boletim nº27 acra

40
S D E O R R O D A A F I E R I R C O E D D O O A Ã Ç L A E I N C T O E S J S O A S D E O R R O D A A F I E R I R C O E D D O O A Ã Ç L A E I N C T O E S J S O A P O L R A T G U A . A . . C . R A . A . . C . R ASSOCIAÇÃO DE CRIADORES DO RAFEIRO DO ALENTEJO Boletim Informativo nº 27 - Dezembro de 2010 Em Elvas, Juizes e Criadores falaram do Rafeiro do Alentejo Em Elvas, Juizes e Criadores falaram do Rafeiro do Alentejo

Upload: acra-associacao-de-criadores-do-rafeiro-do-alentejo

Post on 23-Mar-2016

258 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Boletim Informativo nº 27 - Dezembro de 2010

TRANSCRIPT

Page 1: Boletim nº27 ACRA

S DE OR ROD AA FI ER IRC OE DD OO AÃÇ LA EI NC TO ES JS OA

S DE OR ROD AA FI ER IRC OE DD OO AÃÇ LA EI NC TO ES JS OA

P O LR AT GUA .A. .C . RA .A. .C . R

ASSOCIAÇÃO DE CRIADORES DO RAFEIRO DO ALENTEJOBoletim Informativo nº 27 - Dezembro de 2010

Em Elvas, Juizes e Criadoresfalaram do Rafeiro do AlentejoEm Elvas, Juizes e Criadoresfalaram do Rafeiro do Alentejo

Page 2: Boletim nº27 ACRA

Rute Mour„o e Marie Vieira alunas finalistas da Licenciatura em Enfermagem Veterinária da Escola Superior Agrária de Elvas

A “Eulália do Forte d’Elvas” e o Atleta da Torre de Palma” exemplaresdo Centro de Reprodução (CRRA)/Câmara Municipal de Monfortedurante o 1º Encontro de Criadores e Juízes do Rafeiro do Alentejo em Elvas

Page 3: Boletim nº27 ACRA

om o apoio de alguns e a persistência de outros, conseguiu-se finalmente quebrar um silêncio de três anos.

E ele aí está de novo o órgão informativo da nossa Associação.

Os impedimentos que entretanto iam surgindo eram múltiplos e de diversas origens.

Mas o que lá vai, lá vai...

Importa agora saudar um reaparecimento desde há muito desejado e congratular-mo-nos com a garantia da sua publicação até finais de 2012.

Finalmente, será da mais elementar justiça manifestar aqui e agora, o nosso sincero e profundo reconhecimento à ADERAL (Associação para o Desenvolvimeto do Espaço Rural do Norte Alentejano), à ADI-TC (Associação de Desenvolvimento Integrado - Terras do Condestável) e à Autarquia de Monforte.

A todos, o nosso muito obrigado.

NOTA DE ABERTURA

Evaristo CutileiroSecretário da ACRA

C

Page 4: Boletim nº27 ACRA

NOTA DE ABERTURA

EDITORIAL

O QUE É O RAFEIRO DO ALENTEJO

SOMOS O QUE REPETIDAMENTE FAZEMOS

JORNADAS ACRA DO RAFEIRO DO ALENTEJO

CONCURSOS REGIONAIS DO RAFEIRO DO ALENTEJO-2010

UMA JANELA PARA O FUTURO ?

HISTORIAS DE RAFEIROS - RAFEIROS COM HISTÓRIA (VII)

ANÁLISE DOS PRIMEIROS EXEMPLARES ESTUDADOS E A SUA

INSERÇÃO NA EVOLUÇÃO DA RAÇA

Direcção: Élio Machuqueiro Direcção Técnica: Evaristo Cutileiro Tiragem: 400 exemplares Design (capa e paginação): Reprografia do Município de MonforteImpressão e Acabamento: ToldiGráfica-Toldos e Arte Gráfica, Lda ( Campo Maior)

Edição disponível online emwww.rafeirodoalentejo.netA responsabilidade dos artigos assinados recai sobre os seus autores

Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios, e para quaisquer fins, inclusivé comerciais.

Propriedade da ACRA - Associação de Criadores do Rafeiro do AlentejoApartado 347450-909 MonforteTelef./Fax: 245573620Telem.: 962 604 059e-mail: [email protected]

Índice

Ficha Técnica

Página

1348

10121719

23

2

Page 5: Boletim nº27 ACRA

Élio MachuqueiroCanicultor - Presidente da ACRA

EDITORIAL

actual direcção ao entrar em funções em 1 de Janeiro de 2010, definiou entre outras, as seguintes acções prioritárias:

- Assegurar a continuidade dos concursos regionais já implementados e projectar a realização de outros em locais de potencial interesse para a divulgação da Raça. - Garantir uma expressiva participação de exemplares na Exposição Canina de Raças Portuguesas a realizar em Santarém, no dia 10 de Junho - Dia de Portugal.- Dar seguimento às acções pedagógicas que se vêm realizando com assinalável êxito nos mais diversos estabelecimentos de ensino escolar da Região Alentejo alastrando-as, se possível, a outros locais (exemplo: Lisboa/Jardim Zoológico).- Tendo em vista uma maior divulgação do Rafeiro do Alentejo além fronteiras, há que fazer um maior e melhor aproveitamento do espaço de causas e movimentos existentes actualmente nas redes sociais (Facebook e outras).- A este propósito convém aqui recordar o êxito que foi alcançado com o envolvimento do Rafeiro do Alentejo no Programa Verão Total, da RTP1, transmitido a partir da cidade extremenha de Mérida, Espanha. Tratou-se, na realidade, de uma óptima jornada de divulgação da “raça”.- E finalmente, solicitar aos associados da ACRA um maior e profícuo envolvimento na vida da Associação.

Para todos UM BOM ANO DE 2011.

A

3

Page 6: Boletim nº27 ACRA

José Abreu AlpoimCanicultor - Presidente da Assembaleia Geral da ACRA - Juiz da Raça

uma fria e húmida m a d r u g a d a , a c r e d i t á m o s s e r

possível vislumbrar ao longe a poderosa e firme silhueta, a qual parece querer destacar-se da mancha esbranquiçada que vem descendo a encosta.P o r e n t r e b a l i d o s e chocalhos, através do azinho disperso e bem na dianteira

do rebanho amerinado, à medida que a distância se encurta, vimos surgir um

animal de robusto porte. Pouco a pouco, damos conta que o mesmo vai dando forma a u m a h a r m o n i o s a combinação de força e tranquilidade, que quase se confunde com vaidade, tal o compromisso de confiança, que de uma forma simples e n a t u r a l n o s c o n s e g u e transmitir.Quando os contornos se to rnam mais d is t in tos , notamos então que num tronco quase compacto, manchas pardas raiadas de tons escuros se destacam na pelagem branca e suja, onde

Um símbolo português, uma marca de prestígio tão genuíno e natural quanto soberbo.

O que é o Rafeiro do Alentejo?O que é o Rafeiro do Alentejo?

