afirmao do patrimnio cultural afro-brasileiro. A mesa redonda Histria Pblica e Polticas de Reparao toma a cidade do Rio de Janeiro, lcus do principal porto escravista das Amricas e epicentro da economia escravista brasileira do sculo 19, como base histrica para debater algumas das experincias concretas de histria pblica, como instrumento de poltica de reparao ao passado escravista, que vm sendo articuladas a partir da cidade/regio nesse novo contexto.

    Hebe Mattos(LABHOI/UFF/UFJF)Giovana Xavier (UFRJ)Milton Guran (LABHOI/UFF) Mnica Lima (UFRJ)Nilcemar Nogueira(Secretaria de Cultura da cidade Rio de Janeiro)

    Coordenao: Martha Abreu (UFF)

    14h0015h50P22 | Trabalhadores negros na escravido e no ps-abolio: dilogos sobre presenas permanentesSala 913Coordenao: Robrio Santos Souza (UNEB)

    Liberdade em movimento: migraes de trabalhadores libertos no ps-abolio entre o campo e as fbricas, (Bahia Sergipe, 1884-1889) Camila Barreto Santos Avelino (UFF) e Nilceanne Nogueira Lima Felcio (UFBA)

    Entre a escravido e a liberdade: uma anlise comparativa da trajetria dos africanos livres em dois empreendimentos pblicos da Provncia de So Paulo (1840-1870) Mariana Alice Pereira Schatzer Ribeiro (Unesp-Assis)

    Um sinal da modernidade brasileira: a abolio da escravido nos discursos sobre a crise dos criados domsticos na cidade do Rio de Janeiro Flvia Fernandes de Souza (Pesquisadora independente)

    Nem tudo era alemo: trabalhadores negros nos teares da Fbrica Santo Aleixo Felipe Ribeiro (UFFRJ)

    P23 | Quilombos, reconhecimentos e reparaesSala 910Coordenao: Daniela Yabeta (Unir)

    Sobre o processo de reconhecimento de uma comunidade quilombola na Amaznia oriental: o caso do quilombo do Rosa David Junior de Souza Silva (UFG)

    Novos quilombos no Sul do Mato Grosso: histria oral de quilombolas de Mato Grosso do Sul no ps-abolio (1890-2008) Lourival dos Santos (UFMS)

    Festas, patrimnio cultural e lutas polticas em comunidades quilombolas de Mato Grosso: histria pblica e direito reparao Manuela Areias Costa (UNEMAT)

    Quilombos, congados e minerao no Triangulo Mineiro e Alto Paranaba Claudelir Correa Clemente (UFU)

    P24 | Indivduos coletivos: trajetrias de homens e mulheres negras na liberdadeSala 912Coordenao: Eric Brasil (Unilab)

    Eloy tinha um poder...!: Experincias negras no Rio de Janeiro do Ps-Abolio a partir da trajetria de Mano Eloy Alessandra Tavares (UFRRJ)

    O associativismo negro paulistano e o Gandhi da Frente: Frederico Baptista de Souza So Paulo/Brasil (1875-1937) Lvia Maria Tiede (Unicamp)

    Trs acontecimentos e um propsito: a luta pela cidadania negra no ps-abolio em Campinas-SP 1903-1940 Lcia Helena de Oliveira Silva (Unesp-Assis)

    Quando Jos Francisco do Nascimento e Innocncia Maria Joaquina se unem: caminhos da vida em liberdade na Santa Maria da Boca do Monte/RS Franciele Rocha de Oliveira (GEPA/UFSM)

  • 130 anos de abolio no Brasil

    15

    16h0017h50P25 | Mulheres negras: gnero, trabalho e mobilidade social na escravido e no ps-abolioSala 913 Coordenao: Yna Lopes dos Santos (FGV)

    Ventre Livre, Braos Negros: mulheres sertanejas e suas relaes de trabalho no ps-abolio (Alto Serto da Bahia, 1890-1940) Milia Santos Almeida (UEFS)

    Liberdade, Mobilidade e Gnero: a trajetria de Catharina Maria Roza da Conceio e a escravido ilegal no Amazonas Oitocentista (1850-1888) Jssyka Smya Ladislau Pereira Costa (Unicamp)

    Trajetrias de empregadas domsticas e relaes de apadrinhamento em Feira de Santana (1883-1932) Keilane Souza de Santana (UEFS)

    Delia: escravido, raa e gnero sob a perspectiva da escrita feminina Laila T. Correa e Silva (Unicamp) P26 | Movimentos Negros e formulao de agendas de reparaoSala 910Coordenao: Wlamyra Albuquerque (UFBA)

    Reinventando o passado: escravido e liberdade em documentos da CPT aps a Campanha da Fraternidade de 1988 Maria do Carmo Gregrio (UFF)

    A gente tambm importante, tem at livro contando nossa histria: o papel do fazer acadmico nas demandas quilombolas por direitos e polticas de reparao Maria do Carmo Moreira Aguilar (UFRGS)

    Movimento pelas reparaes no Brasil: notas de pesquisa Petrnio Domingues (UFS)

    Mulheres do Gericin: lideranas femininas no protagonismo das disputas por direitos sociais e na manuteno da identidade negra e nordestina na Zona Oeste do Rio de Janeiro Danielle Souza Coutinho (PUC-Rio)

    P27 | Intelectualidade negra e pensamento socialSala 912Coordenao: Amlcar Arajo Pereira (UFRJ)

    Antirracismo no Brasil Imprio: Raimundo Gomes e a luta pelos direitos do Povo de Cor na Balaiada Matthias Rhrig Assuno (University of Essex)

    O Elefante Negro: Eduardo de Oliveira e Oliveira, raa e pensamento social no Brasil (So Paulo, dcada de 1970) Rafael Petry Trapp (UFF)

    Entre Nascimentos: quilombos na gnese de uma filosofia poltica brasileira Tefilo Reis (Unicamp)

    preciso eternizar as palavras da liberdade ainda e agora: fices da memria e escrita historiogrfica em Conceio Evaristo Vanessa Massoni da Rocha (UFF)

    Clvis Moura e a historiografia revisionista sobre a escravido no Brasil Teresa Malatian (Unesp Franca)

    19h0021h00 Conferncia de EncerramentoPoder, gnero e cultura: conquistas e desafios do ps-abolioAuditrio do 12 andar

    Conferencistas: Luciene Estevo Nascimento (Quilombo de So Jos da Serra), Maria de Ftima da Silveira Santos (Jongo de Pinheiral), Marilda de Souza Francisco (Quilombo do Bracu), Suellen Tavares (Jongo da Serrinha)

    Mediadora: Luciana Barreto (EBC)

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    16

    RESUMOS

  • 130 anos de abolio no Brasil

    17

    PSTERES DE INICIAO CIENTFICAE GRADUAO

    Memrias da charqueada So Domingos e do Clube Social Negro 24 de Agosto: Racismo e Resistncia em Jaguaro Allan Mateus Cereda (Unipampa)

    Esta proposta de comunicao individual um desdobramento de meu trabalho de concluso de curso, na qual estudei a partir de cinco entrevistas, documentos da Cooperativa de Carnes da Zona Sul Ltda., entre outras fontes o processo de industrializao, durante os anos 1950-1975, da charqueada So Domingos, em Jaguaro, Rio Grande do Sul. Analisei a partir do que Ellen Wood chamou de situaes de classe, referindo-se a perspectiva Thompsoniana de pensar a luta de classes anterior as classes maduras. Inicialmente, um estudo propriamente do campo mundos do trabalho. O prisma da industrializao, ou seja, da frigorificao da carne e dos derivados bovinos, debatido nesta monografia foi a partir da perspectiva dos cinco trabalhadores entrevistados, pensando um pouco de suas trajetrias e condies de vida. O roubo do charque e da carne in natura, no ento cerceamento das possibilidades de acesso carne decorrente da industrializao; disputas em torno do tempo, como a reivindicao de um momento para se fumar, j que, com as novas regras sanitrias, houve a proibio do fumo no local de trabalho; as condies prprias da classe trabalhadora, que Mike Savage chamou de insegurana estrutural, diante das possibilidades de mobilidade espacial, oportunidades no mercado de trabalho, vnculos de dependncia e autonomia foram focos centrais. Aps a concluso da monografia e o prosseguimento da pesquisa pude colher mais onze entrevistas que alteraram a viso sobre aquele mundo do trabalho. Inicialmente com as entrevistas de quatro homens brancos e um homem negro (este que no trabalhou na charqueada, mas tropeava gado para a

