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A geração, o registro e o compartilhamento da mais essencial das matérias-primas CONHECIMENTO # 160 ano XXXIX MAIO/JUNHO 2012

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Page 1: Odebrecht Informa

A geração, o registro e o compartilhamento da mais essencial das matérias-primas

CONHECIMENTO

# 160 ano XXXIX MAIO/JUNHO 2012

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II informa

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1informa

Page 4: Odebrecht Informa

Edição online Acervo online

>Bibliotecas físicas da Braskem têm sistemas integrados que possibi-litam o empréstimo de materiais de consulta a parceiros e integrantes de qualquer localidade

>Prêmio Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável incentiva jovens universitários a desenvolver projetos inovadores

>Na reforma do Maracanã, parte dos resíduos do an-tigo estádio é reaproveita-da na fabricação de tijolos e no reflorestamento de áreas urbanas

>Construção de uma usina solar permitirá que a Arena Pernambuco consuma energia renovável e ecologica-mente correta

> Acesse as edições anteriores de Odebrecht Informa, desde a número 1, e faça o download do PDF completo da revista

>Relatórios Anuais da Odebrecht desde 2002

>Publicações especiais (Edição Especial sobre Ações Sociais, 60 anos da Organização Odebrecht, 40 anos da Fundação Odebrecht e 10 anos da Odeprev

www.odebrechtonline.com.br

>Você pode acessar o conteúdo completo desta edição em HTML ou em PDF

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Videorreportagem Blog

> Siga Odebrecht Informa pelo twitter @odbinforma e saiba das novidades imediatamente

> Comente os textos do blog e participe enviando sugestões para a redação

>Odebrecht Realizações Imobiliárias patrocina a criação do Museu Pelé, em Santos (SP)

>Conheça a Ilha do Mussulo, um dos destinos turísticos mais belos de Luanda

>Concurso fotográfico promovido por Odebrecht Informa tem o esporte como tema

www.odebrechtonline.com.br >Leia Odebrecht Informa no seu tablet e no seu smartphone.>Reportagens, artigos, vídeos, fotos, animações e infográficos.

>Núcleo da Cultura Odebrecht (NCO), um instrumento para a preservação e a divulgação de experiências vividas por equipes da Odebrecht no Brasil e no mundo

>Julio Lopes Ramos, Responsável pelo Projeto Curundú, no Panamá, é o quinto entrevistado do Projeto Saberes

>Programa de Desenvolvimento de Empresários (PDE) permite aos integrantes aperfeiçoarem seus conhecimentos e compreenderem os valores da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO)

>LOgíSTICA DA EFICIêNCIA

Da lavoura à unidade industrial: veja como a ETH Bioenergia garante a en-trega da cana-de-açúcar com rapidez e segurança

Page 6: Odebrecht Informa

informa4

#160

A motivadora e produtiva interação entre representantes de diferentes gerações de empresários proporcionada pelo PDE

O professor Moises Swirski aborda (e celebra) os 10 anos do Programa de Desenvolvimento de Empresários

Prêmio Destaque: um instrumento a serviço da valorização da inteligência coletiva

Nas comunidades de conhecimento, um espaço para compartilhar experiências e encontrar apoio

Olindina Dominguez fala dos desafios de crescimento da Organização e a importância da rede de conhecimento para sua superação

Uma viagem através do passado, do presente e do futuro da Organização no Núcleo da Cultura Odebrecht

Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci) terá sua capacidade de atendimento ampliada

As soluções inovadoras encontradas pela Braskem para integrar, centralizar e hospedar informações

Na Odebrecht Engenharia Industrial, projetos de avançada tecnologia comprovam a vocação de inovar

Apaixonado por transmitir seus conhecimentos no dia a dia dos canteiros de obra, Zé Bodinho completa 50 anos de trabalho na Odebrecht

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conhecimento52

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64

66

70

74

78

Em Angola, uma iniciativa marcada pela combinação entre transferência de tecnologia e aprimoramento da cidadania

Uma incessante troca de informações e experiências que envolve todos os integrantes da ETH Bioenergia

Trabalhadores do Panamá fortalecem capacitação em saúde e segurança com apoio das equipes da Odebrecht no país

Yuri Tomina: conheça a história de um jovem que personifica o dinamismo e a confiança da Braskem

OOG: as lições que inspiram zelo e apreço pelo conhecimento e pela prevenção

Sistema de comunicação desenvolvido pela OR estimula disciplina, reflexão e transversalidade

Programa de Desenvolvimento de Jovens Empresários leva ao Baixo Sul da Bahia um novo motivo para acreditar no amanhã

Saberes: Julio Lopes Ramos ajuda a recuperar cidadãos na Cidade do Panamá

No mapa, estão indicados em branco os países e estados brasileiros onde são realizados os projetos e programas retratados nesta edição de Odebrecht Informa. De grande abrangência, essas iniciativas relacionam-se a todos os países em que as empresas da Organização atuam.

CAPA: Participantes do primeiro módulo da edição de 2012 do Programa de Desenvolvimento de Empresários (PDE), reunidos em Atibaia (SP). Foto de Bruna Romaro

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6 informa

Page 9: Odebrecht Informa

EDITORIAL

Realização intangível

conhecimento é sempre resultado de um processo coletivo.

Mesmo quando, aparentemente, ele frutifica do esforço de

um ser humano solitário, na verdade o que ocorreu foi que

essa pessoa, em determinado momento, conseguiu chegar

a uma descoberta, à confirmação ou à ampliação de uma conquista ao

utilizar um acervo de informações que começou a ser gerado muito an-

tes de ela ter vindo ao mundo – ou seus pais, ou seus avós. O conhe-

cimento é uma obra magnífica para a qual todos nós, e os que vieram

antes de nós, contribuímos a cada dia de nossa existência.

Hoje – e isto é cada vez mais evidente no universo empresarial, mas

não apenas nele –, tão importante quanto estimular a essencial geração

de conhecimento é criar condições para o não menos crucial compar-

tilhamento do saber acumulado. De que vale, afinal, o conhecimento se

ele não puder ser aproveitado por todos em benefício do bem comum?

Seria como escrever e publicar livros maravilhosos que não seriam lidos

por ninguém ou construir lindas casas, que ficassem desocupadas.

Nesta edição de Odebrecht Informa, você lerá reportagens que con-

tam histórias de amor ao conhecimento – e ao seu compartilhamento.

Verá de que forma iniciativas, como o Prêmio Destaque, o Programa

de Desenvolvimento de Empresários (PDE), as comunidades de conhe-

cimento e o Núcleo da Cultura Odebrecht, contribuíram e continuam

contribuindo para a formação de uma rede de conhecimento que tor-

na possível que as equipes da Odebrecht potencializem seu espírito de

servir e ajudem seus clientes a transformar seus sonhos em realidade.

Você confirmará, com a ajuda das reportagens que agora chegam

às suas mãos, que, a cada edição do Prêmio Destaque, a cada reunião

das comunidades de conhecimento, a cada módulo do PDE, a cada in-

formação acrescentada aos portais das empresas da Organização na

internet, a cada visita ao Núcleo, a cada Café Temático, um novo acorde

é agregado a essa transcendente sinfonia chamada conhecimento – a

qual, para nossa felicidade, realização e permanente reafirmação de fé

no ser humano, jamais terá fim.

“Tão importante quanto estimular

a essencial geração do

conhecimento é criar condições

para o não menos crucial

compartilhamento do saber

acumulado”

O

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8 informa

AS COISAS DA

vidatexto Edilson lima fotos Bruna romaro

6

Page 11: Odebrecht Informa

9informa

vida Programa de Desenvolvimento de Empresários permite o contato informal entre pessoas de diferentes gerações, em uma rica e produtiva troca de experiências

Moises Swirski e Renato Baiardi (de casaco escuro) conversam com os participantes do PDE: lições compartilhadas

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10 informa

eterminados a sonhar juntos o futuro da

Organização, 88 integrantes reuniram-

-se com líderes da Odebrecht, em Atibaia

(SP), durante cinco dias. O evento repre-

sentou o primeiro módulo da 10ª edição

do Programa de Desenvolvimento de Empresários

(PDE). Pela primeira vez, a etapa inicial do programa

contou com a participação de integrantes da Braskem

e das empresas de Engenharia e Construção em con-

junto. Odebrecht Informa esteve presente e conferiu de

perto cada momento.

Na abertura, na tarde de 15 de abril, os participantes

receberam as boas-vindas e assistiram à apresentação

do programa do primeiro módulo do PDE. No fim do dia,

houve uma apresentação de música erudita e, depois,

o jantar.

O dia seguinte começou com palestra de Felipe Jens,

Responsável por Finanças na Odebrecht S.A., que fez

um balanço geral do patrimônio consolidado das em-

presas da Organização e seus investimentos. Em se-

guida, Marcelo Odebrecht, Diretor-Presidente da Ode-

brecht S.A., fez uma exposição sobre a Visão 2020 da

Organização, destacando o desafio dos líderes de trans-

mitir os princípios da Tecnologia Empresarial Odebre-

cht (TEO) aos novos integrantes.

Em sua apresentação, Renato Baiardi, membro do

Conselho de Administração da Odebrecht S.A. e um dos

mentores do PDE, salientou a importância da relação

líder-liderado para a boa condução dos negócios e do

crescimento das pessoas. Após o encontro com Baiardi,

os participantes foram divididos em grupos, para discu-

tir e refletir sobre o que foi apresentado.

No terceiro dia, os líderes empresariais Luiz Mameri,

da Odebrecht América Latina e Angola, e Fernando Reis,

da Foz do Brasil, falaram de seus negócios. Mameri

enfatizou o desafio de atuar em países com diferentes

conjunturas políticas na América Latina. Fernando Reis

apontou o bom desempenho da Foz do Brasil em uma

área historicamente dominada por empresas públicas.

À tarde, foi realizado o painel da sustentabilidade,

com a participação de Sérgio Leão, Carla Pires e Jorge

Soto, responsáveis pelo assunto na Odebrecht, na ETH

Bioenergia e na Braskem. A mediação ficou a cargo de

Sergio Foguel, membro do Conselho de Administração

da Odebrecht S.A.

Paul Altit, Líder Empresarial da Odebrecht Realiza-

ções Imobiliárias (OR), deu início às atividades do quarto

dia com um balanço do bom momento do setor imobi-

liário no Brasil. Destacou o desafio da OR de participar

da preparação do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de

2016, com a construção de vilas residenciais para os

atletas.

Em seguida, foi apresentado aos participantes o

case da Aquapolo Ambiental, uma planta de trata-

mento de esgoto e produção de água de reúso na

região metropolitana de São Paulo. O projeto envolve

três empresas da Odebrecht: a Foz do Brasil, a Ode-

brecht Infraestrutura e a Braskem. A apresentação,

liderada por Pedro Novis, membro do Conselho de

Administração da Odebrecht S.A., teve como objetivo

incentivar a reflexão sobre a aplicação do conceito de

transversalidade na Organização.

Erros e acertosNo fim da tarde, divididos em grupos, os jovens tive-

ram a oportunidade de interagir com participantes de

edições anteriores do PDE. Marcus Vinícius Dias esteve

na primeira edição, em 2003. Hoje é Diretor de Contrato

na Odebrecht Óleo e Gás (OOG). “Éramos menos de 30

alunos. Ouvimos os relatos dos líderes, de seus erros

e acertos, e aquilo nos marcou.” Antonio Augusto San-

tos fez parte da turma de 2004. Atualmente é Diretor de

Contrato das obras da Hidrelétrica Teles Pires, no Mato

Grosso. “Aprendi que o futuro da Odebrecht depende de

nós”, afirma.

Juliana Monteiro e Ana Carolina Farias participaram

das edições 2008 e 2009, respectivamente. Em 2010,

Juliana tornou-se a primeira Diretora de Contrato da

OR. “Para mim é um orgulho.” Ana Carolina passou a

ser, em 2011, a primeira Diretora de Contrato da Ode-

brecht Infraestrutura: “Aprendi no PDE a manter o foco

no crescimento das pessoas. Hoje busco passar boas

inspirações a meus liderados”.

O quinto e último dia começou com a palestra do Lí-

der Empresarial da Braskem, Carlos Fadigas, que des-

tacou as aquisições de ativos da Quattor e da Sunoco

Chemicals, em 2010, e da Dow Chemical, em 2011.

Respeito a diferenças culturais foi um dos pontos

destacados por Emílio Odebrecht, Presidente do Con-

selho de Administração da Odebrecht S.A., para quem a

TEO tem de ser levada a todos os integrantes, mas com

respeito a costumes e hábitos locais.

Depois do almoço, Márcio Polidoro, Responsável por

Comunicação Empresarial na Odebrecht, e o Conse-

D

Page 13: Odebrecht Informa

11informa

lheiro Luiz Villar conduziram a palestra “Representativi-

dade e construção da imagem”. Após a apresentação de

casos, os participantes foram instigados a refletir sobre

a construção da imagem no âmbito de seus negócios.

No fim da tarde, houve uma confraternização de des-

pedida e a apresentação de um “videossíntese” sobre os

cinco dias do encontro. Ao longo do ano, os dois grupos

(integrantes da Braskem e das empresas de Engenha-

ria e Construção) serão divididos e participarão de mais

três módulos do programa.

Abertos de coração e almaAlguns participantes relataram suas impressões a

Odebrecht Informa.“O PDE nos proporciona uma visão

abrangente dos negócios da Organização”, disse Mar-

celo Nunes, da OOG. “O PDE nos dá a oportunidade de

estar frente a frente com pessoas que viveram e vivem

a história da Odebrecht”, destacou Alaíde Barbosa, da

Foz. Fernando Cervera, da Odebrecht Peru, afirmou:

“Saio daqui com um desejo enorme de ser uma pessoa

melhor”. O tema sustentabilidade chamou muito a aten-

ção do angolano Manuel Kai: “Cheguei aqui com poucas

ideias sobre isso, mas agora é como se surgissem mui-

tas luzes em minha cabeça”. Tornar-se um líder edu-

cador é um dos objetivos do norte-americano Warren

Springer, integrante da Braskem nos Estados Unidos. “A

Odebrecht tem a cultura de servir sempre melhor.”

Segundo o coordenador acadêmico do PDE, Moi-

ses Swirski (leia artigo de sua autoria nesta edição), o

programa, em suas 10 edições, mantém-se firme em

seu propósito: “Ser um espaço de reflexão sobre a TEO

entre as gerações de Norberto Odebrecht, Emílio Ode-

brecht e os jovens de hoje, liderados por Marcelo Ode-

brecht”. Renato Baiardi acrescenta: “Ao longo desses 10

anos, muitos se revelaram excelentes empresários. Isso

significa que o PDE está no caminho certo. A prática da

TEO deve ser intensificada em cada pequena empresa”.

Segundo Antonio Rezende, Responsável por Pesso-

as e Desenvolvimento na Equipe do Vice-Presidente de

Operações de Engenharia e Construção, o grande lega-

do do PDE é estimular nos participantes o sentimento

de pertencer à Odebrecht. “Eles saem motivados a pre-

servar a cultura e transmiti-la a seus liderados.”

Um dos pontos altos de cada edição é a participação

de Norberto Odebrecht, que ocorre desde o início do

programa. “Norberto Odebrecht sempre nos surpreen-

de com suas histórias. Os jovens têm a oportunidade de

interagir diretamente com ele”, comenta Moises Swir-

ski. Pode-se dizer: têm a oportunidade de sonhar juntos

o futuro da Organização.

Marcelo Odebrecht: transmissão dos princípios da TEO aos novos integrantes

Page 14: Odebrecht Informa

12 informa

ARGUMENTO

12

Page 15: Odebrecht Informa

O PDE completa 10 anos

Moises Swirskié coordenador acadêmico do Programa de Desenvolvimento de Empresários (PDE) da Organização Odebrecht [email protected]

PDE completa 10 anos em sua missão de

acelerar a formação de empresários ali-

nhados com a Cultura Odebrecht, contri-

buindo de forma sinérgica para a Educa-

ção pelo Trabalho.

O PDE está a serviço dos líderes da Organização

na busca da superação do desafio de aprimorar novas

gerações de líderes na arte de conduzir a Tarefa Em-

presarial, em compasso com o ritmo de crescimento

dos seus negócios.

No fim de 2012, serão 10 turmas do PDE Engenha-

ria, que inclui a Foz do Brasil, Odebrecht Realizações

Imobiliárias, Odebrecht Óleo e Gás e OCS, e seis tur-

mas do PDE Braskem, em um total de mais de 700

participantes.

O programa é uma pausa no dia a dia dos inte-

grantes para reflexão da própria experiência e para

autoavaliação. Aprendemos com a prática da TEO e as

lições de líderes das três gerações que construíram a

Organização.

A reflexão inspira as possibilidades de cada um e

amplifica o ímpeto para realização. O diálogo fortalece

o senso de missão e o sentimento de liberdade para

buscar a realização pessoal na Organização. O PDE

não cria empresários; o talento de ser empresário já

está em cada um.

O projeto educacional está voltado para ampliar o

olhar e, com isso, aprimorar as capacidades de con-

ceituar, focalizar, planejar e avaliar a execução do Pro-

grama de Ação. Não desenvolvemos os conhecimen-

tos para executar tarefas específicas. O PDE prioriza o

desenvolvimento da sensibilidade de ser empresário.

São das atitudes que emergem os nossos valores, que

fazem a nossa diferença. Como nos diz Rubem Alves:

“Os conhecimentos nos dão meios para viver. Mas são

as sensibilidades que nos dão as razões”.

Como Coordenador Acadêmico do PDE, tenho três

insistências com os participantes. A primeira delas é

que cada um traga a sua verdade, pois em negócios não

existem respostas únicas. Além disso, são as nossas di-

ferenças que nos fortalecem e vão permitir rever a nos-

sa forma de perceber. Onde todos pensam da mesma

forma, provavelmente ninguém está pensando.

A segunda insistência é que cada um esteja no pro-

grama por inteiro. Traga para a plenária a si mesmo e

tudo aquilo que representa. E, por último, que cada um

seja responsável por construir um ambiente de con-

fiança para os seus pares.

Sou ph.D em Finanças pela Stern School of Busi-

ness da New York University e sócio de uma empre-

sa dedicada a Valuation e M&A. Mas sempre estive

envolvido com Educação. Ajudei a fundar a Coppead/

UFRJ (Instituto de Pós-graduação em Administração

da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e, depois, o

PDG, um projeto pioneiro no Brasil para a formação de

executivos seniores.

Meu gosto por pessoas e por ajudá-las a se realiza-

rem me engajou na jornada do PDE. E, há 10 anos, apren-

do com a arte de formar empresários, com os participan-

tes, com os líderes da Organização que compartilham

sua arte e sua vida, com os coordenadores empresariais

(Antonio Rezende, Olindina Dominguez, Carlos Hupsel e

Ciro Barbosa), com os professores Roberto Ricardino e

Nilton Vargas e com meus pares da MSW.

O

13informa

Page 16: Odebrecht Informa

14 informainforma

AUTORES DE UMacervotexto EmanuElla somBra fotos FrEd ChaluB

14

Page 17: Odebrecht Informa

15informa

acervo

Prêmio Destaque Braskem se fortalece

como instrumentode apoio para o crescimento

da empresa

ESSENCIAL

Camila Dantas (ao centro) com Felipe Yukio Matsumoto e Carolina Mira-beli: aumento da produtividade por meio do incentivo à criatividade

Page 18: Odebrecht Informa

udo começou como normalmente sur-

gem as boas ideias em um ambiente

de trabalho: um entrave prático susci-

tava um planejamento estratégico que

pudesse resultar em ganhos a curto e

longo prazos para o cliente. “Precisávamos apoiá-lo,

e isso significava diminuir os custos dele e garantir a

nossa competitividade no cenário atual da indústria

petroquímica”, lembra Gustavo Checcucci, Gerente

de Energia da Braskem. “Em outras palavras, forta-

lecer toda uma cadeia”, resume.

