bioma mata atlântica

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Engenharia Ambiental – CTEC Professor Roberto Caffaro Raíza Rocha Oliveira Teixeira Pedro Henrique de Omena Toledo Pollyana Christina Gomes dos Santos Mata Atlântica

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Page 1: Bioma   Mata AtlâNtica

Engenharia Ambiental – CTEC

Professor Roberto Caffaro

Raíza Rocha Oliveira Teixeira

Pedro Henrique de Omena Toledo

Pollyana Christina Gomes dos Santos

Mata Atlântica

Maceió, 22 de setembro de 2009.

Page 2: Bioma   Mata AtlâNtica

A origem da Mata Atlântica, o terceiro maior bioma brasileiro, está associada à

separação dos continentes africano e sul-americano (eles formavam um único continente

chamado Gondwana), ocorrida a aproximadamente 80 milhões de anos atrás (Ambiente,

2006).

Distribuída ao longo de mais de 23 graus de latitude sul, a Mata Atlântica localiza-se

sobre uma imensa cadeia de montanhas, ao longo da costa brasileira, e antigamente

ocupava uma área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, com diferentes relevos, clima e

solo. As montanhas mais antigas da Mata Atlântica estendem-se em áreas da Serra do mar e

foram formadas por atividades tectônicas no Período Ordoviciano da Era Paleozóica, essas

montanhas formaram uma barreira para os ventos carregados de umidade que vinham do

oceano. Sob a forma de névoa ou chuva, a umidade ajudou a criar as condições necessárias

para que as formações atlânticas, que originaram a Mata Atlântica propriamente dita, se

instalassem e evoluíssem rapidamente (Adaptação de MARTINS et al, 2006).

Seu solo é em geral bastante raso, pouco ventilado, sempre úmido e recebe pouca luz,

pois a maior parte da luminosidade é absorvida pelas folhas das árvores mais altas. Trata-se

de um solo pobre, mas que tem a fertilidade garantida pela existência do que se chama

serrapilheira: uma camada com restos de vegetação, como folhas, caules e cascas de frutos

que cobrem a superfície do solo.

A decomposição desta grande quantidade de matéria orgânica é o que garante a

reciclagem de nutrientes no meio. Os nutrientes que estão na serrapilheira e são absorvidos

pelo solo acabam retornando às plantas, em um ciclo que garante a vegetação deste bioma.

As variações climáticas provocadas pela sucessão dos períodos de glaciação, quando

se formavam as grandes geleiras (clima mais frio e seco) e períodos entre as glaciações

(quando o clima ficava mais quente e chovia mais), contribuíram para a expansão da Mata

Atlântica que chegou a ultrapassar os limites da Floresta Amazônica. (MARTINS et al, 2006).

O clima na Mata Atlântica é equatorial. Por conta da proximidade do oceano, a dinâmica

atmosférica regional e os traços do relevo, ou seja, é caracterizado por altas temperaturas,

nebulosidade no alto das montanhas e umidade elevada.

A distribuição das chuvas é bastante irregular, mas de modo geral, o período mais

frio e seco vai de maio a agosto (inverno) e o mais quente e chuvoso de novembro a março

(verão). As médias pluviométricas variam com a altitude, com cerca de 1.700mm na planície

costeira, 2.000mm nas encostas e 3.000mm na faixa altomontana, o que pode ser

comparado à Amazônia. No inverno a temperatura mínima pode atingir menos de 10°C e no

verão, a máxima varia entre 37°C e 40°C.

Page 3: Bioma   Mata AtlâNtica

Correspondendo a duas vezes o tamanho da França, mais de três vezes a Alemanha,

e 4,5 vezes a Grã-Bretanha, a Mata Atlântica está sob forte pressão antrópica, atualmente da

segunda maior floresta brasileira restam apenas cerca de 5% de sua extensão original

(aproximadamente 52.000 km²). Em alguns lugares como no Rio Grande do Norte, nem

vestígios. Hoje a maioria da área litorânea que era coberta pela Mata Atlântica é ocupada por

grandes cidades, pastos e agricultura. Porém, ainda restam manchas da floresta na Serra do

Mar e na Serra da Mantiqueira, no sudeste do Brasil.