    unidade produtiva) houve uma invisibilizao das trajetrias de homens e mulheres negros/as, inclusive de mulheres brancas, porm, com as novas entrevistas, sendo quatro mulheres duas brancas e duas negras pude constatar outra histria: percebi a classe trabalhadora da charqueada/frigorfico como uma classe diversa em cor e gnero. Um dos capatazes de seco da charqueada, sr. Celestino to comentado em outras entrevistas , s foi descrito como negro quando entrevistei sua filha, dona Aldamira. Relatos de resistncia de trabalhadores brancos, subordinados sr. Celestino, foram surpreendentes, no sentido do conflito racial aberto superar a hierarquia estipulada da unidade produtiva. No se trata exatamente da sobreposio do conflito racial sobre o conflito de classe, pois o capataz no se tratava do patro, ainda que um trabalhador com algum privilgio, porm o conflito racial predominou sobre uma autoridade instituda pelos proprietrios da empresa. As narrativas destas duas trabalhadoras negras, com vnculos parentais entre si, chamaram ateno para principalmente duas questes: 1. os fortes vnculos familiares de apoio mtuo; 2. o vnculo familiar com sr. Malaquias, trabalhador da charqueada e um dos fundadores do Clube Social Negro 24 de Agosto, fundado em 1918 na cidade de Jaguaro. Estas duas questes no esto desvinculadas, a necessidade de construo de redes de ajuda mtua diante das condies mais agudas de insegurana estrutural da populao negra uma das chaves explicativas para pensar a articulao destas questes. Dona Alexandrina, finada me de dona Cibela e madrinha de dona Aldamira, tambm ajudou a cuidar, ou criar como diz as entrevistadas, outros irmos de dona Aldamira, j que esta trabalhava em uma estncia e boa parte de suas semanas estavam comprometidas com esse trabalho. Famlias que colaboravam entre si e se organizavam com outras famlias no Clube 24. Dona Cibela compartilhou algumas estratgias de seu pai que foram fundamentais para a consolidao do Clube 24, como o apoio ao ento proprietrio

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    18

    da charqueada, dr. Odilo, em sua carreira poltica, inclusive com filiao UDN. Nesta poca, em que a populao negra de Jaguaro no podia frequentar os clubes dos brancos, conquistaram a primeira sede do Clube 24. H registros de ao menos mais dois clubes negros que houveram na cidade de Jaguaro, o Suburbano e o Gacho, porm, o nico que se mantm em funcionamento o 24 de agosto. Nesta comunicao pretendo, brevemente, dialogar sobre o percurso de construo das fontes em que a identidade racial branca, a branquidade, invisibilisa e exclui a populao negra da histria, reforando o paradigma da ausncia. Posteriormente, interessa-me debater alguns aspectos do mundo do trabalho, a partir do prisma da interseccionalidade, ou seja, pensar as diferentes condies de vida de opresso e explorao a partir dos relatos de dona Cibela e dona Aldamira. Ressaltar o protagonismo de dona Cibela e as mulheres na construo e organizao do 24. E, finalmente, registrar e refletir algumas estratgias desenvolvidas por sr. Malaquias na construo do Clube 24, relacionando a comunidade negra da charqueada So Domingos com este importante espao de sociabilidade e articulao poltica de negros e negras de Jaguaro.

    Os festejos do Lei urea: Memria da Abolio no Rio de Janeiro luz do Jornal do Commercio Anna Clara de Souza Costa Fonseca (FGV)

    A abolio da escravido no Brasil ocorreu no dia 13 de maio de 1888 atravs da aprovao e assinatura da Lei urea pela Princesa Isabel e foi um evento muito importante para todo o pas. Diversas comemoraes e festas foram realizadas nos dias que sucederam esse acontecimento, das mais variadas formas e por vrios sujeitos diferentes (ex-escravos, abolicionistas, escritores, comerciantes, jornalistas, trabalhadores livres), todos com o objetivo de festejar a liberdade enfim conquistada. A imprensa da poca teve um

    papel fundamental tanto na divulgao desses festejos como por exemplo as missas, os bailes populares, as sesses literrias e de teatro, as corridas de cavalo, as comemoraes de rua promovidas pela imprensa, os desfiles , como na cobertura dos eventos, relatando como aconteciam as comemoraes e quem participava, promovendo o apoio abolio, publicando poemas e crnicas favorveis liberdade, etc. Um ano aps a homologao da Lei, mais especificamente no dia 15 de novembro de 1889, foi proclamada a Primeira Repblica o que s confirmava esse tempo de mudanas, e encerrava a monarquia constitucional parlamentarista e acabava com o poder do ento imperador Dom Pedro II. Esses eventos para comemorar a abolio da escravido j foram temas de alguns trabalhos e pesquisas na historiografia brasileira que analisam as festividades, embora eles sejam poucos. Por isso, faz-se necessrio novos estudos e reflexes sobre o assunto para que seja possvel interpretar o perodo em evidncia. Junto com a professora doutora Yna Lopes dos Santos, desde o ano de 2016 fao parte de um projeto de Iniciao Cientfica financiado pelo CNPq que tem como tema Memria e Escravido. Por consequncia, o intuito dessa pesquisa, a ser feita em formato de pster para o II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico: 130 anos de abolio no Brasil, consiste em analisar os festejos da Lei urea realizados no estado do Rio de Janeiro atravs de um dos jornais mais importantes da cidade, o Jornal do Commercio, com o objetivo investigar e de tentar compreender como a Primeira Repblica (1889-1930) pensou a memria da abolio. Atravs do acervo digital de peridicos do site Hemeroteca Digital (que pertence Biblioteca Nacional), farei uma pesquisa anual desde maio de 1888 at o ano de 1930 no jornal em questo e, em seguida, montarei uma tabela que ir conter a ocorrncia, a data da nota, a edio do jornal e um pequeno resumo do texto publicado sobre essas festas. Alm disso, ao final farei uma reflexo a respeito de como essa

  • 130 anos de abolio no Brasil

    19

    memria da abolio foi mudando com o passar dos anos no perodo republicano, e de que maneira e por qual motivo as comemoraes foram perdendo seu sentido inicial. Por isso, a proposta do trabalho dialoga diretamente com o eixo de n 1: Memria e Histria Pblica da escravido e da liberdade, e tambm com o eixo de n 5: Balano historiogrfico do ps-abolio.

    O movimento abolicionista face ao discurso colonialista na revoluo haitiana de 1791 Berno Logis (Unicamp)

    No meio dos tumultos rumo a revoluo de 1791, dois protagonistas do cenrio colonial, Moreau de Saint Mry, e Julien Raymond abriram uma conversa trocando textos e cartas sobre a problemtica da cor na colnia. O primeiro, homem branco, portador da ideologia colonialista, era natural da Martinica e proprietrio de escravos em So Domingos. Durante sua estadia na colnia como advogado e representante da metrpole francesa, ele elaborou vrias leis como ferramentas jurdicas para manter a escravido e o trfico negreiro nas colnias francesas das Amricas. J em 1789, Moreau criou o famoso clube Massiac; trata-se do maior grupo de proprietrios de escravizados na Amrica colonial, com objetivo de lutar contra a abolio do trabalho escravo e do trfico negreiro (GAUTHIER, 2007). Doutro lado, o segundo protagonista, Julien Raymond, homem de cor, proprietrio de terras, natural da regio Sudeste de So Domingos, membro e porta-voz do clube des amis de couleur. Raymond lutava pela igualdade de direitos entre brancos e homem de cor e se posicionava a favor da abolio de escravido na colnia. Sua luta contra o projeto colonialista, fez dele o primeiro abolicionista nas colnias francesas das Amricas (GAUTHIER, 2007). A colnia francesa de So domingos era constituda de duas grandes classes antagnicas; a classe formada pelos proprietrios brancos e a dos negros escravizados (MOREAU, 1789). A