N(...)Sem pretendermos exacerbar

a mais fiel imagem de um cão, que constituí parte integrante de um mundo rural e antigo que se

vai tornando raro (...)4

Page 7: Boletim nº27 ACRA

uma poderosa e maciça cabeça se eleva, adornada de uma mascara negra, que nos leva a duvidar se ainda existirão ursos no Alentejo.S e m p r e t e n d e r m o s exacerbar a mais fiel imagem de um cão, que constituí parte integrante de um mundo rural e antigo que se vai tornando ra ro , não nos pa rece d e s c a b i d o o u s e q u e r redundante, equiparar o quadro assim traçado, à mais perfeita união que é possível c r i a r en t re pu jança e segurança, impregnada de muita serenidade e simpatia.Admitimos que este facto resulta provavelmente de algum impacto que se sente, ao descobrimos que em presença do dono, e sem nunca manifestar o mínimo sintoma de agressividade, a força e poder deste cão parecem transformar-se em amizade e confiança. Será por certo essa força e esse poder, que lhe permite uma c o n d u t a p a c í f i c a e a p a r e n t e m e n t e despreocupada, a qual lhe

transmiti a expressão tão calma, quase meiga, que i n e v i t a v e l m e n t e d e i x a transparecer no seu modo de olhar. O Rafeiro do Alentejo tendo a origem num mundo rural, essencialmente ligado à pastorícia, constituiu desde sempre o mais leal e generoso companheiro do pastor, do maioral, do guarda do monte, ou seja do homem da terra a quem obedece com inteligência e firmeza. Não necessita para tal exibir grande aparato, sendo eficiente e discreto, embora reag indo sempre com coragem. Porque na realidade se a s s i s t e a a l g u m a desertificação no meio rural, tornou-se comum encontrar

hoje este cão em ambientes bem mais restritos e urbanos, conseguindo no entanto a d a p t a r - s e a o s n o v o s horizontes, sem contudo perder a sua índole natural. Trata-se sem dúvida de um cão emocionalmente estável e confiável, não manifestando a g r e s s i v i d a d e despropositada nem timidez comprometedora.Sendo considerada raça de grande porte, destinada a zelar pelos bens que estão à sua guarda, pretende-se que estrutura lmente possua c o n s t r u ç ã o s ó l i d a e e q u i l i b r a d a , n ã o apresentando defeitos que possam comprometer essa capacidade.N u m a p e r s p e c t i v a morfológica, devem ser tidas e m c o n t a a s v á r i a s componentes biométricas, que permitem caracterizar os traços específicos da raça, os quais marcam visivelmente a sua tipicidade, conforme o estalão oficial.

(...) e sem nunca manifestar o mínimo sintoma de agressividade, a força e poder deste cão parecem transformar-se em amizade e confiança (...)

(...) Trata-se sem dúvida de um cão emocionalmente estável e confiável, não manifestando

agressividade despropositada nem timidez comprometedora (...)

5

Page 8: Boletim nº27 ACRA

A T I T U D E S C O M P O R T A M E N T A I S , julgamos prudente atribuir-lhes a maior relevância, na medida em que podem esclarecer muitos aspectos no modo como poderá ser o seu relacionamento com o dono e respectivo agregado familiar, facto que por vezes c o n s t i t u i m o t i v o d e p r e o c u p a ç ã o , s e considerarmos algumas si tuações possíveis de ocorrer.E m b o r a j á t e n h a m o s abordado alguns aspectos relacionadas com as atitudes próprias da raça, importa acrescentar, que para tal apenas nos referimos a exemplares isentos de q u a i s q u e r t a r a s o u p e r t u r b a ç õ e s d o f o r o genét ico, propondo-nos assim enquadrar essas mesmas atitudes, mediante o u s o d e n o m e n c l a t u r a ajustada e objectiva.Tendo ainda em conta o conhecimento adquirido, no contacto que ao longo de algumas décadas fomos acumulando, o qual nos nião

permitiu criar e acompanhar e l e v a d o n ú m e r o d e exemplares Rafeiro do Alentejo, considerámos oportuno dar a nossa opinião sobre o modo como poderão ser classificadas as atitudes normais desta raça, no seu estado adulto.Quanto ao CARÁCTER, é notório uma predisposição natural para defender o que cons idera pequeno ou indefeso, de tudo quanto possa representar uma ameaça. Este facto, aliado à coragem e à generosidade que nos oferece, leva-nos a classificar tais atitudes como reveladoras de grande NOBREZA.N o q u e r e s p e i t a a o TEMPERAMENTO, o qual se

manifesta naturalmente através do instinto, não podemos esquecer estar perante um animal de grande corpulência, cuja principal aptidão é a de guardar. Exerce contudo, a sua acção vigilante, estritamente no espaço que é confiado, o qual considera como seu território. Porque executa tal tarefa de forma eficiente e calma, sabendo respeitar os limites físicos estabelecidos, leva-nos a considerá-lo um cão p r e f e r e n c i a l m e n t e TERRITORIAL.A o e n c a r a m o s o COMPORTAMENTO, ou s e j a a s a t i t u d e s q u e normalmente exterioriza no ambiente familiar onde se sente integrado, é bem patente a ternura que

A NOBREZA

6

Page 9: Boletim nº27 ACRA

os que o compõe, embora seja frequente, que o faça de modo mais apaixonado com as crianças desse agregado. De salientar o facto de apesar da firmeza que o caracteriza, quando alguém estranho o confronta nos seus domínios,

manifestar fora do seu território uma humildade e cordial idade, isenta de quaisquer conflitos. Tal e v i d ê n c i a l e v a - n o s a considerar esta combinação de atitudes, como uma demonstração de grande

DIGNIDADE.

Referimos por último o aspecto que consideramos poder constituir o traço mais genuíno desta raça. A EXPRESSÃO deste cão, não é mais do que o somatório das atitudes já mencionadas, ou seja um misto de força, ternura, confiança e nobreza, que lhe confere aquela TRANQUILIDADE que tanto admiramos, a qual nunca deixaremos de realçar.

Tentámos deste modo, transmitir a mais fiel e legítima imagem desta raça, a todos a q u e l e s q u e o u a desconhecem, ou não tiveram até hoje oportunidade d e a p o d e r a v a l i a r , acreditando nunca vir a defraudar expectativas, que porventura possamos ter despertado.

Consequência da tota l confiança e da muita estima que este cão sempre nos mereceu, leva-nos a afirmar que o Rafeiro do Alentejo constitui por certo uma herança viva e por demais valiosa, razão suficiente que sempre nos levará a destacar as suas qualidades e as suas atitudes, dando de algum modo um contributo para a continuidade e preservação de tão nobre raça.

A DIGNIDADE

A TRANQUILIDADE7

Page 10: Boletim nº27 ACRA

Inês BaptistaCanicultora - Directora da ACRA

Os tempos estão difíceis, isto dito por mim, que sou optimista e entusiasta por natureza, dá-me que pensar, sobretudo porque acredito que em alturas conturbadas,

d e p o u c a s a r e c u r s o s económicos e pessoais, com a escassez de valores mais tradicionais, valemos o que somos , e pouco mais. Temos que incutir cada vez mais a “Nobreza, D ign idade e Tranquilidade” do nosso Rafeiro, quer nos associados, quer nas entidades que a par connosco contribuem para a defesa deste cão que desde sempre nos defendeu a nós, em montes e herdades, quintas e quintais.Onde está a nossa Nobreza quando:- Somos tendenciosos, não querendo ver que o nosso cão

não é perfeito? E criamos animosidades à toa com juízes ou mesmo entre criadores?- Quando, por sermos criadores,isso nos basta e

enche o ego,“não mexendo uma palha”, esperando que a Associação, o CPC, o juiz, faça ou d iga,o que é sobretudo a nós que diz respeito, fazer ou dizer? - Quando, constatamos situações menos felizes, e tudo o que fazemos é comentar e lamentar, mas daí a fazer algo para a mudança, vai uma grande distância.- Quando, adoramos estar p r e s e n t e s p o r p u r o protagonismo, e deveríamos saber que “O essencial e invisível ao olhos “ - Saint Exupery!!!- Quando, lançamos as nossas ideias esperando que