Figura 1- Serra do Mar.

Fonte - IBAMA.

Em seguida, a tabela com o percentual original da Mata Atlântica:

Estado Área de Domínio

ALAGOAS 52%

BAHIA 31%

CEARÁ 3%

ESPÍRITO SANTO 100%

GOIÁS 3%

MATO GROSSO DO SUL 14%

MINAS GERAIS 45%

Page 4: Bioma   Mata AtlâNtica

PARAÍBA 12%

PARANÁ 32%

PERNAMBUCO 18%

PIAUÍ 9%

RIO DE JANEIRO 99%

RIO GRANDE DO NORTE 6%

RIO GRANDE DO SUL 47%

SANTA CATARINA 99%

SÃO PAULO 80%

SERGIPE 32%

Tabela 1 – Percentual da Mata Atlântica em 1500.

Fonte – Wikipedia.

A ação antrópica na Mata Atlântica começou no início da colonização européia, com a

extração do pau-brasil (Caesalpinia echinata) e continua até os dias atuais, principalmente

pela pressão urbana. As principais agressões a Mata Atlântica são listadas abaixo:

1- Extração de madeira;

2- Moradia, construção de cidades;

3- Agricultura;

4- Industrialização, e consequentemente poluição;

5- Construção de rodovia.

6- Pesca predatória em seus rios;

7- Turismo desordenado;

8- Comercio ilegal de plantas e animais nativos;

9- Exportação ilegal de material genético;

10- Fragmentação das áreas preservadas.

Page 5: Bioma   Mata AtlâNtica

Figura 2 – Comparativo entre a mata original e a mata atual.

Fonte – Bioatlântica.

Do que se perdeu, pouco se sabe, milhares ou talvez milhões, de espécies não

puderam ser conhecidas. As espécies vegetais, muitas correm risco de extinção por terem

seu ecossistema reduzido, por serem retiradas da mata para comercialização ilegal ou por

serem extraídas de forma irracional como ocorreu com o pau-brasil e atualmente ocorre com

o palmito juçara (Euterpe edulis), entre muitas outras espécies. Para a fauna, observa-se um

número elevado de espécies ameaçadas de extinção, sendo a fragmentação deste

ecossistema, uma das principais causas. A fragmentação do habitat de algumas espécies,

principalmente de mamíferos de médio e grande porte, faz com que as populações

remanescentes, em geral, estejam subdivididas e representadas por um número

consideravelmente pequeno de indivíduos (Câmara, 1991).

Mas apesar da devastação acentuada, a Mata Atlântica ainda abriga uma parcela

significativa de diversidade biológica do Brasil, a fauna da Floresta Atlântica representa uma

das mais ricas em diversidade de espécies e está entre as cinco regiões do mundo que

possuem o maior número de espécies endêmicas. Está intimamente relacionada com a

Page 6: Bioma   Mata AtlâNtica

vegetação, tendo uma grande importância na polinização de flores, e dispersão de frutos e

sementes. Sua riqueza é tão significativa que os dois maiores recordes mundiais de

diversidade botânica para plantas lenhosas foram registrados nesse bioma (454 espécies em

um único hectare do sul da Bahia e 476 espécies em amostra de mesmo tamanho na região

serrana do Espírito Santo), além de 20.000 espécies de plantas vasculares, das quais

aproximadamente metade está restrita ao bioma.

A precariedade dos levantamentos sobre a fauna da Mata Atlântica torna sua

descrição e análise mais difícil que no caso da vegetação (Adams, 2000), mas, apesar da

carência de informações para alguns grupos taxonômicos, estudos comprovam uma

diversidade bastante alta.