    primeira foi detentora dos meios de produo e a segunda representava a fora produtiva da colnia, mas dentro delas havia a classe des affranchis, ou seja, a classe que agrupava as pessoas livres de cor. Isto , esta classe intermediria resultante da unio entre proprietrios brancos e mulheres escravizadas na colnia. Em 1685 o cdigo negro garantia a classe das pessoas de cor de ter as mesmas prerrogativas que os proprietrios brancos; assim as pessoas livres de cor tinham direito e igualdade polticos. J no final do sculo XVII esta classe tornou-se um elemento importante na economia e criava rivalidade com a classe dos proprietrios brancos. Diante disso, esses ltimos passaram a usar mecanismos jurdicos que podiam impedir o crescimento econmico da classe de pessoas de cor, em ascenso (BRUTUS, 1999). O abolicionista Raymond chamou a ateno ao enviar uma carta aos responsveis da colnia, relatando a existncia do preconceito de cor nas instituies pblicas, e do seu surgimento nas relaes entre homens brancos e mulheres de cor. Nessa carta, possvel perceber que havia uma recusa sistemtica contra os profissionais de cor de integrar os cargos militares, e foram proibidos os casamentos inter-raciais na colnia. No texto Observaes sobre origem e os progressos do preconceito dos colonos brancos contra os homens de cor publicado pelo abolicionista, pude perceber que no decorrer dos movimentos revolucionrios, vrios nomes de mulheres de cor, e at o prprio nome do Raymond foram modificados, deixando o nome de nascimento para adotar os nomes dos seus proprietrios. Assim, no ano de 1703, sob a liderana do Raymond, iniciou-se na regio Sul da colnia uma srie de movimentos de resistncias das pessoas de cor contra o crescimento da desigualdade racial. Em oposio ao movimento abolicionista, Moreau de S.Mry, publicou em 1789 Observaes de um habitante das colnias sob a memria a favor das pessoas de cor no qual usava mecanismos justificando o trabalho escravo e se posicionando contra a igualdade de direitos

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    20

    polticos entre os proprietrios brancos e as pessoas de cor. A partir das cartas e textos de dois protagonistas, possvel perceber que a problemtica da desigualdade racial sempre esteve presente na colnia durante todo o perodo escravista. Vrios autores que estudam essa questo como CAUNA, (1997) DEBBASCH (1967) a_rmam que no decorrer dos anos 1758 a 1783, existiam vrias leis discriminatrias contra as pessoas de cor. Segundo esses autores, ao longo do sculo XVIII, a cor da pele era considerada como um critrio de integrao social maior do que a riqueza. Ou seja, em So Domingos a raa no determinava obrigatoriamente a posio social, mas sim, a cor da pele; e a propriedade condicionava o status, ou de outra maneira determinava a condio das pessoas. Isto , a problemtica do preconceito de cor em So Domingos revela-se bastante complexa, pois o poeta Martinicano, ensasta poltico e grande figura da negritude, Csaire (2004) destaca que a questo racial nas colnias francesas desta regio durante o perodo colonial estava relacionada a um fenmeno social.

    Abolicionismo popular nos processos de territorializao tnica: o caso do Arraial da Penha, Rio de Janeiro, 1880-1900 Flvia Patrocinio (UFRJ)

    Nesta comunicao apresentaremos resultados parciais de um estudo sobre a formao de espaos de moradia e ocupao no Rio de Janeiro, no final do sculo XIX. Analisamos a formao do Arraial da Penha, ento freguesia de Iraj, durante as duas ltimas dcadas do sculo XIX. A regio da Penha abrigava terras devolutas, parte das quais pertencentes antigos proprietrios de engenhos e escravos. Mas havia tambm pequenas propriedades e tambm terras pertencentes Irmandade de Nossa Senhora da Penha. Na dcada de 80 do sculo XIX, foi empossado como capelo da Irmandade o Padre Ricardo da Silva, que atuaria como um importante agente das

    mudanas socioeconmicas da regio. Outro fator importa que marca esse perodo para a regio da Penha a criao de uma linha frrea que atravessaria a freguesia, gerando conflitos e embates entre os grandes proprietrios locais e os responsveis pela construo da linha. As formas de poder e controle dos grandes proprietrios de terras locais foi abalada por esses conflitos e pelo processo de assentamento e territorializao feito por libertos e pequenos proprietrios. Alm disso, a atmosfera da propaganda abolicionista gerava disputas e acusaes, parte das quais travadas em denncias pela imprensa do Rio de Janeiro. O padre Ricardo seria acusado de acoutar a pequenos grupos de escravos fugidos, sados da Corte e das freguesias vizinhas. Alm de provedor da Irmandade de Nossa Senhora da Penha, ele prprio era um pequeno proprietrio de terras na regio e entre denncias e aes abolicionistas, o local ficaria conhecido como Quilombo do Padre. A partir deste processo histrico pretendemos analisar as formas de ocupao na regio, associando as ltimas dcadas da abolio e as geraes do ps-emancipao, at a chegada do sculo XX. Como foi a ocupao na regio? As famlias pioneiras de libertos, ex-escravos e mesmo fugitivos? Quais as composies demogrficas? Com base nas referncias e documentaes sobre o Arraial da Penha e o Quilombo do Padre, pretendemos avanar num estudo sobre ps-abolio e ocupao urbana no Rio de Janeiro. Avaliamos que um estudo sobre a formao do Arraial da Penha pode ser o caminho para conectar migraes, memrias e processos de territorializaes tnicas que atravessaram o sculo XX formando um dos maiores conjuntos de favelas da cidade do Rio de Janeiro, o Complexo da Penha. Muitos estudos se basearam num cenrio de migrao de populaes negras via Vale do Paraba para o Rio de Janeiro no incio do sculo XX, descartando possibilidades analticas de entender outros processos locais migratrios e de territorrializao a partir de antigas fazendas dos subrbios cariocas e suas populaes

  • 130 anos de abolio no Brasil

    21

    no ps-emancipao. Nesta comunicao apresentamos uma reflexo baseada num repertrio de notcias publicadas nos peridicos Gazeta de Notcias e Jornal do Comrcio. Acompanhando estes registros localizamos um rico debate entre denncias e acusaes sobre a as transformaes e ocupao urbana da regio e as conexes envolvendo abolicionistas, fugitivos e jornalistas. Para alm do debate abolicionista verifica-se quase invisvel um processo de ocupao urbana que pode ajudar a pensar uma nova cartografia do ps-abolio no Rio de Janeiro. Estaria em jogo menos abolicionistas eloquentes e/ou ddivas senhoriais imagens repetidas na historiografia mas sim disputas entre agricultores locais e outros proprietrios de terras da regio.

    Na sade e na doena: perfil social das mulheres pobres na Santa Maria/RS do incio do sculo XX (1903- 1913) Gabriela Rotilli dos Santos (UFSM)

    As dcadas iniciais do sculo XX compreendem o perodo que se convencionou como Belle poque, onde grandesmodificaes de ordem estrutural, demogrfica, econmica, social, cultural e geogrfica demandaram novos mecanismos de organizao e controle social por parte do Estado brasileiro e das elites. Tais mudanas associam-se intimamente aos ento recentes processos de transio do regime imperial ao republicano e de Abolio da escravido, que expuseram homens e mulheres ex-escravizados, assim como seus e suas descendentes, a diferentes condies de acesso cidadania e igualdade, compondo, na maioria das vezes, parte expressiva da populao pobre. A intensificao das polticas de imigrao que intuam para alm da gerao de um novo contingente de mo de obra, tambm promover o embranquecimento da populao. Todo esse processo acarretou na formao de uma nova ordem burguesa, modernizadora e higienista onde o exerccio do trabalho