Os personagens dessa história eram integran-

tes da Braskem, que é produtora de polipropileno, e

de sua cliente Borealis, empresa que transforma o

polímero em autopeças a partir da adição de outros

componentes químicos. A partir da observação de

como o consumo de energia da Borealis impactava

na sua competitividade de mercado, Gustavo e os co-

legas Octavio Pimenta Neto, Lucas Nishioka e Fabio

Yanaguita pensaram uma alternativa para diminuir

os custos de insumos na geração do plástico – no

caso, as autopeças.

Assim nasceu o projeto vencedor da edição 2011

do Prêmio Destaque Braskem na categoria Agrega-

ção de Valor ao Cliente. A proposta consistia em in-

termediar a energia comprada no Mercado Livre de

Energia e gerenciá-la, de forma que a Borealis pu-

desse economizar 17% do seu consumo anual. “Ne-

gociar energia mais barata demandava um expertise

que empresas de médio porte, como a Borealis, não

possuem. Sem contar que, como a Braskem já está

nesse mercado há muito tempo, a negociação de

compra seria mais fácil”, explica Checcucci.

Depois da fase embrionária do projeto, em que

diversas variáveis econômicas e jurídicas foram es-

tudadas, a ideia começou a ser aplicada na prática.

Os laços de confiança entre as duas empresas se es-

treitaram, e o cliente vem alcançando uma economia

de R$ 600 mil anuais. Para o legado empresarial da

Braskem, ficou mais um exemplo de como conheci-

mento e experiências compartilhadas resultam em

um acervo de soluções que podem ser aplicadas e

replicadas ao longo dos anos.

Incentivo à criatividade“Além de incentivar o surgimento de ideias

inovadoras que podem ser aplicadas na própria

Organização, o prêmio faz com que os integran-

tes compartilhem o aprendizado adquirido dentro

da empresa, contribuindo para o aprimoramento

do trabalho em seus ambientes de atuação”, diz

Camila Dantas, Responsável por Educação e Car-

reira na Braskem. “O Prêmio Destaque Braskem

reconhece o profissional por meio da valorização

do seu conhecimento. Com isso, colabora com o

aumento da produtividade ao incentivar a criativi-

dade”, acrescenta.

Na unidade da Braskem em São Paulo, Camila e

os outros organizadores do prêmio acompanham as

inscrições para a próxima edição, que se encerram

em julho. Nessa fase, a rotina vai, aos poucos, ge-

rando um clima em que predominam a criatividade

e a troca de ideias – em muitos casos, ideias que já

foram testadas e bem-sucedidas na Organização.

“As pessoas começam a formar grupos, isso acaba

agregando competências. A cada ano que passa, ob-

servamos o prêmio contribuir mais nesse sentido”,

afirma.

De acordo com Camila, a previsão é de que o

número de trabalhos inscritos em 2012 supere as

16 informa

T

Gustavo Checucci, Fabio Yanaguita e Octavio Pimenta: redução de custos dos insumos na geração do plástico

Page 19: Odebrecht Informa

17informa

marcas dos anos anteriores. E essa expectativa tem

razão de ser. Em 2011, o concurso totalizou 194 tra-

balhos, 20% de inscrições a mais que 2007, primeiro

ano da premiação. Nesse intervalo, foram incorpora-

das adaptações alinhadas à Visão 2020 da Braskem,

como o número de participantes por grupo e a inclu-

são de novas categorias. Outras, por motivos estra-

tégicos, deixaram de existir. Na sua sexta edição, o

Prêmio Destaque Braskem possui quatro: Soluções

Inovadoras, SSMA (Saúde, Segurança e Meio Am-

biente), Agregação de Valor ao Cliente e Melhoria

Contínua.

Idealizado como instrumento de registro e com-

partilhamento de conhecimento, o Prêmio Destaque

Braskem é promovido anualmente. Todos os inte-

grantes da empresa podem participar, desde que os

grupos tenham, no mínimo, dois integrantes cada

um. Os trabalhos devem ser inéditos e implementa-

dos no mesmo ano ou no ano anterior a cada edição.

Critérios como sustentabilidade, originalidade e im-

pacto no desenvolvimento da empresa são levados

em conta na premiação dos melhores trabalhos.

De liderado a líderO sentimento compartilhado pelos integrantes

que têm um projeto vencedor é de reconhecimento

e incentivo a participarem de outras edições. A tro-

ca de experiências e de aprendizados, entretanto,

acabam impactando positivamente em suas trajetó-

rias profissionais. “Eu posso dizer que esse prêmio

influenciou diretamente a minha carreira, pois de

liderado eu passei a líder”, diz Alessandro Lima, Ge-

rente de Desenvolvimento de Produtos na Braskem.

Alessandro foi um dos vencedores da edição 2010 do

Prêmio Destaque Braskem na Categoria Agregação

de Valor ao Cliente.

Ao lado dos colegas Nicolai Duboc Natal, Fernan-

do Cruz e João Caiado, Alessandro desenvolveu uma

nova alternativa à logística da indústria offshore bra-

sileira: produzir e fornecer um tipo de resina, apli-

cada no revestimento de dutos de petróleo, que até

então era importada pela Petrobras. “Nosso cliente

direto não era a Petrobras, mas as empresas forne-

cedoras desse polímero. E, para elas, contar com

um produto e uma assistência técnica nacionais era

muito mais vantajoso.”

Usado como isolante térmico, o polipropileno pre-

serva a temperatura em que o petróleo é extraído

da terra. Além disso, o material fornece aos dutos

de aço uma proteção anticorrosiva à água do mar.

Para se credenciar como fornecedora dessa maté-

ria-prima para a Petrobras, a Braskem passou por

um longo processo de homologação. “Faz parte da

política da Petrobras promover a indústria petrolí-

fera nacional, e nós conseguimos contribuir para

isso”, comemora Nicolai Duboc Natal, Coordenador

de Marketing de Polipropileno. “O mais interessan-

te é que podemos utilizar essa bagagem técnica em

outras aplicações, já que a Braskem agora possui o

know-how”, acrescenta.

Nicolai Natal: promoção da indústria petrolífera nacional

Page 20: Odebrecht Informa

texto rEnata mEyEr

18Iniciativa criada para valorizar a inteligência coletiva e estimular a busca e a reutilização de soluções criativas, o Prêmio Destaque do negócio Engenharia e Construção completa 20 anos

boas ideiasO CAMINHO DAS

Page 21: Odebrecht Informa

19informa

boas ideiasm 1992, a Rede de Conhecimento da

Odebrecht ganhou um importante ins-

trumento para o registro e divulgação

de ideias inovadoras, desenvolvidas nos

campos técnico e social, nos ambientes

de atuação das empresas. O Prêmio Destaque, como

ficou conhecido, vem contribuindo para reconhecer

pessoas de conhecimento, capturar sinergias e va-

lorizar a inteligência coletiva, representando um es-

tímulo para a busca, disseminação e reutilização de

soluções criativas.

Qualquer integrante da Odebrecht, no Brasil ou no

exterior, pode concorrer ao prêmio, individualmente

ou em grupo. Não há limite de quantidade de projetos

por autor ou do número de participantes por grupo.

Todos os projetos encaminhados passam a integrar

o acervo da Organização e ficam disponíveis integral-

mente para consulta, na página do Prêmio Destaque e

no Portal Corporativo do Negócio Engenharia e Cons-

trução.

Ao longo de 20 anos, mais de 4 mil integrantes

compartilharam o conhecimento obtido no dia a dia

de suas atividades, formando um rico acervo de mais

de 2 mil inovações. Trabalhos que reduzem custos e

prazos, minimizam impactos socioambientais e me-

lhoram a produtividade, entre muitos outros benefí-

cios. Nesse período, o prêmio evoluiu, adequando-se

às novas necessidades do mercado e ao crescimento

da Organização, agregando novas categorias, formas

de envio, consulta e disponibilização.

“No início, ligávamos para os integrantes para mo-

tivá-los a inscrever trabalhos. Hoje essa participação

é espontânea. A cada ano mais pessoas percebem a

importância de compartilhar o conhecimento”, afirma

Olindina Perez Dominguez, Responsável pelo Ciaden

ERodovia IIRSA Sul, no Peru: equipe da obra aproveitou uma solução inovadora nascida no canteiro de outra rodovia no país, a Tingo Maria-Agaytia

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Page 22: Odebrecht Informa

20 informa

(Conhecimento e Informação para Apoiar o Desenvol-

vimento de Negócios), a quem cabe a organização do

Prêmio Destaque. Ao longo dos anos, a adesão dos

integrantes só tem aumentado: saltou de 227 traba-

lhos inscritos na edição de 2010 para 367 em 2011.

Promovido anualmente, o prêmio é oferecido a in-

tegrantes que tiverem seus trabalhos selecionados

em cada uma das seis categorias avaliadas: Inova-

ção, Jovem Parceiro, Reutilização do Conhecimento,

Meio Ambiente, Relações com Comunidades e Saúde

e Segurança do Trabalho.

A escolha dos projetos vencedores é feita em duas

etapas. Na primeira, os trabalhos são avaliados por

uma comissão julgadora interna, formada por equi-

pes técnicas e multidisciplinares da Organização

Odebrecht. Também são submetidos ao voto dos in-

tegrantes por meio do Portal Corporativo. Os 10 tra-

balhos com maior pontuação são pré-selecionados e

passam por uma nova etapa de avaliações, realiza-

das por uma comissão julgadora externa – no caso

das categorias Meio Ambiente e Relações com Co-

munidades – e por uma segunda comissão interna,

no caso das demais categorias. Ao final, é eleito um

projeto vencedor por categoria.

Reutilização do conhecimentoCriatividade, dedicação e persistência foram as

ferramentas utilizadas pela equipe das obras de

reabilitação da Rodovia Tingo Maria – Aguaytia, no

Peru, para superar os desafios impostos pelas con-

dições climáticas e garantir a produtividade durante

a execução dos trabalhos. Com o objetivo de evitar a

desmobilização durante o período de chuvas, que im-

possibilitava a realização de alguns procedimentos, a

equipe criou uma carpa de pavimentação, estrutura

metálica móvel em forma de arco coberta por uma

lona plástica, com altura suficiente para permitir que

as frentes de trabalho operassem normalmente em

seu interior.

A ideia foi inscrita no Prêmio Destaque 2005 e

tornou-se referência para outros projetos da Organi-

zação em situações similares. Foi o caso do Projeto

IIRSA Sul, no qual as condições adversas de tempe-

ratura limitavam os trabalhos de colocação da mes-

cla asfáltica a um total de cinco horas por dia. Com

a implantação da carpa, foi possível assegurar um

ambiente controlado de temperatura e aumentar a

produtividade, durante as obras da rede viária que

liga o Brasil ao Peru.

A equipe da Odebrecht Angola também se inspirou

em uma iniciativa já existente para fomentar a qua-

lificação profissional de trabalhadores angolanos.

Implantado inicialmente na Usina Hidrelétrica Santo

Antônio, no Brasil, o Programa Acreditar foi reeditado

em Angola, e, desde 2010, já formou mais de 2 mil

trabalhadores em diversos ofícios da construção civil

e áreas afins, em três províncias do país.

O programa foi vencedor do Prêmio Destaque

2011 na categoria Reutilização do Conhecimento,

que, nesse ano, obteve recorde de 70 inscrições. “Ter

conquistado o Prêmio nos dá a certeza de que fize-

mos as escolhas certas quando optamos por criar

um programa a partir da realidade local, com uma

tecnologia pedagógica alinhada com a TEO e com as

tendências mais atuais da educação”, afirma Adriana

Bezerra, autora do trabalho ao lado de Diana Ortiz e

Paloma Alencar.

Formação de novos empresáriosA cerimônia de premiação da última edição, que

marcou os 20 anos do Prêmio Destaque, aconteceu

em dezembro passado, durante a Reunião Anual,

na Costa do Sauípe, na Bahia. A ocasião também

foi marcada por uma homenagem a Mauro Martins,

Responsável por Engenharia nas obras da Central

Hidrelétrica Manuel Piar (Tocoma), na Venezuela.

Mauro é o integrante da Organização que inscreveu

mais trabalhos ao longo da história do prêmio: 38

projetos.

Mauro Martins: recordistaa

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Page 23: Odebrecht Informa

21informa

Mauro é reconhecido internamente como um dos

grandes incentivadores do Prêmio Destaque. “Por

meio do Prêmio Destaque, temos conseguido con-

tagiar e influenciar companheiros de diferentes ge-

rações, para uma participação solidária, em torno

de assuntos relevantes relacionados aos diferentes

desafios que se apresentam nos nossos ambientes,

promovendo uma busca contínua do conhecimento

técnico e científico e exercendo a valorização cons-

tante do espírito inovador”, ressalta Mauro.

Sob sua liderança, Robinson Areaza foi vencedor,

em 2011, na categoria Jovem Parceiro, com o Pro-

jeto Quebrando Paradigmas para el Camino al Exito.

Utilizacion del Sistema de Postcooling para Ejecutar

Vaciados Massivos de Grandes Alturas. Criada em

1997, essa categoria reconhece a atitude de jovens

integrantes que veem em suas tarefas diárias oportu-

nidades para inovar. “Estou convencido de que todos

nós somos capazes de buscar soluções para seguir,

cada vez mais, sendo eficientes e eficazes na execu-

ção de qualquer trabalho que estivermos realizando”,

afirma Robinson.

Segundo Olindina Dominguez, a participação dos

jovens no Prêmio Destaque é, sobretudo, uma opor-

tunidade de aprendizado. “Ao relatar uma inovação,

desenvolvida com sua equipe de trabalho, ou ao re-

gistrar o conhecimento de experientes encarregados,

o jovem se desenvolve, pois precisa buscar informa-

ções técnicas para respaldar a ideia apresentada”,

afirma.

Seja um Jovem Parceiro ou um profissional

maduro, em todo o integrante há o potencial

transformador de inovar, renovar e aprimorar

cada vez mais. Essa é a essência do Prêmio Des-

taque, cuja conquista simboliza o reconhecimen-

to de toda Organização ao espírito de servir da-

queles que compartilham seu conhecimento a

serviço do futuro.

PRêMIO DESTAqUE 2012Inscrições e envio de trabalhos até 28/09.

Não deixe de participar!

www.premiodestaque.com

Para mais informações escreva para

[email protected]

Aida Yolanda José da Silva (em primeiro plano) e outros alunos do Programa Acreditar em Angola: qualificação profissional

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Page 24: Odebrecht Informa

22 informa

Comunidades de conhecimento da Engenharia e Construção: fontes de apoio para qualquer situação, em qualquer lugar. É só chamar

texto João marcondes

22 Danilo Abdanur (à direita) e o engenheiro venezuelano José Gonçalves: reforço na Educação pelo Trabalho

Page 25: Odebrecht Informa

23informa

O PRAzER DE PROCuRAR A SuA

turma

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Page 26: Odebrecht Informa

24 informa

m 2009, o engenheiro Manuel Ximenes

chegava à Colômbia. Seu desafio beirava o

impossível: montar a proposta para a lici-

tação da Rodovia Rota do Sol em apenas

quatro meses. O escopo: construir 500 km

de estrada em uma região de alto índice pluviométrico,

no exíguo prazo de cinco anos. Um mês já havia se pas-

sado desde a abertura do edital da licitação. A confian-

ça na vitória não era plena. Havia lacunas técnicas. Foi

quando seu líder, o Diretor-Superintendente da Ode-

brecht Colômbia, Luiz Bueno, durante uma conversa,

sugeriu-lhe participar do encontro da Comunidade de

Rodovias, que aconteceria no Panamá. “Não participa-

va da Comunidade nem tinha atentado direito para o

que era. Tinha dúvidas se valeria a pena perder uma

semana de trabalho na proposta para fazer a viagem”,

confessa.

Ximenes foi. Não perdeu uma semana. Em vez dis-

so, ganhou a obra. “Relatei minhas dificuldades, e to-

dos se dispuseram a ajudar”, descreve, ressaltando a

vontade de colaborar da comunidade. “Era como um

livro, com quase todas as respostas de que se precisa-

va.” Nunca o espírito de servir parecera tão cristalino

a Ximenes, que, de imediato, se tornou um dos mais

atuantes membros da comunidade. Chamou colegas

de obras similares no Peru, Brasil e Panamá para

ajudá-lo na missão. Um miniencontro aconteceu em

Bogotá, de onde foi gerada a proposta vencedora em

tempo recorde. Manuel Ximenes diz que o apoio de

“Maurão” foi crucial. “Maurão” é Mauro Hueb, Líder da

Comunidade de Rodovias e Diretor de Contrato da Ode-

brecht América Latina e Angola.

O inícioAugusto Roque Dias Fernandes foi um dos fundado-

res da primeira Comunidade de Conhecimento da Ode-

brecht, a de Usinas e Barragens, em 2001. “Quando há

uma questão, uma pessoa surge com uma ideia. Em

seguida, outro integrante traz uma segunda ideia sobre

o mesmo problema. Quando elas se juntam, surge uma

terceira ideia; esta sim, costuma ser a melhor, a que

deve prevalecer”, argumenta.

O conceito de Comunidades de Conhecimento co-

meçou a ganhar forma nos anos 1990 na Odebrecht.

Em uma organização na qual a descentralização é par-

te da essência cultural e filosófica, como administrar,

concentrar e qualificar novos conhecimentos gerados

em centenas de canteiros ao redor do mundo? O que

nasceu de modo tímido, com uma rede intranet em

1996, meio pelo qual as pessoas trocavam informa-

ções, logo foi adquirindo a forma de um “arquipélago

de excelência interligando ilhas de competência” (con-

ceito do geólogo José Carlos Leal Bezerra, que já inte-

grou a Organização).

Em 2001, ocorreu o primeiro encontro de uma co-

munidade, na Usina Hidrelétrica Itapebi, na Bahia. Ro-

que, hoje Diretor de Engenharia da Odebrecht Energia,

tornou-se o líder. Rapidamente, as comunidades mul-

tiplicaram-se. Hoje, no negócio Engenharia e Constru-

ção da Odebrecht, são 12 comunidades, com mais de

4 mil membros, e há previsão de novas comunidades

entrarem em operação ainda este ano.

Uma das pessoas que tiveram papel fundamen-

tal nessa história foi Olindina Perez Dominguez (veja

entrevista nesta edição). Responsável pelo Ciaden

(Conhecimento e Informação para Apoiar o Desen-

volvimento de Negócios), ela observa: “Em uma

empresa em que a Educação pelo Trabalho é par-

te da filosofia, tivemos que pensar como estruturar

processos e métodos para potencializar ainda mais

a transferência de conhecimento. Um dos desafios

foi descobrir como motivar as pessoas a estruturar e

disponibilizar esse saber”.

Para conseguir isso, ela contou com ajuda de

Nilton Vargas, da empresa Neolabor, parceiro da

Odebrecht há duas décadas. “Primeiramente, redi-

recionamos o foco da rede (intranet), que era em

processos e tecnologia. O novo alvo passou a ser as

pessoas, mais em sintonia com a Tecnologia Em-

E

Manuel Ximenes: “Relatei minhas dificuldades, e todos se dispuseram a ajudar”

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Page 27: Odebrecht Informa

presarial Odebrecht (TEO)”, explica. “Depois, esta-

belecemos três estratégias: alinhar profissionais

com os mesmos interesses; gravar vídeos de de-

poimentos, em vez de apenas textos escritos e da-

dos, pois queríamos os atores em ação, com rosto e

alma; e, não menos importante, que tudo ocorresse

de baixo para cima, ou seja, que a formação das co-

munidades e seus líderes fosse algo além da estru-

tura e priorizasse o desejo de participar.”

