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Page 1: BoletimEF.org Codigo de Pontuacao Da Ginastica Artistica Masculina Ao Longo Dos Tempos

DOI 104025reveducfisv20i15885

O COacuteDIGO DE PONTUACcedilAtildeO DA GINAacuteSTICA ARTIacuteSTICA MASCULINA AO LONGO DOS TEMPOS

MENrsquoS ARTISTIC GYMNASTICS CODE OF POINTS THROUGHOUT THE YEARS

Mauricio dos Santos de Oliveira lowast

Marco Antonio Coelho Bortoleto

RESUMO A complexidade do regulamento e do processo de avaliaccedilatildeo da Ginaacutestica Artiacutestica (GA) exige um conhecimento profundo do Coacutedigo de Pontuaccedilatildeo (CP) por parte dos aacuterbitros teacutecnicos e atletas com o objetivo de obter interpretaccedilotildees coerentes do mesmo As mudanccedilas que ocorrem frequentemente no CP fazem com que este esporte se reestruture se adapte e busque novas formas para manter sua eficiecircncia competitiva Este estudo busca analisar as principais mudanccedilas do CP da Ginaacutestica Artiacutestica Masculina (GAM) ao longo dos tempos mostrando como a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (FIG) tenta fornecer aos aacuterbitros teacutecnicos e ginastas um documento que sirva de guia para o desenvolvimento das competiccedilotildees para a preparaccedilatildeo dos ginastas e para a construccedilatildeo dos exerciacutecios em funccedilatildeo das expectativas esteacuteticas e teacutecnicas de cada periacuteodo A presente investigaccedilatildeo se caracterizou por uma pesquisa bibliograacutefica na qual a principal fonte de dados foram as ediccedilotildees do CP da GAM que satildeo documento histoacutericos e oficiais elaborados pela FIG Concluiacutemos que mesmo fundamentada na tradiccedilatildeo a GA busca atender as demandas inerentes dos avanccedilos da modalidade buscando manter a eficiecircncia competitiva atraveacutes das mudanccedilas nas regras demonstrando que a GA pode ser considerada uma praacutetica esportiva em constante evoluccedilatildeo

Palavras-chave Ginaacutestica artiacutestica masculina coacutedigo de pontuaccedilatildeo dinacircmica das regras

INTRODUCcedilAtildeO

Como primeira modalidade ginaacutestica incluiacuteda nas competiccedilotildees oliacutempicas da modernidade concretamente desde a primeira ediccedilatildeo em 1896 a GA tem se configurado como um dos esportes de maior tradiccedilatildeo e prestiacutegio no cenaacuterio internacional (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1993)

Segundo Barbanti (2005) o objetivo do esporte moderno estaacute relacionado a comparar rendimentos com criteacuterios objetivos que permitam a padronizaccedilatildeo de equipamentos e com a existecircncia de procedimentos quantitativos de comparaccedilatildeo Neste sentido conforme Cagigal (1996) o esporte do nosso tempo estaacute enormemente marcado pela regulamentaccedilatildeo onde a praacutetica desportiva aparece como uma conduta regrada padronizada e institucionalizada

Sobre o assunto Huizinga (1980) diz que cada esporte possui suas regras proacuteprias e que formam um conjunto de proposiccedilotildees nas quais estatildeo inseridas as condiccedilotildees e possibilidades de accedilatildeo que os praticantes podem realizar No caso da Ginaacutestica Artiacutestica (GA) as regras satildeo formuladas pela Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (FIG) atraveacutes dos Comitecircs Teacutecnicos masculino e feminino O conjunto dessas regras forma o regulamento da GA isto eacute o Coacutedigo de Pontuaccedilatildeo (CP)

De acordo com Huizinga (1980) o regulamento possibilita que pessoas distintas em lugares e momentos diferentes possam disputar uma mesma praacutetica esportiva em condiccedilotildees de igualdade Isto permite a praacutetica da modalidade em acircmbito internacional segundo os criteacuterios estabelecidos pelas organizaccedilotildees ou pessoas que a fomentaram (BORTOLETO 2000)

lowast Mestrando da Faculdade de Educaccedilatildeo Fiacutesica da UNICAMP e membro do grupo de estudos em Ginaacutestica Geral FEFUNICAMP

Professor da Faculdade de Educaccedilatildeo Fiacutesica da UNICAMP liacuteder do grupo de pesquisas de Ginaacutestica Geral FEFUNICAMP e membro do grupo de Estudos Praxioloacutegicos do INEFC ndash LleidaEspanha

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Bortoleto (2004) nos indica que para poder identificar o ganhador seja ele um uacutenico atleta ou uma equipe cada esporte estabelece uma forma distinta de pontuar Lavega (1995) apud Bortoleto (2004) relata que o atleta deve alcanccedilar a maior marca de pontuaccedilatildeo possiacutevel motivo pelo qual o sistema de pontuaccedilatildeo exprime condiccedilotildees para todas as accedilotildees relacionadas entre os competidores envolvidos no sistema do jogo

Ainda de acordo com Bortoleto (2004) esse sistema de pontuaccedilatildeo eacute um mecanismo que estabelece quais seratildeo os criteacuterios para pontuaccedilatildeo ou marca numa praacutetica esportiva Estas pontuaccedilotildees adquiridas pelos participantes ou equipes em uma determinada modalidade estatildeo previstas no regulamento do jogo que direciona as decisotildees e comportamentos dos jogadores neste caso dos ginastas (PARLEBAS 2001)

Sobre o sistema de pontuaccedilatildeo Parlebas (2001) afirma que a competiccedilatildeo estaacute associada ao rendimento e agrave eficaacutecia esportiva as quais satildeo por muitas vezes traduzidas em resultados numeacutericos No caso da GA o rendimento eacute registrado e comparado atraveacutes de notas atribuiacutedas aos exerciacutecios (seacuteries ou composiccedilotildees)

Deste modo as regras representam ou pretendem representar o caraacuteter objetivo da GA o qual possibilita manter um padratildeo nas atividades e permite uma avaliaccedilatildeo ldquoprecisardquo respaldada por um regulamento ldquoclarordquo e especiacutefico (BORTOLETO 2000) Contudo natildeo devemos nos esquecer do caraacuteter subjetivo (artiacutestico e com avaliaccedilatildeo qualitativa) inerente a essa modalidade esportiva Segundo Nunomura et al (1999) o caraacuteter subjetivo das avaliaccedilotildees dos exerciacutecios de GA vem sendo foco de discussotildees e reflexotildees por parte dos comitecircs teacutecnicos da FIG na regulamentaccedilatildeo da modalidade desde sua origem Talvez seja este um dos grandes atrativos e tambeacutem paradoxalmente um dos grandes desafios enfrentados pela GA

O conjunto de regras da GA eacute constantemente atualizado visando acompanhar o desenvolvimento da modalidade A importacircncia do CP na evoluccedilatildeo da modalidade pode ser entendida nas palavras de Roetzheim (1991) quando o autor relata que a forccedila que

fornece direccedilatildeo agrave evoluccedilatildeo da ginaacutestica natildeo satildeo os teacutecnicos nem os aacuterbitros ou os ginastas mas sim o CP

O CP pode ser dividido em trecircs partes segundo Bortoleto (2004) a) funcionamento geral da GAM e normas de conduta para os ginastas teacutecnicos e aacuterbitros b) aspectos especiacuteficos do funcionamento de cada um dos aparelhos e c) tabelas dos elementos nos distintos grupos estruturais e seus respectivos valores

Para entender o CP eacute preciso conhecer cada uma destas partes sem perder a noccedilatildeo do todo ou seja dos pressupostos esteacuteticos eacuteticos poliacuteticos e econocircmicos que influenciam no seu conteuacutedo e no dinamismo do mesmo

O objetivo deste artigo foi analisar as principais mudanccedilas do CP da Ginaacutestica Artiacutestica Masculina (GAM) ao longo dos anos atraveacutes de um estudo bibliograacutefico na esperanccedila de que os apontamentos levantados colaborem para uma anaacutelise deste processo de transformaccedilatildeo da GAM Nossas principais fontes de dados foram as ediccedilotildees do CP que satildeo documentos histoacutericos e oficiais da modalidade elaborados pela FIG Tambeacutem foram analisados livros artigos e revistas especializadas na aacuterea da ginaacutestica Acreditamos que para compreender as mudanccedilas que estatildeo ocorrendo na atualidade eacute necessaacuterio compreender o processo histoacuterico pelo qual o CP passou ao longo dos anos

O PROCESSO DE MUDANCcedilAS DO COacuteDIGO DE PONTUACcedilAtildeO

O Coacutedigo de Pontuaccedilatildeo (CP) tem a tarefa de proporcionar a possibilidade de um julgamento objetivo e uniforme da ginaacutestica oliacutempica no plano internacional fomentar os conhecimentos e a capacidade dos juiacutezes servindo aos ginastas bem como aos treinadores como elemento auxiliar orientador no preparo para a competiccedilatildeo e na elaboraccedilatildeo de uma prova (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1977 p 7)

Nas primeiras competiccedilotildees de GA desde 1886 ateacute o periacuteodo poacutes II Guerra Mundial a modalidade utilizava um meacutetodo subjetivo na

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avaliaccedilatildeo das seacuteries isto eacute especialistas e personalidades eram chamadas para avaliar as apresentaccedilotildees a partir de seus criteacuterios pessoais (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1993)

Conforme Bortoleto (2000) neste periacuteodo as performances eram avaliadas segundo um criteacuterio de ldquoimpressatildeo geralrdquo Assim os aacuterbitros realizavam uma anaacutelise individual que era baseada em comparaccedilotildees das seacuteries realizadas pelos ginastas gerando substanciais duacutevidas sobre a imparcialidade e tambeacutem sobre a capacidade dos mesmos de avaliar de forma coerente e uniforme dentro da comissatildeo de arbitragem

Apoacutes a II Guerra Mundial ocorreram vaacuterias discussotildees devido agraves diferenccedilas nos criteacuterios e meacutetodos de arbitragem e tambeacutem na falta de uma regulamentaccedilatildeo sobre os equipamentos utilizados durante as competiccedilotildees (SWEENEY 1975)

De acordo com FIG (1993) os problemas ocorridos nos Jogos Oliacutempicos (JO) de Londres em 1948 foram determinantes para que a FIG tomasse a atitude de formular um coacutedigo de regras Nessa ocasiatildeo foram apontadas distorccedilotildees nos julgamentos das seacuteries dos ginastas gerando assim grandes diferenccedilas nas pontuaccedilotildees e fazendo com que a competiccedilatildeo fosse interrompida constantemente o que levou a vaacuterios protestos

Na tentativa de evitar os problemas ocorridos anteriormente foi elaborado o primeiro Coacutedigo de Pontuaccedilatildeo no ano de 1949 Nele foram regularizados alguns fatores das competiccedilotildees de ginaacutestica que deram uma uniformidade para o sistema de avaliaccedilatildeo e de organizaccedilatildeo dos eventos Este primeiro coacutedigo foi utilizado no Campeonato Mundial (CM) de 1950 na Suiacuteccedila e nos JO da Finlacircndia em 1952 Esta primeira versatildeo do documento continha apenas 12 paacuteginas e possuiacutea criteacuterios para o julgamento das apresentaccedilotildees nos seguintes aspectos dificuldade combinaccedilatildeo e execuccedilatildeo (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1977)

O Comitecirc Teacutecnico Masculino conselho da FIG formado por especialistas na modalidade tambeacutem estabeleceu o nuacutemero de quatro aacuterbitros mais um aacuterbitro-chefe para a banca de arbitragem e definiu que a nota final seria a

meacutedia das notas intermediaacuterias ou seja a nota mais alta e a mais baixa seriam descartadas para evitar erros significativos no julgamento

Apesar de ter tido ecircxito muitos aspectos das regras natildeo haviam acompanhado a evoluccedilatildeo da ginaacutestica da eacutepoca Faltavam por exemplo criteacuterios na avaliaccedilatildeo de dificuldade das seacuteries livres Ou seja o CP natildeo havia satisfeito todas as necessidades Deste modo no ano de 1954 houve uma complementaccedilatildeo da versatildeo de 1949 e o CP passou a ter criteacuterios para avaliar as dificuldades das seacuteries livres A partir deste periacuteodo periodicamente o CP passou a ser complementado antes de cada grande evento (tais como JO e CM) acompanhando assim a evoluccedilatildeo da ginaacutestica de forma mais dinacircmica

Em 1956 ano dos JO de Melbourne na Austraacutelia o CP passou a dividir os elementos ginaacutesticos em categorias de dificuldade A B e C favorecendo dessa forma uma maior compreensatildeo das combinaccedilotildees executadas pelos ginastas e de sua complexidade

A elaboraccedilatildeo do Coacutedigo de Pontuaccedilatildeo de 1964 e a realizaccedilatildeo do I Curso Intercontinental de Arbitragem influenciaram decisivamente no julgamento da ginaacutestica dado que esta ediccedilatildeo do CP padronizou as nomenclaturas que existiam ateacute este periacuteodo (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1993) Conforme estabelecido no CP (1964) o ginasta deveria executar 6 elementos A 4 B e 1 C para atingir a nota de dificuldade de 340 A parte de combinaccedilatildeo valia 160 e a execuccedilatildeo 500 totalizando 10 pontos

Na versatildeo de 1968 natildeo houve grandes modificaccedilotildees em relaccedilatildeo a anterior a natildeo ser por uma revisatildeo da dificuldade dos elementos A B e C Lembramos que ao classificar os elementos por ordem de dificuldade o CP aleacutem de buscar criteacuterios objetivos para a avaliaccedilatildeo pretendia estabelecer uma forma de diferenciar as performances dos ginastas favorecendo os mais eficazes (mais precisos) e os que executavam exerciacutecios de maior dificuldade Desde este momento de forma impliacutecita o CP fomenta a busca pela dificuldade e da precisatildeo que combinadas mostram controle beleza e seguranccedila Segundo o CP (1968) a composiccedilatildeo dos exerciacutecios nos itens dificuldade combinaccedilatildeo e execuccedilatildeo seguiam a mesma disposiccedilatildeo do ciclo anterior

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Em 1971 foi lanccedilado um complemento para o CP vigente na eacutepoca e no ano de 1976 ocorreram outras modificaccedilotildees significativas Cabe destacar que todas as mudanccedilas realizadas entre cada versatildeo do CP foram vinculadas aos praticantes e teacutecnicos atraveacutes do Boletim Oficial da FIG que eacute transmitido agraves federaccedilotildees nacionais Os Boletins teacutecnicos satildeo vinculados em sua maioria em inglecircs cabendo as federaccedilotildees realizarem a traduccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos mesmos Isso gerou em muitos casos duacutevidas entre os aacuterbitros teacutecnicos e ginastas

No CP de 1976 foram estabelecidos novos valores para os criteacuterios dificuldade do exerciacutecio (340 pontos) combinaccedilatildeo (160 pontos) e execuccedilatildeo (440 pontos) chegando a um total da seacuterie de 940 Neste momento foi introduzida a bonificaccedilatildeo de 02 para cada um dos seguintes fatores risco originalidade e virtuosismo Essa resoluccedilatildeo segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1993) colocou fim agraves ldquoesmolasrdquo que eram dadas pelos aacuterbitros para diferenciar as seacuteries dos ginastas Na prova de salto por exemplo a nota de partida maacutexima era 98 sendo os dois deacutecimos faltantes dados pela bonificaccedilatildeo de virtuosismo A nota maacutexima estabelecida foi de 10 pontos

Nos anos seguintes ocorreram mudanccedilas a partir de discussotildees nos congressos teacutecnicos realizados antes das grandes competiccedilotildees (CM e JO) e durante cursos de arbitragem intercontinentais Essas mudanccedilas complementaram o CP de 1976 que foi utilizado como base ateacute o ano de 1984 nos JO de Los Angeles nos Estados Unidos sofrendo pequenas alteraccedilotildees

O sexto ciclo do CP (1985-1988) foi marcado por inovaccedilotildees e mudanccedilas que buscavam suprir as novas necessidades da modalidade Cada ciclo do CP representa um periacuteodo de quatro anos que vai do primeiro ano apoacutes os JO ateacute a ediccedilatildeo seguinte O sistema de ciclos teve iniacutecio em 1964 sob influecircncia do primeiro ciclo intercontinental de juiacutezes realizado em Zurique na Suiacuteccedila (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1977)

Devido agrave evoluccedilatildeo teacutecnica da GA no periacuteodo anterior a 1985 os valores de dificuldade combinaccedilatildeo e execuccedilatildeo foram alterados A dificuldade passou a ser de no maacuteximo 4 pontos a combinaccedilatildeo 1 ponto e a

execuccedilatildeo passou a 440 pontos A nota de partida continuou a ter o mesmo valor do coacutedigo anterior (10 pontos) poreacutem com uma distribuiccedilatildeo diferente Tambeacutem ocorreu uma revisatildeo nos elementos A B e C sendo introduzidos os elementos de dificuldade D

As novidades do CP do ciclo 1989-1992 foram a adoccedilatildeo de nova numeraccedilatildeo e novos valores para os diferentes tipos de salto sobre o cavalo introduccedilatildeo de uma melhor classificaccedilatildeo para as falhas de execuccedilatildeo e uma melhor ordenaccedilatildeo dos elementos A padronizaccedilatildeo atraveacutes da melhor classificaccedilatildeo da falhas tornou a avaliaccedilatildeo da execuccedilatildeo mais objetiva ou pelo menos com valores mais especiacuteficos

A ediccedilatildeo seguinte do CP o primeiro a ser editado em trecircs liacutenguas (inglecircs francecircs e alematildeo) e vigente no ciclo 1993-1996 foi marcado pela aboliccedilatildeo das bonificaccedilotildees por virtuosismo originalidade e risco nas seacuteries livres sendo as bonificaccedilotildees agora apenas para os exerciacutecios de grande dificuldade Houve alteraccedilotildees nos elementos A B C e D e a inclusatildeo dos elementos de dificuldade E A reduccedilatildeo e a melhor sistematizaccedilatildeo da tabela de classificaccedilatildeo das falhas proposta no ciclo anterior tambeacutem foi um fator importante nesta ediccedilatildeo do CP assim como a adoccedilatildeo de exigecircncias de dificuldades iguais para todas as competiccedilotildees No periacuteodo anterior as exigecircncias de dificuldade variavam nas competiccedilotildees por equipes e individuais

Outra alteraccedilatildeo significativa foi a divisatildeo da arbitragem em bancas A e B sendo coordenados e supervisionados pelo aacuterbitro-chefe e pelo assistente teacutecnico Essa divisatildeo da banca de arbitragem possibilitou que as tarefas fossem divididas da seguinte maneira a banca A ficou responsaacutevel pela nota de partida em que satildeo considerados os valores dos exerciacutecios das exigecircncias e as bonificaccedilotildees enquanto a banca B ficou com a tarefa de fazer as deduccedilotildees de execuccedilatildeo teacutecnica e postural Segundo Nunomura et al (1999) essa divisatildeo na banca de arbitragem veio para facilitar a tarefa no julgamento das seacuteries

De acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1993) muitas mudanccedilas deixaram de ser incluiacutedas nesse momento por serem consideradas muito radicais para serem implantadas de imediato sem que houvesse

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experiecircncias praacuteticas e acabaram sendo postergadas para um proacuteximo momento A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica aleacutem de discutir cada uma das propostas para mudanccedilas no CP costuma utilizar algumas ldquocompeticcedilotildeesshytesterdquo para experimentar tais mudanccedilas antes de implementaacute-las

Foi no CP 1997-2000 que vieram agrave tona algumas das mudanccedilas consideradas mais significativas para este esporte nas uacuteltimas deacutecadas Neste periacuteodo foram eliminados das competiccedilotildees os exerciacutecios obrigatoacuterios que eram utilizados desde as primeiras competiccedilotildees de ginaacutestica A partir desse momento as competiccedilotildees deixaram de ter na fase de classificaccedilatildeo esses exerciacutecios tambeacutem conhecidos como compulsoacuterios passando a haver apenas os exerciacutecios livres (Figura 1)

Figura 1 ndash O salto peixe foi obrigatoacuterio nos JO de Atlanta 1996 sendo realizado por todos os ginastas masculinos na Competiccedilatildeo I classificatoacuteria

Fonte Adaptado da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009)

As exigecircncias de dificuldades natildeo foram alteradas em relaccedilatildeo ao ciclo anterior De acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1997) as seacuteries necessitavam de quatro elementos A trecircs B dois C e um elemento D chegando a um total de 240 pontos na nota de dificuldade As exigecircncias especiais que eram no total de trecircs em cada aparelho continuaram a valer 120 pontos e as bonificaccedilotildees passaram a valer 140 (o valor anterior era de 100 ponto) A nota de apresentaccedilatildeo que era de 540 passou a ser de 500 totalizando o valor maacuteximo da seacuterie em 10 pontos

Esta versatildeo tambeacutem eliminou a bonificaccedilatildeo no salto sobre o cavalo que anteriormente podia ser dada quando o ginasta havia executado um

salto com uma altura extrema e uma distacircncia aleacutem do comum Aleacutem disso passaram a existir saltos com valor 10 A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica tambeacutem criou a categoria dos elementos Super E para valorizar os exerciacutecios de maior grau de dificuldade

Jaacute no CP que entrou em vigor no ano de 2001 outras mudanccedilas inovadoras para este esporte foram tomadas sendo a principal delas o uso da mesa de salto que veio para substituir o cavalo de salto A mesa aumentou a superfiacutecie de contato e a eficiecircncia da repulsatildeo dos ginastas nesta prova aleacutem de proporcionar uma maior seguranccedila dos mesmos (BORTOLETO 2004)

Com essa mudanccedila a prova de salto ganhou uma nova dimensatildeo por possibilitar um avanccedilo no grau de dificuldade com o qual os ginastas executariam os exerciacutecios com mais altura e portanto maior tempo de vocirco para realizar rotaccedilotildees e com uma seguranccedila maior Saltos com apoio de apenas uma das matildeos passam a ser proibidos e punidos com a nota zero

Os requisitos de dificuldade tambeacutem foram alterados Para cumprir com as exigecircncias de dificuldade uma seacuterie passou a necessitar de quatro elementos A trecircs B e trecircs C O total do valor das exigecircncias de dificuldade passou a ser de 280 pontos Os pontos de bonificaccedilatildeo caiacuteram de 140 para 120 e continuam a seguir os mesmos criteacuterios do coacutedigo anterior

Este novo coacutedigo tambeacutem alterou as exigecircncias especiais No ciclo anterior por exemplo as exigecircncias especiais eram de trecircs em cada aparelho com exceccedilatildeo da prova de salto que segue outro criteacuterio Com o novo coacutedigo passaram a existir cinco exigecircncias em cada aparelho com um total de 10 ponto A nota de execuccedilatildeo continuou sendo 500 pontos e o valor maacuteximo da nota de partida permaneceu em 10 pontos

Outra mudanccedila inovadora foi a eliminaccedilatildeo da possibilidade de repetir um mesmo exerciacutecio e conseguir incluir o valor dele na nota de partida Deste modo quando executado pela segunda vez o elemento natildeo poderia ser considerado pela banca A na contagem da nota de partida Essa regra tambeacutem passou a valer para elementos pertencentes ao mesmo quadrante no CP Exemplo mortal twist grupado e mortal twist carpado Apesar de serem

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elementos diferentes (com estrutura similar) por estarem no mesmo quadrante a partir deste ciclo do CP natildeo poderiam ser executados numa mesma seacuterie para a contagem da nota de partida (Figura 2) Com essa resoluccedilatildeo o CP buscava

aumentar a diversidade de elementos que compotildee um exerciacutecio impedindo assim que ginastas com facilidade em certas teacutecnicas tenham vantagem ou que apenas utilizem tais elementos

Figura 2 -Exemplo da ordenaccedilatildeo dos elementos em quadrantes no CP Em destaque o exemplo supracitado dos elementos twist grupado e carpado

Fonte Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009 p 49)

Apesar de buscar a diversidade nas apresentaccedilotildees a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos diminuiu significativamente o repertoacuterio dos ginastas nos diferentes aparelhos Podemos citar como exemplo a diminuiccedilatildeo dos elementos de saiacuteda da barra fixa No ciclo 1997-2000 o nuacutemero de elementos de saiacuteda era de 48 passando para 32 no ciclo 2001-2004 esse fato conduz os ginastas a eleiccedilatildeo dos mesmos elementos os mais faacuteceis e que possuem um valor maior e assim retornando a ldquomonotoniardquo das seacuteries obrigatoacuterias

Seguramente as alteraccedilotildees ocorridas neste ciclo influenciaram de forma significativa algumas caracteriacutesticas desse esporte Os ginastas foram mais uma vez desafiados a mudar as seacuteries se adaptando agraves novas regras Isso quer dizer que a cada nova versatildeo do CP todos os implicados precisam reciclar sua forma de

atuaccedilatildeo ao contraacuterio de outros esportes cujas regras natildeo se modificam constantemente Essa dinacircmica do CP faz com que o primeiro ano de implementaccedilatildeo da nova ediccedilatildeo do coacutedigo seja sempre complicado pois sempre restaratildeo duacutevidas sobre as novas diretrizes da modalidade Fink (1993) chama a atenccedilatildeo para essa questatildeo ao relatar a dificuldade que os teacutecnicos possuem com as frequentes mudanccedilas frente agrave subjetividade e ambiguidade de algumas regras contidas no CP

Nesse ciclo 2001-2004 os aacuterbitros das competiccedilotildees masculinas passaram a ter que descrever as seacuteries utilizando a simbologia dos elementos (Tabela 1) assim como na arbitragem feminina que jaacute adotava esse meacutetodo anteriormente Trata-se de um sistema de linguagem atraveacutes de siacutembolos que representam os elementos executados pelos ginastas

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103 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

Tabela 1 - Exemplos da simbologia dos elementos da GA masculina

Elementos Siacutembolos Estrela

Rodante

Flic Flac

Reversatildeo

Mortal para frente

Mortal para traacutes

Fonte Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009 p 142)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2001) o objetivo da adoccedilatildeo da simbologia eacute melhorar a comunicaccedilatildeo entre aacuterbitros ginastas e treinadores quebrando as barreiras da linguagem tradicional e assegurando uma avaliaccedilatildeo justa A transcriccedilatildeo dos exerciacutecios garantiria que o aacuterbitro avaliasse o exerciacutecio de forma adequada possibilitando uma consulta tardia caso surgisse algum conflito entre as notas dos aacuterbitros que superasse a margem estabelecida pelo CP Na atualidade as grandes competiccedilotildees obrigam os ginastas a realizar o treinamento de ldquopoacutediordquo momento em que os juiacutezes analisam e registram os exerciacutecios dos ginastas

Seguindo a evoluccedilatildeo que vinha ocorrendo com os dois ciclos anteriores o CP que entrou em vigor no ano de 2006 veio para completar o processo iniciado de forma significativa com o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios no ciclo 1997shy2000 Na sequecircncia houve a mudanccedila na prova de salto no ciclo seguinte bem como as mudanccedilas nas composiccedilotildees das exigecircncias das seacuteries durante ambos os ciclos No ano de 2005 foi utilizado um CP provisoacuterio e enfim foi implementada a versatildeo de 2006

Esta versatildeo do CP teve o objetivo de promover um julgamento mais objetivo e ao mesmo tempo privilegiar os ginastas que executam um alto grau de dificuldade Apesar disso sabemos que a objetividade absoluta eacute impossiacutevel e que a interpretaccedilatildeo do texto do CP eacute tatildeo complexa que constantemente satildeo emitidas notas oficiais da FIG que procuram esclarecer duacutevidas ou definir criteacuterios para interpretaccedilatildeo das regras

Uma das preocupaccedilotildees da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute melhorar a valorizaccedilatildeo objetiva dos ginastas Segundo Smoleuskiy e Gaverdouskiy (1997) por muitos anos vem sendo utilizado um meacutetodo subjetivo da valorizaccedilatildeo dos liacutederes que satildeo praticamente iguais na sua maestria Na busca por diferenciar esses atletas o ldquocoacutedigo abertordquo valorizou de forma mais eficiente os atletas que aleacutem de possuiacuterem uma maestria teacutecnica executam elementos de grande dificuldade Com isso o CP conseguiu diferenciar melhor os ginastas durante as competiccedilotildees Utilizamos o termo ldquocoacutedigo abertordquo para referir ao natildeo estabelecimento de uma nota maacutexima fixa

O novo coacutedigo tambeacutem eliminou uma das grandes marcas da GA que era a nota 10 Este coacutedigo possibilitou aos ginastas executarem seacuteries que possuiacutessem notas de partida maiores que 10 pontos colocando fim a almejada nota da perfeiccedilatildeo que foi eternizada por ginastas como Nadia Comaneci (Romecircnia) e Dmitri Bilozerchev (ex-Uniatildeo Sovieacutetica)