    era incutido de uma conotao positiva e dignificadora. Sobre as camadas populares passaram a incidir estigmatizaes que as associavam degenerao, ao crime e vagabundagem, inspiradas e em consonncia com as teorias raciais, eugenistas e darwinistas sociais popularizadas nesse perodo. O presente trabalho pretende, utilizando como fonte principal o Livro de Registro de Entrada de Pacientes do Hospital de Caridade de Santa Maria, investigar e fornecer apontamentos sobre as condies sociais das mulheres pobres presentes no espao da cidade de Santa Maria no recorte temporal que compreende os anos de 1903 a 1913. Articulando mulheres e gnero enquanto categorias de anlise com outras como raa, classe, nacionalidade e idade pretendemos dar conta das especificidades e da multiplicidade de mulheres que circulavam no ambiente urbano da cidade de Santa Maria, interior do estado do Rio Grande do Sul. Nas dcadas finais do sculo XIX e iniciais do sculo XX nosso locus de pesquisa encontrava-se em sintonia com as transformaes ocorridas em escala nacional no sentido de modernizao e modi_cao do lugar da cidade. Em Santa Maria no ano de 1885 as primeiras linhas da ferrovia foram instaladas, fator que, aliado ao estabelecimento do ncleo de imigrao italiana de Silveira Martins, ao ps-Abolio e ao advento da Repblica, acabaram por complexificar social e etnicamente o espao, que mesclava-se tambm entre o rural e o urbano e sofria um vertiginoso crescimento populacional, tornando a cidade atrativa aos olhos daqueles e daquelas mulheres que vivenciaram o cativeiro como parte de suas estratgias no s de afastamento dos lugares em que foram escravizados mas tambm afetivo-familiares, econmicas e de sobrevivncia. H, tambm, como em outras localidades brasileiras, um forte processo de estratificao social do espao, organizao positiva da urbe, articulaes, de diversas maneiras, para lidar com a pobreza, que criminalizada, tornava-se uma um problema de dupla ordem, social e sanitria. nesse

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    22

    contexto que cruzando os registros do Hospital com jornais como O Estado, O Combatente, com a Revista Comemorativa do Primeiro Centenrio da Cidade de Santa Maria e com o Cdigo de Posturas Municipais, tentamos elaborar apontamentos e possibilidades, desvendar o pouco do ainda muito nebuloso passado das mulheres populares e suas trajetrias no ps-Abolio santa-mariense.

    Eu ngo que aqui s tenha branco: experincias de um clube negro na cidade de Venncio Aires/RS Helen da Silva Silveira (UFSM)

    Este resumo aborda uma pesquisa de concluso de graduao sobre o perodo Ps-Abolio no Rio Grande do Sul, a partir de um clube social negro chamado Ngo Foot Ball Club So Sebastiao Martir, localizado na cidade de Venncio Aires. O perodo pesquisado vai de 1930 a 1970, contemplando a fundao do mesmo, em 1935, e a consolidao do clube. Constata-se que a dcada de 1930 marcada por diversas mudanas polticas e ideologicas, j que agora buscava-se construir uma sociedade baseada na mestiagem e nos smbolos culturais tpicos do pas, como o futebol e o samba, entre outros. Dentro deste contexto nos cabe colocar um dos problemas fundamentais desta pesquisa: que motivos levaram os negros e negras da cidade de Venncio Aires a fundar um clube social voltado somente para os negros e negras quando se estava tentando construir uma identidade de integrao das Raas e valorizao da cultura brasileira? Este trabalho justifica-se ainda pelo fato de que, por muito tempo, a Historiografia Sul-Rio-Grandense silenciou e invisibilizou a participao negra na Histria do estado, pois os estudos sobre Ps-Abolio no Rio Grande do Sul ainda so demasiadamente recentes, e existem diversas lacunas que precisamos preencher e dar conta, uma dessas lacunas so as experincias negras em reas de colonizao europeia, pois estes espaos ainda so tidos como locais isolados

    do restante, constituindo uma sociedade modelada com valores imigrantes, onde seus cidados seriam, tambm, imigrantes somente, ou seja, havendo uma viso homogeneizante destes territrios, bem como de seus sujeitos, tal ideia vem sendo problematizada por alguns autores como Marcus Tramontini, Eliege Moura e Miqueias Mugge. Neste sentido, a presente pesquisa visa contribuir com essa historiografia que vem investigando o Ps-Abolio no estado e, tambm, oferecer meios de suporte para pensar a vivncia negra em reas de colonizao europeia, que ainda passa por processo de invisibilidade e silenciamento. Para trilhar este difcil caminho de pesquisa, utilizamos do campo metodolgico da Histria Social que tem como expoente Eduard Thompson e que buscou perceber a agncia dos indivduos comuns e o papel desenvolvido por estes na sociedade, a chamada histria vista de baixo, assim visando evidenciar o protagonismo e tambm entender como se formavam espaos de relaes sociais. Tambm nos utilizamos de uma ampla bibliografia relacionada ao Ps-Abolio, conceituado no apenas como um perodo temporal, que seguiu a libertao do cativeiro, mas, essencialmente, enquanto problema historiogrfico e como um campo de estudos, que investiga os problemas e percalos advindos da liberdade e as estratgias empregadas para lidar com tais problemas a nvel nacional e estadual, respeitando as particularidades locais. Dentre os pesquisadores do Ps-Abolio, podemos citar Hebe Mattos, Martha Abreu, Ana Lugo Rios, Sidney Chalhoub, Wlamyra Abuquerque e Ana Flvia Magalhes Pinto a nvel nacional, a nvel estadual temos Fernanda Oliveira dos Santos, Marcus Freitas Rosa e Magna Magalhes. A pesquisa tratada por ns neste resumo, teve por objetivo, portanto, entender como se constituam as relaes sociais entre negros e brancos durante o Ps-Abolio em uma cidade marcada pela imigrao europeia percebendo os conflitos existentes entre eles, analisar a participao negra na construo da cidade de Venncio Aires tentando para a sua participao

  • 130 anos de abolio no Brasil

    23

    enquanto trabalhadores, compreender os mecanismos de racismo e excluso e compreender este clube, o Ngo Foot Ball Club So Sebastiao Martir como uma estratgia de liberdade, traando o perfil dos seus scios, as suas principais atividades desenvolvidas, suas regras de convvio, organizao interna e o significados em torno de sua fundao. Para alcanar esses objetivos usou como uma das principais fontes os depoimentos orais constitudos atravs da metodologia da Historia Oral, que nos permite entrar em contato com as memrias dos e das depoentes entrevistados/entrevistadas, escolhidos por terem uma relao direta com o clube, seja no momento de sua fundao ou em sua consolidao, alm de fotos e alguns documentos relacionados com o poder pblico municipal.

    Raa e classe e classe nas pginas do jornal O Exemplo (1902-1920) Liana Severo Ribeiro (UFRGS)

    O presente trabalho faz parte da pesquisa que pretendo apresentar futuramente seleo de ps-graduao em Histria. A investigao tem como objetivo inicial analisar como as questes pertinentes luta da classe trabalhadora aparecem nas pginas do jornal da imprensa negra da capital gacha, trabalhando de forma articulada com os conceitos de identidade social de classe e identidade negra. O jornal O Exemplo surgiu no ano de 1892, no nmero 247 da Rua dos Andradas, em Porto Alegre, fundado por um grupo de amigos que ansiavam por um jornal que pudesse trazer as questes que afetavam diretamente a populao negra da cidade e que eram pouco ou nada tratados pelos jornais de grande circulao ou at mesmo pela imprensa operria. At o ano de 1930, quando deixou definitivamente de circular, O Exemplo se preocupou em trazer denncias envolvendo casos de racismo, que impedia negros e negras de frequentar determinados espaos pblicos da cidade, tais como bares, cafs, teatros e at

    mesmo escolas. Algumas historiadoras, ao se dedicarem a analisar O Exemplo, perceberam que, ao longo dos anos de suas publicaes, o jornal apresenta algumas modificaes em seu discurso, fato que as leva a classific-lo em fases. Assim, colocado que desde sua fundao, em 1892, at 1905 ou 1910, o jornal se dedicou a denunciar casos de racismo e a manter espaos dedicados s associaes negras de Porto Alegre. A partir desse perodo, abriu-se uma segunda fase, onde o jornal passaria a dedicar mais espao s questes que envolviam a luta dos trabalhadores em geral. Diante dessa impreciso entre as datas apontadas por historiadores e em funo da leitura realizada por mim de exemplares disponveis (me dediquei inicialmente a ler os exemplares dos anos de 1908 a 1910, 1916 e 1917) pretendo tambm analisar a partir de que data (se possvel determinar com preciso) e por quais motivos tais mudanas ocorreram. Tais indagaes surgiram quando, na leitura do jornal, me deparei com escritas que, por um lado denunciavam o aumento do aluguel das moradias no centro da cidade o que acabava por afastando as pessoas de seus locais de trabalho e as pssimas condies dos trabalhadores da construo civil; e que, por outro lado, noticiavam animadamente a fundao de associaes de classe, por exemplo. Desta forma, algumas linhas investigativas j podem ser vislumbradas. As movimentaes de trabalhadores da cidade (como as greves expressivas de 1906 e 1917), o aumento no nmero de associaes de classe ou apenas a mudana de pessoas na redao poderia estar relacionada a essa aparente transformao no discurso apresentado pelo jornal? Alm disso, olhando a questo de outro ponto de partida, parece cabvel nos perguntarmos se as questes relativas classe trabalhadora sempre estiveram presentes nas pginas de O Exemplo. Sendo assim, no teria nos faltado o exerccio historiogrfico de analisar as experincias de sujeitos negros trabalhadores atravs de referncias que abordem, de forma articulada, suas vivncias

