cact informa #6, agosto de 2012

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CENTRO ACADÊMICO DE GEOGRAFIA E CIÊNCIAS DA TERRA — GESTÃO LEVANTA, CACT! Anderson Cordeiro Sabino (101466), Anderson Sirini dos Santos (116106), André Lopes de Souza (080674), Carolina Leardine Zechinatto (090698), Diego Luciano do Nascimento (102018), Diogo Ronchi Negrão (081170), Everton Vinicius Valezio (091055), Frederico Zilioti Amorim (104955), Guilherme Henrique Gabriel (081542), Gustavo Henrique Beraldino Teramatsu (081566), Guilherme Rodrigues Ramos (091433), Jéssica Cecim (117337), João Paulo Marçola (081744), Luciano Pereira Duarte Silva (106127), Maico Diego Machado (083826), Rolver Bernardes Costa (120130), Stéphanie Rodrigues Panutto (092994), Thais Moreno de Barros (104166), Valderson Salomão da Silva (104238) ige.unicamp.br/cact fb.com/geocact [email protected] Boletim dos estudantes de Geografia da Unicamp | n. 6| ago ’12 CACT informa Nas teias do ENG rências, das oficinas e minicursos, das plenárias, dos trabalhos de cam- po, das mesas-redondas dos diversos eixos temáticos, dos Espaços de Soci- alização de Coletivos, dos Espaços de Diálogos e Práticas e das atividades culturais. Apesar da extensa e inten- sa programação do evento, sobrou tempo ainda para desvendar Belo Horizonte e arredores. A participa- ção em um evento da dimensão e A décima sétima edição do Encontro Nacional de Geó- grafos — ENG — foi realiza- da na UFMG, em Belo Hori- zonte, entre os dias 22 e 28 de julho. Como foi em 2008, na USP, e em 2010, na UFRGS, os estudantes da Unicamp marcaram presença na ca- pital mineira. Ao longo da semana, tornaram-se íntimos do campus da Pampulha, participando das confe- importância do ENG, realizado ape- nas bienalmente, certamente foi enriquecedora não só do ponto de vista acadêmico, nos debates com colegas da Geografia de todas as regiões do país, com suas diferentes visões, mas também do ponto de vista pessoal. Sem dúvida, a experi- ência universitária na graduação vai muito mais além da sala de aula e da própria Unicamp.

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Page 1: CACT informa #6, agosto de 2012

CENTRO ACADÊMICO DE GEOGRAFIA E CIÊNCIAS DA TERRA — GESTÃO LEVANTA, CACT! Anderson Cordeiro Sabino (101466), Anderson Sirini dos Santos (116106), André Lopes de Souza (080674), Carolina Leardine Zechinatto (090698), Diego Luciano do Nascimento (102018), Diogo Ronchi Negrão (081170), Everton Vinicius Valezio (091055), Frederico Zilioti Amorim (104955), Guilherme Henrique Gabriel (081542), Gustavo Henrique Beraldino Teramatsu (081566), Guilherme Rodrigues Ramos (091433), Jéssica Cecim

(117337), João Paulo Marçola (081744), Luciano Pereira Duarte Silva (106127), Maico Diego Machado (083826), Rolver Bernardes Costa (120130), Stéphanie Rodrigues Panutto (092994), Thais Moreno de Barros (104166), Valderson Salomão da Silva (104238)

ige.unicamp.br/cact fb.com/geocact [email protected]

Bolet im dos es tudantes de Geograf ia da Unicamp | n . 6| ago ’12

CACT informa

Nas teias do ENG rências, das o=cinas e minicursos, das plenárias, dos trabalhos de cam-po, das mesas-redondas dos diversos eixos temáticos, dos Espaços de Soci-alização de Coletivos, dos Espaços de Diálogos e Práticas e das atividades culturais. Apesar da extensa e inten-sa programação do evento, sobrou tempo ainda para desvendar Belo Horizonte e arredores. A participa-ção em um evento da dimensão e

A décima sétima edição do Encontro Nacional de Geó-grafos — ENG — foi realiza-da na UFMG, em Belo Hori-

zonte, entre os dias 22 e 28 de julho. Como foi em 2008, na USP, e em 2010, na UFRGS, os estudantes da Unicamp marcaram presença na ca-pital mineira. Ao longo da semana, tornaram-se íntimos do campus da Pampulha, participando das confe-

importância do ENG, realizado ape-nas bienalmente, certamente foi enriquecedora não só do ponto de vista acadêmico, nos debates com colegas da Geogra=a de todas as regiões do país, com suas diferentes visões, mas também do ponto de vista pessoal. Sem dúvida, a experi-ência universitária na graduação vai muito mais além da sala de aula e da própria Unicamp.

