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BNDES – DESENVOLVIMENTO LOCAL COOPERAÇÃO TÉCNICA DO PNUD
Formação de Facilitadores
Operacionalização de Metodologia
(Proposta para Discussão)
Arturo Jordán Ricardo de Cerqueira
Recife, dezembro de 2000
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Rua Antônio Lumack Dumont, 96 sala 402 Edf. Empresarial Center II – Boa Viagem CEP: 51.020-350 Recife/PE
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SUMÁRIO
1. O Componente de Formação de Agentes de Desenvolvimento Local, Facilitadores, Multiplicadores e Assessores Técnicos
2. Estratégia de Operacionalização
3. Ambiências
Vivencial
De Formação Básica
De Capacitação Específica
De Auto-reflexão e Auto-conhecimento
4. Públicos-Sujeito
Agentes de Desenvolvimento Local
Facilitadores Pedagógicos
Multiplicadores Metodológicos
Assessores Técnicos
5. Temáticas
Núcleo Geral
Núcleo Cultura
Núcleo Pedagógico e Capacitação
Núcleo Desenvolvimento Local
Núcleo Planejamento
Núcleo Empresas e Empreendimentos
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6. Eventos
Oficinas
Seminários
Cursos
Treinamentos
Jornadas
Fóruns
Reuniões
Encontros
Painéis
7. Técnicas de Dinâmica de Grupo e Jogos Pedagógicos
Técnicas de Dinâmica de Grupo
Jogos Pedagógicos
Orientações para a utilização de Técnicas de Dinâmica de Grupo e Jogos Pedagógicos
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1. O Componente de Formação de Agentes de Desenvolvimento Local, Facilitadores, Multiplicadores e Assessores Técnicos
O processo de formação de agentes de desenvolvimento local, facilitadores,
multiplicadores e assessores técnicos representa um dos eixos estratégicos da
Metodologia GESPAR, pois é ele que possibilita a ampliação e a sustentabilidade
das ações de apoio ao desenvolvimento local.
Os técnicos, normalmente oriundos das instituições parceiras que têm atuação no
local e das organizações associativas, têm sido o alvo mais comum dos processos
de formação de facilitadores. Mas, lideranças locais e voluntários também deverão
ser capacitados. A atuação conjunta de facilitadores “externos” e da própria
comunidade enriquece o processo, pois, oportunizando uma troca mais
diversificada de saberes (saber técnico e saber popular), constrói um
conhecimento novo, diferenciado, contextualizado àquele local e àquela realidade
específica.
O fato de envolver as lideranças locais como agentes de desenvolvimento local
também representa uma estratégia de reforço à sustentabilidade dos processos de
desenvolvimento local, pois se enraíza o conhecimento na própria comunidade,
minimizando dessa forma a dependência do local a um agente externo. As
lideranças envolvidas nesse processo também despertam para o fato de
continuarem buscando o aperfeiçoamento e auto-qualificação permanentes.
Persegue-se a formação de agentes e facilitadores capazes de estimular e facilitar
processos de desenvolvimento local. Não de instrutores que já chegam à
comunidade com um processo de intervenção mecânico, com os eventos já
desenhados e com prazos de execução definidos, desrespeitando a cultura e
ritmos próprios de cada localidade.
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Busca-se formar facilitadores que, com clareza do que é desenvolvimento local e
dos eixos estratégicos de intervenção, sejam capazes de injetar uma energia nova
na comunidade, que a mobilize para a ação e para a busca do desenvolvimento
endógeno e sustentável.
Busca-se formar facilitadores seguros e abertos, capazes de construir a estratégia
de intervenção, junto com os atores locais. Uma estratégia de intervenção
contextualizada em cada território.
