boletim adunifesp nº03 (novembro de 2009)

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A comunidade Unifesp reuniu- se nos dias 18 e 19 de setembro para a realização do 2º Fórum de Reforma do Estatuto. Mais de 130 delegados, entre pro- fessores, estudantes e trabalha- dores, debateram as principais propostas de mudanças, formu- ladas pela Comissão de Refor- ma do Estatuto e por diversos setores da uni- versidade, e a expectativa é que o processo solucione al- guns dos prin- cipais dilemas da instituição. Entre as reivin- dicações estão a democratização da estrutura de poder, o respei- to à diversidade da nova realidade multi-campi e uma política consistente de assistência estudantil. A abertura do encontro contou com exposições do reitor Wal- ter Albertoni e do vice-reitor Ricardo Smith, que também é presidente da Comissão da Re- forma. Em sua fala, Albertoni explicou que o caráter do Fórum seria de “apresentar as idéias da comunidade para o Conse- lho Universitário (Consu)”, ór- gão que montou a Comissão, e que, em última instância, te- ria a prerrogativa de aprovar o novo Estatuto. “Devemos fazer reuniões extras do Consu para fecharmos o ano com um Esta- tuto pronto”, afirmou. Para serem apresentadas no Conselho, as propostas necessi- tavam de uma adesão de no mí- nimo 30% dos delegados ou te- rem sido aprovadas por maioria dentro da Comissão da Reforma. Apesar de deixar claro que aque- le espaço não era deliberativo, Ricardo Smith comprometeu-se em levar e defender as idéias do Fórum e da Comissão no Consu. O Conselho de Entidades expli- citou durante o Fórum que a sua expectativa é de que sejam res- peitadas pelo menos as propostas aprova- das por maioria. O ponto central das discussões foi a com- posição do Conselho Universitário, instân- cia máxima de po- der da universidade. Atualmente, o órgão é composto por uma amplíssima maioria de docentes, dos quais grande parte é de ti- tulares, já que estes têm cadeira cativa. A exclusão dos titulares como membros natos dos conse- lhos foi aprovada por uma maio- ria folgada dos delegados. Fórum pede reforma democrática do Estatuto Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo Seção Sindical do Andes-SN Boletim Adunifesp # 3 [9.nov.2009] www.adunifesp.org.br Projeto gera polêmica na Baixada continua na p. 4 Manoel Ramos Desmembramento de campus mobiliza comunidade. Leia na pág. 2.

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Boletim Adunifesp-SSind nº03, gestão 2009-2011, publicado em 09 de novembro de 2009. Jornalista responsável: Rodrigo Valente; Projeto gráfico e diagramação: D. Nikolaídis.

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Page 1: Boletim Adunifesp nº03 (novembro de 2009)

A comunidade Unifesp reuniu-se nos dias 18 e 19 de setembro para a realização do 2º Fórum de Reforma do Estatuto. Mais de 130 delegados, entre pro-fessores, estudantes e trabalha-dores, debateram as principais propostas de mudanças, formu-ladas pela Comissão de Refor-ma do Estatuto e por diversos setores da uni-versidade, e a expectativa é que o processo solucione al-guns dos prin-cipais dilemas da instituição. Entre as reivin-dicações estão a democratização da estrutura de poder, o respei-to à diversidade da nova realidade multi-campi e uma política consistente de assistência estudantil.

A abertura do encontro contou com exposições do reitor Wal-ter Albertoni e do vice-reitor Ricardo Smith, que também é

presidente da Comissão da Re-forma. Em sua fala, Albertoni explicou que o caráter do Fórum seria de “apresentar as idéias da comunidade para o Conse-lho Universitário (Consu)”, ór-gão que montou a Comissão, e que, em última instância, te-ria a prerrogativa de aprovar o novo Estatuto. “Devemos fazer

reuniões extras do Consu para fecharmos o ano com um Esta-tuto pronto”, afirmou.

Para serem apresentadas no Conselho, as propostas necessi-tavam de uma adesão de no mí-nimo 30% dos delegados ou te-

rem sido aprovadas por maioria dentro da Comissão da Reforma. Apesar de deixar claro que aque-le espaço não era deliberativo, Ricardo Smith comprometeu-se em levar e defender as idéias do Fórum e da Comissão no Consu. O Conselho de Entidades expli-citou durante o Fórum que a sua expectativa é de que sejam res-

peitadas pelo menos as propostas aprova-das por maioria.