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evento e mais de 110 participaram ao menos de metade das atividades (em contraponto a 60 participantes, em 2010). Além disso, a Semana deixou de ser realizada apenas nas salas da Engenharia Básica para tomar outros espaços da Unicamp, na ausência de um auditório adequado no IG. Se em 2011 a Semana discutiu o tema "Para onde vão nossas cidades?", mais uma vez é o futuro que nos chama ao deba-te — o planejamento territorial é uma das principais áreas de atuação de nós, geógrafos. Esperamos sua partici-pação para nos ajudar a responder a pergunta-tema deste ano, pensando na complexidade e na imensidão do nosso país. O desa=o está lançado.

vem sendo realizada todo ano desde 2005, sempre no segundo semestre, por meio da iniciativa dos graduan-dos em Geogra=a. Mais do que um espaço interno para receber convida-dos, a Semana vem se tornando um espaço de intercâmbio com colegas de outras instituições, que reconhe-cem a qualidade de nosso curso e de nossa universidade. Além dos Espa-ços de Diálogo Geográ=co, estão previstos minicursos, trabalhos de campo, conferências e seis mesas-redondas. Outro desa=o é continuar a superar as edições passadas em ex-tensão e frequência. Em 2011, mais de duas centenas circularam pelo

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Ordinária! As reuniões ordinárias do CACT vol-tam a ser realizadas às seis das tarde, toda terça, e são abertas a todos os alunos. A primeira depois das férias será em 7/ago.

Marcha lenta

Está sacramentado: na semana de volta às aulas não há aulas, com pou-cas exceções. Já sabendo disso, boa parte dos alunos adia o retorno à Unicamp, e o IG =ca ainda esvaziado.

Viola reserva Nesta época, por outro lado, pipo-cam também críticas à DAC e aos costumeiros problemas com as ma-trículas que inauguram todos os se-mestres.

CACTadas

do

guaxinim

Octogésimo nono O CONSU vai votar a criação do curso 89 — Engenharia Ambiental, noturno —, entre vários outros, no dia 7/ago.

Mãozinha Além da EB, que agora é verde, o con-junto de prédios que se convencionou chamar de IG Velho também recebe pintura nova. Mantém-se as cores atu-ais, sóbrias, e a nova pintura, quase imperceptível, sai por R$150 mil.

Política e econômica As inscrições para o concurso de sele-ção do docente que substituirá o prof. Márcio Cataia e será responsável pelas disciplinas GF129 — Geogra=a Econô-mica — e GF406 — Geogra=a Política — foram encerradas no dia 1/ago. Os inscritos são Amauri Tadeu Barbosa Nogueira, Carlos de Almeida Toledo, Clóves Alexandre de Castro, Eliane Pereira Rodrigues Poveda, Monika Christina Portella Garcia, Pablo Ibañez e Wilson José Figueiredo Alves. Os estudantes devem estar atentos à banca de contratação e às datas das provas didáticas e das arguições!

Eletiva A disciplina eletiva oferecida pelo professor Rafael Straforini — Geo-gra=a Escolar no Brasil e suas práti-cas curriculares — será aberta a to-dos os interessados, que podem se matricular fora do prazo na DAC.

Maquetes No contexto do PIBID, os professo-res Vicente e Rafael propuseram uma o=cina para confecção de ma-quetes da cidade de Campinas, para uso na UPA, nas manhãs de quinta-feira ao longo deste. As inscrições vão até 8/ago na Secretaria de Gra-duação. Há 25 vagas e será total-mente gratuito para os participan-tes.