Somos o que repetidamente fazemos...alguém as agarre, evitando muito envolvimento, porque dá trabalho, deveríamos saber que “Quem quer faz, quem não quer manda”Dignidade - “À mulher de César não basta sê-lo, é preciso parecê-lo”.Toda a nossa postura, trato, m o d o c o m o n o s apresentamos é cartão de visita para a raça. Não basta acreditar que todos os que estão a ver os Concursos Regionais ou as exposições do CPC já conhecem o nosso Rafeiro, e que o facto de lá estarmos já é mérito que chegue...Muitos olharão para o c r iador /expos i to r como complemento daquilo que o cão representa.Perdoem-me se acharem “um pormenor” mas a imagem na sociedade actual , va le muitíssimo e é preciso, com um toque de modernidade e de forma natural, levar a n o s s a i d e n t i d a d e d e

(...)Temos que incutir cada vez mais a “Nobreza, Dignidade e Tranquilidade” do nosso Rafeiro

8

Page 11: Boletim nº27 ACRA

alentejanos de uma forma mais marcada a todo o lado (haja mais boinas, botas caneleiras e afins!!), o Rafeiro assim o merece, seja no mais simples Concurso Regional, seja no Campeonato do Mundo.Embora tão na moda, o Alentejo, é para quem pode, não para quem quer, entendo o facto de se ter Rafeiros do Alentejo, da mesma forma. Eles são vitais num Alentejo desertificado, onde é preciso guardar propriedades, e estes cães tão territoriais e adaptados ao clima e à têmpera dos alentejanos, repousam às 3 da tarde de um Verão sempre inóspito, e prestam vigília noite dentro, sempre no seu posto, de dignidade intocável.T r a n q u i l i d a d e - T ã o carac ter ís t i ca do povo a len te jano , onde pá ra quando:- Nos insurgimos perante situação nas quais temos sido cúmplices, ou displicentes durante anos, e queremos a cur to p razo mudar de qualquer maneira.- Quando, sem sequer sermos parte activa na condução e de fesa da raça , po r desinteresse e falta de tempo n o s s o s , “ c o b r a m o s ” e acusamos gratuitamente aqueles que mais fazem.- O Alentejo está carregado

de Rafeiros que justificam a sua presença, quer em termos funcionais, como guardas, quer como um cão desejado devido à sua “ N o b r e z a , D i g n i d a d e , Tranquil idade”. Há que continuar o trabalho de divulgação e melhoramento pensando no presente e futuro da raça, centrado no Rafeiro do Alentejo e não noutras raças.Precisamos de acrescentar a i n d a , T R A B A L H O , C R I A T I V I D A D E , CONHECIMENTO, pilares essenciais aqueles que querem prestar um contributo na criação do Rafeiro do Alentejo. A criação de cães“ a olho”, está completamente ultrapassada, fomentar o CONHECIMENTO das mais simples questões de biologia é primordial, assim como a genética, e a influência do meio. Temos de assumir que ainda estamos muito aquém do desejado, temos que descomplexar em questões como a displasia, ou outras que possam nos ter “tocado”. É preciso insistir para se valorizar os registos, trocar registos é enganarmo-nos a nós próprios, fragilizamos a raça. Não registar, “tirar os papéis” porque o cão é dado e não vendido, etc. para além de pouco nobre é pouco inteligente!! Sobretudo se tal for feito por quem se intitula

criador. É preciso pensar em “ bancos de registos” que são hoje fáceis de aceder, via net, podemos por 100 e poucos euros, iniciar bases com 6 ou mais gerações, onde tendo c o n h e c i m e n t o d o s coeficientes de heritabilidade d e a l g u m a s d o e n ç a s , p o d e m o s a v a l i a r cruzamentos. Estas bases permitem também avaliar a c o n s a n g u i n i d a d e . CRIATIVIDADE, “ uma boa ideia poupa trabalho e dinheiro”!! Divulgar a raça, i n c e n t i v a r f u t u r o s proprietários ou criadores, a u m e n t a r o g r a u d e formação, não tem de implicar mais custos, se houver engenho a articular os poucos recursos, com as entidades que cooperam connosco e as pessoas certas no local certo.Para os mais incautos ou distraídos, que achem que este artigo é pura filosofia, dou mais uma sugestão …… TRABALHO!!!!“Somos o que repetidamente fazemos ...A Excelência não deve ter a incidência de um feito, mas sim, a frequência de um hábito “ (Aristóteles).

9

Page 12: Boletim nº27 ACRA

Jorge RodriguesCanicultor - Juiz da Raça

Organizadas pela ACRA desta vez em Elvas e coincidindo com a realização da Monográfica 2010 da raça, decorreram mais umas Jornadas dedicadas à nossa raça.Quando escrevo mais umas Jornadas, não significa mais umas…De facto, nos moldes deste ano, const i tu í ram uma realização de mérito, de utilidade prática, estimulando a participação da audiência, sobretudo dos estudantes presentes, ligados à área cino-técnica, agrícola e do mundo rural.Não fossem as intervenções a cargo dos palestrantes um pouco longas e tudo teria sido praticamente perfeito. Mas tal não obstaculizou o interesse e

como era bom que acontecessem todos os anos

JORNADAS ACRA DO RAFEIRO DO ALENTEJOJORNADAS ACRA DO RAFEIRO DO ALENTEJO

a participação de todos, apenas o tempo escasseou, já que o relógio não pára e a Monográfica à tarde teria de cumprir horários.Foi pois jornada de mérito que deve ser repetida, eu sei que é pedir muito e custa o r g a n i z a r , a r r a n j a r patrocínio, mobilizar os interessados, mas temos todos de fazer um esforço para tornar estas jornadas regulares e anuais.

Com alguns acertos a meu ver:- Com tempo e a horas solicitar por escrito aos directamente interessados na raça, tipo criadores e ou proprietários sócios da ACRA, membros dos órgãos sociais da Associação e ainda aos juízes da raça, que indiquem os temas a tratar nas Jornadas de cada ano. Poderá eventualmente ser organizada previamente pela ACRA uma lista de temas a enviar e que será votada pelos sócios, sendo esses os t e m a s a e s t u d a r n a s Jornadas.- Convidar a participar não só todos os sócios da ACRA como todos os juízes da raça. Organizar l istagem dos Juízes que participam, já que essa listagem de juízes ra

(...) De facto, nos moldes deste ano,

constituíram uma realização de mérito (...)

10

Page 13: Boletim nº27 ACRA

presentes e interessados p o d e r i a c o n s t i t u i r o d o c u m e n t o b a s e p a r a convidar os Juízes dos Concursos e da Monográfica de cada ano.- Manter o molde de curso teórico, elegendo dois ou três temas que devidamente preparados e alicerçados em iconografia adequada (uma boa imagem vale mais que mil p a l a v r a s … ) p o n h a a s pessoas não só a aprender, como a pensar. Mesmo os que dizem saber tudo, seguramente aprendem sempre algo se tiverem a disponibilidade para pensar em colectivo…- Organizar um módulo de discussão pública organizada desses temas, do tipo mesa redonda alargada ao público com um moderador que faça a d e q u a d a g e s t ã o d a s perguntas e respostas.