O ambiente das comunidades funciona em uma

espécie de “rede social” (“anterior às famosas redes

sociais de hoje em dia”, diz Vargas). Ali, os membros

podem lançar perguntas técnicas, como fez Pedro Pai-

va, que tinha uma dúvida sobre como elaborar o pla-

nejamento de Manejo de Resíduos Sólidos em uma

obra na Venezuela e foi prontamente apoiado por meio

do Fórum da Comunidade de Sustentabilidade. Nesse

ambiente, também são divulgados artigos de revistas,

relatos sobre o andamento de obras, vídeos com de-

poimentos e outras informações. Os encontros presen-

ciais são outro instrumento importante, pois estimulam

a interação e oportunizam a troca de conhecimento en-

tre os membros da comunidade. Atuando também no

formato de Missões Técnicas, as comunidades visitam

obras ou institutos de referência. Ao fim de cada encon-

tro, são geradas recomendações sobre os principais

temas discutidos no evento, que ficam disponíveis no

Portal Corporativo para consulta dos demais integran-

tes da Organização.

Outro produto resultante do trabalho das comunida-

des são os fichários de Melhores Práticas, os quais tra-

tam de temas críticos que merecem ser aprofundados.

Eles são elaborados por pessoas de conhecimento que

comparam práticas utilizadas em vários ambientes da

empresa e redigem as melhores práticas, com contri-

buições dos demais membros.

Entusiastas do conhecimentoDanilo Abdanur, Responsável por Produção nas

obras da Linha 2 do Metrô de Los Teques, na Venezue-

la, e Líder da Comunidade de Transporte sobre Trilhos,

afirma: “Participar de uma comunidade é o melhor

caminho para se conhecer a filosofia da Organização”.

Entusiasta do conhecimento em todas as suas formas,

o mineiro Danilo inovou ao criar o primeiro curso teó-

rico dentro de uma comunidade – o Programa de Ca-

pacitação de Tuneleiros, para aprofundar a formação

de engenheiros da empresa em túneis NATM (New

Austrian Tunneling Method) e TBM (Tunnel Boring Ma-

chine), que reuniu 37 pessoas, contou com professores

variados, desde consultores a acadêmicos renomados,

e teve duas fases presenciais: uma em Caracas e ou-

tra na Alemanha, onde fica a sede da Herrenknecht,

empresa-líder na fabricação de TBMs.

O jovem engenheiro venezuelano José Goncalves, 20

anos, afirma: “A participação no Programa de Capaci-

tação de Tuneleiros elevou muito o meu nível, que era

basicamente o de um engenheiro mecânico. Apren-

di sobre geologia, a parte civil da obra e, além disso,

conheci gente de todo o mundo”, relata. Danilo ficou

satisfeito. O aprofundamento teórico, para ele, é o ca-

samento perfeito com a Educação pelo Trabalho.

Augusto Roque salienta que a potencialização do

saber é tão importante quanto as obras de energia

atualmente em curso (que gerarão 22 mil megawatts

mundo afora nos próximos anos). “O que estamos bus-

cando é subir de patamar e subir de forma constante”,

afirma.

A relação completa de comunidades de conhecimento

do negócio Engenharia e Construção da Odebrecht e

seus respectivos líderes está disponível na edição online

de Odebrecht Informa (www.odebrechtonline.com.br).

Augusto Roque: pioneirismo

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25informa

Page 28: Odebrecht Informa

26 informa

A ESCALADA DO

saber

26Trabalhador em uma unidade da Braskem: comunidades de conhecimento contribuem para a melhoria da qualidade, da produtividade e da sustentabilidade

Page 29: Odebrecht Informa

saber

Na Braskem, as comunidades formam um mosaico de conhecimento e funcionam como fóruns virtuais de discussãotexto thErEza martins fotos marCos sá

s comunidades de conhecimento da Braskem foram desenvolvidas em alinha-

mento com o modelo já existente na Organização Odebrecht. Elas são um es-

paço para compartilhar informação, experiência e saber. Um saber construído

a muitas mãos, incorporado à memória e ao patrimônio da empresa.

Por definição, as comunidades são grupos de integrantes com saberes

sobre determinado tema, projeto, serviço ou produto, que se correlacionam para formar

um conjunto diversificado de conhecimentos, o qual, por sua vez, permite a dissemina-

ção de informações e experiências. Com essa orientação, as comunidades propiciam

a aplicação do princípio de educação pelo e para o trabalho expresso na Tecnologia

Empresarial Odebrecht (TEO).

Além dos encontros presenciais, as comunidades contam com um ambiente virtual, cujo

funcionamento pode ser comparado aos grupos de interesse ou de discussão da internet, com

possibilidade de postar arquivos, comentários e de revisitar históricos.

A

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27informa

Page 30: Odebrecht Informa

28 informa

O objetivo é reunir em um mesmo ambiente, chama-

do plataforma de colaboração digital, o conhecimento

específico gerado na empresa, facilitando o seu compar-

tilhamento e, ao mesmo tempo, protegendo a memória

resultante desse processo.

“A motivação para criar uma comunidade e partici-

par dela está intimamente ligada à própria cultura da

Organização, pois envolve o espírito de servir à atual e

às futuras gerações de integrantes, a humildade para

ensinar e aprender, a vontade de descobrir o novo e pre-

servar o conhecimento construído no trabalho”, informa

Edileni Leão, analista da área de Recursos da Informa-

ção e Conhecimento (RIC).

A análise de propostas e a anuência para abertura de

novos grupos, assim como a condução das comunida-

des, são de responsabilidade da RIC. Cada comunidade

tem um ou mais moderadores, encarregados dos convi-

tes, do incentivo à participação e da coordenação interna

das colaborações.

O marco na evolução das comunidades na Braskem

data de 2009, quando o conceito começou a ser discutido

pela RIC. No ano seguinte, foi desenvolvido um projeto

piloto, concentrado em inovação e tecnologia. Em 2011,

já havia cinco comunidades abertas, em diferentes es-

tágios de participação e maturação. Até abril de 2012,

mais três grupos estavam em atividade, e a meta é che-

gar a cinco até o fim do ano.

Entre os temas focados estão o Programa Braskem+,

Engenharia de Processos PP (polipropileno), Tecnologia

de Eteno Verde, Pessoas & Organização e Sustentabili-

dade. Somadas, as oito comunidades da empresa reú-

nem mais de 300 pessoas.

Braskem+A Comunidade de Conhecimento Braskem+ é a que

reúne o maior número de participantes, cerca de 60,

por causa da abrangência do tema, que diz respeito a

todas as unidades de negócio e de apoio da empresa. O

Braskem+ é um programa corporativo criado para dar

suporte a essas unidades em seus esforços de melhoria

da qualidade, da produtividade operacional e da susten-

tabilidade dos resultados.

“Neste momento, as equipes de produção estão tra-

balhando na construção de padrões para o sistema de

produção da empresa, processo que se tornou mais ágil

com a troca de informações, ideias e experiências pos-

sibilitada pela Comunidade Braskem+”, afirma Vladimir

Araújo Ornelas, especialista da área de Qualidade e Pro-

dutividade Corporativa (Q&P) e um dos moderadores da

comunidade.

Vladimir também destaca, como benefício da ferra-

menta, a possibilidade de registro de todas as contri-

buições apresentadas, que ficam arquivadas. “Assim

podemos identificar os autores das contribuições, o mo-

mento em que elas foram feitas e o que trouxeram de

novo”, salienta. Dessa forma, no futuro, quando um dos

integrantes quiser consultar o processo de construção e

de definição dos padrões, não terá dificuldade.

A relevância do debate e de melhorias em qualidade,

produtividade e sustentabilidade para a empresa reflete-

-se na variedade de temas em pauta: confiabilidade da

produção e de equipamentos, melhoria focalizada, orga-

nização física e sistematização de processo. Para cada

um deles, abre-se um leque de subtemas ainda mais

específicos.

Edileni Leão e Backer da Rosa: espírito de colaboração

Page 31: Odebrecht Informa

29informa

“Essa discussão poderia ser feita pelas formas tra-

dicionais, como workshops, circulação de arquivos em

rede corporativa ou videoconferências, mas percebemos

que, por meio da comunidade, está sendo mais pro-

dutivo”, comenta Rubem Ede, engenheiro especialista

em Q&P, que trabalha no Polo Industrial de Camaçari

(BA). “Precisamos de representatividade para concluir

o debate sobre a padronização do sistema de produção

Braskem+ e estamos conseguindo isso por meio das

comunidades, nas quais cada participante representa

a sua área de atuação e a sua equipe, enriquecendo o

processo”, acrescenta.

Tecnologia em Eteno VerdeA inovação está no DNA da Comunidade Tecnologia

de Eteno Verde, totalmente alinhada à Visão 2020 da

Braskem, de ser a líder mundial da química sustentá-

vel. Para isso, a empresa precisa continuar evoluindo

em pesquisas de alternativas tecnológicas de matérias-

-primas renováveis. O passo inicial e decisivo foi o de-

senvolvimento da tecnologia de produção de eteno verde

e, na sequência, de polietileno verde, fabricados a partir

do etanol de cana-de-açúcar no Polo Petroquímico de

Triunfo (RS).

“Nossa comunidade tem 17 participantes e ainda

está em fase piloto de implementação”, relata Roberto

Werneck do Carmo, Responsável por Processos Reno-

váveis, que se dedica ao trabalho de pesquisa em um la-

boratório parceiro da Braskem, em Campinas (SP). Nes-

sa etapa inicial, os convidados a integrar a comunidade

são profissionais de pesquisa e desenvolvimento de tec-

nologia, que atuam no projeto Eteno Verde e detêm um

conhecimento considerado estratégico para a empresa.

Roberto é um dos moderadores da comunidade, ex-

periência que ele trouxe de outra empresa onde atuou e

que qualifica como motivadora e gratificante. “Um dos

desafios do moderador é incentivar a participação das

pessoas, mostrando a elas os benefícios disso para o

seu próprio trabalho e para a empresa”, afirma.

Plataforma de colaboraçãoOs pilares da plataforma de colaboração digital, am-

biente que dá suporte às comunidades de conhecimento

e às interações dos usuários, são a integração, a centra-

lização e o histórico da informação, o fluxo de trabalho

compartilhado para colaboração, as redes de conheci-

mento, a segurança da informação e sua confidenciali-

dade e as permissões de acesso por perfil do participan-

te. A definição é de Backer Luis Vieira da Rosa, analista

de sistemas que trabalhou na construção da plataforma.

Baseada na tecnologia Microsoft SharePoint, a platafor-

ma oferece aos usuários funcionalidades às quais eles

estão habituados.

“O sistema de acesso às funções disponíveis é se-

melhante ao do Office, com barra de ferramentas. Tam-

bém a navegação remete às práticas de redes sociais da

internet, com painéis para comentários e espaço para

postagem de arquivos a serem compartilhados em uma

espécie de biblioteca virtual”, descreve Backer. “Além

disso, o participante pode customizar sistemas de alerta,

que recebe em seu e-mail, sempre que um arquivo ou

comentário novo estiver disponível para consulta, man-

tendo, assim, o usuário atualizado sobre as atividades

recentes das comunidades.”

Roberto Werneck do Carmo: incentivo à participação das pessoas

Page 32: Odebrecht Informa

30 informa

ENTREvISTA

30

texto Karolina Gutiez foto Holanda cavalcanti

uMA OBRA COLETIvA CHAMADA

conhecimentorinta e três anos passaram-se desde

que Olindina Perez Dominguez ingres-

sou na Odebrecht. As quatro medalhas

de reconhecimento pelos 10, 15, 20 e

25 anos de trabalho na Organização

emolduradas e dispostas no móvel atrás de sua

mesa, em meio a pilhas de documentos, eviden-

ciam o apreço pela trajetória que começou em Sal-

vador, sua cidade natal, na equipe de desenhos da

área de barragens. Com formação técnica mescla-

da à Escola de Belas Artes, Dina, como é conhecida

pelos colegas, testemunhou muitas conquistas de

projetos nesse segmento e acompanhou quando

o departamento foi integrado ao ambiente corpo-

rativo para apoiar a elaboração de propostas para

toda a então Construtora Norberto Odebrecht. Ela

passou a capacitar as equipes envolvidas em estu-

dos para o alcance de novos contratos. “Conseguir

conquistar uma concorrência não tem preço! E per-

der te abate muito.” Nesse processo, sempre que a

Construtora precisava atestar sua capacidade téc-

nica e comercial para participar de uma licitação,

os profissionais recorriam ao conhecimento gerado

anteriormente. “É por isso que costumamos afir-

mar que a Odebrecht já tinha uma rede de conhe-

cimento desde a sua fundação. É algo inerente ao

negócio.” Foi assim que o Ciaden (Conhecimento e

Informação para Apoiar o Desenvolvimento dos Ne-

gócios), liderado por Olindina, teve origem: como

uma área de licitações. Nesta entrevista, concedida

no escritório da Odebrecht em São Paulo, Olindina

T

Page 33: Odebrecht Informa

31informa

conhecimentoOlindina Dominguez: “Ao registrar, melhoramos nossa própria ideia, conceituamos a prática”

Page 34: Odebrecht Informa

fala sobre os desafios do Ciaden para acompanhar

o crescimento da Organização, que tem na rede de

conhecimento um dos seus principais aliados.

ODEBRECHT INFORMA – quais as concentrações

do Ciaden hoje?

Olindina Dominguez – Temos três focos de

atuação, integrados e dependentes: habilitação,

segurança empresarial e rede de conhecimento.

O primeiro refere-se ao nosso apoio às equipes

para a participação em concorrências. Tudo

o que é gerado no canteiro e serve como

informação para qualificação das empresas

e dos integrantes, a exemplo de um Atestado

de Obra, deve, em contrapartida, alimentar

a nossa base de informações corporativa,

para que possamos apoiar novas conquistas.

Para atender a essa demanda, criamos um

instrumento chamado check list, uma relação

com a documentação mínima necessária para a

sobrevivência da Organização no mercado, com

a instrução de que todas as obras têm o dever

de fornecer as informações ali solicitadas. É

assim que preservamos nossa memória técnica

e garantimos nossa segurança empresarial.

Então partimos para a disseminação de todo esse

conhecimento gerado nos diversos ambientes em

que estamos presentes, pois nosso rico acervo de

nada vale se não for compartilhado. Nosso desafio

é criar ferramentas e meios para compartilhar o

conhecimento e disponibilizá-lo para utilização em

nossos negócios.

OI – E como uma Organização descentralizada

como a Odebrecht disponibiliza o conhecimento a

todos os seus integrantes?

Olindina – O Prêmio Destaque foi o primeiro passo,

dado em 1992, para incentivar os integrantes

a exercitar cada vez mais a produtividade, a

criatividade e a reutilização dos conhecimentos

gerados em suas experiências de trabalho, além

de reforçar a cultura do registro e disseminar o

conhecimento. Ao registrar, melhoramos nossa

própria ideia, conceituamos a prática. Nesses

20 anos de existência, o prêmio acumulou um

acervo de 2.900 projetos inscritos. Hoje, são seis

categorias. Em 2011, 15 países e 10 empresas

da Organização participaram, mas o prêmio está

aberto às demais. O portal corporativo (intranet) foi

o passo seguinte. Nasceu em 1996, com o intuito

de transferir para uma ferramenta a memória de

nossa equipe. No site, disponibilizamos todas as

informações necessárias para desenvolvimento,

conquista, execução e desmobilização de

contratos. Com o tempo percebemos que, apesar

do grande volume de conteúdo, os integrantes não

acessavam o portal, pois havíamos desenvolvido

soluções muito focadas em tecnologia, e não em

pessoas. A intranet sofreu alterações, como a

adoção da taxonomia, que é o sistema de buscas

do Google, mas, em 2001, caminhamos também

para outra iniciativa: a criação das comunidades

de conhecimento. Colocamos em contato pessoas

com interesses em comum e disponibilidade para

compartilhar conhecimento e aprendizados. A

primeira comunidade foi a de barragens e usinas

hidrelétricas. Hoje, já são 12, todas com grande

número de adesão.

OI – Você falou sobre compartilhar não só

conhecimento, mas também aprendizados...

Olindina – Quem teve prejuízo tomou caminhos

“Nosso desafio é

criar ferramentas

e meios para

compartilhar o

conhecimento e

disponibilizá-lo

para utilização

em nossos

negócios”

Page 35: Odebrecht Informa

que não deram certo. As comunidades não

compartilham apenas sucessos; pelo contrário,

percebemos que o maior aprendizado vem com

os casos de insucesso. Nessas situações é que

se aprende mais. E, nesses ambientes, seja

presencialmente ou a distância, virtualmente,

há um clima favorável para as pessoas se

abrirem, sem vaidade, sem receio de exposição,

e exercitarem a consultoria interna. O registro

desses relatos de Educação pelo Trabalho

contribui para os programas internos, moldados

para a Educação para o Trabalho; por exemplo,

o Programa de Desenvolvimento de Empresários

(PDE).

OI – A vontade de compartilhar, por parte dos

integrantes, sempre esteve presente?

Olindina – José Carlos Leal Bezerra, geólogo

que já integrou a Organização, certa vez nos fez

a seguinte provocação: “Precisamos transformar

ilhas de competência em arquipélago de

excelência”. As pessoas tinham uma tendência a

preservar seu conhecimento. Quando vencemos

essa barreira, ficou fácil tirá-lo do tácito e torná-

lo explícito, porque as pessoas de conhecimento

estavam ali. Investimos recursos várias vezes nas

mesmas questões. No entanto, os desafios e as

oportunidades são semelhantes. Então, o caminho

a seguir é a reutilização do conhecimento. O

espírito de servir, pilar de nossa Cultura, ajuda a

trilhar esse caminho.

OI – qual o exemplo bem-sucedido de reutilização

do conhecimento é emblemático na Organização?

Olindina – O Caia na Rede. Realizado pela primeira

vez no contrato da Plataforma de Rebombeio

Autônoma (PRA-1), em São Roque do Paraguaçu,

no Recôncavo baiano, ele foi inscrito e venceu

uma das categorias do Prêmio Destaque, em

2005. Hoje, o programa de inclusão digital para

trabalhadores e comunidades do entorno dos

projetos é uma realidade presente em inúmeros

canteiros de obra da Organização, em diversos

países. O Programa de Qualificação Profissional

Continuada Acreditar venceu uma das edições do

prêmio, gerou filhotes e foi inscrito em 2011 na

categoria Reutilização do Conhecimento. Venceu

novamente.

OI – Depois de três décadas de trabalho na

Organização, qual aprendizado você gostaria de

compartilhar com todos nós?

Olindina – Ser descentralizado não significa estar

isolado. Buscar a integração e a cooperação entre

pessoas, empresas e ambientes é uma atividade

constante, porém com resultados gratificantes.

A transversalidade, que já vem acontecendo nas

comunidades de conhecimento, por exemplo, com

a participação de diferentes negócios, é motivo de

celebração. Usar um conhecimento gerado em novos

contextos é produtivo e sábio. Não podemos mais

partir do zero. Isso nos possibilitará evoluir cada

vez mais. Se temos mais de 320 túneis, mais de 280

rodovias em nosso portfólio, temos amplo saber a

respeito disso e precisamos compartilhar.

“O caminho

a seguir é a

reutilização do

conhecimento.