Grupo Taxonômico Total de Espécies na

Mata Atlântica

Espécies

Endêmicas

Espécies

Ameaçadas

Mamíferos 261 73 35

Aves 1.023 188 104

Répteis 192 60 3

Anfíbios 340 253 1

Peixes 304 90 12

Plantas Vasculares 20.000 8.000 -

Tabela 2 – Diversidade, endemismo e espécies ameaçadas da Mata Atlântica.

Fonte – Ambiente Brasil.

Os animais podem ser divididos em dois grupos, de acordo com o grau de exigência:

1- Os generalistas são pouco exigentes, apresentam hábitos alimentares variados, altas

taxas de crescimento e alto potencial de dispersão. Estes fatores permitem a estes

animais viverem em áreas de vegetação mais aberta ou mata secundária. São

chamados de generalistas por causa do alto grau de tolerância e à capacidade de

aproveitar eficientemente diferentes recursos oferecidos pelo ambiente. Ex.: sabiá-

laranjeira, sanhaço, pica-pau, gambá, morcegos, entre outros.

Page 7: Bioma   Mata AtlâNtica

2- Os especialistas, ao contrário dos primeiros, são extremamente exigentes quanto aos

hábitats que ocupam. São animais que vivem em áreas de floresta primária ou

secundária em alto grau de regeneração, apresentando uma dieta bastante

específica. Para este grupo, a alteração do ambiente significa a necessidade de

procurar novos hábitats que apresentem condições semelhantes às anteriores.

Ocorre também a necessidade de grandes áreas para sobreviverem, sendo que sua

redução pode ocasionar a impossibilidade de encontrar um parceiro para reprodução,

comprometendo o número de indivíduos da espécie, podendo levá-la à extinção.

Alguns destes animais, por representarem o topo de cadeias alimentares, possuem

um número reduzido de filhotes, o que dificulta ainda mais a manutenção destas

populações. Ex: onça-pintada, mono-carvoeiro, jacutingas, gavião-pombo, entre

outros.

Como a relação entre animais e plantas da Mata Atlântica é bastante harmônica. O

fornecimento de alimento ao animal em troca do auxílio na perpetuação de uma espécie

vegetal é bastante comum. As plantas com flores e seus polinizadores  foram adaptando

hábitos e necessidades ao longo de milhões de anos de convívio. Flores grandes e coloridas

atraem muitos beija-flores, as perfumadas atraem as mariposas e algumas flores, para atrair

moscas, exalam um perfume semelhante ao de podridão. Acredita-se que três a cada quatro

espécies vegetais da Mata Atlântica, sejam dispersas por animais, principalmente por aves e

mamíferos, que se alimentam de frutos e defecam as sementes ou as eliminam antes da

ingestão. Pássaros frutívoros possuem grande percepção visual e se alimentam de sementes

muitas vezes bem pequenas. Jacarés e lagartos aproveitam os frutos caídos no chão e

mamíferos como os macacos, acabam proporcionando a dispersão em grandes áreas.

Um breve resumo sobre os grupos:

Mamíferos

No final do Pleistoceno, com a extinção maciça dos animais gigantes, a fauna

brasileira de mamíferos terrestres foi empobrecida, mas a variedade de espécies de pequeno

porte se manteve.

Há uma grande quantidade de roedores e quirópteros (morcegos), e apesar de não

ser tão rica em primatas quanto a Amazônia, possui um número razoável de espécies

(Adams, 2000).

Exceto em relação aos primatas, quase nada se sabe sobre a situação dos demais

grupos de mamíferos da Mata Atlântica. (Coimbra filho, 1984; Câmara, 1991).

Page 8: Bioma   Mata AtlâNtica

Figura 3 – Mico Leão Dourado (Leontopithecus Rosália).

Fonte – Wikipedia.