Tais mudanccedilas geram certa confusatildeo entre os expectadores que natildeo estatildeo acostumados com o esporte (POWELL 2006 MALONEY 2007) Antigamente os expectadores se guiavam durante a competiccedilatildeo com o raciociacutenio de que as notas proacuteximas ao dez eram boas e notas abaixo de 9 eram consideradas ruins Com o coacutedigo aberto eacute difiacutecil ter um paracircmetro porque as notas podem variar muito entre os ginastas e tambeacutem nos diferentes aparelhos

Houve muitos protestos com relaccedilatildeo ao fim da nota dez (MACUR 2008 OLIVEIRA 2008 ROMANO 2008) Muitos ginastas e treinadores fizeram questatildeo de enviar manifestos agrave FIG contra o fim da nota que durante muitos anos foi o marco da perfeiccedilatildeo na ginaacutestica

Aleacutem do fim da nota 10 alguns treinadores e ginastas temem que as mudanccedilas que favorecem os elementos de alta dificuldade podem gerar um nuacutemero maior de lesotildees deixando a perfeiccedilatildeo da execuccedilatildeo em segundo plano Poreacutem ainda natildeo houve tempo para observar tais consequencias

O CP 2006-2008 reavaliou os elementos nas suas determinadas categorias eliminando os elementos Super E e incluindo uma nova categoria de elementos F de dificuldade

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104 Oliveira e Bortoleto

Os elementos F satildeo os exerciacutecios de maior dificuldade e possuem o valor de 06 e gradativamente os exerciacutecios de menor dificuldade recebem valores menores sendo o valor dos elementos A de 01 pontos

Com relaccedilatildeo a arbitragem o novo coacutedigo continua dividindo os aacuterbitros em duas bancas (A B) sendo uma responsaacutevel pela nota de execuccedilatildeo (B) e outra responsaacutevel pela nota de dificuldade (A)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2007a) o ginasta parte de 10 pontos na nota de execuccedilatildeo quando cumpre com o nuacutemero miacutenimo de 7 elementos e a partir dessa nota satildeo deduzidas as falhas cometidas pelo atleta O juacuteri B continua responsaacutevel por avaliar a parte artiacutestica a execuccedilatildeo a teacutecnica e a composiccedilatildeo da seacuterie realizada pelo ginasta Caso o ginasta natildeo realize o miacutenimo de 7 elementos haacute uma deduccedilatildeo na nota de execuccedilatildeo

A ginaacutestica manteacutem a magia da nota maacutexima atraveacutes do dez de execuccedilatildeo que pode ser ldquopremiadordquo ao ginasta que alcanccedilar a perfeiccedilatildeo significando que ele natildeo possui nenhuma falha (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 2007b) Outra mudanccedila

importante que interfere na nota de execuccedilatildeo foi o aumento de 05 para 08 pontos no valor da queda buscando diminuir a realizaccedilatildeo de elementos ainda sem domiacutenio completo

O juacuteri A ficou responsaacutevel pela nota de dificuldade que passou a considerar o valor dos 9 elementos de maior dificuldade executados pelo ginasta mais o elemento executado na saiacuteda do aparelho as bonificaccedilotildees de ligaccedilotildees e os valores dados pelo cumprimento dos grupos de exigecircncia

Cada grupo de exigecircncia passou a valer 05 pontos sendo necessaacuterios cumprir 5 grupos em cada aparelho com exceccedilatildeo da prova de salto o que gera um total de 25 pontos

O atleta tambeacutem ficou proibido de repetir mais de 4 vezes elementos que estejam num mesmo grupo de exigecircncia A regra de repeticcedilatildeo de elementos iguais ou do mesmo quadrante proposta no ciclo anterior continua em vigor e as bonificaccedilotildees passam a ser consideradas apenas no solo argolas e barra fixa

A nota fornecida pela banca A mais a meacutedia das notas intermediaacuterias dos aacuterbitros da banca B formam a pontuaccedilatildeo final do ginasta (Tabela 2)

Tabela 2 - Composiccedilatildeo da nota do ginasta Diego Hypoacutelito (Brasil) na final dos exerciacutecios de solo nos Jogos Oliacutempicos de 2008 na China

Jogos Oliacutempicos 2008 Nota Banca B1 B2 B3 B4 B5 B6 Nota Banca Nota Final Exerciacutecios de Solo A B Final

DIEGO HYPOLITO BRA 670 840 850 840 850 880 860 850 15200

Fonte wwwgymnasticsresultscom

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No decorrer deste estudo observamos como o CP passou ao longo dos anos por uma seacuterie de mudanccedilas que buscaram acompanhar o desenvolvimento deste esporte Normile (1997) diz que a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute desafiada a cada quatro anos com a aacuterdua tarefa de quantificar (objetivar) um esporte subjetivo que natildeo paacutera de crescer

Segundo Cogan e Vidmar (2000) poucas modalidades esportivas associam poder e graccedila forccedila e beleza velocidade e precisatildeo audaacutecia e flexibilidade como a GA Manter essa relaccedilatildeo de esporte e arte tem sido um dos grandes desafios da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica aleacutem de ser um norteador das mudanccedilas do CP

Na opiniatildeo de Bortoleto (2000) a GA possui uma caracteriacutestica esteacutetica inerente e significativa que lhe garantiu em grande parte o sucesso adquirido ao longo dos tempos Atualmente a GA vem sendo direcionada para os valores objetivos e isso eacute fortemente evidenciado quando o CP passa a valorizar a dificuldade em detrimento do fator artiacutestico Assim a modalidade se tornou dependente da dificuldade buscando uma avaliaccedilatildeo mais objetiva que eacute uma caracteriacutestica tiacutepica do esporte moderno

Quando falamos do fator artiacutestico estamos nos referindo ao virtuosismo que segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1977) seria quando o ginasta mostra elegacircncia particular na execuccedilatildeo leveza no

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105 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

desenvolvimento dos movimentos e maestria na dificuldade e no risco Tambeacutem referimo-nos agrave originalidade que de acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1979) seria quando o ginasta executa novas formas de movimento de partes ou ligaccedilotildees de exerciacutecios que como tais satildeo novas e se destacam nos quadros do que eacute conhecido tradicional ou claacutessico nas seacuteries

Esse dois fatores virtuosismo e originalidade por natildeo serem mais valorizados no CP foram marginalizados

Por outro lado a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos pode ser um dos fatores responsaacuteveis pela falta de criatividade dos ginastas Talvez se a FIG valorizasse esses exerciacutecios pouco utilizados ao inveacutes de eliminaacute-los do CP a ginaacutestica atual estaria mais criativa e diversificada O que podemos ver na atualidade eacute a repeticcedilatildeo dos mesmos exerciacutecios pela grande maioria dos ginastas o que torna o esporte menos interessante para o puacuteblico Bortoleto (2000) relata que essa repeticcedilatildeo de elementos pelos ginastas retoma de forma parcial o aspecto monoacutetono das extintas competiccedilotildees obrigatoacuterias e consequentemente desfoca o sentido das seacuteries livres

Isso tudo eacute direcionado pelo CP Apesar de criar regras que buscaram deixar as seacuteries dos ginastas mais variadas como a regra de repeticcedilatildeo o CP tambeacutem criou exerciacutecios ldquoobrigatoacuteriosrdquo ao valorizar privilegiar determinados elementos A consequecircncia disso eacute a perda da originalidade dos ginastas que natildeo buscam ser criativos tendo como prioridade apenas atender as regras de forma eficiente

Outra caracteriacutestica a ser destacada eacute que hoje os ginastas natildeo objetivam mais a perfeiccedilatildeo (a nota 10) e sim os recordes A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica valoriza o ginasta que possui a maior nota de partida ao contraacuterio de um passado natildeo muito distante quando o dez era o siacutembolo da maestria do ginasta Haacute pouca repercussatildeo sobre o ginasta que possui a maior nota do painel B que seria a nota de execuccedilatildeo da perfeiccedilatildeo teacutecnica

Apesar do CP direcionar a modalidade para esse caminho supracitado parece-nos que ele conseguiu equilibrar o julgamento tornando-o menos subjetivo e consequentemente mais justo e objetivo A sistematizaccedilatildeo e classificaccedilatildeo das

falhas em meados da deacutecada de 80 foi o primeiro passo nesse sentido Contudo vaacuterias arestas ainda precisam ser aparadas

O fim da nota dez mesmo gerando polecircmica foi um fato que tornou o esporte mais justo Com o ldquocoacutedigo abertordquo o ginasta que executa elementos de dificuldade com boa execuccedilatildeo eacute mais valorizado do que nos ciclos anteriores No passado era comum ver ginastas executando elementos de alto grau de dificuldade com boa execuccedilatildeo que perdiam a disputa para ginastas com seacuteries conservadoras com menos risco que apenas cumpriam com as exigecircncias gerando insatisfaccedilatildeo no puacuteblico Dez minutos de vaias para a nota de Aleksei Nemov durante a final de barra fixa nos JO de Atenas exemplificam a insatisfaccedilatildeo do puacuteblico ao ver que a seacuterie de maior risco e com boa execuccedilatildeo natildeo recebeu a nota que merecia (AMOUR 2004)

Tambeacutem foi observado que algumas mudanccedilas foram influenciadas pela miacutedia (especialmente a TV) como o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios (NUNOMURA NISTA-PICCOLO PUBLIO 1999) Neste caso buscava-se uma competiccedilatildeo mais dinacircmica variada atrativa e raacutepida conforme os paracircmetros da miacutedia atual Isso mostra que a GA busca cada vez mais a exposiccedilatildeo na miacutedia para a popularizaccedilatildeo cada vez maior da modalidade da mesma forma que outros esportes como o voleibol que tambeacutem alterou suas regras tornando-se mais dinacircmico e adequado para a transmissatildeo televisiva

A seguranccedila dos ginastas tambeacutem foi um requisito para determinadas alteraccedilotildees no CP Podemos citar como exemplos a obrigatoriedade do uso do ldquocolar de proteccedilatildeordquo ao redor do trampolim para saltos do grupo cinco quando a entrada eacute realizada de costas para a mesa de salto que entrou em vigor no ciclo 2001-2004 Tambeacutem a proibiccedilatildeo ou limitaccedilatildeo de determinados exerciacutecios que prejudicavam a sauacutede dos ginastas como a limitaccedilatildeo do nuacutemero de elementos executados com um braccedilo na barra fixa

Como podemos observar o CP vem buscando manter-se atualizado com o crescente desenvolvimento da modalidade sempre tentando atender as demandas geradas pelo puacuteblico miacutedia ginastas e treinadores com o objetivo principal de servir de fundamento para

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106 Oliveira e Bortoleto

o treinamento julgamento e a consequente evoluccedilatildeo da GA

A cada novo ciclo todos os envolvidos com a GA satildeo desafiados a se adaptar Mesmo fundamentada na tradiccedilatildeo a GA busca atender as demandas inerentes da modernidade com relaccedilatildeo agraves novas teacutecnicas exerciacutecios e aparelhos tentando manter a eficiecircncia competitiva atraveacutes

das mudanccedilas nas regras que a delineiam demonstrando que a GA pode ser considerada uma praacutetica esportiva em constante evoluccedilatildeo Desta forma frequentemente teremos que debruccedilar nossos esforccedilos afim de compreender a dinacircmica do CP e das suas consequecircncias no cotidiano da modalidade

MENrsquoS ARTISTIC GYMNASTICS CODE OF POINTS THROUGHOUT THE YEARS

ABSTRACT The rules complexity and the evaluation process of Artistic Gymnastics (AG) demands a profound knowledge of the Code of Points (CP) by the judges coaches and gymnasts with the objective of obtaining coherent interpretations of it The changes that occur in the CP make this sport face a restructuration seeking adaptation and new forms to maintain its competitive efficiency This study provides an analysis of the main changes in Menrsquos Artistic Gymnastics (MAG) Code of Points throughout the years showing how the International Gymnastics Federation (FIG) tries to provide to the judges coaches and gymnasts a document that may guide then to the development of competitions to the preparation of gymnasts and for the construction of the exercises in order to fulfill the esthetical and technical expectations of each period This study was a bibliographic research where the main source of data was the editions of the MAGrsquos CP The CP is a historical and official document developed by FIG We have concluded that even a traditional sport such AG seeks to fulfill the demands inherent in the progress of this sport trying to maintain competitive efficiency through changes in the rules showing that AG can be considered a sports in constant evolution

Keywords Menrsquos Artistic Gymnastics Code of Points Rulesacute dynamics

REFEREcircNCIAS

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FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1977

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1979

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1993

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1997

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2001

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2007a

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2009

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Recebido em 27112008 Revisado em 12032009

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Endereccedilo para correspondecircncia Mauricio dos Santos de Oliveira Rua Carolina C R de Oliveira 305 Jardim Rosolem CEP 13185-302 Hortolacircndia-SP E-mail mauricio_olliveirayahoocombr

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Page 2: BoletimEF.org Codigo de Pontuacao Da Ginastica Artistica Masculina Ao Longo Dos Tempos

98 Oliveira e Bortoleto

Bortoleto (2004) nos indica que para poder identificar o ganhador seja ele um uacutenico atleta ou uma equipe cada esporte estabelece uma forma distinta de pontuar Lavega (1995) apud Bortoleto (2004) relata que o atleta deve alcanccedilar a maior marca de pontuaccedilatildeo possiacutevel motivo pelo qual o sistema de pontuaccedilatildeo exprime condiccedilotildees para todas as accedilotildees relacionadas entre os competidores envolvidos no sistema do jogo

Ainda de acordo com Bortoleto (2004) esse sistema de pontuaccedilatildeo eacute um mecanismo que estabelece quais seratildeo os criteacuterios para pontuaccedilatildeo ou marca numa praacutetica esportiva Estas pontuaccedilotildees adquiridas pelos participantes ou equipes em uma determinada modalidade estatildeo previstas no regulamento do jogo que direciona as decisotildees e comportamentos dos jogadores neste caso dos ginastas (PARLEBAS 2001)

Sobre o sistema de pontuaccedilatildeo Parlebas (2001) afirma que a competiccedilatildeo estaacute associada ao rendimento e agrave eficaacutecia esportiva as quais satildeo por muitas vezes traduzidas em resultados numeacutericos No caso da GA o rendimento eacute registrado e comparado atraveacutes de notas atribuiacutedas aos exerciacutecios (seacuteries ou composiccedilotildees)

Deste modo as regras representam ou pretendem representar o caraacuteter objetivo da GA o qual possibilita manter um padratildeo nas atividades e permite uma avaliaccedilatildeo ldquoprecisardquo respaldada por um regulamento ldquoclarordquo e especiacutefico (BORTOLETO 2000) Contudo natildeo devemos nos esquecer do caraacuteter subjetivo (artiacutestico e com avaliaccedilatildeo qualitativa) inerente a essa modalidade esportiva Segundo Nunomura et al (1999) o caraacuteter subjetivo das avaliaccedilotildees dos exerciacutecios de GA vem sendo foco de discussotildees e reflexotildees por parte dos comitecircs teacutecnicos da FIG na regulamentaccedilatildeo da modalidade desde sua origem Talvez seja este um dos grandes atrativos e tambeacutem paradoxalmente um dos grandes desafios enfrentados pela GA

O conjunto de regras da GA eacute constantemente atualizado visando acompanhar o desenvolvimento da modalidade A importacircncia do CP na evoluccedilatildeo da modalidade pode ser entendida nas palavras de Roetzheim (1991) quando o autor relata que a forccedila que

fornece direccedilatildeo agrave evoluccedilatildeo da ginaacutestica natildeo satildeo os teacutecnicos nem os aacuterbitros ou os ginastas mas sim o CP

O CP pode ser dividido em trecircs partes segundo Bortoleto (2004) a) funcionamento geral da GAM e normas de conduta para os ginastas teacutecnicos e aacuterbitros b) aspectos especiacuteficos do funcionamento de cada um dos aparelhos e c) tabelas dos elementos nos distintos grupos estruturais e seus respectivos valores

Para entender o CP eacute preciso conhecer cada uma destas partes sem perder a noccedilatildeo do todo ou seja dos pressupostos esteacuteticos eacuteticos poliacuteticos e econocircmicos que influenciam no seu conteuacutedo e no dinamismo do mesmo

O objetivo deste artigo foi analisar as principais mudanccedilas do CP da Ginaacutestica Artiacutestica Masculina (GAM) ao longo dos anos atraveacutes de um estudo bibliograacutefico na esperanccedila de que os apontamentos levantados colaborem para uma anaacutelise deste processo de transformaccedilatildeo da GAM Nossas principais fontes de dados foram as ediccedilotildees do CP que satildeo documentos histoacutericos e oficiais da modalidade elaborados pela FIG Tambeacutem foram analisados livros artigos e revistas especializadas na aacuterea da ginaacutestica Acreditamos que para compreender as mudanccedilas que estatildeo ocorrendo na atualidade eacute necessaacuterio compreender o processo histoacuterico pelo qual o CP passou ao longo dos anos

O PROCESSO DE MUDANCcedilAS DO COacuteDIGO DE PONTUACcedilAtildeO

O Coacutedigo de Pontuaccedilatildeo (CP) tem a tarefa de proporcionar a possibilidade de um julgamento objetivo e uniforme da ginaacutestica oliacutempica no plano internacional fomentar os conhecimentos e a capacidade dos juiacutezes servindo aos ginastas bem como aos treinadores como elemento auxiliar orientador no preparo para a competiccedilatildeo e na elaboraccedilatildeo de uma prova (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1977 p 7)

Nas primeiras competiccedilotildees de GA desde 1886 ateacute o periacuteodo poacutes II Guerra Mundial a modalidade utilizava um meacutetodo subjetivo na

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99 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

avaliaccedilatildeo das seacuteries isto eacute especialistas e personalidades eram chamadas para avaliar as apresentaccedilotildees a partir de seus criteacuterios pessoais (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1993)

Conforme Bortoleto (2000) neste periacuteodo as performances eram avaliadas segundo um criteacuterio de ldquoimpressatildeo geralrdquo Assim os aacuterbitros realizavam uma anaacutelise individual que era baseada em comparaccedilotildees das seacuteries realizadas pelos ginastas gerando substanciais duacutevidas sobre a imparcialidade e tambeacutem sobre a capacidade dos mesmos de avaliar de forma coerente e uniforme dentro da comissatildeo de arbitragem

Apoacutes a II Guerra Mundial ocorreram vaacuterias discussotildees devido agraves diferenccedilas nos criteacuterios e meacutetodos de arbitragem e tambeacutem na falta de uma regulamentaccedilatildeo sobre os equipamentos utilizados durante as competiccedilotildees (SWEENEY 1975)

De acordo com FIG (1993) os problemas ocorridos nos Jogos Oliacutempicos (JO) de Londres em 1948 foram determinantes para que a FIG tomasse a atitude de formular um coacutedigo de regras Nessa ocasiatildeo foram apontadas distorccedilotildees nos julgamentos das seacuteries dos ginastas gerando assim grandes diferenccedilas nas pontuaccedilotildees e fazendo com que a competiccedilatildeo fosse interrompida constantemente o que levou a vaacuterios protestos

Na tentativa de evitar os problemas ocorridos anteriormente foi elaborado o primeiro Coacutedigo de Pontuaccedilatildeo no ano de 1949 Nele foram regularizados alguns fatores das competiccedilotildees de ginaacutestica que deram uma uniformidade para o sistema de avaliaccedilatildeo e de organizaccedilatildeo dos eventos Este primeiro coacutedigo foi utilizado no Campeonato Mundial (CM) de 1950 na Suiacuteccedila e nos JO da Finlacircndia em 1952 Esta primeira versatildeo do documento continha apenas 12 paacuteginas e possuiacutea criteacuterios para o julgamento das apresentaccedilotildees nos seguintes aspectos dificuldade combinaccedilatildeo e execuccedilatildeo (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1977)

O Comitecirc Teacutecnico Masculino conselho da FIG formado por especialistas na modalidade tambeacutem estabeleceu o nuacutemero de quatro aacuterbitros mais um aacuterbitro-chefe para a banca de arbitragem e definiu que a nota final seria a

meacutedia das notas intermediaacuterias ou seja a nota mais alta e a mais baixa seriam descartadas para evitar erros significativos no julgamento

Apesar de ter tido ecircxito muitos aspectos das regras natildeo haviam acompanhado a evoluccedilatildeo da ginaacutestica da eacutepoca Faltavam por exemplo criteacuterios na avaliaccedilatildeo de dificuldade das seacuteries livres Ou seja o CP natildeo havia satisfeito todas as necessidades Deste modo no ano de 1954 houve uma complementaccedilatildeo da versatildeo de 1949 e o CP passou a ter criteacuterios para avaliar as dificuldades das seacuteries livres A partir deste periacuteodo periodicamente o CP passou a ser complementado antes de cada grande evento (tais como JO e CM) acompanhando assim a evoluccedilatildeo da ginaacutestica de forma mais dinacircmica

Em 1956 ano dos JO de Melbourne na Austraacutelia o CP passou a dividir os elementos ginaacutesticos em categorias de dificuldade A B e C favorecendo dessa forma uma maior compreensatildeo das combinaccedilotildees executadas pelos ginastas e de sua complexidade

A elaboraccedilatildeo do Coacutedigo de Pontuaccedilatildeo de 1964 e a realizaccedilatildeo do I Curso Intercontinental de Arbitragem influenciaram decisivamente no julgamento da ginaacutestica dado que esta ediccedilatildeo do CP padronizou as nomenclaturas que existiam ateacute este periacuteodo (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1993) Conforme estabelecido no CP (1964) o ginasta deveria executar 6 elementos A 4 B e 1 C para atingir a nota de dificuldade de 340 A parte de combinaccedilatildeo valia 160 e a execuccedilatildeo 500 totalizando 10 pontos

Na versatildeo de 1968 natildeo houve grandes modificaccedilotildees em relaccedilatildeo a anterior a natildeo ser por uma revisatildeo da dificuldade dos elementos A B e C Lembramos que ao classificar os elementos por ordem de dificuldade o CP aleacutem de buscar criteacuterios objetivos para a avaliaccedilatildeo pretendia estabelecer uma forma de diferenciar as performances dos ginastas favorecendo os mais eficazes (mais precisos) e os que executavam exerciacutecios de maior dificuldade Desde este momento de forma impliacutecita o CP fomenta a busca pela dificuldade e da precisatildeo que combinadas mostram controle beleza e seguranccedila Segundo o CP (1968) a composiccedilatildeo dos exerciacutecios nos itens dificuldade combinaccedilatildeo e execuccedilatildeo seguiam a mesma disposiccedilatildeo do ciclo anterior

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100 Oliveira e Bortoleto

Em 1971 foi lanccedilado um complemento para o CP vigente na eacutepoca e no ano de 1976 ocorreram outras modificaccedilotildees significativas Cabe destacar que todas as mudanccedilas realizadas entre cada versatildeo do CP foram vinculadas aos praticantes e teacutecnicos atraveacutes do Boletim Oficial da FIG que eacute transmitido agraves federaccedilotildees nacionais Os Boletins teacutecnicos satildeo vinculados em sua maioria em inglecircs cabendo as federaccedilotildees realizarem a traduccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos mesmos Isso gerou em muitos casos duacutevidas entre os aacuterbitros teacutecnicos e ginastas

No CP de 1976 foram estabelecidos novos valores para os criteacuterios dificuldade do exerciacutecio (340 pontos) combinaccedilatildeo (160 pontos) e execuccedilatildeo (440 pontos) chegando a um total da seacuterie de 940 Neste momento foi introduzida a bonificaccedilatildeo de 02 para cada um dos seguintes fatores risco originalidade e virtuosismo Essa resoluccedilatildeo segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1993) colocou fim agraves ldquoesmolasrdquo que eram dadas pelos aacuterbitros para diferenciar as seacuteries dos ginastas Na prova de salto por exemplo a nota de partida maacutexima era 98 sendo os dois deacutecimos faltantes dados pela bonificaccedilatildeo de virtuosismo A nota maacutexima estabelecida foi de 10 pontos

Nos anos seguintes ocorreram mudanccedilas a partir de discussotildees nos congressos teacutecnicos realizados antes das grandes competiccedilotildees (CM e JO) e durante cursos de arbitragem intercontinentais Essas mudanccedilas complementaram o CP de 1976 que foi utilizado como base ateacute o ano de 1984 nos JO de Los Angeles nos Estados Unidos sofrendo pequenas alteraccedilotildees

O sexto ciclo do CP (1985-1988) foi marcado por inovaccedilotildees e mudanccedilas que buscavam suprir as novas necessidades da modalidade Cada ciclo do CP representa um periacuteodo de quatro anos que vai do primeiro ano apoacutes os JO ateacute a ediccedilatildeo seguinte O sistema de ciclos teve iniacutecio em 1964 sob influecircncia do primeiro ciclo intercontinental de juiacutezes realizado em Zurique na Suiacuteccedila (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1977)

Devido agrave evoluccedilatildeo teacutecnica da GA no periacuteodo anterior a 1985 os valores de dificuldade combinaccedilatildeo e execuccedilatildeo foram alterados A dificuldade passou a ser de no maacuteximo 4 pontos a combinaccedilatildeo 1 ponto e a

execuccedilatildeo passou a 440 pontos A nota de partida continuou a ter o mesmo valor do coacutedigo anterior (10 pontos) poreacutem com uma distribuiccedilatildeo diferente Tambeacutem ocorreu uma revisatildeo nos elementos A B e C sendo introduzidos os elementos de dificuldade D

As novidades do CP do ciclo 1989-1992 foram a adoccedilatildeo de nova numeraccedilatildeo e novos valores para os diferentes tipos de salto sobre o cavalo introduccedilatildeo de uma melhor classificaccedilatildeo para as falhas de execuccedilatildeo e uma melhor ordenaccedilatildeo dos elementos A padronizaccedilatildeo atraveacutes da melhor classificaccedilatildeo da falhas tornou a avaliaccedilatildeo da execuccedilatildeo mais objetiva ou pelo menos com valores mais especiacuteficos

A ediccedilatildeo seguinte do CP o primeiro a ser editado em trecircs liacutenguas (inglecircs francecircs e alematildeo) e vigente no ciclo 1993-1996 foi marcado pela aboliccedilatildeo das bonificaccedilotildees por virtuosismo originalidade e risco nas seacuteries livres sendo as bonificaccedilotildees agora apenas para os exerciacutecios de grande dificuldade Houve alteraccedilotildees nos elementos A B C e D e a inclusatildeo dos elementos de dificuldade E A reduccedilatildeo e a melhor sistematizaccedilatildeo da tabela de classificaccedilatildeo das falhas proposta no ciclo anterior tambeacutem foi um fator importante nesta ediccedilatildeo do CP assim como a adoccedilatildeo de exigecircncias de dificuldades iguais para todas as competiccedilotildees No periacuteodo anterior as exigecircncias de dificuldade variavam nas competiccedilotildees por equipes e individuais

Outra alteraccedilatildeo significativa foi a divisatildeo da arbitragem em bancas A e B sendo coordenados e supervisionados pelo aacuterbitro-chefe e pelo assistente teacutecnico Essa divisatildeo da banca de arbitragem possibilitou que as tarefas fossem divididas da seguinte maneira a banca A ficou responsaacutevel pela nota de partida em que satildeo considerados os valores dos exerciacutecios das exigecircncias e as bonificaccedilotildees enquanto a banca B ficou com a tarefa de fazer as deduccedilotildees de execuccedilatildeo teacutecnica e postural Segundo Nunomura et al (1999) essa divisatildeo na banca de arbitragem veio para facilitar a tarefa no julgamento das seacuteries

De acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1993) muitas mudanccedilas deixaram de ser incluiacutedas nesse momento por serem consideradas muito radicais para serem implantadas de imediato sem que houvesse

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101 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

experiecircncias praacuteticas e acabaram sendo postergadas para um proacuteximo momento A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica aleacutem de discutir cada uma das propostas para mudanccedilas no CP costuma utilizar algumas ldquocompeticcedilotildeesshytesterdquo para experimentar tais mudanccedilas antes de implementaacute-las

Foi no CP 1997-2000 que vieram agrave tona algumas das mudanccedilas consideradas mais significativas para este esporte nas uacuteltimas deacutecadas Neste periacuteodo foram eliminados das competiccedilotildees os exerciacutecios obrigatoacuterios que eram utilizados desde as primeiras competiccedilotildees de ginaacutestica A partir desse momento as competiccedilotildees deixaram de ter na fase de classificaccedilatildeo esses exerciacutecios tambeacutem conhecidos como compulsoacuterios passando a haver apenas os exerciacutecios livres (Figura 1)

Figura 1 ndash O salto peixe foi obrigatoacuterio nos JO de Atlanta 1996 sendo realizado por todos os ginastas masculinos na Competiccedilatildeo I classificatoacuteria

Fonte Adaptado da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009)