O ponto central das discussões foi a com-posição do Conselho Universitário, instân-cia máxima de po-der da universidade. Atualmente, o órgão é composto por uma amplíssima maioria de docentes, dos quais grande parte é de ti-

tulares, já que estes têm cadeira cativa. A exclusão dos titulares como membros natos dos conse-lhos foi aprovada por uma maio-ria folgada dos delegados.

Fórum pede reforma democrática do Estatuto

Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo Seção Sindical do Andes-SN

Boletim Adunifesp# 3 [9.nov.2009] www.adunifesp.org.br

Projeto gera polêmica na Baixada

continua na p. 4

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Desmembramento de campus mobiliza comunidade. Leia na pág. 2.

Page 2: Boletim Adunifesp nº03 (novembro de 2009)

Adunifesp SSind. - Associação dos Docentes da Universidade Federal de São PauloGestão 2009-2011: Maria José da Silva Fernandes (presidente), Soraya Smaili (vice-presidente), João Fernando Marcolan (secretário-geral), Francisco Lacaz (1º secretário), Zelita Caldeira Guedes (tesoureira geral), Raquel de Aguiar Furuie (1ª tesoureira), Eliana Rodrigues (imprensa e comunicação), Alice Teixeira Ferreira (relações sindicais, jurídicas e defesa profissional), Ieda Verreschi (política universitária) e Maria das Graças Barreto da Silva (política sociocultural). Virginia Junqueira (campus baixada santista), Vera Silveira (campus diadema), Carlos Alberto Bello e Silva (campus guarulhos)

Rua Napoleão de Barros, 841. São Paulo - SP. CEP 04024-002. Telefone/fax: (11) 5549-2501 e (11) 5572-1776E-mail: [email protected] Página na internet: www.adunifesp.org.br

Boletim AdunifespJornalista responsável: Rodrigo Valente (MTB 39616)Projeto gráfico e diagramação: D. Nikolaídis

Por um novo Estatuto democrático

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Desde o princípio da Reforma do Estatuto da Uni-fesp, ainda em meados de 2006 e 2007, nos po-sicionamos por um processo discutido na base da universidade e decidido da forma mais ampla e democrática possível. Após este longo período de debates – e do trabalho árduo da Comissão de Re-forma – aproxima-se o momento decisivo.

Entre as mudanças propostas, muitas podem repre-sentar grandes avanços para a universidade. Porém, para que isto aconteça, o Conselho Universitário não pode eximir-se da sua responsabilidade de re-presentar a comunidade, aprovando um novo esta-tuto coerente com o que foi debatido durante todo o processo e, particularmente, aprovado no 2º Fórum da Reforma, realizado em Setembro.

Continuaremos participando da Comissão de Re-forma e das reuniões do Conselho Universitário, dialogando as mudanças que julgamos necessárias e propondo uma universidade cada vez mais públi-ca e de qualidade. É preciso, portanto, ampliar ao máximo a participação da base da universidade nas discussões, garantindo uma reforma democratizan-te, descentralizadora e modernizadora da Unifesp. Assim, é fundamental que a instituição abra-se à sua própria comunidade e, por que não, à sociedade, que é quem a financia e a quem ela deve servir.

Polêmica toma campus

da Baixada Santista

Um projeto de lei do senador Aloísio Mercadante, que desmembra o Campus da Baixada Santista da Unifesp para a criação da Universidade Federal do Litoral Pau-lista, mobilizou estudantes e docentes de Santos, que organizaram um abaixo-assinado contrário à propos-ta, e o Conselho Universitário aprovou uma moção de repúdio endereçada ao senador, afirmando que a iniciativa era um ataque à autonomia universitária e não teria sido democraticamente debatida.

Após a reação, Mercadante afirmou estar disposto a retirar o projeto se for a vontade da universidade, e disse ter agido sob recomendação do prefeito de San-tos, João Paulo Papa. A Reitoria, então, solicitou uma audiência com o prefeito para esclarecer a posição da Unifesp. Assim, a proposta de desmembramento aca-bou, pelo menos momentaneamente, engavetada.

Este episódio traz à tona mais uma vez a ação dos go-vernos, direcionando a universidade pública para os grandes interesses econômicos – no caso, a exploração do petróleo do pré-sal e o Porto de Santos –, e deixando em segundo plano a função social da educação supe-rior. A implantação de um Instituto do Mar, vinculado ao Campus da Baixada, uma proposta ainda obscura, é mais um possível exemplo de subordinação da autono-mia universitária a governos e empresas. Para esclare-cer o tema, a Adunifesp realizará um debate em Santos, com as presenças do diretor do Campus e de um repre-sentante do Instituto, em 19 de novembro.