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    24

    em uma sociedade de classes estruturada pelo racismo? O fato de O Exemplo relatar a formao de entidades classistas ou por categoria ao mesmo tempo em que registrava com entusiasmo os bailes de carnaval e as confraternizaes realizadas nos sales de sociedades bene_centes e culturais negras (tais como o Floresta Aurora) no poderiam atuar de forma articulada em suas experincias e na formao de suas identidades sociais e de raa? Para tanto, recuo no tempo e tomo como referncia as publicaes de O Exemplo entre os anos de 1902 a 1920. Tal recorte se justifica a partir da bibliografia disponvel, em grande parte dedicada anlise dos anos iniciais de publicao do jornal, ao passo que os anos posteriores a 1917 ainda permanecem menos abordados. Alm disso, afim de analisar as movimentaes dos trabalhadores da cidade, recorro aos exemplares da imprensa operria, intitulados A Luta e A Democracia, respectivamente vinculados aos anarquistas e aos socialdemocratas, correntes que predominavam no movimento operrio organizado da poca. As questes levantadas so diversas e servem como forma de fomentar uma pesquisa que tenha como objetivo principal analisar o engajamento de O Exemplo em suas denncias e campanhas contra o racismo e sua aproximao com as associaes de classe- algo j explorado pela historiografia , como tambm seu envolvimento nas lutas dos trabalhadores de Porto Alegre, algo ainda pouco trabalhado por quem se dedica a pesquisar o jornal.

    Estudo de caso do escravo pardo Joaquim msico na Freguesia de SantAnna do Pira Rio de Janeiro, Sculo XIX Mrcia Carneiro Monsores (UniRio)

    O projeto de recuperao e digitalizao e construo do banco de dados das fontes primrias do Vale do Paraba desenvolvido no Arquivo Municipal do municpio de Pira permite o contato com documentos histricos

    como: inventrios post-mortem, testamentos, processos crimes, aes de liberdade e documentos eclesisticos. Ao digitalizar o processo crime contra o escravo Joaquim msico pude constatar que, alm de saber ler e escrever, ele gozava de liberdade para frequentar as senzalas de outras fazendas noite e era o mestre da banda composta por escravos. Mesmo sendo absolvido pelo crime que cometeu, perdeu todos os privilgios e ficou preso a ferros por ordem de seu senhor. Sua alforria conquistada em testamento, ocorreu sob condies de distanciamento total da provncia do Rio de Janeiro e sua liberdade s alcanada por uma ao de liberdade movida contra o inventariante. Pretendo atravs do estudo de casos, traar a trajetria de vida deste escravo para melhor compreender as estratgias de sobrevivncia que ele utiliza no contexto da sociedade imperial e a relao da presena de bandas de escravos com a formao do habitus europeu como modelo de civilizao a ser seguido pela classe senhorial da vila de SantAnna do Pira no sculo XIX.

    O clube Mundo Velho: Espao de expresso e sociabilidades no ps-abolio Marlon Marcelo (UFMG)

    A pesquisa investiga os vnculos entre o Clube Mundo Velho de Sabar, clube social negro fundado em 1894, e a Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio dos Homens Pretos da Barra do Sabar. O recorte geogrfico compreende o perodo entre os anos de 1860 e 1910, que corresponde ao momento de esvaziamento da irmandade nas dcadas finais do perodo escravista e de fundao e consolidao do clube social negro no perodo do ps-abolio. A pesquisa visa compreender as transformaes e rearticulaes de formas e instituies de associao e solidariedade das comunidades negras com o fim da escravido. As fontes empregadas na pesquisa so os registros da Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio dos Homens Pretos da Barra do Sabar,

  • 130 anos de abolio no Brasil

    25

    que se encontram no acervo da Casa Borba Gato, e os documentos da coleo particular do Clube Mundo Velho. Foram compulsados os peridicos circulantes na cidade durante o final do sculo XIX e dos anos inicias do sculo XX, situados na coleo de peridicos da secretaria de cultura de Sabar e no acervo de Jornais do Arquivo Pblico Mineiro (APM). As atividades desenvolvidas consistiram no levantamento de fontes nos acervos citados, levantamento bibliogrfico e na anlise da documentao. O Clube Mundo Velho, semelhana de outros clubes sociais negros fundados no mesmo perodo, serviu como local de articulao, sociabilidade e solidariedade para comunidades negras no perodo ps-abolio. Fundado como bloco carnavalesco, o clube possibilitou que a populao negra sabarense se mobilizasse em diversos mbitos da vida urbana, dentre eles: profissionais, religiosos e sociais. A atuao do clube se deu de forma inventiva e reavivou o processo de simbolizao dos elementos constitutivos da sociedade sabarense. Durante o carnaval, o clube mundo velho, junto de outras sociedades carnavalescas, realizava desfiles pelas cidades oferecendo espaos de lazer e socializao da populao negra nos festejos. Nas dcadas finais do sculo XIX, os clubes sociais negros surgiram como formas de organizao social que propiciou a reconstruo de identidades e edificao de cidadanias alternativas nos espaos citadinos. O carnaval se tornou um meio pelo qual esses clubes constituram um espao de expresso e resistncia s represses no cenrio catico da sociedade republicana. A formao de blocos carnavalescos, grupos teatrais, clubes esportivos, dentre outras agremiaes serviram como locais de articulao, sociabilidade e solidariedade para comunidades negras, que podem ser interpretados como espaos de resistncia aos processos de segregao e marginalizao social dessas populaes num perodo marcado pelos ideais de branqueamento racial (CARVALHO, 1987; SCHWARCZ, 1993). A insero da populao negra nos primeiros anos da libertao

    se deu de forma gradativa e marcada por inmeros impasses. As questes relacionadas igualdade e acesso cidadania poltica dos libertos foi amplamente influenciada pelo pensamento racial emergente da poca, na prtica as relaes pessoais eram definidoras de direitos em um panorama onde se mantinhas as relaes hierrquicas e clientelistas. Nas cidades, a populao liberta se viu limitada a poucas ocupaes, segregada da participao poltica e sujeita s constantes represses. A populao negra foi inserida em uma lgica de reorganizaes sociais e disputas pelo espao urbano, com a concorrncia com imigrantes de diversas nacionalidades pelos meios de sustento (CARVALHO, 1987). Em conformidade com as sugestes de Jos Murilo de Carvalho (1987), pretende-se questionar uma historiografia tradicional que indicava a ausncia de mobilizao e participao poltica das populaes negras no ps-abolio. Os grupos negros se associavam em arranjos informais com fins de auxlio mtuo, estabelecendo uma territorialidade negra marcada por laos sociais e expresses culturais prprias (GOMES, 2005; WISSENBACH, 1998), que se estruturava a partir de padres advindos de experincias anteriores abolio. Essas formas alternativas de organizao tinham como substrato as antigas redes associativas formadas no fim do imprio e agregavam novos elementos de acordo com as necessidades do novo contexto histrico em que viviam. Os clubes sociais negros surgiram a partir de antigas redes de sociabilidade negras do imprio e conformaram como espaos de apoio a populao recm-egressa da escravido. Alm dos festejos carnavalescos, o Clube Mundo Velho articulava uma extensa rede prossionale familiar que possibilitava a insero da populao negra no cenrio urbano. Os encontros do clube ofereciam espaos de trocas de saberes que permitiam que a populao negra e marginalizada aprendesse novos ofcios e contatos profissionais que possibilitava sua insero no mercado de trabalho, como tambm estabelecer laos familiares e de compadrio.