As exigecircncias de dificuldades natildeo foram alteradas em relaccedilatildeo ao ciclo anterior De acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1997) as seacuteries necessitavam de quatro elementos A trecircs B dois C e um elemento D chegando a um total de 240 pontos na nota de dificuldade As exigecircncias especiais que eram no total de trecircs em cada aparelho continuaram a valer 120 pontos e as bonificaccedilotildees passaram a valer 140 (o valor anterior era de 100 ponto) A nota de apresentaccedilatildeo que era de 540 passou a ser de 500 totalizando o valor maacuteximo da seacuterie em 10 pontos

Esta versatildeo tambeacutem eliminou a bonificaccedilatildeo no salto sobre o cavalo que anteriormente podia ser dada quando o ginasta havia executado um

salto com uma altura extrema e uma distacircncia aleacutem do comum Aleacutem disso passaram a existir saltos com valor 10 A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica tambeacutem criou a categoria dos elementos Super E para valorizar os exerciacutecios de maior grau de dificuldade

Jaacute no CP que entrou em vigor no ano de 2001 outras mudanccedilas inovadoras para este esporte foram tomadas sendo a principal delas o uso da mesa de salto que veio para substituir o cavalo de salto A mesa aumentou a superfiacutecie de contato e a eficiecircncia da repulsatildeo dos ginastas nesta prova aleacutem de proporcionar uma maior seguranccedila dos mesmos (BORTOLETO 2004)

Com essa mudanccedila a prova de salto ganhou uma nova dimensatildeo por possibilitar um avanccedilo no grau de dificuldade com o qual os ginastas executariam os exerciacutecios com mais altura e portanto maior tempo de vocirco para realizar rotaccedilotildees e com uma seguranccedila maior Saltos com apoio de apenas uma das matildeos passam a ser proibidos e punidos com a nota zero

Os requisitos de dificuldade tambeacutem foram alterados Para cumprir com as exigecircncias de dificuldade uma seacuterie passou a necessitar de quatro elementos A trecircs B e trecircs C O total do valor das exigecircncias de dificuldade passou a ser de 280 pontos Os pontos de bonificaccedilatildeo caiacuteram de 140 para 120 e continuam a seguir os mesmos criteacuterios do coacutedigo anterior

Este novo coacutedigo tambeacutem alterou as exigecircncias especiais No ciclo anterior por exemplo as exigecircncias especiais eram de trecircs em cada aparelho com exceccedilatildeo da prova de salto que segue outro criteacuterio Com o novo coacutedigo passaram a existir cinco exigecircncias em cada aparelho com um total de 10 ponto A nota de execuccedilatildeo continuou sendo 500 pontos e o valor maacuteximo da nota de partida permaneceu em 10 pontos

Outra mudanccedila inovadora foi a eliminaccedilatildeo da possibilidade de repetir um mesmo exerciacutecio e conseguir incluir o valor dele na nota de partida Deste modo quando executado pela segunda vez o elemento natildeo poderia ser considerado pela banca A na contagem da nota de partida Essa regra tambeacutem passou a valer para elementos pertencentes ao mesmo quadrante no CP Exemplo mortal twist grupado e mortal twist carpado Apesar de serem

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102 Oliveira e Bortoleto

elementos diferentes (com estrutura similar) por estarem no mesmo quadrante a partir deste ciclo do CP natildeo poderiam ser executados numa mesma seacuterie para a contagem da nota de partida (Figura 2) Com essa resoluccedilatildeo o CP buscava

aumentar a diversidade de elementos que compotildee um exerciacutecio impedindo assim que ginastas com facilidade em certas teacutecnicas tenham vantagem ou que apenas utilizem tais elementos

Figura 2 -Exemplo da ordenaccedilatildeo dos elementos em quadrantes no CP Em destaque o exemplo supracitado dos elementos twist grupado e carpado

Fonte Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009 p 49)

Apesar de buscar a diversidade nas apresentaccedilotildees a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos diminuiu significativamente o repertoacuterio dos ginastas nos diferentes aparelhos Podemos citar como exemplo a diminuiccedilatildeo dos elementos de saiacuteda da barra fixa No ciclo 1997-2000 o nuacutemero de elementos de saiacuteda era de 48 passando para 32 no ciclo 2001-2004 esse fato conduz os ginastas a eleiccedilatildeo dos mesmos elementos os mais faacuteceis e que possuem um valor maior e assim retornando a ldquomonotoniardquo das seacuteries obrigatoacuterias

Seguramente as alteraccedilotildees ocorridas neste ciclo influenciaram de forma significativa algumas caracteriacutesticas desse esporte Os ginastas foram mais uma vez desafiados a mudar as seacuteries se adaptando agraves novas regras Isso quer dizer que a cada nova versatildeo do CP todos os implicados precisam reciclar sua forma de

atuaccedilatildeo ao contraacuterio de outros esportes cujas regras natildeo se modificam constantemente Essa dinacircmica do CP faz com que o primeiro ano de implementaccedilatildeo da nova ediccedilatildeo do coacutedigo seja sempre complicado pois sempre restaratildeo duacutevidas sobre as novas diretrizes da modalidade Fink (1993) chama a atenccedilatildeo para essa questatildeo ao relatar a dificuldade que os teacutecnicos possuem com as frequentes mudanccedilas frente agrave subjetividade e ambiguidade de algumas regras contidas no CP

Nesse ciclo 2001-2004 os aacuterbitros das competiccedilotildees masculinas passaram a ter que descrever as seacuteries utilizando a simbologia dos elementos (Tabela 1) assim como na arbitragem feminina que jaacute adotava esse meacutetodo anteriormente Trata-se de um sistema de linguagem atraveacutes de siacutembolos que representam os elementos executados pelos ginastas

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Tabela 1 - Exemplos da simbologia dos elementos da GA masculina

Elementos Siacutembolos Estrela

Rodante

Flic Flac

Reversatildeo

Mortal para frente

Mortal para traacutes

Fonte Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009 p 142)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2001) o objetivo da adoccedilatildeo da simbologia eacute melhorar a comunicaccedilatildeo entre aacuterbitros ginastas e treinadores quebrando as barreiras da linguagem tradicional e assegurando uma avaliaccedilatildeo justa A transcriccedilatildeo dos exerciacutecios garantiria que o aacuterbitro avaliasse o exerciacutecio de forma adequada possibilitando uma consulta tardia caso surgisse algum conflito entre as notas dos aacuterbitros que superasse a margem estabelecida pelo CP Na atualidade as grandes competiccedilotildees obrigam os ginastas a realizar o treinamento de ldquopoacutediordquo momento em que os juiacutezes analisam e registram os exerciacutecios dos ginastas

Seguindo a evoluccedilatildeo que vinha ocorrendo com os dois ciclos anteriores o CP que entrou em vigor no ano de 2006 veio para completar o processo iniciado de forma significativa com o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios no ciclo 1997shy2000 Na sequecircncia houve a mudanccedila na prova de salto no ciclo seguinte bem como as mudanccedilas nas composiccedilotildees das exigecircncias das seacuteries durante ambos os ciclos No ano de 2005 foi utilizado um CP provisoacuterio e enfim foi implementada a versatildeo de 2006

Esta versatildeo do CP teve o objetivo de promover um julgamento mais objetivo e ao mesmo tempo privilegiar os ginastas que executam um alto grau de dificuldade Apesar disso sabemos que a objetividade absoluta eacute impossiacutevel e que a interpretaccedilatildeo do texto do CP eacute tatildeo complexa que constantemente satildeo emitidas notas oficiais da FIG que procuram esclarecer duacutevidas ou definir criteacuterios para interpretaccedilatildeo das regras

Uma das preocupaccedilotildees da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute melhorar a valorizaccedilatildeo objetiva dos ginastas Segundo Smoleuskiy e Gaverdouskiy (1997) por muitos anos vem sendo utilizado um meacutetodo subjetivo da valorizaccedilatildeo dos liacutederes que satildeo praticamente iguais na sua maestria Na busca por diferenciar esses atletas o ldquocoacutedigo abertordquo valorizou de forma mais eficiente os atletas que aleacutem de possuiacuterem uma maestria teacutecnica executam elementos de grande dificuldade Com isso o CP conseguiu diferenciar melhor os ginastas durante as competiccedilotildees Utilizamos o termo ldquocoacutedigo abertordquo para referir ao natildeo estabelecimento de uma nota maacutexima fixa

O novo coacutedigo tambeacutem eliminou uma das grandes marcas da GA que era a nota 10 Este coacutedigo possibilitou aos ginastas executarem seacuteries que possuiacutessem notas de partida maiores que 10 pontos colocando fim a almejada nota da perfeiccedilatildeo que foi eternizada por ginastas como Nadia Comaneci (Romecircnia) e Dmitri Bilozerchev (ex-Uniatildeo Sovieacutetica)

Tais mudanccedilas geram certa confusatildeo entre os expectadores que natildeo estatildeo acostumados com o esporte (POWELL 2006 MALONEY 2007) Antigamente os expectadores se guiavam durante a competiccedilatildeo com o raciociacutenio de que as notas proacuteximas ao dez eram boas e notas abaixo de 9 eram consideradas ruins Com o coacutedigo aberto eacute difiacutecil ter um paracircmetro porque as notas podem variar muito entre os ginastas e tambeacutem nos diferentes aparelhos

Houve muitos protestos com relaccedilatildeo ao fim da nota dez (MACUR 2008 OLIVEIRA 2008 ROMANO 2008) Muitos ginastas e treinadores fizeram questatildeo de enviar manifestos agrave FIG contra o fim da nota que durante muitos anos foi o marco da perfeiccedilatildeo na ginaacutestica

Aleacutem do fim da nota 10 alguns treinadores e ginastas temem que as mudanccedilas que favorecem os elementos de alta dificuldade podem gerar um nuacutemero maior de lesotildees deixando a perfeiccedilatildeo da execuccedilatildeo em segundo plano Poreacutem ainda natildeo houve tempo para observar tais consequencias

O CP 2006-2008 reavaliou os elementos nas suas determinadas categorias eliminando os elementos Super E e incluindo uma nova categoria de elementos F de dificuldade

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104 Oliveira e Bortoleto

Os elementos F satildeo os exerciacutecios de maior dificuldade e possuem o valor de 06 e gradativamente os exerciacutecios de menor dificuldade recebem valores menores sendo o valor dos elementos A de 01 pontos

Com relaccedilatildeo a arbitragem o novo coacutedigo continua dividindo os aacuterbitros em duas bancas (A B) sendo uma responsaacutevel pela nota de execuccedilatildeo (B) e outra responsaacutevel pela nota de dificuldade (A)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2007a) o ginasta parte de 10 pontos na nota de execuccedilatildeo quando cumpre com o nuacutemero miacutenimo de 7 elementos e a partir dessa nota satildeo deduzidas as falhas cometidas pelo atleta O juacuteri B continua responsaacutevel por avaliar a parte artiacutestica a execuccedilatildeo a teacutecnica e a composiccedilatildeo da seacuterie realizada pelo ginasta Caso o ginasta natildeo realize o miacutenimo de 7 elementos haacute uma deduccedilatildeo na nota de execuccedilatildeo

A ginaacutestica manteacutem a magia da nota maacutexima atraveacutes do dez de execuccedilatildeo que pode ser ldquopremiadordquo ao ginasta que alcanccedilar a perfeiccedilatildeo significando que ele natildeo possui nenhuma falha (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 2007b) Outra mudanccedila

importante que interfere na nota de execuccedilatildeo foi o aumento de 05 para 08 pontos no valor da queda buscando diminuir a realizaccedilatildeo de elementos ainda sem domiacutenio completo

O juacuteri A ficou responsaacutevel pela nota de dificuldade que passou a considerar o valor dos 9 elementos de maior dificuldade executados pelo ginasta mais o elemento executado na saiacuteda do aparelho as bonificaccedilotildees de ligaccedilotildees e os valores dados pelo cumprimento dos grupos de exigecircncia

Cada grupo de exigecircncia passou a valer 05 pontos sendo necessaacuterios cumprir 5 grupos em cada aparelho com exceccedilatildeo da prova de salto o que gera um total de 25 pontos

O atleta tambeacutem ficou proibido de repetir mais de 4 vezes elementos que estejam num mesmo grupo de exigecircncia A regra de repeticcedilatildeo de elementos iguais ou do mesmo quadrante proposta no ciclo anterior continua em vigor e as bonificaccedilotildees passam a ser consideradas apenas no solo argolas e barra fixa

A nota fornecida pela banca A mais a meacutedia das notas intermediaacuterias dos aacuterbitros da banca B formam a pontuaccedilatildeo final do ginasta (Tabela 2)

Tabela 2 - Composiccedilatildeo da nota do ginasta Diego Hypoacutelito (Brasil) na final dos exerciacutecios de solo nos Jogos Oliacutempicos de 2008 na China

Jogos Oliacutempicos 2008 Nota Banca B1 B2 B3 B4 B5 B6 Nota Banca Nota Final Exerciacutecios de Solo A B Final

DIEGO HYPOLITO BRA 670 840 850 840 850 880 860 850 15200

Fonte wwwgymnasticsresultscom

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No decorrer deste estudo observamos como o CP passou ao longo dos anos por uma seacuterie de mudanccedilas que buscaram acompanhar o desenvolvimento deste esporte Normile (1997) diz que a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute desafiada a cada quatro anos com a aacuterdua tarefa de quantificar (objetivar) um esporte subjetivo que natildeo paacutera de crescer

Segundo Cogan e Vidmar (2000) poucas modalidades esportivas associam poder e graccedila forccedila e beleza velocidade e precisatildeo audaacutecia e flexibilidade como a GA Manter essa relaccedilatildeo de esporte e arte tem sido um dos grandes desafios da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica aleacutem de ser um norteador das mudanccedilas do CP

Na opiniatildeo de Bortoleto (2000) a GA possui uma caracteriacutestica esteacutetica inerente e significativa que lhe garantiu em grande parte o sucesso adquirido ao longo dos tempos Atualmente a GA vem sendo direcionada para os valores objetivos e isso eacute fortemente evidenciado quando o CP passa a valorizar a dificuldade em detrimento do fator artiacutestico Assim a modalidade se tornou dependente da dificuldade buscando uma avaliaccedilatildeo mais objetiva que eacute uma caracteriacutestica tiacutepica do esporte moderno

Quando falamos do fator artiacutestico estamos nos referindo ao virtuosismo que segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1977) seria quando o ginasta mostra elegacircncia particular na execuccedilatildeo leveza no

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105 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

desenvolvimento dos movimentos e maestria na dificuldade e no risco Tambeacutem referimo-nos agrave originalidade que de acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1979) seria quando o ginasta executa novas formas de movimento de partes ou ligaccedilotildees de exerciacutecios que como tais satildeo novas e se destacam nos quadros do que eacute conhecido tradicional ou claacutessico nas seacuteries

Esse dois fatores virtuosismo e originalidade por natildeo serem mais valorizados no CP foram marginalizados

Por outro lado a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos pode ser um dos fatores responsaacuteveis pela falta de criatividade dos ginastas Talvez se a FIG valorizasse esses exerciacutecios pouco utilizados ao inveacutes de eliminaacute-los do CP a ginaacutestica atual estaria mais criativa e diversificada O que podemos ver na atualidade eacute a repeticcedilatildeo dos mesmos exerciacutecios pela grande maioria dos ginastas o que torna o esporte menos interessante para o puacuteblico Bortoleto (2000) relata que essa repeticcedilatildeo de elementos pelos ginastas retoma de forma parcial o aspecto monoacutetono das extintas competiccedilotildees obrigatoacuterias e consequentemente desfoca o sentido das seacuteries livres

Isso tudo eacute direcionado pelo CP Apesar de criar regras que buscaram deixar as seacuteries dos ginastas mais variadas como a regra de repeticcedilatildeo o CP tambeacutem criou exerciacutecios ldquoobrigatoacuteriosrdquo ao valorizar privilegiar determinados elementos A consequecircncia disso eacute a perda da originalidade dos ginastas que natildeo buscam ser criativos tendo como prioridade apenas atender as regras de forma eficiente

Outra caracteriacutestica a ser destacada eacute que hoje os ginastas natildeo objetivam mais a perfeiccedilatildeo (a nota 10) e sim os recordes A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica valoriza o ginasta que possui a maior nota de partida ao contraacuterio de um passado natildeo muito distante quando o dez era o siacutembolo da maestria do ginasta Haacute pouca repercussatildeo sobre o ginasta que possui a maior nota do painel B que seria a nota de execuccedilatildeo da perfeiccedilatildeo teacutecnica

Apesar do CP direcionar a modalidade para esse caminho supracitado parece-nos que ele conseguiu equilibrar o julgamento tornando-o menos subjetivo e consequentemente mais justo e objetivo A sistematizaccedilatildeo e classificaccedilatildeo das

falhas em meados da deacutecada de 80 foi o primeiro passo nesse sentido Contudo vaacuterias arestas ainda precisam ser aparadas

O fim da nota dez mesmo gerando polecircmica foi um fato que tornou o esporte mais justo Com o ldquocoacutedigo abertordquo o ginasta que executa elementos de dificuldade com boa execuccedilatildeo eacute mais valorizado do que nos ciclos anteriores No passado era comum ver ginastas executando elementos de alto grau de dificuldade com boa execuccedilatildeo que perdiam a disputa para ginastas com seacuteries conservadoras com menos risco que apenas cumpriam com as exigecircncias gerando insatisfaccedilatildeo no puacuteblico Dez minutos de vaias para a nota de Aleksei Nemov durante a final de barra fixa nos JO de Atenas exemplificam a insatisfaccedilatildeo do puacuteblico ao ver que a seacuterie de maior risco e com boa execuccedilatildeo natildeo recebeu a nota que merecia (AMOUR 2004)

Tambeacutem foi observado que algumas mudanccedilas foram influenciadas pela miacutedia (especialmente a TV) como o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios (NUNOMURA NISTA-PICCOLO PUBLIO 1999) Neste caso buscava-se uma competiccedilatildeo mais dinacircmica variada atrativa e raacutepida conforme os paracircmetros da miacutedia atual Isso mostra que a GA busca cada vez mais a exposiccedilatildeo na miacutedia para a popularizaccedilatildeo cada vez maior da modalidade da mesma forma que outros esportes como o voleibol que tambeacutem alterou suas regras tornando-se mais dinacircmico e adequado para a transmissatildeo televisiva

A seguranccedila dos ginastas tambeacutem foi um requisito para determinadas alteraccedilotildees no CP Podemos citar como exemplos a obrigatoriedade do uso do ldquocolar de proteccedilatildeordquo ao redor do trampolim para saltos do grupo cinco quando a entrada eacute realizada de costas para a mesa de salto que entrou em vigor no ciclo 2001-2004 Tambeacutem a proibiccedilatildeo ou limitaccedilatildeo de determinados exerciacutecios que prejudicavam a sauacutede dos ginastas como a limitaccedilatildeo do nuacutemero de elementos executados com um braccedilo na barra fixa

Como podemos observar o CP vem buscando manter-se atualizado com o crescente desenvolvimento da modalidade sempre tentando atender as demandas geradas pelo puacuteblico miacutedia ginastas e treinadores com o objetivo principal de servir de fundamento para

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o treinamento julgamento e a consequente evoluccedilatildeo da GA

A cada novo ciclo todos os envolvidos com a GA satildeo desafiados a se adaptar Mesmo fundamentada na tradiccedilatildeo a GA busca atender as demandas inerentes da modernidade com relaccedilatildeo agraves novas teacutecnicas exerciacutecios e aparelhos tentando manter a eficiecircncia competitiva atraveacutes

das mudanccedilas nas regras que a delineiam demonstrando que a GA pode ser considerada uma praacutetica esportiva em constante evoluccedilatildeo Desta forma frequentemente teremos que debruccedilar nossos esforccedilos afim de compreender a dinacircmica do CP e das suas consequecircncias no cotidiano da modalidade

MENrsquoS ARTISTIC GYMNASTICS CODE OF POINTS THROUGHOUT THE YEARS

ABSTRACT The rules complexity and the evaluation process of Artistic Gymnastics (AG) demands a profound knowledge of the Code of Points (CP) by the judges coaches and gymnasts with the objective of obtaining coherent interpretations of it The changes that occur in the CP make this sport face a restructuration seeking adaptation and new forms to maintain its competitive efficiency This study provides an analysis of the main changes in Menrsquos Artistic Gymnastics (MAG) Code of Points throughout the years showing how the International Gymnastics Federation (FIG) tries to provide to the judges coaches and gymnasts a document that may guide then to the development of competitions to the preparation of gymnasts and for the construction of the exercises in order to fulfill the esthetical and technical expectations of each period This study was a bibliographic research where the main source of data was the editions of the MAGrsquos CP The CP is a historical and official document developed by FIG We have concluded that even a traditional sport such AG seeks to fulfill the demands inherent in the progress of this sport trying to maintain competitive efficiency through changes in the rules showing that AG can be considered a sports in constant evolution

Keywords Menrsquos Artistic Gymnastics Code of Points Rulesacute dynamics

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Recebido em 27112008 Revisado em 12032009

Aceito em 30032009

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Page 3: BoletimEF.org Codigo de Pontuacao Da Ginastica Artistica Masculina Ao Longo Dos Tempos

99 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

avaliaccedilatildeo das seacuteries isto eacute especialistas e personalidades eram chamadas para avaliar as apresentaccedilotildees a partir de seus criteacuterios pessoais (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1993)

Conforme Bortoleto (2000) neste periacuteodo as performances eram avaliadas segundo um criteacuterio de ldquoimpressatildeo geralrdquo Assim os aacuterbitros realizavam uma anaacutelise individual que era baseada em comparaccedilotildees das seacuteries realizadas pelos ginastas gerando substanciais duacutevidas sobre a imparcialidade e tambeacutem sobre a capacidade dos mesmos de avaliar de forma coerente e uniforme dentro da comissatildeo de arbitragem

Apoacutes a II Guerra Mundial ocorreram vaacuterias discussotildees devido agraves diferenccedilas nos criteacuterios e meacutetodos de arbitragem e tambeacutem na falta de uma regulamentaccedilatildeo sobre os equipamentos utilizados durante as competiccedilotildees (SWEENEY 1975)

De acordo com FIG (1993) os problemas ocorridos nos Jogos Oliacutempicos (JO) de Londres em 1948 foram determinantes para que a FIG tomasse a atitude de formular um coacutedigo de regras Nessa ocasiatildeo foram apontadas distorccedilotildees nos julgamentos das seacuteries dos ginastas gerando assim grandes diferenccedilas nas pontuaccedilotildees e fazendo com que a competiccedilatildeo fosse interrompida constantemente o que levou a vaacuterios protestos

Na tentativa de evitar os problemas ocorridos anteriormente foi elaborado o primeiro Coacutedigo de Pontuaccedilatildeo no ano de 1949 Nele foram regularizados alguns fatores das competiccedilotildees de ginaacutestica que deram uma uniformidade para o sistema de avaliaccedilatildeo e de organizaccedilatildeo dos eventos Este primeiro coacutedigo foi utilizado no Campeonato Mundial (CM) de 1950 na Suiacuteccedila e nos JO da Finlacircndia em 1952 Esta primeira versatildeo do documento continha apenas 12 paacuteginas e possuiacutea criteacuterios para o julgamento das apresentaccedilotildees nos seguintes aspectos dificuldade combinaccedilatildeo e execuccedilatildeo (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1977)

O Comitecirc Teacutecnico Masculino conselho da FIG formado por especialistas na modalidade tambeacutem estabeleceu o nuacutemero de quatro aacuterbitros mais um aacuterbitro-chefe para a banca de arbitragem e definiu que a nota final seria a

meacutedia das notas intermediaacuterias ou seja a nota mais alta e a mais baixa seriam descartadas para evitar erros significativos no julgamento

Apesar de ter tido ecircxito muitos aspectos das regras natildeo haviam acompanhado a evoluccedilatildeo da ginaacutestica da eacutepoca Faltavam por exemplo criteacuterios na avaliaccedilatildeo de dificuldade das seacuteries livres Ou seja o CP natildeo havia satisfeito todas as necessidades Deste modo no ano de 1954 houve uma complementaccedilatildeo da versatildeo de 1949 e o CP passou a ter criteacuterios para avaliar as dificuldades das seacuteries livres A partir deste periacuteodo periodicamente o CP passou a ser complementado antes de cada grande evento (tais como JO e CM) acompanhando assim a evoluccedilatildeo da ginaacutestica de forma mais dinacircmica

Em 1956 ano dos JO de Melbourne na Austraacutelia o CP passou a dividir os elementos ginaacutesticos em categorias de dificuldade A B e C favorecendo dessa forma uma maior compreensatildeo das combinaccedilotildees executadas pelos ginastas e de sua complexidade

A elaboraccedilatildeo do Coacutedigo de Pontuaccedilatildeo de 1964 e a realizaccedilatildeo do I Curso Intercontinental de Arbitragem influenciaram decisivamente no julgamento da ginaacutestica dado que esta ediccedilatildeo do CP padronizou as nomenclaturas que existiam ateacute este periacuteodo (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1993) Conforme estabelecido no CP (1964) o ginasta deveria executar 6 elementos A 4 B e 1 C para atingir a nota de dificuldade de 340 A parte de combinaccedilatildeo valia 160 e a execuccedilatildeo 500 totalizando 10 pontos

Na versatildeo de 1968 natildeo houve grandes modificaccedilotildees em relaccedilatildeo a anterior a natildeo ser por uma revisatildeo da dificuldade dos elementos A B e C Lembramos que ao classificar os elementos por ordem de dificuldade o CP aleacutem de buscar criteacuterios objetivos para a avaliaccedilatildeo pretendia estabelecer uma forma de diferenciar as performances dos ginastas favorecendo os mais eficazes (mais precisos) e os que executavam exerciacutecios de maior dificuldade Desde este momento de forma impliacutecita o CP fomenta a busca pela dificuldade e da precisatildeo que combinadas mostram controle beleza e seguranccedila Segundo o CP (1968) a composiccedilatildeo dos exerciacutecios nos itens dificuldade combinaccedilatildeo e execuccedilatildeo seguiam a mesma disposiccedilatildeo do ciclo anterior

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Em 1971 foi lanccedilado um complemento para o CP vigente na eacutepoca e no ano de 1976 ocorreram outras modificaccedilotildees significativas Cabe destacar que todas as mudanccedilas realizadas entre cada versatildeo do CP foram vinculadas aos praticantes e teacutecnicos atraveacutes do Boletim Oficial da FIG que eacute transmitido agraves federaccedilotildees nacionais Os Boletins teacutecnicos satildeo vinculados em sua maioria em inglecircs cabendo as federaccedilotildees realizarem a traduccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos mesmos Isso gerou em muitos casos duacutevidas entre os aacuterbitros teacutecnicos e ginastas

No CP de 1976 foram estabelecidos novos valores para os criteacuterios dificuldade do exerciacutecio (340 pontos) combinaccedilatildeo (160 pontos) e execuccedilatildeo (440 pontos) chegando a um total da seacuterie de 940 Neste momento foi introduzida a bonificaccedilatildeo de 02 para cada um dos seguintes fatores risco originalidade e virtuosismo Essa resoluccedilatildeo segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1993) colocou fim agraves ldquoesmolasrdquo que eram dadas pelos aacuterbitros para diferenciar as seacuteries dos ginastas Na prova de salto por exemplo a nota de partida maacutexima era 98 sendo os dois deacutecimos faltantes dados pela bonificaccedilatildeo de virtuosismo A nota maacutexima estabelecida foi de 10 pontos

Nos anos seguintes ocorreram mudanccedilas a partir de discussotildees nos congressos teacutecnicos realizados antes das grandes competiccedilotildees (CM e JO) e durante cursos de arbitragem intercontinentais Essas mudanccedilas complementaram o CP de 1976 que foi utilizado como base ateacute o ano de 1984 nos JO de Los Angeles nos Estados Unidos sofrendo pequenas alteraccedilotildees

O sexto ciclo do CP (1985-1988) foi marcado por inovaccedilotildees e mudanccedilas que buscavam suprir as novas necessidades da modalidade Cada ciclo do CP representa um periacuteodo de quatro anos que vai do primeiro ano apoacutes os JO ateacute a ediccedilatildeo seguinte O sistema de ciclos teve iniacutecio em 1964 sob influecircncia do primeiro ciclo intercontinental de juiacutezes realizado em Zurique na Suiacuteccedila (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1977)

Devido agrave evoluccedilatildeo teacutecnica da GA no periacuteodo anterior a 1985 os valores de dificuldade combinaccedilatildeo e execuccedilatildeo foram alterados A dificuldade passou a ser de no maacuteximo 4 pontos a combinaccedilatildeo 1 ponto e a

execuccedilatildeo passou a 440 pontos A nota de partida continuou a ter o mesmo valor do coacutedigo anterior (10 pontos) poreacutem com uma distribuiccedilatildeo diferente Tambeacutem ocorreu uma revisatildeo nos elementos A B e C sendo introduzidos os elementos de dificuldade D