Escancarada Vale lembrar que neste ano a UPA — Unicamp de Portas Abertas — acon-tece apenas nas unidades de ensino e no sábado (1/set). Inscrição para monitores devem ser feitas também na Secretaria de Graduação até 9/ago.

A Semana de Geogra=a deste ano terá o instigante tema “Brasil, sexta economia do mundo: aonde queremos

chegar?” e será realizada entre os dias 24 e 29 de setembro, com um pequeno adiamento da data original. A Comissão Organizadora vem traba-lhando nos convites e na comunica-ção. O desa=o é promover, como vem sendo feito todo ano, uma se-mana com atividades de qualidade e totalmente gratuita. Pela primeira vez, serão usados recursos próprios da subvenção recebida pelo CACT enquanto entidade estudantil.

Chamada de trabalhos e inscrição A Comissão Organizadora recebe os resumos expandidos para apresenta-ção na tarde da quarta, 26/set. As instruções para envio estão disponí-veis na página do evento: www.ige.unicamp.br/cact/semana. As inscrições estão abertas na mes-ma página. Haverá certi=cado de participação.

Semanas passadas A Semana de Geogra=a da Unicamp

Semana de Geografia

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Os encontros da AGB

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O Encontro Nacional de Geó-grafos deste ano teve o tema “Entre escalas, pode-res, ações, geogra=as”. O

ônibus organizado pelo CACT saiu do estacionamento da BC na madrugada de 21 para 22/jul. Estava lotado com alunos da graduação do IG e também de colegas da pós e de outras univer-sidades, que chegaram à UFMG pela manhã. Após o credenciamento, cada um se instalou em seus respectivos hotéis, hostéis e alojamentos, voltan-do para a conferência de abertura, realizada à noite no Mineirinho. No ginásio, encontraram-se com outros colegas da Unicamp que fo-ram por conta própria e também com alguns professores. A professora Te-reza Paes (DGEO) fez parte da mesa de saudações como presidente da ANPEGE. Após as homenagens aos geógrafos falecidos no último biênio, Raúl Zibechi e Carlos Walter Porto-Gonçalves falaram ao público, apesar dos problemas de acústica, os mes-mos relatados em 1999 no 46º Con-gresso da UNE durante o discurso de Fidel Castro. As apresentações nos Espaços de Diálogos e Práticas, espalhadas em 160 salas de aula da UFMG, começa-ram já na manhã da segunda e durari-am a semana toda, para compartilhar experiências de pesquisa e ouvir os colegas de várias universidades. À tarde, tiveram início os minicursos, as o=cinas e os Espaços de Socialização de Coletivos. E assim os alunos procu-ravam, na extensa programação, o que mais lhe interessava, mas eram sempre vistos reunidos. A quarta-feira foi reservada aos trabalhos de campo, mas ninguém se limitou a eles. Aproveitando o tempo livre e o tempo de (muito) sol, saíam pela cidade. Os pontos preferidos foram a lagoa da Pampulha, o Merca-

do Municipal, a Praça da Liberdade e os museus, o Parque das Mangabei-ras e os bares da Savassi. Alguns ain-da visitaram as cidades históricas e Inhotim. À noite ainda houve as mesas-redondas de sete eixos temáticos, seguidas por atividades culturais or-ganizadas pelos estudantes no cam-pus ou no Mineirinho. O retorno foi no sábado, 28/jul, na hora do almoço, após a conferên-cia de encerramento. O ônibus che-gou a Campinas até antes do previs-to, por volta das nove da noite.

A segunda vez é ainda melhor

Foi a segunda vez que o ENG foi rea-lizado em Belo Horizonte, na UFMG. Em julho de 1976, ainda antes da histórica reformulação do estatuto da AGB que abriu a entidade aos es-tudantes, lá aconteceu a segunda edição do evento (quadro ao lado). Na ocasião, as 78 comunicações de pesquisadores foram divididas nos eixos Geogra=a Urbana, População, Geogra=a Física, Regionalização e Geogra=a Regional, Geogra=a Agrá-ria e Outros Temas. Os trabalhos de campo realizados foram para Pirapo-ra e Diamantina e Patos de Minas.