Aves

Das com 188 espécies endêmicas e 104 ameaçadas de extinção. Estas espécies

encontram-se ameaçadas principalmente pela destruição de hábitats, pelo comércio ilegal e

pela caça seletiva de várias espécies. Um dos grupos que corre maior risco de extinção é o

das aves de rapina (gaviões, por exemplo), que apesar de ter uma ampla distribuição, estão

sofrendo uma drástica redução de seus nichos. Várias espécies quase se extinguiram pela

caça, como é o caso dos beija-flores e psitacídeos em geral (araras, papagaios, periquitos)

(Por, 1992).

Page 9: Bioma   Mata AtlâNtica

Figura 4 - Aves diversas da Mata Atlântica.

Fonte – Overmundo.

Anfíbios

Com hábitos predominantemente noturnos e discretos, o que os torna pouco visíveis

em seu ambiente natural, os anfíbios representam um dos mais fascinantes grupos.

Exploram praticamente todos os hábitats disponíveis; apresentam estratégias reprodutivas

altamente diversificadas e muitas vezes bastante sofisticadas, ocupam posição variável na

cadeia alimentar e possuem vocalizações características, demonstrando a diversificação

biológica e seu sucesso evolutivo.

Em relação aos anuros (sapos, rãs e pererecas), um ecossistema bastante importante

é o conhecido "copo" das bromélias, um reservatório que serve de moradia, alimentação e

local para reprodução de algumas espécies.

Page 10: Bioma   Mata AtlâNtica

Figura 5- Rã-bugio (Physalaemus olffersii).

Fonte –Wikipedia.

Répteis

Em relação à fauna de répteis, grande parte apresenta ampla distribuição geográfica,

ocorrendo em outras formações como a Amazônia, Cerrado e até na Caatinga. No entanto,

são conhecidas muitas espécies endêmicas da Mata Atlântica, por exemplo, o jacaré-do-

papo-amarelo (Caiman latirostris) (MMA,2000). Uma comparação entre os répteis da

Amazônia, da Mata Atlântica e do Nordeste dos Andes (Dixon, 1979, apud Por, 1992) mostrou

que a Mata Atlântica possui 150 espécies, das quais 43 também existem na Amazônia, 1 nos

Andes e 18 são de larga distribuição neotropical. O endemismo dos répteis da Mata Atlântica

é bastante acentuado, entretanto novas espécies ainda estão sendo descobertas. (Por,

1992).

Figura 6 – Cobra-cipó (Chironius multiventris)

Fonte- Sítio Curupira.

Page 11: Bioma   Mata AtlâNtica

Peixes

Os ecossistemas aquáticos da Mata Atlântica brasileira possuem fauna de peixes

muito variada, associada de forma íntima à floresta que lhe proporciona proteção e alimento.

(M.M.A., 2000)

A maior parte dos rios encontra-se degradada, principalmente pela eliminação das

matas ciliares, erosão, assoreamento, poluição e represamento. Apesar de estudada há

bastante tempo, a fauna de água doce brasileira não é bem conhecida. Nos rios da mata

ombrófila densa, existem espécies dependentes da floresta para seu ciclo de vida,

principalmente aquelas que se alimentam de insetos, folhas, frutos e flores (Adams, 2000),

contribuindo também para a dispersão de sementes e frutos e para a manutenção do

equilíbrio do ambiente aquático.

Figura 7 – Simpsonichthys constaciae, encontrado em poças e acúmulos temporários

d'água, perto da praia. Fonte –

Globo.com

Em se tratando de questões econômicas, a Mata Atlântica é hoje responsável por

quase 70% do PIB nacional, abriga mais de 60% da população brasileira, e possui as maiores

extensões dos solos mais férteis do país. Este bioma ainda abriga 60 dos 96 Pólos de