As novidades do CP do ciclo 1989-1992 foram a adoccedilatildeo de nova numeraccedilatildeo e novos valores para os diferentes tipos de salto sobre o cavalo introduccedilatildeo de uma melhor classificaccedilatildeo para as falhas de execuccedilatildeo e uma melhor ordenaccedilatildeo dos elementos A padronizaccedilatildeo atraveacutes da melhor classificaccedilatildeo da falhas tornou a avaliaccedilatildeo da execuccedilatildeo mais objetiva ou pelo menos com valores mais especiacuteficos

A ediccedilatildeo seguinte do CP o primeiro a ser editado em trecircs liacutenguas (inglecircs francecircs e alematildeo) e vigente no ciclo 1993-1996 foi marcado pela aboliccedilatildeo das bonificaccedilotildees por virtuosismo originalidade e risco nas seacuteries livres sendo as bonificaccedilotildees agora apenas para os exerciacutecios de grande dificuldade Houve alteraccedilotildees nos elementos A B C e D e a inclusatildeo dos elementos de dificuldade E A reduccedilatildeo e a melhor sistematizaccedilatildeo da tabela de classificaccedilatildeo das falhas proposta no ciclo anterior tambeacutem foi um fator importante nesta ediccedilatildeo do CP assim como a adoccedilatildeo de exigecircncias de dificuldades iguais para todas as competiccedilotildees No periacuteodo anterior as exigecircncias de dificuldade variavam nas competiccedilotildees por equipes e individuais

Outra alteraccedilatildeo significativa foi a divisatildeo da arbitragem em bancas A e B sendo coordenados e supervisionados pelo aacuterbitro-chefe e pelo assistente teacutecnico Essa divisatildeo da banca de arbitragem possibilitou que as tarefas fossem divididas da seguinte maneira a banca A ficou responsaacutevel pela nota de partida em que satildeo considerados os valores dos exerciacutecios das exigecircncias e as bonificaccedilotildees enquanto a banca B ficou com a tarefa de fazer as deduccedilotildees de execuccedilatildeo teacutecnica e postural Segundo Nunomura et al (1999) essa divisatildeo na banca de arbitragem veio para facilitar a tarefa no julgamento das seacuteries

De acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1993) muitas mudanccedilas deixaram de ser incluiacutedas nesse momento por serem consideradas muito radicais para serem implantadas de imediato sem que houvesse

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experiecircncias praacuteticas e acabaram sendo postergadas para um proacuteximo momento A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica aleacutem de discutir cada uma das propostas para mudanccedilas no CP costuma utilizar algumas ldquocompeticcedilotildeesshytesterdquo para experimentar tais mudanccedilas antes de implementaacute-las

Foi no CP 1997-2000 que vieram agrave tona algumas das mudanccedilas consideradas mais significativas para este esporte nas uacuteltimas deacutecadas Neste periacuteodo foram eliminados das competiccedilotildees os exerciacutecios obrigatoacuterios que eram utilizados desde as primeiras competiccedilotildees de ginaacutestica A partir desse momento as competiccedilotildees deixaram de ter na fase de classificaccedilatildeo esses exerciacutecios tambeacutem conhecidos como compulsoacuterios passando a haver apenas os exerciacutecios livres (Figura 1)

Figura 1 ndash O salto peixe foi obrigatoacuterio nos JO de Atlanta 1996 sendo realizado por todos os ginastas masculinos na Competiccedilatildeo I classificatoacuteria

Fonte Adaptado da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009)

As exigecircncias de dificuldades natildeo foram alteradas em relaccedilatildeo ao ciclo anterior De acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1997) as seacuteries necessitavam de quatro elementos A trecircs B dois C e um elemento D chegando a um total de 240 pontos na nota de dificuldade As exigecircncias especiais que eram no total de trecircs em cada aparelho continuaram a valer 120 pontos e as bonificaccedilotildees passaram a valer 140 (o valor anterior era de 100 ponto) A nota de apresentaccedilatildeo que era de 540 passou a ser de 500 totalizando o valor maacuteximo da seacuterie em 10 pontos

Esta versatildeo tambeacutem eliminou a bonificaccedilatildeo no salto sobre o cavalo que anteriormente podia ser dada quando o ginasta havia executado um

salto com uma altura extrema e uma distacircncia aleacutem do comum Aleacutem disso passaram a existir saltos com valor 10 A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica tambeacutem criou a categoria dos elementos Super E para valorizar os exerciacutecios de maior grau de dificuldade

Jaacute no CP que entrou em vigor no ano de 2001 outras mudanccedilas inovadoras para este esporte foram tomadas sendo a principal delas o uso da mesa de salto que veio para substituir o cavalo de salto A mesa aumentou a superfiacutecie de contato e a eficiecircncia da repulsatildeo dos ginastas nesta prova aleacutem de proporcionar uma maior seguranccedila dos mesmos (BORTOLETO 2004)

Com essa mudanccedila a prova de salto ganhou uma nova dimensatildeo por possibilitar um avanccedilo no grau de dificuldade com o qual os ginastas executariam os exerciacutecios com mais altura e portanto maior tempo de vocirco para realizar rotaccedilotildees e com uma seguranccedila maior Saltos com apoio de apenas uma das matildeos passam a ser proibidos e punidos com a nota zero

Os requisitos de dificuldade tambeacutem foram alterados Para cumprir com as exigecircncias de dificuldade uma seacuterie passou a necessitar de quatro elementos A trecircs B e trecircs C O total do valor das exigecircncias de dificuldade passou a ser de 280 pontos Os pontos de bonificaccedilatildeo caiacuteram de 140 para 120 e continuam a seguir os mesmos criteacuterios do coacutedigo anterior

Este novo coacutedigo tambeacutem alterou as exigecircncias especiais No ciclo anterior por exemplo as exigecircncias especiais eram de trecircs em cada aparelho com exceccedilatildeo da prova de salto que segue outro criteacuterio Com o novo coacutedigo passaram a existir cinco exigecircncias em cada aparelho com um total de 10 ponto A nota de execuccedilatildeo continuou sendo 500 pontos e o valor maacuteximo da nota de partida permaneceu em 10 pontos

Outra mudanccedila inovadora foi a eliminaccedilatildeo da possibilidade de repetir um mesmo exerciacutecio e conseguir incluir o valor dele na nota de partida Deste modo quando executado pela segunda vez o elemento natildeo poderia ser considerado pela banca A na contagem da nota de partida Essa regra tambeacutem passou a valer para elementos pertencentes ao mesmo quadrante no CP Exemplo mortal twist grupado e mortal twist carpado Apesar de serem

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elementos diferentes (com estrutura similar) por estarem no mesmo quadrante a partir deste ciclo do CP natildeo poderiam ser executados numa mesma seacuterie para a contagem da nota de partida (Figura 2) Com essa resoluccedilatildeo o CP buscava

aumentar a diversidade de elementos que compotildee um exerciacutecio impedindo assim que ginastas com facilidade em certas teacutecnicas tenham vantagem ou que apenas utilizem tais elementos

Figura 2 -Exemplo da ordenaccedilatildeo dos elementos em quadrantes no CP Em destaque o exemplo supracitado dos elementos twist grupado e carpado

Fonte Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009 p 49)

Apesar de buscar a diversidade nas apresentaccedilotildees a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos diminuiu significativamente o repertoacuterio dos ginastas nos diferentes aparelhos Podemos citar como exemplo a diminuiccedilatildeo dos elementos de saiacuteda da barra fixa No ciclo 1997-2000 o nuacutemero de elementos de saiacuteda era de 48 passando para 32 no ciclo 2001-2004 esse fato conduz os ginastas a eleiccedilatildeo dos mesmos elementos os mais faacuteceis e que possuem um valor maior e assim retornando a ldquomonotoniardquo das seacuteries obrigatoacuterias

Seguramente as alteraccedilotildees ocorridas neste ciclo influenciaram de forma significativa algumas caracteriacutesticas desse esporte Os ginastas foram mais uma vez desafiados a mudar as seacuteries se adaptando agraves novas regras Isso quer dizer que a cada nova versatildeo do CP todos os implicados precisam reciclar sua forma de

atuaccedilatildeo ao contraacuterio de outros esportes cujas regras natildeo se modificam constantemente Essa dinacircmica do CP faz com que o primeiro ano de implementaccedilatildeo da nova ediccedilatildeo do coacutedigo seja sempre complicado pois sempre restaratildeo duacutevidas sobre as novas diretrizes da modalidade Fink (1993) chama a atenccedilatildeo para essa questatildeo ao relatar a dificuldade que os teacutecnicos possuem com as frequentes mudanccedilas frente agrave subjetividade e ambiguidade de algumas regras contidas no CP

Nesse ciclo 2001-2004 os aacuterbitros das competiccedilotildees masculinas passaram a ter que descrever as seacuteries utilizando a simbologia dos elementos (Tabela 1) assim como na arbitragem feminina que jaacute adotava esse meacutetodo anteriormente Trata-se de um sistema de linguagem atraveacutes de siacutembolos que representam os elementos executados pelos ginastas

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Tabela 1 - Exemplos da simbologia dos elementos da GA masculina

Elementos Siacutembolos Estrela

Rodante

Flic Flac

Reversatildeo

Mortal para frente

Mortal para traacutes

Fonte Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009 p 142)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2001) o objetivo da adoccedilatildeo da simbologia eacute melhorar a comunicaccedilatildeo entre aacuterbitros ginastas e treinadores quebrando as barreiras da linguagem tradicional e assegurando uma avaliaccedilatildeo justa A transcriccedilatildeo dos exerciacutecios garantiria que o aacuterbitro avaliasse o exerciacutecio de forma adequada possibilitando uma consulta tardia caso surgisse algum conflito entre as notas dos aacuterbitros que superasse a margem estabelecida pelo CP Na atualidade as grandes competiccedilotildees obrigam os ginastas a realizar o treinamento de ldquopoacutediordquo momento em que os juiacutezes analisam e registram os exerciacutecios dos ginastas

Seguindo a evoluccedilatildeo que vinha ocorrendo com os dois ciclos anteriores o CP que entrou em vigor no ano de 2006 veio para completar o processo iniciado de forma significativa com o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios no ciclo 1997shy2000 Na sequecircncia houve a mudanccedila na prova de salto no ciclo seguinte bem como as mudanccedilas nas composiccedilotildees das exigecircncias das seacuteries durante ambos os ciclos No ano de 2005 foi utilizado um CP provisoacuterio e enfim foi implementada a versatildeo de 2006

Esta versatildeo do CP teve o objetivo de promover um julgamento mais objetivo e ao mesmo tempo privilegiar os ginastas que executam um alto grau de dificuldade Apesar disso sabemos que a objetividade absoluta eacute impossiacutevel e que a interpretaccedilatildeo do texto do CP eacute tatildeo complexa que constantemente satildeo emitidas notas oficiais da FIG que procuram esclarecer duacutevidas ou definir criteacuterios para interpretaccedilatildeo das regras

Uma das preocupaccedilotildees da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute melhorar a valorizaccedilatildeo objetiva dos ginastas Segundo Smoleuskiy e Gaverdouskiy (1997) por muitos anos vem sendo utilizado um meacutetodo subjetivo da valorizaccedilatildeo dos liacutederes que satildeo praticamente iguais na sua maestria Na busca por diferenciar esses atletas o ldquocoacutedigo abertordquo valorizou de forma mais eficiente os atletas que aleacutem de possuiacuterem uma maestria teacutecnica executam elementos de grande dificuldade Com isso o CP conseguiu diferenciar melhor os ginastas durante as competiccedilotildees Utilizamos o termo ldquocoacutedigo abertordquo para referir ao natildeo estabelecimento de uma nota maacutexima fixa

O novo coacutedigo tambeacutem eliminou uma das grandes marcas da GA que era a nota 10 Este coacutedigo possibilitou aos ginastas executarem seacuteries que possuiacutessem notas de partida maiores que 10 pontos colocando fim a almejada nota da perfeiccedilatildeo que foi eternizada por ginastas como Nadia Comaneci (Romecircnia) e Dmitri Bilozerchev (ex-Uniatildeo Sovieacutetica)

Tais mudanccedilas geram certa confusatildeo entre os expectadores que natildeo estatildeo acostumados com o esporte (POWELL 2006 MALONEY 2007) Antigamente os expectadores se guiavam durante a competiccedilatildeo com o raciociacutenio de que as notas proacuteximas ao dez eram boas e notas abaixo de 9 eram consideradas ruins Com o coacutedigo aberto eacute difiacutecil ter um paracircmetro porque as notas podem variar muito entre os ginastas e tambeacutem nos diferentes aparelhos

Houve muitos protestos com relaccedilatildeo ao fim da nota dez (MACUR 2008 OLIVEIRA 2008 ROMANO 2008) Muitos ginastas e treinadores fizeram questatildeo de enviar manifestos agrave FIG contra o fim da nota que durante muitos anos foi o marco da perfeiccedilatildeo na ginaacutestica

Aleacutem do fim da nota 10 alguns treinadores e ginastas temem que as mudanccedilas que favorecem os elementos de alta dificuldade podem gerar um nuacutemero maior de lesotildees deixando a perfeiccedilatildeo da execuccedilatildeo em segundo plano Poreacutem ainda natildeo houve tempo para observar tais consequencias

O CP 2006-2008 reavaliou os elementos nas suas determinadas categorias eliminando os elementos Super E e incluindo uma nova categoria de elementos F de dificuldade

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Os elementos F satildeo os exerciacutecios de maior dificuldade e possuem o valor de 06 e gradativamente os exerciacutecios de menor dificuldade recebem valores menores sendo o valor dos elementos A de 01 pontos

Com relaccedilatildeo a arbitragem o novo coacutedigo continua dividindo os aacuterbitros em duas bancas (A B) sendo uma responsaacutevel pela nota de execuccedilatildeo (B) e outra responsaacutevel pela nota de dificuldade (A)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2007a) o ginasta parte de 10 pontos na nota de execuccedilatildeo quando cumpre com o nuacutemero miacutenimo de 7 elementos e a partir dessa nota satildeo deduzidas as falhas cometidas pelo atleta O juacuteri B continua responsaacutevel por avaliar a parte artiacutestica a execuccedilatildeo a teacutecnica e a composiccedilatildeo da seacuterie realizada pelo ginasta Caso o ginasta natildeo realize o miacutenimo de 7 elementos haacute uma deduccedilatildeo na nota de execuccedilatildeo

A ginaacutestica manteacutem a magia da nota maacutexima atraveacutes do dez de execuccedilatildeo que pode ser ldquopremiadordquo ao ginasta que alcanccedilar a perfeiccedilatildeo significando que ele natildeo possui nenhuma falha (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 2007b) Outra mudanccedila

importante que interfere na nota de execuccedilatildeo foi o aumento de 05 para 08 pontos no valor da queda buscando diminuir a realizaccedilatildeo de elementos ainda sem domiacutenio completo

O juacuteri A ficou responsaacutevel pela nota de dificuldade que passou a considerar o valor dos 9 elementos de maior dificuldade executados pelo ginasta mais o elemento executado na saiacuteda do aparelho as bonificaccedilotildees de ligaccedilotildees e os valores dados pelo cumprimento dos grupos de exigecircncia

Cada grupo de exigecircncia passou a valer 05 pontos sendo necessaacuterios cumprir 5 grupos em cada aparelho com exceccedilatildeo da prova de salto o que gera um total de 25 pontos

O atleta tambeacutem ficou proibido de repetir mais de 4 vezes elementos que estejam num mesmo grupo de exigecircncia A regra de repeticcedilatildeo de elementos iguais ou do mesmo quadrante proposta no ciclo anterior continua em vigor e as bonificaccedilotildees passam a ser consideradas apenas no solo argolas e barra fixa

A nota fornecida pela banca A mais a meacutedia das notas intermediaacuterias dos aacuterbitros da banca B formam a pontuaccedilatildeo final do ginasta (Tabela 2)

Tabela 2 - Composiccedilatildeo da nota do ginasta Diego Hypoacutelito (Brasil) na final dos exerciacutecios de solo nos Jogos Oliacutempicos de 2008 na China

Jogos Oliacutempicos 2008 Nota Banca B1 B2 B3 B4 B5 B6 Nota Banca Nota Final Exerciacutecios de Solo A B Final

DIEGO HYPOLITO BRA 670 840 850 840 850 880 860 850 15200

Fonte wwwgymnasticsresultscom

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No decorrer deste estudo observamos como o CP passou ao longo dos anos por uma seacuterie de mudanccedilas que buscaram acompanhar o desenvolvimento deste esporte Normile (1997) diz que a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute desafiada a cada quatro anos com a aacuterdua tarefa de quantificar (objetivar) um esporte subjetivo que natildeo paacutera de crescer

Segundo Cogan e Vidmar (2000) poucas modalidades esportivas associam poder e graccedila forccedila e beleza velocidade e precisatildeo audaacutecia e flexibilidade como a GA Manter essa relaccedilatildeo de esporte e arte tem sido um dos grandes desafios da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica aleacutem de ser um norteador das mudanccedilas do CP

Na opiniatildeo de Bortoleto (2000) a GA possui uma caracteriacutestica esteacutetica inerente e significativa que lhe garantiu em grande parte o sucesso adquirido ao longo dos tempos Atualmente a GA vem sendo direcionada para os valores objetivos e isso eacute fortemente evidenciado quando o CP passa a valorizar a dificuldade em detrimento do fator artiacutestico Assim a modalidade se tornou dependente da dificuldade buscando uma avaliaccedilatildeo mais objetiva que eacute uma caracteriacutestica tiacutepica do esporte moderno

Quando falamos do fator artiacutestico estamos nos referindo ao virtuosismo que segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1977) seria quando o ginasta mostra elegacircncia particular na execuccedilatildeo leveza no

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desenvolvimento dos movimentos e maestria na dificuldade e no risco Tambeacutem referimo-nos agrave originalidade que de acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1979) seria quando o ginasta executa novas formas de movimento de partes ou ligaccedilotildees de exerciacutecios que como tais satildeo novas e se destacam nos quadros do que eacute conhecido tradicional ou claacutessico nas seacuteries

Esse dois fatores virtuosismo e originalidade por natildeo serem mais valorizados no CP foram marginalizados

Por outro lado a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos pode ser um dos fatores responsaacuteveis pela falta de criatividade dos ginastas Talvez se a FIG valorizasse esses exerciacutecios pouco utilizados ao inveacutes de eliminaacute-los do CP a ginaacutestica atual estaria mais criativa e diversificada O que podemos ver na atualidade eacute a repeticcedilatildeo dos mesmos exerciacutecios pela grande maioria dos ginastas o que torna o esporte menos interessante para o puacuteblico Bortoleto (2000) relata que essa repeticcedilatildeo de elementos pelos ginastas retoma de forma parcial o aspecto monoacutetono das extintas competiccedilotildees obrigatoacuterias e consequentemente desfoca o sentido das seacuteries livres

Isso tudo eacute direcionado pelo CP Apesar de criar regras que buscaram deixar as seacuteries dos ginastas mais variadas como a regra de repeticcedilatildeo o CP tambeacutem criou exerciacutecios ldquoobrigatoacuteriosrdquo ao valorizar privilegiar determinados elementos A consequecircncia disso eacute a perda da originalidade dos ginastas que natildeo buscam ser criativos tendo como prioridade apenas atender as regras de forma eficiente

Outra caracteriacutestica a ser destacada eacute que hoje os ginastas natildeo objetivam mais a perfeiccedilatildeo (a nota 10) e sim os recordes A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica valoriza o ginasta que possui a maior nota de partida ao contraacuterio de um passado natildeo muito distante quando o dez era o siacutembolo da maestria do ginasta Haacute pouca repercussatildeo sobre o ginasta que possui a maior nota do painel B que seria a nota de execuccedilatildeo da perfeiccedilatildeo teacutecnica

Apesar do CP direcionar a modalidade para esse caminho supracitado parece-nos que ele conseguiu equilibrar o julgamento tornando-o menos subjetivo e consequentemente mais justo e objetivo A sistematizaccedilatildeo e classificaccedilatildeo das

falhas em meados da deacutecada de 80 foi o primeiro passo nesse sentido Contudo vaacuterias arestas ainda precisam ser aparadas

O fim da nota dez mesmo gerando polecircmica foi um fato que tornou o esporte mais justo Com o ldquocoacutedigo abertordquo o ginasta que executa elementos de dificuldade com boa execuccedilatildeo eacute mais valorizado do que nos ciclos anteriores No passado era comum ver ginastas executando elementos de alto grau de dificuldade com boa execuccedilatildeo que perdiam a disputa para ginastas com seacuteries conservadoras com menos risco que apenas cumpriam com as exigecircncias gerando insatisfaccedilatildeo no puacuteblico Dez minutos de vaias para a nota de Aleksei Nemov durante a final de barra fixa nos JO de Atenas exemplificam a insatisfaccedilatildeo do puacuteblico ao ver que a seacuterie de maior risco e com boa execuccedilatildeo natildeo recebeu a nota que merecia (AMOUR 2004)

Tambeacutem foi observado que algumas mudanccedilas foram influenciadas pela miacutedia (especialmente a TV) como o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios (NUNOMURA NISTA-PICCOLO PUBLIO 1999) Neste caso buscava-se uma competiccedilatildeo mais dinacircmica variada atrativa e raacutepida conforme os paracircmetros da miacutedia atual Isso mostra que a GA busca cada vez mais a exposiccedilatildeo na miacutedia para a popularizaccedilatildeo cada vez maior da modalidade da mesma forma que outros esportes como o voleibol que tambeacutem alterou suas regras tornando-se mais dinacircmico e adequado para a transmissatildeo televisiva

A seguranccedila dos ginastas tambeacutem foi um requisito para determinadas alteraccedilotildees no CP Podemos citar como exemplos a obrigatoriedade do uso do ldquocolar de proteccedilatildeordquo ao redor do trampolim para saltos do grupo cinco quando a entrada eacute realizada de costas para a mesa de salto que entrou em vigor no ciclo 2001-2004 Tambeacutem a proibiccedilatildeo ou limitaccedilatildeo de determinados exerciacutecios que prejudicavam a sauacutede dos ginastas como a limitaccedilatildeo do nuacutemero de elementos executados com um braccedilo na barra fixa

Como podemos observar o CP vem buscando manter-se atualizado com o crescente desenvolvimento da modalidade sempre tentando atender as demandas geradas pelo puacuteblico miacutedia ginastas e treinadores com o objetivo principal de servir de fundamento para

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o treinamento julgamento e a consequente evoluccedilatildeo da GA

A cada novo ciclo todos os envolvidos com a GA satildeo desafiados a se adaptar Mesmo fundamentada na tradiccedilatildeo a GA busca atender as demandas inerentes da modernidade com relaccedilatildeo agraves novas teacutecnicas exerciacutecios e aparelhos tentando manter a eficiecircncia competitiva atraveacutes

das mudanccedilas nas regras que a delineiam demonstrando que a GA pode ser considerada uma praacutetica esportiva em constante evoluccedilatildeo Desta forma frequentemente teremos que debruccedilar nossos esforccedilos afim de compreender a dinacircmica do CP e das suas consequecircncias no cotidiano da modalidade

MENrsquoS ARTISTIC GYMNASTICS CODE OF POINTS THROUGHOUT THE YEARS

ABSTRACT The rules complexity and the evaluation process of Artistic Gymnastics (AG) demands a profound knowledge of the Code of Points (CP) by the judges coaches and gymnasts with the objective of obtaining coherent interpretations of it The changes that occur in the CP make this sport face a restructuration seeking adaptation and new forms to maintain its competitive efficiency This study provides an analysis of the main changes in Menrsquos Artistic Gymnastics (MAG) Code of Points throughout the years showing how the International Gymnastics Federation (FIG) tries to provide to the judges coaches and gymnasts a document that may guide then to the development of competitions to the preparation of gymnasts and for the construction of the exercises in order to fulfill the esthetical and technical expectations of each period This study was a bibliographic research where the main source of data was the editions of the MAGrsquos CP The CP is a historical and official document developed by FIG We have concluded that even a traditional sport such AG seeks to fulfill the demands inherent in the progress of this sport trying to maintain competitive efficiency through changes in the rules showing that AG can be considered a sports in constant evolution

Keywords Menrsquos Artistic Gymnastics Code of Points Rulesacute dynamics

REFEREcircNCIAS

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FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1977

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1979

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1993

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1997

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2001

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2007a

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Aceito em 30032009

Endereccedilo para correspondecircncia Mauricio dos Santos de Oliveira Rua Carolina C R de Oliveira 305 Jardim Rosolem CEP 13185-302 Hortolacircndia-SP E-mail mauricio_olliveirayahoocombr

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Page 4: BoletimEF.org Codigo de Pontuacao Da Ginastica Artistica Masculina Ao Longo Dos Tempos

100 Oliveira e Bortoleto

Em 1971 foi lanccedilado um complemento para o CP vigente na eacutepoca e no ano de 1976 ocorreram outras modificaccedilotildees significativas Cabe destacar que todas as mudanccedilas realizadas entre cada versatildeo do CP foram vinculadas aos praticantes e teacutecnicos atraveacutes do Boletim Oficial da FIG que eacute transmitido agraves federaccedilotildees nacionais Os Boletins teacutecnicos satildeo vinculados em sua maioria em inglecircs cabendo as federaccedilotildees realizarem a traduccedilatildeo e interpretaccedilatildeo dos mesmos Isso gerou em muitos casos duacutevidas entre os aacuterbitros teacutecnicos e ginastas

No CP de 1976 foram estabelecidos novos valores para os criteacuterios dificuldade do exerciacutecio (340 pontos) combinaccedilatildeo (160 pontos) e execuccedilatildeo (440 pontos) chegando a um total da seacuterie de 940 Neste momento foi introduzida a bonificaccedilatildeo de 02 para cada um dos seguintes fatores risco originalidade e virtuosismo Essa resoluccedilatildeo segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1993) colocou fim agraves ldquoesmolasrdquo que eram dadas pelos aacuterbitros para diferenciar as seacuteries dos ginastas Na prova de salto por exemplo a nota de partida maacutexima era 98 sendo os dois deacutecimos faltantes dados pela bonificaccedilatildeo de virtuosismo A nota maacutexima estabelecida foi de 10 pontos

Nos anos seguintes ocorreram mudanccedilas a partir de discussotildees nos congressos teacutecnicos realizados antes das grandes competiccedilotildees (CM e JO) e durante cursos de arbitragem intercontinentais Essas mudanccedilas complementaram o CP de 1976 que foi utilizado como base ateacute o ano de 1984 nos JO de Los Angeles nos Estados Unidos sofrendo pequenas alteraccedilotildees

O sexto ciclo do CP (1985-1988) foi marcado por inovaccedilotildees e mudanccedilas que buscavam suprir as novas necessidades da modalidade Cada ciclo do CP representa um periacuteodo de quatro anos que vai do primeiro ano apoacutes os JO ateacute a ediccedilatildeo seguinte O sistema de ciclos teve iniacutecio em 1964 sob influecircncia do primeiro ciclo intercontinental de juiacutezes realizado em Zurique na Suiacuteccedila (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 1977)

Devido agrave evoluccedilatildeo teacutecnica da GA no periacuteodo anterior a 1985 os valores de dificuldade combinaccedilatildeo e execuccedilatildeo foram alterados A dificuldade passou a ser de no maacuteximo 4 pontos a combinaccedilatildeo 1 ponto e a

execuccedilatildeo passou a 440 pontos A nota de partida continuou a ter o mesmo valor do coacutedigo anterior (10 pontos) poreacutem com uma distribuiccedilatildeo diferente Tambeacutem ocorreu uma revisatildeo nos elementos A B e C sendo introduzidos os elementos de dificuldade D

As novidades do CP do ciclo 1989-1992 foram a adoccedilatildeo de nova numeraccedilatildeo e novos valores para os diferentes tipos de salto sobre o cavalo introduccedilatildeo de uma melhor classificaccedilatildeo para as falhas de execuccedilatildeo e uma melhor ordenaccedilatildeo dos elementos A padronizaccedilatildeo atraveacutes da melhor classificaccedilatildeo da falhas tornou a avaliaccedilatildeo da execuccedilatildeo mais objetiva ou pelo menos com valores mais especiacuteficos

A ediccedilatildeo seguinte do CP o primeiro a ser editado em trecircs liacutenguas (inglecircs francecircs e alematildeo) e vigente no ciclo 1993-1996 foi marcado pela aboliccedilatildeo das bonificaccedilotildees por virtuosismo originalidade e risco nas seacuteries livres sendo as bonificaccedilotildees agora apenas para os exerciacutecios de grande dificuldade Houve alteraccedilotildees nos elementos A B C e D e a inclusatildeo dos elementos de dificuldade E A reduccedilatildeo e a melhor sistematizaccedilatildeo da tabela de classificaccedilatildeo das falhas proposta no ciclo anterior tambeacutem foi um fator importante nesta ediccedilatildeo do CP assim como a adoccedilatildeo de exigecircncias de dificuldades iguais para todas as competiccedilotildees No periacuteodo anterior as exigecircncias de dificuldade variavam nas competiccedilotildees por equipes e individuais