O espírito de servir,

pilar da nossa

Cultura, ajuda a

trilhar esse

caminho”

Page 36: Odebrecht Informa

34 informa

REPRESENTAçãO SIMBóLICA DE uMA

cultura

34

Visitantes no Núcleo, em Salvador: oportunidade para conhecer as personalidades e os fatos que fizeram e fazem a Odebrecht

Page 37: Odebrecht Informa

35informa

culturaNúcleo, em Salvador, proporciona aos integrantes e parceiros da Odebrecht uma visão histórica dos resultados alcançados e os inspira a fazer cada vez mais e melhor

texto José enrique Barreiro fotos fernando vivas

m dia depois de ter lido uma

reportagem sobre o Núcleo da

Cultura Odebrecht, publicada

no jornal baiano A Tarde, Aloísio

Procópio Nascimento dirigiu-se

à sede da Organização, na Avenida Paralela,

em Salvador, para visitá-lo. “Trabalhei a vida

inteira na Odebrecht e quero conhecer o lugar

que conta a história da minha empresa.” As-

sim ele se apresentou à Fátima Berbert, Res-

ponsável pelo Núcleo, que o levou para conhe-

cer o espaço expositivo, no qual visitantes têm

contato com a história da Organização, desde

suas origens, com a imigração alemã para o

Brasil no século 19, até os dias atuais.

Em uma das vitrines, onde estão as cartei-

ras profissionais de mestres de obras que tra-

balharam com o fundador Norberto Odebre-

cht entre as décadas de 1940 e 1970, Aloísio

sentiu falta de sua carteira e protestou: “Por

que as de Bonifácio e Zé Vital estão aqui e a

minha não?” Sem precisar de resposta, deci-

diu: “Vou em casa buscá-la agora mesmo”. E

assim o fez. Sua carteira foi levada a Norberto

Odebrecht, que reconheceu Aloísio como um

dos mestres com quem trabalhara e autori-

zou a colocação do seu documento ao lado dos

de Bonifácio Manuel dos Santos, José Vital da

Silva e outros mestres.

Episódios como esse não são raros na his-

tória do Núcleo da Cultura Odebrecht, que

costuma receber documentos e objetos que

carregam um pedaço dos 68 anos de história

da Organização. “Este tapete peruano”, mos-

tra José Raimundo Lima, Responsável por

Comunicação Empresarial em Salvador, “que

retrata a cidade de Machu Picchu, foi ofereci-

do à Odebrecht por Pedro Huilca, Presidente

da Confederação dos Trabalhadores da Cons-

trução Civil, no Peru, em 1989”. Apontando em

outra direção, explica: “Este é o prêmio que a

Odebrecht recebeu do IMD [Institute for Mana-

gement Development], da Suíça, em 2010, por

ter sido eleita a melhor empresa familiar do

mundo naquele ano”. E acrescenta: “A Ode-

brecht foi a segunda organização latino-ame-

ricana a receber o prêmio”.

U

35informa

Page 38: Odebrecht Informa

36 informa

José Raimundo mostra também objetos que ante-

cedem a história da Organização, como um telescó-

pio que, em 1862, pertenceu a Emil Odebrecht, bisavô

do fundador Norberto Odebrecht, e que foi doado ao

Núcleo da Cultura, em março de 2010, por Curt Otto

Baumgart, primo de Norberto, e vários documentos,

entre os quais uma carta da religiosa baiana Irmã

Dulce, de 29 de janeiro de 1983, em que agradece a

Norberto Odebrecht a construção de novos pavilhões

do Hospital Santo Antônio, que ela administrava e que

ainda hoje presta gratuitamente atendimento de saú-

de em Salvador. Enquanto circulam com a equipe de

Odebrecht Informa pelo espaço expositivo do Núcleo,

José Raimundo e Fátima Berbert vão indicando ou-

tros objetos e documentos e contando um pouco a

história de cada um.

Jovens visitantesHá 35 anos na Organização, José Raimundo acom-

panha o Núcleo da Cultura desde sua fundação, em

1984, com o nome de Núcleo da Memória Odebrecht.

Conta que a iniciativa partiu de Renato Martins, As-

sessor Especial do Diretor-Presidente da Odebrecht

S.A.: “Ele queria reunir, em um só espaço, o acervo e

a memória da Odebrecht e permitir que integrantes

e visitantes conhecessem melhor a nossa história”.

De lá para cá, o Núcleo passou por várias trans-

formações, expandiu-se e ganhou novas atribuições.

Uma das mudanças foi em seu nome. Com o objetivo

de expressar sua natureza essencial, a palavra “me-

mória” foi substituída por “cultura”. Márcio Polidoro,

Responsável por Comunicação na Odebrecht, explica:

“O Núcleo é uma representação simbólica de nossa

Cultura, ou seja, de uma filosofia empresarial base-

ada em princípios, valores, conceitos e crenças, que

proporciona a nossos integrantes e parceiros uma

visão histórica dos resultados alcançados, de modo

a inspirá-los a buscar resultados cada vez maiores e

melhores”.

Novas atribuiçõesEm agosto de 1991, o Núcleo ganhou novas atri-

buições com a criação do CDR (Centro de Documen-

tação e Referência), uma espécie de banco de dados

da Organização, onde estão mais de 80 mil documen-

tos, entre fotos, textos, vídeos, publicações internas e

externas sobre a Odebrecht – o que saiu em jornais

e revistas no Brasil e nos países onde atua. Todo esse

material está à disposição dos integrantes na intra-

net das empresas da Organização.

De sua criação até fevereiro de 2012, o CDR foi di-

rigido por Ulla Von Czekus, que agora atua na equi-

pe de Pessoas e Organização da Odebrecht S.A. Sua

substituta, Liana Garrido Fontenelle, revela que a

procura por materiais do CDR é grande. Ela aten-

de, em média, 200 consultas por mês (foram 239 em

março de 2012, cerca de 90% das quais via e-mail)

e contabiliza mil acessos mensais ao CDR pela in-

tranet (1.080 em março de 2012). “A demanda maior

é por fotos e textos sobre a Tecnologia Empresarial

Odebrecht (TEO)”, destaca. “Quando saem a revista

Odebrecht Informa e o Relatório Anual, a procura por

fotos aumenta muito.”

Nos últimos anos, o Núcleo da Cultura passou a

receber uma quantidade crescente de jovens visitan-

tes – integrantes da Organização e de instituições

educacionais e sociais. É um de seus objetivos prin-

cipais: ser instrumento educacional para as novas

gerações. Das 11.062 pessoas que passaram pelo

Núcleo em Salvador em 2011, 2.492 eram visitantes

convidados por empresários-parceiros da Organiza-

ção ou participantes de reuniões internas, entre os

quais muitos jovens que faziam parte do PDE (Pro-

grama de Desenvolvimento de Empresários). As ou-

tras 8.570 pessoas eram visitantes de escolas, uni-

versidades e instituições sociais.

Para contribuir na missão de proporcionar a in-

tegrantes e parceiros uma visão histórica dos resul-

Page 39: Odebrecht Informa

37informa

tados alcançados, foi publicado em abril o novo site

do Núcleo da Cultura na internet, no qual o usuário

pode encontrar um amplo conjunto de informações.

Entre outros conteúdos, encontram-se no site uma

reprodução da área de exposições físicas do Núcleo

(na qual o visitante passeia como se estivesse na

sede), depoimentos de líderes e o acervo completo de

objetos guardados em Salvador, com fotos e descri-

ções de cada um deles. Integrantes da Organização e

interessados em geral podem conhecer esse espaço

virtual em www.culturaodebrecht.com.br

Em busca de materialDurante a visita, a equipe de Odebrecht Informa

encontrou, em uma das salas do Núcleo, Rafaella

Lana Figueiredo, da Odebrecht Infraestrutura. Há três

anos na Organização, ela hoje trabalha nas obras de

expansão da Estrada de Ferro Carajás, no Maranhão,

para a Vale. “Vim buscar material para desenvolver,

em nosso contrato, um curso para pessoas estraté-

gicas de produção: encarregados gerais, jovens par-

ceiros e responsáveis por programas”, informou Ra-

faella, que atua no programa de Aculturação, da área

de Pessoas e Organização (P&O) do contrato, e fazia

sua terceira visita ao Núcleo da Cultura. “Assisti a ví-

deos e pesquisei no CDR informações de que preci-

sava para preencher algumas passagens sobre a his-

tória da Organização para o curso.” Ela diz que visitar

o Núcleo é fazer uma imersão na Cultura Odebrecht e

uma oportunidade para conhecer detalhes especiais:

“Ontem, ao assistir ao vídeo ‘Conversa ao pé do Nú-

cleo’, fiquei sabendo que Dr. Norberto, quando jovem,

sonhava ser médico, coisa que eu desconhecia”.

As informações que foi buscar no Núcleo da Cul-

tura, Rafaella levará para Açailândia, no Maranhão,

onde trabalha, e poderá transmitir às equipes da

Odebrecht Infraestrutura de lá. Mas já sabe que

frustará a curiosidade de muitos colegas. Como das

outras vezes em que esteve no Edifício-sede, ao re-

tornar para o canteiro de obras, ouviu a mesma per-

gunta: “Você viu Dr. Norberto Odebrecht por lá?” Na

segunda vez, quando assistiu a uma palestra do fun-

dador da Organização, ela pôde satisfazer a curiosi-

dade dos companheiros de trabalho. Mas, dessa vez,

Rafaella não teve sorte. Dr. Norberto Odebrecht es-

tava viajando.

Espaços expositivos no exteriorFora do Brasil, em alguns dos países nos quais

suas equipes estão presentes, a Odebrecht mantém

espaços expositivos inspirados no Núcleo da Cultura.

Em Angola, o local criado há dois anos fica na sede

da Odebrecht Angola, no bairro de Talatona, em Lu-

anda, e costuma receber a visita de integrantes da

Odebrecht em atividade em Angola que buscam co-

nhecer melhor a história e as realizações da Organi-

zação em que trabalham. O espaço também é visita-

do por estudantes, jornalistas, artistas, empresários,

37informa

Page 40: Odebrecht Informa

38 informa

representantes de órgãos governamentais e mem-

bros de comunidades de Luanda e de outras cidades

angolanas, que passam a compreender melhor a ori-

gem e a evolução do trabalho da Odebrecht no Brasil,

em Angola e no mundo.

“Este espaço contribui para mostrar que a Ode-

brecht vem sendo uma parceira constante de Ango-

la nestes 27 anos, na luta pelo desenvolvimento do

país e a consequente melhoria da qualidade de vida

de seus cidadãos”, afirma Justino Amaro, Gerente

de Relações Institucionais da Odebrecht em Angola.

Jorge Benge, Responsável pelo Núcleo Odebrecht

Angola, recebe cada grupo de visitantes com especial

atenção. “Aqui, neste recinto, aparece o padrão filo-

sófico e cultural da Odebrecht. Quem o visita, logo se

impressiona com a abrangência das obras que exe-

cutamos, dos investimentos realizados e dos nossos

trabalhos de responsabilidade social.”

Adilson Job, que trabalha há quatro anos como

Técnico de Construção na empresa, admite que, em

sua primeira visita ao espaço, ganhou uma nova visão

a respeito da Organização. “A Odebrecht é uma ver-

dadeira universidade, tão vasta e competente é sua

atuação.” Zilpa Figueira, com cinco anos de atuação

no Programa de Pessoas na Odebrecht Angola, ficou

impressionada com um detalhe observado. “Eu já sa-

bia da maioria dessas importantes obras, mas não

imaginava esse alcance tão grande da atuação social

da Odebrecht em Angola. Hoje, ampliei meu conheci-

mento e estou orgulhosa disso.”

Na Venezuela, um espaço também inspirado no

modelo do Núcleo da Cultura Odebrecht foi inau-

gurado no segundo semestre de 2011, no escritório

da empresa, em Caracas. Nele é contada a história

de 20 anos de presença da Organização no país. Em

uma grande mesa central com recursos multimídia

e interativos, o visitante pode acessar textos descriti-

vos e fotos das obras realizadas e em execução pela

empresa na Venezuela, como a Ponte Orinoquia e as

linhas de Metrô em Caracas e Los Teques. Em torno

da mesa, ficam painéis, mapas, objetos e documen-

tos que ajudam a relatar a trajetória da Odebrecht

Venezuela. No Panamá e no Peru também existem

espaços semelhantes.

Espaço Expositivo em Salvador – exposição

permanente que mostra a história da Organização

Odebrecht, desde suas origens até os dias atuais.

CDR – Centro de Documentação e Referência –

acervo de fotos, textos, documentos, publicações

internas e notícias sobre a Organização Odebrecht.

Consultas pela intranet.

Biblioteca Hertha Odebrecht – Acervo de livros e pu-

blicações diponível na sede da Odebrecht, em Salvador,

que pode ser consultado por integrantes e visitantes.

COMO ESTá ORGANIZADO O NúCLEO DA CULTURA ODEBRECHT

Foto histórica do Teatro Castro Alves, em Salvador: um dos destaques do acervo do CDR

Page 41: Odebrecht Informa

Rede de solidariedade Inaugurado há 10 anos, o Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), em São Paulo, passa por obras que ampliarão sua capacidade de atendimento

á 10 anos, a cidade de São Paulo ganha-

va um reforço no tratamento do câncer

em pequenos pacientes. Extensão do

Instituto da Criança (ICr) do Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo (HCFMUSP), o Instituto de

Tratamento do Câncer Infantil (Itaci) foi inaugurado pelo

Governador Geraldo Alckmin em setembro de 2002.

“O Itaci nasceu de uma feliz parceria concebida pela

Fundação Criança, que agregou a população e a so-

ciedade empresarial privada, de quem recebeu apoio

integral”, explica Aluizio Rebello de Araujo, membro do

Conselho de Administração da Odebrecht S.A. e Presi-

dente do Conselho Curador da Fundação Criança, enti-

dade instituída em 1994 para apoiar o ICr.

A implantação do hospital é resultado da Parceria

Público-Privada (PPP) entre ICr, Fundação Criança,

empresas privadas e sociedade civil. “O ICr tratava de

todas as doenças infantis, mas percebemos a neces-

sidade de um atendimento especial às crianças com

câncer”, conta Aluizio Araujo.

A construção do instituto foi iniciada após a doação de

um terreno situado nas proximidades do Hospital de Clíni-

cas de São Paulo pela Fundação Oncocentro à Fundação

Criança. As obras foram realizadas com materiais e ser-

viços doados por empresas. O engenheiro Pedro Boscov,

integrante da Odebrecht, supervisionou o projeto.

“Buscamos o amparo social da população e recur-

sos de instituições privadas”, destaca Aluizio Araujo.

Ele ressalta a importância da PPP: “A parceria entre

governo, empresas e sociedade foi fundamental para

a implantação do hospital, que hoje é um modelo de

sucesso”.

Atualmente, o Itaci recebe 3.200 pacientes porta-

dores de doenças onco-hematológicas. Por mês são

1.100 consultas, 550 quimioterapias e mil atendimen-

tos da equipe formada por psicólogos, assistentes so-

ciais, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, nutri-

cionistas, farmacêuticos, enfermeiros e auxiliares de

enfermagem.

Em junho deste ano, serão concluídas as obras que

ampliarão a capacidade de atendimento do instituto,

que passará a contar com novo Centro de Transplan-

te de Células-Tronco Hematopoiéticas, 19 novos leitos,

sete leitos de Unidade de Terapia Intensiva e seis uni-

dades semi-intensivas.

Instalações do Itaci: atendimento especial

Htexto faBiana caBral foto Holanda cavalcanti

COMUNIDADE

39informa

Page 42: Odebrecht Informa

40 informa

texto Eliana simonEtti fotos FrEd ChaluB

olhandoPARA O LUGAR CERTO

Participantes de um Café Temático da Braskem, em São Paulo: misto de palestras, discussões técnicas e conversas informais

40

Page 43: Odebrecht Informa

41informa

Base Braskem de

Conhecimento,

Programa de

Desenvolvimento de

Competências e Cafés

Temáticos apoiam as

equipes em sua busca

por informação

olhandohaís Beteta é uma bibliotecária

paulistana que, três anos atrás, foi

convidada a trabalhar na Braskem.

Naquele tempo, suas atividades na

empresa não eram muito diferen-

tes daquelas às quais estava habi-

tuada: havia bibliotecas em diversas unidades,

em todo Brasil, cada uma com o controle pró-

prio das publicações. Para atender aos pedidos

dos pesquisadores, ela precisava refazer a bus-

ca completa para cada um deles, multiplicando

seu trabalho. Em 2011, a vida de Thaís mudou.

Ela e a equipe da RIC (Recursos de Informação

e Conhecimento) enfrentaram o desafio de pro-

jetar uma base de dados que reunisse todos os

acervos, inclusive os documentos digitais. Cria-

ram, assim, a Base de Conhecimento Braskem

(BBC), sistema de busca especializado, acessí-

T

Page 44: Odebrecht Informa

42 informa

vel aos 7.500 integrantes da empresa.

A BBC começou como outros mecanismos de

busca disponíveis na internet, porém restrita

às publicações dos acervos já existentes. Thaís

salienta: “Nosso desafio é otimizar o trabalho

dos pesquisadores e os resultados da Braskem.

Por isso, logo após o início de operação da BBC

foram acrescentadas melhorias, como a pos-

sibilidade de realização de buscas em sites de

fontes de informação e de revistas especializa-

das assinadas pela Braskem”.

Thaís explica que, quando alguém busca a

palavra “polímero” no Google, por exemplo,

terá à sua frente mais de 2 milhões de resulta-

dos. “A seleção e a leitura de todo esse mate-

rial disponibilizado pelos mecanismos de busca

genéricos levam tempo, nem sempre surtem

os resultados esperados e, portanto, elevam os

custos das pesquisas realizadas”, argumenta.

Mesmo se a pesquisa for restringida ao Goo-

gle Acadêmico, que coleciona pesquisas e te-

ses mais especializadas, o usuário encontrará

26 mil alternativas, e isso apenas em portu-

guês. No acervo da BBC, o alcance fica em tor-

no de 1.500 resultados (em português, inglês

e espanhol), pois há uma seleção prévia já na

aquisição dos documentos.

O material está disponível desde janeiro e

é atualizado permanentemente pela equipe da

RIC. Em abril, já registrava 80 consultas por

dia, e a demanda é crescente. Considerando

que a Braskem conta com mais de 300 pesqui-

sadores, que buscam inovações em produtos,

processos de produção, mercado e comercia-

lização, esse interesse pode traduzir-se como

um resultado extremamente positivo.

Os integrantes podem compartilhar os do-

cumentos recuperados em suas pesquisas com

colegas do Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia,

Rio de Janeiro, Alagoas e Estados Unidos (Pit-

tsburgh). Assim como se ficam sabendo de um

evento, podem divulgá-lo; se participarem dele,

podem disponibilizar o material recebido. O

mesmo vale para os que produzem um trabalho

acadêmico. Basta enviar o material e pronto –

ele estará acessível aos seus colegas.

Danielle Espósito e Fabio Carneiro: mudanças na maneira de ver o mundo

Page 45: Odebrecht Informa

43informa

Desenvolvimento de competênciasDa BBC para o PDC – mudam-se letras,

atividades e enfoque, mas permanece o mes-

mo espírito de compartilhamento de saberes

e experiências. A jornalista Danielle Espósito,

28 anos, que integrava a equipe de Comuni-

cação Empresarial da Braskem e, no fim de

abril, assumiu novo desafio na Odebrecht S.A.,

holding da Organização Odebrecht, diz, emo-

cionada: “Sou formada em Comunicação. Agora

entendo um pouco sobre risco industrial, finan-

ças e toxicologia. Minha maneira de ver o mun-

do mudou”, diz. Ela está bastante motivada pela

oportunidade de participar, entre 31 escolhidos,

do Programa de Desenvolvimento de Compe-

tências (PDC) em Desenvolvimento Sustentável,

oferecido pela Braskem na FIA-USP (Fundação

Instituto de Administração, ligada à Faculdade

de Economia e Administração da Universidade

de São Paulo).