De modo genérico, consideram-se três blocos de macroatividades no processo
pedagógico de formação de agentes de desenvolvimento local, facilitadores,
multiplicadores e assessores técnicos da Metodologia:
Acompanhamento do desempenho das lideranças locais e dos técnicos das
equipes interinstitucionais;
Eventos de formação de facilitadores e multiplicadores;
Eventos de capacitação específica em crédito para o desenvolvimento local,
educação ambiental, equidade de gênero, etc.
a) Acompanhamento do desempenho das lideranças locais e dos
técnicos das equipes interinstitucionais
Como a base do processo de formação de agentes de desenvolvimento local e
facilitadores é uma base vivencial, o acompanhamento do desempenho das
lideranças e dos técnicos das equipes interinstitucionais é uma etapa fundamental
do processo.
Mas o acompanhamento não representa a observação passiva; é uma etapa
pedagógica do processo de formação. Nele exercita-se permanentemente a
construção do conhecimento através da reflexão sobre a prática.
b) Eventos de Formação de Facilitadores e Multiplicadores
São eventos dirigidos a técnicos, lideranças locais e voluntários que atuam na
Área. Eles buscam instrumentalizar os participantes para atuar junto à
comunidade no estímulo e apoio ao desenvolvimento local.
Alguns destes eventos integram participantes selecionados de várias Áreas e
buscam a qualificação de pessoas capazes de formar novos facilitadores.
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c) Eventos de Capacitação específica em crédito para o
desenvolvimento local, educação ambiental, equidade de gênero, etc.
À medida que o processo avança num local, vão surgindo demandas de
capacitação e articulação em temas bem específicos. Quando isso acontece são
articulados os profissionais com especialidades no tema para que os eventos
sejam realizados.
Esses eventos poderão envolver todos os facilitadores que atuam numa mesma
Área ou envolver participantes de várias Áreas, desde que o tema seja oportuno
para os mesmos locais.
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2. Estratégia de Operacionalização
O embasamento da operacionalização do Componente de Formação de Agentes de Desenvolvimento Local, Facilitadores, Multiplicadores e Assessores Técnicos da Metodologia GESPAR foi fundado no item anterior. Trata-se agora de fornecer uma instrumentalização, como uma “caixa de ferramentas”, para atender às demandas de capacitação em situações concretas. A “caixa de ferramentas” nunca está completa nem atende a priori a todas as demandas e necessidades. Pelo contrário, ela é construída e modificada permanentemente, a partir da própria realidade, dinâmica e mutável, e atendendo às novas exigências, demandas e necessidades do público sujeito. De fato, a operacionalização da Metodologia se concretiza em uma situação, um fato, que demanda um processo ou evento de capacitação, para provocar ou contribuir no processo de mudança.
AMBIÊNCIA
TÉCNICAS
E JOGOS
PÚBLICO SUJEITO
EVENTOS TEMÁTICAS
SITUAÇÃO DEMANDAS FAVORECER CONCRETA DE A CAPACITAÇÃO MUDANÇA
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Em função das características da situação concreta e da correspondente demanda de capacitação, o facilitador construirá e utilizará “as ferramentas” mais adequadas para favorecer a mudança. Estas ferramentas serão disponibilizadas em arquivos, gavetas ou compartimentos diferenciados, de acordo com a natureza e características do Componente e das Atividades. No caso do Componente e Atividades relativas à Formação de Agentes de Desenvolvimento Local, Facilitadores, Multiplicadores e Assessores Técnicos, os arquivos são cinco:
1. Arquivo de Ambiências; 2. Arquivo de Públicos-Sujeito; 3. Arquivo de Temáticas; 4. Arquivo de Eventos; 5. Arquivo de Técnicas de Dinâmica de Grupo e Jogos
Pedagógicos.
3. Ambiências
A base pedagógica do processo de formação é uma base construtivista, na qual o conhecimento é construído a partir da realidade e experiência dos participantes. Busca incorporar também a lógica do Ambiente-Oficina, que é a lógica da auto-organização do grupo. O processo de formação é composto por momentos vivenciais, eventos formativos e de capacitação e momentos de auto-reflexão. É a partir da vivência que o facilitador forma o seu lado comportamental. É na vivência do real que o facilitador experimenta, vive, analisa, elabora sínteses, se aprimora, se transforma. É na vivência que ele se percebe como um ser em processo permanente de mudança, aberto ao mundo e ao grupo.