- Manter o molde de curso prático com perguntas e respostas na presença dos cães, uns quase perfeitos, o u t r o s c o m d e f e i t o s relevantes. Parece-me que mobilizar os cães do Centro de Reprodução do Município de Monforte é adequado. A modalidade tipo “prova de caras” pode não ser muito do agrado de alguns Juízes ou Cr iadores ambos com pergaminhos, mas afinal estamos em família e quem não deve não teme…Na minha área profissional isso é o pão nosso de cada dia…Era útil uma divulgação alargada das Jornadas, a tempo e horas, de molde a viabilizar a participação de não sócios, alargando o leque de interessados e captando novos sócios.Sei que como sócio não tenho sido muito participante

nas actividades da ACRA, mas espero no decorrer do ano que entra, poder dispor de mais algum tempo para ajudar no que entenderem. A isso me obriga também a minha nova condição de proprietário de uma Rafeira…Para todos um Feliz Natal e um Ano de 2011 que não seja tão mau como os políticos dizem…

(...)Parece-me que mobilizar os cães do Centro de Reprodução do Município de

Monforte é adequado(...)

Page 14: Boletim nº27 ACRA

Localidade Machos Fêmeas Melhor da Classe

Barão Cr. e Prop.: Paulo Alferes - Figueira e Barros

Taliban Cr. e Prop.: Joaquim Gonçalves - Portalegre

José Miguel SaturninoCanicultor

Concursos Regionais do Rafeiro do Alentejo - 2010Concursos Regionais do Rafeiro do Alentejo - 2010

12

Page 15: Boletim nº27 ACRA

LeãoCr. e Prop.: Élio Machuqueiro - Ourique

GarvãoPresidente da Câmara Municipal de Ouriquee Presidente da Associação de Criadores do Rafeiro do Alentejo

13

Page 16: Boletim nº27 ACRA

VitaCr. e Prop.: Emilia Vam Dam - Vale de Seda (Fronteira)

VitaCr. e Prop.: Emilia Vam Dam - Vale de Seda (Fronteira)Brutus

Cr. e Prop.: Pedro Alferes - Figueira e Barros

LeãoCr. e Prop.: Élio Machuqueiro - Ourique

14

Page 17: Boletim nº27 ACRA

Maioral do Forte d’ ElvasProp.: José Miguel Saturnino - Castro Verde

DaharaCr. e Prop.: Luís de Sousa - Porto de Mós

15

Page 18: Boletim nº27 ACRA

Monográfica da Raça

Elvas Bis

Rebis

RAQUEL DE ALPEDRICHE Criador e Propprietário: José Abreu Alpoim - Évora

FEITOR “O RUGAS” DO FORTE D’ELVAS Criador e Proprietário: José Rodrigues - Elvas

16

Page 19: Boletim nº27 ACRA

or iniciativa da FAO teve l u g a r e m 2 0 0 7 a “Conferencia Técnica P

Internacional sobre Recursos Genéticos Animais” onde foi aprovado o Plano Global de Acção para os Recursos Genéticos Animais visando o e s t a b e l e c i m e n t o e desenvolvimento de estratégias c o n c e r t a d a s e p o l i t i c a s nacionais de conservação, nomeadamente através de implementação de programas de conservação ex situ.

m Portugal, o elevado n ú m e r o d e r a ç a s a u t ó c t o n e s E

reconhecidas ilustra a nossa enorme riqueza em Recursos Genéticos Animais.A maioria destas raças mercê do número de animais existentes encontram-se em risco de extinção.É pois uma responsabilidade acrescida assegurar a sua conservação.Para tal para além de promover

José M. F. B. RibeiroCanicultor

a preservação das raas pelos cr iadores, é necessár io desenvolver programas de conservação de germoplasma que permitam salvaguardar o património genético ameaçado e a sua conservação a longo prazo.Com a homologação pelo Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, a 1 de Março de 2010, do pro toco lo ass inado pe la Direcção Geral de Veterinária e o Instituto Nacional de Recursos Biológicos, I.P., visando a constituição formal do Banco Portugues de Germoplasma

Animal (BPGA), foi dado o primeiro passo para a sua inauguração em 1 de Setembro de 2010 pelo Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.

mate r ia l gené t i co representativo das p r i n c i p a i s r a ç a s

nacionais de bovinos, ovinos e c a p r i n o s r e c o l h i d o anter iormente f ica assim armazenado de acordo com as recomendações internacionais d e m o d o a g a r a n t i r a salvaguarda do património genético das raças autóctones portuguesas.

agora existente BPGA tem como objectivo fundamental assegurar

a recolha e manutenção de germoplasma - nomeadamente sémen, embriões, células

som·ticas e DNA - de todas as raças nacionais de animais domésticos, de forma a: - Garantir a sua conservação a longo prazo, de acordo com as r e c o m e n d a ç õ e s d a s

Uma janela para o futuro?

A actualidade

(...) é necessário desenvolver programas de conservação de

germoplasma que permitam salvaguardar o património

genético ameaçado (...)

oo

17

Page 20: Boletim nº27 ACRA

organizações internacionais competentes.- A s s e g u r a r a s u a disponibilidade para utilização nos programas de selecção e c o n s e r v a ç ã o d a s r a ç a s envolvidas, segundo as normas que venham a ser estabelecidas no Regulamento do BPGA.- Promover o intercâmbio de informação e, quando tal for julgado oportuno, de material g e n é t i c o , c o m b a n c o s congéneres estrangeiros.Em termos funcionais a recolha, aquisição e integração do germoplasma no BPGA, serão asseguradas pela Divisão de Recursos Genéticos Animais da DGV e pela Unidade de Investigação de Recursos Genéticos , Reprodução e Melhoramento Animal do INRB, IP., ou por outros organismos públicos ou privados em quem estas entidades deleguem essa responsabilidade, de acordo com o Regu lamento de Funcionamento do BPGA.A Realidade

xistem reconhecidas e n q u a n t o r a ç a s autóctones: quinze de

bovinos, quinze de ovinos, seis de cap r i nos , qua t ro de equídeos, três de suínos, três de galinhas e dez de canídeos.

No que se refere a canídeos no ano de 2009 foram registados 2 477 no total das raças portuguesas representando cerca de 13% das 19 071 inscrições de todas as raças.No que d iz respei to,em particular, ao nosso Rafeiro do Alentejo foram registados nos últimos 8 anos (2002/2009), 1. 775 animais.Com este número de animais inscritos e se pensarmos que apenas aproximadamente metade serão fêmeas faz com que e segundo os critérios de risco da referida FAO a raça se encontre com um estatuto de Situação de Perigo .

ale a pena recordar que para alem do número reduzido de

animais, existem em nosso entender, linhas de sangue demasiado consanguíneas, com baixa variabilidade e logo pouca diversidade genética, que conduzem na prática à perda de rust ic idade, a d e s e q u i l í b r i o s c o m p o r t a m e n t a i s e consequentemente funcionais, condicionando a reprodução, afectando a fertilidade, a prolificidade e também a viabilidade e algumas vezes o desenvolvimento normal dos

cachorros, para alem de todas as doenças geneticamente transmissíveis normalmente só despistadas mais tarde. A falta de estudos que ava l iem geneticamente a raça Rafeiro do Alentejo inviabiliza à partida um programa de gestão e selecção da mesma.É fundamental e já com carácter de urgência que se iniciem esse tipo de estudos de molde a avaliar a estrutura, a relação e a diferenciação genética da raça, através da sua caracterização molecular, hoje tornada possível com a utilização de marcadores genéticos (microssatélites).A determinação, por exemplo, d a c o n s a n g u i n i d a d e , parentesco, tamanho efectivo da população e das diferentes linhas de sangue que existem só peca por atraso.

e n e s t e c a s o j á vislumbramos a hipótese de conservar e preservar

algo, temos urgentemente de saber o quê. É igualmente fundamental que de acordo com o o b j e c t i v o d o B P G A efectivamente todas e cada uma das raças nacionais de animais domésticos possam ser contempladas.