“Tenho questionado meus princípios, meus

valores, o que sou e como posso contribuir, de

forma realista, para um futuro viável”, explica

Danielle. Seu TCC (Trabalho de Conclusão de

Curso), que deverá ser entregue e avaliado no

fim do ano, será sobre princípios da comuni-

cação educativa da sustentabilidade. E, é claro,

será postado na BBC.

Outro participante do PDC, Fabio Magalhães

Carneiro, formado em Administração de Em-

presas com intercâmbio em Economia em Vie-

na (Áustria), passou de Líder de Performance

em Polietileno a Líder Comercial de Químicos

Renováveis. “Adquiri informações e habilidades

que não me eram requeridas anteriormente.

Agora posso conversar com nossos clientes glo-

bais, sejam eles dos Estados Unidos, da Europa

ou do Japão, além de apresentar as possibilida-

des do uso do plástico renovável em eventos e

congressos.” Jorge Soto, Diretor de Desenvolvi-

mento Sustentável da Braskem, orgulha-se de

dizer que o curso apoiou fortemente a capacita-

ção de Fabio para seu novo desafio.

O PDC oferecido em 2011 trata de Gestão Es-

tratégica para a Sustentabilidade. “A demanda

dos nossos clientes, dos clientes dos nossos

clientes e dos diversos agentes da sociedade é

crescente, muitas transformações estão ocor-

rendo no mundo e precisamos fortalecer con-

tinuamente nossa capacitação em sustentabili-

dade”, diz Soto. E vai além: “É necessário criar

oportunidades para o florescimento de novos

líderes nessa área”.

Soto não fala apenas de integrantes da

Braskem. Participante do PDC, Ana Maria Wi-

lheim, Diretora-Executiva do Instituto Akatu,

dedicado a disseminar informações e práticas

de consumo consciente, afirma: “Entrei na in-

dústria química, sistematizei informações e

sem dúvida sairei daqui mais consciente. Este é

um curso para formar lideranças”, diz ela, soci-

óloga e militante dos direitos humanos há cerca

de 35 anos.

Das aulas do PDC também participam repre-

sentantes da WWF, organização não governa-

mental dedicada à defesa do meio ambiente, do

Banco do Brasil, da Oxiteno, das Indústrias Ti-

Tela com material informativo disponível na BBC: otimização do

trabalho dos pesquisadores

43informa

Page 46: Odebrecht Informa

44 informa

gre e da Construtora Norberto Odebrecht, além

de pessoas de várias áreas da Braskem. A ideia

de convidar pessoas de fora para participar de

cursos oferecidos pelas empresas da Organiza-

ção Odebrecht é inovadora. “É totalmente as-

sociada aos princípios do desenvolvimento sus-

tentável que buscam a consideração de todas

as partes interessadas na estratégia dos negó-

cios”, enfatiza Soto.

“Às vezes, os debates ficam acalorados, o que é

bom, e os professores são ótimos, alinhados peda-

gogicamente e conhecedores da Braskem, e sabem

como trabalhar as diferenças de forma construtiva”,

explica o coordenador geral do curso, professor Izak

Kruglianskas. “Construímos um curso com duração

de 460 horas voltadas diretamente aos interesses e

ao negócio da Braskem”, diz Annelise Vendramini, da

equipe de coordenadores do PDC.

Jorge Soto (à frente, de paletó) e participantes do PDC:

iniciativa inclui ações fortemente associadas aos princípios do

desenvolvimento sustentável

Page 47: Odebrecht Informa

45informa

O colega ao ladoO acúmulo de conhecimento ocorre em ritmo

cada vez mais acelerado na Braskem. Hoje, um

pesquisador da Braskem tem acesso a informa-

ções geradas e/ou registradas em outros esta-

dos e nas mais diversas áreas da empresa, mas

é fundamental que ele também esteja atento ao

que diz e pensa o colega que está a seu lado.

É preciso que as pessoas que compartilham o

mesmo ambiente de trabalho troquem ideias,

porque, quando pesquisadores conversam en-

tre si, um bate-papo de corredor pode se trans-

formar em uma iniciativa de sucesso.

Aline Renz, da RIC de Triunfo, reuniu as pes-

soas ligadas à área para conversar, em um

misto de palestras, discussões técnicas e con-

versas informais, com o objetivo de possibilitar

o compartilhamento de conhecimento. Assim

nasceram, em julho de 2011, os Cafés Temá-

ticos, eventos bastante informais (e sempre

produtivos) que geram registros de Memória

Tecnológica, disponibilizados na base de da-

dos para que outros pesquisadores da Braskem

possam ter acesso a eles.

O primeiro Café Temático ocorreu na área de

Catálise e tratou do livro Simetrias de molécu-

las e cristais: fundamentos da espectroscopia

vibracional, cuja compreensão acabou sendo

facilitada com a colaboração dos participantes.

É um livro extenso, com grande volume de in-

formações. Os pesquisadores decidiram buscar

uma forma de chegar aos temas de seu inte-

resse mais específico. A discussão sobre como

fazer isso acabou resultando no surgimento dos

Cafés Temáticos.

No dia 23 de março, em Triunfo, com a parti-

cipação de 50 integrantes, foi realizado o Café

Temático sobre LCB – Long Chain Branching

(cadeias longas de moléculas ou ramificações

longas de cadeia) replicado em 17 de abril, em

São Paulo. Em Triunfo e em São Paulo, os even-

tos tiveram apresentações feitas por dois pes-

quisadores da área de Ciência de Polímeros:

Ana Moreira e Francisco Paulo dos Santos.

Fã dos Cafés Temáticos, Suzana Aita Isaia

não perde um evento. Ela é especialista em

Engenharia de Processos em Polipropileno e

apoia várias plantas da Braskem. “Tenho de sa-

ber tudo o que acontece, o que há para explorar.

Como os Cafés reúnem pessoas de diferentes

áreas, tenho acesso a diversos olhares sobre

as questões de meu interesse”, diz ela. Seu de-

safio? Chegar a novos processos e tecnologias

que garantam segurança, aumento de produ-

ção, redução de custos e agregação de valor

aos produtos existentes ou novos.

Adriane Simanke, Engenheira Química,

mestre em Química e doutora em Ciência dos

Materiais, é pesquisadora da equipe de Ciência

de Polímeros na Braskem em Triunfo e esta-

va no Café sobre as LCB, assunto cuja com-

preensão requer conhecimentos específicos

e técnicos que demandam tempo de estudo.

“Nos Cafés Temáticos, nos reunimos e discu-

timos os temas propostos por meio de debates

e questionamentos em um ambiente informal”,

ressalta.

Page 48: Odebrecht Informa

46 informa

a arteDE PENSAR DIFERENTE

46

Page 49: Odebrecht Informa

Investimentos da Odebrecht Engenharia Industrial em inovação tecnológica tornam projetos da empresa referências no Brasil e no exterior

Equipe finaliza os preparativos para o lançamento da plataforma

P-59, no canteiro de São Roque do Paraguaçu, na Bahia: ideia

inovadora virou marco na história da engenharia offshore

texto luCiana lana

Page 50: Odebrecht Informa

acques Raigorodsky assistiu satisfeito e

emocionado à plataforma P-59 deslizar

lentamente da balsa BLG-2 para as águas

do Rio Paraguaçu, em julho do ano passa-

do. Era o resultado de mais de três anos de

pesquisa e desenvolvimento de uma solução para o de-

safio de deslocar mar adentro uma estrutura gigantes-

ca, construída no canteiro da Petrobras em São Roque

do Paraguaçu, na Bahia. Foi dele – à época Gerente de

Engenharia Corporativo da Odebrecht Engenharia In-

dustrial – a ideia inovadora de usar uma balsa de lan-

çamento de jaquetas. Deu certo e virou um marco na

história da engenharia offshore.

Engana-se, porém, quem pensa que, naquele mo-

mento, encerrava-se todo o trabalho relacionado à

pesquisa para a operação. Assim seria, se tudo o que

foi estudado não tivesse sido documentado, para servir

de base a outras descobertas, e se a inovação não tives-

se sido devidamente reconhecida, de modo a incentivar

novos estudos. Mas, além desses, o investimento em

pesquisa teve ainda outro desdobramento relevante:

enquadrado na lei 11.196/2005 do Ministério da Ciência

e Tecnologia – conhecida como Lei do Bem –, propor-

cionou benefícios fiscais para a Odebrecht. Hoje, o que

se constata, em toda a empresa, é que o efeito de uma

inovação vai muito além de sua aplicação prática. Essa

é a linha mestra perseguida pelo Programa Odebrecht

de Inovação Tecnológica (Poit).

Criado em 2008, o programa teve evolução significa-

tiva nos últimos anos. Os números mostram isso: em

2009, foram registrados no Poit cinco projetos de Pes-

quisa e Desenvolvimento Tecnológico, provenientes de

três obras. Em 2010, foram 40 projetos, de nove obras.

E, no ano passado, 161, de 40 empreendimentos. As

inovações de 2009 renderam à Organização incentivos

fiscais da ordem de R$ 490 mil. No ano seguinte, esse

número subiu para R$ 2,6 milhões. O retorno para os

investimentos feitos em 2011 foi de R$ 4,6 milhões.

Muito além dos números, contudo, o Poit tem evo-

luído por ajudar a consolidar a cultura da inovação. “A

Odebrecht tem um DNA inovador. A própria estrutura

descentralizada da empresa é demonstração disso.

Tudo é sempre novo, porque as condições que se apre-

sentam para o nosso trabalho são sempre diferentes.

Mas é preciso que a inovação seja registrada, divulga-

da, reconhecida, e nisso reside a maior importância do

Poit”, explica Jacques Raigorodsky, hoje Gerente da

Área de Processos Construtivos (Pesquisa, Desenvol-

vimento e Inovação – P,D&I).

Ele está envolvido em um volume significativo de de-

mandas de inovação da Odebrecht e chega a ser cha-

mado carinhosamente de Professor Pardal, em uma

referência ao personagem de Walt Disney, o grande

inventor de Patópolis. Jacques explica que a metodolo-

gia construtiva tem impacto muito grande no custo e na

eficiência dos projetos e, por isso, o programa de P&DI,

que ele lidera, recebe solicitações da equipe do Líder

Empresarial (LE) da Odebrecht Engenharia Industrial e

também de outros LEs, como ocorre com a Odebrecht

Infraestrutura.

No computador, Jacques mostra fotografias de uma

longa estaca que, presa por cabos em quatro pontos, foi

içada por um só guindaste e colocada na posição ver-

tical. Em seguida, exibe o protótipo feito para o estudo

daquela operação. “Nunca tínhamos içado uma estaca

tão grande nem dessa forma. Então, foi uma inovação.

Podem parecer simples, mas essas inovações repre-

sentam estudos sofisticados de engenharia. Nós tra-

balhamos no estado da arte”, declara.

Para inscrever as inovações na Lei do Bem, o comitê

do Poit faz uma análise criteriosa. “Não é preciso que

seja uma solução inexistente no mundo nem no Brasil,

apenas que represente algo novo para a empresa”, ex-

plica Tatiana Tourinho, Responsável pelo Planejamento

Tributário na Construtora Norberto Odebrecht. Ela res-

salta que, no entanto, só os investimentos em pesquisa

e desenvolvimento tecnológico podem ser considera-

dos. “A partir do momento em que a inovação é posta

em prática, em uma atividade produtiva, os dispêndios

J

48 informa

Page 51: Odebrecht Informa

relacionados a ela já não são passíveis de benefício fis-

cal”, explica Tatiana.

Identificar a inovação e documentá-la nos moldes

da lei é um trabalho complexo, que exige a participação

dos líderes empresariais em sinergia com o comitê do

Poit e com a consultoria Pieracciani, contratada para

dar apoio ao programa. “Aos poucos, todos estão fican-

do mais entrosados com o Poit. Isso justifica o aumento

no número de projetos inscritos. Pensar a inovação e a

forma de registrá-la vai se tornando uma rotina”, diz

Alfonso Abrami, Sócio-Diretor da Pieracciani.

Ideias transformadorasSegundo Dante Venturini, Diretor de Engenharia

da Odebrecht Infraestrutura, a grande contribuição do

Poit é fazer com que as equipes percebam o alcance

de suas inovações: “Muitas vezes, as pessoas não se

dão conta do valor do seu próprio trabalho e de tudo

o que a empresa faz de inovador. O Poit tem mostrado

que ideias aparentemente corriqueiras podem ser ex-

tremamente transformadoras e valiosas”, diz.

Em 2011, além da solução para o lançamento das

plataformas P-59 e P-60, uma série de outras inova-

ções foi concebida durante os estudos para a cons-

trução do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, que será

resultado da joint venture entre a Odebrecht Enge-

nharia Industrial, a OAS Investimentos, a UTC Parti-

cipações e a Kawasaki Heavy Industries, reunidas na

empresa Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP). O

estaleiro formará, com o canteiro de obras existente,

um complexo em São Roque do Paraguaçu.

“As plataformas foram as vedetes, mas estudamos

o terreno, a logística e outros aspectos”, diz Jacques.

O estaleiro Paraguaçu, segundo ele, continua trazen-

do, neste ano, a maior demanda de pesquisas. “Nunca

construímos estaleiro, nunca fabricamos navios, nunca

fizemos sondas flutuantes – tudo isso é novidade. Daí

as nossas viagens ao Japão, à China e à Coreia do Sul.

Buscamos tecnologias do mundo inteiro.”

Na área de infraestrutura, a execução de coberturas

dos estádios para a Copa do Mundo também tem re-

querido muita pesquisa e inovação. ”Nossa experiência

no trabalho offshore acaba sendo aproveitada em ou-

tras áreas”, diz Jacques, contando que o departamen-

to foi convocado para a conclusão do Estádio Olímpico

João Havelange (Engenhão), no Rio de Janeiro, onde

era necessário instalar quatro arcos – estruturas me-

tálicas de 170 m de comprimento por 2 m de diâmetro

– a uma altura de 74 m. Atualmente, o apoio é prestado

nos projetos dos estádios do Maracanã, no Rio de Ja-

neiro; do Corinthians, em São Paulo; da Fonte Nova, em

Salvador; e da Arena Pernambuco, em Recife. “Cada

um desses projetos nos exige estudos diferentes e no-

vas tecnologias”, salienta Jacques.

Para Cinthia Blassioli, que atua como facilitadora

do Poit, apoiando o contato entre os setores que de-

mandam soluções e as áreas de pesquisa, a interação

das equipes tem sido outro aspecto muito favorável do

programa: “Hoje, o benefício fiscal é uma consequên-

cia, pois o Poit ganhou nova dimensão. Sua importância

está em reconhecer e incentivar a inovação e criar um

acervo de conhecimentos que poderão ser revertidos

em muitas novas soluções”.

Ilustração mostra como ficará o Estádio do Maracanã depois de reformado para a Copa do Mundo: execução da cobertura tem exigido pesquisa e inovação. Abaixo,

Jacques Raigorodski: “Trabalhamos no estado da arte”

49informa

Page 52: Odebrecht Informa

50 informa

Ao mestre com carinhoEle está completando 50 anos de trabalho na Odebrecht. Parabéns, Zé Bodinho

PERFIL: José Osinair Rodrigues da Silva

texto flávia Tavares foto ricardo de sagebin

O jeito de falar é simples e

direto, e, durante seus rela-

tos, nunca falta um sorriso

amigável. José Osinair Rodrigues da

Silva, o Zé Bodinho, recebeu a equipe

de reportagem de Odebrecht Infor-

ma em uma manhã ensolarada de

abril, em Conselheiro Lafaiete (MG),

cidade onde sua família mora e onde

ele passa menos tempo que gosta-

ria. Encarregado geral da Odebrecht

Energia nas obras da Usina Hidrelé-

trica Teles Pires, na divisa de Mato

Grosso com o Pará, falou de sua

trajetória de 50 anos na Odebrecht,

iniciada quando ele tinha 16 anos.

Se há tempos ele é um dos res-

ponsáveis por formar novos talentos

nos canteiros da Odebrecht, isso

ocorre porque sua própria formação

começou por ali, no cotidiano das

obras. Terceiro de uma família de 13

irmãos, nascido em Conceição (PB),

Zé Bodinho passou a infância acom-

panhando o pai, Manoel Alexandre

da Silva, operador de motoniveladora

do Departamento Nacional de Obras

contra as Secas (Dnocs). “Moráva-

mos em um vagão de trem, que meu

pai engatava na motoniveladora e ar-

rastava Nordeste afora”, conta.

Ainda menino, começou a vender

os doces que a mãe, dona Nina, ca-

prichosamente preparava. Quando

seu pai foi contratado pela pavimen-

tadora Star, à época (início da década

de 1960) uma empresa da Odebre-

cht, para trabalhar na construção da

estrada que ligaria Itajuípe a Coaraci,

no sul da Bahia, tinha 16 anos. Na-

quele canteiro, Zé Bodinho com-

pletou o ensino médio e começou a

trabalhar. Primeiramente como con-

tínuo do escritório da obra e depois

como mecânico. “Mas fui aconselha-

do pelo meu pai a ir para o campo,

trabalhar na terraplenagem, como

ele, área em que teria mais futuro.

Ele estava certo.” Foi nessa época

que o apelido de Zé Bodinho pegou.

Magrinho que só ele, quando quis

paquerar uma jovem que trabalhava

na cantina da obra ouviu dos colegas

que parecia “um cabritinho, um bo-

dinho” cercando a moça.

Foi na função do pai que Zé Bo-

dinho se tornou um dos mais requi-

sitados mestres da empresa, passou

a encarregado geral, construiu sua

casa, criou os cinco filhos – todos

com nível superior – e agora mima

os três netos. “A Odebrecht nos dá

muita oportunidade e foi por isso que

nunca pensei em trabalhar em ou-

tro lugar. Agora fico feliz por passar

meu conhecimento adiante”, diz, en-

quanto mostra fotos em que aparece

recebendo homenagens do fundador

Norberto Odebrecht e de Marcelo

Odebrecht, Diretor-Presidente da

Odebrecht S.A.

Ao longo da carreira, Zé Bodinho

ajudou a assentar o solo sobre o qual

seriam erguidas, entre tantas outras

obras, o Aeroporto do Galeão, no

Rio de Janeiro; a Avenida Paralela,

“Agora fico feliz por passar meus aprendizados adiante”

Page 53: Odebrecht Informa

51informa

em Salvador; a Auto-estrada Leiria-

-Pombal, em Portugal; a Adutora do

Rio Kikuchi, em Angola; e a Hidre-

létrica de Irapé, em Minas Gerais.

“Gosto do desafi o das obras. As hi-

drelétricas geralmente têm topogra-

fi as complicadas, acessos difíceis.”

Ele não se lembra de quantas

pessoas já ajudou a formar. “Só na

Hidrelétrica de Simplício [no Estado

do Rio de Janeiro] foram 22”, relem-

bra. Seja por meio do Programa Jo-

vem Parceiro ou orientando os me-

nos experientes que são designados

para sua equipe direta, Zé Bodinho

aprova apenas um tipo de profi ssio-

nal: “Aquele que tem responsabili-

dade e comprometimento. É antigo

dizer isso, mas, se não vestir a cami-

sa, não tem como ensinar”.

Quem atesta esse critério é Fran-

cisco Mendonça, antigo pupilo de Zé

Bodinho e, hoje, seu equivalente nas

obras da Hidrelétrica Teles Pires –

Zé cuida da margem esquerda; Chi-

co, da direita. “O método dele é mais

na prática do que na teoria. Zé é hu-

mano, paciente e detalhista. Mas, se

o cara não veste a camisa, não tem

chance com ele”, diz o amigo e ex-

-aluno, que trabalha com Zé Bodi-

nho desde o fi m da década de 1970.