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    26

    Grupo Canela Preta e o racismo no futebol em Porto Alegre Maurcio da Silva Dorneles (UFGRS)

    No ms de novembro de 2006, um grupo de atletas amadores e ativistas do movimento negro realizou uma partida de futebol em meio s celebraes do dia 20 de novembro, Dia da Conscincia Negra. Em 2007, denominados como Grupo Canela Preta, mais uma vez foi realizado torneio de futebol e outras atividades que incluram entrevistas e homenagens a ex-atletas. As iniciativas visavam comemorar a existncia da Liga Nacional de Futebol Porto-Alegrense, pejorativamente conhecida como Liga da Canela Preta, que existiu na primeira metade do sculo XX na cidade de Porto Alegre. Desde ento, o Grupo Canela Preta tem promovido diversas atividades com o objetivo de debater o racismo no futebol e implementar a Lei 10.639/03, buscando ressignificar a histria da Liga Nacional de Futebol Porto-Alegrense. Foi com esse intuito que iniciamos a presente pesquisa sobre a Liga, entidade que existiu nas dcadas de 1910 e 1920, e congregou os times formados por jogadores negros que, por conta do racismo vigente na poca, no eram aceitos nas equipes de maior destaque. A pesquisa vem se dando por meio da imprensa negra (O Exemplo), peridicos de grande circulao (Correio do Povo, A Federao), teses e dissertaes sobre a temtica negra e as origens do futebol na cidade. Os resultados preliminares nos apontam a grande presena negra na organizao desta modalidade esportiva, a popularidade do futebol serviu como meio de organizao e integrao dos negros sociedade, assim como de estratgia de combate ao racismo vigente. Ao longo das duas primeiras dcadas j mencionadas, foram encontradas quatro associaes que congregaram parte das equipes pertencentes populao negra, uma delas a Liga Nacional de Futebol Porto-Alegrense. Outros fatores importantes que podemos apontar so a presena de lideranas negras do perodo que tambm faziam parte de outras organizaes e a relao com as comunidades negras do interior do estado.

    A liberta no ps-abolio: discriminao e estigmas para no abusar da liberdade Raquel de Souza Martins Lima (Univap)

    Este artigo discute, a partir de experincias vividas por mulheres ex-escravas, levantadas nos processos de tutela de rfos do ano de 1888 a 1892, dos cartrios das cidades de So Jos dos Campos e Pindamonhangaba, SP, como a liberdade foi vivenciada no perodo ps-abolio, e como essas experincias impactaram na construo da identidade da mulher negra, pobre e liberta no Brasil. Se o perodo escravagista foi marcado pela invisibilidade, coisificao do negro e privao de direitos, a libertao dos escravos no apresentou grandes progressos. Livres apenas no status e presas aos ideais da lgica escravagista, as trajetrias de mulheres ex-escravas so marcadas por luta pela sobrevivncia, discriminao pela cor e pelo gnero, excluso do mundo do trabalho e uma profunda estigmao pela ligao com o cativeiro. Segundo Maria Odila da Silva Dias: Quando finalmente ocorreu a Abolio no Brasil, as libertas encontraram outras tantas dificuldades para se inserir na sociedade em condies mais dignas. Seus problemas iam desde os obstculos para passar seus bens para os descendentes at o preconceito sofrido em virtude de seu sexo e sua cor. Em 1890, uma lei proibiu as mes solteiras de criar seus filhos (DIAS, 2012: 379). Aps a libertao, a condio jurdica e social dessa mulher passa a ser carregada de preconceitos pelo fato de ser me solteira, negra, pobre, ex-escrava. Para Emilia Viotti da Costa, (1999:513), com o fim da escravido, o movimento abolicionista se extinguiu, nada questionando acerca da situao do negro, que se manteve inferiorizado e marginalizado socialmente, sem qualquer apoio de seus ex-senhores. As novas relaes que surgiram entre escravido, racializao e cidadania so visveis nos Processos Cveis de Tutelas e Soldadas da poca. A aplicao da legislao orfanolgica e da Lei do Ventre Livre, nos casos que envolveram a disputa pela tutela de filhos de ex-escravas, retratam

  • 130 anos de abolio no Brasil

    27

    a realidade vivida pelas mulheres. Seus filhos foram considerados rfos, devido s brechas permitidas pela Legislao, que preconizava que as mulheres solteiras pobres e miserveis, categoria na qual se encontravam a maioria das escravas libertas, deveriam deixar seus filhos para serem tutelados, mesmo que tivessem suas prprias famlias, maridos ou companheiros, mas no fossem oficialmente casadas. A representao do negro como imoral ou incivilizado, pensamento dominante entre as elites brancas brasileiras, afastava a possibilidade do desenvolvimento da cidadania. A condio inferiorizada do negro estava to arraigada na mente dos senhores e das elites do pas que ficava claro como as instncias jurdicas agiam. Ao delegarem a favor dos ex-senhores, ignorando por vezes as alegaes dos libertos, mantinham os papeis disciplinadores e afirmavam a manuteno do poder como uma necessidade, j que era inadmissvel acreditar que o negro poderia ser igualado ao branco e de forma disciplinadora, buscava-se manter a relao de dependncia e submisso. Para Maria Aparecida C. R. Papali, inegvel que a construo da legitimao de nossas elites, no sculo XIX, d-se em torno do Judicirio, as amarras jurdicas mobilizaram esforos no sentido de conter toda uma camada social que ameaava fugir do controle, com o final da escravido. Uma pobreza itinerante que buscou naquele momento reorganizar espaos e reagrupar suas famlias (2009:215). A cor da pele outro indicativo de inferioridade que acompanha a liberta, estando atribuda a imagens negativas, de inferioridade social, de esteretipos negativos, que se fortaleceram no processo histrico e desempenham efeitos racistas que influenciaram na disposio de polticas e em mecanismos de excluso social. A partir da anlise da documentao existente no perodo a que se refere esse trabalho, e da reconstruo das histrias das mulheres ex-escravas e negras possvel perceber como suas experincias marcaram de forma significativa suas vidas e impactaram na construo de suas identidades de forma

    excludente e racista. Sueli Carneiro diz argumenta que: As mulheres negras tiveram uma experincia histrica diferenciada que o discurso clssico sobre a opresso da mulher no tem reconhecido, assim como no tem dado conta da diferena qualitativa que o efeito da opresso sofrida teve e ainda tem na identidade feminina das mulheres negras (CARNEIRO, 2003:118). As novas condies sociais instauradas na sociedade brasileira aps a abolio foram fundamentais para a construo da identidade das mulheres pobres, negras e libertas no Brasil e possui clara ligao com as relaes de trabalho, preconceitos raciais, excluso social, relaes hierrquicas familiares, vividas ainda hoje no Brasil. Este trabalho esteve vinculado aos Projetos FAPESP N 2014/10190-4 PS-ABOLIO: TRABALHO E COTIDIANO EM PEQUENAS CIDADES DO VALE DO PARABA PAULISTA (1888 1930) e FAPESP -2016/12570-4 TUTELAS E SOLDADAS NO PS-ABOLIO / CIDADE DE PINDAMONHANGABA, Vale do Paraba Paulista (1888-1910).