Ecoturismo do Brasil pela beleza e diversidade de suas paisagens, atrativos naturais e

culturais. Há também a projetos como, por exemplo, o IRACAMBI, que tem por objetivo a

identificação, desenvolvimento e comercialização de produtos originários de plantas

medicinais nativas da Mata Atlântica. Plantas cultivadas de maneira sustentável com práticas

que preservem a biodiversidade florestal e resultem em benefícios econômicos às

comunidades locais. Tal meta corresponde ao desafio de buscar novas alternativas

sustentáveis para o uso econômico dos recursos florestais e naturais da Mata Atlântica e

mecanismos e estímulos viáveis para incentivar a sua proteção, como fazem as Unidades de

Conservação (U.C.s), que equivalem a áreas definidas pelo poder público com o objetivo

primeiro da proteção da biodiversidade existente em seu interior.

Page 12: Bioma   Mata AtlâNtica

Na Mata Atlântica existem hoje cerca de 860 unidades de conservação, que vão de

pequenos sítios transformados em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (R.P.P.N.s)

até áreas imensas como o Parque Estadual da Serra do Mar, com 315 mil hectares. Dois

grupos principais definidos pelo S.N.U.C. (Sistema Nacional de Unidades de Conservação)

classificam o tipo de uso das U.C.s: Proteção Integral e Uso Sustentável. Em ambas

categorias, as unidades de conservação devem ter um Plano de Manejo, que é um

documento técnico sobre o zoneamento e as normas que devem orientar o uso da área e o

manejo de seus recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias

a sua gestão. A seguir as U.C.s categorizadas como sendo de Uso Sustentável:

Área de Proteção Ambiental (A.P.A.) - constituída por terras públicas ou privadas,

é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos

abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida

e o bem-estar das populações humanas. Seus objetivos básicos são proteger a diversidade

biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos

recursos naturais. A A.P.A. dispõe de um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua

administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da

sociedade civil e da população residente.

Área de Relevante Interesse Ecológico - em geral de pequena extensão, essa

área tem pouca ou nenhuma ocupação humana e apresenta características naturais

extraordinárias ou abriga exemplares raros da biota regional. Seu objetivo é manter os

ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas

áreas para torná-los compatíveis com os objetivos de conservação da natureza.

Floresta Nacional (Flona) - é uma área com cobertura florestal de espécies

predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos

recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração

sustentável de florestas nativas. Nas flonas é admitida a permanência de populações

tradicionais que as habitam quando de sua criação, em conformidade com o disposto em

regulamento e no Plano de Manejo da unidade. A Floresta Nacional deve dispor de um

Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído

por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o

caso, das populações tradicionais residentes.

Reserva Extrativista - é utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja

subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de

subsistência e na criação de animais de pequeno porte. Os objetivos básicos dessa área são

proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos

recursos naturais da unidade. A R.E. é de domínio público, com uso concedido às populações

extrativistas tradicionais conforme o disposto no artigo 23 da Lei do S.N.U.C. Deve ser gerida

por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e

constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das

Page 13: Bioma   Mata AtlâNtica

populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato

de criação da unidade. É proibida a exploração de recursos minerais e a caça amadorística

ou profissional e a exploração comercial de recursos madeireiros só serão admitidas em

bases sustentáveis e em situações especiais e complementares às demais atividades

desenvolvidas na Reserva Extrativista, conforme o disposto em seu Plano de Manejo.

Reserva de Fauna - área natural com populações animais de espécies nativas,

terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-

científicos sobre o manejo e econômico sustentável de recursos faunísticos.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável - é uma área natural que abriga

populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração

dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições

ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na

manutenção da diversidade biológica. Seu objetivo básico é preservar o meio ambiente e

assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e

da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais. Deve

ainda valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do

ambiente desenvolvido por estas populações. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é

gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração

e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das

populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato

de criação da unidade. O Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável

definirá as zonas de proteção integral, de uso sustentável e de amortecimento e corredores

ecológicos, e será aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade.