Aposentado desde 2000, Zé co-

meça a pensar em parar. Quer cur-

tir mais a família. Sua mulher, Edi-

nalva, tem os olhos cheios d’água

quando fala da saudade que sente

do marido. Engana-se, porém,

quem imagina que ele

queira se desli-

gar da Odebrecht. Pensa em, daqui

a um tempo, comprar máquinas e

alugar para a empresa, como fazia

um de seus irmãos, Eliomar, já fale-

cido. Outro irmão, Raimundo, é en-

carregado geral na Odebrecht. Um

dos fi lhos de Zé Bodinho, Manoel

Alexandre Neto, também é inte-

grante da Odebrecht Energia e tra-

balha na construção da Hidrelétrica

Santo Antônio, em Rondônia. E o

caçula, Vitor, almeja ser engenhei-

ro. Quer usar o crachá que faz

parte da história de

vida do pai, do tio

e do irmão.

Zé Bodinho: “Nunca pensei em trabalhar em outro lugar”

Page 54: Odebrecht Informa

52 informa

obram uma terça-feira de abril, a cabeleireira

Filomena Rafael Gomes, 32 anos, chega a

um edifício multicolorido no bairro de Ta-

latona, em Luanda, espera alguns minutos

para ser atendida e já sai com seu novo Bi-

lhete de Identidade (BI) – que, em Angola, corresponde

à Carteira de Identidade do Brasil. Filomena lembra-se

da complicada aventura de alguns anos atrás para se ti-

rar um documento. Com o Serviço Integrado de Atendi-

mento ao Cidadão (Siac), tudo ficou mais prático. “Desta

vez, retirei uma senha, fui logo atendida e recebi meu

BI apenas 30 minutos depois”, conta aliviada, antes de

voltar para o trabalho em Kilamba Kiaxi, na região me-

tropolitana de Luanda.

A unidade de Talatona é a maior e mais moder-

na dos já existentes Siacs, que logo serão 12. O Siac é

uma autarquia do Ministério da Administração Pública,

Emprego e Segurança Social. Nele, os cidadãos podem

obter também registro de nascimento, certidão de ca-

samento, carteira de motorista, registro de automóvel

e de imóvel, aposentadoria, realizar serviços de cartório

e procurar oportunidades profissionais. Em um posto

bancário, no mesmo prédio, é recolhido o pagamento

pelos serviços. Além disso, é possível pagar impostos e

contas, contratar seguros e contatar empresas de água,

energia elétrica, telefonia e passagens aéreas.

Essa agilidade tem tudo a ver com o atual ciclo de

evolução de Angola e com a decisão do Governo de re-

duzir a burocracia em todos os seus setores. A Odebre-

cht teve participação importante nesse processo: não

apenas construiu o Siac de Talatona, em funcionamento

desde 2007, como também foi responsável pela Opera-

ção Assistida e Transferência de Tecnologia, a partir da

capacitação dos integrantes do Governo.

A eficiente transferência de conhecimento é elogiada

pela Diretora-Geral dos Siacs, a advogada Rosa Micolo,

EDE CIDADANIA

52texto luiz carlos ramos fotos GuilHerme afonso

Filomena Gomes: o Bilhete de Identidade em 30 minutos

Page 55: Odebrecht Informa

Projeto dos Siacs permite aprimoramento de serviços públicos e transferência de tecnologia em Angola

Page 56: Odebrecht Informa

que, a partir de seu gabinete na unidade de Talatona, co-

ordena os oito centros. “A experiência internacional da

Odebrecht foi fundamental para que atingíssemos o atu-

al padrão de serviços”, diz Rosa. “O edifício deste Siac,

que chamamos de ‘Siac-Mãe’, tem arquitetura agradá-

vel, todos trabalham mais felizes. E o principal é que o

público também fica feliz, porque o BI, que agora sai no

dia, antes demorava até dois meses.”

O Siac de Talatona, além de ter sido o primeiro a ser

construído entre os oito atuais, serviu de modelo de im-

plantação de um revolucionário e inédito conceito de

prestação de serviços aos cidadãos no país. O sucesso

do centro pioneiro levou o Ministério da Administração

Pública, Emprego e Segurança Social a implantar ou-

tras sete unidades, que não são autônomas, mas sim

subordinadas à central de Talatona e à coordenação de

Rosa Micolo. Duas ficam na Província de Luanda (Ca-

zenga e Zango) e as demais nas províncias de Malan-

ge, Uíge, Bengo, Benguela e Huambo. Para este ano,

estão programadas inaugurações em Cabinda, Cunene

e Lunda Sul e o início das obras da quarta unidade de

Luanda, a de Kilamba Kiaxi. As equipes capacitadas pela

Odebrecht em Talatona conseguiram ampliar os servi-

ços para outras áreas.

Fábio Januário, Diretor da Odebrecht Angola, ex-

plica: “No Siac, não estivemos focados somente na

construção do equipamento, mas, principalmente,

no conteúdo do programa por meio da transferên-

cia de tecnologia com base na experiência brasilei-

ra. É um bem-sucedido desafio de sustentabilidade,

em um país onde temos uma relação histórica e um

compromisso contínuo de ampliar as oportunidades

e a expressão do conteúdo nacional em nossas rea-

lizações”.

Capacitação de trabalhadoresA agilidade e a concentração dos serviços no Siac fo-

ram inspiradas inicialmente em duas iniciativas brasi-

leiras: no Poupatempo, de São Paulo, e no SAC (Serviço

de Atendimento ao Cidadão), da Bahia. Adriana Bezerra,

administradora de empresas, chegou a Luanda há cinco

anos para implantar o Siac. “A própria Odebrecht capa-

citou cerca de 250 angolanos e executou uma operação

assistida no Siac de Talatona a partir de 2007”, relata

Adriana. “Um ano depois, o órgão ganhou autonomia, e

os integrantes passaram a fazer parte dos quadros do

Governo.”

Rosa Micolo e o casal Dorival e Antonieta Kileba: novo padrão de serviços

54 informa

Page 57: Odebrecht Informa

Antonieta Kileba, advogada moradora do Zango, mu-

nicípio da região metropolitana de Luanda, foi ao Siac

de Talatona com o marido, o funcionário público Dorival

Kileba, que precisava renovar o BI. Foram embora sa-

tisfeitos. “Esperamos pouco tempo”, diz Dorival. O casal

terá de voltar ao Siac dentro de alguns meses, com uma

alegre missão: Antonieta está grávida e deverá ir a Tala-

tona para registrar o primeiro filho do casal. O nome? “Já

sei que será um menino... Será Dorival Júnior”, revela.

DA PAPELADA AO PORTALSe a implantação dos Siacs é um case da aplicação e

do compartilhamento do conhecimento em benefício dos

cidadãos, a criação de um portal dos GAFs da Odebrecht

surge como exemplo disso no âmbito interno da empresa.

O contador Marcus Vinicius Vianna, Gerente Adminis-

trativo e Financeiro no PRP (Programa de Realojamento

das Populações), já tinha 14 anos de Odebrecht quando

trocou o Peru por Angola, em 2009. Em Luanda, adaptou-

-se rapidamente ao ambiente, mas deparou-se com um

detalhe: “De repente, fiquei com um monte de papéis em

mãos. Eram documentos internos e numerosas leis e nor-

mas de governos quanto ao setor trabalhista, diretrizes

administrativas e outros assuntos”, ele relembra. “Duran-

te uma reunião de GAFs, em março de 2010, em conversa

com Fernando Carneiro, GAF no Projeto de Saneamento

Básico, e Fernando Koch, GAF nas obras da Hidrelétrica

do Gove, propus a criação de um espaço virtual, o qual pu-

déssemos alimentar com informações e consultar cons-

tantemente. Ambos aprovaram a ideia, e, com a equipe

administrativa e financeira da Odebrecht Angola, o projeto

foi desenvolvido.”

O setor de Relações Institucionais da Odebrecht An-

gola, que cuida dos portais da empresa no país, apoiou a

criação do Portal dos GAFs, área na internet para acesso

exclusivo dos integrantes da área administrativa e finan-

ceira. “Deu muito certo”, diz Marcus Vinicius ao conversar

com usuários do sistema diante de uma pilha de papéis

no canteiro do Zango. “Isso agora é passado. Graças à

tecnologia e a pessoas com espírito de servir, juntamos,

em uma ferramenta, todo um histórico de leis, diretrizes

e normas.”

Além de tudo, o Portal dos GAFs é uma fonte segura e

atualizada, com informações fidedignas. Um exemplo: os

integrantes podem encontrar todos os detalhes de acor-

dos sindicais e de legislação trabalhista de Angola e do

Brasil, dados que são constantemente atualizados. Tam-

bém são encontradas nessa área as explicações sobre

a concessão de visto para brasileiros em Angola, assim

como informações para os familiares. Se um integrante

expatriado ou seu cônjuge precisar levar o filho para viajar,

o portal disponibiliza as explicações sobre as normas bu-

rocráticas e os documentos necessários.

A tecnologia, porém, não impede que os gerentes re-

corram ao mais tradicional contato para análise de proble-

mas e soluções – as reuniões. “Fazemos encontros a cada

três ou quatro meses”, diz Marcus Vinicius.

Marcus Vinicius: troca de informações e experiências entre colegas da área Administrativa e Financeira

55informa

Page 58: Odebrecht Informa

56 informa

escolaO CAMPO FAz

56

A partir da esquerda, Marcelo Faria, Lídia Toledo e Américo Ferraz: contribuição para o livre e produtivo trânsito de informações na ETH

Page 59: Odebrecht Informa

57informa

texto Cláudio lovato Filho fotos Edu SimõES

escola

mérico Ferraz precisa ter respostas.

Assim é seu dia a dia no trabalho:

avaliar situações e sugerir soluções.

Para isso, conta com os aportes de

informação dos integrantes de sua

equipe direta, como Maria Thomazini e Douglas

Rocha. Eles circulam constantemente por nove

unidades agroindustriais, em quatro estados bra-

sileiros e levam seu apoio qualificado de especia-

listas a pessoas como Marcelo Faria, que está em

uma dessas unidades, no lugar onde sempre quis

estar desde criança, e que, por sua vez, mantém-

-se atento às percepções de parceiros como Lí-

dia Toledo, que lidera uma frente de trabalho da

empresa. Esse caminho de comunicação que vai

de Américo a Lídia, passando por Maria, Douglas

e Marcelo, e que retorna de Lídia a Américo, pois

é uma via de mão dupla, explica de que maneira

o conhecimento nasce e é compartilhado na ETH

Bioenergia.

Responsável por Tecnologia Agrícola na em-

presa, Américo Ferraz graduou-se em Engenharia

Agrícola pela Universidade Estadual de Campinas

(Unicamp), em 1997. Na mesma universidade, fez

mestrado em Máquinas Agrícolas. Mais adiante,

tornou-se doutor em Máquinas para a Lavoura de

Cana-de-açúcar. Américo está na ETH desde 2008

e lidera a formulação e a implantação de Melho-

res Práticas Agrícolas em todos os polos produti-

vos da empresa.

A

Diversidade de capacitações e intensa troca de conhecimentos são trunfos da ETH em sua trajetória de crescimento

Page 60: Odebrecht Informa

58 informa

As Melhores Práticas são o conjunto de ações que

contribuem para a redução de custos, a melhoria da qua-

lidade dos processos, o atendimento dos prazos e, princi-

palmente, a disseminação do conhecimento de maneira

rápida e eficiente. “Nossa empresa é formada por nove

unidades agroindustriais, que atuam como Pequenas

Empresas. Têm sua vida própria, mas precisamos estar

alinhados para conseguir resultados cada vez melhores.”

Américo acrescenta: “Tudo o que possa melhorar nosso

desempenho nos interessa, do manejo correto das varie-

dades de cana à identificação das peças mais adequadas

às nossas máquinas, passando pelos herbicidas mais efi-

cazes”.

Baseados na sede da ETH, em São Paulo, Améri-

co e sua equipe têm presença constante nas unidades.

Maria Thomazini, Responsável por Tecnologia Agrícola

– Georreferenciamento, circula o tempo todo. Mora em

São José dos Campos (SP), mas, na prática, só está em

casa nos fins de semana. Ela concedeu sua entrevista à

Odebrecht Informa em São Paulo – com a mala e a mo-

chila a seu lado. Imediatamente após o término da con-

versa com a equipe de reportagem, ela partiu para o Ae-

roporto de Congonhas, onde pegaria, às 10 da noite, um

voo para Goiás. Tinha dois dias de trabalho pela frente na

Unidade Morro Vermelho.

Maria formou-se em Engenharia Cartográfica pela

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

(Unesp) em 1996, fez MBA pela Fundação Getulio Vargas

(FGV) e um curso de Especialização em Tópicos de Cana.

“O conhecimento está sendo cada vez mais compartilha-

do na empresa, e isso é resultado da crescente integra-

ção entre as equipes, os programas e as unidades.” Ela

trabalha há cinco anos no setor de Bioenergia. Hoje, está

bastante envolvida no desenvolvimento do SIG (Sistema

de Informação Geográfica), ferramenta de agricultura de

precisão para assessoramento remoto voltada a tornar

mais exata a estimativa de safra. “Disso sai o orçamento

da empresa!”, salienta Maria.

Em suas visitas às unidades, Maria gosta de ir às

frentes de trabalho, nos canaviais, conversar com quem

coloca a mão na massa. “Costumo mostrar ao pessoal o

mapa de biomassa, feito por satélite. Os integrantes se

sentem valorizados e passam a realmente entender o

processo do qual estão participando.” Maria leva informa-

ção aos que estão nos canaviais, mas existe uma troca.

“De lá também trazemos conhecimento. O pessoal das

frentes conhece a terra como ninguém”.

Lídia Cabrera Toledo é uma prova disso. Ela nas-

ceu em Sidrolândia (MS), tem 26 anos e há três anos

e meio chegou à Unidade Santa Luzia da ETH, que

produz etanol e energia elétrica e está localizada em

Nova Alvorada do Sul, a 100 km de Campo Grande. A

Santa Luzia forma, com a Unidade Eldorado, o Polo

Produtivo Mato Grosso do Sul da ETH, um dos cinco

polos da empresa. Sem nenhuma experiência anterior

em lavouras de cana, Lídia passou por programas de

capacitação e começou a trabalhar no plantio meca-

nizado, operando seu primeiro equipamento. Depois

de um ano, tornou-se tratorista; na sequência, assu-

miu a operação de uma colhedora e então chegou ao

posto de líder de frente, pelo qual responde hoje.

Líder de 30 pessoas, homens e mulheres com idade

entre 19 e 43 anos, Lídia afirma: “A gente precisa fazer

bem feito para crescer”. Os conhecimentos que desenvol-

veu sobre o cultivo da cana lhe permitem hoje calcular o

rendimento por hectare. Na safra iniciada em 23 de abril

Maria Thomazini: valorização das pessoas

Page 61: Odebrecht Informa

59informa

e que se estenderá até meados de novembro, a Frente 36,

liderada por Lídia, trabalhará na Fazenda 3 M, em uma

área de 10 mil hectares, utilizando cinco máquinas colhe-

doras, nove tratores, um caminhão-pipa, um caminhão-

-comboio (para abastecimento) e um caminhão-oficina.

Lídia e sua equipe serão responsáveis pela colheita esti-

mada de 800 mil t de cana.

Diversidade de conhecimentos“Dos operadores que estão nas frentes de serviço até

o superintendente do polo, passando pela gerência agrí-

cola, pelos coordenadores, os supervisores e os líderes

de frente, existe um fluxo constante de informação e de

troca de experiências”, diz Marcelo Lopes Faria, 30 anos,

Gerente Agrícola da Unidade Santa Luzia. “Tem que ser

assim. Precisamos aproveitar essa grande diversidade de

conhecimento das pessoas da ETH”, acrescenta.

Natural de Guaimbê, na região de Lins e Marília, no in-

terior de São Paulo, Marcelo ingressou na Escola Agrícola

aos 14 anos e conquistou sua primeira oportunidade de

trabalho em uma usina de cana aos 18 anos, como ana-

lista de qualidade. Em pouco tempo, tornou-se líder de

operação agrícola, coordenando a atuação de 90 pessoas.

Assumiu novos desafios, cresceu e chegou a supervisor.

Ainda na primeira empresa em que trabalhou, passou a

ser gerente de plantio, aos 24 anos. Mais adiante, chegou

a gerente de tecnologia e planejamento agrícola e, nes-

sa mesma época, cursou a faculdade de Administração.

Em agosto de 2011, ingressou na ETH. “Descobri que o

PA (Programa de Ação) era aquilo com o que eu sempre

sonhei! Planejar e entregar!”

Marcelo vive hoje uma expectativa especial. A partir de

2012, a Unidade Santa Luzia operará com sua máxima ca-

pacidade produtiva, 6 milhões de toneladas de cana. “A di-

nâmica da unidade vai se alterar. Temos mais de 200 equi-

pamentos na área agrícola, 1.700 integrantes, um raio de

atuação que chega a 200 km. Há frentes de trabalho que

estão distantes 100 km umas das outras. Cada vez mais,

o desempenho dos operadores, lá no campo, será decisi-

vo. Precisamos formar pessoas para enfrentar os novos

desafios da empresa.”

Douglas Rocha, Responsável por CCT (Corte, Carre-

gamento e Transporte de cana), integrante da ETH desde

fevereiro de 2011, é outro que procura passar o máximo

de tempo possível no canavial. Pioneiro como instrutor

do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), no

início dos anos 1980, é um especialista em equipamentos

para o cultivo da cana-de-açúcar e um apaixonado pela

capacitação de pessoas. Percorre as unidades da ETH

ministrando aulas e desenvolvendo programas de qualifi-

cação relacionados à mecanização. Douglas dialoga com

todos – dos superintendentes dos polos aos integrantes

que atuam no plantio mecanizado. “Em nosso trabalho,

somos agentes de ligação, somos elos”, ele diz, referindo-

-se ao trabalho da equipe da qual faz parte.

Aos 51 anos, Douglas lembra-se bem dos tempos de

criança, quando já sonhava trabalhar na terra, mexer com

as máquinas e ter contato com os integrantes da área

agrícola. “Gosto de estar próximo das pessoas, de fazer

o acompanhamento nas frentes de trabalho, de mostrar

como se faz e de fazer junto. Quando a gente ensina, tam-

bém aprende. O campo é uma escola.”

Douglas Rocha: “Em nosso trabalho, somos elos”

Page 62: Odebrecht Informa

60 informa

patrimônio

60

Trabalhadores e máquinas no Centro Histórico da Cidade do Panamá: ações conjuntas da iniciati-va privada e do setor público para pre-servar a integridade física e o bem-estar dos profissionais da construção

Page 63: Odebrecht Informa

61informa 61informa

patrimônioMAIOR A SER PRESERvADO

os últimos anos, o setor da construção

vem contribuindo significativamente para

o crescimento econômico do Panamá.

Em 2011, o segmento cresceu de 18,5%

em relação ao ano anterior e represen-

ta 6% do produto interno bruto do país, segundo os

dados da Controladoria Geral da República. O deno-

minado “boom” do mercado da construção trouxe

um desafio: a preservação da integridade física dos

trabalhadores do setor. Empresas, sindicatos, insti-

tuições educacionais e órgãos do Governo passaram

a buscar mecanismos que permitam prevenir aci-

dentes e doenças ocupacionais.

“Programas de capacitação e campanhas de

conscientização vêm sendo desenvolvidos em vá-

rios ambientes da empresa”, informa José Vilar

Junior, Responsável por Saúde, Segurança do Tra-

balho e Meio Ambiente (SSTMA) na Odebrecht Pa-

namá. “Além disso, foi criado no país um centro

educacional fortemente focado na segurança e na

saúde”, ele acrescenta.