Outra alteraccedilatildeo significativa foi a divisatildeo da arbitragem em bancas A e B sendo coordenados e supervisionados pelo aacuterbitro-chefe e pelo assistente teacutecnico Essa divisatildeo da banca de arbitragem possibilitou que as tarefas fossem divididas da seguinte maneira a banca A ficou responsaacutevel pela nota de partida em que satildeo considerados os valores dos exerciacutecios das exigecircncias e as bonificaccedilotildees enquanto a banca B ficou com a tarefa de fazer as deduccedilotildees de execuccedilatildeo teacutecnica e postural Segundo Nunomura et al (1999) essa divisatildeo na banca de arbitragem veio para facilitar a tarefa no julgamento das seacuteries

De acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1993) muitas mudanccedilas deixaram de ser incluiacutedas nesse momento por serem consideradas muito radicais para serem implantadas de imediato sem que houvesse

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101 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

experiecircncias praacuteticas e acabaram sendo postergadas para um proacuteximo momento A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica aleacutem de discutir cada uma das propostas para mudanccedilas no CP costuma utilizar algumas ldquocompeticcedilotildeesshytesterdquo para experimentar tais mudanccedilas antes de implementaacute-las

Foi no CP 1997-2000 que vieram agrave tona algumas das mudanccedilas consideradas mais significativas para este esporte nas uacuteltimas deacutecadas Neste periacuteodo foram eliminados das competiccedilotildees os exerciacutecios obrigatoacuterios que eram utilizados desde as primeiras competiccedilotildees de ginaacutestica A partir desse momento as competiccedilotildees deixaram de ter na fase de classificaccedilatildeo esses exerciacutecios tambeacutem conhecidos como compulsoacuterios passando a haver apenas os exerciacutecios livres (Figura 1)

Figura 1 ndash O salto peixe foi obrigatoacuterio nos JO de Atlanta 1996 sendo realizado por todos os ginastas masculinos na Competiccedilatildeo I classificatoacuteria

Fonte Adaptado da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009)

As exigecircncias de dificuldades natildeo foram alteradas em relaccedilatildeo ao ciclo anterior De acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1997) as seacuteries necessitavam de quatro elementos A trecircs B dois C e um elemento D chegando a um total de 240 pontos na nota de dificuldade As exigecircncias especiais que eram no total de trecircs em cada aparelho continuaram a valer 120 pontos e as bonificaccedilotildees passaram a valer 140 (o valor anterior era de 100 ponto) A nota de apresentaccedilatildeo que era de 540 passou a ser de 500 totalizando o valor maacuteximo da seacuterie em 10 pontos

Esta versatildeo tambeacutem eliminou a bonificaccedilatildeo no salto sobre o cavalo que anteriormente podia ser dada quando o ginasta havia executado um

salto com uma altura extrema e uma distacircncia aleacutem do comum Aleacutem disso passaram a existir saltos com valor 10 A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica tambeacutem criou a categoria dos elementos Super E para valorizar os exerciacutecios de maior grau de dificuldade

Jaacute no CP que entrou em vigor no ano de 2001 outras mudanccedilas inovadoras para este esporte foram tomadas sendo a principal delas o uso da mesa de salto que veio para substituir o cavalo de salto A mesa aumentou a superfiacutecie de contato e a eficiecircncia da repulsatildeo dos ginastas nesta prova aleacutem de proporcionar uma maior seguranccedila dos mesmos (BORTOLETO 2004)

Com essa mudanccedila a prova de salto ganhou uma nova dimensatildeo por possibilitar um avanccedilo no grau de dificuldade com o qual os ginastas executariam os exerciacutecios com mais altura e portanto maior tempo de vocirco para realizar rotaccedilotildees e com uma seguranccedila maior Saltos com apoio de apenas uma das matildeos passam a ser proibidos e punidos com a nota zero

Os requisitos de dificuldade tambeacutem foram alterados Para cumprir com as exigecircncias de dificuldade uma seacuterie passou a necessitar de quatro elementos A trecircs B e trecircs C O total do valor das exigecircncias de dificuldade passou a ser de 280 pontos Os pontos de bonificaccedilatildeo caiacuteram de 140 para 120 e continuam a seguir os mesmos criteacuterios do coacutedigo anterior

Este novo coacutedigo tambeacutem alterou as exigecircncias especiais No ciclo anterior por exemplo as exigecircncias especiais eram de trecircs em cada aparelho com exceccedilatildeo da prova de salto que segue outro criteacuterio Com o novo coacutedigo passaram a existir cinco exigecircncias em cada aparelho com um total de 10 ponto A nota de execuccedilatildeo continuou sendo 500 pontos e o valor maacuteximo da nota de partida permaneceu em 10 pontos

Outra mudanccedila inovadora foi a eliminaccedilatildeo da possibilidade de repetir um mesmo exerciacutecio e conseguir incluir o valor dele na nota de partida Deste modo quando executado pela segunda vez o elemento natildeo poderia ser considerado pela banca A na contagem da nota de partida Essa regra tambeacutem passou a valer para elementos pertencentes ao mesmo quadrante no CP Exemplo mortal twist grupado e mortal twist carpado Apesar de serem

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102 Oliveira e Bortoleto

elementos diferentes (com estrutura similar) por estarem no mesmo quadrante a partir deste ciclo do CP natildeo poderiam ser executados numa mesma seacuterie para a contagem da nota de partida (Figura 2) Com essa resoluccedilatildeo o CP buscava

aumentar a diversidade de elementos que compotildee um exerciacutecio impedindo assim que ginastas com facilidade em certas teacutecnicas tenham vantagem ou que apenas utilizem tais elementos

Figura 2 -Exemplo da ordenaccedilatildeo dos elementos em quadrantes no CP Em destaque o exemplo supracitado dos elementos twist grupado e carpado

Fonte Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009 p 49)

Apesar de buscar a diversidade nas apresentaccedilotildees a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos diminuiu significativamente o repertoacuterio dos ginastas nos diferentes aparelhos Podemos citar como exemplo a diminuiccedilatildeo dos elementos de saiacuteda da barra fixa No ciclo 1997-2000 o nuacutemero de elementos de saiacuteda era de 48 passando para 32 no ciclo 2001-2004 esse fato conduz os ginastas a eleiccedilatildeo dos mesmos elementos os mais faacuteceis e que possuem um valor maior e assim retornando a ldquomonotoniardquo das seacuteries obrigatoacuterias

Seguramente as alteraccedilotildees ocorridas neste ciclo influenciaram de forma significativa algumas caracteriacutesticas desse esporte Os ginastas foram mais uma vez desafiados a mudar as seacuteries se adaptando agraves novas regras Isso quer dizer que a cada nova versatildeo do CP todos os implicados precisam reciclar sua forma de

atuaccedilatildeo ao contraacuterio de outros esportes cujas regras natildeo se modificam constantemente Essa dinacircmica do CP faz com que o primeiro ano de implementaccedilatildeo da nova ediccedilatildeo do coacutedigo seja sempre complicado pois sempre restaratildeo duacutevidas sobre as novas diretrizes da modalidade Fink (1993) chama a atenccedilatildeo para essa questatildeo ao relatar a dificuldade que os teacutecnicos possuem com as frequentes mudanccedilas frente agrave subjetividade e ambiguidade de algumas regras contidas no CP

Nesse ciclo 2001-2004 os aacuterbitros das competiccedilotildees masculinas passaram a ter que descrever as seacuteries utilizando a simbologia dos elementos (Tabela 1) assim como na arbitragem feminina que jaacute adotava esse meacutetodo anteriormente Trata-se de um sistema de linguagem atraveacutes de siacutembolos que representam os elementos executados pelos ginastas

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103 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

Tabela 1 - Exemplos da simbologia dos elementos da GA masculina

Elementos Siacutembolos Estrela

Rodante

Flic Flac

Reversatildeo

Mortal para frente

Mortal para traacutes

Fonte Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009 p 142)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2001) o objetivo da adoccedilatildeo da simbologia eacute melhorar a comunicaccedilatildeo entre aacuterbitros ginastas e treinadores quebrando as barreiras da linguagem tradicional e assegurando uma avaliaccedilatildeo justa A transcriccedilatildeo dos exerciacutecios garantiria que o aacuterbitro avaliasse o exerciacutecio de forma adequada possibilitando uma consulta tardia caso surgisse algum conflito entre as notas dos aacuterbitros que superasse a margem estabelecida pelo CP Na atualidade as grandes competiccedilotildees obrigam os ginastas a realizar o treinamento de ldquopoacutediordquo momento em que os juiacutezes analisam e registram os exerciacutecios dos ginastas

Seguindo a evoluccedilatildeo que vinha ocorrendo com os dois ciclos anteriores o CP que entrou em vigor no ano de 2006 veio para completar o processo iniciado de forma significativa com o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios no ciclo 1997shy2000 Na sequecircncia houve a mudanccedila na prova de salto no ciclo seguinte bem como as mudanccedilas nas composiccedilotildees das exigecircncias das seacuteries durante ambos os ciclos No ano de 2005 foi utilizado um CP provisoacuterio e enfim foi implementada a versatildeo de 2006

Esta versatildeo do CP teve o objetivo de promover um julgamento mais objetivo e ao mesmo tempo privilegiar os ginastas que executam um alto grau de dificuldade Apesar disso sabemos que a objetividade absoluta eacute impossiacutevel e que a interpretaccedilatildeo do texto do CP eacute tatildeo complexa que constantemente satildeo emitidas notas oficiais da FIG que procuram esclarecer duacutevidas ou definir criteacuterios para interpretaccedilatildeo das regras

Uma das preocupaccedilotildees da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute melhorar a valorizaccedilatildeo objetiva dos ginastas Segundo Smoleuskiy e Gaverdouskiy (1997) por muitos anos vem sendo utilizado um meacutetodo subjetivo da valorizaccedilatildeo dos liacutederes que satildeo praticamente iguais na sua maestria Na busca por diferenciar esses atletas o ldquocoacutedigo abertordquo valorizou de forma mais eficiente os atletas que aleacutem de possuiacuterem uma maestria teacutecnica executam elementos de grande dificuldade Com isso o CP conseguiu diferenciar melhor os ginastas durante as competiccedilotildees Utilizamos o termo ldquocoacutedigo abertordquo para referir ao natildeo estabelecimento de uma nota maacutexima fixa

O novo coacutedigo tambeacutem eliminou uma das grandes marcas da GA que era a nota 10 Este coacutedigo possibilitou aos ginastas executarem seacuteries que possuiacutessem notas de partida maiores que 10 pontos colocando fim a almejada nota da perfeiccedilatildeo que foi eternizada por ginastas como Nadia Comaneci (Romecircnia) e Dmitri Bilozerchev (ex-Uniatildeo Sovieacutetica)

Tais mudanccedilas geram certa confusatildeo entre os expectadores que natildeo estatildeo acostumados com o esporte (POWELL 2006 MALONEY 2007) Antigamente os expectadores se guiavam durante a competiccedilatildeo com o raciociacutenio de que as notas proacuteximas ao dez eram boas e notas abaixo de 9 eram consideradas ruins Com o coacutedigo aberto eacute difiacutecil ter um paracircmetro porque as notas podem variar muito entre os ginastas e tambeacutem nos diferentes aparelhos

Houve muitos protestos com relaccedilatildeo ao fim da nota dez (MACUR 2008 OLIVEIRA 2008 ROMANO 2008) Muitos ginastas e treinadores fizeram questatildeo de enviar manifestos agrave FIG contra o fim da nota que durante muitos anos foi o marco da perfeiccedilatildeo na ginaacutestica

Aleacutem do fim da nota 10 alguns treinadores e ginastas temem que as mudanccedilas que favorecem os elementos de alta dificuldade podem gerar um nuacutemero maior de lesotildees deixando a perfeiccedilatildeo da execuccedilatildeo em segundo plano Poreacutem ainda natildeo houve tempo para observar tais consequencias

O CP 2006-2008 reavaliou os elementos nas suas determinadas categorias eliminando os elementos Super E e incluindo uma nova categoria de elementos F de dificuldade

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104 Oliveira e Bortoleto

Os elementos F satildeo os exerciacutecios de maior dificuldade e possuem o valor de 06 e gradativamente os exerciacutecios de menor dificuldade recebem valores menores sendo o valor dos elementos A de 01 pontos

Com relaccedilatildeo a arbitragem o novo coacutedigo continua dividindo os aacuterbitros em duas bancas (A B) sendo uma responsaacutevel pela nota de execuccedilatildeo (B) e outra responsaacutevel pela nota de dificuldade (A)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2007a) o ginasta parte de 10 pontos na nota de execuccedilatildeo quando cumpre com o nuacutemero miacutenimo de 7 elementos e a partir dessa nota satildeo deduzidas as falhas cometidas pelo atleta O juacuteri B continua responsaacutevel por avaliar a parte artiacutestica a execuccedilatildeo a teacutecnica e a composiccedilatildeo da seacuterie realizada pelo ginasta Caso o ginasta natildeo realize o miacutenimo de 7 elementos haacute uma deduccedilatildeo na nota de execuccedilatildeo

A ginaacutestica manteacutem a magia da nota maacutexima atraveacutes do dez de execuccedilatildeo que pode ser ldquopremiadordquo ao ginasta que alcanccedilar a perfeiccedilatildeo significando que ele natildeo possui nenhuma falha (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 2007b) Outra mudanccedila

importante que interfere na nota de execuccedilatildeo foi o aumento de 05 para 08 pontos no valor da queda buscando diminuir a realizaccedilatildeo de elementos ainda sem domiacutenio completo

O juacuteri A ficou responsaacutevel pela nota de dificuldade que passou a considerar o valor dos 9 elementos de maior dificuldade executados pelo ginasta mais o elemento executado na saiacuteda do aparelho as bonificaccedilotildees de ligaccedilotildees e os valores dados pelo cumprimento dos grupos de exigecircncia

Cada grupo de exigecircncia passou a valer 05 pontos sendo necessaacuterios cumprir 5 grupos em cada aparelho com exceccedilatildeo da prova de salto o que gera um total de 25 pontos

O atleta tambeacutem ficou proibido de repetir mais de 4 vezes elementos que estejam num mesmo grupo de exigecircncia A regra de repeticcedilatildeo de elementos iguais ou do mesmo quadrante proposta no ciclo anterior continua em vigor e as bonificaccedilotildees passam a ser consideradas apenas no solo argolas e barra fixa

A nota fornecida pela banca A mais a meacutedia das notas intermediaacuterias dos aacuterbitros da banca B formam a pontuaccedilatildeo final do ginasta (Tabela 2)

Tabela 2 - Composiccedilatildeo da nota do ginasta Diego Hypoacutelito (Brasil) na final dos exerciacutecios de solo nos Jogos Oliacutempicos de 2008 na China

Jogos Oliacutempicos 2008 Nota Banca B1 B2 B3 B4 B5 B6 Nota Banca Nota Final Exerciacutecios de Solo A B Final

DIEGO HYPOLITO BRA 670 840 850 840 850 880 860 850 15200

Fonte wwwgymnasticsresultscom

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No decorrer deste estudo observamos como o CP passou ao longo dos anos por uma seacuterie de mudanccedilas que buscaram acompanhar o desenvolvimento deste esporte Normile (1997) diz que a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute desafiada a cada quatro anos com a aacuterdua tarefa de quantificar (objetivar) um esporte subjetivo que natildeo paacutera de crescer

Segundo Cogan e Vidmar (2000) poucas modalidades esportivas associam poder e graccedila forccedila e beleza velocidade e precisatildeo audaacutecia e flexibilidade como a GA Manter essa relaccedilatildeo de esporte e arte tem sido um dos grandes desafios da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica aleacutem de ser um norteador das mudanccedilas do CP

Na opiniatildeo de Bortoleto (2000) a GA possui uma caracteriacutestica esteacutetica inerente e significativa que lhe garantiu em grande parte o sucesso adquirido ao longo dos tempos Atualmente a GA vem sendo direcionada para os valores objetivos e isso eacute fortemente evidenciado quando o CP passa a valorizar a dificuldade em detrimento do fator artiacutestico Assim a modalidade se tornou dependente da dificuldade buscando uma avaliaccedilatildeo mais objetiva que eacute uma caracteriacutestica tiacutepica do esporte moderno

Quando falamos do fator artiacutestico estamos nos referindo ao virtuosismo que segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1977) seria quando o ginasta mostra elegacircncia particular na execuccedilatildeo leveza no

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desenvolvimento dos movimentos e maestria na dificuldade e no risco Tambeacutem referimo-nos agrave originalidade que de acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1979) seria quando o ginasta executa novas formas de movimento de partes ou ligaccedilotildees de exerciacutecios que como tais satildeo novas e se destacam nos quadros do que eacute conhecido tradicional ou claacutessico nas seacuteries

Esse dois fatores virtuosismo e originalidade por natildeo serem mais valorizados no CP foram marginalizados

Por outro lado a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos pode ser um dos fatores responsaacuteveis pela falta de criatividade dos ginastas Talvez se a FIG valorizasse esses exerciacutecios pouco utilizados ao inveacutes de eliminaacute-los do CP a ginaacutestica atual estaria mais criativa e diversificada O que podemos ver na atualidade eacute a repeticcedilatildeo dos mesmos exerciacutecios pela grande maioria dos ginastas o que torna o esporte menos interessante para o puacuteblico Bortoleto (2000) relata que essa repeticcedilatildeo de elementos pelos ginastas retoma de forma parcial o aspecto monoacutetono das extintas competiccedilotildees obrigatoacuterias e consequentemente desfoca o sentido das seacuteries livres

Isso tudo eacute direcionado pelo CP Apesar de criar regras que buscaram deixar as seacuteries dos ginastas mais variadas como a regra de repeticcedilatildeo o CP tambeacutem criou exerciacutecios ldquoobrigatoacuteriosrdquo ao valorizar privilegiar determinados elementos A consequecircncia disso eacute a perda da originalidade dos ginastas que natildeo buscam ser criativos tendo como prioridade apenas atender as regras de forma eficiente

Outra caracteriacutestica a ser destacada eacute que hoje os ginastas natildeo objetivam mais a perfeiccedilatildeo (a nota 10) e sim os recordes A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica valoriza o ginasta que possui a maior nota de partida ao contraacuterio de um passado natildeo muito distante quando o dez era o siacutembolo da maestria do ginasta Haacute pouca repercussatildeo sobre o ginasta que possui a maior nota do painel B que seria a nota de execuccedilatildeo da perfeiccedilatildeo teacutecnica

Apesar do CP direcionar a modalidade para esse caminho supracitado parece-nos que ele conseguiu equilibrar o julgamento tornando-o menos subjetivo e consequentemente mais justo e objetivo A sistematizaccedilatildeo e classificaccedilatildeo das

falhas em meados da deacutecada de 80 foi o primeiro passo nesse sentido Contudo vaacuterias arestas ainda precisam ser aparadas

O fim da nota dez mesmo gerando polecircmica foi um fato que tornou o esporte mais justo Com o ldquocoacutedigo abertordquo o ginasta que executa elementos de dificuldade com boa execuccedilatildeo eacute mais valorizado do que nos ciclos anteriores No passado era comum ver ginastas executando elementos de alto grau de dificuldade com boa execuccedilatildeo que perdiam a disputa para ginastas com seacuteries conservadoras com menos risco que apenas cumpriam com as exigecircncias gerando insatisfaccedilatildeo no puacuteblico Dez minutos de vaias para a nota de Aleksei Nemov durante a final de barra fixa nos JO de Atenas exemplificam a insatisfaccedilatildeo do puacuteblico ao ver que a seacuterie de maior risco e com boa execuccedilatildeo natildeo recebeu a nota que merecia (AMOUR 2004)

Tambeacutem foi observado que algumas mudanccedilas foram influenciadas pela miacutedia (especialmente a TV) como o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios (NUNOMURA NISTA-PICCOLO PUBLIO 1999) Neste caso buscava-se uma competiccedilatildeo mais dinacircmica variada atrativa e raacutepida conforme os paracircmetros da miacutedia atual Isso mostra que a GA busca cada vez mais a exposiccedilatildeo na miacutedia para a popularizaccedilatildeo cada vez maior da modalidade da mesma forma que outros esportes como o voleibol que tambeacutem alterou suas regras tornando-se mais dinacircmico e adequado para a transmissatildeo televisiva

A seguranccedila dos ginastas tambeacutem foi um requisito para determinadas alteraccedilotildees no CP Podemos citar como exemplos a obrigatoriedade do uso do ldquocolar de proteccedilatildeordquo ao redor do trampolim para saltos do grupo cinco quando a entrada eacute realizada de costas para a mesa de salto que entrou em vigor no ciclo 2001-2004 Tambeacutem a proibiccedilatildeo ou limitaccedilatildeo de determinados exerciacutecios que prejudicavam a sauacutede dos ginastas como a limitaccedilatildeo do nuacutemero de elementos executados com um braccedilo na barra fixa

Como podemos observar o CP vem buscando manter-se atualizado com o crescente desenvolvimento da modalidade sempre tentando atender as demandas geradas pelo puacuteblico miacutedia ginastas e treinadores com o objetivo principal de servir de fundamento para

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o treinamento julgamento e a consequente evoluccedilatildeo da GA

A cada novo ciclo todos os envolvidos com a GA satildeo desafiados a se adaptar Mesmo fundamentada na tradiccedilatildeo a GA busca atender as demandas inerentes da modernidade com relaccedilatildeo agraves novas teacutecnicas exerciacutecios e aparelhos tentando manter a eficiecircncia competitiva atraveacutes

das mudanccedilas nas regras que a delineiam demonstrando que a GA pode ser considerada uma praacutetica esportiva em constante evoluccedilatildeo Desta forma frequentemente teremos que debruccedilar nossos esforccedilos afim de compreender a dinacircmica do CP e das suas consequecircncias no cotidiano da modalidade

MENrsquoS ARTISTIC GYMNASTICS CODE OF POINTS THROUGHOUT THE YEARS

ABSTRACT The rules complexity and the evaluation process of Artistic Gymnastics (AG) demands a profound knowledge of the Code of Points (CP) by the judges coaches and gymnasts with the objective of obtaining coherent interpretations of it The changes that occur in the CP make this sport face a restructuration seeking adaptation and new forms to maintain its competitive efficiency This study provides an analysis of the main changes in Menrsquos Artistic Gymnastics (MAG) Code of Points throughout the years showing how the International Gymnastics Federation (FIG) tries to provide to the judges coaches and gymnasts a document that may guide then to the development of competitions to the preparation of gymnasts and for the construction of the exercises in order to fulfill the esthetical and technical expectations of each period This study was a bibliographic research where the main source of data was the editions of the MAGrsquos CP The CP is a historical and official document developed by FIG We have concluded that even a traditional sport such AG seeks to fulfill the demands inherent in the progress of this sport trying to maintain competitive efficiency through changes in the rules showing that AG can be considered a sports in constant evolution

Keywords Menrsquos Artistic Gymnastics Code of Points Rulesacute dynamics

REFEREcircNCIAS

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FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Mountier 1964

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Zurique Neue Zuumlrcher Zeitung 1968

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1977

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1979

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1993

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1997

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2001

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2007a

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2009

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107 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

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Recebido em 27112008 Revisado em 12032009

Aceito em 30032009

Endereccedilo para correspondecircncia Mauricio dos Santos de Oliveira Rua Carolina C R de Oliveira 305 Jardim Rosolem CEP 13185-302 Hortolacircndia-SP E-mail mauricio_olliveirayahoocombr

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Page 5: BoletimEF.org Codigo de Pontuacao Da Ginastica Artistica Masculina Ao Longo Dos Tempos

101 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

experiecircncias praacuteticas e acabaram sendo postergadas para um proacuteximo momento A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica aleacutem de discutir cada uma das propostas para mudanccedilas no CP costuma utilizar algumas ldquocompeticcedilotildeesshytesterdquo para experimentar tais mudanccedilas antes de implementaacute-las

Foi no CP 1997-2000 que vieram agrave tona algumas das mudanccedilas consideradas mais significativas para este esporte nas uacuteltimas deacutecadas Neste periacuteodo foram eliminados das competiccedilotildees os exerciacutecios obrigatoacuterios que eram utilizados desde as primeiras competiccedilotildees de ginaacutestica A partir desse momento as competiccedilotildees deixaram de ter na fase de classificaccedilatildeo esses exerciacutecios tambeacutem conhecidos como compulsoacuterios passando a haver apenas os exerciacutecios livres (Figura 1)

Figura 1 ndash O salto peixe foi obrigatoacuterio nos JO de Atlanta 1996 sendo realizado por todos os ginastas masculinos na Competiccedilatildeo I classificatoacuteria

Fonte Adaptado da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009)

As exigecircncias de dificuldades natildeo foram alteradas em relaccedilatildeo ao ciclo anterior De acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1997) as seacuteries necessitavam de quatro elementos A trecircs B dois C e um elemento D chegando a um total de 240 pontos na nota de dificuldade As exigecircncias especiais que eram no total de trecircs em cada aparelho continuaram a valer 120 pontos e as bonificaccedilotildees passaram a valer 140 (o valor anterior era de 100 ponto) A nota de apresentaccedilatildeo que era de 540 passou a ser de 500 totalizando o valor maacuteximo da seacuterie em 10 pontos

Esta versatildeo tambeacutem eliminou a bonificaccedilatildeo no salto sobre o cavalo que anteriormente podia ser dada quando o ginasta havia executado um

salto com uma altura extrema e uma distacircncia aleacutem do comum Aleacutem disso passaram a existir saltos com valor 10 A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica tambeacutem criou a categoria dos elementos Super E para valorizar os exerciacutecios de maior grau de dificuldade

Jaacute no CP que entrou em vigor no ano de 2001 outras mudanccedilas inovadoras para este esporte foram tomadas sendo a principal delas o uso da mesa de salto que veio para substituir o cavalo de salto A mesa aumentou a superfiacutecie de contato e a eficiecircncia da repulsatildeo dos ginastas nesta prova aleacutem de proporcionar uma maior seguranccedila dos mesmos (BORTOLETO 2004)

Com essa mudanccedila a prova de salto ganhou uma nova dimensatildeo por possibilitar um avanccedilo no grau de dificuldade com o qual os ginastas executariam os exerciacutecios com mais altura e portanto maior tempo de vocirco para realizar rotaccedilotildees e com uma seguranccedila maior Saltos com apoio de apenas uma das matildeos passam a ser proibidos e punidos com a nota zero

Os requisitos de dificuldade tambeacutem foram alterados Para cumprir com as exigecircncias de dificuldade uma seacuterie passou a necessitar de quatro elementos A trecircs B e trecircs C O total do valor das exigecircncias de dificuldade passou a ser de 280 pontos Os pontos de bonificaccedilatildeo caiacuteram de 140 para 120 e continuam a seguir os mesmos criteacuterios do coacutedigo anterior

Este novo coacutedigo tambeacutem alterou as exigecircncias especiais No ciclo anterior por exemplo as exigecircncias especiais eram de trecircs em cada aparelho com exceccedilatildeo da prova de salto que segue outro criteacuterio Com o novo coacutedigo passaram a existir cinco exigecircncias em cada aparelho com um total de 10 ponto A nota de execuccedilatildeo continuou sendo 500 pontos e o valor maacuteximo da nota de partida permaneceu em 10 pontos

Outra mudanccedila inovadora foi a eliminaccedilatildeo da possibilidade de repetir um mesmo exerciacutecio e conseguir incluir o valor dele na nota de partida Deste modo quando executado pela segunda vez o elemento natildeo poderia ser considerado pela banca A na contagem da nota de partida Essa regra tambeacutem passou a valer para elementos pertencentes ao mesmo quadrante no CP Exemplo mortal twist grupado e mortal twist carpado Apesar de serem

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102 Oliveira e Bortoleto

elementos diferentes (com estrutura similar) por estarem no mesmo quadrante a partir deste ciclo do CP natildeo poderiam ser executados numa mesma seacuterie para a contagem da nota de partida (Figura 2) Com essa resoluccedilatildeo o CP buscava

aumentar a diversidade de elementos que compotildee um exerciacutecio impedindo assim que ginastas com facilidade em certas teacutecnicas tenham vantagem ou que apenas utilizem tais elementos

Figura 2 -Exemplo da ordenaccedilatildeo dos elementos em quadrantes no CP Em destaque o exemplo supracitado dos elementos twist grupado e carpado

Fonte Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009 p 49)