80 anos da AGB Em 2014, a AGB promoverá o VII Congresso Brasileiro de Geógrafos (CBG), realizado a cada dez anos, comemorando oito décadas da fun-dação da AGB. A associação foi fun-dada em São Paulo em 1934 na resi-dência de Pierre DeYontaines por, além deste, Luiz Flores de Moraes Rego, Rubens Borba de Moraes e Caio Prado Jr.

Notas sobre o XVII ENG em Belo Horizonte

I CGB — São Paulo II CBG — Ribeirão Preto I ENG — Presidente Prudente III CBG — Belém II ENG — Belo Horizonte III ENG — Fortaleza IV ENG — Rio de Janeiro V ENG — Porto Alegre IV CBG — São Paulo VI ENG — Campo Grande VII ENG — Maceió VIII ENG — Salvador

1944 1954 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990

IX ENG — Presidente Prudente V CBG — Curitiba X ENG — Recife XI ENG — Vitória da Conquista XII ENG — Florianópolis XIII ENG — João Pessoa VI CBG — Goiânia XIV ENG — Rio Branco XV ENG — São Paulo XVI ENG — Porto Alegre XVII ENG — Belo Horizonte VII CBG — a de=nir

1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014

Detalhe da sacola do evento...

... e Raúl Zibechi durante a abertura, no Mineirinho

Isabela Fajardo

Heitor Salvador

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zado, através de métodos com crité-rios especí=cos? Só que existe muito mais conhecimento que ainda não foi devidamente registrado. É um terreno grande e fértil conhecido como saber popular. No dia em que a gente conseguir fazer a ponte en-tre o saber popular e cientí=co, sere-mos invencíveis. Uma das críticas feitas à ciência é a predominância da elite em seus qua-dros. Em sua opinião, este cenário vem mudando? Há mais interesse pela universidade dentro do Hip Hop? Minha crítica central não é da elite dentro da academia, é o inverso, é da elitização do saber. Um saber não é melhor por ser menos conhecido, só que na lei da oferta e da procura, quanto mais raro, ele tem mais valor. O cenário inevitavelmente está mu-dando, se fosse para explicar este movimento com uma única letra se-ria o que chamam genericamente de “classe C”. Não é o interesse dentro

CACT — Ao longo do livro percebe-mos um diálogo constante do movi-mento Hip Hop com a ciência através da personagem Samara. Você deixa claro que existem cientistas real-mente compromissados com mudan-ças sociais, mas também critica em alguns momentos a atuação da insti-tuição. Com base nisso, quais são os diálogos possíveis entre a academia e o Hip Hop? Toni C — O diálogo começa quando esta crítica é reconhecida e ainda é acolhida em forma do convite para apresentar um olhar diferente den-tro da academia. Esta é minha expec-tativa quanto à atividade que desen-volveremos no Instituto de Geociên-cias da Unicamp no dia 16. Outras possibilidades de diálogos podere-mos descobrir juntos lá. Você acredita que ambos, ciência e Hip Hop, podem caminhar juntos na construção de uma mudança social? O que é a ciência se não um conheci-mento que foi observado e formali-

do Hip Hop que mudou em relação à universidade é o acesso e condições que são outros. Em algum momento do livro, surge a questão de que antigamente os li-vros sobre Hip Hop eram todos aca-dêmicos, algo que mudou com a emergência da literatura de perife-ria. Como se deu essa passagem de objeto a sujeito de pesquisa? Qual é a importância dessa mudança? A diferença é que agora eu estou respondendo a uma entrevista para a divulgação do lançamento do livro que sou autor. Antigamente era para o trabalho de um estudante que se formava e a gente não tinha acesso nem à monogra=a que foi desenvol-vida. Ou seja, mudou tudo, do ponto de vista aos temas abordados. Como diz um amigo nosso em comum: “Se a história é nossa, deixa que nóis es-creve!” [se refere a Renan Inquérito]. Um dos pontos que o livro aborda é a relação do Hip Hop com a política

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CACT entrevista Toni C

Marcio Salata

N a quinta, 16 de agosto, às 20h, ocorrerá em nosso espaço de vivência o lançamento do livro O Hip-Hop Está Morto! – A História do Hip Hop no Brasil, de Toni C. O autor já foi condecorado com os prêmios Tuxáua (2010) e Escola Viva (2009) pelo Ministério da Cultura. O primeiro romance de Toni C tem como protagonista Hian Homero Pereira, uma personi=cação do Hip Hop no Brasil, e apresenta a história do movimento no país

através da contextualização de seus principais expoentes. Por isso, muitos consideram um excelente guia introdutó-rio para os que pouco conhecem o Hip Hop. A linguagem ]uida e as fotogra=as dinamizam a leitura. É uma obra com mensagens fortes, que aborda questões complexas e pertinentes para nós, pretensos cientistas, de uma forma que foge aos estereótipos.