A Odebrecht assumiu, desde o início de sua ope-

ração no país, em 2006, o compromisso de contribuir

para a criação de uma cultura de prevenção de aci-

dentes e de doenças ocupacionais. A chave para essa

contribuição está na transmissão de conhecimentos

e de experiências, tanto internamente, por meio da

Educação pelo e para o Trabalho, quanto externa-

mente, por meio da transferência de tecnologia para

NRitmo de crescimento do setor da construção no Panamá vem exigindo esforços especiais em saúde e segurança

texto eriKsa Gómez fotos Holanda cavalcanti

Page 64: Odebrecht Informa

62 informa

parceiros, fornecedores, terceirizados, sindicatos e

órgãos do Estado.

Parceria pela educaçãoCom mais de 25 anos de experiência em seguran-

ça ocupacional no Panamá, Maribel Coco, Diretora da

Escola de Saúde da Universidade Especializada das

Américas (Udelas) é testemunha da evolução na área

educativa. Fundada há 14 anos, a instituição de ensino

tornou-se líder na capacitação em saúde e seguran-

ça ocupacional, e oferece licenciatura e mestrado na

área, além de cursos ministrados em diferentes graus

de especialização.

A afinidade filosófica e a convergência de obje-

tivos levaram a Udelas e a Odebrecht a trabalhar

em conjunto na formação de jovens profissionais

para que atuem nas áreas de saúde e seguran-

ça ocupacional. “Organizamos, anualmente, três

eventos com o apoio, com ênfase em treinamen-

tos. A empresa facilita a inserção do profissional

no mercado de trabalho, um fator muito impor-

tante e de grande ajuda para os nossos alunos”,

salienta Maribel Coco.

Palestras para estudantes, cooperação em proje-

tos de pesquisa e visitas técnicas a canteiros de obra

da Odebrecht são ações que fazem parte da relação

cotidiana entre a empresa e a Udelas. Além disso,

um fator considerado fundamental por Maribel é a

oportunidade que os estudantes têm de aplicar seus

conhecimentos nos empreendimentos, por meio de

estágios.

Difundindo uma filosofiaOs integrantes de SSTMA da Odebrecht, no entanto,

decidiram ampliar sua atuação. No início de 2010, en-

quanto era planejada a Semana Interna de Prevenção

de Acidentes no Trabalho (Sipat), surgiu a ideia de rea-

lizar um evento que tratasse do tema além do contexto

da Organização.

Assim nasceu o congresso que reuniu especialis-

tas locais e internacionais da Odebrecht e de outras

empresas e organizações. Neste ano, foram dedica-

dos três dias ao treinamento dos integrantes e dois

dias às palestras. Participaram estudantes, inte-

grantes da área de saúde e segurança ocupacional

de empresas terceirizadas, de instituições públicas

e clientes.

A Sipat cresceu em 2011, passando de dois dias

de conferências para cinco, nos quais os convida-

dos se inscreveram por dia de atividade. O evento

chegou a ter 500 participantes. Arquímedes Sosa,

Responsável por Meio Ambiente nas obras da Au-

topista Panamá-Colón e integrante desde 2007, fez

parte dessas experiências, como organizador e pa-

Maribel Coco, Arquíme-des Sosa e (na página ao lado) Raimunda Valencia: personagens de destaque nos esforços para o apri-moramento das condições de segurança e saúde dos trabalhadores panamenhos

Page 65: Odebrecht Informa

63informa

lestrante. “Estamos compartilhando uma visão que

integra saúde e segurança do trabalho com meio

ambiente. Sinto-me muito satisfeito em poder

transmitir a minha experiência”, explica.

O objetivo de promover uma cultura de preven-

ção de acidentes e doenças ocupacionais é com-

partilhado por outras empresas, especialmente as

agrupadas na Câmara Panamenha da Construção

(Capac), que desenvolveu programas de formação

para profissionais.

“A Capac está comprometida com o apoio a

suas empresas afiliadas. Realiza visitas de ins-

peção às obras em construção, palestras, pro-

gramas de treinamento para trabalhadores, além

de assessoria permanente”, explica o engenheiro

civil Julio Aizprúa, da Diretoria da Capac. “Por ser

uma atividade que envolve riscos, é preciso que as

empresas exerçam um papel vigilante no cumpri-

mento de um sistema de gestão que garanta os

melhores indicadores em matéria de prevenção”,

ele observa.

As previsões da economia panamenha apontam

para o contínuo crescimento do setor da constru-

ção nos próximos anos, impulsionado por investi-

mentos públicos e privados. O país ainda tem desa-

fios pela frente. Foram conquistados importantes

avanços na prevenção de acidentes, mas ainda

existe um caminho a ser percorrido.

Ensinando a viverPasso a passo, com conscientização e apoio,

esse percurso vem sendo realizado, e os resultados

vão se tornando cada vez mais consistentes.

“Doutora, está na hora de fazer a audiometria.”

Esse tipo de declaração deixa realizada Raimunda

Valencia Jiménez, médica responsável pelo Progra-

ma de Saúde do projeto Autopista Panamá-Colón

(segunda fase de uma obra que liga as duas cidades

com maior atividade portuária no país).

“É preciso que os integrantes mudem sua cul-

tura e aprendam a proteger sua vida e sua saúde,

com o suporte de métodos administrativos e de en-

genharia. Antes eles perguntavam para que tantos

exames médicos; agora eles vêm e avisam a gente

quando devem repeti-los.”

Raimunda Valencia foi responsável, com a equipe

de SSTMA do projeto, pela recente obtenção da cer-

tificação OHSAS 18.001:2007, em saúde e seguran-

ça ocupacional, a segunda conquistada pela Ode-

brecht Panamá. A primeira foi em 2010, nas obras

da Hidrelétrica Dos Mares.

Entretanto, o mais importante na opinião da mé-

dica, que ingressou na Odebrecht há dois anos, é

que os resultados da certificação não terminarão

quando a obra for entregue. “As pessoas passaram

a compreender que têm uma grande responsabili-

dade pela segurança, a sua e a dos outros integran-

tes, e que são responsáveis também pela seguran-

ça coletiva”, diz Raimunda Valencia.

Page 66: Odebrecht Informa

64 informa

64

Yuri Tomina participa ativamente

de um momento especial na história

da Braskem: a internacionalização

da empresa

Page 67: Odebrecht Informa

65informa

texto mayara tHomazini foto Geraldine di lucca

uri Tomina tem 29 anos, é integrante da

Braskem America e, há dois anos, mer-

gulhou no que ele considera ser uma

das grandes oportunidades de sua vida.

“Mudei-me com minha esposa para os

Estados Unidos à procura de aprendizados intensos,

novos desafios e superação.”

Yuri ingressou na Braskem em 2004, como esta-

giário, no Programa de Marketing Corporativo, e, no

início de 2010, recebeu o convite de Ricardo Lyra, que à

época assumia a liderança de Pessoas & Organização

e Comunicação da Braskem America, para trabalhar

nos Estados Unidos. Com o estímulo de seus líderes,

aceitou o desafio de apoiar a construção da marca e

imagem da Braskem naquele novo ambiente de atua-

ção e a disseminação da Tecnologia Empresarial Ode-

brecht (TEO) para os novos integrantes. Hoje, liderado

por Kelly Elizardo, ele é Responsável por Comunicação

Corporativa na Braskem America. Sua base é a Fila-

délfia, no Estado da Pensilvânia.

Em fevereiro de 2010, a Braskem anunciou a aqui-

sição dos ativos de polipropileno da Sunoco Chemi-

cals nos Estados Unidos e, em abril do mesmo ano,

assumiu o controle de três plantas industriais e de

um centro de tecnologia e inovação, nos estados da

Pensilvânia, do Texas e da Virgínia Ocidental. Era o

início da primeira operação industrial da Braskem

fora do Brasil.

“Quando chegamos aos Estados Unidos”, relembra

Yuri, “já havia três plantas operando e uma lista de

clientes que tinham que continuar recebendo os pro-

dutos sem serem impactados por causa da mudança

na direção da empresa. Foi um grande desafio.”

As perguntas eram muitas. O idioma, o mercado, a

cultura local – tudo era novidade. “Logo percebemos

que a disseminação dos princípios da TEO seria o pon-

to-chave para uma bem-sucedida integração de equi-

pes e processos”, diz Yuri. “Aos poucos, conseguimos

criar um ambiente bem próprio da cultura empresarial

da Organização, mais aberto à criatividade, ao empre-

sariamento e focado nas necessidades e nos sonhos

dos clientes”, ele acrescenta.

Logo no começo da Braskem America, alguns con-

ceitos da TEO chamaram, de forma especial, a atenção

dos integrantes norte-americanos e os conquistaram,

“sobretudo o modelo de empresariamento, com des-

centralização e delegação planejada, que proporciona

ambiente favorável para o desenvolvimento da criativi-

dade”, relata Yuri.

A possibilidade de viver diferentes experiências e

de absorver o que há de melhor em cada cultura tem

sido fundamental para o crescimento de Yuri como

empresário, e a TEO, ele enfatiza, é essencial nesse

processo. “Nossa cultura empresarial é bem-aceita

em qualquer lugar do mundo pelos seus princípios

ligados à geração de riqueza a partir da disciplina e

do trabalho.”

Com o segundo movimento de aquisições no ex-

terior, anunciado em outubro de 2011, a Braskem

incorporou quatro plantas da Dow Chemical, duas

nos Estados Unidos e duas na Alemanha. “Os gru-

pos que estavam se integrando foram recepciona-

dos pela equipe da aquisição anterior, que já se

sentia porta-voz da TEO”, rememora Yuri, em tom

de comemoração.

Nessa segunda aquisição, a Braskem assumiu

a liderança na produção de polipropileno nos Esta-

dos Unidos e iniciou o fortalecimento da empresa na

Europa. “Os integrantes dos Estados Unidos abraça-

ram mais esse projeto de crescimento da Braskem.

Todos estavam dispostos a apoiar a construção da

Braskem Europa.”

Hoje, dois anos após a mudança de país, Yuri come-

mora seu crescimento profissional e pessoal: “Todas

essas novidades que vivemos aqui agregaram mais

conhecimento e maturidade à minha bagagem. Além

da alegria proporcionada pelo nascimento da minha

primeira filha, Sophie, que está com 3 meses”.

YfilosofiaNAS ASAS DE uMA

65informa

Page 68: Odebrecht Informa

66 informa

DE APRIMORAR LIçõES

66

Sistematização de informações é instrumento da OOG para a superação de seus novos desafios

tempo

texto Edilson lima foto GEraldo PEstalozzi

Page 69: Odebrecht Informa

67informa

Sala de Gestão de Crises: tecnologia a serviço da segurança

Page 70: Odebrecht Informa

68 informa

Odebrecht Óleo e Gás (OOG) tem dedi-

cado esforços para melhorar, a cada

dia, a qualidade de seus serviços, oti-

mizar seus processos e, assim, garan-

tir a segurança de seus integrantes, do

patrimônio material e das comunidades onde atua. Para

isso, um instrumento tem sido fundamental: o uso do

conhecimento resultante das lições aprendidas por suas

equipes.

Empresa nova, criada em 2006, a OOG herdou uma

história de pioneirismo na indústria offshore que come-

çou com a OPL (Odebrecht Perfurações Ltda.), fundada

em 1979. A OPL iniciou suas atividades com a aquisição

da Plataforma Norbe I. Nos anos 1980, dando sequência

aos investimentos, adquiriu as plataformas Norbe II, III, IV

e V e Asterie. Foi a primeira empresa privada brasileira a

perfurar a mais de 1.000 m de lâmina d’água.

Em 2000, a OPL deixou de atuar no segmento de per-

furações e, posteriormente, retornou ao setor com a nova

marca, a OOG. De 2006 para cá, já foram construídas cin-

co sondas de perfuração, e outras duas estão em fase

final de construção. Até o fim de 2012, as sete estruturas

estarão operando em águas brasileiras.

“Apesar de todas essas experiências, havia a neces-

sidade de sistematizar o conhecimento e aprender mais

sobre construção e operação de plataformas a serem

utilizadas no trabalho em águas ultraprofundas. Foi daí

que surgiu a ideia de criar um sistema de uso, registro

e compartilhamento de conhecimento para fazer disso

uma tecnologia própria da OOG, acessível a todos”, diz

Herculano Barbosa, Diretor-Superintendente da Unida-

Ade de Negócio Engenharia e Tecnologia.

Esse sistema terá como ponto de partida as experiên-

cias de perfuração. Depois se estenderá a outras áreas,

como a de engenharia submarina (subsea) e de platafor-

mas de produção. “É um projeto piloto. Primeiramente,

vamos estruturar essa área e, depois, partiremos para as

demais”, informa Herculano.

Com base nas experiências já praticadas na Organiza-

ção Odebrecht, como as comunidades de conhecimento,

as equipes da OOG criarão seu próprio sistema de aplica-

ção e compartilhamento de conhecimento. Experiências

de outras empresas também estão sendo consultadas.

Por exemplo, integrantes da OOG visitaram recentemen-

te a fábrica da Embraer (Empresa Brasileira de Aero-

náutica), em São José dos Campos (SP), para conhecer

o funcionamento da rede de conhecimento da empresa.

Interação e compartilhamentoO passo a passo para a criação do sistema seguirá

este caminho: primeiramente, serão realizados semi-

nários nos quais os participantes de cada projeto irão

relatar suas experiências, incluindo erros e acertos.

As experiências, registradas e documentadas, fica-

rão disponíveis para a consulta dos interessados. Em

um segundo momento, serão criadas as comunidades

de conhecimento, formadas por pessoas experientes

em áreas específicas de projetos de sondas de per-

furação, como sistema elétrico, instalações e equipa-

mentos de poços, entre outros. As comunidades esta-

rão acessíveis no Portal OOG (que utiliza a tecnologia

Share Point), por meio do qual os integrantes poderão

Base Macaé da OOG, no litoral fluminense: empresa quer que o conhecimento acumulado por suas equipes se torne fonte de pesquisa para todos os integrantes

Page 71: Odebrecht Informa

69informa

interagir e compartilhar experiências. Se necessário, se-

rão convocados para reuniões presenciais.

As comunidades terão a supervisão e o incentivo dos

líderes, por intermédio de comitês – o terceiro passo. “O

objetivo das comunidades de conhecimento é possibili-

tar a interação entre os membros. Vamos observá-los e

estimulá-los. Temos que incentivar a cultura de compar-

tilhamento de conhecimento”, argumenta Elizeu Leonar-

do da Silva, Responsável por Pessoas e Organização da

Unidade de Negócio Engenharia e Tecnologia.

Segundo Herculano, o grande desafio é criar intera-

ção entre as gerações, já que a tecnologia de hoje está

muito avançada, quando comparada com a de algumas

décadas atrás: “Os jovens parceiros de hoje nasceram em

um mundo em que quase tudo é automatizado, diferen-

temente de há 20 ou 30 anos. Faremos um esforço para

que haja essa troca de conhecimento”, ressalta ele, que,

como ex-integrante da OPL, tem um motivo a mais para

celebrar o momento: “Faço parte da pré-história da OOG”.

Entre as várias experiências na construção das son-

das, o caso da Plataforma Norbe VI merece destaque.

Nela, ao lado da torre principal (as torres são usadas para

descida e subida de equipamentos para a perfuração dos

poços de petróleo), foi construída uma torre paralela, de

menor dimensão. Enquanto a principal fura o poço, a pa-

ralela auxilia na descida e subida de equipamentos. “Isso

reduz o tempo de perfuração do poço e, claro, economiza

dinheiro”, explica Herculano, que foi um dos mentores da

iniciativa. “Apesar de já ser praticada no mercado inter-

nacional, a inclusão da torre paralela foi feita ao nosso

modo, otimizando os custos para a Petrobras. Essa expe-

riência, por exemplo, não pode ficar isolada. Ela tem que

ser registrada e compartilhada com os demais integran-

tes da OOG”, enfatiza.

Prontos para entrar em ação Enquanto parte das equipes da OOG se esforça para

sistematizar os conhecimentos acumulados, outra im-

portante medida foi realizada pela empresa: a criação

da Sala de Gestão de Crises e Respostas a Emergências

(SGCE).

Caracterizada pelo emprego de eficientes recursos

de comunicação, a sala, localizada no primeiro andar

do edifício 370 da Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro,

permite a comunicação com até quatro lugares simulta-

neamente (instalações em terra e unidades marítimas),

por meio de tele e videoconferências. Conta também com

dois quadros de apoio para anotação e registro de infor-

mações da crise ou emergência, cronologia do evento,

plantas das plataformas, relógios com os fusos horários

de Brasil, Venezuela, Coreia do Sul e Emirados Árabes

Unidos, países onde a empresa tem atividades. Em caso

de emergência, a sala será acionada pelos integrantes

do Comitê de Gestão de Crise e Respostas Emergenciais

(CGCE), presidido pelo Líder Empresarial da OOG, Rober-

to Ramos.

“Na sala também temos a lista de contatos das autori-

dades, clientes, empresas parceiras e de nossas equipes

em todas as localidades onde atuamos. Em uma situa-

ção de crise, não podemos ter dúvidas. Temos que saber

como agir com eficiência, estar capacitados a responder

e prover suporte técnico e gerencial, buscando sempre

o controle e a solução da crise ou emergência”, explica

Marco Aurélio Fonseca, Responsável por Sustentabilida-

de na OOG e um dos idealizadores da SGCE.

Marco Aurélio, assim como Herculano, atuou na

OPL, nos anos 1990. Em 2000, retornou a sua cidade

natal, Belo Horizonte. Em janeiro de 2011, voltou à

OOG para liderar a criação do Programa de Susten-

tabilidade, que engloba Saúde, Segurança do Traba-

lho e Meio Ambiente e Responsabilidade Social. Sua

equipe é responsável pela definição das políticas e

diretrizes do tema Sustentabilidade, em alinhamento

com as da Organização Odebrecht, orientando a atu-

ação da OOG em níveis estratégico, tático e operacio-

nal. Ele participa da Comunidade de Conhecimento

Sustentabilidade da Odebrecht, liderada por Sérgio

Leão. “Nossa atividade envolve risco constante. Te-

mos que estar atentos a qualquer emergência, atu-

ando preventivamente para evitar danos às pessoas,

ao patrimônio, ao meio ambiente e à imagem da em-

presa”, salienta Marco Aurélio.

Marco Aurélio Fonseca: “Em uma emergência, não podemos ter dúvidas”

69informa

Page 72: Odebrecht Informa

70 informa

70

texto Perla lima fotos andré valentim

Sistema de comunicação desenvolvido pela OR permite a disseminação do conhecimento, com a preservação da singularidade de cada projeto

A CONTíNuA CONSTRuçãO DA

identidade

O empreendimento Rio Corporate, em execução na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro: OR está presente em 15 cidades de oito estados brasileiros

Page 73: Odebrecht Informa

71informa

identidade

Page 74: Odebrecht Informa

72 informa

ão números que evidenciam um cres-

cimento relevante nos últimos anos.

Presente em 15 cidades de oito estados

brasileiros, a Odebrecht Realizações Imo-

biliárias (OR) quase triplicará sua receita

líquida entre 2010 e 2012, passando de R$ 1,2 bilhão

para R$ 3 bilhões; elevará o valor dos lançamentos para

R$ 6,5 bilhões, em 2012 (em 2010 foram R$ 2,4 bilhões);

e estima-se que integrará, ao longo deste ano, cerca de

5.500 pessoas, entre os quais 400 estagiários e jovens

parceiros, o que corresponde a aproximadamente 430

profissionais contratados a cada mês.