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Por outro lado, se faz necessário criar espaços onde a reflexão conceitual aconteça, onde um lastro de conhecimentos cognitivos seja construído. É uma base conceitual consistente que dá condições ao facilitador de avançar na reflexão sobre a realidade, sobre os propósitos do trabalho, sobre o seu papel e sobre as estratégias de intervenção. É ela que permite ao facilitador apoiar o avanço do grupo no caminho do desenvolvimento local. É nos eventos formativos e na auto-reflexão que esses momentos acontecem. O Arquivo de Ambiências contém quatro elementos: O primeiro passo da operacionalização para atender à demanda de capacitação para uma situação concreta consistirá em escolher a ambiência adequada.
4. Públicos-Sujeito
O Público-Sujeito, neste Componente, é representado pelo conjunto de pessoas físicas (técnicos, produtores, voluntários, etc.) e jurídicas (ONG’s, EMBRAPA, EMATER, SEBRAE, etc.) que assumem o papel de apoiar e estimular o processo de desenvolvimento local de um determinado território.
AMBIENTE
VIVENCIAL
AMBIENTE
DE
FORMAÇÃO
BÁSICA
AMBIENTE DE
AUTO-
REFLEXÃO
E
AUTOCONHE-
CIMENTO
AMBIENTE
DE
CAPACITAÇÃO
ESPECÍFICA
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Utiliza-se o termo Público-Sujeito por achá-lo mais adequado à proposta de desenvolvimento local, que deve considerar o participante como sujeito ativo do seu processo de aprendizagem e de desenvolvimento. Evita-se o termo público-alvo, pois este traz uma conotação de passividade: os participantes como alvo de um processo definido por outros. É contraditório com a proposta que busca desenvolver a autonomia, a criticidade e a proatividade nas pessoas e nas organizações. Os participantes do processo de formação podem estar sendo capacitados para um ou mais dos seguintes papéis:
Agentes de Desenvolvimento Local São agentes locais, oriundos do próprio território, que desenvolvem ações de estímulo ao processo de desenvolvimento local. Podem ser técnicos, lideranças comunitárias, produtores, gestores públicos, empreendedores, enfim, atores sociais locais. Sendo parte do território, atuam como uma referência de proatividade no sentido de impulsionar as mudanças. São provocadores do protagonismo que está latente nos atores locais.
Facilitadores Pedagógicos
Tanto locais como das instituições e das entidades de apoio ao desenvolvimento local, têm o papel de facilitar pedagogicamente processos e eventos. Detêm instrumentos pedagógicos que favorecem a reflexão, a discussão e a aprendizagem.
Multiplicadores Metodológicos
Responsáveis por estabelecer e facilitar padrões reproduzíveis de métodos, técnicas, materiais, instrumentos transmissíveis a outros atores e territórios.
A idéia de “multiplicar” está comumente associada à capacidade de aumentar em número ou em importância. Daí que o multiplicador, no contexto da “formação de pessoas”, possa ser visto como capaz de reproduzir uma determinada experiência, de reproduzir determinados padrões de comportamento.
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Essa concepção não se aplica plenamente à estratégia do desenvolvimento local, que considera cada território com sua própria identidade. Não dá para replicar a formação de pessoas, nem multiplicar experiências singulares, quando a realidade é única! Portanto, na nossa concepção, os Multiplicadores são multiplicadores metodológicos, de métodos, de padrões técnicos, de modos e formas de fazer. Por exemplo, o modo de construção de um Diagnóstico, do Marco-Lógico, de uma Análise de Viabilidade Econômica, etc. Não se replica e nem se multiplica a experiência; se multiplicam “padrões de modos de fazer”.