Apesar de buscar a diversidade nas apresentaccedilotildees a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos diminuiu significativamente o repertoacuterio dos ginastas nos diferentes aparelhos Podemos citar como exemplo a diminuiccedilatildeo dos elementos de saiacuteda da barra fixa No ciclo 1997-2000 o nuacutemero de elementos de saiacuteda era de 48 passando para 32 no ciclo 2001-2004 esse fato conduz os ginastas a eleiccedilatildeo dos mesmos elementos os mais faacuteceis e que possuem um valor maior e assim retornando a ldquomonotoniardquo das seacuteries obrigatoacuterias

Seguramente as alteraccedilotildees ocorridas neste ciclo influenciaram de forma significativa algumas caracteriacutesticas desse esporte Os ginastas foram mais uma vez desafiados a mudar as seacuteries se adaptando agraves novas regras Isso quer dizer que a cada nova versatildeo do CP todos os implicados precisam reciclar sua forma de

atuaccedilatildeo ao contraacuterio de outros esportes cujas regras natildeo se modificam constantemente Essa dinacircmica do CP faz com que o primeiro ano de implementaccedilatildeo da nova ediccedilatildeo do coacutedigo seja sempre complicado pois sempre restaratildeo duacutevidas sobre as novas diretrizes da modalidade Fink (1993) chama a atenccedilatildeo para essa questatildeo ao relatar a dificuldade que os teacutecnicos possuem com as frequentes mudanccedilas frente agrave subjetividade e ambiguidade de algumas regras contidas no CP

Nesse ciclo 2001-2004 os aacuterbitros das competiccedilotildees masculinas passaram a ter que descrever as seacuteries utilizando a simbologia dos elementos (Tabela 1) assim como na arbitragem feminina que jaacute adotava esse meacutetodo anteriormente Trata-se de um sistema de linguagem atraveacutes de siacutembolos que representam os elementos executados pelos ginastas

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Tabela 1 - Exemplos da simbologia dos elementos da GA masculina

Elementos Siacutembolos Estrela

Rodante

Flic Flac

Reversatildeo

Mortal para frente

Mortal para traacutes

Fonte Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009 p 142)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2001) o objetivo da adoccedilatildeo da simbologia eacute melhorar a comunicaccedilatildeo entre aacuterbitros ginastas e treinadores quebrando as barreiras da linguagem tradicional e assegurando uma avaliaccedilatildeo justa A transcriccedilatildeo dos exerciacutecios garantiria que o aacuterbitro avaliasse o exerciacutecio de forma adequada possibilitando uma consulta tardia caso surgisse algum conflito entre as notas dos aacuterbitros que superasse a margem estabelecida pelo CP Na atualidade as grandes competiccedilotildees obrigam os ginastas a realizar o treinamento de ldquopoacutediordquo momento em que os juiacutezes analisam e registram os exerciacutecios dos ginastas

Seguindo a evoluccedilatildeo que vinha ocorrendo com os dois ciclos anteriores o CP que entrou em vigor no ano de 2006 veio para completar o processo iniciado de forma significativa com o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios no ciclo 1997shy2000 Na sequecircncia houve a mudanccedila na prova de salto no ciclo seguinte bem como as mudanccedilas nas composiccedilotildees das exigecircncias das seacuteries durante ambos os ciclos No ano de 2005 foi utilizado um CP provisoacuterio e enfim foi implementada a versatildeo de 2006

Esta versatildeo do CP teve o objetivo de promover um julgamento mais objetivo e ao mesmo tempo privilegiar os ginastas que executam um alto grau de dificuldade Apesar disso sabemos que a objetividade absoluta eacute impossiacutevel e que a interpretaccedilatildeo do texto do CP eacute tatildeo complexa que constantemente satildeo emitidas notas oficiais da FIG que procuram esclarecer duacutevidas ou definir criteacuterios para interpretaccedilatildeo das regras

Uma das preocupaccedilotildees da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute melhorar a valorizaccedilatildeo objetiva dos ginastas Segundo Smoleuskiy e Gaverdouskiy (1997) por muitos anos vem sendo utilizado um meacutetodo subjetivo da valorizaccedilatildeo dos liacutederes que satildeo praticamente iguais na sua maestria Na busca por diferenciar esses atletas o ldquocoacutedigo abertordquo valorizou de forma mais eficiente os atletas que aleacutem de possuiacuterem uma maestria teacutecnica executam elementos de grande dificuldade Com isso o CP conseguiu diferenciar melhor os ginastas durante as competiccedilotildees Utilizamos o termo ldquocoacutedigo abertordquo para referir ao natildeo estabelecimento de uma nota maacutexima fixa

O novo coacutedigo tambeacutem eliminou uma das grandes marcas da GA que era a nota 10 Este coacutedigo possibilitou aos ginastas executarem seacuteries que possuiacutessem notas de partida maiores que 10 pontos colocando fim a almejada nota da perfeiccedilatildeo que foi eternizada por ginastas como Nadia Comaneci (Romecircnia) e Dmitri Bilozerchev (ex-Uniatildeo Sovieacutetica)

Tais mudanccedilas geram certa confusatildeo entre os expectadores que natildeo estatildeo acostumados com o esporte (POWELL 2006 MALONEY 2007) Antigamente os expectadores se guiavam durante a competiccedilatildeo com o raciociacutenio de que as notas proacuteximas ao dez eram boas e notas abaixo de 9 eram consideradas ruins Com o coacutedigo aberto eacute difiacutecil ter um paracircmetro porque as notas podem variar muito entre os ginastas e tambeacutem nos diferentes aparelhos

Houve muitos protestos com relaccedilatildeo ao fim da nota dez (MACUR 2008 OLIVEIRA 2008 ROMANO 2008) Muitos ginastas e treinadores fizeram questatildeo de enviar manifestos agrave FIG contra o fim da nota que durante muitos anos foi o marco da perfeiccedilatildeo na ginaacutestica

Aleacutem do fim da nota 10 alguns treinadores e ginastas temem que as mudanccedilas que favorecem os elementos de alta dificuldade podem gerar um nuacutemero maior de lesotildees deixando a perfeiccedilatildeo da execuccedilatildeo em segundo plano Poreacutem ainda natildeo houve tempo para observar tais consequencias

O CP 2006-2008 reavaliou os elementos nas suas determinadas categorias eliminando os elementos Super E e incluindo uma nova categoria de elementos F de dificuldade

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104 Oliveira e Bortoleto

Os elementos F satildeo os exerciacutecios de maior dificuldade e possuem o valor de 06 e gradativamente os exerciacutecios de menor dificuldade recebem valores menores sendo o valor dos elementos A de 01 pontos

Com relaccedilatildeo a arbitragem o novo coacutedigo continua dividindo os aacuterbitros em duas bancas (A B) sendo uma responsaacutevel pela nota de execuccedilatildeo (B) e outra responsaacutevel pela nota de dificuldade (A)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2007a) o ginasta parte de 10 pontos na nota de execuccedilatildeo quando cumpre com o nuacutemero miacutenimo de 7 elementos e a partir dessa nota satildeo deduzidas as falhas cometidas pelo atleta O juacuteri B continua responsaacutevel por avaliar a parte artiacutestica a execuccedilatildeo a teacutecnica e a composiccedilatildeo da seacuterie realizada pelo ginasta Caso o ginasta natildeo realize o miacutenimo de 7 elementos haacute uma deduccedilatildeo na nota de execuccedilatildeo

A ginaacutestica manteacutem a magia da nota maacutexima atraveacutes do dez de execuccedilatildeo que pode ser ldquopremiadordquo ao ginasta que alcanccedilar a perfeiccedilatildeo significando que ele natildeo possui nenhuma falha (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 2007b) Outra mudanccedila

importante que interfere na nota de execuccedilatildeo foi o aumento de 05 para 08 pontos no valor da queda buscando diminuir a realizaccedilatildeo de elementos ainda sem domiacutenio completo

O juacuteri A ficou responsaacutevel pela nota de dificuldade que passou a considerar o valor dos 9 elementos de maior dificuldade executados pelo ginasta mais o elemento executado na saiacuteda do aparelho as bonificaccedilotildees de ligaccedilotildees e os valores dados pelo cumprimento dos grupos de exigecircncia

Cada grupo de exigecircncia passou a valer 05 pontos sendo necessaacuterios cumprir 5 grupos em cada aparelho com exceccedilatildeo da prova de salto o que gera um total de 25 pontos

O atleta tambeacutem ficou proibido de repetir mais de 4 vezes elementos que estejam num mesmo grupo de exigecircncia A regra de repeticcedilatildeo de elementos iguais ou do mesmo quadrante proposta no ciclo anterior continua em vigor e as bonificaccedilotildees passam a ser consideradas apenas no solo argolas e barra fixa

A nota fornecida pela banca A mais a meacutedia das notas intermediaacuterias dos aacuterbitros da banca B formam a pontuaccedilatildeo final do ginasta (Tabela 2)

Tabela 2 - Composiccedilatildeo da nota do ginasta Diego Hypoacutelito (Brasil) na final dos exerciacutecios de solo nos Jogos Oliacutempicos de 2008 na China

Jogos Oliacutempicos 2008 Nota Banca B1 B2 B3 B4 B5 B6 Nota Banca Nota Final Exerciacutecios de Solo A B Final

DIEGO HYPOLITO BRA 670 840 850 840 850 880 860 850 15200

Fonte wwwgymnasticsresultscom

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No decorrer deste estudo observamos como o CP passou ao longo dos anos por uma seacuterie de mudanccedilas que buscaram acompanhar o desenvolvimento deste esporte Normile (1997) diz que a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute desafiada a cada quatro anos com a aacuterdua tarefa de quantificar (objetivar) um esporte subjetivo que natildeo paacutera de crescer

Segundo Cogan e Vidmar (2000) poucas modalidades esportivas associam poder e graccedila forccedila e beleza velocidade e precisatildeo audaacutecia e flexibilidade como a GA Manter essa relaccedilatildeo de esporte e arte tem sido um dos grandes desafios da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica aleacutem de ser um norteador das mudanccedilas do CP

Na opiniatildeo de Bortoleto (2000) a GA possui uma caracteriacutestica esteacutetica inerente e significativa que lhe garantiu em grande parte o sucesso adquirido ao longo dos tempos Atualmente a GA vem sendo direcionada para os valores objetivos e isso eacute fortemente evidenciado quando o CP passa a valorizar a dificuldade em detrimento do fator artiacutestico Assim a modalidade se tornou dependente da dificuldade buscando uma avaliaccedilatildeo mais objetiva que eacute uma caracteriacutestica tiacutepica do esporte moderno

Quando falamos do fator artiacutestico estamos nos referindo ao virtuosismo que segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1977) seria quando o ginasta mostra elegacircncia particular na execuccedilatildeo leveza no

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105 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

desenvolvimento dos movimentos e maestria na dificuldade e no risco Tambeacutem referimo-nos agrave originalidade que de acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1979) seria quando o ginasta executa novas formas de movimento de partes ou ligaccedilotildees de exerciacutecios que como tais satildeo novas e se destacam nos quadros do que eacute conhecido tradicional ou claacutessico nas seacuteries

Esse dois fatores virtuosismo e originalidade por natildeo serem mais valorizados no CP foram marginalizados

Por outro lado a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos pode ser um dos fatores responsaacuteveis pela falta de criatividade dos ginastas Talvez se a FIG valorizasse esses exerciacutecios pouco utilizados ao inveacutes de eliminaacute-los do CP a ginaacutestica atual estaria mais criativa e diversificada O que podemos ver na atualidade eacute a repeticcedilatildeo dos mesmos exerciacutecios pela grande maioria dos ginastas o que torna o esporte menos interessante para o puacuteblico Bortoleto (2000) relata que essa repeticcedilatildeo de elementos pelos ginastas retoma de forma parcial o aspecto monoacutetono das extintas competiccedilotildees obrigatoacuterias e consequentemente desfoca o sentido das seacuteries livres

Isso tudo eacute direcionado pelo CP Apesar de criar regras que buscaram deixar as seacuteries dos ginastas mais variadas como a regra de repeticcedilatildeo o CP tambeacutem criou exerciacutecios ldquoobrigatoacuteriosrdquo ao valorizar privilegiar determinados elementos A consequecircncia disso eacute a perda da originalidade dos ginastas que natildeo buscam ser criativos tendo como prioridade apenas atender as regras de forma eficiente

Outra caracteriacutestica a ser destacada eacute que hoje os ginastas natildeo objetivam mais a perfeiccedilatildeo (a nota 10) e sim os recordes A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica valoriza o ginasta que possui a maior nota de partida ao contraacuterio de um passado natildeo muito distante quando o dez era o siacutembolo da maestria do ginasta Haacute pouca repercussatildeo sobre o ginasta que possui a maior nota do painel B que seria a nota de execuccedilatildeo da perfeiccedilatildeo teacutecnica

Apesar do CP direcionar a modalidade para esse caminho supracitado parece-nos que ele conseguiu equilibrar o julgamento tornando-o menos subjetivo e consequentemente mais justo e objetivo A sistematizaccedilatildeo e classificaccedilatildeo das

falhas em meados da deacutecada de 80 foi o primeiro passo nesse sentido Contudo vaacuterias arestas ainda precisam ser aparadas

O fim da nota dez mesmo gerando polecircmica foi um fato que tornou o esporte mais justo Com o ldquocoacutedigo abertordquo o ginasta que executa elementos de dificuldade com boa execuccedilatildeo eacute mais valorizado do que nos ciclos anteriores No passado era comum ver ginastas executando elementos de alto grau de dificuldade com boa execuccedilatildeo que perdiam a disputa para ginastas com seacuteries conservadoras com menos risco que apenas cumpriam com as exigecircncias gerando insatisfaccedilatildeo no puacuteblico Dez minutos de vaias para a nota de Aleksei Nemov durante a final de barra fixa nos JO de Atenas exemplificam a insatisfaccedilatildeo do puacuteblico ao ver que a seacuterie de maior risco e com boa execuccedilatildeo natildeo recebeu a nota que merecia (AMOUR 2004)

Tambeacutem foi observado que algumas mudanccedilas foram influenciadas pela miacutedia (especialmente a TV) como o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios (NUNOMURA NISTA-PICCOLO PUBLIO 1999) Neste caso buscava-se uma competiccedilatildeo mais dinacircmica variada atrativa e raacutepida conforme os paracircmetros da miacutedia atual Isso mostra que a GA busca cada vez mais a exposiccedilatildeo na miacutedia para a popularizaccedilatildeo cada vez maior da modalidade da mesma forma que outros esportes como o voleibol que tambeacutem alterou suas regras tornando-se mais dinacircmico e adequado para a transmissatildeo televisiva

A seguranccedila dos ginastas tambeacutem foi um requisito para determinadas alteraccedilotildees no CP Podemos citar como exemplos a obrigatoriedade do uso do ldquocolar de proteccedilatildeordquo ao redor do trampolim para saltos do grupo cinco quando a entrada eacute realizada de costas para a mesa de salto que entrou em vigor no ciclo 2001-2004 Tambeacutem a proibiccedilatildeo ou limitaccedilatildeo de determinados exerciacutecios que prejudicavam a sauacutede dos ginastas como a limitaccedilatildeo do nuacutemero de elementos executados com um braccedilo na barra fixa

Como podemos observar o CP vem buscando manter-se atualizado com o crescente desenvolvimento da modalidade sempre tentando atender as demandas geradas pelo puacuteblico miacutedia ginastas e treinadores com o objetivo principal de servir de fundamento para

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106 Oliveira e Bortoleto

o treinamento julgamento e a consequente evoluccedilatildeo da GA

A cada novo ciclo todos os envolvidos com a GA satildeo desafiados a se adaptar Mesmo fundamentada na tradiccedilatildeo a GA busca atender as demandas inerentes da modernidade com relaccedilatildeo agraves novas teacutecnicas exerciacutecios e aparelhos tentando manter a eficiecircncia competitiva atraveacutes

das mudanccedilas nas regras que a delineiam demonstrando que a GA pode ser considerada uma praacutetica esportiva em constante evoluccedilatildeo Desta forma frequentemente teremos que debruccedilar nossos esforccedilos afim de compreender a dinacircmica do CP e das suas consequecircncias no cotidiano da modalidade

MENrsquoS ARTISTIC GYMNASTICS CODE OF POINTS THROUGHOUT THE YEARS

ABSTRACT The rules complexity and the evaluation process of Artistic Gymnastics (AG) demands a profound knowledge of the Code of Points (CP) by the judges coaches and gymnasts with the objective of obtaining coherent interpretations of it The changes that occur in the CP make this sport face a restructuration seeking adaptation and new forms to maintain its competitive efficiency This study provides an analysis of the main changes in Menrsquos Artistic Gymnastics (MAG) Code of Points throughout the years showing how the International Gymnastics Federation (FIG) tries to provide to the judges coaches and gymnasts a document that may guide then to the development of competitions to the preparation of gymnasts and for the construction of the exercises in order to fulfill the esthetical and technical expectations of each period This study was a bibliographic research where the main source of data was the editions of the MAGrsquos CP The CP is a historical and official document developed by FIG We have concluded that even a traditional sport such AG seeks to fulfill the demands inherent in the progress of this sport trying to maintain competitive efficiency through changes in the rules showing that AG can be considered a sports in constant evolution

Keywords Menrsquos Artistic Gymnastics Code of Points Rulesacute dynamics

REFEREcircNCIAS

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FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Mountier 1964

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Zurique Neue Zuumlrcher Zeitung 1968

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1977

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1979

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1993

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1997

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2001

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2007a

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2009

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107 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

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Recebido em 27112008 Revisado em 12032009

Aceito em 30032009

Endereccedilo para correspondecircncia Mauricio dos Santos de Oliveira Rua Carolina C R de Oliveira 305 Jardim Rosolem CEP 13185-302 Hortolacircndia-SP E-mail mauricio_olliveirayahoocombr

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Page 6: BoletimEF.org Codigo de Pontuacao Da Ginastica Artistica Masculina Ao Longo Dos Tempos

102 Oliveira e Bortoleto

elementos diferentes (com estrutura similar) por estarem no mesmo quadrante a partir deste ciclo do CP natildeo poderiam ser executados numa mesma seacuterie para a contagem da nota de partida (Figura 2) Com essa resoluccedilatildeo o CP buscava

aumentar a diversidade de elementos que compotildee um exerciacutecio impedindo assim que ginastas com facilidade em certas teacutecnicas tenham vantagem ou que apenas utilizem tais elementos

Figura 2 -Exemplo da ordenaccedilatildeo dos elementos em quadrantes no CP Em destaque o exemplo supracitado dos elementos twist grupado e carpado

Fonte Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009 p 49)

Apesar de buscar a diversidade nas apresentaccedilotildees a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos diminuiu significativamente o repertoacuterio dos ginastas nos diferentes aparelhos Podemos citar como exemplo a diminuiccedilatildeo dos elementos de saiacuteda da barra fixa No ciclo 1997-2000 o nuacutemero de elementos de saiacuteda era de 48 passando para 32 no ciclo 2001-2004 esse fato conduz os ginastas a eleiccedilatildeo dos mesmos elementos os mais faacuteceis e que possuem um valor maior e assim retornando a ldquomonotoniardquo das seacuteries obrigatoacuterias

Seguramente as alteraccedilotildees ocorridas neste ciclo influenciaram de forma significativa algumas caracteriacutesticas desse esporte Os ginastas foram mais uma vez desafiados a mudar as seacuteries se adaptando agraves novas regras Isso quer dizer que a cada nova versatildeo do CP todos os implicados precisam reciclar sua forma de

atuaccedilatildeo ao contraacuterio de outros esportes cujas regras natildeo se modificam constantemente Essa dinacircmica do CP faz com que o primeiro ano de implementaccedilatildeo da nova ediccedilatildeo do coacutedigo seja sempre complicado pois sempre restaratildeo duacutevidas sobre as novas diretrizes da modalidade Fink (1993) chama a atenccedilatildeo para essa questatildeo ao relatar a dificuldade que os teacutecnicos possuem com as frequentes mudanccedilas frente agrave subjetividade e ambiguidade de algumas regras contidas no CP

Nesse ciclo 2001-2004 os aacuterbitros das competiccedilotildees masculinas passaram a ter que descrever as seacuteries utilizando a simbologia dos elementos (Tabela 1) assim como na arbitragem feminina que jaacute adotava esse meacutetodo anteriormente Trata-se de um sistema de linguagem atraveacutes de siacutembolos que representam os elementos executados pelos ginastas

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103 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

Tabela 1 - Exemplos da simbologia dos elementos da GA masculina

Elementos Siacutembolos Estrela

Rodante

Flic Flac

Reversatildeo

Mortal para frente

Mortal para traacutes

Fonte Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009 p 142)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2001) o objetivo da adoccedilatildeo da simbologia eacute melhorar a comunicaccedilatildeo entre aacuterbitros ginastas e treinadores quebrando as barreiras da linguagem tradicional e assegurando uma avaliaccedilatildeo justa A transcriccedilatildeo dos exerciacutecios garantiria que o aacuterbitro avaliasse o exerciacutecio de forma adequada possibilitando uma consulta tardia caso surgisse algum conflito entre as notas dos aacuterbitros que superasse a margem estabelecida pelo CP Na atualidade as grandes competiccedilotildees obrigam os ginastas a realizar o treinamento de ldquopoacutediordquo momento em que os juiacutezes analisam e registram os exerciacutecios dos ginastas

Seguindo a evoluccedilatildeo que vinha ocorrendo com os dois ciclos anteriores o CP que entrou em vigor no ano de 2006 veio para completar o processo iniciado de forma significativa com o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios no ciclo 1997shy2000 Na sequecircncia houve a mudanccedila na prova de salto no ciclo seguinte bem como as mudanccedilas nas composiccedilotildees das exigecircncias das seacuteries durante ambos os ciclos No ano de 2005 foi utilizado um CP provisoacuterio e enfim foi implementada a versatildeo de 2006

Esta versatildeo do CP teve o objetivo de promover um julgamento mais objetivo e ao mesmo tempo privilegiar os ginastas que executam um alto grau de dificuldade Apesar disso sabemos que a objetividade absoluta eacute impossiacutevel e que a interpretaccedilatildeo do texto do CP eacute tatildeo complexa que constantemente satildeo emitidas notas oficiais da FIG que procuram esclarecer duacutevidas ou definir criteacuterios para interpretaccedilatildeo das regras

Uma das preocupaccedilotildees da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute melhorar a valorizaccedilatildeo objetiva dos ginastas Segundo Smoleuskiy e Gaverdouskiy (1997) por muitos anos vem sendo utilizado um meacutetodo subjetivo da valorizaccedilatildeo dos liacutederes que satildeo praticamente iguais na sua maestria Na busca por diferenciar esses atletas o ldquocoacutedigo abertordquo valorizou de forma mais eficiente os atletas que aleacutem de possuiacuterem uma maestria teacutecnica executam elementos de grande dificuldade Com isso o CP conseguiu diferenciar melhor os ginastas durante as competiccedilotildees Utilizamos o termo ldquocoacutedigo abertordquo para referir ao natildeo estabelecimento de uma nota maacutexima fixa

O novo coacutedigo tambeacutem eliminou uma das grandes marcas da GA que era a nota 10 Este coacutedigo possibilitou aos ginastas executarem seacuteries que possuiacutessem notas de partida maiores que 10 pontos colocando fim a almejada nota da perfeiccedilatildeo que foi eternizada por ginastas como Nadia Comaneci (Romecircnia) e Dmitri Bilozerchev (ex-Uniatildeo Sovieacutetica)

Tais mudanccedilas geram certa confusatildeo entre os expectadores que natildeo estatildeo acostumados com o esporte (POWELL 2006 MALONEY 2007) Antigamente os expectadores se guiavam durante a competiccedilatildeo com o raciociacutenio de que as notas proacuteximas ao dez eram boas e notas abaixo de 9 eram consideradas ruins Com o coacutedigo aberto eacute difiacutecil ter um paracircmetro porque as notas podem variar muito entre os ginastas e tambeacutem nos diferentes aparelhos

Houve muitos protestos com relaccedilatildeo ao fim da nota dez (MACUR 2008 OLIVEIRA 2008 ROMANO 2008) Muitos ginastas e treinadores fizeram questatildeo de enviar manifestos agrave FIG contra o fim da nota que durante muitos anos foi o marco da perfeiccedilatildeo na ginaacutestica

Aleacutem do fim da nota 10 alguns treinadores e ginastas temem que as mudanccedilas que favorecem os elementos de alta dificuldade podem gerar um nuacutemero maior de lesotildees deixando a perfeiccedilatildeo da execuccedilatildeo em segundo plano Poreacutem ainda natildeo houve tempo para observar tais consequencias

O CP 2006-2008 reavaliou os elementos nas suas determinadas categorias eliminando os elementos Super E e incluindo uma nova categoria de elementos F de dificuldade

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104 Oliveira e Bortoleto

Os elementos F satildeo os exerciacutecios de maior dificuldade e possuem o valor de 06 e gradativamente os exerciacutecios de menor dificuldade recebem valores menores sendo o valor dos elementos A de 01 pontos

Com relaccedilatildeo a arbitragem o novo coacutedigo continua dividindo os aacuterbitros em duas bancas (A B) sendo uma responsaacutevel pela nota de execuccedilatildeo (B) e outra responsaacutevel pela nota de dificuldade (A)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2007a) o ginasta parte de 10 pontos na nota de execuccedilatildeo quando cumpre com o nuacutemero miacutenimo de 7 elementos e a partir dessa nota satildeo deduzidas as falhas cometidas pelo atleta O juacuteri B continua responsaacutevel por avaliar a parte artiacutestica a execuccedilatildeo a teacutecnica e a composiccedilatildeo da seacuterie realizada pelo ginasta Caso o ginasta natildeo realize o miacutenimo de 7 elementos haacute uma deduccedilatildeo na nota de execuccedilatildeo

A ginaacutestica manteacutem a magia da nota maacutexima atraveacutes do dez de execuccedilatildeo que pode ser ldquopremiadordquo ao ginasta que alcanccedilar a perfeiccedilatildeo significando que ele natildeo possui nenhuma falha (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 2007b) Outra mudanccedila

importante que interfere na nota de execuccedilatildeo foi o aumento de 05 para 08 pontos no valor da queda buscando diminuir a realizaccedilatildeo de elementos ainda sem domiacutenio completo

O juacuteri A ficou responsaacutevel pela nota de dificuldade que passou a considerar o valor dos 9 elementos de maior dificuldade executados pelo ginasta mais o elemento executado na saiacuteda do aparelho as bonificaccedilotildees de ligaccedilotildees e os valores dados pelo cumprimento dos grupos de exigecircncia

Cada grupo de exigecircncia passou a valer 05 pontos sendo necessaacuterios cumprir 5 grupos em cada aparelho com exceccedilatildeo da prova de salto o que gera um total de 25 pontos

O atleta tambeacutem ficou proibido de repetir mais de 4 vezes elementos que estejam num mesmo grupo de exigecircncia A regra de repeticcedilatildeo de elementos iguais ou do mesmo quadrante proposta no ciclo anterior continua em vigor e as bonificaccedilotildees passam a ser consideradas apenas no solo argolas e barra fixa

A nota fornecida pela banca A mais a meacutedia das notas intermediaacuterias dos aacuterbitros da banca B formam a pontuaccedilatildeo final do ginasta (Tabela 2)

Tabela 2 - Composiccedilatildeo da nota do ginasta Diego Hypoacutelito (Brasil) na final dos exerciacutecios de solo nos Jogos Oliacutempicos de 2008 na China

Jogos Oliacutempicos 2008 Nota Banca B1 B2 B3 B4 B5 B6 Nota Banca Nota Final Exerciacutecios de Solo A B Final

DIEGO HYPOLITO BRA 670 840 850 840 850 880 860 850 15200

Fonte wwwgymnasticsresultscom

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No decorrer deste estudo observamos como o CP passou ao longo dos anos por uma seacuterie de mudanccedilas que buscaram acompanhar o desenvolvimento deste esporte Normile (1997) diz que a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute desafiada a cada quatro anos com a aacuterdua tarefa de quantificar (objetivar) um esporte subjetivo que natildeo paacutera de crescer

Segundo Cogan e Vidmar (2000) poucas modalidades esportivas associam poder e graccedila forccedila e beleza velocidade e precisatildeo audaacutecia e flexibilidade como a GA Manter essa relaccedilatildeo de esporte e arte tem sido um dos grandes desafios da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica aleacutem de ser um norteador das mudanccedilas do CP

Na opiniatildeo de Bortoleto (2000) a GA possui uma caracteriacutestica esteacutetica inerente e significativa que lhe garantiu em grande parte o sucesso adquirido ao longo dos tempos Atualmente a GA vem sendo direcionada para os valores objetivos e isso eacute fortemente evidenciado quando o CP passa a valorizar a dificuldade em detrimento do fator artiacutestico Assim a modalidade se tornou dependente da dificuldade buscando uma avaliaccedilatildeo mais objetiva que eacute uma caracteriacutestica tiacutepica do esporte moderno

