bons hábitos e saúde_parte 2

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DOMINGO, 7 DE SETEMBRO DE 2014 capa 5 dem impactar gerações e tudo o que a mãe faz gera uma pro- gramação no corpo do filho. Há estu- dos que apontam que filhos de pais e mães que passaram por traumas têm mais chances de desenvolver problemas como depressão”, diz o oncogeneticista José Claudio Casali, membro da Socie- dade Brasileira de Oncologia Clínica. Lia Kubelka Back, doutora em Bio- logia Celular e do Desenvolvimento e diretora clínica do laboratório Biogene- tika, diz que o fenômeno pode ser ex- plicado pela epigenética, um campo da genética que investiga como os fatores ambientais podem afetar a forma como o código genético de uma pessoa se ma- nifesta. “Há pesquisas que indicam que pessoas que ingeriram junk food por muito tempo podem alterar o mate- rial genético de gerações futuras. Tudo o que os pais fizeram antes mesmo da concepção já pode estar contando para a saúde dos filhos”, resume. Dê uma força à genética Embora o estilo de vida dos pais possa interferir na saúde dos filhos, Casali garante que a herança genética não é um sentença. “Cada um escolhe a doença que vai ter no futuro. Muitas doenças que conhecemos são resultado de uma mistura de fatores genéticos, ambientais e das escolhas que cada pes- soa faz diariamente”, alerta Casali, que também é professor de Medicina da PUC-Paraná e chefe do serviço de On- cogenética do Hospital Erasto Gaertner. Ou seja, todo ser humano nasce com uma espécie de programação que vem dos pais, mas essa programação pode ser acionada ou modificada de acordo com a vida que a pessoa leva. “Cada gene tem uma espécie de interruptor ligado nele. Quando a pessoa nasce, os interruptores estão desligados, mas os hábitos de vida podem acionar esses in- terruptores”, afirma Casali. Má alimentação, estresse, excesso de medicamentos, cigarro e álcool, por exemplo, podem estimular ou acelerar o aparecimento de doenças. Já uma dieta balanceada, associada ao controle da ansiedade e do peso, pode reduzir o risco de enfermidades mesmo quando o histórico familiar é desfavorável. Lia Kubelka Back destaca que ARTE: EDI EDSON

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DOMINGO, 7 DE SETEMBRO DE 2014 – capa 5

dem impactar geraçõese tudo o que a mãe faz gera uma pro-gramação no corpo do fi lho. Há estu-dos que apontam que fi lhos de pais e mães que passaram por traumas têm mais chances de desenvolver problemas como depressão”, diz o oncogeneticista José Claudio Casali, membro da Socie-dade Brasileira de Oncologia Clínica.

Lia Kubelka Back, doutora em Bio-logia Celular e do Desenvolvimento e diretora clínica do laboratório Biogene-tika, diz que o fenômeno pode ser ex-plicado pela epigenética, um campo da genética que investiga como os fatores

ambientais podem afetar a forma como o código genético de uma pessoa se ma-nifesta. “Há pesquisas que indicam que pessoas que ingeriram junk food por muito tempo podem alterar o mate-rial genético de gerações futuras. Tudo o que os pais fi zeram antes mesmo da concepção já pode estar contando para a saúde dos fi lhos”, resume.

Dê uma força à genéticaEmbora o estilo de vida dos pais

possa interferir na saúde dos fi lhos, Casali garante que a herança genética

não é um sentença. “Cada um escolhe a doença que vai ter no futuro. Muitas doenças que conhecemos são resultado de uma mistura de fatores genéticos, ambientais e das escolhas que cada pes-soa faz diariamente”, alerta Casali, que também é professor de Medicina da PUC-Paraná e chefe do serviço de On-cogenética do Hospital Erasto Gaertner.

Ou seja, todo ser humano nasce com uma espécie de programação que vem dos pais, mas essa programação pode ser acionada ou modifi cada de acordo com a vida que a pessoa leva. “Cada

gene tem uma espécie de interruptor ligado nele. Quando a pessoa nasce, os interruptores estão desligados, mas os hábitos de vida podem acionar esses in-terruptores”, afi rma Casali.

Má alimentação, estresse, excesso de medicamentos, cigarro e álcool, por exemplo, podem estimular ou acelerar o aparecimento de doenças. Já uma dieta balanceada, associada ao controle da ansiedade e do peso, pode reduzir o risco de enfermidades mesmo quando o histórico familiar é desfavorável.

Lia Kubelka Back destaca que

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