E(...) A falta de estudos que avaliem geneticamente a raça Rafeiro do Alentejo inviabiliza à partida um programa de gestão e selecção da mesma (...)

VS

18

Page 21: Boletim nº27 ACRA

Carlos D’OreyCanicultor

Histórias de Rafeiros - Rafeiros com História -VII

M o n t e d a M o n c a r c h a f a z Oex t r ema com o

Dejebe, outrora um rio como tantos outros no Alentejo, hoje parte do grande lago do Alqueva.Mas no tempo em que se passou a história que vai ser contada, o Dejebe corria sereno a maior parte do ano, quase secava no Verão, e Invernos havia em que a corrente era forte bastante p a r a f a z e r a s á g u a s transbordarem e alagarem campos das suas margens. No verão havia pegos de águas tranquilas onde eu e outros rapazes da minha idade tomávamos banho, muitas foram as vezes que entrava pela água adentro montado no cavalo, e de cima da sela mergulhava.

Como em todos os Montes do

meu Avô havia cães Rafeiro do Alentejo, tanto no Monte como a acompanharem os rebanhos. Na Moncarcha estava a eguada, mas as ovelhas também lá passavam alguns meses do ano, assim c o m o a s v a c a s , e a acompanhar os respectivos rebanhos lá seguiam os rafeiros.No Monte amassava-se pão uma vez por semana, e no mesmo forno se cozia a “perruma”, um pão feito com farelos, e que depois se migava e juntava com borras

de azeite vindas do lagar, e e r a i s s o a b a s e d a alimentação dos cães.

Carne era uma coisa que só viam quando eventualmente morria alguma ovelha ou vaca, o bicho era esfolado, a pele mandada para o curtidor, e a carne reservada para os cães, era um festim. Nas terras da propriedade havia duas azenhas à beira do Dejebe, ambas há muito desactivadas. Eram construções muito antigas, as paredes de pedra e taipa, o telhado de grandes lajes de xisto. Eram lindas, eu sentava-me ali perto numa pedra olhando, e pensava

quanto grão de trigo e centeio se teria ali moído, quantas sacas de farinha dali teriam

O Dardo

(....)e a acompanhar os respectivos rebanhos lá seguiam

os rafeiros(...)

19

Page 22: Boletim nº27 ACRA

saído em carros de parelha ou de varais ou na albarda de um burro.

Quantas cheias ter iam a q u e l e s m o l e i r o s presenciado, e quantas vezes teriam eles pedido a Deus que mandasse a lguma chuva, que a água já era pouca para fazer andar a roda da azenha. Agora, e este agora foi há mais de cinquenta anos, eram apenas ruínas, mas ruínas com alma, como alma têm todas as coisas que fizeram parte da nossa vida, que não se pode apagar o passado, que a água passa debaixo da ponte mas não desaparece, continua sempre o seu caminho.Na Moncarcha v iv ia a Mariana, a Filha dos guardas do Monte, o Domingos e a Vicencia. A Mariana tinha uma paixão pelos Rafeiros, quando alguma cadela paria, não saia de ao pé dela durante horas, por vezes passava a noite ao seu lado, no palheiro, não fosse algum cachorro sufocar debaixo da mãe quando esta se voltasse.

E era sempre a Mariana que escolhia quais os cachorros que ficavam no Monte, os outros eram oferecidos, que

havia sempre pedidos de gente que conhecia a fama dos Rafeiros da Moncarcha.Um dia, uma das cadelas pariu uma ninhada, oito lindos cachorros, foi durante a noite, e quando de manhã a Mariana chegou ao pé deles, já dois estavam de parte, afastados da mãe. A Mariana correu a pegar-lhes, estavam já frios, um deles já não havia nada a fazer, mas o outro dava ainda sinais de vida. A Mariana meteu-o dentro da blusa, junto à sua barriga para ele receber o calor do seu corpo,

o bichinho animou um b o c a d o m a s n ã o e r a suficiente. A Vicencia tinha acabado de tirar o pão do forno quando a Mariana

chegou ao pé dela com as mãos a segurar o cãozinho, - “o que trazes ai?” perguntou-lhe a Mãe. Ela contou-lhe. - “ deixa-o cá ver, vais ver que a gente o salva”. Pegou no cachorro, embrulhou-o numa sarapilheira e meteu-o dentro do forno. - “ óh Mãe, olhe que o assa”. - “ Não filha, o forno já não tem calor para assar coisa nenhuma, mas está ainda quente o bastante para dar vida ao bichinho, vais ver”.Tiraram-no passada uma meia hora e o bicho já vinha com outro ânimo, já se mexia, e mesmo com os olhos ainda fechados, a Mariana tinha que o segurar para ele não lhe sair das mãos.Quando voltou a pô-lo ao pé da cadela, esta empurrou-o com o focinho, já não tinha o cheiro dos outros, não o reconhecia já como um dos seus filhos. A Mariana não teve outro remédio senão pegar-lhe outra vez. Mas o cachorro já se mostrava

inquieto, o instinto fazia-o procurar insistentemente a lguma sa l i ênc ia pa ra abocanhar, queria uma teta, tinha que mesmo que mamar.

(...) tinha uma paixão pelos Rafeiros, quando alguma cadela

paria, não saía de ao pé dela durante horas (...)

(...) Quando voltou a pô-lo ao pé da cadela, esta empurrou-o com o focinho, já não tinha o cheiro dos

outros (...)

20

Page 23: Boletim nº27 ACRA

tinha que mesmo que mamar.Sem saber o que fazer a Mariana vagueou pelo Monte sem largar o cachorro, e foi então que o Zé Mendes, o pas to r , a v iu naque le desespero. Homem com experiencia em salvar da morte borregos acabados de nascer e cujas mães não os podiam alimentar, ou porque morriam no parto ou porque não tinham leite, o Zé Mendes chamou a Mariana: - Oh rapariga chega aqui, trás lá o bichinho.