    Maternidade Contestada: mulher, resistncia e justia no ps-abolio no Vale do Paraba Paulista (1888-1891) Sara Carolina Noce Bortoncello (UNIVAP), Luiz Gabriel Xavier de Almeida, Brenda Letcia S. Pinto

    A historiografia brasileira contempornea, em especial aquela que se dedica ao estudo da escravido e das camadas mais pobres dos sculos XVIII, XIX e incio do sculo XX, vm demonstrando a relevncia da documentao cartorial como repositrio de fontes preciosas para a compreenso dos sujeitos da poca. Processos Crimes e Processos Cveis so fontes ricas de evidncias do cotidiano, da busca por autonomia e dignidade e da resistncia de mulheres marginalizadas pela sociedade durante a escravido e no ps-abolio, revelando tambm o trabalho de escravos, ex-escravos e pobres livres. Por meio dos relatos deixados pelas testemunhas desses Processos, tem sido possvel levantar registros

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    28

    e vestgios de suas vidas, trabalho, cotidiano e relaes de grupo. A relevncia de se trabalhar com esse material arquivstico incide tambm sobre os dados encontrados nessa documentao que descortinam uma mirade de conflitos de interesses, tenses sociais e a luta da mulher para conseguir direitos e privilgios dados somente aos homens naquela poca. Por ser uma sociedade patriarcal, as mulheres, principalmente as que eram pobres, solteiras e negras, tinham que lutar muito para conseguirem seus lugares na sociedade. Dadas estas questes, a metodologia a ser aplicada na coleta de dados para esta pesquisa constituir no aspecto qualitativo das fontes, contido nos relatos das testemunhas dos processos e nas narrativas das tenses identificadas. O novo espao social, surgido com o fim da escravido, construiu uma identidade de mulheres pobres e solteiras que tem clara ligao com as relaes de trabalho, preconceitos raciais, excluso social e relaes hierrquicas familiares, vividas ainda hoje no Brasil. Sendo assim, estes estudos vm apontando o ps-abolio como um campo de pesquisa a ser contemplado cada vez mais por pesquisadores envolvidos com a temtica. Esta nossa pesquisa busca desenvolver um trabalho voltado ao social, estudando a condio da mulher pobre solteira e a sua luta para obteno de espao, no obstante o aparato jurdico do perodo no lhes serem favorveis. Com o objetivo de discutir as condies das mulheres e a sua relao com a maternidade no ps-abolio, este trabalho utilizou anlise quantitativa de processos de tutela de rfos dos anos de 1888 a 1891, do cartrio de So Jos dos Campos e Pindamonhangaba, situado no Vale do Paraba Paulista. Para exemplificar a condio da mulher e a questo da maternidade, foram escolhidos dois processos que se encontram no Arquivo Pblico Municipal de So Jos dos Campos, localizado na caixa de nmero 746 do 2 Cartrio Cvel da cidade e Arquivo Pblico Municipal de Pindamonhangaba, na caixa de nmero 73. A trajetria de vida dessas mulheres pobres, solteiras, e negras que

    tentam sobreviver em um mundo sem grandes oportunidades, revela um percurso de luta constante pela sua prpria sobrevivncia e a de seus filhos no cenrio do ps-abolio. A partir de 1890, a mulher alcanou algum espao no mbito jurdico, com a promulgao do decreto n 181, de 24 de janeiro de 1890, decreto que passou a conceder algum direito s mulheres, principalmente em relao maternidade. Entretanto, mesmo que a lei concedesse alguns direitos a essas mulheres, no eram todas que conseguiam ser ouvidas e terem seus direitos garantidos. importante compreender quais foram as condies que tal legislao imps populao do sexo feminino, principalmente s mulheres solteiras pobres, as quais no raras vezes tiveram seus direitos maternidade negados, com seus filhos sendo encaminhados tutoria, revelia de suas expectativas como mes. FAPESP: TUTELAS E SOLDADAS NO PS-ABOLIO / CIDADE DE PINDAMONHANGABA, Vale do Paraba Paulista (1888-1910) / 2016 / 12570-4. Coordenao: Maria Aparecida C.R Papali.

    Nem escravos, nem cidados: uma anlise da legislao sobre trabalho, trabalhadores livres e libertos no Brasil oitocentista (1836-1885) Taina Aparecida Silva Santos (Unicamp)

    O contingente de pessoas que saiam da escravido por meio da compra de alforrias, paralelamente abolio do trfico de africanos, certamente, impactou as relaes sociais, pautadas na hierarquizao racial que separava pretos, pardos e brancos em esferas sociais variadas, inclusive no mundo do trabalho. O aperfeioamento de mecanismos de controle da mo de obra de libertos e africanos, pautados na negao da autonomia destas populaes, paralelos inveno da inadaptabilidade para o trabalho, culminou, por exemplo, na obrigao de prestao de servios dos africanos livres, sob a tutela de rgos pblicos ou particulares. Dessa maneira,

  • 130 anos de abolio no Brasil

    29

    a organizao de um sistema de trabalho livre ao longo do sculo XIX, parte constitutiva da experincia da populao negra livre e liberta. O objetivo da pesquisa foi investigar a histria da populao negra e suas experincias e agncias no mundo do trabalho, a partir de um estudo sobre a realidade desses indivduos fora do mundo da escravido e como as dinmicas sociais envoltas nesses processos impactaram a organizao da legislao que orientou o mundo do trabalho no Imprio do Brasil. A pesquisa foi realizada a partir de leis publicadas na Colleco das Leis do Brazil e na Colleco das decises do governo do Imprio do Brazil disponveis na base de dados organizada pelo Centro de Documentao e Informao Cedi. A investigao teve como foco um conjunto de normas legais sobre trabalho, as condies de trabalhadores (as) livres e a insero de libertos (as) no mundo do trabalho livre no Brasil, durante o sculo XIX (1830-1885), material reunido e j inserido na base de dados Legislao: Trabalhadores e Trabalho em Portugal, Brasil e frica Colonial Portuguesa. Ao longo do processo de trabalho com essas fontes, foi realizada, junto ao grupo de pesquisadoras e pesquisadores vinculados ao CECULT - Centro de Pesquisa de Histria Social da Cultura, a reviso dessa base de dados. Alm disso, foi realizado um levantamento bibliogrfico sobre trabalhos que trataram desse tema e um estudo das obras centrais sobre histria social do trabalho no Brasil oitocentista com vistas de produo de um ensaio bibliogrfico.

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    30

    PAINIS TEMTICOS Painel 1 Associativismos Negros no Brasil

    Confrades operrios: cidadania sob a perspectiva da Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio dos Homens Pretos do Pelourinho (Salvador, 1888-1930) Mariana de Mesquita Santos (UnB)

    No mesmo ano em que temos o 130 aniversrio da abolio completa do trabalho escravo no Brasil, comemora-se tambm os 333 anos de fundao da Irmandade de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos do Pelourinho, localizada em Salvador. Seu legado como promotora de experincias para a populao africana e afrodescendente para alm do cativeiro nos seus primeiros sculos de existncia recorrentemente mencionado na historiografia. No entanto, poucos pesquisadores se debruaram sobre a sua trajetria aps a emancipao, a partir do final do sculo XIX. Ocupando lugar em um ambiente envolto por histrias de resistncia e de preservao do patrimnio histrico social e cultural da dispora no Brasil, a irmandade do Rosrio possibilitou a reinveno de identidades, a construo e a gesto do prprio espao e dos prprios recursos. A promoo das festas e garantia de proteo e sepultamento lhes asseguravam distino perante a sociedade e a salvao divina aps a morte. Em se tratando da religiosidade, seus membros souberam conciliar o catolicismo e as tradies devocionais no-brancas, reinventando formas devocionais a partir do duplo pertencimento. At mesmo a possibilidade de compra de alforria poderia ser facilitada por meio da filiao a irmandade negra. Afinal, no contexto

    de liberdade, qual seria a importncia das irmandades negras em Salvador? Segundo Ktia Mattoso, na segunda metade do sculo XIX as irmandades entraram em decadncia na Bahia (MATTOSO, 1992, p. 400). A criao de novas agremiaes leigas foi desestimulada e, das que j existiam, muitas foram extintas (SANTOS, 2006, p. 120). A historiografia revela que um dos principais fatores para este declnio foi a romanizao da Igreja Catlica, incentivada desde a segunda metade do sculo XIX. As prticas devocionais e festivas das irmandades leigas pouco ortodoxas em relao aos padres ultramontanos deveriam dar lugar a expresses mais embranquecidas. Com efeito, as polticas de conteno s prticas festivas negras, tanto por parte do clero quanto por parte do Estado, e a resistncia a elas foram bem destacadas pela historiografia. No entanto, para alm da dimenso folclrica, pouco se tem pesquisado acerca das prticas das irmandades na Primeira Repblica em relao a sua atuao em prol de outros direitos da comunidade negra. Em 1900, esta confraria foi elevada a Ordem Terceira depois de muitas solicitaes por parte dos seus confrades. Esta promoo certamente lhe conferiu maior prestgio como instituio e individual para seus membros, sobretudo diante de um cenrio avesso sua permanncia. Ao investigar os arquivos da agremiao, vimos que sua reunio muito provavelmente no se firmava apenas pela religiosidade. O envolvimento de muitos de seus membros com outras associaes de relevo social, poltico e religioso tambm nos atentou para o fato de que o engajamento de trabalhadores/as na cidade de Salvador se dava em diversas frentes e a irmandade do Pelourinho era uma delas. H vrios nomes em comum entre as listas de filiados de associaes como a Sociedade Protetora dos Desvalidos, Centro Operrio da Bahia, Liga Operria Bahiana, Montepio dos Artistas, bem como outras irmandades, demais sociedades mutualistas e casas de candombl espalhadas pela cidade. Em muitos casos, o engajamento nestas organizaes contribuiu para que estes sujeitos chegassem a ocupar