Quando falamos do fator artiacutestico estamos nos referindo ao virtuosismo que segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1977) seria quando o ginasta mostra elegacircncia particular na execuccedilatildeo leveza no

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105 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

desenvolvimento dos movimentos e maestria na dificuldade e no risco Tambeacutem referimo-nos agrave originalidade que de acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1979) seria quando o ginasta executa novas formas de movimento de partes ou ligaccedilotildees de exerciacutecios que como tais satildeo novas e se destacam nos quadros do que eacute conhecido tradicional ou claacutessico nas seacuteries

Esse dois fatores virtuosismo e originalidade por natildeo serem mais valorizados no CP foram marginalizados

Por outro lado a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos pode ser um dos fatores responsaacuteveis pela falta de criatividade dos ginastas Talvez se a FIG valorizasse esses exerciacutecios pouco utilizados ao inveacutes de eliminaacute-los do CP a ginaacutestica atual estaria mais criativa e diversificada O que podemos ver na atualidade eacute a repeticcedilatildeo dos mesmos exerciacutecios pela grande maioria dos ginastas o que torna o esporte menos interessante para o puacuteblico Bortoleto (2000) relata que essa repeticcedilatildeo de elementos pelos ginastas retoma de forma parcial o aspecto monoacutetono das extintas competiccedilotildees obrigatoacuterias e consequentemente desfoca o sentido das seacuteries livres

Isso tudo eacute direcionado pelo CP Apesar de criar regras que buscaram deixar as seacuteries dos ginastas mais variadas como a regra de repeticcedilatildeo o CP tambeacutem criou exerciacutecios ldquoobrigatoacuteriosrdquo ao valorizar privilegiar determinados elementos A consequecircncia disso eacute a perda da originalidade dos ginastas que natildeo buscam ser criativos tendo como prioridade apenas atender as regras de forma eficiente

Outra caracteriacutestica a ser destacada eacute que hoje os ginastas natildeo objetivam mais a perfeiccedilatildeo (a nota 10) e sim os recordes A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica valoriza o ginasta que possui a maior nota de partida ao contraacuterio de um passado natildeo muito distante quando o dez era o siacutembolo da maestria do ginasta Haacute pouca repercussatildeo sobre o ginasta que possui a maior nota do painel B que seria a nota de execuccedilatildeo da perfeiccedilatildeo teacutecnica

Apesar do CP direcionar a modalidade para esse caminho supracitado parece-nos que ele conseguiu equilibrar o julgamento tornando-o menos subjetivo e consequentemente mais justo e objetivo A sistematizaccedilatildeo e classificaccedilatildeo das

falhas em meados da deacutecada de 80 foi o primeiro passo nesse sentido Contudo vaacuterias arestas ainda precisam ser aparadas

O fim da nota dez mesmo gerando polecircmica foi um fato que tornou o esporte mais justo Com o ldquocoacutedigo abertordquo o ginasta que executa elementos de dificuldade com boa execuccedilatildeo eacute mais valorizado do que nos ciclos anteriores No passado era comum ver ginastas executando elementos de alto grau de dificuldade com boa execuccedilatildeo que perdiam a disputa para ginastas com seacuteries conservadoras com menos risco que apenas cumpriam com as exigecircncias gerando insatisfaccedilatildeo no puacuteblico Dez minutos de vaias para a nota de Aleksei Nemov durante a final de barra fixa nos JO de Atenas exemplificam a insatisfaccedilatildeo do puacuteblico ao ver que a seacuterie de maior risco e com boa execuccedilatildeo natildeo recebeu a nota que merecia (AMOUR 2004)

Tambeacutem foi observado que algumas mudanccedilas foram influenciadas pela miacutedia (especialmente a TV) como o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios (NUNOMURA NISTA-PICCOLO PUBLIO 1999) Neste caso buscava-se uma competiccedilatildeo mais dinacircmica variada atrativa e raacutepida conforme os paracircmetros da miacutedia atual Isso mostra que a GA busca cada vez mais a exposiccedilatildeo na miacutedia para a popularizaccedilatildeo cada vez maior da modalidade da mesma forma que outros esportes como o voleibol que tambeacutem alterou suas regras tornando-se mais dinacircmico e adequado para a transmissatildeo televisiva

A seguranccedila dos ginastas tambeacutem foi um requisito para determinadas alteraccedilotildees no CP Podemos citar como exemplos a obrigatoriedade do uso do ldquocolar de proteccedilatildeordquo ao redor do trampolim para saltos do grupo cinco quando a entrada eacute realizada de costas para a mesa de salto que entrou em vigor no ciclo 2001-2004 Tambeacutem a proibiccedilatildeo ou limitaccedilatildeo de determinados exerciacutecios que prejudicavam a sauacutede dos ginastas como a limitaccedilatildeo do nuacutemero de elementos executados com um braccedilo na barra fixa

Como podemos observar o CP vem buscando manter-se atualizado com o crescente desenvolvimento da modalidade sempre tentando atender as demandas geradas pelo puacuteblico miacutedia ginastas e treinadores com o objetivo principal de servir de fundamento para

R da Educaccedilatildeo FiacutesicaUEM Maringaacute v 20 n 1 p 97-107 1 trim 2009

106 Oliveira e Bortoleto

o treinamento julgamento e a consequente evoluccedilatildeo da GA

A cada novo ciclo todos os envolvidos com a GA satildeo desafiados a se adaptar Mesmo fundamentada na tradiccedilatildeo a GA busca atender as demandas inerentes da modernidade com relaccedilatildeo agraves novas teacutecnicas exerciacutecios e aparelhos tentando manter a eficiecircncia competitiva atraveacutes

das mudanccedilas nas regras que a delineiam demonstrando que a GA pode ser considerada uma praacutetica esportiva em constante evoluccedilatildeo Desta forma frequentemente teremos que debruccedilar nossos esforccedilos afim de compreender a dinacircmica do CP e das suas consequecircncias no cotidiano da modalidade

MENrsquoS ARTISTIC GYMNASTICS CODE OF POINTS THROUGHOUT THE YEARS

ABSTRACT The rules complexity and the evaluation process of Artistic Gymnastics (AG) demands a profound knowledge of the Code of Points (CP) by the judges coaches and gymnasts with the objective of obtaining coherent interpretations of it The changes that occur in the CP make this sport face a restructuration seeking adaptation and new forms to maintain its competitive efficiency This study provides an analysis of the main changes in Menrsquos Artistic Gymnastics (MAG) Code of Points throughout the years showing how the International Gymnastics Federation (FIG) tries to provide to the judges coaches and gymnasts a document that may guide then to the development of competitions to the preparation of gymnasts and for the construction of the exercises in order to fulfill the esthetical and technical expectations of each period This study was a bibliographic research where the main source of data was the editions of the MAGrsquos CP The CP is a historical and official document developed by FIG We have concluded that even a traditional sport such AG seeks to fulfill the demands inherent in the progress of this sport trying to maintain competitive efficiency through changes in the rules showing that AG can be considered a sports in constant evolution

Keywords Menrsquos Artistic Gymnastics Code of Points Rulesacute dynamics

REFEREcircNCIAS

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BARBANTI V J Dicionaacuterio de educaccedilatildeo fiacutesica e esporte 2 ed Barueri Manole 2005

BORTOLETO M A C La loacutegica interna de la gimnasia artiacutestica masculina (GAM) y estudio etnograacutefico de um gimnasio de alto rendimiento 2004 667 f Tese (Doutorado)- Instituto Nacional de Educaccedilatildeo Fiacutesica da Catalunha Universidade de Lleida Catalunha 2004

BORTOLETO M A C O caraacuteter objetivo e subjetivo da ginaacutestica artiacutestica 2000 103 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Fiacutesica)-Faculdade de Educaccedilatildeo Fiacutesica Universidade Estadual de Campinas Campinas SP 2000

CAGIGAL J M Joseacute Maria Cagigal obras selectas Madrid Comiteacute Oliacutempico Espantildeol 1996

COGAN K D VIDMAR P Gymnastics Morgantown Fitness Information Technology 2000

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Mountier 1964

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Zurique Neue Zuumlrcher Zeitung 1968

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1977

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1979

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1993

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1997

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2001

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2007a

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2009

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA Zurich summit review Disponiacutevel em lthttpwww2usashygymnasticsorgpublicationstechnique20054fig_update05 pdfgt Acesso em 2 mar 2007b

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R da Educaccedilatildeo FiacutesicaUEM Maringaacute v 20 n 1 p 97-107 1 trim 2009

107 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

Nunomura M Nista-Piccolo V L PUBLIO N S Uma reflexatildeo sobre o coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica oliacutempica In Revista brasileira de ciecircncias do esporte n 20 p 148-153 set 1999

OLIVEIRA M S A Evoluccedilatildeo da Ginaacutestica Artiacutestica Masculina nos Uacuteltimos 20 anos (1987-2007) 2008 130f Trabalho de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - Faculdade de Educaccedilatildeo Fiacutesica Universidade Estadual de Campinas Campinas 2008

PARLEBAS P Juegos deporte y sociedad Leacutexico de praxiologiacutea motriz Barcelona Paidotribo 2001

POWELL D New system marks end of the holy grail for gymnasts 2006 Disponiacutevel em httpwwwtimesonlinecouktolsportarticle741559ece Acesso em 06 mar 2009

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SMOLEUSKIY V GAVERDOUSKIY I Tratado general de gimnasia deportiva Barcelona Paidotribo 1997

SWEENEY J M Ginaacutestica oliacutempica Satildeo Paulo Difel 1975

Recebido em 27112008 Revisado em 12032009

Aceito em 30032009

Endereccedilo para correspondecircncia Mauricio dos Santos de Oliveira Rua Carolina C R de Oliveira 305 Jardim Rosolem CEP 13185-302 Hortolacircndia-SP E-mail mauricio_olliveirayahoocombr

R da Educaccedilatildeo FiacutesicaUEM Maringaacute v 20 n 1 p 97-107 1 trim 2009

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103 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

Tabela 1 - Exemplos da simbologia dos elementos da GA masculina

Elementos Siacutembolos Estrela

Rodante

Flic Flac

Reversatildeo

Mortal para frente

Mortal para traacutes

Fonte Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2009 p 142)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2001) o objetivo da adoccedilatildeo da simbologia eacute melhorar a comunicaccedilatildeo entre aacuterbitros ginastas e treinadores quebrando as barreiras da linguagem tradicional e assegurando uma avaliaccedilatildeo justa A transcriccedilatildeo dos exerciacutecios garantiria que o aacuterbitro avaliasse o exerciacutecio de forma adequada possibilitando uma consulta tardia caso surgisse algum conflito entre as notas dos aacuterbitros que superasse a margem estabelecida pelo CP Na atualidade as grandes competiccedilotildees obrigam os ginastas a realizar o treinamento de ldquopoacutediordquo momento em que os juiacutezes analisam e registram os exerciacutecios dos ginastas

Seguindo a evoluccedilatildeo que vinha ocorrendo com os dois ciclos anteriores o CP que entrou em vigor no ano de 2006 veio para completar o processo iniciado de forma significativa com o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios no ciclo 1997shy2000 Na sequecircncia houve a mudanccedila na prova de salto no ciclo seguinte bem como as mudanccedilas nas composiccedilotildees das exigecircncias das seacuteries durante ambos os ciclos No ano de 2005 foi utilizado um CP provisoacuterio e enfim foi implementada a versatildeo de 2006

Esta versatildeo do CP teve o objetivo de promover um julgamento mais objetivo e ao mesmo tempo privilegiar os ginastas que executam um alto grau de dificuldade Apesar disso sabemos que a objetividade absoluta eacute impossiacutevel e que a interpretaccedilatildeo do texto do CP eacute tatildeo complexa que constantemente satildeo emitidas notas oficiais da FIG que procuram esclarecer duacutevidas ou definir criteacuterios para interpretaccedilatildeo das regras

Uma das preocupaccedilotildees da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute melhorar a valorizaccedilatildeo objetiva dos ginastas Segundo Smoleuskiy e Gaverdouskiy (1997) por muitos anos vem sendo utilizado um meacutetodo subjetivo da valorizaccedilatildeo dos liacutederes que satildeo praticamente iguais na sua maestria Na busca por diferenciar esses atletas o ldquocoacutedigo abertordquo valorizou de forma mais eficiente os atletas que aleacutem de possuiacuterem uma maestria teacutecnica executam elementos de grande dificuldade Com isso o CP conseguiu diferenciar melhor os ginastas durante as competiccedilotildees Utilizamos o termo ldquocoacutedigo abertordquo para referir ao natildeo estabelecimento de uma nota maacutexima fixa

O novo coacutedigo tambeacutem eliminou uma das grandes marcas da GA que era a nota 10 Este coacutedigo possibilitou aos ginastas executarem seacuteries que possuiacutessem notas de partida maiores que 10 pontos colocando fim a almejada nota da perfeiccedilatildeo que foi eternizada por ginastas como Nadia Comaneci (Romecircnia) e Dmitri Bilozerchev (ex-Uniatildeo Sovieacutetica)

Tais mudanccedilas geram certa confusatildeo entre os expectadores que natildeo estatildeo acostumados com o esporte (POWELL 2006 MALONEY 2007) Antigamente os expectadores se guiavam durante a competiccedilatildeo com o raciociacutenio de que as notas proacuteximas ao dez eram boas e notas abaixo de 9 eram consideradas ruins Com o coacutedigo aberto eacute difiacutecil ter um paracircmetro porque as notas podem variar muito entre os ginastas e tambeacutem nos diferentes aparelhos

Houve muitos protestos com relaccedilatildeo ao fim da nota dez (MACUR 2008 OLIVEIRA 2008 ROMANO 2008) Muitos ginastas e treinadores fizeram questatildeo de enviar manifestos agrave FIG contra o fim da nota que durante muitos anos foi o marco da perfeiccedilatildeo na ginaacutestica

Aleacutem do fim da nota 10 alguns treinadores e ginastas temem que as mudanccedilas que favorecem os elementos de alta dificuldade podem gerar um nuacutemero maior de lesotildees deixando a perfeiccedilatildeo da execuccedilatildeo em segundo plano Poreacutem ainda natildeo houve tempo para observar tais consequencias

O CP 2006-2008 reavaliou os elementos nas suas determinadas categorias eliminando os elementos Super E e incluindo uma nova categoria de elementos F de dificuldade

R da Educaccedilatildeo FiacutesicaUEM Maringaacute v 20 n 1 p 97-107 1 trim 2009

104 Oliveira e Bortoleto

Os elementos F satildeo os exerciacutecios de maior dificuldade e possuem o valor de 06 e gradativamente os exerciacutecios de menor dificuldade recebem valores menores sendo o valor dos elementos A de 01 pontos

Com relaccedilatildeo a arbitragem o novo coacutedigo continua dividindo os aacuterbitros em duas bancas (A B) sendo uma responsaacutevel pela nota de execuccedilatildeo (B) e outra responsaacutevel pela nota de dificuldade (A)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2007a) o ginasta parte de 10 pontos na nota de execuccedilatildeo quando cumpre com o nuacutemero miacutenimo de 7 elementos e a partir dessa nota satildeo deduzidas as falhas cometidas pelo atleta O juacuteri B continua responsaacutevel por avaliar a parte artiacutestica a execuccedilatildeo a teacutecnica e a composiccedilatildeo da seacuterie realizada pelo ginasta Caso o ginasta natildeo realize o miacutenimo de 7 elementos haacute uma deduccedilatildeo na nota de execuccedilatildeo

A ginaacutestica manteacutem a magia da nota maacutexima atraveacutes do dez de execuccedilatildeo que pode ser ldquopremiadordquo ao ginasta que alcanccedilar a perfeiccedilatildeo significando que ele natildeo possui nenhuma falha (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 2007b) Outra mudanccedila

importante que interfere na nota de execuccedilatildeo foi o aumento de 05 para 08 pontos no valor da queda buscando diminuir a realizaccedilatildeo de elementos ainda sem domiacutenio completo

O juacuteri A ficou responsaacutevel pela nota de dificuldade que passou a considerar o valor dos 9 elementos de maior dificuldade executados pelo ginasta mais o elemento executado na saiacuteda do aparelho as bonificaccedilotildees de ligaccedilotildees e os valores dados pelo cumprimento dos grupos de exigecircncia

Cada grupo de exigecircncia passou a valer 05 pontos sendo necessaacuterios cumprir 5 grupos em cada aparelho com exceccedilatildeo da prova de salto o que gera um total de 25 pontos

O atleta tambeacutem ficou proibido de repetir mais de 4 vezes elementos que estejam num mesmo grupo de exigecircncia A regra de repeticcedilatildeo de elementos iguais ou do mesmo quadrante proposta no ciclo anterior continua em vigor e as bonificaccedilotildees passam a ser consideradas apenas no solo argolas e barra fixa

A nota fornecida pela banca A mais a meacutedia das notas intermediaacuterias dos aacuterbitros da banca B formam a pontuaccedilatildeo final do ginasta (Tabela 2)

Tabela 2 - Composiccedilatildeo da nota do ginasta Diego Hypoacutelito (Brasil) na final dos exerciacutecios de solo nos Jogos Oliacutempicos de 2008 na China

Jogos Oliacutempicos 2008 Nota Banca B1 B2 B3 B4 B5 B6 Nota Banca Nota Final Exerciacutecios de Solo A B Final

DIEGO HYPOLITO BRA 670 840 850 840 850 880 860 850 15200

Fonte wwwgymnasticsresultscom

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No decorrer deste estudo observamos como o CP passou ao longo dos anos por uma seacuterie de mudanccedilas que buscaram acompanhar o desenvolvimento deste esporte Normile (1997) diz que a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute desafiada a cada quatro anos com a aacuterdua tarefa de quantificar (objetivar) um esporte subjetivo que natildeo paacutera de crescer

Segundo Cogan e Vidmar (2000) poucas modalidades esportivas associam poder e graccedila forccedila e beleza velocidade e precisatildeo audaacutecia e flexibilidade como a GA Manter essa relaccedilatildeo de esporte e arte tem sido um dos grandes desafios da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica aleacutem de ser um norteador das mudanccedilas do CP

Na opiniatildeo de Bortoleto (2000) a GA possui uma caracteriacutestica esteacutetica inerente e significativa que lhe garantiu em grande parte o sucesso adquirido ao longo dos tempos Atualmente a GA vem sendo direcionada para os valores objetivos e isso eacute fortemente evidenciado quando o CP passa a valorizar a dificuldade em detrimento do fator artiacutestico Assim a modalidade se tornou dependente da dificuldade buscando uma avaliaccedilatildeo mais objetiva que eacute uma caracteriacutestica tiacutepica do esporte moderno

Quando falamos do fator artiacutestico estamos nos referindo ao virtuosismo que segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1977) seria quando o ginasta mostra elegacircncia particular na execuccedilatildeo leveza no

R da Educaccedilatildeo FiacutesicaUEM Maringaacute v 20 n 1 p 97-107 1 trim 2009

105 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

desenvolvimento dos movimentos e maestria na dificuldade e no risco Tambeacutem referimo-nos agrave originalidade que de acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1979) seria quando o ginasta executa novas formas de movimento de partes ou ligaccedilotildees de exerciacutecios que como tais satildeo novas e se destacam nos quadros do que eacute conhecido tradicional ou claacutessico nas seacuteries

Esse dois fatores virtuosismo e originalidade por natildeo serem mais valorizados no CP foram marginalizados

Por outro lado a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos pode ser um dos fatores responsaacuteveis pela falta de criatividade dos ginastas Talvez se a FIG valorizasse esses exerciacutecios pouco utilizados ao inveacutes de eliminaacute-los do CP a ginaacutestica atual estaria mais criativa e diversificada O que podemos ver na atualidade eacute a repeticcedilatildeo dos mesmos exerciacutecios pela grande maioria dos ginastas o que torna o esporte menos interessante para o puacuteblico Bortoleto (2000) relata que essa repeticcedilatildeo de elementos pelos ginastas retoma de forma parcial o aspecto monoacutetono das extintas competiccedilotildees obrigatoacuterias e consequentemente desfoca o sentido das seacuteries livres

Isso tudo eacute direcionado pelo CP Apesar de criar regras que buscaram deixar as seacuteries dos ginastas mais variadas como a regra de repeticcedilatildeo o CP tambeacutem criou exerciacutecios ldquoobrigatoacuteriosrdquo ao valorizar privilegiar determinados elementos A consequecircncia disso eacute a perda da originalidade dos ginastas que natildeo buscam ser criativos tendo como prioridade apenas atender as regras de forma eficiente

Outra caracteriacutestica a ser destacada eacute que hoje os ginastas natildeo objetivam mais a perfeiccedilatildeo (a nota 10) e sim os recordes A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica valoriza o ginasta que possui a maior nota de partida ao contraacuterio de um passado natildeo muito distante quando o dez era o siacutembolo da maestria do ginasta Haacute pouca repercussatildeo sobre o ginasta que possui a maior nota do painel B que seria a nota de execuccedilatildeo da perfeiccedilatildeo teacutecnica

Apesar do CP direcionar a modalidade para esse caminho supracitado parece-nos que ele conseguiu equilibrar o julgamento tornando-o menos subjetivo e consequentemente mais justo e objetivo A sistematizaccedilatildeo e classificaccedilatildeo das

falhas em meados da deacutecada de 80 foi o primeiro passo nesse sentido Contudo vaacuterias arestas ainda precisam ser aparadas

O fim da nota dez mesmo gerando polecircmica foi um fato que tornou o esporte mais justo Com o ldquocoacutedigo abertordquo o ginasta que executa elementos de dificuldade com boa execuccedilatildeo eacute mais valorizado do que nos ciclos anteriores No passado era comum ver ginastas executando elementos de alto grau de dificuldade com boa execuccedilatildeo que perdiam a disputa para ginastas com seacuteries conservadoras com menos risco que apenas cumpriam com as exigecircncias gerando insatisfaccedilatildeo no puacuteblico Dez minutos de vaias para a nota de Aleksei Nemov durante a final de barra fixa nos JO de Atenas exemplificam a insatisfaccedilatildeo do puacuteblico ao ver que a seacuterie de maior risco e com boa execuccedilatildeo natildeo recebeu a nota que merecia (AMOUR 2004)

Tambeacutem foi observado que algumas mudanccedilas foram influenciadas pela miacutedia (especialmente a TV) como o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios (NUNOMURA NISTA-PICCOLO PUBLIO 1999) Neste caso buscava-se uma competiccedilatildeo mais dinacircmica variada atrativa e raacutepida conforme os paracircmetros da miacutedia atual Isso mostra que a GA busca cada vez mais a exposiccedilatildeo na miacutedia para a popularizaccedilatildeo cada vez maior da modalidade da mesma forma que outros esportes como o voleibol que tambeacutem alterou suas regras tornando-se mais dinacircmico e adequado para a transmissatildeo televisiva

A seguranccedila dos ginastas tambeacutem foi um requisito para determinadas alteraccedilotildees no CP Podemos citar como exemplos a obrigatoriedade do uso do ldquocolar de proteccedilatildeordquo ao redor do trampolim para saltos do grupo cinco quando a entrada eacute realizada de costas para a mesa de salto que entrou em vigor no ciclo 2001-2004 Tambeacutem a proibiccedilatildeo ou limitaccedilatildeo de determinados exerciacutecios que prejudicavam a sauacutede dos ginastas como a limitaccedilatildeo do nuacutemero de elementos executados com um braccedilo na barra fixa

Como podemos observar o CP vem buscando manter-se atualizado com o crescente desenvolvimento da modalidade sempre tentando atender as demandas geradas pelo puacuteblico miacutedia ginastas e treinadores com o objetivo principal de servir de fundamento para

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106 Oliveira e Bortoleto

o treinamento julgamento e a consequente evoluccedilatildeo da GA

A cada novo ciclo todos os envolvidos com a GA satildeo desafiados a se adaptar Mesmo fundamentada na tradiccedilatildeo a GA busca atender as demandas inerentes da modernidade com relaccedilatildeo agraves novas teacutecnicas exerciacutecios e aparelhos tentando manter a eficiecircncia competitiva atraveacutes

das mudanccedilas nas regras que a delineiam demonstrando que a GA pode ser considerada uma praacutetica esportiva em constante evoluccedilatildeo Desta forma frequentemente teremos que debruccedilar nossos esforccedilos afim de compreender a dinacircmica do CP e das suas consequecircncias no cotidiano da modalidade

MENrsquoS ARTISTIC GYMNASTICS CODE OF POINTS THROUGHOUT THE YEARS

ABSTRACT The rules complexity and the evaluation process of Artistic Gymnastics (AG) demands a profound knowledge of the Code of Points (CP) by the judges coaches and gymnasts with the objective of obtaining coherent interpretations of it The changes that occur in the CP make this sport face a restructuration seeking adaptation and new forms to maintain its competitive efficiency This study provides an analysis of the main changes in Menrsquos Artistic Gymnastics (MAG) Code of Points throughout the years showing how the International Gymnastics Federation (FIG) tries to provide to the judges coaches and gymnasts a document that may guide then to the development of competitions to the preparation of gymnasts and for the construction of the exercises in order to fulfill the esthetical and technical expectations of each period This study was a bibliographic research where the main source of data was the editions of the MAGrsquos CP The CP is a historical and official document developed by FIG We have concluded that even a traditional sport such AG seeks to fulfill the demands inherent in the progress of this sport trying to maintain competitive efficiency through changes in the rules showing that AG can be considered a sports in constant evolution

Keywords Menrsquos Artistic Gymnastics Code of Points Rulesacute dynamics

REFEREcircNCIAS

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FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1977

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1979

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1993

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1997

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2001

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2007a

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107 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

Nunomura M Nista-Piccolo V L PUBLIO N S Uma reflexatildeo sobre o coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica oliacutempica In Revista brasileira de ciecircncias do esporte n 20 p 148-153 set 1999

OLIVEIRA M S A Evoluccedilatildeo da Ginaacutestica Artiacutestica Masculina nos Uacuteltimos 20 anos (1987-2007) 2008 130f Trabalho de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - Faculdade de Educaccedilatildeo Fiacutesica Universidade Estadual de Campinas Campinas 2008

PARLEBAS P Juegos deporte y sociedad Leacutexico de praxiologiacutea motriz Barcelona Paidotribo 2001

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ROMANO T Beijing beat why gymnasticsrsquo new scoring system is less than perfect 2008 Disponiacutevel em httpwwwpopandpoliticscom20080811beijing-beatshywhy-gymnastics-new-scoring-system-is-less-than-perfect Acesso em 6 mar 2009

SMOLEUSKIY V GAVERDOUSKIY I Tratado general de gimnasia deportiva Barcelona Paidotribo 1997

SWEENEY J M Ginaacutestica oliacutempica Satildeo Paulo Difel 1975

Recebido em 27112008 Revisado em 12032009

Aceito em 30032009

Endereccedilo para correspondecircncia Mauricio dos Santos de Oliveira Rua Carolina C R de Oliveira 305 Jardim Rosolem CEP 13185-302 Hortolacircndia-SP E-mail mauricio_olliveirayahoocombr

R da Educaccedilatildeo FiacutesicaUEM Maringaacute v 20 n 1 p 97-107 1 trim 2009

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104 Oliveira e Bortoleto

Os elementos F satildeo os exerciacutecios de maior dificuldade e possuem o valor de 06 e gradativamente os exerciacutecios de menor dificuldade recebem valores menores sendo o valor dos elementos A de 01 pontos

Com relaccedilatildeo a arbitragem o novo coacutedigo continua dividindo os aacuterbitros em duas bancas (A B) sendo uma responsaacutevel pela nota de execuccedilatildeo (B) e outra responsaacutevel pela nota de dificuldade (A)

Segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (2007a) o ginasta parte de 10 pontos na nota de execuccedilatildeo quando cumpre com o nuacutemero miacutenimo de 7 elementos e a partir dessa nota satildeo deduzidas as falhas cometidas pelo atleta O juacuteri B continua responsaacutevel por avaliar a parte artiacutestica a execuccedilatildeo a teacutecnica e a composiccedilatildeo da seacuterie realizada pelo ginasta Caso o ginasta natildeo realize o miacutenimo de 7 elementos haacute uma deduccedilatildeo na nota de execuccedilatildeo

A ginaacutestica manteacutem a magia da nota maacutexima atraveacutes do dez de execuccedilatildeo que pode ser ldquopremiadordquo ao ginasta que alcanccedilar a perfeiccedilatildeo significando que ele natildeo possui nenhuma falha (FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA 2007b) Outra mudanccedila

importante que interfere na nota de execuccedilatildeo foi o aumento de 05 para 08 pontos no valor da queda buscando diminuir a realizaccedilatildeo de elementos ainda sem domiacutenio completo