Assessores Técnicos Capazes de orientar em temáticas e tecnologias específicas adequadas às necessidades do local e das áreas apoiadas. Um Programa de desenvolvimento local, que avança na necessidade de instrumentalizar os atores sociais, demanda a preparação de Assessores Técnicos. Os Assessores Técnicos, além de uma formação básica afinada com a filosofia da proposta, detêm conteúdos e instrumentos relativos a alguns temas específicos. Por exemplo, em Microcrédito, Questões de Gênero, Formação de Redes Empresariais, Ovinocaprinocultura, Turismo Rural, Agroindustrialização, Pesquisa de Mercado, etc. O que caracteriza o Público-Sujeito não é o fato de ser uma liderança comunitária, um técnico da EMATER, uma ONG ou um pesquisador da EMBRAPA, mas o papel que cada uma dessas pessoas físicas ou jurídicas assume ao longo do processo. É, portanto, uma caracterização situacional: num determinado momento o técnico da EMATER pode estar atuando como facilitador e em outro como assessor técnico; ou, a liderança comunitária pode estar atuando como agente de desenvolvimento local num contexto e como facilitador num outro. O segundo passo da operacionalização será cruzar o arquivo de Ambiências com o arquivo de Públicos-Sujeito. Teremos, assim, uma definição prévia do escopo que se pretende em relação à formação dos participantes e o ambiente adequado à facilitação para a mudança.
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AMBIÊNCIAS
PÚBLICOS - SUJEITO
VIVENCIAL
FORMAÇÃO
BÁSICA
CAPACITAÇÃO
ESPECÍFICA
AUTO-REFLEXÃO
E AUTO-
CONHECIMENTO
AGENTES
DE DESENVOLVIMENTO
LOCAL
FACILITADORES PEDAGÓGICOS
MULTIPLICADORES METODOLÓGICOS
ASSESSORES TÉCNICOS
5. Temáticas
O arquivo de Temáticas contém os principais conteúdos e ementas que dizem respeito à formação dos Públicos-Sujeito deste Componente. A seleção da(s) Temática(s), junto com a tipologia do(s) Evento(s) mais adequado(s) à demanda de capacitação exigida pela situação concreta será o terceiro passo da operacionalização. De modo preliminar, este arquivo contempla as seguintes temáticas, agrupadas em núcleos:
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NÚCLEO GERAL
NÚCLEO CULTURA
- Sistema - Ambiente - As Tensões Dialéticas - Informação, Conhecimento e
Tecnologia
- Elementos da Cultura - A Contextualização da
Aprendizagem - A Direção Cultural
NÚCLEO PEDAGÓGICO E CAPACITAÇÃO
NÚCLEO DESENVOLVIMENTO LOCAL
- Fundamentos da Concepção
Pedagógica - A Lógica do Ambiente-Oficina - A Metodologia de Oficina - O que é Capacitação? - Princípios da Capacitação - Orientações para a prática da
Capacitação - Educação, Capacitação e
Aprendizagem - A Aprendizagem - A Comunicação - A Ajuda Pedagógica - Técnicas de dinâmica de grupo
e Jogos Pedagógicos - Papel do Técnico e Assistência
Técnica - Papel do Agente de
Desenvolvimento
- Conceito de Desenvolvimento - Contexto Mundial das
Mudanças - A Estratégia de
Desenvolvimento Local - O que é Desenvolvimento
Local? - A Gestão Participativa - Desenvolvimento Local e
Desenvolvimento Regional - Componentes de uma
Metodologia de apoio ao Desenvolvimento Local
- O Desenvolvimento Empresarial no contexto do Desenvolvimento Local
- O Desenvolvimento Institucional no contexto do Desenvolvimento Local
- O Desenvolvimento Comunitário no contexto do Desenvolvimento Local
- O Desenvolvimento Ambiental no contexto do Desenvolvimento Local
- Questões de Gênero e Desenvolvimento Local
- Crédito e Desenvolvimento Local
- Capital Humano e Capital
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Social - A Concertação
Interinstitucional - O Desenvolvimento Produtivo
do Território - Cooperação, Parcerias e
Redes
NÚCLEO PLANEJAMENTO
NÚCLEO EMPRESAS E EMPREENDIMENTOS
- Planejamento Estratégico - Matriz de Marco Lógico - Indicadores - Elaboração de Projetos - Monitoração e Avaliação de
Projetos - Gerência e Tratamento de
Informações - O Projeto Conceitual - O Diagnóstico Participativo - O Plano de Ação Imediata - O Plano Referencial de
Desenvolvimento - O Plano Estratégico de
Desenvolvimento - A Estrutura e Funcionamento
Organizacional
- Viabilidade dos Pequenos
Negócios - Iniciação à Gestão Empresarial - A Avaliação de Desempenho
Empresarial - A saída do pequeno produtor:
mais recursos ou melhores conhecimentos?