Ordenhou uma ovelha, meteu o leite num frasco com uma tetina, meteu-a na boca do cachorro, e não foi preciso muito esforço para ele começar a mamar. Era altura do alavão, e todas as tardes as ovelhas chegavam ao monte, eram fechadas num

redil e ordenhadas. O leite era despejado dos ferrados para bilhas e levado para a rouparia, onde os queijos eram feitos e curados. De modo que não era difícil daí para a frente arranjar leite todos os dias para dar de mamar ao cachorro. E assim o Dardo cresceu alimentado a leite fresco de ovelha e fez-se um cão soberbo, inteligente como poucos, nem falar lhe faltava, que o falar dos cães é o ladrar e ele ladrava que nem um rafeiro.Claro que nunca mais saiu do Monte a lá se ficou a guardá-lo. E aventuras estavam reservadas para este Rafeiro do Alentejo.Não foi preciso muito tempo para ele se tornar num cão de tamanho respeitável, respeito que ele impunha aos outros animais e a humanos. Ao mesmo tempo era um cão afável para todos os que com ele lidavam, mas sobretudo para com a Mariana, atrás de quem ele sempre ia quando e l a i a p a s s e a r p e l o s caminhos da propriedade,

que ambos conheciam como ninguém.Mas a Mariana gostava também de dar grandes passeios sozinha, e foi num d e s s e s p a s s e i o s q u e começou a aventura que vou contar.A Mariana gostava muito de explorar umas grutas que havia à beira do Dejebe cujas margens eram naqueles sítios, íngremes fragas de xisto. Naquele dia a Mariana entrou por uma dessas grutas adentro, a água dava-lhe pelo j oe lho , mas con fo rme avançava mais para o interior da gruta, esta ia ficando mais baixa e ela tinha que se curvar para não bater com a cabeça no tecto. Quando já tinha entrado uns oito ou dez metros para o interior da gruta, já com menos claridade, eis que ela apanha um enorme susto. Eram milhares de morcegos que dali faziam a sua morada e, surpreendidos no seu sono diurno, se puseram em fuga todos ao mesmo tempo

(...) fez-se um cão soberbo, inteligente como poucos, nem falar lhe faltava, que o falar dos cães é o ladrar e ele ladrava que nem um rafeiro (...)

(...) Não foi preciso muito tempo para ele se tornar num cão de

tamanho respeitável, respeito que ele impunha aos outros animais e

a humanos (...)21

Page 24: Boletim nº27 ACRA

22

p a s s a n d o a e s c a s s o s milímetros da cara e corpo da Mariana. Sem esperar e sem

realizar o que estava a acontecer, e apesar de nem um só daqueles milhares de seres voadores lhe tocar, a Mariana, tentando desviar-se de um perigo desconhecido levantou-se de repente e bateu com a cabeça no tecto da gruta, desmaiando. Por sorte que caiu em cima duma pedra e assim ficou com a cabeça e parte do corpo em cima dela, que de outro modo poderia ter-se afogado.Chegou a noite, a ausência da Mariana pôs toda a gente no Monte em sobressalto. O Domingos e a Vicencia chamavam pela Filha, o J o a q u i m S a c a i n h o , o eguariço, tinha acabado de meter as éguas na cabana, saiu logo por ali à procura, o Fala Forte, que era o moiral das vacas, e o pastor, o Zé Mendes, todos procuravam a Mariana já pensando que qualquer coisa de mau tinha acontecido.Então alguém se lembrou de

chamar o Dardo e dar-lhe a cheirar uma peça de roupa da Mariana, busca, busca.

Parece que o cão percebeu de imediato o que tinha que fazer e, depois de umas voltas a cheirar o chão, desatou numa corrida em direcção ao rio, todos atrás dele correndo.Chegado à água, cheirou o ar, pôs de novo o nariz no chão e continuou ao longo da margem para jusante. A dada altura parou, e, após uma breve hesitação atirou-se à água. Ficaram todos sem saber o que fazer, mas logo viram que o bicho não avançou muito pela água adentro, mas sim deu a volta a uma rocha, era a entrada da gruta. O Dardo entrou por ela adentro já apenas com a cabeça fora de água, os homens atrás dele, tinham já acendido uma lanterna a petróleo que levavam. E não foi preciso muito para darem com a Mariana, o Dardo já a lamber-lhe a cara. A Mariana

acordou ainda bastante atordoada, mas a primeira coisa que fez foi agarrar-se ao Dardo. E este parecia que nem queria deixar que o Domingos pegasse na Filha ao colo, quiçá pensava que p o d e r i a e l e m e s m o transportá-la pegando-lhe com a boca.Se o Dardo era já um cão com fama e querido de todos, daí para a frente passou a ser o centro das atenções e do falatório, não só dos que o conheciam, mas também da gente da região, que a história depressa foi conhecida não só na Amieira, a aldeia mais perto, mas se espalhou até à vila e por todo o Concelho de Portel.A partir desse dia foi um ver se te avias de gente a levar as suas cadelas ao Monte da Moncarcha para serem cobertas pelo Dardo, que todos queriam que passasse os seus genes aos cachorros da sua criação.

(...) o cão percebeu de imediato o que tinha que fazer e, depois de

umas voltas a cheirar o chão, desatou numa corrida em direcção

ao rio (...)

(...) quiçá pensava que poderia ele

mesmo transportá-la pegando-lhe

com a boca (...)

Page 25: Boletim nº27 ACRA

retende esta comunicação dar a conhecer aos criadores actuais qual a base em que trabalharam os Dr António Cabral e Dr Filipe Romeiras de 13 de Maio de 1949 a 10 de Abril de1953, quando deram inicio ao estudo que levou à elaboração do primeiro estalão P

da Raça Rafeiro de Alentejo reconhecida em 1955 pela Secção de Canicultura do Clube dos Caçadores Portugueses, mais tarde Clube Português de Canicultura.Estas fichas foram-me entregues pelo filho do Dr Filipe Romeiras, Professor Filipe Romeiras, e encontram-se em minha posse para um dia as passar, de preferência ao Clube Português de Canicultura, mas só quando houver o garante de lá não serem desviadas, como infelizmente sucedeu a outros estudos e documentações das nossas Raças Nacionais. Foram estudados 116 exemplares, considerados os mais típicos, identificados os proprietários, a origem, feitas as mensurações da cabeça, tórax, linha superior do tronco, comprimento, altura ao garrote, do membro anterior e da garupa, diâmetro da bacia, peso e registados os índices corporal, toráxico e cefálico total. Quase todos foram fotografados.

Alguns destes dados biométricos foram cedidos ao Eng José Alpoim, para integrarem o seu estudo sobre a Raça.

Foi importante a colaboração dos seus colegas no terreno, os Veterinários Municipais.

eguimos depois, por alguns momentos a Raça, ao longo das décadas, após ao inicio da recuperação, baseados em fotografias e elementos da nossa própria memória até ao Saparecer e reconhecimento da Raça mais similar e susceptível de polémica e confusão,

o CÃO DE GADO DE TRÁS OS MONTES. Aproveitamos para homenagear aqueles, Dr António Cabral e Dr Filipe Romeiras bem como o Professor Eduardo Cruz Carvalho, grande conhecedor da Raça e elemento fundamental na sua recuperação nos anos 80 e todos aqueles que participaram na evolução do Rafeiro do Alentejo e sua estabilização.

José Monteiro CabralCanicultor

Análise dos primeiros exemplares estudados e a sua inserção na evolução da RaçaAnálise dos primeiros exemplares estudados e a sua inserção na evolução da Raça

23

Page 26: Boletim nº27 ACRA

INTRODUÇÃOAntes de iniciar a viagem ao ano de 1950, recordemos as principais Raças Portuguesas e Ibérica, que fruto da actividade de pastoreio e da transumância têem influência no padrão genético do Rafeiro do Alentejo:

Cão de Castro Laboreiro: - Raça muito procurada, ainda hoje, e que se dilui na região.