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O Planejamento Estratégico do IG, publicado no mês passado e elaborado por uma Comissão Avaliadora

composta basicamente pelos mem-bros da Congregação, incluindo os RDs, relaciona as ações e tendências a serem seguidas pelo Instituto até 2015 num perspectiva eminentemen-te empresarial. Tomando por base alguns dos princípios enunciados para o IG na sessão “missões, princípios e valores”, como o “incentivo à re]exão e crítica”, analisamos o documento. O relatório levanta as principais competências do instituto e as ten-dências de incorporação e retirada de docentes. A denominação das compe-tências causa estranhamento: áreas como “ambiente urbano” englobando planejamento territorial (apenas para começar, território e cidade não são sinônimos) e “geogra=a ambien-tal” (existe uma geogra=a que não está no ambiente?). Em seguida, são listadas oportunidades e =ca claro que as competências são uma adapta-ção para encaixar o IG em ao menos três temas “da moda”: 1) petróleo e recursos minerais; 2) ensino de ciên-cias; 3) meio ambiente; e 4) energias renováveis. O ensino, felizmente, vem conquistando bem seu lugar no IG. Cabe aqui um questionamento: se, em um instituto tão plural como enunciado no documento, devemos dobrar todas as diversas e frutíferas linhas de pesquisa e de método de nossos docentes para atender a tais temas, cuja má utilização é mesmo questionada por alguns. Seja como for, essa categorização é que indicará as áreas das novas contratações do IG. Destacamos que o DGEO é apon-tado em “sinergias” com “ensino de geociências” e “economia e gestão da inovação”. Em um balanço do Planes anterior (2006-2010), de modo geral, há consi-deráveis avanços, com melhorias na infraestrutura, embora ainda tímidas e ansiosas pela conclusão do novo prédio, que, aliás, foi concluído em 25% e já tem a cobertura e superes-trutura da parte restante, embora ainda não conte com a biblioteca no-va, como previsto. A atualização dos laboratórios da Geogra=a, ainda su-butilizados, também não teve resulta-dos muito satisfatórios, tendo suas consecuções classi=cadas quase to-

partidária. Qual é a importância des-sa tendência? Não é rigorosamente a relação com a política partidária, mas sobre o Hip Hop e os espaços de poder. Seja a academia, os meios de comunicação ou o parlamento. Para que sejamos de=nitivamente autores de nossas próprias vidas, é necessário ocupar espaços de decisão. Conte-nos mais sobre o projeto Hip Hop a Lápis. Hip Hop a Lápis é um projeto que surgiu da falta de espaço de pessoas do Hip Hop para fazer este debate que estamos fazendo nesta entrevis-ta, ou que faremos durante o lança-mento do livro na Unicamp. Criamos uma seção na internet com artigos e crônicas há 10 anos. Isso virou livro e depois Ponto de Cultura, o que pro-duziu um segundo título chamado Literatura do Oprimido e o documen-tário É Tudo Nosso! O Hip-Hop Fazen-do História, mas poderia ser O Hip-Hop Fazendo Geogra-a, até porque registramos mais de 20 Estados e rodamos por oito países capturando as ações e opiniões do movimento Hip Hop em todos estes lugares.