- Os grandes problemas dos pequenos produtores
- Estratégia para o auto-desenvolvimento e auto-gestão dos pequenos produtores
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6. Eventos
O quarto arquivo contém os diferentes tipos de Eventos que podem ser programados. A escolha deverá recair naquele(s) evento(s) que por suas características mais se adapte(m) às necessidades de capacitação do público-sujeito em cada caso e momento. Repare-se que é possível montar um evento que contenha as características de duas tipologias ao mesmo tempo (seminário-oficina, curso-oficina, etc.).
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Abaixo são identificadas algumas tipologias de Eventos de Capacitação passíveis de se adequarem a esse Componente:
Oficinas Define-se a idéia de Oficina na medida em que esta é um lugar onde, como diz o dicionário, se exerce um ofício, onde se verificam transformações e se fazem consertos. Isto é, a idéia de oficina relaciona-se mais diretamente à noção de trabalho, de ofício, de atividade concreta, de fazer para mexer e transformar objetos concretos, históricos. As Oficinas são eventos que buscam resgatar os elementos da realidade vivenciada (experiência acumulada historicamente e a realidade presente), e a partir dela construir novos conceitos e práticas. A Oficina se caracteriza por um espaço de trabalho onde se conjugam a teoria e a prática, a reflexão e o fazer, tendo como resultados a capacitação (novas práticas, comportamentos, habilidades) e “produtos” (diagnósticos, planos, qualidade dos processos e produtos) úteis aos sujeitos envolvidos no processo de capacitação. As Oficinas são os eventos que, pela sua importância, emprestam sua lógica à Metodologia GESPAR, que é a de gerar no território um “ambiente de oficina”.
Seminários São eventos destinados a discussão e aprofundamento de determinados temas, por exemplo: Cadeia Produtiva dos Lácteos, Economia Solidária, Dinâmica de Grupos, etc. Normalmente conta com a participação de convidados que são especialistas no tema ou com experiência vivencial no assunto.
Cursos Os Cursos são eventos clássicos em processos de capacitação, com forte carga de conteúdos conceituais. Os Cursos em geral são focados num tema ou vários temas conexos. Contemplam uma série de atividades pedagógicas integradas, como momentos temáticos, trabalhos de grupo, palestras, aulas práticas, etc.
Treinamentos
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Os Treinamentos, como o próprio nome sugere, são eventos de capacitação que buscam tornar os participantes aptos e capazes para determinadas tarefas ou atividades. Têm um forte caráter instrumentalizador.
Jornadas O termo Jornada é definido como “caminho que se faz em um dia” ou “duração do trabalho diário”. No contexto da capacitação quer se expressar a idéia de eventos modulados em blocos (jornadas), com um cunho prático muito forte, onde o aprendizado se dará a partir da realização de tarefas práticas e da experiência dos participantes.