Cão Serra da Estrela: - Óptima raça de protecção de gado. Até meados do século passado todos os exemplares deste porte eram identificados como Cão da Serra. Com o movimento de gado, todos os anos voltava da Planície Alentejana à Serra.24

Page 27: Boletim nº27 ACRA

Cão da Serra da Estrela de pelo curto: Raça que actualmente possui muito poucos exemplares e que fruto do interesse e entusiasmo de um grupo de criadores, começa a ter um bom ressurgimento.Os exemplares fotografados apresentam semelhanças inequívocas com Rafeiros do Alentejo.

Mastim Espanhol: - Conjunto de exemplares presentes numa Exposição. Na fotografia,a diversidade é notória. Os Mastins Espanhóis sempre foram apreciados pela sua corpulência.

(Fotografia tirada num encontro para a recuperação do Cão Serra da Estrela de pelo curto)

25

Page 28: Boletim nº27 ACRA

Exemplar 1Diana - Fémea

Nascida em 1948. Propriedade do Dr. Filipe Romeiras.Cor: Branca e lobeiraAltura: 70 cmComprimento: 73 cmAnalisando a fotografia e os dados biométricos, este exemplar continua a corresponder ao actual padrão.Exemplar 2Alvito-Macho

Nascido em 1945 Propriedade de D. Luis ErvideiraCor: Branco mosqueado, malhado de preto mal tintoAltura: 75 cmComprimento: 77 cmEste exemplar, para a época, era alto, ultrapassando o estalão actual; a coluna é um pouco enselada, o que não era defeito na época. As angulações são excelentes.

Exemplar-3Roldão-Macho

Nascido em 1945Propriedade de D. Luis ErvideiraCor: Malhado de preto mal tintoAltura: 71 cmComprimento: 72 cmExemplar com excelente estrutura, com angulações, chanfro e craneo marcados, ventre arregaçado. Orelhas amputadas.

Os primeiros mais típicos

26

Page 29: Boletim nº27 ACRA

Exemplar- 5Leo - Macho

Nascido em 1945 Propriedade de D. Luis ErvideiraAltura: 74 cmComprimento: 76 cmCor: Malhado de preto mal tintoO craneo, o dorso e a atitude são excelentes. Exemplar-16Guadiana-Fémea

Altura: 62,5 cmComprimento: 63 cmCor: Lobeiro comumDe notar que esta cadela - exposta inumeras vezes nos certames da época - tem um crâneo com predominância do eixo longitudinal.

Exemplar - 17 Almansor - Macho

Nascido em 1950Propriedade de António Romeiras Marques Junior Altura: 67 cmComprimento: 69 cmCor: Amarelo malhadoExemplar com altura dos membros anteriores de 34 cm, aparenta ser “pati-curto”, tendência que se observa actualmente em algumas linhas (que é de abandonar, por tirar beleza aos exemplares).Exemplar - 18Arzila - Fémea

Nascida em 1941Propriedade de António Sousa Franco Local: Herdade da Figueira, Portel

27

Page 30: Boletim nº27 ACRA

Altura: 65,5 cmComprimento: 64 cmCor: Negra interpoladaEst e exemplar foi observado em 1950, ou seja com 9 anos e pelo que se pode observar permite concluir que a forma é idêntica às de hoje com a mesma idade.Exemplar - 36Maravilha - Fémea

Nascida em 1945Propriedade do Dr. Columbano Libano MonteiroLocal: Castro Verde e Herdade dos Brancos, Aljustrel

Altura: 70 cmComprimento: 73 cmCor :Lobeiro comum, bocalvo, manalvo, etc.Cadela com 2 cm a mais que o estalão de 1955, com tipicidade, garupa alta de comprimento médio, craneo abaulado, ore lhas de inserção mediana mas repuchadas, olhar calmo. Observada com 6 anos.Exemplar-35Leão- Macho

Nascido em 1945Propriedade do Dr Columbano Libano MonteiroLocal: Herdade dos Brancos, AljustrelAltura: 74,5Comprimento: 77cmCor: Lobeiro comum malhado. De notar ser um animal com tendência a comprido mas com orelhas bem placadas, arcadas supra ciliares um pouco salientes, coxa comprida, externo quase horizontal mas o peitoral não ultrapassa o codilho. Olhar atento e calmo, olhos quase à superficie da face.

28

Page 31: Boletim nº27 ACRA

Exemplar - 48Combate-Macho

Nascido em 1948Propriedade de Luis António do RosárioLocal: Herdade Monte Novo das Rascas, BejaAltura: 68 cmComprimento: 69 cmCor: LobeiroExemplar que se confunde com o Cão Serra da Estrela.Com angulações muito abertas.Exemplar- 88Rina - Fémea

Nascida em 1951Propriedade da Coudelaria de Alter do Chão

Altura: 65 cmComprimento: 72 cmCor: Amarela claraEsta cadela com tendência para longilínea apresenta uma orelha triangular bem placada, bem porporcionada mas com inserção médio alta. O apoio à criação do Cão Rafeiro do Alentejo, iniciou-se precocemente nesta instituiçaõ, atravÈs do seu Director Dr Manuel Leitão, criando-se um núcleo importante de fomentoe distribuição de exemplares aos proprietários agricolas, com presença assidua em exposições.

Cauda de inserção média grossa, encurvada, voltada na ponta, mas não quebrada, comprida. Quando em repouso cai entre e abaixo dos curvilhões. ( como o estalão diz)

Exemplar - 90Que Fino - Macho

Exemplar - 89Oblata - Fémea

29

Page 32: Boletim nº27 ACRA

Exemplar - 91Gonçala - Fémea

Nascida em 1945Propriedade da Coudelaria de Alter do ChãoAltura: 63 cmComprimento: 69 cm Cor: Lobeiro comum riscado, branco do mento ao peito, manalvo baixo, pedalvo em principio.Orelhas de inserção mediana, dobradas e pendentes para o lado e pouco móveis.Exemplar- 92Que Boa - Fémea

Nascida em 1951Propriedade da Coudelaria de Alter do Chão

Altura: 67 cmComprimento: 71 cmCor: Lobeiro comum riscado, bocalvo, branco mosqueado na coleira do mento ao peito, na ponta da cauda e cabos.Exemplar- 94Saloio - Macho

Propriedade do Comandante José Pereira ParreiraAltura: 70 cmComprimento: 73 cmCabeça com orelhas bem colocadas, cauda tipica.

30

Page 33: Boletim nº27 ACRA

Exemplar - 107Alentejo -Macho

Nascido em 1948Propriedade do Dr. Filipe RomeiraAltura: 67 cmComprimento: 71 cmCor: Lobeiro arraiado, bocalvo, cordão, branco mosqueado na coleira, por cima na espádua, lombos e garupa, inferiormente, nos cabos e 2/3 da cauda.Este exemplar, constituíu um modelo a seguir na época.Nos dias de hoje seria considerado pouco projectado em altura, mas a sua harmonia, expressão e aprumos são de realçar. Note-se a barbela regular contida pela coleira.

Exemplar-113Farrusca - FémeaNascida em 1948Propriedade do Dr Rui de AndradeAltura: 66 cmComprimento: 67 cmLocal : Quinta da Cardiga, Golegã.Cor: Branca mosqueada, lobeiro escuro na cabeça, costados, garupa, nadega direita e

base da cauda. Bocalvo riscado na fronte.Pés: Não espalmados com dedos grossos bem unidos.Este exemplar, quanto à forma, é altamente tipico.

Anos 60

Exemplar típico, nas antigas instalações do Canil Municipal da Câmara Municipal de Lisboa, nos anos 60.Propriedade de D. Diogo Pereira Coutinho á disposição do Dr António Cabral.De notar a predominância da garupa, o dorso demasiadamente enselado, mas uns aprumos e angulações correctas.