Por =m, deixe um recado para os estudantes de Geogra=a da Uni-camp! Aprendi com gente que muito admi-ro, como Milton Santos e Aziz Ab’Sa-ber, que a Geogra=a não é uma fer-ramenta apenas para conhecer o mundo. Ela serve também para tran-formá-lo. Participem do debate, leiam o livro e vambora com nós transformar!

das como médias. Espera-se que com as novas instalações a situação me-lhore. Entre as metas não seguidas, constam algumas interessantes, co-mo “promover seminários internos de pesquisa do IG”. Chega-se, =nalmente, às estraté-gias do Planes 2011-2015. Para a in-fraestrutura, é prevista a conclusão do prédio novo, à qual se seguirá um Plano de Ocupação que permita a instalação dos espaços tão carecidos, como salas de aula próprias. Para a graduação, o Planes aponta logo para o “curso de Ciências de (sic) Terra, que se rami=ca nas formações de Ge-ologia e Geogra=a”, que recentemen-te foi extinto, mantendo-se apenas como núcleo comum. Porém, acerta ao dizer que os dois programas con-solidaram suas formações. O principal problema apontado são as disciplinas da Física na Geologia, o que não pare-ce ter melhorado ainda. Além disso, incita a criação do polêmico curso de Geofísica e das ênfases dos cursos. Para a Geogra=a, menciona a já im-plantada Licenciatura do curso diurno e aponta para as tão aguardadas me-lhorias no sistema de avaliação. Nos cursos em geral, vemos a aplicação das atuais ambições da universidade traduzidas na internacionalização. Para a pós, deseja-se diminuir o grau de endogenia: a meta é que apenas menos de 50% dos alunos tenham se formado nas graduações do Instituto. Esperamos que os próximos anos sejam marcados por bons investimen-tos em infraestrutura, com a conclu-são no novo prédio, e na qualidade do ensino e da pesquisa, com a contrata-ção de novos docentes, entre outros aspectos tão necessários para qual-quer avanço substancial nos cursos. Dos discentes, esperamos bastante atenção aos progressos e retrocessos do IG, com participação ativa nos pla-nejamentos e execuções. Melhorias no sistema de avaliação, para come-çar, são essenciais para que possamos ter uma noção real do ensino que vem sendo realizado no IG.

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16/8 , às 20h, no CACT!

O novo Planes do IG

O Planes 2011-2015 pode ser acessado através da intranet no IG, em

Administração.

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ao dos grupos estudantis argentinos que recentemente realizaram seu encontro anual em Rosario.

Como foi possível transitar das associações pro=ssionais corporati-vas e conservadoras a um movimen-to vivo, aberto e incrustado nas lutas sociais? A virada aconteceu na etapa =nal da ditadura militar, em um perí-odo de forte protagonismo dos estu-dantes, dos trabalhadores e dos camponeses, em que se criou a Cen-tral Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Nesse clima social e político, a reunião realizada em Fortaleza em 1978 decidiu modi=car os estatutos e abrir a associação aos estudantes, democratizá-la, o que se vinculou estreitamente com o movi-mento pelos direitos humanos des-ses anos e o debate político nacional.

Desde esse momento, a associa-ção dos geógrafos não deixou de se vincular também às lutas populares, transformando-se em referência in-contornável. Nessa trajetória coleti-va, devem ser destacadas algumas personalidades como Carlos Walter Porto-Gonçalves, que trabalhou com Chico Mendes no Acre e cujo livro A globalização da natureza e a natureza da globalização foi premiado pela Casa de las Américas em 2008, assim como os casos de Bernardo Mançano Fernandes e Ariovaldo Umbelino de Oliveira, que vêm trabalhando junto ao movimento campesino sem terra. Uma grande quantidade de geógra-fos está vinculada a movimentos co-mo o que resiste à construção da represa de Belo Monte no Rio Xingu.

Devemos destacar que o movi-mento dos geógrafos continua cres-cendo apesar do longo e profundo re]uxo que experimentam as lutas sociais no Brasil, como mostra a evo-lução da participação nos encontros bianuais. Em 2002, participaram 3 mil pessoas em João Pessoa, em 2004 chegou a 3800 em Goiânia, para cair para 1500, em 2006, na dis-tante Rio Branco, no estado do Acre, fronteiriço à Bolívia. Em 2008, em São Paulo, foram 5 mil e 5500 em Porto Alegre, em 2010. Este ano em Belo Horizonte houve 7 mil inscritos.