  • 130 anos de abolio no Brasil

    31

    cargos pblicos na administrao do estado. Esta recorrncia nos apresenta uma dimenso da atuao poltica do operariado baiano, que no deixou de ver as irmandades como um espao relevante na busca por igualdade. Seja pela utilizao do seu espao para reunies, ou pelo trnsito das ideias e plataformas por meio dos encontros desses sujeitos nos seus eventos, as pautas da irmandade no estavam de fora de um projeto social e poltico. O historiador Aldrin Catellucci constatou que a classe trabalhadora soteropolitana era majoritariamente composta por no brancos. E seus dados mostram que, dentre os filiados identificados do Centro Operrio cujos ofcios foram registrados, 73 eram negros (CASTELLUCCI, 2008, p. 127). Muitos deles eram artesos e compunham o setor bem mais remunerado, segundo Castellucci, constituindo at as prprias oficinas. Esta amostra evidencia algo que a historiografia social do trabalho negligenciou por muito tempo: a forte presena negra nos movimentos sociais de trabalhadores da Primeira Repblica, tal como apontou lvaro Pereira do Nascimento. Ele destacou que as sociabilidades e experincias constitudas no espao das irmandades e das casas de candombl podem revelar parte do legado das formas de organizao e lutas negras para os trabalhadores/as do sculo XX (NASCIMENTO, 2016, p. 620). neste sentido que avaliamos a relevncia da confraria do Rosrio do Pelourinho, como um prisma para se perceber a atividade poltica dos trabalhadores em Salvador na passagem dos oitocentos para os novecentos.

    Arrimo aos que a ela recorrem: mutualismo e identidade racial na Sociedade Protetora dos Desvalidos (Salvador, 1861-1894) Lucas Ribeiro Campos (UFBA)

    Em 29 de outubro de 1851, depois de um racha entre os membros da antiga Irmandade de Nossa Senhora da Soledade Amparo dos Desvalidos, alguns trabalhadores livres de cor,

    instalaram na capital da Provncia da Bahia, a Sociedade Protetora dos Desvalidos (doravante SPD). A SPD, de acordo com seu estatuto de 1874 e reiterado em 1894, admitia como scios efetivos todos os cidados brasileiros de cor preta, com o objetivo de auxili-los na doena, invalidez, priso, velhice e, at mesmo, aps a morte, atravs de um funeral digno. Proporcionava penses aos familiares dos scios e supervisionava a educao dos rfos. Durante sua trajetria, a SPD, alm de estabelecer sede na Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos (1848-1868), funcionou em um prdio Rua do Bispo, Freguesia da S, at o ano de 1887, quando adquiriu um imvel no largo do Cruzeiro de So Francisco, conservado como sede at os dias atuais. No ano de 1861, a SPD passou a ser a primeira associao civil negra no Brasil, regulamentada como um montepio pelo Estado, atravs da conhecida Lei dos Entraves. Essa instituio estava inserida em um contexto de proliferao de associaes de ajuda mtua por todo pas. Eram instituies que tinham o objetivo de promover a solidariedade entre seus scios, que tivessem algum trao de identidade em comum, fosse ele de ofcio, naturalidade ou tnico-racial. Em um contexto de crise do sistema escravista, de instabilidade do mercado de trabalho, da falta de empregos e da inexistncia de polticas governamentais que abarcassem as necessidades de diversas categorias de trabalhadores, a SPD foi importante para a sobrevivncia de muitos homens livres de cor na cidade de Salvador. A historiografia sobre as experincias negras em associaes de ajuda mtua no sculo XIX ainda um campo com muitas possibilidades de pesquisa. Nas ltimas dcadas, os estudos sobre associaes de ajuda mtua ganharam bastante visibilidade na historiografia brasileira, com uma expanso de dilogos por vrias regies do Brasil. Muito se discutiu, dentro do tema ao qual se chama de mutualismo, sobre a formao de identidades de classe, baseado em critrios como ofcio ou origem, ao dar destaque para formas de mobilizao e reivindicao especificas para

  • II Seminrio Internacional Histrias do Ps-Abolio no Mundo Atlntico

    32

    determinados grupos de trabalhadores. No entanto, ainda se faz necessria uma discusso sobre a importncia do associativismo mutualista na constituio de solidariedade e identidade entre trabalhadores de cor, nas ltimas dcadas da escravido e nos primeiros anos do ps-abolio. Deste modo, procuro entender como a SPD proporcionou a constituio de um projeto poltico entre trabalhadores livres de cor, que atendessem as suas demandas, atravs de uma mobilizao em torno de uma identidade racial. Acesso educao, voto, previdncia e abolio, foram algumas das pautas levantadas pelos scios da SPD, sobretudo as lideranas que se posicionavam publicamente. Para isso, utilizo como fontes principais documentos do Arquivo da Sociedade Protetora dos Desvalidos, como atas, estatutos, relatrios, atestados mdicos, demonstrativos financeiros, pedidos de inscrio, alm de solicitaes de socorro, penso e aposentadoria.

    Cultura Associativa em Manaus: trabalho e recreao no Bloco Primeiro de Maio Richard Kennedy Nascimento Candido (UFRRJ)

    Nesta comunicao pretendemos analisar a trajetria de um grupo danante que existiu na cidade de Manaus de 1928 at 1933 chamado de Bloco Recreativo Primeiro de Maio, era ligado a Unio Operria Amazonense como uma espcie de brao direito. Sabemos que esses blocos fazem parte do que Cludio Batalha (2005) chamou de Cultura Associativa, no qual pretendemos explorar em nossas anlises. A partir deste bloco procuramos investigar mais detidamente a vida de alguns trabalhadores negros ligados a ele, como ocaso de Adalgiso Santos que em maio de 1928 se tornou presidente do bloco e Henrique Jos de Souza que foi vice-presidente da Unio Operria Amazonense nos anos 1920. Muito embora as fontes no nos ajude a desvendar tantas coisas sobre essas figuras, este trabalho se faz pertinente por adentrar nos estudos

    do Ps-abolio que pouco estudado no Amazonas. Um dos pontos que vo guiar nossas anlises aqui a dualidade Lazer x Militncia que muitas vezes so colocadas de formas opostas para dar a entender que no podem andar lado a lado em casos que envolvam a classe trabalhadora. Muito pelo contrrio, elas no s podem como devem ser aladas de forma que possam convergir num mesmo sentido. O Bloco Recreativo Primeiro de Maio ganha destaque nos jornais no ano de 1928 com um baile danante que foi amplamente divulgado pela imprensa diria da cidade. Ele aparece em dois momentos que aparentemente podem ser distintos, mas que na verdade esto interligados. O primeiro em fevereiro por conta dos festejos e bailes de carnaval e o segundo em maio devido as mobilizaes do Dia do Trabalho na cidade. E a partir disso tambm iremos nos debruar para tentar entender o motivo do bloco se chamar 1 de maio e das relaes entre ele e o carnaval. Entretanto, o bloco teve duas sedes, a primeira era localizada na rua Dr. Adriano Jorge n6 com vastos sales na parte de cima do prdio no centro da cidade. A outra sede era localizada na rua Marechal Deodoro, n56 a partir dos anos 1930. importante perceber que a localizao da sede pertinente pois mostra a proximidade com a grande massa de trabalhadores e trabalhadoras e suas amplas associaes e sindicatos presentes na regio central da cidade. As notas divulgadas sobre o bloco eram quase todas veiculadas pelo Jornal do Comrcio por virtude de ser convidado pela direo do bloco para participar das noites danantes. No dia 14 de fevereiro de 1928 este jornal divulga a sua primeira nota chamando a populao para participar de uma vasta partida na sede do primei