Fóruns São espaços de discussão de determinados grupos ou segmentos (Agentes de Desenvolvimento Local, Redes de Organizações, Fórum das Instituições Parceiras, etc.), que têm um caráter permanente, mas com encontros sistemáticos de curta duração. São espaços autônomos, onde os participantes são os próprios responsáveis pela coordenação do processo.
Reuniões
São eventos voltados para discussão e encaminhamentos a respeito de assuntos variados. Por exemplo: reunião dos facilitadores para programação de atividades, reunião da equipe local para avaliação do processo, reunião da equipe de assistência técnica para definição do calendário agrícola, etc.
Encontros
Os Encontros são Eventos que reúnem diversos grupos de participantes destinados a promover intercâmbios, discutir temas e apresentar propostas de interesse comum.
Painéis
Destinam-se à exposição de determinados temas, seguida de debate entre os apresentadores (painelistas) e o público participante.
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O quadro a seguir apresenta de maneira esquemática as características de cada tipologia de eventos.
TIPO DE EVENTO CARACTERÍSTICAS
OFICINAS Predomina carga horária prática Média duração (em torno de 3 dias)
SEMINÁRIOS Predomina carga horária teórica Média duração (em torno de 3 dias)
CURSOS Predomina carga horária teórica Longa duração
TREINAMENTOS Predomina carga horária Longa duração
JORNADAS Em campo, predomina carga horária prática Curta duração (normalmente 1 dia)
FÓRUNS Encontros sistemáticos com foco de interesse definido Caráter permanente com eventos de curta duração
REUNIÕES Discussão e encaminhamentos de assuntos variados Curta duração
ENCONTROS Intercâmbios, discussões e apresentação de propostas Média duração
PAINÉIS Caráter expositivo e debate posterior Curta duração
6. Técnicas de Dinâmica de Grupo e Jogos Pedagógicos
Finalmente, o quinto arquivo contempla um conjunto de Técnicas de Dinâmica de Grupo e Jogos Pedagógicos que, pelas suas características e relação com determinadas temáticas ou momentos do processo de capacitação, podem ser acionados para contribuir aos objetivos do evento escolhido. O uso de Técnicas de Dinâmica de Grupo e Jogos Pedagógicos vêm caracterizando o modo de trabalho dos facilitadores da Metodologia GESPAR, imprimindo um estilo leve e descontraído, ao mesmo tempo em que trata de questões substanciais e complexas.
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Porém, a utilização desses Instrumentos não se justifica apenas para imprimir alegria e descontração aos processos, mas pelo fato de se constituírem em fortes elementos de facilitação da aprendizagem individual e organizacional, na medida em que:
Desenvolvem um processo participativo de reflexão e discussão;
Animam, desinibem e integram os participantes;
Facilitam a socialização e o enriquecimento do conhecimento individual;
Facilitam a criação coletiva do conhecimento, onde todos participam da sua elaboração e também das suas implicações práticas;
Facilitam o trabalho e o desenvolvimento das atividades, tanto dos facilitadores quanto dos participantes.
Para efeitos práticos esses Instrumentos de apoio pedagógico foram subdivididos em Técnicas de Dinâmica de Grupo e Jogos Pedagógicos. Os primeiros compreendem um conjunto de técnicas ou procedimentos que são utilizados como suporte metodológico à reflexão e discussão dos conteúdos ou temáticas de um determinado evento. Já os Jogos Pedagógicos são vivências com base em simulações propostas aos participantes, que permitem ampla participação, forte comprometimento e manifestação das emoções.