Momentos da cerimônia de entrega do registro sindical

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Reunião entre o reitor da Unifesp e o prefeito de Santos

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A Universidade Tecnológica Federal do Paraná, em Curitiba, sediou em julho o 54º Conselho de Enti-dades do Sindicato Nacional dos Docentes do En-sino Superior (Andes-SN). As recentes propostas do governo para as universidades públicas foram o foco da discussão do fórum. Entre os principais temas, foram debatidos o Projeto de Lei (PL-92) que pretende transformar em Fundação de Direito Privado os hospitais universitários; o observatório do Reuni, iniciativa do Andes que pretende acom-panhar a expansão precarizada da universidade pú-blica; e ataques ao regime de dedicação exclusiva dos docentes. Além disso, foi discutida a proposta elaborada pela entidade para a carreira docente. A iniciativa defende que a progressão horizontal se dê somente por titulação, e não por critérios produti-vistas, por meio da avaliação de desempenho, ideia que vem ganhando cada vez mais força entre gover-nos e dirigentes de universidades.

Porém, uma das mais importantes polêmicas do en-contro foi a participação ou não do Andes na Co-missão Organizadora da Conferência Nacional de Educação, que será realizada em março de 2010. O Fórum deliberou que a entidade deve participar apenas como observadora, avaliando que tal espaço cumprirá um papel de legitimar as políticas educa-cionais do governo. Uma posição minoritária, defen-dida inclusive por docentes da Regional São Paulo,

acreditava ser importante a contribuição do Andes na Conferência, inclusive como forma de disputar os rumos do movimento de educação.

Em julho, o Andes também realizou, em parceria com a Adunifesp, o 1º Encontro Nacional Sobre Saúde do Trabalhador. O evento vinha sendo pre-parado pelo Grupo de Trabalho sobre Seguridade Social e pela Regional São Paulo, e debateu temas como as condições de trabalho dos docentes, a atual política de atenção à saúde do servidor e a atividade do professor sob o impacto do produtivismo e da precarização. Entre os palestrantes, dois docentes da Unifesp: a professora Maria de Fátima Queiroz, do curso de fisioterapia do Campus Baixada Santista, e o professor Francisco Lacaz, do curso de medicina do Campus São Paulo e diretor da Adunifesp.

Vazamento do Enem prejudica UnifespO escandaloso vazamento das provas do Exame Na-cional do Ensino Médio (Enem) demonstrou a fra-gilidade do novo sistema unificado para ingresso nas universidades federais, cuja adesão pelas instituições foi feito à base de muita pressão política do Ministé-rio da Educação. Os riscos de fraudes e gigantescos prejuízos para os cofres públicos se mostraram re-ais, além de ser mais do que contestável a completa substituição do antigo vestibular pelo Enem.

O Conselho Universitário da Unifesp aprovou em maio que 19 dos 26 cursos oferecidos teriam apenas o Enem como forma de ingresso. Os demais cursos, todos na Vila Clementino, contarão também com provas específicas. Portanto, as datas desse proces-so seletivo mudaram. O Enem será realizado em 5 e 6 de dezembro e a segunda etapa do vestibular da Unifesp, nos dias 17 e 18. Os resultados serão divul-gados em 28 de janeiro de 2010.

Mudanças na arrecadação da AdunifespDesde a reestruturação salarial do magistério supe-rior em fevereiro, a arrecadação financeira da Adu-nifesp caiu aproximadamente 30%. Antes das mu-danças, a contribuição do docente representava 1% do vencimento básico e da gratificação por atividade executiva (Gae). A extinção desta gratificação, e sua incorporação apenas parcial ao novo vencimento básico, atingiu em cheio as finanças de nossa entida-de. Praticamente todas as associações docentes das universidades federais e também o Andes acabaram prejudicadas com as mudanças.

Com o intuito de recuperar a arrecadação, a Adu-nifesp irá propor em assembléia que a nova Grati-ficação Específica do Magistério Superior (Gemas), também seja, junto com o atual vencimento básico, incluída na contribuição de 1% dos docentes. Tal fato apenas fará com que as finanças e a contribuição dos associados voltem ao patamar anterior a fevereiro.