O juacuteri A ficou responsaacutevel pela nota de dificuldade que passou a considerar o valor dos 9 elementos de maior dificuldade executados pelo ginasta mais o elemento executado na saiacuteda do aparelho as bonificaccedilotildees de ligaccedilotildees e os valores dados pelo cumprimento dos grupos de exigecircncia

Cada grupo de exigecircncia passou a valer 05 pontos sendo necessaacuterios cumprir 5 grupos em cada aparelho com exceccedilatildeo da prova de salto o que gera um total de 25 pontos

O atleta tambeacutem ficou proibido de repetir mais de 4 vezes elementos que estejam num mesmo grupo de exigecircncia A regra de repeticcedilatildeo de elementos iguais ou do mesmo quadrante proposta no ciclo anterior continua em vigor e as bonificaccedilotildees passam a ser consideradas apenas no solo argolas e barra fixa

A nota fornecida pela banca A mais a meacutedia das notas intermediaacuterias dos aacuterbitros da banca B formam a pontuaccedilatildeo final do ginasta (Tabela 2)

Tabela 2 - Composiccedilatildeo da nota do ginasta Diego Hypoacutelito (Brasil) na final dos exerciacutecios de solo nos Jogos Oliacutempicos de 2008 na China

Jogos Oliacutempicos 2008 Nota Banca B1 B2 B3 B4 B5 B6 Nota Banca Nota Final Exerciacutecios de Solo A B Final

DIEGO HYPOLITO BRA 670 840 850 840 850 880 860 850 15200

Fonte wwwgymnasticsresultscom

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

No decorrer deste estudo observamos como o CP passou ao longo dos anos por uma seacuterie de mudanccedilas que buscaram acompanhar o desenvolvimento deste esporte Normile (1997) diz que a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica eacute desafiada a cada quatro anos com a aacuterdua tarefa de quantificar (objetivar) um esporte subjetivo que natildeo paacutera de crescer

Segundo Cogan e Vidmar (2000) poucas modalidades esportivas associam poder e graccedila forccedila e beleza velocidade e precisatildeo audaacutecia e flexibilidade como a GA Manter essa relaccedilatildeo de esporte e arte tem sido um dos grandes desafios da Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica aleacutem de ser um norteador das mudanccedilas do CP

Na opiniatildeo de Bortoleto (2000) a GA possui uma caracteriacutestica esteacutetica inerente e significativa que lhe garantiu em grande parte o sucesso adquirido ao longo dos tempos Atualmente a GA vem sendo direcionada para os valores objetivos e isso eacute fortemente evidenciado quando o CP passa a valorizar a dificuldade em detrimento do fator artiacutestico Assim a modalidade se tornou dependente da dificuldade buscando uma avaliaccedilatildeo mais objetiva que eacute uma caracteriacutestica tiacutepica do esporte moderno

Quando falamos do fator artiacutestico estamos nos referindo ao virtuosismo que segundo a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1977) seria quando o ginasta mostra elegacircncia particular na execuccedilatildeo leveza no

R da Educaccedilatildeo FiacutesicaUEM Maringaacute v 20 n 1 p 97-107 1 trim 2009

105 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

desenvolvimento dos movimentos e maestria na dificuldade e no risco Tambeacutem referimo-nos agrave originalidade que de acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1979) seria quando o ginasta executa novas formas de movimento de partes ou ligaccedilotildees de exerciacutecios que como tais satildeo novas e se destacam nos quadros do que eacute conhecido tradicional ou claacutessico nas seacuteries

Esse dois fatores virtuosismo e originalidade por natildeo serem mais valorizados no CP foram marginalizados

Por outro lado a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos pode ser um dos fatores responsaacuteveis pela falta de criatividade dos ginastas Talvez se a FIG valorizasse esses exerciacutecios pouco utilizados ao inveacutes de eliminaacute-los do CP a ginaacutestica atual estaria mais criativa e diversificada O que podemos ver na atualidade eacute a repeticcedilatildeo dos mesmos exerciacutecios pela grande maioria dos ginastas o que torna o esporte menos interessante para o puacuteblico Bortoleto (2000) relata que essa repeticcedilatildeo de elementos pelos ginastas retoma de forma parcial o aspecto monoacutetono das extintas competiccedilotildees obrigatoacuterias e consequentemente desfoca o sentido das seacuteries livres

Isso tudo eacute direcionado pelo CP Apesar de criar regras que buscaram deixar as seacuteries dos ginastas mais variadas como a regra de repeticcedilatildeo o CP tambeacutem criou exerciacutecios ldquoobrigatoacuteriosrdquo ao valorizar privilegiar determinados elementos A consequecircncia disso eacute a perda da originalidade dos ginastas que natildeo buscam ser criativos tendo como prioridade apenas atender as regras de forma eficiente

Outra caracteriacutestica a ser destacada eacute que hoje os ginastas natildeo objetivam mais a perfeiccedilatildeo (a nota 10) e sim os recordes A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica valoriza o ginasta que possui a maior nota de partida ao contraacuterio de um passado natildeo muito distante quando o dez era o siacutembolo da maestria do ginasta Haacute pouca repercussatildeo sobre o ginasta que possui a maior nota do painel B que seria a nota de execuccedilatildeo da perfeiccedilatildeo teacutecnica

Apesar do CP direcionar a modalidade para esse caminho supracitado parece-nos que ele conseguiu equilibrar o julgamento tornando-o menos subjetivo e consequentemente mais justo e objetivo A sistematizaccedilatildeo e classificaccedilatildeo das

falhas em meados da deacutecada de 80 foi o primeiro passo nesse sentido Contudo vaacuterias arestas ainda precisam ser aparadas

O fim da nota dez mesmo gerando polecircmica foi um fato que tornou o esporte mais justo Com o ldquocoacutedigo abertordquo o ginasta que executa elementos de dificuldade com boa execuccedilatildeo eacute mais valorizado do que nos ciclos anteriores No passado era comum ver ginastas executando elementos de alto grau de dificuldade com boa execuccedilatildeo que perdiam a disputa para ginastas com seacuteries conservadoras com menos risco que apenas cumpriam com as exigecircncias gerando insatisfaccedilatildeo no puacuteblico Dez minutos de vaias para a nota de Aleksei Nemov durante a final de barra fixa nos JO de Atenas exemplificam a insatisfaccedilatildeo do puacuteblico ao ver que a seacuterie de maior risco e com boa execuccedilatildeo natildeo recebeu a nota que merecia (AMOUR 2004)

Tambeacutem foi observado que algumas mudanccedilas foram influenciadas pela miacutedia (especialmente a TV) como o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios (NUNOMURA NISTA-PICCOLO PUBLIO 1999) Neste caso buscava-se uma competiccedilatildeo mais dinacircmica variada atrativa e raacutepida conforme os paracircmetros da miacutedia atual Isso mostra que a GA busca cada vez mais a exposiccedilatildeo na miacutedia para a popularizaccedilatildeo cada vez maior da modalidade da mesma forma que outros esportes como o voleibol que tambeacutem alterou suas regras tornando-se mais dinacircmico e adequado para a transmissatildeo televisiva

A seguranccedila dos ginastas tambeacutem foi um requisito para determinadas alteraccedilotildees no CP Podemos citar como exemplos a obrigatoriedade do uso do ldquocolar de proteccedilatildeordquo ao redor do trampolim para saltos do grupo cinco quando a entrada eacute realizada de costas para a mesa de salto que entrou em vigor no ciclo 2001-2004 Tambeacutem a proibiccedilatildeo ou limitaccedilatildeo de determinados exerciacutecios que prejudicavam a sauacutede dos ginastas como a limitaccedilatildeo do nuacutemero de elementos executados com um braccedilo na barra fixa

Como podemos observar o CP vem buscando manter-se atualizado com o crescente desenvolvimento da modalidade sempre tentando atender as demandas geradas pelo puacuteblico miacutedia ginastas e treinadores com o objetivo principal de servir de fundamento para

R da Educaccedilatildeo FiacutesicaUEM Maringaacute v 20 n 1 p 97-107 1 trim 2009

106 Oliveira e Bortoleto

o treinamento julgamento e a consequente evoluccedilatildeo da GA

A cada novo ciclo todos os envolvidos com a GA satildeo desafiados a se adaptar Mesmo fundamentada na tradiccedilatildeo a GA busca atender as demandas inerentes da modernidade com relaccedilatildeo agraves novas teacutecnicas exerciacutecios e aparelhos tentando manter a eficiecircncia competitiva atraveacutes

das mudanccedilas nas regras que a delineiam demonstrando que a GA pode ser considerada uma praacutetica esportiva em constante evoluccedilatildeo Desta forma frequentemente teremos que debruccedilar nossos esforccedilos afim de compreender a dinacircmica do CP e das suas consequecircncias no cotidiano da modalidade

MENrsquoS ARTISTIC GYMNASTICS CODE OF POINTS THROUGHOUT THE YEARS

ABSTRACT The rules complexity and the evaluation process of Artistic Gymnastics (AG) demands a profound knowledge of the Code of Points (CP) by the judges coaches and gymnasts with the objective of obtaining coherent interpretations of it The changes that occur in the CP make this sport face a restructuration seeking adaptation and new forms to maintain its competitive efficiency This study provides an analysis of the main changes in Menrsquos Artistic Gymnastics (MAG) Code of Points throughout the years showing how the International Gymnastics Federation (FIG) tries to provide to the judges coaches and gymnasts a document that may guide then to the development of competitions to the preparation of gymnasts and for the construction of the exercises in order to fulfill the esthetical and technical expectations of each period This study was a bibliographic research where the main source of data was the editions of the MAGrsquos CP The CP is a historical and official document developed by FIG We have concluded that even a traditional sport such AG seeks to fulfill the demands inherent in the progress of this sport trying to maintain competitive efficiency through changes in the rules showing that AG can be considered a sports in constant evolution

Keywords Menrsquos Artistic Gymnastics Code of Points Rulesacute dynamics

REFEREcircNCIAS

ARMOUR N A perfect 16 Doesnt have same ring as that 10 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwusatodaycomsportsolympics2008-08-06shy3809130106_xhtmgt Acesso em 6 mar 2009

BARBANTI V J Dicionaacuterio de educaccedilatildeo fiacutesica e esporte 2 ed Barueri Manole 2005

BORTOLETO M A C La loacutegica interna de la gimnasia artiacutestica masculina (GAM) y estudio etnograacutefico de um gimnasio de alto rendimiento 2004 667 f Tese (Doutorado)- Instituto Nacional de Educaccedilatildeo Fiacutesica da Catalunha Universidade de Lleida Catalunha 2004

BORTOLETO M A C O caraacuteter objetivo e subjetivo da ginaacutestica artiacutestica 2000 103 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Fiacutesica)-Faculdade de Educaccedilatildeo Fiacutesica Universidade Estadual de Campinas Campinas SP 2000

CAGIGAL J M Joseacute Maria Cagigal obras selectas Madrid Comiteacute Oliacutempico Espantildeol 1996

COGAN K D VIDMAR P Gymnastics Morgantown Fitness Information Technology 2000

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Mountier 1964

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Zurique Neue Zuumlrcher Zeitung 1968

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1977

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1979

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1993

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1997

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2001

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2007a

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2009

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA Zurich summit review Disponiacutevel em lthttpwww2usashygymnasticsorgpublicationstechnique20054fig_update05 pdfgt Acesso em 2 mar 2007b

FINK H Establishing a vision for a ideal code of points The Australian Gymnast Melbourne no 21 p 22-25 June 1993

HUIZINGA J Homo ludens o jogo como um elemento da cultura Satildeo Paulo Perspectiva 1980

MACUR J A 10 isnrsquot necessarily perfect in new scoring system for gymnastics 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwnytimescom20080806sportsolympics06sc oringhtmlpagewanted=1amp_r=1gt Acesso em 6 mar 2009

MALONEY S Stretching out Code Catastrophe In GYM Media International Disponiacutevel em lthttpwwwgymmediacomFORUMagforum05_Malone y_ehtmgt Acesso em 25 out 2007

NORMILE D Cartwheeling around the code of points International Gymnast [S l] no 2 p 36-37 Feb1997

R da Educaccedilatildeo FiacutesicaUEM Maringaacute v 20 n 1 p 97-107 1 trim 2009

107 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

Nunomura M Nista-Piccolo V L PUBLIO N S Uma reflexatildeo sobre o coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica oliacutempica In Revista brasileira de ciecircncias do esporte n 20 p 148-153 set 1999

OLIVEIRA M S A Evoluccedilatildeo da Ginaacutestica Artiacutestica Masculina nos Uacuteltimos 20 anos (1987-2007) 2008 130f Trabalho de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - Faculdade de Educaccedilatildeo Fiacutesica Universidade Estadual de Campinas Campinas 2008

PARLEBAS P Juegos deporte y sociedad Leacutexico de praxiologiacutea motriz Barcelona Paidotribo 2001

POWELL D New system marks end of the holy grail for gymnasts 2006 Disponiacutevel em httpwwwtimesonlinecouktolsportarticle741559ece Acesso em 06 mar 2009

ROETZHEIM B The code of points through 2000 In United States Gymnastics Federation Congress USA p 59-61 1991

ROMANO T Beijing beat why gymnasticsrsquo new scoring system is less than perfect 2008 Disponiacutevel em httpwwwpopandpoliticscom20080811beijing-beatshywhy-gymnastics-new-scoring-system-is-less-than-perfect Acesso em 6 mar 2009

SMOLEUSKIY V GAVERDOUSKIY I Tratado general de gimnasia deportiva Barcelona Paidotribo 1997

SWEENEY J M Ginaacutestica oliacutempica Satildeo Paulo Difel 1975

Recebido em 27112008 Revisado em 12032009

Aceito em 30032009

Endereccedilo para correspondecircncia Mauricio dos Santos de Oliveira Rua Carolina C R de Oliveira 305 Jardim Rosolem CEP 13185-302 Hortolacircndia-SP E-mail mauricio_olliveirayahoocombr

R da Educaccedilatildeo FiacutesicaUEM Maringaacute v 20 n 1 p 97-107 1 trim 2009

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105 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

desenvolvimento dos movimentos e maestria na dificuldade e no risco Tambeacutem referimo-nos agrave originalidade que de acordo com a Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica (1979) seria quando o ginasta executa novas formas de movimento de partes ou ligaccedilotildees de exerciacutecios que como tais satildeo novas e se destacam nos quadros do que eacute conhecido tradicional ou claacutessico nas seacuteries

Esse dois fatores virtuosismo e originalidade por natildeo serem mais valorizados no CP foram marginalizados

Por outro lado a eliminaccedilatildeo de vaacuterios elementos do CP ao longo dos anos pode ser um dos fatores responsaacuteveis pela falta de criatividade dos ginastas Talvez se a FIG valorizasse esses exerciacutecios pouco utilizados ao inveacutes de eliminaacute-los do CP a ginaacutestica atual estaria mais criativa e diversificada O que podemos ver na atualidade eacute a repeticcedilatildeo dos mesmos exerciacutecios pela grande maioria dos ginastas o que torna o esporte menos interessante para o puacuteblico Bortoleto (2000) relata que essa repeticcedilatildeo de elementos pelos ginastas retoma de forma parcial o aspecto monoacutetono das extintas competiccedilotildees obrigatoacuterias e consequentemente desfoca o sentido das seacuteries livres

Isso tudo eacute direcionado pelo CP Apesar de criar regras que buscaram deixar as seacuteries dos ginastas mais variadas como a regra de repeticcedilatildeo o CP tambeacutem criou exerciacutecios ldquoobrigatoacuteriosrdquo ao valorizar privilegiar determinados elementos A consequecircncia disso eacute a perda da originalidade dos ginastas que natildeo buscam ser criativos tendo como prioridade apenas atender as regras de forma eficiente

Outra caracteriacutestica a ser destacada eacute que hoje os ginastas natildeo objetivam mais a perfeiccedilatildeo (a nota 10) e sim os recordes A Federaccedilatildeo Internacional de Ginaacutestica valoriza o ginasta que possui a maior nota de partida ao contraacuterio de um passado natildeo muito distante quando o dez era o siacutembolo da maestria do ginasta Haacute pouca repercussatildeo sobre o ginasta que possui a maior nota do painel B que seria a nota de execuccedilatildeo da perfeiccedilatildeo teacutecnica

Apesar do CP direcionar a modalidade para esse caminho supracitado parece-nos que ele conseguiu equilibrar o julgamento tornando-o menos subjetivo e consequentemente mais justo e objetivo A sistematizaccedilatildeo e classificaccedilatildeo das

falhas em meados da deacutecada de 80 foi o primeiro passo nesse sentido Contudo vaacuterias arestas ainda precisam ser aparadas

O fim da nota dez mesmo gerando polecircmica foi um fato que tornou o esporte mais justo Com o ldquocoacutedigo abertordquo o ginasta que executa elementos de dificuldade com boa execuccedilatildeo eacute mais valorizado do que nos ciclos anteriores No passado era comum ver ginastas executando elementos de alto grau de dificuldade com boa execuccedilatildeo que perdiam a disputa para ginastas com seacuteries conservadoras com menos risco que apenas cumpriam com as exigecircncias gerando insatisfaccedilatildeo no puacuteblico Dez minutos de vaias para a nota de Aleksei Nemov durante a final de barra fixa nos JO de Atenas exemplificam a insatisfaccedilatildeo do puacuteblico ao ver que a seacuterie de maior risco e com boa execuccedilatildeo natildeo recebeu a nota que merecia (AMOUR 2004)

Tambeacutem foi observado que algumas mudanccedilas foram influenciadas pela miacutedia (especialmente a TV) como o fim dos exerciacutecios obrigatoacuterios (NUNOMURA NISTA-PICCOLO PUBLIO 1999) Neste caso buscava-se uma competiccedilatildeo mais dinacircmica variada atrativa e raacutepida conforme os paracircmetros da miacutedia atual Isso mostra que a GA busca cada vez mais a exposiccedilatildeo na miacutedia para a popularizaccedilatildeo cada vez maior da modalidade da mesma forma que outros esportes como o voleibol que tambeacutem alterou suas regras tornando-se mais dinacircmico e adequado para a transmissatildeo televisiva

A seguranccedila dos ginastas tambeacutem foi um requisito para determinadas alteraccedilotildees no CP Podemos citar como exemplos a obrigatoriedade do uso do ldquocolar de proteccedilatildeordquo ao redor do trampolim para saltos do grupo cinco quando a entrada eacute realizada de costas para a mesa de salto que entrou em vigor no ciclo 2001-2004 Tambeacutem a proibiccedilatildeo ou limitaccedilatildeo de determinados exerciacutecios que prejudicavam a sauacutede dos ginastas como a limitaccedilatildeo do nuacutemero de elementos executados com um braccedilo na barra fixa

Como podemos observar o CP vem buscando manter-se atualizado com o crescente desenvolvimento da modalidade sempre tentando atender as demandas geradas pelo puacuteblico miacutedia ginastas e treinadores com o objetivo principal de servir de fundamento para

R da Educaccedilatildeo FiacutesicaUEM Maringaacute v 20 n 1 p 97-107 1 trim 2009

106 Oliveira e Bortoleto

o treinamento julgamento e a consequente evoluccedilatildeo da GA

A cada novo ciclo todos os envolvidos com a GA satildeo desafiados a se adaptar Mesmo fundamentada na tradiccedilatildeo a GA busca atender as demandas inerentes da modernidade com relaccedilatildeo agraves novas teacutecnicas exerciacutecios e aparelhos tentando manter a eficiecircncia competitiva atraveacutes

das mudanccedilas nas regras que a delineiam demonstrando que a GA pode ser considerada uma praacutetica esportiva em constante evoluccedilatildeo Desta forma frequentemente teremos que debruccedilar nossos esforccedilos afim de compreender a dinacircmica do CP e das suas consequecircncias no cotidiano da modalidade

MENrsquoS ARTISTIC GYMNASTICS CODE OF POINTS THROUGHOUT THE YEARS

ABSTRACT The rules complexity and the evaluation process of Artistic Gymnastics (AG) demands a profound knowledge of the Code of Points (CP) by the judges coaches and gymnasts with the objective of obtaining coherent interpretations of it The changes that occur in the CP make this sport face a restructuration seeking adaptation and new forms to maintain its competitive efficiency This study provides an analysis of the main changes in Menrsquos Artistic Gymnastics (MAG) Code of Points throughout the years showing how the International Gymnastics Federation (FIG) tries to provide to the judges coaches and gymnasts a document that may guide then to the development of competitions to the preparation of gymnasts and for the construction of the exercises in order to fulfill the esthetical and technical expectations of each period This study was a bibliographic research where the main source of data was the editions of the MAGrsquos CP The CP is a historical and official document developed by FIG We have concluded that even a traditional sport such AG seeks to fulfill the demands inherent in the progress of this sport trying to maintain competitive efficiency through changes in the rules showing that AG can be considered a sports in constant evolution

Keywords Menrsquos Artistic Gymnastics Code of Points Rulesacute dynamics

REFEREcircNCIAS

ARMOUR N A perfect 16 Doesnt have same ring as that 10 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwusatodaycomsportsolympics2008-08-06shy3809130106_xhtmgt Acesso em 6 mar 2009

BARBANTI V J Dicionaacuterio de educaccedilatildeo fiacutesica e esporte 2 ed Barueri Manole 2005

BORTOLETO M A C La loacutegica interna de la gimnasia artiacutestica masculina (GAM) y estudio etnograacutefico de um gimnasio de alto rendimiento 2004 667 f Tese (Doutorado)- Instituto Nacional de Educaccedilatildeo Fiacutesica da Catalunha Universidade de Lleida Catalunha 2004

BORTOLETO M A C O caraacuteter objetivo e subjetivo da ginaacutestica artiacutestica 2000 103 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Fiacutesica)-Faculdade de Educaccedilatildeo Fiacutesica Universidade Estadual de Campinas Campinas SP 2000

CAGIGAL J M Joseacute Maria Cagigal obras selectas Madrid Comiteacute Oliacutempico Espantildeol 1996

COGAN K D VIDMAR P Gymnastics Morgantown Fitness Information Technology 2000

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Mountier 1964

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Zurique Neue Zuumlrcher Zeitung 1968

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1977

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1979

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1993

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1997

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2001

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2007a

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2009

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINAacuteSTICA Zurich summit review Disponiacutevel em lthttpwww2usashygymnasticsorgpublicationstechnique20054fig_update05 pdfgt Acesso em 2 mar 2007b

FINK H Establishing a vision for a ideal code of points The Australian Gymnast Melbourne no 21 p 22-25 June 1993

HUIZINGA J Homo ludens o jogo como um elemento da cultura Satildeo Paulo Perspectiva 1980

MACUR J A 10 isnrsquot necessarily perfect in new scoring system for gymnastics 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwnytimescom20080806sportsolympics06sc oringhtmlpagewanted=1amp_r=1gt Acesso em 6 mar 2009

MALONEY S Stretching out Code Catastrophe In GYM Media International Disponiacutevel em lthttpwwwgymmediacomFORUMagforum05_Malone y_ehtmgt Acesso em 25 out 2007

NORMILE D Cartwheeling around the code of points International Gymnast [S l] no 2 p 36-37 Feb1997

R da Educaccedilatildeo FiacutesicaUEM Maringaacute v 20 n 1 p 97-107 1 trim 2009

107 O coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica artiacutestica masculina ao longo dos tempos

Nunomura M Nista-Piccolo V L PUBLIO N S Uma reflexatildeo sobre o coacutedigo de pontuaccedilatildeo da ginaacutestica oliacutempica In Revista brasileira de ciecircncias do esporte n 20 p 148-153 set 1999

OLIVEIRA M S A Evoluccedilatildeo da Ginaacutestica Artiacutestica Masculina nos Uacuteltimos 20 anos (1987-2007) 2008 130f Trabalho de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica - Faculdade de Educaccedilatildeo Fiacutesica Universidade Estadual de Campinas Campinas 2008

PARLEBAS P Juegos deporte y sociedad Leacutexico de praxiologiacutea motriz Barcelona Paidotribo 2001

POWELL D New system marks end of the holy grail for gymnasts 2006 Disponiacutevel em httpwwwtimesonlinecouktolsportarticle741559ece Acesso em 06 mar 2009

ROETZHEIM B The code of points through 2000 In United States Gymnastics Federation Congress USA p 59-61 1991

ROMANO T Beijing beat why gymnasticsrsquo new scoring system is less than perfect 2008 Disponiacutevel em httpwwwpopandpoliticscom20080811beijing-beatshywhy-gymnastics-new-scoring-system-is-less-than-perfect Acesso em 6 mar 2009

SMOLEUSKIY V GAVERDOUSKIY I Tratado general de gimnasia deportiva Barcelona Paidotribo 1997

SWEENEY J M Ginaacutestica oliacutempica Satildeo Paulo Difel 1975

Recebido em 27112008 Revisado em 12032009

Aceito em 30032009

Endereccedilo para correspondecircncia Mauricio dos Santos de Oliveira Rua Carolina C R de Oliveira 305 Jardim Rosolem CEP 13185-302 Hortolacircndia-SP E-mail mauricio_olliveirayahoocombr

R da Educaccedilatildeo FiacutesicaUEM Maringaacute v 20 n 1 p 97-107 1 trim 2009

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106 Oliveira e Bortoleto

o treinamento julgamento e a consequente evoluccedilatildeo da GA

A cada novo ciclo todos os envolvidos com a GA satildeo desafiados a se adaptar Mesmo fundamentada na tradiccedilatildeo a GA busca atender as demandas inerentes da modernidade com relaccedilatildeo agraves novas teacutecnicas exerciacutecios e aparelhos tentando manter a eficiecircncia competitiva atraveacutes

das mudanccedilas nas regras que a delineiam demonstrando que a GA pode ser considerada uma praacutetica esportiva em constante evoluccedilatildeo Desta forma frequentemente teremos que debruccedilar nossos esforccedilos afim de compreender a dinacircmica do CP e das suas consequecircncias no cotidiano da modalidade

MENrsquoS ARTISTIC GYMNASTICS CODE OF POINTS THROUGHOUT THE YEARS

ABSTRACT The rules complexity and the evaluation process of Artistic Gymnastics (AG) demands a profound knowledge of the Code of Points (CP) by the judges coaches and gymnasts with the objective of obtaining coherent interpretations of it The changes that occur in the CP make this sport face a restructuration seeking adaptation and new forms to maintain its competitive efficiency This study provides an analysis of the main changes in Menrsquos Artistic Gymnastics (MAG) Code of Points throughout the years showing how the International Gymnastics Federation (FIG) tries to provide to the judges coaches and gymnasts a document that may guide then to the development of competitions to the preparation of gymnasts and for the construction of the exercises in order to fulfill the esthetical and technical expectations of each period This study was a bibliographic research where the main source of data was the editions of the MAGrsquos CP The CP is a historical and official document developed by FIG We have concluded that even a traditional sport such AG seeks to fulfill the demands inherent in the progress of this sport trying to maintain competitive efficiency through changes in the rules showing that AG can be considered a sports in constant evolution

Keywords Menrsquos Artistic Gymnastics Code of Points Rulesacute dynamics

REFEREcircNCIAS

ARMOUR N A perfect 16 Doesnt have same ring as that 10 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwusatodaycomsportsolympics2008-08-06shy3809130106_xhtmgt Acesso em 6 mar 2009

BARBANTI V J Dicionaacuterio de educaccedilatildeo fiacutesica e esporte 2 ed Barueri Manole 2005

BORTOLETO M A C La loacutegica interna de la gimnasia artiacutestica masculina (GAM) y estudio etnograacutefico de um gimnasio de alto rendimiento 2004 667 f Tese (Doutorado)- Instituto Nacional de Educaccedilatildeo Fiacutesica da Catalunha Universidade de Lleida Catalunha 2004

BORTOLETO M A C O caraacuteter objetivo e subjetivo da ginaacutestica artiacutestica 2000 103 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Fiacutesica)-Faculdade de Educaccedilatildeo Fiacutesica Universidade Estadual de Campinas Campinas SP 2000

CAGIGAL J M Joseacute Maria Cagigal obras selectas Madrid Comiteacute Oliacutempico Espantildeol 1996

COGAN K D VIDMAR P Gymnastics Morgantown Fitness Information Technology 2000

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Mountier 1964

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Zurique Neue Zuumlrcher Zeitung 1968

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1977

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Brasiacutelia DF Graacutefica Alvorada 1979

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1993

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 1997

FEDERACcedilAtildeO INTERNACIONAL DE GINASTICA Coacutedigo de pontuaccedilatildeo masculino Moutier 2001

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Aceito em 30032009

Endereccedilo para correspondecircncia Mauricio dos Santos de Oliveira Rua Carolina C R de Oliveira 305 Jardim Rosolem CEP 13185-302 Hortolacircndia-SP E-mail mauricio_olliveirayahoocombr

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