Técnicas de Dinâmica de Grupo Encaradas como instrumentos, as técnicas a serem utilizadas devem estar sempre subordinadas aos objetivos pedagógicos que se pretende alcançar e aos princípios metodológicos da capacitação. Sua utilização não pode ser feita de maneira aleatória nem por pessoas que não consigam identificar suas limitações ou compreender toda a amplitude de seus objetivos. O conhecimento das fases de desenvolvimento do grupo ajuda ao facilitador a escolher e programar o uso das técnicas durante o processo de capacitação. Segundo William Schutz, os grupos passam por três fases principais: Inclusão, Controle e Afeição. A Fase de Inclusão se caracteriza pelo chamado “reconhecimento do terreno”; acontece normalmente no início do processo de grupo quando o indivíduo experimenta o sentimento de ser ou não ser aceito, de estar dentro ou fora do
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grupo. Existe então a necessidade de se sentir incluído, de estar junto com os outros, de merecer atenção. As Técnicas de Dinâmica de Grupo e os Jogos Pedagógicos para esta fase devem envolver contatos e encontros entre os participantes e favorecer o desenvolvimento nas relações de confiança. Há uma máxima que diz que ”o começo é a metade do todo”, o que reforça a necessidade de se dedicar uma atenção especial ao início dos processos de capacitação. Não só ao primeiro dia de um curso, por exemplo, mas também aos primeiros momentos de cada novo dia, uma vez que a Inclusão, como as demais fases de desenvolvimento do grupo, também é observada a cada novo dia de trabalho. A Fase de Controle diz respeito à tomada de decisão entre indivíduos nas áreas de poder, influência, autoridade e desejo de controle sobre os outros, ou de ser controlado. Trata-se da confrontação entre pessoas para descobrirem como desejam se relacionar. É a fase de desenvolvimento dos trabalhos propriamente dita. As técnicas para esta fase devem criar condições para reflexões, discussões e avaliações de conteúdos. A Fase de Afeição baseia-se na formação de vínculos emocionais, no reforço das relações interpessoais e na demonstração de afeto e amizade. Em geral vem após as fases de inclusão e controle. As técnicas desta fase devem dar espaço para a expressão dos mais diversos sentimentos de aproximação, como é o caso das técnicas de feedback, círculo de encerramento e amigo secreto. É apresentado, a seguir, um quadro-resumo das principais técnicas e indicações de uso1:
Indicações
Técnicas
Levantamento de informações
Diagnóstico
Expectativas
Visão de futuro
Etc.
Painel Progressivo
Retrato da Vida
1 CERQUEIRA, RICARDO – Técnicas de Dinâmica de Grupo para uma Capacitação Ativa, Projeto
Banco do Nordeste/PNUD, Série Cadernos Metodológicos No 3, Recife, 1997.
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Fornecimento de informações
Entrevista
Discussão e análise de questões em paralelo
Duplas Rotativas
Grupos Rotativos
Discussão de temas polêmicos
Painel Duplo
Análise situacional
Estudo de Casos
Detalhamento de planos de ação
Painel Regressivo
Aprofundamento de discussão (do geral ao específico)
Painel Regressivo
Construção e nivelamento de conceitos
Construção Coletiva de Conceito
Avaliação de aprendizagem
Grupos de Questionamento
Jogos Pedagógicos Todo jogo implica em uma vivência, ou seja, num momento vivido pelo grupo em atividades simuladas, semelhantes à sua realidade. Os jogos pedagógicos apresentam as seguintes características:
São atividades planejadas tendo como referência situações reais;
Pressupõem participação ativa do grupo;
Podem gerar emoções desde as mais genuínas às mais comuns;
Estimulam o contato entre os participantes;
Acionam as funções dos dois hemisférios cerebrais, integrando o lado racional e emocional do ser humano;
Geram tensões;
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Têm regras que estabelecem o cenário simulado, sinalizando o que é permitido e o que é proibido.