Reserva Particular do Patrimônio Natural (R.P.P.N.) - é uma área privada,

destinada pelo proprietário, de modo perpétuo, que tem como objetivo conservar a

diversidade biológica, sendo permitidas a pesquisa científica e a visitação com objetivos

turísticos, recreativos e educacionais. A lei 9.985 determina que os órgãos integrantes do

S.N.U.C., sempre que possível, devem prestar orientação técnica e científica ao proprietário

de RPPN para a elaboração de um Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão. Hoje, as

R.P.P.N.s já somam no país mais de 500 mil hectares, distribuídos em mais de 600 reservas.

Só na Mata Atlântica e seus ecossistemas associados elas protegiam, em fins de 2004, mais

de 83 mil hectares, em aproximadamente 360 reservas. A Aliança para a Conservação da

Mata Atlântica, parceria entre a Fundação SOS e a Conservação Internacional, realiza o

Programa de Incentivo às R.P.P.N.s da Mata Atlântica, que possibilitou até 2006 a criação de

cerca de 100 novas reservas.

U.C.s categorizadas como sendo de Proteção Integral:

Estação Ecológica (E.E.) - a preservação da natureza e a realização de pesquisas

científicas são os objetivos centrais desse tipo de Unidade de Conservação, uma área de

Page 14: Bioma   Mata AtlâNtica

posse e domínio públicos, cuja visitação pública é proibida, a não ser para fins educacionais

especificadas no Plano de Manejo da E.E.

Reserva Biológica - seu objetivo é a preservação integral da biota e demais

atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou

modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas

alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a

diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.

Parque Nacional - a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância

ecológica e beleza cênica é o objetivo básico desse tipo de U.C. É possível assim realizar

pesquisas científicas e atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em

contato com a natureza e de turismo ecológico.

Monumento Natural - tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros,

singulares ou de grande beleza cênica.

Refúgio de Vida Silvestre - visa proteger ambientes naturais onde se asseguram

condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da

fauna residente ou migratória. Para que possam ser criadas, é necessária a realização de

estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e

os limites mais adequados para a unidade, conforme sua função.

As unidades que se destacam, são:

Parque das Dunas, estadual, Rio Grande do Norte

Jericoacoara, federal, Ceará

Chapada do Araripe, Pernambuco, Piauí e Ceará

Jardim Botânico Benjamim Maranhão, João Pessoa, Paraíba

Reserva Biológica Guaribas, Mamanguape, Paraíba

APA da Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto, Paraíba

Parque Nacional da Chapada Diamantina, federal, Bahia

Parque Marinho dos Abrolhos, federal, Bahia

Parque Estadual do Rio Doce, estadual, Minas Gerais

Mosteiro Zen Morro da Vargem, municipal, Espírito Santo

Santuário do Caraça, privada, Minas Gerais

Serra do Cipó, federal, Minas Gerais

Serra da Bodoquena, federal, Mato Grosso do Sul

Parque Estadual dos Três Picos, Rio de Janeiro.

Reserva de Sooretama, Sooretama, Espírito Santo

Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, estadual, Santa Catarina

Serra dos Órgãos e Parque da Tijuca, federais, e Barra da Tijuca,

municipal, Parque Estadual da Serra da Tiririca,Rio de Janeiro

Page 15: Bioma   Mata AtlâNtica

Parque Municipal da Grota, Mirassol, São Paulo

Parque do Itatiaia, Minas Gerais e Rio de Janeiro

Parque do Sabiá,Uberlândia-Minas Gerais

Serra da Bocaina, Rio de Janeiro e São Paulo

Serra da Cantareira, São Paulo, São Paulo

Serra da Mantiqueira, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo

APA petrópolois, parque natural municipal da taquara, Rio de Janeiro

Ilha Queimada Pequena e Ilha Queimada Grande, federal, Parque da

Cantareira, Parque da Juréia e Ilha Anchieta, estaduais, São Paulo

Parque Estadual da Serra do Mar, São Paulo

Parque Iguaçu, federal, Foz do Iguaçu, Paraná

Ilha do Mel, estadual, Paraná

Serra Geral, estadual, Rio Grande do Sul

Parque Nacional da Serra do Itajaí, federal, Santa Catarina

RPPN Rio das Lontras, Reserva Particular do Patrimônio Natural, Santa

Catarina

Figura 8- Ecoregiões reconhecidas para o domínio da Mata Atlântica e dos Campos Sulinos –