31

Page 34: Boletim nº27 ACRA

Anos 70Foram marcados pela presença do grande criador Carlos d'Orey que com a sua participação, com exemplares oriundos do afixo “do Talefe”, nas exposições caninas, sobretudo no Jardim Zoológico, não permitiu esquecer esta Raça votada ao abandono e quase desaparecimento em consequência do fim para que era usada, guarda e defesa dos rebanhos contra o lobo e da Reforma Agrária posterior a 1974.

Recuperação - Anos 80ConcursosEm 1983 um conjunto de interessados inicia a recuperação do Cão Rafeiro do Alentejo através do 1º concurso realizado em Évora por iniciativa dos Engenheiros Jorge Vacas e José Miguel Mexia de Almeida.

Foi com estas - as melhores cadelas que compareceram - que se começou a recuperação da Raça. Em evidência João Cabral e José Carrilho, este com a CalÁadinha um exemplar de Portalegre.

O cão vencedor -Nosso - propriedade de João Cabral. Exemplar com osso, craneo largo,abaulado nos dois eixos, espaço inter auricular regularmente encurvado, mas orelhas assimétricas e mal placadas.

Na mesma época ganhou em Lisboa, o prémio de melhor exemplar das Raças Portuguesa, um cão de nome Leão propriedade do Professor Dr Pereira Miguel e de sua mulher Drª Maria José Cabral. Também em Portalegre se realizou um concurso onde, como se pode observar nesta foto, um grupo de cadelas homogéneas, embora com chanfros que poderiam ser um pouco mais curtos.

Este exemplares têm parecenças com 32

Page 35: Boletim nº27 ACRA

aqueles da Coudelaria de Alter, que participaram no estudo de 1950, dada a proximidade e a distribuição de cães pelos propietários da região.Já os machos presentes aparentam pior estrutura, osso pouco grosso, como podem ver na foto seguinte, peito pouco profundo, etc.

A melhor cadela e melhor exemplar é propriedade da Casa Agricola Mata Cáceres. Bem aprumada, expressão calma e segura, pelagem tipica lobeiro clara raiada, bocalvo,cordão na garupa e lombos, frente aberta, calça completa no cabos e da cauda. Cranio abaulado nos dois eixos, chanfradura nasal ( stop) esbatida, chanfro com tendência a comprido.

Estabilização e consolidaçãoCom a continuação dos concursos durante a década de 80, através do Clube do Rafeiro do Alentejo e durante a década de 90 da Associação de Criadores do Rafeiro do Alentejo (ACRA), a Raça recuperou e adquiriu a sua forma actual.

33

Évora anos 80, um cão já moderno

Page 36: Boletim nº27 ACRA

Universidade de Évora, num momento de critica .

Professor Eng. José Manuel Abreu com o Caracol numa exposição em Vila Franca. Finais dos anos 80.

Este exemplar , fo to anter ior , com extraordinária estrutura, mais arregaçado no ventre, com orelha repuchada, com um cranio não muito volumoso em relação com o tronco, f o i c a m p e ã o e d e i x o u n u m e r o s a descendência. Apresentado inicialmente, pelo Dr José Guerra, de Elvas, foi cedido posteriormente ao Professor Eng. José Manuel Abreu. Hoje, seria discutivel a tipicidade como Rafeiro do Alentejo.

Na fotografia seguinte podemos observar Bugalho dos Melros e Bolota do Jardim Zoológico, os melhores exemplares da 2º Exposição Monográfica da Raça realizada em Azeitão (na quinta do Hilário).Foi organizada pelo Clube Português do

Rafeiro do Alentejo, sob Presidência do Professor Eng. Eduardo Cruz Carvalho e teve como juiz João Vieira Lisboa.Curiosamente, boicotada no número presenças por uma campanha feita por alguns que se diziam seus amigos e admiradores, levou ao inicio de um periodo de mau ambiente entre os criadores. Felizmente a Raça não saiu prejudicada graças à moderação e diplomacia do Eng Evaristo Cutileiro.De notar a tipicidade do macho - à direita - na forma e cranio e na fémea - à esquerda -a perfeição das orelhas e chanfradura cranio-nasal. O pêlo, da cadela, aparenta ser um pouco exuberante. Ambos foram campeões da Raça.

O Cão de Gado TransmontanoDurante a década de 90, foi convocado o Clube Português de Canicultura para a Feira do fumeiro em Vinhais, através do Veterinário Municipal, Dr Garcia, para apreciar um conjunto de cães locais, com idênticas caracteristicas entre eles, utilizados como guardas de rebanho, na protecção e combate ao lobo. Havia vontade e interesse da Direcção do Parque Nacional de Vinhais em apoiar o fomento destes, com vista a um controlo mais eficaz do lobo sem recorrer a formas de extreminio, como venenos, armadilhas ou caçadas.

34

Page 37: Boletim nº27 ACRA

Carvalho. Aqui a cadela é Transmontana, mas mais abaixo seria Alentejana.Após longas discussões e algumas influências de orgãos de Poder Local decidiui o Clube Português de Canicultura, através da sua Presidente, Srª Dª Carla Molinari, do Eng José Alpoim, Dr. Barracas Ribeiro e de mim próprio, deslocar-se à região para um l e v a n t a m e n t o , t e n d o - s e d e c i d i d o , posteriomente pela defenição de nova Raça Portuguesa: O Cão de Gado de Trás os Montes.

A similariedade das duas Raças, agora, é muito próxima. Não há pois lugar a misturá-las se seguirmos pelas diferenças em Estalão.

Os exemplares tinham caracteristicas muito semelhantes ao Cão Rafeiro do Alentejo, mas como me disse um pastor, ao Alentejo nem ele, nem os cães tinham ido.

Na imagem os vencedores do primeiro encontro. A semelhança é notória, mas com menos profundidade de peito, chanfro menos grosso e mais arregaçados.Os cães que andavam pelo território, eram sociáveis e com bom carácter.Na imagem, algures no caminho, em Trás os Montes, Helena Cabral e o Professor Cruz

35

Page 38: Boletim nº27 ACRA

Monográfica do Cão de Gado de Trás os Montes 2008.

Na fotografia Zeus com 79 cm ao garrote. Mágnifico exemplar.

CONCLUSÃO

Após esta revisão e viagem ao trajecto da Raça até aos dias de hoje, em minha opinião cumpre aos criadores e aos juizes da Raça, trabalharem no mesmo sentido para bem do Rafeiro do Alentejo, devendo comparecer, não só nos concursos, mas também nas exposições Nacionais e Internacionais, de modo a darem a conhecer o que de melhor existe.

Infelizmente, por vezes, tal não sucede, ascendendo a campeões exemplares que deixam muito a desejar.

D. Carlos com os seus Rafeiros do Alentejo. Início do Século XX

36

Page 39: Boletim nº27 ACRA

UNIÃO EUROPEIAFundo Europeu Agrícolade Desenvolvimento RuralA Europa investe nas zonas rurais

(...) magnifica presença da Raça no programa da RTP1 transmitido a partir da cidade estemenha de Mérida (...)(...) Foi, na verdade, para o Rafeiro do Alentejo uma magnifica jornada de divulgação levada a cabo além fronteiras (...)Em Mérida - EspanhaEm Mérida - Espanha

Page 40: Boletim nº27 ACRA