Para conseguir um crescimento sustentável e orgâni-

co, a OR disponibiliza a seus empresários, um sistema de

comunicação que a diferencia no mercado e visa contribuir

para a disseminação de conhecimento em cada passo de

sua tarefa empresarial – da identificação e conquista de

negócios à mobilização de equipes, execução dos empre-

endimentos e satisfação dos clientes. Esses instrumentos

consistem nas seguintes etapas, definidas pelas equipes

para cada um de seus projetos: Comitê de Investimento,

Fórum de Produto, Pré-Módulo de Engenharia, Módulo de

Engenharia e Módulo Pós-Entrega.

Paul Altit, Líder Empresarial (LE) da OR, explica: “Essa

forma de atuar estimula os líderes e as equipes a discu-

tirem as principais variáveis do empreendimento, contri-

buindo para maior transversalidade do conhecimento e

envolvendo integrantes da OR de vários estados e, muitas

vezes, de outras empresas da Organização”. E enfatiza:

“Assim, disseminamos o conhecimento, estimulamos a

disciplina, a transversalidade e, sobretudo, a singularidade

de cada projeto”.

Cada etapa, um passo decisivoO Comitê de Investimento, a primeira etapa do ciclo,

avalia as interferências na comunidade, a estratégia orga-

nizacional, os parâmetros de rentabilidade, a estrutura de

capital, o comportamento da concorrência na região, as pri-

meiras análises de engenharia, os riscos legais e aspectos

relacionados a vendas e à imagem. “Aprovada a aquisição

do terreno, o líder se organiza com sua equipe para enfren-

tar o novo desafio proposto, até chegar à segunda e última

etapa da aprovação: o lançamento. É nessa fase, de pré-lan-

çamento, que o líder recebe diversas contribuições nos mó-

dulos de Engenharia e no Fórum de Produto”, explica Paul.

A Bairro Novo, empresa da OR que atua no segmento

econômico, teve, recentemente, cinco terrenos aprovados

para compra no último Comitê de Investimento. Daniel

“Temos um desafio enorme, porque somos uma empresa nova”

Paul Altit

S

André Basto (à esquerda) e Djean Cruz: o produto adequado para cada cliente

Page 75: Odebrecht Informa

73informa 73informa

Villar, Líder da Bairro Novo, revela que três deles estão em

São Paulo e foram aprovados graças à transversalidade

com a equipe de Paulo Melo, Líder da Regional Centro-Sul

da OR, responsável por prospecção e inteligência de mer-

cado. “A equipe liderou a busca e a escolha dos terrenos, o

que fez toda a diferença”, relata Daniel.

Já o Boulevard Side, em Salvador, há três anos obteve

o aval para tornar o sonho realidade. Passou por todas as

etapas que antecedem à entrega, marcada para maio de

2012. Djean Cruz, Líder da Regional Norte e Nordeste, con-

ta que, no Fórum de Produto, já se conhece o empreen-

dimento. “Com o domínio da localização, do projeto de ar-

quitetura, das plantas, da estratégia de venda e marketing,

conquistamos os clientes adequados para aquele produto.”

Segundo André Basto, Diretor de Construção Norte

e Nordeste, o Pré-Módulo de Engenharia e o Módulo de

Engenharia, etapas seguintes ao Fórum de Produto, são

como o bastão da corrida de revezamento: “Quanto melhor

a passagem, melhor será a performance na execução”.

No Pré-Módulo de Engenharia são feitos os estudos

orçamentários e traçadas as soluções arquitetônicas e de

engenharia. Essa etapa culmina com uma apresentação,

na qual são debatidos todos os pontos do projeto e a qual

conta com a presença das equipes de engenharia da OR

e de convidados da Organização. “Lançamos o produto

com a expectativa de que será bem-sucedido em vendas

e também na execução da construção, com preço, prazo e

qualidade desejados e planejados,” salienta André.

O Módulo de Engenharia ocorre depois do lançamen-

to do empreendimento e consiste no aperfeiçoamento do

Pré-Módulo de Engenharia. Segundo André Basto, “é o

Plano de Ação da obra, que, depois de ajustes finos, torna

as surpresas de execução exíguas e facilmente resolvidas”.

O Módulo Pós-entrega, que fecha o ciclo, foi incorporado

recentemente e consiste na análise da Tarefa Empresarial

por completo. O objetivo principal é compartilhar os erros e

acertos do projeto e da construção, desde sua concepção

até o momento da assistência técnica aos clientes, incenti-

vando assim a curva de aprendizagem das equipes.

João Carlos Moog Rodrigues, Diretor de Engenharia e

Construção no Rio de Janeiro, salienta os efeitos positivos

do ciclo de gestão do negócio. Responsável pelo empreen-

dimento Dimension, que será entregue em dezembro des-

te ano, ele comenta: “Desenvolver e debater os módulos

faz com que o conhecimento circule na Pequena Empresa.

Além disso, ter a engenharia à montante, participando da

gestação do produto, provoca uma sinergia muito grande

entre as equipes, inclusive com os sócios”. E acrescenta:

“Ficamos todos no mesmo prumo e, na hora de construir,

aperfeiçoamos o que já estava alinhado”.

Paul Altit ressalta: “Temos um desafio enorme, porque

somos uma empresa nova, ainda buscando o melhor ca-

minho para a maturidade, formada por pessoas jovens e

maduras com muito talento, porém com pouco tempo de

casa. Os desafios de integração e crescimento são diários.

Por isso, acredito que esses instrumentos de comunicação

são indispensáveis para a nossa sobrevivência e o nosso

crescimento”.

João Rodrigues: circulação do conhecimento

Page 76: Odebrecht Informa

74 informa

74

AQUI, AGORA, EM NOSSASmãos

André Carlos dos Santos durante atividade do PDJE: “Aprendi a administrar meu tempo”

Page 77: Odebrecht Informa

75informa

texto GaBriela vasconcellos

fotos almir Bindilatti

No Baixo Sul da Bahia, iniciativa da Fundação Odebrecht contribui para a formação profissional de jovens empresários rurais

Page 78: Odebrecht Informa

76 informa

dia ainda não amanheceu, e André

Carlos dos Santos, 25 anos, já está

a postos na estação rodoviária de

Ituberá (BA). São 5 horas da manhã

de sexta-feira, e o cansaço parece

não existir. Durante a semana, ele se divide en-

tre a faculdade de Administração de Empresas,

o trabalho na área financeira do Instituto de

Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul da

Bahia (Ides), a presidência da Associação Co-

munitária de Lagoa Santa, local onde nasceu, e

a realização de oficinas sobre turismo, esporte

e leitura na região.

Uma vez por mês, André ainda marca pre-

sença nas oficinas de capacitação do Progra-

ma de Desenvolvimento de Jovens Empresários

(PDJE). Por isso, aguardava o ônibus tão cedo.

Conciliar todas as atividades não é tarefa fá-

cil. Quem o conhece, brinca que seu dia possui

mais de 24 horas. Para dar conta de tudo, André

precisou se planejar. “Consegui criar uma ro-

tina. Aprendi a administrar meu tempo em um

dos módulos trabalhados no PDJE. Esse foi o

tema que mais chamou minha atenção”, diz ele,

também responsável pela logística de transpor-

te dos demais participantes.

O PDJE é uma iniciativa da Fundação Ode-

brecht. Em alinhamento com a Tecnologia Em-

presarial Odebrecht, contribui para a formação

profissional de 21 jovens empresários rurais

que atualmente trabalham em instituições ou

projetos que fazem parte do Programa de De-

senvolvimento Integrado e Sustentável do Mo-

saico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo

Sul da Bahia (PDIS). O grupo, em sua maioria, é

composto de ex-alunos das unidades de ensino

ligadas ao PDIS. André é um deles. Ingressou

na Casa Familiar Agroflorestal em 2006 e viu

sua vida se transformar.

“Sempre paro para refletir e analisar como

era o passado. Hoje não acredito onde cheguei”,

comenta André, que cresceu em uma comuni-

dade quilombola. Ele salienta que até a relação

com a família mudou. “Meus pais sentem or-

gulho em me ver replicando os conhecimentos

para a comunidade. Minha mãe diz que sou um

jovem exemplo.”

Formação continuadaNessa segunda edição do PDJE, 11 módulos

já foram realizados, e outros sete ocorrerão

até o fim de 2012. São abordados temas como

liderança, expressão pessoal, plano de vida e

carreira, globalização, sustentabilidade, cida-

dania, elaboração de projetos, comunicação

e segurança empresarial. Para Gilcia Beckel,

coordenadora da segunda turma do PDJE, a

essência do programa é o desenvolvimento da

capacidade empresarial dos jovens. “É visível o

entusiasmo e interesse de todos. Essa forma-

ção continuada está contribuindo para a evolu-

ção de cada um. Havia grande expectativa em

relação ao que seria esse trabalho. Hoje eles

participam ativamente das discussões. Os pa-

lestrantes são só elogios”, relata Gilcia, que

integrou a Organização Odebrecht por 28 anos

e atualmente é consultora em desenvolvimento

humano da Fundação Odebrecht.

Além de receberem o acompanhamento de

Gilcia, os participantes interagem, a cada mó-

dulo, com facilitadores, que são integrantes da

Fundação Odebrecht, do PDIS ou especialistas.

O

André, Jeane e Ana Paula (no sentido horário): multiplicação do aprendizado

Page 79: Odebrecht Informa

77informa

Maria Celeste Pereira, Diretora Executiva do

Instituto Direito e Cidadania, instituição ligada

ao PDIS, foi uma dessas pessoas. “A multipli-

cação do aprendizado é resultado do compro-

misso com a socialização do saber adquirido.

Nosso entendimento é que o conhecimento

contribui para a formação de uma sociedade

mais justa e democrática”, afirma Maria Ce-

leste, que esteve entre os 18 jovens inseridos

na primeira edição do PDJE e agora comparti-

lha suas experiências.

Ana Paula Conceição, participante da segun-

da turma, reforça essa necessidade. “Não faz

sentido ficarmos com esse conhecimento so-

mente para nós mesmos. Precisamos replicá-

-lo, torná-lo disponível à comunidade”, defende

a ex-aluna do Colégio Estadual Casa Jovem,

atualmente multiplicadora do projeto Círculos

de Leitura, que estimula a leitura e a compre-

ensão de textos, contribuindo para o desenvol-

vimento de novos líderes.

Valéria Nakamura, consultora da Tríade do

Tempo, facilitou a discussão com o tema “Ser Empresário – O Pensamento Estratégico”. “En-

contrei um grupo articulado nas perguntas e

colocações. Fiquei bastante satisfeita com o

andamento das atividades. O importante é o co-

nhecimento que eles levam daqui.” De acordo

com Jeane Oliveira, agricultora e integrante da

Associação Guardiã da Área de Proteção Am-

biental do Pratigi, esse foi o tema mais mar-

cante. “Aqui temos a oportunidade de aperfei-

çoar o que vemos no trabalho e na vida pessoal,

tudo está ligado. Estamos profissionalizando a

informação”, assegura Jeane, que também é

ex-aluna da Casa Familiar Rural de Presidente

Tancredo Neves.

Aproveitar essa troca é o que motiva André a não

faltar a nenhum módulo. “O que mais levo dos pales-

trantes é o exemplo, a experiência. São pessoas que

têm vivência, e nós aproveitamos isso.” Para ele, to-

das as atividades são prioridade. “Busco seguir meu

plano de vida e carreira. Já consegui realizar muitas

coisas. Minha família morava em uma casa de barro,

e, agora, temos uma moradia melhor. No fim do ano,

concluirei a faculdade. As coisas estão acontecendo.

Estou cumprindo meus prazos.”

Page 80: Odebrecht Informa

78 informa

SABERES

Julio Lopes Ramos: reurbanização de uma favela com mais de 1.200 barracos

Page 81: Odebrecht Informa

79informa

Engenharia social

Obstinado e apaixonado

pelo que faz, Julio Lopes

Ramos, há 36 anos na

Odebrecht, acredita que, quando

se trabalha com carinho e deter-

minação, uma luz surge no cami-

nho. Foi o que aconteceu quando

ele recebeu o convite para ser o

Responsável pelo Projeto Curun-

dú, no Panamá. Julio sabia que

não se tratava de um desafio, mas

de uma missão. Era preciso reali-

zar a reurbanização de uma favela

com mais de 1.200 barracos. “En-

genharia de edificação não é ne-

nhum desafio para a Odebrecht, a

dificuldade se encontra na enge-

nharia social”, explica Julio Lopes

Ramos, o entrevistado do Projeto

Saberes desta edição. A seguir,

uma síntese de sua entrevista,

que pode ser conferida na ínte-

gra no site de Odebrecht Informa

(www.odebrechtonline.com.br).

Projeto Curundú“Em novembro de 2009, tive a

grata surpresa de receber um con-

vite do Diretor-Superintendente da

Odebrecht Panamá, André Rabello,

que me delegou a condução de uma

licitação já em andamento: o Proje-

to Curundú.

Quando conheci o projeto, vi

que não era um desafio; era uma

missão.

Trata-se da reurbanização de

uma favela com mais de 1.200

barracos. A área é inundável, e as

águas são negras. Total insalubri-

dade.

Na fase de mobilização de pes-

soal, percebemos que havia dentro

desse ambiente 12 quadrilhas de

jovens bandidos.

Avisei à equipe dirigente e a to-

dos os meus liderados: ‘Vai ser di-

fícil. Esses rapazes nunca tiveram

oportunidade de trabalhar na vida.

Eticamente não sabem o que é

trabalho, não sabem nem o que é

responsabilidade de entrar no ho-

rário. Isso terá que ser explicado e

ensinado, pois eles são rebeldes,

obedecem apenas ao líder de uma

quadrilha e não vão atender a vocês

facilmente’.

Descobrimos que havia três

quadrilhas mais fortes, e, se che-

gássemos a um acordo com esses

três líderes, as outras também nos

apoiariam.

Todos os integrantes da equipe

dirigente e eu fomos conversar com

eles. Olho no olho, cara a cara, para

explicar o projeto e pedir o apoio.

O primeiro com quem conver-

samos foi o líder da quadrilha

MOM, Matar ou Morrer. Ele se

chamava Moisés. Expliquei a ele

que iríamos contratar 800 pesso-

as locais e 200 de fora, que todos

usariam uniforme, inclusive eu,

e também que, quando estivesse

contratando uma pessoa de outro

bairro panamenho, iria trabalhar

com a polícia, que saberia qual é

o passado dessa pessoa.

Então ele disse: ‘Sendo dessa

forma, nós apoiaremos’. Perguntei:

‘E o que você vai querer de nós em

troca desse seu apoio?’ ‘Que você

cumpra com sua palavra.’ ‘Mas que

palavra?’ ‘O senhor disse que irá

contratar os muchachos, eu quero

que eles saiam dessa vida e possam

formar suas famílias com dignidade

e não passem todo esse sacrifício

que eu venho passando.’

Identificamos os que já tinham

uma liderança natural e fizemos

um convênio com o INADEH, que

é o instituto de capacitação equiva-

lente ao Senai no Brasil. Colocamos

um professor exclusivo e começa-

mos a fazer o curso para formar os

primeiros 30 capatazes ou 30 en-

carregados de turma.

Para mim foi uma surpresa, pois

a média de aprovação da turma foi

94%. É assim que a gente vê a ca-

pacidade desses jovens. Só faltava

um estímulo.

Mudança de atitudeNo início, várias senhoras saíam

às ruas de Curundú para reclamar

do projeto. Elas chamavam a im-

prensa e diziam: ‘Eu nunca paguei

por água, luz, ou aluguel e agora o

Governo está aqui querendo me co-

locar em um apartamento onde eu

vou ter que pagar isso tudo’.

Na primeira oportunidade que

tive de reunir todas essas mulhe-

res, eu disse a elas: ‘As senhoras

estão muito enganadas. As se-

Depoimento a Valber Carvalho / Edição de texto: Alice Galeffi

Na Cidade do Panamá, Julio Lopes Ramos lidera um projeto em que “o protagonista é a família”

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nhoras pagam muito caro para

viver aqui, pagam com a morte de

algum parente, com a violação de

uma filha, com essas águas ne-

gras, e essas condições totalmen-

te inóspitas nas quais vocês botam

seus filhos para viver. Portanto, as

senhoras nunca mais falem que

nunca pagaram nada’.

Preparei um programa de ação

dividido em três etapas. A primei-

ra era realocar as famílias. A se-

gunda etapa era iniciar o processo

de construção da urbanização e

também oferecer trabalho para

essa comunidade, para que ela

apoiasse e deixasse que a obra

fosse feita. E a terceira etapa se-

ria o regresso das famílias para as

novas unidades habitacionais, de

uma forma preparada para saber

viver em condomínio.

O exemplo de Manoel UrtadoNo andamento do projeto, fo-

mos conhecendo pessoas diferen-

ciadas. Manoel Urtado, por exem-

plo. Ele era um ex-bandido ligado

à quadrilha dos MOM. Havia ficado

muitos anos preso e tinha se tor-

nado pastor.

No início do projeto, Manoel atu-

ava como trabalhador social. Um

dia, entraram vários carros de uma

quadrilha de outro bairro e metra-

lharam vários rapazes, e dois foram

mortos. Um deles era o filho mais

velho de Manoel.

Comprometido com o projeto,

com a Odebrecht, e, principal-

mente, comprometido com Deus,

ele então tomou a decisão mais

nobre que eu já vi na minha vida:

foi a Cabo Verde perdoar o assas-

sino do filho.

Ele via isso como exemplo a ser

seguido pelos outros; queria cortar

esse círculo sangrento de vingança.

Luiz Altamirando, conhecido

como Wacuco, que também foi

um chefe da quadrilha Kriskros,

disse-me: ‘Nunca houve no Pa-

namá uma obra como esta, que

transforma pessoas’.

AprendizadoDesde o início do projeto, eu di-

zia para o ministro: ‘O protagonista

desse projeto é a família. O que nós

estamos realizando é uma enge-

nharia social, porque a engenharia

de edificação não é nenhum desafio

para a Odebrecht’.

Uma grande inspiração para

mim sempre foi o Dr. Norberto, por

tudo que ele tem feito, pela sua hu-

mildade e pela transmissão da sua

filosofia de vida e da Tecnologia

Empresarial Odebrecht para nós.

Mas a minha inspiração mais

forte é a que trago da minha família.

Meu pai era um homem simples,

filho de mestre de obra e de pro-

fessora, e minha mãe também era

professora, filha de um contador.

Minha esposa, Maninha, é aque-

la parceira principal, que está sem-

pre ao meu lado, e, quando tenho

alguma dificuldade, ela vem com

uma solução inteligente.

Sempre tenho comigo uma

orientação que passo aos meus

liderados, principalmente aos

meus parceiros: de que o nosso

cliente não é só aquele que nos

contrata, mas também a comu-

nidade para qual você está pres-

tando esse serviço.

Tudo aquilo que você faz com

amor, com carinho e determinação,

você faz bem feito. Sempre virá uma

luz para iluminá-lo.”

80 informa

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informa

Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 160 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa.

reSPONSáVeL POr cOMuNIcAçãO eMPreSArIAL NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Márcio Polidoro

reSPONSáVeL POr PrOGrAMAS edItOrIAIS NA cONStrutOrA NOrbertO Odebrecht S.A. Karolina Gutiez

cOOrdeNAdOreS NAS áreAS de NeGócIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto Óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa

cOOrdeNAçãO edItOrIAL Versal Editores editor José Enrique Barreiroeditor executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério NunesProjeto Gráfico e Ilustrações Rico Linseditora de Fotografia Holanda Cavalcanti

tiragem 5.967 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom

redAçãO: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023 / São Paulo (55) 11 3641-4743email: [email protected]

Próxima edição:Esportes

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“O empresário deve ser uma pessoa dotada de

saber experimental, que alia conhecimento à prática e faz

acontecer, em vez de, tão somente, desejar

que aconteça”

TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht]

Foto

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