Objetivando facilitar a seleção e o uso adequado dos jogos pedagógicos na Metodologia GESPAR, foram divididos em quatro grupos, segundo sua aplicação ou objetivo: a) Jogos para Apresentação São Jogos utilizados sempre no início dos trabalhos, para permitir a apresentação dos participantes e iniciar o processo de integração do grupo. Como, por exemplo:
Apresentação através de imagens
Apresentação pelos amigos
Cochicho
Identificação com objetos
Meu bicho preferido
Por que tenho este nome
Roda dupla
Roda de nomes
Teia de aranha b) Jogos para Animação, Concentração e Atenção
JOGOS
PARA
APRESENTAÇÃO
JOGOS
PARA
DIVISÃO DE
GRUPOS
JOGOS
PARA SENSIBILIZAÇÃO
E
ASSOCIAÇÃO A
CONTEÚDOS
JOGOS
PARA
ANIMAÇÃO,
CONCENTRAÇÃO
E
ATENÇÃO
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Os jogos de animação (ou vitalizadores) são utilizados após momentos de intenso trabalho, com o objetivo de descansar e relaxar o grupo. Uma grande parte destes jogos também têm o sentido de ativar a concentração e a atenção dos participantes. São usados com frequência no reinício dos trabalhos após o almoço e intervalos ou, então, nos momentos em que se percebe que o grupo está muito disperso. Alguns exemplos:
Aponte o que ouviu
Briga de galo
Comandante
Corrida das cadeiras
Elefantes e girafas
Jogo das surpresas
Jogo do carteiro
Jogo dos estados
Jogo dos números
O feitiço vira contra o feiticeiro
Olhar e ver
O que fiz na lua de mel
O que você faria se...
Por que será?
Sapatos perdidos c) Jogos para Sensibilização e Associação a Conteúdos São jogos que permitem sintetizar em pouco tempo a vivência de um tema, levando em consideração a máxima: “Nada ensina melhor que a experiência e nada consegue transmitir mais experiência que a vida”. Estas técnicas, ou vivências, são muito utilizadas para trabalhar os conteúdos ou temas centrais dos eventos como, por exemplo: planejamento, organização, cooperação, etc. Alguns jogos de sensibilização e associação a conteúdos:
Bater palmas e imobilizar
Escravos de Jó
Caminhar só e caminhar juntos
Cooperação vs. Competição
Entrar e sair da roda
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João teimoso
Jogo das algemas
Jogo dos autógrafos
Jogo da casa
Jogo das mãos
Jogo da ponte
Jogo dos quadrados
Guia de cego
O rabo do burro
Quadro coletivo
Quem conta um conto aumenta um ponto
Raposa, galinha e pintos d) Jogos para Divisão de Grupos Têm o objetivo de formar grupos através da seleção aleatória dos participantes, de maneira divertida e movimentada. Por exemplo:
Abraço forçado
Balões
Coral maluco
Gritaria dos bichos
Os números
Saco surpresa
Orientações para a utilização de Técnicas de Dinâmica de Grupo e Jogos Pedagógicos Para que o trabalho do facilitador seja efetivo é importante que:
Antes de escolher a técnica a ser utilizada ele se questione sobre: - Que papel tem no processo? - Que tema vai ser trabalhado? - Qual o objetivo que se quer alcançar? - Com quem se vai trabalhar (produtores, técnicos...)?
Com base nestes questionamentos, escolher o jogo ou técnica mais adequada para tratar o tema, alcançar os objetivos propostos e trabalhar com aqueles participantes específicos;
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Após escolhida a técnica, parte-se para o detalhamento da sua condução. Em seguida, calcula-se e ajusta-se a condução ao tempo disponível, ao número de participantes e ao espaço físico. Prepara-se então o material necessário;
Um elemento fundamental é que o facilitador conheça o tema que irá ser trabalhado, para que possa conduzir corretamente o processo de discussão, enriquecendo com os elementos que surjam da participação e aportando novos elementos;
Deverá ter a clareza que, no geral, uma só técnica não é suficiente para trabalhar a totalidade de um tema. Ela deverá ser acompanhada de outras que permitam o seu aprofundamento ou complementação;
O facilitador deverá considerar também as possibilidades e limites de cada técnica ou jogo, para não cair no risco de fazer análises muito forçadas (não ir além do que a técnica permite).