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Andes realiza 54o Conad, no ParanáAndes realiza 54o Conad, no Paraná

Cerimônia de abertura do 54o Conad, no Paraná

Page 4: Boletim Adunifesp nº03 (novembro de 2009)

Duas propostas serão apreciadas pelo Consu so-bre a sua futura composição. A primeira, aprovada por maioria no Fórum, é a da paridade entre pro-fessores, técnicos-administrativos e estudantes, e a não diferenciação entre as categorias docentes. Uma segunda, aprova-da majoritariamente na Comissão da Reforma, respaldaria a proporção da LDB, ou seja, uma composição de 70% de professores, 15% de trabalhadores e 15% de estudantes. Além disso, os representantes do-centes seriam eleitos na seguinte proporção: 16 titulares, 12 associados e 8 adjuntos.

A forma de escolha do reitor, dos diretores de campus, dos diretores de unidades universitárias e dos chefes de departamento, foi outro ponto que causou bastante polêmica. Enquanto o Conselho de Entidades defendeu uma consulta paritária à comunidade, um grupo de docentes defendeu a proposta da Comissão, que deixaria a questão por conta do Regimento Geral da Universidade, e não do Estatuto. As duas propostas serão apre-ciadas pelo Consu.

O Fórum também debateu se vice-reitor, pró--reitores e representantes da comunidade não universitária, teriam direito a voto no Consu. “É um princípio republicano, que só tenha voto aqueles representantes eleitos diretamente”, de-fendeu a diretora da Adunifesp, Soraya Smaili.

“A Reitoria deve ter mais força para garantir certa ‘governabilidade’”, afirmou o pró-reitor de Admi-nistração, Vilnei Leite. A polêmica acabará decidi-da no Consu. Foi aprovada também uma proposta de Guarulhos, para que exista uma cota mínima de

representação por Campi.

Uma das aprovações mais co-memoradas pela comunida-de, particularmente pelos es-tudantes, foi a criação de um Conselho de Assuntos Estu-dantis. A proposta foi aprovada por unanimidade. “A Unifesp ampliou o acesso, mas man-tém muitos problemas para a permanência dos estudantes”, afirmou a estudante Isabel Lo-pes. “A separação é importante porque a Pró-Reitoria de Gra-

duação não tem como dar conta das questões estu-dantis”, defendeu o próprio pró-reitor Miguel Jorge. Um Conselho de Planejamento e Desenvolvimento também foi aprovado. “Será um órgão para pensar o futuro da universidade de forma separada da admi-nistração cotidiana”, afirmou Miguel Jorge.

Em carta de avaliação, o Conselho de Entidades considerou o 2º Fórum “um grande avanço para o futuro da universidade”. Segundo a professora Ma-ria José Fernandes, presidente da Adunifesp, “luta-remos para garantir um novo Estatuto com maior democracia, participação e que contemple as rei-vindicações da comunidade”. Ao final do Fórum, uma moção foi aprovada por aclamação, pedindo que o Consu respeite as posições debatidas e deli-beradas no espaço.

Proifes contestadoO Andes-SN entrou com uma represen-tação no Ministério do Trabalho pedin-do a impugnação da solicitação feita pelo Proifes de registro sindical. A ação con-testa a assembleia, realizada pelos docen-tes ligados ao Proifes, na qual não houve o mínimo de democracia e os professores contrários a criação da entidade foram impedidos de entrar no local. O Andes também alega ser o legítimo e histórico representante dos docentes da educação superior, particularmente das instituições municipais, estaduais e federais, confor-me reconhecido pelo ministério este ano.

NotasNotasClube AdamusO Clube Adamus, localizado na Vila Cle-mentino, será mais uma opção de esporte e lazer para a comunidade. Um convênio com Secretaria Municipal de Esportes concedeu à universidade o espaço, que agora se chamará Clube Escola Unifesp. A idéia é que o local seja utilizado por do-centes, estudantes, servidores da univer-sidade e do Hospital São Paulo, além da população da região. O espaço também servirá às atividades do Centro de Exce-lência em Medicina do Esporte. A aqui-sição do clube é uma reivindicação antiga da instituição.

Processo das progressõesA Assessoria Jurídica da Adunifesp de-fende cerca de 170 docentes que estão equivocadamente na mira do Ministério Público Federal, que contesta os atos ad-ministrativos da universidade que con-feriram progressão na carreira entre os anos de 1987 e 1997. A defesa argumenta que, segundo a lei, o governo teria até 5 anos para anular tais atos, salvo compro-vada má-fé, e que a Consultoria Geral da República orientou o governo pela regu-laridade desses meios internos de evolu-ção funcional. A Promotoria da Unifesp também está defendendo os professores.

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