Fonte - Terrestrial Ecoregions of the Neotropical Realm - WWF

Page 16: Bioma   Mata AtlâNtica

Apesar das exigências e do número de U.C.s existentes na Mata Atlântica, a

preservação da biodiversidade em áreas protegidas enfrenta o desafio de viabilizar a infra-

estrutura necessária à fiscalização do acesso e dos usos que são feitos de cada U.C., bem

como a manutenção de suas atividades, conforme estipulado pelo S.N.U.C. Muitas vezes, as

Unidades de Conservação acabam existindo apenas no papel, já que o poder público decreta

sua criação sem criar condições na prática para que cumpram suas funções.

Além disso, no caso específico da Mata Atlântica, sua atual configuração reduzida a

cerca de 5% da área original implica em uma grande fragmentação das florestas do bioma e,

ao mesmo tempo, as áreas protegidas são muito pequenas e sua distribuição é esparsa,

dificultando o trânsito de espécies, as trocas genéticas necessárias à manutenção da

biodiversidade e ainda impedindo a conservação numa perspectiva de longo prazo.

Está previsto no Sistema Nacional de Unidades de Conservação que o Ministério do

Meio Ambiente deve organizar e manter o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação,

em colaboração com o IBAMA e os órgãos estaduais e municipais. O Cadastro Nacional é

constituído de um banco de dados de acesso remoto, via internet, que permite aos gestores

de Unidades de Conservação armazenar informações sobre as características físicas,

biológicas, turísticas e gerenciais das U.C.s Essas informações permitem à sociedade

acompanhar os resultados das políticas públicas voltadas para a conservação e preservação

do patrimônio biológico nacional.

O Cadastro é coordenado pela Diretoria do Programa Nacional de Áreas Protegidas da

Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (M.M.A.), que deve

ainda disponibilizar informações sobre a gestão da conservação da biodiversidade in situ.

Page 17: Bioma   Mata AtlâNtica

Figura 9 - Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade

da Mata Atlântica e Campos Sulinos.

Fonte- Ambiente Brasil.

Bibliografia

Rocha, A. A. , Costa, J. P. de O. 1998. A Reserva da biosfera da Mata Atlântica e sua

aplicação no Estado de São Paulo. Terra Virgem, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de

São Paulo. São Paulo.

Page 18: Bioma   Mata AtlâNtica

Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da mata

atlântica e campos sulinos.por: Ministério do Meio Ambiente, Conservation International do

Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica, Fundação Biodiversitas, Instituto de pesquisas

Ecológicas, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, SEMAD/ Instituto Estadual

de Florestas-MG.Brasília, 2000, 40p.

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às 11h20min.

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id_projeto=27&ID_OBJETO=104116&tipo=ob&cp=996633&cb=&n1=&n2=M%C3%B3dulos

%20Did%C3%A1ticos&n3=Ensino%20Fundamental&n4=Ci%C3%AAncias&b=s Acessado em

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http://us.geocities.com/mantiqueira2000/mataatlantica.htm acessado em 20/09/2009

Acessado em 20/09/2009 às 15h26min

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caracterizacao-e-areas-de-ocorrencia/pagina1.html Acessado em 18/09/2009 às 12h32min

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mata_Atl%C3%A2ntica Acessado em 14/09/2009 às

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Page 19: Bioma   Mata AtlâNtica

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