O que os números não revelam é a qualidade dos debates, sobretudo

E m certas ocasiões, as univer-sidades e os universitários se distanciam do lugar que es-colheram para ir de encontro

às pessoas organizadas em movi-mentos, comprometem-se com eles e devolvem à sociedade parte do que ela investiu em sua formação. Quando isto acontece, os resultados costumam ser interessantes, já que multiplicam o esforço pela mudança social, que nunca acontece dentro dos campi, mas sim onde transcorre a vida real.

Nesta semana se realiza em Belo Horizonte o décimo sétimo Encontro Nacional de Geógrafos, organizado pela Associação dos Geógrafos Brasi-leiros (AGB), onde cerca de 7 mil pes-soas, em sua maioria estudantes e jovens licenciados, abordam os prin-cipais problemas políticos do país, além de suas próprias inquietudes pro=ssionais. A estrutura do encon-tro, gerido pelos próprios participan-tes, e o tipo de debates encarados, mostram que se trata de algo dife-rente do que costuma ocorrer nes-ses espaços.

As 20 mesas-redondas estão or-denadas em torno de sete eixos te-máticos: a reestruturação em curso do capital, as práticas educativas da geogra=a, Brasil na América Latina, movimentos sociais e resistências, natureza e sociedade, saberes geo-grá=cos e lutas sociais e linguagens e tecnologias. Além disso, reúnem-se grupos de trabalho, realizam-se mini-cursos e se abrem espaços onde os coletivos socializam suas pesquisas.

Merecem menção especial os mais de 100 Espaços de Diálogos e Práticas, onde se debateram hori-zontalmente cerca de 3 mil apresen-tações, com forte ênfase às lutas sociais e políticas do último período, já que o encontro se realiza a cada dois anos. Um dia da semana foi de-dicado a atividades de campo, para conhecer de perto desde as resistên-cias populares até o avanço do capi-tal sobre a natureza e a geogra=a urbana. Em resumo, foi um encontro em que participaram militantes soci-ais e pro=ssionais comprometidos, algo que não é frequente nestes tempos e que, de algum modo, apro-ximam o movimento dos geógrafos

nos pequenos espaços de troca, on-de os mais jovens debatem de igual para igual com as gerações mais ve-lhas os desa=os que enfrentam os movimentos dos subalternos nas grandes cidades, como a militariza-ção das periferias e a presença do narcotrá=co nas favelas. Pareceu-me notável a elevada presença de afro-brasileiros no encontro, com traba-lhos brilhantes e re]exões que mos-tram que a favela e os movimentos que produz, como o hip-hop, for-mam parte da espessa trama de re-sistências ao modelo hegemônico, em sintonia com a produção de Mil-ton Santos, o geógrafo brasileiro mais emblemático.

Foram importantes os debates em torno das megaobras para a Co-pa de 2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, que estão desa-lojando centenas de milhares de pes-soas dos bairros mais pobres das cidades em benefício de um punha-do de multinacionais brasileiras da construção. Dezenas de trabalhos e alguns livros acompanham a criação de comitês populares que trabalham juntos aos afetados para paralisar as obras e forçar os governos locais a negociar mudanças ou melhorias para os desalojados. A contribuição dos geógrafos vai desde cartogra=as até uma visão de conjunto que per-mite compreender a atual fase de acumulação de capital por meio de grandes obras que destroem as tra-mas urbanas.

Para quem não é universitário e tem certa descon=ança em relação a produções acadêmicas descompro-metidas, o Encontro Nacional de Geógrafos se revelou um espaço democrático e altamente politizado, onde as decisões =nais são tomadas em assembleias. Um movimento que nega o profundo individualismo do-minante alimentado por um senso comum que considera a universidade como escada social em vez de servi-ço comunitário.

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O movimento dos geógrafos brasileiros

CACT informa — Boletim informativo dos estudantes de Geogra=a da Unicamp editado pelo CACT, de periodicidade mensal, publicado na primeira quinzena de cada mês. Diagramação e edição: Gustavo Teramatsu. Textos: Gustavo Teramatsu, Wagner Nabarro. Entrevista: André Souza. Leitura crítica: Melissa Steda. Agradecimentos a Renata Beltramin.

Publicado original-mente no jornal mexi-cano La Jornada pelo escritor e ativista uruguaio Raúl Zibechi (1952), que participou do ENG. Tradução de Gustavo Teramatsu